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Universidade do Minho 1 Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas 1 ECONOMIA POLÍTICA Universidade do Minho Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas 2 4. Ciclos político - económicos 4. Ciclos político – económicos 4.1. Modelos de oportunismo 4.2. Modelos de ideologia 4.3. Extensões aos modelos de base 4.4. Aplicações empíricas Bibliografia básica Alesina, A.; Cohen, G. & Roubini, N. (1997). Political Cycles and the Macroeconomy. Cap. 2 e 3: 15-66. Drazen, A. (2000). Political Economy in Macroeconomics. Cap. 7 “Elections and Changes of Policymakers”: 219-308. Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas 3 4. Ciclos político - económicos Aplicações empíricas Veiga, L. e Veiga, F. (2007). Political Business Cycles at the Municipal Level. Public Choice 131: 45-64. Luísa Benta Aidt, T.; Veiga, F. e Veiga, L. (2007). Election Results and Opportunistic Policies: An Integrated Approach. NIPE - WP 24/2007. Brender, A. e Drazen, A. (2005). Political budget cycles in new versus established democracies. Journal of Monetary Economics 52(7): 1271–1295. Mestrado em Economia, Mercados e Políticas Públicas 4 Modelos de Ciclos Político – - Económicos (CPE) Alesina (1987) Rogoff e Sibert (1988) Rogoff (1990) Persson e Tabellini (1990) Cukierman e Meltzer (1986) Modelos com expectativas racionais Hibbs (1977) Nordhaus (1975) Lindbeck (1976) Modelos com expectativas adaptativas Modelos de Ideologia Modelos de Políticos Oportunistas

Economia Política - Cap 4_1

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ECONOMIA POLÍTICA

Universidade do Minho

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4. Ciclos político - económicos

4. Ciclos político – económicos4.1. Modelos de oportunismo4.2. Modelos de ideologia4.3. Extensões aos modelos de base4.4. Aplicações empíricas

Bibliografia básicaAlesina, A.; Cohen, G. & Roubini, N. (1997). Political Cycles and the Macroeconomy. Cap. 2 e 3: 15-66.Drazen, A. (2000). Political Economy in Macroeconomics. Cap. 7 “Elections and Changes of Policymakers”: 219-308.

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4. Ciclos político - económicos

Aplicações empíricasVeiga, L. e Veiga, F. (2007). Political Business Cycles at the Municipal Level. Public Choice 131: 45-64.

Luísa Benta

Aidt, T.; Veiga, F. e Veiga, L. (2007). Election Results and Opportunistic Policies: An Integrated Approach. NIPE - WP 24/2007.

Brender, A. e Drazen, A. (2005). Political budget cycles in newversus established democracies. Journal of Monetary Economics52(7): 1271–1295.

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Modelos de Ciclos Político –- Económicos (CPE)

Alesina (1987)Rogoff e Sibert (1988)

Rogoff (1990)Persson e Tabellini (1990)

Cukierman e Meltzer (1986)

Modelos com expectativas

racionais

Hibbs (1977)Nordhaus (1975)Lindbeck (1976)

Modelos com expectativas adaptativas

Modelos de Ideologia

Modelos de Políticos Oportunistas

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Modelo de Políticos Oportunistas Nordhaus - Principais Hipóteses

A economia é caracterizada por uma curva de Phillips aumentada das expectativas.

As expectativas de inflação são adaptativas

Dependem apenas dos valores passados da inflação:

Os eleitores têm todos a mesma função utilidade: apreciam o crescimento económico e não gostam de inflação e desemprego.

Curvas de isovoto: combinações das taxas de inflação e de desemprego que geram igual número de votos no governante

10 ),( 1te

1t1tet <λ<π−πλ+π=π −−−

0 ),ett(yty >γπ−πγ+=

10 ...],)[1( 3t2

2t1tet <λ<+πλ+λπ+πλ−=π −−−

0' ),ett('utu >γπ−πγ−=

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Modelo de Políticos Oportunistas Nordhaus – Análise gráfica

60% 55% 48% 40%

Taxa de Inflação

(π)

Taxa de Desemprego (u)

Curvas de isovoto

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Modelo de Políticos Oportunistas Nordhaus - Principais Hipóteses

Os políticos são todos iguais e preferem estar no poder a estar na oposição.

Em cada eleição, existem apenas dois candidatos: o que está no poder e o que está na oposição.

Os governantes controlam a procura agregada através da manipulação dos instrumentos de política económica.

A data das eleições é exógena.

