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Ano 47 462 Março - Abril 2015 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 O passe avaliado pela universidade Chico Xavier é enfoque em Encontro Internacional de Estudos da Religião Numa abordagem inédita na academia, o médium mineiro Chico Xavier será tema cen- tral no Encontro Internacional de Estudos da Religião, que acontece de 14 a 17 de abril em Juiz de Fora, MG. O evento que conta com apoio de instituição internacional conta- rá também com palestra do psiquiatra Alexander Moreira Almeida. Leia na página 3. P esquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu, SP, estão desenvolvendo uma pesquisa sobre os efeitos da terapia energé- tica do passe na redução da ansiedade. Para participar da pesquisa, foram convidados voluntários com confirmação do quadro clínico e divididos aleatoriamente em dois grupos: um que recebe o passe (aplicado por um passista experiente) e o outro que recebe apenas a imposição de mãos. Segundo dr. Ricardo Cavalcanti, responsável pela pesquisa, “trata-se de mais um esforço para demonstrar a eficácia do passe diante da comunidade científica.” Leia nas páginas 8 e 9. Você Sabia... O apoio espiritual ao maestro João Carlos As superações do maestro João Carlos Martins em torno de sua saúde tornaram- -se muito conhecidas. Mas poucos sabem que o reconhecido músico tem também histórias para contar sobre sua relação com os espíritos. Leia na página 14. Aos 91 anos, a socióloga e uma das principais testemunhas do desenvolvimento do trabalho social espírita em São Paulo, Nancy Puhlmann, analisa a história e o papel do espiritismo nas transformações sociais. Página 4. wwwcorreiofraterno.com.br 11 4109-2939 Entrevista A beleza da música no cenário deste incrível romance! Uma pianista, amores impossíveis, vidas entrelaçadas Um tom acima 368 páginas R$ 39,90 ISABELA RIBEIRO/ G1

Correio Fraterno 462

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 7 • N º 4 6 2 • M a r ç o - A b r i l 2 0 1 5

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

O passe avaliado

pela universidade

Chico Xavier é enfoque em Encontro Internacional de Estudos da Religião

Numa abordagem inédita na academia, o médium mineiro Chico Xavier será tema cen-tral no Encontro Internacional de Estudos da Religião, que acontece de 14 a 17 de abril

em Juiz de Fora, MG. O evento que conta com apoio de instituição internacional conta-rá também com palestra do psiquiatra Alexander Moreira Almeida. Leia na página 3.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu, SP, estão desenvolvendo uma pesquisa sobre os efeitos da terapia energé-tica do passe na redução da ansiedade.

Para participar da pesquisa, foram convidados voluntários com confi rmação do quadro clínico e divididos aleatoriamente em dois grupos: um que recebe o passe (aplicado por um passista experiente) e o outro que recebe apenas a imposição de mãos. Segundo dr. Ricardo Cavalcanti, responsável pela pesquisa, “trata-se de mais um esforço para demonstrar a efi cácia do passe diante da comunidade científi ca.” Leia nas páginas 8 e 9.

Você Sabia...O apoio espiritual ao maestro

João Carlos As superações do maestro João Carlos Martins em torno de sua saúde tornaram-

-se muito conhecidas. Mas poucos sabem que o reconhecido músico tem também histórias para contar sobre sua relação com os espíritos. Leia na página 14.

Aos 91 anos, a socióloga e uma das principais testemunhas do desenvolvimento do trabalho social espírita em São Paulo, NancyPuhlmann, analisa a história e o papel do espiritismo nas transformações sociais. Página 4.

wwwcorreiofraterno.com.br11 4109-2939

Entrevista

A beleza da música no cenário

deste incrível

romance!

Uma pianista, amores impossíveis, vidas

entrelaçadas

Um tom acima368páginasR$39,90

Aos 91 anos, a socióloga e uma das principais testemunhas do desenvolvimento do trabalho social espírita em São Paulo, NancyPuhlmann,analisa a história e o papel do espiritismo nas transformações

Entrevista

ISABElA RIBEIRo/ G1

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2 CORREIO FRATERNO MARÇo - ABRIl 2015

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EdIToRIAl

Uma das atividades mais importan-tes e procuradas nas casas espíri-tas, o passe ainda precisa ser mais

bem compreendido. Qual sua origem? Qual seu papel nos processos de cura? Por que ele traz alívio? Como Kardec tratou a questão da imposição de mãos? Não somente os espíritas muitas vezes não o compreendem em sua totalidade, como também algumas pesquisas no ambiente acadêmico começam a despertar a co-munidade científi ca chamando a atenção para a existência e o potencial da assistên-cia espiritual. A pesquisa que vem sendo realizada na Unesp, quer saber se o passe auxilia na diminuição dos níveis de ansie-dade e depressão.

Em Entrevista, a socióloga Nancy Puhlmann Di Girolamo comenta sobre o espiritismo em função das crises sociais. Também Chico Xavier está no Aconte-ce por estar em pauta nas universidades, desta vez sendo enfocado num encontro internacional de história das religiões.

São novos ares de mudança de para-digma que sacodem a visão materialista do mundo, como sacudiu o professor cético, da seção Foi assim, que se tornou espírita, depois de ler o livro Nosso lar.

O espiritismo aí está com sua lógica e clareza. É aberto a todos, apenas embalado numa caixinha de presente fi namente or-namentada, à espera de que se lhe desatem os laços para conhecer o seu conteúdo.

CORREIO DO CORREIO Marlene NobreLi o primoroso artigo da psicóloga Helo-ísa Bernardo sobre minha irmã, Marlene Nobre, no Correio Fraterno (“Marlene Nobre, um sincero reconhecimento”, edição 461), que me deixou muito sen-sibilizado. Grato fi quei pelo seu testemu-nho.

Paulo Rossi Severino, por email

“Para onde caminha o espiritis-mo”Li e gostei muitíssimo do artigo “Para onde caminha o espiritismo” (Edição 461). Claro e completo. É justamente a simplicidade da doutrina que nos colo-ca em apuros muitas e muitas vezes por falta de conhecimento. É preciso mesmo saber que tudo que aprendemos precisa-

Envio de artigosEncaminharpore-mail:[email protected]ãoserinéditosenadimensãomáximade3.800caracteres,constandoreferênciabibliográficaepequenaapresentaçãodoautor.

CORREIOFRATERNO

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Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• Os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• Não responderemos aos ataques diri-gidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. discu-tiremos os princípios que professamos.

• Confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. Nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

Esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

Finamente

mos vivenciar, aplicar à NOSSA VIDA e não à vida alheia. Na casa espírita isso é claro e tantas vezes acabamos nos retiran-do em vez de persistir e fi car, vencendo a nós mesmos.

Rosela Elisa, Florianópolis, SC

Isso é trabalho pessoal. E há muita gente que não anda se contentando ape-nas com as embalagens. Que tal abrir en-tão a caixinha?

Boa leitura!Equipe Correio Fraterno

ornamentada

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MARÇo - ABRIl 2015 CORREIO FRATERNO 3

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De 14 a 17 de abril será realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, o XIV Simpósio Nacio-

nal da Associação Brasileira de História das Religiões e o III Encontro Internacional de Estudos da Religião. O tema central será “Chico Xavier, mística e espiritualidade nas religiões brasileiras”.

