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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITECNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA SÉRGIO DE SOUSA CASTRO DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE FRUTAS: ESTUDO DO PROCESSO E DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA PILOTO PARA O PRÉ-PROCESSAMENTO DE JACA (ARTOCARPUS INTEGRIFOLIA L.) E CUPUAÇÚ (THEOBROMA GRANDIFLORUM). Salvador 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITECNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

SÉRGIO DE SOUSA CASTRO

DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE FRUTAS: ESTUDO DO PROCESSO E DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA PILOTO PARA O PRÉ-PROCESSAMENTO DE JACA (ARTOCARPUS INTEGRIFOLIA L.) E CUPUAÇÚ (THEOBROMA GRANDIFLORUM).

Salvador 2015

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SÉRGIO DE SOUSA CASTRO

DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE FRUTAS: ESTUDO DO PROCESSO E DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA PILOTO PARA O PRÉ-PROCESSAMENTO DE JACA (ARTOCARPUS INTEGRIFOLIA L.) E CUPUAÇÚ (THEOBROMA GRANDIFLORUM).

Orientador: Silvana Mattedi e Silva, D.Sc. Co-Orientador: Modesto A. Chaves, D.Sc.

Salvador 2015

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Química,

Escola Politécnica, Universidade Federal

da Bahia, como requisito para a

obtenção do título de Doutorado em

Engenharia Química.

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C355 Castro, Sérgio de Sousa

Desidratação osmótica de frutas: estudo do processo e

desenvolvimento de um sistema piloto para o pré-processamento

de jaca (artocarpus integrifolia l.) e cupuaçú (theobroma

grandiflorum) / Sérgio de Sousa Castro. – Salvador, 2015.

147 f. : il. color.

Orientadora: Profa. Dra. Silvana Mattedi e Silva

Co-orientador: Prof. Dr. Modesto A. Chaves

Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia. Escola

Politécnica, 2015.

1. Frutas - desidratação. 2. Desidratação osmótica. 3.

Transferência de massa. 4. Simulação. I. Silva, Silvana Mattedi e.

II. Chaves, Modesto A. III. Universidade Federal da Bahia. IV.

Título.

CDD: 664.028 4

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i

A JEOVÁ, DEUS.

Aos meus pais

A minha família

“O impossível não existe, apenas não

encontramos uma maneira de explicá-lo.”

Sérgio Castro

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ii

AGRADECIMENTOS

À Jeová Deus, por tudo.

À minha esposa Elizânia e aos meus filhos, Gustavo e minha pequena Mayra, pelo

apoio, pelo incentivo e pelo carinho e compreensão em todos os momentos.

À professora Silvana Mattedi, pela atenção, pela compreensão, pelo apoio e pelos

ensinamentos, tanto acadêmicos quanto pessoais, que contribuíram para o meu

crescimento profissional e pessoal e também pela oportunidade de realização desse

trabalho.

Ao professor Dr. Modesto A. Chaves pela co-orientação, pela ajuda e sugestões durante

o desenvolvimento desse trabalho.

Aos professores Dr. Elton Franceshi, Dr. Carlos Augusto pelas importantes sugestões

durante a qualificação e pela atenção dispensada.

À Secretária do Programa de Pós Graduação, Sra. Leide, pela atenção e disposição, não

somente e nos atender mas especialmente pela agilidade e sempre nos ajudar.

A Todos os professores que participaram das bancas de apresentações dos seminários,

os quais contribuíram com suas sugestões, observações e incentivos.

À Universidade Federal da Bahia, à CAPES e ao CNPq por viabilizar a execução desse

trabalho.

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iii

RESUMO

Resumo da tese apresentada à UFBA como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.).

DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE FRUTAS: ESTUDO DO PROCESSO E

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA PILOTO PARA O PRÉ-

PROCESSAMENTO DE JACA (ARTOCARPUS INTEGRIFOLIA L.) E CUPUAÇÚ

(THEOBROMA GRANDIFLORUM)

Sérgio de Sousa Castro

Fevereiro, 2015

Orientadora: Profª. Silvana Mattedi e Silva, D.Sc.

Co-orientador: Prof. Modesto A. Chaves, D.Sc.

Programa: Engenharia Química

Uma planta piloto foi desenvolvida para desidratação osmótica, visando o pré-

processamento de frutas. Foram realizadas 3 etapas de pesquisa: 1ª etapa,

experimentos em escala de bancada para desidratação osmótica; 2ª etapa, simulação da

desidratação osmótica de frutas e 3ª etapa, teste na planta piloto desenvolvida com base

nas condições ótimas obtidas na escala de bancada. Como frutas modelo para o estudo

da desidratação osmótica em escala de bancada foram utilizadas amostras de cupuaçu

Page 8: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

iv

(Theobroma grandiflorum) e jaca (Artocarpus integrifolia L.). Foi utilizada a

metodologia da superfície de resposta e a função objetivo com a finalidade de se

determinar as condições ótimas para a desidratação osmótica do cupuaçú e da jaca. A

partir das condições ótimas estabelecidas, os experimentos do ponto ótimo foram

repetidos em escala de laboratório. Usando o Software Visual Studio Express for

Windows Desktop versão 11.0.50727.42, foi desenvolvido um pacote computacional

para otimização da desidratação osmótica de frutas, baseado no algoritmo de Derringer

e Suich (1980) para otimização de várias variáveis dependentes. O pacote

computacional permite determinar sobre que condições, de temperatura e concentração,

a desidratação osmótica pode ser acelerada, alcançando uma elevada perda de água e

um baixo ganho de sólidos em tempos inferiores, por exemplo, a duas horas. Além

disso, ele ainda permite a alteração do objetivo da desidratação por determinar sobre

que condições ótimas outros produtos, como frutas cristalizadas, possam ser obtidas.

Durante o estudo da desidratação foi desenvolvido um novo modelo de coeficiente de

transferência de massa de água, chamado de modelo CMC (Castro, Mattedi e Chaves),

que une a termodinâmica dos processos irreversíveis e a lei de Fick em um único

modelo. Também foi discutido, com base nas equações que levaram ao

desenvolvimento do modelo CMC, que a simulação da desidratação osmótica só será

confiável se o sinergismo entre o ganho de sólidos e a perda de água for incorporado ao

modelo. Para simulação do processo da desidratação osmótica de frutas foram

realizadas modificações no modelo desenvolvido por Toupin e Marcotte(1989) e

posteriormente modificado por Marcotte et al. (1992). As modificações propostas

nesse trabalho incluíram a utilização das equações obtidas durante o desenvolvimento

do modelo CMC e a utilização de novos modelos descritos na literatura para o potencial

químico da água em soluções de sacarose. As modificações incorporadas ao modelo,

permitiram que a simulação atingisse satisfatoriamente o objetivo da desidratação

osmótica, mostrando uma boa correlação entre os dados de bancada e os resultados da

simulação. Para testar a planta piloto de desidratação osmótica foram utilizadas

amostras de jaca. Os resultados foram comparados com os resultados da escala de

bancada e da simulação.

PALAVRAS-CHAVE: Desidratação, transferência de massa, simulação, planta piloto.

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v

ABSTRACT

OSMOTIC DEHYDRATION OF FRUITS: PROCESS AND DEVELOPMENT

STUDY OF A PILOT SYSTEM FOR PRE-PROCESSING JACKFRUIT

(ARTOCARPUS INTEGRIFOLIA L.) AND CUPUAÇU (THEOBROMA

GRANDIFLORUM)

A pilot plant was developed for osmotic dehydration, aimed at pre-processing fruit.

Three research stages were carried out: Stage one, bench scale experiments for osmotic

dehydration; stage two, simulation of osmotic dehydration of fruits; and stage three,

testing of the pilot plant developed, based on optimum conditions obtained from the

bench scale. Cupuaçu (Theobroma grandiflorum) and jackfruit (Artocarpus integrifolia

L.) were used as sample fruits for the bench scale osmotic dehydration study. The

response surface method and Objective Function were used in order to determine the

optimum conditions for the osmotic dehydration of cupuaçu and jackfruit. Based on the

established optimum conditions, optimum point experiments were repeated at a

laboratory scale. Using the Visual Studio Express Software for Windows Desktop,

version 11.0.50727.42, a computer package was developed in order to optimise the

osmotic dehydration of fruits, based on the objective function algorithm to optimise

various dependent variables. The computer package makes it possible to determine

under what temperature and concentration conditions osmotic dehydration can be

accelerated, reaching a high level of water loss and a low gain of solids in shorter times,

such as, two hours. In addition, it also makes it possible to change the purpose of

dehydration to obtain optimum conditions for other products, such as crystallised fruits.

During the dehydration study, a new water mass transfer coefficient model was

developed, model CMC, which brings together the thermodynamics of the irreversible

processes and Fick's law into a single model. Based on the equations that lead to the

development of the CMC model, it was also discussed that the osmotic dehydration

simulation is only reliable if the synergy between the solid gain and water loss is

included in the model. For the purpose of simulating the osmotic dehydration of fruits

Page 10: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

vi

process, changes to the model developed by Toupin and Marcotte (1989), subsequently

modified by Marcotte et al, were undertaken. (1992). The proposed changes include the

use of equations obtained during the development of the CMC model and the use of

new designs described in the literature for the chemical potential of water in sucrose

solutions. The changes made to the model allow for the simulation to reach the osmotic

dehydration objective, showing a good correlation between the bench data and the

results of the simulation. Samples of jackfruit were used to test the osmotic dehydration

pilot plant. The results were compared with the bench scale and simulation results.

Keywords: dehydration, mass transfers, simulation and pilot plant.

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Lista de variáveis

𝐽 fluxo molar (mol/m².s)

𝐿 coeficiente fenomenológico de Transferência (mol²/J.s.m²)

∆𝜇 diferença de potencial químico

𝑃 coeficiente de permeabilidade (m/s)

𝑀 peso molecular (kg/kmol)

𝑅 constante universal dos gases ideiais(J/mol.K)

𝑇 temperatura (K ou ºC)

�̅� volume parcial molar (m³/kmol)

𝑘𝑐 coeficiente de transferência de massa(m/s)

𝑎 Atividade de água

P pressão hidrostática (N/m²).

A constantes

q constantes

x fração molar

X Fração molar

constantes obtidas por ajustes.

constantes obtidas por ajustes.

𝜌 massa volumétrica (kg/m³)

𝑡 Tempo(s)

𝐷𝑎𝑏 difusividade aparente(m²/s)

𝑣 velocidade (m/s)

𝐴 Area(m²)

z eixo longitudinal (m)

𝑅 raio (m)

m massa da amostra (kg)

w Massa de água(kg)

k Fator de mudanças de volume celulares

l Cumprimento do CUEC (m)

𝜏 tortuosidade (admensional)

𝐺 energia livre de Gibbs (J)

𝑆 entropia do sistema (J/K)

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𝑛 nº de mols

k Constante

c concentração molar para cada componente em mol/m³

Rp resistência mássica na parede celular

Rf resistência mássica na membrana

L espessura da parede celular (m)

∆𝑥𝑚𝐿 fração molar média logarítmica

y parametro adimensional de pressão

Z coeficiente do virial

PA Perda de água (%)

GS Ganho de sólidos(ºBrix)

subscrito

w Água

m Membrana plasmática

0 Inicio

j Número de componente

v Volume celular

s Sacarose

I Espaço intracelular

st Amido

pr Proteína

c Célula

dm Matéria seca

b Vacúolo

i Número de componente

Sobrescrito

in Dentro

Out Fora

eff Efetivo

ext Externo

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INDICE

2.REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 7

2.1. O tratamento osmótico de frutas. ............................................................................... 8

2.1.1. As variáveis do processo do tratamento osmótico................................................... 8

2.1.1.1. Agentes desidratantes ........................................................................................... 8

2.1.1.2. Temperatura .......................................................................................................... 12

2.1.1.3. Tempo de imersão ................................................................................................ 14

2.1.1.4. Agitação ................................................................................................................ 15

2.2. Otimização das variáveis de processamento .............................................................. 16

2.2.1. Metodologia da superficie de resposta. ................................................................... 17

2.2.1.1. Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR). ....................................... 18

2.2.1.2. Validação do modelo ............................................................................................ 19

2.2.1.3. As condições ótimas ............................................................................................. 20

2.2.1.4. Análise Canônica .................................................................................................. 21

2.2.2. Análise de experimentos – Função Objetivo ........................................................... 22

2.3. Equipamentos de desidratação osmótica em escala industrial ................................... 25

2.3.1. Principais funções e finalidades dos equipamentos de desidratação

osmótica.............................................................................................................................. 26

2.3.2. Principais operações dos equipamentos de tratamento osmótico ............................ 27

3.MODELAGEM DA DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA.................................................. 30

3.1. Teoria e estado da arte da modelagem do processo de desidratação osmótica. ......... 31

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... ii

RESUMO .......................................................................................................................... iii

ABSTRACT ...................................................................................................................... v

1.INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

1.1. Motivação ................................................................................................................... 1

1.2. Objetivos ..................................................................................................................... 6

1.2.1. Objetivo geral .......................................................................................................... 6

1.2.2. Objetivos específicos ............................................................................................... 6

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3.1.1. Processo de desidratação osmótica em células vegetais. ........................................ 31

3.1.1.1. Representação da célula vegetal ........................................................................... 33

3.1.2. Descrição termodinâmica do fluxo através da membrana. ...................................... 35

3.1.2.1. Equações extracelulares do balanço de massa ..................................................... 40

3.1.2.2. Equações intracelulares de mudança .................................................................... 41

3.1.2.3. Variação das relações geométricas com o tempo ................................................. 42

3.1.3 Modelos de simulação .............................................................................................. 44

3.1.3.1 – Modelagem dos coeficientes de transferência de massa .................................... 46

3.1.3.2. Descrição do Coeficiente de transferencia de massa segundo a termidinâmica

dos processos irreversívei................................................................................................... 47

3.1.3.3. Coeficiente de transferencia de massa segundo a Lei de Fick da difusão............. 51

3.1.4. Modelo do coeficiente de transferência de massa desenvolvido ............................. 53

3.1.4.1 Teoria ..................................................................................................................... 53

3.1.4.2 Transporte transmembranar ................................................................................... 55

3.1.4.3. Transporte apoplástico ......................................................................................... 57

3.1.5. Modificação do modelo de simulação para desidratação osmótica ........................ 59

4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 62

4.1. Material ...................................................................................................................... 64

4.2. Métodos ...................................................................................................................... 65

4.2.1. Preparação da solução osmótica .............................................................................. 65

4.2.2. Preparação das amostras .......................................................................................... 66

4.2.3. Ensaios de Bancada ................................................................................................ 66

4.2.3.1 Tratamento osmótico para as frutas – Bloco 1 ...................................................... 66

4.2.3.3. Ensaios de bancada no ponto ótimo – Bloco 2 ..................................................... 68

4.2.4. Ensaios da planta piloto no ponto ótimo – Bloco 3 ................................................. 68

4.2.5 Determinações físico-químicas ................................................................................ 69

4.2.5.1 Sólidos solúveis (SS) ............................................................................................. 69

4.2.5.2 Umidade ................................................................................................................ 69

4.3 Delineamento experimental ......................................................................................... 70

4.4. Equipamento de desidratação osmótica ..................................................................... 70

5.RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 74

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5.1. Caraterização das amostras da frutas .......................................................................... 75

5.2. Modelagem e superfície de resposta .......................................................................... 76

5.2.1 – Cupuaçu ................................................................................................................. 76

5.2.2 – Jaca ........................................................................................................................ 89

5.3. Otimização .................................................................................................................. 106

5.3.1 – Análise canônica dos autovalores e autovetores ................................................... 106

5.3.2 – Utilização do método da função objetivo (FO) ..................................................... 107

5.3.2.1 Pacote computacional desenvolvido ..................................................................... 108

5.3.2.2. Otimização da PA e GS nas amostras .................................................................. 109

5.4. Cinética de transferência de massa no ponto ótimo ................................................... 110

5.5 – Determinação do coeficiente de transferência de massa de água baseado na

termodinâmica de processos irreversíveis. ........................................................................

118

5.6. Resultados de bancada nas condições consideradas ótimas para D.O. de amostras

de jaca. ...............................................................................................................................

121

5.7. Dados experimentais do piloto ................................................................................... 121

5.8. Simulação ................................................................................................................... 125

5.8.1 – Parametros para simulação computacional............................................................ 125

5.8.2. Simulação computacional ........................................................................................ 127

6.CONCLUSÕES............................................................................................................... 131

6.1. Conclusões................................................................................................................... 131

6.1.1 Modelagem e superfície de resposta........................................................................ 132

6.1.2. Cinética de transferência de massa no ponto ótimo – Lei de Fick.......................... 132

6.1.3 – Coeficiente de transferência de massa de sacarose e de água utilizando no novo

modelo baseado na termodinâmica dos processos Irreversíveis....................................... 133

6.1.4. Simulação computacional........................................................................................ 133

6.1.5. Tratamento osmótico na planta piloto...................................................................... 134

6.2. Considerações e perspectivas...................................................................................... 134

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 135

APÊNDICE A.................................................................................................................... 146

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1.1 - Produção Mundial de Frutas 2011.................................................................. 2

Tabela 4.1 - Delineamento experimental e a combinação das variáveis em cada ensaio

as amostra de cupuaçu – Bloco 1........................................................................................ 65

Tabela 4.2 - Delineamento experimental e a combinação das variáveis em cada ensaio

para as amostras de Jaca – Bloco1....................................................................................... 65

Tabela 5.1- Resultados experimentais para perda de água (PA) e ganho de Sólidos (GS)

com seus respectivos desvios e suas taxas de variação para desidratação osmótica do

cupuaçu................................................................................................................................ 75

Tabela 5.2- Resultados experimentais para perda de água (PA) e ganho de sólidos (GS)

para amostras de jaca com seus respectivos desvios e suas taxas de variação. .................. 76

Tabela 5.3 - Resultados da Análise de Variância da regressão, para o modelo

polinomial ajustado aos dados de perda de água (PA) e ganho de sólidos (GS) das

amostras de Cupuaçu submetidos a desidratação osmótica com sacarose em diferentes

concentrações e temperaturas. ............................................................................................ 77

Tabela 5.4 - Resultados da Análise de Variância da regressão, para o modelo

polinomial ajustado aos dados de perda de água (PA) e ganho de sólidos (GS) das

amostras de jaca submetidos a desidratação osmótica com sacarose em diferentes

concentrações e temperaturas. ............................................................................................ 90

Tabela 5.5. Autovalores associados aos modelos de regressão para PA, GS com seus

respectivos autovetores associados à temperatura, concentração e tempo. ........................ 106

Tabela 5.6- Resultados experimentais para perda de água (PA), ganho de Sólidos (GS)

para amostras de jaca em torno das condições otimizadas de tratamento .......................... 111

Tabela 5.7- Resultados experimentais para ganho de Sólidos (GS) para amostras de jaca

em torno das condições otimizadas de tratamento ............................................................. 112

Tabela 5.8- Resultados experimentais para perda de água(PA) para amostras de cupuaçu

em torno das condições otimizadas de tratamento. ............................................................ 113

Tabela 5.9- Resultados experimentais para ganho de Sólidos (GS) para amostras de

cupuaçu em torno das condições otimizadas de tratamento. .............................................. 114

Tabela 5.10 - Coeficientes de transferência de massa de PA e GS de jaca e cupuaçu em

solução com diferentes temperaturas e concentrações ....................................................... 119

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Tabela 5.11 - Coeficientes fenomenológicos das amostras de jaca à temperatura de

31ºC em diferentes concentrações ...................................................................................... 122

Tabela 5.12 - Coeficientes fenomenológicos das amostras de jaca à temperatura de

35ºC em diferentes concentrações ...................................................................................... 123

Tabela 5.13 - Perda de Água(PA) e ganho de sólidos(GS) das amostras de jaca

submetida ao tratamento osmótico à 31ºC na concentração de 60% durante 70 min......... 124

Tabela 5.14 - Comparação das amostras de jaca submetida ao tratamento osmótica na

temperatura de 31ºC com concentração de 60% durante de 70 min ou 1h e 10 min na

escala de laboratório e na escala piloto. ............................................................................. 126

Tabela 5.15. Medidas estatísticas entre os valores obtidos na escala de bancada e na

escala piloto para as amostras de jaca submetida ao tratamento osmótica na temperatura

de 31ºC com concentração de 60% durante 70 min ou 1h 10min . .................................... 126

Tabela 5.16. PA e GS obtidos na bancada, simulação e piloto para temperatura de 31ºC,

concentração de 60% de sacarose durante 4200s(1h e 10min). ......................................... 129

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 – Produção de frutas no Brasil por região durante o ano de 2010. .................. 3

Figura 1.2 – Importação de frutas Desidratadas em US$ 1.000......................................... 4

Figura 2.1 – Classificação dos equipamentos de desidratação osmótica segundo as suas

funções................................................................................................................................ 29

Figura 3.1 – Componentes da célula vegetal...................................................................... 32

Figura 3.2 – Transporte de soluto através das células vegetais.......................................... 33

Figura 3.3 – Representação simplificada de células vegetais: (a) unidade celular; (b)

arranjo cúbico de unidades celulares.................................................................................. 34

Figura 3.4 – Modelo da célula unitária equivalente (CUEC): (a) célula unitária

cilíndrica equivalente e (b) arranjo cúbico do CUEC........................................................ 35

Figura 3.5 – Balanço diferencial na célula vegetal............................................................ 41

Figura 3.6 – Fluxo de água através da membrana plasmática e da parede celular ........... 46

Figura 3.7 – fluxo de água através da membrana plasmática (𝐽1) e da parede celular

(𝐽2) ..................................................................................................................................... 54

Figura 3.8. Representação das resistências mássicas na transferência do fluxo de água... 56

Figura 4.1 – (a)Frutículos da jaca após colheita e (b) Jaca antes da colheita. .................. 63

Figura 4.2 – Cupuaçu após colheita .................................................................................. 64

Figura 4.3 – Detalhes construtivos do tanque, sem camisa, do desidratador osmótico..... 72

Figura 4.4 – Detalhes construtivos da tampa do desidratador osmótico ........................... 72

Figura 4.5 – Desidratador osmótico em estágio final: (a) Corte ¼ para visualização

interna e externa; (b) Instalação do desidratador na torre com motor de agitação

mecânica. ........................................................................................................................... 73

Figura 5.1 – Variação da PA em função do tempo e da temperatura para as amostras de

cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno. .......................................... 80

Figura 5.2 – Variação da PA em função da concentração e da temperatura para as

amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno. ..................... 81

Figura 5.3 – Variação da PA em função da concentração e do tempo para as amostras

de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno. .................................... 83

Figura 5.4 – Variação do GS em função do tempo e da temperatura para as amostras de

cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno. .......................................... 85

Page 19: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Figura 5.5 – Variação do GS em função da concentração e da temperatura para as

amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno. ...................... 87

Figura 5.6 – Variação do GS em função da concentração e do tempo para as amostras

de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno. ..................................... 88

Figura 5.7 – Influencia da Temperatura e do Tempo no GS para as amostras de jaca: (a)

superfície de resposta e (b) Cume localizado na região A’-A e B’-B. .............................. 92

Figura 5.8 – Influencia da Temperatura e do Tempo no GS para as amostras de jaca: (a)

gráfico de contorno isolando o cume pelo seguimento de reta A-B e (b) Diminuição do

coeficiente angular nos pontos 1, 2 e 3 nas curvas de contorno. .................................. 93

Figura 5.9 – Influência da cocentração e da temperatura na superfície de resposta do

ganho de sólidos para as amostras de Jaca. ...................................................................... 95

Figura 5.10 – Gráfico de contorno: (a) Influência da temperatura e da concentração no

GS das amostras de jaca e (b) inclinação da reta nas regiões 1 e 2 ................................... 96

Figura 5.11 – Influência da concentração e do tempo na superfície de resposta do ganho

de sólidos para as amostras de Jaca. ................................................................................. 97

Figura 5.12 – Gráfico de contorno: (a) Influência da concentração e do tempo no GS

das amostras de jaca e (b) Identificação da região de maior taxa de GS. .......................... 98

Figura 5.13 – Influencia da temperatura e do tempo na PA das amostras de jaca: (a)

superfície de resposta e (b) gráfico de contorno................................................................ 100

Figura 5.14 – Gráfico de contorno: (a) Influência da concentração e da temperatura na

PA das amostras de jaca e (b) Identificação das condições de mudança de PA ............... 102

Figura 5.15 – Superfície de resposta: (a) Influência da concentração e da temperatura

na PA das amostras de jaca e (b) Identificação das condições de mudança de PA .......... 103

Figura 5.16 – Superfície de resposta: (a) Influência da concentração e do tempo na PA

das amostras de jaca e (b) Condições de tratamento à concentração constante ............... 104

Figura 5.17 – Gráfico de contorno: (a) Influência da concentração e do tempo na PA

das amostras de jaca e (b) Condições de tratamento à concentração constante ................ 105

Figura 5.18 – Tela de otimização de variáveis independentes do software. ..................... 109

Figura 5.19 – Cinética da transferência da PA e do GS nas amostra de cupuaçu para as

temperaturas de:30ºC (a) e (b); 35ºC (c) e (d); 40ºC(e) (f). .............................................. 115

Figura 5.20 – Cinética da transferência da PA e do GS nas amostra de Jaca para as

temperaturas de:31ºC (a), (b) e (c); 35ºC (d), (e) e (f). ..................................................... 117

Page 20: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Figura 5.21 – PA de amostras de jaca em solução de sacarose a 60% e temperatura de

31ºC ...................................................................................................................................

129

Figura 5.22 – Evolução temporal da PA nos tempos de: (a)1800s;(b)2000s; (c)3000s e

(d)4000s............................................................................................................................. 130

Page 21: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1. Motivação ................................................................................................................. 1

1.2. Objetivos ................................................................................................................ 5

1.2.1. Objetivo geral ..................................................................................................... 5

1.2.2. Objetivos específicos .......................................................................................... 6

1. Motivação

Segundo a Embrapa (2013.1) o Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do

mundo com 6,3% da produção mundial (tabela 1.1), perdendo apenas para a Índia e a

China. No entanto, ainda segundo dados da Embrapa (2013.2) estima-se que a perda de

frutas tropicais na pós-colheita, no Brasil, varia entre 20 a 50% da produção anual.

Alguns fatores como: dificuldade de comercialização em função do alto grau de

perecibilidade das frutas, manuseio, transporte, armazenamento e a produção de uma

grande quantidade de determinada fruta, tem contribuído para que essas perdas ocorram.

Page 22: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 1 2

Tabela 1.1 - Produção Mundial de Frutas 2011

Principais

países Área Colhida(ha) Produção(t) (%)

China 12.338.126 135.275.246 19,4

Índia 8.244.035 86.036.101 12,3

Brasil 2.717.538 43.892.946 6,3

Indonésia 3.732.347 34.696.074 5,0

Filipinas 4.796.146 31.383.218 4,5

EUA 1.134.839 27.139.671 3,9

Itália 1.216.175 17.352.686 2,5

México 1.412.142 17.134.137 2,5

Espanha 1.597.700 15.452.053 2,2

Turquia 1.059.372 14.388.206 2,1

Tailândia 1.462.118 14.145.610 2,0

Irã 1.035.314 11.233.465 1,6

Uganda 1.881.184 11.123.450 1,6

Nígéria 1.731.000 10.085.000 1,4

Egito 490.874 9.922.292 1,4

Outros 23.661.048 217.794.363 31,2

Total 68.509.958 697.054.518 100

Fonte: Adaptado da FAO, 2013, apud Embrapa (2013.1).

O nordeste brasileiro é responsável por 27% da produção de frutas no Brasil,

conforme a Figura 1.1. No entanto, também é responsável pelas maiores perdas. Por

exemplo, na região sul da Bahia a falta de infraestrutura e a falta de alternativa do

aproveitamento da produção de frutas regionais têm elevado o índice de perdas, embora

esse dado não tenha sido mensurado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, (MAPA, SPA e IICA, 2013).

Portanto, a industrialização tem sido uma alternativa viável que além de reduzir

as perdas pela perecibilidade das frutas, permite que ela esteja disponível mesmo nos

períodos de entressafra, além de preservar ao máximo os componentes nutricionais das

frutas.

Além disso, muitos países têm importado frutas derivadas dessa tecnologia,

conforme mostrado na Figura 1.2. Desses países a Inglaterra é o maior importador.

Apesar de a informação ser de alguns anos atrás, ainda não é perceptível mudanças

significativas quanto aos dados de importação de frutas desidratadas pelos países

mostrados na Figura 1.2. Dessa forma, pode-se dizer que há um grande mercado de

frutas desidratadas a ser explorado pelo Brasil, em virtude de seu destaque na produção

de diversas frutas “in natura” e por possuir, através de estudos de universidades e

Page 23: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 1 3

instituições de pesquisa, tecnologia suficiente para realizar o processamento (Santos,

2010).

Figura 1.1 – Produção de frutas no Brasil por região durante o ano de 2010. Adaptado de: IBGE, 2012.

No entanto, a produção em escala industrial ainda encontra resistência em

função de custo e do tempo de produção. Essa técnica de desidratação requer o

desenvolvimento de equipamentos, que possam atender os vários níveis de desidratação,

levando em consideração os aspectos econômicos, higiênicos e ambientais e de

aceitabilidade do produto (Rosa e Giroux, 2001). Isso explica o fato da grande maioria

da produção de frutas desidratadas e cristalizadas serem realizadas ainda de forma

artesanal.

Diferentes projetos de equipamentos de desidratação osmótica foram

analisados e comparados por Marouzé et al. (2001) e em virtude dos custos envolvidos

nenhum delas satisfez as funções inicialmente requeridas no processo de desidratação

osmótica. Segundo os autores, isso era de se esperar, uma vez que nem o tipo, nem a

forma dos produtos a serem tratados e nem a solução foram especificados, tornando,

portanto, mais difícil julgar objetivamente a pertinência de um princípio para cada

função analisada.

Dessa forma, o desenvolvimento de um equipamento que satisfaça os funções

enumeradas por Marouzé et al. (2001) e os aspectos delineados por Rosa e Giroux

(2001) é necessário não só do ponto de vista industrial (produção de frutas desidratadas

em tempo menor e a um menor custo, por exemplo), mas também para o consumidor.

5,7 27,1

51,9

13 2,3

Norte

Nodeste

Suldeste

Sul

Total

Page 24: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 1 4

Figura 1.2 – Importação de frutas Desidratadas em US$ 1.0000 Fonte: Adaptado da FAO, 2008, apud (Santos 2010).

O desenvolvimento do equipamento que possibilite a redução do tempo de

processamento a um menor custo com grande aceitabilidade, também beneficia as

regiões produtores de frutas. No sul da Bahia, por exemplo, uma grande quantidade de

frutas é produzida por meio da agricultura familiar. Parte dessa produção ou é perdida

ou é vendida a um baixo custo. O beneficiamento dessas frutas pode, não somente

agregar valor a essas frutas, mas também melhorar o padrão econômico das famílias

envolvidas e caracterizar a região sul da Bahia como produtora de determinada(s)

fruta(s).

Vários autores (Segui et al., 2011, Castro-Giraldez et al., 2012, Corciunpula et

al., 2013; Rosa e Giroux, 2001, Alves et al., 2005; Sacchetti et al., 2001; Souza et al.,

2009; Fernandes et al., 2008; Spiazzi e Mascheroni, 1997; Yao e Le Maguer, 1996;

Tonon et al., 2007) tem salientado a necessidade se entender o processo da desidratação

osmótica. No contexto atual, vários modelos baseados na Lei de Fick e termodinâmica

dos processos irreversíveis foram desenvolvidos para explicar o processo. No entanto,

os autores ainda divergem sobre qual seria o modelo mais apropriado. Por exemplo,

Souraki et al. (2012) e Porciuncula et al. (2013), sugerem que o fenômeno da

transferência de massa na desidratação osmótica pode ser explicado por meio da

segunda lei de Fick. Porém, Castro-Giraldez et al. (2012) e Segui et al. (2011)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

US

$ 1

.00

0

Países

Page 25: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 1 5

defendem a termodinâmica dos processos irreversíveis para para explicar a desidratação

osmótica.

