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Revista Evidências Nº3 Outubro de 2015

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FICHA TÉCNICA

EDITOR Sociedade Portuguesa Enfermagem Oncológica (SPEO) Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis (ESEnfCVPOA)

DIRETOR Henrique Lopes Pereira

CORPO DE REVISÃO Aldiro Manuel de Oliveira Magano, RN, MPH Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis

Alexandre Marques Rodrigues, RN, PHD Universidade de Aveiro

Ana Carla Seabra Torres Pires, RN, PHD Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis

António Manuel dos Santos Ferreira, RN, PHD Studant Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis

Dinamene Alexandra de Matos Oliveira, RN, PHD Studant Clínica Girassol Angola

Fernanda Maria Príncipe Bastos Ferreira, RN, MED, PHD Studant Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis

Maria Manuela Henriques Pereira Ferreira, RN, PHD Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis

Maria Raquel Soares Pacheco Esteves, RN, PHD Instituto Politécnico de Saúde do Norte

Paulo Alexandre Puga Machado, RN, PHD Escola Superior de Enfermagem do Porto

Ana Lúcia Siqueira Costa, RN, PHD Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo

Aparecida de Cássia Giani Peniche, RN, PHD Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo

Cibele Andrucioli de Mattos Pimenta, RN, PHD Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo

Rita de Cássia Burgos de Oliveira Leite, RN, PHD Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo

Sílvia Regina Secoli, RN, PHD Escola Enfermagem da Universidade de São Paulo

Vera Maria Sabóia, RN, PHD Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense

CORPO EDITORIAL Paulino Artur Sousa, RN, PHD Escola Superior de Enfermagem do Porto

Henrique Lopes Pereira, RN, PHD Sociedade Portuguesa Enfermagem Oncológica

Margarida Ferreira, RN, PHD Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis

CONSELHO CONSULTIVO António Araújo, MD, PHD Instituto Português de Oncologia; Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga

Armando Bettencourt, RN L’Hôpital Cantonal de Fribourg, Suisse

Carla Corsello, MPS Centro de Consultoria e Formação em Psicologia Organizacional e Clínica

Ramiro Délio Borges Meneses MD, PHD Instituto Politécnico de Saúde do Norte

APOIO DOCUMENTAL SECRETARIADO EDITORIAL Maria Manuela Barbosa de Castro

Periodicidade: Semestral Divulgação: www.speo.pt; www.esenfcvpoa.eu

Contatos: Sociedade Portuguesa Enfermagem Oncológica Estrada Interior da Circunvalação, 6657, 4200-177 Porto Telm.: 912 252 029 URL: http://www.speo.pt

Escola Superior de Enfermagem CVP de Oliveira de Azeméis Rua da Cruz Vermelha, Cidacos, 3720-126 Oliveira de Azeméis Telf.: 256 661 430 URL: http://www.esenfcvpoa.eu

ISSN: 2182-9284

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SUMÁRIO

Editorial

Riesgos ergonómicos y sus efectos entre los profesionales de enfermeria de un hospital geriátrico…….. Francisco Jose Hernandez-Martínez; Alexandre Rodrigues; Juan Fernado Jimenez-Díaz; Bienvenida Rodriguez-de-Vera; Maria del Pino Quintana-Montesdeoca; Rui Luís

Fatores determinantes na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais de utentes com dependência: Artigo de revisão……………………………………….………………………………………………….…….………….. Ana Margarida de Almeida Fernandes; Verónica Janin da Silva da Costa; Maria Manuela Henriques Pereira Ferreira; Rui José Sousa Girão

Benefícios da hipotermia terapêutica pós-paragem cardíaca fora do hospital: uma revisão sistemática. Bernardete Regalo; Catarina Baptista; Catarina Santos; Sónia Pereira; Fernanda Príncipe A enfermagem e a humanização de um olhar voltado à saúde da criança……………………..……………………… Jane Kelly Oliveira Friestino; Natalia Valéria Alves do Amaral; Aparecida Sílvia Mellin

PUBLICAÇÃO DE PÓSTERES

Surto de clostridium difficile no hospital sousa Martins – ULS Guarda…………………………………………………..

Prevalência e tipo de infeções em um ano da UCC de Avanca……………………………………………………………….

Auditorias internas no controle da ICAS…………………………………………………………………………………………………

Recomendações para prevenção de infecção associada a cateteres venosas centrais em doentes hemodialisados……………………………………………………………………………………………………………………………….……

Grupos coordenados locais do PPCIRA: Novas atribuições novos desafios…………………………………………….

Adesão dos profissionais de saúde à lavagem das mãos………………………………………………………………………..

Avaliação do risco de colonização/infeção por microrganismos epidemiologicamente importantes sua importância na gestão de camas: “Um ensaio de uma boa prática………………………………………………………..

Fatores de risco associados à deiscências de suturas em laparotomia…………………………………………………

“Bundles para redução de infeções nosocomiais”: Consulta de enfermagem pré-operatória………………..

Exposição a sangue pelos profissionais de saúde: Procedimentos adotados…………………………………………

Complicações clínicas associadas à técnica de ECMO……………………………………………………………………………

Bundles na prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV): intervenções autónomas de enfermagem…………………………………………………………………………………………………………………..

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Prevenção e controlo do risco de exposição ocupacional à tuberculose pulmonar………………………………..

Monitorização de doentes com infeção por clostridium difficile…………………………………………………………….

Normas de publicação da Revista “EVIDÊNCIAS”

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EDITORIAL

No último número desta publicação dedicamos este espaço à abordagem epistemológica e filosófica do

termo evidências e da evidência científica. Terminamos o editorial perspectivando o papel desta revista no

contexto do desenvolvimento científico da Saúde.

Neste número procuraremos estimular os leitores a uma prática consentânea com aquilo que a literatura

alude sobre as finalidades da investigação e enquadrar os seus resultados na prática dos cuidados. Neste

sentido e tendo por base este prelúdio é fundamental discutirmos aspectos relacionados com alguns

conceitos que a prática baseada na evidência envolve. A prática baseada na evidência, no âmbito da saúde,

é um assunto que tem preocupado e ocupado muitos investigadores e muitos profissionais pela sua

importância para uma prática de cuidados seguros, adequados e cientificamente válidos em função dos

problemas de saúde e das necessidades específicas dos doente e da diversidade dos contextos. Existe de

facto um conjunto muito vasto de literatura que desenvolve todo um discurso que tem por base a

importância das evidências científicas que suportem a prática clínica e que, por sua vez, esta alimente os

processos de investigação, tendo em vista a validação ou criação de novas teorias. Os resultados da

investigação e a prática dos cuidados devem informar-se mutuamente. Esta reciprocidade deve ser

reconhecida e compreendida por todos e por cada profissional de saúde e do ensino. O ensino das

metodologias de investigação, isto é dos processos e procedimentos que conduzem aos resultados, deve

ser devidamente contextualizado, coerente e rigoroso para que os seus resultados sejam compreensíveis,

válidos e reconhecidos pela comunidade científica à luz do conhecimento anterior. Se o contexto do

exercício profissional é o local mais comum onde se utilizam os resultados da investigação, onde a

transferência do conhecimento deve acontecer, é nas Escolas que o processo de aprendizagem, a este

nível, se inicia. Docentes e estudantes (principalmente, os que frequentam formação avançada) enfrentam

o desafio de promover uma atitude favorável e dinamizadora dos processos que evidenciem uma melhoria

contínua dos cuidados com base nos resultados da investigação, tornando-a assim útil à profissão e

essencialmente ao doente e família, alvo dos cuidados. Imbuir a tomada de decisão de critérios científicos,

de responsabilidade pessoal e profissional e do sentido ético e deontológico é um valor estratégico

incomensurável. A Escola é o local de eleição para a construção de valor acrescentado na transformação de

informação em conhecimento e na sua divulgação. Expor os resultados à crítica científica deve ser um

objectivo em todo e qualquer estudo científico, porque só o é, verdadeiramente, quando isso acontece.

Contudo, vale muito pouco conhecer e analisar apenas os resultados, esquecendo o que eles representam.

É fundamental desenvolvermos a capacidade de interpretação e aplicação do conhecimento. Neste sentido

algumas questões devemos levantar: Qual é o verdadeiro significado dos achados da investigação? Como se

relacionam com a prática clínica? Qual ou quais as implicações para a prática clinica, para a gestão, para as

políticas e desenvolvimento da profissão? Existe hoje uma maior consciencialização, por parte dos

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profissionais de saúde, para uma prática clínica baseada na evidência, porém é necessário alimentar

continuamente este processo de aprendizagem, de saber decidir, de saber fazer e de saber estar. Uma

melhoria efetiva das competências pessoais, de grupo e das organizações passa, essencialmente, pela

capacidade de integrar as diferentes dimensões das competências para uma prática de qualidade, para o

mérito pessoal, para uma profissão reconhecida e para a notoriedade das organizações de saúde.

Caros Investigadores, Caros Profissionais, Caros Estudante e Caros Leitores, em conjunto podemos

promover a investigação e a prática clínica de excelência

Henrique Pereira

Diretor da Revista Evidências

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RIESGOS ERGONÓMICOS Y SUS EFECTOS ENTRE LOS PROFESIONALES DE ENFERMERIA DE UN HOSPITAL GERIATRICO Riscos ergonómicos e os seus efeitos em profissionais de enfermagem de um hospital geriátrico Ergonomic Risks and their effects in nursing professionals of an geriatric hospital Francisco Jose Hernandez-Martínez*; Alexandre Rodrigues**; Juan Fernado Jimenez-Díaz***; Bienvenida

Rodriguez-de-Vera****; Maria del Pino Quintana-Montesdeoca******; Rui Luís******

*Enfermero Especialista en Enfermería del Trabajo Cabildo de Lanzarote

** Professor adjunto da Universidade de Aveiro

*** Profesor del Departamento de Enfermería de la Universidad de Las Palmas de Gran Canaria

**** Profesor del Departamento de Enfermería de la Universidad de Las Palmas de Gran Canaria

***** Profesora del Departamento de Matemáticas de la ULPGC

****** Professor Assistente convidado do Departamento de Economia e Gestão - Universidade dos Açores

Resumen En el presente estudio se planteó identificar los riesgos ergonómicos a los que se expone el personal de enfermería, determinando la contribución de estos factores como factores de riesgo en el entorno laboral. Estudio cuantitativo e descriptivo. Se incluyeron 125 profesionales de enfermería que realizan su labor en la Unidad de Geriatría del Hospital Insular de Lanzarote. Se utilizó una encuesta cerrada con un cuestionario autocumplimentado; siendo las mujeres el grupo que más intervino en este estudio. Hay que destacar la elevada prevalencia de los riesgos ergonómicos a los que el personal de Enfermería está expuesto; acompañada de valores de riesgo relativo que permitirían explicar el alto índice de patologías. Como conclusión, destaca la necesidad de mejorar las condiciones laborales y disminuir el alto índice de patologías de origen profesional (accidentes laborales, enfermedad profesional y enfermedades derivadas del trabajo), incorporando medidas preventivas mediante procedimientos de control, promoción de programas de entrenamiento y capacitación laboral.

Descriptores: Ergonomía; Riesgo laboral; Enfermería; Geriatría.

Resumo O presente estudo pretende identificar os riscos ergonómicos aos quais se expõe permanentemente os profissionais de enfermagem e determinar o contributo destes factores como fontes de risco no meio laboral. Estudo quantitativo e descritivo. Incluiram-se no estudo 125 profissionais de enfermagem que trabalham na Unidade Geriátrica do Hospital Insular de Lanzarote. Foi utilizado um questionário fechado de auto-preenchimento; sendo as mulheres, o grupo que participou maioritariamente. Devemos destacar a elevada prevalência de riscos ergonómicos aos quais se expõe o pessoal de enfermagem; acompanhada de valores de risco relativo que permitiriam explicar o alto índice de patologias encontradas. Como conclusão generalizada, destaca-se a necessidade de melhorar as condições laborais e diminuir o alto índice de patologias com origem profissional (acidentes laborais, doenças laborais e doenças derivadas do trabalho), incorporando medidas preventivas mediante procedimentos de controlo, promoção de programas de treino e de capacitação laboral.

Descritores: Ergonomia; Risco Laboral; Enfermagem; Geriatria

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Abstract The present study intends to identify the ergonomic risks that the nursing professional is exposed and determine the contribute of these factors as sources of risks in the labor environment. Quantitative, descriptive study. In this study 125 nursing professionals where included that work in a Geriatric Unit of the Lanzarote Insular Hospital. A closed questionnaire with auto filling was used, where the women participated mostly. We must stress the high prevalence of ergonomic risks that the nursing staff is exposed to, followed by relative risk values that would explain the high index of pathologies found. As a general conclusion, there is a need to improve the labor conditions and decrease the high index of pathologies from a occupational source (labor accidents, labor diseases and diseases achieved thru labor), incorporating preventive measures of control, promotion of training programs and employment training capacity.

Descriptors: Ergonomy; Labor Risk; Nursing; Geriatrics

Introducción No existe una definición oficial de la Ergonomía. El término ergonomía deriva de dos palabras griegas: ergo (trabajo) y nomos (leyes, reglas). Por lo tanto, en el estricto sentido de la palabra, significa leyes o reglas del trabajo. Fue introducida en 1949 por el psicólogo británico K.F.H. (Murrell, 1969), cuando un grupo de científicos se reunió en Inglaterra para formar la Sociedad de Investigaciones Ergonómicas. La idea fue cobijar bajo el mismo alero a ingenieros, fisiólogos, anatomistas, psicólogos, higienistas industriales, arquitectos, profesionales del área de la salud y en general personas interesadas en el comportamiento humano en el trabajo. En 2011, el portal web del Consejo de la International Ergonomics Association, (2011) que agrupa a todas las sociedades científicas a nivel mundial, mantiene la definición que se estableció a principios de siglo sobre el concepto de Ergonomía, que abarca la interdisciplinariedad que fundamenta a esta disciplina. La Organización Mundial de la Salud estima que actualmente sólo se registran entre el 1% y el 5% de enfermedades profesionales, y que los trabajadores de los servicios hospitalarios están expuestos a una considerable variedad de riesgos. Los hospitales han sido clasificados como centro de trabajo de alto riesgo, por el instituto de salud ocupacional de los Estados Unidos de Norteamérica por la multiplicidad de riesgo a los cuales se exponen los trabajadores (Heiko, 2012, Internacional Ergonomics Association, 2011, OMS, 2010). La Unión Europea resalta que la falta de salud y seguridad en el trabajo no solo tiene una

considerable dimensión humana sino también un gran impacto en la economía. El enorme costo económico de los problemas asociados con la seguridad y la salud en el trabajo, reducen la competitividad de las empresas e inhiben el crecimiento económico (European Union, 2007). Un ambiente de trabajo saludable es aquel en el que los trabajadores y los empleadores colaboran en el uso de un proceso de mejora continua para proteger la salud, seguridad y el bienestar de todos los trabajadores y la sostenibilidad del lugar de trabajo. Es un factor de productividad y competitividad, donde se debe eliminar o controlar los riesgos laborales mediante proyectos institucionales que incluyan líneas de investigación al respecto (Briseño, Herrera, Enders & Fernández, 2008, González, 2007, OMS, 2010). Así pues, en España existe una normativa, la Ley de Prevención de Riesgos Laborales (Ley nº 31/1995) que tiene por objeto promover la seguridad y la salud de los trabajadores mediante la aplicación de medidas y el desarrollo de las actividades necesarias para la prevención de riesgos derivados del trabajo. Específicamente y en lo relativo a la movilización de pacientes, el Real Decreto 487/1997, establece las disposiciones mínimas de seguridad y de salud relativas a la manipulación manual de cargas que entrañe riesgos, en particular dorsolumbares, para los trabajadores. Los riesgos generales son muy diversos y variados en función del tipo de tarea.Existen diversos estudios que muestran la existencia de distintos tipos de riesgos que de forma directa o encubierta afectan a los profesionales que prestan servicios en el área de salud. En las investigaciones sobre el tema se expresa que

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además de los riesgos físicos, químicos, biológicos y ergonómicos, se debe incluir la medición de la satisfacción laboral (Hernández, 2011, Melo, 2009, Santiago, 2014). Uno de los criterios esenciales de la ergonomía es tomar a la persona como punto de referencia fundamental a la hora de diseñar los sistemas o puestos de trabajo, puesto que realmente es el ser humano el que interactúa con el entorno en este caso concretamente con el centro de trabajo. Con respecto a las investigaciones sobre riesgos ergonómicos se han algunos estudios epidemiológicos que relacionaban dichos riesgos con las dorsalgias del personal de enfermería, llegando a la conclusión que este personal padece una tasa elevada de dorsalgias, algias de esfuerzos y síntomas neurológicos (Blanco & Sola, 2008, Urbano et. al, 2014).

Los problemas ergonómicos que sufre el personal de enfermería podrían estar asociados a la deficiencia de las instalaciones, manipulación manual de cargas y movilización de pacientes. Moreno & Báez (2011) sugieren tener en cuenta que en los riesgos ergonómicos no sólo influyen los aspectos físicos, sino también los factores psicosociales como el descontento en el trabajo, la monotonía, control limitado del trabajo y alta exigencia mental que exige la profesión de enfermera. Una higiene postural inadecuada, con posturas incorrectas y una mala mecánica corporal en el ejercicio de las atribuciones profesionales del personal de Enfermería, puede acarrear daños osteo-articulares y musculares a corto y largo plazo (Rojas, 2011, Santiago, 2014). Investigaciones realizadas por Soto-Padilla y su equipo de colaboradores, comentan que la lumbalgia es un síntoma muy frecuente la cual ocupa la segunda causa de consulta en ortopedia, quinta de hospitalización y tercera de intervenciones quirúrgicas y afecta a 84% de las personas en algún momento de la vida (Soto-Padilla et al. 2015). Por otra parte, teniendo en cuenta que los riesgos laborales ocupan un lugar relevante en los temas de salud pública, es necesario profundizar en los estudios que identifiquen los mecanismos genéricos de producción de riesgos y los principales factores participantes para establecer medidas de prevención (Ramirez, 2011). Las políticas de salud son importantes porque afectan directa o indirectamente todos los aspectos de la vida cotidiana, las acciones, los

comportamientos y las decisiones. Pueden prohibir conductas que se perciben como riesgosas, alentar las que se consideran beneficiosas o proteger los derechos y el bienestar (Rangel, 2008). Ante lo expuesto, en el presente estudio se plantea como objetivos identificar, valorar y evaluar los riesgos ergonómicos a los que se expone el personal de enfermería de un Hospital Geriátrico de la Isla de Lanzarote, y determinar la contribución de estos factores ergonómicos como factores de riesgo laboral. Así mismo, se pretende establecer su impacto en la salud de cada profesional de la enfermería. Material y método Se ha realizado un estudio transversal, descriptivo cuantitativo mediante cuestionario anónimo y autocumplimentado, entre 125 profesionales de Enfermería de la Unidad de Geriatría del Hospital Insular de Lanzarote, utilizando como instrumento de recogida de datos una encuesta validada por el INSHT de Barcelona dependiente del Ministerio de Sanidad; siendo los riesgos ergonómicos analizados los siguientes: Movilización de pacientes, Tiempo de permanencia de pie durante la jornada laboral, Diseños de sillas ergonómicamente incómodas, Manipulación manual de cargas e Inclinaciones o torsiones al sentarse. A este cuestionario se añadieron datos sociodemográficos: edad, sexo, antigüedad en el puesto de trabajo y categoría profesional (enfermeros o enfermeras y auxiliares de enfermería). El periodo de estudio abarca desde marzo a mayo de 2012. El acceso a las bases de datos debe estar restringido, respetando con ello las normas internacionales de protección de datos, así como la legislación española (Ley Orgánica 15/1999). Se ha administrado una hoja de consentimiento informado a cada participante, previamente a la realización del cuestionario. Se realizó un tratamiento estadístico de los datos recogidos de la muestra de 125 profesionales de la salud, que realizan su trabajo en un centro geriátrico, mediante el programa de análisis estadístico SPSS versión 21.0 para Windows XP. Para el análisis de los datos se utilizaron métodos estadísticos para poder resumir, organizar, evaluar, interpretar y comunicar la información

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numérica. Se calcula la media y la desviación estándar de la muestra. Resultados En el análisis sociodemográfico se observó que la edad del personal encuestado en el estudio (n=125) estaba entre 23 y 64 años, con una edad media de 40,7 años. Atendiendo al sexo, son las mujeres el grupo mayoritario, con un 87% del total de encuestados y es el grupo entre 50 y 60 años, donde más lesiones aparecen y con mayor

tiempo para recuperarse, por lo que el absentismo laboral aumenta en este grupo de edad. Con respecto a la categoría profesional: el 74.4% son Auxiliares de Enfermería (93 personas) y el 25.6%, es decir 32, son Diplomados en Enfermería. Para considerar el valor de riesgo de las tareas ergonómicas, estas fueron analizadas tanto en el personal expuesto como no expuesto. Los riesgos ergonómicos más elevados (Figura 1)

Figura 1 – Riesgos Ergonómicos

corresponden a la “Manipulación manual de cargas superior a 15 kg” (62%) “Inclinaciones o torsiones inadecuadas de la columna vertebral (c.v.)” (24%) y “Diseños de sillas ergonómicamente incómodas” (7%). Este riesgo ergonómico que supone la m.m.c (manipulación manual de cargas) pueden ocasionar lesiones más graves en el sistema osteomuscular del personal de enfermería, debido a que el centro de gravedad de la carga es inestable y cualquier movimiento del paciente hace que el agarre o la sujeción que se le debe de

realizar se modifique rápidamente por el riesgo a que en las transferencias se pueda caer al suelo. Las partes del cuerpo donde se lesionan con más frecuencia los trabajadores del Hospital son: el cuello en el 66% de los casos, la espalda en el 22%, un 8% en los hombros y 1% en codos y manos, afectando a los miembros inferiores únicamente el 2% de las lesiones producidas por la m.m.c. y los movimientos inadecuados que se producen en estas manipulaciones, traslados o transferencias efectuadas sobre los pacientes (Figura 2).

0

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20

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Riesgos Ergonómicos

Manip. Manual de Cargas

Inclinaciones o torsiones incorrectas deC.V.

Material incómodo

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Figura 2 – Localización de lesiones en el personal de enfermería

Del total del personal analizado el 67.5% manifestó haber padecido en los últimos 5 años, alguna patología relacionada con los riesgos ergonómicos, siendo la Lumbalgias y Cervicalgias las patologías más prevalentes.

