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1 www.congressousp.fipecafi.org Revisão de literatura sobre a aplicação da Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologias em Governos Eletrônicos Marcelo Machado de Freitas Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Fabricia Silva da Rosa Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Resumo Esta pesquisa teve por objetivo realizar uma revisão sistemática da aceitação dos Governos Eletrônicos sob a lente da Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologias em Governos Eletrônicos (UTAUT). Dos 1529 artigos encontrados nas bases Web of Science, Scopus, Science Direct e Emerald sobre a UTAUT, foram selecionados para leitura os 41 artigos mais citados que versavam sobre o tema. Constatou-se a ausência de estudos que analisaram o tema em língua inglesa no Brasil, a baixa quantidade de estudos que analisaram o tema sob o ponto de vista dos funcionários públicos e a inexistência de artigos que avaliaram a aceitação de tecnologias diretamente relacionadas com a contabilidade. Observou-se também que são raros os estudos que foram integralmente fieis ao modelo original da UTAUT. As diversas variáveis utilizadas pelos 41 artigos são apresentadas nesta pesquisa. Construtos como confiança, qualidade da informação, qualidade do serviço e qualidade do sistema foram muitas vezes integrados ao modelo da UTAUT para prever a intenção comportamental dos indivíduos. Entretanto, embora a exploração da teoria sobre novas perspectivas tenha benefícios, como o possível incremento teórico, ela também possui riscos, como a possível perda de validação e comparabilidade dos resultados. Dessa forma, é fundamental que pesquisadores avaliem criteriosamente a necessidade de se incluir ou não alguma variável diferente do construto original da UTAUT, levando em consideração as tecnologias analisadas, bem como a população estudada. Ao apontar os diversos gaps de pesquisa, este trabalho permite auxiliar pesquisadores da área contábil a explorarem a UTAUT na aceitação das diversas tecnologias que dão suporte ao processo contábil dentro das organizações públicas e na aceitação das tecnologias que auxiliam o controle público. Palavras-chave: UTAUT, Governos Eletrônicos, Aceitação de Tecnologias

Revisão de literatura sobre a aplicação da Teoria Unificada ......Unificada de Aceitação e o Uso de Tecnologias (UTAUT), proposta por Venkatesh et al. (2003). Essa teoria unificou

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Revisão de literatura sobre a aplicação da Teoria Unificada de Aceitação e Uso de

Tecnologias em Governos Eletrônicos

Marcelo Machado de Freitas

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Fabricia Silva da Rosa

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Resumo

Esta pesquisa teve por objetivo realizar uma revisão sistemática da aceitação dos Governos

Eletrônicos sob a lente da Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologias em Governos

Eletrônicos (UTAUT). Dos 1529 artigos encontrados nas bases Web of Science, Scopus,

Science Direct e Emerald sobre a UTAUT, foram selecionados para leitura os 41 artigos mais

citados que versavam sobre o tema. Constatou-se a ausência de estudos que analisaram o tema

em língua inglesa no Brasil, a baixa quantidade de estudos que analisaram o tema sob o ponto

de vista dos funcionários públicos e a inexistência de artigos que avaliaram a aceitação de

tecnologias diretamente relacionadas com a contabilidade. Observou-se também que são raros

os estudos que foram integralmente fieis ao modelo original da UTAUT. As diversas

variáveis utilizadas pelos 41 artigos são apresentadas nesta pesquisa. Construtos como

confiança, qualidade da informação, qualidade do serviço e qualidade do sistema foram

muitas vezes integrados ao modelo da UTAUT para prever a intenção comportamental dos

indivíduos. Entretanto, embora a exploração da teoria sobre novas perspectivas tenha

benefícios, como o possível incremento teórico, ela também possui riscos, como a possível

perda de validação e comparabilidade dos resultados. Dessa forma, é fundamental que

pesquisadores avaliem criteriosamente a necessidade de se incluir ou não alguma variável

diferente do construto original da UTAUT, levando em consideração as tecnologias

analisadas, bem como a população estudada. Ao apontar os diversos gaps de pesquisa, este

trabalho permite auxiliar pesquisadores da área contábil a explorarem a UTAUT na aceitação

das diversas tecnologias que dão suporte ao processo contábil dentro das organizações

públicas e na aceitação das tecnologias que auxiliam o controle público.

Palavras-chave: UTAUT, Governos Eletrônicos, Aceitação de Tecnologias

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1. INTRODUÇÃO

Tecnologias da Comunicação e da Informação (TIC) têm revolucionado a maneira

com que a informação é gerada, utilizada e acessada. Exemplos como a Inteligência Artificial

(Casares, 2018), a Internet das Coisas (Lu, Papagiannidis & Alamanos, 2018), o XBRL

(Chen, 2012) ou o Blockachain (Dai & Vasarhelyi, 2017) podem impactar diretamente a

maneira como a contabilidade é operacionalizada e até mesmo como a informação contábil é

utilizada, tanto na área privada, como na área pública (Kozlowski, Issa & Appelbaum, 2018).

Nas últimas décadas, as TICs também afetaram a gestão pública em todo o mundo

(Decman, 2015), e ao uso e a implementação dessas tecnologias pela administração pública se

deu o nome de e-Government ou Governos Eletrônicos (Gupta, Singh & Bhaskar, 2016,

Lubis, 2018, Witarsyah et al., 2017). Essas inovações permitiram a aproximação dos cidadãos

com a administração pública e a oferta de seus diversos serviços via internet, como

recolhimento de impostos (Fakhoury & Aubert, 2015, Chaouali et al., 2016, Andriani,

Napitupulu & Haryaningsih, 2017), prestação de serviços de trânsito (Weerakkody et al.,

2013), disponibilizações interativas de informações financeiras e contábeis (Zuiderwijk,

Janssen & Dwivedi, 2015), serviços de participação popular no processo orçamentário

(Naranjo-Zolotov, Oliveira & Castelelyn, 2018), entre outros. As TICS não somente

tornaram os processos governamentais mais transparentes, eficientes e eficazes (Saxena &

Janssen, 2017), mas também serviram como um elemento estratégico, político e

organizacional (Decman, 2015).

Entretanto, o uso dessas tecnologias é recente e por isso é oportuno que estudos sobre

a aceitação dessas ferramentas sejam realizados. Um importante modelo teórico que se propõe

a estudar o tema é a Unified Theory of Acceptance and use of Technology ou Teoria

Unificada de Aceitação e o Uso de Tecnologias (UTAUT), proposta por Venkatesh et al.

(2003). Essa teoria unificou uma série de modelos que se propunham, direta ou indiretamente,

a entender o comportamento humano frente a aceitação de tecnologias. Em sua consecução, a

UTAUT foi capaz de superar os outros oito modelos que até então eram utilizados

concorrentemente na área de Sistemas da Informação (SI) e de Tecnologias da Informação

(TI). Por sua relevância no tema, a UTAUT também tem sido utilizada para explicar o

comportamento dos indivíduos sobre a aceitação dos diversos serviços e-Government.

Infelizmente, Arnold (2018) destaca que as pesquisas na área da contabilidade vêm em grande

escala ignorando o impacto das tecnologias nas pesquisas comportamentais. Com isso, torna-

se importante compreender como encontra-se o estado da arte sobre o assunto, já que desde a

sua criação no ano de 2003, a UTAUT tem-se tornado a teoria recente mais difundida e

disponível na literatura de TIs até o momento (Dwivedi et al., 2017) e tem sido bastante

utilizada na área pública, principalmente em pesquisas que abordam assuntos relacionados a

aceitação dos Governos Eletrônicos (Williams, Rana & Dwivedi, 2015).

