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    RIO DE JANEIRO2013

    2013_OBSERVATRIO DE FAVELAS

    Distribuio gratuitaA reproduo do todo ou parte deste documento permitida somente para fins no lucrativos e com aautorizao prvia e formal do Observatrio de Favelas, desde que citada a fonte.

    EQUIPE RESPONSVEL

    COORDENAO:Jailson de Souza e SilvaRaika Julie Moiss

    EQUIPE TCNICA:Silvana Helena BahiaThiago Araujo AnselVictor Domingues VenncioVictor Viana Mascarenhas

    OBSERVATRIO DE FAVELASRua Teixeira Ribeiro, 535Parque Mar Rio de Janeiro RJEmail: [email protected]: www.observatoriodefavelas.org.br

    Esta uma publicao do Observatrio de Favelas, financiada pelo Instituto C&A eo CESE Coordenadoria Ecumnica de Servio

    1 EDIO

    Rio de Janeiro_2013

    ________________________________________XXXXMdia e Educao nos Espaos Populares [recurso eletrnico]: A experincia do Observatrio de Favelas/ [coordenadores Jailson de Souza e Silva e Raika Julie Moiss]. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Observatrio deFavelas, 2013.

    XXp., recurso digital: il.

    Formato: PDFRequisitos do sistema: Adobe Acrobat ReaderModo de acesso: World Wide WebISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X (recurso eletrnico)Inclui bibliografia

    1. Favelas - Rio de Janeiro, RJ 2. Direitos humanos 3. Mdia social 4. Livros eletrnicos. I. Moiss, Raika

    Julie, 19xx II. Silva, Jailson de Souza e, 1959- III. Observatrio de Favelas do Rio de Janeiro.

    XX-XXXX. CDD: XXX.XXXXXXXXCDU: XXX.XXX.XX(XXX.X)

    30.08.12 14.09.12 XXXXXX________________________________

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    SUMRIO

    SOBRE O OBSERVATRIO DE FAVELAS ..............................................................................APRESENTAO ................................................................................................................PROGRAMA IMAGENS DO POVO ......................................................................................ESCOLA POPULAR DE COMUNICAO CRTICA (ESPOCC) ...............................................FESTIVAL AUDIOVISUAL VISES PERIFRICAS ...................................................................

    CRNICAS URBANAS ........................................................................................................MAR COMUNICATIVA .....................................................................................................CIRCULANDO - DILOGO E COMUNICAO NA FAVELA .................................................MEMRIAS DO PAC ...........................................................................................................BOLETIM NOTCIAS & ANLISES .......................................................................................PROGRAMA DIREITO COMUNICAO E JUSTIA RACIAL .............................................MDIA E FAVELA .................................................................................................................MDIA E EDUCAO NOS ESPAOS POPULARES ...............................................................REFERNCIAS .....................................................................................................................

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    Sobre o Observatrio de Favelas

    O Observatrio de Favelas uma organizao social de pesquisa, consultoria e aopblica dedicada produo do conhecimento e de proposies polticas sobre as favelas efenmenos urbanos. Buscamos afirmar uma agenda de Direitos Cidade, fundamentada naressignificao das favelas, tambm no mbito das polticas pblicas.Criado em 2001, o Observatrio desde 2003 uma organizao da sociedade civil de interesse

    pblico (OSCIP), sediada na Mar, no Rio de Janeiro, mas com atuao nacional. Foi fundadopor pesquisadores e profissionais oriundos de espaos populares e composto atualmentepor colaboradores de diferentes espaos da cidade.Temos como misso a elaborao de conceitos, metodologias, projetos, programas e prticasque contribuam com a formulao e avaliao de polticas pblicas voltadas para a superaodas desigualdades. Pois, para serem efetivas, tais polticas tem de se pautar pela garantia eexpanso dos direitos.Reconhecendo a multiplicidade de fatores implicados na reproduo das desigualdades,atuamos em cinco reas distintas: Polticas Urbanas; Educao; Comunicao; Cultura; Direitos Humanos;

    Com suas iniciativas organizadas a partir destas cinco reas, o Observatrio de Favelaspersegue os seguintes objetivos: Ampliar sua rede sociopedaggica para influenciar na elaborao de polticas pblicas,torn-las efetivas e criar prticas de interveno social nos espaos populares; Avaliar polticas pblicas destinadas cidade e, em especial, aos espaos populares, a

    partir da produo de instrumentos conceituais e metodolgicos plurais; Elaborar conceitos, produzir informaes e representaes que superem visesestereotipadas e homogeneizantes sobre as favelas e espaos populares; Incidir no campo das polticas culturais, para que a definio destas reconhea econtemple as manifestaes e prticas presentes nos espaos populares; Formular e implantar prticas exemplares em educao, gerao de trabalho e renda,moradia e regularizao fundiria urbana, cultura, comunicao, segurana pblica evalorizao da vida; Constituir referncias inovadoras de produo do conhecimento, dentro e fora de nossa

    rede social e poltica, para viabilizar propostas de Direito Cidade.

    Apresentao

    Esta publicao um dos resultados do projeto Mdia e Educao nos Espaos Populares,iniciativa do Observatrio de Favelas, apoiada pelo Instituto C&A e pelo CESE CoordenadoriaEcumnica de Servio.Mais do que simplesmente sistematizar nossa experincia em projetos e aes de comunicao,este caderno tem o objetivo de disponibilizar para outros coletivos, organizaes e para o

    conjunto da sociedade, um apanhado com metodologias empregadas em nossas atividadesneste campo, grande parte delas concentrada na formao de moradores de favelase outros espaos populares em diferentes linguagens de mdia, na busca por outrossignificados para cidade.

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    Em pelo menos sete de seus mais de 10anos de existncia, o Observatrio apostana comunicao como instrumentode transformao social e a reconhececomo um direito imprescindvel paraa construo de um projeto de cidadecalcado no encontro e no respeito diferena. Isto porque a forma comointerpretamos o conceito de cidadania histrica, ou seja, depende dastransformaes sociais que nos cercam.Se h quase trs dcadas comunicarera apenas um entre vrios dos anseiosde movimentos sociais emergentes noBrasil ps-redemocratizao, hoje no exagero afirmar que a comunicao umdos direitos que constitui a prpria noo

    de cidadania. Na contemporaneidade, o direito comunicao mais do que simplesmentetraduzir-se em acesso a informaes, compreende a conquista de posies legtimaspara elaborar representaes de si e do mundo.

    Os desafios agora requerem ir alm de apenas promover a apropriao dos meios tcnicospara se comunicar com uma grande quantidade de pessoas. Estamos numa disputa pelanarrativa da cidade, onde a condio de narrador est necessariamente ligada visibilidade.Por isso nos colocamos diante da, cada vez mais imprescindvel, tarefa de potencializar acapacidade de expresso de nossos desejos. Da a aposta em transformar nossas proposiesem narrativas formulveis em campos distintos, porm interligados, como as polticasurbanas, as artes e a comunicao (compreendendo ainda que esta ltima deixa de ser meiode expresso e se torna ela mesma a cena pblica). Depende da comunicao a expanso davida pblica, a partir da intromisso de novos atores no teatro do conhecimento e da poltica,forando a percepo geral de novos problemas, questes e sujeitos.

    Visibilidade , de fato, um dos principais ingredientes para adquirir existncia poltica emborano baste. E isto tem exigido a multiplicao de repertrios e recursos que possibilitem quenovos sujeitos passem a figurar num nmero cada vez maior de espaos sociais legtimos.Neste sentido, a prpria ideia de ampliar os imaginrios urbanos aponta para a necessidadede equilbrio entre o domnio de cdigos hegemnicos e a manuteno da conexo comnossas origens. Este no um desafio recente, j que o empoderamento dos moradores dasperiferias e favelas tem sido condicionado sua capacidade de apropriao e articulao dediferentes formas de conhecimento e linguagens.O Observatrio de Favelas, em seus 11 anos de existncia, sempre buscou responder squestes da cidade e suas tenses, elaborando estratgias que ou tivessem como eixoprincipal o campo da comunicao\cultura ou dialogassem com ele. Foi assim que, em 2004,

    tivemos nossa primeira experincia de formao de jovens no campo da comunicao com aEscola de Fotgrafos Populares.Iniciativa at ento indita no Brasil, o curso props uma nova viso num momento em queainda predominava o discurso segundo o qual os projetos sociais deveriam basicamenteocupar o tempo dos jovens das periferias e favelas, mantendo-os longe de envolvimento comatividades ilcitas (algo entendido como o destino mais provvel ou natural para estes).A partir da permanncia de parte significativa dos estudantes da Escola de FotgrafosPopulares no convvio do Observatrio, o projeto transformou-se no Programa Imagens doPovo, a primeira agncia-escola e banco de imagens de fotgrafos populares do pas, de ondenovas experincias continuam surgindo.Alm de superar o mito de que jovens pobres e desocupados tenderiam ao caminho da

    violncia, o curso tambm contribuiu para ultrapassar a ideia da formao estritamenteprofissionalizante para este grupo em geral, realizada atravs da oferta de cursos de cartermanual. Estava na gnese de nosso trabalho com comunicao uma inteno que perdura:sem desmerecer o valor dos trabalhos manuais, buscamos estimular a formao de jovens deorigem popular em atividades criativas e sofisticadas.

    Interveno do

    Travessias:

    Arte Contempornea

    na Mar, evento

    realizado pelo

    Observatrio

    de Favelas em parceria

    com a produtora

    Automtica.

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    A experincia da Escola de Fotgrafos Populares gerou a primeira turma da Escola Popularde Comunicao Crtica a ESPOCC. Inspirada no sucesso do curso de fotografia, aESPOCC pretendia criar o mesmo processo de composio entre a iniciao profissional,o entendimento crtico e a potncia transformadora do comunicador social. Para isso, foifundamental a parceria com universidades, outras organizaes e profissionais da rea.Com formaes em jornalismo, audiovisual e fotografia no seu desenho original, aexperincia da ESPOCC chegou a ser replicada em outras cidades, gerando novos coletivos

    e organizaes sociais. A escola tambm veio consolidar o trabalho do Observatrio comos jovens, investindo em comunicao, artes e produo de conhecimento.

    Hoje, nos alegra ver que deste mesmo grupo to marcado por processos radicais deviolncia fsica e simblica, surgem tambm novas formas e tentativas de solucionarproblemas. A expanso incontornvel da poltica para a arena virtual e a multiplicaode conexes possveis entre a juventude vem, por exemplo, pressionar Estado esociedade para a criao de instncias de participao que acompanhem astransformaes contemporneas.

    Paralelamente consolidao da ESPOCC, o Observatrio passa a contar com o seuprimeiro grupo de trabalho de comunicao institucional. Este, alis, no se ateve aorelacionamento pblico da organizao, desenvolvendo o Boletim Notcias & Anlises,referncia nacional na identificao de fatos, dados e perspectivas sobre questesurbanas. Seu contedo noticioso tornou-se influente entre movimentos sociais,academia, mdia e mesmo entre gestores pblicos.

