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ÍNDICEÍNDICE ......................................................................................................................................... 1 Relatório: Mapeamento dos APLs do ES .................................................................................... 4 1 – APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 4
1.1 – Os novos valores .............................................................................................................. 6 1.2 – Objetivos .......................................................................................................................... 8
Objetivo Geral .................................................................................................................. 8 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 8
1.3 – Etapas do trabalho .................................................................................................................................................. 9
Figura 1: Etapas do Projeto .................................................................................................. 9 ETAPA I – Definição de critérios para identificação e mapeamento dos APLs .......... 9
ETAPA II – Avaliação da capacidade competitiva .......................................................... 9 ETAPA III – Propostas de intervenção .......................................................................... 10
1.4 - O espírito deste projeto: a formação de uma verdadeira “rede de cooperação” ............. 10 DEFINIÇÕES ................................................................................................................. 11 O ACIONAMENTO DA REDE .................................................................................... 12 COMUNICAÇÃO .......................................................................................................... 12 ESPAÇOS DE CONVERSAÇÃO ................................................................................. 12 Figura 2: agentes antes e depois da formação da rede .................................................... 13
2 – METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DOS APL’S DO ESPÍRITO SANTO .................................................................................................................... 14
2.1 - O que é um Arranjo Produtivo Local (APL) .................................................................. 14 2.2 – Tipologia de APL’s ....................................................................................................... 17
Identificação quanto ao nível de consolidação do arranjo .............................................. 17 Arranjo Elementar ou Básico; Arranjo em Estágio Embrionário ................................... 17 Arranjo em Fase de Consolidação .................................................................................. 17 Arranjo Consolidado ou Maduro .................................................................................... 18
2.3 - Referencial Metodológico da Etapa 1 ................................................................................................................................................ 21
Análise de dados quantitativos: ...................................................................................... 22 Análise de dados qualitativos: ........................................................................................ 23 Aplicação da tipologia: ................................................................................................... 24
2.4 – Aplicação ao caso do Espírito Santo: Identificação e mapeamento dos APLs .............. 26 Detalhamento da tipologia: ............................................................................................. 27 Aplicação da tipologia: ................................................................................................... 29 1 – Alimentos e massas .................................................................................................. 30 2 – Aqüicultura e pesca .................................................................................................. 32 3 – Cacau e derivados ..................................................................................................... 34 4 – Cafeicultura .............................................................................................................. 36 5 – Confecções ................................................................................................................ 39 6 – Construção civil ........................................................................................................ 41 7 – Florestal-moveleiro ................................................................................................... 43
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8 – Fruticultura .............................................................................................................. 46 9 – Logística .................................................................................................................. 48 10 – Mármore e granito .................................................................................................. 50 11 – Metalmecânico ........................................................................................................ 52 12 – Pecuária de corte ..................................................................................................... 54 13 – Pecuária de leite ...................................................................................................... 57 14 – Petróleo e gás .......................................................................................................... 60 15 – Sucro-alcooleiro ...................................................................................................... 62 16 – Turismo ................................................................................................................... 64 Resumo da análise: ......................................................................................................... 66
3 – AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE COMPETITIVA ......................................................... 68 3.1 – Metodologia da II etapa ................................................................................................. 68 3.2 – Avaliação da capacidade competitiva ............................................................................ 70 3.2.1 – ARRANJO DO MÁRMORE E GRANITO ............................................................... 70
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS .................................................................................. 70 MERCADOS .................................................................................................................. 72 GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO ............................................................................. 73 CARÊNCIAS E GARGALOS ....................................................................................... 75 OPORTUNIDADES ....................................................................................................... 78 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 79
3.2.2 – ARRANJO METALMECÂNICO .............................................................................. 80 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS .................................................................................. 80 MERCADOS .................................................................................................................. 83 GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO ............................................................................. 84 CARÊNCIAS E GARGALOS ....................................................................................... 86 OPORTUNIDADES ....................................................................................................... 89 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 90
3.2.3 – ARRANJO DE CONFECÇÕES ................................................................................ 91 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS .................................................................................. 91 MERCADOS .................................................................................................................. 93 GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO ............................................................................. 94 CARÊNCIAS E GARGALOS ....................................................................................... 94 OPORTUNIDADES ....................................................................................................... 96 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 97
3.2.4 – ARRANJO FLORESTAL-MOVELEIRO ................................................................. 98 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS .................................................................................. 98 MERCADOS .................................................................................................................. 98 GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO ........................................................................... 104 CARÊNCIAS E GARGALOS ..................................................................................... 105 OPORTUNIDADES ..................................................................................................... 108 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 109
4 – PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO .................................................................................. 110 5 – CONCLUSÃO .................................................................................................................... 113
Realizadores .......................................................................................................................... 116
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Relatório: Mapeamento dos APLs do ES
1 – APRESENTAÇÃO
A tentativa de explicação para a concentração de determinadas atividades em espaços específicos não é
recente, como também não se restringe apenas a especialistas de um único ramo de conhecimento. A
geografia econômica foi a primeira área de conhecimento a tentar explicar esse fenômeno, a partir da
teoria da localização. A tese defendida era que certas atividades tendem a se localizar próximo das fontes
de recursos naturais – matéria-prima – por razões de ordem econômica ligadas essencialmente ao custo
de transporte e geração de externalidades econômicas – ganhos pela verticalização das atividades
dispostas em cadeia. Por outro lado, haveria também aquelas atividades que normalmente tendem a se
localizar próximas ao mercado, também chamadas “footloose”. Há aquelas que se estruturam a partir de
“nós” de relações, e que normalmente dependem da disponibilidade de mão-de-obra relativamente
qualificada, como é o caso da indústria de confecções e de calçados, que ganham competitividade de
escala pelo conjunto.
Albert Rischman (1977) intentou explicar essa tendência de concentração a partir dos chamados
encadeamentos para trás e para frente, ou seja, ao crescer, determinado setor ganha escala, atraindo ao
seu redor atividades fornecedoras de produtos e serviços, como também outras empresas que se
integram pelo lado da demanda (integração para frente). Nesse caso, segundo Rischman, tanto as
conexões para trás quanto para frente dependem de fatores tecnológicos e produtivos.
Um avanço maior na explicação tem sido possível a partir da teoria da informação. Na verdade, a teoria
da informação explica as condições mais propícias para que haja uma aprendizagem tendo por base a
interação. Essa aprendizagem a partir de um processo interativo justificaria a existência, diga-se de
passagem, exitosa, dos chamados distritos industriais, comuns na Itália (norte), Alemanha, ou mesmo no
Brasil (indústria moveleira no Rio Grande do Sul). A interação funciona como veículo de difusão do
conhecimento e da inovação, além de produzir economias externas e de escala, normalmente impossíveis
de acontecer em situações em que as unidades econômicas se encontram longe uma das outras.
Já Porter trabalha os aspectos de diversidade e intensidade das relações funcionais entre as empresas,
justificando a formação dos clusters. Ele parte do princípio de que a competitividade de uma unidade
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(empresa) depende de suas relações com fornecedores, com atividades de apoio, com produtores de
insumos complementares e fatores especializados (serviços técnicos, consultorias, etc.). Nesse aspecto,
os clusters podem se formar tanto próximos a fatores naturais, quanto aleatoriamente, por fatores de
aglomeração (necessidades de conectividades).
Na verdade Porter desenvolveu o seu trabalho tendo como referência a indústria, além de realçar a
rivalidade entre concorrentes dentro da mesma indústria como fator de competitividade. Esses dois
aspectos podem ser considerados como limitativos em casos que envolvem o setor serviços, por
exemplo.
O que há de comum nessas teorias é a constatação de que a competitividade de uma empresa é
potencializada pela competitividade do setor, representada pelo conjunto de empresas.
O conceito de APL (Arranjo Produtivo Local), embora incorporando elementos comuns aos demais
conceitos, principalmente aqueles relativos a aglomeração e especialização num determinado espaço,
realça aspectos como cooperação, governança e territorialidade. Além disso, trabalha o conceito de
empreendedor – empresário – na perspectiva de ator também político de articulação e operação em
redes de fluxos de mercadorias e serviços e relacional enquanto formador do capital social do território.
Na verdade, os arranjos produtivos locais são vistos hoje como fonte sustentável de desenvolvimento
local e de países, através deles são desenvolvidas vantagens competitivas de natureza sistêmica, facilitando
assim processos de aprendizado e inovação.
Cresce, portanto, a importância de conhecer e fomentar os arranjos produtivos locais, como forma de
fomento ao desenvolvimento de um país, de um estado e de um município (muitas vezes deprimido
economicamente).
Foi exatamente o reconhecimento da importância de se conhecer os arranjos produtivos locais, que fez
com que a Secretaria de Desenvolvimento e Turismo do Espírito Santo (SEDETUR) desenvolvesse o
trabalho, que culmina com o presente relatório.
Esse relatório, pois, é o resultado de um árduo trabalho de levantamento e análise crítica de informações.
O crédito à equipe realizadora do trabalho encotra-se ao fim do relatório.
5 - 116
1.1 – Os novos valores
Atualmente, a existência de capitais tangíveis, principalmente aqueles representados pela categoria de
capitais logísticos – infra-estrutura de meios de transporte, comunicação, energia e água, etc. –, já não é
considerada condição suficiente para uma determinada região ou Estado competir em vantagem sobre
outras regiões e Estados. Outras formas de capitais – intangíveis – apresentam-se como determinantes da
capacidade competitiva.
Do ponto de vista das empresas, para ganharem competitividade nos seus mercados, é importante que:
• Elas se organizem com inteligência, através principalmente do capital empresarial e organizacional
de que dispõem.
• Sejam flexíveis na produção: capital intelectual orientado para a inovação.
• Sejam eficientes e ágeis na comercialização.
No entanto, para que esses atributos possam ser efetivamente atingidos é necessário que, de forma
sistêmica, um determinado local – região, Estado, município ou cidade – possa suprir as empresas de
outras necessidades consideradas também essenciais. São os atributos sistêmicos que se apresentam sob a
forma de instituições governamentais, privadas e sociais.
Vale dizer que é importante que se disponha de bons governos, boas instituições de ensino e de pesquisa,
organizações privadas, que se apresentam sob a forma de capitais tangíveis e também intangíveis. Fazem
parte desse grupo:
• Capital logístico: infra-estruturas
• Capital institucional: instituições
• Capital governamental: governos
• Capital social: ambiente propício e regras estabelecidas
Como pode ser percebido, cada vez mais, e paradoxalmente, numa economia de mudanças rápidas e
globalizada, a chamada vantagem competitiva está ligada a aspectos concentrados localmente. A
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concentração de empresas numa determinada localidade permite a apropriação de ganhos de
competitividade.
O novo paradigma de desenvolvimento que está em curso fundamenta-se na informação e no
conhecimento, que se caracteriza por mudanças tecnológicas rápidas, sofisticação da demanda,
valorização de talentos, maior rivalidade entre empresas e fortalecimento da função de marketing. Do
ponto de vista dos governos são exigidas novas formas de atuar e de gerir as relações com o setor
privado.
Novos fatores passam a integrar a capacidade competitiva das empresas, dentre os quais o tempo de
produção e operação da logística de distribuição, mas, sobretudo, os chamados fatores de caráter
intangível, tais como a capacidade de inovação em processos e produtos e formas de atuação nos
mercados.
Além disso, é importante ressaltar que o novo conceito de competitividade, respaldado em vantagens
competitivas, é mais abrangente que os limites de atuação da empresa, exigindo a formulação de um novo
conceito: o conceito de Arranjo Produtivo Local.
Arranjos Produtivos Locais (APL’s) basicamente são aglomerações de empresas, localizadas em uma
mesma região, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de cooperação e
aprendizagem entre si e com outros atores locais.
Assim, quando se fala em um Arranjo Produtivo Local, deve-se considerar, em primeiro lugar, a existência
de uma aglomeração de um número significativo de empresas que atuam em torno de uma atividade
produtiva principal. Esta especialização produtiva envolve, além da produção de bens e serviços em si, o
conhecimento, tácito ou explícito, que as pessoas e organizações de uma certa região possuem em torno
de uma atividade econômica principal, seja ela no segmento da indústria, do comércio, dos serviços, do
agronegócio ou do turismo.É a partir do conceito de APL que são buscados os objetivos deste trabalho.
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1.2 – Objetivos
Objetivo Geral
De certa forma, a compreensão da dinâmica da economia regional capixaba e o entendimento dos
elementos que definirão o futuro do desenvolvimento do Estado passa pela leitura de como evoluíram e
tendem a evoluir os seus arranjos produtivos.
Do ponto de vista das políticas públicas e principalmente no que se refere à orientação da política de
crédito oficial destinada à atividade produtiva, compreender essa dinâmica torna-se fundamental. É
importante, por exemplo, saber como se desenvolvem no espaço esses arranjos, bem como saber se eles
se apresentam e dão sustentabilidade ao desenvolvimento de territórios específicos.
O objetivo geral do projeto é gerar um conjunto de informações que possibilitem a identificação, o
mapeamento dos principais arranjos produtivos do Espírito Santo e formas de intervenção capazes de
dinamizar os arranjos produtivos identificados no projeto.
Objetivos Específicos
Constituem objetivos específicos do projeto:
•Definir critérios para a identificação, caracterização e mapeamento dos arranjos produtivos do
Espírito Santo;
•Identificar através desses critérios os arranjos;
•Mapear os arranjos produtivos;
•Avaliar os principais APLs no Espírito Santo, notadamente no que se refere a sua capacidade de
competir no mercado nacional e internacional;
•Avaliar a capacidade competitiva dos principais APLs compreendendo: características básicas,
governança, capacidade de inovação, cultura empresarial, carências, gargalos, etc;
•Identificar os mercados principais dos APLs;
•Identificar e propor formas de intervenção junto aos arranjos produtivos.
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1.3 – Etapas do trabalho
Este trabalho é dividido em três etapas, conforme a figura a seguir:
Figura 1: Etapas do Projeto
ETAPA I – Definição de critérios para identificação e mapeamento dos APLs
Nesta etapa o objetivo é definir critérios quantitativos e qualitativos para a identificação, caracterização e
mapeamento dos APLs do Espírito Santo. Além disso, identificar e mapear os arranjos. Para isso, serão
utilizados dados secundários a partir da RAIS e da CNAE. E também trabalhos anteriores ao presente
projeto e que já fizeram algum tipo de análise dos APLs do Estado.
ETAPA II – Avaliação da capacidade competitiva
O objetivo nesta etapa é avaliar os principais APLs do Espírito Santo, notadamente no que se refere a sua
capacidade de competir no mercado nacional e no internacional.
Estas informações serão obtidas em reuniões ou entrevistas em profundidade com lideranças empresari-
ais do setor e com atores institucionais, que contribuem de alguma forma para o desenvolvimento do ar-
ranjo em questão. Também serão obtidas com trabalhos recentes sobre cada arranjo produtivo.
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Projeto APL
Etapa IDef. critérios mapeamento
dos APLs
Etapa IIAvaliação da capacidade competitiva
Etapa IIIPropostas de Intervenção
Tal análise será fundamental para, na próxima etapa, se propor medidas de intervenção em cada APL
estudado.
ETAPA III – Propostas de intervenção
O objetivo desta etapa é identificar e propor formas de intervenção junto aos arranjos produtivos. Vale
ressaltar que intervenção aqui não significa necessariamente a pública, mas também a dos atores dos
próprios arranjos, principalmente suas instâncias de governança.
Para isso, devem ser levantadas informações qualitativas em reuniões ou entrevistas em profundidade
com lideranças empresariais do setor e com atores institucionais, que contribuem de alguma forma para o
desenvolvimento do arranjo em questão.
Mas desde já deve ser ressaltado que as proposições de intervenção deste trabalho sempre serão
pautadas pela cooperação entre todos os agentes integrantes de cada arranjo. Considera-se que a
superação dos desafios competitivos pressupõe a formação de uma verdadeira “rede de cooperação“
entre tais agentes.
1.4 - O espírito deste projeto: a formação de uma verdadeira “rede de
cooperação”
Concluindo a apresentação da abordagem a ser adotada para a análise dos APLs do Espírito Santo, não
custa ressaltar aquele que deve ser o espírito deste projeto: a formação de uma verdadeira “rede de
cooperação” entre todos os atores de cada arranjo, seja ele embrionário ou em consolidação (supõe-se
que o “maduro“ já seja, por definição, uma “rede de cooperação“).
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Deve ficar claro que cooperação e competição, apesar de a princípio parecerem contraditórias, devem
coexistir no interior de um arranjo produtivo de turismo, se este tem claro o seu principal objetivo, que é
sobreviver de forma sustentável no mercado, ou seja, atingir um nível satisfatório de competitividade.
Assim, embora as empresas do arranjo devam continuar competindo entre si - o que é desejável e até
louvável -, parte-se do princípio de que a principal luta competitiva em questão deve ser aquela entre o
arranjo produtivo do qual fazem parte e outros arranjos produtivos, empresas, etc. do mesmo setor
localizados em outras regiões. É esta a competição que conta para a sobrevivência das empresas
integrantes de um arranjo a longo prazo, e para isso, juntar esforços formando uma rede de cooperação é
fundamental para se alcançar tal objetivo.
É com esta idéia de “cooperar para competir melhor” que são apresentadas a seguir algumas idéias
básicas que devem nortear qualquer rede cooperativa. A base das idéias a seguir é o trabalho “Como
Trabalhar em Rede na Comunidade”, da Expo Brasil 2003.
DEFINIÇÕES
Considera-se que rede é uma forma de organização democrática constituída de elementos autônomos,
interligados de maneira horizontal e que cooperam entre si. Assim, a capacidade de operar sem
hierarquia é uma das mais importantes propriedades da rede.
Rede também é definida como uma articulação entre diversas unidades que, através de certas ligações,
trocam elementos entre si, fortalecendo-se reciprocamente, e que podem se multiplicar em novas
unidades, as quais, por sua vez, fortalecem todo o conjunto na medida em que são fortalecidas por ele,
permitindo-lhe expandir-se em novas unidades. Ou seja, a rede de uma pessoa é sempre maior do que
ela imagina e sempre menor do que poderia ser.
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O ACIONAMENTO DA REDE
De modo geral, as pessoas só vêem a rede quando precisam dela. A rede aparece quando é acionada.
Acionar a rede significa colocar em ação deliberada as comunidades de que o indivíduo faz parte. Acionar
a rede é colocar comunidades em ação.