Apesar de existirem outros estudos que revisaram a UTAUT (Williams et al., 2015) ou

a aceitação de tecnologias específicas, como os serviços em nuvem (Amron, Ibrahim,

Chuprat, 2017), aprendizado online (Panigrahi, Srivastava, Sharma, 2018), mobile banking

(Hanafizadeh & Keating, 2014), ao que se constatou, nenhuma delas preocupou-se

exclusivamente em revisar como a UTAUT tem sido aplicada para explicar a aceitação dos

Governos Eletrônicos. Tampouco o tema tem sido explorado sob o olhar da contabilidade. Os

trabalhos mais próximos encontrados nesse sentido são o de Gutpa et al. (2016), que realizou

uma revisão sistemática de diferentes modelos que foram usados para estudar a adoção de

Governos Eletrônicos pelos cidadãos, o trabalho de Arduini e Zanfei (2014), que realizaram

uma meta análise da literatura sobre Serviços Públicos Eletrônicos e o trabalho de Lubis e

Sutrisno (2016), que realizaram uma revisão do uso das TIC em governos burocráticos.

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Entretanto, nenhum dos três artigos citados se aprofundaram em conhecer como a UTAUT

tem sido utilizada para explicar a adoção dos serviços e-Government. Com isso evidenciado,

esta pesquisa se propõe a preencher esse gap e com isso realizar uma revisão sistemática

sobre a aceitação dos Governos Eletrônicos sob a lente da UTAUT.

O estudo torna-se particularmente importante em um cenário onde a próxima onda de

tecnologias automatizadas tende a ter um impacto ainda maior em auditores, usuário da

informação, contadores gerenciais etc (Arnold, 2018). Além disso, os estudos que alinham

tecnologias e a área pública são escassos (Issa, 2018). O primeiro passo para potencializar

esse campo de pesquisa é é entender em que estado se encontram as pesquisas que analisaram

o comportamento dos profissionais e dos usuários frente a aceitação das tecnologias

relacionadas com os Governos Eletrônicos sob a lente da uma importante teoria de aceitação,

que é a UTAUT.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A TEORIA UNIFICADA DE ACEITAÇÃO E USO DE TECNOLOGIAS (UTAUT)

Diversos fatores comportamentais têm sido estudados para entender o comportamento

dos indivíduos. Uma teoria utilizada para entender esse fenômeno é a Theory of Planned

Behavior (TPB) ou a Teoria do Comportamento Planejado, apresentada por Azjen (1991),

cujo propósito é identificar os antecedentes da intenção de determinado comportamento de

um indivíduo, como por exemplo a intenção de usar a internet Dijk, Peters & Ebbers (2008).

Entretanto, foi com o trabalho de Davis (1989) que a preocupação de entender a intenção

específica do uso e aceitação de tecnologias tornou-se a atenção de diversos estudos na área

de Tecnologias da Informação (Venkatesh et al., 2003). Mais de uma década depois, a

UTAUT foi apresentada por Venkatesh et al. (2003) como um avanço nos estudos da área,

pois unificou uma série de modelos e teorias concorrentes que versavam sobre temas afins.

Ao longo do tempo a UTAUT ganhou popularidade e hoje existem diversos estudos que já

transcendem a área das tecnologias da informação (Turnip et al., 2018.)

A UTAUT é o resultado de uma síntese de oito diferentes teorias de aceitação, difusão e

uso da tecnologia: (i) a Teoria da Ação Racional (TRA) (Fishbein & Ajzen, 1975); (ii) o

Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM) (Davis, 1989); (iii) o Modelo Motivacional (MM)

(Davis, Bagozzi, & Warshaw, 1992); (iv) a Teoria do Comportamento Planejado (TPB)

(Ajzen, 1991); (v) a Teoria Combinada do Modelo de Aceitação de Tecnologias /

Comportamento Planejado (C-TPB-TAM) (Taylor & Todd, 1995); (vi) o Modelo de

Utilização de Computadores Pessoais (MPCU) (Thompson, Higgins, & Howell, 1991); (vii) a

Difusão da Teoria da Inovação (DOI) (Rogers, 1995); e (viii) a Teoria Social Cognitiva (SCT)

Compeau & Higgins, 1995).

O modelo teórico original da UTAUT apresentou três construtos antecedentes à

intenção comportamental (expectativa de performance, expectativa de esforço e influências

sociais) e dois antecedentes do comportamento, que são a intenção comportamental e as

condições facilitadoras. O modelo também teorizou a moderação das relações por diferentes

características pessoais. De acordo com Venkatesh et al. (2003), a expectativa de performance

é o grau em que um indivíduo acredita que usar o sistema irá ajudá-lo a obter ganhos no

desempenho do trabalho. Expectativa de esforço é o grau de facilidade associado ao uso do

sistema. Influência social é o grau em que um indivíduo percebe que pares importantes

acreditam que ele deve usar o novo sistema. Condições facilitadoras refere-se ao grau em que

um indivíduo acredita que existe uma infraestrutura organizacional e técnica para apoiar o uso

do sistema. Intenção comportamental é a disposição dos indivíduos em usar o sistema e é

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medida por meio de uma escala de 3 itens adaptada do modelo de TAM de Davis (1989). Por

fim, como sugerido por Davis (1989), o construto de comportamento de uso é frequentemente

operacionalizado por um auto relato dos participantes sobre seu grau de uso atual do sistema.

Conforme expõem Dwivedi et. al (2017), embora o modelo original da UTAUT tenha

explicado uma considerável variação na intenção comportamental e no comportamento de

uso, o modelo teorizou algumas relações que podem não ser aplicáveis a todos os contextos,

omitiu algumas relações que podem ser potencialmente importantes e também excluiu alguns

construtos que podem ser cruciais para explicar a aceitação e uso de SI / TI. Argumenta-se

que os moderadores especificados no modelo original da UTAUT podem não ser aplicáveis

em todos os contextos, o caminho de condições facilitadoras à intenção comportamental

ausente no modelo original deveria ser incluído e características individuais como atitude, não

teorizada no modelo original da UTAUT, deveria ser introduzido. Venkatesh et al. (2012) já

havia observado que a maioria dos estudos utilizam apenas uma parte do modelo original e

que as variáveis moderadoras eram geralmente omitidas.

Nesse sentido, é importante conhecer se as pesquisas que utilizam a UTAUT para

entender a aceitação dos serviços de Governos Eletrônicos têm preferido o modelo original,

ou tem estudado o tema com diferentes construtos (Rana, Dwivedi, Williams & 2013a).

2.2 E-GOVERNMENT

E-government ou Governos Eletrônicos, pode ser definido como o uso de TICs para

melhorar a eficiência, a eficácia, a transparência e a prestação de contas (Bannister &

Connolly, 2015) das trocas informacionais e transacionais entre governos, cidadãos, empresas

e agências governamentais nos níveis federal, estadual e municipal, e também capacitar os

cidadãos através do acesso e uso da informação (AlAwadhi & Morris (2009). Um dos

principais objetivos de qualquer iniciativa de governo eletrônico é o potencial de redução da

corrupção (Fakhoury & Aubert, 2015).

De acordo com uma pesquisa feita pelas Nações Unidas, ainda que a maioria dos

países tenham sites governamentais, uma parcela deles ainda não fornecem serviços

transacionais, como submissão de formulários on-line (Taheri & Mirghiasi, 2016; United

Nations, 2010). Além disso, conforme destacam Taheri & Mirghiasi (2016), é comum que a

implementação dos projetos de e-Government não sejam bem-sucedidos e fracassem em

algum momento ao longo de sua execução.

Ao realizar uma revisão da literatura, Alryalat, Dwivedi & Williams (2012) revelaram

que o Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM), a Teoria da Difusão da Inovação (DOI), a

Teoria do Comportamento Planejado (TPB) e a UTAUT foram alguns dos modelos mais

utilizados para analisar aceitação do e-government. Isso ajuda a entender a importância de se

analisar especificamente como a UTAUT tem sido utilizada nesse cenário.

É interessante ressaltar que as TICs podem ser utilizadas para facilitar a comunicação

em inúmeras direções: a) (Governo para o Cidadão) (G2C), b) (Cidadão para o Governo)

(C2G), c) (Governo para os Negócios) (G2B), d) (Negócios para o Governo) (B2G) , e)

(Governo para o Governo) (G2G), f) (Governo para Organizações sem Fins Lucrativos)

(G2N), g) (Organizações sem Fins Lucrativos para Governo) (N2G), h) (Governo para

Empregado) (G2E) (ver Fang, 2002, Amagoh, 2016 e Witarsyah et al., 2017). Um importante

questionamento a ser realizado é como a literatura tem explorado a aceitação dos Governos

Eletrônicos nas diferentes relações existentes.

