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DADOS DE ODINRIGHTProfessor da Rede de Ensino LFG. FLÁVIA CRISTINA MOURA DE ANDRADE Procuradora Federal. Professora de Direito Administrativo e Direito Previdenciário em cursos para

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RuaHenriqueSchaumann,270,CerqueiraCésar—SãoPaulo—SPCEP05413-909–PABX:(11)36133000–SACJUR:08000557688–De2ªa6ª,das8:30às19:30

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ISBN978-85-02-17108-4DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)

Andrade,FláviaCristinaMouradeDireitoprevidenciárioI/FláviaCristinaMouradeAndrade,AndréStudartLeitão.–SãoPaulo:Saraiva,2012.–(Coleçãosaberesdodireito;45)1.Direitoprevidenciário2.Direitoprevidenciário-BrasilI.Studart,André.II.Título.III.Série.

Índiceparacatálogosistemático:1.Brasil:Direitoprevidenciário34:368.4(81)

DiretoreditorialLuizRobertoCuriaDiretordeproduçãoeditorialLígiaAlves

EditorRobertoNavarroAssistenteeditorialThiagoFraga

ProduçãoeditorialClarissaBoraschiMariaPreparaçãodeoriginais,arteediagramaçaoKnow-howEditorial

ServiçoseditoriaisMariaCecíliaCoutinhoMartins/ViniciusAsevedoVieiraCapaAeroComunicação

ProduçãográficaMarliRampimProduçãoeletrônicaKnow-howEditorial

Datadefechamentodaedição:25-4-2012

Dúvidas?Acesse:www.saraivajur.com.br

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NenhumapartedestapublicaçãopoderáserreproduzidaporqualquermeioouformasemapréviaautorizaçãodaEditoraSaraiva.

AviolaçãodosdireitosautoraisécrimeestabelecidonaLein.9.610/98epunidopeloartigo184doCódigoPenal.

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ANDRÉSTUDARTLEITÃOMestre e Doutor em Direito Previdenciário pela PUCSP. Procurador Federal.ProfessordaRededeEnsinoLFG.

FLÁVIACRISTINAMOURADEANDRADE

ProcuradoraFederal.ProfessoradeDireitoAdministrativoeDireitoPrevidenciárioemcursosparaconcursoseexamesdaOABnaRededeEnsinoLFG(Telepresencial)eJusPodivm.CoordenadoradaPós-graduaçãodoJusPodivm–Salvador.

Conheça os autores deste livro: http://atualidadesdodireito.com.br/conteudonet/?ISBN=17107-7

COORDENADORES

ALICEBIANCHINI

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DoutoraemDireitoPenalpelaPUCSP.MestreemDireitopelaUFSC.PresidentedoInstitutoPanamericanodePolíticaCriminal–IPAN.DiretoradoInstitutoLivroeNet.

LUIZFLÁVIOGOMES

Juristaecientistacriminal.FundadordaRededeEnsinoLFG.Diretor-presidentedoInstitutodePesquisaeCulturaLuizFlávioGomes.DiretordoInstitutoLivroeNet.FoiPromotordeJustiça(1980a1983),JuizdeDireito(1983a1998)eAdvogado(1999a2001).

ConheçaaLivroeNet:http://atualidadesdodireito.com.br/conteudonet/?page_id=2445

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AliceBianchini|LuizFlávioGomesCoordenadoresdaColeçãoSaberesdoDireito

DiretoresdaLivroeNet

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Sumário

Capítulo1HistóricodaSeguridadeSocial

1.Introdução2.Aseguridadesocialnomundo3.AseguridadesocialnoBrasil

Capítulo2DisposiçõesConstitucionaissobreaSeguridadeSocial

1.Noçõesgerais2.Objetivos(ouprincípios)constitucionaisdaseguridadesocial

2.1Universalidadedacoberturaedoatendimento2.2Seletividadeedistributividadenaprestaçãodosbenefícioseserviços2.3Uniformidadeeequivalênciadosbenefícioseserviçosàspopulaçõesurbanase

rurais2.4Irredutibilidadedovalordosbenefícios2.5Diversidadedabasedefinanciamento2.6Equidadenaformadeparticipaçãonocusteio2.7Caráterdemocráticoedescentralizadodaadministraçãomediantegestão

quadripartite3.Princípiodasolidariedade,financiamentodaseguridadesocialeorçamentodiferenciado4.Princípiodaanterioridadenonagesimal5.Princípiodapreexistênciadecusteio(regradacontrapartida)6.Competênciatributáriaecapacidadetributáriaativaemmatériadeseguridadesocial7.Imunidadesnaseguridadesocial

7.1ImunidadesobreaposentadoriaepensãodoRGPS7.2Imunidadesobreasreceitasdecorrentesdeexportação7.3Imunidadedasentidadesbeneficentesdeassistênciasociais

8.Outrasregrasconstitucionais

Capítulo3DisposiçõesConstitucionaissobreSaúdeeAssistênciaSocial

1.Introdução

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2.Saúde3.Assistênciasocial

Capítulo4PrevidênciaSocial:DisposiçõesConstitucionaisePrincípios

1.Noções2.Princípiosprevidenciários

2.1Carátercontributivoefiliaçãoobrigatória2.2Equilíbriofinanceiroeatuarial2.3Cálculodosbenefíciosconsiderando-seossaláriosdecontribuiçãocorrigidos

monetariamente2.4Valordarendamensaldosbenefíciossubstitutosdosaláriodecontribuiçãooudo

rendimentodotrabalhodoseguradonãoinferioraodosaláriomínimo2.5Previdênciacomplementarfacultativa,custeadaporcontribuiçãoadicional

3.Contagemrecíprocadetempodecontribuição4.Sistemaespecialdeinclusãoprevidenciária

Capítulo5BeneficiáriosdoRGPS

1.Beneficiários

Capítulo6Segurados

1.Introdução2.Seguradosobrigatórios

2.1Seguradosempregados2.2Seguradosempregadosdomésticos2.3Seguradoscontribuintesindividuais2.4Seguradostrabalhadoresavulsos2.5Seguradosespeciais

3.Seguradosfacultativos

Capítulo7Dependentes

1.Introdução2.Dependentesdeprimeiraclasse

2.1Cônjuge2.2Companheiro(a)

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2.3Filhonãoemancipadomenordevinteeumanos2.4Filhoinválido2.5Filhoquetenhadeficiênciaintelectualoumentalqueotorneabsolutaou

relativamenteincapazparaotrabalho,assimdeclaradojudicialmente2.6Equiparadosafilho:enteadoetutelado

3.Dependentesdesegundaclasse4.Dependentesdeterceiraclasse

Capítulo8FiliaçãoeInscrição

1.Introdução2.Filiação

2.1Seguradosobrigatórios2.2Seguradosfacultativos2.3Limitemínimodeidadeparafiliação

3.Inscrição3.1Segurados3.2Dependentes

Capítulo9Manutenção,PerdaeRestabelecimentodaQualidadedeSegurado

1.Períododegraça1.1Períodosbásicosdegraça1.2Hipótesesdeprorrogaçãodoperíododegraça

2.Perdadaqualidadedesegurado3.Reaquisiçãodaqualidadedesegurado

Capítulo10Carência

1.Conceito2.Contagemdoperíododecarência3.Prazosdecarênciadosbenefícios4.Reaproveitamentodascontribuiçõesvertidasantesdaperdadaqualidadedesegurado5.Isençõesdecarência

Capítulo11SaláriodeBenefícioeCálculodosBenefíciosPrevidenciários

1.Conceitodesaláriodebenefício

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2.Etapasdocálculodosbenefíciosprevidenciárioscombasenosaláriodebenefício2.1Definiçãodoperíodobásicodecálculo(PBC)2.2AtualizaçãomonetáriadossaláriosdecontribuiçãointegrantesdoPBC2.3Seleçãodos80%maioressaláriosdecontribuição2.4Médiaaritméticasimplesdos80%maioressaláriosdecontribuição2.5Multiplicaçãopelofatorprevidenciário

Capítulo12BenefíciosPrevidenciários

1.Introdução2.Aposentadoriaportempodecontribuição3.Aposentadoriaespecial4.Aposentadoriaporidade5.Aposentadoriaporinvalidez6.Auxílio-doença7.Auxílio-acidente8.Salário-família9.Salário-maternidade10.Pensãopormorte11.Auxílio-reclusão12.QuadrocomparativodosbenefíciosprevidenciáriosdoRGPS

Capítulo13AcidentedoTrabalho

1.Introdução2.Acidentetípico3.Equiparaçõeslegais

3.1Doençasocupacionais3.2Acidentesquetenhamrelação,mesmoindireta,comafunçãoexercidapelo

segurado4.Obrigaçõeslegaisdaempresa5.Nexotécnicoepidemiológico6.Diadoacidenteouiníciodaincapacidade7.Principaisconsequênciasdoacidentedotrabalho

Capítulo14AcumulaçãodeBenefícios

1.Acumulaçõesvedadas

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Capítulo15DecadênciaePrescriçãonoBenefício

1.Decadênciaparaobeneficiário2.Decadênciaparaaadministração3.Prescrição

Capítulo16BenefícioAssistencialdePrestaçãoContinuada

1.Introdução2.Pressupostoslegais

Capítulo17SaláriodeContribuição

1.Introdução2.Definiçãodesaláriodecontribuição

2.1Seguradoempregadoetrabalhadoravulso2.2Seguradoempregadodoméstico2.3Seguradocontribuinteindividual2.4Seguradofacultativo

3.Limitesdosaláriodecontribuição4.Algumasparcelasintegrantesdosaláriodecontribuição5.Algumasparcelasnãointegrantesdosaláriodecontribuição

Capítulo18CusteiodaSeguridadeSocial

1.Introdução2.Contribuiçõessobreafolha

2.1Contribuiçãobásicade20%2.2ContribuiçãoparaoSAT(GILRAT)2.3Contribuiçãoparaaaposentadoriaespecial(adicionaldoSAT)2.4Adicionalde2,5%dasinstituiçõesfinanceiras

3.Contribuiçõessubstitutivas4.ContribuiçãoparaoPIS-PASEP5.Retençãode11%sobreanotafiscal6.Contribuiçãodaempresasobreosserviçosprestadosporcooperativasdetrabalho7.Contribuiçãosobreareceitadeconcursosdeprognósticos8.Contribuiçãodosseguradosdaprevidênciasocial

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9.Contribuiçãoparaterceiros10.Outrasreceitasdaseguridadesocial11.Questõessobreaarrecadaçãodascontribuições

11.1Resumosobrearesponsabilidadelegalderecolherascontribuiçõesprevidenciárias

11.2Presunçãodedescontodacontribuiçãoereflexosnosbenefícios11.3Responsabilidadesolidária

11.3.1Responsabilidadesolidáriadoproprietário,incorporador,donodaobracondôminoeincorporadorcomoconstrutorecomosubempreiteiro

11.3.2Empresasintegrantesdomesmogrupoeconômico11.3.3Inconstitucionalidadedaresponsabilidadesolidáriadossóciosdas

empresaslimitadas11.3.4Responsabilidadesolidáriadosprodutoresruraisintegrantesdoconsórcio

simplificado11.3.5Responsabilidadesolidáriadeadministradoresdeautarquiasefundações

públicas,criadasemantidaspeloPoderPúblico,deempresaspúblicasedesociedadesdeeconomiamista

11.4ExecuçãodeofíciodascontribuiçõesnaJustiçadoTrabalho12.Constituiçãodocréditoprevidenciário13.Decadênciaeprescriçãonocusteio

Capítulo19ProvadeInexistênciadeDébito

1.Disposiçõeslegais

Capítulo20CrimesPrevidenciários

1.Introdução2.Apropriaçãoindébitaprevidenciária

2.1Previsãolegal2.2Desnecessidadededoloespecífico2.3Naturezajurídicaeconsumação2.4Prisãocivilpordívida?2.5Dificuldadesfinanceiras

3.Sonegaçãofiscalprevidenciária4.Extinçãodepunibilidadenaapropriaçãoindébitaprevidenciáriaenasonegaçãofiscal

previdenciária5.Estelionatocontraaprevidênciasocialefalsidade

5.1Aplicaçãodacausadeaumentodepena

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5.2Princípiodaconsunção5.3Naturezajurídica5.4FalsaanotaçãonaCTPSecompetência

Capítulo21PrevidênciaPrivada

1.Introduçãoecaracterísticas1.1CarátercomplementareorganizaçãoautônomaemrelaçãoaoRGPS1.2Facultatividadeecontratualidade1.3Baseadanaconstituiçãodereservasquegarantamobenefíciocontratado1.4Reguladoporleicomplementar1.5Transparêncianagestão1.6Desvinculaçãodoscontratosdetrabalhoedeprevidênciaprivada

2.Espéciesdeprevidênciaprivada3.Sujeitosdarelação

3.1Naprevidênciafechada3.2Naprevidênciaaberta

4.Planodebenefícios5.Institutosobrigatórios

5.1Naprevidênciafechada5.1.1Benefícioproporcionaldiferido5.1.2Faculdadedeautopatrocínio5.1.3Resgate5.1.4Portabilidade

5.2Naprevidênciaaberta5.2.1Portabilidade5.2.2Resgatetotalouparcial

6.Resultadodeficitário,intervenção,liquidaçãoeresponsabilidade6.1Intervenção6.2Liquidaçãoextrajudicialdasentidadesfechadas6.3Responsabilidade6.4Hipótesesderesponsabilidadesolidária6.5ResponsabilizaçãodaUnião?

Capítulo22CompetênciaJurisdicionalemMatériaPrevidenciária

1.Introdução2.Regra:competênciadaJustiçaFederal

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3.Demandasdecorrentesdeacidentedotrabalho4.AsaçõesdeindenizaçãoeacompetênciadaJustiçadoTrabalho5.Competênciadelegada6.Mandadodesegurança7.JuizadoEspecialFederal

7.1Valordacausa7.2Competênciaterritorial

8.Açãoregressiva

Referências

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Capítulo1

HistóricodaSeguridadeSocial

1.IntroduçãoOiníciodaseguridadesocialestá relacionadoàsatividades assistenciais,

representadas por atos de caridade praticados, geralmente, por instituiçõesreligiosasemsocorrodosmaisnecessitados.

Com o passar dos anos, o Estado assumiu a responsabilidade de conferirproteção social àqueles que se encontravam à margem da sociedade, sem agarantiadeummínimoquelhesassegurasseaprópriasobrevivência.

A partir de então, constatou-se o amplo desenvolvimento da seguridadesocial,sobseustrêsaspectos–saúde,previdênciaeassistênciasocial–,atéasuaconsagraçãonasConstituiçõesmaismodernas.

Aseguir,apresentamososprincipaisfatosquemarcaramaseguridadesocialnomundoenoBrasilesuasrespectivasdataserepercussões.

2.AseguridadesocialnomundoDestacam-seosseguinteseventos:IdadeMédia:instituiçõesmutualistas–restritasaalgumasorganizaçõesoucorporações profissionais, principalmente os armadores de navios –passaram a formar fundos ou caixas de socorros para proteção de seusmembros.1601–Inglaterra–LeidosPobres:aPoorLawActouActoftheReliefofthePoor(LeidosPobres),editadapelarainhaIsabelI,surgiunaInglaterra,estabelecendo uma contribuição obrigatória, arrecadada da sociedade eadministrada pela Igreja (por meio de suas paróquias), que teria comopropósitoamanutençãodeumsistemaprotetivoemfavordosnecessitadose das pessoas carentes, especialmente crianças, velhos, inválidos e

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desempregados.Estaleiédefinidapeladoutrinacomoomarco inicialdaassistênciasocialnomundo,postoqueestatemexatamenteessepapel,ouseja, atender pessoas necessitadas que não têm como providenciar o seusustento.1789–DeclaraçãodosDireitosdoHomemedoCidadão:marca,defato,aampliação da ideia de seguridade social, não mais atrelada à questãoexclusivamente social, passando a ser considerada direito de todos. É apropostadeuniversalizaçãodosistema. 1883 – Alemanha –Otto Von Bismarck: em virtude de pressão exercidapelos trabalhadores, a previdência social, ou seguro social propriamentedito,surgenoanode1883,naAlemanha,comaLeideBismarck,chanceleralemãoque,àépoca,instituiumseguro-doençaemfavordostrabalhadoresda indústria. O sistema de Bismarck funcionava da seguinte forma:deveriamcontribuir paraoEstadoo trabalhador eo seu empregador, e ascontribuições de ambos seriam utilizadas na manutenção de um sistemaprotetivoemfavordostrabalhadores.Neste momento, o benefício previdenciário passa a ser direito público

subjetivodotrabalhador.Antesdisto,nossistemasmutualistas,casofaltassemrecursos, a pessoa que participava nada poderia exigir doEstado, já que estenão teria qualquer parcela de responsabilidade na organização da entidadeprivada. Mas, quando o próprio Poder Público impõe de modo compulsórioumacontribuiçãoarrecadadadostrabalhadores,aobtençãodobenefíciopassaaser um direito subjetivo do trabalhador. O trabalhador pode exigir aquelaprestação independentemente de garantias financeiras. Por isso, a Lei deBismarckéconsideradaomarcoinicialdaprevidêncianomundo,dadoque,neste momento, apresentam-se as características básicas do sistemaprevidenciário moderno, que são a compulsoriedade de filiação e a naturezacontributiva. 1917 – Constituição mexicana: foi a primeira Constituição a tratar daseguridadesocialcomstatusconstitucional. 1919 – Organização Internacional do Trabalho (OIT): convenções quetratamtambémdeseguridadesocial. 1935 – EUA – Segurity Act: evolução do sistema rudimentar originalalemão, constituía um sistema previdenciário com ampla margem deatuação.1941–ReinoUnido–PlanoBeveridge:surgiucomopropostaapresentada

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ao Parlamento, em 1942, elaborado pela Comissão dos Problemas deReconstrução, criada pelo Ministro Arthur Greenwood e presidida porWillian Beveridge. Tinha como propósito ser implantado ao final daSegunda Guerra Mundial e visava à reformulação completa do sistemaprevidenciáriovigentenoReinoUnido.AideiadoPlanoBeveridge,comofoidefinidopelaimprensadaépoca,eraaproteção“doberçoaotúmulo”,ou seja, toda pessoa, em qualquer momento da sua vida, teria amplaproteção do Estado em caso de necessidade.O PlanoBeveridge visava aatenderatodaasociedade,enãoapenasaostrabalhadores.1948–DeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanos:aseguridadesocialédireitodequalquerpessoa.

3.AseguridadesocialnoBrasilO desenvolvimento da seguridade social no Brasil é marcado pelos

seguinteseventos:1543:BrazCubascriaplanodepensãoparaempregadosdaSantaCasadeSantos.1835:MONGERAL–MontepioGeraldosServidoresdoEstado:primeiraentidade privada organizada de previdência. Montepios eram sociedadesprivadas, de ingresso voluntário, em que os participantes pactuavampagamentos de determinado valor, de modo que pudessem usufruirbenefícios no futuro. O Montepio não contava com o Poder Público,portantonãohavia direito subjetivo do participante emdemandar daqueleumaprestaçãoprevidenciária. 1891: Constituição Federal assegura aposentadoria por invalidez aosfuncionáriospúblicos. 1923: Lei Eloy Chaves – considerada a primeira lei previdenciáriabrasileira, crioucaixasdeaposentadoriasepensõesparaos trabalhadoresdasestradasdeferro. 1934: Constituição Federal prevê tríplice forma de custeio e ascontribuiçõesobrigatórias,emclarabuscadoequilíbriofinanceiro.Apartirde1930:criaçãodeInstitutosdeAposentadoriaePensão(IAP),divididos em categorias profissionais. Ex.: IAPI, que seria o Instituto deAposentadoriaePensãodosIndustriais. 1960:Lein.3.807–LOPS,ouseja,LeiOrgânicadaPrevidênciaSocial,

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queunificoualegislaçãosobreaprevidênciasocial.1967:UnificaçãodosInstitutoscomacriaçãodoINPS–InstitutoNacionaldePrevidênciaSocial. 1988: Constituição Federal – instituição da expressão “seguridadesocial”.1990:criaçãodoINSS–InstitutoNacionaldoSeguroSocialeunificaçãodoMinistériodoTrabalhoePrevidênciaSocial(hojeseparadonovamente). 1991: Lei n. 8.212 (custeio) e Lei n. 8.213 (benefícios) – criação dasprincipaisleisprevidenciáriasatualmenteemvigor.1998:ReformadaPrevidênciapelaECn.20.2003:ReformadaPrevidênciapelaECn.41.2005:ReformadaPrevidênciapelaECn.47.

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Capítulo2

DisposiçõesConstitucionaissobreaSeguridadeSocial

1.NoçõesgeraisAfimdegarantirobem-estareajustiçasociaisparatodaasociedade,oart.

193daCF/88previuaintervençãoativaounegativadoPoderPúblico(Estado)em diversas áreas, que acabaram reunidas sob o Título VIII, chamado deordemsocial.

A seguridade social, parte integrante da ordem social, compreende umconjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e dasociedadedestinadoaassegurarosdireitosrelativosàsaúde,àprevidênciaeàassistência social (art. 194 daCF/88). Portanto, conclui-se que a seguridadesocial é um sistema de proteção social composto por três subsistemas:previdência, assistência social e saúde.Atenção! A educaçãoNÃO integra aseguridadesocial!

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Dentre os três subsistemas de proteção que integram a seguridade social,

apenas a previdência social depende de contribuição direta por parte dobeneficiário.Issonãosignificadizerqueaassistênciasocialeasaúdenãosãofinanciadas por contribuições sociais. Muito pelo contrário; logo adiante,veremos que existem diversas contribuições que financiam o sistema deseguridadesocial.Oquesequerdizeréque,aocontráriodoqueacontecenaprevidência social (em que, a priori, apenas o contribuinte tem direito aosbenefícios e serviços previdenciários), o direito à saúde e à assistência socialindependedecontribuiçãodiretadoindivíduoquebuscaoatendimento.

2.Objetivos(ouprincípios)constitucionaisdaseguridadesocialDeacordocomoparágrafoúnicodoart.194daCF/88,competeaoPoder

Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nosseguintesobjetivos,consideradosverdadeirosprincípios:

I–universalidadedacoberturaedoatendimento;II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações

urbanaserurais;III–seletividadeedistributividadenaprestaçãodosbenefícioseserviços;IV–irredutibilidadedovalordosbenefícios;V–equidadenaformadeparticipaçãonocusteio;VI–diversidadedabasedefinanciamento;VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante

gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores,dosaposentadosedoGovernonosórgãoscolegiados.

2.1UniversalidadedacoberturaedoatendimentoAseguridade social devegarantir a proteçãouniversal.Doponto de vista

objetivo (universalidade da cobertura), a seguridade social deve garantir

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amparo diante de toda e qualquer situação de vida que possa conduzir a umestado de necessidade. Por exemplo, a invalidez impossibilita o exercício deatividaderemuneradapeloindivíduo.Logo,ainvalidezéumasituaçãodevidaque dá ensejo a um estado de necessidade. Consequentemente, deve seramparadapelosistemadeseguridadesocial.

Auniversalidadedoatendimento,porsuavez,éadimensãosubjetivadauniversalidade. Quais indivíduos têm direito à seguridade social? Segundo amelhor doutrina, o sistema deve proteger todas as pessoas, sem qualquerdiscriminação.

Oconteúdodoprincípioemcomentodáensejoadoisquestionamentos:1º)como compatibilizar a proteção universal com a previdência social (um dossubsistemas da seguridade social), que possui caráter contributivo? 2º) oestrangeirotemdireitoàseguridadesocial?

Em relação à primeira pergunta, é indispensável adequar os objetivos daseguridadesocialàspeculiaridadesdecadaumdeseussubsistemas.Seécertoque o parágrafo único do art. 194 da CF/88 prevê a universalidade doatendimentocomoobjetivodaseguridadesocial,éigualmentecertoqueoart.201 da CF/88 expressamente dispõe sobre o caráter contributivo daprevidênciasocial.Assim,diantedaexigênciadecontribuiçãodobeneficiário,não podemos dizer que todas as pessoas têm direito à previdência social. Aregra é que apenas o contribuinte poderá gerar proteção previdenciária. Poroutrolado,deve-seponderarqueoacessoàprevidênciasocialéuniversal,nosentido de que todas as pessoas que quiserem podem filiar-se ao sistemaprevidenciário.Valedizer:defato,paraserbeneficiáriodaprevidênciasocial,em regra, a contribuição é necessária. Porém, qualquer pessoa que queiracontribuir poderá fazê-lo, sem qualquer restrição de acesso (princípio dauniversalidadedeparticipaçãonosplanosprevidenciários–art.2º,I,daLein.8.213/91).

Saliente-sequeauniversalidadedeacessoàprevidênciasocialsomentefoiviabilizada após a previsão normativa do segurado facultativo. A partir deentão,parasefiliaraosistemaprevidenciário,nãomaisseexigequeosujeitoestejaexercendoatividaderemunerada,comoaconteceunopassado.Qualquerpessoa física, commais de dezesseis anos, se quiser, pode aderir ao regimegeraldeprevidênciasocial, lembrandoqueoaprendizpoderáfiliar-seapartirdoscatorzeanos.

Ainda resta examinar se a universalidade do atendimento possibilita o

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amparo aos estrangeiros. Em se tratando da previdência social, caso oestrangeiro residente noBrasil esteja contribuindo, não há dúvida de que elepoderá ser beneficiário do RGPS. Quanto à saúde, o Estado sempre devegarantir o atendimento primário emergencial. A dúvida maior recai sobre aassistência social. Será que o estrangeiro tem direito ao bolsa-família e aobenefícioassistencialdeprestaçãocontinuada(art.203,V,daCF/88)?Segundonos parece, diante da limitação de recursos e da existência de diversosbrasileiros em situação de hipossuficiência econômica, não é razoável que oEstado Brasileiro conceda amparo financeiro assistencial a estrangeiros,especialmente na hipótese de inexistência de reciprocidade entre os Estados.Vale ressaltar que a questão acerca do direito do estrangeiro ao benefícioassistencialprevistonoart.203,V,daCF/88aguardajulgamentonoSupremoTribunalFederal(RE587970).

2.2Seletividadeedistributividadenaprestaçãodosbenefícioseserviços

Conforme já salientado, a seguridade social é um dos principaismecanismos de proteção social e de busca pelo desenvolvimentomultidimensional.Sónãopodemosesquecerqueaseguridadesocialrepresentaumsistemaeque,comosistemajurídico,elaéestruturadaporumamontoadodenormasqueenvolvemdireitosvariadosdemilhõesdepessoas.Dessaforma,partindodapremissadequetododireitotemoseucusto,oEstadoestálimitadoem seu agir, mesmo em se tratando de um segmento normativo tãoindispensável,comooéaseguridadesocial.Valedizer,oEstadonãodispõederecursosorçamentáriosparagarantiraproteçãouniversal.Trata-sedareservadopossível.Diantedessa limitaçãofinanceira,é imprescindívelselecionarasprioridadeseestabeleceroscritériosdeescolha(LEITÃO,2012,p.27-31).

Éexatamentenessecontextoemqueseinsereoprincípiodaseletividadeedistributividade na prestação dos benefícios e serviços. A meta daseguridadesocialéaproteçãouniversal.Todavia,considerandoque,noestágioatualda sociedade,oEstadoBrasileironãodispõede suporte financeiroparagarantir a universalidade, é imprescindível selecionar as prioridades, ou seja,escolher as situações de vida que provoquem maior estado de necessidade.Quais situações de vida foram selecionadas? Somente a título de exemplo,poderíamoscitar:adoença(art.201,I,eart.196),ainvalidez(art.201,I,eart.196),amorte,aidadeavançadaeadeficiência(art.203,V,eart.196),alémde

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outras.Porém, a escolhanão incide apenas sobre as situaçõesdevida.Devem-se

selecionar também os titulares do direito. A ideia é simples: nem todas aspessoascomidadeavançadatêmdireitoàaposentadoriaporidade;nemtodasas pessoas que falecem instituem a pensão por morte. Portanto, cabe àlegislaçãodefinirascontingênciassociais(situaçõesdevida)eosbeneficiários(quemterádireitoaoamparodosistemadeseguridadesocial).Essafacetadaseletividade (que define os titulares do direito por meio da previsão dosrequisitos legais) é uma decorrência lógica e necessária do princípio dalegalidadeaqueestásujeitaaAdministraçãoPública(INSS).

Éclaroqueasescolhasnormativasprecisamserfeitasàluzdeumcritérioquenãopodedescurar-sedosobjetivosconstitucionaisdaordemsocial(bem-estar e justiça sociais). Esse critério é a distributividade e impõe que asescolhaslegislativassejamfeitasdeformaqueaproteçãoestatalcontempledemodo mais abrangente as pessoas que se encontrem em maior estado denecessidade.Seleciona-separadistribuirprestaçõesàquelesquenecessitemdeproteção.

2.3Uniformidadeeequivalênciadosbenefícioseserviçosàspopulaçõesurbanaserurais

Trata-sedaconsagraçãodaisonomianoâmbitodaseguridadesocial.AtéaCF/88, existia um verdadeiro abismo entre o plano previdenciário dostrabalhadores urbanos e o plano previdenciário dos trabalhadores rurais. Asdistorçõeseramdesproporcionais,tantodopontodevistadoroldeprestações,comodasistemáticadecálculodosbenefícios.ComapromulgaçãodaCF/88,garantiu-sea isonomiaentreesses trabalhadores.Agora,não importaondeoindivíduo exerce a sua atividade (se no campo ouna cidade), o direito àseguridadesocialéomesmo.

Uniformidadesignificaigualroldeprestações.Asprestaçõesprevistasparaotrabalhourbanodevemtambémseroferecidasparaosrurícolas.

Equivalência significa idêntica sistemática de cálculo.A formade cálculodosbenefícioséamesmaparaostrabalhadoresurbanoserurais.

É preciso chamar a atenção para um detalhe, que envolve uma dasmodalidadesdeseguradoobrigatório:oseguradoespecial(art.11,VII,daLein.8.213/91).Basicamente,trata-sedopequenotrabalhadorruraledopescadorartesanal.Opontoéqueoseguradoespecialnãofazjusatodososbenefícios

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previdenciários previstos na legislação, conforme dispõem o art. 39, I eparágrafoúnico,eoart.18,§1º, todosdaLein.8.213/91.Porexemplo,emregra, o segurado especial não tem direito à aposentadoria por tempo decontribuição. A priori, pode-se pensar que essa restrição protetiva estáassociadaaotrabalhorurícola,masnãoestá.Naverdade,arestriçãoprotetivado segurado especial decorre de sua sistemática peculiar de tributação.Enquantoosdemaisseguradosprecisamefetuarrecolhimentosmensaissobreosalário de contribuição (base de cálculo da contribuição da maioria dossegurados), o segurado especial somente contribui quando comercializa a suaprodução (ou o resultado da pesca), nos termos do art. 195, § 8º, da CF/88.Portanto,ressaievidentequeacontribuiçãodoseguradoespecial,atépeloseucaráter sazonal, é menor do que a dos outros segurados, o que justifica aproteçãoprevidenciáriadiferenciada,afinalosdesiguaisprecisamser tratadosdesigualmente.

Por outro lado, é bom lembrar que existe a possibilidade de o seguradoespecial contribuir facultativamente, de forma idêntica aos demais segurados.Vale lembrar que, até o advento do Decreto n. 6.042/99, essa contribuiçãofacultativaerafeitanacondiçãodecontribuinteindividual.Porém,atualmente,a legislação é omissa acerca do enquadramento previdenciário decorrente dopagamentodessacontribuição facultativa.Casoo seguradoespecialoptepelacontribuição facultativa, a legislação garante-lhe a mesma coberturaprevidenciáriadosdemaissegurados(art.39,II,daLein.8.213/91eart.200,§2º,doDecreton.3.048/99).Nessesentido,dispõeaSúmula272doSTJ:“Otrabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuiçãoobrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus àaposentadoriaportempodeserviço,serecolhercontribuiçõesfacultativas”.

2.4IrredutibilidadedovalordosbenefíciosAs prestações previdenciárias podem ser classificadas em benefícios e

serviços.Os benefícios possuem caráter pecuniário e estão vinculados a umaobrigação de pagar; ao contrário dos serviços, os quais estão vinculadosexclusivamente a uma obrigação de fazer. Logo, a ideia de irredutibilidade,referidanoprincípioemanálise,somenteseaplicaaobenefício,poisnãoexistepossibilidadedereduzirumserviçodopontodevistapecuniário.

Diantedaprevisãodoprincípiodairredutibilidade,obenefícionãopodeserreduzido em seu valor monetário. Assim, quem ganha R$ 1.000,00 em

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determinado ano não poderá ganhar quantia inferior a essemontante no anovindouro.

Porém, será que o beneficiário pode receber o mesmo montante, semqualquer reajuste, durante vários anos? Vários autores defendem que airredutibilidade referida no parágrafo único do art. 194 também engloba aimpossibilidadedereduçãodovalorrealdobenefício,comoformadeasseguraroseurespectivopoderdecompra,protegendo-odaperdainflacionária.Porém,deacordocomoSTF,aacepçãodairredutibilidadedovalordosbenefícios,previstanoart.194daCF/88,émaisrestrita, impondosomenteaobrigaçãonegativadenãoreduzirobenefício,considerandoodispostonoart.201,§4º,daCF/88,quejáprevêexpressamenteanecessidadederevisõesperiódicasdaprestação previdenciária (MS 24.875-1, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ6-10-2006).

Fábio Zambitte Ibrahim critica a interpretação restritiva do STF,argumentando que o art. 201, § 4º, da CF/88 nada mais é do que umaexplicitaçãodairredutibilidade,consectárionaturaldesteprincípio.Mesmoquenão existisse, não poderia ser diferente.O fato de algumefeito específico deprincípio constitucional ser previsto emdispositivo autônomonão exclui, poróbvio, o alcance original da norma-princípio (IBRAHIM, 2011, p. 69-70).Ademais,nãopodemosesquecerque,dopontodevistatopográfico,oart.201daCF/88repousaemseçãoespecíficadeprevidênciasocial,oquepodeensejaro equivocado entendimento de que a irredutibilidade real não se estende àsdemais prestações da seguridade social (LEITÃO,2012, p. 36-38). Inclusive,pode-se atémesmodizer que o entendimento restritivo que a SupremaCortetem conferido ao inciso IV do art. 194 da Constituição (princípio dairredutibilidade) arrisca sobremaneira a eficácia dos mecanismos pecuniáriosprotetivosdosdemaissubsistemasdaseguridadesocial.Éocaso,porexemplo,dobolsa-família,benefíciodaassistênciasocial.

Ainda é importante ressaltar que o índice de reajuste do benefícioprevidenciárionãoestáatreladoàvariaçãodosaláriomínimo.Comefeito,segundooart.41-AdaLein.8.213/91,ovalordosbenefíciosemmanutençãoseráreajustado,anualmente,namesmadatadoreajustedosaláriomínimo,prorata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do últimoreajustamento,combasenoÍndiceNacionaldePreçosaoConsumidor(INPC),apuradopelaFundaçãoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística(IBGE).

Destarte,alguémquetenhaseaposentadocomrendimentodedoissaláriosmínimos não tem direito adquirido à manutenção dessa equivalência. Na

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verdade,a tendênciaatualéqueessebenefíciopaulatinamenteváperdendoaequivalênciaemnúmerodesaláriosmínimos.Issoporque,nosúltimosanos,oGoverno Federal vem resgatando o poder aquisitivo do salário mínimo,mediante aplicação de índices de reajuste superiores à inflação. Logo, éplenamente possível que um indivíduo que, no passado, auferia benefícioequivalenteadoissaláriosmínimos,hoje,estejarecebendoumsaláriomínimo.Apropósito,nãocustalembrarqueoart.7º,IV,daCF/88vedaavinculaçãodosaláriomínimoparaqualquerfim.

2.5DiversidadedabasedefinanciamentoA Constituição de 1934 previu a tríplice fonte de custeio, mediante

contribuição igual dos trabalhadores, das empresas e do Governo (conformedispunhaoseuart.121,§1º,h).

A normatização atual é diferente. Em primeiro lugar, a CF/88 prevê acontribuição do importador e a contribuição sobre a receita de concursos deprognósticos (antigamente não previstas), o que torna o financiamento dosistema mais diversificado ainda. Ademais, ao contrário do que previa aConstituição de 1934, o art. 195 da CF/88 não prevê nenhuma contribuiçãodevida peloGoverno na condição de sujeito passivo.Mas cuidado! Isso nãosignificaqueoGovernonãofinancieosistemadeseguridadesocial.Existemtrês formas de o Governo financiar o sistema de seguridade social, só quenenhumadelasdecorredeumacontribuiçãopagadiretamentenacondiçãodesujeitopassivotributário,senãovejamos:

Examinada a participação doGoverno no financiamento do sistema, restaexaminaroconteúdodadiversidadedabasedefinanciamento.

Esse princípio possui duplo significado: a diversidade subjetiva e adiversidadeobjetiva.Oprimeirosignificaqueosistemaésuportado,dopontodevistafinanceiro,pormaisdeumsujeito,ouseja,váriaspessoascontribuempara o sistema de seguridade social. Pelo segundo, pode-se dizer que vários

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fatosdãoensejoàincidênciadacontribuição.Saliente-se que o art. 201, § 3º, da CF/88, incluído pela Emenda

Constitucionaln.42/2003,prevêapossibilidadedesubstituiçãogradual,totalouparcial,dacontribuiçãoincidentenaformadoincisoI,a (contribuiçãosobreafolha),pelaincidentesobreareceitaouofaturamento.

ArazãodeaEmendaConstitucionaln.42/2003terprevistoapossibilidadedesubstituiçãodacontribuiçãosobreafolhapelacontribuiçãosobreareceitaésimples:acontribuiçãosobreafolha(art.195,I,a,daCF/88)oneraamãodeobra, diferentemente da contribuição sobre a receita.Assim, dependendo dascondições econômicas do País, sem dúvida, poderá ser muito importantedesonerar a mão de obra com o intuito de reduzir a taxa de desemprego.Perceba-se que tal substituição não provocará perda de arrecadação, afinal aeventualextinçãodacontribuiçãosobrea folha,certamente, serácompensadacom a majoração da contribuição sobre a receita, esta última totalmentedesatreladadamãodeobra.

2.6EquidadenaformadeparticipaçãonocusteioA seguridade social é um sistema de proteção que visa ao bem-estar e à

justiçasociais.Logo,seriatotalmenteincoerentequeadivisãodeseusencargosfosse injusta. Somente haverá justiça se duasmáximas foremobservadas: 1ª)capacidadecontributiva;e2ª)riscosocial.

Quantomaioracapacidadeeconômicadocontribuinte,maiordeveseroseuencargo tributário. É por essa razão, por exemplo, que a maioria dascontribuições sociais recai sobre as empresas, e não sobre os segurados.Não apenas isso. Veremos mais adiante que, enquanto a contribuição dosegurado incide sobre um valor máximo (chamado de teto, fixado em R$3.916,20paraoanode2012),acontribuiçãodaempresasobreafolhanãosofrenenhumalimitação.Vamosaumexemplo:JoãoéempregadodaempresaAlfaetemumaremuneraçãodeR$10.000,00.Nessecaso,acontribuiçãodeJoão,naqualidadedesegurado,incidirásobreR$3.916,20(tetodoINSS),aopassoqueacontribuiçãodaempresaAlfasobrearemuneraçãodeJoão(art.195,I,a,daCF/88) incidirá sobre o total da remuneração (R$ 10.000,00),independentementedequalquerlimite.

Outra decorrência da capacidade econômica é a progressividade. Acontribuiçãodealgunssegurados(empregados,avulsosedomésticos)incidedeforma progressiva. Quanto maior a base de cálculo do tributo, maior é a

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alíquota. Ressalte-se que a incidência da alíquota não é cumulativa, ou seja,incideumaúnicaalíquotasobreovalortotaldosaláriodecontribuição(basedecálculodacontribuiçãodosegurado).Nãoobstanteasimplificaçãodocálculodotributo,aincidênciadiretadaalíquotaàremuneraçãointegral,semqualquergraduação quanto às faixas salariais, acaba possibilitando contrassensosindesejados: se um empregado que recebe R$ 1.844,00 tiver um incrementosalarialdeR$1,00,passaráacontribuircom11%sobrearemuneração,oquelevará,certamente,àreduçãosalarialemvaloreslíquidos(IBRAHIM,2011,p.222).

DeacordocomaPortariaInterministerialMPS/MF2,de6-1-2012:

SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO(R$)EMPREGADOS,AVULSOSEDOMÉSTICOS ALÍQUOTADACONTRIBUIÇÃO

AtéR$1.174,86 8%

DeR$1.174,87atéR$1.958,10 9%

DeR$1.958,11atéR$3.916,20 11%

Ainda falando da capacidade contributiva, deve-se ponderar aimpossibilidadedetributardeformaidênticatodasaspessoasjurídicas.Aliás,umdos princípios gerais da atividade econômica é o tratamento favorecidopara as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras equetenhamsuasedeeadministraçãonoPaís(art.170,IX,daCF/88).Masqual seria a relação desse princípio da ordem econômica com a seguridadesocial?ÉqueaLeiComplementarn.123/2006,queestabelecenormasgeraisrelativas ao tratamento diferenciado para microempresas e empresas depequeno porte, instituiu o Simples Nacional. Segundo o art. 13 dessa lei, oSimplesNacional implicao recolhimentomensal,mediante documentoúnicode arrecadação, de diversos tributos, entre os quais estão inseridas algumascontribuiçõesparaaseguridadesocial.

A equidade no custeio também está intimamente relacionada a outrocritério: o risco social.Quanto maior o risco, maior a contribuição. Umempregadosomenteexerceatividadeemcondiçõesadversasporimposiçãoda

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empresa, a qual aufere proveito econômico a partir do trabalho alheio. Poróbvio,esseempregado,alémdeestarmaissuscetíveladoençasincapacitantes,provavelmente,terádireitoaobenefíciodeaposentadoriaespecial,umaespéciede aposentadoria antecipadapor tempode contribuição.É evidente, portanto,queoriscomaisacentuadodaatividadeprovocamaiorchancedeintervençãoprotetivadosistemadeseguridadesocial.Consequentemente,nadamais justodo que a previsão de maior contribuição para a empresa que impõe ao seuempregado o exercício de atividade em condições nocivas. Como exemplo,temosacontribuiçãoparaosegurodeacidentedotrabalho(SAT),aqual,nostermos do art. 22, II, da Lei n. 8.212/91, poderá incidir sobre três possíveisalíquotas(1%,2%ou3%),conformeabaixo:

a)1%(umporcento)paraasempresasemcujaatividadepreponderanteoriscodeacidentesdotrabalhosejaconsideradoleve;

b)2%(doisporcento)paraasempresasemcujaatividadepreponderanteesseriscosejaconsideradomédio;

c)3%(trêsporcento)paraasempresasemcujaatividadepreponderanteesseriscosejaconsideradograve.

Oart.195,§9º,daCF/88,comredaçãodadapelaEmendaConstitucionaln. 47/2005, prevê a possibilidade de tributação diferenciada, por meio dealíquotas ou bases de cálculo diversas, em razão de quatro variáveis: a)atividadeeconômica;b)utilização intensiva demão de obra; c)porte daempresa; e d) condição estrutural do mercado de trabalho. Sem dúvida,trata-sededispositivoconstitucionalatentoaoprincípiodaequidadenaformadeparticipaçãodocusteio.Oportedaempresa,porexemplo, tem tudo a vercom a ideia de capacidade contributiva. Quanto maior o porte da empresa,maior deve ser a tributação. Da mesma maneira, é justo tributar de formadiferenciada empresas que não utilizam intensivamente mão de obra.Exemplificando: se compararmos uma instituição financeira com umaconstrutora,proporcionalmenteaocapitalmovimentado,qualdelasnecessitademaismãodeobra?Obviamente,aconstrutoranecessitademaistrabalhadores.Isso implicareconhecerque, dopontodevista daordemsocial (que tempor

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baseoprimadodotrabalho–art.193daCF/88),ainstituiçãofinanceirapossuium papel menos relevante, justificando, a priori, a incidência de maiorcontribuição.

Cuidado! O art. 195, § 9º, da CF/88 faz referência expressa àscontribuiçõessociaisprevistasnoincisoIdomesmoartigo.Ouseja,apenasascontribuiçõesdoempregador,empresaouequiparadopoderão teralíquotasoubasesdecálculodiferenciadasemrazãodaatividadeeconômica,doportedaempresa, da utilização intensiva demão de obra e da condição estrutural domercadodetrabalho.

2.7Caráterdemocráticoedescentralizadodaadministraçãomediantegestãoquadripartite

Trata-se do último objetivo constitucional da seguridade social. O caráterdemocrático significa reconhecer a necessidade de participação das classesinteressadasnagestãoda seguridade social, quais sejam,os trabalhadores, osempregadores,osaposentadoseoGoverno.

Sãoquatroasclassesinteressadasnaadministraçãodosistema,deondeseextrai a composiçãoquadripartite. Por conseguinte, a gestão quadripartite éumadecorrênciadocaráterdemocráticodaadministraçãodaseguridadesocial.Ébomadvertirquemuitasprovasdeconcursospúblicosprocuramconfundirocandidato fazendo referência a uma gestão tripartite. Está errado. Desde apromulgaçãodaEmendaConstitucionaln.20/98,agestãoéquadripartite.

Diante da exigência constitucional, foram criados diversos conselhos deestruturacolegiada.Paraconcursospúblicos,semdúvida,omaisimportanteéoConselhoNacionaldePrevidênciaSocial(CNPS),previstonoart.3ºdaLein.8.213/91.OCNPSéumórgãosuperiordedeliberaçãocolegiadanoâmbitodaprevidênciasocial,queapresentaaseguintecomposição:

REPRESENTANTESDOGOVERNO REPRESENTANTESDASOCIEDADECIVIL

Seis Nove

Trêsrepresentantesdosaposentadosepensionistas

Trêsrepresentantesdostrabalhadores

Trêsrepresentantesdosempregadores

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Total:quinzemembros

Deacordocomoart.3º,§1º,daLein.8.213/91,osmembrosdoCNPSeseus respectivos suplentes serão nomeados pelo Presidente da República,tendoosrepresentantestitularesdasociedadecivilmandatode2(dois)anos,podendoser reconduzidos, de imediato, uma única vez. Ressalte-se, ainda,que,segundoo§2ºdomesmoartigo,osrepresentantesdostrabalhadoresematividade, dos aposentados, dos empregadores e seus respectivos suplentesserãoindicadospelascentraissindicaiseconfederaçõesnacionais.

A gestão também édescentralizada. A propósito, EduardoRochaDias eJoséLeandroMonteirodeMacêdolembramque,nadescentralização,desloca-se a atividade pública para entidades externas, com personalidade jurídicaprópria pública (autarquia) ou privada (fundações, empresas públicas,sociedadesdeeconomiamista).Ouseja,nadescentralização,hápluralizaçãodetitularidade.Conclui-se,portanto,queoInstitutoNacionaldoSeguroSocialéumexemplodedescentralizaçãoadministrativanagestãodaseguridadesocial(DIAS;MACÊDO,2010,p.106).

Não só isso. Wagner Balera salienta ainda que, enquanto existiremestruturas centralizadas eburocráticas, dasquaisnão se consiga compreenderos caminhos para a tomada de decisões, a participação estará tolhida.Exemplificando, na saúde e na assistência social, partes integrantes daseguridade,éóbvioqueobomdesempenhodosistemaencontra-sediretamentearticuladocomapopulaçãoassistida.Destarte,emumpaíscomooBrasil,deprojeçãocontinental, jamaisserápossíveladministrarosistemadeseguridadesocial de forma centralizada. A gestão e o controle desses setores porintermédio de órgãos municipais contribuirão para torná-los, inclusive, maissensíveisaosproblemasdecadacomunidade(BALERA,2010,p.128).

3.Princípiodasolidariedade,financiamentodaseguridadesocialeorçamentodiferenciado

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De acordo com o art. 3º da CF/88, um dos objetivos fundamentais daRepública Federativa do Brasil é construir uma sociedade livre, justa esolidária. Esse dispositivo não é o único fundamento para defender asolidariedadenoâmbitodaseguridadesocial.Comefeito,apesardeosarts.194e 195 da CF/88 não fazerem referência expressa ao caráter solidário daseguridade, ambos são claros quando chamam todas as pessoas paraparticiparem das ações do sistema. O art. 195 é ainda mais enfático, já queprevê a participação de toda a sociedade no financiamento do sistema,senãovejamos:

ART.194DACF/88 ART.195DACF/88

Art.194.AseguridadesocialcompreendeumconjuntointegradodeaçõesdeiniciativadosPoderesPúblicosedasociedade,destinadasaassegurarosdireitosrelativosàsaúde,àprevidênciaeàassistênciasocial.

Art.195.Aseguridadesocialseráfinanciadaportodaasociedade,deformadiretaeindireta,nostermosdalei,medianterecursosprovenientesdosorçamentosdaUnião,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios,edasseguintescontribuiçõessociais:

IvanKertzman ressalta que a solidariedadepode ser analisada sob aóticavertical ou horizontal. Verticalmente (pacto intergeracional), significa queuma geração deve trabalhar para pagar os benefícios da geração anterior.Horizontalmente(pactointrageracional),representaaredistribuiçãoderendaentreaspopulações(KERTZMAN,2011,p.48).Apenasacrescentamosqueopacto intrageracional se dá tambémem razãoda garantia demanutençãodosbenefíciospagosaos indivíduosdemesmageraçãoqueestãoimpossibilitadosdetrabalhar,emvirtudedeumadoença,maternidadeetc.

Nessecontexto,importasalientarasduasprincipaisformasdeorganizaçãoprevidenciária:osistemadecapitalizaçãoeosistemaderepartiçãosimples.Oprimeiro, típicodaprevidênciacomplementar (art.202daCF/88), consistenacobrançadevaloresquepossibilitemfuturamenteopagamentodosprópriosbenefíciosedasdemaisdespesasdeadministração,pormeioda formaçãodeum fundo de reserva individualizado ou capitalizado (TAVARES, 2004, p.120-121).Por suavez, o sistemade repartição simples, típico da previdênciasocial (art. 201 da CF/88), parte da ideia de que todas as contribuições sãovertidasparaumúnicosistema, servindoparapagarasprestaçõesconcedidas

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aouniversode beneficiários. Evidentemente, o sistema de repartição simplespossibilita uma melhor redistribuição de renda e uma proteção social maiseficaz,viabilizando,atémesmo,oamparodaquelesque,poralguminfortúnio,não contribuíram com quantia suficiente para, sozinhos, garantir o benefício(TAVARES,2004,p.120-121).

O princípio da solidariedade dá ensejo a duas consequências. Primeiraconsequência: a sociedade precisa ser solidária com o sistema. Logo, otrabalhador, que possui condição econômica, deve contribuir para o sistema.Segundaconsequência:o sistemaprecisa ser solidário comaspessoasque seencontramemestadodenecessidade.Exatamentepor isso,um indivíduoqueficouincapazemrazãodeumacidentedetrabalho,sofridologonoprimeirodiadetrabalho,terádireitoaumbenefícioprevidenciárioporincapacidade.

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Até aqui, vimos que, com base no princípio da solidariedade, toda asociedadetemaincumbênciadefinanciarosistemadeseguridadesocial.Nostermosdoart.195daCF/88,essefinanciamentoédiretoeindireto.

O financiamento direto provém das contribuições sociais, espécietributária de destinação vinculada. O financiamento é direto em virtude dadestinaçãodiretaaqueestãosujeitasascontribuições.Damesmaformaqueacontribuiçãoparaa iluminaçãopúblicavisaacustearoserviçode iluminaçãopública,ascontribuiçõesparaaseguridadesocialvisamacustearosistemadeseguridadesocial,semapossibilidadededesvio.AúnicaexceçãodizrespeitoàdesvinculaçãodasreceitasdaUnião(DRU),previstanoart.76doADCT.

Osincisosdoart.195daCF/88representamofundamentoconstitucionaldamaioria das contribuições que financiam diretamente a seguridade social.Porém,mesmoexistindotantascontribuições,oart.195,§4º,daCF/88aindaprevê a possibilidade de instituição de contribuição residual. Segundo oreferido preceito, a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir amanutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art.154,I,daCF/88.Oart.195,§4º,refere-segenericamenteàlei,oquepoderialevar à compreensão de que a lei ordinária seria suficiente para criar acontribuiçãoresidual.Masnãoéocaso,hajavistaanecessidadedeverificaçãodas exigências previstas no art. 154, I, da CF/88, quais sejam: a) leicomplementar; b) não cumulatividade; c) base de cálculo e fato geradordiferentesdascontribuiçõesprevistasnoart.195daCF/88.Apropósito,éimportante salientar que o STF entendeu que não se aplica às novascontribuiçõessociaisasegundapartedoincisoIdoart.154daCartaMagna,ouseja, que elas não devam ter fato gerador ou base de cálculo próprios dosimpostos discriminados naConstituição (RE 258470). Como esclarece FábioZambitteIbrahim,umanovacontribuiçãopodeadotarfatogeradoroubasedecálculo de imposto já existente, ainda que de competência estadual oumunicipal,mas não poderá utilizar-se de fato gerador ou base de cálculo decontribuiçãosocialjáexistente(IBRAHIM,2011,p.109).

Ressalte-sequeaexigênciadeleicomplementarsóseaplicaàcontribuiçãoresidual.Porconseguinte,ascontribuiçõesquetêmfundamentonosincisosdo art. 195 são regulamentadas por simples lei ordinária (isto é, ascontribuiçõesdaempresasobreafolha,sobreareceitaoufaturamento,sobreolucro, dos trabalhadores e demais segurados, sobre a receita de concursos deprognósticosedoimportador).

Oart.167,XI,daCF/88vinculouobrigatoriamenteduascontribuiçõesdo

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art. 195 à previdência social (princípio da vinculação obrigatória): acontribuição da empresa sobre a folha de remuneração (art. 195, I, a) e acontribuição dos trabalhadores e demais segurados (art. 195, II). Exatamentepor isso,elassãochamadas,peladoutrina,decontribuiçõesprevidenciárias.Assim,conclui-sequeascontribuiçõesprevidenciáriassãoespéciesdogênero“contribuiçõesparaaseguridadesocial”.

Ofinanciamentoindireto,poroutrolado,envolveosrecursosprovenientesdosorçamentosdaUnião,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios.Aideiaésimples.Asociedadepagaosimpostos(tributosnãovinculadosaumaprestaçãoestatalespecífica).Osimpostosalimentamosorçamentosfiscaisdosentespolíticos.Osentespolíticos,diantede imposiçõesnormativas,precisamfinanciarosistemadeseguridadesocial.

Diantedisso,pode-sedizerqueaseguridadesocial,alémdeserdestinatáriadascontribuições,receberecursosprovenientesdosorçamentosdaUnião,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios(financiamentodireto).

