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  • Viso Teosfica do Ps-Morte nas Cartas dos Mestres de SabedoriaAutor: Edilson Almeida Pedrosa (MST Loja Braslia) em julho de 2001

    Este ensaio uma tentativa de resumir e reorganizar as respostas do Mestre Koot Hoomi (K.H.) ao Sr. Sinnet nas cartas 68, 70 A, B e C, 71, 85 A, 93 A e B, 104, 119 e Apndice I do livro Carta dos Mahatmas Para A. P. Sinnet Ed. Teosfica 2001 (essas cartas foram escritas entre 1880 e 1882), a respeito de indagaes sobre a vida aps a morte, buscando especialmente esclarecer, dentro do meu limitado entendimento, o grande nmero de conceitos desenvolvidos no texto, sem perda de contedo. Por julgar que a fonte a mesma, algumas informaes importantes e complementares foram tiradas do livro A Chave Para a Teosofia (Ed. Teosfica) de Helena P. Blavatsky, a qual sempre faremos referncia quando quisermos destacar algumas dessas idias.

    O Mestre apresentou justificativas por imprecises que transparecem em algumas cartas, queixando-se da falta de tempo que pode dedicar a elas, alm do que, dizia, estava acostumado a ensinar chelas (discpulos aceitos) que sabiam se situar alm da necessidade de explicaes minudentes durante as lies e que, muitas vezes, estava inclinado a julgar que o trabalho que fazia com Sinnett era o mesmo que faria com um desses chelas, que tinham muito mais discernimento e conhecimento. Advirto, ademais, que as omisses e dvidas no-sanadas so antes produto da minha limitada capacidade de compreenso, embora sejam tambm da disposio declarada do Mestre de velar alguns conhecimentos aos no-iniciados. As questes abordadas neste artigo, impossveis de serem expostas apenas por palavras, devem ser vistas, como propugna K.H., no apenas com a mente concreta, mas principalmente com as faculdades superiores, com a viso e o ouvido do eu espiritual.

    Conceitos Bsicos Blavatsky afirma que o Universo apresenta sete modos de ser relacionados a sete estados de conscincia, e que, semelhantemente, o homem revela sete estados e princpios. Diz ela que o homem uma correlao de poderes espirituais, assim como de foras qumicas e fsicas, colocadas em funcionamento pelo que chamamos princpios, e que, de pronto, percebe-se que o ser humano tem duas naturezas bem distintas: a espiritual, ou superior, e a fsica, ou inferior. Pela primeira, ele capaz de pensar, e, pela segunda, de registrar e assimilar os pensamentos. A natureza espiritual composta de trs princpios (trade espiritual, ou superior), enquanto a fsica, que permite ao homem agir no plano material, formada por quatro princpios (quaternrio fsico, ou inferior).

    Cada estado de conscincia do homem , assim, qualitativamente diferente do outro, devendo por isso mesmo receber um nome apropriado. E, sendo a morte apenas uma mudana de estado consciencial, o conhecimento do homem integral, dos seus princpios constitutivos, , portanto, indispensvel para o estudo dos estados post-mortem. Devemos, por isso, aprofundar, ainda que esquematicamente, cada um dos sete princpios que presidem a existncia de todos ns, tendo sempre presente que, na filosofia esotrica, entende-se por princpios (csmicos e humanos) as causas naturais que possibilitam a existncia de todas as coisas ou, em outras palavras, os aspectos da Realidade nica Universal, ou Deus, no cosmo e no homem. Utilizaremos a terminologia snscrita, dada a especialidade dessa lngua no trato das questes da subjetividade da natureza humana, lembrando e enfatizando a dificuldade de se reconhecer e compreender os princpios, at porque o prprio jargo teosfico aqui empregado muitas vezes confuso, com os termos sendo definidos com certa ambigidade e alto grau de liberdade e extenso:

  • 1 Sthula-sharira, ou rupa (rupa significa corpo, ou forma, em snscrito): o corpo fsico, veculo do duplo astral, o 3 princpio.

    2 Prana: a vitalidade, a energia que produz todos os fenmenos vitais.

    3 Linga-sharira: a contraparte etrea do homem ou do animal, conhecida modernamente como duplo etrico ou duplo astral e, antigamente, como corpo astral. Tem a mesma aparncia do corpo fsico e formado antes dele, e s desaparece aps a desagregao do ltimo tomo do cadver (sem considerar ossos e plos, cuja dissoluo muito mais lenta). o veculo e acumulador de prana, distribuindo-o com regularidade para o organismo, segundo as suas necessidades.

    4 Kama-rupa: chamado tambm de alma animal, a sede dos desejos e das paixes terrenos, animais. Ele o veculo de manas (superior e inferior), o quinto princpio. Entre kama e manas situa-se o marco que assinala o fronteira entre a parte mortal e a imortal do homem. Kama-rupa a forma subjetiva que o homem apresenta aps a morte, criada em conseqncia dos desejos e dos pensamentos relacionados com objetivos materiais por todos os seres sencientes.

    5 Manas: tambm chamado s vezes de ego reencarnante e alma humana, o veculo do princpio resultante da conjugao de atma e buddhi (quinto e sexto princpios, ou atma-buddhi) Em outras palavras, a essncia da Mente Universal (Mahat) encarnada no homem. , portanto, a faculdade mental, aquilo que pensa em ns; a conscincia que distingue o homem do animal e faz dele um ser moral e inteligente. Manas tem dupla natureza. Uma parte, o manas inferior, est ligada inseparavelmente alma animal, e denomina-se kama-manas, ou ego pessoal, a essa ligao. Esse o nvel de conscincia que prevalece na quase totalidade da humanidade atual, e resulta na aplicao da inteligncia na satisfao de desejos meramente egosticos e passionais, a explorao dos sentidos na busca de prazeres, que pode ser bestial quando levada s ltimas conseqncias. A outra parte manas superior, o aspecto mais nobre e sublime da mente, nela encontra-se o acervo da memria de todas experincias vividas na Terra. Ao associar-se com buddhi (o 6 princpio), que por sua vez veculo de atma (o 7 princpio), forma o conjunto buddhi-manas, princpio dual e imortal da conscincia que se reencarna ciclicamente. Quando unido a atma-buddhi, manas chamado ego espiritual, que a verdadeira individualidade, o homem divino. esse ego quem faz da forma humana um homem ainda que este possa estar inconsciente da mnada dual (atma-buddhi); ele quem domina o corpo em que se encarna e que responsabilizado por todos os atos, quer bons ou maus, perpetrados pelas personalidades que assume, cada uma delas a efmera fachada sob a qual ele se oculta numa imensa seqncia de renascimentos, que conseqncia do carma. Assim, associada aos princpios superiores, a mnada individual, ou ego individual, experencia uma srie de vidas tomando a forma de diferentes entidades pessoais, que consideradas no seu conjunto formam a individualidade. Como diz Blavatsky, o verdadeiro homem manas superior, e quando esse se une a atma-buddhi, converte-se ento em deus.

    6 Buddhi: o veculo de atma, o stimo princpio, que o Esprito (ou Mente) Universal que lhe d alma, da buddhi ser chamado de alma espiritual. atravs de buddhi que atma, a sua sntese, toma substncia, sendo a combinao atma-buddhi um princpio eterno e imortal. Buddhi assim uma pura corporificao, ou melhor, emanao da Mente Universal, atma. No plano material, que o estado de conscincia em que normalmente vivemos, buddhi no uma faculdade racional individualizada, antes algo indiferenciado e, de nossa perspectiva humana, pode ser considerado como destitudo de qualquer atributo, mas que se torna ativo quando recebe as qualidades racionais que provm de manas. Ele individualiza-se ao atuar junto com manas. O conjunto buddhi-manas , como j vimos, a conscincia que conecta atma com cada personalidade, permitindo que ele habite na matria. Esse conjunto acumula em si o resultado das experincias vividas pelo ego, que se tornam as causas (da ser denominado tambm de corpo causal) que modelam as vidas futuras. por intermdio de buddhi que alcanamos a percepo espiritual, o discernimento intuitivo, imediato, que clarifica a realidade sem o uso da razo. Por isso que se diz que esse princpio est no plano intuitivo, chamado quase sempre de plano intuicional. Blavatsky afirma que, conhecendo-se o mistrio de buddhi, torna-se possvel projetar o duplo etrico conscientemente e vontade,

  • alertando que certamente esse um poder muito perigoso.

