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FICHA PARA CATÁLOGO · 2014. 4. 22. · 4 PARQUE MEMORIAL QUILOMBO DOS PALMARES E O PATRIMONIO HISTÓRICO – CULTURAL NO ENSINO DE HISTÓRIA Professora PDE: Edileusa Silva Fagá

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FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: Parque Memorial Quilombo dos Palmares e o Patrimônio Histórico-Cultural no Ensino de História.

Autor Edileusa Silva Fagá

Escola de Atuação Escola Estadual "Moreira Salles" – Ensino Fundamental

Município da escola Moreira Sales

Núcleo Regional de Educação

Goioerê

Orientador Jorge Pagliarini Junior

Instituição de Ensino Superior

Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão

Disciplina/Área (entrada no PDE)

História

Produção Didático-pedagógica

Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

Antropologia, Geografia e Sociologia

Público-Alvo

Alunos da 8ª Série

Localização

Escola Estadual "Moreira Salles" – Ensino Fundamental, Avenida João Adamo, n° 605 – Moreira Sales, PR.

Apresentação:

As discussões teóricas a respeito da produção do conhecimento histórico desafiam os historiadores a repensarem suas fontes, bem como suas metodologias. A proposta deste trabalho é desenvolver atividades sobre o estudo do patrimônio histórico- cultural do Quilombo dos Palmares (entidade situada na Serra da Barriga, Alagoas), enquanto material potencializador de discussões sobre questões étnicas, culturais e do próprio acesso à terra, junto aos alunos da 8ª série da Escola Estadual "Moreira Salles" - Ensino Fundamental. O acervo de Palmares será apresentado aos alunos por meio de estudos de textos historiográficos, fotografias, mapas, vídeos, slides,

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pesquisas e o material coletado e produzido pela professora do projeto na visita feita ao Quilombo dos Palmares e á comunidade Muquém (situada no pé da Serra da Barriga). O acesso ao patrimônio histórico de Palmares insere o aluno num universo referente ao presente vivido e no que diz respeito à própria política de preservação histórica atual.

Palavras-chave Patrimônio Histórico. Quilombolas. Resistências.

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO .............................................04 2 INTRODUÇÃO ...................................................05 3 PROPOSTAS DE ATIVIDADES ........................07 UNIDADE I ............................................................07 A Travessia África-Brasil .......................................07 UNIDADE II ...........................................................13 O Quilombo dos Palmares ....................................13 UNIDADE III ..........................................................19 Parque Memorial Quilombo dos Palmares............19 UNIDADE IV ..........................................................27 Comunidade Remanescente Muquém..................27 UNIDADE V ...........................................................30 Pesquisa: Patrimônio – Cultural e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares ........................30 4 ORIENTAÇÕES/ RECOMENDAÇOES AOS PROFESSORES.....................................................31 5 PROPOSTA DE AVALIAÇÃO.............................31 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................33

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PARQUE MEMORIAL QUILOMBO DOS PALMARES E O PATRIMONIO

HISTÓRICO – CULTURAL NO ENSINO DE HISTÓRIA

Professora PDE: Edileusa Silva Fagá

APRESENTAÇÃO

Esta Unidade Didática norteia-se nas propostas do PDE Programa de

Desenvolvimento Educacional do Paraná, Turma 2010. As atividades do

Programa foram realizadas em parceria com a Faculdade Estadual de Ciências

e Letras de Campo Mourão – FECILCAM, na área de História sob a orientação

do Professor Me. Jorge Pagliarini Junior. E problematiza o tema: Parque

Memorial Quilombo dos Palmares e o Patrimônio Histórico-Cultural no Ensino

de História.

O trabalho tem por objetivo principal propiciar o acesso dos alunos a

uma gama de discussões acerca da importância da preservação histórica local

e, assim, orientar a produção de conhecimento a partir do estudo do patrimônio

histórico do Quilombo dos Palmares. Da mesma maneira, objetiva produzir

subsídios para ser repensadas temáticas já presentes nos currículos do ensino

da disciplina de história, inserindo o aluno num universo referente ao seu

presente vivido no que diz respeito à própria política de preservação histórica.

Para que este estudo atinja os seus objetivos, elaboramos uma Unidade

Didático-Pedagógica que está subdividida em quatro unidades menores. Na

primeira dessas unidades menores será abordada a travessia dos escravos

negros da África para o Brasil; na segunda unidade se apresenta o histórico do

Quilombo de Palmares; na terceira unidade serão estudados Patrimônio

Histórico-Cultural e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares; e, na quarta

unidade, serão desenvolvidas pesquisas e apresentações sobre o Patrimônio

Histórico-Cultural e o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Esta Unidade Didático-Pedagógica será implementada no 2º semestre

do ano de 2011, para os alunos de 8ª série, na Escola Estadual "Moreira

Salles" – Ensino Fundamental, na cidade de Moreira Sales – Paraná.

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Introdução

Milhões de pessoas escravizadas foram transferidas para o Brasil nos

séculos XVI e XVII, vindos de vários locais da África. O povo negro, oriundo de

muitas e diferentes etnias africanas, foi arrancado de suas terras de origem e

vendido como mercadoria na América, incluindo o Brasil.

