Notas de Aula

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Notas de aula de Sísmica.

Citation preview

  • Notas de Aula

    LEP1702 - Mtodos Ssmicos

    Prof. Srgio Adriano Moura Oliveira

    Jos Fernando Caparica Junior

    26 de fevereiro de 2013

  • Sumrio

    1. Notao indicial 7

    1.1. Regra da Soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

    I. Teoria da Elasticidade Linear 9

    2. Deformao 13

    2.1. O tensor de deformaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    2.1.1. Deformaes dos vrtices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    2.1.2. Deformaes das arestas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

    2.1.3. Deformaes angulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    2.1.4. Os elementos do tensor de deformao . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    2.2. Mudana fracional de volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.3. Rotao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    2.4. Generalizao quanto forma do slido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    3. Tenso 27

    3.1. Componentes da tenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    3.2. Condio de equilbrio de momentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    3.3. Direes Principais de tenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    4. Lei de Hooke 35

    4.1. Meio isotrpico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    4.2. Mdulo de Young e Razo de Poisson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    4.3. Notao compacta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    4.3.1. Meio isotrpico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    4.3.2. Meio transversalmente isotrpico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    II. Ondas ssmicas 43

    5. Equao de movimento 45

    5.1. Meio no homogneo e anisotrpico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    5.2. Meio homogneo e anisotrpico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    5.3. Meio homogneo e isotrpico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    5.4. Meio no homogneo e isotrpico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

    3

  • Sumrio

    6. Potenciais de Helmholtz 51

    7. Equao escalar da onda 53

    7.1. Deduo da equao escalar da onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    7.2. Consideraes acerca de velocidades e potenciais de Helmholtz . . . . . . . 54

    7.3. Sobre a deduo da equao escalar da onda . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    7.4. Soluo para onda plana transiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    7.5. Soluo para onda plana harmnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    7.6. Relao entre ondas transientes e harmnicas . . . . . . . . . . . . . . . . 60

    7.7. Soluo para onda plana no homognea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    8. Ondas planas elsticas 65

    8.1. Potencial escalar: onda compressional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    8.2. Potencial vetorial: onda cisalhante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

    8.3. Nota sobre anisotropia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    9. Ondas Esfricas 69

    10.Fonte pontual 75

    10.1. Funo de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

    10.2. Fonte com pulso arbitrrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

    10.3. Caso elstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

    10.4. Generalizao do termo de fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

    11.Espalhamento de onda plana em uma interface plana 81

    11.1. Caso acstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    11.2. Caso elstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    11.2.1. Onda SH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

    11.2.2. Ondas P-SV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    ndice Remissivo 105

    4

  • Prefcio

    Essa disciplina de ps graduao busca fornecer a base terica da fsica por trs da

    ssmica. De uma forma geral, o curso est organizado nas seguintes partes:

    Teoria da elasticidade linear

    Ondas ssmicas

    Espalhamento em interface plana

    Atenuao e disperso de onda

    Princpios de imageamento ssmico

    Esse programa pode ser modicado ao longo do curso, mas serve como viso geral do

    contedo proposto.

    5

  • 1. Notao indicial

    Ao trabalharmos com tensores, comum o uso da chamada notao indicial, que visa

    facilitar o trabalho de escrita e economizar espao. Veremos a seguir algumas denies

    e exemplos da notao a ser utilizada.

    A representao de um vetor qualquer feita por uma seta acima da letra que repre-

    senta o vetor:

    ~u = vetor u

    Um vetor descrito pelas coordenadas no espao em que ele est denido. Tridimen-

    sionalmente isso equivale a dizer:

    ~u = (ux, uy, uz) = uxi+ uy j + uzk

    As dimenses podem ser representadas em termos de ndices, de forma que:

    u1 = uxu2 = uyu3 = uz

    = ui, i = 1, 2, 3Ou seja

    ~u = ui

    Podemos estender a ideia de ndices para matrizes. Consideremos uma matriz 3x3:

    A =

    a11 a12 a13a21 a22 a23a31 a32 a33

    = aij , { i = 1, 2, 3j = 1, 2, 3Repare que o nmero de ndices dene o nmero de elementos da matriz, de acordo

    com o nmero de dimenses em que se est trabalhando:

    ui = 3 elementos

    aij = 9 elementos

    bijk = 27 elementos

    cijkl = 81 elementos

    7

  • 1. Notao indicial

    Assim, temos que o nmero elementos denido pelo nmero de ndices n da seguinteforma:

    numero de elementos = 3n

    para o caso de trs dimenses. Note que essa uma generalizao que engloba tambm

    os vetores unidimensionais, e os escalares, que a situao em que n = 0, e portanto onmero de elementos igual a 1.

    1.1. Regra da Soma

    A regra da soma uma conveno de representao. Consideremos dois vetores quaisquer

    ~u e ~v. O produto interno dos dois vetores :

    ~u.~v = uxvx + uyvy + uzvz = u1v1 + u2v2 + u3v3 = uivi =

    3i=1

    uivi

    Consideremos agora o produto de um vetor com uma matriz:

    ~y = A~x yi =3i=1

    aijxj = aikxk

    Regra da soma: termos com ndices repetidos implica em soma

    8

  • Parte I.

    Teoria da Elasticidade Linear

    9

  • Consideremos uma barra slida xa, conforme mostra a gura 1.1.

    Figura 1.1.: Esquematizao de uma barra slida sofrendo ao de uma fora distensiva

    Ao aplicar uma fora barra, ocorrer uma deformao na mesma. A relao entre

    deformao e intensidade da fora aplicada est ilustrada na gura 1.2. Inicialmente a

    relao linear, o que signica que, ao remover a fora atuante, a deformao deixa de

    existir e o corpo retorna sua forma original. A partir de um certo limite, o corpo passa

    a sofrer uma deformao permanente, ou seja, aps remover a fora atuante no corpo, ele

    no retornar sua forma original. H ainda um outro limite, mais adiante, que indica a

    resistncia do corpo, o valor mximo de intensidade de fora que ele capaz de suportar

    antes que se rompa.

    Figura 1.2.: Relao entre fora e deformao

    O estudo desta disciplina se limita primeira poro do grco, em que a relao entre

    deformao e fora linear. Podemos nos ater apenas essa parte do grco por estarmos

    lidando com fontes de energia relativamente pequenas. Uma aquisio ssmica no ir

    11

  • deformar as camadas subjacentes, pois a fonte ssmica no fornece energia suciente para

    tal. O mesmo no se pode dizer dos sismos, mas essa questo foge ao escopo da disciplina.

    12

  • 2. Deformao

    1

    Para compreender o que ocorre em uma deformao, consideremos um corpo bidimensio-

    nal, conforme exposto na gura 2.1. Podemos ento denir dois pontos dentro do corpo,

    denidos pelos vetores ~x0 e ~x1, separados por uma distncia dx. Podemos supor quequalquer mudana na posio dos dois pontos implicaria necessariamente na deformao

    do corpo. No entanto essa armao falsa. O corpo pode sofrer rotao e translao

    2

    ,

    o que signica que houve mudana nas coordenadas dos pontos, mas no houve uma al-

    terao na distncia dx entre eles. Por outro lado, se observarmos qualquer mudana na Note que dx =| ~x1 ~x0|distncia entre dois pontos internos, ento podemos dizer que obrigatoriamente ocorreuuma deformao, como mostra a gura 2.2.

    Figura 2.1.: Esquematizao de corpo bidimensional rgido

    Assim podemos denir o conceito de deformao:

    Deformao: alterao no s da posio de um ponto, como tambm da distncia relativa

    entre dois pontos internos

    A gura 2.2 mostra esquematizao da deformao proposta por uma funo vetorial ~u,que mapeia o deslocamento de todos os pontos internos ao corpo. Essa funo tambm

    1

    Em ingls: Strain

    2

    Translao e rotao so classicadas por alguns autores como deformaes de corpo rgido, mas isso

    uma babaquice sem tamanho e por isso no consideraremos esses eventos como deformaes.

    13

  • 2. Deformao

    chamada de vetor de deslocamento.

    Figura 2.2.: Esquematizao de corpo bidimensional rgido aps deformao descrita pela

    funo vetorial ~u

    Note que ~u na verdade uma matriz, pois ~u = (ux, uy, uz), onde:

    ux = (x, y, z)

    uy = (x, y, z)

    uz = (x, y, z)

    Podemos escrever

    ~x,0 como funo de ~x0:

    ~x,0 = ~x0 + ~u( ~x0) (2.1)

    A equao 2.1 conhecida como Sistema Lagrangiano.

    Vamos buscar ento uma forma algbrica de se quanticar uma deformao. A gura

    2.3 mostra dois pontos, representados pelos vetores xi e yi, separados por uma distnciadl, que o mdulo do vetor dxi = yi xi. Ao aplicar o vetor deslocamento ~u (funovetorial, ou seja, uma matriz) aos pontos xi e yi, obtm-se os novos pontos x

    i e y

    i,

    separados por uma distncia dl.

    14

  • Figura 2.3.: Representao esquemtica dos vetores envolvidos em uma deformao, mos-

    trando a posio relativa entre dois pontos: xi e yi

    Algebricamente, a distncia dl o mdulo do vetor dxi, logo:

    dl =dx21 + dx

    22 + dx

    23 (2.2)

    que pela regra da soma, pode ser reescrito da seguinte forma:

    dl2 = dxidxi (2.3)

    Do ponto de vista vetorial, possvel notar pela gura 2.3 que

    yi = xi + dxi ~u(yi) = ~u(xi + dxi) (2.4)e dl = ~dx+ ~u(xi + dxi) ~u(xi) (2.5)lembrando que

    ~dx = dxiNote, na equao 2.5, que ~u(xi + dxi) = ~u(yi), conforme mostra a equao 2.4.Podemos ento denir um vetor

    ~du, tal que:

    ~u(xi + dxi) ~u(xi) = ~du (2.6)Fazendo uma expanso em srie de Taylor, chega-se em:

    ~du =

    (uxx

    dx+uxy

    dy +uxz

    dz,

    uyx

    dx+uyy

    dy +uyz

    dz,

    uzx

    dx+uzy

    dy +uzz

    dz

    )(2.7)

    Que pode ser escrita de forma compacta:

    ~du = (dux, duy, duz) = (du1, du2, du3) (2.8)

    15

  • 2. Deformao

    ou ainda:

    dui =uixj

    dxj (2.9)

    Aplicando 2.6 em 2.5, temos:dl = ~dx+ ~du dl2 = (dxi + dui)2 (2.10)substituindo 2.9 em 2.10:

    dl2 =(dxi +

    uixj

    dxj

    )2(2.11)

    Aplicando o quadrado:

    dl2 = dx2i + 2dxidxjuixj

    +uixj

    uixk

    dxjdxk (2.12)

    Pela regra da soma, podemos escrever:

    2dxidxjuixj

    = dxidxj

    (uixj

    +ujxi

    )(2.13)

    Considerando que as deformaes so innitesimais, temos que:

    uixj

    uixk

    0 (2.14)

    Aplicando 2.13 e 2.14 em 2.12:

    dl2 = dx2i + dxidxj(uixj

    +ujxi

    )(2.15)

    Atravs de 2.3, temos que:

    dl2 = dl2 + 2eijdxidxj (2.16)

    onde

    eij =1

    2

    (uixj

    +ujxi

    )(2.17)

    O termo eij chamado de tensor de deformao, e conforme vimos na notao indicial, uma matriz com 9 elementos

    Podemos agora escrever:

    dl =dl2 + 2eijdxidxj (2.18)

    Se considerarmos uma distncia inicial unitria, ou seja, dl = 1, podemos fazer aseguinte aproximao:

    16

  • 2.1. O tensor de deformaes

    dl =

    1 + 2eijdxidxj 1 + eijdxidxj

    dl 1 = eijdxidxj

    l = eijdxidxj

    De onde se dene :

    (dxi) = eijdxidxj (2.19)

    O termo um escalar, e indica a variao na distncia entre dois pontos na direodenida pelo vetor dxi.

    Matricialmente, escrito da seguinte forma:

    (dxi) =[dx1 dx2 dx3

    ] e11 e12 e13e21 e22 e23e31 e32 e33

    dx1dx2dx3

    (2.20)

    Veremos na prxima aula que, embora o tensor eij tenha 9 elementos, apenas 6 delesso independentes, pois a matriz simtrica.

