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especial edição de aniversário UMA SELEÇÃO COM OS MELHORES MOMENTOS

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Edição Especial de Aniversário

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especial edição de aniversário

uma seleção com os melhores momentos

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O MUNDO DAS FORMASO pARAlelO eNtRe MODA e DeSigN

NA viSãO De CRiStiNA ROUCO

COMO NASCe UMA MARCAOpiNiõeS e COMeNtáRiOS De qUeM eNteNDe SObRe

O pROCeSSO De CRiAçãO De MARCAS De MODA

iStAMbUl

MObiliDADe FASHiONFAçA tUDO De bike SeM DeixAR De SeR CHiC!

A ARte De expeRiMeNtARJUN NAkAO - UM OlHAR A FReNte DO SeU teMpO

eDitORiAiSDROSOpHilA

NOite De OUtUbRO

eNSAiOMONiqUe AMOReSAtO

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eDiçãO 04 - eSpeCiAl De ANiveRSáRiO

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// O MUNDO DAS FORMAS

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eM 1952, ARNe JACObSeN, UM DOS gRANDeS NOMeS DA ARqUitetURA

DiNAMARqUeSA, lANçA A CADeiRA “tHe ANt” COM FORMAS qUe evOCAvAM O New

lOOk De DiOR. “tHe ANt” Se tORNOU A pRiMeiRA De UMA

SéRie De CADeiRAS qUe ReNDeRiAM AO ARqUitetO ReNOMe

MUNDiAl COMO DeSigNeR De MóveiS. pelA pRiMeiRA vez, ASSeNtO e

eNCOStO eRAM FeitOS eM UMA úNiCA peçA De lAMiNADO. eM 1955, lANçA A CADeiRA “Sé-

Rie 7” - MUitAS vezeS CHAMADA SiMpleSMeNte De “tHe NUMbeR SeveN CHAiR”

- qUe viRiA A SeR A CADeiRA De MAiOR SU-CeSSO COMeRCiAl NO MUNDO. A FORMA DAS

CADeiRAS SéRie 7, NO tRAçO AteMpORAl De JACObSeN,

tiNHA UM “qUê” De FeMiNiliDADe e vOlúpiA.

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“O Design transforma as idéias sobre o mundo na forma de objetos, a Moda, como precursora das ten-dências que estão por vir, transforma os objetos do Design e a Arquitetura”.por // Cristina Rouco

Do New Look de Dior às formas orgânicas da pol-trona Egg de Arne Jacobsen, dos volumes inimagi-náveis de Balenciaga à linha de cadeiras Bertoia assi-nadas por Harry Bertoia, tudo é reflexo do tempo. “A moda é um reflexo de como somos e dos tempos em que vivemos”, dito isso, James Laver – importante historiador de moda inglês nascido em 1899 -, talvez visse a moda sob a ótica da expressão da dinâmica sócio-cultural de uma época. O que talvez Laver não soubesse é como esta expressão transforma o cená-rio e a maneira não só de se vestir, mas a forma dos objetos de design.Com o fim da II Guerra Mundial, quando todos pre-viam simplicidade e conforto, Christian Dior apre-sentava ao mundo o seu New Look.Com silhueta bem marcada, Dior comprimiu a cin-tura, aumentou os quadris realçando o busto no que viria a ser conhecida como silhueta ampulheta O estereótipo Frilly de Dior representava exatamente aquilo que os designers da época buscavam: liberda-de plástica na criação de formas orgânicas.

// arquitetos da modaAssim como na moda, o design rompia com a aus-teridade dos tempos de guerra. Com o término do racionamento generalizado a ordem era produzir e consumir!Os avanços tecnológicos foram absorvidos pelos designers e arquitetos da época para a criação de produtos mais eficientes e ergonômicos. Saarinen, Charles e Ray Eames e Harry Bertoia foram inova-dores no uso de materiais como o plástico, resinas, fibra de vidro, arames e compensados moldados.Durante os anos 50, a alta-costura vivia o seu apo-geu.Nomes importantes como o espanhol Cristobal Balenciaga - considerado o grande mestre da alta--costura, viveram o auge de sua fama. As formas e volumes imortais, e a perfeição nas proporções con-

