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Academia Militar
Direco de Ensino
Curso de Infantaria
Trabalho de Investigao Aplicada
Batalho de Infantaria equipado com as Viaturas Blindadas de Rodas
PANDUR II (8X8): impacto na formao dos Recursos Humanos
Autor: Aspirante-Aluno Infantaria Antnio Maria Rosinha Dias Barbosa
Orientador: Tenente-Coronel Infantaria Antnio Marracho
Lisboa, Setembro de 2008
Direco de Ensino
Curso de Infantaria
Trabalho de Investigao Aplicada
Batalho de Infantaria equipado com as Viaturas Blindadas de Rodas
PANDUR II (8X8): impacto na formao dos Recursos Humanos
Autor: Aspirante-Aluno Infantaria Antnio Maria Rosinha Dias Barbosa
Orientador: Tenente-Coronel Infantaria Antnio Marracho
Lisboa, Setembro de 2008
ii
Dedicatria
Aos meus pais e demais famlia
Aos camaradas de curso
Aos amigos
formao
iii
Agradecimentos
Apraz-nos destacar, aqueles que se destacaram pelo seu contributo para este
trabalho:
Coronel de Infantaria Oliveira, chefe do grupo de trabalho da formao nas PANDUR,
pela elucidao sobre a formao nas viaturas;
Capito do Servio de Material Ramos, pelos esclarecimentos no que concerne
formao, na rea da manuteno, das novas viaturas;
Capito de Infantaria Pires Ferreira, Comandante da Companhia Apoio Formao,
do Batalho de Formao da Escola Prtica de Infantaria, pelos esclarecimentos e
orientao na fase exploratria do trabalho;
Capito de Cavalaria Caldeira e Tenente de Cavalaria Fernandes, do Gabinete de
Formao das PANDUR da EPC, pelo entusiasmo, apoio e disponibilidade que
manifestaram no s nas entrevistas que realizmos mas como no decorrer de todo o
trabalho;
Capito de Artilharia Orlando Panza, pelo apoio manifestado em todo o trabalho e
pelas orientaes ao nvel das interpretaes das fichas de instruo bem como na
execuo de novas fichas.
Professor Doutor Dias Barbosa, mentor, editor e meu Pai, pelo incansvel e notvel
trabalho realizado e pela sua disponibilidade, carinho e amizade.
A todos o nosso eterno agradecimento.
iv
NDICE
INTRODUO.......................................................................................................................1
CAPTULO I METODOLOGIA.............................................................................................3
1.1. Enunciao do problema............................................................................................3
1.2. Questes derivadas....................................................................................................4
1.3. Mtodo .......................................................................................................................4
1.4. Tcnica e instrumentos de recolha de dados..............................................................5
1.5. Planeamento e execuo dos trabalhos de campo.....................................................6
1.6. Potencialidades e limitaes do estudo ......................................................................8
CAPTULO II VBR PANDUR II (8X8) ................................................................................10
2.1. Gnese da Brigada de Interveno .........................................................................10
2.2. Estrutura Operacional da BrigInt...............................................................................11
2.3. Caractersticas principais das VBR..........................................................................11
2.4. Caractersticas gerais e possibilidades da VBR PANDUR II (8X8) ..........................13
2.5. Caractersticas tcnicas e operacionais...................................................................16
CAPTULO III RECURSOS HUMANOS ............................................................................20
3.1. Introduo ................................................................................................................20
3.2. Determinao das necessidades..............................................................................21
3.3. Recrutamento..........................................................................................................21
3.4. Classificao e seleco ..........................................................................................22
3.5. Incorporao e formao geral comum ....................................................................22
3.6. Percurso Formativo das Praas Ps CFGCPE.........................................................24
3.7. Sargentos e Oficiais .................................................................................................25
3.8. Quadro Orgnico de Pessoal (QOP) ........................................................................25
CAPITULO IV FORMAO NAS VBR PANDUR II (8X8) .................................................27
4.1. Introduo ................................................................................................................27
4.2. Formao contratualizada ........................................................................................27
4.3. Formao inicial .......................................................................................................28
4.4. PFA ..........................................................................................................................29
4.5. Cursos ministrados pelo fabricante...........................................................................29
4.6. Problemas na formao............................................................................................30
4.7. Repercusses no Exrcito........................................................................................30
4.8. Anlise dos perfil de cargo .......................................................................................31
4.9. Formao de RH nas Chaimite e VBTP M113..........................................................32
CAPTULO V PREOCUPAES LOGSTICAS................................................................34
5.1. Infra-estruturas .........................................................................................................34
5.2. Manuteno..............................................................................................................36
v
5.3. Exemplo americano a Brigada Stryker...................................................................37
CONCLUSES....................................................................................................................39
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .....................................................................................45
ANEXOS..............................................................................................................................49
ANEXO A Espectro das Operaes ..............................................................................49
ANEXO B Organograma da BrigInt ...............................................................................50
ANEXO C Directiva 259/CEME/07 ................................................................................51
ANEXO D Tipos de VBR PANDUR II ............................................................................52
ANEXO E Capacidades e dimenses da VBR PANDUR II (8X8) ..................................53
ANEXO F Evoluo do conceito de RH.........................................................................55
ANEXO G Cargos/especialidades das Praas ps FGCPE...........................................56
ANEXO H Modelo de Servio Militar Categoria de Praas .........................................63
ANEXO J Quadros resumo da anlise do QOP.............................................................64
ANEXO L Quadros dos Nveis I, II e III ..........................................................................65
ANEXO M EPR das vrias verses das VBR................................................................66
ANEXO N Perfis de cargo .............................................................................................67
ANEXO P Tipos de manuteno ...................................................................................69
ANEXO Q Guio Geral das Entrevistas.........................................................................70
vi
ndice de ilustraes
Ilustrao 1 Espectro das Operaes................................................................................49
Ilustrao 2 Estrutura Operacional da BrigInt ....................................................................50
Ilustrao 3 Capacidades da VBR PANDUR II (8X8) ........................................................53
Ilustrao 4 Dimenses da VBR PANDUR II (8X8) ...........................................................54
vii
ndice de Quadros
Quadro 1 Capacidades da VBR PANDUR II (8X8)............................................................15
Quadro 2 Dados tcnicos da VBR PANDUR II ..................................................................15
Quadro 3 Distribuio das viaturas por tipo e por unidades ..............................................51
Quadro 4 Tipos de VBR suas nomenclaturas e quantitativos. ...........................................52
Quadro 5 Etapas das organizaes no sculo XX.............................................................55
Quadro 6 FCg, EPR e locais de formao (1) ...................................................................57
Quadro 7 FCg, EPR e locais de formao (2) ...................................................................58
Quadro 8 FEI suas EPR e locais de formao (1) .............................................................59
Quadro 9 FEI suas EPR e locais de formao (2) .............................................................60
Quadro 10 QPost, EPR, locais de formao .....................................................................61
Quadro 11 FLD, EPR e locais de formao.......................................................................62
Quadro 12 Modelo de Servio Militar categoria de Praas (adaptado) ...........................63
Quadro 13 Resumo do QOP de BI da BrigInt....................................................................64
Quadro 14 Posto, nmero de homens e funes, de cada verso das VBR .....................64
Quadro 15 Aces de formao de Nvel III, nmero de formandos e durao.................65
Quadro 16 Aces de formao de Nvel I, nmero de formandos e durao...................65
Quadro 17 Aces de formao de nvel II, nmero de formandos e durao ..................65
Quadro 18 Relao das EPR consoante as VBR..............................................................66
Quadro 19 Perfis de cargo para os cursos de condutor de chefe viatura ..........................67
Quadro 20 Perfis de cargo para os cursos de apontador e chefe de viatura VBR PCanho
30 mm..................................................................................................................................68
viii
Lista de Siglas, Abreviaturas e Acrnimos
ABS Anti-lock Braking System
A/D Apoio Directo
A/G Apoio Geral
AM Academia Militar
ARH Gesto de Recursos Humanos
APU Auxiliary Power Units 22
BApSvc Batalho de Apoio de Servios
Batr AAA Bateria de Artilharia Antiarea
BI Batalho de Infantaria
BrigInt Brigada de Interveno
BrigMec Brigada Mecanizada
BrigRR Brigada de Reaco Rpida
CC Carros de Combate
CCS Companhia de Comando e Servios
CEFO Curso Especial de Formao de Oficiais
CEME Chefe do Estado-Maior do Exrcito
CEng Companhia de Engenharia
CFGCPE Curso de Formao Geral Comum de Praas do Exrcito
CFO Curso de Formao de Oficiais
CFS Curso de Formao de Sargentos
CIP Combat Identification Panel
Cmd Comando
CmdInstrDoutr Comando de Instruo e Doutrina
CME Centro Militar de Electrnica
CR Centro de Recrutamento
CTm Companhia de Transmisses
DARH Direco de Administrao de Recursos Humanos
DORH Direco de Obteno de Recursos Humanos
DSL Digital Subscriber Line
EPI Escola Prtica de Infantaria
EPC Escola Prtica de Cavalaria
EPR Entidade Primariamente Responsvel
ERec Esquadro de Reconhecimento
ESE Escola de Sargentos do Exrcito
ix
FCg Formao no Cargo
FEI Formao Especfica Inicial
FLD Formao de Longa Durao
FOPE Fora Operacional Permanente do Exrcito
GAM Grupo de Auto-Metralhadoras
ITAS Improved Target Acquisition System
LGA Lana Granadas Automtico
LRU Line Replaceable Units
LSM Lei do Servio Militar
ML Metralhadora Ligeira
MP Metralhadora Pesada
NATO Organizao do Tratado do Atlntico Norte
NBQR Nuclear, Biolgica, Qumica e Radiolgica
OGFE Oficinas Gerais de Material do Exrcito
OJT On-the-job-training
PAR Ponto de Acesso Rdio/Sistema de Gesto
PCS Provas de Classificao e Seleco
FFC Plano de Formao Anual
QCav Quartel de Cavalaria
QOP Quadro Orgnico de Pessoal
QP Quadro Permanente
RC6 Regimento de Cavalaria n6
RegMan Regimento de Manuteno
RH Recursos Humanos
RI Regimento de Infantaria
RWS Remote Station System
SBCT Stryker Brigade Combat Team
SEN Servio Efectivo Normal
STANAG Standardization Agreement
TDS Threat Detection System
TIB Thermal Identification Beacon
TTP Tcnicas, Tcticas e Procedimentos
U/E/O Unidades, Estabelecimentos e rgos
VBR Viatura Blindada de Rodas
VBTP Viatura Blindada de Transporte de Pessoal
VCI Viatura de Combate de Infantaria
x
Resumo
Este trabalho de investigao centra-se nos Batalhes de Infantaria equipados com
VBR PANDUR II 8X8. Neste contexto focalizmos as nossas atenes na formao dos
Recursos Humanos. Os objectivos que nos propomos atingir, so: a explicao do programa
de formao das viaturas PANDUR e sua adequao; analisar principais referenciais do
curso de formao, manuais e instrues; ainda a exposio do percurso de qualquer
candidato a formando antes de chegar s VBR, e a identificao das principais infra-
estruturas de suporte a serem construdas.
