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www.sitedomazza.com.br - conteúdo exclusivo - 1 MATERIAL COMPLEMENTAR ASSISTENTE JURÍDICO DO MP/SP 2010 Prof. Alexandre Mazza Parte 1 – Princípios do Direito Administrativo Dupla funcionalidade dos princípios administrativos: 1) hermenêutica; 2) integrativa. Importância mais acentuada diante da ausência de codificação do DA no BR. Regime jurídico-administrativo Está estruturado sobre 2 noções centrais, que refletem o conflito entre PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO e DIREITOS DOS ADMINISTRADOS (Fernando Garrido Falla): a) supremacia do interesse público sobre o privado; b) indisponibilidade do interesse público. Tais supraprincípios não têm caráter absoluto, imutável e intrínseco. Seu alcance e significado variam de acordo com o modo como são positivados pelo Direito. Supremacia do interesse público (primário) Primário X Secundário *** Na jurisprudência do STF a distinção consta, por exemplo, nos votos do Ministro Marco Aurélio RE 413.478/PR e 420.816/PR

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MATERIAL COMPLEMENTAR

ASSISTENTE JURÍDICO DO MP/SP 2010

Prof. Alexandre Mazza

Parte 1 – Princípios do Direito Administrativo

Dupla funcionalidade dos princípios administrativos: 1) hermenêutica; 2) integrativa.

Importância mais acentuada diante da ausência de codificação do DA no BR.

Regime jurídico-administrativo

Está estruturado sobre 2 noções centrais, que refletem o conflito entre PRERROGATIVAS DA ADMINISTRAÇÃO e DIREITOS DOS ADMINISTRADOS (Fernando Garrido Falla):

a) supremacia do interesse público sobre o privado; b) indisponibilidade do interesse público.

Tais supraprincípios não têm caráter absoluto, imutável e intrínseco. Seu alcance e significado variam de acordo com o modo como são positivados pelo Direito.

Supremacia do interesse público (primário)

Primário X Secundário

*** Na jurisprudência do STF a distinção consta, por exemplo, nos votos do Ministro Marco Aurélio RE 413.478/PR e 420.816/PR

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Indisponibilidade do interesse público

Restrições recentes:

a) Na Lei dos JEF (10.259/01) permite-se conciliação, transação e desistência (art. 10) e não há prazos especiais em favor do Estado

b) Na Lei de Concessões (8987/95), o art. 23-A admite o EMPREGO DE MECANISMOS PRIVADOS PARA RESOLUÇÃO DE DISPUTAS, como ARBITRAGEM. O mesmo vale para as PPPs

c) Na Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública (Lei 12.153/09) também é admitida transação e conciliação

Princípios expressos na CF/88

Não se pode mais tratar somente do LIMPE (37, “caput”, da CF) Assim, deve-se falar em:

Legalidade

Impessoalidade

Moralidade

Publicidade

Eficiência

Celeridade, duração razoável ou razoabilidade (5º, LXXVIII, da CF)

Participação (37, § 3º)

Contraditório

Ampla Defesa

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Devido processo legal

1 - Legalidade

Lei 9784/99 e o “bloco da legalidade”

Exceções à legalidade (CABM): MPs, estado de defesa (art. 136) e estado de sítio (art. 137)

Reflexos constitucionais: a) art. 37, “caput”; b) art. 5º, II; c) art. 84,IV.

2 – Impessoalidade/Isonomia/Igualdade/Imparcialidade

Reflexo relevante: Art. 37, § 1º, da CF “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”

Publicidade de Atos Governamentais e Impessoalidade

O art. 37, caput, e seu § 1º, da CF, impedem que haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos alcançando os partidos políticos a que pertençam. Com base nesse entendimento, a Turma negou provimento a recurso extraordinário interposto pelo Município de Porto Alegre contra acórdão do tribunal de justiça local que o condenara a abster-se da inclusão de determinado slogan na publicidade de seus atos, programas, obras, serviços e campanhas. Considerou-se que a referida regra constitucional objetiva assegurar a impessoalidade da divulgação dos atos governamentais, que devem voltar-se exclusivamente para o interesse social, sendo incompatível com a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans que caracterizem a promoção pessoal ou de servidores públicos. Asseverou-se que a possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com

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o partido político a que pertença o titular do cargo público ofende o princípio da impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de orientação que constam do comando imposto na Constituição. RE 191668/RS, rel. Min. Menezes Direito, 15.4.2008. (RE-191668)

Discriminações legítimas (CABM): nexo de pertinência lógica entre o fator da discriminação e a desequiparação procedida

3 – Moralidade

Conceito: ética, decoro, probidade, lealdade e boa-fé

Tutela: AP e ACP

4 – Publicidade

Exceções: a) intimidade (art. 5º, X); b) segurança pública (art. 5º, XXXIII)

5 – Eficiência

Acrescentado pela Emenda 19/98, obriga a Administração a atingir os melhores resultados em suas condutas.

Outros princípios

Finalidade (HLM = impessoalidade)

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Obrigatória motivação (art. 50 da LPA)

Segurança jurídica (art. 2º, XIII, da LPA)

Razoabilidade e Proporcionalidade (art. 2º, VI, da LPA)

* razoabilidade: critérios racionais no uso da discricionariedade (CABM)

* proporcionalidade: faceta da razoabilidade

Autotutela (art. 53 da LPA)

Súmulas 346 e 473 do STF

Hierarquia

Especialidade

Devido processo legal, contraditório e ampla defesa

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Questões Vunesp

1. O posicionamento doutrinário contrário à participação da Administração Pública em processos privados de solução de litígio (arbitragem, por exemplo) não se funda:

A) na competência regulatória do Poder Público.

B) na indisponibilidade do interesse público.

C) na indispensabilidade de autorização legislativa específica.

D) na inafastabilidade do acesso ao Judiciário. Resposta A

2. Decisões do STJ em Mandados de Segurança impetrados por Rádios Comunitárias determinaram aos órgãos administrativos competentes que se abstivessem de tolher a atuação das impetrantes, enquanto não decidissem seus pleitos de autorização de funcionamento, formulados há mais de 3 anos. Tais decisões, que permitiram o exercício precário de serviço de radiodifusão sonora sem as devidas autorizações, A) não têm sustento jurídico, porque não há nenhum princípio ou norma constitucional que determine à Administração agir rapidamente.

B) foram calcadas nos princípios da eficiência e da razoabilidade, exigidos da atuação do administrador público.

C) foram calcadas nos princípios da legalidade e da supremacia do interesse público primário. D) afrontam as normas do processo administrativo. Resposta B

3. Em relação à função administrativa é correto afirmar-se que:

A) pode ser exercida livremente por qualquer particular, independentemente de autorização estatal;

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B) seu exercício é expressamente vedado, em qualquer caso, aos particulares;

C) nos casos de concessão de serviço público, o Poder Público transfere temporariamente a titularidade do serviço ao concessionário;

D) no Brasil, pode ser exercida também pelos Tribunais de Contas e pelo Ministério Público

Resposta D

4. Assinale a alternativa que contenha apenas princípios de Direito Administrativo expressamente previstos na Constituição Federal de 1988:

A) legalidade, impessoalidade e motivação;

B) motivação, publicidade e eficiência;

C) legalidade, impessoalidade e eficiência;

D) legalidade, tipicidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência

Resposta C

5. No Município de Guarulhos, o prefeito, a pretexto de construir uma creche para crianças carentes, desapropriou a casa de um desafeto político como punição por denúncias que este último levou à imprensa local. Diante disso é correto afirmar-se que:

A) trata-se de caso típico de tresdestinação, vício que provoca a nulidade do decreto expropriatório;

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B) sendo o decreto expropriatório ato de competência exclusiva do chefe do Executivo, não cabe ao Judiciário conhecer de eventual ilegalidade;

C) mesmo sendo comprovado o desvio de finalidade, se o ato realmente for conforme ao interesse público torna-se possível a convalidação judicial;

D) a situação descrita pode ser solucionada mediante a aplicação da teoria do risco administrativo

Resposta A

6. Na relação moderna entre Administração e Administrado não mais se admite

A) a interpretação da lei, pelo Administrador, fundada nos princípios constitucionais.

B) a possibilidade de controle judicial do mérito do ato administrativo.

C) que o administrador possa atuar tendo por fundamento direto apenas as normas da Constituição.

D) a idéia da supremacia absoluta do interesse público sobre o interesse privado.

Resposta D

7. (OAB/SP) A frase “não são os direitos fundamentais que giram em torno da lei, mas é a lei que gira em torno dos direitos fundamentais” significa, para o Administrador Público, que

A) seus atos não podem desbordar dos direitos fundamentais, que têm efetiva força jurídica.

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B) os direitos fundamentais são normas programáticas e, portanto, não têm influência direta no exercício da função administrativa.

C) seus atos estão sujeitos apenas à lei, sem preocupação com os direitos fundamentais.

D) sua interpretação da lei não há de ser meramente literal, mas sim sistemática, sem considerações sobre direitos fundamentais.

Resposta A

8. A expressão não se abatem pardais disparando canhões pode ser aplicada para sustentar que a atuação do administrador público deve observância ao princípio da A) razoabilidade, visto que o mérito dos atos discricionários do Poder Executivo nunca são controlados pelo Poder Judiciário.

B) proporcionalidade, como uma das medidas de legitimidade do exercício do poder de polícia. C) proporcionalidade, que, no devido processo legal, enseja relação de inadequação entre a sanção aplicada e o fim público visado.

D) proporcionalidade ou da razoabilidade, ambos critérios de ponderação para permitir a competência discricionária ilimitada do Estado.

Resposta B

 

9. Servidores aprovados em concurso público para provimento efetivo, em vez de serem nomeados para esses cargos, são contratados temporariamente, a título precário, contratações essas que são prorrogadas por várias vezes. Este posicionamento pode ser considerado correto?

A) Não, sob o aspecto de que a autoridade administrativa estaria incidindo em desvio de finalidade, por não proceder à nomeação em situação que não se trata de necessidade temporária.

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B) Sim, porque a Constituição Federal permite a contratação temporária, a qualquer tempo, e o administrador estaria obedecendo ao princípio da eficiência, postergando as conseqüências pecuniárias do direito à estabilidade no serviço público.

C) Nunca, porque na contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público não se permite a contratação de servidor efetivo.

D) Sim, visto que se trata de provimento em comissão, em que há discricionariedade do administrador na contratação e na exoneração.

Resposta A

10. A Administração Pública restringiu a participação de pessoas excessivamente obesas, em um concurso público para provimento de cargo público de agente penitenciário. A restrição pode não ferir o princípio da isonomia, desde que A) o edital do concurso tenha sido publicado nos termos da lei de processo administrativo. B) assentada em premissas que não autorizam, do ponto de vista lógico, a conclusão delas extraída. C) o discrímen guarde relação de pertinência lógica com o desempenho do cargo. D) o edital do concurso não impeça a ampla defesa e o contraditório a todos os candidatos que se sentirem prejudicados.

Resposta C

11. Em matéria de competência administrativa, diz-se que não é competente quem quer, mas quem o é. Esta dicção A) refere-se à proibição de edição de decreto regulamentador de competências legais. B) decorre do fato de que competência administrativa não pode ser delegada.

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C) deriva do fato de que competência administrativa decorre sempre da lei. D) subordina-se à competência de servidores aprovados em concurso público.

Resposta C

 

12. A edição de uma Medida Provisória, objetivando dar foro privilegiado a determinado servidor público, pode ser caracterizada como desvio de poder? A) Não, porque Medida Provisória tem força de lei, e, como tal, inova no ordenamento jurídico sustentada na própria Constituição Federal. B) Não, porque desvio de poder só ocorre com atos administrativos. C) Sim, desde que a Medida Provisória não seja convertida em lei. D) Sim, desde que comprovados elementos subjetivos que desvirtuem a finalidade declarada do ato.

Resposta D

13. A doutrina e a jurisprudência que vetam a inclusão, nos contratos administrativos, de cláusula de arbitragem, A) alegam afronta aos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público. B) excetuam os contratos das autarquias, porque essas entidades podem realizar todos os atos e medidas que não sejam contrários à lei.

C) dizem que este meio alternativo de solução de controvérsia afronta o princípio da soberania e, portanto, só os contratos da União poderiam conter cláusula de arbitragem. D) alegam que a arbitragem é instituto de direito privado e, portanto, só é possível a sua aplicação aos contratos das pessoas jurídicas da Administração Direta que obedeçam ao regime privado.

Resposta A

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14. Diz-se que não é característica ou conseqüência do tombamento, embora, em certas circunstâncias, possa ocorrer

A) inscrição em um registro administrativo.

B) imposição de restrições ao direito de propriedade.

C) direito à indenização, por ter ocorrido desapropriação indireta.

D) imposição do dever de conservação.

Resposta C

15. Quando o Estado, por seus procuradores, insiste em apresentar recursos judiciais meramente procrastinatórios, diz-se que tal proceder A) reflete o atendimento ao interesse público primário, eis que o Estado não pode abrir mão do seu direito de ação.

B) pode atender ao interesse público secundário, mas não ao primário.

C) é fruto do princípio da indisponibilidade do interesse público primário.

D) afronta o interesse público secundário. Resposta B

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Parte 2 – Poderes Administrativos

Questões Vunesp

1. A frase "A decisão adotada por ocasião da aplicação da lei não reflete avaliações livres e ilimitadas do administrador, mas traduz a concretização da solução mais adequada e

satisfatória, tomando em vista critérios abstratamente previstos em lei ou derivados do conhecimento técnico-científico ou da prudente avaliação da realidade" reflete, em relação ao agente público, os limites

A) da fiscalização do Tribunal de Contas competente.

B) da sua competência vinculada.

C) do controle externo cabível sobre sua competência arbitrária.

D) da sua ação discricionária.

Resposta D

2. Qual dos atos abaixo indica função normativa para um determinado procedimento, que é publicado por um agente público a ele vinculado e que não pode modificá-lo substancialmente, a não ser reiniciando ou recompondo o prazo para não prejudicar os interessados?

A) Adjudicação decidida por um servidor do Poder Legislativo.

B) Ato do Poder Legislativo exercendo função administrativa.

C) Edital de concurso publicado por um Tribunal de Justiça.

D) Audiência pública prévia à edição de uma resolução normativa.

Resposta C

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3. Quando o administrador socorre-se de parâmetros normativos e se vale de procedimentos técnicos e jurídicos prescritos pela Constituição e pela lei, para balancear os interesses em jogo e tomar uma decisão que tenha mais legitimidade, diz-se que ele

A) instituiu privilégio para atender ao princípio da supremacia do interesse público.

B) aplicou a verticalidade das relações entre Estado e particular.

C) exerceu discricionariedade.

D) realizou uma competência vinculada.

Resposta C

4. A figura da intervenção estatal que leva em conta a necessidade pública urgente e temporária, voltada para bens e serviços de particulares, requerendo, auto-executoriamente, o uso dos mesmos, e sujeitando o Poder Público à ulterior indenização, se tiver infligido dano reparável ao particular, denomina-se A) poder de polícia.

B) desapropriação por interesse público.

C) servidão pública que imponha à propriedade particular ônus real de uso.

D) requisição administrativa.

Resposta D

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5. Um município situado à beira-mar, para proteger fauna e flora nativas da Mata Atlântica, estabeleceu restrições ao acesso à praia, regrando o funcionamento de barracas, entrada de carros, etc. Tem, o Município, competência para estabelecer tais restrições?

A) Não, porque praia é bem público de uso comum, de propriedade da União.

B) Sim, calcado no seu poder de polícia municipal.

C) Sim, desde que tenha a União, por convênio, delegado ao Município a fiscalização de bem público federal

D) Não, porque cabe apenas à União estabelecer normas gerais sobre preservação ambiental.

Resposta B

6. É característica própria do Poder Regulamentar da Administração Pública:

A) impor obrigação de fazer ou de não fazer

B) possibilitar a inovação na ordem jurídica.

C) ser expedido com a estrita finalidade de produzir as disposições operacionais uniformizadoras necessárias à execução de lei.

D) ser ato geral, concreto, de competência privativa do Chefe do Poder Executivo.

Resposta C

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7. A passagem de fios elétricos de alta tensão sobre propriedade particular caracteriza

A) ocupação administrativa.

B) servidão civil.

C) limitação administrativa.

D) servidão administrativa.

Resposta D

8. O poder regulamentar de que dispõem os Chefes de Executivos, no que tange às leis, é

A) exercitável, mesmo relativamente àquelas cujo veto de que foram objeto tenha sido rejeitado.

B) delegável.

C) de exercício indispensável, para que sejam exeqüíveis. D) instrumental hábil à correção de eventuais equívocos, no âmbito do conteúdo.