    Desafios da nova dcada

    No ano de 2012, a ESPOCC promove o primeiro curso de Publicidade Afirmativa. Oconceito foi criado a partir da ideia de Ao Afirmativa. Portanto, mais do que visar o lucroe o consumo, a Publicidade Afirmativa promove valores de sociabilidade, a cultura e oempreendedorismo comunitrio e socioambiental.O curso deu origem a uma agncia-escola, a Dilogos, que hoje trabalha em projetos depublicidade e audiovisual desenvolvidos por alunos, ex-alunos, tcnicos, professores eparceiros da ESPOCC. Sua misso ajudar a produzir uma nova representao dos espaospopulares e difundir, atravs da linguagem publicitria, valores que contribuam para aconstruo de uma cidade mais justa, fraterna e democrtica.

    Tambm no incio dos anos 2010, o Observatrio comea a desenvolver aes com focoespecfico na questo da incidncia poltica para a democratizao da comunicao. Estanova vertente parte do reconhecimento de que o direito comunicao, como promotor deoutros direitos, deve contar com polticas pblicas para sua efetivao. Surgem da os projetosMdia e Favela e Direito Comunicao e Justia Racial. O primeiro foi um levantamento ediagnstico sobre iniciativas de comunicao em favelas e espaos populares, na RegioMetropolitana do Rio de Janeiro. O segundo um projeto que aposta no direito comunicao-- de produzir e difundir narrativas -- como forma de desarticular a retroalimentao entreviolncia simblica e fsica que constitutiva do racismo e de seus impactos nos territriospopulares urbanos.Articulando este conjunto de iniciativas com diferentes perspectivas de promoo do direito comunicao, nossa estratgia ampliar no s o acesso aos meios, mas a prpria noode espao pblico, reconhecendo os territrios populares urbanos como constituintes dessadimenso de cidade e centrais para sua plena realizao.

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    O Programa Imagens do Povo desenvolve aes nas esferas da educao, comunicao e

    cultura com objetivo de democratizar o acesso linguagem fotogrfica, compreendendo-acomo importante forma de expresso e viso autoral de jovens e adultos de origem popular.Criado pelo fotgrafo Joo Roberto Ripper, em 2004, como parte do programa scio-pedaggico do Observatrio de Favelas, o Imagens do Povo um centro de documentao,formao e divulgao de fotgrafos documentaristas. Suas principais iniciativas so: a Escolade Fotgrafos Populares, a Agncia Escola, O Banco de Imagens, as Oficinas de FotografiaArtesanal, o Curso de Formao de Educadores em Fotografia.Os objetivos que norteiam o Programa vo alm de iniciar jovens no ofcio da fotografiae articular seu ingresso no mercado de trabalho. Os participantes so estimulados adesenvolverem uma concepo fotogrfica crtica, que perpassa a produo das imagens,visando contribuir para o respeito aos direitos humanos e a construo de uma sociedademais justa. Portanto, o foco formar documentaristas fotogrficos (potenciais multiplicadoresda experincia) que, valorizando as histrias e as prticas culturais de suas comunidades,fortaleam vnculos identitrios a partir do mapeamento de diferentes expresses dosterritrios onde residem.A Agncia Escola responsvel pela difuso de imagens produzidas por ex-alunos e outrosfotgrafos vinculados ao programa, assim como pela mediao entre estes e os clientes. Omaterial resultante dos projetos autorais das turmas tambm incorporado ao Banco deImagens, disponvel no site: www.imagensdopovo.org.br, inaugurado em maio de 2005 ereformulado em 2011.As Oficinas de Fotografia Artesanal so realizadas atravs de parcerias com escolas pblicas

    e instituies, estimulando a criatividade e o olhar fotogrfico de crianas e adolescentesda regio da Mar, favela com 16 comunidades e mais de 130 mil habitantes, na ZonaNorte do Rio de Janeiro. So apresentadas noes bsicas para a construo de uma imagemfotogrfica a partir de cmeras artesanais feitas com materiais alternativos, como latasrecicladas ou caixas de fsforo.

    (2004)

    RatoDiniz

    RatoDiniz

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    Breve histrico e metodologiaO Imagens do Povo iniciou suas atividades em maio de 2004, com aulas dirias da Escolade Fotgrafos Populares, durante quatro meses. A formao era voltada para documentaofotogrfica, edio, digitalizao e arquivamento digital. Paralelamente, iniciou-se aconstruo do Banco de Imagens, assim como as atividades da Agncia de Fotografia. Osalunos formados nesta primeira turma (22 pessoas, entre 18 e 40 anos) eram residentes decomunidades populares nas proximidades da Mar, onde possuam vnculo com diferentesinstituies locais. Coordenado pelos fotgrafos Ricardo Funari e Joo Roberto Ripper, poca, o projeto contou com o apoio de FURNAS Centrais Eltricas.As Oficinas de Fotografia Artesanal (pinhole) acontecem no Observatrio de Favelas desde2005, quando Ripper convidou a fotgrafa Tatiana Altberg para coordenar o ncleo de pinholeda instituio. A partir de 2006, as aulas comearam a ser ministradas pelo fotgrafo BiraCarvalho, formado pela Escola de Fotgrafos Populares e ex-aluno de Tatiana. Seu assistente,Fagner Frana, era tambm ex-aluno das oficinas de pinhole. Para as turmas de 2011, quandoo projeto passou a receber o apoio do Criana Esperana, o fotgrafo Lo Lima, da turma de2009, foi convidado para ministrar as aulas ao lado de Fagner. No curso de pinhole, os alunosrealizam ainda sadas fotogrficas pela Mar, fazem visitas a centros culturais e participam

    de sesses de cinema com debates em sala de aula.

    No incio de 2006, a Escola de Fotgrafos Populares ampliou seus horizontes graas ao apoiodo UNICEF, que permitiu a aquisio de cmeras digitais profissionais, filmes e computadoresequipados para o tratamento de imagens. Desde ento, o curso teve sua carga horriaampliada para 540 horas e passou a ser frequentado por fotgrafos de outras comunidades

    populares do Rio de Janeiro e Niteri (ex.:Preventrio, Cidade de Deus, Queimados,Complexo do Alemo e outras), alm deestudantes universitrios de outras reas da

    cidade, totalizando 22 alunos.Por intermdio do professor Dante Gastaldoni,a proposta da Escola foi acolhida pela Pr-Reitoria de Extenso da Universidade FederalFluminense, que forneceu diplomas aos

    FbioCaffe

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    formandos de 2006, 2007 e 2009. Aindaem 2006, o contedo programtico daEscola foi aperfeioado para viabilizaro desenvolvimento de uma produofotogrfica a um s tempo autoral e crtica,que estimulava os alunos a registrar edifundir prticas cotidianas presentes em

    suas comunidades de origem, produzindouma cobertura fotogrfica para alm doslimites presentes em veculos da grande mdia.Com 10 meses de durao, o curso passoua ser estruturado em trs mdulos de 180horas/aula cada: Linguagem Fotogrfica,Informtica Aplicada Fotografia eFotojornalismo. O suporte pedaggicoficou a cargo de Dante Gastaldoni, que sereveza com Ripper nas aulas expositivase prticas, auxiliados por trs professores

    permanentes e por um grupo de palestrantesconvidados, selecionados em um universode conceituados fotgrafos, tcnicos epesquisadores.O trabalho conjunto dos professores visagarantir aos alunos, alm das competnciasespecficas na rea de fotografia, o expertisenecessrio para atualizao e manutenodo Banco de Imagens e da Agncia Imagensdo Povo, que vem atendendo a clientes

    externos, atravs do licenciamento defotos avulsas e da execuo de pautasencomendadas.Em 2007, o Programa passou a sercoordenado pela fotgrafa e jornalista Kita

    Pedroza, ex-editora de fotografia do site VivaFavela. A partir da, a Agncia Escola comeoua definir seu perfil poltico-profissional,firmando parcerias com organizaeshumanitrias nacionais e internacionais,instituies culturais e comerciais, almde rgos governamentais. Os fotgrafos

    passaram a ter seu trabalho reconhecido pelosclientes e a ganhar visibilidade atravs depublicaes e exposies. A Agncia comeoua dar seus primeiros passos em direo auto-sustentao.

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    As pautas fotogrficas realizadas por alunos e fotgrafos formados, por solicitao de

    clientes ou em seus prprios ensaios temticos, tem sido fruto de posterior edio peloscoordenadores, garantindo a ampliao do acervo. Devido ao intercmbio entre as trsiniciativas (eixos) do projeto (Escola, Agncia Fotogrfica e Banco de Imagens), este material-- que abrange diversos temas do cotidiano da cidade e, principalmente, de suas favelas --vem, aos poucos, sendo includo no Banco de Imagens, disponibilizado atravs da AgnciaEscola. Neste contexto, destacam-se as questes relacionadas aos Direitos Humanos(levando em conta conquistas e violaes), que vem sendo trabalhadas nas documentaese na formao dos fotgrafos.Com patrocnio do UNESCO/Programa Criana Esperana, a Escola formou sua segundaturma, tambm de 22 alunos, em abril de 2008. Em maro daquele ano, a Escola de FotgrafosPopulares conquistou o Prmio Faz Diferena, promovido pelo jornal O Globo, aps realizaode amplo ensaio fotogrfico sobre diverso em favelas cariocas, que rendeu a matria Afavela se diverte, publicada na capa da Revista O Globo.

    Em 2009, o Programa conquistou o apoio do Fundo Ita de Excelncia Social, que permitiu acontinuidade da Escola de Fotgrafos e que as exposies produzidas pelo Imagens do Povoiniciassem uma itinerncia pelas unidades do Sesc-Rio.

    Tambm em 2009, o contedo programtico da Escola passou a incorporar o aprendizado de

    novas tecnologias no campo da fotografia digital, alm da introduo aos direitos humanos e

    o estudo de temticas como anlise crtica da mdia e teoria das representaes sociais. Nesteano, 35 alunos se formaram pela Escola de Fotgrafos Populares. As fotografias produzidaspara os trabalhos de concluso de curso deram origem primeira exposio apresentadapela Galeria 535: a mostra Caadores de Sonhos, inaugurada em janeiro de 2010.

    A 535 um espao de arte permanente, que faz do corredor centralda sedo do Observatrio de Favelas um verdadeiro corredor cultural. Avisitao galeria acontece de segunda a sexta-feira, das 9h s 17h,com entrada gratuita.Em 2010, o Imagens do Povo passou a ser coordenado pela fotgrafaJoana Mazza e iniciou o processo de mudana do sistema de seu Bancode Imagens e reformulao do site oficial, inaugurados simultaneamenteem julho de 2011.