A metodologia baseou-se na pesquisa bibliogrfica, com o auxlio de entrevistas e a
observao directa.
De entre estes, os mais evidentes pela sua relevncia na formao para esta viatura
especfica, so: comparaes com aces de formao para outras viaturas e, em termos
da anlise de Quadros Orgnicos de Pessoal, o nmero de pessoas e os diferentes cargos,
especialidades e funes a elas associados.
De acordo com a nossa anlise, as concluses mais significantes tm que ver com o
facto da formao, no domnio das novas viaturas PANDUR II, estar bem conseguida, ou
seja, bem pensada e esquematizada. Cada indivduo adquire as ferramentas que
necessitar para desempenhar, da melhor forma, as suas funes. O tempo de vida destas
novas viaturas esteja directamente associada qualidade da formao que for ministrada
hoje, uma verdade, que melhor poder consubstanciar a afirmao anterior.
Mais recomendamos, que haja a introduo de uma instruo nos cursos gerais de
formao militar para Praas, Sargentos e Oficiais, voluntrios e contratados, fornecendo
aos instruendos a competncia de poder destrinar as diversas viaturas. Segundo esta
ptica, durante os anos de frequncia da Academia Militar e da Escola de Sargentos do
Exrcito, os alunos deveriam ter contacto com as viaturas no s em termos da sua
Formao Militar mas tambm na sua componente Acadmica.
Palavras-chave: VBR PANDUR II 8X8; Formao; Saber Fazer; Saber Operar.
xi
Abstract
The object program of this study is the impact the Wheeled Armoured Vehicle
PANDUR II 8X8 will have upon the Infantry Battalions that will receive such pieces of
equipment. Quite naturally, the Human Resources issues will be handled here, namely the
matters involving the required personnel qualification to operate such sophisticated pieces of
hardware.
Having in mind that they come in eleven operational versions, each having its
particularities both in hardware and personnel, gives us an idea of the impact that this will
have in the Portuguese Army Organization.
This means that the learning programs will be described in some detail, including study
manuals, job definitions and logistics, the latter including the indispensable infrastructures to
be built, in order to accommodate and maintain the incoming fleet.
Being an Applied Research Paper, the underlying methodology of data collection
includes Bibliographic Research, live interviews and recordings, direct observation, and
comparative analysis of previous Armoured Vehicle Impacts.
Impacto na formao de RH
Antnio Barbosa Aspirante-Aluno Infantaria
INTRODUO
A tipologia do conflito caracterizada pela maior probabilidade de guerras
convencionais limitadas, conflitos assimtricos e participao em operaes de no-guerra,
ou seja, as intituladas de No Art 51. O novo ambiente operacional caracteriza, de forma
vincada, o campo de batalha e, para fazer face a estas novas circunstncias, a Organizao
do Tratado do Atlntico Norte (NATO2) na Cimeira de Praga3, fez aprovar diversas medidas
para reduzir e optimizar a sua estrutura, por forma a realar a constituio de foras que,
embora de menor dimenso, possuam maiores capacidades, como elevado grau de
prontido, melhor treino, equipamento, e certificao.
Para fazer face nova tipologia de fora, foi aprovada uma orgnica, em que a
Brigada de Interveno (BrigInt) passa a constituir-se como Fora Mdia. Este tipo de fora
surge para colmatar o intervalo entre Foras Ligeiras e Pesadas e caracterizada por deter
a valncia da interveno e haver um equilbrio entre a proteco e o poder de fogo. Para a
BrigInt poder constituir-se como tal, ir ser equipada com as Viaturas Blindadas de Rodas
(VBR) PANDUR II (8X8).
O objectivo deste trabalho estudar a formao dos Recursos Humanos, no que diz
respeito s VBR PANDUR II. Para tal, e de acordo com a metodologia dos trabalhos de
investigao, pretende responder-se seguinte questo central:
Qual o impacto da introduo das VBR PANDUR II (8X8), na formao dos Recursos
Humanos?
Esta pergunta pertinente ao nvel cientfico, na medida em que a resposta pode vir a
traduzir-se na necessidade de mudanas significativas nos referenciais dos cursos que so
ministrados actualmente. Do ponto de vista social, a resposta a esta questo pode relanar
alguma polmica relativamente ao nvel exigido aos Recursos Humanos aquando da
Seleco e Recrutamento, para as fileiras do Exrcito.
Como questes derivadas, que auxiliaro a resposta da central, vem:
Qual o modelo de formao?
Que formao se d, no mbito das VBR PANDUR II (8X8)?
Quem d e quem pode receber formao?
Sero adequados os desenhos de curso?
Cursos especficos para cada cargo ou, alternativamente, um curso para todos os
cargos existentes?
O trabalho est organizado em captulos, comeando pela Introduo, um captulo
dedicado metodologia de investigao, outro dedicado, nica e exclusivamente, s VBR
PANDUR II (8X8), e outro caracterizao dos Recursos Humanos. Seguidamente sero 1 Em anexo A Espectro das Operaes. 2 North Atlantic Treaty Organization. 3 Realizada em 21 e 22 de Novembro de 2002.
Impacto na formao de RH
Antnio Barbosa Aspirante-Aluno Infantaria
analisados os cursos/formaes que existem neste momento na rea destas viaturas e, por
ltimo, mas no menos importantemente, feita a caracterizao das infra-estruturas
adjacentes aos cursos dos veculos em questo.
Primeiramente, descrevemos as caractersticas das VBR que se encontraro nos
Batalhes de Infantaria (BI), com o intuito de realar o grau de complexidade do veculo.
Seguidamente, a caracterizao da Seleco e Recrutamento para o Exrcito, por forma a
poder entender-se como que se pode vir a ser formado, numa das especialidades que
abrangem esta viatura. A anlise dos cursos que existem nesta rea e infra-estruturas de
apoio, a parte fundamental deste trabalho, pois pretende comear a responder-se a
algumas das perguntas levantadas.
Os instrumentos utilizados para obter resposta s questes central e derivadas foram:
observao directa, anlise documental e entrevistas.
Impacto na formao de RH
3
CAPTULO I METODOLOGIA
De acordo com o Professor Doutor Jos Rodrigues dos Santos, uma metodologia
uma reflexo sobre os diversos mtodos disponveis para tratar uma famlia de problemas4,
ou seja, para um determinado problema requere-se determinado mtodo. Nesta fase do
nosso trabalho, vamos dissecar a sua elaborao, bem como o mtodo que adoptmos para
responder problemtica subjacente. Assim sendo, comearemos pela enunciao do
problema e formularemos as perguntas pertinentes questo central, continuando com a
descrio do mtodo utilizado, as tcnicas e instrumentos escolhidos, e naturalmente,
rematando com as potencialidades e limitaes deste estudo.
1.1. Enunciao do problema
Qualquer trabalho deve ser bem delimitado nos seus contornos para se saber ao certo
qual a ideia que se pretende desenvolver com a investigao. Esta a primeira fase do
processo de pesquisa e definida como sendo todo o processo de elaborao que vai
desde a ideia de investigar algo at converso dessa ideia num problema investigvel5,
permitindo orientar toda a pesquisa e procurando dar resposta s perguntas pertinentes.
Sendo assim, este trabalho de investigao, iniciou-se com uma pesquisa bibliogrfica
e reunies com algumas entidades, por forma a chegar-se a uma concluso relativamente
ao seu contedo.
Para fazer face s novas exigncias em campo de batalha, e s advenientes da
reestruturao do Exrcito, Portugal ir dotar a BrigInt com as VBR PANDUR II (8X8), que
iro substituir as velhas viaturas Chaimite, ao servio desde 1967.
Mas no apenas a presena das novas viaturas, distribudas pelas diversas
unidades, que ir trazer as mudanas necessrias. A qualificao da massa humana deve
ser o centro das nossas preocupaes. A formao dos recursos humanos ser, pois, a
questo central deste reequipamento do Exrcito. Nestes termos, emerge naturalmente a
questo fundamental: qual o impacto da introduo das VBR PANDUR II (8X8) na formao
dos Recursos Humanos? Os objectivos do presente trabalho podem, ento, sintetizar-se do
seguinte modo:
Explicao do contedo do programa de formao das PANDUR e sua adequao;
Anlise do que se fez j, em termos de referenciais de curso, manuais e instrues;
Descrio do percurso de formao anterior, de qualquer futuro formando em VBR;
Identificao das principais infra-estruturas a serem erigidas.
4 Santos, J. (2005). Metodologia das Cincias Sociais Documento de Estudo. Lisboa: Academia Militar, p.11. 5 Moreira, C. (2007), Teorias e Prticas de Investigao, Lisboa, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto superior de Cincias Sociais e Politicas, p. 67.
Impacto na formao de RH
4
1.2. Questes derivadas
Aps definirmos o problema necessitamos delimit-lo com perguntas de investigao.
Estas questes podem ser interpretadas como pontos de partida que, uma vez
desenvolvidos e respondidos, produzem a resposta ao problema enunciado. Sendo assim,
foram definidas as seguintes perguntas de investigao, para este trabalho:
Qual o modelo de formao?
Que formao se d, no mbito das VBR PANDUR II (8X8)?
Quem d e quem pode receber formao?
Sero adequados os desenhos de curso?
Cursos especficos para cada cargo ou, alternativamente, um curso para todos os
cargos existentes?