Apesar do Brasil estar bem colocado no Índice de Desenvolvimento dos Governos

Eletrônicos (EDGI), que leva em consideração três dimensões (índice de serviço online,

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índice de infraestrutura e índice de capital humano), a aceitação dos serviços ofertados por

essas tecnologias precisam ser melhor explorados. O Brasil encontra-se na 44ª, o que o coloca

dentro do grupo com alto desenvolvimento dessa área (United Nations, 2018).

Ainda de acordo com a United Nations (2018), alguns dos objetivos do

desenvolvimento do e-Government no País são (1) endossar a colaboração no ciclo de

políticas públicas; (2) amplificar e impulsionar a participação social na criação e melhoria de

serviços públicos digitais; e (3) melhorar a interação direta entre o governo e a sociedade. A

política brasileira de dados abertos, instituída pelo Decreto nº 8.777 / 2016, tem como

objetivos fundamentais: a promoção da transparência e da participação social, o

desenvolvimento de novos e melhores serviços governamentais, o aumento da integridade

pública e a promoção do empreendedorismo.

Isso abre oportunidades para que estudos na área da contabilidade sejam

desenvolvidos, já que boa parte dessas inovações e resoluções do governo são recentes e ainda

carentes de pesquisas que procurem entender a aceitação dessas tecnologias no Brasil. No

levantamento feito na presente pesquisa, por exemplo, não foi encontrado nenhum artigo

científico publicado em língua inglesa sobre o tema no País.

3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Uma revisão sistêmica foi realizada para visualizar como a UTAUT tem sido aplicada

para entender a aceitação dos Governos Eletrônicos. O levantamento bibliográfico foi

realizado nas bases de dados Web of Science, Scopus, Science Direct e Emerald. Nenhum

filtro foi utilizado para o lapso temporal ou para as diferentes áreas. Foram utilizadas

unicamente “UTAUT” ou “Unified Theory of Acceptance and use of Technology” como

palavras chave, que deveriam constar no título, resumo ou palavras chave dos artigos. Além

disso, foram selecionados somente artigos acadêmicos e artigos no prelo.

As informações dos artigos foram então exportadas em arquivos Bibtex e

posteriormente importados no software Mendeley, onde ocorreu a exclusão dos artigos

repetidos. No total, foram encontrados 2104 artigos, que após o processo de exclusão dos

repetidos, ficaram em 1529 artigos. Na primeira rodada de leitura dos títulos, chegou-se ao

número de 402 estudos. Na segunda rodada, que incluiu a leitura dos resumos desses

trabalhos, chegou-se ao número de 94 pesquisas. Após isso, os 70 estudos mais citados foram

analisados integralmente por meio de uma leitura dinâmica. O portfólio bibliográfico (PB)

final, que inclui somente os artigos que utilizavam a UTAUT, ou adaptações da mesma, e que

estavam disponíveis para leitura sobre a aceitação dos serviços e-Government foi composto

de 41 artigos, que foram lidos na integra.

A Tabela 1 apresenta informações sobre as bases, métricas utilizadas e a quantidade de

artigos encontrados em cada uma delas. A extração das informações dos artigos ocorreu no

dia 29/10/2018. Tabela 1 – Artigos nas Bases de Dados

Base Situação Detalhes

Scopus 678 artigos encontrados (article e article in

press, reviews, notes)

Sem limitação de área, somente em título, resumo e

palavras-chaves

Web of

Science

467 artigos (article, review, editorial

material)

Pesquisa feita em Topic (Título, resumo, palavras-

chaves e key words plus)

Science

Direct

840 artigos (Review articles, research

articles, data articles, discussion, editorials)

Título, resumo, palavras-chaves

Emerald 95 artigos(Research paper) Título, resumo, palavras-chaves

Fonte: dados da pesquisa.

Como procedimento bibliométrico foram analisados o período, o número de citações,

os periódicos, a abordagem metodológica e outros aspectos técnicos sobre os artigos. Para

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identificar as metodologias de pesquisa, utilizou-se a classificação de Birnberg et al. (1990),

que as divide em analítica, arquivo/documental, campo, caso, experimental, framework,

levantamento e revisão.

Além disso, os artigos foram lidos na íntegra a fim de buscar informações úteis para a

presente revisão sistemática, como por exemplo, as principais variáveis e relações analisadas

pela literatura. Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas Microsoft Office Excel.

Com base nas prerrogativas acima apresentadas, a seguir apresenta-se a análise bibliométrica

(características gerais) e sistêmica (análise das variáveis e relações utilizadas pela literatura,

tendo como base o modelo original da UTAUT, de Venkatesh et al., 2003)) dos artigos que

compõem o PB desta pesquisa.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 CARACTERÍSTICAS DO PORTFÓLIO BIBLIOGRÁFICO

A análise das características gerais dos artigos está baseada nos seguintes critérios: (a)

quantidade de publicações em cada ano, (b) os artigos mais citados, (c) as revistas que

publicaram trabalhos sobre o tema, (d) as metodologias mais utilizadas, (e) aspectos técnicos

sobre os artigos. Inicialmente constata-se que as publicações sobre Governos Eletrônicos que

tiveram como lente a UTAUT tiveram um aumento a partir do ano de 2013. O maior número

de artigos acerca da temática encontra-se publicada nos anos de 2015 a 2017, com 9

publicações no ano de 2016. Esses resultados apontam para uma maior conscientização sobre

a importância do tema em anos recentes. Importante destacar, todavia, que o trabalho original

da UTAUT foi publicado somente em 2003, o que pode explicar o baixo número de

publicações sobre o tema na década passada.

Considerando que a quantidade de citações reflete a relevância científica de um artigo,

utilizou-se a ferramenta Google Scholar no final de dezembro 2018 para a coleta do número

de citações. Utilizou-se o Google Scholar como referência pois é o único que permite a

comparação dos diferentes artigos do PB, já que estes estão indexados em diferentes bases. É

importante destacar que a metodologia de contagem de citações do Google Scholar inclui

documentos publicados na internet de diversas fontes. Os trabalhos com mais de 100 citações

do PB podem ser observados na Tabela 2. Tabela 2 - Os 7 artigos do PB com mais de 100 citações

Citações Revista Título Autores Ano

503

Journal of Strategic

Information Systems Adoption of ICT in a government organization

in a developing country: An empirical study

Gupta,

Dasgupta &

Gupta 2008

350

Information Systems

Journal

Extending the two-stage information systems

continuance model: incorporating UTAUT

predictors and the role of context

Venkatesh et

al. 2011

255

Journal of the

Association for

Information Systems

Modeling Citizen Satisfaction with Mandatory

Adoption of an E-Government Technology Chan et al. 2010

232

Government

Information

Quarterly

Explaining the acceptance and use of

government Internet services: A multivariate

analysis of 2006 survey data in the Netherlands Dijk et al. 2008

193 Journal of Software

Factors influencing the adoption of e-

government services

AlAwadhi &

Morris 2009

125

International Journal

of Information

Management

Examining the influence of intermediaries in

facilitating e-government adoption: An

empirical investigation

Weerakkody

et al. 2013

100

Government

Information

Quarterly

Acceptance and use predictors of open data

technologies: Drawing upon the unified theory

of acceptance and use of technology

Zuiderwijk,

Janssen, &

Dwivedi 2015

Fonte: dados da pesquisa.

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Com o maior número de citações, destaca-se o trabalhode Gupta et al. (2008). Esse

estudo foi realizado na Índia e foi um dos pioneiros em buscar entender a aceitação de

tecnologias (internet) relacionadas com os Governos Eletrônicos. Um ponto interessante a se

destacar desse trabalho é que os questionários foram aplicados aos empregados públicos, e

não com cidadãos, o que faz com que esse artigo seja uma das poucas exceções, pois a grande

maioria dos estudos analisou a temática sob o ponto de vista do cidadão. Além disso, outro

ponto importante é que os autores se mantiveram ao modelo original da UTAUT, algo

igualmente raro nas pesquisas da área.