    7 Atma: o Esprito propriamente dito, isto , a essncia divina no-individualizada, portanto, indiferenciada, sem forma nem corpo, invisvel e impondervel, como um sol que brilha sobre todos. Costuma ser chamado de eu superior e mnada divina, em que pese a expresso mnada, em ocultismo, significar quase sempre a trade atma-buddhi-manas. Pode-se tambm entender atma como uma irradiao do Uno, que o Absoluto, o Esprito Universal. Ele est presente em todos os pontos do universo, no sendo propriamente, portanto, um princpio humano, mas para ns, individualmente, semelhante a um raio do sol, que, apesar de aquecer-nos, continua ainda sendo luz daquele astro. Ele onisciente, mas atua apenas indiretamente na natureza humana e por intermdio de irradiaes luminosas no homem interno, pois se pudesse manifestar-se continuamente no haveria homens na Terra, mas deuses. Atma e buddhi s fazem sentido para o corpo humano se houver uma conscincia para assimil-los, assim como de nada adianta chover sobre o solo desrtico se no houver uma planta ou uma semente que se beneficie da chuva. Nenhum dos dois alcanado pelo carma, pois atma o aspecto superior do carma, o agente ativo de si mesmo, e buddhi inconsciente no plano material.

    Em resumo, pode-se afirmar, que cada ego pessoal, ou veculo pessoal, uma combinao dos quatro princpios inferiores e de manas inferior, enquanto a individualidade, a mnada imortal, uma combinao de manas superior e dos sexto e stimo princpios. O esprito humano, ou individualidade, uma entidade separada, distinta, uma individualizao, enquanto buddhi, a alma espiritual um alento preexistente, parte inconsciente do Todo inteligente. A alma do homem apresenta-se sob trs aspectos: a alma animal, que deixa de existir algum tempo aps a morte; a alma humana, manas, que o princpio que o humaniza, mas que s tem preservada no post-mortem a parte mais nobre (manas superior), que diz respeito a qualidades tais como amor, misericrdia, altrusmo, abnegao etc; e a alma espiritual, que divina e imortal, embora s tome conscincia de sua divindade com a assimilao de manas superior. Portanto, o que reencarna o ego espiritual pensante, o princpio permanente no homem, que o centro de manas; no atma ou atma-buddhi (mnada dual), o homem divino, mas manas, pois atma o todo universal e torna-se o eu superior do homem apenas quando atua em conjunto com buddhi, seu veculo que o liga individualidade. Apenas aquilo que est indissoluvelmente ligado a atma, ou seja, buddhi-manas imortal e, portanto, a alma terrestre, a personalidade, no imortal, eterna ou divina.

    No se pense que os conceitos antes emitidos, derivados dos pensamentos de Blavatsky na Chave Para A Teosofia, esto claramente definidos nas cartas em exame. Ao contrrio, possvel chegar-se concluso que o Mestre adotava classificao um pouco diferente e que poderia tambm sem qualquer prejuzo ser adotada ao longo deste trabalho, o que no faremos. Nessa classificao, o quinto princpio seria manas inferior, ou mental concreto, ou ainda alma animal; enquanto o sexto princpio seria manas superior, ou mental abstrato; e o stimo, buddhi. Nessa linha de raciocnio, poder-se-ia dizer que a pura mnada individual e espiritual, ou ego, seria formada pelo sexto e stimo princpios (manas superior e buddhi). Essa mnada, ao incorporar-se em diferentes entidades pessoais, quando consideradas no seu conjunto, formaria, ento, a individualidade. O ego pessoal, ou veculo pessoal, seria agora a combinao dos cinco princpios inferiores, que incluiria o mental inferior, enquanto a individualidade, ou alma espiritual seria a combinao do quinto, sexto e stimo princpios. Essa classificao aparece em alguns livros, mas no afeta em nada o raciocnio posterior apenas uma questo de definio.

    Momentos Que Antecedem MorteConceitos BsicosA tradio oriental, confirmada pelas experincias fora do corpo de pessoas que passaram pela morte clnica e reviveram e que tm sido narradas por autores modernos, afirma que o breve instante entre a ltima batida do corao e o momento em que a derradeira centelha de energia animal deixa o corpo, o crebro ainda pensa com perfeita lucidez, mesmo o daqueles que eram insanos. Em poucos segundos, como num sonho ou como se estivesse diante de uma tela de cinema,

  • aquele homem que parece estar morto rememora fielmente toda sua vida, na mais perfeita ordem seqencial. O Mestre orienta que essa deve ser uma ocasio de profundo respeito ao moribundo, que no deve ser perturbado; os circunstantes devem permanecer quietos aps a morte e colocar as mos do defunto sobre o corpo.

    Daquela reflexo final do agonizante resulta um sentimento que a tnica daquela vida e que definir o destino de sua futura existncia no kama-loka (a regio onde passar a viver a seguir). Em outras palavras, a impresso ou pensamento mais forte sobrevive enquanto o resto desvanece-se para reaparecer apenas no devachan (espcie de paraso), onde predominar do incio ao fim como o tema principal e recorrente de uma longa melodia. Os desejos, aspiraes, esperanas e sonhos relacionados com o sentimento principal, e que jamais se realizaram, tambm tm seu lugar no devachan e sero vividos como uma benfazeja realidade, sem que o sonhador suspeite que toda essa fantasia seja o efeito de causas mentais por ele mesmo criadas.

    Como o duplo etrico do morto no desaparece de imediato, acontece s vezes dele adquirir objetividade e aparecer a algum, podendo at mesmo ser fotografado, mas ser algo totalmente automtico sem que esteja implcito qualquer ato voluntrio do morto (o ego remanescente). Contudo, o crebro de uma pessoa agonizante capaz de projetar consciente ou inconscientemente seu mayavi-rupa, que um corpo no-natural formado por elementos mentais e astrais, que pode funcionar com independncia no plano astral e no mental, devido ao impulso do intenso desejo de ver algum ou de aparecer para ele.

    Com a morte, o quinto princpio torna-se inconsciente, e o homem perde por completo a memria daquilo que vivenciou de forma objetiva e subjetiva. Assim, no importa o tipo de morte ou em que fase da vida a pessoa morreu, se era boa ou m, a conscincia abandona-a total e subitamente, como um apagar da luz que deixa o quarto na escurido. Com a morte do crebro e a conseqente extino das faculdades perceptivas impossvel exercitar-se o poder da vontade e a ao de pensar, ainda que volio e cogitao no sejam propriedades da matria orgnica.

    Kama-Loka Bsicos A morte resulta, assim, no rpido desaparecimento dos trs primeiros princpios e total perda de memria. Mas imediatamente aps a morte, e antes de o falecido entrar no devachan, o ego passa a dormir e sonhar na matria sutil do kama-loka (em snscrito, kama significa desejo, apetite, paixo, af, sensualismo, prazer, amor, apego existncia; enquanto loka denota um local circunscrito). Esse sonho pode durar desde horas (raramente menos que isso) at vrios anos, segundo diversos fatores, como a qualidade do ser, o seu estado mental ou como se deu a sua morte.

