Monteiro Lobato

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Monteiro LobatoMonteiro Lobato

Monteiro Lobato na Cia. Editora Nacional

Nascimento

Jos Bento Renato Monteiro Lobato 18 de abril de 1882 Taubat, Imprio do Brasil

Morte

4 de julho de 1948 (66 anos) So Paulo, Brasil

Ocupao Nacionalidade

escritor Brasileiro

Jos Bento Renato Monteiro Lobato (Taubat, 18 de abril de 1882 So Paulo, 4 de julho de 1948)[1] foi um dos mais influentes escritoresbrasileiros do sculo XX. Foi um importante editor de livros inditos e autor de importantes tradues. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel ("Contos da Carochinha") da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produo literria. A outra metade, consistindo de contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, crticas, crnicas, prefcios, cartas, um livro sobre a importncia do petrleo e do ferro, e um nico romance, O Presidente Negro, o qual no alcanou a mesma popularidade que suas obras para crianas, que entre as mais famosas destacase Reinaes de Narizinho (1931), Caadas de Pedrinho (1933) e O Picapau Amarelo (1939). Contista, ensasta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubat, interior de So Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor pblico at se tornar

fazendeiro, aps receber herana deixada pelo av. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma srie deles em Urups, obra prima deste famoso escritor. Em uma poca em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se tambm editor, passando a editar livros tambm no Brasil. Com isso, ele implantou uma srie de renovaes nos livros didticos e infantis. Este notvel escritor bastante conhecido entre as crianas, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia esto lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil. Suas personagens mais conhecidas so: Emlia, uma boneca de pano com sentimento e idias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criana; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vil que aterroriza a todos do stio, Saci Perer e outras personagens que fazem parte da inesquecvel obra: O Stio do Pica-Pau Amarelo, que at hoje encanta muitas crianas e adultos. Escreveu ainda outras incrveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fbulas do Marqus de Rabic, Aventuras do Prncipe, Noivado de Narizinho, O P de Pirlimpimpim, Reinaes de Narizinho, As Caadas de Pedrinho, Emlia no Pas da Gramtica, Memrias da Emlia, O Poo do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho. Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literrias, tais como: O Choque das Raas, Urups, A Barca de Gleyre e o Escndalo do Petrleo. Neste ltimo livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorvel a explorao do petrleo apenas por empresas brasileiras.ndice[esconder]

1 A carreira

o o o

1.1 Os primeiros anos 1.2 O advogado 1.3 A fama

2 O editor e o escritor

o o o o o

2.1 O editor 2.2 Em Nova Iorque 2.3 O petrleo 2.4 O fim 2.5 Disputa

3 Obra

o o

3.1 Livros infantis 3.2 Livros para adultos

4 Influncias 5 O Stio na televiso 6 Referncias 7 Bibliografia 8 Ver tambm 9 Ligaes externas

A carreiraOs primeiros anosCriado em um stio, Monteiro Lobato foi alfabetizado pela me Olmpia Augusta Lobato e depois por um professor particular. Aos sete anos, entrou em um colgio. Nessa idade descobrira os livros de seu av materno, o Visconde de Trememb, dono de uma biblioteca imensa no interior da casa. Leu tudo o que havia para crianas em lngua portuguesa. Nos primeiros anos de estudante j escrevia pequenos contos para os jornaizinhos das escolas que frequentou. Aos onze anos, em 1893, foi transferido para o Colgio So Joo Evangelista. Ao receber como herana antecipada uma bengala do pai, que trazia gravada no casto as iniciais J.B.M.L., mudou seu nome de Jos Renato para Jos Bento, a fim de utiliz-la. No ano seguinte, os pais o presentearam com uma cala comprida, que usou bastante envergonhado. Em dezembro de 1896 foi para So Paulo e, em janeiro de 1897, prestou exames das matrias estudadas na cidade natal, mas foi reprovado no curso preparatrio e retornou a Taubat. Quando retornou ao Colgio Paulista, fez as suas primeiras incurses literrias como colaborador dos jornaizinhos "Ptria", "H2S" e "O Guarany", sob o pseudnimo de Josben e Nh Dito. Passou a colecionar avidamente textos e recortes que o interessavam, e lia bastante. Em dezembro prestou novamente os exames para o curso preparatrio e foi aprovado. Escreveu minuciosas cartas famlia, descrevendo a cidade de So Paulo. Colaborou com "O Patriota" e "A Ptria". Ento, se mudou de vez para So Paulo, e tornou-se estudante interno do Instituto Cincias e Letras. No ano seguinte, a 13 de junho de 1898, perdeu o pai, Jos Bento Marcondes Lobato, vtima de congesto pulmonar. Decidiu, pela primeira vez, participar das sesses do Grmio Literriolvares de Azevedo do Instituto Cincias e Letras. Sua me, vtima de uma depresso profunda, veio a falecer no dia 22 de junho de 1899. Tendo forte talento para o desenho, pois desde menino retrata a Fazenda Buquira, tornou-se desenhista e caricaturista nessa poca. Em busca de aproveitar as suas duas maiores paixes, decidiu ir para So Paulo aps completar 17 anos.

Seu sonho era a Escola de Belas-Artes, mas, por imposio do av, que o tinha como um sucessor na administrao de seus negcios, acabou ingressando na Faculdade do Largo de So Francisco para cursar Direito. Mesmo assim seguiu colaborando em diversas publicaes estudantis e fundou, com os colegas de sua turma, a "Arcdia Acadmica", em cuja sesso inaugural fez um discurso intitulado: Ontem e Hoje. Lobato, a essas alturas, j era elogiado por todos como um comentarista original e dono de um senso fino e sutil, de um "esprito francesa" e de um "humor ingls" imbatvel, que carregou pela vida afora. Dois anos depois, foi eleito presidente da Arcdia Acadmica, e colaborou com o jornal "Onze de Agosto", onde escreveu artigos sobreteatro. De tais estudos surgiu, em 1903, o grupo O Cenculo, fundado junto com Ricardo Gonalves, Cndido Negreiros, Godofredo Rangel, Raul de Freitas, Tito Lvio Brasil, Lino Moreira e Jos Antnio Nogueira. Era anticonvencional por excelncia, dizendo sempre o que pensava, agradasse ou no. Defendia a sua verdade com unhas e dentes, contra tudo e todos, quaisquer que fossem as consequncias. Venceu um concurso de contos, sendo que o texto Gens Ennuyeux foi publicado no jornal "Onze de Agosto". (11/08).

