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5ª Edição - Fev/Mar 2015 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Revista Carlos Abranches Ozires Silva Para onde vai a humanidade? Christina Hernandes O papel dos pais na educação dos filhos “Tudo que a tecnologia trouxer para beneficiar a leitura de uma obra é interessante.” Práticas Educativas e Saúde Preguiçoso por natureza, o cérebro precisa de estímulos

5ª Edição Literatura & Cia - 2015

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Entrevista exclusiva com o escritor e jornalista da Rede Vanguarda de Televisão Carlos Abranches

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5ª Edição - Fev/Mar 2015

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5ª Edição - Fev/Mar 2015

Revista

Carlos Abranches

Ozires Silva Para onde vai a humanidade?

Christina Hernandes O papel dos pais na educação dos fi lhos

“Tudo que a tecnologia trouxer para benefi ciar a leitura de uma obra é interessante.”

Práticas Educativas e SaúdePreguiçoso por natureza, o cérebro precisa de estímulos

Editorial

Expediente

Realização:

Editora e jornalista responsável: Patricia Borges - MTB: 59.846-SP. Diagramação e editoração: Alexei Augustin Woelz. Assistente editorial: Laís Cristine de Sousa. Colunistas: Ozires Silva, Christina Hernandes. Colaboradores:Publish News.Tiragem: 5.000 exem-plares. Impressão: CopCentro. Distribuidor: Omar Lanziloti. Distribuição Gratuita: São José dos Campos, Jacarei, Caçapava, Taubaté, São Luiz do Paraitinga, Lo-rena, Cruzeiro, Moreira César, Aparecida, Pindamon-hangaba e Roseira e Livrarias MaxSigma. Contato:Tel: (12) 3302-1533 / 9-8115-7506 [email protected]

Não nos responsabilizamos pelas informações contidas nos anúncios publicados ou nas matérias assinadas, que não representam necessaria-mente a opinião do veículo.

Prezado leitor,

Lançamos a primeira edição de 2015 com imensa alegria e com o sentimento positivo de que nos-so trabalho continua atendendo ao objetivo de divulgar a literatura e receber ideias, sugestões e comentários,não só de nossos entrevistados e colu-nistas mas também de nossos amigos leitores.Receber elogios significa que fazemos o melhor e seguimos no melhor caminho. Receber críticas significa o desafio para que, com ajustes, sejamos melhores. E o melhor para nós é aquilo que é melhor para o nosso leitor. Sem leitor, sem sugestões, sem elogios e, princi-palmente, sem críticas não existiria esse meio de comunicação que veio para agregar boas novas e forças a nossas vidas. Sim! Reflito e penso: “forças a nossas vidas”, pois a literatura faz parte total de nosso dia a dia, desde o despertar da manhã até o final de nosso expe-diente. As prosas, os contos, as histórias, as crônicas sur-gem de quê? Surgem de um bom-dia no elevador ou no seu trabalho, de um rápido bate-papo com o porteiro do seu condomínio, com o encontro de uma velha amiga, com o presenciar de uma briguinha de na-morados ou com a tempestade que está para cair. Enfim, tudo na vida pode ser transformar numa crônica, história ou num conto. Tudo a nossa volta não somente pode virar histó-ria como é pura história. Um segundo atrás virou passado, e o futuro agora é desacelerar. Como aponta o coronel Ozires Silva em sua colu-na:“ “não podemos deixar de considerar o quanto um bom papo pode ajudar a todos nós a vivermos melhor e em convívio com o mundo que nos cerca.”

É, assim a vida é! Não podemos permitir de forma alguma que a tecnologia substitua o “olho no olho”.Tecnologia sim. A tecnologia é necessária. Sim, pre-cisamos evoluir. Mas que possamos sempre tomar o devido cuidado, para que realmente não nos tor-nemos escravos de todo tipo de meio tecnológico. Não podemos permitir que os meios comuns e simples se tornem passado. É preciso manter presente a leitura em livro im-presso no café da esquina ou no banco da praça, que nos presenteia com uma brisa. A literatura em meios tecnológicos é sedutora, mas a sedução se permeia no que sempre foi es-sencial e não pode ser perdido: os meios puros, saudáveis e simples. Eles sempre serão muito bem-vindos.Desejo uma ótima leitura a todos.

