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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL EDUARDO CARDOSO DE CASTRO REUSO DAS ÁGUAS Dezembro de 2006

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

EDUARDO CARDOSO DE CASTRO

REUSO DAS ÁGUAS

Dezembro de 2006

EDUARDO CARDOSO DE CASTRO

REUSO DAS ÁGUAS

Monografia apresentada junto à Universidade

São Francisco – USF como parte dos requisitos

para a aprovação na disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso.

Área de concentração: Hidráulica Orientadora: Profª. Ms Cristina das Graças

Fassina Guedes

Itatiba SP, Brasil.

Dezembro de 2006

ii

“Pior do que você querer fazer e não poder,

é você poder fazer e não querer”.

(Autor desconhecido)

iii

Dedico este trabalho aos meus pais,

que sempre lutaram pela formação

acadêmica de seus filhos.

iv

AGRADECIMENTOS

A conclusão deste trabalho, só foi possível graças ao apoio de inúmeras pessoas e

instituições. A todos dedico minha gratidão. Em especial a minha namorada Evelyn

Duarte Vasques e a todos alunos, professores e amigos que fizeram parte desta

etapa de minha vida, meu mais sincero muito obrigado.

v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS vi

LISTA DE TABELAS vii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS viii

RESUMO ix

PALAVRAS-CHAVE ix

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Objetivo

1.2 Justificativa

3

3

2 REFERENCIAL TEÓRICO 4

2.1 A Sabesp e o reuso das águas 5

2.1.1 Formas básicas do tratamento de esgoto da E.T.E. de Itatiba 7

2.2 Dados Comparativos 10

2.3 Conservação da água 13

2.4 Conceito de reuso 13

2.5 Qualidade comprometida 14

2.6 Formas de preservar a água 15

2.7 Aplicações da água reciclada 16

2.8 Classificação da água reciclada 17

3 METODOLOGIA 20

4 FORMAS DE REUSO DAS ÁGUAS 21

4.1 Reuso de água residencial 21

4.2 Reuso da água do banho para a descarga 22

4.3 Técnicas de tratamento para o reuso da água do banho 23

4.4 Captação da água em cisternas 24

4.5 Normas Técnicas para o Reuso das Águas 25

5 CONCLUSÕES 29

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 30

vi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.01 – Tanque de retenção de materiais sólidos. 7

FIGURA 2.02 – Bombeamento do material no tanque de carvão ativado. 7

FIGURA 2.03 – Tanque de coagulação. 8

FIGURA 2.04 – Tanques de decantação e filtração. 8

FIGURA 2.05 – Tanques da E.T.E. de Itatiba. 9

FIGURA 4.01 – Reuso de água do banho para o vaso sanitário. 22

FIGURA 4.02 – Captação da água de chuva em cisternas. 24

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.01 - Evolução do uso da água no planeta 10

Tabela 2.02 - Consumo médio de água no mundo por faixa de renda 10

Tabela 2.03 - Disponibilidade de água por habitante/região (1000 m³) 11

Tabela 2.04-Distribuição dos recursos hídricos, da superfície e da

população.

12

Tabela 2.05-Média de chuvas no município de Itatiba S.P. 12

Tabela 2.06- Parâmetros característicos para água de reuso classe 1 17

Tabela 2.07 - Parâmetros característicos para água de reuso classe 2 18

Tabela 2.08 - Parâmetros característicos para água de reuso classe 3 18

Tabela 2.09 - Parâmetros característicos para água de reuso classe 4 19

viii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Abreviaturas:

ABES - Associação Brasileira dos Engenheiros Sanitaristas e Ambientais

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DBO – demanda bioquímica de oxigênio

E.T.E.- estação de tratamento de esgoto

NBR – norma brasileira

OMS - Organização Mundial da Saúde

pH - potencial de hidrogênio iônico

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SDT - sólido dissolvido total

SST - sólido suspenso total

UH - unidade Hazen

UT - unidade de turbidez

ix

RESUMO

Apesar da grande quantidade de água no planeta, cerca de 97,5% dela é salgada e

está localizada nos oceanos; 2,5% é doce sendo que desse percentual, 2%

encontra-se nas geleiras, e apenas 0,5% está disponível nos corpos d’água da

superfície. Dessa água disponível, 95% está no subsolo, que é, portanto a grande

“caixa d’água” de água doce da natureza. Quando se relaciona a distribuição da

água doce no Globo terrestre com a distribuição de sua respectiva população,

verifica-se que há um mau aproveitamento desse recurso, pois há partes da Terra

com falta crônica desse líquido precioso. Nota-se uma arregimentação geral na

imprensa, nos governos, na sociedade civil, para o tema escassez de água. Tarifas

baixas ou mesmo pífias impedem as companhias de abastecimento de se

capitalizarem, para expandir a rede, combater os vazamentos crônicos existentes

nas redes hidráulicas, e ainda por cima, incentivam o desperdício que permanece

quase sempre generalizado nos lares, nas indústrias, na agricultura. Impedem

também a construção de Estações de Tratamento de Esgotos, essenciais para a

saúde e a economia, pois o esgoto de hoje é a água potável de amanhã. Este

trabalho de conclusão de curso teve por objetivo levantar informações a respeito das

possíveis formas de reuso das águas residuárias residenciais, industriais e rurais. A

metodologia utilizada neste trabalho foi fundamentada no levantamento do estado da

arte atual relacionado às diferentes formas de reuso das águas residuárias

residenciais, industriais e rurais, obtidos por meio de buscas em sites

especializados, artigos de periódicos, normas técnicas, livros dentre outros. Como

resultado, foram identificados métodos de reuso de águas pluviais e águas cinzentas

para aplicação residencial. Conclui-se que o reuso racional das águas, é viável e

parece ser uma das soluções para combater a escassez do produto, que num futuro

próximo poderá faltar, senão houver a conscientização geral de seu uso racional.

PALAVRAS-CHAVE: Conservação, Escassez, Mananciais, Reuso da Água, Reaproveitamento da Água.

1

1 INTRODUÇÃO

Água, o bem mais precioso e essencial, tanto para os seres humanos, quanto para a

fauna e a flora, passou a ser notada como uma prioridade para todos, pois pela sua

escassez em todo o planeta, o problema vem sendo tratado com mais seriedade,

com ênfase na sua economia e reuso.

