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503REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 62(4): 503-509, out. dez. 2009
Wilson Siguemasa Iramina et al.
Mineração
Identificação e controle deriscos ocupacionais em
pedreira da regiãometropolitana de São Paulo
(Identification and control of occupationalrisks in a São Paulo metropolitan region
quarry)
ResumoA mineração de pedra britada é a terceira em movimentação financeira do país,
sendo que quase metade da economia desse bem se concentra na região metropo-litana de São Paulo. Paralelamente, o setor registrou o maior número de acidentesentre as indústrias extrativas, evidenciando a relevância da preocupação com asaúde e a segurança dos trabalhadores e a importância do controle dos riscosocupacionais. A partir de 2002, a Norma Regulamentadora 22 (NR-22: Segurança eSaúde Ocupacional na Mineração) tornou obrigatória a elaboração do Programade Gerenciamento de Risco (PGR), elaborado a partir da identificação e controledos riscos.
Tendo em vista a importância do setor para o Estado, buscou-se, com essetrabalho, avaliar e discutir os riscos presentes nas operações unitárias do proces-so produtivo de pedra britada em uma mina a céu aberto e propor medidas decontrole para elaboração do PGR. Apesar de esse trabalho referir-se a um casoespecífico, este pode ser estendido a outras minerações do setor, desde que sejamrealizadas as considerações relativas às diferenças nos processos produtivos. Odesenvolvimento da pesquisa envolveu a identificação dos principais riscos as-sociados às operações de perfuração, desmonte, carregamento e transporte, brita-gem e peneiramento por meio de medições de campo de alguns agentes e relatóriose registros da empresa. Os resultados obtidos foram decisivos para a determina-ção das medidas de controle adequadas para a melhoria das condições de saúde esegurança dos trabalhadores.
Palavras-chave: Mineração, segurança do trabalho, higiene ocupacional, pedreira.
AbstractCrushed stone mining is the third largest mining economy in Brazil, where
almost half is produced in the Sao Paulo metropolitan region. The segment
registers the highest number of accidents among the extractive industries, which
justifies the concern with workers’ health and safety and the importance of
controlling occupational hazards. Since 2002, the NR-22 Standard (NR-22:
Wilson Siguemasa Iramina
Engenheiro de Minas e de segurançado trabalho. Professor Associado do
Departamento de Engenharia de Minase de Petróleo da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo.E-mail: [email protected]
Ivan Koh Tachibana
Engenheiro de Minas, Engenheiro deSegurança, Mestrando em Engenharia
Mineral da Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
Leonardo Motta Camargo
Silva
Engenheiro de Minas, Engenheiro deSegurança, Gerente da Embu S.A.
E-mail: [email protected]
Sérgio Médici de Eston
Professor Titular e Chefe doDepartamento de Engenharia de Minas
e de Petróleo da Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 62(4): 503-509, out. dez. 2009504
Identificação e controle de riscos ocupacionais em pedreira da região metropolitana de São Paulo
Occupational Health and Safety in
Mining) makes compulsory the
elaboration of a Risk Management
Program that identifies risks and
establishes control measures.
Considering the crushed stone
mining industry’s importance to the
state, this paper evaluates and discusses
the risks identified in unit operations
during the production process of
crushed stone in an open pit mine in
order to propose control measures for
the development of the Risk
Management Program. Although this
study refers to a specific quarry, it can
be applied to other mines from the same
sector, since some considerations are
made regarding differences in
manufacturing processes. The research
was based on the identification of the
main risks associated with drilling,
blasting, load & haulage, crushing and
screening through field measurements
of some hazardous agents, together with
company reports. The results
contributed to the choice of the
appropriate control measures for the
improvement of workers’ health and
safety conditions.
Keywords: Mining, work safety,
occupational hygiene, quarry.
1. IntroduçãoA preocupação com a saúde e a
segurança do trabalhador no setor deextração mineral tem crescido em funçãoda conscientização de empregadores eempregados, os quais vêm nuscandorespeitar às novas legislações, imple-mentando mudanças comportamentais,uma vez que vem aumentando, nos últi-mos anos, o número de acidentes e do-enças ocupacionais.
