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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO EDUARDO VINÍCIUS SILVA BORGES R.A. 12.4440-9 IMPACTOS DA NORMA REDE DE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL (RAS) EM OPERAÇÕES DO SETOR AGRÍCOLA. PIRACICABA-SP DEZEMBRO DE 2015

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA

FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO

EDUARDO VINÍCIUS SILVA BORGES R.A. 12.4440-9

IMPACTOS DA NORMA REDE DE

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL – (RAS)

EM OPERAÇÕES DO SETOR

AGRÍCOLA.

PIRACICABA-SP

DEZEMBRO DE 2015

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EDUARDO VINÍCIUS SILVA BORGES

R.A. 12.4440-9

IMPACTOS DA NORMA REDE DE

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL – (RAS)

EM OPERAÇÕES DO SETOR

AGRÍCOLA.

Relatório final do Estágio Supervisionado II, desenvolvido em cumprimento à exigência curricular do curso de Administração da UNIMEP, sob orientação do Prof. José Roberto Soares Ribeiro. Área: Administração de Produções e Operações / Noturno

PIRACICABA-SP

DEZEMBRO DE 2015

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DEDICATÓRIA

Sei que minha formação como profissional não poderia ter sido concretizada sem a ajuda de minha amável e eterna mãe, que, no decorrer da vida, proporcionou, além de um extenso carinho e amor, todo o conhecimento da integridade, da perseverança e de procurar sempre em Deus à força maior para o meu desenvolvimento como ser humano. Por essa razão, gostaria de dedicar este trabalho e reconhecer a vocês, minha imensa gratidão. Á Deus dedico o meu agradecimento maior, por ser tudo em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Tudo que foi conquistado na minha trajetória, foi por meio de esforços e muita

dedicação, só foi possível por que algumas pessoas fizeram parte deste momento da minha história de vida. Sendo assim, a todas elas agradeço pela realização deste trabalho.

Agradeço primeiramente a Deus, pela sua fidelidade, pelo seu amor indivisível nas horas mais difíceis e pela onipresença nas minhas escolhas.

A minha mãe que, me deu a vida e me ensinou a vivê-la com dignidade, sempre iluminando os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que eu os trilhasse sem medo e pudesse realizar os meus sonhos, mesmo que muitas das vezes tivessem de renunciar os seus.

Aos meus irmãos, Garcia e Elisa, que sempre estiveram presentes nas diversas circunstâncias da minha vida, demonstrando que são companheiros fiéis, amigos de todas as horas, parceiros.

Ao técnico José Batista e sua esposa Andressa Delabio que por meio do esporte, me impulsionaram a começar minha caminhada e a realização do meu sonho, foram eles as primeiras pessoas que acreditaram no meu trabalho, e me deram uma chance para que eu pudesse chegar onde estou, que juntamente com Universidade Metodista de Piracicaba e a Prefeitura de Piracicaba me proporcionaram por três anos uma bolsa de estudos, através do esporte.

Ao meu orientador, José Roberto, que me orientou com paciência, estímulo e competência durante toda a realização deste trabalho.

Ao meu grande amigo Ramon Migotti que esteve sempre ao meu lado em todos os momentos de alegria e tristeza, mas principalmente nas minhas conquistas.

Ao meu amigo Milton Vieira, pela amizade e companheirismo desde o início das minhas atividades.

Ao Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – IMAFLORA, por abrir as portas para meu estágio supervisionado e também um grande estágio para minha vida, onde levarei tudo que aprendi por toda a minha vida.

E, finalmente, a todos os professores regentes e professores orientadores que fizeram parte deste estudo, pelas horas dedicadas a realização das entrevistas, pela disposição em participar do estudo, crendo sempre que estariam colaborando para o repensar da formação docente.

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“Não vemos o mundo como ele é, mas como nós somos”. (James C. Hunter - O Monge e o Executivo).

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RESUMO

Este estágio curricular teve como objetivo analisar o impacto da certificação

socioambiental da Rede de Agricultura Sustentável – RAS, desenvolvido no Instituto

de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – IMAFLORA. Os dados foram

levantados através de pesquisa bibliográfica e análise documental. O trabalho partiu

do estudo do desempenho de empreendimentos agrícolas, e a analise especifica

dos seus sistemas de gestão, relacionando os respectivos impactos nos

desempenhos finais. O intuito da análise foi devido ao enfraquecimento da

certificação no mercado em geral, tendo em vista que os empreendimentos

certificados não conseguem ver sua evolução dentro dos processos internos. O

estudo mostrou os benefícios da certificação e a evolução ou estagnação de cada

empreendimento dentro de todo o processo de certificação. A partir disso, espera-se

que a o Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e Florestal – IMAFLORA possa

se fortalecer no mercado e também possa gerar impactos para os empreendimentos

que a partir deste estudo conseguirão visualizar sua melhoria gerada através da

certificação.

Palavras-chave: Certificação. Agrícola. Florestal. Socioambiental.

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ABSTRACT

This traineeship aims to analyze the impact of social and environmental certification

Sustainable Agriculture Network - RAS, developed at the Institute of Management

and Forest Certification and Agricultural - IMAFLORA. The data were collected

through literature and document analysis. The work came from the study of the

performance of agricultural enterprises, and the analysis specifies their management

systems, linking their impact on final performance. The purpose of the analysis was

due to the weakening of certification in the market in general, given that the certified

enterprises fail to see the improvement in internal processes. The study showed the

benefits of certification and the evolution or stagnation of each project within the

entire certification process. From this, it is expected that the Institute of Management

and Forest Certification and Agricultural - IMAFLORA can strengthen the market and

can also have an impact for enterprises that from this study will be able to view their

improvement generated through certification.

Keywords: Certification. Agricultural. Forest. Social and environmental.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 – Organograma ................................................................................ 15

Ilustração 2 – Sede .............................................................................................. 16

Ilustração 3 –Selo Rainforest Alliance Certified ……............................................ 21

Ilustração 4 – Tipos de auditoria .......................................................................... 25

Ilustração 5 – Classificação das Auditorias .......................................................... 26

Ilustração 6 – Ciclo de auditoria ........................................................................... 31

Ilustração 7 – Categorias de cumprimento .......................................................... 33

Ilustração 8 – Processo de certificação (visão do cliente) ................................... 39

Ilustração 9 – Resumo dos princípios e critérios ................................................. 45

Ilustração 10 – Ciclo de Certificação .................................................................... 46

Ilustração 11 – Ciclo de Certificação com intervenção no segundo ano ............. 46

Ilustração 12 – Ciclo de Certificação com intervenção no terceiro ano ............... 47

Ilustração 13 – Análises das auditorias no processo de certificação.................... 48

Ilustração 14 – Desempenho do primeiro ciclo de certificação ............................ 50

Ilustração 15 – Desempenho do primeiro ciclo de certificação 2 ......................... 50

Ilustração 16 – Desempenho do segundo ciclo de certificação ........................... 51

Ilustração 17 – Desempenho do segundo ciclo de certificação 2 ........................ 52

Ilustração 18 – Média individual de 2 ciclos de certificação ................................. 53

Ilustração 19 – Diferença entre ano 1 e ano 2 do desempenho do 1º ciclo de

certificação ............................................................................................................

54

Ilustração 20 – Diferença entre ano 2 e ano 3 do desempenho do 1º ciclo de

certificação ............................................................................................................

55

Ilustração 21 – Diferença entre ano 1 e ano 2 do desempenho do 2º ciclo de

certificação ............................................................................................................

56

Ilustração 22 – Diferença entre ano 2 e ano 3 do desempenho do 2º ciclo de

certificação ............................................................................................................

57

Ilustração 23 – Média de desempenho do ciclo de certificação ........................... 57

Ilustração 24 – Média individual de desempenho do ciclo de certificação ........... 58

Ilustração 25 – Média individual de desempenho da 1ª Recertificação ............... 59

Ilustração 26 – Média individual de desempenho da 2ª Recertificação ............... 59

Ilustração 27 – Média de desempenho dos inicios da certificação ...................... 60

Ilustração 28 – Média de desempenho dos inicios da certificação 2 ................... 60

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Ilustração 29 – Comparação de média entre a Certificação e a 1ª

Recertificação ........................................................................................................

61

Ilustração 30 – Comparação de média entre a 1ª Recertificação e 2ª

Recertificação ........................................................................................................

62

Ilustração 31 – Média geral de desempenho do ciclo de certificação .................. 63

Ilustração 32 – Frequência das não conformidades do Sistema de Gestão do

1º Ciclo de Certificação .........................................................................................

64

Ilustração 33 – Frequência das não conformidades do Sistema de Gestão do

2º Ciclo de Certificação .........................................................................................

67

Ilustração 34 – Frequência total das não conformidades do Sistema de Gestão

nos 2 Ciclos de Certificação apresentados ...........................................................

71

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1 Apresentação da organização e do ambiente ............................................ 13

1.2 Problemática de estágio ............................................................................... 16

1.3 Objetivos do estágio ..................................................................................... 17

1.3.1 Objetivos gerais .......................................................................................... 17

1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................. 17

1.4 Justificativas .................................................................................................. 17

2 CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS .............................................. 18

2.1 Certificação socioambiental ......................................................................... 19

2.2 Certificação Rede de Agricultura Sustentável – RAS ................................ 21

2.3 Requisitos de certificação ............................................................................ 24

3 AUDITORIA ........................................................................................................ 25

3.1 Tipos de auditoria socioambiental .............................................................. 26

3.1.1 Auditoria de certificação ............................................................................ 26

3.1.2 Auditoria anual ........................................................................................... 27

3.1.3 Auditoria de verificação ............................................................................. 27

3.1.4 Auditoria de investigação .......................................................................... 28

3.1.5 Auditoria não programada ......................................................................... 28

3.1.6 Inspeção no local ....................................................................................... 29

3.2 Fatores analisados durante a auditoria ....................................................... 29

3.3 Ciclo de auditoria socioambiental RAS ....................................................... 30

4 SISTEMA DE QUALIFICAÇÃO ......................................................................... 32

4.1 Tipos de critérios ........................................................................................... 32

4.1.1 Critérios Críticos ........................................................................................ 32

4.1.2 Critérios não críticos (ou de melhoria contínua) ..................................... 32

4.2 Categorias de não conformidades ............................................................... 33

4.2.1 Cálculo da pontuação ................................................................................ 33

4.2.1.1 Cálculo da Pontuação por Princípio ...................................................... 33

4.2.1.2 Cálculo da Pontuação por Critério ........................................................ 34

5 SANÇÃO ............................................................................................................ 35

5.1 Condições de cancelamento ........................................................................ 36

6 METODOLOGIA ................................................................................................ 36

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6.1 Tipologia do trabalho .................................................................................... 36

6.2 Instrumentos de coleta de dados ................................................................ 36

6.3 Universo e amostra ....................................................................................... 37

6.4 Instrumentos de análise dos dados ............................................................ 37

6.5 Viabilidade ...................................................................................................... 37

7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................. 38

7.1 Empreendimentos que podem ser certificado ........................................... 38

7.2 Processo de certificação .............................................................................. 39

7.3 Princípios e critérios da Norma RAS para certificação ............................. 40

7.3.1 Sistema de Gestão Ambiental e Social .................................................... 40

7.3.2 Conservação de Ecossistemas ................................................................. 40

7.3.3 Proteção da Vida Silvestre ........................................................................ 41

7.3.4 Conservação de Recursos Hídricos ......................................................... 41

7.3.5 Tratamento Justo e Boas Condições para os Trabalhadores ................ 42

7.3.6 Saúde e Segurança Ocupacional .............................................................. 42

7.3.7 Relação com a Comunidade ...................................................................... 43

7.3.8 Manejo Integrado do Cultivo ..................................................................... 43

7.3.9 Manejo e Conservação do Solo ................................................................ 44

7.3.10 Manejo Integrado de Dejetos ................................................................... 44

7.4 Ciclo de Certificação RAS ............................................................................ 45

7.5 Papel da auditoria no processo de certificação ......................................... 47

7.6 Avaliação da conformidade e da não conformidade ................................. 48

7.7 Negação da certificação ou Cancelamento ................................................ 49

7.8 Análise do desempenho de dois ciclos de Certificação completos ......... 49

7.8.1 Apresentação de resultados dos dados apresentados .......................... 53

7.8.2 Análise do desempenho dos empreendimentos nos inícios do ciclo

de Certificação .....................................................................................................

58

7.8.3 Frequência das não conformidades do Sistema de Gestão no ciclo de

certificação ...........................................................................................................

63

8 CONCLUSÃO .................................................................................................... 72

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 74

APÊNDICE A – Relatório de atividades realizadas no ESA ll .......................... 76

ANEXO A – Declaração do Orientador .............................................................. 77

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1 INTRODUÇÃO

O estudo refere-se aos impactos da Norma Rede de Agricultura Sustentável –

(RAS) em operações do setor agrícola.

A primeira seção é apresentada a organização e o ambiente em que o

trabalho foi desenvolvido, seguido de seus respectivos objetivos.

A segunda seção fala sobre a certificação de produtos e serviços em todo

âmbito abordado e desenvolvido no trabalho.

A terceira seção apresenta as informações sobre o desenvolvimento de

auditorias em todo o processo de certificação.

A quarta seção mostra-se todo o sistema de qualificação dentro do processo

de certificação, para a determinação da conformidade e não conformidade.

A quinta seção mostra as sanções que podem vir a intervir no processo da

certificação de acordo com suas especificações.