O advogadoEm 1904 diplomou-se bacharel em Direito e regressou a Taubat. No ano seguinte fez planos de fundar uma fbrica de geleias, em sociedade com um amigo, mas passou a ocupar interinamente a promotoria de Taubat e conheceu Maria Pureza da Natividade ("Purezinha"). Em maio de 1907 foi nomeado promotor pblico em Areias, e casou-se com Purezinha, a 28 de maro de 1908. Exatamente um ano depois nasceu Marta, a primognita do casal. Insatisfeito com a vida buclica de Areias, planejou abrir um estabelecimento comercial de secos e molhados. Em 1910 associou-se a um negcio de estradas de ferro e nasceu o seu segundo filho, Edgar. Viveu no interior e nas cidades pequenas da regio, escrevendo paralelamente para jornais e revistas, como A Tribuna de Santos, Gazeta de Notcias do Rio de Janeiro e a revista Fon-Fon, para onde tambm mandava caricaturas e desenhos. Passou a traduzir artigos do Weekly Timespara o jornal O Estado de So Paulo, e obras da literatura universal, tambm enviando artigos para um jornal de Caapava. Contudo, era visvel a sua insatisfao com a vida que levava e com os negcios que no prosperavam. No ano seguinte, aos 29 anos, Lobato recebeu a notcia do falecimento de seu av, o Visconde de Trememb, tornando-se ento herdeiro da Fazenda Buquira, para onde se mudou com toda a famlia. De promotor a fazendeiro, dedicou-se modernizao da lavoura e criao. Com o lucro dos negcios, abriu um externato em Taubat, que confiou aos cuidados de seu cunhado. Em1912 nasceu Guilherme, o seu terceiro filho. Ainda insatisfeito, mas desta vez com a vida na fazenda, planejou explorar comercialmente o Viaduto do Ch, na cidade de So Paulo, em parceria com Ricardo Gonalves.

A famaEm 12 de novembro de 1912, o jornal O Estado de So Paulo, na sua edio vespertina (O Estadinho), publicou o seu artigo Velha Praga. Era vspera de Natal quando o mesmo jornal publicou um conto daquele que mais tarde seria o seu primeiro livro, Urups. Na Vila de Buquira, hoje municpio

de Monteiro Lobato (So Paulo), nessa mesma poca, envolveu-se com a poltica e logo a deixou de lado. Sua quarta e ltima filha, Rute, nasceu em fevereiro de 1916, quando iniciava colaborao na recm fundada Revista do Brasil. Era uma publicao nacionalista que agradou em cheio o gosto de Lobato. Somente em 1914, como fazendeiro em Buquira, um fato definiria de vez a sua carreira literria: durante o inverno seco daquele ano, cansado de enfrentar as constantes queimadas praticadas pelos caboclos, o fazendeiro escreveu uma "indignao" intitulada Velha Praga, e a enviou para a seo Queixas e Reclamaes do jornal O Estado de S. Paulo, edio da tarde, o "Estadinho". O jornal, percebendo o valor daquela carta, publicou-a fora da seo que era destinada aos leitores, no que acertou, pois a carta provocou polmica e fez com que Lobato escrevesse outros artigos como, por exemplo, Urups, dando vida a um de seus mais famosos personagens, o Jeca Tatu. Jeca era um grande preguioso, totalmente diferente dos caipiras e ndios idealizados pela literatura romntica de ento. Seu aparecimento gerou uma enorme polmica, em todo o pas, pois o personagem era smbolo do atraso e da misria que representava o campo no Brasil. Tendo assim caracterizado o caipira caboclo, "um piraquara do Paraba", (morador ribeirinho ao Rio Paraba do Sul), no conto "Urups":

A Verdade nua manda dizer que entre as raas de variado matiz, formadoras da nacionalidade e metidas entre o estrangeiro recente e o aborgine de tabuinha em beio, uma existe a vegetar de ccoras, incapaz de evoluo, impenetrvel ao progresso. Feia e sorna, nada a pe de p. Pobre Jeca Tatu! Como bonito no romance e feio na realidade! Jeca Tatu um Piraquara do Paraba, maravilhoso epitome de carne onde se resumem todas as caractersticas da espcie. O fato mais importante da vida do Jeca votar no governo. A modinha, como as demais manifestaes de arte popular existente no pas, obra do mulato, em cujas veias o sangue recente do europeu, rico de ativismos estticos, borbulha denvolta com o sangue selvagem, alegre e so do negro. O caboclo soturno. No canta seno rezas lgubres. No dana seno o cateret aladainhado. O caboclo o sombrio Urup de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas. Bem ponderado, a causa principal da lombeira do caboclo reside nas benemerncias sem conta da mandioca. Talvez sem ela se pusesse de p e andasse. Mas enquanto dispuser de uma po cujo preparo se resume no plantar, colher e lanar sobre brasas, Jeca no mudar de vida. O vigor das raas humanas est na razo direta da hostilidade ambiente. Se a poder de estacas e diques o holands extraiu de um brejo salgado a Holanda, essa joia de esforo, que ali nada o favorecia.![2]

Monteiro Lobato

O piraquara do rio Paraba do Sul ainda existe. Foi estudado e retratado, em 2002, por Camila Hayashi, Karina Muller e Nomia Alves, no livro "Nas Mrgens do Paraba, Vida, histrias e crenas dos habitantes da beira do rio Paraba do Sul". Mantm ainda a preferncia pela mandioca: "Hoje d at pra se plantar aqui. Milho, mandioca", diz o piraquara Benedito Grabriel.[3] Monteiro Lobato conheceu apenas o caipira caboclo, e generalizou o comportamento destes para todos os caipiras, causando ento muita polmica. Foi apoiado por Rui Barbosa e contraditado pelo especialista em caipiras, o folclorista Cornlio Pires, que explicou que Lobato s conheceu o caipira caboclo:

Coitado do meu patrcio! Apesar dos governos os outros caipiras se vo endireitando custa do prprio esforo, ignorantes de noes de higiene... S ele, o caboclo, ficou mumbava, sujo e ruim! Ele no tem culpa... Ele nada sabe. Foi um desses indivduos que Monteiro Lobato estudou, criando o Jeca Tatu, erradamente dado como representante do caipira em geral!