Segundo Anderson Brettas, professor da área de educação do Instituto Federal do Triângulo Mineiro e com trabalhos de mestrado e doutorado versando sobre o espiritismo, trata-se uma abordagem segu-ramente inédita na academia. “O evento conta com o apoio da Adhilac internacio-nal (Asociación de Historiadores Latinoa-mericanos y del Caribe), o que contribuirá para disseminar nossas pesquisas em todo o continente.

ACoNTECE

Para a professora Vera Lucia Vieira (PUC-SP), vice-presidente da Adhilac no Brasil e membro da comissão técnica do evento, além da homenagem a Chico Xavier, será mais uma oportunidade de se conhecer o papel social do médium que, segundo ela, é ainda estigmatizado no meio acadêmico em função de alguns textos o re-lacionarem ao regime militar na época da ditadura no Brasil.

O evento contará com conferências, dentre as quais a do professor Dr. Ale-xander Moreira-Almeida (UFJF), sobre “Espiritismo e saúde”, e a participação de diversos grupos com projetos de pesquisas relacionados à história, política e religião.

“A religião é uma produção humana e os historiadores refl etem sobre essa forma de sociabilidade, independentemente de

qualquer crença”, comenta Vera Lucia. Para ela, a ligação ciência e fé é um dos aspectos que ainda se debatem, em função da discus-são que sempre houve entre fé e razão. “O que importa ao historiador é justamente discutir essas manifestações e suas funções sociais, pois não há dúvida de que uma das características mais fortes da identidade dos povos é a convivência entre a razão e fé.”

Vinte e três grupos apresentarão tra-balhos sobre diversas religiões. Com a temática “Gênese e disseminação do es-piritismo kardecista e espiritualismos no Brasil”, serão apresentados 27 projetos de pesquisas sendo alguns deles: ‘Imaginário, mística e memória do médium psicógrafo espírita – um estudo sobre o fenômeno mediúnico’; ‘Kardecismo na literatura brasileira – uma análise de elementos re-

ligiosos da doutrina kardecista em Grande sertão: veredas’; ‘Cura espiritual: uma aná-lise da experiência dos frequentadores não espíritas na instituição espírita de caridade Nosso Lar, em Montes Claros, MG’; ‘Ju-deus-espíritas em São Paulo’; ‘Machado de Assis e o espiritismo: uma análise das crí-ticas presentes em contos machadianos’; ‘Os best-sellers do Brasil: a psicografi a e a edição de livros espíritas no Brasil, entre as décadas de 1940 e 1960’; ‘O espiritismo kardecista e sua busca de autolegitimação por meio do (para)cientifi cismo’; ‘Espiri-tismo e parapsicologia no Brasil: o diálogo entre as duas visões’; ‘A doutrina espírita e a psiquiatria: uma abordagem histórica da loucura e obsessão’.

Saiba mais em www.adhilac-brasil.org/

Chico Xavierserá enfocado em encontro internacional sobre religiões

da REdAÇÃo

Um dos prédios da Universidade Federal de Juiz de Fora, que sediará o evento

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O impulso das crises na transformação social

ENTREVISTA

Por ElIANA HAddAd

A vida de Nancy Puhlmann di Girolamo sempre esteve liga-da à Instituição Beneficente Nosso Lar, dedicada às pesso-as portadoras de deficiências, fundada em São Paulo, em

1946, por sua mãe, Maria Augusta Ferreira Puhlmann. Escritora, articulista, Nancy publicou vários livros enfocando pessoas com de-ficiências, enfatizando a importância do desenvolvimento das po-tencialidades humanas.Enfermeira pela Universidade Federal de São Paulo com especia-lização em neuropediatria e socióloga pela Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo, Nancy tem mestrado em an-tropologia cultural e é pós-graduada em reorganização neurológica na Filadélfia (EUA).Aos 91 anos, recém-completos em 21 de março, Nancy recebeu com muita alegria o Correio Fraterno em sua residência para esta entrevista. Atenta à modernidade, simples e fiel ao seu raciocínio rápido, Nancy analisou a história e o papel do espiritismo nas trans-formações sociais, compartilhando ainda com satisfação suas ricas experiências em tempos de longevidade.

O que está ocorrendo com a nossa sociedade e qual o papel do espiri-tismo neste momento?Nancy: A sociedade está em crise, mas as crises sempre existiram. Elas são necessá-rias, porque fazem parte do processo socio-lógico do progresso. Percebo também que a doutrina espírita entrou na fase sociológi-ca, tendo dado mais ênfase antes à psicolo-gia e à medicina, no sentido espírita. Toda literatura espírita é sociológica porque o espiritismo é um ensino do destino e dos objetivos do espírito e suas relações com o mundo corpóreo, com o mundo social. Kardec, quando coloca na terceira parte de O livro dos espíritos as leis morais, ele entra no social, mas como uma atitude compor-tamental interior que se expande sempre através das relações com o próximo.

Em sua opinião, o espiritismo já conseguiu cumprir com esse obje-tivo no aspecto social?Acho que sim, pelo sentido real das pro-postas e ideações ultimamente desenvolvi-das. Houve com Chico Xavier uma grande expansão do social na divulgação das ideias espíritas, baseadas na obra estruturada de Kardec. E isso está ocorrendo também com o trabalho de Divaldo no mundo.

A senhora está falando de expo-entes. Mas e o espírita de maneira geral, está conseguindo enxergar o papel do espiritismo ou ainda está voltado para si mesmo?Prioritariamente, sim, ainda. Todo ser humano faz parte de uma história que o obriga a olhar para si mesmo num proces-so normal de conhecimento. E isso vai per-manecer por muito tempo, é um problema de evolução. Na realidade, é na vida social que exercitamos nossos papéis. É no inter-câmbio mesmo que o progresso se dá, na lei de sociedade.

Como a senhora vê a bandeira do espiritismo “Fora da caridade não há salvação” na sociedade hoje?Acho que apesar da insistência de Kardec, de fazer inclusive uma pergunta específica sobre isso aos espíritos, ainda não se com-preendeu muito bem o que seja isso. Kar-dec obteve a resposta clara e definitiva de que a ideia de caridade retrata o pensamen-to de Jesus: “Benevolência para com todos, indulgência com as faltas alheias e perdão das ofensas”. São três atitudes interiores do ser. Dar é sempre um desprendimento, com valor ou não, mas a caridade não aca-ba aí. Apenas começa assim e depois esse sentimento vai se desenvolvendo em ou-tros aspectos no relacionamento humano. Caridade é uma atitude sempre nova como agente transformador das relações de uma maneira geral.

Que análise podemos fazer, nesse sentido, do momento atual? Estamos numa fase de mudanças tremen-das. Mas é preciso compreender que esse processo já vem se realizando há mais tem-po. Quando os espíritos anunciaram “os tempos são chegados” não se referiam a um exato momento de 1857, como uma transformação que surgisse de um dia para outro, mas assinalavam as circunstâncias que começavam a se fazer presentes e favo-ráveis às mudanças necessárias e inevitáveis. Quando as mudanças sociais são rápidas, provocam uma crise que exige muita re-flexão, pois nem sempre há maturidade suficiente da sociedade para assimilá-las. É preciso comandar, dirigir e administrar a mudança para não sermos engolidos por ela. A lei social humana é lei de progresso.

