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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2007 Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4 Cadernos PDE VOLUME II

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 · A ARTE DO BEM VIVER: relações intra e interpessoais no Curso Normal ... desenvolver atitudes que permitam ao educando aprender a interagir

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

LAURA SILVANI BASSO

A ARTE DO BEM VIVER: relações intra e interpessoais no Curso Normal

Material Didático elaborado para definir diretrizes de ação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE Secretaria de Estado da Educação - Paraná.

PONTA GROSSA

2007

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

LAURA SILVANI BASSO

A ARTE DO BEM VIVER: relações intra e interpessoais no Curso Normal

Material Didático elaborado para definir diretrizes de ação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE Secretaria de Estado da Educação - Paraná.

Orientadora UEPG: Profª Gislene Lössnitz Co-Orientador PDE: Prof. Waldir Uller

PONTA GROSSA

2007

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................4 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................5 CAROS PROFESSORES...........................................................................................................7 CAPÍTULO 1 – RELAÇÕES INTRAPESSOAIS ...................................................................11 I ENCONTRO - TÉCNICA: Auto-retrato desenhado...........................................................13 PARA REFLETIR... Como ampliar a autoconsciência ........................................................14 II ENCONTRO - TÉCNICA: É a minha cara.......................................................................18 PARA REFLETIR... A relação sadia............................................................................... .....20

III ENCONTRO - TÉCNICA: O jogo da auto-estima..........................................................23 PARA REFLETIR ...A importância do autoconhecimento....................................................25 IV ENCONTRO - TÉCNICA: Minha Bandeira Pessoal.......................................................29 PARA REFLETIR... A Importância do Autoconhecimento..................................................30 CAPÍTULO 2 – AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS .............................................................34 V ENCONTRO - TÉCNICA: Movimentos...........................................................................36 PARA REFLETIR... Os valores.............................................................................................38 VI ENCONTRO - TÉCNICA: Meus companheiros e eu......................................................40 PARA REFLETIR... A importância da integração................................................................44 VII ENCONTRO - TÉCNICA: Novos valores.....................................................................46 PARA REFLETIR... Que São Valores...................................................................................49 VIII ENCONTRO - TÉCNICA: Carrossel Musical..............................................................52 PARA REFLETIR... Ética: Arte De Viver.............................................................................54 CAPÍTULO 3 – COMUNICAÇÃO..........................................................................................56 IX ENCONTRO - TÉCNICA: Trocando informações..........................................................58 PARA REFLETIR... Para Se Relacionar Melhor..................................................................60 X ENCONTRO - TÉCNICA: Escolha cuidadosamente suas palavras..................................62 PARA REFLETIR... Como Melhorar A Comunicação Entre Professores E Alunos............66 XI ENCONTRO - TÉCNICA: Você está me escutando?......................................................68 PARA REFLETIR... Comunicação........................................................................................71 XII ENCONTRO - TÉCNICA: Escolha de valores..............................................................73 PARA REFLETIR... Os Valores Na Vida Social...................................................................77 CAPÍTULO 4 – Formação Inicial.............................................................................................79

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XIII ENCONTRO - TÉCNICA: Com quem me identifico?.................................................82 PARA REFLETIR... A origem do desejo apaixonado de ser professor................................83 XIV ENCONTRO – TÉCNICA: Dinâmica do foco..............................................................88 PARA REFLETIR... Falsas idéias e (des)estímulos aos educadores....................................90 XV ENCONTRO – TÉCNICA: Álbum da vida....................................................................93 PARA REFLETIR... O esforço reflexivo de fazer da vida uma história..............................96 XVI ENCONTRO – TÉCNICA: Meu presente/Meu futuro.................................................99 PARA REFLETIR... Escola reflexiva e nova racionalidade...............................................101 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................106 REFERÊNCIAS......................................................................................................................107 ANEXOS................................................................................................................................109

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APRESENTAÇÃO

O presente Caderno destina-se ao registro das atividades a serem desenvolvidas na

Proposta de Intervenção Pedagógica na escola, como parte integrante do Plano de Trabalho do

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná, em desenvolvimento na sua primeira edição neste ano de 2007.

Nestas páginas propomos uma reflexão sobre nossa atuação como professores e mais

especificamente, nossa prática escolar nas inter-relações entre professores e alunos

observando como as relações afetivas e a boa comunicação podem interferir nos resultados

dessa interação. Assim, apresentamos uma coletânea de atividades a serem desenvolvidas com

os alunos do Curso de Formação de Docentes – Normal, por acreditar que experiências

positivas podem contribuir de maneira favorável na formação pessoal e profissional do ser

humano.

Este trabalho apresenta-se como um guia que propõe temas, estratégias pedagógicas,

recursos e atividades capazes de criar espaços de reflexão-ação, possibilitando a todos e a

cada um dos envolvidos no ato pedagógico participar desse processo formativo, tomar

consciência do trabalho ético que podem realizar em si próprios. Tem o objetivo de resgatar

valores adormecidos nos seres humanos e que são elementos de suporte como características,

atitudes ou posturas que sustentam as relações em sala de aula entre os alunos e entre alunos e

professores, fazendo com que estes se percebam indivíduos que podem trabalhar de forma

colaborativa e assim possibilitar o maior crescimento do grupo. Pretendemos com este,

desenvolver atitudes que permitam ao educando aprender a interagir com o mundo, utilizando

os conhecimentos adquiridos sobre si sobre as interações com os outros melhorando seu

relacionamento na sala e facilitando a comunicação mútua e o rendimento escolar.

O presente Material pode ser utilizado por todos aqueles que acreditam na

possibilidade de novas relações entre os seres humanos, através de processos que resgatem

sua auto-estima e melhorem sua capacidade de se comunicar a partir da reflexão e da vivência

de atitudes e valores intra e interpessoais.

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INTRODUÇÃO

A certeza de que estamos sempre começando,

a certeza de que é preciso continuar,

e a certeza de que podemos ser interrompidos

antes de continuarmos.

Fazer da interrupção um caminho novo,

da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte,

da procura um encontro.

Fernando Sabino.

Considerando a vivência pessoal condição inseparável do processo de formação

profissional e dada a relevância das experiências positivas como construtoras de bases sólidas

para a futura ação docente, o presente trabalho tem por finalidade repensar a questão da

afetividade e da relação comunicativa no processo de formação inicial com alunos do Curso

de Formação de Docentes – Normal. Nesse sentido, conceitos como afetividade,

comunicação, formação pessoal, auto-estima e motivação serão refletidos com os alunos,

buscando identificar como atitudes positivas ou negativas interferem na qualidade das inter-

relações.

Tal reflexão origina-se da experiência vivenciada enquanto pedagoga quando

inúmeras situações cotidianas expressam conflitos e desentendimentos entre alunos e

professores, oriundos de situações comunicativas falhas, onde a intenção de uma ou mais das

partes envolvidas não se percebia claramente. Em situações desta natureza, no diálogo

mediador é comum aparecerem justificativas de ordem pessoal permeadas por relações de

afeto ou pela falta de, e também, por palavras e expressões ditas com uma finalidade mas

quando interpretadas, carregadas de um outro sentido.

Procurando alternativas para amenizar tais situações, desenvolvemos este Caderno

com objetivo de organizar um conjunto de dinâmicas/vivências abordando a questão das inter-

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relações entre professores e alunos, permeadas pela afetividade e boa comunicação que,

refletidas e vivenciadas no grupo de alunos do Curso Normal, possa contribuir para a

melhoria dos relacionamentos e da convivência no espaço pedagógico e, ainda, como destina-

se a alunos em processo de formação inicial, que se constituam em experiências positivas a

fundamentar a futura ação docente.

Para atender a uma Proposta de Intervenção de trinta e duas horas, quatro temas

geradores foram elencados: relação intrapessoal, relação interpessoal, comunicação e

formação inicial (pessoal e profissional). Cada tema será subdividido em subtemas, com

previsão de quatro encontros de duas horas para cada um, visando criar espaços de reflexão e

ação possibilitando a todos e a cada um dos alunos/professores participar desse processo

formativo, tomando consciência do trabalho ético que podem realizar em si próprios, não em

termos de ajuste de condutas, mas de reflexão acerca de normas de convivência, essenciais ao

estabelecimento de bons relacionamentos.

Para fins de organização didática, os temas foram divididos em capítulos,

considerando diferentes manifestações da realidade do ser humano e de suas inter-relações.

Cada capítulo contemplará conceitos básicos sobre o tema, jogos, dinâmicas e desafios que

pretendem propiciar aos alunos reflexões para conhecer-se a si mesmo, a aceitar suas

limitações e ampliar suas potencialidades, a conviver em grupo respeitando as opiniões dos

outros bem como as regras de convivência em sociedade.

Além das atividades dirigidas ao trabalho com os alunos estão também incluídas no

Caderno, anexos contendo textos informativos para o professor, que servirão como ferramenta

de estudo para fundamentar o seu trabalho pedagógico e propostas de reflexão para os alunos.

Pretendemos que estas dinâmicas sejam alegres, criadoras e que motivem os alunos a

freqüentar as aulas e a gostar cada vez mais o Curso que escolheram. As atividades

pressupõem um esforço e envolvimento especiais de professores e alunos pois são dinâmicas

e envolvem conceitos, por vezes, alheios à formação acadêmica do professor. Sendo assim

poderá dar mais trabalho, porém trará também maior prazer e realização para o próprio

educador, desde que este se disponha a encarar as dificuldades e buscar soluções.

O encerramento do projeto poderá consistir na apresentação da trajetória percorrida

pelos alunos durante o desenvolvimento do projeto com a construção de um álbum de

registros, onde serão considerados esforço e participação. Outros critérios a serem adotados

ficam a critério do professor.

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Caros Professores

Todas as escolas são únicas, assim como todo ser humano o é, e por serem compostas

essencialmente por pessoas, problemas de relacionamento não deixarão de existir. A

realização do acolhimento e da socialização do aluno pressupõe o “estreitamento” de relações

afetivas entre aluno e professor, a fim de que estabeleçam, de alguma forma, vínculos

afetivos, tornando-se possível uma integração prazerosa e com significado no ato de ensinar e

de aprender. Sendo assim, esses laços podem ainda ser intensificados quando há integração

dos diversos espaços educacionais que existem na sociedade, tendo como objetivo criar

ambientes culturais diversificados que contribuam para o conhecimento e para a

aprendizagem do convívio social.

Nessa nossa época é amplamente reconhecida a importância das vivências de grupo no

que se refere ao desenvolvimento de valores individuais e coletivos dentro de uma

determinada instituição. A busca do autoconhecimento, da responsabilidade, da confiança

mútua, da integração grupal, da cooperação, da polidez, da comunicação, entre outros valores,

é essencial ao bom desenvolvimento de um grupo de trabalho educativo.

Na literatura são muitos os trabalhos que trazem técnicas de dinâmicas de grupo ou

demorados estudos teóricos sobre o assunto. Porém, segundo Miranda (1996, p. 13) “...o

repertório não se renovou de modo que as mesmas técnicas vem sendo apresentadas há muitos

anos, sem o devido acompanhamento das mudanças pelas quais a sociedade vem sendo

influenciada”. Diante disso, levantar uma infinidade de dinâmicas é tarefa fácil. No entanto,

como este trabalho não se trata apenas da apresentação de uma série de atividades que podem

ser desenvolvidas em grupo nossa tarefa vai um pouco além; o objetivo principal consiste em

extrair das dinâmicas todas as possibilidades de reflexão e de crescimento que uma jornada

coletiva pode proporcionar tendo presente a idéia de que, “na relação, o outro nos proporciona

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instantes de superação de nossas mazelas, de nossas infelicidades, de nossas limitações”

(GOMES, in MIRANDA, 2002, p. 11)

Nesse sentido, as propostas de atividades aqui apresentadas visam estimular a reflexão

e a revisão de valores, atitudes e comportamentos, levando-nos à integração do ser com o

conviver, com o intuito de alcançar resultados que transformem a realidade pessoal e social

em um ambiente de consenso, respeito, tolerância e convivência.

Portanto, professor, utilize este Material como referência, mas lembre-se que este é

flexível e pode ser adaptado à realidade da sala de aula, ou enriquecido com sua criatividade e

outras experiências. Sendo assim aproprie-se, tornando-se co-autor desta experiência que visa

colaborar com a formação de cidadãos compromissados com o bem estar de todos

propiciando um ambiente de respeito, tolerância e convivência entre todos.

SOBRE DINÂMICAS:

O TRABALHO ...

As dinâmicas são instrumentos, ferramentas que estão dentro de um processo de

formação e organização, que possibilitam a criação e recriação do conhecimento. Servem para

levantar na prática: o que pensam as pessoas, o que vivem, o que sofrem.... Ajudam a

desenvolver um caminho de teorização sobre essa prática, como um processo sistemático,

ordenado e progressivo para retornar à prática, transformando-a, redimensionando-a. as

técnicas participativas geram um processo de aprendizagem libertador porque permitem, no

coletivo, discussão e reflexão de forma a ampliar e enriquecer o conhecimento individual,

possibilitando a criação, formação e transformação do conhecimento onde os participantes são

sujeitos dessa elaboração e execução.

No entanto, uma técnica por si só não é formativa nem tem um caráter pedagógico.

Para que ela sirva como ferramenta educativa libertadora deve ser utilizada em função de

temas específicos, com objetivos concretos e aplicados de acordo com os participantes com os

quais se esteja trabalhando.

No trabalho cotidiano, o educador necessita de instrumentos que facilitem a ação rumo

ao alcance dos objetivos. As dinâmicas de grupo constituem-se em recurso que auxiliam ao

atendimento dessa necessidade, caracterizando-se como instrumento facilitador do processo

grupal por desenvolverem a capacidade de ouvir, falar, comunicar-se, conviver através do

lúdico e do criativo, explorando linguagens variadas, como dramatização, expressão corporal,

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desenho, música, dança, etc. Além disso, possibilitam a reflexão, a construção e a

reconstrução das vivências e do conhecimento.

Neste Caderno, as dinâmicas estão distribuídas pelas temáticas já mencionadas,

descritas com seus objetivos, estratégia, material necessário e comentários. Embora cada

dinâmica esteja relacionada a objetivos específicos e temáticas determinadas, isto não

significa que seu alcance a estes se restrinja, como também, muitas outras dinâmicas

poderiam ser sugeridas para tais objetivos e temáticas. Cabe ao professor, ao planejar,

selecionar, adaptar, ou criar novos enfoques de forma a atender às reais demandas de seu

grupo de alunos. Cabe ainda, o discernimento e a sabedoria para facilitar a vivência da

dinâmica, no tempo necessário, evitando moralismos e provocando a reflexão com

sensibilidade, responsabilidade e empatia. Para isso, deve ter clareza do que quer atingir e

sabê-las como um recurso pedagógico, um meio, e não como um fim em si mesmas. Ainda,

pensando na otimização do tempo de Intervenção na escola e possibilidades de reflexão com

os alunos do Curso Normal, as sugestões aqui apresentadas são extensas, fazendo-se

necessário ao professor que desejar aplicá-las noutras situações, rever os aspectos mais

importantes de forma a selecionar os momentos e ou atividades que melhor atendam aos seus

objetivos.

POR QUE TRABALHAR COM...

As dinâmicas possibilitam vivências, que ao serem refletidas e partilhadas gestam um

aprendizado pessoal e grupal libertador, possibilitando, dentre outras coisas:

� Autoconhecimento como ser único e social;

� Exercício de escuta e acolhida do outro como ser diferente;

� Experiência de abertura ao outro e participação grupal;

� Percepção do todo e das partes, tanto da vida como da realidade que nos cerca;

� Desenvolvimento da consciência crítica

� Confronto e avaliação da vida e da prática

� Tomada de decisão de modo consciente e crítico;

� Sistematização de conteúdos, sentimentos e experiências;

� Construção coletiva do saber.

PARA QUEM VAI ORIENTAR ...

Ao utilizar as dinâmicas de grupo como uma ferramenta importante para sua atuação,

o professor dever observar alguns cuidados fundamentais:

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� Conhecer todos os passos da dinâmica para aplicá-la com segurança;

� Cuidar do processo reflexivo e educativo contido na dinâmica, evitando ficar restrito

apenas aos aspectos lúdicos da atividade realizada;

� Ter clareza de aonde se quer chegar, qual o objetivo e função da dinâmica dentro do

processo a ser desenvolvido, entendendo-a como um instrumento;

� Possibilitar um clima de espontaneidade em que os participantes sintam-se livres e à

vontade para a partilha da experiência feita;

� Perceber o nível de relações e entendimento do grupo, pois nem toda dinâmica se

adapta bem a qualquer grupo. Ela pode ser um instrumento enriquecedor se for bem

utilizada e se o grupo estiver em condições de vivenciá-la;

� Observar as expressões corporais, sobretudo as expressões faciais dos participantes no

decorrer da dinâmica, para valorizar os sentimentos e reações de cada um;

� Não esperar resultados imediatos, já que em trabalhos de desenvolvimento pessoal e

social, muitas vezes os resultados se consolidam a médio e longo prazo.

� Qualquer que seja o resultado alcançado com uma dinâmica, ele é o objeto da reflexão

e da aprendizagem, pois dinâmica não tem resultado errado;

� As dinâmicas podem ser adaptadas de acordo com a realidade do grupo. E não se pode

esquecer de que a preparação da dinâmica já é uma dinâmica a ser refletida e avaliada.

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CAPÍTULO 1 – RELAÇÕES INTRAPESSOAIS

Neste capítulo procuramos abordar a pessoa e a tomada de consciência de si mesma,

com seus aspectos e características peculiares (autoconhecimento). Buscamos uma revisão do

autoconceito incentivando cada pessoa a valorizar-se como um ser digno, que tem uma série

de valores e potencialidades que lhe permitem superar os obstáculos que a impedem de

alcançar a verdadeira liberdade e a realização pessoal e profissional (auto-estima).

O primeiro momento na construção do sentimento de um grupo diz respeito à

identidade de cada um de seus participantes e à delimitação do espaço e das responsabilidades

que assumirá na sociedade. O futuro profissional docente deve ter desde cedo, a consciência

de que fará parte de um grupo específico e neste assumirá responsabilidades inerentes à sua

atuação. Portanto, a vivência destas atividades visa convidá-lo à reflexão de seu papel e de

que forma ou até que ponto certas atitudes o incomodam ou influenciam em sua conduta

pessoal e, conseqüentemente, profissional a fim de otimizar os relacionamentos na prática

docente.

O nome próprio, a forma como o aluno se apresenta, o modo como deseja e como é

chamado lhe conferem uma identidade pessoal que irá destacá-lo da massa grupal, permitindo

que seja reconhecido como único e original entre os demais. Estar consciente disto pode

ajudar o professor a melhorar os relacionamentos e a comunicação com seus alunos. Quando

ensina, o professor comunica-se com a classe; sua principal intenção é fazer-se entender, é

que os alunos entendam sua mensagem ou, o conteúdo de seu ensino.

De acordo com Marques (2000), a escola constitui-se em espaço onde diferentes

aprendizagens contribuem para constituição do homem por inteiro, onde a liberdade de

Toda pessoa pode agir por si mesma,

sem deixar-se conduzir nem esperar que os outros façam o que deve fazer.

Assim como tem seu jeito próprio de andar, pode exprimir idéias e sentimentos à sua maneira

e tem capacidade para desenvolver suas próprias atitudes.

(CANO, 2000, P. 33)

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expressar-se, de fazer-se entender e entender os outros contribui para a autocompreensão e

para a compreensão dos outros e do mundo.

É nesse sentido que o fortalecimento da auto-estima é um ponto essencial na

abordagem dessa temática e sua reflexão acompanha todo o processo de desenvolvimento

pessoal e social, pois fundamenta as escolhas individuais influenciando a atuação profissional.

O conhecimento subjetivo sobre a natureza da própria personalidade visa orientar a conduta

do futuro professor e proporcionar uma base sólida para tomar decisões mais acertadas.

Serão desenvolvidos quatro encontros para atender a esta temática, cujas dinâmicas

passamos a descrever.

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I ENCONTRO

TÉCNICA:

Auto-retrato desenhado

FONTE: Adaptado de SERRÃO,M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 70). OBJETIVOS: Aprofundar a percepção de si mesmo;

Perceber as motivações que interferem nos pensamentos, sentimentos e ações.

MATERIAL: Papel ofício, lápis, borracha e lápis de cor ou de cera, cópia dos textos e atividades propostas. COMENTÁRIO: Ao fazer o retrato solicitado e lhe dar vida, cada participante irá refletindo

sobre si mesmo. É uma atividade rica, prazerosa, leve e descontraída. Contudo, algumas vezes, conteúdos pessoais mais profundos podem emergir, favorecendo a expressão de emoções intensas. Nesses momentos, o trabalho assume uma outra dimensão e o professor precisa estar preparado para não temer as emoções, para ser continente das mesmas, escutá-las, acreditando ser um canal que possibilita ao aluno o encontro consigo mesmo. Conteúdos biográficos que estejam muito ligados à esfera da vida privada não devem ser estimulados. Caso o grupo faça perguntas mais íntimas, o aluno precisa ser informado de que tem o direito à privacidade, podendo silenciar sem que isto signifique desconfiança ou afastamento.

DESENVOLVIMENTO: 1. Grupo em círculo, sentado. 2. Solicitar que desenhem na folha de papel uma figura humana de frente, da cabeça aos pés.

Ao terminar, colocar o desenho no chão à sua frente. Olhar para a figura, entrar em contato com ela, dar-lhe uma identidade, uma vida, um nome.

Autoconhecimento é conhecer a si mesmo, as características da personalidade, os próprios sentimentos, inclinações, gostos, preferências, necessidades, sonhos, etc..O autoconhecimento é muito importante para a nossa vida. Quando nos conhecemos compreendemos melhor nossas próprias atitudes. Somos capazes de reconhecer nossos erros e recomeçar. Quando compreendemos as razões das nossas ações é muito mais fácil mudá-las quando preciso.

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3. Pedir a todos que, juntos, cada um no seu desenho respondam por escrito, às solicitações que lhes serão feitas, descritas a seguir: • saindo da cabeça do personagem, fazer um balão com três idéias que ninguém poderá

modificar; • saindo da boca, fazer um balão com uma frase que foi dita e da qual se arrependeu e

outra frase que precisa ser dita e ainda não o foi; • do coração, sair uma seta, indicando três paixões que não vão se extinguir. Chamar a

atenção do grupo para o fato de que o objeto da paixão não precisa necessariamente ser alguém, podendo tratar-se de uma idéia, uma atividade, etc.;

• na mão direita do personagem, escrever um sentimento que este tem disponível para oferecer;

• na mão esquerda, escrever algo que ele tem necessidade de receber; • no pé esquerdo, escrever uma meta que deseja alcançar; • no pé direito, escrever os passos que precisa dar em direção a essa meta.

4. Quando todos terminarem o que foi solicitado, pedir que mantenham contato com o

personagem desenhado, procurando os pontos semelhantes e diferentes entre ambos. Escrever no verso da folha as semelhanças e diferenças encontradas.

5. Plenário

• apresentar para o grupo o seu personagem na terceira pessoa; • falar das diferenças e semelhanças que o ligam a ele; • o professor deve pontuar os aspectos importantes na fala de cada participante.

PARA REFLETIR...

Como ampliar a autoconsciência A consciência dos seus próprios sentimentos e atitudes, assim como da percepção que os outros têm de você, pode influenciar seus atos de maneira que eles funcionem em seu benefício. Com um grau elevado de autoconsciência você consegue monitorar-se, observar-se em ação. Tendo consciência, por exemplo, de que seu tom de voz está ficando mais alto e você está ficando cada vez mais irritado com a(s) pessoa(s) você pode muito bem baixar o tom de voz, desarmar a raiva e responder respeitosamente. O truque, neste caso, é recorrer à abundância de informações sobre si mesmo que estão ao seu alcance: sentimentos, sensações, avaliações, ações e intenções. Elas irão ajudá-lo a compreender como agir, reagir, comunicar e operar em diferentes situações, e ter autoconsciência significa processá-las. A autoconsciência é o elemento básico da inteligência emocional ou do uso inteligente das emoções. Usar de maneira inteligente as emoções implica em fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar o seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados. Aprendendo a controlar as emoções, desenvolver sua capacidade de comunicação e a motivar-se, você pode expandir sua inteligência emocional. A autoconsciência está no cerne de cada uma destas aptidões, porque a inteligência emocional só pode começar quando a informação entra no sistema perceptivo. Por exemplo: para controlar a raiva, você tem que ter consciência daquilo que a provoca e de como essa poderosa emoção o afeta – então poderá reduzi-la e usá-la acertadamente; para driblar o desânimo e conseguir se motivar precisa ter consciência do modo como você permite que afirmações negativas a respeito de si mesmo sabotem seu trabalho; para ajudar os outros a se ajudar, precisa ter consciência de seu envolvimento emocional na relação. * Texto adaptado de WEISINGER,H. Inteligência emocional no trabalho: como aplicar os conceitos revolucionários da I.E. nas suas relações profissionais, reduzindo o estresse, aumentando sua satisfação, eficiência e competitividade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

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Exercitando...

• Localize no texto características que, na sua opinião, melhor definem autoconhecimento: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

• Observe se nestas características você se identifica. Se for o caso, avalie como está o seu autoconhecimento. Se desejar, poderá fazer o seguinte exercício: * Escreva dez coisas que você gosta em si mesmo(a).

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

*Agora, escreva dez coisas que não gosta em si mesmo(a) ou que gostaria de mudar. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Qual lista foi mais fácil de completar? • Volte à atividade inicial, do boneco, e observe o que você registrou. Tente classificar

as idéias colocando um “i” nas características internas, ou seja, que depende apenas de você reconhecê-las e um “e” nas externas, que dependam da opinião de outras pessoas.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

• Nesta classificação, o que você percebe? Há um equilíbrio entre características internas e externas ou você tende mais para um lado?

• A maioria das pessoas sente mais facilidade em identificar coisas negativas. No entanto para aumentarmos o autoconhecimento é preciso ter consciência de quem se é de verdade, reconhecendo pontos positivos e negativos de forma a poder mudar aquilo que nos incomoda ou faz sofrer e valorizar o que temos de bom e nos ajuda na convivência com o outro. Conhecer as nossas emoções e características nos torna capazes de enfrentar a realidade vencendo os desafios que nos são postos a cada dia.

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• Uma maneira de iniciar/exercitar seu autoconhecimento é escrevendo sobre sua vida. Pegue um caderno e comece e descrever seus pais, avós e outras pessoas significativas. Descreva seu lar e o ambiente de seus primeiros anos. Os momentos que mais marcaram sua infância e sua adolescência. Relembre as boas coisas que lhe aconteceram e também os maus momentos. Perceba os padrões de comportamento que se repetem. Pense nas coisas que gostava de fazer e não faz mais. Escreva tudo que sentir vontade. Lembre-se de manter sua privacidade, destruindo ou apagando tudo depois, para não correr o risco de que alguém conheça algo que você não deseje.

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Obs: Lembrar que esta atividade poderá ajudar na elaboração da atividade final, de

elaboração do álbum da vida.

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MEU AUTO-RETRATO

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II ENCONTRO

TÉCNICA:

É a minha cara

FONTE: Adaptado de SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 74) e CANO (2007, v.3, p.10 ).

OBJETIVOS: Possibilitar o autoconhecimento mediante a reflexão de características pessoais: Refletir sobre valores inerentes a questões de gênero humano, posicionan-do-se frente a estes.

MATERIAL: Papel ofício, lápis e hidrocor, tabela com informações para completar e quadro com as frases, retroprojetor; texto “A relação sadia” para cada aluno.

COMENTÁRIO: Trabalhar com identificações nos leva ao encontro do que somos. Ao escolher o objeto que irá representá-lo, o aluno reflete sobre seus valores, interesses e formas de ver o mundo. É como uma viagem ao interir de si mesmo. Este é um trabalho simples, que pode ser utilizado no início do processo grupal, favorecendo o conhecimento dos participantes entre si. Quando o grupo já se conhece, é possível aplicar a dinâmica, explorando com maior profundidade os elementos de reconhecimento e identificação.

DESENVOLVIMENTO: 1. Grupo em círculo, sentado, olhos fechados. 2. Pedir que entrem em contato consigo mesmo. Procurar, mentalmente um objeto com o

qual possam se identificar e transformar-se nele. 3. Cada participante, ao encontrar o seu objeto, abre os olhos, permanecendo em silêncio até

estarem todos de olhos abertos.

