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DE FORA CÁ DENTRO CRISTINA RIBAS Administradora do Grupo MoNTeIRo, RIBAS À CONVERSA COM... AMéRICo SANToS NeveS Coordenador do CATTC – Centro de Apoio à Transferência de Tecnologia e Conhecimento DEPOIS DO ISEP AIReS HeNRIQUe PeReIRA Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de varzim IDENTIDADE ISEP

ISEP BI 19

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Boletim Informativo do Instituto Superior de Engenharia do Porto

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Page 1: ISEP BI 19

DE FORA CÁ DENTROCRISTINA RIBASAdministradora do Grupo MoNTeIRo, RIBAS

À CONVERSA COM...AMéRICo SANToS NeveSCoordenador do CATTC – Centro de Apoio à Transferência de Tecnologia e Conhecimento

DEPOIS DO ISEPAIReS HeNRIQUe PeReIRAPresidente da Câmara Municipal da Póvoa de varzim

IDENTIDADE ISEP

Page 2: ISEP BI 19

02 ÍNDICE

EDITORIAL03

A RETER04

» oe+eUR-ACe: Um Compromisso ISeP com estudantes e Alumni » Novas Pós-Graduações » Praxis Dinamiza Mercado europeu de Projetos/estágios » Prémio Alumni ISeP

EvENTOs06

» Dia Aberto ao Conhecimento » I Jornadas de engenharia de Sistemas » Intensive Program – Mind the Gap » Seminário ISeP – Portugal Steel » empreender Internacional » CISPee 2013: Debater o Futuro do ensino em engenharia » o Automóvel Português – Passado e Futuro » Roadshow ISeP

DEpOIs DO IsEp 12

» Aires Henrique Perreira, Presidente da C.M. da Póvoa de varzim

DE fORA Cá DENTRO14

» Cristina Ribas, Administradora do Grupo MoNTeIRo, RIBAS

DEsTAQUE16

» Tomada de Posse do Presidente do ISeP

À CONvERsA COm... 19

» Américo Santos Neves, Coordenador do CATTC

INvEsTIgAçãO À LUpA22

» ICARUS: Robôs que Salvam vidas

A NOssA TECNOLOgIA24

» virtual Sign – o Tradutor de Linguagem Gestual

bREvEs26

» ISeP no Fórum do Mar » ISeP no Diálogo Ue-Brasil Sobre Smart Grids » LeMA Usa a Matemática para Ajudar empresas a Resolverem Problemas » Uma Taça de Criatividade » Matemática Fora de Portas Premiado Boa Prática de Inovação Pedagógica » ISeP Recebe Prémio Agostinho Roseta » Matemática Fora de Horas » CISTeR Coordena Projeto europeu de Computação em Tempo-Real » CIDeM Apoia Internacionalização da MeGAJoULe » CIeTI Desenvolve Soluções para o Setor do Calçado » eLeCoN Junta a europa e o Brasil » Investigador GeCAD Premiado no University Challenge 2013 » Novo Processo de Programação para Robôs de Lixamento » Geotecnia Ibérica » Sistema de Supervisão de Uma Linha de enchimento de Cerveja » XIII Foro de Inversion Madri+D » Do Porto a Camberra

pROvAs DE DOUTORAmENTO30

À CONvERsA COm 19

INvEsTIgAçãO À LUpA22

EvENTOs06

DEsTAQUE16

Page 3: ISEP BI 19

03EDITORIAL

IsEp.BI 19_

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE ISeP – Instituto Superior de Engenharia do Porto DIREÇÃO João Manuel Simões Rocha EDIÇÃO ISeP-DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação REDAÇÃO Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana DESIGN ISeP-DCC-GDM.2014IMPRESSÃO Ancestra, Indústria Gráfica, Lda. TIRAGEM 1.500 exemplares DEPÓSITO LEGAL 258405/07CONTACTOS ISeP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação » Rua Dr. António Bernardino de Almeida, nº 431 | 4249-015 Porto – Tel.: 228 340 500 » Fax: 228 321 159 » e-mail [email protected]

EDITORIALNa décima nona edição do IsEp.BI atribuímos especial destaque à iniciativa “Roadshow ISeP”. De março a maio, o ISeP percorreu três cidades – Santo Tirso, valongo e Maia – onde proporcionou experiências de engenharia a alunos do 9º ao 12º ano, às suas famílias, escolas e empresas, de forma prática e dinâmica.

No mês de maio decorreu a tomada de posse de João Rocha para mais um mandato na presi-dência do Instituto Superior de engenharia do Porto para o período 2014-2018. Neste boletim damos conta da sessão que teve casa cheia e na qual foram apresentados os eixos da estratégia para os próximos anos.

outro tema destacado neste BI está relacionado com os antigos alunos. o sucesso dos Alumni e o trabalho que desenvolvem enquanto profissionais refletem a qualidade do ensino e o leque de oportunidades que o ISeP oferece. Por isso, decidimos premiá-los pelas metas que já alcan-çaram e por serem o reflexo da qualidade da marca ISeP aos níveis nacional e internacional seja no setor empresarial, académico ou mesmo político. Queremos, nesta edição, abrir uma linha de contacto com estes antigos alunos para que o grupo não pare de crescer!

A aposta na investigação e na nossa oferta formativa - licenciaturas, mestrados e pós-graduações - que acompanha as necessidades atuais dos alunos e do mercado de trabalho, são alguns dos fatores que contribuem para a consolidação do ISeP e para a abertura a um novo capítulo na internacionalização da instituição. A entrevista a Américo Santos Neves, economista e professor adjunto no ISeP, na área da gestão, dá a conhecer um novo projeto que pretende precisamente levar a marca ISeP como um todo até às organizações: o Centro de Apoio à Transferência de Tecnologia e Conhecimento (CATTC).

A empresa Monteiro Ribas, onde alunos do ISeP desenvolvem dissertações e trabalho com apli-cabilidade real no futuro da empresa, é um dos excelentes exemplos da aproximação da insti-tuição às organizações. Na mesma edição é dado a conhecer o projeto de desenvolvimento de robôs para apoio à busca e salvamento no mar, levado a cabo por investigadores do INeSC TeC. Perseguir o caminho da inovação, contribuindo para a melhoria do dia-a-dia das pessoas, é uma premissa desta escola de engenharia e são vários os projetos representativos deste caminho.

Sugestão, ainda, nesta publicação, de leitura da entrevista com Aires Henrique Pereira, presiden-te da Câmara Municipal da Póvoa de varzim e antigo aluno do ISeP.

Todos os projetos e resultados apresentados nesta edição são possíveis porque no ISeP acredi-tamos na engenharia que privilegia a investigação, a inovação e o envolvimento com as várias comunidades, dentro e fora da escola.

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04

Atento às realidades do mercado, o Instituto Superior de engenharia do Porto reforçou este ano a aposta em pós-graduações que apoiem as necessidades de especialização de profissionais de engenharia. Com o lançamento de quatro novos cursos, o ISeP passa agora a lecionar 13 pós-graduações em diversas áreas da engenharia.

De acordo com a Direção-Geral de ensino Superior, «o prosseguimento dos estudos superiores, após a conclusão da licenciatura, constitui não só uma forma de aprofundar os conhecimentos científicos numa de-terminada área, com a correspondente valorização académica e pesso-al, como também pode facilitar a entrada na vida ativa, seja no espaço nacional ou europeu, e permitir a valorização profissional, através da progressão na carreira e do acesso a uma melhor remuneração».

As pós-graduações, cursos não conferentes de grau académico, surgem assim como especializações com vista à aquisição, reciclagem ou aprofun-damento de conhecimentos. No ISeP, esta oferta formativa combina um ADN de saber aplicado e orientado para o mundo real com as tecnologias emergentes, de modo a apoiar o desenvolvimento de competências.

entre os novos cursos, destaque para a parceria entre o ISeP e Socieda-de de Reabilitação Urbana, que serviu para lançar a pós-graduação em Reabilitação Urbana, cuja sessão inaugural contou com a presença do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira. Ao nível da pós--graduação em Técnico de Inspeção de estruturas, a sessão final apre-sentou um estudo relativo à inspeção estrutural do Palácio de Cristal.

Destinadas a profissionais interessados no desenvolvimento ou aperfei-çoamento de competências, as pós-graduações têm durações variáveis (modulares, semestrais ou anuais) e decorrem em horários pós-laborais.

Para mais informações, por favor contacte-nos: [email protected].

PÓS-GRADUAÇÕES ISEP

• Cálculo Assistido de estruturas• Computação Móvel Aplicada – Android• eficiência energética e Utilização Racional de energia elétrica• ensaios de Diagnóstico estrutural• Gestão e Manutenção de equipamentos de elevação –

elevadores• Projeto de Infraestruturas de Telecomunicações• Projeto de Instalações elétricas• Projeto de Instalações elétricas especiais• Reabilitação Urbana• Sistemas de Segurança, Gestão Técnica e Domótica• Sistemas Integrados de Gestão da Qualidade, Ambiente e

Segurança• Técnico de Inspeção de estruturas• Tecnologias e Informática Aplicadas à educação

A RETER

NovAS PÓS-GRADUAÇÕES

1 http://www.a3es.pt/pt/o-que-e-a3es/objetivos

oe+eUR-ACe: UM CoMPRoMISSo ISeP CoM eSTUDANTeS e ALUMNIo Instituto Superior de engenharia do Porto é a segunda escola nacional com maior número de cursos reconhecidos com a certifi-cação de qualidade europeia oe+eUR-ACe. Sobretudo, o ISeP foi a primeira escola de engenharia em Portugal a certificar um curso de licenciatura pelo máximo padrão de excelência europeia: a licen-ciatura em engenharia Informática.

o funcionamento de cursos superiores em Portugal depende da sua aprovação e acreditação pela Agência de Avaliação e Acredi-tação do ensino Superior (A3eS). o objetivo da A3eS «é propor-cionar a melhoria da qualidade do desempenho das instituições de ensino superior e dos seus ciclos de estudos e garantir o cum-primento dos requisitos básicos do seu reconhecimento oficial»1. Deste modo, tem apoiado os processos de avaliação, comparação e melhoria, garantindo um igual patamar mínimo de qualidade para um curso funcionar. Ao avaliar igualmente cursos do subsiste-ma politécnico e universitário, a Agência apoia também a credibi-lização dos cursos e das instituições em si, desmistificando leituras abusivas por subsistemas.

Não obstante, o compromisso do ISeP com os seus estudantes e antigos alunos alimenta um desejo de ir mais além. Não se trata de garantir que os cursos da instituição partem em igualdade de cir-cunstâncias com os de qualquer universidade portuguesa, mas sim uma vontade de garantir os melhores níveis de exigência na forma-ção de modo a projetar a carreira dos diplomados. é neste sentido que se enquadra o atual esforço na certificação oe+eUR-ACe.

o Sistema de Avaliação de Qualidade de Cursos de engenharia oe+eUR-ACe é conduzido pela ordem dos engenheiros e afirma-se como uma marca diferenciadora que reconhece a qualidade, gera confiança e apoia positivamente a internacionalização dos diplo-mados. A ordem destaca que um curso oe+eUR-ACe se demarca pela metodologia centrada no aluno; por uma globalidade de ativi-dades académicas orientadas para a prática profissional e estimula-doras da aprendizagem ao longo da vida; e pelo desenvolvimento das capacidades de análise crítica e resolução de problemas.

em 2012, o ISeP concluiu com sucesso a sua primeira certificação oe+eUR-ACe. em 2014, tem oito cursos certificados: licenciaturas em engenharia eletrotécnica e de Computadores, engenharia ele-trotécnica – Sistemas elétricos de energia, engenharia Informática e em engenharia Química e mestrados em engenharia eletrotéc-nica e de Computadores, engenharia eletrotécnica – Sistemas elé-tricos de energia, engenharia Informática e engenharia Química. entretanto, aguardam-se novidades sobre os restantes processos em curso: licenciatura e mestrado em engenharia Geotécnica e Geoambiente e licenciatura em engenharia Mecânica.

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05

A rede europeia PRAXIS – european Centre for Project/Internship excellence – lançou o mercado virtual europeu de Projetos/estágios, em outubro de 2013. enquadrado no âmbito da estratégia europa 2020, este mercado vir-tual pretende centralizar as propostas de projeto/estágio provenientes dos parceiros académicos e empresariais a nível europeu para as disponibilizar aos estudantes do ensino superior.

A rede PRAXIS, com cerca de 90 parceiros incluindo insti-tuições de ensino superior, empresas, laboratórios de in-vestigação, câmaras de comércio, associações europeias e escolas profissionais, visa atingir a curto prazo uma posi-ção de relevo no espaço europeu de ensino superior.

