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Sa úde Caderno F MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1017 e bem- estar Tuberculose: preconceito é barreira Página 6 Saúde P ode até não parecer, mas qualquer ativida- de desempenhada no ambiente de trabalho pode causar riscos à saúde dos trabalhadores. Por esse motivo, é cada vez mais crescente a presença de um médico nas em- presas. A atuação desse profis- sional vai além de exames para contratação e demissão, mas é fundamental para a qualidade de vida do empregado. O industriário Igor Rodrigues, 22, adquiriu LER (Lesão por Esforço Repetitivo) em uma das mãos. Por conta disso, ele destaca a importância de um profissional na empresa em que trabalhou. Quando começou a sentir dores, achava que era apenas o cansaço do dia a dia. “Um dia precisei ir ao mé- dico e, como ele era muito observador e atencioso, per- cebeu algo estranho na minha mão. Foi aí que disse que sentia dores”, lembrou. De acordo com Rodrigues, o médico o encaminhou para fazer exames e foi constatada a lesão. Caso não tivesse sido diagnos- tica há tempo as consequências poderiam ser mais sérias. “Eu fui afastado por uns dias do trabalho para cuidar da LER. E, depois disso, quando voltei para a empresa, o médico continuou me acompanhando e orientan- do”, relembrou o operário. Outra trabalhadora também vítima de esforço repetitivo é a costureira Marina de Carvalho, 40. Ela conta que trabalhou por muitos anos em uma grande empresa que não disponibiliza- va um profissional para atender as queixas dos empregados. E, o pior: se alguém reclamasse, corria o risco de ser demitido. “Não tinha médico lá, então era bem difícil para o trabalha- dor. Comecei a sentir dores no meu punho, e aguentei isso por uns dois anos. Teve épocas que eu nem conseguia segurar a tesoura. Foi nessa época que eu corri atrás de uma consulta”. A costureira ficou afasta- da do trabalho por mais de um ano para fazer o trata- mento adequado e segue à risca as orientações médicas. “Hoje eu me cuido mais, e quando percebo algo diferen- te corro logo atrás de aten- dimento. Eu não quero viver tudo aquilo outra vez”. O trabalho do médico Profissionais da área desta- cam a importância de um mé- dico no ambiente de trabalho e explicam os porquês. De acordo com o clínico geral James Marinho, o médico tem função multidisciplinar porque além de ser responsável por orientar os trabalhadores sobre as possíveis lesões por conta do trabalho e tratá-las, esse espe- cialista também orienta em ou- tros aspectos que influenciam a qualidade de vida. “Nós não nos preocupamos apenas com as lesões e trau- mas diretos, mas também com assuntos que dizem respeito a higiene do trabalhador”. O médico destacou, ainda, que uma das preocupações constantes é identificar fun- cionários que estejam com LER, que é a lesão mais comum entre trabalhadores do Amazonas, principalmente, entre operários das empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM). É dever dele, também, encaminhá-los para o tratamento. “Essa lesão ocorre porque há muito esforço repeti- tivo e, na indústria, isso é mais comum porque se trabalha com produção em massa”. Acidentes Segundo dados da Organiza- ção Internacional do Trabalho, a cada 15 segundos um traba- lhador morre de acidentes ou de doenças relacionadas ao trabalho, no mundo. Os aci- dentes de trabalho matam 321 mil pessoas por ano e as do- enças adquiridas no ambiente matam mais de 2 milhões de trabalha dores. O Brasil é o quarto lugar no ranking mundial quando o assunto é acidente com morte. Diante disso, foi instituído o dia 28 de abril como o Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho. É preciso ficar atento às enfermidades relacionadas ao trabalho, que prejudicam a vida e matam mais de 2 milhões de trabalhadores no mundo ALIK MENEZES Especial EM TEMPO no trabalho

Saúde - 3 de maio de 2015

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Saúde - Caderno de saúde e bem estar do jornal Amazonas EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1017

e bem-estarSaúdeCa

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MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1017

e bem-estarTuberculose: preconceito é barreira

Página 6

SaúdePode até não parecer,

mas qualquer ativida-de desempenhada no ambiente de trabalho

pode causar riscos à saúde dos trabalhadores. Por esse motivo, é cada vez mais crescente a presença de um médico nas em-presas. A atuação desse profi s-sional vai além de exames para contratação e demissão, mas é fundamental para a qualidade de vida do empregado.

O industriário Igor Rodrigues, 22, adquiriu LER (Lesão por Esforço Repetitivo) em uma das mãos. Por conta disso, ele destaca a importância de um profi ssional na empresa em que trabalhou. Quando começou a sentir dores, achava que era apenas o cansaço do dia a dia.

“Um dia precisei ir ao mé-dico e, como ele era muito observador e atencioso, per-cebeu algo estranho na minha mão. Foi aí que disse que sentia dores”, lembrou.

De acordo com Rodrigues, o médico o encaminhou para fazer exames e foi constatada a lesão. Caso não tivesse sido diagnos-tica há tempo as consequências poderiam ser mais sérias. “Eu fui afastado por uns dias do trabalho para cuidar da LER. E, depois disso, quando voltei para a empresa, o médico continuou me acompanhando e orientan-

do”, relembrou o operário. Outra trabalhadora também

vítima de esforço repetitivo é a costureira Marina de Carvalho, 40. Ela conta que trabalhou por muitos anos em uma grande empresa que não disponibiliza-va um profi ssional para atender as queixas dos empregados. E, o pior: se alguém reclamasse, corria o risco de ser demitido.

“Não tinha médico lá, então era bem difícil para o trabalha-dor. Comecei a sentir dores no meu punho, e aguentei isso por uns dois anos. Teve épocas que eu nem conseguia segurar a tesoura. Foi nessa época que eu corri atrás de uma consulta”.

A costureira fi cou afasta-da do trabalho por mais de um ano para fazer o trata-mento adequado e segue à risca as orientações médicas. “Hoje eu me cuido mais, e quando percebo algo diferen-te corro logo atrás de aten-dimento. Eu não quero viver tudo aquilo outra vez”.

O trabalho do médico Profi ssionais da área desta-

cam a importância de um mé-dico no ambiente de trabalho e explicam os porquês.

