6
Parasitologia INTERAÇÃO DE LEISHMANIA SPP COM SEUS VETORES

EBOOK interação de leishmania spp com seus vetores · • INTRODUÇÃO As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EBOOK interação de leishmania spp com seus vetores · • INTRODUÇÃO As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae

Parasitologia

INTERAÇÃO DE LEISHMANIA SPP COM SEUS VETORES

Page 2: EBOOK interação de leishmania spp com seus vetores · • INTRODUÇÃO As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae

• INTRODUÇÃO

As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae (Doflein, 1901) e ao Gênero Leishmania (Ross, 1903).

O ciclo flagelado do subgênero Leishmania (Bates & Rogers, 2004) envolve diferentes formas: amastigota (principal característica é a capacidade de transformação em promastigota procíclica), promastigota procíclica (forma divisionária responsável pela expansão inicial da população de parasita no estômago abdominal), promastigota nectomona (forma não divisionária responsável pela dispersão e estabelecimento da infecção na região torácica do estômago), promastigota haptomona (forma de aderência), promastigota leptomona (forma divisionária responsável pela segunda expansão e produção de PSG - secreção gelatinosa importante na transmissão) e promastigota metacíclica (forma infectiva para vertebrados).

Os flebotomíneos possuem grande relevância, uma vez que podem ser vetores de arbovírus, Bartonella e, também, de Tripanosomatídeos como: Trypanosoma, Endotrypanum e Leishmania.

A maioria das espécies está em áreas tropicais e possuem alta adaptabilidade à vida e à alimentação vegetal (seiva vegetal: secreções de afídeos - contêm carboidratos importantes para os tratos intestinais dos insetos). Porém, as fêmeas são hematófagas (se alimentam de sangue), o que as torna de grande importância epidemiológica. O sangue é necessário para que ocorra o desenvolvimento ovariano e maturação dos ovos. Assim, a oviposição só poderá ser realizada após o repasto sanguíneo. Recebe o nome de Concordância-gonatotrófica a relação de um repasto para cada postura. As espécies que não possuem concordância, são mais propícias à transmissão de patógenos, como de Leishmania sp.

Em situações especiais, em ambientes hostis sem hospedeiros, por exemplo, as fêmeas podem ser Autógenas. Dessa forma, elas conseguem fazer a oviposição mesmo sem o repasto sanguíneo. Porém, não se sabe como se dá o desenvolvimento ovariano. Ainda, é comum entre os insetos o fenômeno da

Page 3: EBOOK interação de leishmania spp com seus vetores · • INTRODUÇÃO As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae

Partenogênese quando um macho não é encontrado. No entanto, em algumas espécies, as fêmeas se adaptaram a tal nível que os machos tornaram-se desnecessários.

Elas podem ser Ecléticas (se alimentam de qualquer substrato - importantes na transmissão da Leishmania sp.) ou Especialistas (se alimentam de determinados animais. Ex: algumas gostam de animais de sangue frio, possuindo glândulas salivares maiores).

Chegando à Biologia e transmissão de Leishmania, as fêmeas de flebotomíneos, simulídeos e ceratopogonideos, fazem um "pool feeders". Ou seja, no local da picada por meio de suas probóscidas curtas, rompem os pequenos vasos por dilaceração do tecido, formando uma "poça" de sangue no local.

Imediatamente, a saliva é injetada na região da picada. Esta saliva possui grande relevância, pois possui propriedades anticoagulantes, vasodilatadoras, atividade apirásica e outras substâncias, potencial antigênico, produção de eritemas e reações alérgicas. Assim, caracterizando um conjunto de funções que podem potencializar as chances de sucesso da transmissão do parasita, uma vez que células de defesa do hospedeiro são deslocadas para o local. Esse é o grande objetivo do parasita, que é regurgitado já em sua forma infectante na região. No caso de Leishmania sp., são inoculadas formas promastigotas metacíclicas durante o repasto sanguíneo. As promastigotas podem invadir ativamente os macrófagos, granulócitos ou serem fagocitadas. Elas se transformam em amastigotas e multiplicam-se por mitose. As últimas por sua vez, deixam as células iniciais e infectam novos macrófagos.