Apesar de estar ainda numa fase de lançamento controla-do, o mercado virtual, disponível em www.praxisnetwork.eu, conta já com mais de 5000 visitantes e cerca de 200 pesquisas por dia, tendo colocado 65 alunos em estágios, na sua maioria, internacionais.

o portal PRAXIS não se esgota, porém, no mercado vir-tual de projetos/estágios. Apoia também os estudantes durante toda a sua experiência de projeto/estágio e a sua entrada no mercado europeu de trabalho. Para tal, os estudantes têm acesso a informação objetiva e sucinta que chama a atenção e fornece recomendações para as potenciais dificuldades e oportunidades com que estes se podem confrontar durante esta fase importante da sua vida académica. Para além disso, disponibiliza também uma rede social que promove o encontro, a discussão e a cooperação de uma vasta comunidade de alunos, todos envolvidos em atividades de projeto/estágio.

o ISeP é membro-fundador do PRAXIS, sendo este projeto coordenado localmente por Nuno escudeiro, docente do Departamento de engenharia Informática.

DINAMIZA MeRCADo eURoPeU De PRoJeToS/eSTÁGIoS

A RETER

PRéMIOALUMNI ISeP

o ISeP lançou o Prémio ALUMNI ISeP para «promover o reco-nhecimento» de antigos alunos, «que se tenham destacado pela sua intervenção na sociedade». este prémio incide em contributos nas áreas da engenharia, tecnologia e inovação, sendo as candidaturas «apreciadas de acordo com critérios de natureza social (capacidade empreendedora, impacto na sociedade e demonstração de inovação) e económica (susten-tabilidade e geração de externalidades positivas)».

«A história com mais de um século e meio do Instituto Supe-rior de engenharia do Porto carateriza-se por cumprir uma missão de formação, criação e partilha de conhecimento apli-cado, que privilegia a inovação tecnológica e o empreende-dorismo. o sucesso da instituição espelha a história de todos aqueles que fazem ou fizeram parte desta casa.

Neste contexto e reconhecendo que os nossos diplomados têm um papel preponderante na sociedade, assumindo-se como agentes de inovação, desenvolvimento e crescimento sustentável e inclusivo, o Instituto Superior de engenharia do Porto instituiu o “Prémio ALUMNI ISeP” que pretende distin-guir anualmente um seu alumni que se tenha destacado nos domínios da engenharia, Tecnologia e Inovação, contribuin-do para a promoção de um desenvolvimento e crescimento sustentável e socialmente inclusivo», refere o regulamento do prémio.

As candidaturas ao prémio são feitas por nomeação, sendo que o ISeP apelou aos seus antigos alunos, do Instituto Supe-rior de engenharia do Porto e do Instituto Industrial do Porto, que participassem, «nomeando algum colega que considere que tem desenvolvido um trabalho merecedor de reconhe-cimento».

Destinada a reconhecer o contributo de antigos alunos nas áreas da engenharia, tecnologia e inovação, a entrega do Pré-mio ALUMNI ISeP deverá ocorrer numa cerimónia pública a realizar no ISeP. Após a realização do 1º encontro do ISeP com Antigos Alunos (eIA! 2013) e do lançamento da página www.isep.ipp.pt/alumni, esta iniciativa vem reforçar o investimento institucional na aproximação, valorização e projeção da comu-nidade de antigos alunos.

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06 EvENTOs

o Instituto Superior de engenharia do Porto e a Agência para a Com-petitividade e Inovação (IAPMeI) promoveram o Dia Aberto ao Conhe-cimento, em junho. esta iniciativa reuniu 25 pequenas e médias em-presas para debater mais-valias das parcerias académico-empresariais.

o ISeP tem promovido uma relação de proximidade às empresas desde 1852. esta ligação é crescentemente importante face aos novos desa-fios de inovação, competitividade e internacionalização. Neste senti-do, o instituto tem investido seriamente na investigação aplicada para apoiar “um crescimento mais inteligente, sustentável e inclusivo”, em linha com o Horizonte 2020 e a estratégia Portugal 2020.

Foi com este enquadramento em mente que o ISeP e o IAPMeI promo-veram um encontro com 25 PMe de referência na área das tecnologias associadas à mecânica, eletrónica, construção civil e informática. o Dia Aberto ao Conhecimento centrou-se nos desafios e oportunidades do atual panorama, cedendo especial atenção às potencialidades ineren-tes à cooperação entre a indústria e os dez grupos de investigação e seis centros de prestação de serviços do ISeP.

«o encontro teve um formato simples, onde se privilegiou a interação e o conhecimento mútuo, bem como a construção de pontes facili-tadoras do diálogo, a aproximação e o desenvolvimento de projetos conjuntos», indica o responsável do Centro de Apoio à Transferência de Tecnologia e de Conhecimento, Américo Santos Neves.

Para o docente do ISeP, este evento permitiu escutar os desafios e inte-resses das empresas participantes e divulgou as competências e capa-cidades do ISeP para propor soluções.

«vamos alargar as portas do diálogo entre estas duas realidades, poten-ciando o desenvolvimento de parcerias estratégicas de longo prazo», acrescenta Santos Neves.

Inovação tecnológica, desenvolvimento de novos produtos e serviços, consultoria, peritagens técnicas, formação avançada, rede de contac-tos e candidaturas conjuntas a fundos nacionais e internacionais são algumas das potencialidades que o ISeP disponibiliza ao tecido em-presarial.

DIA ABERTO AO CONHECIMENTO

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07EvENTOs

I JORNADAS DE ENGENHARIA DE SISTEMASos finalistas da licenciatura em engenharia de Sistemas organizaram as I Jornadas de engenharia de Sistemas, em abril de 2014. este evento aberto a empresas divulgou mais-valias do curso e debateu as poten-cialidades destes profissionais para as organizações.

o ISeP lançou a licenciatura em engenharia de Sistemas em 2010. Pen-sada em parceria com a Associação empresarial de Portugal (AeP), esta oferta formativa pioneira pretende colmatar uma lacuna apontada por diversas empresas nacionais. A licenciatura em engenharia de Sistemas foi desenhada de acordo com as boas práticas internacionais do mo-delo CDIo para formar engenheiros aptos a integrar ou liderar equipas e projetos transversais de engenharia.

Tendo sempre preenchido a totalidade das vagas desde o primeiro

ano, em 2013 surgem os primeiros diplomados em engenharia de Sis-temas. em 2014, o ISeP promoveu as I Jornadas de engenharia de Sis-temas para apresentar exemplos de sucesso e debater potencialidades da área.

«As jornadas pretenderam reforçar esta ligação que existe desde o primeiro dia com as empresas. Projetaram valências e mais-valias do curso e dos seus licenciados, incluindo a abordagem interdisciplinar e versatilidade», indica Teresa Costa, diretora do curso.

ordem dos engenheiros, Associação empresarial de Portugal, Sonae, Multitempo, evoleo, Azkar e eGoR foram algumas das organizações presentes para debater temas associados à inovação tecnológica, cria-ção de valor e empregabilidade.

INTENSIVE PROGRAM – MIND THE GAPA internacionalização é um dos eixos estratégicos do ISeP. Ao pro-mover espaços de intercâmbio, o Instituto Superior de engenha-ria do Porto projeta o contacto com novas realidades e métodos de trabalho e fomenta uma visão global de oportunidades. Neste sentido, o ISeP tem apoiado a mobilidade de estudantes e colabo-radores através de bolsas erasmus, organizado semanas interna-cionais, o european Project Semestre @ISeP e diversos projetos e encontros internacionais. entre março e abril, dinamizou a edição de 2014 do Programa Intensivo Mind the Gap.

o IP Mind the Gap 2014 contou com a participação de sete ins-tituições de ensino europeias e juntou estudantes e professores portugueses, espanhóis, belgas, dinamarqueses, turcos e finlan-deses para discutirem programação e design para a web numa só linguagem.

o objetivo deste programa era eliminar mal-entendidos entre técnicos web de diferentes nacionalidades e, consequentemente,

diferentes linguagens e pontos de vista. este programa intensivo pretendeu ultrapassar as dificuldades de comunicação muitas ve-zes geradas entre profissionais de diferentes áreas, recorrendo à máxima “não me digas, mostra-me como”.

os estudantes, divididos em equipas multidisciplinares, foram de-safiados a desenvolverem um projeto de prototipagem de web--app, subordinado ao tema do ano europeu “Reconciliar trabalho com vida familiar”.

As equipas tiveram de passar por um processo de geração de ideias (técnicas criativas, “brainstorming”, prototipagem), desenvolveram um aplicativo (design, prototipagem, implementação e usabilida-de) e apresentaram o produto final perante um júri (comunicação).

este projeto europeu foi desenvolvido ao longo das duas semanas, incluiu mais de três dezenas de estudantes de diversas nacionali-dades e primou pela comunicação intercultural.

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08 EvENTOs

o seminário ISeP - Portugal Steel foi uma organização conjunta do Departamento de engenharia Civil (DeC) e da Associação Por-tuguesa de Construção Metálica e Mista (CMM) e inseriu-se num ciclo alargado que tem decorrido em diversas instituições acadé-micas. estes eventos têm como principal objetivo a promoção e divulgação do setor da construção metálica junto de entidades públicas e privadas e também da comunidade académica.

o evento contou com a presença de aproximadamente 200 parti-cipantes e de um painel de oradores de reconhecido mérito, liga-dos a instituições como a BeRD, Instituto de Soldadura e Qualida-de, oFeliz, Sopsec, Soares da Costa e Newton, além do ISeP.

No total foram realizadas seis apresentações que cobriram vários subdomínios relacionados com a conceção, projeto, fabrico e exe-

cução de estruturas metálicas, incluindo a inspeção e os ensaios não destrutivos.

A organização deste evento no ISeP veio reforçar a aposta do DeC no domínio da construção metálica, que tem sido promovida em atividades de investigação, atividades de formação e consultoria com empresas e através da incorporação de conteúdos progra-máticos nas unidades curriculares da licenciatura e mestrado em engenharia Civil.

De sublinhar que no mestrado em engenharia Civil, onde a cons-trução metálica é mais desenvolvida, o DeC tem em curso um número significativo de estágios curriculares em ambiente em-presarial, contando com a colaboração de mais de uma dezena de empresas, número que deverá aumentar.

SEMINÁRIO ISEP - PORTUGAL STEEL

enquanto escola de tecnologia e inovação, o Instituto Superior de en-genharia do Porto tem assumido um forte compromisso com a trans-missão de uma cultura empreendedora. Neste sentido, o ISeP associou--se ao jornal vida económica para promover a conferência empreender Internacional, em novembro de 2013.

«Ao longo do dia um conjunto de oradores-convidados partilharam conhecimento sobre a identificação de oportunidades, apoios finan-ceiros, a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento regional, o papel da criatividade e inovação, internacionalização», refe-re Andreia Gama por parte da organização.

«Foram também partilhadas experiências de vários empresários em-preendedores, muitos dos quais antigos alunos do ISeP, de empresas tais como a Nonius, M.G. engenharia e Construções e Mecwide», com-plementa a docente do Departamento de organização e Gestão (DoG).

No âmbito deste evento, destaque também para a Feira de empre-endedorismo, onde os participantes tiveram a oportunidade de con-tactar diretamente com empresas empreendedoras e instituições que apoiam o empreendedorismo. vida económica, Sociedade Portuguesa

de Inovação (SPI), oficina de Transferência de Tecnologia e Conheci-mento do Instituto Politécnico do Porto (oTIC.IPP), Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTeC), Novas empresas e Tecnologias (NeT), Inova+, Liberty Seguros, Lipor, WeDo Technologies, Caixa de Crédito Agrícola Mútuo, foram algumas das instituições re-presentadas.

A Feira de empreendedorismo serviu ainda para apresentar um projeto empreendedor, que está a ser atualmente apoiado na sua fase inicial do negócio pelo ISeP: a Troika de Livros.

«Foi uma oportunidade única de discussão sobre o empreendedoris-mo e que permitiu apontar caminhos para a concretização de proje-tos», destaca Andreia Gama.

A conferência empreender Internacional contou com mais de 300 par-ticipantes, «um nível muito satisfatório» para a organização.

«Quem não teve oportunidade de estar presente neste evento tem nova oportunidade, uma vez que se realizará no ISeP um novo seminá-rio dedicado ao tema do empreendedorismo», conclui Andreia Gama.

EMPREENDER INTERNACIONAL

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09

CISPEE 2013: DEBATER O FUTURO DO ENSINO EM ENGENHARIARespondendo ao convite da presidente da Sociedade Portuguesa para o ensino da engenharia (SPee), Teresa Restivo, o ISeP coorganizou a 1ª Conferência Internacional da Sociedade Portuguesa para a educação em engenharia (CISPee 2013). este evento reuniu mais de 100 parti-cipantes de Portugal, Alemanha, Brasil, eUA, Irlanda, Japão, Marrocos, Reino Unido, República Checa e Suécia para discutir o futuro do ensino em engenharia.

No decorrer das sessões técnicas foi possível debater alguns dos de-safios atuais para o ensino da engenharia: a formação pedagógica dos docentes de engenharia; a incorporação de contributos das ciências de educação; a utilização de novos recursos educativos de acesso livre, on-line e móveis; a aprendizagem ao longo da vida; o reconhecimento de competências informais e não formais; e a importância das compe-tências de carácter geral, como a capacidade de trabalho em equipas multidisciplinares e multiculturais ou a criatividade e inovação. Adi-cionalmente, foram também exploradas questões relacionadas com a

ética e com o ensino da matemática, transversais a todos os cursos de engenharia.

