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Revisão de literatura sobre a aplicação da Teoria Unificada de Aceitação e Uso de
Tecnologias em Governos Eletrônicos
Marcelo Machado de Freitas
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Fabricia Silva da Rosa
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Resumo
Esta pesquisa teve por objetivo realizar uma revisão sistemática da aceitação dos Governos
Eletrônicos sob a lente da Teoria Unificada de Aceitação e Uso de Tecnologias em Governos
Eletrônicos (UTAUT). Dos 1529 artigos encontrados nas bases Web of Science, Scopus,
Science Direct e Emerald sobre a UTAUT, foram selecionados para leitura os 41 artigos mais
citados que versavam sobre o tema. Constatou-se a ausência de estudos que analisaram o tema
em língua inglesa no Brasil, a baixa quantidade de estudos que analisaram o tema sob o ponto
de vista dos funcionários públicos e a inexistência de artigos que avaliaram a aceitação de
tecnologias diretamente relacionadas com a contabilidade. Observou-se também que são raros
os estudos que foram integralmente fieis ao modelo original da UTAUT. As diversas
variáveis utilizadas pelos 41 artigos são apresentadas nesta pesquisa. Construtos como
confiança, qualidade da informação, qualidade do serviço e qualidade do sistema foram
muitas vezes integrados ao modelo da UTAUT para prever a intenção comportamental dos
indivíduos. Entretanto, embora a exploração da teoria sobre novas perspectivas tenha
benefícios, como o possível incremento teórico, ela também possui riscos, como a possível
perda de validação e comparabilidade dos resultados. Dessa forma, é fundamental que
pesquisadores avaliem criteriosamente a necessidade de se incluir ou não alguma variável
diferente do construto original da UTAUT, levando em consideração as tecnologias
analisadas, bem como a população estudada. Ao apontar os diversos gaps de pesquisa, este
trabalho permite auxiliar pesquisadores da área contábil a explorarem a UTAUT na aceitação
das diversas tecnologias que dão suporte ao processo contábil dentro das organizações
públicas e na aceitação das tecnologias que auxiliam o controle público.
Palavras-chave: UTAUT, Governos Eletrônicos, Aceitação de Tecnologias
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1. INTRODUÇÃO
Tecnologias da Comunicação e da Informação (TIC) têm revolucionado a maneira
com que a informação é gerada, utilizada e acessada. Exemplos como a Inteligência Artificial
(Casares, 2018), a Internet das Coisas (Lu, Papagiannidis & Alamanos, 2018), o XBRL
(Chen, 2012) ou o Blockachain (Dai & Vasarhelyi, 2017) podem impactar diretamente a
maneira como a contabilidade é operacionalizada e até mesmo como a informação contábil é
utilizada, tanto na área privada, como na área pública (Kozlowski, Issa & Appelbaum, 2018).
Nas últimas décadas, as TICs também afetaram a gestão pública em todo o mundo
(Decman, 2015), e ao uso e a implementação dessas tecnologias pela administração pública se
deu o nome de e-Government ou Governos Eletrônicos (Gupta, Singh & Bhaskar, 2016,
Lubis, 2018, Witarsyah et al., 2017). Essas inovações permitiram a aproximação dos cidadãos
com a administração pública e a oferta de seus diversos serviços via internet, como
recolhimento de impostos (Fakhoury & Aubert, 2015, Chaouali et al., 2016, Andriani,
Napitupulu & Haryaningsih, 2017), prestação de serviços de trânsito (Weerakkody et al.,
2013), disponibilizações interativas de informações financeiras e contábeis (Zuiderwijk,
Janssen & Dwivedi, 2015), serviços de participação popular no processo orçamentário
(Naranjo-Zolotov, Oliveira & Castelelyn, 2018), entre outros. As TICS não somente
tornaram os processos governamentais mais transparentes, eficientes e eficazes (Saxena &
Janssen, 2017), mas também serviram como um elemento estratégico, político e
organizacional (Decman, 2015).
Entretanto, o uso dessas tecnologias é recente e por isso é oportuno que estudos sobre
a aceitação dessas ferramentas sejam realizados. Um importante modelo teórico que se propõe
a estudar o tema é a Unified Theory of Acceptance and use of Technology ou Teoria
Unificada de Aceitação e o Uso de Tecnologias (UTAUT), proposta por Venkatesh et al.
(2003). Essa teoria unificou uma série de modelos que se propunham, direta ou indiretamente,
a entender o comportamento humano frente a aceitação de tecnologias. Em sua consecução, a
UTAUT foi capaz de superar os outros oito modelos que até então eram utilizados
concorrentemente na área de Sistemas da Informação (SI) e de Tecnologias da Informação
(TI). Por sua relevância no tema, a UTAUT também tem sido utilizada para explicar o
comportamento dos indivíduos sobre a aceitação dos diversos serviços e-Government.
Infelizmente, Arnold (2018) destaca que as pesquisas na área da contabilidade vêm em grande
escala ignorando o impacto das tecnologias nas pesquisas comportamentais. Com isso, torna-
se importante compreender como encontra-se o estado da arte sobre o assunto, já que desde a
sua criação no ano de 2003, a UTAUT tem-se tornado a teoria recente mais difundida e
disponível na literatura de TIs até o momento (Dwivedi et al., 2017) e tem sido bastante
utilizada na área pública, principalmente em pesquisas que abordam assuntos relacionados a
aceitação dos Governos Eletrônicos (Williams, Rana & Dwivedi, 2015).
Apesar de existirem outros estudos que revisaram a UTAUT (Williams et al., 2015) ou
a aceitação de tecnologias específicas, como os serviços em nuvem (Amron, Ibrahim,
Chuprat, 2017), aprendizado online (Panigrahi, Srivastava, Sharma, 2018), mobile banking
(Hanafizadeh & Keating, 2014), ao que se constatou, nenhuma delas preocupou-se
exclusivamente em revisar como a UTAUT tem sido aplicada para explicar a aceitação dos
Governos Eletrônicos. Tampouco o tema tem sido explorado sob o olhar da contabilidade. Os
trabalhos mais próximos encontrados nesse sentido são o de Gutpa et al. (2016), que realizou
uma revisão sistemática de diferentes modelos que foram usados para estudar a adoção de
Governos Eletrônicos pelos cidadãos, o trabalho de Arduini e Zanfei (2014), que realizaram
uma meta análise da literatura sobre Serviços Públicos Eletrônicos e o trabalho de Lubis e
Sutrisno (2016), que realizaram uma revisão do uso das TIC em governos burocráticos.
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Entretanto, nenhum dos três artigos citados se aprofundaram em conhecer como a UTAUT
tem sido utilizada para explicar a adoção dos serviços e-Government. Com isso evidenciado,
esta pesquisa se propõe a preencher esse gap e com isso realizar uma revisão sistemática
sobre a aceitação dos Governos Eletrônicos sob a lente da UTAUT.
O estudo torna-se particularmente importante em um cenário onde a próxima onda de
tecnologias automatizadas tende a ter um impacto ainda maior em auditores, usuário da
informação, contadores gerenciais etc (Arnold, 2018). Além disso, os estudos que alinham
tecnologias e a área pública são escassos (Issa, 2018). O primeiro passo para potencializar
esse campo de pesquisa é é entender em que estado se encontram as pesquisas que analisaram
o comportamento dos profissionais e dos usuários frente a aceitação das tecnologias
relacionadas com os Governos Eletrônicos sob a lente da uma importante teoria de aceitação,
que é a UTAUT.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A TEORIA UNIFICADA DE ACEITAÇÃO E USO DE TECNOLOGIAS (UTAUT)
Diversos fatores comportamentais têm sido estudados para entender o comportamento
dos indivíduos. Uma teoria utilizada para entender esse fenômeno é a Theory of Planned
Behavior (TPB) ou a Teoria do Comportamento Planejado, apresentada por Azjen (1991),
cujo propósito é identificar os antecedentes da intenção de determinado comportamento de
um indivíduo, como por exemplo a intenção de usar a internet Dijk, Peters & Ebbers (2008).