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Modelo de Políticos Oportunistas Nordhaus – Análise gráfica

CPLP

60% 55% 48% 40%

4

GCPCP2

CPCP4

CPCP3

Taxa de Inflação

(π)

Taxa de Desemprego (u)

1

2

3

CPCP1

CPLP = Curva de Phillipsde Longo Prazo

CPCP = Curva de Phillipsde Curto Prazo

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Modelo de Políticos Oportunistas Nordhaus - Principais Ilações

No curto prazo, verifica-se um ciclo económico associado ao ciclo político.

Os governantes geram um choque inflacionista antes das eleições, de forma a estimularem a economia e a aumentarem a probabilidade de serem reeleitos. Após as eleições são adoptadas políticas anti-inflacionistas.

O ciclo político-económico é claramente sub-óptimo porque gera flutuações económicas sem ganhos de eficiência.

No longo prazo, o comportamento oportunista aumentará a inflação média sem ganhos no crescimento médio ou no desemprego.

Os eleitores premeiam este comportamento porque a economia está em expansão pouco antes das eleições. Os cidadãos desconhecem os objectivos oportunistas das políticas adoptadas e são sistematicamente enganados antes das eleições.

Será razoável admitir que os cidadãos podem ser sistematicamenteenganados?

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Modelos de Políticos Oportunistas com Expectativas Racionais

Reformularam o modelo de Nordhaus de forma a nele incluir as expectativas racionais. Os agentes económicos formam expectativas tendo em conta toda a informação disponível no momento.

Enfatizam o papel da competência dos governos, definida como a sua capacidade para:

reduzir os desperdícios na política orçamental: Rogoff e Sibert (1988), Rogoff (1990);promover o crescimento sem inflação: Persson e Tabellini (1990);isolar a economia de choques assimétricos: Cukierman e Meltzer (1986).

Assumem que os Governos diferem no seu nível de competência e estão mais informados sobre o mesmo que os restantes cidadãos.

Os eleitores apenas podem inferir a competência dos governantes através da observação dos resultados económicos ou das políticas implementadas.

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Persson e Tabellini (1990)Principais hipóteses:

(≠) A economia é descrita por uma curva de Phillips que inclui um termo para captar a competência dos governos (εt).

(≠) As expectativas de inflação são racionais

(≠) Os eleitores votam no governante que maximizar a sua utilidade esperada. A utilidade esperada do eleitor representativo é dada por:

1ttt

tettyty

−μ+μ=ε

ε+π−π+=

)I|(E 1ttet −π=π

10 ;)y,(uEU0t

ttt <β<

⎭⎬⎫

⎩⎨⎧ πβ= ∑

=

0b ;by)(21)y,u( t

2ttt >+π−= π

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Persson e Tabellini (1990)Principais hipóteses:

(=) Os políticos preferem estar no poder a estar na oposição. (≠) Os políticos visam a reeleição mas colocam algum peso na função de bem-estar social.

(=) Em cada eleição, existem apenas dois candidatos: o que está no poder e o que está na oposição.

(≠) Os governantes controlam a inflação directamente.

(=) A data das eleições é exógena.

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Persson e Tabellini (1990)Principais hipóteses:

A competência pode assumir apenas 2 valores: (μM) ou (μm).

μt = μM > 0 com probabilidade p ou μt = μm < 0 com probabilidade 1- p

Logo: E(μt) = pμM + (1-p)μm = 0

Os eleitores conhecem a distribuição de probabilidades de μt e sabem que E(μt) = 0, mas não conseguem observar εt.

No período t, os eleitores observam yt e πet mas não observam πt: a

inflação é observada com um período de atraso.

=> os eleitores conhecem a competência dos governantes com um período de atraso

)ett(ytyt π−π−−=ε

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Persson e Tabellini (1990)Principais ilações

O público não conhece a competência do governante.

Um governante competente (para o qual μt = μM) quer partilhar esta informação com os eleitores:

Escolhe uma taxa de inflação superior à esperada de forma a alcançar um nível de crescimento que seja inatingível por um governante incompetente.

Um governante incompetente, porque não consegue atingir essa taxa de crescimento, não gera inflação surpresa.

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Persson e Tabellini (1990)Principais ilações

Dois resultados importantes:

Apenas os governantes competentes criam uma expansão superior aonormal imediatamente antes das eleições. Os eleitores, ao observarem esta grande expansão, reconhecem a competência dos governantes ereelegem-no.

Contrariamente a Nordhaus, este modelo não prevê uma recessão pós eleitoral.