Para que isso aconteça, é necessário um trabalho árduo, envolvendo as

autoridades, os órgãos públicos, as concessionárias, os departamentos autônomos

e, principalmente os próprios cidadãos, em busca da conscientização sobre o

assunto.

Faz-se necessário ainda à elaboração de uma política preventiva, baseada na

sensibilidade de cada um, e também uma política realista, demonstrando com frieza

a situação atual, que é muito preocupante, e as precauções necessárias para a

conservação desse bem tão precioso e necessário.

Possivelmente em breve, a água será a causa principal de conflitos entre as nações.

Há sinais dessa tensão em áreas do planeta como Oriente Médio e África. Mas

também os brasileiros, que sempre se consideraram dotados de fontes inesgotáveis,

vêem suas cidades sofrerem falta de água. A generosidade da natureza fazia crer

em inesgotáveis mananciais, abundantes e renováveis. Hoje, o mau uso, aliado à

crescente demanda pelo recurso, vem preocupando especialistas e autoridades no

assunto, pelo evidente decréscimo da disponibilidade de água limpa em todo o

planeta.

O conjunto de atividades humanas, cada vez mais diversificado, associado ao

crescimento demográfico, vem exigindo atenção maior às necessidades de uso de

água para as mais diversas finalidades.

Estas necessidades cobram seus tributos tanto em termos quantitativos quanto

qualitativos, e se evidenciam principalmente em regiões com características de

maior desenvolvimentos urbanos, industriais e agrícolas. No entanto, há de se

destacar a existência de regiões onde a escassez e a má distribuição de água

tornam-se fatores limitantes ao seu próprio processo de desenvolvimento.

2

Em todas estas situações uma questão chave aparece: como enfrentar a relação

demanda e oferta de água. A resposta para essa questão passa invariavelmente

pela necessidade de serem, estabelecidas políticas adequadas e implementados

sistemas efetivos de gestão.

De acordo com Rozestraten, apud Aeaguarujá (2005), “hoje é possível construir no

Brasil casas alternativas com projetos personalizados, valendo-se de sistemas e

materiais alternativos que se apóiam no conceito de ecologia urbana e ambiental”.

Diversos são os instrumentos, os mecanismos e as tecnologias a serem

empregados no trato dessa questão, porém vários deles carecem de estudos e

investigações que auxiliem o seu melhor emprego e produzam resultados sanitários,

ambientais e economicamente satisfatórios.

Uma das alternativas que tem se destacado para enfrentar o problema é o reuso da

água, importante instrumento de gestão ambiental do recurso da água e detentor de

tecnologias parcialmente consagradas para a sua adequada utilização.

3

1.1 Objetivo

Este trabalho de conclusão de curso teve por objetivo identificar informações a

respeito das possíveis formas de reuso das águas residuárias residenciais,

industriais e rurais.

1.2 Justificativa

O trabalho se justifica devido à grande importância do reuso das águas, onde no

futuro, a garantia de acesso à água vai depender de uma mudança de atitude, para

ter consciência que é possível economizar e ter os instrumentos para concretizar

este novo comportamento.

4

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A reutilização ou reuso de água ou o uso de águas residenciais não é um conceito

novo e tem sido praticado em todo mundo há muitos anos. Existem relatos de sua

prática na Grécia Antiga, com a disposição de esgotos e sua utilização na irrigação.

No entanto, a demanda crescente por água tem feito do reuso planejado da água um

tema atual e de grande importância.

Neste sentido, deve-se considerar o reuso da água como parte de uma atividade

mais abrangente que é o uso racional ou eficiente da água, o qual compreende

também o controle de perdas e desperdícios, e a minimização da produção de

efluentes e do consumo de água.

Ao liberar as fontes de água de boa qualidade para abastecimento público e outros

usos prioritários, o uso de esgoto contribui para a conservação dos recursos e

acrescenta uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos. O

reuso reduz a demanda sobre os mananciais de água devido à substituição da água

potável por uma água de qualidade inferior. Essa prática atualmente muito discutida,

posta em evidência e já utilizada em alguns países é baseada no conceito de

substituição de mananciais. Tal substituição é possível em função da qualidade

requerida para um uso específico.

Desta forma, grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso

quando se utiliza água de qualidade inferior, geralmente efluentes pós-tratados, para

atendimento das finalidades que podem prescindir desse recurso dentro dos

padrões de potabilidade.

5

2.1 A Sabesp e o reuso das águas

O Reuso Planejado de Água faz parte da estratégia global para a administração da

qualidade da água proposta pelo PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O

MEIO AMBIENTE - PNUMA e pela ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS.

Nela se prevê o alcance simultâneo de três importantes elementos coincidentes

como objetivos estratégicos da COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO

ESTADO DE SÃO PAULO - SABESP, sendo eles: a proteção da saúde pública, a

manutenção da integridade dos ecossistemas e o uso sustentado da água.

Isto quer dizer que, para a Sabesp, a reutilização da água vai além do atendimento

das demandas circunstanciais. A Sabesp adota o reuso de água desde 1980 em

suas próprias instalações para a limpeza de equipamentos ou manutenções de suas

áreas. Já realiza e vai ampliar ainda mais o reuso planejado de água em suas

instalações de tratamento de água e de esgotos. Atualmente são reaproveitados 780

milhões de litros de água por mês (SABESP, 2006), volume suficiente para

abastecer toda a população de um município como Taubaté. Para o setor industrial,

a empresa está aberta a negócios em torno do reuso da água com sistemas

apropriados de distribuição. A reutilização da água apresenta atrativos como menor

custo, confiabilidade tecnológica e suprimento garantido. No aspecto da qualidade,

os riscos inerentes são gerenciados com adoção de medidas de planejamento,

monitoramento, controle e sinalização adequados.

Os principais processos industriais que permitem o uso de água reciclada são os de

produtos de carvão, petróleo, produção primária de metal, curtumes, indústrias

têxteis, químicas e de papel e celulose. Exemplo disso é o acordo feito entre a

Sabesp e a Coats, empresa fabricante das Linhas Corrente, que utiliza a água de

reuso nos processos de lavagem e tingimento dos produtos desde 1997, sendo que

a economia chega a 70 mil litros de água por hora (SABESP, 2006).

Há também a possibilidade de fornecimento da água reciclada para outros

segmentos. Prefeituras da Região Metropolitana de São Paulo já utilizam a

alternativa para a limpeza de ruas, pátios, irrigação e regas de áreas verdes,

desobstrução de redes de esgotos e águas pluviais e limpeza de veículos.