Resposta A

9. Município cobra remuneração mensal de concessionária de serviço público de telefonia para utilizar seu subsolo, na passagem de cabos de fibra ótica. A doutrina diverge sobre a possibilidade desta cobrança. O argumento jurídico mais consistente que o Procurador do Município deverá utilizar, para sustentar a pretensão, é tratar-se de

A) indenização pela servidão de passagem. B) cobrança de taxa pelo uso do bem público.

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C) cobrança de preço público porque o serviço público da concessionária é da órbita federal. D) indenização pelos danos causados ao subsolo na construção dos dutos para colocação dos cabos de fibra ótica.

Resposta A

10. A exigência imposta por lei municipal, determinativa de recuo de certo número de metros na construção a ser levantada em terreno urbano, constitui

A) limitação administrativa.

B) servidão predial.

C) desapropriação parcial do terreno.

D) servidão administrativa.

Resposta A

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Parte 3 – Serviços Públicos

A CF estabelece uma distinção clara entre o campo da atividade econômica (art. 170) e o do serviço público (art. 175).

O serviço público enquadra-se entre as 3 atividades fundamentais da administração pública moderna: a) o poder de polícia; b) o serviço público; c) e o fomento

A noção de serviço público é das mais importantes de todo o direito administrativo, chegando a ter cumprido na frança o papel de conceito fundamental de todo direito público e a ser o critério para atribuir competências ao conselho de estado (contencioso administrativo).

Sua importância fez nascer a escola do serviço público, liderada por Leon Duguit, e composta por Gaston Jeze, Bonnard e Rolland.

1. CONCEITOS

A doutrina tem utilizado a noção de serviço público em 2 acepções distintas:

a) serviço público em sentido amplo: é qualquer atividade estatal de oferecimento de utilidades e comodidades, sob regime de direito público, em favor dos interesses públicos.

inclui prestações de fruição geral (serviços “uti universi”), como iluminação de ruas e limpeza de calçadas, e prestações de fruição individual (serviços “uti singuli”)* a excessiva abrangência desse conceito o fez cair de desuso

b) serviço público em sentido estrito (cabm): é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, sob regime de direito público, instituído em favor dos interesses públicos.* inclui como serviços públicos somente os “uti singuli”. ex.: telefonia fixa (móvel é

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atividade econômica), transporte público, água, energia residencial, gás canalizado etc

Portanto, há dois elementos conceituais: a) substrato material (prestação de utilidade fruível individualmente); b) traço formal (regime de direito público)*

*Muito Importante: atualmente, considera-se que a qualificação de uma atividade como serviço público depende exclusivamente do sistema normativo (é uma decisão política do legislador). não existe atividade que, por natureza, seja considerada serviço público

*ATENÇÃO: Sendo assim, uma atividade pode, hoje, ser serviço público e amanhã deixar de ser. Na FEDERAÇÃO, Pode ainda ser serviço público em um local, do mesmo país, e atividade econômica em outro. Ex.: serviço funerário.

2. TITULARIDADE

A titularidade do serviço pública cabe À PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO a que tal atividade foi atribuída (NUNCA pessoa de direito privado)*. Não necessariamente a titularidade é EXCLUSIVA DO ESTADO, nos serviços governamentais o particular também tem titularidade (ex.: saúde, educação)

Não se confunde com TITULARIDADE DA PRESTAÇÃO (quem presta o serviço).

3. REGIME JURÍDICO DO SERVIÇO PÚBLICO

Os princípios e normas disciplinadores dessa atividade têm ASSENTO CONSTITUCIONAL, mas foram especialmente regulamentados pela Lei 8987/95 (Lei das Concessões).

4. PRINCÍPIOS DO SERVIÇO PÚBLICO

a) obrigatoriedade: dever inescusável do Estado promover-lhe a execução;

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b) supremacia do interesse público: a prestação deve atender aos interesses da coletividade (int. públicos primários);

c) atualização ou adaptabilidade: a técnica empregada deve ser moderna

d) universalidade/generalidade: a prestação deve atingir a maior quantidade de usuários

e) impessoalidade: o serviço deve ser prestado sem preferências ou discriminações

f) continuidade: impede interrupções

*obs.: a Lei 7783/89 define os SERVIÇOS ESSENCIAIS. Em caso de greve, é obrigatória a prestação indispensável ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade

São eles (art. 10):

I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis;

II - assistência médica e hospitalar;

III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;

IV - funerários;

V - transporte coletivo;

VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;

VII - telecomunicações;

VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;

IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;

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X - controle de tráfego aéreo;

XI compensação bancária.

*Obs.: interrupção por ordem técnica ou inadimplemento do usuário NÃO CARACTERIZA DESCONTINUIDADE

CORTE. FORNECIMENTO. ÁGUA. INADIMPLÊNCIA.

Cuidava-se de ação civil pública impetrada pelo Ministério Público com o desiderato de impedir que a companhia de saneamento suspendesse o fornecimento de água a usuários inadimplentes no âmbito de município. Diante disso e de precedentes deste Superior Tribunal, a Turma reafirmou que, nos termos da Lei n. 8.987/1995, não se considera quebra da continuidade do serviço público sua interrupção em situação emergencial ou, após prévio aviso, quando motivada pela inadimplência do usuário, cortes de fornecimento que não afrontam o preceituado no CDC. Precedentes citados: EREsp 337.965-MG, DJ 8/11/2004, e REsp 363.943-MG, DJ 1º/3/2004. REsp 596.320-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 12/12/2006.

CORTE. ENERGIA ELÉTRICA. INADIMPLENTE.

A Turma, ao prosseguir o julgamento, reafirmou que, diante do interesse da coletividade, o princípio da continuidade do serviço público (art. 22 do CDC) deve ser ponderado frente à possibilidade de interrupção do serviço quando, após aviso, haja a perpetuação da inadimplência do usuário. Asseverou que a jurisprudência deste Superior Tribunal proclama que, se diante da inadimplência de pessoa jurídica de direito público, deve-se preservar o fornecimento de eletricidade às unidades públicas provedoras de necessidades inadiáveis da comunidade (hospitais, prontos-socorros, centros de saúde, escolas e creches). Aduziu, também, em homenagem às ponderações feitas pelo Min. Herman Benjamin no seu voto-vista, que o entendimento, em excepcionais casos, deve ser abrandado se o corte puder causar lesões irreversíveis à integridade física do usuário, isso em razão da supremacia da cláusula de solidariedade prevista no art. 3º, I, da CF/1988. Precedentes citados: REsp 460.271-SP, DJ 21/2/2005; REsp 591.692-RJ, DJ 14/3/2005; REsp 615.705-PR, DJ 13/12/2004, e AgRg na SLS 216-RN, DJ 10/4/2006. REsp 853.392-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 21/9/2006.

SUSPENSÃO. ENERGIA ELÉTRICA. ESCOLA PÚBLICA.

A Turma negou provimento ao recurso ao argumento de que a interrupção de fornecimento de energia elétrica de ente público inadimplente somente é considerada ilegítima quando atinge necessidades inadiáveis da comunidade, entidades essas - por analogia à Lei de Greve - como “aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população” (hospitais, prontos-socorros, centros de saúde, escolas e creches). REsp 845.982-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 22/8/2006.

CORTE. ENERGIA ELÉTRICA. MUNICÍPIO.

A falta de pagamento da conta de energia elétrica possibilita o corte de seu fornecimento, mesmo que o consumidor seja pessoa jurídica de direito público, no caso um município. Porém hão que se resguardar as

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unidades públicas em que a paralisação é inadmissível, cujo funcionamento não pode ser interrompido, tais como hospitais, prontos-socorros, centros de saúde, escolas e creches, restando possível o corte em praças, ruas, ginásios, repartições públicas e outros. Precedentes citados: REsp 400.909-RS, DJ 15/9/2003; REsp 302.620-SP, DJ 16/2/2004, e REsp 460.271-SP, DJ 21/2/2005. REsp 588.763-MG, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 9/8/2005.

g) transparência

h) motivação

i) modicidade das tarifas

j) cortesia: bom tratamento com o público

k) controle

l) adequação (art. 6º da Lei 8987/95: serviço adequado é o que satisfaz a regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia e modicidade)

5. CLASSIFICAÇÃO (Hely Lopes)

a) quanto à essencialidade: a) propriamente ditos: devido à essencialidade a adm. presta diretamente à comunidade (ndelegáveis). ex.: defesa nacional. b) de utilidade pública: em razão da conveniência a adm. presta ou promove a prestação. ex.: energia elétrica

b) quanto à adequação: a) próprios do estado: decorrem das atribuições essenciais do estado e a adm. usa da supremacia. ex.: saúde pública; b) impróprios do estado: não afetam diretamente as necessidades da coletividade

c) quanto à finalidade: a) administrativos: atendem necessidades internas da adm. ex.: imprensa oficial. b) industriais: são os que produzem renda

d) quanto aos destinatários: a) gerais (uti universi); b) individuais (uti singuli)

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6. CLASSIFICAÇÃO (Bandeira de Mello)

a) serviços de prestação obrigatória e exclusiva do estado: ex. serviço postal e correio aéreo (não podem ser delegado)

b) de prestação obrigatória pelo estado e outorga obrigatória. ex.: radiodifusão (tv e rádio)

c) de prestação obrigatória sem exclusividade: particulares também prestam. ex.: saúde, educação

d) prestação pelo estado ou particular: o estado não é obrigado a prestar diretamente, mas não prestando, tem que promover a prestação. ex.: todos os demais (água)

Questões Vunesp

1. Em um julgado recente, o Supremo Tribunal Federal acatou a tese de que a intervenção do Estado no domínio econômico encontra limites nos princípios constitucionais da livre iniciativa e da concorrência. Essa matéria deve ter sido trazida ao Tribunal por

A) empresa que sofreu prejuízos financeiros decorrentes de edição de planos econômicos que congelaram os preços dos seus produtos.

B) associação de estudantes prejudicada por decisão governamental que negou passe gratuito, em transporte coletivo, a estudantes.

C) empresa que pleiteou isenção tributária já concedida, pelo Estado, a outras empresas concorrentes.

D) qualquer cidadão contra processos de privatização.

Resposta A

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2. No tocante à "permissão", é incorreto afirmar que

A) depende de licitação.

B) seu objeto é a execução de serviço público, permanecendo sua titularidade do serviço com o Poder Público.

C) o serviço é executado pelo permissionário, por conta e risco da Administração. D) o ato de outorga pode ser revogado ou alterado pela Administração.

Resposta C

3. Não é característica marcante do serviço público, sua

A) submissão ao princípio da continuidade.

B) essencialidade.

C) prestação diretamente pela Administração Pública.

D) prestação com a necessária eficiência.

Resposta C

4. São princípios específicos dos serviços públicos

A) legalidade, moralidade e publicidade

B) legalidade e anterioridade

C) modicidade de tarifas e atualidade

D) modicidade de tarifas e progressividade

Resposta C

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5. Segundo a Constituição Federal, o serviço público que incumbe ao Poder Público poderá ser prestado diretamente ou, após licitação, por delegação a particulares, mediante

A) contratos de concessão, de permissão ou de autorização.

B) atos administrativos de permissão e de licença.

C) contratos de concessão ou de permissão.

D) autorização a concessionárias.

Resposta C

6. A Lei 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações) estabeleceu que os serviços de telecomunicações podem ser prestados em regime público ou em regime privado. O serviço de telefonia fixa prestado pelas concessionárias submete-se ao regime público, enquanto o serviço móvel (celular) submete-se ao regime privado. Por força disso, pode-se dizer que

A) apesar da diferença de regime, a União tem dever de dar continuidade a ambos os serviços, caso haja abandono da execução pelos prestadores.

B) o serviço de telefonia fixa difere do de telefonia móvel porque naquele a União tem dever de dar continuidade, caso a concessionária abandone a prestação do serviço.

C) por se tratar de serviços de interesse coletivo, a infra-estrutura e os bens que servem à prestação de ambos os serviços são bens reversíveis.

D) a União pode cassar a autorização dada ao prestador do serviço de telefonia móvel, desde que assuma a prestação do serviço, enquanto na telefonia fixa a União só assumirá a prestação do serviço se declarar a caducidade da concessão.

Resposta B

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7. Assinale a alternativa que apresenta os serviços, prestados por sociedade de economia mista de um Estado-membro, que deverão ser objeto de contrato de concessão em que figura como concedente a União.

A) Serviço de transporte intermunicipal e serviço de saneamento básico em região metropolitana.

B) Serviço de saneamento básico e serviço de distribuição de gás canalizado.

C) Serviço de vigilância sanitária e serviço de saúde pública.

D) Serviço de distribuição de energia elétrica e serviço de exploração de portos marítimos.

Resposta D

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Parte 4 – Ato Administrativo

1. CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO

Não existe conceito legal. A melhor doutrina (Bandeira de Mello) fala em 2 conceitos, sentido amplo e sentido estrito:

a) Ato administrativo em SENTIDO AMPLO (não é usado): declaração do Estado, ou de quem lhe faça as vezes, com caráter bilateral ou unilateral, abstrata ou concreta, no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional Inclui contratos (bilaterais) e decretos (abstratos)

b) Ato administrativo em SENTIDO ESTRITO (mais usado pela doutrina): declaração unilateral do Estado, no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante comandos concretos complementares da lei, expedidos a título de lhe dar cumprimento e sujeitos a controle de legitimidade por órgão jurisdicional. Exclui contratos (bilaterais) e decretos (abstratos)

2. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São características especiais, propriedades do ato administrativo.

a) Presunção de Legitimidade:

- outros nomes: De legalidade ou de veracidade

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- conceito: até prova em contrário, o ato administrativo é considerado válido para o direito. Trata-se de presunção RELATIVA (juris tantum)

- alcance: vale para TODOS os atos administrativos

- fundamentos: diversos (existência de PROCEDIMENTO PRÉVIO, ser expressão da SOBERANIA DO ESTADO, necessidade de CELERIDADE), mas principalmente o princípio da legalidade

- mitigação: art. 116, inciso IV, da Lei 8112/90: servidores não precisam cumprir ordens manifestamente ilegais

- o problema da inversão do ônus da prova: MSZP só na PRESUNÇÃO DE VERACIDADE (questão de fato)

b) Imperatividade:

- outro nome: coercibilidade

- conceito: a Administração cria unilateralmente deveres a particulares (é cogente)

- alcance: MAIORIA DOS ATOS (atos de consentimento – permissões – atos de gestão e atos enunciativos não têm).

- fundamento: poder extroverso (Renato Alessi)

c) Exigibilidade (para Hely, está dentro da imperatividade)

- conceito: a própria Administração pode impor a aplicação de seus atos SEM NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Na prática, consiste na aplicação de SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

- alcance: MAIORIA DOS ATOS (atos de consentimento – permissões

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– atos de gestão e atos enunciativos não têm)

d) Auto-executoriedade

- outro nome: em algumas provas cai como EXECUTORIEDADE, mas está errado

- conceito: possibilidade de IMEDIATA e DIRETA execução do ato pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO, sem ordem judicial (PODE INCLUIR O USO DA FORÇA FÍSICA). Exs.: guinchamento, fechamento de restaurante. - Exigibilidade (usa meios indiretos) a Auto-executoriedade (usa meios diretos).

- alcance: POUCOS ATOS (previsão legal ou situação de emergência)

- limites: razoabilidade e proporcionalidade (devido processo legal MATERIAL)

- justificativa: a Adm. não poderia depender do Judiciário para defender o interesse público

3. SILÊNCIO ADMINISTRATIVO

A doutrina discute as conseqüências do silêncio da Administração Pública.

Corrente majoritária: o silêncio não produz nenhum efeito, EXCETO SE A LEI ATRIBUIR (consentimento tácito ou indeferimento).

O silêncio não é ato (não tem declaração), mas mero fato administrativo.

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Se a lei não atribuir conseqüências ao silêncio, o administrado tem direito a uma resposta (art. 48 da Lei 9784/99).

Se a lei dá prazo, MS com base na ilegalidade do silêncio; se não tem prazo, MS com base no dever de DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO (art. 5º, LXXVIII, da CF).

Qual o conteúdo dessa decisão judicial (controvérsia)?

1ª corrente: o juiz só manda o administrador praticar o ato (decisão mandamental);

2ª corrente: atos vinculados o juiz substitui a vontade da administração (decisão constitutiva), discricionários (mandamental).

4. PERFEIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA

São 3 planos lógicos a que o ato se sujeita:

Plano da Perfeição ou Existência: estuda o ciclo de formação

Plano da Validade: estuda a conformidade com o ordenamento

Plano da Eficácia: estuda a aptidão para produzir efeitos

Importante: em princípio, os três planos não se comunicam. Resultado em um não influi nos demais.