Cornlio Pires

Rui Barbosa, em 20 de maro de 1919, em uma conferncia sobre a Questo Social e Poltica no Brasil, durante a tima eleio presidencial que disputou, disse sobre Monteiro Lobato:

Conheceis, por ventura, o Jeca Tatu, dos Urups, do Monteiro Lobato, o admirvel escritor paulista? Tivestes, algum dia, ocasio de ver surgir, debaixo desse pincel de uma arte rara, na sua rudeza, aquele tipo de uma raa, que, "entre as formaduras da nossa nacionalidade", se perpetua, "a vegetar, de ccoras, incapaz de evoluo e impenetrvel ao progresso"?![4]

Rui Barbosa

A partir da, os fatos se sucederam: a geada, (sobre a qual deixou uma crnica), e as dificuldades financeiras levaram-no a vender a fazenda Buquira, em 1916, e a partir com a famlia para So Paulo, com o intuito de tornar-se um "escritor-jornalista". Fundou, em Caapava, a revista "Paraba", e organizou, para o jornal "O Estado de So Paulo", uma imensa e acalentada pesquisa sobre o saci. Lobato percorreu o interior de So Paulo, durante a Grande Geada de 1918, escrevendo um importante crnica a respeito, impressionado que ficou com a queima dos cafezais paulistas. Ainda em 1918, ano dos 4 G (Geada, Greve, I Guerra Mundial e Gripe espanhola), Lobato, escrevia no jornal "O Estado de S. Paulo", o mais importante jornal da capital, e, como todos os editorialistas acabaram pegando a gripe espanhola, vrios editoriais do jornal "O Estado", daqueles dias, foram escritos unicamente por Lobato. A Fazenda Buquira, a qual Lobato visitava na infncia quando pertencia a seu av, o Visconde de Trememb, e onde Lobato viu a geada, conheceu o caipira caboclo, e teve inspirao para seus personagens e paisagens de seus livros (como a pequena cachoeira que inspirou o Reino das guas Claras), atualmente centro de visitao, sendo que a casa-sede da fazenda ainda se encontra em seu estado original, situada margem da rodovia atualmente denominada "Estrada do Livro", que liga a cidade de Monteiro Lobato Caapava. Em 20 de dezembro publicou Paranoia ou Mistificao, a famosa crtica desfavorvel exposio de pintura de Anita Malfatti, que culminaria como o estopim para a criao da Semana de Arte Moderna de 1922. Muitos passaram a ver Lobato como reacionrio, inclusive os modernistas, mas hoje, aps tantos anos, percebe-se que o que Lobato criticava eram os "ismos" que vinham daEuropa: cubismo, futurismo, dadasmo, surrealismo, que ele achava que eram "colonialismos", "europeizaes", assim como ocorrera com os acadmicos das geraes anteriores. Lobato era a favor de uma arte devidamente brasileira, autctone, criada aqui. Por isso criticou Anita Malfatti, embora admitisse que ela fosse talentosa. Isso tudo gerou o estranhamento entre ele e os modernistas mas, no fundo, todos eles tinham razo, apenas viam as coisas de ngulos diferentes. Mesmo assim Oswald de Andrade continuou a ser um profundo admirador de Lobato: quando ocorrera a Semana

de Arte Moderna, as provas de Urups ficaram dois dias em cima do sof da garonire onde Oswald de Andrade se encontrava com os amigos. Monteiro Lobato defendia a eugenia[5] por acreditar que a miscigenao era um fator prejudicial na formao do povo brasileiro.[6] Seu livro, O Presidente Negro, descreve um conflito racial no futuro, aps a eleio de um negro para a presidncia dos EUA. Em carta a Renato Kehl,[7] ele afirma:

A humanidade precisa de uma coisa s: pda. como a vinha." Monteiro Lobato[8][9]

O editor e o escritorO editor

Caricatura de Monteiro Lobato.

Em 1918, Monteiro Lobato comprou a Revista do Brasil e passou a dar espao para novos talentos, ao lado de pessoas famosas. Tornou-se, dessa forma, um intelectual engajado na causa do nacionalismo, a

