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Sugestões de livros e filmes - Professora Priscila Germosgeschi 2017 www.cursoderedacao.net 2017 Professora Priscila Germosgeschi PARA LEITURA Redes de indignação de esperança: movimentos sociais na era da internet - de Manuel Castells O livro de Manuel Castells examina como esses diferentes movimentos em rede se organizam em espaços online para ocupação do espaço público urbano. Muitas vezes sem lideranças, os movimentos que no Brasil tiveram destaque nas ‘Jornadas de junho de 2013’, possibilitaram um movimento de pressão que teve impacto direto no mundo político. De lá pra cá, em maiores e menores intensidades, tanto o campo da esquerda quanto da direita ocupam as ruas para manifestar, ora apoio, ora re púdio à atuação política. O livro é didático ao explicar as revoltas que se iniciaram na ‘Primavera Árabe’ e que derrubaram diversos ditadores daquela região. – George Marques Deuses de dois mundos - de PJ Pereira O livro é uma trilogia que apresenta duas narrativas que se cruzam: a do protagonista, um jornalista da classe média paulistana, e a dos orixás num tempo mítico. Pelo fato do autor ser publicitário, fui ler com os dois pés atrás, mas, apesar de alguns clichês enfadonhos em torno do protagonista, a história é excelente. Só o fato do autor trazer a mitologia dos orixás para a literatura brasileira já vale a leitura. João Filho Eles eram muitos cavalos - de Luiz Ruffato Ao ler o livro de Ruffato, descobrimos que somos muitos cavalos. Entendemos o quanto somos pequenos diante do todo. E que a vida acontece ao seu próprio ritmo, não espera o nosso. Simplesmente, as coisas se fazem. É um livro sobre a cidade, sobre a metrópole e o compasso dos tempos modernos que não permite tempo para contemplação. A vida é líquida e segue. O ar é meio esquizofrênico e é dessa forma que o autor organiza a obra. O livro conta pequenas histórias de diferentes personagens da cidade de São Paulo. Tudo acontece ao mesmo tempo. Nada chega a um desfecho. É a vida de cada um pulsando na cidade, que é a personagem principal do livro. – Juliana Gonçalves Petrobras: uma história de orgulho e vergonha - de Roberta Paduan Esse livro-reportagem de Roberta Paduan traz um raio-x da empresa que, de símbolo maior de orgulho nacional, teve a moral arrastada para o fundo do poço com os escândalos da Lava Jato. Uma boa leitura para quem quer entender melhor o noticiário atual e para aqueles que acham que as ilegalidades na empresa começaram no governo PT. Roberta mostra que a corrupção na petroleira é bem anterior a isso. – Helena Borges Os sertões - de Euclides da Cunha Um dos lançamentos do ano foi a mais completa edição já publicada de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha , com extensa fortuna crítica, fotos, reproduções de manuscritos e organização de Walnice Nogueira Galvão, pela Editora Ubu, fundada pelas editoras que fizeram da Cosac Naify referência em qualidade de catálogo e design. O livro começa narrando o Brasil em dimensões cosmogônicas, como se mapeasse as condições geológicas, históricas e antropológicas do país visto do espaço – talvez a um alienígena ou historiador do futuro para quem esta terra já não mais existisse, tragada pelo destino anunciado na tragédia do terço final do volume. É um dos maiores livros já escritos em qualquer língua — e especialmente por causa de suas contradições. Seu autor é um republicano e militarista convicto que termina sem conseguir descrever a chacina da vitória que deveria comemorar. J.P. Cuenca Tudo pode mudar: capitalismo vs. clima capitalismo vs. clima [This Changes Everything: Capitalism vs. the Climate] - de Naomi Klein Naomi Klein é uma jornalista canadense excelente que há muito tempo escreve sobre capitalismo, consumismo e clima. Mesmo assim, ela admite no livro que, até recentemente, negava a mudança climática. Não na forma que Donald Trump e seu bando de zelotas fazem, mas no sentido de que acreditava que a mudança climática existe, mas continuava vivendo avida, esperando que uma solução mágica resolveria tudo de uma vez e fingindo que o futuro não seria horrível se a gente não alterasse drasticamente o modo como nossa sociedade é construída. Provavelmente, você que está lendo isso ainda é assim. E exatamente por isso, vale a pena ler esse livro, que é sobre, simplesmente, o assunto mais importante do mundo e ela tem ideais geniais para enfrentar a crise iminente que criamos para o planeta e nossas sociedades. Existe um documentário com o mesmo nome. Andrew Fishman