A mineração de rochas (britadas) ede cascalho movimentou, em 2005, maisde 1,7 bilhões de reais, segundo dadosdo Departamento Nacional de ProduçãoMineral (DNPM, 2006), tendo sido a ter-ceira em movimentação financeira. O Es-tado de São Paulo foi responsável por43,29% do consumo de rochas britadase de cascalhos (R$ 550 milhões movimen-tados), sendo a região metropolitana omaior mercado consumidor. Para atendera essa demanda, as empresas empregammilhares de trabalhadores, suscetíveis aacidentes e doenças ocupacionais.
A Figura 1 apresenta o total de aci-dentes ocorridos no setor de extraçãode pedra, areia e argila, segundo dadosda Previdência Social (Brasil, 2008), de-monstrando que o número de acidentesficou em torno de 1.000/ano entre 2000 e
2006. Além disso, esse setor registrou omaior número de acidentes entre as in-dústrias extrativas, evidenciando a rele-vância da preocupação com a saúde ecom a segurança dos trabalhadores e aimportância do controle dos riscos ocu-pacionais.
O aumento do número de aciden-tes de trabalho ocorridos em mineraçãode pedra britada no Brasil chama aten-ção das autoridades e dos especialistase, também, dos próprios empreendedo-res, que passaram a se preocupar comseus trabalhadores. Entre 2000 e 2006,verificou-se um crescimento de 35% nonúmero de acidentes (de 944 para 1273),dos quais 26% se deram após 2003. En-tretanto o número de acidentes no Esta-do de São Paulo, em relação ao total na-cional, decresceu de 32 para 21% para operíodo considerado (de 2000 a 2006).
Dos acidentes ocorridos, aproxima-damente, 90% caracteriza-se como aci-dente típico, ou seja, ocorrido no ambi-ente de trabalho, panorama este que serepete tanto no Brasil como no Estadode São Paulo. Apesar de o número deacidentes ter uma tendência de alta, jus-tificada não pelo agravamento da situa-ção, mas pelo maior numero de registrosoficiais, proporcionalmente, esses aci-dentes típicos vêm diminuindo.
Figura 1 - Número de acidentes do trabalho registrados no setor de extração de pedra, areia e argila. Quadro 1 - Ocorrências de
acidentes do trabalho. (Fonte: Brasil, 2008).
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A importância do setor no Estado,somada à significativa movimentação fi-nanceira envolvida na atividade, possi-bilitou um maior investimento, tanto noconhecimento e monitoramento dos ris-cos, quanto na tomada de medidas decontrole.
A mineração apresenta risco grau4, segundo classificação da Norma Re-gulamentadora 4 (MTE, 2008), Quadro 1,o que se reflete em uma maior exposiçãodo trabalhador ao risco e na ocorrênciade acidentes.
Baseando-se em trabalhos de diver-sos autores, foram identificados os prin-cipais riscos aos quais os trabalhadoresestão expostos em uma mineração depedra britada. São eles:
• Poeira de sílica: pode provocar a sili-cose, principal doença pulmonar e umadas maiores preocupações ocupacio-nais (Gruenzner, 2006; Gabas, 2008).
• Ruído: a exposição a níveis elevadossem devida proteção pode causar per-das auditivas irreversíveis (Schrage,2005).
• Incêndios e explosões: associados alubrificantes, explosivos e outros ma-teriais combustíveis têm, como con-sequências, perdas materiais e mortede um ou mais trabalhadores (Iramina,1996).
• Estabilidade do talude: blocos de ro-cha podem se desprender dos taludese atingir veículos e trabalhadores nolocal.
• Quedas: o trabalho em bancadas comalturas de 10 a 20 metros expõe o tra-balhador a possíveis quedas durantesua atividade.
• Acidentes gerais: podem acontecercom os trabalhadores ao lidarem commovimentação de máquinas, elemen-tos móveis (correias), pisos escorre-gadios e/ou irregulares, produtos e fer-ramentas durante todo o período detrabalho (Mendes, 2001). Cortes e es-magamento de membros também po-dem ocorrer em determinadas ativida-des. Inclui contato com produtos quí-micos, principalmente na pele e olhos,
podendo causar queimaduras e ceguei-ra. Fragmentos de rocha podem atingiros trabalhadores devido à instabilida-de dos taludes (Zea Huallanca, 2004).
