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ANO LIV | Nº 611 | JANEIRO 2013 | TEVET/SHVAT 5773 Parabéns a você

Revista Janeiro 2013

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Revista Janeiro 2013

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Page 1: Revista Janeiro 2013

ANO LIV | Nº 611 | JANEIRO 2013 | TEVET/SHVAT 5773

Parabéns a você

jan

eiro

de

2013

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RA

NS A

VO

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Rev

ista

Heb

raic

a

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palavra do presidente

Sessenta anos de sabedoriaNa metade do século passado, portanto há sessenta anos, quando os judeus de todo o mundo ainda se recuperavam do trauma dos milhões dos seus irmãos assassinados na Segunda Guerra e festejavam o nascimento do Estado de Isra-el, as lideranças comunitárias em vários países tratavam de construir institui-ções sólidas capazes de congregar os seus membros e, juntos, preservar a his-tória, a memória e a tradição do nosso povo.No Brasil, em São Paulo, um grupo de pioneiros, portanto, visionários, decidiu fundar um clube ao qual deu o nome de Hebraica. Com vontade e determina-ção, comprou e ocupou uma área tomada por um grande matagal entre a anti-ga rua Iguatemi e o rio Pinheiros e construíram o clube cuja entrada principal era uma portaria na alameda Gabriel Monteiro da Silva e o único grande edifí-cio é o atual Ginásio dos Macabeus, aquele que se eleva sobre a Praça Carmel. Para lá, aos poucos, mas de forma inexorável, confl uíram os principais even-tos comunitários.Desde então, a Hebraica começou a crescer e não parou mais. Hoje é um gi-gante de milhares de associados, uma verdadeira cidade de lazer, cultura, en-tretenimento, esporte, educação, conhecimento e informação, um centro co-munitário. A base sobre a qual se assenta é o judaísmo nos seus mais variados aspectos; e o que a conduz é o conceito segundo o qual a comunidade é o meio natural da vida dos judeus e o que importa é a imortalidade do povo, não do indivíduo. Diz uma mishná de Pirkei Avot (capítulo 5:24): “Aos sessenta começa a velhi-ce“ e é explicado: “O que é um zaken (velho)? É aquele que atinge a sabedoria”.A Hebraica comemora sessenta anos de existência e, ao mesmo tempo, a cada dia rejuvenesce com muitas atividades esportivas, sociais e culturais, e uma nova escola que deu ao clube ainda mais energia e aumentou a vibração da inocência infantil, sempre com muito judaísmo. Por isso, a Hebraica esta sem-pre mais jovem, cheia de sabedoria e experiência.

A HEBRAICA HOJE É UM GIGANTE DE MILHARES DE ASSOCIADOS, UMA VERDADEIRA CIDADE DE LAZER, CULTURA, ENTRETENIMENTO, ESPORTE, EDUCAÇÃO, CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO, UM CENTRO COMUNITÁRIO

ShalomAbramo Douek

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6Carta da Redação

8Destaques

do Guia

A programação de

janeiro e fevereiro

12Capa

Entrevista com

Abramo Douek

abre série de

reportagens sobre

sessenta anos da

Hebraica

28Patrimônio

Vice-presidente

Nelson Glezer faz

um balanço de um

ano de gestão

33cultural + social 34Gourmet

Encontro reuniu os

apaixonados por

espumantes

34In concert

Moraes Moreira

encerrou a série de

2012

38 Passeio

Visitantes

conheceram o

trabalho de três

artistas na Bienal

40 Restaurante

kasher

Ele foi ampliado

e teve o lay out transformado

42Coluna um /

comunidade

Os eventos mais

signifi cativos na

cidade

48Fotos e fatos

Os destaques do

mês na Hebraica e

na comunidade

51juventude

52Carmel

Dançarinos

homenagearam os

heróis de Israel

56Esporte Radical

Adventure fez um

verdadeiro rally

nas trilhas de

Atibaia

58Acesc

Veja quem foi

premiado no

Festival de Teatro

63esportes64Vôlei

Equipe feminina

da Hebraica entre

as melhores da

Acesc

66Torneios ofi ciais

Veja porque a

Hebraica é sempre

escolhida como

sede de torneios

68Futebol de campo

Parceria com o

Macabi rendeu

ótimos resultados

70Judô

Projeto da Unibes

e Hebraica já

produz campeões

75magazine

76Eleições

em Israel

Tudo o que você

queria saber, mas

não tinha a quem

perguntar...

84Curiosidade

As polêmicas

que envolvem

os nomes das ruas

de Israel

88Fronteiras

Saiba mais sobre o

xadrez político do

Oriente Médio

90Futebol

O perfi l judeu de

um dos melhores

técnicos da

América Latina

92Ciência

Benoit Mandelbrot

e os seus

fascinantes

fractais

94Cinema

O notório

antissemitismo

do criador

de 007

98Personalidade

Controvérsias

sobre o

nascimento e

ascensão de uma

estrela

100Lançamento

A colaboração

de Hollywood

na propaganda

antinazista

102A palavra

Quantos mitos se

escondem atrás de

um dibuk?

10410 notícias

Os destaques

do noticiário de

Israel por nosso

correspondente

106Literatura

Órfãos de Philip

Roth já lamentam

anúncio de

aposentadoria

108Leituras

Os destaques do

mês no mercado

das ideias

110Música

Onze lançamentos

imperdíveis, do

popular ao erudito

112Com a língua e

com os dentes

O onipresente e

mais que delicioso

chrein

114 Ensaio

Três livros recém-

lançados retratam

a cidade de

Jerusalém

119diretoria

120Mídias digitais

Algumas novidades

na área de

comunicações

121Lista da diretoria

Veja quem é quem

no Executivo da

Hebraica

138Conselho

Veja como foi a

última sessão de

2012

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4HEBRAICA | JAN | 2013

sum

ário

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HEBRAICA | JAN | 2013

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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA “A HEBRAICA” DE SÃO PAULO RUA HUNGRIA, 1.000, PABX: 3818.8800

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FIS-CHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 - 1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKO-BOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

DIRETOR-FUNDADORPUBLISHER

DIRETOR DE REDAÇÃOEDITOR-ASSISTENTE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃOREPORTAGEM

TRADUÇÃO

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DIREÇÃO DE ARTE

EDITORAÇÃO

ILUSTRAÇÃO CAPA

EDITORA DUVALE

DIRETORADMINISTRAÇÃO

ARTE PUBLICITÁRIADEPTO. COMERCIAL

PRODUÇÃOIMPRESSÃO E ACABAMENTO

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JORNALISTA RESPONSÁVEL

SAUL SHNAIDER (Z’l)FLAVIO MENDES BITELMAN

BERNARDO LERERJULIO NOBREMAGALI BOGUCHWALTANIA PLAPLER TARANDACHELLEN CORDEIRO DE REZENDE

BENJAMIN STEINER (EDITOR)FLÁVIO M. SANTOS

JOSÉ VALTER LOPES

HÉLEN MESSIAS LOPES ALEX SANDRO M. LOPES

MARCELO CIPIS

RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95 E-MAIL [email protected] CEP: 05435-040 - SÃO PAULO - SP

PAULO SOARES DO VALLECARMELA SORRENTINORODRIGO SOARES DO VALLESÔNIA LÉA SHNAIDERPREVAL PRODUÇÕESIBEP GRÁFICA AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619JAGUARÉ – SPTEL./FAX: 3814.4629 [email protected]

BERNARDO LERER MTB 7700

ANO LIV | Nº 611 | JANEIRO 2013 | TEVET/ SHVAT 5773

calendário judaico :: festas

dom seg ter qua qui sex sábdom seg ter qua qui sex sáb

FEVEREIRO 2013Shvat| Adar 5773

JANEIRO 2013Tevet | Shvat 5773

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carta da redação

Aniversário e eleiçõesEsta edição marca o início das comemorações dos sessenta anos da He-braica e até o fi nal do ano, todo mês, haverá reportagens contando a his-tória deste clube agora sexagenário e que torna sempre a rejuvenescer. Aqui podemos ler uma entrevista do presidente Abramo Douek, depoi-mentos de ex-presidentes e dois textos a respeito da história do teatro e da Escola de Arte do clube.No “Magazine”, uma espécie de beabá da política israelense a propósi-to das eleições que serão realizadas neste dia 22. E leiam a saborosa re-portagem de Ariel Finguerman acerca da designação dos nomes de ruas nas cidades de Israel e o signifi cado político de dar os nomes aos logra-douros públicos do país. Mas deve ser assim em todo o mundo. É possí-vel que as pessoas não tenham prestado atenção, mas na cidade não há uma rua, avenida ou praça com o nome do ex-presidente Getúlio Vargas, banido do estado desde a revolução de 1932 que São Paulo perdeu, e co-memora todo ano. Leiam também a reportagem acerca do técnico judeu da seleção de futebol Colômbia, um ex-motorista de táxi de Buenos Aires; os judeus nos fi lmes de James Bond; uma notícia a respeito da controver-sa biografi a de Barbra Streisand; as fronteiras de Israel; mais três livros acerca de Jerusalém e a aposentadoria de Philip Roth.

Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação

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SUGESTÕ[email protected]

PARA ANUNCIAR3814.4629 / 3815.9159

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Fale com a Hebraica

PurimTu B’Shvat

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por Raquel MachadoHEBRAICA | JAN | 2013

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gdestaques do guia

EM JANEIRO VENHA COMEMORAR O ANO NOVO DAS ÁRVORES, COM PLANTIO DE ÁRVORES E ATIVIDADES PARA AS CRIANÇAS.A PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DO ANO É DE ANDRÉ NEHMAD, QUE MOSTRAS AS NUANCES E A MAGIA DOS VÁRIOS TONS. NO ESPORTIVO UMA PROGRAMAÇÃO INTENSA. VENHA APROVEITAR AS FÉRIAS DE VERÃO NA HEBRAICA.

cultura + social juventudeAfter School – Curso de Tradição e Cultura JudaicaSegundas das 16h30 às 18h

e as quartas das 9h30 às 11h

A partir de 6/1Espaço Bebê - Nova programação de fériasConfi ra os dias e horários

De 4 a 13/1Torneios de Xadrez, no Auditório e Sala de Xadrez2ª a 6ª a partir das 17h e sábados

e domingos das 14h

esportes

Horários do ônibus

• Terça a sexta-feiraSaídas Hebraica

11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

Saída Avenida Angélica

9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

• Sábados, domingos e feriados Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30,

16h45, 17h, 18h20 e 18h30

Saídas Avenida Angélica

9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h

Saída Hebraica – 13h45, 18h30

27/1Aula aberta de NinJitsuDas 15h as 17h, na sala de judô

27/1 e 3/2Tu B’shivatàs 10h00 na Sinagoga e Praça Carmel

12/1Exposição André Nehmad “Cores de Israel”Abertura das 12h as 15h, em cartaz até 13/2

CUIDANDO BEM, OS BONS FRUTOS APARECEM

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HEBRAICA | JAN | 2013

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das instalações melhoradas, hoje tem um acesso externo, pela rua Hungria, que possibilita expandir a clientela para fora do quadro de sócios e impede que as pessoas utilizem as dependências do clube após a refeição.

Aperfeiçoamos o restaurante japonês Sushi Tanabe, ampliando a cozinha e

inauguramos o Bar da Piscina, ocupando o solário no parque aquático e oferecen-do ao jovem mais uma opção para lazer e encontros descontraídos. Para 2013, existe um projeto de reforma da Praça Carmel, de modo a transformá-la em um local para a realização de diferentes ati-vidades, especialmente as dirigidas aos

jovens. Para atender o público infantil, vamos remodelar os playgrounds e cons-truir um refeitório infantil.

O que mais o surpreendeu neste pri-meiro ano de gestão?

Abramo Douek – Estou positivamen-te surpreso. Um dos eternos desafi os en-

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capa | hebraica 60 anos | por Magali BoguchwalHEBRAICA | JAN | 2013

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Hebraica – Que expectativas o senhor tinha ao assumir a presidência e quais delas se concretizaram neste primeiro

ano de gestão? Abramo Douek – Ao assumir a presidência, eu tinha uma

ideia do que me esperava, pois na gestão de Arthur Rotenberg fui vice-presidente Administrativo e na de Peter Weiss, de Es-portes. Um dos projetos iniciais da minha gestão era implantar a Escola Antonietta e Leon Feffer e nos dedicar imediatamente a ele. A escola revelou-se uma grata surpresa. Nossa previsão era a grande possibilidade de dar certo, e o sucesso foi maior do que o imaginado. O projeto que envolve a escola é uma ten-tativa de atrair mais jovens, aumentar o número de crianças e pessoas para permanecer mais tempo no clube.

A primeira obra que concluímos foi a ampliação da Escola Maternal e Infantil, que passou de 180 para 250 alunos. Em seguida, veio a instalação da escola, que tinha 450 alunos. A meta inicial era atingir a sua capacidade máxima de seiscen-tas crianças em 2015, 2016. Para nossa surpresa, em fi nal de 2012 o número de matrículas para 2013 chegou a este pon-to, o que é excelente. E já existe uma fi la de espera de famí-lias interessadas em matricular os fi lhos na Escola Antoniet-ta e Leon Feffer. Acho que esse é o grande mérito da vinda da escola para cá.

Obviamente, agora lidamos com alguns problemas gerados

HÁ UM ANO, ABRAMO DOUEK CONCEDEU A PRIMEIRA ENTREVISTA COMO PRESIDENTE ANTECIPANDO A IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA

NA HEBRAICA. EXATAMENTE UM ANO DEPOIS, ÀS VÉSPERAS DO SEGUNDO ANO DE GESTÃO, ELE FESTEJA O ÊXITO DA INICIATIVA E

FALA DOS PROJETOS DE MELHORIA EM ÁREAS SOCIAIS

pela instalação da escola, pois o clube talvez não estivesse preparado para esse acontecimento. Então, iniciamos adap-tações nos diversos espaços para fazer da Hebraica um clube agradável aos só-cios. Vários ambientes foram remodela-dos. O Restaurante Kasher foi um deles, uma antiga demanda dos sócios. Além

Doze meses de muito trabalho

BERTA E ABRAMO DOUEK NA FESTA DE ENCERRAMENTO

DO FESTIVAL CARMEL

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capa | hebraica 60 anosHEBRAICA | JAN | 2013

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frentados pelos presidentes da Hebrai-ca sempre foi o de aumentar a frequên-cia no clube e o número de sócios. Para minha surpresa, isso ocorreu muito rapi-damente. Nossos números indicam um aumento de 20% na frequência diária e mostram o quadro associativo estável no primeiro semestre e sinais consistentes de crescimento na segunda metade do ano, o que é excelente e esses dois fatos parecem ser um consequência do outro.

O café-da-manhã com o presidente foi uma das inovações propostas por sua gestão este ano. Já é possível detectar re-sultados?

Abramo Douek – Tem sido uma ex-periência muito boa, pois desmistifi ca a ideia de que o presidente é uma pes-soa inacessível e isolada dos outros só-cios. Nesses encontros, recebemos pro-postas, críticas e elogios. Todos os que aceitaram o nosso convite afi rmaram que a Hebraica é o melhor clube de São Paulo e apenas faltam pequenos ajus-tes. Até agora, depois de realizados seis encontros matinais, ninguém afi rmou, por exemplo, que o clube é ruim. Ao contrário, as pessoas manifestam ape-go a ele e também gosto desse conta-to com os associados. Quero abrir um espaço semelhante para os conselhei-ros se manifestarem e se aproximarem do presidente do executivo na exposi-ção de ideias e soluções para uma ins-tituição de sessenta anos que se man-tém dinâmica e com muitas atividades em vários setores. Por meio desse con-tato próximo da rotina do clube, consta-tei que a Hebraica precisa se reinventar a cada minuto e evoluir continuamente de modo a representar um importante papel na vida dos sócios.

Deixando de lado um pouco a função

de presidente, que local o senhor gosta-ria de frequentar como sócio?

Abramo Douek – Difícil separar os dois papéis. Gosto da parte social. Hoje, as famílias têm boas opões para almo-çar na Hebraica e partilhar com os ami-gos o orgulho que sentem pelo clube. Gostaria de ver e aproveitar, por exem-plo, uma happy hour nesses locais. A área esportiva vai bem, com algumas quadras e equipamentos renovados. O parque esportivo está melhorando. A ideia é investir em espaços de convívio social, onde as pessoas possam fi car à vontade, conversar em áreas protegidas ou ao ar livre. Por isso cuidamos da Pra-ça Jerusalém, por exemplo.

Qual é a sua lembrança mais antiga do clube?

Abramo Douek – Sou associado des-de 1966. Na época, fazer parte da He-braica era o sonho de consumo de todo judeu. Encontrávamos os amigos, co-

nhecíamos pessoas e ampliávamos o cír-culo de relacionamentos. Quando crian-ça, eu vinha quatro ou cinco vezes por semana para jogar bola e outras diver-sões. A Hebraica foi muito importante na minha vida. Aqui conheci minha mulher e criei os meus fi lhos. Só tenho boas lem-branças. Quero que os meus netos te-nham a mesma oportunidade de crescer nesse ambiente.

Se não fosse associado e tivesse a opor-tunidade de adquirir um título, o senhor o faria?

Abramo Douek – Claro. Quem qui-ser se integrar à comunidade precisa ser sócio da Hebraica. Ela é ideal para isso. Infelizmente, existem famílias que não valorizam o clube, mas os visitantes de fora da comunidade que recebo fi cam extasiados com o que veem e, demons-tram o desejo de dispor de um espa-ço como esse – muito raro numa cidade como São Paulo.

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DOUEK RECEBEU NA HEBRAICA CHEMI PERES,

GESTOR DO FUNDO PITANGO

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Hebraica – Há mais de quarenta anos, você apostou na importância do aprendi-zado da arte na infância?

Ricardo Ribenboim – Sempre é fun-damental trabalhar a criatividade desde a infância. Posso dizer isso com conheci-mento de causa, pois iniciei minha for-mação desde os 5 anos de idade, o que me permitiu que aos 16 anos propuses-se ao diretor cultural do clube, na época Bernardo Blay, a criação do que denomi-namos de Escola de Arte. Eu estudava na Escola Vocacional Oswaldo Aranha, no Brooklin, dirigida por um grupo muito competente liderado pela pedagoga Ma-ria Nilde Maschelani, e dentre as nossas atividades havia ações comunitárias e trabalhávamos.

Os recursos da Escola de Arte não eram tecnológicos. Eram precários, po-rém fundamentais para criar o que cha-mamos hoje de educação do olhar, ou melhor, a educação dos sentidos. Foi uma experiência muito boa. Embora fôs-semos jovens, já tínhamos claro o que estávamos fazendo. Até hoje mantenho contato com alunos que tiveram conosco as primeiras experiências em criativida-de. É fundamental entender que recur-sos tecnológicos são um meio não o fi m.

Convidei três colegas de classe para fazerem parte do projeto: Sílvia Lenzi, como sócia, Beatriz Rosenberg e Nina Michaelis para participarem como pro-fessoras. Creio que foi a primeira esco-la de arte em um clube. Com o apoio da Escola Vocacional Oswaldo Aranha, cria-mos uma metodologia que, anos depois, creio que em 1969, apresentamos no I Encontro de Educação Através da Arte, na Escola de Arte São Paulo dirigida pela arte-educadora Ana Mae Barbosa.

Lembro-me de que contamos com muitas pessoas de diferentes áreas de expressão. Um deles foi Mário Mazzetti, na área de teatro; Sérgio Jacobovich, na fotografi a; Francisco Oliveira, em teatro, dentre outros. Chegamos a ter 180 alu-nos ao longo de três anos.

Com a saída do diretor cultural e a ne-cessidade de me concentrar na minha própria formação, deixamos a escola para outro diretor que não soube na épo-

Aprendizagem diversifi cada da arte

ENTRE AS MUITAS INICIATIVAS QUE COLOCARAM A HEBRAICA NA VANGUARDA EM RELAÇÃO A OUTROS CLUBES ESTÁ A ESCOLA DE ARTE, CRIADA EM 1969, QUE NOS ANOS 1980 MUDOU PARA OFICINA DAS ARTES E HOJE É CONHECIDO COMO ATELIÊ HEBRAICA. A SEGUIR, UMA ENTREVISTA COM O MUSEÓLOGO RICARDO RIBENBOIM, QUE TINHA 16

ANOS QUANDO PROPÔS AO DIRETOR CULTURAL DA ÉPOCA, BERNARDO BLAY (Z’L) A CRIAÇÃO DE UMA ESCOLA INFANTIL DE ARTES.

HOJE, 43 ANOS DEPOIS, ELE CONTA A HISTÓRIA DA ESCOLA E FALA A RESPEITO DA BASE 7, EMPRESA QUE DIRIGE

O JOVEM RICARDO RIBENBOIM NOS PRIMÓRDIOS DA ESCOLA DE ARTE

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O museólogo Ricardo Ribenboim foi o primeiro de uma série de profi ssionais que coordenaram a Escola de Arte nos últimos 43 anos. Na lista estão, entre outros, Jacqueline Brill Ruberto, que na década de 1980 implementou ofi ci-nas de dança, brinquedos e teatro. Hoje vive em Haifa, onde produz vídeos e dirige a área pedagógica do Media Center Rutenberg Institute ligado ao Mi-nistério da Educação de Israel. Nina Hazzan ampliou o trabalho da Ofi cina, oferecendo cursos que integravam música, dança e teatro às artes plásticas. Vive em Quebec, no Canadá.

Nos anos seguintes, a Ofi cina passou a integrar a área de Juventude e teve como coordenadoras a professora Rosa Iavelberg, especializada no ensino de arte e as professoras universitárias Mirtes Marins e Luciane Gará, que implan-taram cursos de iniciação em web design na última fase de existência da Ofi ci-na das Artes.

Hoje, o Departamento de Teatro e os centros de Dança e de Música ofere-cem cursos de iniciação. A transição da Ofi cina das Artes para o Ateliê Hebrai-ca coube à professora Betty Lindenbojm. Desde 2008, crianças, jovens e adul-tos desenvolvem projetos individuais ou em grupos sob orientação técnica da equipe de professoras.

Mestres na arte de ensinaroutras na Bélgica para o evento Europália que, em 2011, homenageou Brasil.

Quanto aos museus, montamos o Mu-seu do Holocausto (Curitiba); o novo Mu-seu de Arte Contemporânea (MAC) no antigo edifício do Detran (São Paulo), Museu do Perfume (São Paulo), Museu da História do Estado de SP, Museu Os-car Niemeyer (Curitiba); Museu do Corin-thians, entre outros em fase de implanta-ção, como o Memorial da Imigração Ju-daica no Bom Retiro (São Paulo) e o Mu-seu do Alimento (São Paulo).

Depois de dirigir por vários anos o Itaú Cultural, qual é o desafi o atual?

Ribenboim – Hoje sou sócio diretor da Base 7 Projetos Culturais, em socieda-de com Arnaldo Spindel e Maria Eugênia Saturni. A Base 7 faz parte do grupo Ink, que engloba outras seis empresas na área do audiovisual. Além disso, mantenho meu trabalho pessoal no campo das artes visuais, faço parte de alguns conselhos, entre eles o do Ministério da Cultura do Equador para a constituição da Universi-dade de Artes de Guayaquil, e professor convidado de Universidades do Chile, da Espanha, entre outros países.

Sobre o meu trabalho pessoal, des-de sempre investigo os limites entre o design gráfi co e as artes visuais na utili-zação de diferentes materiais e supor-tes, tanto físicos como eletrônicos. Atu-almente, somando a essa pesquisa – de-pois de um feliz encontro no ateliê de Louise Bourgeois, em Nova York, promo-vido pelo curador Paulo Herkenhoff – te-nho produzido trabalhos a respeito da autorepresentação.

O que você mantém do idealismo que o levou a propor a criação de uma esco-la de artes na Hebraica? Se fosse hoje, como o público se benefi ciaria de um centro de educação artística?

Ribenboim – Bom... Se fosse hoje, e depois de toda a experiência que adqui-ri ao longo dos anos, proporia um centro articulador movido por três princípios: fomento, formação e difusão. Minha con-vicção é que nenhuma atividade no am-biente artístico público será coerente

sem a concorrência harmoniosa dessas três forças motoras.

Fomento é mapear e apoiar novos ta-lentos, tanto individuais como coleti-vos artísticos. Formação é criar progra-mas para, de um lado, desenvolver esses mesmos talentos e, de outro, preparar os públicos para as novas e constantemen-te móveis fronteiras perceptivas coloca-das pela produção artística contemporâ-

nea. Difusão se caracteriza por registrar, sistematizar e apresentar ao maior pú-blico possível os resultados das ações de fomento e as ferramentas desenvolvidas pela área de formação.

Esse centro articulador faria a gestão de diversos núcleos postados não apenas em lugares estratégicos da cidade, mas prin-cipalmente em regiões onde vivem as po-pulações em situação de risco.

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AULA DE CERÂMICA PROMOVIDA PELO ATELIÊ HEBRAICA

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capa | hebraica 60 anosHEBRAICA | JAN | 2013

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O Ateliê Hebraica fi ca localizado atrás do J.J. Bar do Tênis, em dois andares adaptados para receber alunos de 1 a 80 anos. Além das exposições periódicas dos trabalhos feitos em classe, outro fator aproxima a mais recente versão da Escola de Arte do projeto original: a precariedade de recursos.

Ao priorizar o uso de materiais recicláveis e reutilizáveis no cotidiano do Ateliê, a coordenadora Betty Lindenbojm dá o exemplo e aplica na prática as conclusões do seu mestrado e doutorado em artes plásticas.

“Acredito que qualquer pessoa tem pelo menos uma habilidade de transformação. Com criatividade e imaginação nós, professores e alunos, construímos brinquedos a partir de garrafas pets ou elaboramos lindos objetos a partir de cacos de ce-râmica. Nesse processo de visualizar e dar novos formatos às coisas, exercitamos o cérebro e nos transformamos interna-mente”, afi rma a coordenadora.

No primeiro semestre de 2012, o Ateliê Hebraica expôs trabalhos produzidos com sucata. “No fi nal do ano, mostramos al-guns objetos feitos com argila e trouxemos um professor para divulgar o curso de cerâmica que iniciaremos este ano. Essa é uma forma de aproveitarmos o torno e o forno herdados da Ofi cina que permaneceram sem uso durante muitos anos”, anuncia Betty.

Arte e sustentabilidade

ca dar o devido valor à iniciativa que ti-vemos. Confesso que foi frustrante e di-ria que até o momento não havia sido re-gistrado ofi cialmente quais eram os pre-cursores da escola que se mantém até então. Ainda vivemos em um país que valoriza pouco a memória.

E o que faz atualmente o idealizador da primeira escola de artes da Hebraica? Qual é a especialidade da Base 7, a em-presa que você preside?

Ribenboim – A Base7 é uma empre-sa especializada em museologia e muse-ografi a com vistas à formatação de mu-seus e organização de exposições. Tam-bém se dedica à catalogação de obras completas de artistas como a de Tarsila do Amaral, já realizada, e a de Volpi, em processo de catalogação.

Entre as mostras recentes, organiza-mos a de Caravaggio em Belo Horizonte, São Paulo e Buenos Aires; Giacometti, em São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires; De Chirico em Porto Alegre, Belo Hori-zonte e São Paulo; Chagall, em São Paulo, Belo Horizonte, e Rio de Janeiro; Tarsila do Amaral, em São Paulo, Belo Horizon-te, Buenos Aires, Vitória, Madri e Santia-go de Compostela; Rodin em São Paulo, Belo Horizonte, e Rio de Janeiro; as expo-sições paralelas à Bienal de São Paulo, di-versas exposições brasileiras na França e

AS PRIMEIRAS INSTALAÇÕES DA ESCOLA DE ARTE

AULA DE DESENHO E CRIATIVIDADE NOS ANOS 1970

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natos, a matança contínua sem sentido dos judeus (...) era como uma longa noi-te escura para mim. Mas fora essa escu-ridão, lembro-me das reuniões do nosso clube juvenil. Num apartamento velho e destruído, numa pequena rua, nos en-contrávamos, todos juntos. Professores, atores, cantores, amigos... Por um par de horas. Esses encontros nos davam a for-ça para continuar. Por algumas poucas horas conseguíamos nos evadir da terrí-vel realidade das nossas vidas e encon-trávamos motivação para nossas almas.”

Outro caso é o do ator e diretor judeu polonês Sami Feder que escreveu, diri-giu e produziu teatro clandestinamen-te nos barracões de Bergen-Belsen e em mais onze campos de concentração. Fe-der encenou cenas curtas de teatro ídi-che decoradas ou cantadas, reunidas a partir de pesquisa e da transmissão oral de canções, poesias, contos e fragmen-tos de peças de que os presos judeus se

lembravam. Além de resgatar essa me-mória, Feder criou novas encenações a respeito da realidade vivida diante da si-tuação extrema de discriminação e mor-te, proporcionando um espaço de aco-lhimento e de identifi cação coletivo e co-munitário.

No Gueto de Varsóvia, o pedagogo Ja-nusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit, montou com as crianças do orfanato o texto O Carteiro, do pensa-dor Rabindranath Tagore, que possibili-tou aos pequenos entrar em contato com a morte próxima e seu signifi cado. Kor-czak e as crianças caminharam com dig-nidade, numa marcha semelhante a um rito teatral, portando bandeiras verdes (alusivas ao livro Rei Mateusinho, criação do próprio Korczak) e, vestindo, como se fossem fi gurinos, as suas melhores rou-pas até a estação de trem para uma via-gem, sem volta, ao campo de Treblinka.

Depois da guerra, os artistas judeus >>

APRESENTAÇÃO DA PEÇA ROMÃO E JULINHA, MONTAGEM DO GRUPO DE TEATRO AMANHÃ, EM 1972

da Europa Central que imigraram para os Estados Unidos “deram corpo” ao tea-tro norte-americano. No drama ou na co-média, o teatro se preocupou com o uni-verso psicológico valendo-se principal-mente do realismo e naturalismo. Surgi-ram novos formatos e linguagens como a criação coletiva, a performance e diver-sas expressões de vanguarda, além dos espetáculos musicais, marca registrada da Broadway até hoje.

Em Israel, os temas oscilavam entre a guerra e a paz, o luto da Shoá e das guer-ras de Israel. Em Tel Aviv é criado o im-portante Teatro Habima, em atividade até hoje, com atores sobreviventes do Holo-causto, assim como novas companhias encenando textos universais clássicos e contemporâneos, peças israelenses, tea-tro-dança, teatro ídiche, marroquino, rus-so, etíope, iemenita, e de tantos outros grupos de imigrantes, sempre errantes.

Quando se trata da Europa, é impor-

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D iretores, atores, cenógrafos, iluminadores e fi gu-rinistas protagonizaram esse percurso que come-çou ainda antes do Teatro Anne Frank, quando foram representadas peças teatrais de qualidade

no palco do “Arthur”. Cada cenografi a e fi gurino, os bastido-res e a memória dos associados e profi ssionais que participa-ram desses diferentes espetáculos, ao longo dos últimos cin-quenta anos, é uma história em particular, que se inicia com o teatro judaico e o teatro ídiche.

Em artigo na Revista de História e Estudos Culturais, de 2010 – “Purim e o Teatro Judeu” –, o intelectual e professor da Uni-versidade de São Paulo Jacó Guinsburg escreve que as drama-tizações lúdicas (Purimshpils) eram apresentadas no dia de Pu-rim por estudantes de yeshivot (centros de ensino religioso) e por artesões, desde o século 16 na Europa, inspiradas no ódio a Haman e na vitória de Mordechai e em outros episódios bí-blicos. E de mãos dadas com a comedia dell’arte nos guetos europeus da Idade Média, os purimshpilers se apresentavam nas casas de personalidades da cidade, e ao fi nal de cada en-cenação pediam algumas moedas. No início, eram monólogos e, com o tempo, cenas maiores com a entrada de mais atores, músicos e fi gurinos. Ainda eram encenações curtas, e não um teatro ídiche como tal.

No século 19 surge a fi gura do badchan (animador, cômico e narrador de citações do Talmud) presente nos casamentos nos shtetls da Europa Oriental. Já os brodersänger da Ucrânia eram trupes de atores e músicos itinerantes que representavam pe-ças curtas em palcos improvisados nas tavernas e espaços públi-cos, e são considerados os iniciadores de um teatro ídiche pro-priamente dito. Neste período o teatro ídiche inicia uma jornada que, ao longo dos anos, representará a alma judaica por inter-

O teatro judaico no mundo e no clube

“CADA ÉPOCA NÃO SÓ SONHA A SEGUINTE, MAS AO SONHÁ-LA A FORÇA A DESPERTAR.” WALTER BENJAMIN

A HEBRAICA TEM UMA HISTÓRIA VALIOSA DE SEU TEATRO E O QUE SE VAI LER A SEGUIR É UM RELATO QUE RESGATA OS MOMENTOS SIGNIFICATIVOS DE UM

PROJETO ARTÍSTICO E DE ENCONTRO COM O TEATRO JUDAICO

médio de situações de alegrias, tristezas e confl itos, e também com humor.

Em 1890, Scholem Aleichem inaugu-ra a literatura ídiche. De Odessa a New York, onde se fi xa escapando aos po-groms russos, ele inspira toda uma gera-ção a criar e a preservar a cultura ídiche e sua dramaturgia servirá de base para difundir ainda mais o teatro ídiche.

Há ainda o teatro sefaradi com exem-plos signifi cativos de valores que pre-servam e dão sentido à sua cultura ju-daica, como as contribuições ideológi-cas e estéticas do teatro de bonecos na Espanha durante a Inquisição, quando a censura proibia os atores de criticar o status quo e apenas bonecos e fanto-ches podiam se expressar com alguma liberdade para denunciar, por meio de metáforas e alegorias, a situação de in-tolerância e perseguição.