Há, portanto, uma divergência quando ao uso da segunda Lei de Fick, que simplifica o

processo de transferência de massa a um único coeficiente e quanto ao uso da

termodinâmica dos processos irreversíveis que torna complexo o entendimento do

processo de transferência de massa, mas que explica o aspecto com as relações do

transporte de massa com as estruturas da célula vegetal. Portanto, existe a necessidade

de um modelo que explique de forma satisfatória o processo de transferência de massa

evitando grandes simplificações e que não seja tão complexo. Como disse Chwif e

Medina (2006), parafraseando Albert Einstein: “um modelo deve ser o mais simples

possível, mas não o mais simples; deve ser complicado, se necessário, mas não muito.”

Assim, a grande produção de frutas no Brasil; a perecibilidade das frutas; as

grandes perspectivas de exportação de frutas desidratadas em função do consumo por

parte de países da Europa e da Ásia; a caraterização da região sul da Bahia como

produtora de determinadas frutas; a melhoria da qualidade de vida das populações

envolvidas na produção de frutas por meio da agricultura famíliar e a falta de um

modelo satisfatório que explique o fenômeno de transferência de massa na desidratação

osmótica motivaram o desenvolvimento de um equipamento para desidratação osmótica

e o desenvolvimento de um modelo que explique de forma satisfatória o processo de

transferência de massa.

Como frutas modelo foram estudadas a jaca (Artocarpus Integrfolia L.) e o

cupuaçu (Theobroma grandiflorum) que são abundantes na região sul da Bahia.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral

Avaliar os parâmetros operacionais da desidratação osmótica e desenvolver

um sistema piloto para o pré-processamento de frutas.

Page 26: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 1 6

1.2.2. Objetivos específicos

Obtenção de dados experimentais de bancada, com o objetivo de otimizar as

variáveis de resposta do processamento, como perda de água e ganho de

sólidos;

Obtenção de um modelo para transferência de massa, com a finalidade de

explicar o processo da desidratação osmótica, utilizando os dados experimentais

de bancada para validá-lo.

Estudo do modelo de simulação de desidratação osmótica, proposto por Toupin

e Marcotte (1989), e suas alterações, com a finalidade de adaptá-los a novos

modelos estocásticos mais precisos.

Simulação do processo de desidratação osmótica, com a finalidade de validar o

modelo determinístico adaptado.

Desenvolvimento de um sistema piloto e obtenção de dados do equipamento.

Comparação do tratamento osmótico de bancada com os dados de simulação e

os dados do sistema piloto.

.

Page 27: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA

REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 7

2.1. O tratamento osmótico de frutas. ........................................................................... 8

2.1.1. As variáveis do processo do tratamento osmótico.............................................. 8

2.1.1.1. Agentes desidratantes ...................................................................................... 8

2.1.1.2. Temperatura ................................................................................................... 12

2.1.1.3. Tempo de imersão ......................................................................................... 14

2.1.1.4. Agitação ......................................................................................................... 15

2.2. Otimização das variáveis de processamento ....................................................... 16

2.2.1. Metodologia da superficie de resposta. ............................................................ 17

2.2.1.1. Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR). ................................. 18

2.2.1.2. Validação do modelo ..................................................................................... 19

2.2.1.3. As condições ótimas ...................................................................................... 20

2.2.1.4. Análise Canônica ........................................................................................... 21

2.2.2. Análise de experimentos – Função Objetivo .................................................... 22

2.3. Equipamentos de desidratação osmótica em escala industrial ............................ 25

2.3.1. Principais funções e finalidades dos equipamentos de desidratação osmótica. 26

2.3.2. Principais operações dos equipamentos de tratamento osmótico ..................... 27

Page 28: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 8

2.1. O tratamento osmótico de frutas.

A desidratação osmótica (D.O.) é um processo de remoção de água em que um

tecido, constituído por células individuais (tais como frutas e vegetais), é imerso numa

solução hipertônica contendo um ou mais solutos (Li, 2006). Em função da pressão

osmótica da solução ser maior que a da célula, há uma diferença de potencial químico

entre o fluido intracelular e a solução externa, promovendo um fluxo de água das

células vegetais para o meio osmótico. Contudo, um fluxo simultâneo de soluto para a

fase extracelular líquida a partir da solução é estabelecido (Castro-Giráldez et al., 2011;

Chiralt e Talens, 2005; Sereno et al., 2001). As células em camadas diferentes

experimentam diferentes condições de perda de água, ganho de sólidos, e de

encolhimento do tecido (Salvatori et al., 1999; Lertworasirikul e Saetan, 2010; Ozdemir

et al., 2008; Eren e Kaymak-Ertekin, 2007; Rastogi e Raghavarao, 2004).

A desidratação osmótica tem sido estudada sob a perspectiva macroscópica e

microscópica, nas quais as mudanças estruturais são analisadas e apresentadas na

literatura. A evolução desses estudos permite, hoje, obter um melhor entendimento do

fenômeno que controla a transferência de massa (Seguí et al., 2012; Oliver et al., 2012).

Alguns fatores externos, como o tipo de agente desidradante, a temperatura, o tempo de

imersão e a agitação, à micro e macroestrutura celular, porém, também podem

influênciar de forma significativa o tratamento osmótico.

2.1.1. As variáveis do processo do tratamento osmótico

2.1.1.1. Agentes desidratantes

A escolha do tipo e da concentração da substância desidratante é uma questão

difícil, pois pode ocorrer maior ou menor impregnação do soluto nas amostras,

comprometimento das propriedades sensoriais, maior ou menor perda de água, aumento

de temperatura, aumento do tempo de tratamento, etc. As mudanças nos valores

nutritivos e nas propriedades sensoriais do produto final, com respeito ao custo do

processo, são os indicadores básicos para a avaliação da utilização de cada substância

osmótica (Lenart, 1996).

Page 29: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 9

O soluto pode ser empregado como agente de desumidificação e/ou

impregnação. A impregnação é favorecida por solutos de baixo peso molecular e a

desumidificação por solutos de alto peso molecular. Sacarose, glicose, frutose ou

cloreto de sódio (Ruiz-Lopez et al., 2011; Ispir e Togrul, 2009) são muito utilizados

como agentes desidratantes, mas qualquer soluto ou solvente muito solúvel que seja

miscível com água pode ser usado, como o glicerol, sorbitol, entre outros (Raoult-

Wack, 1994).

A solução osmótica deve possuir uma baixa atividade de água e os solutos

devem ser inofensivos à qualidade do produto e serem palatáveis (Lerici et al., 1985). A

sacarose é o mais comum agente desidratante de frutas por resultar em produtos com

boa aceitação no sabor, textura e cor, pois funciona como uma boa barreira ao oxigênio,

uma vez que este promove a oxidação alguns compostos responsáveis pela cor e sabor

dos produtos.

Tregunno e Goff (1996) ao utilizar o sorbitol (50% de concentração) e a

sacarose(50% de concentração) como agente desidratante no tratamento osmótico de

maça-verde (Malus domestica, v. Granny smith) obtiveram melhores resultados nas

características físicas como a cor, quando comparados com o xarope de milho. Segundo,

Tan et al. (2001) isso acontece por que a retirada de água e o ganho de sólido do

alimento são influênciados pela estrutura do material biológico e particularmente pelo

peso molecular do agente desidratante. Se o agente desidratante tiver um alto peso

molecular, a impreganação será menor devido à sua dificuldade de atravessar a parede

celular. Consequentemente, a perda de água que ocorre principalmente em função da

impregnação será menor, tornando ineficiente o processo da D.O., cujo objetivo é uma

máxima perda de água com uma baixa impregnação de soluto. Assim, como o peso

molecular do xarope de milho é maior do que o do sorbitol e sacarose, suas condições

de desidratação serão inferiores.

Beristain et al.(1990) estudaram a influência da temperatura na faixa de 50ºC a

80ºC e da concentração de sacarose de 50 a 70 graus Brix na desidratação osmótica do

abacaxi (Ananas comosus L.), obtendo uma redução no peso de 70% em 4 horas, com a

concentração da solução de 70 graus Brix e a temperatura de 70 °C.

Nsonzi e Ramaswamy (1998) estudaram a desidratação osmótica de morango

(Fragaria vesca L.) com pré-tratamento antes da secagem convectiva. Eles avaliaram

Page 30: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 10

parâmetros de qualidade como cor, textura e re-hidratabilidade, verificando que as

condições osmóticas ótimas foram 50°C e 55 graus Brix de sacarose durante 4,5 horas

de secagem convectiva. Outros agentes apresentam um bom potencial desidratante.

Ventura et al. (2003) também utilizou o sorbitol como agente desidratante na faixa de

concentração de 53 graus Brix a 73 graus Brix, na temperatura 30ºC a 45°C e tempo

variando entre 60 e 180 minutos, para desidratação osmótica da batata yacon (Polymnia

sonchifolia). O objetivo era obter uma máxima perda de água e um ganho mínimo de

sólidos. Nas condições ótimas de temperatura (30 a 33°C), de concentração da solução

(63 a 69 graus Brix) e de tempo (84 a 120 minutos), a perdas de umidade foi de 53 a

55% e o ganho de sólidos foi de 6,02 a 6,46%.

Andrade et al. (2007) determinaram os coeficientes de difusão aparente de

sacarose e água durante a desidratação osmótica de jenipapo (Genipa americana L.). O

tratamento foi realizado em três níveis de concentração de sacarose (30%, 50% e 70%)

na temperatura de 30ºC. Eles observaram que o aumento da concentração da solução

promoveu perda máxima de água durante o processo, devido ao aumento da pressão

osmótica no exterior da fruta como relatado por Mizkahi et al. (2001). Eles concluiram

que as concentrações mais elevadas de açúcar favorecem a perda de água, promovem

maior ganho de sólidos. Segundo Torreggiani (1993), porém, o ideal seria promover a

perda de água com o ganho de sólidos mínimo, porque a impregnação dos solutos

presentes no alimento podem alterar as propriedades sensorais e nutricionais do

produto. Contudo, os resultados obtidos por Andrade et al. (2003), com jenipapo,

refutam esta conclusão, porque, apesar de o ganho de açúcar ser elevado durante a

desidratação osmótica com açúcar cristal, o produto final teve uma aceitabilidade

satisfatória.

Lombard et al. (2008), estudaram desidratação osmótica de abacaxi como um

pré-tratamento para secagem. O estudo foi conduzido em soluções cujas concentrações

variaram entre 45-65 graus Brix, com temperatura entre 30-50ºC e tempo de residência

de 20-240 minutos. Eles observaram que a concentração afetou, principalmente, o

ganho de sólidos. Embora tenham estudado a faixa de concentração onde o ponto ótimo

poderia estar localizado, esse ponto não foi mostrado no trabalho.

Ispir e Togrul (2009) estudaram os efeitos dos diferentes parâmetros sobre a

desidratação osmótica de damasco (Armeniaca vulgaris L.), em termos de perda de água

Page 31: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 11

e ganha de sólidos, em soluções de sacarose na concentração de (40-70%, w/w) e na

temperatura de 25-45º C, na proporção de solução/amostra de 1/4-1/25. Eles concluiram

que aumento da temperatura e da concentração do meio osmótico pode melhorar o

coeficiente de transferencia de massa de soluto e solvente, mas não determinaram as

condições ótimas de processamento (temperatura e concentração).

Singh et al. (2010), estudaram a otimização do processo de desidratação

osmótica de cubos de cenoura (Daucus carota L.) em misturas de cloreto de sódio e

sacarose por metodologia de superfície de resposta, utilizando o Delineamento Central

Composto Rotacional (DCCR), em solução de sacarose (50 graus Brix) e cloreto de

sódio (5-15%) e com tempo de residência variando entre 20-240 min. Eles observaram

que as condições ótimas do processo de desidratação osmótica para a perda máxima de

água, ganho de soluto mínimo e máximo de retenção de cor foram 50 graus Brix, 15%

w/v de solução de cloreto de sódio, temperatura de 54,8ºC e 120 minutos de

processamento.

Atares et al. (2011) estudaram o efeito de condições de processo na cinética da

desidratação e na qualidade final de banana (Musa x paradisíaca, L. Musaceae)

desidratada osmoticamente. As bananas foram submetidas ao tratamento durante 4 h,

em temperatura variando de 30-50ºC e concentração de sacarose de 45-65% w/w. Eles

notaram que as soluções de sacarose a 65% podem ainda ser utilizados no tratamento

uma vez que não danificam as células superficiais, formando uma barreira para a

transferência de massa, com a solução. A ausência de um método para avaliar as

condições ótimas de processamento os levaram a concluir que a hipótese de se tratar a

banana com alta concentração e temperatura seria uma boa opção para atingir uma

eficiência de desidratação, contudo a qualidade aceitável do produto poderia ser

comprometida.

Ruiz-Lopez et al. (2011) avaliaram a desidratação osmótica da carambola

(Averrhoa carambola L.) usando como agentes desidratantes a sacarose, frutose e

glicose em concentrações de 35,9-64,1 g soluto/100 g de solução). Eles observaram que

embora frutose e glicose tenham pesos moleculares menores que a sacarose, e exibiram

difusividades maiores (Lazarides et al., 1997; Kowalska et al., 2008), os resultados

obtidos demonstraram que a sacarose pode ser considerada melhor agente osmótico que

a frutose e glicose para desidratação osmótica de carambola, favorecendo uma maior

perda de água. Eles sugeriram que esses resultados se devem às interações físicas e

Page 32: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 12

químicas adicionais entre o alimento e o soluto (como plasmólise celular, encolhimento

do tecido, seletividade da membrana plasmática, viscosidade da solução, etc) que

ocorreram durante a desidratação osmótica (Mercali et al., 2011). Contudo, Karim e

Wai (1999), mostraram que quantidades significativas da frutose e glicose podem estar

presentes na carambola, provocando uma diferença significativa no potencial químico

de cada componente e favorecendo a difusão da sacarose, inexistente na célula da

carambola. Os resultados também mostram que as concentrações ótimas da solução de

sacarose foram na faixa de 40 a 45 graus Brix para ganho de soluto e de 35 a 45 graus

Brix para a perda de água.

Silva et al. (2012) apresentaram uma descrição tridimensional pormenorizada

da remoção de água das fatias de coco (Cocos nucifera L.) semi-maduro em forma de

paralelepípedos, utilizando um modelo de difusão. Pedaços de coco foram submetidos à

desidratação osmótica, usando uma solução de sacarose e água, numa concentração de

25-45 graus Brix, à temperatura de 40ºC. No estudo foi obtida uma concentração ótima

de sacarose para o processo da D.O..

Todos os trabalhos acima mostraram que a sacarose, como agente desidratante,

tem um desempenho melhor que outros compostos, não só pelo seu peso molecular,

mas pela influência que terá na qualidade final do produto. Além disso, as pesquisas

acima também mostraram que concentração desse soluto, abaixo de 30%, não tem a

grande influência na D.O. Acima de 70% a D.O. será dificultada em função da

viscosidade da solução e do gasto de energia para promover a solubilidade do soluto.

Portanto, há um concenso geral de que os valores limites para realização da

D.O. estão numa faixa acima de 30% e abaixo de 70% de concentração de sacarose.

2.1.1.2. Temperatura

A temperatura é considerada um parâmetro significativo no processo da D.O.

(Lenart, 1996). No entanto, embora a taxa de transferência de massa aumente com a

temperatura, podem surgir alguns efeitos indesejáveis que limitam esse parâmetro como

por exemplo, o escurecimento não enzimático, o amolecimento da parede vegetal e

deterioração do sabor (Lenart, 1996; Torreggiani, 1993; Ponting et al., 1966).

Page 33: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 13

Na desidratação osmótica de morango, observou-se que na temperatura de

50°C, a perda de água e o ganho de sólidos foram maiores que a baixa temperatura

(<35ºC) (Yang e Le Maguer, 1992).

Lazarides et al. ( 1995) utilizaram a temperatura na faixa de 20ºC a 50ºC na

D.O. de maçã verde, com concentração de 45 a 68% de sacarose. Eles observaram que

o aumento da temperatura e da concentração melhoraram a perda de água e o ganho de

sólidos. Contudo, o aumento da temperatura com o aumento da concentração pode não

ser desejável se o objetivo for um produto final com alta perda de água e um baixo

ganho de sólidos.

Chenlo et al. (2007) estudaram a desidratação osmótica de castanha (castanea

sativa mill.), utilizando soluções aquosas de sacarose em diferentes concentrações

(40%, 50% e 60% w/w), e três temperaturas (25, 35 e 45 ºC), em intervalos de tempo

diferentes (até 8 h). Eles concluíram que a cinética de desidratação osmótica depende

fortemente não só da concentração de sacarose, mas também da temperatura do meio

osmótico. Eles observaram que nas temperaturas mais elevadas, a influência do agente

osmótico é mais significativa. A temperatura ótima do processo foi de 45ºC, levando em

consideração a qualidade do processo de desidratação osmótica. No entanto, os autores

também concluíram que o processo realizado a 25ºC pode ser mais vantajoso, uma vez

que não implica qualquer adição de energia térmica para o sistema.

Ozdemir et al. (2008) ao estudar a desidratação osmótica de pimentão verde

(Capsicum annuum L.) em diferentes temperaturas (20-40ºC) e concentrações de sal (0-

10g/100g) e sorbitol (0-10g/100g), com tempo de residência de 15-240 min, observaram

que as condições ótimas foram alcançadas na temperatura de 30ºC, com concentração

de sal de 5,5g/100g e sorbitol de 6g/100g e tempo de residência de 240 min.

Barrera et al. (2009), ao estudar o efeito da desidratação osmótica na

estabilização de fatias de maçã-verde fortificadas com cálcio, observaram que um

aumento da temperatura da solução osmótica entre 30 e 50ºC promoveu a perda de água

e de rápida absorção de sólidos solúveis e de cálcio e concluíram que, a desidratação

osmótica pode ser considerada como um instrumento útil para aumentar a estabilidade

deste tipo de produto, sem comprometer seriamente o seu valor nutricional.

Ruiz-Lopez et al. (2011), ao estudar a desidratação osmótica da carambola em

diferentes temperaturas, observaram que as amostras processadas a 60°C

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Capitulo 2 14

desenvolveram uma cor amarelo escuro após 10 h de desidratação osmótica. No entanto,

as amostras processadas a 75 °C apresentaram cor variando de laranja claro a castanho

claro. Outras mudanças de cor foram observadas durante os ensaios para atingir o

equilíbrio de concentração, nas mesmas condições de desidratação osmótica, em virtude

dos maiores tempos de processamento.

Portanto os estudos mostram que as temperaturas podem variam de 30 a 65ºC.

Embora estudos mostrem que a temperatura ambiente poderia ser utilizada, os riscos de

crescimento de microrganismos (fungos e bactérias) podem influênciar na qualidade do

produto. Além disso, temperaturas maiores que 65ºC afetariam a qualidade sensorial

dos alimentos.

2.1.1.3. Tempo de imersão

Segundo Lenart (1996), para que o processo de desidratação alcance um alto

grau de desidratação com um pequeno ganho de sólidos, é necessário que conduzido em

um curto espaço de tempo. Para um processo muito longo, a uma temperatura baixa

(<35ºC), haverá um maior ganho de sólidos (Ozdemir, et al., 2008; Raoult-Wack et al.,

1992). Mercali et al (2011), observou que a transferência de massa ocorre de maneira

mais intensa nas duas primeiras horas para a perda de água, e nos trinta primeiros

minutos para o ganho de sólidos. Após este período, o processo de transferência de

massa torna-se cada vez mais lento.

Contreras et al. (1981) que observaram que na desidratação osmótica de maçã

a maior taxa de perda de peso ocorreu nas primeiras horas do tratamento osmótico e ao

final de 6 horas, a taxa de redução de peso diminuiu. Kaymak-Ertekin e Cakaloz (1996),

observaram que na desidratação de ervilhas (Pisum sativum L.) o aumento do ganho de

sólidos e a perda de peso é maior nas duas primeira horas.

Na comparação do tratamento osmótico entre maçã, abóbora (Cucurbita pepo

L.) e cenoura, Kowalska e Lenart (2001) verificaram que o tempo de tratamento

(variação ocorrida em 0 a 180 min) depende da estrutura de cada amostra. Eles

observaram que as mudanças mais significativas ocorrem nos primeiros 30 minutos.

Porém, para as amostras de maça, a perda de água foi melhor que do que para a

abóbora e cenoura. Em todas as amostras, os tempos iniciais apresentaram taxa de

perda de água 5 a 10 vezes maior que a do ganho de sólidos (Sanjinez-Argadoña, 2005).

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Capitulo 2 15

Barrera et al. (2009) observaram que no tratamento osmótico de maçã

fortificadas com cálcio o tempo de imersão de 180 minutos seriam suficientes para

alcançar as condições ótimas. A partir desse tempo, o ganho de sólido e a perda de

água não são tão significativos.

Ispir e Togrul (2009), ao estudarem os efeitos dos diferentes parâmetros sobre

a desidratação osmótica de damasco, observaram que o tempo de imersão dependerá da

concentração da solução osmótica. Quanto maior a concentração da solução osmótica

menor será o tempo de imersão.

Ruiz-Lopez et al. (2011), ao estudarem a desidratação osmótica da carambola

em diferentes temperaturas, observaram que as amostras de carambola processadas na

temperatura ótima, desenvolveram coloração indesejável em tempo de imersão superior

a 10 horas.

Atares et al. (2011) ao estudarem o efeito de condições de processo na cinética

da desidratação e na qualidade final de banana desidratada osmoticamente, utilizaram

um tempo de tratamento de 240 min, obtendo nesse tempo de tratamento as condições

ótimas de temperatura e concentração.

2.1.1.4. Agitação

Tanto quanto as outras variáveis da desidratação osmótica, a agitação

desempenham um papel bastante importante no aumento da perda de água e na redução

do ganho de sólidos. Porém, se não for controlada adequadamente pode provocar danos

mecânicos ao produto (Ponting et al., 1966). Shi et al. (1995) destacaram que entre os

vários fatores que podem influênciar a desidratação encontra-se a agitação.

Tsamo et al. (2005), no estudo da desidratação osmótica da cebola (Allium

cepa L.) e do tomate (Lycopersicon esculentum L.) utilizaram agitação permanente de

80 rpm na razão de 1:10 (amostra/solução) w/w. O tempo de tratamento para obter

resposta satisfatória na desidratação do tomate na condição de equilíbrio foi de 20 h. O

tratamento foi realizado em tomates inteiros e com epicarpo.

E-Aouar et al. (2006), ao estudar a influência dos agentes osmóticos na

desidratação osmótica do mamão (Carica papaya L.), utilizou agitação constante de 80

rpm na razão de 1:10 (amostra/solução) w/w. Segundo os autores, a agitação “melhora o

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Capitulo 2 16

contato” da fruta com a solução osmótica, promovendo a transferência de massa entre a

solução e as amostras. Os autores também concluíram que, em comparação com os

sistemas não agitados, a perda de água e o ganho de sólidos em sistemas agitados são

maiores.

Tonon et al. (2007), ao estudarem a desidratação osmótica de tomate em

soluções ternárias, utilizaram o tratamento com agitação constante de 150 rpm na razão

de 4:1 (solução amostra) w/w e concluíram que a velocidade de agitação teve uma

influência significativa na perda de água, indicando que, neste caso, a transferência de

massa, não foi apenas governada por um mecanismo interno da difusão mas também

pela convecção.

Eren e Kaymak-ertekin (2007) obtiveram as condições ótimas da desidratação

osmótica da batata (Solanum tuberosum L.) com agitação de 200 rpm na razão de 5:1

w/w (solução/amostra). Barrera et al. (2009), ao estudarem o efeito da desidratação

osmótica na estabilização de fatias de maçã (var. Granny smith) fortificados com cálcio,

utilizando agitação de 280 rpm na razão de 1:20 (solução/amostra) w/w.

Embora os estudos acima indiquem que uma baixa agitação contínua (<300

rpm) promove a desidratação e em alguns casos até melhora, Marouzé et al. (2001), ao

avaliar as funções dos equipamentos de desidratação, mostraram que uma agitação

contínua ainda menor (180 rpm) favorece o ganhos de sólidos. Uma agitação

intermitente e alta (>700 rpm) com sequências curtas será necessária se o foco for a

perda de água (objetivo da desidratação osmótica) e não o ganho de sólidos.

2.2. Otimização das variáveis de processamento

Durante a desidratação osmótica a remoção de água é sempre acompanhada pelo

ganho de sólidos e dependendo das variáveis do processo esse ganho pode ser maior ou

menor, o que modifica não somente os aspectos sensoriais do produto como também

pode criar uma resistência adicional às taxas de transferências (Eren e Kaymak-Ertekin,

2007; Ozdemir et al., 2008). Assim, é importante determinar as condições ótimas das

variáveis de processamento que resultam em uma maior perda de água e um menor

ganho de sólidos. Desta forma, a investigação dos fatores que afetam a desidratação

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Capitulo 2 17

osmótica fornecem informações valiosas sobre seus níveis antes da otimização da

desidratação (Panades et al., 2006; Chaves et al., 2012).

Ferramentas estatísticas como a metodologia de superfície de resposta (MSR)

são eficazes para otimizar uma variedade de processos que incluem muitas variáveis

como é o caso da desidração osmótica (Ozdemir et al., 2008; Corzo et al., 2004; Chaves

et al., 2012).

2.2.1. Metodologia da superficie de resposta.

A técnica de modelagem de superfície de resposta para o estudo da relação entre

as variáveis depedentes e as condições experimentais foi introduzido por George Box e

colegas de trabalho no início da década de cinqüenta. Atual, a técnica é amplamente

empregada em diversas areas de trabalhos de pesquisa experimental, especial com

alimentos e produtos químicos. (Neto, Bruns e Scarminio, 2005).

A técnica permite que uma superfície de resposta seja mapeada sobre uma região

de interesse, otimizando as respostas e permitindo conhecer as condições operacionais

que geram essa resposta (Tung-Hsu, et al., 2006; Macodiyo, et al., 2006). Além disso,

ela também permite analisar a sensibilidade da variável dependente em relação às

variáveis independentes.

Outra vantagem dos modelos da MSR é que permite fazer várias projeções que

fornecem gráficos da superficie, permitindo uma interpretação visual das relações entres

as variáveis dependentes e independentes. Desta forma é possível, é possivel observar o

que está acontecendo no sistema.

Também a maneira como as variáveis independentes se relacionam irão

influenciar a forma real da superfície de resposta. Uma maneira de examinar essa

relação é a utilização da análise canônica do modelo de superfície de resposta

(Montgomery, 2001), pouco utilizada, inclusive, na análise das variáveis que regem o

processo da D.O.

A MSR baseia-se em principios simples, onde a função de resposta, f, (eq. 2.1),

pode ser aproximada por uma expansão da série de Taylor. Os ajustes correspondentes

às condições ótimas dará o melhor resultado. Todas as outras configurações devem dar

resultado inferior. Isto significa que a superfície de resposta é curvada em torno do

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Capitulo 2 18

ótimo. Logo os termos quadráticos deverão ser incorporados na expansão da série de

Taylor para uma melhor descrição da região ótima (eq. 2.2)

𝜂 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, … 𝑥𝑛) (2.1)

𝑦 = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑖𝑥𝑖 + ∑ ∑ 𝛽𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗 (2.2)

O delineamento experimental será determinado numa região de interesse para

definir os experimentos. Os paramentos são obtidos partir dos ajustes dos mínimos

quadrados realizados apartir dos pontos experimentais estabelecidos no delineamento.

Os parâmetros b0, bi, bij e bii representam os valores estimados dos coeficientes da

expansão de Taylor 0, i, ij e ii. Quando se quer representar o modelo proviente da

série utiliza-se os coeficientes . Porém para representar o modelo com parametros

estimados deve-se utilizar os coeficientes b (Neto et al,2005; Montgomery, 2001).

2.2.1.1. Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR).

O DCCR é composto de 3 parte partes:

(1) Um delineamento fatorial que é usado para estimar os coeficientes dos termos

lineares e de interação;

(2) Experimentos no ponto central do domínio experimental (xl = x2 = ... = xk = 0),

com dois objetivos: (a) determinar a variância do erro experimental, e (b)

avaliar a presença da curvatura.

(3) Experimentos nos pontos axiais, com a finalidade de estimar os coeficientes

dos termos quadrátcos. O valor de depende do número de experimentos, NF,

da parte fatorial do delineamento. Para a obtenção dos pontos axiais, deve ser

igual à raiz quarta de NF (eq. 2.3).

𝛼 = (𝑁𝐹)1/4 (2.3)

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Capitulo 2 19

2.2.1.2. Validação do modelo

Falta de ajuste.

A estimativa, 𝑠12, da variância experimental,2

, com (N -1) graus de liberdade

pode se obtida pela repetição dos experimentos no ponto central (eq. 2.4).

𝑠12 =

(𝑦𝑖 − �̅�𝑖)2

(𝑁 − 1)

(2.4)

Se os resíduos (eq. 2.5), dependerem apenas do erro experimental, o modelo

ajustado pode ser considerado adequado.

𝑒 = 𝑦𝑃𝑟𝑒𝑑 − 𝑦𝑂𝑏𝑠 (2.5)

A soma de quadrados dos resíduos, ∑ 𝑒2, pode ser dividida em duas partes: uma

referente à falta de ajuste e outro devido a erro puro. A soma de quadrados referente à

falta de ajuste é obtida pela diferença entre a soma dos quadrados dos resíduos e a soma

dos quadrados dos desvios nos ensaios do ponto central.

A soma quadrados da falta de ajuste, também permitir inferir que se um modelo

será bom ou ruim por meio da avalição da estimativa variância do erro(eq. 2.6), 𝑠22 ,

com (N-p-N0-1) graus de liberdade.

𝑠22 = [∑ 𝑒2 − ∑(𝑦𝑖0 − 𝑦0)] /(𝑁 − 𝑝 − 𝑁0 + 1)

(2.6)

Pode-se observar que a estimativa de 𝑠12 e 𝑠2

2 é obtida com diferentes graus de

liberdade e, portanto, podem ser diferentes. Para se determinar se existe diferença

significativa entres essas duas variâncias, utiliza-se a estatística F. A razão entre as duas

variancias não devem ser superior ao F crítico a um nível de significancia , e (N - p –

N0 + 1) e (N- 1) graus de liberdade para que o modelo possa se considerado bom.

Normalmente, o nível de significância de utilizando é de 5%.

Para se fazer qualquer conclusão a localização das condições ótimas por meio do

modelo, é necessário fazer um teste estatístico de ajustes de modelo, pois uma falta de

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Capitulo 2 20

ajuste não significativa não é uma condição suficiente para se cincluir seguramente que

o modelo obtido é significativo. Segundo Neto et al(2005): “A única maneira realmente

confiável para validar as previsões de um modelo é comparar essas previsões com os

resultados experimentais observados nas mesmas condições”.

Desta forma, se um modelo consegue prever condições experimentais e se essas

condições puderem ser confirmadas através de novos ensaios experimentais e as

previões esttiverem corretas, pode-se afirmar que o modelo é confiável.(Neto et

al,2005).

Análise de resíduo

Para explorar a superficie de resposta, pode-se usar o modelo da superficie. Esse

modelo, porém deve suportar todos os testes possíveis (teste F, test t, análise de resíduo,

etc). Uma análise dos resíduos, por exemplo, pode ser informativo quando se avalia a

sua distribuição. Desta forma forma é aconselhável fazer os seguintes gráficos:

1) Gráfico de probabilidade normal dos resíduos: neste caso estima-se que os

resíduos dependem apenas do erro experimental distribuído ao acaso, se o

modelo for adequado;

2) Um gráfico dos resíduos contra a resposta prevista: O gráfico deve apresentar

um comportamento normal, ou seja, a distribuição dos resíduos deverá se dar em

volta do eixo da resposta prevista (eixo x), indicando a aleatoriedade do erro. Se

o resíduo apresenta um comportamento ascendente, descendente ou de uma

curva, indicará que ele é dependente da magnitude da resposta.