Atente-sequeosrecursossãodestinadosàseguridadesocial,enãoàUnião,tanto que o art. 165, § 5º, da CF/88 consagra o princípio do orçamentodiferenciado. E mais: as receitas dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivosorçamentos,nãointegrandooorçamentodaUnião(art.195,§1º,daCF/88).

4.PrincípiodaanterioridadenonagesimalSegundooprincípiodaanterioridadenonagesimal,previstonoart.195,§

6º,daCF/88,ascontribuiçõesparaaseguridadesocialsópoderãoserexigidasapós decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houverinstituídooumodificado,não se lhes aplicandoodispostonoart. 150, III, b.Trata-sedaúnica limitação temporalaqueestão sujeitasas contribuiçõespara a seguridade social, já que o próprio texto constitucional afastaexpressamenteaaplicaçãodoart.150,III(queprevêaanterioridadegenérica).Logo, uma contribuição criada em 2011 pode ser cobrada nomesmo ano (=exercíciofinanceiro),desdequerespeitadootranscursodenoventadias.

Questãointeressanteconsisteemsaberseénecessáriaafluênciadenoventadiasnahipótesedemudançadeprazoderecolhimentodacontribuição.OSTFtem aplicado o mesmo conteúdo da Súmula 669 para a anterioridadenonagesimal. Portanto, a alteração do prazo para o recolhimento dascontribuiçõessociais,pornãogerarcriaçãooumajoraçãodetributo,não

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ofendeoprincípiodaanterioridadenonagesimal(RE295992).Finalmente,importasalientarque,nahipótesedemedidaprovisóriamajorar

contribuiçãosocial,segundooentendimentodoSTF,acontagemdoprazodenoventadiasinicia-seapartirdaprimeiramedidaprovisória,enãodadataemqueelafoiconvertidaemlei(RE367935).

5.Princípiodapreexistênciadecusteio(regradacontrapartida)Conforme disposto no art. 195, § 5º, da CF/88, nenhum benefício ou

serviçodaseguridadesocialpoderásercriado,majoradoouestendidosemacorrespondentefontedecusteiototal.Ressalte-sequearegraconstitucionalnão prevê qualquer ressalva. Impõe-se rígido equilíbrio entre receitas edespesas, no sentido de que estas não podem superar aquelas, sob o risco dedesmoronamento do sistema e de todos aqueles que dele dependem.Quis-se,com a positivação desse princípio, a limitação constitucional em face deeventuais abusos legislativos (mormente em anos eleitorais) consistentes nacriação,extensãooumajoraçãodeprestações.

6.CompetênciatributáriaecapacidadetributáriaativaemmatériadeseguridadesocialParaLeandroPaulsen,competênciatributáriaéaparceladepoderconferida

pela Constituição a cada ente político (União, Estados, Distrito Federal eMunicípios)paraainstituiçãodetributos(PAULSEN,2005,p.670).Trata-se,pois, da aptidão para criar tributo. Convém, portanto, descobrir qual entepolítico possui competência tributária em matéria de contribuição para aseguridade social. De acordo com o art. 149 da CF/88, competeexclusivamente à União instituir contribuições sociais (dentre as quaisestãoincluídasascontribuiçõesparaaseguridadesocial),deintervençãonodomínioeconômicoedeinteressedascategoriasprofissionaisoueconômicas,como instrumentode sua atuaçãonas respectivas áreas, observadoodispostonosarts.146, III, e150, I e III, e semprejuízodoprevistonoart.195,§6º,relativamenteàscontribuiçõesaquealudeodispositivo.

Isso não significa que todas as contribuições previdenciárias sãoinstituídaspelaUnião.Comefeito, segundoo§1ºdoart.149daCF/88,osEstados,oDistritoFederaleosMunicípiosinstituirãocontribuição,cobrada

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deseusservidores,paraocusteio,embenefíciodestes,doregimeprópriodequetrataoart.40daCF/88,cujaalíquotanãoseráinferioràdacontribuiçãodosservidorestitularesdecargosefetivosdaUnião.

Deacordocomoart.7ºdoCódigoTributário,acompetênciatributáriaé

indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizartributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas emmatériatributária,conferidaporumapessoajurídicadedireitopúblicoaoutra.É preciso, pois, diferenciar a competência tributária (aptidão para instituirtributos–indelegável)dacapacidadetributáriaativa(atribuiçãodasfunçõesdearrecadaçãodetributos–delegável).

Resta saber quem possui capacidade tributária ativa em matéria decontribuição social. Ao contrário do que muitos pensam, em se tratando decontribuiçãosocial,acapacidadetributáriaativanãomaispertenceaoInstitutoNacional do Seguro Social. Deveras, segundo a legislação em vigor, aarrecadaçãodetodasascontribuiçõessociaisécompetênciadaUniãoFederal,que a exerce por intermédio da Receita Federal do Brasil (Super-Receita –órgãocriadopelaLein.11.457/97).

COMPETÊNCIATRIBUTÁRIA CAPACIDADETRIBUTÁRIAATIVA

UniãoUnião,queaexerceporintermédioda

ReceitaFederaldoBrasil.

OfatodeaReceitaFederaldoBrasilserresponsávelpelaarrecadaçãodas

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contribuiçõesofendeoprincípiodoorçamentodiferenciado?ParaoSTF,nãocompromete a autonomia do orçamento da seguridade social a atribuição, àSecretaria da Receita Federal do Brasil, de administração e fiscalização dacontribuição(ADI1417).

7.ImunidadesnaseguridadesocialA imunidade pode serconsideradauma limitaçãoconstitucionalaopoder

de tributar. Possui fundamento na própria Constituição e não pode serconfundida com a isenção, esta conceituada por Eduardo Sabbag como umfavor legal consubstanciado na dispensa de pagamento do tributo devido(SABBAG,2004,p.46).

No âmbito da seguridade social, existem três imunidades: a) sobreaposentadoriaepensãoconcedidaspeloregimegeraldeprevidênciasocial(art.195,II,daCF/88);b)sobreasreceitasdecorrentesdeexportação(art.149,§2º,I,daCF/88);c)dasentidadesbeneficentesdeassistênciasocial(art.195,§7º,daCF/88).

7.1ImunidadesobreaposentadoriaepensãodoRGPSDe acordo com o art. 195, II, da CF/88, não incide contribuição sobre

aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social.Trêsaspectosdevemserressaltados.

Em primeiro lugar, a imunidade incide exclusivamente sobreaposentadoria e pensãodo regimegeral deprevidência social.Logo,aregranãoseaplicaaoregimeprópriodeprevidência,previstonoart.40daCF/88ededicadoaosservidorespúblicostitularesdecargosefetivos.

Emsegundo lugar, pela redaçãodo art. 195daCF/88, a imunidade só éaplicávelàsaposentadoriasepensões.Contudo,issonãosignificaquetodososoutros benefícios previdenciários estão sujeitos à contribuição. Na verdade,conforme disposto no § 9º do art. 28 da Lei n. 8.212/91, oúnico benefícioprevidenciário que sofre a incidência de contribuição é o salário-maternidade,questãoque,diga-sedepassagem,aguarda julgamentodoSTF

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(repercussãogeraladmitida–RE576967).Assim,enquantoasaposentadoriasepensõesdoregimegeraldeprevidênciasocialnãosãotributadasporforçadeimunidade, os beneficiários das demais prestações previdenciárias (à exceçãodo salário-maternidade) estão dispensados do pagamento da contribuição, emvirtudedeisenção.

Em terceiro lugar, é importante verificar se a imunidade incide sobre obenefício ou sobre o beneficiário. Antes de tudo, ressalte-se ser possível oexercíciodeatividaderemuneradapeloaposentado, àexceção,éclaro,doaposentadoporinvalidez.Nessecaso,oindivíduodeverácontribuir?Arespostaéafirmativa.Apesardaimpossibilidadedeincidênciadotributosocialsobreaaposentadoria (em virtude da imunidade), o trabalhador-aposentado deveefetuaropagamentodacontribuiçãosobrearendadeseutrabalho.Issoporque,conformedispostonoart.11,§3º,daLein.8.213/91,oaposentadodoRGPSque estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por esseregime é seguradoobrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito àscontribuiçõesprevidenciárias,parafinsdecusteiodaseguridadesocial.

Seotrabalhador-aposentadocontinuarecolhendocontribuiçõesemrazãodeseutrabalho,elefarájusatodososbenefíciosprevidenciários?Deacordocomoart.18,§2º,daLein.8.213/91,oaposentadopeloRGPSquepermanecerematividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestaçãoalguma da previdência social em decorrência do exercício dessa atividade,excetoaosalário-famíliaeàreabilitaçãoprofissional,quandoempregado.O art. 103 do Decreto n. 3.048/99, em dispositivo de questionávelconstitucionalidade, tambémgarantiuosalário-maternidade para a seguradaaposentadaqueestiverexercendoatividadelaborativa.

7.2Imunidadesobreasreceitasdecorrentesdeexportação

Vimosqueumadascontribuiçõesparaaseguridadesocialincidesobreare-ceita ou faturamento (art. 195, II, da CF/88). Quando a receita decorrer deexportação, não haverá a incidência da referida contribuição. Infere-se,portanto, que esta imunidade tem por escopo incentivar a exportação,viabilizandoosuperávitdabalançacomercialbrasileirae,consequentemente,odesenvolvimentonacional.

Defende-se a tese de que a interpretação teleológica desta imunidadeconduziria, naturalmente, à exclusão do lucro decorrente das receitas de

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exportação,poisoconceitodelucropressuporiaodereceita,eafinalidadedodispositivo constitucional seria a desoneração ampla da exportação, com ointuito de conferir efetividade ao princípio da garantia do desenvolvimentonacional.

Nãoobstanteaforteargumentação,oSTFentendeuqueaimunidadeseli-mita à contribuição sobre a receita, não alcançando a contribuição sobre olucro,hajavistaadistinçãoontológicaentreosconceitosdelucroedereceita(RE564413/SC).

7.3Imunidadedasentidadesbeneficentesdeassistênciasocial

Semdúvida, éa imunidademais complexadoponto de vista jurídico.Umdeseusproblemasdecorredamáredaçãodopreceitoconstitucional.Logono início, o art. 195, § 7º, da CF/88 fala em isenção. Houve equívoco doconstituinte. Como já entendeu o STF em diversas oportunidades, odispositivoemcomentotratadeimunidade,enãodeisenção(RMS27093,RMS27977).

Outro problema do art. 195, § 7º, da CF/88 está na sua parte final:“exigênciasestabelecidasemlei”.Apriori,pode-sepensarqueestaimunidadeé regulamentada por lei ordinária, afinal, quando a Carta Magna aludegenericamente à “lei” para estabelecer o princípio de reserva legal, essaexpressão compreende tanto a legislação ordinária, nas suas diferentesmodalidades,quantoa legislaçãocomplementar.Contudo, sendo a imunidadeuma limitação constitucional ao poder de tributar, não estaríamos diante dehipótesedeaplicaçãodoart.146,II,daCF/88(queexigearegulamentaçãoporleicomplementar)?Qualinterpretaçãodeveprevalecer?

AmatériachegouaseranalisadapeloSTF,porocasiãodo julgamentodaADIn2.028, quando ainda vigorava o art. 55 daLei n. 8.212/91 (dispositivoqueregulamentavaestaimunidadeequeposteriormentefoirevogadopelaLein.12.101/2009).O relator,MinistroMoreiraAlves, em14de julhode1999,concedeualiminar,posteriormenteconfirmadapeloPlenário,parasuspenderaeficáciadoart.55,III,daLein.8.212/91.

Segundo entendeu oMinistroMoreiraAlves, a suspensão da eficácia eradevidaem razãodos seguintesargumentos.ACF/88, aoprever imunidadeàsentidades beneficentes de assistência social, fê-lo para que fossem os entespolíticos auxiliados, na assistência aos carentes, por entidades que também

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dispusessemde recursospara o atendimentogratuito, estabelecendoque a leideterminaria as exigências necessárias para que as entidades fossemconsideradasbeneficentesdeassistênciasocial.Éevidenteque taisentidades,para serem beneficentes, precisariam ser filantrópicas, mas nãoexclusivamente filantrópicas, até porque elas não o são para o gozo debenefícios fiscais. Ademais, argumentou que a imunidade em comento nãopretendeu estimular a criaçãode entidades exclusivamente filantrópicas,mas,sim, das que, também sendo filantrópicas sem o serem integralmente,atendessemàsexigências legais, impedindoquequalquerentidade,desdequepraticasseatosdeassistênciafilantrópicaacarentes,gozassedaimunidade,queé total, de contribuição para a seguridade social, ainda que não fossereconhecida como de utilidade pública ou que seus dirigentes tivessemremuneraçãoouvantagens,ouquesedestinassemelasafinslucrativos.Aliás,são essas entidades – que, por não serem exclusivamente filantrópicas, têmmelhorescondiçõesdeatendimentoaoscarentes–quedevem ter suacriaçãoestimulada para o auxílio do Estado nesse setor, máxime em época em que,comoaatual,sãoescassasasdoaçõesparaamanutençãodasquesededicamexclusivamenteà filantropia (votodoMin.MoreiraAlvesnosautosdaADIn2.028).

Ora, diante da revogação do art. 55 da Lei n. 8.212/91 pela Lei n.12.101/2009,muito provavelmente, o SupremoTribunal Federal extinguirá aação direta de inconstitucionalidade, em virtude da prejudicialidade (ADIn2.028)provocadapelaperda supervenientedoobjeto.Contudo,mesmoqueaADIn2.028sejaextinta,oSTFvoltaráaanalisaroméritodaquestãonoRE566622,oqualtevearepercussãogeraladmitidaem21defevereirode2008.

Passemos, então, à análise sucinta daLein. 12.101/2009, que atualmenteregulamentaoart.195,§7º,daCF/88.Opontomaisinteressantedaleirefere-se ao alcance da imunidade. Segundo dispõe seu art. 1º, a certificação dasentidadesbeneficentesdeassistênciasocialea“isenção”decontribuiçõesparaa seguridade social serão concedidas às pessoas jurídicas de direito privado,semfins lucrativos, reconhecidascomoentidadesbeneficentesdeassistênciasocialcomafinalidadedeprestaçãodeserviçosnasáreasdeassistênciasocial,saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta lei.Mas atenção! Aeducação NÃO integra a seguridade social. Mesmo assim, a lei n.12.101/2009estendeuoalcancedaimunidadeparaestaárea.

Oúltimoaspectosobreoart.195,§7º,daCF/88refere-seàinexistênciadedireito adquirido à imunidade. De acordo com o art. 21, § 4º, da Lei n.

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12.101/2009,oprazodevalidadedacertificaçãoseráfixadoemregulamento,observadas as especificidades de cada uma das áreas e o prazomínimo de 1(um)anoemáximode5(cinco)anos.

A exigência de renovação periódica da certificação é inconstitucional?Conforme vem entendendo o STF, não existe direito adquirido a regimejurídico,motivopeloqualnãohárazãoparafalar-seemdireitoàimunidadeporprazoindeterminado(RMS27093).Nomesmosentido,aSúmula352doSTJ dispõe que “A obtenção ou a renovação do Certificado de EntidadeBeneficente de Assistência Social (Cebas) não exime a entidade documprimentodosrequisitoslegaissupervenientes”.

8.OutrasregrasconstitucionaisA pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como

estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem delereceberbenefíciosouincentivosfiscaisoucreditícios(art.195,§3º,daCF/88).

O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescadorartesanal,bemcomoosrespectivoscônjuges,queexerçamsuasatividadesemregimedeeconomiafamiliar,semempregadospermanentes,contribuirãoparaaseguridade social,mediante a aplicaçãodeumaalíquota sobreo resultadodacomercializaçãodaprodução,efarãojusaosbenefícios,nostermosdalei(art.195,§8º,daCF/88).

AleidefiniráoscritériosdetransferênciaderecursosparaoSistemaÚnicode Saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o DistritoFederal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada arespectivacontrapartidaderecursos(art.195,§10,daCF/88).

É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais daempresasobreafolhaedostrabalhadoresedemaissegurados,paradébitosemmontantesuperioraofixadoemleicomplementar(art.195,§11,daCF/88).

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Capítulo3

DisposiçõesConstitucionaissobreSaúdeeAssistênciaSocial

1.IntroduçãoAseguridade social é um sistemadeproteção social compostopor saúde,

previdência e assistência social. Dentre esses três subsistemas, apenas aprevidência social é contributivo. Portanto, a saúde e a assistência socialindependemdecontribuiçãoporpartedobeneficiário.

2.SaúdeConformedispostonoart.196daCF/88,asaúdeédireitodetodosedever

do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem àredução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal eigualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.Assim, todas as pessoas, independentemente da classe social, têm o mesmodireitoàsaúde.

Sãode relevânciapúblicaasaçõese serviçosdesaúde,cabendoaoPoderPúblico dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização econtrole,devendosuaexecuçãoserfeitadiretamenteoupormeiodeterceirose,também,porpessoafísicaoujurídicadedireitoprivado.

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Asaçõeseserviçospúblicosdesaúdeintegramumarederegionalizadaehierarquizadaeconstituemumsistemaúnico,organizadodeacordocomasseguintesdiretrizes:I–descentralização,comdireçãoúnicaemcadaesferadegoverno; II – atendimento integral, com prioridade para as atividadespreventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e III – participação dacomunidade.

À luz do art. 200 daCF/88, ao SistemaÚnico de Saúde (SUS) compete,alémdeoutrasatribuições,nostermosdalei:

I–controlarefiscalizarprocedimentos,produtosesubstânciasdeinteressepara a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos,imunobiológicos,hemoderivadoseoutrosinsumos;

II–executarasaçõesdevigilânciasanitáriaeepidemiológica,bemcomoasdesaúdedotrabalhador;

III–ordenaraformaçãoderecursoshumanosnaáreadesaúde;IV – participar da formulação da política e da execução das ações de

saneamentobásico;V – incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e

tecnológico;VI–fiscalizareinspecionaralimentos,compreendidoocontroledeseuteor

nutricional,bemcomobebidaseáguasparaconsumohumano;VII–participardocontroleefiscalizaçãodaprodução,transporte,guardae

utilizaçãodesubstânciaseprodutospsicoativos,tóxicoseradioativos;VIII – colaborar na proteção domeio ambiente, nele compreendido o do

trabalho.OSistemaÚnicodeSaúde (SUS) será financiado,nos termosdoart.195,

com recursos do orçamento da seguridade social (financiamento direto), daUnião,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios,alémdeoutrasfontes(financiamentoindireto).Nessecontexto,éimportantesalientarqueaUnião,osEstados,oDistritoFederaleosMunicípiosaplicarão,anualmente,emaçõeseserviçospúblicosdesaúde,recursosmínimosprevistosnaCF/88.

Deacordocomoart.199daCF/88,aassistênciaàsaúdeélivreàiniciativa

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privada. Com efeito, as instituições privadas, preferencialmente as entidadesfilantrópicaseassemfins lucrativos,poderãoparticipardoSistemaÚnicodeSaúde de forma complementar, mediante contrato de direito público ouconvênio.Essaparticipaçãodeveobservarosseguintesaspetos:1º)necessidadedeestaremconformidadecomasdiretrizesdoSUS;2º)évedadaadestinaçãoderecursospúblicosparaauxíliosousubvençõesàs instituiçõesprivadascomfins lucrativos;3º)é vedada a participação direta ou indireta de empresas oucapitais estrangeirosnaassistênciaà saúdenoPaís, salvonoscasosprevistosemlei.

Aleidisporásobreascondiçõeseosrequisitosquefacilitemaremoçãodeórgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa etratamento, bemcomoa coleta, processamento e transfusãode sangue e seusderivados,sendovedadotodotipodecomercialização.

3.AssistênciasocialSegundooart.203daCF/88,aassistênciasocialseráprestadaaquemdela

necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem porobjetivos:

I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e àvelhice;

II–oamparoàscriançaseadolescentescarentes;III–apromoçãodaintegraçãoaomercadodetrabalho;IV–ahabilitaçãoe reabilitaçãodaspessoasportadorasdedeficiênciaea

promoçãodesuaintegraçãoàvidacomunitária;V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa

portadoradedeficiênciaeao idosoquecomprovemnãopossuirmeiosdeprover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,conformedispuseralei.

Asaçõesgovernamentaisnaáreadaassistênciasocialserãorealizadascomrecursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além deoutrasfontes,eorganizadascombasenasseguintesdiretrizes:

I – descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e asnormas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivosprogramasàsesferasestadualemunicipal,bemcomoaentidadesbeneficentesedeassistênciasocial;

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II–participaçãodapopulação,pormeiodeorganizaçõesrepresentativas,naformulaçãodaspolíticasenocontroledasaçõesemtodososníveis.

ÉfacultadoaosEstadoseaoDistritoFederalvincularaprogramadeapoioàinclusãoepromoçãosocialatécincodécimosporcentodesuareceitatributárialíquida,vedadaaaplicaçãodessesrecursosnopagamentode:

I–despesascompessoaleencargossociais;II–serviçodadívida;III – qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos

investimentosouaçõesapoiados.

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Capítulo4

PrevidênciaSocial:DisposiçõesConstitucionaisePrincípios

1.NoçõesNo capítulo anterior, vimos que a seguridade social é um sistema de

proteção composto por saúde, previdência e assistência social. Examinamostambémqueaprevidênciasocial,diferentementedosoutrosdoissubsistemas,possui caráter contributivo, já que exige contribuição direta por parte dobeneficiário.

No Brasil, existem regimes previdenciários básicos (ou obrigatórios) ecomplementares. Dentre os regimes básicos, dois têm maior importância: oregimegeraldeprevidênciasocialeoregimeprópriodeprevidência.

AadministraçãodoRGPSéatribuídaaoMinistériodaPrevidênciaSocial(enãoaoINSS),sendoexercidapelosórgãoseentidadesaelevinculados(art.7ºdoDecreton.3.048/99).

Por sua vez, o INSS, Autarquia Federal, tem por finalidade promover oreconhecimento, pela previdência social, de direito ao recebimento debenefíciosporelaadministrados,assegurandoagilidade,comodidadeaosseususuárioseampliaçãodocontrolesocial(art.1ºdoRegimentoInternodoINSS,aprovadopelaPortariaMPS296/2009).

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2.PrincípiosprevidenciáriosDe acordo como art. 201 daCF/88, a previdência social será organizada

sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiaçãoobrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro eatuarial.

O art. 2º da Lei n. 8.213/91 enumera outros princípios previdenciáriosimportantes:a) universalidade de participação nos planos previdenciários;b)uniformidadeeequivalênciadosbenefícioseserviçosàspopulaçõesurbanaserurais;c)seletividadeedistributividadenaprestaçãodosbenefícios;d)cálculodos benefícios considerando-se os salários de contribuição corrigidosmonetariamente; e) irredutibilidade do valor dos benefícios de forma apreservar-lhes o poder aquisitivo; f) previdência complementar facultativa,custeada por contribuição adicional;g) caráter democrático e descentralizadodagestãoadministrativa,comaparticipaçãodoGovernoedacomunidade,emespecialdetrabalhadoresematividade,empregadoreseaposentados.

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PRINCÍPIO COMENTÁRIO

Carátercontributivoefiliaçãoobrigatória Analisadoaseguir

Equilíbriofinanceiroeatuarial Analisadoaseguir

Universalidadedeparticipaçãonosplanosprevidenciários

Analisadoanteriormente

Uniformidadeeequivalênciadosbenefícioseserviçosàspopulaçõesurbanaserurais

AnalisadoanteriormenteMesmoconteúdodoprincípiodaseguridadesocial

Seletividadeedistributividadenaprestaçãodosbenefícios

AnalisadoanteriormenteMesmoconteúdodoprincípiodaseguridadesocialDopontodevistatextual,existeapenasumadiferençaOprincípioprevidenciário,provavelmenteporequívocodespropositadodolegislador,nãoincluiuosserviços

Princípiodaseguridade

Princípiodaprevidência

Seletividadeedistributividadenaprestaçãodos

benefícioseserviços

Seletividadeedistributividadenaprestaçãodos

benefícios

Cálculodosbenefíciosconsiderando-seossaláriosdecontribuiçãocorrigidosmonetariamente

Analisadoaseguir

Irredutibilidadedovalordosbenefíciosdeformaapreservar-lhesopoderaquisitivo

Analisadoanteriormente

Valordarendamensaldosbenefíciossubstitutosdosaláriodecontribuiçãooudorendimentodotrabalhodoseguradonãoinferioraodosaláriomínimo

Analisadoaseguir

Previdênciacomplementarfacultativa,custeadaporcontribuiçãoadicional

Analisadoaseguir

Caráterdemocráticoedescentralizadodagestãoadministrativa,comaparticipaçãodoGovernoedacomunidade,emespecialdetrabalhadoresematividade,empregadoreseaposentados

Analisadoanteriormente

2.1CarátercontributivoefiliaçãoobrigatóriaDizer que a previdência social é um sistema contributivo significa

reconhecer a obrigatoriedade de recolhimento da contribuição por parte dosegurado.Vale dizer,apriori, que o direito à previdência social pressupõe orecolhimentoda contribuição social.Masnãoé só.ACF/88 tambémprevê afiliação obrigatória, impondo, pois, a formação do vínculo entre o indivíduo(chamado de segurado) e o sistema previdenciário. Diante disso, basta o

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indivíduo exercer atividade remunerada (pressuposto de fato para a filiaçãoobrigatória) para ele estar obrigatoriamente filiado ao RGPS e,consequentemente,possuirodeverdecontribuir.

A filiação obrigatória é a regra do sistema. Entretanto, conforme jásalientamos,tambémseadmiteafiliaçãofacultativa.

2.2EquilíbriofinanceiroeatuarialOequilíbrio financeirosignificaanecessidadedeas receitassuportaremo

pagamentodosbenefíciosprevidenciáriosacurtoprazo.Oequilíbrioatuarialémais complexo, demandando estudos mais detalhados pela ciência atuária.Consisteem saber se, amédio e a longo prazo,mesmo com tantas variáveisimportantes (como o envelhecimento da população brasileira), as receitasprevidenciáriasaindasuportarãoopagamentodosbenefíciosprevidenciários.

2.3Cálculodosbenefíciosconsiderando-seossaláriosdecontribuiçãocorrigidosmonetariamente

Alémdofundamentolegal(art.2º,IV,daLein.8.213/91),oprincípioemcomento está previsto no art. 201, § 3º, da CF/88: “Todos os salários decontribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamenteatualizados,naformadalei”.

Amelhor formadeentenderoprincípioépormeiodeumexemplo.Mas,antes, é preciso registrar que, atualmente, o benefício previdenciário écalculadocombaseem todosos saláriosdecontribuiçãodo indivíduo (enãoapenas com base nos últimos, como era antigamente).Admitamos então queJosésefiliouaosistemaprevidenciárioemjaneirode2006.Exerceuatividadeaté setembro de 2011, oportunidade em que ficou incapaz para o trabalho.Diantedisso,requereuobenefícionoINSS.Quaissaláriosdecontribuição(porora,entenda-secomoremunerações)serãoutilizadosparaocálculodoauxílio-doença?Resposta: Todos!Desde a filiação de José até setembro de 2011. Etodoselesdevemseratualizadosnaformadalei,combasenoINPC,conformedispostonoart.29-BdaLein.8.213/91.

2.4Valordarendamensaldosbenefíciossubstitutosdosaláriodecontribuiçãooudorendimentodotrabalhodoseguradonãoinferioraodosaláriomínimo

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Esteprincípiotambémpossuiforçaconstitucional,estandoprevistonoart.201,§2º,daCF/88,segundooqualnenhumbenefícioquesubstituaosaláriode contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensalinferioraosaláriomínimo.

Atenção!Aregraconstitucionalnãovedatotalmenteapossibilidadedeumbenefícioprevidenciárioser inferioraosaláriomínimo.Apenasosbenefíciossubstitutivos (ou seja, que visem a substituir a renda do trabalhador) nãopodem ser inferiores ao salário mínimo. Nesse contexto, dois benefíciosprevidenciários claramente não possuem caráter substitutivo: a) o auxílio-acidente,quetemcaráterindenizatório(indenizaareduçãodacapacidadeparao trabalho); e b) o salário-família, que tem caráter complementar(complementaarendadoseguradoemrazãodoexcessodegastosdecorrentesdaprole).

O art. 73 do Decreto n. 3.048/99 também prevê a possibilidade de oauxílio-doença ser inferior ao salário mínimo. Essa possibilidade ocorrequandooseguradoexerceduasatividadeshabituaiseficaincapazapenasparauma delas. Nesse caso, pelo Decreto n. 3.048/99, o valor do auxílio-doençapoderá ser inferior ao salário mínimo desde que, somado às demaisremuneraçõesrecebidas,resultarvalorsuperioraeste.Odispositivododecretonãosóéilegalcomotambéminconstitucional.Issoporqueoart.201,§2º,daCF/88ébastante claroquandodispõequenenhumbenefício substitutivo terávalor mensal inferior ao salário mínimo, e não há dúvida de que o auxílio-doençatemcarátersubstitutivo.Entretanto,éprudenteconheceraprevisãodeseuart.73.

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2.5Previdênciacomplementarfacultativa,custeadaporcontribuiçãoadicional

Aprevidênciasocialvisaaassegurarasobrevivênciadignadobeneficiário,enãoomesmopadrãofinanceirodaatividade.Provadissoéaprevisãodeumtetomáximopara amaioria dos benefícios previdenciários. Portanto, umempresárioquesempreteverendamensaldeaproximadamenteR$50.000,00,ao se aposentar em 2011, vai receber no máximo R$ 3.916,20, teto daprevidência social (para o ano de 2012). Apenas dois benefícios podemextrapolar o teto da previdência social: a) salário-maternidade (paraempregadas e avulsas); b) a aposentadoria por invalidez com o adicional de25% devido em razão da necessidade de assistência permanente de terceiro(chamadapeladoutrinadegrandeinvalidez).

Emnossoexemplo,paraoempresáriogarantiramanutençãodopadrãodevida (renda mensal de R$ 50.000,00), precisará recorrer à previdênciacomplementar privada. De acordo com o art. 202 da CF/88, o regime deprevidênciaprivada,decarátercomplementareorganizadodeformaautônomaemrelaçãoaoregimegeraldeprevidênciasocial,seráfacultativo,baseadonaconstituiçãodereservasquegarantamobenefíciocontratado,ereguladoporleicomplementar.

3.Contagemrecíprocadetempodecontribuição

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Paraefeitodeaposentadoria,éasseguradaacontagemrecíprocado tempodecontribuiçãonaadministraçãopúblicaenaatividadeprivada,ruraleurbana,hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarãofinanceiramente, segundo critérios estabelecidos em lei (art. 201, § 9º, daCF/88).

Diante da determinação constitucional, é plenamente possível que oindivíduotransitedeumregimeprevidenciárioparaooutro,levandoconsigootempodecontribuição já acumulado.Vamos a umexemplo:Raimundo colougrauemdireito,conseguiuaprovaçãonaOABe iniciousuasatividadescomoadvogado privado em 2005, segurado obrigatório do RGPS. Efetuou orecolhimento de suas contribuições previdenciárias até 2010, ano em que foiaprovadoemconcursopúblicoparaProcuradorFederal(regimepróprio).Nessecaso,RaimundopoderálevaroscincoanosdecontribuiçãojuntoaoRGPSparaoregimepróprio?Arespostaéafirmativa!

No exemplo, qual regime previdenciário recebeu os cinco anos decontribuição?ORGPS.QualregimeprevidenciáriovaiaposentarRaimundonofinal das contas? O regime próprio. Portanto, para não arriscar a saúdefinanceira do regime previdenciário receptor, é indispensável que exista acompensaçãofinanceira(=acertodecontas)entreosregimesprevidenciários.

4.SistemaespecialdeinclusãoprevidenciáriaSegundoo art. 201, §12, daCF/88, lei disporá sobre sistemaespecial de

inclusãoprevidenciáriapara atender a trabalhadoresdebaixa renda e àquelessemrendaprópriaquesedediquemexclusivamenteao trabalhodomésticonoâmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda,garantindo-lhesacessoabenefíciosdevalorigualaumsaláriomínimo.O§13do mesmo artigo ainda prevê que esse sistema terá alíquotas e carênciasinferioresàsvigentesparaosdemaisseguradosdoregimegeraldeprevidênciasocial.

O sistema especial de inclusão previdenciária, quando foi regulamentado,passou a ser chamado de plano simplificado de previdência social.Atualmente, encontra-se previsto no art. 21, § 2º, da Lei n. 8.212/91, cujasistemáticaseráanalisadaoportunamente.

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Capítulo5

BeneficiáriosdoRGPS

1.BeneficiáriosOs beneficiários são pessoas físicas que recebem ou podem vir a receber

benefícioseserviços.Sãoaquelaspessoasamparadaspelaprevidênciasocial.No RGPS, os beneficiários são divididos em duas categorias: segurados edependentes, os quais comportam novas subdivisões, conforme dispostoabaixo.

Atenção! Os pensionistas não se apresentam como terceira espécie de

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beneficiáriosdaprevidênciasocial.Naverdade,sãodependentesqueestãoemgozodepensãopormorte.

Osegurado é aquele que efetivamente contribui para amanutenção doregime, enquanto o dependente não recolhe qualquer contribuição nestacondição, mas é beneficiado pela contribuição feita pelo segurado e, destaforma,poderávirareceberbenefícioseserviços.

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Capítulo6

Segurados

1.IntroduçãoOsseguradossãopessoasfísicas,comidademínimade16anos(exceção

feitaaomenoraprendiz,quepodeter14anos),quemantêmvínculocomaprevidênciasocial,daídecorrendodireitosedeveresrecíprocos.

Atenção: não confundir seguradocomcontribuinte.Existemcontribuintesque não são caracterizados como segurados, por exemplo, as empresas e osempregadores domésticos. Contribuintes, beneficiários, segurados edependentessãoconceitosdiferentes.

Dispostosnoart.11daLein.8.213/91,noart.12daLein.8.212/91enoart. 9º do Decreto n. 3.048/99, os segurados são divididos em dois grandesgrupos:a)Obrigatórios:sãoosqueexercemumaatividaderemuneradaqueseencontra

elencadanoRGPS.b) Facultativos: não exercem atividade remunerada e voluntariamente

vinculam-se ao sistema previdenciário. Atente-se que o exercício deatividade remunerada informal (camelô, por exemplo) enseja a filiaçãoobrigatória,enãoafacultativa.Percebaqueosautônomos, equiparados aos empresáriosnãomais são

categoriasdosseguradosobrigatóriosdesdeoadventodaLein.9.876/99,queosextinguiu,criandoacategoriadoscontribuintesindividuais.

Passemosaanalisarcadaumadestascategorias.

2.SeguradosobrigatóriosSão os segurados que exercem umaatividade remunerada e, em razão

disto,possuemfiliaçãoobrigatória.

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Estãoelencadosnoart.11daLein.8.213/91,noart.12daLein.8.212/91enoart.9ºdoDecreton.3.048/99esãoclassificadoscomo:a)empregados;b)empregadosdomésticos;c)contribuintesindividuais;d)trabalhadoresavulsos;e)seguradosespeciais.

Atenção!Aposentados que retornam à atividade passam novamente a serseguradosobrigatórios,poisvoltamaexercerumaatividaderemunerada.

2.1SeguradosempregadosEmregra,sãopessoasquepossuemumarelaçãodeemprego.Noentanto,éimportanteressaltarqueoconceitodeempregadododireito

previdenciárionãoseconfundecomoconceitodeempregadododireitodotrabalho.Nodireitoprevidenciário,oconceitodeempregadoémaisamploeenvolve pessoas que, nem de longe, são caracterizadas como empregados nodireito do trabalho. Como exemplo podemos citar o exercente de mandatoeletivo sem RPPS que, para o direito previdenciário, enquadra-se comoempregado,oquenodireitodotrabalhonãoocorre.

Deacordocomalegislação,sãoempregados:a)aquelequeprestaserviçodenaturezaurbanaoururalàempresa,emcaráter

não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusivecomodiretorempregado;Esta alínea traz conceito semelhante ao do direito do trabalho, que exige,

para a caracterização do empregado, a não eventualidade, a subordinação, apessoalidadeeaonerosidade.

Atenteque,paraodireitoprevidenciário,nãoexistedistinçãoentreourbanoeo rural.Vale lembrar o dispostono art. 194, parágrafoúnico, II, daCF/88:“uniformidadeeequivalênciadosbenefícioseserviçosàspopulaçõesurbanaserurais”.

Cabe ressaltar que a fiscalização, ao reconhecer as características de umempregado,poderáatribuirvínculoempregatícioaumasituaçãodefato.

Omenoraprendiz(nomínimo14anos)éconsideradoseguradoempregado.b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em

legislaçãoespecífica,prestaserviçoparaatenderanecessidadetransitóriade

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substituiçãodepessoalregularepermanenteouaacréscimoextraordináriodeserviçosdeoutrasempresas;Ex.:vendedoremperíododefestasdefinaldeano.O Decreto n. 3.048/99, ao tratar do empregado que exerce trabalho

temporário, esclarecequeestedeve ser “porprazonão superior a trêsmeses,prorrogável”.c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para

trabalharcomoempregadoemsucursalouagênciadeempresanacionalnoexterior;Ex.:trabalhadoresdaconstruçãocivilqueforamcontratadosnoBrasilpara

trabalharnaArábiaSaudita.O Decreto n. 3.048/99 exige ser a “empresa constituída sob as leis

brasileiras e que tenha sede e administração no País”, embora esta definiçãotenhaderivadodoart.171,I,daCF/88extintopelaEmendaConstitucionaln.6/95.

Desta forma, basta que a empresa tenha se constituído de acordo com alegislação brasileira e conte com sede e administração no Brasil para seenquadrarcomoempresabrasileira.d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição

consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou amembros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro semresidência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislaçãoprevidenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartiçãoconsular;Porestedispositivo,otrabalhadorestrangeirosemresidênciapermanenteno

País,ouobrasileirojáprotegidoporregimeprevidenciáriodeoutropaís,estãoexcluídos do RGPS. Exceção a esta situação ocorrerá no caso de estetrabalhadorviraexerceroutraatividadequeoenquadrenoRGPS,quandoeleserá segurado com relação a esta outra função. Ex.: membro de missãodiplomática, ainda que estrangeiro sem residência permanente no País, selecionaringlêsemumaescoladeidiomas,seráseguradoobrigatórioemrazãodestanovaatividade.e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos

oficiaisbrasileirosouinternacionaisdosquaisoBrasilsejamembroefetivo,ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma dalegislaçãovigentedopaísdodomicílio;

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Ex.:brasileiroquetrabalhaparaaUniãonaONUouemembaixada.f)obrasileiroouestrangeirodomiciliadoecontratadonoBrasilparatrabalhar

como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria docapitalvotantepertençaaempresabrasileiradecapitalnacional;Oconceitodeempresadecapitalnacionalfiguravanoart.171,II,daCF/88

e também foi revogado pelaEmendaConstitucional n. 6/95. E aqui ocorre amesmasituaçãodescritaquandocomentamossobreaalíneac.g)oservidorpúblicoocupantedecargoemcomissão,semvínculoefetivocom

aUnião, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações PúblicasFederais.Exs.:ministros,secretários,assessoresdedesembargadores,desdequenão

pertençamaumregimeprópriodeprevidência.O descrito nesta alínea é corroborado pelo disposto no art. 40, § 13, da

CF/88: “Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissãodeclarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargotemporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdênciasocial”.

Portanto,todapessoaqueocupeexclusivamentecargoemcomissão,cargotemporário (Lei n. 8.745/93) ou emprego público (Lei n. 9.962/2000) é,necessariamente,vinculadaaoRGPScomoempregado.

O Decreto n. 3.048/99 esclarece melhor esta modalidade de seguradoempregado ao dizer no art. 9º, I, i: “o servidor da União,Estado, DistritoFederal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante,exclusivamente, de cargo emcomissãodeclarado em lei de livrenomeação eexoneração”.

Atenção!Oservidorpúblicotitulardecargoefetivoqueestáocupandoumcargoemcomissãoencontra-sefiliadoaoregimeprópriodeprevidênciadequetrataoart.40daCF/88.AfiliaçãoaoRGPSsomenteaconteceráseoindivíduoocuparexclusivamentecargoemcomissão.Assim,porexemplo,umindivíduoque é aprovado para analista do Tribunal de Justiça de São Paulo (cargoefetivo) e que, em seguida, vira assessor de um Desembargador do mesmoTribunal(cargoemcomissão)estáfiliadoaoRegimePrópriodePrevidência,enãoaoRGPS,jáqueétitulardecargoefetivo.h)oexercentedemandatoeletivofederal,estadualoumunicipal,desdequenão

vinculadoaregimeprópriodeprevidênciasocial;Ex.:vereadorquenãodispõedeRPPS.

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Estaalíneadoart.12daLein.8.212/91foi incluídapelaLein.9.506,de30-10-1997(estaleiextinguiuoInstitutodePrevidênciadosCongressistas),etevesuaexecuçãosuspensapelaRSF26,de2005.

Noentanto,oPoderPúblicoconseguiuacrescentarnestemesmoartigo,pormeio da Lei n. 10.887/2004, uma nova alínea, j, que possui exatamente omesmotextodestarevogadaalíneah.

Oproblemaquelevouàsuspensãodaexecuçãodaalíneahfoiocasionadopela decisão de inconstitucionalidade em controle difuso pelo SupremoTribunal Federal (STF – RE 351717/PR – Rel. Min. Carlos Velloso – Julg.8-10-2003–TribunalPleno–Pub.21-11-2003),queexigiu leicomplementarporentenderqueacriaçãodefiguranovadeseguradoobrigatório(antesdaECn. 20/98, o art. 195, II, da Constituição Federal fazia menção apenas àcontribuição do trabalhador, e o STF entendeu que o parlamentar, por seragentepolítico,nãopoderiaserconsideradotrabalhador)instituiufontenovadecusteiodaseguridadesocial,eistoexigiriaaediçãodeleicomplementar.

Além do mais, ao classificar um parlamentar como empregado, o entefederado passou a ser tido como empresa para fins previdenciários; por isso,passou-seacobrardelecontribuiçãosocialdaempresa,previstanoart.195,I,a,dotextoconstitucional.

Entretanto, com o advento da Emenda Constitucional n. 20/98, quepromoveuaalteraçãodotextodoart.195,II,passandoapreveracontribuiçãodo trabalhador e demais segurados da previdência social, foi erigida aLei n.10.887/2004, uma vez que a redação anterior não poderia ser tacitamentevalidadapelanovaEmenda.

Ointeressanteéque,comoadecisãodoSTFenvolveuapenasoart.12daLein.8.212/91,oart.11daLein.8.213/91continuoucomomesmo textoecomumasituaçãocuriosa:duasalíneascomtextosexatamenteiguais.i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em

funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio deprevidênciasocial;Importanteressaltarqueahipótesesóseráaplicadaseoempregadodeor-

ganismooficialnãoestivercobertoporregimedeprevidênciapróprio.j)oexercentedemandatoeletivofederal,estadualoumunicipal,desdequenão

vinculadoaregimeprópriodeprevidênciasocial;Videasobservaçõesfeitasquantoàalíneah.Vale relembrar que não será filiado ao RGPS o congressista federal que

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optar por se filiar ao Plano de Seguridade Social dos Congressistas (Lei n.9.506/97).

O Decreto n. 3.048/99, em seu art. 9º, inciso I, amplia a relação deseguradosobrigatóriosempregadoseacrescentanassuasalíneas:

d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil paratrabalharcomoempregadoemempresadomiciliadanoexteriorcommaioriadocapital votante pertencente a empresa constituída sob as leis brasileiras, quetenha sede e administração no País e cujo controle efetivo esteja em caráterpermanentesobatitularidadediretaouindiretadepessoasfísicasdomiciliadaseresidentesnoPaísoudeentidadededireitopúblicointerno;

g)obrasileirocivilqueprestaserviçosàUniãonoexterior,emrepartiçõesgovernamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliarlocaldequetrataaLein.8.745,de9dedezembrode1993,estedesdeque,emrazãodeproibiçãolegal,nãopossafiliar-seaosistemaprevidenciáriolocal;

h)obolsistaeoestagiárioqueprestamserviçosaempresa,emdesacordocomalegislaçãopertinente;

Se o serviço do bolsista ou estagiário respeitar a Lei de Estágio, serásegurado facultativo, desde que manifeste a vontade de aderir ao sistemaprevidenciário.

j) o servidor do Estado, Distrito Federal ouMunicípio, bem como o dasrespectivasautarquiasefundações,ocupantedecargoefetivo,desdeque,nessaqualidade,nãoestejaamparadoporregimeprópriodeprevidênciasocial;

Portanto,oservidordeumMunicípiodesprovidoderegimepróprioestaráamparadopeloRGPSnacategoriadeseguradoempregado.

l)oservidorcontratadopelaUnião,Estado,DistritoFederalouMunicípio,bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado,para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nostermosdoincisoIXdoart.37daConstituiçãoFederal;

m) o servidor daUnião, Estado, Distrito Federal ouMunicípio, incluídassuasautarquiasefundações,ocupantedeempregopúblico;

o)oescreventeeoauxiliarcontratadosportitulardeserviçosnotariaisederegistroapartirde21denovembrode1994,bemcomoaquelequeoptoupeloregimegeraldeprevidênciasocial,emconformidadecomaLein.8.935,de18denovembrode1994;

r)o trabalhadorruralcontratadoporprodutorruralpessoafísica,naformado art. 14-A da Lei n. 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de

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atividadesdenatureza temporáriaporprazonãosuperioradoismesesdentrodoperíododeumano.

2.2SeguradosempregadosdomésticosOempregadodomésticoéaquelequeprestaserviçodenaturezacontínua,

mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, ematividadessemfinslucrativos.

Podemoscitar,comoexemplos,omotorista,agovernantaeojardineiro.Atenção! A diarista, no direito previdenciário, pertence à categoria dos

contribuintesindividuais.

2.3SeguradoscontribuintesindividuaisCategoria criada pela Lei n. 9.876/99, normalmente, envolve aquelas

pessoas que trabalham sem qualquer vínculo empregatício. Os seguradosanteriormente conhecidos como empresários, autônomos e equiparados aautônomoforamabsorvidosporestaespéciedeseguradosobrigatórios.

Atenção!Aausênciadovínculoempregatícionãoexcluiaobrigatoriedadedopagamentodascontribuições.

Esta classe é conhecida como classe residual, ou seja, se o seguradoobrigatório não preenche os requisitos para figurar como empregado,empregado doméstico, trabalhador avulso ou segurado especial, pertencerá àcategoriadoscontribuintesindividuais.

Alegislaçãoelencacomocontribuinteindividual:a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a

qualquertítulo,emcaráterpermanenteoutemporário,emáreasuperiora4(quatro)módulosfiscais;ou,quandoemáreaigualouinferiora4(quatro)módulosfiscaisouatividadepesqueira,comauxíliodeempregadosouporintermédiodeprepostos;Estaalíneaseapresentacomoumaespéciedeprevisãoresidualaosegurado

especial,queseráanalisadoemitemposterior.Serácontribuinteindividualaquelequeexploraatividadeagropecuária:1º)

emáreasuperiora4módulosfiscais,independentedeterounãoempregados;2º) em área igual ou inferior a 4módulos fiscais, desde que com a ajuda deempregados.

Caso aquele que explora atividade agropecuária o faça em área igual ou

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inferior a 4 módulos fiscais, sem a ajuda de empregados, será seguradoespecial.b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração

mineral–garimpo–,emcaráterpermanenteoutemporário,diretamenteoupor intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados,utilizadosaqualquertítulo,aindaquedeformanãocontínua;Atenção! O garimpeiro já foi segurado especial, mas hoje é enquadrado

comocontribuinteindividual.c)oministrodeconfissãoreligiosaeomembrodeinstitutodevidaconsagrada,

decongregaçãooudeordemreligiosa;Exs.:padres,pastores.De acordo como art. 22, § 13, daLei n. 8.212/91, não são considerados

como remuneração direta ou indireta os valores despendidos pelas entidadesreligiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de confissãoreligiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou deordemreligiosa,emfacedoseumisterreligiosoouparasuasubsistência,desdequefornecidosemcondiçõesqueindependamdanaturezaedaquantidadedotrabalhoexecutado.

OSTJ,noREsp1.103.120,decidiuqueoperíodolaboradonacondiçãodeaspirante à vida religiosa, para custeio de sua formação, deve ser computadocomotempodeserviço.d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial

internacionaldoqualoBrasilémembroefetivo,aindaqueládomiciliadoecontratado,salvoquandocobertoporregimeprópriodeprevidênciasocial;Vejaqueadiferençadestaalínea,quetrazocontribuinteindividual,parao

dispostonaalíneaedoitem2.1desteCapítulo,quandotratamosdoempregado,refere-seaparaquem o segurado trabalha. Se for para aUnião, é seguradoempregado; se for para o organismo oficial internacional, é contribuinteindividual.e)o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o

membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sóciosolidário,osóciodeindústria,osóciogerenteeosóciocotistaquerecebamremuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e oassociado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ouentidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ouadministrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde

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querecebamremuneração;Esteseramchamadosseguradosempresários.Importante ressaltar que não basta ser sócio da empresa; existe a

necessidadedaprestaçãodeserviçoparaserconsideradoseguradoobrigatório.Diretorempregado,comoopróprionomediz,éseguradoempregado,enão

contribuinteindividual.Questão interessante se refere a eventual remuneração indiretado síndico,

comoofatodequeeleestariaisentodataxadecondomínio.Nestecaso,seriaele segurado obrigatório ou não? De acordo com doutrina e jurisprudênciamajoritárias, esta situação de remuneração indireta o caracterizaria comoseguradoobrigatório(STJ–REsp1.064.455).f)quemprestaserviçodenaturezaurbanaourural,emcarátereventual,auma

oumaisempresas,semrelaçãodeemprego;g) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de

naturezaurbana,comfinslucrativosounão;Estasduasúltimasalíneastrazemosantigostrabalhadoresautônomosesão

consideradasdispositivosbastanteabrangentes.Oart.9º,§15,doDecreton.3.048/99exemplificacontribuintesindividuais

classificadosdentrodestasduasalíneas,pormeiodosseusincisos:I–ocondutorautônomodeveículo rodoviário, assimconsiderado aquele

que exerce atividade profissional sem vínculo empregatício, quandoproprietário,coproprietáriooupromitentecompradordeumsóveículo;

II – aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo deveículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nostermosdaLein.6.094,de30deagostode1974;

III – aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exercepequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, comocomercianteambulante,nostermosdaLein.6.586,de6denovembrode1978;

IV – o trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade, prestaserviçosaterceiros;

V–omembrodeconselhofiscaldesociedadeporações;VI–aquelequeprestaserviçodenaturezanãocontínua,porcontaprópria,

apessoaoufamília,noâmbitoresidencialdesta,semfinslucrativos;VII–onotáriooutabeliãoeooficialderegistrosouregistrador,titularde

cartório,quedetêmadelegaçãodoexercíciodaatividadenotarialederegistro,

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nãoremuneradospeloscofrespúblicos,admitidosapartirde21denovembrode1994;

VIII– aqueleque,na condiçãodepequeno feirante, comprapara revendaprodutoshortifrutigranjeirosouassemelhados;

IX–apessoafísicaqueedificaobradeconstruçãocivil;X–omédicoresidentedequetrataaLein.6.932,de7dejulhode1981;XI – o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou

arrendamento,emembarcaçãocommaisdeseistoneladasdearqueaçãobruta,ressalvadoodispostonoincisoIIIdo§14;

XII – o incorporador de que trata o art. 29 da Lei n. 4.591, de 16 dedezembrode1964;

XIII – o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado emconformidadecomaLein.6.855,de18denovembrode1980;

XIV–oárbitroeseusauxiliaresqueatuamemconformidadecomaLein.9.615,de24demarçode1998;

XV–omembrodeconselhotutelardequetrataoart.132daLein.8.069,de13dejulhode1990,quandoremunerado;

XVI–ointerventor,oliquidante,oadministradorespecialeodiretorfiscaldeinstituiçãofinanceiradequetratao§6ºdoart.201.

Também de acordo com o Decreto n. 3.048/99, art. 9º, V, sãoconsideradoscontribuintesindividuais:a)ocooperadodecooperativadeproduçãoque,nestacondição,prestaserviçoà

sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalhoexecutado;

b)oMicroEmpreendedorIndividual–MEIdequetratamosarts.18-Ae18-CdaLeiComplementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelorecolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo SimplesNacionalemvaloresfixosmensais.

2.4SeguradostrabalhadoresavulsosAprincipalcaracterísticadostrabalhadoresavulsoséaprestaçãodeserviços

pormeiodaintermediaçãodemãodeobra.ALein.8.213/91afirmaqueotrabalhadoravulsoéquempresta,adiversas

empresas,semvínculoempregatício, serviçosdenaturezaurbanaou ruraldefinidos no Regulamento. Portanto, a legislação federal nos remete ao

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regulamento,maisprecisamenteaoart.9º,VI,doDecreton.3.048/99,querezaser trabalhador avulso aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço denaturezaurbanaourural,adiversasempresas,semvínculoempregatício,comaintermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra (quando otrabalhador for portuário), nos termosdaLei n. 8.630, de 25 de fevereiro de1993, ou do sindicato (quando o avulso for terrestre) da categoria, assimconsiderados:a)otrabalhadorqueexerceatividadeportuáriadecapatazia,estiva,conferência

econsertodecarga,vigilânciadeembarcaçãoebloco(limpeza);b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive

carvãoeminério;c)otrabalhadoremalvarenga(embarcaçãoparacargaedescargadenavios);d)oamarradordeembarcação;e)oensacadordecafé,cacau,salesimilares;f)otrabalhadornaindústriadeextraçãodesal;g)ocarregadordebagagememporto;h)opráticodebarraemporto;i)oguindasteiro;ej)oclassificador,omovimentadoreoempacotadordemercadoriasemportos.

Atenção! Não se deve confundir o trabalhador avulso com o trabalhadortemporário, posto ser este um segurado empregado, ou com o cooperado detrabalho,queécontribuinteindividual.

2.5SeguradosespeciaisO segurado especial é o único segurado que possui definição no texto

constitucional.Deacordocomoart.195§8º,“Oprodutor,oparceiro,omeeiroe o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivoscônjuges, que exerçam suas atividades em regimede economia familiar, semempregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante aaplicaçãodeumaalíquotasobreoresultadodacomercializaçãodaproduçãoefarãojusaosbenefíciosnostermosdalei”.