    A Escola de Fotgrafos Populares do Programa Imagens do Povorecebendo o Prmio Faz Diferena de O Globo 2007.Foto: Rato Diniz

    Imagens do Povo na Revista OGlobo de 18 de maro de 2007.Foto: AF Rodrigues

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    Tambm em 2010, o Programa ofereceuuma formao aos ex-alunos da Escola deFotgrafos Populares, intitulado Curso deFormao de Educadores em Fotografia,visando atender uma demanda crescentede fotgrafos que, ao finalizarem a escola,se tornam multiplicadores da experincia,

    ministrando oficinas de fotografias emregies perifricas da cidade. O programapde assim instrumentaliz-los por meio deaulas que incluam Histria da Arte e PrticasPedaggicas.Atualmente a Agncia Escola conta comcerca de 60 fotgrafos conveniados,todos ex-alunos da Escola de FotgrafosPopulares. O Banco de imagens contacom mais de 5.000 fotos. A Galeria 535 jrecebeu exposies de nomes importantes

    da fotografia brasileira, como AlexandreSequeira, Anna Kahn, Dani Dacorso, GuyVeloso, entre outros. Tambm foram apresentadas mostras coletivas de ex-alunos da Escola de FotgrafosPopulares, como Caadores de Sonhos, ou individuais, como Em Nossas Mos, do fotgrafo FbioCaff, formado pela Escola de Fotgrafos Populares.Em 2012 iniciamos mais uma turma da Escola de Fotgrafos Populares. Desta vez, o projeto recebeuo apoio financeiro do Ministrio da Justia, atravs do Pronasci (Programa Nacional de SeguranaPblica com Cidadania), direcionado Secretaria Especial de Desenvolvimento Econmico Solidrio, daPrefeitura do Municpio do Rio de Janeiro, que se configurou como uma ao de poltica pblica inditadirecionada a esse tipo de projeto.As exposies produzidas pelo Programa j foram abrigadas em importantes centros culturais do Brasile do mundo, como CCBB, Caixa Cultural e Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, Galeriado Palcio do Planalto, em Braslia e Canning House, em Londres.Foi tambm em 2012 que lanamos o Livro Imagens do Povo, com o patrocnio da Secretaria deCultura do Estado do Rio de Janeiro e copatrocnio da Statoil. A publicao rene imagens feitas pelosfotgrafos vinculados ao programa, partindo de uma minuciosa seleo do acervo acumulado. A obraainda serviu para ampliar a visibilidade da iniciativa, consolidar sua memria e, sobretudo, apresentara qualidade dos ensaios, resultado do trabalho no apenas dos fotgrafos, mas de todos osenvolvidos e apoiadores.

    Na Galeria 535 - Visita Guiada naExposio Casinha Daros. Foto:Francisco Cesar

    Livro Imagens do Povo - foto: Veri Vg

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    (2005)Criada em 2005, a Escola Popular deComunicao Crtica (ESPOCC) oferecea jovens e adultos, preferencialmentemoradores de espaos populares do Riode Janeiro, acesso a diferentes linguagens,conceitos e tcnicas na rea de comunicao.

    Seu objetivo contribuir com a formaode comunicadores populares, prepar-lospara a insero nos mercados e em outrasrelaes de trabalho, contribuindo para queeles exeram sua cidadania de forma plena.Inicialmente voltada para formao dereprteres populares, a ESPOCC promove,desde 2012, em parceria com a UFRJ epatrocnio do Programa Desenvolvimento &Cidadania da Petrobras, o primeiro curso dePublicidade Afirmativa.A ideia de Publicidade Afirmativa foi criadaa partir do conceito de Ao Afirmativa.Portanto, mais do que visar o lucro eo consumo, a Publicidade Afirmativapromove valores de sociabilidade, a culturae o empreendedorismo comunitrio esocioambiental.Localizada na sede do Observatrio deFavelas, na Mar, a ESPOCC conta com a

    colaborao de comunicadores populares,midialivristas, professores universitriose profissionais de grandes agncias. Hoje,so mais de 100 jovens de vrios lugaresdo Rio de Janeiro, aprendendo, criando etrocando conhecimentos nas habilitaes deAudiovisual e Criao Digital.A ESPOCC uma escola possibilitadorae potencializadora, que trabalha a partirde metodologias e conceitos pedaggicos

    baseados na autonomia e responsabilizao,na ideia de professor curador, entendendo oaluno como participante autor.O curso de Publicidade Afirmativainaugurado em 2012, no ano seguinte, deu

    Escola Popular de Comunicao Crtica

    origem a uma agncia, a Dilogos, quehoje trabalha em projetos de publicidade eaudiovisual, desenvolvidos por alunos, ex-

    alunos, tcnicos, professores e parceiros daESPOCC. A Dilogos d conta de produtos,servios e projetos que contribuam com odesenvolvimento territorial, a produocultural das periferias e as causas sociais,ambientais e comunitrias. Sua misso ajudar a produzir uma nova representaodos espaos populares, por uma cidademais integrada e justa.

    ContextoOs meios de comunicao tem um imensopotencial para promover a integrao davida urbana, sobretudo, quando so capazesde garantir a livre circulao das diferentesmanifestaes culturais. No Brasil, contudo,e no caso especfico do Rio de Janeiro, osaldo da atuao das mdias de amplaabrangncia negativo para as favelas eperiferias. Esses espaos so geralmente

    retratados pelo que no tem, pelos discursosda carncia e da ausncia, a partir de umolhar que, sem cerimnia, constri umarepresentao estereotipada e simplificada,com nfase na violncia e na criminalidade.

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    A Escola Popular de Comunicao Crtica busca encontrar caminhos para a superao das

    leituras e representaes simplificadoras que tem dominado o imaginrio social em relao sfavelas e periferias. Sua proposta construir outro devir para comunicao, criando no maisobjetos de representaes, mas sujeitos de experincias cidads. Nossa proposta consistena intensificao do intercmbio de capital cultural e tcnico entre jovens moradores deperiferias para que estes potencializem seu agir criativo e crtico e, sobretudo, figurem comoatores sociais para democratizao da comunicao. Trata-se, portanto, de um projeto quecombina a formao terica e capacitao tcnica, associadas a oportunidades inovadoras.A ESPOCC tem como referncia territorial de sua realizao o conjunto de favelas daMar, localizado na Zona Norte do municpio do Rio de Janeiro. O bairro Mar umadas mais vigorosas expresses das desigualdades urbanas da cidade. Apesar da presena

    de investimentos pblicos ao longo de duas dcadas notadamente na implantao deequipamentos escolares, o que no significa nenhum atestado da qualidade da educaoformal so notrias as limitaes de direitos fundamentais dos seus moradores, a exemplodos direitos moradia de qualidade, ao trabalho e a renda e, mais dramaticamente, segurana pblica.Embora o Bairro Mar seja a referncia de localizao do Projeto, as aes tem escalageogrfica mais abrangente, uma vez que so incorporados adolescentes e jovens de outrascomunidades populares da cidade. Busca-se com essa iniciativa alcanar diferentes regies,promovendo o envolvimento e o encontro de jovens em ambientes sociopedaggicos.Alm do investimento em formao qualificada para o trabalho criativo, a escola um

    manancial de produtos multimdia para a difuso de estticas e contedos que valorizema diversidade e a riqueza da vida social nos espaos populares. Nesse sentido, a ESPOCCse insere numa rede de formao, produo e comunicao, em diferentes linguagens demdia, capaz de mobilizar interaes criativas e autnomas para gerao de produtos decomunicao.

    Objetivos1) Contribuir para a valorizao e o fortalecimento da condio cidad dos moradores dosterritrios populares do Rio de Janeiro, por intermdio de aes de comunicao;2) Promover formao bsica em comunicao entre adolescentes e jovens residentes em

    favelas e outros espaos populares;3) Estabelecer aes integradas e sinrgicas entre a ESPOCC, as comunidades popularese instituies presentes nestes espaos, articulando atividades de formao com as deimplementao de redes colaborativas de comunicao cidad;4) Criao da Agncia-Modelo de Publicidade Afirmativa.

    No ano de 2013, a ESPOCCfoi a vencedora do AnuDourado, prmio idealizadopela CUFA Central nicadas Favelas cujo principalobjetivo destacar aesdesenvolvidas dentro defavelas em todo territrio na-cional, que contribuam para

    o desenvolvimento humanoe social desses espaos. Foto:Davi Marcos

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    MetodologiaAs aulas acontecem trs vezes por semana e tem,cada uma, trs horas de durao com intervalo de 15minutos para lanche. Durante o perodo de formao,as matrizes de comunicao so relacionadas slinguagens do cotidiano dos jovens, estimulando-osa utilizar sua prpria realidade como insumo para a

    produo criativa.Para lidar com os desafios de frequncia, participaoe avaliao, a ESPOCC trabalha com um conjunto decritrios que condicionam a progresso dos alunospara os mdulos seguintes. Dessa forma, os eventuaisalunos avaliados com aproveitamento insuficiente(compreenso, frequncia e participao) tendem ano seguir para o mdulo posterior, abrindo vaga paraalunos que sero inseridos em novos processos seletivosinter-mdulos. Alm da ateno e investimento na

    qualidade acadmica e de infraestrutura da escola, cr-se que esta medotologia tende a estimular o esforodos alunos em manterem-se frequentes e participativosat o final do curso. Alunos aprovados em todos osmdulos recebem ao final do curso o certificado deextenso da UFRJ. Os que forem aprovados em apenasum ou dois mdulos recebem certificados respectivosemitidos pela ESPOCC.O investimento que se faz pretende dar atenoaos diferenciados ritmos de aprendizagem, aoacompanhamento permanente do desenvolvimento

    de habilidades e a orientao presencial. articulados aes de formao e capacitao, um conjunto deestratgias de empregabilidade, empreendedorismoe desenvolvimento local por meio da mobilizao deparcerias institucionais.Outro aspecto deste processo que os produtosdas oficinas no s fazem parte da avaliao, masso tratados como desafios para os alunos.Assim, perguntas-desafio de comunicao sofeitas pelos professores durante os mdulos e suas

    respostas (produtos) so realizadas na Agncia,de forma colaborativa entre alunos, com o apoiodos tcnicos contratados (oriundos basicamentedas antigas turmas da ESPOCC), eventualmente em

    intercmbio com universitrios da ESPMe UFRJ e com suporte de profissionais depublicidade. O resultado uma dinmicapedaggica menos convencional e maisestimuladora atravs de experinciasreais de Publicidade Afirmativa.

    A experincia no mbito da escola e suasdiferentes realizaes que nos permitiramavanar para a construo de uma agnciamodelo de Publicidade Afirmativa. Acriao de novos contedos em redessociopedaggicas de comunicao oferece,de maneira especial, a oportunidade paraa construo de olhares inovadores arespeito dos espaos populares. A propostada ESPOCC representa a viabilidade dessaestratgia, sobretudo ao criar condies para

    que adolescentes e jovens de comunidadespopulares exercitem suas habilidades.Nesse movimento, eles podem contribuirpara mudar a realidade local e da cidade,atuando de modo criativo e organizado nombito do escritrio-modelo.A agncia Dilogos, na sede do Observatriode Favelas, vem consolidar e ampliar ofluxo de atividades sob essa conceposocipedaggica inovadora criada com

    experincia da ESPOCC.