2.2.1.3. As condições ótimas

Se as derivadas parciais do modelo da superficie de respostas em relação a a

todas as variáveis experimentais for igual a zero (eq. 2.7), haverá, então um ponto de

inflexão sobre a superifice de resposta que será um ponto de mínimo ou um ponto de

máximo. Isso irá caracteriza a existência de um ótimo verdadeiro dentro do domínio

explorado. Nesse ponto, portanto, se um plano tangente à superfície for construido ele

terá uma declive igual a zero em todas as direções. Esse ponto também é chamado de

ponto estacionário.

𝜕𝑦

𝜕𝑥𝑖= 0 para todo 𝑥𝑖 (2.7)

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Capitulo 2 21

Contudo, nem sempre ponto estacionário corresponderá às condições ótimas.

Ele pode, por exemplo, ser um ponto de sela em que a superfície pode passar pelo

ponto de máximo em determinadas direções e um um ponto de mínimo em outras

direções. Quando esses pontos são encontrados, para melhorar (aumentar) a resposta,

deve-se explorar as direções nas quais a superfície de resposta aumenta. Por fim, a

análise canônica pode determinar a natureza de um ponto estacionário (Montgomery,

2001).

2.2.1.4. Análise Canônica

A análise canônica é uma transformação matemática no modelo original a fim de

reduzí-lo somente a termos quadráticos (eq. 2.8). Essa transformação é feita

substituindo as coordenadas orginais, {𝑥1 … 𝑥𝑘}, por um novo sistema de coordenadas

ortoganais{𝑧1 … 𝑧𝑘}, cuja origem será no ponto estacionário da superfiície.

y = ys + λ1z12 + λ2z2

2 + ⋯ + λkzk2 + 𝜀 (2.8)

A constante ys é o valor da resposta no ponto estacionário. Se todos os

coeficientes (𝜆𝑖) da equação 2.8 forem negativos, a superfície terá um ponto máximo no

ponto estacionário e ys, vai será o valor máximo. Por analogia, se todos os coeficientes

são positivos, ys será o valor mínimo.

Se os coeficientes, porém tiverem valores negativos e positivos a superficie

apresentará a forma de uma sela e o ponto estacionário é um ponto de sela. A superfície

vai passar por um máximo na direção zi associada com os coeficientes negativos (i)

enquanto haverá um mínimo nessa direção associado aos coeficientes positivos. Neste

caso, a resposta pode ser melhorada ao se explorar a direção zi que têm i > 0, enquanto

se ajusta as variáveis experimentais de modo que suas configurações correspondem a zj

= 0 para todos i <0.

Quando a resposta é quase constante ou insensível às variações das condições

experimentais na direção zi, os coeficientes serão pequenas e terão valores próximos de

zero. Neste caso existe uma dependencia funcional entre as variáveis experimentais e a

superfície descreverá um cume. (Neto et al,2005).

Para analisar a superfície de resposta, ainda pode ser utilizada a análise canônica

de sensibilidade dos autovalores da variável resposta. Por meio dessa análise é possível

determinar quais as variáveis que mais influênciam no modelo obtido. A aplicação da

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Capitulo 2 22

análise de sensibilidade dos autovalores na metodologia da superfície de resposta em

relação à D.O. é escassa na literatura.

Vicini e Souza (2005) mostraram que a análise dos autovalores num modelo

ajustado pode determinar a significância das variáveis. Ding-He et al(2011),

apresentaram a análise de sensibilidade dos autovalores aplicados aos compostos

laminados com faces imperfeitas. Fermin e Corzo (2005) e Yujin-Hu et al(2013)

utilizaram a análise de sensibilidade com autovalores repetidos em sistemas

amortecidos.

Os autovalores de cada modelo e os autovetores estão associados a cada uma das

variáveis independentes. Os maiores autovalores indicam que suas variáveis

correspondentes influenciaram de forma significativa a superfície de resposta para

obtenção do ponto ótimo. Esses autovalores, em módulo, associado a autovetores

indicam que a superfície de resposta foi mais sensível às variáveis que apresentaram

maiores autovetores (SAS Institute, 2004).

A principal vantagem da MSR é a redução do número de ensaios experimentais

que fornecem informações suficientes para obter resultados estatisticamente válidos.

Ozdemir et al. (2008) otimizaram as condições de desidratação osmótica do pimentão

verde através da metodologia da superfície de resposta. Os resultados sugeriram que as

condições ótimas foram de 5,5g sal/100g e 6g de sorbitol/100g. Eren e Kaymak-Ertekin

(2007) ao aplicar a metodologia da superfície de resposta na desidratação osmótica da

batata determinaram uma temperatura ótima de 22ºC, uma concentração de sacarose de

54,5%, uma concentração de sal de 14% e um tempo de tratamento de 329 min. Corzo e

Gomez (2004) otimizaram o desidratação osmótica do melão, utilizando a metodologia

da superfície de resposta. As condições ótimas para a desidratação osmótica do melão

corresponderam à temperatura de 38ºC, concentração de 41,6 °Brix, e tempo de 132

min.

2.2.2. Análise de experimentos – Função Objetivo

Na MSR não há restrição quanto ao número de fatores e respostas estudadas. Ela

pode ser aplicada a qualquer número de fatores, bem como modelos de diversas

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Capitulo 2 23

respostas ao mesmo tempo. Essa é uma característica importante, pois alguns produtos

ou processos precisam satisfazer mais de um critério.

Algumas abordagens têm sido adotadas para resolver o problema da otimização

de processos com várias variáveis, entre elas: a) o uso da otimização com restrição; b)

sobreposição do diagrama de várias respostas e otimização simultânea proposta por

Derringer e Suich (1980), que combina todas as respostas em uma única medida (Eren e

Kaymak-Ertekin, 2007; Derringer e Suich, 1980).

O método de Derringer e Suich (1980) é baseado na definição de uma função

objetivo para cada resposta, com valores restritos ao intervalo [0,1]. O valor zero

significa um valor inaceitável e um é o valor mais desejável. A natureza da função

depende dos objetivos do experimento.

Uma vez que a função objetivo foi especificada para todas as respostas, deve-se

combiná-las em uma função objetivo global, que é calculada, com base na equação

2.9, como a média geométrica das m funções objetivos individuais:

𝐷 = √𝑑1𝑑2 … 𝑑𝑚𝑚

(2.9)

Com essa definição, a otimização de várias respostas será reduzida a um

problema de um único mínimo ou máximo, que será calculado com base no valor (D) da

função objetivo global e nos níveis dos fatores que maximizam o valor D. Outra

vantagem de utilizar a média geométrica é que ela faz com que o valor (D) desapareça

se alguma resposta tem um valor (di) inaceitável, não importa o quão satisfatório os

valores das outras respostas.

A forma da função objetivo para uma dada resposta depende da forma como o

problema é formulado. Por exemplo, se a resposta possui um valor ótimo, T, dentro de

um intervalo representado pelos limites inferiores e superiores de uma determinada

variável independente, L e U, respectivamente, a função objetivo, para a resposta, é

definida pela eq. 2.10 e 2.11.

𝑑 = (�̂� − 𝐿

𝑇 − 𝐿)

𝑠

para 𝐿 ≤ �̂� ≤ 𝑇 (2.10)

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Capitulo 2 24

𝑑 = (𝑈 − �̂�

𝑈 − 𝑇)

𝑡

para 𝑇 ≤ �̂� ≤ 𝑈 (2.11)

Com 𝑑 = 0 para �̂� fora do intervalo [L,U].

O valor de d é restrito no intervalo [0,1]. Um valor igual a um apenas será obtido

se a resposta for igual ao valor ótimo, tornando o numerador das frações igual ao

denominador. À medida que o valor de �̂� move-se para longe do alvo T, o valor

preferencial cairá, tornando-se zero se um dos limites aceitáveis for atingido.

A taxa de variação de um valor d com a estimativa de resposta é definida pelos

valores dos expoentes s e t. Pode-se acelerar ou desacelerar a taxa de variação,

modificando seus valores e dessa forma atribuir diferentes valores d para os diferentes

níveis de resposta.

Valores elevados para os dois expoentes (por exemplo, 10), promove uma rápida

queda nos valores desejáveis, tornando-os muito baixo, a menos que �̂� esteja muito

perto do ótimo. Os baixos valores dos expoentes, por outro lado, permitirão que os

valores da resposta tenha uma variação maior, sem diminuir muito o valor d. A escolha

dos expoentes dependerá da prioridade ou da importância relativa que atribue a cada

resposta.

Os valores de s e t podem ser diferentes. Se, por exemplo, é mais aceitável que o

valor da resposta fique acima de um determinado valor ótimo, devemos escolher t<<s.

Em laguns casos o valor ótimo não é conhecido, mas deseja-se que a resposta fique

dentro de um limite unilateral conhecido. Neste caso, deve-se modificar uma parte da

definição do valor d, fazendo o valor ótimo coincide com um dos extremos e definindo

d = 1 para além deste ponto. Neste caso, considera-se duas possibilidades:

1. Eliminar Eq. (2.10), fazendo d=1 para o interalo 𝐿 ≤ �̂� ≤ 𝑇. Assim, qualquer valor

da resposta abaixo do limite inferior, L, satisfará as condições de processamento.

2. Se, porém, o objetivo é manter a resposta acima do limite L, deve-se eliminar a eq.

(2.11) e faze-se d = 1 para o intervalo 𝑇 ≤ �̂� ≤ 𝑈.

Diferentes valores dos expoentes podem ser utilizados para alimentar o

algoritmo de otimização. Desta forma, vários conjuntos de condições otimizadas serão

obtidos. A partir desses conjuntos, se escolherá aquela que melhor se adapta às

necessidades do processo.

Depois de se obter as condições que maximizem a função objetivo Global, deve-

se examinar o comportamento de cada resposta para se certificar de que as restrições

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Capitulo 2 25

foram safisfeitas e as regiões são realmente aceitáveis. Também é recomendado que se

realize alguns experimentos para confirmar as condições selecionadas e em sua

vizinhança. (Neto et al,2005; SAS Institute, 2004; Montgomery, 2001; Montgomery et

al, 2004).

2.3. Equipamentos de desidratação osmótica em escala industrial

A utilização da desidratação osmótica a nível industrial ainda encontra

resistência (Marouzé et al., 2001). Isso se dá devido à uma serie de fatores como:

ausencia de condições otimizadas, testadas e confirmadas em plantas piloto, tempo de

processamento muito longo (acima de 10 horas), baixo rendimento em face do tempo

de processamento, gerenciamento da solução desidratante, etc. Segundo Rosas-

Mendonza et al. (2011) para tornar a D.O. uma operação industrial é necessário que se

estude as alterações de produto, a fim de se obter mais informações. Além disso,

Marouzé et al. (2001) destacaram que a aplicação comercial da desidratação osmótica

requer o desenvolvimento de equipamentos capazes de promover altos níveis de

desidratação.

Segundo Gambetta(2011), mudar os resultados da escala de bancada para um

processo industrial é necessário a geração de dados adicionais, a partir de uma planta

piloto, que são empregados na especificação do equipamento que virá compor a unidade

industrial. Nesse sentido existe uma diferença na condução dos dois tipos de

experimentos (bancada X planta piloto): a duração dos experimentos na escala de

bancada são restritos, em geral, as horas, já os dados de uma planta piloto para

desenvolver um processo podem envolver dias ou semanas de operação contínua.

A principal restrição para a utilização das plantas piloto são os custos envolvidos

no desenvolvimento, montagem e operação. Também, devido a premissas

equivocadas ou a informações obtidas em escala de bancada, esses custos são inferiores

aos de uma tentativa de construir uma planta industrial (Durand e Flores, 2008).

Portanto, o desenovimento de plantas pilotos baseados em experimentos

confiáveis na escala de bancada são necessários para a construção de uma planta

industrial. Por fim, com base no projeto da planta piloto e dos dados obtidos apartir de

seu funcionamento, pode-se iniciar um projeto de planta industrial, considerando as

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Capitulo 2 26

características técnicas e econômicas que permitirão construir uma planta industrial

competitiva.

Além disso, a mudança da pesquisa de bancada para o projeto piloto, necessita

passar por algumas adaptações que não foram previstas no projeto de bancada, como

mudança no balanço, balanço de energia, rendimento, custo, diferença de dimensões

entre o processo de bancada e o do piloto.

No entanto, se a pesquisa em bancada gerar resultados sólidos e confiáveis que

permitem afirmar que a tecnologia é promissora, o desenvolvimento de um processo a

ser transposto em uma planta piloto, será capaz de informar e verificar a viabilidade

técnica e econômica da tecnologia proposta. Desta forma será possível atingir o marco

final da pesquisa cientifica que conforme Gambetta (2011) : “é exatamente quando essa

nova tecnologia é adotada em uma planta industrial de forma que seja competitiva

frente a outros processos e/ou produtos e se complete o ciclo da inovação”. A partir

daí é possível recuperar o investimento feito na pesquisa e desenvolvimento.

2.3.1. Principais funções e finalidades dos equipamentos de

desidratação osmótica.

Marouzé et al (2001) fez uma descrição dos sistemas de desidratação osmótica.

O autor observou que os equipamentos de desidratação têm suas funções definidas em

termos das finalidades:

1ª - permitir o contato dos alimentos com a solução concentrada. Neste caso

seis critérios devem ser observados: a) criar um movimento relativo entre o alimento e a

solução, por meio de uma velocidade relativa; b) ausência de injúrias mecânicas no

alimento; c) Controlar o tempo de tratamento para o processo contínuo, a fim de

assegurar um tratamento homogêneo; d) aceitar diferentes formas de alimentos como

cubos, fatias ou filetes, etc.; e) reduzir a razão da massa entre soluto e alimento e f)

impedir reações de oxidação do alimento em contato com o ar.

2ª - permitir que ao alimento seja introduzido e removido facilmente e sem

deixar ou levar resíduos;

3ª - permitir que o alimento, no processamento contínuo, seja introduzido e

removido de forma contínua quando atingir a desidratação desejada;

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Capitulo 2 27

4ª - permitir o controle dos parâmetros dos processos: a) temperatura do

alimento e da solução; b) concentração da solução; c) pressão estática da solução e do

alimento e d) agitação;

5ª – dispor de ajuste dos mecânicos apropriados relacionados aos alimentos, e

padrões elétricos: – Em função do tamanho e forma e dureza de alguns alimentos o tipo

de agitação precisa ser mudada o que pode ser feito por meio de ajustes mecanicos. Por

exemplo, se a fruta não sofre injúrias durante a agitação, por ter resistência mecânica, a

agitação mecânica é mais apropriada. Contudo se a fruta é mecanicamente sensível, a

agitação hidráulica deve ser usada. Além disso, a variação da tensão elétrica nas

bombas e motores, auxiliares do equipamento, precisa também estar prevista no projeto,

o que pode ser feito por meio de ajustes elétricos.

6ª - ter um razoável custo de manutenção: o custo de manutenção do

equipamento deve ser menor do que o custo de instalação, caso contrário haverá

oneração do processo produtivo tornando-a inviável financeiramente.

2.3.2. Principais operações dos equipamentos de tratamento

osmótico

Ainda, segundo Marouzé et al. (2001) os equipamentos de tratamento osmótico

podem ser classificados conforme a figura 2.1, em termos do princípio do contato

alimento-solução.

O tratamento osmótico está relacionado com o processo de separação líquido-

sólido, mas, o aspecto especial de seus equipamentos é permitir o contato de uma fase

sólido frágil com uma fase líquida mais densa e mais viscosa, com a necessidade de um

tratamento homogêneo por todo o alimento.

Existem diferentes categorias de tratamento osmótico:

a) Aquelas na qual a solução é externa em relação ao alimento, envolvendo a

imersão, com ou sem agitação, contínua ou intermitente ou o fluxo de uma

fina camada sobre o alimento;

b) Aqueles na qual a solução é introduzida dentro do alimento;

c) Aqueles na qual o soluto é aplicado na superfície do alimento e

d) Processos usando pressão para facilitar a transferência de massa.

Page 48: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 28

Se a transferência de massa estiver relacionada com o contato do alimento com

a solução desidrante, então a habilidade da técnica de permitir esse contato no

equipamento será um critério de avaliação. Na D.O. esse aspecto é particularmente

importante quando o objetivo principal é, primariamente, a desidratação e não a

impregnação.

A perda de água causa uma diluição da camada limite ao redor do produto, esta

precisa ser renovada para manter condições externas constantes e o tratamento

homogêneo. Desta forma, já que a transferência de massa não é instantânea, o

movimento relativo contínuo entre a solução e o alimento é desnecessário.

Em escala industrial, a razão entre a massa da solução e a massa do alimento

deve ser tão baixa quanto possível para restringir o tamanho da planta e o custo de

regeneração da solução.

O segundo critério de avaliação refere-se à habilidade do equipamento

processar o alimento sem lhe causar danos, mas esse critério depende também da textura

do alimento tratado e de sua resistência mecânica, particularmente, onde existe uma

grande diferença de densidade entre o alimento e a solução.

Page 49: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 2 29

Figura 2.1 – Classificação dos equipamentos de desidratação osmótica segundo as suas funções. Fonte: Adaptada de Marouzé et al. (2001).

Solução ao

redor do

alimentos

Imersão sem agitação

Imersão com agitação

contínua

Imersão com agitação

intermitente

Filme de solução ao

redor do alimento

Sem renovação de solução

Com renovação de solução

Baixo movimento relativo do

alimento

Mistura mecanica

Leito filtrado fixo

Leito filtrado móvel

Mistura hidraulica

Mistura mecânica combinada

coma hidráulica

Deslocamento combinado

Camada simples encharcada

Multi-camada encharcada

Masasging/tumbling

Solução dentro do alimentos

Solução na superfície do alimentos

Efetios da pressão

Contra-corrente

concorrente

Movimento alternativo do

alimento

Fluidização inversa

Camada simples encharcada

Colocada

Pressão atmosférica

Pressão negativa/positiva

Pressão pulsada

pulverizada

Solução ao

redor do

alimentos

Imersão sem agitação

Imersão com agitação

contínua

Imersão com agitação

intermitente

Filme de solução ao

redor do alimento

Sem renovação de solução

Com renovação de solução

Baixo movimento relativo do

alimento

Mistura mecanica

Leito filtrado fixo

Leito filtrado móvel

Mistura hidraulica

Mistura mecânica combinada

coma hidráulica

Deslocamento combinado

Camada simples encharcada

Multi-camada encharcada

Masasging/tumbling

Solução dentro do alimentos

Solução na superfície do alimentos

Efetios da pressão

Contra-corrente

concorrente

Movimento alternativo do

alimento

Fluidização inversa

Camada simples encharcada

Colocada

Pressão atmosférica

Pressão negativa/positiva

Pressão pulsada

pulverizada

Page 50: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

CAPÍTULO 3

MODELAGEM DA DESIDRATAÇÃO

OSMÓTICA

MODELAGEM DA DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA ................................................. 30

3.1. Teoria e estado da arte da modelagem do processo de desidratação osmótica. .. 31

3.1.1. Processo de desidratação osmótica em células vegetais. .................................. 31

3.1.1.1. Representação da célula vegetal .................................................................... 33

3.1.2. Descrição termodinâmica do fluxo através da membrana. ............................... 35

3.1.2.1. Equações extracelulares do balanço de massa ............................................... 40

3.1.2.2. Equações intracelulares de mudança ............................................................. 41

3.1.2.3. Variação das relações geométricas com o tempo .......................................... 42

3.1.3 Modelos de simulação ....................................................................................... 44

3.1.3.1 – Modelagem dos coeficientes de transferência de massa ............................. 46

3.1.3.2. Descrição do Coeficiente de transferencia de massa segundo a

termidinâmica dos processos irreversíveis ................................................................. 47

3.1.3.3. Coeficiente de transferencia de massa segundo a Lei de Fick da difusão. .. 51

3.1.4. Modelo do coeficiente de transferência de massa desenvolvido ...................... 53

3.1.4.1 Teoria .............................................................................................................. 53

3.1.4.2 Transporte transmembranar ............................................................................ 55

Page 51: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 31

3.1.4.3. Transporte apoplástico ................................................................................... 57

3.1.5. Modificação do modelo de simulação para desidratação osmótica .................. 59

3.1. Teoria e estado da arte da modelagem do processo de

desidratação osmótica.

Segundo Yao e Le Maguer (1996) é importante desenvolver um modelo que

permita entender os parâmetros que controlam o processo da desidratação osmótica.

Segundo, Castro-Giráldez et al. (2011) modelos simples e não reais baseadas na lei de

Fick podem não ser suficientemente exatos para descrever sistemas complexos como

processos de desidratação. A utilização, somente, de um coeficiente de difusão efetivo

(Deff) reduz todos os efeitos estruturais da célula e os mecanismos concomitantes para

um único parâmetro (Aguilera et al., 2003) e, consequentemente, simplificam tanto a

descrição do sistema de alimentos e os mecanismos, quanto às equações cinéticas de

mudanças (Fito et al., 2007).

Atualmente, para a modelagem de processos osmóticos, as propriedades

heterogêneas do tecido devem ser consideradas (Fernando et al., 2002) bem como o

desenvolvimento de conceitos e metodologias avançadas (Marcotte e Le Maguer, 1992;

Yao e Le Maguer, 1996), como tratamento osmótico em sistemas ternários, o uso do

pulso elétrico, o uso do som e outros. Os novos modelos e devem incorporar

informações suficientes sobre todos os aspectos: termodinâmicos, químicos, estruturais

e bioquímicos (Fito et al., 2007; Castro-Giráldez et al., 2011).

3.1.1. Processo de desidratação osmótica em células vegetais.

Segundo Nobel (1983), as células vegetais são estruturas microscópicas

compostas por parede celular, membrana citoplasmática, núcleo, vacúolo e outras

organelas citoplasmáticas, como mostrado na figura 3.1.

A parede celular é uma característica exclusiva de células vegetais e ela tem a

função de proteger e formar células adultas. É formada principalmente por celulose.

Page 52: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 32

Figura 3.1 – Componentes da célula vegetal. Fonte: Simbiotica (2001)

Segundo Nobel (1983), o citoplasma é considerado uma fase mais complexa,

composta de colóides e muitas organelas citoplasmáticas e separado da parede celular

por meio de uma membrana chamada de plasmalema ou membrana plasmática. Essa

membrana é a principal barreira que regula o que entra e o que sai da célula vegetal. O

amido e a proteína estão presentes no citoplasma e são considerados materiais de

reserva. A concentração de sólidos solúveis é muita baixa.

A permeabilidade seletiva da membrana em relação à sacarose determina o

comportamento osmótico. Por causa da parede celular, uma elevada pressão hidrostática

pode existir no interior da célula, em função de sua rigidez que permite um acumulo de

pressão.

As frutas possuem células básicas chamadas de células parênquimatosas. Essas

células formam a grande maioria do corpo das frutas, têm uma forma mais ou menos

cilíndrica, parede celulósica fina e, no estado adulto, possuem grandes vacúolos (Nobel,

1983).

Segundo Toupin et al.(1989), embora a relação de água numa única célula

vegetal é descrita adequadamente e bem entendida, quando a desidratação osmótica é

aplicada a toda a estrutura do tecido vegetal os eventos são complexos.

Tal como indicado na figura 3.2, três vias são aceitas para que o soluto possa

atravessar o tecido da planta:

Page 53: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 33

a) Transporte apoplástico, o que ocorre fora da membrana celular, pode ser

visualizado como uma difusão de moléculas na parede celular e nos espaços

intercelulares;

b) Transporte simplástico, que é caracterizado por um movimento de moléculas a

partir de uma célula para outra através de pequenos canais e,

c) O transporte transmembranar que é uma troca entre o protoplasto e o espaço

livre que compreende o espaço intercelular e da parede celular.

Figura 3.2 – Transporte de soluto através das células vegetais. Fonte: modificado a partir de simbiotica (2001).

3.1.1.1. Representação da célula vegetal

Na representação da célula vegetal, Toupin et al.(1989), desenvolveram o

modelo dado pela figura 3.3, a qual mostra uma representação do parênquima do tecido

da batata. Figura 3.3(a) mostra a célula unitária média e a figura 3.3(b) representa o

arranjo cúbico dessa célula unitária média em uma estrutura de tecido.

A taxa de turgescência ou encolhimento de um tecido de planta imerso numa

solução osmótica dependerá tanto difusão extracelular do soluto quanto da

permeabilidade da membrana celular. Portanto, o comportamento de todo o tecido é o

mesmo que o comportamento de uma única célula.

A modelagem da transferência de massa de água e sacarose em tecido de frutas,

como jaca e cupuaçu durante a osmose requer a definição de uma representação realista

da estrutura biológica em termos de forma e dimensões físicas.

Page 54: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 34

Figura 3.3 – Representação simplificada de células vegetais: (a) unidade celular; (b) arranjo cúbico de unidades celulares. Fonte: Toupin et al.(1989).

Toupin et al.(1989) desenvolveram o conceito da célula unitária equivalente

cilíndrica (CUEC) e propôs um arranjo destes CUEC num tecido parênquima

hipotético. A figura 3.4 mostra a CUEC. A figura 3.4(a) mostra que cada célula é

similar a um arranjo de três cilindros coaxiais. O cilindro interior (nº1) atua como

vacúolo, o cilindro médio (nº2) representa o volume celular que inclui a membrana

celular, enquanto que o cilindro exterior (nº 3) compreende o volume extracelular

composto pela parede celular e o espaço vazio chamado do espaço intracelular.

A figura 3.4(b) mostra que a estrutura do tecido hipotético é aproximada por um

arranjo de colunas. Cada coluna é formada por um conjunto linear de CUEC.

Para esse tecido hipotético, os autores consideraram também suas propriedades

homogêneas e isotrópicas. A difusão no volume extracelular ou o transporte apoplástico

foi linearizada, restringindo a análise de difusão no volume a úma única direção

(unidimensional). Embora a descrição do transporte de massa no tecido vegetal de

armazenamento é grandemente simplificada pela introdução do conceito CUEC, Toupin

et al.(1989) discutiram as transposições geométricas necessárias para descrever

completamente os fenômenos correspondentes.

Page 55: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 35

(a) (b)

Figura 3.4 – Modelo da célula unitária equivalente (CUEC): (a) célula unitária cilíndrica equivalente e (b) arranjo cúbico do CUEC. Fonte: Adaptado de Toupin et al.(1989).

3.1.2. Descrição termodinâmica do fluxo através da membrana.

O transporte transmenbranar indica a transferência de massa de água através da

plasmalema. Segundo Toupin et al.(1989), uma vez que a membrana é totalmente

impermeável para a sacarose, apenas a transferência de água é possível, como mostrado

na equação 3.1

𝐽 = 𝐿𝑤𝑚∆𝜇𝑤𝑚 (3.1)

onde 𝐽 representa o fluxo molar (mol/m².s); 𝐿𝑊 o coeficiente fenomenológico de

transferência(mol²/J.s.m²); ∆𝜇, é a diferença de potencial químico. Os subscritos w

refere-se à agua e m refere-se à membrana plasmática ou plasmalema.

A diferença de potencial químico foi definida pela equação 3.2

∆𝜇𝑤𝑚 = 𝜇𝑤𝑚𝑖𝑛 − 𝜇𝑤𝑚

𝑜𝑢𝑡 (3.2)

Page 56: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 36

onde, 𝜇𝑤𝑚𝑖𝑛 é o potencial químico de água no interior do volume celular e 𝜇𝑤𝑚

𝑜𝑢𝑡 é o

potencial químico da água do volume extracelular.

Segundo Toupin et al.(1989), o coeficiente fenomenológico pode ser definido

pela equação 3.3

𝐿𝑤𝑚 =𝑃𝑤𝑚𝑀𝑤

𝑅𝑇�̅�𝑤

(3.3)

onde P é o coeficiente de permeabilidade (m/s) é o peso molecular (kg/kmol), R é a

constante universal dos gases ideiais(J/mol.K), T é a temperatura (K ou ºC) e �̅� é o

volume parcial molar (m³/kmol).

Segundo Marcotte e Le Maguer(1992) o coeficiente de permeabilidade poder se

definido pela equação 3.4

1

𝑃𝑤𝑚𝑒𝑓𝑓

=1

𝑘𝑐+

1

𝑃𝑤𝑚

(3.4)

onde kc é o coeficiente de transferência de massa(m/s) e o sobrescrito eff refere-se a

efetivo.

No entanto, qualquer pré-tratamento, tais como a colocação de amostras de

material biológico em água destilada, promoverá não só uma turgescencia inicial no

tecido, mas a presença de água nos espaços intercelulares e nos volumes de parede

celular.

Contudo em uma solução de água destilada e sacarose, o soluto penetra apenas

no volume extracelular e com o processeguimento do tratamento osmótico haverá um

aumento do potencial osmótico no espaço extracelular. As interacções entre a parede

celular e a solução são consideradas insignificantes de modo que o potencial da parede

celular no espaço extracelular é considerado desprezível.

Page 57: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 37

Assim, o potencial químico da água no espaço extracelular, segundo Toupin et

al.(1989) pode ser definido pela equação 3.5

𝜇𝑤𝑚𝑜𝑢𝑡 − 𝜇𝑤𝑚

𝑜𝑢𝑡(0)= 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑖 = ∫ �̅�𝑖𝑑𝑃

𝑃𝑖

𝑃𝑠

(3.5)

onde, 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑖 reflete a contribuição crescente da sacarose penetrando no espaço

extracelular durante o tratamento osmótico, 𝑎𝑤𝑖 e P refere-se à pressão hidrostática

(N/m²). Os subscritos out e out(0) refere-se ao espaço intracelular no inicio e no final,

respectivamente.

O volume celular é composto pelo vacúolo e pelo citoplasma, que compreende

amido e proteínas. Restringindo o tratamento de não-eletrólitos tendo como referência a

água pura à temperatura e à pressão atmosférica, a expressão geral para o potencial

químico de água para um sistema de vegetais é dado pela equaçã 3.6.

𝜇𝑤 − 𝜇𝑤𝑂 = 𝑅𝑇𝑙𝑛�̂�𝑤 + �̂�𝑤𝜑𝑤 + �̂�𝑤(𝑃 − 𝑃0) (3.6)

Segundo Toupin et al.(1989), o primeiro termo, 𝑅𝑇𝑙𝑛�̂�𝑤, representa o potencial

osmótico e reflete a contribuição de solutos dissolvidos para o potencial químico da

água. O segundo termo �̂�𝑤𝜑𝑤, a matriz de potencial, surge devido às fortes interações

entre a água e os sólidos de grande área de superfície presente no sistema, como amido

e proteína. O último termo �̂�𝑤 (𝑃 − 𝑃0) é o potencial de pressão que expressa a

dependência do potencial químico da água em relação à pressão hidrostática.

No vacúolo, o potencial osmótico é predominante (Crapiste e Rotstein, 1982).

Uma vez que a solução aquosa no vacúolo é composta de pequenas quantidades de

minerais e açúcares solúveis, estes solutos contribuiem para o potencial osmótico. Para

sistemas multicomponentes, uma relação entre a atividade parcial da água de cada

componente e da atividade da água da mistura foi derivado por Ross (1975), daddo

pelas equações 3.7, 3.8, 3.9 e 3.10, considerando que toda a água presente no sistema

Page 58: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 38

forma de uma solução com cada um dos componentes de forma independente uns dos

outros.

𝜇𝑤𝑚𝑖𝑛 − 𝜇𝑤𝑚

𝑖𝑛(0)= 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑣 = 𝑅𝑇𝑙𝑛 ∏ 𝑎𝑤𝑗

(3.7)

onde o subscrito v se refere ao vacúolo e j ao componente.

