Formação de Professores Do Ensino Médio - Caderno 3

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  • Ministrio da Educao Secretaria de Educao Bsica

    Formao de Professores do Ensino

    Mdio

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e o desafio daformao humana integral

    Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Mdio

    Etapa I Caderno III Curitiba

    Setor de Educao da UFPR2013

  • MINISTRIO DA EDUCAO SECRETARIA DE EDUCAO BSICA (SEB)

    MINISTRIO DA EDUCAO SECRETARIA DE EDUCAO BSICA Esplanada dos Ministrios, Bloco L, Sala 500 CEP: 70047-900 Tel: (61)20228318 - 20228320

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANSISTEMA DE BIBLIOTECAS BIBLIOTECA CENTRAL

    COORDENAO DE PROCESSOS TCNICOS

    Brasil. Secretaria de Educao Bsica. Formao de professores do ensino mdio, etapa I - caderno III : o currculo do ensino mdio, seu sujeito e o desafi o da formao humana integral / Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica; [autores : Carlos Artexes Simes, Monica Ribeiro da Silva]. Curitiba : UFPR/Setor de Educao, 2013. 49p. ISBN 9788589799836 Inclui referncias Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Mdio 1. Ensino mdio - Currculos. 2. Professores de ensino mdio. 3. Educao de adolescentes. 4. Educao de adultos. I. Simes, Carlos Artexes. II. Silva, Monica Ribeiro da, 1960-. III. Universidade Federal do Paran. Setor de Educao. IV. O currculo do ensino mdio, seu sujeito e o desafi o da formao humana integral. V. Ttulo. CDD 373.19

    Andrea Carolina Grohs CRB 9/1384

  • O CURRCULO DO ENSINO MDIO,SEUS SUJEITOS E O DESAFIO DA FORMAO HUMANA INTEGRALEtapa I Caderno III

    AUTORES Carlos Artexes SimesMonica Ribeiro da Silva

    LEITORES CRTICOS Ana Carolina Caldas Clec Krbes Maria Madselva Ferreira Feiges Sandra Regina de Oliveira Garcia Observao: Todos os autores da primeira etapa da formao realizaram leitura crtica e contriburam com sugestes para o aperfeioamento dos cadernos.

    REVISOReinaldo Cezar Lima Ana Carolina CaldasJuliana Cristina ReinhardtVictor Augustus Graciotto SilvaMarcela Renata Ramos

    PROJETO GRFICO E EDITORAO Reinaldo Cezar Lima Victor Augustus Graciotto SilvaRafael Ferrer Kloss

    CAPA Yasmin Fabris

    ARTE FINALRafael Ferrer Kloss

  • Introduo / 5

    1. Pressupostos e fundamentos para um ensino mdio de qualidade social: sujeitos do ensino mdio e formao humana integral / 6

    1.1. A necessidade de superar o carter enciclopdico, dualista, fragmentado e hierarquizante do currculo do Ensino Mdio / 6

    1.2. Em defesa de uma perspectiva curricular menos fragmentada e mais integrada / 8

    1.3. O reconhecimento do currculo como uma construo coletiva / 11

    1.4. O reconhecimento das dimenses explicativas e prescritivas do currculo / 12

    2. Dimenses da formao humana: trabalho, cincia, tecnologia e cultura e os sujeitos do ensino mdio / 17

    2.1. Um convite ao estudo e reflexo a partir do fazer pedaggico e do ser professor / 17

    2.2. Sujeitos do ensino mdio, conhecimento escolar e as dimenses do trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura / 18

    2.3. Os conceitos estruturantes do ensino mdio na perspectiva da formao humana integral / 22

    3. Uma ao curricular integrada para uma formao humana integral / 27

    3.1. O resgate do conhecimento escolar no campo do currculo / 27

    3.2. O sentido da formao humana integral / 31

    4. A integrao curricular a partir das dimenses do trabalho, da cincia, tecnologia e cultura na prtica escolar / 36

    4.1. O currculo do ensino mdio e as dimenses do trabalho, da cultura, da cincia e da tecnologia / 36

    4.2. Caminhos possveis na construo de uma perspectiva curricular integrada / 41

    Referncias / 44

    SUMRIO

  • 5Formao de Professores do Ensino Mdio

    Introduo

    Caro professor, cara professora do En-

    sino Mdio, o principal objetivo deste texto

    acompanh-lo em uma reflexo sobre suas pr-

    ticas, sobre as relaes dessas prticas com o

    campo terico do currculo e indagar, ainda, que

    implicaes essas reflexes podem ter ao consi-

    derarmos as necessidades e o direito educao

    que possuem os alunos jovens (e adultos) do en-

    sino mdio brasileiro.

    O itinerrio que escolhemos traz inicial-

    mente alguns pressupostos, alguns pontos de

    partida e fundamentos os quais buscam conside-

    rar o que poderia ser um ensino mdio de quali-

    dade social; fazemos breves referncias ao modo

    como vem se dando a organizao pedaggico-

    curricular do ensino mdio e salientamos o lugar

    que ocupam o conhecimento e o conhecimen-

    to escolar ao longo da sua histria e na atuali-

    dade. Qual o sentido do conhecimento e como

    podemos pensar a relao entre conhecimento

    escolar e os sujeitos, alunos jovens (e adultos) do

    ensino mdio na atualidade? Como esse conhe-

    cimento se articula s dimenses da formao

    humana a cincia, a cultura, o trabalho e a tec-

    nologia presentes nas proposies das Diretri-

    zes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio?

    Decorrentes dessa problemtica, perguntamos,

    ainda, quais formas de organizao dos tempos,

    dos espaos e dos saberes permitiriam maior in-

    tegrao e dilogo entre as disciplinas e reas do

    conhecimento e entre estas e os sujeitos alunos e

    professores da ltima etapa da educao bsica?

  • 6O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    Propomo-nos a buscar essas respostas

    junto a voc. Salientamos que o que orienta nos-

    sa inteno de dilogo e de reflexo sobre a pr-

    tica tem como ponto de referncia permanente

    as experincias dos jovens e demais sujeitos do

    ensino mdio com o mundo do trabalho, da ci-

    ncia, da cultura e da tecnologia. Convidamos,

    assim, leitura, reflexo e ao dilogo, orienta-

    dos por um eixo comum: os sujeitos do ensino

    mdio e os desafios diante da perspectiva da for-

    mao humana integral.

    1. Pressupostos e fundamentos para

    um ensino mdio de qualidade social:

    sujeitos do ensino mdio e formao

    humana integral

    1.1. A necessidade de superar o carter en-

    ciclopdico, dualista, fragmentado e hierar-

    quizante do currculo do Ensino Mdio

    Consideramos necessrio, nesse incio de

    dilogo, fazer uma breve incurso pela trajetria

    histrica do ensino mdio com vistas a eviden-

    ciar uma polaridade que marcou sua organizao

    pedaggico-curricular. Com isso, queremos sina-

    lizar, ainda, para a necessidade de que a mesma

    seja superada.

    O ensino mdio brasileiro, ao longo de

    sua histria, oscilou entre uma finalidade volta-

    da ora para a formao acadmica, destinada a

    preparar para o ingresso no ensino superior, ora

    voltada para uma formao de carter tcnico,

    com vistas a preparar para o trabalho.

  • 7Formao de Professores do Ensino Mdio

    No escopo da legislao do ensino, essa

    polaridade, com frequncia, recaiu em dividi-lo

    em trajetrias distintas para sujeitos distintos.

    Vamos lembrar, por exemplo, da proposio do

    ministro Capanema, em 1942, quando, durante

    a Exposio de Motivos que levaria reforma

    educacional e Lei Orgnica do Ensino Secund-

    rio, afirmava: O ensino secundrio, propeduti-

    co, destina-se formao das elites condutoras

    (apud SILVA, 1991), aos demais, ficaria reserva-

    do o ensino tcnico-profissional. Essa polarida-

    de teve seus desdobramentos na organizao

    pedaggico-curricular do ensino mdio ao longo

    da histria, de modo a oscilar entre um currculo

    enciclopdico, centrado no acmulo de infor-

    maes e no aprendizado mecnico, ou em um

    currculo pragmtico, centrado no treinamen-

    to para uma atividade laboral.

    Em qualquer uma dessas situaes, no en-

    tanto, possvel verificar que a organizao cur-

    ricular do ensino mdio que se instituiu ao longo

    do tempo se caracterizou pela fragmentao do

    conhecimento em disciplinas estanques e hierar-

    quizadas, de modo a valorizar algumas reas do

    conhecimento em detrimento de outras. Essa perspectiva curricular, no entanto,

    evidenciou seus limites, seja no que praticado nas escolas, seja nos processos formativos dos novos professores. Entre as limitaes, podemos sinalizar sua estruturao com base em um con-junto de saberes os quais nada ou pouco expli-cam, por serem dissociados da realidade vivida, experimentada. O aprender pela repetio pura e simples, sem que se oportunize a contextuali-zao e a ressignificao do conhecimento esco-lar, outro aspecto possvel de destacar nessa mesma direo. O isolamento e a hierarquizao

    O fracionamento do saber escolar em disciplinas e o isolamento de cada uma delas teriam como finalidade oportunizar a memorizao de conceitos ou o treinamento pela repetio, o que, de qualquer modo, sacrifica a potencialidade explicativa do conhecimento escolar e adquire um formalismo extremo justificado to somente pela finalidade da competio, seja para o ingresso no ensino superior, seja para o ingresso no mercado de trabalho.

  • 8O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    entre as reas do conhecimento, o formalismo derivado das cincias de referncia que com-pem as disciplinas escolares, tudo isso em seu conjunto, nos leva ao desafio de pensar, junto a voc, qual organizao curricular favoreceria, nos dias atuais, a atribuio de um sentido pleno s experincias vividas no espao da escola.