1.3. Mtodo
O conjunto de procedimentos que visam descobrir algo ou, por outras palavras, arte
de bem pensar o objecto e de bem escolher e utilizar os instrumentos tendo em vista a
resoluo do problema formulado6, o conceito subjacente palavra mtodo.
O mtodo adoptado deve ter em considerao os dados que se pretende investigar na
medida em que os instrumentos metodolgicos no podem ser escolhidos
independentemente das referncias tericas da investigao7. Ou seja, a escolha do
mtodo resultado da natureza do problema escolhido.
Os mtodos qualitativos so especificamente direccionados para explicar
fenmenos humanos permitindo analisar comportamentos, motivaes, processos, etc.8.
Este mtodo procura dissecar com detalhe os fenmenos que se procuram descrever, e
recorrer a descries aprofundadas de certos assuntos de natureza subjectiva. A
abordagem qualitativa parte () do pressuposto bsico que o mundo social um mundo
construdo com significados e smbolos9 o que leva o investigador a procurar o seu sentido.
A descoberta (captao e reconstruo) de significados10 a expresso que melhor
define o mtodo qualitativo.
Neste mtodo o pesquisador no um perito na temtica, por esta no estar
desenvolvida, partindo para um raciocnio intuitivo11. Este tipo de investigao requer que o
6 Moreira, C. (2007), Teorias e Prticas de Investigao, Lisboa, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto superior de Cincias Sociais e Politicas, p. 10. 7 Ruquoy, Danielle (1997), Situao de Entrevista e estratgia do investigador in Luc albareto [et al] (0rgs), Prticas e Mtodos de investigao em Cincias Sociais, Lisboa, Gradiva, p. 89. 8 Ghiglione, Rodolphe; Matalon, Benjamin (2001) O Inqurito: teoria e prtica, Oeiras: Celta Editora, p. 105. 9 Moreira, C. (2007), Teorias e Prticas de Investigao, Lisboa, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto superior de Cincias Sociais e Politicas, p. 49. 10 Ibidem. 11 Fortin, Marie-Fabienne (1999) O processo de Investigao: da concepo realizao, Loures: Lusocincia, p. 148.
Impacto na formao de RH
5
estudo seja desenvolvido com as pessoas que interessam, e no para elas12. Estas foram as
razes que nos levaram a escolher o mtodo qualitativo, para a compreenso total do
fenmeno em estudo.
1.4. Tcnica e instrumentos de recolha de dados
1.4.1.Fase exploratria
Durante esta fase do trabalho, um dos mtodos privilegiados, o da pesquisa
bibliogrfica13, oferece a possibilidade de nos inteirarmos sobre a temtica bem como ideias
para o trabalho mas convm insistir na importncia do uso combinado de vrias
tcnicas14, no s nesta fase como em todo o trabalho. Para complementar a pesquisa
bibliogrfica optmos por realizar uma entrevista exploratria, que decorreu de forma
inteiramente aberta. Pretendemos que assim fosse, para que o entrevistado revelasse os
aspectos que, do seu ponto de vista, tinham interesse para o nosso estudo.
1.4.2.Fase de observao
Como j enuncimos, as ferramentas utilizadas para a recolha de dados, foram as
entrevistas, a pesquisa bibliogrfica e observao directa.
As entrevistas podem ser estruturadas ou semi-estruturadas, baseadas num guio
informal ou, para outros autores, directivas, semi-directivas ou no directivas. Esta
classificao tem que ver com o facto das entrevistas variarem em funo do grau de
profundidade deixado aos interlocutores e o grau de profundidade da investigao15.
As entrevistas utilizadas no trabalho so semi-directivas ou semi-informais. Estas,
permitem um grau mdio de profundidade de anlise aos interlocutores e igualmente, um
grau mdio de profundidade de investigao, ou seja, oferecem um maior detalhe s
questes e permitem uma melhor verificao dos resultados, ao contrrio dos outros dois
tipos de entrevista.
O instrumento de recolha de dados , consequentemente, o guio da entrevista. Este
guio foi realizado segundo uma frmula geral. Contudo, foi reformulado para que pudesse
ser utilizado em cada caso especfico, ou seja, samos da estrutura geral do guio quando
achmos necessrio aprofundar questes pontuais, no decorrer da entrevista. Como
equipamento acessrio, foi utilizado um gravador udio para melhor proceder anlise e
discusso dos resultados colhidos.
12 Fortin, Marie-Fabienne (1999) O processo de Investigao: da concepo realizao, Loures: Lusocincia, p. 148. 13 Bell, J. (2004). Como Realizar um Projecto de investigao Um Guia para a Pesquisa em Cincias Sociais e da Educao. Lisboa: Gradiva, 102. 14 Moreira, C. (2007), Teorias e Prticas de Investigao, Lisboa, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto superior de Cincias Sociais e Politicas, p. 212. 15 Fortin, Marie-Fabienne (1999) O processo de Investigao: da concepo realizao, Loures: Lusocincia, p. 246.
Impacto na formao de RH
6
Relativamente pesquisa bibliogrfica, podemos dizer que foi a nossa fonte primria
de recolha de dados, uma vez que as entrevistas tm como fim complement-los e/ou
confirm-los. Optmos pelos testemunhos na primeira pessoa para enriquecer o trabalho
com a experincia de quem foi formado, de quem forma e trabalha com as VBR PANDUR II.
Existem duas variantes de informao documental: uma diz respeito a dados
estatsticos e, outra, a dados em forma textual. A primeira foi relevante para este trabalho
quando tivemos que analisar o Quadro Orgnico de Pessoal e os cursos/formaes que
cada formando necessita ter para poder cumprir a sua tarefa. O restante trabalho sustenta-
se na segunda forma.
Relativamente observao directa, esta foi utilizada mais como uma experincia
pessoal, de enriquecimento e confirmao. O facto de termos estado nos locais foi deveras
importante, pois pudemos constatar, in loco, ao nvel das infra-estruturas, algumas
alteraes que se esto a desenvolver e o estado de degradao de alguns locais. Ao nvel
da viatura, isto ofereceu a oportunidade de verificarmos a complexidade dos seus sistemas
e subsistemas.
1.5. Planeamento e execuo dos trabalhos de campo
1.5.1. Planeamento
Relativamente anlise dos documentos tidos como referncia e fonte primria, houve
a preocupao de uma cuidada leitura com o necessrio resumo (como a tcnica exige) e o
levantamento de questes que suscitaram dvidas. Foram essas dvidas que as entrevistas
vieram tentar elucidar. No que diz respeito s entrevistas, fasemo-las em quatro:
preparao, seleco dos entrevistados, entrevista e, por fim, arquivmos o produto das
entrevistas.
Ao nvel da preparao das entrevistas, visto que existe flexibilidade nas entrevistas
semi-directivas, foram realizados alguns tpicos de abordagem e perguntas de
desenvolvimento para que o entrevistado tivesse liberdade de se pronunciar sobre os temas,
podendo tambm dar informaes pertinentes.
Na fase seguinte, conclumos quem iramos entrevistar de acordo com duas
orientaes: o facto de no ser indispensvel fixar um nmero antecipadamente16 e
procurmos escolher, do universo existente, quem detm informao relevante?17.
Na fase que se seguiu, efectumos as entrevistas e, para auxiliar a fase seguinte
processamento e arquivo as entrevistas foram todas gravadas em formato udio, tendo,
no entanto, sido tambm retirados apontamentos escritos do que o entrevistando referia.
16 Ghiglione, Rodolphe; Matalon, Benjamin (2001) O Inqurito: teoria e prtica, Oeiras: Celta Editora, p. 55. 17 Moreira, C. (2007), Teorias e Prticas de Investigao, Lisboa, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto superior de Cincias Sociais e Politicas, p. 216.
Impacto na formao de RH
7
A observao directa, no obedeceu a um planeamento rgido. A sensao de que,
relativamente s infra-estruturas tudo est atrasado, conduziu a que as nossas aspiraes
no fossem alm de pedirmos para verificar o seu estado de degradao, e um
esclarecimento, para satisfazermos a curiosidade, das condies dos locais onde se
prospectam.
1.5.2.Amostra
Quando se utiliza a ferramenta da entrevista semi-directiva ou directiva, no h
necessidade de inquirir um grande nmero de pessoas. Isto deve-se ao facto de existirem
repeties da informao transmitida pelos inquiridos e de, nalguns casos, a redundncia
ser total. Neste estudo, tentmos que cada entrevista completasse as outras, nas matrias
em que os primeiramente entrevistados no seriam especialistas. Sendo assim, o
importante foi assegurar um naipe de entrevistados significativos em cada matria tida como
relevante. Este modelo aproxima-se do de amostra por quotas18 na medida em que se
procura obter suficiente representatividade, atravs da correcta distribuio das variveis a
analisar pela populao a estudar.
Todos os entrevistados conhecem e esto por dentro de tudo o que inerente e est
associado ao fenmeno da formao nas PANDUR, em Portugal. As pessoas entrevistadas
foram-no, porque: so responsveis por grupos de trabalho, relativos formao ministrada
sobre estas viaturas. So responsveis pela formao l onde ela se ministra, e detentores
de especificidade/especialidade ou tecnicismo, relativamente a determinadas reas.
Procurou-se que houvesse uma ligao entre estas pessoas e, desta forma, houve quem
tivesse que responder sobre o plano de formao concebido, houve quem respondesse
sobre a conduo da formao propriamente dita, e houve quem nos elucidasse sobre reas
especficas de formao (caso dos cursos de conduo, chefe de viatura e manuteno).
Devido sua especificidade, conhecimento e responsabilidade nas diversas reas da
formao nas PANDUR, todos os entrevistados enquadram-se na qualidade de
testemunhas privilegiadas, da mesma forma como so rotulados como pblico a quem o
estudo diz respeito. Sendo assim, as subjectividades, faltas de distanciamento, vises
parcelar e parcial - todas foram tidas em considerao, procurando-se cruzamentos da
informao fornecida, condio tida como indispensvel para a credibilizao do estudo.
1.5.3.Data e local das entrevistas
A data de cada uma das entrevistas foi agendada segundo a disponibilidade de cada
um dos intervenientes. A durao no foi prevista, pelo que esta terminava quando a
18 Ghiglione, Rodolphe; Matalon, Benjamin (2001) O Inqurito: teoria e prtica, Oeiras: Celta Editora, p. 55.
Impacto na formao de RH
8
informao pertinente fosse colhida. Descreveremos seguidamente a data da realizao das
entrevistas, os entrevistados, locais e fases em que decorreram.