Patricia Borges

Apoio Cultural

Mercado editorial EventosAlta do dólar já impacta atividades artísticasO Globo - 08/03/2015 - André MirandaÍndice pode reduzir tamanho de exposições, limitar obras lançadas no país e levar a au-mento nos preços dos ingressos

No ano passado, a Festa Lite-rária Internacional de Paraty (Flip) teve que enfrentar um aumento grande dos preços de infraestrutura para eventos. Neste ano, além de uma nova pressão na inflação que a alta do dólar provoca, os preços das passagens vão aumen-tar o custo do evento. Além do impac-to na realização de eventos, o câmbio também já começa a repercutir junto a quem trabalha com filmes e livros no Brasil. A primeira dificuldade é o en-carecimento na compra de direitos de obras estrangeiras. O mercado literário já vem tratando do assunto, e as discus-sões devem se intensificar no Salão do Livro de Paris, entre 20 e 23 de março, e na Feira do Livro de Londres, entre 14 e 16 de abril, eventos que reúnem edi-tores e agentes para negociar títulos. “Imagina um adiantamento de US$ 50 mil pelo direito de um livro. Antes, isso equivalia a R$ 100 mil, agora equivale a R$ 150 mil”, diz Jorge Oakim, publisher da Instrínseca. “Não vamos deixar de apostar num projeto bom por causa do dólar, mas vamos tentar mostrar aos agentes que não dá para pagar o que pagávamos antes”.

Carlos Abranches

Carlos Abranches é formado em jorna-lismo e música. Especializou-se em Admi-nistração, e fez mestrado em Filosofi a da Educação na PUC do Rio de Janeiro. Trabalhou com o jornal impresso, teve uma coluna diária no Jornal Regional de Juiz de Fora-MG, cidade qual ele nasceu e também se formou. Chegou em São José dos Campos em feve-reiro de 1995 quando iniciou seu trabalho como apresentador de jornalismo noticiá-rio. Abranches se destaca no Vale do Paraíba não somente pelo seu jornalismo diário na TV VANGUARDA, mas pelo seu carisma e sensibilidade com a artes envolvendo mú-sica, poesia e literatura. O jornalista não somente ama o que faz, mas tem paixão na literatura e cultura da região. Um escritor que busca sentido em suas escritas através de suas observações, ideias e poesias. Uma pessoa cativante que se destaca pela sua simplicidade. Um jornalista que através do Programa Vanguarda Comunidade apresenta os escritores da região levando para o seu jornalismo informação e conhecimento a população. Um jornalista que informa, mas que prin-cipalmente tem amor na escrita e muita curiosidade na vida.

Literatura & Cia – Os grandes autores do mercado editorial, in-cluindo principalmente os escri-tores imortais, tem o seu destaque na educação. Você acredita que a literatura regional pode fazer a diferença na educação ou em ati-vidades extracurriculares como colégios, universidades particula-res e o ensino público? Carlos Abranches - Sem dúvi-da. Para isso, é preciso que os edu-cadores conheçam essas obras e as apresentem a seus educandos. Par-ticularmente, tive a oportunidade de viver isso com meu último livro de poesias – “A Casa que mora em Mim”. Um grupo de professores da Escola Estadual Rui Dória, de São José dos Campos, trabalhou a temá-tica da obra com um grupo de alunos e os instigou a escrever seus próprios poemas. O resultado foi a edição, no fim de 2014, de mais um livro – “Pa-lavras que moram em nós”, total-mente escrito pelos estudantes com idade entre 10 e 17 anos. Os efeitos benéficos dessa prática estão sendo vividos até hoje.

L&C – Como você analisa o tra-balho e o valor de um autor regio-nal perante o poder público e a

sociedade? Carlos Abranches - O valor é universal. Um bom escritor será re-conhecido como tal na linha perma-nente do tempo histórico de que faz parte. As sociedades humanas são transitórias e passam, mas uma obra profunda e tocante permanece incor-porada ao patrimônio comum da sa-bedoria humana, que é imortal.