    1.2. Em defesa de uma perspectiva curricu-

    lar menos fragmentada e mais integrada

    Os argumentos traados anteriormente

    nos colocam diante da necessidade de pensar

    uma escola a qual no se limite aos interesses

    mais imediatos e pragmticos, mas que acolha

    o desafio de pensar a formao humana em sua

    plenitude. Convidamos, assim, reflexo em

    torno da ideia de um ensino mdio sustentado

    na e pela finalidade de uma formao humana in-

    tegral.

    O reconhecimento da dimenso histrica

    e social no qual o fazer pedaggico se realiza nos

    coloca diante da necessidade de que tal forma-

    o precisa estar em consonncia com os sujei-

    tos para os quais ela se destina. Nessa direo,

    pensamos ser adequado definir como principal

    referente para pensar a organizao pedaggico-

    curricular do ensino mdio as diferentes juventu-

    des que o frequentam, suas identidades, suas cul-

    turas, suas necessidades. Parece-nos necessrio

    tambm que essa formao esteja em conformi-

    dade com as transformaes histricas e sociais

    as quais geram e sustentam essa diversidade de

    juventudes, tendo, como decorrncia, o impe-

    rativo de que se estabelea um profcuo dilogo

  • 9Formao de Professores do Ensino Mdio

    entre as distintas formas de se viver a juventude

    e o que oferecemos em termos de currculo, de

    saberes, de prticas.

    O reconhecimento desse carter histri-

    co-cultural da formao humana nos leva, ainda,

    ao encontro do avano do conhecimento cien-

    tfico e tecnolgico, e isso significa, em termos

    curriculares, partir da contextualizao dos fe-

    nmenos naturais e sociais, de sua significao a

    partir das experincias dos sujeitos, bem como

    da necessidade de superao das dicotomias

    entre humanismo e tecnologia. Tal organizao

    curricular pressupe, ainda, a ausncia de hierar-

    quias entre saberes, reas e disciplinas.

    A perspectiva acima encontra respaldo

    nas atuais Diretrizes Curriculares Nacio-

    nais para o Ensino Mdio (Parecer CNE/CEB

    05/2011 e Resoluo CNE/CEB 02/2012), que

    elegem as dimenses do trabalho, da cincia,

    da tecnologia e da cultura como base da pro-

    posta e do desenvolvimento curricular. Confor-

    me essas Diretrizes, as dimenses do trabalho,

    da cincia, da cultura e da tecnologia inserem o

    contexto escolar no dilogo permanente com

    os sujeitos e com suas necessidades em termos

    de formao, sobretudo pelo fato de que tais di-

    menses no se produzem independentemente

    da sociedade e dos indivduos. Compreendidos

    dessa forma, trabalho, cincia, cultura e tecnolo-

    gia se instituem como um eixo a partir do qual se

    pode atribuir sentido a cada componente curri-

    cular e a partir do qual se pode conferir significa-

    do a cada conceito, a cada teoria, a cada ideia.

    O texto das DCNEM nos indica, ainda,

    que no se trata de organizar atividades ora re-

    ferentes ao trabalho, ora cincia, ora tecno-

    Acesse o Parecer que fun-damenta as Diretrizes Cur-riculares Nacionais para o Ensino Mdio. Disponvel em: .

  • 10

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    logia, ora cultura. O que elas propem que

    toda a atividade curricular do ensino mdio se

    organize a partir de um eixo comum trabalho,

    cincia, tecnologia e cultura e que se integre, a

    partir desse eixo, totalidade dos componentes

    curriculares. possvel reconhecer nessa orien-

    tao a possibilidade de o currculo ser capaz de

    atribuir novos sentidos escola, de dinamizar as

    experincias oferecidas aos jovens alunos e de

    ressignificar os saberes e experincias com os

    quais se interage nas escolas.

    As proposies das Diretrizes deixam

    evidente que, no ensino mdio, adquire centra-

    lidade promover a compreenso do mundo do

    trabalho, da cultura e das inter-relaes entre

    esses campos e o do desenvolvimento cientfico

    e tecnolgico, de modo a tom-los culturalmen-

    te, tanto no sentido tico pela apreenso crtica

    dos valores postos na sociedade quanto esttico,

    com vistas a potencializar capacidades interpre-

    tativas, criativas e produtivas da cultura nas suas

    diversas formas de expresso e manifestao.

    Diante da diversidade de arranjos curri-

    culares possveis, independentemente da forma

    por projetos, complexo temtico, disciplinas,

    reas do conhecimento ou um hbrido dessas

    possibilidades, as perspectivas colocadas pelas

    novas DCNEM indicam a necessidade de que

    se realize uma profunda discusso na escola a

    partir dos fundamentos propostos para o ensino

    mdio e que se discuta de qual modo tais pres-

    supostos dialogam ou poderiam dialogar com o

    projeto pedaggico e com as prticas curricula-

    res da escola. E isso parece ter pelo menos duas

    implicaes mais imediatas: o conhecimento, por

    parte dos educadores, dos fundamentos terico-

    Em grande medida, o planejamento educacional est orientado pela ao curricular, instncia mediadora das relaes pedaggicas e objeto da experincia formativa vivida pelos alunos. Tendo em vista a necessidade de produzir maior integrao entre as disciplinas e reas do conhecimento, assista ao vdeo Sete vidas eu tivesse, disponvel em: .

    Considerando reais, as atividades ali presentes, discuta com seus colegas sobre quais prticas vivenciadas pelos sujeitos alunos e professores ainda permanecem como desafio e que aes podem ser desencadeadas com vistas a aproximar a realidade da sua escola da perspectiva posta pela experincia mostrada no vdeo.

  • 11

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    metodolgicos propostos pelas Diretrizes do

    Ensino Mdio; e que tais fundamentos trabalhem

    de forma integrada.

    1.3. O reconhecimento do currculo como

    uma construo coletiva

    Consideramos pertinente trazer, neste

    momento de nosso estudo e reflexo, uma pro-

    blematizao em torno da questo do planeja-

    mento curricular. Se considerarmos que toda

    ao educativa intencional, grande parte do

    processo pedaggico vivido na escola tambm

    o e fundamenta-se no reconhecimento de al-

    guns pontos de partida e na definio de algumas

    finalidades/pontos de chegada. Ao tomar deci-

    ses sobre estes pontos de partida e finalidades,

    quem o faz tem por base uma viso de mundo e

    de escola a qual orienta a reflexo, bem como as

    decises sobre o que e por que ensinar. Em vista

    disso, possvel afirmar que no h neutralidade

    nesse processo e que todo o fazer pedaggico,

    do planejamento avaliao, um fazer poltico

    e um processo eminentemente coletivo.

    Por exemplo, nos momentos nos quais se

    faz um diagnstico da realidade da escola tendo

    em vista a elaborao de seu Projeto Poltico-

    Pedaggico, esse diagnstico pode se tornar um

    profundo processo coletivo de avaliao de como

    a escola tem se organizado, das dificuldades que

    tem encontrado, das possibilidades de superao

    dessas dificuldades e do avano em direo a uma

    melhor qualidade da educao. As decises toma-

    das a partir da, fundamentadas em um determi-

    nado modo de compreender a funo social da

    escola, ultrapassam o carter meramente tcnico

  • 12

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    do planejamento escolar, dado que esse processo

    no neutro, mas intencionalmente definido.

    Nesta perspectiva, o planejamento curri-

    cular ultrapassa o carter instrumental e mera-

    mente tcnico, adquirindo a condio de con-

    ferir materialidade s aes politicamente defi-

    nidas pelos sujeitos da escola. Esta perspectiva

    de planejamento curricular tem, ainda, como

    principal diretriz, a ao de planejar implicando

    a participao de todos os elementos envolvidos

    no processo alunos, professores, coordenadores

    pedaggicos, gestores; h a necessidade de se

    priorizar a busca da unidade entre o que se pla-

    neja e o que se realiza; o planejamento escolar

    deve partir da realidade concreta e estar voltado

    para atingir as finalidades da educao bsica de-

    finidas no projeto coletivo da escola.

    1.4. O reconhecimento das dimenses ex-

    plicativas e prescritivas do currculo

    Chegamos a um momento em que consi-

    deramos necessrio e oportuno um dilogo com

    o campo terico do currculo. Diante deste obje-

    tivo, vamos partir do entendimento de que o cur-

    rculo pode ser compreendido como a seleo

    dos conhecimentos e das prticas sociais histo-

    ricamente acumulados, considerados relevantes

    em um dado contexto histrico e definidos tendo

    por base o projeto de sociedade e de formao

    humana que a ele se articula; se expressa por

    meio de uma proposta pedaggica definida co-

    letivamente e na qual se explicitam as intenes

    de formao, bem como as prticas escolares as

    quais deseja realizar com vistas a dar materialida-

    de a essa proposta (SILVA, 2012).

  • 13

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    As teorias sobre currculo estiveram, em

    seu incio, relacionadas busca de maior eficin-

    cia da escola. O planejamento curricular orien-

    tou-se, no incio do sculo XX, pela transfern-

    cia de tcnicas de organizao do trabalho fabril

    para a escola. Assim, os princpios defendidos

    por F. Bobbit no livro The Curriculum (EUA, 1918,

    apud SILVA, 2000) para a organizao curricular

    apoiavam-se nos mesmos princpios postulados

    por F. W. Taylor para o trabalho em geral.

