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AMBIENTE & EDUCAÇÃO | vol. 18(2) | 2013 183 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM ANÁLISE SWOT Marcelino Gomes de Araújo * Silvia Helena Lima Schwamborn ** RESUMO A Educação Ambiental busca discutir o cenário socioambiental atual e motivar novas posturas dos envolvidos diante das relações entre o ser humano e o meio, contudo observa-se a falta de relevância, objetividade e operacionalidade na execução de suas ações. Portanto, neste trabalho quali- quantitativo, investiga-se apurar variáveis que interferem no desenvolvimento da Educação Ambiental, à luz da técnica de Análise de SWOT, estendendo-se entre educadores de escolas municipais da cidade do Recife – PE, e especialistas na temática. Evidencia-se que os aspectos indicados para ambiente interno e externo da escola se relacionam dinamicamente, e apontam para ações que viabilizem um plano estratégico quanto ao desenvolvimento das atividades socioambientais, suprimindo dificuldades e maximizando seus pontos fortes. Palavras-Chave: Processos educativos socioambientais. Gestão educacional. Planejamento estratégico. ABSTRACT Environmental Education In The Light Of The SWOT Analysis Environmental Education aims to discuss the current socio-environmental scenario and to trigger new attitudes of those involved in the relation between a human being and the environment. However, lack of relevance, objectivity and operationality has been observed when actions are carried out. Therefore, this qualitative and quantitative study investigated variables that affect the development of Environmental Education in the light of the SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) Analysis, among city schools teachers and experts in Recife, PE, Brazil. Results showed that the aspects that concerned the internal and external environment of the school * Especialização em Programação do Ensino de Biologia pela Universidade de Pernambuco - UPE. É professor de Educação Básica da Escola Antonio Guilherme Dias Lima, Inajá - PE. E- mail: [email protected]. ** Doutorado em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. É professora adjunto nível I da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória. E-mail: [email protected].

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AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013183 A EDUCAO AMBIENTAL EM ANLISE SWOT Marcelino Gomes de Arajo * Silvia Helena Lima Schwamborn ** RESUMO AEducaoAmbientalbuscadiscutirocenriosocioambientalatuale motivarnovasposturasdosenvolvidosdiantedasrelaesentreoser humanoeomeio,contudoobserva-seafaltaderelevncia,objetividadee operacionalidadenaexecuodesuasaes.Portanto,nestetrabalhoquali-quantitativo, investiga-se apurar variveis que interferem no desenvolvimento da Educao Ambiental, luz da tcnica de Anlise de SWOT, estendendo-se entreeducadoresdeescolasmunicipaisdacidadedoRecifePE,e especialistasnatemtica.Evidencia-sequeosaspectosindicadospara ambienteinternoeexternodaescolaserelacionamdinamicamente,e apontamparaaesqueviabilizemumplanoestratgicoquantoao desenvolvimentodasatividadessocioambientais,suprimindodificuldadese maximizando seus pontos fortes. Palavras-Chave: Processos educativos socioambientais. Gesto educacional. Planejamento estratgico. ABSTRACT Environmental Education In The Light Of The SWOT Analysis EnvironmentalEducationaimstodiscussthecurrentsocio-environmental scenario and to trigger new attitudes of those involved in the relation between a human being and the environment. However, lack of relevance, objectivity and operationality has been observed when actions are carried out. Therefore, thisqualitativeandquantitativestudyinvestigatedvariablesthataffectthe developmentofEnvironmentalEducationinthelightoftheSWOT (Strengths,Weaknesses,OpportunitiesandThreats)Analysis,amongcity schoolsteachersandexpertsinRecife,PE,Brazil.Resultsshowedthatthe aspectsthatconcernedtheinternalandexternalenvironmentoftheschool *EspecializaoemProgramaodoEnsinodeBiologiapelaUniversidadedePernambuco- UPE. professor de Educao Bsica da Escola Antonio Guilherme Dias Lima, Inaj - PE. E-mail: [email protected]. ** Doutorado em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. professora adjunto nvel I da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadmico de Vitria. E-mail: [email protected]. Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn184relateddynamicallytoeachother.Besides,actionsthatenablethe implementationofastrategicplanforthedevelopmentofsocio-environmentalactivitieswereproposedinordertomitigatedifficultiesand maximize strengths in the school. Keywords:Socio-environmentalandEducationalProcesses.Educational Management. Strategic Planning. INTRODUO Asaeseducativasambientaisvmsedestacandono cenrioatualfrentecrisesocioambientaldecorrentedo comportamento humano, muito embora apresentem resultados pouco relevantes em relao magnitude da situao. No ambiente formal, amaioriadasinstituiesdeensinoseesforaparaaplicaros objetivosdaEducaoAmbiental,maspoucosoosresultados verdadeiramente coerentes com a prtica desejada.OBrasilpossuiumplanonacionaldeEA,aPoltica NacionaldeEducao AmbientalinstitudapelaLei9.795de27de abril de 1999 e regulamentada pelo Decreto n 4.281 de 25 de junho de2002,bemcomo,ProgramaNacionaldeEducaoAmbiental (ProNEA)queestabeleceprincpios,diretrizes,linhasdeaese estratgiasgeraisparaaefetivaodaEAnopas.Aconstituio dessaspolticaspertinenteeorientaparaoobjetivomaiordaEA, noentanto,issonoquerdizerqueaexignciadaspolticasemsi promova a prtica desejada. As polticas situam-se em planos gerais, queatendemasnecessidadescomuns.Osagenteseinstituiesque lidam diretamente com sua implantao, e com atividades educativas socioambientais,noticiambemsuasconquistasedesafiosfrentes suas prticas. SegundoBRASIL(2007),osdadosde2004doInep (InstitutoNacionaldeEstudosePesquisasAnsioTeixeira) indicaramauniversalizaodaEducaoAmbientalnoensino fundamental, com um expressivo nmero de escolas 94,95% - que declaramterEducaoAmbientaldealgumaforma.Emboraeste percentual seja alto, percebe-se na que esse trabalho, na maioria das vezes, pontual e descontnuo. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013185Nessecontexto,verifica-seanecessidadedeum planejamentoestratgicoqueviabilizeaEducaoAmbiental,a partir da compreenso de sua estrutura e funo, seja na escola, seja na comunidade circundante. O planejamento o ponto crucial para a obtenoderesultadossatisfatriosdeumprojetooudequalquer outraatividade.Atravsdeleosenvolvidosconseguemtraar caminhos,estratgias,verificarmetodologias,avaliarresultadose assimdirecionaroobjetopropostoafimdeobterefeitos significativos, identificando, analisando e estruturando os propsitos dainstituiorumoaoquesepretendealcanar,levandoem consideraosuaspolticaserecursosdisponveis(COLOMBO, 2004: 19). Diversasformassoutilizadasparasefazerum planejamento adequado a cada realidade. Neste estudo considera-se a AnliseSWOT,mtodooriginalmentedagestodeempresasque apreciaocenrionasquaisseencontram.Estetipodeanlise considera o planejamento da situao como um todo, tomando como baseasperspectivasinternas(ForaseFraquezas)eexternas (AmeaaseOportunidades),oferecendoumlequedeavaliaoe tendncias, positivas ou negativas, que garantem um direcionamento ajustado correo de problemas, ao beneficiamento das vantagens e ao olhar de expectativas futuras, buscando, de acordo com Mintzberg etal.(2000)aformulaodeestratgiaquebusqueatingiruma adequao entre as capacidades internas e as possibilidades externas. OtermoSWOTumasiglaoriundadaspalavrasemingls Strengths(Foraspontosfortesdainstituioquepodemser potencializados);Weaknesses(Fraquezaspontosfracosda instituioquedevemserminimizadosousupridos);Opportunities (Oportunidadescondiesexternasquepodem,quando aproveitadas,influenciarpositivamenteofuncionamentoda instituio)e;Threats(Ameaas-condiesexternasquepodem, quandonominimizadasouimpedidas,influenciarnegativamenteo funcionamentodainstituio),tambmconhecidaemportugus como FOFA.O mtodo creditado pela Harvard Business School, todavia, Tarapanoff(2001)eoutrostericossugeremqueestaanlisejera utilizadahmaisdedois milanos,quandocitadaporSun Tzu(500 a.C)utilizava-sedoconceitoConcentre-senospontosfortes, Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn186reconheaasfraquezas,agarreasoportunidadeseproteja-secontra asameaas.Estamatrizoferecedirecionamentodoplanejamento estratgico,poisapartirdasavaliaesinternas(forasefraquezas) edoambienteexterno(oportunidadeseameaas),consegue-se observarpontospotenciaisevulnerveis,preversituaesde neutralidadesesugeretendnciaspositivasounegativas,deacordo com cruzamento das informaes indicadas pelas variveis. Dessa forma, com o diagnstico da Educao Ambiental sob aticadaSWOTevidenciadonestetrabalho,pretende-seavaliaros pontosfortesefrgeisparaodesenvolvimentodasprticas educativas socioambientais na escola, como eles se relacionam e que elementospodemampliarsuasforaseneutralizarasdificuldades encontradas,indicandosujeitos,recursoseaesquecomporoo planodetrabalhoestratgicocondizenteparaseumelhor aproveitamento. MATERIAL E MTODOS Apesquisapossuicarterquali-quantitativo,em conformidadecomasideiasde(CAPPELLEetal,2011).As variveisforamobservadascaracterizando-asatravsdeumestudo aprofundadodasmesmasedoambientenaqualestinserido (WAINER, 2007), admitindo-se uma pesquisa do tipo observacional, sem interferncia no meio. Apesquisafoivivenciadacomeducadoresquetrabalham entre32escolasvinculadasSecretariaMunicipaldeEducaodo Recife PE, e desenvolvem as temticas socioambientais a partir de um padro: a presena de Comisses de Meio Ambiente e Qualidade VidanaEscola(COM-VIDA).ACOM-VIDAorganizaode jovensnaescola,idealizadasporestudantesdurante aIConferncia de Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, realizada em 2003, promovidapeloMinistriodoMeioAmbienteemparceriacomo MinistriodaEducao,quedeacordocomosprpriosjovens, sugeriramacriaodeconselhosescolaresquediscutisseme pensassem em solues de natureza social, poltica e essencialmente ambiental dentro das prprias escolas e nas comunidades das escolas dopascomaintenodamelhoriadaqualidadedevidada comunidade escolar. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013187Asvariveis(Foras,Fraquezas,Oportunidadese Ameaas) obtidasparaaanlisedeSWOTforamverificadaspormeiode entrevistassemiestruturadasequestionriosaplicadosatodosos quinzemonitores1doprogramaCOM-VIDAdas32escolas,dez professores, dez membros da gesto escolar2, trs sujeitos integrantes daGernciade3e4Ciclos3,epormeiodeumaentrevista estruturadas a um especialista em Gesto Escolar e dois especialistas em Educao Ambiental. Selecionou-seumprofessoreumcomponentedagesto escolaremumaamostradedezescola. Asescolas,porsuavez,que fazempartedapesquisaforamindicadascombasenosdados oriundosdeduasfontes:osdaGernciade3e4Ciclos,quej possuiumaavaliodiagnsticaprpria,emqueconceituamos rendimentos das 32 escolas em relao ao desenvolvimento de aes educativasambientaisemquehofuncionamentodeCOM-VIDA como Fraco, Regular ou Bom e; os dos monitores, na qual solicitou-sequeostaissujeitosavaliassemtambmescolascomosmesmos aspectoseconceitosutilizadospelaagerncia.Apartirdas indicaesobservadas,houveocruzamentodasinformaesdos dadosdasduasfontes.Ointuitodessaaofoiodeseobteruma amostrade12escolasdistribudasentreasseisRegiesPoltico-Administrativas4 (RPA), sendo duas escolas por RPA. Em cada RPA ento, foi escolhida uma escola quando conceituada com rendimento Bom pelas duas fontes e outra com rendimento Fraco. Asentrevistaseosquestionriostrabalhadoscomos pesquisadosnofocamdiretamenteaindicaodasvariveis,tendo sido apontadas por anlise de contedo (BARDIN, 1979; MINAYO, 2000),quetraziamconsigoindagaessobreperspectivase concepesgeraisdaestruturaefuncionamentodaEducao Ambiental nas escolas.Avariaodosagentesenvolvidos(monitores,professores, membros da gesto escolar e da gerncia e especialistas) na amostra 1GraduandoscontratadospelaSecretariaMunicipaldeEducaodoRecifePE,mediante processo seletivo, para atuarem nos trabalhos junto s COM-VIDAs. 2Membrosdagestoescolar:diretorgeral,diretoradjunto,ouindicativodeumcoordenador pedaggico. 3rgovinculadoSecretariaMunicipaldeEducaodoRecifequeresponsvelpor coordenar o trabalho das COM-VIDAs nas escolas municipais da referida cidade. 4 Diviso poltica na qual a extenso territorial do Recife se encontra dividida. Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn188sedeveapretensodeentenderoobjetodeestudoatravsdeuma perspectiva micro e macro. A anlise busca confrontar as indicaes propostas pelos agentes diretos no trabalho (monitores, professores e membrosdagestoescolar)relacionando-oscomagentesexternos (membrosdagernciaeespecialistas),permitindo-seobteruma visoimparcialdaproblemtica.Fundamentandoabasedesses dados,soutilizadasfontessecundriascomo,trabalhoscientficos, livros,revistascientficas,informaesdergosgovernamentais, legislao e outras, que levantam questionamentos e posicionamento sobre a prtica da Educao Ambiental. Os dados obtidos foram aferidos e analisados de acordo com dois ambientes, o interno e o externo, onde se tem como referencial o espaoescolar.Oambienteinternocorrespondesexpectativasda prpria escola e o ambiente externo s expectativas da sociedade. No ambienteexternoaindasoindicadasasvariveisquanto proximidadeemrelaoaoambienteinterno:oambientalgeraleo operacional, permitindo analisar tendncias em potencial, negativas e positivas, de acordo com a Figura 1. FIGURA 1 Demonstrao dos ambientes em anlise. Adaptado de Certo &Peter (1993: 43). Aspotencialidadese asneutralizaes soavaliadas quando suasinformaessocruzadaserelacionadasconsiderandocada varivel: fora e oportunidade; fraqueza e ameaas; foras e ameaas e;fraquezaeoportunidade.Portanto,aspotencialidades, AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013189neutralizaesetendnciaspercebidassoconstrudascom perspectivas norteadoras, oferecendo viso clara de variveis a serem corrigidas, que podem ser neutralizadas pelas variveis favorveis, e devariveisaseremconservadasemesmopotencializadas. Evidencia-se,dessemodo,umplanejamentodirecionadodasaes educativas socioambientais na escola. RESULTADOS Asvariveisforamapontadasdeacordocomapercepo dos sujeitos diante da anlise de contedo, ou por serem constatadas demodopadronizadoexplicitamentenoambienteemcadaescola pesquisada.AsmesmasseapresentamcomoForaseFraquezas (AmbienteInterno)edasOportunidadeseAmeaas(Ambiente Externo). AMBIENTE INTERNO Paraoambienteinternosoindicadasseisvariveisparaa categoriaForaeoitoparaacategoriaFraqueza.Dessetotal indicado,setefazemrefernciaaaspectosderecursoshumanoseo restanteaaspectostcnicosegerenciais.Quantoaosaspectosde recursos humanos relacionados s Foras, destacado por 92,6% dos sujeitospesquisadosotrabalhodemonitoresparaarealizaode atividadescomastemticassocioambientais;commesma porcentagem indicam a participao efetiva dos alunos j envolvidos comaCOM-VIDAe;95,1%sugeremoapoiodagestoescolar. Contudo,sedestacamparaasFraquezas:adeficincianotrabalho coletivoportodosospesquisados;afaltadeenvolvimentodos funcionriosdaescolanasaespedaggicaspor95,1%;seguido pelaidentificaodepequenaquantidadedeprofessoresealunos envolvidos no trabalho socioambiental escolar, ambas apontadas por 92,6%. Noquedizrespeitoaosaspectostcnicosegerenciais, indicam-secomoForas:odesenvolvimentodaCOM-VIDA,de acordo com a informao das escolas visitadas e pela Gerncia de 3 e4Ciclose;aautonomiadaescolaquantoescolhadepropostas didticaseademocraciaescolar,ambasevidenciadasnocontexto Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn190escolar.Verificam-secomoFraquezaspor71,3%dospesquisadosa deficincia no domnio das temticas socioambientais; 56% apontam quetempodestinadosatividadespropostasinsuficiente;48,7% afirmamqueacontemplaoindiretadastemticassocioambientais apareceapenasdemaneiraindiretanoProjetoPolticoPedaggico (PPP)e;12,1%percebemaindacarnciadeperspectivasdidtico-pedaggicas na escola. AMBIENTE EXTERNO Noambienteexternosoconstatadasdozevariveis,sendo cincocomoOportunidadesesetecomoAmeaas,fazendo-sede refernciasconceituais,humanas,tcnicas,financeiraselegais.As variveis,nesteambiente,soaindasubclassificadasdentrodo