Entretanto, foi com o trabalho de Davis (1989) que a preocupação de entender a intenção
específica do uso e aceitação de tecnologias tornou-se a atenção de diversos estudos na área
de Tecnologias da Informação (Venkatesh et al., 2003). Mais de uma década depois, a
UTAUT foi apresentada por Venkatesh et al. (2003) como um avanço nos estudos da área,
pois unificou uma série de modelos e teorias concorrentes que versavam sobre temas afins.
Ao longo do tempo a UTAUT ganhou popularidade e hoje existem diversos estudos que já
transcendem a área das tecnologias da informação (Turnip et al., 2018.)
A UTAUT é o resultado de uma síntese de oito diferentes teorias de aceitação, difusão e
uso da tecnologia: (i) a Teoria da Ação Racional (TRA) (Fishbein & Ajzen, 1975); (ii) o
Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM) (Davis, 1989); (iii) o Modelo Motivacional (MM)
(Davis, Bagozzi, & Warshaw, 1992); (iv) a Teoria do Comportamento Planejado (TPB)
(Ajzen, 1991); (v) a Teoria Combinada do Modelo de Aceitação de Tecnologias /
Comportamento Planejado (C-TPB-TAM) (Taylor & Todd, 1995); (vi) o Modelo de
Utilização de Computadores Pessoais (MPCU) (Thompson, Higgins, & Howell, 1991); (vii) a
Difusão da Teoria da Inovação (DOI) (Rogers, 1995); e (viii) a Teoria Social Cognitiva (SCT)
Compeau & Higgins, 1995).
O modelo teórico original da UTAUT apresentou três construtos antecedentes à
intenção comportamental (expectativa de performance, expectativa de esforço e influências
sociais) e dois antecedentes do comportamento, que são a intenção comportamental e as
condições facilitadoras. O modelo também teorizou a moderação das relações por diferentes
características pessoais. De acordo com Venkatesh et al. (2003), a expectativa de performance
é o grau em que um indivíduo acredita que usar o sistema irá ajudá-lo a obter ganhos no
desempenho do trabalho. Expectativa de esforço é o grau de facilidade associado ao uso do
sistema. Influência social é o grau em que um indivíduo percebe que pares importantes
acreditam que ele deve usar o novo sistema. Condições facilitadoras refere-se ao grau em que
um indivíduo acredita que existe uma infraestrutura organizacional e técnica para apoiar o uso
do sistema. Intenção comportamental é a disposição dos indivíduos em usar o sistema e é
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medida por meio de uma escala de 3 itens adaptada do modelo de TAM de Davis (1989). Por
fim, como sugerido por Davis (1989), o construto de comportamento de uso é frequentemente
operacionalizado por um auto relato dos participantes sobre seu grau de uso atual do sistema.
Conforme expõem Dwivedi et. al (2017), embora o modelo original da UTAUT tenha
explicado uma considerável variação na intenção comportamental e no comportamento de
uso, o modelo teorizou algumas relações que podem não ser aplicáveis a todos os contextos,
omitiu algumas relações que podem ser potencialmente importantes e também excluiu alguns
construtos que podem ser cruciais para explicar a aceitação e uso de SI / TI. Argumenta-se
que os moderadores especificados no modelo original da UTAUT podem não ser aplicáveis
em todos os contextos, o caminho de condições facilitadoras à intenção comportamental
ausente no modelo original deveria ser incluído e características individuais como atitude, não
teorizada no modelo original da UTAUT, deveria ser introduzido. Venkatesh et al. (2012) já
havia observado que a maioria dos estudos utilizam apenas uma parte do modelo original e
que as variáveis moderadoras eram geralmente omitidas.
Nesse sentido, é importante conhecer se as pesquisas que utilizam a UTAUT para
entender a aceitação dos serviços de Governos Eletrônicos têm preferido o modelo original,
ou tem estudado o tema com diferentes construtos (Rana, Dwivedi, Williams & 2013a).
2.2 E-GOVERNMENT
E-government ou Governos Eletrônicos, pode ser definido como o uso de TICs para
melhorar a eficiência, a eficácia, a transparência e a prestação de contas (Bannister &
Connolly, 2015) das trocas informacionais e transacionais entre governos, cidadãos, empresas
e agências governamentais nos níveis federal, estadual e municipal, e também capacitar os
cidadãos através do acesso e uso da informação (AlAwadhi & Morris (2009). Um dos
principais objetivos de qualquer iniciativa de governo eletrônico é o potencial de redução da
corrupção (Fakhoury & Aubert, 2015).
De acordo com uma pesquisa feita pelas Nações Unidas, ainda que a maioria dos
países tenham sites governamentais, uma parcela deles ainda não fornecem serviços
transacionais, como submissão de formulários on-line (Taheri & Mirghiasi, 2016; United
Nations, 2010). Além disso, conforme destacam Taheri & Mirghiasi (2016), é comum que a
implementação dos projetos de e-Government não sejam bem-sucedidos e fracassem em
algum momento ao longo de sua execução.
Ao realizar uma revisão da literatura, Alryalat, Dwivedi & Williams (2012) revelaram
que o Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM), a Teoria da Difusão da Inovação (DOI), a
Teoria do Comportamento Planejado (TPB) e a UTAUT foram alguns dos modelos mais
utilizados para analisar aceitação do e-government. Isso ajuda a entender a importância de se
analisar especificamente como a UTAUT tem sido utilizada nesse cenário.
É interessante ressaltar que as TICs podem ser utilizadas para facilitar a comunicação
em inúmeras direções: a) (Governo para o Cidadão) (G2C), b) (Cidadão para o Governo)
(C2G), c) (Governo para os Negócios) (G2B), d) (Negócios para o Governo) (B2G) , e)
(Governo para o Governo) (G2G), f) (Governo para Organizações sem Fins Lucrativos)
(G2N), g) (Organizações sem Fins Lucrativos para Governo) (N2G), h) (Governo para
Empregado) (G2E) (ver Fang, 2002, Amagoh, 2016 e Witarsyah et al., 2017). Um importante
questionamento a ser realizado é como a literatura tem explorado a aceitação dos Governos
Eletrônicos nas diferentes relações existentes.
Apesar do Brasil estar bem colocado no Índice de Desenvolvimento dos Governos
Eletrônicos (EDGI), que leva em consideração três dimensões (índice de serviço online,
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índice de infraestrutura e índice de capital humano), a aceitação dos serviços ofertados por
essas tecnologias precisam ser melhor explorados. O Brasil encontra-se na 44ª, o que o coloca
dentro do grupo com alto desenvolvimento dessa área (United Nations, 2018).
Ainda de acordo com a United Nations (2018), alguns dos objetivos do
desenvolvimento do e-Government no País são (1) endossar a colaboração no ciclo de
políticas públicas; (2) amplificar e impulsionar a participação social na criação e melhoria de
serviços públicos digitais; e (3) melhorar a interação direta entre o governo e a sociedade. A
política brasileira de dados abertos, instituída pelo Decreto nº 8.777 / 2016, tem como
objetivos fundamentais: a promoção da transparência e da participação social, o
desenvolvimento de novos e melhores serviços governamentais, o aumento da integridade
pública e a promoção do empreendedorismo.
Isso abre oportunidades para que estudos na área da contabilidade sejam
desenvolvidos, já que boa parte dessas inovações e resoluções do governo são recentes e ainda
carentes de pesquisas que procurem entender a aceitação dessas tecnologias no Brasil. No
levantamento feito na presente pesquisa, por exemplo, não foi encontrado nenhum artigo
científico publicado em língua inglesa sobre o tema no País.
3. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
Uma revisão sistêmica foi realizada para visualizar como a UTAUT tem sido aplicada
para entender a aceitação dos Governos Eletrônicos. O levantamento bibliográfico foi
realizado nas bases de dados Web of Science, Scopus, Science Direct e Emerald. Nenhum
filtro foi utilizado para o lapso temporal ou para as diferentes áreas. Foram utilizadas
unicamente “UTAUT” ou “Unified Theory of Acceptance and use of Technology” como
palavras chave, que deveriam constar no título, resumo ou palavras chave dos artigos. Além
disso, foram selecionados somente artigos acadêmicos e artigos no prelo.
As informações dos artigos foram então exportadas em arquivos Bibtex e
posteriormente importados no software Mendeley, onde ocorreu a exclusão dos artigos
repetidos. No total, foram encontrados 2104 artigos, que após o processo de exclusão dos
repetidos, ficaram em 1529 artigos. Na primeira rodada de leitura dos títulos, chegou-se ao
número de 402 estudos. Na segunda rodada, que incluiu a leitura dos resumos desses
trabalhos, chegou-se ao número de 94 pesquisas. Após isso, os 70 estudos mais citados foram
analisados integralmente por meio de uma leitura dinâmica. O portfólio bibliográfico (PB)
final, que inclui somente os artigos que utilizavam a UTAUT, ou adaptações da mesma, e que
estavam disponíveis para leitura sobre a aceitação dos serviços e-Government foi composto
de 41 artigos, que foram lidos na integra.
A Tabela 1 apresenta informações sobre as bases, métricas utilizadas e a quantidade de
artigos encontrados em cada uma delas. A extração das informações dos artigos ocorreu no
dia 29/10/2018. Tabela 1 – Artigos nas Bases de Dados
Base Situação Detalhes
Scopus 678 artigos encontrados (article e article in
press, reviews, notes)
Sem limitação de área, somente em título, resumo e
palavras-chaves
Web of
Science
467 artigos (article, review, editorial
material)
Pesquisa feita em Topic (Título, resumo, palavras-
chaves e key words plus)
Science
Direct
840 artigos (Review articles, research
articles, data articles, discussion, editorials)
Título, resumo, palavras-chaves
Emerald 95 artigos(Research paper) Título, resumo, palavras-chaves
Fonte: dados da pesquisa.
Como procedimento bibliométrico foram analisados o período, o número de citações,
os periódicos, a abordagem metodológica e outros aspectos técnicos sobre os artigos. Para
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identificar as metodologias de pesquisa, utilizou-se a classificação de Birnberg et al. (1990),
que as divide em analítica, arquivo/documental, campo, caso, experimental, framework,
levantamento e revisão.
Além disso, os artigos foram lidos na íntegra a fim de buscar informações úteis para a
presente revisão sistemática, como por exemplo, as principais variáveis e relações analisadas
pela literatura. Os dados foram tabulados em planilhas eletrônicas Microsoft Office Excel.
Com base nas prerrogativas acima apresentadas, a seguir apresenta-se a análise bibliométrica
(características gerais) e sistêmica (análise das variáveis e relações utilizadas pela literatura,
tendo como base o modelo original da UTAUT, de Venkatesh et al., 2003)) dos artigos que
compõem o PB desta pesquisa.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 CARACTERÍSTICAS DO PORTFÓLIO BIBLIOGRÁFICO
A análise das características gerais dos artigos está baseada nos seguintes critérios: (a)
quantidade de publicações em cada ano, (b) os artigos mais citados, (c) as revistas que
publicaram trabalhos sobre o tema, (d) as metodologias mais utilizadas, (e) aspectos técnicos
sobre os artigos. Inicialmente constata-se que as publicações sobre Governos Eletrônicos que
tiveram como lente a UTAUT tiveram um aumento a partir do ano de 2013. O maior número
de artigos acerca da temática encontra-se publicada nos anos de 2015 a 2017, com 9
publicações no ano de 2016. Esses resultados apontam para uma maior conscientização sobre
a importância do tema em anos recentes. Importante destacar, todavia, que o trabalho original
da UTAUT foi publicado somente em 2003, o que pode explicar o baixo número de
publicações sobre o tema na década passada.
Considerando que a quantidade de citações reflete a relevância científica de um artigo,
utilizou-se a ferramenta Google Scholar no final de dezembro 2018 para a coleta do número
de citações. Utilizou-se o Google Scholar como referência pois é o único que permite a
comparação dos diferentes artigos do PB, já que estes estão indexados em diferentes bases. É
importante destacar que a metodologia de contagem de citações do Google Scholar inclui
documentos publicados na internet de diversas fontes. Os trabalhos com mais de 100 citações
do PB podem ser observados na Tabela 2. Tabela 2 - Os 7 artigos do PB com mais de 100 citações
Citações Revista Título Autores Ano
503
Journal of Strategic
Information Systems Adoption of ICT in a government organization
in a developing country: An empirical study
Gupta,
Dasgupta &
Gupta 2008
350
Information Systems
Journal
Extending the two-stage information systems
continuance model: incorporating UTAUT
predictors and the role of context
Venkatesh et
al. 2011
255
Journal of the
Association for
Information Systems
Modeling Citizen Satisfaction with Mandatory
Adoption of an E-Government Technology Chan et al. 2010
232
Government
Information
Quarterly
Explaining the acceptance and use of
government Internet services: A multivariate
analysis of 2006 survey data in the Netherlands Dijk et al. 2008
193 Journal of Software
Factors influencing the adoption of e-
government services
AlAwadhi &
Morris 2009
125
International Journal
of Information
Management
Examining the influence of intermediaries in
facilitating e-government adoption: An
empirical investigation
Weerakkody
et al. 2013
100
Government
Information
Quarterly
Acceptance and use predictors of open data
technologies: Drawing upon the unified theory
of acceptance and use of technology
Zuiderwijk,
Janssen, &
Dwivedi 2015
Fonte: dados da pesquisa.
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Com o maior número de citações, destaca-se o trabalhode Gupta et al. (2008). Esse
estudo foi realizado na Índia e foi um dos pioneiros em buscar entender a aceitação de
tecnologias (internet) relacionadas com os Governos Eletrônicos. Um ponto interessante a se
destacar desse trabalho é que os questionários foram aplicados aos empregados públicos, e
não com cidadãos, o que faz com que esse artigo seja uma das poucas exceções, pois a grande
maioria dos estudos analisou a temática sob o ponto de vista do cidadão. Além disso, outro
ponto importante é que os autores se mantiveram ao modelo original da UTAUT, algo
igualmente raro nas pesquisas da área.
A segunda e a terceira pesquisa mais citadas tem como autor Venkatesh, um dos autores
do artigo seminal da UTAUT (Venkatesh et al. 2003). Apesar do trabalho de Venkatesh et al.
(2011) ter utilizado a UTAUT como lente para entender a aceitação do cidadão frente as
tecnologias dos Governos Eletrônicos, a teoria foi incorporada ao Modelo de Continuação de
Sistemas de Informação de Dois Estágios (Two-stage Information Systems Continuance
Model) para compreender a intenção do cidadão em continuar utilizando determinada
tecnologia. Dentre as inúmeras novidades que a pesquisa traz, destaca-se a utilização do
construto de confiança como um importante preditor do comportamento humano.
Quanto ao meio de comunicação mais utilizado, destaca-se o periódico "Government
Information Quarterly" com 5 artigos publicados sobre a temática. Essa revista é bastante
conceituada na área governamental e costuma publicar artigos de grande impacto na
comunidade acadêmica. Vale ressaltar que dos 7 artigos mais citados, dois foram publicados
nesse periódico. No ano de 2019, essa revista encontra-se no estrato Qualis A1. Em seguida,
destacam-se os periódicos " International Journal of Electronic Governance ", " International
Journal of Information Management " e " Journal of Theoretical and Applied Information
Technology ", todos com 3 artigos publicados. Percebe-se que a publicação de pesquisas
científicas que usaram a UTAUT como lente para entender a aceitação dos Governos
Eletrônicos encontra-se dispersa no que diz respeito aos periódicos, pois, das 29 revistas do
PB, 23 possuem apenas uma publicação.