E nos séculos 20 e 21?Apesar da catástrofe imposta à cultura ídiche com o objetivo de dizimá-la du-rante o Holocausto, ao longo das gera-ções as características permaneceram sobrevivendo à desumanização e à in-tolerância provocadas pelos pogroms na Europa Oriental e pelo nazifascis-mo. Até hoje não se compreende como o teatro judaico, além de continuar ati-vo, contribuiu decisivamente para a so-brevivência da identidade judaica e dos próprios atores que praticaram a pro-fi ssão com dignidade. Foi o caso, du-rante o Holocausto, do grupo de teatro do Gueto de Vilna, pesquisado e bem representado por Joshua Sobol na co-nhecida peça teatral Gueto (1984), en-cenada no mundo todo nos últimos 25 anos. Sobol também escreveu o roteiro do fi lme homônimo, dirigido pelo litu-ano Andresz Juzenas (2006). Os artistas de Vilna arriscaram a vida interpretan-do com ousadia e sarcasmo situações cotidianas que mostravam a vida esma-gada durante o domínio alemão. A can-tora e atriz do grupo, Sima Skurkovitz, a quem entrevistei, em Israel, em 2011, conta no seu livro de memórias:

“Meus dois anos no gueto foram pe-nosos. Não posso esquecer os assassi-

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tante destacar três das várias vertentes de montagens teatrais judaicas. A primei-ra refere-se a textos teatrais que apresen-tam o esforço dos fi lhos da segunda gera-ção para compreender o incompreensí-vel que o Holocausto carregava e a “cul-pa” por estarem vivos apesar da morte dos pais e avós. A segunda é a encenação de textos tradicionais do repertório ídi-che principalmente na França, Alemanha e Europa Oriental. A terceira tem carac-terísticas pós-modernas como uma for-ma de se distanciar do evento: uma estéti-ca baseada na performance como lingua-gem (criada no aqui e agora, muitas vezes de forma improvisada diante do público) que, como característica do pós-moder-nismo propõe situações fragmentadas sem uma lógica necessariamente realista.

Durante o Congresso Internacional de Teatro Judaico, em 2007, assisti, em Vie-na, a um espetáculo a respeito do nazis-mo em uma igreja no centro da cidade, encenado pela Companhia de Teatro Ju-daico da Áustria, uma trupe crítica e co-rajosa. A encenação realizada entre ban-cos e confessionários integrava elemen-

tos judeu-cristãos para representar situ-ações de discriminação às minorias da Áustria ocupada. Foi este grupo que lide-rou, há alguns anos, a tentativa de recu-perar o prédio do velho teatro judaico de Viena expropriado pelos alemães duran-te a ocupação.

Na Argentina e no Brasil houve espa-ços importantes para o desenvolvimen-to do teatro ídiche originário da Europa com apresentações na língua original e, depois, adaptações em espanhol e por-tuguês.

No Brasil a produção teatral em ídiche foi signifi cativa e infl uenciada por várias companhias européias que desembarca-ram em Buenos Aires, no Rio de Janeiro e em Santos, entre eles o importante di-retor polonês Zygmunt Turkow (1896–1970), irmão do também ator e diretor Jonas Turkow, muito atuante durante o Holocausto. Turkow morou no Brasil de 1940 a 1952, quando imigrou para Isra-el. É importante mencionar a criação do Teatro Israelita de Comédia, em 1989, no Rio de Janeiro, por atores como Feli-pe Wagner e Ida Gomes.

>>Alguns pesquisadores vêm contribuin-

do de forma signifi cativa para o estudo e a divulgação do teatro ídiche como os professores da USP Jacó Guinsburg, que escreveu Aventura de uma Língua Erran-te (1996), e que traduziu obras de Scho-lem Aleichem, S. Ansky, Isaac Bashe-vis Singer, entre outros, e Berta Wald-man, autora de O Teatro Ídiche em São Paulo (2010) com depoimentos de ato-res na época do ainda Taib e da Casa do Povo, no Bom Retiro, que acolheu os ju-deus refugiados vindos, por motivos eco-nômicos e políticos, desde as décadas de 1920 e 1930 fugindo do antissemitismo e abraçando causas sociais no Brasil. A Casa do Povo virou referência cultural e intelectual para a esquerda judaica de então. Posteriormente, os imigrantes da Síria e do Líbano constituíram as congre-gações sefaraditas.

Durante o nazismo, judeus chegaram ao Brasil muitas vezes com vistos diplo-máticos ou cristãos devido às proibições secretas de entrada no país. Esses imi-grantes, com a ajuda da compra de ter-ras pelo Barão Hirsch, criaram colônias

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agrícolas e, como a de Orlândia, no Pa-raná. Intelectuais e políticos principal-mente da Alemanha e da Áustria refugia-ram-se no Brasil como o escritor austría-co Stefan Zweig e Urlich Becher, drama-turgo judeu alemão que nos seus textos integrou elementos brasileiros com de-núncias ao nazismo.

No México, Venezuela, Uruguai, Peru e Chile surgiram poucos grupos de teatro judaico, a maioria ligados a clubes e es-colas. As comunidades hispano-america-nas ainda ensaiam timidamente a auto-ria cênica e dramatúrgica judaica.

Atualmente, a necessidade de preser-var e desenvolver uma comunidade ju-daica formada pelos fi lhos, netos e bis-netos de imigrantes tem de interagir com a realidade de uma cidade cosmopoli-ta como São Paulo, organizada em tor-no dos avanços vertiginosos da tecnolo-gia e inserida no processo de globaliza-ção crescente. São compreensíveis per-das irreversíveis como o fato de o teatro ídiche, presente nos anos de prosperida-de cultural da Casa do Povo, fundada em 1954, existir pouco ou quase nada no clu-

ção, do Teatro Arthur Rubinstein, com o espetáculo Sonho de uma Noite de Ve-rão, de Shakespeare, dirigido por Sér-gio Cardoso. Com empenho e ousadia, naquela época sócios foram transfor-mados em atores, e atualmente a quem lhes perguntar contam a respeito da-queles anos com orgulho e entusiasmo.

Nos anos 1970, Aparecido Leonardo, o Cido, coordenou o Departamento de Teatro, realizou produções reunindo jo-vens atores e com eles encenou textos brasileiros e estrangeiros. A partir da dé-cada de 1980, sob a coordenação do ator e diretor de tevê e teatro Heitor Goldfl us e integrando o Projeto da Juventude do clube foram formados três grupos de te-atro dos quais participaram atores ama-dores e associados alguns dos quais se profi ssionalizaram e hoje fazem parte do teatro, da televisão e do cinema: Caco Ciocler, Alan Fiterman, Marcelo Klabin, Dan Stulbach, Fábio Herford, Dinah Fel-dman, Vanessa Schachter, Luciane Strul e Ozani Violin assim como na área de música como Sônia Goussinsky, Daniel Tauzsig e Felipe Pipo Grytz, entre outros.

Foram encenados no clube espetácu-los como Liberdade, Liberdade, de Flá-vio Rangel e Millor Fernandes, Pic Nic no Front, de Fernando Arrabal, Equus, de Peter Shaffer, e A Onda (adaptação do fi l-me de Dennis Gansel).

Na época havia grande apoio e inves-timento da diretoria do clube pelo en-tão diretor Geral, hoje superintenden-te, Gaby Milevsky, que apostava inten-samente nas atividades da Juventude. E a minha contratação para coordenar o teatro com formação em direção e tea-tro-educação pelo teatro da Pontifícia Universidade Católica de Peru (PUCP) e pela Escola de Comunicações e Ar-tes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) fui contratada para coordenar o teatro e lhe dar um caráter profi ssional.

Nessa época, trabalharam na equipe alguns diretores profi ssionais como João Albano e Moisés Miastkovsky, e o atual coordenador do Departamento de Tea-tro Henrique Schafer, também formado no curso de artes cênicas da USP. Des-ta forma materializou-se uma tendência

A PARTIR DA ESQUERDA

LÚCIA ELÉTRICA DE

OLIVEIRA, PEÇA ENCENADA PELO GRUPO TEATRO 70, QUE ERA ORIENTADO POR TATIANA BELINKY;O REIZINHO GOZADO, DE JURANDYR PEREIRA, GRUPO TEATRO 70;AS SABICHONAS, DE MOLIÈRE, APRESENTADA POR UM GRUPO PROFISSIONAL EXTERNO EM 1972

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be e em outras instituições judaicas da ci-dade. Já a música ídiche tocada e cantada em festivais, casamentos, bar-mitzvot e em alguns palcos da cidade ainda garan-te a memória de uma cultura.

Cabe aos artistas e pesquisadores to-mar a iniciativa do estudo, resgate e prá-tica adaptada aos dias de hoje de tão im-portante fenômeno artístico como é o te-atro ídiche.

E qual a relação entre este breve resga-te de fragmentos da história do teatro ju-daico com teatro da Hebraica?

É a memória e a inovação É possível fazer analogias entre o jogo divertido e refl exivo do Purimshpil, entre o teatro crítico e corajoso de preservação de identidade durante a Shoá e o teatro ídiche que fl oresceu na Europa e trouxe frutos importantes ao Brasil? Podemos pensar e revelar um teatro judaico con-temporâneo, no Brasil, em São Paulo e na Hebraica, como herdeiro de algumas das formas de teatro mencionadas?

O teatro da Hebraica entrou em cena antes mesmo de 1960, ano de inaugura-

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suas cortinas ou tablados ao ar livre anun-ciando os mais diversos espetáculos e es-tilos, mas sempre por meio do que de mais sagrado temos na arte milenar do teatro: o jogo. O jogo é a possibilidade de colocar no espaço e no tempo aspectos do que somos e do que queremos ser. É um momento de alegria, mesmo quando se trata da representação de um drama, em que projetamos pensamento e emo-ção integrados aos nossos corpos.

No universo do jogo teatral, dialoga-mos com os múltiplos signos da lingua-gem cênica: gesto, palavra, silêncio, tom de voz, indumentária, objeto de cena, uso do espaço, vínculo com a plateia, vínculo com os outros atores que contracenam no jogo, trilha sonora, luz, cenografi a... Um novo gesto, um olhar, um andar...

A Hebraica apostou na formação de um movimento teatral que pudesse atingir to-das as faixas etárias e garantir a cada gru-po uma montagem por ano. Foram for-mados onze grupos desde o de crianças até o da terceira idade, de diretores-tea-tro-educadores e de assistentes de dire-ção. Assim, nascia também a marca de alta qualidade dos espetáculos infantis, inaugurada pelo encenador Alan Fiter-man, na época também coordenador do Centro Juvenil Hebraikeinu, hoje um re-conhecido profi ssional de cinema e tevê.

Paralelamente, profi ssionais de São Paulo também montaram espetáculos que visitaram nosso teatro trazendo o público da cidade para o clube, como Antônio Fagundes, Cacá Rosset, Chris-tiane Torloni, José Possi Neto e Beatriz Segall, que emprestaram corpos e vo-zes para interpretar Molière, Shakes-peare e outros autores da dramaturgia universal. Recebemos também compa-nhias de teatro profi ssional da Espanha e Israel como parte da programação cultural. Estas experiências possibilita-ram o alargamento do olhar, da pesqui-sa e da prática da equipe de diretores e dos jovens atores.

O Departamento de Teatro fortaleceu-se e começou a participar com destaque nos Festivais de Teatro Amador (Fepama), Interclubes (Acesc), de São Paulo e inter-nacionais (Caracas). Durante três anos a

Hebraica criou e realizou o Festival de Te-atro Latino-Americano Habima. No Con-gresso Internacional de Teatro Judaico In-ternacional (Association for Jewish Thea-ter – AJT), em Viena e Detroit, represen-tei o movimento teatral do clube, e por isso fui convidada pela AJT a ser sua re-presentante na América Latina.

Desde então o teatro da Hebraica bus-cou se aproximar cada vez mais dos va-lores semeados pelo teatro judaico. Além de favorecer o espaço de encon-tro social, a Hebraica também apoiou o desenvolvimento judaico de atores e es-pectadores. Como sede dos três festivais latino-americanos de teatro judaico Ha-bima, entre 1992 e 1994, recebeu elen-cos da Hebraica da Argentina, Masai da Venezuela, Colégio Israelita de Curitiba, Teatro Israelita de Comédia (TIC), do Rio de Janeiro.

Na época, foram realizados espetácu-los judaicos como Requiém para uma Noite de Sexta-Feira, de German Rosen-macher, Último Seder, de Jennifer Maisel, Milano, do israelense Shmuel Hasfari, A Sorte Grande, de Scholem Aleichem, Ter-ror e Miséria do Terceiro Reich, de Bertolt Brecht e criações coletivas como Mazal Tov, E Agora Josef?, com dramaturgia de Luciane Guedes, entre outros. Essas en-cenações alternaram-se com textos uni-versais, brasileiros e montagens colabo-rativas, garantindo ao associado um es-paço onde pudesse se expressar e refl e-tir junto com o público buscando sempre a construção de um mundo mais justo e melhor. Também foi criado o Grupo Lev que apresentava cenas curtas judaicas em eventos e espaços abertos do clube.

Atualmente coordenado por Henri-que Schafer, o Departamento de Teatro da Hebraica fi ca cada vez mais rico, pois o “fazer teatro” continua signifi cando uma contribuição valiosa ao crescimen-to pessoal e coletivo dos associados, as-sim como, para a equipe de diretores e técnicos signifi ca a provocação positiva e permanente de se indagar a respeito do papel do teatro-educador na comuni-dade e na construção de uma identidade judaica e humanista. Trabalha-se tam-bém o espaço da expressão e criação no

clube por meio do diálogo artístico entre atores e espectadores.

Atualmente, a prática do Departamen-to de Teatro continua a desenvolver, de forma singular e original, a expressão de inquietude própria dos atores que, como o judeu errante, trazem na mala repertó-rios pessoais, familiares e sociais em um contexto histórico e judaico sempre em transformação.

Nos últimos vinte anos, a experiência desenvolvida no Departamento de Tea-tro vem possibilitando a alguns dos ato-res a escolha profi ssional que os leva a ingressar em escolas de formação teatral dando assim continuidade à pesquisa e encenação. Desse grupo fazem parte Paula Hemsi, Daniel Glezer, Lior Berlovi-ch, Léo Steinbruch, Cláudio Erlichman, Carolina Lederfarb, Carolina Chmile-vsky, Lia Levin, Arthur Kohn, Ana Jú-lia Marko, Lígia Cohan, Paula Herz, Re-nato Ghelfond, Gabriel Burstein, Mauro Cytrynowicz, Camila Cohen, Thiago Sak Moran, e outros.

Os tempos mudaram; a cidade e o país também. As linguagens, as referências e os contextos se modifi caram. Entretanto os atores da Hebraica, reunidos num am-biente judaico continuam pensando e en-cenando exercícios teatrais e espetáculos que contribuem para a formação de uma atitude refl exiva sobre o mundo contem-porâneo em que vivemos e atuamos.

Portanto, Lehaim! Longa vida ao tea-tro judaico e ao teatro da Hebraica.

*Diretora e teatro-educadora, coorde-nou o Departamento de Teatro da He-braica e dirigiu os grupos de jovens e de adultos do clube. Doutoranda na Faculdade de Filosofi a, Letras e Ciên-cias Humanas da Universidade de São Paulo (Ffl ch/USP no tema teatro e Ho-locausto, pesquisadora e coordenado-ra de ofi cinas de teatro do Arqshoah – Arquivo Virtual do Holocausto e an-tissemitismo e do Leer/USP (Labora-tório de Etnicidade, Racismo e Discri-minação), docente da Escola Superior de Propaganda e Marketing (Espm) e diretora do espetáculo Shabat, uma Aventura pelas Tradições

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teatral de formação e encenação que já se desenvolvia no clube: o teatro-educa-ção. Este é um conceito aprofundado por educadores, pesquisadores e encenado-res como Viola Spolin, nos Estados Uni-dos, e Ingrid Koudela, Maria Lúcia Pupo e Joana Lopes no Brasil.

O teatro-educação era a escolha de um projeto pedagógico, artístico e estéti-co baseado no desenvolvimento de cada ator e do grupo enquanto sujeitos criado-res. O principal recurso de criação e ex-pressão era o jogo teatral como prática de liberdade e comunicação. Desta for-ma, os atores envolvidos em um proces-so de criação em parceria com o diretor, cenógrafo, fi gurinista, sonoplasta, ilumi-nador, e outros se tornam coautores dos processos de criação e dos espetáculos sob a coordenação dos diretores de tea-tro e educadores.

A proposta do teatro-educação possi-bilitou tratar de temáticas diversas, va-lorizando autores e textos judaicos; tra-balhando o ator como um ser criador e pensante de modo a obter um melhor co-nhecimento de si próprio e das suas po-tencialidades e difi culdades. A compre-ensão e interação do estudo da história do teatro com o universo cultural contem-

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MONTAGEM DE ESTÁ LÁ FORA O INSPETOR, ENCENADA NOS ANOS 80 COM DIREÇÃO DE APARECIDO LEONARDO

O TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN TAMBÉM ERA UTILIZADO PARA MONTAGENS INSPIRADAS NO CALENDÁRIO DE FESTAS JUDAICAS

porâneo favoreceu a que os jovens pudes-sem atuar como agentes sociais dentro e fora da comunidade judaica.

A experimentação de encenação em espaços não convencionais possibili-tou também novas formas de criar a re-lação ator-espectador. E ao cabo de oito meses de ensaios os grupos estrearam realizando exercícios abertos, encena-ções, espetáculos e temporadas. Trata-

va-se de um grande jogo que atraiu es-pectadores curiosos, animados e in-quietos nos espaços mais variados, tra-dicionais e inovadores do clube: teatros, gramado, escadarias, andaimes, Cen-tro de Juventude, parquinhos, Teatro de Rua Judaico, em frente ao gamão, na Praça Carmel, na sede do clube, e usan-do de toda a imaginação.

Muitas vezes o teatro da Hebraica abriu

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Uma aventura de 60 anosQuando ainda havia muito o que fazer e os desafi os se somavam e se renovavam naqueles poucos anos depois da funda-ção do Estado de Israel e uma década após o início da Solução Final do cha-mado problema judeu pelos nazistas, um grupo de pioneiros, a quem pode-ríamos chamar de pais fundadores, de-cidiu construir um clube judeu em São Paulo, ao qual deram o nome óbvio de Hebraica. Há sessenta anos, portanto, começou a venturosa aventura da He-braica que não parou mais e, hoje, é um dos mais importantes centros comu-nitários judeus do mundo, local onde se preservam os usos e os costumes, a tradição, a memória e a história dos ju-deus e para onde convergem os interes-ses e as preocupações da comunidade judaica de São Paulo. (Henrique Bobrow)

Uma projeção do judaísmoFui diretor, presidente do executivo e do Conselho Deliberativo de A Hebrai-ca de São Paulo. Além de usufruir de to-das atividades propiciadas pela institui-ção – pois A Hebraica é muito mais do que um clube – prestei a ela e, por con-sequência, às entidades da nossa comu-nidade, serviços voluntários na qualida-de de diretor, assessor ou mero colabo-rador. Sessenta anos são decorridos da existência de A Hebraica de São Paulo e, não tenho dúvida em afi rmar que ela ex-cedeu às expectativas otimistas de seus fundadores.

A Hebraica é a projeção do judaísmo no contexto da sociedade maior e o rea-liza de forma atraente, positiva e, assim,

dignifi ca não apenas os seus associados, mas os judeus em geral. Suas atividades culturais, sociais, esportivas, religiosas com respeito às diferentes correntes que abrangem a comunidade são motivo de exemplo dentro e fora do Brasil.

Se assim vivemos muito bem até os dias de hoje, apesar das várias difi culda-des que épocas diferentes nos impuse-ram, por que não esperar um contínuo e melhor desenvolvimento para o futuro? Bastará se espelhar no passado, compre-endendo os desafi os do presente e do fu-turo alerta às escolhas que periodica-mente ocorrem, para assegurar a conti-nuidade da nossa Hebraica, orgulho in-conteste da comunidade judaica. (Naum Rotenberg)

Ícone entre os clubesHá 60 anos dez homens de grande visão e responsabilidade comunitária sonha-ram construir uma instituição que pu-desse preservar as tradições e reunir as famílias e transformaram o espaço em ícone dos clubes no Brasil e a maior en-tidade judaica em todo mundo. Em ple-na juventude, A Hebraica continua a ir-radiar alegria, integração, respeito à nos-sa cultura e profundo trabalho de educa-ção. Não são apenas os espaços cada vez mais aprimorados, mas as pessoas que vivem a experiência de ampliar os laços de amizade e fraternidade que nos dá a força dos macabeus modernos. (Marcos Arbaitman)

Escola de liderançasMeu pai Abrahão Terpins foi fundador da Hebraica. Era o sócio número 219, que agora me pertence. Assim que os fi -

lhos nasciam, os inscrevia no clube. Ele se juntou aos pioneiros na construção desse monumento que faz parte da his-tória do judaísmo no Brasil. Metade de minha vida passei na Hebraica, onde ocupei vários cargos e, hoje, presido o Congresso Judaico Latino-Americano.

Por isso, a Hebraica, além de vigoroso centro dos e para os judeus da cidade, é uma escola de dirigentes da comunida-de. Prova disso, é o fato de a esmagadora maioria dos líderes de entidades comu-nitárias dos últimos cinquenta anos, ou mais, ter passado pelos “bancos escola-res” da Hebraica. Sessenta anos da He-braica é uma verdadeira comemoração e muito mais que uma simples contagem de tempo. A Hebraica forjou homens e consciências de modo a que um novo presidente dirigindo o clube é sempre melhor do que o antecessor pois, como em um processo cumulativo, apren-deu das experiências, suas e dos outros. (Jack Terpins)

Uma parte da históriaSe é verdade que, desde a segunda me-tade do século passado, a Hebraica faz parte da história da comunidade judai-ca e da própria história do judaísmo no Brasil, também é verdade que a Hebrai-ca é parte importante das biografi as de muitos dirigentes comunitários da cida-de, como eu. Presidi o clube de 2000 a 2002, mas antes disso já havia ocupa-do vários cargos de direção e me orgu-lho de três eventos que considero im-portantes durante minha gestão: a inau-guração da nova Sinagoga, a inaugura-ção da nova Biblioteca e a realização no Centro Cívico do ato fi nal da passe-ata dos dez mil em solidariedade aos ir-mãos em Israel, em 2002. Foram, por-tanto, eventos que juntaram respectiva-mente a Lei de Moisés, o apego ao saber e o apoio à Terra de Israel. (Hélio Bobrow)

Na vanguarda da comunidadeÉ um privilégio escrever a respeito de data tão marcante. A Hebraica ao longo dos seus sessenta anos conquistou uma posição de destaque no cenário nacio-

Depoimentos dos ex-presidentes *

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nal e internacional. Não somente junto à comunidade judaica, mas também em relação à comunidade maior. É exem-plo de instituição organizada, séria, de-mocrática e que transpira liderança. Tive a felicidade de participar durante 24 anos da sua diretoria, em duas ges-tões na presidência do executivo e duas na do Conselho Deliberativo. Aprendi muito nesta escola e temos todos que unir cada vez mais esforços para man-ter esta instituição na vanguarda da co-munidade judaica. Aos sócios do clube, manifesto meu especial apreço, pois en-tendem a importância e a pujança deste clube, deste verdadeiro orgulho da nos-sa comunidade e participam ativamen-te da vida social, esportiva, cultural e política da entidade, uma das caracte-rísticas que marcam a grandeza de nos-sa Hebraica. Não é fácil manter, durante sessenta anos, a qualidade, a energia, a beleza e os objetivos que um clube tra-

ça para si, mas as diretorias da Hebrai-ca, sócios, funcionários e colaboradores souberam cumprir seus papéis com sa-bedoria e grandeza. Parabéns, Hebraica, pelos teus sessenta anos de êxito. (Arthur Rotenberg)

A importância da uniãoEu tenho a honra de fazer parte des-ta Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo que por muitos é considerado “o maior clube judeu do mundo”, fora de Israel. Assim que chegou ao Brasil, vin-do da Bolívia para onde imigrou da Eu-ropa fugindo à onda nazista, meu fale-cido pai Herbert Weiss foi convidado a ser um dos primeiros mil associados do clube. E assim o fez acreditando que um clube como a Hebraica poderia se trans-formar em um verdadeiro centro comu-nitário judaico e é isso o que atualmen-te também é.

Eu me orgulho de ter sido um do que

contribuíram para isso, pois cresci no clube, fi z amigos, encontrei meu traba-lho e uma maneira de ajudar a nossa co-munidade das mais variadas formas. Em 1970 candidatei-me ao Conselho Deli-berativo, de cuja Comissão de Adminis-tração e Finanças participei. Depois fui chamado ao Conselho Fiscal e na ges-tão do presidente Hélio Bobrow fui seu tesoureiro. No mandato de Arthur Roten-berg, seu sucessor, fui tesoureiro geral e depois eleito presidente do clube. Atual-mente, sou o presidente do Conselho De-liberativo, ao mesmo tempo em que par-ticipo de outras entidades da comunida-de tentando transmitir a importância de nossa união como povo. (Peter T. G. Weiss)

* Os ex-presidentes Beirel Zukerman e Samsão Woiler não enviaram os seus textos. (Depoimentos colhidos por Bernardo Lerer)

EX-PRESIDENTES MARCOS ARBAITMAN, ARTHUR ROTENBERG, BEIREL ZUKERMAN, SAMSÃO WOILER, PETER WEISS, HÉLIO BOBROW, NAUM ROTENBERG E JACK TERPINS RECEBIDOS, AO CENTRO, PELO PRESIDENTE ABRAMO DOUEK EM AGOSTO DE 2012 DURANTE ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO

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diretoria > patrimônio & obrasHEBRAICA | JAN | 2013

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C om a experiência de duas gestões anteriores como diretor de Patri-mônio, o engenheiro Nelson Gle-

zer é o vice-presidente desse setor no triê-nio 2012-2014, e com ele trabalham qua-tro diretores voluntários: o engenheiro Gilberto Lerner, Abrão Goldberg, a arqui-teta Renata Lobel e o paisagista Maier Gil-bert. “É o mínimo necessário para o que precisa ser feito”, diz Glezer.

A equipe de profi ssionais do Patrimô-nio é constituída de dois engenheiros (ci-vil e elétrico), um técnico em segurança do trabalho, um supervisor para o con-trato terceirizado de manutenção e lim-peza, um apontador e controlador, uma secretária, dois bombeiros civis e os ze-ladores de vestiários.

“A experiência anterior com o con-trole do contrato da terceirizada foi um

Por um clube mais confortável e atraente

EM MÉDIA 250 ORDENS DE SERVIÇO (INSTRUMENTO DE REQUISIÇÃO DE SERVIÇOS) SÃO ABERTAS SEMANALMENTE PELA CENTRAL DE ATENDIMENTO,

A PEDIDO DOS FUNCIONÁRIOS DO DEPARTAMENTO DE PATRIMÔNIO, DA EMPRESA TERCEIRIZADA OU DOS SÓCIOS

grande aprendizado, que me deu a opor-tunidade de analisar e preparar o edital de concorrência quando do vencimen-to do contrato anterior e que gerou a tro-ca da empresa, num setor essencial para o funcionamento do clube. Isto, aliado à coordenação do projeto de implantação da Escola Antonietta e Leon Feffer e mi-nha experiência profi ssional, foram fato-res que me levaram à vice-presidência”, afi rma Glezer. Ele acompanhou a execu-ção do projeto da escola, foi o elo entre esta e o clube, e teve papel fundamental na interação da escola/clube e as adapta-ções necessárias.

Na entrevista abaixo, Glezer explica o papel da vice-presidência e esclarece dúvidas de muitos dos associados.

Hebraica – Esse trabalho já preen-che um departamento. No entanto, quais

são os outros setores em que a sua equi-pe atua?

Nelson Glezer – Podemos dividir em três grandes setores: a manutenção pro-priamente dita (preventiva ou corretiva), que atua em equipamentos, construções civis, instalações; limpeza, paisagismo, suporte a eventos, segurança do trabalho e desenvolvimento de projetos futuros, englobando a contratação, desde o pro-jeto até o controle e execução das obras e aquisição do mobiliário.

Como são realizados esses trabalhos?Glezer – São 50 mil m2 de terreno,

outro tanto de área construída forma-da, em parte, de edifi cações com quase sessenta anos, que devem ser renova-das atendendo à legislação. A manuten-ção, o paisagismo e o apoio a eventos são de responsabilidade da terceirizada Conbras; quem faz a limpeza é a CCR, gerenciada pela Conbras, os projetos e obras novas são contratados por meio de concorrências supervisionadas pela Comissão de Obras do Conselho, e ou-tros trabalhos são da equipe do clube. Cada diretor cuida de uma área, a par-tir da sua experiência profi ssional. Atu-almente, estamos em fase de lançamen-to de um novo edital de concorrência,

ABRÃO GOLDENBERG, NELSON GLEZER, RENATA LOBEL E GILBERTO LERNER SE REÚNEM REGULARMENTE PARA DISCUTIR QUESTÕES DA VICE-PRESIDÊNCIA DE PATRIMÔNIO E OBRAS

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pois o contrato em vigor se encerra em junho de 2013.

Quais foram as obras realizadas no pri-meiro ano da sua gestão?

Glezer – Implantação da Escola An-tonietta e Leon Feffer, reformas do Es-paço Adolpho Bloch, do Amor aos Pe-daços, da Brinquedoteca, do restauran-te Kasher, a construção de duas quadras poliesportivas e três quadras de squash no segundo andar do Poliesportivo, re-forma da recepção da garagem. Amplia-mos o Espaço Bebê (mais um andar), a Escola Maternal e a cozinha do Sushi Ta-nabe. Refi zemos a cobertura e imperme-abilização do Poliesportivo, a acessibili-dade no Centro Cívico e a cobertura das quadras de tênis 9 e 10. Além de mon-tar uma nova subestação de energia elé-trica, colocamos um gerador para o se-tor da entrada da portaria da rua Angeli-na Maffei Vita de modo a atender os fre-quentes apagões da região.

Quais são as obras em fase de entrega ou de acabamento?

Glezer – Entregamos, recentemen-te, o Bar da Piscina. Estão em fase fi nal a sinalização viária do entorno do clu-be, por exigência do CET, e o elevador de acesso ao Teatro Arthur Rubinstein. Cui-damos, agora, da reforma do Departa-mento Geral de Esportes.

Para gerir todos esses processos, como funciona a vice-presidência de Patrimô-nio?

Glezer – Realizamos reuniões se-manais entre os diretores e funcioná-rios, ocasião em que todos os trabalhos em andamento são atualizados e distri-buídos e cada diretor apresenta ques-tões para serem resolvidas Além disto, são realizadas duas outras reuniões se-manais entre a supervisão do contra-to da terceirizada e os seus representan-tes, para análise e programação de todas as ordens de serviço. Qualquer solicita-ção gera uma ordem de serviço, aberta por qualquer dos envolvidos, de modo a tentar evitar as reclamações dos sócios. Aliás, todo sócio pode abrir uma ordem

de serviço, basta dirigir-se ou telefonar à Central de Atendimento e registrar o problema detectado.

Em outubro de 2012 foram abertas 1.309 ordens de serviço, 49% geradas pelo Patrimônio e 51% pela Conbras em suas rondas diárias pelo clube. Algumas têm prioridade, são vistoriadas e execu-tadas; as que puderem aguardar entram no cronograma e outras ordens são fe-chadas por improcedência ou outros fa-tores. A meta é sempre minimizar as or-dens de serviço pendentes.

Dê alguns exemplos dos serviços reali-zados invisíveis ao associado.

Glezer – A prestadora de serviços en-trega um relatório mensal no qual men-ciona todos os trabalhos preventivos e retifi cados realizados. E o resultado dos controles de qualidade analisados como a qualidade e da temperatura da água das piscinas, qualidade da água dos be-bedouros, etc. Controlamos o consumo de água, gás e luz, e sabemos qual setor consome mais. Realizamos também o controle de pragas com dedetizações pe-riódicas e que são mais intensas no ve-rão. Cuidamos da manutenção da água da piscina, dos bebedouros, dos banhei-ros e também do combate aos pernilon-gos e mosquitos, que nos visitam a par-tir do rio Pinheiros. Em outubro passa-do, a terceirizada montou 116 eventos, 78,45% internos e 21,55% externos. Ou-tubro é considerado um mês normal, mas em alguns meses há muito mais eventos.

O que esperar da sua vice-presidência em 2013?

Glezer – O foco será tornar o clube mais agradável, onde o sócio pretenda permanecer sem necessariamente ter al-guma atividade programada, de modo a fazer do clube um lugar para encontrar amigos, ler um bom livro, que seja seu lugar de lazer. Elaboramos uma agenda de projetos.

O primeiro é a Praça Carmel, que será totalmente renovada no lay out e acaba-mentos. Os concessionários continuam. Será criado um grande lounge, confortá-vel, atraente, num projeto do arquiteto Ricardo Basiches, responsável por vários projetos na cidade e vencedor da concor-rência. Terá tratamento acústico e será um local multiuso, servindo para eventos, ba-ladas e exposições. As refeições das crian-ças não serão mais naquele local.

A Praça Jerusalém será espaço de en-contro ao ar livre com mobiliário e pai-sagismo renovados, e o associado terá acesso ao Bar da Piscina. Investiremos na juventude, focados no uso da casa da esquina Gabriel/Ibiapinópolis, melho-rando o acesso com a remoção do muro que a divide das quadras de futebol, que serão renovadas e cobertas. Também com um projeto de Basiches, o espaço do Fit Center passará por reformas com a criação de vestiários. Instalaremos mais um gerador. Vamos recuperar fa-chadas deterioradas de alguns prédios e cuidaremos da segurança. Asseguro que é uma agenda completa para um ano de trabalho. (T. P. T.)

Nelson Glezer estudou no Sholem Aleichem, no Colégio de Aplicação da USP (que passou à rede estadual de ensino), no Bandeirantes e formou-se engenheiro civil, em 1982, na Politécnica, onde fez pós-graduação. No início da faculdade, foi traba-lhar na Construtora Atlântica – Cibracon, onde está há 34 anos, e é diretor de enge-nharia. Convidado pelo então vice-presidente de Patrimônio e Obras Bruno Szlak, na gestão 2006/2008, foi diretor voluntário. Na gestão seguinte, de 2009/2011, continuou diretor do então vice-presidente de Patrimônio e Obras Moisés Gordon. Este ano assumiu o cargo na gestão 2012/2014 de Abramo Douek.

Quem é o vice-presidente de Patrimônio?

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cultural+ social

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cultural + social > espaço gourmetHEBRAICA | JAN | 2013

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P ara a palestra sobre o champagne, o consultor e professor de vinhos

Roberto Acherboim escolheu seis espu-mantes, “uma bebida agradável para a época”, explicou.

Originalmente conhecida pelo nome da região francesa de onde se origina, o champagne ganhou diferentes denomi-nações: prosecco e asti, na Itália; cava, na Espanha; sparkling wine, nos países de língua inglesa; sekt, na Alemanha; es-pumante no Brasil, Portugal, Chile e Ar-gentina (também chamada por champa-nha), chemant e mousseaux, em outras regiões da França.

Enquanto Acherboim fazia a apresen-tação no telão, as garrafas dos diferentes espumantes eram passadas, uma a cada vez, para que o aroma, a cor e o sabor da bebida fossem sentidos pelos aprecia-dores, já ambientados. “Hoje, o Brasil é premiado mundo afora”, disse ao pas-sar um exemplar. Outro, muito aprecia-do, veio de Israel, e seguindo os precei-tos da kashrut.