5. ELEMENTOS DO ATO

1ª Corrente: CABM

Plano da Perfeição/Existência:

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2 elementos de existência: a) exteriorização da vontade; b) conteúdo

2 pressupostos de existência: a) objeto; b) pertinência à função administrativa

Faltando elemento ou pressuposto: ATO INEXISTENTE (defeito mais grave que nulidade/invalidade).

Importante: para a maioria da doutrina não existe utilidade prática em distinguir inexistente do nulo/inválido porque teriam as mesmas conseqüências

Plano da Validade:

6 pressupostos: a) subjetivo (competência); b) objetivos (motivo e requisitos procedimentais); c) teleológico (finalidade); d) pressuposto lógico (causa); e) pressuposto formalístico (forma específica)

2ª Corrente: Hely e JSCF

5 elementos: S,O,F,M e F (art. 2º da Lei 4717/65)

6. ESTUDO DOS 5 ELEMENTOS

1 – SUJEITO COMPETENTE: é o agente público habilitado para tanto.

Elementos a serem analisados:

a) se o ato foi pratico por agente público no exercício da funmção

b) capacidade jurídica do agente e do órgão

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c) quantidade de atribuições do órgão

d) competência do agente

e) inexistência de óbices (ex. afastamento)

Lembrar que a competência é IRRENUNCIÁVEL, IMPRESCRITÍVEL, OBRIGATÓRIA, IMODIFICÁVEL E IMPRORROGÁVEL

Defeitos no sujeito: a) usurpação; b) funcionário de fato; c) incompetência

2 – OBJETO: é o conteúdo do ato (Hely).

Para CABM, objeto é o bem ou pessoa a que o ato se refere

O objeto deve ter LICITUDE, POSSIBILIDADE E DETERMINAÇÃO

Defeitos no objeto: a) objeto materialmente impossível; b) objeto juridicamente impossível

3 – FORMA: é a exteriorização da vontade + formalidades do ato.

Regra: forma escrita (PRINCÍPIO DA SOLENIDADE)

Defeitos na forma: podem ser meras irregularidades ou nulidades graves

4 – MOTIVO: é a situação de fato e o fundamento jurídico que autorizam o ato.

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Motivo, Motivação, móvel e causa

Defeitos no motivo: teoria dos motivos determinantes

5 - FINALIDADE: aquilo que se visa proteger com a conduta

Tem o ASPECTO GERAL (Finalidade geral) e o ASPECTO ESPECÍFICO (finalidade específica de cada ato).

Defeitos: DESVIO DE FINALIDADE OU TRESDESTINAÇÃO

Caracterização

Vício subjetivo (JSCF) ou pode ser objetivo também (CABM)?

Corrente majoritária: independe da intenção (ocorre também nos ato vinculados)

IMPORTANTÍSSIMO: não basta a intenção viciada, é preciso também violação efetiva ao interesse público

7. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

1) Quanto aos destinatários

a) Gerais: dirigidos a uma quantidade indeterminável de destinatários. Ex.: edital

b) Individuais: dirigido a um destinatário determinado. Ex. permissão de uso

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2) Quanto à estrutura

a) atos concretos: regula apenas um caso, esgotando-se após essa aplicação. Ex.: desapropriação de determinado imóvel.

b) atos abstratos (ou normativos): aquele que vale para uma quantidade indeterminável de situações concretas. Tem sempre aplicação continuada.

Ex.: regulamento

3) Quanto ao alcance

a) internos: produzem efeitos só dentro da Administração. Ex.: portaria de férias.

b) Externos: produzem efeitos fora da Administração. Ex.: fechamento de estabelecimento

4) Quanto ao grau de liberdade

a) Vinculados: são aqueles praticados sem margem de liberdade, pois a lei define de antemão todos os seus aspectos. Ex. aposentadoria compulsória e lançamento tributário.

b) Discricionários: são aqueles praticados com certa margem de liberdade, conferida pela lei para que o agente decida, diante do caso concreto, qual a melhor maneira de atingir o interesse público (conveniência e oportunidade). Ex.: decreto expropriatório.

Obs.: ato discricionário também deve ser motivado.

Obs.2: também se sujeita a controle judicial.

Obs.3: não confundir com ato arbitrário (praticado com excesso de poder).

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5) Quanto ao objeto

a) atos de império: praticados pela Administração em posição de superioridade frente ao particular. Ex.: multa.

b) atos de gestão: praticados pela Administração em posição de igualdade frente ao particular, regidos pelo direito privado. Ex.: locação de imóvel

c) atos de expediente: dão andamento a processos administrativos. São atos de rotina interna. São praticados por agentes subalternos sem competência decisória. Ex.: numeração dos autos do processo.

6) Quanto à formação (segundo HLM)

a) atos simples: depende da manifestação de vontade de um único órgão, seja ele singular ou colegiado. Ex.: decisão do conselho de contribuintes.

b) atos compostos: vontade única de um órgão, mas depende da manifestação de outro para tornar-se exeqüível. Ex.: autorização que dependa de visto da autoridade superior.

c) atos complexos: conjugação de vontade de mais de um órgão administrativo. Exs.: nomeação de dirigente de agência reguladora, investidura de um funcionário, investidura do ministro do STF, decreto do presidente referendado por ministro (referenda ministerial).

7) Quanto à manifestação de vontade

a) atos unilaterais: depende de uma vontade somente. Ex.: licença. b) atos bilateriais: depende da anuência das 02 partes. Ex.:

contratos.

8) Quanto aos resultados na esfera jurídica

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a) atos ampliativos: aquele que aumente a esfera de interesse do particular. Ex.: concessões; permissões.

b) atos restritivos: reduzem a esfera de interesse do particular. Ex.: sanções administrativas.

9) Quanto aos efeitos

a) atos constitutivos: criam, extinguem ou modificam situações jurídicas. Ex.: demissão.

b) atos declaratórios: afirmam situação preexistente. Ex.: certidão.

10) Quanto à situação jurídica que criam

a) atos-regra: criam situações gerais, abstratas e impessoais (não produzem direito adquirido podendo ser revogados a qualquer tempo). Ex.: regulamento.

b) Atos subjetivos: criam situações particulares, concretas e pessoais. Modificáveis pela vontade das partes. Ex.: contrato.

c) atos-condição: alguém se submete a situações criadas pelos atos-regra, sujeitando-se a alterações unilaterais. Ex.: aceitação de cargo público.

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Questões Cespe

1. São meios para restaurar a juridicidade administrativa, e não para adequá-la às mudanças da realidade social:

A) invalidação e revogação, ambas pelo Poder Judiciário.

B) invalidação pelo Poder Judiciário e revogação pela Administração Pública. C) invalidação e convalidação, ambas exercidas pela Administração Pública. D) convalidação pelo Poder Judiciário e revogação pela Administração Pública.

Resposta C

2. Um servidor público contou tempo de licença prêmio em dobro, como tempo de serviço público para fins de aposentação. Após sua aposentadoria, descobriu-se que o tempo da licença prêmio era referente a período posterior à Emenda Constitucional n.º 20, que proibiu contagem de tempo ficto para fins previdenciários. Pode a Administração Pública cassar a aposentadoria do servidor?

A) Sim, porque a Administração Pública deve anular seus atos, quando eivados de vício.

B) Não, porque o direito adquirido impede a retroatividade da disposição constitucional.

C) Sim, porque pelo princípio da segurança jurídica a aposentadoria não pode ser convalidada.

D) Não, porque a aposentadoria regula-se pela lei vigente ao tempo de ingresso no serviço público.

Resposta A

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3. É sempre possível a revisão judicial de ato discricionário da Administração Pública?

A) Sim, pelo menos quanto ao controle de sua proporcionalidade, aferida em face de princípios constitucionais, como o da motivação e o da eficiência.

B) Não, porque atos discricionários são imunes a controle judicial.

C) Não, porque discricionariedade é conceito jurídico indeterminado.

D) Sim, porque pelo princípio da separação dos poderes, o Poder Judiciário tem o controle do mérito de todos os atos administrativos, vinculados ou discricionários.

Resposta A

4. A competência administrativa de invalidação de ato administrativo viciado é

A) discricionária, caso se trate de vício de legalidade com efeito jurídico favorável à Administração.

B) discricionária, após o prazo de 5 anos contados do termo da expedição do ato.

C) vinculativa, desde que presentes os requisitos de conveniência e oportunidade.

D) vinculativa, desde que a convalidação não seja juridicamente possível.

Resposta D

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5. Quando autoridade administrativa, em juízo de conveniência, dispõe diversamente sobre matéria objeto de ato administrativo anterior, diz-se que

A) o ato novo é ato administrativo revocatório.

B) só será possível se o ato extinto for inválido.

C) só é possível se a autoridade de que emanou o novo ato for hierarquicamente superior à emitente do ato anterior.

D) os efeitos produzidos pelo ato eficaz anterior serão desconstituídos.

Resposta A

6. São requisitos de validade do ato administrativo

A) competência, conveniência, finalidade, motivo e objetivo.

B) forma, competência, finalidade, motivo e objeto.

C) imperatividade, competência, legitimidade, motivo e objeto.

D) forma, competência, finalidade, oportunidade e objeto.

Resposta B

7. Ato administrativo inválido que admite convalidação é

A) aquele cuja restauração de juridicidade traz insegurança jurídica.

B) aquele cujo conteúdo encontra-se comprometido, passível apenas de invalidação judicial ou administrativa.

C) aquele cujo conteúdo não é atingido pelo vício, permitindo a preservação de seus efeitos jurídicos mediante a expedição de outro ato administrativo.

D) ato inexistente.

Resposta C

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8. Admitindo-se o critério de classificação dos atos administrativos entre discricionários e vinculados, assinale a variante que contém somente atos vinculados.

A) Autorização para porte de arma e aprovação.

B) Admissão e licença para construir.

C) Admissão e aprovação.

D) Licença para construir e autorização para porte de arma.

Resposta B

9. A auto-executoriedade dos atos administrativos

A) não se submete ao amplo controle judicial.

B) não pode contrariar interesse jurídico legítimo do particular.

C) não serve ao interesse público.

D) pode ser admitida em qualquer caso.

Resposta B

10. Tendo a lei estabelecido que a produção e a venda de fogos de artifício dependem de prévia autorização administrativa, e constatado que certo indivíduo, dela prescindindo, estaria praticando tais atividades, pode a autoridade administrativa competente ordenar-lhe a interrupção e executar a sanção, sem intervenção do Poder Judiciário?

A) Não, em face do princípio da separação dos poderes.

B) Não, por desrespeito ao princípio do devido processo legal.

C) Sim, pois pelo atributo de executoriedade do ato administrativo, é

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descabido, a qualquer tempo, o seu controle judicial.

D) Sim, por acudir ao ato administrativo a presunção de veracidade e legitimidade.

Resposta D

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Parte 5 – Organização Administrativa e Órgãos Públicos

1. AGÊNCIAS EXECUTIVAS

* conceito: É a QUALIFICAÇÃO (tìtulo) conferido a autarquias e fundações, que celebrem CONTRATO DE GESTÃO com o Ministério Supervisor, para flexibilizar deveres legais em troca de uma atuação mais eficiente.

Na verdade não são novos tipos de pessoas da Admin. Indireta mas um RÓTULO atribuível a pessoas já existentes.

Ex.: Inmetro

*HISTÓRICO (contexto da reforma administrativa):

1 - Decreto 2487 fevereiro 98 (regula a qualificação de agência executiva): Art. 1º As autarquias e as fundações integrantes da Administração Pública Federal poderão, observadas as diretrizes do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, ser qualificadas como Agências Executivas.

§ 1º A qualificação de autarquia ou fundação como Agência Executiva poderá ser conferida mediante iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, que verificará o cumprimento, pela entidade candidata à qualificação, dos seguintes requisitos:

a) ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor;

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b) ter plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional, voltado para a melhoria da qualidade da gestão e para a redução de custos, já concluído ou em andamento.

§ 2º O ato de qualificação como Agência Executiva dar-se-á mediante decreto.

§ 3º Fica assegurada a manutenção da qualificação como Agência Executiva, desde que o contrato de gestão seja sucessivamente renovado e que o plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional tenha prosseguimento ininterrupto, até a sua conclusão.

§ 4º O A desqualificação de autarquia ou fundação como Agência Executiva dar-se-á mediante decreto, por iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, sempre que houver descumprimento do disposto no parágrafo anterior.

2 – Decreto 2488 de fevereiro de 98 (regula a qualificação de agência executiva): delegou aos Ministérios supervisores competência para aprovar ou readequar estruturas regimentais (art. 3º)... que pode subdelegar: Art. 3º Fica delegada aos Ministros supervisores competência para aprovação ou readequação das estruturas regimentais ou estatutos das Agências Executivas, sem aumento de despesas, observadas as disposições específicas previstas em lei e o quantitativo de cargos destinados à entidade. Parágrafo único O Ministro supervisor poderá subdelegar, ao dirigente máximo da Agência Executiva, a competência de que trata o “caput” deste artigo.

3 – Lei 9649 de junho de 98 (dispõe sobre a organização da Presidência da República) Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência

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Executiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:

I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento;

II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.

§ 1o A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da República.

§ 2o O Poder Executivo editará medidas de organização administrativa específicas para as Agências Executivas, visando assegurar a sua autonomia de gestão, bem como a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos e metas definidos nos Contratos de Gestão.

4 – EC 19 de maio de 98 (reforma administrativa) acrescentou o § 8º ao art. 37 da CF: § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: I - o prazo de duração do contrato; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal.

*Características:

a) são autarquias, fundações e órgãos que recebem qualificação do Presidente da República

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b) celebram contrato de gestão com o Ministério supervisor para ampliação da autonomia (relação com o princípio da eficiência);

c) possuem um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional, voltado para a melhoria da qualidade da gestão e para a redução de custos.

*Agências Executivas X Agências Reguladoras

Semelhanças: a) terminologia; b) concebidas no contexto de reforma da Adm. Pública brasileira

Diferenças: a) quanto a natureza (reguladoras são pessoas jurídicas; executivas são uma qualificação que recai sobre pessoas ou órgãos);b) quanto á atuação (José dos Santos Carvalho Filho) (reguladoras têm função de controle; as executivas visam à operacionalidade, ou seja, execução de atividade descentralizada)

*Novidade: As agências Executivas tem limites maiores (20%) na dispensa de licitação relacionada a objetos de pequeno valor (parágrafo único do art. 24 da Lei 8666/93)

2. ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS

Lei dos Consórcios: 11.107/05

Fundamento constitucional: 241 da CF

* consórcio: negócio jurídico plurilateral de direito público, que resulta na criação de uma pessoa jurídica autônoma (associação pública ou

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pessoa jurídica de direito privado) para cooperação mútua entre os pactuantes.

José dos Santos Carvalho Filho: instrumento do federalismo cooperativo

* Personificação dos Consórcios (art. 6º). 2 tipos:

a) Consórcio com natureza de direito privado: atendidos os requisitos da legislação civil. Tem que seguir a legislação administrativa quanto a: licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal (sempre celetista). Não integram a administração

b) Associação Pública: consórcio com personalidade de direito público (deve haver ratificação legal do protocolo de intenções, art. 5º). A associação integra a Administração Pública Indireta de todos os Entes consorciados (art. 6º)

Possuem privilégios:

a) Poder de promover desapropriações e de instituir servidões – art. 2º, §1º, II;

b) Possibilidade de serem contratados pela Adm. Direta ou indireta, com dispensa de licitação – art. 2º, §1º, III;

c) Valores mais elevados para dispensa de licitação em razão do valor - art. 24, I e II, L. 8.666/93;

Natureza Jurídica: pessoas jurídicas de direito público interno pertencentes à AP Indireta (MSZP), mas para JSCF são espécies de autarquias (art. 41, IV, CC)

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Questões Vunesp

1. É ponto básico, diferenciador de uma sociedade de economia mista ou de uma empresa pública, de uma autarquia: A) a autarquia insere-se na Administração Pública Direta e as demais na Indireta. B) apenas a autarquia submete-se ao regime jurídico público.

C) as primeiras não precisam ser criadas por lei.

D) só a autarquia presta serviços administrativos ao Poder Público. Resposta B

2. São exemplos de agências reguladoras:

A) USP, Unesp, Cade e Bacen;

B) Caixa Econômica Federal e Cade;

C) Anatel, Cade e Ambev;

D) ANA e Antaq

Resposta D

3. As empresas públicas e sociedades de economia mista podem contratar sem o procedimento licitatório previsto na Lei n.º 8.666/93 (Lei de Licitações)?

A) Não, com exceção das que explorarem atividade econômica.

B) Sim, desde que o objeto do contrato diga respeito à sua atividade-fim

C) Sim, desde que o objeto do contrato diga respeito à sua atividade-meio.

D) Não, a não ser que estejam sujeitas ao regime jurídico de direito privado.

