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RÚBEN NEVES DA SILVA VILAS BOAS CO-ORIENTADORES: PROF. DR. JOSÉ FERNANDO GONÇALVES E ARQ.º RUI LOBO A RUA LARGA DE COIMBRA DAS ORIGENS À ACTUALIDADE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA DA FCTUC DEZEMBRO DE 2010

A Rua Larga de Coimbra, das origens à actualidade.pdf

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  • RBEN NEVES DA SILVA VILAS BOAS

    CO-ORIENTADORES: PROF. DR. JOS FERNANDO GONALVES E ARQ. RUI LOBO

    A RUA LARGA DE COIMBRA

    DAS ORIGENS ACTUALIDADE

    DISSERTAO DE MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA

    DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA DA FCTUC

    DEZEMBRO DE 2010

  • Rua Larga sculo XX

  • I

    Agradecimentos:

    Arq. Rui Pedro Mexia Lobo, pelo interesse, empenho e grande disponibilidade para ajudar e

    orientar o trabalho.

    Prof. Dr. Jos Fernando Gonalves por ter aceite ser co-orientador.

    Prof. Ctia Marques, pela cedncia de documentos digitalizados da CAPOCUC.

    Prof. Dr. Ana Paula Santana Rodrigues, pelo emprstimo de livros e vdeo.

    Prof. Maria Joo Simes pela cedncia de documentos digitalizados da DGEMN.

    Escola Bsica Dr Maria Alice Gouveia, pelo emprstimo prolongado de livros.

    Prof. Jorge de Alarco pela disponibilidade em prestar esclarecimentos.

    Prof. Antnio Pimentel pela disponibilidade em prestar esclarecimentos.

    Arq. Carlos Martins, pela cedncia de imagens.

    Centro de Cpias L.j.c.r. pelos ptimos servios prestados.

    Agradeo tambm minha Me, ao meu Irmo, ao Tiago Nunes, Maria Eduarda, Catarina

    Miranda, Ana Brett, s minhas fisioterapeutas Sara e Marina, Sandra, ao Dr. Pscoa e ao Dr.

    Dionsio. Sem vocs teria sido bem mais difcil.

    Abreviaturas:

    CAPOCUC Comisso Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitria de

    Coimbra

    CIDUC Centro de Interpretao e Divulgao da Universidade de Coimbra

    DGEMN Direco Geral dos Edifcios e Monumentos Nacionais

    FBNRJ Fundao Biblioteca Nacional Rio de Janeiro

    GCI Gabinete de Comunicao e Identidade

    UC Universidade de Coimbra

  • 1

    Sumrio

    Agradecimentos, abreviaturas I

    Introduo 3-9

    1: Origens 10-15

    2: 1377 A cidade medieval 16-23

    3: 1678 Os Colgios Universitrios 24-33

    4: 1799 As reformas e projectos do sculo XVIII 34-39

    5: 1934 O legado de vrios sculos 40-47

    6: 1966 O projecto da Cidade Universitria 48-53

    7: 2010 A actualidade 54-58

    Documentos grficos:

    A: 1377 A cidade medieval 59-64

    B: 1678 Os Colgios Universitrios 65-70

    C: 1799 As reformas e projectos do sculo XVIII 71-76

    D: 1934 O legado de vrios sculos 77-82

    E: 1966 O projecto da Cidade Universitria 83-88

    F: 2010 A actualidade 89-94

    Concluso 95-98

    Bibliografia 99-104

    Fontes das imagens 105-108

    ndice 109

  • 3

    Introduo

    O objectivo principal desta investigao foi fazer uma reconstituio grfica da Rua Larga, em

    Coimbra, ao longo dos tempos, desde as suas origens at actualidade.

    As razes que levaram escolha deste tema so resumidamente duas. Por um lado o ter

    nascido e vivido em Coimbra, e querer descobrir mais sobre a minha cidade. Por outro, o

    interesse pelo carcter histrico e evolutivo da arquitectura que possvel analisar e expor na

    investigao desta rua, que se considera ser um caso especial.

    Existem j feitos vrios estudos sobre Coimbra, a Alta e a Baixa da cidade, e edifcios na Rua

    Larga. Alguns so vises orientadas para edifcios ou arquitecturas especficas, como por exemplo

    a anlise de Antnio Pimentel do Pao Real / Pao das Escolas, enquanto outros se debruam

    sobre determinadas pocas e sobre a escala da cidade, como as de Jorge de Alarco em Coimbra,

    a montagem do cenrio urbano ou Walter Rossa em Divercidade, que focam a urbe at aos

    sculos XIII e XVI, respectivamente.

    No foi encontrada bibliografia especfica sobre Ruas Largas, tendo-se constatado no ser

    um topnimo muito comum em Portugal. No entanto esta designao encontra-se, por exemplo

    na antiga Rua Larga de S. Joaquim1 no Rio de Janeiro (sculo XVIII), ou na equivalente Broad

    Street2 em Oxford (sculo XVI). J Lusa Trindade, na sua tese Urbanismo na composio de

    Portugal estuda os processos de formao das cidades na Idade Mdia fazendo referncia s ruas

    Nova de Lisboa e do Porto (abertas no sculo XIV) 3

    A Rua Larga, embora seja referida em vrias obras, ainda no teve uma abordagem prpria.

    Sendo assim, este trabalho justifica-se pela importncia desta na cidade, mais propriamente na

    Almedina. um eixo estruturador da Alta de Coimbra que, talvez remontando ao tempo da

    ocupao romana, tem sofrido permanentes e profundas transformaes at aos dias de hoje. Ao

    longo desta via estabeleceram-se edifcios notveis, de diferentes funes, escalas, relacionando-se

    de modos diferentes com a Rua, que foram construindo e alterando a sua identidade.

    que poderiam bem ter-se chamado Ruas

    Largas, pois a largura era o que as destacava das outras.

    1 RABAA Carlos, SERRA M. V. Rua Larga. 2009. 2 Broad Street, Oxford [Em linha] [actual. 2010] Disponvel em http://en.wikipedia.org/wiki/Broad_Street,_Oxford 3 TRINDADE, Lusa Urbanismo na composio de Portugal. 2009. p. 175, 715

  • 4

    Fig. 1 Broad Street, Oxford, referenciada no sculo XVI.

    Fig. 2 Rua Larga de S. Joaquim, com 20 metros de largura aberta em 1763, Rio de Janeiro.

    Fig. 3 Reconstituio da Rua Nova do Porto, com 19 metros de largura aberta em 1395.

  • 5

    Se em alguns casos, o objectivo compor uma imagem da Rua atravs da recolha e reunio de

    material j conhecido, noutros espera-se formular hipteses mais ou menos especulativas de como

    seria a realidade. No caso de reconstrues como a do sculo XVIII, ou do projecto integral da

    Cidade Universitria do Estado Novo, a questo que se coloca de como poderia ter sido, caso

    alguns projectos tivessem sido realizados.

    Conseguindo obter um alargado conjunto grfico com valor documental, sero lanadas pistas

    para uma compreenso mais aprofundada sobre esta parte da cidade. O resultado final poder ser

    de interesse, no s para pessoas ligadas Arquitectura e Histria, mas tambm para a populao

    de Coimbra, pondo a descoberto mais um pedao da sua cidade.

    Atravs da anlise de fotografias, desenhos e textos, produziram-se elementos grficos

    rigorosos que proporcionam uma viso de conjunto da Rua Larga.

    Para a anlise do objecto de estudo, a Rua Larga, foi necessrio estabelecer limites temporais e

    geogrficos.

    Em termos espaciais, abrangida a Rua Larga nas suas diferentes identidades e o conjunto

    edificado que a caracteriza. No entanto, importante ter em conta os espaos de continuao, que

    se articularam e articulam com a rua, marcando o seu incio e fim. De um lado temos a Ladeira

    do Castelo, nome ainda usado no sculo XX4, ao acesso sudeste que ascende cidade, e mais

    tarde, a Praa D. Dinis e as Escadas Monumentais. Do outro, num plateau sobranceiro ao Rio

    Mondego temos o Pao das Escolas, outrora Pao Real e Alcova.5

    O foco cronolgico escolhido foi entre 1377 e a actualidade (2010), contudo, no primeiro

    captulo do corpo principal, (1 Origens) faz-se referncia a tempos anteriores, onde esta via ter

    tido a sua gnese. Assim, desde o sculo XIV at hoje, quer-se focar a Rua Larga nas suas fases

    mais caractersticas, correspondentes aos captulos apresentados.

    Nos captulos do corpo principal, alm de haver uma pequena anlise de base documental,

    so feitos desenhos representativos da Rua na respectiva poca, nomeadamente perfis norte e sul,

    plantas de cobertura, plantas dos pisos trreos e plantas de funes urbanas. Estes elementos,

    especialmente os perfis, aqui expostos em altura de tamanho A4, so passveis de serem

    reproduzidos num tamanho superior, dado o pormenor que lhes foi atribudo.

    4 Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p. 15 5 JORGE, Filipe, BANDEIRINHA, Jos Antnio Coimbra vista do Cu. 2003. p. 16

  • 6

    Fig. 4 Miniatura dos perfis Sul da Rua Larga. De cima para baixo: 1377, 1678, 1799, 1934, 1966,

    2010.

  • 7

    Para os documentos grficos foi adoptado um critrio de representao diferente consoante os

    objectos representados. As representaes exactas ou muito prximas da realidade esto a cor;

    aquilo em que h reservas quanto sua verosimilhana est em escala de cinzentos e os projectos

    de edifcios so representados apenas em linhas.

    Cada momento histrico estudado d-nos uma identidade diferente da Rua, que se traduz na

    evoluo da arquitectura dos edifcios, na sua escala, tipologia e tambm na morfologia dos

    espaos exteriores. As datas para cada caracterizao foram escolhidas de acordo com

    acontecimentos especficos que marcaram a Rua Larga.

    A representao da Rua data de 1377, d-nos uma ideia bastante especulativa de como ter

    sido o aspecto urbano do local, menos monumental, antes das mudanas significativas que se

    deram sculos depois. Os edifcios que marcariam a Rua Larga seriam o Castelo, o Pao Real

    reformado por D. Afonso IV e os Estudos Gerais mandados edificar por D. Dinis6

    Nos sculos XVI e XVII, surgem ao longo da Rua Larga vrios colgios universitrios. Alguns

    foram transferidos da Rua da Sofia e por vezes de incio, funcionaram em habitaes.

    . A Alta, com a

    presena da Universidade, seria predominantemente habitacional e comercial.

    7

    O sculo XVIII, destacou-se pela execuo de obras como, a Via Latina, a Biblioteca ou a

    Torre da Universidade no Pao das Escolas, mas tambm por projectos que no foram concludos

    ou sequer comeados, como o Observatrio ao Largo do Castelo, o Colgio de S. Paulo Eremita,

    ou o Colgio de S. Paulo de Giacomo Azzolini. Em 1799, concludo o Observatrio Astronmico

    no Ptio das Escolas, e na sequncia da Reforma Pombalina, imaginada uma Rua Larga,

    pontuada tanto pelos edifcios consumados, como pelos idealizados.

    Os

    Colgios: Real de S. Paulo, S. Pedro, S. Joo Evangelista, S. Boaventura, S. Jernimo e de S.