    No kama-loka, o ego sobrevive com o quaternrio formado pelos seus princpios remanescentes. Essa a terra de vero dos espritas, que comumente no descortinam os horizontes alm dessas paisagens. Uma regio semimaterial, sem limite definido, no percebida por nossos sentidos fsicos e, portanto, subjetiva para ns, para onde vo as formas astrais (chamadas eidolons, ou kama-rupa, isto , as formas do plano astral) dos seres desencarnados, inclusive animais, espera da segunda morte. A segunda morte para os animais vem com a desintegrao e completo desaparecimento de suas ltimas partculas astrais. Mas, para os eidolons humanos (o fantasma astral), comea quando a trade atma-buddhi-manas (manas aqui o superior) separa-se dos princpios inferiores para iniciar seu perodo devacnico, e o fantasma kama-rpico (alma animal associada a manas inferior), denominado casco, entra em colapso at desaparecer. Isso ocorrer com o casco porque ele est despojado de manas superior, o princpio pensante, que d forma e luz inteligncia animal, e de um crebro fsico para que possa atuar. Como veremos na seqncia, as vtimas de acidentes ou assassinatos e os suicidas permanecem no kama-loka de um modo um pouco diferente dos demais mortos.

    Habitantes do Kama-Loka mencionada a existncia de sete lokas, ou regies, do kama-loka, onde os egos localizam-se segundo os estados mentais que apresentavam no momento da morte. Cada uma dessas esferas,

  • tambm divididas em sub-regies, teria um guardio (tathagata, ou dhyan chohan) para proteg-la e vigi-la sem, contudo, interferir nela. Segundo o Mestre, os habitantes das diversas regies do kama-loka seriam: rupa-devas, arupa-devas, pisachas, mara-rupas, asuras, bestas e raksharas.

    As duas primeiras categorias no devem ser confundidas com anjos, pois so os j mencionados dyan chohans, literalmente, senhores da luz, em snscrito, ex-homens que agora so espritos planetrios, ou inteligncias divinas, encarregados de supervisionar o Universo. (Os dhyan chohans de nossa Terra, embora sejam os governantes de nosso mundo, no so os mais elevados na escala csmica.) Os rupa-devas so aqueles que tm forma, enquanto os arupa-devas so os dhyan chohans sem forma.

    Pisachas e mara-rupas so personalidades que romperam sua conexo com o ego. Esses elementares, ou espectros, em que faltam os princpios superiores, esto destinados a desaparecer. Os pisachas so os j mencionados casces, que possuem s o elemento emocional e rudimentos do mental; enquanto os mara-rupas, alm do mental concreto, mantm algo do mental abstrato.

    Asuras e bestas so elementais (espritos da natureza). Os primeiros tm forma humana, e os outros so elementais de segunda classe, com forma animal. Ambos sero homens num futuro muito longnquo. Em Teosofia diz-se que essas entidades subumanas evoluem nos quatro reinos (ou elementos) da natureza (terra, ar, fogo e gua), e eram conhecidas pelos ocultistas medievais como gnomos, silfos, salamandras e ondinas. Como foras da natureza essas entidades podem ser usadas pelos ocultistas para produzir efeitos fsicos diversos, mas quando empregadas por elementares (casces) podero enganar as pessoas crdulas, atravs de domnio que exercem sobre os mdiuns.

    Os raksharas so formas astrais de feiticeiros, homens que alcanaram a culminncia do conhecimento das artes proibidas e que, mesmo mortos, tm defraudado a natureza. Eles sero inevitavelmente aniquilados quando o planeta entrar em pralaya (um longo perodo de repouso, obscurecimento e dissoluo).

    Estado de Gestao e CascoA separao de princpios que precede a entrada no devachan dita ser uma luta mortal, que se inicia logo aps a entrada do ego no mundo das emoes, entre a dualidade superior (6 e 7 princpios) e a inferior (4 e 5 princpios), isto , entre a tendncia para espiritualidade e a atrao para paixes e desejos mais rudimentares de nossa natureza. Se a parte mais nobre do quinto princpio (manas superior) agrega-se ao sexto, que atrai naturalmente o que h de melhor e mais puro naquele, pois os princpios superiores so incapazes de assimilar algo que no seja bom, o ego prossegue para o estado de gestao que antecede o devachan, recobrando parcialmente a memria e a autoconscincia e sem dar a mnima importncia, ou estando inconsciente, dos princpios e da personalidade que ficaram para trs, posto que est inteiramente concentrado na individualidade que ele mesmo. Enquanto isso, o 4 princpio, agora associado apenas parte remanescente do quinto, passa a formar o mencionado casco, que se dissolver com o tempo.

    Enquanto viva, a personalidade assumida pelo ego tinha completa identidade, mas na hora da morte a conscincia pessoal abandona a todos. O centro da memria, no entanto, ser restabelecido no casco, mas s ser ativado com o auxlio do crebro de um ser humano vivo, podendo ele ento lembrar-se e falar de suas recordaes. Assim, pois, o casco no passa de um simulacro da personalidade desencarnada. Ele aparenta autoconscincia, quando na realidade desenvolve s uma espcie de vaga conscincia de si prprio, sendo apenas uma sombra, um reflexo fugidio, do que foi a personalidade, pois tem memria, mas no tem faculdades perceptivas. O casco recupera sua memria, embora limitada s lembranas do homem fsico, muito lentamente e de forma bastante imperfeita. Essa entidade semiconsciente tem vida autnoma, vagando no kama-loka, por certo tempo, como um elementar, ou elementrio, fantasma das paixes e desejos humanos e animais, at desfazer-se completamente, como j dissemos, face ao esgotamento dos impulsos mentais que a criaram.

    Por ser capaz de lembranas, mas no podendo distinguir com preciso os fatos, o casco age como

  • um louco. como, por exemplo, um co, que capaz de lembrar a surra que levou de seu dono quando este pega a vara, mas no lembra disso em qualquer outro momento. Ao atuar na aura de um mdium, perceber claramente tudo o que recebe por meio dos rgos sensitivos deste e dos que esto em simpatia magntica com ele, sendo capaz de reproduzir as impresses que assimila de suas conscincias. Mas, se alguma perturbao no crculo desviar o pensamento do mdium, e o casco for deixado sozinho por uns instantes, comear a hesitar, podendo assumir outras personalidades ali relembradas e, uma vez posto de lado, permanecer adormecido. Poder ainda, com os resqucios de sua prpria memria, fazer at mesmo lindos discursos. Mas apenas repetir como papagaio tudo aquilo que sabia e pensava enquanto esteve vivo, sem acrescentar coisa alguma. No distingue nada alm do que pode encontrar nas faculdades perceptivas e na memria das pessoas que se acham no crculo esprita, da as declaraes altamente inteligentes e o esquecimento de coisas corriqueiras apresentadas pelo mesmo casco. Se, por exemplo, estimulado a rememorar a personalidade que j foi, ser capaz de lembrar-se das coisas de que gostava, num nvel de detalhes que pode causar grande admirao aos assistentes, aumentando-lhes a credulidade.

    O tempo de sobrevivncia do casco depende diretamente do grau de cultura e da capacidade intelectual da personalidade que o originou. Durar mais tambm o casco da pessoa que teve morte natural. Aos poucos ele vai se desintegrando, e s depois de considervel perodo que tem uma vaga conscincia desse fato. No entanto, freqentemente, os casces de feiticeiros apenas parcialmente bem-sucedidos e de pessoas ms, quando excessivamente apegadas ao eu, e, s vezes, de certos suicidas sentem instintivamente que esto em processo de desagregao, tornando-se, assim, um perigo, pois, para no serem aniquilados e manter seu arremedo de vida, abrigam-se em organismos animais vivos, inclusive seres humanos.

