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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 9 • nº1704 Abril/2015 Zé Bigode: um experiente criador de caprinos e ovinos Ibirajuba é Bigode, como é conhecido José Francisco pelos lados de Ibirajuba/PE, demonstra Z com os traços na face e no grosso das mãos toda dedicação à agricultura. Experiente na criação de caprinos e ovinos, principal renda da família, Bigode aprendeu a apostar no lugar onde muito faz sol e que nem sempre apresenta condições favoráveis para a sua criação. Mora com a esposa, Maria Aparecida, e José Marcos, filho adotivo, no Sítio Lagoa do Norte. Bigode e Maria saíram de Ibirajuba e foram morar em São Paulo junto com seis filhos. O motivo foi a seca que desertou toda propriedade, anulando a possibilidade de sobreviverem da agricultura familiar. Em São José do Rio Preto/SP, Bigode conheceu um fazendeiro que acolheu sua família durante 37 anos. “Trabalhava na agricultura, que era o que eu sabia fazer. Cortava capim, tirava leite, tratava do gado, bode, ovelha, galinha.”, conta. Foto: Romário Henrique/SERTA

Zé Bigode: um experiente criador de caprinos e ovinos

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Em longa experiência no campo, o agricultor José Francisco, conhecido como Zé Bigode, mostra sua dedicação e sabedoria ao cuidar de ovinos e caprinos.

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Page 1: Zé Bigode: um experiente criador de caprinos e ovinos

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 9 • nº1704

Abril/2015

Zé Bigode: um experiente criador de caprinos e ovinos

Ibirajuba

é Bigode, como é conhecido José Francisco pelos lados de Ibirajuba/PE, demonstra

Zcom os traços na face e no grosso das mãos toda dedicação à agricultura. Experiente na criação de caprinos e ovinos, principal renda da família, Bigode aprendeu a

apostar no lugar onde muito faz sol e que nem sempre apresenta condições favoráveis para a sua criação. Mora com a esposa, Maria Aparecida, e José Marcos, filho adotivo, no Sítio Lagoa do Norte.

Bigode e Maria saíram de Ibirajuba e foram morar em São Paulo junto com seis filhos. O motivo foi a seca que desertou toda propriedade, anulando a possibilidade de sobreviverem da agricultura familiar. Em São José do Rio Preto/SP, Bigode conheceu um fazendeiro que acolheu sua família durante 37 anos. “Trabalhava na agricultura, que era o que eu sabia fazer. Cortava capim, tirava leite, tratava do gado, bode, ovelha, galinha.”, conta.

Foto: Romário Henrique/SERTA

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

A família retornou ao torrão natal depois que os pais de Bigode morreram. “Vim pra tomar conta do sítio, e não me arrependo. Gosto de viver no mato com a vida. Só saio daqui pro cemitério.”, conta Bigode. A estiagem dos últimos anos fez com que o agricultor perdesse seis das oito cabeças de gado que possuía. “Não tinha mais pasto, nem água. Foi o gado da fome que morreu. O verão acabou com o mandacaru. Acabou até com as abelhas”, conta.

Com o resultado da seca, ele decidiu investir na criação de dezessete ovelhas e um bode, que são abrigados na antiga casa onde viveu quando criança. “Eles se alimentam do que nasce na caatingueira: marmeleiro, espinheira, jurema preta, aveloz, capim, palma, mandacaru”, explica Bigode, agora com esperança de melhorar a criação dos animais com os reservatórios de água: “Quando chover aqui, nunca mais eu passo sede. Tenho cisterna calçadão de 52mil litros, outra de 16mil litros e um barreiro de 200mil. Antes eu vendia bicho para comprar água. Agora não vai ter isso”, conta.

Zé Bigode explica receitas para que as ovelhas tenham uma alimentação adequada: 300g de sal mineral somado a 1kg de sal comum são colocados em um recipiente exposto as ovelhas (não misturar na ração), que irão procurar naturalmente e ingerir a quantidade necessária. A fórmula fará com que afinem o sangue e cabelo, e estimulem a beber água. Esses minerais são necessários tanto para ovinos quanto caprinos. Chocalhos são usados para saber o lugar onde estão. Varetas entrelaçadas em formato triangular são as cangas, usadas principalmente em bodes, assim o objeto impedirá que não fujam por entre as cercas e não invadam plantações.

Realização Apoio

Foto: Romário Henrique/SERTA

Foto: Romário Henrique/SERTA

“Quando tem lua clara, as ovelhas saem à noite para pastar. Elas

ficam todas espalhadas, comendo, procurando comida. É como

se fosse dia. Acordo às 5h de domingo a domingo, os 365 dias do

ano. Pela manhã, é farelo de milho, trigo ou xerém, capim,

mandacaru ou palma para ovelhas e cabras. Meio dia, mais

ração. No fim do dia, novamente. Tomam água no barreiro ou no

pneu. Eu tenho vício de tratar dos bichos.”