Resposta B

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4. As empresas PETROBRÁS e ECT (Correios), ambas sociedades de economia mista, distinguem-se uma da outra porque a

A) ECT sofre ingerência de princípios e preceitos de direito público.

B) PETROBRÁS tem personalidade de direito privado.

C) ECT sofre o influxo de regras de direito público com uma carga mais acentuada.

D) PETROBRÁS é uma espécie de empresa estatal. Resposta C

5. As Agências Reguladoras (ANATEL, ANEEL, ANP, etc.) são definidas com a natureza jurídica de autarquias especiais, diferenciando-se das autarquias não especiais

A) pela sua autonomia financeira.

B) pela sua independência administrativa.

C) pela ausência de subordinação hierárquica.

D) pelo mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes. Resposta D

6. Pela legislação das Agências Reguladoras, seus diretores devem ser nomeados pelo Chefe do Executivo, após aprovação prévia do Senado Federal. Se diretor de Agência Reguladora não for aprovado pelo Senado, poderá ele ser nomeado assim mesmo?

A) Não, porque a decisão do Senado é vinculativa para o ato administrativo de nomeação.

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B) Sim, visto que a nomeação é da competência discricionária do Poder Executivo.

C) Não, porque o ato de nomeação será considerado inexistente.

D) Sim, desde que o Senado dê vigência posterior ao ato de nomeação.

Resposta A

7. Diz-se que só existe em relação à sociedade de economia mista prestadora de serviço público e não quanto à exploradora de atividade econômica:

A) obrigação de realizar seleção pública para contratação de seus empregados.

B) legitimidade passiva para Mandado de Segurança.

C) obrigação de licitar.

D) controle pelo Tribunal de Contas.

Resposta B

8. Integra a Administração Indireta Federal, como autarquia, e tem competência para analisar e julgar, sob o prisma da concentração econômica, processos de fusão entre empresas de telecomunicações:

A) SECRETARIA DE ACOMPANHAMENTO ECONÔMICO (SEAE). B) ANATEL. C) SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO (SDE).

D) CADE.

Resposta D

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9. São pessoas jurídicas de direito privado componentes do Poder Executivo:

A) organizações sociais e Oscips;

B) empresas públicas e sociedades de economia mista;

C) organizações sociais, autarquias e organizações da sociedade civil de interesse público;

D) organizações sociais, fundações públicas e concessionárias de serviço público

Resposta B

10. Assinale a alternativa que não contenha pessoas jurídicas de direito público:

A) agências reguladoras, autarquias e fundações públicas;

B) empresas públicas e sociedades de economia mista;

C) organizações sociais, autarquias e organizações da sociedade civil de interesse público;

D) organizações sociais, fundações públicas e concessionárias de serviço público

Resposta B

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Parte 6 – Licitação e Contratos Administrativos

1. LICITAÇÃO

Conceitos doutrinários:

CABM: “licitação é um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas” (Curso de Direito Administrativo, 20ª edição, p. 492).

HLM: “é o procedimento administrativo mediante o qual a administração pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse” (Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, p. 260).

JSCF: “é o procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico” (Manual de Direito Administrativo, 16ª edição, p. 201).

Marçal Justen Filho: “é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato administrativo prévio, que determinada critérios objetivos de seleção da proposta de contratação mais vantajosa, com

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observância do princípio da isonomia, conduzido por um órgão dotado de competência específica” (Curso de Direito Administrativo, p. 309).

2. SÍNTESE CONCEITUAL

Licitação é o procedimento administrativo pelo qual entidades governamentais convocam interessados em fornecer bens ou serviços estabelecendo uma competição a fim de celebrar contrato com quem oferecer a melhor proposta.

Análise dos elementos conceituais

a) procedimento: a licitação é uma seqüência ordenada de atos administrativos, isto é, um procedimento administrativo.

Segundo a doutrina, licitação não é nem um ato isolado, nem um processo (relação jurídica).

b) administrativo: Atualmente, a unanimidade da doutrina reconhece a licitação como instituto do direito administrativo, e não do direito financeiro.

c) realizada por entidades governamentais: a licitação é um dever do Estado, e não de particulares. Assim, toda entidade governamental (de qualquer Poder) deve licitar. Trata-se de uma exigência ligada ao supra-princípio da indisponibilidade do interesse público.

d) mediante convocação de interessados: a licitação é aberta a todos aqueles que queiram concorrer a celebração de um contrato, desde que preencham as condições do edital. Nesse sentido, um dos objetivos da licitação é o respeito ao princípio da isonomia.

e) representando uma competição: juntamente com a isonomia a competitividade é o segundo fundamento da licitação. É por tal razão

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que só pode ser exigido dos licitantes o preenchimento de condições estritamente vinculadas ao objeto a ser contratado.

f) visa celebrar contrato: o objetivo final do procedimento licitatório é a assinatura de um contrato administrativo com o vencedor. Na verdade, a celebração do contrato não pertence ao procedimento licitatório, ocorrendo após a fase final do certame.

g) com quem oferecer a melhor proposta: nem sempre o preço mais baixo é determinante para a decretação do vencedor do certame. Isso porque se busca a melhor proposta e não necessariamente o menor preço.

3. NATUREZA JURÍDICA

Procedimento administrativo.

4. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR

Segundo o art. 22, XXVII, da CF compete privativamente à UNIÃO editar normas gerais sobre licitação e contratos administrativos.

Atenção: segundo a doutrina, apesar dessa previsão legal, na verdade a competência para legislar é CONCORRENTE (tal inciso deveria estar no art. 24, CF).

Portanto, a União edita normas legais, e os Estados, o DF e os Municípios criam normas específicas.

Atualmente as normas gerais estão nas leis federais 8.666/93 e 8.883/94 (a Lei 10520/02 trata do pregão).

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5. NATUREZA JURÍDICA DA LEI 8666/93

A doutrina do direito tributário trouxe para o Brasil a diferença entre lei federal e lei nacional. Lei federal vale apenas para o âmbito da União, enquanto que lei nacional é obrigatória para a União, Estado e DF e municípios.

A lei 8.666 é lei nacional, valendo para todas as entidades federativas.

Obs.: a Lei 8666/93, segundo a doutrina, não veicula apenas normas gerais, tratando de muitos assuntos específicos (o legislador ultrapassou a competência para criar só normas gerais).

6. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DO DEVER DE LICITAR

É o art. 37, XXI: “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.

Aspectos relevantes:

a) ressalvados os casos especificados na legislação: o próprio texto constitucional atribui competência ao legislador para definir casos de contratação direta, sem licitação (casos de dispensa, inexigibilidade, licitação dispensada e vedação).

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b) obras, serviços, compras e alienações: a Constituição descreve o objeto da licitação (o que deve ser contratado mediante tal procedimento).

c) igualdade de condições: a própria CF trata do princípio da isonomia como uma das finalidades da licitação.

d) mantidas as condições efetivas da proposta: a CF obriga a Administração a garantir a manutenção das condições da proposta vencedora. Desse modo, mesmo que ocorram fato do príncipe, fato da administração e álea extraordinária deve ocorrer um aumento da remuneração do contratado.

Portanto, o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos é uma exigência constitucional.

e) as exigências de qualificação técnica e econômica devem se restringir ao estritamente indispensável para garantir o cumprimento das obrigações:

Por isso, se o edital exigir condições desproporcionais (ex. capital social muito elevado) ferirá a competitividade, violando a CF.

7. FINALIDADES

Art. 3º da Lei 8666/93 (isonomia e proposta mais vantajosa)

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8. PRESSUPOSTOS DA LICITAÇÃO

Segundo a doutrina a realização da licitação exige a presença de 3 pressupostos:

a) pressuposto lógico: pluralidade de objetos e de ofertantes. b) pressuposto jurídico: conveniência ao interesse público. c) pressuposto fático: comparecimento de interessados.

9. OBJETO DA LICITAÇÃO (ART. 2ª DA LEI 8666/93)

Dependem de prévia licitação contratações da Administração com terceiros relativas à obras, serviços (inclusive de publicidade), compras, alienações, concessões, permissões e locações.

Muito Importante: na verdade, os bens, serviços, alienações, locações, etc, são o objeto mediato da licitação, enquanto que o objeto imediato é a busca da proposta mais vantajosa.

10. FASES DA LICITAÇÃO (TEMAS ESPECÍFICOS)

1) se for negada impugnação ao edital, o proponente pode ingressar com: a) denúncia no TC; b) denúncia ao MP; c) ação judicial

2) em regra o edital não pode se alterado. A modificação é aceita preenchidos dois requisitos: a) publicidade da alteração; b) devolução de prazo se houver prejuízo

3) documentos que poder ser exigidos (27 a 31 da Lei 8666/93):

a) docs de natureza jurídica: RG, CNPJ

b) docs de natureza fiscal: contrato social com alterações, certidão negativa de débitos com a Seguridade (art. 195, § 3º, da CF), certidão negativa junto à Fazenda

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c) docs. Técnicos: atestados de desempenho anterior, apresentação da equipe técnica (deve permanecer durante o contrato), lista de equipamentos para execução

d) docs. de natureza financeira: balanços, índices de liquidez

** o licitante deve provar que no seu quadro não há crianças que trabalham de modo irregular

Importante: o licitante inabilitado deve ter o envelope devolvido, sob pena de nulidade

4) A administração pode desclassificar propostas: inexeqüíveis; em desconformidade com o edital; que não sejam diretas (percentuais etc).

5) Em caso de empate, as propostas serão classificadas: a empresa de capital nacional; ocorrerá sorteio.

11. CONTRATAÇÃO DIRETA

* credenciamento: em alguns casos o Poder Público não precisa fazer licitação porque pode habilitar qualquer interessado para realizar certa tarefa (não há necessidade de competição). Ex. inscrição de hospitais no SUS.

São 4 os casos de contratação direta:

a) licitação vedada: a contratação direta é VINCULADA porque realizar o certame ofenderia o interesse público por causa da EXTREMA EMERGÊNCIA: Exs. Armas durante guerra e vacinas durante epidemia

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b) licitação dispensada: o certame seria possível mas a contratação direta é VINCULADA (art. 17, I e II, da Lei): alienação de imóveis adquiridos em dação, doação, permuta, investidura (alienação nacos de imóveis aos proprietários lindeiros); doação de móveis, permuta etc.

c) dispensa de licitação ou licitação dispensável: o certame é possível mas pode não convir ao interesse público. A contratação direta é DISCRICIONÁRIA. Casos taxativamente previstos em lei (art. 24):

1) obras e serviços abaixo de 15 mil (o dobro para consórcios e agências executivas);

2) outros objetos até 8 mil;

3) guerra ou perturbação;

4) emergência ou calamidade pública;

5) não acudirem interessados à licitação (LICITAÇÃO DESERTA). Se a licitação for FRACASSADA (houver interessados mas nenhum habilitado ou classificado) deve haver nova licitação.

6) impressão impressão de diários oficiais se houver entidade criada para esse fim

7) aquisição e restauração de obra de arte

d) inexigibilidade: o certame é impossível POR INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO. A contratação direta é VINCULADA. Casos exemplificativamente previstos em lei (art. 25):

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1) materiais de fornecedor exclusivo, VEDADA A PREFERÊNCIA DE MARCA;

2) serviços de notória especialização (VEDADA INEXIGIBILIDADE PARA SERVIÇOS DE PUBLICIDADE E DIVULGAÇÃO)

3) profissional de setor artístico consagrado pela crítica ou pela opinião pública.

12. CRIMES

Competência exclusiva da União.

TODOS SÃO DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

Além de crimes são atos de improbidade.

Art. 89: dispensar ou inexigir fora das hipóteses legais, ou deixar de observar formalidades de dispensa ou inexigibilidade

Art. 90: fraudar o caráter competitivo da licitação

Art. 94: quebra do sigilo das propostas

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13. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

CONCEITO

Celso Antônio Bandeira de Mello: “contrato administrativo é um tipo de avença travada entre a Administração e terceiros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou do tipo de objeto, a permanência do vínculo e as condições preestabelecidas sujeitam-se a cambiáveis imposições de interesse público, ressalvados os interesses patrimoniais do contratado privado”.

Ao contrário dos contratos privados, podem ser alterados unilateralmente pela Administração.

Assim, destacam-se as seguintes características:

a) submissão ao Direito Público (D. Administrativo);

b) a Administração está em um dos pólos;

c) mutabilidade: ao contrário do direito privado em que vigora o princípio de que os contratos devem ser cumpridos tal como escrito, no Direito Administrativo, a Administração pode alterar as cláusulas do contrato (poder de instabilizar o contrato);

d) presença de cláusulas exorbitantes (manifestam a verticalidade na relação contratual);

e) formalismo (requisitos internos e externos);

obs.: lembrar que em regra os contratos administrativos têm a forma escrita, mas podem ser verbais (objetos de valor muito baixo).

f) comutatividade (equivalência entre as obrigações);

g) confiança recíproca (contrato “intuitu personae”);

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h) bilateralidade (obrigação para as duas partes);

14. PRÉVIA LICITAÇÃO

Em regra, a celebração do contrato exige prévia licitação, mas nem sempre (vedação, dispensa, inexigibilidade e licitação dispensada, etc., existe contrato, mas não tem licitação).

Obs.: para o Cespe, se a licitação não for realizada (quando obrigatória) o contrato administrativo terá um vício de existência, validade e eficácia.

15. NORMAS APLICÁVEIS

Plano constitucional:

* Art. 22, XXVII, da CF;

* Art. 37, XXI, da CF (base constitucional do dever de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro);

Plano legislativo:

* Lei 8.666/93: o art. 54 sujeita os contratos administrativos à aplicação subsidiária do DIREITO PRIVADO;

* Lei 8.883/94: (alterou a 8.666/93).

* Leis específicas como 8.987/95 (concessões) e 11.107/05 (consórcios).

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16. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Existem contratos celebrados pela Administração que não são considerados administrativos. Daí é preciso diferenciar CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO (gênero) e CONTRATOS ADMINISTRATIVOS (espécie), regidos pelo direito administrativo, bem como CONTRATOS PRIVADOS.

Atenção: não podemos conceituar contratos administrativos usando como único critério as partes envolvidas, já que existem contratos entre a Administração e o particular regidos pelo direito privado (como a locação e o comodato), que não são contratos administrativos.

Lembrar que mesmo os contratos privados da Administração sofrem alguma influência do direito público (ex. locação exige prévia licitação).

17. DIFERENÇAS PARA OS CONTRATOS COMUNS

O regime jurídico é bastante diferente, especialmente nos seguintes tópicos:

a) aplicação do Direito Público;

b) partes desiguais;

c) mutabilidade;

d) defesa do interesse público;

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Para HLM, existem peculiaridades quanto à interpretação:

a) interpretação em favor da coletividade (interesse público);

b) vinculação da administração ao interesse público1 (“qualquer cláusula que contrarie o interesse público deve ser considerada não-escrita” - HLM);

c) presunção de legitimidade das cláusulas;

d) alterabilidade das cláusulas;

e) excepcionalidade dos contratos de atribuição (no DA predominam contratos de colaboração, firmados no interesse da Administração, já que nos contratos de atribuição constituem exceções, pois predomina o interesse particular);

f) interpretação restritiva das vantagens conferidas ao particular;

18. SUJEITOS DO CONTRATO (ART. 6º, XIV E XV, DA LEI 8666/93).

Administração = contratante

Particular = contratado

Obs.: em casos raros pessoas jurídicas da Administração Indireta também celebram contratos administrativos, ocupando o papel de

                                                            

1  A  doutrina moderna  diferencia  interesse  público  primário  (o  verdadeiro  interesse  público)  e  interesse 

público  secundário  (o  mero  interesse  patrimonial  da  pessoa  jurídica  do  Estado).  Ex.  recurso  judicial 

interposto apenas com finalidade protelatória em favor do Estado defende o interesse público secundários, 

não o primário. 

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contratado. Ex. empresa estatal que funciona como concessionária de serviço público.

Obs2: segundo a lei 8.666/93, pessoas jurídicas de direito privado da Administração Indireta (EP e SEM) também celebram contratos administrativos.

19. ESPÉCIES

a) Contratos de Obra

Ajuste que tem por objeto CONSTRUÇÃO, REFORMA ou AMPLIAÇÃO de imóvel destinado a serviço público.

Para HLM, a obra pode ser classificada em 4 modalidades de empreendimento:

1) equipamento urbano: ruas, praças, estádios (construído em favor da coletividade);

2) equipamento administrativo: aparelhos para o serviço administrativo;

3) empreendimentos de utilidade pública: ferrovias, rodovias, etc;

4) edifícios públicos: repartições, cadeias etc.

Obra (predomina o interesse material) e Serviço (predomina a atividade).