    No caso de magos negros e criminosos empedernidos e pertinazes que se mantiveram assim ao longo de uma srie de vidas e que no tm possibilidade de redeno, rompe-se o cordo brilhante que liga o esprito alma pessoal desde o nascimento da criana, e a entidade superior sem corpo separa-se da alma pessoal, sendo esta destruda sem deixar a mnima impresso na primeira.

    Devachan e Avitchi O ego purificado depois de passar pelo perodo de gestao inconsciente renasce no devachan. Esse um dos muitos mundos que existem alm do plano da objetividade onde vivemos. Regio de bem-aventurana e beleza indescritveis, governada por seres altamente realizados, ou dyan chohans. Local de repouso para onde vai a esmagadora maioria dos que morrem. Para ele s no so atrados aqueles que so irrecuperveis na prtica de aes pecaminosas e bestiais ou os materialistas empedernidos atrados para o magnetismo grosseiro da Terra, todos esses sero puxados para a 8 esfera, ou planeta da morte, espcie de satlite fsico e mental da Terra. Ao renascer no devachan, o ego mantm, por certo tempo, completa lembrana de sua vida na Terra. Mas l, os egos esto momentaneamente livres de sofrimentos e aflies, at que venham a reiniciar novo ciclo de vida material, quando as conseqncias das aes ruins que praticaram recaem outra vez sobre eles, pois os erros cometidos no plano objetivo s podem ser punidos nesse mesmo plano.

    As pessoas que tenham sido muito ms e viciosas, mas que ainda retm resqucios da natureza divina, no sero simplesmente aniquiladas, pois a chispa espiritual remanescente ser capaz de queimar aos poucos a escria de suas personalidades, impedindo-as de carem na 8 esfera. Tais pessoas iro para o avitchi, que um estado correspondente anttese do devachan, mas onde se aplicam as mesmas leis.

    Cu ou inferno como lugares objetivos no existem, embora prevaleam condies mentais semelhantes as que so passadas durante um sonho vvido que criam tais sensaes. Portanto, o devachan, mais do que um local, um estado de autntica introspeco em que o ego recebe a paga de seus atos meritrios na Terra, subsistindo, ento, por perodo proporcional sua vida anterior, numa espcie de sonho feliz com tudo de puro e bom que pde aproveitar durante sua ltima existncia terrena com seus entes queridos. O amor nessa paragem possui uma potncia que sentida pelos encarnados. Blavatsky diz que ele se manifesta nos sonhos e, com freqncia, em

  • vrios acontecimentos, protegendo e salvando o ser amado, funcionando como um escudo poderoso, no limitado a tempo e espao. O amor espiritual imortal e faz com que, pela operao do carma, os seres que se amaram reencarnem outra vez no mesmo grupo familiar.

    No entanto, no h inter-relao entre egos no devachan, cada um vive seu sonho particular dissociado dos demais, posto que so entidades subjetivas que vivem exclusivamente no reino das atividades psquicas e emocionais, apesar de ainda serem tridimensionais. A vida-sonho no devachan vai crescendo de intensidade por um longo perodo, para depois arrefecer. Ento, o ego entra num processo de gradual inconscincia e letargia at o total esquecimento, ou morte (Blavatsky diz-nos que a imortalidade a continuidade de conscincia), para posteriormente renascer em outra personalidade na Terra, dando incio mais uma vez a aes que geram cumulativamente outro conjunto de causas a serem trabalhadas noutro devachan, e assim sucessivamente. Essa cadeia de nascimentos terminar, no entanto, ao final da stima ronda ou at que o ser alcance a sabedoria de um arhat (aquele que ultrapassou a quarta e ltima iniciao) e depois de um buddha (o grau mais elevado do conhecimento) antes mesmo da stima ronda, quando ento ter aprendido a libertar-se do ciclo de renascimento e a passar periodicamente ao paranirvana, estado de absoluta perfeio e de integrao no Todo, que a mnada humana alcana no fim do grande ciclo.

    Os seres que se encontram no devachan ou em avitchi criam e destroem os objetos de suas sensaes, que no esto limitadas por tempo e espao, no fazendo sentido as avaliaes que fazemos daqueles estados a partir de nossas limitadas percepes terrenas. No devachan perde-se completamente a noo de tempo, semelhana de uma pessoa que vivencia momentos muito agradveis, para quem uma hora passa como um minuto. Os habitantes do avitchi tambm esto sujeitos ao mesmo fenmeno, mas por motivos contrrios, pois mesmo curtos instantes de aflio parecem uma eternidade.

    A felicidade devachnica muito individual e depende do desenvolvimento dos sentidos espirituais de cada um, pois as vivncias de um mesmo fato so percebidas diferentemente segundo a sensibilidade espiritual desenvolvida. Diz o Mestre que a natureza no engana o habitante do devachan mais do que engana o homem fisicamente vivo, pois ela d-lhe muito mais bem-aventurana verdadeira l do que aqui, onde a felicidade genuna realmente uma impossibilidade devido s condies malficas prevalecentes.

    No devachan a pessoa exerce diversas atividades, com continuas mudanas, e ocupa-se de coisas agradveis que conduzem ao xtase. Aquilo que era imaginao idealizada na vida terrena, as faculdades que aspirava possuir quando viva, desde que relacionadas a coisas abstratas, tais como msica, pintura, poesia, tm continuidade e podem ser desenvolvidas no devachan, as aspiraes da vida concreta transformam-se em realidades da existncia subjetiva. Como no h contraste algum que possa criar a sensao de monotonia, a bem-aventurana pode ser desfrutada por milhares de anos sem que aparea o tdio, sendo as situaes ali vividas variaes infinitas de lances de felicidade e experincias ideais passadas na vida terrena e que resultaram na tnica essencial do que foi aquela pessoa.

    Esse estado venturoso muda segundo a capacidade de cada ego de preencher o cenrio de seus sonhos com coisas, fatos e pessoas que justifiquem a sua existncia e o seu desfrute. Mas o pano de fundo composto pela qualidade de vida construda na Terra: se a vida terrena do ego foi marcante, o devachan ter o mesmo vigor dessa personalidade, mas se essa foi fraca e sem distino a passagem pelo devachan ser medocre. Por isso, um materialista completo pode no ter devachan e passar o perodo entre duas vidas em total inconscincia, como se estivesse desmaiado.

    Os egos mais grosseiros, porm, podem, inclusive, achar-se numa situao prxima a um inferno (avitchi), ao invs de um paraso. Uma pessoa, por exemplo, que construsse sua felicidade sobre a infelicidade de outra veria o remorso conspurcar constantemente as cenas de felicidade revividas no devachan. Assim como o devachan apresenta infinitas diferenciaes com graus ascendentes de espiritualidade que recebem nomes segundo o loka (regio) que os produzem, o avitchi tambm

  • muitssimo diversificado. Destarte, por exemplo, no rupa-loka do devachan, as sensaes, percepes e ideaes so menos subjetivas que em arupa-loka (o mais elevado estado do devachan), onde as experincias vividas variam em relao forma, cor, substncia e possibilidades formativas. Igualmente, a mais sublime experincia no devachan no se compara ao estado da mnada quando, em sua condio perfeitamente subjetiva de pura espiritualidade, manifesta-se e desce matria, retornando condio anterior depois de completado o grande ciclo.