COMUNICAÇÃO
A informação é o alimento da rede. Sua função, mais do que de transportar significados de um lugar a
outro, é a de organizar a ação da rede. A comunicação na rede, assim como na dinâmica social, é
estruturante.
ESPAÇOS DE CONVERSAÇÃO
São o terreno mais propício ao surgimento dos vínculos de afeto entre as pessoas e que são vitais para o
pleno desenvolvimento das redes. A interação face-a-face e a “comunicação sem distância” apresentam-se
como o principal agente catalisador das ações. São influxos de ânimo, sopros de vida para as redes.
Todas estas idéias podem ser sintetizadas na figura a seguir, que mostra num primeiro momento agentes
dispersos, sem nenhuma comunicação, e num segundo momento interligados em rede, com isso
aumentando suas possibilidades conjuntas de modificarem o ambiente no qual atuam – no caso deste
trabalho, formando um arranjo produtivo em cada setor estudado que cria e incrementa suas vantagens
competitivas frente a outros arranjos e empresas do mesmo setor.
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2 – METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E
MAPEAMENTO DOS APL’S DO ESPÍRITO SANTO
2.1 - O que é um Arranjo Produtivo Local (APL)
Arranjos Produtivos Locais (APL’s) basicamente são aglomerações de empresas, localizadas em uma
mesma região, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de cooperação e
aprendizagem entre si e com outros atores locais.
Antes de detalhar as diversas questões importantes sobre APL, é importante explicitar que alguns autores
diferenciam Arranjos Produtivos Locais (APL’s) de Sistemas Locais de Produção (SLP’s). Para Suzigan et
alii (2003), por exemplo, Sistemas locais de produção podem ter variadas caracterizações conforme sua
história, evolução, organização institucional, contextos sociais e culturais nos quais se inserem, estrutura
produtiva, organização industrial, formas de governança, logística, associativismo, cooperação entre
agentes, formas de aprendizado e grau de disseminação do conhecimento especializado local. Por isso,
definir tais sistemas não é tarefa trivial, nem isenta de controvérsias.
Uma tentativa de definição, que parece bastante adequada, é a que foi adotada pela Rede de Pesquisa em
Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (Redesist), coordenada pelo Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo essa definição, sistemas locais de produção e inovação
“referem-se a aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo
território, que apresentam vínculos consistentes de articulação, interação, cooperação e aprendizagem.
Incluem não apenas empresas – produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de insumos e
equipamentos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, etc. e suas variadas formas de
representação e associação – mas também outras instituições públicas e privadas voltadas à formação e
treinamento de recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento”.
Adicionalmente, procurando levar em conta sistemas locais ainda não inteiramente constituídos, a
Redesist adota o conceito auxiliar de arranjos produtivos locais (APLs) para denominar “aglomerações
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produtivas cujas articulações entre os agentes locais não é suficientemente desenvolvida para caracterizá-
las como sistemas”.
No caso do presente trabalho, porém, considera-se que APL é o conceito mais utilizado na literatura
sobre o tema, e por isso será aqui adotado, com a ressalva de que tal conceito deve ser acompanhado de
uma tipologia sobre os diversos tipos de APL existentes. Como será visto mais à frente, se separarmos os
APL em três categorias (maduro, em consolidação e embrionário), fica claro que o APL maduro
corresponde à definição de SLP vista acima.
Assim, quando se fala em um Arranjo Produtivo Local, deve-se considerar, em primeiro lugar, a existência
de uma aglomeração de um número significativo de empresas que atuam em torno de uma atividade
produtiva principal. Esta especialização produtiva envolve, além da produção de bens e serviços em si, o
conhecimento, tácito ou explícito, que as pessoas e organizações de uma certa região possuem em torno
de uma atividade econômica principal, seja ela no segmento da indústria, do comércio, dos serviços, do
agronegócio ou do turismo.
Em geral, um APL comporta um conjunto de empresas com capacidades relacionadas ou afins, de portes
variados, mas em geral com um conjunto expressivo de pequenas e médias empresas não integradas
verticalmente. Essas empresas, por sua vez, atraem fornecedores e outras indústrias correlatas e de
apoio, cuja presença e importância nos APLs são determinadas exclusivamente por forças de mercado.
Em Arranjos Produtivos Locais, identificam-se diferentes tipos de cooperação, incluindo a cooperação
produtiva visando à obtenção de melhoria dos índices de qualidade e produtividade; e a cooperação
inovativa, que resulta na diminuição de riscos, custos, tempo e, principalmente, no aprendizado interativo,
dinamizando o potencial inovativo do Arranjo Produtivo Local. Porém, deve ficar claro que a competição
não perde sua importância na busca de eficiência por parte das empresas do arranjo. Na verdade,
cooperação e competição coexistem no interior do arranjo produtivo.
Também ao lidar com Arranjos Produtivos Locais é imprescindível pensar na presença dos vários atores
que possuem ações voltadas diretamente ao desenvolvimento da atividade produtiva local, ou ligadas
indiretamente a esse desenvolvimento. São exemplos de atores locais as instituições de promoção,
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financiamento e crédito, de ensino e pesquisa, os centros tecnológicos, as associações empresariais, os
prestadores de serviços, as organizações do terceiro setor e os governos em todas as esferas que se
relacionam de alguma forma com o APL.
Sob a ótica da competitividade, o compartilhamento de informações, de riscos, de instituições e de toda
uma gama de serviços, socializa as chamadas vantagens competitivas de uma determinada região. A
realidade tem demonstrado que empresas organizadas e integradas em arranjos produtivos tornam-se
mais competitivas na medida em que elas se aproveitam das chamadas economias externas. Essas
externalidades acabam contribuindo para uma maior produtividade comparativamente a outras empresas
isoladas.
A metodologia de APL já está difundida em praticamente todo o mundo. A abordagem através de APL
possibilita a identificação de oportunidades de negócios e também a formulação de políticas de desenvol-
vimento local mais consistentes. O conceito de APL é hoje usado como principal metodologia para avalia-
ção da competitividade das regiões, para auxiliar os governos locais na identificação das áreas prioritárias
para intervenções, e também para melhorar as condições sistêmicas da região em várias questões (educa-
ção, saúde, treinamento, infra-estrutura, ciência e tecnologia, etc.).
16 - 116
2.2 – Tipologia de APL’s
Identificação quanto ao nível de consolidação do arranjo
Os arranjos produtivos locais são neste trabalho classificados de acordo com os critérios abaixo
discriminados. Esses critérios são utilizados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia:
Arranjo Elementar ou Básico; Arranjo em Estágio Embrionário
• Destaca-se pela existência, em determinada localidade ou região, de uma concentração de
unidades produtivas com alguma característica em comum (viés setorial configurado), indicando a
existência de tradição técnica ou produtiva (inclusive artesanal), mas com um grau de
especificidade ou de originalidade suficiente apenas para garantir a subsistência do mesmo.
• Concentração de unidades produtivas com características comuns que apresentam taxas
aceleradas de crescimento e inovação.
Arranjo em Fase de Consolidação
• Destaca-se pela existência no local ou região de atividades produtivas com características comuns,
pela existência de uma infra-estrutura tecnológica significativa, bem como a existência de
relacionamentos dos agentes produtivos entre si e com os agentes institucionais locais
consolidando a geração de sinergias e de externalidades positivas, mas ainda com a presença de
conflitos de interesses e/ou desequilíbrios denotando baixo grau de coordenação e de visão
estratégica.
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Arranjo Consolidado ou Maduro
• Possui todas as características do agrupamento anterior, mas com alto nível de coesão e
organização entre os agentes.
• Os Arranjos Produtivos Consolidados (ou Maduros) são representados por concentrações
geográficas de empresas de um setor econômico particular e incluem, por exemplo, fornecedores
de insumos específicos, componentes, máquinas e serviços produtivos especializados, criando
assim uma infra-estrutura produtiva especializada.
• Estes, em regra, estendem sua atuação até os canais de distribuição e os próprios consumidores;
envolvem os fabricantes de produtos complementares, bens de capital e principais insumos.
• Os Arranjos Produtivos Consolidados (ou Maduros) são aqueles que se colocam não apenas
enquanto Produtivos, mas também – e principalmente - enquanto Inovadores.
• Nas suas articulações institucionais estão presentes órgãos governamentais e outras instituições,
tais como universidades, escolas técnicas, agências de fomento e associações profissionais, que
fornecem treinamento especializado, educação, informação, financiamento, pesquisa e suporte
técnico.
• Em suma o Arranjo Produtivo Local Consolidado (ou Maduro) é aquele que consegue,
autonomamente, pensar seu futuro – melhor, pensar e conduzir sua reprodução ampliada.
• Em outras palavras, é aquele que possui graus de liberdade (ou capacidade de inovação) em
relação aos seguintes itens: (a) ao produto principal, seus sucedâneos e respectivos processos
produtivos; (b) às matérias-primas, insumos, equipamentos e seus respectivos sucedâneos; (c) ao
mercado de trabalho, por meio da concepção de uma política de formação e treinamento
(própria ou não), capaz de influir decisivamente no perfil profissional e no nível de qualificação do
trabalhador que emprega (ou pretende empregar).
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O grau de consolidação dos arranjos foram definidos a partir do levantamento dos seguintes indicadores.
• Existência na localidade ou região de:
o Universidades e Instituições de Pesquisa.
o Centros Tecnológicos.
o Escolas Técnicas e instituições de capacitação profissional.
• Existência de uma instituição coordenadora do desenvolvimento do arranjo, que tenha
responsabilidades (compartilhada com os empresários), nos seguintes aspectos, cruciais para o
desenvolvimento do Arranjo:
o Organização de Feiras e Eventos.
o Incentivo e apoio ao processo de transferência de tecnologia das universidades e
instituições de pesquisa para as empresas.
o Criação de um ambiente de cooperação entre as empresas, que propicie a criação de
sinergia entre as ações voltadas para o desenvolvimento do arranjo.
o Observância nas normas ambientais e de segurança e salubridade do trabalho.
o Acesso das empresas a centros tecnológicos, laboratórios e à certificação da qualidade de
seus produtos, etc.
o Permanente qualificação dos trabalhadores e dos empresários.
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• Existência de uma estrutura institucional de apoio às empresas do setor, constituída por
organizações públicas e privadas capazes de assistência nas seguintes áreas:
o Comercialização e marketing.
o Tecnológica e operacional.
o Ambiental.
o Gerenciamento.
o Sistemas de coordenação.
• Existência de entidades e associações industriais e profissionais com atuação corporativa, mas
voltadas primordialmente para os aspectos produtivos, tecnológicos e comerciais.
• Existência de infra-estrutura de avaliação de qualidade e certificação, tais como laboratórios de
ensaios, verificação metrológica, certificação da qualidade, etc.
• Existência de infra-estrutura e logística locais adequadas, tais como redes de telecomunicações,
rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e retroáreas que proporcionem facilidade de escoamento
da produção, assim como de insumos.
• Acesso regular e qualificado ao abastecimento de água, gás e energia elétrica.
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2.3 - Referencial Metodológico da Etapa 1
Nesta etapa o objetivo é definir critérios quantitativos e qualitativos para a identificação, caracterização e
mapeamento dos APLs do Espírito Santo. Além disso, identificar e mapear os arranjos. Para isso, serão
utilizados dados secundários a partir da RAIS e da CNAE. E também trabalhos anteriores ao presente
projeto e que já fizeram algum tipo de análise dos APLs do Estado.
Suzigan et alii (2003) desenvolveram uma metodologia para identificação, delimitação geográfica e
caracterização estrutural de APLs por meio da utilização do coeficiente de Gini locacional e de um índice
de especialização, o quociente locacional (QL), combinados com variáveis de controle e filtros. Tal
metodologia foi aplicada a dados de emprego e de produção do estado de São Paulo, utilizando as bases
de dados da RAIS/MTE. Para os autores, essa tarefa reveste-se de grande importância inclusive para a
definição de instrumentos mais finos de políticas de apoio aos sistemas locais.
A principal vantagem da RAIS para essa metodologia é justamente a elevada desagregação setorial e
geográfica dos dados. Isto torna possível, sem necessidade de recurso a tabulações especiais, obter e
processar diretamente os dados desagregados, em termos espaciais, até o nível de municípios e, em
termos setoriais, até o nível de classes de indústrias a 4 dígitos da CNAE – Classificação Nacional da
Atividade Econômica.
O coeficiente de Gini locacional indica a concentração espacial da atividade econômica. Quanto maior o
coeficiente de Gini locacional, mais espacialmente concentrada é a classe industrial. Nesse sentido, nas
classes em que se verifica elevado coeficiente de Gini locacional, existe maior concentração geográfica,
indicando maiores possibilidades para que se encontrem arranjos produtivos locais.
Porém, o coeficiente de Gini locacional indica apenas que determinada classe de indústria é
geograficamente concentrada; não permite verificar a existência de arranjos produtivos locais. Para isso, é
necessário um segundo passo, utilizando-se o quociente locacional (QL), que mostra a especialização
produtiva da região em cada uma das classes de indústrias. O quociente locacional é a razão entre a
participação de uma determinada classe industrial na estrutura produtiva de uma certa região e a
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participação dessa mesma classe em todo o estado, por exemplo. Nesse sentido, quanto maior o QL,
maior é a especialização da região.
Em adição a esses dois indicadores, devem ser utilizadas algumas variáveis de controle, que servem de
“filtros” para a melhor utilização e interpretação das informações oriundas dos cálculos dos indicadores
de concentração e de especialização. A utilização dessas variáveis de controle justifica-se por dois motivos
principais. Primeiro porque, em alguns casos, o elevado índice de especialização é uma decorrência da
baixa densidade da estrutura industrial local, o que pode levar a uma superestimação da importância do
sistema local. Para solucionar esse problema, utiliza-se a participação da microrregião (ou município) no
estado naquela determinada classe industrial, o que indica a sua importância econômica. Segundo, essas
variáveis de controle permitem verificar se o elevado QL de uma determinada região não é mera decor-
rência da presença local de uma grande empresa, o que não caracterizaria um APL. Para isso, são utiliza-
das as informações de número de estabelecimentos, o que permite verificar se se trata efetivamente de
uma aglomeração de um número significativo de empresas.
Além das análises do coeficiente de gini locacional e do quociente locacional (QL), este trabalho também
utilizará outras ferramentas quantitativas e qualitativas que permitem uma análise ainda mais profunda da
importância de cada APL do Estado. Assim, a análise dos APLs contará com as seguintes ferramentas:
Análise de dados quantitativos:
GINI LOCACIONAL – Indica a concentração espacial da atividade econômica. Quanto maior o coeficien-
te de Gini locacional, mais espacialmente concentrada é a classe industrial. Nesse sentido, no caso deste
estudo, nas classes em que se verifica elevado coeficiente de Gini locacional, existe maior concentração
geográfica da atividade em certas regiões do Espírito Santo, indicando maiores possibilidades para que se
encontrem arranjos produtivos locais.
QUOCIENTE LOCACIONAL MUNICIPAL – Mostra a especialização produtiva da região em cada uma
das classes de indústrias. O quociente locacional é a razão entre a participação de uma determinada classe
industrial na estrutura produtiva de uma certa região (ou município) e a participação dessa mesma classe
22 - 116
em todo o estado, por exemplo. Nesse sentido, quanto maior o QL, maior é a especialização da região
(ou município).
QL ESTADUAL – Além da análise de QL acima apresentada (do município em relação ao estado), a análi-
se do QL do Espírito Santo em relação ao Brasil permite verificar se a atividade econômica em questão
representa ou não uma especialização produtiva do Estado em relação ao Brasil. Isso obviamente é rele-
vante para se identificar a importância de cada arranjo para a economia capixaba (se é especialização pro-
dutiva do Estado ou não).
NÚMERO DE EMPREGOS GERADOS – O número de empregos gerados por cada APL é outra variável
que deve ser considerada, por destacar a importância não somente econômica mas também social de
cada arranjo. Neste sentido, estimativas de geração informal de empregos, que não aparecem nos dados
da RAIS, também devem ser levadas em conta.
ANÁLISE SHIFT-SHARE – Esta análise é importante, pois permite que se visualize de forma dinâmica (ou
seja, ao longo do tempo) como tem evoluído o APL em questão, permitindo com isso que se projete algu-
mas de suas tendências futuras.
Análise de dados qualitativos:
TRADIÇÃO DO APL NA ECONOMIA ESTADUAL – É importante também verificar se o arranjo em
questão já representa uma atividade tradicional na economia capixaba. Ou seja, se ele vem se mostrando
importante para a economia estadual ao longo das últimas décadas.
POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO FUTURO – O trabalho também tenta identificar, numa análise
qualitativa, arranjos que, mesmo com baixo desenvolvimento atual, apresentam forte potencial de desen-
volvimento futuro. É levado em consideração, por exemplo, se há ou não perspectivas de surgimento de
novas plantas industriais, criação de novos processos produtivos e produtos, etc.
23 - 116
GRAU DE DINAMISMO (ALTO, MÉDIO OU BAIXO) – Este indicador qualitativo é baseado na evolução
do número de empregos e também em informações sobre o nível recente dos negócios no APL em ques-
tão. Evidentemente, a análise shift-share é importante neste ponto, mas também informações qualitativas
sobre acontecimentos recentes que são importantes para o setor.
RELAÇÃO COM A LÓGICA DE DESENVOLVIMENTO DO ESPÍRITO SANTO – Neste ponto, leva-se
em consideração a importância do setor para o comércio do Espírito Santo, tanto em termos de comér-
cio com outros estados como comércio exterior. Isso é importante dada a característica histórica do Esta-
do de forte integração tanto com as economias de outros estados como também de elevada participação
das atividades ligadas ao comércio exterior no PIB local.
Aplicação da tipologia:
Por fim, esses critérios quantitativos e qualitativos serão utilizados para classificar os arranjos existentes
no Espírito Santo dentro da seguinte tipologia, definida anteriormente:
• Arranjos consolidados ou maduros
• Arranjos em consolidação
• Arranjos embrionários
Esta tipologia permite identificar o estágio de desenvolvimento (e conseqüentemente a competitividade)
do APL, o que facilita também a identificação das medidas de intervenção públicas e privadas que se fa-
zem necessárias para o crescimento de cada APL. Será bastante útil a partir da segunda fase deste traba-
lho.
Porém, dadas as características específicas da economia capixaba, mais precisamente as características de
seus APLs, que em grande parte ainda são embrionários, para uma melhor aplicação da tipologia em ques-
tão ampliamos os tipos de arranjos embrionários, o que resultou na seguinte tipologia:
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• Arranjos consolidados ou maduros
• Arranjos em consolidação
• Arranjos embrionários dinâmicos
• Arranjos embrionários medianos
• Arranjos embrionários estagnados
É com este conjunto de informações quantitativas e qualitativas, além da tipologia acima, que passaremos
a seguir ao detalhamento dos APLs do Espírito Santo.