seguidas por Balenciaga aproximavam a sua arte da arquitetura.Aclamado como “Arquiteto da Moda”, Balenciaga criou o vestido “saco” em 1950, que muito se asseme-lhava à forma pentagonal da poltrona Diamond do italiano Harry Bertoia, produzida em tela metálica entrelaçada sobre estrutura de aço curvado, que pas-sou a ser comercializada também em 50.Em 1958, o arquiteto Arne Jacobsen apresenta as ca-deiras “Swan” e “The Egg”, que haviam sido concebi-das para o lobby do SAS Royal Hotel, em Companhag, um dos mais importantes projetos arquitetônicos de sua autoria. De formas orgânicas e voluptuosas, Jaco-bsen imprime seu traço modernista e as transforma em ícones do design mundial.Em um clima de euforia consumista gerada nos anos de pós-guerra, a nova década que começava já pro-metia grandes mudanças. Num prenúncio de liber-dade que o “The Sixties” pregava, surgem os objetos produzidos em larga escala e o ready to wear.A Dinamarca era então o centro da cena do design contemporâneo. Com suas formas simples e funcio-nais, a escola escandinava modificou definitivamente a forma de ver e pensar o design.

// o pós-guerra e o design orgânicoCom a introdução de novas matérias primas, que permitiam maior liberdade na criação de formas orgânicas, surge Verner Panton. Conhecido como o “enfant terrible”, o dinamarquês Panton inicia a revo-lução pop no mobiliário, utilizando plástico, poliure-tano e espuma em suas criações.Em 1960 lança aquela que seria sua mais famosa criação: a cadeira Panton, um dos ícones do Pop Art. Em forma de “S”, a cadeira, que serviu para cobrir a nudez da modelo Kate Moss, na capa da Vogue ingle-sa de 1995, só passou a ser produzida em 1960.A democratização da moda com o advento do ready to wear transformou sua lógica industrial. Em uma sociedade cada vez mais voltada para o presente e para o consumo, a alta costura perde seu status de vanguarda e o ready to wear, produzindo industrial-mente a preços acessíveis a todos, pôs a moda para andar nas ruas. Assim como no design, a moda nun-ca mais seria a mesma.

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Poltrona Diamond 1950 - um belo exemplo do traço

atualíssimo de Harry Bertoia

Cadeira Panton - unificada tanto naforma como no material

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// COMO NASCe UMA

MARCA?

Você tem uma brilhante ideia, compra alguns teci-dos da moda, começa a confeccionar alguns produ-tos, abre um ponto de venda e até ganha dinheiro! Você já tem uma MARCA?A resposta à pergunta anterior é NÃO! Claro que não! Você tem apenas um comércio!Ser uma MARCA exige bem mais do que isso. É preciso um processo de gestão que se inicia com o nascimento de uma ideia e perdura por toda a exis-tência da MARCA, dependendo de inúmeros ajustes durante esse percurso.O processo de BRANDING, palavra tão em moda no mundo dos negócios, porém pouco compreen-dida em sua essência, nasce com a criação de uma ideia que possa gerar um forte DNA para a marca perdurar ao longo dos tempos. Quando o assunto é DNA, lembramos de nós mesmos os seres humanos, onde o DNA representa toda a codificação genética da existência da pessoa desde que ela nasce até o dia de sua morte.Esta informação nos mostra que todas as ideias e ati-tudes colocadas no processo de gestão da MARCA não somente farão parte de sua existência, como de-terminarão exatamente como será o posicionamen-

to desta no mercado, sua identidade e consequente-mente a maneira como ela será aceita ou não por seu público-alvo.Concordo com a citação de AL & Lara no livro A Origem das Marcas, quando dizem que “a despeito das centenas de milhares de palavras que já escreve-mos sobre BRANDING, a essência do tema nos es-capou!” Um princípio importante nunca foi isolado, definido ou explicado:– A Divergência! Considerada a força menos com-preendida e mais poderosa do mundo!Para AL & Lara, a única analogia que lhe faz justi-ça está no livro de Charles Darwin sobre biologia A Origem das Espécies, onde, dentro desta analogia, tudo o que acontece na natureza está acontecendo no mundo das MARCAS, produtos e serviços. Todas as categorias tendem a divergir e se tornar duas ou mais, criando, assim, oportunidades infindáveis para se construir uma MARCA.Após anos de trabalho junto às diferentes MARCASde moda do país, acredito que para gerir o processo de existência de uma MARCA, Planejamento, Inves-timento, Marketing Agressivo, Produto, Distribuição e uma revisão periódica dos processos de GESTÃO