Mas também podemos atrasar o progresso. Sim, claro. Isso é exatamente o que Kar-dec obteve de resposta dos espíritos. Não

Nancy Puhlmann Di Girolamo: “Não se pode entravar o progresso, mas pode-se atrasá-lo, sim”

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Qual seria o papel do espiritismo nessa transição?Primeiro, é preciso que ele seja muito bem conhecido como doutrina kardeciana, de bom senso. Quanto mais se lê, mais se descobre, mais se admira o pensamento de Kardec, a pesquisa que ele fez, a dou-trina como ele organizou. Ela é um farol na escuridão a se projetar para nos auxiliar, inclusive na busca do lado positivo. Acre-ditando e não desanimando. Tudo é uma questão de sintonia.

O que a senhora proporia para a divulgação da doutrina atualmen-te? Estamos conseguindo acender essa luz, levar essa mensagem?Tenho a impressão de que, no sentido so-ciológico, o grupamento espírita iniciou a unificação de ideias, não no sentido insti-tucional, orgânico, mas de pontos de vista,

O envelhecimento trazuma oportunidade maravilhosa de

se fazer uma revisão, sem artifícios”

se pode entravar o progresso, mas pode--se atrasá-lo, sim. Não é que possamos paralisá-lo definitivamente, porque ele é uma força de lei, supremamente superior ao estacionamento e à inércia. Por isso está também presente mesmo quando dizemos que o que vale mesmo é o aqui e agora, que se deve se concentrar somente no presente. O maior perigo é que a inércia pode trazer é o pessimismo.

É o que acontece hoje com a huma-nidade diante de tantos conflitos?A situação econômica e política mundial, no Oriente e no Ocidente, está conflitan-te, confusa. Podemos ter um pensamento pessimista porque aparentemente parece que tudo está perdido. Como se quisésse-mos permanecer numa zona de conforto, de acomodação. Ora, a realidade não é essa. Aliás, aí entra o pensamento da dou-trina espírita. A sociedade está submetida à lei maior, a lei do progresso, e os confli-tos atuais não são um retrocesso, um risco iminente, mas uma maneira de se processar o avanço. Lembro que no meu tempo de estudante de sociologia, a gente estudava o mesmo processo: conflito, competição, interação e miscigenação. Hoje, ultra-passamos essas fases que são repetitivas e entramos na fase da inclusão. Hoje nós incluímos tudo. Incluímos preconceitos que eram rechaçados e que hoje estão em moda. Damos realce, exageramos o seu valor. Isso também não é correto, porque toda oposição reforça o oponente.

E qual seria então, sociologicamen-te, o próximo passo desse sistema que estamos vivendo?Falar sobre o próximo passo é o mesmo que indagar sobre qual será nosso futuro. E isso a doutrina espírita mostra ser único. Só há um caminho: o progresso intelecto--moral. Lembrando-se sempre, porém, de que não é pelo desenvolvimento intelectu-al que o moral se desenvolve. Na questão da inclusão, quando as oportunidades são mais amplas, ela é uma bênção, porque se num primeiro momento ela chega con-fundindo, miscigenando tudo, na sequ-ência virá a organização. Precisamos refle-tir e perceber que a lei divina está acima de ideias pessoais, grupais, institucionais. Querendo ou não, estamos progredindo e é reforçando-se o bem que se enfrenta o

oponente. É como ensinou Jesus na pará-bola do joio e do trigo. Eles crescem juntos e somente quando estão bem grandes é que se consegue separá-los. Para curar a socie-dade é preciso também sanear a forma de pensar, ter noção de que o pensamento e a mente são nossos grandes colaboradores, se soubermos direcioná-los adequadamente. Nesse sentido, devemos nos trabalhar in-teriormente na procura do bem. É preciso achar o bem. E se procurar, acha.

E teremos condições de fazer essa separação naturalmente no está-gio evolutivo em que nos encon-tramos?Sim. Não digo nós, referindo-me à popu-lação presente no globo hoje. Mas à po-pulação que virá, pelo próprio processo da reencarnação, que poderemos ser nós mesmos. Nossa responsabilidade continua.

Não há ruptura. Oxalá, possamos estar en-carnados, participando ativamente dessa transformação. Ela não vem de graça, mas está aguardando pelas nossas atitudes, cole-tivamente, porque sozinhos somos poucos, não iremos conseguir. Por isso há uma lei divina, que é da sociedade. É juntos que precisamos fazer isso.

Com tanta violência, conflitos, a primeira impressão é a de que o bem está distante, que estamos re-trocedendo...A grande questão é: a crise, a dificuldade, é um empecilho ou um avanço? Toda di-ficuldade é um avanço, porque todo erro é uma experiência já realizada e aí está o aprendizado. Se não errássemos, não co-nheceríamos. Estamos numa época ca-tártica, colocando para o exterior aquilo que está nos incomodando por dentro. É sempre um momento importante, muitas vezes dolorido, mas o que vai nos fazer crescer, tirando-nos do conforto e nos im-pulsionando à ação.

de forma a centrar e valorizar a base, a obra de Kardec. Mas não podemos esquecer que o Cristo transcende na obra de Kardec. Há uma filiação fidedigna de Kardec para com o cristianismo, o que quer dizer que, se nos centrarmos nesse aspecto, encontraremos inúmeras modalidades de seguir o exemplo do espírito mais elevado que esteve entre nós e alavancar o nosso progresso na con-textualização do seu evangelho. Através de perguntas e respostas, Kardec leva-nos a deduzir o que é preciso ser feito. Antes disso, o cristianismo estava devaneando, podemos dizer, estava disperso, avariado, ortodoxo, fundamentalista, tendencioso. Agora, por exemplo, sentimos uma mu-dança muito grande no sistema sociológi-co-religioso. Vemos que as religiões estão se abrindo.

A senhora acha que em questão de liderança, o movimento espírita pode se ressentir com o desencar-ne e a falta de tantos líderes des-bravadores?

De jeito nenhum! Pelo contrário, na his-tória do movimento espírita, de Kardec aos dias de hoje, houve fases em que pre-dominou um ou outro aspecto da dou-trina, em seu complexo filosofia, ciência, religião, ou moral, como preferirem. Ela é generalista e abrangente. Mas acho que atualmente ela está ainda mais pujante. Na nossa época, éramos poucos líderes. Hoje a própria palavra tem outra conota-ção, mais participativa. Havia no passado muita projeção intelectual pessoal, quase que uma pessoa dirigia grandes grupos. Hoje somos muitos a dirigir uma mul-tidão. Digo isso por experiência própria, por que no Nosso Lar também foi assim. Durante muito tempo a instituição foi di-rigida por minha mãe, depois por mim. O grande salto é quando se muda isso. Ti-vemos, por exemplo, uma grande mudan-ça há seis anos e dissemos: chega, vamos dividir, tem que haver uma diretoria co-legiada, mas que não haja quem predomi-ne. Tem que ser democrática, no sentido espírita, mas que todos participem. E foi aí que tudo melhorou. Mas tivemos que passar por uma grande crise. E sobre a experiência do avançar da idade? Como aproveitar melhor tal condição?O envelhecimento não é absolutamente o final de tudo, como se faz parecer, como se você fosse perdendo tudo da vida – a vista, o ouvido, o movimento, as células do corpo que já não se renovam tanto, embora os neuropeptídios estejam aí ace-nando para mudanças, através das pesqui-sas da neurociência. O envelhecimento nos traz a ponderação que fez falta a vida inteira. Faço hoje com muita alegria re-trocessos da vida e vejo quantas coisas fiz por personalismo. O envelhecimento traz uma oportunidade maravilhosa de se fa-zer uma revisão, sem artifícios, sem o selo do ‘faz de conta’. Você começa realmente a se descobrir e a achar graça de si mesmo. Estou à procura de mim mesmo. E me pergunto sempre: quem sou eu agora? Isso é uma bênção, compensador. O tempo é precioso e envelhecer pode não ser tão as-sustador. Querendo ou não a longevidade veio pra ficar. Não temos que ter medo do envelhecimento. É a vida.

http://www.ibnossolar.org.br/

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MARÇo - ABRIl 2015 CORREIO FRATERNO 7

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CoISAS dE lAURINHA Por TATIANA BENITES

Humildade e o dinheiro

Lições importantes através dos romances

Laurinha pergunta a seu pai:– Pai, por que a gente trabalha tanto quando cresce?