Naqueles séculos iniciais do Brasil Colônia, apesar do medo e por

sofrerem constantemente, os escravos fugiam sempre, fugiam para as matas e,

em lugares de acesso muito difícil, formavam os quilombos.

Segundo Clóvis Moura:

[...] a primeira referência sobre o termo “quilombo” se encontra em documentos oficiais portugueses datados de 1559, que assim define: “Toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, e ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles”. (MOURA, 1981, p. 16). [...] O maior e o mais conhecido quilombo de todas as Américas foi o de Palmares, datado dos fins do século XVI, situado na Serra da Barriga, atualmente em Alagoas. (BOTELHO, NASCIMENTO e FARIAS, 2007, p. 68).

Organizaram-se várias expedições oficiais, patrocinadas pelo governo

português, por senhores de engenho e por fazendeiros interessados em acabar

com Palmares. A destruição do mocambo principal, Cerca Real dos Macacos,

em 1695, pelo bandeirante Domingos Jorge Velho e seus aliados, coloca o fim

de um império negro:

[...] em 1986, o último reduto palmarino, a Serra da Barriga, foi tomada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. [...] A Serra da Barriga, situada no município de União dos Palmares – AL, a 83 km de Maceió, constituiu-se num sitio histórico onde se localizava o Quilombo dos Palmares. [...] na década de 80, foi reconhecido pelo governo federal como monumento nacional pelo Decreto nº 95.855. (BOTELHO, NASCIMENTO e FARIAS, 2007, p. 70).

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Atualmente, a Serra da Barriga abriga o Parque Memorial Quilombo dos

Palmares. É ali que o país homenageia a epopeia palmarina, sendo essa

memória oficial inspirada nas referências históricas conhecidas, partindo de

uma releitura das expressões culturais afro-brasileiras e indígenas.

Para um estudo pessoal mais aprofundado sobre o Parque Memorial

Quilombo dos Palmares surgiu a necessidade de um reconhecimento in loco na

Serra da Barriga e então surgiu a ideia de uma pesquisa. Esta pesquisa de

campo foi fundamental para o conhecimento do Quilombo contemporâneo de

Muquém, o mais próximo do complexo do Quilombo dos Palmares.

Junto com informações sobre essa jornada de estudos no local, também

serão aqui abordados alguns assuntos considerando o potencial do trabalho de

patrimônio histórico em sala de aula, especificamente nas aulas de história; o

patrimônio cultural fortalece a relação das pessoas com suas heranças

culturais, estabelecendo um melhor relacionamento delas com esses bens,

percebendo sua responsabilidade pela valorização e pela preservação do

patrimônio, fortalecendo a vivência real com a cidadania, num processo de

inclusão social. Sobre isso destaca Ribeiro:

Patrimônio remete ao passado; porém, ele não pode ser avaliado apenas à luz do que representou. É preciso reconhecer novos usos e perspectivas de interação com a sociedade que o define a partir de elementos que compõem sua identidade cultural. (RIBEIRO, 2005, p. 11).

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Propostas de Atividades

Unidade I _ A Travessia África-Brasil

Antes de iniciar o desenvolvimento do nosso trabalho, os alunos serão

informados sobre o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), do

governo do Paraná, e sobre o assunto a ser abordado no nosso Projeto

“Parque Memorial Quilombo dos Palmares”.

Neste momento, algumas perguntas orientarão esta primeira atividade

de produção de conhecimento:

a- O que significa a palavra patrimônio? E patrimônio histórico-cultural?

b- O que significa dizermos que um patrimônio pode ser classificado

tanto como patrimônio material quanto como patrimônio imaterial?

c- Quais são os padrões escolhidos para se estabelecer que um lugar,

uma construção ou uma cultura material ou imaterial será eleito/a

como patrimônio histórico?

d- Até que ponto um lugar distante ou pouco conhecido pode ser

entendido como patrimônio histórico?

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Trabalhando com mapa

Acompanhe no mapa a distribuição de escravos negros no Brasil

Colonial e as principais regiões de origem dos negros trazidos para o Brasil.

Mapa – O Tráfico Negreiro (Séculos XVI – XIX)1

Fig.01

1- Analisando o mapa acima, responda ao que se pede:

a) Qual é o título do mapa?

b) Cite regiões de origem e portos de embarque dos africanos escravizados e

enviados para o Brasil.

c) Cite as principais cidades brasileiras que recebiam os escravos.

1 Mapa Tráfico Negreiro. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2547-.pdf?PHPSESSID=2010012208174796. Acesso em: 24/07/2011.