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Sugestões de livros e filmes - Professora Priscila Germosgeschi 2017

www.cursoderedacao.net 2017 Professora Priscila Germosgeschi

PARA LEITURA

Redes de indignação de esperança: movimentos sociais na era da internet - de Manuel Castells

O l ivro de Manuel Castells examina como esses diferentes movimentos em rede se organizam em espaços online para

ocupação do espaço público urbano. Muitas vezes sem l ideranças, os movimentos que no Brasil tiveram destaque nas ‘Jornadas de junho de 2013’, possibilitaram um mo vimento de pressão que teve impacto direto no mundo pol ítico. De lá pra cá , em maiores e menores intensidades, tanto o campo da esquerda quanto da direita ocupam as ruas para manifestar, ora apoio, ora re púdio

à atuação política. O l ivro é didático ao explicar as revoltas que se iniciaram na ‘Primavera Árabe’ e que derrubaram diversos ditadores daquela região. – George Marques

Deuses de dois mundos - de PJ Pereira

O l ivro é uma tri logia que apresenta duas narrativas que se cruzam: a do protagonista, um jornalista da classe média paul istana, e a dos orixás num tempo mítico. Pelo fato do autor ser publicitário, fui ler com os dois pés atrás , mas ,

apesar de alguns cl ichês enfadonhos em torno do protagonista, a his tória é excelente. Só o fato do autor trazer a mitologia dos orixás para a l i teratura bras i lei ra já va le a lei tura . – João Filho

Eles eram muitos cavalos - de Luiz Ruffato

Ao ler o l ivro de Ruffato, descobrimos que somos muitos cavalos. Entendemos o quanto somos pequenos diante do todo. E que a vida acontece ao seu próprio ri tmo, não espera o nosso. Simplesmente, as coisas se fazem. É um l ivro sobre a cidade, sobre a metrópole e o compasso dos tempos modernos que não permite tempo para contemplação.

A vida é l íquida e segue. O ar é meio esquizofrênico e é dessa forma que o autor organiza a obra. O l ivro conta pequenas histórias de diferentes personagens da cidade de São Paulo. Tudo acontece ao mesmo tempo. Nada chega

a um desfecho. É a vida de cada um pulsando na cidade, que é a personagem princip a l do l ivro. – Juliana Gonçalves

Petrobras: uma história de orgulho e vergonha - de Roberta Paduan

Esse livro-reportagem de Roberta Paduan traz um ra io-x da empresa que, de s ímbolo maior de orgulho nacional ,

teve a moral arrastada para o fundo do poço com os escândalos da Lava Jato. Uma boa lei tura para quem quer entender melhor o noticiário atual e para aqueles que acham que as i lega l idades na empresa com eçaram no governo PT. Roberta mostra que a corrupção na petrolei ra é bem anterior a i sso. – Helena Borges

Os sertões - de Eucl ides da Cunha

Um dos lançamentos do ano foi a mais completa edição já publicada de “Os Sertões”, de Eucl ides da Cunha , com extensa fortuna crítica , fotos, reproduções de manuscritos e organização de Walnice Nogueira Galvão, pela Editora Ubu, fundada pelas editoras que fi zeram da Cosac Nai fy referência em qual idade de catá logo e des ign . O l ivro começa narrando o Bras i l em dimensões cosmogônica s , como se mapeasse as condições geológicas , his tóricas e antropológicas do país vis to do espaço – ta lvez a um alienígena ou historiador do futuro para quem esta terra já não mais existisse, tragada pelo destino anunciado na tragédia do terço final do volume. É um dos maiores l ivros já escri tos em qualquer l íngua — e especialmente por causa de suas contradições. Seu autor é um republicano

e mi l i taris ta convicto que termina sem conseguir descrever a chacina da vi tória que deveria comemorar. – J.P. Cuenca

Tudo pode mudar: capitalismo vs. clima capitalismo vs. clima [This Changes Everything: Capitalism vs. the

Climate] - de Naomi Klein

Naomi Klein é uma jornalista canadense excelente que há muito tempo escreve sobre capitali smo, consumismo e cl ima. Mesmo assim, ela admite no livro que, até recentemente, negava a mudança cl imática . Não na forma que Donald Trump e seu bando de zelotas fazem, mas no sentido de que acreditava que a mudança cl imática exis te,

mas continuava vivendo avida, esperando que uma solução mágica resolveria tudo de uma vez e fingindo que o futuro não seria horrível se a gente não alterasse drasticamente o modo como nossa sociedade é construída.

