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O ALUNO SURDO E O ENSINO NUMA PERPECTIVA INCLUSIVA Elisângela Silva de Souza 1 RESUMO Este artigo pretende identificar como estar sendo ministrado o ensino para as pessoas com deficiência auditiva na Escola Estadual Professor Severino Gonçalo Gomes Cavalcante, em Boa Vista, RR. Para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa bibliográfica procurando detectar como se dar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos surdos na escola. Ao tratarmos desse tema percebe-se como é fundamental que as escolas promovam o direito á igualdade, pois desempenha importante papel nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança. A relação entre a criança surda e a aprendizagem possui atenção de vários autores e constitui-se numa abordagem significativa, principalmente no ensino fundamental, pois é nesses anos que as crianças devem ser estimuladas para desenvolver suas potencialidades e se tornar um adulto pleno. Para isso a utilização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como recurso pedagógico é a base para a inclusão desses alunos, foi realizado um estudo bibliográfico, com abordagem dos principais teóricos que tratam da inclusão da criança com deficiência, e sua relevância para a formação de cidadãos críticos e participativos e integrados na sociedade. Verificou-se que para a inclusão da população surda, é necessário que além do professor ter conhecimento teórico sobre o assunto é preciso que toda a escola abrace a causa, buscando desenvolver uma prática pedagógica de qualidade atendendo assim os objetivos de uma educação de qualidade facilitando a essas pessoa o acesso aos direitos de todo cidadão. THE DEAF STUDENT TEACHING AND INCLUSIVE IN PERSPECTIVE ABSTRACT This article aims to identify as being taught education for people with hearing disabilities in the State School Teacher Severino Gonçalo Gomes Cavalcante in Boa Vista, RR. For this, a bibliographic searching detect qualitative research as to the teaching and learning of deaf students in the school was held. In addressing this issue is perceived as it is essential that schools promote the right to equality, because it plays an important role in cognitive, affective and social aspects of the child. The relationship between the deaf child and learning has the attention of several authors and constitutes a significant PALAVRAS-CHAVE:, Surdez, Inclusão, Ensino, Aprendizagem.

o Aluno Surdo e o Ensino Numa Perpectiva Inclusiva

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O ALUNO SURDO E O ENSINO NUMA PERPECTIVA INCLUSIVA

Elisângela Silva de Souza1

RESUMO

Este artigo pretende identificar como estar sendo ministrado o ensino para as pessoas com deficiência auditiva na Escola Estadual Professor Severino Gonçalo Gomes Cavalcante, em Boa Vista, RR. Para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa bibliográfica procurando detectar como se dar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos surdos na escola. Ao tratarmos desse tema percebe-se como é fundamental que as escolas promovam o direito á igualdade, pois desempenha importante papel nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança. A relação entre a criança surda e a aprendizagem possui atenção de vários autores e constitui-se numa abordagem significativa, principalmente no ensino fundamental, pois é nesses anos que as crianças devem ser estimuladas para desenvolver suas potencialidades e se tornar um adulto pleno. Para isso a utilização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como recurso pedagógico é a base para a inclusão desses alunos, foi realizado um estudo bibliográfico, com abordagem dos principais teóricos que tratam da inclusão da criança com deficiência, e sua relevância para a formação de cidadãos críticos e participativos e integrados na sociedade. Verificou-se que para a inclusão da população surda, é necessário que além do professor ter conhecimento teórico sobre o assunto é preciso que toda a escola abrace a causa, buscando desenvolver uma prática pedagógica de qualidade atendendo assim os objetivos de uma educação de qualidade facilitando a essas pessoa o acesso aos direitos de todo cidadão.

THE DEAF STUDENT TEACHING AND INCLUSIVE IN PERSPECTIVE

ABSTRACT

This article aims to identify as being taught education for people with hearing disabilities in the State School Teacher Severino Gonçalo Gomes Cavalcante in Boa Vista, RR. For this, a bibliographic searching detect qualitative research as to the teaching and learning of deaf students in the school was held. In addressing this issue is perceived as it is essential that schools promote the right to equality, because it plays an important role in cognitive, affective and social aspects of the child. The relationship between the deaf child and learning has the attention of several authors and constitutes a significant approach, especially in elementary school, it is in these years that children should be encouraged to develop their potential and become a full adult. For this use of the Brazilian Sign Language ( Libras ) as a teaching resource is the basis for the inclusion of these students , a bibliographic study of the major theoretical approach to dealing with the inclusion of children with disabilities , and their relevance to the training was conducted critical and participatory and integrated citizens in society . It was found that for the inclusion of the deaf population, it is necessary that besides the teacher has theoretical knowledge about the subject we need to embrace the whole school involved, seeking to develop a pedagogical practice quality thus meeting the goals of quality education by facilitating to such person access to the rights of every citizen.