L&C – Como filósofo, como pon-tua a substituição dos livros im-pressos pelos ebooks, enfim, todo o tipo de leitura através de equi-pamentos de alta tecnologia? Carlos Abranches - Tudo que a tecnologia trouxer para beneficiar a leitura de uma obra é interessan-te. Mas sinto que será difícil subs-tituir o papel, o contato físico com a mensagem direta, proposta pelo autor. Não sinto que haverá substi-tuição, mas adaptação da tecnologia ao movimento coletivo da busca pela leitura. Um bom livro tem a força de sacudir as acomodações já perceptí-veis das formas de comunicação das redes sociais. Assim como uma rede social não é forte o suficiente para fazer uma sociedade (faz, no máxi-mo, comunidades de contato). Um livro eletrônico não tem cheiro e não substituirá jamais a necessidade do

toque, do chamego da mão ao passar a folha, do charme da página impres-sa, a provocar o leitor, mesmo guar-dada entre outros livros, na estante.

L&C – Como analisa o uso da in-ternet para estudantes em forma-ção escolar e universitários? Qual a sua observação positiva e nega-tiva? Carlos Abranches - Como afir-mei na resposta anterior, a internet também tem limites. Ela não subs-titui a necessidade de negociação, quando a ferramenta principal do contato é o olhar e o “tête-à-tête”. Não dá pra substituir uma emoção por um “emoticon”. A geração do “ctrl c/ ctrl v” envelheceu usando as reflexões alheias como se fossem suas. Isso obrigou os educadores a desenvolverem ferramentas de fil-tragem dos plágios intelectuais, para redescobrir a real produção de seus

alunos. Quando eles se sentirem efe-tivamente provocados a falar do que entendem da vida e de si mesmos, a combinação internet&estudante será bem melhor explorada.

L&C – Nosso colunista coronel Ozires Silva, líder, engenheiro ae-ronáutico e Ex-presidente da Em-braer” insiste e persiste” no tema: Empreendedorismo. Qual a sua análise sobre o empreendedoris-mo ligado à educação e a discus-são ou abordagem do tema nas escolas e universidades? Carlos Abranches - Se Ozires Silva insiste nesse tema, é porque o assunto é bom. Diria até mais, é es-sencial. Quem não carrega dentro de si o foco empreendedor, enfrentará dificuldades tremendas para cumprir

sua missão na vida. As escolas e uni-versidades deveriam ter em todas as disciplinas um conjunto de reflexões que propiciassem o despertamento da criatividade e da originalidade do estudante, pilares essenciais do empreendedorismo. Ainda bem que temos um mestre como Ozires Silva para nos lembrar disso, toda vez que é questionado.

L&C – Como jornalista integrado nas informações, na sociedade e atualidade, qual a sua contribui-ção, conselho para os nossos lei-tores a buscar o entusiasmo pela leitura e a ser curioso com os li-vros e escritores? Carlos Abranches - A comuni-

cação me despertou desafios perma-nentes. O principal deles é melhorar a cada dia minha comunicabilidade com as pessoas. Uma vida melhor é a que me desafia a aprimorar per-manentemente minha capacidade de me fazer entendido. Um bom livro é aquele que passa a fazer parte de mi-nhas reflexões. Às vezes basta uma frase, ou uma ideia, para que uma obra mude minha forma de ver e de sentir as coisas. Fica mais fácil se in-teressar por um bom livro se a gente for alguém interessante. E para ser interessante é legal gostar de litera-tura, de poesia, de música e de estar com pessoas. Gostar de gostar do que é bom, que nos empurre para o alto, para enluarar a nossa e a vida de quem nos rodeia e nos habita.