    Posteriormente, e dando continuidade

    perspectiva posta por Bobbit, a organizao e o

    desenvolvimento curricular, segundo Ralph Tyler

    (1976), deveriam se orientar a partir de quatro

    questes bsicas: 1. Que objetivos educacionais

    deve a escola procurar atingir? 2. Que experi-

    ncias educacionais podem ser oferecidas que

    tenham probabilidade de alcanar esses prop-

    sitos? 3. Como organizar eficientemente essas

    experincias educacionais? 4. Como podemos

    ter a certeza de que esses objetivos esto a ser

    alcanados? (SILVA, 2000). Como podemos

    perceber, nas proposies de Ralph Tyler per-

    manece a busca da eficincia como critrio para

    o planejamento curricular e a crena de que tal

    eficincia produzida se estiverem assegurados

    os procedimentos tcnicos adequados.

    Essa compreenso de currculo e de pla-

    nejamento curricular passa a ser alvo de crticas

    a partir da segunda metade da dcada de 70. Em

    oposio a elas, consideradas ento perspecti-

    vas tradicionais, as teorias crticas questio-

    nam a busca da eficincia (pedaggica e social) e

    a reduo do currculo somente sua dimenso

    tcnica. Asseveram as teorias crticas visto que

    as perspectivas tradicionais, ao salientarem a di-

  • 14

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    menso tcnica, ignoram a dimenso poltica, e,

    ao terem como meta a busca da eficincia peda-

    ggica, reduzem a escola e o currculo finalida-

    de de adaptao dos indivduos ordem social

    vigente.

    Vejamos ento, ainda que de forma sucinta,

    o que relatam as teorias crticas do currculo. As de-

    cises sobre o currculo compreendem dimenses

    culturais amplas, como as relaes econmicas, as

    relaes de poder, as relaes de gnero e etnia etc.

    Michael Apple (1982) sustenta que h uma relao

    estreita entre o modo como se organiza a produo

    da vida em sociedade e o modo como se organiza o

    currculo, ainda que tal relao no se d de forma

    direta, mas mediada pelos vnculos os quais vo

    sendo produzidos, construdos, criados na atividade

    cotidiana das escolas (APPLE, 1982).

    No contexto das teorias crticas, o curr-

    culo passa a ser compreendido, tambm, como

    um campo de resistncia. Segundo H. Giroux

    (1983), as abordagens tradicionais so orienta-

    das por uma racionalidade tcnica, instrumental,

    que atribui ao currculo uma dimenso utilitarista

    fundamentada nos critrios de eficincia. Essas

    perspectivas ignoram a dimenso histrica, ti-

    ca e poltica dele e do conhecimento (SILVA,

    2000). Essas afirmaes evidenciam que o cur-

    rculo comporta, ao mesmo tempo, no apenas

    a possibilidade de adaptao dos indivduos

    sociedade, mas tambm a resistncia s formas

    de dominao poltica, econmica, ideolgica.

    A partir da, duas ideias tornam-se centrais: as

    ideias de emancipao e as de libertao (GI-

    ROUX, 1983). Caberia escola, pela mediao

    do currculo, possibilitar a tomada de conscin-

    cia a respeito das relaes de poder e de con-

    O campo cultural no qual se insere o currculo no um simples reflexo das relaes econmicas: ele tem a sua prpria dinmica. As estruturas econmicas no so suficientes para garantir a conscincia; a conscincia precisa ser conquistada no seu prprio campo, isto , no campo da cultura (SILVA, 2000).

  • 15

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    trole presentes nas instituies. Esta finalidade

    converter-se-ia na condio fundamental para a

    realizao de um projeto pedaggico que tivesse

    como alvo a emancipao humana.

    Das ideias trazidas pelas teorias crticas,

    podemos depreender que, ao planejar a ativida-

    de curricular, torna-se imperativo problematizar

    o modo como as relaes de poder e dominao

    presentes na sociedade vo sendo instituciona-

    lizadas no interior da escola, bem como que se

    discutem e se evidenciam as possibilidades de

    implementar resistncia a elas. Desse modo, pla-

    nejar o currculo se torna construo de signifi-

    cados e de valores culturais e reconhecimento

    de que estes esto relacionados dinmica de

    produo do poder na sociedade (SILVA, 2000).

    As decises sobre o currculo esto, por-

    tanto, marcadas pelas relaes de poder que se

    estabelecem na sociedade e na escola. Podemos

    ento situ-lo como o modo como a escola se

    organiza e se apropria da cultura, faz deter-

    minadas representaes dela e produz prti-

    cas com vistas a realizar a ao educativa. Nessa

    perspectiva, o currculo se institui como um pro-

    cesso de seleo da cultura.

    Para finalizar essa breve incurso pelo

    campo das teorias, resta-nos lembrar que esse

    campo terico identificou pelo menos trs di-

    menses do currculo: uma dimenso prescri-

    tiva, que quando se explicitam as intenes,

    contedos e itinerrios formativos ao se plane-

    jar uma proposta pedaggica e/ou um currcu-

    lo. Referimo-nos aqui ao currculo prescrito ou

    formal; uma dimenso real, na qual adquire-se

    materialidade por meio das prticas vivenciadas

    nas salas de aula, denominando-se, nesse senti-

    Conquanto seja uma seleo, que envolve o que, como e para que ensinar, entre outras decises, importante perguntar: quem seleciona? Com qual inteno? Com base em quais critrios e objetivos? A pergunta sobre quem seleciona nos lembra, mais uma vez, que o planejamento curricular no se resume a uma tarefa meramente tcnica, neutra, mas ao eminentemente poltica, de responsabilidade de todos os envolvidos: educadores, governos e sociedade.

  • 16

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    do, currculo vivo, currculo real ou currculo em

    ao; e, ainda, a dimenso do currculo oculto,

    decorrente das relaes entre educandos e edu-

    cadores nos momentos formais e informais nos

    quais trocam ideias, valores, etc. cujos conte-

    dos tambm so da formao, mesmo que no

    se houvesse explicitado sua intencionalidade.

    Para compreender a dinmica do tra-

    balho pedaggico escolar a partir do currculo,

    necessrio, portanto, tomarmos como refe-

    rncia a cultura escolar consolidada, isto , as

    prticas curriculares j vivenciadas, os cdigos

    e modos de organizao produzidos, sem per-

    der de vista que esse trabalho se articula ao

    contexto scio-histrico-cultural mais amplo e

    guarda com ele estreitas relaes. O currculo

    torna-se, com base nessa abordagem, expresso

    da prtica e da funo social da escola. Nesse

    sentido, podemos perceber que o campo do

    currculo possui uma dimenso explicativa isto

    , nos ajuda a compreender o que, como e por

    que fazemos desse modo e no de outro e uma

    dimenso prescritiva isto , nos coloca diante

    da necessidade de definirmos antecipadamente

    alguns pontos de chegada e caminhos possveis

    para realizar nossas intenes, por exemplo, as

    que esto em uma proposta pedaggica. Pela

    dimenso explicativa, ressaltamos a necessidade

    de que todo educador, sujeito do fazer pedag-

    gico, dialogue com este campo terico; pela di-

    menso prescritiva, podemos constatar dilogo

    tambm com um campo prtico, mediado pelos

    vrios sujeitos que o compem.

  • 17

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    Reflexo e AoAs decises sobre o currculo se insti-

    tuem como seleo. Na medida em que se trata

    de uma seleo, e que esta no neutra, faz-se

    necessrio clareza sobre quais critrios orientam

    esse processo de escolha.

    Promova um debate entre os professo-

    res participantes deste curso tendo como tema a

    seguinte questo: Que relaes existem entre o

    que eu ensino e o mundo do trabalho, da cincia,

    da tecnologia da cultura?

    Registre esse debate e compartilhe as

    concluses em suas redes de contato.

    2. Dimenses da formao humana:

    trabalho, cincia, tecnologia e cultura

    e os sujeitos do ensino mdio

    2.1. Um convite ao estudo e reflexo a par-

    tir do fazer pedaggico e do ser professor

    O exerccio de pensar a formao hu-

    mana a partir do dilogo com a prtica cotidiana

    do professor o nosso grande desafio. Sabemos

    que os professores, sujeitos do fazer pedaggico,

    convivem com uma quantidade grande de con-

    cepes, mas muitas no encontram solues

    s exigncias de seu trabalho cotidiano. Muitas

    vezes queremos e precisamos de respostas de

    como fazer e lidar com o processo formati-

    vo no dia a dia da atividade docente. Ao mes-

    mo tempo, sabemos que uma prtica pedaggica

    sem uma concepo que a oriente corre sempre

    o risco de no alcanar os objetivos propostos

    pela educao escolar de uma formao huma-

  • 18

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    na emancipadora e libertadora. Afinal, como diz

    Lucius Sneca: Nenhum vento sopra a favor de

    quem no sabe para onde ir.

    Neste momento, convidamos voc, pro-

    fessor/professora, para uma reflexo sobre um

    dos aspectos que pode nos ajudar a dar um senti-

    do para a educao que almejamos: as dimenses

    do trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura

    como fundamento terico e prtico da formao

    humana integral.

    Partimos de uma compreenso de que

    no existe nenhuma receita pronta para a pr-

    tica pedaggica e de que no podemos adquirir

    uma concepo mais ampla a qual no seja cons-

    truda pelo prprio educador. na sua reflexo

    e reelaborao da concepo da educao e da

    formao humana que o educador pode atribuir

    significado para sua prtica pedaggica. Tambm

    acreditamos que na convivncia com os sujeitos

    envolvidos no processo educativo que podemos

    reconstruir a relao do fazer pedaggico a partir

    de uma concepo mais ampla, atribuindo sentido

    e significado para a nossa ao educativa. Estamos

    falando, portanto, de uma arte de educar que

    entrelaa nossas concepes com a ao concre-

    ta que realizamos no processo educativo. Este

    um convite, portanto, para reflexo e ao.

    2.2. Sujeitos do ensino mdio, conhecimen-

    to escolar e as dimenses do trabalho, da

    cincia, da tecnologia e da cultura

    O Parecer CNE/CEB 05/2011 que esta-

    belece as DCNEM nos coloca diante da neces-

    sidade de buscar outras formas de organizao

  • 19

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    do currculo, tendo em vista a ressignificao dos

    saberes e prticas escolares.