23JUN08 CAP. Ferreira Fase exploratria Mafra
09JUL08 CAP. Caldeira Fase de observao Ao telefone
15JUL08 COR. Oliveira Fase de observao vora
21JUL08 TEN. Fernandes Fase de observao Abrantes
21JUL08 CAP. Ramos Fase de observao Entroncamento
30JUL08 CAP. Panza Fase de observao Gaia
1.6. Potencialidades e limitaes do estudo
As potencialidades e limitaes deste estudo dizem respeito natureza dos
instrumentos utilizados para a recolha dos dados.
1.6.1.Investigao documental
Os dados documentais apresentam como principais vantagens: a grande utilidade em
estudos comparativos e investigaes primrias, a exclusividade (carcter nico da
informao), o baixo custo da sua obteno e historicidade. Por outro lado, estes registos
fazem com que haja uma grande economia de tempo ao serem analisados, e o facto de
serem uma fonte que est em constante enriquecimento, devido ao rpido desenvolvimento
das tcnicas de recolha, organizao e transmisso dos dados19.
1.6.2.Entrevistas semi-directivas
A entrevista, um meio cuja anlise da informao e reflexo recolhida requer um
raciocnio particular, pelo que a anlise dos dados pode tornar-se num obstculo. Quem faz
a anlise, necessita ter em considerao que a informao produzida depende: do
entrevistador e entrevistado, do meio que os envolve, e da relao estabelecida entre
ambos. A limitao da apreciao tambm se pode considerar uma restrio para este
instrumento de recolha de dados, necessitando igualmente de ser devidamente
equacionada. Por outro lado, a riqueza da informao recolhida, o facto de haver a
possibilidade de se retirarem dvidas pontuais no decorrer das entrevistas, e ser muito
eficaz no acesso a informaes de mais difcil obteno, eis as principais vantagens desta
ferramenta20.
19 Moreira, C. (2007), Teorias e Prticas de Investigao, Lisboa, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto superior de Cincias Sociais e Politicas 20 Moreira, C. (2007), Teorias e Prticas de Investigao, Lisboa, Universidade Tcnica de Lisboa Instituto superior de Cincias Sociais e Politicas, p. 211.
Impacto na formao de RH
9
1.6.3.Observao directa
Este tipo de observao aquela em que o investigador procede directamente
recolha das informaes, sem se dirigir aos sujeitos interessados21. A grande vantagem de
se utilizar este mtodo, ao invs do da observao indirecta, reside no facto de se minimizar
a subjectividade, por no haver a interveno de um terceiro sujeito na produo da
informao.
1.6.4.Anlise dos resultados
No que concerne anlise dos contedos, apresenta alguns inconvenientes mas
tambm vantagens.
Existem mtodos de anlise de contedo que se baseiam em pressupostos simplistas,
o que se pode repercutir numa vulnerabilidade do estudo, pois a simplicidade dos
pressupostos pode conduzir a limitaes conceptuais. A adequao dos mtodos aos
objectivos tambm se torna numa questo pertinente, pois a anlise pode tornar-se
demasiado laboriosa fazendo com que se gaste demasiado tempo, tempo esse necessrio
para outras aces inerentes ao prprio estudo. Por fim, visto que a anlise de contedo,
embora possuindo uma grande variedade de aplicaes, oferece mtodos para os quais o
campo de aplicao restrito, podero ser necessrias certas adaptaes ao mtodo
terico para este poder ser aplicado na prtica22.
O mtodo requer que o investigador se distancie relativamente a interpretaes, o que
se apresenta como uma vantagem, por oferecer a possibilidade de anlise da informao
segundo critrios implcitos no discurso, ao invs dos explcitos. Normalmente, neste
mtodo, a informao vem reproduzida num suporte material 23 que, no caso vertente, so
documentos e gravaes realizadas, o que garante um controlo mais eficaz. Finalmente, a
forma estruturada da construo metodolgica permite classificar este trabalho como
criativo.
21 Quivy, Raymond; Champenhoudt, Luc Van (2005). Manual de investigao em cincias sociais. Lisboa: Gradiva, p. 164. 22 Ibid. p. 231. 23 Ibid. p. 230.
Impacto na formao de RH
10
CAPTULO II VBR PANDUR II (8X8)
Pretende-se, nesta parte do trabalho, identificar as caractersticas, capacidades e
limitaes desta VBR, com o propsito de sensibilizar o leitor para a complexidade dos
sistemas que so pertinentes a esta viatura. Mas, primeiro, vamos ver como que este
veculo nos aparece, as lacunas que pretende colmatar, e as unidades que iro ser
equipadas.
2.1. Gnese da Brigada de Interveno
Para fazer face tipologia de Foras Ligeiras, Foras Mdias e Foras Pesadas,
surgiram com o Decreto-Lei n61/2006 de 21 de Maro, respectivamente, as Brigadas de
Reaco Rpida (BrigRR), de Interveno (BrigInt) e Mecanizada (BrigMec). A tipologia
adoptada pretende dar uma ideia relativa da projectabilidade estratgica, do grau de
proteco e poder de fogo no Teatro de Operaes24. Sendo assim, as foras designadas
ligeiras so essencialmente constitudas por Infantaria apeada e respectivo apoio. Possuem
elevada capacidade de projeco estratgica, mas apresentam grandes limitaes no que
concerne: ao poder de fogo, mobilidade, tctica e proteco. As Foras Pesadas so
organizadas, principalmente, por unidades equipadas com CC e Viaturas de Combate de
Infantaria (VCI). Destacam-se, neste tipo de fora, o elevado: poder de fogo e choque,
mobilidade tctica e proteco. Tm limitaes no que diz respeito capacidade de
projeco estratgica e da mobilidade operacional. Por sua vez, as Foras Mdias tm a
finalidade de colmatar o intervalo de capacidades que existe entre os outros dois tipos.
Foras mdias so foras com capacidade de reagir, de forma rpida e flexvel, com a
finalidade de obter/manter a liberdade de aco. Possuem um nvel elevado de agilidade,
robustez, sustentao, poder de combate e capacidade de projeco25.
As brigadas so grandes unidades, ou seja, so um escalo de foras que integram
unidades operacionais e dispem de uma organizao equilibrada, de: elementos de
comando, manobra e apoio que permitem efectuar o treino operacional e conduzir
operaes independentes26. Para este estudo, apenas a BrigInt relevante na medida em
que esta que se pretende equipada com as novas VBR PANDUR II (8X8). De acordo com
o Plano de Mdio e Longo Prazo do Exrcito (2007-2024), de 24 de Julho de 2007, a BrigInt
passa a configurar-se como uma Brigada mdia. Para tal, o objectivo principal, levantar
() de forma progressiva, contnua, por unidades constitudas, de modo conjugado nas
unidades de manobra, de apoio de combate e de apoio de servios em conformidade com o
Programa de Aquisio das VBR, at Dezembro de 2010.
24 Freire, Miguel Moreira, MAJ Cav, Tendncias das Componentes Terrestres das Foras Armadas in Newsletter n13, Instituto de Defesa Nacional, Julho de 2006. 25 Varregoso, A. (2008), As Foras Mdias, Abrantes: Boletim da EPC, p. 13. 26 Decreto-lei n61/2006, de 21 de Maro Lei Orgnica do Exrcito, Art 24.
Impacto na formao de RH
11
2.2. Estrutura Operacional da BrigInt
A BrigInt composta por um Comando (Cmd) e Companhia de Comando e Servios
(CCS), dois Batalhes de Infantaria (BI), um Grupo de Auto-Metralhadoras (GAM), um
Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), um Batalho de Apoio de Servios (BApSvc), um
Esquadro de Reconhecimento (ERec), uma Bateria de Artilharia Antiarea (Btr AAA), uma
Companhia de Engenharia (CEng) e uma Companhia de Transmisses (CTm) (podemos
observar a estrutura desta grande unidade no anexo B Organograma da BrigInt).
O elemento de manobra da BrigInt garantido por uma componente de Infantaria,
atravs dos BI dos Regimentos de Infantaria (RI) n 13 e 14, e outra de Cavalaria, atravs
do GAM, do Regimento de Cavalaria n6 (RC6). So estas as duas vertentes do fogo e
movimento, bem como: o ERec, a CTm, a CEng, o GAC e Cmd que vo ser equipadas com
VBR PANDUR II (8X8). As viaturas sero entregues faseadamente, de acordo com a
directiva 259 do Chefe do Estado-Maior do Exrcito de 2007 (anexo C Directiva
259/CEME/07). Neste documento definido o tipo de viatura e a unidade que vai equipar,
bem como o trimestre em que a mesma dever ser entregue.
Existem diversas verses desta viatura. Cada subunidade ir receber as viaturas
necessrias para que garanta o cumprimento da sua misso. Salientamos que cada verso
ter caractersticas e funcionalidades prprias, com certeza no muito diferentes umas das
outras mas, com as suas especificidades, facto que lembra a necessidade de haver
formao especfica.
Como podemos observar no quadro do anexo D, existem onze verses, com a
possibilidade de ser adquirida, num prazo de um ano a contar da data da entrada em vigor
do contrato, uma dcima segunda verso com uma pea de 105 mm (Mobile 105 mm
Cannon System), em nmero de trinta e trs. Esta verso visa equipar, nica e
exclusivamente, o GAM.
2.3. Caractersticas principais das VBR
2.3.1. Comando e Controlo
A VBR TP dotada de uma unidade central, o P/IC-20127, integrada com os novos
meios de comunicao, os rdios PRC-52528, oferecendo grande flexibilidade de
comunicaes, para: redes rdio, redes com ligao por cabo, fibra ptica e redes sem fio,
atravs de Wi-Fi.
Esta flexibilidade e integrao de meios, exprime-se na eficcia do comando, pelo
chefe de viatura, do funcionamento das comunicaes rdio e das intercomunicaes,
atravs do terminal de operao do P/IC-201. Mas no so apenas vantagens. Para se
27 Portuguese Intercomunicator P/IC-201 unidade central, ligao com terminais de comunicao, rdios, computadores, telefones, entrais telefnicas, modems. Este sistema permite interligar-se com outro P/IC-201. 28 Portuguese Radio Communicator PRC-525, vem substituir o P/PRC.425.