A legislação infraconstitucional, por meio da Lei n. 11.718/2008, alterousubstancialmente o conceito de segurado especial e agora eles são definidoscomoapessoafísicaresidentenoimóvelruralouemaglomeradourbanoourural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia

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familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútuacolaboração,nacondiçãode:a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou

meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que exploreatividade:

1.agropecuáriaemáreadeaté4(quatro)módulosfiscais;ou

2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nostermosdoincisoXIIdocaputdoart.2ºdaLein.9.985,de18dejulhode2000,efaçadessasatividadesoprincipalmeiodevida;

Portanto, em matéria de agropecuária (agricultura ou pecuária), existelimitaçãodotamanhodapropriedade:atéquatromódulosfiscais.Otamanhodomódulofiscalvariademunicípioparamunicípio.Seaextensãodapropriedadesuperarosquatromódulosfiscais,oprodutordeixadeserseguradoespecialepassaaenquadrar-secomocontribuinteindividual.

Antes de a Lei n. 11.718/2008 prever a limitação territorial de quatromódulosfiscaisparaaatividadeagropecuária,aquestãojáchamavaaatençãona jurisprudência. Inclusive, aTurmaNacional deUniformização chegou aeditar a Súmula 30: “Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de oimóvelsersuperioraomóduloruralnãoafasta,porsisó,aqualificaçãodeseuproprietáriocomoseguradoespecial,desdequecomprovada,nosautos,a suaexploraçãoemregimedeeconomiafamiliar”.

Nocasodeextrativista,nãoexiste limitaçãodeárea.Deacordocoma leicitada (Lei n. 9.985/2000), extrativismo é sistema de exploração baseado nacoletaeextração,demodosustentável,derecursosnaturaisrenováveis.b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão

habitualouprincipalmeiodevida;ec)cônjugeoucompanheiro,bemcomo filhomaiorde16 (dezesseis) anosde

idadeouaesteequiparado,doseguradodequetratamasalíneasaebdesteinciso,que,comprovadamente,trabalhemcomogrupofamiliarrespectivo.Ressaltamos que, neste caso, a contribuição é uma só para todo o grupo

familiar e incide sobre a receita bruta decorrente da comercialização daprodução, na forma do art. 195, § 8º, da CF/88. Portanto, pouco importaquantas pessoas pertencem ao grupo e exercem a atividade. Todas elas seenquadram como segurados especiais e, no futuro, poderão habilitar-se àpercepçãodebenefíciosnessaqualidade.

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De acordo com a legislação, entende-se como regime de economiafamiliar a atividade em que o trabalho dos membros da família éindispensávelàprópriasubsistênciaeaodesenvolvimentosocioeconômicodo núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência ecolaboração, sem a utilização de empregados permanentes. Para seremconsiderados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhosmaiores de 16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão terparticipaçãoativanasatividadesruraisdogrupofamiliar.

Umadasgrandesnovidades trazidaspelaLein.11.718/2008dispõequeogrupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazodeterminadooutrabalhadorqueprestaserviçodenaturezaurbanaourural,emcarátereventual,aumaoumaisempresas,semrelaçãodeemprego,emépocasdesafra,àrazãodenomáximo120(centoevinte)pessoas/dianoanocivil,emperíodoscorridosouintercaladosou,ainda,portempoequivalenteemhorasde trabalho. Como exemplo, o segurado especial poderia contratar umtratorista.

Esta relação pessoas/dia deve ser entendida da seguinte forma: poderá oseguradoespecialutilizar-sedeumempregadoporatécentoevintediasdentrode ummesmo ano civil. Se tiver dois empregados, poderámantê-los por atésessentadias.Seforemquatroempregados,portrintadias,eassimpordiante.Portanto, teoricamente, seria possível contratar até cento e vinte pessoas(duranteumano),desdequeparatrabalharemumúnicodia.

Nãodescaracterizaacondiçãodeseguradoespecial:I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou

comodato,deaté50%(cinquentaporcento)deimóvelruralcujaáreatotalnãoseja superior a 4 (quatro)módulos fiscais, desde que outorgante e outorgadocontinuemaexercera respectivaatividade, individualmenteouemregimedeeconomiafamiliar;

II–aexploraçãodaatividadeturísticadapropriedaderural,inclusivecomhospedagem,pornãomaisde120(centoevinte)diasaoano;

Desta forma, o segurado especial poderia possuir uma pousada, porexemplo,semdeixardeserenquadradonestacategoriadesegurado.

III – a participação em plano de previdência complementar instituído porentidade classista a que seja associado, em razão da condição de trabalhadorruraloudeprodutorruralemregimedeeconomiafamiliar;

IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum

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componentequesejabeneficiáriodeprogramaassistencialoficialdegoverno;V–autilizaçãopeloprópriogrupofamiliar,naexploraçãodaatividade,de

processodebeneficiamentoouindustrializaçãoartesanal,naformado§11doart. 25 da Lei n. 8.212/91 (Considera-se processo de beneficiamento ouindustrialização artesanal aquele realizado diretamente pelo próprio produtorruralpessoafísica,desdequenãoestejasujeitoàincidênciadoImpostoSobreProdutosIndustrializados–IPI.);e

VI–aassociaçãoemcooperativaagropecuária.Nãoéseguradoespecialomembrodegrupofamiliarquepossuiroutra

fontederendimento,excetosedecorrentede:I–benefíciodepensãopormorte,auxílio-acidenteouauxílio-reclusão,cujo

valornãosupereodomenorbenefíciodeprestaçãocontinuadadaprevidênciasocial;

II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdênciacomplementarinstituídoporentidadeclassistaaquesejaassociadoemrazãodacondição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economiafamiliar;

III – exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou dodefeso,nãosuperiora120(centoevinte)dias,corridosouintercalados,noanocivil,observadoodispostono§13doart.12daLein.8.212/91;

Atenção!Emsentidoanálogo,dispõeaSúmula46daTurmaNacionaldeUniformização (TNU): “O exercício de atividade urbana intercalada nãoimpedeaconcessãodebenefícioprevidenciáriodetrabalhadorrural,condiçãoquedeveseranalisadanocasoconcreto”.

IV–exercíciodemandatoeletivodedirigente sindicaldeorganizaçãodacategoriadetrabalhadoresrurais;

V – exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve aatividaderural,oudedirigentedecooperativaruralconstituídaexclusivamentepor segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei n.8.212/91;

VI – parceria ou meação outorgada, por meio de contrato escrito deparceria, meação ou comodato, de até 50% (cinquenta por cento) de imóvelruralcujaárea totalnãoseja superiora4 (quatro)módulos fiscais,desdequeoutorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade,individualmenteouemregimedeeconomiafamiliar;

VII – atividade artesanal desenvolvida commatéria-prima produzida pelo

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respectivogrupofamiliar,podendoserutilizadamatéria-primadeoutraorigem,desdequearendamensalobtidanaatividadenãoexcedaaomenorbenefíciodeprestaçãocontinuadadaprevidênciasocial;e

VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menorbenefíciodeprestaçãocontinuadadaprevidênciasocial.

Atenção!DeacordocomaSúmula41daTNU,acircunstânciadeumdosintegrantesdonúcleofamiliardesempenharatividadeurbananão implica,porsi só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,condiçãoquedeveseranalisadanocasoconcreto.

Oseguradoespecialficaexcluídodessacategoria:I–acontardoprimeirodiadomêsemque:a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas acima, sem prejuízo do

dispostonoart.15daLein.8.213,de24dejulhode1991,ouexcederqualquerdoslimitesestabelecidosnoincisoIdo§8ºdoart.11daLein.8.213/91;

b) se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado obrigatório doregimegeraldeprevidênciasocial,ressalvadoodispostonosincisosIII,V,VIIeVIIIdo§9ºdaLein.8.213/91,semprejuízododispostonoart.15daLein.8.213,de24dejulhode1991;e

c)setornarseguradoobrigatóriodeoutroregimeprevidenciário;II–acontardoprimeirodiadomêssubsequenteaodaocorrência,quandoo

grupofamiliaraquepertenceexcederolimitede:a) utilização de trabalhadores à razão superior a 120 (cento e vinte)

pessoas/dia no ano civil, emperíodos corridos ou intercalados ou, ainda, portempoequivalenteemhorasdetrabalho;

b)diasematividaderemuneradaemperíodosuperiora120(centoevinte)dias,corridosouintercalados,noanocivil;

c)diasdehospedagempormaisde120(centoevinte)diasaoano;Deacordocomoart.106daLein.8.213/91,acomprovaçãodoexercício

deatividaderuralseráfeita,alternativamente,pormeiode:I – contrato individual de trabalho ouCarteira de Trabalho e Previdência

Social;II–contratodearrendamento,parceriaoucomodatorural;III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador

ruralou,quandoforocaso,desindicatooucolôniadepescadores,desdequehomologadapeloInstitutoNacionaldoSeguroSocial–INSS;

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IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economiafamiliar;

V–blocodenotasdoprodutorrural;VI–notasfiscaisdeentradademercadorias,dequetratao§7ºdoart.30

daLein.8.212,de24dejulhode1991,emitidaspelaempresaadquirentedaprodução,comindicaçãodonomedoseguradocomovendedor;

VII–documentosfiscaisrelativosaentregadeproduçãoruralàcooperativaagrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado comovendedorouconsignante;

VIII–comprovantesde recolhimentodecontribuiçãoàprevidênciasocialdecorrentesdacomercializaçãodaprodução;

IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de rendaprovenientedacomercializaçãodeproduçãorural;ou

X–licençadeocupaçãooupermissãooutorgadapeloIncra.O segurado especial deve comprovar o efetivo exercício de atividade

rural, aindaquede formadescontínua,noperíodo imediatamenteanterioraorequerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses decontribuiçãocorrespondenteàcarênciadobenefíciopretendido.

Deacordocomoart.55,§3º,daLein.8.213/91,acomprovaçãodotempode contribuição, inclusivemediante justificação administrativa ou judicial, sóproduzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendoadmitidaprovaexclusivamentetestemunhal,salvonaocorrênciademotivodeforçamaior ou caso fortuito, conformedispostonoRegulamento.Nomesmosentido, há o entendimento doSTJ, segundo o qual a prova exclusivamentetestemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para efeito daobtençãodebenefícioprevidenciário(Súmula149doSTJ).

Segundoajurisprudência,somenteexisteoiníciodeprovamaterialquandoforematendidososseguintespressupostos:a)devetratar-sedeumdocumento(Súmula149doSTJ);b)deve ser contemporâneoàépocados fatosaprovar (Súmula34daTNU:

“Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de provamaterialdevesercontemporâneoàépocadosfatosaprovar”);

c)odocumentodeveindicaroperíodoeafunçãoexercida.ATurmaNacionaldeUniformização tambémsumulouoentendimentode

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que, para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que oiníciodeprovamaterialcorrespondaatodooperíodoequivalenteàcarênciadobenefício(Súmula14daTNU).

Nesse contexto, impende salientar a possibilidade de documentos deterceiros serem utilizados como início de prova material. Isso aconteceespecialmente com as mulheres, pois dificilmente elas possuem documentosque as qualifiquem como trabalhadoras rurais.Diante disso, aTNU editou aSúmula6:“Acertidãodecasamentoououtrodocumentoidôneoqueevidenciea condiçãode trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável deprovamaterialdaatividaderurícola”.

Esse mesmo entendimento vem sendo aplicado pela própriaAdvocacia-Geral da União (AGU), que editou o Enunciado n. 32: “Para fins deconcessãodosbenefíciosdispostosnosarts.39,incisoIeseuparágrafoúnico,e143daLein.8.213,de24dejulhode1991,serãoconsideradoscomoiníciorazoável de provamaterial documentos públicos e particulares dotados de fépública, desde que não contenham rasuras ou retificações recentes, nos quaisconste expressamente a qualificação do segurado, de seu cônjuge, enquantocasado,oucompanheiro,enquantodurarauniãoestável,oudeseuascendente,enquanto dependente deste, como rurícola, lavrador ou agricultor, salvo aexistênciadeprovaemcontrário”.

Importante! Vimos que o segurado especial possui um enquadramentoprevidenciário peculiar, a começar pela sistemática de pagamento dacontribuição.Enquantoosdemaisseguradosdaprevidênciasocialcontribuemsobre o salário de contribuição, o segurado especial contribui sobre a receitadecorrentedacomercializaçãodesuaprodução(art.195,§8º,daCF/88).Emrazãodessetratamentodiferenciado,oseguradoespecialacabacontribuindoemmenor escala, quando comparado aos outros segurados da previdência social.Essa diferença no plano tributário provoca duas consequências no planoprotetivo:1ª) o segurado especial não tem direito a todos os benefícios da previdência

social(v.g.,aposentadoriaportempodecontribuição);2ª)osbenefíciosdoseguradoespecialsempresãodeumsaláriomínimo.

Perceba-sequeacoberturaprevidenciáriamitigadaaquefazjusoseguradoespecialestáplenamentedeacordocomoprincípiodaisonomiamaterial,afinala igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente osdesiguais. Contudo, a legislação previdenciária prevê uma ferramenta de

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igualação para os segurados especiais que desejam ampliar a sua coberturaprevidenciária. Trata-se do art. 39, II, da Lei n. 8.213/91, que prevê apossibilidade de o segurado especial contribuir facultativamente para aprevidência social.Se eleoptarpelas contribuições facultativas, terádireito atodososbenefíciosprevistosnalegislação(inclusive,aposentadoriaportempode contribuição), os quais serão calculados conforme a sistemática geral decálculo. Ou seja, eventualmente, podem até superar o valor de um saláriomínimo. Exatamente nesse sentido, dispõe a Súmula 272 do STJ: “Otrabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuiçãoobrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus àaposentadoriaportempodeserviço,serecolhercontribuiçõesfacultativas”.

3.SeguradosfacultativosPode ser segurado facultativo o maior de dezesseis anos que não seja

vinculadoaregimepróprioenãoseenquadrecomoseguradoobrigatóriodoRGPS.Podemfiliar-sefacultativamente,entreoutros:

I–adona-de-casa;II–osíndicodecondomínio,quandonãoremunerado;III–oestudante;IV–obrasileiroqueacompanhacônjugequeprestaserviçonoexterior;V–aquelequedeixoudeserseguradoobrigatóriodaprevidênciasocial;VI–omembrodeconselhotutelardequetrataoart.132daLein.8.069,de

13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a qualquer regime deprevidênciasocial;

VII – o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordocomalegislaçãopertinente;

VIII – o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso deespecialização,pós-graduação,mestradooudoutorado,noBrasilounoexterior,desdequenãoestejavinculadoaqualquerregimedeprevidênciasocial;

IX – o presidiário que não exerce atividade remunerada nem estejavinculadoaqualquerregimedeprevidênciasocial;

X – o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado aregime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordointernacional;e

XI–oseguradorecolhidoàprisãosobregimefechadoousemiaberto,que,

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nestacondição,presteserviço,dentroouforadaunidadepenal,aumaoumaisempresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou entidadeafim,ouqueexerceatividadeartesanalporcontaprópria.

Não obstante o escopo do sistema previdenciário seja amparar ostrabalhadores,aprevisãonormativadoseguradoespecialdecorredosprincípiosdasolidariedadeedauniversalidadedeparticipaçãonosplanosprevidenciários.

Oart.201,§5º,daCF/88vedaexpressamenteafiliaçãoaoregimegeraldeprevidênciasocial,naqualidadedeseguradofacultativo,depessoaparticipantederegimeprópriodeprevidência.Todavia,existeumaexceção:participantederegime próprio de previdência social que esteja afastado sem vencimento, edesde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regimepróprio,poderáserseguradofacultativodoRGPS.

No entanto, o servidor público com regime próprio que desenvolverconcomitantemente atividade no setor privado será segurado obrigatório daprevidênciasocial.Vamosadoisexemplos:1º)Josééservidorpúblicofederaltitulardecargoefetivo,pertencendo,pois,a

um regime próprio de previdência. José também é professor em umainstituiçãodeensinoparticular (empregado),oque implicasuafiliaçãoaoRGPScomoseguradoobrigatório.Logo,Joséestáfiliadoaosdoisregimesprevidenciários e, desde que cumpridos os requisitos legais, terá direito aduas aposentadorias, uma à conta do regime próprio e outra à conta doRGPS;

2º)Márioéservidorpúblicofederaltitulardecargoefetivo.Nessecaso,aindaqueMárioqueirafiliar-seaoRGPScomofacultativo,nãopoderáfazê-lo,jáqueexisteexpressavedaçãoconstitucional.Atenção! Não é possível que uma pessoa seja segurado obrigatório e

facultativoaomesmotempo.Dessaforma,casooseguradoobrigatórioqueiraaumentar o seu benefício futuro, deverá contribuir para um regime deprevidência complementar. A contribuição facultativa do segurado especial,prevista no art. 39, II, da Lei n. 8.213/91, não implica a sua filiação comoseguradofacultativo.

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Capítulo7

Dependentes

1.IntroduçãoComo dito anteriormente, os beneficiários doRGPS são classificados em

seguradosedependentes.Nestecapítulo,falaremossobreosdependentes.Enquanto ao segurado é atribuído o ônus de contribuir para o sistema

previdenciário, os dependentes podem habilitar-se como beneficiários daprevidênciasocialsemprecisaremverterumaúnicacontribuição.

Ocorrendo amorte do segurado ou sua prisão, os dependentes requererãoemnomepróprioobenefício.Ouseja,odependenteoubeneficiárioexerceumdireitopróprioemnomepróprio.

A Lei n. 8.213/91, em seu art. 18, inciso III, assegura aos dependentes,ainda,oserviçosocialeareabilitaçãoprofissional.

Descritos no art. 16 daLei n. 8.213/91, os dependentes são divididos emtrêsclasses,conformeabaixo:

I–ocônjuge,acompanheira,ocompanheiroeofilhonãoemancipado,dequalquer condição,menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenhadeficiênciaintelectualoumentalqueotorneabsolutaourelativamenteincapaz,assimdeclaradojudicialmente;

II–ospais;III–oirmãonãoemancipado,dequalquercondição,menorde21(vintee

um)anosouinválidoouquetenhadeficiênciaintelectualoumentalqueotorneabsolutaourelativamenteincapaz,assimdeclaradojudicialmente.

Antigamente, existia uma quarta classe, formada por “pessoa designada,menor de 21 (vinte e um) anos oumaior de 60 (sessenta) anos ou inválida”.Contudo,aLein.9.032/95revogouoincisoIVdoart.16daLein.8.213/91,excluindoreferidaclassedoroldebeneficiáriosdaprevidênciasocial.Diante

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disso, alguns dependentes pleitearam judicialmente o direito ao benefícioprevidenciário (pensão por morte ou auxílio-reclusão), alegando que, nãoobstante o óbito do segurado fosse posterior à Lei n. 9.032/95, a designaçãohavia sido feita em momento anterior, o que ensejaria o direito adquirido àcondiçãodedependente.

Entretanto, o Judiciário firmou o entendimento de que somente existiriadireito adquirido ao benefício para a quarta classe quando a designação dodependenteeamortedoseguradotivessemocorridoantesdoadventodaLein.9.032/95. Nesse sentido, a Turma Nacional de Uniformização editou aSúmula 4: “Não há direito adquirido à condição de dependente de pessoadesignada,quandoofalecimentodoseguradodeu-seapósoadventodaLein.9.032/95”.

Paracompreenderarelaçãoentreasclasses,devem-seobservarasseguintesregras:

1ª Regra: A ordem de vocação é determinada no momento do eventogerador.

Nodecorrerdotempo,pessoasquesãodependentespodemdeixardesê-lo(ex.: filho fez21anos), enovaspessoaspodempassar a ingressarno roldosdependentes (ex.: nasce novo filho). Só será possível saber quem são osdependentes de determinado seguradonomomento do evento gerador (morteourecolhimentoàprisão).

2ªRegra:Aexistênciadedependentesdeclassesuperiorexcluiodireitodeeventuaisdependentesdeclasseinferior(art.16,§1º,daLein.8.213/91).

Vale dizer, existe uma ordem de vocação previdenciária. Portanto, se oseguradomorrerouforpresoedeixardependentesdeprimeiraclasseesegundaclasse,quemreceberáobenefícioserãoosdeprimeiraclasse.

Tambémcomestaregrapodemoschegaràconclusãodequeobenefícionãopoderáserdivididoentrepessoasdeclassesdiferentes.

3ªRegra:Osdependentesdemesmaclasseconcorrementresiemigualdadedecondições.

Seosegurado,porexemplo,faleceredeixaresposae3filhosmenoresde21anos,eovalordapensãopormorteficaremR$2.000,00,cadadependentereceberáR$500,00.

4ªRegra:Quandoumdependenteperdeestacondição(pelamorteoupelamaioridade previdenciária, por exemplo), sua cota-parte é revertida em favordosdependentesqueremanescemdamesmaclasse.

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Noexemploacima(esposaefilhosmenoresde21anos),casoumdosfilhoscompleteos21anos,osR$2.000,00serãodivididosentreos3dependentesquerestaram.

5ª Regra: A reversão de cotas somente acontece dentro de uma mesmaclasse.

Portanto,seobenefíciotiversidoconcedidoparaumúnicodependentedeprimeiraclasse,eeleviera falecer,nãopoderáaprestaçãoser revertidaparaum dependente de classe inferior. Extinta a classe beneficiária da prestação,extintoobenefício.

Eventualmente,obenefíciopoderásubirdeumaclasseparaoutra.Ex.:Caiofaleceu,tendosidoconcedidapensãopormorteparaumdependentedesegundaclasse. Posteriormente, um dependente de primeira classe, até entãodesconhecido,habilita-secomodependente.Nessecaso,comoaclasseumtempreferênciasobreaclassedois,odependentequevinhapercebendoaprestaçãoteráobenefíciocanceladoerevertidoparaonovodependente.

Combase em tais regras, passemos à análiseparticularizadade cadaumadasclassesedasprincipaisquestõesenvolvidas.

2.DependentesdeprimeiraclasseÉachamadaclassepreferencial,poistempreferênciasobreasoutrasduas

classes.A primeira classe não precisa comprovar a dependência econômica do

segurado, sendo, em regra, aplicada presunção absoluta (juris et de juri),segundo entendimento dominante, nada obstante o art. 16, § 4º, da Lei n.8.213/91,mencionartãosomenteapresunção,semindicarsuanatureza.

Aprimeiraclasseécompostapelasseguintescategorias:a)ocônjuge;b)companheira(o);c)filhonãoemancipado,dequalquercondição,menorde21(vinteeum)anos;d)filhoinválido;e)filhoquetenhadeficiênciaintelectualoumentalqueotorneabsolutaoure-

lativamenteincapaz,assimdeclaradojudicialmente.Estabelece, ainda, o art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/91, que o enteado e o

menortuteladoequiparam-seafilhomediantedeclaraçãodoseguradoedesdeque comprovada a dependência econômica, na forma estabelecida no

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Regulamento.

2.1CônjugeEstabelece o art. 1.565, do Código Civil, que, pelo casamento, homem e

mulher assumem, mutuamente, a condição de consortes, companheiros eresponsáveis pelos encargos da família. O próprio legislador já parte dopressuposto de que existe umamútua dependência natural entre os cônjuges,que assumem um projeto de vida em comum e implementam todos os seusesforçosparaaconsecuçãodesteobjetivo.

Assim,comprovadoocasamentocivil,nãohaverámaioresquestionamentosparaaconcessãodobenefíciopleiteado,emobservânciaàpresunçãolegaldedependênciaeconômica.

Deacordocomoart.111doDecreton.3.048/99,ocônjugedivorciadoouseparadojudicialmenteoudefato,querecebiapensãodealimentos,receberáapensão em igualdade de condições com os demais dependentes de primeiraclasse.

No entanto, a jurisprudência admite a prova da dependência do cônjugeseparado, mesmo na hipótese de não terem sido fixados judicialmentealimentos(STJ–REsp195919).

OSTJconsolidouoreferidoentendimentonaSúmula336,quedetermina:“A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito àpensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidadeeconômica superveniente”.Umaobservação: apesarde aSúmula336doSTJreferir-seexclusivamenteàmulher,sabe-seque,atualmente,ohomemtambémtem direito à pensão previdenciária por morte. Consequentemente, acompreensão da súmula abrange qualquer um dos cônjuges (tanto o homemquantoamulher).

Noque tangeaocônjugeausente, aLein.8.213/91, emseuart.76,§1º,trazexpressadisposiçãosobreestasituação,determinandoquesomentefarájusao benefício a partir da data de sua habilitação e mediante a prova dadependênciaeconômica.Observe-seque,nestecaso,a leiestásereferindoaodependente, enãoaocônjuge instituidordobenefício.Tantoéqueo referidodispositivo está inserido em artigo que trata da habilitação de outrosdependentes. Exemplificando-se, na hipótese de falecimento do segurado,sendoocônjugedependenteausente,este fatonão impediráahabilitaçãodosdemaisdependentes,somentefazendojusoausenteapartirdesuahabilitaçãoe

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mediantecomprovaçãodadependênciaeconômica.Portanto, no caso de declaração da ausência do segurado, permanece a

presunção de dependência econômica em relação ao cônjuge supérstite. Já ocônjugedependenteausentesomentegozaráobenefícioapartirdomomentodesuahabilitaçãoedesdequecomproveadependênciaeconômicaemrelaçãoaosegurado.

2.2Companheiro(a)Deacordocomoart.16,§3º,daLein.8.213/91,considera-secompanheira

ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,mantém união estável com oseguradooucomasegurada,deacordocomo§3ºdoart.226daConstituiçãoFederal.

Dessaforma,oart.16,§6º,doDecreton.3.048/99,considerauniãoestávelaquela verificada entre o homem e amulher como entidade familiar, quandoforem solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, ou tenhamproleemcomum,enquantonãosesepararem.

Sobreovínculodeuniãoestável,trêsquestõesmerecemnossaatenção:1ª)arelaçãohomoafetiva;2ª)concubinatoimpuro;e3ª)comprovaçãodovínculo. Relação homoafetiva: reconhece-se o direito à pensão por morte ao(à)companheiro(a) homossexual. O direito foi reconhecido após ter sidoproferida sentença de procedência nos autos da Ação Civil Pública n.2000.71.00.009347-0, que tramitou na 3ª Vara Previdenciária de PortoAlegre,comefeitosergaomnes.Atualmente, o direito do companheiro ou companheira homossexual é

disciplinadopela InstruçãoNormativaINSS/PRESn.45/2010emseuart.25:“Por força da decisão judicial proferida na Ação Civil Pública n.2000.71.00.009347-0, o companheiro ou a companheira do mesmo sexo desegurado inscrito no RGPS integra o rol dos dependentes e, desde quecomprovadaavidaemcomum,concorre,para finsdepensãopormorteedeauxílio-reclusão, comos dependentespreferenciais de que trata o inciso I doart.16daLein.8.213,de1991,paraóbitooureclusãoocorridosapartirde5de abril de 1991, conforme o disposto no art. 145 domesmo diploma legal,revogadopelaMPn.2.187-13,de2001”.Concubinato impuro:pela leituradoart.16,§6º,doDecreton.3.048/99,ressaievidentequearegulamentaçãodaLein.8.213/91vedaaconcessãosimultâneadepensãopormorteparaamulhereparaaconcubina(amante).

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No âmbito jurisprudencial, a questão era controversa. O STJ, inclusive,chegouaadmitirapartilhadobenefícioentreaviúvaeaconcubina,aojulgaroREsp742.685/RJ.Todavia,aorientaçãojurisprudencialacabousendoalterada.Com efeito, atualmente, tanto o STF (RE 397762) como o STJ (AgRg noREsp1267832/RS) têm o entendimento de que a existência de impedimentopara o matrimônio, por parte de um dos componentes do casal, embaraça aconstituição da união estável. Vale dizer, é totalmente descabido ocompartilhamentodapensãopormorteentreaviúvaeaconcubina,umavezque a pensão previdenciária somente é devida quando configurada a relaçãomatrimonial ou a união estável, sendo inadmissível quando se tratar deconcubinato.

Entretanto,ébomlembrarque,emmarçode2012,a temáticarelativaaosefeitosprevidenciáriosdoconcubinatodelongaduraçãoteverepercussãogeraladmitidapeloSTF(RE669465).Comprovação do vínculo de união estável: o art. 22, § 3º, doDecreto n.3.048/99enumera,demodoexemplificativo,diversosdocumentoshábeisacomprovarasituaçãodeuniãoestável,sendonecessáriaaapresentaçãode,pelomenos,trêsdosseguintes:I–certidãodenascimentodefilhohavidoemcomum;II–certidãodecasamentoreligioso;III – declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o

interessadocomoseudependente;IV–disposiçõestestamentárias;V–(Revogado);VI–declaraçãoespecialfeitaperantetabelião;VII–provademesmodomicílio;VIII–provadeencargosdomésticosevidenteseexistênciadesociedadeou

comunhãonosatosdavidacivil;IX–procuraçãooufiançareciprocamenteoutorgada;X–contabancáriaconjunta;XI–registroemassociaçãodequalquernatureza,ondeconsteointeressado

comodependentedosegurado;XII–anotaçãoconstantedefichaoulivroderegistrodeempregados;XIII – apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do

seguroeapessoainteressadacomosuabeneficiária;

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XIV – ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qualconsteoseguradocomoresponsável;

XV– escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome dedependente;

XVI–declaraçãodenãoemancipaçãododependentemenordevinteeumanos;ou

XVII–quaisqueroutrosquepossamlevaràconvicçãodofatoacomprovar.Porse tratardeumdispositivogenérico (aplicáveladiversashipótesesde

dependentes),oart.22,§3º,doDecreton.3.048/99podecausarconfusõesemsuainterpretação.Opontoéqueasuaaplicaçãodestina-seàcomprovaçãodovínculopropriamentedito (uniãoestável)edadependênciaeconômica,oquepode acabar passando a impressão de que a comprovação da dependênciaeconômica é necessária para que o(a) companheiro(a) faça jus ao benefício.Entretanto, conforme já salientamos, o companheiro é beneficiário dapresunção legaldedependência,previstanoart.16,§4º,daLein.8.213/91.Consequentemente, a aplicação do preceito mencionado limita-se àcomprovaçãodauniãoestável.

Nãoobstanteaexigênciaregulamentardeapresentaçãodetrêsdocumentos,o STJ (REsp 783.697/GO) e a TNU (PU 200538007607393) possuementendimento predominante no sentido de que a prova exclusivamentetestemunhal, desde que robusta e harmônica, é suficiente à comprovação daunião estável previdenciária. Basicamente, argumenta-se que a leiprevidenciária, em nenhummomento, exigiu início de provamaterial para acomprovaçãodaconvivênciaconjugal,sendocertoqueoDecreton.3.048/99nãopodeserconsideradoleiemsentidoestrito.

2.3FilhonãoemancipadomenordevinteeumanosCumpre esclarecer que não se deve confundir a dependência para fins de

aplicaçãodalegislaçãoprevidenciáriacomaquelaprevistanalegislaçãocivil.IndependentementedeoCódigoCivil terreduzidoamaioridadecivilpara

osdezoitoanos,doutrinae jurisprudênciadominantes firmaramentendimentodequepermaneceemvigoraprevisãodalegislaçãoprevidenciária,emfacedasuaespecialidade(leiespecialprevalecesobreleigeral).Assim,conclui-sequeamaioridadeprevidenciáriadá-seaosvinteeumanos.

Pelamesmarazão,ajurisprudênciamajoritáriafirmou-senosentidodenãoser possível a concessão oumanutenção de pensão pormorte ao dependente

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maiordevinte eumanos,pelo simples fatode estar este frequentandocursosuperior, em face da ausência de previsão legal. Nesse sentido, inclusive,chegouasereditadaaSúmula37daTNU:“Apensãopormorte, devida aofilho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do cursouniversitário”. Nesse contexto, vale salientar o princípio constitucional dapreexistênciadecusteio,quevedaaextensãodebenefíciosemapréviafontedecusteiototal.

Atenção!Casoo filhonão seja inválidooudeficiente, o seubenefíciodepensãoprevidenciáriapormorteseráautomaticamentecanceladoassimqueelecompletarvinteeumanos.Apropósito,nãocustalembrarqueaSúmula358do STJ (“O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu amaioridadeestásujeitoàdecisãojudicial,mediantecontraditório,aindaquenosprópriosautos”)aplica-seexclusivamenteàpensãoalimentícia,quenadatemavercomapensãoprevidenciáriapormorte!

A emancipação consiste na antecipação da capacidade civil plena e, nostermos do parágrafo único do art. 5º do Código Civil, decorre das seguintessituações:

I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, medianteinstrumento público, independentemente de homologação judicial, ou porsentençadojuiz,ouvidootutor,seomenortiverdezesseisanoscompletos;

II–pelocasamento;III–peloexercíciodeempregopúblicoefetivo;IV–pelacolaçãodegrauemcursodeensinosuperior;V–peloestabelecimentociviloucomercial,oupelaexistênciaderelação

de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anoscompletostenhaeconomiaprópria.

No âmbito da legislação previdenciária, prevalece a regra de que aemancipação provoca a perda da qualidade de dependente. Mas existe umaexceção.Comefeito,deacordocomoart.114,II,doDecreton.3.048/99,nãoretiraacondiçãodedependenteaemancipaçãodecorrentedecolaçãodegraucientíficoemcursodeensinosuperior.Ouseja,acolaçãodegraucientíficoemcurso superior, apesar de antecipar a capacidade civil plena, não dá ensejo àperdadaqualidadededependenteprevidenciário.

2.4FilhoinválidoA invalidez referida está relacionada à incapacidade permanente para o

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trabalho, mediante comprovação pela perícia médica do INSS. Parte-se dopressuposto de que o filho continuará a depender de seus genitores, mesmoapóstercompletadovinteeumanos.Exatamenteporisso,ofilhodependentequese invalidarantesdecompletarvinteeumanosnãoperderáa respectivacota(art.115doDecreton.3.048/99).

O filho inválido está obrigado a submeter-se a examemédico a cargo daprevidência social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito ecusteado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e atransfusãode sangue, sobpenade suspensãodobenefício, conformeprevistonoart.101daLein.8.213/91.

2.5Filhoquetenhadeficiênciaintelectualoumentalqueotorneabsolutaourelativamenteincapazparaotrabalho,assimdeclaradojudicialmente

Esta modalidade de dependente foi incluída pela Lei n. 12.470/2011 edemandaalgumasconsiderações.

Emprimeiro lugar, aocontrárioda invalidez,cujaverificaçãopressupõearealizaçãodeperíciamédicaacargodoINSS,oreconhecimentodacondiçãodedeficiente decorre exclusivamente da existência de decisão judicial quereconheçatalcondição(sentençadeinterdição).

Ademais,oart.16,I,daLein.8.213/91deixabastanteclaraapossibilidadedeofilhodeficienteexerceratividaderemunerada,quandoprescreve“absolutaou relativamente incapaz para o trabalho”. Essa interpretação é confirmadapelo art. 77, § 4º, da Lei n. 8.213/91: “A parte individual da pensão dodependente com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ourelativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividaderemunerada, será reduzida em 30% (trinta por cento), devendo serintegralmente restabelecida em faceda extinçãoda relaçãode trabalhooudaatividadeempreendedora”.

Atenção! A legislação contempla exclusivamente o filho que tenhadeficiência mental ou intelectual. Portanto, o filho que seja portador dedeficiência físicasomente terádireitoaobenefíciosecomprovadaa invalidez(incapacidadepermanenteparaotrabalho)pormeiodeexamemédicoacargodaPeríciadoINSS.

2.6Equiparadosafilho:enteadoetutelado

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Conformedispostonoart.16,§2º,daLein.8.213/91,oenteadoeomenortutelado equiparam-se a filhomediante declaração do segurado edesde quecomprovada a dependência econômica, na forma estabelecida noRegulamento.

Trata-sededependenteshíbridos. Issoporque,nãoobstanteoenteadoeomenorsobtutelaconcorramemigualdadedecondiçõescomosdependentesdeprimeiraclasse,alegislaçãosomentelhesoutorgaacondiçãodedependentesehouveradeclaraçãodoseguradoeacomprovaçãodadependênciaeconômica,exigênciasessasquenãoseaplicamparaosdependentesdeprimeiraclasse.

No que se refere especificamente à comprovação da dependênciaeconômica,oart.16,§3º,doDecreton.3.048/99fazexpressamençãoaorolde documentos previsto no art. 22, § 3º, do mesmo texto. Se adaptarmos areferidalistagemaocasodomenor(enteadoemenorsobtutela),conclui-sequeserá exigida, pelo INSS, a apresentação de, pelo menos, três dos seguintesdocumentos:a) declaraçãodo impostode rendado segurado, emque conste o interessado

comoseudependente;b)disposiçõestestamentárias;c)declaraçãoespecialfeitaperantetabelião;d)provademesmodomicílio;e)contabancáriaconjunta;f)registroemassociaçãodequalquernatureza,ondeconsteointeressadocomo

dependentedosegurado;g)anotaçãoconstantedefichaoulivroderegistrodeempregados;h)apólicedesegurodaqualconsteoseguradocomoinstituidordoseguroea

pessoainteressadacomosuabeneficiária;i) ficha de tratamento em instituição de assistênciamédica, da qual conste o

seguradocomoresponsável;j) escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de

dependente;k)declaraçãodenãoemancipaçãododependentemenordevinteeumanos;l)quaisqueroutrosquepossamlevaràconvicçãodofatoacomprovar.

Perceba-se que, ao franquear a possibilidade de comprovação dadependência econômica por quaisquer outros meios que possam levar àconvicção do fato a comprovar, o rol do art. 22, § 3º, tornou-se meramente

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exemplificativo.Admite-se,assim,autilizaçãodequaisquermeioslegítimosdeprova.

É importante ressaltar que as disposições relativas à emancipação, àinvalidezeàdeficiência(aplicáveisaosfilhos)tambémseaplicamaoenteadoeaomenor tutelado, haja vista a inexistência de restrição legal. Só existe umapeculiaridadequeenvolveespecificamenteomenorsobtutela.Deacordocomoart. 1.763doCódigoCivil, cessa a condiçãode tuteladocomamaioridadecivil, que se dá aos dezoito anos. Portanto, enquanto o filho mantém aqualidade de dependente até completar os vinte e um anos, o tutelado perdeessacondiçãoaosdezoitoanos.

AtéoadventodaMedidaProvisórian.1.523(posteriormenteconvertidanaLei n. 9.528/97), o menor sob guarda também era equiparado a filho.Certamente, a alteração legislativavisouadiminuiroaltonúmerode fraudesconstatadas pelo INSS. Com efeito, até então, era muito comum que ossegurados se tornassem guardiões apenas para vincularem osmenores a umapensãoprevidenciária.Porexemplo,osavósrequeriamaguardadenetos,como exclusivo objetivo de lhes garantir uma pensão por morte, quando, naverdade,opoderfamiliarpermaneciacomospais.

Aquestãotorna-seaindamaiscomplexaporqueoart.33,§3º,doEstatutodaCriançaedoAdolescente (Lein.8.069/90)dispõequeaguardaconfereàcriançaouadolescenteacondiçãodedependente,paratodososfinseefeitosdedireito, inclusive previdenciários. Está-se, pois, diante de duas disposiçõeslegais antagônicas, afinal a lei previdenciária (Lei n. 8.213/91) apresentadisposiçãodiametralmenteoposta.

Administrativamente, o INSS, por óbvio, segue o disposto na Lei n.8.213/91enãoreconheceomenorsobguardacomodependente,anãoserqueoóbitotenhaocorridoantesdaMPn.1.523,queresultounaLein.9.528/97.

Entretanto,noâmbitojurisprudencial,aindaexistecontrovérsia.ParaoSTJ,a lei previdenciária é especial em relação ao Estatuto da Criança e doAdolescente,oquenaturalmenteconduzàaplicaçãodoart.16,§2º,daLein.8.213/91 (AgRg no REsp 1146918/RS). NaTNU, por sua vez, prevalece aorientação de que, tendo em vista a proteção conferida à criança e aoadolescente,noordenamentojurídicopátrio,impõe-seaequiparaçãodomenorsobguardaaofilho,parafinsprevidenciários.

3.Dependentesdesegundaclasse

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Evidentemente, os dependentes de segunda classe somente poderãohabilitar-separaapercepçãodepensãopormorteouauxílio-reclusãocasonãoexistamdependentesdeprimeiraclasse.

Compostapelospais,asegundaclassenecessitacomprovaradependênciaeconômica,comaconsequenteapresentaçãodetrêsdosdocumentoslistadosnojámencionadoart.22,§3º,doDecreton.3.048/99.

Trata-se de hipótese de relativa complexidade, já que, principalmente noscasos em que há convivência sob o mesmo teto, é natural que exista certacolaboração dos membros do núcleo familiar na repartição das despesascomuns.Ouseja,aindaquea leinão façadistinçãoentredependência totaleparcial, é necessário que o julgador sempre pondere entre a colaboração doseguradoeoefetivoprejuízoexperimentadopelospais,noqueserefereàsuamanutençãoesobrevivência.

Dequalquermaneira,éplausívelacitadoEnunciadon.13doConselhodeRecursos daPrevidênciaSocial: “Adependência econômica pode ser parcial,devendo, no entanto, representar um auxílio substancial, permanente enecessário, cuja falta acarretaria desequilíbrio dos meios de subsistência dodependente”.

Ressalte-sequeofatodeospaisestaremseparadosnãoimpedeacondiçãodedependentedeumoudeoutro,desdequeamboscomprovemadependênciaeconômica,naformadalegislação.

4.DependentesdeterceiraclasseSãodependentesdeterceiraclasse:

a)o irmãonãoemancipado,dequalquercondição,menorde21 (vinteeum)anos;

b)irmãoinválido;c) irmão que tenha deficiência intelectual oumental que o torne absoluta ou

relativamenteincapaz,assimdeclaradojudicialmente.Lembre-sedequeaterceiraclassesomentepodehabilitar-sesenãohouver

dependentes de classe superior, além de precisar comprovar a dependênciaeconômicaemrelaçãoaofalecido.

Asmesmasobservaçõesfeitasemtópicoanterior, relativamenteaos filhosmenoresde21anos,inválidosoudeficientes,sãoaplicáveisàterceiraclasse.

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Capítulo8

FiliaçãoeInscrição

1.IntroduçãoAfiliaçãoeainscriçãosãoinstitutosdiferentesnodireitoprevidenciário,e,

portanto,podemocorreremmomentosdistintos.AfiliaçãoévínculojurídicoentreoseguradoeoRGPS,doqualdecorrem

direitoseobrigaçõesrecíprocos(art.20doDecreton.3.048/99).Deumlado,osegurado temodeverdecontribuir eodireito à coberturaprevidenciária.Deoutro, o RGPS tem o dever de pagar os benefícios e prestar os serviçosprevidenciários(quandocumpridososrequisitoslegais),eodireitodeexigiropagamentodascontribuiçõesprevidenciárias.

Ainscriçãoconsistenaformalizaçãoda filiação.Épormeioda inscriçãoque o segurado fornece à previdência os dados necessários para suaidentificação(art.18doDecreton.3.048/99).

2.Filiação

2.1SeguradosobrigatóriosNo caso dos segurados obrigatórios, a filiação decorre do exercício de

atividaderemunerada.Vale dizer, a partir domomento emque umapessoainiciar o exercício de alguma atividade remunerada, automaticamente, estaráfiliadaàprevidênciasocial(art.9º,§12,doDecreton.3.048/99).

Importante ressaltar que o início da atividade remunerada nãonecessariamentecoincidecomoefetivomomentoemqueoindivíduocomeçaatrabalharoucomopagamentopeloserviçoou,ainda,comaformalizaçãodovínculo.Oquevaleéapactuação,oacordo.

Filiação múltipla: todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de

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uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social éobrigatoriamente filiadoemrelaçãoacadaumadelas (art.11,§2º,daLein.8.213/91).Damesmaforma,todoaquelequeexercer,concomitantemente,maisdeuma atividade remunerada sujeita aoRegimeGeral de Previdência Socialseráobrigatoriamente inscritoem relação a cadaumadelas (art. 18,§3º, doDecreton.3.048/99).

Trabalhador-aposentado:o aposentadopeloRegimeGeral dePrevidênciaSocial – RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividadeabrangidaporesteRegimeéseguradoobrigatórioemrelaçãoaessaatividade,ficando sujeito às contribuições previdenciárias (art. 11, § 3º, da Lei n.8.213/91).Nessecaso,elenãofarájusaprestaçãoalgumadaprevidênciasocialem decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e àreabilitaçãoprofissional,quandoempregado(art.18,§2º,daLein.8.213/91).ODecreto n. 3.048/99prevê ainda que a segurada aposentada que retornar àatividadefarájusaosalário-maternidade.

Dirigente sindical: de acordo com o art. 11, § 4º, da Lei n. 8.213/91, odirigentesindicalmantém, durante o exercício domandato eletivo, omesmoenquadramento no RGPS de antes da investidura. Portanto, o empregadoescolhido pelos colegas como dirigente sindical continuará enquadrado nacategoriadeseguradoempregadoparafinsprevidenciários.

2.2SeguradosfacultativosCom relação aos segurados facultativos, a filiação é voluntária e só se

aperfeiçoa com a inscrição e o pagamento da primeira contribuição sematraso.

Observe-se que a filiação do segurado facultativo não poderá ter efeitosretroativos. Essa possibilidade está limitada aos segurados obrigatórios, emvirtudedocarátercompulsóriodesuafiliação.

2.3LimitemínimodeidadeparafiliaçãoConformedispostonoart.7º,XXXIII,daCF/88,estávedadooexercíciode

qualquertrabalhoamenoresdedezesseisanos,salvonacondiçãodeaprendiz,a partir de quatorze anos. Exatamente por isso, desde a promulgação daEmendaConstitucionaln.20/98,aidademínimaparafiliaçãoédezesseisanos.Excetue-seafiliaçãodoaprendiz,viávelapartirdequatorzeanos(nacondiçãodeseguradoempregado).Paraosseguradosfacultativos,valearegrageralde

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queaidademínimaédezesseisanos.Impendesalientarque,deacordocomaSúmula5daTNU,aprestaçãode

serviçoruralpormenorde12a14anos,atéoadventodaLein.8.213,de24dejulho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para finsprevidenciários.

3.Inscrição

3.1SeguradosA inscrição dos segurados ocorre mediante a apresentação dos seguintes

documentos(art.18doDecreton.3.048/99):I–empregadoetrabalhadoravulso:pelopreenchimentodosdocumentos

que os habilitem ao exercício da atividade, formalizado pelo contrato detrabalho,nocasodeempregado,epelocadastramentoeregistronosindicatoouórgãogestordemãodeobra,nocasodetrabalhadoravulso;

II–empregadodoméstico:pelaapresentaçãodedocumentoquecomproveaexistênciadecontratodetrabalho;

III – contribuinte individual: pela apresentação de documento quecaracterizea suacondiçãoouoexercíciodeatividadeprofissional, liberalounão;

IV–seguradoespecial:pelaapresentaçãodedocumentoquecomproveoexercíciodeatividaderural;

Em relação aos segurados especiais, a Lei n. 11.718/2008 promoveualgumasalteraçõesimportantes,quepassaramaestarprevistasnos§§4ºa6ºdaLein.8.213/91. A inscrição do segurado especial será feita de forma a vinculá-lo ao seurespectivo grupo familiar e conterá, além das informações pessoais, aidentificaçãodapropriedadeemquedesenvolveaatividadeeaque título,se nela reside ou o Município onde reside e, quando for o caso, aidentificaçãoeinscriçãodapessoaresponsávelpelaunidadefamiliar.Oseguradoespecialintegrantedegrupofamiliarquenãosejaproprietáriooudonodoimóvelruralemquedesenvolvesuaatividadedeveráinformar,no ato da inscrição, conforme o caso, o nome do parceiro ou meeirooutorgante,arrendador,comodanteouassemelhado.Simultaneamente com a inscrição do segurado especial, será atribuído ao

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grupofamiliarnúmerodeCadastroEspecíficodoINSS–CEI,parafinsderecolhimentodascontribuiçõesprevidenciárias.V–facultativo:pelaapresentaçãodedocumentodeidentidadeedeclaração

expressadequenãoexerceatividadequeoenquadrenacategoriadeseguradoobrigatório.

Ainscriçãodoempregadoedotrabalhadoravulsoseráefetuadadiretamentena empresa, sindicato ou órgão gestor de mão de obra, e a dos demais, noInstituto Nacional do Seguro Social. Caso a empresa não cumpra a suaobrigaçãoedeixedeefetuara inscrição,opróprioempregadopoderáfazê-lo,desde que comprove o exercício da atividade, por exemplo, por meio daapresentaçãodaCarteiradeTrabalho.

No caso do contribuinte individual, excepcionalmente a empresa que ocontratou poderá ter a obrigação de realizar a sua inscrição. Esta hipóteseocorrerá quando a empresa utilizar-se de segurado não inscrito. Esta mesmasituaçãopoderáocorrernocasodocooperadodecooperativade trabalho(art.4ºdaLein.10.666/2003).

Oart.18,§5º,doDecreton.3.048/99dispõeque,presentesospressupostosdafiliação,admite-seainscriçãopostmortemdoseguradoespecial.

3.2DependentesNostermosdoart.22doDecreton.3.048/99,ainscriçãododependentedo

segurado será promovida por ele mesmo (e não pelo segurado), quando dorequerimento do benefício a que tiver direito, mediante a apresentação dosseguintesdocumentos:

I–paraosdependentespreferenciais:a)cônjugeefilhos:certidõesdecasamentoedenascimento;b) companheira ou companheiro: documento de identidade e certidão de

casamento com averbação da separação judicial ou divórcio, quando um doscompanheirosouambosjátiveremsidocasados,oudeóbito,seforocaso;

c) equiparado a filho: certidão judicial de tutela e, em se tratando deenteado, certidão de casamento do segurado e de nascimento do dependente,observadaacomprovaçãodedependênciaeconômica;

II–pais–certidãodenascimentodoseguradoedocumentosdeidentidadedosmesmos,observadaacomprovaçãodedependênciaeconômica;

III – irmãos: certidão de nascimento, observada a comprovação dedependênciaeconômica.

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Especificamente no caso do cônjuge, o cancelamento da sua inscrição seprocessa em face de separação judicial ou divórcio sem direito a alimentos,certidão de anulação de casamento, certidão de óbito ou sentença judicialtransitadaemjulgado.

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Capítulo9

Manutenção,PerdaeRestabelecimentodaQualidadedeSegurado

1.PeríododegraçaA qualidade de segurado é requisito para a concessão de quase todos os

benefíciosdaprevidênciasocial.Atémesmoosdependentes,queostentamessacondiçãoindependentementedorecolhimentodecontribuições,somentefarãojusaosbenefícioseserviçosquelhessãoreservadospelaLein.8.213/91,seosegurado,doqualdependem,ostentarestaqualidadeàépocadaocorrênciadacontingênciageradoradobenefício(morteourecolhimentoàprisão).

Pela regra geral, o segurado mantém esta qualidade enquanto estiververtendo contribuições para oRGPS. Entretanto, a cessação no recolhimentodascontribuiçõesnãoacarretaautomaticamenteaperdadessacondição.

A relação jurídica mantida entre o segurado e a previdência é de tratocontinuado e visa à cobertura de eventos programados e infortunísticos.Entretanto, durante esse vínculo, o segurado pode ficar impossibilitado deefetuaropagamentodecontribuiçõesaoRGPSporcircunstânciasalheiasasuavontade (como a situação de desemprego, por exemplo), pelo que seriainadequadaaimediatacessaçãodacoberturaprevidenciária.

O legislador, ciente da natureza protetiva do sistema previdenciário,estendeu ao segurado a cobertura previdenciária, independentemente dopagamento da contribuição, durante certo período de tempo após a cessação,suspensão ou interrupção da atividade remunerada, principalmente no que serefere aos benefícios não programados. Durante esse período adicional decoberturaprevidenciária,oseguradoconserva todososseusdireitosperanteaprevidência social. Como não pressupõe o pagamento da contribuiçãoprevidenciária, ele acabou sendo conhecido pela doutrina como período de

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graça.Atenção!Operíododegraçaconsisteexclusivamentenoperíodoemqueo

indivíduocontinuaostentandoaqualidadedesegurado,nãoobstanteaausênciadecontribuição.Ouseja,aindaqueoindivíduonãoestejarecolhendootributosocial,eleterágarantidaacoberturaprevidenciáriaemfacedeeventualidadesgeradorasdebenefíciosinfortunísticos(comoamorte,prisão,doença,invalidezetc.).Destarte,operíododegraçanãopodeserconsideradoparafinsdetempodecontribuição(ressalvadaaexceçãodoart.55,II,daLein.8.213/91)oudecarência.

1.1PeríodosbásicosdegraçaDessa forma, o art. 15 da Lei n. 8.213/91 estabelece que mantém a

qualidadedesegurado,independentementedecontribuições:I–semlimitedeprazo,quemestáemgozodebenefício;II–até12(doze)mesesapósacessaçãodascontribuições,oseguradoque

deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência social ouestiversuspensooulicenciadosemremuneração;

III–até12(doze)mesesapóscessarasegregação,oseguradoacometidodedoençadesegregaçãocompulsória;

IV–até12(doze)mesesapósolivramento,oseguradoretidoourecluso;V – até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às

ForçasArmadasparaprestarserviçomilitar;VI – até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado

facultativo.Porforçadodispostonoart.13,§4º,doDecreton.3.048/99,aosegurado

quesedesvincularderegimeprópriodeprevidênciasocialaplica-seoprazodedozemeses,previstonoincisoIIdoart.15daLein.8.213/91,havendoaindaapossibilidadedesuaprorrogaçãonahipótesedepagamentodemaisdecentoevinte contribuições sem interrupção que acarrete a perda da qualidade desegurado(essahipóteseseráanalisadanotópicoseguinte).

1.2HipótesesdeprorrogaçãodoperíododegraçaPagamento de mais de cento e vinte contribuições sem interrupção que

acarreteaperdadaqualidadedesegurado:oart.15,§1º,daLein.8.213/91prevêapossibilidadedeprorrogaçãopormais12(doze)mesesdoperíodode

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graçaprevistonoincisoII,seoseguradojátiverefetuadoopagamentodemaisde 120 (cento e vinte) contribuiçõesmensais sem interrupção que acarrete aperdadaqualidadedesegurado.

Veja que a incidência dessa hipótese de prorrogação não exige que opagamentodascontribuiçõessejaconsecutivo.Mesmohavendointerrupçãonopagamento,existeapossibilidadedeoperíododegraçaserprorrogado,desdequeainterrupçãonãotenhaprovocadoaperdadaqualidadedesegurado.Ex.:depois de ter recolhido setenta e duas contribuições previdenciáriasconsecutivas, Roberto teve seu vínculo empregatício rescindido. Enquantoprocurava uma nova ocupação, passou quatro meses sem contribuir. Logodepois, voltou a exercer atividade remunerada em outra empresa, na qualpermaneceupormaissessentameses,quandoentãofoidespedido.Nessecaso,verifica-sequeRobertonãoefetuouopagamentodecontribuiçõesconsecutivas(deixou de contribuir durante quatro meses). Mesmo assim, terá direito àprorrogaçãodoperíododegraça,jáquenãoperdeuaqualidadedesegurado.