Provavelmente, você que está lendo isso ainda é assim. E exatamente por isso, va le a pena ler esse l ivro, que é sobre, s implesmente, o assunto mais importante do mundo e ela tem ideais geniais para enfrentar a crise iminente que criamos para o planeta e nossas sociedades . Exis te um documentário com o mesmo nome. – Andrew Fishman

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Entre o mundo e eu - de Ta-Nehisi Coates

O l ivro que todo mundo, mas principalmente os homens, e mais a inda os homens negros – deveriam ler. É um l ivro-carta de um pai para seu filho adolescente sobre o que s ignifica crescer negro nos Estados Unidos. É uma reflexão que Ta-Nehisi faz a partir dos vários assassinatos de homens negros pela polícia estadunidense, e logo a lcançou as l i s tas

dos mais vendidos e ganhou o prestigioso prêmio National Book Award de não -ficção. Descreve uma rea l idade também tipicamente brasileira, na qual a falta de punição d os crimes cometidos por policiais e a abordagem violenta

e seletiva de corpos negros justificam-se através do racismo institucional . É uma conversa dolorosa e s incera, que temos a impressão de ler através do buraco de uma fechadura, mas também cheia de amo r e de esperança. – Ana Maria Gonçalves

Acionistas do Nada: quem são os traficantes de drogas - de Orlando Zaccone

Somos Indignos de vida porque somos acionistas do nada. Uma frase que junta dois livros que se complementam, escri tos por Orlando Zaccone, um delegado de polícia do Rio de Janeiro que é a favor da legal ização da produção, do comércio e do consumo de todas as drogas . No “Acionis tas do Nada” ele descreve o processo seletivo das

pessoas presas e condenadas pelas condutas descri tas como tráfico de drogas . Já no “Indignos de vida” ele descreve a prática de extermínio dos inimigos do Estado, através de ações policiais militarizadas, quando o estado

cria um s istema que legitima a violência como forma de punição pelo crime de tráfico. São obras essencia is para entender a violência urbana e o extermínio de jovens negros e peri féricos de forma legal . – Cecília Olliveira

Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas - de Jose Saramago

A sol idariedade internacional entre trabalhadores é, em minha opinião, um dos fenômenos mais comoventes que a his tória pode produzir. Saramago, é provável, concordaria. Já sabido de sua doença, ao deparar com o caso de uma bomba não explodida na Guerra Civi l Espanhola , anota: “Afina l , ta lvez a inda vá escrever outro l ivro”. O

artefato havia s ido sabotado, e portava uma mensagem dos seus fabricantes, operários, aos soldados da Frente Popular, não menos trabalhadores: “Esta bomba não explodirá”. Este notório caso de camaradagem à dis tância compel iu o escri tor, mas sua história é interrompida, dolorosamente, em meio a uma frase proferida por seu protagonista, Artur Paz Semedo, trabalhador de uma fábrica de armamentos . Mais não pode ser di to desta espécie de despedida. Esta é uma recomendação com contra indicação. É tri s te p resenciar tão de perto a ausência de Saramago, mas seu último meio-livro, Alabardas, Alabardas, Espingardas , Espingardas , merece o es forço. – Erick Dau

A ciência da linguagem - de Noam Chomsky

Depois de tanto assistir a Chomsky abordar a política mundial em suas palestras e entrevistas, não é incomum esquecer aos poucos sua importância no campo da l inguística. Mas a leitura desta série de entrevistas transcritas com o fi lósofo James McGilvary não só traz a l inguística à tona, como também evidencia suas interseções com a fi losofia e a política na visão de Chomsky. Além disso, conta com e lucidativas explicações de McGi lvary que tornam acessíveis as passagens mais densas e técnicas. Para complementar a leitura , recomendo o filme e bate -papo i lustrado com Chomsky criado por Michel Gondry, Is the Man Who Is Tall Happy? – Inácio Vieira

Smart: o que você não sabe sobre a internet - de Frederic Martel

Em Smart – Uma Pesquisa sobre internets, do jornalista francês Frederic Martel, o leitor é levado a refleti r sobre

como consumimos conteúdo na internet e sobre os seus l imites . O autor pesquisou durante 5 anos , 50 pa íses observando experiências. No Brasil a experiência destacada foi a do Porto Digi ta l , em Pernambuco, apontada dentro do conceito de cidades inteligentes. Apesar da pesquisa densa, o Martel conduz o lei tor em um a lei tura s imples e agradável, mas deixando você incomodado com o cenário que se desenha em países como China, conhecida pela censura e também como os giga ntes de tecnologia como Facebook e Google controlam as informações dos seus usuários . – Emílio Moreno