    2.1. O tensor de deformaes

    Conforme j mencionado, o tensor de deformaes a entidade fsica que caracteriza

    matematicamente a deformao de um slido elstico. Passemos ento a estudar esse

    tensor, a m de entender melhor a fsica por trs dele e o signicado de cada um de seus

    elementos.

    Consideremos a deformao de um slido bidimensional, denido pelos vrtices PQRS,conforme mostra a gura 2.4. Aps a deformao, cada um dos vrtices passa a ocupar

    uma posio diferente: o ponto P mudou para P , o ponto S mudou para S, o ponto Q,mudou para Q e o ponto R foi para R.

    17

  • 2. Deformao

    Figura 2.4.: Deformao de um slido bidimensional quadrado. O estudo realizado se

    limita s redondezas do ponto P

    2.1.1. Deformaes dos vrtices

    Consideremos que o ponto P est na posio (x, y). Ento aps a deformao temos:

    P : (x, y) P : (x, y) + ~u(x, y) (2.21)Lembrando que ~u o vetor deslocamento, e que de fato temos :

    ~u(x, y) = (ux(x, y), uy(x, y) ) (2.22)

    Ou seja,

    P : (x, y) + ~u(x, y) = (x+ ux, y + uy) (2.23)

    ux a componentex, e uy a compo-nente y do vetor ~uDe forma anloga, o ponto Q sofreu a seguinte modicao de posio:

    Q : (x+ dx, y) Q : (x+ dx, y) + ~u(x+ dx, y) (2.24)Queremos saber o valor de ~u(x+dx, y) na vizinhana de x, ento fazemos uma expansoem sries de Taylor, desprezando os termos de segunda ordem:

    ~u(x+ dx, y) =

    (ux +

    uxx

    dx, uy +uyx

    dx

    )(2.25)

    18

  • 2.1. O tensor de deformaes

    aplicando em 2.24:

    Q : (x+ dx, y) Q : (x+ dx, y) + ~u(x+ dx, y)

    Q :(x+ dx+ ux +

    uxx

    dx, y + uy +uyx

    dx

    )(2.26)

    De forma anloga podemos denir a nova posio de S:

    S :(x+

    uxy

    dy + ux, y + dy + uy +uyy

    dy

    )(2.27)

    O caso de R ser omitido.

    2.1.2. Deformaes das arestas

    Vejamos ento o que ocorre com o comprimento do lado PQ aps a deformao. Origi-nalmente temos:

    PQ = dx (2.28)

    Para denir o comprimento de P Q, usamos as equaes 2.23 e 2.27, de forma que:

    P Q2 =((

    x+ dx+ ux +uxx

    dx

    ) (x+ ux) ,

    (y + uy +

    uyx

    dx

    ) (y + uy)

    )2

    =

    (dx+

    uxx

    dx

    )2+

    (uyx

    dx

    )2

    = dx2 + 2dxuxx

    dx+

    (uxx

    )2dx2 +

    (uyx

    )2dx2

    Desprezando os termos innitesimais de ordem superior, chegamos em:

    P Q2 = dx2

    1 + 2uxx +(uxx

    )2 0

    +

    (uyx

    )2 0

    Lembrando que es-

    tamos lidando com

    deformaes inni-

    tesimais

    P Q = dx

    1 + 2

    uxx dx+ dxux

    x

    Logo:

    P Q = dx+ dxuxx(2.29)

    De forma anloga, chega-se em

    19

  • 2. Deformao

    P S = dy + dyuyy(2.30)

    2.1.3. Deformaes angulares

    Outro aspecto que nos interessa analisar so as deformaes angulares. Se observarmos

    a gura 2.5, notaremos que o ngulo original de 90 que havia entre as arestas PQ e PS, alterado, tendo sofrido um decrscimo de 1 + 2, segundo a gura. Note que a gura apenas um exemplo, e que pode haver um acrscimo no ngulo, dependendo do tensor

    de deslocamento.

    Figura 2.5.: Deformaes angulares no slido. Os ngulos originais de 90 podem sofrer

    uma reduo ou um acrscimo de acordo com os valores de 1 e 2

    Vamos ento calcular os ngulos mencionados. Atravs da gura 2.5, temos que:

    1 = arcsin

    (uyx dx

    dx+ dxuxx

    )= arcsin

    (uyx

    1 + uxx

    )

    Como

    uxx muito pequeno, podemos considerar que o denominador igual a 1:

    1 = arcsin

    (uyx

    )Novamente, como estamos lidando com valores innitesimais, podemos considerar:

    20

  • 2.1. O tensor de deformaes

    1 uyx(2.31)

    De forma anloga, temos:

    2 = arcsin

    (uxy dy

    dy + dyuyy

    )de onde conclumos que:

    2 uxy(2.32)

    Estamos lidando com um slido bidimensional. No entanto, se estivssemos lidando

    com trs dimenses poderamos ainda calcular, de forma anloga, o ngulo para o eixo

    z.

    2.1.4. Os elementos do tensor de deformao

    Vimos na aula passada que o tensor de deformao pode ser representado por uma matriz,

    como mostra 2.33.

    eij :

    exx exy exzeyx eyy eyzezx ezy ezz

    (2.33)

    onde cada elemento do tensor dado por 2.34:

    eij =1

    2

    (uij

    +uji

    )(2.34)

    Vamos ento analisar os elementos da diagonal principal do tensor 2.33, comeando

    por exx, que substituindo na equao 2.34 ca:

    exx =1

    2

    (uxx

    +uxx

    ) exx = ux

    x(2.35)

    O que representa esse termo? Se observarmos a equao 2.29, notaremos que a ex-

    presso

    uxx est relacionada com a variao do comprimento da aresta PQ. Podemosescrever:

    P Q PQPQ

    =uxx

    = exx (2.36)

    Observe que o lado esquerdo da equao 2.36 representa o crescimento relativo em

    relao aresta PQ, ou seja, em relao dx. Note que no se trata necessariamente deum crescimento relativo. Pode haver um decrscimo em dx, e isso caria evidenciadopelo valor negativo de

    uxx . Ento, de forma mais generalista, podemos dizer que o termo

    exx representa a variao relativa em relao ao eixo x.

    21

  • 2. Deformao

    De forma anloga, temos que

    eyy =1

    2

    (uyy

    +uyy

    ) eyy = uy

    y=P S PS

    PS(2.37)

    e

    ezz =1

    2

    (uzz

    +uzz

    ) ezz = uz

    z(2.38)

    Conforme mostra a equao 2.37, o termo eyy do tensor quem dene o crescimento(ou diminuio) relativo no eixo y. E a equao 2.38 nos mostra que ezz o equivalentepara o eixo z.

    Com isso, podemos concluir que os elementos da diagonal principal do tensor eij de-nem o crescimento ou diminuio do corpo com relao aos trs eixos. Esses elementos

    so chamados de componentes normais de deformao.

    Vamos agora analisar os componentes fora da diagonal principal do tensor de defor-

    mao. Mais uma vez, basta utilizar a equao 2.34 para chegar em:

    eyx = exy =1

    2

    (uxy

    +uyx

    )(2.39)

    ezx = exz =1

    2

    (uxz

    +uzx

    )(2.40)

    ezy = eyz =1

    2

    (uyz

    +uzy

    )(2.41)

    Note o tensor uma matriz simtrica, e que na verdade pode ser representado por

    apenas 6 componentes. Observe ento a equao 2.39, e compare os termos com as

    equaes 2.31 e 2.32. Perceba que eyx se refere mudana nos ngulos 1 e 2, ou seja, o termo que dene a mudana angular. Os demais termos se referem variao tambm

    do ngulo 3, que em relao ao eixo z, que no foi representado na gura 2.5 paramanter a gura mais clara e didtica. Esses elementos fora da diagonal principal so

    chamados de componentes de cisalhamento do tensor.

    Assim, podemos concluir que um tensor denido por suas componentes normais,

    cujos elementos esto dispostos na diagonal principal, e componentes de cisalhamento,

    que so os elementos fora da diagonal principal do tensor.

    2.2. Mudana fracional de volume

    A mudana fracional no volume () denida como sendo a razo entre variao devolume e o volume original ou seja:

    =dV

    V

    22

  • 2.3. Rotao

    =[dx (1 + exx) .dy (1 + eyy) .dz (1 + ezz)] dx.dy.dz

    dx.dy.dz

    eliminando o termo dx.dy.dz, e os termos de ordem superior, chegamos em:

    exx + eyy + ezz (2.42)Note que a equao 2.42 nada mais que o trao

    3

    do tensor de deformao.

    Por outro lado, note tambm que a mudana fracional de volume nada mais que o

    divergente do vetor deslocamento ~u:

    =uxx

    +uyy

    +uzz

    = div ~u

    2.3. Rotao

    Voltemos nossa ateno novamente para a mudana angular, denida pelas componentes

    cisalhantes do tensor de deformao. Se considerarmos as diferenas entre os ngulos,

    poderemos observar se houve uma variao angular maior em torno de um dos eixos. A

    gura 2.6 exemplica dois casos de rotao, sendo que no caso esquerda h uma rotao

    por igual, sem ocorrer deformao. J o exemplo direita mostra o caso em que h a

    deformao e rotao ocorrendo simultaneamente.

    Figura 2.6.: Exemplos e rotao do corpo bidimensional. esquerda, um caso de sim-

    ples rotao, sem haver deformao. direita temos um caso em que h a

    deformao e rotao

    Note que se os ngulos forem idnticos, h uma distoro por igual em relao aos

    dois eixos, e portanto no h rotao. Algebricamente, a rotao i em torno de cadaeixo pode ser escrita de acordo com a equao 2.43:

    3

    Trao de uma matriz a soma de seus elementos da diagonal principal

    23

  • 2. Deformao

    z =uyx uxy

    y =uxz uzx

    x =uzy uyz

    rot ~u = xi+ y j + zk (2.43)

    Esses elementos no esto presentes no tensor de deformao, ou seja, no podemos

    extrair a informao de rotao a partir do tensor de deformao, da mesma forma que

    zemos com a mudana fracional de volume. Isso ocorre porque a rotao no uma

    deformao de verdade, e sim uma deformao de corpo rgido, em que as distncias

    entre os vrtices no alterada aps a mudana na posio dos mesmos.

    2.4. Generalizao quanto forma do slido

    Utilizando os conceitos apresentados at o momento, podemos caracterizar a deformao

    de um slido de qualquer forma discretizando o corpo em diversos pontos, conforme

    mostra a gura 2.7.

    Figura 2.7.: Exemplo de discretizao de um corpo slido de uma forma qualquer. Cada

    ponto vermelho possui um tensor de deformao prprio, carregando infor-

    maes sobre as tenses normais, os cisalhamentos sofridos e o a variao

    fracional de volume de cada unidade innitesimal.

    Aps a aplicao de foras externas ao corpo, podemos caracterizar sua deformao

    atravs dos pontos discretizados, conforme mostrado a gura 2.8:

    24

  • 2.4. Generalizao quanto forma do slido

    Figura 2.8.: Slido discretizado aps a deformao. A deformao total do corpo pode

    ser descrita pela deformao de cada ponto discretizado (em azul), cada qual

    possuindo um tensor de deformao

    25

  • 3. Tenso

    1

    Um corpo se deforma at um certo ponto, a partir do qual a deformao se equilibra com

    as foras internas do corpo.

    As foras internas do corpo devem anular as externas. A gura 3.1 ilustra a distribuio

    de foras num plano innitesimal S. Podemos ento escrever:

    FR =

    S

    F dS (3.1)

    Podemos ento dizer que a tenso innitesimal que atua no ponto p :

    T (~n) = lim

    S0

    (FRS

    )(N/m2) (3.2)

    Figura 3.1.: Tenso innitesimal num ponto p, denida como o limite da razo entre a

    fora resultante

    FR e a rea innitesimal S

    Observe que a tenso no uma grandeza meramente pontual, pois depende do plano

    sobre o ponto p, que denido pelo vetor ~n.

    A tenso

    T no necessariamente aplicada ortogonalmente ao plano, e portanto podeser decomposta em componentes normal e cisalhante, conforme ilustra a gura 3.2.