ambiente operacional e geral. AsOportunidadesapontadas:formaocontinuadasugerida portodosossujeitos;aindicaodeprojetosdidticospela Secretaria de Educao Municipal do Recife por 92,6% e; o suporte deumagernciaespecificaparaaoperacionalizaodastemticas socioambientais comprovada por sua prpria existncia, fazem parte do ambiente operacional. J a possibilidade de parcerias relacionada por 95,1% dos sujeitos e as polticas pblicas existentes por 63,4% se adequam ao ambiente geral.Entre os aspectos verificados como Ameaas para o ambiente operacional,observou-sequetodosossujeitosindicamopouco envolvimento da comunidade local e que 21,9% citam que h pouca disponibilizaoderecursospelagestomunicipal.Quantos Ameaasparaoambientegeral,verificadaportodos,a desarticulaoentreossetoresdasociedade;acarnciade investimentos financeiros por 75,6% e; a deficincia na consolidao das polticas pblicas por 63,4%. A pouca percepo socioambiental eodesinteressepelaEducao Ambiental,sovariveisobservadas na sociedade. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013191NoQuadro1,encontram-se,resumidamente,todasas variveisconsideradaspelossujeitos,arranjadaspelosAmbientes Interno (Foras e Fraquezas) e Externo (Oportunidades e Ameaas). QUADRO 1 Variveis indicadas para o ambiente interno e externo Ambiente InternoAmbiente Externo Foras FO 1 Monitor para o trabalho das temticas socioambientaisFO 2 Participao efetiva dos alunos envolvidos FO 3 Apoio da gesto escolar FO 4 Desenvolvimento da COM-VIDA FO 5 Autonomia na escolha de propostas didticas FO 6 Democracia escolarOportunidades (ambiente operacional) OP 1 Formao continuada OP 2 Indicao de projetos didticosOP 3 Suporte de gerncia especfica para operacionalizao das temticas socioambientais Oportunidades (ambiente geral) OP 4 Parceiras OP 5 Polticas pblicas existentes Fraquezas FR 1 Dificuldade em trabalho coletivo FR 2 Falta de envolvimento dos funcionrios nas aes pedaggicas FR 3 Pequena quantidade de professores envolvidos FR 4 Pequena quantidade de alunos envolvidosFR 5 Deficincia no domnio das temticas socioambientais FR 6 Tempo insuficiente para atividades propostas FR 7 Contemplao indireta da aes no Projeto Poltico Pedaggico FR 8 Carncia de perspectivas didtico-pedaggicas Ameaas (ambiente operacional) AM 1 Pouco envolvimento da comunidade localAM 2 Pouca disponibilizao de recursos pela gesto municipal Ameaas (ambiente geral) AM 3 Desarticulao entre setores da sociedade AM 4 Carncia Investimento Financeiro AM 5 Deficincia na consolidao das polticas pblicas AM 6 pouca percepo socioambiental AM 7 Desinteresse sobre a Educao Ambiental DISCUSSO A partir dos resultados possvel ter uma viso clara dos pontos em potenciais e dos pontos que se neutralizam, essenciais para se traar estratgiasadequadasacadasituao,observandoqueaanlisedos ambientes tem por base algumas premissas, na qual se veem: i)aempresadeveconsideraroambienteesuasvariveis relevantes em que est inserida, de modo a detectar as oportunidades ausufruireasameaasaevitar;ii)aorganizaodeveterpleno Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn192conhecimento dos seus pontos fortes e fracos no enfrentamento dessa situao; iii)aempresadeveprocederanliseinternaeexternade forma integrada, contnua e sistemtica. (OLIVEIRA apud PEREIRA & ANTONIALLI, 2011: 33) a)Foras Observa-sequeasvariveisindicadasnessacategoria concentramseuspontosfortesnosagentesparticipantesdos processoseducativossocioambientaiscomonodesenvolvimento desses.Apremissadetermospessoasquesoestimuladasa desenvolveralgumaaoeacontemplaodeprogramas,no necessariamenteindicaumarespostapositivaaotrabalhoaser desenvolvido,embora,aexistnciadessascircunstnciasfacilitaa concretizao do objetivo proposto em questo. A reflexo que se faz nestemomentocomoessesprocessosocorremecomoesses agentes de fato realizam suas aes de forma a viabiliz-los? Osmonitores,alunos,professoresegestorespresentesnas situaessomotivadoscomsuasatividades,ofuncionamentoda COM-VIDA e a situao organizacional proposta para as escolas so favorveisparaaimplantaodeatividadesprevistas.Essas caractersticassoimportantesparaaconsolidaodaEducao Ambientaledevemserpotencializadaspelasoportunidades identificadasparamelhoraroprocessoeducativo,tornando-opleno dentroeforadaescola.Noentanto,adeficinciaobservadana contemplaodosobjetivosmuitoserelacionacomaslimitaes enfatizadas pelas fraquezas e as ameaas encontradas. b)Fraquezas As fraquezas apontadas mostram um reflexo das dificuldades internasparaotrabalhodaEducao Ambiental.Percebe-sequeas variveisapontadasserelacionam,sugerindoumapreocupaode correlaonoplanejamentodasaesqueassupriro.Emoutras palavras,aidealizaodeumaestratgiaqueatuesuprindouma varivel necessita estar vinculada a outra, as estratgias devem estar conectadas, sendo trabalhadas de forma complementar, a fim de agir na totalidade da problemtica. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013193Emboraseobserveapresenadediversasvariveis, podemos discuti-las partindo da que contempla o Projeto Poltico da Escola(PPP).Estedocumentosimbolizaaidentidadedaescola, direcionando-a a cumprir suas metas e alcanar seus objetivos, um documento discutido, elaborado, planejado e executado por todos os membros da comunidade escolar (alunos, professores, funcionrios e paisouresponsveis).Aprpriaanlisedeste,jseremetea necessidadedotrabalhocoletivo,ouseja,osucessodaaplicaoe implantao dos temas e aes socioambientais de responsabilidade detodosquefazempartedaescola.Assim,acontemplaoea importncia dada temtica socioambiental no PPP colocam a escola emumpatamaraltodeenvolvimento.Noquedizrespeitoaos sujeitos do ambiente escolar, implica no direcionamento que a escola necessitaestabelecer,envolvendotodoocorpodocenteediscente, comotambminserirosfuncionrios,paisouresponsveisemuma posio direta dos processos educativos. Dada a importncia do PPP, Loureiroetal(2006)indicaemsuapesquisaqueapenas38% trabalhamastemticasocioambientaisinseridasneste,revelando uma perspectiva educacional desarticulada. Destaca-se que uma vez elaborado o plano estratgico para o desenvolvimentodas aes,inseridonoPPP, pertinentecolocaras indagaesrelacionadasaocontedoedomniodastemticas socioambientaisecomoestasserodesenvolvidas.Percebe-seque noexisteumauniformidadequantosquestescitadasantes,ou mesmoumpadrodeformaoacadmicaentresujeitosque compemaescola,entretanto,apartirdessavariedade,h possibilidade de troca e complementao de conhecimento e prticas entreestesenvolvidos,sejadocontedoemsioucomoaformade abord-los. c)Oportunidades Asoportunidadesapresentamperspectivasoperacionais contundentesparaoaproveitamentodaEducaoAmbientalnas escolasanalisadas.Destaca-seofatodaexistnciadeumagerncia especfica,aGernciade3e4Ciclos,vinculadaaSecretaria MunicipaldeEducaodoRecife-PE,paradarsuporte sescolas, evidenciandopreocupaocomaproblemticasocioambiental.A Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn194mesma secretaria continua a demonstrar interesse quando possibilita formao continuada aos professores, indicao e suporte de projetos didticosemesmorecursodidticodegrandeexpressocomo,o barcoescola,quedeacordocomoprprioprojetoAEscola AmbientalguasdoCapibaribetemcomofinalidadeampliaros espaospedaggicosdeEducaoAmbiental,propiciandoa compreensodaimportnciadasguasparaaqualidadedevidado conjunto da cidade. Nota-se que as variveis vistas do ponto de vista operacional, apresentam ainda tendncias positivas quando amparadas e apoiadas pelasvariveisdoambientegeral.Aspolticaspblicasexistentes sobemdefinidas,apresentamleiseprogramasmarcantes,embora no sejam dadas condies reais para sua efetivao, sejam recursos humanos,materiaisoufinanceiro. Amitigaoparaalgumasdessas dificuldadespodevirdacontribuiodeinstituiesparceiras.No entanto,noexcluiaquiaresponsabilidadedopoderpblico, entendendoasparceriascomoummododearrecadaodesses recursosdeformacomplementar,bemcomoapossibilidadede interao com outros setores da sociedade. d)Ameaas Diantedoambienteoperacional,avarivelalarmante, provavelmente,acarnciadoenvolvimentodacomunidadelocal, formada por familiares dos alunos e demais pessoas do entorno. Essa varivelimportamedidaquecompreendemosaeducaocomo integradora,noestabelecimentodecidadosatuantesnasociedade, sendo a populao circundante essencial para dinamismo do processo educativo e para a transformao da sua localidade. Percebe-se que o desinteressedessessujeitosvaialmdasquestessocioambientais, caracterizandoumadespreocupaocomaeducao emsi. Agrava-semaisaindaquandoassociadoaodescasocomatemtica socioambiental,quesofretendncianegativapelapoucapercepo desses temas e da Educao Ambiental na sociedade como um todo. Loureiroetal(2006)indicatambmqueaprticadaEducao Ambiental passa pelo envolvimento da comunidade. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013195ApesardaconstataodaimportnciadadaaEducao Ambiental pela gesto do municpio, como citadas as Oportunidades anteriormente, recai agora a preocupao de muitas aes no serem fomentadasporrecursosdiversos,principalmentefinanceiros.Essa varivel sofre negativamente a tendncia da carncia de investimento pbliconosetor,queporsuavezprovocamdeficinciana consolidao daspolticas pblicasdeEA.Contudo, observa-seque taisvariveisnoseconcretizamcomapenasoinvestimentodos recursos em si, a viabilidade dessas dependem de um plano de gesto queatendasuasnecessidadeseasfaamsedesenvolverem, observandoosobstculosecontemplandoaspeculiaridades encontradas em cada localidade. RELACIONANDO AS VARIVEIS As variveis so agora cruzadas para a indicao dos pontos empotenciaisedospontosqueseneutralizam,sendo sequencialmentediscutidas.Aspotencialidadessoidentificadas relacionandoasvariveisForaseOportunidades(Quadro2), gerandopotencialidadespositivase,FraquezaseAmeaas(Quadro 3),produzindoaspotencialidadesnegativas.Asneutralidadesso identificadasrelacionandoas AmeaascomasForas(Quadro4)e as Oportunidades com as Fraquezas (Quadro 5). a)Potencialidades Positivas CorrelacionandoasOportunidadeseForas,busca-se identificar pontos positivos e em potencial que possam aperfeioar o aproveitamento da EA nas escolas. Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn196QUADRO 2 Potencialidades Positivas - relaes entre Oportunidade e Fora Foras Oportunidades FO 1 Monitor para o trabalho das temticas socioambientais FO 2 Participao efetiva dos alunos envolvidos FO 3 Apoio da gesto escolar FO 4 Desenvolvimento da COM-VIDA FO 5 Autonomia na escolha de propostas didticas FO 6Democracia escolar OP 1 - Formao continuada OP 2 - Indicao de projetos didticos OP 3 - Suporte de gerncia especfica para operacionalizao das temticas socioambientais OP 4 - Parceiras OP 5 Polticas pblicas existentes Indica a existncia da relao entre as variveis Observa-sequeoapoiodagestoescolaropontomais potencial,poisserelacionaatodasasoportunidades,issoporquea gestoescolarexercefunodemobilizao,coordenao, planejamento,administraoemotivaodosprocessoseducativos naescola.Asoportunidades,dessaforma,podemtorn-lamais atuante,provendomeiosparasuprirsuasnecessidades,sejamcom suporteshumano,legaloumaterial.Contudo,aprpriagesto escolarcarecevigoraremsuaessncia,gerindodeforma democrticaeparticipativa,queseuplanodevaserconstrudoe amparadoportodacomunidadeescolar.Krawczyk(1999:119) sugere a gesto escolar igualmente numa perspectiva ecolgica cuja: ...aideiadeautonomiaseconstricomosinnimodeauto-organizao,indissociveldaideiadedependnciaecolgicado meioambiente.Nessecaso,convoca-seaparticipaocoletivados diferentesatoreseducativosnosprocessosdeplanejamentoena avaliao do funcionamento da escola. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013197OsuportedaGernciade3e4ciclos,aindicaode projetosporrgosdaSecretariaMunicipaldeEducaoeas eventuaisparceriassopotencializadoresevidentesdasprticas socioambientais,umavezqueagernciaprestaserviodesuporte pedaggicoeoferecerecursoshumanosparaodesenvolvimentoda COM-VIDAououtrasaeseducativassocioambientais.Porsua vez,aindicaodeprojetosnoremeteapenasumamerasugesto temtica,masosrgostendemaampararasescolascomvariados recursose,comoauxliodeparcerias,essasaespodemser complementadas, alm de integrar diferentes setores na sociedade. Esseconjuntodevariveispodesetornareficientequando trabalhadoecontempladoemsuacoletividade,devendohaveruma relaontima,comunicativaediscursivaentreossujeitosergo envolvidos.Atenta-sepelaformadeplanejamentoedotipode relao que os envolve. Cada rgo ou sujeito responsvel por uma partedoprocesso,afaltaouodescompromissodealgum, possivelmentepodeporemriscootrabalhodooutroeassim implicar no fracasso do processo como um todo. b)Potencialidades Negativas AorelacionarasAmeaascomasFraquezas,procura-se identificar pontos negativos e em potencial que possam desfavorecer o aproveitamento da EA nas escolas. Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn198QUADRO3PotencialidadesNegativas-relaesentre Ameaae Fraqueza Fraquezas Ameaas FR 1 Dificuldade em trabalho coletivo FR 2Falta de envolvimento de funcionrios nas aes pedaggicas FR 3 Pequena quantidade de professores envolvidos FR 4Pequena quantidade de alunos envolvidos FR 5 Deficincia no domnio das temticas socioambientais FR 6Tempo insuficiente para as atividades propostas FR 7 Contemplao indireta de aes no Projeto Poltico Pedaggico FR 8Carncia de perspecti-vas didtico-pedaggi- cas AM 1 Pouco envolvimento da comunidade local AM 2 Pouca disponibilizao de recursos pela gesto municipal

AM 3 Desarticulao entre setores da sociedade AM 4 - Carncia de Investimento Financeiro AM 5 Deficincia na consolidao das polticas pblicas AM 6 Pouca percepo Socioambiental AM 7 - Desinteresse sobre a Educao Ambiental Indica a existncia da relao entre as variveis Oenvolvimentodacomunidadelocalnasatividades socioambientais promovidas pela escola exerce papel fundamental na transformao no ambiente, sendo essencial que ela perceba em suas aescomopodemmudararealidadelocal.Essaspessoas,ainda, devemseintegrardiretamentenoprocessoeducativo,fazendoparte AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013199daconstruocidaddosalunosdecadalocalidade,influenciando assim na formao de cada estudante como tambm nas mudanas do ambiente circundante.A admisso de metodologias que promovam a interao entre famlia e escola, observando as limitaes da primeira sobre a educao formal, essencial para diversificar os sistemas de ensino e envolver, nas parcerias educativas, as famlias e os diversos atores sociais (MEC & UNESCO, 2000: 56). Essasituaoobservadaseagravaquandorelacionadas Fraquezas da prpria escola e mesmo s outras Ameaas constatadas como,afaltadeinteressesobreasquestesambientaiseEducao Ambiental e comadesarticulaoentresetoresdasociedadequanto aessatemtica.Amudanadavarivelemquestoparauma Oportunidadenecessitadeumplanoestratgicoqueenvolvaa famlia,aescolaeosoutrosatoressociaiscontinuamente,queos faa perceber a importncia da qualidade de vida e do meio ambiente dentro e fora da escola. Aoressaltarapequenaparticipaodaquantidadede professoresealunosenvolvidosnosprocessoseducativos socioambientaisnasescolas,visualiza-seessasituaocomouma redenasquaisinmerasvariveisserelacionam.Quandose identifica,porexemplo,quepoucosprofessoresestointegrados nessesprocessos,leva-seemconsideraooconhecimentoea importncia dada por esses profissionais e pela escola ao tema. Essa circunstncia interfere diretamente na construo do Projeto Poltico Pedaggicodaescolaeassimnoenvolvimentodorestanteda comunidadeescolar,umavezqueoplanejamentoeaexecuodas aessocomprometidospelafaltadeperspectiva,deintegraoe de idealizao dos objetivos propostos pela temtica socioambiental. Os objetivos para o desenvolvimento da Educao Ambiental perpassamportodososenvolvidos,oplanejamentointegrador necessita que o coletivo seja atuante. A deficincia da ao coletiva, nessecaso,colocaemriscoaconstruodacidadaniaambientaldo segmentoaluno,maiorcomponenteevidenciadodoprocesso educacional,poisseobservaquenohumaparticipaoefetivae integradoradosagenteseducadoresescolaresemsi,edesses juntamentecomospais.Dessaforma,Andrade(2007)destacaque escoladeveentonostornar-seumagentequepossapropiciar mudanas num sentido mais amplo, mas tambm tornar-se um objeto Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn200detaismudanas,poiselainstitui-secomoambienteprximo,com