A CISPee 2013 foi coorganizada pelo ISeP com a SPee, tendo recebido o apoio da ordem dos engenheiros, Sociedade europeia para o ensino da engenharia (SeFI), International Society for engineering education (IGIP), Associação Brasileira de educação de engenharia (ABeNGe), American Society of Civil engineers (ASCe), Ieee e da Câmara Municipal do Porto e o patrocínio das empresas Designar, orthos XXI, Sika, Graham’s, Fun-dipor, JNF, Curtumes Aveneda, Aliatron, Satfiel, Dias Ruivo, Santander Universidades, Labor Spirit, Monteiro Ribas, Symington Family, Normax, Chatron, Sogrape vinhos, engebook, Imperial e Unicer.

A conferência recebeu cerca de 80 submissões, tendo publicado ar-tigos em revistas nacionais e internacionais de elevado prestígio, de-signadamente Ingenium, Ieee-RITA, Ieee-TICAI, i-JeP e na revista da ABeNGe.

EvENTOs

o Departamento de engenharia Mecânica (DeM), com o apoio da BP, or-ganizou o seminário o Automóvel Português – Passado e Futuro, em no-vembro de 2013. este evento contou com a participação de profissionais do setor, estudantes e docentes de engenharia mecânica e engenharia mecânica automóvel.

Na primeira intervenção, Teófilo Tito Santos, investigador e autor de diversos livros sobre automóveis, apresentou a história do automóvel feito em Portu-gal ao longo do séc. XX, desde o eDFoR da década de 30 até aos recentes SADo, PoRTARo ou UMM. Ao longo da intervenção foi possível conhecer diversas criações que foram apresentadas por todo o país até 1958, altura em que as alterações legislativas condicionaram fortemente a atividade.

A segunda intervenção, a cargo de Luís villas-Boas, vice-presidente da Associação dos Fabricantes da Indústria Automóvel (AFIA), foi dedicada ao papel da indústria de componentes. Deixou patente que esta indús-tria representa atualmente 4,3% do PIB e 8,9% das exportações nacionais,

assegurando 5,6% do emprego, num setor que emprega um número elevado de engenheiros mecânicos.

A última intervenção teve como orador Alexandre Teixeira, coordenador de investigação e desenvolvimento do Centro para a excelência e Inova-ção na Indústria Automóvel (CeIIA), que apresentou alguns projetos do CeIIA, com destaque para o MoBI-e, de promoção da mobilidade elétrica, e os mais recentes BUDDY e Be.

o evento terminou com uma mesa redonda subordinada ao tema “Será Possível um Automóvel Português no Séc. XXI?”, com a intervenção dos três oradores e de Domingos Bastos, responsável da qualidade do Institu-to da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT). Desta sessão ficou a ideia que em Portugal existe capacidade produtiva para quase qualquer tipo de peça automóvel, mas que os custos associados à produção em larga escala tornam preferível o desenvolvimento de soluções passíveis de incorporação em marcas já existentes.

O AUTOMÓVEL PORTUGUÊS - PASSADO E FUTURO

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10 EvENTOs

No total, as mostras receberam a visita de cerca de 3000 alunos, além de largas centenas de encarregados de educação, professores e públi-co em geral, que não ficaram indiferentes à mostra da tecnologia ISeP.

A “viagem” do Roadshow começou em Santo Tirso. A primeira cidade a ser visitada, de 26 a 29 de março, recebeu as expe-riências de engenharia proporcionadas pela Mostra do ISeP na Fábrica de Santo Thyrso, onde, em parceria com a Câmara Municipal, os participantes tiveram a oportunidade de integrar as várias atividades. “engenharia na Fábrica” foi o nome dado à iniciativa nesta cidade, onde as experiências foram acompa-nhadas por um balcão de aconselhamento vocacional e um momento de animação cultural e lúdico que incluiu atuação de tunas, espetáculo de bandas musicais jovens, animação para crianças e demonstrações desportivas.

o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso considera que «é fundamental dar a conhecer e, sobretudo, a experi-mentar as oportunidades do ensino superior, neste caso parti-cular da engenharia». Joaquim Couto referiu ainda que «este é um exemplo do compromisso do Município com a educação e a empregabilidade. Por isso, é com grande satisfação que acolhemos o ISeP na nossa cidade».

SANTO TIRSO

ROadShOw ISEPISEP LEVA ExPERIÊNCIAS DE ENGENHARIA A SANTO TIRSO, VALONGO E MAIADe março a maio, o ISeP andou “com casa às costas”, de cidade em cidade (Santo Tirso, valongo e Maia), para mostrar e proporcionar ex-periências de engenharia a alunos, às suas famílias, escolas e empresas. o objetivo da iniciativa foi mostrar exemplos do muito que envolve a engenharia e sensibilizar os participantes para a importância da ciência e tecnologia no desenvolvimento da economia portuguesa.

Assistir a jogos de futebol robótico, construir a ponte de esparguete mais resistente, conhecer um sistema de levitação que permite levan-tar e manipular objetos no ar, aplicar modelos matemáticos em casos reais, utilizar aplicações (apps) diversas orientadas às redes sociais, la-zer, serviços e domótica, participar em atividades para perceber a apli-cabilidade da física na engenharia, conhecer uma técnica, não destruti-va, que permite estudar e mapear a temperatura dos corpos através da radiação infravermelha emitida, determinar níveis sonoros e responder a desafios surpresa que ajudam a compreender e a treinar caracterís-ticas pessoais importantes para o sucesso profissional foram algumas das experiências incluídas nas diferentes mostras.

Para João Rocha, presidente do ISeP, «é fundamental mostrar aos jo-vens que a engenharia é uma das áreas com maior empregabilidade e que melhor tem resistido à crise e é necessário, rapidamente, contrariar a tendência dos últimos dois anos que trouxe uma redução dramática nos acessos aos cursos de engenharia». João Rocha afirma ainda que «este esforço que o ISeP faz de ir ao encontro dos alunos e das famílias procura mostrar e demonstrar o que é a engenharia e o que podem fazer no futuro com as competências que adquirem com um percurso no ISeP e o mercado precisa destes futuros profissionais». e acrescenta que «as famílias, apesar das dificuldades, devem apostar na formação superior, garantindo melhores perspetivas de futuro e assegurando uma contribuição fundamental para o desenvolvimento do país, au-mentando a capacidade de responder aos desafios que diariamente são colocados a todos».

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11EvENTOs

A Mostra de Tecnologia seguiu depois para valongo, entre 8 e 11 de maio, tendo-se realizado no edifício Faria Sampaio, de novo em parceria com a câmara municipal. os milhares de alunos das escolas do concelho puderam aqui perceber qual a aplicabilidade da engenharia no dia-a-dia, à semelhança do que aconteceu em Santo Tirso. o programa incluiu, mais uma vez, um balcão de aconselhamento vocacional, para um mo-mento de formação e partilha do saber aplicado.

o presidente da Câmara Municipal de valongo, José Ribeiro, entende que «os jovens que hoje frequentam o ensino se-cundário estão prestes a tomar uma das decisões mais impor-tantes da sua vida - decidir o seu futuro profissional. Face ao atual contexto económico e à elevada taxa de desemprego juvenil, a escolha do curso superior assume uma importância redobrada. é fundamental que os jovens conheçam todas as oportunidades disponíveis e testem as suas vocações». e re-mata: «sendo a engenharia, uma das áreas com maior grau de empregabilidade é com imenso agrado que acolhemos a mostra do ISeP em valongo, fazendo votos para que os jovens estudantes do ensino secundário aproveitem esta oportuni-dade para conhecer as potencialidades dos cursos superiores de engenharia».

VALONGO

o terceiro e último destino foi a Maia, também no mês de maio, desta vez de dia 22 a 25. A última etapa do Roadshow ISeP, que se realizou, tal como as anteriores, com o apoio da câmara municipal (neste caso, da Maia), serviu para repetir a experiência das últimas duas cidades (Santo Tirso e valongo) e permitiu aos participantes conhecer o setor e as suas caracte-rísticas, com um programa de atividades idêntico.

António Bragança Fernandes, presidente da Câmara Munici-pal da Maia afirmou que «os pais não devem pôr em causa a formação superior dos seus filhos, apesar da crise económica e financeira em que o país se encontra». o presidente acrescen-ta que «numa altura em que os alunos do secundário têm que tomar importantes decisões para o futuro, o ensino superior é uma das melhores opções e a engenharia é sempre uma área a ponderar devido aos elevados níveis de empregabilidade que trazem muitas oportunidades aos estudantes».

A experiência do Roadshow ISeP irá continuar a realizar-se nos próximos anos para apoiar os alunos na decisão do curso de ensino superior a frequentar e para transmitir conhecimentos de engenharia, inovação tecnológica, empreendedorismo e aplicabilidade e empregabilidade nesta área.

MAIA

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o presidente da Câmara Municipal da Póvoa de varzim, Aires Henrique Pereira, é um engenheiro civil licenciado pelo ISeP.

Na Câmara Municipal da Póvoa de varzim «há muitos engenheiros for-mados pelo ISeP». Quem o afirma é Aires Henrique Pereira, presidente da autarquia e licenciado em engenharia Civil pelo Instituto. Da enge-nharia à política o caminho foi curto, mas este líder eleito em 2013, com um percurso de 25 anos nesta câmara municipal, nunca se demitiu das suas competências de engenheiro. Atesta, aliás, a qualidade da forma-ção do ISeP, instituição que chama de ”casa”, destacando a componen-te “saber fazer” que lhe foi incutida no seu percurso académico. «Ainda sou responsável pela área da proteção civil. Sou o primeiro a chegar quando acontece qualquer coisa. é este o espírito que aprendemos na nossa escola que tem muito a ver com a ligação à realidade. Aqui temos uma relação muito próxima à gestão da obra, ao projeto, e foi isso que aprendi naquela casa.» No seu percurso autárquico, Aires Hen-rique Pereira esteve ligado aos pelouros das obras municipais e água, saneamento e resíduos sólidos urbanos. Atualmente, continua a fazer acompanhamento ao nível técnico destes pelouros. «Mesmo enquan-to vereador, fiz muitas vezes cálculo hidráulico», conta.

este líder poveiro considera a Póvoa de varzim um exemplo de grandes projetos de engenharia e sublinha a particularidade de todos serem realizados por técnicos do município. «Nós recrutamos engenheiros, engenheiros fiscais e arquitetos. Não fazemos nada em “outsourcing”», revela orgulhoso Aires Henrique Pereira. Para o presidente da Câmara Municipal da Póvoa do varzim, a intervenção direta dos técnicos da autarquia nas obras significa «um nível de responsabilidade maior» pois estão envolvidos do início ao fim, desde o projeto à sua execu-ção. Quando chegou à câmara em 1988, era um dos dois engenheiros, mas cedo percebeu que esse «não era o caminho». Não perdeu tempo em mover esforços no sentido de alargar o quadro técnico que ainda hoje conta com alguns profissionais que estão na câmara há mais de 18 anos. «A opção de dotar a câmara de quadros técnicos capazes foi fun-damental para o sucesso dos projetos, ao mesmo tempo que significa que geramos emprego, criando a oportunidade de os funcionários po-derem sentir que têm aqui a sua marca, a sua realização no município».

«Fizemos aqui coisas muito interessantes para quem gosta de enge-nharia», ressalva o presidente. e dá os exemplos concretos e recentes de um parque de estacionamento subterrâneo abaixo do nível freático

DEpOIs DO IsEp

«FIzEMOS aquI COISaS MuItO IntERESSantES PaRa quEM gOSta dE EngEnhaRIa»

AIRES HENRIqUE PEREIRAPresidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim

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do mar, um outro parque subterrâneo numa zona de edifícios muito al-tos, construção que decorreu durante 18 meses sem um único inciden-te, e ainda a obra do Cineteatro Garrett que está em fase de conclusão. Um espaço confinado que está a dar lugar a um teatro com 35 metros de altura, num terreno rochoso, rodeado de casas antigas.

No seguimento da vontade e da missão do município criar oportuni-dades, está prevista a abertura de 20 estágios profissionais para jovens engenheiros, arquitetos e geógrafos que terão assim «contacto com profissionais muito experientes e poderão ao mesmo tempo viver uma experiência que lhes dirá se é este o caminho que querem para o futu-ro», afirma o presidente.

DEpOIs DO IsEp

O FUTURO E OPORTUNIDADESPARA A ENGENhARIA

Para Aires Henrique Pereira o futuro da engenharia é claro. «Não nos podemos tornar num país de serviços. Temos de produzir e para pro-duzir são necessários engenheiros. A engenharia está sempre na base de todo e qualquer desenvolvimento e faz a economia mover.» o pre-sidente lamenta as grandes áreas industriais do país que estão desa-tivadas e que deixaram pelo menos quatro a cinco mil pessoas sem emprego. Por isso, questiona-se: «onde está a industrialização do país? Na altura da expo 98 chegamos a ser um país importador de mão-de--obra», recorda. e continua. «Há uma clara desarticulação entre o setor industrial e o setor primário. o modelo atual está errado. Temos de rea-tivar a nossa indústria no sentido de criar emprego para a mão-de-obra não qualificada e para as instituições de ensino superior continuarem a dar uma saída profissional aos seus diplomados. Temos também de reativar o setor primário, sobretudo a agricultura e pescas. o regresso ao mar é imperativo.»