    Bento, constituiram parte do ncleo universitrio que se situava na Alta de Coimbra, dos quais se

    pretende mostrar o seu aspecto original. Foi escolhido o ano de 1678, quando se deu a concluso

    do Colgio de S. Boaventura.

    Quanto ao incio do sculo XX, embora no se trate de uma poca que se tenha destacado por

    grandes alteraes, representa e acumula a histria, que dentro de pouco tempo, ser apagada. No

    ano de 1934, cristalizado na Planta Topogrfica de Coimbra, muitos edifcios, quer habitacionais,

    6 VASCONCELOS, Antnio de Escritos vrios relativos Universidade Dionisiana. 1938-41. vol. 1. 7 VASCONCELOS, Antnio Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 91

  • 8

    Fig. 5 Miniatura das plantas dos pisos trreos da Rua Larga. 1678 em cima, projecto da Cidade

    Universitria em baixo.

  • 9

    quer de outros tipos, tinham atravessado sculos e chegaram at aqui mais ou menos alterados.

    Nesta altura, a Rua Larga era palco de uma vida intensa, fruto da diversidade de actividades a

    desenvolvidas: comerciais, habitacionais, lazer, ensino.

    A variedade de estilos arquitectnicos foi suprimida pela construo da Cidade Universitria

    do Estado Novo. Com o plano de Cottinelli Telmo, responsvel pela revoluo urbanstica

    realizada ao longo dos anos 40 a 708

    A informao necessria para esta investigao foi recolhida em livros, mas tambm em

    processos de arquivo, desenhos e at pela observao directa no local. Tambm foram pedidos

    esclarecimentos adicionais a alguns autores como Jorge de Alarco e Antnio Pimentel.

    , a Alta de Coimbra e a Rua Larga mudaram a sua identidade.

    A ltima mudou a sua configurao, no s no alinhamento como na largura, comprimento e

    elevao. Instalaram-se grandes edifcios de aulas, regulados por um plano geomtrico, axial,

    monumental, numa esttica representativa do regime de ento. Contudo, o conjunto como se v

    no Plano Geral dos anos 50/60 e no perfil de 1966, no foi realizado na sua totalidade. A

    construo do novo hospital no local do Colgio de S. Jernimo e dos prticos a ligar os vrios

    edifcios em torno da Praa D. Dinis dariam ao espao um carcter bastante diferente do que

    existe. Finalmente a Rua representada na actualidade (2010).

    O registo fotogrfico do livro A Velha Alta... desaparecida foi de extrema importncia, no

    s para a reconstituio da Rua na data de 1934, pois tambm d pistas para pocas anteriores.

    Outras obras importantes so as de Antnio de Vasconcelos, que escreveu sobre os Colgios

    Universitrios de Coimbra, e Nuno Rosmaninho sobre a Cidade Universitria do Estado Novo.

    J Walter Rossa ou Jorge de Alarco analisam a evoluo geral da cidade de Coimbra; Antnio

    Pimentel estudou o Pao Real e a sua transformao desde as origens at ao estabelecimento da

    Universidade. Estas obras, embora visem assuntos mais abrangentes ou mais especficos, quer no

    espao, quer no tempo, juntas, contriburam com informao essencial para a anlise da Rua

    Larga.

    Dado o assunto do trabalho, praticamente toda a bibliografia foi consultada em Coimbra:

    Biblioteca Geral e Arquivo da Universidade de Coimbra, Biblioteca Municipal, bibliotecas de

    alguns departamentos da Universidade de Coimbra e Museu Machado de Castro.

    8 ROSMANINHO, Nuno, outros Evoluo do Espao fsico de Coimbra. 2006. p. 75-76

  • 10

    Figura 6 Possveis arruamentos de Aeminium, Jorge Alarco

  • 11

    1: Origens

    Uma das primeiras referncias via urbana em estudo, actualmente chamada Rua Larga, data

    do sculo XIII. Era a que, em 1262, D. Afonso III designava por via publica que vadit de meo

    alcaar ad Portam Solis".9 Em 1374 identificada por Rua da Alcova que vai para o Castelo.

    J em 1511 aparece-nos como Rua da Alcova. Todavia, na documentao conhecida, s nas

    dcadas depois de consolidada a instalao definitiva da Universidade de Coimbra (1537), que

    este percurso comea a surgir designado por Rua Larga. Mesmo assim, em 1603, a rua era ainda

    designada por expresses como rua que vai das Escolas Gerais para o Castelo. 10

    Como se percebe, era prtica normal, desde tempos medievais, que o nome das ruas reflectisse

    a sua funo, as actividades econmicas a desenvolvidas, nomes de edifcios importantes como

    igrejas ou castelos, ou qualquer outra particularidade.

    11

    Em Coimbra existem ou existiram vrios

    exemplos desses: a Rua da Moeda ou a Rua Direita (directa) na Baixa, e na Alta a Rua dos Lios

    ou a Rua dos Estudos. Sendo assim, a Rua Larga recebeu este nome, pois seria na poca a rua

    mais larga da parte elevada da cidade, como se explicar melhor, mais frente no trabalho. No

    de surpreender, por isso, que haja inmeras Ruas Largas em todo o mundo.

    Apesar dos primeiros registos documentais surgirem na Idade Mdia, presume-se que este eixo

    tenha origens bem mais antigas, possivelmente romanas. 12

    O espao onde se viria a desenvolver o ncleo da cidade romana Aeminium, era j habitado

    antes. Contudo, pouco se sabe sobre esse povoado, que em pouco se pareceria com uma cidade. A

    cidade nasceu com os romanos.

    Assim essencial perceber como a

    situao geogrfica, as sucessivas ocupaes e os edifcios mais importantes, contriburam para o

    aparecimento deste eixo.

    13 O lugar escolhido, uma forma de mamoa gigante, que veio

    sendo aplanada no topo pela eroso e pelo Homem possui vertentes vincadas a norte, a oeste e a

    sul, e um acesso mais suavizado a leste. 14

    9 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 114

    10 ROSSA, Walter Divercidade. 2001. p. 806 11 Gropecunt Lane [Em Linha] actual. 2010. Disponvel em: http://en.wikipedia.org/wiki/Gropecunt_Lane 12 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 14 13 Ibidem. p. 11 14 JORGE, Filipe, BANDEIRINHA, Jos Antnio Coimbra vista do Cu. 2003. p. 15

  • 12

    Figura 7 Reconstituio do Alccer, de Antnio Pimentel.

  • 13

    precisamente a partir deste ponto, ligando a entrada na cidade parte oeste do morro,

    que pode ter havido um arruamento correspondente, com alguma diferena Rua Larga que nos

    chegou at ao incio dos anos 1940. Na imagem de Jorge Alarco pode ver-se os arruamentos da

    cidade de Aeminium, sendo um deles, mais ou menos coincidente com a Rua Larga. Segundo

    este, no ser improvvel, que, sendo romano, este alinhamento constitusse um eixo ao longo do

    qual se tero disposto algumas das domus das principais famlias da cidade. 15

    Aps a ocupao suevo-visigtica, vieram os muulmanos, e mais tarde, os cristos e a

    fundao da nacionalidade. Na presena dos dois ltimos surgem, ento, construes que vo

    definir com maior clareza os pontos de amarrao da, futuramente, Rua Larga. Durante o

    domnio rabe foi construdo o Alccer. Este poder datar de meados do sculo VIII, aps a

    conquista rabe por Abdul Aziz, mas tambm tem sido atribuda a sua construo a Almanor,

    em 994. A evoluo arquitectnica da Alcova, com as suas torres circulares e cubelos, resultava

    na mais notvel expresso de arquitectura militar, porventura de toda a pennsula Al Andaluz.

    16

    Esta estrutura, um vasto quadriltero, com cerca de 80 metros de lado, cujas bases das torres ainda

    hoje se observam, possua a entrada a oriente, onde hoje se situa a Porta Frrea.17

    Em oposio ao ponto de entrada na Alcova, situava-se o ponto de entrada na cidade: a

    Porta do Sol e o Castelo. E assim, a ligar a porta da Alcova porta do Castelo temos a via

    descrita por D. Afonso III, referida anteriormente. Um percurso com mais de 240 metros de

    comprimento, subindo suavemente de oeste para este e depois descendo, que daqui para a frente

    viria a sofrer maiores ou menores alteraes, decorrentes da construo e reconstruo dos

    edifcios que foram estabelecendo os seus limites.

    Viria depois, a

    transformar-se em Pao ou Palcio Real, e mais tarde, na morada da sabedoria.

    15 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 14 16 Coimbra Rota da 1 Dinastia parte4: Aqui se fez Portugal. [Em Linha] 2009. Disponvel em: http://www.rotas.turismodecoimbra.pt/visita_guiada.html 17 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 72

    http://www.rotas.turismodecoimbra.pt/visita_guiada.html
  • 14

    Figura 8 Excerto de planta de Coimbra de finais do sculo XVIII, autor desconhecido.

  • 15

    A Rua Larga, situada na parte alta da cidade, a Almedina, foi ao longo dos tempos, um dos

    eixos mais importantes e estruturadores deste espao. Todavia, esta rea da cidade foi oscilando

    em termos de importncia quanto s actividades a desenvolvidas pela populao.

    medida que as ameaas almadas deixavam de ser um problema para a cidade, esta, que j

    tinha galgado a muralha, foi progressivamente escorregando em direco ao rio. Assim se ter

    consolidado, no arrabalde, o principal sistema urbanstico da cidade a Praa Velha e a actual

    Rua Ferreira Borges que concentravam a maior parte da produo artesanal e comrcio da

    cidade. 18 A parte baixa da cidade, animada pelo florescimento da burguesia e pela dinmica trans-

    -urbana que a importante via Lisboa - Braga proporcionava19

    Para contrariar esta tendncia, foram vrios os reis portugueses que procuraram inverter a

    situao, nomeadamente D. Dinis e, mais tarde, outros monarcas como D. Joo III, que atravs

    da instalao de edifcios de ensino universitrio e habitaes para os estudantes foram dando

    nova vida alta de Coimbra e consequentemente Rua Larga.

    , contrastava com uma certa

    estagnao da parte alta, de difcil acesso e cada vez mais despovoada.

    20

    18 ROSSA, Walter Divercidade. 2001. p. 423-426 19 Ibidem p. 429 20 Ibidem p. 504, p.512

  • 16

    Fig. 9 Fragmento do desenho de Baldi, onde se observam as torres do castelo, 1669

    Fig. 10 Planta do Castelo de Coimbra e espaos envolventes, Guilherme Elsden, 1772

    Fig. 11 Reconstituio do Castelo de Coimbra, Jorge Alarco

  • 17

    2: 1377 A cidade medieval

    Numa altura em que a via estudada ainda no tinha a designao de Rua Larga, pois

    provavelmente a largura ainda no seria um factor relevante de diferenciao das outras, o Castelo

    e a Residncia Real, dominavam pela sua escala o conjunto urbano da parte alta da cidade.

    Nesta poca, as ltimas obras de carcter defensivo no Castelo j teriam sido realizadas e este

    era o ltimo ano em que a Universidade estaria em Coimbra,21

    para depois s regressar em 1537.

    Os Estudos Gerais marcavam presena perto do Pao Real, mas apesar desta excepo, o eixo seria

    estruturado pelo medieval aglomerado habitacional e talvez alguma actividade comercial.