    Convite para aformatura da turma

    de 2012

    Entre 2012 e 2013, a Dilogos inicia acampanha Juventude Marcada paraViver, uma sensibilizao da sociedadequanto ao grande nmero de homicdiosentre jovens negros. Dentre as suas linhasestratgicas esto: Marketing de guerrilhaAes na rua, envolvendo dramatizao, artes

    visuais, intervenes, flash mobs e outros, como objetivo de atrair mdia espontnea. RdioDesenvolvimento de spots, vinhetas,msicas ou programas radiofnicos,

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    veiculados por meio da obteno de pro bono em rdios comerciais, pblicas eestatais e da rede nacional de rdios comunitrias com cerca de 1400 rdios, cobrindoaproximadamente 5,6 milhes de brasileiros, das classes C, D e E. AudiovisualClipes, webdocs, vdeos virais e interativos e outros produtos de audiovisual a partir dalinguagem publicitria/promocional a serem veiculados no Canal Futura, TV Brasil, TVscomunitrias, como pro bono em mdias provadas e Youtube.

    Aes na InternetSites, Hotsites, blogs, aes em Twitter, Facebook e outras redes sociais, animaes emflash, campanhas virais, entre outros.

    Festival Audiovisual Vises Perifricas (2007)

    O Vises Perifricas projetou nas telas cariocas o olhar das periferias brasileiras, numa mostracompetitiva de vdeos produzidos em projetos e oficinas de audiovisual. A iniciativa buscoucriar um espao de exibio, visibilidade e discusso de obras criadas em periferias urbanas,assentamentos rurais, quilombos e aldeias indgenas. comum que as representaes dos espaos populares sejam marcadas por um conjuntode esteretipos. O projeto Vises Perifricas buscou deslocar este ponto de vista, permitindoo surgimento de outras narrativas sobre estes locais. O evento reuniu a produo nacionalsurgida a partir de iniciativas populares de audiovisual, que aparecem na primeira dcadados anos 2000, quando nascem no pas inteiro escolas, cursos e grupos interessados emutilizar a linguagem audiovisual como forma de expresso.

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    Aglutinar esta rica variedade deste boom de audiovisual perifrico foi um dos objetivosdo festival, evidenciando a existncia de um movimento que tomou conta das favelas doRio de Janeiro, das periferias de So Paulo, mas tambm das aldeias do Amazonas e dascomunidades quilombolas pernambucanas. Exemplos no faltavam, como no caso dosprojetos Vdeo nas Aldeias, de Pernambuco; Ns do Morro, Ns do Cinema, Escola Popularde Comunicao Crtica, nas favelas do Rio de Janeiro; Oficinas Kinoforum, em So Paulo;Associao da Imagem Comunitria, em Belo Horizonte, entre muitos outros.

    A reside a originalidade do Vises Perifricas: o critrio de seleo foi justamente aorigem das produes, vindas de experincias de educao popular com o mnimo deseis meses de funcionamento.

    Sesso do VisesPerifricas na Mar,em 2007. Foto:Sadraque Santos

    A primeira edio do festival teve duas mostras: uma retrospectiva, com a produo nacional

    desde 1990 at 2003, quando se destacam variadas experincias de vdeo popular, comoa TV Maxambomba, em Nova Iguau e outras TVs de rua que marcaram os primrdios domovimento popular de audiovisual no Brasil. A segunda mostra foi competitiva, reuniunovamente a produo nacional, trazendo um representante por filme. Isto fez com que ofestival tambm se tornasse um espao privilegiado de encontro e troca de ideias sobre o tema.Para aproveitar a reunio de pessoas dos mais diferentes cantos do pas, dos realizadores edo pblico carioca, foram promovidos debates a respeito da produo audiovisual perifrica,envolvendo pensadores e profissionais de diversas reas.Foi a diversidade na origem dos vdeos que mostrou a fora do que vinha sendo produzidonas periferias do Brasil. A diversidade tambm se refletiu nos locais das exibies que, almdo Centro do Rio, aconteceram tambm em Nova Iguau, So Gonalo, Santa Cruz e Mar.O Vises Perifricas mostrou que concentrar quem produz audiovisual nas periferias foiimportante ainda para que se criasse uma articulao entre estes atores sociais. Rede quefortalece o movimento e faz com que este potencialize a discusso sobre a poltica deaudiovisual do pas.

    Crnicas Urbanas (2007)Procurando mostrar histrias protagonizadas por moradores das periferias de trscidades brasileiras, o Observatrio de Favelas, em parceria com o Ita Social, o MEC e o CanalFutura, iniciaram em 2006 o projeto Crnicas Urbanas, com seis programas produzidos emparceria com organizaes que trabalham com audiovisual em comunidades populares comoa Fundao Gol de Letra, Associao Imagem Comunitria e Oficina da Imagem.Os episdios se passaram em trs metrpoles: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e So Paulo, ondeforam selecionados, em cada qual 15 jovens para produzir os programas. A srie, compostapor captulos de 30 minutos de durao, trouxe na pauta diferentes temticas do cotidiano

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    dos locais. As crnicas foram transformadas em roteiros de fico em laboratrios comjovens comunicadores, auxiliados por profissionais de audiovisual. O projeto ainda registrouo processo de filmagem de um curta-metragem de fico rodado pelos participantes. Comoparte deste processo, o telespectador pde assistir tambm ao depoimento dos prpriosrealizadores, que falaram sobre suas motivaes, suas formas de envolvimento no projeto eda interveno na produo do vdeo.Foram abordadas temticas como: Memria, Sexualidade, Direitos Humanos, Educao

    e Sonho. Os episdios estabeleceram dilogos entre personagens ficcionais e a realidadevivenciada pelos produtores. Todo o processo de definio de roteiros, pesquisa, escolha deelenco e filmagem comps um making of do projeto.Os jovens de So Paulo e Belo Horizonte foram ao Rio de Janeiro, conhecer os outrosparticipantes na capital fluminense, alunos da Escola Popular de Comunicao Crtica(ESPOCC). A proposta do Encontro foi justamente proporcionar interao entre moradoresde periferias com diferentes contextos. A principal ideia era criar junto aos participantes osentido de pertencimento a uma rede de comunicao.O programa Crnicas Urbanas estreou no Canal Futura, em julho de 2007, com programasexibidos sempre aos sbados, s 18h30, com reprise aos domingos, s 16h, no Canal Futura.

    Mar ComunicAtiva (2007)O projeto comeou com um ciclo de oficinas de Produo de Contedos Cidados para RedesVirtuais, durante os Jogos Pan-americanos. Participaram da formao 15 jovens com idadesentre 15 e 23 anos, todos moradores de diferentes favelas do Complexo da Mar. As aulas,ministradas por professores da Escola Popular de Comunicao Crtica (ESPOCC), aconteceramna sede do Observatrio de Favelas e foram divididas em mdulos de audiovisual, fotografia,blog, produo de texto e apurao jornalstica.Como resultado dessa elaborao coletiva, ao fim da primeira parte das oficinas, criou-seconjuntamente, em sala de aula, o blog para veicular os textos, vdeos e fotos reunidosna apurao jornalstica. A plataforma recebeu o nome de Mar ComunicAtiva. A primeirasemana de curso foi registrada num curta-metragem making-of, exibido no fim de julho de2007 no Festival Brasileiro de Cinema Universitrio.Por seis meses o blog foi alimentado com produo de contedo dos jovens que eram, almde moradores da Mar, Guias Cvicos, ou seja, integrantes do projeto de mesmo nome, daSecretaria Nacional de Segurana Pblica (Senasp) do Ministrio da Justia.As notcias postadas no blog traziam informaes sobre as comunidades onde os participantesresidiam, durante e depois do Pan com temas que afetaram o cotidiano, sobretudo, o da

    juventude. As pautas e os enfoques do trabalho foram sempre decises dos guias cvicos, emdebates estimulados e orientados pelos instrutores.O curso usou celulares, softwares convencionais e um modelo de blog disponvel gratuitamente

    na Internet, de operao simplificada, mostrando aos guias que estratgias de comunicaopodiam ser elaboradas com recursos mais do que presentes no dia a dia de cada um. Amaioria deles tinha acesso direto ou indireto a algum tipo de cmera digital ou celular comcmera, alm de navegar nas redes sociais, em casa ou em lan houses da prpria Mar (poca estimava-se que o local tivesse de 100 a 150 lan houses). Dessa forma, as oficinasapresentaram aos jovens, conceitos, instrumentos e prticas que lhes possibilitaram novasexperincias com as tecnologias ao seu alcance.O blog Mar ComunicAtiva uma mdia cidad, com metodologia prpria. Criado e alimentadode forma coletiva, com base nas vivncias dos emissores, o dirio online propagou notciassobre as comunidades, seus acontecimentos e demandas polticas. O esforo dos reprteres/

    editores durante o Pan foi reconhecido pela opinio pblica e o trabalho dos guias cvicos foitema de matrias do Jornal Futura, da TV Futura, do Jornal Hoje, da Rede Globo, e demeno em reportagem do jornal O Globo.ObjetivosO Mar comunicAtiva teve como objetivo oferecer tcnicas e ferramentas aos jovens

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    moradores da Mar por meio de oficinas tericas e, principalmente prticas, para que osmesmos contassem os impactos do evento esportivo no cotidiano dos seus territrios a partirde seus pontos de vista. Possibilitar novas experincias com as tecnologias ao alcance dos

    jovens, ampliar suas cartografias de navegao na Internet e estimul-los na produo decontedo prprio e original tambm fizeram parte das metas.A criao do blog permitiu o registro da produo e influenciou os participantes a escrever erefletir sobre cidade, poltica e cidadania. Por ser mdia prpria, o blog tornou-se, por excelncia,o veculo de relatos pessoais, de opinio e descrio mais dirigidas, de informalidade eexperimentao, de detalhes que ainda hoje escapam da produo em escala da notcia.Como resultado, criou-se uma rede virtual jovem de comunicao cidad, gerida pelosprprios jovens, envolvendo a Mar e espaos populares prximos. O grande diferencial era ocontedo local e cidado, mais do que compartilhado entre eles, transmitido para um pblicoabrangente, da comunidade e de fora dela.A experincia legou uma metodologia, que pde ser replicada e adaptada para grupos de

    jovens de outras comunidades populares, criando assim outros blogs com o mesmo perfil.