A sexta seção mostra a metodologia utilizada para a análise dos impactos

causados pela certificação Rede de Agricultura Sustentável - RAS.

A sétima seção mostra todos os dados coletados e a discussão sobre.

A oitava e última seção, apresenta-se a conclusão de todas as análises feitas

e a o apontamento de melhoramento citado na problematização.

1.1 Apresentação da Organização e do Ambiente

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora – é uma

associação civil sem fins lucrativos, fundada em Piracicaba, no interior de São Paulo,

em 1995. Nasceu sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas

tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de

manejo e a uma gestão responsável dos recursos naturais. Dessa perspectiva, o

Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e Florestal - Imaflora acredita que a

certificação socioambiental é uma das ferramentas que respondem a parte desse

desafio, com forte poder indutor do desenvolvimento local, sustentável, nos setores

florestal e agrícola. Da mesma maneira, o instituto busca influenciar as cadeias

produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola; colaborar para a elaboração e

a implementação de políticas de interesse público e fazer, de fato, a diferença nas

regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento

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sustentável que possam ser reproduzidos em outros municípios, regiões ou biomas

do País.

Sua estratégia se distribui em quatro áreas de atuação, que são

complementares e necessárias para alcançar sua missão e seus objetivos

estratégicos:

a) Cadeias Produtivas: Trabalha para influenciar grandes empresas e o setor

público a incluir critérios socioambientais em suas politicas de compra. Além

disso, atua junto ás cadeias produtivas do café, cacau, pecuária, madeira

tropical, entre outras para que boas práticas de produção sejam adotadas.

b) Certificação Socioambiental: Iniciou suas atividades com a certificação

florestal FSC e é membro fundador e certificador da Rede de Agricultura

Sustentável (RAS), sistemas aplicável ao setor agropecuário. Nos últimos

anos, passou a realizar, também, auditorias de validação de carbono VCS e

CCBA, sempre atuando junto a sistemas independentes, voluntários e não

discriminatórios.

c) Política de Interesse Público: Contribui para a criação, aplicação e inclusão de

aspectos socioambientais em politicas de interesse público, relacionadas a

florestas e á agropecuária. As principais temáticas com as quais o instituto

trabalha são: concessões florestais, unidades de conservação, mudanças

climáticas, políticas de uso da terra, governança privada, entre outras.

d) Desenvolvimento Sustentável Local: Conduz projetos que contribuem para a

criação de modelos de desenvolvimento local sustentável, passíveis de

replicação. Dentre eles, destacam-se os desenvolvidos em São Félix do

Xingu, na Calha Norte Paranaense, na Terra do Meio, no Sul da Bahia e em

Piracicaba. Nessas regiões, atua para ampliar a transparência e a

participação social nas políticas públicas, fortalecer atores locais para que

promovam o uso responsável dos recursos naturais aliado ao aumento de

renda e a melhoria na qualidade de vida da população.

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A missão do instituto consiste em incentivar e promover mudanças nos

setores florestal e agrícola, visando à conservação e o uso sustentável dos recursos

naturais e a geração de benefícios sociais. Seguido de sua visão, que busca ser

uma ONG com forte credibilidade nacional e internacional, por gerar transformações

socioambientais, respeitada pelo seu posicionamento independente, pela

transparência e pela gestão. Seus valores gera independência para agir a partir dos

nossos ideais; Abertura para assumir riscos estratégicos de forma consciente;

Honestidade, transparência e coerência em ações e relações; Respeito pela

diversidade social, cultural, ambiental e econômica, valorização e reconhecimento de

sua complexidade; Abertura e incentivo ao diálogo; Estímulo a espaços internos de

reflexão, de convivência e de harmonia; Respeito pela equipe e valorização de cada

participante dela; Acesso à certificação e sua aplicabilidade a qualquer

empreendimento, independente do produto manejado, escala, intensidade da

atividade e localização geográfica.

O Instituto é constituído por 67 funcionários, e possui o seguinte

organograma, conforme a ilustração 1:

Ilustração 1: Organograma.

Fonte: Apresentação institucional Imalfora (documento interno).

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O Instituto possui sede própria em Piracicaba – SP, desde 2002:

Ilustração 2: Sede.

Fonte: Apresentação institucional Imalfora (documento interno)

1.2 Problemática de Estágio

Os empreendimentos tendem a seguir os padrões da certificação, além disso,

a constante melhoria contínua acaba afetando diretamente seu desempenho, a

certificação agrícola vem enfrentando problemas no mercado referente aos

empreendimentos que não conseguem enxergar a evolução de seu desempenho

durante um período de certificação e onde estão suas falhas mais constantes em

seu processo produtivo.

Com isso o que poderia ser feito para que essa visualização possa ocorrer?

Quais medidas poderiam der adotadas para que essa melhoria pudesse ocorrer ao

longo do tempo? Por que os empreendimentos não visualizam detalhadamente sua

evolução durante o ciclo de certificação? Quais empreendimentos poderiam ser

certificados? Quais são as restrições da Certificação? Quais seriam os possíveis

benefícios da certificação? Quais são e como ocorrem as fases e todo o processo de

certificação? Quais são os fatores que são analisados durante a certificação? Quais

são os aspectos envolvidos nos desempenhos avaliados? Quais não conformidades

aparecem mais durante o processo de certificação? Como podem ser identificados

os pontos que alteraram diretamente o desempenho do empreendimento? Qual o

papel das auditorias nesse processo? Quais são os tipos de auditorias existentes?

Como é feito a avaliação da conformidade e da não conformidade? Quais os tipos

existentes de não conformidades?

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1.3 Objetivo do Estágio

A seguir, os objetivos da pesquisa:

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar os impactos da Norma Rede de Agricultores Sustentáveis - (RAS)

operações do setor agrícolas.

1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos da pesquisa são:

a) Considerar quais empreendimentos podem ser certificados;

b) Pesquisar o processo de certificação pela visão do cliente;

c) Demostrar os princípios e critérios para obter a certificação;

d) Considerar quais foram os fatores analisados durante a certificação;

e) Pesquisar a avaliação da conformidade e da não conformidade para chegar

até a nota final do empreendimento;

f) Decisão para se obter a certificação;

g) Analisar a evolução dos empreendimentos durante um ciclo de certificação.

1.4 Justificativas

Para o Instituto o estudo é relevante, pois pode ter como benefícios o

posicionamento sobre o estado atual e resultado de suas ações relacionadas à

normatização em operações no setor agrícola. O estudo se aprofundará no tema de

interesse do instituto e do pesquisador, também poderá ser útil para outras pessoas

interessadas no tema para futuras pesquisas.

2 CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS

Pela Classificação do INMETRO, a certificação de produtos ou serviços,

sistemas de gestão e pessoas são, por definição, realizada pela terceira parte, isto é,

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por uma organização independente acreditada para executar essa modalidade de

Avaliação da Conformidade (INMETRO, 2015).

As modalidades de certificação de produtos mais utilizadas pela classificação

do INMETRO são:

a) Ensaio de tipo é o mais simples dos modelos de certificação. Fornece uma

comprovação de conformidade de um item de um produto, em um dado

momento. É uma operação de ensaio, única no seu gênero, efetuada de uma

só vez, limitando aí os seus efeitos;

b) Ensaio de tipo seguido de verificação através de ensaio de amostras retiradas

no comércio: modelo baseado no ensaio de tipo, mas combinado com ações

posteriores para verificar se a produção continua sendo conforme. Essas

ações compreendem ensaios em amostras retiradas no comércio;

c) Ensaio de tipo seguido de verificação através de ensaio em amostras

retiradas no fabricante: também baseado no ensaio de tipo, porém combinado

com intervenções posteriores para verificar se a produção continua sendo

conforme. Compreende ensaios em amostras tomadas na própria fábrica;

d) Ensaio de Tipo seguido de verificação através de ensaio em amostras

retiradas no comércio e no fabricante. Combina os modelos 2 e 3, tomando

amostras para ensaios tanto no comércio quanto na própria fábrica;

e) Ensaio de tipo, avaliação e aprovação do sistema da qualidade do fabricante,

acompanhamento através de auditorias no fabricante e ensaio em amostras

retiradas no comércio e no fabricante. É um modelo baseado, como os

anteriores, no ensaio de tipo, mas acompanhado de avaliação das medidas

tomadas pelo fabricante para o sistema de gestão da qualidade de sua

produção, seguido de um acompanhamento regular, por meio de auditorias,

do controle da qualidade da fábrica e de ensaios de verificação em amostras

tomadas no comércio e na fábrica. Este é o modelo mais utilizado no Sistema

Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC. Este modelo proporciona

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um sistema credível e completo de avaliação da conformidade de uma

produção em série e em grande escala;

f) Avaliação e aprovação do Sistema da Qualidade do fabricante. É um modelo

no qual se avalia a capacidade de uma indústria para fabricar um produto

conforme uma especificação determinada. Este modelo não é adequado para

certificação de produção já que o que é avaliado é a capacidade da empresa

em produzir determinado produto em conformidade com uma especificação

estabelecida, mas não verifica a conformidade do produto final;

g) Ensaio de Lote: nesse modelo, submete-se a ensaios amostras tomadas de

um lote do produto, emitindo-se, a partir dos resultados, uma avaliação sobre

a conformidade a uma dada especificação;

h) Ensaio 100%: é um modelo no qual cada um dos itens é submetido a um

ensaio para verificar sua conformidade com uma dada especificação.

2.1 Certificação socioambiental

A certificação socioambiental é um instrumento de mercado, de carácter

voluntário, com a finalidade de promover mudanças ambientais e sociais em setores

produtivos através de incentivos econômicos. Por meio de um certificado ou selo no

produto final, possibilita conectar produtores e consumidores ao longo da cadeia de

valor. Espera-se que tal mecanismo possa melhorar a governança do uso da terra e

de cadeias produtivas e catalisar mudanças sociais e ambientais rumo a uma

produção mais sustentável (VIANA ET AL, 1996; CASHORE ET AL, 2004).

Geralmente alguns desses sistemas são desenvolvidos em processos

multissetoriais, com a participação de grupos com interesses diferentes, podendo

envolver o setor produtivo e organizações da sociedade civil, como também

ambientalista, representantes de trabalhadores, grupos indígenas e outros

movimentos sociais. A implementação desse sistema é comumente feita por meio de

uma ONG, sem a participação de governos.

O surgimento desse mecanismo deve-se a análise da OMC (Organização

Mundial do Comércio) a luz do comércio internacional. Essa entidade tem por

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objetivo a contribuição de fazer fluir da melhor forma o comércio internacional, como

também os fatores de equidade, previsibilidade e liberdade. A OMC não tem a

permissão de diferenciar as mercadorias em função dos seus processos produtivos,

tendo como argumento, que os mesmos não têm relevância ao mercado

internacional. Foi nesse contexto de necessidade de diferenciação, que alguns

setores da sociedade civil e empresarial propuseram a criação de mecanismos que

pudessem diferenciar a origem e o processo produtivo de mercadorias de

importância para o Desenvolvimento Sustentável, com a importância de ser

totalmente voluntário da parte interessada (CARVALHO, 2007).

Pinto e Prada (1999) definem que a Certificação socioambiental surgiu da

preocupação de movimentos ambientalistas e sociais e consumidores da Europa e

EUA com os impactos ambientais e sociais associados á produção de commodities

em países tropicais ou em desenvolvimento. Depois da Rio-92 e da elaboração da

Agenda 21, parte dos ambientalistas e movimentos sociais se conscientizaram que

não bastava somente criticar e articular boicotes a produtos com essas origens, mas

urgia apresentar alternativas viáveis aos modelos de desenvolvimento e produção

existentes, considerando inclusive o componente econômico das propostas em

curso. Diante desse quadro, o crescimento econômico e a produção deveriam

conciliar de maneira equilibrada os interesses econômicos, sociais e ambientais,

tendo o desenvolvimento sustentável como referencia e ideal. No bojo dessa

questão, a certificação socioambiental visa diferenciar produtos oriundos de

processos de produção ambientalmente adequados, socialmente justos e

economicamente viáveis. Logo, seus padrões devem refletir a conciliação de

interesses dos setores econômicos, ambientais e sociais.

Ervin e Elliott (1996) definem padrões de certificação como medida para se

comparar as práticas de manejo existentes em uma determinada operação como um

grupo de princípios ou condições ideais. Os autores ressaltam que os padrões não

medem diretamente a sustentabilidade da operação. Isso necessitaria de um

crescimento completo dos impactos de longo prazo das atividades de manejo sobre

os recursos naturais e comunidades, sendo esse conhecimento ainda não existente

e disponível.

2.2 Certificação RAS

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21

A Rede de Agricultura Sustentável - RAS é uma coalizão de organizações

conservacionistas independentes que promove a sustentabilidade social e ambiental

da produção agrícola por meio do desenvolvimento de normas. A Secretaria da

Rede de Agricultura Sustentável coordena o desenvolvimento de normas e políticas

relacionadas da Rede de Agricultura Sustentável - RAS em escritório de San José,

Costa Rica. O Organismo de Certificação Certifica propriedades que cumprem as

normas da Rede de Agricultura Sustentável - RAS. As fazendas certificadas ou

Administradores de grupo1 podem se inscrever para utilização do selo Rainforest

Alliance Certified (Ilustração 3), para produtos cultivados em fazendas certificadas.

Ilustração 3: Selo Rainforest Alliance Certified.

Fonte: RAS (2015).