    Reconhecer os sujeitos do ensino mdio

    e dar centralidade aos conhecimentos e saberes

    representa uma intencionalidade poltica e uma

    concepo inovadora. Essa perspectiva desloca

    o ensino mdio de uma viso abstrata, iluminista

    e racionalista para uma compreenso histrica e

    social do processo educativo e da construo dos

    conhecimentos nesta etapa formativa.

    Trata-se de reconhecer os sujeitos con-

    cretos, com sua histria e realidades diversas no

    contexto social e territorial em que vivem. Ma-

    joritariamente, so jovens e adultos dos setores

    populares (que recentemente no Brasil tiveram

    acesso ao ensino mdio), filhos de trabalhadores

    manuais ou que vivem do seu prprio trabalho

    (geralmente precrio e de baixa remunerao),

    do campo e da cidade, de regies diversas e com

    particularidades socioculturais e tnicas. Quando

    tratamos de jovens brasileiros, convm qualificar

    sua especificidade: trata-se, em sua maioria, de

    jovens trabalhadores ou filhos de trabalhadores

    vivendo o imperativo da sobrevivncia e que, en-

    tre tantas interfaces da vida, precisam inventar

    formas e estratgias econmicas para garantir seu

    modo de vida e, quando possvel, articular essas

    estratgias com a sua escolarizao, geralmente

    com defasagem de idade.

    Para alm da questo do recorte etrio,

    a condio juvenil dada pelo fato de estarem

    vivendo um perodo especfico do ciclo de vida,

    num determinado momento histrico e cenrio

    cultural. Um tempo em que se completa a forma-

    o fsica, intelectual, psquica, social e cultural,

    processando-se a transio para uma possvel

  • 20

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    autonomia.

    Vamos admitir, ento, a diversidade de

    jovens (de juventudes) e o fato de que nem sem-

    pre essa diferenciao se encontra relacionada

    condio social, ao gnero ou raa. Dentro

    de um mesmo grupo, com caractersticas socio-

    econmicas, de gnero e de raa semelhantes,

    desenvolvem-se comportamentos e identidades

    distintos. A demonstrao de que os jovens po-

    dem trilhar caminhos diferentes refora a con-

    cepo de que eles dispem de uma margem de

    escolha e de autonomia para traar seus prprios

    destinos. Os jovens so donos de uma lgica pr-

    pria, isso significa que eles so sujeitos das suas

    prprias aes. A relao da juventude com a

    educao escolar tornou-se, em vista disso, um

    grande campo de disputa, no apenas geracional,

    mas poltico e cultural, no qual a potencialidade

    de conquista de autonomia confronta-se com o

    formalismo escolar e com interesses polticos e

    econmicos distantes das necessidades desses

    sujeitos.Diante da centralidade dos sujeitos, chega-

    mos a um ponto fundamental no qual a proposio de um ensino mdio que articule trabalho, cincia, tecnologia e cultura no pode ser homogeneizada e padronizada por parmetros e prescries cur-riculares. Entretanto, preciso assegurar que um conjunto de conhecimentos e saberes cientficos, ticos e estticos seja garantido no ensino mdio a partir da diversidade dos seus sujeitos. Isso nos coloca diante do desafio de que todos possam ter o direito ao patamar bsico nesta etapa de educa-o bsica com um grau de universalidade histri-ca construda nessa diversidade.

    Esses so elementos centrais se quiser-

  • 21

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    mos superar os limites que historicamente foram

    sendo postos para a educao brasileira os quais

    deixaram como legado o desafio de superar a

    fragilizao do sentido da instituio escolar em

    vista das necessidades e caractersticas dos ado-

    lescentes, jovens e adultos que frequentam a l-

    tima etapa da educao bsica.

    As escolas pblicas, em sua maio-ria, so pouco atraentes, no estimulam a imaginao criadora e oferecem pouco espao para novas experincias, sociabi-lidades, solidariedades, debates pbli-cos, atividades culturais e informativas ou passeios que ampliem os territrios de conhecimento (CARRANO, 2010, p. 145).

    Nosella (2009), tomando por referncias

    os escritos de Antonio Gramsci, assevera que

    a juventude se caracteriza pela busca de maior

    autonomia; quando se busca ficar livre da de-

    pendncia mecnica e absoluta em relao aos

    adultos. Este seria o momento mais delicado do

    desenvolvimento, momento no qual emergem a

    responsabilidade individual e a criatividade:

    Do ensino quase puramente dog-mtico (infantil e fundamental), quando a memria desempenha grande papel, passa-se fase criativa ou de trabalho au-tnomo e independente; da escola com disciplina do estudo imposta e controla-da autoritariamente passa-se fase do estudo ou de trabalho profissional, onde a autodisciplina intelectual e a autono-mia moral so teoricamente sem limites. E isto ocorre logo em seguida crise da puberdade, quando o mpeto das paixes instintivas e elementares continua a lutar contra os freios do carter e da conscin-cia moral em formao (GRAMSCI apud NOSELLA, 2009).

  • 22

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    As ideias acima nos colocam diante da

    necessidade de pensarmos as proposies cur-

    riculares para o ensino mdio suas intenes e

    prticas, seus materiais, seus tempos e espaos,

    tendo como referencial permanente os jovens

    alunos que o frequentam, suas expectativas, seus

    desejos, suas necessidades. Isso implica grande

    desafio se considerarmos que muitas das deci-

    ses tomadas para o ensino mdio em termos de

    currculo desconsideraram essas razes e privi-

    legiaram objetivos ora vinculados aos processos

    seletivos e excludentes, ora determinados por

    questes econmicas que entendiam seu papel

    como formador para o mercado de trabalho.

    2.3. Os conceitos estruturais do ensino m-

    dio na perspectiva da formao humana in-

    tegral

    O ensino mdio aqui caracterizado inclui o

    conceito de formao humana integral e se orga-

    niza na perspectiva da integrao entre trabalho,

    cincia, tecnologia e cultura. Neste sentido, con-

    sideramos necessria uma reflexo sobre estas

    dimenses e suas relaes de interdependncia,

    que podem informar e constituir uma identidade

    para organizar o currculo do ensino mdio.

    Partimos do conceito de trabalho pelo

    fato de o compreendermos como uma media-

    o central no processo de produo da exis-

    tncia e objetivao da vida humana. Portanto,

    o trabalho, em seu sentido ontolgico (media-

    o primeira da relao entre homem e natureza

    que viabiliza a produo da existncia humana) e

    em seu sentido histrico (formas especficas de

  • 23

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    como se manifesta essa mediao, condiciona-

    das pelas relaes sociais de produo), reco-

    nhecido como princpio educativo. No se trata

    aqui de uma formao profissional, mas de uma

    perspectiva ampla de conhecimentos acerca do

    mundo do trabalho e do desenvolvimento de

    capacidades humanas gerais para transformao

    da realidade material. Desse ponto de vista, a di-

    menso ontolgica do trabalho referncia para

    a produo de conhecimentos e de cultura pelos

    grupos sociais, como tambm para a organizao

    pedaggico-curricular da educao bsica.

    A esta concepo de trabalho est associa-

    da a concepo de cincia e tecnologia: conheci-

    mentos produzidos, sistematizados e legitimados

    socialmente ao longo da histria, como resultado

    de um processo empreendido pela humanidade

    na busca da compreenso e da transformao

    dos fenmenos naturais e sociais. Neste sentido,

    a cincia conforma conceitos e mtodos cuja ob-

    jetividade permite a transmisso para diferentes

    geraes, ao mesmo tempo em que podem ser

    questionados e superados historicamente, no

    movimento permanente de construo de novos conhecimentos. Nestes termos, compreendemos o conhecimento como uma produo do pensa-mento pela qual se apreende e se representam as relaes que constituem e estruturam a realidade. Apreender e determinar estas relaes exige um mtodo, partindo do concreto emprico e, me-diante uma determinao mais precisa por meio da anlise, chega a relaes gerais determinantes do fenmeno estudado. A compreenso do real como totalidade exige que se conheam as partes e as relaes entre elas, o que nos leva a constituir sees tematizadas da realidade.

  • 24

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    Quando essas relaes so arrancadas de seu contexto originrio e imediatamente orde-nadas, tem-se a teoria. A teoria, ento, o real elevado ao plano do pensamento. Sendo assim, qualquer fenmeno que sempre existiu como fora natural s se constituiu em conhecimento quando dele o ser humano se apropriou, tornan-do-o fora produtiva para si.

    A cincia, portanto, a parte do conheci-mento sistematizado e deliberadamente expresso na forma de conceitos representativos das rela-es determinadas e apreendidas da realidade considerada. O conhecimento de uma seo da realidade concreta ou a realidade concreta tema-tizada constitui os campos da cincia, as disciplinas cientficas.

    A tecnologia, compreendida como ex-

    tenso das capacidades humanas, mediante a

    apropriao de conhecimentos como fora pro-

    dutiva (BRASIL, 2011, p. 19), resulta da trans-

    formao da cincia em fora produtiva; no

    simplesmente aplicao tcnica do conhecimen-

    to cientfico, pois a transformao deste em

    tecnologia envolve decises que, por sua vez,

    dependem dos interesses em jogo na sociedade

    e dos caminhos seguidos pelo desenvolvimento

    cientfico e tecnolgico. importante considerar,

    ainda, que a tecnologia se configura como um

    empreendimento de grande complexidade, que

    engloba um conjunto de aspectos, conforme os

    sintetizados por Bazzo:

    tecnologia tem relao [no li-near] com a cincia, com a tcnica e com a sociedade;

    tecnologia integra elementos materiais ferramentas, mquinas, equipa-mentos e no materiais saber fazer, co-

  • 25

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    nhecimentos, informaes, organizao, comunicao e relaes interpessoais;

    tecnologia tem relaes com fatores econmicos, polticos e culturais;

    evoluo da tecnologia inse-parvel das estruturas sociais e econmi-cas de uma determinada sociedade

    (BAZZO, 2011, p. 117).

