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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA Programa de Pós-Graduação em Química São Paulo Data do Depósito na CPG: 27/03/2009 Metalofármacos de rutênio: síntese, caracterização, atividade frente à linhagem celular K562 e estudos de interação com albumina de soro humana (HSA) Renata Rolim Prudente dos Santos

 · iii Renata Rolim Prudente dos Santos Metalofármacos de rutênio: síntese, caracterização, atividade frente à linhagem celular K562 e estudos de interação com albumina de

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA

Programa de Pós-Graduação em Química

São Paulo

Data do Depósito na CPG: 27/03/2009

MMeettaallooffáárrmmaaccooss ddee rruuttêênniioo:: ssíínntteessee,, ccaarraacctteerriizzaaççããoo,, aattiivviiddaaddee ffrreennttee àà lliinnhhaaggeemm cceelluullaarr KK556622 ee eessttuuddooss ddee

iinntteerraaççããoo ccoomm aallbbuummiinnaa ddee ssoorroo hhuummaannaa ((HHSSAA))

Renata Rolim Prudente dos Santos

ii

RENATA ROLIM PRUDENTE DOS SANTOS

MMeettaallooffáárrmmaaccooss ddee rruuttêênniioo:: ssíínntteessee,, ccaarraacctteerriizzaaççããoo,, aattiivviiddaaddee ffrreennttee àà lliinnhhaaggeemm cceelluullaarr KK556622 ee eessttuuddooss ddee iinntteerraaççããoo ccoomm

aallbbuummiinnaa ddee ssoorroo hhuummaannaa ((HHSSAA)) Tese apresentada ao Instituto de Química da

Universidade de São Paulo para obtenção do

Título de Doutora em Química área de

concentração Química Inorgânica

Orientadora Profª. Drª Denise de Oliveira Silva

São Paulo 2009

iii

Renata Rolim Prudente dos Santos Metalofármacos de rutênio: síntese, caracterização, atividade frente à linhagem celular K562 e estudos de interação com albumina de soro humana (HSA) Tese apresentada ao Instituto de Química da

Universidade de São Paulo para obtenção do

Título de Doutora em Química área de

concentração Química Inorgânica

Aprovado em: ____________ Banca Examinadora Prof. Dr.____________________________________________________________________ Instituição:__________________________________________________________________ Assinatura:__________________________________________________________________ Prof. Dr.____________________________________________________________________ Instituição:__________________________________________________________________ Assinatura:__________________________________________________________________ Prof. Dr.____________________________________________________________________ Instituição:__________________________________________________________________ Assinatura:__________________________________________________________________ Prof. Dr.____________________________________________________________________ Instituição:__________________________________________________________________ Assinatura:__________________________________________________________________

iv

À minha mãe e ao meu pai pelo seu amor, carinho e constante. apoio em toda a minha vida.

AMO VOCÊS!

v

Ao Daniel por estar sempre

ao meu lado me dando carinho e apoio.

vi

AAAGGGRRRAAADDDEEECCCIIIMMMEEENNNTTTOOOSSS

A profª Drª. Denise, por me aceitar em seu laboratório, pela confiança, pelos

ensinamentos, por me fazer uma profissional melhor durante estes 5 anos,

Ao Prof. Dr. Breno Pannia Espósito por toda a ajuda e paciência em esclarecer

algumas de minhas dúvidas durante o doutorado e pela doação das células K562;

À Profª. Drª. Márcia Laudelina Arruda Temperini, Drª Celly Mieko Shinohara e

Daniela Colevati pela ajuda com os espectros Raman

Ao Prof. Dr. Henrique E. Toma e Drª Anamaria D. P. Alexiou pelos espectros

eletrônicos no estado sólido;

À Profª. Drª. Neyde Yukie Murakami Iha pela utilização do espectrofluorímetro

À Profª. Drª. Ana Maria da Costa Ferreira e Profª. Drª Vera L. Constantino pela

ajuda e contribuição científica;

Ao Prof. Dr. Maurício da Silva Baptista por me deixar cuidar das minhas células em

seu laboratório;

À Profª. Drª. Alicia J. Kowaltowski pelo uso da autoclave e do frezzer -70º;

As amigas Karina, Mariana, Vivian e Ana Valéria pelas discussões científicas e não

científicas, pelo carinho e amizade;

Ao Otávio, Sérgio e Leonardo pela amizade, pelos conselhos e conversas bem

divertidas;

Ao Douglas, Rodrigo, Andréia, Débora, Rachel, João, Alan, aoss mais novos

integrantes do grupo Iguatinã, Carolina e Jaqueline e pelos que passaram pelos grupo,

Geise, Ana Celília, Leila, Felipo, Renata e Claudia pelo companheirismo, discussões e pelas

boas risadas dadas juntos;