As propriedades agrícolas que cumprem os critérios da Rede de Agricultura

Sustentável - RAS recebem o selo de aprovação Rainforest Alliance Certified. Desde

1992, mais de 1500 certificados para 850 plantações e mais de 700 associações de

produtores – incluindo pequenas propriedades agrícolas familiares e grupos, assim

como plantações – em 45 países cumpriram as normas Rede de Agricultura

1 É um tipo de Certificação RAS, geralmente para pequenos produtores. Eles se juntam para formar

um grupo, onde é o Administrador que passa pela auditoria para que seja feita a conferência dos requisitos normativos da RAS, específicos para o tais empreendimentos. (NOTA DO AUTOR)

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Sustentável - RAS e mais de 2.800.00 ha para mas de 40 tipos de cultivo: café,

cacau, banana, chá, abacaxi, flores e folhagens, assim como cítricos. Outros tipos

de cultivos incluem o açaí, abacate, aloe vera, castanhas, cebola, cupuaçu, goiaba,

óleos, kiwi, macadâmia, mangas, maracujá, palmito, plátanos, uvas e baunilha (RAS,

2010).

Os membros da Rede de Agricultura Sustentável - RAS e seus países

respectivos de operação são: CEFCA, Côte d’loire; Fundación Interamericana de

Investigación Tropical (FIIT), Guatemala; Fundación Natura, Colômbia; ICADE,

Honduras; IMAFLORA, Brasil; Nature Conservation Foundation, Índia; Pronatura

Sur, México; RAinforest Alliance; SalvaNatura, El Salvador e The Royal Society for

the Protection of Birds (RSPB) (RAS, 2010).

A Rede de Agricultura Sustentável promove os sistemas produtivos

agropecuários, a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento humano

sustentável mediante a criação de normas sociais e ambientais. A Rede de

Agricultura Sustentável - RAS estima as suas normas, e encoraja os comerciantes e

consumidores a apoiar a sustentabilidade (RAS, 2010).

Os princípios da agricultura sustentável e as normas de apoio foram

desenvolvidos pela primeira vez através de um processo que envolveu os principais

atores interessados na América Latina de 1991 a 1993. Desde então, a norma foi

testada em propriedades agrícolas de diferentes tamanhos e cultivos e em vários

países, através de uma série de auditorias e outras atividades relacionadas á

certificação. No início de 2003, Rainforest Alliance, como Secretaria da Rede de

Agricultura Sustentável, desenvolveu uma revisão detalhada da versão da norma de

2002 para produzir uma norma mais atualizada e de acordo com a missão da Rede

de Agricultura Sustentável. De novembro de 2003 a novembro de 2004, foram

realizadas consultas públicas, nas quais organizações e indivíduos em diferentes

países foram convidados a comentar a norma revista. Este processo terminou em

um encontro da Rede de Agricultura Sustentável em novembro de 2004, no qual

foram tomadas as decisões técnicas finais (RAS, 2010).

Em 2005, a Rede de Agricultura Sustentável aprovou a versão da norma que

resultou na sua estrutura atual padrão, com 10 princípios. São eles:

1 Sistema de gestão social e ambiental

2 Conservação de ecossistemas

3 Proteção à vida silvestre

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4 Conservação de recursos hídricos

5 Tratamento justo e boas condições de trabalho

6 Saúde e segurança no trabalho

7 Relações com a comunidade

8 Manejo integrado do cultivo

9 Manejo e conservação do solo

10 Manejo integrado de desperdícios

Em 2008, o Comitê Internacional de Normas da Rede de Agricultura

Sustentável - RAS e as equipes técnicas conduziram outro processo de consulta

pública – de acordo com os requisitos do Código de Boas Práticas para o

Estabelecimento de Normas Sociais e Ambientais da ISEAL Alliance, que resultou

na publicação de dois documentos:

a) Norma para Agricultura Sustentável, versão de abril de 2009

b) Adendo da RAS – Critérios Adicionais da RAS, versão de abril de 2009

O Adendo foi desenhado originalmente para possibilitar a implementação das

melhores práticas relacionadas ao óleo de palma, cana de açúcar e plantações de

soja. Ele reforça a definição da NAS de ecossistema e conservação da paisagem,

uso da energia, emissão de gases de efeito estufa e direitos de uso da terra. Estes

novos critérios são aplicados a todos os cultivos da Rede de Agricultura Sustentável

- RAS autorizados. Propriedades agrícolas e propriedades membros de grupos

administrados são auditadas pela Norma para Agricultura Sustentável de julho de

2010 a partir de 1 de janeiro de 2011 em diante (RAS, 2010).

Existe uma política de Certificação que estabelece condições em que uma

organização auditada deve cumprir para obter e manter a certificação da Rainforest

Alliance Certified™ baseada na Norma para agricultura sustentável e outros

documentos normativos aplicáveis da Rede de Agricultura Sustentável (RAS). Esta

versão da Política de certificação para os administradores de propriedades

agropecuárias e grupos da Rede de Agricultura Sustentável - RAS e é vinculante

para propriedades agropecuárias e administradores de grupos que se submetam a

auditorias com base em um ou mais dos seguintes documentos normativos da RAS:

• Norma para Agricultura Sustentável; e Lista de Agroquímicos Proibidos;

• Norma para Certificação de Grupos;

• Norma para Sistemas Sustentáveis de Produção Pecuária.

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2.3 Requisitos de certificação

Independente de qual seja para se certificar pela primeira vez ou para manter

seu certificado, um empreendimento agropecuário individual ou administrador do

grupo deve passar por uma auditoria realizada por auditores aprovados pela Rede

de Agricultura Sustentável - RAS, sob a responsabilidade de um organismo de

certificação acreditado. O tipo de auditoria será a que corresponda, conforme o

escopo apresentado e a etapa do ciclo de auditoria. A equipe de auditoria qualifica o

desempenho2 do empreendimento auditado com relação a cada um dos critérios

aplicáveis para o escopo requerido. O empreendimento deve cumprir com os

documentos normativos vigentes aplicáveis da Rede de Agricultura Sustentável -

RAS da seguinte forma, quer seja uma propriedade agropecuária individual, uma

propriedade agropecuária membro de um grupo ou o administrador do grupo:

a) Um cumprimento mínimo por princípio de 50%.

b) Um cumprimento geral mínimo de 80% do total de critérios aplicáveis. Para

administradores de grupos.

c) Não apresentar não conformidades de qualquer categoria em um ou mais

critérios críticos.

O empreendimento deve cumprir o estabelecido no Contrato de Certificação

assinado com o organismo de certificação acreditado, aprovando e facilitando

qualquer auditoria de investigação ou não programada, justificada pelo organismo de

certificação. Deve cumprir também, todos os requisitos administrativos definidos pelo

organismo de certificação (RAS, 2013).

2 Entende-se por desempenho o conjunto de características ou rendimento do empreendimento, onde

pretende avaliar utilizando-se uma métrica, função ou índice de desempenho em relação às metas, requisitos ou expectativas previamente definidos (NOTA DO AUTOR).

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3 AUDITORIA

Auditoria é um processo sistemático, documentado e independente, para

obter evidência dos critérios e avaliá-los objetivamente para determinar a extensão

do seu escopo (CERQUEIRA, 2006). A auditoria é o exame de demonstrações e

registros administrativos. O auditor observa a exatidão, integridade e autenticidade

de tais demonstrações, registros e documentos. (HOLMES apud CERQUEIRA,

2006) Outro conceito de auditoria de Bell e Johns (1942 apud CERQUEIRA, 2006)

se refere a determinar se houve prestação justa de contas de um patrimônio e se os

negócios foram convenientemente administrados, para satisfação do público, aos

doadores etc..

A auditoria de primeira parte geralmente é destinada a avaliar o sistema da

própria organização que tem interesse no resultado, a qual é realizada por auditor

interno ou contratado. Já a Auditoria de segunda parte é realizada pelo cliente, ou

por outras pessoas em seu nome, na organização fornecedora de produtos (bens ou

serviços), visando qualificá-la ou aprová-la para situações contratuais ou pré-

contratuais (CERQUEIRA, 2006).

A Certificação independente, ou de terceira parte, baseia-se numa verificação

do cumprimento de determinados princípios, critérios ou regras pré-estabelecidas,

por meio de auditorias e de outros procedimentos de monitoramento, por entidades

especializadas em avaliação. Verificando o cumprimento dessas regras, a unidade

de produção submetida à avaliação recebe um certificado, que pode ser utilizado

comercialmente, como forma de diferenciar a unidade de produção quanto aos seus

procedimentos internos, no caso, em relação ás práticas socioambientais. Em alguns

casos, o certificado também está atrelado a um selo, que diferencia produtos na sua

venda final ao consumidor.

Assim, pode-se agrupá-la em função de ser realizada dentro ou fora das

organizações, conforme a ilustração 4:

Ilustração 4: Tipos de auditoria

Auditoria Quem em Quem Quanto ás partes

Interna Nós em Nós Auditoria de 1ª Parte

Externa Nós Neles Auditoria de 2ª Parte

Eles em Nós Auditoria de 2ª ou 3ª Parte Fonte: CERQUEIRA (2006).

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Podem também ser agrupadas de acordo com a Ilustração 5:

Ilustração 5 - Classificação das Auditorias

Quanto ao Objeto de Escopo

Quanto ás Partes

Auditoras Quanto ao Objetivo da Auditoria

Sistema Processo Produto

1ª Parte 2ª Parte 3ª Parte

Certificação Supervisão ou Manutenção

Prêmio Gestão

Garantia de Qualidade Credenciamento

Conformidade Legal Autodeclaração da conformidade

Fonte: CERQUEIRA (2006).

3.1 Tipos de auditoria socioambiental

O sistema de certificação de propriedades agropecuárias e os

administradores de grupo da Rede de Agricultura Sustentável reconhecem cinco (5)

tipos de auditorias: duas (2) regulares e três (3) não regulares (RAS, 2013).

Auditorias regulares são as auditorias de certificação e a auditoria anual, que

são sempre obrigatórias dentro do ciclo e são sempre agendadas de comum acordo

com o cliente. As auditorias não regulares incluem as auditorias de verificação, de

investigação e as não programadas. Estas são realizadas dependendo das

circunstâncias e têm finalidades diferentes: o seguimento de um plano de ação

corretivo, o seguimento de uma denúncia e o controle e vigilância, respectivamente

(RAS, 2013).

3.1.1 Auditoria de certificação

É uma auditoria regular que é agendada de comum acordo entre o organismo

de certificação e o cliente, geralmente é realizada no início do ciclo de auditoria. Seu

objetivo principal é determinar o nível de cumprimento do cliente com as normas e

políticas aplicáveis da Rede de Agricultura Sustentável - RAS. Uma equipe de

auditoria com uma abordagem multidisciplinar realiza esta auditoria pela primeira vez

quando um cliente escolhe a certificação Rede de Agricultura Sustentável - RAS e,

em seguida, uma vez a cada início do ciclo de auditoria. Com isso a decisão de

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emitir ou negar o certificado é tomada pelo organismo de certificação, com base nos

resultados dessa auditoria (RAS, 2013).

3.1.2 Auditoria anual

É realizada depois da auditoria de certificação ou anual, conforme o caso.

Seu objetivo principal é monitorar se a propriedade agropecuária cumpre com as

normas e as políticas aplicáveis da Rede de Agricultura Sustentável - RAS e com as

ações corretivas para não conformidades identificadas em auditorias anteriores.

Durante o ciclo são realizadas duas auditorias anuais, dentro do seguinte intervalo

de tempo:

a) Primeira auditoria anual (ano 2) - entre 9 e 15 meses após a data de

emissão do certificado.

b) Segunda auditoria anual (ano 3) - entre 21 e 27 meses após a data de

emissão do certificado.

Como resultado desta auditoria, é mantido ou cancelado o certificado vigente

(RAS, 2013).

3.1.3 Auditoria de verificação

É realizada depois de uma auditoria regular, de certificação ou anual, em que

o empreendimento auditado não cumpriu com um ou mais requisitos de certificação.

O empreendimento necessita ter obtido pelo menos 70% de cumprimento geral das

normas aplicáveis para poder recorrer a por esta auditoria. Seu objetivo é verificar o

nível de cumprimento de um plano de ações corretivas com base no relatório da

auditoria anterior ou avaliar o manejo de um novo cultivo que poderá ser incluído no

certificado. O organismo de certificação pode autorizar uma auditoria de verificação

unicamente se esta for realizada dentro de um período de quatro (4) meses,

contados a partir da data da decisão de certificação da auditoria anterior.

Dependendo do caso, o empreendimento pode demonstrar cumprimento através de

documentos, e somente neste caso, é possível realizar uma auditoria de verificação

de escritório, quando houver a necessidade de verificação apenas documental.

Esse tipo de auditoria não poderá ser autorizado pelo organismo de

certificação, quando durante a auditoria anterior, tenha sido identificada uma não

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conformidade com um ou mais critérios críticos relacionados com a destruição de

ecossistemas de alto valor, contratação de trabalho infantil, trabalho forçado ou

discriminação (RAS, 2013).