Fonte: https://theintercept.com/2016/12/23/nossas-dicas-livros-videos-e-serie-para-fechar-2016/

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1968 0 Ano que não terminou - Zuenir Ventura

Após ter vivido 68 resolveu reunir entrevistas e relatos do ano que não terminou. No livro o autor parece dar a inda mais

atenção às questões culturais que marcaram 68. O Jornalista cita, por exemplo, Gabeira Sequestrador do Embaixador – Norte american; Charles Elbrick, entre outros acontecimentos como a morte do estudante Edson Luís . Além disso, a

macha dos cem mil, e a decretação do AI5. Não se trata, de um livro de história; é, na verdade, partes de uma realidade: o

retrato de uma geração que como no resto do mundo tentaram fazer uma revolução em todos os sentidos, mas que pelo

menos aqui não conseguiram mais do que uma revolução cultural. A partir de uma festa de révei l lon, Zuenir mostra as

primeiras horas, de 1968. Faz relatos emocionantes sobre como funcionavam e agiam o PCB, as organizações estudantis (UNE, UME, entre outras), o movimento dos intelectuais (artistas, cantores, compositores , cineastas ). A lém disso, recria -se no l ivro o

ambiente dos principa is acontecimentos do ano, com deta lhismo e grande precisão.

O ponto de mutação – Fritjof Capra

O l ivro "O ponto de mutação" está mais atual do que nunca. Confesso que já havia perdido as esperanças de um mundo melhor, sem essa visão cartesiana, mecanicista, industrial, de um capitalismo autodestruidor que se impõe em nome do

progresso em detrimento do humano.

Mas parece que nesse começo do século 21, a lgo se desponta na consciência política-econômica mundia l . Capra fa la

muito de crise, crise como algo que gere oportunidades e nada melhor do que a crise financeira que está passando a

Europa e os EUA para desencadear uma consciência ecológica, mais hol ís tica , mais justiça socia l e o tão sonhado desenvol vimento sustentável .

A globalização vem trazendo aos poucos a noção da Aldeia Global, todos conectados um ao outro, como já ens inava a fi losofia Z en. A

própria internet desmantelando regimes autoritários. Essas consciências estão chegando, e são hoje manc hetes de jornal . Es tamos

fina lmente vivendo o ponto de mutação. Grandes mudanças estão em vias de acontecer.

Imobilismo em movimento – Marcos Nobre

Da abertura democrática ao governo Dilma é a pesquisa que está na base de sua análise sobre o fenômeno. Fruto de

mais de vinte anos de acompanhamento da conjuntura política , seu l ivro é uma s íntese da pol ítica no Bras i l nos

úl timos 30 anos a partir de uma ideia-chave: a cultura do “pemedebismo”.Trata -se de uma bl indagem do s is tema

pol ítico que represa as forças de transformação. Suas origens remontam ao MDB, partido criado durante a di tadura mi l itar que abrigava as forças de oposição. Depois de transformado em PMDB, encastelou -se no governo e de lá nunca

mais sa iu.

O “peemedebismo”, contudo, não se restringe ao partido que lhe dá nome, mas a um modo de fazer política que está

além dele. Nobre argumenta que foi se criando no país, em nome da “governabilidade”, um ambiente em que não exis tem s i tuação e

pos ição, mas uma massa homogênea, que fecha todos os canais de representação.

O discurso sobre a Origem da Desigualdade – Jean Jacques Rousseau.

O l ivro retrata a visão de Rousseau em relação às caracterís ticas do homem em estado natura l (caracterís ticas ,

digamos, do espírito) e a forma que provavelmente teria aderido para escapar deste estado. Neste meio tempo, o

autor aponta a origem para a desigualdade entre os homens. Há, pelo menos, duas desigualdades entre os humanos ,

quais sejam, a natural e a moral. A primeira refere-se as diferenças de idade, sexo, capacidade, habilidade, força etc. e a segunda, à diferença entre as riquezas, os privilégios, as s i tuações convencionais entre os homens. A primeira

des igualdade é vista, como o nome sugere, na própria natureza e sempre existira, porém ela, no estado de natureza,

pouco s ignificava, pois os homens não se conheciam e não tinham motivos para tanto. O homem se bastava. A

natureza tudo lhe dava, o homem não conhecia os vícios do homem civil, portanto tinha um espíri to ca lmo de paixões . Não estava em

guerra com seus semelhantes, pois estes nada lhe s igni ficavam. Aí dizer que o homem nasce bom, mas a soc iedade o corrompe.