    Parte do castelo foi edificada por D. Afonso Henriques e D. Sancho I, nos sculos XI e XII. 22

    A Porta do Sol, voltada a nascente, referida em documentos do tempo de D. Sesnando, em

    1087/88.23 Esta teria em 1176, dois cubelos quadrados e foi refeita a mando da Condessa D.

    Teresa, aps o ataque muulmano de 1117. 24 Do castelo da cidade, no restam hoje seno

    memrias escritas ou desenhadas, pois os poucos vestgios que se conservaram at meados do

    sculo XX, desapareceram com as obras da Cidade Universitria. Do conjunto fortificado

    sobressaam duas torres: a torre quadrada, no centro do castelo a mais antiga: a torre de

    menagem de D. Afonso Henriques, que teria cerca de 22 metros de altura. A torre pentagonal ou

    quinria, foi construda por D. Sancho I em 1198, sendo-lhe atribuda a altura de cerca de 26,5

    metros. A torre de menagem era feita de blocagem argamassada, dura como ferro, apertada entre

    revestimentos, interno e externo, de silharia gravada e siglada. Teria a sua entrada muito alta,

    servida por escadas de madeira amovveis, como era prprio destas torres. A estrutura defensiva

    possuiria ainda, um fosso. 25

    Todavia, no reinado de D. Fernando, o Castelo sofreu novas transformaes. Alm do adarve

    que ligaria as Torres de Afonso Henriques e Sancho I, tero sido construdas duas novas torres: a

    21 Enciclopdia Luso-Brasileira de Cultura Universidade. 1980. vol.18 p.483 22 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 113 23 Coimbra Rota da 1 Dinastia parte3: As muralhas e os castelos de Coimbra. [Em Linha], 2009. Disponvel em: http://www.rotas.turismodecoimbra.pt/visita_guiada.html 24 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 204 25 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 199, 201, 203

    http://www.rotas.turismodecoimbra.pt/visita_guiada.html
  • 18

    Fig. 12 Planta de reconstituio do Pao Real no tempo de D. Afonso IV, Antnio Pimentel

    Fig. 13 Reconstituio tridimensional do Pao Real, Antnio Pimentel

    Fig. 14 Claustro do Convento de Celas.

  • 19

    torre das Mulheres e a partir de 1374 comeou a ser erigida a torre nova, que marcaria a

    entrada na cidade, substituindo a antiga Porta do Sol. 26

    Fez-se, ento, na seco de documentos grficos a reconstituio do castelo, tendo em conta o

    desenho de Baldi de 1669, a planta do sculo XVIII de Guilherme Elsden, aquando da demolio

    promovida pelo Marqus de Pombal, e a reconstituio feita por Jorge Alarco.

    Anteriormente s obras de D. Fernando no Castelo, j no incio do sculo XIV, os Estudos

    Gerais se tinham implantado na Alta da cidade. Aps a transferncia da Universidade de Lisboa

    para Coimbra em 1308,27 a instituio ver construdo um edifcio digno. Intramuros,

    especialmente na parte mais alta, havia muitas casas abandonadas, arruinadas, e de aluguer. Era,

    pois, a ocasio, para no bairro alto, stio sossegado, se construir os Estudos Gerais, e para alugar

    ou construir habitaes para albergar estudantes. No local onde no sculo XVI se construiu o

    Colgio Real de S. Paulo, os Estudos instalaram-se primeiro em casas, enquanto o edifcio prprio

    no estava concludo.28

    Sobre o edifcio em si, cr-se que ter tido um claustro, pois algumas das belas colunas com as

    suas bases e capitis do claustro do Convento de Celas tero sido de l trazidas

    29

    Por volta de 1340, tambm estaria concluda a reforma do Pao Real por parte de D. Afonso

    IV. Contudo, desde as primeiras dcadas do sculo XIV, que se vinha assistindo construo de

    estruturas utilitrias palatinas que se acrescentaram capela e aula do palatium primitivo

    sesnandino. Consumava-se,assim, um Pao Real da Alcova, inquestionavelmente cabea da urbe,

    pousado na colina. Afastado, pouco a pouco, o perigo muulmano e esbatida a importncia

    militar do recinto fortificado, a moradia rgia inaugurava uma relao crescentemente aberta com

    . Com a

    informao do local, da organizao funcional, e de uma dimenso aproximada para a arcaria do

    claustro, tentou-se formular uma hiptese de como os Estudos Velhos Dionisianos poderiam ter

    sido. Sem certezas sobre a sua rea de implantao e volumetria, props-se um edifcio com dois

    pisos e alguma escala no conjunto urbano.

    26 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 202 27ALFAIATE, Augusto Universidade. [Em linha] s.d. Disponvel em: http://www.regiaocentro.net/lugares/coimbra/universidade/index.html 28VASCONCELOS, Antnio de Escritos vrios relativos Universidade Dionisiana. 1938-41. vol. 1. 29Ibidem

  • 20

    Fig. 15 Possvel arruamento que atravessaria a Rua Larga na Idade Mdia.

  • 21

    a cidade e as suas necessidades.30

    Sobre o espao em frente aos Estudos Gerais, alguns autores, sem referir dados concretos

    afirmam que, na segunda metade do sculo XIII, era conhecido por mouraria.

    A reconstituio do Palcio feita por Antnio Pimentel foi a base

    da sua representao nos documentos grficos.

    31

    Rossa, constata que depois da conquista definitiva da cidade pelos cristos, a relao destes com os

    muulmanos era pacfica, sendo pouco provvel que houvesse segregao.

    Porm Walter

    32 Alm disso, as

    mourarias ou as judiarias localizavam-se em locais mais perifricos e menos atractivos.33 Por outro

    lado, Jorge Alarco desmente o facto, de que tambm no sculo XIII, tenha havido uma mouraria

    perto da Igreja de S. Cristvo. Os documentos no se referem a uma mauraria, de mouros,

    mas sim a uma moraria, ou seja um local com amoreiras, pelo que possa ter havido alguma

    confuso neste sentido.34 Assim, mas sem grandes certezas, pe-se a hiptese de o local, que se

    chamava Alameda de S. Paulo, aquando da existncia do colgio com esse nome, fosse j um

    espao aberto, como era comum existir perto das alcovas, como local de manifestaes

    comerciais,35

    Resta tambm, imaginar como seria o tecido urbano data. Nos documentos de

    reconstituio, desenhou-se um hipottico traado para a rua que ligava o Castelo ao Palcio Real

    (futuramente Rua Larga), tendo em conta que talvez fosse mais estreita e menos rectilnea.

    Todavia, a densidade urbana no seria to grande como na agitada Baixa da cidade. A Rua seria

    obviamente cortada por outras, mas difcil saber onde, excepo de um eixo que ligava as

    igrejas de S. Joo de Almedina e S. Pedro, com possveis origens romanas.

    quem sabe com presena de amoreiras.

    36

    Quanto s habitaes nas cidades medievais, elas eram construdas em pedra e cal, madeira,

    adobe e outros. Era frequente terem um ou mais andares com sacada, projectando-se sobre a rua.

    30PIMENTEL, Antnio Filipe A Morada da Sabedoria. 2005. p. 279, 283 31 CORREIA, Antnio Toponmia Coimbr. 1952. vol. 2. p. 6 32 ROSSA, Walter Divercidade. 2001. 33 GASPAR, Jorge A Cidade Portuguesa na Idade Mdia. La Ciudad Hispanica. [Em Linha] 1985. p. 136. Disponvel em: http://www.rotadoromanico.com/SiteCollectionDocuments/PerfilHistoriador /A_Cidade_Portuguesa_na_Idade_Media.pdf 34 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 97 35 GASPAR, Jorge A Cidade Portuguesa na Idade Mdia. La Ciudad Hispanica. [Em Linha] 1985. p. 134. Disponvel em: http://www.rotadoromanico.com/SiteCollectionDocuments/PerfilHistoriador /A_Cidade_Portuguesa_na_Idade_Media.pdf 36 ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p. 65

  • 22

    Fig. 16 Casa medieval, Baixa de Coimbra.

    Fig. 17 Casas medievais imaginrias de Coimbra por Jorge Alarco.

    Fig. 18 Esquemas de casas medievais de Coimbra, Lusa Trindade.

  • 23

    Por vezes, havia nas traseiras das casas ptios e jardins, onde se encontravam animais domsticos,

    como a galinha e o porco. 37

    Em Coimbra, na Baixa, subsiste ainda hoje um exemplo de habitao medieval. Apesar de ser

    do sculo XV d uma ideia de como poderiam ser as casas desta poca. A casa elevada atravs da

    sobreposio de um sobrado e obedece a princpios bsicos de abrigo e armazenamento. Com ps-

    -direitos reduzidos, no rs-do-cho fica a loja, e a habitao em si, nos andares superiores. As

    paredes erguem-se em enxaimel, a cobertura de telha, e as aberturas so em nmero diminuto.38

    Jorge Alarco e tambm Lusa Trindade do exemplos de como podiam ter sido as casas

    medievais em Coimbra: com um ou mais andares, com quintais, escadas exteriores e pisos

    parcialmente ou totalmente sobradados, sobre arcos, esteios ou colunas.

    39

    Era possvel que, nesta altura ainda se pudesse observar restos do aqueduto romano, sobre o

    qual se viria a erguer o Aqueduto de S. Sebastio.

    37 FREITAS, Maria A Vila Medieval. [Em Linha], actual. 2009. Disponvel em: http://www.cm-castromarim.pt/site/ndex.php?module=ContentExpress&func=display&ceid=25 38 Gabinete para o Centro Histrico Casa Medieval. [Em Linha], s.d. Disponvel em: http:www.cm-coimbra.pt/ndex.php?option=com_content&task=view&id=190&Itemid=468 39 TRINDADE, Lusa A Casa Corrente em Coimbra, dos finais da Idade Mdia aos incios da poca Moderna. 2002. p. 76

  • 24

    Fig 19 Traado urbano da alta, com um traado tendencialmente ortogonal, planta de 1873-74.

    Fig. 20 Rua dos Lios, que intersecta a Rua Larga, vista da Rua do Borralho, sc. XX

    Fig. 21 Reconstituio do Pao Real depois da reforma manuelina, ainda com a Torre do Rei.

  • 25

    3: 1678 Os Colgios Universitrios

    Nesta poca, certamente j designado como Rua Larga, o eixo teria praticamente estabelecida

    a estrutura que apresentar at a Alta ser arrasada pelo Estado Novo.

    As alteraes a nvel urbanstico consumadas no reinado de D. Joo III, no sculo XVI,

    decorrentes da construo de casas para os escolares e do desgnio de edificao de um edifcio

    prprio para a Universidade, tero conferido Alta de Coimbra um novo traado urbano, mais

    regularizado. Contudo, foi atravs da sucessiva implantao de Colgios Universitrios, tambm

    no sculo XVII, que a malha urbana se consubstanciou, e a Rua Larga aumentou a sua rea de

    influncia.40

    No mbito do povoamento da Alta Universitria, a Rua Larga acabou por desempenhar o seu

    papel estruturador natural, sendo cruzada por dois eixos paralelos. Um formado pelas ruas de S.