Las lesiones se producen con mayor frecuencia en el turno de trabajo de mañana (76%), por las tardes aparecen el 20% de las lesiones y en el trabajo de noche únicamente el 4%, (Figura 3)

Figura 3 – Lesiones por turno (%)

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Localización lesiones en elpersonal de Enfermería

Piernas

Manos

Codos

Cintura Escapular

Espalda (Dorsal y Lumbar)

Cuello y columna cervical

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MañanaTarde

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y dicen utilizar medios mecánicos para la movilización y el traslado de pacientes el 71% de los encuestados, aunque refieren que durante muchos años, sobre disponer de estos medios, no los utilizaban hasta que la Institución (el Hospital) obligó el uso de estas ayudas mecánicas en los pacientes con movilidad reducida y otros tipos de patologías invalidantes. El 57% de la población de estudio (n= 125), comentan que existen ciertas posturas adoptadas que son inevitables durante la realización de las tareas cotidianas efectuadas en la atención a los pacientes, como la que se adopta al realizar la higiene en la cama, al vestir a los usuarios o a la resultante que se realiza cuando se da de comer a estos pacientes, con barreras arquitectónicas o material en exceso que impiden adoptar una correcta Higiene Postural en el cuidado de los pacientes y en la realización de las A.V.D. La postura de agacharse se asocia con un aumento en el riesgo de lesiones. Generalmente se considera que más de una articulación que se desvía de la posición neutral produce altos riesgos de lesiones. Posturas específicas que se asocian con a lesiones (síndrome del túnel carpiano, protusiones discales, contracturas a nivel de la cintura escapular…) En el 100% de los profesionales de la salud que se encargan del cuidado de los pacientes geriátricos aparecen signos de ansiedad ocasionados por las posibles denuncias y demandas judiciales que se pueden interponer ante ellos ante una posible conducta profesional imprudente o negligente, que pueda ocasionar alguna lesión en los usuarios del centro. Discusión En el estudio sobre los riesgos ergonómicos a los que este personal está expuesto, se observó una alta prevalencia de los mismos, acompañada de valores de riesgo relativo que permitirían explicar el alto índice de patologías encontradas tales como: Lumbalgias, Cervicalgias y Dorsalgias. En este sentido van encaminadas las publicaciones de Santiago y el equipo de Soto-Padilla, donde escriben sobre la importancia de la prevalencia de lumbalgias en trabajadores de la salud y en la población en general que acuden a consulta (Santiago, 2014, Soto-Padilla et al., 2015).

La mayoría de estas lesiones no se detectan hasta que se hacen crónicas, y casi siempre van asociadas a otras, producidas porque el trabajador intenta compensar su dolor y fuerza con otros músculos y articulaciones que acabarán, a su vez, resultando afectados, agravándose la lesión. Estos resultados son similares al estudio de Vernaza y Paz, en cambio, en el artículo de investigación realizado por Briseño, no se encontró asociación entre el uso de la mecánica corporal con las dorsopatías (Briseño, 2007, Verzana & Paz, 2006). Así mismo ocurre en la publicación de Santiago, donde obtiene resultados entre los estudiantes de Fisioterapia que refieren padecer dolor lumbar (Santiago, 2014). También se encuentra coincidencia con el estudio realizado por Hernández-Martínez en profesionales de Enfermería (Hernández, 2011), donde, respectivamente el 64% y 45% del personal de enfermería sufre dolores de espalda y se recomienda dar importancia a la ergonomía hospitalaria. Así mismo también son coincidentes con el estudio publicado por De Souza y colaboradores (Souza, 2011). También en el realizado por Urbano y su equipo efectuado sobre el personal de enfermería que desarrolla su trabajo en áreas críticas, donde se detectaron dolencias y padecimientos de la columna vertebral en las enfermeras, atribuyéndoles a la organización del trabajo y a condiciones ergonómicas inadecuadas (Urbano et al.2014). Estos hábitos también son relatados en el presente estudio, ya que las enfermeras encuestadas se someten también a estos procedimientos durante toda la jornada de trabajo, padeciendo frecuentes dolores asociados a la columna vertebral. Destacar que en la entrevista con el personal encuestado, un alto porcentaje de enfermeros manifiestan enfermedades, atribuyéndole las patologías al tipo de trabajo que realizan y a la falta de prevención, ya que no existen procedimientos escritos, ni se toman medidas para evitar los riesgos. Estas expresiones no sólo fueron frecuentes en los Auxiliares de Enfermería, sino también en los Enfermeros profesionales. Como indican los profesionales de Enfermería, en el trabajo con pacientes con movilidad reducida es inevitable el adoptar posturas incorrectas,

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debido principalmente a dos factores, en primer lugar el elevado número de pacientes con síndrome de inmovilismo y movilidad reducida, que necesitan ayuda para realizar la mayoría de las Actividades de la Vida Diaria (A.V.D.), y en segundo lugar, como se aprecia en la página web del (Cabildo, s,d), no debemos olvidar que la estructura arquitectónica del Hospital se realizó a mediados del Siglo XX, por lo que existen muchas habitaciones con barreras arquitectónicas que dificultan realizar de forma óptima los cuidados de Enfermería. Con respecto a los aspectos legales que pueden surgir por una inadecuada o incorrecta manipulación traslado y/o transferencia de un paciente, Soldevilla (2007), indica en su publicación referida a estos aspectos legales pero en úlceras por presión, que no debemos olvidar nunca que es unívoco el considerar que la responsabilidad de los cuidados descansa en el profesional de enfermería (diplomado y por delegación, en el auxiliar) y que la enfermera y/o el médico, establecerán pautas sobre el régimen de reposo o movilización, ayudas técnicas a implementar en el cuidado, etc., por lo que, una deficiencia en los cuidados, negligencia o mala praxis pueden tener consecuencias legales derivadas de estos actos. Conclusiones La realización de este estudio nos permitió conocer de una forma global los comportamientos profesionales del personal de Enfermería (Enfermeros, Enfermeras y Auxiliares de Enfermería) respecto a los riesgos ergonómicos que tienen implicaciones negativas sobre su salud y la calidad de los cuidados prestados. -A pesar de existir una normativa específica en prevención de riesgos laborales, los riesgos ergonómicos a los que el personal de enfermería están expuestos todavía son elevados. -Sigue siendo la patología de Columna Vertebral la más frecuente entre el personal de Enfermería que realiza cuidados geriátricos. -El material utilizado en el cuidado de personas mayores no reúne los requisitos ergonómicos adecuados para reducir los riesgos laborales en las unidades de Geriatría del Hospital Insular de Lanzarote.

-Recordar que es obligatorio por Ley (Ley de Prevención de Riesgos Laborales) la compra de material por parte de la Administración y la formación específica del personal en el manejo del mismo, así como el uso del mismo para las diversas movilizaciones que se realizan en los pacientes. Gracias a sus reducidas dimensiones estas ayudas técnicas (por ejemplo: las grúas) pueden pasarse de una habitación a otra o moverse entre el mobiliario con absoluta comodidad, siendo muy fácil de manejar. -Es importante que el puesto de trabajo esté bien diseñado para evitar enfermedades relacionadas con condiciones laborales deficientes, así como para asegurar que el trabajo sea productivo. Hay que diseñar todo puesto de trabajo teniendo en cuenta al trabajador y la tarea que va a realizar a fin de que ésta se lleve a cabo cómodamente, sin problemas y eficientemente. Si el puesto de trabajo está diseñado adecuadamente, el trabajador podrá mantener una postura corporal correcta y cómoda, la cual es importante porque una postura laboral incómoda puede ocasionar múltiples problemas en los diferentes sistemas corporales, pero sobre todo a nivel osteomuscular. -La Ley de Prevención de Riesgos Laborales que entró en vigor en España en el año 1995, recoge la obligatoriedad por parte del empresario de evaluar los riesgos derivados del trabajo y una vez detectados, adoptar las medidas necesarias para eliminarlos, y si no fuese posible; intentar reducirlos. Entre otras medidas, también se recoge la obligatoriedad de que el personal sea formado en materia específica en “prevención de riesgos laborales”, y aunque el Hospital ofrezca la posibilidad de contar con medios mecánicos para favorecer la movilización y el traslado de pacientes, así como de preparar varios cursos específicos en prevención de riesgos laborales, el personal de Enfermería no tiene suficiente motivación para asistir a esa formación específica. Por lo tanto, se debería de inducir a los trabajadores a utilizar los medios mecánicos disponibles en el centro hospitalario, así como recordarles la obligatoriedad de la asistencia a los curso de formación en materia de prevención laboral: manipulación manual de cargas, prevención del dolor de espalda en el trabajo de Enfermería, Movilización y traslados de pacientes con movilidad reducida, etc.

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EVIDÊNCIAS 13 nº2/2015

- Desde un punto de vista ergonómico, el desarrollo tecnológico sólo se consigue en la medida que la mecanización, además de producir aumentos en la producción, no presente riesgos para los trabajadores -La ergonomía tiene un carácter "constructivo" que es fundamental para la incorporación de tecnologías "sanas". Las labores correctivas, por lo general, son de alto costo y nunca permiten soluciones completamente satisfactorias. También es importante la disposición de las empresas para realizar intervenciones ergonómicas. Un mejor ambiente laboral, que ayude a mantener el estado de alerta y la motivación, como por ejemplo, creando mayor variación en las tareas, haciendo el ambiente más estimulante e incorporando a los trabajadores en la toma de decisiones respecto a la mejor forma de realizar sus actividades, son elementos fundamentales en la búsqueda de sistemas de trabajo en que se equilibre bienestar humano y productividad. Por todo lo expuesto, y con la finalidad de mejorar las condiciones laborales y disminuir el alto índice de patologías de origen profesional, sería recomendable la incorporación de medidas preventivas mediante la implementación de procedimientos de control y promoción de programas de entrenamiento y capacitación. Referências bibliográficas Blanco, G. & Sola, C. (2008). Principios ergonómicos para el personal de geriatría Edita: Unión Sindical Obrera .Secretaría: Confederal de Acción Sindical.Gabinete de Seguridad y Salud Laboral-U.S.O. Briseño, C.E., Herrera, R.N., Enders, J.E.& Fernández, A.R. (2008). Estudio de riesgos ergonómicos y satisfacción laboral. Rev. de Salud Pública, 22 (1),149-51. Briseño C. et al. (2007). Riesgos ergonómicos en el personal de Enfermería. Retirado de http://www.google.es/#hl=es&sclient=psy-ab&q=mec%C3%A1nica+corporal+y+dorsopatias.insht&oq=mec%C3%A1nica+corporal+y+dorsopatias.insht&gs_l=serp.3...1861.5786.2.6206.8.6.2.0.0.1.1677.4152.0j3j1j1j7-1j1.7.0...0.0...1c.1.i4ZCRfkoE3w&pbx=1&fp=1&bp

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EVIDÊNCIAS 14 nº2/2015

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EVIDÊNCIAS 15 nº2/2015

FATORES DETERMINANTES NA REDUÇÃO DOS NÍVEIS DE SOBRECARGA DOS CUIDADORES INFORMAIS DE UTENTES COM DEPENDÊNCIA: ARTIGO DE REVISÃO Determining factors in reducing the overload levels of the informal caregiver of dependent users Factores determinantes en la reducción de los niveles de sobrecarga de los cuidadores informales de pacientes con dependência Ana Margarida de Almeida Fernandes*; Verónica Janin da Silva da Costa**; Maria Manuela Henriques Pereira Ferreira***; Rui José Sousa Girão****

*Enfermeira do ACeS Feira/Arouca

**Enfermeira do ACeS Aveiro Norte

***Professora Doutora na ESEnfCVPOA

**** Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Serviço de Cardiologia

Resumo O envelhecimento é um processo natural que exige intervenção e co-responsabilização na promoção da autonomia e independência, por parte dos profissionais de saúde, com o envolvimento das famílias e de outros prestadores de cuidados. Esta revisão sistemática da literatura pretende identificar fatores determinantes na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais de utentes adultos com dependência. Nesta revisão identificam-se como fatores determinantes, na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais de utentes com dependência: não ter alterações no estado de saúde do cuidador, ter uma melhor qualidade de vida por parte do cuidador, a ausência de demência por parte do utente dependente, ter menos dificuldades para o desempenho do papel de cuidar, boa interação entre o cuidador e o utente com dependência, consistência nas relações sociais alargadas e pessoais do cuidador, crenças religiosas favorecedoras, e finalmente, a existência de uma rede formal de cuidados de saúde especializados. É um fenómeno multifatorial que exige por parte dos profissionais de saúde um olhar atento para a dicotomia do subsistema individual do cuidador e do utente com dependência, envolvendo os outros subsistemas familiares e os sistemas alargados que interagem com o sistema familiar, tendo a família como alvo da intervenção.

Palavras-chave: Cuidador informal; sobrecarga; utentes com dependência Abstract Aging is a natural process that requires intervention and co-responsibility of health professionals, the involvement of families and of other care providers in the promotion of autonomy and independence. This systematic literature review aims to identify determining factors in reducing the overload levels of the informal caregivers of dependent users. In this review several decisive factors can be identified which contribute to lower the overload of informal caregivers of the dependent users such as: no changes in the caregiver's state of health, an improved quality of life for the caregiver, the absence of dementia on the dependent users, facing fewer difficulties in carrying out the role of caregiving, a good interaction between the caregiver and the dependent user, consistency in the extended social and personal relations of the caregiver, beneficial religious beliefs and, finally, the existence of a formal network of specialized health care.

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EVIDÊNCIAS 16 nº2/2015

In conclusion, this is a multifactorial reality and requires a close insight from health professionals into the dichotomy of the individual subsystem of both the caregiver and the dependent user. Having the family as their target of intervention, other family subsystems and broader systems that interact with the family subsystem should also be involved.

Keywords: Informal caregiver; overload; dependent users. Resumen El envejecimiento es un proceso natural que exige la intervención y co-responsabilización en la promoción de autonomia e independencia, por parte de los profesionales de salud, con la participación de las familias y de otros proveedores del cuidado y bien-estar. Esta continua revisión de la literatura tiene como objetivo la identificación de los factores determinantes en la reducción de los niveles de sobrecarga de los cuidadores informales de pacientes adultos con dependencia. En esta revisión se identifican como factores determinantes, en la reducción de los niveles de sobrecarga de los cuidadores informales de pacientes con dependencia: no tener alteraciones en el estado de salud del cuidador, tener una mejor calidad de vida por parte del cuidador, la falta de demencia por parte del paciente dependente, tener menos dificultades a la hora de realizar su papel de cuidador, buena interacción entre la persona que cuida y el paciente con dependencia, consistencia en las relaciones sociales ampliadas y personales del cuidador, favorerer creencias religiosas, y por último, la existencia de una red formal de atención sanitaria especializada. Es un fenómeno multifactorial que requiere de los profesionales de la salud una mirada más atenta a la dicotomía del subsistema individual del cuidador y del paciente con dependencia, involucrando otros subsistemas como la familia y, de los sistemas ampliados que interactúan con el sistema familiar, teniendo la familia como objetivo la intervención.

Palabras-clave: Cuidador informal; sobrecarga; pacientes con dependencia Introdução A função de cuidar de uma pessoa dependente pode tornar-se numa tarefa exigente e desgastante, quer a nível físico, quer a nível afetivo e quer a nível socioeconómico (Melo, 2014). Este papel é frequentemente desempenhado por cuidadores informais, que são na maioria familiares, com necessidade de uma reestruturação familiar, implicando um maior número de atividades para os membros da família para responder às necessidades de um dos seus membros, com alterações na dinâmica familiar (Figueiredo, 2012). Nesta perspetiva, Bonilla (1989) compara a família a um puzzle flexível, em que cada peça se adapta à mudança e transformação de outra. Neste sentido, quando um membro adoece, para que se mantenha a harmonia inerente à família é necessária a mudança da realidade de cada um dos membros a ela pertencente. Caso contrário surgirá o caos, a desordem e o desequilíbrio. Os profissionais de saúde devem, antes de tudo, preparar os cuidadores de utentes com dependência para o papel de prestador de cuidados e estar atentos, aos níveis de sobrecarga e stress que podem desenvolver no

desempenho do seu papel. Assim, as intervenções a negociar devem ser orientadas em função das suas necessidades, contribuindo para a obtenção de ganhos em saúde no cuidador e no utente com dependência, uma vez que o bem-estar do cuidador tem implicações positivas nos cuidados prestados por estes, à pessoa dependente. Nesta revisão da literatura, pretende-se identificar os fatores determinantes na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais de utentes adultos com dependência, com vista a contribuir para uma prática baseada na evidência, perspetivando intervenções que visem minimizar as dificuldades sentidas pelos cuidadores informais. Enquadramento Sequeira (2012) considera que é fundamental reconhecer que os cuidadores informais são parceiros (ao qual acrescentaríamos, co-produtores) no desempenho dos cuidados de saúde aos utentes com dependência, a curto e longo prazo, pelo que deve ser uma prioridade nas políticas de saúde, tendo em conta o envelhecimento da população e aumento da

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prevalência de doenças crónicas associadas a uma maior longevidade. De facto, o envelhecimento da população, é uma realidade nacional, conforme demonstram os dados referentes a 2011, do Instituto Nacional de Estatística (2011) nomeadamente o índice envelhecimento (127,84%), o índice longevidade (47,86%), índice de rejuvenescimento da população ativa (94,34%)o índice dependência idosos (28,8%), o índice dependência total (51,3%) e a esperança média de vida(76,7 anos para os homens e 82,6 anos para as mulheres). Com o aumento do índice de longevidade, aumenta o número de idosos com incapacidade e/ou dependência devido à diminuição das capacidades naturais e o aumento de doenças crónicas que conduzem a uma perda da autonomia e aumento da dependência. Surgem assim, os cuidadores informais como resposta à manutenção da satisfação das necessidades humanas básicas da pessoa com dependência. Para Sarmento (2010), o cuidador informal é todo aquele que não é remunerado e presta cuidados, de modo parcial ou integral, à pessoa com dependência. Este apoio informal é maioritariamente prestado pela família, mas também por vizinhos ou amigos. O conceito de família, é abordado por Figueiredo (2012), no seu Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar, numa perspetiva sistémica que envolve variáveis relacionadas com a autodeterminação da família que se carateriza essencialmente por vínculos afetivos, numa rede de relações múltiplas e dinâmicas entre os seus membros e os outros sistemas. Assim, família é um “(…) sistema relacional inserido e articulado em diversos contextos, agrega um sistema de valores, conhecimentos e práticas, num espaço relevante de socialização e humanização” (Figueiredo, 2012, p.68). Quando se identifica na família um elemento com necessidade de cuidados, principalmente em situação de dependência, Figueiredo (2012) reconhece a importância de uma reestruturação familiar como consequência do papel de prestador de cuidados que é necessário incorporar, implicando um maior número de atividades para os membros da família, para responder às necessidades de um dos seus membros, com alterações na dinâmica familiar. Os cuidadores informais frequentemente apresentam dificuldades, na prestação de cuidadores ao utente com dependência, relacionados essencialmente com a falta de

conhecimento, de recursos e de suporte social. Em alguns casos, denota-se conhecimento e capacidades que permitem prestar os cuidados necessários, no entanto verifica-se dificuldades na mobilização dos mesmos, facto que lhes gera sobrecarga, sendo este um foco importante dos cuidados de enfermagem (Figueiredo, 2012). Segundo Sequeira (2010), sobrecarga refere-se às consequências físicas, psicológicas e sociais que resultam do ato de cuidar de uma pessoa dependente e da prestação ininterrupta de cuidados. A sobrecarga do cuidador pode ser avaliada através das diferentes dimensões que incorporam a Escala de Zarit (Zarit Burden Interview), tem como objetivo identificar os fatores que levam à exaustão do cuidador, e assim poder intervir de acordo com as suas necessidades (Sequeira, 2010). No contexto da avaliação familiar é preponderante identificar o cuidador responsável pela prestação de cuidados ao indivíduo com dependência porque o desempenho deste novo papel implica um processo de interação e reestruturação familiar em que, a identificação das dificuldades no desempenho das funções de prestador de cuidados, estimulará o desenvolvimento de estratégias de coping eficazes (Figueiredo, 2012). Assim é possível identificar as forças e os recursos que permitem ao cuidador informal adaptar-se ao novo papel, assim como co-definir estratégias que permitam a resolução dos problemas. Metodologia Neste estudo foi feita uma revisão sistemática da literatura, nas bases de dados: EBSCO, SciELO e biblioteca virtual utilizando os descritores: Informal caregiver; burden. Foram definidos os seguintes critérios de inclusão: serem estudos originais por autores portugueses e em contexto português (embora possam estar publicados noutras línguas), com publicação a partir de 2009, sobre os fatores determinantes na redução da sobrecarga nos cuidadores informais de utentes dependentes, com 18 ou mais anos. A pesquisa bibliográfica foi realizada no período entre novembro de 2014 e fevereiro de 2015, recorrendo à pesquisa em bases de dados eletrónicas, com recurso a motores de busca específicos, de artigos científicos, de estudos de investigação primária sobre o tema. Das 125 publicações científicas obtidas, foram utilizadas

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cinco, por cumprirem os critérios de inclusão na amostra. Resultados No Quadro 1, apresentam-se os principais resultados dos estudos analisados e a enumeração dos fatores determinantes na redução da sobrecarga do cuidador informal. Salienta-se que foram incluídos no trabalho cinco estudos originais portugueses, de natureza quantitativa, dos quais quatro, são correlacionais e um descritivo (artigo n.º 2), cuja população

alvo foram os cuidadores de utentes com dependência, em que o número de elementos da amostra que integraram o estudo nesses artigos variou entre 94 e 184 cuidadores informais. Os cuidadores informais são maioritariamente do grupo etário entre 40 e 70 anos, predominando uma escolaridade baixa (1º ciclo do ensino básico) e situação laboral inativa; género feminino; casados; cuidadores de familiares (cônjuge, filhas); cuidadores únicos, com período de prestação de cuidados que variou entre os 3 meses e os cinco anos.

Quadro 1 – Apresentação dos resultados

Artigo/Autor/Ano

Objetivos do estudo Resultados

Fatores determinantes na redução

da sobrecarga do cuidador

informal

Artigo n.º 1

Sequeira, Carlos A. C.

(2010)

Objetivo:

Adaptar e validar a Escala de

Zarit para a população

portuguesa.

- Os fatores multidimensionais da Escala de Zarit são: impacto da

prestação de cuidados; relação interpessoal; expetativas com o cuidar;

perceção de auto-eficácia.

- Nível de sobrecarga é maior nos cuidadores de utentes com demência;

- Os fatores “- Impacto da prestação de cuidados” e “Relação

interpessoal” têm uma correlação mais significativa, pelo que os fatores

incluídos nestas dimensões terão mais impacto no nível de sobrecarga

objetiva do cuidador;

- Os fatores incluídos da dimensão “expectativas com o cuidar”, também

são considerados como principais fontes de sobrecarga;

- A maior parte dos cuidadores envolvidos no estudo apresentam

sobrecarga intensa (maior nível de sobrecarga avaliado pela escala).

- Sem alterações no estado de

saúde do cuidador (física e mental).