Com relação às abordagens metodológicas utilizadas pelos estudos, a quantidade de
levantamentos predomina na área. Isso pode ser explicado pois a UTAUT, conforme o
trabalho seminal de Venkatesh et al. (2003) é de característica positivista e se utiliza de
questionários para sua consecução. Entretanto, é interessante notar que poucos estudos se
propuseram a analisar o tema por meio de estudos qualitativos, ainda que estes podem ter
bastante validade para explicar os porquês de algumas relações encontradas. As exceções são
os trabalhos de AlAwadhi e Morris (2009), Olasina (2014), Olasina e Mutula (2015),
Mosweu, Bwalya e Mutshewa (2016) e Sharma e Mishra (2017). O primeiro estudo utilizou
diversos grupos focais para qualitativamente explorar os fatores de adoção de serviços e-
Government no Kuwait. O segundo e o terceiro focaram em entender a adoção do e-
Parlamento na Nigéria (tecnologias que permitem a participação popular no
parlamento/congresso). O quarto estudo utilizou cinco entrevistas para complementar os
resultados dos questionários aplicados. A tecnologia analisada nesse último estudo foi o
Sistema de Gerenciamento de Fluxo de Documentos. Este estudo também se enquadra dentro
dos poucos estudos que analisaram o tema sob o ponto de vista dos servidores públicos. Já o
último trabalho utilizou um estudo exploratório com entrevistas para identificar possíveis
fatores de adoção de tecnologias. Em um segundo momento esse estudo aplicou o
questionário com base no conhecimento prévio adquirido no estudo exploratório.
Dos 41 artigos que constituíram o PB, 28 analisaram a aceitação dos serviços e-
Government sob o olhar do cidadão, ou seja, a intenção de um cidadão usar ou não
determinado serviço relacionado com Governos Eletrônicos. Somente 9 estudos (Gupta et al.,
2008, Hu et al., 2011, Olatubosun & Rao, 2012, Olasina, 2014, Mardiana, Tjakraatmadja &
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Aprianingsih, 2015, Olasina & Mutula, 2015, Decman, 2015, Mosweu, Bwalya & Mutshewa,
2016, Ibrahim & Zakaria, 2016) analisaram sob o ponto de vista do funcionário público - ou
dos congressistas, como no caso dos estudos de Olasina (2014) e Olasina e Mutula (2015). O
restante dos artigos não explicitou a população estudada, visto que eram artigos puramente
teóricos.
Nesse sentido, Ibrahim e Zakaria (2016) discorrem que a percepção dos funcionários em
relação a uma nova tecnologia na organização difere da dos cidadãos ou empresários. Isso
ocorre porque os funcionários precisam receber atenção especial na forma de programas de
treinamento e suporte da equipe de TI. A conscientização dos trabalhadores também deve ser
assegurada em relação às vantagens dos serviços. Em face da carência desses estudos,
conforme demonstrado pela presente revisão sistemática, futuras pesquisas deveriam dar
maior atenção à aceitação dessas tecnologias na visão dos funcionários públicos.
Além disso, é possível perceber que a literatura sobre o tema tem se desenvolvido
predominantemente nos países em desenvolvimento: Arábia Saudita (Weerakkody et al.,
2013, Alghamdi & Beloff, 2016, Almarashdeh & Alsmadi, 2017; Botsuana, Mosweu, Bwalya
& Mutshewa, 2016); Emirados Árabes Unidos (Rodrigues, Sarabdeen & Balasubramanian,
2016, AL Athmay, Fantazy & Kumar, 2016, Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane, 2018);
Esolvenia (Decman, 2015); EUA (Lee & Rao 2009, Hu et al., 2011); Grécia (Voutinioti,
2013); Holanda (Dijk et al., 2008, Hoefnagel, Oerlemans & Goedee, 2012); Hong Kong
(Chan et al., 2010, Venkatesh et al., 2011); Índia (Gupta et al., 2008, Rana et al., 2016,
Dwivedi et al., 2017, Saxena & Marjin, 2017, Sharma & Mishra, 2017, Chatterjee, Kar &
Gupta, 2018); Indonésia (Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih, 2015, Susanto & Aljoza,
2015, Witarsyah et al., 2017, Andriani, Napitupulu & Haryaningsih, 2017); Iraque (Faaeq,
Alqasa & Al-Matari, 2014, Ibrahim & Zakaria, 2016); Jordânia (Alryalat et al., 2012,
Alryalat et al., 2013); Kuwait (AlAwadhi & Morris, 2009); Líbano (Fakhoury & Aubert,
2015); Nigéria (Olatubosun & Rao, 2012, Olasina, 2014, Olasina & Mutula, 2015, Amagoh,
2016); Paquistão (Ahmad, Markkula & Oivo, 2013); Portugal (Naranjo-Zolotov et al.,
2018); Tunísia (Chaouali et al., 2016).
Se por um lado isso garante uma boa comparação dos resultados encontrados e abre
possibilidades para estudos serem realizados no Brasil, por outro, inibe a compreensão de
como essas pesquisas estão sendo organizadas em países desenvolvidos. Uma justificativa
para isso pode ser porque os países desenvolvidos enfrentam apenas questões limitadas na
adoção de serviços de governo eletrônico, enquanto países em desenvolvimento enfrentam
inúmeras problemas de adoção pelas diferentes partes interessadas (Ibrahim & Zakaria, 2016).
Outro ponto que merece destaque e serve de interesse para a comunidade acadêmica é a
disponibilização ou não de questionários nos artigos científicos. Nesse sentido, são
apresentados a seguir em ordem decrescente de citações os artigos que apresentaram
adequadamente os itens do questionário aplicado: Venkatesh et al. (2011), Chan et al. (2010),
Weerakkody et al. (2013), Zuiderwijk, Janssen & Dwivedi (2015), Dwivedi et al. (2017),
Rana et al. (2016), Lee & Rao (2009), Hu et al. (2011), Fakhoury & Aubert (2015), Saxena &
Marjin (2017), Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017),
Alryalat et al. (2013), Chaouali et al. (2016), Chatterjee, Kar & Gupta (2018), Sharma &
Mishra (2017), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Mansoori, Sarabdeen &
Tchantchane (2018) e Naranjo-Zolotov et al. (2018). Ressalta-se, todavia, que nem todos os
estudos utilizaram o modelo original da UTAUT e por isso diferentes variáveis podem ser
visualizadas nesses questionários.
Sobre a elaboração e aplicação desses questionários, alguns estudos se preocuparam em
realizar alguns procedimentos prévios antes da aplicação do instrumento de pesquisa.
Dwivedi et al. (2017), por exemplo, introduziram a tecnologia (Sistema de Registro
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Permanente de Cartão de Número de Conta - Online Permanent Account Number card
registration system) para alguns respondentes que estavam ingressando no mercado do
trabalho e que ainda não haviam tido contato com ela, deixando-os interagir com a tecnologia
por alguns dias antes da aplicação do questionário. Isso porque, a UTAUT tem por propósito
principal conhecer a intenção de se utilizar determinada tecnologia e, portanto, é importante
que o respondente tenha algum conhecimento sobre tal tecnologia. Outras pesquisas, como a
de Naranjo-Zolotov et al. (2018) foram explícitas sobre a necessidade de se apresentar algum
contexto antes da aplicação do questionário. No caso dos autores, os participantes receberam
uma introdução explicativa do objetivo da pesquisa no início do questionário, incluindo a
apresentação do Orçamento Eletrônico Participativo como um exemplo de ferramenta de
Participação Eletrônica (e-Participation). Outro procedimento que foi visualizado em
algumas pesquisas foi a tradução do questionário para a língua local, e depois a tradução
novamente para o inglês como forma de validar a consistência linguística, a exemplo de
Voutinioti (2013).