• Calor: a exposição do trabalhador aosol pode levar a estresse térmico, quei-maduras, desidratação, etc. (Moran etal, 2004).
• Ergonômicos: presentes na maioriadas atividades. As lesões são causa-das por má postura e repetição de mo-vimentos, além de esforços excessivosno uso de equipamentos pesados(Mascia, 1997).
• Vibração mecânica: a exposição pro-longada pode provocar problemasvasculares, neurológicos, muscularese articulares (Cunha, 2006).
Em virtude da maior conscientiza-ção e preocupação das empresas e em-pregados, o panorama da segurança dotrabalho no Brasil tem se alterado, demodo que o que antes era consideradocusto, hoje, é visto como investimento.Paralelamente, a legislação específicapara mineração está se atualizando e afiscalização está cada vez mais atuante erigorosa. Tais fatores contribuem parauma melhoria nas condições de saúde,higiene e segurança no setor.
Uma política de Saúde e Segurançado Trabalho (SST) contribui para o esta-belecimento das mudanças e melhoriaspropostas, já que promove um maior com-prometimento da gerência da empresa(Lima, 2002). A Norma Regulamentadora22 (NR-22: Segurança e Saúde Ocupaci-onal na Mineração) determina a elabora-ção do Programa de Gerenciamento deRisco (PGR), obrigando as empresas dosetor de mineração a agirem de modo pre-ventivo, garantindo, assim, a saúde e asegurança dos trabalhadores (Barreiros,2002). Dessa forma, a identificação e ocontrole dos riscos são imprescindíveispara a prevenção e para o PGR.
O objetivo desse trabalho é avaliare discutir os riscos presentes nas opera-ções unitárias do processo produtivo depedra britada em uma mina a céu abertoe propor medidas de controle para ela-
boração do PGR, mantendo as empresasem acordo com as normas regulamenta-doras.
2. Materiais e métodosEsse trabalho foi desenvolvido em
uma pedreira na região metropolitana deSão Paulo, mas pode ser aplicado a qual-quer outra mineração do setor, desde quesejam realizadas as devidas adaptações(em função de diferenças no processo eequipamentos) e desde que tais adapta-ções sejam conduzidas por profissionaisfamiliarizados e capacitados no proces-so produtivo.
Os principais riscos associados àsoperações de perfuração, desmonte, car-regamento, britagem e peneiramento fo-ram avaliados por meio de análises decampo, relatórios e registros da empresae medições de alguns agentes. Para cadaum dos riscos identificados, foram pro-postas medidas de proteção ou corre-ções, de acordo com as novas tecnolo-gias existentes, técnicas propostas emliteraturas e experiências de campo.
O fluxograma do processo produti-vo está ilustrado na Figura 2.
3. Resultados ediscussões
Na Tabela 1, é apresentado um su-mário dos riscos para as atividades con-sideradas no processo produtivo.
A poeira é um agente que está pre-sente em todas as atividades, já que ageração de material particulado é intrín-seca à produção de pedra britada. A so-brecarga térmica, em atividades a céuaberto, deve-se à exposição dos traba-lhadores ao sol durante toda a jornadade trabalho, fato agravado pela à ausên-cia de sistemas de ar condicionado ouventilação suficiente em grande parte dasmáquinas. Os problemas ergonômicosocorrem, principalmente, devido às másposturas na execução das tarefas e àpermanência prolongada em uma mesmaposição, como no caso dos motoristasde caminhões ou operadores de carre-gadeiras.
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Identificação e controle de riscos ocupacionais em pedreira da região metropolitana de São Paulo
O processo de perfuração de bancadas expõe o trabalhador a todos os tipos deriscos, principalmente material particulado da rocha e o ruído da perfuratriz, devidoà proximidade com que o operador deve trabalhar da fonte geradora de poeira e deruído. Os riscos ergonômicos e de vibração estão presentes, principalmente, napreparação para o desmonte secundário, com o uso de marteletes pneumáticos. Hárisco de incêndios ou mesmo explosões, dada a possibilidade da presença de explo-sivos remanescentes não detonados no desmonte. Cortes e esmagamentos podemocorrer durante o manuseio das hastes de perfuração.