    Remoinho de Egos Se, o que muito raro, o quinto princpio das pessoas abandonadas pelos princpios superiores, devido a insensatez de suas vidas inteiramente materialistas, resvala para o poo sem fundo, a luta perdida pela dualidade superior, com o sexto e o stimo princpios nada absorvendo do quinto, e este, ao contrrio, assimilando o que j havia de lembranas pessoais e percepes individuais no sexto princpio, a entidade inferior resultante, quando manas superior se junta ao casco, no permanecer no kama-loka e no ter tempo de visitar mdiuns, porque afundar quase imediatamente na oitava esfera ou, como de outra forma afirma o Mestre, ser rapidamente atrada e aprisionada pelo grande redemoinhode egos humanos. (O que esse remoinho ou por que o casco incrementado com o acmulo de experincias pessoais positivas do sexto princpio tem que ser destrudo rapidamente, e no se desintegrar paulatinamente como os demais, no explicado, e o prprio Mestre afirma no ter permisso para responder sobre a natureza da vida no planeta da morte, ou oitava esfera).

    Nesse caso, a pura mnada individual e espiritualformada pelos sexto e stimo princpios, por outro lado, no transitar pelo devachan, indo repousar inconsciente no espao ilimitado, pois a menos que haja assimilado alguns dos mais puros e abstratos atributos mentais do quinto princpio e da memria, a mnada individual no poder ter existncia consciente no devachan. (Da porque as crianas mortas antes do aperfeioamento de sua entidade septenria e os deficientes mentais congnitos no chegam ao devachan, visto que no tm experincias a serem desfrutadas ali, devendo, voltar a encarnar-se rapidamente e com o mesmo princpio vital e o mesmo manas, sendo, portanto, uma reencarnao da personalidade). Contudo, chegar de novo um perodo de plena conscincia individual, quando quela pura mnada individual juntar-se-o outra vez os atributos mais elevados do quinto princpio, voltando ela a encarnar-se num prximo planeta. E, assim, entrando de novo no mundo das causas e sendo alcanada pelo carma ao tomar nova personalidade, vir a esquecer-se completamente da srie de nascimentos anteriores, que foram como uma pgina arrancada do grande livro da vida.

    Da leitura da pgina cem do livro citado de HPB, possvel depreender-se a existncia de uma situao diferenciada, relativamente descrita acima, em que, se o ego reencarnante apenas no absorve nada do ego pessoal trazido da ltima vida, ento este abandonado, vindo a dissolver-se gradualmente, enquanto o ego individual apenas perde um estado devacnico depois dessa vida especial, reencarnando-se outra vez aps curto perodo de tempo passado como um esprito planetrio.

    Tempo de Vida no Post-mortemBlavatsky afirma que, em geral, o perodo entre dois renascimentos estende-se de 1000 a 1500 anos, durante os quais a conscincia fsica est total e absolutamente inativa pela falta de rgos pelos quais atuar. O Mestre, contudo, d-nos uma melhor idia do tempo vivido no ps-morte, esclarecendo que o bardo o perodo entre a morte e a reencarnao, e que este teria trs subperodos.

    O primeiro vigeria desde a entrada no kama-loka at o estado de gestao, podendo durar de alguns minutos a vrios anos. Antes de entrar na fase de gestao, o falecido dever permanecer no kama-loka at completar o tempo que deveria ter sido o de sua vida natural, que poder ser desde algumas horas at alguns poucos anos, para os que tenham tido morte natural e, provavelmente, um perodo mais longo para os que tiveram morte provocada (suicidas e vtimas de violncia). Nesse sentido,

  • julgo que todos ns, de alguma forma, antecipamos tambm ou temos antecipada nossa ida para o outro lado, seja por motivo de doena ou em conseqncia da vida moderna. As condies atuais de vida, com seu alto nvel de estresse e poluio, agravado ainda pelos maus hbitos e vcios to comuns na humanidade atual, so muito desgastantes e rompem comumente o equilbrio natural do corpo, reduzindo o tempo de vida das pessoas e, portanto, alongando a passagem no kama-loka.

    O segundo subperodo do bardo, o estado de gestao, poderia ter uma durao muito longa e seria proporcional fora espiritual do ego. (Essa colocao do Mestre parece sugerir que as experincias de todas as vidas anteriores trazidas pelo ego, e no s as da ltima personalidade, reforariam a sua vivncia no estgio de gestao, ao tempo em que seriam condicionantes para o prximo renascimento no mundo material, ou das causas).

    O terceiro subperodo tem incio quando o ego renasce no rupa-loka do devachan. [Lemos no Glossrio Teosfico (Editora Ground) que o devachan comporta sete subdivises, sendo as quatro primeiras, denominadas rupa-devachan, pertencentes ao mundo da forma (correspondentes ao rupa-loka de que fala K.H.) e provavelmente situadas no plano mental da Terra, onde cada pensamento apresenta-se como uma forma]. O tempo que se passa no devachan geralmente longo, mas muito varivel, devendo-se observar que, no nosso prprio mundo, o desenvolvimento e a absoro plena dos efeitos toma muitssimo mais tempo do que o ocupado na produo das causas. O perodo devachnico ser tanto maior quanto melhor forem aproveitados os estmulos provindos da alma durante a vida na Terra, ou seja, da quantidade de carma bom que se tenha acumulado. Por outro lado, quanto mais forte foi a atrao pelas coisas terrenas, mais rapidamente o ego deixar o devachan para reencarnar-se. As pessoas mais altrustas, puras e benvolas tm como recompensa passar mais rapidamente pelo kama-loka e rupa-loka, atingindo esferas mais elevadas do devachan, ocupando-se, ento, com idias abstratas e considerao dos princpios gerais da natureza e das coisas, desprendendo-se dos vnculos egosticos da personalidade.

    Recuperao da Memria (Final de Ciclo) A memria voltar ao ego lenta e gradativamente durante a gestao e completamente no final desse perodo, no momento de entrada no devachan. O ingresso nesse estado tambm gradual e d-se em etapas imperceptveis. Primeiro o ego revive todas as experincias da personalidade na ltima vida, s que o ego se apega apenas s cenas e aos atores que lhe interessam. Os acontecimentos que experimentou por intermdio das faculdades espirituais, sejam de amor ou dio, tornam-se permanentes (por isso somente o amor e dio so eternos), enquanto as demais recordaes desaparecem para sempre ou retornam ao casco, que a sombra da personalidade que os criou. No entanto, o ego recorda-se apenas da essncia de sua vida fsica, a experincia fsica que viveu apenas virtual, pois no pode ter conscincia fsica propriamente dita, em face da falta de rgos fsicos pelos quais atuar.

    A conscincia do eu pessoal da ltima encarnao, preservada no ego espiritual, persiste como uma recordao distinta e separada apenas durante o devachan. Findo esse perodo, essa memria junta-se ao acervo das demais experincias acumuladas de outras inumerveis encarnaes do ego. Ao final de cada uma das primeiras seis rondas (ciclos menores), o ego recuperar a lembrana de todas as impresses que se impuseram nos respectivos perodos de devachan. Todas vidas vividas nesses perodos so probatrias, com grandes indulgncias e novas oportunidades a cada novo nascimento. Mas os egos que retiveram a memria no kama-loka, que no produziram coisa alguma de boa com seu quinto princpio sero aniquilados, no desfrutaro dessa memria completa, afundaro na oitava esfera.

    A lembrana de todas as vidas do ego dar-se- no final da stima ronda, que completa um ciclo maior, no limiar do longo nirvana (estado de reabsoro, mas no de extino ou aniquilamento do ego, na fora universal, a eterna felicidade e descanso enquanto aguarda outro manvantra, que um longo perodo de manifestao, uma poca de atividade criativa) que nos espera depois de deixarmos o ltimo globo da cadeia planetria em que vivemos. Como acentua Blavatsky, uma entidade imortal apenas na sua essncia ltima, no na sua forma individual. Quando ela atinge o

  • ponto mais alto de seu ciclo absorvida em sua natureza primordial: torna-se esprito e perde o nome de entidade. Assim, sua imortalidade, como forma, limitada ao seu ciclo de vida.