De acordo com o clínico geral James Marinho, o médico tem função multidisciplinar porque além de ser responsável por orientar os trabalhadores sobre as possíveis lesões por conta do trabalho e tratá-las, esse espe-

cialista também orienta em ou-tros aspectos que infl uenciam a qualidade de vida.

“Nós não nos preocupamos apenas com as lesões e trau-mas diretos, mas também com assuntos que dizem respeito a higiene do trabalhador”.

O médico destacou, ainda, que uma das preocupações constantes é identifi car fun-cionários que estejam com LER, que é a lesão mais comum entre trabalhadores do Amazonas, principalmente, entre operários das empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM). É dever dele, também, encaminhá-los para o tratamento. “Essa lesão ocorre porque há muito esforço repeti-tivo e, na indústria, isso é mais comum porque se trabalha com produção em massa”.

Acidentes Segundo dados da Organiza-

ção Internacional do Trabalho, a cada 15 segundos um traba-lhador morre de acidentes ou de doenças relacionadas ao trabalho, no mundo. Os aci-dentes de trabalho matam 321 mil pessoas por ano e as do-enças adquiridas no ambiente matam mais de 2 milhões de trabalha dores. O Brasil é o quarto lugar no ranking mundial quando o assunto é acidente com morte. Diante disso, foi instituído o dia 28 de abril como o Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho.

É preciso fi car atento às enfermidades relacionadas ao trabalho, que prejudicam a vida e matam mais de 2 milhõesde trabalhadores no mundo

ALIK MENEZESEspecial EM TEMPO

no trabalho

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MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015F2 Saúde e bem-estar

EditorMellanie [email protected]

RepórterAlik Menezes

Expediente

www.emtempo.com.br

DICAS DE SAÚDE

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consu-midor) publicou uma pesquisa que 53 bebidas que utilizam edulcorantes (adoçantes), entre refrigeran-tes, chás, refrescos em pó e bebidas à base de soja. O órgão constatou que a quantidade utilizada está dentro do limite estipulado pela legislação, mas isso não significa que o consumo não deva ser modera-do. O consumo exagerado pode ser extremamente prejudicial à saúde. Isso porque alguns adoçantes estão relacionados também a doenças crônicas, pois aumentam a intolerância à glicose e alteram os mi-crorganismos do intestino, influenciando, assim, na absorção de nutrientes.

Alerta para o consumo de bebidas light, zero ou diet

O alimento é natural e um perfeito substituto do pão e do glúten, um dos principais vilões para quem pretende perder peso e substância que está presente em um dos principais alimentos da mesa dos brasileiros, o pão. Sem abrir mão do sabor, a pessoa que escolhe fazer a troca do pão pela tapioca, ainda encontra outras vantagens, como explica a nutricionista do Hapvida Saúde, Gabriela Silva, “A tapioca substitui o carboidrato do pão, sem o glúten, com a quantidade de calorias reduzida e com mais nutrientes. Enquanto o pão tem cerca de 130 calorias, a tapioca tem em média 80”, diz.

Tapioca: solução para quem quer tirar o pão da dieta

RevisãoDernando Monteiro

DiagramaçãoLeonardo Cruz

Construções da saúde no Egito

João Bosco [email protected] / www.historiadamedicina.med.br

As múmias mais impor-tantes eram pintadas de vermelho para lhes conferir a força do san-gue e amule-tos de pedras vermelhas”

João Bosco Botelho

Membro Emérito do Colégio Brasileiro

de Cirurgiões

Humberto Figliuolohfi [email protected]

Humberto Figliuolo

A busca incessante

Humberto Figliuolo

farmacêutico

Prevenção é educação. Se conseguirmos avançar um passo, signi-fi cará impor-tante vitória na luta do homem frente à dramática realidade das drogas”

No afã de amenizar a vida e supri-mir desconfortos e dores, o homem descobriu substâncias efi cazes, mas que, infelizmente, num uso desvirtu-ado, podem escravizar física e emo-tivamente os indivíduos. Pessoas de todas as classes sociais têm usado tais drogas, destes tempos imemo-riais. Não há provas de que haja algum grupo étnico imune à toxicomania.

A busca incessante ao mundo dos tóxicos é preocupante. De que maneira chegou à adolescência? Alguns adolescentes com perso-nalidades instáveis, desgostosos, céticos e desanimados, são forma-dos em lares cheios de atritos e dis-cordâncias e, se tornam facilmente sugestionáveis e infl uenciáveis às amizades nocivas que abrem as portas para o uso das drogas.

Assistimos impassíveis a uma mo-difi cação irreversível que idêntica a erva de passarinho vai envolvendo essa incauta juventude. Os jovens tornaram-se um grupo social: têm modos próprios de vestir, de falar, de se expressar. Tem gostos e modos que a converteram num mercado consumidor amplamente explorado. Têm um lugar à parte na opinião pública, mas não conseguiu o seu próprio lugar, isto é, desencontrada e perdida, vive à mercê dos seus

“invisíveis” exploradores.Um dia sem desconfi ar de nada,

é abordado por alguém que lhe oferece uma passagem grátis para o tal mundo fantástico. Do cigarro à bebida alcoólica. Da “bolinha” (anfe-tamina) para o cigarro de maconha o caminho oferece mil perigosos atalhos, onde a diversidade das drogas se torna mais evidente. De principio o ingênuo candidato ao vício, nada percebe e nada sente, a não ser uma tosse impertinente.

Quando menos ele nota já está levando os cigarros de maconha para casa. Torna-se arredio, tranca-se em seu quarto e coloca música muito alta e ali permanece horas e horas. Os pais começam a desconfi ar da mudança de comportamento do fi lho, mais nada fazem devido a agressividade do fi lho. As peças de valores começam a desaparecer. Os pais afl itos procuram ajuda para o fi lho, mas os resultados são pífi os.

Ao fi nal, normalmente o fi lho sai de casa e vai envolver-se com outros dependentes que, atinge mais de um milhão de brasileiros. A droga não só acaba com a vida deles: ela é devoradora para as famílias.

A dependência química é catalo-gada pela OMS como doença fatal e primária, ou seja, não é decorrente

de nenhuma outra e, ao contrário desencadeia outras moléstias.