    Um corpo dentro de um uido no apresenta tenses cisalhantes devido ao fato de o

    uido no exercer resistncia para tenses cisalhantes

    1

    Em ingls: Stress

    27

  • 3. Tenso

    Figura 3.2.: A tenso

    T pode ser decomposta em duas componentes: normal e cisalhante

    Portanto, para caracterizar a tenso em um corpo necessrio saber qual a tenso

    em cada ponto e em cada plano que passa por esse ponto. Vejamos ento quais as

    componentes da tenso.

    3.1. Componentes da tenso

    A gura 3.3 ilustra trs das nove componentes do tensor de tenses, especicamente as

    componentes relativas ao plano ortogonal ao eixo z.Podemos escrever:

    normais{zz =

    T (k)k, yy =

    T (j)j, xx =

    T (i)i

    cisalhantes

    {zy =

    T (k)j, yz =

    T (j)k, xy =

    T (i)j

    zx =T (k)i, yx =

    T (j)i, xz =

    T (i)k

    Podemos ento analisar para um plano qualquer, conforme ilustra a gura 3.4.

    Nessa situao temos:

    S = S ~n

    Sx =S i

    Sy =S j

    Sz =S k

    T (n ) = (tx, ty, tz)n = (nx, ny, nz)

    (3.3)

    Havendo equilbrio, a resultante das foras zero:

    S T (n ) + Sx T (i ) + Sy T (j ) + Sz T (k ) = 0 (3.4)

    28

  • 3.1. Componentes da tenso

    Figura 3.3.: Ilustrao das 9 componentes da tenso

    ~T , utilizando planos normais aoseixos x, y e z

    Figura 3.4.: Tenso aplicada um plano qualquer

    29

  • 3. Tenso

    que igual a:

    iT (n ) S xxSx yxSy zxSz = 0jT (n ) S xySx yySy zySz = 0

    kT (n ) S xzSx yzSy zzSz = 0(3.5)

    Substituindo por 3.3, chegamos a:

    TxS xxS nx yxS ny zxS nz = 0TyS xyS nx yyS ny zyS nz = 0TzS xzS nx yzS ny zzS nz = 0(3.6)

    Que pode ser representado matricialmente:

    Tx(n )Ty(n )Tz(n )

    = xx yx zxxy yy yzxz yz zz

    nxnynz

    (3.7)

    Ou pela notao indicial:

    Ti = ijnj (3.8)

    onde ij o tensor de tenses.

    A tenso caracterizada pelas nove componentes tensoriais. No caso de um uido, a

    matriz tensorial uma matriz diagonal com

    xx = yy = zz = P

    onde P a presso (N/m2), e o sinal negativo uma conveno, indicando que se tratada fora saindo do corpo em direo ao exterior.

    3.2. Condio de equilbrio de momentos

    Consideremos um elemento innitesimal tridimensional, conforme ilustra a gura 3.5.

    Aplicando-se uma tenso qualquer , haver tambm uma tenso de mesmo mduloe direo, e sentido contrrio, conforme descrito pela terceira Lei de Newton (ao e

    reao).

    30

  • 3.2. Condio de equilbrio de momentos

    Figura 3.5.: Tenses atuando em um elemento innitesimal tridimensional. Pela Lei da

    ao e reao, ao aplicar uma tenso , haver uma tenso de mesmo mduloe direo, com sentido contrrio, conforme ilustram as tenses xy e yx.Note que o cubo representado um elemento innitesimal, e que para todos

    os ns estamos considerando x 0, y 0 e z 0, ou seja, estamoslidando com um ponto.

    Considerando que o elemento innitesimal est em condies de equilbrio, podemos

    escrever seus momentos:

    1

    2(y yx + y yx) xz =

    1

    2(xxy + xxy) yz

    Ou seja,

    xyz yx = xyz xy

    yx = xyPodemos estender o raciocnio para as demais tenses, concluindo ento que

    ij = ji (3.9)

    Em outras palavras, o tensor de tenses simtrico, assim como o tensor de deforma-

    es. Para o caso tridimensional, ento, temos que o tensor de tenses possui 6 elementos

    independentes.

    31

  • 3. Tenso

    3.3. Direes Principais de tenso

    Conforme j visto, estamos sempre lidando com elementos de rea innitesimais, e mos-

    tramos que o tensor de tenses depende da superfcie innitesimal que escolhermos, que

    por sua vez pode ser denida atravs do seu vetor normal. At aqui, consideramos que

    a tenso possui uma direo qualquer em relao ao vetor normal. Vejamos ento a

    situao especial em que a direo da tenso aplicada coincide com a direo do vetor

    normal, e quais suas implicaes algbricas.

    Figura 3.6.: At agora consideramos que a tenso

    T (n ) possui uma direo qualquerem relao normal do plano innitesimal

    n , conforme mostra a gura daesquerda. No entanto, h de se considerar o caso especco em que a tenso

    paralela ao vetor normal, situao ilustrada na gura da direita.

    Vamos representar o vetor normal das direes principais como

    np. Na situao dadireita, na gura 3.6, temos que a tenso possui mesma direo e sentido do vetor normal,

    e nessas condies podemos chamar a tenso de tenso normal. Essa condio pode ser

    representada por

    T (n ) np, o que implica em dizer que:

    T (n ) = nponde R. Podemos ento escrever:

    nxnynz

    n

    =

    xx yx zxxy yy zyxz yz zz

    nxnynz

    ou simplesmente

    n = n

    de onde pode-se escrever

    ( I)n = 0

    32

  • 3.3. Direes Principais de tenso

    que tem soluo no trivial se, e somente se

    det ( I) = 0 (3.10)O que nos permite concluir que so os autovalores de , e que np so os autovetoresde .Atravs de um teorema de lgebra linear

    2

    , tem-se que uma matriz simtrica possui

    apenas autovalores positivos e seus autovetores podem ser escolhidos ortogonais. Consi-

    derando que o tensor de tenses simtrico, podemos ento armar que:

    Sempre possvel encontrar um conjunto de direes principais, denidas pelos autove-

    tores do tensor de tenses, em que as tenses so puramente compressionais, ou seja, no

    h componentes de cisalhamento.

    Pelo mesmo princpio, pode-se encontrar um conjunto de direes principais para o

    tensor de deformaes em que as deformaes so puramente compressionais. Para um

    meio isotrpico, as direes principais dos tensores de deformaes e de tenses sero

    coincidentes.

    2

    Para maiores informaes, consulte a seo 6.4 de GILBERT, S.; Introduction to Linear Algebra, 2nd

    edition (1998)

    33

  • 4. Lei de Hooke

    razovel imaginar que haja uma relao entre tenso e deformao, anal de contas,

    intuitivo pensar que um objeto que sofra uma tenso - seja compresso ou extenso - ir

    sofrer alguma forma de deformao, mesmo que pequena. Mais uma vez vamos utilizar

    a ideia de um elemento innitesimal: um cubo de dimenses

    1 x, y e z. A gura4.1 ilustra a representao de todos elementos do tensor de tenses: os trs normais e os

    seis cisalhantes, dos quais apenas trs so independentes.

    Figura 4.1.: Representao das tenses aplicadas a um cubo, mostrando as 9 componentes

    do tensor de tenses.

    Como vimos, as deformaes deste cubo so completamente descritas pelo tensor de

    deformaes eij , que possui 6 componentes independentes:

    normais {exx, eyy, ezzcisalhantes {exy, exz, eyz1

    A ideia de utilizar um elemento de dimenses x, y e z para facilitar a visualizao da situao.Na realidade, estamos lidando com uma grandeza pontual, ou seja, todas as trs dimenses do cubo

    tendem a zero.

    35

  • 4. Lei de Hooke

    Vimos tambm que as tenses aplicadas neste cubo so completamente descritas pelo

    tensor de tenses ij , que tambm possui 6 componentes independentes:

    normais {xx, yy, zzcisalhantes {xy, xz, yzA relao entre os tensores de deformao e de tenso, ij eij , no regime linear dada pela Lei de Hooke. Essa lei relaciona as duas grandezas linearmente, ou seja, cada

    elemento do tensor de tenses pode ser calculado a partir de cada elemento do tensor

    de deformaes associado uma constante. Se considerarmos todos elementos dos dois

    tensores, o equivalente a escrever:

    xx = cxxxxexx + cxxxyexy + cxxxzexz + cxxyxeyx + cxxyyeyy + cxxyzeyz+cxxzxezx + cxxzyezy + cxxzzezzxy = cxyxxexx + cxyxyexy + cxyxzexz + cxyyxeyx + cxyyyeyy + cxyyzeyz+cxyzxezx + cxyzyezy + cxyzzezzxz = cxzxxexx + cxzxyexy + cxzxzexz + cxzyxeyx + cxzyyeyy + cxzyzeyz+cxzzxezx + cxzzyezy + cxzzzezzyx = cyxxxexx + cyxxyexy + cyxxzexz + cyxyxeyx + cyxyyeyy + cyxyzeyz+cyxzxezx + cyxzyezy + cyxzzezzyy = cyyxxexx + cyyxyexy + cyyxzexz + cyyyxeyx + cyyyyeyy + cyyyzeyz+cyyzxezx + cyyzyezy + cyyzzezzyz = cyzxxexx + cyzxyexy + cyzxzexz + cyzyxeyx + cyzyyeyy + cyzyzeyz+cyzzxezx + cyzzyezy + cyzzzezzzx = czxxxexx + czxxyexy + czxxzexz + czxyxeyx + czxyyeyy + czxyzeyz+czxzxezx + czxzyezy + czxzzezzzy = czyxxexx + czyxyexy + czyxzexz + czyyxeyx + czyyyeyy + czyyzeyz+czyzxezx + czyzyezy + czyzzezzzz = czzxxexx + czzxyexy + czzxzexz + czzyxeyx + czzyyeyy + czzyzeyz+czzzxezx + czzzyezy + czzzzezz

    Podemos fazer uso da notao indicial e simplicar a representao dessas equaes,

    que tensorialmente representada por:

    ij = cijklekl (4.1)

    O termo cijkl chamado de tensor de constantes elsticas2

    , e possui 81 elementos.

    Porm h diversas simetrias nesse tensor:

    cijkl = cjikl (4.2)

    cijkl = cijlk (4.3)

    2

    Em ingls: Stiness tensor

    36

  • 4.1. Meio isotrpico

    cijkl = cklij (4.4)

    E com isso o nmero de constantes elsticas independentes cai para 21. Em outras

    palavras, possvel descrever o comportamento elstico de qualquer material utilizando

    21 elementos do tensor de constantes elsticas. Para materiais mais simples, so neces-

    srios menos elementos, enquanto para materiais mais complexos so necessrios mais

    elementos. Por exemplo, um material elstico isotrpico requer apenas 2 constantes in-

    dependentes, enquanto um cristal triclnico (plagioclsio, por exemplo) requer todos os

    21 elementos independentes do tensor cijkl.

    4.1. Meio isotrpico

    Um meio isotrpico aquele em que as tenses normais geram apenas deformaes nor-

    mais, e as tenses cisalhantes geram apenas deformaes cisalhantes.

    O tensor de constantes elsticas para um meio isotrpico possui apenas duas compo-

    nentes independentes, e podemos calcular o tensor inteiro atravs da equao:

    cijkl = klij + (ikjl + jkil) (4.5)

    onde ij o delta de Kronecker, dado por:

    ij =

    {1 se i = j0 se i 6= jEnto a Lei de Hooke para um slido isotrpico ca:

    ij = ij + 2eij (4.6)

    onde

    = e11 + e22 + e33 (4.7)

    ou seja:

    xx = (exx + eyy + ezz) + 2exxyy = (exx + eyy + ezz) + 2eyyzz = (exx + eyy + ezz) + 2ezzxy = 2exyxz = 2exzyz = 2eyz

    (4.8)

    Os termos e so constantes elsticas independentes, e so chamados de constantesde Lam. O termo especicamente refere-se a rigidez do meio.Para um meio lquido, temos = 0, e a equao 4.6 ca:

    xx = yy = zz = P = (4.9)

    37

  • 4. Lei de Hooke

    onde P a presso hidrosttica. Note que representa a mudana volumtrica domeio.