Toda pessoa pode agir por si mesma,

sem deixar-se conduzir nem esperar que os outros façam o que deve fazer.

Assim como tem seu jeito próprio de andar, pode exprimir idéias e sentimentos à sua maneira

e tem capacidade para desenvolver suas próprias atitudes.

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4. O professor distribui uma folha de papel para cada integrante do grupo, pedindo que dividam em duas partes, com um traço. Numa das partes, desenhem o objeto escolhido, sem mostrá-lo a ninguém.

5. Quando todos tiverem terminado seu desenho, cada pessoa fornece ao grupo as pistas

sobre seu próprio objeto, informando para que serve, onde se usa, se é grande ou pequeno, etc. O grupo tenta adivinhar o objeto.

6. Cada participante apresenta para o grupo o seu desenho, explicando como o objeto em

questão o representa. 7. Na segunda parte da folha, sugerir que desenhem uma tabela com algumas informações

pessoais.

Sugestão: (Apresentar em cartaz)

Meu nome é:...

A (s) atividade(s) que realizo melhor é (são):...

Três qualidades que me identificam:...

Três aspectos que não gosto em mim:...

Na vida, eu gostaria de ser:...

As três pessoas que mais admiro são:...

Do que eu mais gosto:...

Um prêmio ou castigo que recebi:...

Para meus colegas deixo esta mensagem:...

8. Sugerir que exponham as folhas de forma que todos observam, trocam idéias e fazem

retoques, se necessário. 9. Plenário – comentar sentimentos e percepções

• Como se sentiu durante a atividade? • O que mais lhe chamou a atenção? • O que mais gostaram de fazer nesse trabalho? Por quê? • Houve afirmações mais abertas que outras? Quais? • De que afirmações vocês gostaram mais? • Houve afirmações que coincidiram? Quais? • Surgiram valores novos nesse grupo? Quais?

10. Propor, como atividade individual, que completem as frases abaixo, de acordo com seus

valores e com o que consideram conveniente, importante ou necessário para o gênero da humanidade a que pertence: masculino ou feminino.

Quadro de frases: (Apresentar em transparência)

1. Ser (homem ou mulher) é agir sem procurar motivos para... 2. Ser ................ é fazer um plano e segui-lo, mesmo que... 3. Ser ................ é tirar os olhos da terra para... 4. Ser .................é elevar o espírito para... 5. Ser .................é criar... 6. Ser ................. é ter vergonha de... 7. Ser ................. é reconhecer que errou e... 8. Ser.................. é compreender a necessidade de... 9. Ser ................. é entender que a vida não é... 10. 10. Na minha opinião, a essência de ser .................. é...

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11. Partilhar as frases completadas e decidir em conjunto, um título para esse grupo de frases.

A relação sadia entre a nossa interioridade mais profunda e a exterioridade objetiva, técnica e racional constitui o cerne de uma vida sensata, equilibrada e prazerosa.

Conhecer-se e conhecer, conhecer e conhecer-se: eis um longo e instigante caminho, eis um processo contínuo e continuado, eis o segredo de uma vida significativa. O sabor do viver está neste duplo conhecimento e olhar, A lucidez de uma ética está na busca dessas duas atitudes, O segredo do avançar com sentido se move nessa tensão salutar. A unidade de ser e existir integra interioridade e exterioridade. A decisão - firme e humilde - de penetrar no cerne de nossa interioridade atingimos o caminho da virtude e da verdade, atingimos o caminho da prática do bem e da justiça. Mergulhar no coração de nossa interioridade é descobrir-se, é conhecer-se, á acolher-se. Esse mergulho nos possibilita conhecer

o que podemos ser e o que devemos fazer. O verdadeiro conhecimento vem de dentro onde ecoa a voz da consciência que, por sua vez, conduz o ser humano para a busca da sabedoria. Mediante o processo cuidadoso de auto-observação, de auto-descoberta,

por meio de posturas equilibradas, pode-se chegar a uma auto-estima equilibrada.

Parece ironia mas conhecemos muitos fenômenos externos da vida, do mundo, e fomos cada vez ficando mais estranhos aos confins de nossa interioridade. Quanto mais fomos nos dedicando ao mundo de fora,

mais fomos nos distanciando do mundo de dentro, tornando-nos assim desconhecidos em nossa própria casa, periféricos em relação ao âmago de nosso ser.

Muitos paradigmas instituídos como modelos predominantes de verdade estão tomando contorno cada vez mais abstratos, distanciando-nos da carnalidade do vivido, de nosso ser mais intuitivo, emocional, sensitivo, espiritual. E, descuidando das fontes mais preciosas e originárias de nossa interioridade, fomos nos ressecando e nos desertificando.

A perda do cultivo de nossa sensibilidade, intuitividade, espiritualidade, sensitividde foi nos desqualificando e nos brutalizando. Facilmente somos convertidos em máquinas frias, em seres artificiais desencantados, atolados em guerras, em dominação, miséria, pobreza... em interesses injustificáveis desprovidos de ética e de amorosidade.

É importante reinventar o caminho do autoconhecimento, não para nos submergir, isoladamente, em nossa interioridade, e assim descambando para o outro extremo,

PARA REFLETIR... Conhecete-te a ti mesmo

“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses” (Sócrates)

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mas para, mediante as tantas lições que a história nos ensina, reaprendermos a escutar o coração de nossa consciência, de nossa sensibilidade e intuição nos meandros das vivências cotidianas, onde o interno e o externo estão em diálogo, onde o interno e o externo se exigem reciprocamente e se completam.

Os Sinais do nosso tempo indicam a importância do autoconhecimento. Ficamos por demais fascinados pela luminosidade do saber, da ciência, da técnica e ofuscamos os espaços mais íntimos e profundos de nossa subjetividade. Esquecemos de que só o saber não basta. Ele é necessário, mas a sabedoria é imprescindível no cultivo da relação amorosa com a vida.

Os instrumentos do saber e da técnica cuidam mais da exterioridade, do instrumental,

garantem-nos a esfera do ter bens e coisas. A sabedoria integra tudo isso e os transcende. Ela nos conduz a buscar valores humanos fundamentais, compromete-nos com o respeito à vida, às vidas, ao planeta Terra,

leva-nos à alteridade. A sabedoria da vida dá sabor e unidade entre corpo e mente, masculino e feminino... proporciona o encontro sinergético entre o bem e o belo,

possibilita a sadia relação entre teoria e prática, leva-nos ao cuidado sutil e primoroso com a profundidade do ser humano.

O autoconhecimento pressupõe a compreensão. Compreender é unir a reflexão e a intuição,

o pensamento e o sentimento para um olhar transversal e originário da vida. Ao nos autoconhecer, vamos alargando nossa consciência Vamos mergulhar no coração da vida.

O hoje da vida nos convida... A discernir os sinais dos tempos. A perceber as transformações de nossa época e a mudanças de época. Somos convidados a mergulhar nos oceanos de nossa interioridade, a valorizar a subjetividade mais misteriosa e sedutora do viver,

a percorrer um caminho novo, inusitado, a olhar para dentro de nós mesmos.

O caminho longo e sinuoso do autoconhecimento nos conduz aos processos de religação de nosso “dentro” com nosso “fora”,

de nossa subjetividade com nossa objetividade, do conhecimento dos nossos limites e potencialidades, para a vivência autêntica de novos valores, para a consciência de seres inacabados, de eternos aprendizes.

A viagem para dentro de nós vai nos desnudando de vícios, servidões que enfeiam a nossa alma, faz-nos saborear o melhor da vida, faz-nos redescobrir e reinventar o que temos de mais genuíno. É possível cultivar uma nova sensibilidade capaz de escutar os nossos silêncios e alaridos mágicos, vivos, penetrantes... capaz de lapidar nosso coração, mente, sons e inteligência. Capaz de burilar nossa sensibilidade e ousadia. Capaz de instaurar um equilíbrio entre o interior e o exterior, onde um nutre e dignifica o outro. É preciso movimentar as duas asas da vida... Elas nos fazem levantar vôo. Elas nos fazem voar alto. Elas nos fazem sentir novos horizontes. Elas nos fazem contemplar a vida com novos olhos. Elas nos fazem sentir o abraço do sol nascente, de um novo dia.

(MAYER, 2007, p.175)

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Exercitando... • Após a leitura do texto, reflita sobre ele, procurando associar com algum fato da

realidade social, do qual tomou conhecimento recentemente. __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Elabore uma lista de valores que podem ser identificados no decorrer do texto,

destacando os que se fazem mais urgentes cultivar na sociedade atual, e especialmente nas nossas relações cotidianas na escola. __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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III ENCONTRO

TÉCNICA:

O jogo da auto-estima

FONTE: Adaptado de SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 77) e CANO (2000, v.1, p.14)

OBJETIVOS: Aprofundar a percepção de si mesmo; Refletir sobre a auto-estima e os fatores que a afetam.

MATERIAL: Papel ofício, lápis preto e um lápis de cor para cada aluno, borracha e cópia dos textos.

COMENTÁRIO: É preciso certificar-se de ter a mesma quantidade de frases para reforçar a auto-estima e para enfraquece-la. Adapte ou crie novas frases, de forma que reflitam o mais fielmente possível as situações vividas pelos participantes deste grupo. Este trabalho pode ser realizado num momento de crise do grupo ou como forma de introduzir a questão da auto-estima. É muito comum nos defrontarmos com uma auto-estima fragilizada no jovem aluno, que, muitas vezes, não se julga merecedor de afeto, elogios, “coisas boas”. Reconstruir com ele o valor que atribui a si mesmo é um ponto fundamental no processo de desenvolvimento pessoal. É importante que ele aprenda a reconhecer suas qualidades positivas e negativas e a aceitá-las para saber tirar da experiência aquilo que possibilita seu crescimento pessoal. Nesta atividade, novas frases podem ser criadas ou adaptadas de acordo com o grupo com o qual se está trabalhando. É possível, inclusive, solicitar aos participantes a descrição de situações que “elevem” e/ou “abaixem” sua auto-estima para, posteriormente, transformá-las nas frases a serem usadas no trabalho.

DESENVOLVIMENTO:

Auto-estima consiste na aceitação, na

valorização de si mesmo, e é essencial para uma vida saudável, pois permite o reconhecimento do nosso verdadeiro valor – das nossas habilidades e talentos -, faz-nos sentir quanto somos únicos e especiais.

A auto-estima é parceira do amor – que deve começar por nós mesmos – e é promotora da confiança, da criatividade, do entusiasmo; deixa-nos longe do fracasso, do medo, da descrença, da mágoa, da raiva, da tristeza e da apatia. Reconhecer o nosso poder pessoal – ter auto-estima elevada – nos faz ter interesse por tudo, querer fazer sempre o melhor, nos une com a alegria que nos convida ao riso e nos proporciona uma vida feliz.

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1. Grupo em círculo, sentado. 2. Distribuir uma folha de papel, um lápis participante. 3. Dizer ao grupo que a folha representa nossa auto-estima:

• Verificar se todos sabem o que significa este conceito. • Explicá-lo caso seja necessário: auto-estima se refere ao valor que cada pessoa

atribui a si mesma – o quanto gosta de si própria, o quanto julga merecer da vida, e que a auto-estima está estritamente relacionada com nossa família e nosso ambiente.

• Mostrar que a cada dia enfrentamos situações que afetam o modo como nos sentimos a respeito de nós mesmos. Por exemplo, se brigamos com nossos pais, ou se um amigo nos critica, isso pode prejudicar nossa auto-estima.

4. Ler para o grupo uma série de dez frases, pedindo aos participantes que rasquem um

pedaço da sua folha na proporção em que a situação afetar a sua auto-estima. As frases lidas devem conter afirmações que ponham em xeque a auto-estima dos alunos. Por exemplo: “Seus amigos combinaram de ir ao cinema e esqueceram de convidá-lo”. Marcar com o lápis preto cada pedaço que for sendo rasgado, com o número correspondente à frase lida.

• Exemplos de frases que afetam a auto-estima:

a) Seu (sua) namorado(a) terminou o namoro sem lhe dar nenhuma explicação. b) Seus (suas) amigos (as) combinaram uma ida ao cinema (ou a um passeio), mas

esqueceram de convidá-lo(a). c) O professor criticou seu trabalho perante a turma toda. d) Seus pais disseram que você os envergonha. e) Você tirou notas muito baixas na escola. f) Uma pessoa de quem você gosta recusou o seu convite para sair. g) Um grupo de colegas zombou de você por causa de sua roupa ou de seu penteado. h) Surgiu um boato sobre a sua reputação. i) Sua equipe perdeu um jogo importante. j) Seus tios proibiram seu(sua) primo(a) de sair com você por considerá-lo(a) má

companhia. 5. Solicitar que guardem todos os pedaços rasgados. 6. Depois de ler todas as frases, pedir que reconstituam a folha de papel a partir de nova série

de dez afirmativas que reforçam a auto-estima, anotando com o lápis colorido o número correspondente à frase lida.

• Exemplos de frases que aumentam a auto-estima:

a) Seu(sua) namorado(a) mandou-lhe uma carta de amor. b) A pessoa de quem você gosta convidou-o(a) para sair. c) Seus pais disseram que você é motivo de orgulho para eles. d) Você tirou boas notas na escola. e) Sua equipe ganhou um jogo importante. f) Você foi escolhido por seus colegas para ser o representante da turma. g) Seus amigos elogiaram a sua roupa ou seu penteado.

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h) Seus tios incentivaram seu(sua) primo(a) a sair com você por considerá-lo(a) boa companhia.

i) O professor elogiou seu trabalho perante a turma toda. j) Um colega pediu seus conselhos sobre um assunto delicado.

7. Colocar os cartazes com os dois tipos de frases à vista de todos, pedindo que observem as afirmações que mais influenciaram sua auto-estima.

8. Plenário – discutir com o grupo as situações favoráveis e desfavoráveis para a sua auto-estima: • Todos recuperaram sua auto-estima? • Qual a situação que mais afetou a sua auto-estima? Por quê? • Qual causou menos danos? • Qual foi a situação mais importante na recuperação da auto-estima? • Quando você se sente desanimado, o que costuma fazer para recuperar-se? • O que podemos fazer para defender nossa auto-estima quando nos sentimos atacados? • O que podemos fazer para ajudar nossos amigos e familiares quando sua auto-estima

está baixa?

PARA REFLETIR... A importância do autoconhecimento

A auto-estima oscila de acordo com as situações e principalmente em como nos sentimos em relação a

cada uma delas. Mas o que faz com que algumas pessoas sejam mais seguras de si, mais estáveis emocionalmente enquanto outras se perdem, se desesperam quando algo acontece? O diferencial que faz com que cada um consiga ter controle sob suas emoções é o autoconhecimento.

O quanto você se conhece? Muito? Pouco? A maior parte das pessoas acredita que se conhece, mas na verdade se conhece muito pouco. Você ama alguém, confia em alguém que pouco conhece? Geralmente amamos e confiamos apenas em quem conhecemos muito! E se você não se conhece como quer acreditar mais em sua própria capacidade? Como quer ir em busca de seus sonhos se não acredita ser capaz? E por que não acredita ser capaz? Porque não sabe quem você é.

Por isso, o autoconhecimento é fundamental para desenvolver o amor por si mesmo(a) e fortalecer a auto-estima. É muito difícil alguém se conhecer interiormente quando a busca está sempre no externo. Buscam cuidar da pele, mudar o corte do cabelo, comprar roupas, carros, eliminar alguns quilinhos, mas quase sempre esquecem que o caminho deve ser o contrário, de dentro para fora.

Quando uma pessoa está bem com ela mesma você percebe isso não pela roupa que está usando, ou o carro que está dirigindo, mas pelo brilho em seu olhar, o sorriso em seu rosto, a paz em seu espírito. Como alguém que dorme mal toda noite pode sentir paz? Como alguém que está constantemente se criticando, se culpando, se achando errado)a, pode se amar? Amar-se é condição básica para elevar a auto-estima. É importante identificar os fatores que estão te impedindo de elevar sua auto-estima.

Podemos perceber que a auto-estima está baixa quando desenvolvemos algumas características como: insegurança, inadequação, perfeccionismo, dúvidas constantes, incerteza do que se é, sentimento vago de não ser capaz, de não conseguir realizar nada, não se permitindo errar e com muita necessidade de agradar, sermos aprovados, reconhecidos pelo que fazemos e nem sempre pelo que somos.

Se você identificou algumas dessas características, pode ser que esteja precisando aumentar seu autoconhecimento para assim elevar sua auto-estima.

ZAGO, Rosemeire. A importância do autoconhecimento. Disponível em:

http:// www.uol.com.br/psy_autoconhecimento.html

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10. Atividade Opcional: JOGO DA AUTO-ESTIMA MATERIAL Fichas com quatro códigos cada uma, usando múltiplos de dois em ordem crescente a cada coluna. Exemplo:

REGRAS Em lugar visível para todos, registrar a pergunta-chave do jogo:

• Combinar um sinal de início e término de cada etapa do jogo. • Cada participante recebe o material que for necessário para escrever e uma das fichas

com quatro códigos de se organizar em grupo. • Todos os participantes respondem individualmente e por escrito à pergunta-chave.

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2

2

3

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4

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NA SUA OPINIÃO, O QUE É AUTO-ESTIMA?

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• Ao sinal combinado, cada participante procura aquele que tem o mesmo código da primeira coluna e reúne-se a ele (por exemplo, reúne-se 1 com1, 2 com 2, 16 com 16 etc.

• As duplas formadas comparam as respostas que têm e elaboram com elas um único conceito sobre auto-estima.

• Ao sinal combinado, cada dupla procura a outra dupla que têm o mesmo código na segunda coluna e reúne-se a ela (por exemplo, reúne-se os quatro participantes que têm a seta indicando para frente, os quatro participantes que têm um retângulo, etc).

• Os grupos de quatro comparam os conceitos que trouxeram, discutem o conteúdo e, em consenso, elaboram um só conceito de auto-estima para cada grupo de quatro.

• Da mesma forma e com o mesmo desafio, vão-se formando grupos de oito, de dezesseis e quantos forem necessários para que se forme um conceito de auto-estima que se já resultado da reflexão e discussão de todos os participantes

Exercitando...

• Após a reflexão sobre auto-estima, elabore uma lista, sobre coisas ou fatos que afetaram e que melhoraram sua auto-estima, durante um dia, para apresentar aos colegas. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Defina um valor relacionado com a auto-estima: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Com base no texto “Minha declaração de auto-estima”, defina como deve ser a sua

declaração de auto-estima, redigindo-a: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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MINHA DECLARAÇÃO DE AUTO-ESTIMA

* Marta Lucia Herreira

Sou uma pessoa com dificuldades e problemas como qualquer jovem da minha idade. Gosto que as pessoas me queiram bem e me respeitem como eu respeito a todos. Adoro os dias ensolarados, mas não muito, pois me deixam nervosa. Gosto que me acordem com carinho e que tudo o que façam por mim seja feito com amor. Não gosto de ser ignorada. É agradável ouvir o que os outros pensam, isso me faz sentir uma verdadeira pessoa. Às vezes penso que as pessoas me rejeitam pela espinhas e porque sou magra; mas é que hoje em dia só prestam atenção no físico das pessoas; pouco ou nada lhes importam seus sentimentos e o que pensam. Mas, em geral, gosto de ajudar as pessoas, pois é uma coisa tão linda ajudar sem esperar nada em troca. Gosto das pessoas e as respeito, mas quando me faltam com o respeito, eu faço o mesmo. Sou muito rancorosa. Esse defeito não me permite ser feliz, assim como o desejo de vingança, também a irresponsabilidade e a falta de compreensão para com algumas pessoas. Mas, em geral, sou uma boa pessoa, com vontade de mudar, ajudar e apoiar a todos aqueles que me rodeiam, com um pouco de alegria e desinteresse.

(CANO, 2000,p. 46)

* Menina de 13 anos do Liceu Malabar, Manizales, Colômbia

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IV ENCONTRO

TÉCNICA: Minha Bandeira Pessoal FONTE: Adaptado de SERRÃO,M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 83). OBJETIVOS: Identificar qualidades, habilidades e limites pessoais.

Possibilitar o autoconhecimento, mediado pela reflexão de suas escolhas. MATERIAL: Fichas de trabalho, lápis, borracha e lápis de cor ou de cera, cópia dos

textos. COMENTÁRIO: Esta atividade permite que cada participante tome consciência dos seus

valores, habilidades, limitações, facilitando um conhecimento mais aprofundado sobre si mesmo e sobre o grupo. É um trabalho leve, mas ao mesmo tempo rico, proporcionando ao grupo um espaço prazeroso de autoconhecimento e reflexão. Dependendo da temática que deseja desenvolver e dos objetivos que pretende alcançar, o professor pode elaborar novas questões para compor a bandeira pessoal.

DESENVOLVIMENTO: 1. Grupo espalhado pela sala, sentado. Dar a cada aluno uma ficha de trabalho, lápis e

borracha. 2. Explicar ao grupo que cada aluno vai construir sua bandeira a partir de seis perguntas

feitas pelo professor. 3. Para que compreendam a solicitação feita, fazer uma alusão ao fato de que a bandeira,

geralmente, representa um país e significa algo sobre a história dele. Assim, construirão sua própria bandeira, representando sua história pessoal.

4. Pedir que respondam às perguntas que serão feitas através de um desenho ou de um

símbolo na área adequada. Os que não quiserem desenhar podem escrever uma frase ou

A consciência de si mesmo constitui-se no ponto inicial para cada um se conscientizar do que lhe é próprio e das suas características. Com este trabalho é possível ajudar aos participantes a se perceberem, permitindo-lhes a reflexão e a expressão dos sentimentos referentes a si próprios.

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algumas palavras, mas o professor deve procurar incentivar a expressão através do desenho.

5. O professor escolhe seis perguntas, indicando a área onde devem ser respondidas,

esperando que os participantes terminem cada questão para introduzir a seguinte. (Dar de 15 a 20 minutos para que desenhem suas bandeiras)

Sugestões de perguntas: (escolher seis que melhor conduzam ao objetivo desejado)

a) Qual a sua melhor qualidade? b) O que gostaria de mudar em você? c) Qual a pessoa que você mais admira? d) Em que atividade você se considera muito bom? e) O que mais valoriza na vida? f) Quais as dificuldades ou facilidades que você encontra para trabalhar em grupo? g) O que você considera que foi o maior sucesso na sua vida até agora? h) Se você deixasse o grupo hoje, de que forma gostaria de ser lembrado? i) O que os membros do sexo oposto mais admiram em você? j) O que você mais gosta em sua cultura ou país? (ou grupo, ou escola...) k) Qual é o seu principal sonho ou aspiração? l) O que considera essencial num(a) professor(a)?

6. Quando todos tiverem terminado, dividir o grupo em subgrupos e pedir que compartilhem

suas bandeiras. 7. Plenário – comentar o que mais chamou a atenção em sua própria bandeira e na dos

companheiros. Contar o que descobriu sobre si mesmo e sobre o grupo. 8. Cada aluno diz como se sente após ter compartilhado com o grupo sua história pessoal,

seus sonhos, suas descobertas sobre si mesmo e sobre o outro.

PARA REFLETIR...

Autoconhecimento

Para aprender a controlar comportamentos, desejos e ações, é preciso compreendê-los e analisá-los. Enquanto as pessoas forem incapazes de exercer algum controle sobre as emoções, serão estranhas a si mesmas, incapazes de influir sobre o mundo que as cerca porque não tem contato com a própria realidade interior. Evitam entrar em contato com os sentimentos mais profundos, até como forma de defesa, pois temem machucar-se.

Os caminhos de alienação pessoal são os mais diversos: desde mergulhar intensivamente no trabalho, preocupar-se com a vida alheia, comer compulsivamente, e até mesmo adoecer. Tudo isso para não ter tempo de olhar para seu interior. As pessoas que não refletem sobre sua própria vida, distanciam-se cada vez mais de seus reais sentimentos. Simplesmente vão agindo impulsivamente, caminhando sem saber para onde.

Qualquer desculpa parece válida para que as pessoas desviem a atenção das dores que algumas lembranças trazem e que podem machucá-las. Esquecem estar prejudicando-se ainda mais, principalmente quando recorrem às drogas, ao álcool, ao jogo, ou comida. Os vícios, a compulsão, representam uma forma de

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fuga. Pode-se até obter resultados por algum tempo (prazer imediato), mas nunca fugir do que há dentro de si para sempre.

A recusa em enfrentar a realidade e os próprios sentimentos é uma reação normal. Às vezes não se tem nem consciência desta fuga. Na maior parte, ela é inconsciente. A pessoa só se dá conta de que algo não vai bem internamente quando se depara com alguma dificuldade e entra em conflito e angústia.

Este é o momento de olhar para dentro de si e perguntar-se o que acontece, por que o sentimento de tristeza, vazio, insatisfação, infelicidade. Ao se questionar, é possível obter as respostas, nem que sejam dolorosas a princípio. No entanto, olhar para dentro de si mesmo é uma das maiores dificuldades do ser humano.

Os exercícios de autoconhecimento auxiliam a uma maior compreensão de si, fazendo com que a pessoa entenda as origens de muitos de seus comportamentos. A maior conquista é aquela que se obtém por méritos próprios, porém muitos não se permitem ir em busca dessa conquista. Não há apenas conquistas materiais e amorosas, há conquistas ainda mais importantes, como a conquista de ser melhor, mais capaz e ser aceito, antes de tudo, por si mesmo. Conhecer-se é uma conquista extraordinária.

Às vezes a fuga decorre do medo de olhar para dentro de si e descobrir algo negativo e ruim, pois assim muitas vezes se fez acreditar, o que pode ser um grande engano. Todos têm capacidades, mesmo que diversas, e podem vir a alcançar seus objetivos, desde que tenha consciência do que almeja. A partir do momento que a pessoa parar de fugir do verdadeiro "eu", aceitar-se e amar-se, poderá sentir mais capacitada a enfrentar os percalços do caminho a trilhar.

Quando conseguir olhar-se no espelho, ver sua imagem refletida e sentir o que há realmente dentro de si, sem precisar desviar o olhar, com certeza estará no caminho do crescimento interior. E acredito que essa ainda é a maior busca do ser humano: evoluir como um ser que se permite simplesmente SER!

Texto adaptado de ZAGO, Rosemeire. http://www1.uol.com.br/cyberdiet/colunas/030214_psy_fuga.htm

Exercitando...

• Olhando para sua BANDEIRA PESSOAL, que relações se podem estabelecer com o texto lido? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

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• Procure identificar os motivos que o levam a fugir de si mesmo. Liste-os. Depois pense numa forma de enfrentá-los e procure exercitá-la no seu dia-a-dia. __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

A Importância do Auto-conhecimento

Por que se conhecer ? Esta é uma pergunta que só você poderá responder. É este é um dos próprios motivos que me leva a olhar constantemente para dentro. É olhando para o nosso interior, examinando e transcendendo nossos padrões herdados de nossos pais, de nossos familiares e da própria cultura e sociedade que poderemos encontrar um sentido em nossas vidas, uma resposta para a pergunta que todos nós temos em nossa mente: "Para que estamos vivos ?"

O auto-conhecimento nos leva a uma profunda viagem ao nosso interior, fazendo nos compreender por que reagimos a uma determinada situação, tornando-nos capazes de fazer uma escolha mais consciente, que conseqüentemente nos levará há uma satisfação e sentido de vida cada vez mais significativo.

Desde a mais tenra infância, fomos criando "couraças" para proteger nossa verdadeira essência. Fomos adquirindo padrões sócio-culturais que quando são rígidos e inflexíveis bloqueiam nosso processo de desenvolvimento. Vamos "levando" a vida, escutando apenas o que os outros, a sociedade e os nossos padrões nos dizem para

fazer, muitas vezes, não dando ouvidos à nossa própria voz que vem do nosso coração, do nosso interior.

Muitos nem sequer tem consciência dessa voz interior, outros tentam silenciá-la a qualquer custo. Estão ainda iludidos pelas pressões, determinações e medos impostos pela sociedade e pelo próprio ego: "Mas o que vão pensar de mim se eu fizer isto ?"

Certas pessoas têm medo do que pode vir a acontecer, mas esquecem que a vida está presente no agora. E é no agora que o coração clama para que o sigamos, para que confiemos nele, pois é ali que está a verdadeira evolução e o verdadeiro aprendizado, junto com a verdadeira satisfação.