O reuso planejado de água é um bom negócio. A ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE

ESGOTO – E.T.E. de Barueri, por exemplo, com capacidade atual de 9,5 mil litros de

6

esgoto por segundo, com remoção de 90% da carga poluidora, lança a maior parte

do esgoto tratado no Rio Tietê. Todavia, representa um recurso de grande valor, a

partir de soluções tecnológicas apropriadas, toda essa água deve ser fornecida para

usos específicos, poupando-se grandes volumes de água potável. Uma parte da

água de reuso é utilizada no processo de refrigeração de equipamentos da estação.

Estudos preliminares indicam que o efluente tratado na Estação Barueri para reuso

planejado industrial tem um custo significativamente menor que a média tarifária

industrial praticada atualmente na Região Metropolitana e São Paulo. No total, seis

Prefeituras da Região Metropolitana de São Paulo usam o produto para efetuar

limpeza, além de Barueri, a capital São Paulo, São Caetano do Sul, Carapicuíba,

Diadema e Santo André. Ao contrário de consumir água potável para lavar as ruas

após as feiras livres, caminhões devidamente preparados seguem à E.T.E.para se

abastecer da água de reuso. Atualmente são reaproveitados 34 milhões de litros de

água mensalmente nestas práticas. Os custos são bastante reduzidos. Os órgãos

municipais pagam R$ 0,36 por mil litros de água (SABESP, 2006). Outras 13

empresas também aderiram a prática como as Construtoras OAS, VA Engenharia,

Consdon e Marquise, que compram 172 mil litros de água de reuso por dia, desde

julho de 2002. Para aprimorar o atendimento, em agosto de 2002, a Sabesp

inaugurou o Centro de Reservação de Água de Reuso com capacidade para 50 mil

litros. O reuso planejado da água representa, ainda, a possibilidade de ganhos pela

economia de investimentos e pela comercialização de efluentes hoje descartados. A

Sabesp tem consciência de que suas atividades, no contexto de uma visão sócio-

ambiental, fortalecem-na para atender clientes e acionistas e competir num mercado

cada vez mais exigente.

7

2.1.1 Formas básicas do tratamento de esgoto da E.T.E. de Itatiba

Segundo os funcionários da E.T.E. de Itatiba o tratamento de água e esgoto bruto

que é bombeado e captado, quando chega em seus tanques passa pelo

gradeamento, ou seja, retenção de materiais sólidos conforme se observa na Fig.

2.01.

FIGURA 2.01 – Tanque de retenção de materiais sólidos.

Após passar pelo desarenador, um tanque de sedimentação, o material é

bombeado, passando pela adição de carvão ativado, utilizado para remoção do odor

conforme observa-se na Fig. 2.02.

FIGURA 2.02 – Bombeamento do material no tanque de carvão ativado.

8

Logo a seguir recebe uma pré–cloração, ou seja, adição de cloro para redução de

matéria orgânica e adição de um coagulante e cal hidratada no ponto de maior

turbilhamento para corrigir o pH da matéria, onde segue posteriormente para

floculação, cuja finalidade é transformar as impurezas em suspensão, para que

possam ser removidas, conforme verifica-se na Fig.2.03.

FIGURA 2.03 – Tanque de coagulação.

A decantação e a filtração são processos de separação das partículas sólidas

suspensas que ficam acima da água, que retém as partículas finas que não ficaram

no decantador, como aparece na Fig.2.04.

FIGURA 2.04 – Tanques de decantação e filtração.

9

Adiciona-se cal, cloro e flúor para uma nova correção de pH e uma desinfecção mais

abrangente, onde segue para o reservatório final podendo retornar ao rio mais

próximo como água tratada. A seguir na Fig.2.05 vista ampla da E.T.E de Itatiba.

FIGURA 2.05 – Tanques da E.T.E. de Itatiba.

10

2.2 Dados Comparativos

Os dados apresentados na Tab. 2.01 indicam que conforme aumenta a população,

maior é o consumo de água, pois enquanto a população aumentou em 130 % o uso

da água aumentou em 100 %, conseqüentemente.

Tabela 2.01 - Evolução do uso da água no planeta

Fonte: Casa da Agricultura de Itatiba-S.P. (2006).

Nota-se na Tab. 2.02 que a população de baixa renda consome 1/3 de água, em

relação à população de renda alta.

Tabela 2.02 - Consumo médio de água no mundo por faixa de renda

Fonte: Casa da Agricultura de Itatiba-S.P. (2006).

No período compreendido de 1950 a 2000, observa-se na Tab. 2.03 a

disponibilidade de água/habitante/região reduziu em 304% na África, 271% na

América Latina, 190% na Ásia, 112% na América do Norte e 43% na Europa e

observa-se também que a maior disponibilidade atualmente de água no planeta está

na América Latina (28.300 m³/habitante).

Ano Habitantes

(bilhões)

Uso da água

(m³/hab/ano)

1940 2,3 400

1950 5,3 800

Grupo de Renda Utilização anual

(m³/hab)

Baixa 386

Média 453

Alta 1.167

11

Tabela 2.03 - Disponibilidade de água por habitante/região (1000 m³)

Fonte: Casa da Agricultura de Itatiba-S.P. (2006).

Demonstra-se na Tab. 2.04 que a distribuição da água é irregular, pois na Amazônia

onde estão as mais baixas concentrações habitacionais, possui 68,5% da água

superficial, do País, enquanto isso na Região Sudeste essa relação se inverte, pois

tem a maior concentração populacional do país e somente 6% do total da água.

Na última década, a quantidade de água distribuída aos brasileiros elevou-se em

30%, mas quase dobrou a proporção de água sem tratamento, passando-se de

3,9% para 7,2%, e o desperdício ainda assusta, chegando a 45% de toda a água

ofertada pelos sistemas públicos.

O Brasil abriga o maior rio em volume e extensão do planeta, o Amazonas. Além

disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano

e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e

densa rede de rios, com exceção do semi-árido, onde os rios são pobres e

temporários.

Décadas atrás, a água era considerada, exemplo de “bem não econômico”, isto é,

aquele que é tão abundante e inesgotável: a água, o oxigênio, o sal de cozinha, etc,

os quais não representavam, portanto, valor econômico.