    Especicamente para um meio lquido, temos que:

    = k = incompressibilidade (4.10)

    Para o caso geral, podemos denir a incompressibilidade de forma intuitiva a partir

    das tenses normais, conforme mostrado na a gura 4.2.

    Figura 4.2.: Tenses normais aplicadas em um cubo innitesimal, representadas com ori-

    entao para dentro do cubo, indicando a ideia de compresso do corpo.

    Matematicamente essa situao descrita pela somatria das tenses normais da equa-

    o 4.8:

    xx + yy + zz = 2(exx + eyy + ezz) + 3(exx + eyy + ezz)

    Substituindo por 4.7:

    1

    3

    3i=1

    ii =1

    3(2+ 3)

    ou ainda:

    1

    3

    3i=1

    ii = k

    de onde dene-se o parmetro de incompressibilidade k:

    k = +2

    3 (4.11)

    Pode-se ento escrever a compressibilidade em funo da incompressibilidade k:

    38

  • 4.2. Mdulo de Young e Razo de Poisson

    =1

    k(4.12)

    Note que a equao 4.10, denida apenas para uidos, um caso especco da equao

    4.11 para = 0.

    4.2. Mdulo de Young e Razo de Poisson

    Alm das constantes de Lam, e , comum o uso de outras constantes elsticas, quesejam mais intuitivas. A exemplo disso temos, alm da incompressibilidade(k), o Mdulode Young E e a Razo de Poisson . Considere a gura 4.3.

    Figura 4.3.: A ao de uma tenso apenas na direo do eixo x resultar do esticamentodo corpo ao longo do eixo x, e uma reduo da seco transversal em relaoa esse mesmo eixo. Ou seja, o corpo se estica, aumentando o comprimento

    e reduzindo sua espessura.

    Nessas condies, temos que exx positivo e os termos eyy e ezz so negativos. Tambmsabemos que eyy = ezz. Podemos denir o Mdulo de Young (E) e a razo de Poisson() em termos das relaes:

    E =xxexx(4.13)

    = eyyexx

    = ezzexx(4.14)

    Podemos reescrever essas constantes elsticas em termos das constantes de Lam, assim

    como zemos com a incompressibilidade, substituindo na lei de Hooke. Com isso obtemos

    as relaes:

    E = (3+ 2)

    + (4.15)

    39

  • 4. Lei de Hooke

    =

    2 (+ )(4.16)

    4.3. Notao compacta

    Como mencionado, o tensor de constantes elsticas de qualquer material pode ser re-

    presentado utilizando 21 termos. Podemos ento fazer uma simplicao na notao do

    tensor, e com isso representar o tensor cijkl dentro de uma matriz 66, conforme mostraa tabela 4.1.

    cijkl cmni, jk, l

    }{mn

    1, 1 12, 2 23, 3 32, 3 43, 1 51, 2 6

    Tabela 4.1.: Tabela de converso da notao compacta para o tensor de constantes

    elsticas

    Por exemplo,

    c1233 c63c1111 c11c3132 c54

    4.3.1. Meio isotrpico

    Para o meio isotrpico o tensor de constantes elsticas, na sua forma compacta, tem a

    seguinte forma:

    cmn =

    c11 c12 c12 0 0 0c12 c11 c12 0 0 0c12 c12 c11 0 0 00 0 0 c44 0 00 0 0 0 c44 00 0 0 0 0 c44

    (4.17)

    Por ser simtrica, muitas vezes representada como uma matriz triangular:

    40

  • 4.3. Notao compacta

    cmn =

    c11 c12 c12 0 0 0c11 c12 0 0 0

    c11 0 0 0c44 0 0

    c44 0c44

    (4.18)

    os parmetros c11, c12 e c44 podem ser reescritos em funo dos parmetros de Lam:

    c11 = + 2c12 = c44 = (4.19)

    4.3.2. Meio transversalmente isotrpico

    Um meio transversalmente isotrpico um meio acamadado em que no h variao

    lateral (transversal), mas que possui uma variao em profundidade. Dependendo do

    comprimento de onda e da espessura de cada camada, a variao com a profundidade

    pode ser considerada uma no homogeneidade ou uma anisotropia. Nessas condies, h

    5 termos independentes, e o tensor de constantes elsticas tem a seguinte forma:

    cmn =

    c11 c12 c13 0 0 0c11 c13 0 0 0

    c33 0 0 0c44 0 0

    c44 0c55

    (4.20)

    onde

    c55 =c11 c12

    2(4.21)

    Esse caso o mximo de anisotropia que vamos trabalhar.

    41

  • Parte II.

    Ondas ssmicas

    43

  • 5. Equao de movimento

    Consideremos um corpo qualquer, conforme ilustrado na gura 5.1. Todos os pontos do

    corpo esto submetidos a uma fora

    ~f , chamada de fora de corpo1. Atuando sobre asuperfcie do corpo esto tambm as tenses externas, representadas na gura por

    ~T ( ~n).

    Figura 5.1.: Representao de um corpo qualquer, submetido a uma fora corporal

    ~f euma tenso

    ~T (~n), com um deslocamento ~u

    Podemos escrever que o somatrio de todas as foras atuando sobre o corpo

    S

    ~T ( ~n)dS +

    V

    ~fdV =

    ~F (5.1)

    No estado de equilbrio, o corpo no tem fora resultante atuando sobre ele, ou seja, o

    somatrio zero: ~F = ~0 (5.2)

    Lembrando que

    1

    Em ingls: body force. o caso da fora gravitacional, por exemplo.

    45

  • 5. Equao de movimento

    ~T ( ~n) = (Tx, Ty, Tz) (5.3)

    ou ainda, na notao indicial:

    Tij = ijnj (5.4)

    Substituindo a equao 5.4 no primeiro termo de 5.1, temos:

    S

    ~T ( ~n)dS =

    S

    ijnjdS =

    S

    ~Gi~ndS

    onde

    ~Gi = (xi, yi, zi). Ento pelo teorema da divergncia de Gauss podemos escre-ver:

    S

    ~Gi~ndS =

    V

    ~GidV =

    V

    div ~GidV

    onde

    ~Gi = xix

    +yiy

    +ziz

    =jixj

    Assim podemos escrever que

    S

    ~T ( ~n)dS =

    V

    jixj

    dV (5.5)

    Substituindo a equao 5.5 na equao 5.1, e considerando que o corpo est em equi-

    lbrio, ou seja, substituindo tambm a equao 5.2 na equao 5.1, temos:

    V

    jixj

    dV +

    V

    fidV = 0

    e como o volume o mesmo, podemos ento escrever:

    jixj

    + fi = 0 (5.6)

    O conjunto de equaes diferenciais representadas por 5.6 descreve a condio de equil-

    brio de um corpo elstico, em funo da distribuio de tenses aplicadas a ele. comum

    encontrar na literatura uma notao ligeiramente diferente para o primeiro termo:

    ijxj

    ji,j

    Lembrando que estamos utilizando a notao indicial, e a expresso 5.6 na verdade

    refere-se a um conjunto de equaes:

    46

  • 5.1. Meio no homogneo e anisotrpico

    ji,j = fi

    xxx +

    xyy +

    xzz = fx

    yxx +

    yyy +

    yzz = fy

    zxx +

    zyy +

    zzz = fz(5.7)

    Esse o sistema que deve ser resolvido para se encontrar o tensor de tenses de um

    ponto corpo. Esse um problema conhecido como problema de valor de contorno, em

    que, sabendo as tenses externas na superfcie do corpo, podemos calcular as tenses

    qualquer ponto no interior do corpo.

    No estudo de ondas ssmicas a situao de equilbrio no relevante, pois h uma fora

    resultante proveniente de uma fonte ssmica. Vamos ento analisar a situao em que

    no h equilbrio, ou seja,

    ~F 6= ~0. Pela conservao do momento linear, temos:

    V

    jixj

    dV +

    V

    fidV =

    t

    V

    uit

    dV (5.8)

    onde o vetor ui o vetor deslocamento do corpo. Considerando que os volumes soiguais

    2

    , podemos escrever:

    jixj

    + fi = 2uit2(5.9)

    A equao 5.9 a equao do movimento, e matematicamente tudo partir dela.

    5.1. Meio no homogneo e anisotrpico

    Vamos agora escrever a equao do movimento apenas em funo do deslocamento.

    Usando a lei de Hooke, podemos escrever:

    ij = cijklekl =1

    2cijkl

    (ukxl

    +ulxk

    )como ij depende apenas de i e j, temos que k e l so meros ndices, e por isso podemosescrever

    ukxl

    =ulxk

    ou seja

    ij = cijklukxl

    Substituindo na equao 5.9, chegamos em:

    2

    Na verdade no se poderia aplicar a derivada externa do termo

    t

    V

    uitdV , pois o volume varia

    com o tempo, j que h uma deformao associada a tenso aplicada. Mas se considerarmos que a

    variao de volume muito pequena, ento podemos escrever a equao 5.9 a partir da equao 5.8.

    47

  • 5. Equao de movimento

    xj

    (cijkl

    ukxl

    )+ fi =

    2uit2(5.10)

    que pode ser escrita na notao compacta:

    (cijkluk,l),j + fi = ui

    A equao 5.10 a equao de movimento geral, em funo do vetor deslocamento,

    para um meio anisotrpico e no homogneo.

    5.2. Meio homogneo e anisotrpico

    Para um meio homogneo e anisotrpico, o tensor de constantes elsticas cijkl no de-pende da posio, ento podemos escrever:

    cijkl2ukxlxj

    + fi = 2uit2(5.11)

    5.3. Meio homogneo e isotrpico

    Para um meio homogneo e isotrpico, podemos fazer algumas simplicaes baseadas

    no tensor de constantes elsticas. Vamos ento analisar o primeiro termo da equao

    5.11, usando a denio de cijkl para meio isotrpico, dada pela equao 4.5:

    cijkl2ukxlxj

    =2ukxlxj

    [klij ] +2ukxlxj

    [ikjl] +2ukxlxj

    [jkil] (5.12)

    lembrando que

    ab =

    {0, se a 6= b1, se a = b(5.13)

    vamos desmembrar cada termo de 5.12, para entender como podemos simplicar a

    equao a partir de 5.13.

    O primeiro termo s existir quando k = l e i = j, pois nos demais casos, o termo multiplicado por zero. Nessas condies podemos escrever

    2ukxlxj

    [klij ] = 2ukxkxi(5.14)

    O segundo termo s existir quando i = k e j = l, e com isso podemos escrever:

    2ukxlxj

    [ikjl] = 2uixjxj

    = 2uix2j(5.15)

    E o terceiro termo s existir quando j = k e i = l, de onde sai:

    48

  • 5.4. Meio no homogneo e isotrpico

    2ukxlxj

    [jkil] = 2ukxkxi(5.16)

    Substituindo 5.14, 5.15 e 5.16 em 5.12, e em seguida em 5.11, obtemos:

    (+ )2ukxkxi

    + 2uix2j

    + fi = 2uit2(5.17)

    ou na forma vetorial

    (+ ) ~u+ 2~u+ ~f = 2~u

    t2(5.18)

    onde ~u o gradiente do divergente e 2~u o laplaciano do vetor deslocamento,ou seja:

    2~u =(2uxx2

    +2uxy2

    +2uxz2

    )i+

    (2uyx2

    +2uyy2

    +2uyz2

    )j

    +

    (2uzx2

    +2uzy2

    +2uzz2

    )k (5.19)

    e

    ~u = 2uk

    xkxi(5.20)

    A equao 5.17 a equao de movimento para um meio isotrpico e homogneo. A

    equao 5.18 exatamente a mesma equao, escrita na forma vetorial.