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são palavras de ordem!Os lojistas de multimarcas, revendedores das princi-pais marcas em todo o Brasil via atacado, ampliaram sua visão, tornandose também bons empreendedo-res. Descobriram a força de suas lojas. Alguns, inclu-sive, já lançam suas pequenas marcas, aproveitando--se do cenário favorável de sua loja e clientela fiel. Passaram a exigir mais das MARCAS que revendem em seus pontos de venda. A loja virou ponto de mí-dia e as MARCAS só irão obter sucesso se, além de oferecer uma boa margem de lucro para o lojista, in-vestirem também em seu PDV e no TREINAMEN-TO de suas equipes. Há necessidade de uma parceriarealmente sólida!As MARCAS aventureiras desaparecem do mercado em 1 ou 2 anos, devido principalmente à “mesmi-ce” de suas criações e produtos, sem criatividade ou identidade próprias, embora sempre surjam novas em seu lugar. Por que um lojista deve aceitar reven-der uma marca em sua loja que não ofereça marke-ting agressivo e lucratividade para seu negócio?Fazendo novamente uma analogia da teoria biológi-ca de Darwin citada por AL & Lara, uma MARCA NOVA é como uma nova espécie. Ela não evolui a

partir de outra já existente, tem que ter vida própria! Tem que ser reconhecida ao longo dos anos como ÚNICA.

// identidade // conceito // dna“Muitos candidatos a empresáriosnão entendem o que é Identidade, Conceito ou DNA, criam negóciossem planejamento, não conhecem o cronograma de prazos de produção do mercado, não investem em processos industriais inovadores e diferenciados para seus produtos.Lançam coleções atrasadas com pouco ou nenhum investimento em marketing e soltam essa BOMBA ATÔMICA nas mãos de seus departamentos comer-ciais e representantes de vendas, como se estes tives-sem culpa de seus erros pela falta de planejamento. Acreditam mesmo assim que podem se apresentar como donos de uma MARCA.”

// rk denim by renato kherlakianPioneiro da moda no Brasil, Renato Kherlakian re-torna ao mercado com a RK Denim, que já nasce dentro do conceito de Jeans Premium, com um perfil de excelência e exclusividade. Renato disse à TRIG

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que, para uma marca ser única é preciso oferecer o exclusivo. Para ele, o posicionamento da marca deve se basear na inovação, tecnologia, meio ambiente, serviços e forte equilíbrio de ações na relação entre produto X marca X qualidade. “Na RK, temos um cuidado especial, focado na perfeição da modela-gem, numeração impar (intermediária) e no fecha-mento dos ganchos das calças com um processo di-ferenciado de conforto, ou seja, vestir ou vestir.” A divulgação da marca tem papel crucial nesse proces-so, onde Renato acredita que de todas as ferramentas a melhor ainda é o corpo a corpo, e no caso da RK o bunda a bunda, brincou ele com a nossa reportagem.

// parcerias // franquias // multimarcasPara Junior Paixão, presidente do grupo Play Size Company, uma marca deve nascer de uma boa histó-ria para se contar. A identidade é o DNA da MARCA enquanto o Conceito é como se interpreta este DNA. O posicionamento dela deve estar baseado nesse DNA, que juntamente com o produto e a comuni-cação devem ser os pilares de sua existência. Junior leva ao mercado uma visão diferente, que pensa na

parceria com seus franqueados e lojistas de multi-marcas.Hoje, a Play Size não é apenas uma marca querendovender produtos para o lojista revender, é um negó-cio focado na rentabilidade para todos, praticamente direto da fábrica para o lojista, onde podem ser gera-das margens de lucro de até 3,0 no Mark up final dos produtos no varejo.