Dados da mesma fonte mostram que a dependência química é a oitava causa para solicitação de internação hospitalar, sendo ain-da responsável por 64% dos ho-micídios, 39% dos estupros, 80% dos suicídios, 60% dos casos de agressão a crianças, de 35% a 64% dos acidentes de trânsito, além do afastamento do trabalho.

Se as medidas de controle, fi sca-lização e repressão são oportunas e necessárias, bem como a difícil tarefa de reabilitar os dependentes em drogas, a nossa esperança maior está na prevenção.

Prevenção é educação. Se conse-guirmos avançar um passo, signifi -cará importante vitória na luta do homem frente à dramática realidade das drogas, mesmo porque, só os go-vernos não reconhecem que a maioria esmagadora da população brasileira está privada dos direitos à saúde, educação, segurança, transporte e trabalho. Como sempre o clientelismo e o fi siologismo, falam mais alto.

O futuro está mais que ameaçado. “Dois terços da humanidade não comem e um terço não dorme com medo da revolta daqueles que não comem” Josué de Castro.

No Egito dos faraós, uma das mais extraordinárias reconstru-ções das linguagens-cuturas após o sedentarismo, os ventos eram responsáveis pela saúde e doença: “Quanto ao ar que penetra no nariz, ele penetra dentro do coração e nos pulmões e são eles que o distribui para todo o corpo”.

Como entre os assírio-mesopo-tâmicos, contudo, a importância do sangue também estava presen-te no panteão egípcio. O “Livro dos Mortos” conta como os deuses Hu e Lia surgiram do sangue que cor-ria do pênis de Ra, o do deus-sol, quando ele se mutilou. As múmias mais importantes eram pintadas de vermelho para lhes conferir a força do sangue e amuletos de pedras vermelhas, representando o sangue de Isis, eram usados pela mesma razão.

O exame físico dos doentes valori-zava a inspeção e a palpação, notada-mente, do pulso periférico associado às batidas do coração: “O começo do segredo dos médicos: conhecer os segredos da marcha do coração e conhecimento do coração. Existem vasos que se dirigem para todos os membros. Quanto a isso que todos os médicos ou todos os sacerdotes de Sekhmet ou todos os mágicos, quando colocam os dedos, na cabeça

ou na nuca, ou sob as mãos ou no coração ou sob os dois braços ou sob as duas pernas ou em qualquer parte, ele sente qualquer coisa do coração pelos vasos que vão a cada um dos membros, é de lá que ele fala dentro dos vasos de cada membro (Papiro de Ebers 854 a).”

Um aspecto fascinante nos primei-ros registros das práticas médicas, no sedentarismo, é a complexa relação entre as idéias e crenças religiosas e a medicina. Mesmo com a forte pre-sença e deuses e deusas curadoras, a semiologia baseada na inspeção, palpação e ausculta valorizava sinais e sintomas até hoje valorizados: a dor, nível da consciência após o trauma, coloração da pele, hematomas, para-lisias e o aspecto da urina e fezes.

Entre os principais grupos de doen-ças descritas é possível distinguir: - Cardio-vasculares, relatos preci-sos da palpitação e da insufi ciência cardíaca com edema pulmonar e aumento do volume do fígado;

- Pulmonares, agrupadas sob a designação de tosse; no papiro de Ebers, números 326 a 335, consta um quadro clínico semelhante à asma sob o nome gehoul;

- Anais e perianais, a maior parte da população no Egito an-tigo habitava áreas de pântanos e várzeas, junto com animais de

pastoreio, com infestação de pa-rasitas intestinais;

Apesar das dúvidas quanto aos motivos, a circuncisão era prati-cada, no Egito, desde as primeiras dinastias. As provas evidentes des-se fato podem ser encontradas nas pinturas ou esculturas onde o pênis é representado sem prepúcio.

Intimamente relacionada à cren-ça do renascimento, a mumifi cação alcançou extraordinário desenvol-vimento. Imediatamente após a morte, o cadáver era entregue aos especialistas que procediam ao embalsamamento, resultando em extraordinário conjunto de ações com os objetivos de conservar, se-paradamente, o corpo e as vísceras. O rito compreendia: extração do cérebro liquefeito pelo nariz com a ajuda de instrumentos pontiagu-dos, retirada dos órgãos do abdome e tórax por meio de incisão no fl anco direito. As vísceras eram tratadas e depositadas em vasos funerários que variavam segundo as posses da família do morto. Nessa condição, o corpo era submergido em banho de natrão (carbonato de sódio na-tural), por setenta dias. O corpo desidratado era cuidadosamente envolto, em vários planos, com tiras estreitas de panos impreg-nados com resina.

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MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015 F3Saúde e bem-estar

Café da manhã mais equilibrado Você já deve ter ouvido

falar que o café da manhã é uma das refeições mais im-portantes do dia, certo? Mas você sabe por quê? Durante o sono, o organismo conti-nua trabalhando para manter as funções básicas como a respiração, os batimentos cardíacos e a circulação do sangue. Por isso, o café da manhã é fundamental para repor as energias do corpo e da mente e funciona como um combustível, necessário para pensar, trabalhar e realizar todas as atividades com mais disposição ao longo do dia.

Com a rotina mais corrida, esta refeição acaba sendo substituída por alguns mi-nutinhos a mais de sono ou por algum compromisso, o que pode prejudicar a saúde e comprometer a produtivi-dade do dia.

Segundo a nutricionista Laís

Aliberti, “incluir alimentos de todos os grupos alimentares é essencial. Opte por alimentos que contenham carboidratos e fi bras (como pães integrais, aveia e mix de cereais), vita-minas e minerais (abundantes nas frutas), proteína e cálcio (presentes nos leites e deri-vados, ou alimentos vegetais, como à base de soja, por exemplo) além de alimentos fontes de gorduras “boas” como castanhas, sementes e creme vegetal”.

A profi ssional diz, ainda, que uma alimentação variada é indispensável para fornecer a energia adequada e tam-bém nutrientes importantes, como ômegas 3 e 6, cálcio, ferro, fi bra, vitamina D, vita-minas do complexo B, ácido fólico, magnésio, e zinco.

“Além disso, estudos indi-cam que aqueles que fazem o café da manhã tendem a

consumir menos gorduras sa-turadas e maior quantidade de fi bras, o que é favorável para a redução do risco para doenças crônicas, como as cardiovasculares, por exem-plo”, explicou.