    5.4. Meio no homogneo e isotrpico

    Seguindo a mesma ideia da seo anterior, podemos simplicar a equao 5.10, porm

    nesse caso no poderemos considerar o tensor de constantes elsticas cijkl como constante.Substituindo 4.5 no primeiro termo da equao 5.10, temos:

    xj

    (cijkl

    ukxl

    )=ukxl

    (klij) +ukxl

    (ikjl) +ukxl

    (jkil)

    49

  • 5. Equao de movimento

    xj

    (cijkl

    ukxl

    )=

    [(2ukxlxj

    +

    xj ukxl

    )(klij)

    ]

    k=l e i=j

    +

    [(2ukxlxj

    +

    xj ukxl

    )(ikjl)

    ]

    i=k e j=l

    +

    [(2ukxlxj

    +

    xj ukxl

    )(jkil)

    ]

    j=k e i=l

    de onde podemos ento escrever a equao de movimento para um meio no homogneo

    e isotrpico:

    2uit2

    = fi +

    (2ukxkxi

    +

    xi ukxk

    )+

    (

    2uixjxj

    +

    xj uixj

    )+

    (2ujxixj

    +

    xj ujxi

    )(5.21)

    50

  • 6. Potenciais de Helmholtz

    Vamos ver agora o que podemos extrair de informao fsica da equao 5.18. Para

    simplicar, vamos desprezar as foras de corpo, obtendo assim:

    (+ ) ~u+ 2~u = 2~u

    t2(6.1)

    Vamos ento lembrar de algumas identidades do clculo vetorial:

    2~u = ~u ~u (6.2)

    = 0 (6.3)

    ~u = 0 (6.4)Onde ~u um vetor, um escalar, 2~u o laplaciano de ~u, ~u o gradiente dodivergente de ~u, ~u o rotacional do rotacional de ~u, o rotacional dogradiente de e ~u o divergente do rotacional de ~u.Pode-se decompor qualquer campo vetorial (i.e. funo vetorial) em dois componentes:

    um potencial escalar e um potencial vetor. Em outras palavras

    ~u = + ~ (6.5)onde o potencial escalar e ~ o potencial vetor. Podemos ainda impor que

    ~ = 0 (6.6)Esses so os chamados Potenciais de Helmholtz.

    Vamos voltar as atenes novamente para a equao de movimento. Podemos substituir

    6.2 em 6.1, para obter

    (+ 2) ~u ~u = 2~u

    t2(6.7)

    Podemos ento aplicar os potenciais de Helmholtz ,6.5, obtendo ento

    (+ 2) (+ ~

    )

    (+ ~

    )=

    2t2

    + 2 ~t2

    de onde se chega em

    51

  • 6. Potenciais de Helmholtz

    (+ 2) ~ = 2t2

    + 2 ~t2

    ou ainda

    [(+ 2)

    2t2

    ] =

    [ ~ +

    ~

    t2

    ] gradiente de algo = rotacional de um campo vetorial

    (6.8)

    A equao 6.8 s existe quando ambos os termos so nulos, ento:

    (+ 2)2 2

    t2= 0

    que pode ser escrita como:

    2 = 122

    t2(6.9)

    onde

    =

    + 2

    (6.10)

    a velocidade de propagao da onda P.

    Do outro lado de 6.8, temos

    ~ + 2~

    t2= 0

    Atravs de 6.2 e 6.6, chegamos em

    2~ = 122~

    t2(6.11)

    com

    =

    (6.12)

    onde a velocidade de propagao da onda S.

    52

  • 7. Equao escalar da onda

    7.1. Deduo da equao escalar da onda

    Consideremos agora a propagao de ondas no meio uido, em que = 0. Nessa condio,a equao 6.1 se reduz a:

    ~u = 2~u

    t2(7.1)

    Lembrando que:

    = k (incompressibilidade) (7.2)

    ~u = (variao volumtrica) (7.3)

    p = k (lei de Hooke) (7.4)De 7.3 e 7.4 temos:

    p = k ~u (7.5)E de 7.2 e 7.4 aplicadas em 7.1 temos:

    p = 2~u

    t2(7.6)

    Essas duas equaes governam a relao entre presso e velocidade de partcula em

    um meio uido. Podemos montar um sistema com 7.5 e 7.6:{p+ k ~u = 0p+ 2~u

    t2= 0

    derivando a primeira equao em funo do tempo, temos:{ pt + k ~v = 0p+ ~vt = 0derivando mais uma vez a primeira equao e aplicando o divergente na segunda

    1

    ,

    chegamos a:

    1

    Note que nesta passagem se assume que a densidade do meio constante

    53

  • 7. Equao escalar da onda

    {1k2pt2

    + ~vt = 01 p+ ~vt = 0Subtraindo a primeira equao da segunda resulta em:

    1

    p 1

    k

    2p

    t2= 0

    de onde resulta

    2p 1c22p

    t2= 0 (7.7)

    onde

    c =

    k

    A equao 7.7 chamada de equao escalar da onda

    2

    , e quem descreve como uma

    perturbao na presso se propaga pelo meio uido. Em teoria, essa equao seria til

    para a ssmica apenas no caso de aquisies marinhas, pois deduzida para um meio

    uido. No entanto essa equao est por trs de todos algoritmos de migrao, por

    apresentar um menor custo computacional, se comparada com a equao elstica da

    onda.

    7.2. Consideraes acerca de velocidades e potenciais de

    Helmholtz

    Observe que a velocidade de propagao da onda no uido, c =

    k , depende da incom-

    pressibilidade k e da densidade . A velocidade de propagao de uma onda S num meio,

    =

    , depende da rigidez e da densidade . J a velocidade de propagao da onda

    P:

    =

    + 2

    =

    k + 43

    depende tanto da incompressibilidade k, como da rigidez , e da densidade .

    Note tambm que podemos aplicar os potenciais de Helmholtz na equao 7.5:

    p = k ~u p = k (+ ~

    )de onde conclui-se que

    2

    a equao chamada de escalar pois relaciona a propagao da onda com a presso, que uma

    grandeza escalar

    54

  • 7.3. Sobre a deduo da equao escalar da onda

    p = k2 (7.8)Ou seja, a presso p est associada apenas com o potencial escalar de Helmholtz.

    7.3. Sobre a deduo da equao escalar da onda

    Na seo 7.1 a equao escalar da onda foi deduzida a partir da equao 6.1, que a

    equao de movimento para um meio homogneo e isotrpico. Mas esse fato no signica

    a equao escalar da onda vlida apenas para meios homogneos e isotrpicos. Podemos

    partir da equao geral de movimento 5.9 sem fonte :

    jixj

    = 2uit2

    Para o caso acstico, ou seja, propagao em meio uido, temos:

    ij = pijSubstituindo na equao anterior resulta em:

    pxi

    = 2uit2

    ou seja:

    p+ ~vt

    = 0

    que a equao 7.6. A outra equao utilizada na deduo a Lei de Hooke, que

    utilizamos para o formar o sistema:{ pt + k ~v = 0p+ ~vt = 0Da se segue que a deduo idntica a aquela apresentada na seo 7.1.

    7.4. Soluo para onda plana transiente

    A equao de onda

    2p 1c22p

    t2= 0 (7.9)

    tem como uma soluo possvel:

    p(x, y, z, t) = Af

    (t ~x n

    c

    )= Af

    (t x nx + y ny + z nz

    c

    )(7.10)

    onde

    55

  • 7. Equao escalar da onda

    ~x = (x, y, z)

    |n| = 1

    f uma funo com segunda derivada

    Vamos vericar se de fato 7.10 soluo de 7.9. De 7.9 temos:

    2p

    x2+2p

    y2+2p

    z2 1c22p

    t2= 0 (7.11)

    Podemos representar a equao 7.10 na notao tensorial:

    p(xi, t) = Af(t nkxk

    c

    )(7.12)

    Derivando 7.12 temos:

    p

    xi= Ani

    cf(t nkxk

    c

    )(7.13)

    Derivando mais uma vez:

    2p

    x2i=Anic2

    f(t nkxk

    c

    )(7.14)

    Substituindo 7.14 em 7.11:

    2p

    xixi 1c22p

    t2=An2i f

    c2 1c2Af = 0

    Af

    [ninic2 1c2

    ]= 0

    lembrando que

    ni ni = n21 + n22 + n23 = |n| = 1ento temos que

    ninic2 1c2

    =1

    c2 1c2

    = 0

    e portanto 7.10 soluo de 7.9.

    Mas qual o signicado fsico da equao

    p(x, y, z, t) = Af

    (t ~x n

    c

    )(7.15)

    que soluo da equao escalar de onda 7.9?

    56

  • 7.4. Soluo para onda plana transiente

    Figura 7.1.: Representao de frentes de ondas planas, caracterizadas por planos paralelos

    entre si, ortogonais ao vetor ~n, que indica a direo de propagao

    Observe que o termo

    ~xnc a representao matemtica da razo entre deslocamento

    e velocidade na direo do versor ~n, e portanto, estamos lidando com uma grandezatemporal. Ao considerarmos que esse termo constante, temos caracterizada uma frente

    de onda, uma vez que esta denida pelos pontos cujo tempo de trnsito igual. Ou

    seja, uma mesma frente de onda implica em

    ~x nc

    = constante

    Porm temos que c tambm constante num meio homogneo, e por isso podemosdizer:

    ~x n = constante

    A representao desta equao vetorial em funo de seus termos

    x nx + y ny + z nz = constante

    essa equao a equao de um plano, ou seja, o termo

    ~xnc caracteriza as frentes de

    ondas planas, conforme ilustra a gura 7.1. Podemos ento dizer que a equao 7.10

    a soluo para a equao de onda plana. Podemos ir alm e dizer que a soluo

    para a equao de onda plana transiente, pois a soluo considera que a fonte ssmica

    transiente, ou seja, tem incio e m.

    Em termos ssmicos, a funo f da equao 7.15 o pulso ssmico (tambm chamadode wavelet ou ondeleta), que depende da fonte. J o termo A um escalar que caracterizaa amplitude do pulso ssmico f .

    57

  • 7. Equao escalar da onda

    7.5. Soluo para onda plana harmnica

    Vamos considerar agora a equao

    p(xj , t) = Aei(tkjxj)(7.16)

    onde a frequncia angular, dada por = 2pif , e kj o vetor de onda, ou seja,

    kj = ~k = (kx, ky, kz).3

    Vamos ver que o vetor de onda

    ~k no um vetor arbitrrio, pois ele precisa obedeceruma certa relao para que a equao 7.16 seja soluo da equao de onda

    2p 1c22p

    t2=

    2p

    xjxj 1c22p

    t2= 0 (7.17)

    Fazendo a primeira e a segunda derivadas de 7.16, temos:

    p

    xj= ikjAe

    i(tkjxj)(7.18)

    2p

    xjxj= kjkjAei(tkjxj) (7.19)

    Substituindo a segunda derivada 7.19 na equao de onda 7.17, e calculando a primeira

    derivada em relao ao tempo, obtemos:

    kjkjAei(tkjxj) + 2

    c2Aei(tkjxj) = 0

    De onde conclui-se que

    kjkj =2

    c2 ~k ~k =

    2

    c2(7.20)

    ou ainda: ~k = c(7.21)

    A equao 7.21 chamada de relao de disperso e a condio necessria para que

    a equao 7.16 seja soluo de 7.17. Em outras palavras, quando 7.21 vlida, podemos

    dizer que 7.16 soluo de 7.17, e dizemos que se trata de uma onda plana harmnica.

    A equao 7.16 diz que a presso em todos os pontos do espao causa um movimento

    harmnico, com uma mesma frequncia e uma mesma amplitude em todos os pontos.

    Assim, a diferena entre os pontos se d somente pela fase, e justamente a fase que

    dene a frente de onda. Ou seja, uma frente de onda denida por pontos que possuem

    a mesma fase (fase constante).

    Podemos reescrever a equao 7.16 da seguinte forma

    3

    Cuidado para no confundir i e k com ndices. Nessa equao i denota que se trata da componentecomplexa e kj o vetor de onda.

    58

  • 7.5. Soluo para onda plana harmnica

    p(xj , t) = Aexp

    (i(t kjxj

    )

    )(7.22)

    de onde podemos concluir que uma fase constante implica em

    t kjxj

    = constante

    Ento para um determinado tempo

    kjxj

    = constante

    kjxj = constante

    lembrando que kjxj = ~k ~x = kxx+ kyy+ kzz = constante a equao de um plano,e por isso que chamamos a onda de onda plana, e nesse caso especicamente, harmnica.