«Há muitas áreas em que Portugal pode inverter este nosso fado», pros-segue Aires Henrique Pereira. é com esperança que vê áreas como as energias alternativas a caminhar a passos largos e remete para um proje-to eólico offshore ao largo da Póvoa de varzim que considera «um mag-nífico exemplo de engenharia portuguesa. Com exceção do gerador que é norueguês, toda a engenharia deste projeto é nacional», relata.

«Também o turismo é uma área de grande potencial para a engenharia, sobretudo devido à necessidade de infraestruturas. o nosso modelo de turismo passa antes de mais pelas infraestruturas», refere Aires Henri-que Pereira. Garante ainda que, face ao contínuo aumento do turismo na Região Norte, a ocupação dos hotéis na Póvoa de varzim tem re-gistado, mesmo durante a semana, taxas, por vezes, superiores a 90%. o presidente aborda ainda o turismo de saúde, no sentido de captar utentes ao nível internacional. «Na Póvoa de varzim está a surgir um novo hospital que vai gerar 800 empregos», conta.

Aires Henrique Pereira destaca ainda a área da reabilitação urbana. «os licenciamentos que temos emitido nos últimos tempos são para reabilitação urbana e na sua equipa estão jovens engenheiros com so-luções muito arrojadas. Na Praça do Almada, temos seis projetos em aprovação e os engenheiros e arquitetos são muito jovens». Mas, num sentido mais lato, como recomendação para os jovens licenciados, o presidente diz que «é preciso ter espírito de humildade». e resume com o seu caso pessoal. «Nós é que escolhemos o nosso caminho. Quando cheguei aqui, puseram-me numa secretária virada para a parede.» Dei-xa também uma mensagem para as organizações, «os jovens precisam de oportunidades e se lhas derem, eles agarram-nas», conclui.

O ISEP E A CâMARA MUNICIPAL DA PÓVOA DE VARzIM

o facto deste engenheiro do ISeP se ter tornado presidente de uma câmara municipal, seguindo mesmo antes disso uma carreira ligada à autarquia, é um exemplo claro de que a engenharia dota o estudante de competências transversais às mais diversas áreas. Neste caso parti-cular, a engenharia não foi apenas um ponto de partida, mas uma com-ponente fundamental de valorização constante ao longo de toda a car-reira política. Aires Henrique Pereira nunca deixou, nem a engenharia nem o ISeP para trás. o Instituto está presente em diversas ações da câmara porque o presidente valoriza os “inputs” vindos da sociedade e «o ISeP tem uma ligação muito importante com a sociedade», destaca.

ENGENhARIA E EMPREENDEDORISMO

Há uma incubadora de empresas nas imediações na Câmara Municipal da Póvoa de varzim e Aires Henrique Pereira sublinha o cariz inovador das start-up aí instaladas. «é interessante como todas as empresas sem exceção têm negócios na área da engenharia ao nível da inovação, pro-jeto e informática. os engenheiros têm muitas vezes a ambição de criar o seu próprio emprego e a engenharia é ela mesma uma área propensa ao empreendedorismo pelas competências e ferramentas que o licen-ciado em engenharia adquire na sua formação superior».

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o ISeP já quase faz parte da história da MoNTeIRo, RIBAS e tudo indica que se manterá no futuro do grupo. Foram vários os estudantes do Ins-tituto que colocaram em prática os seus conhecimentos académicos através da realização de um estágio neste grupo empresarial que conta já com 77 anos de existência. o positivo “feedback” da MoNTeIRo, RIBAS faz prever que esta é uma parceria para continuar. Cristina Ribas, revela que o Serviço de Ambiente, por exemplo, considera que os estágios e estudos desenvolvidas nesse âmbito pelos estudantes são relevantes no levantamento de novos dados e informações que são úteis para «posterior desenvolvimento do tema e que de outra forma seria moro-so conseguir». Também o responsável de uma das empresas do grupo MoNTeIRo, RIBAS, Belmiro Crispim, que já orientou vários estagiários, elogia a motivação e a disponibilidade dos estudantes do ISeP «para identificar o óbvio que muitas vezes a empresa não deteta». Crispim acrescenta ainda que a presença destes permite «atualizar o conheci-mento tecnológico e resolver alguns problemas reais que vão surgindo no decurso do estágio».

Com tantos anos de parceria, são muitas as dissertações realizadas no contexto deste grupo empresarial. A título de exemplo do tipo de trabalho realizado, recuperamos alguns temas desenvolvidos entre 2009 e 2013 pelos estagiários do ISeP. Começamos pela “Avaliação da eficiência energética e otimização da unidade de cogeração”. Trata--se de um trabalho centrado na determinação do potencial térmico disponível na central de cogeração da MoNTeIRo, RIBAS e posterior aproveitamento da energia em processos fabris das outras empresas do grupo. o estudo permitiu a substituição de termofluido utilizado no aquecimento de equipamentos por água quente gerada no processo de cogeração e consequente eliminação da caldeira de termofluido .

outro tema desenvolvido foi o “estudo do processo de reticulação de adesivos e do coeficiente de atrito” aplicado na MoNTeIRo, RIBAS - em-

AS DISSERTAÇÕES DESENVOLVIDAS

CRISTINA RIBASAdministradora do Grupo MONTEIRO, RIBAS

«a EngEnhaRIa é uMa FORMadE EStaR »

A ligação com as empresas é uma área incontornável para o Instituto Superior de engenharia do Porto e tem vindo a ser reforçada ao longo dos anos. o caso do Grupo MoNTeIRo, RIBAS é uma prova de que estas sinergias são sustentáveis. Já há mais de quatro décadas que este grupo empresarial recebe “estagiários do Instituto que são importantes para a empresa”, explica a administradora, Cristina Ribas.

14 DE fORA Cá DENTRO

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A parceria entre o ISeP e a indústria traz benefícios mútuos pelo «con-tributo bastante positivo das investigações dos estudantes para a empresa, mas também pela importância que esta tem no futuro dos estudantes», explica a administradora da empresa. Cristina Ribas, acres-centa que os alunos «reconhecem mais tarde que a MoNTeIRo, RIBAS foi uma das alavancas para as suas carreiras», sublinhando que os es-tagiários sempre revelaram interesse na atividade que desenvolviam, tendo adquirido no final do estágio experiência e “endurance”.

«A motivação e atitude, para além das competências técnicas, são qualidades apreciadas nos estudantes de engenharia acolhidos pela MoNTeIRo, RIBAS» que são, «na sua maioria, das áreas da engenharia química e ambiental». A engenharia «é uma forma de estar», comenta Cristina Ribas.

A higiene e segurança e a responsabilidade social e ambiental são pontos referidos por Cristina Ribas como frágeis na formação de enge-nharia, explicando que «é preciso ser engenheiro com qualidade, segu-rança e responsabilidade». Realça ainda que os cursos de engenharia deveriam reforçar a área de gestão.

Motivos para seguir um caminho de engenharia não faltam e Cristina Ribas enumera neste campo a vocação como a principal razão: «voca-ção, vocação, vocação», insiste a administradora. Para além disso, men-ciona que o curso de engenharia «é, ou deve ser, um curso com uma componente muito prática, tornando-se apelativo para quem tenha

A ENGENhARIA, O ISEP E A MONTEIRO, RIBAS

A MoNTeIRo, RIBAS é uma empresa familiar criada em 1937. está já na quarta geração e atua em várias áreas de produção como: embala-gens flexíveis, revestimento têxtil em poliuretano ou PvC, produção de placas em borracha, componentes técnicos em borracha, produção e distribuição de energia, comércio de borracha para reparação e fabrico de peças de borracha e metal ou borracha e tela.

As exportações são desde há muito tempo uma das grandes apostas do grupo empresarial. A preocupação da empresa em otimizar os seus processos e custos e a constante flexibilidade e adaptação através do investimento contínuo em novos equipamentos e tecnologias têm permitido uma expansão sólida e crescimento nos mercados estran-geiros. o grupo exporta cerca de 70% da produção.

UMA EMPRESA EM CRESCIMENTO

balagens Flexíveis. A dissertação, realizada em ambiente industrial na empresa, estudou a influência da tinta e dos metalizados na força de laminagem dos complexos e também a influência de vários parâme-tros no valor do coeficiente de atrito (CoF) do produto acabado. Neste caso, procedeu-se ainda à identificação dos espetros dos componen-tes dos adesivos e ao estudo da reticulação dos mesmos, utilizando o espetrofotómetro de infravermelho.

“Responsabilidade ambiental no perímetro industrial da MoNTeIRo, RIBAS” e “emissões de carbono: caracterização do perfil de emissão de gases de efeito estufa associadas à MoNTeIRo, RIBAS - embalagens Flexí-veis” foram outros dois assuntos explorados no âmbito de estágios recen-tes. o primeiro teve como intuito aplicar o regime de responsabilidade ambiental no perímetro industrial da MoNTeIRo, RIBAS e avaliar o nível de risco perante vários cenários. o segundo teve como principal objetivo estimar as emissões de carbono resultantes das atividades da empresa.

o “Diagnóstico energético e reengenharia do processo de secagem na MoNTeIRo, RIBAS - Revestimentos” efetuou a avaliação energética da unidade de revestimentos, com especial incidência nas estufas das linhas de recobrimento. Como resultado concluiu-se haver oportuni-dades de melhoria.

Por último, “Diagnóstico energético da indústria de placas de borra-cha e otimização do sector da pintura”. o objetivo deste estudo passou por fazer o diagnóstico energético da unidade de produção de placas de borracha da MoNTeIRo, RIBAS e otimização do setor de pintura. o diagnóstico efetuado permitiu concluir, entre outros aspetos, a neces-sidade de efetuar um isolamento térmico a algumas válvulas da linha de vapor.

essa vocação». Cristina Ribas acrescenta ainda às vantagens da enge-nharia, o facto de ser um «curso versátil, por ser possível candidatarem--se pessoas de várias áreas de engenharia a um determinado lugar numa empresa, o que aumenta a empregabilidade». Fala ainda sobre a «universalidade da linguagem da engenharia, que permite alternativas globais a nível mundial». Por fim, explica que «para a atividade profis-sional, o mais relevante da engenharia é a forma de pensar e a forma prática com que se resolvem questões, independentemente da área de engenharia em que os estudantes se tenham especializado».

DE fORA Cá DENTRO

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DEsTAQUE16

Foi com casa cheia que se assinalou a cerimónia de tomada de posse, a 20 de maio de 2014, de João Rocha, presidente-eleito do Instituto Superior de engenharia do Porto, em cerimónia presidida por Rosário Gambôa, presidente do Instituto Politécnico do Porto. o presidente foi reeleito para um novo mandato, dirigindo o ISeP para o período 2014-2018.

João Rocha, que ao longo dos anos se tem dedicado ao ISeP através do exercício de diferentes cargos, como professor do Departamento de engenharia Informática, investigador do GeCAD, presidente do Conselho Pedagógico, presidente da Comissão Diretiva do Depar-tamento de engenharia Informática, membro da Assembleia de Re-presentantes, vice-presidente do Conselho Científico, presidente da Assembleia de elaboração dos estatutos do ISeP, entre outros e que preside aos destinos do ISeP desde 2007, lembrou, na tomada de pos-se, que «o investimento no ensino superior foi e continuará a ser um dos principais motores de desenvolvimento da sociedade e do país», acrescentando que este «será, seguramente, um dos fatores que mais contribuirá para ultrapassar as dificuldades que o país atravessa».

As dificuldades que a redução do orçamento de estado tem tra-

zido na gestão das escolas de ensino superior foram também sentidas no ISeP e o presidente não deixou de as referir no seu discurso na tomada de posse. No entanto, João Rocha esclarece que, no início do cumprimento de mais um mandato, são muitos os números que têm vindo a evoluir de forma muito positiva no ISeP, em áreas que considera essenciais e indissociáveis de um es-tabelecimento de ensino superior. «A percentagem de docentes doutorados passou de 23,8% em 2007 para mais de 55% em 2013 e a área dedicada à investigação passou de cerca de 1.500 m2 em 2007 para mais de 6.100 m2 em 2014. em 2006 os docentes do ISeP efetuaram cerca de 200 publicações científicas, tendo esse núme-ro evoluído para 713 em 2014. o financiamento da investigação, no mesmo período, teve um aumento de 262%».

João Rocha afirma que todos os esforços internos e todo o cres-cimento nestas áreas resultaram num «crescimento das receitas próprias, que representam já aproximadamente 50% do total do orçamento» e que têm permitido manter a qualidade de ensino no ISeP e as condições do estabelecimento. o presidente destacou também outro importante resultado deste esforço, «a atribuição dos selos de qualidade europeus eUR-ACe a 5 dos cursos do ISeP».