Assim, o auto-conhecimento nos leva ao desenvolvimento de nossa consciência, transcendendo as "couraças" e indo em direção da nossa verdadeira essência de Amor.

Autor: Saulo Fong - Instituto União - http://www.institutouniao.com.br

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FICHA DE TRABALHO – MINHA BANDEIRA PESSOAL

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CAPÍTULO 2 – AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Este capítulo desenvolve o tema das relações interpessoais considerando a

convivência e os valores que contribuem para o crescimento da pessoa no convívio. Visa

ajudar a tomada de consciência do outro através de um processo que abrange desde o

companheirismo até a autêntica comunhão, passando pelas etapas de amizade, afeto, conflito,

negociações, assim como pela reconciliação e pelo perdão. Este é o processo que marca o

ritmo de crescimento do ser humano e permite, aos poucos, reconhecer o outro como

diferente, como uma pessoa de quem deve aproximar-se com respeito, sem invadir nem

impor, nos múltiplos desafios que surgem nas instituições no que concerne a habilidade

humana de nos relacionarmos uns com os outros. Nestas relações, o estar/ser/viver em grupo

é o modo de, a partir da soma das diferenças, criar-se perspectivas de coletividade, força

capaz de fazer emergir soluções para o enfrentamento das imensas problemáticas de nosso

tempo que, segundo as demandas atuais, remetem ao resgate do humano.

Resgate este, aqui entendido ser possível pela vivência de situações de grupos onde

existam condições possíveis e concretas para o surgimento de espaços que possam

desenvolver as diferentes competências e habilidades para a promoção da mudança e da ação

de transformar a si mesmo e aos outros e, em conseqüência, o mundo. Para tal promoção, o

encontro precisa ocorrer, o vínculo precisa ser criado, estabelecido em sinergia e sintonia

propícias ao aprender e ensinar.

Perceber o outro. Esse é requisito primordial para o princípio de um grupo ou equipe. É o primeiro passo de uma exaustiva, mas enriquecedora caminhada. Quando todos se percebem mutuamente, uma formidável cadeia é produzida. Pelos fios tênues dessa teia, conduzir-se-ão todos os fenômenos que afetam os grupos sociais.

(MIRANDA, 2002, p. 29)

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Enquanto espaço e tempo de ensinar e aprender, o espaço sala de aula pode ser rico e

apontar para o autoconhecimento de cada um que nele atue e vivencie a experiência de estar

junto, em grupos. As interações em sala de aula são constituídas por um conjunto complexo

de variadas formas de atuação que se estabelecem entre as partes envolvidas – professores e

alunos. Uma maneira de agir está intimamente relacionada à atuação anterior e determina,

sobremaneira, o comportamento seguinte. Na verdade, é pela somatória das diversas formas

de atuação, durante as atividades pedagógicas, que os professores vão qualificando a relação

que se estabelece entre o aluno e os diversos objetos de conhecimento. O que se diz, como se

diz, em que momento e por quê - da mesma forma que o que se faz, como se faz, em que

momento e por quê - afetam profundamente as relações professor-aluno e, conseqüentemente,

influenciam diretamente o processo de ensino e aprendizagem, ou seja, as próprias relações

entre sujeito e objeto. Nesse processo de inter-relação, o comportamento do professor em sala

de aula através de suas intenções, crenças, seus valores, sentimentos, desejos, afeta cada aluno

individualmente.

Apresentamos a seguir, a proposta de quatro encontros com a descrição de dinâmicas e

atividades voltadas a esta temática, que ajudam a refletir sobre a convivência humana e que

possibilitam a uma pessoa crescer com as demais.

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V ENCONTRO

TÉCNICA:

Movimentos

FONTE: Adaptado de MAYER, (2007, p. 22). OBJETIVOS: Entrar em contato com diferentes valores, atitudes de vida.

Oportunizar reflexão, criatividade, participação, entrosamento, bem-estar. Favorecer o lazer e a comunicação entre os participantes de um grupo.

MATERIAL: Material para confeccionar bastões de papel – do tipo usado em olimpíadas no revezamento quatro por cem metros, material para escrever, bolas, filipetas de papel, balões (bexigas)...

COMENTÁRIO: Quando um homem perde seus valores, ou quando estes perdem sua força, ele mesmo pode tornar-se o valor para si mesmo. Isso pode ser ambíguo e até mesmo perigoso, pois o homem é generosidade e egoísmo, é altruísta e interesseiro... De um homem sem valores – adquiridos, assimilados, interiorizados... – pode-se esperar qualquer coisa. Daí a importância de nunca nos cansarmos de trabalhar valores, cultivar atitudes, vivenciar experiências coletivas, proporcionar momentos de esperança. Esta dinâmica deseja ajudar pessoas e grupos a mergulharem no mundo de valores capazes de tornar a vida bonita, gostosa, agradável e digna de ser vivida.

DESENVOLVIMENTO: 1. Alunos sentados em pares.

2. Delimitar em torno de cinco minutos para uma partilha sobre: (pedir que anotem...)

a) Os três valores que você mais admira em sua vida. b) Os dois valores que você considera mais importantes para o mundo de hoje. c) Os dois valores que você considera mais importantes para o grupo ao qual você

pertence. Por que considera estes os mais importantes?

O autoconhecimento, então, só pode se dar em grupo, pois é a partir do encontro entre o eu e os outros eus é que pode ser possível conhecer a si mesmo e, assim, evoluir, ampliar saberes, torna-se gradativamente um ser humano melhor.

(BEAUCLAIR,2007).

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3. Plenário – fazer um levantamento dos valores refletidos em pares. 4. Destacar os valores que mais apareceram na partilha em pares, anotar num papelógrafo. 5. Fazer uma interpretação dos valores que apareceram em plenário, como por exemplo:

a) Quais os valores que mais apareceram? b) Como nós interpretamos isso? c) Que outros aspectos chamaram a atenção na partilha em pares e na socialização desses

valores? 6. Para refletir, optar por uma ou mais das possibilidades sugeridas na seqüência:

POSSIBILIDADE NÚMERO UM

1. Preparar previamente bastões de papel com valores que tenham relação com o grupo, isto é: a) valores que estão bem; b) valores que precisam ser melhorados.

2. Segue uma pequena relação de valores que podem ser escritos sobre os bastões:

(1 ) Paciência (11) Leitura (21) Música (2 ) Honestidade (12) Amizade (22) Informação (3 ) Sinceridade (13) Sensibilidade (23) Liberdade (4 ) Tolerância (14) Docilidade (24) Juízo (5 ) Solidariedade (15) Alegria 25) Sabedoria (6 ) Atenção (16) Compreensão (26) Perdão (7 ) Preocupação (17) Carinho (27) Cooperação (8 ) Companheirismo (18) Lazer (28) Compromisso (9 ) Simplicidade (19) Seriedade (29) Colaboração (10) Serviço (20) Formação (30) Mística

POSSIBILIDADE NÚMERO DOIS 1. Pedir aos participantes que façam uma reflexão - individual ou em pares - e escolham

de três a sete valores importantes. Numa dinâmica a opção é por valores conforme os exemplos: a) Para a vida de cada um dos participantes. b) Para a vida da família. c) Para o sucesso do grupo d) Para o bem-estar da sala de aula. e) Para o bom andamento do grupo f) Para uma sociedade justa que atenda a todos. g) Ou para qual realidade específica.

POSSIBILIDADE NÚMERO TRÊS 1. Prever uma boa quantidade de balões -bexigas- de diferentes cores.

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2. Os participantes escreverão sobre filipetas um valor que considerem importante. Cada valor escrito será colocado dentro de um balão e este será enchido.

3. Os participantes se dirigirão ao centro da sala e sustentarão os balões no ar. A partilha

sugerida acontece a partir do estouro de um dos balões, ou depois de um tempo sustentando os balões, o animador dá um sinal. Todos param e alguém é convidado a estourar o seu balão. A partir do papel - valor - que estava no balão, pode-se: a) Partilhar, em pares ou em trios, sobre o valor em jogo: • O que nós entendemos sobre este valor? • Qual a sua importância na vida do nosso grupo? • Onde estão as facilidades e dificuldades na vivência desse valor? • Outras questões. b) Partilhar no grupo maior. Se for esta a opção, prever algum jeito criativo de

participação de todos. c) Cada participante escolhe um balão, estoura o mesmo e pensa sobre o valor. Em

seguida, diz ao grupo o valor que tirou e faz uma reflexão sobre o mesmo: o que significa, a importância do mesmo para o grupo, os modos de torná-lo mais vivo na vida do grupo...

POSSIBILIDADE NÚMERO QUATRO

1. Buscar um jeito criativo de vivenciar este momento. 2. Pode-se aproveitar material reciclável – bolas, garrafas de plástico, papelão, outros –

para confeccionar algo referente a cada valor.

PARA REFLETIR.. OS VALORES

Quando se fala em valores, faz-se uma associação com uma série de qualidades que se encontram nas pessoas, nas coisas, nas idéias; qualidades que fazem com que todo aquele que as possui seja digno de apreço. Os valores são qualidades que dão sentido à vida, posto que, em alguns casos, elas são inclinações íntimas e pessoais. Alguns autores consideram instintivas; outros acreditam que são adquiridas e vão sendo aperfeiçoadas nas diversas atividades da vida. O valor é, de modo geral, uma qualidade ou conjunto de qualidades que têm mérito, utilidade ou apreço, e que podem ser consideradas existentes no indivíduo ou na comunidade, onde se manifestam de modo concreto por meio de ações. Por exemplo, a solidariedade se manifesta na ajuda concreta. Assim sendo, um valor é sempre um bem, é sempre um bom hábito. No entanto, os valores dependem do contexto no qual a pessoa se desenvolve; aquilo que é valor para uma comunidade pode não ser ou não existir em outra. Para os índios que ainda vivem na floresta, a roupa não é um valor, não precisam dela. Por isso, podemos afirmar que valor é tudo aquilo que favorece a plena realização do ser humano como pessoa; é o que dá sentido à sua vida e o faz agir. Hoje, mais do que nunca, a criança, o jovem e o adulto estão expostos a inúmeras dificuldades que tornam a vida mais estressante. É necessário iluminar a realidade para que o ser humano não caminhe a esmo. Ele precisa de ajuda para esclarecer o que é valor e o que não é, o que é justo e o que é injusto, o que é verdade e

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o que é mentira. Para cumprir esta tarefa são importantes, além da família, a escola e grupos de estudo como este. Porém, sem dúvida alguma, a questão dos valores não pode ficar só na discussão. Deve ir além, obrigando-nos a cada dia a nos preparar para sermos melhores, para colocar toda a nossa vitalidade em sua aplicação, pois eles são a bagagem com a qual contamos para a nossa realização pessoal.

(CANO, 2000, v.1 p. 54)

Exercitando...

• Após a vivência da dinâmica, relacione os valores que considera mais urgente serem recuperados nos nossos relacionamentos. Escreva um pequeno texto justificando sua escolha: __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Na sua opinião, os valores pessoais interferem na atuação profissional? De que forma

você percebe esta questão? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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VI ENCONTRO

TÉCNICA:

Meus companheiros e eu

FONTE: Adaptado de (CANO, 2000, v.1 p. 18) OBJETIVOS: Possibilitar a reflexão que leve ao conhecimento mútuo. MATERIAL: Fichas de tarefas para cada local, tabelas de números para cada rodada,

papel e lápis para anotar as respostas, textos para alunos. COMENTÁRIO: Trocar idéias sobre o jogo e partilhar o resultado das tarefas executadas.

Observar que mesmo o grupo já ser conhecido, durante a realização deste jogo podem aparece revelações que até então passaram despercebidas por colegas. Lembrar a importância do conhecimento mútuo da integração e descontração. Com isso, o ambiente torna-se agradável e respeitoso.

DESENVOLVIMENTO: 1. Atribuir um número a cada aluno, seqüencialmente, do primeiro ao último.

2. Colocar em lugar bem visível as tabelas de números que definem quais alunos devem ficar

em cada local de reunião, a cada rodada.

3. Na sala, delimitar sete locais de reunião e identificar cada um. Exemplo:

LOCAL C

LOCAL F

LOCAL D LOCAL A

LOCAL B LOCAL E

LOCAL G

O outro. Não existiríamos, não fosse o outro. Embora nem sempre

percebamos, o outro nos constrói também. Por meio dos referenciais externos,

balizamos os nossos. Caminhamos, trabalhamos, brincamos, dialogamos porque o outro existe.

(MIRANDA, 2002, p. 32)

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4. Em cada um dos locais, colocar a ficha respectiva, mais o material necessário para executar as tarefas relacionadas naquela ficha. 5. A quantidade de alunos pode ser diferente dos números relacionados nas tabelas aqui

apresentadas; não precisa adaptar.

6. Não devem encontrar-se em uma rodada aqueles que já trabalharam juntos em rodadas anteriores.

7. Combinar um tempo para a execução das tarefas e um sinal para indicar o momento de

trocar de local.

8. Plenário: comentar com o grupo: • De quais colegas você lembra dos nomes? • De qual colega você lembra do que ele mais gosta? • De quais colegas você lembra do nome dos pais? • De que experiência você gostou mais? Por quê? • Em que local você se sentiu mais à vontade? Por quê? • Em que local você não se sentiu bem? Por quê?

MATERIAL PARA O JOGO FICHAS DE TAREFAS

TAREFAS PARA O LOCAL A INDIVIDUAL: completar por escrito as seguintes frases:

1. Vivo em... 2. Meus familiares mais próximos são... 3. Meu jogo preferido é...

EM GRUPO: ler para os colegas deste local as frases que você completou.

TAREFAS PARA O LOCAL B INDIVIDUAL: completar por escrito as seguintes frases:

1. O que eu mais gosto é... 2. Minha melhor lembrança é... 3. Em casa eu não gosto de...

EM GRUPO: ler para os colegas deste local as frases que você completou.

TAREFAS PARA O LOCAL C INDIVIDUAL: completar por escrito as seguintes frases:

1. Meu programa de televisão favorito é... 2. O esporte que gosto menos é... 3. A pessoa que mais admiro é...

EM GRUPO: ler para os colegas deste local as frases que você completou.

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TABELAS DE NÚMEROS

1ª RODADA

A B C D E F G 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42

COMO USAR AS TABELAS: cada aluno dirige-se ao local que lhe corresponde de acordo com o número que se atribuiu a si mesmo. Por exemplo, na 1ª rodada, os alunos com os números: 1, 8, 15, 22, 29 e 36 reúnem-se no local A para realizar as tarefas do local A.

TAREFAS PARA O LOCAL D INDIVIDUAL: completar por escrito as seguintes frases:

1. Meu nome completo é... 2. Meus pais chamam-se... e posso dizer que eles... 3. Meus irmãos chamam-se... e são...

EM GRUPO: ler para os colegas deste local as frases que você completou.

TAREFAS PARA O LOCAL E INDIVIDUAL: completar por escrito as seguintes frases:

1. Minha atividade preferida é... 2. Minha melhor habilidade é... 3. O que eu não faço muito bem é...

EM GRUPO: ler para os colegas deste local as frases que você completou.

TAREFAS PARA O LOCAL F INDIVIDUAL: responder por escrito:

1. Qual foi a experiência mais marcante que já teve? 2. Foi engraçada? Por quê? 3. Você ficou com medo ou ficou triste? Por quê?

EM GRUPO: ler suas respostas para os colegas deste local e responder às perguntas que eles fizerem a você.

TAREFAS PARA O LOCAL G INDIVIDUAL: responder por escrito:

1. Fazer um desenho do que você mais gosta.

EM GRUPO: apresentar o desenho para os colegas interpretarem: verificar quais interpretações coincidem com a idéia do autor do desenho.

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2ª RODADA

3ª RODADA

4ª RODADA

5ª RODADA

6ª RODADA

A B C D E F G 7 1 2 3 4 5 6 13 14 8 9 10 11 12 19 20 21 15 16 17 18 25 26 27 28 22 23 24 31 32 33 34 35 29 30 37 38 39 40 41 42 36

A B C D E F G 6 7 1 2 3 4 5 11 12 13 14 8 9 10 16 17 18 19 20 21 15 28 22 23 24 25 26 27 33 34 35 29 30 31 32 38 39 40 41 42 36 37

A B C D E F G 5 6 7 1 2 3 4 9 10 11 12 13 14 8 20 21 15 16 17 17 19 24 25 26 27 28 22 23

35 29 30 31 32 33 34 39 40 41 42 36 37 38

A B C D E F G 4 5 6 7 1 2 3 14 8 9 10 11 12 13 17 18 19 20 21 15 16 27 28 22 23 24 25 26 30 31 32 33 34 35 29 40 41 42 36 37 38 39

A B C D E F G 3 4 5 6 7 1 2 12 13 14 8 9 10 11 21 15 16 17 18 19 20 23 24 25 26 27 28 22 32 33 34 35 29 30 31 41 42 36 37 38 39 40

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7ª RODADA A B C D E F G 2 3 4 5 6 7 1 10 11 12 13 14 8 9 18 19 20 21 15 16 17 26 27 28 22 23 24 25 34 35 29 30 31 32 33 42 36 37 38 39 40 41

PARA REFLETIR...

A importância da integração O trabalho em equipe é motivador por muitas razões, mas principalmente porque permite o conhecimento mútuo. É agradável trabalhar com pessoas que a gente conhece e deseja conhecer melhor. Esse conhecimento traz confiança, facilita a aproximação, gera afeto, o qual, por sua vez, multiplica o interesse e constitui-se em apoio eficaz para a aprendizagem.

A integração, o conhecimento e o afeto unem o grupo de forma que o crescimento seja individual, atendendo às necessidades de cada um. Mas também enriquecem o grupo, desenvolvendo o sentido de pertenças e de segurança em seus membros. Além disso, afirmam o valor e o senso de responsabilidade de cada um, permitindo a unificação e fortalecendo o caráter de forma a possibilitar a superação das frustrações e dos possíveis erros. O professor que costura um conhecimento no outro consegue um excelente trabalho de equipe, cria um ambiente que gera conhecimento, competição saudável, cooperação, compreensão e amor. Ele vive de forma ética. Sente os valores e integra-os em seu trabalho de equipe, cria um ambiente que gera conhecimento, competição saudável, cooperação, compreensão e amor. Ele vive de forma ética. Sente os valores e integra-os em seu trabalho. Cheio de entusiasmo e energia, lança-se de dentro para fora, doando aos outros, com sinceridade e responsabilidade, o que ele é. Do mesmo modo como a lavradora tecia com alegria e amor, o professor integra corpo, espírito e mente nas vinte e quatro horas do dia. Os alunos correspondem com alegria, entusiasmo, respeito e gosto pelas aulas; não tanto pelo que aprendem, mas pelo que passam a viver.

(CANO, 2000, v.1, p. 30.)

Exercitando... • Você consegue lembrar o que descobriu sobre seus colegas? Escreva o nome de dez

deles e uma qualidade de cada um: __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Que diferenças você observou em seus colegas em relação a si mesmo? Liste pelo menos dez.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Na sua opinião, que atitudes, são necessárias para obter maior integração no grupo? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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VII ENCONTRO

TÉCNICA:

Novos valores

FONTE: Adaptado MAYER, (2007, p. 50). OBJETIVOS: Proporcionar um momento de reflexão, de debate e de trabalho em

equipe. Refletir sobre os valores a partir de afirmações que a história da humanidade nos deixou.

MATERIAL: Papel e lápis para escrever, cópia do texto “Quais os valores que estão em jogo?”, presente no término da dinâmica.

COMENTÁRIO: Uma boa sugestão é realizar esta reflexão individual em meio à natureza. Não sendo possível, sugere-se colocar uma música ambiente. Essa dinâmica quer tocar o coração de muitas pessoas para entrarem em contato com valores que ajudam, que constroem a vida. Conforme Chaplin “É de humanidade que precisamos e não de máquinas”. Reinterpretando, podemos dizer que é de valores humanos que precisamos e não de máquinas, é de ética que necessitamos e não de exploração, é de um sorriso que precisamos e não de caras antipáticas...

DESENVOLVIMENTO: 1. Entregar a cópia do texto “Quais os valores que estão em jogo?” a todos os

participantes. 2. Delimitar em torno de trinta minutos ou mais, conforme a disponibilidade de tempo e da

maturidade do grupo, motivando os participantes para uma leitura calma de todas as frases sugeridas no texto entregue.

3. Motivar para que retomem – num segundo momento – uma frase depois da outra e

anotem do lado de cada frase: • os Valores que estão em jogo;

Todo impulso é cego sem sabedoria e toda sabedoria é vã sem ação. Toda ação é vazia sem amor. E trabalhar com amor é vínculo com os outros, conosco mesmos e com Deus.

Gibran Khalil

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• os Perigos, alertas, denúncias que estão explícitos ou implícitos em cada afirmação. 4. Depois da reflexão individual, formar grupos (não mais de cinco alunos cada grupo), e

sortear, aproximadamente sete frases para que continuem a reflexão sobre os valores e perigos que estão em jogo.

5. Motivar cada grupo a escolher uma frase ou afirmações sugestivas com as quais possa criar algo interessante a ser apresentado aos demais, podendo ser uma música, um poema, uma peça teatral, um telejornal, um jogral...

6. Delimitar um tempo para que sejam realizadas as apresentações das reflexões feitas nos

subgrupos. 7. Na seqüência há alguns exemplos para ajudar a entender o que se quer nessa reflexão

individual. a) “O problema não é que os computadores passem a pensar com a gente, mas que a gente

passe a pensar como eles” (Erich Fromm). Valores: liberdade, autonomia... Perigos: a redução do homem a uma máquina, a escravidão ou dependência...

b) “Pois ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em

comunhão” (Paulo Freire). Valores: solidariedade, trabalho em equipe... Perigos: o egoísmo, a solidão...

c) “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio”

(Provérbio Indiano). Valores: silêncio, escuta, respeito ao outro... Perigos: a irresponsabilidade, a desmedida das palavras, as fofocas...

TEXTO:

QUAIS OS VALORES QUE ESTÃO EM JOGO? • “A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de

conforto e convivência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio” (Martin Luther King).

• “As pessoas que vencem nesse mundo são as pessoas que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam” (George Bernard Shaw).

• “Nada é tão útil ao homem como a resolução de não ter pressa” (H. Thoreau). • “A verdade é como o sol que um eclipse pode escurecer, mas não apagar” (Ralph Emerson). • “Se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não houve flores, valeu a sombra das

folhas. Se não houver folhas, valeu a intenção da semente” (Henfil). • “O espírito se enriquece com aquilo que recebe, o coração com aquilo que dá” (Victor

Hugo). • “Ninguém nasce feito; é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos” (Paulo

Freire). • “Não há razão para termos medo das sombras. Apenas indicam que em algum lugar

próximo brilha a luz” (Ruth Renkel).“O amor é como o fogo. Para que dure é preciso alimentá-lo” (La Rochefoucauld).

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• “É impossível para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe” (Epíteto). • “Grande homem é aquele que não perdeu o coração de criança” (J. Wu). • “Cava o poço antes de teres sede” (Provérbio Chinês). • Pois ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em

comunhão” (Paulo Freire). • “Não acrescente dias à sua vida, mas vida aos seus dias” (Harry Benjamin). • “O problema não é que os computadores passem a pensar como a gente, mas que gente

passe a pensar como eles” (Erich Fromm). • “O pessimista queixa-se do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as

velas” (Willian George Ward). • “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que o silêncio” (Provérbio

Indiano). • “Não há nada de nobre em sermos superiores ao próximo. A verdadeira nobreza consiste

em sermos superiores ao que éramos antes” (Sabedoria Popular). • “O momento difícil não é a hora da luta, mas a hora da vitória” (Talleyrand). • “Se os teus projetos foram para um ano, semeia o grão. Se forem para dez anos, planta

uma árvore. Se forem para cem anos, instrui o povo” (Provérbio Chinês). • “É preferível perder um minuto da vida do que perder a vida num minuto” (Sabedoria

Popular). • “Quando sonhamos sozinhos, é apenas um sonho. Quando sonhamos juntos, é o começo de

uma realidade” (Helder Câmara). • “O que torna belo o deserto é o fato de ele esconder um poço em algum lugar” (Saint-

Exupèry). • “Pessoas bem-sucedidas conhecem o medo – mas avançam assim mesmo” (Holly Stiel). • “As nuvens passam, mas o céu azul fica” (Lao-Tsé, mestre do taoísmo, século II a.C.). • “Ser mestre não é resolver tudo com afirmações, nem dar lições para que os outros

aprendam... ser mestre é ser verdadeiramente discípulo” (Sören Kierkegaard). • “Concentre-se no que está buscando, não no que está deixando para trás” (Alan Cohen). • “Se você não tiver controle sobre sua vida, não se queixe quando os outros tiverem” (Beth

Conny). • “Ser bom é fácil, o difícil é ser justo” (Tomás de Aquino). • “É mais fácil conseguir as coisas com um sorriso do que com uma espada” (Shakespeare). • “Amigos são aquelas pessoas que perguntam como estamos e aguardam a resposta” (Ed

Cunnigham). • “Um homem só está sempre em má companhia” (Sabedoria popular). • “Feliz quem entende que tem que mudar muito para ser sempre o mesmo” (Mário

Quintana). • “A maior recompensa para o trabalho do homem não é o que se ganha, mas o que ele nos

torna” (John Ruskin). • “Se os líderes lessem poesia, seriam sábios” (Octávio Paz). • “A vida é um sonho, sonhada com a possibilidade de ser o sonhado” (Maria Stela Graciani). • “A vingança é como morder uma cobra porque ela nos mordeu” (Sabedoria popular). • “Se vai executar sua vingança, cave duas sepulturas” (Provérbio Chinês). • “Quem semeia ventos, colhe tempestade” (Sabedoria popular). • “Quem diz o que quer ouve o que não quer” (Sabedoria popular). • “Não queiras para mim o que não queres para ti” (Provérbio espanhol). • “Nos olhos do jovem arde a chama. Nos do velho, brilha a luz” (Victor Hugo).

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• “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina).

• “Amigo, para mim, é a pessoa com quem a gente gosta de conversar de igual para igual, desarmado” (Guimarães Rosa).

• “Estou sempre alegre: essa é a maneira de resolver os problemas da vida” (Charles Chaplin).

• “Uma prece silenciosa é mais poderosa que um ato consciente; por isso, quando me sinto sem ajuda, oro sem cessar, na certeza de que uma prece nascida de um coração puro nunca deixará de ser atendida” (Mahatama Gandhi).

• “O bem não faz barulho e o barulho não bem” (João Bosco). • “Se queres compreender a palavra felicidade, entenda-a como recompensa e não como

fim” (Saint Exupèry). • “Só quem entende a beleza do perdão pode julgar seus semelhantes” (Sócrates).

PARA REFLETIR...

Que São Valores Quando falamos em valores, temos presente a utilidade, a bondade, a beleza, a justiça, etc. assim como os respectivos pólos negativos: inutilidade, maldade, fealdade, injustiça, etc. Atribuímos valor às coisas ou a objetos, quer sejam naturais, quer sejam produzidos pelo homem. O valor existe nas coisas de dois modos distintos, como por exemplo, a prata. Podemos falar nela tal como existe em seu estado natural, nas jazidas, como corpo inorgânico, com determinadas propriedades naturais. Podemos também falar da prata transformada pelo trabalho do homem, quando deixa seu estado puro para transformar-se em braceletes, anéis ou outros objetos de adorno ou enfeite, como moeda...

No entanto, o valor que refletimos aqui diz respeito à conduta humana e particularmente, à conduta moral.

O sentido das coisas é a sua referência ao mundo dos valores que assim se inserem na história e são realizados pelos homens. Esta posição, seguida por muitos filósofos, reconhece, de um lado, que o valor está presente ao homem e suas atividades na forma de um dever ser e, por outro, supõe que seja independente e indiferente ao mundo humano. Nesse sentido, o valor é uno, universal e eterno, em contraposição à multiplicidade, particularidade e mutabilidade das manifestações concretas das quais deveriam ser a regra.

Há uma relação intrínseca entre valor e ser humano, ou seja, não há valor independente do modo de ser do homem. Nesse sentido, valor inclui sua relação com o mundo humano, ou seja, com o homem e sua historicidade. Os valores e as normas, portanto, nascem e morrem na história e não existem além nem acima do seu curso. A objetividade deriva apenas da correlação entre sujeito e objeto. Não existem valores absolutos; só existem aqueles que os homens reconhecem em determinadas circunstâncias. Toda a valoração inteligente é também crítica porque faz um juízo a respeito da coisa que tem valor imediato. Toda a teoria do valor é necessariamente um ingresso ao campo da crítica. A crítica, nesse sentido, não é senão a disciplina inteligente das escolhas humanas. Tal teoria implica necessariamente uma avaliação da relação entre meios e fins. Não se pode escolher um fim sem pensar nos meios.