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Regimes de execução:

a) empreitada: a Administração atribui a execução da obra por conta e risco do contratado, mediante remuneração ajustada. Pode ser por preço global ou preço unitário.

b) tarefa: execução de pequenas obras com pagamento periódico, após verificação do fiscal do órgão contratante (em geral, o tarefeiro não fornece os materiais), só mão-de-obra e instrumentos de trabalho).

b) Contratos de Serviços

É o ajuste que tem por objeto uma atividade prestada à Administração (predomina a atividade sobre o material).

Exs.: demolição, locação de bens, conserto, instalação, montagem, publicidade, transporte etc.

Podem ser de 03 tipos:

a) SERVIÇOS COMUNS: podem ser realizados por qualquer pessoa. Ex.: limpeza. EXIGEM LICITAÇÃO

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b) SERVIÇOS TÉCNICOS PROFISSIONAIS GENERALIZADOS: exigem habilitação profissional, mas não demandam maiores conhecimentos. Ex.: serviços de engenharia. EXIGEM LICITAÇÃO (em regra)

c) SERVIÇOS TÉCNICOS PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS: exigem um conhecimento mais apurado do que nos serviços comuns. Ex.: pareceres. AUTORIZAM INEXIGIBILIDADE SE O CONTRATADO TIVER NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO.

c) Contratos de Fornecimento

É o ajuste administrativo pelo qual a Administração adquire coisas móveis.

Pode ser de 3 tipos: a) fornecimento integral (entrega de uma só vez); b) fornecimento parcelado (a prestação exaure-se com a entrega final da quantidade contratada); c) fornecimento contínuo (entrega é sucessiva e perene).

d) Contratos de Concessão

A Administração delega ao particular a EXECUÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO, DE OBRA PÚBLICA ou do USO DE BEM PÚBLICO.

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É bilateral, comutativo, remunerado e “intuitu personae”.

Atenção: a CONCESSÃO DE JAZIDA (art. 176 da CF), na verdade, é ato UNILATERAL DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

e) Contrato do Gerenciamento

Aquele em que o Governo atribui ao gerenciador a condução de um empreendimento, reservando para si a competência decisória final.

f) Contrato de Gestão

É a designação genérica para qualquer acordo operacional entre a Administração Superior, para fixar metas a entidades privadas ou descentralizadas, permitindo melhor controle dos resultados.

É celebrado com organizações sociais e agências executivas.

g) Termo de Parceria

Celebrado com OSCIPs para cooperação, fomento e execução de atividades de interesse público (art. 9º da Lei 9790/99). Tal contrato fixa deveres, responsabilidades e direitos das duas partes.

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h) Parcerias Público-Privadas

Criadas com base na Lei 11.079/04, as PPPs são um instrumento concebido para incentivar o investimento privado no setor público, representando uma repartição objetiva dos riscos entre o Estado e o investidor (é a sua característica fundamental).

Ao contrário dos demais setores empresariais, o particular não assume sozinho os riscos do empreendimento. O instituto tem sido criticado pela doutrina por fazer do Estado um garantidor do retorno do investimento privado.

Em termos históricos, as PPPs marcam uma 4ª fase na evolução dos serviços públicos:

1ª FASE: Estado Polícia/Estado Liberal (ausência do Estado/Estado mínimo – até as Constituições sociais de 1917 e 1919);

2ª FASE: Estado prestador/social (o Estado encampou a prestação direta dos serviços – das constituições sociais até a segunda guerra);

3ª FASE: Crise do Estado Social – o Estado deixou de dar conta de todas as tarefas que lhe haviam sido atribuídas e passa a delegar a particulares a prestação do serviço público, por meio de contratos de concessão/pós segunda guerra.

4ª FASE: Estado pós-moderno (décadas de 80 e seguintes): com o desenvolvimento do capitalismo financeiro o Estado precisa atrair o investimento privado repartindo os riscos; as PPPs estão nesse contexto de falta de recursos públicos e eficiência da gestão estatal.

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ABRANGÊNCIA da Lei 11079/04 (art. 1º, §único): trata-se de Lei Nacional válida para todas entidades federativas (atinge a Adm. Direta, fundos especiais, autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pelas entidades federativas).

As Leis 8666/93 e 8987/95 aplicam-se subsidiariamente (em especial, causas de alteração, rescisão e sanções).

Natureza Jurídica: PPPs são contratos administrativos de concessão especial (pois há uma contraprestação financeira para ao particular), na modalidade patrocinada ou administrativa (art. 2º).

JSCF: “acordo firmado entre a Administração Pública e pessoa do setor privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de obras ou fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado, contraprestação pecuniária do Poder Público e compartilhamento dos riscos e ganhos entre os pactuantes”.

Para o autor, o compartilhamento dos riscos e ganhos indicaria RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA entre as partes.

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MODALIDADES:

c) Concessão patrocinada: concessão de serviços públicos ou de obras públicas que envolver, além da tarifa, contraprestação pecuniária (art. 2º, § 1º). A marca fundamental é o pagamento de um subsídio para a complementação da tarifa.

d) Concessão administrativa: contrato de prestação de serviços de que a administração seja usuária direta ou indireta.

Sem o subsídio, a concessão comum não é PPP.

DIRETRIZES: eficiência, respeito aos interesses e direitos dos destinatários, indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, poder de polícia e atividades exclusivas, responsabilidade fiscal, transparência, repartição objetiva dos riscos (até de caso fortuito, força maior, caso fortuito e álea extraordinária), sustentabilidade financeira e vantagens sócio-econômicas.

CARACTERÍSTICAS: O §3º, art. 2º estabelece 03 vedações: 1ª – de valor: valor superior a 20 milhões de reais; 2º temporal: período superior a 05 anos (até 35 anos); 3º Objetiva: não pode ter como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

Sociedade de Propósito Específico (art. 9º): criada antes do contrato para implantar e gerir a parceria. Pode assumir a forma de companhia aberta (a Administração não pode ter a maioria do capital votante).

LICITAÇÃO: concorrência

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i) Consórcios Públicos (Lei 11.107/05)

Contrato entre pessoas jurídicas de Direito Público para realização de objetivos de interesse comum. Adquire personalidade jurídica própria.

A lei usa o nome consórcio tanto para designar o contrato, quanto para designar a pessoa resultante do contrato.

O contrato depende de prévia subscrição de protocolo de intenções (depende também de ratificação mediante lei do protocolo).

A nova pessoa jurídica constituída pelo consórcio poderá ser de direito público (associação pública) ou de direito privado.

A associação integra a Administração Indireta de todos os consorciados (entidade multifederativa – grande novidade).

É obrigatória a observância dos seguintes deveres por parte do consórcio:

a) licitação;

b) contrato regido pelas normas do direito administrativo;

c) prestação de contas;

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d) admissão de pessoal por concurso (nos consórcios de direito privado, o regime é obrigatoriamente celetista).

j) Outras Espécies

a) Contratos de trabalhos artísticos (realização de obras de arte); b) contrato de empréstimo público (Administração obtém recursos

de particular para atender a situações de urgência e interesse público);

c) convênio: acordo de vontades entre entidades federativas de patamares diferentes para objetivos comuns (pode ser também entre o Poder Público e particulares).

Nesse sentido, diferencia-se do consórcio administrativo (acordo entre entidades da mesma natureza – como vários Municípios).

Segundo CABM os consórcios públicos, consórcios administrativos e convênios são bastante diferentes dos contratos administrativos comuns, pois ao contrário dos contratos comuns em que há interesses contrapostos, os convênios e consórcios são marcados por interesses coincidentes.

DICA BIBLIOGRÁFICA: “Parcerias na Administração Pública”. Maria Sylvia Zanella di Pietro. Atlas.

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19. CLÁUSULAS EXORBITANTES

Recebem tal nome por serem disposições contratuais exclusivas do direito administrativo, que não são encontradas no Direito Privado; exorbitam a normalidade do direito civil.

Como têm previsão legal (L. 8.666), e são anunciadas no edital, não são abusivas.

Tais cláusulas conferem poderes especiais no contrato que projetam a Administração para um patamar de superioridade frente o particular (“poder de instabilizar o vínculo”, segundo CABM).

Relacionam-se com o fato de os contratos administrativos assemelharem-se a contratos de adesão, (o contrato é estabelecido unilateralmente pela Administração) (MSZP).

IMPORTANTE: como derivam da SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO, valem AINDA QUE NÃO ESCRITAS NO CONTRATO.

a) exigência de garantia (art. 56, § 1º, da Lei 8666/93). Modalidades:

1) caução em dinheiro ou títulos da dívida pública. 2) seguro-garantia 3) fiança bancária

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A escolha da garantia é direito do contratado.

b) alteração unilateral (art. 58, I): nos casos de modificação do projeto ou acréscimo ou diminuição quantitativa do objeto.

**Limites (margem para cima ou para baixo): até 25% (obras, serviços ou compras) ou até 50% (reforma de edifício ou equipamento).

A alteração unilateral produz direito ao reequilíbrio econômico-financeiro (reajuste na remuneração).

c) rescisão unilateral (art. 58, II). Em casos de:

1) inadimplemento por parte do contratado (sem indenização); 2) desaparecimento do objeto, insolvência, falência (sem

indenização); 3) por razões de interesse público - art. 78, XII (como não há culpa

do contratado ele deve ser indenizado – perdas e danos); 4) caso fortuito ou força maior - art. 78, XVII (apesar de muito

criticada pela doutrina – MSZP – é garantida indenização conforme dispõe o art. 79, §2º)

d) fiscalização (art. 67): a execução será acompanhada e fiscalizada por representante da Administração, permitida a contratação de terceiros para esse fim.

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e) aplicação de penalidades – sanções administrativas (art. 87)

A lei prevê as seguintes sanções:

1) advertência; 2) multa; 3) suspensão do direito de participar de licitação e impedimento de

contratar por até 2 anos 4) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a

Administração

CUIDADO: A lei admite apenas a acumulação de pena de multa com qualquer outra.

Para CABM, penas de suspensão e inidoneidade só seriam aplicadas nas condutas tipificadas como crimes.

Contra pena de advertência, multa e suspensão cabe recurso no prazo de 5 dias úteis. Contra declaração de inidoneidade cabe pedido de reconsideração no prazo de 10 dias.

Há também previsão de crimes (arts. 89 a 99).

f) anulação: é a extinção do contrato em razão de um defeito (se o particular não colaborou para causar o vício, será indenizado); decorre do poder de autotutela.

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g) outras prerrogativas: para garantir a continuidade da prestação, a Administração pode determinar ainda: a) assunção do objeto (é a retomada do objeto/prestação do serviço); b) ocupação e utilização do local, materiais e equipamentos (extinção do contrato por qualquer motivo/manutenção do serviço público); c) execução da garantia; d) retenção dos créditos decorrentes do contrato (interrupção de pagamento).

h) restrição à “exceptio non adimpleti contractus” (art. 78, XV): essa cláusula, típica dos contratos privados, aplica-se parcialmente nos contratos administrativos; como a administração, por força dessa norma, “pode atrasar” 90 dias a data do pagamento, antes de finalizado esse prazo, o contratado não tem como interromper a prestação contratual.

Por isso, a exceção do contrato não cumprido só pode ser invocada 90 dias após a interrupção do pagamento.

Os casos de calamidade, guerra ou grave perturbação não autorizam a suspensão do contrato.

20. EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO

Os contratos administrativos oferecem uma grande vantagem ao contratado em compensação ao que ocorre em contratos privados. A lei 8.666 criou um sistema de preservação de lucros chamado equilíbrio econômico-financeiro.

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É a relação que se estabelece, no momento da celebração, entre o encargo assumido e a contraprestação assegurada.

Tal equilíbrio é direito do contratado e deriva dos deveres de boa-fé e busca pelo interesse público primário.

Tem como fundamento o princípio contratual do “rebus sic stantibus” e também a “teoria da imprevisão”.

ATENÇÃO: melhor usar:

a) REAJUSTE para atualização do valor frente perdas inflacionárias ou aumento nos insumos (normalmente tais circunstâncias têm previsão contratual);

b) REVISÃO/RECOMPOSIÇÃO para alterações no valor efetivo da tarifa (circunstâncias insuscetíveis de recomposição por reajuste).

Circunstâncias excepcionais que autorizam a revisão (áleas extraordinárias):

1) Alteração unilateral do contrato: quando a administração proceda modificações quantitativas (art. 65, § 1º) ou qualitativos (art. 65, § 4º) no objeto;

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2) Fato do príncipe: evento da entidade contratante não relacionado ao contrato (para CABM: medidas sob titulação jurídica diversa da contratual). Ex.: aumento de tributo pela mesma entidade. Se o aumento for em outra esfera aplica-se a teoria da imprevisão.

3) Fato da administração (HLM e MSZP): ação ou omissão da Administração contratante que retarda ou impede a execução do contrato. Ex: Administração não providencia desapropriações necessárias para a execução de obras.

Para CABM: fato da Administração é o comportamento irregular do contratante que viola direitos do contratado, mas não necessariamente dificulta ou impede a execução (o contratado pode continuar prestando sua parte).

4) Álea econômica (teoria da imprevisão): acontecimento externo ao contrato, de natureza econômica e estranho à vontade das partes, imprevisível e inevitável, que cause desequilíbrio contratual.

Nesses casos aplica-se a chamada teoria da imprevisão (lembrar que essa teoria sucedeu historicamente o princípio “rebus sic stantibus”).

Requisitos para o fato gerar reequilíbrio pela teoria da imprevisão:

a) o fato deve ser imprevisível quanto à ocorrência e conseqüências; b) estranho à vontade das partes; c) inevitável; d) causar desequilíbrio grande ao contrato.

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5) Sujeições imprevistas (CABM) ou interferências imprevistas (HLM): dificuldades de ordem material imprevisíveis. Ex.: encontro de lençol d’água durante escavação (o contratado tem direito integral à reparação).

6) Agravos econômicos resultantes da inadimplência da Administração (CABM). Ex.: atraso no pagamento.

21. FORMALIZAÇÃO

Os contratos administrativos devem ter a forma escrita, mas pode ser verbal nas pequenas compras de pronto pagamento (até 4 mil reais).

22. PRAZOS

A duração dos contratos fica adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários. Exceto em 03 casos:

a) projetos previstos no PPA; b) serviços de execução contínua (até 60 meses); c) aluguel de equipamentos e programas de informática (até 48

meses).

Os §§ do art. 57 admitem prorrogação (desde que apresente 02 requisitos básicos: justificada por escrito e autorizada pela autoridade): é o aumento de prazo com o mesmo contratado e nas mesmas condições anteriores. Difere da renovação: trata-se de outro ajuste com o mesmo objeto (significa dizer que a renovação pressupõe alguma

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modificação em cláusulas contratuais, como por exemplo, na forma de execução).

Importante: admite-se a renovação, em regra, mediante nova licitação; pode ser mantido o mesmo contratado, caso vença a licitação ou ocorra dispensa/inexigibilidade.

23. EXTINÇÃO

Pode se dar especialmente de 04 formas:

1- conclusão do objeto: é a forma natural de extinção do contrato em decorrência do seu integral cumprimento (alguns autores falam em “exaurimento do conteúdo”);

2- término do prazo: quando ocorre o final da vigência contratual.

3- anulação (defeito).

4- rescisão: a lei prevê 03 modalidades de rescisão (art. 79):

A) rescisão unilateral: se houver culpa do contratado, não tem indenização e haverá sanção; não havendo culpa (ex.: rescisão por interesse público) cabe indenização.

B) Rescisão amigável: é feita por acordo entre as partes. C) Rescisão judicial: feita por inadimplemento do CONTRATANTE ou

do CONTRATADO (nesse caso, a Administração pode também rescindir unilateralmente). Se houver inadimplemento do contratado, a Administração pode optar entre a rescisão unilateral e a judicial (esta última pode ser usada se a Administração não quiser correr risco de futura condenação derivada de uma rescisão unilateral).

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Atenção: HLM fala ainda em rescisão de pleno direito: independe da vontade das partes e se dá pela ocorrência de fato extintivo previsto na lei, regulamento ou contrato. Ex.: falência, insolvência ou falecimento do contratado.

Questões Vunesp

1. Um Estado iniciou processo licitatório sem respaldo orçamentário, tendo celebrado o contrato com a empresa licitante vencedora. O Tribunal de Contas da União, com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, determinou ao Chefe do Executivo que anulasse o contrato e a licitação prévia. A empresa contratada deveria ser ouvida antes da decisão do Tribunal de Contas?

A) Não, porque a Lei de Responsabilidade Fiscal obriga o ente público, não o particular.

B) Sim, como corolário da garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório.

C) Sim, desde que a empresa, na qualidade de administrado, represente ao Tribunal.

D) Não, porque contratos administrativos sem respaldo orçamentário constituem crime de responsabilidade fiscal.