𝑎𝑤𝑗 = 10−𝐴𝑗(1−𝑥𝑤𝑗)𝑞𝑗𝑥𝑤𝑗 (3.8)

onde x é a fração molar e A e q são constantes cujo valores para os açúcares e sais

minerais estão disponíveis na literatura (Crapiste e Rotstein, 1982), conforme mostrado

por Marcotte e Le Maguer (1992).

𝑥𝑤𝑗 =𝑋𝑣

𝑋𝑣 + 𝑤𝑗𝑎𝑗

(3.9)

onde X é o teor de umidade w fração mássica.

𝑎𝑗 =𝑀𝑤

𝑀𝑗

(3.10)

onde M é a massa molecular (kg/kmol).

Na fase do citoplasma, uma vez que o amido e a proteína são os seus principais

componentes, a matriz de potencial não pode ser desprezada. Algumas correlações

empíricas para isotérmicas de adsorção de proteína e do amido foram dadas por Crapiste

e Rotstein (1982) e são mostradas nas equação 3.11, 3.12 e 3.13. Elas foram utilizadas

por Marcotte e Laguer(1992) e Toupin et al.(1989) para estimar a matriz de potencial.

Page 59: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 39

𝜇𝑤𝑚𝑖𝑛 − 𝜇𝑤𝑚

𝑖𝑛(0)= 𝑅𝑇𝑙𝑛[1 − exp(53,4759𝑋𝑠𝑡

2,3015)] (3.11)

onde o subscrito st se refere ao amido.

𝜇𝑤𝑚𝑖𝑛 − 𝜇𝑤𝑚

𝑖𝑛(0)= 𝑅𝑇[− 0.0208 𝑋𝑝𝑟

−1,6129] (3.12)

onde o subscrito pr se refere à proteína.

𝑋 = 𝑋𝑠𝑡𝑤𝑠𝑡 + 𝑋𝑝𝑟𝑤𝑝𝑟 + 𝑋𝑣 (3.13)

A contribuição da parede celular foi considerada negligenciável (Crapiste e

Rotstein, 1982). Na prática, um método de iteração é usado para convergir para o

potencial químico e para composição das fases, a partir do teor de umidade total,

utilizando equações 3.7 a 3.13. O efeito da temperatura é considerado insignificante.

O último termo a ser considerado é o termo do potencial de pressão na célula.

Embora Rotstein e Cornish (1978) descobriram que, para a previsão da relação de

equilíbrio em amostras de maçãs, o potencial de pressão da célula (fase vacuolar)

poderia ser negligenciado na região de alta umidade, de acordo com Dainty (1976) a

contribuição do termo potencial de pressão nas relações de água de células de plantas

não podem ser negligenciadas sob condições normais.

Rotstein e Cornish (1978) definiram a região de elevado teor de umidade como

sendo a de turgescência completo, porém, quando a pessão no interior da célula é igual

à pressão externa, o estado é chamado turgescência zero.

Assim, considerando esses dois limtes, quando a equação do potencial de

pressão para o volume celular é integrada, obtém-se a equação 3.14.

𝑉𝑤(𝑃𝑒 − 𝑃𝑒0) = �̅�𝑤 [(

𝑉𝑐

𝑉𝑐∗)

𝛽1

(𝑃𝑒∗ − 𝑃𝑒

0 +𝛽2

𝛽1) −

𝛽2

𝛽1]

(3.14)

em que (𝑃𝑒∗ − 𝑃𝑒

0) é definido como o excesso de pressão acima da pressão atmosférica a

turgescência completa. O termo (𝑉𝑐

𝑉𝑐∗) representa a razão entre o volume real celular para

o volume celular na turgescência completa. e , são constantes obtidas por ajustes.

Page 60: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 40

Assim, a soma de todas esses potenciais, como pode ser observado na equação

3.15, definem a variação do potencial químico dentro e fora da célula, a qual foi

utilizada por Toupin et al.(1989) e Marcotte e Le Maguer(1992) para obter o fluxo de

água, conforme a equação 3.16.

∆𝜇𝑤𝑚 = 𝜇𝑤𝑚𝑖𝑛 − 𝜇𝑤𝑚

𝑜𝑢𝑡 = 𝑉𝑤(𝑃𝑒 − 𝑃𝑒0) + 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑣 + 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑖 (3.15)

𝐽 = 𝐿𝑤𝑚[𝑉𝑤(𝑃𝑒 − 𝑃𝑒0) + 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑣 − 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑖] (3.16)

3.1.2.1. Equações extracelulares do balanço de massa

No desenvolvimento das equações que descrevem as condições associadas com

o transporte de massa no espaço extracelular, Marcotte e Le Maguer (1992)

adicionaram as seguintes considerações à lista de considerações feitas por Toupin et

al.(1989), a fim de modelar a transferência de massa no cilindro extracelular:

(1) O transporte de massa é considerado isotérmico num meio semi-infinito;

(2) O espaço disponível para a mobilidade da sacarose é restrito ao volume

extracelular;

(3) A membrana plasmalema somente é permeável à água.

Um elemento de volume diferencial de área de secção transversal Ai é definido

no volume extracelular. A Figura 3.5 mostra a contribuição dos diferentes fluxos no

elemento de volume diferencial. Aplicando a lei da conservação de massa para cada

espécie, obtêm-se balanço de massa diferencial, conforme a equação 3.17. A massa

gerada foi considerada desprezível.

𝜕𝜌𝑠

𝜕𝑡=

𝜕

𝜕𝑧(𝐷𝑎𝑏

𝜕𝜌𝑠

𝜕𝑧) − 𝜌𝑠

𝜕𝑣

𝜕𝑧− 𝑣

𝜕𝜌𝑠

𝜕𝑧−

𝜌𝑠

𝐴𝑖

𝜕𝐴𝑖

𝜕𝑡 (3.17)

Page 61: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 41

onde 𝜌 é a massa volumétrica (kg/m³) 𝑣 é a velocidade (m/s), 𝐷𝑎𝑏 é a difusividade

aparente(m²/s), t é o tempo(s) e z é eixo longitudinal (m). Os subscritos s e i referem-se

à sacarose e o espaço extracelular, respectivamente.

O perfil de velocidade 𝜕𝑣

𝜕𝑧 é dado pela equação 3.18.

𝜕𝑣

𝜕𝑧= 𝐽

2𝜋𝑅

𝐴𝑖𝜌−

1

𝐴𝑖

𝜕𝐴𝑖

𝜕𝑡 (3.18)

Onde R é o raio (m)

Figura 3.5 – Balanço diferencial na célula vegetal. Fonte: Toupin et al.(1989).

A difusividade pode ser determinada a partir dos dados de bancada, utilizando a

solução analítica da segunda lei de Fick (Crank, 1975).

3.1.2.2. Equações intracelulares de mudança

De acordo com Toupin et al.(1989) é razoável assumir uma mistura perfeita no

volume celular. Por outro lado a área de superfície da plasmalema não pode ser

considerada fixa em função da redução do volume da célula.

As alterações na concentração de massa das espécies presentes no volume

celular é função da perda água atravé da membrana. Para cada volume celular, pode-se

escrever especificamente um balanço de massa de água. A concentração de água no

Page 62: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 42

volume celular é expressa em termos de teor de umidade total sobre uma base de peso

seco. Uma vez que a variação do teor de umidade se dá em função do processo de

desidração ou do fluxo de água apartir do volume celular pode-se descrever a variação

do teor de umidade com tempo através da equação 3.19.

𝑑𝑋

𝑑𝑡=

2𝜋𝑅𝑖

𝑚𝑑𝑚∫ 𝐽𝑑𝑧

𝑐

(3.19)

onde m refere-se a massa (kg) da amostra e os subscritos dm refere-se à materia seca.

A massa de matéria seca do volume celular é estimada a partir do material de

turgescência completa, conforme a equação 3.20.

𝑚𝑑𝑚 = 𝑉𝑐𝜌𝑤𝑤𝑑𝑚 (3.20)

onde o subscrito c, refere-se à célula.

A variação do volume celular é uma função do volume de perda de água através

da membrana numa base célula-a-célula. Negligenciando a mudança de volume na

mistura, a variação do volume celular pode ser descrito pela equação 3.21.

𝑑𝑉𝑐

𝑑𝑡=

2𝜋𝑅𝑖

𝑀𝑤∫ 𝐽𝑑𝑧

𝑐

(3.21)

3.1.2.3. Variação das relações geométricas com o tempo

Toupin et al.(1989) apresentaram o encolhimento da estrutura biológica no

modelo descrevendo o tratamento osmótico do material vegetal. No estudo sobre as

alterações internas estruturais do tecido de batata durante a desidratação osmótica, eles

confirmaram as três fases de desidratação osmótica. No entanto, verificou-se

experimentalmente que na terceira fase de desidratação, as mudanças no volume total

Page 63: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 43

são o resultado dos efeitos combinados da redução do volume extracelular e celular, de

modo que ela pôde se demostrada pela equação 3.22.

𝑑𝑉𝑖

𝑑𝑡= 𝑘

𝑑𝑉𝑐

𝑑𝑡

(3.22)

onde o fator (k) descreve como as mudanças de volume celulares afetam o volume

extracelular da célula e o volume total das células.

Deve-se salientar que as mudanças de volume também estão incluídas nas

equações de conservação da massa através da variação da área de superfície do espaço

extracelular (Ai,), a qual está relacionada com as variações de volume extracelular de

equaçãon (3.22). Finalmente, a equação para as mudanças de volume total pode ser dada

pode ser dado pela equação 3.23.

𝑑𝑉

𝑑𝑡= (1 + 𝑘)

𝑑𝑉𝑐

𝑑𝑡

(3.23)

Na turgescência completa k = 0. Mas se o potencial de pressão é igual a zero,

então k = 1. Toupin et al.(1989) mostraram que quando há perda de integridade da

célula também k = 1. As relações geométricas derivadas em relação ao tempo a partir

do CUEC foram apresentadas por Toupin et al(1989) e são apresentadas nas equações

3.24-3.28.

𝑑𝑙

𝑑𝑡=

√𝜏

3(

6

𝜋)

1/2

𝑉−2/3𝑑𝑉

𝑑𝑡

(3.24)

onde l é o cumprimento do CUEC (m) e 𝜏 é a tortuosidade (admensional).

Page 64: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 44

𝑑𝑅𝑖

𝑑𝑡= −

𝐴𝑚

2𝜋𝑙2

𝑑𝑙

𝑑𝑡

(3.25)

onde o subscrito m refere à membrana plasmática ou plasmalema

𝑑𝑅𝑐

𝑑𝑡=

1

2𝜋𝑅𝑐(𝑙−1

𝑑𝑉𝑐

𝑑𝑡− 𝑉𝑐𝑙−2

𝑑𝑙

𝑑𝑡) +

𝑅𝑖

𝑅𝑐

𝑑𝑅𝑖

𝑑𝑡

(3.26)

𝑑𝑅𝑏

𝑑𝑡=

𝑅𝑖

𝑅𝑏

𝑑𝑅𝑖

𝑑𝑡−

1

2𝜋𝑅𝑏(𝑙−1

𝑑𝑉𝑖

𝑑𝑡− 𝑉𝑖𝑙

−2𝑑𝑙

𝑑𝑡)

(3.27)

onde o subscrito b se refere ao vacúolo.

𝑑𝐴𝑖

𝑑𝑡= 2𝜋 (𝑅𝑖

𝑑𝑅𝑖

𝑑𝑡− 𝑅𝐵

𝑑𝑅𝐵

𝑑𝑡)

(3.28)

3.1.3 Modelos de simulação

Toupin et al.(1989) desenvolveram um modelo de transporte de massa em

material vegetal com base no modelo apresentado por Molz et al. (1979). No

desenvolvimento do modelo foram consideradas a difusão e a permeabilidade do soluto

na parede, bem como o encolhimento de toda a estrutura. Eles mostraram que o

transporte de matéria através das membranas biológicas obedece às leis da

termodinâmica dos processos irreversíveis. Essa mesma consideração, mas tarde foi

depois feita por Castro-Giraldez et al.(2011), Segui et al.(2012) e outros. O modelo foi

comparado com as medições experimentais em termos de variações de volume de

células e foi considerado satisfatório.

Segundo eles ao se tentar descrever o modelo alguns problemas começaram a

aparecer devido o comportamento do tecido. Isso os conduziu a fazer lagumas

suposições afim de lidar com as mudanças estruturais globais do tecido ou

Page 65: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 45

encolhimento. Eles introduziram o volume da célula crítico, a fim de levar em conta a

perda da integridade das células.

Também outro problema foi encontrado: a falta de dados de equilíbrio para

descrever o comportamento do tecido durante a osmose, semelhante aos dados de

sorção em secagem. Isso conduziu a uma descrição imprópria das alterações das

diferentes fases da célula e, em particular, do volume celular. O volume aparente não

osmótico foi introduzido para compensar.

Marcotte et al. (1991) modificaram o modelo desenvolvido por Toupin et

al.(1989) para dar uma descrição termodinâmica das forças envolvidas no processo

osmótico, onde foi utilizada a batata (Solanum Tuberosum L.). Nesse novo modelo

foram feitas algumas simplificações como a desconsideração do modelo do transporte

simplástico, o qual foi considerado no modelo de Toupin et al.(1989), correção da área

da superfície do plasmalema das células e a sacarose, foi escolhida como o soluto do

meio osmótico.

Segundo os autores, devido à impermeabilidade da sacarose na membrana

celular, as trocas de todo o plasmalema foram limitados ao fluxo de água. O espaço

disponível para o movimento de sacarose foi restrito ao espaço intracelular livre (figura

3.1). Assim, o comportamento cinético do tecido da batata durante D.O. em solução de

sacarose foi então quantificado.

Yao e Le Maguer (1996) desenvolveram modelo diferencial que governava o

fluxo do soluto no espaço livre da célula, resolvendo-o pelo método dos elementos

finitos. Os autores desenvolveram o modelo conceitual para representar a estrutura

celular de um tecido constituído por células individuais incorporadas numa matriz

contínua da parede celular.

O modelo conceitual compreendia basicamente duas camadas que representam

os volumes intracelular e extracelular, e uma membrana semipermeável que separa as

duas camadas. O conceito de concentração do volume médio e da pressão dentro do

volume intracelular foi utilizado para representar as propriedades descontínuas da

concentração e da pressão em função da posição contínua. O modelo matemático obtido

incorpora difusão, o fluxo trans-membrana e o encolhimento da matriz.

Page 66: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 46

3.1.3.1 – Modelagem dos coeficientes de transferência de massa

O tecido vegetal pode ser considerado como um sistema multicomponente e

multifásico composto por elementos microestruturais que respondem de maneira

diferente as mais diversas condições de processo (Seguí et al., 2012; Castro-Giráldez et

al., 2011). Entre os elementos microestruturais, três são considerados principais no

processo de modelagem: o vacúolo, a membrana plasmática ou plasmalema, e a parede

celular.

Figura 3.6 – Fluxo de água através da membrana plasmática e da parede celular

A existência de uma espaço intracelular entre a membrana plasmática e a parede

celular foi considerado por Toupin et al.(1989). O volume das células paranquimatosas,

como as células do cupuaçu, é composto principalmente pelo vacúolo central, que

armazena nutrientes e água. Já a membrana plásmatica oferece não permite a passagem

de alguns componentes de alto peso molecular, como sacarose. Por isso uma atenção

especial precisa ser dada à descrição do seu comportamento.

O transporte de água através da membrana plasmática ocorre em função de uma

diferença de potencial entre a célula e o meio. Esse transporte é chamado de transporte

transmembranar. A camada rígida das células vegetais é chamada de parede celular e

oferece suporte estrutural e proteção mecanica para a célula. O transporte de soluto e

água através dessa estrutura se dá por difusão e é chamado de transporte apoplástico.

Page 67: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 47

Um terceiro transporte, chamado de transporte simplástico, permite a troca de

material entre as células por meio dos plasmodesmos (Toupin et al.(1989);Castro-

Giráldez et al.,2011). Por essa razão, conhecer a resposta de cada microestrutrura é um

dos principais fatores para se entender o pocesso da D.O. e decrevê-la matematicamente

Várias trabalhos tem descrito o processo da modelagem e cinética da

transferência de massa na D.O. baseado: na termodinâmica, cujo fluxo é função, em

especial do potencial químico e do coeficiente fenomenológico (Castro-Giráldez et al.,

2011; Seguí et al., 2012; Yang e Le Maguer, 1992; Fito et al., 2007; Fito et al. 2008;

Ferrando 2001, ferrando, 2002, ferrando 2003) e na segunda de lei de Fick, onde o

fluxo ocorre em função de um gradiente de concentração e de um coeficiente de

transferência binário de massa (Andrade et al., 2007; Jallae, 2011; Porciuncula et al.

2013;Singh et al., 2007).

Ao se usar a segunda lei de Fick, conforme relatado por Castro-Geraldez et

al.(2011), o fenômeno se reduz a um único coeficiente aparente que minimiza o

complexo sistema de transferência de massa. Por outro lado a descrição termodinâmica,

transforma o coeficiente fenomenológico, em alguns caso, como o valor de um

coeficiente médio, uma vez que considera o fluxo de água apartir do citoplasma até a

meio em que a célula se encontra.

3.1.3.2. Descrição do Coeficiente de transferencia de massa

segundo a termidinâmica dos processos irreversíveis

A força motriz que promove a transferência de massa pode ser analisada por

meio de equações baseados no mecanismo de difusão ou da termodinâmica dos

processos irreversíveis, dependendo se a força motriz é definida como a diferença de

concentração entre fases ou pela diferença do potencial químico, respectivamente

(Gekas, 1992).

A análise termodinâmica da energia de equilíbrio, e os fluxos de sistemas podem

ser feitos, em termos de energia livre de Gibbs (Castro-Girádez et al., 2011; Fito et al.,

2007; Goula et al., 2012; Seguí et al., 2012), conforme estabelecido pela equação 3.29

(Smith et al., 1996).

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Capitulo 3 48

𝑑𝐺 = 𝑉𝑑𝑃 − 𝑆𝑑𝑇 + ∑ (𝜕𝐺

𝜕𝑛𝑖)

𝑇,𝑃,𝑛𝑗≠𝑖

𝑑𝑛𝑖 (3.29)

onde G é a energia livre de Gibbs (J), V é o volume do sistema (m³), P é a pressão do

sistema (N/m²), S é a entropia do sistema (J/K), T é a temperatura (ºC ou K), n é o nº de

mols e o subscrito i refere-se ao componente i.

A derivada parcial do lado direto da equação da equação (3.29) refere-se ao

potencial químico do componente i(𝜇𝑖) e representa a variação na energia livre de Gibbs

do sistema quando há uma mudança infinitesimal no número de moles do componente à

temperatura e pressãoe número de moles dos outros componente diferentes(i).

Dividindo a equação 3.29 por 𝑑𝑛𝑖, obtem-se a equação (3.30) que sugere que a variação

no número de moles do componente i pode ser “acoplada” com as mudanças de

temperatura e pressão.

𝑑𝐺

𝑑𝑛𝑖= 𝑉

𝑑𝑃

𝑑𝑛𝑖− 𝑆

𝑑𝑇

𝑑𝑛𝑖+ 𝜇𝑖 (3.30)

Se a equação 3.30 for aplicada a um sistema onde há uma membrana

semipermeável que separa duas fases interna e externa e que permite somente o fluxo de

água através dela, a transferência de massa estará relacionada à deformação da estrutura

celular (Seguí et al., 2012; Fito et al., 2007; Castro-Girádez et al., 2011; Oliver et al.,

2012). Consequentemente, uma definição estendida do potencial químico deve se usada

(Seguí et al., 2012) para analisar o fenômeno de transferência de água em tecido celular,

considerando a temperatura constante, a qual pode ser definida através da equação 3.31.

𝜇𝑊𝑒𝑥𝑡 = 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤 + �̅�𝑤∆𝑃 (3.31)

onde w representa a águal e �̅�𝑤 o volume parcial molar (m³) e R constante universal dos

gases ideais(J/mol.K).

Page 69: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 49

A cinética do transporte de água através da membrana celular pode ser analisada

através da equação 3.32 baseada na termodinâmica dos processos irreversíveis e

considerando que a membrana não é permeável à sacarose (Toupin, et al., 1989;

Marcotte, et al., 1991; Floury et al., 2008; Castro-Girádez et al., 2011; Goula et al.,

2012; Oliver et al., 2012). Assim, a cinética da transferência de água pode ser analisada

para determinar o coeficiente fenomenológico de transferência (𝐿𝑊).

𝐽 = 𝐿𝑊∆𝜇𝑊𝑒𝑥𝑡 (3.32)

Seguí et al. (2012) mostraram experimentalmente que dois estágios

diferenciados ocorrem nas células em plasmólise completa: um estagio no qual existe o

fenômeno de deformação e outro no qual eles não são perceptíveis. Em termos da

definição estendida do potencial químico, isso significa que o termo 𝑉𝑤̅̅ ̅∆𝑃 ≠ 0 ou que

pode ser negligenciado, 𝑉𝑤̅̅ ̅∆𝑃 ≈ 0.

Após a separação completa da membrana, com a simplificação na definição

estendida do potencial químico (equação 3.31), combinada com a equação 3.32, obtêm-

se a equação 3.33.

𝐽 = −𝐿𝑊𝑅𝑇𝑙𝑛 (𝑎𝑊

𝑒𝑥𝑡

𝑎𝑊𝑖𝑛𝑡

) (3.33)

Segundo Floury et al. (2008), a atividade de água dentro e fora da célula poder

ser estimado usando a equação de Norrish (1966), baseado na concentração de soluto

(eq. 3.34).

𝑎𝑤 = 𝑋𝑤 ∙ 𝑒(𝑘∙(𝑋𝑠)2) (3.34)

onde k é uma constante, a qual varia de acordo com o soluto. Para sacarose (s)

k = -6,47 (Labuza, 1984). Xs e Xw são as frações molares de sacarose e água e podem

ser determinados pelas equações 3.35 e 3.36.

Page 70: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 50

𝑋𝑤 =𝑐𝑤

𝑐𝑠 + 𝑐𝑤 (3.35)

𝑋𝑠 =𝑐𝑠

𝑐𝑠 + 𝑐𝑤 (3.36)

onde c é a concentração molar para cada componente em mol/m³.

Barat et al. (2001) investigaram a modelagem de transferência simultânea de

massa e mudanças estruturais nos tecidos de frutas. Eles observaram que as mudanças

que ocorreram na porosidade e no volume, em função da desidratação osmótica,

promoveram a ação de forças não difusionais, tais como o gradiente de pressão

associada com a deformação do tecido. Eles equacionaram a relação entre o volume

total do tecido e o volume e a mudança de volume na fase liquida e gasosa da célula e

suas contribuições nas estruturas porosas.

Castro-Girádez et al. (2011) usaram a abordagem da termodinâmica

irreversível para analisar o tempo de desidratação osmótica de maçã. Eles

demonstraram que no início do tratamento, as células túrgidas perdem energia

mecânica, devido ao elevado transporte de água promovido pelo gradiente de

velocidade (atividade de contração).

Os autores afirmaram ainda que quando o tecido celular perde o turgor, o

transporte de massa atinge uma nova etapa com predominância de forças motrizes

difusionais, onde o encolhimento atinge o nível máximo de 60%, em aproximadamente

0,85 de atividade de água, produzindo uma alteração estrutural importante, a plasmólise

geral. Em uma última instância, as forças mecânicas são predominantes no transporte

de massa.

Goula e Lazarides (2012) modelaram o processo de transferência de calor e

massa, utilizando a segunda de Fick, na desidratação osmótica combinado com o

congelamento do tomate. Eles desenvolveram o modelo matemático baseado nas

equações propostas por Floury et al. (2008), validando os resultados por meio de dados

experimentais ajustados ao modelo.

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Capitulo 3 51

3.1.3.3. Coeficiente de transferencia de massa segundo a Lei de

Fick da difusão.

Para alguns autores (Chenlo et al., 2007; Rastogi et al., 2004; Silva et al., 2012;

Souraki et al., 2012; Andrade et al., 2007; Jallae, 2011; Porciuncula et al., 2013;Singh

et al., 2007), a cinética da transferência de massa durante a desidratação osmótico pode

ser modelado usando a segunda lei de Fick da difusão, equação 3.37.

𝜕𝐶

𝜕𝑡= 𝐷 (

𝜕²𝐶

𝜕𝑥²+

𝜕²𝐶

𝜕𝑦²+

𝜕²𝐶

𝜕𝑧²) (3.37)

Segundo Porciuncula et al.(2013) a utilização da segunda Lei de Fick é uma

aproximação macroscópica do processo de transferência de massa durante a D.O., que

ajuda a entender a cinética de maneira simplificada. Segundo os autores, embora a

termodinâmica dos processos irreversíveis forneça detalhes microscópicos (como o

transporte através da parede celular, a formação do potencial químico, a variação da

pressão osmótico durante a D.O., etc), ela é complexa e necessita de uma série de

parâmetros, como tortuosidade, modulo de elasticidade, permeabilidade da membrana,

etc, para se obter a cinética da transferencia de massa em celulas vegetais.

Os autores ainda afirmaram que as soluções analíticas para as equações

diferenciais obtidos a partir de tais modelos microscópicos precisam de valores de

equilíbrio, que são utilizados para normalizar os dados e torná-los adimensionais.

Além disso, Andrade et al. (2007) ao avaliar o coeficiente de transferência de

massa de água e sacarose no intervalo de tempo de 0 a 60h, concluiram que o tempo de

imersão não exerce influência significativa nesses coeficientes. Chenlo et al., (2007)

utilizou um modelo logístico de 3 parâmetros , mostado na equação 3.38, para estimar

os valores de equilíbrio necessários, usando os dados experimentais (Chenlo et al.,

2007). Eles afirmaram também que esse modelo ajustou-se satisfatoriamente aos dados

experimentais e tornou possível estimar os parâmetros cinéticos para qualquer

concentração de soluto osmótico, operando nas temperaturas e nos tempos de

tratamento.

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Capitulo 3 52

𝑦 =𝑎

1 + (𝑥𝑥0

)𝑏

(3.38)

onde y, refere ao ganho de sólidos (GS) ou à perda de água (PA); x, refere-se ao tempo

e a, b e x0 são parâmetros ajustáveis.

A partir dos valores de equilíbrio estimados, pode-se obter o coeficiente de

transferência de massa a partir da solução analítica da segunda lei de Fick, mostrado na

equação 3.39 (Crank, 1975).

Esse modelo considera que: a resistência externa à transferência de massa é

desprezível, quando comparado à resistência interna e, que o processo é

unidimensional, uma vez a altura é muito maior que o comprimento.

𝐶 − 𝐶0

𝐶𝑓 − 𝐶0=

8

𝜋2∑

8

(2𝑛 + 1)2𝜋2𝑒𝑥𝑝 [

−𝐷(2𝑛 + 1)𝜋2𝑡

4𝑙2]

𝑛=0

(3.39)

onde C é a concentração mássica (g/100g); C0 é a concentração mássica inicial; Cf é

concentração mássica final; t e tempo (s); l é a espessura (m) e D é o coeficiente de

difusão de massa (m²/s).

Floury et al. (2008), desenvolveram um modelo matemático para transferência

de massa e transferência de calor representativo do processo de desidratação osmótica

de cubos de manga (Mangifera indica L.). As equações de balanço de massa, para o

transporte de água e de sacarose foram estabelecidas separadamente para volumes

intracelular e extracelular, tendo em conta a transferência através da membrana celular.

As transferências de massa de água e de sacarose resultaram em mudanças nos

volumes intracelular e extracelular, bem como no encolhimento global. Os

experimentos mostraram que o congelamento da fruta reduziu significativamente o

diâmetro da célula para a transferência de massa extracelular, e aumentou a taxa de

perda de água, mas o efeito sobre o ganho relativo de açúcar foi menor. Os autores

consideraram que os resultados obtidos foram satisfatórios quando comparados com os

Page 73: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 53

resultados experimentai tanto para perda de água quanto para o ganho de sólidos nas

amostras de manga.

Li (2006) desenvolveu um modelo matemático baseado na transferência de

massa nos tecidos vegetais. O modelo considerou a difusão e convecção de cada

componente no interior do tecido. A equação de equilíbrio de massa para o transporte de

cada um dos componentes foi estabelecida separadamente para volumes intracelulares e

extracelulares, mas tendo em conta a troca de massa através da membrana celular entre

os volumes intracelulares e extracelulares. A transferência de massa resultou não apenas

na mudança de volumes intra e extracelular, mas também no encolhimento do tecido

inteiro. O modelo permitiu simular quantitativamente a evolução temporal dos volumes

intracelular e extracelular, observado em microscópio.

Koç et al. (2008) investigaram o efeito do método de secagem sobre a

densidade da massa seca, densidade da amostra, porosidade e encolhimento de marmelo

(Cydonia oblonga miller L.) em vários teores de umidade. A densidade da amostra

diminuiu com a redução de umidade, enquanto que densidade da massa seca e

porosidade aumentaram com a diminuição do teor de umidade. Modelos matemáticos

simples foram usados para correlacionar as propriedades como volume, densidade e

porosidade com o teor de umidade do material, mostrando a porosidade como função da

razão entre o volume de ar presente nas células e o volume da parede celular, da água e

do ar.

3.1.4. Modelo do coeficiente de transferência de massa

desenvolvido

3.1.4.1 Teoria

A figura 3.7 mostra as microestruturas celulares e sua relação com o fluxo de

água.

Durante o processo de desidratação osmótica, a sacarose atravessa a parede

celular (Toupin et al.,1989). Em virtude do seu peso molecular, conforme Chenlo et al.

(2007), a sacarose consegue atravessar a parede celular, mas não consegue atravessar a

membrana plasmática e alcançar o citoplasma.

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Capitulo 3 54

Como a membrana plasmática é seletiva, uma maneira de possibilitar a entrada

da sacarose é desestabilizar a membrana por criar um diferença de potencial elétrico.

Conforme Sereno et al.l(2001) isso pode ser conseguido pela presença de sal (ions de

Na+) na solução. Eren e Kaymak-Ertekin (2007), mostrou que adicionar NaCl na

solução osmótico otimizar o processo de desidratação. Neste caso, a característica de

higroscopicidade do sal influência não somente no fluxo de água, mas também facilita

entrada de açúcar no citoplasma.

Figura 3.7 – fluxo de água através da membrana plasmática (𝐽1) e da parede celular (𝐽2)

Durante o processo de desidratação osmótica, a sacarose atravessa a parede

celular (Toupin et al.,1989). Em virtude do seu peso molecular, conforme Chenlo et al.

(2007), a sacarose consegue atravessar a parede celular, mas não consegue atravessar a

membrana plasmática e alcançar o citoplasma.

Como a membrana plasmática é seletiva, uma maneira de possibilitar a entrada

da sacarose é desestabilizar a membrana por criar um diferença de potencial elétrico.

Conforme Sereno et al.l(2001) isso pode ser conseguido pela presença de sal (ions de

Na+) na solução. Eren e Kaymak-Ertekin (2007), mostrou que adicionar NaCl na

solução osmótico otimizar o processo de desidratação. Neste caso, a característica de

higroscopicidade do sal influência não somente no fluxo de água, mas também facilita

entrada de açúcar no citoplasma.

Page 75: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 55

Portanto, na ausência de um potencial elétrico, o açúcar não penetra no

citoplasma, ficando acumulado no espaço intracelular. Esse acúmulo, por conseguinte,

acelera o fluxo de água a partir do citoplasma (J1). O J1 tem como principais fatores

limitantes a membrana plasmática, representado pelo coeficiente fenomenológico e a

diferença de potencial químico.