À Cida pelo apoio técnico imprescindível nestes 5 anos;

vii

Ao Sr. Guilherme Machado, Quiral, pela doação do fármaco Platinil®;

Ao Antonio pelos ensinamentos na técnica de dicroísmo circular;

Ao Marcio, Luzia, Fernando e Adriana pelas análises realizadas na Central Analítica;

Ao Alfredo que me ajudou muito com as análises estatísticas e com os filmes para

difração de raio X;

Ao Ricardo pela grande ajuda com as TGs de última hora;

A todos os funcionários do IQ-USP que de alguma forma contribuíram com esta tese;

Ao meu amigo Luciano Cardoso que sempre diz que os químicos são imortais, com

este trabalho acho que me torno um pouquinho imortal como ele sempre diz;

As professoras Maria Antonieta, Valéria e Sandra cada uma do seu jeito me mostrou

como a química era interessante,

Aos amigos Samanta e Fernando pelos momentos de descontração durante estes 5

anos;

Ao amigo Angersom pelo incentivo para vir fazer pós graduação aqui na USP;

À amiga Márcia pelo apoio e carinho, mesmo que a distância;

À professora Drª Wania da Conceição Moreira pelos primeiros ensinamentos na

minha vida acadêmica;

À amiga Patricia que na reta final da redação me ajudou a “diminuir o peso da tese”

na minhas costas;

Ao meus irmãos Rafael e Rodrigo pelo apoio, carinho e cuidado;

A minha mãe, Nizi, por seu exemplo de competência e profissionalismo, pelo seu

apoio e amor;

Ao meu papito, Sérgio, por nossas conversas, pelos socorros nas horas mais difíceis e

pelo seu amor incondicional;

viii

A Deus por colocar na minha vida pessoas maravilhosas que me ajudaram, cada uma

da sua maneira, a crescer como ser humano;

Ao CNPq pela bolsa de pós graduação e à FAPESP pelo suporte financeiro.

ix

“A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma.”

John Ruskin

x

RRREEESSSUUUMMMOOO

Santos, R.R.P. Metalofármacos de rutênio: síntese, caracterização, atividade frente à

linhagem celular K562 e estudos de interação com albumina de soro humana (HSA). 2009.

Número de páginas do trabalho 135p. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em

Química, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Este trabalho trata do estudo de complexos de rutênio contendo antiinflamatórios não-

esteróides, com o objetivo de contribuir para ampliar as pesquisas na área de potenciais

metalofármacos antitumorais.

A partir de reações do precursor dimetálico [Ru2(O2CCH3)4Cl] com os fármacos

carboxílicos sulindaco (HSulin) e diclofenaco de sódio (NaDiclofen) foram isolados,

respectivamente, os correspondentes complexos [Ru2(Sulin)4Cl] e [Ru2(Diclofen)4Cl]. A

reação entre o monômero [RuCl2(dmso)4] e o meloxicam (H2Melox) deu origem ao derivado

misto [Ru(dmso)2(HMelox)2]. Os compostos foram caracterizados por meio de análise

elementar, medidas de condutância molar, medidas de susceptibilidade magnética,

espectroscopia de absorção eletrônica UV-VIS-IR, espectroscopia vibracional FTIR e Raman,

e estudos de análise térmica (TG/DSC/MS).

As interações da albumina de soro humana HSA, importante proteína do plasma, com

os complexos obtidos, com o análogo [Ru2(IBP)4Cl] (HIBP = ibuprofeno) e também com os

fármacos orgânicos não-complexados foram investigadas empregando-se dicroísmo circular,

SDS-Page e fluorescência.

A atividade antitumoral dos metalofármacos foi avaliada, através de ensaios com

MTT, com base nos seus efeitos citotóxicos para a linhagem celular de leucemia humana

K562.

Palavras chaves: rutênio, HSA, K562, Faines, dicroísmo circular e fluorescência

xi

AAABBBSSSTTTRRRAAACCCTTT

Santos, R.R.P. Ruthenium metallodrugs of diclofenac, sulindac and meloxicam: synthesis,

characterization, activity against K562 cell line and interaction with human serum albumin

(HSA).. 2009. Número de páginas 135p. PhD Thesis – Graduate Program in Chemistry.

Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.

This work describes the study of ruthenium complexes containing non-steroidal anti-

inflammatory drugs with the aim of helping to expand the research in the field of potential

anticancer metallodrugs.