A segunda e a terceira pesquisa mais citadas tem como autor Venkatesh, um dos autores

do artigo seminal da UTAUT (Venkatesh et al. 2003). Apesar do trabalho de Venkatesh et al.

(2011) ter utilizado a UTAUT como lente para entender a aceitação do cidadão frente as

tecnologias dos Governos Eletrônicos, a teoria foi incorporada ao Modelo de Continuação de

Sistemas de Informação de Dois Estágios (Two-stage Information Systems Continuance

Model) para compreender a intenção do cidadão em continuar utilizando determinada

tecnologia. Dentre as inúmeras novidades que a pesquisa traz, destaca-se a utilização do

construto de confiança como um importante preditor do comportamento humano.

Quanto ao meio de comunicação mais utilizado, destaca-se o periódico "Government

Information Quarterly" com 5 artigos publicados sobre a temática. Essa revista é bastante

conceituada na área governamental e costuma publicar artigos de grande impacto na

comunidade acadêmica. Vale ressaltar que dos 7 artigos mais citados, dois foram publicados

nesse periódico. No ano de 2019, essa revista encontra-se no estrato Qualis A1. Em seguida,

destacam-se os periódicos " International Journal of Electronic Governance ", " International

Journal of Information Management " e " Journal of Theoretical and Applied Information

Technology ", todos com 3 artigos publicados. Percebe-se que a publicação de pesquisas

científicas que usaram a UTAUT como lente para entender a aceitação dos Governos

Eletrônicos encontra-se dispersa no que diz respeito aos periódicos, pois, das 29 revistas do

PB, 23 possuem apenas uma publicação.

Com relação às abordagens metodológicas utilizadas pelos estudos, a quantidade de

levantamentos predomina na área. Isso pode ser explicado pois a UTAUT, conforme o

trabalho seminal de Venkatesh et al. (2003) é de característica positivista e se utiliza de

questionários para sua consecução. Entretanto, é interessante notar que poucos estudos se

propuseram a analisar o tema por meio de estudos qualitativos, ainda que estes podem ter

bastante validade para explicar os porquês de algumas relações encontradas. As exceções são

os trabalhos de AlAwadhi e Morris (2009), Olasina (2014), Olasina e Mutula (2015),

Mosweu, Bwalya e Mutshewa (2016) e Sharma e Mishra (2017). O primeiro estudo utilizou

diversos grupos focais para qualitativamente explorar os fatores de adoção de serviços e-

Government no Kuwait. O segundo e o terceiro focaram em entender a adoção do e-

Parlamento na Nigéria (tecnologias que permitem a participação popular no

parlamento/congresso). O quarto estudo utilizou cinco entrevistas para complementar os

resultados dos questionários aplicados. A tecnologia analisada nesse último estudo foi o

Sistema de Gerenciamento de Fluxo de Documentos. Este estudo também se enquadra dentro

dos poucos estudos que analisaram o tema sob o ponto de vista dos servidores públicos. Já o

último trabalho utilizou um estudo exploratório com entrevistas para identificar possíveis

fatores de adoção de tecnologias. Em um segundo momento esse estudo aplicou o

questionário com base no conhecimento prévio adquirido no estudo exploratório.

Dos 41 artigos que constituíram o PB, 28 analisaram a aceitação dos serviços e-

Government sob o olhar do cidadão, ou seja, a intenção de um cidadão usar ou não

determinado serviço relacionado com Governos Eletrônicos. Somente 9 estudos (Gupta et al.,

2008, Hu et al., 2011, Olatubosun & Rao, 2012, Olasina, 2014, Mardiana, Tjakraatmadja &

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Aprianingsih, 2015, Olasina & Mutula, 2015, Decman, 2015, Mosweu, Bwalya & Mutshewa,

2016, Ibrahim & Zakaria, 2016) analisaram sob o ponto de vista do funcionário público - ou

dos congressistas, como no caso dos estudos de Olasina (2014) e Olasina e Mutula (2015). O

restante dos artigos não explicitou a população estudada, visto que eram artigos puramente

teóricos.

Nesse sentido, Ibrahim e Zakaria (2016) discorrem que a percepção dos funcionários em

relação a uma nova tecnologia na organização difere da dos cidadãos ou empresários. Isso

ocorre porque os funcionários precisam receber atenção especial na forma de programas de

treinamento e suporte da equipe de TI. A conscientização dos trabalhadores também deve ser

assegurada em relação às vantagens dos serviços. Em face da carência desses estudos,

conforme demonstrado pela presente revisão sistemática, futuras pesquisas deveriam dar

maior atenção à aceitação dessas tecnologias na visão dos funcionários públicos.

Além disso, é possível perceber que a literatura sobre o tema tem se desenvolvido

predominantemente nos países em desenvolvimento: Arábia Saudita (Weerakkody et al.,

2013, Alghamdi & Beloff, 2016, Almarashdeh & Alsmadi, 2017; Botsuana, Mosweu, Bwalya

& Mutshewa, 2016); Emirados Árabes Unidos (Rodrigues, Sarabdeen & Balasubramanian,

2016, AL Athmay, Fantazy & Kumar, 2016, Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane, 2018);

Esolvenia (Decman, 2015); EUA (Lee & Rao 2009, Hu et al., 2011); Grécia (Voutinioti,

2013); Holanda (Dijk et al., 2008, Hoefnagel, Oerlemans & Goedee, 2012); Hong Kong

(Chan et al., 2010, Venkatesh et al., 2011); Índia (Gupta et al., 2008, Rana et al., 2016,

Dwivedi et al., 2017, Saxena & Marjin, 2017, Sharma & Mishra, 2017, Chatterjee, Kar &

Gupta, 2018); Indonésia (Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih, 2015, Susanto & Aljoza,

2015, Witarsyah et al., 2017, Andriani, Napitupulu & Haryaningsih, 2017); Iraque (Faaeq,

Alqasa & Al-Matari, 2014, Ibrahim & Zakaria, 2016); Jordânia (Alryalat et al., 2012,

Alryalat et al., 2013); Kuwait (AlAwadhi & Morris, 2009); Líbano (Fakhoury & Aubert,

2015); Nigéria (Olatubosun & Rao, 2012, Olasina, 2014, Olasina & Mutula, 2015, Amagoh,

2016); Paquistão (Ahmad, Markkula & Oivo, 2013); Portugal (Naranjo-Zolotov et al.,

2018); Tunísia (Chaouali et al., 2016).

Se por um lado isso garante uma boa comparação dos resultados encontrados e abre

possibilidades para estudos serem realizados no Brasil, por outro, inibe a compreensão de

como essas pesquisas estão sendo organizadas em países desenvolvidos. Uma justificativa

para isso pode ser porque os países desenvolvidos enfrentam apenas questões limitadas na

adoção de serviços de governo eletrônico, enquanto países em desenvolvimento enfrentam

inúmeras problemas de adoção pelas diferentes partes interessadas (Ibrahim & Zakaria, 2016).

Outro ponto que merece destaque e serve de interesse para a comunidade acadêmica é a

disponibilização ou não de questionários nos artigos científicos. Nesse sentido, são

apresentados a seguir em ordem decrescente de citações os artigos que apresentaram

adequadamente os itens do questionário aplicado: Venkatesh et al. (2011), Chan et al. (2010),

Weerakkody et al. (2013), Zuiderwijk, Janssen & Dwivedi (2015), Dwivedi et al. (2017),

Rana et al. (2016), Lee & Rao (2009), Hu et al. (2011), Fakhoury & Aubert (2015), Saxena &

Marjin (2017), Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017),

Alryalat et al. (2013), Chaouali et al. (2016), Chatterjee, Kar & Gupta (2018), Sharma &

Mishra (2017), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Mansoori, Sarabdeen &

Tchantchane (2018) e Naranjo-Zolotov et al. (2018). Ressalta-se, todavia, que nem todos os

estudos utilizaram o modelo original da UTAUT e por isso diferentes variáveis podem ser

visualizadas nesses questionários.