PALAVRAS-CHAVE:, Surdez, Inclusão, Ensino, Aprendizagem.

KEYWORDS:, Deafness, Inclusion, Teaching, Learning.

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INTRODUÇÃO

As pessoas com deficiência têm um processo histórico marcado pelo desrespeito e exclusão, quando, no passado, foi tratada como incapazes e dignas de piedade, pois não possuíam capacidade de aprendizagem, realização de tarefas e, por conseguinte, contribuição na sociedade.Esta exclusão social pode ser verificada até mesmo no histórico da designação utilizada para referir-se a essas pessoas, quando, durante séculos, foram tratadas como ‘os inválidos’ (SASSAKI, 2005). Somente a partir da década de 1980, como decorrência do movimento de organizações de pessoas com deficiência, promulgação, pela Organização das Nações Unidas – ONU do “Ano Internacional das Pessoas Deficientes”, e do lançamento pela Organização Mundial da Saúde – OMS da Classificação Internacional de Impedimentos, Deficiências e Incapacidades, passou-se a designá-las como ‘pessoas’ (SASSAKI, 2005).Conforme Sassaki (2005, p. 5) a partir da década de 1990, a expressão “pessoa com deficiência passa a ser o termo preferido por um número cada vez maior de adeptos”. Em 2006, com a promulgação da Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e da Dignidade das Pessoas com Deficiência pela ONU, o termo ganha caráter legal.No Brasil, a Portaria que atualiza a nomenclatura sobre o assunto foi promulgada em 2010 (Portaria SEDH Nº 2.344, de3denovembro de 2010), a partir de quando fica convencionado o uso do termo ‘pessoa com deficiência’. Portanto, as expressões: pessoas excepcionais, especiais, portadores de deficiência ou de necessidades especiais não deverão ser mais usadas.Na Educação, a situação de discriminação foi reproduzida por muitos anos, até que esses pré-conceitos foram mudando e dando lugar a novas maneiras de enxergar o potencial de uma pessoa com deficiência. Foi quando o poder público elaborou legislação específica que contemplasse a denominada ‘inclusão escolar’, entendendo que as crianças com deficiência deveriam ter a mesma oportunidade e direito de aprender e de exercer sua participação cidadã, garantindo a matrícula desses alunos na rede regular de ensino.O presente artigo pretende identificar como está sendo ministrado o ensino para alunos com deficiência auditiva, bem como a eficácia da metodologia utilizada na escola Estadual Professor Severino Gonçalo Gomes Cavalcante, e a capacitação específica dos profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

1 O PROCESSO DE INCLUSÃO NO BRASIL: CONTEXTO HISTÓRICO E RECURSOS DE ACESSIBILIDADE

A Constituição Federal (1988), em seus artigos 205 e 206, não só assegura o direito de todos à educação como também o acesso e permanência nos estabelecimentos de ensinos, independente de suas condições psíquicas, físicas ou emocionais. É pelas diferenças entre as pessoas que se objetiva uma educação pautada na aceitação e aproveitamento das diferenças que consequentemente culminará na valorização do indivíduo e também no enriquecimento cultural e acumulo de novos conhecimentos. É pela valorização das diferenças que acontece a inclusão, isto é, valorizando os potenciais de todos surgirá um pluralismo de ideias e conhecimentos.Para entender o processo histórico até chegar a esse direito reconhecido é necessário revisar um pouco da história da educação, pois, conforme afirma Batista (2006) no período que antecedeu o Século XX, os deficientes ficavam isolados.

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A trajetória da escola inclusiva somente se dá a partir do conhecimento de suas fases. Retomando a história da educação no que se refere às pessoas com surdez, posso observar que a inclusão passou por fases como: a fase da exclusão; fase da segregação; fase da integração; fase da Inclusão. Os estudos evidenciam cada uma dessas fases: A que corresponde ao período da Antiguidade até o início da Idade Contemporânea, pode ser chamada de fase da exclusão, na qual a maioria das pessoas com deficiência e outras condições era tida como indigna de educação escolar (BATISTA, 2006, p.67).