Estudos mostram que quem toma café da manhã, independente da idade, ten-de a participar de atividades físicas regulares, escolher alimentos mais saudáveis e não fumar. Ainda, indicam uma ligação benéfi ca com a saúde, incluindo a melhora no desempenho cognitivo e a redução do risco de doenças crônicas, como a diabetes, obesidade e doenças cardio-vasculares. Tanto os adultos como as crianças que con-somem refeição matinal re-gularmente tendem a ter um peso corporal mais saudável, o que é fundamental para manter a saúde do coração.

ALIMENTAÇÃO

Quem toma café da manhã tem tendência a fazer escolhas mais saudáveis, como náo fumar

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AÇÃO

Dietas com baixa ingestão de carboidratosCircula entre os praticantes de atividade física o mito de que fazer os exercícios em jejum garante uma perda rápida da gordura corporal

Com a busca pelo corpo perfeito, sempre presente no desejo de homens e mulheres, as die-tas com baixa ou nenhuma

ingestão de carboidratos ganharam fama entre os praticantes de exer-cícios físicos. Mas, de acordo com a bioquímica Carolina Ynterian, atu-ais estudos científi cos confi rmam que realizar qualquer atividade física em jejum, pode causar sérios problemas de saúde. Além de não ser recomendado, gera sobrecarga cardíaca por elevar mais rápido a adrenalina, e pode levar a hipoglicemia, causando resistência à insulina, entre outros.

“São as chamadas dietas cetônicas, em que o consumo de carboidratos é limitado ou zero, buscando a perda de peso. Uma dieta em que a ingestão de carboidratos não passe de 100g pode ser classifi cada como cetônica”, diz Carolina Ynterian.

O princípio dessa dieta, completa a es-pecialista, é simples: na falta da glicose de carboidratos, o organismo queima a gordura como fonte de energia.

“Todas as dietas que visam à metabo-lização de gordura como fonte primária de energia, independentemente de suas variações, o fazem ativando o sistema de cetogênese do corpo. Isto pode ser feito durante algum tempo e deve ser monitorado para que o corpo não corra riscos, como a cetoacidose”, ressalta.

Isto resulta na produção de corpos cetônicos pelo fígado, posteriormente secretados na urina, causando cetonú-ria. O corpo somente utiliza esta fonte alternativa de obtenção de energia em caso de falta de glicose. No caso de diabetes isto ocorre, pois a glicose tem difi culdade de ser internalizada nas células. No caso de uma dieta com grandes restrições de carboidratos ou em jejum muito prolongado isto ocorre pela falta de glicose.

Muitas das dietas utilizadas hoje em dia induzem propositalmente o corpo a

metabolizar as gorduras pelo controle rígido na ingestão de carboidratos.

“Isto pode ser feito desde que re-comendado por um médico e inten-samente monitorado por exames la-boratoriais ou autotestes, mas jamais realizar exercícios físicos em jejum absoluto”, alerta.

Sem restriçõesSempre há algum vilão que prota-

goniza os regimes alimentares: já foi o chocolate, o ovo e desde 2013 o carboidrato.

Dietas que restringem este nutriente da alimentação e prometem resulta-dos milagrosos em pouco tempo têm conquistado muitos adeptos. “Esses modismos que defendem a restrição de um ou outro tipo de alimento podem acarretar em carências nutricionais im-portantes e precisam ser olhadas com muito cuidado”, explica a nutricionista Alessandra Godoy.

O endocrinologista Bruno Halpern afi rmou que reduzir os carboidratos simplesmente não é uma estratégia efetiva se não houver restrição ca-lórica. “Não há evidências sufi cien-tes para recomendações a favor ou contra o uso dessas dietas. Dentre os estudos já publicados, a perda de peso em indivíduos submetidos a estas práticas estava associada à me-nor ingestão calórica e mudança nos hábitos para a prática de atividades físicas.”, explica Halpern.

O carboidrato é a nossa principal fonte de energia, que garante o fun-cionamento do metabolismo de forma efi ciente e, em falta, resulta em cansa-ço, fadiga muscular, alteração do sono, câimbras e perda de massa muscular. Por isto a importância da oferta ade-quada dos carboidratos como arroz, trigo, milho e seus derivados – massas, pães, bolos e biscoitos, que também são fontes de proteínas vegetais, vitaminas e sais minerais.

A recomenda-ção indiscri-minada para restrição de

carboidra-tos não tem respaldo na

ciência da nutrição

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AÇÃO

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F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015 F5

CosméticosAlergias podem aparecer e não há como prever; é importante ter atenção quanto à validade e composição dos produtos que você tem em casa

também podem oferecer perigos à saúdeA pele é o maior órgão

do corpo humano e um dos mais comple-xos. Exerce a função

principal de revestimento, protegendo o corpo contra agressões do meio ambiente e funções sensoriais, além de ter o seu importante pa-pel na regulação térmica, defesa orgânica e controle do fluxo sanguíneo. Entre-tanto, seus vilões, por vezes inevitáveis, são silenciosos, e podem estar escondidos onde menos imaginamos: em produtos de beleza.

O uso de cosméticos que já perderam a validade, por exemplo, pode trazer riscos à saúde, sim. Segundo a der-matologista Danielle de Brito Silva, do Hapvida Saúde, quan-do a validade de um produto — sejam produtos de cabelo, cremes para a pele ou ma-quiagens — vence, signifi ca que os ativos da fórmula e os conservantes adicionados a ela perderam a função.

“Não só o produto deixa de fazer efeito, mas também a chance de contaminação fi ca muito maior. Cosméticos, por si só, já são um ótimo meio de cultura para fungos e bac-térias. Os conservantes são colocados na fórmula para evitar isso, por isso é impor-tante respeitar a validade”, diz a médica.

AtençãoA validade tem que ser le-

vada a sério, embora exista uma margem de segurança de duas semanas, em média, para o seu desuso. Um cos-mético já vencido, seja creme ou maquiagem, não oferece garantia da efi cácia dos in-gredientes empregados. Ele pode sofrer oxidação, o que acarretaria problemas como alergias, coceiras, vermelhi-dão, inchaço, descamações e até bolhas e queimaduras.