qual dedicou uma preocupao fundamental, tanto na fico quanto no ensaio e no panfleto. Crtico de costumes, no qual no faltava a nota do sarcasmo e da caricatura, de sua obra elevou-se largo sopro de humanidade e brasileirismo. Nas mos de Monteiro Lobato, a Revista do Brasil prosperou e ele pode montar uma empresa editorial, sempre dando espao para os novatos e divulgando obras de artistas modernistas. Lobato tambm foi precursor de algumas ideias muito interessantes no campo editorial. Ele dizia que "livro sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do fregus". Com isso em mente, passou a tratar os livros como produtos de consumo, com capas coloridas e atraentes, e uma produo grfica impecvel. Criou tambm uma poltica de distribuio, novidade na poca: vendedores autnomos e distribuidores espalhados por todo o pas. Primeiro seus livros foram publicados pela Editora da Revista do Brasil. Assim, o livro Urups, em sua sexta edio em 1920, est registrado "Ed. da Revista do Brasil, So Paulo, 1920". Na ltima capa consta: "Director Monteiro Lobato, Secretario Alarico Caiuby", "A venda em todas as livrarias e no escriptorio da Revista do Brasil". Logo fundou a editora Monteiro Lobato & Cia., depois chamada Companhia Editora Nacional, com a obra O Problema Vital, um conjunto de artigos sobre a sade pblica, seguido pela tese O Saci Perer: Resultado de um Inqurito. Privilegiava a edio de autores estreantes como a senhora Leandro Dupr, com o sucesso "ramos Seis". Traduziu tambm muitos livros e editou obras importantes e polmicas como "A Luta pelo Petrleo", de Essad Bey, para o qual fez uma introduo tratando da questo do petrleo no Brasil. Em julho de 1918, dois meses depois da compra, publicou em forma de livro Urups, com retumbante sucesso e alcanando grande repercusso ao dividir o pas sobre a veracidade da figura do caipira, fiel para alguns, exagerada para outros. O livro chamou a ateno de Rui Barbosa que, num discurso, em 1919, durante a sua campanha eleitoral, reacendeu a polmica ao citar Jeca Tatu como um "prottipo do campons brasileiro, abandonado misria pelos poderes pblicos". A popularidade fez com que Lobato publicasse, nesse mesmo ano, Cidades Mortas e Ideias de Jeca Tatu. Em 1920, o conto Os Faroleiros serviu de argumento para um filme dirigido pelos cineastas Antnio Leite e Miguel Milani. Meses depois, publicou Negrinha e A Menina do Narizinho Arrebitado, sua primeira obra infantil, e que deu origem a Lcia, mais conhecida como a Narizinho do Stio do Picapau Amarelo. O livro foi lanado em dezembro de 1920 visando aproveitar a poca de Natal. A capa e os desenhos eram de Lemmo Lemmi, um famoso ilustrador da poca. Em janeiro de 1921, os anncios na imprensa noticiaram a distribuio de exemplares gratuitos de A Menina do Narizinho Arrebitado nas escolas, num total de 500 doaes, tornando-se um fato indito na indstria editorial. Fora atendendo um pedido do presidente de So Paulo, Dr. Washington Lus, de quem Lobato era admirador, que fizera o livro. O sucesso entre as crianas gerou continuaes: Fbulas de

Narizinho (1921), O Saci (1921), O Marqus de Rabic (1922), A Caada da Ona (1924), O Noivado de Narizinho (1924), Jeca Tatuzinho (1924) e O Garimpeiro do Rio das Garas (1924), entre outros. Tais novidades repercutiram em altas tiragens dos livros que editava, a ponto de dedicar-se editora em tempo integral, entregando a direo da Revista do Brasil a Paulo Prado e Srgio Millet. A demanda pelos livros era to grande que ele importou mais mquinas dos Estados Unidos e da Europa para aumentar seu parque grfico. Porm, uma grave seca cortou o fornecimento deenergia eltrica, e a grfica s podia funcionar dois dias por semana. Por fim, o presidente Artur Bernardes desvalorizou a moeda e suspendeu o redesconto de ttulos pelo Banco do Brasil, gerando um enorme rombo financeiro e muitas dvidas ao escritor. Lobato s teve uma escolha: entrou com pedido de falncia em julho de 1925. Mesmo assim no significou o fim de seu projeto editorial. Ele j se preparava para abrir outra empresa, a Companhia Editora Nacional, em sociedade com Octalles Marcondes e, em vista disso, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Os "produtos" dessa nova editora abrangiam uma variedade de ttulos, inclusive tradues de Hans Staden e Jean de Lry. Alm disso, os livros garantiam o "selo de qualidade" de Monteiro Lobato, tendo projetos grficos muito bons e com enorme sucesso de pblico. A partir da, Lobato continuou escrevendo livros infantis de sucesso, especialmente com Narizinho e outros personagens, como Dona Benta, Pedrinho, Tia Nastcia, o boneco de sabugo de milhoVisconde de Sabugosa e Emlia, a boneca de pano. Alm disso, por no gostar muito das tradues dos livros europeus para crianas, e sendo um nacionalista convicto, criou aventuras com personagens bem ligados cultura brasileira, recuperando inclusive costumes da roa e lendas do folclore. Mas no parou por a. Monteiro Lobato pegou essa mistura de personagens brasileiros e os enriqueceu, '"misturando-os" a personagens da literatura universal, da mitologia grega, dos quadrinhose do cinema. Tambm foi pioneiro na literatura paradidtica, ensinando histria, geografia e matemtica, de forma divertida.

Em Nova IorqueEm 1926, Lobato concorreu a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas acabou derrotado. Era a segunda vez que isso acontecia. Na primeira vez, em 1921, iria concorrer vaga dePedro Lessa, mas desistiu antes da eleio, por no querer fazer as visitas de praxe aos acadmicos para pedir seus votos. Desta vez, estava concorrendo vaga do renomado jurista Joo Lus Alves. Na primeira, recebera um voto no terceiro escrutnio, e, na segunda, dois votos no quarto. Em artigo imprensa, Mcio Leo chegou a afirmar que esse "escritor de talento fora duas vezes repelido". No mesmo ano saram em folhetim os livros O Presidente Negro (1926) e "How Henry Ford is Regarded in Brazil (1926).