    Pedro e S. Joo, o outro, composto pelas ruas dos Lios e do Borralho, ter sido resultante de dois

    propsitos de fundo urbanstico: a implantao segundo uma paralela ao primeiro e o rigoroso

    enfiamento a partir do centro da principal fachada da quadratura das escolas (projecto no

    concretizado, situado em parte no local onde se edificou o Colgio de Jesus).41

    Ter sido atribuda a vrias ruas, abertas, ou ajustadas nesta altura, como por exemplo a Rua

    dos Estudos

    42, a largura de 30 palmos. J Rua Larga concedeu-se 45 palmos, estando assim

    justificada e apropriada a sua designao.43

    Mais frente no captulo far-se- uma anlise aos colgios que vo modificar a imagem da

    Rua, mas antes h a referir as transformaes profundas que o Pao Real, sofrera at data, desde

    o sculo XVI, comeando pelo Manuelino, passando pelo Renascimento, at ao Barroco. Na

    poca de D. Manuel, entre 1517 e 1522, o corpo do palcio foi reformado, salientando-se

    tambm a capela real e a sala grande de Marcos Pires, e os torrees de defesa embelezados.

    44

    40 ROSSA, Walter Divercidade. 2001. p. 807, 810, 811

    J no

    reinado de D. Joo III, em 1535, os Estudos mudam para os Paos Reais e em 1537, a

    Universidade estabelece-se definitivamente em Coimbra. Em 1561 edificada a torre horria de

    41 Ibidem p. 807 42 BRANDO, Mrio Documentos de D. Joo III. 1938. vol. 2. 43 ROSSA, Walter Divercidade. 2001. p. 792, 809 44 PIMENTEL, Antnio Filipe A Morada da Sabedoria. p. 320

  • 26

    Fig. 22 e 23 Representao da torre horria de Joo de Ruo por Laprade e excerto da vista de

    Coimbra de Pier Maria Baldi (1669) onde tambm se v a torre.

    Fig. 24 Plantas sobrepostas do piso trreo e 1 andar do Colgio Real de S. Paulo

    Fig. 25 Fachada Rua Larga do Colgio Real de S. Paulo

  • 27

    Joo de Ruo, situada no ngulo noroeste do terreiro, representada na vista de Coimbra por Pier

    Maria Baldi, e figurada numa porta dos Gerais por Laprade.45

    Em 1570, o Colgio de S. Pedro instala-se na ala nascente do Pao e em 1634, a antiga porta

    fortificada substituda pela Porta Frrea. Posteriormente ainda reformada a sala do exame e

    reconstruda a Sala dos Capelos.

    46

    Os colgios em seguida analisados, construdos entre 1550 e 1678 (da a data escolhida para

    este captulo), eram bastante diversificados, quer pelo seu modo de funcionamento, quer pela

    organizao espacial e relao com o espao exterior, por vezes tendo capelas interiores ou igrejas

    servindo o pblico.

    Nos documentos grficos as representaes do Pao das

    Escolas, foram feitas a partir das reconstituies de Antnio Pimentel, tendo em conta as novas

    adies at data.

    O Colgio Real de S. Paulo Apstolo, comeou a ser construdo a partir de 1550 a mando de

    D. Joo III, no terreno onde existiam os Estudos Velhos e as suas casas arruinadas. A inaugurao

    deu-se em 1563, e dele saram homens eminentes, de grande importncia para o pas.47 Atravs

    dos desenhos das plantas e das fachadas do Colgio pelo arquitecto Azzolini e do permetro de

    implantao do edifcio visveis na planta de 1873-74, figura 13 deste trabalho, foi feita uma

    reconstituio que se aproximar bastante do seu aspecto original. Era um colgio secular por

    oposio aos colgios regulares, das ordens. Organizava-se em torno de um ptio central, que

    curiosamente no tinha nenhuma arcaria de distribuio para as vrias dependncias. Ocupava

    praticamente um quarteiro e tinha capela interior. 48

    O Colgio de S. Jernimo comeou a funcionar em 1550, numas casas adquiridas a norte do

    Castelo, mas em 1565 adquiriram mais terreno e projectaram um edifcio condigno. A sua

    fachada oriental ergueu-se sobre a muralha da cidade, desde a porta do Castelo, qual ficou

    encostada a igreja, obra de Diogo de Castilho, continuando-se o dormitrio em direco ao

    Norte.

    45 PIMENTEL, Antnio Filipe Antnio Canevari e a torre da Universidade de Coimbra. Artistas e Artfices. VII Colquio Luso-Brasileiro de Histria da Arte. 2005. p. 50 46 BONIFCIO, Horcio, outros Paos da Universidade de Coimbra. [Em Linha], 1991, 1997, 2003. Disponvel em: http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B1.aspx 47 VASCONCELOS, Antnio Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 81 48 LOBO, Rui Pedro Os colgios universitrios de Coimbra. Monumentos. (2006), vol. 25. p. 40

  • 28

    Fig. 26 Reconstituio do Colgio de S. Jernimo e axonometria da igreja, Rui Lobo

    Fig. 27 Vista do Colgio de S. Jernimo, Vivian, segunda metade do sculo XVIII.

    Figs. 28 e 29 Planta e alado da Igreja do Colgio de S. Bento, por Albrecht Haupt, e fotografia.

  • 29

    Fig. 30 - Planta truncada do Colgio de So Bento, aquando de profundas alteraes, 1764.

    Fig. 31 Aqueduto de So Sebastio.

    Fig. 32 - Colgio de S. Joo Evangelista, fachada ao Largo da Feira.

  • 30

    Fig. 33 - Colgio de S. Joo Evangelista, fachada ao Largo da Feira.

    Fig. 34 Fachada do Colgio de S. Boaventura no incio do sc. XX. e planta do piso trreo, sc.XIX.

    Fig. 35 Planta do piso trreo do Colgio de S. Boaventura, sc. XIX.

  • 31

    Ainda hoje se reconhece bem delimitado o edifcio, com seus cubelos de reforo na

    fachada oriental.49

    do colgio por Rui Lobo na obra Os Colgios de Jesus, das Artes e de S. Jernimo atravs de

    plantas e axonometria. Todavia o alado Sul modificado em funo da j referida presena da

    torre da porta do Castelo.

    A representao feita nos documentos grficos tem como base a reconstituio

    O Colgio de S. Bento era o maior e mais importante colgio na alta da cidade, exceptuando

    o Colgio de Jesus. Em 1576 haviam comeado as obras do edifcio, sendo que a igreja foi a

    ltima parte a ser construda, tendo sido sagrada em 1634. O projecto inicial do colgio talvez

    fosse constitudo por dois ptios, mas entre 1568 e 1570 foi construdo o aqueduto de S.

    Sebastio, do engenheiro Filipe Terzio, em parte na propriedade dos beneditinos, o que os

    obrigou a fazer uma parede no lado nascente para encerrar o conjunto.50 Quanto Igreja, toda a

    nave um primor de arquitectura, que desde logo detm os olhos de quem entra. A sua abbada

    em forma de bero, formando caixotes, de uma riqueza e formosura singulares no dizer do

    crtico alemo Albrecht Haupt.51

    Na parte grfica do trabalho tentou-se aproximar o colgio do seu aspecto original atravs de

    uma planta truncada de 1764, que revela parte do colgio, mas tambm pelo desenho de Baldi

    (Fig. 8), onde se v a parte ocidental, revelando a existncia duma galeria com vista para o rio.

    O Colgio de S. Joo Evangelista ou dos Lios instalou-se em 1548 no arrabalde da cidade.

    Contudo viriam a mudar-se para o bairro alto da cidade. Adquiridos os terrenos, o colgio

    construiu-se entre 1631 e 1638. 52

    fotogrfica encontrada, reconstituiu-se em planta o permetro e o claustro, e imaginou-se uma

    fachada para a Rua Larga.

    O edifcio, em parte com organizao claustral, estende-

    se,contudo, at ao Largo da Feira, mostrando a a sua fachada principal de 5 pisos, bastante

    trabalhada. Pelo contrrio, s outras fachadas no se concedeu a mesma dignidade. Da Rua Larga,

    tendo aqui apenas dois andares, far-se-ia o acesso directo ao claustro. A partir da documentao

    A primeira pedra do Colgio de S. Boaventura foi colocada em 1665 e em 1678 deu-se por

    concluda a obra.53

    49 VASCONCELOS, Antnio Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 92-95

    O edifcio organizava-se em torno de um claustro e tinha a serventia principal

    50 Ibidem p. 100-101 51 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 284 52 VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 77-79 53 Ibidem p. 91-92

  • 32

    Fig. 36 Casa com pormenores de arquitectura renascentista.

    Fig. 37 Desenho de adaptao da Torre de Menagem do Castelo a observatrio, G. Elsden, 1772.

  • 33

    para a Rua dos Lios, tanto do colgio como da igreja, como descreve o inventrio aquando da

    extino.54 A planta do sculo XIX revela provavelmente uma realidade prxima da original e uma

    fotografia permite ver o aspecto de parte do edifcio antes da transformao que sofreu no sculo

    XX. Restou, assim, criar uma possvel imagem para a igreja, sendo que o portal do sucessor

    Instituto de Antropologia, segundo Antnio Vasconcelos, no ter sido aproveitado do antigo

    colgio.55

    A par da construo dos colgios universitrios, tambm se construram casas particulares sob

    uma forma renovadora. O fundo construtivo corresponde a um tipo de casas que apresenta como

    caracterstica prpria, janelas de avental rectangular, correspondendo estas, segunda metade do

    sculo XVI, a todo o sculo XVII e ainda aos comeos do sculo XVIII.

    56

    O Castelo, destitudo das suas funes defensivas, utilizou-se para vrias funes de interesse

    para a cidade. Foi priso e quartel, nos sculos XVI e XVII. Num desenho do sculo XVIII, de

    Guilherme Elsden, em que este adapta a Torre de Menagem a observatrio, so visveis, uma

    janela gtica, e duas aberturas superiores que se podem observar na figura 36 deste trabalho.

    Desenho que contribuiu para a reconstituio do Castelo nesta poca.

    54 GAMA, Antnio Mendes Descripo e Depozito dos Bens deste Collegio de S. Boaventura da Feira. 1834. Disponvel no Arquivo da Universidade de Coimbra. 55 VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 162 56 ROSMANINHO, Nuno O princpio de uma revoluo urbanstica no Estado Novo. 1996. p. 18

  • 34

    Fig. 38 Pao das Escolas aps grandes modificaes no sculo XVIII.

    Fig. 39 Perfil pela Rua Jos Falco: Biblioteca Joanina e Observatrio Astronmico.

    Fig. 40 Reconstituio do alado do Observatrio Astronmico, Guilherme Elsden.

  • 35

    4: 1799 As reformas e projectos do sculo XVIII

    Neste captulo abordar-se- no s as alteraes consumadas ao longo da Rua Larga, mas

    tambm os projectos que no chegaram a ser executados ou foram interrompidos, que lhe dariam

    um carcter mais monumental.

    Desde o incio de Setecentos que o crescimento econmico-demogrfico e o desenvolvimento

    cientfico-tcnico vinham impulsionando importantes alteraes sociais e culturais. A filosofia

    iluminista, racional, humanista, defendia o progresso com base no desenvolvimento da cincia e

    da tcnica.57 Em Coimbra, a Reforma Pombalina da Universidade teve esse papel, introduzindo

    tambm uma nova linguagem arquitectnica, a do neoclassicismo.58

    Contudo, o incio do sculo

    foi marcado ainda pelo barroco e as suas influncias nas obras do Pao das Escolas.