Região 1950 1960 1970 1980 2000

África 20,6 16,5 12,7 9,4 5,1

Ásia 9,6 7,9 6,1 5,1 3,3

América Latina 105,0 80,2 61,7 48,8 28,3

Europa 5,9 5,4 4,9 4,4 4,1

América do Norte 37,2 30,2 25,2 21,3 17,5

TOTAL 178,3 140,2 110,6 89,0 58,3

12

Tabela 2.04-Distribuição dos recursos hídricos, da superfície e da população.

Fonte: Casa da Agricultura de Itatiba-S.P. (2006).

Conforme apresenta a Tab. 2.05 o município de Itatiba obtém um bom índice de

chuva durante todo ano, sendo um pouco escasso nos meses de abril e agosto,

mantendo sua regularidade durante o ano todo.

Tabela 2.05-Média de chuvas no município de Itatiba S.P.

Mês

2005

(mm)

2006

(mm)

Janeiro 259,3 275,7

Fevereiro 115,5 260,4

Março 283,6 334,0

Abril 19,5 22,7

Maio 141,3 24,2

Junho 41,3 19,2

Julho 26,8 78,5

Agosto 9,0 17,6

Setembro 97,3 105,2

Outubro 192,0 211,3

Novembro 158,6 207,3

Dezembro 144,8 -

Total 1489 -

Fonte: Casa da Agricultura de Itatiba-S.P. (2006).

Região do Brasil

Recursos

Hídricos

(%)

Superfície

(%)

População

(%)

Norte 68,50 45,30 6,98

Centro-Oeste 15,70 18,80 6,41

Sul 6,50 6,80 15,05

Sudeste 6,00 10,80 42,65

Nordeste 3,30 18,30 28,91

13

2.3 Conservação da água

A conservação da água pode ser definida como qualquer ação que: reduza a

quantidade de água extraída em fontes de suprimento, o consumo e desperdício da

água e aumente a eficiência do seu uso e a reciclagem do mesmo.

2.4 Conceito de reuso

O reaproveitamento ou reuso da água é o processo pelo qual a água, tratada ou

não, é reutilizada para o mesmo ou outro fim. Essa reutilização pode ser direta ou

indireta, decorrentes de ações planejadas ou não.

Reuso indireto não planejado da água ocorre quando a água, utilizada em alguma

atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a

jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada.

Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma está sujeita às

ações naturais do ciclo hidrológico.

Reuso indireto planejado das águas ocorre quando os efluentes, depois de tratados

são descarregados de forma planejada nos corpos de água superficiais ou

subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no

atendimento de algum uso benéfico. O reuso indireto planejado da água pressupõe

que exista também um controle sobre as eventuais novas descargas de efluentes no

caminho, garantindo assim que o efluente tratado esteja sujeito apenas a misturas

com outros efluentes que também atendam aos requisitos de qualidade do reuso

objetivado.

Reuso direto planejado das águas ocorre quando os efluentes, após tratados, são

encaminhados diretamente de seus pontos de descarga até o local do reuso, não

sendo descarregados no meio ambiente. E o caso com maior ocorrência,

destinando-se ao uso em indústria ou irrigação.

Reciclagem de água é o reuso interno da água, antes de sua descarga em um

sistema geral de tratamento ou outro local de disposição. Essas tendem, assim,

como fonte suplementar de abastecimento do uso original. Este é um caso particular

do reuso direto planejado.

14

O que mostra que, tanto nas cidades como nas indústrias, se existirem duas redes

de água, reusando “água cinzenta”, que é a proveniente de lavagens e banhos, para

a descarga de bacias sanitárias, pode se economizar 1/3 de toda a água.

Alguns dados da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ENGENHEIROS

SANITARISTAS E AMBIENTAIS – ABES (2002) informam que apenas 20% do

esgoto sanitário coletado em áreas urbanas recebem tratamento, sendo que essa

realidade associa-se diretamente a graves danos à saúde pública, ao meio ambiente

e, também, à economia. Em muitos casos práticos, não há tempo para a natureza

usar seus mecanismos naturais de autodepuração e diluição.

2.5 Qualidade comprometida

A água limpa está cada vez mais comprometida na zona costeira e a água de beber

cada vez mais cara.

Essa situação resulta da forma como a água disponível vem sendo usada: como

desperdício, que chega entre 50% a 70% nas cidades, e sem muito cuidado com a

qualidade.

Assim, parte da água do Brasil já perdeu a característica de recurso natural

renovável, principalmente nas áreas densamente povoadas, em razão de processos

de urbanização, industrialização e produção agrícola, que são incentivados, mas

pouco estruturados em termos de preservação ambiental e da água.

Também na zona rural, os recursos hídricos são explorados de forma errônea, além

de parte da vegetação, protetora da bacia, ou seja, a mata ciliar, ser destruída para

a realização de atividades como agricultura e pecuária. Não raramente, os

agrotóxicos e dejetos utilizados nessas atividades acabam por poluir a água. A baixa

eficiência das empresas de abastecimento associa-se ao quadro de poluição, sendo

que as perdas na rede de distribuição por roubos e vazamentos atingem entre 40%

a 60%, além de 64% das empresas não coletarem os esgoto gerado, além de o

saneamento básico não ser implementado de forma adequada.

15

2.6 Formas de preservar a água

Várias as formas de preservação das águas podem ser obtidas por meio de algumas

técnicas tais como:

Membranas filtrantes: Sua tecnologia tem se desenvolvido muito rápido nos últimos

anos, sendo que o custo fixo de instalação e de operação tem baixado muito

ultimamente. Existem muitas situações onde a dessanilização de água marinha, ou a

simples e pura potalização de esgotos é a única alternativa disponível. Cingapura,

que compra água da Malásia, está tratando de convencer sua população a beber a

“New Water”, água de esgoto potalizada, muito mais barata que a comprada de seu

vizinho acima citado. O uso de esgoto potalizado, ou seja, água reciclada, para

recarregar os reservatórios antes do tratamento pode produzir água de beber, que é

uma prática nos Estados Unidos a mais de vinte anos. E estudos não mostraram

evidências de nenhum efeito adverso à saúde.