JOãO ROCha ELEItO PaRa MaIS uM MandatO nO ISEP “O INVESTIMENTO NO ENSINO SUPERIOR FOI E CONTINUARÁ A SER UM DOS PRINCIPAIS MOTORES DE DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE E DO PAíS”

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DEsTAQUE 17

João Rocha referiu que a candidatura a presidente para o novo mandato foi feita «com um programa definido em torno de seis eixos estratégicos: Formação, Pessoas, Investigação, Co-municação e Promoção, Internacionalização e Gestão estra-tégica». Com estes seis eixos definidos, o presidente afirmou que, em termos de formação, «o interesse do ISeP é o de fazer o que mais interessa ao país. e, por isso, não temos qualquer dificuldade em assumir e implementar as mudanças que se revelem necessárias» referiu, acrescentando que «as pessoas são fundamentais para o sucesso das organizações».

Quanto à investigação residente, afirmou que «tem que existir mas, cada vez mais, deve inserir-se em redes mais vastas, com massa crítica suficiente para produzir avanços científicos e tec-nológicos significativos e capacidade para aceder aos grandes financiamentos internacionais».

o presidente destacou a internacionalização e a comunicação com sendo essenciais na sociedade atual. «A internacionaliza-ção será uma área prioritária deste mandato», declarou, falan-do também da comunicação que terá por objetivo continuar a «transmitir para a sociedade uma imagem do ISeP adequada à realidade, sem pretensiosismos, mas que espelhe apropriada-mente aquilo que somos».

Para concluir o discurso da cerimónia que marcou a tomada de posse de mais um mandato para João Rocha, o presidente referiu o último eixo definido para esta nova fase, a gestão es-tratégica, relembrando algumas estatísticas que comprovam que «a engenharia não é uma das áreas onde existe excesso de oferta se considerarmos os indicadores de empregabilida-de e de perspetivas de necessidade para os próximos 10 anos apresentadas por diferentes instituições internacionais. é certo que o ensino superior em Portugal necessita de ser repensado. é certo que a rede necessita de ser reestruturada. Mas não há ensino superior a mais em Portugal, de acordo com todas as estatísticas existentes. Não há nenhum dado que seja conheci-do que aponte nesse sentido», conclui João Rocha.

O NOVO MANDATO

«NãO hÁ ENSINO SUPERIORA MAIS EM PORTUGAL, DE ACORDO

COM TODAS AS ESTATíSTICAS ExISTENTES. NãO hÁ NENhUM DADO

qUE SEjA CONhECIDO qUE APONTE NESSE SENTIDO».

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18 DEsTAQUE

TOMADA DE POSSE 2014 PRESIdEntE dO ISEPMaria João viamonte (vice-presidente do Conselho Técnico-Científico), José Carlos Quadrado (vice-presidente),Rosário Gamboa (presidente do Instituto Politécnico do Porto), João Rocha (presidente), Joana Sampaio (vice-presidente) eJosé Barros oliveira (vice-presidente).

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AMéRICO SANTOS NEVESCoordenador do CATTC – Centro de Apoio à Transferência de Tecnologia e Conhecimento

«O ISEP vaI COntaCtaR PERManEntEMEntE COM aS EMPRESaS»

À CONvERsA COm...

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IsEp.BI O que é o Centro de Apoio à Transferência de Tecnologia e Conhecimento (CATTC)? Américo Santos Neves (A.S.N.) A ideia é criar um centro que tenha uma perspetiva centralizadora, ligado a objetivos definidos pela or-ganização ISeP e que funcione como um interface entre Instituto e o mundo das organizações. Se existem já centros de investigação e cen-tros de prestação de serviços aqui no ISeP com relações com as organi-zações, porquê então um centro com estas características? o objetivo é funcionar em rede com os vários centros de investigação e de presta-ção de serviços porque os recursos que o ISeP tem estão todos ou nos departamentos ou nos respetivos centros. o que iremos tentar fazer aqui é agrupar e criar sinergias, definindo regras e formas de funciona-mento e atuando de uma forma sistemática e permanente junto das organizações (empresas). Se houver um projeto que, eventualmente, obrigue ao envolvimento de vários centros, tentaremos mapear essa oportunidade com oferta do ISeP possível, endereçando ao cliente o conjunto das competências disponíveis no ISeP e não apenas as com-petências do centro A ou do centro B.

Américo Santos Neves é economista e professor adjunto no Departamento de organização e Gestão. Licenciado em economia pela Univer-sidade do Porto, onde completou também um MBA, ao longo da sua carreira foi administrador de várias empresas, colaborando com o ISeP há já 25 anos. Recentemente, o seu envolvimento tem vindo a aumentar devido a um novo projeto que desenhou para levar formalmente a marca ISeP até às organizações. Trata-se do Centro de Apoio à Transferência de Tecnologia e Conhecimento (CATTC), tema que motivou este À Conversa Com.

IsEp.BI Este é então um centro que vai contactar as empresas e levar o ISEP para as empresas?A.S.N. este é um centro que vai contactar permanentemente com as empresas. A ideia é juntar tudo o que são contactos que neste mo-mento temos mas que estão dispersos, integrá-los em bases de dados. vamos comunicar, vamos ver quais são as necessidades que as organi-zações têm e ver se aquilo que temos casa com essas necessidades e, a partir daí, desenvolver projetos e partilhar conhecimento e mais-valias da nossa experiência, que é um dos grandes objetivos da escola.

IsEp.BI E neste momento qual é o ponto de situação do centro? Em que fase é que estamos?A.S.N. o centro está a lançar-se. Só muito recentemente foi criado em termos formais. estamos em contacto com os responsáveis, quer dos departamentos quer dos vários centros, para divulgar aquilo que são os nossos objetivos. em termos externos, para já, estamos a contactar entidades ligadas à consultoria, que é um outro eixo para nós impor-tante, para que nos possam ajudar em dois sentidos: o de divulgar o

20 À CONvERsA COm...

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potencial do ISeP e o de mapear empresas com as quais existam re-lações, analisar aquilo que é a nossa oferta e integrar, eventualmente, com financiamentos, no âmbito do novo quadro comunitário de apoio (H2020 e ou Portugal 2020).

IsEp.BI O centro está agora a dar os primeiros passos e falamos de uma primeira fase. Podemos aqui estabelecer uma segunda ou ter-ceira fase para o desenvolvimento do centro?A.S.N. em primeiro lugar, temos de estruturar o centro. estamos neste momento a começar a fazer os contactos que vão levar ao levanta-mento e à criação de bases de dados, de meios de comunicação, de suportes para se estabelecer o contacto com as organizações. A segun-da fase consiste em passarmos a contactar as organizações, tendo já o portefólio devidamente identificado e planificado para começarmos a trabalhar, segmentar numa lógica e segundo uma visão daquilo que será o mercado, os nossos “targets” e, a partir daqui, identificar a melhor forma de orientarmos a oferta do ISeP. essa segunda fase, podemos dividi-la ainda em vários momentos. Um corresponderá à identificação das organizações que têm centros de investigação e com quem nós, ou já temos contactos, ou não tendo, gostaríamos de ter, e avaliar se existe potencial de colaboração noutras áreas, para além da formação, para podermos transferir conhecimento e ou tecnologias que eventu-almente tenhamos disponíveis ou possamos vir a desenvolver.

IsEp.BI O que é esperado dos centros de investigação?A.S.N. o CATTC irá tentar potenciar negócios e fazer com que as pes-soas tenham mais trabalho. Isto não significa que este centro se vá so-brepor àquilo que neste momento já se faz, nem é esse o objetivo. Há centros que já trabalham bem e vão querer continuar a trabalhar dessa forma. Não significa que não estejam disponíveis e receptivos para ou-tras coisas que lhes possa ser endereçada. Ainda assim, não há aqui so-breposição na forma como as pessoas trabalham hoje. Sem prejuízos, cada centro, da mesma forma que hoje já o faz, poderá aumentar as suas potencialidades, quer através do aumento de escala quer através de sinergias geradas com outros centros.

IsEp.BI Têm já alguma ideia ou planeamento do número de empresas que gostariam de atingir?A.S.N. estamos a fazer esse levantamento. Há um estudo feito para o Instituto Politécnico do Porto (IPP), um estudo de mercado nesta área e para o qual estamos a olhar com uma atenção cuidada, pois acredita-mos que é uma excelente base de trabalho. No entanto, há uma coisa que para mim é clara: a relação do ISeP é uma relação que se vai esta-belecer ao nível regional entre os distritos do Porto, Aveiro, Braga e vila Real que são, claramente, os distritos onde estão situadas as empresas e as organizações que nos interessa abordar. Depois, a ideia é avaliar se noutros pontos do país faz sentido também fazermos abordagem, e eu acho que faz. em termos internacionais, com base naquilo que temos e com base naquilo que viermos a identificar como algo importante para as organizações, também podemos chegar a outras geografias, nomeadamente à “boleia” das empresas portuguesas em processo de internacionalização.

IsEp.BI Sabem se querem ter cinco empresas de topo ou se querem ter 500?A.S.N. Não, de alguma forma. Isso terá de ser visto em articulação com o levantamento em curso, no sentido de percebermos as potenciali-dades e a disponibilidade de recursos, bem como da identificação das competências existentes, entre outros aspetos. Isto é um trabalho que está ser feito, e vai continuar, e que nos irá permitir atualizar e ter um visão agregada das competências e da oferta global do ISeP.

IsEp.BI Está definido, por exemplo, se são PME ou grandes empresas?A.S.N. eu penso que são umas e outras. PMe claro, são o nosso target preferencial, mas, por exemplo, existe já neste momento uma longa colaboração com a eFACeC e com outras grandes empresas com as quais vamos continuar a potenciar e alargar as nossas relações. em resumo, interessam-nos umas e outras, claramente.

IsEp.BI Na sua perspetiva, porque é que as empresas devem trabalhar em conjunto com o ISEP? Qual é a mais-valia desta instituição para as empresas?A.S.N. o ISeP é uma organização com uma longa tradição. A marca ISeP é sinónimo de qualidade, embora isso seja visto pela lado da for-mação e da empregabilidade dos seus alunos que, obviamente, é um fator extremamente importante. Mas para além desta vertente o ISeP tem outras valências, outras competências que temos de potenciar e dar a conhecer de forma mais intensiva às empresas. o que eu diria é que, para além das experiências que têm havido, e algumas delas já muito positivas, a ideia é potenciar tudo isso, através de cross-selling. o ISeP tendo uma presença muito sólida neste mercado, não faz sentido a investigação e o conhecimento aplicado ficarem aqui fechados. As empresas precisam de inovar e nós podemos ajudar.

IsEp.BI Qual é a importância da engenharia para o relacionamento económico?A.S.N. é uma questão atual e muito importante. Quando se fala em reindustrialização do país, a engenharia tem um papel central nesse processo de desenvolvimento e de saída de crise. eu acho que quando se fala de inovação, quando se fala em criar novos processos, novos produtos, a engenharia entra aqui com toda a força. é evidente que da parte das organizações, também tem de haver a sensibilidade para a importância que a inovação tem na saída da crise, sendo, ao mesmo tempo, fundamental serem criadas condições de enquadramento e apoio à contratação de serviços de investigação junto das entidades do sistema científico, nas mais variadas áreas, bem como apoios à con-tratação de investigadores, consultores, etc.

IsEp.BI Falou de segmentação e target. Qual é o posicionamento do ISEP? Como é que as empresas veem o ISEP e como é que o Instituto se apresenta às empresas? A forma como vejo as organizações olharem para o ISeP é, fundamen-talmente, como uma escola que forma bons engenheiros com a qua-lidade necessária à integração nos seus quadros. A sensação que eu tenho é que falta algo que possa funcionar como interface com essas organizações (empresas) e que possa ajudar a aumentar a visibilidade do ISeP, nomeadamente, nas outras vertentes (investigação, prestação de serviços, formação específica e direcionada).

IsEp.BI O ISEP compromete-se, não só com a formação técnica de en-genheiros, mas também com a formação de cidadãos. As unidades curriculares de organização e gestão inserem-se nesta lógica. Ou seja, os licenciados não vão simplesmente estar a executar projetos de en-genharia, mas vão estar também a gerir projetos em equipas, certo?A ligação da gestão à engenharia tem uma importância enorme. Há muitos anos que se vem travando uma luta para aumentar a presença da gestão nos cursos de engenharia. Sendo reconhecida a importância dessas competências no desempenho da função do engenheiro, na europa, há já muitos anos, que na maior parte dos cursos de engenha-ria são incorporadas as componentes da gestão. São conhecidas algu-mas licenciaturas em que o número de unidades curriculares de gestão e de engenharia se equivalem, e, de facto, um engenheiro, para além das suas competências técnicas na área da engenharia é um gestor.

À CONvERsA COm...

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o projeto ICARUS - Integrated Components for Assisted Rescue and Un-manned Search operations (Componentes Integradas para Assistência a operações de Busca e Salvamento) integra 24 parceiros europeus e tem como objetivo colocar a robótica ao serviço das operações de bus-ca e salvamento em cenários de catástrofes terrestres e marítimas. Uma equipa de investigadores do INeSC TeC lidera o desenvolvimento de ferramentas robóticas para apoio à busca e salvamento no mar.