O ser humano não é um ser moral por natureza, mas precisa ser educado para a moralidade. É pelo diálogo e não individualmente que devemos chegar à conclusão se uma norma moral é correta ou não. Trata-se de um diálogo entre todos aqueles que são afetados pelas normas e que os leva ao convencimento de que as normas em discussão são as melhores para todos.

O comportamento moral não se esgota na decisão de como viver individualmente e no contexto de uma comunidade, mas de decidir qual a melhor forma de fazê-lo, isto é, quais os valores que devem orientar os comportamentos das pessoas na sua vida particular e social. Sabemos que não existem consensos naturais a respeito dos valores que deveriam orientar o comportamento individual e social das pessoas.

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SÁNCHEZ VASQUESZ, A. Ética. Trad. João Dell Anna. 27ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira., 2005 – p. 133 a 150.

Exercitando... • Para você, o que é um valor e como ele se estabelece como valor?

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• Observe noticiários/cenas de revistas e jornais e “recorte” algumas que você pode relacionar com valores éticos. Registre o valor correspondente. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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PARA REFLETIR...

A arte da convivência

Conviver é uma arte tão sutil quanto a música, a literatura, a pintura ou o teatro e que poucos aprenderam a dominar. As pessoas estão perdendo a habilidade de dialogar e de conhecer o outro. Elas ouvem, mas não escutam; falam, mas não se deixam conhecer; esbarram-se, mas não se vêem; e uma multidão caminha solitariamente em direção a lugar nenhum. Conviver é uma arte tão sutil quanto a música, a literatura, a pintura ou o teatro e que poucos aprenderam a dominar. Infelizmente, nas escolas não há disciplinas que ensinam a nos relacionar. A dificuldade de entrar no mundo alheio está criando uma geração de pessoas impacientes e distantes. Ao perdermos a generosidade de respeitar diferentes pontos de vista, transformamos os casamentos e os negócios, em verdadeiros campos de batalha, em que o outro passa a ser o inimigo.

Todas as vezes que ocorre um massacre numa escola dos Estados Unidos, os jornalistas norte-americanos ficam entrevistando psicólogos e educadores sobre as causas da violência entre os estudantes. É simples: esse é o modelo da economia e da política norte-americana. Os líderes são tomados como exemplo, mesmo quando não percebem isso. Quando bombardeiam para impor seus pontos de vista, ensinam os jovens a fazer o mesmo com os colegas.

Quando o presidente norte-americano anda com uma mala que tem o poder de enviar mísseis nucleares para qualquer ponto do planeta, está ensinando a juventude a andar armada. Seus filmes de sucesso com armas e assassinatos em profusão exportam um modelo de violência e de falta de respeito ao outro. Os Estados Unidos falam muito de paz, mas são o povo que mais cria guerras e ganha dinheiro com elas.

A competição é excitante no esporte, em que há ética e respeito por um objetivo e, no final da partida, trocam-se as camisetas numa homenagem ao adversário. Porém, a competição selvagem, em que os valores humanos são destruídos, só vai terminar quando aprendermos a conviver, a aceitar e a admirar a diversidade.

SHINYASHIKI, R. A arte da convivência. Disponível em: http://gambare.uol.com.br/2005/12/a-arte-da-convivência/2/ acessado em 17/01/2008

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VIII ENCONTRO

TÉCNICA:

Carrossel Musical.

FONTE: Adaptado de SERRÃO,M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 101). OBJETIVOS: Promover a integração entre os participantes do grupo.

Estabelecer um clima de maior intimidade dentro do grupo. Refletir sobre valores como ética, responsabilidade... Ampliar o conhecimento de si e do grupo.

MATERIAL: Aparelho de CD, CD com música alegre, cópia do texto ÉTICA E CIDADANIA para todos os alunos.

COMENTÁRIO: Para adolescentes, este é um trabalho que desperta interesse. Inclui movimento, uma nova forma de integrar as pessoas, colocando-as frente a frente e possibilitando a comunicação. O professor pode aumentar o número de perguntas, mudá-las ou adaptá-las para outras temáticas. A atividade permite inúmeras variações e pode, assim, ser realizada mais de uma vez, no mesmo grupo, ou em diferentes ocasiões. O professor deve ter cuidado no momento de pausa, para as duplas não se repetirem. Esta dinâmica, além de trabalhar a integração grupal, favorece o surgimento de percepções relacionadas à identidade. Na ausência do CD, pode-se pedir ao grupo que, ao circular, cante uma música.

DESENVOLVIMENTO: 1. Formar dois círculos, de pé, um dentro do outro, com o mesmo número de participantes,

de modo a formar duplas, frente a frente.

A integração grupal se dá de forma mais eficaz quando os relacionamentos possuem como referencial uma comunicação confiável, fidedigna. E esta pode ser aprendida

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2. Colocar uma música alegre, solicitando que ambos os círculos se movimentem para o seu lado direito, no ritmo. Quando a música for interrompida pelo professor, o grupo deve parar onde estiver, procurando arrumar-se frente a frente, formando um novo par.

3. Os pares devem dizer o nome um outro e responder ambos à pergunta feita pelo professor.

Tempo. 4. Repetir o mesmo procedimento dos passos 2 e 3 cinco ou seis vezes, com perguntas

diferentes, de acordo com o tema que se deseja trabalhar. Exemplos de perguntas: • O que em você mais atrai as pessoas? • O que você mudaria em si próprio? • Qual a qualidade que mais aprecia em você? • O que mais lhe incomoda nas pessoas? • O que você entende por ética? • O que significa ser cidadão?

5. Motivar a leitura do texto ÉTICA E CIDADANIA apresentado no final da dinâmica. Formar

grupos (entre cinco e seis alunos) para suscitar o debate e a reflexão sobre: • A relação entre ética e cidadania na vida cotidiana • A forma pela qual se constitui a ética • Comportamentos /ensinamentos que auxiliam na vivência cidadã e na construção da

ética.

6. Delimitar um tempo para que sejam realizadas as apresentações das reflexões feitas nos grupos.

ÉTICA E CIDADANIA

Dentre as definições que se tem de ética podemos dizer que ela é uma teria ou ciência do

comportamento moral das pessoas em sociedade, ou seja, é a vivência moral com o outro, é a expressão do comportamento humano, é a concretização do conviver, do agir, do exercício humano e cidadão.

A condição social dos humanos demanda a formulação de princípios e padrões de conduta como elementos norteadores da convivência social, pautados em valores éticos que devem ser sustentadores das nossas relações sociais, nas atitudes de respeito, de solidariedade, de tolerância, de justiça e de busca constante pela igualdade.

Ética e responsabilidade Ser cidadão é ter direitos. Ter direitos civis, como o direito à vida, à igualdade perante as leis, à

propriedade; ter direitos políticos, como participar nos destinos da sociedade, e ter direitos sociais, que são aqueles que garantem a participação de todos, sem distinção de classe, raça, credo, na distribuição da riqueza, no direito à educação, ao trabalho, à saúde, a uma vida digna. Exercer a cidadania é pois, usufruir de todos esses direitos, como também cumprir com seus deveres.

Leonardo Boff nos diz que “assim como a estrela não brilha se não houver aura, assim também uma ética não emerge se não houver previamente uma ambiência que permita sua formulação. Essa ambiência é formada pela ternura e pelo cuidado”. Portanto não existe vivência ética se todos não cuidarem e trabalharem para que ela aconteça. Não viveremos ética enquanto cada um de nós não assumir o seu compromisso para que ela se expresse. Não viveremos ética enquanto não vivenciarmos nossa cidadania que, afinal, é um direito e um dever de todos os seres humanos em sua manifestação diária de seres políticos que vivem e convivem como outro. Frèdéric Rauh, filósofo francês, disse que o maior perigo para a vida moral e ética, não provém do

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egoísmo consciente do indivíduo, mas do egoísmo coletivo, muitas vezes sancionado pelas instituições e pelos códigos, que constituem a atmosfera social, que se manifestam através da falta de dignidade de vida, do racismo e preconceito, do não acesso aos direitos básicos, do desamor...

No exercício da cidadania vivemos e expressamos nossa conduta ética, sendo ela a única via para nos tornarmos seres genuinamente políticos. Isto é, seres responsáveis, atuantes e comprometidos, não só com o nosso destino, mas com o destino de todos os nossos semelhantes. Aristóteles, na Idade Antiga, foi enfático ao dizer que não existe exercício político desvinculado da ética. A política é uma extensão da ética, uma expressão concreta daquilo que queremos viver em sociedade, não podemos “levar uma vida moral como indivíduo isolado, mas como membro de uma comunidade”. Papel social

Acreditamos que somente através do exercício da dimensão ética, do compromisso, poderemos superar os desafios que rondam nosso tempo histórico, como a intolerância, a guerra, as diversas formas de violência, o terrorismo, a exploração de homens por outros homens, a falta de dignidade, o individualismo.

Quando falamos em falta de dignidade não podemos nos esquecer de um grande problema que assola o nosso país – a dificuldade da formação qualificada e, como conseqüência, o aumento do desemprego e do sub-emprego.

Quantas pessoas, e de modo especial, quantos jovens, sabem da necessidade de uma boa formação, mas precisam abrir mão desse sonho, que é um direito seu como cidadão, para trabalhar e garantir sua sobrevivência. Olhando por outro lado, quantos jovens que tiveram acesso a uma boa formação e quando, no exercício da profissão, agem com total falta de ética, num claro exemplo de egoísmo e individualismo.

Tudo isso nos faz pensar que não existe prática cidadã desvinculada da vivência ética. Esta idéia de responsabilidade que se encontra articulada com a liberdade é o conceito que melhor representa o eixo central d reflexão ética... Pois responsabilidade está ligada à noção de compromisso. Ética que é prática consciente e responsável, que se expressa em nosso dia-a-dia, e que, como seres políticos, devemos ter esse compromisso no exercício de nossa cidadania, cientes do nosso papel social, sem nunca deixar de exigir que nossos direitos sejam respeitados e cumpridos, como também da responsabilidade de cumprir com nossos deveres.

LODI, Ivana G. A cidadania constrói a ética. Mundo Jovem, ano XLIII, n. 355, abril/2005 p. 16.

PARA REFLETIR...

Ética: Arte De Viver Muitos anos atrás, em um sítio afastado da cidade, uma humilde lavradora costumava recolher retalhos de cores variadas e bem vistosas, quando tinha retalhos suficientes, com dedicação de quem gosta daquilo que faz, costurava-os, um a um, com um ponto pequeno, firme e adequado, unindo-os de tal forma que não havia risco de se separarem e de o trabalho se desfazer. Depois de muitos dias e várias semanas costurando retalhos, com suas mãos hábeis e delicadas, ela estendia a peça sobre a cama de casal e sorria diante da obra de sua fé, confiança, auto-estima e dedicação. Era uma colcha multicolorida que alegrava os olhos de toda família e que pesava o suficiente para manter-se na cama sem escorregar para o chão. Os retalhos, bem costurados, guardavam calor para o amor dos esposos. Era como um cobertor, que abrigava para oferecer descanso, aquecia para dar energia e fazia adormecer para sonhar. Perto desse sítio havia uma escola com um único professor, que tinha a responsabilidade de ensinar todas as disciplinas. Ele não era especializado em nenhuma delas, mas preparava muito bem as aulas para cumprir com eficiência seu trabalho. As pessoas, ao se referirem a ele, diziam que tinha uma mística, uma vocação e um modo estranho de... dinamizar a aprendizagem. Em matemática ensinava a honestidade, dizendo que se deve aprender a fazer contas e usar os números para não se enganar e não enganar ninguém. Ensinava a multiplicar serviço, a somar cooperação, a subtrair má-vontade e a dividir lucros e virtudes entre todos. Associava a matemática com as disciplinas sociais, relacionando as operações ao tempo e ao espaço.

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Fazia viagens geográficas pelo mundo e pela história ressaltando a bondade dos protagonistas. Valorizava não só os inventores, os líderes e os generais, mas também os soldados, os indígenas, os comerciantes e os lavradores. Ensinava a amar a arte, os artistas, as obras e os artesãos; mostrava a beleza da natureza e a relacionava com a gratidão a Deus. Unia a vida do universo com a do ser humano e com todas as criaturas na área das ciências naturais. Por meio dos sinônimos, antônimos e das conjugações, mostrava a importância da comunicação, quando expressa com palavras elegantes, otimistas, delicadas, respeitosas e tolerantes. Na área de desenho, deixava voar a imaginação com os símbolos que tivessem significado para a vida, a família, a pátria, a identidade e o sentido de pertencer à mãe-Terra. Acreditava na brincadeira e misturava-se aos alunos nos momentos lúdicos que enchiam a aprendizagem de alegria e espontaneidade. Era um professor que unia os valores a todas as disciplinas. Como a camponesa que tecia retalhos, esse mestre costurava conhecimentos entre si com um ponto que dava consistência a todos. Como aquela mulher, ele tecia uma colcha que se transformava em formação integral. Era uma educação única, que entusiasmava os alunos com o dinamismo necessário para manter o interesse do grupo. Entre uma disciplina e outra, a costura conseguia fazer com que a educação servisse para a vida. Nenhuma disciplina era um retalho separado. Unidas, concentravam calor, alegria e otimismo. Era um professor que transmitia amor por seu trabalho. Para ele, lecionar era um meio de formação holística. Compreendia que os valores não se ensinam, mas integram-se ao seu trabalho, são vividos e sentidos. A ética era uma costura com a qual ele tecia não só os conhecimentos, mas também seu próprio trabalho, sendo conseqüente e dando o melhor de si. Mais do que a mente, ele atingia o coração dos jovens.

(CANO, 2000, v.1 p. 11)

Exercitando...

• Que mensagem o texto nos passa? Nos dias de hoje, é fácil encontrarmos pessoas como as descritas no texto? Comente. __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

• Como você se relaciona com a ética e cidadania na sua vida cotidiana? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

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• Onde aprendemos a vivência da ética e prática da cidadania? _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

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CCAAPPÍÍTTUULLOO 33 –– CCOOMMUUNNIICCAAÇÇÃÃOO

O homem só se constitui como ser social à medida que interage com seus

semelhantes, criando um código comum que permite a comunicação e a organização dos

grupos sociais. De acordo com Powel (2001, p. 11) “A comunicação entre dois seres humanos

é reconhecidamente difícil”. Difícil no sentido de que a comunicação relacional humana

permite partilhar algo com alguém. Essa partilha proporciona a posse comum do conhecer o

outro e do dar-se a conhecer. É, portanto, o impulso vital de todo relacionamento. Porém, nem

sempre os envolvidos no processo de comunicação parecem estar empenhados em se

relacionar um com o outro; falta muitas vezes, o conhecimento mútuo que resulta da boa

comunicação.

A interação em qualquer ambiente que seja nasce da aceitação, desprendimento e

acolhimento e no mundo atribulado em que vivemos às vezes não nos damos conta disto. Não

podemos esquecer que relacionar-se é dar e receber ao mesmo tempo, é abrir-se para o novo.

Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho, na escola, com colegas, do que em

nosso lar, e ainda assim não nos damos conta de como é importante estar em um ambiente

saudável, e o quanto isto depende de cada um. Daí a necessidade em refletirmos qual o nosso

papel e a importância dele na qualidade do ambiente em que convivemos.

Para tanto, é preciso entendermos como funciona a comunicação com o próximo

diante dos desafios que estamos vivendo para fundamentar a proposição de exercícios que nos

levem ao respeito às diferenças e a busca da convivência fraterna e solidária. Nesse sentido,

lembramos o que afirma Alliegro, na apresentação do livro de Mayer (2001, p. 11):

... num tempo marcado pelo desencantamento e pela perda de sentido, pela instauração da pobreza, da exclusão social e da violência, pela perda da qualidade de vida, mas um tempo que também está sendo marcado

Não existe uma só atividade humana que não seja afetada ou que não possa ser promovida por meio da comunicação.

Gilbert Highet

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pelas possibilidades que se abrem ao ser humano a partir do surgimento de uma nova ética, a qual faz emergir um olhar mais compreensivo e respeitoso para com o mundo e a realidade, para com todos os sistemas de vida e, em especial, para com as culturas e seres humanos.

Por outro lado, sabemos que a maioria das funções do ensino é cumprida exatamente

pelo comportamento verbal do professor. São os padrões ou formas de comunicação

empregados por ele que vão, em grande parte, determinar o resultado final do processo

ensino-aprendizagem. Portanto, “...da boa comunicação em sala de aula dependem não só a

retenção de conteúdos, mas, de forma mais ampla, todos os processos de formação do aluno,

especialmente o respeito mútuo, a cooperação e a criatividade”. (TULER, 2004, p.33).

Nesse contexto, pretendemos uma reflexão sobre a ressignificação da vida das

relações humanas, a busca de sentido, a valorização da amorosidade e da afetividade, de

maneira que alunos se professores caminhem rumo a um encontro consigo mesmos, em suas

experiências em vista de um compromisso com a pessoa e com a vida.

Para refletir estas questões, propomos quatro encontros, cujas dinâmicas passamos a

descrever.

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IX ENCONTRO

TÉCNICA:

Trocando informações

FONTE: Adaptado de CANO (2000 v. 2, p. 10). OBJETIVOS: Refletir sobre maneira de melhorar a comunicação com os colegas.

Partilhar opiniões na identificação de aspectos que possam atrapalhar a comunicação entre as pessoas, buscando melhorá-los.

MATERIAL: Papel e lápis para desenhar uma estrela, lista com sugestão de valores, gráfico para registro das opiniões.

COMENTÁRIO: Para adolescentes, este é um trabalho que desperta interesse. Inclui movimento, uma nova forma de integrar as pessoas, colocando-as frente a diferentes possibilidades de comunicação. É interessante observar se todos devem ser autênticos na avaliação dos colegas e que cada um esteja maduro/preparado para receber sua avaliação de forma positiva, isto é, que esta possa contribuir para o crescimento pessoal e melhorar a comunicação entre os pares. Na elaboração da lista de valores, podem surgir outros que não os sugeridos aqui. É importante então, respeitar as sugestões dos diferentes grupos, elaborando uma lista geral, para facilitar a anotação na hora da votação.

DESENVOLVIMENTO:

1. Solicitar que cada participante desenhe uma estrela com cinco pontas em uma folha de papel. Assim:

__________

Viver e conviver. É para isto que estamos no mundo. Não podemos descuidar de nossas relações uns com os outros. É preciso cuidá-las e cultivá-las para que sejam espaço de crescimento das pessoas em direção da sua autonomia.

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2. No centro da estrela, escrever o seu nome.

3. Identificar cada ponta da estrelas com letras informando, com poucas palavras: a) A sua primeira impressão sobre este grupo; b) A coisa mais feia que você conhece; c) Seu esporte ou programa favorito; d) O nome de uma pessoa que você admira bastante; e) Como você pode se comunicar além da fala.

4. Na etiqueta sob a estrela, informar uma característica bem marcante; aquela que mais o identifica.

5. Com a ajuda de um colega, colocar a estrela no peito ou nas costas, movimentar-se pela

sala de modo a partilhar as informações registradas.

6. Após alguns minutos, solicitar que respondam individualmente, por escrito: a) Que estrela você achou mais criativa? b) De acordo com as informações da estrela, qual dos colegas é mais parecido com

você? c) Você descobriu alguém muito diferente? Como vai fazer para comunicar-se com esta

pessoa? d) Em qual das pontas da estrela sentiu necessidade de ter mais espaço para escrever?

7. Plenário: apresentar rapidamente os registros feitos.

8. A partir de características comuns, formar grupos de quatro integrantes; solicitar que montem uma listagem de quinze valores ou qualidades que possam caracterizar os estudantes deste grupo.

Sugestão:

1. Expansivo 2. Tímido 3. Prestativo 4. Alegre 5. Espontâneo 6. Triste 7. Responsável 8. Dinâmico

9. Confiante 10. Desatento 11. Respeitoso 12. Criativo 13. Autêntico 14. Otimista 15. Desconfiado

9. Montada a lista, segue o trabalho individual: um participante por vez fica na berlinda;

cada um dos outros anota numa cédula ou papel à parte, o nome do colega e cinco qualidades da listagem que considera serem características dele. A votação continua até que todos os participantes tenham cinco votos de cada estudante do grupo.

10. Cada participante recolhe seus votos, ou seja, os papéis que têm o seu nome, faz uma

tabulação: verifica quantos votos recebeu para cada qualidade. (Obs: Considerando um grupo de vinte pessoas onde cada um vota em cinco qualidades, ao final, cada participante terá um total de cem votos).

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Exemplo:

1. Expansivo: 5 votos 2. Tímido: 15 votos 3. Prestativo 4. Alegre: 10 votos 5. Espontâneo 6. Triste: 10 votos 7. Responsável: 20 votos 8. Dinâmico

9. Confiante: 10 votos 10. Desatento: 5 votos 11. Respeitoso 12. Criativo: 15 votos 13. Autêntico: 10 votos 14. Otimista 15. Desconfiado

11. Com o resultado da tabulação de seus votos, cada participante monta um gráfico das opiniões do grupo sobre suas qualidades. Um gráfico com a tabulação dos votos do exemplo acima fica assim:

GRÁFICO DAS OPINIÕES DO GRUPO SOBRE MINHAS QUALIDADES

QUALIDADES 05 10 15 20 Expansivo . Tímido . Alegre . Triste . Responsável . Confiante . Desatento . Criativo . Autêntico .

12. Cada participante analisa seu gráfico e responde por escrito, para sua própria avaliação:

a) Quais as três qualidades mais votadas? b) Eu conheço o motivo? c) Quais as qualidades menos votadas? d) Eu conheço o motivo? Qual é? e) O que esse resultado significa para mim?

PARA REFLETIR... PARA SE RELACIONAR MELHOR Relacionar-se em meio à competição do dia-dia é um desafio que todos precisamos enfrentar, desde o levantar até a hora do descanso, e por toda a vida. Para isso é preciso reduzir a velocidade, ir com cuidado. Nas relações com os outros, nós projetamos aquilo que somos: nosso estado de ânimo e características de personalidade, nossos valores e virtudes. Também dimensionamos nossa capacidade mental, o que pensamos, em que acreditamos, a maneira de interpretar as coisas, como analisamos o mundo, o nosso modo de ver a vida. Além disso, revelamos nossos afetos, gostos, inclinações, preferências, desejos e emoções. Todas essas projeções acontecem por intermédio do corpo; é o meio que possibilita nós nos aproximarmos das outras pessoas. Voz, gestos e olhar foram feitos para comunicar e esta é uma boa razão para que nosso coração encha-se de alegria, entusiasmo e vontade de viver, para que possamos transmitir o melhor de nós mesmos a nossos semelhantes. Os relacionamentos que desenvolvemos vida afora são essenciais para nosso crescimento pessoal e coletivo, para que possamos nos integrar em grupos de que gostamos e trocar experiências reciprocamente. Quem valoriza a si mesmo valoriza também os outros e desenvolve relacionamentos positivos. Por isso, autenticidade e auto-estima são valores éticos muito úteis para um relacionamento saudável. E, ao contrário do

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que algumas pessoas pensam, não custa muito nos comportarmos de modo a garantir que nossos relacionamentos sejam sempre positivos. Vamos refletir sobre algumas dicas valiosas: a) Higiene e cuidados com a aparência tornam agradável a nossa presença e a vontade de se relacionar conosco. b) Vocabulário adequado ao ambiente em que estamos e clareza nas idéias que desejamos transmitir são contribuições importantes não só para nosso êxito social, mas também para que a comunicação seja alegre e interessante. c) Tornar-se disponível para o outro, saber ouvir e como dar a atenção de que os outros precisam é fundamental, pois todo relacionamento é uma troca, um ir e vir recíproco. d) Aperfeiçoar nosso comportamento e lapidar nossa personalidade resulta em ter melhores idéias para contribuir com nosso interlocutor ou com um grupo em que estamos inseridos.

Texto adaptado (CANO,2000, v.2, p.15)

Exercitando...

• No mundo atual, em tempos onde a competição e o individualismo são muito fortes, pode-se falar de relações interpessoais? Como elas se processam? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Velocidade não combina com sensibilidade. O mundo virtual funciona de um modo violentamente rápido. Que análise você faz das comunicações virtuais? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

• Observe o seu gráfico de opiniões. Como os colegas estão te percebendo? Aparece alguma característica ou um tipo de comportamento seu que possa atrapalhar o seu relacionamento com as pessoas? Se houver, o que precisa fazer para corrigí-lo? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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X ENCONTRO

TÉCNICA:

Escolha cuidadosamente suas palavras.

FONTE: Adaptado de SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 119). OBJETIVOS: Exercitar a expressão de pensamentos e sentimentos através do uso de

frases que permitam uma boa comunicação. Refletir sobre maneira de melhorar a comunicação com os colegas.

MATERIAL: Cópia da Ficha de Trabalho da atividade “Escolha cuidadosamente suas palavras”, fichas com frases sobre comunicação.

COMENTÁRIO: Através deste trabalho, os alunos podem perceber formas diversas de dizer o que sentem sem ofender os outros. É possível aprender a referir-se ao sentimento alheio sem julgar, avaliar ou criticar os atos ou o jeito do outro. O professor deve chamar a atenção para o fato de que qualquer pensamento ou sentimento pode ser expresso, desde que de forma respeitosa. É importante que os alunos percebam que frases agressivas ou em tom de acusação impedem o outro de ouvi-las, gerando uma atitude defensiva ou de ataque. A maneira mais eficiente de nos fazermos ouvir é expressar nossos sentimentos evitando julgamentos ou interpretações.

DESENVOLVIMENTO: 1. Grupo em círculo, de pé. Formar duplas e sentar-se, espalhadas pela sala. 2. Dar a cada dupla uma folha de papel e um lápis. Pedir que listem todas as frases que

ouvem freqüentemente no seu dia-a-dia e que consideram agressivas, ofensivas ou que causam desconforto. Tempo para execução.

3. Pedir a cada dupla que, das frases escritas/listadas, escolham a mais forte para apresentar

ao grupo. Pedir que encontrem uma forma clara e gentil de dizer a mesma coisa. 4. Cada dupla lê para o grupo a frase original e a frase transformada. 5. Explicar que a comunicação de nossos autênticos sentimentos pode ser difícil quando está

associada a emoções sensíveis como o medo, a raiva e os ciúmes. Muitas vezes a comunicação é expressa de forma acusatória e agressiva. Uma maneira de evitar isso é

Com a complexidade do mundo e com a mudança das relações é preciso encontrar uma nova forma de conviver buscando uma convivência mais saudável, menos conflitiva, menos confrontativa. Enquanto educadores – pais ou professores – é preciso ensinar que a vida tem limites e que esses não são repressivos; são de cuidados, de espaço onde você pode circular sem agredir, sem machucar o outro e sem se machucar.

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iniciar as frases com o pronome “eu”, expressando-se de forma clara e autêntica, sem ofender ou ameaçar o outro.

6. Depois de uma breve introdução, distribuir a Ficha de Trabalho. 7. Explicar que ao iniciar uma frase com “eu”, “Eu gostaria”, “Eu sinto” ou “Eu penso”

estará evitando a possibilidade de culpar ou agredir alguém, o que facilitará a expressão de seus sentimentos mais diretamente.

8. Certificar-se de que o grupo entende bem o sentido de começar as frases com “Eu”. Dar

exemplos. 9. Em seguida, pedir ao grupo que elaborem esse tipo de frase (ou declaração pessoal) no

lugar das que aparecem na Ficha de Trabalho. 10. Dar de 15 a 20 minutos para a atividade. Ao terminarem, pedir a voluntários que leiam

suas frases. 11. Plenário: refletir com o grupo o efeito da comunicação:

• Qual a diferença entre as frases originais e as iniciadas com “Eu”? • Como o receptor sentiria os dois tipos de oração? • Que situações em que orações iniciadas com “Eu” poderiam ter melhorado a

comunicação? 12. Formar grupos e entregar a cada um, uma ficha contendo informações sobre comunicação,

conforme sugestões ao final da dinâmica. 13. Solicitar que expliquem de forma detalhada – com exemplos, fatos curiosos, anedotas,

experiências – o tema/frase sugerido na ficha.