Situaçãodedesemprego:aoutrahipótesedeprorrogaçãoestáprevistano§2ºdoart.15daLein.8.213/91eaplica-seaoseguradodesempregado,desdequecomprovadaessasituaçãopeloregistronoórgãoprópriodoMinistériodoTrabalhoeEmprego.

ParaoINSS,essedispositivodeveserinterpretadorestritivamente,valendocomo prova do desemprego as anotações referentes ao gozo de seguro-desempregoeoregistronoSistemaNacionaldoEmprego(SINE).

A jurisprudênciamajoritária, poroutro lado, tem flexibilizado a exigêncialegal.ATurmaNacionaldeUniformização,inclusive,editouaSúmula27:“Aausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede acomprovaçãododesempregoporoutrosmeiosadmitidosemdireito”.

Durantealgumtempo,aTNUentendeuqueasimplesausênciadevínculona Carteira de Trabalho seria suficiente para comprovar a situação dedesemprego.Todavia,essaorientaçãojánãorepresentaoentendimentoatualdajurisprudência. Com efeito, a Terceira Seção do STJ, no julgamento doIncidentedeUniformizaçãodeInterpretaçãodeLeiFederal(Pet7.115/PR,DJe6-4-2010), pacificou o entendimento de que o registro no Ministério doTrabalho não deve ser tido como o único meio de prova da condição dedesempregado do segurado, especialmente considerando que, em âmbitojudicial,prevaleceolivreconvencimentomotivadodoJuiz,enãoosistemadetarifaçãolegaldeprovas.Assim,oregistroperanteoMinistériodoTrabalhoe

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daPrevidênciaSocialpoderá ser supridoquando for comprovada tal situaçãoporoutrasprovasconstantesdosautos, inclusivea testemunhal (AgRgnoAg1182277/SP).Ademais,pacificou-sequeameraausênciadeanotação laboralna Carteira de Trabalho, por não afastar a possibilidade do exercício deatividade remunerada na informalidade, é insuficiente à comprovação dasituaçãodedesempregodaparteautora,paraosfinselencadosnoart.15,§2º,da Lei n. 8.213/91 (AgRg no Ag 1407206/PR). No mesmo sentido, vemdecidindoaTNU(PU200833007005412).

Desta forma, o segurado que exerceu atividade remunerada pode ter seuperíodo de graça fixado em até 36 (trinta e seis)meses, desde que atendidosconcomitantementeosrequisitosestabelecidosnos§§1ºe2ºdoart.15daLein.8.213/91.

2.PerdadaqualidadedeseguradoSegundo o art. 15, § 4º, da Lei n. 8.213/91, a perda da qualidade de

seguradoocorreránodiaseguinteaodo términodoprazofixadonoPlanodeCusteio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente aomêsimediatamenteposterioraodofinaldosprazosfixadosnesseartigoeseusparágrafos.

A ideia é simples: se o segurado não conseguir desempenhar atividaderemunerada após o término do período de graça, ele poderia efetuar opagamento da contribuição como facultativo, modalidade de segurado cujoprazopararecolhimentoencerranodécimoquintodiadomêssubsequenteaodacompetência.A títulodeexemplo,casooperíododegraça tenhaexpiradoem agosto, o segurado teria até o dia 15 de outubro para recolher comofacultativo, prazo este fixado na Lei de Custeio para o recolhimento dacompetência setembro. Não o fazendo, a partir de 16 de outubro, ele teráperdido a qualidade de segurado. Dessa forma, se o mês posterior aoencerramentodacontribuiçãotivertrintadias,poderíamosacrescerquarentaecincodias(30+15)aosprazosdeperíodosdegraçadispostosnoitemanterior.

Seadatadevencimento recair emsábado,domingo, feriadoouemoutrodia em que não haja expediente bancário, o pagamento da contribuiçãoprevidenciáriadeveráocorrernoprimeirodiaútilimediatamenteposterior.

Segundoo art. 102 daLei n. 8.213/91, a perda da qualidade de seguradoimporta em caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade. Em outraspalavras,viaderegra,apóso transcursodoperíododegraça,deixadeexistir

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coberturaprevidenciáriaparaoseguradoeseusdependentes.Ressalvam-seasseguintesexceções:1ª)quandooindivíduojáhaviaadquiridoodireitoaobenefício;2ª) em relação às aposentadorias especial, por tempo de contribuição e por

idade, a Lei n. 10.666/2003, expressamente, dispensou o requisito daqualidadedesegurado.

3.ReaquisiçãodaqualidadedeseguradoAreaquisiçãodaqualidadedeseguradoocorrequandooindivíduovoltaa

exercer atividade remunerada, para os segurados obrigatórios, e pormeio donovorecolhimentodecontribuições,paraosseguradosfacultativos.

Entretanto, a reaquisição da qualidade de segurado não implicaráautomaticamente o retorno ao status inicial. É até possível o aproveitamentodascontribuiçõesvertidasantesdaperdadaqualidadedesegurado;entretanto,existeanecessidadedecumprimentodorequisitoprevistonoart.24,parágrafoúnico,daLein.8.213/91,oqualseráanalisadonopróximocapítulo.

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Capítulo10

Carência

1.ConceitoDeacordocomoart.24daLein.8.213/91,períododecarênciaéonúmero

mínimode contribuiçõesmensais indispensáveis para que o beneficiário façajusadeterminadosbenefícios,consideradasapartirdotranscursodoprimeirodiadosmesesdesuascompetências.Portanto,nemtodososbenefíciosexigemumnúmeromínimode contribuições para seremconcedidos.Exemplificandoesta contagem, sendo recolhida a competência junho no mês de julho, acarênciaseráconsideradaapartirde1ºdejunho.

Dessaforma,talcomoocorrenoscontratosdeplanosdesaúde,oseguradosomentefará jusàpercepçãodedeterminadosbenefíciosprevidenciárioscasotenhavertidodeterminadonúmerodecontribuiçõesaosistema,predeterminadonaprópriaLeideBenefícios.

Importantenãoconfundirosseguintesinstitutos:1º) período de graça: período em que o indivíduo ostenta a qualidade de

segurado,independentementedorecolhimentodecontribuição;2º) período de carência: período em que o segurado está contribuindo, mas

aindanãopossuidireitoadeterminadosbenefícios;3º) tempo de contribuição: tempo contribuído que, nem sempre, poderá ser

contadoatítulodecarência.

2.ContagemdoperíododecarênciaSobreocômputodoperíododecarência,devemserobservadasasseguintes

regras: Paraoseguradoempregadoe trabalhadoravulso: serão consideradas ascontribuições vertidas a partir da filiação ao RGPS, ou seja, desde o

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primeirodiadeexercíciodeatividaderemunerada.Nessecaso,acontribuiçãoépresumida,hajavistaodispostonoart.33,§

5º, da Lei n. 8.212/91: “O desconto de contribuição e de consignaçãolegalmenteautorizadassempresepresumefeitooportunae regularmentepelaempresaaissoobrigada,nãolhesendolícitoalegaromissãoparaseeximirdorecolhimento,ficandodiretamenteresponsávelpelaimportânciaquedeixoudereceberouarrecadouemdesacordocomodispostonestaLei”.

Essa presunção justifica-se porque a competência para o recolhimento dacontribuiçãodessesseguradosrecaisobreaempresa,naformadoart.30,I,a,daLein.8.212/91.

Atualmente,omesmoraciocínioaplica-seaoscontribuintesindividuaisqueprestaremserviçoapessoajurídicaouforemfiliadosacooperativadetrabalho.Issoporqueoart.4ºdaLein.10.666/2003atribuiu-lhesaresponsabilidadepelorecolhimento das contribuições previdenciárias, bem como a obrigação deinscrever os segurados a elas vinculados (desde que ainda não inscritos).Exceçãoaestaregraocorrequandoocontribuinteindividualforcontratadoporoutrocontribuinteindividualequiparadoaempresaouporprodutorruralpessoafísicaoupormissãodiplomáticaerepartiçãoconsulardecarreiraestrangeiras,bem como ao brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficialinternacionaldoqualoBrasilémembroefetivo.Paraosseguradosespeciais:emprimeirolugar,éimportantesalientarque,segundodispõeoart.26,III,daLein.8.213/91,osbenefíciosdevidosaosseguradosespeciaisindependemdecarência.Em boa verdade, para essa modalidade específica de segurados, a lei

previdenciária substituiu a exigência de umnúmeromínimode contribuiçõesmensais (conceito legal de carência) pela necessidade de comprovação doexercíciodeatividaderuraloupescaartesanal,aindaquedeformadescontínua,no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual aonúmero demeses correspondentes à carência do benefício requerido. Assim,por exemplo, se um segurado empregado precisa recolher cento e oitentacontribuiçõesmensaisparafazerjusaobenefíciodeaposentadoriaporidade,oseguradoespecialnecessitacomprovaroexercíciodeatividade(ruraloupescaartesanal) durante os cento e oitenta meses que antecedem o requerimentoadministrativodaprestação.

Exatamenteporisso,oart.114daInstruçãoNormativadoINSSn.45/2010dispõequeo“períododecarência”doseguradoespecialécontadoapartirdo

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efetivoexercíciodaatividaderural(oupescaartesanal). Para os segurados empregado doméstico, contribuinte individual (nãoenquadrado na situação anterior), especial e facultativo: serãoconsideradas as contribuições realizadas a contar da data do efetivopagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradaspara este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes acompetênciasanteriores.Avedaçãoaorecolhimentocomatraso temcomoprincipalobjetivocoibir

fraudesaosistema,principalmentenoquetangeàcoberturadebenefíciosnãoprogramados,osquaissãomantidoscomacotizaçãodogrupo.

Observe-se que o segurado empregado doméstico encontra-se incluídoneste rol, apesar de o recolhimento da contribuição ser responsabilidade doempregador, nos termos do art. 30, inciso V, da Lei n. 8.212/91. Se acontribuição do doméstico é competência do empregador doméstico, serialógica a aplicaçãoda presunçãoprevista no art. 33, § 5º, daLei n. 8.212/91.Masnãofoiessaaopçãodolegislador.

Poder-se-ia argumentar, por outro lado, que o § 5º do art. 33 da Lei n.8.212/91, quando dispõe sobre a presunção de desconto, refere-seexclusivamente à empresa, nada mencionando acerca do empregadordoméstico.Contudo,segundonosparece,aliteralidadedadisposiçãonãoafastaa responsabilidade tributáriadoempregadordoméstico.Dessamaneira,nãoérazoável imputaraoempregadodomésticoasconsequênciasdoerrooumá-fédeseuempregadoredaausênciadefiscalizaçãodaautarquia(LEITÃO,2012,p.201-204).Emidênticodiapasão,existeprecedentedoSuperiorTribunaldeJustiçanosentidodequea legislaçãoatribuiuexclusivamenteaoempregadordoméstico,enãoaoempregado,aresponsabilidadequantoaorecolhimentodascontribuições previdenciárias. Portanto, a alegada falta de comprovação doefetivo recolhimento não permite, como consequência lógica, a inferência denãocumprimentodacarênciaexigida(AgRgnoREsp331.748/SP).

Emrelaçãoaoseguradoespecial,conformejásalientado,oart.195,§8º,daCF/88previuumasistemáticadetributaçãopeculiar.Aocontráriodosdemaisseguradosdaprevidência social,o seguradoespecial contribui sobrea receitadecorrentedacomercializaçãodesuaprodução.Inclusive,alegislaçãosubstituiaexigênciadeumnúmeromínimodecontribuiçõesmensaispelacomprovaçãodoexercíciodeatividaderuraloupescaartesanal.Portanto,ressaievidentequeoart.27,II,daLein.8.213/91nãoserefereaessacontribuição.Refere-se,na

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verdade,àcontribuiçãofacultativa,previstanoart.39,II,daLein.8.213/91enoart.200,§2º,doDecreton.3.048/99,que temporescopoaampliaçãodacoberturaprevidenciáriadoseguradoespecial. Situações especiais: em face do disposto no art. 26, § 2º, doDecreto n.3.048/99,seráconsiderado,paraefeitodecarência,otempodecontribuiçãopara o Plano de Seguridade Social do Servidor Público anterior à Lei n.8.647,de13deabrilde1993,efetuadopeloservidorpúblicoocupantedecargoemcomissãosemvínculoefetivocomaUnião,autarquias,aindaqueemregimeespecial,efundaçõespúblicasfederais.Até o advento da Lei n. 8.647/93, os servidores ocupantes de cargo em

comissão,nãoocupantesdecargoouempregoefetivonaadministraçãopúblicadireta, autárquica e fundacional, estavam vinculados ao Regime Próprio dePrevidênciadosServidoresPúblicosFederais.

Considerando a natureza transitória dos cargos emcomissão, seus antigosocupantesvoltavamacontribuirparaoRGPSapósoencerramentodovínculode confiança. Diante disso, o legislador resolveu a celeuma e acabouincluindo-osexpressamentecomoseguradosobrigatóriosdaprevidênciasocial(art.12,I,g,daLeideBenefícios).

As contribuições vertidas pelos servidores públicos titulares de cargosefetivos para regime próprio de previdência social serão consideradas paratodososefeitosapóssuaexoneração, inclusiveparaosdecarência(art.26,§5º,doDecreton.3.048/99).

3.PrazosdecarênciadosbenefíciosOsprazosdecarênciaencontram-seprevistosnoart.24daLein.8.213/91e

destinam-seaosindivíduosquesefiliaramaosistemaprevidenciáriodepoisdoadventodestalei.Sãoeles: Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuiçõesmensais,ressalvadasasexceçõesprevistasnoart.26,II,daLein.8.213/91(acidente de qualquer natureza e acometimento do segurado por doençaprevistaemPortaria Interministerial),que isentamacarênciadeambososbenefíciosequeserãoanalisadasemtópicoaseguir.Aposentadoriasprogramáveis(aposentadoriaporidade,aposentadoriaportempo de contribuição e aposentadoria especial): 180 (cento e oitenta)contribuiçõesmensais.É importante salientar, mais uma vez, que a carência de cento e oitenta

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contribuiçõesmensaissomenteéexigidaparaosseguradosquesefiliaramaosistemaprevidenciáriodepoisde24dejulhode1991,datadaLein.8.213/91.Até então, vigorava a Lei n. 3.807/60, que previa um prazo de carência desessentacontribuiçõesmensaisparaasaposentadoriasprogramáveis.

Diante do aumento considerável do número de contribuições necessáriasparaessesbenefícios,aLein.8.213/91previuaregradetransição,atualmenteinsertanoseuart.142:Paraoseguradoinscritonaprevidênciasocialurbanaaté24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e o empregador ruralcobertospelaprevidênciasocialrural,acarênciadasaposentadoriasporidade,por tempo de serviço e especial obedecerá à seguinte tabela, levando-se emcontaoanoemqueoseguradoimplementoutodasascondiçõesnecessáriasàobtençãodobenefício:

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ANODEIMPLEMENTAÇÃODASCONDIÇÕES MESESDECONTRIBUIÇÃOEXIGIDOS

1991 60

1992 60

1993 66

1994 72

1995 78

1996 90

1997 96

1998 102

1999 108

2000 114

2001 120

2002 126

2003 132

2004 138

2005 144

2006 150

2007 156

2008 162

2009 168

2010 174

2011 180

Imaginemos, então, o seguinte caso concreto: José filiou-se ao sistema

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previdenciárioem1985.NãoadquiriuodireitoaobenefíciodeaposentadoriaàépocaemquefoieditadaaLein.8.213/91,oquetornainaplicávelacarênciadesessentacontribuiçõesprevistanaLein.3.807/60.Completouaidadelegalem2003.Nesse caso, José somente terá direito à aposentadoria por idade sepossuir 132 (cento e trinta eduas) contribuiçõesmensais, na formada tabelaprogressivaacimacolacionada.

Sobreaaplicaçãodatabelaprogressiva,aTNUeditouaSúmula44:“Paraefeito de aposentadoria urbana por idade, a tabela progressiva de carênciaprevistanoart.142daLein.8.213/91deveseraplicadaemfunçãodoanoemque o segurado completa a idademínima para concessão do benefício, aindaqueoperíododecarênciasósejapreenchidoposteriormente”. Salário-maternidade: dez contribuições mensais para as seguradascontribuintes individuaise facultativas.Ressalte-se,porém,queesseprazodecarêncianãoé fixo,podendoser reduzidoemnúmerodecontribuiçõesequivalenteaonúmerodemesesemqueopartofoiantecipado.Assim,seopartofoiantecipadoemummês,acarênciadobenefícioserádiminuídanamesmaproporção(emummês).Atenção!Deacordocomoparágrafoúnicodoart.39daLein.8.213/91,

paraaseguradaespecial,ficagarantidaaconcessãodosalário-maternidadenovalorde1(um)saláriomínimo,desdequecomproveoexercíciodeatividaderural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamenteanteriores ao do início do benefício. Verifica-se que existe diferença entre oprazo de carência exigido para a contribuinte individual e para a facultativateremdireitoaosalário-maternidadeeoperíododecomprovaçãodeatividaderural para a segurada especial ter direito ao mesmo benefício.Na verdade,desde o advento daLei n. 9.876/99, segurada especial deve comprovar oexercício de atividade rural durante apenas dezmeses (e nãomais dozemeses).AprópriaAutarquiaPrevidenciáriatemesseentendimento,nostermosdo art. 297, II, da Instrução Normativa INSS n. 45/2010:A partir de 29 denovembrode1999,datadapublicaçãodaLein.9.876,de1999,operíododecarênciaasercomprovadopelaseguradaespecialfoireduzidodedozemesesparadezmesesimediatamenteanterioresàdatadoparto,mesmoquedeformadescontínua.

Obviamente, a segurada especial que opte por contribuir facultativamenteparaaprevidênciasocial,nostermosdoart.39,incisoII,daLeideBenefícios,deverá efetuar o pagamento de dez contribuiçõesmensais, a não ser, é claro,queopartosejaantecipado.

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4.ReaproveitamentodascontribuiçõesvertidasantesdaperdadaqualidadedeseguradoConforme disposto no parágrafo único do art. 24 da Lei n. 8.213/91,

havendoperdadaqualidadedesegurado,ascontribuiçõesanterioresaessadatasó serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, apartirdanovafiliaçãoàprevidênciasocial,com,nomínimo,1/3(umterço)donúmerodecontribuiçõesexigidasparaocumprimentodacarênciadefinidaparaobenefícioaserrequerido.

No que se refere aos benefícios deauxílio-doença e aposentadoria porinvalidez, o indivíduo poderá aproveitar as contribuições vertidas antes daperdadaqualidadedesegurado,desdeque,apartirdeseureingresso,efetueopagamentodequatrocontribuições(1/3dedozecontribuições).Umexemplo:Roberval efetuou o pagamento de dez contribuições mensais. Em razão doencerramento das contribuições, iniciou-se a contagem do período de graça.Findo esse período,Roberval perdeu a qualidade de segurado.Algum tempodepois, voltou a contribuir para a previdência social. Nesse caso, quantascontribuições serão necessárias para que ele faça jus ao auxílio-doença? SeRobervalefetuaropagamentodequatrocontribuições,poderáaproveitarasdezcontribuiçõesrecolhidasnopassado,antesdeperdidaaqualidadedesegurado.Sendo assim,Roberval teria quatorze contribuições e cumpriria o período decarênciadoauxílio-doença.

Note-se, porém, que o parágrafo único do art. 24 da Lei n. 8.213/91significa exclusivamente a possibilidade de o segurado valer-se dascontribuições antigas. Ou seja, não implica automaticamente o direito aobenefício. Vamos a outro exemplo. Jonas efetuou o pagamento de cincocontribuições mensais. Depois de transcorrido o período de graça, perdeu aqualidade de segurado. Após reingressar ao sistema, quantas contribuiçõesserão necessárias para que Jonas cumpra a carência do auxílio-doença? Opagamento de quatro contribuições possibilita que Jonas aproveite as cincocontribuições recolhidas no passado. Entretanto, no somatório, Jonas teriaapenas nove contribuições (4 + 5), número insuficiente para a carência doauxílio-doença. Consequentemente, ele precisaria de mais três contribuiçõesparaintegralizaracarênciadobenefício.

Noquediz respeito ao salário-maternidade,nos termosdoart. 151, II, daInstrução Normativa INSS n. 45/2010, exigem-se apenas três contribuições

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paraquesejaviáveloaproveitamentodascontribuiçõesvertidasantesdaperdadaqualidadedesegurado.

Finalmente, nos termos do art. 151, III, da Instrução Normativa INSS n.45/2010, para as aposentadorias por idade, por tempo de contribuição eespecial,aaplicaçãodoart.24,parágrafoúnico,daLein.8.213/91encontra-seprejudicada para requerimentos protocolados a partir de 13 de dezembro de2002, data da publicação da MP n. 83, de 12 de dezembro de 2002, queposteriormentefoiconvertidanaLein.10.666/2003.Issoporqueessediplomalegaldispensouorequisitodaqualidadedeseguradoparaessasprestações.

5.IsençõesdecarênciaAlgumas contingências foram excetuadas do cumprimento de prazo de

carência, levando-se em consideração, especialmente, o alto grau deimprevisibilidade e infortunística de alguns dos eventos que dão ensejo àconcessãodasprestações,mencionadosnapróprialei.

Aregrageraldeisençãodoprazodecarênciaétrazidapeloart.26daLeideBenefícios,quecontemplaasseguinteshipóteses:pensãopormorte,auxílio-reclusão,salário-famíliaeauxílio-acidente; auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente dequalquernatureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bemcomo nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral dePrevidência Social, for acometido de alguma das doenças e afecçõesespecificadasemlistaelaboradapelosMinistériosdaSaúdeedoTrabalhoeda Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios deestigma,deformação,mutilação,deficiência,ououtrofatorquelheconfiraespecificidadeegravidadequemereçamtratamentoparticularizado; os benefícios de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença,deauxílio-reclusãooudepensão,novalorde1(um)saláriomínimoaos segurados especiais, desde que comprovado o exercício de atividaderural, aindaquede formadescontínua,noperíodo, imediatamenteanterioraorequerimentodobenefício,igualaonúmerodemesescorrespondentesàcarênciadobenefíciorequerido;serviçosocialereabilitaçãoprofissional; salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa eempregadadoméstica.Logo,aindaqueumaempregadasejacontratadano

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oitavomêsdegestação,terádireitoaobenefícioemquestão.

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Capítulo11

SaláriodeBenefícioeCálculodosBenefíciosPrevidenciários

1.ConceitodesaláriodebenefícioSaláriodebenefícioéabasedecálculodarendamensalinicialdamaioria

dosbenefíciosprevidenciários,conformeabaixo:

BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS RENDAMENSALINICIAL

Aposentadoriaporidade 70%doSB+1%acada12contribuições

Aposentadoriaportempodecontribuição 100%doSB

Aposentadoriaespecial 100%doSB

Aposentadoriaporinvalidez 100%doSB

Auxílio-doença 91%doSB

Auxílio-acidente 50%doSB

Auxílio-reclusão IndiretamenteécalculadopeloSB

Salário-maternidade NãoécalculadopeloSB

Salário-família NãoécalculadopeloSB

Pensãopormorte IndiretamenteécalculadapeloSB

SB=Saláriodebenefício

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Pensão por morte: a renda mensal da pensão por morte será 100% daaposentadoriaqueoseguradorecebia(seestivesseaposentado)ou100%daaposentadoriaporinvalidezaqueteriadireito(seestivessetrabalhando).Auxílio-reclusão:100%daaposentadoriaporinvalidezaqueteriadireito.Conclusão:comoessesbenefíciossempredecorremdeumaaposentadoriaecomo as aposentadorias são calculadas com base no salário de benefício,pode-se concluir que, indiretamente, o benefício é calculado com base nosaláriodebenefício.

2.EtapasdocálculodosbenefíciosprevidenciárioscombasenosaláriodebenefícioNeste tópico, falaremos exclusivamente sobre o cálculo dos benefícios

previdenciáriosquedependemdosaláriodebenefício.

2.1Definiçãodoperíodobásicodecálculo(PBC)A primeira etapa envolve a definição do período básico de cálculo das

prestaçõesprevidenciárias.De acordo com a regra permanente, o período básico de cálculo dos

benefícios previdenciários (cujo cálculo depende do salário de benefício)correspondea todooperíodocontributivo.Umexemplo: José ingressou nosistemaprevidenciário em2000.Ele terádireito à aposentadoriapor tempodecontribuição depois de trinta e cinco anos. Admitindo-se que contribuiuininterruptamente, José completará o tempo necessário para o benefício em2035.Nessecaso,oseuperíodobásicodecálculoserãoostrintaecincoanosdecontribuição. Ou seja, ao contrário do que muitos pensam, atualmente, obenefícionãoécalculadocombaseapenasnosúltimostrintaeseissaláriosdecontribuição.Todosos saláriosdecontribuição sãocomputadosparaocálculodessesbenefícios,conformedetalhamentográficoabaixo.

PERÍODOBÁSICODECÁLCULO–BENEFÍCIODEJOSÉ

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 (...) 2035

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Entretanto,oart.3ºdaLein.9.876,de26denovembrode1999,previuumaregra de transição. Para o segurado filiado à previdência social até o diaanterior à data de publicação dessa lei (25 de novembro de 1999), que vier acumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios do RGPS,somente entrarão na base de cálculo os salários de contribuição posteriores ajunhode1994(ouseja,dejulhode1994emdiante).QualfoiarazãodeaLein.9.876 ter fixadoessacompetência (julhode1994)?Provavelmente,porque foiesse período que marcou a consolidação da nova moeda (Real), facilitandosobremaneira o cálculo das prestações previdenciárias. Um exemplo: Antônioingressounosistemaprevidenciárioem1985.Contribuiu ininterruptamenteaté2020, completando o tempo necessário para a aposentadoria por tempo decontribuição. Nesse caso, seu período básico de cálculo será julho/94 atémês/2020.

PERÍODOBÁSICODECÁLCULO–BENEFÍCIODEANTÔNIO

07/1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 (...) 2020

2.2AtualizaçãomonetáriadossaláriosdecontribuiçãointegrantesdoPBC

Definidooperíodobásicodecálculo(PBC),énecessárioatualizartodosossaláriosdecontribuiçãoqueointegram,nostermosdoart.201,§3º,daCF/88:“Todosossaláriosdecontribuiçãoconsideradosparaocálculodebenefícioserãodevidamenteatualizados,naformadalei”.

Deacordocomo art. 29-BdaLein. 8.213/91,o índicede atualizaçãoéoÍndiceNacionaldePreçosaoConsumidor(INPC).Parafacilitaracompreensãodamatéria,passemosaumexemplo.AdmitamosqueMáriofiliou-seaosistemaprevidenciário em janeiro de 2006. Exerceu atividade até setembro de 2011,oportunidade em que ficou incapaz para o trabalho. Diante disso, requereu obenefícionoINSS.Quaissaláriosdecontribuiçãoserãoutilizadosparaocálculodoauxílio-doença?Todos,desdeafiliaçãodeMário,atésetembrode2011.Poróbvio, todosossaláriosdecontribuiçãodevemseratualizadosnaformadalei,combasenoINPC,porforçadoart.29-BdaLein.8.213/91.

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Atenção! O décimo terceiro salário, apesar de sofrer a incidência dacontribuição,nãointegraocálculodosaláriodebenefício.

2.3Seleçãodos80%maioressaláriosdecontribuiçãoDepois da correção monetária, todos os salários de contribuição já foram

atualizadosparaamesmacompetência(=mês),sendopossívelidentificarquaissãoosmaioressaláriosdecontribuição. Issoénecessário,poisapenasos80%maiores salários de contribuição efetivamente entram para o cálculo dobenefício.

2.4Médiaaritméticasimplesdos80%maioressaláriosdecontribuição

Depois de selecionados os salários de contribuição que efetivamenteintegrarão o cálculo do benefício (80% maiores), faz-se a média aritméticasimples.Valedizer:somam-setodosossaláriosdecontribuiçãoedivide-sepelonúmero de salários de contribuição que efetivamente foram utilizados nocálculo.

Amédiaaritméticaseráosaláriodebenefícioparaosseguintesbenefícios:aposentadoria especial, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e auxílio-acidente. Porém, para a aposentadoria por tempo de contribuição e para aaposentadoria por idade, o cálculo do salário de benefício ainda requer outraetapa,explicadanopróximotópico.

2.5MultiplicaçãopelofatorprevidenciárioComo ressaltado acima, esta etapa só se aplica a dois benefícios:

aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por idade. Masatenção!Aincidênciadofatorprevidenciárioocorredeformadiferentenessesbenefícios.Paraaaposentadoriaportempodecontribuição,aaplicaçãodofatorprevidenciárioéobrigatória.Porém,paraaaposentadoriaporidade,aaplicaçãodofatoréfacultativa,nosentidodequeelesomenteseráaplicadoparabeneficiarosegurado(ouseja,seaumentarobenefício).

Oqueéo fatorprevidenciário?Trata-se de um índice criadopelaLei n.9.876/99quelevaemconsideraçãotrêsvariáveis:a)tempodecontribuição;b)idade; c) expectativa de sobrevida. Quanto maior o tempo de contribuição,maiorofatorprevidenciárioemaiorobenefício.Quantomaioraidade,maiorofator previdenciário e maior o benefício. Quanto maior a expectativa de

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sobrevida,maiorseráotempoemqueoseguradoreceberáobenefício,portantomenorseráofatorprevidenciárioemenorobenefício.

A expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria seráobtida a partir da tábua completa de mortalidade construída pela FundaçãoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística(IBGE),considerando-seamédianacionalúnicaparaambosossexos.Umdadocurioso:oaumentodaexpectativadevidadobrasileiroimplicaaconcessãodebenefíciosprevidenciáriosmenores,já que o aumento da expectativa de sobrevida provocará a redução dobenefício.

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Capítulo12

BenefíciosPrevidenciários

1.IntroduçãoAs prestações previdenciárias são divididas em dois grupos:benefícios e

serviços. Podemos afirmar que o benefício é a prestação previdenciária comconteúdopecuniário(porexemplo,umaaposentadoria),enquantooserviçonãopossuiessacaracterística(porexemplo,oserviçosocial).

Aprevidênciasocialoferece,comoserviços,areabilitaçãoprofissionaleoserviçosocial,sendoambosdevidosaseguradosedependentes.

Quantoaosbenefícios,podemosdividi-los,conformeobeneficiário,em:a)benefíciosdevidosaossegurados;b)benefíciosdevidosaosdependentes.

BENEFÍCIOSDOSSEGURADOS BENEFÍCIOSDOSDEPENDENTES

Aposentadoriaportempodecontribuição

Pensãopormorte

Aposentadoriaespecial Auxílio-reclusão

Aposentadoriaporidade

Aposentadoriaporinvalidez

Auxílio-doença

Auxílio-acidente

Salário-família

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Salário-maternidade

Importa salientar que não existem mais os benefícios chamados pecúlio,auxílio-natalidade, auxílio-funeral e abono de permanência em serviço, bemcomo as aposentadorias especiais do jornalista profissional, do jogador defutebol profissional, do telefonista, do juiz classista e do aeronauta. Masatenção!ApesardenãoestarentreosbenefíciosdevidospeloRGPS,oabonode permanência em serviço é garantido no âmbito do regime próprio deprevidência,nostermosdoart.40,§19,daCF/88.

Quantoaoseguro-desemprego,emboraoart.201,III,daCF/88mencioneexpressamente a “proteção ao trabalhador em situação de desempregoinvoluntário”, esse benefício não integra o rol dos benefícios previdenciários(art.9º,§1º,daLein.8.213/91). Inclusive,apessoa jurídicaresponsávelporsua concessão é a Caixa Econômica Federal, e não o Instituto Nacional doSeguroSocial.

Algunsbenefíciosprevistos em leis especiais também sãomantidos peloINSS, como é o casoda aposentadoria do ex-combatente daSegundaGuerraMundial,daaposentadoriaoupensãodoanistiadopolítico,dapensãoparaasvítimasdaTalidomida, da pensãodos seringueiros, da pensãodas vítimas dahemodiálisedeCaruaruedapensãodasvítimasdahanseníase.

O benefício assistencial de prestação continuada tem fundamento no art.203, V, da CF/88 e, atualmente, encontra sua regulamentação na Lei n.8.742/93.Nãoobstantesejaumbenefíciodaassistênciasocial,apessoajurídicaresponsável por sua concessão, manutenção e fiscalização é o INSS. SeráanalisadonoCapítulo15.

Aseguir,noestudodosbenefíciosemespécie,apresentaremosasprincipaiscaracterísticasdecadaumdosbenefícios.

2.AposentadoriaportempodecontribuiçãoAntes da Emenda Constitucional n. 20/98, esse benefício era conhecido

como aposentadoria por tempo de serviço. Atualmente, embora constem dalegislação várias referências à aposentadoria por tempo de serviço (porexemplo, no art. 52 da Lei n. 8.213/91), o nome correto do benefício éaposentadoria por tempo de contribuição. Certamente, a alteração teve por

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escopo assegurar o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário,pormeiodaexigênciadecontribuições,aoinvésdesimplestempodetrabalho.

Não obstante a mudança de nomenclatura, a Emenda Constitucional n.20/98exigiuquefosseeditadaleiespecíficasobreamatéria.E,atéqueessaleidiscipline a questão, o tempo de serviço será considerado como tempo decontribuição,comexceçãodascontagensdetempofictícias.

Previstonosarts.52a56daLein.8.213/91enosarts.56a63doDecreton. 3.048/99, a priori, a aposentadoria por tempo de contribuição é devida atodasasespéciesdesegurados, sendooportunaa lembrançadequeaLein.10.666/2003prevê,expressamente,queaperdadaqualidadedeseguradonãoseráconsideradaparaaconcessãodaaposentadoriaportempodecontribuição.Noentanto,temosduassituaçõesbastantepeculiaresquedevemserlembradas:1ª) Segurado especial: ele só terá direito à aposentadoria por tempo de

contribuiçãosecontribuir,facultativamente,naformadoart.39,II,daLein.8.213/91edosarts.39,§2º,II,e200,ambosdoDecreton.3.048/99.

2ª) Segurados que tenham optado pelo Plano Simplificado de PrevidênciaSocial: aqueles que optarem pelo Plano de Previdência Simplificado nãoterãodireitoaestebenefício,conformedispostonoart.21,§2º,daLein.8.212/91. Caso resolvam receber este benefício posteriormente, estessegurados deverão complementar a contribuição mensal medianterecolhimento, sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal dosaláriodecontribuiçãoemvigornacompetênciaasercomplementada,dadiferençaentreopercentualpagoeode20%(vintepor cento), acrescidodosjurosmoratórios.Além da carência de cento e oitenta contribuições mensais (ou regra de

transição – art. 142 da Lei n. 8.213/91), a aposentadoria por tempo decontribuiçãoexige,nostermosdoart.201,§7º,I,daCF/88,trintaecincoanosdecontribuiçãoparaoshomensetrintaanosdecontribuiçãoparaasmulheres.Observe-sequeoart.52daLein.8.213/91prevêprazosquedeixaramdeseraplicadosdesdeoadventodaEmendaConstitucionaln.20/98.

Vale lembrar que o tempo de contribuição será reduzido em cinco anosparaosprofessoresdoensinoinfantil,fundamentalemédio,deacordocomoart. 201, § 8º, da CF/88. Portanto, a concessão do benefício para essesprofessores está condicionada ao exercício da função de magistério durantetrintaanosparaohomemedurantevinteecincoanosparaamulher.

Atenção! Depois da promulgação da Emenda Constitucional n. 20/98, o

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professor universitário deixou de ter direito à redução do tempo para fins deaposentadoriaportempodecontribuição.

Equal seriaoconceitode funçãodemagistério?DeacordocomaLein.11.301/2006, são consideradas funções de magistério as exercidas porprofessores e especialistas em educação no desempenho de atividadeseducativas,quandoexercidasemestabelecimentodeeducaçãobásicaemseusdiversosníveisemodalidades,incluídas,alémdoexercíciodadocência,asdedireçãodeunidadeescolareasdecoordenaçãoeassessoramentopedagógico.O STF proferiu decisão nos autos da ADI 3772 e, mediante interpretaçãoconforme, fixouoentendimentodequeas funçõesdedireção,coordenaçãoeassessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde queexercidas em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira,excluídososespecialistasemeducação.Dessaforma,conclui-sequeaSúmula726doSTFdeixoudeseraplicável.

Atenção! Não existe idade mínima para a aposentadoria por tempo decontribuição.Algumas pessoas fazem confusão e acreditamque os requisitosdoart.201,§7º,IeII,daCFsãocumulativos,masnãoéassimquefunciona.Naverdade,os requisitosdos incisosdoartigocitado referem-seabenefíciosdiferentes: o inciso I prevê os requisitos para a aposentadoria por tempo decontribuição, enquanto o inciso II dispõe sobre os requisitos para aaposentadoriaporidade.

Tempodecontribuição:deacordocomoart.60doDecreton.3.048/99,seráconsideradocomotempodecontribuição:

I – o período de exercício de atividade remunerada abrangida pelaprevidência social urbana e rural, ainda que anterior à sua instituição,respeitadoodispostonoincisoXVII;

II–operíododecontribuiçãoefetuadaporseguradodepoisdeterdeixadodeexerceratividaderemuneradaqueoenquadravacomoseguradoobrigatóriodaprevidênciasocial;

III – o período em que o segurado esteve recebendo auxílio-doença ouaposentadoriaporinvalidez,entreperíodosdeatividade;

IV – o tempo de serviço militar, salvo se já contado para inatividaderemunerada nas Forças Armadas ou auxiliares, ou para aposentadoria noserviçopúblico federal, estadual, doDistritoFederal oumunicipal, aindaqueanterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, nas seguintescondições:

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a)obrigatórioouvoluntário;eb)alternativo,assimconsideradooatribuídopelasForçasArmadasàqueles

que, após alistamento, alegarem imperativo de consciência, entendendo-secomotalodecorrentedecrençareligiosaedeconvicçãofilosóficaoupolítica,paraseeximiremdeatividadesdecarátermilitar;

V–operíodoemqueaseguradaesteverecebendosalário-maternidade;VI–operíododecontribuiçãoefetuadacomoseguradofacultativo;VII–operíododeafastamentodaatividadedoseguradoanistiadoque,em

virtudedemotivaçãoexclusivamentepolítica,foiatingidoporatosdeexceção,institucionaloucomplementar,ouabrangidopeloDecretoLegislativon.18,de15dedezembrode1961,peloDecreto-lein.864,de12desetembrode1969,ou que, em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos,tenhasidodemitidooucompelidoaoafastamentodeatividaderemuneradanoperíodode18desetembrode1946a5deoutubrode1988;

VIII–otempodeserviçopúblicofederal,estadual,doDistritoFederaloumunicipal, inclusiveoprestadoaautarquiaouasociedadedeeconomiamistaou fundação instituída peloPoderPúblico, regularmente certificadona formadaLein.3.841,de15dedezembrode1960,desdequea respectivacertidãotenha sido requeridana entidadepara aqual o serviço foi prestado até30desetembrode1975,vésperadoiníciodavigênciadaLein.6.226,de14dejunhode1975;

IX – o período em que o segurado esteve recebendo benefício porincapacidadeporacidentedotrabalho,intercaladoounão;

X – o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior àcompetêncianovembrode1991;

XI–otempodeexercíciodemandatoclassistajuntoaórgãodedeliberaçãocoletivaemque,nessaqualidade,tenhahavidocontribuiçãoparaaprevidênciasocial;

XII–otempodeserviçopúblicoprestadoàadministraçãofederaldiretaeautarquias federais, bemcomoàs estaduais, doDistritoFederal emunicipais,quandoaplicadaalegislaçãoqueautorizouacontagemrecíprocadetempodecontribuição;

XIII–operíododelicençaremunerada,desdequetenhahavidodescontodecontribuições;

XIV–operíodoemqueoseguradotenhasidocolocadopelaempresaemdisponibilidaderemunerada,desdequetenhahavidodescontodecontribuições;

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XV – o tempo de serviço prestado à Justiça dos Estados, às serventiasextrajudiciais e às escrivanias judiciais, desde que não tenha havidoremuneração pelos cofres públicos e que a atividade não estivesse à épocavinculadaaregimeprópriodeprevidênciasocial;

XVI–otempodeatividadepatronalouautônoma,exercidaanteriormenteàvigência da Lei n. 3.807, de 26 de agosto de 1960, desde que indenizadoconformeodispostonoart.122doDecreton.3.048/99;

XVII–operíododeatividadenacondiçãodeempregadorrural,desdequecomprovadoorecolhimentodecontribuiçõesnaformadaLein.6.260,de6denovembrode1975,comindenizaçãodoperíodoanterior,conformeodispostonoart.122doDecreton.3.048/99;

XVIII – o período de atividade dos auxiliares locais de nacionalidadebrasileiranoexterior,amparadospelaLein.8.745,de1993,anteriormentea1ºde janeiro de 1994, desde que sua situação previdenciária esteja regularizadajuntoaoInstitutoNacionaldoSeguroSocial;

XIX–otempodeexercíciodemandatoeletivofederal,estadual,distritaloumunicipal,desdequetenhahavidocontribuiçãoemépocaprópriaenãotenhasido contado para efeito de aposentadoria por outro regime de previdênciasocial;

XX – o tempo de trabalho em que o segurado esteve exposto a agentesnocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais àsaúdeouàintegridadefísica,observadoodispostonosarts.64a70doDecreton.3.048/99;e

XXI–otempodecontribuiçãoefetuadopeloservidorpúblicodequetratamasalíneasi,jeldoincisoIdocaputdoart.9ºeo§2ºdoart.26,combasenosarts.8ºe9ºdaLein.8.162,de8dejaneirode1991,enoart.2ºdaLein.8.688,de21dejulhode1993;

XXII – o tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente aoperíodo de aprendizado profissional realizado em escola técnica, desde quecomprovadaaremuneração,mesmoqueindireta,àcontadoorçamentopúblicoeovínculoempregatício.

Nãoserácomputadotempodecontribuiçãojáutilizadoparaaconcessãodeoutraaposentadoria,sejaeladoRGPSoudeoutroregime.

A comprovação do tempo de contribuição exige início de prova material(art.55,§ 3º, da Lei n. 8.213/91), não sendo admitida prova exclusivamentetestemunhal,salvonaocorrênciademotivodeforçamaioroucasofortuito.O

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art.142,§2º,doDecreton.3.048/99definecomomotivode forçamaioroucasofortuitoaverificaçãodeocorrêncianotória,taiscomoincêndio,inundaçãooudesmoronamento,que tenhaatingidoaempresanaqualoseguradoalegueter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro da ocorrênciapolicialfeitoemépocaprópriaouapresentaçãodedocumentoscontemporâneosdosfatos,everificadaacorrelaçãoentreaatividadedaempresaeaprofissãodosegurado.

O valor do benefício é de 100%doSB (salário de benefício), lembrandoque, no cálculo do SB, será utilizado de forma obrigatória o fatorprevidenciário.

Aposentadoria proporcional por tempo de contribuição: a aposentadoriaproporcional foi extinta pela Emenda Constitucional n. 20/98. No entanto, aprópriaEmendapreviuumaregrade transiçãoaplicávelaosseguradosque jáestavamnosistemaprevidenciárioaotempodesuapromulgação.Comefeito,deacordocomoart.9º,§1º,daEmendaConstitucionaln.20/98,oseguradopodeaposentar-secomvaloresproporcionaisaotempodecontribuição,quandoatendidasasseguintescondições:

I–contarcomcinquentaetrêsanosdeidade,sehomem,equarentaeoitoanosdeidade,semulher;e

II–contartempodecontribuiçãoigual,nomínimo,àsomade:a)trintaanos,sehomem,evinteecincoanos,semulher;eb)umperíodoadicionaldecontribuiçãoequivalenteaquarentaporcentodo

tempoque,nadatadapublicaçãodestaEmenda,faltariaparaatingirolimitedetempoconstantedaalíneaanterior.

Esseperíodoéchamadopeladoutrinadepedágio.Porexemplo:aotempodepromulgaçãodaEmendaConstitucionaln.20/98,Josépossuíavinteecincoanos de contribuição, tempo insuficiente para a aposentadoria proporcional.Nesse caso, o pedágio será de 40% sobre o tempo que faltava para Josécompletar os trinta anos de contribuição.Ou seja: 40%de cinco anos= doisanos.Portanto, alémdacarênciaeda idademínimadecinquentae trêsanos,José precisaria de trinta e dois anos de contribuição para fazer jus àaposentadoriaproporcionalportempodecontribuição.

Conformedispostonoart.9º,§1º,II,daEmendaConstitucionaln.20/98,ovalor da aposentadoria proporcional será equivalente a 70% do valor daaposentadoria,acrescidode5%poranodecontribuiçãoquesupereoresultadodasomaapósoacréscimodopedágioao tempodecontribuiçãodosegurado,

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atéolimitede100%.Oiníciodopagamentodobenefícioocorre:I–aoseguradoempregadoeempregadodoméstico,apartir:a)dadatadodesligamentodoemprego,quandorequeridaatéessadataou

até90diasdepoisdela;oub)dadatado requerimento,quandonãohouverdesligamentodoemprego

ouquandoforrequeridaapósoprazoprevistonasituaçãoanterior;II–paraosdemaissegurados,dadatadaentradadorequerimento.O término do benefício ocorre com a morte do segurado, podendo

eventualmente ser instituída pensão por morte para os dependentes.Evidentemente, o benefício também poderá ser cancelado na hipótese deverificação de irregularidade em sua concessão, sendo necessária a préviaobservânciadocontraditórioedaampladefesa.

3.AposentadoriaespecialPrevistanosarts.57e58daLein.8.213/91enosarts.64a70doDecreto

n. 3.048/99, a aposentadoria especial somente é devida aos seguradosempregado,trabalhadoravulsoecontribuinteindividualcooperado.

Oart.201,§1º,daCF/88tambémtratasobreestaprestaçãoprevidenciária,aovedar a adoçãode requisitos e critérios diferenciadospara a concessãodeaposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social,ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais queprejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de seguradosportadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. Valeressaltarqueasituaçãodosseguradosportadoresdedeficiênciaaindanão foiregulamentada.

Basicamente, a aposentadoria especial será concedida ao trabalhador(empregado,avulsoecooperado)queexerceratividadesobcondiçõesespeciaisqueprejudiquemasaúdeouaintegridadefísicadurantequinze,vinteouvinteecincoanos.Ressalte-sequeadiferençaentreosperíodosdeexposiçãodecorreexclusivamentedapotencialidadenocivadoagente.Alógicaémuitosimples:quantomaisagressivoforoagentenocivo,menorseráotempodeexposição.Por exemplo, o benefício será concedido depois de quinze anos para oindivíduo que exerça atividade permanente em subsolo de mineraçõessubterrâneas em frente de produção (nocividade máxima). De outro lado, sealguém trabalha com arsênio, poderá se aposentar após vinte anos. Por

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conseguinte, infere-se que, na aposentadoria especial, não existe diferença detempoentrehomensemulheres.

Após a Lei n. 9.032/95, deixou de ser possível o enquadramento daatividade como especial em razão da categoria profissional. Até então, osimplesfatodealguémtersidocontratado,porexemplo,paraexerceratividadecomo engenheiro já garantiria o direito ao benefício, independentemente dascondições em que o trabalho era exercido. Atualmente (desde a Lei n.9.032/95), existe a necessidade de demonstração efetiva da exposição dotrabalhador aos agentes prejudiciais à saúde de forma efetiva, habitual epermanente.Apropósito,aTNUeditouaSúmula49:“Parareconhecimentodecondição especial de trabalho antes de 29-4-1995, a exposição a agentesnocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de formapermanente”.

O tempo especial será comprovado mediante a apresentação do PerfilProfissiográficoPrevidenciário(PPP),umformuláriopreenchidopelaempresa(empregado),cooperativa(contribuinte individualcooperado),órgãogestordemãodeobraousindicatodacategoria(trabalhadoravulso),adependerdotipodesegurado,eentregueao trabalhadorporocasiãodarescisãodocontratodetrabalho ou da desfiliação da cooperativa, órgão gestor de mão de obra ousindicato.

Este PPP será elaborado com base em laudo técnico de condiçõesambientaisdetrabalhoexpedidopelomédicodotrabalhooupeloengenheirodesegurança do trabalho, nos termos da legislação trabalhista, devendo deleconstarinformaçãosobreousodetecnologiadeproteçãoindividualecoletiva.

Deacordocomposicionamentojurisprudencialmajoritário,ofornecimentoe/ou uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI) ou Equipamento deProteçãoColetivo (EPC)não afasta, por si só, o enquadramento da atividadecomo especial, sendo necessária a avaliação das particularidades do casoconcreto.Nessesentido,dispõeaSúmula9daTNU:“AposentadoriaEspecial– Equipamento de Proteção Individual. O uso de Equipamento de ProteçãoIndividual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição aruído,nãodescaracterizaotempodeserviçoespecialprestado”.

Atenção!Sótemdireitoaaposentadoriaespecialoseguradoqueexerceu,otempo todo, atividade especial.Não há a necessidade de trabalhar namesmaatividade,masotempotododeveserenquadradocomoespecial.

A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições

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especiaisobedecerãoaodispostonalegislaçãoemvigornaépocadaprestaçãodoserviço,hajavistaoprincípiotempusregitactum. Inclusive,nessesentido,foieditadaaSúmula49daTNU:“Parareconhecimentodecondiçãoespecialde trabalho antes de 29-4-1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou àintegridadefísicanãoprecisaocorrerdeformapermanente”.

De acordo com o art. 66 do Decreto n. 3.048/99, para o segurado quehouver exercido sucessivamente duas oumais atividades sujeitas a condiçõesespeciais prejudiciais à saúde ou à integridade física, sem completar emqualquer delas o prazo mínimo exigido para a aposentadoria especial, osrespectivos períodos serão somados após conversão, conforme tabela abaixo,consideradaaatividadepreponderante:

TEMPOACONVERTERMULTIPLICADORES

PARA15 PARA20 PARA25

De15anos – 1,33 1,67

De20anos 0,75 – 1,25

De25anos 0,60 0,80 –

Exemplificando a tabela acima, se Sérgio trabalhou durante seis anos emumaatividadequelhegarantiriaaposentadoriaespecialaosvinteanosedepoispassou a trabalhar em uma atividade também especial, mas que vai lheproporcionarobenefícioaosvinteecincoanos,qualseráo temponecessáriopara que ele possa se aposentar nesta segunda atividade? Segundo a tabelaacima colacionada, aplica-se o multiplicador 1,25 sobre os seis anos, o queresultaem7,5anos.Dessa forma,Sérgionecessitaria trabalharpormais17,5anos,enãopordezenoveanos.

Também é possível a conversão de tempo especial em tempo comum, deacordocomoart.70doDecreton.3.048/99.Entretanto,essaconversãonãodáensejo ao benefício de aposentadoria especial (mas, sim, à aposentadoria portempo de contribuição), afinal, conforme já salientado, só tem direito àaposentadoria especial o indivíduo que conta exclusivamente com tempo

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especial. A tabela para conversão de tempo de atividade sob condiçõesespeciaisemtempodeatividadecomuméaseguinte:

TEMPOACONVERTERMULTIPLICADORES

MULHER(PARA30) HOMEM(PARA35)

De15anos 2,00 2,33

De20anos 1,50 1,75

De25anos 1,20 1,40

Usando a tabela acima, vamos ao seguinte exemplo: Marcelo trabalhoudurante dez anos em uma atividade especialmodalidade 25 anos. Após esseperíodo, Marcelo desligou-se do trabalho e passou a exercer uma atividadecomum.Quanto tempoeleprecisaria trabalharnestaatividadecomumparaseaposentar?Bastamultiplicarmososdezanosdetempoespecialpeloíndice1,4.Portanto, Marcelo precisaria trabalhar por mais vinte e um anos para seaposentar por tempo de contribuição depois de trinta e cinco anos decontribuição.

Atenção:comovimosnosparágrafosanteriores,épossívelaconversãode:tempoespecialemtempoespecial–art.66doDecreton.3.048/99;tempoespecialemtempocomum–art.70doDecreton.3.048/99;nãoépossívelaconversãodetempocomumemespecial!DeacordocomaSúmula50daTNU,épossívelaconversãodotempode

serviçoespecialemcomumdotrabalhoprestadoemqualquerperíodo.Acarênciaexigidaparaestebenefícioéde180contribuiçõesmensais,de-

vendo-selembrarqueoart.142daLein.8.213/91trazumatabelaquedeveseraplicadaparaaquelesseguradosqueingressaramnoRGPSantesdestalei.

O art. 3º da Lei n. 10.666/2003 determina que a perda da qualidade desegurado não será considerada para a concessão da aposentadoria especial.Portanto,bastaqueo indivíduopossuao tempoespecial eacarênciapara terdireitoaobenefício.

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O valor da aposentadoria especial equivale a 100% do SB (salário debenefício), lembrando que, no cálculo do SB, não será utilizado o fatorprevidenciário.

Oiníciodopagamentodobenefícioocorre:I–aoseguradoempregado,apartir:a)dadatadodesligamentodoemprego,quandorequeridaatéessadataou

até90diasdepoisdela;oub)dadatado requerimento,quandonãohouverdesligamentodoemprego

ouquandoforrequeridaapósoprazoprevistonasituaçãoanterior;II–paraosdemaissegurados,dadatadaentradadorequerimento.Otérminodobenefícioacontececomamortedosegurado,gerandopensão

por morte caso existam dependentes, e será suspenso com o retorno a umaatividade especial. Veja que o aposentado não está proibido de retornar aotrabalho,desdequenãosetratedeatividadeconsideradaespecial.

4.AposentadoriaporidadeAaposentadoriaporidadeestáprevistanosarts.48a51daLein.8.213/91

enosarts.51a54doDecreton.3.048/99,sendodevidaa todosos tiposdesegurados,obrigatóriosefacultativos.

Este benefício exige, como idade mínima para sua concessão, de acordocomoart.201,§7º,II,daCF/88:homens:65anos;mulheres:60anos.Essesprazosserãoreduzidosemcincoanosparaostrabalhadoresrurais

de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime deeconomiafamiliar,nestesincluídosoprodutorrural,ogarimpeiroeopescadorartesanal.

A carência exigida é de 180 contribuiçõesmensais. O art. 142 da Lei n.8.213/91 traz uma tabela que deve ser aplicada para aqueles segurados queingressaramnoRGPSantesdestalei.

Deacordocomoart.48,§2º,daLein.8.213/91,otrabalhadorrural(aquiincluídosoempregado,contribuinteindividualetrabalhadoravulso,bemcomoo segurado especial) deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural,ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior aorequerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de

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contribuiçãocorrespondenteàcarênciadobenefíciopretendido.Otempodeatividaderuraldeverá,parasuacomprovação,contarcominício

deprovamaterial,ouseja,dedocumentosproduzidoscontemporaneamenteaoperíodoasercomprovado,mesmoquedemaneiradescontínua(art.106daLein.8.213/91).Portanto,nãoseadmiteaprovaexclusivamentetestemunhal.