- Consistência nas relações sociais e

pessoais do cuidador;

- Boa interação entre o cuidador e

o utente com dependência.

- Ausência de demência por parte

do utente dependente.

Artigo n.º 2

Ferreira, Fátima (et al)

(2010)

Objetivo:

Validar a escala de Zarit em

cuidados paliativos

domiciliários na população

portuguesa.

- Os cuidadores são maioritariamente: adultos entre 61 e 70 anos;

género feminino; casados; familiares (cônjuge na maioria); período de

prestação de cuidados superior a 4 anos, cuidadores únicos, nível de

escolaridade coincidente com 1º ciclo de ensino básico.

- Os utentes alvo de cuidados são maioritariamente do sexo feminino e a

idade entre 70 e 80 anos, sendo a neoplasia a doença mais prevalente

que conduziu à dependência.

- O total da média dos scores da escala de Zarit indica sobrecarga

moderada.

- Rede formal de cuidados de saúde

especializados, na área dos

cuidados paliativos, reduz a

sobrecarga do cuidador

informal/familiar.

Artigo n.º 3

Carvalho, M Graça P.H.

(2012)

Objetivo:

Avaliar a relação entre as

variáveis qualidade de vida,

sobrecarga, suporte social e

morbidade psicológica.

- 80% dos elementos são do género feminino, com uma média de idades

entre os 40 e 70 anos; 34% referiram possuir ajuda de um cuidador

secundário.

- 63% são cuidadores de idosos totalmente dependentes do ponto de

vista funcional, 8,2% de idosos gravemente dependentes, 15% de idosos

moderadamente dependentes e os restantes cuidadores de idosos com

dependência leve.

- 86% são casados ou em união de fato.

- 30% dos cuidadores são cônjuges, 60% filhos e os restantes possuem

outro grau de parentesco ou apenas amizade pelo cuidador.

- 51% dos cuidadores assumiram a prestação de cuidados há mais de 5

anos, 25% entre 3 meses e um ano, 20% há mais de um ano e os

restantes há menos de 3 meses.

- A qualidade de vida está relacionada negativamente com a sobrecarga

e morbidade e positivamente com a satisfação com os amigos.

- A sobrecarga e qualidade de vida correlacionaram-se com o suporte

social total.

- Melhor qualidade de vida do

cuidador informal.

- Consistência nas relações sociais e

pessoais do cuidador: maior

satisfação com amigos.

Artigo n.º 4

Figueiredo, Daniela (et al)

(2012)

Objetivo:

Analisar a relação entre a

- Os cuidadores são maioritariamente do género feminino (84,8%), com

média etária de 57,1 anos e casados (78,8%).

- A maioria dos cuidadores tem 4 anos de escolaridade (54,5%) e é

reformado (28,3%) ou é doméstica (25,3%).

- A maioria dos cuidadores são descendentes (52,5%) ou cônjuges

- Existência de uma rede social

alargada na qual se incluem os

profissionais de saúde.

- Existência de redes de apoio

(grupos de suporte e grupos

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EVIDÊNCIAS 19 nº2/2015

rede social pessoal dos

cuidadores familiares de

idosos dependentes com e

sem demência;

Estudar a relação entre o

tamanho da rede social e a

satisfação com a vida nos

dois grupos de cuidadores.

(24,2%) da pessoa de quem cuidam, não têm filhos a cargo (64,6%) e

coabitam com o familiar dependente (82,8%).

- Quanto ao grau de dependência, verifica-se que a maioria (51,5%) dos

recetores de cuidados são totalmente dependentes.

- Os familiares que cuidam de uma pessoa idosa dependente tendem a

apresentar redes sociais pequenas muito concentradas nas relações

familiares e a sentir-se pouco satisfeitos com a vida.

- O impacto da tarefa de cuidar pode ser atenuado pela partilha, não só

dentro da rede social de suporte existente, mas recorrendo a outras

redes de apoio como os grupos de suporte ou a grupos psicoeducativos.

psicoeducativos).

Artigo n.º 5

Sequeira, Carlos A. C.

(2012)

Objetivo:

Caracterizar as principais

dificuldades, estratégias de

coping, satisfação e

sobrecarga nos cuidadores

informais de utentes

dependentes com e sem

demência.

- A maioria dos cuidadores têm 60 e mais anos, 87% são mulheres,

maioritariamente casados (78,8%), com um baixo nível de escolaridade

(33,7% não concluíram o ensino básico e apenas 7,1% têm ensino

secundário).

- A maioria são domésticas, desempregados ou reformados, com baixos

rendimentos.

- Os cuidadores são maioritariamente filhas (44%), ou cônjuges (31,5%).

- Nível de sobrecarga avaliado pela escala de Zarit é maior nos

cuidadores de utentes com dependência mental.

- Os fatores presentes na dimensão “ Impacto da prestação de cuidados”

têm mais impacto no nível de sobrecarga objetiva do cuidador.

- Ausência de dependência mental

parte do utente dependente.

- Apresentar menos dificuldades

para o desempenho do papel do

cuidador.

- Existência de crenças religiosas

(“Religião pode atuar como um

importante recurso pessoal em

termos de estratégia para

encontrar sentido na vida”).

Da análise dos cinco estudos apresentados no Quadro 1, identificam-se oito fatores determinantes, na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais de utentes com dependência registados em: 3 estudos - a consistência nas relações sociais alargadas e pessoais do cuidador; 2 estudos - a ausência de demência ou de dependência mental por parte do utente dependente; 1 estudo - a existência de uma rede formal de cuidados de saúde especializados; melhor qualidade de vida do cuidador informal; crenças religiosas favorecedoras; ausência de alterações no estado de saúde do cuidador; menos dificuldades para o desempenho do papel de cuidar; para além de uma boa interação entre o cuidador e o utente com dependência. Desta análise, verifica-se que, a rede social do cuidador informal foi o fator que esteve presente em três dos estudos apresentados, desde a qualidade da relação da díade cuidador informal e dependente, ao apoio presente na família nuclear e na família alargada, ao apoio dos amigos, vizinhos, a religião, as redes de apoio, através de grupos de suporte e/ou psicoeducativos, até às redes formais de prestação de cuidados de saúde e sociais. Discussão Nos artigos analisados os cuidadores informais eram maioritariamente do grupo etário entre 40

e 70 anos, de baixa escolaridade, situação laboral inativa; do género feminino; casados e cuidadores de familiares. Aguiar (2011) e Souza (2013) num estudo acerca das representações sociais dos cuidadores no cuidar de idosos, também verificaram que o papel de cuidador era maioritariamente desempenhado por mulheres e familiares com pouca formação. Estas caraterísticas relacionadas com o cuidador informal podem interferir com o nível de sobrecarga dos mesmos, tal como referem Martín (2000), Martins (2003), Cruz e colaboradores (2010), ao identificarem os fatores que se relacionam com a sobrecarga do cuidador informal, entre os quais as características sociodemográficas do cuidador (género, idade, habilitações literárias, recursos económicos); o grau de dependência da pessoa e exigência dos cuidados prestados; a falta de conhecimentos e habilidades por parte do cuidador, assim como de estratégias de coping; e por último, a utilização dos serviços de saúde e sociais, tal como o descanso do cuidador. Ao ser humano é reconhecida a capacidade de, perante os constrangimentos, desenvolver mecanismos de defesa, ou estratégias de adaptação que ajudam o indivíduo a lidar com a situação de crise que vivência. Segundo Neeb (1997), o coping eficaz exige a utilização de competências que possibilitem ao indivíduo efetuar uma escolha saudável, e isto implica a utilização de novos instrumentos ou estratégias e a adoção de comportamentos mais adequados.

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EVIDÊNCIAS 20 nº2/2015

Porém, em situações que envolvem uma elevada carga emocional, a análise pode não ser tão linear, e conforme sublinha a autora, a consciência do indivíduo encontra-se perturbada, interferindo com a capacidade própria de realizar escolhas adequadas, ou com a capacidade de mobilizar os instrumentos que já havia aprendido. E neste sentido, nos momentos de maior stresse, há tendência da mente se refugiar em mecanismos inconscientes, que constituem o seu “apoio” habitual em situações que afetam o seu equilíbrio; mas que Neeb defende trazerem apenas ao indivíduo a ilusão de coping. Os estudos analisados nesta revisão evidenciam que o nível de sobrecarga é influenciado por diversos fatores, alguns dos quais são determinantes para a redução dos níveis de sobrecarga. Este dado é sustentado por Melo e colaboradores (2014), que referem que o cuidar de pessoas dependentes em casa (com e sem demência), é um complexo processo individual, que é influenciado por fatores de diferentes contextos e está associado a um conjunto de agentes de stress, mediada pela relação de prestação de cuidados e que pode resultar num maior ou menor grau de sobrecarga. Segundo Atkinson (1989), a natureza da doença influenciará o comportamento de todos os elementos da família. Por outro lado, a sua gravidade (leve ou grave, aguda ou crónica, ou até mesmo terminal) e a sua própria entidade (congénita ou adquirida, mental ou orgânica), condiciona igualmente a resposta da família ou da sociedade. Todos os estudos analisados referem que a presença de suporte familiar e social está associada a uma diminuição dos efeitos do stress no indivíduo e sistema familiar, pelo que podem ser considerados como fatores protetores na sobrecarga dos cuidadores informais. Por outro lado, Pereira e colaboradores (2012) referem que altos níveis de sobrecarga manifestam um aumento de sintomatologia depressiva, ansiedade e stress, pelo que a continuidade do desempenho do papel de cuidador pode conduzir à exaustão e conduzir a uma situação de crise e rotura manifestando sintomas de tensão, fadiga, stress, ansiedade e frustração como consequência dos efeitos negativos da prestação dos cuidados. Concluímos ainda, após análise dos artigos, que níveis altos de sobrecarga refletem menor qualidade de vida.

A manutenção de atividades sociais por parte do cuidador informal diminui o isolamento social e a sobrecarga, que se reflete num impacto positivo na satisfação com o papel de cuidador, com implicações na qualidade de vida e na diminuição do risco de deterioração da saúde mental e física do cuidador (Sequeira, 2010; Pereira e colaboradores, 2010). Este aspeto já era defendido por Bonilla (1989), ao referir que a doença não atinge unicamente um determinado membro do grupo, mas influencia e contamina toda a rede familiar e social isto é, afeta não só o indivíduo doente, como todos os outros que o envolvem, família e sociedade, na tentativa de restabelecer o equilíbrio perdido. A existência de um cuidador secundário minimiza a sobrecarga do cuidar, sendo um apoio social para os cuidadores informais proporcionando-lhes maior disponibilidade para se dedicar aos restantes membros da família e a si mesmo (Figueiredo e colaboradores, 2012). Por outro lado, cuidadores que possuem ajuda de um cuidador secundário têm maior satisfação conjugal. Desta forma, a partilha de tarefas (com o cuidador secundário) atenua o impacto no novo papel desempenhado pelo cuidador. Muitas vezes, procuram esse auxílio nos vizinhos e amigos e em certas instituições que os possam ajudar no desempenho do papel de cuidador. Polaino e Lorente (1996) referem que o cuidar no domicílio aumenta a sobrecarga física e psicológica porque comporta uma carga maior e um sofrimento que aumenta com a angústia e dependência do doente. O bom relacionamento conjugal é referenciado por Figueiredo (2012) e Cruz e colaboradores (2010) como fator de motivação intrínseca por parte do cuidador, diminuindo o risco de depressão e stress psicológico, com implicações mais evidentes na qualidade de vida dos cuidadores informais. Por outro lado, quando o cuidador tem um bom ajustamento conjugal, poderá ficar menos vulnerável ao impacto das alterações estruturais envolvidas com o cuidar e ao efeito negativo da depressão na sua qualidade de vida (Pereira, Carvalho, 2012). De facto, Pereira e Carvalho (2012) verificaram, no seu estudo que o ajustamento conjugal total não modera a relação entre a sobrecarga e a qualidade de vida mas por outro lado, modera a relação entre a depressão e a dimensão física da qualidade de vida. Embora não seja considerado um fator determinante na diminuição da

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EVIDÊNCIAS 21 nº2/2015

sobrecarga do cuidador informal é entendido como um fator coadjuvante no bem-estar do cuidador. No entanto, no mesmo estudo é considerado como fator determinante na redução da sobrecarga, a existência de uma consistência nas relações sociais, enfatizando a satisfação com os amigos com impacto na diminuição da morbidade psicológica (ansiedade e depressão clínica), com melhoria na qualidade de vida. Maronesi (2014), na sua investigação identificou que o nível de sobrecarga é maior nos cuidadores informais do que nos cuidadores formais, concluindo que é fundamental o desenvolvimento de estratégias de resolução e minimização dos níveis de sobrecarga perspetivando melhor qualidade de vida para o cuidador e consequentemente para o utente alvo de cuidados. Assim, esta revisão contribuiu para uma melhor sistematização dos fatores determinantes na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais, que importa ter em atenção, de forma a prestar um cuidado diferenciado e adaptado a cada cuidador informal, para um cuidado mais eficaz com ganhos para o cuidador informal e pessoa alvo de cuidados. Os profissionais de saúde na avaliação de um utente dependente, devem considerar a sobrecarga do cuidador com vista ao desenvolvimento de estratégias no seu cuidado que contribuam para a redução da sobrecarga, perspetivando intervenções que visem minimizar as dificuldades sentidas pelos cuidadores informais. Conclusão Com esta revisão, identificam-se como fatores determinantes, na redução dos níveis de sobrecarga dos cuidadores informais de utentes com dependência: não existir alterações no estado de saúde do cuidador, uma melhor qualidade de vida por parte do cuidador, a ausência de demência por parte do utente dependente, menor dificuldade para o desempenho do papel de cuidar, boa interação entre o cuidador e o utente com dependência, consistência nas relações sociais alargadas e pessoais do cuidador, crenças religiosas favorecedoras, e finalmente, a existência de uma rede formal de cuidados de saúde especializados. Conclui-se que este fenómeno é multifatorial e exige por parte dos profissionais de saúde um olhar atento para a dicotomia do subsistema

individual do cuidador e da pessoa alvo de cuidados, envolvendo os outros subsistemas familiares e os sistemas alargados que interagem com o sistema familiar, como os recursos da comunidade (rede social), tendo sempre a família como alvo da intervenção, no que se refere à redução dos níveis de sobrecarga do cuidador informal e consequente promoção de elevados níveis de satisfação com o papel de prestador de cuidados, com a finalidade de proporcionar elevados níveis de cuidados informais à pessoa alvo dos mesmos. Referências Bibliográficas Aguiar, S. et al. (jul/set, 2011). Representações Sociais do Cuidar de Idosos para Cuidadores: Revisão Integrativa. Revista Enfermagem, 19 (3) 485-490.

Atkinson, L. D. & Murray, M. E. (1989). Fundamentos de enfermagem: introdução ao processo de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara. ISBN 85-226-0328-6. Bonilla, A. R. (1989). A família do doente, leitura psicológica. Mem Martins, Hospitalidade, 53 (208). Cruz, D. C. & Miranda et al. (dez. 2010). As vivências do cuidador informal do idoso dependente. Revista Referência, (2),127-136. Ferreira, F. et al. (2010). Validação da escala de Zarit: sobrecarga do cuidador em cuidados paliativos domiciliários para a população portuguesa. Cadernos de Saúde, 3 (2), 13-19. Figueiredo, M. H. (2012). Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar: Uma Abordagem Colaborativa em Enfermagem de Família. Loures: Lusociência. ISBN: 978-972-8930-83-7. Figueiredo, D., Lima, P., & Sousa, L. (2012). Cuidadores Familiares de Idosos Dependentes com e sem Demência: rede social pessoal e satisfação com a vida. Psicologia, Saúde e Doença, 13 (1), 117-129. Instituto Nacional de Estatística. (2014). Censos 2011. Resultados definitivos. Lisboa, retirado de

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EVIDÊNCIAS 22 nº2/2015

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_base_dados&contexto=bd&selTab=tab2 Maronesi, L. C., et al. (2014). Indicadores de estresse e sobrecarga em cuidadores formais e informais de pacientes oncológicos. Psicologia Social, 14 (3), 877-892. Martín, I., Paul, C., & Roncon, J. (2000). Estudo de adaptação e validação da escala de avaliação de cuidado informal. Psicologia, Saúde & Doenças, 1 (1), 3-9. Martins, T., Ribeiro, J. P., & Garrett, C. (2003). Estudo de validação do questionário de avaliação da sobrecarga para cuidadores informais. Psicologia, saúde & doenças, 4 (1), 131-148. Melo, R., Rua, M. & Santos, C. (2014). Necessidades do cuidador familiar no cuidado à pessoa dependente: uma revisão integrativa da literatura. Revista Referência. Coimbra. Série IV (2), 143-151. Moreira, B. (2001). O Doente terminal em contexto familiar, uma análise da experiência de cuidar vivênciada pela família. Edição Formasau: Coimbra. IBSN 972-8485-22-0. Neeb, K. (1997). Fundamentos de Enfermagem de Saúde Mental. Loures: Lusociência. ISBN 972-8383-14-2.

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EVIDÊNCIAS 23 nº2/2015

BENEFÍCIOS DA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA PÓS-PARAGEM CARDÍACA FORA DO HOSPITAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Benefits of therapeutic hypothermia after out-of-hospital cardiac arrest: a systematic review Los beneficios de la hipotermia terapéutica después de un paro cardíaco exterior del hospital: una revisión sistemática

Bernardete Regalado*; Catarina Baptista**; Catarina Santos***; Sónia Pereira;****Fernanda Príncipe*****

* Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica **

Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica ***

Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica; Pós-graduada em Enfermagem de Cuidados Intensivos ****

Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica; Pós-graduada em Enfermagem de Cuidados Intensivos. *****

Especialista em Enfermagem Médico-cirúrgica; Professora adjunta da ESEnfCVPOA

Resumo O objetivo deste estudo é avaliar o impacto da Hipotermia Terapêutica (HT) no outcome neurológico e sobrevivência dos doentes em coma, com Recuperação da Circulação Espontânea (RCE) após Paragem Cardíaca Fora do Hospital (PCFH). Foi realizada uma pesquisa da literatura existente, com recurso a diversas bases de dados eletrónicas durante o mês de janeiro de 2013. Foram definidos critérios de inclusão e exclusão e selecionados 7 estudos. Foi possível constatar, após a análise dos estudos selecionados, que a utilização da HT no tratamento pós Paragem Cardíaca (PC) traduz-se numa melhoria do outcome neurológico e aumento da sobrevivência. A HT deve ser considerada um tratamento altamente promissor na abordagem a doentes pós PC. A sua utilização apresenta benefícios para o doente, com ganhos em saúde a vários níveis, bem como para a própria instituição, evitando despesas decorrentes das sequelas neurológicas pós PC. A utilização da HT é uma opção viável no tratamento pós PC, recomendada pela Internacional Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR), pois os dados existentes sugerem que a sua aplicação melhora o outcome neurológico e aumenta de forma significativa a sobrevida. No entanto, em Portugal a sua utilização ainda é escassa, tanto pelos custos envolventes como pela falta de formação na área.

Palavras-chave: Hipotermia terapêutica; outcome neurológico; paragem cardíaca; sobrevivência.

Abstract The aim of this study is to evaluate the impact of Therapeutic Hypothermia (TH) on survival and neurological outcome of patients in coma with Recovery of Spontaneous Circulation (ROSC) after Cardiac Arrest Outside the Hospital (CAOH). We conducted a survey on existing literature, using several electronic databases during the month of January 2013. Inclusion and exclusion criteria were defined and 7 studies were selected. We can conclude, after the analysis of the selected studies that the use of TH in the treatment of post Cardiac Arrest (CA) results in an improvement of the neurological outcome and increases survival. The TH should be considered as a highly promising treatment in the approach to patients suffering from post CA. Its use has benefits for patients with health gains at various levels, as well as to the institution itself, avoiding the costs associated with neurological sequels post CA. The use of TH is a viable option on the treatment of post CA, recommended by the International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR), because the existing data suggests that its application improves neurological outcome and significantly increases survival. However, its use in Portugal is still rare, not only for its costs but also for the lack of training in the area.

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Keywords: Therapeutic hypothermia; neurological outcome; cardiac arrest; survival.

Resumen El objetivo de este estudio es evaluar el impacto de la Hipotermia Terapéutica (HT) en outcome neurológico y la supervivencia de los pacientes en estado de coma con Recuperación de la Circulación Espontánea (RCE) después de un Paro Cardíaco Fuera del Hospital (PCFH). Llevamos a cabo una búsqueda de la literatura existente, utilizando varias bases de datos electrónicas durante el mes de enero de 2013. Se definieron los criterios de inclusión y exclusión, y han sido seleccionados 7 estudios. Se estableció, después del análisis de los estudios seleccionados, que el uso de HT en el tratamiento posterior de Paro Cardíaco (PC) se traduce en una mejora en el outcome neurológico y una mayor supervivencia. La HT debe ser considerada como un método de tratamiento muy prometedor para pacientes que han tenido PC. Su uso tiene beneficios para los pacientes con beneficios para la salud en los distintos niveles, así como la institución misma, evitando los costes asociados a las secuelas neurológicas después de PC. El uso de la HT es una opción viable para el tratamiento después de un PC, recomendada por el Internacional Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR), ya que los datos existentes indican que su aplicación permite mejorar el outcome neurologico y aumenta significativamente la supervivencia. Sin embargo, su uso en Portugal es aún escasa, ya que tanto los costos en torno a la falta de formación en el área.

Palabras clave: Hipotermia terapéutica, outcome neurológico, paro cardíaco, supervivencia.

INTRODUÇÃO Estima-se que na Europa, a incidência de PC ronde os 375 000 casos por ano (HACA, 2002). Entre 7 e 10% dos doentes que são inicialmente ressuscitados após PCFH, de causa cardíaca, sobrevivem e recebem alta hospitalar com bom resultado neurológico (Fredriksson, Herlitz, Nichol, 2003). A recuperação de uma PC sem danos neurológicos residuais é rara (HACA, 2002).O fraco prognóstico destes doentes, em quem a RCE foi conseguida inicialmente, é atribuído à síndrome pós-paragem, onde há a combinação da lesão cerebral, da disfunção circulatória, isquémia sistémica e resposta de reperfusão (Nolan et al., 2010). Para Bernard et al. (2002), a HT representa atualmente a opção mais eficaz de tratamento para reduzir danos neurológicos e a mortalidade em doentes comatosos que tiveram RCE após PC. A HT já é conhecida desde os anos 40, tendo sido demonstrada a sua eficácia em estudos animais em meados dos anos 80 (Abreu et al., 2011). Contudo, só recentemente foi validada como terapêutica eficaz no contexto de PC. O seu efeito cardioprotetor e a redução da mortalidade e das sequelas neurológicas após PC foram claramente demonstrados em 2 ensaios clínicos randomizados e controlados, realizados pelo Hypothermia After Cardiac Arrest (HACA) Study Group (2002) e por Bernard et al. (2002). Estes

ensaios levaram à inclusão pela ILCOR da HT nos cuidados pós PC desde 2003 (Nolan et al., 2003). Embora esteja recomendado o uso da HT em doentes pós PCFH com RCE, a sua aplicação tem sido inferior à esperada em vários países desenvolvidos, incluindo Portugal (Abreu et al., 2011).