Outra forma é o aproveitamento das águas da chuva que são vistas pela legislação

brasileira hoje como esgotos, pois ela usualmente vai dos telhados, e dos pisos para

as bocas de lobo aonde, como “solvente universal”, vai carreando todo tipo de

impurezas, dissolvidas, suspensas, ou simplesmente arrastadas mecanicamente,

para um córrego que vai acabar dando num rio que por sua vez vai acabar suprindo

uma captação para tratamento de água potável. Claro que essa água sofreu um

processo natural de diluição e autodepuração, ao longo de seu percurso hídrico,

como dito anteriormente, nem sempre suficiente para realmente depura-la.

Após o início da chuva, somente as primeiras águas carreiam ácidos,

microorganismos e outros poluentes atmosféricos, sendo que normalmente pouco

tempo após a mesma já adquire características de água destilada, que pode ser

coletada e armazenada em reservatórios fechados.

Para uso humano, inclusive como água potável, deve sofrer evidentemente filtração

e cloração, o que pode ser feito com equipamentos simples e barato. Em resumo, a

água de chuva sofre uma destilação natural muito eficiente e gratuita.

Essa utilização é especialmente indicada para o ambiente rural, chácaras,

condomínios e indústrias. O custo baixíssimo da água nas cidades, pelo menos para

residências, inviabiliza qualquer aproveitamento econômico de água de chuva para

16

beber. Já para as indústrias, onde a água é bem mais cara, é usualmente viável

esse uso.

Também as recargas do aqüífero muito usadas no campo e nas indústrias são

alternativas muito boas, estabelecendo uma recarga forçada do aqüífero, pois cerca

de 95% da água doce do Planeta está estocada no subsolo, que tem sido a grande

caixa d’água da natureza.

Hoje em dia, porém, a maioria das indústrias, condomínios em todo Brasil, está

construindo cada vez mais poços profundos; de maneira geral, pode-se dizer que

sua produção está em decadência, pois a procura supera muito a oferta.

2.7 Aplicações da água reciclada

Dentre as principais aplicações da água reciclada, pode-se citar, como exemplo:

Irrigação paisagística em parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de

auto estradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais,

irrigação de campos para cultivos como o plantio de forrageiras, plantas fibrosas e

grãos, plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.

No uso industrial, aplica-se na refrigeração, alimentação de caldeiras, água de

processamento, recarga de aqüíferos, controle de intrusão marinha, e de recalques

de subsolo.

Para o uso urbano não potável, usa-se na irrigação paisagística, combate ao fogo,

descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos,

lavagens de ruas e pontos de ônibus, etc.

Para finalidades ambientais, no aumento da vazão em cursos d’água, aplicação em

pântanos, terras alagadas, indústrias de pesca, aqüicultura, construções, controle de

poeira, dessedentação de animais.

17

2.8 Classificação da água reciclada

Segundo a Resolução Nº 20 do CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE –

CONAMA (2006), pode-se considerar a seguinte classificação para a água de reuso:

Para a classe 1 a água é utilizada em descargas de bacias sanitárias, lavagem de

pisos e fins ornamentais tais como chafarizes, espelho d’água, lavagem de roupas e

de veículos, conforme observa-se nos parâmetros característicos da Tab.2.06.

Tabela 2.06- Parâmetros característicos para água de reuso classe 1

Fonte: CONAMA (2006)

Para a classe 2, a água tem seu uso predominante em lavagem de agregados,

preparação de concreto, compactação de solo, controle de poeira, assim apresenta-

se os dados deste parâmetro na Tab 2.07.

Parâmetros Concentrações

Coliformes fecais Não detectáveis

pH Entre 6,0 e 9,0

Cor (UH) < 10 UH

Turbidez (UT) < 2 UT

Odor e aparência Não desagradáveis

Óleos e graxas (mg/L) < 1 mg/L

DBO (mg/L) < 10 mg/L

Compostos orgânicos voláteis Ausentes

Nitrato (mg/L) < 10 mg/L

Nitrogênio amoniacal (mg/L) < 20 mg/L

Nitrito (mg/L) < 1 mg/L

Fósforo total (mg/L) < 0,1 mg/L

Sólido suspenso total (SST) (mg/L) < 5 mg/L

Sólido dissolvido total (SDT) (mg/L) < 500 mg/L

18

Tabela 2.07 - Parâmetros característicos para água de reuso classe 2

Fonte: CONAMA (2006)

Para a classe 3, a água tem seu uso predominante em irrigação de áreas verdes e

rega de jardins, conforme pode-se observar na Tab. 2.08.

Tabela 2.08 - Parâmetros característicos para água de reuso classe 3

Fonte: CONAMA (2006)

Parâmetros Concentrações

Coliformes fecais < 1000 mL

pH Entre 6,0 e 9,0

Odor e aparência Não desagradáveis

Óleos e graxas (mg/L) < 1 mg/L

DBO (mg/L) < 30 mg/L

Compostos orgânicos voláteis Ausentes

Sólido suspenso total (SST) (mg/L) 30 mg/L

Parâmetros Concentrações

Entre 6,0 e 9,0

0,7 < EC < 3,0 Salinidade

450 < SDT (mg/L) < 1500

Sódio Entre 3 e 9

Cloretos (mg/L) < 350 mg/L Para irrigação

superficial Cloro residual (mg/L) Máxima de 1 mg/L

Sódio > ou = 3,0

Cloretos (mg/L) < 100 mg/L

Toxidade por íons

Específicos Para irrigação com

aspersores Cloro residual (mg/L) < 1,0 mg/L

Irrigação de culturas alimentícias 0,7 mg/L Boro (mg/L)

Regas de jardins e similares 3,0 mg/L

Nitrogênio total (mg/L) 5 – 30 mg/L

DBO (mg/L) < 20 mg/L

Sólidos suspensos totais (mg/L) < 20 mg/L

Turbidez (UT) < 5 UT

Cor aparente (UH) < 30 UH

Coliformes fecais (mL) < 200 / 100 mL

19

Para a classe 4, a água tem seu uso predominante em resfriamento de ar

condicionado, mais precisamente nas torres de resfriamento, onde os parâmetros

característicos aparecem na Tab.2.09.

Tabela 2.09 - Parâmetros característicos para água de reuso classe 4

Fonte: CONAMA (2006)

A OMS (1989), estabeleceu nas diretrizes para uso de esgotos na agricultura e

aqüicultura, o valor numérico de 1000 coliformes fecais/100 mL, uma média

geométrica durante o período de irrigação para irrigação irrestrita de culturas

ingeridas cruas, campos esportivos e parques públicos.

Entretanto, para gramados com os quais o público tenha contato direto deve ser

adotado o valor numérico de 200 coliformes fecais/100 mL.