Resposta B

2. Um prefeito, iniciando seu mandato, decidiu revogar uma licitação que havia sido vencida por uma empresa que apoiara um candidato de outro partido político, e que se encontrava em fase de adjudicação. Pode o novo prefeito fazer isso?

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A) Não, porque isso seria sempre considerado desvio de poder.

B) Não, porque a licitação já se encontrava em fase de adjudicação.

C) Sim, desde que comprove ilegalidade no procedimento da licitação.

D) Sim, desde que haja fatos supervenientes que comprovem que a contratação objeto da licitação não é conveniente nem oportuna.

Resposta D

3. Qual a modalidade de licitação que a Administração Pública pode instaurar, para contratação de: a) programas de informática, de grande e específica complexidade, e b) aquisição de uma quantidade grande de computadores e impressoras? Sabe-se que os valores de ambas as contratações são bastante elevados. A) Por se tratar de contratação de produtos de informática, a licitação deve obrigatoriamente ser feita na modalidade técnica e preço.

B) A concorrência é modalidade obrigatória, em ambos os casos, pelo valor da contratação.

C) O pregão é obrigatório em ambos os casos, pela complexidade da contratação.

D) Concorrência para ambas as licitações, ou concorrência para a primeira e pregão para a segunda contratação. Resposta D

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4. Em um Pregão realizado pela União para a aquisição de impressoras para computadores, a licitante que, nos lances, deu o segundo menor preço, foi contratada, apesar de haver uma licitante que teria dado um preço menor. Este procedimento

A) não está correto, porque esta modalidade necessariamente determina a contratação do menor preço.

B) está correto, desde que a licitante com o menor preço venha a ser inabilitada.

C) está correto, porque esta modalidade é para aquisição de bens e serviços comuns, e como se trata de aquisição de bens não comuns, não se aplica o critério de julgamento do menor preço.

D) não está correto, porque a desclassificação da proposta de preço só pode ocorrer entre licitantes já devidamente habilitadas. Resposta B

5. É da essência do instituto da licitação

A) a contratação do adjudicatário.

B) sempre obter o menor preço.

C) obter vantagem para a Administração sem descurar da isonomia.

D) a desvinculação com o instrumento convocatório. Resposta C

6. A locação de imóvel, para nele funcionar determinado serviço público, será uma modalidade de contratação que

A) depende de prévia licitação, em qualquer caso.

B) pode dispensar a licitação, nos casos previstos em lei.

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C) não exige a licitação, nos casos previstos em lei.

D) prescinde de licitação em qualquer caso.

Resposta B

7. Serão necessariamente precedidos de licitação, quando

contratados com terceiros, as obras, serviços, compras e

alienações, no âmbito da administração pública, salvo as hipóteses de

A) concurso.

B) leilão.

C) dispensabilidade de convite.

D) dispensabilidade, de inexigibilidade e de vedação.

Resposta D

8. Em licitação, em que todos os licitantes têm suas propostas técnicas desclassificadas, o ente licitador

A) pode revogar a licitação, considerando-a deserta.

B) pode fixar prazo para que os proponentes reapresentem suas propostas escoimadas dos motivos que ensejaram a desclassificação.

C) não pode anular a licitação, ainda que os vícios das propostas sejam decorrentes de erros insertos no edital.

D) não pode permitir o conserto das propostas, sob pena de ferir o princípio do sigilo delas.

Resposta B

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9. Assinale a alternativa correta. De acordo com a Constituição Federal, a Administração está obrigada a praticar licitação

A) somente para realização de obras e serviços contratados por empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica.

B) para a realização de obras, serviços e alienações, bem assim, para concessão e permissão de serviços públicos. C) somente para a realização de obras, serviços e alienações, bem como para a concessão de serviços públicos.

D) somente para a realização de obras, serviços e alie-nações.

Resposta B

10. Após regular procedimento licitatório e celebrado o contrato, poderá ser alterado o objeto de contrato de prestação de serviços de limpeza, para serviço de vigilância, no caso de a contratada ser empresa especializada também em vigilância e o poder público alegar que o interesse público exige a alteração?

A) Sim, porque se trata de ato discricionário.

B) Sim, pelo poder da Administração de alteração unilateral dos contratos.

C) Não, porque se trata de serviço técnico especializado.

D) Não, pelo princípio da vinculação ao edital de licitação.

Resposta D

11. Ao cabo de um contrato de concessão, os bens afetados à prestação do serviço serão revertidos ao ente público concedente,

em função do princípio da continuidade do serviço público. Essa reversão ao patrimônio público implica indenização à concessionária?

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A) Sim, desde que os investimentos nesses bens não tenham sido amortizados pelas tarifas.

B) Não, porque no regime da concessão de serviço público os bens não são da concessionária, mas sim do Poder Público.

C) Sim, desde que tenha havido revisão no contrato para restabelecer o seu equilíbrio econômico-financeiro.

D) Nunca, porque o prazo da concessão foi estabelecido no edital de licitação, e indenização a seu final implicaria enriquecimento ilícito da concessionária. Resposta A

12. Um contrato a ser celebrado entre o Poder Público e o privado não poderá ser considerado parceria público-privada se

A) o seu objeto for exclusivamente execução de obras.

B) envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

C) o seu valor for superior a R$ 20.000.000,00.

D) o seu prazo de duração for de 10 anos.

Resposta A

13. A Lei n.º 11.107, de 06.04.2005, regulamentando o artigo 241 da Constituição Federal, disciplinou a gestão associada de atividades entre os entes federados mediante transferência total ou parcial de encargos, pessoal e bens essenciais à

continuidade de serviços públicos. O instituto disciplinado por essa lei chama-se

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A) contrato de gestão.

B) parceria público-privada.

C) convênio privado.

D) consórcio público.

Resposta D

14. A Emenda Constitucional n.º 9/95 flexibilizou o monopólio da atividade do petróleo, permitindo que empresas privadas participem, por exemplo, da atividade de pesquisa e lavra do petróleo, em regime de livre concorrência. Para tanto, as empresas

privadas devem

A) celebrar com a Agência Nacional do Petróleo - ANP contrato de concessão de serviço público.

B) celebrar com a União contrato de concessão de exploração de bem público.

C) ser autorizadas pela Petrobras para exploração de atividade econômica, após regular procedimento licitatório.

D) celebrar contrato de concessão para exploração de atividade econômica com a União, via Agência Nacional de Petróleo - ANP.

Resposta B

15. Pode uma agência reguladora conceder excepcional revisão de tarifa solicitada por uma concessionária de serviço público, dois meses após esta tarifa ter sido devidamente reajustada na forma do contrato de concessão?

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A) Sim, desde que se utilizem os índices de reajuste estabelecidos no contrato.

B) Não, porque a revisão, como forma de reajuste, só pode ocorrer no prazo estabelecido no contrato.

C) Sim, desde que fato imprevisto e inevitável tenha desbalanceado o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

D) Não, porque se trata de revisão extraordinária, que só pode ocorrer anualmente.

Resposta C

16. Após realização de estudos econômico-financeiros, em que se verificou que a construção de uma estrada poderia ser totalmente custeada pelas tarifas dos futuros usuários, eis que seu valor não atingiria R$ 20 milhões, o Estado decidiu abrir licitação para contratação de

A) Parceria Público Privada.

B) concessão de serviço público precedida de obra pública.

C) concessão patrocinada.

D) consórcio público.

Resposta B

17. Após vários meses da celebração de um contrato de prestação de serviços de vigilância, entre o Poder Público e a empresa vencedora da licitação, esta tornou-se inadimplente com a Previdência Social (FGTS e INSS). O Poder Público contratante deve

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A) rescindir o contrato e pode contratar com inexigibilidade de licitação, por emergência, visto que se trata de um serviço essencial.

B) manter o contrato pelo prazo contratual e, após, pode iniciar novo processo licitatório.

C) rescindir o contrato e pode contratar qualquer empresa, com inexigibilidade de licitação, para dar continuidade ao serviço, pelo prazo restante.

D) rescindir o contrato e pode contratar, com dispensa de licitação, a licitante classificada em segundo lugar.

Resposta D

18. Qual a forma de extinção de um contrato de concessão celebrado entre um município e uma sociedade de economia mista estadual, que, para sua efetivação, necessite, obrigatoriamente, de lei autorizativa específica e prévio pagamento de indenização?

A) Encampação.

B) Caducidade.

C) Intervenção.

D) Rescisão contratual.

Resposta A

19. A efetivação das parcerias público-privadas, em que haja prestação de serviço público diretamente aos usuários, e que o prestador dos serviços recebe sua contraprestação pecuniária do

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usuário e também da Administração Pública contratante é chamada de

A) concessão público-privada.

B) concessão administrativa.

C) concessão patrocinada.

D) permissão de serviços públicos.

Resposta C

20. A Lei 11.107/2005, dispôs sobre consórcio público (que poderá ser pessoa jurídica de direito público da Administração Indireta) para a gestão associada de serviços públicos entre entes federativos. O projeto de lei previa, em seu artigo 10, que os consorciados (Municípios, Estados, Distrito Federal e União) responderiam solidariamente pelas obrigações assumidas pelo consórcio. A União vetou este artigo 10. Em função do veto, diz-se que o credor do consórcio público

A) poderá, apenas subsidiariamente, exigir o cumprimento da obrigação do ente federativo consorciado.

B) poderá exigir o cumprimento da obrigação apenas do consórcio, visto que o ente federativo não responde jamais pelas dívidas das pessoas jurídicas da sua administração indireta.

C) poderá exigir o cumprimento da obrigação diretamente tanto do consórcio como do ente federativo consorciado.

D) não poderá exigir, nem de forma solidária, nem subsidiária, que o ente federativo consorciado cumpra a obrigação do consórcio público Resposta A

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21. Pode o poder público, no curso de uma concessão, determinar unilateralmente a redução de uma tarifa?

A) Sim, desde que recomponha o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, indenizando o particular.

B) Não, porque o equilíbrio econômico-financeiro do contrato impede, sempre, que tal ocorra

C) Sim, desde que o contrato de concessão preveja a ocorrência de reajuste decorrente de “fato do príncipe”.

D) Não, a não ser que o desbalanceamento econômico-financeiro do contrato ultrapasse o limite legal de 25% de alteração.

Resposta A

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Parte 7 – Servidores Públicos e Lei 8112/90

1. Agentes Públicos

Conceito: são todas as pessoas que mantêm vinculação profissional com o Estado, ainda que de modo transitório e sem remuneração.

A noção abrangente de agentes públicos serve para identificar todos aqueles que são “autoridade pública” para fins de impetração de mandado de segurança.

Espécies de Agentes Públicos:

a) Agentes políticos: ingressam mediante eleições para desempenhar mandatos fixos, sendo responsáveis pela alta direção do Estado, ao final dos quais a vinculação desaparece. Ex. parlamentares, chefes do executivo, etc (HLM incluía os juízes).

b) Empregados públicos: ingressam mediante concurso público, para ocupar empregos públicos, de natureza contratual, regida pela CLT. O regime de emprego é obrigatório nas empresas públicas e sociedades de economia mista (fora esses casos, tal regime deveria ser reservado a funções subalternas – complexidade menor). O regime de emprego público não é puramente celetista, pois sofre influências do direito administrativo, especialmente em 02 pontos: concurso e a demissão mediante processo administrativo. Por causa dos princípios

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do devido processo legal e obrigatória motivação, a doutrina do direito administrativo só admite demissão de empregado público por justa causa e mediante processo administrativo com ampla defesa e contraditório. Porém, alguns enunciados do TST admitem demissão de empregado público sem justa causa.

Cuidado: empregado público não tem a estabilidade dos estatutários e nem estágio probatório de 03 anos. Existe apenas o período de experiência previsto na CLT (90 dias). Portanto, a “estabilidade” mencionada pelos tribunais trabalhistas no regime de emprego é aquela da CLT (proteção da gestante, dos sindicalistas, etc.).

c) Servidos Públicos Estatutários: ingressam por concurso, para ocupar cargos públicos, tendo vinculação não contratual2, submetendo-se à estágio probatório de:

1) 03 anos (para a maioria dos cargos): nesses casos o servidor adquire estabilidade (cargos efetivos) só podendo perder o cargo por 04 razões (compulsórios): sentença judicial transitada em julgado; processo administrativo disciplinar; avaliação negativa de desempenho e para redução de despesas. No âmbito federal o regime estatutário está disciplinado na Lei 8.112/90.

2) 02 anos: no caso de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e membros dos Tribunais de Contas). Após os 02 anos de estágio, tais agentes adquirem vitaliciedade, só podendo perder o cargo por sentença judicial transitada em julgado.

                                                            

2 A vinculação de um servidor público não é contratual, mas estatutária, razão pela qual as características da 

vinculação podem ser modificadas mesmo contra a vontade do servidor. 

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d) Temporários: são contratados por tempo determinado para necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, IX, CF e L. 8.745/93). Ex. assistência a situações de calamidade pública; combate a surtos endêmicos; Não há concurso público, mas processo seletivo simplificado (art. 3º). Nos casos de calamidade pública sequer há processo seletivo simplificado.

e) ocupantes de cargo em comissão (art. 37, V, CF): conhecidos como cargo de confiança não são providos por concurso, mas por nomeação, destinando-se a direção, chefia e assessoramento. Os cargos são exoneráveis “ad nutum”.

Importante: a exoneração “ad nutum” independe de motivo, mas se o motivo que foi apresentado for falso, a exoneração é nula. Ex. ocupante de cargo em comissão exonerado por falta funcional sem processo.

f) Particulares em colaboração com a Administração (ou agentes honoríficos): assumem tarefas públicas em caráter transitório e sem remuneração (em regra). Exemplos: convocados para eleições (requisitados); gestores de negócios públicos (socorrista de parturiente; particular que dá ordens no trânsito); notários (para alguns autores, tabeliães, notários e titulares de cartório também são particulares em colaboração – segundo o STF, eles não se submetem a aposentadoria compulsória de 70 anos).

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2. Concurso Público

Pode ser de provas (atividades de baixa complexidade) ou provas e títulos (maior complexidade). A realização de concurso relaciona-se com os princípios da impessoalidade, moralidade e eficiência. O concurso vale por até 02 anos, prorrogáveis uma vez por igual período.

3. Acumulação de Cargos (art. 37, XI, CF)

A acumulação remunerada é proibida, exceto em 05 casos se houver incompatibilidade de horários: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; d) juiz e magistério; e) promotor de justiça e magistério.

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Questões Vunesp

1. Um autarquia instaura processo disciplinar contra um seu servidor, alegando inassiduidade habitual. O servidor alega, em sua defesa, justa causa para as faltas ao serviço, juntando documentos comprobatórios. A Comissão Processante refuta as alegações do servidor, sob o único argumento de que o livro-ponto teria, objetivamente, comprovado o ilícito administrativo e propõe a sua punição. Estaria correto este entendimento?

A) Sim, porque no Estado de Direito, não compete ao acusador demonstrar a inocência do acusado.

B) Não, porque à Administração Pública competem as providências instrutórias, necessárias para motivar decisão administrativa em processo punitivo.

C) Sim, porque provada a ausência ao serviço de forma objetiva, a ampla defesa já teria sido assegurada.

D) Não, porque no processo administrativo o ônus da prova incumbe sempre à Administração Pública.

Resposta B

2. No caso de funcionário público processado por fato que constitui ilícito administrativo e, ao mesmo tempo, ilícito penal, a decisão do juiz criminal repercutirá na instância administrativa se

A) declarar inexistente o fato.

B) absolver o funcionário por ineficiência de prova.

C) absolver o funcionário por reconhecer não constituir, o fato, infração penal.

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D) absolver o funcionário por existir circunstância que isente o réu de penas.

Resposta A

3. Prescinde de processo seletivo simplificado ou de concurso público, embora se trate de contratação de servidor público:

A) a contratação de servidor pelo regime trabalhista.

B) o contrato de locação de serviços realizado com dispensa de licitação.

C) a contratação de pessoal por tempo determinado para atender às necessidades decorrentes de calamidade pública.

D) a contratação de servidor autárquico.

Resposta C

4. Assinale a alternativa que só contenha cargos públicos vitalícios:

A) magistrados, membros do Ministério Público e membros dos Tribunais de Contas;

B) delegados de polícia, magistrados e membros do Ministério Público;

C) delegados de polícia, Chefes do Executivo e parlamentares;

D) delegados de polícia, Chefes do Executivo e ocupantes de cargos em comissão

Resposta A

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5. Atualmente o estágio probatório tem a duração, em regra, de:

A) 2 anos

B) 3 anos

C) 4 anos

D) 35 anos para homens e 30 para mulheres

Resposta B

6. Uma Prefeitura realizou concurso público para provimento dos cargos públicos de escriturário. O edital do concurso exigia que o candidato tivesse o 2.º Grau completo. Após 10 anos da nomeação dos candidatos aprovados, necessitando a Prefeitura prover, urgentemente, cargos de advogado, realizou

concurso interno entre os escriturários que tivessem completado o curso de direito. Esse procedimento está correto?