Impacto na formao de RH
12
atingir proficincia ao utilizar este meio de comunicao, exigida uma maior formao e
especializao, pois, se estes requesitos se no verificarem, o Comando e Controlo ficar
reduzido. De salientar tambm, a inexistncia de doutrina de emprego deste novo meio.
A VBR PC, para alm das possibilidades da verso base, possui: quatro rdios PRC-
525, um rdio de banda larga, dois servidores, quatro terminais de tripulante e um router. Os
quatro rdios ligados unidade central, permitem estabelecer, em simultneo, uma
comunicao em HF e trs ligaes em VHF. O rdio de banda larga permite as ligaes de
dados nesta banda. Os servidores disponibilizam, entre outros, informao operacional e
servio de correio electrnico.
As viaturas, nas suas verses TP e PC, partilham uma estrutura/arquitectura comum.
Esta caracterstica deveras importante na medida em que qualquer viatura genrica pode
tornar-se numa viatura de comando, apenas com a insero de equipamento adicional. A
possibilidade de as viaturas serem equipadas com sistemas de posicionamento global
(vulgo GPS) e de viso nocturna, comum a todas as verses factos que evidenciam a
interoperabilidade deste novo meio.
2.3.2. Proteco balstica
O Standardization Agreement (STANAG) 4569, um documento que define as
designaes a atribuir a uma viatura dependendo do tipo de proteco balstica ou ameaa
anti-carro, ambas por ordem crescente de nveis de proteco, a primeira numa escala de
um a cinco e, a segunda, de um a quatro. A adopo da nomenclatura correcta para a
descrio das viaturas vai garantir interoperabilidade dos meios, quando usado equipamento
com os mesmos nveis de proteco29, em misses com foras combinadas30.
A estrutura do casco permite proteco balstica para ameaas de nvel 1, ou seja,
para calibre com 7,62 milmetros, e proteco anti-mina para ameaas de nvel 2 (6 kg de
massa explosiva). A possibilidade de reforar a viatura com placas de ao e porcelana, do
tipo ADD-ON aparafusadas no casco, uma mais-valia que pode aumentar a proteco
para os nveis 2, 3 e 4, o que confere proteco balstica de 7,62 mm, 12,7 mm e 14,5 mm,
respectivamente e, para ameaas anti-carro, amplia a proteco para o nvel 3 (8 kg de
massa explosiva).
2.3.3. Proteco Nuclear, Biolgica, Qumica e Radiolgica (NBQR)
A proteco garantida pelos detectores NBQR e pelo sistema de ventilao da
viatura que obriga o ar a passar pelo filtro NBQR. Esta uma valncia que salienta o salto
29 STANAG 4569 PROTECTION LEVELS FOR OCCUPANTS OF LOGISTIC AND LIGHT ARMOURED VEHICLES, NATO Standardization Agency, 24 de Abril de 2004, p. 2. 30 Fora estruturada para um perodo mais ou menos longo com elementos das foras armadas de duas ou mais naes aliadas.
Impacto na formao de RH
13
tecnolgico dado com a aquisio destas viaturas. Para trs ficam viaturas que no
possuam este tipo de proteco, ou a qual, com o passar do tempo, se tornou obsoleta.
2.3.4. Mobilidade
O terreno severamente restritivo31 atenuado pela reduo da distncia entre eixos
(no anexo E encontra-se uma ilustrao sobre as dimenses da viatura) e pelas
caractersticas do motor, transmisso, plataforma e carroaria, com tecnologia avanada.
2.4. Caractersticas gerais e possibilidades da VBR PANDUR II (8X8)
2.4.1. Introduo
Os valores indicados nesta seco do trabalho no devem ser considerados em
termos absolutos, na medida em que variam consoante a srie e a manuteno efectuada
viatura. Os dados referidos so os descritos no manual. Para colmatar lacunas ou
esclarecer eventuais dvidas essa publicao que deve ser consultada.
2.4.2. Caractersticas Gerais
As VBR PANDUR II so do tipo Viatura Blindada de Transporte Pessoal (VBTP). A
nica considerada Viatura Combate de Infantaria (VCI) pelo fabricante, a VBR PCanho
30, com um canho automtico de trinta milmetros. Devido impreciso de definies em
alguns manuais, tambm podemos considerar que a possibilidade de disparar de dentro,
atravs do sistema de controlo remoto da VBR RWS, lhe confere, igualmente, o ttulo de
VCI32.
A blindagem conferida por placas de ao e porcelana do tipo ADD-ON;
Confere grande eficincia na conduo em todo o terreno;
A silhueta da viatura reduzida, caracterstica fundamental para garantir que seja
aerotransportada, por exemplo num C-130;
Possui suspenses independentes s oito rodas e, atravs de um sistema de gesto
interno, permite ligar e desligar automaticamente a transferncia ou bloquear e desbloquear
os diferenciais. Esta viatura, tambm possui a particularidade de se conseguir ajustar a
presso dos pneus em movimento. Salienta-se ainda o facto do interface homem/mquina
ser de fcil compreenso;
Estas viaturas esto equipadas com o Threat Detection System (TDS) composto por
detectores, computador, bateria e um monitor. Este sistema oferece a possibilidade de
mostrar, no monitor: o tipo de ameaa, o azimute e ngulo de elevao da ameaa e a
granada de fumo que deve ser disparada, para conferir alguma proteco. Este sistema
capaz de detectar, simultaneamente, mais do que uma ameaa;
31 Nova designao para terreno impeditivo. aquele que impede ou dificulta quase completamente os movimentos de foras ou formaes de combate. 32 Coronel de Infantaria Oliveira, entrevistado pelo autor, dia 15 de Julho de 2008, vora.
Impacto na formao de RH
14
De acordo com o STANAG 2129, a VBR PANDUR II 8X8, possui os seguintes
dispositivos de identificao de combate: V invertidos, Combat Identification Panel33 (CIP)
e Thermal Identification Beacon34 (TIB).
A VBR divide-se em trs compartimentos: de conduo, do trem de potncia ou
motor e o de transporte, respectivamente, na frente esquerda da viatura (condutor), na
frente direita e nos dois teros posteriores da viatura (chefe de viatura e a guarnio).
O acesso ao posto de conduo pode ser feito atravs da escotilha superior ou pela
rampa traseira ou porta de emergncia. A escotilha do condutor est equipada com trs
episcpios com proteco Laser. O episcpio central dispe de um sistema de viso
nocturna com um tubo de terceira gerao. O chefe da viatura dispe de um lugar situado
retaguarda do condutor e o seu posto est guarnecido com seis episcpios que lhe
permitem observar em 360. O compartimento de transporte dispe de quatro escotilhas.
2.4.3. Caractersticas mecnicas
O motor um Diesel Turbo com seis cilindros em linha, a quatro tempos, Common
Rail, tem uma potncia de quatrocentos e cinquenta e cinco cavalos, e a cilindrada de oito
mil e novecentos centmetros cbicos. O consumo em estrada de sessenta litros e, em
todo o terreno, de cem litros aos cem quilmetros.
O sistema de alimentao tipo Common Rail, tem dois depsitos de combustvel
com trezentos e setenta e sete litros de capacidade, sendo a reserva de vinte e sete litros.
Ao nvel da transmisso, de salientar o facto de ser uma caixa automtica de seis
velocidades para a frente e uma para a retaguarda, e que a temperatura de funcionamento
de cento e cinco graus Clsius.
O sistema de travagem dotado de: um travo de servio que um sistema hidro-
pneumtico de circuito duplo Anti-lock Braking System (ABS) e retardador, accionado pelo
p no travo; traves de disco ventilados internos s oito rodas; travo auxiliar que actua
nas rodas dos primeiro e terceiros eixos e um travo de parque, de disco, que se encontra
na caixa de transferncia.
A suspenso independente, com molas helicoidais nos primeiro e segundos eixos,
e barras de toro nos terceiro e quartos eixos. Os amortecedores so hidrulicos,
telescpicos, existindo um por roda.
Os pneus so Michelin35, e as presses pr-definidas quatro: trs e um bar e meio
para estrada e velocidade mxima de cento e dez quilmetros por hora, todo o terreno e
velocidade mxima de sessenta e cinco quilmetros por hora e terreno mole e uma
velocidade mxima de vinte quilmetros por hora, respectivamente.
33 Painel de Identificao de combate. 34 Dispositivo de identificao trmico. 35 Michelin 365/80 R20 XZL 152 K runflat (tecnologia que permite ao pneu continuar funcional mesmo com presso nula.
Impacto na formao de RH
15
O sistema elctrico tem uma amperagem de duzentos e vinte amperes e quatro
baterias, com as mesmas caractersticas (doze voltes e cento e dez amperes), duas para
arranque do motor e duas para funcionamento dos equipamentos.
2.4.4. Capacidades
Seguidamente, apresentado um quadro resumo do anexo E, em que podemos
observar a ilustrao elucidativa sobre as capacidades, das VBR.
Quadro 1 Capacidades da VBR PANDUR II (8X8)
Capacidade
Passagem a vau 1,5 m
Inclinao lateral 40 %
Declive de subida 70 %
Obstculo vertical 0,6 m
Passagem de trincheira 2,2 m
ngulos de ataque (sem gancho reboque) 48/41
Largura mnima de via 2,9 m
Estas capacidades, apenas so verificadas se as superfcies estiverem secas, rijas, e
permitirem atrito suficiente e, relativamente aos ngulos de ataque tal como o quadro
destaca, o guincho no pode estar instalado.
2.4.5. Dimenses e dados tcnicos
Relativamente s dimenses da VBR podemos observar a ilustrao, do anexo E.
Para uma fcil leitura apresenta-se, de seguida, um quadro com os diversos dados tcnicos,
da VBR PARDUR II (8X8).