Depois, enviou uma carta ao recm empossado Washington Lus, onde defendeu os interesses da indstria editorial. O presidente, reconhecendo nele um representante promissor dos interesses culturais do pas, nomeou-o adido comercial nos Estados Unidos, em 1927. Lobato escreve confirmando a tese de Washington Lus de que "Governar abrir Estradas", as quais Lobato atribui o progresso dos Estados Unidos. Lobato ficara impressionado com a quantidade e qualidade das estradas norte americanas. Monteiro Lobato mudou-se para Nova York e deixou a Companhia sob a direo de seu scio, Octalles Marcondes Ferreira. Entusiasmado com o progresso material que viu nos Estados Unidos, passou a acompanhar todas as inovaes tecnolgicas estadunidenses e fez de tudo para convencer o governo brasileiro a propiciar a criao de atividades semelhantes no Brasil. Com interesses voltados no que diz respeito s questes de petrleoe ferro, planejou a fundao da Tupy Publishing Company. Em Nova York escreveu Mr. Slang e o Brasil (1927), As Aventuras de Hans Staden (1927), Aventuras do Prncipe (1928), O Gato Flix (1928), A Cara de Coruja (1928), O Circo de Escavalinho(1929) e A Pena de Papagaio (1930). As obras infantis que datam dessa poca foram publicadas no Brasil e reunidas num nico volume, intitulado Reinaes de Narizinho (1931). Foi para Detroit no ano seguinte e, em visita Ford e a General Motors, organizou uma empresa brasileira para produzir ao pelo processo Smith. Com isso, jogou na Bolsa de Valores de Nova Iorque e perdeu tudo o que tinha com a crise de 1929. Para cobrir suas perdas com a quebra da Bolsa, Lobato vendeu suas aes da Companhia Editora Nacional em 1930. Voltou para So Paulo em 1931 e passou a defender que o "trip" para o progresso brasileiro seria o ferro, o petrleo e as estradas para escoar os produtos. Entusiasmado com Washington Lus e com seu candidato a presidente, em 1930, o Dr. Jlio Prestes, que, como presidente de So Paulo, realizara exploraes de petrleo em territrio paulista, Lobato d apoio irrestrito ao candidato Jlio Prestes nas eleies de 1930. Em 28 de agosto de 1929, em carta ao dr. Jlio Prestes, Monteiro Lobato transmite-lhe votos pela "vitria na campanha em perspectiva", afirmando que:

Sua poltica na presidncia significar o que de mais precisa o Brasil: continuidade administrativa!

MonteiroLobato[10]

Com a deposio de Washington Lus e o impedimento da posse de Jlio Prestes, comea a antipatia de Lobato por Getlio Vargas e seu infortnio.

O petrleoAps implantar a Companhia Petrleos do Brasil, e graas grande facilidade com que foram subscritas suas aes, Monteiro Lobato fundou vrias empresas para fazer perfurao de petrleo, como a Companhia Petrleo Nacional, a Companhia Petrolfera Brasileira e a Companhia de Petrleo Cruzeiro do Sul, e a maior de todas (fundada em julho de 1938) a Companhia Mato-grossense de Petrleo, que visava perfurar prximo da fronteira com a Bolvia, pas vizinho que j havia encontrado petrleo em seu territrio.[11]. Com isso Lobato prejudicou os interesses de gente muito importante na poltica brasileira, e

de grandes empresas estrangeiras. Comeava a luta que o deixou pobre, doente e desgostoso. Havia interesse oficial em se dizer que no Brasil no havia petrleo. Tendo-os como adversrios, passou a enfrent-los publicamente. Por alguns anos, seu tempo foi dedicado integralmente campanha do petrleo, e a sua sobrevivncia garantiu-se pela publicao de histrias infantis e da traduo magistral de livros estrangeiros, como O Livro da Selva, de Rudyard Kipling (1933), O Doutor Negro, de Arthur Conan Doyle (1934), Caninos Brancos (1933) e A Filha da Neve (1934), ambos de Jack London, entre outros. Teimava em dizer que era preciso explorar o petrleo nacional para dar ao povo um padro de vida altura de suas necessidades. Tentou, sem xito, organizar uma companhia petrolfera mediante subscries populares. Muitas dificuldades apareceram e, mesmo assim, sua produo literria manteve-se e chegou ao pice. Em Amrica (1932) publicou as suas primeiras impresses sobre a luta na qual se engajara. Em seguida vieram Histria do Mundo para Crianas (1933), Na Antevspera e Emlia no Pas da Gramtica (1934), na qual defendia uma gramtica normativa revisada. Meses depois, seu livro Histria do Mundo Para Crianas sofreu crtica, censura e perseguio da Igreja Catlica. O padre Sales Brasil escreveu um libelo contra Lobato chamado "A literatura infantil de Monteiro Lobato ou comunismo para crianas". Aceitou o convite para ingressar na Academia Paulista de Letras e, com isso, apresentou um dossi de sua campanha em prol do petrleo, O Escndalo do Petrleo (1936) [12], no qual acusava o governo de "no perfurar e no deixar que se perfure". O livro esgotou vrias edies em menos de um ms. Aturdido, o governo de Getlio Vargas proibiu e mandou recolher todas as edies. Em seguida, morreu Heitor de Moraes, seu correspondente e grande amigo. Com isso, criou a Unio Jornalstica Brasileira, uma empresa destinada a redigir e distribuir notcias pelos jornais. Em fevereiro de 1939 morreu Guilherme, seu terceiro filho. Abalado, Monteiro Lobato enviou uma carta ao ministro de Agricultura, que precipitara a abertura de um inqurito sobre o petrleo. Recebeu convite de Getlio Vargas para dirigir um ministrio de Propaganda, mas Lobato recusou. Numa outra carta ao presidente, fez severas crticas poltica brasileira de minrios [13]. O teor da carta foi tido como subversivo e desrespeitoso e isso fez com que fosse detido pelo Estado Novo, acusado de tentar desmoralizar o Conselho Nacional do Petrleo, ironicamente presidido poca pelo general Horta Barbosa que foi o responsvel por colocar Lobato atrs das grades do Presdio Tiradentes [14] e que, abraando as ideias de Lobato, se tornaria em 1947 um dos maiores lderes da nacionalista Campanha do Petrleo. Lobato foi condenado a seis meses de priso, e permaneceu encarcerado de maro a junho de 1941. Uma campanha promovida por intelectuais e amigos conseguiu fazer com que Getlio Vargas concedesse o indulto que o libertaria, reduzindo a pena de seis para trs meses na priso. Apesar disso, Lobato continuou sendo perseguido e o governo fazia de tudo para abafar suas ideias. Foi ento que passou a denunciar as torturas e maus tratos praticados pela polcia do Estado Novo. Ver artigo principal: Companhia Petrleos do Brasil

Curiosamente o petrleo no Brasil seria encontrado, por uma ironia da histria, em um local chamado Lobato (Salvador), em 1939, e, justamente pelo ento ministro da agricultura Dr. Fernando de Souza Costa, que fora justamente o secretrio da agricultura do Dr. Jlio Prestes, que, na dcada de 1920, procurara petrleo em So Paulo.