    Ao final da stima ronda no haver benevolncia, tudo o que foi desprezado no devachan retorna outra vez diante da viso do ego, e o conjunto das vidas do ego ser sopesado: de um lado da balana estaro os mritos e de outro os demritos. Cada ego dever sorver a taa das aes que praticou depois ser pesado na balana da justia compensatria. Segue-se um perodo indefinido cuja durao depende do estgio evolutivo de cada um. Nesse perodo, at que acontea o pralaya (perodo de no-manifestao e repouso), o ego transforma-se virtualmente em um deus, um ser onisciente, candidato a ser algum dia, aps um perodo incomensurvel, um dhyan chohan ou, se foi mau, entrar no nirvana de avitchi e num manvantra (um perodo incrivelmente longo de bilhes de anos) de sofrimento e horror como um feiticeiro. Os feiticeiros, assim como os adeptos, tm imortalidade panenica, isto , mantm clara conscincia do Eu em qualquer estgio ou forma em que se encontre, do incio ao fim do manvantra. Quando esto mortos, por exemplo, tm perfeito conhecimento de que deixaram o corpo fsico.

    No nirvana o eu superior (atma-buddhi), unindo-se Mente-Alma Universal, torna-se efetivamente onisciente, realizando aquilo que era apenas virtual no devachan. HPB diz-nos que mesmo encarnado o ego pode em situaes especiais, quando mudanas fisiolgicas do corpo permitem, libertar-se da matria tornando-se nesses instantes quase onisciente outra vez.

    Contato com os VivosBlavatsky esclarece que, aps a morte, o esprito fica aturdido e confuso e muito em breve entra no estado de inconscincia que precede o devachan. Ainda assim, nesse rpido interregno antes da inconscincia, esse ser atordoado poderia comunicar-se com uma pessoa viva, mas dificilmente essa comunicao seria proveitosa para o vivo. No entanto, ela admite a existncia de raros casos em que a intensidade do desejo de retorno, com um objetivo muito especial, to grande que fora a conscincia do comunicante a permanecer desperta, sendo, portando, a individualidade que realmente se comunica.

    Ela cita ainda o caso dos nirmarnakayas. Esses so seres que desprezaram o desejo pelas iluses do mundo e renunciaram ao cclico estado nirvnico a que faziam jus, por compaixo humanidade e por amor queles que deixaram na Terra. Aqui permanecem invisveis em esprito, em vida astral, com todos os seus princpios, podendo comunicar-se, como o fazem com alguns eleitos (que no seriam os mdiuns comuns, como ressalta aquela autora), aconselhando e inspirando mortais para o bem geral.

    O mayavi-rupa (que, como j vimos, um corpo no-natural formado por elementos mentais e astrais) de uma pessoa morta no kama-loka pode tambm amide aparecer como um fantasma no mundo objetivo, sem que, contudo, isso represente a expresso da vontade daquele que o projeta ou da atrao do desejo daquele que o v, sendo apenas um ato involuntrio e maquinal do falecido. No se exclui, no entanto, a possibilidade de isso vir a acontecer como conseqncia de um conhecimento que existia potencialmente na pessoa.

    Para o ego em repouso no devachan seria, entretanto, impossvel qualquer comunicao com os encarnados, pois tal contato traria certamente alguma angstia e amargura, rompendo a condio de ausncia de dor ou sofrimento que prevalece nesse estado de suspenso temporria do carma. Se o ego depois que sai do kama-loka e entra no devachan no pode se comunicar com mdiuns, o mesmo no aconteceria com o casco, pois ele, como j vimos, portador apenas dos apetites inferiores da personalidade, est acessvel ao mdium comum, sendo usualmente o seu guia. Os erradios casces no so necessariamente nocivos. Porm, devido aos mdiuns podem se converter temporariamente em maus.

    Todavia, um sensitivo mais puro pode ascender ao devachan e imaginar que seus entes queridos que l esto que baixaram Terra, e no que ele subiu ao devachan. Ao penetrar naquele estado consciencial, o sensitivo funde-se na aura do esprito que l se encontra e converte-se naquela

  • personalidade desaparecida, escrevendo com sua letra e na sua linguagem (psicografia). H, ento, uma identidade de vibrao molecular entre as partes astrais do mdium e do desencarnado, e a mensagem transmitida ser tanto mais autntica e mais apurada no seu contedo moral quanto mais desenvolvido for o mdium, isto , quanto menos de si prprio ele colocar na mensagem. Percebe-se, assim, que h objetividade consciencial no devachan, ainda que limitada, pois o ego, embora concentrado apenas nas experincias mais positivas que trouxe da encarnao anterior, consegue concatenar perfeitamente o seu pensamento; e l onde est, cada pensamento torna-se uma coisa concreta. Por isso, a comparao do devachan com um sonho terreno apenas uma figura de linguagem. Se a vida l no objetiva, certamente aqui na Terra tambm no o , pois, no nosso plano, o nvel de conscincia ordinrio extremamente limitado, circunscrito ao que se percebe atravs dos sentidos fsicos, sendo nossa vida repleta de iluses, e nem sequer sabemos quem somos.

    Os egos de suicidas e vtimas de acidente, inclusive os assassinados, tambm podem se comunicar com os vivos o que veremos a seguir.

    Suicidas e Acidentados Desde o momento em que se suicidaram at o dia em que teriam a morte natural, os suicidas no esto completamente separados dos seus princpios superiores (6 e 7). Porm, funcionam, de fato, apenas com o quarto e o quinto princpios, enquanto os dois superiores permanecem passivos, porque, devido ao ato tresloucado que cometeram, forma-se uma barreira insupervel entre os dois grupos de princpios. Eles persistem vivendo conscientemente no kama-loka, estando agora mais sujeitos aos impulsos dos desejos terrenos e sem possibilidade de satisfaz-los diretamente, posto que j no mais possuem o instrumental proporcionado pelo corpo fsico.

    O suicida, assim entendido como o homem real que apenas foi despojado de seus trs princpios inferiores, e no o casco, pode se comunicar conosco atravs de mdiuns. Os seres sofredores que persistem nesse convvio so exceo regra, pois permanecem dentro da esfera de atrao da Terra, no kama-loka, at completar o tempo que deveria ter sido o de sua vida natural.

    No se deve considerar, entretanto, suicida algum que por uma ao inconseqente antecipa sua morte quando no tinha essa inteno (um toxicmano, por exemplo, vtima de overdose): nesse caso o motivo o que interessa. Essa pessoa, como os que tiveram morte natural, no ser vtima das tentaes do kama-loka nem dos mdiuns e cair no sono to logo nele penetre. A qualidade do sonho depender das circunstncias criadas antes da morte, e bem pode no ser agradvel.

    Em vez de procurar se redimir da loucura que cometeu, aceitando seu castigo, o suicida busca ilicitamente, atravs de um substituto vivente, satisfazer os desejos que ainda o mantm preso Terra. Por causa dessa prtica, ao trmino do tempo natural que teria durado sua vida, costuma perder sua mnada para sempre, ou melhor, perder a possibilidade de entrar no devachan, desperdiando suas experincias pessoais no atual ciclo de vida. comum ocorrer isso com o suicida, embora muitos resistam bravamente, e nem todos sejam necessariamente atrados pela nsia perturbadora dos mdiuns. Penso, nesse sentido, que a motivao do suicida muitas vezes no tanto o apego s coisas terrenas, mas, muito mais, a incapacidade de suportar uma dor fsica ou moral muito intensa. O Mestre adverte que seria errado e cruel reavivar-lhe a memria ao oferecer-lhe a oportunidade de desfrutar uma vida material indireta por intermdio de mdiuns e sensitivos, pois isso intensificaria seu sofrimento, e ele pagaria caro por tais prazeres, sobrecarregando seu carma.