    Note que o vetor

    ~k d a direo de propagao da onda, porm ele no unitrio, comoera o vetor ~n que vimos anteriormente. No entanto fcil perceber, atravs da equao7.21, que

    ~n =~k~k = c~k (7.23)podemos substituir 7.23 em 7.22 para obter a soluo em funo do versor normal:

    p(xj , t) = Aexp(i(t nj

    c

    xj

    ))

    = Aexp(i(t njxj

    c))(7.24)

    ou ainda podemos denir

    ~q =~n

    c

    que chamado de vetor de vagarosidade

    4

    . Assim podemos reescrever 7.24 da seguinte

    forma:

    p(xj , t) = Aexp(i(t nj

    c

    xj

    ))

    = Aexp (i(t qjxj)) (7.25)

    onde qj = nj/c.

    A soluo da equao de onda para ondas planas harmnicas muito til, e geralmente

    a equao adotada para resolver problemas como o de espalhamento e de reexo em

    interfaces. Seu uso justicado pela simplicidade da equao, e por haver uma relao

    entre ondas planas harmnicas e transientes, como veremos a seguir.

    4

    o vetor de vagarosidade (slowness, em ingls) geralmente representado pela letra p, porm aqui foirepresentado com a letra q para evitar confuso com o termo da presso

    59

  • 7. Equao escalar da onda

    7.6. Relao entre ondas transientes e harmnicas

    Lembrando que a transformada de Fourier usada para mudar o domnio de uma funo,

    de tempo para frequncia. Ou seja

    f(t) F ()

    e que essa transformada se d atravs de

    F () =

    +

    f(t)eitdt (7.26)

    E a operao inversa, para mudar do domnio da frequncia para o domnio do tempo,

    utiliza-se a transformada inversa de Fourier, dada por

    f(t) =1

    2pi

    +

    F ()eitd (7.27)

    Atravs do teorema do deslocamento

    5

    temos:

    f(t t0) F ()eit0

    em que t0 representa o deslocamento no tempo, ou seja, o deslocamento de fase6

    . Assim

    podemos escrever:

    f(t njxj

    c

    ) transiente

    =1

    2pi

    +

    F ()ei

    njxjc eitd =

    1

    2pi

    +

    F ()e

    i(tnjxj

    c

    ) harmnica

    d

    Assim, temos que a soluo para a equao de onda plana transiente pode ser encarada

    como a somatria (i.e. integral) de senos e cossenos. Ou ainda, podemos dizer que uma

    onda plana transiente pode ser representada como uma srie de ondas planas harmnicas.

    Essa relao pode ser observada na gura 7.2, em que diversas ondas planas harmnicas

    com diferentes frequncias so somadas, formando uma onda plana transiente. Repare

    que truncar os limites da integral equivale a realizar um ltro de passa banda, em que

    apenas as frequncias dentro do intervalo selecionado sero utilizadas para compor o

    pulso.

    5

    Em ingls: shift theorem. Para mais informaes, consultar anlise do sinal ssmico, do Rosa.

    6

    Em ingls: time shift

    60

  • 7.6. Relao entre ondas transientes e harmnicas

    Figura 7.2.: Ilustrao da somatria de ondas harmnicas gerando uma onda plana

    transiente

    Figura 7.3.: Somatria de ondas planas harmnicas resultando em uma onda plana tran-

    siente, considerando agora que h disperso, ou seja, a velocidade depende

    da frequncia, e isso ca ilustrado com o deslocamento entre si das ondas

    harmnicas, que resulta na alterao da forma do pulso (onda transiente)

    61

  • 7. Equao escalar da onda

    Se considerarmos a disperso, ou seja, considerarmos que a velocidade funo da

    frequncia, ocorre a deformao do pulso ssmico resultante, conforme mostra a gura

    7.3. Perceba que o que est de fato ocorrendo um deslocamento de fase, e que se

    compararmos com a situao que desconsidera a disperso (gura 7.2), nela no h

    deslocamento de fase, e assim temos um pulso de fase zero.

    7.7. Soluo para onda plana no homognea

    Suponha que o vetor de onda

    ~k seja complexo, ou seja

    k =

    kR + i

    kI (7.28)

    Substituindo em 7.16,

    p = A e ~kI~x ei(t ~kR~x) (7.29)Note que temos agora uma amplitude composta, que vai depender da posio no espao,

    ou seja:

    A (~x) = A e ~kI~x (7.30)Substituindo 7.30 em 7.29:

    p = A (~x) ei(t ~kR~x) (7.31)que a soluo para onda plana no homognea. A onda plana no homognea recebe

    este nome pois sua amplitude no homognea, ou seja, ela varia no espao. Perceba que

    a variao na amplitude se d de forma exponencial (equao 7.30), ou seja, dependendo

    do vetor ~x h um aumento ou reduo exponencial da amplitude, que varia no intervalode zero a innito. Porm uma onda com amplitude innita sicamente impossvel

    (equivalente a energia innita), e por conta disso geralmente necessrio estabelecer uma

    condio de contorno limitando essa amplitude. A uma onda desse tipo, com decaimento

    exponencial de amplitude, d-se o nome de onda evanescente. A gura 7.4 ilustra essa

    variao exponencial de amplitude, que o caso das ondas superciais, por exemplo.

    Se considerarmos todos os pontos do espao que possuam a mesma amplitude, temos

    A (~x) = constante

    ou seja

    e ~kI~x = constante ~kI~x = constante Eq. de um plano

    Por outro lado, como vimos caso da onda plana harmnica, os pontos do espao com

    uma mesma fase esto dispostos segundo a relao

    62

  • 7.7. Soluo para onda plana no homognea

    Figura 7.4.: Ilustrao de uma onda evanescente, em que a amplitude decresce exponen-

    cialmente de acordo com a profundidade.

    ~kR~x = constante Eq. de um plano

    Perceba que a fase constante est relacionada componente real do vetor de onda,

    enquanto a amplitude constante est relacionada parte imaginria.

    Para que 7.31 seja soluo da equao de onda, necessrio que a relao de disperso

    seja vlida. Assim, substituindo 7.28 na equao

    ~k ~k = 2

    c2

    resulta em

    ~kR ~kR ~kI ~kI = 0

    = aR20

    F

    (t R0

    c

    )= S0f (t)

    de onde conclui-se que

    2

    Para gerar uma onda cisalhante, seria necessrio que houvesse rotao da esfera

    73

  • 9. Ondas Esfricas

    a = S0R20e

    F = f (t)

    A soluo para o problema ca ento:

    (r, t) =R20S0r

    f(t r

    c

    )Para haver sentido fsico, precisamos calcular o vetor deslocamento ~u, ou seja, a deri-vada de :

    ~u (r, t) = (r, t)

    r=

    R20S0r2 f (t rc) prximo

    +R20S0r

    f (t r

    c

    ) distante

    rNessa equao podemos ver dois termos distintos. O primeiro termo refere-se ao campo

    prximo e envolve diretamente a funo f , e o segundo termo refere-se ao campo distante,envolvendo a derivada da funo f . Para regies prximas da origem (i.e. fonte pulsante), o primeiro termo que governa o valor de ~u. No entanto, conforme aumenta-se a distnciaem relao origem, o primeiro termo diminui rapidamente, e e o termo de campo

    distante passa a dominar o modulo de ~u.Observe que a resoluo apresentada no restringe o tipo de variao do raio da esfera.

    Essa variao pode ser crescente, decrescente ou mesmo oscilante. De fato, para uma

    onda esfria harmnica, o potencial escalar de Helmholtz dado por

    (r, t) =a

    rexp

    [i

    (t r

    c

    )]

    74

  • 10. Fonte pontual

    10.1. Funo de Green

    Consideremos a equao de onda com fonte

    2p 1c22p

    t2= f (~x, t) (10.1)

    em que o termo da fonte descrita por

    f (~x, t) = (~x ~x0) (t t0)Denio de de Dirac

    (x) =

    { , x = 00, x 6= 0

    (x) dx = 1

    Ento pode-se reescrever a equao de onda utilizando a funo de Green:

    2G (~x, t | ~x0, t0) 1c22

    t2G (~x, t | ~x0, t0) = (~x ~x0) (t t0) (10.2)

    G (~x, t | ~x0, t0) a funo de Green no ponto ~x, t devido fonte impulsiva em ~x0, t0.Considerando simetria esfrica (i.e. meio isotrpico e homogneo) e fonte na origem:

    2G (r | t, t0) 1c22

    t2G (r | t, t0) = (r) (t t0) (10.3)Sabemos que G (r | t, t0) tem soluo na forma:

    G (r | t, t0) =af(t t0 rc

    )r

    Integrando 10.3:

    V2G (r | t, t0) dV

    V

    1

    c22

    t2G (r | t, t0) dV = (t t0)

    pois

    R (r) dr = 1

    75

  • 10. Fonte pontual

    Pelo teorema da divergncia podemos reescrever o primeiro termo:

    V2GdV =

    V GdV =

    SGdS =

    S

    G

    rds =

    G

    r

    r=R

    4piR2

    G

    r= a

    r2f(t t0 r

    c

    ) acrf (t t0 r

    c

    )Multiplicando por 4piR2:

    G

    r= a4piR

    2

    R2f(t t0 r

    c

    ) a4piR

    cf (t t0 r

    c

    )Assim, temos

    R2GdV

    R

    1

    c22

    t2GdV = a4pif

    (t t0 r

    c

    ) a4piR

    cf (t t0 r

    c

    )= (t t0)

    Calculando o limite para R 0, temos:

    limR0[

    R2GdV

    R

    1

    c22

    t2GdV

    ]= a4pif

    (t t0 r

    c

    )= (t t0)

    De onde conclui-se que:

    f =

    e

    a =1

    4pi

    E portanto a funo de Green ca:

    G (r | t, t0) =(t t0 rc

    )4pir(10.4)

    Esse modelo para uma fonte pontual. Desde que a rea de estudo seja sucientemente

    grande para que a fonte possa ser considerada um ponto, podemos usar a equao 10.4.

    10.2. Fonte com pulso arbitrrio

    Vamos considerar agora que o pulso no seja mais um pulso perfeito, descrito pelo deDirac, e sim uma funo arbitrria f (t):

    2p 1c22p

    t2= (~x ~x0) f (t) (10.5)Pelo teorema da amostragem , podemos escrever

    76

  • 10.3. Caso elstico

    f () (t ) d = f (t) (10.6)

    Substituindo 10.6 em 10.5:

    2p 1c22p

    t2=

    (~x ~x0) (t ) f () d

    De onde conclui-se que a soluo de 10.5

    p (~x, t) =

    (t rc

    )4pir

    f () d =f(t rc

    )4pir

    A funo f (t) chamada de assinatura da fonte, e em geral desconhecida.

    10.3. Caso elstico

    Vamos considerar ento o caso elstico. Usando a equao 5.18

    2~u

    t2 (+ ) ~u 2~u = (~x ~x0) (t t0) (10.7)Onde o termo referente ao gradiente (~x ~x0) chama-se de centro de dilatao. Emtermos de potencial escalar, temos:

    ~uP = onde

    2 122

    t2= (~x ~x0) (t t0)que tem soluo:

    =(t t0 r

    )apir

    Assim, podemos concluir que:

    ~uP = =[(t t0 r

    )r

    (t t0 r

    )r2

    ]r4pi

    onde r = r d a direo de polarizao da onda.Por outro lado, podemos considerar uma fonte puramente rotacional, na forma:

    2~u

    t2 (+ ) ~u 2~u =

    [l (~x ~x0)

    ] (t t0) (10.8)

    onde [l (~x ~x0)

    ] chamado de centro de rotao, indicando a toro exercida ao

    longo de um eixo denido por l. De forma anloga ao caso anterior, podemos escrever:

    77

  • 10. Fonte pontual

    ~uS = ~

    Sabendo que

    2~ 122~

    t2= l (~x ~x0) (t t0)

    tem soluo

    ~ =l(t t0 r

    )4pir

    onde

    r = |~x ~x0|

    Assim conclumos que:

    ~uS =1

    4pi

    (t t0 r

    )r

    (t t0 r

    )r2

    r l

    10.4. Generalizao do termo de fonte

    Vamos considerar agora um termo mais geral para a fonte, que o caso da equao 10.9.

    2 1c22

    t2= g (~x, t) (10.9)

    O termo de fonte g (~x, t) depende de todas coordenadas espaciais e do tempo, e umadistribuio contnua. Podemos entender essa distribuio contnua como um slido,

    dentro do qual cada ponto se comporta como uma fonte pontual, como tenta ilustrar a

    gura 10.1. O termo ~x representa um desses pontos da fonte, que est atuando em umdeterminado ponto ~x, a uma distncia r.