Entre um gole e outro, os degustado-res conheceram as várias fases por que passa a bebida, desde a colheita da uva, prensagem e o engarrafamento. En-tre trocas de informações, votos de le-chaim (“à vida”, em hebraico) e as opi-niões individuais, a noite terminou com um prato preparado por Ana Recchia, especial para acompanhar o borbulhar dos espumantes. “Muitas novidades vi-rão nos encontros do Gourmet. Estamos preparando a agenda de 2013”, disse a chef que coordena o espaço gastronô-mico do clube.

Acherboim é corretor de seguros, aprecia boa comida mas trocou as pa-nelas pelos vinhos. Com os seis anos como diretor da Sociedade Brasilei-ra dos Amigos do Vinho, levou seu co-nhecimento para as aulas nas faculda-des Anhembi Morumbi, Senac, FMU e Unip. Escreve no jornal Vinho & Cia. e é um dos degustadores da revista Go Where, entre outras. Beto, como é co-nhecido, ganhou, três vezes, o Grand Chef Hebraica e foi à África do Sul, ao vencer o Concurso de Hambúrgueres do América em 2007. (T. P.T)

Entre brilhos e bolhas

O CHAMPAGNE FOI TEMA DO ÚLTIMO ENCONTRO DE 2012 NO ESPAÇO GOURMET COM DIREITO A DEGUSTAÇÃO DE SEIS RÓTULOS E MUITA

INFORMAÇÃO SOBRE UMA DAS BEBIDAS MAIS APRECIADAS NO MUNDO

O CONSULTOR DE VINHOS ROBERTO ACHERBOIM NO ESPAÇO GOURMET

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F oi notável a presença do grande nú-mero de jovens na plateia da última

apresentação da série que une música clássica e nomes de destaque da músi-ca popular, como Moraes Moreira. Consi-derado o primeiro cantor de trio elétrico, lançou sucessos carnavalescos, o “frevo trieletrizado”, com sucessos como Pom-bo Correio, cantado por todos no Teatro Arthur Rubinstein. O mesmo aconteceu com Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e Preta Pretinha, do cantor em parceria com Galvão.

“Enquanto cantarmos, haverá Bra-sil”, disse o cantor, relembrando as his-tórias da literatura de cordel nos bares de Salvador e que ganharam o país. E lembrou também os cem anos de Luiz

Enquanto cantarmos, haverá BrasilMORAES MOREIRA, UM DOS FAMOSOS “NOVOS BAIANOS” DO GRUPO DE MESMO NOME SURGIDO NOS ANOS 1970, ENCERROU A SÉRIE IN CONCERT 2012 E ATRAIU UMA PLATEIA JOVEM E ENTUSIASMADA

Antônio Carlos Moreira Pires, o Moraes Moreira, começou como sanfonei-ro em festas juninas. Adolescente, aprendeu a tocar violão e, em Salvador, co-nheceu Tom Zé, depois Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão. Formou-se o grupo Novos Baianos, do qual participou de 1969 a 1975 e compôs o maior número das músicas gravadas pela formação. Para a revista Rolling Stone Brasil, o álbum Acabou Chorare foi um dos cem melhores da música brasileira. São mais de cinquenta discos gravados e nos mais varia-dos gêneros: frevo, baião, rock, samba, choro e, também, música erudita.

Quando optou pela carreira solo, o consagrado compositor e primeiro cantor de trio elétrico apresentou-se com o Trio de Dodô e Osmar. Após deixar o Carna-val baiano, teve infl uência da música erudita, passou pela mistura do hip hop com o repente nordestino. Em seu livro A História dos Novos Baianos e Outros

Versos, usou a literatura de cordel para narrar os fatos, transformando a obra em um show com o qual percorreu o Brasil.

Quem é Moraes Moreira?

Gonzaga, festejados em 2012. Ao encer-rar a apresentação, Moreira agradeceu “a oportunidade de estar neste palco e cantar com esta orquestra”. O artista se referia à Sinfonieta Paulistana, que abriu o espetáculo interpretando clás-sicos e continuou com as orquestrações do repertório popular preparadas pelo maestro Leon Halegua e o clarinetista Alexandre Travassos. Para completar, a participação especial do Coral da He-braica, em noite inspirada.

Após a apresentação, os Jovens Sem Fronteiras cumprimentaram Moraes Moreira, que se entusiasmou ao ver o grupo entrando pelo camarim em cli-ma de tietagem, pedindo fotos com o cantor. (T. P. T.)

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cultural + social > in concertHEBRAICA | JAN | 2013

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MORAES MOREIRA APRESENTOU-SE COM SINFONIETA PAULISTANA REGIDA PELO MAESTRO LEON HALEGUA

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cultural + social > passeioHEBRAICA | JAN | 2013

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C om um guia exclusivo do grupo, a visita foi orientada para três salas

de modo a bem conhecer o que estava em exposição. Na primeira, uma insta-lação de pequenos retângulos de pano, alguns com carimbos quase apagados em hebraico. Era a obra de uma das mais importantes artistas em tecido, a norte-americana Sheila Hicks, nascida em 1934, que aproxima arte, artesana-to e design.

Na segunda sala, dedicada a Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989), o gru-po conheceu a vasta e diversifi cada obra

Guia e roteiros exclusivos na Bienal APÓS CAFÉ-DA-MANHÃ NO ESPAÇO GOURMET, ASSOCIADOS VISITARAM A XXX BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE DE SÃO PAULO. NO ROTEIRO, OBRAS DO BRASILEIRO BISPO DO ROSÁRIO, DA AMERICANA SHEILA HICKS E DO ISRAELENSE ABSALON

desse artista brasileiro que viveu meio século em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. Manipulou signos, usou a palavra para criar bordados, estandartes e objetos que se tornariam, depois de morrer, referências da arte contemporâ-nea nacional.

No terceiro andar, um salão com três construções brancas, mais parecendo la-birintos, que podiam ser conhecidas in-ternamente. É de Absalon, nome que o ex-soldado israelense Eshel Meir adotou ao chegar a Paris. Ele desertou alegando insanidade mental e morreu anônimo,

em 1993, aos 28 anos, de aids. Fascina-do pelo espaço, ele o explorou em víde-os, desenhos, pinturas, esculturas e, prin-cipalmente, na série “Células”, expostas nessa Bienal. São unidades habitacionais criadas de acordo com as medidas do cor-po do artista e planejadas para grandes centros urbanos no mundo.

Feitas de madeira, papelão e gesso, as “Células” são espaços geométricos peque-nos com o necessário para o cotidiano do artista: cama, mesa e lavatório. “Sempre brancas, a cor que estimula a contempla-ção”, explicou a guia. (T. P. T.)

OBRA DE ABSALON CHAMOU A ATENÇÃO DO GRUPO

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cultural + social > restaurante kasherHEBRAICA | JAN | 2013

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“S e 450 crianças aprovam o Res-taurante Kasher, essa é a me-

lhor opinião para avalizar o local”, dis-se o presidente Abramo Douek duran-te a apresentação das novas instalações do restaurante que funciona há 38 anos no clube. E as crianças são os alunos da Escola Antonietta e Leon Feffer, que al-moçam ali. “Nossa missão é divulgar o judaísmo, a nossa tradição e este deve ser um lugar agradável, onde as pes-soas façam as refeições com alegria”, completou Douek após pregar a mezu-zá na entrada.

A reforma do espaço foi projetada pela vice-presidência de Patrimônio e Obras, com um visual moderno, alegre, nas co-res gelo e branco, e muito vidro. Nessa linha de tudo novo, a concessionária tem

Reinauguração em alto estiloELE MUDOU O LAY OUT E ESTÁ PRONTO PARA RECEBER QUEM APRECIA O TRADICIONAL GEFILTE FISH OU MESMO UM TRIVIAL ARROZ COM FEIJÃO – SEMPRE COM INGREDIENTES RIGOROSAMENTE KASHER

duas pistas para expor os alimentos frios e quentes, louça e talheres novos. O res-taurante agora mantém uma entrada in-dependente, pela rua Hungria, para os não sócios que trabalham nas imedia-ções ou visitantes estrangeiros, seguido-res da kashrut.

Frequentado por ortodoxos de todas as linhas, o restaurante tem um cardá-pio que vai além da tradicional comi-da judaica. Atende quem aprecia um gefilte fish, quem gosta do trivial ar-roz com feijão ou mesmo da tradicio-nal feijoada às quartas-feiras – sem-pre com os ingredientes rigorosamen-

te kasher. Festas de bat e bar-mitzvá, noivados e casamentos são atendidas pelo bufê, assim como encomendas de toda a produção do restaurante, da chalá até a refeição completa.

Desde o início, Carlos (z’l) e Rebeca Zakon eram os responsáveis pelo local e a primeira hashgachá (“supervisão rabí-nica”) foi do rabino David Valt (z’l). Hoje, Rebeca tem na equipe José Topfer e Mi-riam Lobel, esta dedicada ao setor de bufê e eventos, idealizado e cuidado du-rante muitos anos por Izidoro Zakon (z’l). E a hashgachá agora é feita pelo rabino Eliahu Valt, fi lho de David. (T. P. T.)

RABINO ELIAHU VALT E ABRAMO DOUEK COLOCAM A MEZUZÁ NA PORTA DO RESTAURANTE KASHER

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coluna comunidade

por Tania Plapler Tarandach | [email protected]

CC hemi Peres não é político. É inves-

tidor, gestor do Fundo Pitango, o maior de venture capital de Israel. To-mou café-da-manhã no Casual 1000, na Hebraica, organizado pela Câmara Bra-sil-Israel de Comércio e Indústria mais a Missão Econômica de Israel e o Consula-do em São Paulo.

Peres falou de “Investindo no Setor de Alta Tecnologia Israelense” e explicou que Pitango, que se origina da palavra “pitanga” foi aberto em 1993, tem mais de US$ 1,4 bilhão sob sua gestão e inves-tiu em mais de 120 empreendimentos tecnológicos, que se tornaram líderes de mercado. Pitango tem escritórios em Is-rael e no Vale do Silício.

Peres destacou que “em Israel existem cinco mil empresas procurando parceiros e investidores”. Pitango quer abrir novas portas para companhias de tecnologia da

informação (TI), equipamentos médicos, biotecnologia, agrotecnologia (aumento da produtividade), energia (uso de recur-sos renováveis) e nanotecnologia.

Para os 23% de árabes-israelenses, Pe-res criou o fundo privado Al Bawader (“broto verde”) e quer desenvolver a in-ternet em árabe, a língua que mais cres-ce na rede social. Existem empreende-dores árabes na sociedade israelense ca-pazes de desenvolver parcerias. “Precisa-mos entrar nesse mercado, começando pelos palestinos, jordanianos, depois Egito, Líbano e, no futuro, Síria. Vamos atrair a sociedade árabe para a Israel das start-ups e abrir um mercado regional.”

Peres esclareceu que a Pitango “não aplica dinheiro no setor militar. Nossos investidores não colocam seu dinheiro em armas. Tecnologia de defesa é assun-to do governo israelense”.

Filho de Shimon Peres na Hebraica Macabíadas 2013 A XIX Macabíada Mundial será realiza-da entre 18 a 30 de julho de 2013, em Je-rusalém. Em entrevista à Agência Judai-ca de Notícias na Argentina, o presiden-te do Macabi Mundial Guiora Esrubilsky ressaltou a importância desse encontro “reconhecido pelo Comitê Olímpico In-ternacional (COI) o maior evento espor-tivo após os Jogos Olímpicos”.

Troféu para o Chaverim O grupo Chaverim conquistou o III Prê-mio de Ações Inclusivas para Pessoas com Defi ciência 2012, na categoria “Or-ganização Não Governamental”. Ester Rosenberg Tarandach e Daniela Karme-li receberam o troféu comemorativo no Memorial da América Latina. O prêmio reconhece dezoito anos da história des-se grupo.

Eretz PeretzO VII Encontro Eretz Peretz reuniu pais, alunos e amigos do Colégio I. L. Peretz para apresentação dos tra-balhos anuais. Entre eles, a Estação Meteorológica com Monitoramento à Distância, criada pelos alunos da sexta, sétima e nona séries. O ensi-no médio encarregou-se da praça de alimentação, cujo resultado será des-tinado à viagem “Educação para a Vida” deste ano.

AVI MEIZLER (E), ABRAMO DOUEK, GUITA ZARENCZANSKI, CHEMI PERES, JAYME BLAY E ROI NIR

A lunos da Escola Antonietta e Leon Feffer foram premiados em várias competi-ções: Juliana Mucinic e Matias Scherer, no Concurso de Redação da Fundação

Arymax, categoria texto; Gabriel Grandisky e Matias Scherer venceram o Concur-so Fábio Dorf 2012, da B’nai B’rith; Bárbara Cohen foi segundo lugar na Mostra Inter-nacional de Ciência e Tecnologia – Mostratec, na área de biologia celular e nolecular e microbiologia; Thomas Parczew Bekerman venceu o I Torneio Interescolar de Xa-drez Stance Dual, categoria sub-8.

Alunos premiados

Foto

Elia

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pção

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Mulheres e homens

a partir dos 40 têm

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coroametade.

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pelo jornalista

Airton Gontow,

o Coroa Metade

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com os mesmos

valores e objetivos

que queiram

compartilhar juntos

os bons momentos

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No Limiar do Silêncio

e da Letra: Traços da

Autoria em Clarice

Lispector promove o

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entre a escritora e

um dos pilares da

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lise Jacques Lacan.

A obra é de Maria

Lúcia Homem e

foi lançada no Bar

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psicológica on line

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Em sua segunda edi-

ção, K. foi fi nalista

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Governo do Estado

de São Paulo. O livro

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cinski sairá também

em inglês, alemão,

espanhol e catalão.

Os direitos foram

comprados pela ale-

mã Transit Buchver-

lag GmbH, que vai

lançá-lo na Feira de

Frankfurt, em março.

O autor participará

do lançamento na

Feira do Livro Judeu

de Londres, também

em março, e fará

uma apresentação

no King’s College

da Universidade de

Londres.

A contação de

histórias de Kiara

Terra e as ilustrações

de Ionit Zilberman

estão em Hocus

Pocus, editado pela

Companhia das

Letras e lançado na

Livraria da Vila.

O estande do

Ministério do

Turismo de Israel

no Brasil foi um

dos mais visitados

durante o Festival

do Turismo de

Gramado. Sob o

comando de Suzan

Kleinsburg e Cleo

Ickowicz, que

foi eleita entre os

Amigos do Festival

de 2012.

Luiz Cuschnir

participou do

especial sobre “Mu-

lher” com Andrea

Beltrão, Branco

Mello (Titãs) e os

cantores Daniel e

Luíza Possi no

programa “Encontro

com Fátima Bernar-

des”, na TV Globo.

São de Rômulo

Fialdini as fotos do

recém-lançado livro

Vera Martins: Pintura

por Desconstrução.

Organizado por

Fernando Stickel,

com textos de Ag-

naldo Farias e Carlos

Perrone.

Bate-papo a respeito

de “Inspiração e Fé”

levou a jornalista

Joyce Pascowitch

à casa de Sílvia e

Sérgio Rosenthal, a

convite da sinagoga

do Morumbi.

Antônio Bernardo

cria peças únicas

usando o diamante.

Seu prazer é

incorporar as cores,

formas e purezas

da pedra, revelando

delicadeza através

de fendas na joia.

A dissertação

de mestrado de

Ana Goldens-

tein Carvalhaes,

Persona Performá-

tica – Alteridade e

Experiência na Obra

de Renato Cohen,

tornou-se livro com

apoio da Fapesp.

Sobre o legado do

artista e encenador

gaúcho, professor na

Unicamp e PUC-SP,

falecido em 2003.

A Associação dos

Antigos Alunos da

Faculdade de Direito

da USP lançou o li-

vro Novos Caminhos

do Direito no Século

XXI – Direito Inter-

nacional, Filosofi a

Jurídica e Política,

Dogmática Jurídica e

Direitos Fundamen-

tais, publicado em

homenagem ao pre-

sidente da Fapesp,

ex-ministro Celso

Lafer. O livro reúne

quarenta artigos iné-

ditos de especialistas

nas áreas de atuação

do homenageado.

Leslie Markus

e Marina Prado

ampliaram o acervo

do selo Compota

Edições Limitadas

com imagens da

série “Horizontes”,

do fotógrafo Paulo

Vainer. As imagens

estão no site compo-

taonline.com.br e no

Carrinho Compota,

em diferentes livra-

rias nacionais.

COLUNA 1

Niemeyer em IsraelOscar Niemeyer trabalhou em mui-tos países e estava em Israel, em 1964, quando foi surpreendido com o golpe militar no Brasil. Em Israel envolveu-se com obras privadas e públicas, in-cluindo Kikar Hamediná em Tel Aviv e o campus da Universidade de Hai-fa, a convite do prefeito Abba Hushi. Ele propôs construir uma cidade verti-cal de quarenta arranha-céus no cora-ção do Negev. A ideia não prosperou, mas faz parte dos atuais debates para desenvolver a região. Anos depois, na renovação da Grande Sinagoga de Tel Aviv, o arquiteto Arye Elhanani acres-centou “os arcos de Oscar Niemeyer”.

PRÉDIO DA UNIVERSIDADE DE HAIFA

ARNALDO COHEN, ANNA SCHVARTZMAN, ABRÃO KERZNER E RESIDENTES

Manhã com Arnaldo CohenArnaldo Cohen deu um recital matuti-no na Aldeia da Esperança do Ciam, em Franco da Rocha. O presidente da enti-dade, Abrão Kerzner, recebeu Cohen, que atendeu a um convite da presidente honorária Anna Schvartzman. Os resi-dentes expuseram as peças de cerâmica produzidas em 2012 nos jardins da sede sob o tema “Para não Dizer que não Fa-lei das Flores”.

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Page 23: Revista Janeiro 2013

HEBRAICA | JAN | 2013

45

O ouro, raro, abraça

a semente, abundan-

te na natureza, no

trabalho pioneiro de

Miriam Mamber.

O arquiteto Paulo

Mendes da Rocha a

elogia: “que adorno

você vai exibir para

o outro ver quem

você imagina ser?”.

Toda obra da joa-

lheira está no livro

editado pela BEI,

que tem seu nome

e processo criativo.

Lançado na Livraria

Cultura/Conjunto

Nacional.

Em comemoração

aos quarenta anos de

fundação o escritório

Machado, Meyer,

Sendacz e Opice Ad-

vogados, patrocinou

a reforma do Centro

de Convivência para

Crianças, Adolescen-

tes e Jovens – Jardim

Imbé, no Capão

Redondo. Os sócios-

fundadores Antônio

Meyer e Moshé

Sendacz estiveram

junto com o prefeito

Gilberto Kassab e

membros da Secre-

taria Municipal de

Assistência Social na

entrega do complexo

cultural e esportivo.

Na Galeria Sérgio

Caribé, a mostra

“Minimundo”

reuniu cinquenta

obras em grandes

formatos da pintora

Sarita Anne Roysen

e do fotógrafo

François Marcos

Leriche.

Uma noite divertida

com bom propósito,

assim foi o encontro

com o cantor

Moshé Giat na

Maison Menorá.

O jantar musical

foi em benefício

dos projetos

de bar-mitzvá

desenvolvidos por

ele e pela Wizo/

SP, permitindo que

jovens carentes

israelenses tenham a

maioridade religiosa

comemorada.

A exposição “Um

Olhar sobre o

Brasil, a Fotografi a

na Construção

da Imagem da

Nação”, no Instituto

Tomie Ohtake,

teve a curadoria

do fotógrafo Boris

Kossoy e como

curadora adjunta a

historiadora Lilia

Moritz Schwarcz.

“U ma Noite em Israel” foi o tema deste ano para o jantar benefi -

cente do Ampliar, programa social cria-do há 22 anos com o apoio do Sindicato da Habitação – Secovi-SP para capacitar e profi ssionalizar jovens em situação de risco social. A artista plástica Suzi Gheler decorou a Mansão França com bonecos coloridos. Jovens da CIP e do Colégio Re-nascença apresentaram danças típicas e muitos dos presentes se juntaram. “Es-tive em Israel, fi quei maravilhada e re-solvi homenagear o país e a comunida-de judaica de São Paulo. Meu sentimen-to esta noite é de realização plena”, disse a criadora e presidente do Projeto Am-

ONG homenageia Israel

pliar, Maria Helena Mauad. Para o presi-dente do Secovi, Cláudio Bernardes, “a comunidade judaica, homenageada nes-ta festa, é exemplo de tenacidade e luta para esses jovens que tanto precisam de exemplos”.

A Conib realizou, na Hebraica, sob a presidência de Cláudio Lottenberg,

a 43ª. Convenção Anual com a presença de Ronald Leopold, presidente da ONG holandesa Anne Frank House, do presi-dente da Hebraica, Abramo Douek e re-presentantes de quatorze Estados brasi-leiros. O sociólogo e demógrafo René De-col apresentou os resultados parciais de um censo judaico-brasileiro, a partir do censo do Ibge de 2010. Os jornalistas Alon Feuerwerker e Rodrigo Ledo, da FSB Comunicações, mostraram o trabalho de monitoramento e diagnóstico dos pode-res executivo e legislativo que tem auxi-

Lideranças em convenção

liado a Conib em suas ações. A Conib di-vulgou as ações de 2012 no combate à in-tolerância, no diálogo interreligioso e no contato com lideranças políticas.

A “HORA” CONTAGIOU O PÚBLICO

JAYME SALOMÃO, KAREN SASSON, SANDRO WAINSTEIN E MANOEL KNOPHOLZ

CÉRES MALTZ BIN HOMENAGEOU MIRIAM DORIS LILIENFELD

Encerramento de gestão C om a presença da presidente de

Na’amat Brasil Cres Maltz Bin, a se-ção São Paulo realizou uma festa para homenagear Miriam Dóris Lilienfeld, que deixou a presidência, iniciada em 2007. “A despedida é como presiden-te do Centro São Paulo, mas continua-rei ativa no trabalho como chaverá”, dis-se Dóris, emocionada, ao contar que Ce-cília Sztutman a levou para as Pioneiras.

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cultural + social > comunidade+coluna 1HEBRAICA | JAN | 2013

44

Andree Guittcis

(com Diva Pavesi)

recebeu, com mais

77 artistas brasilei-

ros, a medalha e o

pergaminho que o

tornaram embaixa-

dor pelas artes da

Divine Academie

Française des Arts,

Lettres et Culture em

cerimônia no Palace-

te Julieta Serpa, no

Rio de Janeiro.

De estilista a ator.

Alexandre Herchco-

vitch contracena

com o consultor

Benjamin, seu pai

na vida real, e a “ma-

mãe”, a atriz Lilian

Blanc no seriado

“Destino São Paulo”,

da HBO.

Há três anos, André

e Daniel Susskind

criaram a Viva!

Experiências, agora

a principal empresa

de kit para presen-

tear no mercado

nacional. São treze

kits com diferentes

temas. A compra

do presente é pelo

site da empresa e o

presenteado recebe

caixa, livreto e um

vale para escolher

a experiência que

mais gostar.

Fundadora da ONG

POT (Peace on the

Table), a chef Sheila

Mann esmerou no

cardápio. À mesa, ao

seu redor, o cônsul

Ilan Sztulman, o

vice-cônsul Amit

Mekel, Thaís e Bóris

Ber, Nelly e Moisés

Bobrow, Ângela e

Mário Fleck, Berta

e Abramo Douek,

George Legmann e

Jaime Hara, fi lho da

anfi triã.

Alexandre Szapiro é

o vice-presidente do

Kindle da amazon.

com.br, o e-reader

mais vendido no

mundo, que acaba

de chegar para os fãs

dos e-books. A Loja

Kindle Brasil tem

mais de 1,4 milhão

de títulos à escolha

dos antenados.

Yonathan Shani le-

vou os ensinamentos

do Kabbalah Centre

para o Brazil Pocket

Jovem Empreende-

dor como um dos pa-

lestrantes da edição

de 2012, no Teatro

Sesi, da Fiesp.

Emanuel é o alfaiate

dos livros, pois é

assim que chama seu

negócio de compra e

venda de livros usa-

dos. “É que eu vendo

livros sob medida

para os clientes”,

conta ele, cujo e-mail

é alfaiatedoslivros@

hotmail.com.

Garimpar e divulgar

imóveis com

algo a mais é

o que faz a Casas

Bacanas. A escolha

do bairro, o projeto

de interiores,

a seleção de

revestimentos e

objetos, tudo em

detalhes.

Monique Donata

dirige a equipe

cuja responsável

pela área de

compra e venda

focada em

Higienópolis é Elka

Freller.

Perline Mosseri

completou seis

décadas de alegria.

Amigos se juntaram

à família, com

direito a surpresas

dos fi lhos e netos,

mais a turma dos

Anjinhos e a do

Projeto Felicidade.

No comando

musical da festa só

poderia estar Soli

Mosseri.

COLUNA 1

Golfe benefi centeO Departamento de Voluntários da Sociedade Benefi cente Israelita Al-bert Einstein realizou o sexto torneio de golfe na Fazenda da Grama, em Itupeva, SP. O evento conseguiu arre-cadar R$ 660 mil, destinados ao Pro-grama Einstein em Paraisópolis e ao Residencial Israelita Albert Einstein.

RONALDO FENOMENO É BOM NO GOLFE

Lançamento de “Shoah”O Instituto Moreira Salles e o Centro da Cultura Judaica (CCJ) lançaram o DVD Shoah, documentário do cine-asta francês Claude Lanzmann reali-zado a partir de depoimentos de so-breviventes de Chelm, dos campos de Auschwitz, Treblinka e Sobibor e do Gueto de Varsóvia, de ex-ofi ciais nazistas e maquinistas dos trens da morte. Lanzmann levou uma década para realizar o documentário, que é um retrato fi el do genocídio nazista. A caixa contém cinco dvd’s e um li-vreto, e O Relatório Karski, produzi-do por Lanzmann em março de 2010 para a TV francesa. Após a exibição no CCJ, houve debate com a psicana-lista, crítica de arte, cultura e curado-ra Suely Rolnik e com a pesquisadora e crítica Ilana Feldman.

Livro israelense premiadoA tradução francesa do livro Héssed Sefaradi, do escritor israelense A. B. Yehoshua, recebeu o Prêmio Médicis, de literatura traduzida. A versão em português, de Paulo Geiger, será publi-cada pela Cia. das Letras.

“Informa”, publicação da Chevra Kadisha – Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo, publica um texto do livro Leis e Costumes do Luto Judaico, do rabino Shamai Ende. O artigo trata da cremação “totalmente proibida pelo judaísmo. Quem a prati-ca transgride as proibições da Torá, além de demonstrar que não acredita na ressur-reição e na vida pós-morte – uma das bases do judaísmo –, deixando de merecê-las. Além disso, a cremação é considerada um costume idólatra”, escreve o rabino.

• 3 de março, 16h30 – O Mágico de Oz,

no Teatro Alfa. Reservas de ingressos

na Unibes, fone 3311-7300.

AGENDA• 25 de abril a 9 de maio – Visite Israel

com a Wizo. Pensão completa e guia em

português desde a saída. Informações,

5087-3455, com Carla ou Viviana

A cremação e o judaísmo

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cultural + social > comunidadeHEBRAICA | JAN | 2013

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N o Dia Internacional de Direitos Humanos, um ato no Auditório

Franco Montoro da Assembleia Legislati-va marcou os oitenta anos da B’nai B’rith no Brasil. O evento serviu também para a inauguração do Instituto Shoah de Di-reitos Humanos (Isdh), parceria com o Laboratório de Estudos sobre Etnicida-de, Racismo e Discriminação, do Depar-tamento de História da USP (Leer), que funciona na B’nai Brith de São Paulo. O Isdh será uma fonte de documentação, a partir do acervo formado pelas pesqui-sas do Arqshoah – Arquivo Virtual sobre Holocausto, projeto do Leer e Fapesp.

“O Isdh consolidará as iniciativas de pesquisa, divulgação e educação, refor-çará a cultura de paz, permitindo manter e expandir, de forma consistente, os pro-gramas em atendimento aos educadores,

seus alunos e a toda a sociedade brasilei-ra”, destacou o ex-reitor da USP Jacques Marcovitch. No Rio de Janeiro, a B’nai B’rith comemorou os oitenta anos pre-miando Sérgio Niskier pelos trabalhos co-munitários em prol dos direitos humanos e as advogadas Leila Linhares Barsted e Margarida Pressburger, diretora do Con-selho de Direitos Humanos da OAB/RJ.

U ma parceria entre o Ministério de Educação da Holanda e a Secreta-

ria de Educação do Estado de São Pau-lo trará metodologias educativas da ONG Anne Frank House, de Amsterdã, para as escolas públicas paulistas. O convênio foi assinado no Palácio do Governo do Esta-do de São Paulo com a presença do gover-nador Geraldo Alckmin e dos príncipes

da Holanda Máxima e Willem-Alexander.Representantes da Conib e da Fisesp

foram testemunhas do acordo que de-corre da parceria das duas entidades e que levaram um subsecretário da secre-taria da Educação e diretores das escolas da Rede Anne Frank no Brasil a Amster-dã. O convênio prevê um programa de respeito à diversidade e prevenção à vio-

Wizo premia alunos Tradicional no calendário escolar da Secretaria de Educação de São Paulo, o Concurso Wizo de Pintura e Desenho Brasil/Israel 2012 teve como tema “Je-rusalém-Brasília: História e Moderni-dade”. Alunos das escolas públicas de todo o estado participaram do concur-so, que recebeu trabalhos de cidades distantes até quinhentos quilômetros da capital e pouco conhecidas como Bady Bassitt, Guaraçu do Tietê, Pratâ-nia, Santo Antônio do Jardim, onde vive a primeira colocada, Eliane Alves Nu-nes Dias, de 15 anos.

O Coral Sharsheret participou da ses-são de premiação, conduzida pelo jorna-lista Alberto Danon. Compuseram a mesa o anfi trião, deputado Vítor Sapienza, a embaixatriz de Israel no Brasil Batia El-dad, a representante da Secretaria Rose-li Ventrella, o gerente do Bradesco, patro-cinador do Concurso, Valmir Macedo, a artista plástica Miriam Nigri Schreier, as presidentes de Honra da Wizo Sulamita Tabacof e do Executivo Iza Mansur.

“Parabenizo a Wizo SP por idealizar um projeto tão bonito e trazer uma men-sagem natural e humana de Israel, sem intermediários”, ressaltou a embaixatriz.

B’nai B’rith e Instituto Shoah

Assinado convênio Brasil – Holanda

A MESA QUE PRESIDIU A TARDE DE PREMIAÇÃO

lência e à intolerância por meio da edu-cação para a paz. Na mesma semana, Conib, Fisesp, Arquivo Histórico Judai-co Brasileiro, Instituto Plataforma Brasil e Anne Frank House assinaram um pro-tocolo de intenções para eventos conjun-tos com as escolas Anne Frank em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Palmas.

J onathan Medved é considerado pelo jornal Washington Post um dos prin-

cipais capitalistas de alto risco em tec-nologia e um dos dez norte-americanos mais infl uentes em Israel na opinião do The New York Times. Medved investiu em mais de cem start-ups israelenses, doze delas com valorização superior a US$ 100 milhões. Fundador da empre-sa israelense Vringo, desenvolvedora de um sistema para envio de vídeos por te-lefones celulares, ele é o CEO da Ourcro-wd, plataforma de e-commerce que pos-sibilita investir em mais de cinquenta start-ups em Israel.

Medved foi convidado pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria e se reuniu com empresários, investidores e empreendedores, fez palestras na Fun-dação Getúlio Vargas, na HSM Manage-ment, no WTC Club, no Teatro Eva Herz e na Comunidade Shalom. “Nesta visita ao Brasil, descobri uma comunidade acolhe-dora. Fiquei impressionado com as ins-tituições que visitei como o Colégio Iav-ne, de alunos trilíngues e comprometidos com Israel, e a Hebraica, que acolhe um terço dos judeus de São Paulo. Estive em diversas empresas nas quais em breve es-pero investir ”, disse Medved.

Palestra com o rei das start-ups

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1 e 2. Na Casa Cenário, Tata Wu e Marcelo Cohen, Andrea e Geni Chapira conferem a II Mostra de Decoração; 3. Di-retoras e voluntárias comemoram o jubileu do Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica; 4, 5 e 7. Na cadeira, Ma-ria Helena Mauad, com Suzi Gheler, Ivone Zeger, cônsul Ilan Sztulman, Jayme Blay e Romeu Chap Chap, em festa da Ampliar; 6 e 9. No lançamento de “Singulares”, Giova-na e Bianca Hermann Viscardi mais o autor das joias, An-tônio Bernardo; 8. Chanuká comemorada na reunião do Conselho Deliberativo; 10. Paulo Rosenbaum autografou Tropicasher Bereshit

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1. Abramo Douek recebe Karen Didio Sasson e Jack Terpins, em conven-ção da Conib; 2 e 5. Em Tóquio, Duda Groisman clicou a torcida azul/branco – preto/branco no jogo do Timão com o Egito; 3. Salim e Iza Man-sur, Sulamita Tabacof no evento Wizo com Moshé Giat; 4 e 6. Golfi stas Moysés Nigri e Ron Horovitz fi zeram bonito no Torneio das Voluntárias do Einstein; 7. Em Miami, na Artexpo, Daniel Azulay e Bia Duarte; 8 e 9. Gilberto Lerner, Moisés Gordon e rabino Dov Goldberg, André e Adélia Lobel e Elaine Agaton Gabor, da Espanha, no Kasher; 10. David Zilberman e Dóris Sarfaty no encontro com o tenista Novak Djokovic, no Fasano

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1. Atriz Jane Fonda autografa livro para Ovadia Saadia; 2. Feliz Idade dança e can-ta no almoço de fi m de ano; 3. Chanuká na casa da voluntária Thelma Laufer com o Chaverim; 4, 5 e 7. Tietagem dos Jovens Sem Fronteira e Moraes Moreira, Carolina, Jeffrey Vineyard e Emílio Zanatta, Márcia, Hélio Aisen e Ana Iosif; 6. Miriam Lobel, Re-beca Zakon e José Topfer, o trio no comando do Restaurante Kasher; 8. Abramo Douek e George Legmann na noite preparada pela chef Sheila Mann

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D ança, boa comida e ambiente fa-miliar. Com esses três itens, a área

de danças da Hebraica iniciou o 32º Fes-tival Carmel Heróis. O jantar na quadra do Centro Cívico misturou três ou quatro gerações de dançarinos e familiares. Ter-minada a refeição leve, a harkadá junto ao palco cresceu rapidamente com avós, mães e netos acompanhando o ritmo di-tado pelo cantor Kiki Wertheimer e ban-da GPS que animaram as boas-vindas aos grupos do Uruguai, Venezuela e Es-tados Unidos que estreavam no festival.