// conceito com cara de cinemaFabiano Rodrigues, proprietário da marca masculina Steed, com 2 anos de atuação no mercado, comenta que a maior dificuldade para o pequeno empresário de moda é adaptar o cronograma de produção das coleções à necessidade de faturamento que todas as MARCAS precisam ter desde o início para manter a empresa saudável, principalmente nos seus primei-ros 2 anos.Se não entendermos que é preciso andar sempre nos prazos e investir muito antes de se ter algum retor-no é melhor nem entrar no ramo. O Planejamento é tudo, comentou Fabiano para a TRIG.

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// na memória do público-alvoPara Cléo Aidar, a MARCA realmente nasce quando ela começa a ser lembrada por um PÚBLICO-AL-VO, que uma vez detectado passa a exigir desta que ela supra todos os seus desejos. Cléo é justamente o exemplo de planejamento, conhecimento de merca-do e de seu público-alvo. Após trabalhar como mo-delo para os principais estilistas nos anos 70 e pos-teriormentecomo representante de vendas de várias MARCAS,criou sua própria MARCA, a Cléo Aidar, que é sinô-nimo de elegância, requinte e autenticidade há mais de 25 anos. Mas justamente por se preocupar em acompanhar o processo evolutivo da mulher a quem veste, criou ainda sua segunda marca, a Circus, que nasceu para atender às necessidades de descontração e conforto desta mulher no seu dia-a-dia.Aproveitando o exemplo da Cléo e de tantos outros grandes empresários da moda nacional, conhecer a fundo a personalidade, desejos e o estilo de vida do homem ou mulher que são alvos da MARCA, devem ser a preocupação de vida do empresário de moda. O estudo aprofundado desses requisitos é que defi-

nem a história que você irá contar ao consumidor, a identidade e o conceito de sua MARCA.Concordo também com Michel Chevallier e GeraldoMazzalovo, que afirmam em seu livro Pró-logo que a ética e a estética da MARCA precisam definir uma visão de um mundo específico, porém seus produtos sazonais precisam oferecer originalidade e inovação no contexto dessa visão. Quanto mais coordenadas e eficazes forem as manifestações da identidade da MARCA, maior será seu impacto!Do livro Pró-logo podemos ainda comentar uma cita-ção que diz que, como esperamos que uma MARCA seja compreendida e também adotada pelo consumi-dor, o tema da IDENTIDADE assume importância crucial, pois entre MARCAS e PESSOAS existe ne-cessariamente uma identificação cultural, estrutura-da pelos códigos culturais de um determinado grupo social. Entendendo este grupo, suas visões, desejos, necessidades, comportamentos e variáveis, podere-mos provavelmente fazer nascer uma MARCA com uma forte tendência a se tornar ÚNICA ao longo de sua existência.

Foto: Divulgação

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MAgiA. é A pRiMeiRA

pAlAvRA qUe Me veM

à MeNte qUANDOleMbRO De

MiNHA eStADiA eM iStAMbUl

// TEXTO LILIAN CATHARINO // FOTOS DIVULGAçÃO

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MAgiA. é A pRiMeiRA

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Primeiro pelo fato do grande barato de Istambul es-tar posicionada metade na Ásia e metade na Europa. Segundo por ter uma cultura religiosa tão diferente de um país como o Brasil e ter ao mesmo tempo pes-soas tão iguais a nós. Terceiro pelo fato da história dizer que a primeira cidade do mundo pode ter sur-gido ali. Poderia citar mais uns cem motivos porque Istambul é mágica, mas seria no mínimo, cansativo.Dividida pelo estreito de Bósforo, canal que divide fisicamente a Ásia da Europa e liga o Mar de Márma-ra (braço do Mediterrâneo) ao Mar Negro, é terra desultões, haréns e minaretes. É dona de um passado riquíssimo por onde andaram povos conquistadores,batalhas, diversos estilos arquitetônicos, civilizações e religiões. Já foi dominada pelo Império Romano quando se chamava Constantinopla, pelo Império Bizantino e pelos Otomanos até chamar-se Istambul e acabar com o fim da era da Idade Média em mea-dos de 1400.Toda esta diversidade de ocupação contribuiu para a riqueza cultural da cidade e suas marcas interessan-