    O Pao das Escolas, no decorrer do sculo XVIII ver grandes modificaes, que lhe daro um

    aspecto prximo daquilo que encontramos hoje. As obras mais importantes foram a Via Latina, a

    construo da Biblioteca, a nova torre da Universidade e, inseridas na Reforma Pombalina, a

    remodelao dos Gerais do alado norte do terreiro.

    O frontispcio da Via Latina, com a composio escultrica de Laprade construdo em

    1700/01, garantindo um corpo central com dignidade quela fachada. A construo da

    Biblioteca, entre 1716 e 1728, juntamente com as Escadas de Minerva,59

    constituem uma

    significativa adio pela sua envergadura, fechando o conjunto edificado da ala poente. A

    sumptuosidade da decorao barroca do interior da biblioteca, contrasta com a simplicidade da

    prpria organizao espacial e do exterior. Substituindo a antiga torre de Ruo, Antnio

    Canevari, arquitecto romano, concebe uma nova, com cerca de 34 metros de altura. Torre sineira

    e horria, de linhas severas quebradas apenas pelo delicado fronto, teve um raro acabamento em

    57 PINTO, Ana, outros Histria da Arte ocidental e portuguesa, das origens ao final do sculo XX. 2001. p. 624 58 ROSMANINHO, Nuno, outros Evoluo do Espao fsico de Coimbra. 2006. p. 23 59 BONIFCIO, Horcio, outros Paos da Universidade de Coimbra. [Em Linha], 1991, 1997, 2003. Disponvel em: http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B1.aspx

  • 36

    Fig. 41 Planta do Observatrio Astronmico de Guilherme Elsden.

    Fig 42 Alado da verso abandonada do Observatrio Astronmico, Guilherme Elsden

    Fig. 43 Desenhos do Observatrio Astronmico do Ptio da Universidade, Macomboa

  • 37

    terrao, a fim de nele instalar um observatrio. Alm das funes para a comunidade escolar, um

    smbolo de identidade.60 Entre 1770 e 1779 foi construdo todo o alado norte do Terreiro da

    Universidade. O velho edifcio ganhava assim uma nova fachada.61

    O plano de interveno da Reforma Pombalina, embora se tenha feito sentir em outras obras

    como o Laboratrio Qumico, a transformao do Colgio de Jesus ou o Jardim Botnico

    62, ficou

    aqum da expresso de autonomia e monumentalidade que poderia ter tido, se o colossal

    Observatrio Astronmico, no incio da Rua Larga, tivesse sido concludo.63

    Guilherme Elsden desenvolve, em duas verses conhecidas, o projecto do edifcio. A segunda

    verso, a definitiva, representada no conjunto grfico deste captulo, aprovada em 1773 um

    volume com dois pisos, porticado no piso trreo, e encimado por um corpo recuado onde se

    eleva, ao centro da composio, a torre do Observatrio. O edifcio, confrontando o Colgio de S.

    Jernimo, abrir-se-ia ao extenso territrio que se desenvolvia a Norte e a Nascente. A galeria do

    piso trreo, em cantaria de junta fendida, clarificava a funo urbana de porta: iniciar o acesso

    Rua Larga e prolongar o Passeio Pblico que vinha desde o j idealizado Jardim Botnico. A

    primeira verso, um volume com trs pisos, organizava-se a partir do aproveitamento das duas

    torres do antigo castelo de Coimbra, enquadradas nos topos. Uma soluo que foi abandonada

    pela dificuldade em integr-las.

    64

    No entanto, aps a demolio do castelo medieval e a concluso do piso trreo do novo

    edifcio, interrompeu-se o ambicioso projecto. Por razes financeiras e tcnicas, optou-se por

    construir um outro Observatrio, de menor dimenso, no topo Sul do Ptio das Escolas. Da

    colaborao do arquitecto Manuel Alves Macomboa com o professor Jos Monteiro da Rocha,

    surgir o projecto definitivo. A forma final constituda por um corpo horizontal com um piso e

    cobertura plana, e uma torre com trs pisos definida a partir do vo central, tambm com

    cobertura plana. Em 1791 o projecto aprovado, em 1799 o edifcio concludo.

    65

    60 PIMENTEL, Antnio Filipe Antnio Canevari e a torre da Universidade de Coimbra. Artistas e Artfices. VII Colquio Luso-Brasileiro de Histria da Arte. 2005 p.49-58.

    61 LOBO, Rui Pedro Os Colgios de Jesus, das Artes e de S. Jernimo. 1999. 62 FRANCO, Matilde Riscos das Obras da Universidade de Coimbra. 1983. 63 ROSMANINHO, Nuno, outros Evoluo do Espao fsico de Coimbra. 2006. p. 23 64 MARTINS, Carlos, FIGUEIREDO, Fernando O Observatrio Astronmico da Universidade de Coimbra, 1772-1799. Rua Larga. (2008), vol. 21. p. 58-59 65 Ibidem p. 59-61

  • 38

    Fig. 44 Planta do piso trreo do Colgio de S. Paulo de Giacomo Azzolini

    Fig. 45 Alado da fachada principal do Colgio de S. Paulo de Giacomo Azzolini

    Fig. 46 e 47 Colgio de S. Paulo Eremita no sculo XX e plantas do 1 andar e guas-furtadas.

  • 39

    Outro projecto de grande dimenso que no chegou a ser realizado foi o de um novo Colgio

    de S. Paulo, idealizado por Giacomo Azzolini, arquitecto bolonhs que viveu em Coimbra entre

    1755 e 1764. Em termos de organizao espacial, a colocao da capela a eixo do claustro/ptio,

    em localizao perpendicular ala em que se insere, e na frente oposta entrada do colgio,

    derivada do modelo medieval do Collegio di Spagna. Todavia, a diferena mais notria a falta de

    presena volumtrica da capela, ficando esta envolta pelo permetro regular do edifcio, processo

    imposto pela implantao na quadrcula da Alta. 66

    Com uma rea total de cerca de 3500m2, e sem informaes precisas sobre o local da sua

    implantao, o arquitecto dever ter previsto uma praa em frente ao colgio, semelhana do

    que acontecer com a Faculdade de Letras construda no incio do sculo XX. Tendo em conta a

    sua dimenso e a sua planta perfeitamente ortogonal, o seu limite sul ficaria alinhado com o muro

    que encerra o Ptio das Escolas e o edifcio em si traria alguma modificao no alinhamento da

    Rua de S. Pedro.

    O Colgio de S. Paulo o Eremita, fundado em 1779, foi o ltimo dos colgios universitrios

    de Coimbra a ser construdo. Tinha um portal nobre na sua extremidade esquerda, pois no

    chegou a ser edificada a ala lateral nascente.67 No inventrio feito em 1834, aquando da sua

    extino, eram referidos os seus espaos interiores: no piso trreo, lojas, dispensa, uma pequena

    cavalaria e um ptio com serventia para a Rua do Guedes; no primeiro piso a capela, dormitrio,

    celas, livraria, refeitrio e cozinha e por fim, as guas furtadas.68 Ainda com a informao de que

    as janelas do rs-do-cho da fachada da Rua Larga foram prolongadas para baixo no fim do sculo

    XIX, pois at ento eram simples frestas superiores,69

    O Colgio de S. Bento sofreu profundas alteraes no sculo XVIII,

    fez-se, nos desenhos deste captulo, uma

    proposta de reconstituio do Colgio, prevendo a construo da ala que faltava. 70

    66 LOBO, Rui Pedro Os colgios universitrios de Coimbra. Monumentos. (2006), vol. 25. p. 42

    o que lhe ter dado um

    aspecto diferente, ganhando novas fachadas e tendo o seu permetro sido regularizado.

    67 Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 2. ed. 1991. p. 34 68 PAIXO, Antnio Miguel Autos de Inventrio do Collegio de S. Paulo Ermit. 1834. caixa 3 69 VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 17 70 ROSSA, Walter Divercidade 2001. p.813

  • 40

    Fig 48 Aspecto da sala central da Faculdade de Letras do Arq. Silva Pinto

    Fig. 49 Planta do piso trreo da Faculdade de Letras.

    Fig. 50 Hospitais do Colgio das Artes e de S. Jernimo, 1868

  • 41

    5: 1934 O legado de vrios sculos

    Dois dos principais aspectos que se destacam nesta poca so a multiplicidade de funes

    urbanas que se pode encontrar ao longo da Rua e a variedade de arquitecturas presentes em

    edifcios que tiveram a sua origem sculos atrs.

    de realar a presena forte de edificado ligado ao ensino, principalmente universitrio. Alm

    de existirem alguns servios pblicos, de grande relevncia o conjunto habitacional que vai

    ladeando a Rua e que, no raras vezes, possui estabelecimentos comerciais nos pisos trreos.

    Um dos edifcios mais emblemticos deste perodo a Faculdade de Letras do Arq. Silva

    Pinto, construda a partir de 1912 e acabada em 1929. Anteriormente neste local, ainda

    funcionaram dois teatros acadmicos. Fundada em 1838, a Nova Academia Dramtica instalou-se

    no Colgio de S. Paulo, tendo sido construda a sala de espectculos no ptio do edifcio. Por

    volta de 1888 o colgio foi demolido e mais tarde iniciou-se a construo de um novo Teatro

    Acadmico.71 Os alicerces do projecto interrompido do arquitecto italiano Nicolau Bigaglia,

    viriam a servir de base para a Faculdade de Letras de Silva Pinto. Este manteve o grande vo

    central do teatro e destinou-o a sala de leitura.72 A planta curvilnea e o levantamento em vrias

    varandas ou camarotes, denunciam caractersticas dos teatros de raiz italiana.73 A Faculdade

    possua sobre esta sala, uma notvel clarabia que alis, manteve-se aps a interveno do Estado

    Novo, mas tambm eram assinalveis os portes de ferro, vitrais, candeeiros, e as escadas que

    caracterizavam a frente do edifcio74

    Um conjunto de edifcios que tambm caracterizava a Rua Larga nesta data era o dos

    Colgios. Aps a extino das ordens religiosas em 1834, assistiu-se ao abandono e pilhagem

    destes e durante dcadas houve alguma indeciso no destino a dar-lhes.

    e faziam uma harmoniosa transio entre a faculdade e a Rua

    Larga, suavemente inclinada.

    75

    O Colgio de S. Jernimo passou a funcionar como hospital a partir de 1848. A planta

    publicada por Costa Simes, mostra como se procedeu ocupao do antigo colgio. O volume

    71 VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 85-86 72 ROSMANINHO, Nuno O princpio de uma revoluo urbanstica no Estado Novo. 1996. p. 179 73 CARNEIRO, Lus Soares Teatros portugueses de raiz italiana. 2002. vol. 2 p.20 74 Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 2. ed. 1991. p. 47 75 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 136, 188

  • 42

    Fig. 51 - Planta do andar superior do Instituto de Antropologia

    Figs. 52 e 53 Instituto de Antropologia. Sala de Etnografia e edifcio em demolio.

    Fig. 54 A Rua Larga vista do Largo do Castelo

  • 43

    da igreja foi dividido em trs pisos, convenientemente iluminados pelas novas aberturas, tendo-se

    acrescentado posteriormente um quarto piso, de guas furtadas. Para ligar o hospital lavandaria,

    que funcionava no rs-do-cho do que podia ter sido o Observatrio Astronmico, escavou-se no

    arco construdo aps o terramoto de 1755, uma escada.76

    Este arco marcava a transio entre a Ladeira e o Largo do Castelo, definindo o momento de

    entrada na cidade alta.