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Texto I

A expansão marítima, entre outras coisas, significou a escravidão dos

africanos. Milhões de pessoas escravizadas foram transferidas para o Brasil

até o século XVII vindos de vários locais da África, Carmo e Couto assim

relatam:

“Brutalmente arrancados de suas comunidades e vendidos aos traficantes, os escravos ainda tinham que suportar a longa travessia do Atlântico, que durava de cinquenta a setenta dias aproximadamente, em condições totalmente desumanas”. [...] Os escravos quando chegavam ao Brasil, permaneciam por vários dias isolados para se recuperar da viagem, ganhar peso e adquirir um aspecto saudável. Depois ficavam expostos em mercados, à espera de compradores que os conduzissem finalmente ao seu destino. (CARMO e COUTO, 1994, p. 71)

Assim, portanto, ao chegarem ao Brasil, os africanos eram alvos

constantes de práticas violentas e de castigos por parte dos senhores de

engenho. Carmo e Couto assim acrescentam, “A maioria dos negros ia

trabalhar nas lavouras de cana, nos engenhos de açúcar ou nas casas dos

grandes fazendeiros.” (CARMO e COUTO, 1994, p. 71)

Segundo Boulos:

“Os escravizados trabalhavam de 12 a 15 horas por dia: começavam entre 4 e 5 horas da manhã e iam até o anoitecer. [...] O homem trabalhava como agricultor, carpinteiro, ferreiro, pescador, carregador e em várias outras funções. A mulher cultivava a terra, cuidava dos doentes, colhia e moia a cana, lavava, passava, fazia partos, vendia doces e salgados etc. (BOULOS, 2009, p. 16)

Os escravos negros quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos

capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta. Apesar

do medo e por sofrerem constantemente, os escravos fugiam sempre, fugiam

para as matas e, em lugares de acesso muito difícil, formavam os quilombos.

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Atividades

1 – Leia o texto, reflita e responda às questões propostas para as discussões.

a) Quais eram as formas de aquisição dos negros na África.

b) Como era a travessia da África para o Brasil?

c) Cite as principais funções desempenhadas pelos negros escravizados.

d) Monte um quadro sobre a vida dos negros escravizados, destacando:

Trabalhando com filme

Assistiremos a um trailer do filme “Amistad” (1997), produzido por Steven

Spielberg, que retrata situações de sofrimento durante a viagem dos escravos

trazidos da África para a América. Acesso em: 22 jun. 2011. Disponível em:

<http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=10

053>.

Fonte: Portal Dia-a-Dia. Acesso: 22 jun. 2011

Trabalho Castigos Alimentação

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Atividade:

1- Reflita sobre as seguintes questões suscitadas pelo filme:

a) Como os negos eram aprisionados em suas terras de origem?

b) Descreva a cena que mais chamou a sua atenção.

c) As cenas demonstram alguma forma de resistência dos escravos?

Texto II

Os africanos foram arrancados de sua terra e trazidos para a América,

para trabalhar como escravos.

Segundo Vicentino:

(...) muito antes de os europeus iniciarem a expansão ultramarina, existia na África uma imensa diversidade de grupos humanos, cada qual com modos específicos de vida, línguas e culturas. Algumas dessas sociedades desenvolveram complexas formas de organização social e política, chegando a construir grandes impérios. (VICENTINO, 2010, p. 128).

Alguns reinos em destaque segundo Vicentino:

Reino de Kush: Situado na região da Núbia; região rica em ouro e

intermediária no comércio entre Egito e África Central;

Reino de Aksum: Norte da África; região da atual Etiópia; comércio

externo;

Reino de Cartago: Norte da África; grande desenvolvimento comercial;

domínio dos poderosos comerciantes;

Reino Sangai: Desestruturado pelos ataques dos povos do norte africano e

dos portugueses no século XV, interessados no ouro e escravos;

Reino de Benin: Fundado no século XV pelos iorubas ou nagôs; área de

captura de escravos por vizinhos rivais; muitos africanos de origem nagô

que vieram para o Brasil provinha desse reino.

Vicentino ainda acrescenta:

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A escravidão existia na África desde a Antiguidade (...) quase sempre de forma doméstica (...). Os escravos eram integrados à vida familiar, e seu uso representava prestigio e poder. Eram escravizados pelos mais variados motivos: punição por crimes, pagamento de dívidas, prisioneiros de guerra, garantia como penhor, etc. A antiga escravidão africana não tinha sentido capitalista que lhe foi emprestado pelos europeus a partir do século XV, interessados no lucro resultante desse comércio humano, fundamental para a acumulação de capital no mundo da Idade Moderna. Com a chegada dos islâmicos depois do século VII, e principalmente dos europeus, a partir do século XV, a questão da escravidão e do tráfico de escravos ganharia novas dimensões e desdobramentos. (VICENTINO, 2010, p. 129-133)

Atividade:

1 – Em dupla, faça um quadro comparativo sobre os reinos africanos contendo

os seguintes tópicos:

a) região;

b) época;

c) características principais.

2 – Cite as características da escravidão africana antes da chegada do

islamismo e, principalmente, antes da chegada dos europeus.

3 – Leia, reflita e responda:

a) Qual é o valor ou quais são os valores atribuído/s ao trabalho na nossa

sociedade? Ele ainda é considerado enquanto algo negativo? Justifique.

b) Os africanos trazidos enquanto escravos para o Brasil tinham o mesmo

entendimento que os nobres portugueses sobre a palavra trabalho?