    Neste sentido, a tecnologia no um ente

    autnomo e neutro, possibilitando que os sujei-

    tos sociais possam refletir sobre as necessidades

    de criaes e aplicaes e participar da constru-

    o social da tecnologia, mesmo no sendo cien-

    tistas, engenheiros ou profissionais tcnicos.

    Por sua vez, a cultura, em vista de uma

    compreenso que se articula s concepes de

    trabalho, de cincia e de tecnologia acima des-

    critas, entendida como as diferentes formas

    de criao da sociedade, incluindo as prticas de

    produo da existncia humana, seus valores,

    suas normas de conduta, suas obras. Portanto,

    a cultura tanto a produo tica quanto est-

    tica de uma sociedade; expresso de valores

    e hbitos; comunicao e arte; produo e

    fruio.

    Entende-se cultura como o resul-tado do esforo coletivo tendo em vista conservar a vida humana e consolidar uma organizao produtiva da sociedade, do qual resulta a produo de expresses materiais, smbolos, representaes e sig-nificados que correspondem a valores ti-cos e estticos que orientam as normas de conduta de uma sociedade. Por essa pers-pectiva, a cultura deve ser compreendida no seu sentido mais ampliado possvel, ou seja, como a articulao entre o conjunto de representaes e comportamentos e o processo dinmico de socializao, consti-tuindo o modo de vida de uma populao determinada (BRASIL, 2011, p. 19).

  • 26

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    Compreender a relao indissocivel en-

    tre trabalho, cincia, tecnologia e cultura, obje-

    tivo central da organizao curricular do ensino

    mdio, significa compreender o trabalho como

    princpio educativo, posto ser por meio do tra-

    balho que se pode compreender o processo his-

    trico de produo cientfica e tecnolgica, bem

    como o desenvolvimento e a apropriao social

    desses conhecimentos para a transformao das

    condies naturais da vida e ampliao das capa-

    cidades, das potencialidades e dos sentidos hu-

    manos.

    Por essa razo que explicitamos nos-

    sa concordncia com as Diretrizes Curriculares

    Nacionais do Ensino Mdio, pois a partir delas

    possvel traar um novo caminho para esta etapa

    da educao bsica, um caminho que, ao levar

    a uma formao que no dissocia a cultura da

    cincia e do trabalho, possibilita aos estudantes

    compreenderem que os conhecimentos e os va-

    lores caractersticos de um tempo histrico e de

    um grupo social trazem a marca das razes, dos

    problemas, das necessidades e das possibilidades

    que orientaram o desenvolvimento dos meios e

    das relaes sociais e de produo. Conforme o

    que propem as DCNEM para o currculo:

    A integrao entre as dimenses do trabalho, cincia, tecnologia e cultura na perspectiva do trabalho como prin-cpio educativo tem por fim propiciar a compreenso dos fundamentos cien-tficos e tecnolgicos dos processos sociais e produtivos, devendo orien-tar a definio de toda proposio curricular, constituindo-se no funda-mento da seleo dos conhecimen-tos, disciplinas, metodologias, es-tratgias, tempos, espaos, arranjos

  • 27

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    curriculares alternativos e formas de avaliao (BRASIL, 2011, p. 20. Grifos dos autores).

    Reflexo e aoReconhecemos a complexidade das propos-

    tas das atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para

    o Ensino Mdio. Por essa razo, propomos que se

    reserve um tempo para a leitura e aprofundamen-

    to:

    1) Ler e analisar as Diretrizes Curricula-

    res Nacionais do Ensino Mdio (Parecer CNE/

    CEB 05/2011 e Resoluo CNE/CEB n 02/2012

    disponveis em: ;

    2) Organizar uma roda de conversa com os

    professores da escola sobre as DCNEM.

    3) Sistematizao: quais as proposies que

    mais geraram debate? A que voc atribui que te-

    nham sido essas as questes mais polmicas?

    4) Faa o registro dessa atividade e socialize

    com os demais professores cursistas.

    3. Uma ao curricular integrada para

    uma formao humana integral

    3.1. O resgate do conhecimento escolar no

    campo do currculo

    Parece bvio afirmar que o conhecimen-

    to, em se tratando de currculo, ocupa lugar

    central. No entanto, no vamos nos esquecer

    de que passamos em perodo recente por um

  • 28

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    discurso curricular que tirava o foco do conheci-

    mento ao propor a definio de competncias e

    habilidades, ou o aprender a aprender, como

    elementos centrais do planejamento e das prti-

    cas pedaggicas.

    Young (2007), ao fazer a crtica s peda-

    gogias do aprender a aprender, as quais tiram o

    foco do conhecimento cientfico e (super)valori-

    zam os saberes do cotidiano, defende a posio

    de que o conhecimento escolar necessita ultra-

    passar a dimenso estritamente local, instrumen-

    tal ou particularizada e oferecer as bases para a

    compreenso das relaes entre o universal e

    o particular. A esta perspectiva, Young atribui o

    sentido de conhecimento poderoso.

    O currculo tem que levar em considerao o conhecimento local e cotidiano que os alunos trazem para a escola, mas esse conhecimento nunca poder ser uma base para o currculo. A estrutura do conhecimento local plane-jada para relacionar-se com o particular e no pode fornecer a base para quaisquer princpios generalizveis. Fornecer aces-so a tais princpios uma das principais razes pelas quais todos os pases tm escolas (YOUNG, 2007, p. 13).

    Diante dessa argumentao, com a qual

    concordamos, indagamos sobre que movimentos

    so necessrios para valorizarmos as potenciali-

    dades do currculo organizado a partir da centra-

    lidade do conhecimento. Vimos que a trajetria

    histrica do ensino mdio nos levou a organizar

    o conhecimento escolar em disciplinas e que esta

    organizao instituiu uma forma fragmentada e

    hierarquizante. Isso nos coloca diante do seguin-

    te questionamento: possvel organizar o curr-

    culo do ensino mdio sem abrir mo da centra-

    No link abaixo voc aces-sa o ar tigo de Michael Young. Para que servem as escolas.

    .

  • 29

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    lidade do conhecimento e de seus sujeitos e, ao

    mesmo tempo, enfrentarmos os limites da frag-

    mentao do saber e a hierarquizao entre as

    disciplinas? A esse respeito nos debruaremos na

    seo 4. Por ora, julgamos de extrema relevncia

    fazermos, junto a voc, professor, uma discus-

    so sobre o conhecimento escolar e expressar

    nossa compreenso quanto sua centralidade

    se quisermos, de fato, nos comprometer com

    os sujeitos do ensino mdio e com sua formao

    humana integral.

    O conhecimento e a apropriao deste

    em suas distintas formas de expresso e produ-

    o central no campo do currculo porque par-

    timos da ideia de que o conhecimento e sua ex-

    presso escolar so produtos histrico-culturais.

    Entendemos que a produo e a elaborao do

    conhecimento ocorrem em momentos nos quais

    os homens interagem entre si no intuito de en-

    contrar respostas aos mais diversificados desa-

    fios interpostos entre eles e a produo da sua

    existncia, material e imaterial.

    Derivados das cincias de referncias, os

    conhecimentos escolares, ao serem identifica-

    dos como relevantes, so selecionados e organi-

    zados para que possam ser ensinados e apren-

    didos. Nesse processo, o conhecimento escolar

    torna-se elemento essencial do desenvolvimento

    cognitivo do estudante, bem como de sua forma-

    o tica, esttica e poltica.

    Entendemos tambm que o domnio da

    cincia bsica, na perspectiva da compreenso

    dos fundamentos cientficos e tecnolgicos que

    explicam o processo de produo da existncia

    humana em seus aspectos material e imaterial e

    histrico-cultural, no se obtm pela reproduo

  • 30

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    pura e simples dos conceitos. Neste sentido

    que inserimos a crtica pedagogia da memori-

    zao e afirmamos a necessidade de uma edu-

    cao que ajude a ler a realidade (Paulo Freire),

    que ajude a compreender essa realidade critica-

    mente. Tal perspectiva pressupe, alm do aces-

    so ao conhecimento, o domnio dos mtodos de

    produo do conhecimento.

    E aqui chegamos a mais uma possibilida-

    de posta pelas Diretrizes Curriculares Nacionais

    para o Ensino Mdio, que propem a pesquisa

    como princpio pedaggico. A esse respeito,

    explicitamos a seguinte compreenso:

    necessrio potencializar o for-talecimento da relao entre o ensino e a pesquisa, na perspectiva de contribuir com a edificao da autonomia intelec-tual dos sujeitos frente (re)construo do conhecimento e de outras prticas sociais. Isto significa contribuir, entre outros aspectos, para o desenvolvimen-to das capacidades de, ao longo da vida, interpretar, analisar, criticar, refletir, re-jeitar ideias fechadas, aprender, buscar solues e propor alternativas, poten-cializadas pela investigao e pela res-ponsabilidade tica assumida diante das questes polticas, sociais, culturais e econmicas (SILVA, 2013, p. 76).

    A pesquisa como princpio pedaggico

    capaz de levar o estudante em direo a uma

    atitude de curiosidade e de crtica, por meio da

    qual ele instigado a buscar respostas e a no

    se contentar com pacotes prontos. capaz de

    atribuir sentido e significado ao conhecimento

    escolar, produzir uma relao mais dinmica com

    esse conhecimento, resgatar sua dimenso expli-

    cativa e potencializadora.