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FICHA DE TRABALHO - Escolha cuidadosamente suas palavras

1. Você nunca me visita (ou me telefona).

Eu gostaria que você me visitasse (ou telefonasse).

2. Você sempre chega tarde. _____________________________________________________________________

3. Essa é uma idéia estúpida.

_____________________________________________________________________ 4. Ninguém nesse lugar aprecia meu trabalho.

_____________________________________________________________________ 5. Você sempre me ignora quando saímos.

_____________________________________________________________________ 6. Não grite comigo!

_____________________________________________________________________ 7. Você não devia fazer isso.

_____________________________________________________________________ 8. Ninguém me entende nesse grupo.

_____________________________________________________________________

FICHAS PARA TRABALHO EM GRUPO

O ser humano conseguiu desenvolver sistemas de comunicação tão poderosos e eficazes que lhe permitiram conversar com pessoas que estão na Lua. Mas:

• Quantas vezes um gerente se comunica com seus empregados? • Um pai dialoga com seus filhos? • Um governo atende às reclamações do povo? REFLETIR: Para saudar o dia, os pássaros, as nascentes e os insetos dialogam com o sol.

O ser humano conseguiu desenvolver sistemas de comunicação tão poderosos e eficazes que lhe permitiram conversar com pessoas que estão na Lua. Mas:

• Quantas vezes um gerente se comunica com seus empregados? • Um pai dialoga com seus filhos? • Um governo atende às reclamações do povo? REFLETIR: Para dar confiança, segurança, afeto e alegria, a mãe dialoga com o seu bebê.

O ser humano conseguiu desenvolver sistemas de comunicação tão poderosos e eficazes que lhe permitiram conversar com pessoas que estão na Lua. Mas:

• Quantas vezes um gerente se comunica com seus empregados? • Um pai dialoga com seus filhos? • Um governo atende às reclamações do povo? REFLETIR: O que perdemos com o diálogo? Perde-se o orgulho, a vaidade, a auto-suficiência...

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Outras frases sugeridas para reflexão: • Se não há diálogo, de quem é a culpa? Da boca ou do ouvido? (anônimo) • Deus dotou o homem de uma boca e dois ouvidos para que ouça o dobro do que fala.

(Sêneca) • Ninguém tem dor de estômago por engolir palavras cruéis que deixou de dizer. (Winston

Churchill) • Quem sabe dominar seus pensamentos sabe governar sua vida. (R.W. Trine) • Acho que a tecnologia (virtual) é uma possibilidade muito boa de se relacionar, mas tem

extremos. É preciso beijar as pessoas, tocar quem eu gosto. (Alexsandro Machado) • A aceitação começa pela capacidade de escutar o outro, colocar-se no lugar dele e estar

preparado para aceitar ao outro e a nós mesmos.

O ser humano conseguiu desenvolver sistemas de comunicação tão poderosos e eficazes que lhe permitiram conversar com pessoas que estão na Lua. Mas:

• Quantas vezes um gerente se comunica com seus empregados? • Um pai dialoga com seus filhos? • Um governo atende às reclamações do povo? REFLETIR: Em termos de amigos, casais, família, estudantes, empresa, comunidade... O que se ganha com a boa comunicação?

O ser humano conseguiu desenvolver sistemas de comunicação tão poderosos e eficazes que lhe permitiram conversar com pessoas que estão na Lua. Mas:

• Quantas vezes um gerente se comunica com seus empregados? • Um pai dialoga com seus filhos? • Um governo atende às reclamações do povo? REFLETIR: Dialogando, esqueceremos as armas do ódio, da vingança, do ciúme?

O ser humano conseguiu desenvolver sistemas de comunicação tão poderosos e eficazes que lhe permitiram conversar com pessoas que estão na Lua. Mas:

• Quantas vezes um gerente se comunica com seus empregados? • Um pai dialoga com seus filhos? • Um governo atende às reclamações do povo? REFLETIR: Para realizar uma conquista e conseguir seu par, o homem dialoga com a mulher ...

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PARA REFLETIR...

COMO MELHORAR A COMUNICAÇÃO ENTRE PROFESSORES E ALUNOS

Ao ensinar, um professor comunica-se com a classe e tem por objetivo fazer com que os alunos entendam sua mensagem, isto é, o conteúdo do ensino. O ensino é, assim, um processo de comunicação em que o professor, através de vários procedimentos e informações, orienta e dinamiza a aprendizagem.

A maioria das funções do ensino é cumprida exatamente pelo comportamento verbal do professor. São os padrões ou formas de comunicação empregados por ele que vão determinar os níveis de realização e o resultado final do processo de ensino-aprendizagem. Neste processo, o professor apresenta os estímulos, dirige as atividades, sugere, orienta o pensamento do aluno, proporciona condições para que o aluno aplique o que aprendeu e, no final, valendo-se permanentemente dos recursos da comunicação, promove mais aprendizagens.

Da boa comunicação em sala de aula dependem não só a retenção de conteúdos, mas, de forma mais ampla, todos os processos de formação do aluno, especialmente, o respeito mútuo, a cooperação e a criatividade.

Mas, o que significa comunicar? A palavra comunicar vem do latim comunicare e significa “por em comum”, tornar comum. Em sentido prático, comunicar é transmitir idéias e informações com o principal objetivo de promover o entendimento entre os indivíduos. Para que ela se realize é necessária a utilização de um código comum previamente estabelecido.

O processo de comunicação exige três elementos: emissor, receptor e mensagem. Faltando qualquer um desses elementos, a comunicação não acontece.

A mensagem é o objeto e a finalidade da comunicação humana. Toda mensagem possui um significado e carrega propriedades de percepção comuns ao emissor e receptor.

Outro elemento importante é a interpretação. Na verdade, ela é a chave de toda comunicação. Dela é que vai depender a dedução e a compreensão da mensagem.

A boa mensagem é a que facilita a interpretação que pode ser facilitada ou dificultada pelo meio ou canal escolhido. Entretanto, é o conteúdo que vai indicar ao transmissor o meio a ser escolhido. Para ser compreendida, a mensagem deve sempre harmonizar-se com os requisitos de clareza, rapidez e disponibilidade dos meios. Se não é interpretada e assimilada, não há comunicação.

A comunicação será efetiva se o comunicador levar sempre em conta os repertórios de signos e símbolos do receptor, possibilitando entendimento e clareza na mensagem. O professor que presta atenção nas reações ou repostas do aluno encontra nelas a forma de reajustar suas mensagens.

Texto adaptado de TULER. M. abceducatio

Exercitando...

• Você já se sentiu diante de uma situação comunicativa conflituosa? O que aconteceu? O quer faria para evitar situações como estas, que causam conflito e desentendimento? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

• “Não existe uma só atividade humana que não seja afetada ou que não possa ser promovida por meio da comunicação”. (Gilbert Highet). Como você exemplica a presente afirmação? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

• Imagine que faremos uma campanha para desenvolver a boa comunicação no grupo. Que mensagens você deixaria? De que forma desenvolveria estas ações? Que recursos utilizaria? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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XI ENCONTRO

TÉCNICA:

Você está me escutando?

FONTE: Adaptado de SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 134). OBJETIVOS: Demonstrar a importância em saber “escutar bem”.

Refletir sobre maneira de melhorar a comunicação com os colegas. Perceber a importância efetiva do ouvir no resultado da comunicação.

MATERIAL: Fichas (7x12 cm) com resposta/intervenções do receptor e uma caixa. COMENTÁRIO: Esta dinâmica possibilita, além das questões relativas à comunicação

verbal, trabalhar conteúdos referentes ao ouvir e falar – ser escutado, delicadeza no trato, auto-estima. Saber ouvir é um processo ativo, que exige atenção concentrada, interesse, respeito, humildade e tolerância. O “ouvinte ativo” faz perguntas esclarecedoras, tentando compreender exatamente o que o outro lhe transmite. Ouvir e respeitar o outro não significa concordar ou aprovar tudo o que é dito, mas criar espaço para a diversidade e a diferença. É preciso que o professor esteja atento para o emergir dos conteúdos, sendo necessário focalizar, ao final da atividade, os pontos que foram mais fortes no grupo. Em grupos menores, uma alternativa para esta atividade pode ser, em vez de pedir a todas as duplas que realizem a tarefa ao mesmo tempo, solicitar que cada dupla se apresente para o grupo. Os demais alunos assistem à cena e tentam identificar que fatores estão dificultando a comunicação, anotando suas observações e, ao final, discutindo a situação de cada dupla.

DESENVOLVIMENTO: 1. Antes de iniciar a atividade, escrever em cada uma das fichas uma das respostas que virão

relacionadas mais adiante. Dobrar as fichas e depositar numa caixa (ou qualquer outro recipiente). Você pode acrescentar ouras respostas, além das relacionadas aqui.

2. Começar a atividade explicando ao grupo que a comunicação é um caminho de duas vias

(emissor e

A comunicação entre os homens foi o que proporcionou nosso progresso e é por meio dela que prosseguimos nossa caminhada a largos passos.

Comunicar é uma ação rigorosamente feita de falas e silêncios. Algumas pessoas são hábeis comunicadoras, não apenas quando equilibram essas duas situações mas quando valorizam o ouvir.

(MIRANDA, 2002,p. 50)

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3. receptor). A pessoa que fala (emissor) deve procurar ser o mais clara possível com a mensagem que emite e o ouvinte (receptor) deve demonstrar que está atento e responder de forma apropriada e sensível.

4. Explicar o que todos sentem ao falar com uma pessoa que parece não estar atenta. A

atividade os ajudará a vivenciar esta experiência. 5. Formar duplas. Numerar os alunos de cada dupla com os números 1 e 2, aleatoriamente. 6. Unir todos os alunos que receberam o nº 1 e dar as seguintes instruções: “Você irá contar

uma história a seu par. Pode escolher uma história real, da sua própria vida, ou criar algo. Mas sua tarefa é contar essa história ao seu parceiro do começo ao fim e certificar-se de que ele compreendeu bem o que você contou”.

7. Unir os alunos que receberam o nº 2 e dar-lhes instruções individuais pois conforme as

fichas de respostas sugeridas, cada um desempenhará um papel diferente em sua dupla. Todos os papéis têm o objetivo de interferir na comunicação, dificultando-a.

8. Dadas as instruções, as duplas sentam-se espalhadas pela sala, executando a tarefa ao

mesmo tempo. 9. O professor observa o grupo e determina o final da atividade ao perceber que a maioria

das duplas concluiu a tarefa ou já se encontra suficientemente mobilizada. 10. Plenário: cada dupla expõe para o grupo o que aconteceu durante a execução da atividade

e como está se sentindo. Pedir que falem primeiro todos os alunos de nº 1

Certificar-se de que os alunos estão expressando realmente o que sentiram enquanto contavam a história. Dar a palavra aos alunos de nº 2, solicitando que falem, inicialmente sobre os sentimentos, se foi fácil ou difícil desempenhar o seu papel e por quê, para só então relatar ao seu par e ao grupo a instrução recebida. Depois de explorar os comentários sobre a atividade, ampliar a discussão para os seguintes pontos: • Como você se sente quando alguém não escuta o que você está dizendo? • É difícil para você escutar o outro? E falar de si? • Como gostaria de que escutassem você? • Que atitudes no outro facilitam a sua expressão? • Como você pode comunicar a alguém que está escutando?

Respostas:

Interrompa e impeça que o emissor termine de falar.

Dê palpite sem ser solicitado.

Procure contar uma história melhor que a do emissor.

Faça perguntas para esclarecer o que disse o emissor.

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PARA REFLETIR...

Comunicação

Assim como o poder de mudar está no interior de cada pessoa, o apoio para perseverar está nos outros. Recebemos este apoio se nos encontramos, se dialogamos, se conseguimos que o seu seja meu e o meu seja seu.

Entre nós e os outros deve existir um constante relacionamento, como o que há entre os vasos comunicantes, para nos alimentarmos mutuamente nos aspectos físico, mental e social. A comunicação segue um processo onde um estímulo interno ou externo provoca uma reação que desencadeia uma mensagem. A resposta depende do meio, da forma escolhida para comunicar.

Existem alguns obstáculos (ruídos) que atrapalham a boa comunicação, como por exemplo: barreiras físicas, (distância espacial, escuridão...); fisiológicas (cegueira, surdez); culturais (padrões culturais); sociais (tradição, normas institucionais, status...) e psicológicas (atitudes negativas ou de oposição) que são o foco principal de nosso trabalho neste momento.

A boa comunicação requer saber ouvir com interesse e atenção. A audição inteligente é facilitada quando atentamos para a fisionomia e para a gesticulação de quem fala. No entanto, um dos maiores problemas da comunicação, tanto de massa como interpessoal, é como o receptor capta a mensagem. São raras as pessoas que procuram ouvir exatamente o que a outra está dizendo.

Ouvir depende de concentração. Ouvir é perceber pelo sentido da audição. Escutar significa dirigir a atenção para ouvir. Para ouvir é necessário limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia. Daí a dificuldade de as pessoas com raciocínio rápido efetivamente ouvirem. Sua inteligência em funcionamento, seu hábito de pensar, avaliar, julgar e analisar tudo interferem como ruído na plena recepção daquilo que está sendo falado.

Através dos sentidos percebemos significados e nos comunicamos com o mundo. Ouvindo atentamente interpretamos e assimilamos o sentido do que percebemos.

Nesse sentido, enfocamos, além da capacidade de ouvir, a importância da escolha de meios ou formas de comunicar que expressem afeto e valores. Nossa comunicação deve estar permeada de respeito ao outro como igual, como interlocutor válido sem quaisquer preconceitos ou discriminação. Respeitar implica também em aceitação do outro como ele é, sem exigir que mude, ou que deixe de ser como é.

Diga que entende como o emissor se sente.

Não fale absolutamente nada.

Fale com outras pessoas enquanto o emissor está falando.

Ria, ria muito quando o emissor fala sério.

Faça de conta que tem uma mosca em sua frente.

Diga que está com dor de barriga, contorcendo-se muito.

Preocupe-se com a ventilação da sala enquanto o emissor fala.

Peça constantemente que o outro repita o que acabou de dizer.

Fique o tempo todo olhando para o relógio. Preocupe-se com as horas.

Observe o resto da sala enquanto seu par está falando.

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Comunicar com afeto, com significado, requer partilha do que se faz, dos sentimentos, das emoções, da vida, compromisso pessoal de progresso que nos leve a nos corrigirmos e aperfeiçoarmos.

Texto adaptado de TULER (2004) e CANO (2000,v. 2.)

Exercitando...

• Os seres humanos necessitam de afeto, de manifestações de carinho, de estima, de estímulos positivos para continuar a caminhada, para seguir adiante com seus planos e continuar a vida. A falta de afeto e de sua demonstração causa desânimo, falta de motivação e até falta de ação, às vezes manifestada no silêncio e no retraimento. Como podemos associar tal afirmação com a questão da comunicação trabalhada nesta dinâmica? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Você consegue perceber ruídos que significam obstáculos à comunicação desse grupo? Cite-os. O que devemos fazer para evitá-los? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

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XII ENCONTRO

TÉCNICA:

Escolha de valores

FONTE: Adaptado de SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 128). OBJETIVOS: Motivar à exploração dos valores pessoais.

Colocar o adolescente em contato com seus próprios valores, levando-o a refletir sobre o que ele considera mais importante em sua vida.

MATERIAL: Folha de Recursos, papel para confeccionar cartazes, folha com lista de valores para ordenar.

COMENTÁRIO: Além de trabalhar a comunicação, permitindo que no plenário os alunos possam apresentar suas idéias e opiniões, esta atividade também aborda a questão das escolhas e dos valores que interferem no processo de escolher. Esta dinâmica toca num assunto vital para os jovens. Pode ser trabalhada na escola ou nos grupos, podendo ser adaptada à realidade específica. É importante que seja aplicada em um grupo que já tenha alguma convivência entre si e com o professor. A tomada de decisão é um ponto importante para o desenvolvimento pessoal e social. No entanto, é importante esclarecer que quando se discute valores, não há espaço para convencimento ou imposição. Os valores são construídos no tempo, a partir de vivências individuais, das trocas interpessoais e da cultura em que se está inserido. Assim, não cabe ao educador dizer o que é certo ou errado, apresentar conclusões ou chegar a respostas definitivas. O importante é fazer circular sentimentos, idéias, dando a cada aluno subsídios para rever ou enriquecer seu ponto de vista e tomar suas decisões. Outra opção possível para o exercício seria utilizar fotos de revistas, com diferentes cenas ou situações sociais que expressem valores.

DESENVOLVIMENTO: Primeiro momento: 1. Explicar aos alunos que serão solicitados a expressar suas opiniões sobre determinados

valores.

Nossos valores são nossas crenças, nossas opiniões sobre os acontecimentos que nos rodeiam. São fatos sobre os quais somos “a favor” ou “contra”. Uma compreensão clara de nossos valores capacita-nos a tomar decisões mais de acordo com o que acreditamos e nos auxilia a resistir às pressões dos outros, com quem nem sempre concordamos.

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2. Dividir a sala em três partes: CONCORDO, DISCORDO, ESTOU EM DÚVIDA. Para designar as três áreas, colocar cartazes na parede, com as expressões acima, ou traçar linhas no chão, designando os respectivos espaços.

3. Informar ao grupo que serão lidas várias frases sobre valores; à medida que isso for

acontecendo, os participantes devem refletir cuidadosamente sobre seus sentimentos e posicionar-se em uma das três áreas da sala, de acordo com as conclusões que chegarem.

4. Explicar que serão solicitados voluntários para que descrevam seus sentimentos em

relação às frases, uma vez que uma das características dos valores é que podem ser expressos a outrem. Enfatizar que não há respostas erradas, apenas opiniões, que todos têm o direito de expressar suas opiniões e que ninguém será rejeitado por emitir um valor diferente da maioria.

5. Esclarecer que cada aluno, se assim o deseja, tem o direito de não participar da atividade,

ou de não tomar posição em relação a algum valor em especial e que podem mudar de opinião a qualquer momento.

6. Ler a primeira frase da Folha de Recursos.

7. Após todos terem tomado uma posição, pedir a voluntários que expliquem os motivos por

que votaram daquela determinada maneira. Depois da discussão, perguntar se alguém quer mudar de opinião.

8. Continuar com as outras frases (escolher as que mais se adequarem ao grupo, ou criar

outras). 9. Plenário: comentar sobre

• Você mudou de opinião alguma vez? • Alguém do grupo influenciou seu voto? (comentar como a pressão dos companheiros

pode interferir na liberdade de expressar seu ponto de vista). • Sua conduta é coerente com seus valores? Você age de acordo com seus princípios? • Como se sentiu em relação à diversidade de valores do grupo? • É mais difícil expressar seus valores frente aos companheiros ou aos pais? Por quê? • Houve algum valor que foi mais fácil de responder ou avaliar? Qual? Por quê ?

Segundo momento: Ordenação de valores. 1. Entregar a cada aluno uma cópia da ficha Ordenação de valores ou um envelope com

frases de valores recortadas em tiras e uma folha de papel ofício. Podem ser frases mais diretas e objetivas, com valores explícitos e não subtendidos, conforme exemplos apresentados abaixo e na folha de Ordenação de valores. Exemplos: • Para ir a uma festa Carlos não hesitou em gastar as economias que tinha para comprar

uma calça nova. (valor subtendido - a importância do Ter) • Stefane ofereceu-se para cuidar da irmã caçula para sua mãe ir ao supermercado,

mesmo tendo que adiar o encontro com o namorado. (valor subtendido - solidariedade, o que é mais importante para todos).

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2. Informar ao grupo que uma das formas de se verificar o que se valoriza é ver-se obrigado a decidir entre certas coisas e selecionar a mais importante.

3. Solicitar que escrevam na folha de papel em branco “mais importante” na parte superior e “menos importante” na parte inferior.

4. Em seguida, pedir que analisem cuidadosamente as declarações ou frases e que comecem a ordená-las, até que tenham uma lista com seu valor mais importante na parte superior e seu valor menos importante na parte inferior da folha.

5. Sugerir que reflitam cuidadosamente cada frase. Podem alterar a ordem até que a lista

demonstre realmente o que realmente pensam sobre cada frase. 6. Ao terminarem de ordenar as frases devem colá-las na folha de papel, na ordem final. 7. Pedir que discutam com seus colegas mais próximos sua lista de valores atuais,

estabelecendo a comparação. 8. No grande grupo, o professor coordenará a discussão definindo:

• A escala de valores do grupo (através da verificação de quais valores aparecem mais em primeiro lugar, em segundo etc.).

• Que tipo de sociedade e vida em grupos os valores apresentados tendem a construir.

FOLHA DE RECURSOS (para o professor) – Primeiro momento...

Segue abaixo algumas afirmativas para serem utilizadas na atividade “Escolha de valores”. Selecione as que parecerem mais adequadas ao grupo e ao tempo disponível. Se necessário, crie outras.

• Pode-se conseguir um bom emprego mesmo sem terminar o Ensino Médio. • As mulheres deveriam pagar, de vez em quando, a entrada do cinema ou as despesas

de um jantar. • Os homens podem ser bons enfermeiros ou secretários. • O que conta para conseguir um bom emprego não é a competência, mas os

“pistolões”. • Ter um filho é uma ótima forma de chamar a atenção (ou de dar sentido à vida). • Numa família, o homem deve ser responsável pelo apoio financeiro. • Usar métodos anticonceptivos é responsabilidade da mulher. • Não há maneira de se planejar a vida, uma vez que isso é tarefa do destino. • É muito importante continuar os estudos, depois do Ensino Médio. • Os homens que têm filhos devem compartilhar a responsabilidade de cuidar deles, por

exemplo, mudando as fraldas e dando comida. • Os adolescentes não devem ter filhos. • Somente devemos ter relações sexuais com quem amamos realmente. • Os homens não devem chorar em público • Ter um emprego de que se goste muito é mais importante do que ter muito dinheiro. • As mulheres não devem trabalhar fora se têm filhos. • As mulheres não deveriam ter as mesmas profissões dos homens. • Os escândalos de corrupção expressam o caráter dos governantes.

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• Aprendemos com os alunos e eles nos ensinam como aprender. • Não há aprendizagem sem ensino. • O professor deve supervalorizar a nota pois caso contrário, não consegue dominar a

classe. • A escola precisa aumentar as exigências em relação às notas para que os alunos

valorizem e estudem mais. • A sociedade moderna transforma as pessoas em objetos e não em sujeitos de suas

próprias vidas. • Um professor afetuoso é simplesmente um professor que procura agradar os alunos. • Para ser um bom professor basta dominar os conteúdos que deve transmitir.

ORDENAÇÃO DE VALORES (para os alunos)– Segundo momento...

Segue abaixo, algumas frases para serem utilizadas na atividade Ordenação de Valores. Selecione as que parecerem mais adequadas ao grupo e ao tempo disponível. Se necessário, crie outras. Estabeleça o que é mais importante, numerando as frases conforme ordem de prioridade: • Ser mais independente de meus pais (ou não depender economicamente deles) • Obter boas notas na escola • Respeitar meus valores culturais • Não abusar de álcool ou drogas • Dar-me bem com meus pais • Ter boa saúde durante toda a vida • Casar-me • Comer todos os dias • Viver de acordo com minha religião • Ter minha própria casa • Ser criativo(a) • Ter um marido/uma mulher a quem ame muito • Ser muito rico • Ser popular com meus amigos/minhas amigas • Ser bom/boa nos esportes • Ter um bom relacionamento sexual com amo realmente • Conseguir um emprego que me realiza profissionalmente • Ter filhos • Participar deste grupo • Participar do grêmio da escola • Ir a uma festa • Sair com o(a) namorado(a) • Cuidar da irmã caçula (ou irmão) • Almoçar em família • Ir visitar parentes • Sair com amigos • Estudar para uma prova • Ter o CD mais recente do grupo do momento

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• Ir ao ponto de encontro dos amigos • Fazer o trabalho de escola

PARA REFLETIR...

Os Valores Na Vida Social

Os valores não surgem na vida em sociedade como um trovão no céu. São construídos na vida familiar,

na convivência humana, no trabalho, nas escolas, nas manifestações culturais, nos movimentos e organizações locais. Conhece-los compreendê-los e praticá-los é uma questão fundamental da sociedade atual. Confira dez conceitos que podem ser desenvolvidos para melhorar a nossa vida em sociedade. • Autonomia: refere-se ao valor que reconhece o direito do indivíduo tomar decisões livremente, ter sua

liberdade, independência moral ou intelectual. É a capacidade apresentada pela vontade humana de se autodeterminar segundo uma norma moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou externo.

• Capacidade de convivência: valor que desenvolve a capacidade de viver em comunidade, na escola, na família, na igreja, nos parques, enfim, em todos os lugares onde se concentram pessoas, de modo a garantir uma coexistência interpessoal harmoniosa.

• Diálogo: valor que reconhece na conversa um momento de interação entre dois ou mais indivíduos, em busca de um acordo.

• Dignidade da pessoa humana: valor absoluto que cada ser humano tem. A pessoa é fim, não meio. A pessoa tem valor, não preço.

• Igualdade de direitos: valor inspirado no princípio segundo o qual todas as pessoas são submetidas à lei e gozam dos mesmos direitos e obrigações.

• Justiça: é o valor mais forte. Manifesta-se quando a pessoa é capaz de perceber ou avaliar aquilo que é direito, que é justo. É o princípio moral em nome do qual o direito deve ser respeitado.

• Participação social: valor que se desenvolve à medida que nos tornamos parte da vida em sociedade e leva-nos a compartilhar com os demais membros da comunidade conflitos, aflições e aspirações comuns.

• Respeito mútuo: valor que leva uma pessoa a tratar a outra com grande atenção, profunda referência, consideração e reverência. A reação da outra será no mesmo nível, o respeito mútuo.

• Solidariedade: valor que se manifesta no compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma dela a todas, particularmente diante dos pobres, dos desprotegidos, dos que sofrem, dos injustiçados, com o intuito de confortar, consolar e oferecer ajuda.

• Tolerância: valor que se manifesta na tendência a admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às nossas.

MARTINS, V. Mundo Jovem, Ano 45, n.375, p.15. abril/2007.

Exercitando...

• Um pai, vendo um filho passar fome, resolve roubar alimentos em um supermercado no bairro onde mora. Ao ser questionada sobre a situação, uma menina de 11 anos, responde: “Acho que ele agiu certo porque ao ver o filho com fome não suportou a cena de miséria em sua casa e não teve saída senão roubar. Por outro lado também agiu errado por ter roubado o supermercado; afinal roubar é uma ação feia”. Este exemplo pode nos dar uma idéia da complexidade que é viver em sociedade. A luta

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por um mundo melhor, por uma civilização mais humana, mais democrática e mais justa, tem sido historicamente construída pelo homem. Enquanto cidadãos, o que podemos fazer para contribuir com esta luta?

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• O mundo tem vivenciado os valores acima citados? E na escola, na família, no grupo

de amigos, como eles se apresentam? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Por que precisamos de alguns princípios básicos para a convivência? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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CAPÍTULO IV – FORMAÇÃO INICIAL

Pretendemos neste capítulo, abordar questões que nos remetem ao processo de

formação profissional dos docentes a fim de compreender as multifaces que o envolvem,

especialmente aspectos que nele interferem positiva ou negativamente.

Por acreditar que a prática que pode levar o professor a uma apropriação do seu saber

e do seu fazer é aquela que consegue ir além das demandas imediatas do cotidiano para

alcançar a práxis – prática pensada e refletida – propomos algumas vivências buscando

identificar como a formação pessoal está intrinsecamente ligada ao trabalho do professor.

Em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que tem

com a sociedade e com a cultura; seu modo de agir, aliado à características de sua

personalidade, colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos. Nisso consiste a

importância em compreender como os conflitos e ou dificuldades no desenvolvimento de suas

práticas podem ou não, se converter em saberes para a aprendizagem da docência.

Conforme levantamento bibliográfico para elaboração do Plano de Trabalho do PDE,

várias pesquisas no campo de formação de professores apontam a utilização de uma

abordagem teórico-metodológica voltada para a análise de trajetórias e histórias de vida,

atribuindo “grande relevância à experiência pessoal e profissional dos docentes numa

“Virar professor” é uma tarefa rica, divertida, arriscada e apaixonante, embora existam muitas maneiras de

levar adiante nosso ofício.... Mari Carmen D. Navarro.