São robôs, estão a ser desenvolvidos por investigadores do INeSC TeC e o objetivo é contribuírem para uma maior rapidez, segurança e abrangência nas operações de busca e salvamento em cenários de grandes desastres marítimos, como um naufrágio em que há um gran-de número de pessoas a cair à água. Durante o dia ou à noite, mesmo em condições atmosféricas adversas, estas ferramentas robóticas vão permitir socorrer rapidamente as vítimas, sempre em plena coorde-nação com as equipas de operação, permitindo resgates com menos riscos associados para os seres humanos.

A investigação decorre no âmbito do projeto europeu ICARUS, que agrega um consórcio de 24 parceiros, representativos de 10 países, e que inclui também o desenvolvimento de ferramentas robóticas para socorro em catástrofes terrestres, como terramotos, uma vertente a cargo de outros parceiros do projeto. A equipa de investigadores do INeSC TeC, coordenados pela unidade de Robótica, lidera os trabalhos em ambiente marítimo, contando com a Marinha Portuguesa, o cen-tro de investigação marinha da NATo (CMRe) e a empresa CALZoNI,

ambos sediados em Itália, como principais parceiros. Alfredo Martins (INeSC TeC/ISeP), Aníbal Matos (INeSC TeC/UP) e José Almeida (INeSC TeC/ISeP) são os investigadores do INeSC TeC envolvidos no projeto que teve início em fevereiro de 2012.

Antes de mais, numa primeira fase procedeu-se à especificação de re-quisitos e caracterização dos cenários, nomeadamente as condições de mar e de vento, o tipo de velocidades e autonomia energética, a interação humana com os robôs, entre outros. Nesta fase, pela experi-ência e operacionalidade, Alfredo Martins sublinha a «importância do contributo da Marinha Portuguesa».

Já numa segunda etapa, desenvolveram-se novas tecnologias e adap-taram-se diferentes ferramentas robóticas já existentes criadas pelo INeSC TeC e com operacionalidade em mar. A componente elaborada de raiz nesta fase foi uma balsa salva-vidas robotizada. o objetivo pas-sou por desenvolver tecnologia que permitisse lançar as balsas perto da área de ocorrência do desastre, insuflando-se apenas na zona do acidente. Aníbal Matos explica o que esta tecnologia traz de inovador: «o que existe são as balsas salva-vidas que estão nos navios, são atira-das à água, insuflam-se e as pessoas sobem a bordo. o objetivo é que essas balsas tenham capacidade de movimentação, possam ser lan-çadas de pontos mais distantes, até mesmo de terra, e que facilmente se desloquem mesmo em condições de mar mais adversas em que, por vezes, os meios tradicionais de salvamento não conseguem reagir. Quem está na água pode não ter condições de se dirigir à balsa e mui-

ICaRuS: ROBôS quE SaLvaM vIdaSINESC TEC

22 INvEsTIgAçãO À LUpA

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tas vezes a visibilidade é reduzida. Pretende-se fazer a balsa chegar às pessoas, sem colocar as equipas de salvamento em risco».

Mas como vão chegar as balsas ao local do acidente? A tecnologia que está ser desenvolvida para esse efeito consiste num barco robô não tripulado, que terá de se deslocar, desviando-se dos obstáculos, sejam eles outros barcos, destroços ou até as próprias pessoas. De acordo com José Almeida, este procedimento permitirá uma «distribuição efi-caz e rápida das balsas salva-vidas». Nesta operação de transporte, em fase de teste de transporte e lançamento das balsas, foi introduzida uma tecnologia já existente: o robô autónomo Roaz que, no âmbito do ICARUS, está a desenvolver funcionalidades novas e específicas como a recolha de dados para deteção de náufragos e obstáculos. o Roaz está assim a adquirir mais capacidades, dando à equipa «a capa-cidade de fazer testes em pequena escala com alguma consistência sem necessitar de ter sempre todos os parceiros», refere Aníbal Matos. existe já uma cápsula protótipo da balsa salva-vidas e nesta fase foram inclusive feitos testes preliminares ao largo de Sesimbra, com o apoio da Marinha Portuguesa, e em Itália, com os parceiros aí sediados. A CALZoNI tem a tecnologia naval como é o caso de um dos barcos autónomos que será usado para lançar as balsas. os exercícios com a NATo proporcionam, de acordo com Aníbal Matos, «experiências preliminares que demonstraram algumas das potencialidades [das ferramentas]».

o projeto está atualmente num processo de integração: a terceira fase, que consiste em conciliar as diferentes componentes do siste-ma. Aníbal Matos explica que «por si só a balsa não faz nada, nem um avião com a câmara térmica. A informação tem de chegar ao ponto do controlo para se decidir a melhor estratégia a seguir, por exem-plo, se será enviado um barco tripulado ou não». Serão desenvolvidas ferramentas de treino que permitam ter operadores certificados para operar as ferramentas robóticas em segurança. «Tem de existir uma integração perfeita entre meios humanos», reforça José Almeida. Para controlar o robô, o operador poderá guiá-lo manualmente ou apenas dar a ordem. «o importante é que haja um rigor nos procedimentos de interface entre o robô e o resto da equipa humana», conclui Alfredo Martins. Há também na fase atual uma preocupação de interligação com o segmento aéreo, para cobertura mais abrangente e mapea-mento de náufragos, com “drones” para dar apoio às balsas para uma aproximação precisa às vítimas.

Desenvolvida e sustentada a tecnologia, o projeto entrará num quar-to nível, as demonstrações finais, que no caso marítimo decorrerá em Portugal, em 2015, num cenário de desastre simulado em larga escala no mar.

o ICARUS é um projeto com um investimento de 17 milhões de euros, cofinanciado em 12,5 milhões de euros pela União europeia, e surgiu de uma necessidade específica de desenvolvimento e otimização dos procedimentos de busca e salvamento, através da transferência de alta tecnologia. o desafio foi lançado num concurso da União euro-peia, na sequência dos últimos grandes desastres mundiais, como o tsunami na Tailândia e o naufrágio do Costa Concordia. esta aplicação particular de ferramentas robóticas, de acordo com Alfredo Martins, «proporciona aos investigadores que trabalham em robótica a opor-tunidade de ver o trabalho a ser transferido para situações reais, com a relevância de se tratar de uma aplicação benéfica para a sociedade».

o ICARUS vem ainda confirmar a força da robótica “made in Portugal” no contexto internacional. Alfredo Martins destaca que «temos uma percentagem de investigadores na área da robótica muito acima da

média, com um número considerável de representantes na euRobo-tics, associação europeia de robótica». este consórcio do ICARUS, e de que o INeSC TeC faz parte, ficou em primeiro lugar aquando da can-didatura à “call” da União europeia. «venceu consórcios claramente muito fortes com empresas europeias de grande dimensão», destaca Alfredo Martins.

Aníbal Matos ressalva que o objetivo do projeto não é colocar o pro-duto no mercado, mas sim mostrar que é viável. «essa será uma fase posterior e necessita de um estudo de mercado». Mas as tendências do mercado seguem o caminho da robótica. Alfredo Martins alerta para o facto de que «o mercado global de robótica, claramente, vai crescer», dando o exemplo da área automóvel em que muitas das fun-cionalidades do veículo são resultado da robótica.

o ICARUS é um projeto europeu de que o INeSC TeC faz parte através de duas das suas unidades: RobóticaUSIGe Informação e Computação Gráfica. os investigadores mencionados neste artigo têm vínculo às seguintes entidades parceiras do INeSC TeC: Instituto Superior de engenharia do Porto (ISeP), Facul-dade de engenharia da Universidade do Porto (FeUP) e INeSC Porto.

o INeSC Tecnologia e Ciência (INeSC TeC) é um Laboratório Associado coordenado pelo INeSC Porto.

O INESC TEC

17,5 M. De eURoS | 24 PARCeIRoS | 10 PAÍSeS | 4 ANoS (2012-2015)

ICARUS EM NÚMEROS

INvEsTIgAçãO À LUpA

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Com o objetivo de criar condições para uma maior inclusão social para surdos, uma equipa de investigadores liderada pelo grupo de investigação Graphics, Interaction and Learning Technologies (GILT) criou um tradutor de Língua Gestual, em tempo real e bi-direcional, entre escrita e linguagem de sinais - o virtual Sign. o sistema coloca a tecnologia ao serviço da comunidade e pode vir a revolucionar a comunicação com este público em escolas, museus, entre outros.

Três anos depois da sua aprovação e comparticipação de 120 mil euros pela Fundação Ciência e Tecnologia (FCT), o virtual Sign está em fase de implementação. Inicialmente, o projeto foi pensado por alguns investigadores que, sendo também professores do ensino superior, aperceberam-se das dificuldades em comunicar no con-texto de uma aula com os alunos que apresentavam deficiências auditivas. o objetivo inicial era, assim, criar um mecanismo que faci-litasse a comunicação com os estudantes que apresentavam essas

vIRtuaL SIgn O TRADUTOR DE

LINGUAGEM GESTUAL

24 A NOssA TECNOLOgIA

o virtual Sign exige apenas algumas ferramentas para funcionar em pleno: um par de luvas de dados com sensores, Kinect e um avatar.

o sistema desenvolvido pela equipa do ISeP funciona de forma simples: a Língua Gestual é captada por meio da uma câmara Kinect, presente em vários domínios domésticos, visto ser normalmente utilizada em consolas de jogos, e as luvas com sensores captam com precisão os movimentos das mãos e dos dedos. Assim que a mensagem transmiti-da através de gestos é percebida pela câmara aparece rapidamente em forma de texto no ecrã do computador. As luvas e a câmara em conjun-to fazem a comunicação funcionar da melhor forma possível, visto que

COMO FUNCIONA

dificuldades. No entanto, as aplicações deste novo sistema são vá-rias e algumas já começaram a ser postas em prática.

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os investigadores do ISeP envolvidos no desenvolvimento do virtual Sign criaram ainda três aplicações onde o “software” pode ser utilizado. A primeira é um “chat” que permite que uma pessoa que fale através da Língua Gestual e outra que não tenha qualquer dificuldade auditiva e comunique através do som em Língua Portuguesa, consigam comuni-car de forma simples. Para além disso, foi ainda criado um corretor sin-tático que identifica erros no texto que se quer transformar em Língua Gestual, antes ainda da tradução ser efetuada. Ainda neste âmbito está também a ser implementado um corretor semântico.

Finalmente, a equipa do ISeP desenvolveu um jogo que ajuda a apren-der Língua Gestual Portuguesa. Para isso, o jogador tem que encontrar todos os gestos ao longo do desafio, percebendo, deste modo, como se formam diferentes frases.

Ainda assim, este sistema tem potencialidade para ser utilizado com muitas mais ferramentas e chegar a pessoas de todo o mundo.

APLICAÇÕES DO VIRTUAL SIGN

A NOssA TECNOLOgIA

na Língua Gestual os movimentos e expressões faciais e do corpo são também importantes no complemento do gesto, pois podem modifi-car totalmente a mensagem que está a ser comunicada.

o terceiro elemento, o avatar, possui também um importante papel no funcionamento deste “software”, pois o virtual Sign é bidirecional, isto é, não só traduz gestos e movimentos em palavras, como transforma também texto em Língua Gestual. é aí que entram as funções do avatar. é através deste que o computador mostra os gestos correspondentes ao que foi escrito.

Para concretizar a tradução nos dois sentidos, o computador tem que reconhecer a Língua Gestual Portuguesa. Tendo isto em conta, os in-vestigadores trabalharam com uma técnica e intérprete de Língua Ges-tual. Da mesma forma que o “software” consegue reconhecer a maioria dos gestos que constituem a Língua Gestual Portuguesa, está prepara-do para integrar todas as línguas quanto possível e estender-se e ser aplicado em várias partes do mundo.

No final de 2014 pretende-se que o virtual Sign já esteja pronto a ser utilizado. A tradução de texto para o avatar poderá ser feita quase sem custos, o contrário é que exige um maior investimento, visto que as luvas com sensores custam cerca de cinco mil euros.

EqUIPA vIRtuaL SIgnRosa Reis, Nuno escudeiro, Paula escudeiro, Marcelo Norberto, Jorge Lopes e Pedro Rodrigues.

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ISEP NO FÓRUM DO MARo Instituto Superior de engenharia do Porto participou no Fórum do Mar, que se realizou em Matosinhos, em maio. esta quarta presen-ça voltou a apresentar valências da inovação tecnológica ao serviço das empresas.

organizado por dois parceiros do ISeP – oce-ano XXI – Cluster do Conhecimento e eco-nomia do Mar e a Associação empresarial de Portugal (AeP) – o Fórum do Mar «é orientado para o fomento das relações entre poderes públicos, empresas, universidades e centros de I&D e associações, com atividade em dife-rentes domínios do conhecimento e da eco-nomia do mar. Trata-se de um evento aberto ao exterior, dirigido à comunidade internacio-nal, para apresentação das tecnologias exis-tentes (e em desenvolvimento) e dos serviços e produtos Portugueses na área do Mar».

No âmbito da presença do ISeP, o grupo de investigação INeSC TeC – Robótica coorga-nizou o 3rd Workshop on european Unman-ned Maritime Systems: “New Challenges for Unmanned Maritime Systems”, onde foram apresentados o projeto “FP7 ICARUS Project”, o projeto europeu SUNNY e o projeto TURTLe, este financiado no âmbito do QReN e apoiado pela Agência de Defesa europeia.