O art. 143 da Lei n. 8.213/91 determinou que o empregado rural, ocontribuinte rural e o segurado especial poderiam requerer aposentadoria poridade,novalordeumsaláriomínimo,durantequinzeanos,contadosapartirdadata de vigência dessa lei, desde que comprovassemo exercício de atividaderural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior aorequerimentodobenefício,emnúmerodemesesidênticoàcarênciadoreferidobenefício.

Depois de esta regra ter sido prorrogada sucessivas vezes, a Lei n.11.718/2008trouxenovaregulamentaçãoapenasemrelaçãoaosempregadosecontribuintes individuais rurais.Deacordocomoart.3ºdessa lei, apartirde2011 e até 2015, esses segurados deverão recolher quatro contribuições porano;de2016até2020,deverãocomprovarorecolhimentodeseiscontribuiçõespor ano, e, a partir de 2021, seguirão a regra de doze contribuições por ano.Atenção! Esta nova regra citada acima, trazida pela Lei n. 11.718/2008, nãoatingeosseguradosespeciais!

Oart.3º,§3º,daLein.10.666/2003dispõequeaperdadaqualidadenãoseráconsideradaparaaconcessãodessebenefício,desdequeoseguradocontecom, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido paraefeito de carência na data do requerimento do benefício. Por exemplo: Joãotrabalhouerecolheucontribuiçõesdeformaininterruptados35aos50anosdeidade. No momento em que João completar 65 anos, poderá requerer aaposentadoriaporidade,mesmonãoostentandomaisaqualidadedesegurado.

O valor do benefício é de 70% mais 1% para cada grupo de 12contribuições,atéomáximode100%doSB(saláriodebenefício).NocálculodoSB,ofatorprevidenciáriosóseráutilizadoseforbenéficoaosegurado.

Oiníciodopagamentodobenefícioocorre:I–aoseguradoempregadoeempregadodoméstico,apartir:a)dadatadodesligamentodoemprego,quandorequeridaatéessadataou

até90diasdepoisdela;oub)dadatado requerimento,quandonãohouverdesligamentodoemprego

ouquandoforrequeridaapósoprazoprevistonasituaçãoanterior;

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II–paraosdemaissegurados,dadatadaentradadorequerimento.Otérminodobenefíciosedarácomamortedosegurado,gerandopensão

pormortecasoexistamdependentes.A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o

segurado empregado tenha cumprido o período de carência e completado 70anosde idade,sedosexomasculino,ou65anos,sedosexofeminino,sendocompulsória, hipótese em que será garantida ao empregado a indenizaçãoprevista na legislação trabalhista, considerada como data da rescisão docontratodetrabalhoaimediatamenteanterioràdoiníciodaaposentadoria.

Finalmente, saliente-sequeo INSSnãoacolhea renúnciaàaposentadoria(desaposentação)emrazãododispostonoart.181-BdoDecreton.3.048/99.Para o Judiciário, este assunto está pendente de julgamento, no STF, do RE381.367.

5.AposentadoriaporinvalidezPrevistonosarts.42a47daLein.8.213/91enosarts.43a50doDecreto

n.3.048/99,estebenefícioépagoatodosostiposdesegurados,obrigatóriosefacultativos.

Para tanto, é necessário que a perícia médica conclua pela existência deincapacidade total e definitiva para o trabalho, bem como pelaimpossibilidade da reabilitação profissional. O benefício será devidoenquantooseguradopermanecernestacondição.Portanto,aaposentadoriaporinvalideznãoévitalícia!

Atenção!De acordo com aSúmula 47 daTNU, uma vez reconhecida aincapacidadeparcialparaotrabalho,ojuizdeveanalisarascondiçõespessoaisesociaisdoseguradoparaaconcessãodeaposentadoriaporinvalidez.

Ressalte-sequeaaposentadoriaporinvalideznãoprecisaserprecedidaporumauxílio-doença.Sedesdeoinícioaincapacidadeétotalepermanenteparaqualquer trabalho, a aposentadoria por invalidez deve ser concedidadiretamente.

Adoençaoulesãodequeoseguradojáeraportadoraofiliar-seaoregimegeral de previdência social não lhe conferirá direito à aposentadoria porinvalidez,salvoquandoaincapacidadesobrevierpormotivodeprogressãoouagravamento dessa doença ou lesão. Aqui, a legislação deixa bem clara adiferençaentredoença, lesãoe incapacidade.A ideiaé simples:umseguradopoderá receberaposentadoriapor invalidezemrazãodeumadoençaou lesão

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queele jápossuía antesde se filiar àprevidência, desdeque a incapacidadesejaposterioràfiliação.Quandoelesefiliou,estavadoente,masnãoincapaz!Devido,portanto,obenefício!

Acarênciaexigidaparaestebenefíciodependerádo eventogeradordaincapacidade,nosseguintestermos:a)Seaincapacidadedecorrerdeumacidentedequalquernatureza,oudeuma

doençaprofissionaloudoençadotrabalho,nãoseexigecarência.b)Tambémnão se exigecarênciaquandoo seguradoé acometidodealguma

dasdoençaseafecçõesespecificadasemlistaelaboradapelosMinistériosdaSaúde e doTrabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordocom os critérios de estigma, deformação,mutilação, deficiência, ou outrofator que lhe confira especificidade e gravidade quemereçam tratamentoparticularizado. São exemplos de doenças que isentam a carência:tuberculose ativa; hanseníase; alienação mental; neoplasia maligna;cegueira;paralisiairreversíveleincapacitante;cardiopatiagrave;doençadeParkinson;espondiloartroseanquilosante;nefropatiagrave;estadoavançadoda doença de Paget (osteíte deformante); Síndrome da DeficiênciaImunológicaAdquirida –Aids; contaminação por radiação, com base emconclusãodamedicinaespecializada,ehepatopatiagrave.

c) Em qualquer outra hipótese, será exigida carência de 12 contribuições.Portanto,acobrançadecarênciaocorreráporexclusão:senãoocorreremrazão das duas situações previstas acima, serão necessárias 12contribuições.Ex.:hérniadediscoquedeuensejoàincapacidade.Diferentemente das três aposentadorias abordadas nos itens anteriores

(aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial eaposentadoria por idade), na aposentadoria por invalidez, não se aplica odisposto no art. 3º, § 3º, daLei n. 10.666/2003.Dessa forma, será exigida aqualidadedeseguradoparaodeferimentodobenefício.

Ovalordobenefícioéde100%doSB(saláriodebenefício).O art. 45 da Lei n. 8.213/91 prevê o que a doutrina chama deGrande

Invalidez. Trata-se de um acréscimo de 25% ao benefício do segurado quenecessitardaassistênciapermanentedeoutrapessoa.Esseacréscimoapresentaduaspeculiaridadesimportantes:1ª)eleédevidoaindaqueovalordaaposentadoriasupereotetoprevidenciário.

Ex.: segurado recebe R$ 3.200,00 de aposentadoria e comprova quenecessita da assistência de outra pessoa; receberá um acréscimo de R$

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800,00 no benefício, totalizandoR$ 4.000,00, valor superior ao atual tetoprevidenciário(R$3.916,20);

2ª)trata-sedeumbenefíciopersonalíssimo,quenãosetransfereparaapensãopormorte.Vamos a um exemplo: um aposentado por invalidez recebia oacréscimo de 25% relativo à grande invalidez, o que resultava em umbenefíciototaldeR$1.250,00.Seelefalecer,ovalordapensãopormorteseráR$1.000,00.OAnexoIdoDecreton.3.048/99prevêarelaçãodassituaçõesemqueo

aposentadoporinvalidezterádireitoàmajoraçãode25%:1–Cegueiratotal.2–Perdadenovededosdasmãosousuperioraesta.3–Paralisiadosdoismembrossuperioresouinferiores.4 – Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for

impossível.5–Perdadeumadasmãosededoispés,aindaqueaprótesesejapossível.6 – Perda de ummembro superior e outro inferior, quando a prótese for

impossível.7 – Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida

orgânicaesocial.8–Doençaqueexijapermanênciacontínuanoleito.9–Incapacidadepermanenteparaasatividadesdavidadiária.Oiníciodopagamentodobenefícioocorre:I – Se o segurado estava recebendo auxílio-doença, a aposentadoria por

invalidezserádevidaapartirdodiaimediatoaodacessaçãodoauxílio-doença.II–Seoseguradonãoestavarecebendoauxílio-doença:a)aoempregado,acontardo16ºdiadoafastamentodaatividadeouapartir

daentradadorequerimento,seentreoafastamentoeaentradadorequerimentodecorreremmaisde30dias;

b) ao empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual,especialefacultativo,acontardadatadoiníciodaincapacidadeoudadatadaentradadorequerimento,seentreessasdatasdecorreremmaisde30dias.

Durante os primeiros 15 dias de afastamento da atividade por motivo deinvalidez,caberáàempresapagarosaláriodoempregado.

Otérminodobenefíciosedará:1) com a morte do segurado, gerando pensão por morte caso existam

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dependentes;2)peloretornovoluntárioaotrabalho,semaautorizaçãodaperícia,casoem

queobenefíciocessarádeimediato,nadatadoretorno;3)comarecuperaçãodacapacidade,determinadapelaperícia,casoemqueo

benefício não cessará de imediato, e sim nos termos dos parágrafosseguintes.Quandoarecuperação:

a) for total e ocorrer dentro de cinco anos, contados da data do início daaposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu seminterrupção,obenefíciocessará: de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar àfunçãoquedesempenhavanaempresaquandoseaposentou,naformadalegislaçãotrabalhista,valendocomodocumento,paratalfim,ocertificadodecapacidadefornecidopelaprevidênciasocial;ouapóstantosmesesquantosforemosanosdeduraçãodoauxílio-doençaoudaaposentadoriaporinvalidez,paraosdemaissegurados;

b) for parcial, ou total, mas ocorrer após cinco anos, ou ainda quando oseguradofordeclaradoaptoparaoexercíciodetrabalhodiversodoqualha-bitualmenteexercia,aaposentadoriaserámantida,semprejuízodavoltaàatividade: no seu valor integral, durante 6 meses contados da data em que forverificadaarecuperaçãodacapacidade;comreduçãode50%,noperíodoseguintede6meses;comreduçãode75%,tambémporigualperíodode6meses,aotérminodoqualcessarádefinitivamente.

Emboraoaposentadotenhaaobrigaçãodesesubmeteraexamesperiódicos(bienais), o INSSnãopode exigir que ele se submeta a transfusãode sanguenemacirurgia.

6.Auxílio-doençaPrevistonosarts.59a63daLein.8.213/91enosarts.71a80doDecreto

n.3.048/99,estebenefícioédevidoatodosostiposdesegurados,obrigatóriosefacultativos.

A concessão do auxílio-doença, evidentemente, pressupõe que a períciamédica concluapela existênciade incapacidadeparao trabalhoouparaa

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atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. O benefício serámantidoativoenquantoo seguradopermanecernesta condição.Portanto,nãohá prazomáximo para o pagamento do auxílio-doença.Enquanto o seguradopermanecer nesta condição de incapacidade para o trabalho ou atividadehabitual,obenefíciocontinuarásendodevido.

Assim como ocorre na aposentadoria por invalidez, a doença ou lesão dequeoseguradojáeraportadoraofiliar-seaoregimegeraldeprevidênciasocialnão lhe conferirá direito ao auxílio-doença, salvo quando a incapacidadesobrevierpormotivodeprogressãoouagravamentodessadoençaoulesão.Oseguradopode chegar a receber auxílio-doençadecorrente deumadoençaoulesão que ele já possuía antes de se filiar à previdência, desde que aincapacidadesejaposterioràfiliação.

Deacordocomoart.76doDecreton.3.048/99,aprevidênciasocialdeveprocessar de ofício o benefício, quando tiver ciência da incapacidade dosegurado,semqueestetenharequeridoauxílio-doença.

Acarência exigidapara estebenefíciodependerádoeventogeradordaincapacidade,nosmesmostermosdaaposentadoriaporinvalidez.

Oauxílio-doençadoseguradoqueexercermaisdeumaatividadeabrangidapelaprevidênciasocialserádevidomesmonocasodeincapacidadeapenasparaoexercíciodeumadelas,devendoaperíciamédicaserconhecedoradetodasasatividades que este estiver exercendo. Nesse caso, o auxílio-doença seráconcedidoemrelaçãoàatividadeparaaqualoseguradoestiver incapacitado,considerando-se, para efeito de carência, somente as contribuições relativas aessa atividade. Vale ressaltar que, nesta situação, o valor do auxílio-doençapoderá ser inferior ao salário mínimo, desde que, somado às demaisremuneraçõesrecebidas,resultevalorsuperioraeste.

Quando o segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitardefinitivamente para uma delas, deverá o auxílio-doença ser mantidoindefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria porinvalidez,enquantoessaincapacidadenãoseestenderàsdemaisatividades.

Seráexigidaaqualidadedeseguradoparaodeferimentodobenefício.Ovalordobenefícioéde91%doSB(saláriodebenefício).Oiníciodopagamentodobenefícioocorre:

a)aoempregado,acontardo16ºdiadoafastamentodaatividadeouapartirdaentradadorequerimento,seentreoafastamentoeaentradadorequerimentodecorreremmaisde30dias;

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b) ao empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual,especialefacultativo,acontardadatadoiníciodaincapacidadeoudadatadaentradadorequerimento,seentreessasdatasdecorreremmaisde30dias.Duranteosprimeirosquinzediasdeafastamentodaatividadepormotivode

auxílio-doença, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o saláriointegral.OSTJentendequenãoincidiráacontribuiçãopatronalnestesquinzedias, tendo em vista a natureza indenizatória e não remuneratória da verba(REsp1.107.898).

O segurado empregado emgozo de auxílio-doença será considerado, pelaempresa, como licenciado. Caso a empresa garanta ao segurado licençaremunerada,ficaráobrigadaapagar-lhe,duranteoperíododeauxílio-doença,aeventualdiferençaentreovalordesteeaimportânciagarantidapelalicença.

Otérminodobenefíciosedará:1) com a morte do segurado, gerando pensão por morte caso existam

dependentes;2)pelarecuperaçãodacapacidade,determinadapelaperícia.

Atualmente,estáemvigoroinstitutoconhecidocomo“altaprogramada”ou“COPES – Cobertura Previdenciária Estimada”, em que o INSS poderádeterminar o prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidadepelosegurado,dispensandoarealizaçãodenovaperícia.

No entanto, caso o prazo estipulado pela perícia médica não tenha sidosuficiente para a recuperação do segurado, este poderá, nos quinze diasanteriores à alta programada, solicitar a realização de nova perícia médica,ingressandocomPedidodeProrrogação(PP)dobenefício.

Oauxílio-doençaseráconsideradocomoacidentário,ouseja,decorrentedeacidentedetrabalho,independentementedaemissãodaCAT–ComunicaçãodeAcidentedeTrabalho,quandoexistirnexoepidemiológicoentreotrabalhoeoevento,gerandoumapresunçãorelativaquepodeserimpugnadapelaempresa,já que a aplicação desse nexo terá repercussão na fixação do FAT – FatorAcidentáriodePrevençãoe, consequentemente,naalíquotadoSAT–SegurodeAcidentedoTrabalho.

7.Auxílio-acidenteOauxílio-acidenteestáprevistonoart.86daLein.8.213/91enoart.104

do Decreto n. 3.048/99, sendo devido exclusivamente aos segurados

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empregadoetrabalhadoravulsoeaoseguradoespecial.O auxílio-acidente tem natureza indenizatória e será pago ao segurado

quando,apósaconsolidaçãodaslesõesdecorrentesdeacidentedequalquernatureza,resultaremsequelasqueimpliquem:a)reduçãodacapacidadeparaotrabalhoquehabitualmenteexercia;oub) impossibilidade de desempenho da atividade que exercia à época do

acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo dereabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica doInstitutoNacionaldoSeguroSocial.Ressalte-sequeaconcessãodestebenefícioestácondicionadaà“reduçãoda

capacidade”, e não à incapacidade propriamente dita. Consequentemente, obeneficiáriopoderátrabalharereceberoauxílio-acidenteaomesmotempo.

Aperdadaaudição,emqualquergrau,somenteproporcionaodireitoaoauxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de causalidade entre otrabalho e a doença, resultar, comprovadamente, a redução ou perda dacapacidadeparaotrabalhoquehabitualmenteexercia.

Atenção!Oauxílio-acidenteserápagonãosóemdecorrênciadeacidentedetrabalho,masdeacidentedequalquernatureza.

Paraestebenefício,nãoéexigidacarência,maséprecisoqueorequerenteostenteaqualidadedesegurado.

Ovalordobenefícioéde50%doSB(saláriodebenefício),podendoserinferioraosaláriomínimo,poisnãosubstituiorendimentodotrabalhador.

O iníciodopagamentoocorre apartirdodia seguinte aodacessaçãodoauxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimentoauferidopeloacidentado.

Otérminodobenefícioacontecerá:1)comamortedosegurado;2)pelaconcessãodeumaaposentadoria. Importanteressaltarqueosvalores

recebidosa títulodeauxílio-acidente serãoconsideradoscomosaláriosdecontribuiçãoparaocálculodaaposentadoria.De acordo com o art. 124 da Lei n. 8.213/91, é vedado o recebimento

conjuntodemaisdeumauxílio-acidente.

8.Salário-famíliaOsalário-famíliaserádevido,mensalmente,aoseguradoempregado,exceto

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o doméstico, e ao trabalhador avulso que tenham salário de contribuiçãoinferiorouigualaR$915,05(novecentosequinzereaisecincocentavos),naproporção do respectivo número de filhos de até quatorze anos ou inválidos,alémdosequiparados(enteadoemenorsobtutela).Valedizer,aocontráriodoquemuitospensam,trata-sedebenefíciodosegurado,enãododependente.

Osalário-famíliaserápagomensalmente:I–aoempregado,pelaempresa,comorespectivosalário,eaotrabalhador

avulso, pelo sindicato ou órgão gestor de mão de obra, mediante convênio.Nesse caso, as cotas do salário-família, pagas pela empresa, deverão serdeduzidasquandodorecolhimentodascontribuiçõessobreafolhadesalário;

II – ao empregado e trabalhador avulso aposentados por invalidez ou emgozodeauxílio-doença,pelo InstitutoNacionaldoSeguroSocial, juntamentecomobenefício;

III–aotrabalhadorruralaposentadoporidadeaossessentaanos,sedosexomasculino, ou cinquenta e cinco anos, se do sexo feminino, pelo InstitutoNacionaldoSeguroSocial,juntamentecomaaposentadoria;e

IV – aos demais empregados e trabalhadores avulsos aposentados aossessentaecincoanosdeidade,sedosexomasculino,ousessentaanos,sedosexo feminino, pelo Instituto Nacional do Seguro Social, juntamente com aaposentadoria.

Quandoosaláriodoempregadonãoformensal,osalário-famíliaserápagojuntamentecomoúltimopagamentorelativoaomês.Deoutrolado,osalário-famíliadotrabalhadoravulsoindependedonúmerodediastrabalhadosnomês,devendooseupagamentocorresponderaovalorintegraldacota.

Atenção! O salário-família correspondente ao mês de afastamento dotrabalhoserápagointegralmentepelaempresa,pelosindicatoouórgãogestordemãodeobra,conformeocaso,eodomêsdacessaçãodebenefício,peloInstitutoNacionaldoSeguroSocial.

O valor do salário-família define-se pela renda do segurado. De acordocomaPortariaInterministerialMPS/MF2,de6-1-2012,serádeR$31,22porfilho (de até 14 anos incompletos ou inválido), para quem ganhar até R$608,80.ParaotrabalhadorquereceberdeR$608,81atéR$915,05,ovalordosalário-famíliaporfilho(deaté14anosdeidadeouinválidodequalqueridade)serádeR$22,00.

Veja-sequeobenefícioéconcedidoaoseguradodebaixarenda.Valedizer,parafinsdeconcessãodobenefício,nãoseconsideraarendadogrupofamiliar,

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e simade cada segurado considerado individualmente.Por consequência, nahipótese em que o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadoresavulsos,percebendo,cadaum,remuneraçãodeumsaláriomínimo,ambostêmdireitoaosalário-família.

Opagamentodosalário-famíliaserádevidoapartirdadatadaapresentaçãodacertidãodenascimentodofilhooudadocumentaçãorelativaaoequiparado,estando condicionado à apresentação anual de atestado de vacinaçãoobrigatória,atéseisanosdeidade,edecomprovaçãosemestraldefrequênciaàescoladofilhoouequiparado,apartirdosseteanosdeidade.Nessecontexto,impende salientar que, se o segurado não apresentar o atestado de vacinaçãoobrigatóriaeacomprovaçãodefrequênciaescolardofilhoouequiparado,nasdatasdefinidaspeloINSS,obenefícioserásuspenso,atéqueadocumentaçãosejaapresentada.Evidentemente, aprestaçãonãoédevidanoperíodoentre asuspensão do benefício motivada pela falta de comprovação da frequênciaescolar e a sua reativação, salvo se provada a frequência escolar regular noperíodo.

Ainvalidezdofilhoouequiparadomaiordequatorzeanosdeidadedeveserverificadaemexamemédico-pericialacargodaprevidênciasocial.

Tendohavidodivórcio,separaçãojudicialoudefatodospais,ouemcasode abandono legalmente caracterizado ou perda do poder familiar, o salário-famíliapassaráaserpagodiretamenteàqueleacujocargoficarosustentodomenor,ouaoutrapessoa,sehouverdeterminaçãojudicialnessesentido.

Odireitoaosalário-famíliacessaautomaticamente:I–pormortedofilhoouequiparado,acontardomêsseguinteaodoóbito;II–quandoofilhoouequiparadocompletarquatorzeanosdeidade,salvo

seinválido,acontardomêsseguinteaodadatadoaniversário;III – pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido, a

contardomêsseguinteaodacessaçãodaincapacidade;ouIV–pelodesempregodosegurado.Paraefeitodeconcessãoemanutençãodosalário-família,oseguradodeve

firmar termo de responsabilidade, no qual se comprometa a comunicar àempresaouaoINSSqualquerfatooucircunstânciaquedetermineaperdadodireitoaobenefício,ficandosujeito,emcasodenãocumprimento,àssançõespenaisetrabalhistas.

Afaltadecomunicaçãooportunadefatoqueimpliquecessaçãodosalário-família,bemcomoaprática,peloempregado,defraudedequalquernatureza

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paraoseurecebimento,autorizaaempresa,oINSS,osindicatoouórgãogestordemãodeobra,conformeocaso,adescontar,dospagamentosdecotasdevidascomrelaçãoaoutrosfilhosou,nafaltadelas,doprópriosaláriodoempregadoou da renda mensal do seu benefício, o valor das cotas indevidamenterecebidas,semprejuízodassançõespenaiscabíveis.

Atenção!Ascotasdosalário-famílianãoserãoincorporadas,paraqualquerefeito, ao salário ou ao benefício. Vamos a um exemplo: José, seguradoempregado,possuiremuneraçãodeR$910,00eumfilhodedezanosdeidade.Nesse caso, ele possui direito a uma cota de salário-família no valor de R$22,00.Se José tiverum segundo filho, a sua renda, para finsde apuraçãododireitoaobenefício,continuasendodeR$910,00,ouseja,ascotasdosalário-família não deverão ser incorporadas, para qualquer efeito, ao salário dotrabalhador.

9.Salário-maternidadeInicialmente,éimportanteressaltaradiferençaentreosalário-maternidadee

a licença-maternidade. Enquanto esta caracteriza o direito trabalhista dagestante ao repouso, aquele consiste no benefício previdenciário garantido àgestanteduranteoperíododelicença.

O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durantecentoevintedias, com iníciovinte eoitodias antes e términonoventaeumdiasdepoisdoparto (28dias+diadoparto+91dias=120dias).Emcasosexcepcionais, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto podem seraumentadosdemaisduassemanas,medianteatestadomédicoespecífico.Dessamaneira, infere-sequeobenefício,nomáximo,poderá ter centoequarentaeoitodias(nahipótesederepousoanterioreposterior).

Apesardealegislaçãoprevidenciáriapreverqueosalário-maternidadeteminíciovinteeoitodiasantesetérminonoventaeumdiasdepoisdoparto,nadaobstaqueobenefíciosejarequeridoposteriormente,desdequesejaobservadooprazo de cinco anos (prescrição), a contar da data do parto. Tratando-se deconcessãoposteriordobenefício, incidecorreçãomonetáriadesdeaépocadoparto, independentemente da data do requerimento administrativo. Nessesentido, a TNU editou a Súmula 45: “Incide correção monetária sobre osalário-maternidade desde a época do parto, independentemente da data dorequerimentoadministrativo”.

Paraacontribuinteindividualeparaafacultativa,aconcessãodobenefício

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pressupõe a carência de dez contribuiçõesmensais, a qual será diminuída nomesmonúmerodemesesemquehouveraantecipaçãodoparto.

Asseguradasempregada, trabalhadoraavulsaedomésticaestão isentasdecarênciaparafinsdepercepçãodosalário-maternidade.Portanto,aindaqueelassejam contratadas para exercer atividade remunerada no oitavo mês degestação,terãodireitoaobenefício.

Emsetratandodeseguradaespecial,obenefícioserádevido,desdequeelacomproveoexercíciodeatividaderuralnosúltimosdezmesesimediatamenteanterioresàdatadopartooudorequerimentodobenefício,quandorequeridoantesdoparto,mesmoquede formadescontínua, aplicando-se,quando forocaso,areduçãodacarênciadecorrentedaantecipaçãodoparto.

Emcasodeabortonãocriminoso,comprovadomedianteatestadomédico,aseguradaterádireitoaosalário-maternidadecorrespondenteaduassemanas.

Atenção!Emcasodepartoantecipadoounão,asegurada temdireitoaoscento e vinte dias, inclusive no caso de natimorto. Para definir a duração dobenefício, o INSS considera parto o evento ocorrido a partir da vigésimaterceirasemana(sextomês)degestação.

De acordo com o art. 71-A da Lei n. 8.213/91, o salário-maternidadetambémédevidoàseguradadaprevidênciasocialqueadotarouobtiverguardajudicialparafinsdeadoçãodecriançacomidade:

I–atéumanocompleto,porcentoevintedias;II–apartirdeumanoatéquatroanoscompletos,porsessentadias;ouIII–apartirdequatroanosatécompletaroitoanos,portrintadias.Atualmente,algunsdoutrinadoresentendemqueaconcessãoescalonadado

benefício,nahipótesedeadoção,nãomaisdeveseraplicadadepoisdaLein.12.010/2009,querevogouexpressamenteosparágrafosdoart.392-AdaCLT,osquaispreviamaduraçãoescalonadadalicença-maternidade.Nãoobstanteossólidosargumentosdessacorrentedoutrinária,porora,aindasedeveaplicarodispostonoart.71-AdaLein.8.213/91.

Sobre a concessão do benefício em virtude de adoção, impõe-se aobservânciadasseguintesregras:I)Osalário-maternidadenãoédevidoquandootermodeguardanãocontivera

observaçãodequeéparafinsdeadoçãoousócontiveronomedocônjugeoucompanheiro.

II)Paraaconcessãodosalário-maternidade,éindispensávelqueconstedanovacertidão de nascimento da criança, ou do termo de guarda, o nome da

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seguradaadotanteouguardiã,bemcomo,desteúltimo, tratar-sedeguardaparafinsdeadoção.

III) Quando houver adoção ou guarda judicial para adoção de mais de umacriança,édevidoumúnicosalário-maternidaderelativoàcriançademenoridade.

IV)Osalário-maternidadeconcedidoemvirtudedeadoçãoépagodiretamentepelaprevidênciasocial,ouseja,semaintermediaçãodaempresa.Atenção!Osalário-maternidadeédevidoàseguradaindependentementede

a mãe biológica ter recebido o mesmo benefício quando do nascimento dacriança.

Ovalordobenefíciovariaconformeaespéciedesegurada,nosseguintestermos:1) Para a segurada empregada: o salário-maternidade consiste numa renda

mensal igual à sua remuneração integral e será pago pela empresa,efetivando-se a compensação,observadoodispostono art. 248daCF/88,quando do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha desalários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, àpessoafísicaquelhepresteserviço.Segundoo art. 248daCF/88, os benefícios pagos, a qualquer título, pelo

órgãoresponsávelpeloregimegeraldeprevidênciasocial,aindaqueàcontadoTesouroNacional,eosnãosujeitosaolimitemáximodevalorfixadoparaosbenefíciosconcedidosporesseregimeobservarãooslimitesfixadosnoart.37,XI(subsídiodosMinistrosdoSTF).

Inclusive, no caso de empregos concomitantes, a segurada fará jus aosalário-maternidaderelativoacadaemprego.2)Paraatrabalhadoraavulsa:incideamesmaregraaplicávelàempregada.O

benefício consiste numa renda mensal igual à remuneração integralequivalente a um mês de trabalho. A única ressalva é que, para estasegurada,obenefícioépagodiretamentepelaprevidênciasocial.

3)Emrelaçãoàseguradaespecial:osalário-maternidadeédevidonovalordeumsaláriomínimo,anãoserqueelarecolhafacultativamentecontribuiçõescomofacultativa.

4) Para a empregada doméstica: o benefício será concedido em valorcorrespondenteaodoseuúltimosaláriodecontribuição.

5) Para as seguradas contribuinte individual e facultativa e para as quemantenham a qualidade de segurada em razão do período de graça: o

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benefício será equivalente a um doze avos da soma dos doze últimossaláriosdecontribuição,apuradosemperíodonãosuperioraquinzemeses.Osalário-maternidadedaseguradaempregadaserádevidopelaprevidência

social enquanto existir relação de emprego, observadas as regras quanto aopagamentodessebenefíciopelaempresa.

Durante o período de graça, a segurada desempregada fará jus aorecebimentodosalário-maternidadenoscasosdedemissãoantesdagravidez,ou,duranteagestação,nashipótesesdedispensaporjustacausaouapedido,situaçõesemqueobenefícioserápagodiretamentepelaprevidênciasocial.

Nos meses de início e término do salário-maternidade da seguradaempregada,osalário-maternidadeseráproporcionalaosdiasdeafastamentodotrabalho.

Odocumento comprobatório para requerimento do salário-maternidade dasegurada que mantenha esta qualidade é a certidão de nascimento do filho,excetonoscasosdeabortoespontâneo,situaçãoemquedeveráserapresentadoatestadomédico,edeadoçãoouguardaparafinsdeadoção.

O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício porincapacidade.Quandoocorrer incapacidadeemconcomitância comoperíododepagamentodosalário-maternidade,obenefícioporincapacidade,conformeo caso, deverá ser suspenso enquanto perdurar o referido pagamento, ou terásuadatadeinícioadiadaparaoprimeirodiaseguinteaotérminodoperíododecentoevintedias.

Finalmente, importa ressaltar que a segurada aposentada que retornar àatividadefarájusaopagamentodosalário-maternidade.

10.PensãopormorteTrata-se de um dos benefícios mais importantes da previdência social,

previstonosarts.74a79daLein.8.213/91enosarts.105a115doDecreton.3.048/99.

Basicamente, a pensão por morte pressupõe a observância dos seguintesrequisitos:1)Qualidadedeseguradodofalecido:emregra,nãoseráconcedidapensãopor

morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda destaqualidade, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção daaposentadoria.Nomesmosentido,dispõeaSúmula416doSTJ:“Édevida

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apensãopormorteaosdependentesdoseguradoque,apesardeterperdidoessa qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção deaposentadoriaatéadatadoseuóbito”.

2)Qualidadededependente:obviamente,apenasosdependentesprevistosnoart.16daLein.8.213/91podempleitearobenefíciodepensãopormorte.Apensãopormortesomenteserádevidaaofilhoeaoirmãocujainvalidez

tenha ocorrido antes da emancipação ou de completar a idade de vinte e umanos,desdeque reconhecidaoucomprovada,pelaperíciamédicado INSS, acontinuidadedainvalidezatéadatadoóbitodosegurado.

Ressalte-se, outrossim, que o pensionista inválido está obrigado,independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, asubmeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo dereabilitaçãoprofissionalpor elaprescrito e custeado, e tratamentodispensadogratuitamente,excetoocirúrgicoeatransfusãodesangue,quesãofacultativos.

Odependentemenorde idadeque se invalidar antesdecompletarvinte eumanosdeverásersubmetidoaexamemédico-pericial,nãoseextinguindoarespectivacota,seconfirmadaainvalidez.3)Óbito: amorte do segurado instituidor deve ser comprovada pormeio da

certidãodeóbito.Ressalte-sequeapensão tambémpoderá serconcedida,em caráter provisório, por morte presumida: a) mediante sentençadeclaratóriadeausência,expedidaporautoridadejudiciária,acontardadatadesuaemissão;b)emcasodedesaparecimentodosegurado,pormotivodecatástrofe, acidente ou desastre, a contar da data da ocorrência,medianteprovahábil.Poróbvio,verificadooreaparecimentodosegurado,opagamentodapensão

cessa imediatamente, ficando os dependentes desobrigados da reposição dosvaloresrecebidos,salvomá-fé.

Importa ressaltarquea concessãodapensãopormortenão seráproteladapela falta de habilitação de outro possível dependente e que qualquerhabilitação posterior, que importe em exclusão ou inclusão de dependente,somenteproduziráefeitosacontardadatadahabilitação.

Apensãopormorteserádevidaacontardadata:I)doóbito,quandorequeridoatétrintadiasdepoisdeste;II)do requerimento,quando requeridaapósoprazode trintadiascontadodo

óbitodoinstituidor.Nessecaso,serãoaplicadososdevidosreajustamentosnovalordobenefícioatéadatadeiníciodopagamento.Porexemplo:seum

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segurado faleceu em 2009, e o dependente requereu o benefícioadministrativamente em 2012, o início do pagamento será a data dorequerimento administrativo. Porém, o valor do benefício não ficarácongelado,sendodevidaaincidênciadeíndicesdereajustesaté2012.

III)dadecisãojudicial,nocasodemortepresumida.Ovalormensaldapensãopormorte serádecemporcentodovalorda

aposentadoriaqueoseguradorecebiaoudaquelaaqueteriadireitoseestivesseaposentadoporinvalideznadatadeseufalecimento.

O benefício de pensão por morte cessará pelo óbito do beneficiário esemprequeeleperderaqualidadededependente.Assim,porexemplo,quandoum filho completa vinte e um anos, ele perde a condição de dependente e,consequentemente, o direito ao benefício, oportunidade em que a sua cota-parte,eventualmente,reverteráemfavordosdependentesremanescentes.

11.Auxílio-reclusãoOauxílio-reclusãoserádevido,nasmesmascondiçõesdapensãopormorte,

aosdependentesdoseguradodebaixarendaquetenhasidorecolhidoàprisãoeque não esteja recebendo remuneração da empresa nem em gozo de auxílio-doença,aposentadoriaouabonodepermanênciaemserviço.

Em relação ao requisito dabaixarenda, o qual passou a ser exigido porforçadaEmendaConstitucionaln.20/98,oSTFconfirmouoentendimentodoINSSnosentidodequea rendadoseguradopresoéaquedeveserutilizadacomo parâmetro para a concessão do benefício, e não a de seus dependentes(RE587365).

Atualmente, considera-se segurado de baixa renda aquele cujo últimosaláriodecontribuiçãosejainferiorouigualaR$915,05(novecentosequinzereais e cinco centavos). Vamos a um exemplo! No dia em que Mateus foirecolhido à prisão, percebia remuneraçãomensal de R$ 900,00. Nesse caso,cumpridos os demais requisitos legais, seus dependentes terão direito aoauxílio-reclusão.Entretanto,seMateustivesseremuneraçãodeR$915,06,nãoseria devida a concessão do auxílio-reclusão para os seus familiaresdependentes.

Evidentemente, é devido auxílio-reclusão aos dependentes do seguradoquandonãohouversaláriodecontribuiçãonadatadoseuefetivorecolhimentoàprisão,desdequemantidaaqualidadedesegurado.

Ofatogeradordoauxílio-reclusãoéo recolhimentodoseguradoàprisão,

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tanto que o seu requerimento deve ser instruído com certidão de efetivorecolhimentofirmadapelaautoridadecompetente.

Aocontráriodoqueanomenclaturadobenefíciopossasugerir,trata-sedeprestaçãodevidatambémnahipótesededetenção.

Quantoaosregimesprisionais,oauxílio-reclusãoédevido,apenas,duranteoperíodoemqueoseguradoestiverrecolhidoàprisãosobregimefechadoousemiaberto.

O auxílio-reclusão serámantido enquanto o segurado permanecer detentoourecluso.ParaqueoINSStenhaconhecimentosobreasituaçãodoseguradoinstituidor, exige-se que o beneficiário apresente trimestralmente atestado dequeoseguradocontinuadetidoourecluso,firmadopelaautoridadecompetente.

Na hipótese de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura dosegurado, será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde queaindamantidaaqualidadedesegurado.Sehouverexercíciodeatividadedentrodoperíododefuga,esteseráconsideradoparaaverificaçãodaperdaounãodaqualidadedesegurado.

Évedadaaconcessãodoauxílio-reclusãoapósasolturadosegurado.Adatadeiníciodobenefícioserá fixadanadatadoefetivorecolhimento

do seguradoàprisão, se requerido até trintadiasdepoisdesta, ounadatadorequerimento,seposterior.

Atenção! Nos termos do art. 2º da Lei n. 10.666/2003, o exercício deatividade remunerada pelo segurado recluso que contribuir na condição decontribuinte individual ou facultativo não acarreta a perda do direito aorecebimentodoauxílio-reclusãoparaseusdependentes.

Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão que estiversendopagoseráautomaticamenteconvertidoempensãopormorte.

12.QuadrocomparativodosbenefíciosprevidenciáriosdoRGPSParamelhormemorização, a seguir apresentamosumquadro comparativo

contendoinformaçõessobreosbenefíciosprevidenciários.

APOSENTADORIA

PORTEMPODE

CONTRIBUIÇÃO

APOSENTADORIAPORIDADE

APOSENTADORIAESPECIAL

APOSENTADORIAPORINVALIDEZ

Fundamentação Arts.52a56da Arts.48a51da Arts.57e58da Arts.42a47daLei

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legal Lein.8.213/91.Arts.56a63do

Decreton.3.048/99.

Lein.8.213/91.Arts.51a54do

Decreton.3.048/99.

Lein.8.213/91.Arts.64a70do

Decreton.3.048/99.

n.8.213/91.Arts.43a50do

Decreton.3.048/99.

Beneficiários Todosostiposdesegurados.

Atenção:a)Seguradoespecialsóterádireitoaestebenefíciosecontribuir,adicionalmente,comocontribuinteindividual.

b)AquelesqueoptarempeloPlanodePrevidênciaSimplificadonãoterãodireitoaestebenefício.

Todosostiposdesegurados.

Seguradosempregado,trabalhadoravulsoecontribuinteindividualcooperado.

Todosostiposdesegurados.

Pressupostosbásicos

Tempodecontribuiçãomínimo:

35anosparahomens.30anospara

mulheres.

Idademínimade:65anos–

homemurbano.60anos–mulher

urbana.Reduçãode5anosparatrabalhadoresrurais,incluídososeguradoespecial,oprodutorrural,ogarimpeiroeopescadorartesanal,deambosossexos.

Trabalhosobcondiçõesprejudiciaisàsaúdeouàintegridadefísicapor15,20ou25anos.

Doençaouacidentedequalquernatureza,causandoincapacidadetotaledefinitivaparaotrabalhoouatividadehabitual,einsuscetíveldereabilitação.

Carência 180contribuiçõesouatabeladoart.142daLein.8.213/91paraaquelesseguradosqueingressaramnoRGPSantesdaLein.8.213/91.

180contribuiçõesouatabeladoart.142daLein.8.213/91paraaquelesseguradosqueingressaramnoRGPSantesdaLein.8.213/91.

180contribuiçõesouatabeladoart.142daLein.8.213/91paraaquelesseguradosqueingressaramnoRGPSantesdaLein.8.213/91.

Dependedoeventocausadordaincapacidade:

1)sedecorrentedeacidentedequalquernaturezaoudoençadotrabalhooudoençaprofissional:nãotemcarência.

2)sedecorrentededoençagrave:nãotemcarência.

3)sedecorrentedeoutrassituaçõesquenãoasduasanteriores:12contribuições.

Valordobenefício

100%dosaláriodebenefício,comaaplicação

70%mais1%paracadagrupode12contribuições

100%dosaláriodebenefício.

100%dosaláriodebenefício.

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obrigatóriadofatorprevidenciário.

mensais,até100%doSB.Éfacultativaa

aplicaçãodofatorprevidenciário.

Iníciodobenefício

Ocorre:

I–aoseguradoempregadoeempregadodoméstico,apartir:

a)dadatadodesligamentodoemprego,quandorequeridaatéessadataouaté90diasdepoisdela;ou

b)dadatadorequerimento,quandonãohouverdesligamentodoempregoouquandoforrequeridaapósoprazoprevistonasituaçãoanterior;

II–paraosdemaissegurados,dadatadaentradadorequerimento.

Ocorre:

I–aoseguradoempregadoeempregadodoméstico,apartir:

a)dadatadodesligamentodoemprego,quandorequeridaatéessadataouaté90diasdepoisdela;ou

b)dadatadorequerimento,quandonãohouverdesligamentodoempregoouquandoforrequeridaapósoprazoprevistonasituaçãoanterior;

II–paraosdemaissegurados,dadatadaentradadorequerimento.

Ocorre:

I–aoseguradoempregado,apartir:

a)dadatadodesligamentodoemprego,quandorequeridaatéessadataouaté90diasdepoisdela;ou

b)dadatadorequerimento,quandonãohouverdesligamentodoempregoouquandoforrequeridaapósoprazoprevistonasituaçãoanterior;

II–paraosdemaissegurados,dadatadaentradadorequerimento.

I–Seoseguradoestavarecebendoauxílio-doença,aaposentadoriaporinvalidezserádevidaapartirdodiaimediatoaodacessaçãodoauxílio-doença.

II–Seoseguradonãoestavarecebendoauxílio-doença:

a)aoempregado,acontardo16ºdiadoafastamentodaatividadeouapartirdaentradadorequerimento,seentreoafastamentoeaentradadorequerimentodecorreremmaisde30dias;

b)aoempregadodoméstico,trabalhadoravulso,contribuinteindividual,especialefacultativo,acontardadatadoiníciodaincapacidadeoudadatadaentradadorequerimento,seentreessasdatasdecorreremmaisde30dias.

Términodobenefício

Mortedobeneficiário.

Mortedobeneficiário.

Mortedobeneficiário.Serásuspenso

comoretornooumanutençãodoseguradoematividadesobcondiçõesespeciais.

a)mortedobeneficiário.

b)retornovoluntárioàatividadelaborativa.

c)recuperaçãodacapacidadelaborativaatestadapormédicoperito.

Observações Lein.10.666/2003:perdadaqualidadedeseguradonãoseráconsideradaparaaconcessãodobenefício.Professoresde

Lein.10.666/2003:aperdadaqualidadedeseguradonãoseráconsideradaparaaconcessãodeaposentadoriaporidade,desdequeotrabalhador

1)Otrabalhadordeverácomprovar,alémdotempodetrabalho,efetivaexposiçãoaosagentesnocivospeloperíodoexigidoparaaconcessãodobenefício(15,20

1)Nãoépré-requisitoparaorecebimentodaaposentadoriaporinvalidezopagamentoanteriordeauxílio-doença.2)Adoençaoulesãodequeoseguradojáeraportadoraofiliar-seao

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ensinobásico,fundamentalemédiopodempediraposentadoriaapós30anos(homens)e25anos(mulheres)decontribuição.Aposentadoria

portempodecontribuiçãoproporcionalfoiextintapelaECn.20/98,sósendopossívelsuaconcessãoemrazãoderegradetransição.

tenhacumpridootempomínimodecontribuiçãoexigido.

ou25anos).2)AcomprovaçãodotempoespecialseráfeitapormeiodoPerfilProfissiográficoPrevidenciário(PPP).3)Acaracterizaçãoeacomprovaçãodotempodeatividadesobcondiçõesespeciaisobedecerãoaodispostonalegislaçãoemvigornaépocadaprestaçãodoserviço.

regimegeraldeprevidênciasocialnãolheconferirádireitoàaposentadoriaporinvalidez,salvoquandoaincapacidadesobrevierpormotivodeprogressãoouagravamentodessadoençaoulesão.3)Seobeneficiárionecessitardeassistênciapermanentedeoutrapessoa(AnexoIdoDecreton.3.048/99),ovalordaaposentadoriaseráaumentadoem25%e,nestecaso,poderásuperarotetoprevidenciário.Éachamadagrandeinvalidez.

AUXÍLIO-DOENÇA AUXÍLIO-ACIDENTE SALÁRIO-FAMÍLIA SALÁRIO-

MATERNIDADE

Fundamentaçãolegal

Arts.59a63daLein.8.213/91.Arts.71a80do

Decreton.3.048/99.

Art.86daLein.8.213/91.Art.104do

Decreton.3.048/99.

Arts.65a70daLein.8.213/91.Arts.81a92do

Decreton.3.048/99.

Arts.71a73daLein.8.213/91.Arts.93a103do

Decreton.3.048/99.

Beneficiários Todosostiposdesegurados.

Segurados:empregado,trabalhadoravulsoeseguradoespecial.

Osseguradosempregadoetrabalhadoravulso,desdequedebaixarenda.Oaposentadoporinvalidezouporidadeeosdemaisaposentadoscom65anosoumaisdeidade,sedosexomasculino,ou60anosoumais,sedofeminino,terãodireitoaosalário-família,pagojuntamentecomaaposentadoria.

Todosostiposdeseguradas.

Pressupostosbásicos

Incapacidadeparaotrabalhoouparaaatividadehabitualdecorrentededoençaouacidente,pormaisde15diasconsecutivos.

Apósconsolidaçãodaslesõesdecorrentesdeacidentedequalquernatureza,resultaremsequelasqueimpliquem:a)reduçãoda

Existênciadefilhoouequiparadodequalquercondição,até14anosdeidadeouinválidodequalqueridade.

Nascimentodefilho,adoçãoouguardaparafinsdeadoção.

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capacidadeparaotrabalhoquehabitualmenteexercia;oub)impossibilidadededesempenhodaatividadequeexerciaàépocadoacidente,porémquepermitaodesempenhodeoutra,apósprocessodereabilitaçãoprofissional.

Carência Dependedoeventocausadordaincapacidade:1)Sedecorrentedeacidentedequalquernaturezaoudoençadotrabalhooudoençaprofissional:nãotemcarência.2)Sedecorrentededoençagrave:nãotemcarência.3)Sedecorrentedeoutrassituaçõesquenãoasduasanteriores:12contribuições.

Nãotem. Nãotem. Empregada,empregadadomésticaetrabalhadoraavulsa:nãotem.Contribuinte

individualefacultativa:10contribuições.Segurada

especial:deverácomprovarefetivoexercíciodaatividaderuralpor10meses.Seonascimento

forprematuro,acarênciaseráreduzidanomesmonúmerodemesesemqueopartofoiantecipado.

Valordobenefício

91%dosaláriodebenefício.

50%dosaláriodebenefício.

Fixadoanualmenteporportaria.

Empregada:valorintegraldaremuneraçãomensal.Trabalhadora

avulsa:remuneraçãointegralequivalenteaummêsdetrabalho.Empregada

doméstica:oequivalenteaoúltimosaláriodecontribuição.Contribuinte

individualeafacultativa:oequivalentea1/12dasomados12últimossaláriosdecontribuição

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apuradosemumperíododenomáximo15meses.Asegurada

especialterádireitoaumsaláriomínimo,senãocontribuiucomocontribuinteindividual.

Iníciodobenefício

a)aoempregado,acontardo16ºdiadoafastamentodaatividadeouapartirdaentradadorequerimento,seentreoafastamentoeaentradadorequerimentodecorreremmaisde30dias;b)aoempregadodoméstico,trabalhadoravulso,contribuinteindividual,especialefacultativo,acontardadatadoiníciodaincapacidadeoudadatadaentradadorequerimento,seentreessasdatasdecorreremmaisde30dias.

Apartirdodiaseguinteaodacessaçãodoauxílio-doença,independentementedequalquerremuneraçãoourendimentoauferidopeloacidentado.

Apresentaçãodosdocumentosexigidos.

Términodobenefício

a)comamortedosegurado,gerandopensãopormortecasoexistamdependentes;b)recuperaçãodacapacidade,determinadapelaperícia.

a)comamortedosegurado;b)comaconcessãodeumaaposentadoria.

I–pormortedofilhoouequiparado,acontardomêsseguinteaodoóbito;II–quandoofilhoouequiparadocompletarquatorzeanosdeidade,salvoseinválido,acontardomêsseguinteaodadatadoaniversário;III–pelarecuperaçãodacapacidadedofilhoouequiparadoinválido,acontardomêsseguinteaodacessaçãodaincapacidade;ouIV–pelodesempregodosegurado.

Observações Nãotemdireitoaoauxílio-doençaquem,aosefiliaràprevidênciasocial,játiverdoençaoulesão

Benefíciocomcaráterindenizatório.

1)Aempresadeverápreservarosdocumentospor10anos.2)Ospaisdeverão

1)Benefícioquepoderátervalorsuperioraotetoprevidenciário,masdeveráobedecerao

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quegerariaobenefício,anãoserquandoaincapacidaderesultadoagravamentoouprogressãodadoençaoulesão.

apresentaratestadodevacinaçãoefrequênciaescolar.3)Acotadosalário-famílianãoseráincorporada,paraqualquerefeito,aosalárioouaobenefício.

tetodofuncionalismo(art.248,CF).2)Prazo:120dias,comexceçãodamãeadotante,emqueoperíodoseráde120diasseacriançativeratéumanodeidade;60diassetiverdeumanoaquatroanosdeidadeede30diassetiverdequatroanosaoitoanosdeidade.3)Emcasodeaborto,serápagoobenefíciopor2semanas.4)Únicobenefícioconsideradocomosaláriodecontribuição.

PENSÃOPORMORTE AUXÍLIO-RECLUSÃO

Fundamentaçãolegal

Arts.74a79daLein.8.213/91.Arts.105a115doDecreton.

3.048/99.

Art.80daLein.8.213/91.Arts.116a119doDecreton.3.048/99.

Beneficiários Dependentes. Dependentesdequalquertipodesegurado,desdequeestesejadebaixarenda.

Pressupostosbásicos

Mortedosegurado. Prisãodosegurado.

Carência Nãotem. Nãotem.

Valordobenefício

100%dovalordaaposentadoriaqueoseguradorecebianodiadamorteouaqueteriadireitosepercebesseaposentadoriaporinvalidez.Odependentedoseguradoespecial

terádireitoaumsaláriomínimo,seestenãocontribuiucomocontribuinteindividual.

100%dovalordaaposentadoriaaqueoseguradoteriadireitosepercebesseaposentadoriaporinvalidez.

Observações Concessãodapensãopormortenãoseráproteladapelafaltadehabilitaçãodeoutropossíveldependente.

Benefícioserápagoseotrabalhadornãoestiverrecebendosaláriodaempresa,auxílio-doençaouaposentadoria.Dependentesdevemapresentarà

previdênciasocial,detrêsemtrêsmeses,atestadodequeotrabalhadorcontinuapreso,emitidoporautoridadecompetente.

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Capítulo13

AcidentedoTrabalho

1.IntroduçãoDe acordo com a legislação previdenciária, o acidente do trabalho é um

evento socialdeconteúdogenérico,queabrangeoacidente típico,previstonoart.19daLein.8.213/91easequiparaçõeslegais,previstasnosarts.20e21damesmalei.

2.AcidentetípicoOart.19daLeideBenefíciosprescrevequeoacidentetipoéoqueocorre

pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalhodos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcionalque cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, dacapacidadeparaotrabalho.

O preceito legal viabiliza a identificação dos elementos conceituais doacidente típico, quais sejam: 1º) adequado enquadramento previdenciário; 2º)eventoimprevisíveldecorrentedotrabalhoaserviçodaempresaoudaatividaderuraloupesqueira,desenvolvidaemregimedeeconomiafamiliar;3º)ocorrênciade lesão corporal ou perturbação funcional; 4º) resultado (morte, redução ouperdatemporáriaoudefinitivadacapacidadelaborativa).

Noquedizrespeitoaoenquadramentoprevidenciário,adoutrinamajoritáriaentendequeapenasoempregado,oavulsoeoseguradoespecialpodemsofreracidente do trabalho.Destarte, pormais que um empregado doméstico ou um

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contribuinteindividualsoframumacidenteduranteoexercíciodaatividade,esseevento não se enquadra como acidente do trabalho. Trata-se de acidenteextralaboral.

3.EquiparaçõeslegaisTambém são considerados pela legislação como acidente do trabalho os

seguintesfatossociais:a)asdoençasocupacionais(doençaprofissionaledoençadotrabalho);b)osacidentesquetenhamrelação,mesmoindireta,comafunçãoexercidapelosegurado.

3.1DoençasocupacionaisConformedispostonoart.20daLein.8.213/91,consideram-seacidentedo

trabalho,nostermosdoartigoanterior,asseguintesentidadesmórbidas:I–doençaprofissional,assimentendidaaproduzidaoudesencadeadapelo

exercíciodotrabalhopeculiaradeterminadaatividadeeconstantedarespectivarelação elaborada pelo Ministério da Previdência Social. Trata-se, pois, dedoençastípicasdedeterminadaprofissão.

II–doençadotrabalho,assimentendidaaadquiridaoudesencadeadaemfunção de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele serelacione diretamente, constante da relação mencionada acima mencionada.Nesse contexto, impende salientar que não são consideradas como doença dotrabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que nãoproduzaincapacidadelaborativa;d)adoençaendêmicaadquiridaporseguradohabitante de região onde ela se desenvolva, salvo comprovação de que éresultantedeexposiçãooucontatodiretodeterminadopelanaturezadotrabalho.

Emcaso excepcional, constatando-seque a doençanão incluídana relaçãocitadaresultoudascondiçõesespeciaisemqueotrabalhoéexecutadoecomelese relaciona diretamente, a previdência social deve considerá-la acidente dotrabalho.

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3.2Acidentesquetenhamrelação,mesmoindireta,comafunçãoexercidapelosegurado

Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos da Lei n.8.213/91:

I–oacidenteligadoaotrabalhoque,emboranãotenhasidoacausaúnica,hajacontribuídodiretamenteparaamortedosegurado,parareduçãoouperdadasua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atençãomédicaparaasuarecuperação.Porexemplo:José,empregadodaempresaAlfa,sofreuum arranhão durante o trabalho. Normalmente, um arranhão seria irrelevante.Entretanto, José possui hemofilia (distúrbio na coagulação do sangue). Nessecaso,oacidenteligadoàdoençapoderádesencadearaincapacidadeeatémesmoamortedotrabalhador.

Ressalte-se, porém, não ser considerada agravação ou complicação deacidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem,associe-seousuperponha-seàsconsequênciasdoanterior.