  • 31

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    As consideraes feitas sobre o currculo e as possibilidades apontadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio sobre novos ar-ranjos curriculares vo ao encontro da necessidade de que nesta etapa da edu-cao bsica se efetive a necessria inte-grao entre um ncleo de conheci-mentos do currculo obrigatrio com atividades e opes do prprio inte-resse do estudante (NOSELLA, 2009) como forma de atribuir novos sentidos experincia escolar e consolidar a iden-tidade do ensino mdio como educao bsica com vistas formao humana in-tegral. Isso significa rever as velhas for-mas, os velhos arranjos estritamente dis-ciplinares que inviabilizam dilogos entre os campos da cincia e entre estes e o contexto histrico cultural em que os jo-vens (e adultos) alunos do ensino mdio se situam. (SILVA, 2013, p. 76).

    3.2. O sentido da formao

    humana integral

    Afinal de contas, por que estamos falando em formao humana integral? Porque na socieda-de em que vivemos, marcada por prticas sociais excludentes e por uma educao escolar tradicio-nalmente assentada na dominao e no controle sobre os indivduos, pensar uma educao volta-da para a emancipao passa, necessariamente, por tomar como objetivo uma formao voltada para a reflexo e para a crtica. Alm disso, pau-tada na possibilidade de levar em considerao a capacidade de o indivduo tornar-se autnomo intelectual e moralmente, isto , de ser capaz de interpretar as condies histrico-culturais da so-

  • 32

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    ciedade em que vive e impor autonomia s suas prprias aes e pensamentos.

    Essas finalidades, se assim entendemos,

    devem estar na base das proposies curricula-

    res, isto , da definio das reas e disciplinas, dos

    conhecimentos, do tratamento metodolgico a

    eles conferidos, dos processos avaliativos, enfim,

    do conjunto de prticas que do materialidade a

    determinado projeto educativo (SILVA, 2012).

    Formao humana integral tambm se re-

    fere compreenso dos indivduos em sua inteire-

    za, isto , a tomar os educandos em suas mltiplas

    dimenses intelectual, afetiva, social, corprea,

    com vistas a propiciar um itinerrio formativo que

    potencialize o desenvolvimento humano em sua

    plenitude, que se realiza pelo desenvolvimento da

    autonomia intelectual e moral.

    Qual o sentido de uma formao voltada

    para a produo da autonomia dos indivduos?

    Vale lembrar que a educao inclusive a escolar

    possui sempre um duplo carter: o da adaptao

    e da emancipao, o da produo da identidade e

    da diferena. A escola, no entanto, em nossa so-

    ciedade tem privilegiado mais a adaptao do que

    a emancipao, mais a produo da semelhana,

    da padronizao, do que da diferenciao. Colo-car no horizonte a possibilidade de formao para a autonomia intelectual e moral significa tomar um posicionamento diante desse duplo carter da ao educativa, significa nos comprometermos, ao mesmo tempo, com a produo da identidade e da diferena, com a adaptao e a emancipao.

    Diante do desafio de pensar o currculo

    do ensino mdio cabe, portanto, a indagao:

    para que, exatamente, devemos nos voltar quan-

    do nos envolvemos com a ao de ajudar a for-

    Para aprofundar esses con-ceitos e suas relaes com a educao escolar recomen-damos a seguinte publicao: ADORNO, T. Educao e emancipao. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

  • 33

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    mar outro ser humano? Uma das respostas a essa

    pergunta tem a ver com a inteno de formar

    no outro aquilo que ns mesmos somos, mas de

    tal modo que esse outro seja um pouco de ns

    e, ao mesmo tempo, diferente de ns. Dito de

    outro modo, ou a educao escolar se destina

    formao para a autonomia ou ela no capaz

    de ultrapassar a mera adaptao dos indivduos

    sociedade. Autonomia intelectual e moral ins-

    titui-se, assim, como a grande finalidade do pro-

    jeto educativo voltado para a formao humana

    integral.

    com o fim, dentre outros, de possibi-

    litar essa formao voltada para a autodetermi-

    nao que se justifica a nfase que se deve dar

    no processo de escolarizao ao desenvolvimen-

    to das mltiplas possibilidades de comunicao

    pelo uso das diferentes linguagens. A relao

    entre pensamento e linguagem, to bem explo-

    rada por Vygotsky (1998), nos ensina que no

    possvel nos valermos das formas mais comple-

    xas de formalizao do pensamento, na ausncia

    do pleno domnio das capacidades de expresso

    verbal. Como ento explicar a secundarizao

    da oralidade em favor da expresso escrita, to

    frequente em nossas escolas? Ser que ao nos re-

    ferenciarmos s grandes finalidades da escola em

    nossa sociedade no devemos problematizar o

    modo como vem se desenvolvendo a relao en-

    tre linguagem oral e escrita, entre formalizao

    do pensamento e capacidade de comunicao?

    Este um dos desafios, entre tantos outros, que

    se colocam diante do planejamento da ao edu-

    cativa, se nos guiarmos pelo compromisso com a

    superao das limitaes interpostas realizao

    de um projeto educativo de fato emancipatrio.

  • 34

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    Outro desses desafios diz respeito ne-cessidade de se manter vivo o interesse, o gosto, o prazer pela aprendizagem, tantas vezes substi-tudos por prticas que, ao adquirirem o carter de obrigatoriedade, de repetio pura e simples ou pelo fato de no fazerem o menor sentido, fazem brotar em nossos alunos menos o gosto e mais a desmotivao, menos o prazer e mais o desinteresse pelo que lhes proposto. Essa necessidade, de se manter o gosto pela investi-gao, pelo novo, de cultivar o prazer em se ter acesso ao conhecimento, precisa se converter em um dos critrios balizadores da ao de planejar a ao educativa, assim como o exerccio do racio-cnio lgico e da autonomia de pensamento.

    As finalidades ora destacadas aliam-se a um dos grandes fins a que tem sido destinada a escola-rizao bsica: o acesso a conhecimentos cientficos bsicos, bem como a conhecimentos de outra natu-reza. Muito mais do que ser um fim em si mesmo, o acesso ao conhecimento, convertido em saber escolar por meio das transposies didticas, o meio de que dispomos para nos aproximarmos da realizao de um projeto educativo no qual esteja no horizonte o exerccio da autonomia, da reflexo e da crtica.

    Reflexo e aoLeia atentamente o quadro abaixo

    FINALIDADES DA EDUCAO BSICA

    Propiciar o desenvolvimento fsico, intelec-tual, social e emocional do educando, tendo em vista a construo de sua autonomia in-telectual e moral; Possibilitar o desenvolvimento das capa-cidades de comunicao, por meio das dife-rentes linguagens e das formas de expresso individual e grupal;

  • 35

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    Incentivar o gosto pela aprendizagem, pela investigao, pelo conhecimento, pelo novo; Exercitar o pensamento crtico, por meio do aprimoramento do raciocnio lgico, da criatividade, e da superao de desafios; Estimular o desenvolvimento psicomotor, as habilidades fsica, motora e as diferentes destrezas; Propiciar o domnio de conhecimentos cientficos bsicos, nas diferentes reas, tais como: Matemtica, Lngua Portuguesa, Histria, Geografia, Biologia, Fsica, Qumi-ca, Sociologia, Filosofia, Educao Artstica e Educao Fsica; Favorecer a sociabilizao, isto , a produo da identidade e da diferenciao cultural, mediante a localizao de si prprio como sujeito, da participao efetiva na so-ciedade e da localizao espao-temporal e sociocultural.

    FONTE: SILVA, M. R. et al. Planejamento e tra-balho coletivo. Coletnea Gesto da Escola Pbli-ca. Curitiba: UFPR, 2005.

    Que relaes voc estabelece entre es-

    sas finalidades e o que praticado nas esco-

    las, considerando sua experincia como aluno e

    como professor?

    Refletir: essas finalidades no so dis-

    ciplinares, mas emergem da contribuio que

    cada disciplina, cada rea, cada experincia vivi-

    da dentro e fora da escola oferece no processo

    formativo ao longo da vida. Em vista dessa con-

    siderao, escreva um texto no qual voc evi-

    dencie as contribuies do que voc ensina para

    o desenvolvimento da autonomia intelectual e

    moral de seus alunos.

  • 36

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    4. A integrao curricular a par-

    tir das dimenses do trabalho, da ci-

    ncia, tecnologia e cultura na prtica

    escolar

    O currculo , em outras pala-vras, o corao da escola, o espao cen-tral em que todos atuamos, o que nos torna, nos diferentes nveis do processo educacional, responsveis por sua ela-borao. O papel do educador no pro-cesso curricular , assim, fundamental. Ele um dos grandes artfices, queira ou no, da construo dos currculos que se materializam nas escolas e nas salas de aula. Da a necessidade de constantes discusses e reflexes, na escola, sobre o currculo, tanto o currculo formalmente planejado e desenvolvido quanto o curr-culo oculto. Da nossa obrigao, como profissionais da educao, de participar crtica e criativamente na elaborao de currculos mais atraentes, mais democr-ticos, mais fecundos. (MOREIRA; CAN-DAU, 2007).

    4.1. O currculo do ensino mdio e as di-

    menses do trabalho, da cultura, da cincia

    e da tecnologia

    Como sair do mundo das ideias e alcanar

    a transformao do cotidiano da escola? Como

    fica a organizao curricular ao conferir estas di-

    menses constitutivas da prtica social (trabalho,

    cincia, tecnologia e cultura) que devem organi-

    zar o ensino mdio? Como as DCNEM do ensino

    mdio podem ser apropriadas e serem capazes

    de mobilizar uma mudana curricular nas escolas

    de ensino mdio?