    O Colgio de S. Boaventura aps a reforma universitria de 1911, recebeu o Instituto de

    Antropologia, sendo ento submetido a uma profunda remodelao que apenas poupou o

    claustro. 77

    semelhana de outros colgios, o Colgio de S. Joo Evangelista, ou dos Lios, ganhou,

    aps a sua extino, novas funes. Para as receber, ter sofrido obras de adaptao. Uma das mais

    notrias foi a abertura de vos regulares ao longo das fachadas sul e poente. Em 1938, e graas ao

    seu generoso espao interior funcionavam l vrios servios pblicos: o Governo Civil, a Auditoria

    Administrativa, a Junta de Provncia da Beira Litoral, a Direco de Finanas e a PSP.

    No s se dividiu o espao de forma a adaptar-se s novas funes, como o prprio

    volume sofreu alteraes. A rea de implantao expandiu-se, e no lado norte, foi criada uma

    ampla sala de p-direito duplo. Nas fachadas do edifcio, as aberturas so todas abertas de novo e

    este, que anteriormente era acedido pela Rua dos Lios, passou a ter a sua frente principal para a

    Rua Larga, com um portal encimado por um fronto curvo e quebrado.

    78

    No incio do sculo o Colgio de S. Paulo Eremita era a casa da Associao Acadmica de

    Coimbra e no Colgio de S. Bento estiveram sucessivamente instalados os Liceus Jos Falco,

    Jlio Henriques e Feminino Infanta Dona Maria.

    79

    Ao longo da Rua, no que diz respeito aos prdios de habitao pode deduzir-se, pela presena

    de janelas de avental rectangular

    80 e pelo seu aspecto, que uma boa parte deles ter a sua gnese

    em sculos anteriores. Pode ainda observar-se alguns imveis que possuem notveis varandas de

    ferro forjado ou fundido81

    76 LOBO, Rui Pedro Os Colgios de Jesus, das Artes e de S. Jernimo. 1999. p. 55, 145, 146

    , com motivos de decorao vegetalista, possivelmente de inspirao

    Arte Nova.

    77 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 362 78 VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p. 80 79 Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 2. ed. 1991. p. 10, 35 80 ROSMANINHO, Nuno O princpio de uma revoluo urbanstica no Estado Novo. 1996. p. 18 81 Idem p. 18

  • 44

    Fig. 55 Excerto da Planta Topogrfica da cidade de Coimbra, 1934

    Fig. 56 Rua Larga, dcada de 1940

    Fig. 57 Rua Larga em poca de frias, vista no sentido poente - nascente.

  • 45

    Fig. 58 Rua Larga, evidenciando o intenso convvio acadmico.

    Fig. 59 Rua Larga, vista do alto da Torre da Universidade.

    Fig. 60 Rua Larga, j em obras de demolio.

  • 46

    Fig. 61 Jardim do Ptio das Escolas.

    Fig. 62 Largo de Cames, cerca de 1911.

    Fig. 63 Elctrico na Ladeira do Castelo.

  • 47

    A caracterizar e a valorizar o espao pblico da Rua Larga, estavam ainda os transportes

    elctricos e os espaos verdes adjacentes. A dcada da 1920 representa o perodo de ouro dos

    elctricos. 82 A linha subia a Ladeira do Castelo e servia a Alta, passando pela Rua Larga em duas

    linhas paralelas, seguindo para a Rua de S. Joo, onde estas convergiam numa. Os espaos verdes

    eram trs: o Ptio da Universidade, o Largo de Cames e a Ladeira do Castelo. O jardim do Ptio

    da Universidade, apresentava-se j desde 1877, bastante cuidado.83 Orientado por um traado

    geomtrico, com grande nmero de rvores e uma grande araucria no centro, proporcionava

    frescura e amenizava o ambiente do terreiro. O Largo de Cames, do lado direito da Rua Larga

    para quem se dirigia para a Porta Frrea, opunha-se Faculdade de Letras, alargando o campo

    visual e conferindo mais importncia quela. No centro erguia-se o monumento a Cames,

    erguido por volta de 1880, e daqui se tinha uma bela panormica sobre o Mondego e os campos

    de Montemor. 84

    Complementando o acesso Alta da cidade pelo lado nascente, so abertas no sculo XIX

    umas escadas, decorrentes da urbanizao da Quinta de Santa Cruz, que ficaram conhecidas como

    Escadas do Liceu.

    Por fim, a Ladeira do Castelo era ladeada por um luxuriante arvoredo que

    acompanhava o Aqueduto.

    82 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 166 83 Ibidem p. 424 84 Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 2. ed. 1991. p. 54

  • 48

    Fig. 64 Plano de Conjunto da Cidade Universitria, final dos anos 50 ou incios de 60.

    Fig. 65 Alta em demolio com a abertura da nova Rua Larga.

  • 49

    6: 1966 O projecto da Cidade Universitria

    A partir da dcada de 40 do sculo passado, a Rua Larga vai sofrer a maior transformao da

    sua histria. Pode afirmar-se, alis, que surgir uma nova Rua Larga. O regime do Estado Novo,

    que vigorava na altura, encetou a partir de 1942 um vasto projecto de reconstruo das instalaes

    universitrias, que ocasionou a demolio de mais de duzentos prdios e a construo de grandes

    blocos destinados a faculdades,85

    De aqui em diante, parte da Alta de Coimbra perde a sua matriz polifuncional, a sua vida

    nocturna e a diversidade social. A habitao e comrcio desaparecem e a funo do local passa a

    ser, praticamente s de ensino universitrio.

    alterando por completo a escala do local.

    Pretende-se neste captulo expor a proposta da Cidade Universitria na sua verso completa,

    ou seja, incluindo as intenes do arquitecto Cristino da Silva, que veio a substituir Cottinelli

    Telmo na direco arquitectnica da CAPOCUC, em 1966. 86

    O projecto da C.U., visvel tambm no Plano de Conjunto da Cidade Universitria de finais

    dos anos 50, incios de 60, foi essencialmente gizado por Cottinelli Telmo, arquitecto lisboeta,

    que pouco sabia e sentia da realidade tradicional coimbr. Era adepto de um vanguardismo

    arquitectnico, com as suas disciplinadas linhas rectas e a sua monumentalidade classicista,

    influenciado pela arquitectura nazi alem e fascista italiana.

    87 A C.U. acabou por adoptar uma

    linguagem mais despida e grandiloquente, prpria dos regimes autoritrios e totalitrios da

    Europa, 88 afastando-se do gosto portugus da proposta inicial de Raul Lino, e por certo, do

    gosto de Salazar. 89

    A composio urbana do projecto estruturada segundo um eixo principal Este / Oeste, que

    integra em si, quatro momentos: as Escadas Monumentais, a Praa D. Dinis, a Rua Larga e a

    Praa da Porta Frrea.

    85 ROSMANINHO, Nuno, outros Evoluo do Espao fsico de Coimbra. 2006. p. 75 86 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 231 87 ROSMANINHO, Nuno O princpio de uma revoluo urbanstica no Estado Novo. 1996. p. 4 88 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 33 89 ROSMANINHO, Nuno O princpio de uma revoluo urbanstica no Estado Novo. 1996. p. 4

  • 50

    Fig. 66 Perfil Norte pelo eixo principal do projecto da Cidade Universitria, 1966

    Fig. 67 Maquete onde se observam o Hospital e os prticos, no concretizados.

    Fig. 68 Planta de pavimentao da Praa D. Dinis.

  • 51

    A Rua Larga propriamente dita, com caractersticas de rua, limita-se agora ao espao entre as

    novas Faculdades de Cincias e de Medicina. Acerca deste eixo, e especialmente sobre as Escadas

    Monumentais, C. Telmo refere a sua importncia numa memria justificativa: O eixo principal do

    conjunto da C. U. determinado pela Porta Frrea, a actual Rua Cndido dos Reis, (Rua Larga) a

    projectada Praa D. Dinis e uma escadaria de que se junta o projecto. Com a sua construo o

    conjunto ganha grandeza: pela acentuao mais forte do eixo da composio e porque uma escadaria

    sempre um elemento de monumentalidade. () O granito foi a pedra escolhida para a construo

    desta escadaria. Embora no seja um material da regio de grande durao e tem nobreza. 90

    O segundo momento deste percurso a Praa D. Dinis, que pela sua escala o mais

    imponente e espectacular, como se pode observar pelos perfis deste captulo.

    A praa D. Dinis, de acordo com este projecto ficaria delimitada por vrios edifcios de

    grande escala que se ligavam entre si, abraando-a em forma de U: a Faculdade de Matemtica

    esquerda, o Hospital direita e, em frente um grande prtico que marcava a entrada na Rua

    Larga, suportando um tico que unia superiormente as Faculdades de Medicina e de Cincias.

    Todavia, nem o Hospital nem os prticos foram avante. Para construir o Hospital teria sido

    necessrio demolir o Colgio de S. Jernimo e o Colgio das Artes, e essas demolies, segundo o

    ministro das obras pblicas seriam utpicas.91 Alm disto, Jos Pedro Barata, dentro da

    CAPOCUC, hostiliza os prticos de C. Telmo, que presidiam tambm ao esprito de Cristino da

    Silva: os elementos horizontais, espcie de entablamento suportado por pilares tem um volume tal,

    que a sua presena torna ridculos e diminutos os elementos do conjunto do Pao das Escolas que se

    apercebem ao fundo da Rua Larga a Praa D. Dinis uma porta, uma antecmara da

    Universidade, e se atendermos ao valor, volumes e significado dos edifcios que esto para l desta

    entrada, sente-se que esta os domina em ostentao e presena plstica. parece chocante a imposio

    de elementos de raiz vagamente neoclssica, quase evocando uma vontade de poder que no deve ser

    caracterstica de um ambiente universitrio. 92

    A estrita simetria que presidiu idealizao da Praa D. Dinis, obrigou Lucnio Guia da Cruz,

    autor do projecto da Faculdade de Matemtica, a aceitar uma crcea e uma disposio de andares

    semelhantes s do Hospital do arquitecto alemo Walter Distel, apesar de serem muito diferentes

    90 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 213 91 Ibidem p. 232 92 Ibidem p. 235

  • 52

    Fig. 69 Desenho da Praa da Porta Frrea com o seu pavimento.

    Fig. 70 Escultura no cunhal da Biblioteca Geral, por Leopoldo de Almeida e Antnio Duarte

    Fig 71 Projecto de candeeiro para a Praa da Porta Frrea, 1952.

  • 53

    as finalidades e os ps-direitos exigidos. 93 O edifcio da Matemtica, com os seus altos 7 andares,

    acabou por ser construdo entre 1964 e 69. 94

    Em seguida temos a Rua Larga, com cerca de 24 metros de largura e 100 metros de

    comprimento, que faz a ligao entre a Praa D. Dinis e a Praa da Porta Frrea. A delimit-la, as

    Faculdades de Medicina e de Cincias, a par do Hospital so os maiores edifcios da Cidade

    Universitria. Curiosamente, no seguindo a simetria que caracteriza todo o eixo, as fachadas dos

    dois blocos que ladeiam a Rua Larga so manifestamente diferentes, sendo obra do mesmo

    arquitecto. Do lado direito, a slida e fechada frente de Medicina, do lado esquerdo a mais

    recuada e permevel fachada das Cincias. Nesta ltima, a criao da arcaria a todo o

    comprimento da Rua, dando-lhe um largo panorama sobre o Mondego, suscitou, na altura

    palavras de aplauso, embora infundadas, uma vez que da Rua, s era possvel avistar o corpo sul

    do edifcio.