Votações retrospectivas e racionais: é racional os eleitores analisarem o estado da economia antes das eleições porque este revela a competência do governante.

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Ciclos Político-Orçamentais

Rogoff e Sibert (1988) desenvolveram um modelo em que a competência dos governantes é vista em função do saldo orçamental em vez da curva de Phillips.

Consideram a seguinte restrição orçamental: g = τt + st + εt

A competência do governo é interpretada como a capacidade do governo para limitar os desperdícios na gestão do orçamento.

A estrutura de informação é semelhante à do modelo de P&T.

No período t, os eleitores observam g e τt mas não st e εt.

O nível de senhoriagem (inflação) é observado com um atraso de um período.

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Ciclos Político-OrçamentaisRogoff e Sibert (1988) desenvolveram um modelo em que a competência dos governantes é vista em função do saldo orçamental em vez da curva de Phillips.

Os cidadãos observam o nível de competência dos governos com atraso de um período e fazem inferências quanto à competência dos mesmos com base no nível de impostos no início do período.

Todos os governantes, à excepção dos menos competentes, distorcem a política orçamental antes das eleições.

Os governantes escolhem um nível de senhoriagem que não permita ao menos competente esconder a sua incompetência.

Antes das eleições o nível de impostos é inferior ao eficiente e a inflação é superior ao óptimo.

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Ciclos Político-Orçamentais

Rogoff (1990) apresenta um modelo semelhante em que enfatiza a composição dos gastos do governo em vez da senhoriagem.

Restrição orçamental do governo: gt + kt+1 = τt + εt

Onde

gt = gastos do governo em bens e serviços e em transferências;

kt+1 = investimento público gerado em t (torna-se produtivo em t+1)

A competência (εt) comporta-se tal como anteriormente.

Assimetria de informação: Os eleitores observam gt e kt no momento t mas não conhecem kt+1.

Assim, quando votam em t não conhecem εt nem kt+1.

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Ciclos Político-Orçamentais

Rogoff (1990) apresenta um modelo semelhante em que enfatiza a composição dos gastos do governo em vez da senhoriagem.

O modelo prevê que os governantes diminuam kt+1 e aumentem gt a cima do nível eficiente de forma a parecerem eficientes antes das eleições.

Os governantes engendram um ciclo político - orçamental que

adia os investimentos públicos e

aumenta as transferências e os programas públicos mais visíveis,

diminuindo possivelmente os impostos.

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Modelos de Políticos Oportunistas com Expectativas Racionais

Em suma:Os governos diferem no seu nível de competência e conhecem-no antes dos eleitores. Antes das eleições os governantes sinalizam a sua competência através da manipulação das variáveis de política económica (redução dos impostos, aumento nos gastos, aumento da oferta de moeda).

Os CPE são o preço a pagar para seleccionar os governantes mais competentes

O oportunismo dos políticos gera efeitos ao nível das políticas adoptadas mas não necessariamente nas variáveis macroeconómicas. Nos períodos seguintes (não eleitorais), os excessos cometidos antes das eleições são corrigidos fundamentalmente via imposto inflacionário.A racionalidade dos eleitores limita o oportunismo dos políticos. Os CPE não são tão evidentes como no modelo de Nordhaus.

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Modelos de Políticos Oportunistas com Expectativas Racionais

Será razoável admitir assimetria de informação entre governantes e

eleitores?

No modelo de P&T a hipótese de que os eleitores observam a inflação com

um atraso significativo parece irrealista.

A assimetria de informação requerida nos modelos orçamentais é mais

razoável.

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Modelo de IdeologiaHibbs – Principais Hipóteses

A economia caracteriza-se pela existência de uma curva de Phillipsaumentada das expectativas.

As expectativas de inflação são formuladas de forma adaptativa.

Os eleitores têm preferências diferentes quanto à inflação e ao desemprego e escolhem os Governos em função das suas preferências.

A inflação e o desemprego afectam de forma diferente os vários estratos sociais.

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Modelo de IdeologiaHibbs – Principais Hipóteses

Os políticos diferem quanto aos seus objectivos. Os partidos de esquerda concentram-se no combate ao desemprego,

enquanto os de direita se preocupam fundamentalmente com o controlo dos preços.

Em cada eleição, existem apenas dois candidatos (partidos): o que está no poder e

o que está na oposição.

Os governantes controlam a procura agregada através da manipulação dos instrumentos de política económica.

A data das eleições é exógena.