Quadro 2 Dados tcnicos da VBR PANDUR II
Caracterstica Dado tcnico Observaes
Nmero de eixos 6
Nmero de rodas motrizes 8
Nmero de eixos direccionveis 2
Peso sem guarnio, em ordem de batalha 18,5 ton
Peso mximo permitido 22,5 ton
Dimetro de viragem (entre paredes) 20,5 m (+/- 0,5 m)
Dimetro de viragem com modo peo
activo 15 m (+/- 0,5 m)
Velocidade mxima 105 km/h (+/- 5 km/h) Estrada pavimentada
Velocidade mnima constante 3,5 km/h (+/- 0,5 km/h)
Velocidade mxima em marcha atrs 13 km/h (+/- 2 km/h)
Autonomia em estrada pavimentada 600 km A 60 km/h e 18,5 ton de peso
Guarnio (VBR TP) 10 Cmdt, condutor e oito At
Impacto na formao de RH
16
2.5. Caractersticas tcnicas e operacionais
Para finalizar este captulo, vamos caracterizar, de uma forma resumida, as diversas
verses desta famlia de VBR. Desta forma, pretendemos ilustrar o leque de variedade e por
sua vez justificar a necessidade de haver tantos cursos como o nmero de verses.
2.5.1. VBR TP
Possu um reparo para uma Metralhadora Pesada (MP) Browning 12,7 mm (MP
M2HB 12,7 mm) opervel a partir do exterior da viatura e permite, em substituio da MP, a
montagem da Metralhadora Ligeira (ML) HK-21 7,62 mm e o Lana Granadas Automtico
(LGA) Santa Brbara 40 mm.
2.5.2. VBR RWS
Dispe de uma Remote Weapon Station 2136 da Kongsberg com MP M2HB 12,7 mm
opervel em 360 a partir do interior da viatura. A RWS de comando elctrico e, em caso
de falha, pode ser operada manualmente. Est equipada com um sistema trmico de
aquisio e designao de alvos, complementado por um sistema de intensificao de
imagem e por um telmetro37 laser.
2.5.3. VBR PC
A tripulao de seis homens com o condutor, um operador de rdio e quatro
elementos de Estado-Maior. Dispe de quatro posies de trabalho e os equipamentos de
comunicaes e sistemas de informao necessrios. O armamento principal uma ML
7,62 mm, montada em reparo.
Poder ser instalado um sistema flexvel/desmontvel, tipo tenda/avanado, que
permite em situao esttica aumentar o espao de trabalho e a possibilidade de
interligao a outra viatura do mesmo tipo. Possui um gerador elctrico autnomo, Auxiliary
Power Units 22 (APU), com capacidade para alimentar os sistemas de comunicaes e o
sistema de ar condicionado, com o motor da viatura parado, dispondo, para tal, de um local
prprio para o seu transporte.
2.5.4. VBR PMort
A tripulao constituda pelo condutor, a guarnio do morteiro (dois militares) e o
respectivo comandante/chefe.
36 Esta a estao que garante que o armamento seja activado remotamente, de dentro da viatura. 37 O telmetro um dispositivo de preciso destinado medio de distncias em tempo real. Pode ser ptico, quando baseado num mecanismo de focalizao, ou ultrasnico (eco-telmetro ou telmetro acstico), quando utiliza reflexos sonoros. Os telmetros de ltima gerao so digitais, baseados em disparo de feixe laser. Estes podem alcanar centenas de milhares de quilmetros.
Impacto na formao de RH
17
Tem a capacidade de emprego de fumos e iluminao em apoio a unidades em
actividade operacional.
A arma principal, o Morteiro Pesado 120 mm, modelo Cardom 7-2, com alcance
mximo de sete quilmetros com munies convencionais e treze quilmetros com
munies de propulso assistida, permite o posicionamento automtico em bateria, azimute
e elevao (primeiro tiro trinta segundos aps imobilizao da viatura).
2.5.5. VBR Rec
A Tripulao da viatura constituda por quatro militares (o condutor e trs tcnicos
de manuteno).
Dispe de uma ML 7,62 mm, montada em reparo.
A viatura dispe de uma grua telescpica com capacidade de elevao mnima de
dois mil quilogramas, operada atravs de comando distncia, um projector de iluminao,
um guincho, um gerador elctrico, um aparelho de soldar e um compressor.
2.5.6. VBR MEV Amb
A tripulao desta viatura constituda pelo condutor e dois militares paramdicos.
Dispe de capacidade para instalao de quatro macas, material mdico de auxlio e
assistncia para o tratamento e evacuao de feridos.
Em trs das viaturas sero montados todos os equipamentos de suporte avanado
de vida, conforme a legislao nacional em vigor, para fazer face a eventuais situaes de
catstrofe e de calamidade pblica. Devido complexidade do mdulo sanitrio, esta VBR
vai ser integralmente construda na origem.
2.5.7. VBR PMssil
A tripulao destas viaturas constituda pelo condutor, apontador, municiador e
respectivo chefe/comandante.
Possui um reparo para uma MP M2HB 12,7 mm, opervel a partir do exterior.
A VBR ser equipada com um sistema de lanamento de msseis TOW Improved
Target Acquisition System (ITAS), com a capacidade para destruir alvos blindados a longas
distncias. Este sistema dispe de um lanador instalado num pedestal, montado em
plataforma rotativa e com campo de tiro de 360. Tem a capacidade para destruir alvos
blindados a longas distncias.
2.5.8. VBR VCB
A tripulao destas viaturas constituda pelo condutor, um operador do sistema de
Vigilncia do Campo de Batalha (Radar e Sensores) e o respectivo comandante.
Impacto na formao de RH
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A VBR dispe de um sistema radar de vigilncia terrestre, martima e areo de baixa
altitude, modelo BOR-A 550, de um sensor e sistema de acompanhamento da situao.
O radar est instalado num mastro telescpico e tem a capacidade de deteco,
localizao, classificao automtica e seguimento de alvos, tanto de dia como de noite.
Eventualmente poder ser utilizado num trip para utilizao no exterior da VBR. O sistema
sensor modular designado por WIN integra uma cmara trmica, uma cmara TV e o LRF.
O WIN-MAP um sistema topogrfico dinmico no qual o comandante pode registar e
utilizar os dados disponibilizados para designao, alvos e pedido de fogo.
2.5.9. VBR PCanho 30
A tripulao destas viaturas constituda pelo condutor, o apontador e o respectivo
comandante. Para alm da tripulao tem capacidade para transportar mais quatro militares
completamente equipados e armados em bancos rebatveis. O chefe de viatura tem um
campo de viso de 360, atravs de um conjunto de periscpios com dois nveis de
proteco contra sistemas laser.
Esta verso ser equipada com uma torre (two-man-turret) designada por SP30A, de
origem austraca, cujo armamento constitudo por um canho automtico modelo Mauser
MK30-2 (30 mm x 173), uma metralhadora coaxial 7,62 mm e uma metralhadora 7,62 mm
na torre, montada em reparo.
Possui um sistema de estabilizao (para canho e aparelhos de pontaria) e de
seguimento automtico do alvo, intitulado auto-tracking. Esta VBR tem a possibilidade de
instalar mdulos de blindagem adicionais que garantem uma proteco de nvel 423 na
globalidade da viatura, ou seja, plataforma e torre.
2.5.10. VBR Eng
A tripulao destas viaturas constituda pelo condutor, sete militares e o
comandante, ou chefe. Esta viatura dspe de uma ML 7,62 mm montada em reparo e pode
ser equipada com o seguinte equipamento especfico: uma lmina a toda a largura (Full
Width Blade) de trs metros, para utilizar principalmente na neutralizao de obstculos e
preparao de posies defensivas, e cilindros ligeiros (Light Weight Roller), com um metro
de largura, instalados na frente da VBR, de accionamento hidrulico, para utilizar na
detonao de minas colocadas no solo, atravs de uma fora vertical exercida que pode
atingir os quatrocentos quilogramas.
O sistema duplicador de assinatura magntica (MSD) poder ser instalado e destina-
se a detonar minas mediante a gerao de um campo magntico.
Impacto na formao de RH
19
2.5.11. VBR Com
A tripulao destas viaturas constituda pelo condutor, chefe/comandante e dois
operadores de comunicaes.
Esta VBR estabelece a cobertura rdio do campo de batalha, permitindo a integrao
das vrias redes das unidades de manobra com os sistemas de comunicaes do escalo
superior. A partir da mesma podem, tambm, estabelecer-se ligaes com outras redes
tcticas e outros Pontos de Acesso Rdio/Sistema de gesto (PAR), atravs de ligaes
rdio multicanal e em alternativa ligaes por fibra ptica e Digital Subscriber Line (DSL).
Est equipada com sapatas hidrulicas para garantir a estabilidade da viatura,
quando em posio esttica. Possui um mastro telescpico operado automaticamente, que
pode tingir a altura de dez metros e possui cablagem e suportes para instalar antenas.
Poder ser instalado um sistema flexvel/desmontvel, tipo tenda/avanado, que
permite, em situao esttica, aumentar o espao de trabalho e a possibilidade de
interligao a outra viatura do mesmo tipo.
Impacto na formao de RH
20
CAPTULO III RECURSOS HUMANOS
3.1. Introduo
Os recursos humanos so a base de qualquer organizao, sem eles as organizaes
no existem, e sem a sua correcta gesto impensvel a sustentabilidade de qualquer
organizao moderna.
Para estudarmos o que as pessoas significam, hoje em dia, para as organizaes
teremos, em primeiro lugar, que estudar como evoluiu esse conceito no decorrer do sculo
passado, no sendo necessrio recuar aos primrdios da Revoluo Industrial. Sendo
assim, existiram trs etapas que marcaram as organizaes: a Industrializao Clssica
(1900-1950), a Industrializao Neoclssica (1950-1990) e a Era da Informao (depois de
1990). No quadro seguinte, observamos as mutaes do ambiente operacional, a evoluo
do modo de lidar com as pessoas, a viso das pessoas e a denominao que se
atribuiu a cada uma das trs etapas atrs referidas (ver anexo F).
As pessoas, para as organizaes, so interpretadas como pessoas e como recursos.
No primeiro caso, o tratamento pessoal e individualizado, devido personalidade e
individualidade, s aspiraes, valores, atitudes, motivaes e objectivos pessoais. No
segundo, devido habilidade, capacidades, experincia, destreza e conhecimentos tornam
o tratamento pela mdia, igual ou genrico. Deste modo e em suma, hoje em dia, as
pessoas constituem o mais valioso dos recursos da organizao. O dilema da Administrao
de Recursos Humanos (ARH) : tratar as pessoas como pessoas () ou como recursos38.