Sobre a elaboração e aplicação desses questionários, alguns estudos se preocuparam em

realizar alguns procedimentos prévios antes da aplicação do instrumento de pesquisa.

Dwivedi et al. (2017), por exemplo, introduziram a tecnologia (Sistema de Registro

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Permanente de Cartão de Número de Conta - Online Permanent Account Number card

registration system) para alguns respondentes que estavam ingressando no mercado do

trabalho e que ainda não haviam tido contato com ela, deixando-os interagir com a tecnologia

por alguns dias antes da aplicação do questionário. Isso porque, a UTAUT tem por propósito

principal conhecer a intenção de se utilizar determinada tecnologia e, portanto, é importante

que o respondente tenha algum conhecimento sobre tal tecnologia. Outras pesquisas, como a

de Naranjo-Zolotov et al. (2018) foram explícitas sobre a necessidade de se apresentar algum

contexto antes da aplicação do questionário. No caso dos autores, os participantes receberam

uma introdução explicativa do objetivo da pesquisa no início do questionário, incluindo a

apresentação do Orçamento Eletrônico Participativo como um exemplo de ferramenta de

Participação Eletrônica (e-Participation). Outro procedimento que foi visualizado em

algumas pesquisas foi a tradução do questionário para a língua local, e depois a tradução

novamente para o inglês como forma de validar a consistência linguística, a exemplo de

Voutinioti (2013).

4.2 VARIÁVEIS E RELAÇÕES UTILIZADAS PELA LITERATURA

4.2.1. Análise das variáveis e relações a partir do modelo original de Venkatesh et al (2013)

O modelo original de Venkatesh et al. (2003) apresenta três construtos antecedentes à

intenção comportamental e duas antecedentes do comportamento de uso. Nesse primeiro

momento, priorizou-se a identificação dos estudos que utilizaram alguma das relações

originais do modelo UTAUT, como pode ser observado na Figura 1. Figura 1 - Modelo Teórico original da UTAUT

Notas:

a: Dijk et al. (2008), Gupta et al. (2008), Alryalat et al. (2012), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012),

Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013), Voutinioti (2013), Weerakkody et al.

(2013), Decman (2015), Susanto & Aljoza (2015), Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Olasina &

Mutula (2015), Alghamdi & Beloff (2016), Amagoh (2016), Chaouali et al. (2016), Ibrahim & Zakaria (2016),

Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Sultana, Ahlan & Habibullah (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017),

Witarsyah et al. (2017), Andriani, Napitupulu & Haryaningsih (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori,

Sarabdeen & Tchantchane (2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018); b: Dijk et al. (2008), Gupta et al.(2008), Hu et

al. (2011), Alryalat et al. (2012), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013),

Voutinioti (2013), Weerakkody et al. (2013), Decman (2015), Susanto & Aljoza (2015), Alghamdi & Beloff

(2016)Amagoh (2016), Chaouali et al. (2016), Ibrahim & Zakaria (2016), Mosweu, Bwalya & Mutshewa

(2016), Sultana, Ahlan & Habibullah (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al. (2017), Andriani,

Napitupulu & Haryaningsih (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018),

Naranjo-Zolotov et al. (2018); c: Dijk et al. (2008), Gupta et al.(2008), Hu et al. (2011), Alryalat et al. (2012),

Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013), Alryalat et al. (2013), Voutinioti

(2013), Weerakkody et al. (2013), Decman (2015), Susanto & Aljoza (2015), Amagoh (2016), Chaouali et al.

(2016), Ibrahim & Zakaria (2016), Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Sultana, Ahlan & Habibullah (2016),

Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al. (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori, Sarabdeen &

a

b

c

d

e

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Tchantchane (2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018); d: Gupta et al.(2008), Alryalat et al. (2012), Ahmad,

Markkula & Oivo (2013), Voutinioti (2013), Weerakkody et al. (2013), Chaouali et al. (2016), Witarsyah et al.

(2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018); e: Dijk, Peters & Ebbers (2008), Gupta et al.(2008), Hu et

al. (2011), Alryalat et al. (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013), Voutinioti (2013), Weerakkody et al.

(2013), Susanto & Aljoza (2015), Olasina & Mutula (2015), Alghamdi & Beloff (2016), Chaouali et al. (2016),

Ibrahim & Zakaria (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al. (2017), Andriani, Napitupulu &

Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar & Gupta (2018), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018). Ao menos

uma moderadora: Alryalat et al. (2012), Voutinioti (2013), Decman (2015), Mosweu, Bwalya & Mutshewa

(2016), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018).

Fonte: adaptado de Venkatesh et al. (2003). Como era de se esperar, as relações originais propostas pela UTAUT foram as mais

analisadas pela literatura. Entretanto, ainda que os estudos apresentados na Figura 1 tenham

utilizado ao menos parte das relações propostas pelo modelo original, é preciso destacar que

nem todos utilizaram todas as relações em um mesmo estudo. É possível observar também

que foram poucos estudos que utilizaram ao menos uma moderadora, conforme o modelo de

Venkatesh et al. (2003).

Ressalta-se que Expectativa de Performance e Expectativa de Esforço foram tratados

em alguns estudos como Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida (veja por

exemplo Susanto & Aljoza, 2015) que eram os termos utilizados por Davis (1989), na TAM.

O trabalho de Susanto & Aljoza (2015) considerou como Utilidade Percebida o conjunto de

completude de informação, redução de custos, economia de energia, economia de tempo e

informação útil. Já a Facilidade de Uso Percebida foi identificada como navegação fácil,

rápida resposta, boa interface, acessível de qualquer lugar, acessível a qualquer tempo. Por

suas construções similares e por questões de espaço, optou-se por tratar tais expressões como

sinônimas nesta pesquisa.

Na sequência, destacam-se aqueles estudos que utilizaram variáveis dependentes que

pertencem ao modelo original, mas que modificaram ou apresentaram novas relações entre

essas variáveis, conforme Tabela 3. Tabela 3 -Estudos com variáveis dependentes iguais e com relações diferentes ao modelo Venkatesh et al. (2003)

Relações entre variáveis Autores

Expectativa de Performance →

Comportamento

de Uso

Faaeq, Alqasa & Al-Matari (2014)

Expectativa de Esforço → Faaeq, Alqasa & Al-Matari (2014)

Influência Social →

Faaeq, Alqasa & Al-Matari (2014), Almarashdeh

& Alsmadi (2017)

Confiança → Alryalat et al. (2012)

Expectativa de Esforço →

Expectativa de

Performance

Hu et al. (2011), Susanto & Aljoza (2015), Rana

et al. (2016)

Qualidade da Informação →

Expectativa de

Performance

Witarsyah et al. (2017)

Qualidade do Sistema →

Expectativa de

Performance

Witarsyah et al. (2017)

Cultura →

Expectativa de

Performance

Olasina & Mutula (2015)

Influência Social

Expectativa de

Performance

Hu et al. (2011)

Condições Facilitadoras →

Expectativa de

Esforço

Rana et al. (2016), Dwivedi et al. (2017)

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Embora apresentados como antecedentes do comportamento de uso por alguns estudos,

expectativa de performance, expectativa de esforço e influência social, são antecedentes direto

da intenção comportamental no modelo original da UTAUT.

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Neste conjunto de relações apresentadas na Tabela 3, pode-se observar que uma

importante variável para a contabilidade surge como antecessora da expectativa de

performance, que é a qualidade da informação. Apesar do trabalho de Witarsyah et al. (2017)

ser somente uma proposta de framework da qual não foi testada ou validada, achou-se

oportuno apresenta-la junto com os demais trabalhos.