3.1.4 Auditoria de investigação

É uma auditoria de fato não regular e não anunciada ao empreendimento, em

resposta a uma queixa ou denúncia sobre o desempenho de um empreendimento

certificado com respeito a um ou mais dos critérios críticos das normas aplicáveis da

Rede de Agricultura Sustentável - RAS. O organismo de certificação decidirá,

baseado em suas políticas e procedimentos internos, se existem indícios objetivos

suficientes que requerem uma auditoria deste tipo. O próprio organismo de

certificação pode decidir não notificar previamente o empreendimento auditado que

será objeto de uma auditoria da investigação, se considerar que esta é a única forma

que poderá avaliar evidências sobre a denúncia recebida. No entanto, se o

organismo de certificação optar por notificá-lo, esta comunicação deverá ser dada

em um prazo nunca maior que dois dias úteis antes do início da auditoria (RAS,

2013).

Caso o empreendimento auditado objeto da denúncia possa demonstrar a

conformidade por meio de documentos ou e/ou entrevistas à distância e unicamente

neste caso, poderá ser realizada uma auditoria de investigação de escritório (RAS,

2013).

3.1.5 Auditoria não programada

Também é uma auditoria não regular e não anunciada que se aplica a

empreendimentos já certificados. Seu objetivo maior é controlar e supervisionar o

cumprimento das normas da Rede de Agricultura Sustentável - RAS em uma

amostra de clientes para manter a credibilidade do sistema e a credibilidade do

organismo de certificação. O número de empreendimentos auditados e a seleção

deles ficam a critério do organismo de certificação, que deverá ter uma justificativa

por escrito, baseada em uma análise de risco. Deve ser enfocada na avaliação dos

critérios críticos das normas avaliadas, fica a critério do organismo de certificação

notificar ou não o cliente que receberá uma auditoria não programada. A

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comunicação também deve ser feita em um prazo nunca maior que dois dias úteis

anteriores ao início da auditoria (RAS, 2013).

3.1.6 Inspeção no local

A inspeção no local não é uma auditoria em si, mas uma extensão da

auditoria original. Em consequência, seus resultados devem ser incluídos no

relatório de auditoria que será usado como base para a decisão de certificação do

empreendimento. Uma inspeção no local é autorizada unicamente em depois de

auditorias de certificação e anuais em que foi identificada uma (1) não conformidade

em um (1) critério crítico, de um dos documentos normativos da Rede de Agricultura

Sustentável - RAS. Não deve ser autorizada no caso em que a não conformidade

seja relacionada com a destruição de ecossistemas de alto valor, contratação de

trabalho infantil, trabalho forçado ou discriminação. Nestes casos, o certificado não

será emitido. A inspeção deve ser concluída dentro do prazo de 60 dias calendários

seguinte a reunião de encerramento da ultima auditoria realizada. Durante este

período, a organização auditada mantém seu status com relação ao certificado.

Neste caso, unicamente é necessário avaliar os aspectos diretamente relacionados

com a não conformidade critica identificada, para a tomada de decisão de manter ou

não o certificado ativo (RAS, 2013).

3.2 Fatores analisados durante a auditoria socioambiental

Durante um processo de auditoria, existem alguns fatores que estão no

escopo do empreendimento que será auditado, são geralmente aplicados para todos

os tipos de auditorias(RAS, 2013):

a) Toda a área dentro dos limites de cada propriedade:

i) Áreas destinadas para silvicultura, agricultura e pecuária.

ii) Áreas em pousio.

iii) Áreas de conservação.

iv) A infraestrutura dentro dos seus limites, que inclui mas não se limita a:

• Infraestrutura de habitação.

• Estradas.

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• Infraestrutura administrativa.

• Oficinas.

• Centros de armazenamento.

• Plantas de processamento ou embalagem.

v) A infraestrutura própria ou arrendada fora dos limites da propriedade

agropecuária, que esteja diretamente relacionada com as atividades incluídas no

escopo.

b) Os trabalhadores da propriedade agropecuária, independentemente da

categoria, assim como as pessoas que vivem nas propriedades agropecuárias,

temporária ou permanentemente.

c) As comunidades que são ou que podem ser diretamente afetadas pelas

atividades da propriedade agropecuária.

d) A documentação relacionada com o sistema de gestão social e ambiental.

e) A equipe de auditoria poderá verificar o cumprimento dos critérios críticos

da Norma para Agricultura Sustentável nas terras localizadas dentro da propriedade

agropecuária, que sejam arrendadas a terceiros, em caso de suspeitas de

descumprimento de um ou mais critérios críticos (RAS, 2013).

3.3 Ciclo de auditoria socioambiental da Rede de Agricultura Sustentável - RAS

O ciclo de auditoria tem uma função igual à vigência do certificado, isto é,

trinta e seis (36) meses. Para começar o ano um (1), o organismo de certificação

realiza uma auditoria de certificação no empreendimento auditado para avaliar o

cumprimento com os documentos normativos aplicáveis da Rede de Agricultura

Sustentável - RAS, conforme apresentado na ilustração 6 (RAS, 2013).

Ilustração 6: Ciclo de auditoria.

Fonte: RAS (2013).

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4 SISTEMA DE QUALIFICAÇÃO

Define-se sistema de qualificação, todos os critérios e metodologia utilizada

para chegar ao desempenho (nota final) do empreendimento auditado pela Norma

Rede de Agricultura Sustentável.

4.1 Tipos de Critérios

Existem dois tipos de critérios analisados nas auditorias e que estão descritos

na Norma de Rede de Agricultura Sustentável, são eles: crítico e não crítico (ou de

melhoria contínua) (RAS, 2013).

4.1.1 Critérios críticos

Os critérios críticos exigem o cumprimento integral durante a auditoria para

que o empreendimento auditado possa obter ou manter o certificado. O cumprimento

parcial não é suficiente. A certificação poderá ser negada para o empreendimento

auditado com uma ou mais não conformidades em critérios críticos. Uma não

conformidade em 1 (um) critério crítico em um dos documentos normativos da Rede

de Agricultura Sustentável - RAS, identificada durante uma auditoria de certificação

ou anual, poderá ser resolvida por uma inspeção no local, no prazo de 60 dias a

contar da reunião de encerramento da auditoria original. Se não conformidades

forem identificadas em mais de um critério crítico, o empreendimento auditado

deverá passar por uma auditoria de verificação. Se mesmo assim durante a

inspeção no local, o empreendimento auditado não demonstrar conformidade com o

critério crítico, não será autorizada uma auditoria de verificação, podendo levar a não

emissão do certificado para o empreendimento (RAS, 2013).

4.1.2 Critérios não críticos (ou de melhoria contínua)

Os critérios não críticos (ou de melhoria contínua) é o não cumprimento ou

não cumprimento parcial do critério da norma. Seu cumprimento integral pode

depender da implementação de um plano de melhoria contínua, pois as não

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conformidades em critérios não críticos podem ser solucionadas durante a auditoria

(RAS, 2013).

4.2 Categorias de não conformidades

Em cada empreendimento, dependendo da porcentagem de cumprimento dos

requisitos de um critério, existem duas categorias possíveis de não conformidades. A

não conformidade maior indica que o empreendimento auditado cumpre 49% ou

menos dos requisitos de um critério. Entretanto a não conformidade menor, indica

que o empreendimento auditado cumpre entre 50 e 99% dos requisitos de um

critério (RAS, 2013).

4.2.1 Cálculo da pontuação

O cumprimento de uma propriedade agropecuária ou grupo é avaliado em

três níveis: para cada critério, por princípio e geral.

Por critério, se o empreendimento auditado não demonstrar cumprimento total

com qualquer critério das normas avaliadas, a equipe auditora atribuirá uma não

conformidade, cuja categoria determinará a pontuação específica para esse critério,

de acordo com a ilustração 7:

Ilustração 7: Categorias de cumprimento

Categoria de cumprimento Porcentagem

Conformidade 100%

Não conformidade menor 50%

Não conformidade maior 0%

Não aplicável Não afeta a pontuação Fonte: RAS (2013)

4.2.1.1 Cálculo da Pontuação por Princípio

Por princípio, estima à porcentagem de cumprimento por princípio, é

necessário atribuir a cada critério aplicável a porcentagem respectiva, somar a

porcentagem atribuída a todos os critérios de um princípio e dividir esta somatória

pelo número de critérios aplicáveis (RAS, 2013).

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Porcentagem por princípio (expresso em porcentagem) =

Onde PCA = Pontuação obtida em cada critério aplicável (expresso em

porcentagem)

4.2.1.2 Cálculo da Pontuação por Critério

E por pontuação geral, deve-se determinar a porcentagem de cumprimento

geral, é necessário obter a somatória das porcentagens atribuídas a todos os

critérios aplicáveis das normas avaliadas e dividir esta somatória pelo número total

de critérios aplicáveis na norma (RAS, 2013).

Cumprimento total (expresso em percentagem) =

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5 SANÇÃO

Sanção é o termo jurídico que pode ser conceituado como a punição ou pena

correspondente à violação de uma lei.

5.1 Condições de cancelamento

Em alguns casos específicos os empreendimentos podem ter a certificação

cancelada, pois quando um empreendimento certificado não cumpre um ou mais dos

requisitos para a certificação de auditoria regular (certificação ou anual) e o

organismo de certificação não autoriza uma auditoria de verificação, também no

caso do empreendimento certificado não cumprir qualquer requisito de importância

maior previsto na Política de Certificação para Propriedades Agropecuárias e

Administradores de Grupos, na Norma para Agricultura Sustentável e Lista de

Agroquímicos Proibidos. Ou por sua vez, quando qualquer empreendimento

certificado vê a necessidade voluntariamente de solicitar o cancelamento do

certificado (RAS, 2013).

Mesmo que o empreendimento solicite o cancelamento ou até mesmo venha

a ter o Certificado cancelado ou transferido, a partir do momento em que um

organismo de certificação comunica o cliente sobre o cancelamento do certificado de

qualquer empreendimento certificado, este empreendimento poderá declarar e

vender o produto como certificado, sempre e quando o produto tenha sido colhido

enquanto o certificado era válido. Estas vendas podem ser feitas durante um período

de 12 meses após a data de cancelamento, enquanto existir volumes disponíveis

para aprovar os Certificados de Transações. Esses mesmos empreendimentos

certificados cujo certificado tenha sido cancelado e que queiram retornar a este

status, deverão iniciar o ciclo de certificação com uma auditoria de certificação e

cumprir os requisitos respectivos (RAS, 2013).

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6 METODOLOGIA

Apresenta-se a seguir a classificação da pesquisa sob o ponto de vista da

tipologia e a descrição da metodologia utilizada neste trabalho com o objetivo de

mostrar os meios utilizados para as coletas de dados.

6.1 Tipologia da pesquisa

Quanto à sua tipologia, este trabalho de estágio curricular pode ser chamado

de avaliação de resultados, porque seu objetivo é analisar os impactos da

normatização em operações do setor agrícola.

6.2 Instrumentos de coleta de dados

Os dados teóricos foram levantados através de pesquisas bibliográficas. Já os

dados da prática ou de campo foram levantados através de: consulta documental do

Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - IMAFLORA e entrevista

semi-estruturada com os coordenadores do Instituto de Manejo e Certificação

Florestal e Agrícola - IMAFLORA .

O método quantitativo caracteriza-se pelo emprego da quantificação, tanto

nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de

técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas. O método

qualitativo se difere, em princípio, do quantitativo, à medida que não emprega um

instrumental estatístico como base na análise de um problema, não pretendendo

medir ou numerar categorias (RICHARDSON, 1989).

Diehl (2004) apresenta um esboço acerca destas duas estratégias:

a) A pesquisa quantitativa pelo uso da quantificação, tanto na coleta quanto

no tratamento das informações, utilizando-se técnicas estatísticas, objetivando

resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, possibilitando

uma maior margem de segurança.

b) A pesquisa qualitativa, por sua vez, descreve a complexidade de

determinado problema, sendo necessário compreender e classificar os processos

dinâmicos vividos nos grupos, contribuir no processo de mudança, possibilitando o

entendimento das mais variadas particularidades dos indivíduos.

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6.3 Universo e Amostra

Para a consulta documental, foi utilizada uma amostra de 22

empreendimentos auditados pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e

Agrícola - Imaflora, baseado na Norma Rede de Agricultura Sustentável - RAS,

predestinado no período total de nove anos, já para as entrevistas, foram

consultadas 4 coordenadores sênior da área de Certificação Agrícola.

6.4 Instrumentos de análise dos dados

Foi realizado a análise qualitativa e quantitativa dos dados obtidos através da

mensuração dos resultados. Os dados foram descritos e relacionados com o

conteúdo teórico abordado neste trabalho.

6.5 Viabilidade

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora, forneceu

todas as informações necessárias para o estudo, tendo autorizado o mesmo para o

desenvolvimento do projeto.

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7 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS

Nesta seção, serão apresentados os dados e a discussão feita, através dos

resultados obtidos.

7.1 Empreendimentos que podem ser certificado

A certificação socioambiental é um instrumento de mercado, de carácter

voluntário, com a finalidade de promover mudanças ambientais e sociais em setores

produtivos através de incentivos econômicos. (VIANA ET AL, 1996; CASHORE ET

AL, 2004).

Segundo a Política de Certificação para Propriedades Agropecuárias e

Administradores de Grupos o escopo do certificado refere-se aos sistemas de cultivo

ou produção, cujos produtos são comercializados ou destinados à comercialização

com declarações de conteúdo ou com o selo Rainforest Alliance Certified™. Fica

terminantemente proibida a realização de auditorias em propriedades agropecuárias

dedicadas total ou parcialmente ao cultivo dos seguintes produtos (RAS 2013):

a) Cânhamo ou marijuana (Cannabis sativa);

b) Dormideira ou papoula (Papaver somniferum);

c) Qualquer outro produto cujo cultivo sela ilícito no país onde se localiza

a propriedade agropecuária, ou proibido por tratados internacionais.