  • 37

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    Existem mais perguntas do que respostas,

    mas existe um ponto de partida de que qualquer

    mudana curricular relevante deve comear da

    realidade e da construo coletiva dos educa-

    dores da instituio escolar. Assim, a proposta

    que, respeitadas as diretrizes curriculares nacio-

    nais, as normas do sistema de ensino, as insti-

    tuies possam ser capazes de organizar o cur-

    rculo e desenvolver atividades relacionadas s

    dimenses do trabalho, da cincia, da tecnologia

    e da cultura, visando a atender s necessidades

    e caractersticas sociais, culturais, econmicas e

    intelectuais dos estudantes.

    As experincias curriculares presentes

    nas escolas e na teoria pedaggica demonstram

    que os currculos no so contedos prontos a

    serem transmitidos. So uma construo e uma

    seleo de conhecimentos e prticas produzidos

    em contextos concretos e em dinmicas sociais,

    polticas e culturais, intelectuais e pedaggicas.

    Conhecimentos e prticas expostos s novas di-

    nmicas e reinterpretados em cada contexto his-

    trico. Os currculos so orientados pela dinmi-

    ca da sociedade e, sempre, por uma seleo de

    conhecimentos a partir da finalidade e dos obje-

    tivos educacionais desejados. Cabe a ns, como

    profissionais da Educao, encontrar respostas.

    No se trata de uma proposta fcil; antes

    um grande desafio a ser construdo processu-

    almente pelos sistemas e instituies de ensino,

    objetivando prticas curriculares e pedaggicas

    que levem formao integral do educando e

    possibilitem construes intelectuais elevadas,

    mediante a apropriao de conceitos necess-

    rios interveno consciente na realidade. Uma

    poltica de ensino mdio nesta perspectiva visa

    Superar as difceis e desiguais condies de oferta da edu-cao brasileira um dos grandes desafios da poltica educacional. Para ilustrar es-sas condies sugerimos que voc assista ao filme Pro dia nascer feliz, de Joo Jardim, Brasil, 2006.

  • 38

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    fomentar, estimular e gerar condies para que

    os sistemas e as instituies de ensino, com seus

    sujeitos, formulem seus projetos em coerncia

    com as suas necessidades e para a consecuo

    de finalidades universais postas para esta etapa

    de educao.

    O que muda na organizao curricular

    de uma escola a qual se fundamenta na possibi-

    lidade integradora da articulao entre trabalho,

    cultura, cincia e tecnologia? Altera-se o tipo de

    formao anteriormente proporcionada, em que

    a ao educativa est centrada numa perspecti-

    va propedutica, dissociada do trabalho em suas

    dimenses ontolgica e histrica; da cincia e da

    tecnologia como conhecimentos produzidos e

    acumulados pela humanidade e que produzem o

    avano contraditrio das foras produtivas; e da

    cultura como cdigo e expresso dos compor-

    tamentos dos indivduos e grupos que integram

    determinada sociedade e como manifestao de

    sua forma de organizao poltica e econmica.

    Essa mudana exige que cada comunidade esco-

    lar reflita, discuta e estabelea novos consensos

    mnimos acerca das concepes de educao, de

    cincia, de tecnologia, de trabalho, de cultura, de

    ser humano.

    Enfim, o redesenho curricular tendo

    como eixo estruturante as dimenses do traba-

    lho, da cincia, da tecnologia e da cultura exige

    a atualizao do Projeto Poltico-Pedaggico das

    unidades escolares.

    O reconhecimento do professor como

    sujeito e protagonista desse novo desenho cur-

    ricular representa uma possibilidade de xito do

    projeto a ser construdo. Um olhar sobre a rea-

    lidade nos mostra que a escassa participao dos

  • 39

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    segmentos institucionais, principalmente dos do-

    centes, uma das causas que contribui para que

    muitos projetos pedaggicos no passem de do-

    cumentos, os quais apenas atendem s exigncias

    burocrticas dos sistemas de ensino e terminam

    sendo arquivados e esquecidos. Tais documentos

    so geralmente elaborados por pequenos grupos

    e no adquirem sentido para o processo peda-

    ggico institucional, pois no conseguem afetar a

    vida da escola. Por essa razo que valorizamos

    os processos coletivos, os dilogos, as decises

    tomadas em conjunto e democraticamente.

    Em se tratando de reestruturao curri-

    cular, possvel detectar uma tendncia em se

    questionar o espao das disciplinas ora reconhe-

    cendo-se que, ao longo da histria, a concepo

    disciplinar do currculo caracteriza-se pela frag-

    mentao e isola em compartimentos estanques

    e incomunicveis cada uma das disciplinas, ora

    recaindo-se na defesa da organizao por discipli-

    nas, por ser a forma a partir da qual se formaram

    os professores e se consolidaram os arranjos cur-

    riculares.

    Como forma de resolver essa questo

    ou, pelo menos, minimizar os prejuzos decor-

    rentes da organizao disciplinar dos currculos,

    tm surgido, ao longo da histria, propostas a

    partir de outras estratgias e metodologias que

    tratam da aprendizagem baseada em: problemas;

    centros de interesses; projetos; complexos tem-

    ticos; investigao do meio, entre outras. Essas

    metodologias buscam romper com a centralida-

    de das disciplinas nos currculos e substitu-las

    por aspectos mais globalizadores e que abranjam

    a complexidade das relaes existentes entre os

    ramos da cincia no mundo real.

  • 40

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    Entretanto, apesar de potenciais vanta-

    gens que trazem essas metodologias ao apro-

    ximarem mais os conhecimentos escolares dos

    cientficos, tambm existem riscos e fragilida-

    des. Em primeiro lugar, preciso destacar que a

    grande maioria dos relatos de experincias nessa

    esfera tem como teor as sries iniciais do ensi-

    no fundamental, nas quais no se exige grande

    aprofundamento dos conceitos no interior das

    disciplinas escolares.

    No caso do ensino mdio, essas metodo-

    logias encontram barreiras em funo da neces-

    sidade do aprofundamento dos conceitos ineren-

    tes s disciplinas e reas do conhecimento, j que

    cada uma se caracteriza por ter objeto prprio

    de estudo e mtodo especfico de abordagem.

    Dessa maneira, tem se revelado praticamente

    impossvel desenvolver propostas globalizado-

    ras que abranjam os conceitos e especificidades

    de todas as disciplinas e reas.

    Assim, as propostas voltadas para o ensino

    mdio, em geral, esto baseadas em metodologias

    mistas, as quais so desenvolvidas em, pelo me-

    nos, dois espaos e tempos: um voltado para as

    denominadas atividades integradoras e outro des-

    tinado ao aprofundamento conceitual no interior

    das disciplinas. a partir da que se apresenta uma

    possibilidade de organizao curricular do ensino

    mdio que potencialize uma ampliao de conhe-

    cimentos em sua totalidade e no por suas partes

    isoladas. Para fins formativos, isso significa identi-

    ficar componentes e contedos curriculares que

    permitam fazer relaes cada vez mais amplas e

    profundas entre os fenmenos que se quer apre-

    ender e a realidade na qual eles se inserem.

  • 41

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    Dessa forma, possvel pensar uma or-

    ganizao curricular que se faa no caminhar, or-

    ganizada inicialmente por disciplinas e reas do

    conhecimento (recorte do real para aprofundar

    conceitos) alternadas com atividades integrado-

    ras (imerso no real ou sua simulao para com-

    preender a relao parte-totalidade por meio de

    atividades interdisciplinares).

    H dois pontos cruciais nessa proposta: a

    definio das disciplinas e reas do conhecimen-

    to, com a respectiva seleo de contedos, e a

    definio das atividades integradoras, pois ne-

    cessrio que ambas sejam efetivadas e articuladas

    entre si a partir das inter-relaes existentes entre

    os eixos constituintes do ensino mdio, ou seja, o

    trabalho, a cincia, a tecnologia e a cultura.

    Com relao s atividades integradoras,

    no cabe especificar denominaes, embora haja

    vrias na literatura, cada uma com suas peculia-

    ridades. Assume-se essa postura por compreen-

    dermos que tal definio funo de cada co-

    letivo, a partir da realidade concreta vivenciada,

    o que inclui as especificidades e possibilidades

    do sistema de ensino e da unidade escolar, as-

    sim como as caractersticas sociais, econmicas,

    polticas, culturais e laborais da sociedade, do

    entorno escolar e dos sujeitos estudantes e pro-

    fessores.

    4.2. Caminhos possveis na construo de

    uma perspectiva curricular integrada

    Entendemos que um currculo integrado

    desafiado pela fragmentao, linearidade e hie-

    rarquizao que historicamente deixam estanques

  • 42

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    saberes e prticas, isolam segmentos, disciplinas,

    reas e atribuem a algumas em geral s cincias

    ditas exatas um papel preponderante na carga ho-

    rria e na avaliao do aluno. Sem ignorar que o

    currculo um territrio de embates e luta de po-

    deres, preciso aproveitar possibilidades de rup-

    tura com o isolamento disciplinar e com as dico-

    tomias teoria/prtica e educao geral/profissional

    para propor atividades integradoras, nas quais os

    conhecimentos de diferentes disciplinas, gerais ou

    tcnicas, possam ser mobilizados de modo articu-

    lado em situaes desafiadoras e instigantes, pro-

    movendo a autonomia e o protagonismo crescen-

    te dos estudantes. Uma formao plena vai alm

    do domnio de conhecimento especfico ou do

    contexto profissionalizante em que este se aplica.

    Entendemos ser necessrio que o estu-

    dante consiga relacionar os conceitos especficos

    (de cada componente curricular) com o contexto

    de produo original deste conhecimento, isto ,

    das teorias gerais do campo cientfico em que foi

    formulado. Sem isso, provavelmente o sujeito em

    formao s saber executar corretamente pro-

    cedimentos nos contextos/situaes em que os

    saberes foram utilizados por seus professores, ou,

    ainda, permanecer nos limites da repetio mec-

    nica e formalizada, sem desenvolver plenamente

    sua autonomia intelectual, moral, tica e esttica.