A neurociência já comprovou a capacidade que o cérebro tem de se modificar, aumentando suas capacidades de aprendizagem, memorização e raciocínio

to prazo como ganho de performance e superação de dificuldades como TDAH(Transtorno do Déficit de Atenção e Hi-peratividade) e sequelas de AVE (Aci-dente Vascular Encefálico), além de be-nefícios de longo prazo, ligados à saúde e à qualidade de vida. Ela pode prevenir o declínio mental e o desenvolvimento de doenças degenerativas do cérebro. Em alguns casos, a ginástica cerebral poderetardar em até cinco anos o surgimento de sintomas de Alzheimer. Todas as vezes que estimula-mos nosso cérebro com novidades, va-riedade e grau de dificuldade crescente, ativamos diferentes redes neurais e a produção de neurotrofinas (dopamina, adrenalina, noradrenalina, endorfina e etc.) que aumentam a quantidade e a qualidade das sinapses (conexão entre os neurônios), melhorando sua capaci-dade de processamento e a reserva cog-nitiva do cérebro. É por isso que crianças com difi-culdades na escola, adultos que querem ganhar agilidade para resolver proble-mas do dia a dia, e idosos que desejam se manter ativos pelo resto da vida têm procurado cada vez mais praticar ginás-tica cerebral, atividades que tiram o cé-rebro da zona de conforto.

Letícia Maciel

Assim como o coração, o cére-bro precisa de cuidados permanentes. Responsável por todas as ativi-dades que desempenhamos no dia a dia, este é o órgão mais fascinante do corpo humano. Preguiçoso por natureza, o cé-rebro deve ser estimulado para potencia-lizar sua capacidade de manter atenção, memória, raciocinar e até se relacionar. Por estas e outras razões, cien-tistas e educadores têm se dedicado tanto a estudar o assunto. Este ano, por exemplo, Estados Unidos e Europa anunciaram projetos bilionários para mapear o cérebro e entender exatamente como ele funciona. Nas últimas décadas, no entan-to, inúmeras pesquisas já mostraram que exercitar o cérebro é uma forma eficaz de manter e potencializar suas ha-bilidades. A neurociência comprovou a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade que o cérebro tem de se modificar, crian-do novos neurônios e restabelecendo conexões neurais através de estímulos adequados. Além disso, alguns estudos revelaram que o cérebro humano tende a iniciar a perda de suas capacidades aos 35 anos de idade, o que pode ser evitado com exercícios para o cérebro. A ginástica cerebral, como é co-nhecida no Brasil, traz benefícios de cur-

Práticas Educativas e SaúdePreguiçoso por natureza, o cérebro precisa de estímulos

Ozires Silva -Educação e Empreendedorismo

Para onde vai a humanidade?

Chegamos ao dia em que Albert Einstein, o celebrado físico alemão do século passado, temia, quando dizia: “Temo o dia em que a tecno-logia se sobreponha à humanidade. Então, o mundo terá uma geração de idiotas”.Referia-se ao que hoje, em quase todos os lugares aonde vamos, ve-mos alguém ao computador ou num celular concentrado. Poderia estar conversando com amigos ou com a família, mas não o faz. Ao contrário, está afastado, usando as tecnologias para se comunicar muito mais do que conversar pessoalmente.A interatividade entre pessoas é como o ser humano realmente aprende. Entretanto, se as tecnolo-gias ultrapassarem a nossa intera-tividade é possível acontecer o que disse Einstein. Observando nosso comportamento atual e vendo so-bretudo nossos jovens não simples-mente usando as tecnologias, mas se comportando como delas escravos, devemos concordar com o sábio ale-mão. Isso posto, como poderíamos educar nossas crianças e jovens, para que escapem desses horizontes obscuros, praticando o bom hábito de conversar, trocar ideias e não dei-

xar de se comunicar com as pessoas pessoalmente?Vivemos em tempos nos quais temos acesso à uma quantidade de infor-mações como nunca imaginamos no passado. Não se coloca aqui a dis-cussão de que isto não poderia ter ocorrido. Ao contrário, caberia até erigir um monumento à inteligência humana que, com muitos esforços de uma multidão de sábios e inovadores corajosos, trouxeram-nos as possibi-lidades que temos na atualidade de estar informado.Ou melhor, sabendo aonde buscar a ou as informações que desejamos. Mas não podemos nos esquecer da premissa básica: temos muito mais a evoluir do que regredir. A socie-dade contemporânea caracteriza-se pela globalização. As informações e a velocidade com a qual elas atingem a sociedade espantam qualquer um que tenha vivido em poucas décadas de um passado recente.Em razão da tecnologia e também das facilidades que ela traz, os receptores dessas informações transformam-se e ficam cada vez mais exigentes, em todos os sentidos.Mesmo antes do fenômeno da Tec-nologia da Informação, o mundo já