Existem também alguns produtos que são permitidos dentro das

propriedades, porém eles não podem ser incluídos no escopo do certificado, são

eles (RAS 2013) :

a) Jatrofa (Pinhão-Manso) (Jatropha curcas);

b) Algodão (Gossypium hirsutum);

c) Arroz (Oryza sp.) em sistemas inundados;

d) Tabaco (Nicotiana tabacum);

e) Cogumelos comestíveis em placas (ordem Agaricales);

f) Mel de abelhas.

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7.2 Processo de certificação

Como dito anteriormente, a certificação é totalmente de caráter voluntário e

com isso a ilustração 8 mostra o início de todo o processo, partindo do

empreendimento vendo e acreditando na necessidade de obter a Certificação

Socioambiental da Rede de Agricultura Sustentável - RAS.

O primeiro contato com o Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e

Florestal - Imaflora geralmente é para receber os documentos normativos e para tirar

algumas dúvidas referentes à interpretação dos documentos. Após esse processo, o

empreendimento se “prepara” para atender aos requisitos e então entrar em contato

novamente com o organismo de certificação.

Quando o empreendimento se vê preparado, o Instituto de Manejo e

Certificação Agrícola e Florestal - Imaflora elabora um contrato de prestação de

serviço, já com uma prévia do cronograma das atividades futuras. O próximo passo

é fechar a melhor data para ser feita a auditoria na propriedade e já com o aceite do

empreendimento, o Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e Florestal - Imaflora

irá avalia-lo de acordo com as suas especificações e de acordo com o que a Norma

de Rede de Agricultura Sustentável e a Política de Certificação para Propriedades

Agropecuárias e Administradores de Grupos necessitam ser atendida dentro dos

seus princípios e critérios.

Ilustração 8: Processo de certificação (visão do cliente)

Fonte: Elaborado pelo Autor

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7.3 Princípios e critérios da Norma Rede de Agricultura Sustentável - RAS para

certificação

A Norma para Agricultura Sustentável é composta por 10 princípios, 100

critérios, sendo 16 critérios críticos, sendo eles necessários inevitavelmente

cumpridos para poder se obter a certificação da propriedade.

Alguns itens acabam tendo um peso maior do que o outro que afetando

posteriormente a nota de desempenho em que o empreendimento obterá no final de

todo o processo. A seguir segue a descrição dos princípios e critérios da Norma da

Rede de Agricultura Sustentável - RAS para o conhecimento do que é exigido para

se obter a certificação:

7.3.1 Sistema de Gestão Ambiental e Social

É o 1º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em 11

(onze) critérios sendo 1 (um) deles crítico - 1.10.

São técnicas utilizadas, pelo produtor ou pelo administrador da fazenda, para

planejar e executar a produção, de acordo com as boas práticas ambientais, sociais

e econômicas. O sistema de gestão nas propriedades certificadas deve ser

dinâmico, estimulando a melhora contínua. A escala e a complexidade do sistema

dependem do cultivo, do tamanho, da abrangência das propriedades e dos fatores

ambientais e sociais.

O critério crítico que contempla nesse princípio é o 1.10 – “A propriedade

deve ter um sistema para evitar a mistura de produtos certificados com produtos não

certificados...” (RAS 2013)

7.3.2 Conservação de Ecossistemas

Este é o 2º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em 9

(nove) critérios sendo 2 (dois) deles críticos – 2.1 e 2.2.

As propriedades certificadas protegem e recuperam as matas e os

ecossistemas naturais que integram a paisagem agrícola. Sua conservação é

importante para auxiliar no sequestro de carbono, na polinização, no controle das

pragas, na biodiversidade e na conservação dos solos e da água da propriedade.

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Além disso, a Rede de Agricultura Sustentável reconhece que matas e plantações

são fontes de produtos florestais e, quando administrados de forma sustentável,

ajudam a diversificar a renda dos agricultores.

Os critérios críticos que contemplam nesse princípio são o 2.1 – “Todos os

ecossistemas naturais e existentes, tanto aquáticos como terrestres devem ser

identificados, protegidos e recuperados mediante a um programa de conservação...”

e o critério crítico 2.2 – “A partir da data da solicitação para certificação, a

propriedade não deve destruir nenhum ecossistema natural...” (RAS 2013)

7.3.3 Proteção da Vida Silvestre

O 3º princípio da Norma para Agricultura Sustentável consiste em 6 (seis)

critérios sendo 1 (um) deles crítico - 3.3.

As propriedades que recebem o selo Rainforest Alliance Certified abrigam a

vida silvestre, especialmente espécies ameaçadas ou em perigo de extinção. Além

disso, protegem as áreas que contém alimentos e que servem para a reprodução

desses animais. Essas propriedades também têm programas para recuperar

ecossistemas importantes. Ao mesmo tempo, seus proprietários e trabalhadores

tomam medidas para reduzir e eliminar cativeiros, caso existam.

O critério crítico que contempla nesse princípio é o 3.3 – “Deve-se proibir a

caça, a captura, a extração e o tráfico de animais silvestres na propriedade

agrícola...” (RAS 2013)

7.3.4 Conservação de Recursos Hídricos

Este é o 4º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em 9

(nove) critérios sendo 2 (dois) deles críticos – 4.5 e 4.7.

As propriedades agrícolas certificadas devem conservar a água e evitam seu

desperdício em todo o seu escopo. Para isso, os empreendimentos realizam o

tratamento das águas resultantes da lavagem dos grãos ou frutos, as quais podem

estar contaminadas com agroquímicos. As fazendas que não executam estas

medidas devem garantir que não poluem rios e nascentes, através do

monitoramento e da análise das águas até que realizem o tratamento.

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Os critérios críticos que contemplam nesse princípio são o 4.5 – “Não

descarregar ou depositar águas residuárias industriais ou domésticas em

ecossistemas aquáticos sem demonstrar que tais águas cumprem os requisitos

legais, e que suas características físicas e bioquímicas não degradam a qualidade

do corpo receptor de água...” e o critério crítico 4.7 – “Não depositar nenhum sólido

orgânico ou inorgânico tais como dejetos domésticos ou industriais, produtos

rejeitados, escombros, terras e pedras de escavações, lixo proveniente de limpeza

de terras, entre outros materiais em corpos de água...” (RAS 2013)

7.3.5 Tratamento Justo e Boas Condições para os Trabalhadores

O 5º princípio da Norma para Agricultura Sustentável consiste em 19

(dezenove) critérios sendo 5 (cinco) deles críticos – 5.2; 5.5; 5.8; 5.10; 5.12;

Todos os empregados que trabalham em propriedades certificadas e as famílias que

delas dependem se beneficiam dos direitos estabelecidos pela Declaração Universal

dos Direitos Humanos, pela Convenção dos Direitos das Crianças da Organização

das Nações Unidas (ONU) e pelas convenções da Organização Internacional do

Trabalho (OIT).

As propriedades certificadas pagam salários e benefícios iguais ou maiores

que os estabelecidos legalmente, além disso, a carga horária semanal, geralmente,

não excede o máximo definido por lei ou pela OIT. Essas propriedades também não

discriminam e não utilizam trabalho infantil ou forçado.

O alojamento fornecido pelas propriedades certificadas apresenta boas

condições, com água potável, sanitários e coleta de lixo doméstico. As famílias que

vivem nessas propriedades têm acesso ao serviço médico e as crianças à educação.

Além disso, os proprietários trabalham bastante para oferecer oportunidades de

emprego e educação às comunidades vizinhas.

7.3.6 Saúde e Segurança Ocupacional

Este é o 6º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em

20 (vinte) critérios sendo 1 (um) deles crítico – 6.13.

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Todas as propriedades certificadas têm um programa de saúde e segurança

ocupacional para reduzir o risco de acidentes. Os trabalhadores são capacitados

para fazer seu trabalho de maneira segura, especialmente em relação à aplicação

de agroquímicos. Além disso, fornecem os equipamentos necessários para protegê-

los e garantir que as ferramentas, a infraestrutura e todos os equipamentos

utilizados na propriedade estejam em boas condições e não representem perigo à

saúde humana e nem ao ambiente.

O critério crítico que contempla nesse princípio é o 6.13 – “Todos os

trabalhadores que aplicam, manipulam ou têm contato com agroquímicos, incluindo

os que lavam a roupa ou o equipamento que ficou exposto a agroquímicos, devem

usar equipamento de proteção individual...” (RAS 2013)

7.3.7 Relação com a Comunidade

O 7º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em 6 (seis)

critérios sendo 1 (um) deles crítico – 6.13.

As propriedades certificadas são boas vizinhas. Elas informam as

comunidades e os grupos de interesse sobre suas atividades e consultam sobre

mudanças que podem afetar o bem-estar local. Além disso, contribuem com o

desenvolvimento econômico da região, mediante a capacitação e o emprego.

O critério crítico que contempla nesse princípio é o 7.2 – “A administração da

propriedade deve implantar políticas e procedimentos para identificar e considerar os

interesses das populações locais e grupos de interesses comunitários em relação às

atividades de produção da propriedade ou mudanças que possam gerar impactos

sobre a sua saúde, emprego ou recursos naturais locais...” (RAS 2013)

7.3.8 Manejo Integrado do Cultivo

Este é o 8º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em 9

(nove) critérios sendo 3 (três) deles críticos – 8.4; 8.6; e 8.8.

A Rede de Agricultura Sustentável incentiva às fazendas a monitorarem os

problemas com pragas, a fim de eliminar, gradativamente, o uso de produtos

químicos prejudiciais à saúde humana e ao meio-ambiente, especialmente os mais

tóxicos. Além disso, essas propriedades têm procedimentos para minimizar o

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desperdício e a aplicação excessiva de agroquímicos, principalmente, os de classe

toxicológica I e II.

Os critérios críticos que contemplam nesse princípio são o 8.4 – “Não é

permitido o uso das seguintes substâncias químicas ou biológicas em propriedades

agrícolas certificadas:...”; o 8.6 –“A propriedade agrícola deve tomar medidas para

evitar introduzir, cultivar ou processar culturas transgênicas....”; e por fim o 8.8 –

“SOMENTE SE APLICA PARA O CULTIVO DA CANA-DEAÇÚCAR - Não é

permitido o uso de fogo para a preparação de colheitas nas propriedades

agrícolas...” (RAS 2013)

7.3.9 Manejo e Conservação do Solo

Este é o 9º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em 5

(cinco) critérios sendo 1(um) deles crítico – 9.5.

Um dos objetivos da Rede é melhorar os solos destinados à produção

agrícola, prevenindo e controlando a erosão. Assim, as fazendas certificadas

buscam reduzir as perdas de nutrientes do solo e recuperar a sua fertilidade natural.

Dessa forma, diminui-se a dependência de agroquímicos e, consequentemente, os

impactos negativos nos corpos de água.

O critério crítico que contempla nesse princípio é o 9.5 – “As novas áreas de

produção devem estar localizadas somente nas terras que apresentem condições de

clima, solos e topografia adequadas para a intensidade da produção agrícola

planejada...” (RAS 2013)

7.3.10 Manejo Integrado de Dejetos

Este é o 10º princípio da Norma para Agricultura Sustentável que consiste em

6 (seis) critérios não havendo nenhum crítico.

As propriedades certificadas são limpas e os trabalhadores cooperam com

isso. Existem programas para redução, re-uso e reciclagem de resíduos. Seu destino

final é administrado e projetado para minimizar possíveis impactos na saúde humana

e no ambiente. As propriedades têm avaliado os serviços de transporte e de

tratamento fornecidos pelos empreiteiros e conhecem o destino final do resíduo

gerado na própria propriedade.

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Pode-se dividir em 4 (quatro) grandes áreas esses princípios e critérios

representados de acordo com a ilustração 9:

Ilustração 9: Resumo dos princípios e critérios

Princípios Critérios Critérios Críticos

Sistema de Gestão 1 11 1

Ambiental 2,3,4 24 5

Social 5,6,7 45 6

Manejo 8,9,10 20 4

Total 10 100 16

Fonte: Elaborado pelo Autor

7.4 Ciclo de Certificação da Rede de Agricultura Sustentável - RAS

Um ciclo de certificação completo é composto por 3 (três) anos, iniciando por

uma auditoria de Certificação, passando em seguida por uma auditoria Anual 1 e

depois uma auditoria Anual 2. Dentro desse processo “completo”, pode haver as

auditorias de verificação, investigação, ou não programadas. Porém em algumas

ocasiões que podem ocorrer mudanças nesse processo.

Essa mudança dentro do ciclo pode ocorrer quando o empreendimento

pretende inserir algum produto a mais dentro do escopo do certificado, uma área

nova de extensão entre outros fatores que possam interferir diretamente todo o

âmbito integral do empreendimento.

Todas essas mudanças que podem ocorrer acaba afetando diretamente no

ciclo de certificação do empreendimento, podendo a vir ocorrer uma mudança dentro

desse processo.

Um exemplo de um ciclo de certificação sem nenhum tipo de intervenção, ou

seja, não houve nenhuma mudança descrita pelo empreendimento. Na ilustração 10,

o ciclo ocorreu de acordo com o planejado e o que foi acordado desde o início.