A parede celular é considerada uma microestrutura rígida, portanto, pode-se

considerar que o fluxo de água não se dará devido à uma estrutura seletiva, mas sim

pela difusão das moléculas de solvente através de uma estrutura rígida. Neste caso, a

segunda lei de Fick pode ser aplicada (Toupin et al.1989).

Portanto o fluxo de água através da célula deve ser computado de duas

maneiras: o transporte transmenbranar e o transporte apoplástico (Toupin et al.1989).

Fazendo analogia do processo de transferência de massa com um circuito

elétrico (figura 3.8), podemos definir a diferença de potencial elétrico (V+ - V

-), como

sendo a diferença de concentração de solvente entre a célula e o meio. Neste caso, a

corrente é equivalente ao fluxo, uma vez que ele se origina da diferença de potencial e a

resistência elétrica, que é o fator que limita a corrente e elétrica, é equivalente a uma

resistência que limita o fluxo de água da célula.

Conforme a figura 3.8, há dois fatores limitantes no fluxo de água, a resistência

mássica na parede celular, Rp e a resistência mássica ma membrana, Rf , que estão em

série e, portanto, podem ser reduzidos a uma única resistência equivalente. Essa

resistência equivalente será responsável pela limitação da saída de água do citoplasma

até o meio onde se encontra a célula.

3.1.4.2 Transporte transmembranar

Gekas (2012) mostrou que as forças que promovem a transferência de massa

pode analisado por meio da termodinâmica dos processos irreversíveis. A

termodinâmica de equilíbrio de um sistema pode, desta forma, ser analisado em termos

da energia livre de Gibbs. Assim, segundo Segui et al.(2012) as forças que promovem a

transferência de massa durante a desidratação osmótica de células isoladas pode ser

definida como um potencial químico estendido da água (equação 3.31).

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Capitulo 3 56

Durante o processo de D.O., segui et al.l(2012) mostraram experimentalmente a

existência de pelo menos duas fases em células de plasmólise completa: uma fase

durante a qual existem fenómenos de deformação significativa e uma outra em que estas

não são perceptíveis e pode-se obter o coeficiente fenomenológico (equação 3.33).

Figura 3.8. Representação das resistências mássicas na transferência do fluxo de água.

De acordo com Norrish (1966), a atividade de água pode ser determinada pela

equação 3.34.

Substituindo a equação 3.34 na equção 3.33 e após aplicação das propriedades

matemáticas do logaritmo o fluxo de água no transporte transmenbranar pode ser

definido pela equação 3.40.

𝐽1 = 𝐿𝑤𝑅𝑇(𝑙𝑛𝑥𝑤𝑖𝑛 − 𝑙𝑛𝑥𝑤

𝑜𝑢𝑡) + 𝐿𝑤𝑅𝑇𝑘(𝑥𝑠𝑜𝑢𝑡 − 𝑥𝑠

𝑖𝑛) (3.40)

Devido ao seu peso molecular e à seletividade de membrana plasmática, a

sacarose não penetrar no citoplasma. Neste caso, a concentração de sacarose no

citoplasma será igual a zero e equação 3.40 se reduz à equação 3.41.

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Capitulo 3 57

𝐽1 = 𝐿𝑤𝑅𝑇(𝑙𝑛𝑥𝑤𝑖𝑛 − 𝑙𝑛𝑥𝑤

𝑜𝑢𝑡) + 𝐿𝑤𝑅𝑇𝑘(𝑥𝑠𝑜𝑢𝑡) (3.41)

Assim, análogo ao circuito elétrico, pode-se concluir que:

Grandezas elétricas Sistema elétrico Sistema mássico

Diferença de Potencial (d.d.p) V+ - V

- Equivalente a 𝑙𝑛𝑥𝑤

𝑖𝑛 − 𝑙𝑛𝑥𝑤𝑜𝑢𝑡

Corrente I Equivalente a 𝐽𝑤

Resistência R Equivalente a Rf = 1/LwRT

De fato, se comparar essa relação com equação de Clapeyron, podemos concluir

que, de fato, na equação 3.42 ambos os termos referem-se à pressão.

Portanto, a pressão osmótica do interior da célula é resultante da quantidade de

sacarose no espaço intracelular. Marcotte et al. (1991) relataram que a parede celular é

rígida e confere resistência mecânica à célula. Corrêa et al.l. (2010.) comprovaram que

a concentração de sacarose no meio osmótico terá mais influência no processo de

desidratação osmótica à vácuo do que a pressão. De fato, se considerar a rigidez da

parede celular isso era de se esperar.

Desta forma, a pressão osmótica no espaço intracelular, dado pela equação 3.42

é um dos fatores que influênciam o fluxo de água do interior da célula para o meio e,

consequentemente, na desidratação osmótica.

3.1.4.3. Transporte apoplástico

Silva et al.l (2012) e Porciúncula et al.l (2013) modelaram a transferência de

massa de da celular através da lei de Fick, segundo Segui et al.l (2012), essa

modelagem reduz o processo de transferência a um único coeficiente e não traduz a

verdade sobre o processo. Contudo, Toupin et al.(1989) mostrou que a transferência de

massa através da parede célula, não possui seletividade, portanto nessa microestrutura a

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Capitulo 3 58

lei de Fick para difusão do soluto e solvente pode explicar o processo transferência de

massa (eq. 3.43).

𝐽2 = −𝐶𝐷𝐴𝐵

𝑑𝑥𝑤

𝑑𝑥= −𝐶𝐷𝐴𝐵

(𝑥𝑤𝑜𝑢𝑡 − 𝑥𝑤

𝑖𝑛)

1000 × 𝐿 (3.43)

Onde C é a concentração (kmol/m³) e L é a espessura da parede celular (m).

Neste caso a resistência ao processo de transferência de massa na parede (Rw) é

dada pela equação 3.44.

𝑅𝑤 =1000 × 𝐿

𝐷𝐴𝐵 (3.44)

Desta forma, a transferência de massa de água será determinada por duas

resistências: A resistência da parede ou resistência difusiva (Rw) e a resistência da

membrana plasmática ou resistência fenomenológico (Rf).

Um coeficiente global de transferência de massa para a água pode ser obtido por

meio do inverso do somatório das resistências conforme a equação 3.45.

𝑈𝐴 =𝐿𝑤𝑅𝑇𝐷𝐴𝐵

𝐷𝐴𝐵 + 𝐿𝑤𝑅𝑇1000𝐿 (3.45)

As resistências na parede e na membrana plasmática são definidas por anologia

com a equação da queda de tensão por partes proporcionais, conforme as equações 3.46

e 3.47.

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Capitulo 3 59

𝑅𝑤 =𝐷𝐴𝐵 + 𝐿𝑤𝑅𝑇1000𝐿

𝐿𝑤𝑅𝑇𝐷𝐴𝐵× (

𝑥𝑤𝑜𝑢𝑡 − 𝑥𝑤

𝑖𝑛

𝑙𝑛𝑥𝑤𝑖𝑛 − 𝑥𝑤

𝑜𝑢𝑡) (3.46)

𝑅𝑓 =𝐷𝐴𝐵 + 𝐿𝑤𝑅𝑇1000𝐿

𝐿𝑤𝑅𝑇𝐷𝐴𝐵× (

𝑙𝑛𝑥𝑤𝑖𝑛 − 𝑙𝑛𝑥𝑤

𝑜𝑢𝑡

𝑙𝑛𝑥𝑤𝑖𝑛 − 𝑥𝑤

𝑜𝑢𝑡) (3.47)

As equações 3.46 e 3.47 podem ser usadas para calular o coeficiente de

transferencia de massa de sacarose e as equações 3.47 e 3.41 podem se usadas para

calcular o coeficiente fenomenológico de transferência de massa de água.

O uso, portanto, do coeficiente de transferência de massa de água, segundo a lei

de Fick, só poderia ter sentido se incorporar o conceito de seletividade da membrana

plasmática. Nesse caso, igualando a equação 3.44 com equação 3.43, obtêm-se o

modelo mostrado na equação 3.48, denominado aqui de coeficiente CMC (Castro,

Mattedi e Chaves) de transferência ou simplesmente modelo CMC, que pode ser

considerado como um novo conceito para o coeficiente de transferência de massa de

água.

𝐷𝐶𝑀𝐶 =𝐿𝑤𝑅𝑇𝐿

𝐶∆𝑥𝑚𝐿 (3.48)

onde a fração molar média logarítmica ∆𝑥𝑚𝐿

∆𝑥𝑚𝐿 =𝑙𝑛𝑥𝑤

𝑖𝑛 − 𝑙𝑛𝑥𝑤𝑜𝑢𝑡

𝑥𝑤𝑖𝑛 − 𝑥𝑤

𝑜𝑢𝑡 (3.49)

3.1.5. Modificação do modelo de simulação para desidratação

osmótica

Na descrição do balanço de massa, equações 3.17 e 3.18 Margotte et al.(1991)

utilizaram o coeficiente fenomenológico descrito pela equação 3.3 e 3.4 para

transferência da massa de água. Uma série de determinações microscópicas como

Page 80: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 60

diâmetro molécular da partícula, difusividade da particula, ajuste de parametros para

algumas equações auxiliares foram necessárias. Assim, para substituir essa equação foi

proposto as equações 3.46 e 3.40 para determinação experimental do 𝐿𝑤. O coeficiente

de transferência de massa de água 𝐷𝑎𝑏 também foi determinado de forma experimental

segundo a equação 3.45.

Além dessa mudança, foi observado que o potencial químico no espaço

extracelular é dado pela equação 3.5. No entanto, Yokozeki (2006) obteve vários

modelos para o potencial químico da água em solução de sacarose em diversas

concentrações a partir da equação do estado (EOS) para soluções, onde o virial foi

obtido por ajuste. (3.50)

𝜇𝑤𝑚𝑜𝑢𝑡 − 𝜇𝑤𝑚

𝑜𝑢𝑡(0)= 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑖 = (𝑦 − 1)(𝑍 + 1) ∗

𝑅𝑇

�̅�𝐻2𝑂

(3.50)

onde y é um parametro adimensional de pressão e Z é o coeficiente do virial. A

equação é resolvida pelo método de Newton-Raphson.

Assim, o potencial químico foi determinado pela equação 3.52 e não mais pela

equação 3.16.

∆𝜇𝑤𝑚 = 𝜇𝑤𝑚𝑖𝑛 − 𝜇𝑤𝑚

𝑜𝑢𝑡 = 𝑉𝑤(𝑃𝑒 − 𝑃𝑒0) + 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑣 + (𝑦 − 1)(𝑍 + 1) ∗

𝑅𝑇

�̅�𝐻2𝑂

(3.52)

Desta forma, o fluxo de água através da membrana foi expresso pela equação

3.53.

𝐽 = 𝐿𝑤𝑚 [𝑉𝑤(𝑃𝑒 − 𝑃𝑒0) + 𝑅𝑇𝑙𝑛𝑎𝑤𝑣 + (𝑦 − 1)(𝑍 + 1) ∗

𝑅𝑇

�̅�𝐻2𝑂

] (3.53)

Portanto, a fim de simular o transporte de massa de sacarose e água no tecido

das amostras de jaca, uma coluna de CUEC foi seleccionada como representando todo

Page 81: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 3 61

o sistema. As equações 3.1-3.28 foram utilizadas para descrever os fenômenos de

transporte de massa isotérmicos.

Para o transporte transmembranar foram utilizadas as equações 3.1 a 3.16, sendo

que as equações 3.3 e 3.4 foram substituidas pelas equações 3.47 e 3.41 e as equações

3.5 e 3.6 foram substituidas pela equação 3.50 e a equação 3.16 foi substituida pela

equação 3.53. A difusão no volume total, ocorrendo no espaço extracelular, foi

simulada utilizando as equações 3.17-3.28, sendo que as alterações que ocorrem no

volume celular, em termos de volume e concentração de ambas as espécies foram

calculadas utilizando as equações 3.22-3.28.

Page 82: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

CAPÍTULO 4

MATERIAL E MÉTODOS

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 62

4.1. Material ................................................................................................................ 64

4.2. Métodos ............................................................................................................... 65

4.2.1. Preparação da solução osmótica ....................................................................... 65

4.2.2. Preparação das amostras ................................................................................... 66

4.2.3. Ensaios de Bancada .......................................................................................... 66

4.2.3.1 Tratamento osmótico para as frutas – Bloco 1 ............................................... 66

4.2.3.3. Ensaios de bancada no ponto ótimo – Bloco 2 .............................................. 68

4.2.4. Ensaios da planta piloto no ponto ótimo – Bloco 3 .......................................... 68

4.2.5 Determinações físico-químicas ........................................................................ 69

4.2.5.1 Sólidos solúveis (SS) ...................................................................................... 69

4.2.5.2 Umidade ......................................................................................................... 69

4.3 Delineamento experimental .................................................................................. 70

4.4. Equipamento de desidratação osmótica .............................................................. 70

Page 83: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 63

Neste trabalho foram obtidos dados experimentais de desidratação osmótica em escala

de bancada para dois tipos de fruta: cupuaçu e jaca.

A jaca (Artocarpus integrifolia L.) é uma fruta climatérica (estágio de maturação

continua acontecendo mesmo depois da colheita) de cor amarelada, sabor doce e forte

odor característico, reconhecido à longa distância. É uma fruta rica em fibras, em cálcio,

fósforo, ferro e vitaminas do complexo B, especialmente as vitaminas B2 (riboflavina) e

B5 (niacina), proteínas, hidratos de carbono e compostos fenólicos. Embora seja uma

fruta característica de regiões quentes e úmidas de clima tropical úmido, também ocorre

em regiões do semi-árido e subtropical, como a região do sul da Bahia. Devido ao seu

grande potencial de exploração industrial, à escassez de estudos e à sua sazonalidade

torna-se necessário o desenvolvimento de tecnologias de processamento alternativos.

Para os experimentos foi escolhida a variedade dura.

(a) (b)

Figura 4.1 – (a)Frutículos da jaca após colheita e (b) Jaca antes da colheita.

O cupuaçu (Theobroma grandiflorum) é uma fruta tropical que tem sido

explorada comercialmente, principalmente por causa de suas características nutricionais

associadas com agradável sabor e textura. Devido ao grande interesse comercial e

indsutrial, o aumento da produção e consumo do cupuaçu, aliado ao fato de ser uma

fruta altamente perecível é necessário o desenvolvimento de técnicas para sua

conservação que garanta a sua disponibilidade mesmo em período de entre-safra. È uma

fruta não climateríca, pois a sua maturação é atingida antes da colheita.

Page 84: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 64

Figura 4.2 – Cupuaçu após colheita. Fonte: NovaEscola(2013)

Ainda não há na literatura dados de pesquisas de desidratação osmótica dessas

frutas e nem seus aspectos cinéticos de transferência de massa de água e sacarose.

Os experimentos foram divididos em três blocos:

Bloco 1: Usado para determinar a faixa ótima de processamento para sistema

piloto: a perda de água, o ganho de sólidos, a redução de peso.

Bloco 2: Usado para validar os condições ótimas em escala de bancada e na

simulação.

Bloco 3: Usado para validar os condições ótimas em escala piloto.

4.1. Material

As soluções osmóticas foram preparadas com açúcar tipo cristal comercial

marca Coceal e água destilada.

Foram estudadas a desidratação osmótica de cupuaçu (Theobroma grandiflorum)

e frutículos de jaca (Artocarpus integrifolia L.) da variedade dura.

As amostras de polpa do cupuaçu foram fornecidas pela empresa Doce da Mata

e pelo Prof. Célio Kersul-UESC de sua produção particular, ambas localizadas no sul da

Bahia, na cidade de Itabuna.

As amostras de jaca foram adquiridas no comércio das cidades da região sul

(Itabuna, Ilhéus e Itororó) e sudoeste da Bahia (Itapetinga, Itambé).

Page 85: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 65

4.2. Métodos

4.2.1. Preparação da solução osmótica

A solução osmótica foi preparada a partir diluição da sacarose (soluto) em água

destilada (solvente) nas proporções (massa de soluto/massa de solvente) indicadas nas

tabela 4.1 e tabela 4.2.

Tabela 4.1 - Delineamento experimental e a combinação das variáveis em cada ensaio as

amostra de cupuaçu – Bloco 1.

Níveis Codificados Níveis

x1 x2 x3 Temperatura (ºC) Concentração (º Brix) Tempo (min)

1 -1 -1 -1

35 38 170

2 1 -1 -1

62 38 170

3 -1 1 -1

35 62 170

4 1 1 -1

62 62 170

5 -1 -1 1

35 38 490

6 1 -1 1

62 38 490

7 -1 1 1

35 62 490

8 1 1 1

62 62 490

9 -1,68 0 0

25 50 330

10 1,68 0 0

70 50 330

11 0 -1,68 0

48 30 330

12 0 1,68 0

48 70 330

13 0 0 -1,68

48 50 60

14 0 0 1,68

48 50 600

15 0 0 0

48 50 330

16 0 0 0

48 50 330

17 0 0 0

48 50 330

18 0 0 0

48 50 330

19 0 0 0

48 50 330

20 0 0 0 48 50 330

Tabela 4.2 - Delineamento experimental e a combinação das variáveis em cada ensaio para as

amostras de Jaca – Bloco1.

Níveis Codificados Níveis

x1 x2 x3 Temperatura (ºC) Concentração (º Brix) Tempo (min)

1 -1 -1 -1

30 30 30

2 1 -1 -1

70 30 30

3 -1 1 -1

30 70 30

4 1 1 -1

70 70 30

5 -1 -1 1

30 30 600

6 1 -1 1

70 30 600

Page 86: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 66

7 -1 1 1

30 70 600

8 1 1 1

70 70 600

9 -1,68 0 0

35 50 315

10 1,68 0 0

65 50 315

11 0 -1,68 0

50 35 315

12 0 1,68 0

50 65 315

13 0 0 -1,68

50 50 75

14 0 0 1,68

50 50 555

15 0 0 0

50 50 315

16 0 0 0

50 50 315

17 0 0 0

50 50 315

18 0 0 0

50 50 315

19 0 0 0

50 50 315

20 0 0 0 50 50 315

4.2.2. Preparação das amostras

Devido às formas e dimensões de cada fruta, as dimensões das amostras foram

ajustadas para permitir um melhor tratamento e uma melhor análise dos dados.

As amostras de cupuaçu foram cortadas com bisturi cirúrgico na forma

retangular com dimensões aproximadas de 20x35x3 (comprimento x largura x altura)

mm.

A jaca foi lavada em solução contendo 200 ppm de cloro, cortada com faca e

retirada os frutículos, os quais foram cortados com bisturi cirúrgico em dimensões de

60x8x3mm (comprimento x largura x altura).

4.2.3. Ensaios de Bancada

Os ensaios experimentais da desidratação osmótica em bancada teve

como finalidade garantir geração de resultados sólidos e confiáveis que permitiram

afirmar que a tecnologia da desidratação osmótica é promissora.

4.2.3.1 Tratamento osmótico para as frutas – Bloco 1

O tratamento osmótico foi aplicado igualmente para as duas amostras de frutas.

Page 87: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 67

Aproximadamente 10g das amostras de frutas foram pesadas em balança

analítica Bel-engineering, CIENLAB, precisão de 0,0001g e colocadas em beckeres de

150 ml em temperaturas de 25-70ºC para o cupuaçu e de 30-70ºC para jaca, com

concentração de 30-70% de sacarose e tempo de tratamento de 60-600 minutos, na

razão de 1:10 (massa da amostra de frutas: massa da solução preparada).

Os ensaios foram realizados, conforme delineamento experimental, em banho

termostático com resfriamento e aquecimento, TE-184-TECNAL com precisão de

controle de temperatura de ±0,1ºC. Em cada tratamento, o becker contendo as amostras

era retirado do banho termostático a cada trinta minutos e colocado em agitação

intermitente, durante 30 segundos, em um agitador magnético TE-0851-TECNAL

(~200 rpm).

Após cada tempo de tratamento, as amostras foram removidas das soluções,

lavadas em água destilada (1-3 segundos), enxugadas (1-2 segundos) para remover o

excesso de solução osmótica na superfície das amostras e foram pesadas.

A massa, o teor de umidade, o teor de açúcar das amostras foram utilizados para

calcular a perda de água (PA) e ganho de sólidos (SG) de acordo com as equações 4.1 e

4.2 e o fluxo foi determinado pela equação 4.4..

𝑃𝐴(%) =𝑀0𝑤0 −𝑀𝑡𝑤𝑡

𝑀0× 100 (4.1)

𝑆𝐺(º𝐵𝑟𝑖𝑥) =𝑀𝑡𝑆𝑡 −𝑀0𝑆0

𝑀0 (4.2)

onde M é a massa da amostra (kg), w é o teor de umidade (g/100g), S é o teor de sólidos

solúveis (ºBrix) e os subscritos 0 e t, refere-se ao tempo inicial(s) e tempo final(s),

respectivamente.

𝐽𝑤 =−∆𝑀𝑤 ∙𝑀0

∆𝑡 ∙ 𝑆 ∙ 𝑀𝑟𝑤 (4.4)

onde t é o tempo (s), S a área da amostra(m²), Mr é a massa molecular(kg/kmol) e o

subscrito w refere-se à água.

Page 88: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 68

4.2.3.3. Ensaios de bancada no ponto ótimo – Bloco 2

Aproximadamente 10 g das amostras de frutas foram pesadas em analítica Bel-

engineering, CIENLAB, precisão de 0,0001, e colocadas em beckeres de 150 ml em

temperaturas, concentração de sacarose e tempo de tratamento, conforme valores

otimizados pela metodologia da superfície de resposta e pela função objetivo, na razão

de 1:10 (massa da amostra: massa da solução), em banho termostático com resfriamento

e aquecimento, TE-184-TECNAL com precisão de controle de temperatura de ±0,1ºC.

Os beckeres contendo as amostras eram retirados do banho termostático a cada

trinta minutos e colocado em agitação intermitente, durante 30 segundos, em um

agitador magnético TE-0851-TECNAL (~200 rpm).

Após o tempo ótimo de tratamento, as amostras foram removidas das soluções,

lavadas em água destilada (1 a 3 segundos), enxugadas (1 a 2 segundos) para remover o

excesso de solução osmótica na superfície das amostras e foram pesadas.

A massa, o teor de umidade, o teor de açúcar das amostras foram utilizados para

calcular a perda de água (PA) e ganho de sólidos (SG), de acordo com as equações 4.1,

4.2 e 4.3. O experimento foi realizado em 10 replicas.

4.2.4. Ensaios da planta piloto no ponto ótimo – Bloco 3

Os ensaios na planta piloto tiveram como finalidade mostrar que o processo da

desidratação osmótica possui viabilidade técnica e econômica.

O reator foi conectado a um tanque pulmão, o qual fornecia água aquecida na

temperatura de 31ºC, em ciclo fechado, onde a água era bombeada do tanque pulmão

para a camisa do reator e da camisa do reator para o tanque pulmão por meio de

gravidade. No tanque pulmão foi colocado um aquecedor de água conectado a um

controlador de temperatura, TIC 17, com ± 0,1º de precisão (?).

Para agitação o no tanque foi utilizada uma bomba de ¾ de Hp, em ciclo fechado

com o reator, onde a solução de sacarose era retirada na parte inferior do reator e

devolvido na parte superior, promovendo a agitação hidráulica.

Para esses ensaios foram utilizadas somente amostras dos frutículos de jaca.

Page 89: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 69

Foram utilizados 5kg de jaca e preparadas conforme o item 4.2.2, e 50kg de

solução de sacarose na concentração ótima encontrada análise da superfície de resposta

e pela função objetivo, na proporção de 1:10 (amostra/solução).

As amostras dos frutículos de jaca foram levadas ao reator na temperatura e

tempo ótimos previamente determinados pela metodologia da superfície de resposta e

pela função de preferência aplicados aos ensaios de bancada, item 4.2.3. As amostras

foram submetidas à agitação hidráulica de forma intermitente a cada 30 minutos, por um

período de 30 segundos, sem retirá-las do reator.

Após o tratamento as amostras foram removidas das soluções, lavadas em água

destilada (1 a 3 segundos), enxugadas (1 a 2 segundos) para remover o excesso de

solução osmótica na superfície das amostras e foram pesadas.

A massa, o teor de umidade, o teor de açúcar das amostras foram utilizados para

calcular a perda de água (PA) e ganho de sólidos (SG), de acordo com as equações 4.1,

4.2 e 4.3.

Foi determinado o custo energético e o rendimento do processo.

4.2.5 Determinações físico-químicas

As determinações físico-químicas dos frutículos de jaca e do cupuaçu seguiram

os mesmo procedimentos conforme os itens a seguir.

4.2.5.1 Sólidos solúveis (SS)

O teor de sólidos solúveis foi determinado, com a amostra a 20°C, utilizando

refratômetro digital (PAL-2, ATAGO) com uma precisão de 0.2% ºBrix. Uma alíquota

da amostra foi colocada no prisma do refratômetro, procedendo-se à leitura direta do

teor de SS, expressos em ºBrix. Antes de cada medição o aparelho foi devidamente

calibrado com água destilada.

4.2.5.2 Umidade

Foi realizada diretamente por dessecação em estufa à vácuo SL 104/12 –

SOLAB . Foram pesadas de (3 a 4)g da amostra em um cadinho, previamente tarado,

Page 90: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 70

em balança analítica Bel-engineering, CIENLAB, precisão de 0,0001g, e aquecida

durante 12 horas em estufa a vácuo a 70°C, sob pressão reduzida ≤ 100 mmHg (13,3

kPa). Após o resfriamento em dessecador até a temperatura ambiente, as amostras foram

novamente pesadas, repetindo a operação de aquecimento, resfriamento e pesagem até

peso constante, conforme Lutz (2004).

4.3 Delineamento experimental

Um delineamento composto central rotacional (DCCR) Foi utilizado para

verificar uma tendência de otimização no tempo, na concentração e na temperatura. Para

o bloco 1, foram realizados dois delineamentos em faixa diferentes de concentração,

temperatura e tempo.

O DCCR para o bloco 1 tinha 8 pontos fatoriais definidos em dois níveis (-1 e

+1), 6 pontos axiais e 1 ponto central com 6 repetições, perfazendo um total de quinze

tratamentos e vinte unidades experimentais (tabelas 4.1 e 4.2). As unidades

experimentais foram realizadas em triplicadas. A partir dos dados experimentais foram

ajustados modelos polinomiais de segunda ordem para perda de água(PA) e ganho de

sólidos(GS), equação 4.5, e os coeficientes de regressão foram obtidos por meio de

regressão linear múltipla.

jiijiiiii XXXXK 2

0 (4.5)

onde K é a variável resposta (GS ou PA), são os parâmetros ajustados do modelo, X

são as variáveis independentes e os subscritos 0, i e j refere-se a cada das variáveis

independentes.

4.4. Equipamento de desidratação osmótica

O equipamento para desidratação osmótica foi desenvolvido e instalado no

Centro de difusão de Tecnologia (CEDETEC), na Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia (UESB), no Campus de Itapetinga.

O equipamento foi projetado conforme figura 4.3, 4.4 e 4.5 e construído em

aço inox AISI 304, com chapas de 4 mm. Ele possui aquecimento com alimentação de

Page 91: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 71

vapor proveniente de caldeira à pressão de 15 kgf, de forma a manter a temperatura do

meio de tratamento constante, com uma vazão previamente determinada.

No entanto, o aquecimento na camisa do desidratador osmótico foi realizado por

meio de agua proveniente de um tanque pulmão com o controle de temperatura,

conectado à camisa do reator através de uma bomba.

O equipamento foi projetado e construído com as seguintes características:

Regime de trabalho em batelada, podendo posteriormente ser adaptado para o

regime contínuo;

Utilização flexível, podendo ser, na forma vertical ou horizontal;

Agitação contínua ou intermitente, hidrodinâmica ou mecânica;

Page 92: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 72

Figura 4.3 – Detalhes construtivos do tanque, sem camisa, do desidratador osmótico

Figura 4.4 – Detalhes construtivos da tampa do desidratador osmótico

Page 93: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 4 73

(a) (b)

Figura 4.5 – Desidratador osmótico em estágio final: (a) Corte ¼ para visualização interna e externa; (b) Instalação do desidratador na torre com motor de agitação mecânica.

Page 94: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

CAPÍTULO 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 74

5.1. Caraterização das amostras da frutas .................................................................. 75

5.2. Modelagem e superfície de resposta ................................................................... 76

5.2.1 – Cupuaçu .......................................................................................................... 76

5.2.2 – Jaca ................................................................................................................. 89

5.3. Otimização ......................................................................................................... 106

5.3.1 – Análise canônica dos autovalores e autovetores .......................................... 106

5.3.2 – Utilização do método da função objetivo (FO) ............................................ 107

5.3.2.1 Pacote computacional desenvolvido ............................................................. 108

5.3.2.2. Otimização da PA e GS nas amostras ......................................................... 109

5.4. Cinética de transferência de massa no ponto ótimo .......................................... 110

5.5 – Determinação do coeficiente de transferência de massa de água baseado na

termodinâmica de processos irreversíveis. ............................................................... 118

5.6. Resultados de bancada nas condições consideradas ótimas para D.O. de amostras

de jaca. ...................................................................................................................... 121

5.7. Dados experimentais do piloto ......................................................................... 121

5.8. Simulação ......................................................................................................... 125

Page 95: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 75

5.8.1 – Parametros para simulação computacional................................................... 125

5.8.2. Simulação computacional ............................................................................... 127

5.1. Caraterização das amostras da frutas

O teor de umidade médio e de sólidos solúveis encontrados nas amostras de

cupuaçu antes do tratamento osmótico foi de 88,2±0,3% e 9,8±0,5%, respectivamente.

Para a jaca, o teor médio de umidade e de sólidos solúveis encontrados nas amostras

foram de 90,2±1,2 e 29,03±1,02, respectivamente.

As Tabelas 5.1 e 5.2 mostram os resultados experimentais obtidos para as

amostras de cupuaçu e jaca.

Tabela 5.1- Resultados experimentais para perda de água (PA) e ganho de

Sólidos (GS) com seus respectivos desvios e suas taxas de variação para

desidratação osmótica do cupuaçu.

Nº PA(g/100g de

frutas frescas ) GS(ºBrix )

Taxa

PA/h GS/h

1 35,62±0,89 3,55±0,67 21,08 2,1

2 36,17±1,01 1,55±0,78 21,4 0,92

3 61,8±0,65 20,85±1,07 36,57 12,34

4 56,26±0,54 17,05±1,01 33,29 10,09

5 38,66±0,76 4,55±0,89 7,87 0,93

6 37,6±0,93 2,65±0,96 7,66 0,54

7 54,26±0,84 13,65±1,34 11,05 2,78

8 61,1±0,56 17,95±1,28 12,44 3,66

9 49,61±0,55 14,95±1,21 15,03 4,53

10 47,39±0,79 12,35±1,08 14,36 3,74

11 32,57±0,91 3,65±1,01 9,87 1,11

12 70,9±0,73 32,75±1,54 21,48 9,92

13 40,96±0,54 9,95±1,32 68,27 16,58

14 47,7±0,98 17,05±1,05 7,95 2,84

15 68,75±0,76 19,15±0,97 20,83 5,8

16 69,53±0,67 18,35±0,84 21,07 5,56

17 67,28±0,59 20,65±1,02 20,39 6,26

18 69,14±0,58 19,65±0,99 20,95 5,95

19 68,45±0,96 20,05±0,83 20,74 6,08

20 67,99±1,05 20,85±1,39 20,6 6,32

Page 96: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 76

Tabela 5.2- Resultados experimentais para perda de água (PA) e ganho de

sólidos (GS) para amostras de jaca com seus respectivos desvios e suas taxas

de variação.