Também se observaram estudos com variáveis e relações distantes ao modelo original

de Venkatesh et al. (2003), conforme Tabela 4. Tabela 4 - Estudos com variáveis e relações diferentes ao modelo de Venkatesh et al. (2003)

Relações entre variáveis Autores

Atitude; Condições Facilitadoras;

Confidencialidade; Expectativa de

Performance; Expectativa de Esforço

Satisfação do

Uso

Rodrigues, Sarabdeen &

Balasubramanian (2016)

Efetividade Percebida e Influência → AL Athmay, Fantazy & Kumar (2016)

Qualidade do Sistema e Qualidade da

Informação →

AL Athmay, Fantazy & Kumar

(2016), Andriani, Napitupulu &

Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar

& Gupta (2018)

Qualidade do Serviço

Andriani, Napitupulu & Haryaningsih

(2017), Chatterjee, Kar & Gupta

(2018)

Ansiedade →

Atitude

Rana et al. (2016)

Expectativa de Performance; Expectativa de

Esforço; Influência Social; Risco Percebido →

Rana et al. (2016), Dwivedi et al.

(2017)

Satisfação do Uso; Uso da Internet;

Características pessoais como nível

educacional, nacionalidade e gênero

Adoção Rodrigues, Sarabdeen &

Balasubramanian (2016)

Intenção e Empowerment →

Intenção de

Recomendar

Naranjo-Zolotov et al. (2018)

Expectativa de Esforço e Confiança →

Prontidão do e-

Government

Alghamdi & Beloff (2016)

Satisfação do Uso →

Benefício

Liqúido

Chatterjee, Kar & Gupta (2018)

Segurança Percebida e Privacidade Percebida →

Confiança Alryalat et al. (2012), Alryalat et al.

(2013)

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Como importante variável dependente da literatura, a satisfação do uso é utilizada por

distintos trabalhos e suas principais antecessoras são qualidade do sistema, qualidade da

informação e qualidade do serviço. Essas relações foram sistematicamente teorizadas e

apresentadas pelo Modelo de Sucesso dos Sistemas de Informação, de DeLone & McLean

(1992, 2003). Isso ajuda a visualizar que a integração da UTAUT com esse modelo é comum

nas pesquisas na área.

Além dessas relações destacam-se que diversos autores buscaram compreender as

variáveis que se relacionam com a Intenção de comportamento conforme Tabela 5. Tabela 5 - Estudos com variáveis que se relacionam com a Intenção de comportamento Variáveis →Intenção

de comportamento

Autores

Auto Eficácia em

Tecnologias

Ibrahim & Zakaria (2016)

Atitude Dijk et al. (2008), Rana et al. (2016), Dwivedi et al. (2017)

Ansiedade Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012)

Benefícios Percebidos Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Chatterjee, Kar & Gupta (2018)

Capacidade da Força de

Trabalho de TI

Ibrahim & Zakaria (2016)

Caraterísticas pessoais Dijk et al. (2008), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Alghamdi & Beloff

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Variáveis →Intenção

de comportamento

Autores

e/ou socioculturais e/ou

demográficas

(2016), Saxena & Marjin (2017),

Cidadania Ativa Fakhoury & Aubert (2015)

Condições Facilitadoras Hu et al. (2011), Alryalat et al. (2012), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012),

Alryalat et al. (2013), Susanto & Aljoza (2015), Andriani, Amagoh (2016), Ibrahim

& Zakaria (2016), Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Sultana, Ahlan &

Habibullah (2016), Rana et al. (2016), Dwivedi et al. (2017), Napitupulu &

Haryaningsih (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane

(2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018)

Confiança Alryalat et al. (2012), Voutinioti (2013), Weerakkody et al. (2013), Alryalat et al.

(2013), Fakhoury & Aubert (2015), Amagoh (2016), Sultana, Ahlan & Habibullah

(2016), Chaouali et al. (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al.

(2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018)

Consciência Alghamdi & Beloff (2016), Ibrahim & Zakaria (2016)

Cultura Sultana, Ahlan & Habibullah (2016)

Custo do serviço Almarashdeh & Alsmadi (2017)

Empowerment Naranjo-Zolotov et al. (2018)

Experiência com Mídia

Digital

Dijk, Peters & Ebbers (2008)

Fosso Digital Amagoh (2016)

Prontidão do e-

Government

Alghamdi & Beloff (2016)

Valor Público

Percebido

Sultana, Ahlan & Habibullah (2016)

Qualidade do Governo Sultana, Ahlan & Habibullah (2016)

Qualidade da

Informação

Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Andriani, Napitupulu &

Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar & Gupta (2018)

Qualidade do Sistema Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Andriani, Napitupulu &

Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar & Gupta (2018)

Qualidade do Serviço Alghamdi & Beloff (2016), Andriani, Napitupulu & Haryaningsih (2017), Chatterjee,

Kar & Gupta (2018)

Qualidade do Site Ibrahim & Zakaria (2016)

Risco Percebido Alryalat et al. (2012)

Satisfação do Usuário Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015),

Satisfação do Uso AL Athmay, Fantazy & Kumar (2016), Andriani, Napitupulu & Haryaningsih (2017),

Chatterjee, Kar & Gupta (2018)

Segurança Percebida Alryalat et al. (2013)

Treinamento Ibrahim & Zakaria (2016)

Voluntariedade de Uso Saxena & Marjin (2017)

Fonte: Dados da pesquisa (2018). Compreender a intenção de se utilizar determinada tecnologia é um dos objetivos

principais da UTAUT e assim tem sido nos estudos sobre e-Government. Entretanto, como

mostra a literatura, os diversos estudos subsequentes ao de Venkatesh et al. (2003) foram

muito além do construto original da teoria, inclusive modificando o caminho de algumas

relações existentes. Conforme bem destacado por Dwivedi et al. (2017), em sua revisão crítica

da UTAUT, o caminho entre as condições facilitadoras e a intenção de uso de tecnologias, por

exemplo, precisa ser explorado pela literatura, tanto por seu suporte teórico, como por suas

diversas evidências empíricas. Nesse sentido, percebe-se que diversos estudos exploraram

essa relação ao analisar as tecnologias relacionadas com os Governos Eletrônicos.

Além disso, inúmeras variáveis em diversas direções foram utilizadas pela literatura,

ainda que sem exceção, todos os estudos tenham utilizado a UTAUT como base teórica,

mesmo quando utilizada em conjunto com outros modelos. As dependentes mais comuns e

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relevantes foram a intenção de comportamento, o comportamento de uso e a satisfação do

uso. Esta última, bastante relacionada ao modelo DeLone & McLean (1992).

O estudo de Venkatesh et al. (2011) foi intencionalmente deixado de fora das Tabelas 3,

4 e 5, pois sua representação poderia ficar confusa. Entretanto, como já mencionado, o

objetivo dos autores foi entender as variáveis que afetam a continuação de uso de determinada

tecnologia, o que difere um pouco da proposta inicial da UTAUT. Para isso, dividiram os

construtos em três fases: estágio pré-uso, estágio de uso, e estágio pós-uso. Dentro desses

estágios, os autores analisaram a influência da expectativa de performance, expectativa de

esforço, influências sociais e confiança sobre a atitude, a satisfação e a eventual intenção de

continuar utilizando determinada tecnologia.

O construto do modelo original da UTAUT (ou com pequenas variações, como por

exemplo, a relação direta entre Condições Facilitadoras e Intenção de Uso) foi basicamente o

mais utilizado pelos estudos. Entretanto, conforme elencam os próprios autores, as variáveis

moderadoras foram desconsideradas na grande maioria das pesquisas sobre o tema

(Venkatesh et al., 2012) e como foi constatado, isso também ocorreu nos estudos sobre os

Governos Eletrônicos. Além disso, Venkatesh et al. (2003) comentam que diferentes

tecnologias podem desencadear diferentes antecedentes de aceitação e diferentes relações

devem ser testadas. Talvez por isso, outras variáveis que vão além desse modelo se

destacaram, como por exemplo os construtos de confiança, qualidade do sistema, qualidade da

informação, qualidade do serviço e satisfação de uso. Por sua relevância, elas serão

brevemente explicadas a seguir.