tíssimas podem ser vistas no bairro central histórico de Sultanahmet. Ali duas rainhas convivem frente a frente na principal praça da cidade: A Mesquista Azul e a Basílica de Santa Sofia.A Mesquita Azul é a única de todas as dezenas de Is-tambul que possui seis minaretes. Eles ecoam o som do chamado para as cinco orações diárias. O interiorda Mesquita é incrivelmente revestido de mosaicos azuis e não possui nenhuma imagem, pois a religião na as cultua. A primeira vez que ouvi o chamado para a reza, foi de arrepiar. Parecia que por um instante o tempo parou (ou talvez a minha surpresa fizesse com que me desligasse de todo o resto).É como se um silêncio enorme tomasse conta da ci-dade que tem sua maioria mulçumana. Sem sapatos, primeiro todos os homens entram na mesquita e de-pois as mulheres. Só é permitida a visitação fora dos horários de culto e com a cabeça, braços e pernas co-bertas (para as mulheres).Todas as mesquitas possuem do lado de fora águapara a limpeza dos pés. Estes espaços normalmente

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são todos revestidos de mármore.A Basílica de Santa Sofia foi construída para ser aCatedral de Constantinopla. Possui várias imagenscristãs ortodoxas em mosaicos que foram cobertosposteriormente ao ter sido transformada em mes-quita quando foi tomada pelos turcos Otomanos. Hoje funciona como Museu.Perto da Santa Sofia está um lugar no mínimo curio-so:A Cisterna da Basílica ou Yerebatan Sarayi. Com 336colunas romanas, sendo a maioria de ordem corín-tia, é um antigo armazém de água. Depois de restau-rada, a iluminação e o espelho d’água deixado pro-positalmente criam um clima incrível.Istambul está repleta de palácios construídos pelossultões com muita pompa. O Topkapi é o mais lin-do de todos. Às margens do mar de Mármara, vale a visita ao harém. É possível observar os diversos apo-sentos ocupados pelas escravas que viravam concu-binas do sultão. A riqueza arquitetônica é incrível. Telhados, portas, janelas, grades, mobiliários rica-mente adornados com madrepérola, ouro e mosai-

cos. Um escândalo!O Grande Bazar e o Bazar das Especiarias são dois lugares também imperdíveis. O Grande Bazar é um dos mercados mais antigos do mundo. Formado por mais de 60 ruas cobertas por construções em arco e revestidas de mosaicos, sua especialidade está nas jóias (muito ouro!), echarpes e cerâmicas.Já o Bazar das Especiarias, um pouco menor, mas não menos charmoso possui uma proliferação de cheiros e sabores e dá para ficar louco com os chás e doces.Nem só de passado a cidade é feita. Muitos empreen-dimentos modernos já estão se instalando na cidade ainda mais por ter sido eleita junto com Pecs na Hun-gria e com Essen na Alemanha como capital culturalda Europa (no caso, Euroásia!). Hóteis, lojas e bares novos e descolados têm tudo para deixar Londres e Paris com inveja! A Vogue é um destes locais. No úl-timo andar de um hotel, é um bar/restaurante com vista para o Bósforo. Incrível. Outros restaurantes/baladas do grupo como a Anjelique também prome-tem uma ótima noitada.

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“Munidos de improváveis vestidinhos e indefectíveis scarpins os cidadãos dinamarqueses repaginaram a estética lycra + moletom + tênis tão associada aos esportes.”// Por Cristina Rouco // Fotos divulgação

Conhecida mundialmente como cidade modelo de sustentabilidade, Copenhagen, na Dinamarca, há muito se preocupa com as questões ambientais e urbanísticas tão em voga em tempos modernos. Precursor do movimento Cycle Chic, o fotógrafo e cineasta dinamarquês Mikael Colville-Andersen criou em 2006 o site Copenhagen Cycle Chic com a bandeira de que em um mundo congestionado pe-dalar é um gesto de consciência. Ao fotografar gente bacana pedalando pelas ruas a bordo de suas ma-grelas, Andersen deu início a um movimento que marca o retorno iminente da bicicleta como meio de transporte. Munidos de improváveis vestidinhos e indefectíveis scarpins os mais chics e descolados cidadãos dinamarqueses repaginaram a estética lycra + moletom + tênis tão associada aos esportes, e provaram que é possível sim adotar a bicicleta como meio de transporte cotidiano sem perder a pose.Apelidado de “Sartorialist de duas rodas”, pelo jor-nal inglês The Guardian – uma referência ao blog de moda do pioneiro fotógrafo de streetwear norte--americano Scott Schumann – essa nova tribo urba-na logo ganhou adeptos não só nas cidades europeias como Berlim, Paris ou Amsterdã, onde a cultura bi-ker já fazia parte do cotidiano.New York, Sydney, Milão, L.A, Londres, Madrid, Curitiba, entre outros, ganharam a sua versão Cycle