Ozires Silva -Educação e Empreendedorismo

caminhava para a especialização. As profissões ganharam novos rumos e novas perspectivas.Os cursos que antes eram genéricos, como engenharia, direito e medici-na, tornaram-se insuficientes e fo-ram ganhando afluentes.Se antes os clínicos gerais da enge-nharia mecânica e do direito davam conta da demanda profissional, com o passar dos anos e com a evolução da sociedade, exigiu-se que os pro-fissionais se tornassem especialis-tas, criando ramos e abrindo possi-bilidades.Hoje, especialistas, mestres e douto-res são essenciais para o desenvolvi-mento veloz da sociedade e são exi-gidos em todas as partes. Apesar dos malefícios gerados, a especialização na sociedade do conhecimento traz

benefícios sensíveis. A criação de no-vos empregos, o aprofundamento do saber e a qualidade dos produtos e dos serviços faz com que a sociedade evolua ainda mais.Assim, apesar do ser humano, na sua individualidade, não estar amplian-do o seu modo de conhecer, parece estar enfrentando um processo de, como podemos rotular, de se reduzir às especializações.Ou seja, a sociedade, como um todo, mergulha numa ampliação profunda do conhecimento, trazendo isto para o cotidiano, do mais trivial ao mais complexo. Em outras palavras, aqui-lo que era resolvido por uma pessoa, agora passa a exigir equipes, cada vez mais diversificadas e difíceis de serem gerenciadas.A importância de estudar o compor-tamento de uma sociedade–no caso, no âmbito digital–, é que dessa ma-neira podemos compreender e es-tudar sua evolução e anseios para o futuro. Há a liberdade de se discutir diversos assuntos e encontrar outros pontos de vista e informações sobre abordagens específicas.Com as facilidades para uma interli-gação maciça, via tecnologia, todavia não podemos deixar de considerar o quanto um bom papo pode ajudar a todos nós a vivermos melhor e em convívio com o mundo que nos cerca.

Vivemos em tempos nos quais temos acesso à

uma quantidade de in-formações como nunca

imaginamos no passado.”

Christina Hernandes - Universo Infantil

O papel dos pais na educação dos filhos

Vamos conversar de uma ma-neira muito simples e direta, a respeito do papel dos pais na formação educacio-nal dos filhos e na sua educação formal. Bem, os pais são os primeiros mestres dos filhos, cabe a eles ensinar os primei-ros passos, as primeiras palavras, as pri-meiras descobertas, as primeiras brinca-deiras, o bem, o mal, o amor, a amizade, a enfrentar o medo, enfim tudo que estes irão levar para vida toda até a velhice. Os pais pertencem a um clã que chamamos de família e ela é a base da vida, o alicerce que irá permitir que o fi-lho possa transitar entre ser uma rocha e ao mesmo tempo ser leve como a mais suave brisa. Através da família de sangue ou não, constituída pelo pai, mãe, avós, irmãos, tios, primos e tantos outros ar-ranjos, seus ancestrais formam a linha do tempo facilmente identificada por qualquer um que tenha conhecido os pa-rentes dos mais distantes aos mais pró-ximos, em razão da aparência adquirida pela hereditariedade ou a convivência. Graças a esse universo gera-cional que o aprendizado é transmiti-do, acumulado e passado ao longo da existência fazendo cada um dos filhos do seu jeitinho, porém é absolutamen-te necessário, fundamental, o exemplo passado que será a marca da educação interiorizada, registrado, por assim di-zer, no DNA. Não falar do papel dos pais bio-