No couro cabeludo e nos cabelos, podem ocorrer irri-tações, piora da caspa, au-mento da oleosidade e res-secamento dos fi os. No caso de produtos usados nos olhos, como rímel e lápis de olho, o perigo é ainda maior: existe risco de conjuntivite e até infecção na córnea.

Se não houver cuidado, a alergia pode evoluir para algo mais sério, infecionando a le-são e necessitando de trata-mento com antibióticos. Além disso, a empresa fabricante não dará garantia ou suporte caso haja alguma reação. O contato com o oxigênio do ar, a temperatura e a luminosidade são fatores degradantes que se intensifi cam com o passar do tempo. Se o produto em

Quando ocorrer uma crise alérgi-ca, observe como se dá a irritação, quando ocorre e

após qual cosmé-tico ela começou

SensibilidadeA alergia pode

ocorrer com cremes, xampus, maquia-

gens, desodo-rantes, perfu-mes, e até a esmaltes de unhas. A boa notícia é que existem mar-cas que pos-suem produtos

na versão antia-lérgica. A notícia

ruim é que não há tratamento.

“Uma vez alérgico ou intolerante a algo, sempre alérgico. O que existem são formas de evitar ou acalmar as crises, com a substituição de produtos por outros ou o uso de antialérgicos e cremes com cortisona”, explica Danielle.

“Pode-se também não ter alergia a determinada subs-tância e em determinado momento desencadear uma hipersensibilidade. Não so-mente no uso externo, mas como oral também. Isso acon-tece porque o organismo co-meça a estranhar determina-do conteúdo, reconhecendo-o como um corpo estranho, e inicia um processo alérgico,

o que não é tão raro. As ve-zes num primeiro contato, o organismo não reconhece, e a medida que você vai expon-do-lhe àquela substância, um contato mais frequente pode fazer com que organismo re-conheça aquilo como estranho ou não”, complementa.

TestesFabricantes procuram abolir

de suas fórmulas cerca de 100 substâncias já conhecidamen-te irritantes. Seus produtos são testados para garantir um baixo índice de reações alérgi-cas. Todos os testes e resulta-dos são submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa) para autorização da comercialização.

Os rótulos de produtos hi-poalergênicos deverão apre-sentar, obrigatoriamente, a expressão “este produto foi formulado de maneira a mi-nimizar possível surgimento de alergia”.

Cuidado, também, com pincéis, esponjas e aplica-dores que, se não estive-rem limpos, podem causar alergia devido à presença de fungos e bactérias. Evite maquiagens sem descrição da composição no rótulo.

questão estiver sendo utili-zado em algum tratamento, como cremes clareadores de manchas, ao invés de ajudar, pode agravar a condição clí-nica (escurecendo a pele, por exemplo), devido à sensibili-zação dermatológica.

“A recomendação é sempre procurar um médico, e a partir daí se descobrirá o porquê da irritação para poder tratar”, salienta Danielle.

É preciso prestar atenção ainda, que mesmo cosméti-cos dentro da validade po-dem estragar. Isso ocorre porque, às vezes, a emba-lagem não é bem fechada, é guardada em lugar ina-dequado ou ainda porque houve a contaminação por bactérias que passam das mãos para o produto. Por isso, é importante fi car aten-to à aparência, consistência, cor e cheiro.

SinaisCom uma oferta cada vez

maior desses produtos, au-menta também o número de substâncias diferentes em contato com a pele e, conse-quentemente, a possibilidade de alguma alergia ser desen-cadeada.

A estudante Ingrid Andres-sa sofria com descamações, coceira e vermelhidão nos dedos das mãos e demorou para descobrir a causa. “De-pois de muito tempo com o acompanhamento de derma-tologistas e um alergista, re-centemente descobri a que tinha alergia através de um teste de

contato. Era à substância thimerosal. Para as reações alérgicas sumirem, tenho que passar pelo menos três me-ses sem pegar nela, que está presente em muita coisa, de cosméticos a medicamentos. Es-tou aprendendo ma-neiras de como evitar o seu uso ou substituir os produtos que eu an-tes utilizava”, conta.

Raramente alguém descobre uma alergia antes, o comum é que descubram no momento do con-tato. No entanto, é possível se pre-venir. A orientação é que ao utilizar um produto novo, deve-se colocar uma pequena quan-tidade no antebraço e aguardar por algu-mas horas. Repita por mais dois dias e, se não aparecer nenhum sinal de irritação, é si-nal de que se pode usá-lo normalmente.

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F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015 F5

CosméticosAlergias podem aparecer e não há como prever; é importante ter atenção quanto à validade e composição dos produtos que você tem em casa

também podem oferecer perigos à saúdeA pele é o maior órgão

do corpo humano e um dos mais comple-xos. Exerce a função

principal de revestimento, protegendo o corpo contra agressões do meio ambiente e funções sensoriais, além de ter o seu importante pa-pel na regulação térmica, defesa orgânica e controle do fluxo sanguíneo. Entre-tanto, seus vilões, por vezes inevitáveis, são silenciosos, e podem estar escondidos onde menos imaginamos: em produtos de beleza.

O uso de cosméticos que já perderam a validade, por exemplo, pode trazer riscos à saúde, sim. Segundo a der-matologista Danielle de Brito Silva, do Hapvida Saúde, quan-do a validade de um produto — sejam produtos de cabelo, cremes para a pele ou ma-quiagens — vence, signifi ca que os ativos da fórmula e os conservantes adicionados a ela perderam a função.

“Não só o produto deixa de fazer efeito, mas também a chance de contaminação fi ca muito maior. Cosméticos, por si só, já são um ótimo meio de cultura para fungos e bac-térias. Os conservantes são colocados na fórmula para evitar isso, por isso é impor-tante respeitar a validade”, diz a médica.

AtençãoA validade tem que ser le-

vada a sério, embora exista uma margem de segurança de duas semanas, em média, para o seu desuso. Um cos-mético já vencido, seja creme ou maquiagem, não oferece garantia da efi cácia dos in-gredientes empregados. Ele pode sofrer oxidação, o que acarretaria problemas como alergias, coceiras, vermelhi-dão, inchaço, descamações e até bolhas e queimaduras.

No couro cabeludo e nos cabelos, podem ocorrer irri-tações, piora da caspa, au-mento da oleosidade e res-secamento dos fi os. No caso de produtos usados nos olhos, como rímel e lápis de olho, o perigo é ainda maior: existe risco de conjuntivite e até infecção na córnea.