    Em vista disso, entendemos como urgen-

    te e necessrio avanar para um currculo plural

    e inclusivo, que apresente uma perspectiva mul-

    ti/intercultural e abra espao para que diferentes

    etnias, gneros, faixas etrias e necessidades de

    aprendizagem alm de outras categorias da diver-

    sidade sejam efetivamente contempladas.

    Em suma, estamos diante do desafio de

  • 43

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    implementar um currculo que:

    Seja inclusivo e intercultural; Supere o iderio do dualismo entre for- mao geral e formao profissional;

    Proporcione um caminho formativo mo- tivador, tanto pela integrao entre tra-

    balho, cultura, cincia e tecnologia como

    pela prospeco de um futuro melhor;

    Articule a formao cultural e o trabalho produtivo;

    Aproxime as cincias naturais das cincias humanas.

    Com base nesses pressupostos e diante dos desafios sinalizados, propomos um caminho que possa favorecer algumas articulaes:

    1. Seleo de conceitos fundamentais por

    rea do conhecimento (sugere-se um

    mapa conceitual);

    2. Identificao de conceitos comuns (inter/

    intra-reas do conhecimento). Juntar ma-

    pas disciplinares e a partir da fazer um

    grande mapa curricular;

    3. Proposta de contextos problematizado-

    res que mobilizem os conceitos. Articular

    com vida cidad/mundo do trabalho;

    4. No caso dos conceitos comuns, viabilizar

    atividades/projetos interdisciplinares a par-

    tir destes contextos.

  • 44

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    Reflexo e ao

    1. Faa a leitura da proposta curricular

    da sua escola e do componente curri-

    cular em que voc atua presente nes-

    sa proposta.

    2. Organize uma roda de dilogo com

    os jovens alunos da escola e com seus

    colegas professores; sobre o curr-

    culo da escola; sobre o currculo vivi-

    do por estes alunos; sobre o sentido

    do conhecimento escolar, das experi-

    ncias vividas mediadas por esse co-

    nhecimento e sobre a necessidade de

    outros conhecimentos e abordagens;

    conduza de modo a fazer emergir

    propostas, sugestes de outros enca-

    minhamentos para o currculo, para

    as disciplinas e para outros arranjos

    curriculares, considerando as dimen-

    ses do trabalho, da cincia, da cultu-

    ra e da tecnologia.

    3. Sistematize as concluses e socialize

    seus registros em redes virtuais inte-

    rativas.

  • 45

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    Referncias

    APPLE, M. Ideologia e currculo. Trad. de Carlos Eduardo Ferreira de Carvalho. So Paulo: Brasi-liense, 1982. BAZZO, W. A. Cincia, tecnologia e sociedade e o contexto da educao tecnolgica. 3. ed. rev. Flo-rianpolis: Ed. da UFSC, 2011. BRASIL. Conselho Nacional de Educao. Diretri-zes Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio. Parecer CNE/CEB 05/2011. Disponvel em: . Acesso em: 24/07/2013CARRANO, P. C. R. O ensino mdio na transio da juventude para a vida adulta. In: FERREIRA, C. A. Juventude e iniciao cientfica. Polticas pbli-cas para o ensino mdio. Rio de Janeiro: EPSJV/UFRJ, 2010.GIROUX, H. Pedagogia radical. Subsdios. Trad. de Dagmar M. L. Zibas. So Paulo: Cortez, 1983. MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Indagaes sobre currculo: currculo, conhecimento e cultu-ra. Organizao do documento: Jeanete Beau-champ, Sandra Denise Pagel e Ariclia Ribeiro do Nascimento. Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica, 2007.NOSELLA, P. Ensino Mdio: natureza, histria e perspectivas. Texto apresentado no VI Colquio de Pesquisa sobre Instituies Escolares, promo-vido pelo PPGE da UNINOVE-SP (27/08/2009) e no encerramento do V Simpsio sobre Traba-lho e Educao, promovido pela FAE/NETE da UFMG/BH (28/08/2009). O mesmo texto foi apresentado no Seminrio Nacional de Polticas para o Ensino Mdio, a convite do Ministrio da Educao, Braslia, 23 de set. 2009.SILVA, M. R. Educao, trabalho e indstria no Brasil dos anos 40. 1991. Dissertao (Mestrado) UFSCAR. So Paulo: UFSCAR, 1991.______. Perspectivas curriculares contemporne-as. Curitiba: IBPEX, 2012.______. Juventudes e Ensino Mdio: possibilida-des diante das novas DCN. In: AZEVEDO, J. C.;

  • 46

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    REIS, J. T. Reestruturao do Ensino Mdio: pres-supostos tericos e desafios da prtica. So Pau-lo: Fundao Santillana, 2013.______ et al. (Orgs.). Planejamento e trabalho coletivo. Coletnea Gesto da Escola Pblica. Caderno 2. Curitiba: UFPR, 1995. Disponvel em: .SILVA, T. T. Teorias do currculo. Portugal: Porto Editora, 2000.TYLER, R. W. Princpios bsicos de currculo e en-sino. Trad. de Leonel Vallandro. 3. ed. Porto Ale-gre: Globo, 1976.VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. So Paulo: Martins Fontes, 1998.YOUNG, M. Para que servem as escolas? Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 101, p. 1287-1302, set./dez. 2007. Disponvel em .

  • 47

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    ENSINO MDIO E FORMAO HUMANA INTEGRALEtapa I Caderno IAUTORESCarmen Sylvia Vidigal MoraesDante Henrique MouraDirce Djanira Pacheco e ZanJorge Alberto Rosa Ribeiro

    O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MDIOEtapa I Caderno IIAUTORESPaulo CarranoJuarez DayrellLicinia Maria CorreaShirlei Rezende SalesMaria Zenaide AlvesIgor Thiago Moreira OliveiraSymaira Poliana Nonato

    O CURRCULO DO ENSINO MDIO, SEUS SUJEITOS E O DESAFIO DA FORMAO HUMANA INTEGRALEtapa I Caderno IIIAUTORESCarlos Artexes SimesMonica Ribeiro da Silva

    REAS DE CONHECIMENTO E INTEGRAO CURRICULAREtapa I Caderno IVAUTORESMarise Nogueira RamosDenise de FreitasAlice Helena Campos Pierson

    ORGANIZAO E GESTO DEMOCRTICA DA ESCOLAEtapa I Caderno VAUTORESCelso Joo FerrettiRonaldo Lima ArajoDomingos Leite Lima Filho

    AVALIAO NO ENSINO MDIOEtapa I Caderno VIAUTORESOcimar Alavarse

    Gabriel Gabrowski

  • 48

    O currculo do Ensino Mdio, seus sujeitos e a formao humana integral

    FORMAO E INSTITUIO DOS AUTORES

    Alice Helena Campos PiersonDoutora em Educao pela Universidade de So Paulo e professora associada da Universidade Federal de So Carlos.

    Carmen Sylvia Vidigal MoraesDoutora em Sociologia pela Universidade de So Paulo e professora associada na mesma Universidade.

    Carlos Artexes SimesMestre em Educao pela Universidade Federal Fluminense e professor do Centro Federal de Educao Tecnolgica Celso Suckow da Fonseca no Rio de Janeiro.

    Celso Joo FerrettiDoutor em Educao pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo. Aposentado da Rede Pblica de Ensino do Estado de S. Paulo, da PUC/SP e da Fundao Carlos Chagas.

    Dante Henrique MouraDoutor em Educao pela Universidade Complutense de Madri e professor no Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Rio Grande do Norte.

    Denise de FreitasDoutora em Educao pela Universidade de So Paulo, professora associada da Universidade Federal de So Carlos e Assessora do Setor de Biologia do Centro de Divulgao Cientfico e Cultural USP-SC.

    Dirce Djanira Pacheco e ZanDoutora em Educao pela Universidade Estadual de Campinas e professora MS3 na mesma Universidade.

    Domingos Leite Lima FilhoDoutor em Educao pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor da Universidade Tecnolgica Federal do Paran.

    Gabriel GrabowskiDoutor em Educao pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor da Universidade Feevale e do Centro Universitrio Metodista de Educao de Porto Alegre.

    Igor Thiago Moreira OliveiraMestre em Educao pela Universidade Federal de Minas Gerais.

    Jorge Alberto Rosa RibeiroDoutor em Sociologia da Educao pela Universidade de Salamanca e professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

  • 49

    Formao de Professores do Ensino Mdio

    Juarez Tarcisio DayrellDoutor em Educao pela Universidade de So Paulo e professor associado da Universidade Federal de Minas Gerais.

    Licinia Maria CorreaDoutora em Educao Escolar pela Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho e professora adjunta da Universidade Federal de Minas Gerais.

    Maria Zenaide AlvesDoutora em Educao pela Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenadora pedaggica na Universidade Federal de Minas Gerais.

    Marise Nogueira RamosDoutora em Educao pela Universidade Federal Fluminense, professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro e pesquisadora na Escola Politcnica de Sade Joaquim Venncio, da Fundao Oswaldo Cruz.

    Monica Ribeiro da SilvaDoutora em Educao pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo e professora associada da Universidade Federal do Paran.

    Paulo CarranoDoutor em Educao pela Universidade Federal Fluminense e professor associado na mesma Universidade.

    Ronaldo Marcos de Lima AraujoDoutor em Educao pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor associado da Universidade Federal do Par.

    Shirlei Rezende SalesDoutora em Educao pela Universidade Federal de Minas Gerais e professora adjunta na mesma Universidade.

    Symaira Poliana NonatoPedagoga pela Universidade Federal de Minas Gerais.

    Ocimar Munhoz Alavarse Doutor em Educao pela Universidade de So Paulo e professor na mesma Universidade.