II–oacidentesofridopeloseguradono localenohoráriodo trabalho,emconsequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado porterceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive deterceiro,pormotivodedisputa relacionadaao trabalho;c)atode imprudência,denegligênciaoudeimperíciadeterceirooudecompanheirodetrabalho;d)atodepessoaprivadadousodarazão;e)desabamento,inundação,incêndioeoutroscasosfortuitosoudecorrentesdeforçamaior;

Nosperíodosdestinadosarefeiçãooudescanso,ouporocasiãodasatisfaçãode outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, oempregadoéconsideradonoexercíciodotrabalho.

III – a doença proveniente de contaminação acidental do empregado noexercíciodesuaatividade;

IV–oacidente sofridopelo seguradoaindaque forado local ehoráriodetrabalho:a)naexecuçãodeordemounarealizaçãodeserviçosobaautoridadedaempresa;b)naprestaçãoespontâneadequalquerserviçoàempresaparalheevitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa,inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos paramelhorcapacitaçãodamãodeobra,independentementedomeiodelocomoçãoutilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso daresidência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja omeiodelocomoção, inclusiveveículodepropriedadedosegurado(acidentede

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trajeto).

4.ObrigaçõeslegaisdaempresaAempresadevecumprirasnormasdesegurançaehigienedotrabalho,sendo

responsávelpelaadoçãoeusodasmedidascoletivaseindividuaisdeproteçãoesegurançadasaúdedotrabalhador,sobpenadecontravençãopenal,punívelcommulta. Existe ainda o ônus de prestar informações pormenorizadas sobre osriscosdaoperaçãoaexecutaredoprodutoamanipular.

Deacordocomoart.22daLein.8.213/91,aempresadeverácomunicaroacidentedotrabalhoàPrevidênciaSocialatéo1º(primeiro)diaútilseguinteaodaocorrência e, emcasodemorte, de imediato, à autoridade competente, sobpenademultavariávelentreo limitemínimoeo limitemáximodosaláriodecontribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobradapela previdência social. Vale dizer, a empresa tem o dever legal de emitir aComunicaçãodeAcidentedoTrabalho(CAT).Dessacomunicação,receberãocópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a quecorrespondaasuacategoria.

Nafaltadecomunicaçãoporpartedaempresa,podemformalizá-laopróprioacidentado,seus dependentes, a entidade sindical competente, omédico que oassistiuouqualquerautoridadepública,nãoprevalecendonestescasosoprazoprevistoacima(primeirodiaútilseguinteaodaocorrênciae,emcasodemorte,deimediato).Evidentemente,acomunicaçãosubsidiárianãoeximeaempresaderesponsabilidadepelafaltadocumprimentodaobrigaçãolegaldeemitir.

5.NexotécnicoepidemiológicoSegundo o art. 21-A da Lei n. 8.213/91, a perícia médica do INSS

considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quandoconstatarocorrênciadenexotécnicoepidemiológico(NTEP)entreotrabalhoeoagravo,decorrentedarelaçãoentreaatividadedaempresaeaentidademórbidamotivadoradaincapacidadeelencadanaClassificaçãoInternacionaldeDoença(CID), emconformidadecomoquedispusero regulamento.Eventualmente, aperíciamédicadoINSSpoderáafastarapresunçãoreferenteaoNTEP.

A empresa poderá requerer a não aplicação do Nexo TécnicoEpidemiológico, de cuja decisão caberá recurso com efeito suspensivo, daempresaoudosegurado,aoConselhodeRecursosdaPrevidênciaSocial.

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6.DiadoacidenteouiníciodaincapacidadeConsidera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do

trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício daatividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que forrealizadoodiagnóstico,valendoparaesteefeitooqueocorrerprimeiro.

7.PrincipaisconsequênciasdoacidentedotrabalhoOreconhecimentodoacidentedotrabalho,sejapormeiodaemissãodaCAT

oudaaplicaçãodoNTEPpelaperíciamédicadoINSS,dáensejoàsseguintesconsequências:1ª)Estabilidadeprovisórianoempregonahipótesedeconcessãodeauxílio-

doençaacidentário:segundooart.118daLein.8.213/91,oseguradoquesofreuacidentedotrabalhotemgarantida,peloprazomínimodedozemeses,àmanutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação doauxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente. É importante salientar que esse dispositivo foi declaradoconstitucionalpeloSTFnosautosdaADI63.

2ª) Majoração do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) econsequentemente da alíquota do Seguro de Acidente do Trabalho(SAT):oregistrodaocorrênciaacidentáriapoderádesencadearoaumentodaalíquotadeumadascontribuiçõesprevidenciárias (SAT).Essaquestãoserámelhorexaminadaadiante.

3ª)CompetênciajurisdicionaldaJustiçaEstadualedoDistritoFederal:deacordocomoart.129,II,daLein.8.213/91,oslitígiosemedidascautelaresrelativosaacidentesdotrabalhoserãoapreciados,naviajudicial,pelaJustiçados Estados e do Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo, inclusiveduranteas férias forenses,mediante petição instruída pela prova de efetivanotificação do evento à Previdência Social, por meio de Comunicação deAcidentedoTrabalho(CAT).

4ª)Isenção de carência para o auxílio-doença e para a aposentadoria porinvalidez decorrentes de qualquer natureza (acidente do trabalho eacidenteextralaboral):segundooart.26,II,daLein.8.213/91,independedecarênciaaconcessãodeauxílio-doençaeaposentadoriaporinvalideznoscasosdeacidentedequalquernaturezaoucausaededoençaprofissionaloudotrabalho.

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5ª)ObrigaçãolegaldaempresadedepositaraimportânciaatítulodeFGTSdurante a licença por acidente do trabalho: o depósito do FGTS éobrigatóriodurantealicençaporacidentedotrabalho(art.15,§5º,daLein.8.036/90).

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Capítulo14

AcumulaçãodeBenefícios

1.AcumulaçõesvedadasSalvonocasodedireitoadquirido,nãoépermitidoorecebimentoconjunto

dosseguintesbenefíciosdaprevidênciasocial,inclusivequandodecorrentesdeacidentedotrabalho:

I–aposentadoriacomauxílio-doença;II–maisdeumaaposentadoria;III–aposentadoriacomabonodepermanênciaemserviço;IV–salário-maternidadecomauxílio-doença;V–maisdeumauxílio-acidente;VI – mais de uma pensão deixada por cônjuge, companheiro ou

companheira. Nesse caso, faculta-se ao dependente o direito de optar pelapensãomaisvantajosa.

VII–auxílio-acidentecomqualqueraposentadoria.Ébomregistrarque,atéo advento da Medida Provisória n. 1.596-14, era plenamente possível aacumulação desses dois benefícios. Inclusive, a legislação da época previaexpressamenteocarátervitalíciodoauxílio-acidente.EssaMP,aomesmotempoemquepassouavedarapercepçãoconjuntadessasduasprestações,determinouqueoauxílio-acidente integraosaláriodecontribuiçãoparafinsdecálculodobenefíciodeaposentadoria.

Valedizer,comasalteraçõesdoart.86,§2º,daLein.8.213/91,promovidaspelaMPn.1.596-14/97,convertidanaLein.9.528/97,oauxílio-acidentedeixoudeservitalícioepassouaintegrarosaláriodecontribuiçãoparafinsdecálculodo salário de benefício de aposentadoria previdenciária, motivo pelo qual ocitadodispositivotrouxeemsuaredaçãoaproibiçãodeacumulaçãodebenefícioacidentáriocomqualquerespéciedeaposentadoriadoregimegeral.

Entretanto,deacordocomajurisprudênciamajoritária,afasta-seaincidência

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dessa vedação na hipótese de a moléstia incapacitante ter, comprovadamente,surgido em data anterior à vigência da Lei n. 9.528/97, em observância aoprincípio do tempus regit actum (Precedente do STJ: AgRg no Ag1326279/MG).AprópriaAdvocacia-GeraldaUnião(AGU)chegouaeditarumenunciadosobreaquestão:“Épermitidaa cumulaçãodobenefíciodeauxílio-acidente com benefício de aposentadoria quando a consolidação das lesõesdecorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte em sequelasdefinitivas, nos termos do art. 86 daLei n. 8.213/91, tiver ocorrido até 10 denovembrode1997,inclusive,diaimediatamenteanterioràentradaemvigordaMedida Provisória n. 1.596-14, convertida na Lei n. 9.528/97, que passou avedartalacumulação”.

É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego e de qualquerbenefício de prestação continuada da previdência social, exceto pensão pormorte, auxílio-reclusão, auxílio-acidente, auxílio-suplementar ou abono depermanênciaemserviço.

ÉpermitidaaacumulaçãodosbenefíciosprevistosnesteRegulamentocomobenefício de que trata a Lei n. 7.070, de 20 de dezembro de 1982, que nãopoderáserreduzidoemrazãodeeventualaquisiçãodecapacidadelaborativaoudereduçãodeincapacidadeparaotrabalhoocorridaapósasuaconcessão.

Oseguradorecluso,aindaquecontribuanaformado§6ºdoart.116daLein. 8.213/91, não faz jus aos benefícios de auxílio-doença e de aposentadoriaduranteapercepção,pelosdependentes,doauxílio-reclusão,permitidaaopção,desde que manifestada, também, pelos dependentes, pelo benefício maisvantajoso.

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Capítulo15

DecadênciaePrescriçãonoBenefício

1.DecadênciaparaobeneficiárioDe acordo com o art. 103 da Lei n. 8.213/91, é de dez anos o prazo de

decadênciadetodoequalquerdireitoouaçãodoseguradooubeneficiárioparaa revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro domêsseguinteaodorecebimentodaprimeiraprestaçãoou,quandoforocaso,dodiaem que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo.

Isso significa que existe um prazo máximo para que o beneficiário peçaadministrativa ou judicialmente a revisão de seu benefício de aposentadoria.Porexemplo:Máriorecebeobenefíciodeaposentadoriadesdejaneirode2003.Nessecaso,elepoderápleiteararevisãodeseubenefícioatéjaneirode2013.Apartir dessa data, haverá decadência do direito de revisar o benefícioprevidenciárioe,consequentemente,Márionãomaispoderábuscá-la.

2.DecadênciaparaaadministraçãoDamesmaformaqueobeneficiáriopossuiprazoparapleiteararevisãode

seubenefício, aAdministração tambémestá sujeita a umprazomáximopararevisão. Com efeito, segundo o art. 103-A da Lei n. 8.213/91, o direito daprevidência social de anular os atos administrativos de que decorram efeitosfavoráveisparaosseusbeneficiáriosdecaiemdezanos,contadosdadataemqueforampraticados,salvocomprovadamá-fé.

Nocasodeefeitospatrimoniaiscontínuos,oprazodecadencialcontar-se-ádapercepçãodoprimeiropagamento.

Considera-seexercíciododireitodeanular,qualquermedidadeautoridadeadministrativaqueimporteimpugnaçãoàvalidadedoato.

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3.PrescriçãoPrescreveemcincoanos,acontardadataemquedeveriamtersidopagas,

todaequalqueraçãoparahaverprestaçõesvencidasouquaisquer restituiçõesou diferenças devidas pela previdência social, salvo o direito dos menores,incapazeseausentes,naformadoCódigoCivil.

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Capítulo16

BenefícioAssistencialdePrestaçãoContinuada

1.IntroduçãoDeacordocomoart.203,V,daCF/88,aassistênciasocialseráprestadaa

quemdelanecessitar,independentementedecontribuiçãoàseguridadesocial,etemcomoumdeseusobjetivosagarantiadeumsaláriomínimodebenefíciomensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem nãopossuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por suafamília,conformedispuseralei.

AregulamentaçãodopreceitoconstitucionalmencionadoadveiocomaLein.8.742/93(LeiOrgânicadaAssistênciaSocial),pormeiodeseusarts.20,21e21-A,ecomoDecreton.6.214/2007.

Não obstante seja uma prestação oriunda da assistência social, a pessoajurídica responsável por sua concessão,manutenção e fiscalização é o INSS.Contudo, a competência da Autarquia não implica reconhecer a naturezaprevidenciária do benefício de prestação continuada. Trata-se, ressalte-senovamente,deumbenefícioassistencial.Logo,asuaconcessãoindependedecontribuiçãoparaaseguridadesocial.Certamente,odeverdoINSSdecorredequestõeslogísticas:aAutarquiajádispõedeumarededeagênciasespalhadaspor todo o território nacional, sem falar dos sistemas previdenciários quepossibilitamqueaAdministraçãoverifiqueoimplementodosrequisitos legaisdobenefício.

2.PressupostoslegaisConformejásalientadonotópicoacima,obenefícioassistencialédevidoao

idoso e ao deficiente que comprovem não possuirmeios de prover à própria

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manutençãooude tê-laprovidapor sua família, conformedispuser a lei.Há,portanto, duas espécies de benefício assistencial. Em ambas, é indispensávelqueobeneficiáriosejahipossuficiente,conformeveremosaseguir.

Paraosfinsdoreconhecimentododireitoaobenefício,considera-se:1) idoso:aquelecomidadedesessentaecincoanosoumais.Valedizer,não

existediferençadeidadeentrehomensemulheresparafinsdepercepçãodobenefício em comento. Vale salientar que a condição de acolhimento eminstituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou dapessoacomdeficiênciaaobenefíciodeprestaçãocontinuada;

2)pessoa comdeficiência:aquela que tem impedimentos de longo prazo, denaturezafísica,mental,intelectualousensorial,osquais,eminteraçãocomdiversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva nasociedadeemigualdadedecondiçõescomasdemaispessoas.Considera-seimpedimentodelongoprazoaquelequeproduzaefeitospeloprazomínimode2(dois)anos;

Aconcessãodobenefícioficarásujeitaàavaliaçãodadeficiênciaedograudeimpedimento de longo prazo, composta por avaliaçãomédica e avaliaçãosocialrealizadaspormédicosperitoseporassistentessociaisdoINSS.

Veja-se que o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras oueducacionaisearealizaçãodeatividadesnãoremuneradasdehabilitaçãoereabilitação,entreoutras,nãoconstituemmotivodesuspensãooucessaçãodobenefíciodapessoacomdeficiência.

3) incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação dodesempenhodeatividadeerestriçãodaparticipação,comreduçãoefetivaeacentuadadacapacidadedeinclusãosocial,emcorrespondênciaàinteraçãoentreapessoacomdeficiênciaeseuambientefísicoesocial;

4) família incapaz de prover amanutençãodapessoa comdeficiência oudoidoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar, dividida pelo número deseusintegrantes,seja inferioraumquartodosaláriomínimo.Alegislaçãoressalva que a remuneração da pessoa com deficiência na condição deaprendiznãoseráconsideradaparafinsdocálculodarendafamiliar;

5)famíliaparacálculodarenda“percapita”:conjuntodepessoascompostopelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, naausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, osfilhoseenteados solteiroseosmenores tutelados,desdequevivamsobomesmoteto;e

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6) renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidosmensalmente pelosmembros da família, composta de salários, proventos,pensões,pensõesalimentícias,benefíciosdeprevidênciapúblicaouprivada,seguro-desemprego,comissões,pró-labore,outrosrendimentosdotrabalhonão assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo,rendimentos auferidos do patrimônio,RendaMensalVitalícia eBenefíciodePrestaçãoContinuada, ressalvadoodispostonoparágrafoúnicodoart.34doEstatutodoIdoso.De acordo com esse dispositivo do Estatuto do Idoso, o benefício

assistencial ao idoso, já concedido a qualquer membro da família, não serácomputadoparaosfinsdocálculodarendafamiliarpercapitaaqueserefereaLein.8.742/93.

Administrativamente, o INSS interpreta restritivamente tal disposição.Entretanto,noâmbitojudicial,aquestãoébastantecontroversa.Recentemente,oSTJentendeuqueoart.34,parágrafoúnico,daLein.10.741/2003podeseraplicado, por analogia, para excluir o benefício previdenciário da rendafamiliarpercapita,parafinsdeconcessãodobenefícioassistencial(AgRgnoAg1394584/SP).

Outrorequisitodobenefícioassistencial refere-seà impossibilidadedeseracumulado com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outroregime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de naturezaindenizatória.

Obenefíciodeprestaçãocontinuadadeveserrevistoacada2(dois)anos,para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem(deficiênciaehipossuficiênciaeconômica).

Opagamentodobenefíciocessanomomentoemqueforemsuperadasascondições citadas acima, ou em caso demorte do beneficiário. Por óbvio, obenefício será canceladoquando se constatar irregularidadena sua concessãoouutilização.

Obenefício de prestação continuada será suspensopelo órgão concedentequando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive nacondição de microempreendedor individual. Porém, a legislação previu umaressalva:acontrataçãodepessoacomdeficiênciacomoaprendiznãoacarretaasuspensão do benefício de prestação continuada, limitado a dois anos orecebimentoconcomitantedaremuneraçãoedobenefício.

Extintaarelaçãotrabalhistaouaatividadeempreendedorae,quandoforo

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caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego, e não tendo obeneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá serrequeridaacontinuidadedopagamentodobenefíciosuspenso,semnecessidadederealizaçãodeperíciamédicaoudereavaliaçãodadeficiênciaedograudeincapacidadeparaessefim,respeitadooperíododerevisãobienal.

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Capítulo17

SaláriodeContribuição

1.IntroduçãoSaláriodecontribuiçãoéabasedecálculodacontribuiçãodossegurados

(à exceção do segurado especial) e também a base de cálculo dacontribuição do empregador doméstico (único patrão que recolhe sobre osalário de contribuição). Isso significa que as contribuições dos segurados(menosadoseguradoespecial)eadoempregadordomésticoincidemsobreosaláriodecontribuição.

Qualéabasedecálculodacontribuiçãodoseguradoespecial?Deacordocom o art. 195, § 8º, da CF/88, o segurado especial contribuirá para aseguridadesocialmedianteaaplicaçãodeumaalíquotasobreoresultadodacomercializaçãodaprodução.Atributaçãodiferenciadadoseguradoespecialé necessária, tendo em vista o caráter sazonal de sua remuneração.Diferentemente dos demais segurados da previdência social, o seguradoespecialsóterárendaquandocomercializarsuaproduçãoruralouoresultadodapesca,sendocertoqueelenãofaráissodurantetodososmesesdoano,emrazãodoperíododeentressafra(rural)oudoperíodododefeso(pescador).

2.DefiniçãodesaláriodecontribuiçãoDeacordocomoart.28daLein.8.212/91(PlanodeCusteio),ovalordo

saláriodecontribuiçãovariaconformeaespéciedesegurado.

2.1SeguradoempregadoetrabalhadoravulsoConformedispostonoart.201,§11,daCF/88,osganhoshabituaisdoem-

pregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito decontribuiçãoprevidenciáriaeconsequenterepercussãoembenefícios,nos

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casosenaformadalei.Seguindo a determinação constitucional, o inciso I do art. 28 da Lei n.

8.212/91dispõeque,paraoempregadoeparaotrabalhadoravulso,entende-sepor salário de contribuição: a remuneração auferida em uma ou maisempresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos oucreditados a qualquer título, durante omês, destinados a retribuir o trabalho,qualquerquesejaasuaforma,inclusiveasgorjetas,osganhoshabituaissobaformadeutilidadeseosadiantamentosdecorrentesdereajustesalarial,quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição doempregadoroutomadordeserviços,nostermosdaleioudocontratoou,ainda,deconvençãoouacordocoletivodetrabalhoousentençanormativa.

Conformedispostonoart.60,§3º,daLein.8.213/91,duranteosprimeirosquinzediasconsecutivosaodoafastamentodaatividadepormotivodedoença,incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.Duranteesseperíodo,incidecontribuiçãoprevidenciária?ParaaAdministraçãoFazendária, são devidas tanto a contribuição do segurado (sobre o salário decontribuição) quanto a da empresa (sobre a folha de remuneração). Porém,segundooSTJ,osvalorespagospeloempregadoraoempregadonosprimeirosquinzediasdeafastamentodotrabalho,atítulodeauxílio-doença,nãosofremaincidência de contribuição previdenciária, por não se tratar de verbaremuneratória.

2.2SeguradoempregadodomésticoPeloart.28,II,daLein.8.212/91,osaláriodecontribuiçãodoempregado

doméstico é a remuneração registrada na Carteira de Trabalho ePrevidência Social. Por motivos óbvios, o salário de contribuição doempregador doméstico (patrão) também é a remuneração registrada naCarteiradeTrabalho.

2.3SeguradocontribuinteindividualPeloart.28,III,daLein.8.212/91,osaláriodecontribuiçãodocontribuinte

individual é a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou peloexercíciode suaatividadepor contaprópriadurante omês. Imaginemos,portanto,umprofissionaldasaúde(médico,porexemplo)queexerçaatividadeem seu consultório particular (trabalho por conta própria) e em um hospital(trabalhoaserviçodepessoajurídica).Nessecaso,seusaláriodecontribuição

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seráosomatóriodasduasrendas.

2.4SeguradofacultativoFinalmente,conformedispostonoart.28,IV,daLein.8.212/91,osalário

decontribuiçãodoseguradofacultativoéovalorporeledeclarado.Ressalte-se que, antigamente, o salário de contribuição do contribuinte

individual (trabalhador autônomo, equiparado e empresário) e do seguradofacultativo chamava-se salário-base. Contudo, essa nomenclatura foitotalmentedescartadadaordemjurídica.

3.LimitesdosaláriodecontribuiçãoJá sabemos qual é o valor do salário de contribuição de cada um dos

segurados da previdência social (exceto o segurado especial, que contribuisobre base diferente). Entretanto, é preciso advertir que o salário decontribuição é uma grandeza que possui um limite mínimo e um limitemáximo.Deacordocomoart.28,§3º,daLein.8.212/91,olimitemínimodosaláriodecontribuiçãocorrespondeaopiso salarial, legalounormativo,dacategoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu valormensal,diárioouhorário, conformeoajustadoeo tempode trabalhoefetivoduranteomês.Olimitemáximocorrespondeaotetodaprevidênciasocial,anualmentereajustadopeloINPCefixadoemR$3.916,20paraoanode2012.

4.AlgumasparcelasintegrantesdosaláriodecontribuiçãoDizerqueumaparcelaintegraosaláriodecontribuiçãoimplicareconhecer

a incidência de contribuição sobre ela. Já mencionamos algumas parcelasimportantes (gorjetas,adicionaiseutilidadeshabituais).Adiante, citaremosoutrasparcelasrecorrentesemprovasdeconcursospúblicos.

Décimoterceirosalário:deacordocomoart.28,§7º,daLein.8.212/91,odécimoterceirosaláriointegraosaláriodecontribuição,oqueestáplenamentedeacordocomaSúmula688doSTF:“Élegítimaaincidênciadacontribuiçãoprevidenciáriasobreo13ºsalário”.

Apesar de o décimo terceiro salário sofrer incidência de contribuição, elenãointegraocálculodosaláriodebenefício,ouseja,nãointegraocálculodobenefícioprevidenciário.

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Salário-maternidade:comojáexaminamosanteriormente,trata-sedoúnicobenefícioprevidenciárioqueintegraosaláriodecontribuição,ouseja,éoúnicobenefício que sofre a incidência da contribuição (art. 28, § 9º, a, da Lei n.8.212/91). Atualmente, estamos aguardando decisão do STF sobre aconstitucionalidadedaexigênciatributária(RE57967).

Totalidadedasdiáriaspagas,quandoexcedenteacinquentaporcentodaremuneraçãomensal:apriori,adiárianãotemcaráterremuneratório,poissuafinalidade não é remunerar, e sim indenizar o indivíduo em razão de gastosdecorrentesdoserviço.Então,qualseriaofundamentoparaoart.28,§8º,a,daLei n. 8.212/91 prever a incidência de contribuição sobre essa verba?Éque,segundo o art. 457, § 2º, daCLT, não se incluem nos salários as ajudas decusto,assimcomoasdiáriasparaviagemquenãoexcedamde50%dosaláriopercebidopeloempregado.Valedizer,semprequeadiáriaforsuperiora50%daremuneração,porpresunçãolegal,elapassaatercaráterremuneratório.

Comissões:oart.457,§1º,daCLTdispõequeintegramosalárionãosóaimportânciafixaestipulada,comotambémascomissõeseoutrasverbas.Seascomissõesintegramoconceitodesalário,poróbvio,integramosaláriodecon-tribuição. A propósito, existe a Súmula 458 do STJ: “A contribuiçãoprevidenciáriaincidesobreacomissãopagaaocorretordeseguros”.ComrazãooSTJ, afinal, se o corretor presta o serviço de intermediação no contrato deseguro, devida é a contribuição previdenciária desde a edição da LeiComplementarn.84/96.

Férias e respectivo adicional: a remuneração das férias dos empregados,incluindooadicionaldeumterço,éconsideradasaláriodecontribuição,desdeque as férias sejam gozadas pelos empregados. A incidência da contribuiçãoocorreránomêsaqueelassereferem,mesmoquandopagasantecipadamentenaformadalegislaçãotrabalhista.

Nãoobstantealegislaçãoatualdisponhaqueoterçodefériasintegraosalá-riodecontribuição,existemdiversosprecedentesdoSTJnosentidodequeoadicional de férias (mesmo quando gozadas) não integra o salário decontribuição,porforçadeseucaráterindenizatório.

Noâmbitodoregimeprópriodeprevidência,nofinaldoanode2011, foieditadaaMedidaProvisórian.556,quealterouoart.4ºdaLein.10.887/2004e excluiu o adicional de férias da base de incidência da contribuição doservidorpúblicotitulardecargoefetivo.

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5.AlgumasparcelasnãointegrantesdosaláriodecontribuiçãoNo art. 28, § 9º, da Lei n. 8.212/91, existem diversas parcelas que não

integramosaláriodecontribuição.Aseguir,ressaltaremossomenteasparcelasquereputamosmaisimportantes.Recomendamos,porém,aleituradoart.28,§9º,daLein.8.212/91.

Benefícios previdenciários: não integram o salário de contribuição osbenefíciosdaprevidênciasocial,salvoosalário-maternidade(art.28,§9º,a,da Lei n. 8.212/91). Não custa lembrar que, em relação aos benefícios deaposentadoria e pensão, incide, na verdade, a regra de imunidadeprevista noart.195,II,daCF/88.

A parcela “in natura” recebida de acordo com os programas dealimentaçãoaprovadospeloMinistériodoTrabalhoeEmprego,nostermosdaLein.6.321,de14deabrilde1976:consequentemente,seovale-refeiçãoforrecebido em desacordo com o que dispõe a lei mencionada, ele integrará osaláriodecontribuição.

Verbas indenizatórias: em regra, as verbas indenizatórias não integram osaláriodecontribuição(art.28,§9º,daLein.8.212/91),afinalnãointegramoconceito de remuneração. Não visam a remunerar o indivíduo pelo serviçoprestado,mas,sim,aindenizá-lo.

Entretanto, é importante salientar que o Decreto n. 6.727/2009 alterou oRegulamentodaPrevidênciaSocial (Decreton.3.048/99) epassoua exigir acontribuição sobre o aviso prévio indenizado. Além de importar ruptura àideia legal de que apenas as verbas remuneratórias integram o salário decontribuição,amudançaébastantequestionáveldopontodevistanormativo.Umdecretopoderiamodificarcritériodeincidênciadeumtributo?TantoqueoSTJ, mesmo após a alteração regulamentar, continua entendendo que nãoincide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de avisoprévioindenizado,pornãosetratardeverbasalarial.

Parcela recebida a título de vale-transporte: atualmente, segundo ajurisprudência pacífica do STF e do STJ, o pagamento deste benefício emvale-transporteouemmoeda (dinheiro)nãoafeta seucaráternãosalarial.Ouseja, tantoparaoSTFquantoparaoSTJ,acobrançadecontribuiçãosobreovalorpago,emdinheiro,a títulodevale-transporteafrontaaConstituiçãoemsua totalidade normativa. Diante da forte jurisprudência nesse sentido, aAdvocacia-Geral da União (AGU) acabou editando a Súmula 60: “Não há

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incidência de contribuição previdenciária sobre o vale-transporte pago empecúnia,considerandoocaráterindenizatóriodaverba”.

Participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga oucreditadadeacordocomleiespecífica:tambémnãoincidecontribuiçãosobreaparticipação nos lucros ou resultados da empresa,desde que ela tenha sidopaga ou creditada de acordo com lei específica (Lei n. 10.101/2000). Deacordocomoseuart.3º,§2º,évedadoopagamentodequalquerantecipaçãooudistribuiçãodevaloresa títulodeparticipaçãonos lucrosou resultadosdaempresa em periodicidade inferior a um semestre civil, oumais de duasvezesnomesmoanocivil.

Valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais: nãointegramosaláriodecontribuição.

Benefíciosdecorrentesdocontratodetrabalhorelacionadosàprevidênciae à saúde, desde que sejam extensivos à totalidade dos empregados daempresa: os benefícios e vantagens decorrentes do contrato de trabalhorelativosàprevidênciaeàsaúdenãointegramosaláriodecontribuição,desdequesejamextensivosàtotalidadedosempregadosdaempresa.

Valorrelativoaplanoeducacional:deacordocomoart.28,§9º,t,daLein. 8.212/91, não integra o salário de contribuição o valor relativo a planoeducacional,oubolsadeestudo,queviseàeducaçãobásicadeempregadoseseus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pelaempresa,àeducaçãoprofissionale tecnológicadeempregados,nos termosdaLein.9.394,de20dedezembrode1996,e:1)nãosejautilizadoemsubstituiçãodeparcelasalarial;e2) o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado

individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração dosegurado a que se destina ou o valor correspondente a umavez emeia ovalordolimitemínimomensaldosaláriodecontribuição,oqueformaior.

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Capítulo18

CusteiodaSeguridadeSocial

1.IntroduçãoDeacordocomoart.195daCF/88,aseguridadesocialseráfinanciadapor

todaasociedadedeformadiretae indireta,mediante recursosprovenientesdosorçamentosdaUnião,dosEstados,doDistritoFederaledosMunicípios,edas seguintes contribuições sociais: a) do empregador, empresa e equiparado:sobreafolha,sobreareceitaoufaturamentoesobreolucro;b)dotrabalhadoredemais segurados; c) sobre a receita de concursos de prognósticos; d) doimportador.Ademais, para garantir a expansão oumanutenção do sistemadeseguridadesocial,oart.195,§4º,daCF/88autorizaacriaçãodecontribuiçãoresidual,desdequeobservadososseguintesrequisitos:a)leicomplementar;b)não cumulatividade; c) base de cálculo e fato gerador diferentes dascontribuiçõesprevistasnosincisosdoart.195daCF/88.

ApesardeaCF/88seromissa,aindaexistemoutrasreceitas(previstasnoart.27daLein.8.212/91),queserãoanalisadasoportunamente.Maso focoprincipal deste capítulo, sem dúvida, são as contribuições para a seguridadesocialmaisrecorrentesemprovasdeconcursospúblicos:acontribuiçãosobreafolha, a contribuição dos segurados e a contribuição sobre a receita deconcursos de prognósticos. Falaremos também sobre a contribuição para oPIS-PASEP,matériacobradaemalgunseditaisdeconcursospúblicos.

2.ContribuiçõessobreafolhaOfundamentoconstitucionaldestacontribuiçãoéoart.195,I,a,daCF/88.

Aocontráriodoqueparece,nãoexisteumaúnicacontribuiçãosobrea folha.Existem,naverdade,quatrocontribuiçõesqueincidemsobreessamesmabasedecálculo:a)acontribuiçãobásicade20%(art.22,IeIII,daLein.8.212/91);b)acontribuiçãoparaosegurodeacidentedotrabalho(SAT)(art.22,II,daLei

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n.8.212/91);c)acontribuiçãoparaaaposentadoriaespecial (art.57,§6º,daLein.8.213/91);ed)acontribuiçãoadicionaldasinstituiçõesfinanceiras(art.22,§1º,daLein.8.212/91).

Finalmente,ébomsalientarapossibilidadedesubstituiçãogradual,totalouparcial,destacontribuição(sobrea folha),pelacontribuição incidentesobreareceitaoufaturamento,nostermosdoart.195,§13,daCF/88.

Outro ponto que deve ser lembrado diz respeito à destinação específicadesta contribuição. Por força do art. 167, XI, da CF/88, a contribuição doempregador,empresaouentidadeaelaequiparada,assimcomoacontribuiçãodossegurados,destina-seespecificamenteàprevidênciasocial.

2.1Contribuiçãobásicade20%Deacordo como art. 22, I, daLein. 8.212/91, umadas contribuiçõesda

empresaédevinteporcentosobreototaldasremuneraçõespagas,devidasoucreditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados etrabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir otrabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhoshabituaissobaformadeutilidadeseosadiantamentosdecorrentesdereajustesalarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo àdisposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou docontrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentençanormativa.

Oart.22,III,daLein.8.212/91tambémprevêacontribuiçãosobreafolhaderemuneraçãodoscontribuintesindividuaisaserviçodaempresa.

Em síntese: a empresa deve efetuar o pagamento de contribuição de 20%sobreafolhaderemuneraçãodosempregados,dostrabalhadoresavulsosedoscontribuintesindividuaisquelheprestemserviços.

Perceba-seque,aocontráriodacontribuiçãodosegurado(queestásujeitaaum tetomáximo), a contribuição da empresa sobre a folha não está sujeita aqualquer limitação. Assim, se um empregado tiver um salário de R$100.000,00, sua contribuição incidirá sobre nomáximoR$ 3.916,20 (teto dosalário de contribuição), enquanto a contribuição da empresa incidirá na suaremuneraçãototal(R$100.000,00).

Maisumavez, convémsalientaroentendimentodoSTJdeque, sobreosvalores pagos pelo empregador ao empregado nos quinze primeiros dias deafastamento do trabalho, a título de auxílio-doença, não incide contribuição

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previdenciária, tendo em vista que a referida verba não possui naturezaremuneratória.

2.2ContribuiçãoparaoSAT(GILRAT)A contribuição para o SAT, prevista no art. 22, I, da Lei n. 8.212/91,

também é conhecida como contribuição para o Grau de Incidência deIncapacidade Laborativa Decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho(GILRAT).Trata-sedecontribuiçãodevidapelaempresa,enãopelosegurado,afinaléelaquevaiauferirproveitoeconômicodotrabalhodeseusempregados.

Diferentementedacontribuiçãobásicade20%,oSATéumacontribuiçãoque só incide sobre a remuneração dos empregados e trabalhadoresavulsos. Destarte, mesmo que um contribuinte individual preste um serviçoextremamente perigoso a uma empresa, ela não deverá efetuar o pagamentodestacontribuição.

Conformedispostonoart.201,§10,daCF/88,leidisciplinaráacoberturadoriscodeacidentedotrabalho,aseratendidaconcorrentementepeloregimegeral de previdência social e pelo setor privado. Trata-se de normaconstitucionaldeeficácia limitadaqueaindanãofoi regulamentada.Portanto,atualmente,osbenefíciosacidentáriosaindasãoadministradospeloINSS.

AcontribuiçãoparaoSATestáplenamentedeacordocomoprincípiodaequidade na forma de participação do custeio, eis que baseada no riscosocial. Quanto maior o risco da atividade, maior deve ser a contribuição.Seguindoessalógicadetributação,oart.22,II,daLein.8.213/91prevêtrêspossíveisalíquotas:

Duasobservações.Emprimeirolugar,importasalientarquetodaatividadepossuiumrisco.Assim,seimaginarmosumaempresaemqueamaioriadeseusempregadosexerceatividadeaparentementesemnenhumriscodeacidente,suaalíquotaparaoSATseráde1%(umporcento).Emsegundolugar:definidaa

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alíquota aplicável combasena atividadepreponderante,ela incidirá sobre afolhaderemuneraçãodetodososempregados.

Comodefiniraatividadepreponderantedeumaempresa?ALein.8.212/91nãopreviuoconceitodeatividadepreponderante.Diantedalacunalegal,coubeaoRegulamentodaPrevidênciaSocial (Decreton.3.048/99)definirocritériode aferição da atividade preponderante da empresa: “Considera-sepreponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número deseguradosempregadosetrabalhadoresavulsos”(art.202,§3º).

Segundo entendeu o STF, o fato de a lei deixar para o regulamento acomplementaçãodos conceitosde “atividadepreponderante” e “graude riscoleve,médioegrave”nãoimplicaofensaaoprincípiodalegalidadegenérica.Nomesmosentido,háoentendimentodoSTJ.

E se uma empresa tiver mais de um estabelecimento? O Decreto n.3.048/99nãotratasobreessaquestão.Segundooart.72,§1º,c,da InstruçãoNormativan.971/2009(comredaçãodadapelaInstruçãoNormativan.1.080),a empresa com mais de 1 (um) estabelecimento e diversas atividadeseconômicasdeverásomaronúmerodeseguradosalocadosnamesmaatividadeem todos os estabelecimentos, prevalecendo como preponderante a atividadequeocupaomaiornúmerodeseguradosempregadose trabalhadoresavulsos,consideradostodososestabelecimentos.Valedizer,paraoFisco,levam-seemcontatodososestabelecimentosdaempresaedefine-seumasóalíquota.

DeacordocomaSúmula351doSTJ,“AalíquotadecontribuiçãoparaoSeguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de riscodesenvolvidoemcadaempresa,individualizadapeloseuCNPJ,oupelograuderiscodaatividadepreponderantequandohouverapenasumregistro”.

Após o advento daLei n. 10.666/2003, a legislação previdenciária tornoupossívelaflexibilizaçãodasalíquotasdoSAT.Segundodispõeoseuart.10,aalíquota de contribuição de 1%, 2% ou 3% para o SAT poderá serreduzida, em até cinquenta por cento, ou aumentada, em até cem porcento,conformedispuseroregulamento,emrazãododesempenhodaempresaemrelaçãoàrespectivaatividadeeconômica,apuradoemconformidadecomosresultados obtidos a partir dos índices de frequência, gravidade e custo,calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional dePrevidênciaSocial.

AregulamentaçãodamatériasobreveiocomoDecreton.6.042/2007,queacrescentouaoRegulamentodaPrevidênciaSocial(Decreton.3.048/99)oart.202-A.Criou-seentãooFatorAcidentáriodePrevenção(FAP).Trata-sede

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ummultiplicadorvariávelnumintervalocontínuodecincodécimos(0,5000)adois inteiros (2,000). Para fins da reduçãooumajoração da alíquota doSAT,proceder-se-áàdiscriminaçãododesempenhodaempresa,dentrodarespectivaatividadeeconômica,apartirdacriaçãodeumíndicecompostopelasseguintesvariáveis:gravidade,frequênciaecusto.

2.3Contribuiçãoparaaaposentadoriaespecial(adicionaldoSAT)

Dentreascontribuiçõesprevidenciárias,acontribuiçãoparaaaposentadoriaespecial é uma das mais recorrentes em provas de concursos públicos.CriadapelaLein.9.732/98,estacontribuiçãopassouaestarprevistanaLeideBenefícios(Lein.8.213/91).Segundodispõeoseuart.57,§6º,obenefíciodeaposentadoria especial será financiado com os recursos provenientes dacontribuiçãodequetrataoincisoIIdoart.22daLein.8.212,de24dejulhode1991,cujasalíquotasserãoacrescidasdedoze,noveouseispontospercentuais,conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita aconcessãodeaposentadoriaespecialapósquinze,vinteouvinteecincoanosdecontribuição,respectivamente.

Assim como o SAT, a contribuição para a aposentadoria especial estáfundamentada no risco social, uma das facetas do princípio da equidade naforma de participação do custeio. Quanto maior o risco, maior deve ser aimposiçãotributária.Tambémdeveserpagapelaempresa,enãopelosegurado,afinal é ela (a empresa) que aufere proveito econômico do trabalho emcondiçõesadversasdeseusempregados.

A lei prevê três alíquotas (6%, 9% ou 12%), que são inversamenteproporcionaisaoperíodode trabalhonecessárioparaaaposentadoriaespecial(15,20ou25anos).Alógicaéevidente.Quantomenoroperíododetrabalho,maior é a agressividade do agente nocivo e consequentemente maior é aalíquotadacontribuição.

Nos termos da legislação vigente, a aposentadoria especial tanto seráfinanciada pela alíquota básica do SAT (1%, 2% ou 3%) como por seusrespectivosadicionais(6%,9%ou12%).Deoutrolado,estesadicionaisnãopoderão financiarqualqueroutrobenefícioquenão sejaaaposentadoriaespecial,considerandoavinculaçãolegislativaespecífica.

Outro ponto importante relativo a esta contribuição diz respeito a suapeculiar forma de incidência (≠ da sistemática do SAT). No SAT, após a

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definição da alíquota, a contribuição incide sobre a folha de todos ostrabalhadores.De outro lado, a contribuição só incide sobre a folha dostrabalhadoresqueefetivamenteexercematividadeespecial.

ALein.10.666/2003estendeuaaposentadoriaespecialparaoscooperadosdacooperativadetrabalhoedeprodução.Seguindoocomandoprevistonoart.195,§5º,daCF/88,referidaleitambémpreviufontedecusteioespecífica(art.1º).ALein.10.666/2003(art.6º)tambémpreviuqueopercentualderetençãodo valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços relativa aserviços prestadosmediante cessão demão de obra, inclusive em regime detrabalhotemporário,acargodaempresacontratante,éacrescidodequatro,trêsoudoispontospercentuais,relativamenteaosserviçosprestadospeloseguradoempregadocujaatividadepermitaaconcessãodeaposentadoriaespecialapósquinze,vinteouvinteecincoanosdecontribuição,respectivamente.Ahipótesetratada no art. 6º da Lei n. 10.666/2003 refere-se à retenção obrigatória de11%sobreanotafiscal,temaquenósestudaremosadiante.

2.4Adicionalde2,5%dasinstituiçõesfinanceirasDe acordo com o art. 22, § 1º, da Lei n. 8.212/91, no caso de bancos

comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixaseconômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedadesdecréditoimobiliário,sociedadescorretoras,distribuidorasdetítulosevaloresmobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito,empresasdesegurosprivadosedecapitalização,agentesautônomosdesegurosprivados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas,tambémé devida acontribuiçãoadicional de dois vírgula cinco por centosobre a folha de remuneração dos empregados, trabalhadores avulsos econtribuintesindividuais.

Dessamaneira,asinstituiçõesfinanceirasprevistasnoart.22,§1º,daLein.8.212/91,alémdacontribuiçãobásicade20%edoSAT(que,nomínimo,seráde 1% sobre a folha), devem efetuar o pagamento de uma contribuiçãoadicionalde2,5%,quetambémincidirásobreafolha.

3.ContribuiçõessubstitutivasAté agora, estudamos as quatro contribuições incidentes sobre a folha de

remuneração,devidaspeloempregador,empresaouentidadeaelaequiparada.Entretanto,paradeterminadoscontribuintes,olegisladoroptouporsubstituira

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folha por outra base de cálculo. Exatamente por isso, elas são chamadascontribuiçõessubstitutivas.

Quaiscontribuintesforambeneficiadospelasubstituição?Osseguintes:a) associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional; b)produtores rurais pessoas físicas (e consórcios simplificados de produtoresrurais);c)produtoresruraispessoasjurídicas;d)agroindústrias.

4.ContribuiçãoparaoPIS-PASEPOProgramadeIntegraçãoSocial(PIS)foicriadopelaLeiComplementarn.

7/70,eoProgramadeFormaçãodoPatrimôniodoServidorPúblico(PASEP),pela Lei Complementar n. 8/70. Os programas foram unificados pela LeiComplementarn.26/75,oquelevouàcriaçãodofundoPIS-PASEP.

Segundo reiterada jurisprudência doSTF, as leis complementares citadasforamrecepcionadaspelaCF/88,porestaremexpressamenteautorizadasnoart.239(RE169.091eADIn1.417/DF).

Nos termos do caput do art. 239 e seu § 1º, a contribuição para o PIS-PASEPfinancia:a)oprogramadoseguro-desemprego;b)oabonodoPIS;ec)programasdedesenvolvimentoeconômico.

DeacordocomaSúmula659doSTF,“ÉlegítimaacobrançadaCOFINS,do PIS e do FINSOCIAL sobre as operações relativas a energia elétrica,serviçosde telecomunicações,derivadosdepetróleo, combustíveis emineraisdoPaís”.

AcontribuiçãoparaoPIS-PASEPseráapuradamensalmentepelaspessoasjurídicasdedireitoprivadoepelasquelhessãoequiparadaspelalegislaçãodoimpostoderenda,inclusiveasempresaspúblicaseassociedadesdeeconomiamistaesuassubsidiárias,combasenofaturamentodomês(basedecálculodacontribuição).

A Lei n. 11.933, de 28 de abril de 2009, alterou o art. 18 da MP2.158-35/2001, quepassou adisporqueopagamentodaContribuiçãoparaoPIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social(COFINS)deveráserefetuado:a)atéo20º(vigésimo)diadomêssubsequenteaomêsdeocorrênciadosfatosgeradores,pelaspessoasjurídicasreferidasno§1ºdoart.22daLein.8.212,de24dejulhode1991;eb)atéo25º(vigésimoquinto)diadomêssubsequenteaomêsdeocorrênciadosfatosgeradores,pelasdemaispessoasjurídicas.

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5.Retençãode11%sobreanotafiscalDe acordo com o art. 31 da Lei n. 8.212/91, a empresa contratante de

serviçosexecutadosmediantecessãodemãodeobra, inclusiveemregimedetrabalhotemporário,deveráreter11%(onzeporcento)dovalorbrutodanotafiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresacedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mêssubsequenteaodaemissãodarespectivanotafiscaloufatura,ouatéodiaútilimediatamente anterior, se não houver expediente bancário naquele dia,observadoodispostono§5ºdoart.33daLein.8.212/91.

Imaginemosqueanota fiscal foideR$10.000,00.Nessecaso,aempresatomadorademãodeobradevereter11%danotafiscal(ouseja,R$1.100,00)erecolher,emnomedaempresacedentedamãodeobra,aimportânciaretidanoprazoprevistonalegislação.

OSTFentendeuquearetençãode11%sobreanotafiscaléconstitucional,basicamenteporqueoart.31tratadehipótesedetécnicadearrecadaçãoviasubstituição tributária, e não de uma contribuição nova. Outro forteargumento pela constitucionalidade é que a retenção e recolhimento de 11%sobre o valor da nota fiscal é feita por conta do montante devido, nãodescaracterizando a contribuição sobre a folha de salários, já que aantecipação é, em seguida, compensadapelo contribuinte comosvalores poreleapuradoscomoefetivamentedevidosnabasedecálculoreal.Ademais,restaasseguradaarestituiçãodeeventuaisrecolhimentosfeitosamaior.

Finalmente, conforme já salientado anteriormente, aLei n. 10.666/2003(art.6º)previuqueopercentualde retençãodovalorbrutodanota fiscaloufaturadeprestaçãodeserviçosrelativaaserviçosprestadosmediantecessãodemãodeobra,inclusiveemregimedetrabalhotemporário,acargodaempresacontratante, é acrescido de quatro, três ou dois pontos percentuais,relativamente aos serviços prestados pelo segurado empregado cuja atividadepermita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte ecincoanosdecontribuição,respectivamente.

Quando a empresa optante pelo SIMPLES estiver na condição detomadorademãodeobra,odeverderetençãonãolhegeranenhumprejuízo.Aúnicaconsequênciaéqueelateráquededuzir11%sobreovalorbrutodanotafiscal e, em seguida, recolher a importância aos cofres públicos emnomedaempresacedente.Porém,omesmonãosepodedizerquandoaempresaoptantepeloSIMPLESéacedentedemãodeobra.Issoporqueascontribuiçõesparaa

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seguridade social já estão inseridas no regime de pagamento unificado,instituído pelaLei n. 9.317/96, o que levaria a uma incompatibilidade lógicaentre a sistemática de retenção (art. 31 da Lei n. 8.212/91) e o regimesimplificado(SIMPLES).

O STJ, após a uniformização da Primeira Seção, no julgamento dosEmbargosdeDivergêncian.511.001/MG,consolidouoentendimentodequeasempresasprestadoras de serviço optantes peloSIMPLESnão estão sujeitas àretençãodopercentualde11%,previstonoart.31daLein.8.213/91,oque,posteriormente, acabou sendo sumulado por meio do verbete n. 425: “AretençãodacontribuiçãoparaaseguridadesocialpelotomadordoserviçonãoseaplicaàsempresasoptantespeloSimples”(Súmula425doSTJ).

6.ContribuiçãodaempresasobreosserviçosprestadosporcooperativasdetrabalhoOart. 22, IV,daLein.8.212/91, com redaçãodadapelaLein.9.877/99,

prevêa contribuiçãoa cargodaempresade15%sobreovalorbrutodanotafiscaloufaturadeprestaçãodeserviços, relativamenteaserviçosque lhesãoprestadosporcooperadosporintermédiodecooperativasdetrabalho.

Atente-se que esta contribuição somente é devida em razão de serviçosprestados à empresa por cooperados coma intermediação de cooperativas detrabalho(≠cooperativadeprodução).

A sistemática de tributação prevista no art. 22, IV, da Lei n. 8.212/91 ésemelhanteàhipóteseprevistanoart.31daLein.8.212/91(retençãode11%sobreanotafiscal).Entretanto,existemdiferençasimportantes.

A primeira diferença refere-se aos sujeitos envolvidos na relação. Naretençãode11%sobreanotafiscal,arelaçãoécompostaporduasempresas(acedentedemãodeobraeatomadora).Deoutrolado,nacontribuiçãoqueorasecomenta,arelaçãoécompostapelacooperativadetrabalhoepelaempresatomadoradeserviço.

A segunda diferença está na alíquota. Na retenção, a alíquota é de 11%,enquantonacontribuiçãodaempresasobreoserviçoprestadoporcooperadodecooperativadetrabalho,aalíquotaéde15%.

Aterceiradiferençaestánasistemáticade tributação.Naretençãode11%sobreovalorbrutodanotafiscal,existe,defato,umaretenção.Ouseja,seumanotafiscaltivervalorbrutodeR$10.000,00,omontantedeR$1.100,00deveráser retido pela empresa tomadora, restando para a empresa cedente a

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importâncialíquidadeR$8.900,00.Deoutrolado,nacontribuiçãoprevistanoart. 22, IV, daLei n. 8.212/91, não existe retenção.A contribuição será pagasobreovalordanotafiscal,oqueprovocaoaumentodocustodacontratação.Ex.: a empresa tomadorapagouR$ 10.000,00 para a cooperativa de trabalhoBeta. Nesse caso, a contribuição da tomadora será de R$ 1.500,00,independentementedomontantedeR$10.000,00,oqualdeveráserpagoparaacooperativa.

Finalmente, vimos que a retenção de 11% caracteriza sistemática dearrecadaçãoviasubstituiçãotributária,oqueimplicareconhecerapossibilidadede compensaçãooude restituição. Já a contribuiçãodo art. 22, IV, daLei n.8.212/91 não prevê a possibilidade de compensação ou restituição. Trata-se,realmente,decontribuição.

Discute-senoSTFaconstitucionalidadedacontribuiçãoprevistanoart.22,IV,daLein.8.212/91(RE595.838,repercussãogeraljáadmitida).OprincipalargumentodorecursoextraordinárioéqueaLein.9.876/99(queincluiuoart.22,IV,daLein.8.212/91)criounovafontedecusteioparaaseguridadesocial,sem que fosse observada a técnica da competência residual (reserva de leicomplementar). Diante da razoabilidade jurídica da pretensão, o STF temdeferido medidas cautelares para atribuir efeito suspensivo a recursos quetenhamporobjetoaconstitucionalidadedoart.22,IV,daLein.8.212/91.

Ainda sobre a contribuição prevista no art. 22, IV, da Lei n. 8.212/91,discute-sealegitimidadeativaparaimpugná-la.ConformejádecidiuoSTJ,oresponsável tributário pelo recolhimento da contribuição previdenciária de15%,incidentesobreanotafiscaldosserviçosprestadospeloscooperados,éotomadordeserviço,enãoacooperativa,quenãotemqualquervinculaçãocomofatogeradordotributo.Poresseraciocínio,acooperativanãoépartelegítimaativa ad causam para impetrar mandado de segurança objetivando aimpugnaçãodessaexação.

De acordo com o art. 1º, § 1º, da Lei n. 10.666/2003, será devidacontribuição adicional de nove, sete ou cinco pontos percentuais, a cargo daempresatomadoradeserviçosdecooperadofiliadoacooperativadetrabalho,incidentesobreovalorbrutodanotafiscaloufaturadeprestaçãodeserviços,conforme a atividade exercida pelo cooperado permita a concessão deaposentadoriaespecialapósquinze,vinteouvinteecincoanosdecontribuição,respectivamente. Vale dizer, na hipótese de cooperado da cooperativa detrabalhoexerceratividadeemcondiçõesprejudiciaisà saúdeouà integridadefísica, a empresa tomadora, alémdacontribuiçãode15%sobreanota fiscal,

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deverápagarcontribuiçãoadicionalde9%,7%ou5%sobreamesmabasedecálculo.

7.ContribuiçãosobreareceitadeconcursosdeprognósticosConstitui receita da seguridade social a renda líquida dos concursos de

prognósticos, excetuando-se os valores destinados ao Programa de CréditoEducativo(art.26daLein.8.212/91).Porrendalíquida,entende-seototaldaarrecadação, deduzidos os valores destinados ao pagamento de prêmios, deimpostos e de despesas com a administração, conforme fixado em lei, queinclusiveestipularáovalordosdireitosaserempagosàsentidadesdesportivaspelousodesuasdenominaçõesesímbolos.

É legítima a incidênciadesta contribuição sobre a exploraçãode jogosdeazar (atividade ilícita)? Segundo entendeu o STF, não se pode admitir umtributoemcujahipótesedeincidênciaseincluaailicitude.Seofatoilícito,porsi só, não se coaduna com a hipótese descrita na norma, é descabida aincidência tributáriaporaproximaçãoouanalogia (RE502.271-AgR, voto daRel. Min. Ellen Gracie,DJ 27-6-2008). Logo, não é devida a contribuiçãosobreareceitadeconcursosdeprognósticosnahipótesedeexploraçãodejogosdeazarmediantepagamentofeitoporparticular.

8.ContribuiçãodosseguradosdaprevidênciasocialA seguridade social também é financiada pormeio das contribuições dos

trabalhadoresedemaisseguradosdaprevidênciasocial.Naverdade,porforçadodispostonoart.167,XI,daCF/88(princípiodavinculaçãoobrigatória),estacontribuiçãodestina-seespecificamenteàprevidênciasocial.

Já estudamos que a base de cálculo da contribuição da maioria dosseguradosdaprevidênciasocialéosaláriodecontribuição.Apenasoseguradoespecial, emvirtude de sua situação peculiar (renda sazonal), contribui sobreumabasedecálculodiferente,nostermosdoart.195,§8º,daCF/88(resultadodacomercializaçãodesuaprodução).