Ética e Vergonha na Cara – Mario S. Corella e Clóvis de Barros Filho.

No encontro, os filósofos Clóvis de Barros Filho e Mario Sergio Cortella abordam a questão da corrupção a partir de sua antítese filosófica, a ética. Considerar a corrupção como algo intrínseco a uma sociedade – a brasileira, no caso – leva a

uma constatação de que ela é natural e imutável, enquanto é, na verdade, uma escolha e, como tal, passível de recusa e

rejeição. A filosofia mostra como a ética implica uma preocupação com o outro que va i a lém do mero bem -estar e

prazer, transformando-se em uma vi tória sobre o próprio princípio de prazer em nome de uma convivência melhor.

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FILMES

Nise: o coração da loucura - de Roberto Berl iner

Na década 50, Dra. Nise da Si lvei ra ti rou o tratamento ps iquiátrico bras i lei ro da Idade das Trevas para a modernidade através de uma ideia s imples: estimular o cérebro. Algo que é bom para todos os seres humanos , deixando claro que ninguém está perdido demais para ser a judado. Além de ser uma mulher num mundo (a inda mais) machista, era uma iconoclasta, e por i sso tinha que lutar a inda com mais fi rmeza para defender uma ideia que hoje parece tão óbvia. Interessante para imaginar quais práticas atuais, daqui uns 60 anos , a gente va i olhar com horror. – Andrew Fishman

Decisão de risco - de Gavin Hood

Uma operação para encontrar e matar homens-bomba em Nairobi , com o auxíl io de drones , é coordenada pelo exérci to bri tânico. Nas salas de comando, na Inglaterra , generais e políticos discutem sobre os danos colatera is do ataque. Nos centros de operação, soldados se questionam sobre pressão de apertar um botão. Enquanto isso, no Quênia , crianças brincam desavisadas no terreno ao lado. – Helena Borges

Elis - de Hugo Prata

Lançado em novembro deste ano, o longa El is conta a história de Eli s Regina. A cantora é interpretada pela atriz

Andrea Horta que praticamente incorpora a pimentinha. O fi lme traça toda a carreira de El is, desde sua chegada ao Rio de Janeiro até o quadro de depressão que a levou a morte, passando por seus casamentos , fi lhos e di ferentes

fases da vida. Va le destacar o trabalho de caracterização da equipe, em a lguns momentos não sabemos se é El i s ou Andrea. Quem gosta da cantora e de mús ica bras i lei ra precisa ass is ti r. – Juliana Gonçalves

Boi neon - de Gabriel Mascaro

Boi Neon não é só um filme. Não posso fa lar de qualquer intenção, mas ali surgiu, diante de mim, um tratado do cinema brasileiro. A unidade da sua forma e de seu conteúdo l he confere a mais genuína representação do Bras i l : feio e l indo, feliz e tri ste, resignado e resiliente. Gabriel Mascaro, brasileiro de Recife, explodiu o laboratório porque esqueceu de seguir as fórmulas. Adiciona aqui, ti ra a li, vamos ver no que dá: Boi Neon é, entre todas as coisas , um fi lme surpreendente, imprevis ível e imensamente bonito. – Erick Dau

A incrível história de Adelaine - de Lee Toland Krieger

A incrível história de Adelaine conta sobre uma moça jovem e bonita , que após sofrer um acidente de carro ela parou de envelhecer, na flor da idade. A beleza que lhe marca os traços de uma mulher poderosa, é apimentada com uma sabedoria que só o tempo pode moldar. A trama se complica quando ela encontra um amor do passado,

que a reconhece de imediato e toma um grande susto, tendo em vis ta que ele percebe que o tempo não passou para Adelaine. É um fi lme de outro, para uma reflexão sobre a vida , sobre o envelhecer e, sobretudo, sobre a morte. – George Marques