4.2.2 Confiança

Na maioria dos países em desenvolvimento, os cidadãos não confiam no governo,

especialmente quando na presença de um passado de ditadura, instabilidade política e

corrupção. Assim, o fator confiança tem ganhado enorme atenção entre muitas pesquisas,

especialmente no campo do governo eletrônico (Sultana, Ahlan & Habibullah, 2016). De

acordo com Almarashdeh e Alsmadi (2017), a confiança percebida desempenha um papel

vital na redução dos riscos percebidos do uso de novas tecnologias, especialmente para

transações envolvendo incerteza. Como a adoção dessas tecnologias ainda está no estágio

inicial em alguns países, os usuários não têm clareza sobre a capacidade técnica de seu

provedor de serviços e sobre a segurança e a confiabilidade dos serviços prestados, o que

ajuda a justificar a utilização dessa variável em diferentes estudos.

Em linhas gerais, a literatura mostra que a confiança é classificada em duas partes: (1)

Confiança no corpo (entidade) que fornece serviços (órgãos governamentais), e (2) Confiança

nas ferramentas que serão usadas para entregar serviços aos usuários (Weerakkody et al.

2013). Entretanto, como foi percebido, alguns estudos foram além dessas classificações.

Os casos mais comuns encontrados foram o de confiança no governo (Amagoh 2016,

Sultana, Ahlan & Habibullah, 2016) e confiança na tecnologia (Weerakkody et al., 2013,

Amagoh 2016, Chaouali et al., 2016, Sultana, Ahlan & Habibullah, 2016). Entretanto,

também foram encontrados estudos que analisaram a confiança no intermediador dos

Governos Eletrônicos (Weerakkody et al., 2013). Isso porque, o objetivo do trabalho era

justamente identificar o papel dos intermediários na facilitação da adoção e difusão dos

serviços e-Government na Arábia Saudita. Amagoh (2016), por outro lado, procurou

compreender a confiança no fornecimento de eletricidade e seu impacto na intenção

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comportamental. A justificativa para utilização dessa variável foi de que a Nigéria, população

de estudo, possui muitos problemas de distribuição e a falta constante de energia é comum em

algumas regiões.

Apesar de parecer uma variável importante, a confiança não é um construto original do

trabalho de Venkatesh et al. (2003) e nem da sua atualização, a UTAUT 2, de Venkatesh et al.

(2012). Por isso, sugere-se que as futuras pesquisas analisem cuidadosamente quais

tecnologias realmente necessitam de confiança como um preditor da intenção de uso ou do

comportamento de uso. O aspecto que mais justifica a utilização dessa variável pelo portifólio

bibliográfico desta pesquisa parece mais relacionado com as tecnologias que possuem

aspectos transacionais, ou seja, quando se referem às tecnologias onde o cidadão faz alguma

transação com o governo (paga seus impostos ou fornece alguma informação pessoal, por

exemplo). Dessa forma, um questionamento crítico que pode ser feito é: um empregado

público, da área financeira ou contábil, por exemplo, deixaria de utilizar determinado SI por

não confiar no Governo ou na própria tecnologia?

4.2.3 Qualidade da Informação, dos Sistemas e dos Serviços

Algumas variáveis que também se destacaram foram a qualidade da informação, dos

sistemas e dos serviços e seus impactos na intenção de uso e na satisfação de uso. Vale

ressaltar que esses construtos, apesar de não serem originais da UTAUT, são pilares centrais

no Modelo de Sucesso dos Sistemas de Informação de DeLone & McLean (1992).

De acordo com Veramootoo et al. (2018), a qualidade da informação refere-se à

avaliação de um usuário sobre o desempenho de um SI no fornecimento de informações com

base em sua experiência de uso do sistema. Essa avaliação é baseada no conteúdo de uma

estrutura de SI que é necessário para ser personalizado, completo, relevante, fácil de usar, e

fornecer aspectos de segurança para encorajar transações (DeLone & McLean, 2003). A

qualidade da informação, portanto, incorpora a perspectiva objetiva e subjetiva da informação

consumida. Informações de baixa qualidade distraem os usuários e levam a maiores custos de

processamento de informações (Zheng, Zhao, & Stylianou, 2013).

Uma definição mais simples e objetiva pode ser retirada do trabalho de AL Athmay,

Fantazy & Kumar (2016), que comenta que a qualidade da informação é a capacidade do

sistema de governo eletrônico de fornecer aos cidadãos informações novas, precisas, claras e

fáceis de entender. De acordo com Chatterjee, Kar & Gupta (2018), a Qualidade da

Informação inclui precisão (Bailey & Pearson, 1983; Mahmood, 1987), extensão da

completude (Miller & Doyle, 1987), extensão da relevância (King & Epstein, 1983). Ela tem

impacto na intenção dos usuários, bem como na satisfação dos usuários, porque se a qualidade

da informação for transparente, precisa, abrangente e explícita, motivaria a intenção dos

usuários e também o nível de satisfação com seu uso(Mohammadi & Hossein , 2015).

Por ser um construto importante para a contabilidade, optou-se por apresentar os itens

dos questionários que poderiam ser utilizados em futuras pesquisas, de acordo com o trabalho

de Chatterjee, Kar & Gupta (2018). A percepção da qualidade foi mensurada pelos autores

por três afirmativas: a) Dados gerados pela Internet das Coisas serão precisos, b) Os processos

de informação pelo sistema serão protegidos e c) Informações disponíveis através do sistema

serão relevantes para mim1.

1 Os itens originais são: a) Data generated by IOT will be accurate, b) Information processes by the system will

be secured, c) Information available trough the system will be relevant for me.

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Com esse importante variável integrando os estudos que procuram compreender a

intenção comportamental dos indivíduos, surge em mente mais um questionamento crítico. A

contabilidade é justamente a ciência que deveria gerar informações relevantes, tempestivas,

transparentes etc. Logo, sob o olhar da contabilidade, a Qualidade da Informação, como um

construto da satisfação/intenção de uso, deveria ser uma causa da intenção de uso, ou uma

consequência do uso e da satisfação do uso do sistema?

Chatterjee, Kar e Gupta (2018) também comentam que é comum a investigação sobre a

Qualidade do Serviço e a Qualidade do Sistema. AL Athmay, Fantazy & Kumar (2016)

definem Qualidade do Sistema como a capacidade de um sistema de governo eletrônico de

fornecer aos seus cidadãos informações precisas, confiáveis, relevantes e fáceis de entender

(AL Athmay, Fantazy & Kumar, 2016). Esses três fatores, ou seja, Qualidade da Informação,

Qualidade do Sistema e Qualidade do Serviço, impactam simultaneamente no uso e na

satisfação dos usuários (Chatterjee, Kar & Gupta, 2018).

4.2.4 Satisfação do Uso ou Satisfação do Usuário

AL Athmay, Fantazy e Kumar (2016) adotam a seguinte definição para a satisfação do

usuário: os níveis de experiencia e realização que os cidadãos ganham com o uso de serviços

e-Government em termos de conteúdo, velocidade, qualidade e segurança. Como já

comentado anteriormente, esse construto faz parte do modelo DeLone & McLean (2003).

4.2.5 Outras Variáveis

Naranjo-Zolotov, Oliveira e Casteleyn (2018) estavam interessados em conhecer a

intenção de um cidadão recomendar os serviços dos Governos Eletrônicos, e por isso, essa foi

uma de suas variáveis dependentes. Olatubosun e Rao (2012) foi outro trabalho que utilizou

variáveis bastante distintas do modelo original da UTAUT. Além disso os autores não

buscaram encontrar efeitos de causa e efeito, mas sim, relações existentes entre diferentes

construtos, como por exemplo, entre a idade/gênero e expectativa de esforço, expectativa de

performance e influência social, etc. Hoefgnael, Oerlemans e Goedee (2012) encontraram que

os preditores afetivos, como a ansiedade e algumas influências sociais, são mais importantes

do que os preditores cognitivos na predição da intenção de usar tecnologias virtuais. Outra

variável distinta dos modelos originais foi trabalhada por Venkatesh et al. (2011), em que

procuraram conhecer a intenção dos indivíduos de continuar utilizando determinada

tecnologia. Particularmente isso é interessante nos casos onde a tecnologia já está

implementada, mas ainda assim quer se conhecer as intenções dos envolvidos em continuar

usufruindo aquela tecnologia.