25 - 116
2.4 – Aplicação ao caso do Espírito Santo: Identificação e mapeamento dos APLs
Analisando estudos anteriores sobre APLs no Espírito Santo, e entrevistando pessoas que possuem
notório saber sobre a estrutura industrial do Estado, este trabalho constatou a presença dos seguintes
arranjos, que serão examinados com a metodologia definida acima:
1. Alimentos (massas)
2. Aqüicultura e pesca
3. Cacau e derivados
4. Cafeicultura
5. Confecções
6. Construção civil
7. Florestal-moveleiro
8. Fruticultura
9. Logística
10. Mármore e granito
11. Metalmecânico
12. Pecuária de corte
13. Pecuária de leite
14. Petróleo e gás
15. Sucro-alcooleiro
16. Turismo
Dada a metodologia exposta anteriormente, é feita a seguir, para estes setores, a análise em conjunto dos
QLs e dos índices de Gini para as classes CNAE do Estado do Espírito Santo1, além de outros indicadores
quantitativos e qualitativos.
1 Nos anexos deste trabalho o leitor encontrará o mapeamento de cada setor a partir das classes CNAE que o integram. Vale ressaltar, nos cálculos do QL para o Brasil, foram usadas as mesmas classes CNAE que as do Espírito Santo. Isso porque algumas atividades (no caso aqui, algumas classes CNAE) não existem no Estado, ou seja, o número de empregos formais é zero. Isso para se manter uma certa equivalência na hora da comparação de dados.
26 - 116
Vale ressaltar também, para a caracterização dos APLs, utilizamos como “corte” o índice de Gini de 0,75,
acima do qual temos concentração regional alta e, portanto, maiores possibilidades de existência de APLs
consolidados ou em consolidação.
Além disso, para delimitar os APLs não foram considerados apenas os municípios de forma isolada, mas
sim os setores no Estado como um todo. O leitor poderá visualizar quais municípios são especializados na
produção de cada atividade a partir de um mapa confeccionado para cada APL, no qual cada município
com QL acima de 1 aparece destacado (ou poderá também consultar a lista dos municípios especializados
em cada APL nas tabelas em anexo).
Detalhamento da tipologia:
Quanto à tipologia definida acima, sua integração com os indicadores quantitativos e qualitativos
apresentados permitiu a elaboração da classificação a seguir:
ARRANJOS CONSOLIDADOS OU MADUROS
Apresentam, obviamente, características típicas de APL maduros
Gini acima de 0,75
Atividade tradicional no Estado
Relação com a lógica de desenvolvimento do Espírito Santo
Grau de dinamismo alto
Para ser consolidado ou maduro, considera-se que o arranjo tem que apresentar pelo menos alguns dos
seguintes fatores: possuir características típicas de APLs maduros,
Gini alto, ser atividade tradicional no Estado, apresentar relação com a lógica de desenvolvimento do
Espírito Santo e alto dinamismo.
ARRANJOS EM CONSOLIDAÇÃO
Presença de poucas (ou raras) características típicas de APL maduros
Gini acima de 0,75
Atividade tradicional no Estado
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Relação com a lógica de desenvolvimento do Espírito Santo
Grau de dinamismo (alto, médio ou baixo)
Potencial de desenvolvimento futuro
Para ser APL em consolidação, considera-se que o arranjo tem que apresentar pelo menos alguns dos
seguintes fatores: apesar do Gini alto, possuir poucas ou raras características típicas de APLs maduros,
ser atividade tradicional no Estado, apresentar alguma relação com a lógica de desenvolvimento do
Espírito Santo certo potencial de desenvolvimento futuro. O grau de dinamismo pode ser de qualquer
tipo.
ARRANJOS EMBRIONÁRIOS DINÂMICOS
Presença de poucas (ou raras) características típicas de APL maduros
Gini abaixo de 0,75
Alta quantidade de empregos gerados e ou alto potencial de geração de empregos pelo APL
Quoeficiente locacional estadual alto
Grau de dinamismo alto - shift-share
Alto potencial de desenvolvimento futuro
Alta relação com a lógica de desenvolvimento do Espírito Santo
Neste caso, por ser embrionário, o APL praticamente não apresenta características de APL maduro, e
possui Gini abaixo de 0,75. Mas apresenta pelo menos algumas das seguintes características que
permitem concluir a respeito de um futuro provavelmente promissor: shift-share alto, alto potencial de
desenvolvimento futuro, alto potencial de geração de empregos, etc.
ARRANJOS EMBRIONÁRIOS MEDIANOS
Presença de poucas (ou raras) características típicas de APL maduros
Gini abaixo de 0,75
Quantidade mediana de empregos gerados e ou médio potencial de geração de empregos pelo APL
Quoeficiente locacional estadual médio
Grau de dinamismo médio - shift-share
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Potencial médio de desenvolvimento futuro
Relação mediana com a lógica de desenvolvimento do Espírito Santo
Neste caso, por ser embrionário, o APL praticamente não apresenta características de APL maduro, e
possui Gini abaixo de 0,75. Mas apresenta pelo menos algumas das seguintes características, que
permitem concluir que se o setor não tem elevado grau de dinamismo, também não se encontra
estagnado: shift-share médio, potencial médio de desenvolvimento futuro, potencial médio de geração de
empregos, etc.
ARRANJOS EMBRIONÁRIOS ESTAGNADOS
Presença de poucas (ou raras) características típicas de APL maduros
Gini abaixo de 0,75
Pouca quantidade de empregos gerados e ou baixo potencial de geração de empregos pelo APL
Quoeficiente locacional estadual baixo
Grau de dinamismo baixo- shift-share
Potencial de desenvolvimento futuro baixo
Pouca ou nenhuma relação com a lógica de desenvolvimento do Espírito Santo
Neste caso, por ser embrionário, o APL praticamente não apresenta características de APL maduro, e
possui Gini abaixo de 0,75. Mas apresenta pelo menos algumas das seguintes características, que
permitem concluir que o setor atualmente se encontra estagnado: shift-share baixo, potencial baixo de
desenvolvimento futuro, potencial baixo de geração de empregos, etc.
Aplicação da tipologia:
Aplicando a tipologia acima para os APLs do Espírito Santo, chegamos aos seguintes resultados:
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1 – Alimentos e massas
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 3.692 empregos formais no setor de
Alimentos (massas). Em termos nacionais, o setor de alimentos (massas) representa ligeiramente uma
especialização produtiva do Estado, já que o QL é de 1,007.
No âmbito do Espírito Santo, a produção também está bastante espalhada por vários municípios, o que
resulta em um gini não muito alto de 0,716. Apesar de alguns municípios apresentarem QL alto, este
índice de Gini indica que o setor não apresenta um nível de concentração espacial de APL maduro.
Destacam-se municípios como Serra, Viana e Cariacica, com QL alto, mas municípios como Vitória
apresentam considerável número de empregos nesta atividade, embora a mesma não seja uma
especialização produtiva deste município.
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O setor apresenta um número de empregos que não é elevado, apesar de ser, de certa forma, uma
especialização da economia estadual. Além disso, a análise shift-share mostra um efeito baixo, revelando
baixo dinamismo, existe pouco potencial de desenvolvimento futuro, pouca ou nenhuma relação com a
lógica de desenvolvimento do Estado.
Por isso, o setor é considerado um APL embrionário estagnado.
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2 – Aqüicultura e pesca
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 622 empregos formais no setor de
Aqüicultura e pesca. Em termos nacionais, o setor de aqüicultura e pesca não representa uma
especialização produtiva do Estado, já que o QL é de apenas 0,74.
No âmbito do Espírito Santo, a produção também está bastante espalhada por vários municípios, o que
resulta em um gini relativamente baixo de 0,569.
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Apesar de alguns municípios apresentarem QL alto, o índice de gini baixo indica que o setor não tem a
concentração espacial de um APL maduro no Estado. Além de tudo, como visto, não é uma especialização
da economia estadual, apresenta baixo número de empregos formais, a análise shift-share mostra um
efeito baixo, revelando baixo dinamismo, existe pouco potencial de desenvolvimento futuro, pouca ou
nenhuma relação com a lógica de desenvolvimento do Estado.
Por isso, o setor é considerado um APL embrionário estagnado.
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3 – Cacau e derivados
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 3.854 empregos formais no setor de Cacau
e derivados. Em termos nacionais, o setor de cacau e derivados representa uma especialização produtiva
do Estado, já que o QL é de 4,79.
No âmbito do Espírito Santo, a produção está concentrada em apenas dois municípios (Linhares no
cultivo e Vila Velha na produção de derivados), sendo praticamente inexistente na maioria dos outros
municípios, o que resulta em um gini mediano de 0,665.
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Apesar destes dois municípios apresentarem QL alto, este índice de gini indica que o setor não apresenta
uma concentração espacial típica de APLs maduros.
Além disso, apresenta um número de empregos que não é elevado, apesar de ser uma especialização da
economia estadual. Além de tudo, a análise shift-share mostra um efeito baixo, revelando baixo
dinamismo, existe pouco potencial de desenvolvimento futuro, e a relação com a lógica de
desenvolvimento do Estado é apenas mediana.
Por isso, o setor é considerado um APL embrionário estagnado.
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4 – Cafeicultura
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 6.012 empregos formais no setor de
Cafeicultura. Em termos nacionais, o setor de cafeicultura representa uma especialização produtiva do
Estado, já que o QL é de 3,49.
No âmbito do Espírito Santo, a produção também está bastante espalhada por vários municípios, o que
resulta em um gini relativamente baixo de 0,553. Os municípios com maior parcela dos empregos são
Linhares, Jaguaré e Colatina. Apesar de vários municípios espalhados por todo o Estado apresentarem QL
alto, o índice de gini baixo indica que o setor não se apresenta com uma concentração espacial típica de
APLs maduros.
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Porém, o QL alto do Estado indica especialização regional e, além disso, o número de empregos do setor
deve ser significativo, dado que a informalidade é alta. Juntando a isso um efeito shift-share alto, revelando
alto dinamismo, existe potencial de desenvolvimento futuro, e a relação com a lógica de desenvolvimento
do Estado é alta.
Por isso, o setor é considerado um APL embrionário dinâmico, embora esteja a um passo de ser
considerado em consolidação, bastando para isso apresentar uma maior concentração espacial da
produção. E tal concentração pode surgir em breve, dado que existem fortes perspectivas de se instalar
uma fábrica de cáfe solúvel em Colatina ou região.
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5 – Confecções
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 27.593 empregos formais no setor de
Confecções. Em termos nacionais, o setor de confecções representa uma especialização produtiva do
Estado, já que o QL é de 1,21.
No âmbito do Espírito Santo, a produção está bastante concentrada em poucos municípios, o que resulta
em um gini alto, de 0,826. Os municípios com esmagadora maior parcela dos empregos, e que
apresentam especialização produtiva, são Vila Velha, Colatina e São Gabriel da Palha. Outros municípios
apresentam também parcela significativa de empregos, como Cachoeiro de Itapemirim, Linhares e outros
da Grande Vitória, mas não apresentam especialização produtiva no setor.
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O setor apresenta baixo efeito shif-share, revelando baixo dinamismo. Existe algum potencial de
desenvolvimento futuro, e a relação com a lógica de desenvolvimento do Estado é razoável.
Porém, o setor é uma especialização regional do Espírito Santo, e já tradicional na economia capixaba.
Além disso, tem grande representatividade no que se refere à criação de empregos, e neste sentido
devem ser considerados os vários municípios que não apresentam especialização produtiva (QL acima de
1) tanto ao sul como ao norte do Estado, e também na Grande Vitória.
Como apresenta um Gini alto, mas não cumpre grande parte das características que os APLs maduros
possuem, neste trabalho o setor é considerado um APL em consolidação.
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6 – Construção civil
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 30.571 empregos formais no setor de
Construção civil. Em termos nacionais, o setor de construção civil representa uma especialização
produtiva do Estado, já que o QL é de 1,44.
No âmbito do Espírito Santo, a produção também está bastante espalhada por vários municípios, o que
resulta em um gini não muito alto, de 0,744. Os municípios com maior parcela dos empregos e
especialização produtiva são Serra, Vila Velha e Cariacica. Porém, outros municípios com níveis elevados
de emprego, como Vitória, não apresentam especialização produtiva neste setor.
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Assim, apesar de representar uma especialização produtiva do Espírito Santo, o índice de Gini estadual
indica que o setor não apresenta a concentração espacial típica de um APL maduro. Porém, o QL alto do
Estado (e o alto nível de empregos) destoam da análise shift-share, que mostra um efeito baixo,
revelando baixo dinamismo. Além disso, existe pouco potencial de desenvolvimento futuro, e a relação
com a lógica de desenvolvimento do Estado é apenas mediana.
Por isso, principalmente por causa do elevado número de mão-de-obra formal empregada, o setor é
considerado um APL embrionário mediano.
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7 – Florestal-moveleiro
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 9.309 empregos formais no setor Florestal-
moveleiro. Em termos nacionais, o setor florestal-moveleiro representa uma especialização produtiva do
Estado, já que o QL é de 1,02.
No âmbito do Espírito Santo, a produção está bastante concentrada em poucos municípios, o que resulta
em um gini relativamente alto de 0,813. O município que apresenta a esmagadora maior parcela dos
empregos é Linhares, entre os municípios com especialização produtiva, vindo a seguir São Mateus,
Aracruz e Cariacica. Sabe-se que existem também municípios que não apresentam especialização no
setor, mas com produção significativa. Deve-se considerar no APL os municípios mais especializados em
móveis, como Linhares, e os mais especializados na parte florestal, como Aracruz.
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O setor apresenta baixo efeito shif-share, revelando baixo dinamismo. Existe algum potencial de
desenvolvimento futuro, e a relação com a lógica de desenvolvimento do Estado é alta. Além disso, o
setor é uma especialização regional do Espírito Santo e já tradicional na economia capixaba.
Como apresenta um Gini alto, mas não cumpre grande parte das características que os APLs maduros
possuem, neste trabalho o setor é considerado um APL em consolidação.
45 - 116
8 – Fruticultura
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 1.583 empregos formais no setor de
Fruticultura. Em termos nacionais, o setor de fruticultura não representa uma especialização produtiva do
Estado, já que o QL é de 0,55.
No âmbito do Espírito Santo, a produção também está bastante espalhada por vários municípios, o que
resulta em um gini médio, em torno de 0,746. O município com maior parcela dos empregos é o de
Linhares, mas vários municípios espalhados por todo o Estado apresentarem QL alto.
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O índice de gini médio indica que o setor não se apresenta com a concentração espacial de um APL
maduro. Além disso, o setor não é especialização produtiva do Estado.
Por outro lado, o razoável número de empregos gerados pelo setor, e as perspectivas para os próximos
anos em municípios como Linhares (a partir das cadeias de fornecedores de uma grande empresa lá
instalada) indicam que o setor revela grande dinamismo, o que é confirmado pelo elevado efeito shif-
share. Existe grande potencial de desenvolvimento futuro, e a relação com a lógica de desenvolvimento
do Estado é razoável.
Por isso, o setor é considerado um APL embrionário dinâmico.
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9 – Logística
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 17.424 empregos formais no setor de
Logística. Em termos nacionais, o setor de logística representa uma especialização produtiva do Estado, já
que o QL é de 1,2.
No âmbito do Espírito Santo, o setor também está bastante espalhado por vários municípios, o que
resulta em um gini baixo, de 0,624. Os municípios com maior parcela dos empregos são Cariacica, Serra e
Vila Velha, todos da Grande Vitória. Além disso, municípios como Vitória, embora não possuindo
especialização no setor, também são bastante representativos em termos de geração de empregos.
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Apesar de vários municípios espalhados por todo o Estado apresentarem QL alto, o índice de gini baixo
indica que o setor não se configura como um APL maduro no Estado. O setor tem também um elevado
número de empregos e representa especialização do Estado. Mas apresenta baixo efeito shif-share,
revelando baixo dinamismo. Porém, existe alto potencial de desenvolvimento futuro, e a relação com a
lógica de desenvolvimento do Estado é alta.
Por isso, o setor é considerado um APL embrionário dinâmico.
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10 – Mármore e granito
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 13.951 empregos formais no setor de
Mármore e granito. Em termos nacionais, o setor de mármore e granito representa uma grande
especialização produtiva do Estado, já que o QL é de 9,95, disparado o maior do Brasil. Para se ter idéia,
Minas Gerais vem em segundo lugar com 1,95.
No âmbito do Espírito Santo, a produção está bastante concentrada em poucos municípios, o que resulta
em um gini relativamente alto de 0,759. O município que apresenta a esmagadora maior parcela dos
empregos é Cachoeiro do Itapemirim, vindo a seguir Nova Venécia, Vargem Alta e Barra de São
Francisco. Vários outros municípios também apresentam especialização produtiva no setor, mas com
menor importância.
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Dada a representatividade do setor no que se refere à criação de empregos, devem ser considerados os
vários municípios que não apresentam especialização produtiva (QL acima de 1), tanto ao sul como ao
norte do Estado, e também na Grande Vitória (no caso do município da Serra).
Como o setor é uma especialização regional do Espírito Santo, e ao mesmo tempo, internamente
apresenta gini alto, além de possuir várias características dos APLs maduros, podemos considerá-lo o
único APL maduro do Espírito Santo atualmente.
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11 – Metalmecânico
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 16.785 empregos formais no setor
Metalmecânico. Em termos nacionais, o setor metalmecânico não representa uma especialização
produtiva do Estado, já que o QL é de 0,68.
No âmbito do Espírito Santo, a produção está bastante concentrada em poucos municípios, o que resulta
em um gini relativamente alto de 0,766. O município que apresenta a maior parcela dos empregos é a
Serra, seguida de Aracruz e Cariacica, entre os que possuem especialização no setor. Mas vários outros
que não possuem tal especialização também apresentam níveis elevados de emprego, como Vitória, Vila
Velha, Cachoeiro de Itapemirim e Linhares.
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Apesar de não ser uma especialização regional da economia capixaba, é importante ressaltar que o setor
tem nível considerável de emprego. O setor também apresenta baixo efeito shif-share, revelando baixo
dinamismo. Existe algum potencial de desenvolvimento futuro, e a relação com a lógica de
desenvolvimento do Estado é alta. Além de ser tradicional na economia capixaba.