Justifique.

c) Nossa sociedade ainda permanece preconceituosa em relação às divisões

de trabalho. Por exemplo, ainda há pessoas que afirmem que certo povo ou

etnia possui maior ou menor predisposição ao trabalho. Ou ainda, também

existe um preconceito ao afirmarmos que um povo ou etnia possui maior

disposição para trabalhar do que outras, no que se refere ao trabalho

braçal. Comente essa afirmativa em grupos.

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Unidade II_ O Quilombo dos Palmares

Observar nos mapas a localização de Alagoas e a região de Palmares.

Fig.02

Fonte: <http://www.igeduca.com.br/misc/quilombo_palmares/bancoimagens.htm>.

Acesso em: 13 maio 2011.

A seguir fazemos um questionamento com as seguintes questões:

- Já ouviram falar sobre o Quilombo de Palmares?

- Como Palmares foi formado?

- Como está Palmares na atualidade?

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Trabalhando com textos

Quilombo dos Palmares

Apesar do medo e por sofrerem constantemente, os escravos fugiam

sempre, fugiam para as matas e, em lugares de acesso muito difícil, formavam

os quilombos.

Segundo Clóvis Moura, a primeira referência sobre o termo “quilombo”

se encontra em documentos oficiais portugueses datados de 1559, que assim

define: “Toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, e ainda que

não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles” (MOURA, 1981,

p. 16).

O foco mais famoso de resistência negra contra o escravismo foi o

quilombo de Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, no seio de uma

densa mata de palmeiras cortada por muitos rios.

Palmares, que começou a se organizar no início do século XVII, chegou

a abrigar mais de 20.000 negros que fugiram das fazendas canavieiras

(VICENTINO, 2010, p. 237-238).

Segundo Edison Carneiro, a floresta acolhedora de Palmares serviu de

refúgio a milhares de negros que escapavam dos canaviais, dos engenhos de

açúcar, dos currais de gado, das senzalas das vilas do litoral, em busca de

liberdade e de segurança, subtraindo-se das regiões da escravidão e das

sombrias perspectivas da guerra contra os holandeses (CARNEIRO, 1996, p.

01).

Palmares sobreviveu por várias décadas. Sob um de seus líderes,

Zumbi, conseguiu derrotar diversas expedições militares de holandeses, de

portugueses e de fazendeiros, organizadas com o objetivo de exterminá-lo. O

Quilombo sucumbiu, em 1695, às tropas portuguesas comandadas pelo

bandeirante Domingos Jorge Velho. Nesse mesmo ano da derrocada final de

Palmares, Zumbi foi morto e degolado pelos bandeirantes. Sua cabeça foi

levada como troféu para Recife.

(VICENTINO, 2010, p. 239).

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Atividade:

1- Com base no texto:

a) Em dupla, fazer a leitura do texto, escrevendo as informações mais

relevantes e a seguir cada dupla deverá apresentar suas conclusões ao

restante da classe.

b) Pesquisar em livros e internet sobre a vida de Zumbi dos Palmares,

esquematizando os fatos mais importantes da viva desse líder negro e

apresentando ao restante da classe.

Quilombos no Século XVIII

Os quilombos prosseguiram enquanto moradia e refúgio de escravos

fugidos, de escravos forros (libertos) e demais moradores no decorrer de todo

século XVIII. Muitos desses lugares não ficavam mais como ficavam nos

séculos anteriores, tão distantes e isoladas. Em alguns casos, seus moradores

serviam de mão de obra para fazendeiros da sua região e estabeleciam

práticas de comércio com esses fazendeiros, com comerciantes e mesmo com

militares. Mesmo proibidos de prática de comércio, principalmente com

escravos fugidos, muitos militares aproveitavam da falta de controle do Estado

e vendiam produtos aos quilombolas. O texto a seguir trata da relação entre

comunidades e quilombolas nas Minas Gerais do século XVIII:

Em 1782, o alferes de dragões Pedro Gomes Barbosa, após receber

ordens do governador das Minas Gerais e do intendente geral do distrito

Diamantino, João da Rocha Dantas, organizou sua patrulha, composta por

dragões e por seis pedestres. Durante a realização das atividades, o oficial

confeccionou um diário que foi remetido ao capitão de dragões José Luiz

Saião.

O alferes Pedro Gomes partiu do arraial do Tijuco tendo recebido

determinações para averiguar denúncias de vendas ocultas que abasteciam

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quilombolas. Os envolvidos nessas práticas seriam o alferes Antônio Muniz de

Medeiros e o sargento-mor José Luiz França.

Ao chegar na residência do alferes Antônio Muniz, o comandante da

patrulha recolheu tudo o que se achava na venda e o alertou a não continuar

com o comércio, pois, caso contrário, seria preso.

Fonte: O comércio negro em terras diamantinas: práticas comerciais entre militares e quilombolas nas Minas Gerais do século XVIII. Disponível em: <http://www.fafich.ufmg.br/pae/apoio/ocomercionegroemterrasdiamantinas.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2011.