4.3.6 Variáveis Moderadoras

Quanto as variáveis moderadoras, percebe-se que de fato, assim como já se tem

evidenciado em outras revisões da UTAUT (Venkatesh et al., 2012), elas têm sido

praticamente ignoradas pela literatura (veja algumas exceções em Gupta et al. (2008) e

Decman (2015)). A princípio isso poderia distorcer o modelo original da UTAUT e dificultar

a comparação precisa dos resultados, porém, conforme os próprios autores da teoria

comentam, essa teoria ainda está em formação e novas perspectivas são incentivadas.

Outra diferenciação encontrada em alguns trabalhos é a utilização de algumas variáveis

moderadoras como variáveis de controle, a exemplo de Hoefgnael, Oerlemans & Goedee

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(2012) (gênero, idade, ter previamente utilizado a tecnologia), e de Naranjo-Zolotov et al.

(2018) (idade, gênero e escolaridade).

4.4 GAPS ENCONTRADO NA LITERATURA SOBRE E-GOVERNMENT E UTAUT

Um dos gaps mais importantes evidenciados foi de que a literatura contábil

praticamente não tem explorado a UTAUT dentro dos governos, ainda que a profissão seja

responsável pela organização de diversas informações que são disponibilizadas

eletronicamente, como contratos, licitações, convênios, e inúmeras informações contábeis e

financeiras. A disponibilização eletrônica de informações financeiras e contábeis é uma

tecnologia, e como tal, pode ser estudada pela UTAUT. Os trabalhos mais próximos

encontrados nessa linha procuraram entender a intenção de cidadãos utilizarem tecnologias de

preenchimento eletrônico de impostos, a exemplo de como Djilk et al. (2008) e Andriani,

Napitupulu & Haryaningsih (2017). Além desses, o trabalho de Naranjo-Zolotov et al. (2018)

analisou a intenção dos cidadãos em utilizar uma ferramenta (e-Participação) relacionada com

um orçamento participativo.

O assunto sob o enfoque contábil é pouco explorado tanto do ponto de vista do cidadão,

como do ponto de vista dos servidores públicos. De fato, a aceitação das tecnologias pelos

empregados (G2G ou G2E) sob a lente da UTAUT é de maneira geral pouco explorada,

independente da tecnologia analisada. Apesar disso, é de se esperar que existam fatores

específicos que afetam os funcionários públicos de utilizarem as tecnologias que estão ao seu

dispor.

A pesquisa de Dečman (2015) é uma das poucas exceções que analisa a intenção de uso

de SIs sobre o ponto de vista do funcionário. Embora estudos como o de Rana, Dwivedi &

Williams (2013b), afirmam que a adoção do governo eletrônico pelos cidadãos é crucial, uma

vez que os cidadãos são os mais beneficiados com essas tecnologias, funcionários e

organizações são igualmente importantes (Decman, 2015), e consequentemente estudos

precisam explorar melhor esse assunto, ao menos sob a lente teórica da UTAUT.

Além disso, é possível perceber que diversos artigos utilizaram frameworks que diferem

do modelo original da UTAUT. Ainda que isso seja interessante do ponto de vista teórico,

perde-se o potencial de uma maior validação dessa teoria que ainda é recente e em construção.

Dessa forma, sugere-se que o modelo original da UTAUT ou até mesmo o modelo atualizado

(UTAUT 2) seja mantido em futuras pesquisas, para que a comparabilidade de resultados não

seja prejudicada.

Outro aspecto que fica evidente na literatura é a baixa frequência de estudos qualitativos

que utilizaram a UTAUT para compreender a aceitação do e-Government. Isso pode ser

justificado pela teorização positivista apresentada pelo trabalho seminal de Venkatesh et al.

(2003), que é totalmente quantitativo. Porém, nada impede que a teoria seja analisada de um

ponto de vista qualitativo, pois isso tende a ajudar na explicação de alguns porquês que

estudos quantitativos muitas vezes não conseguem responder. Na construção dessa revisão

sistemática, também ficou evidenciado a ausência completa de estudos em língua inglesa que

exploraram a aceitação dos serviços e-Government sob a lente da UTAUT no Brasil.

Por fim, surgem desse contexto distintos questionamentos que podem ser respondidos

em pesquisas futuras. Quais construtos da UTAUT interferem na intenção de uso de

tecnologias na área contábil dentro dos órgãos públicos? Quais construtos da UTAUT

interferem na intenção de uso de tecnologias que permitem um maior controle social por parte

do cidadão? Apesar de existirem exemplos na literatura, como o trabalho de Naranjo-Zolotov

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et al. (2018), tais estudos, embora relacionados com a contabilidade, são raros e precisam ser

mais bem explorados por futuras pesquisas.

5. CONCLUSÃO

Ao conduzir esta revisão sistemática da literatura, foi possível evidenciar que o modelo

original da UTAUT, proposto em 2003 por Venkatesh et al. (2003) foi lente para diversos

estudos na área governamental, especialmente sobre Governos Eletrônicos. Entretanto, como

foi constatado, poucos estudos foram integralmente fieis aquele modelo original. Outras

variáveis como a confiança, a qualidade da informação, qualidade do sistema, satisfação do

uso ou do usuário foram exploradas como possíveis antecedentes da intenção comportamental

dos indivíduos de utilizarem as tecnologias relacionadas com e-Government.

Embora a exploração da teoria sobre novas perspectivas tenha benefícios, como o

possível incremento teórico, ela também possui riscos, como a possível perda de validação e

comparabilidade dos resultados. Por isso, é importante que pesquisadores avaliem

criteriosamente a necessidade de se incluir ou não alguma variável diferente do construto

original da UTAUT. Essa avaliação deve levar em conta a tecnologia analisada, a população

estudada, etc.

O estudo revela que o uso das TICs sob o ponto de vista dos funcionários carece de um

maior aprofundamento, pois poucos estudos foram realizados com a lente da UTAUT. Além

disso, constatou-se a ausência de estudos sobre a utilização de tecnologias no setor público

que ajudem a melhorar a informação contábil. Ainda assim, existem tecnologias que já são

utilizadas no setor público, como Business Inteligence ou o XBRL e que podem ser

exploradas sob a lente da UTAUT.

Além dos gaps encontrados que podem auxiliar os pesquisadores das mais distintas

áreas, espera-se que esta pesquisa incentive pesquisadores da área contábil a utilizarem a

UTAUT como lente teórica para compreender a aceitação das tecnologias utilizadas entro do

setor público. Ao demonstrar as diversas variáveis exploradas pela literatura, este trabalho

pode servir como um ponto de partida para futuras pesquisas empíricas.

O estudo limitou-se a analisar artigos em inglês. Por isso, artigos em português já

podem ter analisado a intenção de uso dos serviços e-Governments com a lente da UTAUT,

mas por conta dessa limitação ficaram fora da presente pesquisa. Além disso, o estudo

limitou-se a analisar as pesquisas que tiveram a UTAUT como base teórica, deixando de fora

importantes modelos de aceitação de tecnologias como a TAM.

Sugere-se que um próximo levantamento bibliográfico seja realizado sem a limitação da

UTAUT, pois modelos próximos a ela, como é o caso da TAM, são comumente utilizados na

aceitação dos Governos Eletrônicos. Dessa forma, algumas das pesquisas visualizadas ao

longo da pesquisa, deixaram de ser analisadas, pois não utilizaram explicitamente a UTAUT,

embora tenham utilizados construtos parecidos. Outra sugestão para futuras pesquisas é

explorar melhor como as pesquisas estão integrando os diferentes modelos de adoção de

tecnologias, pois ao longo desta revisão, foram evidenciados diversos trabalhos que

procuraram integrar um ou mais desses modelos.

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