    MetodologiaO Mar ComunicAtiva facilitou a difuso de narrativas sobre os espaos populares apartir do olhar de quem neles vive, potencializando o exerccio da cidadania plena e odesenvolvimento de formas de expresso autnomas e inovadoras.Durante duas semanas de oficina os 15 jovens participantes tiveram aulas de audiovisual,fotografia, blog, produo de texto e apurao jornalstica, cuja metodologia foi elaboradapara o contexto. As ferramentas usadas foram celulares, softwares convencionais eum modelo de blog disponvel gratuitamente na internet, de operao simplificada,mostrando aos guias que uma comunicao de qualidade e efetiva pode ser produzidacom recursos mais do que presentes no dia-a-dia de cada um.Na primeira semana, o tema geral era O Pan na Mar. Os guias cvicos registraram arotina esportiva no conjunto de favelas e nos seus arredores e tambm personagens esituaes da comunidade relacionados aos Jogos. O tema da segunda fase era A Marno Pan, quando, com ingressos sociais promocionais, os garotos realizaram cobertura deeventos esportivos do Pan-americano. No caso, eles eram a Mar, que iria se apropriare desenvolver uma leitura particular e nica da festa.Na segunda semana, o blog foi criado, produzido e editado pelos jovens que duranteseis meses continuaram a aliment-lo de contedos. As pautas eram sugeridas pelosmesmos, havendo em seguida debates orientados pelos instrutores.O principal diferencial da metodologia da oficina, elaborada para essa experincia do Pan,talvez tenha sido garantir aos guias o poder decisrio sobre os rumos do blog, buscandoinserir no processo de criao a opinio dada por cada um deles nas discusses em sala.Assim, os 15 se envolveram de forma ativa na produo e se sentiram responsveispelos desdobramentos do blog, zelosos com o contedo divulgado para um pblicomais amplo. Conferir aos jovens o papel de liderana foi lhes dar a oportunidade de umexerccio de cidadania plena, de desenvolver discursos e formas de expresso autnomase, por isso, inovadoras; de potencializar a sua interveno sociocultural, no comando deum meio de comunicao.

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    (2007)Evento cultural e de mdias, realizadoperiodicamente, desde 2007, no Conjuntode Favelas do Alemo, pelo Ncleo deComunicao Crtica local. Entre outrasatraes, o Circulando expe fotos sobrea favela, promove oficinas, apresentaesmusicais e grafitagens, apostando nadiversidade de meios como forma depotencializar o dilogo e a troca deexperincias entre indivduos e grupos de

    diferentes espaos da cidade.O termo Circulando sugere que moradores e visitantes circulem pela favela e assimpossam quebrar a rotina, ver com outros olhos, conhecer pessoas e ampliar seus respectivosrepertrios. O nome Circulando, alm da ideia de itinerncia, remete ainda: a uma palavra,comumente usada pela polcia para dispersar um grupo de moradores, ressignificada nessecontexto para fazer uma crtica ao autoritarismo e violncia das frequentes investidas policiaisno local; ao direito de ir e vir sem interferncia policial e de grupos criminosos armados; e vontade de fazer circular outras representaes que no os esteretipos, atingindo diversosgrupos sociais (CASTRO, 2009);O evento , na verdade, um dos eixos a partir dos quais o Ncleo de Comunicao Crtica

    do Alemo se mobiliza para exibir o seu potencial criativo, relacionar-se com a sociedadee apresentar a sua proposta de comunicao, frequentemente atraindo novos integrantese parceiros. Neste sentido, a relao dos organizadores do Circulando com os moradores pea-chave, j que a ideia da iniciativa dialogar com a comunidade desde a formulao ata avaliao das aes do Ncleo de Comunicao Crtica.Formado em 2006, a partir de uma proposta da Escola Popular de Comunicao Crtica

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    (ESPOCC) que consistia em criar ncleos de comunicao em favelas do Rio, o Ncleo deComunicao Crtica do Alemo surge da parceria entre o Instituto Razes em Movimento,com sede na comunidade, e o Observatrio de Favelas, organizao que criou a ESPOCC.O grupo contava com alunos e ex-alunos da Escola, moradores e no moradores do Conjuntode Favelas do Alemo, alm de integrantes do Razes em Movimento. A proposta das primeirasdiscusses era, alm de firmar o compromisso de formao do Ncleo, definir linhas de ao epensar em atividades e veculos de comunicao que melhor pudessem expressar os anseiosdo grupo recm-constitudo.

    Entretanto, ao invs de uma publicao ou produo de contedo peridicas, o ncleodecidiu que faria um evento regular. Optou-se inicialmente por explorar no Circulando meiospouco tradicionais e menos reconhecidos entre os protocolos de transmisso da informao.O resultado foi uma iniciativa que mistura vrios tipos de mdia, criando um espao decirculao de pessoas e ideias, provocando trocas de experincias.Das pessoas que vieram ao Circulando, muitos nunca tinham entrado em uma favela. Acriao dessa possibilidade de interao entre os diversos grupos da cidade foi o que motivoua iniciativa, que j esta na edio de nmero 8.

    ObjetivosO objetivo do evento possibilitar que moradores do Alemo e visitantes possam criar ouampliar as suas formas de comunicao e diversificar as informaes trocadas. Ou seja, falarmais coisas e coisas novas por meios distintos e mais horizontais. Um dilogo na favela,sobre toda a cidade. Para isso tem sido necessrio:

    1) Mostrar as favelas como um lugar de criao e criatividade;2) Fortalecer instituies locais, permitindo que outras organizaes se utilizem do eventoe de suas atividades para tambm se projetar, reforando a rede de instituies dentro doconjunto de favelas do Alemo;3) Incentivar outros moradores do Alemo a criarem e/ou exibirem suas criaes;

    4) Apresentar as pessoas de fora da favela aspectos outros da realidade local que no osesteretipos;5) Potencializar a comunicao na favela e contribuir para a ampliao dos repertrios sobrea representao da cidade;

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    do ponto de vista concreto-material como no subjetivo-imaterial. Nesse sentido, a construo de registros

    Memrias do PAC (2009)De obras pontuais em determinadas comunidades a programas abrangentes, a urbanizaodos espaos populares tem sido marcada por intervenes fragmentadas, de diferentesesferas do poder pblico, e descontnuas, por no oferecerem de forma progressiva ascondies para o acesso a bens e servios urbanos de qualidade. evidente que os investimentos previstos no Programa de Acelerao do Crescimento (PAC)foram relevantes para comunidades populares que, ao longo de mais de um sculo, buscamexercer o seu legtimo direito de habitar de forma plena a cidade do Rio. de extrema

    importncia que o Estado se faa presente nas comunidades, garantindo e promovendodireitos sociais inalienveis.Nesse processo, necessrio sempre afirmar o papel decisivo dos moradores nas lutas e aespara melhorar as condies de vida em seus territrios, no decorrer das ltimas dcadas.Moradia, arruamento, canalizaes de gua e esgoto, reas de lazer, foram realizaes degeraes e geraes de famlias em espaos populares. Portanto, a se d uma relao muitoespecial entre identidade e territrio.Em se tratando de mudanas significativas em um territrio usado, as obras do PAC emcomunidades populares trazem significados particulares em termos de seus impactos, tanto

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    documentais fotogrficos um exerccio cognitivo fundamental para o fortalecimento derelaes de pertencimento com o bem pblico.A realizao de uma documentao fotogrfica em comunidades onde foi implantado o PAC,representou uma interveno em quatro territrios (Alemo, Manguinhos, Pavo-pavozinhoe Rocinha), cujas repercusses, at hoje, so sentidas na percepo dos indivduos e naconcepo de sua prpria identidade.O Memrias do PAC foi uma iniciativa de formao, pesquisa e documentao fotogrficaenvolvendo jovens de espaos populares contemplados pelo Programa de Acelerao doCrescimento, PAC Urbanizao das Favelas. Sua proposta era oferecer oficinas a moradoresentre 15 e 29 anos, que a partir delas pudessem construir uma memria social da realizaodo programa e da transformao dos seus locais de morada. O projeto, realizado em parceriacom a Secretaria de Estado de Cultura, teve como meta principal a elaborao e execuo decursos de fotografia enfatizando a formao, pesquisa e documentao fotogrfica dirigidaa jovens das comunidades do Alemo, Manguinhos, Pavo-pavozinho e Rocinha.

    MetodologiaNo ano de 2009, passamos a oferecer cursos para 100 jovens, de modo que estespudessem dominar conceitos, prticas e tcnicas da linguagem fotogrfica. Tambm foramministradas oficinas especialmente dedicadas preparao da pesquisa, sobre temas comoa importncia dos inventrios e da memria social. Foi feita ainda uma investigao queconsistiu no desenvolvimento de prticas documentais a partir de mapas de memria socialde comunidades, formulados pela coleta de relatos de vivncias e percepes dos moradoresem relao s mudanas no seu territrio.

    Ao final do processo, promovemos a publicizao do projeto, criando dispositivos interativosde participao, mobilizao e divulgao da documentao (exposies, site e blogs). Em uma

    das exposies foram construdos painis que retrataram os impactos das obras de urbanizao,exibidos ao lado de relatos de vivncias e percepes dos moradores sobre o processo.A documentao fotogrfica foi sempre acompanhada por registros orais de percepes

    de moradores locais, de forma a construirum memorial descritivo que contextualizaas imagens. O resultado desse trabalhoest disponvel em um site (www.memoriasdopac.org.br) onde as pessoasdas comunidades documentadas e outrospblicos podem ter acesso a produo.

    O Memrias do PAC teve duraode dez meses e foi dividido em duasetapas. A primeira correspondia soficinas de fotografi a e memria, coma participao de 25 jovens de cadalocalidade (Manguinhos, Alemo,Rocinha e Pavo-Pavozinho). Naetapa seguinte, os jovens realizarampesquisa e registro fotogrfico, osquais tiveram como norte a construo

    de mapas de memria social dascomunidades, feitos a partir de relatosdos moradores e das intervenesurbanas produzidas p elo PAC.

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    Professores emonitores:Adair Aguiar, Augusto Gazir, Bruno Tupan,Davi Marcos, Dhani Borges, Jucemar Alver,Levi Ricardo, Maicom Brum, MoniqueCarvalho, Nando Dias, Paulo Batelli, RicardoSouza, Sadraque Santos, Wiliam Felismino.

    Fotgrafos:Alemo:Alessandra da Costa, Alexandra Santos,Amanda Rodrigues, Bruno Lira, Felipe Dutel,Gerson Miranda, Monara Barreto, RafaelNiccio, Rayane dos Santos.Manguinhos:Anastcia dos Santos, Jefferson da Silva, Juliana Pessanha, Mrcia Louredo, Mariana

    Pessanha, Raquel de Oliveira, Renato Costa, Sthefany Costa, Thiago Campos;Pavo-Pavozinho/Cantagalo:Adriana Valente, Deise de Freitas, Fabiana Lima, Gabriel dos Santos, Joselma de Oliveira,Rafael da Silva, Salete Maciel.Rocinha:Ana Paula da Costa, Brbara Arajo, Bruno Paiva, Danny Luna, Dbora Barbosa, Eduardo deOliveira, Emanuel de Sousa, Gerson da Silva, Jssica de Deus, Luciano dos Santos, Maxwellda Silva, Fausto Ferreira,

    Principais resultados1) Um dos produtos mais importantes foi o banco de imagens disponibilizado para as comunidades,com as fotos produzidas ao longo do projeto;2) Curso de fotografia de quatro meses, com aulas consecutivas, dirias, para vinte e cincopessoas de cada comunidade;3) Documentao fotogrfica feita por dez moradores e fotgrafos do Programa Imagens do Povo.