O diferencial em relação à abertura, em 2011, fi cou por conta de algumas co-reografi as apresentadas por dois ou mais grupos. O público aplaudiu a reunião no palco das integrantes dos grupos Hana-bi, das escolas Antonietta e Leon Feffer, Renascença e I. L. Peretz, Eretz e Nefesh da CIP, Carmel e Hakotzrim da Hebraica, Ameinu e Kadima de Porto Alegre em coreografi as que se propunham a tradu-zir os vários signifi cados da palavra “he-rói”, tema do evento em 2012.

Terminada a última dança, o públi-co se dividiu. Parte voltou para casa e os grupos visitantes alojados no clube se-guiram para a Praça Carmel, onde uma série de atividades recreativas os mante-ve alertas até a madrugada.

Na manhã do sábado, os ensaios, mar-cações de palco e preparativos para as apresentações preencheram os horários

Uma síntese da história dos judeus DO JANTAR DE BOAS-VINDAS AO ESPETÁCULO FINAL, DOMINGO À NOITE, DANÇARINOS DE QUATRO PAÍSES MOSTRARAM O QUE HÁ DE MAIS TRADICIONAL E MODERNO NA DANÇA FOLCLÓRICA ISRAELENSE

vagos entre uma harkadá e a hora do al-moço. Para o tradicional almoço de core-ógrafos, a organização do festival convi-dou o produtor artístico Marcos Nomura, cuja carreira como ator, cantor e dançari-no de grandes espetáculos musicais com-pleta 25 anos. “A razão do convite foi dar aos responsáveis por grupos e shows fol-clóricos a oportunidade de ouvir alguém que milita profi ssionalmente na área”, afi rmou Dany Cattan, da central de sho-ws do Festival.

Na tarde de sábado parte dos dançari-nos se dividia entre assistir ao show “Ati-tude”, programado para o palco do Te-atro Arthur Rubinstein, mais uma har-kadá, um workshop ou apenas circular pelo Shuk Carmel que oferecia toda sor-te de mercadorias. Parte da renda obtida com a atividade ajudará os dançarinos do grupo Carmel a participar de um in-tercâmbio em Miami e também se apre-sentarem em um dos parques da Disney.

À noite, mais um show reuniu dança-rinos e familiares na plateia do teatro. O público excedente assistiu ao show gra-ças a um telão instalado no Teatro Anne Frank. Nessa noite, as oito jovens do gru-po Nirkoda, de Miami, dançaram em ho-menagem a Israel. O grupo uruguaio Do-reinu apresentou a primeira das duas coreografi as preparadas especialmente para o Festival.

Dos teatros, os dançarinos seguiram

para o Salão Marc Chagall, onde reali-zou-se a maratona Super-Heróis até a madrugada. “Ficamos até o fi nal. Saímos às 4h40 da manhã”, anunciavam as dan-çarinas do Doreinu, totalmente desper-tas horas depois, de manhã, e já vestidas para a harkadá.

Elas não assistiram ao show “Peque-nos Heróis”, reunindo as lehakot mirins da Hebraica e das escolas de São Paulo. Para a abertura, o grupo Carmel remon-tou a coreografi a “Arca de Noé”, de Horá-cio Hasper (z’l).

No ônibusSentadas no chão da quadra do Centro Cí-vico à espera do sinal para entrar no pal-co, as crianças vibraram com a história de Noé, aplaudindo os solos apresenta-dos pelos casais fantasiados de animais. Para alguns dos pais que integraram o Carmel e hoje aplaudem os fi lhos nas co-reografi as escolares, os bichos traziam lembranças. “Viajamos para a Argenti-na para apresentar a ‘Arca’ numa home-nagem póstuma ao Horácio. Lembro que enviaram ao aeroporto um ônibus esco-lar sem bagageiro para levar o grupo à ci-dade. Acomodamos o material do cená-rio junto com as roupas e seguimos aper-tados até o hotel. Nessa coreografi a inter-pretei o mensageiro, o leão e até o Noé”, comentou Natan Hamer, hoje coreógrafo dos grupos Nefesh e Eretz, da CIP.

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52juventude > XXXII festival carmel

ESPETÁCULO DE ENCERRAMENTO DO XXXII FESTIVAL CARMEL

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1. Este ano o Festival Carmel homenageou os heróis de Israel; 2. As har-

kadot sempre reuniam dezenas de dançarinos; 3. O grupo Doreinu re-presentou o Uruguai; 4. As dançarinas do Shalom, da Hebraica; 5. O He-braikeinu esteve bem representado no Festival Carmel; 6. O grupo Jo-vens sem Fronteiras também subiu ao palco

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HEBRAICA | JAN | 2013

54juventude > XXXII festival carmel

No programa do show “Pequenos He-róis”, foram executadas algumas danças em que pais e fi lhos deslizavam pelo pal-co. Assim que terminavam a apresenta-ção, as mamães pediam uma opinião sin-cera. “Acho que foi tudo bem, não foi?” Depois do show, as crianças assistiram a uma apresentação do grupo Mad Scien-ce, enquanto os pais se distraíam no Shuk Carmel.

Depois do almoço de domingo, o tem-po voou para os participantes do Car-mel. Nas poucas horas até o último show eles tentaram aproveitar de tudo: a pisci-na, a última harkadá, prestigiar os ami-gos nos dois shows da tarde – o dos gru-pos dos movimentos juvenis e o des-tinado aos grupos especiais como o Chaverim, cuja coreografi a foi muito aplaudida. Este ano, a Unibes teve dois números, um apresentado por dançari-nas da terceira idade e outro por adoles-centes que participam de uma das ações

dos Jovens sem Fronteiras da Hebraica.E à noite, a arquibancada do Centro

Cívico lotou para o show fi nal “Nós” e abriu os festejos do sexagésimo aniver-sário da Hebraica São Paulo.

EmoçãoPela primeira vez, o Festival Carmel apresentou um palco com três degraus e uma passarela avançando pelo meio da quadra. Ali a cantora Régis Karlik cantou e o grupo Carmel apresentou a primeira coreografi a. O grupo Doreinu do Uruguai exibiu uma coreografi a baseada na lín-gua ídiche.

Em seguida, o público viu persona-gens da história judaica desfi larem pelo palco embalados por versões renovadas de canções conhecidas. “Foi um espetá-culo absolutamente coerente. Os fi guri-nos combinavam com o estilo das dan-ças e o nível técnico dos grupos estava muito alto”, opinou Rosita Klar Blau,

que integrou a primeira formação do Carmel nos anos 1980 e até hoje acom-panha o movimento da dança folclórica no Brasil.

Como atrações especiais, um gru-po de equilibristas e a apresentação do grupo Jay de Caracas. A participação dos estados do Rio Grande do Sul, Pa-raná, Minas Gerais e Rio de Janeiro deu um brilho especial ao 32º Festival Car-mel. Cada uma dessas comunidades en-viou entre quarenta a sessenta dançari-nos de 14 a 30 anos, representando clu-bes, movimentos juvenis e escolas. Ao ver jovens se moverem no palco em tú-nicas, trajes iemenitas ou até jeans e ca-misetas repetindo canções que têm a palavra “shalom” como denominador comum é possível entender porque ano após ano centenas de pessoas disputam os convites para assistir ao menos ao show de encerramento do Festival Car-mel. (M. B.)

PAIS E FILHOS DA ESCOLA ANTONIETTA E LEON FEFFER REUNIDOS NO PALCO

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56juventude > esporte radical

C om apoio da empresa WR – respon-sável pela organização dos rallies da

Mitsubishi, os sócios saíram bem cedo no domingo, percorreram um trecho tranquilo na rodovia Fernão Dias e em seguida pegaram a trilha que percorre a montanha em direção à Pedra Grande, ponto turístico de onde os praticantes de asa delta costumam decolar.

“Cada carro recebeu uma detalha-da planilha de bordo e cabia ao copi-loto orientar o motorista em cada mo-vimento na trilha. O fato de ter chovi-do no dia anterior – e a trilha ainda es-tar úmida – aumentou o grau de tensão entre os participantes, que, como eu, costumam circular pela cidade, mas nunca tinha utilizado os mecanismos que aumentam a tração nas rodas e fa-

Emoção nas trilhas de AtibaiaA CONVITE DO HEBRAICA ADVENTURE OS SÓCIOS TIRARAM SEUS CARROS ESPORTIVOS DA GARAGEM E ENFRENTARAM UMA TRILHA RUMO À PEDRA GRANDE, EM ATIBAIA. SETE EQUIPES PARTICIPARAM DESTE PRIMEIRO PASSEIO AUTOMOBILÍSTICO

cilitam as subidas mais íngremes. Des-se ponto de vista, o passeio foi uma verdadeira aula de direção”, afirmou Marcel Blankfeld, que dirigiu uma Pa-thfinder até o topo.

“A vista que se tem da Pedra Grande valeu cada minuto do passeio, especial-

mente porque percorremos mais algu-mas centenas de metros a pé até um pla-tô que nos permitiu visualizar centenas de quilômetros à frente”, completou ele. Ao fi nal da aventura, pilotos e equipes almoçaram antes do retorno a São Pau-lo. (M. B.)

OS PARTICIPANTES APRECIARAM LINDAS PAISAGENS

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juventude > acescHEBRAICA | JAN | 2013

58

Maratona Cultural premia os melhores

SÓCIOS FORAM PREMIADOS NOS CONCURSOS DE FOTOGRAFIA E MPB VOCAL E LIDERARAM INDICAÇÕES E MEDALHAS NO FESTIVAL DE TEATRO.

TODAS AS MONTAGENS RECEBERAM ALTOS ELOGIOS DOS JURADOS

A cerimônia de encerramento da Maratona Cultural Acesc 2012 lo-

tou o teatro do Esporte Clube Paineiras do Morumby, onde foram divulgados os melhores e chamados ao palco para re-ceber os troféus.

Os nomes dos outros fi nalistas ga-nharam as medalhas no fi nal do even-to, como Marcel Grossmann, que parti-cipou no XII Concurso de Fotografi a e fi -

Teatro Infantil/ IndicaçõesMelhor som (segundo lugar) – Dr. Morris PicciottoMelhor iluminação (terceiro lugar) – Paula HemsiMelhor direção (segundo lugar) – Luciane StrulMelhor espetáculo (segundo lugar) – “Chalabulá”

PrêmiosMelhor cenário – Michelle Rolandi, Aristide Augusto do Nascimento e Alexandre BachiegaMelhor fi gurino– Daniel InfantiniMelhor ator – Renato Ghelfond

Teatro Juvenil / IndicaçõesMelhor cenografi a (segundo lugar) – Luciane StrulMelhor fi gurino (segundo lugar) – Luciane StrulMelhor ator (segundo lugar) – André SalemMelhor atriz (terceiro lugar) – Flávia JablonkaMelhor atriz (segundo lugar) – Dahlia HaleguaMelhor ator (terceiro lugar) – Roberto GhelfondMelhor direção (segundo lugar) – Marcelo KlabinMelhor espetáculo (segundo lugar) – “Nós, Frente & Verso”

Prêmios recebidosMelhor iluminação – Paula Hemsi e Gilson Moura

Teatro Adulto / IndicaçõesMelhor iluminação (segundo lugar) – Erike Busoni e Paula HemsiMelhor ator (segundo lugar) – Renato GhelfondMelhor diretor (segundo lugar) – Heitor Goldfl usMelhor espetáculo (segundo lugar) – “Non Grata”

Premiação Acesc 2012

CLÁUDIA HEMSI LEVENTHAL, DA HEBRAICA, E DANIELA K. CABARITTI, DO ESPORTE CLUBE SÍRIO, FICARAM EM SEGUNDO E TERCEIRO LUGAR NO CONCURSO MPB VOCAL

cou em segundo lugar na categoria colo-rida sem manipulação – juvenil. Cláudia Hemsi Lewenthal representou a Hebrai-ca no Concurso de MPB Vocal e fi cou em segundo lugar.

Tradicionalmente fi ca para o fi nal o anúncio dos resultados do Festival Inter-clubes de Teatro e nessa etapa da ceri-mônia surgiu o trabalho do departamen-to da Juventude. (M. B.)

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60juventude > fotos e fatos

1. Tamara Harpaz, Natália Leiderman Benadiba e Marcos Tamura, que deu uma palestra aos coreó-grafos na manhã de sábado, no Festival Carmel; 2. Aline Black, do grupo Hakotzrim e Rafaela Busca-relli, do Shalom ; 3.Natália Sassoon e Júlio Zanatta deram uma mãozinha na decoração do Festival Carmel; 4. Dançarinas do movimento Chazit Hanoar confraternizaram no Boteco Carmel; 5. Henry Mandelbaum apresentou seus desenhos na exposição “Mescla Cultural”, do grupo Jovens sem Fron-teiras; 6. Pedro Muszkat, Vanessa Levinbook e Carol Wachochier apreciaram os trabalhos exibidos no evento do Jovens Sem Fronteiras

1.

3.

2.

4.

6.5.

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61juventude > fotos e fatos

1. Henrique Schafer, ao lado de Rober-to Gotts, do Clube Athlético Paulistano, e Moisés Miastkwosky, do Paineiras do Mo-rumby, entre os melhores do teatro da Acesc; 2. A peça As Bruxinhas Boas foi apre-sentada pelo grupo Balagan; 3. Os inte-grantes da turma 5 do curso de teatro en-cenaram Os Colegas; 4. Por Trás das Corti-

nas foi a peça montada pelo gurpo de te-atro GerAção; 5. Os alunos de 12 a 15 anos apresentaram O Livro de Luna Clara

4.

5.

2.1.

3.

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64esportes > vôlei

N ovembro foi particularmente emo-cionante para os times femininos

de vôlei do Esporte Clube Pinheiros, Es-porte Clube Sírio, Hebraica e Clube Atlé-tico Paulistano, com o Torneio Acesc que colocou as equipes em disputa e em tur-no único. Pelo regulamento, o campeão seria aquele com o maior número de vi-tórias. A Hebraica fez a melhor campa-nha (três jogos/ três vitórias), seguida pelo Esporte Clube Pinheiros (três jogos – duas vitórias)

Entre os melhores da AcescA VITÓRIA NO TORNEIO ACESC DE VÔLEI ADULTO FEMININO

GARANTIU PARA A HEBRAICA O TROFÉU DESTAQUE NO ESPORTE DA ASSOCIAÇÃO DE CLUBES SÓCIO-ESPORTIVOS DE SÃO PAULO

A partida fi nal foi na Hebraica contra o Clube Athlético Paulistano com par-ciais de 23 a 25, 25 a 16, 23 a 25, 23 a 21 e um emocionante tie break vencido pela Hebraica por 15 a 11. Segundo o di-retor de esportes da Acesc Moysés Gross, havia uma razão a mais para a Hebraica vencer no vôlei. “Estávamos empatados com o Paulistano em torneios válidos para o Troféu Destaque de esportes da Acesc. No mesmo dia, a Hebraica fi cou em segundo lugar no torneio de minitê-

nis e a vitória no vôlei garantiria o que seria o tetra na Acesc. As meninas briga-ram por cada ponto e foram bem no tie break. Gostei de ver a capitã da Hebraica Vera Fingerhut levantar a taça junto com as outras atletas da equipe. Dias depois, representei a Hebraica na premiação e trouxe nosso quarto troféu”, contou Moy-sés, que além de organizar os eventos es-portivos promovidos pela Acesc, tam-bém mantém abertos os canais de comu-nicação entre a Hebraica e a Acesc.

Além do vôlei e do minitênis, a Acesc promoveu torneios de polo aquático, xadrez e outras modalidades esporti-vas. (M. B.)

A EQUIPE DA HEBRAICA, COM O DIRETOR DE ESPORTES DA ACESC MOYSÉS GROSS

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66esportes > torneios ofi ciais

H á anos a Federação Paulista de Judô utiliza o Centro Cívico Itzhak

Rabin para realizar o torneio do qual participam atletas de todo o Estado, es-pecialmente os faixas marrom, às vés-peras do exame para a graduação e pas-sagem para a faixa preta. O torneio é na véspera da Copa Hirosi Minakawa.

Outra entidade esportiva ofi cial que realiza seu principal evento na Hebraica é a Federação Paulista de Ginástica que promove a segunda fase do Troféu Pau-lista no Centro Cívico.

O parque aquático é frequentemen-te requisitado para provas da catego-ria master de natação, mas até recente-mente o torneio Regional Petiz Juvenil, um dos certames que garantem vagas no brasileiro, nunca tinha sido realizado na Hebraica. Pela primeira vez, quinhentos nadadores de nove agremiações dividi-ram o parque aquático com sócios, atle-tas e banhistas de fi nal de semana.

Em meio às quatro provas que disputou na piscina olímpica, o nadador da equipe juvenil Rodrigo Feller descobriu algumas vantagens deste parque aquático onde ele e os colegas de modalidade competem.

Hebraica tem instalações elogiadasÉ CADA VEZ MAIOR O NÚMERO DE TORNEIOS OFICIAIS, DAS MAIS VARIADAS MODALIDADES, DISPUTADOS NAS QUADRAS E PISCINAS DO CLUBE. E OS VISITANTES NÃO POUPAM ELOGIOS ÀS INSTALAÇÕES E À INFRAESTRUTURA DA HEBRAICA

“Como fi ca ao ar livre, e isso evita aquela sensação de confi namento co-mum em clubes com piscinas em giná-sios fechados. E na Hebraica os nadado-res têm uma piscina para relaxar depois da prova, o que não é comum em outros torneios”, elogia.

Um pai de atleta do Corinthians elo-giava as instalações e a boa recepção aos visitantes num domingo de sol. “Acom-panho meu fi lho nos torneios que, em geral, duram o dia inteiro e geralmen-te temos de sair do local da competição para fazer uma refeição nas redonde-zas. A Hebraica foi a primeira a liberar os restaurantes e lanchonetes e assim os atletas e os torcedores demoram menos

a voltar às arquibancadas”, explicou.Usuários da piscina olímpica expres-

savam opiniões menos entusiasmadas ao terem os treinos adiados ou transfe-ridos para outros locais, mas diminuí-am o tom das críticas ao verem o entu-siasmo da plateia em torno da piscina olímpica.

Na maioria dos torneios ofi ciais reali-zados na Hebraica, incluindo os campe-onatos das federações paulistas de ga-mão, sinuca e xadrez, as equipes compe-titivas do clube obtêm bons resultados e, em geral, os dirigentes esportivos esta-duais e nacionais se referem com respei-to e admiração ao desempenho dos atle-tas do clube. (M. B.)

O PARQUE AQUÁTICO É FREQUENTEMENTE REQUISITADO PARA TORNEIOS OFICIAIS

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68esportes > futebol de campo

A equipe sub-15 de futebol de cam-po da Hebraica é a atual campeã

paulista interclubes com a vitória por 3 a 0 contra o clube Paineiras do Morum-by na partida fi nal disputada no estádio da Aclimação.

A equipe principal (adulta) enfrentou o Esporte Clube Pinheiros no segundo jogo da fi nal do Interclubes. No primei-

Conquistas e mais vitórias

EM APENAS UM ANO, O FUTEBOL DE CAMPO – MODALIDADE INTRODUZIDA NO CLUBE DEPOIS DE UMA BEM SUCEDIDA PARCERIA COM O CEIB MACABI –

CONQUISTOU TÍTULOS EM DIVERSAS CATEGORIAS

ro, a Hebraica ganhou por 2 a 0 e, no se-gundo jogo, realizado no Macabi, en-trou em campo com a vantagem de po-der perder por até 2 a 0, em parte por ter a melhor campanha do torneio. O gol de Leonardo Dau Sein, atleta da Hebrai-ca e destaque do campeonato, garantiu o ouro. O capitão Fábio Steinecke levan-tou a taça e festejou com o time e a torci-

da na quadra do Macabi.A equipe principal já existia antes de

o projeto unir Hebraica e Macabi. Assim, em três anos o técnico Fernando Mar-chiori comemorou a medalha de ouro nos Jogos Macabeus da Austrália, um vi-ce-campeonato no Interclubes 2011, um ouro nos Jogos Macabeus Pan-America-nos no início do ano e agora o Interclu-bes 2012.

Os bons resultados da modalidade se estendem também à equipe sub-11, que conquistou a Copa CFA Macabi, depois de enfrentar o forte time do CR Flamen-go. A vitória foi de um gol de falta do cra-que Cauê. Os garotos da Hebraica resis-tiram à pressão do time carioca e admi-nistraram o placar de 1 a 0 até o último minuto, para depois receberem o entu-siasmado abraço dos pais. (M. B.)

BONS RESULTADOS NO PRIMEIRO ANO DA PARCERIA NO FUTEBOL DE CAMPO ENTRE A HEBRAICA E O MACABI

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70esportes > judô

D aniela da Silva dos Santos, Fernan-da da Costa Santos, Mariana Bue-

no de Toledo, Daniela dos Santos e Ga-briela Souza Miguel integraram a sele-ção paulista que disputou o Meeting In-terestadual Sul-Brasileiro Interclubes de Judô Infantil (sub-11) e Infantojuvenil (sub-13), em Florianópolis.

Para as judocas, estrear em uma com-petição regional do qual participavam os melhores atletas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foi uma experi-ência que incluiu a primeira viagem in-terestadual. Atletas inscritas no Proje-to Campeão – Judô Cidadão, resultado da parceria entre o Departamento de Judô da Hebraica e a Unibes, elas foram acompanhadas pelas técnicas Miriam e Camila Minakawa.

No relatório apresentado à direto-ria do clube, Miriam afirmou que a via-gem não interferiu no desempenho das atletas. “Como estavam bem pre-paradas física e emocionalmente, fi-zeram boas lutas com ótimos resulta-dos.” Daniela da Silva Santos ganhou medalha de ouro e o título de campeã sul-brasileira. Fernanda da Costa dos Santos ficou em segundo entre as ju-docas com seu peso e voltou para São Paulo com a medalha de prata. Já Ma-riana Bueno de Toledo ficou em ter-ceiro lugar. Foram três medalhas em nome da Hebraica. (M. B.)

Cidadania sobe ao pódio

A HEBRAICA CONQUISTOU TRÊS MEDALHAS NO MEETING INTERESTADUAL SUL-BRASILEIRO INTERCLUBES DE JUDÔ REALIZADO

EM FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA. OS RESULTADOS CONFIRMAM O ACERTO DE PARCERIA COM A UNIBES

Quarenta e quatro atletas das cate-gorias infantil e juvenil da Hebraica participaram do torneio amistoso de judô em homenagem ao aniver-sário do Corinthians, disputando o pódio com outras 51 entidades de São Paulo e outros estados. Consi-derando o alto nível da competição, os oito títulos de campeão, doze vi-ces e nove medalhas de bronze de-ram à Hebraica o primeiro lugar na contagem geral de pontos.

Amistoso no Corinthians

O BOM DESEMPENHO DE GABRIELA SOUZA MIGUEL E ANA CAROLINE NASCIMENTO DE SOUZA NO REGIONAL FOI MENCIONADO DURANTE A FESTA DO ATLETA 2013

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73esportes > fotos e fatos

1. Nadadores das cate-gorias petiz e mirim participaram do almoço de confraternização; 2. Café-da-manhã reforça-do para a despedida do ano da equipe master de natação; 3. O time de futebol feminino fi cou em terceiro lugar na Copa Acesc; 4. Jogadores da equipe sub-11 de futebol de campo fo-ram campeões na Copa Macabi; 5. Atletas fes-tejam o troféu da Copa Interclubes depois de vencer o time do Painei-ras do Morumby

2.1.

3.

6.4. 5.

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72esportes > fotos e fatos

1. No Ginásio dos Macabeus, o sub-15 de basquete venceu o Guarulhos e tornou-se campeão da chave bronze do Torneio São Paulo; 2. Aula aberta de ginástica funcional com o professor Luigi Turisco; 3. Fernanda Elimelek venceu a Copa Shalom em sua faixa etária; 4. Equipe sub-13 de basquete fi cou em terceiro lugar na chave bronze do Torneio São Paulo; 5. Craques do futsal sub-9 conquistaram o inédito título de campeões da série ouro do Sindi-Clube

2.1.

3. 4.

5.

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magazine

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espaço saúdeHEBRAICA | JAN | 2013

O câncer de pele é o tumor maligno mais

comum do ser humano, corresponden-

do a 25% dos tumores que atinge o ho-

mem. Os mais comuns são os carcinomas baso-

celular e espinocelular e o melanoma. A radiação

ultravioleta é o principal fator de risco para seu

desenvolvimento, sendo seu efeito cumulativo: o

câncer surgirá anos depois da exposição solar. Os

excessos cometidos na infância e adolescência

provocarão danos que serão percebidos após os

40 anos; por isso, medidas de proteção solar são

muito importantes desde a infância.

Qualquer um pode vir a desenvolver câncer de

pele, porém há maior risco nas pessoas de pele e

olhos claros, com muitas pintas, que se queimam

facilmente e têm difi culdade para se bronzear, e

naqueles com história familiar de câncer de pele.

As queratoses actínicas são consideradas le-

sões pré-cancerosas e se localizam em áreas ex-

postas ao sol. Apresentam-se geralmente como

manchas róseas pouco elevadas, recobertas por

crostas ásperas e esbranquiçadas.

O carcinoma basocelular é o câncer mais co-

mum; tem um crescimento lento e ocorre mais

frequentemente nas áreas expostas ao sol, sen-

do a face o sítio mais comum. Surge geralmen-

te como uma mancha ou nódulo de cor rósea ou

vermelha, pode sangrar espontaneamente e ao

atingir um determinado tamanho ulcera. Rara-

mente provoca metástases, sendo o seu maior

problema a agressividade local: se não tratado,

cresce e destrói os tecidos adjacentes.

O carcinoma espinocelular corresponde a cer-

ca de 20% dos tumores de pele. Apresenta-

se geralmente como um nódulo de coloração

avermelhada e tem crescimento rápido. Se não

tratado precocemente, tende a se disseminar

para os gânglios linfáticos e, mais raramente,

leva a metástases em outros órgãos.

O melanoma é o mais grave e mais raro, corres-

pondendo a cerca de 4% dos tumores de pele. Ca-

racteriza-se por manchas semelhantes a pintas

ou nódulos escuros que crescem e por vezes ul-

ceram. Essas lesões, se deixadas sem tratamen-

to, também se disseminam para os gânglios linfá-

ticos e outros órgãos do corpo. A detecção e o tra-

tamento precoces aumentam a chance de cura. O

diagnóstico desses tumores pode ser feito pelo

aspecto clínico da lesão e/ou por biópsia de pele.

O melhor tratamento é a retirada cirúrgica com-

pleta da lesão, sendo que a escolha do método

depende do tamanho, localização e tipo do tu-

mor. A cirurgia micrográfi ca de Mohs é uma téc-

nica empregada para a remoção de tumores

mais agressivos ou recidivados após falha de ou-

tros tratamentos, ou para lesões localizadas em

áreas que favorecem um maior crescimento dos

tumores. O tratamento das queratoses actínicas

pode ser feito com aplicação de ácidos ou me-

dicamentos de uso tópico, crioterapia com ni-

trogênio líquido, cirurgia e terapia fotodinâmi-

ca. Esta forma de tratamento consiste na aplica-

ção de um medicamento sobre a lesão seguida

da exposição local a uma fonte de luz LED e está

indicada para o tratamento de queratoses actíni-

cas, além de alguns casos de carcinomas superfi -

ciais. A radioterapia é indicada como tratamento

complementar para alguns casos de carcinomas

espinocelulares e melanomas.

A população de risco deve estar sempre atenta

a pintas que crescem ou mudam de cor ou ao

surgimento de lesões que sangram espontanea-

mente ou não cicatrizam. A Unidade Perdizes do

Hospital Albert Einstein tem um grupo de onco-

logia cutânea composto por uma equipe multi-

disciplinar habilitada a fazer o diagnóstico, tra-

tamento e acompanhamento dos pacientes de

risco para o câncer de pele.

Oncologia cutânea

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DRA. SELMA SCHUARTZ CERNEA E DR. BENI MOREINAS GRINBLAT, AMBOS DERMATOLOGISTAS DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN

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magazine > eleições em israel | por Anshel Pfeffer

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O bom, o mau e o âmago da questão

SOMENTE UM MILAGRE OU REVIRAVOLTA DE ÚLTIMA HORA PODEM DERROTAR NETANIAHU QUE FALA EM ENCONTRO DO LIKUD

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DIA 22 DE JANEIRO, ISRAEL REALIZA ELEIÇÕES CONVOCADAS PELO PRIMEIRO-MINISTRO BINIAMIN NETANIAHU. O SISTEMA ELEITORAL ISRAELENSE É ESPECIAL EM RAZÃO DO GRANDE NÚMERO DE PARTIDOS QUE REPRESENTAM OPINIÕES A RESPEITO DE QUASE TUDO – ECONOMIA, POLÍTICA INTERNA E EXTERNA, TERRITÓRIOS OCUPADOS, ASSENTAMENTOS, QUESTÕES RACIAIS E RELIGIOSAS, IMIGRANTES AFRICANOS, EGITO, HAMÁS, ANP, SEFARADIM E ASHKENAZIM – O QUE MULTIPLICA PELO DOBRO ESSAS DIFERENÇAS. A CADA ELEIÇÃO APARECEM NOVOS PARTIDOS E GRUPOS QUE DEPOIS SE DISSOLVEM NO AR. PARA QUEM VÊ DE FORA ACHA QUE É O CAOS. OS DE DENTRO CONCORDAM. NO ARTIGO A SEGUIR, O JORNALISTA ANSHEL PFEFFER, DO HAARETZ, APRESENTA ALGUMAS PERGUNTAS E AS RESPECTIVAS RESPOSTAS PARA OS ATUAIS DILEMAS DA SOCIEDADE ISRAELENSE

P or que Israel vai votar agora?Porque este é o melhor momento de Netaniahu. Pela legislação israelense, as eleições devem ser re-alizadas até a terceira terça-feira do mês judaico de

Heshvan, quatro anos depois das eleições anteriores. O Parla-mento atual poderia continuar até 22 de outubro de 2013, mas serão nove meses antes. Eleições antecipadas são realizadas geralmente quando o governo perde a maioria, nenhum outro partido consegue formar uma coalizão ou se o orçamento não é aprovado. A coalizão do primeiro-ministro é relativamente estável e poderia ter aprovado o orçamento de 2013 após ne-gociar com os partidos aliados. Mas antecipou as eleições ale-gando a difi culdade de alcançar um “orçamento equilibrado e responsável”.

Para Netaniahu, o país enfrenta desaceleração econômica, e um orçamento austero seria impopular. Como o primeiro-mi-nistro e a aliança que o sustenta são aprovados pela opinião pública, e a oposição está desorganizada, a ideia foi aproveitar os índices de aprovação e não dar tempo ao eleitor para “pen-sar muito”, e, assim, perder essa vantagem.

Como serão as eleições?Os israelenses votam nos partidos que apresentaram lis-

tas de candidatos para o Parlamento. Quatorze partidos es-tão representados na atual 18ª. Knesset, dois novos partidos devem ser incluídos na lista e poderá haver mais. Alguns partidos realizaram primárias para escolher os candidatos, outros criaram comissões de seleção ou os candidatos fo-ram indicados pelo líder do partido ou rabinos. O voto não é nos candidatos, mas no partido. Todos os cidadãos a partir dos 18 anos podem votar e ser votados. Somente os funcio-nários no exterior e marinheiros podem votar fora das fron-teiras. O voto não é obrigatório, mas a média de compareci-mento é de 65 a 70%.

O sistema eleitoral é proporcional. Os 120 assentos da Knes-set são divididos entre os partidos que ultrapassarem ao me-nos 2% dos votos válidos de acordo com a proporção dos votos atribuídos, e são declarados eleitos os candidatos que apare-

>>

cem na lista. Depois da eleição começam consultas com o presidente e o líder do partido mais votado. Formam o governo desde que tenha o apoio de 50%, mais um, dos parlamentares (61 votos).

Quais os temas principais?Depende do partido a quem se per-

gunta. Não há um tema dominante na agenda e os principais partidos tentam levar o debate para as áreas em que se sentem mais confi antes. Mas há assun-tos em comum:

• IrãCom alguma razão, Netaniahu acredita ter sido ele o mentor da campanha acer-ca da ameaça nuclear iraniana. Ele colo-cou a questão na agenda global e provo-cou sanções ao Irã. O discurso na Assem-bleia Geral da ONU, em setembro, com o desenho da bomba, foi, de fato, já uma peça de campanha eleitoral. A platafor-ma do Likud é clara: Netaniahu alertou o mundo e é o único capaz de manter o foco no Irã. Outros líderes de partidos vão enfatizar o Irã nas suas campanhas como Shaul Mofaz, do partido Kadima, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, que nasceu em Teerã e, ao contrário de Netaniahu, poderia lidar com os irania-nos discreta e efi cientemente.

• A economiaÉ a zona de conforto de Netaniahu e seu tema preferido, pois domina a questão econômica e pode assumir os créditos pelo crescimento de Israel em uma épo-

Quatorze partidos estão representados na atual 18ª. Knesset, dois

novos partidos devem ser incluídos na lista e

poderá haver mais. Alguns

partidos realizaram

primárias para escolher os candidatos,

outros criaram comissões de seleção ou os candidatos

foram indicados

pelo líder do partido ou

rabinos

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magazine > eleições em israel

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ca de recessão mundial. Os partidos à esquerda tentarão des-viar o debate para a questão do agravamento das desigualda-des sociais.

• A disparidade socialNetaniahu foge deste assunto que o partido trabalhista (Avo-dá) quer lhe impor. Por que a classe média não se aproveita do crescimento econômico? Por que é muito difícil comprar um apartamento? E por que os serviços sociais do país estão des-moronando? Os grandes protestos de há um ano revelam um eleitorado receptivo a esta mensagem, e uma abertura para a líder do partido trabalhista Shelly Yachimovich, e o único po-lítico que a vocaliza. Líderes do protesto por justiça social se juntaram ao Avodá e participarão da campanha.

• Quem dirige Israel?Os partidos de centro-esquerda vão bater na tecla de que o país é governado por grupos de políticos, lobistas, magnatas, rabinos, generais, não necessariamente nesta ordem e às ve-zes ligados por conveniências, em vez de os trabalhadores da classe média, e todo o sistema precisa ser revisto.