A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se funda na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência. O

professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. (...) A incompetência

profissional desqualifica a autoridade do professor. (Freire, 1997: 102-103).

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tentativa de ultrapassar a visão da formação apenas direcionada para o sistema educacional,

fundamentando as suas convicções em três dimensões básicas – a pessoal, a profissional e a

organizacional...” (LIMA, 2007.)

Nessa mesma linha de raciocínio, Tardif (2002, p.117), assegura que os saberes dos

professores “estão enraizados em sua história de vida e em sua experiência de seu ofício de

professor, portanto, eles não são somente representações cognitivas, mas possuem também

dimensões afetivas, normativas e existenciais”. As atitudes e posturas do professor não

dependem exclusivamente do fato de ser ele perito ou eficiente e sim da maneira como, pela

experiência relativa ao trabalho, lida com suas tensões, seus dilemas, suas rotinas, seus

valores suas emoções. A esse respeito, cabe lembrar o exemplo citado pelo autor:

... a maneira como um professor resolve e assume os conflitos de autoridade na sala de aula, com os alunos, não pode se reduzir a um saber instrumental, mas envolve inevitavelmente sua própria relação pessoal com a autoridade, relação essa que é necessariamente marcada por suas próprias experiências, seus valores, suas emoções (TARDIF, 2002, p. 117).

Nóvoa (2002, p. 23) diz que: “O aprender contínuo é essencial e se concentra em dois

pilares: a própria pessoa, como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional

permanente”. Para esse estudioso português, a formação continuada se dá de maneira coletiva

e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de análise. A

preocupação com a pessoa do professor é central na reflexão educacional e pedagógica.

Afirma ele, que a formação depende do trabalho de cada um e que mais importante do que

formar é formar-se; que todo o conhecimento é autoconhecimento e que toda a formação é

autoformação. Por isso, a prática pedagógica inclui o indivíduo, com suas singularidades e

afetos.

Assim como a educação tem em sua essência a própria vida, a formação e a prática

docentes têm em sua essência a vida produzida ou construída nas escolas, principalmente no

que diz respeito às representações e modelos assimilados no processo de escolarização, com

repercussões na prática docente efetivada a partir de uma teoria pessoal sobre a docência. Esse

quadro psicológico seria formado a partir de uma estruturação cognitiva de significações

pessoais (percepções, esquemas cognitivos) costuradas nas interações sociais ao longo do

tempo de escolarização anterior, e também na atividade profissional presente.

Em meio a tanta modernidade, a arte de aprender e de ensinar não é limitada por

aquilo ou por aquele que transmite o conhecimento, mas pelo comprometimento, pela

capacidade de quem ensina e de quem procura e quer aprender. Mas, onde e como se aprende

a ensinar? Pesquisas recentes apontam que os professores aprenderam a ensinar com a prática,

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destacando a vivência durante a formação inicial, através de experiências com bons

professores, do contato com o conhecimento específico, com as teorias pedagógicas e,

sobretudo com a prática de ensino. Destacam ainda, no aspecto afetivo relacional, que os

saberes são definidos em relação com o outro, mas também, pelo fato de que os professores

não separam seus saberes do sentimento que nutrem pelo ensino, pelos alunos, pela matéria

ensinada.

É nesse sentido que, para o desenvolvimento deste capítulo, as dinâmicas propostas

visam a reflexão acerca do processo de formação. Embora as atividades selecionadas estejam

direcionadas a este fim específico, podem tranqüilamente ser adaptadas a outros grupos; o

diferencial consiste na escolha dos textos que, para melhor entendimento e utilização junto

aos alunos do Curso Normal, apresentam-se mais extensos tendo sido retirados na íntegra

conforme publicação na fonte citada.

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XIII ENCONTRO

TÉCNICA:

Com quem me identifico?

FONTE: Adaptado de SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 70). OBJETIVOS: Buscar na memória aspectos marcantes em seus professores e que podem

embasar a futura ação docente. Refletir sobre características essenciais na atividade docente. Perceber as motivações que interferem nos pensamentos, sentimentos e ações.

MATERIAL: Folha com desenho de figura, lápis, borracha e lápis de cor ou de cera, cópia dos textos e atividades propostas.

COMENTÁRIO: Esta dinâmica é a mesma aplicada no primeiro encontro, agora voltada à representação do(a) professor(a) que deixou marcas em sua vida estudantil. Da mesma forma que ao fazer o retrato solicitado e lhe dar vida o aluno irá refletindo sobre si mesmo, ao retratar o professor que he foi importante, poderá refletir aspectos que são importantes na atuação docente e que venham auxiliar no seu processo de formação pessoal e profissional.

DESENVOLVIMENTO: 1. Grupo em círculo, sentado.

2. Entregar a cada aluno, uma folha com uma figura explicando que representa um(a)

professor(a), que lhe foi muito importante.

3. Pedir que entrem em contato com a figura, dando-lhe uma identidade, uma vida e um nome (pode ser fictício)

4. Em seguida, responder as seguintes solicitações:

• Saindo da cabeça do(a) professor(a), escrever algumas idéias que ele(a) sempre defendeu;

• Saindo da boca, num dos balões, escreve uma frase que foi dita pelo(a) professor(a) que você jamais esqueceu e no outro, uma frase que gostaria de ter ouvido;

O grande lance hoje do(a) professor(a) é ajudar o aluno a construir um sentido para a vida. Acho que aí está o grande nó: as pessoas estão meio perdidas, e o (a) professor(a) tem uma obrigação social, porque ele trabalha com o conhecimento.”

Celso Vasconcelos

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• Do coração, a seta deve indicar uma paixão que caracterizava a vida desse(a) professor(a);

• Na mão direita, escrever um sentimento que ele(a) sempre teve disponível a lhe oferecer;

• Na mão esquerda, escrever algo que ele(a) sempre teve necessidade de receber; • No pé esquerdo, como deve ser o professor de hoje (descrever algumas características,

saberes, competências, habilidades...); • No pé direito, o que é necessário para alcançar isso. 5. Quando todos terminarem o que foi solicitado, pedir que mantenham contato com o

personagem desenhado, procurando os pontos semelhantes e diferentes entre ambos. Escrever no verso da folha as semelhanças e diferenças encontradas.

6. Plenário:

• Apresentar para o grupo o (a) professor(a) na terceira pessoa; • Falar se existem diferenças e semelhanças que o ligam a ele(a); • O professor deve pontuar os aspectos importantes na fala de cada aluno.

PARA REFLETIR...

A Origem Do Desejo Apaixonado De Ser Professor

Em toda escolha profissional existe a marca registrada das primeiras relações com os pais. Por

identificação com eles ou por uma busca oposta, a história das relações mais primitivas marca, de algum modo, a escolha profissional. Mas como isso aparece na escolha profissional dos professores?

Sempre tive grande curiosidade em saber o que fazia com que alguns professores fossem entusiasmados com o ensinar e outros não. Então, resolvi estudar o mundo psíquico daqueles professores que eram eficazes na transmissão do conhecimento e entusiasmados pela arte de formar e que, apesar de todas as vicissitudes externas, nunca desistiam dela. Por esses motivos, chamei-os de professores apaixonados (Silva, 1994).

Aprendi com esses professores que formar é levar o aluno a encontrar o próprio caminho, a transformar-se, a evoluir-se, a refletir, a mover-se, a relacionar-se. É ir ao encontro dos temas de interesse do aluno. Nesse processo, o educador coloca-se como mediador, facilitador ou catalisador do processo de formação e, ao mesmo tempo, como alguém também se formando, movimentando-se, transformando-se, evoluindo, relacionando-se por meio de trocas enriquecedoras e significativas. É um processo que se dá internamente, ou seja, para dentro em não para fora, tanto por parte do aluno quanto do professor. Há algo de misterioso nisso.

Quando fui investigar a origem do desejo de formar com cinco professores apaixonados, descobri em seus relatos que nenhum deles seguiu a careira profissional dos pais e que as profissões parentais não se relacionam diretamente com a atividade formativa. No entanto, de alguma forma, há a marca inconsciente das identificações primárias que serão esclarecidas. Todos os professores mostraram-se bastante sensíveis e em contato com seu mundo interno, o que os deixa mais próximos de seus desejos inconscientes, permitindo que o aluno também entre em contato com esses aspectos e a aula torne-se apaixonante. O relato de uma professora mostra como essa profissão era única possível em seu contexto familiar e em virtude da localização de sua cidade natal. Ela conta que professoras nos cursos ginasial e colegial interferiram em sua escolha profissional e que o desejo de ser independente, de buscar a própria autonomia, acabou levando-a a realizar o concurso para professora primária. Foi a vitória de uma batalha dura contra o desejo dos pais e as próprias condições físicas e ambientais de trabalho. No trecho a seguir aparece sua identificação com o pai, aquele que sai de casa para trabalhar: “Então, eu me inscrevi no concurso e meu pai soube, através de um amigo, que eu havia sido nomeada. Ele disse: Não vai, não vai, o que está pensando, que é dona do seu nariz? Não é, não, senhora, vai ficar em casa’. Ele não queria que sua filha fosse trabalhar, pois era capaz de sustentá-la. Eu disse que não se tratava disso, que havia feito um curso e tinha algo para fazer com minha vida, não queria fiar em casa, queria trabalhar, queria uma chance”. Outro professor conta que sua escolha profissional amadureceu junto com seu crescimento e desenvolvimento explicando a importância de dois mestres durante o curso ginasial na identificação com a figura do professor: “No ginásio, tive uma dupla de grandes professores. Eram casados, sendo ele professor de

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matemática e ela, de português. Ele era extremamente brilhante e tornou-se para mim um modelo. Eu queria ser igual a esse professor, explicar claramente, prender a atenção das pessoas, contar histórias e, ao mesmo tempo, levar aquilo à demonstração de teoremas. Ele me impressionava e tornou-se para mim uma referência muito forte. A sua esposa era extremamente culta, lia Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Carlos Drummond, entre outros. Então ela me passou esse universo que eu não tinha em casa”. Outro professor teve uma marca emocional diante de sua história de vida, com sofrimentos e perdas nas relações familiares. Essas experiências emocionais mobilizaram-no para a busca intelectual. A leitura era a forma de encontrar explicações e ter prazer com a vida. Conta que, desde menino, percorria obececadamente as bibliotecas, procurando romances sérios, novelas, gibis de terror, histórias que tinham o teor do conto, do suspense, do mistério, do sobrenatural. Outro ainda, relata que desde menino tinha grande curiosidade pela filosofia e, na adolescência preocupava-se com questões metafísicas. “Desde os 13, 14 anos, conversava com pessoas mais velhas sobre amor, morte, religião, existência de Deus e de discos voadores. Vivia lendo Nietzsche, Schopenhauer e Kafka Todos os professores ressaltam em seus relatos a influência da militância política, de grupos religiosos ligados a movimentos populares, das marcas da revolução de 1930, do golpe de 1964 e dos movimentos estudantis. Nesse sentido, enfatizam sua participação política, suas reflexões críticas e o próprio desenvolvimento político-cultural ligado às questões da realidade brasileira. Por meio dessa participação adquiriram uma outra visão do Brasil, do mundo, e uma capacidade de refletir e criticar a realidade. Esses movimentos também têm um forte impacto sobre a capacidade de liderança, sobre a desinibição, sobre a facilidade de expor-se e comunicar-se em público na experiência desses professores. Quando descrevem as pessoas que os marcaram como professores apaixonados, utilizam adjetivos superlativos, evidenciando a transferência de aspectos idealizados ou do ideal de ego. Alguns professores contaram com o apoio, o estímulo e a compreensão de seus pais; outros tiveram de construir seu caminho profissional como um desafio a si próprio e a seus pais – aspectos que interferiram na relação com a paixão de formar. Já a primeira experiência de aula relatada pelos professores parece ser o primeiro momento consciente de seu encontro com a paixão de formar.

Se for possível obter identificações não distorcidas e integrar fantasia e realidade – o confronto do ego com o mundo exterior, do conhecido com o desconhecido, etc. -, essa primeira experiência pode tornar-se marcante pela percepção do reconhecimento do outro e pelo significado de reparação interna. Os professores relatam que a primeira experiência de dar aula ocorreu, com sucesso e realização durante a adolescência, que é o momento em que todo indivíduo reatualiza vivências e identificações infantis, buscando reparar as primeiras figuras de identificação. Texto extraído de SILVA,M.C.P. da. A origem do desejo apaixonado de ser professor. Revista Pátio.AARTMED Editora Ano XI n. 43 Agos/out. 2007, p. 16-19 Exercitando...

• O conceito de profissão (do latim professare), como exercício preferencial de um

determinado ofício, está relacionado ao cumprimento de uma tarefa, à realização de uma participação ativa na comunidade social. Que tarefas são específicas do professor?

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• O texto apresentado relata o desejo manifestado na escolha da profissão. No seu caso, o que influenciou ou influencia sua escolha. Com que ou com quem você se identifica ao ler o texto? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Observe que o texto coloca um conceito de formação. Como você identifica este conceito?

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Ser professor é exercer uma profissão. “O profissionalismo está diretamente relacionado à atuação de um profissional, uma vez que compreende características específicas e necessárias para que esse profissional possa desempenhar o seu trabalho”. O profissionalismo do professor está relacionado ao trabalho pedagógico que ele desenvolve, à defesa de qualidades indispensáveis para que desenvolva bem o seu trabalho, tais como:

⇒ Conhecimentos, habilidades, comportamentos, valores e objetivos relacionados à

profissão (autonomia, responsabilidade pelo trabalho realizado, capacidade intelectual, competência e respeito, entre outras);

⇒ Aspectos necessários para a constituição do profissional docente e que tornam o professor diferente dos profissionais de outras áreas, justamente porque ele precisa ter características que estejam de acordo com a singularidade e complexidade de sua profissão.

⇒ Enfim, o conjunto de características que fazem de alguém, um professor.

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• A partir dessa reflexão e com base na sua realidade, pense quais atitudes se fazem mais difíceis de aplicar na prática pedagógica? Enquanto futuro profissional, que práticas/atitudes deve evitar para ser considerado um bom profissional?

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REPRESENTAÇÕES DO(A) PROFESSOR(A)

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XIV ENCONTRO

TÉCNICA:

Dinâmica do foco

FONTE: Adaptado de MAYER, (2007, p. 100). OBJETIVOS: Clarear objetivos em relação ao trabalho.

Defender a busca de objetivos com o apoio de pessoas e forças que favoreçam essa busca, apesar de outras forças e pessoas que são obstáculo nessa busca. Favorecer o trabalho em equipe, a imaginação, criatividade e interpretação.

MATERIAL: Folhas de papel sulfite e pincéis atômicos ou canetinhas, música ambiente.

COMENTÁRIO: Esta dinâmica, além do foco trabalho, admite uma infinidade de adaptações. Pode ser voltada para o foco nos estudos, o foco na vida familiar, o foco na importância de um trabalho em equipes, o foco nos valores na convivência com as pessoas e outros, de acordo com as demandas, necessidades e valores de um grupo. É importante deixar bem claro aos alunos o significado de cada função incentivando-os a desempenhar com êxito, animação, cada etapa da dinâmica. Disto dependerá a socialização e boa avaliação da mesma.

DESENVOLVIMENTO:

1. Motivar os alunos para uma vivência alegre, generosa e responsável dos passos da dinâmica. Comentar que muitas vezes o que cansa no dia-a-dia das pessoas não é tanto o trabalho em si mesmo, mas o modo como se trabalha: sem motivação, pouco profissionalismo, preguiça, falta de vontade, de coragem...

A liberdade humana é movida, geralmente, por duas forças opostas, uma que anima, encoraja e faz olhar para a frente para o foco e outra que procura desanimar, enfraquecer , tirar o foco na ação. E é tarefa dessa mesma liberdade saber se posicionar diante das forças que agem no coração da pessoa, pois querer conviver com as duas, sem tomar posição, é perder a oportunidade de ser protagonista do próprio viver.

O universo do homem não é apenas um “mundo dado”, mas um “mundo de possibilidades”, fruto do trabalho, da liberdade e da busca da verdade.

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2. Entregar a cada aluno uma folha de papel sulfite e um pincel atômico ou canetinha. 3. Sugerir a reflexão sobre o foco que desejam alcançar no Curso Normal e no futuro

profissional. Solicitar que anotem – com algumas palavras centrais – tudo que pretendem atingir em relação ao trabalho.

4. Delimitar de cinco a dez minutos para essa reflexão e anotação. Pode-se colocar uma

música de ambientação.

5. Dividir o grupo em subgrupos de seis alunos. Explicar que todos, ao longo da vivência da dinâmica, assumirão quatro funções diferentes: Foco, Força Favorável, Força Contrária e Sustentáculo.

6. A distribuição entre os seis participantes é a seguinte:

• Em frente a todos estará o Sustentáculo – pode ficar sobre uma cadeira em um lugar mais elevado – que segurará a folha de quem representa o Foco.

• Entre o Sustentáculo e o Foco estarão dois participantes representando as Forças Contrárias, ao que o Foco deseja e busca.

• Atrás do Foco ficarão dois representantes do grupo que representarão as Forças Favoráveis, as quais serão auxílio e encorajarão o Foco a buscar o seu objetivo sonhado.

• Ao sinal do professor, todos entrarão em movimento – de argumentar e até de movimentos físicos – para buscar, defender ou favorecer o objetivo estabelecido.

7. Explicar ao grupo que:

• Todos falarão – menos o Sustentáculo. Esse poderá mover-se de um lado para o outro da sala, desafiando os demais cinco participantes do grupo a perseguirem ou desfazerem os sonhos que constam na folha.

• Aconselhar que as pessoas não falem ao mesmo tempo para que a busca dos objetivos, as forças favoráveis e contrárias sejam escutadas por todos e que tenham força de argumentação e não apenas gritos.

• A cada três minutos aproximadamente, todos os seis participantes do grupo mudarão de função, de tal forma que cada participante tenha assumido as quatro funções apresentadas.

• Todos desempenharão duas vezes a Força Favorável e duas vezes a Força Contrária.

8. Delimitar de cinco a dez minutos para uma retomada nos grupos, preparando-se para a interpretação sobre: • Que sentimentos vivenciaram durante a dinâmica? • O que foi mais fácil e o que foi mais difícil? Por quê? • Qual a relação desta dinâmica com a vida cotidiana? • Que aprendizados adquiriu e o que leva para sua vida?

9. O grupo pode ainda debater por mais alguns minutos sobre:

• Onde e como as forças favoráveis e contrárias agem em nossas vidas? • O que fazer diante dessas duas forças que agem sobre nossa liberdade? • Qual a importância de focar nossa vida num objetivo? • O que é ter um projeto de vida?

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10. Plenário: Oportunizar um momento de socialização e partilha no grande grupo. Para tanto, usar a criatividade de cada grupo, conforme o tempo disponível (poesia, desenho, paródia, dramatização, música...).

PARA REFLETIR...

Falsas idéias e (des)estímulo aos educadores

O cotidiano dos educadores brasileiros é bastante desafiador. Além de todos os entraves objetivos, a veiculação reiterada de certos discursos pode ter o efeito de estes se tornarem representações sociais, crenças e, conseqüentemente, reduzir a convicção docente, enfraquecer o ânimo para o trabalho. Muitos professores acabam incorporando acriticamente e reproduzindo esses discursos. Seria interessante nos interrogarmos: que discursos desmobilizadores estão presentes no cotidiano de nossa escola? Como vamos enfrentá-los? Apresento algumas falas que, ao colocar em questão a função social da escola, atingem o entusiasmo dos educadores. Imediatamente, indico caminhos de contra-argumentação que possibilitam uma outra interpretação. “Atualmente, existe acesso muito facilitado à informação, o que faz com que a escola perca sua função”. Informação é diferente de conhecimento, que exige mobilização, atividade, estabelecimento de relações, historicização, sistematização, categorização, ou seja, mediação qualificada. Se antes faltava, agora há excesso de informação, exigindo ajuda para se fazer a seleção, a estruturação e a crítica (há muito lixo informacional). “Há uma grande defasagem entre o conteúdo escolar e o científico”. A escola trabalha, basicamente, com conteúdos alfabetizadores e estruturantes das várias áreas do conhecimento humano. Para que um sujeito possa apropriar-se das contribuições de ponta (da nanotecnologia, por exemplo), precisa saber ler, escrever, calcular, situar-se no tempo e no espaço, ou seja, necessita das habilidades e competências básicas desenvolvidas pela escola. O conhecimento volátil (que dobra a cada 5 ou 10 anos e que faz caducar outros), grosso modo, não é o de base, aquele trabalhado na escola, e sim o mais avançado ou específico. “É o aluno quem aprende; portanto, o professor é dispensável”. Efetivamente, por mais que o professor queira bem os alunos, não pode aprender por eles. Todavia, o educador tem um papel muito importante de mediação: ser uma espécie de catalisador, um “andaime” (Bruner, 2001). Sem ele, o aluno poderia levar anos para aprender sozinho aqueles conteúdos. Cabe ao docente acolher o educando, provocar, (problematizar), dispor objetos/situações (subsidiar) e interagir (Vasconcellos, 2005) “O importante é aprender a aprender”.

Aprender a aprender é uma exigência para o desenvolvimento da autonomia do educando para o aprendizado ao longo da vida. Não podemos perder de vista, no entanto, que se aprende a aprender aprendendo conteúdos concretos. Na escola, na elaboração da proposta curricular, a partir do projeto político-pedagógico, ocorre a definição de saberes considerados fundamentais para a formação humana. Sem isso, ainda que habilitado para a pesquisa e a investigação, o aluno correria o risco de não chegar a se apropriar desses relevantes conteúdos (sejam conceituais, procedimentais e /ou atitudinais), em função da infinidade de informações que disputam sua atenção (às vezes até de forma muito sedutora).

“A escola fica pouco tempo com o aluno. Seu trabalho tem pouca chance de dar resultados, pois o

que faz é desfeito fora dela”. Em primeiro lugar indago: pode-se generalizar a influência negativa do meio? Quem disse que tudo o

que acontece fora da escola vai contra a sua linha de trabalho? Quando se vê os pais como inimigos, não se cria parceria, identificação com a comunidade; isso terá repercussões graves, inclusive no que diz respeito à não-valorização dos profissionais da educação por parte das famílias. Hoje, com a perspectiva da cidade educadora, cada vez mais existe diálogo franco, processos de cooperação e formação mútua.

Por outro lado, embora o tempo de permanência na escola seja limitado, há continuidade do contato, pois o aluno fica na escola durante vários anos. Enquanto a interferência do meio é um tanto caótica, ação educativa escolar é intencional, viabilizando um trabalho de formação planejado. Além disso, existe a possibilidade de uma ação coletiva integrada (todos falando a mesma linguagem).

“O ritmo de mudança da escola é muito lento em relação ao da tecnologia”.

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É certo que a escola não pode ficar parada no tempo, deve abrir-se e atualizar-se em todos os níveis. É

certo também que, do ponto de vista sociológico, muitas vezes é uma das instituições mais resistentes à mudança. Todavia, reconheçamos que o ritmo da construção humana é outro, mais lento, em decorrência da própria complexidade bem maior. Estamos chegando a Marte, porém, não conseguimos avançar em termos do enfrentamento da fome, da miséria ou até no controle do mosquito da malária em regiões pobres do planeta.

Existem constantes humanas que são de longa duração. Se a escola tiver sensibilidade para isso, terá um campo da maior importância para trabalhar: como nunca as crianças e os jovens estão atrás de sentido para suas existências! Se professor é aquele que trabalha com a produção de sentido, nunca foi tanto o tempo do professor como agora!

“Falta ‘aparato técnológico’ na escola. Muitos professores só dispõem de saliva e giz”. É importante que, na escola, os alunos tenham acesso ao melhor que a tecnologia pode oferecer como

recurso para a aprendizagem (uma das tarefas da escola é ajudar na alfabetização tecnológica). Porém, não podemos deixar de considerar que existem necessidades humanas básicas não satisfeitas pela tecnologia (interação, afetividade, reconhecimento, imaginário, identidade) e que a escola pode – e deve – trabalhá-las. Vemos nos grandes centros pessoas pagando até caro para aprender a ouvir e contar histórias, uma das práticas mais arcaicas e “antitecnológicas” da humanidade.

“Hoje existem muitos atrativos fora da escola; fica difícil conseguir o interesse do aluno”. A escola, pela prática simbolizadora que desenvolve, pode trabalhar em muitos universos virtuais.

Deve-se considerar o prazer que há no conhecer. As pesquisas revelam claramente: os alunos gostam da escola e até do professor, não gostam é das aulas... Será que isso não nos dá uma dica de como melhorar a relação deles com o saber? Jogos eletrônicos, por exemplo, será que não poderíamos lembrar a força mobilizadora do desafio – no nível adequado – para a atividade humana (problematização)?

Em relação à mídia, temos vantagens significativas, como o contato direto, face a face com o aluno, possibilidade (nem sempre utilizada) de altíssima interatividade. Podemos ainda exercer a crítica, iniciativa que na mídia comercial fica muito difícil tomar, dada sua contradição de fundo de precisar manipular para vender suas quinquilharias.

“Atualmente o professor é tudo – pai, mãe, psicólogo – menos professor”. É preciso evitar confusão (e a omissão) de papéis: professores dizem que não são pais, mães, assistentes

sociais, psicólogos, etc., dos alunos, no que estão repletos de razão. Não são e não devem tentar ser, pois isso provocaria uma enorme confusão, além de provavelmente aumentar os problemas, uma vez que não tiveram formação para tal. Todavia cabe compreender que o processo de aprendizagem, no seu autêntico sentido, tem uma dimensão psicológica (subjetividade, memória, consciência, cognição, cargas afetivas, etc.) que o professor precisa dominar. O processo de aprendizagem implica a paternagem, isto é, trazer a norma, a tradição, ser o porto seguro, já que isso corresponde à necessidade de referência e segurança por parte da criança e do jovem que aprende. Arendt (1997) afirma que quem não se responsabiliza pela cultura, pela tradição, não pode ter aluno. A atividade docente exige também maternagem, a capacidade de engendrar, acolher, ajudar a partejar as idéias e identidades. Requer ainda cuidar do ser em desenvolvimento, estar atento às necessidades fundamentais. E assim sucessivamente. Paulo Freire, referindo-se à preocupação do educador com a problemática mais pessoal de um ou de outro aluno, é cabal: “não sou terapeuta ou assistente social. Mas sou gente” (1997, p. 163). Espera-se pois a capacitação, as condições mínimas e o compromisso do professor para exercer sua atividade, ao mesmo tempo, tão bonita e tão complexa.

Antes de querer saber para que aprender determinado conteúdo, o educando quer saber para que estudar (e, a rigor, antes ainda, quer saber para que viver!). Na medida em que ajuda o discente a ter acesso à cultura, refletir, imaginar, criar, atribuir valor, criticar, desenvolver a consciência, o professor tem um papel decisivo por trabalhar com a produção de sentido.

VASCONCELLOS, C. Dos S. Falsas idéias e (des)estímulo aos educadores. Revista PÁTIO, ARTMED Editora, Ano X, n. 39, ago/out 2006. p. 56-58.

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Exercitando... • Na dinâmica você vivenciou forças favoráveis e contrárias a obtenção de suas metas

em relação à vida ao trabalho. É possível fazer uma associação entre a experiência vivenciada e o texto apresentado acima? De que forma você os relacionaria? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________

• De acordo co Vasconcellos, “Muitos professores acabam incorporando acriticamente e reproduzindo discursos que reduzem a convicção docente e enfraquecem o ânimo para o trabalho”. Das situações apresentadas pelo autor, você já presenciou/vivenciou alguma? E agora, ao ler os apontamentos do autor, mudou sua forma de compreender a situação? Justifique-se. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________

• Diante das argumentações apresentadas o autor enfatiza ser agora o “tempo do professor”. Como você entende esta afirmação?

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XV ENCONTRO

TÉCNICA:

Álbum Da Vida

FONTE: Adaptado de MAYER, (2007, p. 124). OBJETIVOS: Fazer memória viva da vida por meio de um jeito criativo de registrar os

momentos que marcaram a história. Perceber o fio condutor da história pessoal pela retomada da vida. Criar uma referência que considera a vida como um todo: experiências vividas, lugares visitados, pessoas companheiras, músicas marcantes... Fazer uso da imaginação e criatividade na arte de ressignificar a vida.