Como apresenta um Gini alto, mas não cumpre grande parte das características que os APLs maduros
possuem, neste trabalho o setor é considerado um APL em consolidação.
53 - 116
12 – Pecuária de corte
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 8.726 empregos formais no setor de
Pecuária de corte. Em termos nacionais, o setor de pecuária de corte representa uma especialização
produtiva do Estado, já que o QL é de 2,71 (embora existam vários estados muito mais especializados).
No âmbito do Espírito Santo, a produção está bastante espalhada por vários municípios, o que resulta em
um gini mediano de 0,628. Apesar vários municípios apresentarem QL alto, este índice de gini indica que
o setor não se configura como um APL maduro no Estado (apesar de ser, de certa forma, uma
especialização da economia estadual).
54 - 116
Porém, o razoável número de empregos deve ser considerado, e o mediano efeito shift-share indica um
razoável dinamismo.
Por isso, principalmente por causa do elevado número de mão-de-obra formal empregada, o setor é
considerado um APL embrionário mediano.
56 - 116
13 – Pecuária de leite
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 6.998 empregos formais no setor de
Pecuária de leite. Em termos nacionais, o setor de pecuária de leite representa uma especialização
produtiva do Estado, já que o QL é de 2,98 (embora existam vários estados muito mais especializados).
No âmbito do Espírito Santo, a produção também está bastante espalhada por vários municípios, o que
resulta em um gini baixo de 0,556. Apesar vários municípios apresentarem QL alto, este índice de gini
indica que o setor não se configura como um APL maduro no Estado (apesar de ser, de certa forma, uma
especialização da economia estadual).
57 - 116
Porém, o razoável número de empregos deve ser considerado, apesar do baixo efeito shift-share
indicando um baixo dinamismo.
Por isso, principalmente por causa do elevado número de mão-de-obra formal empregada, o setor é
considerado um APL embrionário mediano.
59 - 116
14 – Petróleo e gás
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 1.182 empregos formais no setor de
Petróleo e gás. Em termos nacionais, o setor de petróleo e gás representa uma especialização produtiva
do Estado, já que o QL é de 1,48.
No âmbito do Espírito Santo, a produção está bastante concentrada em poucos municípios, mas
distribuídas entre eles, o que resulta em um gini baixo de 0,567. Os três municípios que concentram a
produção são pela ordem São Mateus, Vitória e Linhares.
60 - 116
O gini baixo é suficiente para que não consideremos o setor de petróleo e gás no Espírito Santo um APL
maduro, apesar do setor já ser uma especialização regional da economia capixaba, e com grande potencial
de crescimento futuro (inclusive no que se refere a empregos), o que é confirmado pelo alto efeito shift-
share.
Por isso, o setor é considerado um APL embrionário dinâmico.
61 - 116
15 – Sucro-alcooleiro
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 3.701 empregos formais no setor Sucro-
alcooleiro. Em termos nacionais, o setor sucro-alcooleiro não representa uma especialização produtiva do
Estado, já que o QL é de 0,45.
No âmbito do Espírito Santo, a produção está distribuída por vários municípios, o que resulta em um gini
baixo de 0,662. O gini baixo é suficiente para que não consideremos este setor um APL maduro no
Espírito Santo (além do mesmo não ser uma especialização regional da economia capixaba).
62 - 116
Além de não ser uma especialização regional da economia capixaba, é importante ressaltar que o setor
não em nível considerável de emprego. Porém, o setor apresenta efeito shif-share mediano, revelando
um certo dinamismo. Existe algum potencial de desenvolvimento futuro, com a atuação de várias usinas
no Estado, e a relação com a lógica de desenvolvimento do Estado é boa.
Por isso, principalmente por causa do razoável potencial de desenvolvimento futuro e do razoável
dinamismo, o setor é considerado um APL embrionário mediano.
63 - 116
16 – Turismo
Pelos dados da Rais para o ano de 2004, o Espírito Santo tinha 4.338 empregos formais no setor de
Turismo (é importante ressaltar o elevado grau de informalidade que se costuma constatar em alguns
segmentos deste setor). Em termos nacionais, o setor de turismo não representa uma especialização
produtiva do Estado, já que o QL é de 0,89.
No âmbito do Espírito Santo, as atividades estão bastante espalhadas por vários municípios, o que resulta
em um gini médio, de 0,709. Os municípios de QL mais alto foram Domingos Martins, na serra capixaba,
e os do litoral sul do Estado, principalmente Guarapari, Marataízes, Piúma e Anchieta.
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O gini médio é suficiente para que não consideremos o setor de turismo no Espírito Santo um APL
maduro, inclusive porque o setor também não representa uma especialização da economia capixaba,
embora o elevado grau de informalidade nesta atividade não permita uma análise mais profunda do setor.
Além disso, municípios que não possuem especialização produtiva no setor apresentam elevada
participação no número de empregos, como Vitória.
Porém, apesar do baixo efeito shift-share, revelando baixo dinamismo atualmente, o setor tem grande
potencial de crescimento futuro (na área de turismo de negócios, por exemplo), e também de incluir mais
trabalhadores na formalidade.
Por isso, principalmente por causa do razoável potencial de desenvolvimento futuro, o setor é
considerado um APL embrionário mediano.
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Resumo da análise:
Resumindo a análise anterior:
Tabela 1: Número de empregos formais por APL (2004), QL, coeficiente de Gini e classificação de
acordo com a tipologia de APLs
APLs Nº de empregos QL estadual Gini estadual Classificação
1. Alimentos (massas) 3.692 1,007 0,716 Embrionário estagnado
2. Aqüicultura e pesca 622 0,74 0,569 Embrionário estagnado
3. Cacau e derivados 3.854 4,79 0,665 Embrionário estagnado
4. Cafeicultura 6.012 3,49 0,553 Embrionário dinâmico
5. Confecções 27.593 1,21 0,826 Em consolidação
6. Construção civil 30.571 1,44 0,744 Embrionário mediano
7. Florestal-moveleiro 9.309 1,02 0,813 Em consolidação
8. Fruticultura 1.583 0,55 0,746 Embrionário dinâmico
9. Logística 17.424 1,20 0,624 Embrionário dinâmico
10. Mármore e granito 13.951 9,95 0,759 Maduro
11. Metalmecânico 16.785 0,68 0,766 Em consolidação
12. Pecuária de corte 8.726 2,71 0,628 Embrionário mediano
13. Pecuária de leite 6.998 2,98 0,556 Embrionário mediano
14. Petróleo e gás 1.182 1,48 0,567 Embrionário dinâmico
15. Sucro-alcooleiro 3.701 0,45 0,662 Embrionário mediano
16. Turismo 4.338 0,89 0,709 Embrionário mediano
Total 156.341 - -
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Assim, podemos dividir os setores acima em cinco grupos:
1) Dado o “corte” no índice de gini de 0,75 e as características que definem um APL maduro ou
consolidado, apenas um setor apresentou características de arranjo produtivo maduro neste trabalho: O
APL de Mármore e Granito.
2) Dado o “corte” no índice de gini de 0,75 e as características que definem um APL maduro, três setores
atingiram o índice acima, mas não cumpriram de forma mínima tais características, e por isso foram
considerados APLs em consolidação: Os APLs de Confecções, Florestal-moveleiro, e Metalmecânico.
3) Os setores de cafeicultura, fruticultura, logística e petróleo e gás não atingiram o Gini de 0,75, não
sendo portanto nem maduros e nem em consolidação, mas apresentaram várias características que
permitem que se conclua que, apesar de serem ainda embrionários, apresentam forte caráter dinâmico.
4) Os setores de construção civil, pecuária de corte, pecuária de leite, sucro-alcooleiro e turismo também
não atingiram um Gini de 0,75, revelando-se embrionários. Mas com grau de dinamismo mediano.
5) Por fim, os setores de alimentos e massas, aqüicultura e pesca e cacau e derivados também não
atingiram um Gini de 0,75, revelando-se embrionários. Porém, vários fatores mostraram que além de
embrionários, tais setores encontram-se estagnados.
Para confirmar a validade da análise acima, a seguir, cada um dos quatro APLs acima mencionados que
apresentam algum grau de consolidação (Gini acima de 0,75) será analisado em detalhes, buscando-se
entender os aspectos mais importantes sobre a capacidade competitiva dos mesmos, e comparando-se tal
análise com a tipologia de APLs acima apresentada.
OBS: Em anexo seguem as tabelas completas com essas informações.
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3 – AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE COMPETITIVA
3.1 – Metodologia da II etapa
O objetivo na segunda etapa do trabalho é avaliar os principais APLs do Espírito Santo, principalmente no
que se refere a sua capacidade de competir no mercado nacional e no internacional.
O conhecimento do ambiente competitivo é feito a partir da coleta de dados e informações para compor
um diagnóstico de competitividade de cada Arranjo Produtivo Local. Neste processo, considera-se três
dimensões para análise competitiva de um APL, de maneira a formular estratégias de atuação e definir
ações:
DIMENSÃO SISTÊMICA: fatores ou condicionantes macroeconômicos, internacionais (mercado
internacional), infra-estruturais, fiscais, financeiros e políticos-institucionais e avanço do conhecimento,
que mais diretamente influenciariam o desempenho geral ou específico do arranjo.
DIMENSÃO ESTRUTURAL: fatores ou condicionantes relacionados ao mercado e à tecnologia (acesso), à
configuração da indústria, a dinâmica específica da concorrência, o grau de encadeamentos de negócios,
grau de interatividade e conectividade das empresas do setor (atividade econômica principal –
especialização produtiva) nos elos e/ou na estrutura da cadeia produtiva principal em que estão inseridas
quando esta é rebatida no território, grau de interatividade inter e intra-setorial, grau de interatividade
das empresas do setor com cadeias produtivas complementares, grau de interatividade das empresas com
as instituições de apoio competitivo e destas entre si, entre outros.
DIMENSÃO EMPRESARIAL: fatores ou condicionantes de domínio das empresas, como custo, qualidade,
inovação e marketing, a capacidade produtiva e sua relação com custos e preços (produtividade), a
qualidade dos recursos humanos, a capacidade comercial, a estratégia e a gestão da empresas, entre
outros.
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É importante ressaltar que vários autores acrescentam uma quarta dimensão da competitividade,
denominada “meta”, que se refere à capacidade dos agentes de se aglutinarem em torno de objetivos e
diretrizes de horizontes mais largos (ou seja, de cooperarem), o que requer um patamar mínimo de
coesão social e visão estratégica, em busca de incrementos nos seus níveis de competitividade. A seção
1.4, como visto, detalhou melhor estas questões.
Neste trabalho, por razões de simplificação da análise, serão estudados para cada APL algumas questões
relacionadas às dimensões Estrutural, Empresarial e Meta da competitividade. Assim, no geral, o
diagnóstico de competitividade de cada APL deve identificar questões como as seguintes: caracterização
do arranjo (número de empresas, de empregados, localização, história, dados socioeconômicos, etc.); a
configuração do APL (contexto sócio-econômico-cultural, estrutura da cadeia produtiva do APL, formas
de governança, estratégias inovativas, etc.); pessoas e/ou instituições-chave no arranjo (líderes,
animadores, atores e protagonistas locais), identificando as suas relações; obstáculos e condições
favoráveis à capacidade de articulação, cooperação, interação e aprendizado; gargalos produtivos,
tecnológicos, comerciais, de acesso ao crédito, de recursos humanos etc; potencialidades e
posicionamento competitivo (segmentação, canais de distribuição, concorrência, logística, etc) de
mercado; etc.
Estas informações serão obtidas em reuniões ou entrevistas em profundidade com lideranças empresari-
ais do setor e com atores institucionais, que contribuem de alguma forma para o desenvolvimento do ar-
ranjo em questão. Também serão obtidas com trabalhos recentes sobre cada arranjo produtivo.
O objetivo do trabalho nesta fase, a partir da posse de tais informações, é a análise da situação
competitiva dos principais arranjos produtivos capixabas em relação aos seus concorrentes. Tal análise
será fundamental para, na próxima etapa, a partir da tipologia acima apresentada, se propor medidas de
intervenção em cada APL estudado e para o conjunto dos mesmos.
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3.2 – Avaliação da capacidade competitiva
A seguir, cada um dos quatro APLs acima mencionados que apresentam algum grau de consolidação (Gini
acima de 0,75) será analisado em detalhes, buscando-se entender os aspectos mais importantes sobre a
capacidade competitiva dos mesmos, e comparando-se tal análise com a tipologia de APLs acima
apresentada.
Serão analisados os seguintes fatores para cada APL:
1. Características básicas
2. Mercados
3. Governança e cooperação
4. Carências e gargalos
5. Oportunidades
6. Conclusão
3.2.1 – ARRANJO DO MÁRMORE E GRANITO
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
A cadeia produtiva principal deste arranjo se divide em três etapas produtivas: extração (pedreiras),
beneficiamento primário (desdobramento/serragem – as serrarias) e o beneficiamento secundário
(polimento/acabamento final - as marmorarias).
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O setor de rochas ornamentais (mármore e granito) no Espírito Santo é formado por dois núcleos
centrais onde estão localizadas a maioria das empresas extratoras e beneficiadoras do mármore e granito.
O primeiro núcleo de aglomeração se localiza em torno do município de Cachoeiro de Itapemirim, na
região sul do estado, e o segundo, em torno do município de Nova Venécia, no norte do ES.
Segundo Villaschi Filho e Sabadini (2000), a primeira região possui uma história longa e consolidada,
marcada pela exploração do calcário e explorada comercialmente há décadas. Seu nascimento e
crescimento foram espontâneos, sem serem induzidos por qualquer política governamental. A segunda,
mais recente, mostra um efetivo potencial no beneficiamento do mármore e granito, porém ainda possui
um pequeno número de empresas, se comparado ao primeiro núcleo, e sua formação está relacionada a
quantidade de jazidas de granito existentes na região e ao fornecimento de infra-estrutura física (terrenos,
etc) e incentivos fiscais pelo governo local.
No setor produtivo de rochas ornamentais no ES há o predomínio absoluto de micro e pequenas
empresas. Do número de firmas entrevistadas em 1998 pelo Ideies, 70,71% se encontram na região sul
do estado, num total de 512 empresas. Na região norte estão concentradas 146 empresas totalizando
20,17%. Na região da Grande Vitória há 66 empresas ou 9,12%.
Uma das principais características do setor de rochas ornamentais no ES é o intenso crescimento que essa
atividade vem demonstrando nos últimos anos, mesmo com a economia brasileira apresentando baixas
taxas de crescimento e indicadores recessivos nos anos 80 e 90. O aumento no número de
estabelecimentos e na geração de empregos diretos e indiretos criados pela atividade do mármore e
granito são algumas das características marcantes presentes no setor de rochas ornamentais. Esse
crescimento promoveu efeitos multiplicadores, principalmente na região de Cachoeiro, através da
produção de bens complementares e de apoio ao setor, como insumos e máquinas e equipamentos
necessários ao funcionamento da cadeia produtiva principal.
Hoje, o setor de rochas ornamentais no Espírito Santo é o maior e mais estruturado do país, já
que possui o maior número de empresas e firmas subsidiárias do parque nacional. Historicamen-
te, é o primeiro núcleo de produção nacional de rochas ornamentais, possuindo significativas
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economias de aglomeração que provocam efeitos multiplicadores em torno da cadeia produtiva
principal.
MERCADOS
Passando às condições de mercado do setor, em âmbito internacional, espera-se para os próximos anos
um aumento da competição em termos de preços, mercados e fontes de suprimento devido ao contínuo
aumento na produção e exportação dos produtos nos países tradicionalmente produtores e a entrada, em
médio e longo prazos, dos países da Europa Oriental no mercado, principalmente como fornecedores.
Além disso, é esperada a ampliação da oferta de novos tipos de material, tudo isso contribuindo para a
manutenção da tendência de declínio nos preços médios internacionais, reforçando a relevância do
aumento da produtividade em todo o processo produtivo desde a extração até a entrega do produto
acabado, passando, é claro, pelo componente transporte (Vale, 1997:09).
Além disso, cada vez mais o plano de lavra deve incluir a posterior recuperação do local quanto ao
aspecto ambiental, determinante cada vez mais exigida por autoridades reguladoras da atividade bem
como pelos mercados consumidores.
Passando à situação do Brasil neste mercado, em 1996, as exportações brasileiras de rochas ornamentais
atingiram US$ 138 milhões, em 1997 chegaram próximas aos US$ 200 milhões com um crescimento de
quase 25% em relação ao ano anterior, e em 1999 atingiram a cifra de US$ 216 milhões. Esse valor, no
entanto, é aproximadamente 3% em faturamento no mercado mundial devido, basicamente, ao perfil das
exportações, calcado nos materiais brutos. Durante o período de 1991-1997, porém, o aumento de
produtos processados atingiu a ordem de 1600%.
Atualmente, existe exploração de rochas ornamentais desde o Rio Grande do Sul até o Pará. O país conta
com uma estrutura de desdobramento de rochas ornamentais equivalente a uma capacidade instalada da
ordem de 2,3 milhões t/ano. A região sudeste detém cerca de 81% da capacidade instalada, sendo que
cerca de 65% dos teares instalados no Brasil estão localizados no município de Cachoeiro de Itapemirim
(ES).
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Segundo os dados do Ministério da Indústria e Comércio (MICT/SECEX/DECEX), em média, nos últimos
anos, as exportações de rochas ornamentais do Espírito Santo (mármore, granito e ardósia) participaram
com cerca de 35% do total arrecadado no Brasil. Houve um crescimento na arrecadação do ES (dados
relativos) em relação ao total nacional entre os anos de 1997 a 1999: era de 32% em 1997, passou para
35,4% em 1998 e alcançou 39,9% em 1999.
Portanto, podemos concluir que o Espírito Santo apresenta importante participação na produção
brasileira de rochas ornamentais.
GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO
O Sindicato da Indústria de Extração e Beneficiamento de Mármores e Granitos Ornamentais, Cal e
Calcário do Estado do Espírito Santo (SINDIROCHAS), fundado em 03 de maio de 1973, desenvolve
atividades de assistência aos empresários do setor de mármore e granito, intermediando empresas e
trabalhadores, fornecendo assessoria jurídica, realizando reuniões de práticas trabalhistas, e outras
atividades. Conforme relatos da instituição, a cooperação com outras instituições se dá no intercâmbio
com outros sindicatos do setor no país, na representação das empresas do setor junto aos órgãos
municipal, estadual e federal e na realização de cursos em convênios com o CETEMAG, SENAI e
SEBRAE.