Chic. Com a crescente popularidade do uso das bi-cicletas nos grandes centros urbanos, a indústria da moda, sempre atenta aos movimentos de rua, lançou bicicletas e acessórios para os adeptos do movimen-to.E como toda tendência urbana tem que ter seus íco-nes, personagens conhecidos do mundinho fashion aderiram ao movimento.A modelo britânica Agyness Deyn, que ficou mun-dialmente famosa após ser garota propaganda do perfume Madame de Jean Paul Gaultier, é uma adep-ta. Na semana de moda de New York, Agyness apare-ceu montada na sua Velorbis. Fotos suas foram pos-tadas em vários sites do movimento. Catherine Baba,a icônica stylist eleita por muitos uma das mulheres mais chics de Paris, constantemente é fotografada com seu par de Louboutin a caminho do trabalho a bordo de sua bike.Em apoio ao sistema de transporte público de bici-cletas implantado pela prefeitura de Paris, Karl La-gerfeld ,o Kaiser da Maison Chanel, lançou a Veló Chanel – que fazia parte da coleção de verão 2008 – a bicicleta da grife francesa com bolsinhas de matelas-sê em couro preto. Gucci e Hermès fizeram o mes-mo. Bicicletas e acessórios vintage se transformaram em objetos de desejo assim como a customização das bikes e acessórios.Mas acima de tudo o cycle chic é muito mais do que um movimento fashionista. É um desses gestos conscientes como reciclar o lixo, aderir ao uso das ecobags, diminuir o gasto de água. Um manifesto de atitude, movimento e ação.

// MObiliDADe FASHiON

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Foto: Mikael Colville-Andersen

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a costura do invisível Foto // Fernando Louza

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// A ARte De

expeRiMeNtAR

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“Alguns estilistas subvertem a ordem e fazem das passarelas palco de verdadeiros espetáculos, aproximando a moda da arte performática”.por // Cristina Rouco

Enquanto muitos discutem se moda é arte, alguns estilistas vêm pulverizando seus talentos em outras searas. Para essas mentes criativas, a moda não se esgota em si mesma.Exemplo disso é o badalado estilista Tom Ford, conhecido por reinventar a poderosa marca italiana Gucci. Em seu filme de estréia como diretor,uma adaptação do livro de Christopher Isherwood publicado em 1964 e que estreou por aqui em março deste ano, Tom Ford reserva à moda um papel secundário. Mesmo em sua beleza tirânica de cuidadosos enquadramentos, apuradas combina-ções de cores, sequências de cenas plasticamente im-pecáveis, não fazem do filme dirigido por Ford um belo editorial de moda. “É o trabalho mais pessoal que já fiz”, diz o diretor.Segundo ele, moda é um esforço criativo mais co-mercial. “O filme foi meu primeiro trabalho como pura forma de expressão”, conclui.

Limitados pelo tempo paradoxal da indústria da moda, onde tudo é fugaz, volátil e efêmero, alguns criadores subvertem a ordem e fazem das passare-las palco de verdadeiros espetáculos, aproximando a moda da arte performática.Plenamente estabelecido na vanguarda da moda contemporânea, o duas vezes nomeado “British De-signer of the Year”, Hussein Chalayan, estilista turco--cipriota, é conhecido por seu uso inovador de ma-teriais, atitudesprogressistas e crítica social. Usando a moda como forma de expressão, Chalayan é um dos mais expe-rimentais e conceituais designers de moda da atua-lidade.