4.2 VARIÁVEIS E RELAÇÕES UTILIZADAS PELA LITERATURA
4.2.1. Análise das variáveis e relações a partir do modelo original de Venkatesh et al (2013)
O modelo original de Venkatesh et al. (2003) apresenta três construtos antecedentes à
intenção comportamental e duas antecedentes do comportamento de uso. Nesse primeiro
momento, priorizou-se a identificação dos estudos que utilizaram alguma das relações
originais do modelo UTAUT, como pode ser observado na Figura 1. Figura 1 - Modelo Teórico original da UTAUT
Notas:
a: Dijk et al. (2008), Gupta et al. (2008), Alryalat et al. (2012), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012),
Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013), Voutinioti (2013), Weerakkody et al.
(2013), Decman (2015), Susanto & Aljoza (2015), Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Olasina &
Mutula (2015), Alghamdi & Beloff (2016), Amagoh (2016), Chaouali et al. (2016), Ibrahim & Zakaria (2016),
Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Sultana, Ahlan & Habibullah (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017),
Witarsyah et al. (2017), Andriani, Napitupulu & Haryaningsih (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori,
Sarabdeen & Tchantchane (2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018); b: Dijk et al. (2008), Gupta et al.(2008), Hu et
al. (2011), Alryalat et al. (2012), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013),
Voutinioti (2013), Weerakkody et al. (2013), Decman (2015), Susanto & Aljoza (2015), Alghamdi & Beloff
(2016)Amagoh (2016), Chaouali et al. (2016), Ibrahim & Zakaria (2016), Mosweu, Bwalya & Mutshewa
(2016), Sultana, Ahlan & Habibullah (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al. (2017), Andriani,
Napitupulu & Haryaningsih (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018),
Naranjo-Zolotov et al. (2018); c: Dijk et al. (2008), Gupta et al.(2008), Hu et al. (2011), Alryalat et al. (2012),
Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013), Alryalat et al. (2013), Voutinioti
(2013), Weerakkody et al. (2013), Decman (2015), Susanto & Aljoza (2015), Amagoh (2016), Chaouali et al.
(2016), Ibrahim & Zakaria (2016), Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Sultana, Ahlan & Habibullah (2016),
Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al. (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori, Sarabdeen &
a
b
c
d
e
10 www.congressousp.fipecafi.org
Tchantchane (2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018); d: Gupta et al.(2008), Alryalat et al. (2012), Ahmad,
Markkula & Oivo (2013), Voutinioti (2013), Weerakkody et al. (2013), Chaouali et al. (2016), Witarsyah et al.
(2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018); e: Dijk, Peters & Ebbers (2008), Gupta et al.(2008), Hu et
al. (2011), Alryalat et al. (2012), Ahmad, Markkula & Oivo (2013), Voutinioti (2013), Weerakkody et al.
(2013), Susanto & Aljoza (2015), Olasina & Mutula (2015), Alghamdi & Beloff (2016), Chaouali et al. (2016),
Ibrahim & Zakaria (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al. (2017), Andriani, Napitupulu &
Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar & Gupta (2018), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018). Ao menos
uma moderadora: Alryalat et al. (2012), Voutinioti (2013), Decman (2015), Mosweu, Bwalya & Mutshewa
(2016), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018).
Fonte: adaptado de Venkatesh et al. (2003). Como era de se esperar, as relações originais propostas pela UTAUT foram as mais
analisadas pela literatura. Entretanto, ainda que os estudos apresentados na Figura 1 tenham
utilizado ao menos parte das relações propostas pelo modelo original, é preciso destacar que
nem todos utilizaram todas as relações em um mesmo estudo. É possível observar também
que foram poucos estudos que utilizaram ao menos uma moderadora, conforme o modelo de
Venkatesh et al. (2003).
Ressalta-se que Expectativa de Performance e Expectativa de Esforço foram tratados
em alguns estudos como Utilidade Percebida e Facilidade de Uso Percebida (veja por
exemplo Susanto & Aljoza, 2015) que eram os termos utilizados por Davis (1989), na TAM.
O trabalho de Susanto & Aljoza (2015) considerou como Utilidade Percebida o conjunto de
completude de informação, redução de custos, economia de energia, economia de tempo e
informação útil. Já a Facilidade de Uso Percebida foi identificada como navegação fácil,
rápida resposta, boa interface, acessível de qualquer lugar, acessível a qualquer tempo. Por
suas construções similares e por questões de espaço, optou-se por tratar tais expressões como
sinônimas nesta pesquisa.
Na sequência, destacam-se aqueles estudos que utilizaram variáveis dependentes que
pertencem ao modelo original, mas que modificaram ou apresentaram novas relações entre
essas variáveis, conforme Tabela 3. Tabela 3 -Estudos com variáveis dependentes iguais e com relações diferentes ao modelo Venkatesh et al. (2003)
Relações entre variáveis Autores
Expectativa de Performance →
Comportamento
de Uso
Faaeq, Alqasa & Al-Matari (2014)
Expectativa de Esforço → Faaeq, Alqasa & Al-Matari (2014)
Influência Social →
Faaeq, Alqasa & Al-Matari (2014), Almarashdeh
& Alsmadi (2017)
Confiança → Alryalat et al. (2012)
Expectativa de Esforço →
Expectativa de
Performance
Hu et al. (2011), Susanto & Aljoza (2015), Rana
et al. (2016)
Qualidade da Informação →
Expectativa de
Performance
Witarsyah et al. (2017)
Qualidade do Sistema →
Expectativa de
Performance
Witarsyah et al. (2017)
Cultura →
Expectativa de
Performance
Olasina & Mutula (2015)
Influência Social
Expectativa de
Performance
Hu et al. (2011)
Condições Facilitadoras →
Expectativa de
Esforço
Rana et al. (2016), Dwivedi et al. (2017)
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Embora apresentados como antecedentes do comportamento de uso por alguns estudos,
expectativa de performance, expectativa de esforço e influência social, são antecedentes direto
da intenção comportamental no modelo original da UTAUT.
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Neste conjunto de relações apresentadas na Tabela 3, pode-se observar que uma
importante variável para a contabilidade surge como antecessora da expectativa de
performance, que é a qualidade da informação. Apesar do trabalho de Witarsyah et al. (2017)
ser somente uma proposta de framework da qual não foi testada ou validada, achou-se
oportuno apresenta-la junto com os demais trabalhos.
Também se observaram estudos com variáveis e relações distantes ao modelo original
de Venkatesh et al. (2003), conforme Tabela 4. Tabela 4 - Estudos com variáveis e relações diferentes ao modelo de Venkatesh et al. (2003)
Relações entre variáveis Autores
Atitude; Condições Facilitadoras;
Confidencialidade; Expectativa de
Performance; Expectativa de Esforço
→
Satisfação do
Uso
Rodrigues, Sarabdeen &
Balasubramanian (2016)
Efetividade Percebida e Influência → AL Athmay, Fantazy & Kumar (2016)
Qualidade do Sistema e Qualidade da
Informação →
AL Athmay, Fantazy & Kumar
(2016), Andriani, Napitupulu &
Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar
& Gupta (2018)
Qualidade do Serviço
→
Andriani, Napitupulu & Haryaningsih
(2017), Chatterjee, Kar & Gupta
(2018)
Ansiedade →
Atitude
Rana et al. (2016)
Expectativa de Performance; Expectativa de
Esforço; Influência Social; Risco Percebido →
Rana et al. (2016), Dwivedi et al.