• As revoltas árabesNetaniahu vem dizendo que, em um ambiente volátil, Israel não pode se dar ao luxo de experiências, fazer concessões e acredi-tar nos árabes, que não são confi áveis. Esse discurso está sendo assumido principalmente pelos partidos à direita do Likud. Os de esquerda e do centro tentam convencer os israelenses de que este é o momento de Israel voltar a se envolver com a região, mas sem tratar da instabilidade da vizinhança.

• AméricaA relação de Israel com os Estados Unidos é importante. A re-eleição de Barack Obama deu aos rivais de Netaniahu muni-ção para acusá-lo de prejudicar a estratégica aliança de Israel com os EUA quando declarou publicamente seu apoio a Mitt Romney. Também ressaltam a ajuda do magnata dos cassinos, Sheldon Adelson. Em Israel não há os grandes contribuintes de campanhas eleitorais porque a lei limita as doações. Adel-son encontrou uma maneira de driblar isso ao fundar e fi nan-ciar um jornal gratuito, o Israel Hayom (“Israel Hoje”, em he-braico) que apoia Netaniahu incondicionalmente.

• O processo de pazAté recentemente, o tema principal das eleições era o futuro dos territórios e o processo de paz com os palestinos e os vizi-nhos de Israel. Agora, o processo de paz esfriou ainda mais de-pois do confl ito com o Hamás, a votação na ONU que conferiu à Palestina o status de “estado observador” e a decisão subse-quente de construir mais três mil residências em territórios pa-lestinos e congelar os US$ 100 milhões em impostos devidos mensalmente à Autoridade Palestina. Os partidos de esquerda tentam lembrar aos eleitores da bomba-relógio na Cisjordânia

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giosos, o que permitiria a Netaniahu for-mar uma coalizão semelhante à atual, ou somar a ela partidos centristas. De qualquer maneira, continua primeiro-ministro.

Haverá outros vencedores?Muitos. Mas apenas um partido, o Li-

kud, espera formar o próximo gover-no. Todos os outros partidos disputam prêmios menores. Na esquerda, o Avo-dá quer voltar a ser um partido viável como alternativa ao governo e o Me-retz, cuja campanha é “dois países para dois povos”, tenta provar que ainda exis-te algo como um sionismo ideológico de esquerda. No centro, o Kadima luta pela sobrevivência política, e o novo Yesh Atid (“Existe Futuro”, em hebraico), de Yair Lapid, pretende se fi xar como o novo partido da classe média secular, no lugar do Kadima.

À direita, um é o Shás, partido sefara-di ultrarreligioso, comandado pelo rabi-no Ovadia Yosef. Recentemente, um dos

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ESTA CARICATURA MOSTRA O TAMANHO DO DESAFIO DE YAIR LAPID; ACIMA, DOS TRÊS MINISTROS DA FOTO, DOIS – EHUD BARAK E AVIGDOR LIBERMAN – POR RAZÕES DIFERENTES ESTÃO FORA DA POLÍTICA

e em Gaza, e os partidos da extrema direita reúnem os seus fi -éis e lhes dizem que são os únicos a defender vigorosamente os assentamentos.

Quem vai ganhar as eleições?Netaniahu. Excluindo um curto período (1996-2001), quan-

do Israel realizou eleições diretas para primeiro-ministro, e o resultado logo foi conhecido. Em outras eleições, encerrada a votação, nunca se soube imediatamente quem seria o pri-meiro-ministro, e nenhum partido nunca conquistou sozinho a maioria dos assentos na Knesset. Portanto, vence a eleição o líder partidário que convencer os outros partidos a partici-par da coalizão para formar a maioria de pelo menos 61 par-lamentares. Este primeiro-ministro não é necessariamente o líder da maior agremiação, caso de Netaniahu, cujo partido, o Likud, conquistou 28 assentos na última eleição.

O Kadima, liderado por Tzipi Livni, foi o mais votado, com 31 parlamentares, mas não conseguiu formar maioria parla-mentar. Se a coalizão vencedora pode ser defi nida já na noi-te da eleição, pode levar semanas – ou mesmo meses – até um líder conseguir o apoio dos 61 parlamentares. Mas a vitória é imediata se houver um “bloco de bloqueio”, isto é, um gru-po de partidos de direita ou de esquerda contrário a um líder de partido adversário. As pesquisas indicam que entre 66 e 68 parlamentares formam o bloco de direita e dos partidos reli-

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seus membros, o ex-ministro Arieh Dehri, foi condenado à pri-são por malversação de fundos. Cumpriu a pena, é candidato e um dos líderes da campanha. Não se sabe qual será a rea-ção pública, se eleito. Outro, é o Yisrael Beitenu (“Israel Nos-sa Casa”, em hebraico), e cada um se esforça para ser o segun-do maior partido da coalizão de Netaniahu. O Beiteinu, partido de Avigdor Liberman, também de extrema direita, tem votos dos imigrantes russos. Liberman foi denunciado por lavagem de dinheiro e a Procuradoria do Estado de Israel deve se pro-nunciar a respeito.

Dos três partidos árabes – Chadash, Ra’am-Ta’al e Balad – ao menos um espera emergir como o maior entre os árabes. E claro, partidos como o Atzmaút, do agora aposentado polí-tico Ehud Barak, que garimpam cada voto apenas para per-manecer acima dos 2% necessários e não cair no olvido polí-tico. Em cada um desses micropartidos de contestadores ha-verá vitoriosos e derrotados.

O que ainda pode nos surpreender?Provavelmente pouco. Surpresa seria o deslocamento de ao

menos 5% de votos da direita religiosa para o centro e sufi cien-tes para abalar o bloco de bloqueio de Netaniahu e, a partir daí, teoricamente, um líder alternativo formar uma nova co-alizão. Há ainda pouco tempo de campanha, mas nada é im-possível. Em 1996, após o assassinato de Itzhak Rabin, o pri-meiro-ministro interino Shimon Peres demorou a convocar

eleições. Netaniahu candidatou-se e ga-nhou, aproveitando o vazio da pálida atuação de Peres com primeiro-minis-tro. Se não ocorrer uma cisão na alian-ça, pode até surgir um nome de centro-esquerda que se tornaria líder da oposi-ção a Netaniahu e o desafi aria nas elei-ções seguintes.

Shelly Yachimovich está no caminho para transformar o Avodá no segundo maior partido, mas ainda não tem apoio popular nem acumulou experiência para liderar a oposição. O atual líder da oposi-ção, Shaul Mofaz, enfrenta a devastação eleitoral do Kadima e perdeu a oportuni-dade ao se aventurar na desastrada coa-lizão de setenta dias com Netaniahu. Yair Lapid, e seu novo partido, Yesh Atid, não foi testado. O ex-primeiro-ministro Ehud Olmert, atualmente a grande esperança do centro, é um fi cha suja e mais atrapa-lha do que ajuda a oposição. Tzipi Livni poderia voltar mas perdeu a liderança do Kadima para Mofaz nas primárias do par-tido. Ela ainda precisa mostrar o “instinto assassino” e a força de vontade de um pri-

SHELLY YACHIMOVICH SABE DAS POUCAS CHANCES MAS MARCA POSIÇÃO NA ELEIÇÃO. NA FOTO, COM O PRESIDENTE DO PARLAMENTO EUROPEU MARTIN SCHULTZ.TIF

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meiro-ministro. O tenente-general (reformado) Gabi Ashkenazi está ansioso para capitalizar sua gestão de o mais popular che-fe do Estado-Maior do Exército dos últimos tempos, mas ainda está no período de três anos de quarentena.

Uma das fi guras acima poderia emergir como rival de Neta-niahu, mas só depois das eleições. No entanto, é mais provável que a oposição continue dividida e sem liderança por um lon-go período.

Onde estão os eleitores indecisos?Em todos os lugares. A rapidez como se move a política is-

raelense contraria as lealdades partidárias e poucos são os eleitores que votam sempre no mesmo partido. A grande maioria é de “eleitores fl utuantes”, que mudam de opinião a cada campanha e formam os agrupamentos ideológicos de direita, ultraortodoxos, nacional-religiosos, árabes israelen-ses, esquerdistas e a classe média secular. Este último grupo é o ponto de equilíbrio entre os principais blocos e capaz de alterar o resultado fi nal.

Cerca de um quarto ou, possivelmente, um terço dos elei-tores israelenses fi ca no meio do caminho e nos últimos anos tem se deslocado para a frente ou para trás, oscilando entre o Likud (União), Avodá (Trabalho), Kadima (Para Frente) e os Aposentados, agora extinto, Mifl eget Hamerkaz (Partido do Centro) e Shinui (Mudança). Os votos de cada um desses parti-dos prova como os eleitores são volúveis.

Em 2009, o Likud mais do que duplicou os seus deputados depois de, em 2006, fi car reduzido a doze parlamentares. Meia dúzia de partidos disputará os seus votos, com vantagem para Netaniahu, mas isso pode mudar. Se não em janeiro, depois.

Como será a campanha dos partidos?Principalmente pela internet. As redes de televisão e de rá-

dio em Israel estão proibidas de vender espaço da programa-ção aos partidos políticos. Como no Brasil, cada partido tem direito a um tempo de tevê proporcional à bancada na Knes-set e o período de propaganda é determinado pela Comis-são Eleitoral Central. Antes, os programas eleitorais tinham grande audiência e repercussão, mas perderam importância. Também os grandes comícios são coisa do passado e os even-tos de campanha são relativamente pequenos, muitas vezes geralmente em residências e destinados aos adeptos mais ferrenhos. As campanhas são realizadas pelos principais meios de comunicação e poucas organizações apóiam um de-terminado candidato ou partido embora muitas tenham pre-ferências eleitorais e políticas.

As campanhas estão cada vez mais na internet e nas redes sociais. Um novo partido, Eretz Chadashá (“Terra Nova”, em hebraico) é o que, até agora, tem feito uso mais efi caz da inter-net com os clipes que revelam segredos dos políticos que ocu-pam altos cargos. O primeiro, acerca do hábito de Netaniahu de levar pacotes de notas de dólar nas meias, imediatamente se tornou um grande sucesso.

Haverá debates?Não. Desde 1977, houve sete debates

televisivos entre os líderes dos maiores partidos – Likud e Avodá – e o mais me-morável foi em 1996, quando um agres-sivo Netaniahu, atrás nas pesquisas, der-rotou o primeiro-ministro Shimon Peres, sem brilho e cansado. Três anos mais tar-de, o agora primeiro-ministro Netaniahu ansiava por um debate, na esperança de reduzir a diferença nas pesquisas de opi-nião pública em favor de Ehud Barak. Mas Barak recusou sabendo que isso da-ria a Netaniahu a possibilidade de dispu-tar com mais chances. Barak acredita-va que os eleitores lhe davam razão. Em 2001, já primeiro-ministro, Barak se ar-rastava atrás de Ariel Sharon nas pes-quisas e exigiu um debate. Sharon disse “não” pelas mesmas razões. De lá para cá, não houve mais debates porque os can-didatos não querem comprometer a lide-rança nas pesquisas de opinião pública e nem a opinião pública pressiona nesse sentido. Na campanha atual, Netaniahu não concorda com um debate na tevê e não tem com quem.

O que vai mudar?Muito pouco. A menos que todas as

pesquisas estejam muito erradas ou o humor do público mude drasticamente até o dia 22, Netaniahu está na reta fi nal para formar o seu terceiro governo e po-derá optar entre uma coalizão semelhan-te à atual ou uma mais centrista. A princi-pal diferença entre a atual Knesset (a 18ª.) e a próxima (a 19ª.) serão as faixas mais amplas de escolhas para ele. Se permane-cerem os mesmos partidos de direita e os religiosos, haverá pouquíssimas mudan-ças na política econômica ou externa.

Ele poderia, no entanto, descartar al-guns parceiros atuais e fazer um acordo com alguns, ou qualquer um dos três ou quatro partidos de centro-esquerda na nova Knesset e, ao mesmo tempo, bus-car outros, mais moderados ou fl exíveis em política interna e externa. As eleições também podem levar o Likud mais para a direita, o que forçaria Netaniahu a limitar a coalizão para o mesmo feitio atual.Tradução de Yosi Turel

A reeleição de Barack Obama deu aos rivais de Netaniahu munição para

acusá-lo de prejudicar a estratégica aliança de

Israel com os EUA quando

declarou publicamente

seu apoio a Mitt Romney.

Também ressaltam a ajuda do magnata

dos cassinos, Sheldon Adelson

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magazine > eleições em israel | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

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E m Israel, que se prepara para eleições neste dia 22, acontece a mesmíssima coisa. Likud e Israel Beiteinu, representados por Bibi Netaniahu e Avigdor Lieber-

man, uniram as suas forças conservadoras e, até o fechamen-to desta edição, as pesquisas apontam que deverão vencer.

Já a esquerda israelense perdeu-se em um emaranhado de discussões e disputas mesquinhas e não conseguiu apresentar ao eleitor nenhum líder que empolgasse as massas. Tzipi Li-vni, que durante anos na oposição pelo Kadima foi uma fi gu-ra apagada, ainda criou um novo partido, Hatnuá, cujo nome pouca gente realmente lembra.

Yair Lapid saiu das páginas do Yedioth Achronot, onde assi-nava a coluna mais lida do jornal no fi m de semana, e entrou na política causando certa empolgação, mas não decolou. Fi-lho do falecido Tommy Lapid, grande representante do secu-larismo esquerdista, deu a impressão de que faria boa fi gura

Dividir para perderUM VELHO DITO POPULAR A RESPEITO DA POLÍTICA NO BRASIL DIZ QUE

QUANDO A DIREITA QUER SE UNIR, COMBINA-SE UM JANTAR E ESTÁ FEITO. JÁ A ESQUERDA NÃO CONSEGUE DECIDIR NEM ONDE TOMAR UMA CERVEJA

Halikud Beitenu, de direita; Kadima, centro-direita; Haavodá, social-democrata; Shás, ultrarreligioso sefa-

radi; Yahadut Hatorá, ultrarreligioso ashkenazi; Atzmaút, centro direita; Haichud Haleumi, religioso de di-reita; Chadash, árabes judeus de esquerda; Meretz, esquerda; Habait Hayehudi, religioso de ultradireita; Otzmá Leisrael, religiosos de ultradireita; Yesh Atid, centro; Hatnuá, centro; Am Shalem, religiosos.

Partidos da corrida eleitoral

junto ao eleitorado: cinquentão, fazendo o tipo machão doce sabra, grisalho à la George Clooney, pai de família patriota, mas no fi nal das contas não passou de um rostinho já não tão bonitinho.

Ehud Barak veio do trabalhismo e nunca se recuperou da profunda decep-ção com a opção dos palestinos pela luta armada, em 2000, durante seu governo, quando fez a Arafat uma oferta séria de paz. Tornou-se desde então um político belicoso e nunca mais falou em paz com os árabes. Nestas eleições, se retraiu, ti-rou o time de campo e decidiu nem con-correr. É o melhor retrato do eleitor libe-ral de Israel.

A esquerda israelense perdeu-se

em um emaranhado de discussões

e disputas mesquinhas e não conseguiu apresentar ao eleitor nenhum

líder que empolgasse as

massas

MANIFESTAÇÃO DO PARTIDO DE ESQUERDA MERETZ EM FAVOR DE DOIS ESTADOS

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magazine > curiosidade | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

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E m um país onde se discute desde política até a qualidade do falafel da esquina, desde o início es-tava evidente que dar nomes às ruas das cidades israelenses seria tarefa para controvérsias e polê-

mica. E justamente essas disputas e intrigas são a matéria-prima do novo livro, em hebraico, do professor Maoz Aza-ryahu, da Universidade de Haifa, intitulado Sobre o Nome – História e Política dos Nomes de Ruas em Israel [leia entrevista com o autor à pg. 87].

Tel Aviv foi a primeira cidade que decidiu dar nomes às ruas, ainda em 1909, mesmo ano da fundação. E, claro, a primeira rua da cidade foi chamada Herzl, em homenagem ao fundador do sionismo. Isto estabeleceu um princípio para todo o país se-gundo o qual a prioridade era homenagear líderes e simpati-zantes do sionismo, e não necessariamente as grandes perso-nalidades da história judaica.

Isto incluiu o general inglês Allenby, que comandou a toma-da de Eretz Israel das mãos dos muçulmanos. Ele visitou Tel Aviv em 1918 e foi homenageado com uma das principais ruas da cidade – hoje, uma das mais decadentes. Na época, a ideia já era de expressar a lealdade da população judaica aos novos conquistadores.

Mas depois da declaração de independência de Israel, so-brou gente reclamando desses vestígios da dominação britâ-nica. Especialmente a rua Hamelech George (“Rei George”), o monarca inglês da época da Declaração Balfour. A polêmica foi tão grande, envolveu também os mais altos escalões que se de-cidiu deixar tudo como está e até hoje ruas centrais de Tel Aviv e Jerusalém homenageiam o tal rei.

As controvérsias comnomes e ruas de Israel

UM NOVO LIVRO CONTA AS INTRIGAS E DISPUTAS ENVOLVENDO A TAREFA DE DAR NOMES PARA AS RUAS DE ISRAEL. HÁ DE TUDO: DE HOMENAGENS A

LÍDERES ESTRANGEIROS A CONSTRANGEDORES CASOS DE AUTOPROMOÇÃO Em 1948, o Ministério das Relações

Exteriores solicitou à prefeitura de Tel Aviv homenagear o “amigo” Fiorello La Guardia, prefeito de Nova York da épo-ca. Funcionários da prefeitura tentaram argumentar que mesmo gente mais im-portante que o prefeito nova-iorquino, como o presidente Roosevelt, não me-receu este ato de cortesia. O protesto foi em vão e La Guardia até hoje nomeia uma das principais ruas da cidade, em-bora poucos saibam quem foi ele.

Outra discussão data de 1934, quan-do o então prefeito de Tel Aviv, Meir Di-zengoff, homenageou a si mesmo nome-ando uma rua da cidade. Para evitar este tipo de constrangedora autopromoção, uma lei determina esperar dois anos da morte para se homenagear alguém. Isso, no entanto, nunca inibiu os políticos lo-cais, que encontraram uma maneira en-genhosa de burlar a proibição. Em vez de ruas, seus nomes engalanam facha-das de órgãos públicos. Em 1993, pou-co antes de deixar a prefeitura de Jerusa-lém que ocupou durante trinta anos, Te-ddy Kollek deu o seu nome ao estádio de futebol da cidade.

Todas essas discussões são pouco, comparadas às rusgas surgidas quan-do quiseram transformar as ruas de Tel Aviv em louvação aos movimentos ar-mados da direita sionista, como o Etzel, precursor do Likud, e o Lehi, dissidên-

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cia mais radical e violenta. Como nas primeiras décadas do sionismo a política era totalmente dominada pela esquerda, representada pelo Mapai, precursor do Partido Trabalhista, os direitistas não tinham vez.

Em 1950, políticos da direita exigiram que um parque perto de Yaffo, cidade conquistada pelas forças do Etzel, fosse cha-mada de Caídos do Etzel. Mas a prefeitura de Tel Aviv prefe-riu chamar de Parque dos Heróis e dava a várias ruas da cida-de nomes relacionados à Haganá e ao Palmach, as forças liga-das ao Mapai.

Levaram cinco anos de discussões intensas até a prefeitura ceder e passar a homenagear os líderes e comandantes da di-reita. A mudança foi tal que atualmente a personalidade mais homenageada nas ruas israelenses é Zeev Jabotinsky, líder ideológico do Likud, mais presente em placas no país até mes-mo que Ben-Gurion.

Outra boa briga começou em 1932, quando se sugeriu lem-brar o genial poeta Heinrich Heine, do século 19, colocando o seu nome numa rua de Tel Aviv. Nascido judeu, Heine con-verteu-se ao cristianismo e depois se arrependeu. Dez anos de-pois, a prefeitura de Tel Aviv baixou uma norma proibindo ho-menagear convertidos, na época considerados traidores do povo judeu.

Todavia os admiradores de Heine protestaram, insistiram

na homenagem e driblaram a proibição e Yaffo ganhou a rua Rabi de Bacharach, título de uma das histórias mais famo-sas dele. Em 1956, data dos cem anos da morte de Heine, uma moradora de Tel Aviv escreveu ao próprio Ben-Gurion pe-dindo que interviesse a favor do poeta, mas nada adiantou. A polêmica termi-nou somente em 1993, mais de sessenta anos após o primeiro pedido, e foi des-cerrada a placa da rua Heine, em Yaffo,

Ruas ortodoxasEm 1950, a prefeitura de Jerusalém rece-beu uma carta raivosa de lideranças do bairro ultraortodoxo Mea Shearim exi-gindo que fossem ouvidos acerca da de-nominação das ruas da área. Enquanto não se decidia a respeito, as placas com nomes considerados inadequados pelos religiosos foram destruídas. A prefeitura prometeu considerar as emoções locais, mas se negou a aceitar qualquer interfe-rência na decisão.

EM BNEI BRAK, PLACA DA RUA HERZL FOI SUBSTITUÍDA PARA HOMENAGEAR RABINO

Em Bnei Brak, cidade

ortodoxa próxima a Tel Aviv, a prefeitura

decidiu trocar os nomes

das ruas que homenageavam personalidades

sionistas por nomes

religiosos. O maior choque

ocorreu em 2001, quando a placa com o

nome do recém-falecido rabino Shakh tomou o lugar de Herzl

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Nos últimos anos, a

tendência em bairros e cidades de Israel é não mais

homenagear pessoas

mas nomes de pedras preciosas,

como Yahalom (“diamante”), e principalmente

de árvores, como rua

Tamar (“tamareira”)

Lobby ajudaEis a entrevista do professor Maoz Azaryahu, autor de Sobre o Nome – História e Política dos nomes de ruas em Israel, à revis-ta Hebraica.

Hebraica – Como surgiu o interesse em investigar os nomes das ruas de Israel?

Maoz Azaryahu – Eu estava em Berlim, nos anos 80, antes da Queda do Muro, e fi quei fascinado com o fato de uma mes-ma rua ter nomes diferentes, no lado ocidental e oriental da ci-dade. Percebi que as ruas mostram a identidade de um povo. É algo do dia-a-dia, do lugar onde você passa quando vai ao su-permercado, por isso é efi ciente. Se você der o primeiro beijo em sua namorada na rua Herzl, aquilo vai te marcar para sem-pre (risos).

Dizem que até hoje Isaac Bashevis Singer não recebeu nome de rua em Israel por ter defendido a língua ídiche, e não o he-braico.

Azaryahu – O mais decisivo para denominar rua em Israel é ter um bom lobby. Alguém se organizou para homenagear Ba-shevis Singer? Tenho minhas dúvidas.

O livro revela como cidades árabes e judias ortodoxas muitas vezes escolhem nomes agressivos ao sionismo. Isto prova a de-mocracia do país?

Azaryahu – Isto mostra o pluralismo da nossa sociedade. O Ministério do Interior paga os custos de todas as placas de ruas, mas não intervém na escolha dos nomes pelas prefeituras.

Hoje a tendência é nomear ruas com nomes da fauna e fl ora, e não mais com políticos. As pessoas se cansaram de ideologias?

Azaryahu – As pessoas buscam qualidade de vida ao redor

de casa, áreas verdes e ambientes tran-quilos. Isto inclui um bonito nome para a rua onde moram. Também não sen-tem necessidade de hastear bandeiras ou enfatizar simpatias partidárias. Mas um simples nome de árvore ou de um passarinho em hebraico também pode carregar um signifi cado político pro-fundo, como a afi rmação da ligação do povo com a Terra de Israel.

Zeev Jabotinsky, líder da direita, é o político mais homenageado nas ruas de Israel, até mais que Ben-Gurion. Por quê?

Azaryahu – É realmente curioso, mas isso se deve ao fato de Jabotinsky ter mor-rido bem mais cedo, em 1940. Em Israel uma lei proíbe dar às ruas nomes de pes-soas vivas, por isso há poucas vias impor-tantes homenageando Ben-Gurion.

Quase não se veem no país ruas impor-tantes com o nome de Golda Meir.

Azaryahu – Pessoalmente admiro Gol-da. Foi uma das grandes personalidades da nossa política. Mas o nome dela fi cou muito ligado à problemática Guerra do Iom Kipur, quando era primeira-minis-tra. Além disso, Ben-Gurion morreu pou-co antes e ofuscou-a.

A OLIVEIRA É A ÁRVORE NATIVA DA FLORA ISRAELENSE MAIS CITADA PARA SER NOME DE RUA

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magazine > curiosidade

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De todo modo, as ruas de cidades e vilarejos de Israel onde predominam populações ortodoxas são um capítulo à parte. No ishuv Elad, no centro de Israel, por exemplo, a denomina-ção das ruas seguiu na direção contrária à do restante do país. Se dependesse das vias públicas do vilarejo, a história do país e do povo judeu teria sido construída por sábios da Mishná e do Talmud.

Em Bnei Brak, cidade ortodoxa próxima a Tel Aviv, a prefei-tura decidiu trocar os nomes das ruas que homenageavam per-sonalidades sionistas por nomes religiosos. O maior choque ocorreu em 2001, quando a placa com o nome do recém-fale-cido rabino Shakh tomou o lugar de Herzl. A decisão foi consi-derada uma provocação ao caráter secular do Estado, foi parar na Knesset, houve grandes debates e... os religiosos venceram.

Ruas árabesOutro aspecto dos nomes das ruas de Israel é nas cidades e vi-larejos habitados por árabes. Em Um-El-Fakhm, na Galileia, foi

eleito um prefeito ligado ao Movimento Islâmico, que costuma adotar posturas ra-dicais. Em 1993, as ruas da cidade ganha-ram novos nomes, com resultados sur-preendentes. A maior parte das placas de Um-El-Fakhm homenageia personalida-des históricas do Islã, e algumas delas, li-gadas à história mais recente, são proble-máticas. A rua Izz ad-Din al-Qassam, por exemplo, é em louvor ao homem que pre-gou a luta armada contra os ingleses e o ishuv, na então Palestina. Foi morto em combate, virou mártir e o Hamás dá o nome dele à sua facção militar.

Entre outras placas em Um-El-Fakhm, surgem as rua Haifa e Yaffo, cidades que a ala mais radical palestina sonha em obter para um futuro Estado árabe. No entanto, cidades como Nablus e Ra-mallah hoje controladas pela Autoridade Palestina, e Gaza, pelo Hamás, não são citadas.

Em Kfar-Qassem, vilarejo perto de Ne-tânia de quinze mil habitantes, cujo pre-feito também é ligado ao Movimento Is-lâmico, há uma rua do Retorno, alusão à volta dos refugiados palestinos para Isra-el. Em 2008 foi eleito um prefeito secular e se sugeriu homenagear personalidades árabes laicas como Yasser Arafat, Gamal Nasser e Sadam Hussein. Os nomes das ruas continuam os mesmos.

Novas tendênciasNos últimos anos, a tendência em bair-ros e cidades de Israel é não mais ho-menagear pessoas mas nomes de pe-dras preciosas, como Yahalom (“dia-mante”), e principalmente de árvores, como rua Tamar (“tamareira”) e rua Ge-fen (“vinha”). Anotem: a cidade de Mo-diin, criada nos anos 1990 à margem da estrada entre Tel Aviv e Jerusalém, não tem nenhuma rua Herzl.

Pesquisa recente a respeito da prefe-rência do judeu israelense para o nome da rua em que mora revelou que, em primeiro lugar, vêm a fl ora de Eretz Is-rael. A campeã é a rua Zait (“oliveira”), seguida da rua Gefen. Depois dos no-mes ligados à fauna e fl ora locais, a pre-ferência dos israelenses é por Rehov Ye-rushalaim (rua Jerusalém).

GOLDA MEIR QUASE NÃO APARECE NAS PLACAS DE RUAS PELO FIASCO NA GUERRA DO YOM KIPUR

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ZEEV JABOTINSKY É O POLÍTICO MAIS HOMENAGEADO NAS PLACAS DE RUAS DE ISRAEL

CAPA DO LIVRO DO PROFESSOR MAOZ AZARYAHU, SOBRE O NOME –

HISTÓRIA E POLÍTICA DOS NOMES DE RUAS EM ISRAEL

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magazine > segurança | por Yosi Melman

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C omo convém a todo Estado soberano, paz e segu-rança são dois dos fatores que mais infl uem nas decisões acerca dos seus limites. No caso de Isra-el, esses quesitos são levados ao extremo e expli-

ca o fato de as fronteiras serem elásticas e sujeitas a mudan-ças. E isso vem de longe, pois o movimento sionista, primei-ro, e o Estado de Israel, em seguida, sempre se abstiveram de estabelecer as fronteiras defi nitivas, e suas fronteiras de facto nasceram de guerras, das operações de retirada de Israel e da devolução de territórios.

Para os autores isto não é um padrão, embora, como sem-pre, “a formação das fronteiras de Israel – e que continua acon-tecendo – foi infl uenciada por processos políticos e pela vi-são do mundo das lideranças que planejaram as ações bélicas, sempre de olho no resultado fi nal”. Como em Israel tudo é di-ferente, não foi o que ocorreu no caso das fronteiras cujos mar-cos mudam de lugar ao sabor do pragmatismo.

Um exemplo: a decisão do governo do primeiro-ministro Levi Eshkol de declarar guerra aos vizinhos, em junho de 1967, não parece que teve as fronteiras como razão principal mas, como se sabe, o resultado fi nal revela a infl uência decisiva sobre os li-mites. Israel devolveu a península do Sinai ao Egito em troca de um tratado de paz e a retirada da Faixa de Gaza, mas mantém o domínio da Cisjordânia e das Colinas de Golã.

No livro Escolhas-Limites, David Arbel e Uri Neeman, am-bos veteranos funcionários do Mossad, analisam oito situa-ções nas quais os dirigentes israelenses tiveram de lidar com as questões fronteiriças. O livro fala da decisão de David Ben-Gurion em adotar o plano de partilha, aceito pela Assembleia Geral da ONU em novembro de 1947; depois passa para a anexação das terras capturadas na Guerra de Independência e originalmente destinadas a fazer parte de um Estado pales-tino, iniciar uma guerra preventiva em 1967, e que não se re-petiu em 1973.

As fronteiras de Israel estão sempre mudando

DOIS EX-ALTOS FUNCIONÁRIOS DO MOSSAD, DAVID ARBEL E URI NEEMAN, ESCREVERAM DECISÕES-LIMITES: ERETZ ISRAEL DE DIVISÃO

EM DIVISÃO, LIVRO QUE ANALISA EVENTOS NOS QUAIS OS LÍDERES DO PAÍS DECIDIRAM A RESPEITO DAS FRONTEIRAS DO ESTADO

O livro trata também do acordo de paz com o Egito e da retirada de Israel do Si-nai em 1982, em troca do controle da Cisjordânia e Gaza, e do projeto de 1983 de destruir qualquer aparência de um Es-tado palestino no Líbano, e, mais uma vez, garantir o domínio da Cisjordânia e de Gaza. O penúltimo capítulo conta os Acordos de Oslo de 1993 referentes à dis-posição de Israel em negociar novas fron-teiras. O último – e oitavo evento – é a de-cisão de Ariel Sharon evacuar a Faixa de Gaza, em 2005.

Algumas das opiniões dos autores po-dem provocar polêmicas como aque-la segundo a qual Menachem Begin sa-bia e apoiou o plano de Sharon invadir o sul do Líbano, em 1982, para forçar os palestinos lá residentes a trocar aquele país pela Jordânia, e dessa maneira for-çar a criação de um Estado palestino em território do reino hachemita.

Outra história, que remete ao terreno da teoria da conspiração, revela que às vésperas da Guerra do Iom Kipur os diri-gentes israelenses imaginaram explorar o ataque árabe para se perpetuar nos ter-ritórios conquistados na guerra de 1967. O livro também conta que o primeiro-ministro Itzhak Rabin tinha poucas in-formações a respeito dos termos dos acordos de Oslo, embora tenha concor-dado em assiná-lo.

O livro é didático, cada capítulo trata de uma decisão e o mapa corresponden-te facilita a compreensão das mudanças das fronteiras desde os tempos do Pla-no de Partilha da Palestina do Mandato Britânico. É lamentável que a maior par-

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te do material usado no livro tenha origem em fontes públicas, pois o tema é sensível e os autores são especialistas em infor-mação militar e, por esta razão, poderiam ter acesso às fontes primárias para esclarecer alguns aspectos da histórica visita do presidente egípcio Anuar Sadat a Jerusalém.

Por conta própriaOs autores descrevem como algumas decisões militares e políti-cas que moldariam as fronteiras de Israel foram tomadas pelos primeiros-ministros e seu círculo íntimo de colaboradores. Ou absolutamente solitárias, como Rabin, que aceitou sem maiores debates o mapa dos Acordos de Oslo que os assessores de Shi-mon Peres criaram, ou Ariel Sharon, no caso da evacuação da Faixa de Gaza.

O livro cita declaração de Ben-Gurion para excluir da Decla-ração de Independência de Israel qualquer menção às frontei-ras. Eles dizem que “desde os tempos antigos, as fronteiras da autonomia do povo judeu recuam e avançam de acordo com as mudanças da história”. De fato, quando a Guerra da Indepen-dência que se seguiu imediatamente após a criação do Estado de Israel terminou as fronteiras eram diferentes daquelas do Plano de Partilha. E continuam mudando.

Para os estudiosos e intelectuais árabes, as palavras de Ben-Gurion somadas às decisões israelenses a respeito de terras e limites revelam que a intenção de Israel foi sempre se expan-dir. Os historiadores sionistas modernos discordam: Israel sim-plesmente tira vantagem das oportunidades que os processos históricos criam para reformular as fronteiras do país. Neste

caso, os autores deveriam se deter mais um pouco e opinar se Israel sempre teve uma estratégia subjacente de expansão, ou o alargamento das suas fronteiras é mera consequência natural do intermi-nável confl ito árabe-israelense. De todo modo, eles acham que Israel deve re-nunciar ao controle da Cisjordânia.

A realidade sugere que a Terra de Is-rael seja dividida entre dois países so-beranos tomando como limites o Medi-terrâneo e o rio Jordão. É um princípio aceitável por Israel e a Autoridade Pa-lestina bem como pela maioria das na-ções árabes e da comunidade interna-cional. Resta saber se as lideranças de Israel e da Autoridade Palestina terão a estatura de estadistas e a coragem polí-tica necessárias para um acordo defi ni-tivo de fronteiras.

A alternativa é um confl ito sangren-to, cujo desfecho, qualquer que seja, vai devolver os dois lados à linha de parti-da, isto é, a divisão da Terra de Israel em dois estados nações.