Reactions of the [Ru2(O2CCH3)4Cl] dimetal complex with sulindac (HSulin) and

sodium diclofenac (NaDiclofen) carboxylic drugs gave the correspondent complexes

[Ru2(Sulin)4Cl] and [Ru2(Diclofen)4Cl], respectively. The reaction between the

[RuCl2(dmso)4] monomer and the meloxicam drug (H2Melox) led to the mixed derivative

[Ru(dmso)2(HMelox)2]. The compounds were characterized by elemental analysis, molar

conductance measurements, magnetic susceptibility, UV-VIS-IR electronic absorption

spectroscopy, Raman and FTIR vibrational spectroscopies and by studies of thermal analysis

(TG / DSC / MS).

The interactions of human serum albumin (HSA), the major plasma protein, with the

obtained complexes, the analogous [Ru2(IBP)4Cl] (= HIBP ibuprofen) and also with the non-

coordinated organic drugs have been investigated by circular dichroism, SDS-Page and

fluorescence.

The antitumor activity of the metallodrugs has been evaluated by MTT assays, on the

basis of their cytotoxic effects on K562 human leukemia cell line.

Keywords: ruthenium, HSA, K562, circular dichroism and fluorescence.

xii

LLLIIISSSTTTAAA DDDEEE AAABBBRRREEEVVVIIIAAATTTUUURRRAAASSS EEE SSSIIIGGGLLLAAASSS

Abs. Absorbância

Ac Acetato

CD: Dicroísmo Circular

DMSO: Dimetilsulfóxido (C2H6SO)

DSC: Diferential Scanning Calorimetric (calorimetria exploratória diferencial)

DTA: Diferential Thermal Analysis (análise térmica diferencial)

DTG: Termogravimetria derivada

EtOH: Etanol (C2H6O)

FAINES Fármacos Antiinflamatórios Não Esteróides

H2Melox Meloxicam

HDiclofen: Diclofenaco ácido (C14H11Cl2NO2)

HIBP: Ibuprofeno (C13H18O2)

HIm imidazol

HInd indazol

HSA: Human Serum Albumin (albumina de soro humana)

HSulin: Sulindaco ácido(C20H17FO3S)

MTT: Brometo de 3 -2,5-difeniltetrazólio

NaDiclofen Diclofenaco Sódico (Na C14H10Cl2NO2)

PAGE: Gel de Poliacrilamida

RPMI Roswell Park Memorial Institut

Ru2Diclofen: [Ru2(Diclofen)4Cl ]·4H2O

Ru2IBP: [Ru2(IBP)4Cl]·1/2H2O

Ru2Sulin: [Ru2(Sulin)4Cl]·6H2O

RuAc: [Ru2(Ac)4Cl]

xiii

RuDMSO: [Ru(dmso)4Cl2]

RuHMelox: [Ru (HMelox)2Cl2]·2 H2O

SBF: Soro Bovino Fetal

SDS: Dodecilsulfato de sódio

T% Porcentagem de Transmitância

Temed: N,N,N’,N’-Tetrametiletilenodiamino

ICP-AES Espectrometria de emissão atómica por indução eléctrica de plasma

TG: Termogravimetria

xiv

LLLIIISSSTTTAAA DDDEEE FFFIIIGGGUUURRRAAASSS

Figura 1- NAMI-A [Ru (DMSO) Cl4-(Im)......................................................................... - 3 -

Figura 2- HInd[RuInd2Cl4]................................................................................................ - 3 -

Figura 3 - Estrutura do [Ru2(O2CR )4]+. ............................................................................. - 4 -

Figura 4 – Representação da estrutura primária da Albumina Humana. ............................. - 7 -

Figura 5 - Estrutura α-hélice. ............................................................................................. - 8 -

Figura 6 - Estrutura folha ß................................................................................................ - 8 -

Figura 7 - Sítios de ligação da HSA................................................................................. - 10 -

Figura 8 – Sulindaco. ...................................................................................................... - 12 -

Figura 9 – Diclofenaco. ................................................................................................... - 12 -

Figura 10 – Ibuprofeno.................................................................................................... - 12 -

Figura 11 – Meloxicam. .................................................................................................. - 12 -

Figura 12 - Esquema da placa de 6 poços ........................................................................ - 28 -

Figura 13 - Câmara Neubauer.......................................................................................... - 28 -

Figura 14 - Esquema de como adicionar a solução com células na câmara de contagem. . - 28 -

Figura 15- Esquema de contagem utilizando a câmara Neubauer. .................................... - 29 -

Figura 16 - Grumos de Células ........................................................................................ - 30 -

Figura 17 - Esquema divisão da suspensão celular........................................................... - 31 -

Figura 18- Garrafa com células (a) adição recente de meio, (b) 24h após adição de meio. - 32 -

Figura 19 - Tubo Falcon com a solução de células após centrifugação............................. - 33 -

Figura 20 - Vials dentro do suporte para congelamento. .................................................. - 34 -

Figura 21 - Células vivas e mortas após adição do azul de Tripam................................... - 34 -