PA(g/100g of

fresh sample) GS(ºBrix )

Taxa

PA/h GS/h

1 35,91±0,21 2,88±0,21 7,18 5,76

2 33,67±0,20 0,95±0,16 6,73 1,90

3 43,13±0,25 3,14±0,74 8,62 6,28

4 47,78±0,28 5,12±0,23 9,55 0,24

5 33,31±0,19 1,08±0,73 3,33 2,54

6 36,09±0,21 2,38±0,90 3,61 2,11

7 57,09±0,33 21,05±0,99 5,71 3,70

8 71,87±0,42 37,01±0,81 7,19 2,86

9 48,77±0,29 14,99±0,42 9,29 3,81

10 52,54±0,31 20,02±0,13 10,01 1,29

11 36,36±0,21 3,78±0,25 6,93 3,80

12 57,38±0,34 19,93±1,40 10,93 2,17

13 44,75±0,26 6,85±0,18 35,52 3,31

14 52,06±0,30 20,05±0,03 5,63 3,33

15 50,74±0,30 17,36±0,45 9,66 3,29

16 50,60±0,30 17,48±0,03 9,64 3,33

17 50,30±0,29 17,26±0,20 9,58 3,33

18 49,85±0,29 17,47±0,32 9,50 3,33

5.2. Modelagem e superfície de resposta

Os resultados para todos os tratamentos da desidratação osmótica para o estudo

em bancada de amostras de cupuaçu e da jaca são mostrados nas Tabelas 5.1 e 5.2. A

análise de variância foi realizada para determinar os efeitos das variáveis do processo

em cada resposta. As tabelas 5.3 e 5.4 mostram que todas as variáveis do processo

foram estatisticamente significativas ao nível de 95% de confiança para a perda de

água e ganho de sólidos.

5.2.1 – Cupuaçu

Na Tabela 5.3, são mostrados os resultados da análise de variância (ANOVA)

para cada uma das respostas com seus respectivos coeficientes, soma de quadrado, p-

value para cada coeficiente, resíduo e a falta de ajuste. Também são mostrados os

Page 97: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 77

valores dos coeficientes de correlação, da raiz do quadrado médio do resíduo (RMSE),

do desvios das médios (MBE) e o valor calculado de t do teste de student.

Tabela 5.3 - Resultados da Análise de Variância da regressão, para o modelo polinomial ajustado aos dados

de perda de água (PA) e ganho de sólidos (GS) das amostras de Cupuaçu submetidos a desidratação osmótica

com sacarose em diferentes concentrações e temperaturas.

Fonte Graus de

Liberdade

(PA) (GS)

Coeficiente Valor-p

Soma de

quadrados

Coeficiente Valor-p Soma de

quadrados

Modelo 6 -191,01 <0,0001 2752,14 -80,45 0,0014 1076,02

x1 1 3,3 <0,0001 0,4980 1,65 0,0017 8,69

x2 1 4,97 <0,0001 1646,35 1,74 0,0048 873,25

x3 1 0,2111 <0,0001 12,54 0,086 0,0013 8,57

x11 1 -0,0375 <0,0001 192,77 -0,018 0,0013 65,89

x22 1 -0,0396 <0,0001 133,43 -0,011 0,1945 4,86

x33 1 -0,0003 <0,0001 769,55 -0,00012 0,00158 114,75

Falta de

ajuste 8

0,1339 71,36

0,0865 133,59

Erro Puro 2

2,61

2,73

Residuo 10

73,97

136,32

Total 16 2826,11 1212,34

0.96

0.97

Ajuste-R² 0.93 0,88

Predito-R² 0,94

0,86

RMSE 3,43 2,73

MBE -0,12 -0,67

T-student 0,15 1,11

CV 4,30 5,54

p-value < 0.05 é significativo para = 0.05.

Falta de ajuste não é significante a p-value = 0.05.

Todas as variáveis independentes (temperatura, concentração de soluto e tempo)

do processo foram consideradas estatisticamente significativas para PA e GS em valor-p

<0,05. Os efeitos lineares e quadráticos em cada resposta foram considerados

estatisticamente significativos (valor-p <0,05). Os efeitos considerados não

significativos (valor-p>0,05) foram retirados do modelo sem prejudicar sua eficiência.

A análise de variância mostrou que a falta de ajuste não foi significativa para o modelo

da PA ao nível de confiança de 95% e para para o GS ao nível de 90%.

Por outro lado, os coeficientes de determinação (R2 e R

2-ajustado) e coeficiente

de variação (CV), foram calculados para avaliar a adequação do modelo. Um elevado

coeficiente de determinação (R2> 0,96) mostra que os modelos foram adequadamente

Page 98: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 78

ajustados (Tabela 5.3). No entanto, um grande valor de R2 nem sempre implica em um

bom modelo de regressão. Adicionando uma variável no modelo o valor de R² sempre

aumentará, em função do aumento da soma de quadrados do modelo. Assim, é

preferível utilizar um R²-ajustado para avaliar a adequação dos modelos. Nesse estudo

os valores do R²-ajustado foram superiores a 0,88.

Os valores calculados para o RMSE mostram que os modelos apresentam boa

precisão na estimação dos valores para PA e GS, como valores menores que 5,00. Os

valores do MBE foram negativos para PA e GS, mostrando que os modelos estão

subestimando o valores dessas variáveis. A subestimação ocorreu principalmente nos

pontos onde se utilizou: baixas concentrações de sacarose (<39 ºBrix) e altas

temperaturas (>60ºC) para PA nos experimentos 2 e 6 e altas concentrações de sacarose

(>60 ºBrix) e baixas temperaturas (<39ºC) para GS nos experimentos 3, 7 e 12.

Entretanto, essa subestimação nos modelos não é significativa por ser inferior a 2%.

Os valores dos coeficientes de variação (CV), obtidos foram de 4,30% e 5,54%

para o PA e GS, respectivamente, Esses valores indicam que houve uma boa precisão

do modelo obtido.

Na Tabela 5.3 verificou-se que os efeitos lineares e quadráticos foram

significativos ao nível de 95%, mas as interações entre as variáveis de processo não

foram significativas. Por isso não são apresentadas na tabela. Resultados estatísticos

semelhantes a esses também foram encontrados na literatura. Eren e Kaymak-

Ertekin(2007) mostraram que as interações entre as variáveis de processo para o

tratamento osmótico de batata não foram significativas ao nível de 95% de

probabilidade para PA e GS. Maran et al (2013) na desidratação osmótica de mamão

(Carica papaya L.) mostraram que nos modelos para PA e GS, somente com os efeitos

lineares e quadráticos apresentaram graus de significância satisfatórios.

Portanto, o modelo completo para alguns produtos não é necessário na previsão

de PA e GS, como foi o caso do tratamento osmótico do cupuaçu e da jaca.

Para visualizar os efeitos combinados das variáveis independentes em cada

resposta, foram gerados os gráficos da superfície de resposta e os gráficos de contorno

em função das variáveis duas a duas, enquanto a outra variável foi mantida constante

no valor central.

Page 99: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 79

As Figuras 5.1, e 5.2 mostram o comportamento das variáveis na perda de água.

No inicio do processo, em virtude da alta pressão osmótica entre a solução concentrada

e as amostras, a taxa de remoção de água foi de 68%. Essa taxa é relativamente alta

como relatado por (Jallae et al., 2011) que obteve uma taxa de remoção de água de 70%

para a maçã.

Na Figura 5.1(a) e 5.1(b) é possível observar a região ótima para perda de água

em função do tempo e da temperatura, representada pela região mais elevada. No início

do processo, na primeira hora, as taxas de perda de água são significativamente

elevadas. No entanto, com o aumento do tempo de processo, o aumento do ganho de

sólidos nas camadas superficiais do produto reduz o gradiente de concentração entre o

produto e a solução osmótica, adicionando uma resistência à transferência de massa e,

dessa forma, reduzindo as taxas de perda de água. A rápida remoção da água nas fases

iniciais do produto (Jallae et al., 2008; Mavroudis et al., 2012) e a redução de suas taxas

com o decorrer do tempo foi relatada por alguns autores: Alves et al.(2005). Na

desidratação osmótica de acerola obteve taxa de remoção no tempo de 30 min no valor

de 25% e para os demais tempos a taxa de PA foi inferior a 25%; Rastogi e Raghavarao

(2004) na desidratação osmótica do abacaxi obteve taxas máximas de PA no valor de

45% no tempo de inferior a 60 minutos; Fernandes et al.(2008) na D.O. de melão

obteve taxas de perda de água em 30 min no valor de 65% e Maran et al. (2013) na

desidratação osmótica de mamão obteve as maiores taxas de PA em 30 minutos no

valor de 65%. As diferentes taxas observadas em cada dado da literatura acima, se dá

devido ao tipo de amostra e tipo de maturação. No entanto as taxas em cada caso foram

maiores nas primeiras horas.

Assim, independente do produto as maiores perdas de água sempre acontecem

na primeira hora e dependendo do produto essas taxas podem ser elevadas , como foi o

caso do cupuaçu.

Os aumentos da temperatura acelerara a perda de água. Especialmente, para

temperaturas mais elevadas, superiores a 50ºC, houve aumento da perda de água, com

redução do tempo necessário para atingir as concentrações de equilíbrio. Assim, é

possível atingir a região ótima para a perda de água na temperatura de 45-55 ºC, no

tempo de processamento e de 250-350 minutos, Figura 5.1 (b).

Page 100: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 80

(a)

(b)

Figura 5.1 – Variação da PA em função do tempo e da temperatura para as amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno.

Page 101: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 81

(a)

(b)

Figura 5.2 – Variação da PA em função da concentração e da temperatura para as amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno.

Page 102: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 82

Para curtos intervalos de tempo, o aumento da temperatura promove o aumento

da perda de água, reduzindo o peso da amostra, no entanto esse efeito de interação

estatisticamente não é observado no modelo obtido, mas pode ser notado na análise dos

autovalores e autovetores na tabela 5.5. Souraki et al. (2012) observaram que as taxas

de PA aumentam com o aumento da temperatura, principalmente na primeira hora de

tratamento. Resultados semelhantes também foram observados por Singh et al. (2007) e

Sutar e Gupta (2007).

Esse fenômeno é atribuído não somente às diferenças difusionais entre a água e

o soluto em função das massas molares, mas também a redução da viscosidade da

solução, turgescência, plasticidade e destruição da membrana celular (Torreggiani et

al.,2004; Castro-iráldez et al., 2011; Seguí et al.2012; Souraki et al.,2012).

O efeito da temperatura em altas concentrações de sacarose pode ser visto na

Figura 5.2(a). Barat et al. (2001) e, posteriormente Chenlo et al.(2007), mostraram que

o aumento da temperatura melhora a perda de água na superfície do produto devido

diminuição da viscosidade do meio osmótico. Para todos os tempos de processamento, a

perda de água aumentou gradualmente em função do aumento da concentração de

sacarose, Figura 5.3(a) e 5.3(b). Para temperaturas elevadas, a perda de água aumenta

devido o aumento no ganho de sólidos. Comportamento semelhante para PA foi

observado por Souraki et al. (2012), no entanto, a concentração de equilíbrio nas

amostras não foi alcançada.

Altas concentrações (>60%) de sacarose podem melhorar a perda de água,

conforme relatado por Andrade et al. (2007) e Chenlo et al. (2007). No entanto,

existem limitações tecnológicas quanto ao uso dessa concentração, pois além de

aumentar a viscosidade da solução, também aumenta a resistência ao processo de

transferência de massa de água em virtude da saturação na camada limite sobre a

amostra e a deposição de sólidos dentro das amostras (Corzo e Gómez, 2004; Jallae et

al., 2011).

No caso do cupuaçu foi observado que algumas das menores PA ocorrem em

concentrações de sacarose superiores a 55%, em virtude desse aumento de resistência à

transferência de massa, conforme Tabela 5.1. Assim, essa concentração de sacarose de

55% deve ser evitada, uma vez que se deseja encontrar uma elevada taxa de PA.

Page 103: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 83

(a)

(b)

Figura 5.3 – Variação da PA em função da concentração e do tempo para as amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno.

Page 104: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 84

O ganho de sólidos (GS), à temperatura de 25-70 ºC, no tempo de 60-600 min

estão representados na Figura 5.4 (a). Semelhante à PA, o GS aumentou com tempo e a

temperatura do processo até um ponto máximo de GS. Comparando as colunas de PA e

GS da Tabela 5.1, notou-se que PA foi de 4 a 14 vezes maior que o GS. Na

desidratação osmótica do abacaxi essa relação foi de apenas e 0,31 a 1,25 (Rastogi e

Raghavarao, 2004). Para a desidratação osmótica da batata a PA variou de 8 a 12 vezes

maior que o GS (Eren e Kaymak-Ertekin, 2007).

Portanto, embora os valores das relações em PA e GS estivessem dentro dos

limites encontrados na literatura, vale salientar que essas faixas variam de produto para

produto. No caso do cupuaçú, as relações obtidos são consideradas ótimas uma vez que

a PA, em alguns casos, é 10 vezes maior que o GS.

O aumento do GS com aumento da temperatura e do tempo podem estar

relacionados com o aumento da permeabilidade da membrana causada por temperaturas

mais elevadas, as quais promovem o inchamento e a plastificação da membrana celular,

favorecendo a transferência de massa (Castro-Giráldez et al., 2011; Tonon et al., 2007;

Lazarides et al. 1995).

As Figuras 5.5 (a) e 5.5(b) mostram que o GS aumentou com o aumento da

concentração de sacarose na solução. Embora não seja observado, estatisticamente,

interação significativa entre esses dois parâmetros, a análise de autovalores e

autovetores, tabela 5.5, mostra a ordem de influencia de cada variável independente no

processo.

Com o aumento da temperatura do processo o GS alcançar um ponto máximo

na temperatura de aproximadamente 50ºC. O aumento da temperatura causa uma

redução na viscosidade da solução de sacarose e aumenta a sua solubilidade, reduzindo

a resistência à transferência de massa e facilitando, desta forma, o transporte de sólidos

para o interior da célula.

Page 105: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 85

(a)

(b)

Figura 5.4 – Variação do GS em função do tempo e da temperatura para as amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno.

Page 106: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 86

Na temperatura de 34ºC com concentração de 38% de sacarose e no tempo de

169 min o GS é de 3,33ºBrix. Comparando os resultados apresentados na Tabela 5.2

com a Figura 5.5(a) e Figura 5.5(b), pode-se notar que ao aumentar da temperatura para

62ºC e a concentração 62% de sacarose, mantendo o tempo constante, o GS é de

16,51ºBrix, ou seja, houve de aumento de 395% em relação ao primeiro valor. Esses

aumentos elevados (>100%) no GS também são mostrados na literatura (Fernandes et

al., 2008; Maran et al.,2013). Portanto, aumentar a concentração de sacarose e a

temperatura no processo de desidratação significou aumentar o GS e, desta forma,

reduziu a taxa de perda de água em função a resistência adicional oferecida por esse

aumento.

As Figuras 5.6(a) e 5.6(b) mostram a influência da concentração de sacarose e

do tempo de processo no GS. A solução osmótica utilizada em concentrações mais

elevadas causou um aumento no ganho de sólidos nas amostras de cupuaçu

osmoticamente desidratado. Quanto maior for o tempo de imersão, maior ganho e

menor a taxa de GS, por exemplo, comparando a Tabela 5.1 com as Figuras 5.6(a) e

5.6(b), pode-se nota que ao aumentar o tempo de imersão de 169 min para 430 min,

mantendo a temperatura em 34ºC e a concentração em 38% de sacarose, o GS teve um

aumento de 28% e sua taxa uma queda de 55%. Comportamento semelhante também

foi observado por Madamba e Lopez(2002), Mastrantonio et al. (2005).

Com base nos resultados aqui obtidos pode-se recomendar algumas condições de

processo, uma vez que para os processos industriais a análise da condição pontual é que

determinará se uma condição será usada ou não, visando a otimização do

processamento. Por exemplo: se o objetivo for a obtenção de níveis elevados de perda

de água, a desidratação osmótica do cupuaçu deve ser conduzida nas temperaturas e

tempos de processamento otimizados, que são de 48ºC e 50% de sacarose. Porém,

neste ponto máximo, o ganho de sólidos também é máximo. Toupin e Marcotte(1989)

mostraram que, dependendo das condições de operação, à medida que se aumentou a

concentração de sólidos no interior da célula, maior foi a perda de água. Por outro lado,

quando se deseja minimizar o ganho de sólidos, o binômio tempo temperatura a ser

usado, para a O.D. de cupuaçu, é 62ºC e 169 min, para uma concentração de 38%. Nesse

caso, porém o tempo de processamento será muito longo para atingir a quantidade

máxima desejada de perda de água.

Page 107: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 87

(a)

(b)

Figura 5.5 – Variação do GS em função da concentração e da temperatura para as amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno.

Page 108: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 88

(a)

(b)

Figura 5.6 – Variação do GS em função da concentração e do tempo para as amostras de cupuaçu: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno.

Page 109: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 89

5.2.2 – Jaca

Os resultados experimentais para os diferentes tratamentos da desidratação

osmótica da jaca são apresentados na Tabela 5.2. Na Tabela 5.4, são mostrados os

resultados da análise de variância (ANOVA) para cada uma das respostas com seus

respectivos coeficientes, soma de quadrado, valor-p para cada coeficiente, resíduo e a

falta de ajuste. Também são mostrados os valores dos coeficientes de correlação, do

RMSE, do MBE e o valor calculado de t do teste de student.

Todas as variáveis independentes (temperatura, concentração de soluto e tempo)

processo foram consideradas estatisticamente significativas para PA e GS em valor-p

<0,05. Os efeitos lineares, quadráticos e algumas interações dos parâmetros em cada

resposta foram considerados estatisticamente significativos (valor-p <0,05). Os efeitos

considerados não significativos (valor-p >0,05) foram retirados do modelo sem

prejudicar sua eficiência. Ainda assim, os coeficientes de determinação (R2 e R

2-

ajustado) e coeficiente de variação (CV), foram calculados para avaliar a adequação do

modelo. Um elevado coeficiente de determinação (R2> 0,98) mostra que os modelos

foram adequamente ajustados (Tabela 5.4). No entanto, um grande valor de R2 nem

sempre implica em um bom modelo de regressão. Adicionando uma variável no modelo

o valor de R² sempre aumentará, em função do aumento da soma de quadrados do

modelo. Assim, é preferível utilizar um R²-ajustado para avaliar a adequação dos

modelos. Nesse estudo os valores do R²-ajustado foram superiores a 0,98.

Os valores calculados para o RMSE mostram que os modelos apresentam boa

precisão na estimação dos valores para PA e GS, como valores menores que 2,00. Os

valores do MBE foram positivos para PA e GS, mostrando que os modelos poderiam

está superestimando os valores dessas variáveis. A superestimação ocorreu

principalmente nos pontos onde a temperatura ≥50%. Entretanto, essa superestimação

nos modelos não são significativas por serem inferiores a 2,00.

Os valores dos coeficientes de variação (CV), obtidos foram de 2,17% e 3,32

para o PA e GS, respectivamente, Esses valores indicam que houve uma boa precisão

dos experimentos ao nível de 5% de significância.

Na Tabela 5.4 os efeitos lineares e quadráticos foram significativos ao nível de

5%, com exceção do efeito quadrático da temperatura, sendo que os efeitos não

Page 110: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 90

significativos não são apresentados. Resultados estatísticos semelhantes a esses também

foram encontrados na literatura. Eren e Kaymak-Ertekin(2007), mostraram que os

efeitos lineares e quadráticos de processo para o tratamento osmótico de batata foram

significativos ao nível de 5% para PA e GS. Maran et al (2013) na desidratação

osmótica de mamão (Carica papaya L.) mostraram que nos modelos para PA e GS,

somente com os efeitos lineares e quadráticos apresentaram graus de significância

satisfatórios. Portanto, um modelo completo para algumas produtos não é

necessariamente o ideal para a previsão de PA e GS, como foi o caso do tratamento

osmótico da jaca.

Para visualizar os efeitos combinados das variáveis independentes em cada

resposta, foram gerados os gráficos da superfície de resposta e os gráficos de contorno

em função das variáveis duas a duas, enquanto a outra variável foi mantida constante

no valor central.

A Figura 5.7, 5.8 e 5.9 mostra a variação do ganho de sólidos das amostras de

jaca em função da temperatura, concentração e tempo.

Tabela 5.4 - Resultados da Análise de Variância da regressão, para o modelo polinomial ajustado aos

dados de perda de água (PA) e ganho de sólidos (GS) das amostras de jaca submetidos a desidratação

osmótica com sacarose em diferentes concentrações e temperaturas.

Fonte Graus de

Liberdade

(PA) (GS)

Coeficiente Valor-p Soma de

quadrado Coeficiente Valor-p

Soma de

quadrado

modelo 8 15,31070 0,0085 1659,14 -18,29380 <0.0001 1460,53

x1 1 -0,27317 0,0023 56,88 -0,32676 0,0005 114,55

x2 1 1,14052 0,0101 1031,91 1,22145 <0.0001 776,02

x3 1 -0,02499 ,0,0407 205,81 -0,02367 0.0008 116,02

x12 1 0,00590 0,0006 44,6 0,00890 <0.0001 223,63

x13 1 0,00033 0,0023 28,69 0,00016 0.0016 23,07

x23 1 0,00084 <0,0001 182,69 0,00088 <0.0001 56,69

x22 1 -0,011690 0,0075 103,88 -0,01513 <0.0001 149,62

x33 1 -2,575E-05 0,0807 4,68 -0,00002 0.0265 0,93

Falta de

ajuste 6 0,0804 12,69 0,0604 0,968

Erro Puro 3 0,465 0,22

Resido 9 13,15 1,18

Total 17

0,9997 0,9998

Ajust-R² 0,985 0,9984

Predict-R² 0,993 0,9987

RMSE 1,33 0,377

Page 111: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 91

MBE 1,70 1,52

T-student 5,16 1,04 CV 2,17 3,32

A p-value < 0.05 é significativa a = 0.05.

A falta de ajuste não é significativa a p-value = 0.05.

A Figura 5.7(a) e mostra o ganho de sólidos variando com a temperatura e com

o tempo. Pode-se observar que a variação do GS com a temperatura para tempos

inferiores a 200 minutos é inferior 15ºBrix, fig 5.7(b). Nessa faixa de tempo e

temperatura, não é possível observar o máximo do ganho de sólidos. Também é

possível observar que abaixo de 150 min, para qualquer concentração, o ganho de

sólidos aumenta linearmente com tempo. Conforme relatado por Lenart (1996) e

Mercali et al(2011) as maiores taxas ocorrem dentro das duas primeiras horas. A partir

desse tempo as taxas começam a cair. De fato, à medida que o tempo aumento é

perceptível a formação de uma curva. Nesse caso, o coeficiente angular () tende a

diminuir com tempo, ou seja, a taxa de ganho de sólidos diminui com tempo. Os ponto

1, 2 e 3 na Figura 5.8(b), mostram essa diminuição. Esse mesmo comportamento será

observado também para as demais linhas de temperatura.

Quando se analisa o ganho de sólidos para tempos superiores a 400 min é

possível observar a formação de um cume como mostrado na Figura 5.7(a) e 5.7(b).

Esse cume é mostrado na Figura 5.8(a) como sendo a formação do ponto de ótimo.

Comparando as curvas A’-A e B’-B na Figura 5.7(b) e os segmentos de Reta AB na

Figura 5.8(a), pode-se afirma que a região do ganho ótimo de sólidos está numa de

temperatura entre 45-60ºC e no tempo superior a 400 min, ou 6 horas e 40 min. Além

disso, as Figuras mostras que quando maior o tempo de processo, maior será o ganho

de sólidos. No entanto, como a formação de uma curva começa a surgir a partir de 150

min, a taxa (a partir desse tempo) começa diminuir e nesse caso, o embora o ganho de

sólidos aumente em tempos elevados (a partir de 600 minutos), suas taxas não são

significativas ao nível de 95% de confiança.

Em curtos tempos de tratamento (30-60 minutos), as variações de ganho de

sólidos são pequenas, em torno de 5º Brix, conforme se pode observar na Figura 5.8(a)

e 5.8(b).

Page 112: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 92

(a)

(b)

Figura 5.7 – Influencia da Temperatura e do Tempo no GS para as amostras de jaca: (a) superfície de resposta e (b) Cume localizado na região A’-A e B’-B.

Page 113: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 93

(a)

(b)

Figura 5.8 – Influencia da Temperatura e do Tempo no GS para as amostras de jaca: (a) gráfico de contorno isolando o cume pelo seguimento de reta A-B e (b) Diminuição

do coeficiente angular nos pontos 1, 2 e 3 nas curvas de contorno.

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Capitulo 5 94

Comportamento semelhante também foi relatado por outros autores (Castro-

Giráldez et al, 2011; Andrade et al, 2007; Eren e Kaymak-Ertekin, 2007; Fernandes et

al, 2008; Jallae, 2011; Ruiz-Lopez et al, 2011; Porciuncula et al, 2013). Mercali et

al.(2011), que na desidratação osmótica da maçã observaram que o ganho de sólidos

nos primeiros 30 minutos, diferente da perda de água, é pequeno e só atinge a sua taxa

máxima de ganho após a primeira hora. Isso sá devido ao efeito cinergético entre a PA

e GS. A pressão osmótico oriunda da diferença de potencial químico, gera uma maior

perda de água nas primeiras horas, portanto para se adaptar as condições de equilíbrio

químico o GS deverá só apresentar aumento após uma elevada PA. Por isso o GS nas

primeiras horas é tão pequeno.

A Figura 5.9, 5.10(a) e 5.10(b), mostram o comportamento do ganho de sólidos

com a concentração e com a temperatura.

Na Figura 5.9 é possível observar curvas até concentrações abaixo de 65% de

sacarose com a variação de temperatura. No entanto, Na concentração de 70% o ganho

de sólido aumenta linearmente com a temperatura. Ruiz-Lopez et al (2011), relataram

que o aumento da temperatura e da concentração do meio osmótico podem melhorar o

ganho de sólidos em amostras de fruta. Essa melhora é mais perceptível em

temperaturas elevadas. Isso ocorre por que temperaturas elevadas diminui não somente

a viscosidade, como também aumenta a difusidade das partículas na parede celular até

alcançar o espaço intracelular (Seguí et al, 2012; Toupin e Marcotte, 1989).

Assim, conforme observado na Figura 5.10(a) e 5.10(b) a região do ótimo, para

o GS, está localizada em concentração e temperatura superior a 55% de concentração e

55ºC para o tempo mantido constante em 330 min. No entanto, temperaturas acima de

55ºC podem iniciar o processo de cozimento das amostras de frutas.

Consequentemente, a plasmalema se romperia, facilitando a entrada de soluto nas

amostras. Desta forma, as mundanças sensoriais serão perceptíveis, como a alteração

nas texturas das amostras, segundo Mavroudis et al(2012).

Na temperatura de 40-55ºC e na concentração em torno 43-58º%, mostrado na

Figura 5.10(b) a inclinação da reta (2-) é maior do que no ponto anterior (1-). Isso

mostra que a taxa nessa região é maior e, portanto, o ganho de sólidos será acelarado

até a região ótimo.

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Capitulo 5 95

Figura 5.9 – Influência da cocentração e da temperatura na superfície de resposta do ganho de sólidos para as amostras de Jaca.

As Figuras 5.11, 5.12(a) e 5.12(b) mostram o comportamento do ganho de

sólidos com a concentração de sacarose e o tempo. A análise da Figura 5.11 mostra que

o tempo e a concentração, há um aumento do ganho de sólidos e na Figura 5.12(a) é

possível perceber que o ponto de ótimo parece que ainda não foi alcançado.

Porém uma análise mais profunda do fenômeno, mostra que existem regiões onde a taxa

do ganho de sólido é maior. Por exemplo, ao se analisar a Figura 5.12(b) pode se

observar que entre 200 e 400 min a taxa de ganho de sólidos é maior do que entre 60 e

200 min. No entanto, entre 400 e 500 min a uma concentração de 53-63%, o ganho de

sólido é muito mais significativo do que os anteriores, ou seja a partir de 400 min(6 hora

e 40 min) o GS sofre um aumento significativo e esse comportamento é observado para

todas as concentrações.

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Capitulo 5 96

(a)

(b)

Figura 5.10 – Gráfico de contorno: (a) Influência da temperatura e da concentração no GS das amostras de jaca e (b) inclinação da reta nas regiões 1 e 2

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Capitulo 5 97

Portanto, se o objetivo é um menor ganho de sólidos, essa será uma região que

deve ser evitada no processo de desidratação osmótica, cujo o objetivo é uma maior

perda de água e menor ganho de sólidos. Segundo Atares et al( 2011) ao avaliar a

desidratação osmótica da banana observaram que o tempo de tratamento que permitiu

um menor ganho de sólidos foi de até 360 min. Lombard et al(2008), na desidratação

osmótica do abacaxi, observaram que o tempo ótimo foi de 240 min. Singh et al( 2010),

ao estudar as condições de tratamento para D.O. de cenoura encontrou um tempo de

240 min. Portanto a análise da superficie de contorno mostra que uma faixa de até 240

min nas condições ótimas de D.O., é a ideal para desidratação osmótica com baixo

ganho de sólidos.

Figura 5.11 – Influência da concentração e do tempo na superfície de resposta do ganho de sólidos para as amostras de Jaca.

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Capitulo 5 98

(a)

(b)

Figura 5.12 – Gráfico de contorno: (a) Influência da concentração e do tempo no GS das amostras de jaca e (b) Identificação da região de maior taxa de GS.

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Capitulo 5 99

As Figuras 5.13 a 5.16 mostram o comportamento da PA em relação à

temperatura, concentração e tempo.

Nas Figuras 5.13(a) e 5.13(b), a superfície de resposta da PA varia em relação ao

tempo e temperatura. Para baixas temperaturas, a taxa da perda de água é quase

constante, fazendo a curva apresentar um comportamento quase linear. No entanto,

acima da temperatura média (50ºC) a linearidade, observada a baixas temperaturas,

ocorrerá até o tempo de aproximadamente 150 min. Esse comportamento é esperado,

pois segundo Lenart et al. (1982) nos tempos iniciais a PA é elevada. Para temperatura

acima de 50ºC a PA tende a inclinação da curva tende a zero, o que indica que as taxas

começam a diminuir e nesse caso a PA tende a uma região ótima, Fig 5.13(b).

Quando se observa as curvas com variação da temperatura, em tempos

constantes, é possível observar que para tempos inferiores a 150 minutos e variação de

temperatura entre 30-70ºC a taxa a PA é constante (ou a inclinação da curva),

mostrando que, nesse casso a PA é linear. Para tempos maiores, acima 330 min, a PA

tende a uma região de ótimo, mostrando que há uma redução da taxa tendendo também

a zero.

O gráfico de contorno Figura 5.13(b) também mostra que é possível obter a

mesma perda de água com variações entre tempo e temperatura. Por exemplo, para um

tempo de 200 min a uma temperatura de 40ºC é possível obter uma PA de 46%. Para

obter esse mesma PA em 100 min(metade do tempo dessa análise), a temperatura

deverá ser aumentada para, aproximadamente, 50ºC, ou seja, nessas condições reduzir

o tempo de tratamento em 50% significa aumentar a temperatura em 25%.

A Figura 5.13(b) também mostra que a região ótimo de PA só é alcançada em

tempos superiores a 300 min. Para o tempo de 300 min a região ótima de PA só é

atingida em temperatura superior a 65ºC. Nessa temperatura as amostras podem ter

iniciado o processo de cozimento. Assim, para manter a perda de água nos limites da

região ótima é necessário reduzir a temperatura e aumentar o tempo de processamento,

por exemplo 50ºC e 500 min. Para essa análise a temperatura foi reduzida em 30% mas

o tempo foi aumentado em 67%, em relação à condição anterior (65ºC e 300 min).

Desta forma, a utilização de determinados valores de tempo e temperatura, para Figura

5.6(b), numa planta industrial, dependerá da análise dos custos envolvidos.

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Capitulo 5 100

(a)

(b)

Figura 5.13 – Influencia da temperatura e do tempo na PA das amostras de jaca: (a) superfície de resposta e (b) gráfico de contorno.