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    Boletim Notcias &Anlises (2008)O boletim eletrnico Notcias & Anlises(N&A), assim como a pgina homnimano portal do Observatrio de Favelas(www.observatoriodefavelas.org.br),surge no ano de 2008, se tornando o maisimportante veculo de comunicao externada instituio. O informativo, compostopor trs reportagens e um editorial eenviado por mala direta eletrnica, voltado para a produo de reportagens econtedos analticos sobre temas urbanoscontemporneos, que em geral tem relaocom direito cidade, cultura e periferiasurbanas.

    O N&A fruto do anseio -- que faz partedo DNA do Observatrio de Favelas -- deampliar seu papel ativo na disputa pelaconstruo e difuso de um projeto decidade que compreenda tanto os espaospopulares quanto as possibilidades deencontro entre sujeitos oriundos dediferentes territrios.O N&A uma das materializaes denossa crena de que a superao das

    desigualdades s ser possvel mediantea incorporao da multiplicidade da vidacultural presente em todos os espaos dacidade. Isto porque j no podemos maisnos conceber cidados plenos, vivendodivididos em lugares de supremacia culturale lugares subalternizados, simplesmenteporque estes ltimos no trazem um legadohegemnico.Remetido quinzenalmente a cerca de 10.000endereos eletrnicos que o solicitaramativamente, o boletim traz pautas que nose restringem favela, embora busquempermanentemente dialogar com demandaspolticas das populaes destes espaos.Editado e alimentado pela equipe de

    jornalismo da instituio, o N&A trazreportagens, opinies e contribuies deinteresse pblico.A estratgia de difuso de pautas e conceitospor meio do veculo sempre se dirige ao

    grande pblico, mas busca, sobretudo,influenciar formadores de opinio,

    jornalistas (sejam da mdia corporativa oupopular) e editores, capazes de repercutir osassuntos por ns abordados.

    O N&A vislumbra, como efeito, ampliar acircularidade de imaginrios, de obras, debens e prticas culturais na cidade, sob oprimado da comunicao entre prximose distantes. Afinal, a cultura se torna maisrica quando expandimos as nossas trocasde imaginrios, de saberes, de fazeres e

    convivncias.A misso do informativo , portanto, oferecerao conjunto da sociedade contedos apartir dos quais poder produzir novosconhecimentos e representaes sobre oespao urbano, nos quais a favela figurecomo local integrado cidade e no o seuOutro.O boletim, assim como sua pgina noportal do Observatrio de Favelas veicula,alm das reportagens, os seguintes tipos

    de contedos: perfis, entrevistas e artigos;galerias de fotos e vdeos; fruns e enquetescom a opinio dos leitores; links externosrelacionados aos temas explorados; agendade eventos; e contedos afins, produzidostambm por colaboradores externos. Todosestes podem cobrir diferentes aspectos daseditorias: Artes Comunicao

    Cultura Desenvolvimento Direito cidade Direitos Humanos Diversidade sexual Economia Educao Gnero Juventude Literatura

    Mdia Meio-ambiente Moradia Poltica Polticas pblicas Raa Sade Segurana Trabalho

    Outra caracterstica marcante da linha

    editorial do N&A sua vocao para abordarfatos de grande repercusso, sob diferentesperspectivas, convidando especialistaspara, de fato, desenvolverem anlises deflego. Procura-se ouvir tambm outros

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    personagens e fontes, de forma a provocardebates que a imprensa de referncia notem interesse ou tempo para promover.De outro lado, a partir da rede de atoresestratgicos e comunicadores em favelase espaos populares que Observatrioconstruiu em seus anos de existncia, a

    equipe do N&A tem acesso a notcias desteslocais em primeira mo, funcionando porvezes como fonte para veculos e jornalistasda mdia corporativa, mais sensveis aquestes como o respeito aos direitos e avalorizao da vida -- dois dos principaistemas por ns trabalhados.

    Objetivos1) Produzir e difundir contedos que

    contribuam para construo de imaginriose representaes do espao urbano,capazes de traduzir a multiplicidade de suasexpresses e experincias;2) Reconhecer a centralidade dos meiosde comunicao na constituio dadinmica social, criando um produto capazde intervir ativamente na disputa pelarepresentao da cidade, cujo monoplio detido historicamente pelos grandesconglomerados de mdia;3) Oferecer uma publicao que documentade forma multidimensional os processoshistricos, polticos, sociais e culturais, soba perspectiva de atores sociais que falamdesde as favelas e espaos popularesou se dedicam reflexo e produo deconhecimento acerca destes locais.

    Metodologia

    A grande maioria das notcias e reportagensfaz uma releitura de acontecimentos,associando-os a aspectos sociais,econmicos, culturais e de conjuntura poucoexplorados. A equipe de jornalismo do N&Abusca fontes e opinies que, em geral, noteriam tanto espao na mdia corporativapara construir suas narrativas. Contamosainda com um banco de fontes compostopor atores estratgicos -- especialistas,ativistas, comunicadores e personalidades

    ligadas a diversas causas e movimentossociais --, que so convidados a participarda produo de anlises acerca dos temasabordados.

    A principal caracterstica do N&A ainterdisciplinaridade e multiplicidadede fontes de informao. Nas diferenteseditorias, os temas apresentados visamconvidar o leitor reflexo sobre questese ngulos de problemas, que venhamcontribuir para desnaturalizao de

    estigmas sobre os territrios de favela e adiferena de forma mais geral.O processo de construo das notciasconsiste na pesquisa de temas de destaquena grande mdia; temas latentes nas favelase espaos populares, que ainda no entraramna agenda dos veculos corporativos;questes que mobilizam organizaes emovimentos; e datas comemorativas ouhistricas de ativismo pr-direitos humanos(com base em um calendrio de ativismo

    social construdo e atualizado pela equipe).A partir da so eleitas pautas prioritrias efontes mais estratgicas para cada assunto.O N&A um grande exemplo de veculodesenvolvido na perspectiva de criaode metodologias para construode polticas pblicas que apoiem epromovam o midialivrismo no Brasil. Apublicao caracteriza-se pelo dilogo comcomunicadores populares de diferentes

    territrios, seja provocando debates nasredes de midialivristas nas favelas, sejaalimentando-se dos debates produzidos porelas.Temos como horizonte a busca pelaconstruo de um modelo de comunicaodemocrtica, capaz de multiplicarrepresentaes complexas das favelas eespaos populares em face dos esteretipose da unidimensionalidade ainda dominantes

    na viso sobre estes locais. Buscamos,no entanto, operar essa ampliao derepertrios sobre os espaos popularesno imaginrio social, atuando de formamais propositiva na relao com os meiosdominantes.

    Principais resultadosO boletim conta hoje com cerca de 10.000assinantes. Suas matrias so hospedadas

    pelo site do Observatrio de Favelas quetem uma mdia mensal de 30.000 acessos.Entre seus assinantes encontram-se

    jornalistas e editores de grandes veculos,gestores pblicos de diferentes reas, alm

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    de intelectuais influentes no pensamentosobre a questo urbana no Brasil.O site Observatrio Notcias & Anlises setornou em junho de 2010 mais um Pontode Mdia Livre pelo Edital Prmio Pontosde Mdia Livre, da Secretaria de CidadaniaCultural (Ministrio da Cultura). O site foio quinto colocado na categoria regional/nacional, que selecionou outras 22iniciativas de mdia popular.

    Coberturas dedestaque

    A COR DA PELE NOSNDICES DA EDUCAO

    NO BRASILNovembro de 2011

    Reportagem para um especial sobre aConscincia Negra, sobre as discrepnciastraduzidas em nmeros entre as populaesnegra e branca no acesso educao dequalidade. poca, o IBGE divulgava dadosque demonstravam que, embora a taxa deanalfabetismo tivesse sido reduzida em

    quatro pontos percentuais, o Brasil aindapossua 14 milhes de analfabetos com15 anos ou mais, o que representa 9,63%dessa faixa etria. Entre estes, o qudruploera de crianas negras. Ainda de acordo comos dados do IBGE, mais de 60% dos jovensentre 7 e 14 anos que no frequentam aescola so negros. A reportagem analisouainda as desigualdades no acesso ao

    ensino universitrio e a no aplicao daLei 10.639, a qual determina sobre o ensinode histria da frica.

    BoletimNotcias &

    Anlises n163.Especial sobre oTravessias 2,evento de arte

    contemporneana Mar

    Fo

    to:SadraqueSantos/ImagensdoPOV

    O

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    FESTA LITERRIA NASFAVELAS CARIOCASAbril de 2012

    Festa Literria nas Favelas Cariocas - Ana MariaMachado, presidenta da Academia Brasileira deLetras na abertura da Fluppensa

    Matria sobre o incio dos trabalhos daFLUPP, Festa Literria das UPPs, com aFLUPPensa, reality show literrio quelanou novos escritores das periferias. AFLUPPensa percorreu as comunidades doMorro dos Prazeres, Complexo do Alemo,Cidade de Deus, Complexo da Mar, NovaIguau, Manguinhos, Borel, Batan, Rocinha,Providncia, So Gonalo e Vigrio Geral. Ainiciativa tem entre seus objetivos retratara realidade de moradores de periferia edesmistificar os estigmas que eles carregam.

    FAVELA NA CPULA DOSPOVOSJunho de 2012

    Evento A Favela na agenda dos Direitos Sociaise Ambientais no Conjunto de Favelas do Alemo.Parceria do Observatrio de Favelas com oInstituto Razes em Movimento. Foto: FranciscoValdean/Imagens do Povo

    Sobre as atividades na Mar e no Complexodo Alemo, realizadas por ocasio da Cpulados Povos, evento paralelo a confernciainternacional Rio+20. O tema foi AFavela na agenda dos Direitos Sociais e

    Ambientais. Os eventos reuniram pessoasde dentro e fora das favelas para discutirassuntos abordados na conferncia oficial,trocar experincias e propor estratgiaspara garantir direitos sociais e ambientaisnos espaos populares.

    PERIFERIA NA TEVAbril de 2012

    Debate com especialistas e pblico dediferentes geraes e origens sociais sobrea representao das periferias na televiso,tendo como mote principal o programaDominical Esquenta!, apresentadopor Regina Cas. A matria analisou aspolmicas sobre a imagem dos pobres natelinha e foi inclusive reproduzida na ntegrapelo site do Observatrio da Imprensa,referncia nacional sobre anlise e reflexoacerca do jornalismo.

    ENTRE ESCOMBROSMaio de 2011

    Runas de uma casa aps remoo na Favela Metr

    Mangueira, no Rio de Janeiro. Foto: Adair Aguiar

    Cobertura do processo de remoo foradada favela Metr Mangueira, no Maracan(RJ), uma das muitas comunidades brasileirasque sofreram violaes ao serem destrudaspelas obras da Copa e das Olimpadas.

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    A equipe de jornalismo do Observatrioacompanhou a visita da Relatoria do Direito Cidade da Plataforma Dhesca (DireitosHumanos Econmicos Sociais e Ambientais)para avaliar os impactos das obras daCopa de 2014 e das Olimpadas de 2016,no Rio de Janeiro. A cobertura buscou

    visibilizar a situao desta e de outrasfavelas, que passavam e ainda passampelo mesmo processo de suspenso deseus direitos.