– Para ganhar dinheiro para comprar as coisas em casa, para poder comer e pagar as contas...– Você gosta de trabalhar?– Eu gosto, porque eu faço o que me deixa feliz.– E por que tem gente que só recla-ma de trabalhar?– Talvez porque não trabalhe com o que goste.– Uai, mas por que é que continua, se não gosta?– Às vezes é porque não arrumou coisa melhor.– Eu não consigo entender. Temos que estudar tanto para se preparar

para uma profi ssão, pra depois che-gar lá na frente e correr o risco de não gostar.– laurinha, mas a vida traz muitas chances de a gente experimentar e ver do que gosta.– é a gente que escolhe onde quer trabalhar? Não entendo porque te-mos que trabalhar tanto, se apren-demos que temos que ser humildes.Humildade não signifi ca viver com menos dinheiro?– Não, fi lha. Ser humilde é sentir-se igual aos outros, nem melhor nem pior, e também reconhecer em si o que precisa ser melhorado.– Posso ser humilde e rica?– Sim, claro!A mãe de laurinha que só ouvia a

conversa diz:– Mas para ganhar dinheiro e fi car rica é preciso estudar. Vamos, Lauri-nha! Você tem trabalhos e lição para fazer!laurinha resmunga:– Poxa, mãe, estamos falando de hu-mildade!– Eu também... Reconhecer o que precisa melhorar!!!!– Mãe, eu falei HUMIldAdE e não Ô MAldAdE!! – laurinha se levan-ta e vê que precisa mesmo é fazer o dever.

Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíri-tos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Beni-tes, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).

lEITURA Por ElIANA HAddAd

O autor Umberto Fabbri fala sobre sua ex-periência como psicógrafoComo você começou essa tarefa da psicografi a?Quando me mudei para os Estados Unidos, há cerca de dois anos, comecei a escrever notas para o jornal. Depois textos. Em se-guida vieram os livros: Cisco de Francisco, de quando eu frequentava a casa dele, e mais dois outros. Logo em seguida, apresenta-ram-se para mim três espíritos [Umberto tem também mediunidade de psicofonia e vidência], dentre eles Jair dos Santos, autor do recém-lançado O trafi cante.

Qual a proposta desses espíritos? Você tem noção da história que vai psicografar?A proposta deles é escrever obras sobre

casos de pessoas comuns, com lições im-portantes e que muitas vezes não alcançam as mídias. Não tenho noção sobre o que se trata. Tanto que às vezes torço por um personagem, mas os fatos acabam se des-dobrando de outra maneira.

Como médium, como você lida com a questão da maior exposição?Há que se ter maturidade espiritual e reco-nheço o meu compromisso. Os autores são os espíritos e eu sou o escrevente. A sensa-ção quando começo a psicografar é que eles me colocam no cérebro um pen-drive, por-que a história vai brotando e eu não tenho a menor noção onde vai parar.A fi nalidade é a divulgação do espiritismo

e parte da receita das vendas vai para casas espíritas, inclusive dos Estados Unidos.

O trafi cante trata justamente da in-fl uência do plano espiritual no trá-fi co de drogas, mostrando como é essa relação com o mundo físico. Por que você enveredou para esse tema?Eu sequer suspeitava que isso ia acontecer. Recebi a primeira frase “Gabriel era um ra-paz...” e fui acompanhando a história. Por vezes, um parágrafo não me fazia sentido. Só depois eu via que as ideias estavam en-cadeadas e com todo o cuidado para não deixar ao leitor nenhuma carga de descon-forto, dado o tema do livro.

O trafi cante traz uma mensagem de alerta a pais e educadores de como uma pessoa ‘inocente’ pode entrar nas drogas, como o perso-

nagem do livro. Você percebe tra-tar-se de uma obra educativa?Penso que todos os livros psicografados têm uma mensagem importante. O pro-blema das drogas no mundo não é um as-sunto dos outros, é um problema de todos nós. Se esse livro servir para uma mãe, para um jovem, um educador, um jornalista, uma pessoa, já terá cumprido sua missão.

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8 CORREIO FRATERNO

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ESPECIAl

Universidade pesquisa efeito do passe no

controle da ansiedade

Uma equipe da Faculdade de Medi-cina de Botucatu,SP, formada por integrantes da Associação Médico-

-Espírita, está desenvolvendo uma pesqui-sa sobre os efeitos da terapia energética do passe espírita na redução da ansiedade. Trata-se de mais um esforço no sentido de

Por JoSé BENEVIdES CAVAlCANTE

demonstrar a eficácia da técnica do passe diante da comunidade científica, e tam-bém de busca de mais elementos incisivos para a compreensão do processo de trans-missão do fluido vital.

Segundo o presidente da AME-Bo-tucatu, dr. Ricardo de Souza Cavalcante,

professor e um dos integrantes da equipe, a iniciativa surgiu pela própria formação de pesquisadores, como membros da AME e do desejo de contribuir com estudos que avaliem o contexto saúde-espiritismo. “Fi-zemos contato com dr. Ricardo Monezi, pesquisador da Universidade Federal Pau-

lista e que havia defendido tese de douto-rado na USP sobre a utilização do reiki no controle de ansiedade de voluntários ido-sos. Na mesma época, também estivemos com a doutora Marlene Nobre, por ocasião do X Congresso de Saúde e Espiritualidade de Botucatu, também interessada nos estu-dos sobre terapia espírita.”

A pesquisa foi apresentada à Faculdade de Medicina de Botucatu através de pro-jeto e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Bo-tucatu, pertencente à Universidade Estadu-al Júlio Mesquita Filho – UNESP.

“Estamos utilizando uma metodologia rigorosa, segundo as recomendações cientí-ficas e entendemos que o passe deve servir de instrumento adjuvante ou auxiliar no processo de recuperação do enfermo. Não é nosso objetivo substituir as terapias clás-sicas ou convencionais de que a medicina, a psicologia e outros segmentos se valem no tratamento dos pacientes”, explica dr. Ricardo.