Na Idade Média tem início da chamada fase de segregação com o isolamento dos surdos em instituições, principalmente religiosas, que realizavam um trabalho de cunho assistencialista. Para Mazzotta (2005) por um longo período os deficientes foram vistos com temor e, isso se dava em virtude da falta de conhecimento da sociedade em relação a essas pessoas. Essa se configura como sendo a fase da exclusão, pois, acreditava-se que elas fossem imperfeitas, já que a perfeição era a imagem e semelhança de Deus.

A própria religião, com toda a sua força cultural, ao colocar o homem como “imagem e semelhança de Deus”, ser perfeito, inculcava a ideia (sic) da condição humana como incluindo perfeição física e mental. E não sendo “parecidos com Deus”, os portadores de deficiências (ou imperfeições) eram postos à margem da condição humana (MAZZOTTA, 2005, p. 16).

Portanto, essas pessoas eram inferiorizadas, ignoradas, marginalizadas, pela sua condição humana. Muitas pessoas eram privadas do convívio familiar e social, e isso contribuiu para que a sociedade deixasse de oferecer serviços especializados às necessidades individuais específicas para essa população. Após longos anos de segregação de deficientes, sob os diversos aspectos que explicaram o extermínio, a vergonha e o abandono, inicia-se a fase da integração, que antecedeu a da Inclusão Escolar.

Consagrando a fase da integração, logo no inicio dos anos 80, surge a ideia de inclusão, quando conceitua a inclusão social como o processo pelo qual a sociedade “se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se prepararem para assumir seus papéis na sociedade” (SASSAKI, 2006, p. 3).

Já a Inclusão Escolar é um processo que vem sendo muito discutido e destacado em todos os segmentos socioculturais de forma internacional. Um grande exemplo da relevância da inclusão é a Declaração de Salamanca. Assim, pode-se entender que esse documento que surgiu de uma análise internacional sobre o tema, trazendo a busca pela concretização de elementos fundamentais que constam na Declaração Universal dos Direitos Humanos, por meio de políticas públicas para a Educação que tenham por meta destacar a urgência em se desenvolver habilidades e competências profissionais necessárias para a efetivação da inclusão escolar.Integração e inclusão são termos que aparentam ter o mesmo significado, no entanto, a terminologia de ambas as palavras, ajuda a entender como se deu o processo histórico passando de integração até chegar à inclusão. Para Mantoan (1993. p. 03), as palavras integração e inclusão são “empregadas para expressar situações de inserção diferentes”. A Integração Escolar, com o objetivo de trazer os alunos “especiais” para as salas dos ditos “normais”. Mas, essas ações vinham impregnadas por valores que refletiam a visão de que os especiais eram “os coitadinhos” e deveriam ficar no seu “cantinho” para serem normalizados, pois o pensamento era de que havia:Integrar significa, portanto, estabelecer formas comuns de existência, de ensino e trabalho entre deficientes e não deficientes; ser participante, fazer parte de algo maior, ser levado a

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sério e ser motivado. Mantoan (1993, p. 3-4) define a integração como “o princípio de normalização, que não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestações e atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas”, independente do tipo de sua deficiência. Assim, percebe-se que a Integração requer a promoção das qualidades próprias do indivíduo, sem estigmatização e sem segregação. Já a inclusão consiste, antes de tudo, em respeitar a plural diversidade das pessoas, e, sobretudo, os diferentes saberes dos diferentes sujeitos que convivem num mesmo espaço. De acordo com Sassaki (2006, p. 41) a inclusão social é conceituada como:

[...] o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.

Assim, em vez da pessoa com deficiência se ajustar aos padrões de “normalidade” impostos para se inserir nos contextos sociais, é a sociedade que deve se adaptar para acolher a todos, sem exceção, por isso a inclusão não é constituída de um conjunto de conceitos ou normas a serem seguidas, mas sim uma maneira de valorizar a diversidade quando se considera está desejável, então é só aceitar o desafio e buscar modos que possam viabilizar o processo educacional a fim de que a inclusão realmente ocorra.

1.1 Aspectos legais da Inclusão

A educação inclusiva parte do principio de que todos devem aprender juntos, levando em consideração suas dificuldades e diferenças.

[...] o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas, e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos. (SASSAKI, 2006, p. 41).

A criação desse conceito de educação inclusiva é fundamental para acabar com a discriminação, e motivar as comunidades escolares a acolher todos, despertando o respeito e a consciência na sociedade. Assegurar os direitos sociais da pessoa com deficiência, promover sua autonomia, participação efetiva na sociedade e a inclusão social precisa ser uma luta de todo o povo. A escola é uma importante aliada para a inclusão e autonomia desse processo de inclusão social. É nela, o espaço no qual o se identificam e corrigem as deficiências da situação educacional brasileira, eliminando as desigualdades e fazendo acontecer á integração da pessoa com deficiência.

A aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96, Art. 58 que estabeleceu, entre outros princípios, o de “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” e adotou uma nova educação para “educandos com necessidades especiais”. Com a Lei 9394/96 fica estabelecida entre outros princípios uma grandeza de informações do processo de inclusão. Define a Educação Especial como: “a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” (BRASIL, 1996, p.1).

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Foram necessários muitos anos para que a Educação Especial se tornasse alvo da preocupação para educadores, psicólogos, sociólogos, assistentes sociais e outros segmentos da sociedade. Uma atenção maior se volta para essa parcela da população que de alguma forma era afastada do convívio social. A história da Educação Especial começa a ter novos rumos na medida em que nascem os movimentos de defesa por direitos do homem à igualdade e à cidadania, despertando um olhar crítico por essa parte da sociedade, que estava excluída de exercer seu papel como cidadão. Um dos primeiros documentos produzidos que consideram a educação inclusiva foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Esse documento reconhece que todos os seres humanos nascem livres e iguais, em dignidade e direitos e essa é uma condição básica que lhes garante o direito a participar ativamente do ensino sistematizado independente de sua condição física, social ou psíquica. Em termos gerais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), assegura a todos, sem distinção, os direitos fundamentais de liberdade, dignidade, educação e ao desenvolvimento como pessoa que interage e participa da vida de uma comunidade.A Declaração de Jomtien constituída em março de 1990 na Conferência Mundial sobre Educação para Todos institui que “a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro.” Essa Conferência foi considerada um marco onde a educação assumiu um novo papel e, por meio dela, “passou a desempenhar no âmbito mundial, a suposta sustentabilidade dos países envolvidos na agenda neoliberal”. Nesta Conferência, o Brasil assumiu, para a comunidade internacional, o compromisso de acabar com o analfabetismo e acessibilizar o ensino fundamental no país. Para cumprir tal compromisso, desenvolveu instrumentos norteadores para a ação educacional, além de documentos legais que apoiem a construção de sistemas educacionais inclusivos, em todas as esferas públicas: municipal, estadual e federal .A Declaração de Salamanca significou muito para a integração posteriormente reconhecida como Educação Inclusiva. Percebe-se então que a Declaração de Salamanca possui “princípios e diretrizes de ação” que chamam a atenção à comunidade mundial pelo empenho em favor da Educação. Refere-se, portanto, a um documento elaborado na Conferência Mundial sobre a Educação Especial, em Salamanca na Espanha, em 1994, e trata dos princípios, política e prática em Educação Especial. Trata-se de uma resolução das Nações Unidas adotada, a qual apresenta oportunidades para os surdos. Segundo o Senado Federal (BRASIL, 2004) a Constituição Federal (CF) de 1988, tornou-se favorável aos princípios instituídos na Declaração universal dos Direitos Humanos, implantando uma inovadora prática administrativa descentralizadora no País. Com a CF, aos municípios concederam-se poderes para garantir a qualidade de vida da população, planejando e programando recursos e serviços essenciais à gestão pública sob todos os aspectos. Sob a mesma temática, criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90, que em seu artigo 3, estabelece:

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes por lei, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (ECA, 1990, Art.3).

Este documento também afirma as obrigações da família, da comunidade e da sociedade em geral, bem como dos poderes instituídos sobre a necessidade de assegurar a criança e ao

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adolescente todos os direitos básicos da pessoa, bem como traz destaques sobre a educação de um modo geral.A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 é um importante instrumento na redefinição da educação no Brasil. Ela destaca a responsabilidade do ensino para os cidadãos de 0 a 14 anos de idade por parte do município, ou seja, da oferta da Educação Infantil e Fundamental para todas as crianças e jovens que neles residem.Cada época histórica deu ao surdo um tratamento diferente, conforme o entendimento que se tinha, entretanto, o período que marcou a implantação do bilinguismo se desenvolveu sob dois passos: o primeiro realizado sob o objetivo de lançar os alunos através da língua dominante; e o segundo passo, valoriza os conhecimentos da língua minoritária, desenvolvendo a identidade cultural dos alunos e ajudando a reafirmar seus valores culturais, através do uso da língua maioritária, quando da valorização de uma em detrimento da outra. Uma das mais importantes conquistas dos surdos é o direito de utilizar sua língua no ensino aos surdos. Outra conquista foi o reconhecimento dos surdos como não deficientes, e sim, como diferentes e possuidores de uma cultura que merecia respeito. Chama-se de proficiente o indivíduo que desenvolve o domínio nativo das duas línguas, então, nesse caso, muitos não fariam parte desse grupo, pois segundo, vário estudioso do assunto é justamente a falta do ouvir que dificulta o domínio nativo da língua áudio verbal, assim sendo o nível de proficiência não deve se comparar ao dos ouvintes e por consequência, os ensinamentos sobre o que realmente caracteriza o sujeito bilíngue. Sendo assim a escola deve tomar essa tarefa com mais responsabilidade e qualidade para que a inclusão não fique só no papel, mais na prática cotidiana de toda escola.

LOCALIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no Brasil, estado de Roraima, cidade de Boa Vista, na Escola Estadual Professor Severino Gonçalo Gomes Cavalcante.

AMOSTRAGEM

Pesquisa realizada com a observação dos alunos inseridos nas salas de aula do ensino regular. Sendo seis alunos do ensino fundamental.

METODOLOGIA

Foi realizada por meio de uma pesquisa qualitativa e bibliográfica. A pesquisa foi realizada no contexto de uma escola da rede pública em sala de aula através da observação para identificar como o ensino dos alunos surdos na escola e qual o direcionamento e também se dar a interação entre professor e alunos surdos, junto aos demais alunos. Buscou-se fazer um estudo aprofundado sobre o assunto, utilizando como estratégias levantamento bibliográfico, que ocorreu por meio de estudos e análises comparadas em referências obtidas através de leituras. De acordo com Marconi e Lakatos (2001, p. 66) "qualquer pesquisa requer um levantamento de dados de fontes diversas e que todos devem possuir uma pesquisa bibliográfica". A partir dessa técnica, foram observados os professores em suas praticas pedagógicas, para assim adquirir as informações necessárias que informasse como se dava a relação ensino e aprendizagem entre os alunos surdos.

CARACTERÍSTICAS DA ESCOLA

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A escola Estadual Severino Gonçalo Gomes Cavalcante tem como entidade mantenedora a Secretaria de Educação do Estado, é um estabelecimento público, a escola fica situada a Avenida Nazaré Filgueira, nº 2054, Bairro Dr. Silvio Botelho, a escola foi criada no dia 19.06.2000 pelo decreto de nº 4049-8, tem sua inscrição no CNPJ: 05.151.903\0001-87. Este estabelecimento de ensino atende a uma clientela diversificado dos bairros adjacentes e do próprio bairro Drº Sílvio Botelho. O bairro a qual esta inserida é um bairro tipicamente comercial. A escola Severino Cavalcante apresenta as seguintes modalidades de ensino: Ensino Fundamental de nove anos e Ensino Médio funcionando nos turnos matutino e vespertino.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações aqui apresentadas não são verdades absolutas, mas apenas os resultados encontrados ao longo do estudo, buscando evidenciar as questões que interagem com o tema. E, assim, conclui-se que os alunos surdos necessitam ser incluído de verdade no processo de ensino e aprendizagem, o sucesso do trabalho desenvolvido pela escola não é de qualidades para com esses alunos. Não há profissionais qualificados o suficiente para atender a demanda. E de fundamental importância, criar ações com a função de valorizar, incentivar, analisar, motivar, orientar, e sensibilizar toda a comunidade escolar e local para que tenham um novo olhar para os alunos surdos. Tudo isso tendo em vista o desenvolvimento de um ensino e aprendizagem significativo que forme pessoas preparadas para a vida não importando qual seja suas limitações. Considera-se que somente quando a escola tomar para si a tarefa de inclusão educacional, ajudando a fortalecer a equipe pedagógica, criando um ambiente de diálogo valorizando sempre o conhecimento e a realização pessoal e coletiva de todos e que realmente vamos falar em uma escola inclusiva de fato. Essas considerações são necessárias para que a escola não seja entendida, especialmente quando se trata de educação dos alunos surdos como algo descomprometido com a formação do aluno, pois para cumprir seu papel social ela deve ser um espaço de todos.

REFERÊNCIAS

1. BATISTA, Cristina Arranches Mota. Educação Inclusiva: atendimento educacional especializado para a deficiência mental. 2.ed. Brasília: MEC/SEESP, 2006.

2. BRASIL. CF – Constituição Federal, 1988. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2004.

3. ______ Ação de Salamanca e linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1994.

4. ______ LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Editor: Senado Federal. Brasília, 2004.

5. MAZZOTTA, Marcos Jose da Silveira, Educação Especial no Brasil Historia e Política Publica. São Paulo, Cortez, 2005.

6. SASSAKI, Romeu. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997.