* Yosi Melman é jornalista do HaaretzTradução de Yosi Turel

ESTES MAPAS ILUMINAM A EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS DE ISRAEL EM SESSENTA ANOS, DE 1948 ATÉ 2008

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magazine > futebol | por Ariel Finguerman

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O bom técnico da Colômbia é judeu

CONSIDERADO O MELHOR TÉCNICO DE FUTEBOL JUDEU DO MUNDO, JOSÉ PEKERMAN QUER FAZER HISTÓRIA NA COPA DE 2014.

APESAR DAS MUITAS VITÓRIAS, A SELEÇÃO COLOMBIANA AINDA NÃO GARANTIU VAGA NO MUNDIAL

E m novembro, o Brasil empatou em 1 a 1 com a se-leção da Colômbia, em amistoso disputado nos Estados Unidos. O resultado não foi bom para o Brasil. Mas quem conhece o futebol sul-america-

no, especialmente a trajetória vitoriosa do técnico José Peker-man, não se espantou com o resultado. Judeu argentino e co-mandante do selecionado colombiano, ele está pronto para brilhar na Copa do Mundo de 2014.

Para os torcedores colombianos, um dos mais fanáticos e exigentes do mundo, Pekerman já é considerado um herói. Basta lembrar o assassinato do jogador Andrés Escobar, ao re-tornar a Medellín depois de fazer um gol contra na Copa de 1994. A Colômbia produziu vários craques na história, como Carlos Valderrama, René Higuita e Rincón.

Na década de 2000 o futebol colombiano entrou em queda livre, a ponto de não ter participado das três últimos campeo-natos mundiais. Mas tudo mudou nos últimos seis meses. Sob o comando de Pekerman, a Colômbia derrotou o Paraguai (2 a 0), destroçou os uruguaios campeões do continente por 4 a 0, e o Chile (3 a 1). Hoje a Colômbia está em terceiro na disputa das quatro vagas sul-americanas para a Copa do Mundo.

Os colombianos estão eufóricos, e além dos gols dos craques Falcão García e James Rodríguez, atribuem boa parte deste su-cesso ao técnico José Pekerman. Em recente partida no Está-dio Metropolitano, na cidade colombiana de Barranquilla, lo-cal das partidas ofi ciais da seleção, torcedores agradecidos es-tenderam a faixa “Pekerman para Presidente”.

A ironia é que o próprio Pekerman vem controlando o esta-do de felicidade da Colômbia. “Estamos muito contentes com as recentes vitórias e com a nossa posição na tabela, mas te-mos ainda muito trabalho pela frente, ainda não conseguimos os bilhetes para o Mundial”, disse em entrevista recente.

Se conseguir levar a seleção colombia-na para o Brasil em 2014, já estará garan-tido como herói nacional e terá também lugar no panteão dos esportistas judeus latino-americanos, aliás, muito pequeno.

Motorista de táxiA cautela de Pekerman se explica por sua própria trajetória de vida, de altos e baixos. Nasceu há 63 anos em Villa Do-minguez, na província argentina de En-tre Ríos, um vilarejo que estacionou nos menos de três mil habitantes. Os avós, judeus ucranianos vítimas de pogroms, chegaram no fi nal do século 19 e foram assentados naquela área rural com fi -nanciamento do barão Hirsch.

Na juventude, Pekerman quis ser joga-dor de futebol. Tentou a sorte no Argenti-nos Juniors, de Buenos Aires. Em 1974, transferiu-se para o futebol colombiano, e jogou três anos no Independiente, de Medellín. Aos 28 anos sofreu uma contu-são e abandonou o futebol.

Voltou para Buenos Aires com mulher e as duas fi lhas, e durante um bom tem-po sustentou a família como motorista de táxi. No tempo livre dirigia equipes jovens de futebol até ser surpreendido por uma proposta para treinar a equipe júnior do Colo-Colo, em Santiago. Lar-gou o trânsito da capital argentina e tra-balhou dois anos no Chile.

A sorte dele mudaria defi nitivamen-te numa manhã de 1994 ao ler um anún-cio de jornal no qual a Associação de Fu-tebol Argentina (AFA) procurava um téc-

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nico para a seleção júnior. Mesmo du-vidando que seria escolhido, enviou o currículo. Foi convidado para uma en-trevista com o presidente da AFA, Julio Grondona, e depois contratado. Anos mais tarde, Grondona explicaria que fi -cara impressionado com a tranquilida-de e humildade de Pekerman.

Técnico de MessiA seleção argentina de juniores foi campeã no Qatar, em 1995, na Malásia, em 1997, e na Argentina, em 2011. A partir daí Pekerman começou a ser co-tado para comandar a seleção principal do seu país. Em 1998, recusou o convi-te, alegando não estar preparado. Mas seis anos mais tarde, aceitou o cargo.

A seleção de Pekerman jogava bonito e com efi ciência, no estilo argentino clássi-co. Foi a época de ouro de Juan Riquelme e também as primeiras apresentações de Lionel Messi, então com 18 anos. En-tre os feitos da seleção de Pekelman está uma derrota do Brasil, campeão do mun-do na época, por 3 a 1 em Buenos Aires.

Na Copa de 2006, Pekerman impres-sionou ao comandar uma vitória de 6 a 0 contra a seleção da Sérvia. Mas per-deu por pênaltis para os alemães nas quartas-de-fi nal. Pekerman decidiu se demitir apesar dos apelos dos cartolas argentinos para que fi casse no cargo.

Nos anos seguintes, trabalhou no fu-tebol mexicano, mas choviam convites como os do Japão, Austrália e de Israel. Já conhecido como “o melhor técnico de futebol judeu do mundo”, recebeu proposta do Beitar Jerusalém, o Corin-thians de Israel, e recusou. O seu nome também foi sondado para assumir a se-leção sabra, mas nada se concretizou.

Há um ano assumiu o comando da se-leção colombiana, depois que o técni-co anterior foi demitido por “inaceitá-vel” empate com a Venezuela e derro-ta em casa para a Argentina. Já no pri-meiro jogo, venceu o México por 2 a 0. Desde então, Pekerman colecionou vi-tórias. A ponto de colocar a Colômbia como a oitava melhor seleção do mundo no ranking da FIFA, cinco posições aci-ma do Brasil.

PAUSA NO TREINO DA SELEÇÃO DA COLÔMBIA PARA PEKERMAN

PASSAR INSTRUÇÕES AO ATACANTE SANCHEZ

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livro de memórias. O aspecto lúdico do seu pensamento origi-nal é sublinhado no Fractalista, no qual Mandelbrot oferece uma versão abreviada da sua vida científi ca: “Quando procuro, eu olho, olho, olho, e brinco com imagens”. Por que ele decidiu brincar com os contornos da linha do litoral? Educado em casa, ele observou que o pai “era louco por mapas, e dele aprendi a ler mapas antes de aprender a escrever”.

Separado da família em tempos de guerra na França, o ado-lescente Mandelbrot foi novamente deixado por conta da pró-pria capacidade intelectual devorando “vários livros desatua-lizados de matemática”, com imagens cativantes, a partir das quais fi cou “intimamente familiarizado com um grande zoo-lógico de formas muito especializadas e de todos os tipos co-lecionados ao longo de séculos”. Apesar de tais apelos da fau-na intelectual, Mandelbrot concluiu que “a guerra, com os seus medos e privações, deixou em mim uma marca indelével que nunca mais sairá”.

A vida dos fractaisNa Paris de pós-guerra, Mandelbrot continuou a estudar os chamados “monstros” de aparência peculiar que pareciam ser únicos e isolados, da mesma forma que a família foi isolada durante a guerra na condição de judeus poloneses refugiados – os pais fugiram de Varsóvia em 1930 e foram os únicos do cír-culo de amigos a sobreviver. Esses eventos passaram a ser al-guns dos fenômenos que podem ser medidos, compreendidos e interrelacionados usando fractais.

Subvalorizados, e mesmo ridicularizados por equações ou pessoas, os fractais se tornaram um marco da vida intelectu-al de Mandelbrot. Seu orientador na Escola Politécnica de Paris era Gaston Julia que usava uma máscara de couro porque par-te do rosto fora mutilada em combate na Primeira Guerra e ele, assim como outros soldados nas mesmas condições, era cha-mado por alguns estudantes franceses de gueules cassées, isto é, “caras quebradas”. Mandelbrot usou algumas das descober-tas do seu professor, os “conjuntos de Julia”, para desenvolver as próprias descobertas.

Outro instrutor de Mandelbrot foi o matemático fran-cês judeu Paul Lévy (1886 - 1971), que, como o alu-no, passou os anos da ocupação escondido. As descober-tas fundamentais de Lévy também foram mais valoriza-das e destacadas pelas conquistas seguintes de Mandelbrot.que, honrando os professores e o caráter judaico da família, sempre os homenageava e, por isso, na década de 1960, inspi-rado no Antigo Testamento, ele deu os nomes “Efeito de Noé” e “Efeito José” para ajudar a compreender fenômenos como as inundações do rio Nilo e as altas e baixas do mercado de ações, por exemplo. O “Efeito José” era uma referência às persisten-tes alterações nos níveis do Nilo, como os “sete anos de grande abundância”, seguidos por “sete anos de fome” do Gênesis. Lê-se em O Fractalista: “Que alegria citar a Bíblia como uma (pura) re-ferência científi ca”, que repetiu com o “Efeito de Noé”, para des-crever cataclismos desde o dilúvio bíblico à quebra da bolsa, su-

gerindo que essas inundações eram mais comuns e infl uentes do que admitiam os analistas de ações, que as consideravam meras exceções ou interrupções.

As novas ideias de Mandelbrot foram amplamente ironizadas, mas houve pou-cas e criteriosas exceções, como os co-mentários dos teóricos John von Neu-mann e Robert J. Oppenheimer. Ape-sar desses protetores infl uentes, quando Mandelbrot lecionou no Instituto de Es-tudos Avançados, em Princeton, Nova Jersey, o mesmo onde pesquisou Eins-tein, no início de 1950, um historiador de matemáticos declarou: “Tenho de pro-testar! Esta é a pior palestra que eu já ouvi... O que ouvimos não faz sentido, absolutamente nada de nada”.

Também para a França Mandelbrot “fazia pouco sentido”. Durante décadas a matemática francesa foi dirigida pelo grupo Bourbaki, liderado por André Weil – irmão da fi lósofa Simone Weil – e outros formadores de opinião, e para es-ses intelectuais Mandelbrot era um fenô-meno “risivelmente bizarro”.

Na página de dedicatórias de O Frac-talista, Mandelbrot afi rma: “Minha lon-ga e sinuosa viagem ao longo da vida tem sido solitária e muitas vezes muito dura... Meu pai e minha mãe me ensinaram a arte da sobrevivência”. Desses encontros profi ssionais com “pessoas extraordina-riamente diversifi cadas e fortes”, Man-delbrot acrescenta que “muitos foram ca-lorosos e acolhedores, muitos, indiferen-tes, hostis, desprezíveis e bestiais”. Mes-mo depois que as suas descobertas foram universalmente reconhecidas, o públi-co ainda debochava de Mandelbrot. Um exemplo: em 1990, ao atender uma liga-ção para o seu hotel, o Le Ritz Paris, para falar com o professor Mandelbrot, a tele-fonista começou a rir, e para saber o que havia de tão divertido a telefonista res-pondeu “que nome engraçado”. Apesar das interrupções ásperas, trágicas e cô-micas de uma vida, Mandelbrot provou ser um inovador excepcionalmente sé-rio, um Kepler do século passado.

* Benjamin Ivry escreve no ForwardTradução de Yosi Turel

Durante décadas a

matemática francesa

foi dirigida pelo grupo Bourbaki, liderado

por André Weil – irmão da fi lósofa

Simone Weil – e outros

formadores de opinião, e para esses intelectuais Mandelbrot

era um fenômeno

“risivelmente bizarro”

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magazine > ciência | por Benjamin Ivry *

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N ascido em Varsóvia em 1924 em uma família ju-dia da Lituânia, Benoit Mandelbrot sobreviveu na França ocupada pelos nazistas para se tornar um dos pensadores mais criativos do século 20.

Mandelbrot morreu de câncer no pâncreas em um hospital de Cambridge, Massachusetts, em 2010, e deixou O Fracta-lista: Memórias de um Dissidente Científi co (The Fractalist: Me-moir of a Scientifi c Maverick).

Ele criou o termo “fractal”, em 1975, a partir da palavra la-tina fractus, que signifi ca “quebrado” ou “fragmentado”, para melhor medir formas e superfícies irregulares, a partir dos

Mandelbrot, a arte e as matemáticas

OS FRACTAIS SE TORNARAM UM SÍMBOLO DO ENFOQUE DE BENOIT MANDELBROT PARA A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA. ELES PASSARAM A TER

APLICAÇÕES PRÁTICAS TAMBÉM NA ECONOMIA E NAS ARTES

gráfi cos do mercado de ações ou mesmo dos litorais.

“Eu queria transmitir a ideia de uma pedra quebrada, algo irregular e frag-mentado”, escreveu Mandelbrot, e seus conjuntos fractais acabaram por ter um número fantástico de aplicações em muitos outros campos, incluindo ma-temática, economia, ciências e artes. O compositor modernista húngaro judeu György Ligeti, e o artista conceitual ar-gentino Carlos Ginzburg foram inspira-dos pelas descobertas de Mandelbrot.

A mãe de Mandelbrot era dentista. “An-tes da anestesia generalizada, a reputação de um dentista dependia muito da veloci-dade em extrair dentes, e recordo a forte mão direita e os poderosos bíceps da mi-nha mãe”, escreveu Mandelbrot que tam-bém se tornaria um homem de aparência robusta. A força física que ele irradiava combinava com fi nesse intelectual.

Entrevistei Mandelbrot em 1990 na sede da IBM, em Paris, para quem tra-balhou durante décadas como pesquisa-dor – “eu preferia um laboratório indus-trial porque a academia me achava ina-dequado”, explicou Mandelbrot na épo-ca. Sempre visualmente inspirado e se considerando um artista e um pensador, Mandelbrot, insistiu em apresentar algu-mas das suas descobertas.

As imagens fractais que a computa-ção gráfi ca possibilita combinam al-guns dos delírios exuberantes da arte psicodélica de 1960, com formas as-sustadoras que lembram a natureza e o corpo humano. Mal havia começado o show visual e uma das imagens fi cou presa no projetor de slides. Os dedos de Mandelbrot, da espessura de uma salsi-cha, não foram capazes de extrair o sli-de que começou a fumegar e ele soltou uma coleção de palavrões de frustração e impaciência.

Esta cena de fúria cômica terminou bem, apesar do slide destruído, mas aponta para uma tendência característi-ca de Mandelbrot segundo a qual a alta seriedade científi ca pode descambar ra-pidamente em comédia de pastelão.

Ele aceitava tais solavancos de percur-so com graça e inteligência, raras no seu

AINDA FALTA MUITO A ESTUDAR DO LEGADO DE BENOIT MANDELBROT, UM DOS MAIORES MATEMÁTICOS

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marcou a volta de Sean Connery para o papel-título. Kersh-ner foi o único cineasta a dirigir tanto um fi lme da série Star Wars, e um fi lme de James Bond, duas das franquias de maior sucesso de Hollywood. Atualmente, os fi lmes de James Bond só perdem para os fi lmes de Harry Potter na receita total.

O produtor dos fi lmes era Harry Saltz-man, que nasceu Herschel Saltzman, em Quebec, rebelde que aos 15 anos fugiu de casa e se juntou ao circo. Durante a Segunda Guerra Mun-

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dial serviu com o exército canadense na França, onde conheceu a futura mulher, Jacqui, imigrante romena, e começou uma carreira de caçador de talentos. Pri-meiro trabalhou como diretor de teatro e, depois de cinema, na Inglaterra, em meados dos anos 1950. Em 1961 leu os originais de Goldfi nger, de Ian Fleming,

Bond é a criação do escritor Ian

Fleming, que como muitos ingleses da

sua geração usava o

antissemitismo como

referência. Os livros de Fleming, ao

contrário dos fi lmes mais populares

que geraram, ocasional-

mente tratam de estereótipos

judaicos vulgares e

odiosos

DEPOIS DE MUITOS JAMES BOND, NINGUÉM SUPEROU SEAN CONNERY, AQUI EM O SATÂNICO DR. NO, DE 1962

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magazine > cinema | por Seth Rogovoy *

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É difícil imaginar alguém menos judeu – ou mais goy – do que James Bond. Aquele dos martinis não agitados mas sacudidos, que seduzia loiras em sé-rie, as Bond Girls de grandes seios, que dirige o

mais moderno e o mais rápido carro esporte, equipado com dispositivos dissuasivos. Ele pode ser o herói, mas ele não é mentsch. Há algum tempo, o jornal Daily Mirror, chamou o fi ctício agente secreto (e é bom lembrar que Bond é um perso-nagem inventado, não uma pessoa real) “um símbolo britâni-co tão duradouro como a família real e os Rolling Stones”.

Bond é a criação literária do escritor Ian Fleming, notório di-reitista, que como muitos ingleses da sua geração usava o an-tissemitismo como referência. Os livros de Fleming, ao contrá-rio dos fi lmes mais populares que geraram, ocasionalmente tratam de estereótipos judaicos vulgares e odiosos, e quando um personagem parece judeu, é sempre um vilão.

No entanto, desde o seu início, há meio século, a partir do fi lme de 1962, Dr. No, até o mais recente da série, Skyfall – o 23º fi lme de Bond, em cartaz até há pouco – o papel dos ju-deus nos fi lmes de James Bond foi essencialmente criativo. O diretor de Skyfall é o judeu Sam Mendes e o ator Daniel Craig, que não é judeu mas é conhecido por interpretar judeus heroi-cos em Defi ance e Munich, e é casado com a atriz britânica ju-dia Rachel Weisz.

Entre os fi lmes, há Goldfi nger e Diamonds Are Forever. Fle-ming baseou o personagem título Goldfi nger, o inimigo de Bond difícil de vencer, em Ernö Goldfi nger, arquiteto húnga-ro modernista e de esquerda na vida real, vizinho de Fleming, em Hampstead, Londres. Fleming caracterizou seu Goldfi nger,

Os judeus nos filmes de Bond

IAN FLEMING, O CRIADOR DE JAMES BOND, ERA UM NOTÓRIO ANTISSEMITA. MAS NOS ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS MUITOS JUDEUS

NA INDÚSTRIA DO CINEMA AJUDARAM A REFINAR A IMAGEM DO ESPIÃO A SERVIÇO DA SUA MAJESTADE

rebatizado Auric (derivado do latim au-rum ou “ouro”), com uma obsessão pelo poder. O fi lme Goldfi nger suprime as origens judaicas dos personagens, que constam do original de Fleming. De todo modo, o ator alemão Gert Fröbe, que in-terpretou o personagem no fi lme Gol-dfi nger, tinha sido membro do partido nazista durante a Segunda Guerra Mun-dial.

Em Hollywood, Ken Adam, conheci-do como Sir Kenneth Adam, foi o geren-te de produção de todos os fi lmes clássi-cos de James Bond, dos anos 1960 e 70, desde Dr. No em 1962 até Moonraker, em 1979. Adam nasceu em Berlim, em 1921, onde o pai e o tio eram impor-tantes negociantes de tecidos fi nos e da moda desde o fi nal do século 19. Adam e família partiram para a Inglaterra em 1934, com a pressão nazista. Adam foi um dos dois únicos cidadãos alemães a pilotar aviões para a Royal Air Force du-rante a guerra e se tivesse sido captura-do não seria um prisioneiro de guerra mas executado como traidor.

Irvin Kershner foi diretor de O Impé-rio Contra-Ataca (The Empire Strikes Back) e o fi lme para a televisão Raid on Entebbe (Resgate em Entebe, pelo qual recebeu uma indicação ao Emmy), e in-terpretou Zebedee, o pai dos apóstolos Tiago e João, em A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, e dirigiu Ne-ver Say Never Again, de 1983, fi lme que

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DANIEL CRAIG, ATOR DE CASINO ROYALE, SE DÁ BEM EM FILMES DE ESPIONAGEM E ATUOU EM MUNIQUE, DE STEVEN SPIELBERG

Em 2006, quando Casino Royale, o 21º da franquia 007 foi lançado, grande parte da publicidade girava em tor-no do novo intérprete loiro de James Bond, Daniel Craig. O ator é conheci-do no mundo da espionagem, pois foi um agente do Mossad, em Munich, de Steven Spielberg. No entanto, a noção de um judeu com licença para ma-tar, muito provavelmente não teria entusiasmado Bond ou o criador Ian Fleming que, na maioria dos treze li-vros originais de Bond, fez questão de apresentar os judeus de maneira de-preciativa. Mas isso foi eliminado das versões cinematográficas.

É Casino Royale, publicado em 1953,

Os vilões judeus de Bond

que dá início à série Bond, e logo apresenta a marca registrada de Fle-ming: um criminoso grotesco contra 007. Neste livro-filme o monstro é Le Chiffre, um importante agente so-viético. Como todos os vilões de Fle-ming, ele é um híbrido racial, “mis-tura de estirpes mediterrânea com prussiana ou polonesa”, e que tem “grandes orelhas, indicando algum sangue judeu”. Goldfinger, possivel-mente o vilão mais famoso de Fle-ming, pode parecer suspeito de ter ascendência judaica, mas como tem obsessão por ouro, apaga qualquer dúvida. O vilão Ernst Stavro Blofeld, de On Her Majesty’s Secret Service, foi

supostamente batizado, mas o nome soa semita assim como outros indi-cadores como “lóbulos ampliados”.

Mesmo quando os judeus de Fle-ming não são sinistros ou demoní-acos, estão limitados a apenas al-gumas profissões orientadas para a avareza, como banqueiros ou negó-cios com diamantes. Com exceção de um refugiado judeu alemão, o gentil Dr. Stengel do filme Thunderball, eles não podem ser médicos, cientistas, jornalistas, advogados e professores, além, é claro, de pertencer à frater-nidade dos corajosos de que fazem parte dedicados servidores públicos como Bond.

No entanto, e ironicamente, Sidney Reilly, também conhecido como Salo-mon Rosenblum, o “ás dos espiões”, foi um modelo em que James Bond se inspirou. Fisicamente, os judeus de Fleming são sempre criaturas gor-das repelentes com “corpos de pelos negros”. E não há judias.

Dr. No é um personagem que dá voz a Fleming e resume os 450 anos da comunidade portuguesa judaica da Jamaica, como um enclave de ri-cos, frívolos e esnobes que “gastam muito da fortuna em belas casas” e “preenchem a coluna social do Gle-

aner”, o principal jornal da Jamaica. Surpreendentemente, todavia, os in-sultos de Fleming aos judeus da ilha não causaram nenhuma reação e se conseguiu escrever com autoridade a respeito dos judeus jamaicanos, foi porque tinha boas relações com eles.

O colunista do Gleaner, Morris Car-gill, era um dos amigos mais próxi-mos, e Blanche Blackwell, decana da sociedade jamaicana, fora sua aman-te durante muito tempo. Belo, gracio-so e espirituoso, Fleming era, segun-do Cargill, “uma companhia encanta-dora”. (Robert F. Moss)Tradução de Yosi Turel

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magazine > cinema

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e comprou os direitos de fi lmar as histórias de Bond.O roteirista Wolf Mankowitz, amigo de Saltzman, apresen-

tou-o ao americano Albert R. Broccoli, que também queria pro-duzir fi lmes de James Bond. Juntos, Saltzman e Broccoli for-maram a Eon Productions, empresa que até hoje – ainda de propriedade dos herdeiros de Broccoli, que adquiriu a parte de Saltzman, em 1975 – produz os fi lmes de James Bond.

Mankowitz nasceu no East End de Londres, coração da comu-nidade judaica na época. Era um escritor prolífi co e bem-suce-dido cuja produção incluía teatro musical, novelas e roteiros, um dos quais é Dr. No, o primeiro rascunho do primeiro fi lme de Bond para a Eon. Mankowitz teria pedido para tirar o nome dos créditos temeroso de que o fi lme fosse um fracasso e lhe prejudi-casse a reputação. No entanto, a abertura dos arquivos de segu-rança ingleses, em 2010, revelou as suspeitas do MI5, o serviço secreto britânico, de que Mankowitz fosse espião soviético.

A versão cinematográfi ca de Casino Royale, de 1967, que tem por base a primeira novela de Fleming com James Bond, é um dos únicos não produzidos pela Eon, embora Mankowitz tivesse ajudado no texto do roteiro, assim como outros escri-tores judeus, a saber: Ben Hecht, Joseph Heller e Billy Wilder (junto com Terry Southern, John Huston e Val Guest). Na paró-dia atuam Woody Allen e Peter Sellers.

O roteirista nova-iorquino Richard Maibaum, que já traba-lhara para Broccoli antes que este começasse produzir a série

Bond, escreveu a maioria dos roteiros dos fi lmes clássicos de Bond. Maibaum era dramaturgo em Nova York e escre-veu a peça teatral antilinchamento The Tree (“A Árvore”) e o drama antinazista Birthright (“Direito de Nascença”). Mai-baum colaborou com todos, menos três fi lmes de James Bond, desde Dr. No até License to Kill (Licença para Matar), em 1989. Mais do que ninguém, talvez até mesmo do que Fleming, Maibaum pode ser ter criado e sustentado o misticismo em torno de Bond.

Mentsch ou não, Bond tem provado ser uma fi gura duradoura ao longo dos últimos cinquenta anos, um persona-gem cuja imagem foi moldada, estimu-lada e refi nada de maneira signifi cativa por judeus muito além de qualquer coi-sa que Fleming pudesse imaginar, ou de fato, desejar.

* Seth Rogovoy, é um crítico cultural e autor de Bob Dylan: Prophet, Mystic, Poet, editorial Scribner, 2009

IAN FLEMING, DE QUEM SE DIZIA SER ANTISSEMITA, COM HARRY SALTZMAN, SEU PRODUTOR, E JUDEU

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Fleming baseou o

personagem título

Goldfi nger em Ernö

Goldfi nger, arquiteto húngaro

modernista e de esquerda na vida real, vizinho de Fleming,

em Londres. Fleming

caracterizou seu Goldfi nger

com uma obsessão pelo

poder

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magazine > personalidade | por Julia M. Klein*

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N ão foi por acaso que, aos 22 anos, em 1964, Barbra Streisand parecia encarnar tão perfeitamente a co-mediante Fanny Brice no musical da Broadway, Funny Girl. Segundo o biógrafo de celebridades

William J. Mann (Hello, Gorgeous: Becoming Barbra Streisand – “Olá, Beleza: Tornando-se Barbra Streisand”, Houghton Mi-

As duas faces de Barbra Streisand

UMA NOVA BIOGRAFIA DE BARBRA STREISAND DETALHA AMBIÇÕES E NEUROSES DA ESTRELA E REVELA COMO TODAS AS PESSOAS QUE

CONTRIBUÍRAM PARA O SUCESSO DELA FORAM “RETOCADAS”

ffl in Harcourt, 567 páginas, US$ 30,00), o papel foi composto sob medida para ela, depois de ter ajustado sua própria imagem de modo a ganhar o papel do produtor Ray Stark, que era casado com a fi lha de Brice.

No caso de Funny Girl, a vida e a arte se imitaram mutuamente de modo es-petacular. O espetáculo e o fi lme subse-quente fi zeram de Streisand um ícone cultural.

Mann, autor das bem recebidas bio-grafi as de Katharine Hepburn e Elizabe-th Taylor, conta que o êxito de Streisand não foi à custa de décadas de anonima-to e de luta. Por qualquer padrão razoá-vel, foi meteórica a ascensão de atriz as-pirante a cantora de boate até a premia-ção pelo trabalho como estrela no palco, cinema, televisão e no disco.

Mas a celebridade de Streisand não foi tão repentina como parece, e a combina-ção de sorte e talento sozinhos não po-deriam garantir essa posição de desta-que. Na biografi a, Mann retrata não ape-nas ambição e inseguranças ferozes – o que não supreende – mas também as pessoas e as estratégias que permitiram a ascensão da atriz.

Tendo muitos desses aduladores e as-sessores como fontes de informação, o autor escreve um relato íntimo, fofoquei-ro e simpático da jovem Streisand. Ele teve o mérito de parar antes de trans-formar a biografi a em uma hagiografi a (“vida de santo”).

O autor dedicou poucas páginas à in-fância infeliz e à longa carreira após Funny Girl para se concentrar nos cinco anos após a saída de Streisand do mo-desto apartamento no Brooklyn que cheirava tanto a tensões não resolvidas entre mãe e fi lha quanto à couve que a mãe usava para fazer canja de galinha.

A mãe de Barbra, Diana Rosen Strei-sand Kind, fora cantora aspirante e em um determinado momento membro do coro do Metropolitan Opera. Mas o pai, cantor ortodoxo de sinagoga, “opunha-se ao horário tardio que Diana chega-va em casa, o que determinou o fi m da experiência”, relata Mann. Diane divor-ciou-se e casou-se com Emanuel Strei-ESTA É UMA FACE DE BARBRA STREISAND, MAS OS LIVROS FALAM DE DUAS

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sand, professor metido a intelectual que morreu de insufi ci-ência respiratória após uma injeção de morfi na para a epilep-sia, deixando o fi lho Sheldon, e uma fi lha de quinze meses, Barbara Joan.

A mãe de Barbra Streisand casou-se de novo, desta vez com Louis Kind, descrito como um mulherengo grossei-ro que batia na mulher e dizia à enteada que era feia. Diana divorciou-se outra vez, mas o estrago já estava feito. Por al-gum motivo, ela sempre foi dura com a fi lha, revelando or-gulho por ela apenas para os amigos. Como Mann descreve de modo pungente, as duas pareciam nunca estar emocional-mente em sincronia.

Sem nenhuma verdadeira fi gura paterna e uma mãe um tan-to fria, Barbra foi levada por uma imperiosa necessidade de aprovação que atormenta, e também inspira, muitos artistas. Aos 16 anos, foi morar em Manhattan, tomando aulas de teatro e cultivando amizades com os gays que iriam ajudá-la a mol-dar o estilo pessoal e o repertório musical – entre eles, Terry Leong, que a levou a fazer compras em brechós, e Bob Schu-lenberg, que fazia a sua maquiagem.

Mann aproxima-se muito da jovem Barbra graças a fontes como Schulenberg e Barry Dennen, provavelmente o seu pri-meiro amante. Ele conta ter apresentado Barbra a várias in-fl uências musicais e sugeriu que participasse de concursos de talentos em um clube gay, o Lion, que ela venceu repetida-mente e serviu para lançar a carreira de cantora. Dennen era um aspirante a ator e ajudou-a a selecionar, organizar e a or-questrar as canções.

Dennen diz que seu relacionamento girava em torno de Streisand. Quando ele se apresentava em uma peça de teatro no Central Park, Streisand parecia nunca arranjar tempo para vê-lo – negligência que, aparentemente, ainda o irrita. Mann diz que isso se deve ao “costumeiro egoísmo” da estrela.

Independentemene de quais fossem as desculpas, Dennen partiu o coração de Streisand, conta Mann. Um dia ela entrou no apartamento que dividiam e encontrou-o nos braços de um homem. O relacionamento nunca mais se recuperou.

Associação fi ctíciaFelizmente, Streisand conseguiu encontrar mentores como o professor de teatro Allan Miller e a simpática Phyllis Diller, que, apesar da imagem desmazelada, era uma especialista em moda que ensinou a protegida a comprar roupas. À medida que Streisand passou a cantar em casas noturnas de destaque, atraiu celebridades como Orson Bean, que ajudou a apresen-tá-la ao público de televisão. Durante as audições ela impres-sionava o sufi ciente para assumir o papel da secretária explo-rada e solteirona Miss Marmelstein, na produção da Broadway de 1962 I Can Get It for You Wholesale, embora o papel tivesse sido escrito para alguém de meia idade.

A produção marcou um momento de virada na vida e na car-reira. A peça tinha Elliott Gould como protagonista, que a per-seguia, a adorava e acabou por se casar com Streisand enquan-

to lutava para subir na carreira. Gould e Streisand se divorciaram em 1971.

Streisand fez campanha para ganhar o papel de Fanny Brice em Funny Girl, e seu empresário na época era o famoso Marty Erlichman que a apoiou e trouxe uma equipe de publicitários do Softness Group. Lee Solters, o sucessor de Marty, tinha ainda melhores contatos e junto com os publicitários a convenceram a se apresentar como “Barbra the Kook (Bar-bra, a Excêntrica)”, uma imagem reforça-da pelas roupas de brechó e as respostas evasivas e em tom de piada.

Uma tática de publicidade brilhante foi convencer “uma organização em grande parte fi ctícia” chamada National Associa-tion of Gag Writers (Associação Nacional de Escritores de Piadas) criada pelo es-critor de comédias George Q. Lewis para fi ns promocionais, a inventar e conceder o Prêmio Fanny Brice a Streisand.

Segundo Mann, os próprios aconteci-mentos em torno do espetáculo Funny Girl, que tinha uma espécie de rodízio de diretores – Jerome Robbins/ Garson Ka-nin/Jeromme Robbins – daria um grande musical dos bastidores. Em outra mistu-ra de arte e vida, Streisand teve um caso com o afável co-protagonista Sydney Chaplin (fi lho de Charlie Chaplin), que representava o marido jogador de Brice, Nick Arnstein. Quando Streisand rom-peu com ele a química do casal no palco passou de quente para gélida.

A história associada ao estrelato de Streisand, escreveu Mann, é que ela era “daqueles talentos que só aparecem um a cada geração, descoberto como uma pérola brilhante nos bancos de ostras na água salobra do Brooklyn”. Com o tempo, todas as pessoas que contribuí-ram para o sucesso dela, desde o dire-tor de Wholesale, Arthur Laurents, e os que vieram depois “foram retirados da biografi a”, diz Mann. O livro Hello, Gor-geous é, portanto, a vingança mais afe-tuosa deles.

* Julia M. Klein é repórter e crítica cul-tural na Filadélfi a e contribui como editora para a Columbia Journalism Review

O autor dedicou poucas

páginas à infância

infeliz e à longa carreira

após Funny Girl para se concentrar

nos cinco anos após a saída de Streisand do modesto

apartamento no Brooklyn

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Coleção mostra Hollywood antinazistaUMA RECÉM-LANÇADA COLEÇÃO TRAZ SEIS FILMES PRODUZIDOS ENTRE 1939 E 1944 QUE MOSTRAM COMO HOLLYWOOD ADERIU AO ESFORÇO DE GUERRA CONTRA AS FORÇAS DO EIXO COM OS RESULTADOS MAIS VARIADOS

O século 20 viu a propaganda alcançar proporções gigantescas e insidiosas. Todas as artes foram co-locadas a serviço dela e nem mesmo a poesia, com seu caráter sublime, escapou às suas garras.