Após o repasto, no tubo digestivo do inseto, acontece a formação de uma membrana peritrófica nas primeiras 12 horas. Logo, a digestão sanguínea ocorre de dentro para fora. Não há sobre as formas promastigotas o choque inicial relacionado ao pH baixo e outros fatores, já que as mesmas localizam-se no meio do volume de sangue. Nas 28-62 horas seguintes, esta membrana é rompida e eliminada. Neste momento, as formas promastigotas nectomonas (natantes) do parasita escapam e se aderem às microvilosidades (este é considerado o primeiro sucesso do ciclo parasitário). Depois de 72 horas, caso

Page 4: EBOOK interação de leishmania spp com seus vetores · • INTRODUÇÃO As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae

estes representantes tenham se fixado (região posterior ou anterior do intestino médio), o ciclo continua.

A Leishmania braziliensis se fixa e multiplica no piloro. Todavia, algumas espécies que não têm importância epidemiológica se fixam na região posterior do reto e são eliminadas juntamente com as fezes.

As formas promastigotas leptomonas secretam um gel que impedem a eliminação. Nadando assim, para frente da região torácica.

As formas metacíclicas secretam uma quitinase que favorecem a expansão do parasita. Existem inclusive, casos de invasão das glândulas salivares, mas não são comuns. Uma vez infectadas, as fêmeas dos flebotomíneos picam de 4 a 5 vezes mais vezes que uma normal. Ressaltando que, nem sempre um vetor infectado é transmissor da doença. Tudo vai depender do ambiente, dos hábitos do inseto e da exposição do hospedeiro.

Na fêmea contendo as formas parasitárias, o ciclo leva em torno de 5 dias (no máximo 7) até a forma infectante. A infecção, no entanto, não é transmitida para a prole.

Na natureza, essas fêmeas sobrevivem aproximadamente 50 dias. Durante esse período fazem em torno de 10 repastos.

No homem, a forma infectante para o inseto quando este se alimenta, é a forma amastigota.

Nos anos 1961, 1981 e 1998, Barnett, Killick-Kendrick & Ward, respectivamente, postularam Critérios de incriminação de um vetor. Estes demonstravam a relação biológica do artrópode suspeito com o homem, além da ocorrência da infecção, susceptibilidade do inseto, coincidência da distribuição do vetor com a do parasita no homem e nos reservatórios, entre outros. Porém, uma prova conclusiva da incriminação vetorial seria: A "capacidade desses flebotomíneos de se infectarem e transmitirem experimentalmente a Leishmania através da picada em animal susceptível".

Existem diversas moléculas envolvidas da Interação Leishmania/Flebotomíneo. Entre elas, a LPG (uma lipofosfoglicana, que caracteriza as moléculas de superfície-glicocálice da forma promastigota, com grande variabilidade -

Page 5: EBOOK interação de leishmania spp com seus vetores · • INTRODUÇÃO As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae

importante da adesão ou não ao tubo digestivo do inseto, inibindo as proteases do mesmo e impedindo a eliminação do parasita junto com os restos alimentares do animal); PSG (Protein Secreted Gel - produzida e excretada pela forma leptomona, como mencionado anteriormente. É uma substância muscilaginosa que forma um "botão" juntamente com a forma haptomona, bloqueando a válvula estomoideal do flebotomíneo, servindo como meio para a forma metacíclica - importante para a transmissão); e, a Quitinase que age sobre a membrana peritrófica possibilitando a mobilidade do parasita, também já mencionada.

Os métodos de avaliação da infecção natural de flebotomíneos seguem os seguintes passos: 1- Captura e transporte de flebotomíneos; 2- Dissecção dos mesmos a fresco ou criopreservados; 3- Identificação; 4- Determinação da infecção e isolamento do parasita; 5- Avaliação da infecção por métodos moleculares individuais ou em grupo (pool); 6- Avaliação do índice de infecção (%). Além desses, realizam-se métodos laboratoriais de conservação, montagem e detecção de protozoário em inseto vetor. Sendo o vetor modelo um Flebotomíneo.

As Leishmanioses no mundo representam um grande impacto epidemiológico, sendo a Visceral e Cutânea bem distribuídas em diversos continentes.

Leishmania braziliensis

Page 6: EBOOK interação de leishmania spp com seus vetores · • INTRODUÇÃO As espécies de Leishmania são pertencentes ao Reino Protista (Haeckel, 1866), Família Trypanosomatidae