Cumprindo com a ambição de usar a enge-nharia para redescobrir as potencialidades do mar e criar soluções para os desafios do futuro, o ISeP disponibiliza diversas valências para projetos nas áreas da defesa, segurança, busca e salvamento, energia, novos materiais, exploração sustentável de recursos naturais, proteção ambiental, alimentação e inteligên-cia artificial e sistemas inteligentes.

ISEP NO DIÁLOGOUE-BRASIL SOBRE “SMART GRIDS”Zita vale, coordenadora científica do Grupo de Investigação em engenharia do Conhe-cimento e Apoio à Decisão (GeCAD), foi no-meada perita da União europeia para apoiar

LEMA USA A MATEMÁTICA PARA AjUDAR EMPRESAS A RESOLVEREM PROBLEMASo ISeP, através do Laboratório de engenharia Matemática (LeMA), foi um dos “sponsors” do 101º Grupo de estudo europeu de Matemáti-ca com a Indústria (eSGI). Durante cinco dias, dezenas de matemáticos propuseram solu-ções aos problemas apresentados por empre-sas portuguesas.

A 101ª edição do Grupo de estudo europeu de Matemática com a Indústria decorreu no início de maio de 2014, em Lisboa, e contou com o contributo de especialistas do ISeP. Durante uma semana, matemáticos trabalha-ram para encontrar soluções para os desafios lançados pela eDP, TAP, SISCoG e Spiralpack.

UMA TAÇA DE CRIATIVIDADEequipa de estudantes do Instituto Superior de engenharia do Porto venceu eliminatória da Microsoft Imagine Cup, que se realizou no iní-cio do ano na Associação Nacional de Jovens empresários (ANJe). o projeto “The Day one” centra-se em novas tendências para as redes sociais.

A Microsoft Imagine Cup desafia estudantes a imaginarem «um mundo onde a tecnologia ajuda a resolver os problemas mais difíceis». Foi precisamente esse desafio, que estimulou Tiago Cruz, Diogo Palhais e Pedro Carvalho a participarem na edição deste ano.

Mestrandos em engenharia Informática, os três jovens empreendedores competiram com cerca de 70 participantes no desenvol-vimento de aplicações móveis para Windows 8 e Windows Phone, destacando o apoio que receberam da Presidência do ISeP.

«Foram vários os parâmetros avaliados nas aplicações. Desde a ideia original à aplicação

o diálogo técnico e político com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação brasilei-ro ao nível das redes elétricas inteligentes “smart grids”.

As redes elétricas inteligentes são apontadas como o futuro das redes elétricas. esta tec-nologia permite que as redes elétricas sejam capazes de prever e ajustar padrões de pro-dução e consumo, apoiando uma maior efici-ência e fiabilidade das redes, o que se traduz em ganhos no custo da energia e sustentabi-lidade das operações.

A especialista do ISeP, agora nomeada perita da União europeia para o Brasil, tem liderado projetos do GeCAD dedicados ao desenvolvi-mento das redes elétricas inteligentes e à sua introdução no maior mercado latino-ameri-cano, em parceria com várias organizações europeias e brasileiras.

Dado o potencial desta área estratégica para ambas as regiões, a nomeação vem provar «que em Portugal há competência sedimen-tada em certas áreas, como acontece relativa-mente às “smart grids”», indica Zita vale.

Beneficiando desta parceria, as quatro empre-sas portuguesas apresentaram problemas em áreas distintas: modelação de um processo de empacotamento de tubos de cartão; otimiza-ção das operações de assistência a aeronaves; modelação dos preços de oferta e procura de energia elétrica; atribuição de tarefas numa empresa de transportes. No final da semana de trabalho, os matemáticos apresentaram as primeiras conclusões dos estudos efetuados.

os grupos de estudo europeu de matemá-tica com a indústria realizam-se anualmente em Portugal desde 2007 e representam uma oportunidade única para as empresas discu-tirem problemas prementes para as suas or-ganizações e resolverem-nos através de solu-ções matemáticas. Critical Software, ReN, SIBS, Sonae ou TAP são alguns dos participantes portugueses que já recorreram às competên-cias destes grupos de estudo, reconhecidos mundialmente e com excelentes resultados.

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ISEP RECEBE PRÉMIO AGOSTINhO ROSETAo Instituto Superior de engenharia do Porto recebeu o Prémio Agostinho Roseta 2013. esta distinção foi atribuída ao estudo “Influência da responsabilidade social das organizações para o seu sucesso sustentável”, desenvolvido por Luís Fonseca, docente do Departamento de engenharia Mecânica (DeM).

este estudo, que resulta da tese do professor do ISeP, destaca-se pelo contributo para me-lhorar e dignificar o trabalho, as condições em que é prestado e o diálogo social.

Atribuído pelo Instituto do emprego e Forma-ção Profissional (IeFP), este prémio nacional procura homenagear as pessoas e entidades que «mais se tenham distinguido na imple-mentação e difusão de boas práticas» de va-lorização do trabalho e do diálogo social.

A distinção do ISeP na categoria de “estudos e investigação” vem reconhecer o elevado con-tributo social de uma escola pública de ensi-no superior comprometida com o sucesso da sua comunidade académica, antigos alunos, parceiros e sociedade envolvente.

MATEMÁTICA FORA DE hORASNo seguimento do programa Matemática Fora de Portas, premiado pelo ensino de Fu-turo 2013, o ISeP lançou o Matemática Fora de Horas. Desenvolvido novamente em parceria com a Câmara Municipal do Porto, esta nova iniciativa reforça a aposta do Instituto no re-forço das competências de matemática dos alunos do 10º-12º ano de escolaridade.

entre dezembro de 2013 e março de 2014, o Departamento de Matemática promoveu au-las fora de horas todas as quintas-feiras para despertar o gosto pela matemática e tecno-logia. As aulas de 90 minutos destinam-se a jovens portuenses, são gratuitas e aplicam conceitos matemáticos para abordar temas quotidianos. os alunos foram confrontados

CISTER COORDENA PROjETO EUROPEU DE COMPUTAÇãO EM TEMPO-REALo projeto europeu P-SoCRATeS, liderado pelo Centro de Investigação em Sistemas Confiá-veis e de Tempo-Real (CISTeR), vai desenvol-ver novos modelos e “software” para melhorar o desempenho dos sistemas embebidos e de tempo-real.

os modelos e tecnologias desenvolvidos no projeto destinam-se às aplicações propostas pelo Conselho de Aconselhamento Industrial, que incluem sistemas de controlo avançado para veículos autónomos, cidades inteligentes ou até aplicações financeiras em tempo-real.

o consórcio do P-SoCRATeS é coordenado pelo ISeP e reúne as principais referências eu-ropeias em computação de alto desempenho, tecnologias da informação e sistemas embe-bidos e de tempo-real: Centro de Supercom-putação de Barcelona, Universidade de Mode-na, Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, Atos, Active Technologies e evidence.

com a importância da matemática para a pre-venção e resolução de problemas reais.

«o objetivo é que os alunos percebam que a matemática tem uma aplicação no dia-a-dia», afirmou a vice-presidente da CMP, Guilhermi-na Rego.

«é urgente incentivar nos jovens o gosto pela tecnologia. o motor do progresso de um país e a recuperação da economia têm nestas áre-as a grande força», acrescentou o presidente do ISeP, João Rocha.

bREvEs

MATEMÁTICA FORA DE PORTAS PREMIADO BOA PRÁTICA DE INOVAÇãO PEDAGÓGICAo projeto Matemática Fora de Portas, dina-mizado pelo ISeP em parceria com a Câmara Municipal do Porto, foi galardoado pelo ensi-no de Futuro 2013. o ISeP foi distinguido com o segundo prémio da categoria “Inovação Pe-dagógica”, que vem reconhecer o contributo do Instituto para a integração efetiva de estra-tégias e metodologias criativas no contexto de ensino-aprendizagem.

Promovido pelo Departamento de Matemá-tica (DMA) ao abrigo do programa Porto de Futuro, o Matemática Fora de Porta recorre a materiais e equipamentos do dia-a-dia, tais como monumentos, edifícios, trânsito, en-tre outros, para transformar a experiência de aprendizagem, apresentando alternativas ao modelo tradicional de ensino e contribuindo para o sucesso escolar.

A atribuição do prémio de inovação pedagó-gica foi recebido como um excelente incenti-vo aos que ousam pensar e colocar em prática algo diferente. o sucesso desta experiência reforçou também a ligação entre o ISeP e a CMP para promoção do sucesso escolar na cidade do Porto.

em si, passando pela capacidade de trabalho, empenho, apresentação no formato “pitch” assim como o modelo de negócio», refere Diogo Palhais em nome da equipa.

The Day one propõe uma nova tendência para as redes sociais e encontra-se ainda em fase de desenvolvimento, pelo que será apre-sentada ao público futuramente.

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ELECON jUNTA A EUROPA E O BRASILo ISeP está a liderar um projeto internacional que une investigadores europeus e brasileiros para desenvolverem novas soluções energé-ticas. o eLeCoN tem como objetivo principal contribuir para a competitividade e sustenta-bilidade energética, através da implementação de redes elétricas inteligentes (smart grids).

o eLeCoN – electricity Consumption Analy-sis to Promote energy efficiency Considering Demand Response and Non-technical Losses incide na monitorização do consumo de ener-gia elétrica para promover a eficiência e uma melhor identificação de perdas não-técnicas. o projeto refina os métodos de análise do consumo de energia elétrica, designadamen-te ao nível dos perfis de consumidores e pre-tende ainda estimular uma participação mais

o Centro de Inovação em engenharia e Tec-nologia Industrial (CIeTI) está a trabalhar no projeto de investigação e desenvolvimento NeWALK – Materiais, Componentes e Tecno-logia para Calçado do Futuro. este projeto mobilizador da fileira do calçado pretende

CIDEM APOIA INTERNACIONALIzAÇãO DA MEGAjOULEo Centro de Investigação e Desenvolvimento em engenharia Mecânica (CIDeM) estabele-ceu uma parceria com a MeGAJoULe Inova-ção para melhorar o sistema de modelação avançada usado na monitorização de parques eólicos.

Atendendo ao progressivo aumento de con-tratos internacionais do grupo MeGAJoULe, que está presente em sete países e quatro continentes, a MeGAJoULe Inovação identifi-cou a necessidade de adaptar a sua tecnolo-gia WINDIe™ às diferentes realidades geográ-ficas e necessidades dos clientes e encontrou no ISeP um parceiro para o efeito.

o objetivo desta parceria é testar, implemen-tar e parametrizar soluções tecnológicas que permitam uma modelação mais precisa dos efeitos térmicos do vento em diferentes ge-ografias regionais.

Para tal, o CIDeM vai analisar diferentes mo-delos de turbulência e parâmetros térmicos e apoiar a avaliação e calibração do melhor mo-delo passível de implementação pela empre-sa portuguesa. o grupo de investigação do ISeP irá ainda testar a otimização dos modelos de turbulência em parques eólicos.

CIETI DESENVOLVE SOLUÇÕES PARA O SETOR DO CALÇADO

reforçar a competitividade de um setor ex-portador por excelência.

o NeWALK pretende apoiar a diferenciação do setor através do desenvolvimento de produtos inovadores, comercializáveis e com elevado conteúdo tecnológico. Para tal, este projeto de investigação industrial e desen-volvimento experimental divide-se em várias áreas: novos materiais; tecnologia e design; sistemas avançadas de produção; logística fabril flexível e integrada; sistemas inovadores de qualidade; calçado para o conforto, saúde e bem-estar.

outra mais-valia que apresenta passa pelo re-forço da articulação dos agentes do calçado entre si e com instituições científicas nacionais, permitindo explorar novas oportunidades.

o NeWALK é cofinanciado pelo QReN e in-tegra parceiros como a CALAFe – J. Sampaio & Irmão, Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), António Nunes de Carvalho, Curtumes Aveneda, Dias Ruivo e INDINoR. o CIeTI participa nas atividades de desenvolvi-mento de novos materiais, produtos quími-cos e dispositivos funcionais.

INVESTIGADOR GECAD PREMIADO NO UNIVERSITY ChALLENGE 2013Luís Gomes, investigador do Grupo de Inves-tigação em engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão, foi o vencedor português do University Challenge 2013.

Após ter ganho o prémio University Challen-ge da european Satellite Navigation Competi-tion (eSNC) em 2012, a equipa constituída por Luís Gomes, investigador do GeCAD, e Filipe Sousa, designer, obteve mais dois prémios na competição do ano passado. venceram, pela primeira vez, o prémio regional referente a Portugal e, pela segunda vez consecutiva, o University Challenge.

o projeto de Luís Gomes chama-se GeoAgen-da e foi criado com o objetivo de colmatar as lacunas das agendas eletrónicas e físicas atuais.

os prémios foram atribuídos pela eSNC – a maior competição internacional na área da navegação por satélite, em Munique, na Ale-manha.

ativa no âmbito das “smart grids”, abordando infraestruturas de comunicação e modelos de controlo inovadores.