Dicionário:

Alferes - posto militar do Brasil Colônia correspondente hoje ao oficial

subalterno.

Dragões - corpo militar do Brasil Colônia, constituído por tropa regular e paga.

Pedestres - corpo militar do Brasil Colonial do século XVIII, ocupado na sua

maioria por escravos forros ou cativos, constituídos por tropa irregulares.

OBS: De acordo com o autor, os militares não poderiam exercer empregos,

pois, assim como ordenavam as prescrições militares do exército português, os

militares eram considerados nobres e, por isso, não poderiam exercer espécie

alguma de emprego. Entre eles, o de comércio.

1- Agora reflita:

a) Qual era a relação entre quilombos e vilas?

b) Geograficamente, os quilombos ficavam isolados? Justifique.

c) Qual era a relação entre militares e quilombola?

d) Como o governo entendia essa relação?

e) Por que os militares não poderiam exercer a prática de comércio?

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Trabalhando com filme

Nessa atividade assistiremos ao filme “Quilombo”, de Cacá Diegues, que

conta uma das versões construídas pela historiografia sobre a história da

Guerra de Palmares e de seus principais personagens, Zumbi e Ganga Zumba.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=oAeIXDbz2_Q>. Acesso em: 17 maio 2011.

TV multimídia, acesso: 22 jun. 2011.

Atividade

Discutir a questão da escravidão e o processo de resistência dos escravos.

Elaborar um debate em sala, enfatizando-se:

1- Quais informações possivelmente foram pesquisadas pelo diretor do filme

para construir a sua interpretação histórica?

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2- Existem outras versões diferentes a respeito da história de Palmares alem

da versão narrada pelo filme? Quais?

3- Destaque as divergências internas entre os próprios moradores de

Palmares.

4- Como a obra fílmica retrata a convivência até certo ponto pacífica entre

negros e alguns brancos.

4- Na conclusão do debate, lançar a pergunta: Podemos resumir os conflitos

representados pela construção de Palmares apenas entre uma disputa

entre negros e brancos? Justifique.

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Unidade III_ Parque Memorial Quilombo dos Palmares

Trabalhando com documento: Patrimônio Histórico.

Texto 1

Fig.03

Estação da Luz (cidade de São Paulo): patrimônio histórico. <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/patrimonio_historico.htm>

No Brasil, o interesse sobre o patrimônio histórico-cultural se intensificou

e ganhou significativa importância com a Constituição Federal promulgada em

5 de outubro de 1988, que estabelece:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,

artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os

sítios arqueológicos; IV - impedir a evasão, a destruição e a

descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico,

artístico ou cultural;

Art. 30. Compete aos Municípios: IX - promover a proteção do

patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação

fiscalizadora federal e estadual.

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No Brasil, existe um órgão ligado ao Ministério da Cultura que tem a

missão de classificar e preservar o patrimônio cultural brasileiro. Trata-se do

Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). De acordo com

as informações desse órgão, disponíveis em sua página online, podemos

classificar da seguinte maneira Educação Patrimonial e Patrimonial Cultural:

Toda vez que as pessoas se reúnem para construir e dividir novos

conhecimentos, investigar para conhecer melhor, entender e transformar a

realidade que nos cerca, estamos falando de uma ação educativa. Quando

fazemos tudo isso levando em conta alguma coisa que tenha relação com

nosso patrimônio cultural, então estamos falando de Educação Patrimonial.

Quanto ao conceito de Patrimônio Cultural, é o conjunto de

manifestações, realizações e representações de um povo, de uma

comunidade. Ele está presente em todos os lugares e atividades: nas ruas, em

nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus e escolas,

igrejas e praças. Nos nossos modos de fazer criar e trabalhar. Nos livros que

escrevemos, na poesia que declamamos, nas brincadeiras que organizamos,

nos cultos que professamos. Ele faz parte de nosso cotidiano e estabelece as

identidades que determinam os valores que defendemos.

Quanto mais o país cresce e se educa mais cresce e se diversifica o

patrimônio cultural. O patrimônio cultural de cada comunidade é importante na

formação da identidade de todos nós brasileiros.

Um patrimônio pode ser imaterial ou material:

Patrimônio Imaterial: A Unesco define como Patrimônio Cultural

Imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas

junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são

associados que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os

indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.

O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e

constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu

ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um

sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o

respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Patrimônio Material: O Patrimônio Material protegido pelo IPHAN, com

base em legislações especificas, é composto por um conjunto de bens culturais

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classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico,

paisagístico e etnográfico, histórico, belas artes, e das artes aplicadas. Eles

estão divididos em bens imóveis, como os núcleos urbanos, sítios

arqueológicos e paisagístico e bens individuais, e bens móveis como coleções

arqueológicas, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e

cinematográficos.

Os bens culturais materiais tombados podem ser acessados por meio do

Arquivo Central do IPHAN, que é o setor responsável pela abertura, guarda e

acesso aos processos de tombamento, de entorno e saída de obras de artes

do país. O Arquivo também emite certidões para efeito de prova e inscreve os

bens nos Livros do Tombo.

Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br>. Acesso em: 17 jun. 2011.

Atividades

1 – Leia o texto "Patrimônio Histórico", reflita e responda as questões

propostas:

a) Qual é o significado do termo patrimônio histórico.

b) O que é uma educação patrimonial?

c) Explique, com suas palavras, patrimônio imaterial e material.

d) No Brasil, qual é o órgão governamental que cuida do patrimônio?

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Painéis Informativos

Os textos apresentados a seguir representam um dos painéis

informativos para os visitantes do Parque Memorial de Palmares.

Texto 2

Fonte: Arquivo pessoal Edileusa Silva Fagá (dez. 2010)

Atividade

1- Ler o texto

2- Que tipo de documento é esse?

3- De acordo com o texto, qual é a importância do tombamento da Serra da

Barriga?

4- Quais são os cuidados que foram tomados ao se reconstruir o Parque

Histórico de Palmares?

5- Qual é a relação existente entre cultura material e imaterial?

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Texto 3

Fonte: Arquivo pessoal Edileusa Silva Fagá (dez. 2010)

Atividade

1- Comente sobre o episódio ocorrido na Serra da Barriga em fevereiro de

1694, destacando:

a- Quais foram os grupos que estavam se combatendo?

b- Qual foi o motivo desses embates?

c- Se você fosse um visitante do Parque Nacional de Palmares e

observasse esse informativo, qual seria sua conclusão sobre essa

disputa?

Trabalhando com música e imagens

Apresentação para os alunos de um clipe, com material fotográfico

coletado pela professora em visita ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares

com a música "Canto das Três Raças".

A letra da música "Canto das Três Raças" faz uma homenagem a todos

os povos que lutam pela paz e pela igualdade entre os homens.

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Canto Das Três Raças

Clara Nunes

Composição:

Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro

Ninguém ouviu

Um soluçar de dor

Negro entoou

Um canto de revolta

pelos ares

No Quilombo dos Palmares

Onde se refugiou.

Figura 4

Figura 5

Fonte: Arquivo pessoal Edileusa Silva Fagá (dez. 2010)

Adaptado de: <http://letras.terra.com.br/clara-nunes/83169/>. Acesso em: 17 jun. 2011.

Atividades

1- Identificar na música:

a) Titulo:

b) Compositor:

c) Intérprete:

2- Qual é o tipo de sentimento que podemos identificar na letra da música?

3- Quem recebe homenagem com a letra da música "Canto das Três Raças"?

4- O que mais chamou a sua atenção nas imagens apresentadas sobre o

Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na atualidade?

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Texto

Fig.06

Fonte: Gameleira Sagrada Edileusa Silva Fagá (dez. 2010)

Atualmente, a Serra da Barriga abriga o Parque Memorial Quilombo dos

Palmares.

Segundo Botelho, Nascimento e Farias:

A Serra da Barriga, situada no município de União dos Palmares – AL, a 83 Km de Maceió, constitui-se num sítio histórico onde se localizava o Quilombo dos Palmares. Na década de 80, foi reconhecida pelo governo federal como monumento histórico e em 21 de março de 1988 passa a ser considerada como monumento nacional pelo Decreto nº 95.855 (...) o último reduto palmarino, a Serra da Barriga já foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, o que veio imortalizar o local como símbolo de luta pela liberdade, com sua história de resistência à escravidão, sua organização social, política e cultural. (BOTELHO, NASCIMENTO E FARIAS, 2007, p. 70)

Como acrescenta Oscar Cardoso:

O Parque Memorial Quilombo dos Palmares conta com total estrutura: áreas de apoio ao visitante, locais para contemplação, restaurante, mirantes, uma réplica do Palácio onde viveu Zumbi dos Palmares, cabanas indígenas e fartas informações sobre o significado e a importância das lutas e experiências ali realizadas ao longo dos últimos 300 anos. (CARDOSO, 2011)

Algumas construções que compõem o primeiro complexo arquitetônico

de inspiração africana: Batucajé (Dança ao som de tambores), Onjó de Farinha

(Casa de Farinha), Ocas Indígenas, A Paliçada, Onjó Cruzambê (Casa do

Campo Santo), Muxima de Palmares (Coração de Palmares). (REVISTA

INFORMATIVA, 2010, p. 3-4)

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Atividade

1- Leia, reflita e responda:

a) Selecione as palavras desconhecidas do texto e pesquise seus significados.

b) Que fatores levaram a Serra da Barriga a ser tombada como Patrimônio

Histórico?

c) Escreva um pequeno texto sobre o Parque Memorial Quilombo dos

Palmares.

Trabalhando com imagem

1- Observe a foto da Lagoa Encantada dos Negros. Faça um pequeno

texto destacando a importância do local para os quilombolas.

Fig.07 Fonte: Edileusa Silva Fagá (dez. 2010)

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Unidade IV_ Comunidade Remanescente Muquém

Texto

Fica localizada em União dos Palmares, região da zona da mata.

O Quilombo contemporâneo de Muquém é o mais próximo do complexo

do Quilombo dos Palmares, Serra da Barriga.