(2017)
Satisfação do Uso; Uso da Internet;
Características pessoais como nível
educacional, nacionalidade e gênero
→
Adoção Rodrigues, Sarabdeen &
Balasubramanian (2016)
Intenção e Empowerment →
Intenção de
Recomendar
Naranjo-Zolotov et al. (2018)
Expectativa de Esforço e Confiança →
Prontidão do e-
Government
Alghamdi & Beloff (2016)
Satisfação do Uso →
Benefício
Liqúido
Chatterjee, Kar & Gupta (2018)
Segurança Percebida e Privacidade Percebida →
Confiança Alryalat et al. (2012), Alryalat et al.
(2013)
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Como importante variável dependente da literatura, a satisfação do uso é utilizada por
distintos trabalhos e suas principais antecessoras são qualidade do sistema, qualidade da
informação e qualidade do serviço. Essas relações foram sistematicamente teorizadas e
apresentadas pelo Modelo de Sucesso dos Sistemas de Informação, de DeLone & McLean
(1992, 2003). Isso ajuda a visualizar que a integração da UTAUT com esse modelo é comum
nas pesquisas na área.
Além dessas relações destacam-se que diversos autores buscaram compreender as
variáveis que se relacionam com a Intenção de comportamento conforme Tabela 5. Tabela 5 - Estudos com variáveis que se relacionam com a Intenção de comportamento Variáveis →Intenção
de comportamento
Autores
Auto Eficácia em
Tecnologias
Ibrahim & Zakaria (2016)
Atitude Dijk et al. (2008), Rana et al. (2016), Dwivedi et al. (2017)
Ansiedade Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012)
Benefícios Percebidos Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Chatterjee, Kar & Gupta (2018)
Capacidade da Força de
Trabalho de TI
Ibrahim & Zakaria (2016)
Caraterísticas pessoais Dijk et al. (2008), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012), Alghamdi & Beloff
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Variáveis →Intenção
de comportamento
Autores
e/ou socioculturais e/ou
demográficas
(2016), Saxena & Marjin (2017),
Cidadania Ativa Fakhoury & Aubert (2015)
Condições Facilitadoras Hu et al. (2011), Alryalat et al. (2012), Hoefnagel, Oerlemans & Goedee (2012),
Alryalat et al. (2013), Susanto & Aljoza (2015), Andriani, Amagoh (2016), Ibrahim
& Zakaria (2016), Mosweu, Bwalya & Mutshewa (2016), Sultana, Ahlan &
Habibullah (2016), Rana et al. (2016), Dwivedi et al. (2017), Napitupulu &
Haryaningsih (2017), Saxena & Marjin (2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane
(2018), Naranjo-Zolotov et al. (2018)
Confiança Alryalat et al. (2012), Voutinioti (2013), Weerakkody et al. (2013), Alryalat et al.
(2013), Fakhoury & Aubert (2015), Amagoh (2016), Sultana, Ahlan & Habibullah
(2016), Chaouali et al. (2016), Almarashdeh & Alsmadi (2017), Witarsyah et al.
(2017), Mansoori, Sarabdeen & Tchantchane (2018)
Consciência Alghamdi & Beloff (2016), Ibrahim & Zakaria (2016)
Cultura Sultana, Ahlan & Habibullah (2016)
Custo do serviço Almarashdeh & Alsmadi (2017)
Empowerment Naranjo-Zolotov et al. (2018)
Experiência com Mídia
Digital
Dijk, Peters & Ebbers (2008)
Fosso Digital Amagoh (2016)
Prontidão do e-
Government
Alghamdi & Beloff (2016)
Valor Público
Percebido
Sultana, Ahlan & Habibullah (2016)
Qualidade do Governo Sultana, Ahlan & Habibullah (2016)
Qualidade da
Informação
Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Andriani, Napitupulu &
Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar & Gupta (2018)
Qualidade do Sistema Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015), Andriani, Napitupulu &
Haryaningsih (2017), Chatterjee, Kar & Gupta (2018)
Qualidade do Serviço Alghamdi & Beloff (2016), Andriani, Napitupulu & Haryaningsih (2017), Chatterjee,
Kar & Gupta (2018)
Qualidade do Site Ibrahim & Zakaria (2016)
Risco Percebido Alryalat et al. (2012)
Satisfação do Usuário Mardiana, Tjakraatmadja & Aprianingsih (2015),
Satisfação do Uso AL Athmay, Fantazy & Kumar (2016), Andriani, Napitupulu & Haryaningsih (2017),
Chatterjee, Kar & Gupta (2018)
Segurança Percebida Alryalat et al. (2013)
Treinamento Ibrahim & Zakaria (2016)
Voluntariedade de Uso Saxena & Marjin (2017)
Fonte: Dados da pesquisa (2018). Compreender a intenção de se utilizar determinada tecnologia é um dos objetivos
principais da UTAUT e assim tem sido nos estudos sobre e-Government. Entretanto, como
mostra a literatura, os diversos estudos subsequentes ao de Venkatesh et al. (2003) foram
muito além do construto original da teoria, inclusive modificando o caminho de algumas
relações existentes. Conforme bem destacado por Dwivedi et al. (2017), em sua revisão crítica
da UTAUT, o caminho entre as condições facilitadoras e a intenção de uso de tecnologias, por
exemplo, precisa ser explorado pela literatura, tanto por seu suporte teórico, como por suas
diversas evidências empíricas. Nesse sentido, percebe-se que diversos estudos exploraram
essa relação ao analisar as tecnologias relacionadas com os Governos Eletrônicos.
Além disso, inúmeras variáveis em diversas direções foram utilizadas pela literatura,
ainda que sem exceção, todos os estudos tenham utilizado a UTAUT como base teórica,
mesmo quando utilizada em conjunto com outros modelos. As dependentes mais comuns e
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relevantes foram a intenção de comportamento, o comportamento de uso e a satisfação do
uso. Esta última, bastante relacionada ao modelo DeLone & McLean (1992).
O estudo de Venkatesh et al. (2011) foi intencionalmente deixado de fora das Tabelas 3,
4 e 5, pois sua representação poderia ficar confusa. Entretanto, como já mencionado, o
objetivo dos autores foi entender as variáveis que afetam a continuação de uso de determinada
tecnologia, o que difere um pouco da proposta inicial da UTAUT. Para isso, dividiram os
construtos em três fases: estágio pré-uso, estágio de uso, e estágio pós-uso. Dentro desses
estágios, os autores analisaram a influência da expectativa de performance, expectativa de
esforço, influências sociais e confiança sobre a atitude, a satisfação e a eventual intenção de
continuar utilizando determinada tecnologia.
O construto do modelo original da UTAUT (ou com pequenas variações, como por
exemplo, a relação direta entre Condições Facilitadoras e Intenção de Uso) foi basicamente o
mais utilizado pelos estudos. Entretanto, conforme elencam os próprios autores, as variáveis
moderadoras foram desconsideradas na grande maioria das pesquisas sobre o tema
(Venkatesh et al., 2012) e como foi constatado, isso também ocorreu nos estudos sobre os
Governos Eletrônicos. Além disso, Venkatesh et al. (2003) comentam que diferentes
tecnologias podem desencadear diferentes antecedentes de aceitação e diferentes relações
devem ser testadas. Talvez por isso, outras variáveis que vão além desse modelo se
destacaram, como por exemplo os construtos de confiança, qualidade do sistema, qualidade da
informação, qualidade do serviço e satisfação de uso. Por sua relevância, elas serão
brevemente explicadas a seguir.
4.2.2 Confiança
Na maioria dos países em desenvolvimento, os cidadãos não confiam no governo,
especialmente quando na presença de um passado de ditadura, instabilidade política e
corrupção. Assim, o fator confiança tem ganhado enorme atenção entre muitas pesquisas,
especialmente no campo do governo eletrônico (Sultana, Ahlan & Habibullah, 2016). De
acordo com Almarashdeh e Alsmadi (2017), a confiança percebida desempenha um papel
vital na redução dos riscos percebidos do uso de novas tecnologias, especialmente para
transações envolvendo incerteza. Como a adoção dessas tecnologias ainda está no estágio
inicial em alguns países, os usuários não têm clareza sobre a capacidade técnica de seu
provedor de serviços e sobre a segurança e a confiabilidade dos serviços prestados, o que
ajuda a justificar a utilização dessa variável em diferentes estudos.