Enquadramento teórico A HT moderada é definida por Abreu et al. (2011) como a diminuição da temperatura corporal central até aos 33ºC +/- 0,5ºC, com o objetivo de prevenir e/ou reverter os processos responsáveis pela lesão neurológica de reperfusão. Quando a HT é induzida ocorrem mudanças fisiológicas, tais como a diminuição do consumo de oxigénio em 6% a cada redução de 1ºC acima de 28ºC, diminuição da produção de radicais livres de oxigénio, diminuição da libertação de aminoácidos excitatórios, alterações do cálcio intracelular, que conduzem ao dano mitocondrial e apoptose (Nolan et al., 2010). A aplicação, na prática, da HT divide-se em 3 fases: indução, manutenção e reaquecimento (Diagrama 1). Existem diversos métodos, internos e externos, para se atingir a temperatura alvo na fase de indução (Nolan et al., 2010). Um dos métodos mais frequentemente utilizados é a perfusão de soros arrefecidos (geralmente SF a 4ºC a 30ml/Kg) que diminui em cerca de 1,5ºC a

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EVIDÊNCIAS 25 nº2/2015

temperatura central. Outros métodos possíveis para induzir e manter a HT são sacos com gelo, toalhas húmidas, arrefecidas, almofadas ou cobertores de arrefecimento, almofadas de gel com água circulante, permutadores de calor intravascular e circulação extracorporal (Nolan et al., 2010). A ILCOR recomenda, na sua publicação de 2002 que doentes adultos, inconscientes, com RCE após PCFH, deverão ser arrefecidos a temperaturas entre os 32ºC e 34ºC, durante 12 a 24 horas, quando o ritmo inicial é a Fibrilhação Ventricular (FV), sendo que poderá ser benéfico em outros ritmos ou em PC intra-hospitalar (Nolan et al., 2003). Martin-Hernández et al. (2009) referem ainda que a temperatura deve diminuir cerca de 1 a 1,3ºC/hora.

Não existem diretrizes estabelecidas para monitorizar a temperatura. Contudo é recomendado avaliar a temperatura central, de forma contínua, através de sensores nasofaríngeos, esofágicos, retais, vesicais ou intravasculares (Ortega, 2010). O reaquecimento deve ser efetuado lentamente com aumento de 0.25ºC por cada hora até o doente atingir a normotermia. Normalmente são necessárias 12-16 horas para o reaquecimento. Após atingida a normotermia, o objetivo é manter a temperatura a 37ºC e evitar a hipertermia (Scirica, 2013). A HT está associada a um significativo número de alterações fisiológicas e potenciais complicações tais como: tremores; taquicardia e hipertensão; bradidisritmias; hiperglicemia; hipocaliémia e infeções (Scirica, 2013).

DIAGRAMA 1 – Fases da HT

Metodologia Como referem Cruz e Nunes (2012), uma revisão sistemática da literatura consiste na análise geral de estudos primários, onde se definem objetivos, materiais e métodos, com o intuito de apresentar formas de atuação claras e reprodutíveis. Com o intuito de explorar a temática da HT, elaborámos a seguinte questão de investigação:

“Quais os benefícios da HT, em comparação com os cuidados convencionais, nos doentes com retorno da circulação espontânea pós-paragem cardíaca fora do hospital?” Na estruturação desta questão recorremos à estratégia PI[C]O: Participants, Intervention, Comparations e Outcomes (Cluett, 2006, p.38). No sentido de orientar a resposta à questão supracitada, definimos como objetivo específico:

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EVIDÊNCIAS 26 nº2/2015

avaliar o impacto da HT no outcome neurológico e sobrevivência dos doentes em coma, com RCE após PCFH. Foi realizada uma pesquisa da literatura existente, com recurso a diversas bases de dados eletrónicas: PubMed, Europe PubMed Central, SciELO, EBSCO, LILACS e Biblioteca Virtual em Saúde. A pesquisa decorreu durante o mês de janeiro de 2013, com recurso às palavras-chave: hipotermia terapêutica; therapeutic hypothermia; mild therapeutic hypothermia AND neurologic outcome AND cardiac arrest. Estas foram utilizadas para pesquisa em qualquer parte do texto. Limitou-se a pesquisa a estudos escritos em Português (de Portugal ou do Brasil), Inglês ou Espanhol, publicados nos últimos 5 anos. Foram definidos como critérios de inclusão estudos sobre HT moderada, em adultos, com PCFH, em estado de coma mesmo após RCE, com ritmo inicial desfibrilhável, nomeadamente de Taquicardia Ventricular sem pulso (TVsp) e/ou FV, bem como não desfibrilhável – atividade elétrica sem pulso (AEsp) e/ou assistolia – posteriores a 2008, com recurso a metodologia experimental. Seguiu-se um processo sistemático, desde a seleção dos recursos de pesquisa até à avaliação crítica dos estudos selecionados. Foram encontrados um total de 4207 estudos, dos quais foram selecionados 41 para uma avaliação mais profunda. Deste grupo foram posteriormente excluídos os artigos de revisão sistemática da literatura, artigos de metodologia não experimental, artigos repetidos nas diferentes bases de dados, artigos com data anterior a 2008 e todos aqueles que não se encontravam

diretamente relacionados com a temática, tendo sido selecionados um total de 4 estudos para análise e discussão. Para além destas bases de dados, e no sentido de encontrar mais estudos elegíveis para análise, efetuou-se uma pesquisa complementar via motor de busca Google Académico e consulta no Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal, tendo sido encontrados e selecionados estudos (E) adicionais para esta revisão. No final da pesquisa (Quadro 1), obtivemos um total de 7 estudos (Quadro 2), que constituíram a base para a elaboração da discussão dos resultados e respetivas conclusões deste artigo.

Apresentação e análise de dados Como já referido, foram selecionados um total de 7 estudos, sendo que da sua análise foi possível constatar que todos os artigos utilizaram uma abordagem quantitativa, com recurso a estudos retrospetivos, prospetivos e comparativos (Quadro 3). Para avaliação do outcome neurológico foi utilizada a Pittsburgh Cerebral Performance Categories Scale (CPC). Outcome favorável inclui doentes com CPC 1 – consciente e alerta, com função normal ou apenas ligeira incapacidade e - CPC 2 – consciente e alerta, com incapacidade moderada. É considerado outcome desfavorável doentes com CPC 3 – consciente com incapacidade severa – CPC 4 – em coma ou estado vegetativo persistente e – CPC 5 – com morte cerebral ou por outras causas (Ferreira et al., 2009; Petrovié et al., 2011).

QUADRO 1 – Resultados da pesquisa por base de dados utilizada

Base de dados Nº de estudos

encontrados

Nº de estudos

selecionados

Nº estudos

analisados

PubMed 2416 7 2

Europe Pubmed Central 1035 5 2

SciELO 24 3 0

EBSCO 296 14 0

Google Académico 16900 19 3

Repositório Científico de Acesso 69 6 0

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EVIDÊNCIAS 27 nº2/2015

Aberto de Portugal

LILACS 25 6 0

Biblioteca Virtual em Saúde 411 6 0

QUADRO 2 – Estudos analisados

E1 Kagawa, E. [et al.] – Who benefits most from mild therapeutic hypothermia in coronary intervention era? A

retrospective and propensity-matched study. Critical Care, (2010) 1-12.

E2 Gaieski, D. [et al.] – Early goal-directed hemodynamic optimization combined with therapeutic hypothermia in

comatose survivors of out-of-hospital cardiac arrest. Ressuscitation, 80 (2009) 418-424.

E3

Don, C. [et al.] – Active surface cooling protocol to induce mild therapeutic hypothermia after out-of-hospital

cardiac arrest: A retrospective before-and-after comparison in a single hospital. Crit Care Med, 37(12) (2009)

3062-3069.

E4 Ferreira, I. [et al.] – Therapeutic mild hypothermia improves outcome after out-of-hospital cardiac arrest.

Netherlands Heart Journal, 17(10) (2009) 378-384.

E5 Petrovié, M. [et al.] – Therapeutic hypothermia and neurological outcome after cardiac arrest. Vojnosanit Pregl,

68(6) (2011) 495-499.

E6

Walters, E. [et al.] – Implementation of a post-cardiac arrest care bundle including therapeutic hypothermia and

hemodynamic optimization in comatose patients with return of spontaneous circulation after out-of-hospital

cardiac arrest. Shock, 35(4) (2011) 360-366.

E7 MacLean, A. [et al.] – Therapeutic hypothermia for out-of-hospital cardiac arrest: An analysis comparing cooled

and not cooled groups at a Canadian Center. J Emerg Trauma Shock, 5(4) (2012) 328-332.

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EVIDÊNCIAS 28 nº2/2015

QUADRO 3 – Dados dos Estudos Analisados

Objetivos Tipo de Estudo Amostra Intervenções

Resultados

Sobrevivência Outcome Neurológico

E1 Investigar o impacto do intervalo

de tempo entre o colapso e o

RCE, em doentes em PC.

Identificar o tipo de doentes que

beneficiarão da HT.

Retrospetivo

(setembro 2003 a

janeiro de 2010)

n=400

Grupo

normotérmico:

n= 290/400 (72%)

Grupo HT:

n= 110/400 (28%)

A HT moderada foi induzida utilizando colchões de

arrefecimento e administração de SF a 4ºC.

Antes de janeiro de 2008, a temperatura alvo, (32ºC-

34ºC), foi mantida 48h, seguida de reaquecimento de

0.5ºC/12h. Após janeiro de 2008, a temperatura foi

mantida por 24h, mantendo o mesmo reaquecimento.

Antes de 2006, nos doentes com suspeita de Síndrome

Coronário Agudo, Angiografia Coronária de Urgência,

Intervenção Coronária Percutânea, ou ambas, eram

realizadas. Após 2006, passaram a ser realizadas por

rotina em todos os doentes tratados com HT.

Aos 30 dias:

Grupo normotérmico:

n= 47/290 (16%)

Grupo HT:

n= 53/110 (48%)

p<0,001

Grupo normotérmico:

CPC1 n=39/290 (13%)

CPC2 n=1/290 (1%)

CPC3 n=1/290 (1%)

CPC4 n=8/290 (3%)

CPC5 n=241/290 (82%)

Grupo HT:

CPC1 n=42/110 (38%)

CPC2 n=1/110 (1%)

CPC3 n=0/110 (0%)

CPC4 n=8/110 (7%)

CPC5 n=59/110 (54%)

p< 0,001

E2 Examinar a viabilidade de

estabelecer um algoritmo

integrado de ressuscitação pós

PC, combinando HT e otimização

hemodinâmica, nas primeiras 6

horas, desde a entrada no

Serviço de Urgência (SU).

Prospetivo

(maio 2005 a janeiro

2008)

n=36

Grupo

normotérmico:

n=18/36 (50%)

Grupo HT:

n=18/36 (50%)

A indução inicial da HT foi realizada com bólus de 2L de SF

a 4ºC, via cateter periférico. Foi mantida utilizando

mecanismos de arrefecimento de superfície, como

mantas e almofadas de arrefecimento, mantidos por 24h.

Sacos de gelo, colocados nas axilas e virilhas, foram

usados se existiu dificuldade em atingir a temperatura

alvo de 33ºC (32ºC-34ºC).

O reaquecimento ativo foi conseguido aumentando a

temperatura 0,5ºC/2h, com o objectivo de reaquecimento

num mínimo de 8h.

O protocolo de atuação pós PC incluiu a realização de

otimização hemodinâmica.

Grupo normotérmico:

n= 4/18 (22%)

Grupo HT:

n=9/18 (50%)

p=0,16

Grupo normotérmico:

CPC 1 e 2 n=4/18 (22%)

CPC 3 n=0/18 (0%)

CPC 4 n=0/18 (0%)

CPC 5 n=14/18 (78%)

Grupo HT:

CPC 1 e 2 n=8/18 (44%)

CPC 3 n=0/18 (0%)

CPC 4 n=1/18 (6%)

CPC 5 n=9/18 (50%)

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EVIDÊNCIAS 29 nº2/2015

E3 Avaliar se a implementação de

um protocolo de HT à chegada ao

hospital beneficia a sobrevida e

outcome neurológico em

doentes, inicialmente

encontrados em FV, AEsp, ou

assistolia, ressuscitados com

sucesso após PCFH.

Retrospetivo

(1 de janeiro de

2000 a 31 de

dezembro de 2004)

n=491

Grupo

normotérmico:

n=287/491 (58%)

[FV/TVsp n=93/287

(32%); assistolia/

AEsp

n=191/287 (66%)]

Grupo HT: n=204/491

(42%)

[FV/TVsp n=82/204

(39%); assistolia/AEsp

n=122/204 (60%)]

A HT foi iniciada o mais rapidamente possível após

chegada ao hospital. O arrefecimento foi realizado com

gelo, mantas e almofadas de arrefecimento ou a

combinação destes meios.

A temperatura alvo entre 32ºC e 34ºC foi mantida por

24h.

As medidas de arrefecimento foram suspensas se a

temperatura baixasse dos 32ºC, se o doente deixasse o

serviço para realização de procedimentos ou recuperasse

consciência.

Após 24h de arrefecimento, o doente foi reaquecido

passivamente.

Temperatura avaliada por sonda esofágica.

Grupo normotérmico:

n=73/287 (25%)

[FV/TVsp n=36/93 (38,7%),

p=0,04; Assistolia/AEsp

n=37/191 (19,4%), p=0,65]

Grupo HT:

n=70/204 (34%)

[FV/TVsp n=44/81

(54,3%), p=0,04;

Assistolia/AEsp n=26/122

(21,3%), p=0,65]

Grupo normotérmico:

CPC 1 e 2 n=31/287 (11%)

[FV/TVsp n=14/93 (15%), p<0,01;

Assistolia/ AEsp n=17/191 (8,9%), p=0,44]

Grupo HT:

CPC 1 e 2 n=42/204 (21%)

[FV/TVsp n=28/81 (34,6%),

p<0,01;

Assistolia/AEsp n=14/122 (11,5%), p=0,44]

E4 Verificar se a indução da HT

melhora o outcome neurológico

e/ou a sobrevivência após PCFH

comparado com os cuidados

convencionais pós ressuscitação

numa unidade de cuidados

críticos.

Averiguar qual o método de

arrefecimento que parece ser

mais eficaz na indução da HT

após PCFH.

Retrospetivo

(janeiro 2005 a

dezembro 2006)

n=75

Grupo

normotérmico:

n= 26/75 (35%)

Grupo HT:

n=49/75 (65%)

Arrefecimento

externo:

n=25/49 (51%)

Arrefecimento EV:

n=24/49(49%)

Foi atingida a temperatura alvo da HT (33ºC), a uma taxa

não superior a 2ºC/h e mantida durante 24h, utilizando

métodos de arrefecimento externo ou endovascular (EV).

Fez-se reaquecimento a uma taxa não superior a 0,5ºC/h.

Avaliação da temperatura realizada através de cateter

Swan-Ganz.

Grupo normotérmico: n=

11/26 (42,3%)

Grupo HT:

n= 33/49 (67,3%)

p<0,04

Arrefecimento externo:

n=16/25 (64%)

Arrefecimento EV:

n=17/24 (70,8%)

p=0,61

Grupo normotérmico:

CPC 1 e 2 n=5/26 (19,2%),

Grupo HT:

CPC 1 e 2 n=15/49 (31%),

p<0,008

Arrefecimento externo:

n=10/25 (40%)

Arrefecimento EV:

n=15/24 (62,5%)

p=0,12

Page 31: Revista Evidências Nº3  Outubro de 2015

EVIDÊNCIAS 30 nº2/2015

E5 Avaliar o impacto da HT

moderada no outcome

neurológico e sobrevivência

de doentes em coma, após

PC com RCE.

Prospetivo

(fevereiro de

2005 a maio de

2009)

n= 82

Grupo

normotérmico:

n=37/82 (45%)

Grupo HT:

n=45/82 (55%)

Temperatura alvo de 33,3ºC.

Método de arrefecimento EV (SF ou Solução de

Ringer a 4ºC, infundido através de cateter Swan-

Ganz, 30ml/Kg, a 100 ml/min) em combinação com

o arrefecimento externo, com sacos de gelo nas

virilhas, peito, axilas, pescoço e cabeça ou apenas

externo (almofadas de arrefecimento) durante 24h.

Reaquecimento passivo.

Monitorização da temperatura através do cateter

Swan-Ganz.

Grupo normotérmico:

n=7/37 (18,9%)

Grupo HT:

n= 23/45 (51,1%)

p=0,003

Grupo normotérmico:

CPC 1 n=7/37 (18,9%)

CPC 2 n=0/37 (0%)

CPC 3 n=0/37 (0%)

CPC 4 n=0/37 (0%)

CPC 5 n=30/37 (81,1%)

Grupo HT:

CPC 1 n=21/45 (46,7%)

CPC 2 n=3/45 (6,7%)

CPC 3 n=0/45 (0%)

CPC 4 n=1/45 (2,2%)

CPC 5 n=20/45 (44,4%)

p=0,006

E6 Examinar a viabilidade da

implementação de uma

bundle que inclua HT e

otimização hemodinâmica

precoce, para doentes em

coma com RCE, após PCFH.

Retrospetivo (fase

pré- bundle:

agosto de 2007 a

agosto 2008)

Prospetivo (fase

bundle: agosto

2008 a julho

2009)

n=55

Grupo

normotérmico:

n=26/55 (47%)

Grupo HT:

n=29/55 (53%)

As medidas de arrefecimento foram iniciadas com

infusão de 2L (4ºC) de SF, juntamente com um

sistema de arrefecimento de superfície.

Monitorização contínua da temperatura retal.

Medidas de arrefecimento adicionais para atingir

os objetivos terapêuticos de 32º a 34ºC, dentro de

4h, incluíram lavagem orogástrica e irrigação

vesical com SF a 4ºC. A HT foi mantida por 24h.

O reaquecimento controlado foi iniciado depois das

24h, para atingir temperaturas entre 36ºC a 38ºC,

dentro de 8/12h. O sistema de arrefecimento de

superfície foi aplicado num total de 48h e incluiu a

indução, a manutenção e a fase de reaquecimento

da HT.

Grupo normotérmico:

n=8/26 (31%)

Grupo HT:

n=13/29 (45%)

p=0,29

Grupo normotérmico:

CPC1 e 2 n=3/26 (12%)

CPC3 n=2/26 (7%)

CPC4 n=3/26 (12%)

CPC5 n=18/26 (69%)

Grupo HT:

CPC1 e 2 n=9/29 (31%)

CPC3 n=2/29 (7%)

CPC4 n=2/29 (7%)

CPC5 n=16/29 (55%)

p=0,08

Page 32: Revista Evidências Nº3  Outubro de 2015

EVIDÊNCIAS 31 nº2/2015

A bundle incluiu a realização de otimização

hemodinâmica.

E7 Comparar taxas de

recuperação cerebral e de

mortalidade, entre doentes

da Unidade de Cuidados

Coronários deste hospital,

que realizaram HT, com um

grupo de controlo histórico.

Retrospetivo

(janeiro de 2001 a

janeiro de 2008)

n= 49

Grupo

normotérmico:

n=29/49 (59%)

Grupo HT:

n=20/49 (41%)

A HT foi iniciada, ou no SU ou na Unidade de

Cuidados Coronários, seguindo um protocolo.

Podiam utilizar gelo, e/ou manta de arrefecimento

e/ou SF a 4ºC, para atingir uma temperatura alvo

entre 32ºC e 34ºC.