Os voluntários selecionados foram aleatoriamente divididos em dois grupos

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Décio Iandoli, em palestra na Unifesp em abril: “Quando você toma o passe, está sendo induzido energeticamentea corrigir transtornos que não chegaram biologicamente no seu corpo”

Desde Hipócratesda REdAÇÃo

Convidado a realizar a abertura dos seminários mensais de 2015 do Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade na Universidade Federal de São Paulo, o gastrocirurgião Décio Iandoli Junior realizou dia 25 de abril uma palestra na Unifesp enfocando o tema “Da alma ao corpo físico”. Ao ser entrevis-tado pelo Correio Fraterno a respeito da ação do passe, Décio lembrou que a saúde é o equilíbrio e a doença é o desequilí-brio. A terapia do passe tem o mesmo princípio de se ir ao mé-dico para tratar uma doença, fazer uma prevenção. Uma não exclui a outra. “Quando você toma o passe, está sendo indu-zido energeticamente a corrigir transtornos que não chegaram biologicamente no seu corpo. Isso é mais efi ciente do que se ter o problema já no corpo e tentar reverter. Às vezes só conse-guimos reverter o problema no corpo espiritual depois que a experiência da doença trouxe um background necessário para o paciente fazer esta reconstrução. Todas as formas terapêuticas são válidas, desde que você saiba o que está querendo com ela”. Décio também cita que Allan Kardec certamente conhecia os benefícios da ação curadora do magnetismo além do corpo físico. “Isso vem desde a época de Hipócrates”.

Para participar da pesquisa, foram con-vidados por meios de comunicação e redes sociais pessoas que se dispusessem a contri-buir com o estudo. “Os voluntários foram inicialmente submetidos a uma avaliação para confi rmar a existência do quadro clínico de ansiedade, sendo considerados apenas os indivíduos que não estivessem passando por tratamento clínico, a fi m de não haver viés de interpretação dos nossos achados.”

Os voluntários selecionados foram ale-atoriamente divididos em dois grupos: um que recebe o passe (aplicado por um passis-ta experiente) e o outro que recebe apenas a imposição de mãos, feita por uma pessoa ‘não capacitada’ para aplicação de passe. Os voluntários não sabem a qual dos grupos pertencem. Uma vez agrupados, eles com-parecem por oito semanas (uma vez por semana) para receber o passe ou apenas a imposição de mãos. Antes de iniciar as atividades há um momento de relaxamen-to, com música para meditação, e uma mensagem na voz de Chico Xavier. Antes, durante e ao fi nal das oito semanas, os voluntários são avaliados quanto à ansie-dade, qualidade de vida, depressão, grau de espiritualidade e religiosidade, me-diante aplicação de questionários. Além

• A presença do paciente não deve ser passiva na hora do passe. Ele deve estar com o pensamento vol-tado para o ato, usando sua vonta-de como fator auxiliar do processo de cura.

• Incontáveis vezes a doença do cor-po físico signifi ca, em última análi-se, a presença de fl uidos deletérios ocupando o lugar dos bons fl uidos. o passe pode, pois, auxiliar a corre-ção deste mal ao substituir os fl ui-dos, mas o paciente deve ter noção das causas e lutar para superá-las, caso contrário o mal retorna.

• No campo das curas o próprio Kar-dec esteve envolvido com o chama-do magnetismo um pouco antes de codifi car a doutrina. Pelo mag-netismo, fi cou-se sabendo que os homens possuem uma capacidade de exteriorizar e transferir energia a outras pessoas, energia essa que produz efeitos.

• Com o pensamento o espírito age sobre os fl uidos (ou energia), cap-tando-os e carreando-os para o médium. Este, por sua vez, também com o pensamento voltado para a ação, estabelece ligações com o es-pírito, além de se pôr em condições de receber os fl uidos e encaminhá--los ao que está recebendo o passe.

• Muitas pessoas, embora possuam energia magnética, não a têm em quantidade sufi ciente para operar curas. Aliando-se aos bons espíri-tos elas fortalecem essa energia e, como médiuns, obtêm resultados que sozinhas não alcançariam.

Fonte: Você e o passe. Wilson Francisco, Wilson Garcia, Ed. EME. (Conteúdo sobre passe baseado nas obras de Allan Kardec).

O que é preciso saber

da REdAÇÃo

disso, alguns voluntários são submetidos ao exame de eletroencefalograma, que nos permite analisar o padrão das ondas cere-brais produzidos antes, durante e após a aplicação do passe.

Os estudos são realizados em ambien-te fora do Hospital das Clínicas de Botu-catu, considerando a melhor adequação e controle vibracional do local. Um con-sultório médico foi eleito a melhor esco-lha. Melhor do que a casa espírita, que poderia afastar da pesquisa voluntários de outras religiões, por não se sentirem à vontade no ambiente.

De acordo com o professor, a pesquisa está em andamento, agora com 24 volun-tários tendo completado as oito semanas. “Uma avaliação geral nesses indivíduos nos permitiu verifi car que todos obtive-ram melhora em relação à ansiedade, seja o grupo que recebeu o passe intencional ou aquele que só foi submetido à simples imposição das mãos. Mas a melhora do grupo do passe foi mais signifi cativa. Um outro dado interessante, que já pudemos colher, é que de um modo geral os volun-tários se sentiram tão bem, submetendo--se a esse estudo, que a maioria insiste em permanecer no tratamento – conclui dr. Ricardo.

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10 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2015

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O apoio espiritual ao maestro João Carlos

VoCÊ SABIA?

O maestro brasileiro João Carlos Martins, reconhecido mundial-mente como um dos maiores

intérpretes de Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) e famoso também por suas histórias de superação de doenças e acidentes que lhe roubaram a destreza da mão esquerda que o impediram de conti-nuar a tocar piano, também tem uma his-tória surpreendente no campo espiritual.

Foi num sonho que o maestro Eleazar de Carvalho (1912 –1996) lhe apareceu e o aconselhou: “João, vai ser maestro!” Era o impulso que necessitava para continu-ar a trabalhar com a sua grande paixão: a música. Estudou regência e tornou-se um maestro de indiscutível sucesso. Apresen-tou-se em Paris e Londres, formou a or-questra Bachiana Filarmônica, trabalhou com jovens carentes dos bairros da perife-ria de São Paulo.

Martins também revelou em várias

entrevistas que sua mãe era espírita. “Ela nunca soube uma palavra sequer de italia-no, mas antes dos recitais, se concentrava e começava a falar comigo como se fosse Busoni*. Dizia: ‘Eu sou Ferruccio Buso-ni. Você vai fazer grandes coisas ao piano’. Era uma coisa muito estranha. Durante o primeiro ano da minha carreira ela fez isso, depois disse que não podia mais re-ceber Busoni (...) Eu confiava na minha mãe e dizia a mim mesmo: “Se Busoni está ao meu lado, eu não faço nenhum erro, eu posso voar, eu posso qualquer coisa”.

João Martins tinha apenas 12 anos quando, confiante, realizara seu primei-ro concerto. Mas basta ouvir as gravações desses concertos e perceber que ele não costumava errar mesmo. “Colocava todas as minhas emoções na música”.

Fonte: Anuário espírita 2007 – Editora IDE.

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MARÇO - ABRIL 2015 CORREIO FRATERNO 11

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ANÁlISE

Por GUARACI dE lIMA SIlVEIRA

Entre o instinto e a inteligência

O homem é um ser inteligente. Disto ninguém duvida. Contudo, a inte-ligência para ser bem aproveitada

necessita aliar-se a outros fatores, pois não basta ser inteligente, é necessário buscar o conhecimento. A inteligência nos encami-nha para a ação passiva ou ativa, adequada ou não, motivo pelo qual o indivíduo pre-cisa saber utilizá-la com soberania.