    95

    Aps a Rua Larga o espao abre-se novamente para uma praa, tendo como pano de fundo o

    Pao das Escolas e a Porta Frrea, e dos lados, frente a frente a Biblioteca Geral e a Faculdade de

    Letras.

    A busca paradoxal por um estilo simultaneamente clssico e moderno, monumental e

    funcional, est patente nas memrias dos projectos da Faculdade de Letras e da Biblioteca

    Geral, assinados por Alberto Pessoa. 96 A Biblioteca Geral surgiu da transformao da antiga

    Faculdade de Letras de Silva Pinto. Oliveira Salazar inclua esta nas imponentes massas que

    deveriam sobressair, 97

    Ao longo do eixo monumental de salientar a presena de relevos e esttuas, quer nos

    edifcios, quer a pontuar as praas, e dos candeeiros, contrastando com a pouca importncia dada

    ao elemento vegetal. Quanto ao pavimento, houve vrios projectos de lajeados e calcetados, (na

    Praa da Porta Frrea e D. Dinis), mas no fim optou-se por asfaltar.

    mas no final acabou por ser um dos blocos menos volumosos.

    98

    93 Idem p. 602 94 ROSMANINHO, Nuno, outros Evoluo do Espao fsico de Coimbra. 2006. p. 75-76 95 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 602 96 GRANDE, Nuno Coimbra: 3 plos universitrios, 3 faces da arquitectura portuguesa. Rua Larga. (2010), vol. 29. p. 58 97 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 345 98 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte. 2001. p. 621

  • 54

    Fig. 72 Alta Universitria, em que o eixo integrado pela Rua Larga, assume o protagonismo.

    Fig. 73 Plano de pormenor da alta universitria de Gonalo Byrne, 1998.

  • 55

    7: 2010 A actualidade

    Como se sabe, o Plano da CAPOCUC para a alta universitria no foi levado at ao fim, e

    aps a concluso em 1975 do ltimo grande edifcio de aulas,99

    Contudo, nos ltimos anos, em sequncia do Plano de reconverso da Alta Universitria do

    Arq. Gonalo Byrne e da candidatura da Universidade de Coimbra a Patrimnio Mundial da

    Unesco, prev-se nos prximos tempos que haja mudanas substanciais no espao correspondente

    ao eixo que se analisa, e tambm na Alta em geral.

    que hoje alberga os

    departamentos de Fsica e Qumica no foram grandes as modificaes at nossa data.

    At data, algumas obras dignas de registo foram a repavimentao da Rua Larga e da Praa

    da Porta Frrea, que limitou em parte a circulao automvel, em 2000 a concluso do Auditrio

    da Faculdade de Direito do Arq. Fernando Tvora, 100

    O plano de Gonalo Byrne, com cerca de 15 anos visa a regenerao do espao da Alta, mas

    ao longo dos anos muito mudou na realidade da UC e da prpria cidade.

    e mais recentemente algumas obras de

    recuperao do patrimnio construdo, no Pao das Escolas e em alguns Colgios.

    101 Neste plano esto

    inseridos projectos como: uma nova Praa D. Dinis com um estacionamento subterrneo, o

    CIDUC, que funciona como porta de entrada na Universidade recebendo os turistas, situado

    entre a Faculdade de Medicina e o Colgio de S. Jernimo, o arranjo dos espaos verdes na cerca

    deste Colgio, salas de estudo e lazer nocturno no ptio de Fisico-Qumica, 102

    Quanto ao conjunto do Pao das Escolas, este continua em evoluo. Na viragem do sculo

    conclui-se a mais recente adio: o Auditrio da Faculdade de Direito. Revela-se objectual na sua

    relao com a envolvente construda e com a topografia, salientando a ideia de acrpole onde se

    apoiam objectos soltos. Fernando Tvora, atravs da simplicidade da composio, orientada

    a reconverso da

    Faculdade de Medicina em espaos habitacionais e comerciais, entre outros.

    99 ROSMANINHO, Nuno, outros Evoluo do Espao fsico de Coimbra. 2006. p. 75-76. 100 Fernando Tvora. [Em Linha] actual. 2010. Disponvel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_T%C3%A1vora 101 PIARRA, Sofia Prepara-se uma revoluo na Alta Universitria. [Em Linha] 2009. 102 Coimbra, Requalificao da alta universitria, Gonalo Byrne [Em Linha], 2010. Disponvel em: http://www.arquitectura.pt/forum/f29/coimbra-requalifica-da-alta-universit-ria-gon-alo-byrne-14748/

  • 56

    Fig. 74 A Rua Larga em 2005.

    Fig. 75 Maquete do projecto de Gonalo Byrne, exposio em 2006.

    Fig. 76 Praa D. Dinis, imagem do projecto Alta Co(n)vida, do autor e outros colegas de turma.

  • 57

    por eixos ortogonais e simetria, concebe um volume moderno, mas em continuidade com a

    histria que o rodeia.

    Tambm a Alta de Coimbra foi alvo da disciplina de Projecto V, orientada pelo Arquitecto

    Byrne no ano lectivo de 2008/09 no Departamento de Arquitectura da FCTUC. No projecto de

    grupo Alta Co(n)vida desenvolvido por mim e outros colegas de turma, foi dada especial

    importncia aos espaos pblicos, sendo um dos objectivos fundamentais, consolidar formal e

    funcionalmente, o eixo constitudo pelas Escadas Monumentais, Praa D. Dinis, Rua Larga e

    Praa da Porta Frrea.103 Este e outros projectos foram apresentados na exposio Vises Urbanas

    para a Alta de Coimbra em 2009, no Museu Machado de Castro, 104

    possibilitando fazer um

    debate e colocar questes sobre o futuro deste ncleo da cidade.

    103 VILAS BOAS, Rben, NUNES, Tiago, FERNANDES, Patrcia, NEVES, Marina Alta Co(n)vida. 2009. 27 diapositivos : color. 104 dARQ/FCTUC Vises Urbanas para a Alta de Coimbra. (exposio), 2009. Disponvel em http://mnmachadodecastro.imc-ip.pt/pt-PT/exposicoes/jarealizadas/ContentDetail.aspx?id=950

  • 59

    A: 1377 A cidade medieval

    Planta de cobertura

    Planta dos pisos trreos

    Planta de funes

    Perfis Norte e Sul

  • 65

    B: 1678 Os Colgios Universitrios

    Planta de cobertura

    Planta dos pisos trreos

    Planta de funes

    Perfis Norte e Sul

  • 71

    C: 1799 As reformas e projectos do sculo XVIII

    Planta de cobertura

    Planta dos pisos trreos

    Planta de funes

    Perfis Norte e Sul

  • 77

    D: 1934 O legado de vrios sculos

    Planta de cobertura

    Planta dos pisos trreos

    Planta de funes

    Perfis Norte e Sul

  • 83

    E: 1966 O projecto da Cidade Universitria

    Planta de cobertura

    Planta dos pisos trreos

    Planta de funes

    Perfis Norte e Sul

  • 89

    F: 2010 A actualidade

    Planta de cobertura

    Planta dos pisos trreos

    Planta de funes

    Perfis Norte e Sul

  • 95

    Concluso

    Os documentos grficos so de grande importncia para demonstrar em termos concretos a

    evoluo da Rua Larga e da arquitectura que a caracterizou ao longo dos oito sculos abrangidos.

    Atravs deles possvel tirar concluses sobre aquilo que foi modelando este eixo e este ncleo da

    cidade.

    Um dos aspectos essenciais a referir o papel da Universidade. Desde o sculo XIV, que o

    ensino universitrio foi aumentando a sua importncia, e foi ele o grande dinamizador e

    renovador do espao urbano. Comeou com um edifcio, os Estudos Gerais, em1308 e em1537

    apoderou-se do Palcio Real. Ao longo dos sculos XVI e XVII os colgios foram-se

    multiplicando at que, j em meados do sculo XX, surgiu uma nova cidade na alta, quase que

    exclusivamente universitria. Apesar da importncia do ensino na vida da Rua Larga e da Alta,

    hoje em dia verifica-se que a excessiva monofuncionalidade pode trazer aspectos negativos como

    congestionamento e sazonalidade, sendo desejvel resgatar algumas das funes que se foram

    perdendo.

    Outro aspecto que se pode observar, nomeadamente atravs da comparao das plantas das

    vrias pocas a natureza e organizao funcional do aglomerado urbano. Um tipo mais orgnico

    que poder ter existido no perodo medieval, transforma-se, a partir do Renascimento em

    arruamentos tendencialmente ortogonais, sendo a Rua Larga dominante. Com a interveno de

    raiz do Estado Novo, o conjunto passa a ser perfeitamente axial.

    Mais bvias, mas tambm relevantes, so as consideraes de escala que se podem fazer. Por

    exemplo o Pao Real, que por muito tempo foi um dos maiores edifcios, actualmente no se

    consegue destacar dos imensos blocos de faculdades. Um tambm forte aumento de escala se

    podia ter concretizado atravs dos edifcios projectados no sculo XVIII.

    Como se referiu na introduo, a Rua Larga um caso especial, tendo em conta toda a sua

    existncia. Com a elaborao dos desenhos foi possvel fazer quase que uma sntese da

    arquitectura da cidade. Comeou-se pela arquitectura romana, passando pela islmica, gtica,

    renascentista e barroca at neoclssica, fascista e moderna.

  • 96

    Fig. 77 Miniatura das plantas de funes da Rua Larga. De cima para baixo: 1377, 1934, 2010. Em

    tons alaranjados, habitao e comrcio. Em azul, ensino e outros servios.

  • 97

    Tendo em conta o carcter de recolha, exposio e sntese que o trabalho evidencia, este pode

    vir a ser o ponto de partida para outras investigaes. Sabendo que ainda h muita informao

    por descobrir, principalmente relativa aos tempos mais antigos, ser possvel rectificar ou

    pormenorizar as reconstituies que aqui foram feitas.

  • 99

    Bibliografia

    ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. Coimbra : Imprensa da

    Universidade, 2008. ISBN 9789898074300.

    ALFAIATE, Augusto Universidade.

    [Em Linha] [Coimbra : regiaocentro.net], s.d.

    [Consult. 28 Ago. 2010]. Disponvel em WWW:

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    CARNEIRO, Lus Soares Teatros portugueses de raiz italiana.

    Porto : [s.n.], 2002. 2 vol.

    Dissertao de Doutoramento em Arquitectura apresentada Faculdade de Arquitectura da

    Universidade do Porto

    Coimbra, Requalificao da alta universitria, Gonalo Byrne

    [Em Linha] Coimbra : Dirio

    de Coimbra, 2010. [Consult. 12 Nov. 2010]. Disponvel em WWW:

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    ESPOSITO, Antnio, LEONI, Giovanni Fernando Tvora, opera completa. Milo :

    Electa, 2005.

    Fernando Tvora.

    [Em Linha] [s.l.] : [s.n.], actual. 2010. [Consult. 21 Nov. 2010]

    Disponvel em WWW:

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    Gropecunt Lane

    [Em Linha] [s.l. : s.n.], actual. 2010. [Consult. 16 Out. 2010]. Disponvel

    em WWW:

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    PIMENTEL, Antnio Filipe A Morada da Sabedoria. Coimbra : Almedina, 2005. ISBN

    9724027473

    PIMENTEL, Antnio Filipe Antnio Canevari e a torre da Universidade de Coimbra.