Se não houver cuidado, a alergia pode evoluir para algo mais sério, infecionando a le-são e necessitando de trata-mento com antibióticos. Além disso, a empresa fabricante não dará garantia ou suporte caso haja alguma reação. O contato com o oxigênio do ar, a temperatura e a luminosidade são fatores degradantes que se intensifi cam com o passar do tempo. Se o produto em

Quando ocorrer uma crise alérgi-ca, observe como se dá a irritação, quando ocorre e

após qual cosmé-tico ela começou

SensibilidadeA alergia pode

ocorrer com cremes, xampus, maquia-

gens, desodo-rantes, perfu-mes, e até a esmaltes de unhas. A boa notícia é que existem mar-cas que pos-suem produtos

na versão antia-lérgica. A notícia

ruim é que não há tratamento.

“Uma vez alérgico ou intolerante a algo, sempre alérgico. O que existem são formas de evitar ou acalmar as crises, com a substituição de produtos por outros ou o uso de antialérgicos e cremes com cortisona”, explica Danielle.

“Pode-se também não ter alergia a determinada subs-tância e em determinado momento desencadear uma hipersensibilidade. Não so-mente no uso externo, mas como oral também. Isso acon-tece porque o organismo co-meça a estranhar determina-do conteúdo, reconhecendo-o como um corpo estranho, e inicia um processo alérgico,

o que não é tão raro. As ve-zes num primeiro contato, o organismo não reconhece, e a medida que você vai expon-do-lhe àquela substância, um contato mais frequente pode fazer com que organismo re-conheça aquilo como estranho ou não”, complementa.

TestesFabricantes procuram abolir

de suas fórmulas cerca de 100 substâncias já conhecidamen-te irritantes. Seus produtos são testados para garantir um baixo índice de reações alérgi-cas. Todos os testes e resulta-dos são submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa) para autorização da comercialização.

Os rótulos de produtos hi-poalergênicos deverão apre-sentar, obrigatoriamente, a expressão “este produto foi formulado de maneira a mi-nimizar possível surgimento de alergia”.

Cuidado, também, com pincéis, esponjas e aplica-dores que, se não estive-rem limpos, podem causar alergia devido à presença de fungos e bactérias. Evite maquiagens sem descrição da composição no rótulo.

questão estiver sendo utili-zado em algum tratamento, como cremes clareadores de manchas, ao invés de ajudar, pode agravar a condição clí-nica (escurecendo a pele, por exemplo), devido à sensibili-zação dermatológica.

“A recomendação é sempre procurar um médico, e a partir daí se descobrirá o porquê da irritação para poder tratar”, salienta Danielle.

É preciso prestar atenção ainda, que mesmo cosméti-cos dentro da validade po-dem estragar. Isso ocorre porque, às vezes, a emba-lagem não é bem fechada, é guardada em lugar ina-dequado ou ainda porque houve a contaminação por bactérias que passam das mãos para o produto. Por isso, é importante fi car aten-to à aparência, consistência, cor e cheiro.

SinaisCom uma oferta cada vez

maior desses produtos, au-menta também o número de substâncias diferentes em contato com a pele e, conse-quentemente, a possibilidade de alguma alergia ser desen-cadeada.

A estudante Ingrid Andres-sa sofria com descamações, coceira e vermelhidão nos dedos das mãos e demorou para descobrir a causa. “De-pois de muito tempo com o acompanhamento de derma-tologistas e um alergista, re-centemente descobri a que tinha alergia através de um teste de

contato. Era à substância thimerosal. Para as reações alérgicas sumirem, tenho que passar pelo menos três me-ses sem pegar nela, que está presente em muita coisa, de cosméticos a medicamentos. Es-tou aprendendo ma-neiras de como evitar o seu uso ou substituir os produtos que eu an-tes utilizava”, conta.

Raramente alguém descobre uma alergia antes, o comum é que descubram no momento do con-tato. No entanto, é possível se pre-venir. A orientação é que ao utilizar um produto novo, deve-se colocar uma pequena quan-tidade no antebraço e aguardar por algu-mas horas. Repita por mais dois dias e, se não aparecer nenhum sinal de irritação, é si-nal de que se pode usá-lo normalmente.

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MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015F6 Saúde e bem-estar

tem

www.personalfi tnessclub.com.brPersonal Fitness Club

Musculação para crianças e adolescentesTem sido crescente a ade-

são deste público nas aca-demias , e vale ressaltar que isso é bem satisfatório acerca das capacidades e benefícios desenvolvidos com a prática desta moda-lidade . Entretanto, deve-se levar em consideração que esses indivíduos estão ainda em fase de cresci-

mento e todo trabalho deve ser bem orientado por um profissional registrado pelo Conselho Regional de Edu-cação Física.

Outro ponto importante é adaptar o treinamento às condições individuais da criança e do adolescente, voltando sempre a atenção para a técnica correta de

execução das atividades, quantidade de peso e a sua motivação para a execução dos exercícios.

Temos, na musculação, to-tal controle sobre a carga utilizada, tempo de descan-so e intensidade do treina-mento, com foco no objetivo da pessoa que a pratica.

Além de não haver grande

impacto sobre as articula-ções quando praticada de forma correta, a musculação para os mais jovens pode gerar os ganhos desejados sem riscos à integridade do praticante.Sendo assim, a prática para este público é bastante benéfica, desde que haja um bom acompa-nhamento especializado.

Anne Rosely Silva Otani

Pós-graduada em Reabilitação cardíaca e grupos especiais

temPreconceito é o maior obstáculo ao tratamento. Médicos alertam que é preciso fazer o tratamento até o fi nal

Tuberculose

curaExistem muitos tipos

de doenças e algumas delas, infelizmente, ainda não têm cura.

Muitas outras têm, mas por preconceito e falta de infor-mação, são tratadas por parte da população como enfermi-dades incuráveis. A tuberculo-se é uma delas, e a ignorância com relação à doença pode difi cultar e até prejudicar tra-tamento que, se seguido cor-retamente, dura no máximo seis meses.