O fimMesmo em liberdade, Monteiro Lobato no teve mais tranquilidade, e seu filho mais velho, Edgar, morreu em fevereiro de 1942, exatamente trs anos depois do falecimento de Guilherme. Em 1943 foi fundada a Editora Brasiliense por Caio Prado Jnior, que negociou com Lobato a publicao de suas obras completas. Logo em seguida, por ironia do destino, recusou a indicao para a Academia Brasileira de Letras. Entretanto integrou a delegao paulista do I Congresso Brasileiro de Escritores reunidos em So Paulo, que divulgou, no encerramento, uma declarao de princpios exigindo legalidade democrtica como garantia da completa liberdade de expresso do pensamento e redemocratizao plena do pas. Suas companhias foram liquidadas e a censura da ditadura faz com que Lobato se aproximasse dos comunistas, chegando a receber convite do Partido Comunista para integrar a bancada de candidatos. Foi na priso, no Estado Novo, que Lobato fez seus primeiros contatos com os comunistas. Lobato recusou o convite para entrar na vida pblica, mas enviou uma nota de saudao que foi lida por Lus Carlos Prestes num grande comcio realizado em 1945, no estdio do Pacaembu. Meses depois foi publicado Nasino, edio italiana de Narizinho, ilustrada por Vincenzo Nicoletti. Em maio A Menina do Narizinho Arrebitado foi transformada em radionovela para crianas pela Rdio Globo no Rio de Janeiro. Tornou-se diretor do Instituto Cultural Brasil-URSS, mas foi obrigado a se afastar do cargo em setembro de 1945, quando foi levado para ser operado s pressas de um cisto no pulmo. A entrevista que concedeu ao Dirio de So Paulo causou grande repercusso e, em 1946, muda-se para Buenos Aires, na Argentina, "atrado pelos belos e gordos bifes, pelo magnfico po branco e fugindo da escassez que assolava o Brasil", conforme declarou imprensa. Antes de partir, tornou-se scio da Editora Brasiliense a convite de Caio Prado Jnior que, na sua editora, preparava as Obras Completas j traduzidas para o espanhol e editadas na Argentina. Em outubro fundou a Editorial Acteon, com Manuel Barreiro, Miguel Pilato e Ramn Prieto. As obras de Lobato caem em domnio pblico em 2018. Voltou em 1947 por no se ambientar ao clima local e, em entrevista aos reprteres que o aguardavam no aeroporto, classificou o governo de Eurico Gaspar Dutra de "Estado Novssimo, no qual a constituio seria pendurada (suspensa) num ganchinho no quarto dos badulaques". Dessa indignao surgiu o seu ltimo livro Z Brasil, publicado pela Editorial Vitria, em que Lobato mais uma vez reelaborava o seu personagem Jeca Tatu, transformando-o em trabalhador sem-terra e esmagado pelo latifndio. Diante da proibio das atividades do Partido Comunista em todo o pas,

determinada pelo ministro da Justia, escreveu A Parbola do Rei Vesgo para um comcio de protesto, lido e aclamado pela multido reunida no Vale do Anhangaba, na noite de 18 de junho. O texto refletia o desencanto de Lobato com a democracia restritiva do general Dutra. Em dezembro foi a Salvador assistir a opereta Narizinho Arrebitado. Lobato escreveria novo libreto para o espetculo, considerado a sua ltima criao infantil. Publicou O Problema Econmico de Cuba, tambm a sua ltima traduo. Em abril de 1948 sofreu um primeiro espasmo vascular que afetou a sua motricidade. Mesmo assim, afiliou-se revista Fundamentos e publicou os folhetos De Quem o Petrleo na Bahia eGeorgismo e Comunismo. Dois dias aps conceder a Murilo Antunes Alves, da Rdio Record, a sua ltima entrevista,[15] na qual defendeu a Campanha de O Petrleo Nosso, Monteiro Lobato sofreu um segundo espasmo cerebral e faleceu s 4 horas da madrugada, no dia 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade. Sob forte comoo nacional, seu corpo foi velado na Biblioteca Municipal de So Paulo e o sepultamento realizado no Cemitrio da Consolao. O Reprter Esso, na voz de Heron Domingues, assim anunciou sua morte, depois de um pequeno silncio:

..E agora uma notcia que entristece a todos: Acaba de falecer o grande escritor patrcio Monteiro Lobato!

Heron Domingues

Sua vida e sua obra ainda hoje servem de inspirao e exemplo para milhares de crianas, jovens e adultos do Brasil.

DisputaEm 1996, os herdeiros de Monteiro Lobato tomaram a iniciativa de sugerir Editora Brasiliense, at ento detentora nica das obras (conforme acordo assinado entre Lobato e Caio Prado Jnior em 1945) a reformulao dos livros e da coleo infantil, a fim de que apresentassem um aspecto moderno com relao a ilustraes coloridas e nova paginao. Essas tentativas continuaram em 1997 e fracassaram, simplesmente porque a editora no efetuou o investimento necessrio, continuando a publicar os livros com ilustraes em branco e preto como fazia h dcadas e continuou a fazer. Com isso, desde 1998, a obra de Monteiro Lobato virou centro de uma polmica entre a Brasiliense e os herdeiros, que a acusam de negligenciar a obra. H o desejo de uma divulgao maior e edies melhores. Entre os editores h o desejo de reciclar o texto dos livros. So vrias as aes movidas pelos herdeiros contra a Brasiliense, como contrato de cesso a terceiros (no caso Editora Saraiva) e a publicao de um livro falsamente atribudo a Monteiro Lobato, que a

editora intitulou Contos Escolhidos, sem autorizao da famlia. Por outro lado, a Brasiliense alega ter um contrato ad infinitum assinado por Monteiro Lobato quando vivo. Em setembro de 2007, por meio de acordo com os herdeiros, o STJ estabeleceu a resciso contratual definitiva e concedeu Editora Globo os direitos exclusivos sobre a obra de Monteiro Lobato, at 2018, ano em que o legado do autor dever entrar em domnio pblico, pois se passaro 70 anos de sua morte.