A) Não, porque isso caracterizaria readaptação de cargo, possível apenas se previsto no edital do primeiro concurso.

B) Sim, porque os candidatos possuem o requisito necessário e já haviam sido aprovados em concurso público anterior.

C) Não, porque o ingresso em cargo público só pode ocorrer após aprovação em concurso público.

D) Sim, porque havia urgência para o provimento dos cargos e a seleção interna respeitou os requisitos necessários para o provimento de cargo de advogado.

Resposta C

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7. Assinale a alternativa que não contenha exemplo de cargo vitalício:

A) delegado de polícia

B) magistrado

C) procurador da república

D) promotor de justiça

Resposta A

8. Um município contratou empresa privada para prestação de serviços de cobrança extrajudicial de tributos municipais. Os empregados da empresa contratada deveriam trabalhar no prédio da Prefeitura, sob as ordens hierárquicas do secretário de finanças e no horário normal de trabalho dos funcionários públicos. Pergunta-se: este proceder está correto?

A) Não, porque os serviços objeto da contratação constituem atividade-fim do município.

B) Sim, desde que o município tenha realizado licitação prévia.

C) Não, porque o município deveria realizar concurso público para contratação de funcionários.

D) Sim, desde que se trate de terceirização contratada com cooperativa.

Resposta C

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9. A aposentadoria de servidor público será sempre com proventos integrais na aposentadoria

A) compulsória.

B) por invalidez permanente, decorrente de doença grave, especificada em lei.

C) voluntária.

D) por invalidez permanente, decorrente de moléstia grave.

Resposta B

10. Calcado em legislação estadual e em parecer jurídico que concluía pela competência concorrente do Estado-membro para legislar sobre bingos, um governador editou decreto regulamentando o referido “jogo de azar”, autorizando a abertura de diversos bingos no seu estado, dentre os quais um cujo proprietário seria irmão do governador. Posteriormente, o STF, em Ação Declaratória de Inconstitucionalidade, declarou a inconstitucionalidade da lei estadual, entendendo tratar-se de competência privativa da União. Por força disso, e sob a alegação de que o decreto estadual teria beneficiado um parente do governador, o Ministério Público ingressou com Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa contra esta autoridade. Tem, essa ação, condições de prosperar?

A) Não, porque Ação Civil Pública só pode ser proposta quando há dano ao erário público.

B) Sim, porque a competência para legislar sobre esse tipo de atividade é privativa da União.

C) Não, porque o ato normativo regulador calcou-se em lei estadual então vigente, não havendo dolo por parte do agente público.

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D) Sim, porque a autoridade administrativa não pode alegar desconhecimento da norma constitucional de repartição das competências entre os entes da federação.

Resposta C

11. Servidor demitido do serviço público, após processo disciplinar que constatou seu envolvimento em ilícito administrativo, pode vir a ser reintegrado no cargo se em instância criminal, posteriormente, ele obtiver sentença de absolvição, referentemente aos mesmos fatos?

A) Sim, se a absolvição criminal for fundamentada na negativa da autoria ou da existência do crime.

B) Não, porque as jurisdições penal e administrativa não se intercomunicam.

C) Sim, desde que a demissão não tenha ocorrido por suficiência probatória.

D) Não, porque na esfera administrativa também há processo formal com o objetivo de extração da verdade real.

Resposta A

12. Agente público pode ser condenado por improbidade administrativa por ato que não importou enriquecimento ilícito nem causou prejuízo ao erário?

A) Não, porque improbidade administrativa é considerada crime, com responsabilização objetiva do agente público.

B) Não, pela ausência de dano ao erário público.

C) Sim, ainda que o agente tenha agido de boa fé e dentro da legalidade.

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D) Sim, desde que o ato atente contra os princípios da Administração Pública.

Resposta D

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Parte 8 – Responsabilidade Estatal

1. FUNDAMENTO

Art. 37, § 6º, CF: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA:

a) Irresponsabilidade Estatal (até 1873): nenhum prejuízo gerava indenização

“o rei não erra”

* sinais de mudança: teoria do fisco

b) Responsabilidade Subjetiva (1873 até 1976): o dever de indenizar depende de 4 requisitos: ato, dano, nexo e culpa/dolo.

É conhecida como teoria da culpa.

* teoria civilística

* Evoluiu para CULPA ADMINISTRATIVA noção de FALTA ou CULPA DO SERVIÇO (inexistência, mau funcionamento ou retardamento).

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c) Responsabilidade objetiva (1946 até hoje)

não depende de culpa ou dolo

Requisitos: Ato, dano e nexo causal

BASEIA-SE NA IDÉIA DE RISCO (FATO do serviço, não mais FALTA do serviço)

3. REQUISITOS DO DANO INDENIZÁVEL

a) lesão a direito da vítima b) dano certo (não eventual)

Se o dano for por ato lícito: + especialidade (não pode ser genérico) e anormalidade (além de meros agravos patrimoniais da vida em sociedade)

4. DICAS ESPECIAIS

a) No caso de danos por omissão é aplicável a TEORIA SUBJETIVA (exemplo: enchente)

b) Concessionários respondem OBJETIVAMENTE pelos danos causados a usuários e a terceiros não-usuários (novíssimo entendimento do Supremo Tribunal Federal)

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c) A responsabilidade estatal em regra é objetiva. Mas, o AGENTE PÚBLICO RESPONDEM SUBJETIVAMENTE (na ação regressiva), pois o art. 37, § 6º, exige prova de culpa ou dolo na ação do Estado para ressarcimento contra o agente.

5. JULGADOS SELECIONADOS

RESPONSABILIDADE CIVIL. TABELA. IBGE. CULPA CONCORRENTE. LINHA FÉRREA.

A Turma deu provimento em parte ao recurso ao confirmar a jurisprudência do STJ, que reconhece, na hipótese, a culpa concorrente entre o pedestre atropelado e a empresa ferroviária, pois cabe a ela cuidar e manter a linha férrea com o fito de impedir a travessia, e ao pedestre impõe-se não utilizar a passagem clandestina aberta no muro sem conservação. Utilizou-se o sistema do novo Código Civil em regrar o pagamento da pensão pelo tempo da hipotética sobrevida da vítima, apurado mediante a tabela oficial anual divulgada pelo IBGE. REsp 700.121-SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 17/4/2007.

INDENIZAÇÃO. DANO. ESTÉTICO. MORAL.

A jurisprudência do STJ entende ser possível a cumulação das indenizações relativas aos danos estético e moral quando for possível distinguir, com precisão, a motivação de cada espécie pela interpretação que as instâncias ordinárias emprestaram aos fatos e à prova dos autos. Sabidamente, o dano estético é distinto do dano moral e, na sua fixação, pode ser deferido separadamente ou englobado com o dano moral. Diante disso, no caso dos autos, de perda de parte do pé resultante de atropelamento por composição férrea, considerada a culpa recíproca, tem-se que o Tribunal a quo não valorou o dano estético no arbitramento do quantum, fixado em trinta mil reais. Daí que a Turma elevou a indenização compreensiva dos danos moral e estético a oitenta mil reais. Precedente citado: REsp 249.728-RJ, DJ 25/3/3003. REsp 705.457-SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 2/8/2007.

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RESPONSABILIDADE CIVIL. ESTADO. OMISSÃO.

Discutia-se a responsabilidade civil do Estado decorrente do fato de não ter removido entulho acumulado à beira de uma estrada, para evitar que ele atingisse uma casa próxima e causasse o dano, em hipótese de responsabilidade por omissão. Diante disso, a Min. Relatora traçou completo panorama da evolução da doutrina, legislação e jurisprudência a respeito do tortuoso tema, ao perfilar o entendimento de vários escritores e julgados. Por fim, filiou-se à vertente da responsabilidade civil subjetiva do Estado diante de condutas omissivas, no que foi acompanhada pela Turma. Assim, consignado pelo acórdão do Tribunal a quo que a autora não se desincumbiu de provar a culpa do Estado, não há que se falar em indenização no caso. Precedentes citados do STF: RE 179.147-SP, DJ 27/2/1998; RE 170.014-SP, DJ 13/2/1998; RE 215.981-RJ, DJ 31/5/2002; do STJ: REsp 418.713-SP, DJ 8/9/2003, e REsp 148.641-DF, DJ 22/10/2001. REsp 721.439-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 21/8/2007.

Responsabilidade Civil do Estado e Agente Público

Considerou-se que, na espécie, o decreto de intervenção em instituição privada seria ato típico da Administração Pública e, por isso, caberia ao Município responder objetivamente perante terceiros. Aduziu-se que somente as pessoas jurídicas de direito público ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviços públicos podem responder, objetivamente, pela reparação de danos ocasionados por ato ou por omissão dos seus agentes, enquanto estes atuarem como agentes públicos. No tocante à ação regressiva, asseverou-se a distinção entre a possibilidade de imputação da responsabilidade civil, de forma direta e imediata, à pessoa física do agente estatal, pelo suposto prejuízo a terceiro, e entre o direito concedido ao ente público, ou a quem lhe faça as vezes, de ressarcir-se perante o servidor praticante de ato lesivo a outrem, nos casos de dolo ou de culpa. Em face disso, entendeu-se que, se eventual prejuízo ocorresse por força de agir tipicamente funcional, não haveria como se extrair do citado dispositivo constitucional a responsabilidade per saltum da pessoa natural do agente. Essa, se cabível, abrangeria apenas o ressarcimento ao erário, em sede de ação regressiva, depois de provada a culpa ou o dolo do servidor público. Assim, concluiu-se que o mencionado art. 37, § 6º, da CF, consagra dupla garantia: uma em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. A Min. Cármen Lúcia acompanhou com reservas a fundamentação. RE 327904/SP, rel. Min. Carlos Britto, 15.8.2006. (RE-327904)

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RESPONSABILIDADE. PEDRA ARREMESSADA. INTERIOR. ESTAÇÃO FERROVIÁRIA.

O Tribunal a quo, lastreado na prova dos autos, afirmou que a pedra foi arremessada de dentro da estação ferroviária, vindo a atingir passageiro em composição ferroviária da recorrente. Dessa forma, há responsabilidade pelo dano ao passageiro, pois a recorrente não cuidou de prevenir a presença de estranhos usando drogas em suas dependências, fato esse de conhecimento da segurança da empresa. Assim, a Turma não conheceu do recurso. REsp 666.253-RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 7/5/2007.

RESPONSABILIDADE CIVIL. ESTADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO.

Trata-se de ação indenizatória na qual se busca a responsabilidade civil do Estado em razão do dano causado por pessoa que, no momento do acidente de trânsito, deveria estar reclusa, sob custódia do Estado. No caso, um apenado dirigia na contramão quando atingiu uma motocicleta, ferindo, gravemente, o motociclista e seu carona. O condutor do veículo deveria estar recluso naquele momento, pois cumpria pena em prisão albergue, em progressão de pena privativa de liberdade e só não estava recolhido em razão de os agentes estatais possibilitarem que dormisse fora. A Turma, por maioria, entendeu que o Estado não pode ser responsabilizado, pois, na espécie, o ato estatal que permitiu ao albergado sair de sua custódia, por si só, não é causa adequada para a ocorrência do dano, inexistindo, então, nexo de causalidade entre a omissão dos agentes públicos e o dano causado ao ora recorrente. Logo, por maioria, conheceu parcialmente do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento. REsp 669.258-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/2/2007.

RESPONSABILIDADE CIVIL. ESTADO. ATUAÇÃO. MAGISTRADO. REPARAÇÃO. DANOS.

O Tribunal a quo, lastreado na prova dos autos, concluiu que a ora recorrente, injustamente, acusou o ora recorrido de crime gravíssimo, porque, por ofício, informou à autoridade policial que ele seria autor de um delito, quando jamais poderia fazê-lo ante as provas existentes. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que a magistrada responde pelos danos causados quando, por meio de ofício, afirma o cometimento de crime por outra pessoa sem qualquer resquício de

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prova, respaldo fático ou jurídico. Na espécie, não são admitidos os danos materiais, pois não comprovados, efetivamente, os prejuízos patrimoniais. Quanto aos danos morais, a Turma, fixou-os em 50 mil reais. Assim, por maioria, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe parcial provimento. REsp 299.833-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 14/11/2006.

INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ESTADO. SUICÍDIO. PRESO.

Trata-se de ação de reparação de danos ajuizada pelo MP, pleiteando indenização por danos morais e materiais, bem como pensão aos dependentes de preso que se suicidou no presídio, fato devidamente comprovado pela perícia. A Turma, por maioria, deu parcial provimento ao recurso, reconhecendo a responsabilidade objetiva do Estado, fixando em 65 anos o limite temporal para o pagamento da pensão mensal estabelecida no Tribunal a quo. Outrossim, destacou o Min. Relator já estar pacificado, neste Superior Tribunal, o entendimento de que o MP tem legitimidade extraordinária para propor ação civil ex delicto em prol de vítima carente, enquanto não instalada a Defensoria Pública do Estado, permanecendo em vigor o art. 68 do CPP. Para o Min. Teori Albino Zavascki, o nexo causal que se deve estabelecer é entre o fato de estar o preso sob a custódia do Estado e não ter sido protegido, e não o fato de ele ter sido preso, pois é dever do Estado proteger seus detentos, inclusive contra si mesmo. REsp 847.687-GO, Rel. Min. José Delgado, julgado em 17/10/2006.

RESPONSABILIDADE CIVIL. ATO LEGISLATIVO.

A responsabilidade civil em razão do ato legislativo só é admitida quando declarada pelo STF a inconstitucionalidade da lei causadora do dano a ser ressarcido, isso em sede de controle concentrado. Assim, não se retirando do ordenamento jurídico a Lei n. 8.024/1990, não há como se falar em obrigação de indenizar pelo dano moral causado pelo Bacen no cumprimento daquela lei. Precedente citado: REsp 124.864-PR, DJ 28/9/1998. REsp 571.645-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/9/2006.

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Questões Vunesp

1. Em acidente automobilístico envolvendo veículo particular e ônibus de concessionária de serviço público de transporte coletivo, o motorista do veículo particular sofreu lesões corporais graves. A concessionária foi condenada, em ação de responsabilidade civil, pelos danos causados à vítima. O Supremo Tribunal Federal, por maioria, levou em consideração o fato de a vítima não ser usuária do serviço público concedido e que não se poderia fazer a concessionária responder da mesma forma que responderia frente a um usuário do serviço concedido. Isso significa que o Supremo entendeu que

A) a concessionária não responderia pelos danos.

B) a responsabilidade da concessionária seria objetiva.

C) a responsabilidade da concessionária seria meramente subjetiva.

D) a responsabilidade da concessionária seria objetiva, mas a vítima deveria comprovar a culpa da concessionária.

Resposta C (Obs.: atualmente o STF entende que concessionários respondem objetivamente perante usuário e também perante terceiros não-usuários)

2. Diversas são as teorias que descrevem a responsabilidade extracontratual do Estado, através dos tempos. A teoria que se baseia na noção de que todo prejuízo causado por fato ou ato da Administração é um ônus público que deve atingir a todos da comunidade, igualitariamente, e se uma pessoa experimentar, injusta e excepcionalmente, um ônus maior do que o suportado pelos demais membros da sociedade, emerge daí o seu direito à indenização pelo Estado, é a teoria

A) do risco.

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B) civilista.

C) da irresponsabilidade.

D) da culpa.

Resposta A

3. Responsabilidade objetiva do Estado se aperfeiçoa com a concorrência (conjunta) dos seguintes requisitos:

A) nexo de causa e efeito entre o ato administrativo e a ausência de dolo ou culpa do agente público.

B) ato administrativo e ausência de culpa da vítima.

C) ação administrativa, dano e nexo causal.

D) serviço público e ocorrência de causa excludente de responsabilidade estatal.

Resposta C

4. O Estado poderá ser condenado a indenizar a mãe de um preso assassinado dentro da própria cela por outro detento?

A) Sim, ante a responsabilidade objetiva do Estado.

B) Não, porque o dano não foi causado por agente estatal.

C) Sim, desde que provada culpa dos agentes penitenciários na fiscalização dos detentos.

D) Não, porque não há vínculo causal entre o evento danoso e o comportamento estatal.

Resposta A

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5. O excesso de tensão no restabelecimento do fornecimento de energia elétrica, após blackout, causou danos a bens de consumidores. Nessa hipótese, sabendo-se que é normal haver excesso de tensão após blackout, a concessionária do serviço de distribuição de energia elétrica, empresa privada,

A) responde pelos danos, porque a concessionária de serviço tem responsabilidade civil.