lógicos ou do coração na educação dos filhos, penso que sem eles, aqueles per-dem a referência, a transmissão do saber da sua história familiar, o pertencimen-to, ficam soltos na vida sem rumo, sem futuro, sem direção, sem saber ou sem ter o ninho para voltar, como o astro-nauta perdido no universo após se soltar do cordão umbilical que o prende a espa-çonave. Gerar um filho, aguardá-lo por nove meses crescendo no ventre, car-regando-o para todos os lados é uma dádiva, o momento do nascimento é de perfeita magia; imaginar que dentro do ventre da mulher vai nascer outro ser que ela vai amar incondicionalmente por toda a sua vida. Educar esse filho, preparar para a vida, torná-lo pessoa de bem e dar-lhe tudo que necessita para sua boa forma-ção moral, ética, cultural, social, política e educacional é outra coisas, isto porque educar é uma das tarefas mais difíceis no seio familiar. É necessário que os pais tenham sensibilidade, grande desapego, intuição aguçada para permitir que a se-mente germine e se transforme em fruto maduro, responsável e sadio para o en-frentamento solitário de sua vida. No passado o papel de poucos pais privilegiados, na formação edu-cacional dos filhos, consistia em enca-minhá-los para escolas da alta elite ou iam estudar em internatos, fora de suas

Christina Hernandes - Universo Infantil

cidades ou de seu país. Aqueles que fi-cavam tinham professores particulares que iam dar aulas em casa, das mais diversas matérias, desde o currículo de uma escola de alto padrão até musica e idiomas, normalmente iniciada quando pequenos. Essa realidade era para poucos afortunados, a grande maioria dos filhos não estudava, pois era necessário traba-lhar desde muito pequenos para ajudar no sustento da casa. Hoje esse panorama mudou. É “obrigado por lei” que todos os filhos, em idade escolar, estejam matriculados em estabelecimentos de ensino públicos ou privados. Entende-se por idade escolar a idade de uma criança com seis anos de idade, porém, com o advento das mães necessitarem buscar trabalho. A grande parte dos filhos a partir do nascimento já inicia sua jornada, sendo matricula-dos em berçários, sob a orientação de pessoas especializadas como babás, edu-cadores, nutricionistas e tantos outros profissionais envolvidos nesse processo para sua formação educacional, longe do olhar protetor , atento e encorajador da “Águia” mãe. Como tudo na vida tem seu lado bom e seu lado ruim, os filhos hoje, com estímulos dos mais diversos estão dia-a-dia desenvolvendo seu intelecto deixan-do rapidamente a aparência de bebês de lado e se tornando independentes num piscar de olhos. Começam a conviver com seus pais e irmãos poucas horas do dia, chegando a suas casas para o jantar, banho e ir para a cama dormir e levantar cedo no dia seguinte, para recomeçar a jornada da sua formação educacional. Assim como todos os profissio-nais envolvidos na tarefa de contribuir na formação educacional dos filhos, os pais, apesar do tempo cada vez mais res-trito na convivência com seus filhos, são

e precisam ser os verdadeiros cuidado-res e vigilantes deste aprendizado, que muitas vezes estendido por um período integral, sob a responsabilidade de pro-fissionais que não pertencem aquele nú-cleo familiar e desconhecem o desenho de cada teia tecida ao longo de muitas gerações. Não podemos perder de vista, jamais, que esses milhares de compro-missos dos pais não os isentam da res-ponsabilidade primária de transmitir o legado da família desde seus ancestrais, na educação e na formação educacional do filho, isto porque são os mandatários dessa tarefa, que lhes dará mesmo in-conscientemente o poder de induzir na formação e nas escolhas do filho para a vida toda. Assim sendo é necessário pen-sar qual o papel de cada um nesse cami-nhar de educar e formar os filhos. A educação formal é tarefa dos educadores, e tantas outros profissionais envolvidos nesse processo de ensino lhe apresentando uma grande variedade de “ferramentas” iniciando pela alfabetiza-ção, chegando ao conhecimento especifi-co de cada matéria, formadores de opini-ões desde a sensibilidade para a cultura, a literatura, a política, se envolvendo na pesquisa científica, conquistando seu re-finamento e aprofundamento no desen-volvimento intelectual. Concluo o que muitos já sabem,que os pais, a família serão eternamente os detentores da missão de educar seus filhos para o enfrentamento da vida, in-centivando no seu progresso de ensino e se colocando ao lado desses sempre que estiverem desanimados, desmotivados para continuar mostrando desde muito jovens, que a busca por suas escolhas são solitárias e necessitam ser o mais corre-tas possíveis para que possam passar pe-las encruzilhadas incertas e ir ao encon-tro da estrada que irão transitar.