Este sindicato vem promovendo importantes iniciativas para o setor. Exemplificando, no dia 24 de março
de 2000 foi criada a cooperativa de economia e crédito mútuo dos proprietários das indústrias de rochas
ornamentais, cal e calcário do sul do estado (CREDIROCHAS). Segundo o Sindirochas, a cooperativa
oferece a seus associados capital de giro, cheque especial, desconto de títulos e cheques pré-datados,
além de financiamento a juros bem abaixo do mercado. Também no mês de março do mesmo ano foi
formado o primeiro grupo de consórcio de exportação do setor. Em Cachoeiro, cerca de 18 empresas
participam do consórcio, que ainda está sendo operacionalizado.
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Devemos aqui destacar o papel da Feira Internacional do Mármore e Granito que é realizada todos os
anos em Cachoeiro de Itapemirim. Ela oferece amplas possibilidades de realização de negócios entre os
empresários locais, nacionais e do exterior. A divulgação dos produtos das empresas e a troca de
informações tecnológicas entre os empresários também acontece no ambiente da exposição. O número
de expositores e visitantes tem crescido substancialmente nos últimos anos, o que comprova seu sucesso.
O Centro Tecnológico do Mármore e Granito (CETEMAG), criado em abril de 1988, possui a função de
coordenar e executar políticas de desenvolvimento para o setor de rochas ornamentais. Algumas
necessidades foram levantadas pela instituição no que tange à resolução dos problemas enfrentados pelo
setor; citaremos duas: a) agregar novas competências para atuar na execução de projetos relativos ao
setor, e b) estabelecer maior intercâmbio com as instituições conveniadas e as a conveniar. Sua
intervenção se dá via prestação de serviços de assessoria técnica às empresas solicitadas e pela
mobilização de instituições para a promoção de treinamentos via SENAI, SEBRAE, etc.
Observa-se que o CETEMAG tem o papel fundamental de articular e organizar os projetos do setor que
estejam relacionados ao desenvolvimento de ciência e tecnologia. Porém, segundo Villaschi Filho e
Sabadini (2000), atualmente isso não está sendo feito. A carência de pesquisa nas três etapas produtivas é
extremamente elevada, e somente quando há um problema que comprometa a imagem do setor é que se
toma providências efetivas.
As respostas das instituições quanto à realização de ações coletivas entre elas variam muito. Alguns
agentes afirmam existir crescente cooperação entre as instituições envolvidas no setor, outros afirmam
não existir. A situação mais provável é aquela que fica no ‘meio termo’, ou seja, há o desenvolvimento de
cursos, treinamentos, etc, entre as associações, mas a quantidade e a disseminação dessas atividades ainda
é muito restrita se compararmos a dimensão e a importância que o setor tem para o estado. O
desenvolvimento de pesquisas envolvendo as três etapas produtivas, por exemplo, ainda é muito pequeno
na região. Falta também um maior envolvimento com instituições de ensino para a promoção e
construção de uma ambiência gerencial, administrativa e tecnológica mais avançada.
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O que podemos confirmar, portanto, é que, apesar da existência das instituições que representam o setor
de rochas ornamentais (e de outras instituições afins que ofertam serviços), e que vêm tomando
importantes medidas para o desenvolvimento do setor, ainda não há uma forte integração entre elas na
realização de cursos extensivos, seminários, pesquisas, consultas mercadológicas e desenvolvimento de
produtos e processos. Falta maior articulação entre as instituições para que seus projetos possam formar
um plano coeso e específico para o setor do mármore e granito.
CARÊNCIAS E GARGALOS
É fácil verificar que o Brasil, como quinto maior produtor mundial de mármores, granitos e rochas
ornamentais, vem se consolidando como exportador do produto bruto. 80% de suas exportações são de
matéria-prima bruta, conforme indicou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) citado no Jornal Carta
da Indústria (08/1999).
As exportações brasileiras de produtos brutos, agregando menos valor ao produto final, geram uma fraca
participação no faturamento do mercado mundial. Por isso, é necessário modificar esse quadro.
Passando ao caso do Espírito Santo, no que se refere às exportações, 38,10% das exportações brasileiras
são oriundas do estado, segundo o informativo do SINDIROCHAS (1999). Esse percentual coloca o
Espírito Santo na posição de maior exportador nacional. Porém, segundo levantamento feito pelo Ideies
(1998), o percentual de empresas que exporta no Espírito Santo é de apenas 11,33%, correspondendo a
82 empresas.
Em geral, há consenso sobre a necessidade de melhorar a participação brasileira (e capixaba) no mercado
internacional, principalmente em termos de faturamento, e que isso deve ser conseguido com a
modificação do perfil das exportações brasileiras, atualmente fortemente concentradas em materiais
brutos (acima de 90%). Sabe-se que as empresas exportadoras concentram boa parte de sua exportação
na produção de chapa polida. Caso o material fosse totalmente beneficiado no país, como a produção de
ladrilho por exemplo, maior valor agregado seria gerado internamente.
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Avaliando de maneira abrangente, podemos dizer que a indústria nacional se encontra em atraso
tecnológico quando comparada à indústria internacional. Essa diferença qualitativa é um reflexo imediato
da falta de uma política industrial no Brasil, principalmente nos anos 90. Associa-se a isso, outros fatores
sistêmicos como as políticas econômicas recessivas dos últimos anos e condições infra-estruturais
desiguais. Numa pesquisa realizada pelo IEL(1999), empresários do setor de rochas ornamentais do
Espírito Santo afirmaram que suas empresas possuem produtividade e competitividade abaixo da média
dos concorrentes internacionais. 51% dos entrevistados afirmaram que a produtividade média de suas
empresas estão abaixo da média do mercado estrangeiro e apenas 14% disseram estar na média.
O relatório do IEL(1999:79) afirma que “a defasagem tecnológica na extração do mármore é muito
grande. Atualmente, a produtividade da atividade extrativa do mármore na região de Cachoeiro de
Itapemirim é três vezes menor do que a produtividade da extração na região de Carrara (Itália), por
exemplo, onde é feita com tecnologias mais avançadas”.
Sabe-se que a exploração das jazidas é, geralmente, feita sem recursos técnicos adequados, o que gera
um alto índice de rejeito, alto custo de produção e baixa produtividade. Segundo o IEL(1999) a maior
defasagem tecnológica em relação ao exterior encontra-se nos equipamentos de movimentação das
rochas.
Naturalmente, se fizermos uma comparação com a indústria de rochas ornamentais dos países
desenvolvidos, perceberemos que as empresas do arranjo produtivo local encontram-se defasadas
tecnologicamente. Mas, observando a evolução do setor desde o início de sua exploração comercial,
notamos uma significativa modernização na gestão tecnológica das empresas locais. A variação na
qualidade revela-se uma carência importante, mas não representa o principal problema que afeta o setor.
Nos últimos anos houve um grande avanço na qualidade das lâminas e granalhas, por exemplo. Soma-se a
isso, a maior facilidade de importação de insumos devido ao intenso e desordenado processo de abertura
econômica promovido no Brasil nos anos 90. Também o fornecimento pelas empresas produtoras de
insumos melhorou significativamente nos últimos anos.
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De maneira geral, a falta de uma política pública para o setor, a baixa capacidade das empresas em investir
em pesquisa e desenvolvimento, a dificuldade em mobilizar recursos e o período recessivo vivido pela
economia brasileira nas últimas décadas, são alguns dos motivos pelos quais não há uma maior
incorporação tecnológica no setor de rochas ornamentais. Apesar do movimento de abertura comercial
ter proporcionado uma maior absorção de máquinas e equipamentos de maior grau tecnológico, o que
não significa dizer desenvolvimento local de inovação, a escala de produção das empresas brasileiras é
menor do que a da firma estrangeira que produz pesquisa e investe em novas tecnologias.
Apesar da constatação dos efeitos multiplicadores gerados pelo setor de rochas ornamentais no Espírito
Santo, principalmente em Cachoeiro, criando um significativo número de empresas que produzem
insumos, máquinas e equipamentos e prestam serviços ao setor do mármore e granito, a produção local
ainda é pequena, se comparada à produção de outros estados - até porque o crescimento do setor é
recente.
Uma exceção são os teares que serram os blocos, que são de origem local. Existem cerca de 03 empresas
produzindo tais máquinas no ES que investem em novas tecnologias e estão acompanhando as principais
inovações ocorridas neste setor. Estima-se também a existência de 10 firmas locais produzindo as
politrizes e cortadeiras que também foram adquiridas, em sua maioria, na região do arranjo.
Porém, a maior parte dos insumos consumidos pelo setor de rochas ornamentais do ES é produzida em
outros estados. Destacam-se SP, RJ, SC, MG, dentre outros. Deve-se mencionar o fato de que a estrutura
de mercado das empresas produtoras de insumos das três etapas produtivas do setor de rochas
ornamentais é oligopolizada (Caliman et alii,1990:44-45). Poucas empresas são responsáveis pela
produção dos insumos utilizados. Observa-se, também, que, além de a maioria se localizar em outros
estados, como São Paulo e Santa Catarina, são firmas que não surgiram como conseqüência do
crescimento do setor de rochas ornamentais. Portanto, estimular o surgimento de empresas produtoras
de insumos no ES é de extrema importância para a consolidação do arranjo produtivo.
Quanto à infra-estrutura, geralmente as estradas que dão acesso às pedreiras não são de boa qualidade.
As jazidas se localizam em áreas de difícil acesso e as empresas que mais reclamam das condições das
estradas são as que extraem a pedra.
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Os dados sobre financiamento mostram que a maioria das empresas do setor não possui
empréstimo/financiamento na rede bancária. Isso indica que os financiamentos são feitos, geralmente,
com recursos próprios.
Quanto à cooperação, sabe-se que ações conjuntas existem, mas não englobam, ainda, formas
cooperativas mais complexas e estruturadas que envolvam, por exemplo, o desenvolvimento tecnológico
de produtos e processos no setor. As trocas de idéias e o desenvolvimento coletivo informal são
freqüentes entre as empresas locais. Percebe-se que existem relações cooperativas no setor de rochas
ornamentais; porém, encontram-se num estágio preliminar de formação se comparadas, por exemplo,
com os distritos da “Terceira Itália”. Enquanto nos distritos industriais italianos as formas cooperativas
tomam corpo acentuado, com consórcios de vendas, desenvolvimento tecnológico junto às instituições e
outras atividades afins, no arranjo produtivo do Espírito Santo elas se aproximam da informalidade e se
dão principalmente pelas relações sociais sedimentadas via inter-relações históricas, sociais e culturais
existentes.
OPORTUNIDADES
Oportunidades podem surgir no setor a partir de questões como as seguintes:
- Há grande espaço para as empresas locais agregarem valor à sua produção, ainda baseada na
produção de blocos brutos.
- Surgem oportunidades também para as empresas fornecedoras, tanto de insumos como de
equipamentos.
- O nível de cooperação entre os agentes pode ser incrementado, gerando melhor aproveitamento
de consórcios de exportação, negociações mais vantajosas com fornecedores, etc.
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CONCLUSÃO
Alguns problemas existentes no setor, trabalhados ao longo do texto, são facilmente detectados.
Podemos citar alguns: carência de mão-de-obra especializada, utilização inadequada das técnicas
extrativas, utilização de tecnologia defasada em relação ao países desenvolvidos, inexistência de normas
específicas para o setor, baixo nível organizacional e produtivo, frágil coordenação das instituições
responsáveis pelo setor, informalidade nas ações cooperativas entre as empresas, dentre outros.
Cabe aqui ressaltar, apesar dos entraves existentes, que houve significativas melhorias ao longo dos
últimos anos . Por isso, acreditamos que é possível estabelecer níveis competitivos satisfatórios no setor,
melhorando inclusive o seu grau de inserção no mercado internacional. Isso dependerá, naturalmente, da
adoção de políticas orientadas pelo governo, pelas instituições responsáveis pelo setor e pelas empresas
interessada.
De tudo o que foi exposto, podemos concluir que o setor se enquadra na definição de APL maduro, pois
apesar de vários problemas (que em grande parte são estruturais da economia do Espírito Santo, como os
relacionados com infra-estrutura e financiamento), o setor já está em condições de “andar com as própri-
as pernas”, pois já possui governança bem estruturada (SINDIROCHAS), centro tecnológico
(CETEMAG), organiza importantes feiras, tem ligação com alguns fornecedores locais, etc.
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3.2.2 – ARRANJO METALMECÂNICO
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
O arranjo metalmecânico é extremamente complexo e diversificado, o que torna difícil a tarefa de analisar
classificar suas atividades. De um modo geral, a indústria metalmecânica incorpora todos os segmentos
responsáveis pela transformação de metais, incluindo desde a produção de bens e serviços intermediários
como fundições, forjarias, oficinas de corte, soldagem, estamparia – até a produção de bens finais – como
áquinas, equipamentos, veículos e materiais de transporte.
É enorme a abrangência e a diversidade do ramo metalmecânico, que constitui a base de uma economia
industrial e mantém conexões com, praticamente, todos os demais setores da economia. Além disso, ele
pode ser considerado como um dos principais responsáveis pela geração e difusão de inovações, sejam de
produtos, sejam de processos, adotadas no âmbito das mais diversas estruturas produtivas. No Espírito
Santo, o arranjo metalmecânico assume certas especificidades e uma determinada direção de seu
desenvolvimento que são derivadas da composição da estrutura produtiva estadual (siderurgia,
mineração, celulose, etc.). Assim, para o seu pleno entendimento, é importante detalhar os seus principais
atores.
Podem-se identificar quatro grandes grupos de participantes no arranjo produtivo metalmecânico
capixaba:
(a) Empresas do segmento produtivo metalmecânico - empresas metalmecânicas de pequeno e médio
porte, com produção seriada ou sob encomenda, cuja especialização atende à demanda de empresas
clientes, grandes e pequenas;
(b) Empresas âncoras - empresas clientes de grande porte dos ramos siderúrgico, de mineração,
celulose/papel e do ramo de petróleo/gás, que se constituem em âncoras, e que atuam como verdadeiras
parceiras nesse arranjo; e outras empresas de ramos industriais, com destaque para o de mármore e
granito;
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(c) Empresas fornecedoras - fornecedores de equipamentos, ferramentas, matérias-primas, insumos e
serviços;
(d) Instituições - as macroinstituições, com atuação no âmbito estadual, e as microinstituições
especificamente criadas para o fomento e o desenvolvimento do arranjo, incluindo instituições de classe,
pesquisa e ensino, de desenvolvimento tecnológico, de capacitação de mão-de-obra, dentre outras.
As empresas desse arranjo, no estado, estão localizadas, em grande parte, na Grande Vitória. Mas
também existem empresas no interior do estado. Em termos de municípios, os principais são:
• Ao norte: Aracruz, Colatina, São Mateus e Linhares;
• Ao sul: Cachoeiro de Itapemirim e Guarapari; e
• Na Grande Vitória: Serra, Cariacica, Vila Velha e Vitória
Entre as maiores, segundo os próprios entrevistados destacam-se a Metalúrgica União, as do Consórcio
Metalmec e a Imetame (a maior em termos de número de empregados).
No Espírito Santo, entre as grandes empresas que são empresas âncoras do arranjo metalmecânico,
destacam-se:
• Ao norte: Aracruz Celulose S.A.;
• Ao sul: Samarco Mineração S.A.;
• Na Grande Vitória: Companhia Vale do Rio Doce S.A. (CVRD), Companhia Siderúrgica de
Tubarão S.A (CST).
Além dessas empresas, cresce cada vez mais a importância, enquanto demandantes, das empresas do
complexo de petróleo e gás (principalmente a PETROBRAS).
Várias instituições têm atuado, ao longo dos anos, junto ao setor metalmecânico. É o caso das seguintes:
• CDMEC – Centro Capixaba de Desenvolvimento Metal-mecânico;
• IEL - Instituto Euvaldo Lodi, da FINDES - Federação das Indústrias do Espírito Santo;
• SEBRAE/ES – Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas;
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• BANDES – Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A;
• CEFET/ES – Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo;
• UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, em vários de seus departamentos e institutos;
• SENAI/ES – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;
• SINDIFER – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito
Santo;
• SINDMETAL – Sindicato dos Trabalhadores da Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e Material
Elétrico;
• SINDICON – Sindicato da Indústria de Construção Civil do Espírito Santo.
As principais ações desenvolvidas por essas instituições são:
• Ações de cooperação técnica na formulação de projetos e programas de qualificação de
fornecedores;
• Ações de articulação entre as empresas, das empresas com as empresas âncoras e das empresas
com as instituições públicas (destaque aqui para o CDMEC);
• Ações de financiamento (destaque para o BANDES)
• Ações de treinamento e capacitação de mão de obra e de pequenos empresários (destaque para
SEBRAE, CEFET e SENAI).
São as seguintes as principais áreas de atuação das empresas capixabas do setor:
1. Fabricação: modernização, substituição, etc. de componentes;
2. Montagem: ampliação, modernização, substituição de componentes/instalações, etc.;
3. Manutenção: prestação de serviços, fornecimento de mão-de-obra;
4. Serviços especializados (recuperação de equipamentos, componentes, etc.;
5. Serviços de atendimento em paradas programadas de instalações.
Detalhando melhor a questão do porte, numa amostra de 12 empresas analisadas pela pesquisa de campo
do trabalho do Instituto Futura (2005), constatou-se que apenas uma tem mais que 500 empregados. Um
total de 6 empresas apresentam entre 100 e 499 empregados, e 4 apresentam entre 21 e 100
empregados. Portanto, predominam no setor pequenas e médias empresas.
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MERCADOS
Quanto aos clientes, os principais mencionados no Espírito Santo se referem às grandes empresas, tanto
quando demandam equipamentos, como serviços de manutenção e montagem (Samarco, CVRD, CST,
Aracruz Celulose e Petrobras); e outras empresas menores. Algumas empresas também afirmaram que
conseguem atingir o mercado de outros Estados, fornecendo, por exemplo, para a Bahia Sul e a Veracel.
Passando às vantagens que as empresas capixabas apresentam no mercado, um fator positivo para estas
empresas é a proximidade com os clientes, principalmente os grandes demandantes, o que reduz custos
de transporte e facilita o atendimento em situações emergenciais, notadamente quanto à rapidez. Esta é
uma vantagem bastante significativa das empresas locais em relação às de fora do Estado que atuam no
setor.
Além disso, pelo menos um dos grandes demandantes afirmou que a qualidade dos serviços prestados é
boa (inclusive por causa do elevado nível de certificação).