Esta e outras preocupaes, bem como as constantes evolues inerentes ao estudo das
pessoas nas organizaes, deram origem necessidade desta rea se constituir como
disciplina de diversos cursos e, tambm, a necessidade de formar pessoas especficas para
gerir os recursos humanos, ou seja, a existncia de cursos superiores no campo da Gesto
de Recurso Humanos.
O Planeamento em Recursos Humanos trabalhado a curto (at um ano) e mdio e
longo prazo (trs a cinco anos). Desdobra-se em diversas temticas (recrutamento,
seleco, treino, desenvolvimento de conhecimentos, entre outros) e permite que a
organizao possa prosseguir a sua estratgia e concretizar a sua misso, assegurando que
os trabalhadores certos so colocados nos postos certos, no tempo correcto.
O Exrcito no se atrasou e comeou uma transformao profunda com base em trs
vertentes: alterao da cultura organizacional, transformao da fora e desenvolvimento de
novas capacidades. A primeira vertente pretende envolver todos os elementos do Exrcito e
transmite o paradigma que as pessoas so o cerne da transformao e que deve ter em
conta a capacidade de projeco, a sustentao logstica, a formao e a liderana. A
segunda vertente reside na prontido da fora atravs da flexibilidade, interoperabilidade,
38 Chiavenato, I. (2004). RECURSOS HUMANOS. (8 ed). So Paulo: editora Atlas. p. 87.
Impacto na formao de RH
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mobilidade e empregabilidade. A terceira vertente visa a identificao de factores de
modernizao, geradores e multiplicadores do potencial da fora39.
. Este processo complexo na medida em que envolve alteraes significativas,
nomeadamente: o fim do Servio Efectivo Normal (SEN) passando a ter, apenas, militares
voluntrios e contratados, remodelao dos Quadros Orgnicos de Pessoal (j aprovado) e
de Material (ainda no aprovado), alterao da Estrutura Orgnica do Exrcito e aquisio
de novos meios de comunicao (os PRC-525) e meios de locomoo, atravs das Viaturas
Blindadas de Rodas (VBR) PANDUR II (8X8) e os Carros de Combate LEOPARD 2 A6.
Na parte que se segue, propomo-nos analisar a forma como o Exrcito determina as
suas necessidades, recruta e selecciona os seus recursos humanos. Para tal, analismos o
Regulamento da Lei Militar que estabelece as normas de aplicao da Lei do Servio Militar
(LSM), ou seja, que define as regras e procedimentos do recrutamento para um cidado
poder prestar servio militar efectivo.
3.2. Determinao das necessidades
De acordo com o Modelo de Servio Militar, para a categoria de Praas, as Unidades,
Estabelecimentos e rgos (U/E/O) comunicam Direco de Administrao de Recursos
Humanos (DARH) as necessidades em termos de pessoal, por especialidades. Este rgo
integra estes dados com os pedidos de transferncia e, com o conhecimento dos efectivos,
comunica Direco de Obteno de Recursos Humanos (DORH) as necessidades globais
de incorporao de praas por especialidades ou cargos. A DARH tambm informa o
Comando de Instruo e Doutrina (CmdInstrDoutr) da estimativa das necessidades de
Formao Especfica (FEI), Qualificao Posterior (QPost) e Formao de Longa Durao
(FLD). Ainda neste captulo, no ponto cinco, explicado cada um dos tipos de formao.
A DORH tem a responsabilidade de comparar as necessidades com o nmero de
candidaturas informao que recebe dos Centros de Recrutamento (CR) e de informar o
CmdInstrDoutr dos efectivos a incorporar.
3.3. Recrutamento
Ao conjunto de tcnicas e procedimentos que visam atrair candidatos potencialmente
classificados e capazes de ocupar cargos dentro de uma organizao intitula-se
recrutamento. Neste processo, a organizao vai informar o mercado de RH das suas
necessidades presentes e futuras de RH e ter que ser suficientemente eficaz para cumprir
a funo de suprir o processo de seleco40.
39 Plano Mdio e Longo Prazo do Exrcito (2007-2024), MDN, 24 de Julho de 2007, p.14. 40 Chiavenato, I, (2004). Recursos Humanos. (8 ed). So Paulo: editora Atlas. p. 164.
Impacto na formao de RH
22
No Exrcito, existem dois tipos de recrutamento, o normal e o excepcional41. No
primeiro, a finalidade a de admitir cidados para a prestao de servio militar nos regimes
de contrato (RC) ou voluntrio (RV) e, o segundo, visa a convocao ou mobilizao dos
cidados que se encontrem nas situaes de reserva de recrutamento e reserva de
disponibilidade.
O candidato ter de escolher a Guarnio Militar Principal (GMP) e as especialidades
de emprego num formulrio42 que ter que preencher, para iniciar o processo de
recrutamento.
3.4. Classificao e seleco
A seleco constitui a escolha do homem certo para o lugar certo. Visa escolher os
candidatos recrutados mais adequados, tentando solucionar dois problemas: a adequao
do homem ao cargo e eficincia e eficcia do homem no cargo43.
A classificao e seleco constituem um conjunto de operaes que determinaro a
aptido psicofsica de um cidado para determinada categoria e especialidade ou classe
profissional. As provas incluem a sua avaliao psicofsica nas diversas especialidades, e
habitualmente, sero necessrios exames complementares de diagnstico, para a avaliao
ou reavaliao dessas mesmas capacidades44.
A classificao das Provas de Classificao e Seleco (PCS) de apto, inapto ou a
aguardar classificao, conforme satisfaa, no satisfaa, ou quando, num horizonte
temporal de trs meses, venha a satisfazer o perfil psicofsico necessrio. A classificao de
apto vlida por um ano a contar da data de averbamento na cdula militar.
3.5. Incorporao e formao geral comum
O cidado que for dado como apto nas PCS ir prestar servio efectivo e incorporar
um Curso de Formao Geral Comum de Praas do Exrcito (CFGCPE), celebrando um
contrato para RC ou RV. No final, o militar fica apto a integrar qualquer U/E/O do Exrcito,
desempenhando servio de escala de segurana e ronda s instalaes, compatvel com a
sua categoria e posto, cargo designado tipo sentinela.
Os cursos tm a durao de, pelo menos, doze semanas, e aps concludos com
aproveitamento, facultaro ao militar competncias a trs nveis: pessoais, militares e
tcnicas, do mbito das responsabilidades inerentes sua categoria e posto.
As competncias pessoais so as necessrias para condicionar as atitudes individuais
e tm que ver com o respeito pelos direitos e normas de cidadania consagradas nas leis da
41 Decreto-lei n263/2000, de 14 de Novembro Regulamento da Lei do Servio Militar, Art 45 e 50. 42 Conforme n 4 do Art 33 do Regulamento da Lei do Servio Militar, cujo modelo em vigor o aprovado pela Portaria n 136/2003, de 06 de Fevereiro. 43 Chiavenato, I. (2004) Recursos Humanos, p. 184. 44 Decreto-lei n263/2000, de 14 de Novembro Regulamento da Lei do Servio Militar, Art 24.
Impacto na formao de RH
23
Repblica, e com a capacidade de integrao na vida militar, cumprindo os seus deveres e
respeitando os valores e princpios da Instituio.
As competncias militares tm que ver com a percia individual do militar, com as
capacidades de sobrevivncia, a prestao de primeiros socorros, a navegao no terreno,
o uso do armamento individual de combate e dos meios de comunicao militar.
As capacidades tcnicas concorrem para o cumprimento da misso da
Organizao/Exrcito, e passa pela capacidade para executar aces de vigilncia,
segurana e aces de combate limitadas, como elemento de uma Seco/Esquadra de
Atiradores.
Em suma, o militar, findo CFGCPE, deve estar apto a: sobreviver isolado no campo de
batalha, colaborar no esforo colectivo de defesa de uma posio, participar em outras
aces de combate que no exijam qualificaes especficas e de poder aceder a uma
especialidade ou qualificao em qualquer arma ou servio45. No anexo G podem encontrar-
se os cargos/especialidades a que as Praas podem ter acesso.
Este curso comea com a Instruo Bsica (IB), que tem a durao de cinco
semanas, findas quais o militar ir prestar o seu Juramento de Bandeira (JB). A Instruo
Complementar (IC) ir reforar a bsica, pretendendo-se, desta forma, flexibilizar o emprego
do militar e proporcionar uma evoluo na qualidade da sua formao, aps a qual o militar
comear, efectivamente, a prestao do Servio Militar, num dos regimes que escolheu. A
IB direccionada para a vida em unidade, pretendendo-se que os militares ps IB e durante
a IC, possam efectuar servio de sentinela/reforo. Desta forma, quere-se colmatar a lacuna
de falta de pessoal e, por outro lado, um complemento formao. O militar, ainda
durante a sua formao, tem acesso experincia de efectuar servios, com tudo o que
est inerente ao cumprimento de um servio, como por exemplo: as trocas de servio, o
facto de no dormir muito, de, por vezes, privar o fim-de-semana, e de ter responsabilidade
atribuda46.
3.5.1.Em Regime de Voluntariado
Aps realizar o CFGCPE, os militares em RV so colocados numa U/E/O da Fora
Operacional Permanente do Exrcito (FOPE) local onde iro realizar uma formao de curta
durao, intitulada de Formao no Cargo47 (FCg), e com esta competncia adquirida vo
desempenhar um cargo especfico. Este tipo de formao intitulado por on-the-job-training
(OJT) e tem lugar no local de trabalho normal, usando as ferramentas, equipamento,
documentos ou materiais que o formando ir usar quando formado.
45 Regulamento do Curso Formao Geral Comum de Praas do Exrcito, Regimento de Artilharia n5, Art 9 Objectivos final de curso, p. 3. 46 Capito de Artilharia Orlando Panza, entrevistado pelo autor, dia 30 Julho de 2008, Gaia. 47 Habilita o formando com um conjunto de deveres, funes, tarefas e actividades necessrias para o desempenho de um cargo especfico do Quadro Orgnico de Pessoal (QOP).