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Modelos de Ideologia Hibbs – Importância dos objectivos

SOCIALISTA-TRABALHISTA CENTRO CONSERVADOR Pleno emprego Estabilidade de preços Equidade na distribuição do rendimento Estabilidade de preços Expansão Económica

Expansão Económica Equilíbrio da Balança de Pagamentos

Pleno emprego

Equidade na distribuição do rendimento

Estabilidade de preços Expansão Económica

Equilíbrio da Balança de Pagamentos

Pleno emprego

Equilíbrio da Balança de Pagamentos

Impo

rtânc

ia d

ecre

scen

te d

e ob

ject

ivos

Equidade na distribuição do rendimento

Fonte: Hibbs (1977), pág. 1471

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Modelo de IdeologiaHibbs – Principais Ilações

Uma vez no poder, os partidos adoptam medidas que favorecem os seus eleitores.Ambos os partidos conseguem atingir e manter, com inflação estável, os níveis de desemprego que pretendem.Os resultados macroeconómicos estão sistematicamente relacionados com a ideologia dos partidos no poder:

Aos governos de esquerda estão associadas taxas de desemprego (inflação) mais baixas (elevadas) que aos de direita.

Infla

ção

Desemprego

Esq.

Direita

Curva de Phillips de c.p.

Curva de Phillips de l.p.

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Modelo de Ideologia com Expectativas Racionais

As hipóteses de base são semelhantes às do modelo de Hibbs, mas admitem que os agentes económicos formulam as expectativas de inflação racionalmente.

Os governantes controlam a inflação.

Existe rigidez salarial: os contratos salariais são assinados no início de cada período e duram até ao final do mesmo.

Partidos de direita (D) e de esquerda (E) têm as seguintes funções utilidade:

Esquerda:

Direita:

A ideologia dos governantes exprime-se em preferências diferentes:

[ ]∑∞

=

+π−π−β=0t

tE2E

ttE yb)(u

[ ]∑∞

=

+π−π−β=0t

tD2D

ttD yb)(u

0bb

0DE

DE

≥≥

≥π≥π

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Modelo de Ideologia com Expectativas Racionais

Dadas as hipóteses quanto às preferências, a inflação será permanentemente superior quanto um partido de esquerda está no poder relativamente a um partido de direita.

Os eleitores conhecem as políticas óptimas para cada um dos partidos, mas perante incerteza quanto ao resultado eleitoral, apenas podem estimar a taxa de inflação:

P = probabilidade de um partido de direita ganhar a eleição.

A economia desvia dos níveis naturais imediatamente após as eleições quando há incerteza quanto à ideologia do partido que vencerá as eleições:

Caso seja eleito um partido de esquerda a taxa de crescimento da economia será superior à taxa de crescimento natural, mas se for eleito um partido de direita esta será inferior.

Uma vez eliminada a incerteza a economia regressa aos valores de equilíbrio.

EDet ˆ)P1(ˆP π−+π=π

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Modelo de Ideologia com Expectativas Racionais

Algumas considerações:As flutuações económicas serão tanto maiores quanto mais acentuadas forem as diferenças nas taxas de inflação alvo para os partidos de direita e de esquerda.O grau de surpresa eleitoral influencia a magnitude das flutuações do crescimento económico.

Em suma:O modelo prevê que os ciclos nas variáveis reais sejam pequenos e confinados ao período em que ocorrem as eleições.

Partidos de esquerda (direita) causam uma pequena expansão (recessão) económica.

A inflação será permanentemente superior quando um partido de esquerda ocupa o poder face à que se verificaria se um partido de direita governasse.

Hibbs critica:Porque razão irão agentes racionais definir contratos que criam rigidez salarial?

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4.3. Extensões aos modelos de base

Modelos que combinam efeitos oportunistas e partidáriosNova hipótese comportamental para o Governo: qualquer partido no poder que receie perder as eleições induz de forma oportunista um choque na economia, mas no caso de estar seguro da sua reeleição segue uma política económica mais ideológica.

Oportunismo na fixação das datas das eleiçõesEm diversas democracias as datas das eleições são parcialmente endógenas (≠modelos originais) , dado que o executivo pode convocar eleições antes do período máximo do mandato terminar.O oportunismo não se reflecte numa manipulação da economia mas sim na escolha da data da eleição, de forma a que esta se realize numa fase expansiva da economia.