Porém, sabe-se que a participação das empresas fornecedoras locais nos contratos das grandes empresas,
que representava menos de 1% no início dos anos 90, atualmente, segundo o CDMEC (2005), é de 20%.
Considera-se no setor que, embora tenha evoluído bastante nos últimos anos, esse percentual ainda está
longe do desejável. Há, portanto, muito espaço a ser ocupado nesse mercado pelas empresas locais nos
próximos anos.
Apesar dos avanços que as empresas locais têm apresentado, fontes do setor afirmaram que a maior
parte dos contratos feitos aqui no Estado, principalmente os de maior conteúdo tecnológico, ainda fica
com empresas de fora do Espírito Santo (com exceção do setor de papel e celulose). Uma das causas
apontadas para esta situação é que, no caso das grandes obras, o projeto ser feito fora do Estado. Além
disso, o nível de escala de produção individual das empresas capixabas do setor é pequeno.
Por isso, é ainda comum as empresas locais trabalharem prestando serviços como subcontratadas de ou-
tras empresas maiores (geralmente de fora do Estado), que por sua vez, são contratadas pelas grandes
empresas âncoras.
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Assim, apesar do alto nível de ocupação da capacidade produtiva e do elevado nível de certificação, deve
ser lembrado que a forma atual de inserção das empresas do ramo metalmecânico capixaba na cadeia
produtiva das grandes empresas âncoras não é a desejável, pois é uma inserção, em muitas situações,
totalmente subordinada (com exceção de alguns casos no setor de papel e celulose), o que acaba
agregando de forma deficiente valor à sua produção, e conseqüentemente, menos empregos e renda para
a economia do Espírito Santo.
GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO
CDMEC: O CDMEC é uma instituição sem fins lucrativos, que congrega as empresas capixabas do setor
metalmecânico e destina-se, basicamente, ao levantamento, organização e difusão de informações
tecnológicas, à verificação de demandas de serviços no setor, ao estímulo à execução de pesquisas e
desenvolvimento de produtos e processos, à formação e treinamento de recursos humanos nas áreas
técnicas e gerenciais, à viabilização de certificação de qualidade de produtos e serviços, à prestação de
assistência técnica e consultoria tecnológica aos associados, à viabilização de novos empreendimentos, à
promoção e divulgação do setor e à articulação e promoção de interação das empresas associadas com
órgãos públicos e empresas de outros setores.
Porém, fontes do setor afirmam que há outras questões em que o CDMEC pode melhorar a sua atuação,
inclusive na busca de equalização de condições competitivas entre as empresas locais e as de fora, como
parece estar ocorrendo em outros Estados.
No ponto de vista de algumas empresas ofertantes locais, o CDMEC deveria participar mais efetivamente
dos processos de licitação das grandes empresas, por exemplo.
Outras instituições: De forma geral, segundo a percepção de empresários do setor, o papel das
instituições que, de alguma forma, com ele se relacionam, tem que ser melhorada. Na pesquisa de campo,
de uma lista de diversas destas instituições, apenas o CDMEC, o IEL e o SENAI foram lembrados pelos
entrevistados (com avaliação boa por parte dos mesmos).
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Necessidade de articulação entre instituições: Percebe-se que, para o seu melhor desenvolvimento, o
setor metalmecânico capixaba ainda carece de uma adequada articulação entre as diversas instituições
voltadas para o arranjo produtivo, assim como falta também um papel melhor definido para os diversos
órgãos estaduais e municipais que atuam junto ao setor. Considera-se que a atuação do CDMEC neste
caso será fundamental.
Cooperação insuficiente: Não é difícil notar que a cooperação no setor é no mínimo insuficiente. Sabe-se
que a busca por maior espaço no mercado levou as empresas do setor metalmecânico capixaba, tempos
atrás, a interagir, isoladamente, com maior intensidade com as grandes empresas clientes, gerando uma
relação de proximidade. Ao mesmo tempo, estas interações passaram cada vez mais a ser intermediadas
pelo CDMEC que, além de promover encontros e fóruns, também passou a organizar parcerias entre as
empresas na formação de consórcios produtivos.
Porém, constata-se neste setor uma certa divergência de interesses entre fornecedores e clientes, notada
na pesquisa de campo e nas entrevistas em profundidade, além da falta de cooperação entre as próprias
empresas do arranjo no sentido de conseguirem maior escala de produção e maiores economias junto a
seus fornecedores, e também na falta de uma coordenação mais efetiva entre as diversas instituições que
atuam junto ao setor.
Isto sem dúvida significa que os diversos atores do arranjo nitidamente não estão compartilhando a
mesma visão e os mesmos objetivos, revelando um nível de cooperação deficiente. Ou seja, todos estes
problemas de cooperação mostram que ainda não temos no setor um APL maduro. Assim, podemos
concluir que, no setor metalmecânico capixaba, cooperar mais é fundamental, e pensar esta cooperação
em termos de um Arranjo Produtivo Local, que reúna os mais diferentes atores em torno de objetivos
comuns, pode fazer a diferença na busca de competitividade para todos.
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CARÊNCIAS E GARGALOS
Capacitação gerencial: Segundo os próprios empresários do setor e conforme as empresas âncoras do
arranjo, apesar do bom nível de escolaridade dos dirigentes ainda é necessário avançar em capacitação
gerencial e empresarial, pelo menos em boa parte das empresas do setor.
Principais fatores de deficiência gerencial/empresarial apontados:
• Falta de foco nos negócios;
• Problemas nas atividades de supervisão e coordenação de atividades;
• Problemas nas áreas de engenharia (principalmente no desenvolvimento de projetos),
planejamento e controle.
Capacitação dos trabalhadores: Além dos tradicionais problemas de escolaridade, sabe-se que existe uma
carência grande de mão-de-obra qualificada no Estado. E isso acaba revelando-se um importante gargalo
para o setor. Inclusive porque os grandes demandantes potencialmente absorvem a mão-de-obra treinada
existente, provocando carências no setor metalmecânico, constituído de empresas de porte menor.
Porém, além do problema de quantidade, existe também a necessidade de se qualificar melhor os
trabalhadores, já que as grandes empresas exigem cada vez mais a presença de mão-de-obra não somente
treinada, mas também certificada. E a necessidade das empresas de capacitar em quantidade e qualidade,
muitas vezes as obrigam a recorrer a empresas particulares, arcando com elevados custos de
treinamento.
Lay out: Fontes do setor consideram que, em muitos casos, é ultrapassado, gerando aumento
desnecessário nos custos e comprometendo prazos.
Financiamento: Quanto às fontes de financiamento, já na pesquisa de 2000 Villaschi Filho e Lima
apontavam que as empresas metalmecânicas capixabas tinham como base de financiamento mais utilizada
o acesso a recursos próprios. Algumas empresas, mas em número bem menor, revelavam que na época
utilizavam recursos do BANDES, Banco do Brasil e FINAME.
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Divulgação da empresa: Notou-se também que algumas empresas entrevistadas praticamente não
possuem estratégias de divulgação nos mais diversos meios de comunicação, e nem mesmo de
participação em feiras do setor, por exemplo. Isso obviamente pode resultar em perdas de negócios e,
conseqüentemente, no faturamento, principalmente no que se refere a clientes de fora do Estado.
Fornecedores: Quanto aos fornecedores (“sub-fornecedores”) da indústria metalmecânica capixaba, já no
seu trabalho de 2000, Villaschi Filho & Lima mostravam que os fornecedores de matérias-primas,
insumos, máquinas e equipamentos das empresas metalmecânicas locais estavam, em grande parte,
localizados em outros Estados, como São Paulo e Minas Gerais. Afirmavam também que essas empresas
costumam atuar aqui no Estado por meio de empresas distribuidoras. Pouca coisa mudou de lá para cá.
Apenas na compra de produtos derivados do aço os fornecedores em alguns casos são locais. Por outro
lado, as empresas metalmecânicas costumam contratar localmente os serviços de terceirização.
Situação atual da infra-estrutura tecnológica: Os resultados da pesquisa de campo realizada em 2005
revelam que, nesses aspectos, a situação não mudou muito nos últimos 5 anos. Assim, fontes do setor
afirmaram que falta atualmente a presença de um centro tecnológico realmente atuante. Mais
especificamente, alguns entrevistados afirmaram que não há interação entre os existentes e os agentes do
setor.
Infra-estrutura educacional: Quanto à infra-estrutura educacional, apesar de alguns elogios ao papel
exercido por SENAI e CEFET, deve ficar claro que deficiências também foram apontadas na atuação
destas instituições, principalmente se levarmos em conta que elas são melhor avaliadas em algumas
regiões do Estado do que em outras.
Infra-estrutura: Quanto à infra-estrutura física e de serviços públicos, a esmagadora maioria dos
entrevistados considerou itens como energia elétrica, estradas e telecomunicações fundamentais. Porém,
quase todos os entrevistados classificaram as estradas como péssimas, e o suprimento de energia elétrica
e os serviços de telecomunicações como bons.
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Produtividade: Um outro fator que não foi apontado nas entrevistas, e que pode representar uma
significativa deficiência competitiva, se refere à questão da produtividade. Embora não tenha sido possível
nesta pesquisa medir os níveis de produtividade das empresas, pode-se concluir que, devido a problemas
como a falta de escala e de foco na produção, deficiências na obtenção de insumos e equipamentos, e de
capacitação gerencial e da mão-de-obra, é bastante provável que os níveis de produtividade destas
empresas não sejam os adequados. Isto sem dúvida pode estar se refletindo no preço ofertado, e
portanto, na competitividade, conforme notado pelos próprios agentes acima.
Comparação entre vantagens e desvantagens: Do que foi exposto até aqui, pode parecer paradoxal
concluir que o setor metalmecânico capixaba apresenta várias deficiências em fatores determinantes de
competitividade (em maior número que os pontos favoráveis), e provavelmente com deficiências
competitivas quando comparado aos concorrentes de outros Estados, ao mesmo tempo em que
apresenta empresas estabelecidas há muitos anos (embora algumas, atualmente, com sinais de
dificuldades financeiras), com grande ocupação de capacidade (das 12 empresas entrevistadas, 9
afirmaram que a ociosidade é de até 10%) e até com planos de ampliação para os próximos anos.
Mas isso pode ser explicado se levarmos em conta : o grande crescimento das empresas âncoras e da
própria economia do Estado nos últimos anos, o que acarreta um crescente nível de encomendas; a
proximidade geográfica, que evidentemente facilita a contratação; a competência comprovada de um
reduzido número de empresas, que até conseguem atingir mercados de fora do Estado.
Porém, olhando de forma mais sistêmica para o setor, fica clara a inserção de forma subordinada da
maioria das empresas na cadeia produtiva das grandes empresas, atuando em certos casos como
empresas sub-contratadas de empresas maiores (em muitos casos de fora do Estado), e na produção de
bens e serviços de pouco conteúdo tecnológico. Tal tipo de inserção, evidentemente, significa uma
agregação de menor valor à produção, o que não é desejável.
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OPORTUNIDADES
Para se analisar oportunidades para o setor metalmecânico capixaba, é necessário levar em conta a
seguinte questão: a maior parte dos contratos feitos aqui no Estado, principalmente os de maior conteúdo
tecnológico, ainda fica com empresas de fora do Espírito Santo (com exceção do setor de papel e
celulose).
E as grandes empresas contratantes têm expandido sua capacidade de produção, o que abre ainda mais
oportunidades para as empresas metalmecânicas locais (inclusive na área de petróleo e gás). Com a
vantagem da proximidade com estas grandes empresas, as empresas do setor metalmecânico capixaba
têm que levar em conta questões como as seguintes:
• A área de petróleo e gás representa uma oportunidade já presente de ampliação dos negócios, e
que tende a se ampliar nos próximos anos.
• Sabe-se que muito ainda tem que ser feito no sentido de se aumentar a produtividade e melhorar
aspectos como custos e prazos de entrega para as empresas locais competirem em melhores
condições nos diversos mercados.
• Mas os fatores acima são relacionados ao que se chama de “competitividade estática”. Uma
inserção ativa e com grande potencial de participação no valor agregado gerado pelas cadeias
produtivas significa que o setor metalmecânico capixaba pode ousar ainda mais, olhando além
destes determinantes “estáticos” de competitividade, e passando a contemplar também os mais
“dinâmicos”, ou seja, aqueles que são relacionados ao aprendizado, ao conhecimento e à criação
de tecnologias e inovação.
• Os níveis de cooperação têm que aumentar, tanto com os fornecedores, como entre as próprias
empresas, e também com as empresas âncoras.
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CONCLUSÃO
Para concluir, pode-se de início mencionar as grandes divergências de opinião que foram constatadas no
contato com os diversos atores que fazem parte do setor metalmecânico capixaba.
Isto sem dúvida significa que os diversos atores do arranjo nitidamente não estão compartilhando a
mesma visão e os mesmos objetivos, revelando um nível de cooperação deficiente. Ou seja, todos estes
problemas de cooperação mostram que ainda não temos no setor um APL maduro.
Assim, podemos concluir que, no setor metalmecânico capixaba, cooperar mais é fundamental, e pensar
esta cooperação em termos de um Arranjo Produtivo Local, que reúna os mais diferentes atores em
torno de objetivos comuns, pode fazer a diferença na busca de competitividade para todos.
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3.2.3 – ARRANJO DE CONFECÇÕES
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
O setor de vestuário no Estado do Espírito Santo teve sua origem a partir da década de 50 por meio de
incentivos (por parte dos órgãos governamentais estaduais e federais) na economia e desenvolvimento
industrial do país, o que alavancou o crescimento da demanda por produtos industrializados que
proporcionaram um aumento na procura por diversos produtos, envolvendo a cadeia do setor de
vestuário nos seus aspectos da produção à comercialização.
A partir da década de 70 o setor de vestuário começou a se destacar no Estado do Espírito Santo, com a
intensificação do desenvolvimento industrial por meio de ações do Governo Estadual, com o objetivo de
ampliar a demanda interna e divulgar o produto capixaba em eventos, com o lançamento do projeto
“Pró-Confecções”.
Em 1986 o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo –BANDES, lança o “Programa Vestir”, com o
objetivo de expandir a capacidade instalada do parque industrial, fornecer recursos para capital de giro e
estimular a capacitação em gestão de recursos humanos, gerenciais e técnicos.
Várias outras ações foram desenvolvidas para promover o Arranjo Produtivo do Vestuário, tais como o
Programa Tecnológico das Indústrias de Confecções, criação do Centro Tecnológico da Indústria de
Confecções – CETECON, Feira da Indústria de Confecções do Espírito Santo – FITEC/ES e o programa
Especial de Exportações –PEE, que foi criado para ampliar as vendas para o comércio externo,
destacando a participação dos municípios da Grande Vitória, Colatina, São Gabriel da Palha, Cachoeiro de
Itapemirim e Linhares.
Em 1996, por iniciativa do BANDES, foi desenvolvida uma pesquisa no setor de vestuário abordando os
aspectos organizacionais, econômicos e sociais.
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Nesse contexto, o setor do vestuário passou por alterações que vão desde o controle da matéria prima,
uso de tecnologias, cooperativismo, até à prática de diferentes formas de gestão organizacional. Todas
essas mudanças destacam a importância de estudos atualizados quanto ao perfil da indústria, comércio e
fornecedores desse segmento da economia que segundo a RAIS (2002) representa cerca de 1.754
empresas. Do total dessas empresas, 64% estão sediadas na Região Central representada por Vila Velha,
Vitória e Serra; 28,8% na Região Norte representada pelos municípios de Linhares, São Gabriel da Palha e
Colatina e 5,5% na Região Sul representada pelo município de Cachoeiro de Itapemirim. Os outros
municípios constituem apenas 1,7% de representatividade do setor.
Estima-se que o setor do vestuário é responsável pela geração de aproximadamente 30 mil empregos
diretos e 3 mil temporários, e que a maior representatividade são das micro e pequenas empresas.
O setor do vestuário é representativo na geração de empregos e renda, formado por empresas com
idade média de cinco anos, embora, no pólo de Colatina, existam empresas com mais de 20 anos. Nesse
segmento prevalecem empresas de base familiar com alta presença de mão de obra feminina.
Vale ressaltar, a identificação e análise do perfil das micro, pequenas, médias e grandes empresas no
setor Produtivo do Vestuário na Região Central, Região Norte e Região Sul do Estado do Espírito Santo
tem que ser feita levando-se em conta seus três segmentos: indústria, comércio e fornecedores.
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MERCADOS
A produção brasileira está passando por um momento critico. Há uma concorrência violenta com a
China, os produtos chineses chegam abaixo da metade dos custos do produto brasileiro, embora o
governo tenha ações para tentar inibir essa ação da China. A máquina brasileira em relação a outros países
está muito defasada. Existem máquinas excelentes, mas são muito caras, e o custo para mantê-las é muito
alto.
No Brasil, a competição com a China é difícil por que o preço dos seus produtos é muito baixo e os
encargos sociais e tributários no Brasil são mais altos, dificultando assim aquisição dos insumos brasileiros
mais competitivos no mercado.
Neste contexto, o Estado do Espírito Santo apresenta excelente vocação para o negócio do setor do Ves-
tuário, pela diversificação de produtos aliados ao número representativo de indústrias e comércio. Este
setor tem características heterogêneas com empresas que estão se modernizando para atenderem as exi-
gência do mercado interno e de exportação e empresas com processos de produção ultrapassados, com
possibilidade reduzida de competirem no mercado.
A produção de peças do setor do vestuário no ano de 2000 foi de 70 milhões de unidades, sendo superior
à registrada em 1999 que foi de 63 milhões de peças.
Segundo a pesquisa, a maior parte da produção estadual, cerca de 62%, é comercializada para outros
estados, com destaque para São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Região Nordeste.
A segmentação do mercado por produto é muito variável com a Região, em que na Região Central
prevalece o Jeans com 17% das indústrias, seguido do Surfwear com 15% e Roupa Profissional com 10%,
enquanto que na Região Norte a produção de jeans é a mais representativa em 53% das indústrias
seguida do Casual com 51% e Acessórios com 11%. Na Região Sul o mais representativo é segmento de
uniformes com 24% seguido do Jeans e Roupa Profissional com 15% e Surfwear e Casual com 12%.
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GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO
Constata-se baixa participação em órgãos de classe, reduzindo o nível de informação e ocasionando
acentuada individualidade.
Também constata-se baixos níveis de cooperação entre os diversos agentes relacionados com este
arranjo. Exemplificando, os resultados quanto à utilização de práticas associativistas de compra de matéria
prima pelas indústrias do arranjo produtivo do vestuário mostram que a maioria não adota essa prática.