A inteligência deve ser a grande aliada do homem. Comumente, somos emocio-nais em demasia, fruto do nosso aprendi-zado desde os tempos remotos, quando necessitávamos reagir por impulsividade à sensação do medo, do calor, do frio, da fome, da ferocidade e até da ternura em seus graus iniciais. Era necessário respon-der com agilidade aos incômodos e decidir por lutar ou fugir. Ainda hoje, diante dos acontecimentos, é comum reagirmos emo-cionalmente em detrimento de uma atitu-de pensada, refletida, antes de ‘contar até dez’ ou de tomar um copo da ‘água da paz’ como nos aconselhava Chico Xavier.

Na questão 75 de O livro dos espíritos, Allan Kardec interroga: “É acertado dizer que as faculdades instintivas diminuem, à medida que crescem as intelectuais”? À primeira vista podemos responder que sim, contudo vejamos o que os espíritos disse-ram ao codificador: “Não. O instinto exis-te sempre, mas o homem o negligencia. O instinto pode também conduzir ao bem; ele nos guia sempre e às vezes mais segu-ramente que a razão; ele nunca se engana”. Os espíritos complementam na questão 73, afirmando que, ao contrário do que possamos imaginar, o instinto não é inde-pendente da inteligência porque: “...é uma espécie de inteligência não racional e é por esse meio que todas os seres provêm as suas necessidades”. Allan Kardec, comentando as questões, nos diz que “o instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inte-ligência propriamente dita por serem quase sempre espontâneas as suas manifestações, enquanto as daquela são o resultado de apreciações e de outra uma deliberação”.

E aqui compete que coloquemos a

questão seguinte contida em O livro dos espíritos, a de número 75-a: “Por que a ra-zão não é sempre um guia infalível”? “Ela seria infalível se não existisse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite ao homem escolher, dando-lhe o livre--arbítrio”. Lógica, abstração, memorização,

compreensão, autoconhecimento, comu-nicação, aprendizado, planejamento e re-solução de problemas, têm sido definições utilizadas para a inteligência. Nas mentes primitivas estes atos são muito cansativos como nos diz o sociólogo francês Lucien Lévy-bruhl, do século 19. Na introdução do seu livro A mentalidade primitiva, o so-

ciólogo nos diz que nos homens primitivos há uma aversão decidida pelo raciocínio, pelas operações discursivas do pensamento. O autor nos diz que isto “... se explica mais pelo conjunto dos seus hábitos mentais”.

Refletir para decidir melhor deve ser uma ação comum e corrente em nossas so-ciedades. Não nos basta o ato de pensar e decidir; é necessário o conhecimento pro-fundo do objeto ou da causa para a qual dirigimos nossas atenções e pensamentos. A profundidade nas observações tem sido pregada por psicólogos atuais. Entendem eles que agindo assim podemos evitar muitos conflitos. Quando vejo ou sinto algo externo a mim, minha razão necessita confabular com a emoção, passando pelos departamentos dos sentimentos e das vir-tudes que já possuo para só assim liberar minha palavra de contexto. Hoje sabemos que podemos modificar hábitos e a doutri-na espírita nos indica quais atos devemos modificar, pois, afinal, estamos a caminho da perfeição, como nos convidou Jesus a buscá-la. Quando os espíritos disseram a Allan Kardec que a má educação, o orgu-lho e o egoísmo dificultam o perfeito fluxo da razão, indiretamente nos propuseram uma análise de como estamos tratando e utilizando a nossa inteligência.

Este é um estudo instigante e edifica-dor. Allan Kardec nos fala que “nos seres dotados de consciência e de percepção das coisas exteriores, o instinto se alia à inte-ligência, o que quer dizer, à vontade e à liberdade”.

Unindo os dois com sabedoria, instin-to e inteligência, caminharemos com mais cuidado. Deus nos guiou até à razão através do instinto e agora nos compete juntar os dois, enriquecendo a inteligência que nos dirá com mais acerto onde, como e quando realizar algo. Assim se progride. Assim po-deremos cumprir com excelência o nosso projeto de evolução.

Guaraci de Lima Silveira é escritor e articulista espí-rita, autor do livro O refúgio de Laila – Ed. Correio Fraterno.

Nosseresdotadosdeconsciênciaedepercepçãodascoisasexteriores,o

instintosealiaàinteligência,oquequerdizer,àvontadee

àliberdade”Allan Kardec

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12 CORREIO FRATERNO MARÇo - ABRIl 2015

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Congresso reúne jovens na BahiaDe 10 a 12 de abril será realizado em Salvador,

BA, o 1º Congresso da Juventude Espírita da Bahia, com o tema “Vida social e espiritua-

lidade – Ciência, fi losofi a, religião e arte”. Local: Centro de Convenções da Bahia. Realização: Federação Espírita Estado da Bahia. feep.com.br.

Congresso Estadual de Espiritismo em SantosSerá realizado de 18 a 21 de abril o 16º Con-

gresso Estadual de Espiritismo. O evento acontece na cidade de Santos, SP, sob a temá-

tica “Para onde caminha a humanidade: Amor, educação e ética”. Terá como palestrantes Antônio Cesar Perri, San-dra Maria Borba, Tiago Cintra Essado, Anette Guimarães, Heloísa Pires, André Luiz Peixinho e Alberto Almeida. Lo-cal: Arena Santos av. Rangel Pestana, 184 – Vila Mathias, Santos SP. Realização USE SP. usesp.org.br. [email protected].

ETRAMESC 2015Acontece no dia 25 de abril, na cidade de Lages,

o Encontro dos Trabalhadores da Mediunida-de de Santa Catarina, promovido pelo Núcleo

de Estudos e Orientação da Mediunidade. Com a partici-pação de Suely C. Schubert (MG), Marta Antunes Moura (FEB) e Ruth Guimarães (MG). Local: Anfi teatro do Co-légio Bom Jesus Diocesano. www.fec.org.br.

Medicina e EspiritualidadeDe 3 a 6 de junho, acontece na cidade de Goiâ-

nia, GO, o Mednesp 2015, sob o tema Ciência, saúde e espiritualidade: desafi os e transforma-

ções no século 21. Realização: Associação Médico-Espírita- Brasil e AME-Goiânia. Com a participação de Décio Iandoli Jr., Andrei Moreira, Alessander Moreira Almeida, Mário Pe-res, Júlio Peres, Irvênia Prada e outros. Mednesp2015.com.br

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fi que atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

ENIGMA

Que simbologia Jesus buscou na natureza para referir-se às pessoas que apenas aparentam,

mas ainda nada produzem de

bom?

Resposta do Enigma:

Solução daCruzada

Veja em:www.correiofraterno.com.br

A fi gueira seca(ESE-Capítulo XIX)

A fi gueira que secou é o símbolo das pessoas que apenas aparentam propensão para o bem,

mas que em realidade nada produzem de bom.