Grupo normotérmico:

n=11/29 (38%)

Grupo HT:

n=11/20 (55%)

p=0,26

Grupo normotérmico:

CPC1 e 2 n=7/29 (24%)

Grupo HT:

CPC1 e 2 n=11/20 (55%)

p=0,03

Page 33: Revista Evidências Nº3  Outubro de 2015

EVIDÊNCIAS 32 nº2/2015

Resultados e discussão Na nossa revisão sistemática, o protocolo da HT foi instituído com sucesso nos doentes vítimas de PC, coincidindo com dados relatados na Austrália e na Europa, nos dois estudos randomizados e de referência nesta área, publicados por Bernard et al., (2002) e pelo HACA (2002) respetivamente. Estes estudos, que foram incluídos nas guidelines do Conselho Europeu de Ressuscitação, para a ressuscitação, demonstram um aumento da sobrevivência e melhoria do outcome neurológico, em doentes com PCFH. Em Portugal existem poucos estudos sobre HT, sugerindo uma fraca implementação desta terapêutica. O processo de arrefecimento utilizado nos estudos apresentados e analisados durou 24 horas, tal como referenciado nas recomendações da ILCOR (Nolan et al., 2010), exceto no estudo de MacLean et al. (2012), que não faz referência à duração, e no estudo de Kagawa et al. (2010), em que os doentes foram arrefecidos durante 48 horas, no período anterior a janeiro de 2008. Não existem dados baseados em estudos de séries maiores, que revelem o período ótimo de manutenção da HT – 12, 24 ou 48 horas – mas já é claro que o efeito da HT é mais benéfico se a temperatura alvo, entre os 32ºC e o 34ºC, for atingida o mais rapidamente possível (Petrovié et al., 2011). Observou-se que em todos os estudos foi utilizada a HT moderada, no intervalo de 32ºC a 34ºC. Não existe referência nas recomendações da ILCOR sobre um protocolo ou um método exato para atingir a temperatura alvo (Nolan et al., 2010). O estudo de Don et al. (2009) foi o único que utilizou somente métodos de arrefecimento externos, nomeadamente através do uso de gelo, mantas e almofadas de arrefecimento. De acordo com Nolan et al. (2003), esta técnica é conhecida por ser mais lenta a reduzir a temperatura central em relação ao arrefecimento interno. Os restantes empregaram meios EV (SF ou Lactato de Ringer a 4ºC) e externos (os já referidos no estudo anterior). Walters et al. (2011) utilizaram medidas de arrefecimento interno através de lavagem vesical e orogástrica com SF a 4ºC. Como se pode observar no estudo de Ferreira et al. (2009), o arrefecimento EV permite atingir a temperatura alvo mais rapidamente do que o

arrefecimento externo, e o tempo para alcançar a normotermia é também mais curto no reaquecimento EV, comparado com o reaquecimento passivo. Apesar destes resultados, é necessário esperar por resultados de estudos com séries maiores para provar qual a forma de arrefecimento ideal, de modo a que seja possível a criação de um protocolo. Para monitorização da temperatura foram utilizados diferentes sensores, nomeadamente sonda esofágica (Don et al., 2009), cateter de Swan-Ganz (Ferreira et al., 2009; Petrovié, et al., 2011) e sonda retal (Walters et al., 2011). Os restantes estudos não fazem referência ao método utilizado. Quanto ao reaquecimento, Don et al. (2009) e Petrovié, et al. (2011) utilizaram um método passivo. MacLean et al. (2012) não referem o método utilizado. Os restantes realizaram o reaquecimento num período entre 8-12 horas. Segundo a literatura, o reaquecimento deve ser lento, para que o processo destrutivo das células não seja reiniciado (Polderman, 2009). No estudo do HACA (2002), constituído por 273 doentes randomizados, 75 de 136 doentes (55%), do grupo da HT tiveram alta com outcome neurológico favorável, comparado com 54 dos 137 doentes (39%) do grupo da normotermia ou grupo de controlo, p=0,009. A diferença é estatisticamente significativa. Durante um período de 6 meses, a taxa de mortalidade foi de 41% no grupo hipotérmico, comparado com 55% no grupo normotérmico, p=0,02. No estudo de Bernard et al. (2002), também foi obtida uma melhoria no outcome neurológico no grupo da HT, onde 21 de 43 doentes (49%) tiveram uma boa recuperação comparado com o grupo de controlo, onde 9 de 34 doentes (26%) tiveram uma boa recuperação, p=0,046. Nos estudos analisados, Kagawa et al. (2010) demonstraram uma melhoria no outcome neurológico favorável no grupo submetido à HT em comparação com o grupo normotérmico (39% vs 14%, p <0,001) e um aumento da sobrevida (48% vs 16%, p <0,001). Também Petrovié et al. (2011) obtiveram resultados semelhantes em termos de outcome neurológico favorável (46,7% vs 18,9%, p=0,006) e sobrevivência (51,1% vs 18,9%, p=0,003). Decorrente dos resultados obtidos por Ferreira et al. (2009), observa-se que a HT

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EVIDÊNCIAS 33 nº2/2015

melhora o outcome neurológico e a sobrevivência em doentes comatosos, pós PCFH, quando comparado com os cuidados pós-reanimação convencionais: (31% vs 19,2%, p <0,008) e (67,3% vs 42,3%, p <0,04), respetivamente. No estudo de MacLean et al. (2012), evidencia-se que a HT melhora o outcome neurológico em sobreviventes de PC (55% vs 24%, p=0,03). No entanto, apesar da sobrevivência ser maior em doentes submetidos a HT, esta não foi estatisticamente significativa (55% vs 38%, p=0,26). Walters et al. (2011) obtiveram bons resultados no outcome neurológico favorável no grupo da HT comparando com o grupo normotérmico (31% vs 12%, p=0,08). Contudo, relativamente à sobrevivência os resultados não são estatisticamente significativos (45% vs 31%, p=0,29).Quanto ao estudo de Gaieski et al. (2009), no que se refere à sobrevivência, verificou-se vantagem na utilização da HT, apesar de apresentar significância estatística reduzida (50% vs 22%, p=0,16). No que diz respeito aos resultados de outcome neurológico favorável, obteve-se 44% vs 22%, não referindo nível de significância. A HT mostrou ter benefícios clínicos na PC por FV/TVsp nos dois estudos randomizados inicialmente nomeados e tem sido recomendada desde 2003 nestes doentes. Em recentes estudos experimentais, a HT em doentes com FV/TVsp tem também sido associada a um melhor prognóstico. Tal como comprovou o estudo de Oddo et al. (2006), os melhores resultados do arrefecimento são atingidos quando o ritmo inicial é a FV. O estudo incluiu 109 doentes comatosos após PC com ritmo inicial de FV. Um outcome neurológico favorável foi obtido em 56% dos doentes que foram arrefecidos, comparando com 26% dos doentes normotérmicos. A diferença é significativa (p=0,004). A diferença não foi significativa quando o ritmo inicial foi AEsp ou assistolia (Oddo et al., 2006). Relativamente a ritmos desfibrilháveis ou não desfibrilháveis, apenas no estudo de Don et al. (2009) comparam resultados em doentes normotérmicos e submetidos a HT, consoante o ritmo inicial de paragem. Neste estudo, no grupo da HT, 44/81 (54%) doentes com ritmos desfibrilháveis sobreviveram, em comparação com 36/93 (39%) no grupo normotérmico,

p=0,04. No que diz respeito aos ritmos não desfibriláveis, no grupo da HT, 26/112 (21%) sobreviveram, sendo que no grupo normotérmico sobreviveram 37/191 (19%), p=0,65. Em relação ao outcome neurológico, no grupo da HT, 28/81 (35%) dos doentes com ritmo inicial desfibrilhável tiveram um outcome neurológico favorável, enquanto no grupo normotérmico neste tipo de ritmo 14/93 (15%), p <0,01, tiveram o mesmo tipo de resultado. Em relação aos ritmos não desfibrilháveis, no grupo HT, 14/122 (12%) tiveram outcome neurológico favorável, enquanto no grupo normotermico 17/191 (9%) apresentaram o mesmo tipo de resultado, p=0,44. A implementação de um protocolo de HT melhorou a sobrevida e os resultados neurológicos em doentes com FV/TVsp fora do hospital, mas não teve nenhum benefício em doentes cujo ritmo inicial era assistolia ou AEsp. Este facto poderá estar relacionado com o aumento do tempo da restauração da circulação de uma PC em AEsp/assistolia quando comparado a uma rápida ressuscitação nos doentes em FV/TVsp. Antes da RCE há perfusão e oxigenação cerebral limitada e depois de um certo ponto, a aplicação de HT pode já não ser benéfica. A falta de eficácia da HT nos ritmos não desfibrilháveis, devido a um atraso na RCE, é suportada pelo trabalho de Oddo, et al. (2006). Embora os dados obtidos mostrem que a HT não melhora a sobrevivência ou o outcome neurológico em doentes com ritmos não desfibrilháveis, mais estudos prospetivos, controlados, são necessários para resolver esta questão definitivamente. A maioria dos estudos analisados não refere se houve ocorrência de complicações decorrentes da utilização da HT. Apenas Petrovié et al. (2011) referem não ter existido qualquer complicação associada a este processo. Deste modo, a HT deve ser considerada um tratamento altamente promissor na abordagem a doentes pós PC. Estes estudos sugerem que a HT apresenta benefícios para o doente, com ganhos em saúde a vários níveis, bem como para a própria instituição, evitando despesas decorrentes das sequelas neurológicas. Conclusão

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EVIDÊNCIAS 34 nº2/2015

Nos estudos analisados, a HT moderada aumentou a sobrevida e melhorou o outcome neurológico de forma geral, nos doentes comatosos, pós PCFH, com RCE. No entanto, os doentes com ritmos não desfibrilháveis nos grupos sujeitos à HT tiveram resultados semelhantes aos doentes sujeitos aos cuidados convencionais. Mais estudos são necessários para melhor definir o protocolo ideal de hipotermia e o seu papel em doentes cujo ritmo inicial não é a FV/TVsp. Em Portugal existem poucos estudos sobre esta temática, o que poderá sugerir uma aplicação reduzida deste tratamento. Apesar destes resultados serem interessantes é importante salientar várias limitações decorrentes desta análise, como o facto de alguns estudos serem retrospetivos e não randomizados. Também o número limitado de doentes e de tempo de seguimento, a presença de diversos tipos de ritmos de PC que têm intrinsecamente resultados diferentes quanto à sobrevivência e outcome neurológico, tornam estes achados apenas descritivos. Os resultados enfatizam a necessidade de novas investigações clínicas testando novos e diferentes esquemas de hipotermia nestes doentes, com o objetivo de reforçar a sua potencial eficácia, tanto na sobrevivência como no outcome neurológico.

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EVIDÊNCIAS 35 nº2/2015

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EVIDÊNCIAS 36 nº2/2015

A ENFERMAGEM E A HUMANIZAÇÃO DE UM OLHAR VOLTADO À SAÚDE DA CRIANÇA Humanization of Nursing to look for child health Jane Kelly Oliveira Friestino*, Natalia Valéria Alves do Amaral**, Aparecida Sílvia Mellin*** *Enfermeira, Mestre e Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva na Universidade Estadual de

Campinas – SP, Brasil **

Enfermeira da UTI Cardíaca da Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba – SP, Brasil. ***

Enfermeira. Doutora. Professora da Faculdade de Enfermagem da PUC-Campinas – SP, Brasil.

Resumo Objetivo: O objetivo deste estudo foi incluir na pauta da Atenção Básica a aplicação do teste de acuidade visual, em crianças entre seis e onze anos matriculadas no ensino fundamental em duas escolas localizadas no território de um Centro de Saúde da região Noroeste de Campinas-SP/Brasil; identificar distúrbios oftalmológicos e encaminhar para especialistas, quando necessário. Metodologia: Relato de experiência do Estágio Curricular Supervisionado em Saúde Coletiva. Os alunos com acuidade visual menor ou igual a 0,8 ou, que apresentaram algum sinal e sintoma de problema visual foram, encaminhados para especialistas. Resultados: Na população, composta por 268 alunos, observou-se dificuldade visual em 33 (12,3%) sendo 18 (55%) encaminhados, após preenchimento do roteiro de anamnese. Conclusão: Além do diagnóstico precoce, verifica-se a importância das ações de saúde na prevenção de problemas visuais interferentes no processo de aprendizagem. O trabalho também apresentou relevância para a formação acadêmica de novos enfermeiros, suscitando na equipe da escola e do serviço de saúde estímulo para a realização da atividade até então pouco explorada em suas práticas diárias.

Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; Atenção Primária à Saúde; Saúde da Criança; Saúde Ocular. Abstract Objective: This study has the objective of including in the agenda of Primary Care the appliance of the visual acuity test in children between six and eleven years enrolled in primary education in two schools located in the territory of a Health Center in the Northwest region of Campinas-SP/Brazil; identifying ophthalmologic disorders and referring it to specialists when needed. Methodology: Experience report of a Supervised Community Health Internship with Nursing students of the 8th graduation period. Students with visual acuity less than or equal to 0.8 or presenting any signs and symptoms of visual impairment were referred to specialists. Results: In the population of 268 students, was observed visually impairment in 33 (12.3%) individuals of which 18 (55%) submitted to a specialist, after completion of a medical detailed form. Conclusion: In addition to an early diagnosis, there is the importance of health actions to prevent learning disabilities due to visual impairment. The study also had relevance to academic training of new nurses, raising the school staff and health service stimulus for carrying out the activity little explored in their daily practices.

Keywords: Nursing Care; Primary Health Care; Child Health; Eye Health.

Introdução O Sistema de saúde vigente no Brasil desde 1988 - Sistema Único de Saúde-SUS (Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990), tem

diretrizes que apontam para a gratuidade, universalidade, equidade e integralidade da atenção, o que é reiterado pela Estratégia de Saúde da Família (1994) (Ministério da Saúde, 2002) que coloca que as equipes de Atenção

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Básica devem vincular-se e comprometer-se com as pessoas que vivem no território adstrito aos serviços de saúde, seguindo a diretriz de regionalização. O Sistema é composto pela atenção básica, ou atenção primária, serviços de média e alta complexidade e considera ainda, o trabalho intersetorial na área da saúde. O atendimento realizado nestes três níveis de atenção passou, no ano 2000, a ser orientado pela Política Nacional de Humanização do SUS – HumanizaSus que é focada nos agentes das práticas em saúde, nos profissionais de saúde, e no processo de trabalho, valorizando a responsabilidade do indivíduo junto ao coletivo. Além disso, são fortalecidos o compromisso do trabalho em equipe utilizando como ferramenta a informação, a comunicação e a educação continuada, de modo a atender a Constituição Federal de 1988 em suas disposições sobre o direito à saúde (Rois, 2009).

A humanização garante qualificação na resolução de problemas dos usuários, de forma a ouvi-los e acolhê-los, além de promover orientações para melhorias na qualidade da assistência prestada (Solla 2005, Meneses, 2015). As políticas de Estado voltadas à Saúde da Criança e as ações programadas preveem a atenção integral que inicia com a atenção pré-natal e garante o acompanhamento até a fase adulta. Em todo esse processo, todos os atendimentos realizados pelo SUS devem basear-se na humanização e incluir a saúde ocular de escolares como elemento fundamental a ser considerado no processo de aprendizagem. A visão é o sentido responsável pela aquisição de cerca de 80% do conhecimento humano e as alterações oftalmológicas nas crianças em idade pré-escolar (02 a 05 anos) e escolar (06 a 11 anos) podem levar à incapacidade visual. O que deve ser enfocado pelas ações de promoção e prevenção inerentes à Atenção Básica (Couto, Jardim, Oliveira, Gobetti, Portes, & Neurauter, 2010, 2007). Um estudo brasileiro apontou prevalência de 20% de transtornos de visão em crianças em idade escolar (Albuquerque & Alves 2003) também, indicou que a maioria das crianças brasileiras em idade escolar nunca passou por

exames oftalmológicos (Couto, Jardim, Oliveira, Gobetti, Portes, & Neurauter, 2010; 2007). Os distúrbios oftalmológicos causam limitações em crianças em idade escolar, tendo em vista o processo de ensino-aprendizagem, relação social e interação intelectual. As causas mais comuns de acuidade visual diminuída em escolares são os erros de refração (hipermetropia, astigmatismo e miopia) e estrabismo. O rastreamento, com uso de escala de avaliação, assim como questionários dirigidos pode ser realizado por pessoal capacitado que, após avaliação, utilizando o sistema de referência das Unidades Básicas de Saúde, ou Centros de Saúde para realizar o encaminhamento ao especialista (média complexidade) para eventual tratamento (Couto, Jardim, Oliveira, Gobetti, Portes, & Neurauter, 2010, Pinto, Pessoa, Coelho & Rodrigues,2007). Para orientar a saúde ocular infantil foi lançado em 2007 o projeto federal “Olhar Brasil”, redigido pelos Ministérios da Educação e Saúde. Neste projeto estão as diretrizes para identificar problemas de visão prevenindo a evasão escolar e dificuldades de aprendizados. A proposta contempla a avaliação inicial que busca identificar, na população, a existência de distúrbios de refração realizada por meio de um teste simples utilizando a escala de sinais de Snellen (Ministério da saúde, 2008). Desde que treinados, a avaliação pode ser realizada por qualquer profissional que atue na Atenção Básica, favorecendo a inclusão da aplicação do teste de acuidade visual em escolares menores de 11 anos de idade nos cuidados primários à saúde (Ministério da saúde, 2008, Freiberger, Donati, Baiotto & Rosani 2013). Além disso, os enfermeiros e a equipe de enfermagem que atuam na Atenção Primária à Saúde devem contribuir positivamente com a identificação de problemas visuais (Lopes, Alves, Marques, Lino & Morais2003), para a manutenção de uma boa acuidade visual e desenvolvimento da visão binocular, essenciais para bom desenvolvimento psicossensorial da criança

(Ministério da Educação, 2004). O objetivo deste estudo foi incluir na pauta da Atenção Básica a aplicação do teste de acuidade visual, em crianças entre seis e onze anos matriculadas no ensino fundamental em duas

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escolas localizadas no território de um Centro de Saúde da região Noroeste de Campinas-SP/Brasil; identificar distúrbios oftalmológicos e encaminhar para especialistas, quando necessário. Métodos Trata-se de um relato de experiência vivenciado durante a realização do Estágio curricular em Saúde Coletiva do curso de Enfermagem, que ocorreu em um Centro de Saúde - CS da região Noroeste do município de Campinas – São Paulo, Brasil. Para a identificação precoce dos distúrbios oftalmológicos, a intervenção foi realizada em duas escolas pertencentes à área de abrangência do CS e que solicitaram esse tipo de ação. O trabalho foi realizado entre setembro e novembro de 2013 e a equipe de atuação foi constituída por 10 acadêmicos e duas professoras responsáveis. A partir das demandas das escolas, e da solicitação da Coordenação do CS, houve parceria com as escolas de ensino fundamental com alunos na faixa etária entre seis e onze anos de idade. Realizaram-se reuniões de apresentação do projeto junto aos membros das diretorias e supervisão dessas escolas que se responsabilizaram por providenciar a autorização dos pais para a participação dos filhos, bem como possibilitar meios de contato com os pais, após a realização dos exames. A população do estudo foi composta por todos os alunos presentes nos dias da avaliação e que entregaram a autorização assinada pelos pais ou responsáveis. Os recursos materiais necessários para a realização das atividades foram: Questionário específico do sistema municipal aplicado para pais das crianças com problemas identificados, Escala de Sinais de Snellen com optotipos infantis; objeto para apontar os optotipos (lápis, régua, dentre outros); giz; cadeira; fita métrica; impresso para anotações dos resultados

(Ministério da Saúde, 2008). O local para a realização do exame seguiu um detalhamento que considerou a adequação do ambiente em relação a fatores estressores, mantendo boa iluminação e preparo do ambiente para que não houvesse a possibilidade de ofuscar a visão. Houve cuidado

para que a luz incidisse atrás ou dos lados da criança e a Escala de Sinais de Snellen foi colocada em uma parede a distância de cinco metros da pessoa a ser examinada (Ministério da Saúde, 2008). Os examinadores (acadêmicos de enfermagem e as professoras responsáveis) fizeram marca no piso com giz ou fita adesiva, e a cadeira dos examinados (crianças) antes da linha demarcada e em casos de cadeirantes, o teste foi realizado na própria cadeira. Durante a realização dos exames, atentou-se para que as linhas de optotipos correspondentes a 0,8 a 1,0 estivessem situadas ao nível dos olhos do examinado; nos casos em que o examinado apresentou dificuldades de diferenciar optotipos, foi utilizado papel de cor única para cobrir os optotipos vizinhos (Ministério da Saúde, 2008). Adotou-se a sistemática de identificação de anormalidades prevista no projeto “Olhar Brasil”, que considera como ambliopia a acuidade visual corrigida de 0,8 ou menos no pior olho e anisometropia como sendo a diferença de 2,00 dioptrias esféricas ou o equivalente esférico entre os dois olhos (Couto, Jardim, Oliveira, Gobetti, Portes, & Neurauter,2007, Chang, 1997). As crianças com acuidade menor ou igual a 0,8 ou com estrabismo; história de glaucoma na família ou sintomas oculares como: prurido, lacrimejamento ocasional e cefaleia foram encaminhadas para exame completo pelos oftalmologistas da rede municipal de saúde(Chang, 1997, Toledo, Paiva, Camilo, Maior, Leite & Guerra, 2010). Como devolutiva aos familiares, entregou-se um comunicado de que a criança foi submetida ao exame e, quando houve a necessidade do encaminhamento ao oftalmologista, fez-se a convocação para a entrevista com a equipe para realização da anamnese completa. Além disso, foram realizadas estatísticas descritivas dos atendimentos prestados. Resultados Nas duas escolas foram avaliados 268 alunos, o que corresponde a 20% da população menor de 11 anos de idade que reside na área de abrangência do Centro de Saúde (IBGE, 2010). Destes, 33 (12,3%) (Figura 1) necessitaram

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encaminhamento, sendo que a maioria ocorreu na faixa etária menor do que 07 anos de idade e em crianças que referiram não ter realizado o teste anteriormente. Dentre as 33 crianças, somente 18 (55%) pais e/ou responsáveis compareceram para a realização da segunda consulta e preenchimento do roteiro de anamnese, possibilitando o encaminhamento ao especialista. A falta dos pais na entrevista impediu o encaminhamento. As escolas

reiteraram o convite para que estes comparecessem ao Centro de Saúde e de todas as crianças encaminhadas 95% (31 crianças) nunca tinham realizado consulta com oftalmologista. Os resultados foram apresentados para as escolas, coordenação do serviço de saúde e equipes de Saúde da Família. Durante a apresentação, houve sensibilização dos profissionais, que apontaram a necessidade de acompanhamento dessa população.

Figura 1. Prevalência transtorno de visão em crianças em idade escolar em 02 escolas da rede pública de Campinas – SP

A retomada do Projeto “Olhar Brasil” junto ao Estágio Curricular Supervisionado em Saúde Coletiva beneficiou a comunidade de atuação, essa medida apresentou como resultado positivo a identificação de crianças em idade pré-escolar e escolar e seus respectivos encaminhamentos ao profissional especialista. A experiência possibilitou que acadêmicos de enfermagem vivenciassem, na práxis, ações de saúde coletiva de forma multisetorial, colocando-os em contato com escolas da área de abrangência do Centro de Saúde, expandindo os conhecimentos e ampliando o cuidado de enfermagem à comunidade. Discussão Separados por série, verifica–se que 12,3% dos alunos, necessitaram de encaminhamento, com

uso do critério de encaminhar aquelas com acuidade menor ou igual a 0,8 ou, com estrabismo, alguma história familiar de glaucoma ou sintomas como prurido, lacrimejamento e cefaleia constante. Detectar precocemente os problemas visuais é de suma importância para a Atenção Básica porque a maior parte do relacionamento da pessoa com o mundo externo dá-se pela visão, nas crianças é sabido que tais situações representam prejuízos à aprendizagem e convivência (Toledo, Paiva, Camilo, Maior, Leite & Guerra, 2010). O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano 2000 considerou que 16,5 milhões de habitantes tinham deficiência visual no Brasil, cerca de 10% da população, e

12%

88%

Com Problemasoculares

Sem Problemasoculares

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que as crianças representavam 20 a 30% dos casos (IBGE, 2000) A escola tem papel de relevância na detecção destes e a aplicação do teste de acuidade visual nesta fase de vida permite cobrir a lacuna existente entre o nascimento e o ingresso na escola (Meneses, 2015). Observa-se que ações de detecção precoce da baixa acuidade previnem problemas posteriores o que se comprova em ações realizadas em outros países, reduzindo danos e custos (Granzoto, Ostermann, Brum, Pereira & Granzoto, 2003). A promoção de saúde visual em escolares visa primeiramente a impedir que problemas visuais interfiram na aprendizagem, impossibilitando o desenvolvimento das atividades sociais e intelectuais. Quanto mais cedo se busca investigar esses problemas, melhores serão os prognósticos. Considera-se que o crescimento e o desenvolvimento ocular nessa faixa etária são rápidos. Com isso a criança tem maior vulnerabilidade de desenvolver distúrbios visuais, sendo que estes representam inibição importante no desenvolvimento infantil, que tende a se refletir na vida adulta. Ou seja, quanto mais tarde se identifica as afecções visuais na infância, maiores as chances das sequelas se tornarem mais graves, e dessa forma, a prevenção e recuperação precoce dos problemas visuais nessa faixa etária, tornam se um grande instrumento na área de saúde pública (Albuquerque & Alves 2003). Uma forma eficaz na prevenção das afecções visuais está voltada para as observações dos professores de ensino fundamental quanto aos sinais apresentados por seus alunos na sala de aula e que estejam relacionadas à visão. Estas observações juntamente com o teste de acuidade visual, são formas valiosas para detectar os problemas visuais na infância (Lopes, Alves, Marques, Lino & Morais, 2003). O presente estudo evidenciou que é possível incluir a saúde ocular na criança de forma humanizada no âmbito da Atenção Básica, e para além, apontou a prevalência de problemas oculares na infância em crianças que ainda não tiveram a oportunidade de ir ao oftalmologista. Embora a prevalência encontrada (12,3%) tenha sido menor do que outros estudos (cerca de 20%), isso pode ser justificado pelo número de escolares investigados, e a inclusão do tema na

Atenção Básica possibilitou que esses indivíduos fossem identificados precocemente, ainda em idade pré-escolar e escolar, e encaminhados ao especialista oftalmologista para que fosse tomada a melhor conduta. A triagem ocular e acompanhamento das crianças em idade pré-escolar e escolar são fundamentais para a saúde. As pesquisas de saúde ocular apontam que aproximadamente 15% das crianças da primeira série possuem alguma alteração visual, e, no entanto, 20% dessas mesmas crianças são acompanhadas pelos médicos. Portanto, todas as crianças deveriam ser examinadas por um oftalmologista antes de iniciarem a vida escolar, e serem acompanhadas no decorrer dos anos (Oliveira, Fernandes, Costa, Lima , Couto, Portes 2010). Uma limitação do estudo foi o número reduzido de crianças que participaram da intervenção, visto que somente teve a cobertura de 20% de crianças. Recomenda-se para estudos futuros a reprodução desta intervenção, com um maior número de participantes. Portanto, as triagens realizadas pelas faculdades, associações filantrópicas, governo, sociedade de classe, alunos, trabalhos voluntários de profissionais da saúde, dentre outros, seriam uma forma de preencher as lacunas dos serviços públicos (Ministério da saúde, 2008). Conclusões A acuidade visual reduzida interfere de modo significativo no processo de aprendizagem e no desenvolvimento psicossocial da criança. Estas sequelas podem ser minimizadas ou reduzidas quando detectadas precocemente. Estabelecer a prevalência da acuidade visual reduzida possibilita a elaboração de estratégias e programas de prevenção relacionados a dificuldades de aprendizagem e inclusão social. Os resultados identificados possibilitam conhecer a realidade da acuidade visual em escolares do município de Campinas e, por meio da parceria estabelecida com o Centro de Saúde da Região Noroeste, foi possível o encaminhamento ao oftalmologista como medida de redução do problema visual, acentuando assim o valor da detecção precoce de distúrbios visuais em escolares.