CARÊNCIAS E GARGALOS
A participação do estado é ainda muito pequena perante o potencial do Brasil, pois embora haja presença
de boas empresas, estas não conseguem ainda criar uma estrutura de participação dentro do mercado
nacional, pela dificuldade e pelo custo, em razão de grande parte da matéria-prima consumida no setor vir
de outros grandes centros.
Outro fator importante diz respeito à cultura empreendedora do profissional que apresenta qualificação
incompatível com a demanda do setor.
A participação das empresas capixabas no mercado externo ainda é muito tímida, apesar da qualidade de
boa parte das empresas. A falta de cultura em exportação aliada à burocracia constitui um grande
limitador.
Na Indústria há uma grande dificuldade de encontrar profissionais qualificados no mercado. Não existe
uma sistemática na formação de mão de obra. O empresário considera dispendioso o investimento em
qualificação e capacitação de pessoas, destacando a necessidade de formação gerencial. Se houvesse uma
política de investimento em formação de mão-de-obra, certamente o setor teria um incremento na
qualidade da mão-de-obra, e com isso uma redução de custos. Então, é uma estratégia que o setor ainda
não pensou para o futuro.
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Em relação à equipe de criação, é considerada de baixa qualidade. Poderá ser melhorada a médio e longo
prazo com o advento das faculdades.
Existem muitos incentivos, mas o que acontece é que empresários não têm acesso a esses incentivos,
apesar de certos bancos como a Caixa Econômica e Banco do Brasil e outros terem oferecido
financiamentos a custo baixo com carência razoável, mas para se obter acesso a esse tipo de
financiamento é preciso que a empresa esteja com toda a sua documentação correta e que não tenha
nenhuma restrição.
Em termos de esfera estadual e federal existem pouco incentivos nessa área, embora, recentemente,
houve redução da alíquota do ICMS. Em nível municipal, temos hoje atuações específicas em Jaguaré,
Cachoeiro de Itapemirim e em Colatina, onde há uma lei de incentivos fiscais. Muitas vezes a
informalidade, a falta de informações e a pouca participação de reuniões do setor e os altos juros
impedem que os empresários sejam beneficiados com esses incentivos.
Existe muita coisa planejada, mas por falta de participação do empresário nada consegue ir para frente,
por falta de divulgação do produto, por desconfiança ou por falta de uma política real de trabalho do
próprio empresário. Isso é um fato dificultador no setor de confecção. Não há parceria na compra de
matéria prima ocasionando um aumento no produto final.
Na realidade, o empresário tem o foco de isolamento, são poucos os empresários que vêem a
necessidade de interagir com outras empresas, e até com outros estados, cada um se fecha em sua
própria empresa, para que o concorrente não descubra o que ele tem feito, mas com isso ele também
fecha a porta para saber o que está acontecendo de novo nas outras empresas.
A participação dos empresários em feiras tem sido muito pequena, pois eles acham que este tipo de
evento é desnecessário. Isto tem ocasionado uma realidade em que as empresas estão se tornando muito
defasadas em nível de informação e de novidades sobre o que está ocorrendo no restante do mercado,
por que essa troca de informações vai beneficiar os dois lados.
Em termos de mão-de-obra, falta no mercado o profissional treinado para atuar com máquinas e
equipamentos sofisticados tecnologicamente.
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Há necessidade de atrair para o Estado as indústrias de insumos utilizados no setor.
São poucos empresários de confecções que chegam ao nível superior de ensino. Geralmente quando a
mulher na confecção dá certo, ele larga a sua profissão e passa a ajudá-la, assumindo todas as funções
administrativas e gerenciais.
Os resultados obtidos quanto aos investimentos em pesquisa e tecnologia nas indústrias do arranjo
produtivo do vestuário mostram que ainda existe um elevado percentual de indústrias que não investem
em pesquisa e tecnologia.
Assim, o diagnóstico do Setor do Vestuário revelou a existência de gargalos considerados de alta
prioridade, ou seja, que necessitam de ações urgentes para promover o bom desempenho do setor.
Nesse sentido, verifica-se que a baixa qualidade do atendimento ao cliente, baixa capacitação da mão de
obra para atender às especificidades da indústria, baixa qualidade da assistência técnica, alta informalidade,
alta taxa de mortalidade das empresas tanto na indústria como no comércio, altas taxas de juros, elevados
encargos sociais, altos impostos, alta carga tributária e dos direitos trabalhistas, falta de financiamento para
o setor, alto preço da matéria prima, infra-estrutura de transporte e alto preço dos fretes, baixa interação
do setor e a alta concorrência com grandes indústrias de outras regiões se destacam como os fatores mais
limitantes no Arranjo Produtivo do Vestuário.
OPORTUNIDADES
Em relação à cadeia do arranjo produtivo de vestuário, a saída é ultrapassar as fronteiras do estado e
exportar para outros países, por que no Brasil não temos condições de concorrer com o mercado com
custo de matéria-prima tão baixo.
Assim, há necessidade de maximizar recursos e informações voltadas para a área de comércio exterior.
Atualmente, a área de vestuário é de baixa representatividade na pauta de exportação do Estado.
Porém, constata-se que o Setor de Vestuário se apresenta muito fechado a inovações e ao
empreendedorismo, e as oportunidades não são reconhecidas no ambiente interno da organização.
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CONCLUSÃO
A indústria, nos seus diversos segmentos (fornecedores, indústria, comércio), ainda apresenta
características que a afastam completamente da situação de APL maduro. Muito ainda tem que ser feito,
em várias questões, para que esta importante indústria para a economia do Espírito Santo venha a se
desenvolver em níveis elevados.
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3.2.4 – ARRANJO FLORESTAL-MOVELEIRO
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
Ainda que em sua origem o arranjo produtivo de madeira/móveis de Linhares tenha tido forte vinculação
com a extração de madeira nativa nas regiões Norte capixaba e Sul baiana, sua trajetória nos últimos vinte
anos tem sido fortemente marcada por esquemas de capacitação empresarial e de cooperação entre
empresas de diversos portes. Estes esquemas têm facilitado a difusão de inovações tecnológicas e
gerenciais, o que tem capacitado o arranjo como um todo a uma crescente participação no mercado
nacional de móveis (principalmente daqueles residenciais voltados para quartos).
MERCADOS
De uma maneira geral a indústria moveleira em nível internacional é marcada pela fragmentação das
unidades produtivas, constituída principalmente por pequenas empresas. Apenas a produção alemã se
destaca pelo nível de concentração, sendo a maior parte desta concentrada em empresas de grande e
médio portes explorando as vantagens de economia de escala tanto na produção quanto na
comercialização e financiamento. No caso italiano, há uma presença majoritária de pequenas firmas que
buscam se diferenciar na utilização de tecnologia flexível e por meio das inovações de design (Gorini,
1998).
O padrão de concorrência a nível mundial é marcado pela crescente dificuldade de utilização das madeiras
nobres como matéria -prima, principalmente em razão das preocupações ambientais, que têm sido
contornadas pela difusão de novas matérias-primas como o medium-densidy fiberboard (MDF), além de
outros materiais utilizados para revestimento, como os painéis de aglomerados e de compensados, e
também pela utilização crescente de madeiras reflorestáveis como o pínus e o eucalipto.
Isso em um período em que o ambiente em que operam as empresas do arranjo tem passado por rápidas
mudanças. Além da difusão da automação de base micro-eletrônica que vem afetando os diversos setores
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produtivos em escala mundial, o segmento de móveis vem sofrendo alterações provocadas tanto por
inovações em insumos básicos (como aglomerados, revestimentos, colas, vernizes etc.); em design; e em
esquemas de comercialização de seus produtos.
A produção em nível internacional se encontra concentrada, sendo que os três principais produtores
(EUA, Alemanha e Itália) respondem por 65% da produção mundial. Tanto o consumo de móveis quanto
as exportações também se encontram concentradas basicamente nos países desenvolvidos, excetuando-
se, neste último caso, apenas Taiwan e China. Os sete maiores consumidores (EUA, Alemanha, França,
Itália, Reino Unido, Japão e Espanha) responderam em 1996 por 80,6% de todo o consumo mundial.
O setor moveleiro nacional é caracterizado pela grande presença de pequenas e médias empresas, tendo
a participação de inúmeras informais, em razão das baixas barreiras à entrada, o que dificulta, entre outras
coisas, a introdução de normas técnicas que atuariam na padronização dos móveis e de suas partes
intermediárias. Segundo dados do Censo Industrial do IBGE (1985) e dados do SERASA (1996), existem
mais de 12.000 empresas atuando no mercado brasileiro, especificamente na indústria de móveis de
madeira (incluindo Vime e Junco), sendo que a totalidade das empresas, incorporando outros tipos de
materiais, ultrapassaria o montante de 13.000.
A produção moveleira nacional é regionalmente concentrada, sendo que os estados de São Paulo, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná respondem por cerca de 82% da produção nacional. Destes
estados, São Paulo é o que concentra o maior volume produzido, sendo responsável por 42% da
produção, seguido do Rio Grande do Sul com 18% da produção nacional. (Gorini, 1998:25). Assim, uma
característica proeminente na indústria moveleira em nível nacional é a organização da produção em
pólos regionais. São em número de dez os principais pólos moveleiros do Brasil. Um deles se encontra no
Espírito Santo. Assim, os municípios de Linhares e Colatina, conjuntamente, respondem, no ranking dos
dez maiores pólos moveleiros do país, pelo 5º lugar em termos de volume de empresas e pelo 6º em
volume de empregos.
Dentro da produção moveleira, o segmento de móveis de madeira para residência é o mais importante,
com 60% da produção total, seguido pelo segmento de móveis de madeira para escritórios, com 25% e
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da produção de móveis institucionais para escolas, consultórios médicos, hospitais, restaurantes, hotéis e
similares, com 15%. (Gorini, 1998, p. 25)
O segmento de móveis de madeira para residência se subdivide nas modalidades de (i) móveis retilíneos
seriados, com a presença das maiores escalas de produção, (ii) móveis torneados seriados, com a
presença de médias e grandes empresas e (iii) móveis torneados ou retilíneos sob encomenda, com a
presença majoritária de micro e pequenas empresas.
As exportações brasileiras de móveis se caracterizam por sua pouca diversificação, sendo elas
majoritariamente de móveis de madeira, como pode ser observado por meio dos dados de 1997. Sua
estrutura veio se modificando ao longo do tempo, como resultado da ampliação das restrições de caráter
ambiental na Europa. Desse modo, houve uma substituição da exportação de móveis de alto padrão de
madeira maciça ou de madeira folheada de lei por móveis de madeira reflorestada, principalmente de
pinus.
As exportações são provenientes principalmente dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, cujas
participações no total das exportações de móveis em 1999 chegaram conjuntamente a 80,61%, sendo
que somente os pólos de São Bento do Sul e Bento Gonçalves respondem por ¾ das exportações
brasileiras de móveis (Coutinho et alii, 1999:46).
Com relação às madeiras maciças, há uma grande carência de fornecedores especializados no
processamento da madeira serrada destinada a indústria de móveis. O fornecimento se caracteriza pela
irregularidade e baixa qualidade, o que leva as empresas moveleiras a buscarem uma integração para trás.
Como uma inovação recente no âmbito das matérias-primas, está o uso do eucalipto, que, embora ainda
pouco utilizado, aponta para melhores perspectivas no futuro.
Deste modo, há uma possibilidade significativa de substituição de madeira nativa por reflorestada, o que
pode indicar um aumento na utilização do eucalipto. Um elemento novo a se considerar é a exportação
de móveis de eucalipto, uma experiência que vem se desenvolvendo a partir de pólos menores como o
de Linhares no Espírito Santo. Neste caso, buscar-se-ía atingir mercados nos quais as políticas ambientais
100 - 116
exigissem o uso de madeira reflorestada ou, como no caso do mercado norte-americano, houvesse uma
demanda significativa por móveis mais robustos, de madeira maciça.
No caso do Brasil, as principais razões que poderiam ser listadas para a busca de espécies alternativas são:
(a) o distanciamento crescente da fronteira florestas para o norte do país; (b) o alto custo do transporte;
(c) as pressões ecológicas para o uso de recursos florestais renováveis; (d) a alta produtividade das
florestas plantadas de eucalipto; (e) a idade de corte reduzida (7 anos para celulose; de 15 a 20 anos para
serraria); (f) a ampliação da possibilidade de uso múltiplos das florestas; (g) o custo competitivo da
madeira de eucalipto; e a segurança de abastecimento com matéria-prima homogênea (SENAI/CETEMO,
1998:191-192). Estas características apontam para a utilização da madeira reflorestada de forma a gerar
maior competitividade para as empresas em indústrias localizadas para-frente na cadeia produtiva, como
o caso da indústria moveleira.
Entre as empresas que desenvolvem projetos nessa área, são destacadas por Gorini (1998) as seguintes
empresas: Aracruz Celulose e a CAF Santa Bárbara (ambas fabricando apenas produtos de madeira
sólida), a Flosul (Grupo Renner) que produz o eucalyptus glued panel (painel maciço, com densidade
superior ao de pínus, a partir da colagem lateral de pequenas peças de madeira – sarrafeados) e a Klabin,
que apenas fornece matéria -prima para serrarias e laminadoras.
A indústria de móveis no Espírito Santo produz todos os tipos de móveis, porém atua principalmente no
segmento de móveis residenciais (o maior volume de produção é de dormitórios de madeira retilíneos),
cujo tipo de produção se divide em móveis retilíneos seriados e móveis sob encomenda. O segmento de
móveis residenciais em série encontra-se majoritariamente concentrado no município de Linhares,
enquanto que o sob encomenda está pulverizado por todo estado, com predominância de Colatina e
Grande Vitória. Existem hoje em torno de 800 empresas atuando no estado, entre micro, pequenas,
médias e grandes, sendo 428 constantes nos cadastros do Ideies/Findes, e um grande grupo de pequenas
empresas informais. A produção se encontra concentrada regionalmente nos municípios de Linhares e
Colatina na região Norte e Guaçuí e Muniz Freire na região Centro-Sul. Destes municípios o que
concentra a maior parte das empresas é o de Linhares, sendo responsável por 78,67% da produção (em
peças) no ano de 1997. (Rigoni, 1998: 05)
101 - 116
Linhares e Colatina, conjuntamente, respondem, no ranking dos dez maiores pólos moveleiros do país,
pelo 5º lugar em termos de volume de empresas e pelo 6º em volume de empregos. Entretanto, dada a
participação significativamente mais expressiva do pólo de Linhares, esse, considerado isoladamente, é o
5º em termos de volume de empresas e o 7º em termos de volume de emprego. Desse modo, o pólo de
Linhares assume uma importante representatividade em nível nacional.
A origem do arranjo produtivo de madeira/móveis de Linhares tem forte vinculação com a extração de
madeira nativa nas regiões Norte capixaba e Sul baiana. Após período de decadência, as serrarias na
região de Linhares começaram a ser reativadas no início dos anos noventa, em razão principalmente da
oferta de madeiras reflorestadas. Em 1992, a Floresta Rio Doce abriu concorrência para o desmatamento
em algumas áreas reflorestadas com pinus. Entre 1993 e 1994 a Bahia Sul começou a ofertar um lote
grande de madeira de eucalipto (pés da madeira na altura de 2,80 metros) cujo diâmetro era maior do
que cabia em seu picador. A partir deste momento a Bahia Sul se torna a grande ofertante de madeira
para a indústria de madeira em Linhares, sendo praticamente responsável por 85-90% do eucalipto
ofertado para as serrarias da região durante a década de noventa.
O arranjo produtivo que vem se desenvolvendo no nordeste capixaba é composto por um Cluster que
envolve cerca de 90 empresas produtoras de móveis, sendo uma de grande porte (Movelar), no critério
de classificação por faturamento, duas de médio porte (Rimo e Delare) e as restantes de pequeno e micro
portes, sendo o capital do conjunto das empresas totalmente nacional. A produção local é
majoritariamente de móveis retilíneos em série, com especialização em dormitórios, sendo que existem
algumas poucas empresas de estofados, dentre as quais se destaca a Delare, terceira maior empresa
moveleira de Linhares. As outras poucas empresas de estofados são de pequeno porte.
Além das empresas moveleiras, o arranjo é também formado por :
(a) aproximadamente 30 pequenas serrarias localizadas em Linhares, identificadas no cadastro
Findes/Ideies, 1998 e no cadastro do Sindicato das indústrias da madeira e do mobiliário de Linhares;
(b) uma grande serraria, a Lyptus (Aracruz Produtos de Madeira S.A.), a maior do setor nas proximidades
de Linhares (cerca de 188 Km do município), localizada em Posto da Mata, município de Nova
102 - 116
Viçosa/Bahia, a qual pertence à uma grande fornecedora de madeira reflorestada (eucalipto), a Aracruz
Celulose S.A. A Lyptus, com a tecnologia de serragem voltada para o processamento do sólido de
eucalipto e a Aracruz Celulose S.A., com a tecnologia de manejo florestal para o melhoramento das
árvores de eucalipto a fim de produzir madeira de melhor qualidade, são atores cujo impacto de seus
desenvolvimentos deve ser sentido de uma forma cada vez maior no arranjo;
(c) duas empresas fornecedoras de eucalipto para as pequenas serrarias, a Florestas Rio Doce e a Bahia
Sul;
(d) quatro empresas principais fornecedoras de equipamentos (Master Paint, Kraft-Lyne, Giben do Brasil
e Maclinea) e uma empresa fornecedora de lâminas e serviços de afiação (Fino Corte – representante da
Diamante ) situada em Linhares;
(e) duas maiores empresas fornecedoras de tintas e vernizes (Sayer-Lack e Quimpil);
(f) várias empresas que atuam no varejo de móveis em nível regional, sendo que no Espírito Santo podem
ser destacadas a Danúbio e a Moveline, em se tratando de compradoras dos móveis produzidos em
Linhares, e várias empresas de outros estados do país.
Os principais mercados das empresas de Linhares são os do Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais,
Bahia, Rio de Janeiro e, em menor proporção, Paraná, Santa Catarina, Paraíba e outros Estados do
Nordeste e da Região Sul do País. Quanto à exportação, ela responde por 0,3% das vendas totais do
conjunto das empresas. Isto ocorre porque apenas duas empresas realizam exportações: a Movelar e a
Rimo.