    A questo das vtimas de acidentes (ou de assassinato) uma das mais controversas nesse estudo, embora os mal-entendidos fossem suficientemente elucidados pelo Mestre. Assim, que, na Carta n 76, K.H. comenta a carta 68, que havia sido publicada sem reviso, e afirma que o material nela contido sobre a possibilidade das vtimas de acidentes terem uma situao pior que a dos suicidas no est incorreto, mas trata-se apenas de uma exceo. Essa posio est ainda reforada na Carta n 71, em que fala sobre a afirmao do Sr. Sinnett de que as vtimas de acidentes s vezes, embora

  • raramente, e as vtimas de suicdio podem se comunicar conosco atravs de mdiuns. Naquela missiva o Mestre pontifica que isso s ocorre em casos excepcionais quanto aos acidentados, mas que os suicidas podem e fazem isso com freqncia.

    Em resumo, nos acidentados, ao contrrio do que ocorre com os suicidas, os princpios remanescentes (do 4 ao 7) atraem-se reciprocamente, sem quaisquer barreiras. Quando o ego bom e puro, os princpios superiores puxam fortemente os inferiores em sua direo, a da espiritualidade, e o ego espera o momento de ir para o perodo de gestao dormindo placidamente, tendo sono sem sonhos ou, sonhos felizes e cheios de vises venturosas da vida na Terra, porm nada comparveis ao sonho devachnico, e sem a conscincia de que deixou para trs a vida terrena. Isso ocorre porque o ego pessoal do acidentado no responsvel por sua morte, embora deva estar sofrendo a ao da lei do carma. Se tivesse vivido mais, poderia ter compensado alguns erros anteriores. Mas, porque pagou dbito anterior (de reencarnao passada), est livre da justia compensatria. Os acidentados so protegidos pelos dyan-chohans at que estejam amadurecidos e preparados para o kama-loka. Eles, em geral, sejam bons ou maus, dormem e s acordam no momento de separao dos princpios (hora do julgamento final), no limiar do estado de gestao. Se, nesse caso e semelhana do que ocorre com os que tiveram morte natural, a carga de experincias positivas a ser aportada pelo quinto princpio for insuficiente para permitir o desfrute no devachan, o ego tomar imediatamente um novo corpo material, neste ou noutro planeta. Assim, pode-se estabelecer como regra geral que, exceto os suicidas e os casces, no h possibilidade de um ego freqentar um centro esprita.

    Carma, Trishna e Skandhas Subjacentes aos fatos do ps-morte, existem leis e princpios naturais que permitem sua compreenso. Assim, o Mestre pontifica alguns conceitos que considera fundamentais para o entendimento dos mistrios da roda da vida. Esclarece inicialmente, adotando uma terminologia budista, que carma a doutrina segundo a qual todo ser senciente, aps a morte, nasce outra vez, no mesmo planeta ou no, debaixo das condies por ele mesmo criadas. Todos os atos e pensamentos so causas cujos reflexos, ou efeitos, sero sentidos tanto no mundo positivo como no espiritual. As energias materiais agem essencialmente no plano fsico e, portanto, repercutem na personalidade atual ou nas que futuramente sero assumidas pela individualidade. Pela operao da lei de ao e reao, o ego, aps deixar o devachan para reencarnar-se, defronta-se, como diz Blavatsky, com o carma e seu exrcito de skandhas (esses so os atributos que formam a personalidade e do a sensao de um eu separado), e recebe punio por cada falta que cometeu na vida anterior na matria, e no h nisso qualquer injustia, pois, com a punio da personalidade, quem sofre, de fato, a individualidade, que a entidade que verdadeiramente deu causa punio. Vale lembrar que a personalidade atual no se lembra da que a precedeu, mas o ego reencarnante tem pleno conhecimento de suas boas e ms aes e comunica-se com a conscincia inferior de diversas formas, tais como a intuio, premonio, reminiscncias e daquilo que chamamos voz da conscincia.

    Dessa forma, cada personalidade nova assumida pelo ego reencarnante um produto, ou conseqncia, crmica da anterior. Se a inclinao da personalidade para coisas materiais e prazeres da vida mundana, a personalidade adotada pelo ego na prxima encarnao dever ter as mesmas propenses. enfatizado, nesse sentido, que bem-estar e satisfao so antes causa de um novo e sobrecarregado carma do que efeito de um carma favorvel, e que pobreza e condio humilde na vida so, em geral, causa menor de sofrimento do que riqueza e nascimento privilegiado. J aes morais, pertencentes ao esprito, desdobram-se no mundo subjetivo, refletindo-se essencialmente no devachan, que ser tanto mais proveitoso e prazeroso quanto mais refinada foi a personalidade. O sonho devachnico, nesse caso, seria to vvido que nenhuma realidade cotidiana poderia se igualar. Portanto, todo ego est sujeito a um impulso crmico que o leva a se encarnar numa famlia que tenha qualidades e tendncias semelhantes s que ele mesmo apresenta, numa espcie de hereditariedade espiritual, e essa atrao, que nada mais que uma confirmao da lei da afinidade (semelhante atrai semelhante), reger e orientar sua futura

  • existncia. Uma vez esgotados os impulsos crmicos que se desdobram no devachan, o indivduo sente necessidade de entrar outra vez no mundo das causas, que pode ser aquele de onde ele veio ou mesmo outro, de acordo com o estgio de desenvolvimento que j tenha alcanado.

    Se, por um lado, o carma a lei que orienta o sentido da vida e permite saber a direo a que os fatos conduziro, por outro, trishna a nsia, o impulso incontido e primitivo, pela vida sensvel, e a causa da reencarnao. Um forte anelo por vida fsica pode levar o indivduo a inmeras reencarnaes sem que, contudo, desenvolva necessariamente suas potencialidades superiores. Essa sede de viver, condicionada pelos skandhas adquiridos j de outras vidas e transformados nesta, conduz a um novo nascimento, e as aes resultantes dessa nova vida produzem novos skandhas e condicionam o prximo nascimento num movimento perptuo. Depreende-se da a justeza do carma, pois, da mesma forma como um homem de 40 anos deve colher os frutos das suas aes realizadas aos 20 anos, tambm perfeitamente legtimo que o ego transvestido de uma nova personalidade seja alcanado pelas aes geradas por sua personalidade anterior.

    No s os homens, mas todas as criaturas vivas, so constitudos, objetiva ou subjetivamente, por skandhas, que so exotericamente cinco (ou sete esotericamente): rupa (forma ou atributos materiais), vedana (percepo, sensaes), sanna (conscincia, idias abstratas), sanskara (tendncias para a ao, tanto fsicas quanto mentais) e vinnana (conhecimento, poderes e predisposies mentais). Eles esto em constante transformao e so os rudimentos e causas da vida nos sete planos da existncia, formando, aps a morte, a base para o reingresso na matria, pois so as sementes abandonadas pelo ego quando entra no devachan e outra vez recolhidas pela nova personalidade e por ela esgotadas. Os skandhas espirituais deixam marcas indelveis no ego permanente, pois algumas qualidades da personalidade, tais como amor, altrusmo, caridade etc., fixam-se para sempre naquele ego como atributos divinos ofertados pelo indivduo transitrio. De outra parte, os skandhas materiais, os que dizem respeito ao eu pessoal, ainda que sejam passageiros e no impressionem o crebro da nova personalidade, so os que geram efeitos crmicos mais evidentes. Aps o devachan, eles agregam-se nova personalidade na encarnao seguinte, sob a forma de resultados crmicos a serem remidos e ainda como efeitos crmicos positivos, proporcionando um corpo adequado ao ego reencarnante.