Segundo Botelho:

Sua descendência ainda não foi estudada cientificamente para que pudéssemos fazer uma relação de suas origens com o Quilombo dos Palmares. Podemos dizer que são guerreiros e guerreiras, sustentando famílias com seus trabalhos – artesanato, o trabalho no corte da cana-de-açúcar, a agricultura de subsistência. Em relação à educação, existe uma escola municipal na qual estudam apenas as crianças, pois os adolescentes e jovens dirigem-se à sede do município, em União dos Palmares. (BOTELHO, NASCIMENTO e FARIAS, 2007, p.124).

A historia da comunidade Quilombola Muquém esta ligada à historia oral

e a memória coletiva.

Ainda acrescenta Botelho:

Muquém é uma das comunidades remanescentes de quilombos mais visitadas por turistas, pesquisadores e estudantes. Faz parte do complexo do Quilombo dos Palmares, praticamente no pé da Serra da Barriga. Tem, por tradição secular, a produção de artesanato com barro praticamente todas as famílias trabalham ou já trabalharam com esse tipo de artesanato, rústico e com todas as características singulares da arte popular e quilombola. Dona Irinéia, que já recebeu prêmio até da UNICEF, aprimora sua técnica produzindo peças diferenciadas, como esculturas, miniaturas, que são criadas a partir de inspirações de seu cotidiano. (BOTELHO, NASCIMENTO e FARIAS, 2007, p.126 e 128.)

Fig.08 Fonte: Esculturas de Dona Irinéia Arquivo pessoal Edileusa (dez. 2010).

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Atividades

1- Após a leitura do texto, destaque:

a) A localização da comunidade Muquém.

b) As atividades desenvolvidas dentro e fora da comunidade.

c) As dificuldades enfrentadas pelos quilombolas.

d) O fato de o quilombo de Muquém estar próximo geograficamente ao Parque

dos Palmares pode ser considerado enquanto algo positivo para a vida de seus

moradores? Justifique sua resposta.

Atividade

Compare as imagens:

Fig.09 Fonte: Vista parcial da comunidade Muquém (arquivo pessoal) Edileusa Silva Fagá (dez. 2010).

Fig. 10. Fonte: Ocas indígenas Edileusa Silva Fagá (dez. 2010).

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Reflita e responda:

1- O que há de comum entre as imagens?

2- Por quem foram construídas? E para qual finalidade?

3- Como você imagina que seja o modo de vida dos moradores das casas da

Figura 09?

4- Imagine que as moradias representadas na imagem 10 fossem idênticas às

moradias dos moradores dos Palmares no século XVII, então, qual seria

diferença entre o dia a dia dos moradores das casas do Muquém (figura 09) e

as de Palmares?

Mapa representando a localização da Serra da Barriga

Fonte: Prefeitura e Secretaria Municipal de Turismo de União dos Palmares - AL

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UNIDADE V

Exposição sobre Patrimônio Histórico e Parque

Memorial Quilombo dos Palmares.

1- Trabalhando com seminário

Nessa atividade, os alunos farão uma pesquisa sobre Patrimônio

Histórico e Parque Memorial Quilombo dos Palmares e, logo após o estudo,

farão apresentação de um seminário.

2- Organização de painéis

Procedimentos: Em grupo, os alunos irão elaborar painéis, com mapas,

imagens e informações relatando a história do Parque Memorial Quilombo dos

Palmares e da comunidade Quilombola Muquém. No final das atividades,

organizarão uma exposição desses painéis, num espaço determinado, para

toda a comunidade escolar.

3 - Avaliação dos resultados

A avaliação será individual considerando a participação dos alunos no

desenvolvimento das atividades propostas, na apresentação dos trabalhos de

acordo com o tema: cartazes, mapas e painéis à comunidade escolar.

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ORIENTAÇÕES/ RECOMENDAÇÕES AOS PROFESSORES:

Professor, elencamos alguns procedimentos que vão auxiliá-lo no

desenvolvimento desta Produção Didático_ Pedagógica:

Exibição de imagens sobre o Parque Memorial Quilombo dos Palmares

através da TV Pendrive;

Questionamentos sobre Patrimônio Histórico e Quilombo dos Palmares para

situar o aluno quanto ao assunto a ser estudado;

Formação de grupos para estudo dos assuntos abordados;

Estimular o posicionamento crítico através da visualização de vídeos que

tratam sobre a escravidão negra no Brasil;

Debates com questões propostas pelo professor após leitura e discussão de

determinados textos sobre Quilombos e Patrimônio Histórico;

Socialização do conhecimento adquirido pelos alunos através de

seminários;

Consulta de mapas para localizar as regiões de origem dos principais

grupos étnicos africanos trazidos para o Brasil durante a escravidão negra;

Elaboração de produções escritas para colocar em prática os

conhecimentos adquiridos durante este estudo;

Exposições de painéis, cartazes e mapas dispostos pela escola, com as

produções dos alunos, sobre os temas estudados.