situaesreais,ondenovoscomportamentospodemser desenvolvidoseexercitadosdeumaformademocrtica,progressiva e dinmica. Ainterrelaodessasvariveisnegativastornaoambiente educacionaldesapropriadoparaaoeducativacomoumtodo. Compreende-sequenobastamitigarouagirsobreumaououtra varivel, o planejamento precisa oferecer condies de atender o seu conjunto, prevendo aes que contemplem as correlaes existentes. c)Neutralizaes Aponta-senessaseoascorrelaesdeneutralidade existentesentreospontospositivosenegativos,sendoindicativos possveisparaamenizarousanarosproblemasexistentes.No Quadro4,analisa-seasrelaesemcontraporasAmeaascomas Foraspresentesnoambienteescolar,enquantoquenoQuadro5, relaciona-secomoasOportunidadesindicadaspodemsupriras Fraquezas indicadas. Diante dessas relaes, pode-se constituir o prximo passo a elaboraodoplanejamentoestratgico,buscandoeestabelecendo metas,objetivos,aeseagentesaseremenvolvidos,elementos essenciaisparaoaproveitamentodoplano,umasvezqueessas correlaes identificam e apontam pontos de interesse comuns. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013201QUADRO 4 Neutralizaes - relaes entre Ameaa e Fora Foras Ameaas FO 1 Monitor para o trabalho das temticas socioambientais FO 2 Participao efetiva dos alunos envolvidos FO 3 Apoio da gesto escolar FO 4 Desenvolvimento da COM-VIDA FO 5 Autonomia na escolha de propostas didticas FO 6 Demo-cracia escolar AM 1 Pouco envolvimento da comunidade local AM 2 Pouca disponibilizao de recursos pela gesto municipal AM 3 Desarticulao entre setores da sociedade AM 4 - Carncia de Investimento Financeiro AM 5 Deficincia na consolidao das polticas pblicas AM 6 Pouca percepo Socioambiental AM 7 - Desinteresse sobre a Educao Ambiental Indica a existncia da relao entre as variveis Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn202QUADRO5Neutralizaes-relaesentreFraquezae Oportunidade Fraquezas Oportunidades FR 1 Dificuldade emtrabalho coletivo FR 2 Faltade envolvimento de funcionrios nasaes pedaggicas FR 3Pequena quantidade de professores envolvidos FR 4Pequena quantidade dealunos envolvidos FR 5 Deficincia nodomnio dastemticas socioambientais FR 6Tempo insuficiente paraas atividades propostas FR 7 Contempla-oindireta deaesno Projeto Poltico Pedaggico FR 8 Carnciade perspectivas didtico-pedaggicas OP1-Formao continuada OP2-Indicao deprojetos didticos OP3-Suporte degerncia especficapara operacionalizao dastemticas socioambientais OP 4 - Parceiras OP5Polticas pblicas existentes Indica a existncia da relao entre as variveis Tem-seoapoiodagestoescolarcomocentrodasForas, pois,apartirdesuaestruturaefuno,elaconsegueagregara motivao,organizaoemobilizaoparaaefetivaodo planejamentoeexecuodasaes.Alideranadagestoescolar mediaaintegraodoplano,dasaes,comabuscae disponibilizao de recursos e a participao da comunidade escolar, comprometendotodos,poisimplicanoprocesso democrtico,assim implicacolocaraeducaoaserviodenovasfinalidades (FERREIRA, 2000). Evidenciadoantes,percebe-sequeonoenvolvimentoda comunidadeescolarelocal,apoucaperceposocioambientaleo desinteressecomaEAsovariveisintimidantesrelacionadas5.A escolajdispederecursosquevodeencontroaessassituaes, existindo,porexemplo,odesenvolvimentodoprogramaCOM- 5AosefalardapoucaperceposocioambientaledesinteressecomaEAcoloca-sea problemticaemnveldesociedade,noentanto,aofalardasaesdaescolafrentesessas situaes, coloca-se a escola atuando no meio onde est inserida. A partir dessa atuao local, e que a coletividade dessa atuao em das diferentes localidades, para alcanar a totalidade delas e assim da sociedade. AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013203VIDA,compessoasespecficasparatrabalharessastemticaseo apoio da gesto escolar. Entretanto,maisduasoutrasvariveisobservadasse contrapem negativamente s atividades socioambientais: a pequena participaodealunoseprofessores.Insere-seagoraapreocupao deintegraressesdoissegmentos,abordadaanteriormentecoma integraodoProjetoPolticoPedaggico(PPP)ecomapromoo de projetos didticos. As prticas a partir das implicaes desses dois projetos servem no s para integrar os segmentos da escola, mas ao mesmotempopodegarantirqueasaessaiamdedentrodo ambiente escolar e ganhem a comunidade onde se encontra inserida. Ao representar a falta de perspectivas didtico-pedaggicas e domnio das temticas pelos professores, como tambm a deficincia destes em perceber o meio ambiente em sua amplitude, assim como o desinteressecomaeducao,integra-seaessasquestestambma busca de informaes, formaes, parcerias, investimentos, apoio e o suportedergospblicosqueosmantm,fazendoparteao planejamento estratgico de qualquer plano elaborado. Loureiro et al (2006)citaqueumdosobjetivosmaisimportantesdagestoda EducaoAmbientalguardarelaocomapolticadeapoio qualificao dos recursos humanos. Oprocessoeducativoumprocessocoletivoede responsabilidadedetodos,dossujeitosetodosossegmentosda sociedade. No entanto, a desarticulao entre os integrantes citados evidente,almdoquehpolticaspblicasquenoseconsolidam porumaquestodegestooumesmoporcarnciadeinvestimento financeiroehumanoparasuaefetivao.Essapercepoampla, mascondizentecomarealidadeobservada.Noentanto,abuscada interaoentreessessetoreseaconsolidaodaspolticaspblicas depende,novamente,doengajamentodaprpriaescolaedeseus integrantes, a margem local, com possibilidade de elaborar um plano