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Além do diagnóstico precoce, verifica-se a importância das ações de saúde na prevenção de problemas visuais interferentes no processo de aprendizagem. O trabalho também apresentou relevância para a formação acadêmica de novos enfermeiros suscitando na equipe da escola e do Serviço estímulo para a realização da atividade até então pouco explorada em suas práticas diárias. Referências Bibliográficas Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 19 set. 1990. Retirado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Ministério da Saúde. Programa Saúde da Família (2002). Revista de Saúde Pública. São Paulo, 34, 316-319. Rios IC. (2009).Humanização: a essência da ação técnica e ética nas práticas de saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, 33, 253-261. Solla, P. (2005). Acolhimento no sistema municipal de saúde. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 5 493-503. Meneses, B. (2015). Humanização entre o agir e a vontade: um modelo nos cuidados de saúde. Evidências, 1, 44-48. Couto, J. , Jardim J.L., Oliveira, D., Gobetti, T.C., Portes, F. & Neurauter, R. (2010). Alterações oculares em crianças pré-escolares e escolares no município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Oftalmologia, 69, 7-11. Couto, J. , Jardim J.L., Oliveira, D., Gobetti, T.C., Portes, F. & Neurauter, R. (2007). Prevalência das ametropias e oftalmopatias em crianças pré-escolares e escolares em favelas do Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Oftalmologia, 66, 304-308.

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Granzoto, J.A., Ostermann, E., Brum L.F., Pereira, P.G. & Granzoto T. (2003) Avaliação da acuidade visual em escolares da 1a série do ensino fundamental. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 66, 167-171.

Oliveira, A.M., Fernandes, B.M., Costa, L., Lima, A., Couto, J. (2010). Portes A. Detecção de ambliopia, ametropias e fatores ambliogênicos em comunidade assistida por Programa da Saúde da Família no Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Oftalmologia, 69, 110-113.

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SURTO DE CLOSTRIDIUM DIFFICILE NO HOSPITAL SOUSA MARTINS – ULS GUARDA

Gina Monteiro*; Leonor Silva; Ana Simões; Alcina Tavares

* Enfermeira do GCLPPCIRA

Introdução: Clostridium difficile (CD) é considerado um agente de infeção nosocomial capaz de provocar pequenos surtos em ambientes hospitalares ou noutras instituições de cuidados de saúde. A taxa de infeção por CD tem aumentado significativamente nos últimos anos; a taxa de colonização, em hospedeiros adultos assintomáticos é inferior a 10%, no entanto, após um internamento hospitalar, esta taxa de colonização pode chegar aos 50%. A recidiva por CD ocorre em 8 a 50% dos casos, causada pelo microrganismo original ou como re-infeção. Muitos surtos diarreicos têm sido atribuídos a uma estirpe hipervirulenta, ribotipo 027, por vezes associada a doença mais grave e a pior prognóstico. No Hospital Sousa Martins – ULS Guarda, teve início a 6 de Abril de 2015 um surto por CD, contabilizando 29 casos, maioritariamente pelo ribotipo 027. Objetivos: Caraterizar epidemiologicamente o surto por Clostridium difficile no Hospital Sousa Martins – ULS Guarda e avaliar a eficácia dos procedimentos instituídos. Metodologia: Com vista ao controlo e erradicação do surto por CD, o GCLPPCIRA adotou uma metodologia interventiva e participativa, através da instituição de medidas internas, nomeadamente a elaboração de um procedimento transversal aos serviços com casos identificados, com o objetivo de chegar precocemente ao diagnóstico e instituir a terapêutica antimicrobiana adequada, impedindo a disseminação da infeção. Este procedimento teve por base uma articulação multidisciplinar, destacando-se a autonomia atribuída às equipas de enfermagem na avaliação do doente, colheita das amostras e envio ao laboratório, reorganização das equipas e formação contínua ao longo do surto. Foi elaborado um documento com orientações sobre a infeção por CD para o doente e família na alta e documentos informativos para Cuidados de Saúde Primários, Unidades de Cuidados Continuados e Lares. Foi ainda elaborada uma Norma institucional - “Prevenção da transmissão da infeção por Clostridium difficile” de forma a uniformizar procedimentos de limpeza e desinfeção, identificação, isolamento e acompanhamento de novos casos de CD. Resultados e Conclusões: O surto teve a duração de cerca de 2 meses com resolução a 2 Junho de 2015. Totalizou 29 casos, dos quais houve 6 registos de recidiva. No que respeita à distribuição por serviços, foram identificados casos nos serviços de Medicina, Cirurgia, UCIP e SO - Urgência. Os doentes infetados apresentavam idades compreendidas entre 49 e 94 anos, sendo que, 52% dos casos ocorreram na faixa etária compreendida entre os 80 e 89 anos. Relativamente à proveniência, 20 doentes com infeção por CD eram provenientes de lares e 9 do domicílio. Registou-se uma média de internamento de 42 dias. A rápida identificação dos doentes com sintomatologia compatível com infeção por CD, foi essencial para uma precoce instituição de medidas de isolamento e de terapêutica antimicrobiana adequada, atenuando assim a transmissão horizontal e contaminação ambiental. Acreditamos que a abordagem e o envolvimento institucional, contribuíram para o êxito no controlo do surto, e que todas as medidas tomadas, nomeadamente a adoção de boas práticas de higiene, revelaram-se fulcrais na prevenção e diminuição da transmissão da infeção por Clostridium difficile no Hospital Sousa Martins – ULS Guarda. Referências Bibliográficas: Norma da DGS Nº 19/2014 (2015). Diagnóstico da Infeção por Clostridium difficile nos Hospitais, Unidades de

Internamento de Cuidados Continuados Integrados e na Comunidade. Lisboa Direcção Geral da Saúde (s.d). Microsite do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos

Antimicrobianos Direção Geral da Saúde. César, A. (2010). Clostridium difficile: prevenção e controlo. Revista Arquivos de Medicina.

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PREVALÊNCIA E TIPO DE INFEÇÕES EM UM ANO DA UCC DE AVANCA

Nuno Rafael Neves de Oliveira* *Centro Paroquial e Social Santa Marinha de Avanca - [email protected]

Introdução: Devido ao envelhecimento da população, o número de pessoas idosas com necessidades de tratamento em Unidades de Cuidados Continuados tem vindo a aumentar. Estes indivíduos são mais vulneráveis a infeções pelas caraterísticas próprias da idade. Nesse contexto, as boas práticas de prevenção e controlo de infeção assim como o uso apropriado de antimicrobianos nestas instituições torna-se um desafio importante.

Objetivo: Dar a conhecer a prevalência de infeção e o uso de antimicrobianos ao longo de um ano de funcionamento da Unidade de Cuidados Continuados Integrados Dr. Egas Moniz de Avanca.

Metodologia: Estudo exploratório, descritivo e quantitativo. A recolha de dados foi efetuada desde o dia 1 de Outubro de 2014 até 30 de Setembro de 2015. A colheita que temos vindo a fazer é de cariz quantitativo. Os dados foram analisados com recurso a estatística descritiva.

Desenvolvimento: A institucionalização dos utentes em ambientes fechados, proporciona uma maior probabilidade de transmissão cruzada de microrganismos patogénicos e oportunistas. A prestação de cuidados nas Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI) tem algumas especificidades, por exemplo as manifestações clínicas de infeção podem ser mínimas e os sintomas crónicos interferirem com a sua avaliação e valorização; normalmente existem restrições significativas no recurso a exames laboratoriais, nomeadamente microbiológicos e mesmo havendo, os resultados podem ser de difícil interpretação ou não permitirem distinguir a infeção da colonização; as UCCI recebem muitos utentes oriundos do hospital, em situações clínicas cada vez mais complexas, na maioria das vezes já colonizados ou infetados com estirpes multirresistentes, constituindo risco acrescido de infeção cruzada. A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) defende e exige das UCCI elevados níveis de humanização dos cuidados, fundamental para o processo de reabilitação física e emocional a que se destinam, que em muito distanciam as UCCI do ambiente asséptico e impessoal dos Hospitais e que podem contribuir de forma adversa no controlo da infeção cruzada. Como exemplo disso temos a personalização do ambiente como retratos de família ou até flores, roupa pessoal, atividades realizadas em grupo, alimentação no refeitório e o incentivo e envolvimento da família com visitas pouco restritiva.

Discussão: Durante este ano de funcionamento da Unidade Dr. Egas Moniz de Avanca, têm sido registados todos os casos que tivemos de infeção a cumprir antibioterapia durante o internamento. Foi possível verificar que das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde cerca de 55% dos episódios de infeção ativa foram infeções do trato urinário, sendo este o tipo de infeção mais prevalente, seguindo-se as infeções nas vias respiratórias. Não se observou diferença significativa entre a origem hospitalar ou do domicílio do utente prévia ao internamento nesta unidade de saúde. Dos 74 utentes que foram alvo de cuidados de saúde nesta unidade da RNCCI, num total de 8179 dias de internamento (soma final de 1 ano de funcionamento), ocorreram 105 infeções ativas, com necessidade de cumprir 810 dias de antibioterapia.

Conclusão: Os utentes internados na RNCCI apresentam muitas vezes fragilidades imunitárias, que originam períodos de agudização por uma infeção ativa, que em associação da sua doença crónica necessitam de ser encaminhados aos serviços de urgência, aumentando ainda mais o risco de infeção e a resistência aos antimicrobianos. A equipa UCCCI de Avanca irá começar a adotar a estratégia de registo e monitorização de risco de infeção na admissão de cada utente na unidade. Iremos implementar uma colheita e análise de dados através de uma escala para uma prestação de cuidado mais eficaz, tendo em conta o risco de infeção de cada utente. No que se refere à organização das atividades de prevenção e controlo das infeções, existe um profissional responsável da área de Enfermagem que deverá fazer uma avaliação periódica dos hábitos de risco na transmissão de infeção

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de todos os profissionais de saúde da UCCI, assim como sessões de educação para a saúde sobre aspetos relacionados com o controlo da infeção, como por exemplo sessões de educação para a saúde sobre a lavagem das mãos.

Palavras-chave: Controlo de infeção, Prevenção

Referências Bibliográficas: Comissão para a Formulação do Programa Nacional de Prevenção das Infecções Nosocomiais (2006) Relatório

Síntese das Conclusões. Ministério da Saúde. (1999). Circular Normativa nº 20/ GAB / DG de 30.07.99. Lisboa: Direção Geral da Saúde. Ministério da Saúde. (2013). Inquérito de prevalência de infeção e uso de antimicrobianos nas unidades de

cuidados continuados. retirado de http://webcache.googleusercontent.com

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AUDITORIAS INTERNAS NO CONTROLE DAS IACS

Maria de Fátima Cleto*; Susana Leal *Instituto Português de Oncologia do Porto - maria. [email protected]

Introdução: A prevenção das infeções associadas aos cuidados de saúde, é fundamental para o doente. Este tem o direito a ser protegido e defendido na sua integridade. O impacto das IACS é assustador, tanto pela mortalidade como pela morbilidade e também pelo grande peso económico que assume nos cuidados de saúde. Com base na prevenção são efetuadas auditorias com a incumbência de uma avaliação objetiva, destinada a adicionar valor e melhorar a prestação de cuidados, difundindo um apoio à instituição onde está incluída.

Objetivos: Tem como objetivos identificar deficiências no sistema de controle interno e apresenta recomendações para melhorá-los e auferir o rigor da execução do procedimento em causa tendo como padrão de referência manuais, protocolos, instituídos na instituição de forma a permitir uma análise no sentido de mudança/ajustamento de comportamentos.

Metodologia: Descritiva

Conclusões: Como consequências das IACS observa-se agravamento do estado de saúde, aumento do tempo de internamento, sequelas e morte, custos económicos adicionais elevados no sistema de saúde, custos pessoais e sofrimento físico e emocional nos doentes e famílias. A finalidade das auditorias é auferir o rigor da execução do procedimento em causa tendo como padrão de referência manuais, protocolos, instituídos na instituição de forma a permitir uma análise no sentido da mudança/ajustamento de comportamentos.

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RECOMENDAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO ASSOCIADA A CATETERES VENOSOS CENTRAIS EM DOENTES HEMODIALISADOS

Esmeralda Pacheco*, Paula Poças, Sandra Fonseca, Vera Gomes; Fernanda Príncipe; Margarida Ferreira *CHVNGaia/Espinho,EPE - [email protected]

Introdução: A complexidade do insuficiente renal exige intervenções terapêuticas sofisticadas, para as quais é necessário uma prestação de cuidados diferenciada e criteriosa. Estes doentes necessitam de um acesso vascular seguro e duradouro, capaz de permitir uma terapia eficaz. Muitas vezes, esse acesso só se obtém através da introdução de um Cateter Venoso Central (CVC), um dispositivo que nos nossos dias se torna útil e imprescindível para a prática de diversos procedimentos terapêuticos, nomeadamente a hemodiálise, desde que corretamente utilizado. A redução da incidência das infeções constitui um desafio multidisciplinar. Por isso, é fundamental que todos os intervenientes compreendam a importância da adesão aos programas de boas práticas de uma forma contínua e o impacto que eles produzem nos ganhos em saúde.

Objetivos: 1) Identificar evidências científicas do contributo da Bundle no controlo da infeção sistémica, na manipulação do CVC, em doentes Hemodialisados; 2) Compreender a relevância das boas práticas na redução da infeção relacionada com o CVC

Metodologia: A metodologia consistiu na revisão integrativa de artigos indexados na base de dados da

Literatura Internacional em Ciências da Saúde e das publicações referentes ao tema em estudo. Foram

critérios de seleção: Contexto clínico e elevada evidência científica; Doentes adultos em hemodiálise;

Bundle no controlo da infeção; manipulação de cateter venoso central. Estudos realizados entre os anos

de 2010 e 2014, escritos em língua portuguesa, espanhola e inglesa. Dos 2256 artigos indexados na base

de dados, 9 contemplavam os critérios de inclusão da pesquisa sendo estes estudos retrospetivos ou

observacionais. Acrescentei esta parte, estava miserável

Desenvolvimento: A Doença Renal Crónica (DRC) define-se pela perda contínua, progressiva e frequentemente irreversível da filtração glomerular. Quando esta incapacidade se instala é necessário recorrer a terapias de substituição da função renal, entre as quais a hemodiálise. Para isso, é necessário um acesso vascular seguro, duradouro e eficaz. Na Nefrologia a Fistula Artéria Venosa (FAV) é considerada o acesso vascular de eleição porque quando comparada com o CVC e/ou próteses apresenta menores taxas de infeção, logo, menos morbilidade e mortalidade associadas, National Kidney Foundation, Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (NKF KDOQI), GUIDELINES, 2006).Contudo, nem sempre é possível a sua construção, sendo o CVC o recurso disponível para dar resposta à estratégia dialítica com a particularidade de ser introduzido rapidamente, poder ser utilizado de imediato, ser de fácil manuseamento e permitir uma sessão de hemodiálise sem dor. No entanto, é responsável por uma taxa de infeção hospitalar significativa. Atualmente a repercussão da Infeção da Corrente Sanguínea relacionada com o CVC é preocupante. A sua prevenção passa pela adoção das várias estratégias desenvolvidas e descritas no Centers for Disease Control (CDC) como diretrizes (Guidelines for the Prevention of Intravascular Catheter- Related Infections), e que formam um conjunto de intervenções de cuidados específicos denominado de Bundle (BRACHINE, et al, 2012), criadas para a prevenção da infeção do CVC baseadas nas melhores práticas, sendo as mais recentes publicadas em 2011, tendo sido definidos níveis de evidência categorizados em IA, IB, IC e II. Existem outras orientações direcionadas para o controlo de infeção do CVC em HD como as NKF KDOQI (Guidelines) e ainda diretrizes lançadas por identidades idóneas como: European Best Practice Guidelines (EBPG) e as recomendações do CDC e as Clinical Practice Guidelines for the Prevention

Discussão: A infecção relacionada com o CVC é a maior causa de morbilidade e mortalidade em doentes em Hemodiálise pelo que os profissionais não devem subestimar a importância das precauções de prevenção e controlo da infecção (CHU, et al. 2013) e adotar as precauções básicas, nomeadamente, as

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recomendações do CDC, quer pelos profissionais quer pelos doentes, durante a inserção e o manuseamento do CVC para hemodiálise, constituindo a base da prevenção e controlo da infecção relacionada com o cateter. Estas recomendações passam pela higienização das mãos, a antissépsia da pele com Clorohexidina a 2%, utilização de compressas esterilizadas e pensos transparentes semipermeáveis os quais devem ser substituídos se sujo ou descolado, utilização de técnica asséptica, e uso de máscaras e luvas. Deixar o local secar antes de aplicar o penso, podendo este ser transparente com almofada de gel e clorohexidina. Podem ser preconizadas outras medidas para diminuir o risco de infecção durante o manuseamento do cateter: uso de antimicrobianos tópicos profilácticos no local de inserção do cateter, utilização de soluções profilácticas de preenchimento do cateter, utilização de dispositivos de acesso fechados. Recomendam ainda evitar a tosse e a conversação durante os procedimentos ao cateter, Os agentes antissépticos locais recomendados são subutilizados, apesar de demonstrado o seu contributo para a prevenção da infecção. A experiência confirma a importância de uma gestão cuidadosa CVC como uma característica crucial na redução da incidência de eventos infeciosos em doentes com CVCs em tratamento dialítico e da adesão às medidas recomendadas para controlo de infeção e implementadas nas unidades de HD.

Conclusão: A pesquisa integrativa da literatura permitiu apurar a utilização das bundles preconizadas na manipulação do CVC e identificar evidências científicas do contributo da Bundle no controlo da infeção sistémica, na manipulação do CVC, em doentes Hemodialisados. Possibilitou a percepção de que existem recomendações e guidelines reconhecidas pela sua eficácia e aplicabilidade na qualidade dos cuidados prestados no contexto do doente portador de CVC para HD. A salientar a educação e formação dos profissionais na colocação e manutenção dos CVC, a higienização das mãos, as precauções máximas de barreira e a aplicação de clorhexidina na pele. O conjunto de medidas que integram várias intervenções a desenvolver na introdução e manipulação do CVC, quando aplicadas em simultâneo geram melhores resultados. Contudo, parece-nos que a adesão dos profissionais não é linear, pelo que consideramos fundamental um investimento na sensibilização e na formação dos profissionais de saúde para que atuem de acordo com as práticas baseadas na evidência científica, com o objectivo de promover a excelência dos resultados na redução da infecção associada ao uso de CVC.

Referências bibliográficas Brachine, J., Peterline, M. & Pedreira, M. (2012) . Método Bundle na Redução de Infeção de Corrente Sanguínea

Relacionada a Cateteres Centrais: Revisão Integrativa. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33 (4), 200-210. Dinwiddie, L. & Bhola, C. (2010). Hemodialysis Catheter Care: Current Recommendations for Nursing Practice in

North America. Nephrology Nursing Journal, 37 (5), 507- 528 Chu, G, Adams,K. & Crawford, S. (2013). Improving Catheter- Related Blood Stream Infection in Haemodialysis

Patients Using a Practice Development Framework. Renal Society of Australasia Journal, 9 (1), 16-21 Cornacchiari, M. et al (2011). Effectiveness of a protocol for the prevention of hemodialysis venous catheter-

related infections. Journal Vascular Access. 12 (4), 313-317 9

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GRUPOS COORDENADORES LOCAIS DO PPCIRA: NOVAS ATRIBUIÇÕES, NOVOS DESAFIOS David Peres*, Ilda Devesa e Isabel Neves *Unidade Local de Saúde de Matosinhos - [email protected]

Introdução: Recentemente foi criado o novo “Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos” (PPCIRA), com carácter de programa de saúde prioritário e cujos objetivos gerais focam a redução da taxa de infeções associadas aos cuidados de saúde, hospitalares e da comunidade, assim como da taxa de microrganismos com resistência aos antimicrobianos.1

Desenvolvimento: A operacionalização local dos novos objetivos surge com o Despacho n.º 15423/2013 em que a Comissão de Controlo de Infeção se passa a designar “Grupo de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos” (GCL-PPCIRA).2 Nesta remodelação, além das quatro áreas “clássicas” de atuação (Vigilância Epidemiológica; Formação/ Informação; Normas e Recomendações de Boas Práticas e Consultadoria/ Apoio)3,4 estipula-se a constituição de um “Programa de Apoio à Prescrição dos Antimicrobianos”, para “rever e validar as prescrições de, pelo menos, carbapenemes e fluoroquinolonas, nas primeiras 96 horas de terapêutica”. A nível da vigilância epidemiológica, torna-se obrigatório o cumprimento dos seus programas, nomeadamente com a notificação de microrganismos-problema e de microrganismos alerta e a implementação de auditorias clínicas internas.2

Discussão: Na sequência das novas atribuições dos GCL-PPCIRA, e perante definição de rácios de atividade de enfermagem e médica2, houve necessidade de reestruturar equipas, com reforço dos recursos humanos e logística associada. Com a inclusão da área da “prevenção da resistência aos antimicrobianos”, uma área embrionária em muitas unidades de saúde, foi necessário criar grupos de validadores e procedimentos, estabelecer circuitos de informação e sensibilização dos prescritores para esta área. Outros desafios surgem, como a implementação da monitorização de indicadores na área de controlo de infeção e resistência aos antimicrobianos e sua associação a incentivos financeiros.