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Ilustração 10: Ciclo de Certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Aconteceu uma auditoria de Certificação, e chegando na Anual 1 o

empreendimento solicitou a inclusão de um novo produto no escopo do

empreendimento e no escopo do certificado. Na ilustração 11, havendo essa

mudança um novo ciclo se inicia, seguindo a mesma regra proposta pela Política de

Certificação para Propriedades Agropecuárias e Administradores de Grupos.

Ilustração 11: Ciclo de Certificação com intervenção no segundo ano

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na ilustração 12, houve normalmente as auditorias de Certificação e Anual 1,

porém no último ano (Anual 2) o empreendimento solicitou a inclusão de um novo

produto no escopo do empreendimento e no escopo do certificado. Com essa

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mudança um novo ciclo se inicia, mesmo estando no último ano e prestes a

“renovar” seu ciclo, seguindo a mesma regra proposta pela Política de Certificação

para Propriedades Agropecuárias e Administradores de Grupos.

Ilustração 12: Ciclo de Certificação com intervenção no terceiro ano

Fonte: Elaborado pelo Autor

7.5 Papel da auditoria no processo de certificação

A auditoria serve para validar as ações em que o empreendimento faz para

cumprir integralmente com o que é pedido na norma. O processo de auditoria é feito

tanto no escritório do empreendimento quanto no campo, para o auditor validar

todos os critérios aplicáveis.

As auditorias seguem a estrutura á seguir:

a) Reunião Inicial (feita para acertar o cronograma de validação do auditor)

b) Triangulação de informação com todos os critérios aplicáveis (Verificar os

documentos referentes ao processo de desenvolvimento da atividade; fazer

uma entrevista com os produtores para saber se está de acordo com os

documentos; validar o que realmente acontece quando a atividade está

acontecendo)

i) Visualização do documento do processo;

ii) Entrevista com produtores sobre o processo;

iii) Acontecimento da atividade.

c) Reunião final (feita para os auditores finalizar a auditoria e dar as

considerações do que foi validado)

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Como citado no trabalho, existe 3 (três) tipos de auditorias que completam um

ciclo de certificação, sendo que cada uma tem suas especificações.

Na auditoria de Certificação, é analisado todo o escopo declarado pelo

empreendimento, ou seja, tudo o que o empreendimento declarar como escopo será

analisado e validado pelo auditor durante todo o processo da auditoria.

Nas auditorias Anuais 1 e 2, o foco será nas não conformidades apresentadas

no ano anterior, ou seja, tudo o que o empreendimento apresentou de “falha” em seu

sistema na auditoria anterior será o foco dos auditores no ano seguinte.

Na recertificação, volta-se a olhar o empreendimento como um todo, da

mesma forma do primeiro ano, verificando e validando todo o escopo.

Na ilustração 13 tem-se um exemplo resumido das informações do que é

analisado durante cada auditoria:

Ilustração 13: Análises das auditorias no processo de certificação

Certificação Anual 1 Anual 2 Recertificação

TODOS OS CRITÉRIOS APLICÁVEIS

FOCO NAS NÃO CONFORMIDADES DO ANO ANTERIOR

E CRITÉRIOS CRÍTICOS

FOCO NAS NÃO CONFORMIDADES DO ANO ANTERIOR

E CRITÉRIOS CRÍTICOS

TODOS OS CRITÉRIOS APLICÁVEIS

Fonte: Elaborado pelo Autor

7.6 Avaliação da conformidade e da não conformidade

Os auditores vão para as auditorias buscar as conformidades existentes nos

empreendimentos, com isso se os empreendimentos que não cumprem com o que a

Norma e a Política de certificação pedem, acaba gerando a não conformidade.

A validação da conformidade é feita com o cumprimento total do

empreendimento perante o critério, ou seja, se na análise da triangulação de

informações estiver tudo de acordo com o estabelecido e apresentado, isso

acabando gerando a conformidade e cumprimento total do critério avaliado.

Entretanto se o empreendimento não cumprir integralmente com o critério

analisado, gere-se a não conformidade, podendo ter 2 pesos (não conformidade

maior e não conformidade menor), dependendo do que for apresentado em sua

análise, como citado anteriormente neste trabalho.

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7.7 Negação da certificação ou cancelamento

Quando um empreendimento passa por uma auditoria realizada por auditores

aprovados pela Rede de Agricultura Sustentável - RAS, sob a responsabilidade de

um organismo de certificação acreditado. Independente do tipo de auditoria que será

realizada, a equipe de auditoria irá qualificar o desempenho do empreendimento

auditado com relação a cada um dos critérios aplicáveis para o escopo requerido.

Caso o empreendimento apresente as seguintes hipóteses, a certificação

poderá ser negada a ele:

a) Não cumprimento de no mínimo 50% por princípio;

b) Apresentar não conformidades de qualquer categoria em um ou mais critérios

críticos;

c) Não cumprir o estabelecido no Contrato de Certificação assinado com o

organismo de certificação acreditado;

d) Não aprovar e nem facilitar qualquer tipo de auditoria de investigação ou não

programada, justificada pelo organismo de certificação;

e) Não apresentar um mínimo de 70% no desempenho final.

Existe também a possibilidade do empreendimento voluntariamente solicitar o

cancelamento do certificado, neste caso é raro às vezes em que acontece, pois no

máximo o empreendimento acaba mudando de organismo de certificação ou opta

para outro tipo de certificação.

7.8 Análise do desempenho de dois ciclos de Certificação completos

Foram analisados 2 ciclos completos de certificação socioambiental da Rede

de Agricultura Sustentável - RAS e o escopo analisado foi composto por 22

empreendimentos tendo eles o mesmo cultivo que é o café e a maioria deles são

localizados no estado de Minas Gerais.

A seguir nas ilustrações 14 e 15, é mostrado o desempenho obtido pelos

empreendimentos no seu primeiro ciclo de certificação, ou seja, nos 3 primeiros anos

em que os empreendimentos obtiveram a certificação socioambiental. Como pode

ser analisado, o desempenho mínimo de (70%) foi alcançado por todos os

empreendimentos, sendo que a maioria deles obteve uma nota de desempenho

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muito maior do que o necessário para se obter a certificação; isso mostra que a

atenção e intenção que os empreendimentos tiveram para poder ter a certificação

foi muito grande.

Ao analisar as ilustrações 14 e 15, nota-se um aumento bastante relativo do

primeiro ano para o segundo e também do segundo ano para o terceiro ano,

representando assim a melhoria continua obtida por cada empreendimento; tendo

em vista que os empreendimentos tiveram que melhorar a maioria de seus

procedimentos e processos internos, para que chegassem a ter essa evolução

demostrada nas ilustrações.

Ilustração 14: Desempenho do primeiro ciclo de certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Ilustração 15: Desempenho do primeiro ciclo de certificação 2

Fonte: Elaborado pelo Autor

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As ilustrações 16 e 17 mostram o desempenho obtido pelos empreendimentos

no segundo ciclo de certificação, ou seja, após os 3 primeiros anos em que os

empreendimentos já tinham a certificação socioambiental. Como pode ser analisado,

o desempenho mínimo de (70%) foi alcançado novamente por todos os

empreendimentos, sendo que a maioria deles obtiveram uma nota de desempenho

muito maior do que o necessário para se obter a certificação; isso mostra a atenção

e intenção que os empreendimentos continuaram a ter para não perder a

certificação.

Analisando as ilustrações 16 e 17, verifica-se um aumento da nota de

desempenho de alguns empreendimentos, tendo em vista que outros não tiveram

esse aumento continuo, como mostrado no primeiro ciclo. Porém em vista do

processo como um todo, para o segundo ciclo de certificação, eles conseguiram

manter ou até mesmo aumentar seu desempenho, pensando em um investimento

em longo prazo, pois no fim deste ciclo já seriam seis anos de certificação de cada

empreendimento; isto é, neste longo período houve-se um grande investimento

financeiro e também uma buscar para um mercado diferenciado, onde poderiam

trazer uma rentabilidade muito maior para os empreendimentos e com isso,

mantendo a certificação, observa-se a melhoria que houve no decorrer dos anos,

tornando assim os empreendimentos melhores cada vez mais no que já faziam.

Ilustração 16: Desempenho do segundo ciclo de certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

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Ilustração 17: Desempenho do segundo ciclo de certificação 2

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na ilustração 18, segue a média de cada empreendimento durante os dois

ciclos. Como apresentado todos os empreendimentos estão acima da média em que

eles necessitam para se obter a certificação, com isso se analisar o longo período

em que eles tiveram a certificação como piloto dentro de seus processos e tomadas

de decisões, isso acaba mostrando que a certificação tem sim um grande papel

dentro de cada um deles. Esses dados podem mostrar o quanto os

empreendimentos conseguiram manter basicamente em ordem seus processos

internos e o quanto eles evoluíram de acordo com o tempo destinado a se manter

neste mercado diferenciado, onde eles buscaram a sustentabilidade e a

responsabilidade social para se tornarem diferentes no mercado internacional.

A ilustração também pode representar basicamente a importância da

certificação em vista de seus diversos benefícios e o quanto ela pode mudar e

melhorar cada empreendimento que busca esse diferencial.

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Ilustração 18: Média individual de 2 ciclos de certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

7.8.1 Apresentação de resultados dos dados apresentados

Na ilustração 19 apresenta-se a diferença entre o primeiro ano de certificação

com o segundo ano de certificação no primeiro ciclo de certificação dos mesmos 22

empreendimentos que foram analisados anteriormente.

Como mostrado na figura, 82% dos empreendimentos conseguiram aumentar

seu desempenho, contra 13% que infelizmente acabou sendo menor. Em vista disto,

apenas 5% dos empreendimentos mantiveram o mesmo desempenho referente ao

ano anterior.

Esse aumento ocorre muitas vezes por que os empreendimentos nos

primeiros anos geralmente estão buscando sua inserção no mercado externo

referente à sua diferenciação de produto e com isso eles acabam se reocupando

com sua melhoria contínua e buscam por diversas vezes melhorar e mais seus

sistemas. Podem-se relacionar também os tipos de auditorias em que os

empreendimentos passam. No segundo ano, as auditorias focam mais nas não

conformidades do ano anterior, facilitando assim o aumento do desempenho do

empreendimento.

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Ilustração 19: Diferença entre ano 1 e ano 2 do desempenho do 1º ciclo de

certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Já na ilustração 20, os dados se mostram diferentes, apenas 50% dos

empreendimentos conseguiram aumentar seu desempenho, ou seja, 32% a menos

do que o ano anterior, aumentando assim em 28% os empreendimentos que

diminuíram sua nota, baixando para 41%, entretanto aumentando os

empreendimentos que mantiveram com a mesma nota que foram para 9% tendo um

aumento de 4% neste dado.

Isso ocorreu devido ao escopo analisado durante as auditorias, ou seja, para

cada ano tem-se uma auditoria podemos dizer “padrão”, cada uma com suas

especificações e com isso, no decorrer do processo o empreendimento pode falhar,

refletindo essas falhas diretamente no seu desempenho final. Neste caso os

empreendimentos por diversas vezes já se encontram bem fortes no mercado,

diminuindo assim ou podendo até estagnar suas ações perante o seu processo.

Fazendo assim com que o aumento de seu desempenho seja menor do que os

outros anos.

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Ilustração 20: Diferença entre ano 2 e ano 3 do desempenho do 1º ciclo de

certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

A ilustração 21 apresenta a diferença entre o primeiro ano de certificação com

o segundo ano de certificação já no seu segundo ciclo.

Como mostrado na figura, 57% dos empreendimentos conseguiram aumentar

seu desempenho, contra 33% que infelizmente acabou sendo menor. E apenas 10%

dos empreendimentos mantiveram o mesmo desempenho referente ao ano anterior.

Para um começo de um novo ciclo, os empreendimentos se mostram bem em

seus desempenhos, pois foram totalmente positivos referentes ao ano anterior,

tendo em vista que, se iniciou um novo ciclo. Com isso a auditoria de Recertificação

é muito mais complexa do que as outras, pois nela, o empreendimento passa a ser

auditado por todo o escopo declarado no plano de auditoria, ou seja, todo seu

empreendimento será auditado, não apenas suas “falhas” como são feito nas outras

auditorias.

Houve um aumento de 7% nos empreendimentos que aumentaram sua nota

do ano 3 para sua Recertificação e uma queda de 8% dos empreendimentos que

diminuíram sua nota fechando assim com um aumento de 1% dos empreendimentos

que mantiveram seu desempenho o mesmo.

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Ilustração 21: Diferença entre ano 1 e ano 2 do desempenho do 2º ciclo de

certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na ilustração 22, os dados se mostraram mais positivos, pois 68% dos

empreendimentos conseguiram significativamente aumentar seu desempenho, já

32% dos empreendimentos tiveram uma diminuição referente ao ano anterior,

baixando para 0% de empreendimentos que mantiveram sua nota.

Mais uma vez os empreendimentos conseguiram melhorar seu

desempenho de um ano para o outro, aumentando em 11% referente ao ano

anterior e apenas 1% dos quais diminuíram sua nota, entretanto os

empreendimentos que vinham mantendo seu mesmo desempenho acabaram

melhorando sua nota e fazendo assim a certificação ter uma ótima influencia dentro

de seus processos.