Liderado no ISeP pelo GeCAD, o eLeCoN inclui como parceiros o Instituto Nacional Politéc-nico de Grenoble (França), a Universidade de Magdeburgo (Alemanha) e as universidades de São Paulo, estadual Paulista, Federal de Santa Catarina e o Instituto Federal de Santa Catarina (Brasil), sendo cofinanciado pela Co-missão europeia.

o P-SoCRATeS – Parallel Software Framework for Time-Critical Many-core Systems é cofinan-ciado pelo 7º programa-quadro da Comissão europeia.

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GEOTECNIA IBÉRICA

xIII FORO DE INVERSION MADRI+D

NOVO PROCESSO DE PROGRAMAÇãO PARA ROBÔS DE LIxAMENTORui Rodrigues desenvolveu o projeto do mestrado junto da Grohe Portugal. A solução que propôs contribuiu para aumentar a efici-ência produtiva.

o mestrando em engenharia eletrotécnica e de Computadores foi desafiado a testar a via-bilidade da programação “offline” para tarefas de lixamento na Grohe. este projeto incluiu a preparação e modelação da célula de traba-lho e o desenvolvimento de um novo método de afinação do programa, mais adaptável às flutuações do processo produtivo.

A resposta permitiu implementar a progra-mação “offline“ das várias rotinas e trajetórias complexas que compõem o ciclo de lixa-mento de um produto, contribuindo para o aumento da qualidade do produto final sem comprometer os níveis de produtividade.

«Analisando as vantagens ao nível de eficiên-cia, foi possível reduzir drasticamente o tem-po de paragem da célula e otimizar o ciclo do processo», referiu Manuel Silva, docente do Departamento de engenharia eletrotécnica.

o estudo de Rui Rodrigues foi desenvolvido junto da Grohe Portugal, sob a orientação de Manuel Silva (ISeP) e Sérgio Costa (Grohe), tendo sido avaliado em 18 valores. Alexander Fernández defendeu em setembro

o estudo “Caracterización y determinación del processo para la producción de cal comercial a partir de la piedra caliza”. este foi o primeiro projeto concluído com sucesso ao abrigo do acordo de dupla titulação entre o ISeP e a Uni-versidade Politécnica de Madrid (UPM).

De acordo com o Departamento de enge-nharia Geotécnica (DeG), «são estes gestos que dão vida aos protocolos de cooperação estabelecidos entre a UPM e o ISeP e julga-mos que será uma das melhores formas de promovermos e estreitarmos laços efetivos de cooperação pedagógica, I&D e profissional entre as duas escolas de engenharia ibéricas».

Alexander Fernández apresentou e defendeu a sua dissertação de mestrado em engenharia Geotécnica e Geoambiente, tendo obtido a classificação final de 17 valores. o júri das provas contou com a participação de Angel Rodriguez--Avello, docente da UPM, realçando-se que a dissertação foi escrita em castelhano e apresen-tada e defendida em português. o projeto foi desenvolvido sob a orientação dos professores José Augusto Fernandes e Carlos Galiza.

o ISeP apresentou dois projetos no XIII Foro de Inversion Madri+d – montra ibero-ame-ricano de projetos e empresas de empreen-dedorismo tecnológico à procura de finan-ciamento e investidores. A missão do ISeP, liderada pela vice-presidente, Joana Sampaio, incluiu os projetos Near Tour e Control Blocks.

Desenvolvido por Ricardo Anacleto, mestre em engenharia Informática, o Near Tour apre-senta uma solução de inteligência empresarial para a inovação e qualidade no setor turístico. Suportado na “nuvem”, o projeto propõe uma solução interativa e de tempo-real para gerar roteiros de visitas e recomendações de pontos de interesse a turistas. o Near Tour centra-se na otimização da experiência do utilizador.

Control Blocks – Sensing Tools and Integra-ted Intelligence Management for Farming é a proposta de António Meireles e Carlos Frei-tas, diplomados em engenharia eletrotécnica e em engenharia informática. este sistema de monitorização e controlo para os setores agrícola e pecuário apoia a gestão eficiente dos recursos essenciais à produção. esta tec-nologia inovadora de baixo custo suscitou um forte interesse por parte dos investidores presentes no fórum.

Dois exemplos de empreendedorismo ISeP.

Manuel Gaspar, diplomado em engenha-ria eletrotécnica e de Computadores, surge como mais um exemplo do empenho do ISeP em promover os projetos finais de curso em ambiente laboral.

o jovem engenheiro desenvolveu o estudo “Sistema de supervisão de uma linha de en-

SISTEMA DE SUPERVISãO DE UMA LINhA DE ENChIMENTO DE CERVEjA

bREvEs

DO PORTO A CAMBERRAGustavo Alves, docente do Departamento de engenharia eletrotécnica (Dee) e investiga-dor do Centro de Inovação em engenharia e Tecnologia Industrial (CIeTI), foi convidado a integrar o Australian Research Council (ARC) – organismo congénere da Fundação para a Ciência e Tecnologia – na qualidade de as-sessor.

o docente do ISeP passa a integrar o painel de peritos responsáveis pela avaliação de candi-daturas a bolsas de formação e investigação australianas nas áreas dos laboratórios remo-tos e de projetos para o teste e depuração.

De acordo com Gustavo Alves, «o reconheci-mento internacional de um elemento do cor-po docente do ISeP é de destacar». o docente realça ainda a oportunidade que representa para reforçar o acompanhamento do estado da arte na ásia-pacífico e fortalecer o “ne-tworking” com peritos da região.

chimento de cerveja” junto da Unicer e apro-veitou a oportunidade para desenvolver uma nova interface gráfica de monitorização de uma linha de produção.

«esta opção reforça a aplicação de conhe-cimentos e potencia a própria inserção ou evolução no mercado de trabalho. Mas abre também uma oportunidade de inovação e modernização às empresas», indica Francisco Pereira, diretor da licenciatura em engenharia eletrotécnica e de Computadores.

A exemplo desta parceria com a Unicer, Fran-cisco Pereira destaca ainda o compromisso do ISeP em trabalhar com alguns dos princi-pais nomes da engenharia nortenha.

Manuel Gaspar é atualmente licenciado em engenharia eletrotécnica e de Computadores e gestor de projeto na Unicer.

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30 pROvAs DE DOUTORAmENTO

AutorDuarte Barroso Lopes

Área CientíficaCiência da Madeira e Mecânica da Madeira

OrientadorProfessor doutor Holger Militz (Georg-August Universität)

Instituição de EnsinoFaculty of Forest Sciences and Forest ecology, Georg-August Universität School of Science (Göttingen, Alemanha)

Data da ProvaAgosto 2013

TEChNOLOGICAL IMPROVEMENT OF PORTUGUESE PINEWOOD BY ChEMICAL MODIFICATION

o Melhoramento Tecnológico da Madeira de Pinheiro Bravo com Re-curso à Modificação Química visou o estudo da madeira de Pinho Pi-nus pinaster Ait.. Desenvolveu-se em duas partes e duas instituições de ensino.

A primeira parte, nas instalações do departamento Wood Biology and Wood Technology da Georg-August Universität School of Science (Göttingen, Alemanha), comportou a modificação química do material para avaliar a sua durabilidade e a caracterização das propriedades físi-cas e mecânicas de referência. A avaliação da durabilidade e do com-portamento mecânico de longa duração (fluência) foram desenvolvi-dos no Instituto Superior de engenharia do Porto, complementando a segunda parte do trabalho.

Como principais conclusões, obtiveram-se: com os tratamentos à base de resina (1,3-dimethylol-4,5-dihydroxyethyleneurea e N-methylol melamine formaldehyde) um melhoramento significativo em todas as performances face a humidade; para o material (TeoS - tetra-alkoxy-silane e ceras de Amido e Lenhite) depositado no lúmen das células não se verificou nenhum efeito físico. A redução da resistência e da capacidade de absorção de energia (fragilidade) para os tratamentos à base de resina. Foi encontrada uma estreita ligação entre as alterações introduzidas pelos tratamentos à base de resina (DMDHeU e MMF) no teor de humidade de equilíbrio, estabilidade dimensional e eficiência / estabilidade da rigidez em ambientes húmidos. o bom comportamen-to em fluência para os tratamentos com resinas pode ser associado com os bons resultados da estabilidade dimensional. os tratamentos com o preenchimento do lúmen não apresentaram qualquer efeito no comportamento em fluência.

(Disponível em: http://d-nb.info/1044768541/34)

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31pROvAs DE DOUTORAmENTO

AutorJosé Alberto de Madureira Salgado Rodrigues

Área CientíficaGestão

OrientadorProfessor doutor Carlos Guillén Gestoso (Universidade de Cádiz)Professora doutora Alexandra Ribeiro da Costa (ISeP)

Instituição de EnsinoUniversidade de Cádiz

Data da ProvaJunho 2013

CULTURA NACIONAL E GESTãO DE PROjETOS: ATITUDES E PRÁTICAS DE PLANEAMENTO E DE CONTROLO DE PROjETOS EM PORTUGAL

A cultura de uma sociedade ou país, designada habitualmente por cul-tura nacional, compreende a partilha de uma história e de um conjunto de crenças, ideologias, tradições e sistemas de linguajem. esta “progra-mação coletiva” tem reflexos nas diferentes áreas da nossa vida como a arte, a organização social, e também a gestão, nomeadamente no que diz respeito a duas das suas atividades mais importantes: o plane-amento e o controlo.

Com este trabalho pretendeu-se caracterizar a importância atribuída pelos portugueses ao planeamento e ao controlo de projetos, caracte-rizar as práticas de planeamento e de controlo de projetos em Portugal e averiguar a existência de uma relação entre esta valorização, estas práticas e o nível de sucesso dos projetos.

os resultados obtidos foram interessantes e inesperados. Ao contrá-rio do que é referido na generalidade da bibliografia publicada sobre este tema, os inquiridos, que são profissionais envolvidos em projetos em Portugal, na sua esmagadora maioria portugueses, atribuem uma elevada importância ao planeamento e ao controlo de projetos. Mais surpreendente ainda, o nível de utilização das principais práticas de planeamento e de controlo de projetos e o nível de sucesso dos proje-tos em Portugal são elevados e semelhantes aos de um outro estudo similar realizado nos estados Unidos.

os resultados apontam também para que, quanto mais os profissionais valorizam o planeamento e o controlo de projetos, mais frequente-mente utilizam estas atividades de gestão o que, por sua vez, ocorre nos projetos com mais sucesso.

Sendo que estes resultados indiciam a existência de uma relação entre cultura nacional e sucesso dos projetos, a elevada importância que os portugueses atribuem às práticas de planeamento e de controlo de projetos, o elevado nível de utilização destas práticas e a elevada taxa de sucesso dos projetos realizados em Portugal, indiciam uma mudan-ça da cultura nacional em Portugal, que favorece a eficácia e a eficiên-cia da gestão de projetos.

AutorPaulo Manuel Baltarejo de Sousa

Área Científicaengenharia Informática

OrientadorProfessor doutor eduardo Tovar (ISeP)

Instituição de EnsinoUniversidade do Porto

Data da Provaoutubro 2013

REAL-TIME SChEDULING ON MULTI-CORE: ThEORY AND PRACTICE

Hoje em dia, a utilização de plataformas multiprocessador para aumen-tar o poder de computação é frequente. estas plataformas aumentam a capacidade de processamento a baixo custo e com baixo consumo energético, permitindo satisfazer requisitos dos exigentes sistemas de tempo real. No entanto, na engenharia destes sistemas devem ser ado-tadas abordagens adequadas por forma a tirar o máximo proveito destas plataformas multiprocessador. Certamente que os algoritmos de escalo-namento de tarefas desempenham um papel importante.

Geralmente, a teoria subjacente aos algoritmos de escalonamento para sistemas de tempo real é baseada num conjunto de conceitos e suposi-ções que tem pouca correspondência prática; isto é, não considera es-pecificidades das plataformas e sistemas operativos. A diferença entre a teoria e a prática é enorme e compromete quer a sua aplicabilidade, quer a sua fiabilidade. o nosso propósito é aproximar a teoria da prática. Assim sendo, definimos que (i) a teoria de sistemas de tempo real não pode estar dissociada dos detalhes de implementação e (ii) a análise de escalonabilidade deve incorporar os detalhes da prática, tais como, o custo associado à troca de tarefas no processador, ao aparecimento das tarefas no sistema, entre outras.

escolhemos um conjunto de algoritmos de escalonamento para siste-mas de tempo real (para plataformas multiprocessador) cuja principal característica é a divisão do tempo em reservas temporais. Com o pro-pósito de alcançar os requisitos enumerados anteriormente, definimos um conjunto de princípios para uma implementação eficiente dos algo-ritmos num sistema operativo (numa versão do sistema operativo Linux melhorada com funcionalidades apropriadas a sistemas de tempo real).

Com base em implementações dos algoritmos de escalonamento no sis-tema operativo Linux, identificamos e modelamos todos os custos ope-racionais associados à sua execução e criamos teoria nova incorporando os custos operacionais. esta nova teoria é baseada em testes de escalo-nabilidade exatos e resulta num aumento da eficiência e da fiabilidade dos algoritmos. Também criamos um novo algoritmo de escalonamento para sistemas multiprocessador, designado de “Carousel-eDF”.

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