Variável (mg/L) Sem recirculação Com recirculação

Sílica 50 50

Alumínio 0,1

Ferro 0,5

Manganês 0,5

Amônia

Sem referência

1,0

Sólidos Dissolvidos Totais 1000 500

Cloretos 600 500

Dureza 850 650

Alcalinidade 500 350

Sólidos em Suspensão Totais 5000 100

pH 5,0 – 8,0 6,8 – 7,2

Coliformes Totais /100 mL Sem Referência 2,2

Bicarbonato 600 24

Sulfato 680 200

Fósforo Sem referência 1,0

Cálcio 200 50

Magnésio SR 30

O2 dissolvido presente SR

DQO 75 75

20

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho está fundamentada no levantamento do

estado da arte atual relacionadas às diferentes formas de reuso das águas

residuárias residenciais, industriais e rurais.

Este levantamento foi realizado por meio de revisão bibliográfica obtida em livros,

artigos técnicos, trabalhos científicos, sites de busca disponíveis na Internet, e

consultas a órgãos públicos.

21

4 FORMAS DE REUSO DAS ÁGUAS

4.1 Reuso de água residencial

Atualmente o volume de água doce e limpa, que é menos que 1% de toda a água

disponível no planeta está se reduzindo em todas as regiões do mundo, inclusive no

Brasil. A região da Grande São Paulo é um exemplo típico desse problema. O

consumo exagerado das reservas naturais de água por causa de grande

crescimento populacional está sendo maior do que a natureza pode oferecer, e a

poluição produzida pelo Homem está contaminando e diminuindo cada vez mais

essas reservas. Por sorte, a população já está sendo conscientizada desses

problemas pelos órgãos encarregados em educação ambiental e pelas próprias

distribuidoras de água. As pessoas mais conscientes de nossa população já fazem

uma boa economia dentro de casa com as orientações sugeridas, tais como fechar

as torneiras enquanto escovam os dentes, fazem a barba, ensaboam a louça, etc.,

também como não usar mangueiras para lavar pisos, calçadas, automóveis etc.,

trocar as válvulas de descarga por caixas acopladas ao vaso sanitário com limitador

de volume por descarga e diminuir o tempo no banho.

O reuso da água de chuva é o projeto mais envolvente de todos, é um sonho

permanente, mas não tem aplicação imediata para a população devido à falta de

espaço para instalação de cisternas e o alto custo das instalações.

O reuso da água presente no esgoto é o projeto mais aplicado a nível mundial,

inclusive no Brasil, onde um esgoto tratado a ponto de ser devolvido aos rios e

aqüíferos é suficientemente limpo para a lavagem de ruas, rega de parques e

aplicações de cunho industrial.

Essa água poderia substituir cerca de 40% da água potável consumida no lar, mas a

distribuidora não tem condições de oferecer essa água ao usuário final, pois isto

representaria a instalação de mais um sistema de distribuição de água, paralelo ao

que já foi implantado para a água potável.

O reuso da água proveniente do banho familiar é um caminho interessante para a

redução de água potável em aplicações simples como, por exemplo, nas descargas

dos vasos sanitários. Essa água é denominada água cinza, bastante utilizada para a

irrigação em outros países.

22

Mantendo-se o conceito da auto montagem, e com matérias de fácil obtenção, está

se desenvolvendo alguns projetos que permitem reduzir o uso da água residencial

em cerca de 30%, sem aplicação de tecnologias complexas e sem perigos para a

saúde do usuário.

4.2 Reuso da água do banho para a descarga

Para o melhor entendimento, e uma mais abrangente conclusão, de sistema de

reuso de água de banho para descarga de vasos sanitários, pode-se observar a

ilustração na Fig. 4.01.

FIGURA 4.01 – Reuso de água do banho para o vaso sanitário

FONTE: Sociedade do Sol (2005).

Neste sistema de reuso desvia-se a água do ralo do box para um reservatório

embutido no piso, passando por filtros e tratamentos sendo bombeada para depois

ser reutilizada nos vasos sanitários. Para isso muitos projetos e muitas variáveis

poderão ser feitos.

Não sugere-se ampliar o sistema de reuso com a adição da água da pia do

banheiro, água de enxágüe de máquina de lavar ou de água de chuva. O excesso

de água fará com que se gaste a água em outras aplicações que não a do vaso

sanitário. Essas aplicações só devem ser feitas caso a água de banho não supra a

23

demanda no vaso sanitário. Para esses casos a água da pia, do enxágüe ou da

chuva deve ser desviada para o circuito de entrada do sistema de reuso, passando

por todo o processo que a água do banho passa antes de ser direcionada para o

vaso sanitário.

Esse sistema além de muito barato, é seguro por ser um circuito fechado, sem fácil

acesso para manuseio ou ingestão por familiares ou terceiros.

Esse é o único sistema que se estima ser o mais indicado para aplicação imediata

nos lares urbanos e que se paga pela economia de água.

4.3 Técnicas de tratamento para o reuso da água do banho

A água de banho, apesar de muito mais limpa do que a do esgoto, apresenta

aspectos químicos e biológicos especiais, cuja solução está sendo estudada por

muitos grupos interessados em seu reuso.

Essa água é pouco homogênea, constituída por resíduos de pele, sabões,

detergentes, creme dental, cabelos, gordura, suor, urina, saliva, placas bacterianas

provenientes de ralos e outros. Desta mistura resultam depósitos escuros no

reservatório “A”, de difícil limpeza e aspecto pouco convidativo.

Buscam-se técnicas de tratamento da água de reuso do chuveiro que sejam simples

até para o usuário menos capacitado, só assim esse projeto pode ser liberado para

o público.

Os caminhos de tratamento dessa água envolvem, sistemas de filtros simples

composto por peneira e de fácil limpeza que é colocado no reservatório “A” com um

clorador. Esse sistema irá reter grande parte da sujeira vinda do banho, essa sujeira,

espécie de lodo, poderá ser removida facilmente e depositada no lixo orgânico,

diminuindo assim o volume de compostos sólidos que seguem para rede pública de

esgoto, devendo ser eliminados em uma estação de tratamento. Assim exige-se

mais equipamentos e produtos químicos para limpar essa água, logo após essa

filtragem a água será tratada dentro de um reservatório com “cloro orgânico” que

garantirá a desinfecção e conservação, deixando a água segura para o reuso no

vaso sanitário.