ObraLivros infantisO livro que lanou Lobato foi "A menina do narizinho arrebitado", em 1920, nunca reeditado, exceto em uma pequena edio fac simile em 1981, e hoje considerada uma obra rara tanto a primeira edio quanto a edio fac simile. A maioria das histrias de seus livros infantis se passavam no Stio do Picapau Amarelo, um stio no interior do Brasil, tendo como uma das personagens a senhora dona da fazenda Dona Benta, seus netos Narizinho e Pedrinho e a empregada Tia Nastcia. Esses personagens foram complementados por entidades criadas ou animadas pela imaginao das crianas na histria: a boneca irreverente Emlia e o aristocrtico boneco de sabugo de milho Visconde de Sabugosa, a vaca Mocha, o burro Conselheiro, o porcoRabic e o rinoceronte Quindim. No entanto, as aventuras na maioria se passam em outros lugares: ou num mundo de fantasia inventados pelas crianas, ou em histrias contadas por Dona Benta no comeo da noite. Esses trs universos so interligados para a histrias e lendas contadas pela av naturalmente se tornarem cenrio para o faz-de-conta, incrementado pelo dia-a-dia dos acontecimentos no stio. Frases de Monteiro Lobato - "De escrever para marmanjos j estou enjoado. Bichos sem graa. Mas para crianas um livro todo um mundo." - " errado pensar que a cincia que mata uma religio. S pode com ela outra religio." - "O livro uma mercadoria como qualquer outra; no h diferena entre o livro e um artigo de alimentao. (...) Se o livro no vende porque ele no presta". - "Tudo tem origem nos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos." Coleo Stio do Picapau Amarelo

1921 - O Saci 1922 - Fbulas 1927 - As aventuras de Hans Staden 1930 - Peter Pan 1931 - Reinaes de Narizinho 1932 - Viagem ao cu 1933 - Caadas de Pedrinho 1933 - Histria do mundo para as crianas

1934 - Emlia no pas da gramtica 1935 - Aritmtica da Emlia 1935 - Geografia de Dona Benta 1935 - Histria das invenes 1936 - Dom Quixote das crianas 1936 - Memrias da Emlia 1937 - Seres de Dona Benta 1937 - O poo do Visconde 1937 - Histrias de Tia Nastcia 1939 - O Picapau Amarelo 1939 - O minotauro 1941 - A reforma da natureza 1942 - A chave do tamanho 1944 - Os doze trabalhos de Hrcules (dois volumes) 1947 - Histrias diversas

Outros livros infantis Alguns foram includos, posteriormente, nos livros da srie O Stio do Picapau Amarelo. Os primeiros foram compilados no volume Reinaes de Narizinho, de 1931, em catlogo apenas como tal at os dias atuais.

1920 - A menina do narizinho arrebitado 1921 - Fbulas de Narizinho 1921 - Narizinho arrebitado (includo em Reinaes de Narizinho) 1922 - O marqus de Rabic (includo em Reinaes de Narizinho) 1924 - A caada da ona 1924 - Jeca Tatuzinho 1924 - O noivado de Narizinho (includo em Reinaes de Narizinho, com o nome de O casamento de Narizinho)

1928 - Aventuras do prncipe (includo em Reinaes de Narizinho) 1928 - O Gato Flix (includo em Reinaes de Narizinho) 1928 - A cara de coruja (includo em Reinaes de Narizinho) 1929 - O irmo de Pinquio (includo em Reinaes de Narizinho) 1929 - O circo de escavalinho (includo em "Reinaes de Narizinho, com o nome O circo de cavalinhos)

1930 - A pena de papagaio (includo em Reinaes de Narizinho) 1931 - O p de pirlimpimpim (includo em Reinaes de Narizinho)

1933 - Novas reinaes de Narizinho 1938 - O museu da Emlia (pea de teatro, includa no livro Histrias diversas)

Traduo e adaptao de livros infantis; Lobato tambm traduziu e adaptou os livros infantis:

Contos de Grimm, Novos Contos de Grimm, Contos de Anderson, Novos Contos de Anderson, Alice no Pas das Maravilhas, Alice no Pas dos Espelhos, Robinson Crusoe, Contos de Fadas e Robin Hood.

Livros para adultos O Saci Perer: resultado de um inqurito (1918) Urups (1918) Problema vital (1918) Cidades mortas (1919) Ideias de Jeca Tatu (1919) Negrinha (1920) A onda verde (1921) O macaco que se fez homem (1923) Mundo da lua (1923) Contos escolhidos (1923) O garimpeiro do Rio das Garas (1924) O Presidente Negro/O choque (1926) Mr. Slang e o Brasil (1927) Ferro (1931) Amrica (1932) Na antevspera (1933) Contos leves (1935) O escndalo do petrleo (1936) Contos pesados (1940) O espanto das gentes (1941) Urups, outros contos e coisas (1943)

A barca de Gleyre (1944) Z Brasil (1947) Prefcios e entrevistas (1947) Literatura do minarete (1948) Conferncias, artigos e crnicas (1948) Cartas escolhidas (1948) Crticas e outras notas (1948) Cartas de amor (1948)

Influncias

O Gato Flix, clssico da animao, teve um ssia impostor nas histrias do Stio,Popeye apareceu nos livros de Lobato como um mau sujeito, porque em 1930 o personagem era um marinheiro encrenqueiro e mal-humorado, e s na metade dadcada de 1930 que ele mudou de personalidade.