B) não responde pelos danos, porque não houve culpa da concessionária.

C) responde pelos danos, porque houve defeito na prestação de um serviço público de titularidade da concessionária, ainda que empresa privada.

D) não responde pelos danos, porque a concessionária é empresa privada. Resposta A

6. Um açodado membro do Ministério Público ingressa, de forma temerária, sem prévio inquérito civil público, com Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa contra um prefeito, seu desafeto pessoal. A ação foi trancada no seu nascedouro, reconhecendo o juiz a inadequação da ação, extinguindo a lide sem julgamento do mérito. Cabe responsabilidade civil pelos danos eventualmente causados ao acionado? A) Sim, pela responsabilidade objetiva do Poder Público, desde que presentes os requisitos (nexo causal, dano etc).

B) Não, porque o Ministério Público, como fiscal da lei, pode ingressar com Ação Civil Pública.

C) Não, porque o direito de ingressar com ação judicial é garantia constitucional, que não pode ser tolhida.

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D) Sim, desde que comprovado que o membro do Ministério Público agiu com culpa, responde ele objetivamente pelos danos causados. Resposta A

7. (AUTOR) A responsabilidade civil do concessionário de serviço público é

A) subsidiária ao poder concedente.

B) subjetiva.

C) objetiva.

D) solidária com o poder concedente.

Resposta C

8. (AUTOR) Constituem requisitos para responsabilização estatal:

A) ato, dano e nexo causal

B) culpa, ato e dano

C) dolo, culpa e dano

D) omissão, dano e dolo

Resposta A

9. (AUTOR) No Brasil, a teoria do risco integral aplica-se:

A) em todos os casos de prejuízos causados pelo Estado

B) nos danos por omissão

C) em prejuízos ambientais ou nucleares

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D) em nenhum caso

Resposta C

10. (AUTOR) O particular que presta serviços públicos:

A) não responde por prejuízos causados aos usuários

B) responde objetivamente

C) responde subjetivamente

D) responde objetivamente nos casos de omissão

Resposta B

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Parte 9 – Improbidade Administrativa

1. JULGADOS SELECIONADOS

PREFEITO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CRIME DE RESPONSABILIDADE.

O prefeito não forneceu as informações solicitadas pela câmara municipal e, em razão disso, veio, em ação civil pública, a discussão a respeito de sua conduta enquadrar-se tanto no DL n. 201/1967, que disciplina as sanções por infração político-administrativa, quanto na Lei n. 8.429/1992, que cuida dos atos de improbidade. Diante disso, a Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, negar provimento ao especial. A maioria seguiu o voto divergente do Min. Luiz Fux, segundo o qual os fatos tipificadores dos atos de improbidade administrativa não podem ser imputados aos agentes políticos (prefeitos e vereadores), salvo mediante a propositura de ação por crime de responsabilidade, visto que, numa concepção axiológica, os crimes de responsabilidade abarcam os crimes e as infrações político-administrativas com sanções penais, deixando apenas ao desabrigo de sua regulação os ilícitos civis, cuja transgressão implica sanção pecuniária. Aduziu, também, que os agentes políticos, por estarem regidos por normas especiais de responsabilidade, não se submetem ao modelo de competência previsto no regime comum da lei de improbidade e, politicamente, a CF/1988 não admite o concurso daqueles regimes. O Min. Teori Albino Zavascki, em seu voto-vista, acompanhou a divergência, porém com o fundamento contido no acórdão ora recorrido, de que a conduta do prefeito não se enquadra na Lei de Improbidade (art. 11, II e VI) e que a tipificação dos atos de improbidade está sujeita ao princípio da legalidade estrita, daí não se verificar a dupla tipificação (do ato de improbidade e do crime de responsabilidade). REsp 456.649-MG, Rel. originário Min. Francisco Falcão, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 5/9/2006.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CUMULAÇÕES. SANÇÕES.

Os recorrentes buscam a reforma do acórdão do TJ-SP para julgar improcedente a ação civil pública alegando contrariedade aos arts. 11 e 12 da Lei n. 8.429/1992. Pretendem, ainda, que seja afastada a aplicação das penas de forma cumulada, em razão do princípio da proporcionalidade. O Min. Relator entendeu que devem ser providos os recursos especiais para que seja afastada a pena de suspensão dos direitos políticos, porém manteve a sanção de ressarcimento ao erário. Aduziu que o art. 12, parágrafo único, da Lei n. 8.429/1992, fundado no princípio da proporcionalidade, determina que a sanção por ato de improbidade seja fixada com base na "extensão do dano causado" e no "proveito patrimonial obtido pelo agente". No caso, o dano causado aos cofres municipais é de pequena monta, já que se trata de ação civil pública por ato de improbidade decorrente da acumulação indevida de cargo e emprego públicos. E, também, o acórdão recorrido reconheceu não haver "indícios de que o agente tenha obtido proveito patrimonial". Não devem ser cumuladas as sanções por ato de improbidade se for de pequena monta o dano causado ao erário público e se o agente não obteve proveito patrimonial com o ato. Com esse entendimento, a Turma conheceu em parte dos recursos e deu-lhes provimento também em parte. Precedente citado: REsp 300.184-SP, DJ 3/11/2003. REsp 794.155-SP, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 22/8/2006.

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RECURSO ADMINISTRATIVO HIERÁRQUICO. RECUSA. CERCEAMENTO DE DEFESA.

Na espécie, a autoridade (ministra de Estado), ao apreciar processo administrativo disciplinar, aplicou ao impetrante penalidade de conversão da exoneração em destituição, levando em conta parecer da consultoria jurídica. Dessa decisão o impetrante interpôs recurso administrativo hierárquico dirigido ao presidente da República com pedido de reconsideração e de recebimento no efeito suspensivo, requerendo a nulidade daquele processo e, de forma subsidiária, a reforma da penalidade. O recurso foi recebido como pedido de revisão, considerando ser incabível recurso administrativo hierárquico, em observância ao princípio da especialidade, em decisão publicada no DOU. Irresignado, o impetrante interpôs novo recurso administrativo com pedido de encaminhamento ao presidente da República cujo seguimento também foi negado. Essas duas decisões são apontadas como atos coatores. Preliminarmente, o Min. Relator rejeitou a decadência e consignou que o recurso administrativo decorre da estrutura hierárquica da Administração Pública e do direito constitucionalmente garantido de ampla defesa e do contraditório, de modo que seu cabimento independe de previsão legal. Assim, na hipótese, o direito de ampla defesa e do contraditório do impetrante restou cerceado porque seu recurso hierárquico, com pedido de reconsideração, não foi submetido ao agente superior e foi recebido como revisão. Frisou, ainda, que o recurso administrativo hierárquico, independentemente da denominação conferida pelo administrado, deve ser submetido à autoridade hierarquicamente superior, no caso de o agente ou órgão prolator da decisão ou ato impugnado não o reconsiderar. Outrossim, a previsão, na Lei n. 8.112/1990, de pedido de revisão não exclui, em razão de alegada especialidade, o recurso administrativo hierárquico. Os dois não se confundem e o recebimento de um recurso no lugar do outro não pode ser realizado para prejudicar a situação do administrado, nem cercear seu direito de defesa. Com esses argumentos, a Seção concedeu a segurança, determinando que a autoridade impetrada encaminhe os recursos ao presidente da República para examiná-los como entender de direito. MS 10.254-DF, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 22/3/2006.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE. BENS.

Para ser decretada a indisponibilidade de bens (art. 7º da Lei n. 8.429/1992), faz-se necessário haver fortes indícios de que o ente público atingido pelo ato de improbidade tenha sido lesado patrimonialmente ou que de o agente que praticou o ato tenha enriquecido em decorrência da prática de ato ilícito. A medida contida no art. 7º da Lei n. 8.429/1992 está inserida no poder de cautela do juiz (art. 798 do CPC) e, para o seu deferimento, necessários os requisitos do periculum in mora e do fumus boni iuris. Assim, a Turma conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe provimento. REsp 731.084-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 2/2/2006.

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TESTES (instituições variadas)

1. Sobre a improbidade administrativa, é correto afirmar-se que:

a) o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do § 2° do artigo 84 do Código de Processo Penal, por considerar que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa a agentes políticos, sujeitos à Lei n° 1.079/50;

b) a indisponibilidade de bens, para assegurar o integral ressarcimento do dano ao erário, pode recair sobre os adquiridos, ainda que anteriormente à prática do ato de improbidade;

c) embora as instâncias sejam autônomas, a existência de prejudicial externa na decisão penal que reconhecer a inexistência do fato, quando em tese a conduta configurar crime, impede a aplicação, desde logo, das penas de demissão ou cassação da aposentadoria, ficando suspensos o processo administrativo e a prescrição, até a conclusão da ação penal;

d) é pacífica a jurisprudência no sentido de que o afastamento do agente público de seu cargo, emprego ou função, tal como previsto no parágrafo único do artigo 20 da Lei n° 8.429/92, somente cabe, em caso de risco à instrução processual, no curso da ação de improbidade administrativa, vedada a propositura de medida cautelar preparatória com tal finalidade.

Resposta B

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2. Dentre as regras estabelecidas pela Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), inclui-se:

A) As disposições da lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

B) Para os efeitos da lei é considerado agente público apenas o ocupante de cargo efetivo ou em comissão.

C) Se a lesão ao patrimônio público ocorrer por ação ou omissão culposa, e não dolosa, do agente ou de terceiro, estes não estarão obrigados a ressarcimento do dano.

D) No caso de enriquecimento ilícito, o agente público ou terceiro beneficiário perderá metade dos bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

E) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente não está sujeito às cominações da lei.

Resposta A

3. Leia o texto e responda às próximas duas questões: “Questão das mais tormentosas é a definição da natureza da Lei da Improbidade Administrativa, o que já lhe valeu a qualificação de `autêntica babel jurídica´, posto que contém normas que, em tese, podem ser enquadradas em diversas áreas do direito. Na realidade, entretanto, parece-nos que a lei tem uma natureza mista e complementar na medida em que tem por objetivo o reforço da moralidade administrativa por meio de um sistema de penalidades adicionais às sanções tradicionais tanto do direito administrativo como do direito penal e do próprio direito civil.” (BUENO, Paulo Eduardo. Improbidade administrativa no

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exercício da atividade policial. In SAMPAIO, J. A. L. et al. (orgs.), Improbidade Administrativa – 10 anos da Lei n. 8.429/92. Belo Horizonte, 2002, p. 395-396).”

Assinale a alternativa incorreta com relação às idéias do texto:

A) O caráter complementar sugerido no texto é evidenciado quando se analisa a natureza das sanções estabelecidas pela lei, que, em sua maior parte, já estavam previstas, de certa forma, no ordenamento jurídico brasileiro. São exemplos dessas sanções, a perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, o ressarcimento integral do dano e a perda da função pública.

B) A temática da Lei nº 8.249/92 obriga a uma aproximação entre o Direito e a Moral, acentuando os laços éticos que devem presidir a relação entre o povo e as autoridades.

C) A idéia de reforço à moralidade que o autor atribui às normas da Lei da Improbidade pode ser confirmada com o uso recorrente em seu texto de conceitos indeterminados. É o que ocorre, por exemplo, quando a referida lei define como ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.

D) O artigo 11 da Lei nº 8.249/92 não menciona o princípio da eficiência no rol de princípios da administração pública que, uma vez contrariados, poderão caracterizar ato de improbidade. Todavia, a interpretação conforme a Constituição, com a redação que a EC nº 19/98 conferiu ao caput do artigo 37, aliada ao fato de que o rol do artigo 11 não é taxativo, permite afirmar que a violação ao princípio da eficiência possa caracterizar ato de improbidade administrativa.

E) A conceituação e a definição dos atos de improbidade não constituem inovações da Lei nº 8.249/92, pois a Lei nº 8.112/90, que instituiu o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União, já o fez ao

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cominar a pena de demissão para a prática do ato de improbidade administrativa.

Resposta E

Ainda sobre a improbidade administrativa, é correto afirmar:

A) Os membros da Magistratura, do Ministério Público e do Tribunal de Contas, por gozarem de vitaliciedade, não se sujeitam à aplicação da sanção de perda do cargo, prevista na Lei nº 8.249/92.

B) Não obstante os parlamentares sejam agentes públicos dotados de certas prerrogativas, a prática, no exercício do mandato, de crime de opinião, conquanto imune nas esferas civil e criminal, não exclui a aplicação da lei de improbidade administrativa.

C) Se o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito declarar a indisponibilidade dos bens do indiciado, independentemente de representação ao Ministério Público.

D) As ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas na Lei nº 8.249/92 são imprescritíveis.

E) As sanções mencionadas no artigo 37, § 4º, da Constituição Federal não têm a natureza de sanções penais. Além do fato de o ato de improbidade, em si, não constituir crime, embora possa eventualmente corresponder a algum ilícito previsto na lei penal, não se justificaria a ressalva contida na parte final do dispositivo constitucional ao admitir a aplicação de medidas sancionadoras, “sem prejuízo da ação penal cabível”.

Resposta E

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6. Agente público pode ser condenado por improbidade administrativa por ato que não importou enriquecimento ilícito nem causou prejuízo ao erário? A) não, porque improbidade administrativa é considerada crime, com responsabilização objetiva do agente público;

B) não, pela ausência de dano ao erário público;

C) sim, ainda que o agente tenha agido de boa-fé e dentro da legalidade;

D) sim, desde que o ato atente contra os princípios da Administração Pública.

Resposta D

7. Para a procedência da Ação de Improbidade Administrativa, a doutrina tem entendido que não basta existir ilícito administrativo e prejuízo ao erário público. Faz-se necessária também a: A) conexão entre o ilícito e o erário público;

B) presença do dolo do agente;

C) comprovação da culpa do agente;

D) comprovação do benefício à empresa contratada pelo Poder Público.

Resposta B

8. Considere que determinado agente público deixou de prestar contas ao Tribunal de Contas da União, contudo, a referida omissão não causou dano ao erário nem gerou enriquecimento ilícito. Nos termos da legislação vigente, tal conduta caracteriza-se como: A) improbidade administrativa, punível, dentre outras, com multa civil;

B) contravenção penal, punível com detenção de 3 a 5 anos;

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C) infração disciplinar, punível, dentre outras, com a perda dos direitos políticos;

D) crime, punível com detenção de 8 a 10 anos.

Resposta A

9. Um perito judicial que receba um bem imóvel para elaborar laudo que favoreça uma das partes em juízo pode ser enquadrado no conceito de improbidade administrativa? A) não, porque a improbidade administrativa não se aplica à função judicial;

B) sim, por se tratar de desvio ético de conduta de agente público no desempenho de função pública;

C) sim, desde que o perito seja funcionário público;

D) não, porque seu enriquecimento ilícito não acarretou danos à Administração.

Resposta B

10. A respeito da improbidade administrativa, marque a alternativa incorreta: A) os tipos de improbidade administrativa da Lei n. 8.429/92 são meramente exemplificativos;

B) só os agentes públicos respondem por improbidade administrativa;

C) a ação de improbidade administrativa é uma espécie de ação civil pública;

D) entre as sanções aplicáveis à improbidade administrativa estão a perda de função pública e a proibição de receber incentivos fiscais e creditícios do poder público.

Resposta B

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11. Quanto à improbidade administrativa, assinale a opção correta.

A Ação de improbidade proposta contra ministro do STF será processada e julgada nesse tribunal.

B Se o responsável pelas licitações de um tribunal tiver sido exonerado do cargo em 22/1/2004 por improbidade administrativa, nessa situação, se a ação de improbidade tiver sido proposta em 30/12/2004 pelo Ministério Público contra atos lesivos ao patrimônio público estará prescrita.

C A rejeição de representação de improbidade por autoridade administrativa impede o particular de requerê-la ao Ministério Público.

D Mediante concessões recíprocas em que haja recomposição do dano, será lícita a transação das partes na ação de improbidade administrativa.

E Na ação de improbidade administrativa, o réu poderá apelar da decisão que receber a petição inicial.

Resposta A

12. Agente público pode ser condenado nas penas de improbidade administrativa por praticar, nessa qualidade, ato imoral que, além de não ter gerado prejuízo para a Administração, não reflete corrupção econômica? A) sim, por ofensa, ainda que culposa, ao princípio da moralidade administrativa, de assento constitucional;

B) sim, porque a improbidade administrativa, embora dependa de uma ação ou omissão dolosa do agente público, prescinde da ocorrência de dano ao patrimônio público e de indício de corrupção econômica;

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C) sim, desde que o ato de improbidade administrativa vise à satisfação de interesse pessoal do agente ou de terceiro;

D) não, porque a improbidade relaciona-se, sempre, com valores e questões materiais.

Resposta B