Por diversas vezes o mercado pode vir a cobrar algo a mais dos

empreendimentos certificados e com isso eles acabam percebendo e se

prontificando a poder melhorar cada vez mais seus processos internos, também

visando que, quando seu desempenho começa a não melhorar ou começa a cair,

internamente eles se propõem a resolver os problemas nos quais estão aparecendo

no processo de auditoria e pensando em longo prazo, eles traçam metas e objetivos

a serão cumpridos dentro do prazo, para poder assim conseguir melhorar e obter

notas que possam aumentar no decorrer dos anos.

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lustração 22: Diferença entre ano 2 e ano 3 do desempenho do 2º ciclo de

certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

A seguir na ilustração 23, apresenta-se a média de desempenho referente

aos dois ciclos de certificação. Tem-se a tendência de aumento de desempenho

como foi analisado e apresentado nos gráficos anteriores. Porém ao analisar

friamente as médias, obtém-se um aumento gradativo no primeiro ciclo de

certificação e logo em seguida vem uma queda na Recertificação, já comentado pelo

tipo de auditoria, porém mesmo assim, nos dois anos seguidos as médias

aumentaram, mostrando assim, que o desempenho dos empreendimentos tende e

melhorar em longo prazo e principalmente quando eles focam nos seus erros mais

frequentes.

Ilustração 23: Média de desempenho do ciclo de certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

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57

7.8.2 Análise do desempenho dos empreendimentos nos inícios do ciclo de

Certificação

As análises apresentadas a seguir foram feitas com base nos três anos que

se “iniciam” a certificação, sendo eles:

a) Certificação

b) 1ª Recertificação

c) 2ª Recertificação

Com base nisso, foram analisados os mesmos 22 empreendimentos cujo serão

apresentados os polos, serão comparativos e demonstrações referentes aos anos

“base” de todo o processo de certificação, ou seja, quando se inicia todo ciclo.

Foi feito a média do desempenho de cada empreendimento para cada ano “base”

da certificação. A ilustração 24 refere-se à média do primeiro ano, ou seja, quando

os empreendimentos obtiveram a certificação; a ilustração 25 refere-se ao “quarto”

ano de certificação dos empreendimentos, chamado de 1ª Recertificação, já a

ilustração 26 refere-se ao “sétimo” ano de certificação dos empreendimentos,

chamado de 2ª Recertificação.

Cada um deles apresenta um bom desempenho isoladamente referente à

certificação, pois suas médias estão em um nível altíssimo de excelência, pois

apenas 1empreendimento apresentou uma média de menor que 80%.

Ilustração 24: Média individual de desempenho do ciclo de certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

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58

Ilustração 25: Média individual de desempenho da 1ª Recertificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Ilustração 26: Média individual de desempenho da 2ª Recertificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

A seguir nas ilustrações 27 e 28, apresentam-se de uma forma geral as

médias de inicio cada ciclo de certificação, a ilustração pode ser vista e analisada de

acordo com o crescimento ou não de cada média obtida por empreendimento e

através desses dados foram feitos um levantamento geral do aumento, diminuição e

também os que mantiveram seus mesmos desempenhos. Com base nessas médias

obtidas, pode-se relacionar que os empreendimentos buscam melhorar seus fatores

internos para poder se manter no mercado e continuar com a certificação para

benefícios até mesmo em longo prazo, pois neste caso analisado, foram 7 anos que

estiveram como base de estudos.

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59

Ilustração 27: Média de desempenho dos inicios da certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Ilustração 28: Média de desempenho dos inicios da certificação 2

Fonte: Elaborado pelo Autor

A ilustração 29 mostra uma comparação de média feita para analisar o quanto

o desempenho aumentou, diminuiu ou até mesmo se manteve de acordo com ás

médias apresentadas nas ilustrações anteriores. A análise foi feita de acordo com os

dados apresentados da Certificação para a 1ªRecertificação, por isso a comparação

de um ano para o outro.

De acordo com a ilustração, 45% dos empreendimentos conseguiram

aumentar seu desempenho consequentemente fazendo com que ele fosse maior do

que o ano anterior. Porém 32% foram menores do que o ano anterior, mostrando

assim que muitos dos empreendimentos tiveram uma falha em seu sistema, para

chegar a ter essa diminuição tão significativa. Já neste caso especifico 23% dos

empreendimentos conseguiram pelo menos manter sua nota, ou seja, não

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60

melhoraram e nem pioram de acordo com o que foi analisado e exigido pela Norma

da Rede de Agricultura Sustentável – RAS. Porém neste caso é melhor se manter do

que obter um desempenho abaixo do que o ano anterior.

Ilustração 29: Comparação de média entre a Certificação e a 1ª Recertificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

A seguir na ilustração 30, foram analisadas e comparadas as médias da 1ª

Recertificação com a 2ª Recertificação, tendo como resultado, que 50% dos

empreendimentos conseguiram uma nota maior do que a obtida no ano anterior,

tendo em vista que a comparação anterior foi menor, aumentando em 5% se

comparado à ilustração 29. Os empreendimentos que tiveram uma queda em se

desempenho também cresceu se comparado com a ilustração 29, foram 13% a mais

que infelizmente não conseguiram nem manter e nem aumentar seu desempenho e

sim diminuir sua nota, neste caso chegando aos 45%. Tendo em vista esses

aumentos apresentados com a comparação da ilustração 29, o que se poderia

apresentar, é um diminuição dos empreendimentos que mantiveram o mesmo

desempenho do ano anterior. Na ilustração 30, eles foram para apenas 5%, tendo

uma grande queda de 18%, sendo crucial para que mudasse totalmente e

indevidamente o cenário da certificação dentro dos polos analisados e

apresentados.

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61

Ilustração 30: Comparação de média entre a 1ª Recertificação e 2ª Recertificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Na ilustração 31, é mostrada a média geral referente aos inicios da

certificação:

Certificação

1ª Recertificação

2ª Recertificação

A média mostrada refere-se aos polos da certificação. Isso representa, o inicio

do todo o processo de certificação. Como mostrado anteriormente, todo o processo

de certificação, o que esta sendo mostrado na ilustração 31 pode ser considerada o

“fechamento” de muitos ciclos ou até mesmo a desistência da certificação, pois se

encerra cada ciclo e com isso os processos começam novamente. Mas de acordo

com o que vem acontecendo, muitos empreendimentos acabam desistindo da

certificação, pois acabam não vendo sua evolução e nem como podem melhorar

seus processos internos, fazendo assim com que a certificação se enfraqueça no

mercado. Mas como é mostrado na ilustração 31 a média de desempenho referente

a certificação ela tendo a crescer de acordo com o tempo, fazendo com que todos os

empreendimentos independente de se desempenho anual, ele sabe que no decorrer

dos anos a tendência é da melhoria continua aparecer cada vez mais, porém tendo

noção de que esse processo é integralmente a longo prazo. Isso pode fortalecer

cada vez mais a certificação, fazendo com que outros empreendimentos possam

optar em se certificar para poder os benefícios que a certificação pode trazer não só

para o empreendimento, mas para que nele habita.

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Ilustração 31: Média geral de desempenho do ciclo de certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

7.8.3 Frequência das não conformidades do Sistema de Gestão no ciclo de

certificação

A seguir será apresentado a frequência das não conformidades relacionadas

ao sistema de gestão da Norma da Rede de Agricultura Sustentável – RAS. Como

foi mostrado anteriormente na apresentação dos princípios e critérios da Norma, o

sistema de gestão é utilizado pelo produtor para planejar e executar a sua produção,

de acordo com as boas praticas ambientais sociais e economias previstas na Norma.

Na ilustração 32, apresenta-se a frequência das não conformidades do

sistema de gestão, mais aparentes no primeiro ciclo de certificação. Pode-se ver

que não foram apresentadas muitas não conformidades dessa classe, porém

infelizmente foram aparecendo outras falhas de outros critérios no decorrer dos

anos, como mostra a própria ilustração. Entretanto, não houve nenhum caso onde

se apresentou uma não conformidade de critério crítico dentro deste processo, neste

caso, seria uma não conformidade no critério crítico - 1.10 onde se denomina - “A

propriedade deve ter um sistema para evitar a mistura de produtos certificados com

produtos não certificados...” (RAS 2013), vendo que já é um ponto bastante positivo

para todos os empreendimentos.

As não conformidades que mais apareceram no primeiro ano de certificação

foram a 1.2 e 1.4 que apareceram 4 vezes no processo sendo que no mesmo ano

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63

foram apresentadas apenas 3 não conformidades neste princípio. Já na anual 1 as

mais recorrentes foram a 1.2 que apareceu 6 vezes e a 1.1 que apareceu 4 vezes,

porém neste ano aumentou o número de não conformidades, subindo para 4 no

total. E no último ano do primeiro ciclo, na anual 2, as mais recorrentes foram as 1.1

e 1.2 que apareceram 3 vezes e a 1.7 que apareceu 5 vezes, aumentando também

neste ano o número de não conformidades total para 6.

Ilustração 32: Frequência das não conformidades do Sistema de Gestão do 1º Ciclo

de Certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Quanto as não conformidades apresentadas no primeiro ciclo de certificação

têm-se as seguintes especificações:

1.1 – A propriedade agrícola deve ter um sistema de gestão social e

ambiental de acordo com o seu tamanho e complexidade que contenha as políticas,

os programas e os procedimentos necessários para cumprir esta norma e a

legislação nacional vinculante para aspectos sociais, trabalhistas e ambientais em

propriedades agrícolas: o que for mais rígido.

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64

1.2 – A propriedade agrícola executa atividades permanentes ou em longo

prazo para cumprir com esta norma mediante vários programas. Os programas do

sistema de gestão social e ambiental devem consistir dos seguintes componentes:

a. Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo.

b. Uma lista das atividades a serem conduzidas em cada programa e um

cronograma ou plano que indique o prazo no qual elas serão

executadas.

c. A identificação das pessoas responsáveis pela execução das

atividades.

d. As políticas e procedimentos estabelecidos para garantir tanto a

execução eficaz das atividades, quanto o cumprimento da norma.

e. Mapas que identifiquem os projetos, a infraestrutura e as áreas

especiais (de conservação e de proteção) relacionadas com as

atividades indicadas o com os requisitos desta norma.

f. Os registros necessários para demonstrar seu adequado

funcionamento.

1.4 – Os objetivos e um resumo do sistema de gestão social e ambiental e

seus programas devem estar disponíveis e serem divulgados aos trabalhadores.

1.7 – A propriedade agrícola deve contar com os processos de decisão,

monitoramento e análise necessários, incluindo reclamações de seus trabalhadores

ou de outros grupos ou pessoas, para avaliar o funcionamento do sistema de gestão

social e ambiental e o cumprimento da legislação vigente e desta norma. Os

resultados desses processos devem ser registrados e incorporados ao sistema de

gestão social e ambiental mediante um plano e um programa de melhoramento

contínuo. O programa de melhoramento contínuo deve incluir as ações corretivas

necessárias para remediar as situações de não conformidade e os mecanismos para

determinar se as ações são executadas e se efetivamente resultam em melhorias ou

se se ajustam para produzir melhoras como resultado.

1.8 – Os prestadores de serviços (terceiros) para a propriedade agrícola

devem assumir o compromisso de cumprir os requisitos ambientais, sociais e

trabalhistas estabelecidos nesta norma enquanto operam dentro da propriedade

agrícola, como quando realizam outras atividades externas relacionadas. A

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65

propriedade agrícola deve ter mecanismos para avaliar os terceiros e verificar para

que cumpram esta norma. A propriedade agrícola não deve usar os serviços de

fornecedores ou contratados que não atendam os requisitos sociais, trabalhistas ou

ambientais desta norma.

1.9 – A propriedade agrícola deve implantar um programa de capacitação e

educação para garantir a execução eficaz do sistema de gestão social e ambiental e

seus programas. Os temas de capacitação devem ser identificados de acordo com

esta norma, assim como os cargos e os tipos de trabalho realizados. Devem ser

mantidos registros das assinaturas dos participantes, dos temas tratados e o nome

do instrutor para cada evento de capacitação ou educação. As capacitações

exigidas pela propriedade agrícola devem fazer parte das atividades trabalhistas

remuneradas.

Olhando o processo como um todo neste primeiro ciclo de certificação e

fazendo um top três das não conformidades mais recorrentes, chegaremos a

seguinte conclusão:

l. 1.2 – 6 vezes, no segundo ano;

ll. 1.7 – 5 vezes, no terceiro ano;

lll. 1.1 – 3 vezes, no segundo e terceiro ano.

Para o segundo ciclo de certificação, como mostrado na ilustração 33, houve

um aumento nas não conformidades apresentadas no primeiro ciclo e também um

grande acréscimo de outras não conformidades que não haviam aparecido, isso

mostra que por diversas vezes os empreendimentos acabam focando em outros

processos de desenvolvimento e de melhoria e deixando de lado sua administração

geral, pois ao analisado a fundo os dados apresentados, todo desempenho

alcançado pelo empreendimento remete muito a sua administração e gestão. Já que

uma vez partindo pelo o interesse da certificação, os empreendimentos tendem e

devem mudar diversos aspectos, para atender integralmente a norma da Rede de

Agricultura Sustentável - RAS. Neste segundo ciclo também não houve nenhum

caso onde se apresentou uma não conformidade de critério crítico dentro deste

processo, neste caso, seria uma não conformidade no critério crítico - 1.10 onde se

denomina - “A propriedade deve ter um sistema para evitar a mistura de produtos

certificados com produtos não certificados...” (RAS 2013), vendo que já é um ponto

bastante positivo para todos os empreendimentos.