    MEGAEVENTOS EREMOES DE FAVELASMaio de 2011

    A relatora da ONU para o Direito Moradia

    Adequada, Raquel Rolnik, falou das remoesque antecedem os grandes eventos esportivos no

    Brasil. Foto: Adair Aguiar

    Entrevista com a relatora da ONU parao Direito Moradia Adequada, RaquelRolnik, sobre as violaes de direitos nasdesocupaes de favelas em todo o pas. ARelatora falou ao Notcias & Anlises sobreremoes e sua relao intrnseca com asviolaes do direito moradia no Brasilpr-mega eventos. Rolnik tambm explicouporque as favelas so sempre os caminhospreferenciais por onde as obras da Copa edas Olimpadas querem passar.

    NOVOS TEMPOSMaio de 2011

    Sobre a deciso do Supremo quereconheceu a unio homoafetiva, tirandoo Brasil do atraso quando comparado comoutros pases e com a realidade em que

    vivemos. Anlise sobre os debates em tornoda ao movida pela Procuradoria Geralda Repblica, para que fossem admitidoscasais homossexuais como entidadefamiliar, e pelo Governo do Estado do Riode Janeiro, para que funcionrios pblicoshomossexuais pudessem repassar seusbenefcios a seus parceiros.

    ABORTO PARA ALM DOS

    TABUSAbril de 2012

    Anlise sob diferentes perspectivas, arespeito da deciso do STF que garantiu quemulheres pudessem interromper a gravidezde fetos com anencefalia. A matria trouxedados mostrando que o nmero de casos degravidez no intencional ou indesejada, emtodo o mundo, era de 87 milhes por ano,

    sendo que mais da metade destas gestantesrecorreram ao aborto induzido e 18 milhesdelas o fizeram sem nenhuma segurana.

    Direito Comunicaoe Enfrentamento doRacismo (2013)

    Segundo o Censo 2010, a populaobrasileira composta 47,7% de brancos

    e 50,7% de negros. Considerando apopulao das favelas, essa proporomuda radicalmente. Nestes espaos, so68,3% negros contra 30,5% brancos (maisque o dobro). No Rio de janeiro -- cidade

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    brasileira com maior populao favelada --o nmero de brancos supera o de negros em3% (51% a 48%). Nas favelas da cidade sodois moradores negros para cada branco(66% contra 33%).Enquanto os homicdios de homens brancosvem caindo ao longo dos ltimos anos,

    com os negros ocorre o inverso. Entre osprimeiros, a taxa de homicdios por 100mil habitantes caiu de 20,6 para 15, dosanos de 2002 a 2010. Para os segundos, nomesmo perodo, a taxa de homicdios subiude 30 para 100 mil habitantes para 35,9.Isto , em 2010, para cada dois brancosassassinados 4,6 negros foram vtimas dehomicdio.O racismo, portanto, opera tentando eliminarfsica e simbolicamente a populao negra.

    Segundo pesquisa realizada pela ANDI,publicada recentemente, analisando acobertura de 45 jornais dirios (cinco deabrangncia nacional e 40 regional/local)sobre a questo racial, h uma claradesvinculao entre as violncias fsicaspraticadas contra a populao negra e odebate sobre seu contexto primordial deproduo ou seja, a violncia simblicado racismo. Para se ter ideia, dentre as

    mais de 1600 notcias que compuserama amostra analisada pela ANDI, apenas3,30% citam homicdios/chacinas contra apopulao negra.Contudo, mesmo com dados e anlisessobre o problema racial em profuso, porque a violncia e a injustia raciais, em geral,sensibilizam to pouco? Esta questotem motivado a construo de um projetoque aposta no direito comunicao --

    de produzir e difundir narrativas -- comoforma de desarticular a retroalimentaoentre violncia simblica e fsica que constitutiva do racismo e de seus impactosnos territrios populares urbanos.O programa Direito Comunicao eJustia Racial do Observatrio de Favelastem o objetivo de realizar aes dedemocratizao da comunicao quecontribuam com a superao do racismo,articulando a dimenso das representaes

    com a de outros direitos. A partir daconvico de que a cidade apresenta umaordem espacial racializada, na qual apopulao negra predomina em territrios

    simbolicamente desvalorizados, percebe-se a necessidade estratgica de promovero direito comunicao para enfrentar oracismo (e a negao de um conjunto maisamplo de direitos que dele decorre).Esta desvalorizao simblica contribui,entre outras coisas, para autorizar ou

    invisibilizar historicamente as violnciascontra as populaes destes territrios.Portanto, a ruptura com esta sanosocial da violncia racial, depende emgrande medida de aes que contribuampara a produo de representaes capazesde reafirmar a condio de sujeitos dedireitos dos moradores -- majoritariamentenegros -- dos espaos em questo.

    Objetivos1) Produzir e difundir conhecimento sobreo nvel de democratizao da comunicao(com nfase na perspectiva dos espaospopulares), tomando a comunicao comodireito fundamental para a superao doracismo;2) Contribuir para a construo e legitimaode polticas pblicas de democratizaoda comunicao (e fomento de veculospopulares), formando uma rede deatores e instituies que trabalham comcomunicao nas periferias, alm de chamara ateno para a relao entre direito comunicao e justia racial;3) Incidir junto a mdia corporativa paradifundir conhecimentos e representaesdas favelas e espaos populares quecontribuam com a luta anti-racista.

    MetodologiaPara produzir e difundir conhecimento sobreo nvel de democratizao da comunicao,ampliamos nosso banco de dados cominformaes e diagnsticos sobre iniciativasde comunicao em espaos populares,buscando assim fornecer subsdios formulao de polticas pblicas nesta rea,a partir do conhecimento qualificado sobresuas demandas. Assim, produziremos uma

    pesquisa sobre o tema e uma cartilha quecoloque disposio dos comunicadorespopulares das periferias urbanasinformaes sobre direito comunicao e

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    sobre a relevncia das polticas pblicas dirigidas e esta causa. Tais materiais devem sempreenfatizar a relao entre direito comunicao e justia racial nos territrios ocupadosmajoritariamente pela populao negra.Buscamos articular entidades negras que no atuam especificamente no campo dademocratizao da comunicao, com aquelas (negras ou no) que apresentam histrico deativismo social pela causa. O contato e com organizaes e coletivos de diferentes perfis temcomo objetivo promover articulao de rede entre os veculos comunitrios e fortalecer suas

    pautas comuns e necessidades especficas. Para isso tambm preciso sensibilizar gruposde jovens, sobretudo, negros, de favelas e espaos populares que j atuam no campo dacomunicao e da cultura, quanto importncia de se trabalhar de forma articulada pelodireito comunicao e de oferecer contribuies para a construo de polticas pblicasnesta rea.

    Mdia e Favela (2011-2012)

    O nvel de aprimoramento de uma democracia dado pela extenso da pluralidade de visesde mundo circulando em suas diferentes arenas polticas. De acordo com tal postulado, ademocracia definida no por ser o cume de uma escalada linear at o alcance da harmoniaperfeita entre grupos de interesse antagnicos. Seu nvel de plenitude depender, ao contrrio,muito mais da existncia de condies de possibilidade para que se travem disputas justas

    entre representaes e vises de mundo conflitantes.Hoje, com o grau de democratizao da comunicao mensurado a partir da quantidade detendncias, vozes e veculos existentes, o monoplio de representao da totalidade dosfatos sociais traduz-se de forma patente no controle exercido por grandes conglomeradosde mdia sobre a difuso de narrativas e imaginrios.As consequncias deste monoplio, porm, no se restringem ao plano do imaginrio,fazendo-se sentir, inclusive de formas absolutamente concretas, por diferentes parcelasda populao. Um grande exemplo de tais consequncias, no contexto urbano brasileiro,pode ser verificado analisando-se as clssicas representaes miditicas das favelas eespaos populares nos ltimos 30 ou 35 anos: aquelas que estabelecem associaes diretas

    entre estes territrios e o fenmeno da violncia nos grandes centros. Alm desta relaosimplificadora -- cujo produto principal a j consagrada figurao da favela lcus daviolncia -- pesquisas recentes detectaram, aps levantamento qualitativo de informaes

    jornalsticas sobre violncia no Brasil na dcada de 1990, em particular no Rio de Janeiro, quea sociedade naturalizou a violncia contra moradores de favelas.

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    Do mesmo conjunto de atitudes que consiste em naturalizar diferentes formas de violnciacontra este grupo social, em especial, deriva a percepo de que, por exemplo, as mortes deindivduos residentes em reas nobres da cidade merecem mais destaque na mdia e atenodo pblico que as mortes de moradores de favelas e periferias.O que ocorre com as favelas, espaos populares e seus habitantes tambm reflexo deum acmulo histrico de processos de violncia simblica envolvendo invisibilizao,estigmatizao, exotizao ou combinaes das alternativas anteriores. Tal modalidade deviolncia tende a se perpetuar, alavancada por problemas como o subdesenvolvimento de

    iniciativas de comunicao popular (voltadas para estes locais ou neles situadas), alm dagrande concentrao dos meios de massa nas mos de pequenos grupos e/ou famlias: hoje,dois dos maiores entraves para a democratizao da comunicao.O Projeto Mdia e Favela foi um levantamento de veculos de mdia alternativa em favelas eespaos populares da Regio Metropolitana do Rio de Janeiro, realizado pelo Observatriode Favelas com o apoio da Fundao Ford. Seu objetivo foi produzir um diagnstico sobreestas iniciativas de comunicao popular e, ao mesmo tempo, balanos de como as favelase espaos populares so representados em trs veculos impressos da grande mdia, comdiferentes perfis.

    Objetivos1) Contribuir para a construo e legitimao de polticas pblicas de comunicao quecompreendam as demandas dos espaos populares e favelas;2) Propor coberturas mais sensveis e qualificadas sobre estes territrios;3) Estimular a formao de uma rede de atores, instituies e parceiros que trabalham comcomunicao em favelas e espaos populares;

    MetodologiaPara cumprir sua proposta, o projeto Mdia e Favela se deu nas seguintes etapas:1) Reviso bibliogrfica sobre a temtica e construo de um instrumento que pudesse darconta da multiplicidade de meios existentes nestes locais (alm de rdios, TVs, web-rdios,web-TVs, blogs, sites e suas interfaces com redes sociais).2) Levantamento de veculos de mdia alternativa em favelas e espaos populares da RegioMetropolitana do Rio de Janeiro e produo de um diagnstico sobre tais iniciativas (o

    Foto:

    AFRodrigues

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    qual buscou responder a questes como Quais as fontes de recursos dos veculos?, Quepolticas pblicas os apoiam?, Qual o perfil dos comunicadores que neles atuam?, Qual a abrangncia dos veculos? entre outras). O levantamento identificou 104 veculos, 73deles responderam ao instrumento. A pesquisa abrangeu os seguintes territrios: na ZonaNorte: Mar, Manguinhos, Complexo do Alemo, Jacarezinho, Parada de Lucas, Borel, ParqueColumbia; na Zona Sul: Rocinha, Vidigal, Pavo/ Pavozinho/ Cantagalo, Chapu Mangueira,Santa Marta; na Zona Oeste: Senador Camar, Vila Aliana, Vila Kennedy, Cidade de Deus, Rio

    das Pedras; no Centro: Morro da Providncia; e na Baixada Fluminense: Morro Agudo, BNH,Conjunto Habitacional de Nova Campinas.3) Seleo de todo o contedo jornalstico de trs noticiosos impressos de grande circulaono Rio de Janeiro, que tivesse como temas centrais ou transversais questes relacionadas sfavelas e espaos populares; e posterior balano de como estes territrios so representadosnestes jornais. So eles: O Globo, Extra e Meia-Hora. O acompanhamento durou 6 meses eatravs dele foram selecionadas 640 matrias.4) Criao e alimentao de perfil em rede social, com identidade visual prpria (facebook.com/midiaefavela) para divulgao dos resultados parciais e veiculao de contedo sobredemocratizao da comunicao.5) Produo de um relatrio que, alm de contextualizar histrica e politicamente a questo

    da democratizao da comunicao, disponibiliza os principais resultados do levantamentode mdias alternativas em favelas e espaos populares e das anlises sobre as representaesdestes territrios na grande mdia.