    Artistas e Artfices. VII Colquio Luso-Brasileiro de Histria da Arte. Porto: F.L.U.P., 2005

    p.49-58.

    PIMENTEL, Antnio Filipe Torre da Universidade de Coimbra. Ciclo de palestras No Alto

    da Torre. Coimbra : Museu da Cincia, 2010.

    PINTO, Ana, MEIRELES, Fernanda, CAMBOTAS, Manuela Histria da Arte ocidental

    e portuguesa, das origens ao final do sculo XX. Porto : Porto Editora, 2001. ISBN

    9720062385

    RABAA Carlos, SERRA M. V. Rua Larga. Rio de Janeiro : Documenta Histrica

    Editora, 2009. ISBN 8599505335

    ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte, O Estado Novo e a Cidade Universitria de

    Coimbra.

    Coimbra : [s.n.], 2001. Tese de Doutoramento em Histria Contempornea

    apresentada Faculdade de Letras de Coimbra

    ROSMANINHO, Nuno O princpio de uma revoluo urbanstica no Estado

    Novo. Coimbra : Minerva, 1996. ISBN 9729130000

    ROSMANINHO, Nuno, ROSSA, Walter, MACEDO, Marta, outros Evoluo do

    Espao fsico de Coimbra. Coimbra : G.C. Grfica de Coimbra Lda., 2006. ISBN

    9892001036

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    ROSSA, Walter Divercidade, Urbanografia do espao de Coimbra at ao estabelecimento

    definitivo da Universidade.

    Coimbra : [s.n.], 2001. Dissertao de Doutoramento em

    Arquitectura

    TRINDADE, Lusa A Casa Corrente em Coimbra, dos finais da Idade Mdia aos

    incios da poca Moderna. Coimbra : Cmara Municipal, 2002. ISBN 9729754284

    TRINDADE, Lusa Urbanismo na composio de Portugal.

    Coimbra : [s.n.], 2009. Tese

    de Doutoramento em Histria (Histria da Arte) apresentada Faculdade de Letras da

    Universidade de Coimbra

    VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. Coimbra :

    Coimbra Editora Lda., 1938.

    VASCONCELOS, Antnio de Escritos vrios relativos Universidade Dionisiana.

    Coimbra : Coimbra Editora, 1938-41. vol. 1.

    VILAS BOAS, Rben, NUNES, Tiago, FERNANDES, Patrcia, NEVES, Marina Alta

    Co(n)vida. Coimbra : [s.n.] 2009. 27 diapositivos : color.

  • 105

    Fontes das imagens

    1 pgina - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.1

    Fig. 1 - http://en.wikipedia.org/wiki/File:Broad_Street,_Oxford.jpg

    Fig. 2 - http://www.alerj.rj.gov.br/livro/pag_29.htm

    Fig. 3 - http://imagemcognitiva.blogspot.com/2007/10/blog-post_15.html

    Fig. 4 e 5 - imagens do autor

    Fig. 6 - ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p.65

    Fig. 7 - PIMENTEL, Antnio Filipe A Morada da Sabedoria. 2005. p.161

    Fig. 8 - ROSMANINHO, Nuno, outros Evoluo do Espao fsico de Coimbra. 2006. p.132

    Fig. 9 - ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p.8

    Fig. 10 - Ibidem p.196

    Fig. 11 - ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p.198

    Fig. 12 - PIMENTEL, Antnio Filipe A Morada da Sabedoria. 2005. p.282

    Fig. 13 - Ibidem p.283

    Fig. 14 - http://ccscoimbra.blogspot.com/2009/01/o-departamento-de-cultura-promove.html

    Fig. 15 - ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p.65

    Fig. 16 - disponvel a partir de http:www.cm-coimbra.pt/ndex.php?option=com_content&task

    =view&id=190&Itemid=468

    Fig. 17 - ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p.85

    Fig. 18 - TRINDADE, Lusa A Casa Corrente em Coimbra. 2002. p.76

    Fig. 19 - ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p.16

    Fig. 20 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.37

    Fig. 21 - PIMENTEL, Antnio Filipe A Morada da Sabedoria. 2005. p.479

    Fig. 22 - Fotografia do autor, 2010

    Fig. 23 - ALARCO, Jorge Coimbra: a montagem do cenrio urbano. 2008. p.8

    Fig. 24 e 25 - Coleco do Museu Nacional Machado de Castro

    Fig. 26 - LOBO, Rui Pedro Os Colgios de Jesus, das Artes e de S. Jernimo. 1999. p.63 e 65

    Fig. 27 - Ibidem p.64

    Fig. 28 - VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p.103

    Fig. 29 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.10

    Fig. 30 - ROSSA, Walter Divercidade 2001. p.813

    Fig. 31 - Fotografia do autor, 2009

  • 106

    Fig. 32 - http://bloguecentelha.blogspot.com/2007/12/o-governo-civil-desaparecido.html

    Fig. 33 - VASCONCELOS, Antnio de Os Colgios Universitrios de Coimbra. 1938. p.79

    Fig. 34 - http://guitarradecoimbra.blogspot.com/2007/03/priso-acadmica-fachada-principal-do.html

    Fig. 35 - LOBO, Rui Pedro Os colgios universitrios de Coimbra. Monumentos. (2006), vol. 25.

    p.41

    Fig. 36 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.66

    Fig. 37 - Documento digital cedido pelo Prof. Carlos Martins, Arquivo da FBNRJ

    Fig. 38 e 39 - http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B2.aspx?CoHa=2_B1

    Fig. 40 - a partir de FRANCO, Matilde Riscos das Obras da Universidade de Coimbra. 1983. p.45

    Fig. 41 - FRANCO, Matilde Riscos das Obras da Universidade de Coimbra. 1983. p.43

    Fig. 42 - http://mnmachadodecastro.imc-ip.pt/pt-PT/coleccoes/Desenho/ContentDetail.aspx?id=115

    Fig. 43 - https://bdigital.sib.uc.pt/bg6/UCBG-MS-3377-5/UCBG-MS-3377-5_item1/UCBG-MS-

    3377-5_JPG/UCBG-MS-3377-5_JPG_24-C-R0120/UCBG-MS-3377-5_0001_1_t24-C-R0120.jpg

    Fig. 44 e 45 - Coleco do Museu Nacional Machado de Castro

    Fig. 46 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.34

    Fig. 47 ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte, 2001. p.IV-27

    Fig. 48 Imagoteca da Casa Municipal da Cultura, Coimbra

    Fig. 49 - http://www1.ci.uc.pt/illp/historico/index.html

    Fig. 50 - LOBO, Rui Pedro Os colgios universitrios de Coimbra. Monumentos. (2006), vol. 25.

    p.124

    Fig. 51 - HOUART, outros Cem anos de Antropologia em Coimbra. 1985. p.98

    Fig. 52 - Ibidem p.130

    Fig. 53 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.40

    Fig. 54 - Ibidem p.32

    Fig. 55 - Documento digital possudo pelo dARQ, FCTUC

    Fig. 56 - Imagoteca da Casa Municipal da Cultura, Coimbra

    Fig. 57 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.44

    Fig. 58 - Ibidem p.38

    Fig. 59 - Ibidem p.5

    Fig. 60 - Ibidem p.48

    Fig. 61 - http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B2.aspx?CoHa=2_

    Fig. 62 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.53

    Fig. 63 - B1http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=368636

  • 107

    Fig. 64 - Documento digital cedido pela Prof. Ctia Marques, Arquivo da Universidade

    Fig. 65 - Associao dos Antigos Estudantes de Coimbra A Velha Alta... desaparecida. 1991. p.49

    Fig. 66 - Documento digital cedido pela Prof. Ctia Marques, Arquivo da Universidade

    Fig. 67 - http://4.bp.blogspot.com/_LPKiUIBcZPE/R0hWSuv3CII/AAAAAAAAE_4/10vamVWBCi

    M/s1600-h/Cidade+Universitaria+ANunes.jpg

    Fig. 68 - ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte, 2001. p.III-25

    Fig. 69 - Ibidem p.VI-3

    Fig. 70 - Fotografia do autor, 2010

    Fig. 71 - ROSMANINHO, Nuno O Poder da Arte, 2001. p.VI-30

    Fig. 72 - JORGE, Filipe, BANDEIRINHA, Jos Antnio Coimbra vista do Cu. 2003. capa

    Fig. 73 - Documento possudo pelo autor, autoria de Gonalo Byrne

    Fig. 74 - http://en.wikipedia.org/wiki/File:Rua_Larga_at_Coimbra_University.jpg

    Fig. 75 - http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=401918&page=2

    Fig. 76 - Projecto Alta Co(n)vida do autor e outros colegas de turma, 2008/09

    Fig. 77 - imagem do autor

  • 109

    ndice

    Aeminium 10,11,12

    Alarco, Jorge 3,9,16,19,21

    Alberto Pessoa 53,86,88,92,94

    Alcova 5,11,12,13,21,62,64

    Antonio Canevari 35,74,76

    Aq. de S. Sebastio 23,29,31,68,70,80,82

    Biblioteca Geral 53,86,88,92,94

    Biblioteca Joanina 34,35,74,92

    Byrne, Gonalo 54,55,56

    CAPOCUC I,49,51,55

    Casas medievais 21,22,23,63,64

    Castelo 5,11,13,16,17,33,62,64,68,70

    Cidade Universitria 9,48,49,50,85,91

    Colgio Real de So Paulo 26,27,68,70

    C. de S. Paulo (Azzolini) 38,39,74,76

    C. de S. Paulo Eremita 38,39,43,74,76,82

    C. de S. Pedro 27,68,80,92

    C. de S. Bento 28,29,31,68,70,74,76,80,82

    C. de S. Boaventura 30,31,43,68,70

    C. de S. Jernimo 27,28,41,68,70,80,92

    C. de S. Joo Evangelista 29,31,43,68,80

    Cottinelli Telmo 49,51,86,88,92,94

    Cristino da Silva 49,51

    D. Afonso Henriques 17

    D. Afonso IV 7,19

    D. Dinis 15,19

    D. Fernando 17,19

    D. Joo III 15,25,27

    D. Manuel I 25

    D. Sancho I 17

    Diogo de Castilho 27

    Escadas de Minerva 35,74,76,92,94

    Escadas do Liceu 47,80,82

    Escadas Monumentais 50,51,86,92

    Estado Novo 9,49

    Praa D. Dinis 50,51,85,91

    Estudos Gerais 7,17,19,62,64

    Faculdade de Cincias 53,86,88,92,94

    F. Letras (Alberto Pessoa) 53,86,88,92,94

    F. Letras (Silva Pinto) 40,41,80,82

    F. Matemtica 51,53,86,88,92,94

    F. Medicina 51,53,86,88,92,94

    Idade Mdia 3,11,17

    Instituto de Antropologia 42,43,80,82

    Lobo, Rui I,28,31

    Lucnio Guia da Cruz 51,86,88,92,94

    Marcos Pires 25,68,70

    Monumento a Cames 46,47,80,82

    O. Astronmico (Elsden) 34,36,37,74,76

    O. Astronomico (Macomboa) 36,37,74,82

    Pao Real 3,13