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66

As não conformidades que mais apareceram no primeiro ano de certificação

foram a 1.1 que apareceu 8 vezes e a 1.2 que apareceu 7 vezes no processo sendo

que no mesmo ano foram apresentados por 6 não conformidades neste princípio. Já

na anual 1 as mais recorrentes foram a 1.1 que apareceu 11 vezes e a 1.2 que

apareceu 9 vezes, porém neste ano diminuiu o número de não conformidades,

caindo para 4 no total. E no último ano do segundo ciclo, na anual 2, as mais

recorrentes foram as 1.1 que apareceu 13 vezes e a 1.2 que apareceu 7 vezes,

voltando a aumentar também o número de não conformidades total para 6.

Ilustração 33: Frequência das não conformidades do Sistema de Gestão do 2º Ciclo de

Certificação

Fonte: Elaborado pelo Autor

Quanto as não conformidades apresentadas no segundo ciclo de certificação

têm-se as seguintes especificações:

1.1 – A propriedade agrícola deve ter um sistema de gestão social e

ambiental de acordo com o seu tamanho e complexidade que contenha as políticas,

os programas e os procedimentos necessários para cumprir esta norma e a

legislação nacional vinculante para aspectos sociais, trabalhistas e ambientais em

propriedades agrícolas: o que for mais rígido.

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1.2 – A propriedade agrícola executa atividades permanentes ou em longo

prazo para cumprir com esta norma mediante vários programas. Os programas do

sistema de gestão social e ambiental devem consistir dos seguintes componentes:

a. Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo.

b. Uma lista das atividades a serem conduzidas em cada programa e um

cronograma ou plano que indique o prazo no qual elas serão

executadas.

c. A identificação das pessoas responsáveis pela execução das

atividades.

d. As políticas e procedimentos estabelecidos para garantir tanto a

execução eficaz das atividades, quanto o cumprimento da norma.

e. Mapas que identifiquem os projetos, a infraestrutura e as áreas

especiais (de conservação e de proteção) relacionadas com as

atividades indicadas o com os requisitos desta norma.

f. Os registros necessários para demonstrar seu adequado

funcionamento.

1.3 – A diretoria da propriedade agrícola deve demonstrar seu compromisso

com a certificação e com o cumprimento dos requisitos estabelecidos nesta norma e

na legislação vigente. Deve conhecer e avaliar o sistema e seus programas, e apoiar

a sua execução com os recursos necessários.

1.4 – Os objetivos e um resumo do sistema de gestão social e ambiental e

seus programas devem estar disponíveis e serem divulgados aos trabalhadores.

1.7 – A propriedade agrícola deve contar com os processos de decisão,

monitoramento e análise necessários, incluindo reclamações de seus trabalhadores

ou de outros grupos ou pessoas, para avaliar o funcionamento do sistema de gestão

social e ambiental e o cumprimento da legislação vigente e desta norma. Os

resultados desses processos devem ser registrados e incorporados ao sistema de

gestão social e ambiental mediante um plano e um programa de melhoramento

contínuo. O programa de melhoramento contínuo deve incluir as ações corretivas

necessárias para remediar as situações de não conformidade e os mecanismos para

determinar se as ações são executadas e se efetivamente resultam em melhorias ou

se se ajustam para produzir melhoras como resultado.

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1.8 – Os prestadores de serviços (terceiros) para a propriedade agrícola

devem assumir o compromisso de cumprir os requisitos ambientais, sociais e

trabalhistas estabelecidos nesta norma enquanto operam dentro da propriedade

agrícola, como quando realizam outras atividades externas relacionadas. A

propriedade agrícola deve ter mecanismos para avaliar os terceiros e verificar para

que cumpram esta norma. A propriedade agrícola não deve usar os serviços de

fornecedores ou contratados que não atendam os requisitos sociais, trabalhistas ou

ambientais desta norma.

1.9 – A propriedade agrícola deve implantar um programa de capacitação e

educação para garantir a execução eficaz do sistema de gestão social e ambiental e

seus programas. Os temas de capacitação devem ser identificados de acordo com

esta norma, assim como os cargos e os tipos de trabalho realizados. Devem ser

mantidos registros das assinaturas dos participantes, dos temas tratados e o nome

do instrutor para cada evento de capacitação ou educação. As capacitações

exigidas pela propriedade agrícola devem fazer parte das atividades trabalhistas

remuneradas.

1.11 – A propriedade agrícola deve descrever anualmente suas fontes de

energia e a quantidade de energia utilizada em cada fonte para processos de

produção, transporte e uso doméstico dentro dos limites da propriedade agrícola. A

propriedade agrícola deve contar com um plano de eficiência energética para

diminuir sua dependência de energia não renovável e para promover o uso de

energia renovável. Quando possível, dar preferência ao uso de fontes de energia

provenientes da propriedade agrícola.

Olhando o processo como um todo neste primeiro ciclo de certificação e

relacionando as três das não conformidades mais recorrentes, chegaremos a

seguinte conclusão:

l. 1.1 – 13 vezes, no terceiro ano;

ll. 1.2 – 9 vezes, no segundo ano;

lll. 1.7 – 4 vezes, no segundo ano.

Na ilustração 34, apresenta-se a frequência total das não conformidades do

Sistema de Gestão nos dois ciclos de Certificação apresentados anteriormente,

baseando nas informações, as não conformidades que mais frequentes no processo

de certificação foram as:

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69

Não conformidade 1.1 – 39 vezes; esse critério fala que a propriedade deve

ter um sistema de gestão social e ambiental de acordo com o seu tamanho e

complexidade que contenha as políticas, os programas e os procedimentos

necessários para cumprir com a norma da Rede de Agricultura Sustentável - RAS e

a legislação nacional vinculante para aspectos sociais, trabalhistas e ambientais em

propriedades agrícolas.

Nos casos analisados esse tipo de falha acabou sendo muito apresentado

pelos empreendimentos, fazendo assim com que eles não cumprissem

integralmente esse critério, porém não é um simples procedimento, pois interfere em

vários aspectos de cada empreendimento como um todo.

Não conformidade 1.2 – 34 vezes; esse critério fala que a propriedade

executar as atividades permanentes ou em longo prazo para cumprir com a norma

da Rede de Agricultura Sustentável - RAS mediante aos vários programas

apresentados. Os programas do sistema de gestão social e ambiental devem

consistir dos seguintes componentes:

a. Objetivos e metas de curto, médio e longo prazo;

b. Uma lista das atividades a serem conduzidas em cada programa e um

cronograma ou plano que indique o prazo no qual elas serão

executadas;

c. A identificação das pessoas responsáveis pela execução das

atividades;

d. As políticas e procedimentos estabelecidos para garantir tanto a

execução eficaz das atividades, quanto o cumprimento da norma;

e. Mapas que identifiquem os projetos, a infraestrutura e as áreas

especiais (de conservação e de proteção) relacionadas com as

atividades indicadas o com os requisitos desta norma;

f. Os registros necessários para demonstrar seu adequado

funcionamento.

Esse princípio em geral, fala de um âmbito um pouco maior e que afeta os

empreendimentos de curto em longo prazo, como são basicamente planos de

desenvolvimentos de melhorias, ou de projeções, muitas vezes eles podem vir a

falhar bastante em longo prazo, pelo o não cumprimento com o que o seu próprio

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70

procedimento fala, devido ao acompanhamento falho de processos internos que

podem ocorrer de acordo com o que a norma pede. Nos casos analisados essa falha

foi de certa forma bem apresentada pelos empreendimentos, fazendo assim com

que eles não cumprissem integralmente esse critério, tendo em vista de não ser um

simples procedimento, por abranger muitos aspectos, mas acaba interferindo cada

empreendimento como um todo e também seu desempenho final.

Ilustração 34: Frequência total das não conformidades do Sistema de Gestão nos 2

Ciclos de Certificação apresentados

Fonte: Elaborado pelo Autor

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8 CONCLUSÃO

O objetivo deste estágio curricular foi analisar o impacto da certificação

socioambiental da Rede de Agricultura Sustentável - RAS.

Pode-se considerar que este objetivo foi atendido, de acordo com os

problemas que foram apresentados.

Conclui-se que se cada empreendimento pudesse enxergar da forma em que

foram apresentados os dados neste trabalho, a certificação poderia se fortalecer

cada vez mais no mercado, considerando até mesmo outros aspectos intrínsecos

para que se desperte a vontade de se obter a certificação. Ao longo do tempo, se o

Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e Florestal - Imaflora pudesse fazer as

analises desenvolvida no trabalho, a cada término do ciclo de certificação, e

demonstrar ao empreendimento, isso traria mais uma força para o mesmo continuar

com a certificação, tendo em vista a dificuldade apontada pelos empreendimentos

de visualizar suas melhorias.

Muitas vezes cada empreendimento acaba não se empenhando da melhor

maneira para que seus processos melhores. Como mostrado no trabalho, houve

alguns problemas que apareceram por diversas vezes, e não foram solucionados

dentro do escopo analisado pelo autor. Isso mostra que aparentemente a intenção

da certificação pode-se relacionar com apenas o “status” perante o mercado.

Tendo em vista que a certificação surgiu da necessidade dos europeus de se

“certificar” que os produtos veem de uma fonte sustentável e justa aos

trabalhadores, a certificação tem diversos benefícios sociais, ambientais e

econômicos e muitos deles foram apresentados de certa forma através do

desempenho obtidos pela certificação da Rede de Agricultura Sustentável - RAS,

pois neste caso, todos os empreendimentos analisados, mostraram um desempenho

maior que 70%, que seria o necessário para se obter e manter a certificação

socioambiental. Com isso, o que foi mostrado também foi às evoluções em diversos

aspectos, que trazem um grande beneficio de certa forma mais geral para o âmbito

analisado.

Foram analisados dois ciclos de certificação socioambiental. Neles foram

apresentados evoluções, diminuições e até mesmo estagnação de desempenhos

obtidos pelos empreendimentos. Dentro desse processo, no fim das análises houve

a apresentação do sistema de gestão, que foi integralmente relacionado com o

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72

desempenho final de cada empreendimento, pois neste caso, se o empreendimento

não tiver um bom sistema de gestão, isto irá refletir em todos os processos, de curto

em longo prazo, se o empreendimento não conseguir reduzir as não conformidades

no sistema de gestão eles poderão manter seu nível ou até mesmo diminuir seu

desempenho, porém até mesmo pensando em outros aspectos relacionados, a

busca da melhoria contínua acaba sendo frágil, dentro deste cenário de estagnação

e diminuição do desempenho.

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REFERÊNCIAS

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RAS – Rede de Agricultura Sustentável (2010) Norma para Agricultura Sustentável. Disponível em: < http://www.imaflora.org/downloads/biblioteca/RAS_Norma_de_Agricultura_Sustentavel_Julho_2010.pdf.>. Acesso em 26/05/2015.

RAS – Rede de Agricultura Sustentável (2013c) Política de Certificação para Propriedades Agropecuárias e Administradores de Grupos. Disponível em: < http://www.imaflora.org/downloads/biblioteca/5159b7e5180e9_CA_PEX_24_01_RASPoliticadeCertifocacaoJaneiro2013.pdf;>. Acesso em 26/05/2015. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1989.

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APÊNDICE A - RELATÓRIO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO ESA II

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO CURRICULAR

2S/2015

Aluno: Eduardo Vinícius Silva Borges R.A.: 12.4440-9 Área: Administração de Produção e operação Turma: 406 Horário: 18h 20min às 19h 20min Título: Impactos da norma rede de agricultura sustentável - (RAS) em operações do setor agrícola. Professor Orientador: José Roberto Soares Ribeiro

1 Resumo .............................................................................................. 02 h

2 Introdução ......................................................................................... 10 h

3 Caracterização da pesquisa: apresentação da organização, problemática / oportunidade de estudo, objetivo(s) e justificativas ......................................................................................

10 h

4 Revisão da fundamentação teórica ................................................. 07 h

5 Revisão da metodologia ................................................................... 07 h

6 Apresentação, análise e interpretação dos dados coletados ...... 103 h

7 Conclusão .......................................................................................... 06 h

8 Construção gráfica ........................................................................... 06 h

9 Participação em seminários sobre as diretrizes metodológicas e de apresentação gráfica do ESA-2 ...............................................

02 h

TOTAL DE HORAS DESPENDIDAS.................................................. 153 h

____________________________ __________________________________

Assinatura do(a) aluno(a) Assinatura do(a) Prof.(a) orientador(a)

Piracicaba 2S/2015

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ANEXO A - DECLARAÇÃO DO ORIENTADOR

Eu, Prof.(a) José Roberto Soares Ribeiro orientador(a) do Estágio Supervisionado Curricular com o título Impactos da norma Rede de Agricultura Sustentável - RAS em operações do setor agrícola do(a) aluno(a) Eduardo Vinicius Silva Borges RA,12.4440-9, declaro, para os devidos fins, que verifiquei o relatório final deste ESA-2 no dia ___/____/_____, após a sua apresentação diante da banca de examinadores, tendo constatado o seguinte COM RELAÇÃO ÀS MODIFICAÇÕES SOLICITADAS PELA BANCA: ( ) Foram feitas em sua totalidade e a contento. ( ) Foram feitas parcialmente. ( ) Não foram feitas. ( ) Não houve solicitação de modificações. Sendo assim, em conformidade com a Ata de Apresentação, o conceito FINAL do (a) referido (a) aluno (a) é: _______.

Piracicaba, _______de ________________de 2015.

_______________________________ NOME DO ORIENTADOR