Impacto na formao de RH
24
Aps o trmino do servio em RV os militares podero optar pelo RC. Neste caso, se o
desejarem, ou se a Instituio considerar necessria a alterao das suas especialidades,
os militares podero ter que realizar novos testes psicotcnicos, nos casos em que os perfis
psicofsicos no forem os adequados.
3.5.2.Em Regime de Contrato
Os militares que preferirem RC sero colocados numa unidade das FOPE,
independentemente do GMP que tenham escolhido, num perodo no inferior a dois anos.
Aps este lapso de tempo, sero colocados na GMP que escolheram aquando do seu
recrutamento.
Os militares em RC, aps o CFGCPE, dependendo das suas colocaes e
especialidades atribudas, podem frequentar diversos tipos de formao. Hoje em dia,
devido s regalias que o RC oferece comparativamente aos RV, os militares tendem a
escolher o RC. Desta forma, existem militares em RC que podem ser sujeitos a uma FCg
mas, do ponto de vista da Instituio, no rentvel pois no se est a gerir, da melhor
forma, um recurso que vai ter um vnculo de, no mnimo, dois anos de servio. Este recurso
deve ser instrudo, ter uma formao especfica que garanta mais competncias e cujo
investimento seja garantido atravs da proficincia do militar em determinada especialidade.
Sendo assim e preferencialmente, os militares em RC devem frequentar os outros tipos de
formao mais especficos48, por duas ordens de razes: porque contamos com estes RH
por dois anos e porque s ao final de dois anos que iro para as suas GMP, devendo, os
militares em RV, desempenhar funes que, apenas com a rotina, aprendam, adquiram e
desenvolvam as competncias para um cargo.
3.6. Percurso Formativo das Praas Ps CFGCPE
Os tipos de formao a que os militares podem ser sujeitos, so: Formao Especfica
(FEI), Qualificao Posterior (QPost) e Formao de Longa Durao (FLD).
No anexo H, podemos verificar uma representao esquemtica do percurso que os
militares em RV e RC podem fazer, no que concerne carreira, percurso formativo e tempos
de contrato.
A FEI ministrada aps o CFGCPE e habilita o formando com as competncias
necessrias para o desempenho de um conjunto de cargos que apresentem afinidades entre
si, de emprego ou de servio.
A QPost uma aco ou aces de formao aps o CFGCPE ou da FEI com o intuito
de adquirir competncias especficas para o desempenho de um cargo ou conjunto de
cargos afins. Pode adoptar duas formas: as Especialidade Complementar das
Especialidades Iniciais ou Especializao que decorrem de qualificaes diversas. So
48 Coronel de Infantaria Oliveira, entrevistado pelo autor, dia 15 Julho de 2008, vora.
Impacto na formao de RH
25
ambas ministradas aps a FEI, mas a primeira habilita o formando a competncias de um
cargo de outra Especialidade, e a segunda adestra capacidades adicionais aos da
preparao j adquirida, para o desempenho de cargos especficos da estrutura
organizacional do Exrcito.
A FLD habilita os formandos com competncias para o desempenho de cargos de
elevada especializao, associados normalmente a longa durao, podendo ser ministrada
no exterior do Exrcito e poder conferir uma certificao profissional ou, alternativamente,
acesso a uma posterior certificao.
3.7. Sargentos e Oficiais
O percurso da formao ministrada a Sargentos e Oficiais RV e RC semelhante em
tudo s da categoria de Praas. Contudo possui as suas diferenas, nomeadamente no
tempo de recruta, que de nove semanas (ou seja, h uma condensao das matrias a
ministrar) e a necessidade de se garantir uma especialidade mais aprofundada decorrente
da responsabilidade acrescida que estes recursos iro ter.
Qualquer Sargento RV ou RC que frequente o Curso de Formao de sargentos (CFS)
pode vir a frequentar cursos da VBR PANDUR II (8X8). Para tal suceder, ter que ser
colocado em unidades em que a sua funo passar pelo contacto com estas viaturas.
Existem dois tipos de cursos para oficiais: para o qual os militares necessitaro de
uma especialidade, e l onde a sua formao superior seja suficiente para cumprir a sua
tarefa. O primeiro o Curso de Formao de Oficiais (CFO), sendo o segundo o Curso
Especial de Formao de Oficiais (CEFO). Os militares CEFO so contratados para
colmatar determinadas lacunas em quadros, como por exemplo advogados. Assim sendo,
no se justifica que estes militares possam frequentar cursos das PANDUR.
Os Sargentos e Oficiais do Quadro Permanente (QP), formados na Escola de
Sargentos do Exrcito e na Academia Militar, podem frequentar os cursos das VBR desde
que a sua funo passe por trabalhar com estas viaturas.
3.8. Quadro Orgnico de Pessoal (QOP)
A anlise que fizemos foi quantitativa. Para tal, elabormos dois tipos de quadros (em
anexo J). Um resume o QOP de um BI da BrigInt e outro identifica o posto, o nmero de
homens e funes, de cada verso das VBR.
O primeiro aspecto a salientar desta anlise, o nmero de homens que, num BI,
esto em contacto com estas novas viaturas seiscentos e vinte e trs Homens.
O modelo de formao das PANDUR II modelar, ou seja, a cada cargo condutor,
chefe de viatura e apontador corresponde um curso especfico. Sendo assim, e por outras
palavras, um chefe de viatura de PCanho 30mm ter que frequentar um curso de chefe de
viatura especfico para aquela viatura, para alm do curso de chefe de viatura, digamos,
Impacto na formao de RH
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base. Seguindo esta lgica, e analisando os referidos quadros, podemos afirmar que, no
que concerne a formao, os nicos sujeitos que no sero alvo de aces formao
especficas so os que se encontram na coluna tripulao, uma vez que ser do tipo
treino no cargo.
Seguindo a mesma lgica, a coluna que diz respeito aos cursos de chefes de viatura
e para cada verso da VBR haver um informa que estes sero oficiais ou sargentos. Isto
indica-nos que todos os oficiais e sargentos, independentemente da funo que
desempenharem, tero de estar habilitados, no mnimo, com o curso de chefes de viatura da
verso base. Que todos os indivduos comeam a sua formao inicial na VBR TP, ou
base e, a partir dessa, evoluiro para as viaturas de que iro ser chefes. No caso particular
dos cabos para as viaturas de que iro ser apontadores. Posto isto, podemos verificar que
trinta e quatro oficiais e cento e dezasseis sargentos tero que frequentar o curso base de
chefe de viaturas. Este um apontamento do empenhamento que a EPC, entidade
responsvel neste domnio, ir ter em termos da formao destes quadros.
Outra abordagem diz respeito ao facto de existirem determinadas especialidades
exigidas a certos condutores, de acordo com a viatura que iro conduzir e/ou a subunidade
onde iro prestar servio. Por exemplo, no caso das viaturas de VBR Rec, o condutor ter
que ser, no mnimo, um soldado mecnico ou, alternativamente, um Cabo especialista.
Outro exemplo: os condutores terem a especialidade de socorrismo no caso das VBR Amb
MEV. Finalizaremos ainda com um exemplo: algumas das viaturas dos Pelotes de
Reabastecimento iro ser conduzidas por elementos com a especialidade de cozinheiros.
Salientamos que, antes de estes Homens serem condutores, tero que ser conhecedores e
dominar a especialidade exigida, uma vez que o QOP est desenhado com o intuito de
reduzir pessoal e que um elemento, em determinadas viaturas, ter que desempenhar mais
do que um cargo, ou melhor, ter que empenhar os seus conhecimentos noutras funes.
Impacto na formao de RH
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CAPITULO IV FORMAO NAS VBR PANDUR II (8X8)
4.1. Introduo
A entrada em servio de um novo meio, seja ele qual for, requer alicerces bem
estruturados. Na nossa opinio, um meio de combate como o veculo atrs descrito, deve
encontrar na organizao de destino duas reas perfeitamente definidas, sendo elas: a
estrutura base de sustentao Logstica e um sistema de formao eficaz. Estas duas reas
justificam-se pelo grande investimento feito e pela necessidade de implementao de uma
nova mentalidade, o que foi intitulado como o paradigma da mudana49. Sobre a logstica
de base dedicaremos o captulo VI. Prossigamos, pois, com a rea da formao.
O paradigma mencionado tem que ver com uma alterao de mentalidade no que
concerne a formao. O formando ter que ser instrudo de acordo com o saber operar ao
invs do, at ento intitulado, saber fazer50 lema da Escola Prtica de Infantaria (EPI).
Por outras palavras e segundo o exemplo que nos foi apresentado, o formando deixar de
se limitar a executar a sua tarefa na mquina passando a ter que dominar os sistemas,
subsistemas e mdulos inerentes sua funo no aparelho em questo e, em alguns casos,
a ter que program-los. Um exemplo o novo PRC-525, que exige uma maior formao e
especializao, sob pena do Comando e Controlo ficarem reduzidos, fruto de uma deficiente
consolidao.
A Escola Prtica de Cavalaria (EPC) elaborou o Modelo de Formao com base nas
seguintes premissas:
A EPC a Entidade Primariamente Responsvel (EPR) pela formao de Nvel I
(operadores) e a Escola Prtica dos Servios a EPR dos nveis II e III (manuteno);
A responsabilidade de formao das diferentes verses obedece aos critrios que
vigoram para as demais funes e cargos do Exrcito;
Os formadores formados pelo fabricante sero instrutores e no utilizadores.
O Modelo de Formao desenhado e superiormente aprovado51 divide-se em trs
perodos: formao contratualizada, formao inicial e Plano de Formao Anual (PFA).
Seguidamente, sero escalpelizados os detalhes das trs etapas atrs referidas. Devido ao
facto de estas viaturas serem entregues durante um perodo alargado, estas fases de
formao decorrero em simultneo.
4.2. Formao contratualizada
No contrato celebrado com a Styer esto descritas uma srie de aces de formao
baseadas no conceito train the trainers, ou seja, a formao de futuros formadores,
ministradas em ingls pelo fabricante. Estas aces so divididas em trs nveis, de acordo
49 Coronel de Infantaria Oliveira, entrevistado pelo autor, dia 15 Julho de 2008, vora. 50 Ibidem. 51 Despacho de 25 de Junho de 2007, do TGEN CID.
Impacto na formao de RH
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com o pessoal a que se destinam e o nvel de aprofundamento das matrias. No anexo L,