deintegraocom,porexemplo,associaesdebairros, cooperativas,comercianteseigrejaslocais,assimcomorgos pblicos ou grandes empresas.ParaneutralizarasFraquezas,boasOportunidadesso verificadas.OsuportedaGernciade3e4ciclos,aindicaode projetos didticos e o apoio de parcerias podem trazer embutidas em suas aes elementos, como formaes continuadas e apoio tcnico e Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn204financeiro,quefavoreamamitigaoquantoprpriavisodos docentesedagestoescolaremrelaopromoodatemtica socioambiental e a construo da proposta de trabalho com a prpria escola, evidenciando suas particularidades. Desse modo, essas aes porsuavezpodemincidirdiretamentesobreoaumentoda participaodosprofessores,alunos efuncionrios,contemplando o Projeto Poltico Pedaggico, otimizando o uso do tempo e efetivando o trabalho coletivo. Noquedizrespeitoa investimentosnaeducao,RIBEIRO etal(2005:232),afirmaqueosrecursosinvestidosnaeducao nososuficientesparagerarcondiesessenciaisparao aperfeioamento do trabalho pedaggico das escolas. Apesar disso, hmuitadiscussoarespeitodotemaeospercalosdagestode recursospelopas.Nosltimosanos,oBrasiltentaamenizaro problemafinanceiroetcnicopormeiodoPlanoNacionalda Educao(PNE),constandoatualmentedediversosprogramasque destinamrecursossescolas. Apesardisso,emboraestejamabertos sescolas,osprogramasestabelecemcritrioseprioridadespara elas,ematendimentodoMinistriodaEducao,paraassistncia tcnicaefinanceira.Paraisso,maisqueoinvestimentoderecursos financeiros,asescolasprecisamseplanejarparausartaisrecursos, assegurando em seu planejamento a viabilidade das aes propostas. Fonseca (2003) e Freitas (2000) registram que tanto a equipe desistematizaodessesprogramasquantoosprofessores, representantesdepais,alunosefuncionrios,assimcomooPPP, tornouoplanejamentodasatividadesescolaresmaisorganizadoe participativo,elaborandooureelaborandooplanejamentoescolar comumolharparaofuturo,mascombasenoseupotencial diagnosticado coletivamente. A indicao das neutralizaes orienta para os pontos-chaves doplanejamentoestratgico,aesdeminimizaodasFraquezase Ameaaspartemdocomportamento,dotrabalhoconjuntoedo comprometimentodasForaseOportunidades.Observa-seque trabalhoemconjuntodasForaseOportunidadessepotencializa, podendoagirdeformamaisconsistentesobreasFraquezase Ameaas.Todavia,essaaopodeserdificultadaaomesmotempo emqueospontosnegativostambmsepotencializam.Porisso,h necessidadedeumplanobemelaboradoeprecisoquepossaatuar AMBIENTE & EDUCAO | vol. 18(2) |2013205nos pontos em potenciais e nas aes tambm evidenciadas por suas relaes. CONSIDERAES FINAIS Emboraasquestessocioambientaisestejamemevidncia pelanecessidadedetransformaesdoshbitoseatitudeshumanas frentecriseambiental,adiscussoquecercaessastemticasea promoo de processos educativos socioambientais so pequenas em face da importncia dessas aes para melhoria da qualidade de vida edomeioambientedentroeforadaescola. Asescolasapresentam umdficitdeaesedesujeitosenvolvidos,sejamprofessores, alunos,paisefuncionriose,desarticulaocomoutrossetoresda sociedade,seperdendonatarefadetrabalhoemconjunto. Amaior partedasatividadessocioambientaisacabasendodesenvolvidaspor poucosprofessores,queporsuavezenvolveumapequena quantidadedealunos,bemcomopromovendopoucasaesque envolvam o restante da comunidade escolar e a comunidade local. Asvariveispositivas(ForaseOportunidades)podem oferecercondiesadequadasparasuprirasdeficinciasexistentes. Otocanteneste caso aconduodoprocessopara suprimentodas variveisnegativas(FraquezaseAmeaas).Destacandoo desempenho a gesto escolar no desenvolvimento dessa ao, a partir doseuapoio,mobilizaoecoordenaonaelaboraodosplanos deaes.Favorecendoessesprocessosquandoauxiliadospelos rgospblicosexternos,agrupamentosdacomunidadeescolare local,parceriasououtrogrupossociais.Igualmente,asaeseas atividadestrabalhadaspelasCOM-VIDAs,devemseguiromesmo caminho:elaboraodeplanoestratgico,emais,vinculandoseus objetivosaospropostospeloprprioplanoescolar,construdo coletivamente pela comunidade escolar.Asexperinciasrelatadasnasescolasquecomungamcom umbomplanejamento,osresultadossignificativosaparecemcerca deumadoisanosapsiniciadosostrabalhos.Dessaforma,plano estratgiconosremetecontinuidadeeapersistncia,equeassim possa interferir na formao dos sujeitos e na vida dos que compem a escola e sua comunidade, j que o processo educativo no acontece de forma instantnea. Marcelino Gomes de Arajo e Silvia Helena Lima Schwamborn206Portanto,percebe-seque,emboraapesquisase desenvolvesseemdiversasescolas,aAnliseSWOTaponta caminhoscoerentesparaomelhoramentodasaeseducativas ambientais,noentanto,devem-selevaremconsideraoas particularidadesdecadaumadelas.Eainda,faz-senecessrioa utilizaodeuminstrumentoavaliativoquepossaverificare acompanharaevoluodessesprocessos,medindoresultados,ao pontodeauxiliarnoestabelecimentodemetas,conjeturando planejamento e objetivos. REFERNCIAS ANDRADE,DanielFonseca.ImplementaodaEducaoemEscolas:uma reflexo.RevistaEletrnicadoMestradoemEducaoAmbiental,v.4,dez.2000. Disponvelem:Acesso em: 24 abr. 2007. BARDIN, L. Anlise de contedo. Lisboa: Edies 70, 1979. BRASIL.VamoscuidardoBrasil:conceitoseprticasdeeducaoambientalna escola. Braslia: UNESCO, 2007. CAPPELLE, M.; MELO, M. & GONALVES, C. Anlise de contedo e anlise de discursonascinciassociais. OrganizaesRurais&Agroindustriais,Amricado Norte,v.5,abr.2011.Disponvelem: Acessoem: 11/06/2012. 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