Em linhas gerais, a literatura mostra que a confiança é classificada em duas partes: (1)
Confiança no corpo (entidade) que fornece serviços (órgãos governamentais), e (2) Confiança
nas ferramentas que serão usadas para entregar serviços aos usuários (Weerakkody et al.
2013). Entretanto, como foi percebido, alguns estudos foram além dessas classificações.
Os casos mais comuns encontrados foram o de confiança no governo (Amagoh 2016,
Sultana, Ahlan & Habibullah, 2016) e confiança na tecnologia (Weerakkody et al., 2013,
Amagoh 2016, Chaouali et al., 2016, Sultana, Ahlan & Habibullah, 2016). Entretanto,
também foram encontrados estudos que analisaram a confiança no intermediador dos
Governos Eletrônicos (Weerakkody et al., 2013). Isso porque, o objetivo do trabalho era
justamente identificar o papel dos intermediários na facilitação da adoção e difusão dos
serviços e-Government na Arábia Saudita. Amagoh (2016), por outro lado, procurou
compreender a confiança no fornecimento de eletricidade e seu impacto na intenção
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comportamental. A justificativa para utilização dessa variável foi de que a Nigéria, população
de estudo, possui muitos problemas de distribuição e a falta constante de energia é comum em
algumas regiões.
Apesar de parecer uma variável importante, a confiança não é um construto original do
trabalho de Venkatesh et al. (2003) e nem da sua atualização, a UTAUT 2, de Venkatesh et al.
(2012). Por isso, sugere-se que as futuras pesquisas analisem cuidadosamente quais
tecnologias realmente necessitam de confiança como um preditor da intenção de uso ou do
comportamento de uso. O aspecto que mais justifica a utilização dessa variável pelo portifólio
bibliográfico desta pesquisa parece mais relacionado com as tecnologias que possuem
aspectos transacionais, ou seja, quando se referem às tecnologias onde o cidadão faz alguma
transação com o governo (paga seus impostos ou fornece alguma informação pessoal, por
exemplo). Dessa forma, um questionamento crítico que pode ser feito é: um empregado
público, da área financeira ou contábil, por exemplo, deixaria de utilizar determinado SI por
não confiar no Governo ou na própria tecnologia?
4.2.3 Qualidade da Informação, dos Sistemas e dos Serviços
Algumas variáveis que também se destacaram foram a qualidade da informação, dos
sistemas e dos serviços e seus impactos na intenção de uso e na satisfação de uso. Vale
ressaltar que esses construtos, apesar de não serem originais da UTAUT, são pilares centrais
no Modelo de Sucesso dos Sistemas de Informação de DeLone & McLean (1992).
De acordo com Veramootoo et al. (2018), a qualidade da informação refere-se à
avaliação de um usuário sobre o desempenho de um SI no fornecimento de informações com
base em sua experiência de uso do sistema. Essa avaliação é baseada no conteúdo de uma
estrutura de SI que é necessário para ser personalizado, completo, relevante, fácil de usar, e
fornecer aspectos de segurança para encorajar transações (DeLone & McLean, 2003). A
qualidade da informação, portanto, incorpora a perspectiva objetiva e subjetiva da informação
consumida. Informações de baixa qualidade distraem os usuários e levam a maiores custos de
processamento de informações (Zheng, Zhao, & Stylianou, 2013).
Uma definição mais simples e objetiva pode ser retirada do trabalho de AL Athmay,
Fantazy & Kumar (2016), que comenta que a qualidade da informação é a capacidade do
sistema de governo eletrônico de fornecer aos cidadãos informações novas, precisas, claras e
fáceis de entender. De acordo com Chatterjee, Kar & Gupta (2018), a Qualidade da
Informação inclui precisão (Bailey & Pearson, 1983; Mahmood, 1987), extensão da
completude (Miller & Doyle, 1987), extensão da relevância (King & Epstein, 1983). Ela tem
impacto na intenção dos usuários, bem como na satisfação dos usuários, porque se a qualidade
da informação for transparente, precisa, abrangente e explícita, motivaria a intenção dos
usuários e também o nível de satisfação com seu uso(Mohammadi & Hossein , 2015).
Por ser um construto importante para a contabilidade, optou-se por apresentar os itens
dos questionários que poderiam ser utilizados em futuras pesquisas, de acordo com o trabalho
de Chatterjee, Kar & Gupta (2018). A percepção da qualidade foi mensurada pelos autores
por três afirmativas: a) Dados gerados pela Internet das Coisas serão precisos, b) Os processos
de informação pelo sistema serão protegidos e c) Informações disponíveis através do sistema
serão relevantes para mim1.
1 Os itens originais são: a) Data generated by IOT will be accurate, b) Information processes by the system will
be secured, c) Information available trough the system will be relevant for me.
15 www.congressousp.fipecafi.org
Com esse importante variável integrando os estudos que procuram compreender a
intenção comportamental dos indivíduos, surge em mente mais um questionamento crítico. A
contabilidade é justamente a ciência que deveria gerar informações relevantes, tempestivas,
transparentes etc. Logo, sob o olhar da contabilidade, a Qualidade da Informação, como um
construto da satisfação/intenção de uso, deveria ser uma causa da intenção de uso, ou uma
consequência do uso e da satisfação do uso do sistema?
Chatterjee, Kar e Gupta (2018) também comentam que é comum a investigação sobre a
Qualidade do Serviço e a Qualidade do Sistema. AL Athmay, Fantazy & Kumar (2016)
definem Qualidade do Sistema como a capacidade de um sistema de governo eletrônico de
fornecer aos seus cidadãos informações precisas, confiáveis, relevantes e fáceis de entender
(AL Athmay, Fantazy & Kumar, 2016). Esses três fatores, ou seja, Qualidade da Informação,
Qualidade do Sistema e Qualidade do Serviço, impactam simultaneamente no uso e na
satisfação dos usuários (Chatterjee, Kar & Gupta, 2018).
4.2.4 Satisfação do Uso ou Satisfação do Usuário
AL Athmay, Fantazy e Kumar (2016) adotam a seguinte definição para a satisfação do
usuário: os níveis de experiencia e realização que os cidadãos ganham com o uso de serviços
e-Government em termos de conteúdo, velocidade, qualidade e segurança. Como já
comentado anteriormente, esse construto faz parte do modelo DeLone & McLean (2003).
4.2.5 Outras Variáveis
Naranjo-Zolotov, Oliveira e Casteleyn (2018) estavam interessados em conhecer a
intenção de um cidadão recomendar os serviços dos Governos Eletrônicos, e por isso, essa foi
uma de suas variáveis dependentes. Olatubosun e Rao (2012) foi outro trabalho que utilizou
variáveis bastante distintas do modelo original da UTAUT. Além disso os autores não
buscaram encontrar efeitos de causa e efeito, mas sim, relações existentes entre diferentes
construtos, como por exemplo, entre a idade/gênero e expectativa de esforço, expectativa de
performance e influência social, etc. Hoefgnael, Oerlemans e Goedee (2012) encontraram que
os preditores afetivos, como a ansiedade e algumas influências sociais, são mais importantes
do que os preditores cognitivos na predição da intenção de usar tecnologias virtuais. Outra
variável distinta dos modelos originais foi trabalhada por Venkatesh et al. (2011), em que
procuraram conhecer a intenção dos indivíduos de continuar utilizando determinada
tecnologia. Particularmente isso é interessante nos casos onde a tecnologia já está
implementada, mas ainda assim quer se conhecer as intenções dos envolvidos em continuar
usufruindo aquela tecnologia.