A secretária executiva M.S.G, 30, sentiu na pele o preconceito das pessoas e dela mesma. A jovem identi-fi cou que algo estava errado quando percebeu que estava

há mais de três semanas tossindo bastante. “Quando pensei em três semanas de tosse, logo associei a doença e me desesperei”, lembrou a secretária.

De acordo com M.S.G, o momento inicial foi de muito sofrimento. Ela imaginou que a doença não tinha cura e que também seria contagio-sa. Diante disso, ela optou por não contar aos familia-res e amigos, e até evitou procurar atendimento médico especializado.

“Eu não sabia o que fazer. Eu só pensava que se contasse para minha família, eu seria evitada. Criei coragem e fui ao médico, quando foi diag-nosticada com a doença”.

Ela foi orientada pelo pro-fi ssional que a doença possui cura e que seu tratamento é de seis meses. Mas que precisa de cuidados específi cos. “O médico foi muito atencioso.

Tirou todas as minhas dúvi-das, me encorajou a iniciar o tratamento e não desistir. Além de, também, me incen-tivar a contar para minha família, que me apoiou e me ajudou”, relembrou.

TransmissãoDe acordo com a infectolo-

gista e diretora do Centro de Referência em Pneumologia Sanitária Cardoso Fontes, Irineide Antunes, a falta de informação difi culta o tra-tamento. “Tuberculose tem cura, mas também mata se não for tratada”, afi rmou.

A tuberculose é uma do-ença causada pela bactéria chamada de bacilo de Koch, transmitida de uma pessoa para outras, por meio da tos-se, espirro e fala. “Esse vírus se instala no organismo pelo oxigênio que é respirado, ou seja, se uma pessoa que está com tuberculose, que não esta fazendo o tratamento, tosse e outras respiram essa bactéria serão infectadas.

Ela se instala, principalmen-te, nos pulmões, mas pode se alojar em outros órgãos do corpo”, explicou.

De acordo com Irineide, tos-se por mais de três semanas pode indicar que o individuo está infectado. Além de febre no fi m da tarde e falta de apetite. A tosse pode vir com secreção, pode ser seca e até com sangue. “Sem duvida a tosse é o primeiro indicativo. Ao identifi car, é preciso ir ao posto médico mais próximo para fazer o exame. Se lá não fi zerem, irão indicar o local especializado”.

A médica alertou, ainda, que ambientes fechados com grande número de pessoas, como presídios, o risco de contaminação é maior. “Es-ses ambientes fechados são propícios para que haja con-taminação se houver algum infectado lá e que não esteja passando por tratamento”.

InformaçãoPara a especialista o pre-

conceito em torno dessa en-fermidade pode prejudicar a cura, já que muitas pessoas ainda acham que a doença é incurável e, por isso, quando descobrem que estão doentes a tendência é esconder dos parentes e amigos.

“É uma doença contagio-sa, sim. Mas, quando alguém identifi car que está contami-nado, ele precisa contar para outras pessoas. Os indivíduos mais próximos como paren-tes precisam se submeter ao exame porque podem estar doentes também”, orientou.

Segundo Irineide, o Ama-zonas é o primeiro Estado brasileiro em incidência de tu-berculose. Ela afi rmou que a maior difi culdade é a logística, muitas pessoas não tem como vir a Manaus e manter o tra-tamento. Em outros casos, em municípios que têm unidades de saúde, muitas pessoas de-sistem do tratamento. O índice de cura no Estado é de 70%, enquanto que o Ministério da Saúde afi rma que o ideal seria 85% de cura.

“A capital é onde tem a maior número de casos: cerca de 70% dos contaminados do Estado estão em Manaus, onde existem muitas unida-des de saúde para fazer o tratamento. Mas muitas pes-soas desistem do tratamento porque é longo”, lamenta.

NÚMEROSA tuberculose, transmi-tida pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, é provavelmente a doença infecto-con-tagiosa que mais mor-tes ocasiona no Brasil

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AÇÃO

Estima-se que mais ou menos 30% da popu-lação mundial esteja infectada, embora nem todos venhama desenvolvera doença

ALIK MENEZESEspecial EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015 F7Saúde e bem-estar

As causas da disfunção eré-til podem ser orgânicas ou psicológicas

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AÇÃO

Disfunção erétil já atinge 15 milhões de brasileiros Devido ao impacto da vida profissional na qualidade de vida, muitos estão desenvolvendo a disfunção

Já chega a 37,3% o núme-ro de famílias chefi adas por mulheres, de acordo com o Censo 2010. Com o

papel da mulher redefi nido na sociedade, nada mais justo que dividir as responsabilidades do-mésticas com os homens, que também acumulam funções. E, com esse novo contexto fami-liar, onde a agenda está sempre cheia, o homem precisa estar atento para não negligenciar a saúde física e psicológica. Principalmente os

mais de 35 milhões de brasi-leiros que têm acima de 40 anos, época em que problemas de saúde relacionados à idade começam a aparecer, entre eles a disfunção erétil (DE).

De acordo com dados da Organização Mundial da Saú-de (OMS), a DE afetará cerca de 322 milhões de homens até 2025 em todo mundo. No Brasil, a doença já atinge cerca de 30% da população

masculina economicamente ativa, o que representa cerca de 15 milhões de homens.

“Há diversas causas para a disfunção erétil. Na de causa orgânica é diagnosticada uma debilidade física, normalmente atrelada ao estilo de vida do paciente com alguns fatores de risco como pressão alta, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo e tabagismo.

Das causas psicológicas, uma delas está relacionada ao acú-mulo de tarefas masculinas e ao novo papel do homem na sociedade”, alerta o urologista Eduardo Bertero, urologista.

A dica para ambos os ca-sos é a prática de atividade física, adoção de alimenta-ção saudável, moderação no consumo de be-

bidas alcoólicas e fi m do tabagismo. “Se o problema persistir, o ideal é consultar um urologista, que irá indi-car o tratamento adequado para cada caso. É possível

também o encaminhamento para um profi ssional da área de saúde mental, como um psicólogo ou um psiquiatra, por exemplo”, completa.

Uma pesquisa recentemen-te divulgada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), realizada em vários estados

do país com homens entre 40 e 69 anos, mostrou que 59% deles já tiveram ou têm algum problema de

ereção durante o ato se-xual. Quanto às parcei-ras, 54% admite que

já passaram pela experiência do

companheiro não conse-

guir ter ereção.