MATERIAL: Música ambiente. Material para confecção de um álbum (Revistas, jornais, papel sulfite, cola, fita, grampeadores, canetinhas e pincéis atômicos... )

COMENTÁRIO: Esta dinâmica quer lançar um olhar sobre a história vivida até o momento presente, porém, dentro de uma perspectiva de futuro que quer ser vivido com realismo, motivação e esperança. Consiste numa dinâmica que pode ser vivenciada no início de um trabalho grupal. Optamos por aplicá-la neste momento tendo em vista todas as reflexões desencadeadas no decorrer deste trabalho e em função da proposta de elaboração de um memorial que possa auxiliar no processo de formação pessoal e profissional. Conforme orientação abaixo, a confecção do álbum será iniciada neste encontro sendo necessário estabelecer um prazo para levantamento de informações e devido registro, para então, em data marcada, apresentá-lo ao grupo.

DESENVOLVIMENTO:

1. Motivar os participantes para a vivência desta dinâmica, isto é, a confecção de um álbum individual.

2. Incentivá-los para a importância de certas atitudes durante a confecção desses álbuns:

a) Saber escutar a vida, deixar a história se revelar tal qual ela foi e não como deveria ter sido.

Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar

o que somos. Eduardo Galeano

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b) Consultar pessoas conhecidas - pais, avós, tios, amigos...- que possam ajudar a recordar fatos importantes da vida de cada pessoa.

c) Evitar todo e qualquer tipo de juízo moral, mais acolher toda historia individual do jeito como ela aconteceu.

d) Desenvolver uma consciência sadia e equilibrada diante do passado, isto é: • Reconfigurar: aceitar o que aconteceu, mesmo que se discorde de algumas

experiências, pois o fato de discordar não significa negar o que tenha acontecido com você.

• Aprender: tirar lições de vida do passado para os momentos presentes e futuros do viver.

• Confiar: todos os problemas são relativos. Ao longo da vida você superou dificuldades, desafios, obstáculos... Com os que surgirem no presente e no futuro, você também poderá ser mais forte.

3. Delimitar um prazo para a confecção do álbum propondo uma data para uma partilha de

tudo o que foi vivido pelos participantes.

4. Propor alguns tópicos na seqüência “Decálogo dos d’s” que poderão ajudar na confecção do álbum (apresentados ao final da dinâmica).

5. Na data combinada, propor a partilha do álbum que cada pessoa confeccionou que poderá

ser em duplas, pequenos grupos ou no grupo maior de acordo com o discernimento do professor, valorizando o trabalho feito por todos.

6. Alertar para que o álbum continue sendo confeccionado com tudo que a vida vai nos

reservando.

7. Motivar que o álbum de cada um seja colocado num lugar de destaque em suas casas...

8. Plenário - fazer uma avaliação geral: • Da experiência de confeccionar um álbum: pontos bons e ruins, aprendizados, lições de

vida... • Que tipo de luzes, forças e motivações o passado pode projetar sobre a vida presente e

futura?

DECÁLOGO DOS D’s

Primeiro: desenhar ou representar

1) Alguns aspectos da árvore genealógica: irmãos, pais, avós, bisavós... Procedência, descendência... 2) Algumas características de sua família. Por exemplo: persistência, simplicidade... 3) Algumas características de sua personalidade.

Segundo: descobrir e descrever alguns aspectos da história de vida

1) A origem do nome: das razões dos seus pais terem dado este nome. 2) As maiores qualidades e buscas do pai, da mãe, dos irmãos... Como eram eles? 3) As experiências ou acontecimentos de cada idade, caso seja possível. Por exemplo, no primeiro aninho

de vida, meus pais me falaram que eu tive ótima saúde, do segundo aninho fizemos uma viagem para...; meu primeiro beijo foi aos...; meu primeiro amor foi...; e assim por diante. O importante neste recordar é registrar fatos e experiências centrais vividos em cada momento da vida: no nascimento, nos primeiros anos de vida, na fase de criança, adolescente, jovem, adulto...

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4) Descrever os cinco momentos mais felizes da sua vida: Quando foram? Como? Quem fez parte? O que aprendi para a vida?

Terceiro: dividir e caracterizar a história em blocos

1) Dos 0 até os 7 anos: tempo de total dependência dos pais; 2) Dos 7 aos 12: tempo de descobrimento de novos amigos; 3) Dos 12 aos 18: tempo de descobrimento de mim mesmo, tempo de turbulências no campo afetivo..., 4) E assim por diante.

Quarto: desafios e dificuldades

1) Quais foram os maiores desafios que você já enfrentou em sua vida? Como os superou? 2) Que lições tirou para sua vida presente e futura? Quais foram as maiores dificuldades encontradas ao

longo da vida:

a) Em relação à arte – ou milagre – de sobreviver? b) Nas relações humanas? c) No convívio com seus pais, irmãos e demais familiares? d) Em relação aos amigos? e) Em relação aos estudos? f) Em relação ao trabalho? g) Em relação às escolhas?

Quinto: dádivas

Anote os nomes de todas as pessoas que fazem parte da sua história pessoal.

1) Do lado de cada nome, coloque algo que você aprendeu de cada pessoa e que você tentou ser para elas. Por exemplo: do pai aprendi a importância da “seriedade” nos negócios e tentei ser para ele um “filho amigo”; do tio aprendi a importância de se ter uma mística de vida e tentei ser para ele um “ouvinte, um aprendiz”... e assim por diante.

2) Anote, pinte ou represente criativamente todos os outros presentes, dons, dádivas que você recebeu ao longo de sua vida.

Sexto: destacar

Colocar no álbum algumas lembranças da sua vida, como, por exemplo:

1) Símbolos e/ou objetos guardados, recordações mantidas: de lugares, pessoas, situações... Por exemplo, um ingresso de algum espetáculo assistido...

2) Fotos significativas, histórias de vida ouvidas, frases refletidas...

Sétimo: descobrir e representar

1) Anotar o nome de algumas músicas significativas: na infância, adolescência, juventude... até os dias atuais.

2) Registrar alguns poemas que deixaram suas marcas, lemas e frases sugestivas...

Oitavo: desvendar

Encontrar um jeito de representar no álbum:

1) Os sonhos que você mais alimenta na vida, hoje. 2) As experiências que gostaria de viver. 3) Os lugares que gostaria de visitar. 4) As pessoas que gostaria de conhecer.

Nono: decálogo de aprendizados

Aqui seria importante retomar a história vivida e tentar escrever dez aspectos que marcaram a caminhada até o momento presente. Essa reflexão poderá se inspirar na frase de Cora Carolina quando diz que “o tempo muito nos ensinou: ensinou a amar a vida, não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar as palavras e pensamentos negativos. Enfim acreditar nos valores humanos, ser otimista!”. Esse decálogo poderá ser intitulado, por exemplo, de “Aprendi com a vida”.

Décimo: denominar o álbum

Depois de todos os aspectos retomados, refletidos, acolhidos e representados no álbum, dá-se um título que deverá ser criativo, curioso e atraente e que tenha “a cara” de tudo o que consta no mesmo.

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PARA REFLETIR... O ESFORÇO REFLEXIVO DE FAZER DA VIDA UMA HISTÓRIA As histórias de possibilitam a construção do sentido do projeto de uma vida dedicada à docência a partir

da ordenação da bagagem de acontecimentos, vivências e aprendizagens ao longo da vida. Ao mesmo tempo em que organizam as múltiplas experiências de vida em torno de uma trama ou argumento, com uma dimensão temporal, relações sociais e um espaço, elas conseguem constituir mais radicalmente a identidade de cada um como projeto. Ao relatar a singularidade de uma vida, refletem igualmente a coletividade social da qual ela faz parte. Por isso, as histórias de vida foram utilizadas em duas dimensões complementares (Educação e Pesquisa, 2006): autoformação, mediante a reapropriação da história, e identidade, mediante sua configuração no relato. Na história de vida, relata-se a trajetória de vida pessoal e profissional, com múltiplas experiências que em seus tempos e contratempos banalizam e configuram o itinerário de vida (Pineau, 2004). Sem desconsiderar a influência ou a repercussão que têm os acontecimentos da vida privada e pessoal do docente em sua vida profissional (formação inicial, processo de socialização e construção de identidade profissional, itinerários formativos seguidos, experiência docente). Além disso, as pessoas constroem sua identidade individual fazendo um auto-relato, que não é apenas recordação do passado, mas sim um meio de recriá-lo, na tentativa de descobrir um sentido e de inventar o eu de uma maneira que possa ser socialmente reconhecível. Por isso, narrar, seja a si próprio ou aos outros, o que foi ou o que será o projeto pessoal de vida é uma estratégia identitária como apropriação do vivido para dar sentido às condições de trabalho. As metodologias biográfico-narrativas (Bolívar, Domingo e Fernández, 2001) oferecem modos de abordagem para recolher e analisar histórias de vida e aprendizagem.

FAZER DA VIDA UMA HISTÓRIA

Cada docente tem uma história de vida, uma trajetória profissional singular, condicionada por fatores contextuais que se cruzam com sua vida pessoal. Mas uma coisa é a vida vivida, e outra é fazer da vida uma história, o que exige um esforço reflexivo para encontrar uma trama, um argumento ou um sentido que relacionem e enlacem as diversas experiências em uma síntese do heterogêneo, como aponta Ricouer (1994-1997), ao longo do tempo, através de um relato. Ao desenvolver uma história de vida, o indivíduo estabelece uma conexão coerente entre os diversos acontecimentos e experiências da vida que considera relevantes. O argumento, a trama ou o assunto e sua possibilidade de recombinação é justamente o que dá uma certa versatibilidade ao relato e, conseqüentemente, à vida narrada. A narração adquire unidade mediante uma continuidade temporal e uma interconexão e por isso requer, como elementos de sua configuração, trama argumentativa, seqüência temporal, personagem e situação. A característica própria da autobiografia é ser uma construção e uma configuração da própria identidade, mais que um relato fiel da vida, que está sempre em projeto de vir a ser. Essa auto-interpretação da própria vida permite torná-la inteligível ou atribuir-lhe significado. Uma história de vida é construída pela integração de todos os elementos do passado que o sujeito considera relevantes para descrever, entender ou representar a situação atual e enfrentar prospectivamente o futuro. As histórias de vida explicitam e tornam visíveis (para si mesmo e para os outros) o conjunto de percepções, interesses, dúvidas, orientações, marcos e circunstâncias que influenciaram e configuraram, de modo significativo, como a pessoa é e como age. Dessa maneira dão uma ordem ao conjunto dos acontecimentos passados, encontrando um fio condutor que estabeleça as relações entre o que o narrador era e o que é hoje. A narração medeia entre o passado, o presente e o futuro, entre as experiências vividas e o significado que adquiriram agora para o narrador em relação aos projetos futuros. Por isso mesmo, uma história de vida não é apenas um resumo de eventos passados (reprodução exata do passado), tampouco uma ficção, mas uma reconstrução a partir do presente (identidade do eu) em função de uma trajetória futura. O relato dos indivíduos é um componente básico de sua identidade, pois representamos suas vidas (assim como as de outros) em forma de narração.

HISTÓRIAS DE VIDA E FORMAÇÃO

As histórias de vida foram utilizadas habitualmente como um meio alternativo de formação de adultos. Como evidenciaram, entre outros, Gaston Pineau ou Pierre Dominicè, dar voz aos adultos para que possam representar discursivamente seus saberes acumulados, suas vivências e suas preocupações, constitui uma poderosa ferramenta de autoformação, na medida em que a insere na vida do indivíduo e lhe atribui, ao reapropriá-la, um sentido de projeto de vida e identidade. Trata-se de ver a formação dos professores como um processo de desenvolvimento pessoal, além de profissional, cuja trajetória e cujo percurso deram lugar a

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uma determinada identidade profissional. Os professores transmitem um currículo, mas eles próprios são fruto do currículo vitae cursu (curso da vida), ou seja, do conjunto de vivências, aprendizagens, etc., que foram configurando aquilo que são. O relato de formação do professor permite tornar explícitos e visíveis os conhecimentos e as experiências da vida. Por isso, costuma ser uma boa metodologia na formação dos professores que os docentes exponham biograficamente tais experiências, percursos e crenças como base para seu contraste e sua reformulação crítica, mediante a reflexão em grupo. E também que cada indivíduo relate e reconheça as experiências que condicionaram seu processo de se converter em professor, que é um meio de mudar (e não de reproduzir) os modos de conduzir o ensino. Contar a vida não é, por si mesmo, um ato de formação; para que seja fonte de formação, deve ser refletido, de preferência em um grupo de análise, em colaboração. Deve-se partir do envolvimento e do compromisso de apresentar o relato de vida, assim como do diálogo compartilhado e da reelaboração reflexiva em grupo. A formação acontece quando os professores, reunidos em um contexto de formação, dedicam-se – voluntariamente e com base em um questionamento pessoal de sua experiência e de seu desejo de aprender – a explorar os acontecimentos constitutivos de sua trajetória; “Que relações posso estabelecer entre minha vida pessoal e minha prática profissional? O que aprendi? Onde e como me formei? Que projetos eu tinha e como eles mobilizaram minhas experiências passadas? Portanto, o objeto de aprendizagem reside não em saberes disciplinares exteriores a aprender, e sim, primordialmente, no saber sobre si, em intercâmbio e contraste com outros. O conteúdo de formação são as experiências e as histórias vividas pelas pessoas que se comprometem no processo, o que exige o envolvimento dos participantes. Cada um conhece melhor do que ninguém sua vida, mas também a desconhece. No trabalho reflexivo sobre ela, que não é dado previamente, mas que se constrói ao longo da formação, o que motiva, entre outras coisas, é reconhecer um saber próprio do sujeito, que deve ser recolhido e refletido como base da formação; o sujeito em formação adquire um papel relevante (os saberes sobre si mesmos são o objeto e o objetivo da formação). A transformação ativa dos dados iniciais, organizando-se e estruturando-os, como também estabelecendo relações, é a base primeira de formação.

IDENTIDADE PROFISSIONAL

A identidade é um elemento crucial nas maneiras pelas quais os professores constroem cotidianamente a natureza de seu trabalho (motivações, satisfação e competências). Narrar a história de nossa vida é uma auto-interpretação do que somos, é colocar-se em cena através da narração. A identidade do eu supõe uma atitude reflexiva sobre a vida e, desse modo, explicita-se na crônica do eu, seja em forma de diário ou de autobiografia, seja na geografia social ou temporal da vida. No limite, aquilo que somos não é uma série desconexa de eventos nem uma substância imutável, porque se constitui precisamente na dinâmica da composição narrativa. A identidade narrativa tem, portanto, a coerência própria de uma narração, porém é, ao mesmo tempo, fluída e mutável, baseia-se em fatos, os quais são reinterpretados ”ficticiamente”, são construídos pelo sujeito, mas em interação e diálogo com os outros. A identidade narrativa realiza-se pela fabulação da vida, fazendo uma síntese do heterogêneo (concordante e discordante) e uma antecipação de seus desejos no futuro. Uma ocorrência ou acontecimento torna-se compreensível à medida em que se insere em uma trama, que é o que dá inteligibilidade ao narrado. Por sua vez, assim como ocorre no relato histórico ou ficcional, podem ser compostas diversas tramas a propósito das mesmas ocorrências, como diz Ricouer (1994-1997)): “ é sempre possível também urdir sobre sua própria vida tramas diferentes, inclusive opostas”. A identidade é instável, porque podemos imaginar sucessivas variações sobre nossa vida, que são modos subseqüentes de ver nossa identidade. A identidade profissional geralmente é resultado de um longo processo para construir um modo próprio de se sentir professor e, ao mesmo tempo, dar sentido ao seu exercício cotidiano. Como analisei mais detidamente em outro trabalho (Bolívar, 2006), é o resultado, (sempre provisório) de um processo que integra diferentes experiências do indivíduo ao longo de sua vida, marcado às vezes por rupturas, inacabado e sempre retomado a partir das reminiscências que permanecem. Além disso, pode manter-se relativamente estável, desestabilizar-se e entrar em crise, dependendo das circunstâncias profissionais e pessoais. Constrói-se por meio de um conjunto de dinâmicas e estratégias identitárias que, para si mesmo ou para os outros, vão sendo constituídas em torno do exercício da profissão. São marcos nesse processo as experiências escolares vividas como alunos, o possível atrativo da docência, sua primeira modelação na formação inicial e universitária e, posteriormente, os inícios do exercício profissional que o condicionarão positiva ou negativamente. De acordo com essa argumentação, a história de vida (récit de vie) torna-se um meio privilegiado para pesquisar a construção narrativa das identidades. Nesse relato, o sujeito dá sentido aos acontecimentos que

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conta, delimitando etapas, transições, continuidades ou rupturas inscritas em sua experiência pessoal. É tarefa do pesquisador tentar ler nesse relato os processos que entram em jogo na gênese do eu, assim como as relações sociais em que se tece essa trajetória. Nesse sentido, narrar histórias de vida é fazer uma auto-interpretação do agente. A identidade, como assinei, segundo as teses de Ricouer, é narrativa. Para ele, “É contando nossas próprias histórias que damos a nos mesmos uma identidade. Nós nos reconhecemos nas histórias que contamos sobre nós mesmos”.

BOLÍVAR, A. O esforço reflexivo de fazer da vida uma história. Pátio, Ano XI, n. 43. Ago/Out 2007, p. 12-15.

Exercitando...

• As práticas pedagógicas manifestam o comportamento e o pensamento dos professores e estão relacionadas ao seu conceito de profissional docente.Vejamos dois exemplos de situações que demonstram como alguns professores estruturam sua prática:

Analise as situações e responda:

• O que você pensa sobre o posicionamento das professoras nas duas situações? Estão elas realmente comprometidas com o seu trabalho, ou com a ação pedagógica que desenvolvem? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________

A. De manhã, a professora chega à sala de aula. Lembra-se de que não planejou o que será trabalhado naquela semana. “Tudo bem”, pensa, “posso improvisar com algum material, pois meus alunos são pequenos!”.

B. Certo dia, pensava a professora: “A terceira série é uma turma interessante: tem muitos alunos com bom rendimento, aliás, a maioria vai bem na escola. Mas, e aqueles meninos que se sentam lá no fundo? Além de estarem sempre com as roupas sujas, têm muita dificuldade... Também, são tão carentes! Não é de se admirar que não consigam aprender!”.

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• De acordo com a idéia que você tem sobre “ser profissional”, é possível afirmar que as professoras têm um comportamento de profissionais? Por quê? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Compare com as respostas de seus colegas e reflita se em sua vida de aluno identifica algumas posturas como as apresentadas. Diante desta reflexão, que atitudes pode tomar no seu processo de formação pessoal e profissional? São exemplos positivos que devem ser seguidos ou constituem-se em práticas a serem evitadas no exercício da profissão? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________

• Leia abaixo, o comentário de Paulo Freire. Depois reflita e registre como ele se relaciona com as idéias anteriores sobre profissionalismo.

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“Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro a tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”. (Freire, 1991: 58)

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XVI ENCONTRO

TÉCNICA:

Meu presente/ Meu futuro

FONTE: Adaptado de SERRÃO, M. & BALEEIRO, M. C. (1999, p. 326). OBJETIVOS: Concluir o trabalho sobre a confecção do álbum da vida, socializando-o.

Perceber que a construção do futuro depende das vivências e escolhas do presente; Auxiliar os jovens a se tornarem conscientes de si mesmos, do que gostam e do que não gostam, de suas qualidades e de suas metas futuras.

MATERIAL: Papel ofício, lápis de cera e fita crepe, cola, tesouras, revistas, jornais e catálogos para recorte, álbum da vida, textos.

COMENTÁRIO: O trabalho consta de dois momentos: o dar-se conta do presente e o de deparar-se com a visão de seu futuro, estabelecendo relações entre esse futuro e o presente. O professor deve ressaltar que o futuro depende de um investimento que se inicia no presente e se efetua continuamente, sendo construído por nós. Esta dinâmica permite perceber os sonhos, os desejos e o nível de aspiração do grupo, possibilitando ao professor traçar estratégias específicas de trabalho, no caso de detectar baixo nível de aspiração. Outro aspecto importante é a escolha cuidadosa de revistas, jornais e outras publicações que mostrem imagens favoráveis de vários jovens, se possível. A maioria deles apresenta imagens de jovens da classe média alta. Pode-se sugerir que recorram ao álbum da vida para registrar o presente, inclusive solicitando antecipadamente que tragam de casa matérias que possam ser utilizados nas colagens.

DESENVOLVIMENTO: 1. Grupo espalhado pela sala, sentado. 2. Propor a partilha do álbum que cada pessoa confeccionou que poderá ser em duplas,

pequenos grupos ou no grupo maior de acordo com o discernimento do professor, valorizando o trabalho feito por todos.

A vida só pode ser compreendida olhando para traz;

mas só pode ser vivida, olhando-se adiante.

kierkegaard

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3. Distribuir para os alunos papel, lápis preto e de cera, pedindo que representem através de desenho ou de colagem de figuras, o momento que estão vivendo, compondo um retrato intitulado “Meu presente”. Estipular tempo.

4. Na seqüência, distribuir nova folha de papel pedindo que componham a representação do

futuro que imaginam e gostariam para si. A este retrato devem chamar “Meu futuro”. Estipular tempo.

5. Solicitar que apresentem ao grupo, seus retratos, explicando seu significado. 6. Quando terminarem as apresentações, o professor pede que cada aluno prenda seus

retratos na parede, mantendo entre o “presente’ e o “futuro”, uma distância que represente a separação que existe entre sua vida atual e o que almeja conseguir.

7. Plenário – falar sobre a distância existente entre o presente e o futuro e sobre como

pretende aproximar esses momentos, salientando que o projeto de vida é que faz a ponte entre esses dois tempos, possibilitando o enfrentamento das condições adversas: • O que caracterizou os “retratos”? Que “símbolos” foram utilizados? • Com é imaginar o futuro, fácil ou difícil? • Como alcançará o seu futuro? Será possível ou não? Terá obstáculos? • Aparecem símbolos ou aspectos iguais ou parecidos no presente e no futuro? O que

isto significa? • Qual o papel da realidade social no cumprimento de nossas metas? • Que tipo de luzes, forças e motivações o passado (registrado no álbum da vida) pode

projetar sobre a vida presente e futura? • Em seu retrato, aparece definida sua atuação profissional?

PARA REFLETIR..

ESCOLA REFLEXIVA E NOVA RACIONALIDADE Para alguns membros da sociedade, incluindo alguns que ensinam, o

cotidiano do professor é monótono, repetitivo, simples. Apresenta-se pouco sedutor, sem fazer grande apelo à imaginação criativa. Aparece nas suas representações mentais como pautado pela entrada e saída dos alunos nas salas de aula, pela organização do trabalho a partir dos conteúdos previamente defini-dos por alguém que não se sabe bem quem é e apresentados em manuais que se seguem acriticamente, em uma cômoda aceitação da burocracia imposta do exteri- or. Orientado pela focagem quase exclusiva no que um ente exterior quer que se ensine, não deixa margem para se prestar grande atenção aos outros, ou seja, àqueles que devem aprender. À avaliação associam-se muitas vezes comentários críticos, negativos e descomprometidos a respeito dos alunos, esses outros que, afinal, não aprenderam aquilo que o professor pensava ter ensinado. Freqüentemente, a representação que nos oferece a mídia em relação ao professor enquadra-se nesse estereótipo.

Para outros, porém, incluindo profissionais da mídia, membros da sociedade e, sobretudo, professores, a docência é uma atividade bastante complexa a, de difícil mas gratificante exercício. Repleta de desafios, a cada dia traz uma interpelação.

O seu caráter interativo e situado imprime-lhe uma dinâmica relacional com os alunos, com os conteúdos, com o saber, com os colegas, com a comunidade, até mesmo com a asfixiante e crescente imposição de executar mais tarefas e de assumir mais responsabilidades perante a sociedade. No entanto, os professores não

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deixam de questionar se detêm a autonomia e o poder de decisão inerente ao exercício da sua atividade, duas características marcantes do ser humano e da atividade profissional. Nesse questionamento, vão encontrando as margens de liberdade que os tornam profissionais, responsáveis e humanos, ao mesmo tempo em que tomam consciência dos constrangimentos a que estão sujeitos.

SER PROFESSOR, A ESSENCIA DA COMPETÊNCIA PROFISSIONAL Muito se tem escrito - bem e mal, na minha opinião - sobre competência e competências pessoais e

profissionais. Não me proponho a abordar esse assunto, mas apenas esclarecer que entendo a competência como uma capacidade potencial global da pessoa que é o profissional, capacidade que é susceptível de ser mobilizada e concretizada em cada situação específica e que se evidencia na ação. A competência é, hoje em dia, entendida como um conjunto de saberes, intenções, motivações, capacidades e atitudes que se manifestam em desempenhos adequados e que se alteram à medida que variam os contextos situacionais. Assim, a competência não se manifesta apenas em um aspecto específico, parcelar, isoladamente observável. Ao contrário, ela é re-conhecida pela presença de um conjunto de relações que estão na base de uma atuação competente. Em suma, a competência revela aquilo que o profissional-pessoa é. Isso permite afirmar que o ser é a essência da competência profissional do professor, porque é esse ser que mobiliza e reorganiza o conjunto de conhecimentos e técnicas que, articulados como os valores que o orientam na vida, determinam a sua ação em cada momento.

É possível decompor a competência em competências, e esse processo é de grande utilidade em situações de formação e de investigação; contudo, mesmo nessas situações, não se deve perder a visão holística, de conjunto, nem subestimar a sua dimensão contextualizada. Podemos dizer que a docência implica competências observacionais para atender ao que acontece, competências analítico-interpretativas para compreender o que se passa e relacionar com outras situações, competências imaginativo-criativas para ver como poderia ser de outro modo e competências relacionais não só para interagir consigo e com as outras pessoas, mas também para levá-las a interagir.

A competência de ser professor é algo que dificilmente se ensina, mas que facilmente se aprende quando a representação que criamos de professor corresponde à de um profissional do humano que aceitou desempenhar na sociedade a função de educar por via do ensino, ou seja, que se comprometeu a criar condições para que os outros aprendam e para que se eduquem. A competência profissional dos professores não é estática. Muito pelo contrário, apresenta-se com um caráter extraordinariamente dinâmico, sobretudo se os professores souberem estar atentos aos desafios do cotidiano e fizerem dele um contexto de qualificação permanente.

A QUALIFICAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO COM BASE EM UMA TRIPLA INTERAÇÃO O exercício da profissão docente, por sua natureza altamente complexa, situada e interativa, ou seja, por

sua natureza ecológica, desenvolve-se fundamentalmente em contexto de trabalho. Não quero com isso dizer que a formação inicial de professores não seja relevante. Ela o é, sem dúvida, nomeadamente se incluir um componente de prática profissionalizante. O que quero é salientar a riqueza formativa das situações de trabalho e chamar a atenção para três eixos que me parecem fundamentais nesse potencial de formação: a interação com as tarefas educativas, a interação com os outros e a interação de cada um consigo próprio.

A) INTERAÇÃO COM AS TAREFAS EDUCATlVAS De tanto utilizarmos a expressão "aprendese a fazer fazendo", valorizamos a prática, mas não lhe

damos o verdadeiro valor epistêmico que nela se esconde. Estamos habituados a atribuir à expressão "aprender a fazer fazendo" o sentido da repetição acrítica, sem a preocupação de contribuirr para uma organização mental consciente e em contínua transformação. Todavia, a prática é um campo de observação e experimentação de inestimável riqueza, tendo a vantagem de não ser um laboratório artificial, mas sim um pedaço autêntico da realidade viva em que atuamos. Se à observação e à experimentação associamos a conceptualização e o levantamento de hipóteses de trabalho ou de compreensão dos fenômenos, então temos os ingredientes essenciais para o desenvolvimento do conhecimento: observação, análise, experimentação, avaliação e sistematização dos saberes.

B) INTERAÇÃO COM OS OUTROS O ser humano é um ser social, com um passado de saberes, um presente de atuação e uma

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responsabilidade pelo futuro. A humanidade tem uma história de vida coletiva. A ação dos professores, embora culturalmente determinada pelo aqui e agora, insere-se na história global da humanidade. Além disso, e não obstante a tendência que os professores manifestam para o individualismo, a organização do trabalho na escola é uma atividade coletivamente articulada, a qual implica destinos comuns, redes de comunicação e grupos de execução de tarefas. Os professores, portanto, não podem agir isoladamente.