O cinema, claro, foi amplamente utilizado pela publicidade que viu nesse meio as infi nitas possibilidades de comunica-ção de massa. Regimes totalitários como o nazista e o stali-nista logo se apropriaram do cinema para colocá-lo a serviço das respectivas ideologias.

Com certo atraso Hollywood começou a denunciar a natureza tenebrosa do regime hitlerista, e em 1939 produziu Confi ssões de um Espião Nazista, o seu primeiro fi lme abertamente antinazis-ta. O leitor atento certamente vai se lembrar de Complô Contra a América, a fantasia criada por Philip Roth a respeito do processo de nazifi cação que tomaria conta dos EUA depois que o aviador Charles Lindbergh, notório antissemita e simpatizante de Hitler, chegasse à Casa Branca.

Já em Uma Aventura em Paris, de 1942, percebemos que Hollywood entrou de cabeça no esforço de guerra e convo-cou John Wayne e Joan Crawford, dois dos mais populares ato-res na época, para protagonizar uma história que se passa na França ocupada. Ao retratar ofi ciais alemães como tipos fan-farrões acompanhadas por mulheres tolas, o fi lme dirigido por Jules Dassin se aproxima da paródia criada por Quentin Taran-tino no impagável Bastardos Inglórios.

James Stewart é o chamariz de Tempestades d’Alma (1940), história que se passa em 1933 e mostra a dissolução de um grupo de amigos com a ascensão de Hitler. Este fi lme, aliás, é revelador da postura ambígua de Hollywood em relação aos judeus. O professor universitário Viktor Roth cai em desgraça sob a “nova ordem” e o fi lme menciona como causa as origens “não arianas” do professor enquanto salta aos olhos de qual-quer bom observador a origem judaica do nome “Roth”.

Um dos pontos altos da coleção é Horas de Tormenta (1943), cujo roteiro é assinado por Dashiel Hammet. Os diálogos, ágeis e bem-humorados, têm a marca de Lillian Helman – na época na-morada de Hammet – e a interpretação luminosa de Bette Da-vis, uma das atrizes mais carismáticas da sua geração. O tema, desta vez, é a resistência antinazista no interior da Alemanha em tons grandiloquentes e escancaradamente propagandísticos.

Em A Sétima Cruz (1944) fi ca evidente mais, uma vez, a difi -

culdade de Hollywood em ver o que re-almente se passava na Europa. Spen-cer Tracy interpreta o fugitivo de cam-po de concentração que vaga pelas ruas de Mainz à procura de velhos amigos, documentos e dinheiro para sair da Ale-manha. A impressão é a de que ele está numa típica cidade americana, repleta de pessoas com bons sentimentos e atitudes altruístas e não em um Estado policial.

Fecha a coleção Os Filhos de Hitler, a respeito da juventude nazista – melodra-ma repleto dos clichês e convenções dos fi lmes da época em que, necessariamen-te, tem de haver algum tipo de envolvi-mento romântico entre o casal de prota-gonistas e muitos trinados de violinos, ingrediente que arrastavam – e ainda ar-rastam – multidões aos cinemas.

É interessante notar a contribuição dos atores e diretores judeus nos fi lmes da coleção “Hollywood contra Hitler”. O ucraniano Anatole Litvak assina a dire-ção de Confi ssões de um Espião Nazis-ta, no qual Edward G. Robinson (nasci-do Emanuel Goldenberg, em 1893) inter-preta um implacável caçador de nazis-tas. Jules Dassin, que iniciou a carreira como ator no teatro ídiche de Nova York e se tornaria internacionalmente reco-nhecido por Nunca aos Domingos (1960) – com Melina Mercouri, – dirige Uma Aventura em Paris. O idealista Kurt Mül-ler de Horas de Tormentas rendeu ao húngaro Paul Lukas o Oscar de melhor ator e o vienense Fred Zinnemann assi-na a direção de A Sétima Cruz.

Coleção “Hollywood contra Hitler”, dra-ma/guerra 1939/1944, EUA, 614 min. preto & branco, lançamento da Versatil

Um dos pontos altos da coleção é Horas de Tormenta

(1943), cujo roteiro é assinado

por Dashiel Hammet. Os

diálogos, ágeis e bem-humorados, têm a marca

de Lillian Helman – na época

namorada de Hammet – e a interpretação luminosa de Bette Davis

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magazine > lançamento | por Julio Nobre

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BETTE DAVIS E PAUL LUKAS EM HORAS DE TORMENTA, FILME QUE RENDEU-LHE O OSCAR E O GLOBO DE OURO DE MELHOR ATOR

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magazine > a palavra | por Philologos

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Q ual, afi nal, a origem da palavra dibuk de que tanto se fala?No folclore judaico dibuk é

um fantasma ou espírito de uma pes-soa morta que entra no corpo de alguém vivo e se apossa dele, fazendo-o falar e agir de maneira irracional e irreconhecí-vel. Em hipótese alguma esta ideia é ex-clusivamente judaica. Várias culturas e religiões acreditam na possessão de-moníaca como forma de explicar coisas como esquizofrenia e transtorno de per-sonalidade múltipla, entre elas o cris-tianismo, que provavelmente tomou esta crença emprestada ao judaísmo. No Novo Testamento, há várias histó-rias a respeito de Jesus curando os men-talmente perturbados ao expulsar os de-mônios, e isso encontra paralelos na lite-ratura talmúdica.

Dibuk vem do substantivo hebraico di-buk (com ênfase na segunda sílaba), lite-ralmente, algo que adere, gruda, do verbo davak, “aderir”, “grudar” ou “se apegar”. Este verbo surge no segundo capítulo do livro do Gênesis, e pode ter antecipado seu uso posterior, pois lá se lê, no relato bíblico da criação de Eva: “Portanto, o ho-mem deixará seu pai e sua mãe e se unirá [davak] à sua mulher, e serão ambos uma só carne”. O dibuk e sua vítima tornam-se, por assim dizer, uma confusão mental e emocional.

No entanto, em seu signifi cado de es-pírito obsessivo, a palavra dibuk é relati-vamente nova no hebraico. Na literatura rabínica clássica, um dibuk é conhecido

Simpatia pelo dibukDIBUK VEM DO SUBSTANTIVO HEBRAICO DIBUK (COM ÊNFASE NA SEGUNDA

SÍLABA), LITERALMENTE, ALGO QUE ADERE, GRUDA, DO VERBO DAVAK, “ADERIR”, “GRUDAR” OU “SE APEGAR” E SURGE NO SEGUNDO CAPÍTULO DO GÊNESIS

sassinato do profeta Zacarias, e a família do homem possuído procurou, primeiro, o rabino hassídico mestre Yisra’el de Ko-znitz pedindo para exorcizá-lo. No entan-to, embora o rabino Yisra’el ameaçasse lançar o dibuk “nas profundezas” se não partisse de vez, o dibuk simplesmente ria dele e tanto o aterrorizou mostrando seu rosto que o rabino quase desmaiou. Inca-paz de ajudar, sugeriu que a família pro-curasse o Santo Tzadik de Lublin.

O Tzadik de Lublin usou um método diferente. Em vez de ameaçar o dibuk com castigos terríveis, ouviu paciente-mente a sua história e, então, disse a to-dos os presentes que, no fi nal das con-tas, o obsessor não era um tão grande pe-cador, porque participara do assassina-to de Zacarias com o melhor dos motivos e intenções, isto é, a esperança de salvar o Templo das previsões de desgraça do profeta. Enquanto o Tzadik falava, o di-buk anunciou que deixaria o corpo do ho-mem possuído espontaneamente, dizen-do: “Finalmente posso desfrutar do des-canso eterno, pois até agora nem uma única pessoa havia me defendido, e, em-bora a verdade fosse conhecida no céu, nada poderia ser feito para libertar-me até que também fosse declarada na terra”.

Em resumo, os dibuks também pre-cisam ser compreendidos – e uma coi-sa que precisamos entender sobre eles é porque se soletra de modo tão peculiar, com um “y” polonês no lugar do “i” in-glês [mas neste texto está com o “i” por-tuguês mesmo], o que seria de se espe-rar. Isto ocorre porque a palavra “dyb-buk” apareceu em inglês como resulta-do de uma produção da renomada peça em ídiche de S. An-sky, O Dybbuk, en-cenada em Nova York, em 1925-26. Em-bora o próprio An-sky fosse judeu russo, e não polonês, a estreia mundial ídiche da peça, realizada pelo grupo de teatro judaico de Vilna, ocorreu em 1920, em Varsóvia, onde foi anunciada com a orto-grafi a polonesa. Então, esta grafi a conti-nuou a ser usada em todas as outras pro-duções da peça, incluindo uma adapta-ção para o cinema, em 1937, em Varsó-via. Por isso, a existência de um “y” em todos os dybbuks.

simplesmente como um ru’ach, um “es-pírito”. Foi chamado a primeira vez de di-buk em ídiche, no século 17, que encur-tou a expressão cabalística dibuk mi’ru’ac ra’á, “a adesão de um espírito maligno”. A Cabalá medieval introduziu a crença no judaísmo de que as almas pecadoras po-deriam ser punidas após a morte ao se-rem obrigadas a vagar pelo mundo em forma desencarnada, e era comum pen-sar que um dibuk era uma alma em busca de refúgio em um corpo vivo.

Como no cristianismo, a forma co-mum no judaísmo de lidar com um di-buk era por meio do exorcismo, em que um rabino com sufi ciente autoridade es-piritual tirava o espírito de obsessão da pessoa possuída. A lenda judaica tem muitas histórias de exorcismos bem su-cedidos. No entanto, o que muitas vezes as distingue de histórias cristãs seme-lhantes é o fato que durante o exorcis-mo, os sacerdotes tendem a lidar com o espírito obsessor como se fosse uma for-ça puramente diabólica, enquanto os ra-binos exorcistas muitas vezes exibem simpatia por ele e sua situação. Foi pre-cisamente a sua capacidade de se iden-tifi car com o dibuk que, por vezes, lhes permitiu convencê-lo a deixar o corpo que estava atormentando.

Desta forma, por exemplo, os judeus poloneses do século 19 contam a história de um dibuk que era o espírito de um alto ofi cial do exército israelita no período do Primeiro Templo de Jerusalém. O pecado deste dibuk foi ter ajudado a incitar ao as-

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6

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Viva a cultura Foi dada a largada para a construção da maior exposição per-

manente de arqueologia de Israel. A sede será projetada pelo

arquiteto Moshé Safdié, o mesmo do aeroporto Ben-Gurion e do

Museu Yad Vashem, e imitará um acampamento arqueológico.

Ali serão exibidos dois milhões de objetos da coleção da Israel

Antiquity Authority (IAA), a Autoridade de Antiguidades de

Israel, incluindo os Manuscritos do Mar Morto. Será em frente à

Knesset, custará noventa milhões de dólares e terá paredes de

vidro de onde o visitante acompanhará o trabalho de preserva-

ção nos laboratórios de arqueologia.

Reconstruindo Jerusalém Depois da reinauguração da sinagoga Hurba, no bairro judeu da Cida-

de Velha, agora será a vez de a sinagoga Tiferet Israel ter sua antiga

glória restabelecida. O templo foi destruído durante as batalhas com

os jordanianos na Guerra da Independência em 1948 e era considera-

do uma das mais belas construções de Jerusalém. Hoje está em ruínas,

com somente duas paredes em pé e um buraco que aparentemente

servia de poço. Reconstruído, terá 23 metros de altura

Novidades aquáticasUma ótima notícia: este ano Israel irá bom-

bear apenas metade da quantidade de água

que normalmente retira do lago Kineret

(Tiberíades). É que nos últimos anos, além

de ter recebido boa quantidade de chuvas,

o país aumentou a utilização de esgoto

tratado para a agricultura, especialmente no

Negev. Assim, o Kineret poderá aumentar

o nível em mais sessenta centímetros até o

fi m deste inverno e a salinidade deverá cair

6%. Ao mesmo tempo, foram construídas

duas novas usinas de dessalinização na

costa, em Ashdod e Rishon Le-Tzion, que

somadas às demais, fornecem metade da

água utilizada pelos israelenses.

Eleições em Israel Quem disse que precisa ser israelense ou

estar no Estado de Israel para infl uenciar

as eleições locais? Segundo pesquisa ofi cial

feita pelo governo, o candidato Biniamin

Netaniahu levantou 97% dos recursos para a

campanha com doadores estrangeiros. Além

dele, o ex-chefe do Estado-Maior e candidato

pelo Likud, Moshé Yaalon, recebeu 100% de

fundos estrangeiros e o ex-diretor do Shin Bet

Avi Dichter, candidato pelo rival Kadima, 88%.

Mais da metade do dinheiro das campanhas

eleitorais de todos os candidatos vem de fora,

de pessoas que não são cidadãos israelenses e,

portanto, nem podem votar dia 22.

Leia mais sobre as eleições israelenses à pg. 76

Da Fifa, com amorNo confl ito com o Hamás em

novembro, o estádio de futebol

de Gaza, chamado Palestina, foi

destruído pelo jatos de Israel,

sob a justifi cativa de ser usado

como base de armazenamento

e lançamento de foguetes pelo

Hamás. Mas tudo fi cará bem

porque a Fifa vai pagar a recons-

trução do estádio. Detalhe: no

passado, o líder do Hamás em

Gaza, Ismail Hanyeh, foi jogador

de futebol.

∂ 10

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10 notícias de Israel

10104

por Ariel Finguerman | ariel_fi [email protected]

1

4

5

32Hello, guys Pesquisa

do governo

americano mostra

que Israel é o

país que, em toda

a história, mais

enviou líderes

em visitas ofi ciais

aos EUA, desde

1874, isto é, 74

anos antes da

independência de

Israel. Presidentes

e primeiros-

ministros do

Estado judeu

visitaram os

EUA 106 vezes,

mais até que os

ingleses (103)

e os vizinhos

canadenses (91).

O maior viajante

é Biniamin

Netaniahu:

dezesseis vezes.

Outra de mulheres Além do Brasil, também Israel debate se quem está no poder é “presidente” ou “presidenta”.

Um comunicado da Academia para a Língua Hebraica, que ofi cializa novos termos, informa

que caso uma mulher vença as eleições deste mês, deve ser chamada de roshat hamemshalá

(primeira-ministra). De maneira similar, se alguma prefeitura for dirigida pelo sexo feminino

(roshat hayr). Se assumir o comando no exército, será tat-alufa (generala). A Academia justifi cou

as novas palavras lembrando que há milênios a cultura judaica tem nomes específi cos para

mulheres líderes, como malka (“rainha”), neviá (“profetisa”) e rabanit (“rabina”).

HEBRAICA | JAN | 2013

Jogão em Israel Para chutar o baixo astral, o ideal é uma boa partida de futebol. Este ano, em junho, Israel será

sede da Copa Sub-21 da Uefa, recebendo as seleções da Holanda, Inglaterra, Itália, Alemanha,

Rússia, Noruega e Espanha. Em razão do confl ito com o Hamás em novembro, a associação

de futebol europeia chegou até a pensar em mudar o país-sede, mas aí entrou a mão amiga do

presidente da Uefa, o ex-craque francês Michel Platini (foto acima), que garantiu as promessas de

segurança do Estado judeu.

Toque feminino Desde que as

mulheres exigiram

na Suprema Corte

que a Força Aérea

de Israel aceitasse

recrutas femininas,

subiu para 10%

o número de

soldados que

são mulheres,

incluindo

religiosas, no curso

de elite do Tzahal.

Atualmente há três

pilotos de caça e

sete de helicóptero.

O percurso

não é fácil: o

compromisso é

servir por nove

anos e convém

adiar projetos

como casamento

e fi lhos. Mesmo

assim, todos os

anos duas mil

mulheres se

interessam pelo

curso.

Livre pensar Se aos poucos a Irmandade Muçulmana tenta escrever, no Egito, uma Constituição baseada nas

leis religiosas islâmicas, a que chamam de sharia, os nossos haredim (ortodoxos de kipá preta),

se pudessem, fariam o mesmo em Israel, com a Halachá. É justamente nisto que atualmen-

te está a grande diferença entre judeus observantes e judeus laicos, dentro e fora de Israel.

Todos nascemos livres e diariamente temos de tomar pequenas e grandes decisões na vida.Os

ortodoxos abrem mão da liberdade individual e baseiam todas as suas decisões na lei religiosa,

a Halachá, que aprendem nas ieshivot e em casa. Como tudo está ali previsto, do nascimento

à morte, dispensam-se as angústias que envolvem a tomada de decisões. O judeu laico, no

entanto, não tem um caminho muito claro e decide misturando o exemplo dos pais e a ética

ocidental. O futuro a quem pertence: ao religioso ou ao laico? Quem irá ganhar esta batalha de

proporções épicas pelo espírito do povo judeu? Só o tempo dirá.

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EM ENTREVISTA À REVISTA FRANCESA LES INROCKS, PHILIP ROTH AFIRMOU, ACERCA DA ANUNCIADA APOSENTADORIA: “NÃO SEI MAIS NADA ACERCA DA AMÉRICA HOJE. VEJO NA TEVÊ, MAS NÃO VIVENCIO MAIS ISSO”

N unca se sabe por que razão outro ser humano realmen-te faz o que faz. E na con-dição de leitores, não pode-

mos realmente saber por que um autor assume as decisões que toma em rela-ção ao que escreve. A intenção autoral é sagrada e tudo o que podemos fazer, en-quanto leitores, é especular a respeito do trabalho como produto fi nal, na pá-gina do livro

Mas ao especular a respeito do anún-cio da aposentadoria de Philip Roth pre-ciso perguntar: será mesmo verdade? Ou Roth, cujos últimos quatro livros foram publicados entre 2007 e 2010, no que parecia ser uma tarefa febril, estaria ago-ra sofrendo um bloqueio como escritor?

A frase de Roth – “estou acabado”– é convincente. Roth, que ainda beira os 80 anos, estaria realmente muito velho para escrever? Afi nal, não é uma bailari-na ou um jogador de beisebol, e escrito-res fi cam mais afi ados com a idade, não é? Eles não se tornam, de fato, melho-res à medida que envelhecem, ou talvez, mais sábios com o tempo?

Em qualquer país, a sociedade e a in-dústria editorial sempre celebram o pri-meiro romance de um autor, principal-mente se escrito por alguém muito jo-vem. E principalmente se esse alguém também é muito bonito. Mas nos torna-mos melhores como escritores com a idade, na medida em que as experiên-cias se ampliam e que a habilidade téc-nica aumenta? Ou vamos perder o con-tato com o mundo? Não nos tornamos amargurados em relação à vida e no que ela se transformou, e isso não nos faz in-trospectivos e cruéis? Então, podemos ver tudo isso refl etido numa página?

Roth publicou Adeus Columbus, em

1959, quando tinha 26 anos. É o livro de um jovem que assu-me o mundo e sua comunidade, e a juventude o desafi a. Mui-tas pessoas – isto é, muitos judeus – o odiaram e o denuncia-ram por isso. Eles continuaram odiando-o uma década depois pela obra O Complexo de Portnoy, também um golpe no que signifi cava crescer como um menino judeu na América. Por um longo tempo Roth disse “dane-se”. Você leu ou releu recen-temente O Teatro de Sabbath em que o nosso herói se mas-turba no túmulo de uma mulher? Leu A Humilhação, de 2009? Um dos acontecimentos principais é um vibrador verde. E Ho-mem Comum? Um idoso faz muito sexo – de muitas maneiras, em uma variedade de posições – com uma dinamarquesa de 24 anos.

Pergunta, se cabe alguma: será que Roth não tem mais o que escrever, ou ele não tem mais como chocar o público? Porque a parte mais bonita e essencial do trabalho de Roth, o que faz dele o escritor que é, para mim, leitora leal e fi el, e que sofrerá pela falta de novos livros de Roth, muito mais importante do que os trechos chocantes são os fabricantes de luvas em Pastoral Ame-ricana. Havia as luvas. Havia a relação complicada e maravilho-samente recíproca com o pai em Os Fatos, peça de não-fi cção. O soldado que sofre por usar uma prótese na perna em Comp-lô Contra a América. Há o custo terrível do segredo em A Marca Humana. O amor e o medo de um mentor em Fantasma Sai de Cena, no qual Roth começa a história do seu alter ego, Nathan Zuckerman. E há, ancorando a primeira coletânea, uma linda joia, Adeus Columbus, em que um jovem de Newark vacila a res-peito das consequências de se apaixonar por uma rica garota do subúrbio. Em entrevista à revista francesa Les Inrocks, Roth afi r-mou: “Não sei mais nada acerca da América hoje. Vejo na tevê, mas não vivencio mais isso”.

Posso dizer que ninguém escreve de forma tão completa e ho-nesta, até mesmo corajosa, a respeito da experiência america-na. Ele colocou Newark, Nova Jersey, no mapa literário. E, tal-vez, como disse David Remnick no perfi l defi nitivo de Roth, em 2000, e no seu blog da New Yorker, escrever pode ser o “hábito fanático” de Roth. Talvez tenha se tornado um hábito insustenta-velmente exaustivo. Há alguns anos um psicanalista disse que Roth, que escrevia solitário e isolado e parecia fazer pouco mais que isso, estava com depressão. “O cara está deprimido”, disse.

Roth disse a Remnick naquela entrevista à New Yorker: “Fui ao Met (Metropolitan) e vi uma grande exposição. Foi maravi-lhoso. Pinturas surpreendentes. Voltei no dia seguinte. Ótimo. Vi novamente. Mas o que devia fazer em seguida? Ir uma ter-ceira vez? Então comecei a escrever de novo”.

Para Roth, escrever parece apagar todo o resto. Talvez ao pa-rar de escrever – se este é de fato o que a aposentadoria signifi -ca para um homem como ele – Philip Roth vá se permitir viver, nem que seja a custa da alegria dos seus leitores.

* Jennifer Gilmore é autora dos romances Golden Country (“País Dourado”), Something Red (“Algo Vermelho”) e o próximo lançamento The Mothers (“As Mães”)

Posso dizer que ninguém

escreve de forma tão completa e honesta, até mesmo corajosa, a respeito da experiência americana. Ele colocou

Newark, Nova Jersey, no

mapa literário. Talvez, como disse David Remnick,

escrever pode ser o “hábito fanático” de

Roth

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magazine > literatura | por Jennifer Gilmore

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A aposentadoria e o legado de Roth

O ESCRITOR À PORTA DE CASA, HÁ OITO ANOS, QUANDO AINDA NÃO PENSAVA EM SE APOSENTAR

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Garranchos – Textos Inéditos de Graciliano RamosOrg. Thiago Mio Salla | Editora Record | 377 pp. | R$ 49,90

O autor é um dos mais importantes pesquisadores da obra de Graciliano e durante mais de sete anos garim-pou acervos de todo o país e conseguiu descobrir 81 textos escritos entre meados de 1910 até o início dos anos 1950, na forma de epigramas, crônicas, artigos de crítica literária, discursos políticos, cartas na impren-sa, o primeiro ato de uma peça de teatro e um conto juvenil “O Ladrão”, de julho de 1915. E nós que pensáva-mos já saber tudo de Graciliano.

Sua Santidade – As Cartas Secretas de Bento XVIGianluigi Nuzzi | LeYa | 320 pp. | R$ 39,90

Este jornalista italiano especializou-se nos grandes escândalos do Vaticano e o livro segue a mesma trilha ao pesquisar a correspondência que revela as personagens e assuntos que dividem a Igreja e estabelecem as po-derosas ligações entre ela e os centros do poder político. Há casos de lavanderias de dinheiro, o banco do Va-ticano e sua infl uência na política italiana, as intrigas na Santa Sé, o dinheiro ganho com pornografi a, etc.

O que o Dinheiro não CompraMichael J. Sandel | Civilização Brasileira | 239 pp. | R$ 24,90

O autor é um dos mais importantes fi lósofos da atualidade, professor em Harvard onde criou o curso Justice, de-pois transformado em série de doze capítulos na TV e internet. O livro mostra, com exemplos, que atualmente tudo está suscetível à lógica de compra e venda sem que se faça qualquer questionamento moral. E nesse mo-mento de crise ele pergunta se queremos ter uma economia de mercado ou ser uma sociedade de mercado.

A Máquina de Madeira Miguel Sanches Neto | Companhia das Letras | 245 pp. | R$ 36,00

Nesse romance histórico, o autor conta a história do padre Francisco José de Azevedo, que apresentou o pro-tótipo de uma máquina de escrever, construída em madeira, durante a Exposição Nacional no Rio de Janeiro, inaugurada por D. Pedro II. A máquina e o padre-inventor são quase desconhecidos no país e a partir desse invento o autor tenta narrar a formação da identidade do Brasil, de exploradores e explorados, articulações políticas e das intrigas palacianas do imperador que passam pelos bordéis cariocas.

À Luz de Paris – Um Guia Turístico e LiterárioJoão Correia Filho | LeYa | 442 pp. | R$ 49,90

Viver Paris é andar a esmo, sem destino e, de preferência, conhecer os locais se valendo de uma grande pes-quisa literária do autor que revela a cidade a partir da visão dos seus grandes escritores e faz valer a frase de Marcel Proust: “A verdadeira viagem de descobrimento não é procurar novas paisagens, e sim ter novos olhos”. Ricamente ilustrado, contém mapas, horários de funcionamento dos locais, itinerários e transporte.

O Século do Conforto Joan DeJean | Civilização Brasileira | 413 pp. | R$ 62,90

Muitas das ideias fundamentais do lar e da vida doméstica surgiram no que se convencionou chamar de sécu-lo do conforto, entre as duas últimas décadas do século 17 e a primeira metade do 18, que transformaria Paris e teria impacto no estilo de vida até hoje. É o caso de se imaginar uma casa sem sofás, poltronas, mesinhas de canto e de cabeceira, cômodas, janelas sem vista e pelas quais não entram luz, banheiros e quartos sem pri-vacidade, etc.

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leituras magazineL

por Bernardo Lerer

Uma Criança de SorteThomas Bürgenthal | Editora Nova Fronteira |

195 pp. | R$ 34,90

Thomas tinha 6 anos quando foi com a famí-lia para o gueto de Kielce, na Polônia. Tinha 10 anos, em 1944, quando entrou em Auschwitz com os pais. Tinha pouco mais de 11 anos quando se viu sozinho no mundo. Tinha 17 quando chegou aos Estados Unidos, foi estudar e iniciou a carreira de advogado especializado em direitos humanos, direito internacional e juiz internacional. É essa história autêntica e to-cante do compromisso do autor com os direitos humanos que surgiu das cinzas de Auschwitz.

As Duas Guerras de Vlado HerzogAudálio Dantas | Civilização Brasileira | 403 pp. | R$ 39,90

Audálio era o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo quando Vlado foi torturado até a morte no Doi-Codi, no mesmo dia em que se apresentou, 25 de outubro de 1975. As duas guerras a que se refere o título dizem respeito à perseguição movida contra os judeus na Iugoslávia, onde nasceu, e, depois, no Brasil, perse-guido pela ditadura, acusado de montar uma célula comunista na TV Cultura, onde era diretor de jornalismo. Um livro brilhante.

Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o MundoMário Magalhães | Companhia das Letras | 732 pp. | R$ 56,50

Durante dez anos, o autor se dividiu entre a sucursal da Folha de São Paulo, no Rio, e a pesquisa para produ-zir a mais completa biografi a de Carlos Marighella, de que foi importante fi gura a mulher dele a judia Clara Charf. Ele morreu com 57 anos, assassinado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, na alameda Casa Branca, em novembro de 1969. Militou e foi dirigente comunista durante trinta anos e era monitorado tanto pela KGB soviética como pela CIA. Uma obra-prima.

Uma Garrafa no Mar de GazaValérie Zenatti | Seguinte | 122 pp. | R$ 24,90

Impressionada com um atentado perto de casa, em Jerusalém, a jovem Tal passa a escrever compulsivamen-te a respeito do horror e do ódio. Um dos textos é uma carta que pede ao irmão, um soldado de serviço próxi-mo da Faixa de Gaza, que coloque numa garrafa e a atire ao mar, para que uma jovem a apanhe. Mas ela cai nas mãos de um Gaza man e ambos começam a trocar mensagens, numa remota esperança de paz.

Líderes e Discursos que Revolucionaram o MundoUniverso dos Livros | 328 pp. | R$ 39,90

É uma coletânea de cinquenta discursos organizados em ordem cronológica, desde o “Sermão da Montanha” segundo o Evangelho de Matheus até o discurso de Obama ao ser eleito em 2008, passando por Hitler intimi-dando os sudetos em 1938, de Stalin no Politburo, do presidente de Israel Chaim Herzog condenando o antis-semitismo, de Sadat na Knesset, em novembro de 1977 oferecendo a paz a Israel, de Elie Wiesel revisando as calamidades do século 20, e muitos outros.

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“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”

The StingMCA | R$ 49,90

Foi lançada em cd a trilha sonora do fi lme The Sting (Golpe de Mestre, com Robert Redford e Paul Newman) em que a obra maravilhosa de Scott Joplin foi musicada, composta e adaptada por Marvin Hamlisch, judeu de Nova York que morreu em agosto aos 68 anos, depois de ganhar todos os prêmios possíveis. Algumas mú-sicas se repetem em novas versões porque várias delas viram tema do fi lme.

Haydn Naxos | R$ 27,90

Irmão de Michael, compositor, de Johann Evangelist, tenor, melhor amigo de Mozart, professor de Beetho-ven, Franz Joseph Haydn (1732-1809) só podia mesmo ser chamado de o “pai da sinfonia” e “pai do quarteto de cordas”. Escreveu centenas de peças, entre elas esta Missa Brevis, revista e ampliada em 1805. Ele acres-centou à formação original fl autas, clarinetas, fagotes, trumpetes e tímpanos.

Stabat Matter e SymphoniesLuigi Boccherini | Harmonia Mundi | R$ 69,90

Negligenciado até algumas décadas atrás, a música desse importante e prolífero compositor italiano nascido em 1745, em Luca, e morto em 1805, em Madrid, vem experimentando uma espécie de redescoberta, prin-cipalmente algumas sinfonias, quintetos de cordas e peças para violoncelo de que era um virtuoso, e este Re-quiem, gênero a que, parece, todos os compositores se viam obrigados a escrever.

Viva DuetsTony Bennett | Sony Music | R$ 34,90

Há pouco mais de trinta anos, fui conhecer o Radio City, o Rockfeller Center, na avenida das Américas, em Nova York. Havia centenas de pessoas na esquina em frente e a polícia desviou o trânsito. Estavam todos de olho na marquise do edifício de onde, de repente, surgiu Tony Bennet. Foi quase uma hora de espetáculo, como é um espetáculo este cd (e DVD) dos duetos dele com cantores de vários países.

Expresso 2222Universal | R$ 19,90

É uma edição tão comemorativa desta música de Gilberto Gil que até o projeto gráfi co da capa do antigo ele-pê foi adaptado ao cd e o disco mesmo foi remasterizado no estúdio Abbey Road, de Londres. São apenas nove faixas, mas elas representam um marco na história da música popular brasileira que nem mesmo a di-tadura militar conseguiu apagar ou diminuir ao sugerir o exílio voluntário de Gil.

Rumo aos AntigosRumo | R$ 24,90

O Rumo surgiu em 1974 na Escola de Comunicações e Artes da USP e foi dissolvido em 1991. O fundador é Luiz Tatit e dele faziam parte, entre outros, Hélio Ziskind, Gal Oppido, Ná Ozetti, Zécarlos Ribeiro, Akira Ueno. Neste cd, velhos sucessos como Quantos Beijos e Que Bom, Felicidade que Vai Ser, de Noel Rosa; Eu Também, de Lamartine Babo; Não Quero Saber Mais Dela e Canjiquinha Quente, de Sinhô, e outros.

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músicas magazine

por Bernardo Lerer

Ravel Bolero BMG | R$ 49,90

São dez faixas e dez maneiras diferentes de interpretar esta obra de Maurice Ravel (1875-1937), a mais conhecida do compo-sitor e não a mais importante, mas que, de todo modo, a que mais rende em royalties para o patrimônio que deixou e administra-do pela família. Em algumas faixas as dife-renças de execução são bem claras porque adaptaram a obra a diversos estilos, ou des-tacando alguns instrumentos mais do que outros, como naquela pela Canadian Brass, na qual só há instrumentos de metal.

Karel AncerlSupraphon | R$ 79,90

O selo deste cd é a Supraphon, da República Tcheca, que existe desde 1932 para dar nome à então maravilha tecnológica que eram os reprodutores de sons e divulgar a produção erudita de muitos dos compositores da-quele país, como Bedrich Smetana, Leos Janaceck, Bohuslav Martinu, Jan Dismas Zelenka e, claro, Antonin Dvorak. A Orquestra Filarmônica Tcheca é regida por Karel Ancerl.

The Art of Vienna HornNaxos | R$ 29,90

Wolfgang Tomboeck é um dos mais importantes trompistas da Filarmônica de Viena, tendo trabalhado com os maestros que dirigiram aquela orquestra desde os anos 1980, como Karajan, Bernstein, Zubin Mehta, Lo-rin Maazel, e outros. Este cd contém obras importantes para trompa de Beethoven, Schumann, Brahms e Schubert. O cd é de uma série do selo Naxos que destaca os instrumentistas daquela orquestra.

The Flute King – Música da Corte de Frederico, o GrandeEMI Classics | R$ 94,90

O cd merece o subtítulo por que aquele rei da Prússia (1712-1786) na adolescência e juventude, dedicou-se à música e às artes em geral antes de se tornar um senhor da guerra e brilhante estrategista. Na época em que foi rei, viveram Johann Sebastian Bach, o fi lho Carl Phillip, Johann Joachin Quantz, cujas obras estão nos cd’s e também composições do próprio Frederico e da mulher, Anna Amalia.

Mozart – The Late SymphoniesDeustche Grammophon | R$ 54,90

E por falar na Filarmônica de Viena, ei-la aqui, em três cd’s, com Leonard Bernstein regendo aquelas que pas-saram ser chamadas de as “sinfonias tardias” do mestre de Salzburg e as mais importantes – embora todas se-jam: a Sinfonia 38, Praga; a 35, Haffner e a 41, possivelmente a mais conhecida delas com o nome de Júpiter. A conceituada Gramophone usou todos os adjetivos para elogiar essas gravações.

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O prato é o gran bollito misto, ma-ravilha servida num carrinho pratea-do, cuja tampa se abria por um sistema de dobradiça e descortinava um cozi-do como tantos outros que a tecnologia medieval permitiu criar nas penínsu-las Ibérica e Itálica, na França, Alema-nha e em qualquer outro lugar capaz de acolher um caldeirão com verduras e carnes cozinhando sobre o fogo à le-nha, e a água servindo de veículo cons-tante e uniforme do calor necessário para transformar, amolecer e comple-mentar sabores.