CUlTURA & lAZER

Congresso reúne jovens na BahiaDe 10 a 12 de abril será realizado em Salvador,

lidade – Ciência, fi losofi a, religião e arte”. Local: Centro

ABR

10

Congresso Estadual de Espiritismo em SantosSerá realizado de 18 a 21 de abril o 16º Con-

tica “Para onde caminha a humanidade: Amor, educação

ABR

18

ETRAMESC 2015Acontece no dia 25 de abril, na cidade de Lages,

de Estudos e Orientação da Mediunidade. Com a partici-

ABR

25

Medicina e EspiritualidadeDe 3 a 6 de junho, acontece na cidade de Goiâ-

ções no século 21. Realização: Associação Médico-Espírita-

JUN

3

CRUZADA DO CORREIO Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Região do ABC Retirada de doações

para o Bazar Permanente

ligue (11) 4109-8938

Transmissão do pensamento do espírito mediante a escrita feita pela mão do médium.

Ato de invocar, chamar um espírito.

Lei do ... Impulsiona o homem à evolução.

Instrumento de comunicação entre os dois planos da vida.

Transfusão de energias positivas.

Condição de todo espírito.

Nome dado ao espírito encarnado.

Substância doada por médiuns de materialização.

A máxima recomendada por Jesus.

Mediunidade poliglota.

Volta do espírita à vida corpórea.

O mundo material.

Impossível para o espírito.

Conjunto de regras que constituem os bons costumes.

Servem de instrumentos entre o plano material e o plano espiritual.

Característica da psicografi a em que o médium sente a mão impulsionada, pelo espírito, mas tem consciência do que escreve.

O princípio inteligente do universo.

Tem origem nos conhecimentos adquiridos em vidas passadas.

Faculdade de se estar presente ao mesmo tempo em dois lugares.

O nível de cada um

Laurinha, como está o seu

nível de confianca para falar sobre

Chico Xavier hoje?

Nível “médium”,

professora!

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MARÇo - ABRIl 2015 CORREIO FRATERNO 13

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CRoNICA

Aos 65 anos resolvi colocar em prá-tica um novo projeto... Há tempos venho recebendo chamados de

amigos que entendem que eu deva colocar no papel os meus pensamentos... Como sempre é tempo de se iniciar uma nova jor-nada, vamos lá... Quem sabe eu possa mes-mo ser útil, analisando fatos, interpretando textos ou contanto histórias.

Como gosto de reticências, refl eti di-vertidamente que meus textos deveriam ser recheados delas...

Quando faço palestras, procuro instigar as pessoas à busca... Na escrita, as reticên-cias me passam a ideia de: o que deveria vir no lugar delas? O legal é que isso pode fi car a cargo do leitor. Refl etindo sobre a vida, chego à conclusão que ela é como uma es-crita repleta de reticências. Aliás, a meu ver, a vida é uma eterna reticência. Termina um desafi o e já vem outro! Estamos num processo de continuidade e vamos decidin-do, dia a dia, o que colocar no lugar dos três pontinhos...

Nossa escolha determinará se nos enca-minharemos para um texto de alegria ou de tristeza, de sucesso ou de derrota. Assim é a vida! Nós determinamos a cada dia o que imprimiremos nessa página em branco que se apresenta à nossa frente.

Talvez eu goste de reticências por elas serem democráticas, estão ali e simplesmen-te aceitam, sem interferência, sem inge-rência... Respeitosamente cedem seu lugar

A vida é feita por ...Por ANA ZANI

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concorde ou não com o que será colocado... Quando Voltaire, no século 18, registrou a ideia: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizes, mas lutarei até a mor-te para que tenhas o direito de dizê-las” se posicionava como as reticências: respeito-samente! Aceitando que cada qual tem seu ponto de entendimento, de visão de mun-do, e que isso deveria ser respeitado.

Se quisermos viver numa sociedade har-moniosa, devemos lutar para que islamitas, budistas, xintoístas, espiritistas e todas as demais correntes de pensamento tenham o direito de colocar em suas reticências seu parecer... Pois que o mundo se apresenta a cada um de acordo com o que se é...

Nós nos fazemos a cada dia: escolhen-do caminhos... Diariamente, na página

da vida, temos três pontinhos para dar lugar às nossas decisões ou indecisões, de-pendendo única e exclusivamente de nós mesmos se vamos preencher essa página com sabedoria.

Como disse o poeta espanhol Antonio Machado: “Caminhante, o caminho se faz ao caminhar”. A doutrina espírita ensina que o ser humano é responsável pelas suas escolhas, pelos seu caminhos...

Deus deu liberdade... Livre-arbítrio. Portanto, a cada início de ano devería-mos pensar sobre o que queremos grafar nas páginas do caderno que se inicia. Se o ano já tiver galgado algumas páginas, vamos refl etir sobre quantas nos restam ainda... A cada dia, uma nova página... O tempo escoa e urge. Quando percebemos que o ano se foi e não colocamos nada de substancial nas reticências, tendemos à tristeza, à depressão... Adianta cultivar a infelicidade por um ano na inutilidade? Não! Lutemos contra isso... Podemos e devemos iniciar a nossa impressão de paz, amor, harmonia, compreensão, amizade, fraternidade, união a qualquer momen-to. Deus nos deu esse poder de decisão. O momento é nosso. Podemos começar agora a imprimir o que bem quisermos, fazendo da nossa página em branco algo de especial, de valioso, que demonstre que a nossa passagem pela Terra não foi em vão e que chegaremos ao fi m da jornada com aquele gostinho de dever cumprido.

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14 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2015

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Por oSWAldo dE CASTRo

FoI ASSIM

A mudança radical do professor materialista

Quando fazia o curso médico em Uberaba, na década de 1950, hoje Universidade Federal do

Triângulo Mineiro, tive intenso contato com um erudito professor, que quando estudava no Rio de Janeiro era ateu e um dos líderes do Partido Comunista. Rei-teradamente, o professor tinha estranhas visões, que eram por ele interpretadas como alucinações psicóticas, que atin-giam as raias da loucura. Atormentado, várias vezes se dirigia a consultórios psi-quiátricos.

No trajeto, ponderando que não ti-nha dificuldades intelectuais e cogniti-vas, desistia e retornava à sua casa. Uma vez chegou a adentrar o consultório, pre-encher a ficha de consulta e por fim de-sistir. Certa feita, solicitou ao seu pai que lhe enviasse livros científicos. Aparente-

mente por um acaso, entre eles havia um exemplar do livro Nosso Lar, de André Luiz. Colocou-os na prateleira localizada em seu quarto.

Inexplicavelmente, tinha a mente vol-tada ao referido livro. Quando se deitava ou se levantava, olhava fixamente para o livro sem saber do que se tratava. O fato se repetiu por várias vezes.

Num domingo, não tendo nada que fazer, leu-o cabalmente, ficando profun-damente impressionado, ao perceber que suas ‘estranhas visões’ eram imagens idênticas às que André Luiz descrevia so-bre a colônia espiritual Nosso Lar. Emo-cionado, exclamou: não são alucinações; não estou louco! O professor chegou a nos descrever minudências, inclusive so-bre o funcionamento do meio de trans-porte (aerobus) utilizado em Nosso Lar.

No dia seguinte, a primeira coisa que fez foi passar em uma livraria e comprar toda a coleção de André Luiz. A segunda foi dirigir-se ao conclave do Partido Co-munista, no qual seria o dirigente. Fazen-do uso da palavra, falou veementemente à imensa plateia: De hoje em diante, não sou mais comunista; sou espírita!