HyperNormalisation - de Adam Curtis

O fi lme trata da manipulação de narrativas por corporações e governos que acaba criando um mundo fa lso e

s implificado para nos manipular. Em 165 minutos, o documentarista bri tânico Adam Curtis (autor de “ The Century of the Sel f” e “The Power of Nightmares ”) traça um ambicioso panorama de 40 anos da geopol ítica mundia l , dissecando a ambiguidade construtiva de Henry Kiss inger, o uso pol ítico do Coronel Gadda fi pelas potências

ocidenta is , o esquema teatra l que mantém Putin no poder e também a utopia l ibertária da internet, mas principalmente concentra-se em dois eixos, hoje na ordem do dia: o clã dos Assad na Síria , centra l para entender a crise do Oriente

Médio e seus reflexos planetários, e a ascensão de Donald Trump, da di rei ta e do controle do mercado financeiro sobre a pol ítica econômica . – J.P. Cuenca

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Homem irracional - de Woody Al len

O fi lme é uma releitura de Crime e Castigo de Dostoievski e explora as questões morais em torno de um assass inato. O protagonis ta é um professor de fi losofia extremamente cul to, depress ivo, amoral , com uma vida sexual problemática e que perdeu completamente o prazer de viver. Depois que comete um assass inato, sua vida ganha

cores e tudo passa a fazer sentido. É um Woody Al len cheios de cl ichês de Woody Al len, e por i sso mesmo achei muito bom. – João Filho

Menino 23 - de Belisario Franca

Dói muito ver os horrores do passado, mas não feche os olhos porque é importante. Esse documentário mostra um lado do Brasil lamentavelmente tenebroso, mas é instrutivo e importante entender. – Andrew Fishman

Branco Sai, Preto Fica.

Além de retratar o dia a dia de dois homens, um paraplégico e outro com uma perna amputada, o longa investe em

uma história ficcional fantasiosa para preencher a narrativa documental . A parti r da í, temos um homem vindo do futuro para investigar o que aconteceu na noite do baile, buscando recolher provas para processar o estado. Mesmo

contando com um discurso político forte, o filme também utiliza-se de sutilezas para retratar o sentimento de quem vive às margens da capital federal. Isso fica claro ao ouvirmos uma mensagem na rádio falando sobre a obrigatoriedade de passaporte para entrar em Bras íl ia .

O Branco Sai Preto Fica do título é referência a uma fala dos policiais que invadiram o baile mencionado, numa demonstração c lara de racismo, que continua atingindo nossa sociedade nos dias de hoje. O fi lme sofre um pouco com problemas de ri tmo, soando repetitivo em a lguns momentos . Ainda que funciona como crítica socia l , o personagem do futuro está deslocado em cena. Se por um lado isso dá certo ao quase transformá -lo em um alienígena, por outro prejudica a narrativa , uma vez que o ator é mais fraco que os demais protagonistas. Branco Sai Preto Fica é uma obra instigante que reafirma Adirley Queirós como uma importante voz do cinema margina l bras i lei ro.

13ª Emenda Documentário que discute a décima terceira emenda à Consti tuição dos Estados Unidos -

"Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha s ido devidamente

condenado" - e seu terrível impacto na vida dos afro-americanos . O documentário A 13ª Emenda, por sua vez, demonstra como essas situações estão relacionadas com o âmbito criminal, fazendo um apanhado histórico do encarceramento em massa nos Estados

Unidos e o quanto restou culturalmente presente a ideia imposta de que o homem negro era algo maldoso que precisava ser banido, o que

resultou em gerações traumatizadas e uma segregação infini ta , que perdura até os dias atuais . E então, conforme explicitado em A 13ª Emenda, com o surgimento de Ronald Reagan (presidente dos Estados Unidos de 1981 a 1989)

passou-se de uma guerra retórica a uma guerra literal, tornando-se parte da cul tura popular, destinando -se recursos financeiros e incentivos para o abuso da polícia, dilacerando-se os cidadãos vulneráveis. É, verdadeiramente, o aparato estata l contra determinadas pessoas , os di tos inimigos , em uma extrema afi rmação de poder.

3%

Em um futuro pós-apocalíptico não muito distante, o planeta é um lugar

devastado. O Continente é uma região do Brasil miserável, decadente e

escassa de recursos. Aos 20 anos de idade, todo cidadão recebe a chance de passar pelo

Processo, uma rigorosa seleção de provas físicas, morais e psicológicas que oferece a

chance de ascender ao Mar Alto, uma região onde tudo é abundante e as

oportunidades de vida são extensas. Entretanto, somente 3% dos inscritos chegarão até lá.