103 - 116
GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO
Em termos das instituições que compõem o arranjo, com o caráter de promoção e/ou coordenação das
interações no arranjo, a única que existe é o Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de
Linhares (Sindimol), a qual possui uma elevada inter-relação com as empresas locais. A ação do sindicato é
amplamente reconhecida pelos empresários do setor e ele vem se tornando um elo fundamental entre as
empresas e outras instituições existentes e que pode se constituir em apoio fundamental para uma maior
qualificação da gerência de produção e da força de trabalho como um todo. Além dos desdobramentos
possíveis em termos da informação tecnológica e possibilidades de inovação.
Uma função importante deste sindicato se refere à perda da vantagem competitiva construída a partir da
abundância de matéria-prima, que desencadeou processos de cooperação entre empresas que
resultaram tanto em melhorias nas condições de aquisição de insumos mais elaborados, quanto na difusão
de novos equipamentos e/ou processos produtivos que caracterizam o paradigma tecno-econômico da
tecnologia da informação. Estes esquemas de cooperação foram fortemente marcados por uma
construção institucional gestada e operacionalizada através do sindicato de empresários local.
No que se refere à cooperação, as informações levantadas para este trabalho indicam um crescente
movimento da atividade de subcontratação no setor. Embora apenas 3 empresas tenham afirmado serem
subcontratadas, 8 empresas afirmaram subcontratar outras empresas.
No caso da Movelar, o seu apoio às subcontratadas envolve desde o envio de alguns de seus funcionários
para treinar, acompanhar e ensinar aos empregados das subcontratadas até a contratação de consultoria
(hoje há um consultor do Rio Grande do Sul bancado pela Movelar para melhorar a produção da empresa
e de suas subcontratadas).
Além disto, a subcontratante também transferiu parte do maquinário para as subcontratadas, de acordo
com a necessidade da produção. Hoje as terceiras possuem certa autonomia no treinamento de seus
funcionários no uso dos equipamentos. Entretanto, estas são sempre auxiliadas pela Movelar com relação
à problemas maiores com o maquinário.
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A questão do processo de aprendizado e capacitação das terceiras envolve a necessidade de equiparação
em termos da qualidade dos produtos delas em relação ao produzidos pela Movelar. Isto, em função de
adequação as exigências da norma ISO9001, certificação já alcançada pela Movelar.
CARÊNCIAS E GARGALOS
Com relação às matérias-primas, a grande maioria tem sua origem em outros estados do país. Em se
tratando das madeiras de reflorestamento, com relação ao eucalipto, as empresas afirmaram que 63% é
de origem é local e 38% de outros estados. Entretanto, no caso da madeira serrada de eucalipto
comprada de outros Estados, as empresas afirmaram comprar da empresa Lyptus (Aracruz Produtos
Sólidos de Madeira), uma subsidiária da Aracruz Celulose, localizada na Bahia.
A matéria-prima utilizada se origina basicamente das regiões Sul (aglomerados e laminados) e Norte
(sólidos de madeira da região amazônica) do país, e de São Paulo. A produção de insumos dentro do
estado é pouco expressiva, contribuindo com uma pequena quantidade de madeira reflorestada (pínus e
eucalipto). Apesar de crescente, a utilização de eucalipto é ainda questionada pelos empresários do setor
devido à falta de conhecimento sobre espécies mais adequadas ao segmento de móveis e sobre técnicas
de tratamento. Entretanto, vários estudos se encontram em andamento e a empresa Aracruz Celulose
S.A. vem desenvolvendo novos métodos de manejo florestas e de manipulação genética para gerar
árvores de eucalipto mais propícias para a produção de móveis.
Em se tratando de matéria-prima importada, podem ser observados os casos de compra de MDF, que
vários empresários afirmaram comprar, não em muita quantidade, da empresa Masisa (que produz MDF
no Chile e na Argentina), o caso de algumas madeiras nativas específicas (pau-marfim e imbuia) e o caso
do segmento de móveis estofados que possuem algumas matérias-primas específicas e que buscam
qualidade em determinados produtos estrangeiros (tecidos e ramina). Em termos da matéria-prima local,
apenas são compradas madeiras reflorestadas (eucalipto e pinus), mas em quantidade significativa, e
alguma coisa de compensados.
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Dois problemas que se apresentam em termos das matérias-primas para a indústria moveleira em
Linhares, são; (i) a perspectiva de uma redução na oferta de madeira de eucalipto por parte das pequenas
serrarias, ficando apenas a Lyptus como ofertante e (ii) a baixa oferta de aglomerados, resultado do nível
insuficiente de investimento neste setor, o que vem exigindo o estabelecimento de cotas para a oferta.
Assim, dada a importância cada vez maior do MDF como matéria-prima da indústria, falta uma fonte
próxima desta matéria-prima (que poderia ser instalada na própria região), que possibilite substancial
redução de custos.
Com relação a origem dos insumos, repete-se o mesmo que com as matérias-primas. A grande maioria
destes vêm de outros estados do país (83,89%). Os insumos comprados localmente são basicamente
vernizes e colas, e em pouquíssima quantidade, se referindo mais às compras das pequenas marcenarias,
além de espelhos, utilizados em alguns móveis, dobradiças e vidros. No caso das três maiores empresas a
totalidade dos insumos vêm de outros Estados, nada é comprado localmente ou importado.
Embora de modo ainda muito incipiente, se a relação entre a Fino Corte/Diamante e as empresa de
Linhares se desenvolver na direção de um processo de subcontratação crescente do serviço de afiação é
possível que se obtenha ganhos em termos da maior qualidade dos móveis e de produtividade, já que a
ferramenta afiada por empresas especializadas tende a durar o dobro do tempo que a ferramenta afiada
nas fábricas, e possui também uma precisão muito maior. Isto pode se constituir em mais um dos fatores
que venham a permitir uma certa igualação entre os produtos produzidos em Linhares e os de outros
pólos moveleiros mais avançados.
No caso das empresas moveleiras de produção artesanal, o SENAI ainda tem um bom campo de atuação
e suas instalação ainda estão apropriadas. Entretanto, em se tratando de produção com alta tecnologia as
instalação não são próprias, embora uma parte significativa dos empregados das empresas que usam
equipamentos mais modernos já passaram por treinamentos no SENAI. Hoje o treinamento é feito pelas
próprias empresas fornecedoras dos equipamentos.
Com relação ao perfil da mão-de-obra presente na região, apesar dos empresários considerarem muito
importantes os vários itens relacionados, todavia, parte destes admitiram a ausência destas características
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nos trabalhadores locais, sendo que os outros afirmaram que apenas parte da mão – de - obra possui
estas características, e em certo grau. Alguns empresários apontaram a necessidade de melhoria no nível
de escolaridade dos trabalhadores.
O que favorece a baixa qualidade da mão-de-obra é que (apesar de todos os empresários terem afirmado
que é muito importante a qualificação) para a maioria do empresariado parece que a ‘qualificação’ atual
dos trabalhadores é satisfatória. Isto implica num baixo incentivo à continuidade do estudo.
Em termos das fontes de financiamento o perfil das empresas do arranjo é tradicional, com pouca
utilização de outros recursos que não os próprios.
As respostas revelam também a inexistência de qualquer vínculo sistemático entre as empresas da região
e instituições de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) como Centros Tecnológicos e Universidades.
Apenas uma, dentre as três maiores empresas, já utilizou serviços de Centros Tecnológicos ou
Universidades (no Estado, em outros Estados e de fora do país).
Os desenhos são feitos, em sua maioria, de forma extremamente simples, sem a utilização de desenhos
técnicos (o que pode ser resultado da dificuldade de parte dos encarregados da produção em ler
desenhos técnicos, o que exigiria conhecimentos de metrologia) e nem de instrumentos mais sofisticados
como os sistemas CAD/CAM. Com relação às três maiores empresas do setor, apenas duas responderam
que tem sido importante a utilização destes sistemas.
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OPORTUNIDADES
Recentemente, a entrada em operação de uma unidade de fabricação de sólidos de madeira de eucalipto,
em região próxima a aquela onde se encontra o core do arranjo produtivo, abriu novas perspectivas para
mudanças na trajetória do arranjo. Isto porque a proximidade com matéria prima mais nobre pode
ensejar oportunidades para a agregação de valor através de produção voltada para o mercados mais
sofisticados, inclusive no exterior.
Além disso, dada a importância cada vez maior do MDF como matéria-prima da indústria, falta uma fonte
próxima desta matéria-prima (que poderia ser instalada na própria região), que possibilite substancial
redução de custos e adensamento da cadeia produtiva. Aliás, esta seria uma medida que atuaria frente a
um possível gargalo, apontado por especialistas, que tende a afetar a indústria num futuro próximo: a
ausência no mercado da principal matéria-prima para esta atividade econômica, que é a madeira.
Evidentemente, outra oportunidade que pode ser aproveitada relaciona-se com desenvolvimentos na área
de design;
A participação do Espírito Santo na exportação nacional de móveis tem crescido de forma continuada nos
três últimos anos. Atualmente vêm se desenvolvendo no setor um interesse pela exportação de produtos,
principalmente estimulado pelas exportações da Movelar S.A. e da Rimo, as duas empresas do setor que
exportam, e pela realização do Promóvel (um programa de incentiv à exportação voltado para o setor).
Porém, há ainda grande espaço para crescimento nesta área. Neste sentido, são importantes o envio de
missões empresariais ao exterior para realização de contatos e estreitamento de relações internacionais, a
exposição de móveis brasileiros em eventos internacionais; etc. Com isso, formação de consórcios entre
as empresas pode ser importante.
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CONCLUSÃO
Alguns problemas existentes no setor, trabalhados ao longo do texto, são facilmente detectados.
Podemos citar alguns: carência de mão-de-obra especializada, utilização de tecnologia defasada em
relação ao países desenvolvidos, inexistência de normas específicas para o setor, problemas com o
fornecimento de matéria-prima, dentre outros. São problemas que levam à conclusão de que o setor é
um APL ainda em consolidação.
Porém, cabe aqui ressaltar, apesar dos entraves existentes, que houve significativas melhorias ao longo
dos últimos anos . Por isso, acreditamos que é possível estabelecer níveis competitivos satisfatórios no
setor, melhorando inclusive o seu grau de inserção no mercado internacional. Isso dependerá,
naturalmente, da adoção de políticas orientadas pelo governo, pelas instituições responsáveis pelo setor e
pelas empresas interessadas.
E para se garantir melhorias continuadas nos níveis de competitividade, mais cooperação é necessária.
Desse modo, é necessária a capacitação tanto dos indivíduos (empresários e trabalhadores) quanto das
instituições. Ou seja, é preciso, para que haja um ‘aprofundamento’ do arranjo existente, trabalhar-se as
diversas esferas que envolvem a produção do conhecimento/aprendizado, nas diversas organizações que
compõem o APL, em busca de maiores níveis de competitividade para os atores do arranjo.
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4 – PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO
O objetivo desta etapa é identificar e propor formas de intervenção junto aos arranjos produtivos. Vale
ressaltar que intervenção aqui não significa necessariamente a pública, mas também a dos atores dos pró-
prios arranjos, principalmente suas instâncias de governança.
A realização deste objetivo pressupõe a proposição de medidas que atuem:
• No sentido de apontar soluções que sejam comuns aos vários APLs.
• No sentido de cada vez mais aproximar cada arranjo do estágio maduro para um APL (e mesmo o
único que se apresenta como maduro pode ainda melhorar vários dos seus gargalos).
Mas desde já deve ser ressaltado que as proposições de intervenção deste trabalho sempre serão
pautadas pela cooperação entre todos os agentes integrantes de cada arranjo. Considera-se que a
superação dos desafios competitivos pressupõe a formação de uma verdadeira “rede de cooperação“
entre tais agentes, como visto.
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Políticas desejáveis para fomento/fortalecimento dos Arranjos Produtivos
Nº Políticas Gerais Potencial Responsável
01Criação de centros de formação profissional regionais (vinculados
às demandas dos arranjos produtivos locais)
Governo do Estado, FINDES e
Movimento Empresarial
02Melhoria das condições de acesso ao crédito para as empresas
dos arranjosBANDES
03 Melhoria das condições de logística para os arranjos SEDETUR e SEDIT
04Legislações tributárias que contribuam para o aumento da
competitividade dos arranjos produtivosSEFA, SEDETUR
05 Criação de centros tecnológicos para os arranjos produtivos Arranjos produtivos e SEDETUR
Nº Políticas Arranjo Metalmecânico Potencial Responsável
01 Capacitação empresarial/gerencial SEBRAE/CDMEC, ES AÇÂO
02 Aumento do nível de cooperação entre as empresas do arranjo CDMEC
03 Capacitação para a cadeia produtiva do Petróleo e Gás CDMEC, SEDETUR
Nº Políticas Florestal Moveleiro Potencial Responsável
01Programa de recuperação de áreas degradadas para
aproveitamento e plantio de madeiras (principalmente eucalipto)
ES AÇÃO (Conselho Florestal),
SEDETUR, SEDEAG
02Fortalecimento e ampliação do programa de fomento, incluindo
outras empresas do arranjo
ES AÇÃO (Conselho Florestal),
SEDEAG
03Atração de uma fábrica de MDF para adensamento da cadeia
produtiva dos móveisES AÇÃO, SEDETUR
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Nº Políticas Confecções Potencial Responsável
01Programa de capacitação, que envolva as facções (fornecedores,
indústria e comércio)SEBRAE, Arranjo Confecções
02 Programa de ampliação do número de fornecedores Arranjo Confecções
03Aumentar as parcerias público-privadas para realização de eventos
nacionais e internacionais
Arranjo confecções, SEDETUR,
SEBRAE
Nº Políticas Mármore e Granito Potencial Responsável
01Investimento em tecnologias que permitam ampliação da
agregação de valor dos produtos vendidos
Arranjo mármore e granito,
SEDETUR
02Instalação de empresas de processamento de pedras na região
noroeste do Estado
Arranjo mármore e granito,
SEDETUR
03Integração com outros arranjos, principalmente o metalmecânico
com objetivo de adensamento da cadeia produtiva
Arranjo mármore e granito,
SEDETUR
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5 – CONCLUSÃO
Este trabalho permite concluir que existe apenas um APL maduro no Espírito Santo, o de mármore e gra-
nito, e que mesmo este é passível de propostas de intervenção, como as apresentadas na seção anterior.
Como foi mostrado na II etapa do trabalho, mesmo no caso dos três APLs em consolidação, os gargalos e
fatores limitadores são grandes ainda. E esta situação é esperada para os outros 12 APLs que são ainda
embrionários (com agravantes certos no caso dos APLs embrionários estagnados).
Assim, as medidas de intervenção propostas foram basicamente de dois tipos:
1) Em primeiro lugar, a colocação em prática de medidas comuns a todos os APLs (financiamento, capaci-
tação gerencial e de mão-de-obra, incentivos para a exportação, infra-estrutura, etc.), o que inclusive per-
mite maior representatividade na busca de benefícios junto às autoridades públicas que atendam a todos
os setores. Isso também significa que podem surgir a partir daí sinergias entre os vários APLs. Ou seja, a
cooperação entre suas instâncias de coordenação em busca de objetivos comuns pode significar também
cooperação produtiva (como por exemplo entre o metalmecânico e o de mármore e granito), ampliando
ainda mais suas possibilidades de crescimento econômico.
2) Em segundo lugar, ao se propor medidas específicas para cada APL fica claro que tais medidas devem
levar em conta o grau de consolidação de cada APL. Assim, as medidas propostas para APLs embrionários
devem ser distintas daquelas propostas, por exemplo, para o único APL maduro do Estado.
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Anexos
Tabela2: Número de empregos, participação relativa e Gini dos APLs (2004)APLs Valor absoluto Percentual Gini
Alimentos-massas 3.692 0,62% 0,716Aquicultura 622 0,10% 0,569Cacau e derivados 3.854 0,65% 0,665Cafeicultura 6.012 1,01% 0,553Confecções 27.593 4,65% 0,826Construção civil 30.571 5,15% 0,744Florestal-moveleiro 9.309 1,57% 0,813Fruticultura 1.583 0,27% 0,746Logística 17.424 2,94% 0,624Mármore e granito 13.951 2,35% 0,759Metalmecânico 16.785 2,83% 0,766Pecuária de corte 8.726 1,47% 0,628Pecuária de leite 6.968 1,17% 0,556Petróleo e gás 1.182 0,20% 0,567Sucro-alcooleiro 3.701 0,62% 0,662Turismo 4.338 0,73% 0,709Total para os APLs estudados 156.341 26,34% -Demais atividades 430.832 72,58% -Total 593.593 100,00% -Fonte: Cálculo da Futura a partir de dados da Rais (2004).
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Tabela 3: Efeitos Shift and Share (%), 1995-2004APLs Nacional Mix Competitividade Total
Alimentos-massas 32,21% -16,70% 19,43% 34,94%Aquicultura 32,21% 8,82% 6,02% 47,04%Cacau e derivados 32,21% -28,64% -7,27% -3,70%Cafeicultura 32,21% 38,29% 84,03% 154,53%Confecções 32,21% 5,56% 30,95% 68,72%Construção civil 32,21% -27,07% 8,67% 13,81%Florestal-moveleiro 32,21% 8,48% -18,20% 22,49%Fruticultura 32,21% 62,76% 430,72% 525,69%Logística 32,21% 6,11% -19,62% 18,71%Mármore e granito 32,21% 12,43% 106,00% 150,65%Metalmecânico 32,21% -13,60% 45,08% 63,70%Pecuária de corte 32,21% 94,29% -48,28% 78,23%Pecuária de leite 32,21% 18,30% -25,27% 25,23%Petróleo e gás 32,21% 128,07% 23,17% 183,45%Sucro-alcooleiro 32,21% -27,58% 93,29% 97,91%Turismo 32,21% -16,12% -10,49% 5,60%Total para os APLs estudados 32,21% -3,84% 17,10% 45,47%Demais atividades 32,21% 1,27% 6,10% 39,58%Total 32,21% 0,00% 8,94% 41,15%Fonte: Cálculo da Futura.
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Realizadores
Coordenador do Projeto:
Orlando Caliman (Mestre em Econometria, especialista em modelos econométricos, desenvolvimento
local e estudos setoriais);
Execução do Projeto:
Tyago Ribeiro Hoffmann (Mestre em Economia, especialista em desenvolvimento local, pesquisas e
arranjos produtivos);
Robson Grassi (Doutor em Economia, especialista em estudos setoriais e arranjos produtivos).
Equipe de Apoio:
Sávio Bertochi Caçador (Bacherel em Economia);
Fabiola Van Rondow (Estatística);
Stéfano Machado dos Santos (Bacharel em Ciência da Computação, especialista em softwares e tecnolo-
gia da informação).
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