Lobato ostensivamente revelava, em seus livros, as influncias que recebeu diretamente dos autores de obras infantis, desde os fabulistas clssicos, como Esopo e La Fontaine, aos personagens dos desenhos animados que ento surgiam nas telas do cinema, como Popeye e sua trupe, o Gato Flix e outros. As crianas do Stio visitavam e eram visitados por todas personagens do imaginrio literrio, e Peter Pan convivia ao lado de figuras folclricas, como o Saci, tudo isto permeado pela forte presena de uma caracterstica ento comum no meio rural: a tradio oral de "contar histrias" - e quase sempre assim que Tia Nastcia e Dona Benta introduzem aos leitores, os novos assuntos que do mote aos livros do autor.

Dentre os clssico explicitamente citados por Lobato, encontram-se Lewis Carroll, Carlo Collodi (criador do Pinquio) eJ. M. Barrie, alm de outros que, presume-se, tenham-no influenciado diretamente, dadas as semelhanas, como L. Frank Baum (de O Mgico de Oz) e Wilhelm Busch.

O Stio na televisoOs livros infantis de Monteiro Lobato foram transformados em cinco sries de televiso de bastante sucesso. A primeira delas, na TV Tupi de So Paulo, foi exibida de 3 de junho de 1952 a 1962, ao vivo, pois no havia ainda o videotape. Foi adaptada pela escritora Tatiana Belinky, sendo a mais fiel ao original de todas as adaptaes para a televiso. Nada restando desse programa, exceto algumas fotos, pois seus episdios no eram gravados. Em 1957, a TV Tupi do Rio de Janeiro tambm transmitiu um Programa Stio do Pica-Pau Amarelo, diferente do programa paulista, pois no havia, na poca, transmisso em rede nacional, nem transmisso de imagens via tronco de micro-ondas da Embratel. Participaram do Stio no Rio de Janeiro: Cludio Cavalcanti eDaniel Filho. A segunda srie foi ao ar pela TV Cultura de So Paulo, em 1964. A terceira, pela Rede Bandeirantes, em 12 de dezembro de 1967. A quarta srie, exibida na Rede Globo, de 7 de maro de1977 a 31 de janeiro de 1986, considerada como a de maior repercusso e sucesso. Tambm na Rede Globo, foi ao ar de 12 de outubro de 2001 at 2 de Dezembro de 2007, a quinta srie chamada Stio do Picapau Amarelo. Ambas as sries da Globo misturam histrias originais de Monteiro Lobato com textos inspirados em temas atuais.

Referncias1. Segundo a obra Monteiro Lobato/ por Paulo Martinez - So Paulo: cone, 2000 - (Srie pensamento americano/ coordenador da srie Wanderley Loconte) e Monteiro Lobato/ por Marcia Kupstas - So Paulo editora tica, 1988, a data correta seria o dia 5 de julho de 1948, uma diferena de poucas horas entre a noite do dia 4 e a madrugada do dia 5 faz as fontes divergirem 2. MONTEIRO LOBATO, Jos Bento de, Obras Completas, volume 1, Urups, pginas 277 a 292, Editora Brasiliense, So Paulo, 1959 3. HAYASHI, Camila, MULLER, Karina, ALVES, Nomia, Nas Mrgens do Paraba, Vida, histrias e crenas dos habitantes da beira do rio Paraba do Sul, JAC Grafica e editora, So Jos dos Campos, 2002, 4. 5. Obras Completas de Rui Barbosa, Volume XLVI, MEC, 1956 Biblioteca Digital da UNICAMP - Eis o mundo encantado que Monteiro Lobato criou : raa, eugenia e nao. Pgina visitada em 24 de Junho de 2011. 6. Revista Bravo! Bravonline (link) - Monteiro Lobato e o Racismo. Pgina visitada em 24 de Junho de 2011.

7.

IntellectusUERJ - Quem bom, j nasce feito? Uma Leitura do Eugenismo de Renato Kehl (1917-37). Pgina visitada em 24 de Junho de 2011.

8. 9.

Histria Viva - Eugenia, a biologia como farsa. Pgina visitada em 24 de Junho de 2011. Revista Histria Viva n49, Novembro de 2007.

10. [1] 11. Nosso Lobato. Jornal da Unicamp 12. MONTEIRO LOBATO, Jos Bento Renato. O escndalo do petrleo. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 1 EDIO, 1936. 13. MONTEIRO LOBATO, Jos Bento Renato. Carta ao Presidente Getlio Vargas. So Paulo: So Paulo, 20 de janeiro de 1935 14. SACCHETA, Vladimir. Petrleo ainda que tarde. 15. A ltima entrevista de Monteiro Lobato. Pgina visitada em 7 de novembro de 2010.

BibliografiaAZEVEDO, C. L. de, CAMARGOS, M., SACCHETTA, V. Monteiro Lobato furaco na Botocndia.So Paulo: Editora Senac, 1997.

BRASIL, Padre Sales. A literatura infantil de Monteiro Lobato ou comunismo para crianas. So Paulo: Editora Livraria Progresso, 1957.

CAVALHEIRO, Edgar. Monteiro Lobato - Vida e obra. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955, 2 vols.

LAJOLO, Marisa; CECCANTINI, Joo Lus. Monteiro Lobato livro a livro. So Paulo: Edunesp, 2009.

BRANCO, Carlos Heitor Castelo. Monteiro Lobato e a parapsicologia. So Paulo: Quatro Artes Editora, 1972.

Pesquisa

Monteiro Lobato.

Aluno:Raphael Biagio Figueiredo Ramos 5 ano A

"Sonhar mais um sonho impossvel... Lutar quando fcil ceder... Vencer o inimigo invencvel... ... Voar no limite improvvel, Tocar o inacessvel cho. minha lei, minha questo Virar esse mundo, cravar esse cho ... E o mundo vai ver uma flor Brotar do impossvel cho".

E voc, conserva sua capacidade de sonhar "sonhos impossveis"? "sua lei" "virar esse m incansavelmente, para realizar esses sonhos? Pense nisso.