Acontribuiçãodosseguradosquerecolhemsobreosaláriodecontribuiçãopossui três variáveis: (1) o enquadramento previdenciário; (2) a escolha doplanodecoberturaprevidenciária;e(3)ovalordosaláriodecontribuição.

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VARIÁVEIS ESPÉCIESDESEGURADO ALÍQUOTADACONTRIBUIÇÃO

Enquadramentoprevidenciário

(1)

Empregado ConformetabelaabaixoAvulso

Doméstico

Facultativo 20%

Contribuinteindividual(porcontaprópria)

20%

Contribuinteindividual(aserviçodepessoajurídica)

11%

Escolhadoplanodecoberturaprevidenciária

(2)

Facultativo(planosimplificado) 11%

Contribuinteindividual(planosimplificado)

11%

Microempreendedorindividual(planosimplificado)Seguradofacultativosemrendaprópriaquesedediqueexclusivamenteaotrabalhodomésticonoâmbitodesuaresidência,desdequepertencenteafamíliadebaixarenda(planosimplificado)

5%

VARIÁVELSALÁRIODECONTRIBUIÇÃO

(R$)EMPREGADOS,AVULSOSE

DOMÉSTICOS

ALÍQUOTADACONTRIBUIÇÃO

Saláriodecontribuição(3)

AtéR$1.174,86 8,00

DeR$1.174,87atéR$1.958,10 9,00

DeR$1.958,11atéR$3.916,20 11,00

Hárazõesquejustificamaexistênciadetantasalíquotas.Aprimeiradelaséoprincípiodacapacidadecontributiva,quepossuicomoumdeseuspilares

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a ideia de progressividade (e não de proporcionalidade). Esse princípiojustifica a variação percentual da contribuição dos segurados empregados,avulsosedomésticos.Quantomaioraremuneraçãodotrabalhador,maiorseráaalíquotadacontribuição(8%a11%).

Outra diferença de percentual existe em relação aos contribuintesindividuaisporcontaprópriaeseguradosfacultativos.Normalmente,paraeles,aalíquotadacontribuiçãoéde20%dosaláriodecontribuição,bemsuperior,portanto, à alíquota aplicável aos empregados, trabalhadores avulsos edomésticos (variável entre 8% e 11%). O maior percentual justifica-se,basicamente,pordoismotivos:1º) inexistênciadepagamentodecontribuiçãopelo contribuinte individual e segurado facultativo sobre o décimo terceirosalário (até porque eles não o recebem); 2º) ausência da contribuição daempresanarelaçãoprevidenciáriadefinanciamento.Comefeito,oexercíciodeatividade remunerada pelo empregado dá ensejo a duas contribuições: umapagapeloprópriotrabalhador,comalíquotavariávelentre8%e11%dosaláriodecontribuição,eoutrapagapeloempregador(contribuiçãodaempresa),comalíquota de 20% da remuneração. Quando o contribuinte individual exerceatividade por conta própria, não existe a contribuição da empresa. Paracompensar a inexistência da contribuição da empresa, o legislador acabouoptando por uma alíquota maior para o contribuinte individual (por contaprópria)eparaoseguradofacultativo.

Contudo,nemsempreocontribuinte individualexerceatividadeporcontaprópria.Uma empresa pode contratar os serviços de um trabalhador semqueexista o vínculo empregatício. Nesses casos, tanto incide a contribuição dotrabalhador(contribuinteindividual)comoadaempresa(art.22,III,daLein.8.212/91), o que leva à natural redução da alíquota da contribuição dessesegurado,quepassaaserde11%(percentualfixo,independentementedovalordosaláriodecontribuição),aoinvésde20%.

Finalmente,comoadventodaLeiComplementarn.123/2006,foiinstituídooPlanoSimplificadodePrevidênciaSocial, oqualpossibilita a reduçãodaalíquotadacontribuiçãoparaocontribuinteindividual(quetrabalheporcontaprópria,semrelaçãodetrabalhocomempresaouequiparado)eparaoseguradofacultativo.Basicamente,aideiadoPlanoSimplificadodePrevidênciaSocialéfacilitar o acesso do indivíduo à previdência social, mediante redução daalíquotadotributopara5%ou11%(aoinvésde20%).Entretanto,aadesãoaoplanonãotrazapenasvantagens.Quemaderiraoplanosimplificadoteráumacoberturaprevidenciáriamaisrestrita,semdireitoaobenefíciodeaposentadoria

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portempodecontribuição,ecombenefíciosdeumsaláriomínimo.

9.ContribuiçãoparaterceirosVimos que, de acordo com o art. 195 da CF/88, a seguridade social será

financiadadeformaindireta,pormeioderecursosprovenientesdosorçamentosdos entes políticos, e de forma direta, por meio das seguintes contribuiçõessociais:a)daempresa:sobreafolha,sobreareceitaoufaturamentoesobreolucro;b)dostrabalhadoresedemaisseguradosdaprevidênciasocial;c)sobreareceitadeconcursosdeprognósticos;d)doimportador;e)contribuiçãoresidual(art.195,§4º,daCF/88).

MasaCF/88nãopreviuexclusivamenteascontribuiçõesparaaseguridadesocial. Também foram previstas as contribuições destinadas a terceiros (arts.240e212,§5º,daCF/88).

Quem são os terceiros? Por terceiros, devemos entender as entidades doSistemaS,oInstitutoNacionaldeColonizaçãoeReformaAgrária(INCRA)eoFundoNacionaldeDesenvolvimentodaEducação (FNDE), alémdeoutrasentidadescomooFundoAeroviárioeaDiretoriadePortoseCostas(DPC).

Qualéanatureza jurídicadascontribuiçõespara terceiros?EmrelaçãoàscontribuiçõesparaosistemaS,existemduascorrentes:a)pelaprimeira,trata-se de contribuição de interesse das categorias profissionais; b) pela segunda,trata-se de contribuição social geral, uma vez que as atividades por elafinanciadas não alcançam apenas os integrantes de uma dada categoriaprofissionaloueconômica,mastambémseusfamiliaresemesmopessoasquenãotêmrelaçãocomtaiscategorias(DIAS;MACÊDO,2010,p.424).

Em relação à contribuição do SEBRAE, oSTF entende que se tratadeintervençãonodomínioeconômico, nãoobstante a lei a ela se referir comoadicional às alíquotas das contribuições sociais gerais pertinentes ao SESI,SENAI,SESCeSENAC.Estacontribuiçãonãotemfundamentonoart.240daCF/88,masnoart.179daCF/88,poisincentivaapolíticadeapoioàsmicroepequenasempresas(DIAS;MACÊDO,2010,p.425).

NoquedizrespeitoàcontribuiçãoparaoINCRA,oSTJvementendendoquese tratadecontribuiçãode intervençãonodomínioeconômico,porserdestinada aos programas e projetos vinculados à reforma agrária e suasatividadescomplementares.

Osalário-educação(destinadoaoFNDE)éconsideradoumacontribuiçãosocialgeral, tendo sido reconhecida a sua constitucionalidade peloSTF, seja

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sobaCartade1969,sejasobaConstituiçãoFederalde1988(Súmula732doSTF).

Não obstante essas contribuições destinem-se a terceiros (≠ seguridadesocial),viaderegra,elas sãoarrecadadaspelaReceitaFederaldoBrasil.Pelo serviço de arrecadação, a legislação prevê o pagamento de umaremuneração para a Receita Federal do Brasil (3,5% do total arrecadado emrelação às contribuições para o Sistema S e para o INCRA e 1% do totalarrecadado a título de salário-educação). Atente-se, porém, ser possível orecolhimentodiretoparaaentidadebeneficiada,pormeiodeconvênio.

10.OutrasreceitasdaseguridadesocialDeacordocomoart.27daLein.8.212/91,constituemoutras receitasda

seguridadesocialasseguintesverbas:a)asmultas,aatualizaçãomonetáriaeosjurosmoratórios;b)aremuneraçãorecebidaporserviçosdearrecadação,fiscalizaçãoecobrança

prestadosaterceiros;c)asreceitasprovenientesdeprestaçãodeoutrosserviçosedefornecimentoou

arrendamentodebens;d)asdemaisreceitaspatrimoniais,industriaisefinanceiras;e)asdoações,legados,subvençõeseoutrasreceitaseventuais;f) 50% (cinquenta por cento) dos valores obtidos e aplicados na forma do

parágrafoúnicodoart.243daConstituiçãoFederal;g)40%(quarentaporcento)doresultadodosleilõesdosbensapreendidospelo

DepartamentodaReceitaFederal;h)outrasreceitasprevistasemlegislaçãoespecífica;i) as companhias seguradoras que mantêm o seguro obrigatório de danos

pessoaiscausadosporveículosautomotoresdeviasterrestres,dequetrataaLei n. 6.194, de dezembro de 1974, deverão repassar à seguridade social50%(cinquentaporcento)dovalortotaldoprêmiorecolhidoedestinadoaoSistema Único de Saúde (SUS), para custeio da assistência médico-hospitalardosseguradosvitimadosemacidentesdetrânsito.Atenção! Com o advento da Lei n. 11.457/2007, a remuneração pelo

serviço de arrecadação prestado a terceiro, atualmente, destina-se ao FundoEspecial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades deFiscalização(FUNDAF),enãomaisàseguridadesocial.

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11.QuestõessobreaarrecadaçãodascontribuiçõesSobre a arrecadação das contribuições sociais, destacaremos as seguintes

questões: a) resumo sobre as obrigações legais relativas à arrecadação dascontribuições previdenciárias; b) presunção de desconto da contribuição ereflexosnosbenefícios;c)responsabilidadesolidária;d)execuçãodeofíciodascontribuiçõesnaJustiçadoTrabalho.

11.1Resumosobrearesponsabilidadelegalderecolherascontribuiçõesprevidenciárias

PRINCIPAISSITUAÇÕES

RESPONSÁVEL OBRIGAÇÃOLEGAL PRAZO

Empresa Arrecadarascontribuiçõesdosseguradosempregados,trabalhadoresavulsosecontribuintesindividuaisaseuserviço,descontando-asdarespectivaremuneração,erecolheraimportânciadescontadaaoscofrespúblicos.

Atéodia20domêsseguinte

Recolheracontribuiçãoprevistanoart.22,IV,daLein.8.212/91(contribuiçãode15%sobreovalorbrutodanotafiscaloufaturadeprestaçãodeserviços,relativamenteaserviçosquelhesãoprestadosporcooperadosporintermédiodecooperativasdetrabalho).

Recolherascontribuiçõesaseucargosobreasremuneraçõespagas,devidasoucreditadas,aqualquertítulo,aosseguradosempregados,trabalhadoresavulsosecontribuintesindividuaisaseuserviço.

Empregadordoméstico

Arrecadaracontribuiçãodoseguradoempregadoaseuserviçoerecolhê-la,assimcomoaparcelaaseucargo.

Atéodia15domêsseguinte

Seguradofacultativo Recolhersuacontribuiçãoporiniciativaprópria.

Atéodia15domêsseguinte

Seguradocontribuinteindividual(porcontaprópria)

Recolhersuacontribuiçãoporiniciativaprópria.

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Atenção! O empregador doméstico poderá recolher a contribuição dosegurado empregado a seu serviço e a parcela a seu cargo, relativas àcompetência novembro, até o dia 20 de dezembro, juntamente com acontribuição referente ao 13º (décimo terceiro) salário, utilizando-se de umúnicodocumentodearrecadação.

11.2Presunçãodedescontodacontribuiçãoereflexosnosbenefícios

Vimos que compete à empresa realizar o desconto da contribuição dosegurado a seu serviço e, em seguida, recolher o montante descontado aoscofresprevidenciários.Assim,seumseguradorecebeR$2.000,00a títuloderemuneração, caberá à empresa, além do recolhimento de suas contribuiçõessobreafolha(20%+SAT+contribuiçãoparaaaposentadoriaespecial,seforocaso + adicional das instituições financeiras, se for o caso), o dever dedescontar 11% de R$ 2.000,00 (R$ 220,00) e recolher tal importância àprevidênciasocial.

Nessecontexto,impendesalientarque,deacordocomoart.33,§5º,daLein. 8.212/91, o desconto de contribuição e de consignação legalmenteautorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa aisso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir dorecolhimento,ficandodiretamenteresponsávelpelaimportânciaquedeixoudereceberouquearrecadouemdesacordocomalei.

Apresunçãodedescontoéabsoluta,aplicando-sesemprequearetençãodotributo for obrigatória. Dimana do dever da empresa de descontar o valorequivalenteàcontribuiçãodevida,recolhendo-o,emseguida,aoscofresfiscais.Comoopagamentodotributonãoéincumbênciadosegurado,elenãopodeserpenalizado pela omissão do retentor (empresa). Assim, no caso do seguradoempregado,aausênciaderecolhimentodesuacontribuição,pelaempresa,nãopodeprejudicá-loquandodorequerimentoadministrativodebenefício.Éoqueseinferedoart.34,I,daLein.8.213/91,segundooqual,nocálculodovalordarendamensaldobenefício,serãoconsiderados,paraoseguradoempregadoetrabalhador avulso, os salários de contribuição referentes aos meses decontribuiçõesdevidas,aindaquenãorecolhidaspelaempresa,semprejuízodarespectivacobrançaedaaplicaçãodaspenalidadescabíveis.Destarte,se,emummês, a empresa efetuou o desconto,mas não recolheu a contribuição doempregado, este não terá qualquer prejuízo. Por ocasião do requerimento

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administrativo, suasúnicasobrigações juntoàAutarquia serão:a) aprovadoexercício da atividade (já que não constará do CNIS o respectivo salário decontribuição,dadaaausênciaderecolhimentodacontribuição);b)aprovadovalordosaláriodecontribuição.

Apropósito, lembre-se de que, se a empresa efetuar o desconto,mas nãorecolheraimportância,oseuresponsávellegalincorreránapenacominadaparao crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP). De outrolado,seaempresanãofizerodesconto,nãoincideemqualquerprevisãotípicapenal, ficando, porém, diretamente responsável pelo valor não recolhido (art.33,§5º,daLein.8.212/91).

11.3ResponsabilidadesolidáriaPelo art. 264doCC/2002, há solidariedadequando, namesmaobrigação,

concorremaisdeumcredor,oumaisdeumdevedor,cadaumcomdireito,ouobrigado,àdívidatoda.Interessa-nosasolidariedadepassiva.

Nesse tópico, analisaremos algumas questões sobre responsabilidadesolidária: a) responsabilidade solidária do proprietário, do incorporador, dodono da obra ou condômino da unidade imobiliária com o construtor e osubempreiteiro (art.30,VI,daLein.8.212/91);b) responsabilidade solidáriadasempresasque integramomesmogrupoeconômico (art.30, IX,daLein.8.212/91);c)inconstitucionalidadedaresponsabilidadesolidáriadossóciosdasempresas limitadas (art. 13 da Lei n. 8.620/93 – já revogado); d)responsabilidade solidária dos produtores rurais integrantes do consórciosimplificado(art.25-A,§3º,daLein.8.212/91);ee)responsabilidadesolidáriadosadministradoresdeautarquiasefundaçõespúblicas,criadasemantidaspeloPoderPúblico,deempresaspúblicasedesociedadesdeeconomiamista.

11.3.1Responsabilidadesolidáriadoproprietário,incorporador,donodaobra,condôminoeincorporadorcomoconstrutorecomosubempreiteiro

São sujeitos da relação jurídica de construção: a) o proprietário; b) oconstrutor;c)odonodaobra;d)ocondômino;ee)oincorporador.

Seguindo a regra geral, apenas o sujeito passivo seria responsável pelacontribuição devida à seguridade social. Contudo, para dar maior eficácia àsatisfação do crédito tributário, o legislador previu a solidariedade entre ossujeitosacimacitados.Comisso,oPoderPúblicopoderábuscaroseucrédito

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emfacedequalquerumdossujeitos,semanecessidadedeidentificaçãodorealinadimplente.Vamosaumexemplo:MateuscontrataaconstrutoraAlfaparaolevantamento de casa em terreno de sua propriedade (logo, Mateus éproprietário).Paraarealizaçãodoserviço,aconstrutoracontarácompedreirosqueintegramoseuquadrodeempregados.Portanto,conclui-sequenãoexisterelação trabalhista entreMateus e os indivíduos que levantarão sua casa, osquais são empregados da construtora. Na condição de empregadora, aconstrutora possui algumas obrigações legais, como: a) recolher ascontribuiçõesprevidenciáriasa seucargo (porexemplo,acontribuiçãobásicade 20%e oSAT); b) descontar a contribuição dos segurados a seu serviço erecolheraimportânciadescontadaaoscofresprevidenciários.Poisbem,apesarde a construtora ser a devedora, a Lei n. 8.213/91 previu a responsabilidadesolidáriadeMateus,quepoderáserchamadoparapagaradívidadaconstrutorareferenteàobracontratada.

OincisoVIdoart.30daLein.8.212/91estabeleceumapossívelformadegarantia destinada a afastar a indesejável responsabilização do devedorsolidário: a retenção. Esta retenção não tem caráter impositivo. Trata-se demerafaculdade,cujoobjetivoéimpedirosefeitosdasolidariedade,emvirtudedequitaçãoprópriadosdébitos.

Dessemodo,aausênciaderetençãodosvaloresnãoimplicaviolaçãoàlei.Suaúnicaconsequênciaéapossibilidadedefuturaresponsabilizaçãosolidáriado agente em caso de inadimplemento da obrigação tributária. Em nossoexemplo: para que não exista possibilidade de Mateus ser responsabilizadosolidariamentepelosdébitosprevidenciáriosdaconstrutoraAlfadecorrentesdaconstruçãodaobra,elepoderáreter11%danotafiscal.

Alémdaretenção,odispositivoressalvaodireitoregressivo,na tentativadeseremreavidososvaloresdesembolsados.Enquantoaretençãovisaaobstararesponsabilizaçãosolidária,odireitoderegressoobjetivaoressarcimentodevaloresgastospelodevedorsolidárionosaneamentododébitodorealdevedor.Emnossoexemplo:considerandoqueJoséédevedorsolidáriodaconstrutora,aReceitaFederalpoderáexigirqueeleefetueopagamentodotributodevidopelaconstrutora Alfa. Se isso acontecer, José, posteriormente, poderá exigir daconstrutoraomontantequeprecisoupagaremrazãodasolidariedade.

Atenção!De acordo como art. 30,VII, daLei n. 8.212/91, exclui-se daresponsabilidadesolidáriaperanteaseguridadesocialoadquirentedeprédioouunidadeimobiliáriaquerealizaraoperaçãocomempresadecomercializaçãoou incorporadorde imóveis, ficandoestes solidariamente responsáveis como

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construtor.

11.3.2EmpresasintegrantesdomesmogrupoeconômicoOutra hipótese de solidariedade está prevista no art. 30, IX, da Lei n.

8.212/91 e refere-se às empresas que integramgrupo econômico de qualquernatureza.

11.3.3Inconstitucionalidadedaresponsabilidadesolidáriadossóciosdasempresaslimitadas

Oart.13daLein.8.620/93, já revogado,dispunhaqueo titularda firmaindividual e os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitadarespondiam solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto àseguridadesocial.

Enquantovigente,opreceitolegalsemprefoialvodeimpugnaçãojudicial,atéqueoSTF declarou a sua inconstitucionalidade.Basicamente, oTribunalargumentouqueoart.13daLein.8.620/93(leiordinária)nãopoderiadisporsobrematériareservadaàleicomplementar(CTN).

Enfim,oartigoemcomentoacabousendorevogadopelaMedidaProvisórian.449/2008,posteriormente,convertidanaLein.11.941/2009.

11.3.4Responsabilidadesolidáriadosprodutoresruraisintegrantesdoconsórciosimplificado

Deacordocomoart.25-AdaLein.8.212/91,equipara-seaoempregadorruralpessoafísicaoconsórciosimplificadodeprodutoresrurais,formadopelauniãodeprodutoresruraispessoasfísicas,queoutorgaraumdelespoderesparacontratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação de serviços,exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado emcartóriodetítulosedocumentos.

Segundoo§3ºdesseartigo,osprodutores rurais integrantesdoconsórciode que trata o caput serão responsáveis solidários em relação às obrigaçõesprevidenciárias.

11.3.5Responsabilidadesolidáriadeadministradoresde

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autarquiasefundaçõespúblicas,criadasemantidaspeloPoderPúblico,deempresaspúblicasedesociedadesdeeconomiamista

Nostermosdoart.42daLein.8.212/91,osadministradoresdeautarquiasefundações públicas, criadas e mantidas pelo Poder Público, de empresaspúblicasedesociedadesdeeconomiamistasujeitasaocontroledaUnião,dosEstados,doDistritoFederaloudosMunicípios,queseencontrarememmora,pormaisde30(trinta)dias,norecolhimentodascontribuiçõesprevistasnestalei, tornam-se solidariamente responsáveis pelo respectivo pagamento,ficandoaindasujeitosàsproibiçõesesançõesprevistasnalegislaçãopertinente.

11.4ExecuçãodeofíciodascontribuiçõesnaJustiçadoTrabalho

CompeteàJustiçadoTrabalhoprocessarejulgaraexecução,deofício,dascontribuiçõessociaisprevistasnoart.195,I,a,eII,eseusacréscimoslegais,decorrentesdassentençasqueproferir(art.114,VIII,daCF/88).

Cuidado! Quando se fala de execução de ofício de contribuiçãoprevidenciárianaJustiçadoTrabalho,oPoderPúblicoécredor,enãodevedor.Consequentemente, é totalmente inaplicável a sistemática de pagamento deprecatório.

Sobreoalcancedanormaconstitucional, temosasalientaroseguinte.Emprimeiro lugar, somente haverá execução de ofício da contribuiçãoprevidenciária devida pela empresa sobre a folha e da contribuiçãoprevidenciáriadostrabalhadoresedemaisseguradosdaprevidênciasocial(art.195,I,a,eII,daCF/88).

Ademais,conformeentendeuoSTF,acompetênciadaJustiçadoTrabalholimita-seàexecuçãodeofíciodascontribuiçõesmencionadasdecorrentesdassentençascondenatórias empecúnia que proferir e aos valores objeto deacordohomologadoque integremosaláriodecontribuição,nãoabrangendo,pois,assentençasmeramentedeclaratóriasdevínculo.Nomesmosentido,foieditadaaSúmula 368doTST: “I.A Justiça doTrabalho é competente paradeterminarorecolhimentodascontribuiçõesfiscais.AcompetênciadaJustiçadoTrabalho,quantoàexecuçãodascontribuiçõesprevidenciárias,limita-seàssentençascondenatóriasempecúniaqueproferireaosvalores,objetodeacordohomologado,queintegremosaláriodecontribuição(ex-OJn.141daSBDI-1–inseridaem27-11-1998)”.

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O art. 832, § 4º, da CLT dispõe que a União será intimada das decisõeshomologatóriasdeacordosquecontenhamparcela indenizatória,na formadoart.20daLein.11.033,de21dedezembrode2004,facultadaainterposiçãoderecursorelativoaostributosquelheforemdevidos.

Atente-separaofatodeessaintimaçãoserdirigidaàProcuradoria-GeralFederal(enãoàProcuradoriadaUnião),hajavistaodispostonoart.16,§3º,daLein.11.457/2007, segundooqual competeàProcuradoria-GeralFederalrepresentar judicial e extrajudicialmenteaUnião,nosprocessosda JustiçadoTrabalho relacionados com a cobrança de contribuições previdenciárias, deimpostoderendaretidonafonteedemultasimpostasaosempregadorespelosórgãos de fiscalização das relações do trabalho, mediante delegação daProcuradoria-GeraldaFazendaNacional.

Peloart.43,§2º,daLein.8.212/91,incluídopelaLein.11.941,de2009,considera-seocorridoo fatogeradordascontribuições sociaisnadatadaprestaçãodoserviço.Portanto,ofatogeradordacontribuiçãonãoéoacordo,asentençaouopagamentopropriamenteditodaimportânciadevida,mas,sim,oexercíciodaatividaderemunerada.

O último ponto diz respeito à celebração de acordo após o trânsito emjulgado.Peloart.832,§6º,daCLT,incluídopelaLein.11.457/2007,oacordocelebrado após o trânsito em julgado da sentença ou após a elaboração doscálculos de liquidação de sentença não prejudicará os créditos da União.Entretanto,comoadventodaLein.11.941/2009,foiincluídoo§5ºaoart.43daLein.8.212/91,comaseguinteredação:“Nahipótesedeacordocelebradoapós ter sido proferida decisão demérito, a contribuição será calculada combasenovalordoacordo”.

Apesardaaparentecontradiçãoentreosdispositivoslegais,épossívelcom-patibilizá-los.Havendotrânsitoemjulgadodadecisão,oacordoaindapodeserfeito, porém não poderá prejudicar os créditos da União. Por outro lado, nahipótesedecelebraçãodeacordoapósdecisãodemérito,masantesdotrânsitoem julgado, não há como resguardar os créditos da União, devendo acontribuiçãosercalculadacombasenovalordoacordo.Esse,porém,nãoéoentendimentodoTST.OTribunaladotouumaposiçãointermediária,nosentidodequeabasedecálculoaserutilizadaparaorecolhimentodascontribuiçõesprevidenciárias seja o valor total do acordo, mas respeitada a proporção deparcelasdenaturezasalariale indenizatóriacontidasnadecisão transitadaemjulgado. Vejamos, a propósito, a OJ-SDI1-376: É devida a contribuiçãoprevidenciáriasobreovalordoacordocelebradoehomologadoapósotrânsito

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emjulgadodedecisãojudicial,respeitadaaproporcionalidadedevaloresentreas parcelas de natureza salarial e indenizatória deferidas na decisãocondenatóriaeasparcelasobjetodoacordo.

12.ConstituiçãodocréditoprevidenciárioEm regra, a simples ocorrência do fato gerador, com o consequente

nascimentodaobrigação tributária,nãoécapazdeexigirdosujeitopassivoaefetivação de seu dever obrigacional, consistente no pagamento do débito.Impõe-se,ainda,apráticadeumatoadministrativoespecífico,quesetraduznadeclaraçãodaexistência,quantificaçãoeexigênciadaprestaçãoprevidenciária:olançamento,previstonoart.142doCTN.

Existem três espécies de lançamento: a) lançamento de ofício; b)lançamentopordeclaração;c)lançamentoporhomologação.

O lançamento de ofício é praticado por iniciativa da autoridadeadministrativa,independentementedequalquercolaboraçãodosujeitopassivo.Suashipótesesestãoprevistasnoart.149doCTN.

Peloart.147doCTN,olançamentopordeclaraçãoéoefetuadocombasenadeclaraçãodosujeitopassivooudeterceiro,quandoumououtro,naformada legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobrematériadefato,indispensáveisàsuaefetivação.

Por fim, o lançamento por homologação, previsto no art. 150 do CTN,ocorre quando se exige do sujeito passivo o dever de antecipar o pagamentosem prévio exame da autoridade administrativa no que concerne à suadeterminação.Opera-sepeloatodaautoridade,que,tomandoconhecimentodadeterminaçãofeitapelosujeitopassivo,expressaoutacitamenteahomologa.

Ascontribuiçõessociaisestãosujeitasaolançamentoporhomologaçãoeaolançamento de ofício. Cabe ao sujeito passivo declarar os fatos geradores,calcular o tributo devido e antecipar-lhe o pagamento, com posteriorhomologação(ounão)daFazenda.

Nesse contexto, é importante salientar a importância da Guia deRecolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social (GFIP). Deacordocomoart.32,IV,daLein.8.212/91,aempresaéobrigadaadeclararàSecretaria daReceita Federal doBrasil e aoConselhoCurador do Fundo deGarantia do Tempo de Serviço (FGTS), na forma, prazo e condiçõesestabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base decálculoevaloresdevidosdacontribuiçãoprevidenciáriaeoutras informações

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deinteressedoINSSoudoConselhoCuradordoFGTS.Trata-se,portanto,deobrigaçãoacessóriacujocumprimentoviabilizaadeclaraçãodofatogeradordacontribuição. A declaração em GFIP implica confissão de dívida e,consequentemente, a constituição do crédito tributário. Logo, não hánecessidadedeinstauraçãodeprocedimentoadministrativofiscal,atéporqueaprópriadevedorareconheceuodébitoquandoodeclarouemGFIP.

Exatamenteporisso,oart.33,§7º,daLein.8.212/91,dispõequeocréditodaseguridadesocialéconstituídopormeiodenotificaçãodelançamento,deautode infração e de confissão de valores devidos e não recolhidos pelocontribuinte(=declaraçãoemGFIP).

13.DecadênciaeprescriçãonocusteioEnquantoadecadênciaéaperdadodireitodeconstituirocréditotributário,

a prescrição é a perda do direito de buscá-lo judicialmente (por meio deexecuçãofiscal).

Antigamente, os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91 previam que o prazodecadencialeoprazoprescricionaleramdedezanos,contrariandooprevistonoCTN(cincoanos).AcontrovérsiaacabouchegandoaoSTF,quedeclarouainconstitucionalidade dos prazos previstos na Lei n. 8.212/91, nos termos daSúmulaVinculanten.8:“Sãoinconstitucionaisoparágrafoúnicodoart.5ºdoDecreto-lei n. 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, que tratam deprescriçãoedecadênciadecréditotributário”.

O principal fundamento da decisão está no art. 146, III,b, da CF/88.Deacordo com o dispositivo constitucional citado, cabe à lei complementarestabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmentesobre decadência e prescrição tributários. Vale dizer, cabe ao CTN(recepcionadocomoleicomplementar),enãoàLein.8.212/91,disporsobreosprazosdecadencialeprescricional.Logoapósadecisão,aLeiComplementarn.128/2008acabourevogandoosarts.45e46daLein.8.212/91.

Atualmente, ambos os prazos (de decadência e de prescrição) têmfundamentonoCTNesãodecincoanos.Logo,aFazendaPúblicapossuicincoanosparaconstituirocrédito,pormeiodolançamentodeofício(notificaçãodelançamento ou auto de infração), e cinco anos para cobrá-lo judicialmentedepoisdeconstituído.

Deacordocomoart.45-AdaLein.8.212/91,ocontribuinteindividualquepretenda contar, como tempo de contribuição, para fins de obtenção de

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benefíciono regimegeraldeprevidência socialoude contagem recíprocadotempo de contribuição, período de atividade remunerada alcançada peladecadênciadeveráindenizaroINSS.

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Capítulo19

ProvadeInexistênciadeDébito

1.DisposiçõeslegaisDeacordocomoart.47daLein.8.212/91,éexigidaCertidãoNegativade

Débito(CND),fornecidapeloórgãocompetente,nosseguintescasos:I–daempresa:a)nacontrataçãocomoPoderPúblicoeno recebimentodebenefíciosou

incentivofiscaloucreditícioconcedidoporele;b)naalienaçãoouoneração,aqualquertítulo,debemimóveloudireitoa

elerelativo;c) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem móvel de valor

superioraolimiteprevistoemlegislaçãopertinente;d)noregistroouarquivamento,noórgãopróprio,deatorelativoabaixaou

reduçãodecapitaldefirmaindividual,reduçãodecapitalsocial,cisãototalouparcial,transformaçãoouextinçãodeentidadeousociedadecomercialouciviletransferênciadecontroledecotasdesociedadesderesponsabilidadelimitada;

II–doproprietário,pessoa físicaou jurídica,deobradeconstruçãocivil,quando de sua averbação no registro de imóveis, salvo na hipótese deconstruçãoresidencialunifamiliar,destinadaaousopróprio,detipoeconômico,se for executada sem mão de obra assalariada, observadas as exigências doregulamento.

Ressalte-se que a prova de inexistência de débito deve ser exigida daempresaemrelaçãoatodasassuasdependências,estabelecimentoseobrasdeconstrução civil, independentemente do local onde se encontrem, ressalvadoaos órgãos competentes o direito de cobrança de qualquer débito apuradoposteriormente.

Quando exigível ao incorporador, a prova de inexistência de débito

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independe da apresentada no registro de imóveis por ocasião da inscrição domemorialdeincorporação.

Fica dispensada a transcrição, em instrumento público ou particular, dointeiroteordodocumentocomprobatóriodeinexistênciadedébito,bastandoareferênciaaoseunúmerodesérieeàdatadaemissão,bemcomoaguardadodocumentocomprobatórioàdisposiçãodosórgãoscompetentes.

O documento comprobatório de inexistência de débito poderá serapresentado por cópia autenticada, dispensada a indicação de sua finalidade,excetonahipótesedeobradeconstruçãocivil.

OprazodevalidadedaCertidãoNegativadeDébito (CND)édesessentadias,contadosdasuaemissão,podendoserampliado,porregulamento,paraatécentoeoitentadias.

Independedeprovadeinexistênciadedébito:a) a lavratura ou assinatura de instrumento, ato ou contrato que constitua

retificação,ratificaçãoouefetivaçãodeoutroanteriorparaoqualjáfoifeitaaprova;

b)aconstituiçãodegarantiaparaconcessãodecréditorural,emqualquerdesuasmodalidades, por instituição de crédito pública ou privada, desde que ocontribuintereferidonoart.25daLein.8.212/91nãosejaresponsáveldiretopelo recolhimento de contribuições sobre a sua produção para a seguridadesocial;

c) a averbação prevista no inciso II do art. 47 daLei n. 8.212, relativa aimóvelcujaconstruçãotenhasidoconcluídaantesde22denovembrode1966.

d)orecebimento,pelosMunicípios,detransferênciaderecursosdestinadosaaçõesdeassistênciasocial,educação,saúdeeemcasodecalamidadepública.

e) a averbação da construção civil localizada em área objeto deregularizaçãofundiáriadeinteressesocial,naformadaLein.11.977,de7dejulhode2009.

O condômino adquirente de unidades imobiliárias de obra de construçãocivilnão incorporadana formadaLein.4.591,de16dedezembrode1964,poderá obter documento comprobatório de inexistência de débito, desde quecomprove o pagamento das contribuições relativas à sua unidade, conformedispuseroregulamento.

A prática de ato com inobservância do disposto no art. 47 da Lei n.8.212/91, ou o seu registro, acarretará a responsabilidade solidária doscontratantesedooficialquelavrarouregistraroinstrumento,sendooato

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nulo para todos os efeitos. Ademais, o servidor, o serventuário da Justiça, otitular de serventia extrajudicial e a autoridade ou órgão que infringirem odisposto no mesmo artigo legal incorrerão em multa aplicada na formaestabelecida no art. 92 da Lei n. 8.212/91, sem prejuízo da responsabilidadeadministrativaepenalcabível.

Os órgãos competentes podem intervir em instrumento que depender deprovade inexistênciadedébito,a fimdeautorizar sua lavratura,desdequeodébito seja pago no ato ou que o seu pagamento fique asseguradomedianteconfissãodedívidafiscal,comooferecimentodegarantiasreaissuficientes,naformaestabelecidaemregulamento.

Finalmente,emsetratandodealienaçãodebensdoativodeempresaemre-gimedeliquidaçãoextrajudicial,visandoàobtençãoderecursosnecessáriosaopagamentodoscredores,independentementedopagamentooudaconfissãodedívidafiscal,oInstitutoNacionaldoSeguroSocial (INSS)poderáautorizaralavraturadorespectivoinstrumento,desdequeovalordocréditoprevidenciárioconste, regularmente, do quadro geral de credores, observada a ordem depreferêncialegal.

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Capítulo20

CrimesPrevidenciários

1.IntroduçãoAntigamente,oscrimesprevidenciáriosestavamprevistosnoart.95daLei

n. 8.212/91, o qual acabou revogado pela Lei n. 9.983/2000. Conformejurisprudência reiterada do STJ, essa revogação não importou em abolitiocriminis. Apenas houve a migração tópica dos crimes, os quais passaram aintegrarotextodoCódigoPenal.Ailicitudecontinuasendoreprimida.

Nestecapítulo,analisaremososcrimesprevidenciáriosmaisimportantes:a)apropriação indébita previdenciária; b) sonegação fiscal previdenciária; c)estelionato contra a previdência social, falsidade ideológica e falsificaçãodocumental.

2.Apropriaçãoindébitaprevidenciária

2.1PrevisãolegalOart.168-AdoCPprevêpenadereclusãodedoisacincoanosemultapara

quem deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas doscontribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Nas mesmas penasincorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outraimportância destinada à previdência social que tenha sido descontada depagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II –recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integradodespesas contábeisoucustos relativosàvendadeprodutosouàprestaçãodeserviços;III–pagarbenefíciodevidoasegurado,quandoasrespectivascotasouvaloresjátiveremsidoreembolsadosàempresapelaprevidênciasocial.

Dentreascondutas típicas,duasmerecemmaioratenção.Aprimeiradelasacontece quando o empregador desconta a contribuição do empregado a seu

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serviço,porémnãorecolheaimportânciadescontadaaoscofrespúblicos.Ex.:José,empregadodaempresaAlfa,possuiremuneraçãomensaldeR$2.000,00.Em determinado mês, a empresa Alfa, apesar de descontar a contribuiçãodevidaporJosédesuaremuneração(11%deR$2.000,00=R$220,00),deixouderecolherovalordescontadoaoscofresprevidenciários.

A segunda conduta típica relevante refere-se à situação em que oempregadordeixadepagarbenefíciodevidoasegurado,quandoasrespectivascotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdênciasocial.Ex.:Maria,empregadadaempresaBeta,deuàluzumacriança.Vimosque o salário-maternidade da empregada será pago pela empresa, a qual,posteriormente, providenciaria o reembolso (acerto financeiro quando dorecolhimento de suas próprias contribuições).Haverá o crime de apropriaçãoindébita se a empresaBeta tiver sido reembolsada semque tenha efetuado opagamentodobenefíciodesalário-maternidadeparaMaria.

Atente-se a que a prática deste delito pressupõe a inversão na posse dosvalores. Dessa maneira, na hipótese de a empresa deixar de recolher a suaprópria contribuição, não haverá o crime de apropriação indébitaprevidenciária,porsetratardedébitopróprio.

2.2DesnecessidadededoloespecíficoSegundojurisprudênciamajoritáriadoSTJ,paraacaracterizaçãododelito

deapropriaçãoindébitaprevidenciária,bastaodologenérico,jáqueéumcrimeomissivopróprio,nãoseexigindo,portanto,odoloespecíficodoagentedesebeneficiar dos valores arrecadados dos empregados e não repassados àprevidênciasocial(animusremsibihabendi).Atéporque,comosalientaoSTJ,a exigência do dolo específico tornaria praticamente impossível atingir oobjetivodolegisladoraoeditaranormacontidanoart.168-AdoCódigoPenal,queéodeprotegeropatrimôniopúblicoeosseguradosdaprevidênciasocial(AgRg no REsp 750979/RJ, Rel. Min. Paulo Gallotti, DJe 3-8-2009). Nomesmosentido, temdecididooSTF (AI699103AgR).Valedizer,odolodocrimedeapropriaçãoindébitadecontribuiçãoprevidenciáriaéavontadedenãorepassaràprevidênciaascontribuiçõesrecolhidas,dentrodoprazoedasformaslegais,nãoseexigindooanimusremsibihabendi, sendo,portanto,descabidoexigirademonstraçãodoespecialfimdeagirouodoloespecíficodefraudaraprevidênciasocial,comoelementoessencialdotipopenal.

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2.3NaturezajurídicaeconsumaçãoParaoSTF, a apropriação indébita disciplinada no art. 168-A doCódigo

Penalconsubstanciacrimeomissivomaterial,enão simplesmente formal.Asuaconsumaçãoexigeoefetivodano(resultadonaturalístico), jáqueoobjetojurídico tutelado é o patrimônio da previdência social. Consequentemente, aconstituiçãodefinitivadocréditotributárioécondiçãoobjetivadepunibilidade,ficandoafastadasapersecuçãocriminaleamanutençãodeinquérito.Inclusive,amesma ideia está prevista naSúmulaVinculante n. 24 do STF: “Não setipificacrimematerialcontraaordemtributária,previstonoart.1º,incisosIaIV, daLei n. 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”.OmesmoentendimentotemsidoadotadopeloSTJ.

Note-sequeadesnecessidadededoloespecíficonãocontradizaexigênciade efetivo dano (= resultado naturalístico). O dolo tem a ver com o aspectosubjetivo da conduta. Para o crime estar configurado, basta o dolo genérico,sendodescabidaaexigênciadesedemonstraroespecialfimdeagirouodoloespecífico de fraudar a previdência social. Entretanto, o crime pressupõe oefetivo dano para a previdência social. Um exemplo: Ricardo deixou derecolher as contribuições descontadas de seus empregados. O crédito foiconstituídopela fiscalização, semqueRicardo tenhaapresentado impugnaçãotributária do lançamento. Nesse caso, houve o dano, afinal o crédito foidefinitivamenteconstituído(hajavistaaausênciadeinterposiçãoderecursoporRicardo).Ademais,nãoseexigequeadenúnciademonstrequeRicardotinhaespecial fim de agir contra a previdência social. Para estar caracterizado ocrimedopontodevistasubjetivo,bastaqueodescontonãotenhasidosucedidopelorecolhimento.

2.4Prisãocivilpordívida?DeacordocomajurisprudênciadoSTF,nãoexistedúvidaquantoàplena

validade do art. 168-A do CP, que institui um tipo penal, e não hipótese deprisãocivilpordívida.Sobreotema,oTRFda4ªRegiãoeditouaSúmula65:“A pena decorrente do crime de omissão de recolhimento de contribuiçõesprevidenciárias não constitui prisão por dívida”. Em idêntico diapasão, háprecedentesnoSTJ.

2.5DificuldadesfinanceirasA jurisprudência majoritária dos Tribunais Regionais Federais vem

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entendendo que a dificuldade financeira contemporânea pode caracterizarinexigibilidadedecondutadiversa.Hátambémdecisõesjudiciaisnosentidodeque a dificuldade financeira é excludente de antijuridicidade (estado denecessidade).

Entretanto, para que as dificuldades financeiras possam caracterizarhipótesedeinexigibilidadedecondutadiversa,elasdevemserexcepcionais,ouseja, de inequívoca insolvência do empreendimento (TRF 3aRegião – HC200803000293048 e TRF 4a Região – ACR 200872080015961). Assim, porexemplo,seaapropriaçãoindébitaperdurouporlargoperíodo,havendonotíciade outros crimes da mesma natureza, infere-se que tal conduta acabou setornandoummodonormaldefuncionamentodaempresa,enãoumaexceção(TRF3aRegião–ACR200861190044275).

3.SonegaçãofiscalprevidenciáriaOart. 337-AdoCPprevêpenadedois a cinco anos, emulta, paraquem

suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessóriomedianteasseguintescondutas:a)omitirdefolhadepagamentodaempresaoudedocumentode informaçãoprevisto na legislaçãoprevidenciária, seguradosempregado,empresário,trabalhadoravulsooutrabalhadorautônomoouaesteequiparadoque lhepresteserviços;b)deixarde lançarem títulosprópriosdacontabilidadedaempresaasquantiasdescontadasdosseguradosouasdevidaspeloempregadoroupelotomadordeserviços;c)omitir,totalouparcialmente,receitasoulucrosauferidos, remuneraçõespagasoucreditadasedemais fatosgeradoresdecontribuiçõesprevidenciárias.

Basicamente,o tipopenalpressupõeduasomissõessucessivas.Aprimeiraomissão refere-se ao cumprimento de uma obrigação acessória. A segundaomissão, decorrente da primeira, tem a ver com o não recolhimento dacontribuição. Vamos a um exemplo: imagine uma empresa Beta, com dezempregados.Nessecaso,aempresadeveefetuaropagamentodascontribuiçõesdevidassobreafolhadeseusdezempregados(20%+SAT+contribuiçãoparaaaposentadoriaespecial,seforocaso+adicionaldainstituiçãofinanceira,seforocaso).Comointuitodereduziracargatributária,aempresadeclaraemGFIPaexistênciadeapenasseisempregados.Ouseja,elaomitiuaexistênciadequatroempregados(primeiraomissão).Exatamenteemrazãodessaprimeiraomissão, ela deixa de recolher a contribuição sobre a folha dos quatroempregadosnãodeclarados (segundaomissão).Caracterizadoestáocrimede

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sonegaçãofiscalprevidenciária.

4.ExtinçãodepunibilidadenaapropriaçãoindébitaprevidenciáriaenasonegaçãofiscalprevidenciáriaNo Código Penal, existem regras específicas de extinção de punibilidade

para a apropriação indébita previdenciária e para a sonegação fiscalprevidenciária(art.168-A,§2º,eart.337-A,§1º).

Entretanto,em30demaiode2003,foieditadaaLein.10.684,cujoart.9ºpassou a prever a extinção de punibilidade da apropriação indébitaprevidenciária e da sonegação fiscal previdenciária quando a pessoa jurídicarelacionadacomoagenteefetuaropagamentointegraldosdébitosoriundosdetributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. Ao contrário do quedispõeoCP,aLein.10.684/2003possibilitaaextinçãodapunibilidademesmoapósorecebimentodadenúncia,oqueatornamaisfavorável,especialmentesecomparada ao art. 168-A, § 2º, do CP. Sendomais benéfica, possui eficáciaretroativa(lexmitior).EsseéoentendimentodoSTJ.Finalmente,saliente-sequeapenhoranãoéconsideradacausadeextinçãodepunibilidade.

5.Estelionatocontraaprevidênciasocialefalsidade

5.1AplicaçãodacausadeaumentodepenaO art. 171 do CP prevê pena de um a cinco anos para o indivíduo que

obtiver,parasiouparaoutrem,vantagemilícita,emprejuízoalheio,induzindooumantendoalguémemerro,medianteartifício,ardil,ouqualqueroutromeiofraudulento.Segundoo§3ºdomesmoartigoeaSúmula24doSTJ,apenaaumenta de um terço se o crime é cometido em detrimento de entidade dedireito público ou de instituto de economia popular, assistência social oubeneficência.

5.2PrincípiodaconsunçãoOestelionatocontraaprevidênciasocialnormalmenteépraticadopormeio

do uso de prova ilícita, seja em razão de falsidade documental (quando odocumento é falso), seja em razão de falsidade ideológica (o documento éverdadeiro,masasinformaçõesdeleconstantessãofalsas).Emsituaçõescomoessa,emtese,oindivíduocometedoiscrimes:afalsidadeeoestelionato.Mas

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qualéoentendimentodajurisprudênciasobreaquestão?De acordo com a Súmula 17 do STJ, “Quando o falso se exaure no

estelionato,semmaispotencialidadelesiva,époresteabsorvido”.Trata-sedoprincípio da consunção. Se a falsidade prestar-se exclusivamente para arealizaçãodoestelionato,o“crimefim”(estelionato)absorveráo“crimemeio”(falsidade).

5.3NaturezajurídicaOutro aspecto relevante acerca do estelionato diz respeito à sua natureza

jurídica.Trata-sedecrimepermanenteouinstantâneodeefeitospermanentes?Aquestãonãoépuramente teórica, tendo repercussãoprática relevante.É

queacontagemdoprazoprescricionaldapretensãopunitiva inicia-seapartirdomomentoemqueocrimeseconsuma.Logo,seconsiderarmosoestelionatoprevidenciárioumcrimepermanente,asuaconsumaçãoseprotrainotempoatéomomentodedescobertadafraude.Deoutrolado,seentendermosquesetratade crime instantâneo de efeitos permanentes, considera-se consumado com opercebimentodaprimeiraparceladobenefício.

Atualmente, prevalecenoSTF a interpretação no sentido de que o crimetem natureza binária, devendo-se distinguir a situação fática daquele quecometeumafalsidadeparapermitirqueoutremobtenhaavantagemindevida,daqueleque,eminteressepróprio,recebeobenefícioilicitamente.Noprimeirocaso, a conduta, a despeito de produzir efeitos permanentes no tocante aobeneficiáriodaindevidavantagem,materializa,instantaneamente,oselementosdotipopenal.Jánaquelassituaçõesemqueacondutaécometidapeloprópriobeneficiárioe renovadamensalmente,ocrimeassumeanaturezapermanente,dadoque,paraalémdeodelitoseprotrairnotempo,oagentetemopoderde,aqualquertempo,fazercessaraaçãodelitiva.Assim,porexemplo,nahipótesede fraude praticada por agenciador para que terceiro obtenha o benefícioindevido,ocrimeéinstantâneodeefeitospermanentes.Entretanto,seafraudetiver sido praticada pelo próprio beneficiário, o crime será consideradopermanente.

NoâmbitodoSTJ,existecontrovérsiaentreasTurmas.EnquantoaSextaTurma entende que se trata de crime instantâneo de efeitos permanentes, aQuinta Turma consolidou sua jurisprudência no sentido de que o crime épermanente.

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5.4FalsaanotaçãonaCTPSecompetênciaOúltimo aspecto quemerece a atenção do aluno refere-se à competência

para processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho ePrevidência Social. Antigamente, o STJ entendia que a competência era daJustiçaEstadual,tendosidoeditada,inclusive,aSúmula62.Contudo,partindoda premissa (correta) de que o crime visa a prejudicar bens, serviços einteressesfederais,oSTJmodificouseuentendimento,afastouaincidênciadaSúmula 62 e passou a entender que a competência para processar e julgar ocrime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social é daJustiçaFederal.

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Capítulo21

PrevidênciaPrivada

1.IntroduçãoecaracterísticasNo ordenamento jurídico brasileiro, coexistem regimes previdenciários

obrigatóriosefacultativos,conformeoseguintedetalhamentográfico:

De acordo como art. 202 daCF/88, o regimede previdência privada, decaráter complementar e organizado de forma autônoma em relação aoRGPS, será facultativo, baseado na constituição de reservas (poupança)quegarantamobenefíciocontratado,ereguladoporleicomplementar.

Pelo art. 202, § 1º, da CF/88, a lei complementar de regulação (LC n.109/2001)deveassegurar,aoparticipantedeplanosdebenefíciosdeentidadesdeprevidênciaprivada,oplenoacessoàs informaçõesrelativasàgestãodeseusrespectivosplanos.

O § 2º do mesmo artigo dispõe que as contribuições do empregador, osbenefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos eplanos de benefícios das entidades de previdência privada não integram ocontrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos

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benefíciosconcedidos,nãointegramaremuneraçãodosparticipantes,nostermosdalei.

Passemos,então,àanáliseespecíficadessascaracterísticas!

1.1CarátercomplementareorganizaçãoautônomaemrelaçãoaoRGPS

Como pode o sistema de previdência privada ser, ao mesmo tempo,complementareautônomoemrelaçãoaoRGPS?

O caráter complementar visa a garantir a manutenção do padrãofinanceiro do trabalhador após a sua passagem para a inatividade,contribuindo, portanto, para o fomento da poupança nacional (no sentido deviabilizaraacumulaçãodecapitalparaofuturo).Justifica-sepelaexistênciadeteto noRGPS.Umexemplo:Antônio, na condição de empregado (filiado aoRGPS),temremuneraçãomédiadeR$10.000,00pormês.QuandoAntônioseaposentarpeloRGPS,perceberáumaaposentadorialimitadaaoteto(para2012,o teto éR$3.916,20).Se elequiser assegurar omesmopadrão financeirodaatividade,deverárecorreraosistemadeprevidênciaprivada.

O caráter autônomo significa que o ingresso no regime de previdênciaprivada independe de filiação ao RGPS. Vale dizer, o segurado do RGPSpoderáounãoaderiràprevidênciaprivada.Ademais,oingressonoregimedeprevidênciaprivadanãopressupõeafiliaçãoaoRGPS.

1.2FacultatividadeecontratualidadeAocontráriodoRGPS,denaturezainstitucionaledefiliaçãoobrigatória,o

regimedeprevidência privada é facultativo e contratual. Portanto, o ingressoem sistema de previdência privada, necessariamente, pressupõe um ato devontadedoindivíduo.

Trata-se de contrato de adesão regido pelo Código de Defesa doConsumidor, nos termos daSúmula 321 do STJ. Ressalte-se quea Súmula321doSTJtantoseaplicaàsentidadesabertascomoàsfechadas.

1.3Baseadanaconstituiçãodereservasquegarantamobenefíciocontratado

Ao determinar que a previdência privada será baseada na constituição dereservas que garantam o benefício contratado, a CF/88 optou expressamente

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pelo regime financeiro de capitalização. Como salienta Daniel Pulino, noregime de capitalização, os próprios contribuintes gerarão, na atividade, omontantenecessárioparafinanciarasprestaçõesemsuainatividade(PULINO,2011,p.290).Maisumavez,éoportunocolacionardetalhamentográficoquefacilita a compreensão do sistema de capitalização. Veja-se que todos ossujeitos, durante a atividade, efetuam o pagamento de suas contribuições, asquais,futuramente,financiarãoseusbenefícios.

As entidades de previdência complementar constituirão reservas técnicas,provisões e fundos, de conformidade com os critérios e normas fixados peloórgão regulador e fiscalizador (art. 9º da LC n. 109/2001). A aplicação dosrecursoscorrespondentesàsreservas,àsprovisõeseaosfundosdequetrataocaput será feita conforme diretrizes estabelecidas pelo Conselho MonetárioNacional.

1.4ReguladoporleicomplementarO art. 202 da CF/88 exige a edição de lei complementar para regular o

regimedeprevidênciaprivada.Porforçadetaldeterminação,foieditadaaLeiComplementarn.109/2001.

1.5TransparêncianagestãoConforme já salientamos, a lei complementar de regulação (LC n.

109/2001)deveassegurar,aoparticipantedeplanosdebenefíciosdeentidadesdeprevidênciaprivada,oplenoacessoàsinformaçõesrelativasàgestãodeseus

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respectivosplanos.

1.6Desvinculaçãodoscontratosdetrabalhoedeprevidênciaprivada

Segundo o art. 202, § 2º, da CF/88, as contribuições do empregador, osbenefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos eplanos de benefícios das entidades de previdência privada não integram ocontrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dosbenefíciosconcedidos,nãointegramaremuneraçãodosparticipantes,nostermosda lei.Assim, infere-seque, juridicamente, o contratode trabalho eocontratodeprevidênciaprivada(queédeDireitoCivil–relaçãodeconsumo)sãoautônomos.

DanielPulino ressalta que o preceito constitucional em comento dirige-separticularmente aos planos de previdência complementar fechada e àmaioriadosplanoscoletivosdeentidadesabertas,previstosnoart.26daLCn. 109/2001. O autor também adverte que a autonomia entre o contrato detrabalhoeocontratodeprevidênciaprivadaéjurídica,enãofática(PULINO,2011, p. 296). Com efeito, logo adiante, veremos que um indivíduo somentepode aderir a um plano de previdência fechada, oferecido por uma empresa,caso seja por ela empregado. Consequentemente, não há como negar avinculação fática entre a relação previdenciária e a relação de trabalho (ouassociativa).

Atenção! Com o advento da LC n. 109/2001, os planos de benefíciosdevem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dospatrocinadores ou associados dos instituidores. Veja-se que a CF foipromulgada em 1988, época em que ainda não se exigia que os planos debenefícios fossem oferecidos a todos os empregados (essa determinaçãosomentepassouaexistirapósoadventodaLCn.109/2001).