// a subversão de chalayanEm seus desfiles performáticos, Chalayan subverte a ordem apresentando coleções onde o resultado final é menos importante do que o conceito inicial que o gerou. Os questionamentos do designer são o ponto de partida para pensar suas criações.Quando a situação alarmante de Kosovo atravessou as fronteiras em 1999, Chalayan apresentou a cole-ção Afterwords, uma reflexão sobre a problemática

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dos refugiados e sua situação nômade que explorava o conceito do “wearable”.(usável) Em sua arquitetura vestível, Chalayan transformou móveis em peças de vestuário. Em um cenário totalmente branco, recriou uma sala de estilo modernista onde cadeiras e mesas se trans-formavam em saias e vestidos deixando a sala despi-da e sem vida ao final da performance.Repleta de intencionalidade e conceito, as criações do designer são exercícios de técnica e experimen-tação.

// o gênio contestadorExemplo emblemático desta convergência entre arte e moda é a obra do estilista britânico Alexan-der McQueen, morto em fevereiro deste ano. Incon-formista, McQueen representava a contestação de toda uma geração. Convidado em 96 por Bernard Arnault, presidente do conglomerado LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton S.A), para assumir a dire-ção criativa da Maison Givenchy, rompeu contrato em 2001 alegando que a empresa “constrangia sua criatividade”.Autobiográfico, McQueen era um grande criador de

imagens. Conhecido por sua maestria técnica, o esti-lista evocava constantemente a relação arte/modaem seus audaciosos desfiles-conceito. Sua última co-leção para o Outono/Inverno 2009, é a mostra da sua natureza contemporânea. Intitulada “The Horn of Plenty”, McQueen transformou objetos comuns em acessórios prodigiosos, numa poesia à reciclagem e a reutilização. O gênio da contestação criticava os padrões de beleza preestabelecidas pela indústria da moda.Um belo exemplo disso são as imagens criadas por ele na performance de “Plato´s Atlantis – desfile da cole-ção verão 2010. Plato´s foi uma sucessão de imagens surreais sobre a evolução humana vista através dos olhos de McQueen. Com maquiagem pesada, as mo-delos apresentaram a coleção com próteses no rosto numa alusão as brânquias dos peixes. Com pele decobra e cabelos trançados até formarem chifres, as beldades carregavam vestidos subaquáticos e sapatos com saltos altíssimos em forma de garra. Nesta per-formance, McQueen utilizou o poder transformador da moda para lembrar a necessidade da adaptação humana as novas condições ambientais.

jum nakao // divulgação

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Neste time de peso onde o conceito da moda vai muito além do simples ato do vestir, está o brasileiro Jum Nakao que é um desses estilistas que pouco di-ferenciam a moda da arte. Para ele segmentar arte e moda é coisa do passado. “Vivemos um momento de profundas transforma-ções e incertezas. A ciência e a tecnologia aceleraram o rompimento de fronteiras e liquidificaram velhos paradigmas. Tudo se tornou possível e acessível”, declarou Jum numaentrevista que gentilmente cedeu à Revista Trig.Talvez o termo estilista seja restrito para qualificá-lo. Em sua dimensão interdisciplinar, Nakao extravasa os domínios da moda. A singularidade de seu trabalho lhe permite ex-pressar questionamentos em busca de um espaço próprio. “As coisa não são feitas apenas de contor-no”, disse certa vez. Em sua busca incessante para acrescentar conteúdo à forma, Jum se despediu das passarelas com um desfile que ficou eternizado na memória de quem viu.

Delicadas roupas feitas de papel vegetal cortadas a laser e inspiradas na estética renascentista do século XIX foram rasgadas ao final do desfile intitulado “A Costura do Invisível”.Para Jum só é possível preencher de conteúdo e in-tencionalidade o que as mãos são capazes de produ-zir, lapidando a alma de quem faz. Tornando opensar crítico uma constante, Jum partiu em busca de uma produção mais “humana”. Nesta trajetória vem ensinando técnicas e formas de criação em comunidades carentes Brasil a fora.Com a preocupação de promover a inserção destas comunidades no mercado e valorizar a cultura local, o designer concebeu a luminária Cocar feita de re-síduos descartados por indústrias moveleiras e de-senvolvida por cooperativas de artesãos do Norte e Nordeste. Este trabalho que pôde ser visto na mostra paralela ao 48º Salão Internacional de Milão na Zona Tortona no ano passado, é apenas uma das vertentes criativas de Jum.

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a costura do invisível Foto // Fernando Louza

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// eNSAiO MONiqUe

AMOReSANO

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