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Capitulo 5 101

As Figuras 5.14(a), 5.14(b), 5.15(a) e 5.15(b) mostram a a influência da

temperatura e da concentração na PA das amostras de jaca. Nas Figuras 5.14(a) e

5.14(b) é possível observar que para concentrações até 50% e para temperaturas

inferiores à aproximadamente 52ºC as taxas, ou a inclinação, apresentam variações. Já

para temperaturas superior à mesma concentração, ou seja 50%, a inclinação tende a

zero. No entanto, quando se deseja aumentar a PA de, por exemplo, 45% para 50%, a

temperatura variará entre, aproximadamente, 43-46ºC e concentração entre

aproximadamente 40-46% , como pode ser observado nas Figuras 5.14(b) e 5.15(b), na

região R1. Neste caso, para cada 1ºC de aumento de temperatura será necessário

aumentar 2% de concentração de sacarose.

Por outro, lado se for desejável manter a temperatura em aproximadamente 43ºC

e ainda alcançar 50% de PA, nesse caso a temperatura será de aproximadamente 50ºC,

ou seja, uma variação de 10ºC. Também, se o interesse do processo for, por exemplo

manter a concentração em 40%, pode-se observar que uma perda de água de 50% não

seria alcançada. Portanto, ao se manter a temperatura constante e com a variação da

concentração é possível alcançar PAs elevadas. Porém se for mantida a concentração

constante, ainda que se varie a temperatura, não será possível obter elevadas PAs.

Neste caso PAs elevadas só seria possível se a concentração for elevada. Assim, a

concentração terá maior influencia na PA do que a temperatura, nas amostras de jaca.

As Figuras 5.16(a), 5.16(b), 5.17(a) e 5.17(b) mostram o comportamento da PA

em função do tempo e da concentração de sacarose. É possível notar a formação de uma

região ótima com concentrações de sacarose e tempos elevados. Tecnologicamente,

essa condição é desfavorável, pois, além de o tratamento ser realizado acima de 7 horas,

para conseguir uma boa solubilidade do açúcar seria necessário temperaturas elevadas e

consequentemente uma gasto extra de energia.

No entanto, quando se utiliza concentrações abaixo do valor médio é possível

conseguir a mesma PA, conforme fig 5.17(b), em tempo de tratamento diferentes. Por

exemplo, na concentração de 45% de sacarose no tempo de 400 min a perda de água é

de 50%, mas se aumentar esse tempo para, aproximadamente, 580 min a PA continua

com o mesmo valor. Dentro dessa análise, a prática tecnológica é usar um intervalo de

tempo menor, mas é necessário ainda que se fizesse a análise da temperatura para essas

condições. Baseado ainda na Figura 5.17(b), pode-se afirmar que altas PA(>55%) só

será possível em concentrações elevadas de sacarose.

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Capitulo 5 102

(a)

(b)

Figura 5.14 – Gráfico de contorno: (a) Influência da concentração e da temperatura na PA das amostras de jaca e (b) Identificação das condições de mudança de PA

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Capitulo 5 103

(a)

(b)

Figura 5.15 – Superfície de resposta: (a) Influência da concentração e da temperatura na PA das amostras de jaca e (b) Identificação das condições de mudança de PA

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Capitulo 5 104

(a)

(b)

Figura 5.16 – Superfície de resposta: (a) Influência da concentração e do tempo na PA das amostras de jaca e (b) Condições de tratamento à concentração constante

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Capitulo 5 105

(a)

(b)

Figura 5.17 – Gráfico de contorno: (a) Influência da concentração e do tempo na PA das amostras de jaca e (b) Condições de tratamento à concentração constante.

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Capitulo 5 106

5.3. Otimização

5.3.1 – Análise canônica dos autovalores e autovetores

Na Tabela 5.5 são mostrados os autovalores de cada modelo e os autovetores

associados a cada uma das variáveis independentes nas amostras de cupuaçu e jaca.

Pode ser observado que os maiores autovalores, estão associados com o tempo e a

temperatura, tanto para PA, quanto para GS, nas amostras de cupuaçu. Para as amostras

de jaca os maiores autovalores, estão associados com a concentração, tempo tanto para

PA, quanto para GS. Isso indica que essas variáveis influenciaram de forma

significativa nas superfícies de resposta de cada amostra.

Tabela 5.5. Autovalores associados aos modelos de regressão para PA, GS com seus

respectivos autovetores associados à temperatura, concentração e tempo.

Amostra Variáveis Autovalores Autovetores

Temperatura Concentração Tempo

Cupuaçu

PA

14,305 0,0016 0,9868 0,1618

16,982 0,9417 0,0529 0,3322

22,788 0,3364 0,1529 0,9292

GS

3,385 0,1072 0,9448 0,3097

7,072 0,7469 0,1291 0,6523

11,535 0,6562 0,3013 0,6918

Jaca

PA

2,018 0,855 0,325 0,404

2,256 0,507 0,361 0,782

5,835 0,108 0,874 0,474

GS

1,949 0,872 0,32 0,371

3,377 0,487 0,482 0,728

7,609 0,054 0,816 0,576

Elevados autovalores, em módulo, associado a autovetores indicam que a

superfície de resposta foi mais sensível às variáveis que apresentaram maiores

autovetores. Para as amostras de cupuaçu o maior autovalor da superfície de resposta

para PA foi 22,79 e as variáveis que mais influenciaram essa superfície foram o tempo

de processamento (0,93), seguida pela temperatura e pela concentração. Finalmente,

para o GS, o maior autovalor associado à superfície de resposta foi de 11,53 e os

maiores autovetores associados a esse autovalor foram o do tempo (0.69) seguido pela

temperatura e pela concentração.

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Capitulo 5 107

Para as amostras de jaca o maior autovalor para PA foi de 5,83, sendo que a

variáveis que mais influenciou na superfície de resposta foi a concentração de sacarose

(0,87), seguida pelo tempo (0,47) e pela temperatura (0,11). Para o GS o maior

autovalor está associado também à concentração com um autovetor de 0,816 seguida

pelo tempo (0,58) e pela temperatura (0,05).

Contudo, no processo de desidratação osmótica o objetivo do processo é uma

perda elevada de água e um baixo ganho de sólidos, de forma a manter a relação PA e

GS em torno de 10 para 1. Para esse objetivo, deve-se avaliar o maior autovetor do

menor autovalor. Assim, para o GS do cupuaçu, o menor autovalor é 3,385 e a variável

que mais contribuirá para que esse autovetor seja pequeno e a concentração(0,9448),

seguida pelo tempo(0,3097) e pela temperatura(0,1072). Para as amostras de jaca o

menor autovalor é 1,949 e a variável que mais contribuiu para que esse autovalor seja

pequeno e a temperatura (0,872) seguida pelo tempo (0,371) e pela concentração (0,32).

Existe, portanto uma diferença sobre as condições do tratamento osmótico nas

duas amostras de frutas, o que já era esperado, por se tratar de frutas, cujo estágio de

maturação ocorre de maneiras diferentes (frutas climatérica e não climatérica) e por se

desconhecer o nível de maturação das frutas. Nas pesquisas com D.O. o uso dos

autovalores e autovetores para análise das variáveis ainda é escassa, sendo, porém muito

utilizada na pesquisa da ciência mecânica (Li et al.,2012; Kim e Cho, 2009; Kabzinski,

1990; Gao et al., 2013; Ayres et al., 2013; Sumina et al., 2011).

Portanto, a variável mais importante na otimização do processo de desidratação

osmótica das amostras do cupuaçu foi o tempo de processamento para PA e a

concentração de sacarose para GS. Para as amostras de jaca, a variável que mais

influenciou o tratamento osmótico na PA foi a concentração de sacarose e para o GS a

temperatura.

5.3.2 – Utilização do método da função objetivo (FO)

Embora a análise canônica permita avaliar as variáveis que mais influenciam no

processo de D.O. está não permite definir quais os valores deverão ser usados no

processo. Também embora a metodologia da superfície de resposta permita avaliar qual

o comportamento das variáveis independentes para, por exemplo, uma maior perda de

água e um menor ganho de sólidos, não torna possível uma avaliação mais objetiva,

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Capitulo 5 108

pois, em si tratando de três ou mais variáveis independentes, os gráficos são construídos

com as variáveis independentes duas a duas, enquanto que as demais é mantida em

algum ponto fixo.

Portanto, é necessário um método que permita, não somente avaliar todos as

variáveis de uma única vez, mas também determinar quais as condições podem ser

utilizadas para maximizar ou minimizar determinada resposta ou respostas. Em se

tratando da desidratação osmótica, se as curvas da PA e do GS fossem concorrentes o

ponto ótimo para a DO seria o ponto onde as duas se cruzassem. No entanto, essas

curvas são concorrentes, ou seja, elas sempre aumentam. Portanto, a aplicação da FO

foi método mais satisfatório encontrado para obter as condições ótimas de tratamento

para as amostras de cupuaçu e de jaca.

5.3.2.1 Pacote computacional desenvolvido

Para aplicação da FO foi desenvolvido um software em Visual Basic do Visual

Studio Express 2012, plataforma Windows 8. Foram implementadas as equações 2.2,

2.9, 2.10 e 2.11. O pacote computacional permite ainda não somente aumentar ou

diminuir o tempo de processamento, mas também, definir o tipo de processo: elevado

GS, baixo GS, elevada PA, baixa PA, conforme a Figura 5.18.

O software é composto por uma tela de abertura, chamada splash e uma tela para

selecionar o tipo de otimização usando a função FO. O usuário precisa definir o

objetivo, que neste caso trata-se da maximização ou minimização da sacarose ou água.

Na caixa de parâmetros do modelo ajustado, o usuário deverá informar as faixas

utilizadas para cada variável independente, X1, X2 e X3. O valor “r” referente ao

processo de aceleração de desaceleração do processo e é dado pelo sistema para cada

resposta.

Na caixa “Modelo – Resposta”, o usuário poderá informar o valor máximo a ser

atingido ou o valor mínimo. Caso ele não informe, o sistema considerará nessa caixa o

valor máximo de 1 e mínimo de 0. Também nessa caixa o usuário deverá informar os

valores dos parâmetros que foram ajustados no modelo. Se algum parâmetro não existe

o usuário deverá colocar zero.

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Capitulo 5 109

Figura 5.18 – Tela de otimização de variáveis independentes do software.

5.3.2.2. Otimização da PA e GS nas amostras

Pela aplicação da FO, através do aplicativo desenvolvido, duas soluções ótimas

foram obtidas para as amostras de cupuaçu. A primeira com temperatura de 35ºC,

tempo de 240 min de processamento e 50% de concentração de sacarose. A segunda

solução ótima com temperatura de 45ºC, 180 min de processamento e concentração de

sacarose de 50%. Esses resultados indicam que o tempo de processamento diminui com

o aumento de temperatura, como mostrado na análise canônica das variáveis. Os

valores obtidos para elevada PA e baixo GS para primeira solução ótima foram

melhores que o da segunda, segundo os valores de “d” da função de preferência. Nesse

caso, os valores obtidos para a PA, o GS foi de 59,17%, 9,5º Brix respecitvamente

Para as amostras de jaca, duas soluções ótimas também foram obtidas. A

primeira solução com uma temperatura de 32ºC, com 36% de concentração de sacarose,

um tempo de 110 min e o valor “d” da função de preferência, foi de 0,85. A segunda

solução ótimo foi obtido com uma temperatura de 31ºC, com 60% de concentração de

sacarose, em um tempo de 70 min e com valor “d” da função de preferência igual a

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Capitulo 5 110

0,95. Portanto, os valores ótimos dos fatores para a melhor PA e o menor GS foi a

segunda solução, onde PA foi de 46,64%, GS 9,23º Brix.

Segundo Corzo e Gomez (2004) e Eren e Kaymak-Ertekin (2007) para que o

processo de D.O seja eficiente a PA deve ser de 40-50% e GS <10%. Os valores

obtidos tanto para as amostras de cupuaçu, como para as amostras de jaca estão dentro

desses valores mostrando, portanto, que esses resultados são confiáveis.

5.4. Cinética de transferência de massa no ponto ótimo

As Tabelas de 5.6 e 5.7 apresentam os dados experimentais de PA e GS de

amostras de jaca nas temperaturas de 31ºC e 35ºC para as concentrações de 55%, 60%

65% ao redor do ponto ótimo. As Tabelas 5.8 e 5.9 apresentam os dados experimentais

de PA e GS de amostras de cupuaçu nas temperaturas de 30ºC, 35ºC e 40ºC e nas

concentrações de 45%, 50% 55% ao redor do ponto ótimo.

Para avaliar a cinética da transferência de massa foi utilizado o balanço de massa

bidimensional em regime transiente e os dados das Tabelas 5.6-5.9. O modelo foi

discretizado pelo método das diferenças finitas implícito utilizando o método implícito

de direção alternada (ADI) na resolução. Para os ajustes do cupuaçu a condição inicial

imposta ao sistema foi no tempo de 1800s, ou 30 minutos, conforme Figura 5.19(a-f).

Para os ajustes da jaca a condição de tempo inicial foi de 0s, Figuras 5.20(a-f). Pode-se

observar que ao adicionar a condição inicial de zero no sistema os pontos posteriores

não apresentam uma curva bem definida, conforme as Figuras 5.20(a-f). Se o ponto

zero for excluído do ajuste as Figuras terão os mesmos formatos apresentados nas

Figuras 5.19(a-f).

A Figura 5.19(a-f), mostra a PA e o GS para as temperaturas de 30ºC, 35ºC e

40ºC nas concentrações de 45%, 50% e 55%. Nessas Figuras pode se observar que

tanto a taxa de perda de água quanto a taxa de ganho de sólidos (inclinação da curva de

PA e do GS versus o tempo) aumentam com concentração à temperatura constante. O

aumento da concentração de soluto na solução provoca um desequilibrio químico na

celula vegetal, aumentanto a pressão osmótica. Assim haverá um aumento das taxas

(tanto de ganhos de sólidos quanto de perda de água) até as primeiras duas horas de

tratamento. Essess aumentos são apresentados de forma não linear e com taxas

elevadas, tanto no GS quanto na PA, até aproximadamente 15000s, 4h e 10min. A

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Capitulo 5 111

partir desse tempo o aumento continua até as duas primeiras horas, mas, conforme as

Figuras 5.19(a-f), ocorre uma diminuição na inclinação das curvas, indicando uma

redução nas taxas.

Tabela 5.6- Resultados experimentais para perda de água (PA), ganho de Sólidos (GS)

para amostras de jaca em torno das condições otimizadas de tratamento

Tempo

(min)

Conc

(%) PA(%)

Conc

(%) PA(%)

Conc

(%) PA(%)

Temperatura 30ºC

30 60 45,2±0,86 55 45,24±0,33 65 45,07±0,3

60 60 46,65±0,23 55 45,73±0,67 65 46,81±0,28

120 60 48,05±0,72 55 47,72±0,34 65 48,35±0,55

180 60 49,59±0,82 55 49,28±0,76 65 49,71±0,12

240 60 51,15±0,78 55 50,05±0,32 65 51,48±0,38

300 60 52,59±0,85 55 51,83±0,83 65 53,01±0,57

360 60 54,13±0,55 55 51,78±0,74 65 53,98±0,2

420 60 53,94±0,86 55 52,74±0,34 65 55,26±0,24

480 60 54,97±0,33 55 53±0,3 65 55,67±0,73

540 60 55,35±0,76 55 53,3±0,49 65 56,55±0,33

600 60 56,21±0,57 55 52,89±0,25 65 57,14±0,45

Temperatura 35ºC

30 60 46,13±0,28 55 45,1±0,21 65 45,13±0,21

60 60 46,92±0,46 55 46,32±0,4 65 46,55±0,41

120 60 49,3±0,62 55 48,85±0,6 65 48,79±1,1

180 60 50,8±0,78 55 49,41±0,5 65 50,21±0,44

240 60 50,81±0,75 55 50,45±0,48 65 52,28±0,69

300 60 53,59±0,98 55 51,7±0,31 65 53,8±0,41

360 60 53,59±0,7 55 53,53±0,28 65 55,10±0,90

420 60 55,42±0,75 55 53,54±0,72 65 55,98±0,76

480 60 55,88±3 55 53,62±0,32 65 56,84±0,33

540 60 56,19±0,28 55 53,91±0,44 65 57,64±0,49

600 60 57,2±0,74 55 54,49±0,54 65 58,04±0,58

Jallae, et al., (2011), Martínez, et al., (2007) e Castro-Giráldez, et al., (2011) notaram

que nas duas primeiras horas houve um ganho significativo de sólidos na desidratação

osmótica da maçã. Pode ser notado ainda que as condições de equilíbrio não são

completamente alcançadas antes do tempo de 18000s.

Page 132: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 112

Tabela 5.7- Resultados experimentais para ganho de Sólidos (GS) para amostras de jaca

em torno das condições otimizadas de tratamento

Tempo

(min)

Conc

(%) GS(%)

Conc

(%) GS(%)

Conc

(%) GS(%)

Temperatura 31ºC

30 60 7,88±0,35 55 8,87±0,72 65 6,17±0,32

60 60 9,21±0,56 55 10,19±0,37 65 7,2±0,29

120 60 10,39±0,37 55 11,31±0,21 65 9,85±0,34

180 60 12,14±0,55 55 12,61±0,57 65 11,97±0,5

240 60 14,33±0,44 55 14,88±0,71 65 12,87±0,5

300 60 15,94±1,04 55 15,58±1,11 65 15,35±0,5

360 60 16,44±1,08 55 16,08±0,76 65 16,7±0,28

420 60 18,03±1,1 55 17,16±0,94 65 17,12±1,2

480 60 18,47±1,03 55 17,54±0,7 65 18,58±0,71

540 60 19,7±0,8 55 17,63±0,98 65 19,88±1,08

600 60 20,05±1,42 55 18,92±1,04 65 21,12±1,13

Temperatura 35ºC

30 60 9,03±0,33 55 9,63±0,43 65 7,37±0,29

60 60 10,28±0,08 55 11,21±0,13 65 8,59±0,16

120 60 11,57±0,71 55 12,03±0,31 65 9,97±0,31

180 60 13,48±0,54 55 13,57±0,75 65 12,12±0,83

240 60 14,87±0,59 55 14,44±0,76 65 13,85±0,63

300 60 16,72±0,84 55 16,4±0,6 65 16,2±0,77

360 60 17,57±0,28 55 16,91±0,77 65 16,67±0,63

420 60 19,15±0,68 55 17,92±1,07 65 19,49±0,81

480 60 20,75±1,02 55 19,85±0,93 65 20,27±1,19

540 60 20,04±0,85 55 18,44±0,68 65 21,51±0,98

600 60 21,39±0,84 55 20,27±0,66 65 23,08±1,26

Chenlo et al. (2007), relataram que os ensaios realizados com produtos

alimentares para obtenção das condições de equilibrio são problemáticos, uma vez que

tanto a sua composição quanto a sua estrutura são severamente afetados após longo

tempo de tratamento. Além disso, Monnerat, et al., (2010) constataram que após 120

minutos de tratamento as células vegetais podem sofrer plasmólise, danificando o

tecido. Isso mostra, portanto, que conduzir os ensaios até o ponto de equílibrio não

apresenta vantagens quanto à sua predição. As interferências das mudanças físicas e

significativas pelas quais a célula passa, influenciarão a conclusão dos resultados.

Page 133: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 113

Tabela 5.8- Resultados experimentais para perda de água(PA) para amostras de cupuaçu em

torno das condições otimizadas de tratamento.

Tempo

(min)

Conc

(%) PA(%)

Conc

(%) PA(%)

Conc

(%) PA(%)

Temperatura 30ºC

Tempo Conc. PA Conc. PA Conc. Tempo

30 45 24,28±0,37 50 30,34±0,19 55 33,31±1,23

60 45 29,67±0,18 50 35,71±0,63 55 39,12±0,7

120 45 38,86±0,6 50 45,54±0,96 55 50,61±0,57

180 45 45,71±1,35 50 52,04±1,07 55 56,09±1,38

240 45 50,41±0,7 50 57±1,18 55 62,15±2,28

300 45 54,57±0,49 50 59,64±1,18 55 64,18±1,83

360 45 54,04±1,11 50 60,5±0,58 55 66,76±1,13

420 45 55,73±1,49 50 62,11±0,73 55 64,53±1,88

480 45 56,02±0,52 50 61,61±0,74 55 65,54±1,19

540 45 55,2±0,6 50 61,83±0,62 55 65,07±1,74

600 45 56,02±0,6 50 62,95±1,16 55 66,09±2,05

35ºC

30 45 27,41±0,98 50 33,32±0,95 55 38,06±0,93

60 45 33,36±1,86 50 40,22±1,03 55 44,19±0,74

120 45 43,02±0,78 50 48,47±0,68 55 53,16±1

180 45 50,67±2,3 50 55,74±1 55 59,79±1,49

240 45 55,78±1,36 50 62,08±1,43 55 65,95±0,75

300 45 58,41±1,52 50 65,2±1,87 55 69,32±1,11

360 45 58,33±0,78 50 64,47±1,09 55 69,15±0,96

420 45 59,61±1,16 50 65,62±1,51 55 70,42±1,27

480 45 58,97±0,94 50 65,59±2,08 55 69,31±0,88

540 45 59,17±0,92 50 65,59±1,6 55 69,07±1,64

600 45 59,97±1,59 50 66,01±1,34 55 68,58±1,06

40ºC

30 45 30,27±0,85 50 36,44±0,91 55 38,48±3,88

60 45 36,61±0,75 50 42,04±1 55 46,05±1,34

120 45 44,43±0,71 50 51,23±0,78 55 54,93±5,48

180 45 51,73±1,47 50 57,6±1,24 55 60,8±2,11

240 45 59,35±1,18 50 64,7±0,98 55 70,11±2,84

300 45 61±0,86 50 67,35±2,3 55 70,82±2,5

360 45 61,6±2,03 50 66,77±0,8 55 68,14±2,7

420 45 62,86±1,71 50 68,22±1,6 55 74,36±5,07

480 45 61,98±0,58 50 67,36±2,08 55 70,93±2,59

540 45 61,09±1,08 50 67,08±1,77 55 68,44±2,62

600 45 61,29±2,37 50 68,03±0,87 55 74,88±6,57

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Capitulo 5 114

Tabela 5.9- Resultados experimentais para ganho de Sólidos (GS) para amostras de

cupuaçu em torno das condições otimizadas de tratamento.

Tempo

(min)

Conc

(%) GS(%)

Conc

(%) GS(%)

Conc

(%) GS(%)

Temperatura 30ºC

30 45 0 50 2,4±0,04 55 5,15±0,26

60 45 1,16±0,04 50 4,6±0,28 55 7,67±0,31

120 45 4,88±0,22 50 8,36±0,34 55 11,69±0,31

180 45 7,84±0,5 50 11,39±0,12 55 14,81±1,13

240 45 9,76±0,38 50 13,33±0,57 55 16,61±0,94

300 45 11,53±0,14 50 14,92±0,35 55 18,05±1,09

360 45 11,52±0,68 50 14,96±0,69 55 18,79±0,16

420 45 11,91±0,58 50 16,04±0,68 55 17,84±1,06

480 45 12,39±0,5 50 16,06±0,84 55 17,58±0,63

540 45 12,01±0,73 50 15,61±0,31 55 18,28±1,15

600 45 11,78±0,5 50 15,79±0,5 55 19,22±0,59

35

30 45 1,31±0,79 50 3,28±1,82 55 6,94±1,66

60 45 3,51±0,22 50 7,1±0,36 55 10,33±0,38

120 45 7,09±0,22 50 11,09±0,93 55 14,33±1,36

180 45 10,38±0,48 50 13,56±1,1 55 16,54±0,78

240 45 13,18±0,45 50 16,44±0,59 55 19,58±0,78

300 45 14,13±1,08 50 17,29±1,03 55 20,64±1,06

360 45 14,06±0,76 50 17,99±0,73 55 20,81±1,22

420 45 14,54±0,65 50 17,77±0,43 55 21,08±0,84

480 45 14,21±0,25 50 18,04±1,1 55 20,79±1,18

540 45 15,39±1,49 50 17,94±1,27 55 21,45±0,85

600 45 15,27±1,08 50 18,37±1,51 55 21,37±2,24

40ºC

30 45 2,44±0,29 50 4,3±2,48 55 8,02±1,79

60 45 5,04±0,28 50 8,46±0,41 55 11,71±0,27

120 45 8,66±0,37 50 12,56±1,04 55 15,1±1,24

180 45 11,76±0,41 50 15,11±0,53 55 18±1,22

240 45 14,13±0,39 50 18,13±0,98 55 20,96±1,51

300 45 15,34±0,9 50 19,13±0,63 55 22,34±1,3

360 45 15,06±0,66 50 18,95±1,12 55 21,88±1,12

420 45 16,01±0,4 50 19,72±0,42 55 23,19±1,24

480 45 15,54±0,47 50 19,29±1,23 55 22,39±1,02

540 45 16,72±0,67 50 19,93±1,04 55 22,22±1,52

600 45 16,69±0,39 50 20,04±0,12 55 22,84±1,94

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Capitulo 5 115

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 5.19 – Cinética da transferência da PA e do GS nas amostra de cupuaçu para as temperaturas de:30ºC (a) e (b); 35ºC (c) e (d); 40ºC(e) (f).

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Capitulo 5 116

As Figuras 5.20(a-f) mostram a cinética da PA e GS à temperatura de 31ºC e

35ºC para as concentrações de 55, 60(ponto ótimo) e 65%. Pode ser observado que a PA

e GS aumento de forma não linear com o tempo. As Figuras mostram que nas

primeiras horas as taxas de PA aumenta significativamente até, aproximadamente,

5000s (8h e 23 min). A partir desse tempo as taxas de PA não são tão significativas. O

GS, no entanto, continua amentando até o final (36000s). Segundo análise canônica dos

autovalores e autovetores, esse comportamento foi previsto, pois quanto maior o tempo

e a concentração, maior será o ganho de sólidos. Assim, quando se compara às curvas

das Figuras 5.20(a-f), nota-se o a taxa do GS continua aumentando até o tempo final.

Ainda é possível observar nas Figuras 5.20(a-f) que a curva de PA a 65ºC

(Figura 5.20(c)) apresenta uma perda maior que a curva do ponto ótimo. Isso está de

acordo com a análise canônica dos autovalores e autovetores, onde se concluiu que a

variável que mais influencia da PA é a concentração de sacarose na solução. Assim,

conforme a Figura 5.20(c, f), na concentração de 65% de sacarose ocorre também um

maior ganho de sólidos. Para a concentração de 55%, embora se observe um baixo GS

nessa concentração, Figura 5.20(a,c), a PA é menor do que aquela do considerada

ótima e a relação PA/GS também é menor.

As Figuras 5.20(d-f) mostram a PA na temperatura de 35ºC para concentrações

de 55, 60 e 65% de sacarose na solução. Assim como na PA, a taxa do GS diminuir

com o aumento do tempo. Mavroudis et al. (2012), relataram que, durante a

desidratação, altas concentrações de sacarose (40-60%) provocam mudanças na

estrutura da parede celular reduzindo sua porosidade. Isso afetará diretamente o GS,

pois conforme Floury et al. (208) um maior GS está relacionado com porosidade da

parede celular. Se houver uma redução dessa porosidade, haverá uma redução da taxa

do ganho de sólidos.

A Tabela 5.10 mostra os valores dos coeficientes de transferência de massa de

água e sacarose que foram ajustados para encontrar as curvas cinéticas por meio da

segunda lei de Fick. O valor do coeficiente de transferência de PA para as amostras de

jaca no ponto ótimo (60%) foi de 1,99E-10 e o coeficiente para o GS foi de 1,50E-10.

Assim, devido à baixa transferência da massa de sacarose, em virtude da difusividade da

sacarose, e da elevada difusividade para PA, esse ponto demonstra melhor o processo

de D.O.

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Capitulo 5 117

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 5.20 – Cinética da transferência da PA e do GS nas amostra de Jaca para as temperaturas de:31ºC (a), (b) e (c); 35ºC (d), (e) e (f).

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Capitulo 5 118

Para as amostras de cupuaçu o coeficiente da PA nas condições consideradas

ótimas (35ºC e 50% Sacarose), foi de 9,0E-10, sendo quarto maior, quando comparado

com os demais coeficientes. No entanto, o seu coeficiente de GS também é o quarto

maior entre os demais coeficientes de GS, porém, esses coeficientes possuem, para seu

respectivo coeficientes de PA, menores valores.

Assim quando se analise a relação PA/GS entre os coeficientes observa-se que,

nas duas condições consideradas (para jaca), a PA é aproximadamente 10 vezes maior

que o GS.

Esses valores de coeficientes de transferência de massa, tanto para água quanto

para sacarose, então de acordo com os valores de coeficientes de transferência de

massa citado por vários autores (Allali et al.2010; Andrade et al., 2007; Silva et al.,

2012; Monnerat et al., 2010; Atares et al., 2009).

Como pode ser observado, os valores dos coeficientes de PA são, geralmente,

maiores que os valores dos coeficientes de GS, indicando que a velocidade de perda de

água é maior que a velocidade do ganho de sólidos nas condições consideradas ótimas

(Souraki et al., 2012).

5.5 – Determinação do coeficiente de transferência de massa de

água baseado na termodinâmica de processos irreversíveis.

Os dados das Tabelas 5.6 e 5.7 foram utilizados para determinar o coeficiente de

transferência de massa de água das amostras de jaca para o meio osmótico. Foram

calculados ainda a resistência total equivalente do sistema o coeficiente fenomenológico

e o coeficiente de difusividade mássica usando as equações 3.44-3.69. A Tabela 5.11 e

5.12 mostram esses resultados obtidos.

Na Tabela 5.11 o valor de Lw à concentração de 60% e na temperatura de 31ºC é

semelhante àquele obtido na Tabela 5.12. Ou seja, como já mostrado anteriormente, a

PA na temperatura de 35ºC e nas concentrações de 55, 60 e 65% são próximos da PA a

31ºC na concentração de 60%. Contudo, para essa última condição, o GS, resposta

desejável na D.O., é baixo e o gasto de energia no processo será o mínimo, uma vez

que não será necessário aquecer a temperatura na condição anterior da solução, ou seja,

35ºC.

Page 139: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 119

Tabela 5.10 - Coeficientes de transferência de massa de PA e GS de jaca e cupuaçu em solução

com diferentes temperaturas e concentrações

Temperatura

(ºC)

Concentração

de sacarose(%)

PA(%) GS(%)

Dab RMSE Dab RMSE

Jaca

31 55 3,00E-10 0,06256 2,00E-10 0,4728

31 60 1,99E-10 0,0198 1,50E-10 0,2994

31 65 3,30E-10 0,2825 2,70E-10 0,3433

35 55 3,10E-10 0,5452 2,40E-10 0,5884

35 60 3,40E-10 0,4377 2,80E-10 0,39

35 65 4,10E-10 0,1855 2,20E-10 0,4884

Cupuaçu

30 45 7,00E-10 0,9745 5,50E-10 0,6673

30 50 8,00E-10 0,5973 7,80E-10 0,3396

30 55 8,80E-10 1,004 8,50E-10 0,5522

35 45 8,20E-10 0,9699 7,10E-10 0,5483

35 50 9,00E-10 1,0146 8,90E-10 0,3407

35 55 9,70E-10 1,2669 1,04E-09 0,5679

40 45 8,60E-10 1,3475 8,50E-10 0,4918

40 50 9,40E-10 1,2122 9,70E-10 0,424

40 55 9,20E-10 2,4 1,01E-09 0,6797

Na Tabela 5.11 são mostrados os coeficientes fenomenológicos, os coeficientes

de transferência de massa, o fluxo de PA e o coeficiente global de transferência de

massa. O coeficiente de transferência de massa é considerado na literatura uma

constante. No entanto, os cálculos apresentados na Tabela 5.11 mostram que para os

tempos iniciais isso não é verdade. Contudo, as diferenças apresentadas, do ponto de

vista da cinética de transferências não são perceptíveis. Assim, é de se esperar que, ao

se plotar os gráficos referente à concentração e temperatura desses coeficientes, suas

curvas ficariam sobreposta, visualizando apenas um gráfico. Por esse motivo os

gráficos foram plotados separadamente na Figura 5.20 (cada PA com seu respectivo

GS) e diferentemente da Figura 5.9 (todas as curvas de PA, plotadas separadas das

curvas de GS).