Modelos de restrição da margem de manobra do sucessorSendo reduzida a probabilidade de reeleição, o governante tem um incentivo para adoptar medidas que reduzam a margem de manobra do seu sucessor.Estes modelos são analisados no cap. 6.3. Modelos de gestão estratégica da dívida

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4.3. Extensões dos modelos de base

Manipulação oportunista da composição da despesa públicaEvidência de CPE no défice é reduzida

Manipulação das componentes da despesa pública

Sistemas multipartidáriosOs primeiros estudos de CPE incidiram sobre os E.U.A. e o R.U. que constituem democracias estáveis, com dois partidos fortes a alternarem no poder.

Governos de coligação ou minoritários: menor responsabilidade política pela evolução da economia, menor capacidade para implementar medidas partidárias, atrasos na adopção de políticas impopulares.

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4.3. Extensões dos modelos de base

Assimetrias de informação entre governantes e eleitores

Países desenvolvidos versus países em desenvolvimento Shi, M., & Svensson, J. (2006). Political budget cycles: Do they differ acrosscountries and why? Journal of Public Economics, 90, 1367–1389.

Maturação do sistema democráticoBrender, A., & Drazen, A. (2005). Political budget cycles in new versus established democracies. Journal of Monetary Economics, 52(7), 1271–1295.

Grau de transparência do processo orçamentalAlt, J., & Lassen, D. (2006). Transparency, political polarization, and politicalbudget cycles in OECD countries. American Journal of Political Science, 50(3), 530–550.

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4.3. Extensões dos modelos de base

Regras constitucionaisSistema eleitoral: proporcional versus representativoDivisão de poderes: Presidente versus governo

Persson, T., & Tabellini, G. (2004). Constitutional rules and fiscal policyoutcomes. American Economic Review, 94(1), 25–45.

O poder local

A maioria dos trabalhos analisa o poder centralNo entanto, já Rogoff (1990: 33-34) alertava para as vantagens de analisar o poder local.

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Testes aos CPE

Normalmente são utilizados dados trimestrais.

Especificação do modelo:Yt = a + b(L)Yt + cVarContt + dVarCPE + et

Variável dependente (Y): Variáveis económicas:

Inflação, desemprego, taxas de crescimentoInstrumentos de políticas económica:

Gastos públicos, impostos, taxa de crescimento da oferta de moeda, etc.

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Testes aos CPE

Yt = a + b(L)Yt + cVarContt + dVarCPE + et

Variáveis explicativasValores desfasados da variável dependente (L)YVariáveis de controlo (VarCont)Variáveis que testam os CPE (VarCPE):

Oportunismo: variável muda = 1 nos (N-1) trimestres que precedem (após) a eleição e no trimestre da eleição, 0 nos restantes.

Expectativas adaptativas: testes nas variáveis económicas;Expectativas racionais: testes nos instrumentos de política económica

Ideologia: variável muda = 1 se um partido de direita está no poder, -1 no caso de estar no poder um governo de esquerda.

Expectativas adaptativas: em todos os trimestres dos mandatos;Expectativas racionais: no início dos mandatos.

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Países industrializados18 países, + de 30 anos, dados trimestrais

Principais conclusões quanto às variáveis macroeconómicas:Não existe evidência de ciclos eleitoralistas no desemprego, nem no crescimento económico. Ciclos eleitorais na inflação, com um aumento da mesma depois das eleições.

A evidência no desemprego e na taxa de crescimento do produto é consistente com as implicações da teoria partidária racional.

A evidência a favor da teoria partidária racional é particularmente forte em países com 2 partidos fortes e com ideologias vincadas.

Existem diferenças sistemáticas nas taxas de inflação de governos de Direita/Esquerda, o que está de acordo com o modelo partidário.

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Países industrializados18 países, + de 30 anos, dados trimestrais

Conclusões no que diz respeito aos instrumentos de política económica:

Ciclos eleitorais na política monetária ocorrem frequentemente, mas a sua dimensão é pequena.

A política orçamental é um pouco relaxada em anos de eleições.

Diferenças partidárias sistemáticas na política monetária entre partidos de Direita/Esquerda.

Nenhuma evidência de efeitos partidários no défices orçamentais.

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Principais Resultados Empíricos da Literatura sobre CPE

A maioria dos trabalhos encontra evidência favorável à teoria partidária, tendo maior apoio os modelos racionais.

Os efeitos de ideologia são maiores nos países com governos estáveis e onde existem diferenças ideológicas claras entre os principais partidos.

Fraca evidência favorável aos modelos de políticos oportunistas ao nível das variáveis macroeconómicas.

Maior evidência nos instrumentos de política económica, particularmente em matéria orçamental.