É um prato cheio de místicas próprias do século 15, este gran bollito, criado em Carù, cidade da ponta sudoeste do Piemonte, em razão de uma feira bovi-na que se fez anual a partir dos anos de 1440. As autoridades e a elite distribuí-am para o povo desnutrido parte da car-ne bovina, qualquer uma. Com isso, ima-ginavam conseguir aplacar a fúria de que não se cuidava do cidadão comum, acostumado a passar o ano inteiro de pa-pas e mingaus muito pouco proteicos, ao contrário dos ricos e poderosos que sempre podiam providenciar um naco de carne para colocar entre o pão, e tem-perá-lo com azeite, cebola, vinho e repo-lho. Tudo começava com o caldo da car-ne e para dele usufruir as pessoas ven-ciam longas distâncias.

O bovino macho ou fêmea, quase sem-pre já alquebrado para reprodução, tra-ção ou para dar leite, era desmembra-do, cozido com cebolas, espinafre, co-gumelos, batatas e outros frutos da terra, como todos os outros cozidos. Mas ha-via uma diferença fundamental que era o acompanhamento de vários molhos, um deles à base de tomate (sals ross), ou-tro de aliche em azeite batido com alho e miolo (sals ver); outro à base de mosto de vinho, mais um com grãos de mostar-da cozidos com frutas e mel (mostarda di Cremona) e, fi nalmente, o que nos inte-ressa, o de raiz forte. E sabem como se chamava este último? Cren!!!!

Fantasia e imprecisão histórica à parte, pois tanto os tomates quanto as batatas só entraram na mesa dos europeus muito depois das grandes navegações do século

16, o que me impressionou não foi o molho, que já conhecia e sabia prepará-lo, mas seu nome em toda a literatura, literalmen-te cren, o nome russo que emprestamos, sinônimo de horsera-dish (inglês), raifort (francês), raiz forte (português), rábano rusti-cano (espanhol), meerrettich (alemão), wasabi (japonês), etc.

Para ser mais exato, cren é o nome que damos ao molho, à mistura da raiz forte com a beterraba, que na Itália do gran bolli-to é substituída por creme, da mesma forma que na Alemanha e na Inglaterra, e no Japão, por espinafre. Nada estranho, quan-do sabemos que tantos ingredientes tiveram o mesmo destino, o de se confundir o nome com o preparo que se dá a ele, caso do couscous, que é a sêmola, o preparo magrebino, como o molho de za’atar que é a folha que lhe dá o nome e a tipicidade.

Em todos os casos, o segundo ingrediente entra na mistura para aplacar o aroma acre e a força arrasadora da raiz, compa-rável em poder à mostarda mais poderosa ou à pimenta forte-média. De fato, a raiz forte, cujo nome científi co é Armoracia Rusticana, contém potássio, cálcio, magnésio e fósforo, e óleos voláteis, como o de mostarda e suas propriedades antibióticas. Fresca, a planta possui 177,9 mg/100 g de vitamina C. A enzi-ma peroxidase, encontrada na planta, é muito usada em biolo-gia molecular para a detecção da ligação de um antígeno a um anticorpos, como no ensaio Elisa, por exemplo.

Mas levando em conta a Armoracia e suas qualidades, teria o nome algo a ver com os judeus italianos, que ao longo dos sé-culos anteriores travaram contatos com os judeus do Leste? Te-ria alguma relação com os invasores russos que descendo as estepes invadiram os Bálcãs e formaram um dos tantos povos vistos como bárbaros pela Roma decadente dos anos 800?

No restaurante Kakuk, na rua Bento Freitas, que também desapareceu, servia-se um peito bovino cozido com pimenta em grãos, cenoura, repolho e um molho a que chamavam de chrein. Era um restaurante alemão, sem qualquer infl uência ju-daica, é verdade, mas que não me causava qualquer estranhe-za. A Itália sempre me pareceu muito mais distante apesar de todo o sincretismo que o mundo vivia bem antes da Renascen-ça, com andarilhos trazendo e levando conhecimentos, mistu-ra que se intensifi cou com as navegações mediterrâneas do fi m do século 16, muito mais importantes e de consequências ime-diatas de impacto maior que as grandes navegações da mesma época, segundo Fernand Braudel, talvez o historiador mais in-fl uente do século 20.

Também não consegui associar os outros molhos aos italia-nos, ao menos no que diz respeito à comida peninsular da atu-alidade. O sals ross, por exemplo, lembra um relish indiano tra-zido pelos ingleses, por pouco um catchup. Quase o mesmo se pode dizer da picante e adocicada mostarda di Cremona...

Ou seja, o chrein pode não ser tão nosso quanto imagina-mos, mas e daí? O importante é levar esta conversa à mesa e saber que nem só de peixe vive nosso tempero mais típico, mas vai bem com tudo o que é proteína, com quaisquer ver-duras e faz uma ótima fi gura em muitas situações em que usa-mos pimenta e mostarda.

O chrein pode não ser tão

nosso quanto imaginamos, mas e daí? O importante é levar esta conversa à

mesa e saber que nem só

de peixe vive nosso tempero

mais típico, mas vai bem

com tudo o que é proteína

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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky

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O chreinTODO ASHKENAZI ENCHE A BOCA PARA DIZER

CHREIN, COMO SE FOSSE UMA PROPRIEDADE JUDAICA EXCLUSIVA, UMA IGUARIA QUE OS

OUTROS POVOS DEVERIAM PEDIR LICENÇA PARA CITAR, QUANTO MAIS USAR

L edo engano, descobri quando cheguei às raízes fortes necessárias à elaboração do grande prato italiano que pretendia preparar, no lugar do seu mais conhecido e reconhecido representante na cidade de São Paulo.

O restaurante, o Ca D’Oro, que se esvaiu na época em que me dispus a prepará-lo para uma troupe gastronômica antiga – Os Amigos de Babette – grupo gourmet que passou a se reunir a partir do momento em que o fi lme nórdico surgiu distribuindo emoções culinárias pelas telas dos cinemas mundo afora.

RECEITAS ESTIMULAM A SE FAZER CHREIN EM CASA, MAS OS DE NOSSAS MÃES E AVÓS ERAM MELHORES

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tidade judaica tanto em história como em religião. Isto a colo-ca no centro da disputa entre israelenses e palestinos na luta por dois Estados. Os cristãos também têm pretensões sobre a cidade onde Jesus viveu e ensinou, e por séculos a cidade foi capturada e recapturada por aqueles que querem reivindicá-la para uma das três religiões. O problema, no entanto, é a vida diária. “Atualmente Jerusalém vive em um estado esquizofrê-nico de ansiedade”, declara Montefi ore com muita proprieda-de. O texto é claro e envolvente, como quando descreve o his-tórico da reivindicação de Jerusalém por judeus, muçulmanos e cristãos.

Durante três mil anos Jerusalém foi conquistada e reconquis-tada por romanos, árabes, otomanos e Napoleão – e até alba-neses e russos entraram em ação – até o Mandato Britânico que levou à divisão fi nal da cidade com a parte oriental gover-nada pela Jordânia e a ocidental, depois de 1948, por Israel. O ano de 1967, que constitui a passagem fi nal do livro de Monte-fi ore, mudou tudo isso com captura de Jerusalém Oriental por Israel do que é conhecido como a “Bacia Santa”, o minúscu-lo pedaço de terra que inclui os vestígios dos dois templos ju-daicos conhecidos como o Muro das Lamentações, o Monte do Templo e a Mesquita de Al-Aqsa, juntamente com o resto da murada Cidade Velha. Esses imóveis sagrados são motivo de toda a luta e o resto da cidade é praticamente secundário. Ao longo de todos esses anos, e no meio de todo o derramamento de sangue, Jerusalém tornou-se metáfora de saudade e perfei-ção, tanto quanto de um lugar real.

O ex-padre católico Carroll narra em seu livro que a cidade tem um futuro brilhante em uma colina para todos, dos anti-gos peregrinos americanos a poetas britânicos. A documenta-ção de Jerusalém feita por Carroll em termos de imaginação li-terária e religiosa é o argumento mais interessante em seu li-vro, o que teria resultado em um ensaio independente fantásti-co ou em um livro menor.

O que seria um livro a respeito de Jerusalém na imaginação sem evocar poema de William Blake sobre Jerusalém? “And did those feet in ancient time / Walk upon England’s moun-tains green….” (“E aqueles pés no tempo antigo / Andaram so-bre as montanhas verdejantes da Inglaterra...”). Ironicamente, Blake colocou Jerusalém “entre os sombrios moinhos satâni-cos” da era industrial inglesa, em um poema transformado em hino da esquerda britânica, com Jerusalém como metáfora de uma sociedade justa: “I will not cease from Mental Fight, / Nor shall my Sword sleep in my hand: / Till we have built Jerusalem, / In England’s green & pleasant Land.” (“Não vou deixar a Luta Mental, / Nem minha espada repousará em minha mão:/ Até que construamos Jerusalém, / Em terra verde e agradável da Inglaterra”).

Carroll também documenta como os primeiros americanos levavam Jerusalém no coração para o Novo Mundo a partir dos países de origem. Da noção de Herman Melville, de os ame-ricanos como “o peculiar, o povo escolhido” para a messiâni-ca “brilhante cidade em uma colina”, de John Winthrop, Jeru-

salém foi o epicentro espiritual da nova América. No início dos idos de 1800, de acordo com Carroll, mais de duzentas ci-dades norte-americanas eram chamadas de “Jerusalém”.

Movimentos milenaristas da Idade Média e o pentecostalismo valorizavam Jerusalém. Atualmente, a direita evan-gélica cristã percorre o mesmo caminho dos milenaristas, que veem a conquis-ta judaica de Jerusalém como o prelú-dio da Segunda Vinda de Cristo. Jerusa-lém como um elixir é tão poderoso que até mesmo capturou o mito de Cristóvão Colombo, com a alegação de Delaney de que a busca de Colombo por joias e for-tuna para os seus governantes foi impul-sionada pelo desejo de fi nanciar uma cruzada renovada para recuperar a cida-de para os cristãos.

Mas seu lugar na mitologia mundial não trouxe paz e nem unidade a esta ci-dade conturbada. Os judeus ultrarreli-giosos, cuja crescente infl uência sobre os últimos vinte anos expulsou todos – com exceção dos últimos remanescen-tes de uma população judaica modera-da de Jerusalém –, exigem que todos na cidade sigam as suas normas. E 43 anos depois da “reunifi cação”, o fosso cultu-ral entre judeus e palestinos é enorme, com pontos de referência completamen-te diferentes para a vida diária quase nos dois lados da cidade, mesmo entre os grupos educados. Moradores de Jerusa-lém Oriental leem jornais diferentes, as-sistem a canais de televisão diferentes e enviam os fi lhos para escolas diferentes dos vizinhos ocidentais. Bairros palesti-nos continuam a ser mal servidos pelo município “unido”: coleta de lixo, pavi-mentação de ruas e placas de sinalização são pouco funcionais.

Até os fusos horários são diferentes, por vezes, entre os lados oriental e oci-dental. Assim como o rabinato ortodo-xo infl uenciou o governo de Israel a an-tecipar o horário de verão para acomo-dar o jejum do Iom Kipur dos judeus religiosos, os clérigos religiosos muçul-manos também convenceram a Autori-dade Palestina a fazê-lo para o Ramadã, que o ano passado foi em agosto. Desta

Da noção de Herman

Melville, de os americanos

como “o peculiar, o povo

escolhido” para a

messiânica “brilhante

cidade em uma colina”, de

John Winthrop, Jerusalém foi o epicentro

espiritual da nova América.

No início dos idos de 1800, mais de duzentas

cidades norte-americanas

eram chamadas de “Jerusalém”

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magazine > ensaio | por Jo-Ann Mort *

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J erusalém vive simultaneamente no passado e no pre-sente, o que faz do futuro dela algo tão frustrante e tão difícil. Simon Sebag Montefi ore declara isso no excelente livro Jerusalem: a Biography ( Jerusalém:

uma Biografi a): “Jerusalém é a casa do Deus único, a capital de dois povos, o templo de três religiões e é a única cidade a existir duas vezes – no céu e na terra”. Historiador britânico, Montefi ore é também sobrinho-bisneto de Sir Moses Monte-fi ore, que fundou o bairro Mishkenot Sha’ananim, em Jerusa-lém, em torno do moinho ainda existente onde os judeus ins-talaram a primeira colônia em 1860.

Os três livros recentes sobre Jerusalém são muito desiguais, pois enfocam a cidade do ponto de vista da religião, história, antropologia e literatura.

Três livros, três retratos de JerusalémSE O LEITOR DIGITAR “JERUSALÉM” NO GOOGLE, EM MENOS DE 0,17

SEGUNDOS O SITE DE BUSCA VAI REVELAR MAIS DE TREZE MIL ITENS. MAS A CIDADE QUE MUITAS PESSOAS PENSAM CONHECER TEM POUCA

SEMELHANÇA COM O LUGAR EM SI

A narrativa acessível do livro de Mon-tefi ore é o mais importante deles, e acrescenta bastante às muitas obras es-critas a respeito da cidade. O livro de Ja-mes Carroll inclui argumentos intrigan-tes, mas o leitor precisa garimpá-los em um livro dispersivo. O trabalho da an-tropóloga cultural Carol Delaney acerca da busca de Cristóvão Colombo por ouro para fi nanciar a retomada cristã de Jeru-salém é importante pelo impacto da ci-dade no imaginário popular, porque o li-vro é mais suposição do que fato.

Desde os primórdios como uma pe-quena vila fortifi cada em uma colina no ano 5.000 antes da Era Comum, onde o sacrifício ritual era uma prática, Jerusa-lém é a cidade palestina mais populosa e uma cidade que está no coração da iden-

VISTA DE JERUSALÉM, E ASSINALADAS AS PARTES QUE CABEM A CADA RELIGIÃO

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magazine > ensaio

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forma, quando em agosto o relógio voltou ao horário normal na Cisjordânia, os palestinos em Jerusalém mudaram com ele – ao menos psicologicamente. E por cerca de um mês, tinham de se lembrar de adiantar ou atrasar os relógios em uma hora quando cruzavam a fronteira israelense.

Os judeus israelenses quase nunca vão além da Cidade Ve-lha, certamente não para as áreas próximas à fronteira munici-pal – grandes aldeias palestinas como Beit Hanina, uma cida-de com mais de 27.000 habitantes, a apenas a cinco quilôme-tros de Ramallah – ou até mesmo para os bairros mais próxi-mos de Wadi Al Joz, Shuafat ou Sheikh Jarrah. Nem os judeus americanos, para quem Jerusalém existe mais como uma “Dis-neylândia para adultos”, vão lá, preferindo ver os locais sagra-dos e os museus. Um dos únicos pontos de mistura dos dois povos na cidade é o relativamente novo shopping ao ar livre Mamilla, frequentado por judeus seculares e ultraortodoxos, bem como pelos palestinos mais ricos dos bairros periféricos, como Beit Hanina.

No verão passado, eu estava sentada na varanda com um amigo na casa da sua família em Sheikh Jarrah para celebrar a primeira noite do Ramadã. Esta família importante fi xou-se no bairro no fi nal do período de 1880, e sua história é bem conta-da no livro de Montefi ore. Atualmente ela luta por três das suas propriedades no bairro, contra colonos extremistas judeus. Era a varanda de trás, olhando para o leste, e esperamos pelo tiro de canhão na Cidade Velha, marcando o fi m do dia de jejum do Ramadã. Na rua, operários da construção trabalhavam ilumina-dos por holofotes no bombeamento de água para o local onde colonos judeus tentavam ocupar uma área de esquina.

“A ordem linear do tempo continua a se perder em Jerusa-lém, assim como, por ser espiritualizado, o domínio espa-

cial continua a se evaporar, exceto para aqueles que realmente vivem lá”, sa-lienta Carroll. Pensei no ato de equilí-brio de Jerusalém, entre judeus e pales-tinos, entre o passado e o presente, en-tre a religião e a vida cotidiana secular, tudo isso enquanto caminhava do lado de fora da quietude da varanda dos fun-dos para a dissonância da construção na rua. Saí do bairro com as paredes antigas à distância, me perguntando – como fazem esses três autores – como tudo isso vai acabar.

Jerusalem: the Biography (Jerusalém: a Biografi a, Editora Aletheia, Por-tugal, de Simon Sebag Montefi ore, Knopf, 688 pp., US$ 35,00

Jerusalem, Jerusalem: How the An-cient City Ignited our Modern World, de James Carroll, Houghton Miffl in Harcourt, 432 pp., US$ 28,00

Columbus and the Quest for Jerusa-lem, de Carol Delaney, Free Press, 336 pp., US$ 26,00

* Jo-Ann Mort escreve sobre Israel para a Forward, Dissent e outras pu-blicações

Mas o lugar de Jerusalém na mitologia mundial não trouxe paz e nem unidade a esta cidade conturbada.

Os judeus ultrarreligiosos, cuja crescente

infl uência sobre os últimos vinte anos

expulsou todos – com exceção

dos últimos remanescentes

de uma população

judaica moderada de Jerusalém –, exigem que

todos na cidade sigam as suas

normas

PONTO DE ÔNIBUS DA CIDADE É PROVA DA CONFUSÃO URBANÍSTICA

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parceiros hebraica > mais novidades com nossos parceirosHEBRAICA | JAN | 2013

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Siga o site da Glorinhawww.glorinhacohen.com.br

O programa oferece um show de variedades com music-ais, reportagens, entrevistas, documentários e comentári-os em vídeo conferência diretamente de Israel, relaciona-dos com a comunidade judaica e com o povo judeu.

Mosaico na TV conta com uma audiência de aproximada-mente 250.000 telespectadores sendo que cerca de 2/3 dessa audiência não pertencem à comunidade judaica.

Acompanhe as últimas notícias da comunidade com os nossos parceiros

A COMUNIDADE EM SPO programa LeHaim é um registro dos eventos sociais e comemo-rativos da movimentada comunidade judaica de São Paulo. Com uma linguagem moderna, ganhou outras características, divul-

gando os atos e eventos de caráter social e benemérito promovi-dos pelas entidades que reúnem os membros da sociedade judai-ca e criando projetos para resgatar a memória da comunidade.

APRESENTADO POR MARKUS ELMAN

Confi ra a programação: www.lehaim.etc.br

A COMUNIDADE EM SP

O programa tem como proposta cultivar e divul-gar as tradições judaicas, não só para os judeus , mas também para o telespectador em geral, que tem interesse em conhecer outras culturas.

Shalom Brasil é produzido pela Tama Vídeo , uma produtora e prestadora de serviços de São Paulo, tendo como diretor, o jornalista Marcel Hollender, que atua no mercado há mais de vinte anos.

Em janeiro de 1998 nascia a Revista Shalom, com o objetivo de valorizar o judaísmo através dos ju-deus e das instituições judaicas, tendo o Estado de Israel como seu centro.

Nas nossas páginas você encontra notícias, atuali-dades, e muito mais. Não fique sem a sua!Para assinar ligue (11) [email protected]

www.shalombrasil.com.br

www.revistashalom.com.br

É jornalista profi ssional e por mais de 25 anos trabalhou na imprensa judaica assinando páginas sociais para a Revista da Hebraica e para os jornais Resenha e Semana Judaica, tendo sido editora do Suplemento Social Espe-

cial da Tribuna Judaica, que circulou até agosto de 2003. Atualmente assina uma página na revista Shalom e co-ordena seu site pessoal, que tras dicas e notícias sobre a comunidade.

Revista Shalom A Revista da Comunidade

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HEBRAICA | JAN | 2013

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Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

DIRETOR SUPERINTENDENTE GABY MILEVSKY

ASSESSOR FINANCEIRO MAURO ZAITZASSISTENTE FINANCEIRO MOISES SCHNAIDERASSESSOR OUVIDORIA JULIO K. MANDELASSESSOR ESCOLA BRUNO LICHTASSESSORA FEMININO HELENA ZUKERMANASSESSOR REVISTA FLÁVIO BITELMANASSESSOR REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL JOSÉ LUIZ GOLDFARBASSESSOR SEGURANÇA CLAUDIO FRISHER (Shachor)ASSESSOR ASSUNTOS ACESC MOYSES GROSSASSESSOR ASSUNTOS RELIGIOSOS RABINO SAMI PINTODIRETOR DE CAPTAÇÃO JOSEPH RAYMOND DIWANDIRETOR DE MARKETING CLAUDIO GEKKERCERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS EUGENIA ZARENCZANSKI (Guita)RELAÇÕES PÚBLICAS DEBORAH MENIUK

GLORINHA COHENLUCIA F. AKERMANMIRA HARARIPAULETE K. WYDATORSERGIO ROSENBERG

VICE PRESIDENTE ADMINISTRATIVO MENDEL L. SZLEJF

COMPRAS HENRI ZYLBERSTAJNRECURSOS HUMANOS CARLOS EDUARDO ALTONACONCESSÕES LIONEL SLOSBERGASTECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO SERGIO LOZINSKYDEPARTAMENTO MÉDICO RICARDO GOLDSTEINCULTU JUDAICO GERSON HERSZKOWICZASSESSORES DA SINAGOGA JAQUES MENDEL RECHTER

MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ

VICE PRESIDENTE DE ESPORTES AVI GELBERG

ASSESSORES CHARLES VASSERMANNDAVID PROCACCIAMARCELO SANOVICZSANDRO ASSAYAGYVES MIFANO

GERAL DE ESPORTES JOSÉ RICARDO M. GIANCONIGESTÃO ESPORTIVA ROBERTO SOMEKHESCOLA DE ESPORTES VICTOR LINDENBOJM

MARKETING/ESPORTIVO MARCELO DOUEKFLÁVIA CIOBOTARIUHERMAN FABIAN MOSCOVICIRAFAEL BLUVOL

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO AMIT EISLER

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS ABRAMINO SCHINAZI

GERAL DE TÊNIS ARIEL LEONARDO SADKASOCIAL TÊNIS ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

TÊNIS DE MESA GERSON CANER

FIT CENTER MANOEL K.PSANQUEVICHMARCELO KLEPACZ

CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JUDÔ ARTHUR ZEGERJIU JITSU FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) CARLO A. STIFELMANFABIO STEINECKE

GERAL DE BASQUETE AVNER I. MAZUZBASQUETE OPEN DAVID FELDON

WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA DE BASE MARCELO SCHAPOCHNIKBASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS GABRIEL ASSLAN KALILIBASQUETE HHH MASTER LUIZ ROZENBLUM

VOLEIBOL SILVIO LEVI

HANDEBOL JOSÉ EDUARDO GOBBIADJUNTOS NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN

DANIEL NEWMANJULIANA GOMES SOMEKH

PARQUE AQUÁTICO MARCELO ISAAC GUETTAPOLO AQUÁTICO FABIO KEBOUDINATAÇÃO BETY CUBRIC LINDENBOJMÁGUAS ABERTAS ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN

RUBENS KRAUSZ

TRIATHLON JULLIAN TOLEDO SALGUEIROCORRIDA ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO BENO MAURO SHETHMAN

GINÁSTICA ARTÍSTICA HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) JEFFREY A.VINEYARDBADMINTON SHIRLY GABAY

TIRO AO ALVO FERNANDO FAINZILBER

GAMÃO VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA ISAAC KOHANFABIO KARAVER

XADREZ HENRIQUE ERIC SALAMA

SAUNA HUGO CUPERSCHMIDT

VICE PRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO ABRAHAM GOLDBERGMANUTENÇÃO E OBRAS GILBERTO LERNERPAISAGISMO E PATRIMÔNIO MAIER GILBERTPROJETOS RENATA LIKIER S. LOBEL

VICE PRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL SIDNEY SCHAPIRO

GERAL SOCIAL E CULTURAL SERGIO AJZENBERGCULTURAL SAMUEL SEIBEL

SOCIAL SONIA MITELMAN ROCHWERGER

FELIZ IDADE ANITA G. NISENBAUMRECREATIVO ELIANE SIMHON (Lily)GALERIA DE ARTES MEIRI LEVINSHOW MEIO DIA AVA NICOLE D. BORGER

EDGAR DAVID BORGER

VICE PRESIDENTE DE JUVENTUDE MOISES SINGAL GORDON

ESCOLAS SARITA KREIMERGRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBARILANA W. GILBERT

SECRETÁRIO GERAL ABRAHAM AVI MEIZLER

SECRETÁRIO JAIRO HABERDIRETORES SECRETÁRIOS ANITA RAPOPORT

GEORGES GANCZ

JURÍDICO ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA ALEXANDRE FUCSBENNY SPIEWAKCARLOS SHEHTMANGIL MEIZLERLIGIA SHEHTMANTOBIAS ERLICH

TESOUREIRO GERAL LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO ALBERTO SAPOCZNIKDIRETORES SABETAI DEMAJOROVIC

YIGAL COTTERMARCOS RABINOVICH

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diretoria > hebraica digitalHEBRAICA | JAN | 2013

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O Departamento de Comunica-ção Digital fi nalizou os detalhes para colocar na rede o novo

portal da Hebraica pelo qual os sócios poderão se informar a respeito de pro-gramas e atividades, preencher formu-

Números comprovam crescimento

OS SÓCIOS REFORÇARAM O VÍNCULO COM O CLUBE POR MEIO DOS MUITOS RECURSOS COLOCADOS À DISPOSIÇÃO PELA INTERNET.

A PARTIR DESTE MÊS, O NOVO SITE DO CLUBE (WWW.HEBRAICA.ORG.BR) VAI INCREMENTAR A INFORMAÇÃO

cilitando a publicação dos posts dos só-cios e a divulgação de informações pe-los departamentos”, informa a profi s-sional responsável pelo setor Roberta Alvarenga.

Assim que começou a trabalhar no clu-be, ela reuniu diversas páginas criadas por sócios referentes à Hebraica e abriu uma ofi cial, que hoje tem milhares de amigos e fãs. Segundo Roberta, “todas as semanas 11.510 internautas acessam a página, em geral, mulheres entre 25 e 44 anos”, informa ela.

A remodelação dos meios digitais de comunicação com o sócio permite seg-mentar o público que utiliza esses servi-ços. Desde novembro, quando os sócios passaram a ter acesso às imagens do clu-be por meio do Flickr (serviço que permi-te o armazenamento e acesso a imagens via internet), 7.867 fotografi as foram pos-tadas em álbuns específi cos e visualiza-das 65.829 vezes, segundo dados do De-partamento de Comunicação Digital.

Com o Instagram, um serviço de ima-gens com o qual os usuários as trocam e manipulam a partir dos celulares, a He-braica passou a exibir fotos on line du-rante eventos como o Festbandas e tam-bém identifi car, na rede, imagens obti-das no clube e postadas por sócios em seus perfi s individuais.

O objetivo da adesão ao Twitter é o for-talecimento da comunicação. Hoje a He-braica tem 438 seguidores, que totaliza-ram 2.052 tweets. “Agora que dispomos do novo portal, pretendemos atrair par-ceiros na comunidade judaica e ampliar a rede de seguidores”, informou Roberta no relatório.

O canal Hebraica no Youtube reúne oito vídeos já vistos 1.829 vezes. Duran-te o XXXII Festival Carmel, pais e ami-gos dos dançarinos captaram as imagens com seus equipamentos e logo os vídeos estavam disponíveis na rede.

“Estamos animados com o lança-mento do novo portal, pois os sócios já aderiram a esta nova forma de curtir a Hebraica, mesmo à distância”, declara o diretor de Comunicação Digital José Luiz Goldfarb. (M. B.)

lários de matrícula em escolas e cursos, sem a necessidade de atravessar a cida-de somente para garantir a participação dos fi lhos num passeio, por exemplo.

“O novo site vai reunir links para to-das as mídias sociais, além do Flickr fa-

O INSTAGRAM FOI UM DOS HITS NO FESTBANDAS, COMO MOSTROU CACO CIOCLER

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A Bobertur promoverá uma viagem de Carna-val a Salvador no navio Costa Favolosa Santos-Rio-Salvador-Ilhéus-Ilhabela em oito dias e em dez vezes sem juros A sensação será de em-barcar num conto de fadas a bordo do Costa Favolosa, onde cada ambiente é muito espe-

cial e mais de 6.400 obras de arte foram con-feccionadas e dedicadas aos lugares mais in-críveis da história da humanidade, tudo para ser desfrutado pelos viajantes.Bobertur

Fone (11) 99133-2505

Onde o segundo passageiro viaja de graçaBOBERTUR

Desde o início dos tempos, o ouro é um exce-lente investimento, e bastante valorizado nos últimos cinco anos. O Grupo Tática lança no mercado brasileiro as Barras Tática Ouro. Ofe-recidas em três tamanhos (10g, 20g e 50g), elas realizam o sonho de quem sempre quis ter a

própria barra de ouro ou procura um investi-mento seguro (e lucrativo) a médio ou longo prazo. E como garantia, o Grupo Tática garan-te a recompra da barra a qualquer momento.Grupo Tática 0800 779 6876

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Perfeitas para investir e presentearBARRAS TÁTICA OURO

Ciência e arte podem caminhar juntas quan-do o assunto é procedimento facial. A dimi-nuição daquelas rugas de expressão ou um aumento no contorno e volume dos lábios, deixando-os mais carnudos, são apenas al-guns dos pequenos toques que podem fazer

toda a diferença no visual. São procedimen-tos rápidos e pouco dolorosos. Dr. Flávio Quinalha – Cirurgião Plástico

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Fone (11) 2604-4844

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Pequenos toques que fazem a diferença!DR. FLÁVIO QUINALHA – CIRURGIÃO PLÁSTICO

O ronco e a apneia são distúrbios do sono que reduzem o aporte de oxigênio a todas as nossas células, sobrecarregando todos os nossos sistemas e reduzindo nossa qualida-de de vida. Há mais de trinta anos, o trata-mento com aparelhos intrabucais é estudado,

melhorado e testado cientifi camente, o que comprova sua efi ciência em torno de 95% para eliminar o ronco e 78% de redução dos episódios de apneia.Dr Douglas Bellomo – Cromg 19028

Site www.ortomax.odo.br

Ronco e apneia têm tratamentoDR. DOUGLAS BELLOMO

vitrine > informe publicitárioHEBRAICA | OUT | 2012

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A Baronesa Churrascaria & Pizzaria possui três décadas de tradição no mercado. Localizada no bairro de Santa Cecília, tem serviço de entrega em domicílio e oferece entradas, porções e ape-ritivos, saladas, guarnições, massas, sobreme-sas, carnes na brasa, espetos, peixes e frangos,

pizzas salgadas e doces, calzones, bebidas, vi-nhos e feijoada às quartas e sábados.Rua Baronesa de Itu, 281, Santa Cecília

Fones 3667-8229/ 3825-6270

E-mail [email protected]

Site www.baronesarestaurante.com.br

Décadas de tradição no mercadoBARONESA CHURRASCARIA & PIZZARIA

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hebraica 60 anosHEBRAICA | JAN | 2013

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hebraica 60 anosHEBRAICA | JAN | 2013

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compras e serviçosHEBRAICA | JAN | 2013

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compras e serviçosHEBRAICA | JAN | 2013

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compras e serviçosHEBRAICA | JAN | 2013

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roteiro gastronômicoHEBRAICA | JAN | 2013

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Page 66: Revista Janeiro 2013

roteiro gastronômicoHEBRAICA | JAN | 2013

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PARA ANUNCIAR NA REVISTA HEBRAICA

LIGUE: 3815-9159 3814-4629

OU PELO E-MAIL: [email protected]

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roteiro gastronômicoHEBRAICA | JAN | 2013

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HEBRAICA | JAN | 2013

132indicador profi ssional

ADVOCACIA

ALERGOLOGIA

ANGIOLOGIA BIOPSICOLOGIA

ARTETERAPIA

CIRURGIA PLÁSTICA

CLÍNICA HIPERBÁRICA

CLÍNICA MÉDICA/ENDOCRINOLOGIA

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HEBRAICA | JAN | 2013

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DERMATOLOGIA

DERMATOLOGIA

indicador profi ssional

FISIOTERAPIA

FONOAUDIOLOGIA

GENÉTICA

MEDICINA PREVENTIVA

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HEBRAICA | JAN | 2013

134indicador profi ssional

MANIPULAÇÃO

MANIPULAÇÃO

NEUROLOGIA

NEUROCIRURGIA E COLUNA VERTEBRAL

ODONTOLOGIAGINECOLOGIA/ OBSTETRÍCIA

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indicador profi ssionalHEBRAICA | JAN | 2013

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ODONTOLOGIA OFTALMOLOGIA

OTORRINOLARINGOLOGIA

PSICOLOGIA

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136indicador profi ssional

PSICOTERAPIA

PSIQUIATRIA

QUIROPRAXIA

PSICOLOGIAPSICOLOGIA

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indicador profi ssionalHEBRAICA | JAN | 2013

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TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA

PARA ANUNCIAR NA REVISTA HEBRAICA

LIGUE: 3815-9159 | 3814-4629OU PELO E-MAIL: [email protected]

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4 de março22 de abril12 de agosto25 de novembro9 de dezembro10 de novembro – Assembleia GeralEleição de 50% do Conselho Deliberativo

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2013

Peter Weiss PresidenteHorácio Lewinski Vice-presidenteCláudio Sternfeld Vice-presidenteLuiz Flávio Lobel SecretárioFernando Rosenthal Segundo secretárioSílvia Hidal Assessora da PresidênciaCélia Burd Assessora da PresidênciaAri Friedenbach Assessor da Presidência

Mesa do Conselho

Encerramento em 2012Iniciamos a última reunião de 2012 do Conselho Deliberativo com a cerimônia de acendimento da terceira vela de Chanuká. Uma boa introdução para a sequência dos trabalhos, que decorreram de for-ma fl uente e agradável, com aprovações unânimes.A tecnologia pode e deve ser usada para agilizar a comunicação entre os nossos conselheiros, o que foi feito com o envio da ata da reunião anterior por e-mail, dinamizando sua aprovação. Também a Diretoria Executiva usou a informáti-ca para apresentar seu Relatório Anual. Os conse-lheiros acompanharam pelo telão a exposição das atividades de cada departamento no decorrer de 2012, gerando economia e contribuindo para a sus-tentabilidade.Recomendamos, principalmente aos novos con-selheiros, que procurem a secretaria da presidên-cia, onde disponibilizamos as atas dos últimos seis anos para consultas, uma forma de interar-se com a dinâmica proposta em nossas reuniões ordinárias ao longo do ano. Ao mesmo tempo, novamente, colocamos o Conse-lho à disposição dos conselheiros e associados para dirimir quaisquer dúvidas em relação às questões de nossa agremiação.

conselho deliberativo

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