    78

  • 10.4. Generalizao do termo de fonte

    Figura 10.1.: Uma fonte contnua no espao pode ser representada por um slido, e cada

    ponto deste slido pode ser entendido como uma fonte independente. Nesse

    exemplo, ~x representa um desses pontos.

    Cada ponto dentro do slido ter uma contribuio para o campo, dada por

    =g(x, y, z, t rc

    )4pir

    onde

    r =

    (x x)2 + (y y)2 + (z z)2

    O campo total gerado a somatria de todas contribuies pontuais, e como se trata

    de uma funo contnua, temos

    total =

    V

    g(x, y, z, t rc

    )4pir

    dxdydz (10.10)

    79

  • 11. Espalhamento de onda plana em

    uma interface plana

    Passaremos a estudar agora o que ocorre quando uma onda plana incide sobre uma

    interface que divide dois meios com propriedades fsicas diferentes. Comearemos com o

    caso acstico, que mais simples, e depois passaremos ao estudo do caso elstico.

    11.1. Caso acstico

    Considerando o caso acstico, o meio descrito apenas pela velocidade c e pela densidade . Vamos supor dois meios sobrepostos, criando uma interface na posio z = 0, umcom velocidade de propagao de onda c1 e densidade 1, e o outro, subjacente, comvelocidade de propagao de onda c2 e densidade 2, conforme ilustra a gura 11.1. Oscampos de presso P1 e P2 devem obedecer a equao da onda, e como so dois camposseparados, necessrio denir as condies de contorno ao longo da interface.

    Figura 11.1.: Representao da incidncia de uma onda plana em uma interface que di-

    vide dois meios com velocidades e densidades distintos na posio z = 0.Consideramos o efeito da onda acstica sobre um volume innitesimal, dado

    pela rea S e pelo comprimento l, disposto simetricamente entre os doismeios.

    81

  • 11. Espalhamento de onda plana em uma interface plana

    Vamos ento estudar essas condies de contorno.

    1 Condio: O campo de presso tem de ser contnuo atravs da interface

    Ou seja, para z = 0,

    P1 = P2 (11.1)

    Para entender a imposio dessa condio, vamos analisar sicamente o seu signicado.

    Uma onda plana incidente na interface entre os dois meios causar uma determinada

    presso, P = forcaarea . Se considerarmos um slido innitesimal de rea S e altura l,conforme mostra a gura 11.1, temos que as foras atuando sobre esse slido so dadas

    por

    F1 = P14S

    F2 = P24SSubtraindo uma equao da outra obtemos

    4F = 4S (P2 P1) (11.2)Sabemos que fora a razo entre massa e acelerao, que nesse caso apenas no eixo

    z, ento:

    4F = 4S (P2 P1) = m.az (11.3)ou ainda

    az =4S (P2 P1)

    m(11.4)

    lembrando que a massa pode ser escrita em funo da densidade

    m = l.4Sao considerarmos o limite de l 0, temos que

    liml0

    az =

    o que uma impossibilidade fsica. Observando a equao 11.4, vemos que a nica

    possibilidade de a acelerao no ser innita quando P1 = P2.

    2 Condio: necessrio haver continuidade na movimentao vertical.

    Seja

    ~V = (V x, V y, V z) a velocidade de vibrao de partcula, deve ser admitida acontinuidade no movimento vertical, V z1 = V

    z2 , pois se isso no ocorrer, a interface se

    abrir, e deixa de ser uma interface.

    Como j vimos (equao 7.6),

    82

  • 11.1. Caso acstico

    ~V

    t=

    1

    P

    Ento a segunda condio de contorno pode ser escrita em funo de presso:

    1

    1

    P1z

    =1

    2

    P2z(11.5)

    A maneira clssica de se analisar o problema de espalhamento considerar que a

    resposta de um ponto o resultado da somatria do campo incidente mais a somatria

    do campo espalhado. A gura 11.2 mostra a disposio desses campos.

    Figura 11.2.: Ilustrao do espalhamento de um campo de presso Pi incidente em doiscampos de presso: o reetido Pr e o transmitido Pt

    Para resolver esse problema vamos considerar a soluo para equao de onda plana

    harmnica para cada uma das onda envolvidas:

    Pi = A exp[i(it ~ki ~x

    )]Pr = B exp

    [i(rt ~kr ~x

    )]Pt = C exp

    [i(tt ~kt ~x

    )]Precisamos ento determinar os valores de A, B, C, i, r, t, ki, kr e kt, considerandoas condies de contorno. Para o campo P1, temos

    P1 = Pi + Pr~ki = ic1~kr = rc2 satisfaz a equao da onda P1Para o campo P2 as condies so:

    P2 = Pt~kt = tc2}satisfaz a equao da onda P2

    83

  • 11. Espalhamento de onda plana em uma interface plana

    No entanto, a frequncia de todas as ondas igual, ou seja

    i = r = t

    e com isso nossas equaes so simplicadas

    Pi = A exp[i(t ~ki ~x

    )](11.6)

    Pr = B exp[i(t ~kr ~x

    )](11.7)

    Pt = C exp[i(t ~kt ~x

    )](11.8)

    Pelas condies de contorno, temos:

    P1 = P2 Pi + Pr = Ptque, substituindo pelas equaes 11.6-11.8, resulta em:

    A exp [i (t kxi x kyi y kzi z)] +B exp [i (t kxr x kyr y kzr z)] == C exp [i (t kxt x kyt y kzt z)]

    Essa condio vlida para a interface, ou seja, z = 0:

    A exp [i (kxi x+ kyi y)] +B exp [i (t kxr x+ kyr y)] = C exp [i (t kxt x+ kyt y)]

    Como essa equao tem que ser satisfeita para todo x e todo y, de onde conclui-se1

    que

    A+B = C (11.9)

    e que as componentes tangenciais tem de ser iguais:

    kxi = kxr = k

    xt (11.10)

    e

    kyi = kyr = k

    yt (11.11)

    e isso nos mostra que as trs ondas se encontram no mesmo plano, conforme ilustra a

    gura 11.3.

    1

    Para vericar, considere x = 0 e y = 0

    84

  • 11.1. Caso acstico

    Figura 11.3.: Representao dos vetores de frente de onda pertencentes a um mesmo

    plano.

    Antes de avaliar a segunda condio de contorno na interface (11.5), interessante

    analisar a questo dos ngulos envolvidos no espalhamento. Como j vimos, as trs

    ondas so coplanares, e por isso o problema se reduz caso bidimensional. podemos ento

    representar o espalhamento em funo dos ngulos, conforme ilustra a gura 11.4.

    Figura 11.4.: Espalhamento da onda incidente representado em funo dos ngulos de

    incidncia i, de reexo r e de transmisso t

    Os vetores de direo de cada onda podem ser escritos em funo dos ngulos:

    ni = (sini,cosi)nr = (sinr, cosr)nt = (sint,cost)(11.12)

    Sabemos que

    85

  • 11. Espalhamento de onda plana em uma interface plana

    ~k =

    cn (11.13)

    ento:

    ~ki =

    (

    c1sini,

    c1cosi

    )(11.14)

    ~kr =

    (

    c1sinr,

    c1cosr

    )(11.15)

    ~kt =

    (

    c2sint,

    c2cost

    )(11.16)

    A partir de 11.10, podemos escrever

    c1sini =

    c1sinr =

    c2sint

    de onde resulta que

    sini = sinr

    e portanto

    i = r

    Ou seja, os ngulos de incidncia e reexo so iguais. Perceba tambm que chegamos

    Lei de Snell, usando apenas a equao da onda:

    sinic1

    =sintc2(11.17)

    Vamos analisar agora a segunda condio 11.5. Vamos calcular as derivadas da equa-

    o:

    1

    1

    P1z

    =1

    2

    P2z

    11

    z

    (A exp

    [i(t ~ki ~x

    )]+B exp

    [i(t ~kr ~x

    )])=

    =1

    2

    z

    (C exp

    [i(t ~kt ~x

    )])

    11

    (ikizA exp

    [i(t ~ki ~x

    )]+ ikrzB exp

    [i(t ~kr ~x

    )])=

    =1

    2

    (iktzC exp

    [i(t ~kt ~x

    )])

    86

  • 11.1. Caso acstico

    Como estamos no limite de z 0, e sabemos que as componentes tangenciais soiguais (equaes 11.10 e 11.11), os exponenciais so todos iguais. Desta forma, podemos

    escrever

    kizA+ krzB

    1=ktzC

    2

    ou ainda

    Ac11

    cosi +B

    c11cosi = C

    c22cost

    Denindo a impedncia como:

    z = c (11.18)podemos substituir na equao anterior, e montar um sistema com a equao 11.9:{

    B C = ABcosiz1

    + Ccostz2 =Acosiz1

    (11.19)

    Ao invs de trabalharmos com valores absolutos, vamos trabalhar com razes das

    amplitudes:

    Rr =B

    A

    Rt =C

    A

    Rr e Rt so chamados respectivamente de coeciente de reexo e coeciente de trans-misso. Voltando ao sistema 11.19, dividindo tudo por A:{

    Rr Rt = 1Rr

    cosiz1

    +Rtcostz2

    = cosiz1(11.20)

    Resolvendo o sistema obtemos:

    Rr =z2cosi z1costz2cosi + z1cost(11.21)

    Rt =2z2cosi

    z2cosi + z1cost(11.22)

    Note que no caso especco em que o ngulo de incidncia zero (i.e. zero oset),

    temos:

    Rr (i = 0) =z2 z1z2 + z1(11.23)

    Rt (i = 0) =2z2

    z2 + z1(11.24)

    87

  • 11. Espalhamento de onda plana em uma interface plana

    Vamos agora reescrever 11.21 e 11.22 apenas em funo do ngulo de incidncia:

    Rr =mcosi

    n2 sin2i

    mcosi +n2 sin2i(11.25)

    Rt =2n cosi

    mcosi +n2 sin2i(11.26)

    com

    m =21e

    n =c1c2

    O termo n chamado de ndice de refrao.Vamos ento avaliar como as equaes 11.25 e 11.26 se comportam para diferentes

    valores de m e n, a comear pela situao mais simples, em que n > 1, ou seja, c2 < c1.O comportamento de Rr em funo de i, para n > 1, ilustrado na gura 11.5.Quando i = 0, vimos que Rr assume o valor da razo entre a diferena e a somadas impedncias, e seu valor ser negativo ou positivo dependendo da relao entre as

    impedncias: se z2 < z1 o valor de Rr sempre negativo, e se z2 > z1 o valor de Rrcomea positivo, mas aps um ngulo trans ele passa a ser negativo. Esse fenmenode inverso de sinal de Rr chamado de AVO crossover2

    , e o ngulo trans chamadode ngulo de transparncia, e precisamente o ngulo em que Rr = 0. Ao se empilharum dado em que ocorre o AVO crossover, a amplitude do reetor ser mais fraca que as

    demais, justamente por conta da inverso na polaridade do evento. esse fenmeno de

    enfraquecimento da resposta de um reetor d-se o nome de dim out , e quando ocorre

    devido ao AVO crossover, chamado de falso dim out .

    O ngulo de transparncia pode ser determinado analiticamente para z2 > z1:

    Rr = 0 mcostrans n2 sin2trans = 0

    n2 sin2trans = m2cos2trans

    n2 sin2trans = m2(1 sin2trans

    ) sin2trans +m2sin2trans = m2 n2

    sintrans =m2 n2m2 1

    trans = sin1m2 n2m2 1 (11.27)2

    AVO: Amplitude Versus Oset

    88

  • 11.1. Caso acstico

    Figura 11.5.: Coeciente de reexo em funo do ngulo de incidncia i. Note quepara i = 0 temos a situao de zero oset (equao 11.23), e que o sinalde Rr vai depender da relao entre a impedncia dos dois meios. Quandoa impedncia da camada debaixo maior que a impedncia da camada de

    cima, ocorre o chamado AVO crossover, em que h a inverso de sinal de

    Rr com o aumento de i. O ngulo de transparncia trans o ngulo emque Rr se anula.