2.EspéciesdeprevidênciaprivadaO regime de previdência complementar privada subdivide-se em dois

segmentos:a)previdênciaaberta,emregra,acessívelaqualquerpessoafísica;b) previdência fechada, destinada exclusivamente aos empregados de umaempresa ou grupo de empresas, aos servidores de entes públicos e aosassociadosoumembrosdepessoasjurídicasdecaráterprofissional,classistaousetorial.

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Por exemplo, a Petrobrás, na condição de empresa, oferece, aos seusempregados, planos de benefícios de previdência privada, os quais sãoadministrados pela PETROS (entidade fechada). Portanto, considerando quesomenteosempregadosdaPetrobráspodemaderiraosplanosdebenefíciosdaPETROS,trata-sedeprevidênciafechada.

3.Sujeitosdarelação

3.1NaprevidênciafechadaA relação jurídica da previdência privada fechada é composta pelos

seguintessujeitos:a)Participante:pessoafísicaqueaderiraosplanosdebenefícios(art.8º,I,da

LCn.109/2001).b) Assistido: o participante ou seu beneficiário em gozo de benefício de

prestaçãocontinuada.c)Entidadefechada:conhecidapopularmentecomo fundodepensão.Pessoa

jurídica que tem como objeto a administração e execução de planos debenefíciosdenaturezaprevidenciária(art.32daLCn.109/2001).Nãovisaaolucro.Conquantonãopossaterintuitolucrativo,obviamente,oplanodebenefício operado por entidade fechada sempre será instituído eadministrado para obter resultado econômico-financeiro positivo ou, nomínimo, equilibrado, ajustado aos seus compromissos (PULINO, 2011, p.208).Emsíntese:abuscapeloequilíbriofinanceiroeatuarialnãopodeserconfundidacomafinalidadelucrativa.Deacordocomoart.31,§2º,daLCn.109/2001,asentidadesfechadasor-

ganizar-se-ãosobaformadefundaçãoousociedadecivil,semfinslucrativos.Entretanto,comoadventodoCódigoCivilde2002,deixoudeserpossívelaconstituição de pessoa jurídica sob a forma de sociedade civil sem finslucrativos (art. 44 doCC).Assim, as entidades constituídas após o início devigência do Código Civil de 2002 somente podem sê-lo sob a forma defundação. E quanto à entidade constituída como sociedade civil sem finslucrativosantesdoNovoCódigoCivil?Apriori,seriacasodeaplicaçãodoart.2.031doCC:“Asassociações,sociedadese fundações,constituídasnaformadasleisanteriores,bemcomoosempresários,deverãoseadaptaràsdisposiçõesdesteCódigoaté11dejaneirode2007”.Contudo,nãofoioqueaconteceu.Em2 de janeiro de 2004, a Secretaria de Previdência Complementar (SPC)

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(posteriormente sucedida pela PREVIC) editou a Portaria 2, cujo art. 1ºdispunha:“Art.1ºAsentidadesfechadasdeprevidênciacomplementar,regidaspor lei complementar, não estão obrigadas a promover em seus estatutos asadaptações aque se refereo art. 2.031daLein. 10.406,de10de janeirode2002(NovoCódigoCivil)”.

Segundo o art. 33 da LC n. 109/2001, dependerão deprévia e expressaautorização do órgão regulador e fiscalizador: a) a constituição e ofuncionamento da entidade fechada, bem como a aplicação dos respectivosestatutos, dos regulamentos dos planos de benefícios e suas alterações; b) asoperações de fusão, cisão, incorporação ou qualquer outra forma dereorganização societária, relativas às entidades fechadas; c) as retiradas depatrocinadores;ed)as transferênciasdepatrocínio,degrupodeparticipantes,deplanosedereservasentreentidadesfechadas.

Atenção!Éprecisotercuidadoparanãoconfundiraexigênciaprevistanoart.33 da LC n. 109/2001, aplicável às entidades fechadas, com a exigênciaprevistanoart.38daLCn.109/2001,aplicávelàsentidadesabertas.Peloart.38 da LC n. 109/2001, dependerão de prévia e expressa aprovação do órgãofiscalizador: a) a constituição e o funcionamento das entidades abertas, bemcomo as disposições de seus estatutos e as respectivas alterações; b) asoperações relativas à transferência do controle acionário, fusão, cisão,incorporação ou qualquer outra forma de reorganização societária; c) acomercialização dos planos de benefícios; d) os atos relativos à eleição econsequentepossedeadministradoresemembrosdeconselhosestatutários.

Emrelaçãoàestruturaorganizacional,asentidadesfechadasdeverãomanterestrutura mínima composta por conselho deliberativo, conselho fiscal ediretoria-executiva(art.35daLCn.109/2001).d)Patrocinadorouinstituidor:opatrocinadoréaempresaouentepúblicoque

institui determinado plano de benefícios (o qual é administrado pelaentidade fechada), vertendo-lhe contribuições para a constituição dasreservasdestinadasagarantiropagamentodebenefíciosaseusempregadosou servidores. O instituidor, por sua vez, é a pessoa jurídica de caráterprofissional,classistaousetorialqueinstituiplanodebenefíciosparaseusassociados. Pergunta-se: o instituidor contribui para o plano debenefício? Antigamente, o art. 10 da Resolução do CGPC n. 12/2002dispunhaque,nahipótesedeprevidênciafechadainstituídaporinstituidor,o plano de benefício seria custeado exclusivamente pelo participante.Entretanto, esse artigo foi alterado pela Resolução do CGPC n. 20/2006,

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passandoadisporqueoplanodebenefícioserácusteadopeloparticipante,podendo também receber aporte de terceiros, nestes incluídos osinstituidores,osquaispoderãoefetuarcontribuiçõesprevidenciáriasparaoplano de benefício, condicionada à prévia celebração de instrumentocontratualespecífico(art.10,§4º,daResoluçãodoCGPCn.12/2002,comredação dada pela Resolução do CGPC n. 20/2006). Destarte, em setratando de previdência fechada instituída por instituidor, enquanto acontribuiçãodoparticipantesempreédevida,acontribuiçãodoinstituidorpoderáexistirounão.Qual é a relação entre a entidade de previdência fechada e o

patrocinador/instituidor? De acordo com o art. 13 da LC n. 109/2001, aformalização da condição de patrocinador ou instituidor de um plano debenefício dar-se-á mediante convênio de adesão a ser celebrado entre opatrocinador ou instituidor e a entidade fechada, em relação a cada plano debenefíciospor esta administradoe executado,medianteprévia autorizaçãodoórgãoreguladorefiscalizador,conformeregulamentaçãodoPoderExecutivo.

Portanto, uma empresa (ou entidade de classe) que pretenda oferecer aosseus empregados (ou associados) um plano de previdência privada terá duasalternativas: 1ª) criar uma entidade fechada para administrar o plano debenefício;ou2ª)implantaroplanodebenefíciojuntoaumaentidadefechadajáexistente.Emambososcasos,oconvêniodeadesãoseránecessário.Logo,asentidadesfechadaspodemserqualificadascomosingulares,quandoestiveremvinculadas a apenas um patrocinador ou instituidor, ou multipatrocinadas,quandocongregaremmaisdeumpatrocinadorouinstituidor(art.34daLCn.109/2001).

Percebe-seentãoque,noscasosdeplanosdeentidadesfechadas,arelaçãodeprevidênciaprivadaésempretriangular(PULINO,2011,p.138).

ÉvedadooaportederecursosaentidadedeprevidênciaprivadapelaUnião,Estados, Distrito Federal eMunicípios, suas autarquias, fundações, empresaspúblicas,sociedadesdeeconomiamista eoutrasentidadespúblicas,salvo naqualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, suacontribuição normal poderá exceder a do segurado (art. 202, § 3º, daCF/88).f)Estado:sejanaprevidênciafechada,sejanaaberta,nostermosdoart.3ºda

LCn.109/2001,aaçãodoEstadoseráexercidacomoobjetivode:I–formularapolíticadeprevidênciacomplementar;II–disciplinar, coordenare supervisionarasatividades reguladasporesta

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Lei Complementar, compatibilizando-as com as políticas previdenciária e dedesenvolvimentosocialeeconômico-financeiro;

III – determinar padrões mínimos de segurança econômico-financeira eatuarial,comfinsespecíficosdepreservaraliquidez,asolvênciaeoequilíbriodos planos de benefícios, isoladamente, e de cada entidade de previdênciacomplementar,noconjuntodesuasatividades;

IV–asseguraraosparticipanteseassistidosoplenoacessoàsinformaçõesrelativasàgestãodeseusrespectivosplanosdebenefícios;

V–fiscalizarasentidadesdeprevidênciacomplementar,suasoperaçõeseaplicarpenalidades;e

VI – proteger os interesses dos participantes e assistidos dos planos debenefícios.

No âmbito da previdência fechada, o Estado, para o exercício de suasatribuições legais,contacomestrutura integradaaoMinistériodaPrevidênciaSocial, composta de um órgão regulador, um órgão fiscalizador e um órgãorecursal. O órgão regulador é o Conselho Nacional de PrevidênciaComplementar (CNPC), e o órgão de fiscalização, a SuperintendênciaNacionaldePrevidênciaComplementar(PREVIC).ExisteaindaaCâmarade Recursos da Previdência Complementar (CRPC), a quem compete ojulgamentodosrecursosadministrativosinterpostoscontraasdecisõesdoórgãofiscalizador sobre aplicação de penalidades administrativas aos dirigentes dasentidadesfechadas.

Deacordocomoart.24daLCn.108/2001,a fiscalizaçãoecontroledosplanos de benefícios e das entidades fechadas de previdência complementarcujos patrocinadores sejam a União, os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios,suasautarquias,fundações,sociedadesdeeconomiamistaeoutrasentidades públicas competem ao órgão regulador e fiscalizador das entidadesfechadasdeprevidênciacomplementar,ouseja,respectivamenteaoCNPCeàPREVIC.

Nodesempenhodasatividadesdefiscalizaçãodasentidadesdeprevidênciacomplementar (abertas e fechadas), os servidores do órgão regulador efiscalizadorterãolivreacessoàsrespectivasentidades,delaspodendorequisitare apreender livros, notas técnicas e quaisquer documentos, caracterizando-seembaraço à fiscalização, sujeito às penalidades previstas em lei, qualquerdificuldadeopostaàconsecuçãodesseobjetivo(art.41daLCn.109/2001).

Ademais, o órgão regulador e fiscalizador das entidades fechadas poderá

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solicitar,dospatrocinadoreseinstituidores,informaçõesrelativasaosaspectosespecíficos que digam respeito aos compromissos assumidos frente aosrespectivosplanosdebenefícios(art.41,§1º,daLCn.109/2001).

A fiscalização a cargo do Estado não exime os patrocinadores e osinstituidoresdaresponsabilidadepelasupervisãosistemáticadasatividadesdassuasrespectivasentidadesfechadas(art.41,§2º,daLCn.109/2001).

3.2NaprevidênciaabertaArelaçãojurídicadaprevidênciaprivadaabertaémenoscomplexa,dadaa

inexistência de patrocinador/instituidor. Em regra, o vínculo principal dá-seentre dois sujeitos (participante e a entidade aberta), sem a necessidade dequalquerintermediação.Todavia,existeapossibilidadedeinstituiçãodeplanoscoletivos, que visam a garantir benefícios previdenciários a pessoas físicasvinculadas,diretaou indiretamente,aumapessoa jurídicacontratante.Existe,portanto, a intermediação de uma pessoa jurídica que tenha firmado contratocom alguma entidade aberta. Pergunta-se: no plano coletivo, existe acontribuiçãodessapessoa jurídica?Deacordocomoart.14daResoluçãodoCNSPn.201/2008,acontrataçãosobaformacoletivaporumapessoajurídicadenominadaaverbadoraouinstituidora,conformeocaso,destina-seagruposdepessoas que a ela estejamvinculadas, direta ou indiretamente, por relaçãolícita.

Em se tratando dePLANO INDIVIDUAL, a relação é composta apenaspelosseguintessujeitos:a)Participante:pessoafísicaqueaderiraosplanosdebenefícios(art.8º,I,da

LCn.109/2001).b) Assistido: o participante ou seu beneficiário em gozo de benefício de

prestaçãocontinuada.c) Entidade de previdência aberta: conforme disposto no art. 36 da LC n.

109/2001,asentidadesabertassãoconstituídasunicamentesobaformadesociedades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos debenefícios de caráter previdenciário concedidos em forma de rendacontinuadaoupagamentoúnico,acessíveisaquaisquerpessoasfísicas.Associedades seguradoras autorizadas a operar exclusivamenteno ramovidapoderão ser autorizadas a operar os planos de benefícios de previdênciaprivada,aelasseaplicandoasdisposiçõesdaLCn.109/2001.Ao contrário da entidade fechada, a entidade aberta possui finalidade

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lucrativa,ressalvadoodispostonoart.77daLCn.109/2001.d)Estado:Noâmbitodaprevidênciaaberta,oEstado,paraoexercíciodesuas

atribuiçõeslegais,contacomestruturaintegradaaoMinistériodaFazenda,compostadeumórgãoregulador(ConselhoNacionaldeSegurosPrivados–CNSP) e um órgão fiscalizador (Superintendência de Seguros Privados –SUSEP).Caso se trate de PLANO COLETIVO, existe ainda outro sujeito: e) a

pessoajurídicacontratante,quepoderáseraverbadora(quandonãoparticipardo financiamento do plano) ou instituidora (quando participar, total ouparcialmente,dofinanciamentodoplano).

4.PlanodebenefíciosDe acordo com o parágrafo único do art. 7º da LC n. 109/2001, o órgão

regulador e fiscalizadornormatizaráplanosdebenefíciosnasmodalidadesdebenefício definido, contribuição definida e contribuição variável, bemcomooutrasformasdeplanosdebenefíciosquereflitamaevoluçãotécnicaepossibilitem flexibilidade ao regime de previdência complementar. Paraconcursospúblicos,osplanosmaisimportantessãoosdebenefíciodefinidoeodecontribuiçãodefinida.

Benefício definido: é aquele em que o benefício complementar éestabelecido no momento da adesão do participante, com base em valoresprefixados ou em fórmulas de cálculo previstas em regulamento.Ou seja, nomomentodaadesãoaoplano,oparticipantejásaberáovalordobenefícioou,pelomenos,conheceráarespectivaformadecálculo.Trata-sedeplanobastantecomplexodopontodevistaatuarial,poisascontribuiçõesdehojedevemserfixadasdeformaagarantiraconcessãofuturadobenefícioeasuamanutençãonosníveisinicialmentecontratados,semarriscarasaúdefinanceiradoregimeprevidenciárioprivado.

Contribuição definida: modalidade em que o valor do benefíciocomplementaréestabelecidoapenasnomomentodasuaconcessão,combaseno saldo acumulado resultante das contribuições vertidas ao plano e darentabilidade das aplicações durante a fase contributiva. Nesse caso, como obenefício não é definido, as contribuições não necessariamente precisam serrevistas.Ovalordobenefício seráproporcionalao saldoexistentenadatadaconcessão.

Do ponto de vista atuarial, o plano de contribuição definida é o menos

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complexo,jáqueoparticipantereceberáexatamenteoquefoiacumulado.Contribuição variável: este plano apresenta características de benefício

definidoedecontribuiçãodefinida.Existemváriasmodelagensdeplanos,eamais comum é aquela em que os benefícios programados, na fase deacumulação ou na fase da atividade, tenham características de contribuiçãodefinida(contasindividuais)e,nafasedeinatividade,tenhamcaracterísticasdebenefíciodefinido(rendavitalícia).

Atenção! Conforme disposto no art. 31, § 2º, da LC n. 109/2001, asentidadesfechadasconstituídasporinstituidoresdevemofertarexclusivamenteplanosdebenefíciosnamodalidadecontribuiçãodefinida.

5.Institutosobrigatórios

5.1NaprevidênciafechadaDe acordo com o art. 14 da LC n. 109/2001, na previdência fechada, os

planos de benefícios deverão prever os seguintes institutos, observadas asnormas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador: a) benefícioproporcional diferido; b) faculdade de autopatrocínio; c) resgate; e d)portabilidade.

5.1.1BenefícioproporcionaldiferidoBenefícioproporcionaldiferidoéoinstitutoquefacultaaoparticipante,em

razão da cessação do vínculo empregatício com o patrocinador ouassociativocomoinstituidorantesdaaquisiçãododireitoaobenefíciopleno,optar por receber, em tempo futuro, o benefício decorrente dessa opção.Evidentemente, o valor do benefício deverá ser proporcional ao tempo decontribuiçãoacumuladopeloparticipante.

Aprestaçãoprevidenciáriadecorrentedaopçãopelo institutodobenefícioproporcionaldiferidoserádevidaapartirdadataemqueoparticipantetornar-se-iaelegívelaobenefíciopleno,naformadoregulamento,casomantivesseasua inscrição no plano de benefícios na condição anterior à opção por esteinstituto.

5.1.2FaculdadedeautopatrocínioEntende-seporautopatrocínioafaculdadedeoparticipantemanterovalor

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desuacontribuiçãoeadopatrocinador,nocasodeperdaparcialoutotaldaremuneração recebida, para assegurar a percepção dos benefícios nos níveiscorrespondentes àquela remuneração ou em outros definidos em normasregulamentares.

A cessação do vínculo empregatício com o patrocinador deverá serentendidacomoumadasformasdeperdatotaldaremuneraçãorecebida.Veja-sequeafaculdadedeautopatrocínionãopressupõeoencerramentodovínculoempregatício ou associativo, afinal o instituto também é possível no caso deperdaparcialdaremuneração(ex.:perdadeumagratificaçãodechefia).

5.1.3ResgateResgate é o instituto que faculta ao participante o recebimento de valor

decorrentedoseudesligamentodoplanodebenefícios.DeacordocomaLCn.109/2001, o valor do resgate corresponde, no mínimo, à totalidade dascontribuiçõesvertidasaoplanodebenefíciospeloparticipante,descontadasasparcelas do custeio administrativo. Ou seja, não existe resgate parcial.Exatamente por isso, o exercício do resgate implica a cessação doscompromissos do plano administrado pela entidade fechada de previdênciacomplementaremrelaçãoaoparticipanteeseusbeneficiários.

Questãointeressanteconsisteemsaberseoresgateconfereaoparticipanteodireito de receber, além de suas próprias contribuições, as contribuiçõesrealizadaspelopatrocinador.SegundoaSúmula290doSTJ,“Nosplanosdeprevidência privada, não cabe ao beneficiário a devolução da contribuiçãoefetuadapelopatrocinador”.

Evidentemente,ascontribuiçõesdevolvidasprecisamseratualizadas.Sobreaquestão,foieditadaaSúmula289doSTJ:“Arestituiçãodasparcelaspagasa plano de previdência privada deve ser objeto de correção plena, por índiceque recomponha a efetiva desvalorização damoeda”.Qual seria esse índice?SegundoalgunsprecedentesdoSTJ,esseíndiceseriaoIPC(ÍndicedePreçosaoConsumidor–FIPE).

E se o participante tiver recebido suas contribuições sem a aplicação doíndice de correção monetária? Qual será o prazo prescricional para oajuizamentodaaçãodecobrança?DeacordocomaSúmula291doSTJ,“Aação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pelaprevidência privada prescreve em cinco anos”.Vale dizer, a pretensão para aação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela

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previdência privada prescreve em cinco anos, contados a partir da data darestituição das contribuições feita ao beneficiário, momento em que surge odireito depostular as diferenças em facedo recebimento de valor inferior aoefetivamentedevido.

5.1.4PortabilidadeEntende-seporportabilidadeoinstitutoquefacultaaoparticipantetransferir

os recursos financeiros correspondentes ao seu direito acumulado para outroplano de benefícios de caráter previdenciário operado por entidade deprevidência complementar ou sociedade seguradora autorizada a operar oreferidoplano.Odireitoacumuladocorrespondeàs reservasconstituídaspeloparticipante ou à reserva matemática, o que lhe for mais favorável (art. 15,parágrafoúnico,daLCn.109/2001).Ex.:Raimundo,funcionáriodoBancodoBrasil, aderiu ao plano de previdência fechada administrado pela PREVI(entidade fechada que administra o plano de benefícios dos funcionários doBanco do Brasil). Posteriormente, foi aprovado em concurso público para aPetrobrás. Quando da admissão, acabou aderindo ao plano de previdênciafechadaadministradopelaPETROS.Nessecaso,Raimundopoderátransferiropatrimônio acumulado na PREVI (plano de benefícios originário) para aPETROS(planodebenefíciosreceptor).

Não será admitida a portabilidade na inexistência de cessação dovínculoempregatíciodoparticipantecomopatrocinador(art.14,§1º,daLCn. 109/2001). Além do mais, segundo o art. 15, I, da LC n. 109/2001,portabilidade não caracteriza resgate. Ou seja, é vedado que os recursosfinanceiros correspondentes transitem pelos participantes dos planos debenefícios,sobqualquerforma(art.15,II,daLCn.109/2001).

5.2NaprevidênciaabertaDe acordo com o art. 27 da LC n. 109/2001, observados os conceitos, a

forma, as condições eos critérios fixadospeloórgão regulador, é asseguradoaosparticipantesodireitoàportabilidade,inclusiveparaplanodebenefíciodeentidade fechada, e aoresgate de recursos das reservas técnicas, provisões efundos,totalouparcialmente.

5.2.1PortabilidadePortabilidade é a movimentação dos recursos da provisão matemática de

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benefíciosaconcederparaoutrosplanos,inclusiveparaplanodebenefíciodeentidadefechada,porexpressasolicitaçãodoparticipante,antesdaocorrênciado evento gerador. Assim como na previdência fechada, aqui, existe regraespecíficadispondoqueaportabilidadenãocaracterizaresgate(art.27,§1º,daLC n. 109/2001). Consequentemente, é vedado(a): 1º) que os recursosfinanceiros transitem pelos participantes, sob qualquer forma; e 2º) atransferênciaderecursosentreparticipantes.

5.2.2ResgatetotalouparcialOoutroinstitutoobrigatóriodaprevidênciaabertaéoresgate,queconsiste

narestituição,aoparticipante,domontanteacumuladonaprovisãomatemáticadebenefíciosaconcederrelativaaoseubenefício.Aideiaéamesmadoresgatedaprevidênciafechada:saquedopatrimônioacumuladopeloparticipante.

Porém,existeumadiferençaimportante:naprevidênciafechada,somenteépossíveloresgatetotal.Naprevidênciaaberta,aocontrário,oresgatetantopodeserparcialcomototal.

6.Resultadodeficitário,intervenção,liquidaçãoeresponsabilidadeDe acordo com o art. 21 da LC n. 109/2001, o resultado deficitário nos

planos ou nas entidades fechadas será equacionado por patrocinadores,participantes e assistidos, na proporção existente entre as suas contribuições,semprejuízodeaçãoregressivacontradirigentesouterceirosquederamcausaadanoouprejuízoàentidadedeprevidênciacomplementar.

O equacionamento poderá ser feito, dentre outras formas, por meio doaumento do valor das contribuições, instituição de contribuição adicional oureduçãodovalordosbenefíciosaconceder,observadasasnormasestabelecidaspeloórgãoreguladorefiscalizador.Ressalte-sequeareduçãodosvaloresdosbenefíciosnãoseaplicaaosassistidos,sendocabível,nessecaso,ainstituiçãode contribuição adicional para cobertura do acréscimo ocorrido em razão darevisãodoplano.

Nahipótesederetornoàentidadedosrecursosequivalentesaodéficit,emconsequência de apuração de responsabilidade mediante ação judicial ouadministrativa,osrespectivosvaloresdeverãoseraplicadosnecessariamentenareduçãoproporcionaldascontribuiçõesdevidasaoplanoouemmelhoriadosbenefícios(art.21,§3º,daLCn.109/2001).

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6.1IntervençãoNos termosdoart. 44daLCn.109/2001,para resguardarosdireitosdos

participantes e assistidos, poderá ser decretada a intervenção na entidade deprevidênciacomplementar,desdequeseverifique,isoladaoucumulativamente:

I – irregularidade ou insuficiência na constituição das reservas técnicas,provisõesefundos,ounasuacoberturaporativosgarantidores;

II – aplicação dos recursos das reservas técnicas, provisões e fundos deforma inadequada ou em desacordo com as normas expedidas pelos órgãoscompetentes;

III–descumprimentodedisposiçõesestatutáriasoudeobrigaçõesprevistasnos regulamentosdosplanosdebenefícios,convêniosdeadesãooucontratosdosplanoscoletivosdequetrataoincisoIIdoart.26destaLeiComplementar;

IV–situaçãoeconômico-financeirainsuficienteàpreservaçãodaliquidezesolvência de cada umdos planos de benefícios e da entidade no conjunto desuasatividades;

V–situaçãoatuarialdesequilibrada;VI–outrasanormalidadesdefinidasemregulamento.Aintervençãoserádecretadapeloprazonecessárioaoexamedasituaçãoda

entidade e encaminhamento de plano destinado à sua recuperação. Somentecessará quando aprovado o plano de recuperação da entidade pelo órgãocompetente ou se decretada a sua liquidação extrajudicial.O interventor teráamplos poderes de administração e representação, e o liquidante, plenospoderes de administração, representação e liquidação (art. 54 da LC n.109/2001). Contudo, seus atos que impliquem oneração ou disposição dopatrimôniodaentidadedependerãodepréviaeexpressaautorizaçãodoórgãocompetente.

6.2LiquidaçãoextrajudicialdasentidadesfechadasAsentidadesfechadasnãopoderãosolicitarconcordataenãoestãosujeitas

afalência,massomentealiquidaçãoextrajudicial(art.47daLCn.109/2001),queapenasserádecretadaquandoreconhecidaa inviabilidadede recuperaçãoda entidade de previdência complementar ou pela ausência de condição paraseu funcionamento (art. 48 da LC n. 109/2001). Ressalte-se, porém, que adecretação da liquidação não é irrevogável, podendo, a qualquer tempo, serlevantada, desde que constatados fatos supervenientes que viabilizem a

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recuperação da entidade de previdência complementar (art. 52 da LC n.109/2001).

Asentidadesabertasestãosujeitasà falência?Segundooart.43daLCn.109/2001,oórgão fiscalizadorpoderá,emrelaçãoàsentidadesabertas,desdequeseverifiqueumadascondiçõesprevistasnoart.44dessaleicomplementar,nomear, por prazo determinado, prorrogável a seu critério, e a expensas darespectiva entidade, um diretor-fiscal. Reconhecendo a inviabilidade derecuperaçãodaentidadeabertaouaausênciadequalquercondiçãoparaoseu funcionamento, o diretor-fiscal proporá ao órgão fiscalizador adecretaçãodaintervençãooudaliquidaçãoextrajudicial.Ademais,aLein.11.101/2005(quedisciplinaarecuperaçãojudicial,arecuperaçãoextrajudicialeafalênciadoempresárioedasociedadeempresária)nãoseaplicaàentidadede previdência complementar e à sociedade seguradora (art. 2º da Lei n.11.101/2005). Portanto, as entidades abertas também não estão sujeitas àfalência.

O liquidante organizará o quadro geral de credores, realizará o ativo eliquidará o passivo (art. 50 da LC n. 109/2001), devendo-se observar osseguintesaspectos:1º) Os participantes, inclusive os assistidos, dos planos de benefícios ficam

dispensadosdahabilitaçãodeseusrespectivoscréditos,estejamestessendorecebidosounão.

2º) Os créditos das entidades de previdência complementar, em caso deliquidação ou falência de patrocinadores, terão privilégio especial sobre amassa,respeitadooprivilégiodoscréditostrabalhistasetributários.

3º)Osparticipantesque jáestiveremrecebendobenefícios,ouque já tiveremadquirido este direito antes de decretada a liquidação extrajudicial, terãopreferênciasobreosdemaisparticipantes.

6.3ResponsabilidadeAintervençãoealiquidaçãoextrajudicialdeterminamaperdadomandato

dosadministradoresemembrosdosconselhosestatutáriosdasentidades,sejamtitularesousuplentes.Osadministradoresdosrespectivospatrocinadoresserãoresponsabilizados pelos danos ou prejuízos causados às entidades deprevidênciacomplementar,especialmentepelafaltadeaportedascontribuiçõesaqueestavamobrigados(art.56daLCn.109/2001).

Nocasodeliquidaçãoextrajudicialdeentidadefechadamotivadapelafalta

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de aporte de contribuições de patrocinadores ou pelo não recolhimento decontribuições de participantes, os administradores daqueles também serãoresponsabilizados pelos danos ou prejuízos causados (art. 58 da LC n.109/2001).

Osadministradores,controladoresemembrosdeconselhosestatutáriosdasentidades de previdência complementar sob intervenção ou em liquidaçãoextrajudicial ficarão com todos os seus bens indisponíveis (exceto os bensconsiderados inalienáveis ou impenhoráveis pela legislação em vigor e ashipóteses previstas no art. 59, § 4º, da LC n. 109/2001), não podendo, porqualquer forma, direta ou indireta, aliená-los ou onerá-los, até a apuração eliquidação final de suas responsabilidades. Essa indisponibilidade decorre doatoquedecretaraintervençãoouliquidaçãoextrajudicialeatingetodosaquelesquetenhamestadonoexercíciodasfunçõesnosdozemesesanteriores(art.59daLCn.109/2001).

Osadministradoresdeentidade,osprocuradorescompoderesdegestão,osmembros de conselhos estatutários, o interventor e o liquidante responderãocivilmente pelos danos ou prejuízos que causarem, por ação ou omissão, àsentidades de previdência complementar. São também responsáveis osadministradores dos patrocinadores ou instituidores, os atuários, os auditoresindependentes, os avaliadores de gestão e outros profissionais que prestemserviçostécnicosàentidade,diretamenteouporintermédiodepessoajurídicacontratada.

Segundo o art. 65 da LC n. 109/2001, a infração de qualquer disposiçãodessaleioudeseuregulamento,paraaqualnãohajapenalidadeexpressamentecominada,sujeitaapessoafísicaoujurídicaresponsável,conformeocasoeagravidade da infração, às seguintes penalidades administrativas, observado odispostoemregulamento:

I–advertência;II – suspensão do exercício de atividades em entidades de previdência

complementarpeloprazodeatécentoeoitentadias;III–inabilitação,peloprazodedoisadezanos,paraoexercíciodecargo

oufunçãoementidadesdeprevidênciacomplementar,sociedadesseguradoras,instituiçõesfinanceirasenoserviçopúblico;e

IV–multadedoismilreaisaummilhãodereais,devendoessesvalores,apartir da publicação desta Lei Complementar, ser reajustados de forma apreservar,emcaráterpermanente,seusvaloresreais.

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6.4Hipótesesderesponsabilidadesolidáriaa) Art. 13, § 2º, da LC n. 109/2001: Admitir-se-á solidariedade entre

patrocinadores ou entre instituidores, com relação aos respectivos planos,desde que expressamente prevista no convênio de adesão (aplicável àprevidênciafechada).

b)Art.35,§6º,daLCn.109/2001:Osdemaismembrosdadiretoria-executivaresponderãosolidariamentecomodirigenteresponsávelpelasaplicaçõesdosrecursosdaentidadepelosdanoseprejuízoscausadosàentidadeparaosquaistenhamconcorrido(aplicávelàprevidênciafechada).

c) Art. 39, parágrafo único, da LC n. 109/2001: Os demais membros dadiretoria-executiva responderão solidariamente com o dirigenteresponsável pela aplicaçãodos recursos das reservas técnicas, provisões efundos pelos danos e prejuízos causados à entidade para os quais tenhamconcorrido(aplicávelàprevidênciaaberta).

d)Art.65,§1º,daLCn.109/2001:ApenalidadeprevistanoincisoIVdoart.65 (multa) será imputada ao agente responsável, respondendosolidariamente a entidade de previdência complementar, assegurado odireito de regresso, podendo ser aplicada cumulativamente com asconstantesdosincisosI,IIouIIIdoart.65daLCn.109/2001.

6.5ResponsabilizaçãodaUnião?Vimosque,deacordocomoart.202,§3º,daCF/88,évedadooaportede

recursosaentidadedeprevidênciaprivadapelaUnião,Estados,DistritoFederale Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades deeconomiamistaeoutrasentidadespúblicas,salvonaqualidadedepatrocinador,situaçãonaqual,emhipótesealguma,suacontribuiçãonormalpoderáexcedera do segurado. Salientamos também a competência da União (por meio dosórgãosmencionados)parafiscalizarasentidadesfechadaseabertas.

Pergunta-se: nahipótesede impossibilidadedepagamentodosbenefícios,será que a União pode ser responsabilizada, sob o argumento de que nãofiscalizouadequadamenteaentidade?

AquestãochegouaoSTF emcogniçãosumária.Naoportunidade,oSTF,por maioria, considerou haver a necessidade de mitigação dos efeitos dasuspensão,emrazãodasgravosasrepercussõessociaisdadecisão.Ressaltou-senãoserpossívelignorarasituaçãodosmilharesdeseguradosdaentidadeque,embora tenhamcontribuído todaumavidaparao fundo,encontrar-se-iam,na

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velhice,privadosdapercepçãodosbenefíciosdosquaistêmdireito.Alertou-se,contudo, que esse fato não autorizaria a completa subversão da ordemprocessualeacélereatribuiçãoderesponsabilidadeàUnião,comoseelafosseumaespéciede“seguradorauniversal”.Assim,concluiu-sequeanecessidadede se resguardarem os interesses contrapostos imporia uma soluçãodiferenciada, e que a limitação dos efeitos da suspensão até a sentença demérito no processo em curso na 1ª instância constituiria uma forma desolução conciliatória para o caso. OMinistro GilmarMendes afirmou quefariaoregistroeacomunicaçãoaoTRFda1ªRegiãoparaqueesforçosfossemenvidadosno sentidodo julgamentodefinitivo, sobretudoda ação em trâmitenoprimeirograu.

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Capítulo22

CompetênciaJurisdicionalemMatériaPrevidenciária

1.IntroduçãoOInstitutoNacionaldoSeguroSocialéapessoajurídicadedireitopúblico

(AutarquiaFederal)responsávelpelaconcessão,fiscalizaçãoemanutençãodasprestaçõesprevidenciáriasdoRGPS.

Noexercíciodesuaatribuição legal,o INSS indeferediversospedidosdebenefíciosprevidenciários,queacabamsendolevadosaoPoderJudiciário,hajavista o direito fundamental previsto no art. 5º, XXXV, da CF/88: “a lei nãoexcluirádaapreciaçãodoPoderJudiciáriolesãoouameaçaadireito”.

Neste capítulo, estudaremos a competência jurisdicional em matériaprevidenciária.Maisclaramente:ondeaaçãocontraoINSSdeveserajuizada?

Antesdeanalisarmosasvariadasregrassobrecompetência,convémdiscutirse é necessário ou não requerer o benefício primeiramente na esferaadministrativa.Existemduasposições.Deumlado,argumenta-seque,apenasnahipótesedeindeferimentodopedidooudemorainjustificadanatramitaçãoadministrativa do pleito, haveria interesse processual na demanda; de outro,defende-seaincidênciadolivreacessoaoJudiciário.Aquestãoécontroversa,havendoprecedentes judiciaisemambosossentidos.Dequalquermaneira, jáse encontra praticamente pacificado o entendimento no sentido de serdesnecessárioopréviorequerimentoadministrativonahipótesedepedidode revisão ou restabelecimentodebenefícioprevidenciário (STJ: EDcl noAgRg no REsp 1212665/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe28-3-2011; TNU: Pedido n. 200972640023779, Juiz Federal José AntônioSavaris,DOU22-7-2011).

Ainda sobre a questão, aTNU já entendeu que, mesmo na hipótese deausência de requerimento administrativo, se a contestação apresentada pela

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ProcuradoriaFederalEspecializadadoINSSatacaoméritodademanda,cria-seapretensão resistidaeconsequentementeo interesseprocessual superveniente(Pedidon.200872630010887,JuízaFederalJoanaCarolinaLinsPereira).

2.Regra:competênciadaJustiçaFederalSendooInstitutoNacionaldoSeguroSocialumaAutarquiaFederal,aregra

équeasaçõescontraeleajuizadasdevemserprocessadasejulgadasnaJustiçaFederal,nostermosdoart.109,I,daCF/88.

3.DemandasdecorrentesdeacidentedotrabalhoO art. 109, I, da CF/88 ressalvou do alcance da Justiça Federal as ações

relativas a acidentes do trabalho. Dito isso, pergunta-se: na hipótese deindeferimentoadministrativodepedidodebenefícioprevidenciáriodecorrentedeacidentedotrabalho,qualseráajustiçacompetenteparaprocessaraação?

De acordo com o art. 129, II, da Lei n. 8.213/91, os litígios e medidascautelares relativos a acidentes do trabalho serão apreciados, na via judicial,pelaJustiçadosEstadosedoDistritoFederal,mediantepetiçãoinstruídapelaprova de efetiva notificação do evento à previdência social, através deComunicação de Acidente do Trabalho–CAT. Nesse sentido, foi editada aSúmula15doSTJ:“CompeteàJustiçaEstadualprocessarejulgaroslitígiosdecorrentesdeacidentedotrabalho”.

Conforme jurisprudência pacificada no âmbito do STF e do STJ, acompetênciadaJustiçaEstadualabrangeasaçõesdeconcessãoeasaçõesderevisãodebenefíciodecorrentedeacidentedotrabalho.

Contudo, oSTJ faz duas ressalvas em relação à competência da JustiçaEstadualparaojulgamentodessasdemandas:1ª)nahipótesedebenefícioparaseguradoespecial,decorrentedeacidentedo trabalho,acompetênciaédaJustiçaFederal;2ª)nahipótesedepensãopormortedecorrentedeacidentedotrabalho,acompetênciatambémédaJustiçaFederal.

4.AsaçõesdeindenizaçãoeacompetênciadaJustiçadoTrabalhoAocorrênciadeacidentedotrabalhopodedarensejoaduaspretensões:1ª)

aaçãoajuizadacontraoINSS,quevisaàconcessãodobenefícioacidentário;e2ª) a ação ajuizada contra o empregador, que busca a indenização por dano

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moral ou material em virtude da inobservância de normas de proteção aotrabalhador,quetemfundamentonoart.114,VI,daCF/88,incluídopelaECn.45/2004.

Apesar de a ação de indenização ajuizada na Justiça do Trabalho nãointegrar o tema deste capítulo, duas questõesmerecem análise emvirtude dointensodebatejurisprudencialqueascerca.

A primeira consiste em saber se o óbito do trabalhador (em razão doacidentedotrabalho)alteraacompetênciajurisdicionalparaaJustiçaEstadual.Sobre o tema, o STJ chegou a editar a Súmula 366: “Compete à JustiçaEstadual processar e julgar ação indenizatória proposta por viúva e filhos deempregadofalecidoemacidentedotrabalho”.Entretanto, logodepois,oSTFpronunciou-se em sentido oposto, entendendo que o ajuizamento da ação deindenizaçãopelossucessoresnãoalteraacompetênciadaJustiçaespecializada.Ou seja, a transferência do direito patrimonial em decorrência do óbito doempregado é irrelevante. A decisão do Supremo acabou dando ensejo aocancelamentodaSúmula366doSTJ.

Assim, não importa se a ação de indenização foi ajuizada pelo própriotrabalhadoracidentadoouseporsuaesposaefilhos(nahipótesedemortedotrabalhadoracidentado).SegundoajurisprudênciapacíficadoSTFedoSTJ,acompetênciasempreserádaJustiçadoTrabalho.

Aoutraquestãoimportanteématériadedireitointertemporal.Issoporque,antesdaECn.45/2004,acompetênciaparaessasaçõeseradaJustiçaEstadual.DepoisdaEmenda,conformejáexaminamos,essacompetênciapassouaserdaJustiçadoTrabalho.EquantoaosprocessosqueestavamemcursoaotempodepromulgaçãodaEmendaConstitucionaln.45?Elespermaneceramna JustiçaEstadual ou foram remetidos para a Justiça do Trabalho? SegundojurisprudênciadoSTF(SúmulaVinculanten.22)edoSTJ(Súmula367),acompetência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos jásentenciados.Valedizer,se,àépocadaECn.45/2004,jáhaviasidoprolatadaasentença,oprocessodevecontinuarnaJustiçaEstadual.Casocontrário,deveserremetidoparaaJustiçadoTrabalho.

5.CompetênciadelegadaDeacordocomart.109,§§3ºe4º,daCF/88,serãoprocessadasejulgadas

na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, ascausasemqueforemparteinstituiçãodeprevidênciasocialesegurado,sempre

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que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essacondição,aleipoderápermitirqueoutrascausassejamtambémprocessadasejulgadaspelajustiçaestadual.Nessecaso,orecursocabívelserásempreparaoTribunalRegionalFederal,naáreadejurisdiçãodojuizdeprimeirograu.

Vimosque,emregra,competeàJustiçaFederalprocessarejulgarasaçõescontra o INSS. Entretanto, nem toda cidade é sede de vara do juízo federal.Dessamaneira, para facilitar o acesso ao Judiciário, a CF/88 permitiu que oindivíduo que reside em cidade que não seja sede da Justiça Federal possaentrar com a ação na Justiça Estadual. Atente-se, porém, que tal delegaçãosomenteexisteemprimeirainstância,tantoqueeventualrecursointerpostoemfacedasentençaserájulgadopeloTribunalRegionalFederal.

Para facilitar aindamais o acesso ao Judiciário, oSTF exarou aSúmula689:“Oseguradopodeajuizaraçãocontraainstituiçãoprevidenciáriaperanteo juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da capital do Estado-membro”. Acreditamos que o principal fundamento da súmula é possibilitarqueo indivíduo tenhaodireitodesubmeteroexamedesuapretensãoaumavara especializada em direito previdenciário (normalmente presente nascapitais).

Para compreender totalmente a matéria, passemos ao exame de algumassituaçõesconcretas.

1ªSituação:JoséresideemQuixadá(sededevaradojuízofederal)Pergunta-se:(1)JosépoderáajuizarnaJustiçaEstadualdeQuixadá?(2) Ele poderá ajuizar a ação na Justiça Federal da capital ou

necessariamentedeveajuizaraaçãonaJustiçaFederaldeQuixadá?Respostas:(1)JosénãopoderáajuizaraaçãonaJustiçaEstadual.Comefeito,somente

será possível a aplicação do art. 109, § 3º (competência delegada), quando acomarcaNÃOsejasededevaradojuízofederal.Noexemplo,JoséresideemQuixadá, cidade que é sede de vara do juízo federal. Portanto, não poderáingressarcomaaçãonaJustiçaEstadualdeQuixadá.

(2)NostermosdaSúmula689doSTF,JosétantopoderáajuizaraaçãonaJustiçaFederaldacapitalquantonaJustiçaFederalcomjurisdiçãosobreoseudomicílio(nocaso,aJustiçaFederaldeQuixadá).

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2ªSituação:JoãoresideemChoró(nãosededevaradojuízofederal)Pergunta-se:(1)JoãopoderáajuizarnaJustiçaEstadualdeChoró?(2) João poderá ajuizar a ação na Justiça Federal de Quixadá, que tem

jurisdiçãosobreChoró,municípiodeseudomicílio?(3)JoãopoderáajuizaraaçãonaJustiçaFederaldacapital?Respostas:(1)Diferentementedaprimeira situação, João resideemcidadequenãoé

sededaJustiçaFederal.Portanto,trata-sedehipótesedeaplicaçãodoart.109,§3º,daCF/88.Consequentemente,Joãopoderá,sim,ajuizaraaçãonaJustiçaEstadual de Choró. Nesse caso, eventual recurso da sentença será para oTribunalRegionalFederal.

(2)ConsiderandoqueaJustiçaFederaldeQuixadá tem jurisdiçãosobreacidadedeChoró,JoãotambémpoderáingressarcomaaçãonaJustiçaFederaldeQuixadá.

(3) João também poderá ajuizar a ação na Justiça Federal da capital,conformedispõeaSúmula689doSTF.

6.MandadodesegurançaDeacordocomoSTJ,adelegaçãodecompetênciaprevistanoart.109,§

3º, da CF/88 não se aplica para mandado de segurança. Nesse sentido, aSúmula216doTFR:“CompeteàJustiçaFederalprocessarejulgarmandadode segurança impetrado contra ato de autoridade previdenciária, ainda quelocalizada em comarca do interior”.Apesar de a súmula ser do TFR, oSTJmantémessainterpretação.

7.JuizadoEspecialFederal

7.1ValordacausaDeacordocomoart.3ºdaLein.10.259/2001,competeaoJuizadoEspecial

Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da JustiçaFederalatéovalordesessentasaláriosmínimos,bemcomoexecutarassuassentenças.Atenção!CuidadoparanãoconfundirolimitedealçadadoJuizadoEspecial Federal (60 SM) com o do Juizado Especial Estadual (20 SM, semadvogado,e40SM,comadvogado)!

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Trata-se de competência absoluta pelo valor da causa, conformejurisprudência reiterada (STJ eTRFs). Como apurar o conteúdo econômicopara fins de fixação da competência do Juizado Especial Federal quando opedido da ação engloba prestações vencidas e vincendas? De acordo com oSTJ,paraafixaçãodoconteúdoeconômicodademandae,consequentemente,adeterminaçãodacompetênciadoJuizadoEspecialFederal,nasaçõesemquehápedidoenglobandoprestaçõesvencidasetambémvincendas,comonocasodosautos,incidearegradoart.260doCPC,interpretadaconjuntamentecomo art. 3º, § 2º, daLei n. 10.259/2001.Nesse sentido, oEnunciado n. 42 doFONAJEF: “Havendo prestação vencida, o conceito de valor da causa parafinsdecompetênciadoJuizadoEspecialFederaléestabelecidopeloart.260doCPC”.

Assim, o conteúdo econômico da demanda em que se pedem parcelasvencidasevincendasseguea regradoart.260doCPC:“Quandosepediremprestaçõesvencidasevincendas,tomar-se-áemconsideraçãoovalordeumaseoutras.Ovalordasprestaçõesvincendasseráigualaumaprestaçãoanual,seaobrigaçãoforportempoindeterminado,ouportemposuperiora1(um)ano;se,portempoinferior,seráigualàsomadasprestações”.

Exemplo1Mateus pediu um benefício de aposentadoria por idade no INSS, na

qualidade de segurado especial, em outubro de 2011, o qual foi prontamenteindeferido.Nomesmodia,Mateus ingressou comaçãono JEF, requerendo aimplantaçãodobenefício.Nessecaso,porsetratardebenefícioparaseguradoespecial de um salário mínimo, a competência será do JEF (competênciaabsoluta),afinaloconteúdoeconômicodademandaéinferiora60SM.

Exemplo2Antônio pediu um benefício no INSS em maio de 2007, o qual foi

indeferido. Em setembro de 2011, ingressou com ação no JEF, requerendo aimplantação do benefício e o pagamento das diferenças devidas desde orequerimento.Admitindo-sequearendamensalatualdobenefícioéR$800,00e que o valor total dos atrasados entre o requerimento e o ajuizamento éR$30.000,00, o JEF é competente? O somatório das parcelas vencidas (R$30.000,00)comasdozevincendas(12XR$800,00=R$9.600,00)totalizaR$39.600,00,valorsuperioraotetodealçadadoJEF.

Nesse caso, apesar de o conteúdo econômico da demanda extrapolar

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sessenta salários mínimos, é possível que o autor renuncie aos valores queexcederem a alçada, a fim de adequar a pretensão ao limite previsto no JEF.Entretanto,segundoaSúmula17daTNU,“nãohárenúnciatácitanoJuizadoEspecialFederal,para finsdecompetência”.Assim,noexemplodado,paraasuaaçãotramitarnoJEF(detramitaçãomaiscélere),Antôniodeverárenunciarexpressamente apartedos atrasados, demodoqueovalor econômicode suapretensãopasseaserdeR$32.700,00.

Exemplo3Caio requereu o benefício de aposentadoria em setembro de 2011, que

acabouindeferidopeloINSS.Nomesmodia,ingressouemjuízo,alegandoterdireito a uma aposentadoria de R$ 3.600,00. Qual é o juízo competente? OsomatóriodedozeparcelasvincendasédeR$43.200,00(12XR$3.600,00).

Nessa situação, Caio poderá renunciar a parte do valor de seu benefício,paraadequarasuapretensãoeconômicaaotetodealçadadoJEF?Deacordocom o Enunciado n. 17 do FONAJEF, “não cabe renúncia sobre parcelasvincendas para fins de fixação de competência nos Juizados EspeciaisFederais”. Portanto, no exemplo dado, conclui-se que o JEF é absolutamenteincompetenteparaprocessarejulgaraaçãodeCaio.

Diantedisso,qual seria a consequênciaprocessual?Segundodispõeoart.113, § 2º, do CPC, declarada a incompetência absoluta, somente os atosdecisórios serãonulos, remetendo-seos autos ao juiz competente.Entretanto,namaiorpartedoscasos,osjuízesnãotêmobservadoodispostonoCPC.Éoque se infere do Enunciado n. 24 do FONAJEF: “Reconhecida aincompetênciadoJuizadoEspecialFederal, écabívelaextinçãodoprocesso,semjulgamentodemérito,nostermosdoart.1ºdaLein.10.259/2001edoart.51,III,daLein.9.099/95,nãohavendonissoafrontaaoart.12,§2º,daLein.11.419/2006”. Segundo nos parece, assiste razão ao Enunciado n. 24 doFONAJEF.Alémdaprevisãodo art. 51, III, daLei n. 9.099/95, existem trêsfortesargumentosemproldaextinção:1º)noJEF,osprocessossãoeletrônicos,oquedificultariaeonerariaaremessadosautosparaoutro juízo;2º)noJEF,nãoénecessáriaacapacidadepostulatória(emprimeirainstância).Assim,seoautor da ação não estiver representado por advogado, como remeter os autosparaoutrojuízo?3º)nãohaveriaprejuízopatrimonialparaoautor,poisnãohásucumbêncianoJEF.

7.2Competênciaterritorial

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Oúltimopontoaseranalisadodizrespeitoàaplicação(ounão)daSúmula689doSTFnoâmbitodoJEF.Omotivodadiscussãoéoart.3º,§3º,daLein.10.259/2001:“No foroondeestiver instaladaVaradoJuizadoEspecial, a suacompetênciaéabsoluta”.

A primeira interpretação do FONAJEF foi para aplicar a Súmula 689 noâmbitodoJEF.Inclusive,chegouaaprovaroEnunciadon.23:“Nasaçõesdenaturezaprevidenciáriaeassistencial,acompetênciaéentreoJEFdaSubseçãoJudiciáriaeodasededaSeçãoJudiciária(art.109,§3ºdaCF/88eSúmula689doSTF)”.Semembargo,referidoenunciadofoicanceladonoVFONAJEF.Assim, conclui-se que o atual entendimento do FONAJEF é pelainaplicabilidadedaSúmula689noJEF.Naprática,prevalece,pois,odispostonoart.3º,§3º,daLein.10.259/2001:“NoforoondeestiverinstaladaVaradoJuizadoEspecial,asuacompetênciaéabsoluta”.

Aquestãoédeveraspolêmica.Acreditamosque,muitodificilmente,poderásercobradaemprovaobjetiva.Aseguir,faremosaanálisedealgumassituaçõescombasenoatualentendimentodoFONAJEF,afinala leiéválidaatéqueoSTFdigaocontrário(presunçãodeconstitucionalidadedalei).

1ªSituação:IvanresideemQuixadá(sededevaradoJEF)Pergunta-se:(1)IvanpoderáajuizarnaJustiçaEstadualdeQuixadá?(2) Ele poderá ajuizar a ação no JEF da capital ou necessariamente deve

ajuizaraaçãonoJEFdeQuixadá?Respostas:(1)IvannãopoderáajuizaraaçãonaJustiçaEstadual.Comefeito,somente

será possível a aplicação do art. 109, § 3º (competência delegada), quando acomarcaNÃOsejasededevaradojuízofederal.Noexemplo,IvanresideemQuixadá, cidade que é sede de vara do juízo federal. Portanto, não poderáingressarcomaaçãonaJustiçaEstadualdeQuixadá.

(2)Nostermosdoart.3º,§3º,daLein.10.259/2001,noforoondeestiverinstaladaVaradoJuizadoEspecial,asuacompetênciaéabsoluta.ComoIvanresideemQuixadá(cidadesededevaradoJEF),éabsolutaacompetênciadoJEFdeQuixadá.

2ªSituação:PedroresideemChoró(nãosededevaradoJEF)Pergunta-se:

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(1)PedropoderáajuizarnaJustiçaEstadualdeChoró?(2)PedropoderáajuizaraaçãonoJEFdeQuixadá,quetemjurisdiçãosobre

Choró,municípiodeseudomicílio?(3)PedropoderáajuizaraaçãonoJEFdacapital?Respostas:(1)Diferentementedaprimeirasituação,Pedroresideemcidadequenãoé

sededaJustiçaFederal.Portanto,trata-sedehipótesedeaplicaçãodoart.109,§3º,daCF/88.Consequentemente,Pedropoderá,sim,ajuizaraaçãonaJustiçaEstadual de Choró. Nesse caso, eventual recurso da sentença será para oTribunal Regional Federal. Nesse caso, o rito poderá ser o da Lei n.10.259/2001?Ouseja,aaçãopodeserajuizadanaJustiçaEstadualdeChorósoboritosumaríssimoprevistonaLein.10.259/2001?Arespostaénegativa.Deveras,deacordocomoart.20daLein.10.259/2001,évedadaaaplicaçãodestaleinojuízoestadual.

(2)Considerandoqueo JEFdeQuixadá tem jurisdição sobre a cidadedeChoró,PedrotambémpoderáingressarcomaaçãonoJEFdeQuixadá.Nessesentido, dispõe o art. 20 da Lei n. 10.259/2001: “Onde não houver VaraFederal, a causa poderá ser proposta no Juizado Especial Federal maispróximo do foro definido no art. 4º da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de1995,vedadaaaplicaçãodestaLeinojuízoestadual”.

(3) Pedro também poderá ajuizar a ação na Justiça Federal da capital,conformedispõeaSúmula689doSTF.Aocontráriodaprimeirasituação,aqui,nãoexisteJEFinstaladonacidadedePedro,oquetornainaplicáveloart.3º,§3º, da Lei n. 10.259/2001. Além disso, o art. 20 da Lei n. 10.259/2001,claramente,abrigaumafaculdadeparaoparticular,senãovejamos:“OndenãohouverVaraFederal,acausapoderáserpropostanoJuizadoEspecialFederalmaispróximodoforodefinidonoart.4ºdaLein.9.099,de26desetembrode1995,vedadaaaplicaçãodestaLeinojuízoestadual”.

8.AçãoregressivaSegundooart.120daLein.8.213/91,noscasosdenegligênciaquantoàs

normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados para a proteçãoindividual e coletiva, a previdência social proporá ação regressiva contra osresponsáveis.

NãohádúvidadequeacompetênciaparaessasaçõesédaJustiçaFederal.

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