Proposta de Avaliação

As avaliações a respeito do conteúdo desenvolvido nessa Unidade Didática

ocorrerão de forma contínua, ao longo de todas as atividades ministradas, as

quais contemplam o desenvolvimento das habilidades de leitura crítica, de

escrita, de pesquisa e de expressão oral. Para isso faz-se necessário uma

cuidadosa observação por parte do professor no que diz respeito:

O comprometimento dos alunos ao responderem os questionamentos;

Na elaboração das pesquisas e relatórios;

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Ao nível de coerência de suas proposições e a forma como se expressam

nos debates críticos propiciados a partir das questões levantadas;

À aprendizagem e dificuldades dos alunos para consequentemente, retomar

pontos e sanar possíveis dúvidas que ocorrerão do trabalho;

À iniciativa e disposição dos alunos na troca de informações com os

colegas sobre os materiais estudados, e na produção das tarefas propostas;

Ao conhecimento e compreensão dos alunos a respeito de patrimônio

histórico, da resistência e luta travada pelos escravizados através dos

quilombos e o significados que esse passado de lutas assume para as lutas

atuais do negro em nossa sociedade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALAGOAS. Prefeitura e Secretaria Municipal de Turismo de União dos Palmares/AL. Revista Informativa. 2010. ALVES, Kátia Corrêa Peixoto; BELIZÁRIO, Regina Célia de Moura Gomide. Diálogos com a história. 1. ed. Curitiba, PR: Positivo, 2004. APPIAH, Anthony Kwame. Na casa de meu pai. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 1992. BOTELHO, Maria do Socorro Quirino; NASCIMENTO, Elis Lopes Garcia; FARIAS, Ana Márcia Ferreira. Quilombos alagoanos contemporâneos: uma releitura da história. Recife, PE: Bagaço, 2007. BOULOS, Alfredo Junior. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2009. (Coleção História: Sociedade e Cidadania.) BRASIL, Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. CARDOSO, Oscar Henrique. Parque Memorial Quilombo dos Palmares. ASSECOM ([email protected]). Disponível em: http://www.bancocul tural.com.br/index.php?option=com.content&task=view&id=1152&ltmid=432>. Acesso em: 9 mar. 2011. CARMO, Sonia Irene Silva do; COUTO, Eliane Frossard Bittencout. História passado e presente. 2. ed. São Paulo: Atual Editora, 1994 CARNEIRO, Edison. O Quilombo dos Palmares. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 2005. IG EDUCA. Banco de Imagens: MAPA: Região de Palmares em Alagoas. Disponível em: <http://www.igeduca.com.br/misc/quilombo_palmares/banco imagens.htm>. Acesso em: 13 maio 2011. IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaInicial.do;jsessionid=600B942C1BFF40AF4CE6A3B6F1AD8F37>. Acesso em: 10 jun. 2010. MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião negra. São Paulo: Brasiliense, 1981. RIBEIRO, Wagner Costa. Patrimônio da humanidade, cultura e lugar. Revista Diálogos. Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UEM. Maringá, v. 9, n° 1, p. 111-124, 2005.

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RIO GRANDE DO SUL, Universidade do. Programa de Pós Graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural PPGPPC. Dúvidas e Dicas: Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Natural). Disponível em: <http://w3.ufsm.br/ppgppc/index.php?option=com_content&view=article&id=105:o-que-atrim-cultural-patrim-histo-patrim-ambiental-ou-natural&catid=7:exam ples&Itemid=25>. SAMUEL, Rafael. História local e história oral. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 9, n° 19, p. 219-243, 1989-1990. SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marleni. Ensinar historia. São Paulo: Scipione, 2009. PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio cultural: consciência e preservação. São Paulo: Brasiliense, 2009. PELEGRINI, Sandra C. A.; NAGAVE, Fabiane; PINHEIRO, Áurea da Paz (Orgs.). Turismo e patrimônio em tempos de globalização. Campo Mourão, PR: Editora da Fecilcam, 2010. VICENTINO, Claudio. Projeto Radix. São Paulo: Scipione, 2010

Mapas BRASIL, Fundação Cultural Palmares. Parque Memorial Quilombo dos Palmares, referência negra para o Brasil e América Latina em Alagoas. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/?p=2044>. Acesso em: 23 maio 2011.

Filmografia

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Música

LETRAS.MUS. Composição: Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, Canto das Três Raças. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/clara-nunes/83169/>. Acesso em: 17 maio 2011.

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Figuras

Portal Dia-a-Dia _ TV Multimídia, Zumbi dos Palmares. Acesso em: 22 jun. 2011. Estação da Luz (cidade de São Paulo): patrimônio histórico. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/patrimonio_historico.htm>. Acesso em: 16 mar. 2011.

Mapas

Fonte: <http://www.igeduca.com.br/misc/quilombo_palmares/bancoimagens. htm>. Acesso em: 13 maio 2011. Mapa Tráfico Negreiro. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2547-.pdf?PHPSESSID=2010012208174796. Acesso em: 24/07/2011. Fonte: Prefeitura e Secretaria Municipal de Turismo de União dos Palmares – AL. Como ir de União dos Palmares à Serra da Barriga.