Conclusão: Numa área em constante mudança, a adaptação das unidades de saúde é desejável e inevitável. Neste trabalho mostramos como a ULSM geriu este desafio.

Referências bibliográficas: Despacho do Ministério da Saúde nº 2902/2013 de 22 de fevereiro (2013). Diário da República nº38.2ª Série.

Secretário de Estado do Ministro da Saúde. Lisboa, Portugal Despacho do Ministério da Saúde n.º 15423/2013 de 26 de novembro (2013) Diároi da República nº 229. 2ª Serie.

Gabinete do Secretário de estado adjunto do ministério da saúde. Lisboa, Portugal Direção Geral da Saúde (2007). Circular Normativa da Direção-Geral da Saúde Nº 18/DSQC/DSC de 15/10/2007.

DGS: Lisboa

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ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE À LAVAGEM DAS MÃOS

Margarida Ferreira*; Carlos Ferreira; Fernanda Príncipe ; Marina Tavares; Diana Gonçalves *Docente na ESEnfCVPOA

Introdução: Em Portugal têm vindo a ser realizados estudos de prevalência que mencionam uma taxa de infeção hospitalar de 10,6%, valor acima da prevalência europeia (6,1%), sendo o género masculino o mais afetado, com uma taxa de prevalência de 12,4% contra 8,8% para o género feminino (Pina et al., 2013). A Higiene das Mãos é uma das medidas mais simples e mais efetivas na redução das infeções associadas aos cuidados de saúde, que integrada no conjunto das Precauções Básicas, constitui uma das medidas com mais impacto na sua redução, na diminuição da resistência aos antimicrobianos e na redução de custos associados a esta problemática, contribuindo assim para a segurança e saúde dos doentes e dos Profissionais de Saúde (PS). A adesão à prática de higienização das mãos observada na fase de avaliação diagnóstica da Campanha Nacional de Higiene das Mãos situou-se nos 46,2%, tendo vindo a aumentar progressivamente até 68% (Pina et al, 2014). A higienização das mãos é um processo simples, que pode salvar vidas. Passa pelos PS em geral, e por cada um de nós realizar uma gestão adequada dos recursos disponíveis e tomar consciência de que uma parte deste problema está nas nossas mãos. É necessário informar, formar e sensibilizar os PS para esta prática. (Albuquerque, 2008).

Objetivos: Identificar fatores que interferem na adesão do PS à lavagem das mãos; Sensibilizar para a melhoria das práticas na prestação de cuidados, garantindo a segurança do doente e do profissional; Consciencializar para a implementação das Guidelines sobre a Higiene das Mãos nos Cuidados de Saúde.

Metodologia: Estudo de natureza descritiva, quantitativo e transversal, realizado através de um questionário. Foi selecionada uma amostra não probabilística de conveniência, constituída por 20 Profissionais de Saúde, que prestam cuidados num Serviço de Cirurgia de um Centro Hospitalar da Zona Norte.

Resultados/Discussão: Os Enfermeiros que constituem a nossa amostra são maioritariamente do género feminino (72%), com uma média de idades de 28 anos, na sua maioria licenciados e com uma experiencia profissional a rondar os 6 anos. A adesão dos enfermeiros à lavagem das mãos antes do contato com o doente é “frequente” em apenas 40% e mais de metade “raramente” a executa. Metade dos enfermeiros lava “frequentemente” as mãos antes de procedimentos asséticos e apenas 10% referem lavar “sempre” as mãos. Após exposição a fluidos orgânicos e após contato com o ambiente do doente, 30% referem lavar “sempre” as mãos e 40% “raramente” o fazem. Estes resultados são em parte concordantes com estudos publicados pela DGS (2014) que descreve o momento de menor adesão à lavagem das mãos continua a ser antes do contato com o doente (58%) e o momento de maior adesão após exposição a fluidos. Estes resultados são concordantes com estudos publicados que referem uma baixa adesão dos PS à lavagem das mãos antes do contato (Arenas, 2005). Da população inquirida 70% respeita frequentemente o tempo de recomendado para a eficaz lavagem das mãos, no entanto não cumprem na íntegra todos os passos. Quanto à avaliação do procedimento correto da higienização das mãos, de acordo com as Guidelines da OMS, verificamos que a totalidade dos inquiridos referem cumprir o procedimento apenas num passo “esfregar palma com palma”, 70% esfregam o dorso das mãos e todos os restantes passos são sempre cumpridos por apenas 20% dos inquiridos. De referir que 60% raramente esfregam os punhos e o polegar e 30% raramente esfregam unhas com palma, articulações dos dedos e espaços interdigitais. O tempo de lavagem preconizado não é respeitado por 80% dos inquiridos, Assim, podemos inferir que o procedimento recomendado pela OMS, na sua generalidade não é cumprido pela maioria dos inquiridos, contribuindo assim para a disseminação da infeção. Os resultados corroboram com os estudos que referem que uma minoria dos PS lava corretamente as mãos (Alleganzi, 2009)

Conclusões: Os resultados do nosso estudo sugerem que a proporção de Enfermeiros que lavam as mãos antes do contato com o doente é consideravelmente baixa e apenas uma minoria realiza o procedimento de forma correta. Quanto ao tempo recomendado para os diferentes tipos de lavagem

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das mãos este não é respeitado por uma parte dos enfermeiros e a maioria não cumpre na íntegra todos os passos do procedimento. Denota-se a necessidade de investir mais na formação e sensibilização dos profissionais de saúde, bem como na supervisão da realização das referidas praticas.

Referências Bibliográficas: Albuquerque, M. G. S. (2008). Prevenção a qualquer nível/Material seguro/Boas práticas. Nursing, 230, 13 – 14. Allegramzi, B. & Pittet, D. (2009). Role of hand hygiene in healthcare-associated infection prevention. J Hosp

Infect, 4, 305-315. Retirado de http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19720430 Arenas, M. D. [et al.] (2005). A multicentric survey of the practice of hand hygiene in haemodialysis units: factors

affecting compliance. Nephrol Dial Transplant, 6, 1164-1171. Retirado de http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19720430

Direção-Geral da Saúde (2013). A estratégia nacional para a melhoria da higiene das mãos em 10 perguntas. Direção-Geral da Saúde (DGS). Retirado de http://www.dgs.pt

Noriega E. & Pina E. (2014). Programa Nacional para a prevenção e controlo de Infeção e Resistencia aos Antimicrobianos: relatório campanha nacional de higiene das mãos. DGS.

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Conceição Afonso*; Lúcia Lopes; Jaime Neto; Isabel Veloso *[email protected]

-

Metodologia: A revisão da literatura aliada à boa prática comprovada permite-nos adotar uma Prática Baseada na Evidência. Plano de formação transversal a todos os grupos profissionais. Implementação obrigatória da Escala de Avaliação de Risco para MEI no momento de admissão da pessoa para internamento.

Resultados: Identificação e sinalização precoce do risco de colonização/infeção por MEI no ato da admissão; Circuito e alocação da pessoa baseados no score da escala de avaliação de risco; Otimização da atribuição de camas e dos recursos materiais; Dotações seguras minimizam custos, agilizam o processo de internamento, garantindo a segurança da pessoa e dos profissionais.

Conclusão: Da análise das nossas práticas emerge uma atitude reflexiva sobre fatos inevitáveis e leva-nos a assumi-los como um desafio constante. Este trabalho orientador de práticas seguras traduz-se na garantia da qualidade dos cuidados. O algoritmo da avaliação instituído indica as atitudes a tomar quanto ao rastreio, terapêutica, medidas de isolamento e uso de equipamento de proteção individual. A avaliação deste procedimento implicará a monitorização contínua de resultados nos diferentes domínios do processo. O grupo de trabalho está convicto dos ganhos a obter com esta prática pelos benefícios para a pessoa, profissionais, instituição e para a saúde de todos.

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FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À DEISCÊNCIA DE SUTURA EM LAPAROTOMIA Márcio André Marques Rodrigues*; Maria José Carvalho Guedes; Patrícia Joaquim; Susana Cristina Cardoso Serrano *Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, EPE - [email protected]

Introdução: A deiscência de sutura é uma séria complicação pós-operatória, que está associada a altos índices de morbilidade e mortalidade, não obstante os mais complexos cuidados que os doentes recebem hoje em dia. É um problema multifatorial, condicionado por fatores locais e sistémicos, pré, peri e pós operatórios.

Objetivos: Conhecer a taxa de incidência de deiscência de sutura após laparotomia e identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de deiscência da ferida cirúrgica após laparotomia. Realizada uma revisão integrativa de literatura. Para obtenção de evidências foi efetuada pesquisa nas bases de dados: CINAHL Complete, MEDLINE Complete, Cochrane, MedicLatina, SciElo e na página disponibilizada pela biblioteca do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho, E.P.E.. De um total de dezasseis artigos obtidos, apenas três foram incluídos neste estudo após aplicação do seguintes critérios de seleção: tipo de texto, horizonte temporal, participantes, idioma, fatores de risco e tipo de cirurgia. De acordo com os estudos analisados verifica-se que os de Kenig [et al.] (2012) e Spiliotis [et al.] (2009) estão em concordância com a bibliografia consultada, nomeadamente com Kelley & Heller (2012) que situam a taxa de deiscência em pacientes submetidos a laparotomia abdominal entre 0,25 e 3%. Segundo Kenig [et al.] (2012) a percentagem de deiscência da ferida cirúrgica por laparotomia abdominal é de 2,9%, visto que acontece em 56 casos dos 1879 integrados na análise. No estudo de Spiliotis [et al.] (2009) a percentagem de deiscência é ainda menor, sendo de apenas 0,43% o que corresponde a 15 casos de deiscência num total de 3500 laparotomias. Por último, Ramshort [et al.] (2010) refere uma percentagem de deiscência da sutura de 0,084% que corresponde a 363 casos de deiscência em 429906 doentes submetidos a laparotomia abdominal, o que não se encontra de acordo com a percentagem referida por Kelley & Heller (2012).

Resultados: Da pesquisa efetuada resultaram vinte fatores de risco associados à deiscência de ferida cirúrgica por laparotomia. É de salientar a idade avançada, o género masculino e a cirurgia de urgência como os principais fatores de risco associados a esta problemática. Outros fatores de risco como a infeção do local cirúrgico, HTA, Doença coronária, Cirurgia Gastrointestinal, Deiscência da anastomose, o uso de corticoides, história de DPOC e anemia estão diretamente ligados à deiscência de sutura. Existe um consenso quanto à baixa incidência de deiscência da ferida cirúrgica por laparotomia e demonstrou-se que os principais fatores de risco associados são a idade avançada, o género masculino e a cirurgia de urgência. Outros fatores como a infeção do local cirúrgico, o uso de corticoides, história de DPOC e anemia têm também um importante papel na história de deiscência de sutura.

Referências bibliográficas: Hahler B. (2006). Surgical wound dehiscence Medsurg Nursing, 15 (5), 296-300. Retirado de

<URL:http://www.researchgate.net/publication/6669392_Surgical_wound_dehiscence>. Kelley B. P. & Heller L. (2012). A novel approach to repair of wound dehiscence in the complicated patient [em

linha]. Hernia, 16 (3), p. 369-372. Retirado de www:<URL: http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?vid=4&sid=e491f2c9-ef07-4c3c-802a-cae5531ddfe4%40sessionmgr4002&hid=4201>.

Kenig, J. [et al.] (2012). Risk factors for wound dehiscence after laparotomy – clinical control trial [em linha]. Polish Journal of Surgery. 84 (11), 565–573. Retirado de www:<URL: http://web.b.ebscohost.com/ehost/detail/detail?vid=4&sid=4f652a48-d02d-455d-9a0b-a181f51f448c%40sessionmgr4005&hid=128&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnImc2l0ZT1laG9zdC1saXZl#db=mdc&AN=23399620>.

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Ramshort, G. H. [et al.] (2010). Abdominal wound dehiscence in adults: development and validation of a risk model [em linha]. World Journal of Surgery. 34, (20–27. Retirado de www:<URL:http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?vid=7&sid=e491f2c9-ef07-4c3c-802a-cae5531ddfe4%40sessionmgr4002&hid=4201>.

Spiliotis, J. [et al.] (2009). Wound dehiscence: is still a problem in the 21th century: a retrospective study [em linha]. World Journal of Emergency Surgery. 4 (12) Retirado de www:URL: http://web.b.ebscohost.com/ehost/detail/detail?vid=10&sid=4f652a48-d02d-455d-9a0b-a181f51f448c%40sessionmgr4005&hid=128&bdata=Jmxhbmc9cHQtYnImc2l0ZT1laG9zdC1saXZl#db=mdc&AN=19341486

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"BUNDLES PARA REDUÇÃO DE INFEÇÕES NOSOCOMIAIS": CONSULTA DE ENFERMAGEM PRÉ-OPERATÓRIA Andreia Alexandra Ferreira dos Santos*; Liliana Cristina Rebelo da Silva; Mónica Soares Matos Ferreira *Centro Hospitalar entre o Douro e Vouga - [email protected]

Introdução: A infeção nosocomial ocorre após o internamento no hospital sendo que essa infeção não se encontrava presente na admissão do doente. A implementação de algumas normas de atuação na consulta pré-operatória realizada pelo enfermeiro é um ponto crucial para a redução das infeções nosocomiais.

Objetivos: Reconhecer a problemática das infeções nosocomiais; Reconhecer a importância da consulta de enfermagem no pré- operatório na prevenção das infeções; Implementar na consulta pré operatória bundles que visem a redução das taxas de infeção nosocomial.

Metodologia utilizada: Revisão bibliográfica

Desenvolvimento/discussão: A infeção nosocomial está relacionada com a hospitalização e é um efeito adverso dos cuidados de saúde. Trata-se de um problema a nível mundial com consequências importantes na morbilidade e nos altos custos quer a nível hospitalar (aumento de tempo de internamento, aumento de consumo de recursos) como para os doentes e familiares. A adequada preparação do doente para a cirurgia é fundamental para o procedimento cirúrgico. Esta preparação começa no momento pré-operatório na consulta de enfermagem pré-cirúrgica. Este momento é crucial para o enfermeiro efetuar uma colheita de dados onde seja possível detetar fatores de risco intrínsecos, como a diabetes, hábitos tabágicos, uso de terapêutica com corticoides, coexistência de infeções em locais diferentes, malnutrição, entre outros, de forma a serem minimizados ou resolvidos antes da intervenção cirúrgica. Os fatores de risco extrínsecos a abordar na consulta são algumas das medidas básicas de prevenção de infeção. A preparação da pele na véspera e no dia com clorexidina, a higiene da boca e do couro cabeludo, a importância da lavagem das mãos, etiqueta respiratória, uso de espirómetro e exercícios respiratórios são alguns dos pontos a serem focados. Durante a consulta também deverá ser avaliado o risco de transmissão de agentes infeciosos de forma a cumprir com a correta colocação de doentes na admissão.

Conclusão: a consulta de enfermagem pré-cirúrgica realizada por enfermeiros treinados no controlo de infeção é crucial para o sucesso da cirurgia e redução de custos e taxas de infeção nosocomial.

Referências Bibliográficas: Direção Geral da Saúde (2013). Norma nº nº024/2013: Prevenção da infeção do local cirúrgico. Lisboa: DGS. Phipps,W. J. et al (1999) Enfermagem Médico-cirúrgica Loures: Lusociência. Direção Geral da Saúde (2012). Norma nº 002/2013 de 12/02/2013 : Cirurgia Segura, Salva Vidas. Lisboa: DGS.

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EVIDÊNCIAS 57 nº2/2015

EXPOSIÇÃO A SANGUE PELOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: PROCEDIMENTOS ADOTADOS Alejandra Carolina Romero Lima*; Cláudia Raro; Margarida Ferreira; Carlos Ferreira

*Enfermeira CHVNG/[email protected]

Introdução: Uma das características do processo de trabalho da Enfermagem, especialmente em ambientes hospitalares, é a proximidade física com os usuários e a realização de procedimentos invasivos. Nas suas atividades diárias utilizam materiais considerados de risco, nomeadamente os cortoperfurantes como agulhas, lancetas e bisturis, não só pela sua natureza cortante como pelo fato de estarem associados a resíduos biológicos e daí a probabilidade de haver contaminação pelo vírus da Hepatite C (VHC), Hepatite B (VHB) e Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). Os acidentes de serviço e as patologias decorrentes das situações de trabalho representam um gravativo encargo para os trabalhadores, famílias e para a sociedade em geral, afetando o seu bem-estar e a qualidade de vida, constituindo desta forma as inter-relações trabalho-saúde/doença uma área prioritária em Saúde Ocupacional. Durante a identificação das notificações de acidentes de trabalho com exposição a fluidos biológicos, constatou-se que há uma subnotificação no que diz respeito a esse evento, sendo estimado em alguns estudos uma elevada percentagem de trabalhadores que não relatam os acidentes (NIOSH, 2008). Objetivos: Caraterizar os profissionais de saúde que sofreram exposição por fluidos biológicos (sangue); analisar fatores que interferem nessa exposição; identificar procedimentos adotados pelos profissionais de saúde após a exposição. Teve como finalidade identificar se os profissionais de saúde conhecem os procedimentos a adotar após exposição a fluidos biológicos (sangue).

Metodologia: Este projeto enquadra-se num estudo do tipo descritivo nível II, correlacional, quantitativo, transversal. A população foi constituída pelos profissionais de uma instituição de saúde da zona norte, tendo como amostra os profissionais de um serviço de cirurgia. Foi usado como instrumento de colheita de dados o questionário. Os dados foram submetidos a tratamento estatístico através de um software de estatística SPSS (Statistical Package for Science) com aplicação de procedimentos de estatística descritiva e inferenciais e, através do programa Microsoft Office Excel, onde foram organizados em gráficos.

Resultados/Discussão: Constatamos que a exposição acidental ao sangue é preocupante visto daí advir infeções como VHB, VHC e VIH. Uma elevada parte dos profissionais de saúde não sabem o prazo correto para participar um acidente e muitos não sabem quais os procedimentos a adotar após uma exposição percutânea a sangue. Podemos igualmente constatar que alguns profissionais têm por hábito recapsular agulhas e que 50% dos acidentados notificaram o acidente e 50% não o fizeram. Como motivo para não o fazerem, 67% consideraram que a exposição a que tiverem sujeitos não constituiu risco de infeção e 33% afirmaram que não o fizeram devido à burocracia envolta na participação de acidentes. Os resultados evidenciam que 50% dos profissionais acidentados utilizam o contentor de cortoperfurantes até estar completamente cheio e que 50% não o faziam até a totalidade.

Conclusões: Os trabalhadores carecem estar informados e treinados para evitar problemas de saúde devendo ser efetuados esforços de prevenção para reduzir o risco, contemplando a notificação, programas educacionais e protocolos de atuação. Torna-se evidente a falta de informação e de ausência de comportamentos seguros, por metade dos participantes sendo de extrema importância investir em sessões de informação, sensibilização e monitorização das práticas que envolvem os acidentes de trabalho com exposição a sangue.

Referências Bibliográficas Centers for Disease Control and Prevention (2005). Exposicíon a la Sangre [em linha]. Centers for Disease Control

and Prevention (CDC). Retirado de http://www.cdc.gov/Spanish/prevencion/exposangre.htm

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EVIDÊNCIAS 58 nº2/2015

The National Institute for Occupational Safety and Health (2008). DHHS publicación N.º 2008-118. The National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). Retirado de http://www.cdc.gov/spanish/niosh/docs/2008-118_sp/

Soares, L.G., et al. (2013). Perceção do risco em trabalhadores de enfermagem. Cogitare Enfermagem, 18 (1), 36-42.

Wang, H. Q., Zhang, M., Li, T.,& Du, X. (2009). A pooling analysis of occupational sharp injury on clinical nurses in China. Am. J. Ind. Med, 27 (2), 65-70.

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EVIDÊNCIAS 59 nº2/2015

COMPLICAÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS À TÉCNICA DE ECMO Sofia Pinheiro Leite*; Bruno Sousa; Carol Pinto; Conceição Mour; Nelma Pinto; Margarida Ferreira; Fernanda Príncipe *Enfermeiro Hospital de São João, Porto- [email protected]

Introdução: A Membrana de Oxigenação Extracorporal (ECMO) é uma técnica de suporte temporário da função do coração/pulmão, através de um bypass cardiopulmonar. O ECMO evoluiu dos laboratórios para as unidades de Cuidados Intensivos de forma definitiva nas duas últimas décadas. O aperfeiçoamento do material utilizado, da experiência adquirida, da eficiência e da segurança refletiu-se na melhoria significativa dos resultados, tornando-se parte integrante no tratamento de doenças. A técnica de ECMO não é isenta de complicações, que influenciam o sucesso do tratamento e qualidade de vida futura do doente. A identificação e intervenção precoce das possíveis complicações contribui para o sucesso da técnica e para a sua viabilidade. Considerando a responsabilidade do Enfermeiro nos cuidados prestados aos doentes submetidos a ECMO, torna-se imprescindível que estes profissionais tenham conhecimento das principais complicações decorrentes desta técnica, a fim de obter bases sólidas para uma prática segura e de qualidade.

Objetivo: deste estudo é conhecer as complicações clínicas mais frequentes associadas à técnica ECMO em doentes adultos.

Metodologia: consistiu na revisão integrativa de artigos indexados na base de dados da Literatura Internacional em Ciências da Saúde e das publicações referentes ao ECMO (ELSO). Os artigos foram pesquisados na plataforma Medline & Pubmed com os seguintes critérios de seleção: o contexto clínico e a elevada evidência científica; realizados entre 2010 e 2014; em doentes adultos; com palavras-chave ECMO e complicações. Dos 2256 artigos indexados na base de dados, apenas nove artigos contemplavam os critérios de inclusão da pesquisa, sendo estes estudos retrospetivos ou observacionais.