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Capitulo 5 120

Para os valores de Lw, embora pudesse ser considerado uma constante, na

Tabela 5.11 apresentam uma leve variação com tempo. Isso acontece por que,

conforme Seguí et al.(2012), devido a alta concentração da sacarose o sistema tende a se

adaptar e, desta forma, a energia livre disponível é usado para transferir as moléculas de

água através da membrana plasmática. Portanto, os valores de Dab e Lw podem

apresentar pequenas variações para se adaptar às mudanças do sistema.

É possível observar na Tabela 5.12, que não há variações do Lw nas diferentes

concentrações à temperatura de 35ºC, embora no inicio do processo esses coeficientes

sejam maiores nos tempos iniciais, ou seja <3600s (1 hora) . Esses resultados estão de

acordo com as inclinações nos tempos iniciais mostrados nas Figuras 5.13(a,b)-

5.14(a,b) e 5.20(d-f).

A Tabela 5.11 também mostra que leves mudanças ocorrer no coeficiente de

transferência de massa (Dab). Castro-Girádez et al (2011) mostraram que isso tende a

ocorrer em virtude a perda de energia mecânica, provocada pela taxa de encolhimento e

pelo gradiente de atividade.

Diferentes valores de coeficientes fenomenológicos foram obtidos em vários

trabalhos: Ferrando e Spiess(2002) obtiveram o coeficiente fenomenológico para

cebola, cenoura e batata a 30ºC no valor de 1E-6 mol²/Jsm² 6,08E-6 mol²/J.s.m²; Seguí

et al.(2006), obtiveram o Lw no valor de 4,5E-5 mol²/Jsm² para amostras de maçã e

Castro-Giraldez et al(2011) obtiveram o Lw no valor de 1095E-5 mol²/Jsm² para as

amostras de maçã. Assim os valores obtidos de Lw, por meio das equações 3.46 e 3.40,

para as amostras de jaca variam entre 2,08E-6 a 2,4E-6 mol²/Jsm² e estão de acordo

com a literatura.

Os valores das difusividades também são apresentados na literatura: Souraki et

al (2012) obtiveram os valores de Dab para o pimentão verde, em 3 temperaturas e 3

concentrações, na faixa de 1,89E-10 m²/s a 2,71E-10 m²/s; Mercali et al. (2011), no

estudo da difusividade de da água em amostra de banana obtiveram valores para o Dab

na faixa de 5,19-6,47E-10 m²/s; Silva et al, no estudo da D.O. de acerola obtiveram

valores de Dab na faixa de 1,58E-10 a 1,77E-10 m²/s e Panades et al. (2008) na

desidratação osmótica da goiaba obteve valores de Dab na faixa de 0,69E-10 a 1,40E-

10 m²/s.

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Capitulo 5 121

No item 5.4, desse capítulo, o valor do Dab para as amostras de jaca a 31ºC e

concentração de 60% foi de 1,99E-10 m²/s. Na Tabela 5.11 para essa mesma

temperatura é concentração o valor é de 3,039E-10 m²/s a diferença entres os valores é

de 34,5%. Portanto, quando alguns autores (Segui et al, 2012; Ferrando e Spiess, 2002;

Castro-Giraldez et al, 2010; Fito et al, 2007; Aguilera et al., 2003;Aguilera et al., 2005)

afirmam que o uso da Lei de Fick subestima a importância da microestrutura no

processo de transferência de massa e talvez estejam se referindo a esse percentual.

De fato o Dab da água deve considerar todas as estruturas envolvidas no

processo de transferência, como no caso a existência da plasmalema. Assim, o

coeficiente de transferência de massa obtido por meio do modelo CMC (da equação

3.47) satisfaz essa exigência, conforme os valores mostrados na Tabela 5.11 e 5.12

quando comparado com os valores da Tabela 5.10.

5.6. Resultados de bancada nas condições consideradas ótimas

para D.O. de amostras de jaca.

Para a comparação entre os dados de bancada e os dados que foram obtidos no

piloto utilizou-se apenas as amostras de jaca.

A Tabela 5.13 mostram 8 réplicas dos resultados obtidos para PA e GS nas

amostras de jaca tratadas à temperatura de 31ºC, concentração de 60% durante 4200s,

ou 70 min. A escolha desse ponto foi baseada na análise feita na Tabela 5.10.

O desvio médio mostra que cada valor do GS e da PA é distância da média em

torno de 0,398 e 0,48, respectivamente. São desvios considerados baixo, pois

representam apenas 4% e 1% da média dos seus respectivos valores.

O valor médio encontrado é de 9,85% e 47,15% e através da FO o valor foi de

10,23 e 46.65. Alguns fatores podem ter contribuídos para que essa diferença: Os

estados de maturação, a dimensão dos frutículos o local da colheita, etc.

5.7. Dados experimentais do piloto

A Tabela 5.14 mostra os dados que foram obtidos na escala piloto comparados

com os dados obtidos na escala de bancada. A Tabela 5.15 mostra as medidas

estatísticas obtidas entre as duas amostras. Pode-se observar que a diferença entre as

médias de PA e GS, nos dois tratamentos é de 3,61% para GS e 4,22% para PA.

Page 142: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 122

Tabela 5.11 - Coeficientes fenomenológicos das amostras de jaca à temperatura de 31ºC

em diferentes concentrações

Tempo Jw(mol/s)

(eq. 4.4)

UA(m²/s)

(eq. 3.44)

Lw(mol²/Jsm²)

( eq.3.40-3.46)

Dab(m²/s)

(eq. 3.47) 60% de sacarose

30 4,552E+04 6,106E-03 2,406E-06 3,03918E-10

60 1,793E+04 6,106E-03 2,405E-06 3,03735E-10

120 8,888E+03 6,106E-03 2,403E-06 3,03587E-10

180 5,875E+03 6,106E-03 2,402E-06 3,03362E-10

240 4,365E+03 6,106E-03 2,399E-06 3,03084E-10

300 3,459E+03 6,106E-03 2,398E-06 3,02905E-10

360 2,857E+03 6,106E-03 2,398E-06 3,029E-10

420 2,425E+03 6,106E-03 2,396E-06 3,02661E-10

480 2,125E+03 6,106E-03 2,396E-06 3,02647E-10

540 1,876E+03 6,106E-03 2,395E-06 3,02492E-10

600 1,685E+03 6,106E-03 2,395E-06 3,02486E-10

55% de sacarose

30 4,552E+04 5,283E-03 2,081E-06 2,62801E-10

60 1,846E+04 5,283E-03 2,080E-06 2,62732E-10

120 8,990E+03 5,283E-03 2,079E-06 2,62651E-10

180 5,887E+03 5,283E-03 2,078E-06 2,62456E-10

240 4,374E+03 5,283E-03 2,076E-06 2,62185E-10

300 3,482E+03 5,283E-03 2,075E-06 2,62081E-10

360 2,852E+03 5,283E-03 2,074E-06 2,61974E-10

420 2,461E+03 5,283E-03 2,073E-06 2,61809E-10

480 2,141E+03 5,283E-03 2,072E-06 2,61765E-10

540 1,900E+03 5,283E-03 2,071E-06 2,61622E-10

600 1,706E+03 5,283E-03 2,071E-06 2,61558E-10

65 de sacarose

30 4,552E+04 5,417E-03 2,134E-06 2,69516E-10

60 1,837E+04 5,417E-03 2,133E-06 2,69482E-10

120 8,879E+03 5,417E-03 2,132E-06 2,69355E-10

180 5,865E+03 5,417E-03 2,131E-06 2,69184E-10

240 4,335E+03 5,417E-03 2,129E-06 2,68912E-10

300 3,452E+03 5,417E-03 2,128E-06 2,68757E-10

360 2,849E+03 5,417E-03 2,128E-06 2,6873E-10

420 2,427E+03 5,417E-03 2,125E-06 2,6845E-10

480 2,147E+03 5,417E-03 2,126E-06 2,68541E-10

540 1,868E+03 5,417E-03 2,125E-06 2,68427E-10

600 1,672E+03 5,417E-03 2,125E-06 2,68409E-10

Page 143: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 123

Tabela 5.12 - Coeficientes fenomenológicos das amostras de jaca à temperatura de 35ºC em

diferentes concentrações

Tempo Jw(mol/s)

(eq. 4.3)

UA(m²/s)

(eq. 3.45)

Lw(mol²/Jsm²)

( eq.3.41-3.47)

Dab – Modelo CMC

(m²/s)

(eq. 3.48)

60% de sacarose

1800 4,552E+04 6,266E-03 2,43721E-06 3,11899E-10

3600 1,783E+04 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

7200 8,873E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

10800 5,831E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

14400 4,280E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

18000 3,381E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

21600 2,839E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

25200 2,464E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

28800 2,105E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

32400 1,865E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

36000 1,676E+03 6,266E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

55% de sacarose

1800 4,552E+04 6,089E-03 2,36817E-06 3,03065E-10

3600 1,794E+04 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

7200 8,905E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

10800 5,847E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

14400 4,370E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

18000 3,474E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

21600 2,873E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

25200 2,434E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

28800 2,130E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

32400 1,892E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

36000 1,700E+03 6,089E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

65 de sacarose

1800 4,552E+04 6,094E-03 2,37017E-06 3,03321E-10

3600 5,575E-05 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

7200 1,124E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

10800 1,710E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

14400 2,300E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

18000 2,911E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

21600 3,527E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

25200 4,146E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

28800 4,768E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

32400 5,394E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

36000 6,024E-04 6,094E-03 2,40609E-06 3,07917E-10

Page 144: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 124

Tabela 5.13 - Perda de Água(PA) e ganho de sólidos(GS) das amostras de jaca

submetida ao tratamento osmótico à 31ºC na concentração de 60% durante 70 min.

Temperatura Concentração Tempo GS(%) PA(%)

31 60 70 9,41 46,9

31 60 70 9,67 47,86

31 60 70 10,02 46,77

31 60 70 9,24 48,54

31 60 70 10,27 46,65

31 60 70 9,31 46,65

31 60 70 10,93 46,71

31 60 70 9,88 47,06

31 60 70 9,97 47,25

média

9,856 47,154

Desvio médio

0,398 0,486

Desvio Padrão

0,533 0,648

Variância 0,285 0,419

Aplicou-se o teste t para duas amostras independentes com o objetivo de se

verificar se houve alteração na média populacional quando foi avaliada na bancada e

no piloto, usando as equações 5.1 a 5.4. As condições na bancada e no piloto

representam populações distintas, embora se suponha que elas eram iguais.

𝑡 =�̂� − 𝑚0

√𝑠2

𝑛

(5.1)

onde �̂� é média dos desvios dada pela equação 5.2 e 𝑚0 é a média populacional para

PA e GS, s² é a variância dada pela equação 5.3 e n é o número de amostras.

�̂� =∑ 𝑑𝑖𝑛1=1

𝑛 (5.2)

onde d representa os desvios entres os tratamentos de bancada e piloto.

Page 145: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 125

𝑠2 =∑ 𝑑𝑖

2𝑛1=1 −

(∑ 𝑑𝑖𝑛1=1 )2

𝑛𝑛 − 1

(5.3)

Para 𝐻0: 𝑚1 = 𝑚2 (5.4)

Se |𝑡| > 𝑡𝑡𝑎𝑏 então se rejeita 𝐻0

Se |𝑡| < 𝑡𝑡𝑎𝑏 então não se rejeita 𝐻0

O valor de t encontrado foi de 2,44 e o valor tabelado (Apendice A) para 2 grau

de liberdade ao nível de 5% de significância é de 4,30. Portanto, |𝑡| < 𝑡𝑡𝑎𝑏 e aceitou-

se a hipótese H0 e, desta forma, a médias para os tratamentos para GS e PA em escala

piloto e escala de bancada não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade.

Também ao se avaliar o conjunto dos dados para cada variável, PA e GS, dentro

de cada tratamento, bancada e piloto, os coeficientes de variação observados mostraram

que medidas de PA e GS são consideradas homogêneas. Porém, a maior

homogeneidade dos dados são observados na PA entre ensaios em escala de bancada e

escala piloto.

Portanto o tratamento da jaca em escala piloto conseguiu reproduzir o tratamento

em escala de bancada à temperatura de 31ºC, na concentração de 60% durante 70 min

(1h e 10 min) de maneira satisfatória.

5.8. Simulação

5.8.1 – Parametros para simulação computacional

A transferência de massa na D. O. é realizada através do transporte de massa de

água e de soluto. Em se tratando da D.O. em frutas, tendo como soluto a sacarose, a

membrana plasmática das células é impermeávels a esse soluto e, portanto, o transporte

transmembranar corresponde apenas ao fluxo de água através da membrana e será

proporcional à diferença de potencial químico da água.

Entretanto para determinar a transferência de massa de água do citoplasma da

célula até o meio osmótico, essa diferença de potencial químico corresponde não

somente a uma diferença de potencial entre a membrana plasmática e o espaço

intracelular, mas também entre o espaço intracelular e o meio osmótico. Desta forma

Page 146: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 126

dois transportes são necessários para transferência de massa de água: o transporte

através da membrana plasmática (transporte transmenbranar) e o transporte através da

parede (transporte apoplástico).

Tabela 5.14 - Comparação das amostras de jaca submetida ao tratamento

osmótica na temperatura de 31ºC com concentração de 60% durante de 70 min

ou 1h e 10 min na escala de laboratório e na escala piloto.

Nº GS PA

Bancada Piloto Bancada Piloto

1 9,41 9,12 46,9 45,62

2 9,67 11,54 47,86 45,15

3 10,02 9,45 46,77 45,95

4 9,24 10,31 48,54 44,75

5 10,27 9,29 46,65 45,23

6 9,31 10,34 46,65 45,95

7 10,93 11,44 46,71 47,11

8 9,88 9,78 47,06 45,47

9 9,97 10,5 47,25 41,62

Valor

médio

9,5 - 46,53

1 9,41 9,83 46,9 44,93

2 9,67 10,92 47,86 45,89

3 10,02 10,76 46,77 43,82

4 9,24 11,56 48,54 45,37

5 10,27 10,05 46,65 42,55

6 9,31 10,85 46,65 44,89

7 10,93 9,54 46,71 45,86

8 9,88 10,73 47,06 44,81

9 9,97 9,45 47,25 46,49

Valor

médio - 9,66 - 45,24

Tabela 5.15. Medidas estatísticas entre os valores obtidos na escala de bancada e na

escala piloto para as amostras de jaca submetida ao tratamento osmótica na

temperatura de 31ºC com concentração de 60% durante 70 min ou 1h 10min .

Estatística

GS PA

Bancada Piloto Bancada Piloto

Média 9,86 10,23 47,15 45,16

D.P. 0,52 0,79 0,63 1,32

C.V 5,25 7,7 0,85 1,03

Erro (%) 3,01-8,7 4,14-8,5

Diferença (%) 3,61 4,22

Page 147: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 127

A transferência de massa da sacarose ocorre entre o meio osmótico e o espaço

intracelular, o qual, segundo Marcotte et al. (1992), corresponde ao espaço de

mobilidade da sacarose. Assim, para atingir essa região, a sacarose se difunde através

da parede celular por meio de um coeficiente binário (Dab). Entretanto, a equação 3.40

mostrou que a concentração de sacarose no espaço intracelular, influencia a

transferência de massa de água, devido ao aumento de pressão provocado por essa

concentração que aumenta no decorrer no tempo (equação. 3.41). Assim, observa-se

que uma simulação de D.O. de frutas deve apresentar o sinergismo entre a transferência

de massa de água e de sacarose, levando em consideração os coeficientes de

transferência em único modelo único (equação 3.50), ou o uso de um coeficiente, como

o modelo CMC (equação 3.47), que mostre esse sinergismo. A simulação realizada

levou em consideração a primeira opção e o coeficiente de transferência de massa de

água e o coeficiente fenomenológico foi determinado conforme a Tabela 5.11,

respectivamente e o coeficiente de transferência de massa de sacarose foi determinado,

conforme o item 5.4, ou seja utilizado ajuste bidimensional através da técnica de

diferenças finitas centradas resolvida pelo método alternância de diferenças

implícita(TDFC-ADI). Os demais parâmetros utilizados na simulação e que foram

usados nas equações 3.21 a 3.28, estão listados na Tabela 5.16.

5.8.2. Simulação computacional

Para realização da simulação computacional foram utilizados os valores dados

na Tabela 5.16. Foi considerada um malha de 100 X 100 pontos internos, para melhor

precisão das PA ponto a ponto.

A Figura 5.21 apresenta as curvas de contorno da perda de água dentro das

amostras de jaca na temperatura de 31ºC, na concentração de 60% de sacarose durante

4200s (1h e 10 minutos).

A Figura 5.21 também mostra a mudança do perfil da PA com o tempo. Nos

tempos iniciais (0-3600s) é possível observar a mudança na coloração da Figura 5.21.

A partir desse tempo, a mudança é atenuada. Não é tão intensa, mas continua

ocorrendo. Isso acontece por que a principio a perda de água ocorre a taxas elevadas,

mas no decorrer no tempo essa taxa diminui. Nesse caso, a taxa de penetração do

açúcar limita a perda de água, devido a formação de um região de saturação que

Page 148: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 128

começa a se formar no espaço intracelular. Isso está de acordo com a afirmação de

Lenart e Flink (1984) que apontaram que em concentrações de sacarose à 60% a

profundidade de penetração osmótica fica limitada por uma camada interna compactada.

Assim, embora a concentração de sacarose no espaço intracelular contribui para o

aumento do fluxo de água, essa contribuição tem um limite, ou seja, até que quantidade

suficiente de açúcar saturem o espaço intracelular limitando a saída de água. isso está de

acordo com a teoria expressa na equação 3.40.

A PA ocorre da região mais interna para região mais externa. Assim, nos

processos de secagem, de uma forma geral, a retirada de uma maior quantidade de água

ocorre na superfície do material. Caracteristicamente, os alimentos, submetidos ao

processo de secagem, apresentam a região superficial mais seca do que a região interna.

Assim, como o processo de desidratação osmótica se caracteriza como um processo de

pré-secagem, é de se esperar que tenha um comportamento semelhante ao da secagem,

ou seja, maior PA na superfície e, consequentemente menor PA na região interna. Na

simulação as amostras de jaca apresentam esse comportamento.

As Figuras 5.22(a-d) mostram a evolução temporal da PA nas amostras de jaca.

Comparando as Figuras é possível observar uma retração da camada com baixa PA,

representada pela coloração azul mais intensa, ou seja com grande quantidade de água

na fase inicial do processo de D.O. A coloração de vermelho ao amarelo indica a

saturação de sacarose nas camadas superficiais. Na figura 5.22(a) é possível observar a

concentração de sacarose representada pelas cores de vermelho à amarelo e a ausência

dessa concentração nas camadas mais internas. À medida que o tempo prossegue,

figura 5.22(b-d), é possível notar a presença da concentração de sacarose nas camadas

mais internas, representada pela cor esverdeada.

Page 149: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 129

Figura 5.21 – PA de amostras de jaca em solução de sacarose a 60% e temperatura de 31ºC

A Tabela 5.16 mostra a comparação entre os valores obtidos na bancada,

simulação e piloto. Portanto os dados acima comprovam que a simulação conseguiu

reproduzir com a margem de erro de 2,12% em relação à bancada e 3,60% em relação

ao piloto para o GS. Para a PA a diferença foi de 2,30% em relação à bancada e 1% em

relação ao piloto.

Portanto a simulação foi capaz de prever de forma satisfatória os valores da PA e

GS na temperatura de 31ºC, na concentração de 60% durante 4200s (1h 10min).

Tabela 5.16. PA e GS obtidos na bancada, simulação e piloto para temperatura de 31ºC,

concentração de 60% de sacarose durante 4200s(1h e 10min).

Estatística

GS PA

Bancada Simulação Piloto Bancada Simulação Piloto

Média 9,86 10,07 10,23 47,15 47,05 45,16

Page 150: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 5 130

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.22 – Evolução temporal da PA nos tempos de: (a)1800s;(b)2000s; (c)3000s e (d)4000s.

Page 151: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

CONCLUSÕES ............................................................................................................ 131

6.1. Conclusões ......................................................................................................... 131

6.1.1 Modelagem e superfície de resposta ............................................................... 132

6.1.2. Cinética de transferência de massa no ponto ótimo – Lei de Fick ................ 132

6.1.3 – Coeficiente de transferência de massa de sacarose e de água utilizando no

novo modelo baseado na termodinâmica dos processos irreversíveis. .................... 133

6.1.4. Simulação computacional .............................................................................. 133

6.1.5. Tratamento osmótico na planta piloto. ........................................................... 134

6.2. Considerações e perspectivas ............................................................................ 134

6.1. Conclusões

Nesse trabalho foi realizado o estudo e o desenvolvimento de um sistema piloto

para o processamento de jaca e cupuaçu. Foram obtidos e analisados os dados

experimentais do cupuaçu e da jaca e a partir deles foram determinados: as faixas

ótimas do processamento para o sistema piloto; a cinética do perda de água e ganho de

sólidos; os coeficientes de transferência de massa sacarose e de água utilizando a Lei de

Fick no regime transiente e bidimensional; o coeficiente fenomenológico da perda de

água; um novo modelo para determinação do coeficiente de transferência de massa de

Page 152: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 6 132

água para desidratação osmótica; modificação do modelo simulação de desidratação

osmótica proposto por Toupin e Marcotte (1989) com as modificações proposta por

Marcotte et al.(1992) e desenvolvimento de um desidratador para um sistema piloto de

desidratação osmótica.

6.1.1 Modelagem e superfície de resposta

As condições ótimas para a máxima perda de água e mínimo ganho de sólidos

corresponderam a uma temperatura de 35ºC, concentração de 50% de sacarose durante

240 min para as amostras de cupuaçu. Nessas condições otimizadas a perda de água foi

de 59,17% e ganho de sólidos de 9,5ºBrix. Para as amostras de jaca as condições

ótimas de tratamento foram determinadas na temperatura de 31ºC para uma

concentração de sacarose de 60% durante 71min. Nessas condições otimizadas a perda

de água foi de 46,64% e o ganho de sólidos de 9,23%. Esses resultados foram validados

por meio da repetição dos experimentos em escala de bancada no laboratório. Portanto,

os valores foram satisfatório e confiáveis podendo ser utilizados como base para

tratamento em planta piloto.

6.1.2. Cinética de transferência de massa no ponto ótimo – Lei de

Fick

Os coeficientes de difusividades de massa de água e de sacarose para as

amostras de cupuaçu foram encontrados na faixa de 7,00E-10 a 9,70E-10 m²/s e 1,04E-

9 a 10,70E-10 m²/s, respectivamente. Para as amostras de jaca os valores dos

coeficientes de transferência de massa de água e de sacarose foram obtidos na faixa de

1,5E-10 a 4,10E-10 m²/s e 1,5E-10 a 2,8E-10m²/s, respectivamente. Esses valores nas

condições ótimas mostraram que a transferência da massa de água ocorre de forma mais

rápida que a transferência da massa de sacarose, estando, portanto de acordo com o

objetivo da desidratação osmótica que é uma máxima perda de água e um mínimo de

ganho de sólidos.

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Capitulo 6 133

6.1.3 – Coeficiente de transferência de massa de sacarose e de água

utilizando no novo modelo baseado na termodinâmica dos

processos irreversíveis.

Para o novo modelo de coeficiente de transferência de massa de água baseado

na termodinâmica dos processos irreversíveis e na Lei de Fick, os valores dos

coeficientes fenomenológicos e do modelo CMC para massa água obtidos foram na

faixa de 2,07E-10 a 2,40E-6 mol/Jsm² e 2,61E-10 a 3,079E-10 mol/Jsm²,

respectivamente. Os valores obtidos para os coeficientes fenomenológicos estão de

acordo com os dados da literatura, mas esses valores referem-se somente à transferência

de massa de água do citoplasma até o espaço intracelular. Já os valores para os

coeficientes de transferência de massa de água foram obtidos pelo novo modelo de

coeficiente (modelo C.M.C), nas condições otimizadas e apresentaram diferenças de

35% em relação àqueles obtidos pela segunda lei de Fick, o que era de se esperar um

vez que o modelo CMC incorporar as mudanças que ocorrem na transferência de massa

de água em função do coeficiente fenomenológico. Portanto, a transferência da massa

de água em amostra de célula vegetal deve acontecer em função desse novo coeficiente

que agrega a segunda lei de Fick e o coeficiente fenomenológico.

6.1.4. Simulação computacional

O modelo de simulação modificado foi testado apenas nas condições otimizadas

de temperatura, concentração e tempo de tratamento para amostras de jaca. O modelo

foi capaz de predizer o processo de desidratação osmótica nessas condições, havendo

uma boa concordância dos dados de simulação com os dados da escala em bancada e

em escala piloto referente à perda de água e ganho de sólidos. O sistema conseguiu

mostrar, de forma gráfica, o comportamento da perda água nas amostras de jaca. A

deficiência do sistema reside no tempo de processamento de cerca de 20 minutos, em

virtude da quantidade de pontos (100 X 100 = 10.000) necessários para construir uma

figura com boa resolução gráfica e resultados precisos.

Page 154: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

Capitulo 6 134

6.1.5. Tratamento osmótico na planta piloto.

Os dados obtidos na planta piloto apresentaram boa correlação com os dados de

bancada com erros de apenas 3,61% e 4,22% para ganho de sólidos e perda de água

respectivamente. Conclui-se que o tratamento osmótico pode ser realizado na planta

piloto com a certeza dos resultados serem semelhantes aos de bancada. Para aplicação

industrial, alguns testes precisaram ser feitos, como mudança no tipo de aquecimento,

por exemplo, vapor, teste de outras formas geométricas das amostras, teste de agitação

mecânica, etc.

6.2. Considerações e perspectivas

1. O modelo CMC poderá ser utilizado para outras frutas;

2. O modelo CMC poderá ser adaptado para hortaliças e tubérculos;

3. Simulação da lei de Fick usando o sinergismo da transferência de massa de água e

sacarose e compará-los com trabalhos já realizados;

4. Aperfeiçoamento o modelo de simulação com respeito à entrada e saída dos dados e

incorporá-lo ao pacote computacional;

5. O modelo de simulação poderá ser usado para outros solutos;

6. Novos testes no pacote computacional da função objetivo poderá ser feito para

modelos de frutas já estudados e testar os resultados em escala de bancada e em escala

piloto;

7.A planta piloto poderá ser utilizada em novas configurações como posição horizontal,

aquecimento através de vapor e agitação mecânica;

8.O desenvolvido de alimentos enriquecidos com nutrientes (vitaminas, minerais,

carboidratos e aminoácidos essenciais e não essenciais) poderá ser feito em escala de

bancada e na escala piloto, e

9. Modelos neurais poderão ser desenvolvidos utilizando o Algoritmo das Amostras

Particionadas com Base nas Distancias x-y (SPXY) para várias frutas e otimizá-los por

meio de Algoritmo genético.

Page 155: Tese Doutorado - Sergio de Sousa Castro.pdf

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Apêndice A 146

TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DE

t STUDENT

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147

gl

Teste Unilateral

15% 10% 5% 2,5% 2% 1% 0,5% 0,1% 0,05%

Teste Bilateral

30% 20% 10% 5% 4% 2% 1% 0,2% 0,1%

1 1,9626 3,0777 6,3137 12,7062 15,8945 31,8210 63,6559 318,2888 636,5776

2 1,3862 1,8856 2,9200 4,3027 4,8487 6,9645 9,9250 22,3285 31,5998

3 1,2498 1,6377 2,3534 3,1824 3,4819 4,5407 5,8408 10,2143 12,9244

4 1,1896 1,5332 2,1318 2,7765 2,9985 3,7469 4,6041 7,1729 8,6101

5 1,1558 1,4759 2,0150 2,5706 2,7565 3,3649 4,0321 5,8935 6,8685

6 1,1342 1,4398 1,9432 2,4469 2,6122 3,1427 3,7074 5,2075 5,9587

7 1,1192 1,4149 1,8946 2,3646 2,5168 2,9979 3,4995 4,7853 5,4081

8 1,1081 1,3968 1,8595 2,3060 2,4490 2,8965 3,3554 4,5008 5,0414

9 1,0997 1,3830 1,8331 2,2622 2,3984 2,8214 3,2498 4,2969 4,7809

10 1,0931 1,3722 1,8125 2,2281 2,3593 2,7638 3,1693 4,1437 4,5868

11 1,0877 1,3634 1,7959 2,2010 2,3281 2,7181 3,1058 4,0248 4,4369

12 1,0832 1,3562 1,7823 2,1788 2,3027 2,6810 3,0545 3,9296 4,3178

13 1,0795 1,3502 1,7709 2,1604 2,2816 2,6503 3,0123 3,8520 4,2209

14 1,0763 1,3450 1,7613 2,1448 2,2638 2,6245 2,9768 3,7874 4,1403

15 1,0735 1,3406 1,7531 2,1315 2,2485 2,6025 2,9467 3,7329 4,0728

16 1,0711 1,3368 1,7459 2,1199 2,2354 2,5835 2,9208 3,6861 4,0149

17 1,0690 1,3334 1,7396 2,1098 2,2238 2,5669 2,8982 3,6458 3,9651

18 1,0672 1,3304 1,7341 2,1009 2,2137 2,5524 2,8784 3,6105 3,9217

19 1,0655 1,3277 1,7291 2,0930 2,2047 2,5395 2,8609 3,5793 3,8833

20 1,0640 1,3253 1,7247 2,0860 2,1967 2,5280 2,8453 3,5518 3,8496

21 1,0627 1,3232 1,7207 2,0796 2,1894 2,5176 2,8314 3,5271 3,8193

22 1,0614 1,3212 1,7171 2,0739 2,1829 2,5083 2,8188 3,5050 3,7922

23 1,0603 1,3195 1,7139 2,0687 2,1770 2,4999 2,8073 3,4850 3,7676

24 1,0593 1,3178 1,7109 2,0639 2,1715 2,4922 2,7970 3,4668 3,7454

25 1,0584 1,3163 1,7081 2,0595 2,1666 2,4851 2,7874 3,4502 3,7251

26 1,0575 1,3150 1,7056 2,0555 2,1620 2,4786 2,7787 3,4350 3,7067

27 1,0567 1,3137 1,7033 2,0518 2,1578 2,4727 2,7707 3,4210 3,6895

28 1,0560 1,3125 1,7011 2,0484 2,1539 2,4671 2,7633 3,4082 3,6739

29 1,0553 1,3114 1,6991 2,0452 2,1503 2,4620 2,7564 3,3963 3,6595

30 1,0547 1,3104 1,6973 2,0423 2,1470 2,4573 2,7500 3,3852 3,6460

35 1,0520 1,3062 1,6896 2,0301 2,1332 2,4377 2,7238 3,3400 3,5911

40 1,0500 1,3031 1,6839 2,0211 2,1229 2,4233 2,7045 3,3069 3,5510

50 1,0473 1,2987 1,6759 2,0086 2,1087 2,4033 2,6778 3,2614 3,4960

60 1,0455 1,2958 1,6706 2,0003 2,0994 2,3901 2,6603 3,2317 3,4602

120 1,0409 1,2886 1,6576 1,9799 2,0763 2,3578 2,6174 3,1595 3,3734

+ 1,0364 1,2816 1,6449 1,9600 2,0537 2,3264 2,5758 3,0902 3,2905