O carregamento de explosivos, nor-malmente, é realizado em bancadas iso-ladas, afastados da perfuração ou do car-regamento e transporte de materiais.Assim, o ruído não é um problema queafeta os trabalhadores. O risco de incên-dio e de acidentes em geral está, princi-palmente, ligado à manipulação de pro-dutos químicos e explosivos. A detona-
Figura 2 - Fluxograma do processo produtivo.
Tabela 1 - Principais riscos envolvidos nas atividades de uma pedreira.
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ção, apesar de gerar ruído, não afeta aspessoas, já que é exigida, por medidasde segurança, a permanência a grandesdistâncias do ponto de detonação.
No carregamento e transporte derocha, o ruído e a poeira de sílica estari-am dentro dos níveis aceitáveis, se osmotoristas dos caminhões mantivessemas janelas fechadas. Essa prática é im-possível de ser mantida, principalmente,em função do desconforto térmico, dadaa ausência de sistemas condicionadoresde ar, o que acarreta exposição dos tra-balhadores a esses riscos. A vibraçãono interior desses veículos é intensa,causando grande desconforto ao moto-rista e possibilidades de grandes pro-blemas ergonômicos. Quedas de frag-mentos de rocha de taludes instáveis oumesmo atropelamentos podem ocorrerdurante a jornada de trabalho.
Os trabalhadores que atuam no se-tor de britagem e peneiramento, sejamem manutenções preventivas ou prediti-vas, reparos, trocas de peças, mudançasno processo, ou que circulam pela área,estão expostos aos riscos assinaladosna Tabela 1. Nesses casos, acidentescom parte móveis, como polias, tambémpodem ocorrer.
Após as análises de campo e acom-panhamento das atividades dos traba-lhadores, foram sugeridas as medidas decontrole para cada um dos riscos supra-citados, expostas na Tabela 2.
Algumas medidas de controle sãocomuns a todas as atividades e devemser adotadas nos processos envolvidosna produção de pedra britada. A saber:
• Procedimentos operacionais claros
e bem definidos: com tais procedimen-tos, os trabalhadores têm um padrãoelaborado pela gerência, fato que ga-rante uma maior segurança na execu-ção de sua atividade.
• Substituição dos equipamentos e tec-
nologias por equivalentes mais mo-
dernos e seguros: com essa medida,ostrabalhadores podem manter-se isola-dos das fontes emissoras, evitando ex-posição desnecessária e, conseqüen-temente, ficam protegidos dos perigos
Tabela 2 - Medidas de controle propostas para a melhoria das condições de saúde e
segurança dos trabalhadores.
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Identificação e controle de riscos ocupacionais em pedreira da região metropolitana de São Paulo
presentes. Um exemplo bem sucedidoempregado pela empresa avaliada foia substituição das perfuratrizes pneu-máticas e hidráulicas sem cabines pormodelos cabinados. A mudança foi fei-ta após análise dos resultados e medi-das propostas nesse trabalho.
Cabe ao engenheiro de segurançae aos demais membros do SESMT (Ser-viço Especializado em Engenharia de Se-gurança e Medicina do Trabalho) o ge-renciamento de todos os riscos presen-tes nas diversas atividades de minera-ção, para que se garanta ao trabalhadorum ambiente seguro e saudável.
4. Análise dos riscosÉ recomendada a aplicação de me-
todologias para análises de riscos, ca-bendo ao profissional de segurança esaúde da empresa refinar e implementaro método, adequado-o ao processo pro-dutivo em questão. Essa etapa também éimportante para a elaboração do Planode Gerenciamento de Riscos (PGR), jáque indica as prioridades das ações aserem tomadas.