    O coeciente de transmisso, para n > 1, ainda mais simples (gura 11.6). Parai = 0, ele assume a forma da equao equao 11.24, e sempre positivo, decrescendomonotonicamente at se tornar nulo em 90.

    Figura 11.6.: Coeciente de transmisso em funo do ngulo de incidncia i. Para i =0 temos a situao de zero oset (equao 11.24), e diferente do coecientede reexo, o coeciente de transmisso para n > 1 nunca ser negativo.

    89

  • 11. Espalhamento de onda plana em uma interface plana

    Vamos agora analisar o caso em que n < 1, ou seja, o caso em que c2 > c1. Observe nasequaes 11.25 e 11.26 que para n > 1 passa a existir a possibilidade de o termo dentroda raiz quadrada se tornar negativo. Em outras palavras, os coecientes de reexo e

    transmisso se tornaro grandezas complexas: Rr, Rt C. Por conta deste fato, comumque os coecientes passem a ser representados por mdulo (|R|) e fase :

    R = |R| ei

    No entanto, note que para um ngulo de incidncia inferior a n, os coecientes soreais, e a fase = 0. Perceba que n nada mais que o seno do ngulo crtico, ou seja,sin1 (n) = crit. Para vericar, basta utilizar a Lei de Snell:

    sinic1

    =sintc2 sini = c1

    c2sin90 sini = n

    Para ngulos de incidncia superiores ao ngulo critico, temos:

    Rr =mcosi i

    sin2i n2

    mcosi + isin2i n2(11.28)

    Como agora se trata de uma funo complexa, precisaremos avaliar dois grcos, um

    com a parte real e outro com a parte complexa. No entanto, o mais comum representar

    Rr em funo de seu mdulo e sua fase, e isso que est mostrado na gura 11.7.O mdulo de Rr para zero oset dado pela equao 11.23, e para os demais valoresde i, at atingir o ngulo crtico crit, o mdulo cresce monotonicamente. Observe naequao 11.28 o que temos um nmero complexo dividindo seu prprio conjugado, logo,

    o mdulo de Rr para ngulos i maiores que crit sempre ser3 1. Se observarmos agoraa fase, veremos que ela nula para todo ngulo inferior ao ngulo crtico, e passa a ser

    monotonicamente crescente at atingir pi para i = 90.

    3

    Para demonstrar, utilize coordenadas polares e verique que os mdulos de um nmero complexo e

    de seu conjugado so iguais

    90

  • 11.1. Caso acstico

    a)

    b)

    Figura 11.7.: Mdulo e fase do coeciente de reexo em funo do ngulo de incidncia

    i. Perceba que o mdulo (a) cresce monotonicamente at atingir o valorde 1 no ngulo crtico, e aps crit ele se mantm igual a 1. Por outro lado,note que a fase (b) nula at que se atinja o valor de ngulo crtico. Aps

    crit a fase cresce monotonicamente.

    Matematicamente vimos que a amplitude igual a 1 para todo ngulo maior que crit,mas qual o sentido fsico disso?

    Para compreender, considere a gura 11.8, que ilustra a situao em que i crit,chamada de reexo total. Nessas condies a onda transmitida percorre a interface que

    separa as duas camadas, formando um ngulo de 90 com a normal. O nome reexo

    total sugere que haja apenas reexo, sem nenhuma transmisso, o que signicaria ar-

    mar que o campo de onda no meio 2 nulo. No entanto, se observarmos a equao 11.26

    veremos que o coeciente de transmisso zero somente quando o ngulo de incidncia

    90, ou seja, a direo de propagao a paralela interface. Isso signica que o campo

    de onda no meio 2 nunca zero quando h uma onda incidindo na interface: sempre

    h transmisso. Essa impossibilidade de o coeciente de transmisso ser nulo vem da

    condio de contorno 11.1, que imps a continuidade do campo de presso na interface

    (P1 = P2 para z = 0).

    91

  • 11. Espalhamento de onda plana em uma interface plana

    Figura 11.8.: Reexo total, situao em que o coeciente de reexo vale 1, e a onda

    transmitida percorre a interface que separa os dois meios.

    Vamos ento analisar algebricamente o fenmeno da reexo total, iniciando pela Lei

    de Snell:

    sinic1

    =sintc2

    sint =c2c1sini (11.29)

    Temos ento que: {se i = crit sint = 1se i > crit sint > 1Porm sint > 1 signica dizer que t complexo (t C). Podemos ento usar aidentidade trigonomtrica sin2t + cos

    2t = 1, e substituir por 11.29, obtendo ento:

    cost =

    1(c2c1

    )2sin2i

    Como sabemos que a expresso dentro da raiz negativa para i > 0, podemosreescrever:

    cost = i(

    c2c1

    )2sin2i 1 (11.30)

    Vimos que o vetor de onda transmitida

    ~kt dada pela equao 11.16:

    ~kt =

    c2(sint,cost)Substituindo por 11.29 e 11.30, obtemos:

    ~kt =

    c2

    c2c1sini,i

    (c2c1

    )2sin2i 1

    92

  • 11.1. Caso acstico

    Como podemos notar,

    ~kt um vetor complexo, e conforme visto na seo 7.7, um vetorde onda complexo implica em uma soluo para equao de onda plana no homognea.

    Em outras palavras, trata-se de uma onda evanescente.

    De volta ao vetor

    ~kt, podemos separ-lo em componente real e imaginria:

    ~kt = 1 e 2 > 1. Neste caso,alm de critPP teremos tambm o ngulo crtico:

    critPS = sin1(12

    )

    101

  • 11. Espalhamento de onda plana em uma interface plana

    Figura 11.12.: Para o caso P-SV existem dois ngulos crticos: um para a onda que incide

    como onda P e transmite como onda P (critPP ), e outro para a onda queincide como onda P e sofre converso para SV na transmisso.

    O campo total de onda em cada um dos meios dado por:

    ~u1 = ~ui + ~u(1)P + ~u

    (1)S (11.62)

    ~u2 = ~u(2)P + ~u

    (2)S (11.63)

    Substituindo 11.54-11.58 nas equaes 11.62 e 11.63, e substituindo nas equaes de

    contorno 11.40 e 11.41, chega-se no seguinte sistema linear:

    sini cos1 sin2 cos2 0 0cosi sin1 cos2 sin2 0 0

    2121p cosi 11

    (1 221p2

    )22

    22p cos2 22

    (1 222p2

    )0 0

    11

    (1 221p2

    )2121p cos1 22

    (1 222p2

    )22

    22p cos2 0 0

    0 0 0 0 1 10 0 0 0 11cosi 22cos2

    ArBrAtBtCrCt

    =

    AisiniAicosi

    2Ai121p cos2

    Ai11(1 221p2

    )00

    Perceba que o sistema pode ser separado em dois sistemas lineares independentes,

    como j sugerido por 11.40 e 11.41. A componente SH independente, e para uma onda

    incidente do tipo P, temos que[1 1

    11cosi 22cos2

    ] [RPSHTPSH

    ]=

    [00

    ]{RPSH = 0TPSH = 0

    Ou seja, no h converso para componente SH. J as componentes P e SV possuem

    uma relao descrita pelo sistema

    sini cos1 sin2 cos2cosi sin1 cos2 sin2

    2121p cosi 11

    (1 221p2

    )22

    22p cos2 22

    (1 222p2

    )11

    (1 221p2

    ) 2121p cos1 22 (1 222p2) 2222p cos2

    RPPRPSVTPPTPSV

    =

    sinicosi

    2121p cos2

    11(1 221p2

    ) (11.64)

    102

  • 11.2. Caso elstico

    Esse o sistema que forma o conjunto de equaes chamado de equaes de Zoeppritz,

    em homenagem ao geofsico alemo Karl Bernhard Zoeppritz. Antes da publicao das

    equaes de Zoeppritz, em 1919, Cargill Gilston Knott j havia formulado equaes se-

    melhantes em termos de potenciais em 1899, e as duas abordagens so vlidas e utilizadas

    at os dias de hoje.

    Note que para i = 0 os coecientes de reexo RPP e transmisso TPP assumem amesma forma que as equaes 11.23 e 11.24, para o caso de onda acstica:

    Rr (i = 0) =z2 z1z2 + z1

    Rt (i = 0) =2z2

    z2 + z1

    E os coecientes de reexo e transmisso da onda convertida so nulos, ou seja,

    RPS = TPS = 0. Note a implicao desse fato: para incidncia normal no h conversode onda P em onda SV.

    Para o outro extremo, em que i = 90, os coecientes de reexo cam:

    RPS = 0

    |RPP | = 1

    103

  • ndice Remissivo

    AVO crossover, 88

    campos prximo e distante, 74

    coeciente

    de reexo (onda Acstica), 87

    de reexo (onda SH), 99

    de transmisso (onda Acstica), 87

    de transmisso (onda SH), 99

    componentes de cisalhamento, 22

    componentes normais de deformao, 22

    compressibilidade, 38

    constantes de Lam, 37

    crescimento relativo, 21

    deslocamento

    teorema do, 60

    dim out, 88

    disperso

    relao de, 58

    fase, 58

    deslocamento de, 60

    velocidade de, 64

    zero, 62

    fonte

    assinatura da, 77

    fora de corpo, 45

    Fourier

    transformada de, 60

    transformada inversa de, 60

    frequncia angular, 58

    Helmholtz, Potenciais de, 51, 54, 65

    Potencial Escalar, 51, 55

    Potencial Vetor, 51

    impedncia, 87

    impedncia-S, 99

    incompressibilidade, 38

    Kronecker, delta de, 37

    Lei de Hooke, 94

    Lei de Snell, 86, 98

    Mdulo de Young, 39

    movimento, equao do, 47

    onda

    acausal, 71

    causal, 71

    cisalhante, 66

    compressional, 65

    equao escalar da, 54

    esfrica, 69

    evanescente, 62, 64, 93

    frente de, 58

    plana harmnica, 5860

    plana no homognea, 62, 64, 93

    plana transiente, 57, 59, 60

    plana vetorial, 65

    quasi P, 67

    quasi S, 67

    supercial, 64

    vetor de, 58

    onda P, 66, 96

    velocidade de propagao de, 52, 54

    onda S, 67

    componentes horizontal e vertical (SH

    e SV), denio, 67

    SH, 96

    SV, 96

    velocidade de propagao de, 52, 54

    105

  • ndice Remissivo

    ondeleta, 57

    polarizao, 65

    pulso ssmico, 57

    Razo de Poisson, 39

    reexo

    total, 91

    refrao, ndice de, 88

    rigidez, 37

    shift theorem, 60

    Sistema Lagrangiano, 14

    tensor de deformaes, 17

    tensor de tenses, 30

    time shift, 60

    transparncia, ngulo de, 88

    vagarosidade, 59

    valor de contorno, problema de, 47

    wavelet, 57

    zero oset, 87, 99

    106

    Notao indicialRegra da Soma

    Teoria da Elasticidade LinearDeformaoEm ingls: StrainO tensor de deformaesDeformaes dos vrticesDeformaes das arestasDeformaes angularesOs elementos do tensor de deformao

    Mudana fracional de volumeRotaoGeneralizao quanto forma do slido

    TensoEm ingls: StressComponentes da tensoCondio de equilbrio de momentosDirees Principais de tenso

    Lei de HookeMeio isotrpicoMdulo de Young e Razo de PoissonNotao compactaMeio isotrpicoMeio transversalmente isotrpico

    Ondas ssmicasEquao de movimentoMeio no homogneo e anisotrpicoMeio homogneo e anisotrpicoMeio homogneo e isotrpicoMeio no homogneo e isotrpico

    Potenciais de HelmholtzEquao escalar da ondaDeduo da equao escalar da ondaConsideraes acerca de velocidades e potenciais de HelmholtzSobre a deduo da equao escalar da ondaSoluo para onda plana transienteSoluo para onda plana harmnicaRelao entre ondas transientes e harmnicasSoluo para onda plana no homognea

    Ondas planas elsticasPotencial escalar: onda compressionalPotencial vetorial: onda cisalhanteNota sobre anisotropia

    Ondas EsfricasFonte pontualFuno de GreenFonte com pulso arbitrrioCaso elsticoGeneralizao do termo de fonte

    Espalhamento de onda plana em uma interface planaCaso acsticoCaso elsticoOnda SHOndas P-SV

    ndice Remissivo