Fotofobia: alerta para sintomas

VISÃO

A fotofobia é um proble-ma bastante comum. Trata-se de um desconforto visual gerado quando as pessoas olham diretamente para a luz ou se deslocam e perma-necem em um ambiente de maior claridade. Essa sensi-bilidade à luz está normal-mente associada a fatores que vão desde pequenas irritações momentâneas até doenças oculares mais graves, como catarata.

A médica ost almologista e diretora da Sociedade de Ost almologia Pediátrica Latino-América Marcia Be-atriz Tartarella alerta para a importância das pesso-as procurarem um médico, sempre que notarem sinto-mas de fotofobia.

“Qualquer alteração nos olhos deve ser investigada,

pois o ser humano utiliza a visão em cerca de 80% de suas atividades diárias”, aconselha a médica.

Sensibilidade a luzO grau de fotofobia, se-

gundo a especialista, varia individualmente de acordo com a quantidade de lumi-nosidade tolerável a cada um. Quem possui albinismo ou olhos claros, por exem-plo, é mais propenso em virtude da quantidade me-nor de pigmento na íris, o qual ajuda a proteger no momento de enxergar em espaços de iluminação mais intensa.

Outros, porém, podem co-meçar a apresentar a sen-sibilidade a partir de uma situação específi ca, como uma poeira ou cisco que

gera uma infl amação, uma conjuntivite, uma úlcera na córnea causada pelo uso in-correto de lentes de contato e a ceratite, que é o resse-camento da córnea ocasio-nado, principalmente após longa exposição em frente à tela de computadores ou equipamentos eletrônicos.

“Uma boa maneira de pre-venir a fotofobia é utilizar lentes fotossensíveis, já que elas ajudam a ajustar a incidência da luminosidade nos olhos ao se adaptarem com a quantidade de luz do ambiente”, afi rma Marcia Beatriz Tartarella.

“Além disso, as lentes fotossensíveis são uma proteção para os olhos a longo prazo por bloquea-rem os raios UVA e UVB”, completa.

Sensibilidade pode indicar doença ocular, mas lentes fotossensíveis minimizam sintomas

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AÇÃO

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F8 MANAUS, DOMINGO, 3 DE MAIO DE 2015Saúde e bem-estar

Riscos de AVC durante a prática de esportes

Médico neurologista orienta atletas amadores e profissionais sobre a importância de exames preventivos para evitar acidentes vasculares cerebrais

Que esporte e saúde são aliados, to-dos sabem. Mas há casos em que a prática esportiva pode até ser fatal. Segundo o neurocirurgião e professor

de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Feres Chaddad Neto, não é incomum a ocorrência de AVCs, sigla para Acidente Vascular Cerebral, durante partidas e exercícios físicos. A boa notícia é que esse risco pode ser evitado.

Cerca de 5% da população têm aneurisma, ou seja, uma malformação nas artérias

cerebrais. “A maioria das pessoas vai viver com ele sem nenhum

problema, mas, caso ele se rompa, pode ser fatal

ou deixar sequelas”, explica.

Uma das causas do rompimento de aneurismas cerebrais é justamente a hipertensão arterial.

“Durante a prática esportiva, há picos de pres-são. Caso a pessoa tenha um aneurisma, correrá mais chances de que ele se rompa, gerando uma hemorragia cerebral, conhecida popularmente como derrame”, completa Chaddad Neto.

Foi esse o caso do lutador de MMA Leandro Caetano de Souza, o Leandro Feijão, que morreu vítima de um aneurisma aos 26 anos, em 2013, na véspera de entrar no ringue.

Segundo Chaddad Neto, há ainda os AVCs isquêmicos, que é a falta de sangue no cérebro, causados por um trombo (coagulação do sangue dentro de um vaso sanguíneo). Foi o que acon-teceu com a jogadora da Seleção Brasileira de Handebol, Daniela Piedade, em 2012, durante o aquecimento para uma partida.

Cuidados essenciaisPara o neurocirurgião, é fundamental que

profissionais do esporte, treinadores, diretores e presidentes de clube, bem como qualquer pessoa que pratique esporte, realizem exames preventivos.

“Da mesma maneira que se faz exames para ver a situação cardíaca antes de se praticar esporte, é importante também ver como está a saúde do cérebro”.

Para o especialista, “um clube de futebol de elite deveria proporcionar a angiotomografia de todos os jogadores. Dessa maneira, seria possível diagnosticar a existência de aneuris-ma antes de seu rompimento, que poderá ser corrigido via cirurgia”, reitera Feres.

No caso de atletas amadores, a recomenda-ção é particularmente válida quando há casos de aneurisma na família, pois há mais risco de sua incidência.

Risco para os jovensO risco de acidentes vasculares cerebrais em

jovens é bastante grande, pois, diferentemente de pessoas mais velhas, ainda não desenvolve-

ram plenamente a circulação colateral. Um atleta tem um bom fluxo sanguíneo, uma circulação adequada, mas pode

não ter uma circulação colateral desenvolvida, que são vias alterna-

tivas para a chegada do sangue ao cérebro.

“Assim como um rio vai crian-do caminhos quando encontra barreiras, também no ser hu-mano o sistema circulatório vai buscando canais opcionais de fluxo sanguíneo quando há obstrução por placas de gordura,

por exemplo. Nas pessoas mais velhas, há a circulação colateral,

que ainda não foi desenvolvida no jovem, mesmo que este pratique

esportes”, diz o médico. O neurocirurgião, contudo, destaca a

importância da prática esportiva regular para uma saúde melhor, inclusive para se evitar

AVCs. “A atividade física traz inúmeros benefí-cios: aumenta os níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade, o “bom colesterol”); regula o açúcar no sangue, reduzindo o risco de diabetes; melhora a capacidade mental, como reflexos mais rápidos, maior nível de concentração e memória mais apurada; fortalece os músculos e a manutenção da massa óssea, fundamentais para retardar o envelhecimento; alivia o estresse e a ansiedade; melhora a qualidade do sono, além de ajudar na autoestima”, reforça Feres Chaddad Neto.

“Portanto, para usufruir de todos esses bene-fícios sem riscos, antes de iniciar uma atividade desportiva, convém incluir o exame vascular do cérebro como quesito da avaliação física.”

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