    Blavatsky afirma que, embora o ego pessoal no detenha a memria das vidas passadas, ele pode, quando colocado em estado sonamblico ou hipntico, estabelecer comunicao com o ego espiritual, que acumula essas lembranas, habilitando a pessoa a realizar coisas que no aprendeu na atual existncia. Modernamente, fenmeno semelhante a esse tem sido bem estudado no Ocidente sob a denominao de regresso a vidas passadas.

    Males Produzidos por MdiunsO ego no devachan est imbudo dos mais nobres sentimentos possudos pela personalidade falecida, e sua bem-aventurana consiste exatamente no esquecimento das desgraas que deixou para trs. Ao contrrio desse ensinamento, a doutrina esprita assegura que os espritos enxergariam mais longe que os encarnados e que, portanto, estariam ainda mais conscientes das mazelas terrenas. Blavatsky argumenta que essa conscincia traria terrvel conseqncia ao desencarnado, que continuaria carregando todos os sofrimentos da vida na Terra, com o agravante de no poder interferir nos acontecimentos desastrosos que aqui acontecem e a que obrigado a assistir impassvel. Isso seria uma verdadeira maldio. A morte no traria nenhum conforto.

    Por acreditar nessa doutrina e por julgar geralmente que est fazendo o bem, o mdium auxilia no despertar de trishna e na realizao, ou upadana, dos desejos subjacentes nas formas astrais, quer de um suicida ou de uma vtima de violncia, transformando-as assim em elementares. Por isso, eles podem ter de passar no kama-loka muitos anos sob a forma de elementares, no um casco propriamente dito, mas um vagabundo terrestre, pois seus trishnas os atraiu aos mdiuns, que facilmente realizam seus desejos, e eles desenvolvem novo conjunto de skandhas, novo corpo com tendncias e paixes piores que as do corpo anterior. Agora o carma deles ser acrescido das aes que venham a praticar sob a nova influncia, comprometendo sua reencarnao. Se os mdiuns

  • soubessem os males que podem provocar nesses seres a cada sesso esprita, mormente com materializaes, seriam menos generosos em prodigalizar sua hospitalidade. Por isso o Mestre ope-se to veementemente ao tipo de espiritismo que incentiva a mediunidade e as manifestaes fsicas indiscriminadas, especialmente materializaes e incorporaes.

    Concluso A morte apenas um ponto de parada para reabastecimento e descanso na infindvel jornada da vida. um breve momento de transio entre dois estados de conscincia, o material e o espiritual. Ela est entre as mais importantes leis do Universo, na medida em que proporciona condies para a marcha da evoluo, separando o eterno do perecvel. O transitrio o material daquelas experincias que no deram certo e que deve desaparecer durante a longa luta da Natureza em busca da perfeio. O permanente a perfeio alcanada. Para nascer preciso morrer. Assim, a morte antes uma extraordinria oportunidade de renovao, pois ao renascer o ego esquece completamente todos os erros e descaminhos da velha personalidade que j no suportava mais carregar, surgindo outra vez como uma criancinha inocente e pura, a ser prontamente amparada e amada por aqueles que a cercarem.

    Morte e reencarnao significam, portanto, as oportunidades para o progresso sem limite da alma divina, num permanente processo evolutivo que vai do material para o espiritual. Ao final de cada ciclo o homem renova-se em conhecimento e poder, e a sua sagrada misso conquistar a imortalidade por intermdio da unio de sua alma com o princpio divino que a sustm, elevando-se em direo da Unidade Absoluta. Seu destino glorioso e cada um o seu prprio salvador no mundo onde est e na encarnao em que se encontra. Assim, o homem de bem que conhece os segredos do alm no teme a morte e pode exclamar como o apstolo: Onde est, morte, o teu aguilho? (I Cor 15:55).

  • ENTO; CONTEMPLA A IMENSIDO DO PALCO!1- No te permitas esquecer a grandeza da Companhia para a qual trabalhas , pois Tu, que s Ator, poderias esquec-la ao envolver-te demasiado no desempenho do teu papel. Perderias assim, a viva e entusiasmante participao no xito da pea. Pode haver maior perda para um ator?2- Por isso, Contempla sempre a Imensido do Palco! Ela te far lembrar constantemente a grandeza dessa Companhia. Sentirs, ento, entusiasmo por pertenceres a ela.

    3- Observa, cada noite, as mirades de mundos estelares que flutuam neste incomensurvel oceano do espao celeste. Cada um desses pontinhos luminosos um astro de tamanho colossal e ocupa um lugar exato neste imenso relgio que o Universo. Pode haver outro mais grandiosamente organizado?

    4- Durante tais contemplaes, talvez pensasses que s no infinito seria possvel perceber a grandeza dessa Companhia...Pode haver outro cenrio mais minuciosamente cuidado?

    5- Contempla, pois a imensido do palco, tanto no infinito quanto no infinitsimo. Ela te impedir de esquecer que s uma parte do todo.

    6- Observa atentamente a beleza e a perfeio da vestimenta dos atores. V que lindas mscaras de carne eles usam. So decoradas com olhos, ouvidos, nariz e boca, sendo compostas de minsculas clulas em constante funcionamento, sustentadas em seu conjunto por outras dos ossos to cuidadosamente ocultadas. V quo lindas expresses elas permitem manifestar. Pode haver outra Companhia teatral que vista mais suntuosamente os seus atores?

    7-No confundas, porm, as roupas com o ator, pois estas se desgastam com o uso, precisando ser periodicamente trocadas a cada novo papel. Alm disso, cada noite ters de tir-las, ao final da apresentao, no camarim da Existncia.

    8- Por isso, Contempla sempre a Imensido do Palco!! Pois se esqueceres que ests apenas representando no teatro da vida, e que no essa a tua verdadeira existncia, poders te envolver tanto no desempenho do teu papel que te sentirs mais importante que os outros atores. "Querers Moldar os Outros Pelas Tuas Idias e Impor Tua Vontade" aos acontecimentos da pea, comprometendo o Harmonioso xito da mesma.

    9- Achars, ento, que a pea est errada e querers corrigi-la fazendo JUSTIA COM AS PRPRIAS MOS. Arvorando-te, assim, em Autor da pea. Mas se nem sequer consegues desempenhar fielmente e com brilhantismo um nico papel, como poderias ser um Autor que necessita planejar e orientar, harmonicamente, centenas ou milhares de papis?

    10- Por isso contempla sempre a grandeza do cenrio: isso te tornar Humilde. Poders, assim, executar a tua parte nesta gloriosa pea sem perturbares a representao alheia por pior que ela seja. Alis, tamanha a grandeza dessa obra que um mau Ator, ou um mero Aprendiz, no poder macul-la, verdadeiramente, com seus erros.. A possibilidade de ocorrncia de tais erros j era prevista, de modo que os Diretores daro, a esses Aprendizes, papis onde esses erros possam se adaptar ao enredo geral. Contudo, eles no podero sentir a contagiante felicidade dos que participam ativa e conscientemente na pea, buscando o xito da grande obra. essa participao, interessada no xito de toda Companhia, que te far crescer. Alis, pelo desempenho nos papis anteriores que recebemos novos papis. Os Diretores so os que melhor sabem sobre nossas capacidades, pois j foram atores como ns um dia.

    11- Por tudo isso, Contempla Sempre O Palco! Ali est estampada tamanha grandeza que no poders deixar de perceber uma Presena Silenciosa! Esta a Luz que ilumina todo o teatro e seus inmeros palcos, atores e diretores...Sem ela no haveria espetculo!! Enxerg-la penetrar num oceano de alegria infinita. Embriagados de AMOR esto os que, pra ela, abriram o CORAO!

  • Viso Teosfica do Ps-Morte nas Cartas dos Mestres de Sabedoria