Para além da interação com os alunos - que, se bem analisada, pode ser uma inesgotável fonte de desenvolvimento pedagógico -, os professores constituem-se como grupo de docentes em uma organização que se quer autoconhecer para melhor agir. Refiro-me aqui ao que designei por escola reflexiva, entendida como "organização que continuadamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua organização, e se confronta com o desenrolar da sua atividade em um processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo" (Alarcão, 2001, p. 25). Nesse processo de qualificação na ação, os docentes não podem esquecer a interação com o saber construído pelos outros, seus contemporâneos ou seus antepassados, aqueles cujo pensamento apresenta referenciais teóricos que os ajudam a perceber o que fazem, por que o fazem e para que o fazem.

C) INTERAÇÃO DE CADA UM CONSIGO PRÓPRIO Retomando a idéia de que o ser é a essência da competência profissional, é fácil de compreender a

atualidade da grande máxima socrática: "Conhece-te a ti mesmo". Trata-se de uma interação intrapessoal com vistas ao autoconhecimento, à auto-reflexão, ao desenvolvimento de si como profissional-pessoa. Para concluir, sintetizarei o meu pensamento ao acentuar o caráter dialógico do cotidiano docente. A tripla interação a que aludi processa-se no dia-a-dia e tem como finalidade compreender em maior profundidade para agir com mais qualidade. Nessa perspectiva, a atividade docente não pode ser concebida como uma atividade simples, monótona, acritica, descomprometida, mas sim como uma atividade altamente complexa e singular, que envolve os seres humanos na teia das suas vidas entrecruzadas e da história da humanidade. É por isso que gosto de dizer que os professores são profissionais do humano.

REFERÊNCIA ALARCÃO, I. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001. Revista PÁTIO Ano

X Nº 40 Nov 2006/Jan 2007 p. 16-19

Exercitando... • Retomando a atividade anterior, e a partir do texto lido, em seu imaginário, como se

apresenta o cotidiano do professor? E, conforme sua idealização de futuro, este cotidiano aparece ligado a seu futuro profissional? ________________________________________________________________________

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O profissionalismo do professor precisa estar pautado em saberes profissionais indispensáveis ao exercício da profissão. Tais saberes são construídos ao longo da formação e durante o exercício profissional. Com base nas experiências até agora vivenciadas e nas referências estudadas, reflita características que constituem o profissionalismo. Depois, para compreender melhor a importância desse tema, observe o seguinte depoimento de uma professora:

• Analisando esse depoimento você observa algum indicativo de que a professora está interessada em se dedicar ao crescimento profissional? Em que parte do depoimento isso fica evidente? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Será o exercício competente da profissão docente uma das prioridades da professora, que merece maior envolvimento de sua parte? Justifique sua resposta. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

“Eu sou professora, sempre quis ser professora. Na minha família muitas mulheres têm esse trabalho. O bom é que a gente pode trabalhar em casa, e, no tempo que sobra, vai dar aula. Acho que se eu tivesse que ser alguma outra coisa seria difícil, porque não tenho muito tempo, pois tenho dois filhos pequenos. Lá na escola a gente pega o livro, faz o que está escrito lá e pronto! Não há muito com o que se preocupar... Professor não ganha bem, mas dá para ajudar em casa”.

“Refletir sobre a profissão docente e sobre a atuação profissional, tanto individual quanto coletivamente, é um movimento necessário para que seja possível operar mudanças e para que se possa desenvolver entre os professores, um novo profissionalismo”. (Nóvoa, 2002).

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• A professora demonstra, a seu ver, estar engajada com a profissão, a fim de procurar conquistar melhorias para a classe docente? O que se faz necessário para conquistar tais melhorias? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

"A mente que se abre a uma nova idéia, jamais voltará ao seu tamanho original."

Albert Einstein

Todas as dinâmicas/vivências aqui apresentadas têm um valor relativo. Pode haver

excelente dinâmica de grupo numa aula expositiva, marcada por um clima de diálogo, e

péssima dinâmica de grupo com uma técnica muito movimentada, se o verdadeiro diálogo não

se estabelecer.

O que mais importa é o clima de liberdade, comunicação, participação, cooperação e

responsabilidade. As vivências devem estar em função deste clima, e sem ele correm o risco

de virar agitação e dispersão. No decorrer dessas vivências procuramos oferecer a experiência

da mudança no relacionamento, na forma de comando, na liderança, na comunicação, na auto-

imagem, na descoberta de si.

Alguns professores poderão se preocupar com o fato de que o tempo utilizado para o

desenvolvimento de um projeto como este venha “fazer falta” na execução do programa

tradicionalmente previsto na escola, porém, cabe lembrar que todo planejamento precisa ter

flexibilidade num mundo em constantes transformações, e todo conteúdo escolar deve

abranger aspectos cognitivos, afetivos, emocionais e sociais

e cabe ao professor mediatizar esse processo, contribuindo

para a formação humana e social de seus alunos.

A implementação de uma proposta como esta requer que

o professor reveja suas crenças, suas práticas e posturas

pedagógicas e que aprenda a olhar seu aluno como uma

pessoa singular, que saiba escutá-lo, que conheça suas

experiências de vida, seus sentimentos e angústias,

compartilhe seus sonhos, e possibilite sua formação integral.

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A aplicação deste material tem o objetivo de resgatar valores adormecidos nos seres

humanos e que são elementos de suporte como características, atitudes ou posturas que

sustentam as relações em sala de aula entre os alunos e entre alunos e professores, fazendo

com que estes se percebam indivíduos que podem trabalhar de forma colaborativa e assim

possibilitar o maior crescimento do grupo.

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ANEXOS Anexo 1 – Identidade e Auto-Estima

O desafio posto pela Pós-Modernidade à Educação, exigiu alternativas de respostas possíveis e pertinentes ao contexto sócio-histórico em questão. Dentre elas, destacamos as que poderiam estar vinculadas à auto-estima.

O final do século XX trouxe algumas interrogações que despertaram a necessidade de se buscar outros caminhos para atender demandas relativas a transformação de fatos em fenômenos psicológicos de cunho sócio-antropológico. Dentre eles, como um primeiro tópico a ser abordado, destacamos a ocorrência de situações historicamente reconhecidas e suas implicações na construção da Identidade. Em seguida, para o desafio posto pela Pós-Modernidade à Educação, uma possível alternativa de resposta poderia estar vinculada á auto-estima. Esta, sendo vista como um dos recursos participantes na construção do sujeito, merece atenção dos educadores que estão implicados no processo de aprender e preocupados com desenvolvimento humano. Para podermos abordar o entrelaçamento da identidade com a auto-estima como uma opção válida para a Educação, é necessário, por um lado, percorrermos o caminho seguido pelas “noções de sujeito” ao longo da história das ciências e suas respectivas considerações em termos filosóficos, pois elas são as referências para o entendimento das próprias definições de identidade. Por outro, esclarecer possíveis interferências da auto-estima no processo de aprender e sua importância nas práticas educativas. Auto-estima como resposta à demanda da Educação O desafio da Pós-Modernidade para a Educação tem exigido dos educadores uma pausa para a reflexão sobre as novas configurações que se apresentam no cotidiano: a família possível, os projetos realmente interativos, as necessárias equipes multiprofissionais para traçar as estratégias de ações educativas. Combinando o possível, o real e o necessário, podemos perceber a importância da Educação e sua presença no Desenvolvimento Humano. Este processo, que tem dinâmica própria, está atravessado pelos contextos sócio-históricos vividos, caracterizando a coexistência do que é singular e coletivo em um só tempo À medida que a criança se desenvolve, ela vai tendo uma percepção de si mesma. Inicialmente suas impressões advém das reações dos outros, do que manifestam sobre ela: Como é “espertinha”! Olha que “bonitinho” ela faz ! São expressões, por exemplo, que demonstram uma valorização positiva. Aos poucos, à impressão de si mesma vai se juntando o sentimento; ou seja, a pessoa começa a entender que se sente bem quando alguém diz que ela é “espertinha”. E, como isso é bom para ela, lhe da prazer, procura ser “espertinha” nas coisas que faz. Quando amplia seu universo de experiências, com companheiros, vizinhos, professores, além dos pais, suas habilidades de percepção vão se aprimorando, permitindo uma avaliação por si mesma (não mais somente pelos outros) e o surgimento de um senso de dignidade interior. Em uma palavra, o desenvolvimento da auto-estima. Assim, a auto-estima é algo que acontece nas pessoas, e se define como o sentimento de gostar de si mesmo. Diferente de auto-conceito, que refere-se a noção ou idéia que faço de mim; e auto-imagem que diz respeito à como me vejo. Ela vai sendo construída ao longo do desenvolvimento e por conta de sua amplitude de interferências tem sido um dos temas debatidos nos ambientes educativos, na atualidade. Porque, por um lado alimenta a criatividade e a inventividade; por outro, permite desvendar sentimentos da pessoa sobre ela mesma: orgulhar-se de seus empreendimentos, demonstrar suas emoções, respeitar-se, reconhecer os próprios talentos, investir em seus objetivos, promovendo um agir de maneira independente, com autonomia. Este sentir-se digno, gostar de si mesmo, acreditar em suas potencialidades, interfere no enfrentamento e na busca de soluções para situações-problema, inclusive encorajando o sujeito a ter iniciativa e ser criativo. Independentemente de idade, sexo, formação cultural ou instrução e trabalho, todos precisam ter auto-estima, pois esta afeta praticamente todos os aspectos da vida, ... as pessoas que se sentem bem consigo mesmas sentem-se bem a respeito da vida. Estão aptas a enfrentar e solucionar os desafios e responsabilidades com confiança. (Clark; Clemes; Bean , 1995, p. 15) A partir das considerações tecidas, vamos nos remeter agora ao ambiente escolar propriamente dito, como uma delimitação de campo a ser pensado, tendo como foco de atenção a relação professor — aluno. É, evidentemente, possível constatar a relevância do papel do professor no sentido de estimular o aluno a descobrir suas potencialidades, encorajando-o a acreditar que é capaz de realizar algo que pretende, instigando-o a ousar. Mas, para que isto ocorra, é necessário que o professor mostre, através de suas ações, que confia em si mesmo (como alguém dotado de capacidades) e que acredita no potencial do aluno. Deste modo, ele poderá demonstrar, na prática, a importância de sua figura no próprio desenvolvimento do aluno. E, o aluno, por sua vez, a interferência que promove no desenvolvimento do professor. Nesta perspectiva, investir no trabalho com a auto-estima emerge como uma das respostas possíveis para a demanda da Educação na Pós-Modernidade, pois desperta valores humanos que podem estar adormecidos pela turbulência do cotidiano. Excerto do texto de: DUPRET, Leila Identidade e Auto-Estima: O Entrelaçamento Possível à Educaçio da Pós-Modernidade. Disponível em http://www.ines.org.br/paginas/revista/espaco17/debate1.pdf

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Anexo 2: O Poder da Palavra

O Ser Humano é o único ser vivo no planeta Terra que utiliza a palavra como meio de comunicação intrapessoal (consigo mesmo) e interpessoal (com o outro). A palavra é um símbolo que expressa uma idéia, e está intrinsicamente relacionada com nossa mente. A mente, por sua vez, está relacionada diretamente com nossos sentimentos, com nosso corpo, com nossas atitudes e com nossas ações. A palavra escrita ou falada por nós tem grande influência na maneira como vivemos, pois é através dela que a maioria das pessoas se comunica com o mundo externo e até interno. Percebemos o poder que a palavra tem em nossa sociedade através de frases do tipo: "Dou-lhe a minha palavra !", "Quero a sua palavra.", "Dito e feito !" etc.

A palavra também está diretamente relacionada à capacidade de realização pessoal de cada um. Aquilo que acreditamos em nossas vidas são formuladas por frases que adotamos como verdade. Tais frases, também conhecidas por crenças, moldam a realidade à nossa volta.

Uma das maneiras de aumentar o poder de realização pessoal é alinhar a sua palavra com suas atitudes e ações. Algumas pessoas, ainda não conscientes dos inúmeros pensamentos que lhe afligem a mente, expressam verbalmente tudo que lhes vem à cabeça. Prometem, afirmam, pregam, sem perceber que suas atitudes e ações não condizem com aquilo que falam ou com o que foi dito. Tais pessoas dificilmente sentem-se realizadas ou capaz de realizar algo. Pode-se considerar que o poder da palavra destas pessoas está fraco. Algumas podem até conseguir uma aparente realização externa, mas o sentimento interno predominante não as satisfaz. Tal enfraquecimento de sua palavra vem da falta do estado de presença e, da conseqüente incongruência e desalinhamento entre a mente, o corpo, os sentimentos e as ações.

Uma forma de (re)fortalecer o poder de sua palavra é começar primeiro a perceber o que você diz à si mesmo e às pessoas à sua volta. Com o desenvolvimento desta atenção e percepção mental, você começará a notar que muitas frases que diz são crenças assimiladas de seus pais, professores, da sociedade ou de suas próprias experiências que o(a) marcaram no passado. Ao tomar consciência destes padrões você aumenta suas possibilidades e tem a escolha de seguir por um outro caminho. Neste ponto, é importante agir a partir daquilo que foi dito ou escolhido por você. Às vezes, a mente, ainda muito influenciada pelos antigos padrões, poderá encontrar maneiras para você não agir conforme ela mesma havia dito. Talvez venham pensamentos lhe dizendo que não há tanta importância em fazer aquilo que se prometeu, ou ela pode até mesmo gerar sensações de cansaço ou preguiça. Fique atento e esteja presente para possíveis sinais de auto-sabotagem como estes.

Uma outra dica para alinhar aquilo que você fala com o que você faz é começar com pequenas coisas. Por exemplo, ao marcar compromissos, por mais triviais que possam parecer, cumpra-os. Se você for solicitado a ir ou fazer algo que não tem tanta certeza que quer ou pode cumprir, peça um tempo para refletir e responder com mais calma.

Com a prática, o hábito de estar presente e atento à sua mente, seu corpo, seus sentimentos e suas atitudes, será tão natural que tudo aquilo que expressar verbalmente ou não, terá um grande poder de realização interior e em todo o campo à sua volta.

Autor: Saulo Fong – Disponível em <http://institutouniao.com.br>

Anexo 3: SER PESSOA

O que me torna pessoa é o fato de que posso “agir por mim mesmo”, tomar minhas próprias decisões, buscar coisas novas, refletir sobre o que pretendo fazer e faze-lo, posso pintar, desenhar, compor letras, poemas, canções.

Tenho autonomia: posso distinguir o que me convém ou não, tenho valores que me permitem ser cada vez melhor, posso empenhar-me em respeitar a mim mesmo e a meus colegas. Posso ser eu.

Agir por mim mesmo significa ter voz própria, jeito próprio de andar, modos de agir e comportamentos que mostram a minha personalidade e minha forma peculiar de ser.

Agir por mim mesmo significa: ser capaz de satisfazer minhas necessidades materiais – comer, vestir, tomar banho – e também minhas necessidades afetivas e espirituais: amizade, amor e o sentimento de pertencer a um grupo, a uma família, sociedade em que vivo e à natureza.

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Pessoa é um ser capaz de viver em sociedade, de assumir atitudes de cooperação, ajuda e tolerância. Tem um autoconceito positivo, reconhece suas potencialidades, tem fé em si mesmo.

Ser pessoa é sentir satisfação em dar e receber ajuda. É também sonhar com aventuras, ter fantasias e ilusões, exercer a liberdade com responsabilidade, saber que não é possível conseguir tudo o que se deseja. É, ainda, aceitar que existem conflitos e dificuldades, mas que é mais importante não se deixar derrotar e nunca considerar fracassado.

CANO, B. Ética: arte de viver: A alegria de ser uma pessoa com dignidade. v. 1. São Paulo: Paulinas,

2000. p.35-36

Anexo 4: A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES EM UM MUNDO MUTÁVEL

As problemáticas educacionais do nosso tempo fazem parte de um panorama mais amplo de mudanças sociais constantes, que complica a escolha de referentes seguros. Como explica o sociólogo Anthony Giddens, vivemos um período em que a produção intensa e acelerada de conhecimento “empurra” a vida social para fora dos ancoradouros da tradição. As relações sociais situam-se em contextos de espaço e tempo tão heterogêneos, que é difícil ter uma visão de conjunto. Assim, colocam-se sérias indagações sobre o papel que devem desempenhar as instituições sociais, entre elas, a escola. Os professores, como cidadãos que são e igualmente como profissionais que exercem sua tarefa nessas instituições sociais, vivem tal situação com dificuldades. As mudanças sempre geram incertezas, mas também, possibilidades. Vivemos uma transformação considerável do sujeito cognitivo, da ciência objetiva e da cultura coletiva, motivo pelo qual precisamos aprimorar nossas capacidades para compreender e para transmitir. Hoje, ensinar de acordo com o que entendemos por conhecimento, segundo Benejam (2005, p. 104): “não implica apenas a formação de uma mente ordenada e pensante, mas devemos abordar claramente e

de maneira inseparável o campo dos valores. Entendemos a liberdade como capacidade de consciência, como capacidade de pensar por si mesmo, como capacidade de escolher. Entendemos a igualdade como capacidade de dúvida e de reconhecimento da necessidade de comunicação com os outros(...). ninguém se constrói sem a idéia de conflito, sem chegar a sentir a intranquilidade que dá a distância entre o que se é e o que se deveria ser, e essa inquietação é o princípio da cooperação”.

É na sala de aula de uma escola que se cristalizam os conflitos que põem à prova a qualidade dos professores, assim como suas condições de trabalho. As salas de aula constituem um espaço socialmente necessário em face do desaparecimento de outros espaços públicos, em benefício de um individualismo difuso de massas. A sociedade encaminha-se para um mundo onde é cada vez maior a incidência de redes virtuais, que eliminam os parâmetros de espaço e tempo presenciais nas relações pessoais e distribuem os fluxos informativos, menosprezando o protagonismo que até então pertencia às instituições. Essa evolução social, positiva em muitos aspectos, põe em xeque algumas funções da escola, uma instituição localizada no importante cruzamento entre a esfera pública e a esfera privada dos indivíduos, mas também enfatiza sua transcendência.

O interesse da educação escolar contemporânea reside justamente no fato de que alunos diferentes escolarizam-se juntos, e a função dos professores consiste na busca de estratégias que convertam as salas de aula em lugares propícios para o ensino e a aprendizagem. O caráter comunitário da escola é mais relevante do que nunca, visto que ela tem a possibilidade de se converter em um âmbito no qual se pratique uma racionalidade baseada no diálogo, na aceitação do conflito e em sua superação mediante a negociação. Assim, a formação do docente deve ter como um de seus eixos centrais essa concepção comunitária, cooperativa e inclusiva da educação.

O ensino, em suas diferentes etapas, tem como desafio situar a aprendizagem das crianças em um processo aberto a partir de sua própria biografia, com o objetivo de apurar sua habilidade diante das inseguranças e de melhor compreender os fenômenos sociais contemporâneos. Como assinala Beck (1998), quando uma quantidade cada vez maior de pessoas deixa-se levar por relações que não são capazes de entender, de dominar ou de ignorar por seus próprios meios, aumenta a conflituosidade social. Desse modo, o que ocorre na sala de aula já não se explica em termos de uma causalidade linear, mas forma um conjunto complexo, no qual as explicações são provisórias e plurais, enquanto os modelos psicopedagógicos baseados no automatismo causa-efeito - bastante arraigados no pensamento implícito de muitos professores - mostram-se insuficientes.

A adoção de uma perspectiva cultural, artística e comunicativa da aprendizagem escolar deve levar em conta tanto a coletividade quanto a individualidade. O grupo-classe não tem sentido se não acolher as

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especificidades e as diferenças individuais; somente a partir delas, e não sem elas, pode-se avançar juntos. Hoje, os mecanismos que pressionam no sentido da conformidade são fortes em todas as idades. Ainda que a retórica geral, os discursos oficiais e os textos legais defendam uma pedagogia da diversidade, é igualmente verdade que existe menos tolerância do que parece. E não me refiro apenas a grupos culturais, etnias ou grupos sociais diferentes, mas também às características de personalidade, de estilo de cada indivíduo.

A organização de um contexto plural, ou seja, laico, não é possível se não se tiver presente que as práticas escolares são inter-relacionadas, devido às influências diversas e contraditórias que existem na sociedade, motivo pelo qual a construção do currículo escolar desenvolve-se em um terreno de conflito mais do que em um âmbito estável de relações. O currículo depende da maneira como se distribuem os bens e serviços em uma sociedade. Conseqüentemente, a necessidade de compreender o currículo como uma questão cultural é um elemento importantíssimo na formação dos docentes. A educação contemporânea deve mover-se em uma constante oscilação entre estabilidade e precariedade dos conhecimentos, deve propor estratégias didáticas em meio a crenças não-consensuais em seu meio social e deve priorizar determinadas informações em meio a contradições culturais evidentes. As dificuldades de "visibilidade" da tarefa docente tornam necessário aprofundar-se na autonomia que permita agir tanto em função de tarefas acadêmicas quanto em função de um clima externo à instituição escolar. A autonomia docente implica, portanto, romper com uma excessiva dependência administrativa, que acaba levando a uma dependência moral. É por isso ainda que a discrepância deve ter um lugar de destaque se aceita mos a pluralidade e a laicidade como valores centrais da educação pública.

É preciso que a formação inicial hoje dê um salto adiante. As dimensões e a duração dessa formação inicial indicarão nitidamente a importância que a sociedade atribui ao trabalho dos professores para além das declarações retóricas e, por que não dizer, de uma certa hipocrisia. Esperamos ainda que as diferenças de formação entre os professores nas várias etapas educativas sejam diferenças apenas de modalidade, de especialização, mas que todos os docentes sejam valorizados da mesma maneira, independentemente da etapa educacional em que trabalhem.

Até aqui apontei alguns dos fatores essenciais na definição da profissionalização docente: a escola como âmbito comunitário e cooperativo, a construção cultural do currículo, a adoção da autonomia intelectual, etc. Esses fatores obrigam a reorientar a armação dos professores, que não pode mais se fundamentar em uma concepção que reduz a prática a uma mera aplicação. A docência contemporânea deve incluir a capacidade de tolerar a incerteza. Isso pode criar problemas – e, de fato, cria para uma parte dos professores.

Por isso, os estudos sobre a evolução das profissões, em geral e da profissão docente, em particular, insistem no fato de que esta não é adquirida de um dia para outro, e sim progressivamente, mediante uma formação que deve integrar-se ao itinerário biográfico da pessoa e mediante uma evolução da profissionalização entendida em sentido amplo: "Deveria ser a questão prioritária na formação docente compreender a vida emocional dos professores, seus sentimentos em relação ao seu trabalho levar em conta sua vida emocional e os contextos em que se desenvolve de forma que a cultivem positivamente, evitando destruí-la", conforme Hargreaves (1999, p. 136).

A formação dos docentes está muito próxima das necessidades administrativas dos sistemas e deve avançar mais na direção de formar pessoas dispostas a enfrentar as incertezas da mudança, capazes de suportar o reality shock, o contato com a realidade; pessoas receptivas a um ambiente educacional que é o resultado e o espelho de uma sociedade contraditória e heterogênea, dispostas a aceitar o conflito como elemento indispensável para crescer coletivamente. “Os problemas são nossos amigos” afirma Fullan (1994, p. 159). A formação inicial dos professores deverá, portanto, aprofundar-se em todas as atividades nas quais o futuro docente possa ter a oportunidade de avaliar diretamente conflitos de caráter cultural, de trocar pontos de vista com seus colegas, de enfrentar dilemas morais, de intercambiar contatos e experiências, de desenvolver práticas de aprendizagem em ambientes socioculturais diferenciados, etc. Afinal, uma das primeiras tarefas do professor é a de se educar nas condicões em que terá de educar. É a partir do conhecimento das condições em que se efetiva a tarefa docente que as mudanças poderão caminhar na direção desejada. É por isso também que a revisão da formação inicial passa por reforçar um itinerário bidirecional, de mútua interlocução entre a universidade e as escolas. As instituições de formação inicial devem fomentar uma prática e uma pesquisa educacionais em dois sentidos: 1) aumentar seu protagonismo, assim como o interesse pela formação nas universidades; 2) possibilitar que os futuros professores estejam em contato com docentes experientes e com pesquisadores das diferentes disciplinas, seja no âmbito universitário, seja no não-universitário. Nessa linha, os governos devem reconhecer com maior clareza o papel das instituições educacionais não-universitárias como capacitadas para a inovação e a pesquisa. Nelas se produz teoria e se recria a prática.

Em suma, uma educação plural impõe necessariamente rever o caráter da formação inicial dos professores e o papel da universidade nesse campo. Não basta pedir ou desejar que os professores estejam capacitados para resolver os conflitos que o exercício da prática docente supõe; é preciso implementar modificações profundas na estrutura, na organização e nos conteúdos da formação dos professores. Uma formação inicial renovada deve passar por uma formação científica e acadêmica o mais rigorosa possível, com uma necessária formação pedagógica. "Em alguns países, criticase o fato de o sistema ignorar a pedagogia; em

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outros, ao contrário, de privilegiá-la excessivamente. As duas competências são necessárias, e nem a formação inicial nem a formação permanente deve ser sacrificada em nome da outras" (Delors, 1996, p. 135).

Falta uma formação da perspectiva globalizante, que permita a especialização posterior, assim como uma formação aberta a novos procedimentos não-convencionais de aprendizagem, mediante o exemplo, o treinamento, a reflexão e a discussão da prática, em um itinerário que transite permanentemente da prática à teoria e retorne à prática; uma formação com apoio emocional; uma formação que inclua a elaboração de experiências de aprendizagem, os estudos de casos e as pequenas pesquisas sobre realidades específicas; uma formação que não apenas ensine aos futuros professores como ensinar, mas que, ao mesmo tempo, os forme para que continuem aprendendo em contextos escolares diferentes e no âmbito de uma sociedade plural.

TORT, ANTONI. A formação dos professores em um mundo mutável. PATIO ano XI, nº 42 Mai/jul/2007 p. 40-43

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

1. Nome: ___________________________________________ Idade: ________________ 2. Cidade onde nasceu:________________________________ Estado:________________ 3. Em quantas escolas já estudou? ______________ Quais? ___________________

________________________________________________________________________ 4. Reprovou em alguma série?________________Qual?__________________________ Por

que?____________________________________________________________________ 5. Quantos anos estuda nesta escola?_____________________________________________ 6. De qual professor mais gosta?____________________________ Por que?

________________________________________________________________________ 7. Qual professor passou pela sua vida de que você recorda com carinho e tem saudade?

___________________ Por que?______________________________________________ 8. De qual professor que passou pela sua vida que você não gosta nem de lembrar?

_____________________ Por que? ___________________________________________ 9. Qual fato de sua vida mais o marcou:

Positivamente:____________________________________________________________________________________________________________________________________Negativamente: __________________________________________________________-________________________________________________________________________

10. Qual a matéria (disciplina) mais difícil e por que? ________________________________________________________________________

11. Relate uma situação ou acontecimento que ocorreu em sala de aula e que lhe proporcionou muito prazer: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Relate uma situação ou acontecimento que ocorreu em sala de aula e que o tenha deixado muito magoado(a): ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. Gosta de vir para as aulas? Por que? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

14. Gosta de vir para a escola? Por que? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15. Do que mais gosta na escola? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16. Como você estuda? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

17. Quando você estuda com garra, com vontade? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

18. Qual disciplina que você mais gosta e por que? ________________________________________________________________________

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FICHA DE ACOMPANHAMENTO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO – PDE

Encontro:___________ Data:___/___/___

1. TÉCNICA:________________________________________________________________

1.1 Integração do grupo e interesse pelo trabalho: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1.2 Destaques do encontro: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1.3 Dificuldades encontradas: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1.4 Idéia central discutida pelo grupo: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. PARA REFLETIR

2.1 Nível de entendimento/aceitação no grupo: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2.2 Pertinência/associação com a idéia principal: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. EXERCITANDO

3.1 Questões elaboradas X conteúdos discutidos: a)Claras:_________________________________________________________________________________________________________________________________________b)Confusas:______________________________________________________________________________________________________________________________________

4. ATUAÇÃO DO PROFESSOR

4.1 O que mais chamou atenção:_________________________________________________

4.2 Dificuldades encontradas:___________________________________________________

4.3 sentimentos vivenciados:____________________________________________________

4.4 O que aprendeu:___________________________________________________________