4.3.6 Variáveis Moderadoras
Quanto as variáveis moderadoras, percebe-se que de fato, assim como já se tem
evidenciado em outras revisões da UTAUT (Venkatesh et al., 2012), elas têm sido
praticamente ignoradas pela literatura (veja algumas exceções em Gupta et al. (2008) e
Decman (2015)). A princípio isso poderia distorcer o modelo original da UTAUT e dificultar
a comparação precisa dos resultados, porém, conforme os próprios autores da teoria
comentam, essa teoria ainda está em formação e novas perspectivas são incentivadas.
Outra diferenciação encontrada em alguns trabalhos é a utilização de algumas variáveis
moderadoras como variáveis de controle, a exemplo de Hoefgnael, Oerlemans & Goedee
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(2012) (gênero, idade, ter previamente utilizado a tecnologia), e de Naranjo-Zolotov et al.
(2018) (idade, gênero e escolaridade).
4.4 GAPS ENCONTRADO NA LITERATURA SOBRE E-GOVERNMENT E UTAUT
Um dos gaps mais importantes evidenciados foi de que a literatura contábil
praticamente não tem explorado a UTAUT dentro dos governos, ainda que a profissão seja
responsável pela organização de diversas informações que são disponibilizadas
eletronicamente, como contratos, licitações, convênios, e inúmeras informações contábeis e
financeiras. A disponibilização eletrônica de informações financeiras e contábeis é uma
tecnologia, e como tal, pode ser estudada pela UTAUT. Os trabalhos mais próximos
encontrados nessa linha procuraram entender a intenção de cidadãos utilizarem tecnologias de
preenchimento eletrônico de impostos, a exemplo de como Djilk et al. (2008) e Andriani,
Napitupulu & Haryaningsih (2017). Além desses, o trabalho de Naranjo-Zolotov et al. (2018)
analisou a intenção dos cidadãos em utilizar uma ferramenta (e-Participação) relacionada com
um orçamento participativo.
O assunto sob o enfoque contábil é pouco explorado tanto do ponto de vista do cidadão,
como do ponto de vista dos servidores públicos. De fato, a aceitação das tecnologias pelos
empregados (G2G ou G2E) sob a lente da UTAUT é de maneira geral pouco explorada,
independente da tecnologia analisada. Apesar disso, é de se esperar que existam fatores
específicos que afetam os funcionários públicos de utilizarem as tecnologias que estão ao seu
dispor.
A pesquisa de Dečman (2015) é uma das poucas exceções que analisa a intenção de uso
de SIs sobre o ponto de vista do funcionário. Embora estudos como o de Rana, Dwivedi &
Williams (2013b), afirmam que a adoção do governo eletrônico pelos cidadãos é crucial, uma
vez que os cidadãos são os mais beneficiados com essas tecnologias, funcionários e
organizações são igualmente importantes (Decman, 2015), e consequentemente estudos
precisam explorar melhor esse assunto, ao menos sob a lente teórica da UTAUT.
Além disso, é possível perceber que diversos artigos utilizaram frameworks que diferem
do modelo original da UTAUT. Ainda que isso seja interessante do ponto de vista teórico,
perde-se o potencial de uma maior validação dessa teoria que ainda é recente e em construção.
Dessa forma, sugere-se que o modelo original da UTAUT ou até mesmo o modelo atualizado
(UTAUT 2) seja mantido em futuras pesquisas, para que a comparabilidade de resultados não
seja prejudicada.
Outro aspecto que fica evidente na literatura é a baixa frequência de estudos qualitativos
que utilizaram a UTAUT para compreender a aceitação do e-Government. Isso pode ser
justificado pela teorização positivista apresentada pelo trabalho seminal de Venkatesh et al.
(2003), que é totalmente quantitativo. Porém, nada impede que a teoria seja analisada de um
ponto de vista qualitativo, pois isso tende a ajudar na explicação de alguns porquês que
estudos quantitativos muitas vezes não conseguem responder. Na construção dessa revisão
sistemática, também ficou evidenciado a ausência completa de estudos em língua inglesa que
exploraram a aceitação dos serviços e-Government sob a lente da UTAUT no Brasil.
Por fim, surgem desse contexto distintos questionamentos que podem ser respondidos
em pesquisas futuras. Quais construtos da UTAUT interferem na intenção de uso de
tecnologias na área contábil dentro dos órgãos públicos? Quais construtos da UTAUT
interferem na intenção de uso de tecnologias que permitem um maior controle social por parte
do cidadão? Apesar de existirem exemplos na literatura, como o trabalho de Naranjo-Zolotov
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et al. (2018), tais estudos, embora relacionados com a contabilidade, são raros e precisam ser
mais bem explorados por futuras pesquisas.
5. CONCLUSÃO
Ao conduzir esta revisão sistemática da literatura, foi possível evidenciar que o modelo
original da UTAUT, proposto em 2003 por Venkatesh et al. (2003) foi lente para diversos
estudos na área governamental, especialmente sobre Governos Eletrônicos. Entretanto, como
foi constatado, poucos estudos foram integralmente fieis aquele modelo original. Outras
variáveis como a confiança, a qualidade da informação, qualidade do sistema, satisfação do
uso ou do usuário foram exploradas como possíveis antecedentes da intenção comportamental
dos indivíduos de utilizarem as tecnologias relacionadas com e-Government.
Embora a exploração da teoria sobre novas perspectivas tenha benefícios, como o
possível incremento teórico, ela também possui riscos, como a possível perda de validação e
comparabilidade dos resultados. Por isso, é importante que pesquisadores avaliem
criteriosamente a necessidade de se incluir ou não alguma variável diferente do construto
original da UTAUT. Essa avaliação deve levar em conta a tecnologia analisada, a população
estudada, etc.
O estudo revela que o uso das TICs sob o ponto de vista dos funcionários carece de um
maior aprofundamento, pois poucos estudos foram realizados com a lente da UTAUT. Além
disso, constatou-se a ausência de estudos sobre a utilização de tecnologias no setor público
que ajudem a melhorar a informação contábil. Ainda assim, existem tecnologias que já são
utilizadas no setor público, como Business Inteligence ou o XBRL e que podem ser
exploradas sob a lente da UTAUT.
Além dos gaps encontrados que podem auxiliar os pesquisadores das mais distintas
áreas, espera-se que esta pesquisa incentive pesquisadores da área contábil a utilizarem a
UTAUT como lente teórica para compreender a aceitação das tecnologias utilizadas entro do
setor público. Ao demonstrar as diversas variáveis exploradas pela literatura, este trabalho
pode servir como um ponto de partida para futuras pesquisas empíricas.
O estudo limitou-se a analisar artigos em inglês. Por isso, artigos em português já
podem ter analisado a intenção de uso dos serviços e-Governments com a lente da UTAUT,
mas por conta dessa limitação ficaram fora da presente pesquisa. Além disso, o estudo
limitou-se a analisar as pesquisas que tiveram a UTAUT como base teórica, deixando de fora
importantes modelos de aceitação de tecnologias como a TAM.
Sugere-se que um próximo levantamento bibliográfico seja realizado sem a limitação da
UTAUT, pois modelos próximos a ela, como é o caso da TAM, são comumente utilizados na
aceitação dos Governos Eletrônicos. Dessa forma, algumas das pesquisas visualizadas ao
longo da pesquisa, deixaram de ser analisadas, pois não utilizaram explicitamente a UTAUT,
embora tenham utilizados construtos parecidos. Outra sugestão para futuras pesquisas é
explorar melhor como as pesquisas estão integrando os diferentes modelos de adoção de
tecnologias, pois ao longo desta revisão, foram evidenciados diversos trabalhos que
procuraram integrar um ou mais desses modelos.
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