    Principais resultados1) Publicao eletrnica contendo o diagnstico das iniciativas de comunicao alternativapresentes em ou voltadas para favelas e espaos populares da Regio Metropolitana do Riode Janeiro.2) O projeto permitiu estabelecer contato com uma rede com mais de 100 iniciativas decomunicao popular e mais de 200 ativistas, estudiosos e comunicadores.

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    O instrumento

    PROJETO: MDIA E FAVELA

    COMO RESPONDER:

    EXEMPLO 1: O veculo em que voc trabalha possui verses impressa e digital.

    Pergunta: 02 - Suporte (Qual o suporte do veculo?)

    Voc responder marcando um c no espao ao lado

    |_c_| a. Apenas verso impressa

    b. Apenas verso digital

    c. Verso impressa e digital.

    EXEMPLO 2: O veculo em que voc trabalhapossui patrocnio por renncia fiscal, o patrocnio

    foi captado atravs da Lei Rouanet e o patrocinador se chamaGHI.

    Questionrio

    01 - Tipo de veculo: |___|a. Rdio seguir para a 3b. Web-rdioc. Site Pular para a 4d. Bloge. Jornal seguir para a 2f. Revista seguir para a 2g. Outro. Qual? |______________________________________| seguir para a 2

    02 - Suporte: |___|a. Apenas verso impressab. Apenas verso digitalc. Verso impressa e digital.

    03 - Tem pgina na Internet? |___|a. Sim. Qual o endereo eletrnico:|_____________________________________|b. No

    c. site ou blog

    04 Quantidade de acessos por ms: |_______|

    05 - Nome do veculo: |___________________________________________________|

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    06 Cidade/UF do veculo:

    Cidade: |____________________________| UF: |____|____|

    07 - Regio (abrangncia):

    |______________________________________________________|

    08 - Bairro do veculo:

    |______________________________________________________|

    09 - Comunidade do veculo:

    |______________________________________________________|

    10 H outros veculos de comunicao popular alternativa na localidade (comunidade)do veculo? |___|a. Sim Quais? |_____________________________Contato:____________________|

    |_______________________________________________|Contato:______________|

    |_______________________________________Contato:_______________________|

    |_______________________________________Contato:_______________________|b. No

    10.1 - H outros veculos de comunicao popular alternativa em outras favelas ou espaospopulares que voc conhea?

    |___| a. Sim Quais? |_________________________Contato:____________________|

    |__________________________________________Contato:____________________|

    |__________________________________________Contato:____________________|

    |__________________________________________Contato:____________________|b. No

    11 - Se jornal, revista ou outro, periodicidade do veculo:

    |___| a. No definidab. Dirioc. Semanald. Quinzenale. Mensalf. Bimensalg. Semestralh. Outra Qual? |__________________________________|

    12 - Qual a tiragem? Obs.: SE NO POSSUIR TIRAGEM, PREENCHER COM 0

    |____|____|

    12.1 - No caso de o veculo contar com edio digital, informar quantos endereos eletrnicosrecebem suas edies regularmente, em mdia:

    Obs.: SE NO FOR ENVIADO POR CORREIO ELETRNICO, PREENCHER COM 0|____|____|

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    12.2 Possui perfil em alguma rede social

    |__| 1. Sim Qual? |______________|

    Ttulo do Perfil |______________________________________________________|2. No

    13 - Principal forma de distribuio:

    |___| a. Porta em portab. Ponto de distribuioc. Pela Internetd. Correioe. Outra Qual? |____________________________________________|

    14 - Alm da forma de distribuio principal (item 11), h outras formas?

    |___| a. Sim Qual? |___________________________________________________

    |b. No

    15 - A distribuio gratuita?

    |___| a. Simb. No

    16 - Desde que ano editado (e circula) sem interrupo?|_____________________________|

    16.1 - Desde que ano o veculo existe? |_______________________________________|

    17 - Possui ou j possuiu algum tipo de patrocnio estatal (a), (b) privado ou de (c) organismointernacional?Obs.: No considerar verba de anncios.

    |___| 1. Sim, possui (em vigncia) Qual modalidade (a, b ou c)? |____| Qualorganizao?|_______________________________________________________|

    2. Sim, j possuiu, mas no atualmente Qual modalidade? (a, b ou c)|____| Qual organizao?|______________________________________________________|3. No

    17.1 - Para obter o financiamento, participou de edital pblico/estatal?Se tiver mais de um, responder com base no que recebeu maior apoio financeiro

    |___| a. Sim promovido por qual entidade? |_______________________________|b. No

    17.2 - Para obter o financiamento, participou de edital aberto pela iniciativa privada?Se tiver mais de um, responder com base no que recebeu maior apoio financeiro

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    |___| a. Sim promovido por qualempresa? |_______________________________|b. No17.3 - Para obter o financiamento,participou de edital aberto por organismo

    internacional?Se tiver mais de um, responder com baseno que recebeu maior apoio financeiro

    |___| a. Sim promovido por qualorganismo? |_______________________________|

    b. No

    17.4 Possui outra(s) fonte(s) de recurso?|___| a. Sim Qual(ais)? |__________

    ______________________________________|

    b. No

    18 - Possui patrocinadores por rennciafiscal? ISS (a), ICMS (b) ou Lei Rouanet (c)

    |___| 1. Sim Qual modalidade (a, b ouc)?|_____| Qual o patrocinador? |_____

    _____________________________________)|2. No

    19 - Possui anunciante(s)?

    |___| 1. Sim2. No

    20 - Recebe outro tipo de apoio no

    financeiro de instituio estatal?

    |___| 1. Sim Que tipo? |________________________________________________|Qual instituio? |_______________________________________________________|2. No

    21 - Recebe outro tipo de apoio nofinanceiro de instituio privada?

    |___| 1. Sim Que tipo? |__________________________________________

    _____|

    Qual instituio? |_______________________________________________|2. No

    22 - Recebe outro tipo de apoio no financeirode organismo internacional?

    |___| 1. Sim Que tipo? |_______________________________________________|

    Que organismo? |_____________________________________________________|2. No

    23 - Quantas pessoas ao todo trabalham naproduo de contedo do veculo?(reportagem, pesquisa, edio, redao,reviso, fotografia, diagramao etc.) |___|pessoas

    24 - Do total de pessoas informado no item23, quantas so profissionais com formaotcnica na rea de comunicao: |____|

    24.1 - Destes (item 24), quantos soremunerados: |____|

    24.2 - Do total de pessoas informado noitem 23, quantas so profissionais SEM

    formao tcnica na rea de comunicao:|____|

    24.3 - Destes (item 24.2), quantos so

    remunerados: |___|

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    Mdia e Educao nos Espaos Populares(2012)

    Com as primeiras favelas na paisagem urbana surgem os esteretipos que ainda marcam asrepresentaes dominantes destes locais na contemporaneidade. A favela foi, h mais de umsculo, simbolicamente ligada, primeiro s precariedades e carncias de todas as ordens e,

    mais recentemente, a partir dos anos 1970, ao fenmeno da violncia urbana.Embora o estigma ainda pese sobre estes espaos, cumpre ressaltar que os anos 2000 --quando nasce o Observatrio de Favelas -- foram marcados pelo aparecimento de umasrie de organizaes, sobretudo, nos grandes centros urbanos, que propuseram outrasrepresentaes das favelas. Estas novas narrativas e seus narradores ganharam a cenapblica a partir da apropriao de gramticas e ferramentas da comunicao miditica.Como consequncia houve uma importante modulao no discurso segundo o qual estesterritrios seriam somente precariedade e violncia.Em pelo menos sete de seus mais de 10 anos de existncia, o Observatrio, assim como esteconjunto de organizaes de jovens oriundos de periferias urbanas, aposta na comunicaocomo instrumento de transformao social e de construo de um projeto de cidade calcadono encontro e no respeito diferena.Mdia e Educao nos Espaos Populares uma iniciativa que, partindo desta vocao doObservatrio, pretende expandir para outros grupamentos e coletivos de jovens de favelas eperiferias, a experincia acumulada na formao de moradores de espaos popularesem diferentes linguagens da comunicao miditica, na busca por outros significadospara cidade.

    Objetivos1) Instrumentalizar jovens de periferias urbanas, fortalecendo a rede de comunicadorespopulares j existente;

    2) Capacitar coletivos de jovens para a produo de planos estratgicos de comunicao deacordo com suas respectivas formas de interveno social;3) Sensibilizar organizaes e coletivos midialivristas para a importncia da participao econtrole social de polticas pblicas na rea de comunicao;4) Publicar uma sistematizao de experincias do Observatrio de Favelas no campo dacomunicao.

    MetodologiaAs oficinas do projeto se dirigiram a dois pblicos: 1) Jovens de 15 a 29 anos, moradores deterritrios populares e, em sua maioria, estudantes da rede pblica; e 2) Organizaes da

    sociedade civil e coletivos midialivristas com interesse em desenvolver ou aprimorar aes departicipao e controle social no campo da democratizao da comunicao.Para os primeiros foram trabalhados conhecimentos tericos e mtodos de planejamentoe ao no campo da comunicao. Para os segundos, foram apresentados dados sobre arealidade das iniciativas de comunicao alternativa nas favelas e espaos populares do Riode Janeiro e ministradas oficinas sobre controle social para a democratizao da comunicao.

    Oficinas com jovens produtores culturais e midialivristasde favelas cariocasNos encontros destinados aos jovens de 15 a 29 anos foram trabalhadas estratgias de

    comunicao para a construo de um plano para intervenes propostas por cinco coletivosde diferentes territrios do Rio de Janeiro (Alemo, Penha, Cidade de Deus, Manguinhos eRocinha):

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    Os encontros visaram

    Discutir o papel das mdias na construo de esteretipos (principalmente no que dizrespeito s favelas e outros espaos populares); Pensar em como estes esteretipos impactam a vida dos jovens das periferias urbanas(desde o direito cidade at as formas de construo identitria);

    Debater a importncia de se ap