Resultados: obtidos da pesquisa revelaram como complicações mais frequentes, as vasculares (29%), infeciosas (25%) e as hemorrágicas (20%), seguidas das neurológicas (15 %), das renais (10%) e das hepáticas (5%). A análise dos artigos evidencia a complexidade que o suporte de ECMO envolve no tratamento e manutenção do doente com patologia respiratória e/ou cardíaca. Muitas das complicações clínicas conduzem a um aumento da morbilidade e mortalidade dos doentes.

Conclusão:A prevenção, o diagnóstico precoce e a intervenção atempada por uma equipa multidisciplinar representa uma boa prática para recuperação mais rápida do estado clínico e qualidade de vida do doente. Os enfermeiros, enquanto elementos da equipa multidisciplinar, são responsáveis pela participação na monitorização e vigilância dos doentes com a terapêutica de ECMO e desta forma representam um elo essencial para o sucesso da evolução do estado do doente.

Referências bibliográficas Aubron, C. [et al.]. (2013). Factors associated with outcomes of patients on extracorporeal membrane oxygenation

support: a 5-year cohort study. Critical Care, 17 (2), 1-12. Aziz, F. [et al.] (2014). Arterial Complications in Patients Undergoing Extracorporeal Membrane Oxygenation via

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1914. Cheng, R. [et al.] (2014). Complications of Extracorporeal Membrane Oxygenation for Treatment of Cardiogenic

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EVIDÊNCIAS 61 nº2/2015

BUNDLES NA PREVENÇÃO DA PNEUMONIA ASSOCIADA À

VENTILAÇÃO MECÂNICA (PAV): INTERVENÇÕES AUTÓNOMAS DE

ENFERMAGEM

Daniela Rocha*; Ana Vieira; Vera Mesquita; Herlander Soares *[email protected]

Introdução: No contexto de Cuidados Intensivos são utilizados procedimentos invasivos que são cruciais para a vida dos utentes, entre eles estão a entubação endotraqueal e o subquente uso de Ventilação Mecânica. Este procedimento, podendo ser indispensável à vida do paciente pode acarretar diversas complicações, que pode influenciar negativamente a recuperação dos utentes, como por exemplo a Pneumonia. Deste modo a referir a importância dos Cuidados de Enfermagem em doentes ventilados e o consequente êxito das Bundles que é conseguido através da aplicação de intervenções com evidência científica de forma simultânea. Desta forma promovem uma cultura de trabalho estruturada e permitem melhorar e rever as práticas diárias por parte da equipa de saúde (Saldaña et al, 2012).

Objetivos: Identificar na evidência científica publicada fatores que contribuem para o aparecimento da PAV; Analisar o uso de medidas na prevenção da PAV; Propor Bundles de atuação no âmbito das intervenções Autónomas de Enfermagem na Prevenção da PAV.

Metodologia: Revisão Integrativa da Literatura; Leitura em Base de dados: SCIELO e EBSCO; Pesquisa efetuada em dezembro de 2014; Palavras-chave: Pneumonia, Ventilação Mecânica, Paciente Adulto, Unidade de Terapia Intensiva; Encontrados 20 artigos, após seleção resultou análise de 6 artigos (Souza & Santana; 2012), (Gonçalves, Brasil, Minamisava, Caixeta, Oliveira & Cordeiro; 2012), (Silva, Laus, Canini & Hayashida; 2011), (Gonçalves, Brasil, Ribeiro & Tipple; 2012), (Orlandini & Lazzari; 2012), (Pombo, Almeida & Rodrigues 2010).

Desenvolvimento: Enquadramento teórico: PAV Processo infecioso que acomete pacientes submetidos à entubação endotraqueal e Ventilação Mecânica por mais de 48-72 horas e para as quais a infeção não foi o motivo para iniciar a ventilação (Silva et al, 2012). É uma preocupante infeção nosocomial que ocorre em cerca de 30% dos doentes com Ventilação Mecânica. A Taxa de mortalidade varia entre 20% e 70% (Matos & Sobral, 2010). Principal causa de infeção hospitalar em contexto de UCI, ocorrendo em mais de 90% dos casos em pacientes submetidos a VM, sendo assim a mais importante e comum infeção que acomete pacientes críticos ventilados mecanicamente nas unidades (Silva et al, 2013). Fatores de Risco da PAV: Entubação oro traqueal, SNG, Cabeceira a menos de 30º, Imobilização devido ao coma, trauma ou cirurgias, Uso prolongado de VM, Mãos contaminadas.

Resultados: Na análise comparativa dos seis artigos, verifica-se: Necessidade da implementação de protocolos de atuação; Necessidade de formação contínua das equipas; Importância da HO com clorexidina; Aspiração secreções; Pressão do cuff; Elevação da cabeceira 30-45º.

Discussão: O uso de Bundles tem contribuído para a redução das taxas de mortalidade, das taxas de infeção e tempo de internamento (Gonçalves et al, 2012). É importante a elaboração de uma proposta educativa que norteie a atuação dos profissionais de saúde das UCI e contemple as estratégias necessárias para a prevenção da PAV. Os artigos 2,3 4 e 6, salientam a importância da formação bem como a implementação de protocolos de atuação. Neste contexto, emergiu a necessidade de evidenciar cuidados fundamentais para a implementação de uma Bundle de atuação que contemple as intervenções de enfermagem relacionadas com os seguintes aspetos: Importância da Higiene Oral com clorexidina, Aspiração secreções, Pressão do cuff, Elevação da cabeceira 30-45º.

Sugestão de Bundle de atuação:

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EVIDÊNCIAS 62 nº2/2015

Conclusão: Constatámos que é necessário elaborar, atualizar e incluir nos protocolos de Serviço da

prevenção da PAV, as intervenções não farmacológicas analisadas com o propósito de fortalecer

conhecimentos e, com isto, enaltecer a qualidade dos cuidados prestados aos doentes por parte da

equipa de Enfermagem. Com o propósito de uniformizar e orientar os Enfermeiros para práticas de

excelência, vimos através deste artigo de revisão propor Bundles de Intervenções Autónomas de

Enfermagem vocacionadas na prevenção da PAV.

Referências Bibliográficas: Beraldo,

C. & Andrade, D. (2008). Higiene bucal com clorexidina na prevenção de pneumonia associada à

ventilação mecânica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 34 (9), 707-714. Retirado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-37132008000900012&script=sci_arttext. ISSN 1806-3713

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EVIDÊNCIAS 64 nº2/2015

PREVENÇÃO E CONTROLO DO RISCO DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL À TUBERCULOSE PULMONAR Patrícia Pinto; Rosa Oliveira *; Cláudia Silva; Nuno Vieira; Liliana Xavier *

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho - [email protected]

Introdução: Considerando-se a elevada taxa de transmissão de tuberculose em ambientes fechados, e relatos de taxas elevadas de transmissão em hospitais, serviços de urgência e no sistema prisional, é importante a adoção de medidas de controlo para prevenção da sua transmissão. O risco dos profissionais de saúde depende geralmente dos mesmos fatores dos doentes em meio hospitalar, podendo estar aumentada pela frequência, duração e intensidade da exposição e ainda com as funções e locais de trabalho.

Objetivos: Sensibilizar os profissionais de saúde e instituições de saúde para a problemática da Tuberculose Pulmonar e adoção de estratégias de prevenção e controlo eficientes, ajustadas ao nível de risco geográfico e institucional.

Metodologia: Descritiva e expositiva

Desenvolvimento: A realização deste trabalho surge da necessidade de sensibilização dos profissionais de saúde e instituições de saúde para a problemática da Tuberculose Pulmonar e adoção de estratégias de prevenção e controlo eficientes, ajustadas ao nível de risco geográfico e institucional. Este assenta numa breve caracterização da doença e dos princípios base de um programa de prevenção e controlo do risco de exposição ocupacional. As medidas adotadas para controlo da transmissão da tuberculose ocupacional devem ter em consideração o tipo de instituição, sendo divididas em 3 grupos: Medidas administrativas: compreendem investigação, diagnóstico e tratamento precoce dos casos; planeamento para o controlo da infeção; treino e educação dos profissionais de saúde; triagem e avaliação destes profissionais quanto ao risco de tuberculose, infeção e doença; Medidas de controlo ambiental: ventilação/exaustão do ambiente; medidas de controlo do fluxo aéreo, medidas para reduzir a contaminação do ar e auxiliar na limpeza do ar, utilizando-se filtro HEPA (“high-efficiency particulate air”) e UVGI (irradiação germicida ultravioleta); Medidas de proteção respiratória: utilização de máscaras respiratórias específicas que podem reduzir o risco de exposição à infeção dos profissionais de saúde, além do uso de máscaras cirúrgicas pelos doentes.

Discussão: Para o sucesso de um programa de prevenção e controlo do risco de exposição ocupacional, é fundamental reconhecer o problema e promover o envolvimento de todos os intervenientes, nomeadamente do órgão de gestão da instituição de saúde. As Instituições deverão possuir os recursos e os processos necessários para uma intervenção eficaz, minimizando eventos adversos na abordagem da Tuberculose Pulmonar.

Conclusão: Compete aos órgãos de gestão promover uma cultura organizacional de segurança, que abranja utentes e profissionais. A aplicação de medidas de intervenção com base na epidemiologia local é fundamental, sendo que a tuberculose pulmonar deverá ser parte integrante do plano de atividades institucional, caso o mesmo se demonstre com um fator de risco potencial ou presente.

Referências Bibliográficas: Adachi, E. et al. (2013). Tuberculosis Examination Using Whole Blood Interferon-Gamma Release Assay Among

Health Care Workers In A Japanese Hospital Without Tuberculosis-Specific Wards. Springer Plus. Administração regional de saúde de lisboa e vale do tejo, IP. (2013), Acidentes E Doenças Profissionais.

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EVIDÊNCIAS 66 nº2/2015

MONITORIZAÇÃO DE DOENTES COM INFEÇÃO POR CLOSTRIDIUM

DIFFICILE

Elisabete Isabel Ferreira da Ponte Figueiredo; Ana Catarina Aparício Gonçalves Pereira; Eduardo Luis de Almeida e Melo; Judite da Conceição Lourenço Patrício Almeida

Introdução: O Clostridium difficile (Cd) é um bacilo Gram +, anaeróbio, com capacidade de formar esporos, inicialmente identificado como constituinte do microbioma intestinal normal. Em 1978 foi incriminado como causador da colite pseudomembranosa em doentes sob antibioterapia.A Infeção por Cd é a principal causa das diarreias associadas a antibióticos, sendo considerada uma Infeção associada a cuidados de saúde da maior importância pela gravidade clínica e potencial de transmissão cruzada. O Cd é naturalmente resistente a antibióticos como Cefalosporinas, Clindamicina e Fluoroquinolonas, e por isso a utilização dessas classes antibióticas aumenta o risco de infeção. A utilização de associações de antibióticos de largo espetro e terapêuticas prolongadas potenciam esse risco, mas a administração de uma toma única pode desencadear a doença.Deve-se suspeitar de infeção por Cd em qualquer doente exposto a antibióticos ou cuidados de saúde que apresente diarreia e/ou dor abdominal. No entanto, só devem ser testadas fezes diarreicas, porque todos os testes laboratoriais não-culturais foram desenvolvidos e validados apenas para doentes sintomáticos. As formas vegetativas de Cd são pouco viáveis fora do intestino não sobrevivendo por mais de 24h. No entanto, as formas esporuladas são extremamente resistentes aos detergentes e desinfetantes, podendo persistir com viabilidade em superfícies e equipamentos durante meses.

Objetivos: Minimizar o risco de transmissão de microrganismos multirresistentes (MMR) e microrganismos epidemiologicamente importantes (MEI); Alocar os casos de doentes com C. difficile em quarto individual com medidas de contacto; Supervisionar as medidas implementadas; Analisar os resultados com os gestores operacionais.

Metodologia: O programa de Vigilância Epidemiológica de MEI e MMR é desenvolvido, em colaboração direta com o Laboratório de Microbiologia, desde 2009 através do sistema ALERTA e operacionalizado, desde 2014, pela solução informática HEPIC (Hospital Epidemiologic Control) da First Solution, permitindo calcular taxas de incidência destas estirpes, detetar precocemente casos de infeção/colonização e controlar surtos. Tipo de estudo: Vigilância ativa de casos de infeção a C. difficile internados no CHTV; População: Doentes internados com notificação em HEPIC; Recolha de dados: Grelha de auditoria com visita aos serviços 2 vezes/semana; Tratamento de dados: Recurso ao programa EXCEL.

Desenvolvimento e discussão: O aumento exponencial das notificações laboratoriais da toxina de Clostridium difficile em 2012 poderá corresponder a maior incidência da doença e/ou a redobrada atenção dos clínicos para este tipo de infeção, com incremento dos pedidos. Assim, perante o número elevado de casos e no sentido de melhorar as práticas dos profissionais, em 2013 (já com a edição do Manual de Higienização Ambiental, complementado com checklists), a CCIRA concretizou um programa de formação em serviço sobre a temática dos Isolamentos e Higiene Ambiental. Foram abrangidos todos os serviços clínicos, tendo como destinatários enfermeiros e assistentes operacionais num total de 323 Enfermeiros e 245 Assistentes Operacionais. Para continuar a desenvolver o ciclo de melhoria da qualidade foi reformulada a vigilância contínua de doentes com precauções adicionais, onde se inclui o Clostridium difficile, através de auditoria às estruturas e práticas, abrangendo os seguintes padrões: Concretização das medidas de isolamento;Utilização de sinaléticas; Disponibilidade e adequação de EPI’s; Cumprimento dos checklists de limpeza ambiental.As notificações de alertas desencadeiam um conjunto de intervenções que incluem a consulta do processo (GLINTT), o contacto telefónico imediato e a visita aos serviços/unidades pela CCIRA, que informam e orientam os profissionais para a implementação e cumprimento das medidas recomendadas. A monitorização do cumprimento das

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orientações faz parte das atividades regulares do núcleo de enfermagem da CCIRA até à descontinuação das medidas, transferência, óbito ou alta do doente. Os resultados desta monitorização mostraram-nos que é prioritário continuar a sensibilizar os gestores operacionais e membros dinamizadores da CCIRA para a importância do cumprimento das recomendações para o controlo ambiental e isolamento de doentes com precauções adicionais.

Conclusão: As orientações nacionais e internacionais elegem como estratégias para reduzir a incidência de infeção associada a C. difficile a utilização judiciosa dos antimicrobianos, a lavagem das mãos, as precauções de isolamento de contacto e as medidas de controlo ambiental. Com as sucessivas mudanças no sistema de saúde, as intervenções dos peritos em controlo de infeção são um contributo fundamental para a melhoria da segurança e qualidade da assistência prestada aos doentes. Esta forma de intervenção tem como objetivo acompanhar os profissionais de forma a garantir que as práticas recomendadas sejam implementadas e difundidas de forma sistemática e consistente.De uma forma geral, a intervenção clínica, formativa e de assessoria técnica da CCIRA no acompanhamento dos casos com gestão das práticas (ênfase na lavagem das mãos e higiene ambiental, com recurso a checklists de higiene diária e terminal), contribui para a implementação de uma cultura institucional de segurança.

Referências bibliográficas:

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NORMAS DE PUBLICAÇÃO DA REVISTA “EVIDÊNCIAS”

EVIDÊNCIAS é uma revista científica, em processo de indexação, divulgada em formato eletrónico. Exige-se que todos os artigos tenham profundidade científica, sejam originais, sobre qualquer assunto relacionados com os temas de saúde, enfermagem ou educação, respeitem todos os princípios éticos e demonstrem clara relevância para o avanço científico da problemática em estudo. É da exclusiva responsabilidade dos autores o conteúdo dos artigos, bem como, o respeito pelos princípios éticos inerentes à investigação, cumprindo as normas e orientações da revista. A declaração única do autor de partilha dos direitos autorais, da originalidade do artigo, do cumprimento dos requisitos éticos e de potenciais conflitos de interesse encontra-se em anexo para preenchimento do primeiro autor (DA). Sugere-se que os apoios, financiamentos ou colaborações externas sejam mencionados na secção de agradecimentos. ARTIGOS A publicação dos artigos na “EVIDÊNCIAS” pode ser sob a forma de artigo de investigação original, artigo de revisão, artigo teórico ou artigo de opinião. Estes deverão ser enviados em suporte informático, para [email protected] , acompanhados do formulário de auto verificação, para além da Declaração do Autor, que se encontram na página http://www.esenfcvpoa.eu/ 1ª Página: Integra o título, a informação dos autores e o contato para correspondência. Texto: Os artigos podem ser submetidos em português, inglês ou espanhol. O título, o resumo e as palavras-chave têm de estar nos 3 idiomas. O texto deve ser datilografados, letra Calibri, tamanho 11, espaço 1,5, em formato Word justificado, páginas em formato A4, evitando negritos e sublinhados, variação de tipo de letra, fundos de cor, etc. O artigo não deverá ultrapassar as 15 páginas incluindo referências, quadros e figuras. Os quadros e as figuras só devem ser incluídos se absolutamente necessário para a compreensão do artigo. Têm de ser identificados ao longo do texto com a numeração por ordem de inclusão. Os quadros têm de apresentar o número e título em cabeçalho. As figuras têm de apresentar a sua identificação no rodapé. No caso de conterem abreviaturas, devem ser apresentadas nos rodapés das mesmas. Os artigos científicos deverão conter o seguinte:

Título: máximo 16 palavras. Resumo: máximo 200 palavras. Deve incluir objetivos, enquadramento, métodos, resultados e conclusões. Palavras-chave: máximo 4. Introdução: Enunciado do problema, argumentos de relevância de acordo com a literatura. Objetivos do estudo. Enquadramento / Fundamentação Teórica: Apresentação do estado da arte relativa ao tema em estudo. Sugere-se a inclusão de trabalhos publicados nos últimos 5 anos, indexados em base de dados. Métodos: Amostra/Participantes/População/Tipo de estudo/ Desenho. Instrumentos de colheita de dados, procedimentos e considerações ético-legais. Técnicas de análise de dados utilizadas. Resultados: Apresentação e análise de dados. Rigor da análise. Discussão: Análise comparativa dos resultados com o conhecimento existente acerca do tema e relevância dos novos conhecimentos que emergem do estudo. Conclusão: Conclusões relacionadas com os objetivos/questões/hipóteses de investigação. Os resultados devem suportar ou refutar a temática estudada e apresentada no artigo. Limitações do estudo. Implicações para as Ciências da Saúde e Educação. Sugestões para investigações futuras. Agradecimentos: (facultativo) Devem ser evidenciados todos os apoios, financeiros, técnicos ou institucionais, que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho, mas que não têm peso de autoria. Referências bibliográficas Normas da 6ª Edição da Associação Americana de Psicologia (APA). As referências devem ser de fonte primária, incluídas no texto, cuja apresentação deve ser feita por ordem alfabética. Sugere-se a integração de uma referência publicada na Revista Evidências. (Exemplos)

ESPECIFICAÇÃO DE AUTOR Com 1 Autores Bolander, V. (1998) Com 2 a 7 Autores: Roper, N., Logan, W. & Tierney, A. J Com mais de 7 autores: Cooper, l., Eagle, K., Home, L., Robertson, A., Taylor, D., Reims, H. … Smith, W.A.

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Editor como Autor: Melo, M. C., & Lopes, J. M. (Eds). Autor Coletivo: Escola Superior de Enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa de Oliveira de Azeméis Sem Autor Expresso: Entrada pelo título se a obra é anónima no local do autor coloca-se Anónimo

PUBLICAÇÃO SEM ANO Autor (s.d.).

LIVROS Um autor Bolander, V. (1998). Enfermagem Fundamental. (1ª ed). Lisboa: Lusodidacta, 1998. Dois a sete autores Roper, N., Logan, W. & Tierney, A. J. (1995). Modelo De enfermagem. (3ª ed.) Alfragide: McGraw-Hill Oito ou mais autores, coloque os seis primeiros nomes dos autores, seguido de reticências e o último autor Benavente, A., Silva, R., Gomes, P., Aníbal, A., Guerra, B., Santos, P.,… Simões, C. (1987). Do outro lado da escola. Lisboa. Instituto de Estudos para o Desenvolvimento. Editor literário Akai, K., Hayashi, M., & Nishimatsu, Y. (Eds). (1981). Weak rock: soft fractured and weathered rock: proceedings of the international symposium Tokyo, 1981. Rotterdam: A. A. Balkema, Capítulo de livros Napolitano, J. (2013). Development, sustainability and internacional politics. In L. Meuleman (Ed.), Transgovernance: Advancing sustainability governance (pp. 163-211). Berlin: Springer Coletividade autor: Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde. (2004). Plano Nacional de Saúde 2004-2010. Lisboa: Direção Geral da Saúde Teses, dissertações e outras provas académicas FERREIRA, P. (2004). Melhoria contínua da qualidade na prestação de cuidados de saúde ao doente diabético tipo 2 (Tese de Mestrado). Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina.

Atas de congressos Congresso Nacional de bibliotecários, arquivística e documentalista (1987). Integração europeia: um desafio à informação: atas de conferência. Coimbra: Minerva, 1987.

ARTIGOS DE PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS (Nota: A nível de autores segue as regras do livro) Gomes, R. M. (2012, Janeiro). Serra da Estrela. Revista Fugas, 152, (4), 20-21.

DOCUMENTOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS Decreto-Lei nº 192/89 de 08 de Junho (1989). Diário da República nº 131/89. I Série. Ministério, da agricultura pescas e alimentação. Lisboa, Portugal PORTARIA nº 1111/89 de 29 de Dezembro (1989) Diário da República nº 298. I Série. Ministérios das Finanças e da Indústria e Energia. Lisboa, Portugal

DOCUMENTOS ELETRÓNICOS Livros Almodovar, A., & Cardoso, J. L. (1998). A history of portuguese economic thougth London: Routledge. Retirado de URL:http://www.ebrary.com/lib/mctbrasilia Artigos de publicações periódicas Nono, M. A. & Mizukami, N. (2002). Casos de ensino e processos de aprendizagem profissional docente. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 83 (203), 172. retirado de http://site.ebrary.com/lib/mctbrasilia/Doc?id=10055894&ppg=172>. ISSN 0034-71803.

CITAÇÕES A citação de ideias permite identificar a publicação onde estas foram obtidas e quando referenciadas por diferentes autores, estes devem ser apresentados por ordem alfabética. Nas citações de onde foram obtidas ideias, estas terão só menção ao nome do autor e o ano. Ex.: (Benner, 2001) ou segundo Benner (2001). Numa citação de excerto de parte de uma obra/documento, para evitar o plágio, é necessário indicar com precisão, a página de forma que o leitor a possa recuperar. As citações devem seguir alguns princípios: Ex.: Benner (2001, p. 236) diz-nos: “As enfermeiras têm poder”.

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