24

4.4 Captação da água em cisternas

Segue exemplo para a construção de uma cisterna, onde é utilizada uma caixa

d’água, dependendo da verba e do espaço disponível, é aconselhável usar a maior

caixa d’água que for possível, porém que não ofereça perigo, principalmente para as

crianças que, por curiosidade poderão cair dentro da cisterna.

De início deve-se fazer um separador simples das primeiras águas de uma chuva

forte, sendo que quando ocorrer chuvas fracas não é aconselhável a coleta da água,

pois podem trazer toda a poluição da atmosfera e do telhado.

Em seguida faz-se um separador usando um balde de plástico de 20 litros com uma

peneira apoiada sobre arames colocados transpassando a boca do balde, faça uma

saída pequena no fundo do balde de aproximadamente 50 mm e uma saída lateral

com 75 mm para direcionar a água que teoricamente irá transbordar desse balde

com uma chuva forte, para a cisterna.Esse sistema observa-se na ilustração da Fig.

4.02

FIGURA 4.02 – Captação da água de chuva em cisternas.

FONTE: Sociedade do Sol (2005).

25

Para utilizar-se dessa água para fins potáveis, faz-se um rigoroso teste de

potabilidade conforme já descrito anteriormente, e caso se deseje utiliza-la para fins

não potáveis é aconselhável à utilização do cloro orgânico para evitar qualquer tipo

de proliferação de bactérias, vermes, vírus, etc.

4.5 Normas Técnicas para o Reuso das Águas

Segundo a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS –

ABNT(NBR13.969:1997) que trata-se de reuso local, diz que o esgoto de origem

essencialmente doméstica ou com características similares após ser tratado deve

ser reutilizado para fins que exigem qualidade de água não potável, mas

sanitariamente segura, tais como, irrigação dos jardins, lavagem de pisos e dos

veículos automotivos, na descarga dos vasos sanitários, na manutenção

paisagísticas dos lagos e canais com água, na irrigação dos campos agrícolas,

pastagens, etc.

O tipo de reuso pode abranger desde a simples recirculação de água de enxágüe da

máquina de lavagem, com ou sem tratamento aos vasos sanitários, até uma

remoção em alto nível de poluentes para lavagens de carros. Freqüentemente, o

reuso é apenas uma extensão do tratamento de esgotos, sem investimentos

adicionais elevados, assim como nem todo o volume de esgoto gerado deve ser

tratado para ser reutilizado.

Admite-se também que o esgoto tratado em condições de reuso possa ser exportado

para além do limite do sistema local para atender à demanda industrial ou outra

demanda da área próxima. No caso de utilização como fonte de água para canais e

lagos para fins paisagísticos, dependendo das condições locais, pode ocorrer um

crescimento intenso das plantas aquáticas devido à abundância de nutrientes no

esgoto tratado. Neste caso, deve-se dar preferência a alternativa de tratamentos que

removam eficientemente o fósforo do esgoto. No item 5.6.1 da

ABNT(NBR13.969:1997), cita-se o planejamento do sistema de reuso devendo ser

planejado de modo a permitir seu uso seguro e racional para minimizar o custo de

implantação e de operação.

Os usos previstos para esgoto tratado são abordados no item 5.6.2 da

ABNT(NBR13.969:1997), devendo ser considerados todos os usos que o usuário

precisar, tais como lavagens de pisos, calçadas, irrigação de jardins e pomares,

26

manutenção das águas nos canais e lagos dos jardins, nas descargas dos

banheiros, etc. Não deve ser permitido o uso, mesmo desinfetado, para irrigação das

hortaliças e frutas de ramas rastejantes. Admite-se seu reuso para plantações de

milho, arroz, trigo, café e outras arvores frutíferas, via escoamento no solo, tomando-

se o cuidado de interromper a irrigação pelo menos 10 dias antes da colheita.

O volume de esgoto a ser reutilizado é abordado pela ABNT(NBR13.969:1997) no

item 5.6.3, onde são definidos para todas as áreas os volumes totais finais a serem

reusado. Para tanto, devem ser estimados os volumes para cada tipo de reuso,

considerando as condições locais.

No item 5.6.4 da ABNT(NBR13.969:1997), o grau de tratamento necessário para uso

múltiplo de esgoto tratado é definido, regra geral, pelo uso mais restringente quanto

à qualidade de esgoto tratado. No entanto, conforme o volume estimando para cada

um dos usos, pode-se prever graus progressivos de tratamento, desde que

houvesse sistemas distintos de reservação e de distribuição. Nos casos simples de

reuso menos exigentes pode-se prever o uso da água de enxágüe das maquinas de

lavar, apenas desinfetando, reservando aquelas águas e recirculando ao vaso, em

vez de enviá-las para o sistema de esgoto para posterior tratamento.

Em termos gerais, podem ser definidos as seguintes classificações e respectivos

valores de parâmetros para esgotos, conforme o reuso:

Classe 1 – Lavagem de carros e outros usos que requerem o contato direto do

usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador incluindo

chafarizes.

Classe 2 – Lavagens de pisos, calçadas e irrigação dos jardins, manutenção dos

lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes.

Classe 3 – Reuso nas descargas dos vasos sanitários.

Classe 4 – Reuso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros

cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual.

Sendo que as aplicações devem ser interrompidas pelo menos 10 dias antes da

colheita.

Sistema de reservação e distribuição encontrado na ABNT(NBR13.969:1997), item

5.6.5, aborda o reuso local de esgoto seguro e racional tem com base um sistema de

27

reservação e de distribuição. Ao mesmo tempo, todo o sistema de reservação e de

distribuição para reuso deve ser identificado de modo claro e inconfundível para não

ocorrer uso errôneo ou mistura com o sistema de água potável ou outros fins.

Devem ser observados os seguintes aspectos referentes ao sistema:

Todo o sistema de reservação deve ser dimensionado para atender pelo menos 2

horas de uso de água no pico da demanda diária, exceto para uso na irrigação da

área agrícola ou pastoril e todo o sistema de reservação e de distribuição do esgoto

a ser reutilizado deve ser claramente identificado, através de placas de advertência

nos locais estratégicos e nas torneiras, além do emprego de cores nas tubulações e

nos tanques de reservação distintas das de água potável.