Como obstinado pesquisador, e do-tado de profunda inteligência sem ser imbuído de fanatismo, o professor não parou mais de estudar o espiritismo e tudo o que se relacionava ao cristianis-mo. Comparou as obras de Kardec e as de Emmanuel com os ensinamentos do Cristo e inferiu que tudo se coaduna.

Nossa reflexão nos mostra que o na-tural seria que o digno professor, que in-clusive se dizia ateu, concluísse que tudo não passava de fantasia, produto da ima-

ginação, e se mantivesse cético à narra-tiva de Andre Luiz sobre a existência da cidade Nosso Lar.

Mas o seu conhecimento científico, sua razão, a própria lógica da doutrina o ajudaram a mudar suas convicções, de-monstrando que a vida eterna supera em tudo a vida momentânea na matéria.

Este fato aconteceu com o cirurgião plástico paulista

Dr. Oswaldo de Castro, que conviveu estreitamente com o médium Chico Xavier, em

Uberaba, MG. Conte também a sua história para ser publi-

cada aqui no Correio Fraterno. (redacao@correiofraterno.

com.br)

Page 15: Correio Fraterno 462

MARÇO - ABRIL 2015 CORREIO FRATERNO 15

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Por UMBERTo FABBRI

dIRETo Ao PoNTo

Precisamos sofrer?Quem de nós não tem seu quinhão

de sofrimentos, de aflição, de an-gústia e dor? Estas situações são

compreensíveis quando refletimos sobre o estágio atual de provas e expiações de nosso mundo. Segundo a espiritualidade, esses padecimentos são frutos de nosso afasta-mento ou puro desconhecimento da lei de amor, ou ainda, provações para testarem nosso aprendizado. Colhemos o que plan-tamos e Deus, em seu processo pedagógico divino, não nos exime de nossas responsa-bilidades, mas nos ensina que teremos da vida o mesmo que a ela ofertarmos. Sofre-remos a reação de nossas ações.

Jesus, ao contrário do que muitos pen-sam, no consolador sermão das bem-aven-turanças, não faz apologia ao sofrimento: “Bem-aventurados os aflitos” nos fala da temporalidade de tudo em nossas vidas, como nos ensinou o saudoso Chico Xa-vier: “Tudo passa”, até mesmo o sofrimen-to. Quando vivenciamos um martírio, seja ele físico ou emocional, é difícil racionali-zar que ele é passageiro, e que em muitas vezes está em nós mesmos a possibilidade de cura, ou a condição de minimizá-lo com a resignação.

Todavia, algumas pessoas entendem que o sofrimento é necessário para a eleva-ção espiritual, que castigando o corpo abri-mos caminhos para nossa santificação e por ele nos aproximamos de Deus. Este pensa-mento equivocado e armazenado por sécu-los em nosso subconsciente não nos auxilia

em nossa ascensão divina, mas sim nos atra-sa, por suas consequências nocivas. Se pais humanos não se comprazem com as dores e angústias de seus filhos, o que podemos esperar de Deus Pai, perfeito, justo e bom?

Se Deus é puro amor, o que nos aproxi-mará dele é o próprio amor.

A autopunição, a culpa, a tristeza e o desânimo não nos trarão o progresso, mas sim a estagnação, pois só cresce quem tra-balha, ama e produz o bem.

É fato que o sofrimento, quando bem compreendido, pode se tornar elemento

educador. Poderíamos considerá-lo em muitos casos como um “despertador”, mas ele não é o único caminho, é possível cres-cer sem sofrer.

A famosa orientação do antigo filósofo grego do: “Conhece-te a ti mesmo” pode nos auxiliar a trilhar este caminho evolu-tivo de maneira mais feliz e serena. Hoje, conhecendo o Evangelho do mestre Jesus, e aliando esse conhecimento à busca interior de nossas mazelas, é factível atacar o pro-blema antes que este se torne uma situação que venha nos trazer infelicidades.

É preciso um olhar apurado para nossa existência e comportamentos atuais. Po-deremos nos surpreender com a consta-tação de que alimentamos os infortúnios, na repetição de posturas que perpetuam as angústias que desejamos eliminar. É o que ocorre com a raiva, mágoa, desejo de vin-gança, ciúme, orgulho ferido, falta de amor a si mesmo, entre outros.

Deus nos dá a carga de reajustes pos-síveis de serem efetivados nesta vida, mas sem vigilância e distraidamente aumenta-mos esta carga, tornando as coisas ainda mais difíceis. Isto se dá no comportamento individual, mas também no coletivo. Veja-mos a problemática do meio ambiente. É de conhecimento da maioria o que se deve ou não fazer para poupar a natureza e seus recursos, mas agindo de forma irracional e até mesmo egoísta, nos comportamos como se isso não fosse de nossa respon-sabilidade, esquecendo que iremos aqui reencarnar e seremos herdeiros de nossa irresponsabilidade ou invigilância na es-cassez dos recursos naturais, poluição, etc. Cabe-nos adotar outro comportamento para que novas tribulações não venham nos visitar.

Transformar, mudar, progredir é a pro-posta divina, não o sofrimento.

Profissional de Marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Aca-ba de lançar o livro O traficante, ditado pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).

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16 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2015

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MÍdIA do BEM

Este espaço também é seu.Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

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Osuicídioéprevenível

Mesmo no Brasil, onde as taxas de suicídio são meno-res do que em outros países, o suicídio já é considerado um problema de saúde pública. Mas segundo pesquisas na área da psiquiatria, o autoextermínio é prevenível na maior parte dos casos com informação e atendimento adequados. Já se sabe, por exemplo, que em aproxima-damente 90% dos casos ele está associado a patologias de ordem mental diagnosticáveis e tratáveis. Desde 2006 o Brasil conta com uma Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio (veja no site do Correio) e essa não é uma luta apenas de governos ou organizações que militam na área da saúde pública, mas de toda a sociedade. Fonte: Blog Mundo Sustentável

Um herói de carne e osso está distribuindo comida todas as noites para sem-teto que dormem nas ruas de Birmingham, na Inglaterra. O jovem, de 20 anos, se veste de ‘Homem-Aranha’ para fazer a boa ação. A identida-de dele permanece anônima, enquanto ele luta contra a fome, dizendo que sua intenção é “mostrar que todas as pessoas merecem ter uma ajuda”. “Aprendi que todos são iguais, e acredito que temos que olhar para todos como humanos e ajudá-los como ajudaríamos um amigo pró-ximo”, afirmou.

O jovem se veste de super-herói exatamente para cha-mar a atenção e inspirar mais pessoas a fazerem o mesmo.http://sonoticiaboa.band.uol.com.br

Domingo, dia 15 de março, o programa Fantástico mostrou a história de determinação e desprendimento do casal Ana Paula Amaral e Ricardo Augusto Vieira, que desde que se conheceram decidiram adotar crian-ças, e crianças especiais. Sidney chegou com dois anos e meio, tem síndrome de Down, é autista e perdeu parte da visão. Clarinha nasceu sem cérebro, com o diagnós-tico de poucos dias de vida. Viveu oito anos. Também vieram Henrique, hoje com 13 anos, Tainara, com 15 e Guilherme, com 8 anos.

“Todo filho é especial. Todo mundo tem um brilho próprio, um jeito próprio. Adotar uma criança assim é compartilhar isso. É um crescimento muito intenso, dos dois lados”, feliz conclui o pai. http://g1.globo.com/fantastico