A avaliação de risco, apesar de serqualitativa, pode ser transformada emuma escala numérica a partir da avalia-ção da probabilidade de acontecimentoe da severidade do risco (metodologiadesenvolvida e aplicada por Lapa(2006)). A grande vantagem do método éfacilitar a identificação das prioridadesdas ações que devem ser tomadas.
A metodologia desenvolvida porLapa, utilizada por diversas empresas dosetor de mineração, quantifica o riscoatravés do produto da probabilidade pelaseveridade. A probabilidade é definidapela soma de quatro variáveis, cada umacom valor atribuído de 1 a 3: freqüênciade exposição ao perigo, número de pes-soas expostas a esse perigo, eficácia dosmeios de controle disponíveis e a facili-dade de reconhecimento e identificaçãoprévia do perigo. Já a severidade é defi-nida pela soma de duas variáveis: a gra-vidade (valores atribuídos de 1 a 9) e aescala de abrangência (valores atribuí-dos de 1 a 5) da lesão, dano ou doença
potencial. Os valores são atribuídos detal forma que situações diferentes decada variável têm uma pontuação cor-respondente, em uma escala pré defini-da. Ao final, o risco será classificado se-gundo uma matriz e poderá ser trivial,tolerável, moderado, substancial ou in-tolerável.
Como exemplo, baseando-se emmedições de campo e utilizando a meto-dologia proposta por Lapa, temos que orisco para ruído, cuja magnitude é de94,1 dBA, na operação de perfuraçãopneumática, é de 42 (probabilidade = 7 eseveridade = 6). A classe do risco nestecaso é moderada, exigindo uma reavalia-ção da situação, verificando se há pos-sibilidades de melhoria das condições deexposição ao ruído pelo operador. Ana-logamente, esse procedimento deve seraplicado a todos os riscos presentes. Dasoperações analisadas, nenhum risco semostrou substancial ou intolerável, oque, segundo o autor, exigiria medidasde controle imediatas para levar o riscopelo menos à classe moderada.
Medidas como planejamento du-rante as etapas de avaliação de riscos ea valoração dos mesmos podem pouparrecursos valiosos, sendo que a priorida-de deve ser dada aos riscos intoleráveisou substanciais, secundariamente aosmoderados e, finalmente, aos triviais.
Tais medidas demandam tempo,mão-de-obra qualificada e especializadae elevado comprometimento, entretanto,se realizadas adequadamente, são muitoefetivas na preservação da segurança esaúde dos trabalhadores, possibilitandoa redução do número de acidentes, evi-tando perdas de produção ou mudançasna rotina de trabalho.
5. ConclusõesNesse trabalho, foram identificados
os riscos envolvidos nas etapas de pro-dução de areia e brita e sugeridas algu-mas medidas de segurança, controle eminimização em cada uma delas. Suges-tões de melhorias, como o uso de perfu-ratrizes cabinadas, a construção da ca-bine de controle para a britagem e penei-
ramento e o uso de câmeras de vídeo,vêm sendo utilizadas na pedreira atual-mente, e já foram observados avançosnas condições de trabalho, de acordocom os próprios trabalhadores.
É demonstrado por esse trabalhoque a análise de riscos e sugestões demedidas de controle são fundamentaispara elaboração do Plano de Gerencia-mento de Riscos (PGR), obrigatório pelaNR-22. Os resultados desse trabalho po-dem ser utilizados como base na análisede outras pedreiras, ressaltando-se o fatoda necessidade de ajustes para a reali-dade de cada processo produtivo.
Em muitos casos, o custo é o maiorobstáculo para implantação das medidasde controle e investimentos na área desegurança e saúde do trabalhador. En-tretanto, com a conscientização dos tra-balhadores em relação aos riscos, e oenvolvimento da gerência, tais questõespodem ser solucionadas a custos relati-vamente baixos, se comparados às con-sequências de um acidente de trabalho.
Os investimentos numa política deSegurança e Saúde do Trabalho que ele-vem a segurança dos trabalhadores ereduzam os riscos à sua saúde são reali-zados pelas pedreiras, mas, ainda, há umlongo caminho a ser percorrido para queos riscos ocupacionais alcancem níveissatisfatórios.
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Artigo recebido em 03/09/2008 e aprovado em 24/08/2009.
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