Quando houver usos múltiplos de reuso com qualidades distintas, deve-se optar pela

reservação distinta das águas, com clara identificação das classes de qualidades

nos reservatórios e nos sistemas de distribuição e no caso de reuso direto das águas

da máquina de lavar roupas para uso na descarga dos vasos sanitários, deve-se

prever a reservação do volume total da água de enxágüe.

O sistema de reservação para aplicação nas culturas cujas demandas pela água não

são constantes durante o seu ciclo deve prever uma preservação ou área alternada

destinada ao uso da água sobressalente na fase de menor demanda.

Todos os gerenciadores dos sistemas de reuso, são treinados com o manual de

operação e treinamento dos responsáveis, ABNT(NBR13.969:1997), item 5.6.6 que

diz que aqueles que envolvem condomínios residenciais ou comerciais com grande

número de pessoas voltadas para manutenção de infra-estruturas básicas, devem

indicar o responsável pela manutenção e operação do sistema de reuso de esgoto.

Para tanto, o responsável pelo planejamento e projeto deve fornecer manuais do

sistema de reuso, com figuras e especificações técnicas quanto ao sistema de

tratamento, reservação e distribuição, procedimentos para operação correta, além de

treinamento adequado aos responsáveis pela operação.

Todos os processos de tratamento e disposição final de esgotos devem ser

submetidos avaliação periódica do desempenho, feito por amostragem para análise

do desempenho e monitoramento, descrito no item 6 da ABNT(NBR13.969:1997),

tanto para determinar o grau de poluição causado pelo sistema de tratamento

implantado como para avaliação do sistema implantado em si, para efeitos de

28

garantia do processo oferecido pelo fornecedor. Esta avaliação deve ser mais

freqüente e minuciosa nas áreas consideradas sensíveis do ponto de vista de

proteção de mananciais.

A amostragem do afluente e do efluente do sistema local de tratamento deve ser

feita, exceto na fase inicial de operação, quando deve haver acompanhamento pelo

menos quinzenal até entrar em regime, com freqüência pelo menos trimestral.

O tipo de amostragem a ser considerada deve ser composto proporcional à vazão.

Com campanha horária cobrindo pelo menos 12 horas consecutivas. Quando não

houver condições para a determinação correta da vazão, esta deve ser estimada

conforme as observações baseadas nos usos de água. Para o monitoramento dos

sistemas de infiltração no solo como: valas de infiltração, sumidouro, canteiro de

infiltração e de evapotranspiração, devem ser feitas amostragens a partir dos poços

ou cavas escavadas em volta das unidades, em profundidades distintas, por meio de

amostras compostas não proporcionais. Os parâmetros a serem analisados são

relativos a lançamentos aos corpos receptores superficiais e nas galerias de águas

pluviais, aqueles definidos na legislação municipal, estadual e federal, também na

disposição no subsolo, nitrato, pH, coliformes fecais e vírus.

Todas as amostras coletadas devem ser imediatamente preservadas e analisadas

de acordo com os procedimentos descritos no “Standard Methods for Examination of

Water Wastewater” na sua última edição.

29

5 CONCLUSÕES

Ao término desse trabalho, conclui-se que, para se ter êxito nesse árduo

trabalho de conscientização da população e de seus governantes com relação ao

uso racional das águas e da adoção de métodos e técnicas de seu reuso, é

necessária uma total integração das partes envolvidas na operacionalização desse

novo sistema, visando interesses comuns na promoção dessas mudanças, já que a

troca de costumes deve ser sempre gradativa e estruturada, nunca imposta de forma

traumática.

Fala-se constantemente em casas de alto padrão. Porém esquece-se de relacionar

prioridades para atender a população de baixa renda que vive hoje em

empreendimentos habitacionais e dificilmente aceita e entende o sistema de reuso.

Como destaque conclui-se que os principais sistemas apontados para o reuso de

águas residuárias residenciais, industriais e rurais, podem ser feitas por meio de

coleta de águas pluviais, reaproveitamento de águas cinzentas para descarga de

vasos sanitários, sistemas que podem ser facilmente executados com baixo custo e

grande retorno ao proprietário.

Cabe ao poder público e a classe da construção civil, antes de qualquer ação e

sempre visando o caráter preventivo, informar e educar a população sobre a

necessidade de economizar e preservar esse líquido tão precioso que se esgota a

cada dia sem que se tome ciência da catástrofe que será sua ausência.

30

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.969/97: Reuso local. Rio de Janeiro, 1997. ______. NBR 13.969/97 – item 5.6.1: Planejamento do sistema de reuso. Rio de Janeiro, 1997. ______. NBR 13.969/97 – item 5.6.2: Usos previstos para esgoto tratado. Rio de Janeiro, 1997. ______. NBR 13.969/97 – item 5.6.3: Volume de esgoto a ser reutilizado. Rio de Janeiro, 1997. ______. NBR 13.969/97 – item 5.6.4: Grau de tratamento para uso múltiplo de esgoto tratado. Rio de Janeiro, 1997. ______. NBR 13.969/97 – item 5.6.5: Sistema de reservação e distribuição. Rio de Janeiro, 1997. ______. NBR 13.969/97 – item 5.6.6: Treinamento de pessoas para manutenção de infra-estruturas básicas. Rio de Janeiro, 1997. ______. NBR 13.969/97 – item 6: Avaliação periódica do desempenho para análises. Rio de Janeiro, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ENGENHEIROS SANITARISTAS. Tratamento do Esgoto Sanitário. Disponível em:<http://www.abes.dn.org.br/eventos/abes/index.htm> Acesso em: 28 ago .2006. BAUD, G. La Construction de Bâtiment, v.2, 1976.p.149-191 BOCHÉ, G. Manual de Pequenas Construções. São Paulo: Hemus, v.2, 1980. p.315 COELHO, A.C. Medição de água individualizada, 1.ed. Recife: do Autor, 2004. p.94-145. GONÇALVES, O.M; TSUNEMATSU, L.M. Construções Eficientes. Revista Téchne. São Paulo, 111.ed, p.40-43,2006. LIBÂNIO, M. Qualidade e Tratamento da Água. São Paulo, v.1, 2006. p.216. MANCUSO, P.C.S; SANTOS, H.F. Reuso das Águas. São Paulo, v.1, 2005. p.550. NOGUEIRA P.F. Reuso da Água. Disponível em: <http://www.uniagua.org.br/website/default.asp?tp=3&pag=reuso.htm> Acesso em: 25 ago .2006.

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