Figura 22 – Placa de 96 poços após a adição dos complexos e antes da incubação. .......... - 35 -

Figura 23 – Placa após adição da solução de MTT........................................................... - 36 -

xv

Figura 24 – Placa após 4h de incubação na estufa. ........................................................... - 36 -

Figura 25 – Cristais presentes no fundo dos poços. .......................................................... - 36 -

Figura 26 – Placa após a adição de DMSO ...................................................................... - 36 -

Figura 27 - Espectro eletrônico do complexo Ru2Ac em água.......................................... - 39 -

Figura 28 - Esptro eletrônico dos complexos Ru2Sulin e do fármaco HSulin em metanol. - 40 -

Figura 29 – Espectro eletrônico do NaDiclofen em água.................................................. - 41 -

Figura 30 - Espectros eletrônicos do complexo Ru2Diclofen em duas concentrações (—)

2,75x10-5 e (—) 1,46x10-2. .............................................................................................. - 41 -

Figura 31 - Espectro eletrônico do complexo RuDMSO em água. ................................... - 43 -

Figura 32 - Espectro eletrônico dos complexos RuHMelox e do fármaco Meloxicam em

metanol. .......................................................................................................................... - 44 -

Figura 33 - Espectros FTIR do fármaco HSulin. .............................................................. - 45 -

Figura 34 - Espectros FTIR e Raman do complexo Ru2Sulin ........................................... - 46 -

Figura 35 - Espectro FTIR do fármaco NaDiclofen.......................................................... - 48 -

Figura 36 - Espectros FTIR e Raman do complexo Ru2Diclofen...................................... - 49 -

Figura 37 - Espectros Raman do complexo Ru2Sulin e do Sulindaco. .............................. - 50 -

Figura 38 - Espectros Raman do complexo Ru2Diclofen e do Diclofenaco sódico. .......... - 51 -

Figura 39 - Espectro FTIR do fármaco Meloxicam. ......................................................... - 52 -

Figura 40 - Espectros FTIR e Raman do complexo RuHMelox........................................ - 53 -

Figura 41 – Curvas TG, DTG e DSC do Ru2Sulin. .......................................................... - 58 -

Figura 42– Espectros de massa obtidos dos principais produtos gasosos da decomposição

térmica do complexo Ru2Sulin. ....................................................................................... - 58 -

Figura 43 - Curvas TG, DTG e DSC do Ru2Diclofen....................................................... - 59 -

Figura 44 - Espectros de massa obtidos dos principais produtos gasosos da decomposição

térmica do complexo Ru2Diclofen. .................................................................................. - 59 -

xvi

Figura 45 – Complexo Ru2Sulin (A) e Ru2Diclofen (B) antes e depois de calcinado à 1000ºC.-

60 -

Figura 46 – Difratogramas dos resíduos de decomposição térmica do complexo Ru2Sulin

aquecidos em estufa a 1000 oC. ....................................................................................... - 60 -

Figura 47 – Difratogramas dos resíduos de decomposição térmica dos complexo Ru2Diclofen

aquecidos em estufa a 1000 oC. ....................................................................................... - 61 -

Figura 48 - Curvas TG, DTG e DSC do RuHMelox......................................................... - 62 -

Figura 49 - Espectros de massa obtidos dos principais produtos gasosos da decomposição

térmica do complexo RuHMelox..................................................................................... - 63 -

Figura 50 – RuHMelox antes e depois de calcinado à 1000ºC.......................................... - 64 -

Figura 51 - Difratograma do resíduo de decomposição térmica, à 1000ºC, do complexo

RuHMelox. ..................................................................................................................... - 64 -

Figura 52 - Estrutura otimizada para o complexo [Ru2(Sulin)4Cl], cores: azul claro –

C;marrom – Ru; vermelho – O; amarelo – S; verde – Cl; lilás – F. Os hidrogênios foram

omitidos para uma melhor visualização da estrutura. ....................................................... - 65 -

Figura 53 - Estrutura otimizada para o complexo [Ru2(Diclofen)4Cl], cores: azul claro –

C;marrom – Ru; vermelho – O; azul escuro – N; verde – Cl;. Os hidrogênios foram omitidos

para uma melhor visualização da estrutura....................................................................... - 66 -

Figura 54 – Esquema proposto para a síntese do RuHMelox............................................ - 67 -

Figura 55 - Estrutura otimizada para o complexo [Ru2(HMelox)2(DMSO)2], cores: azul claro

– C;marrom – Ru; vermelho – O; azul escuro – N; Os hidrogênios foram omitidos para uma

melhor visualização da estrutura...................................................................................... - 67 -

Figura 56 - Espectro CD da HSA com o Platinil® em diferentes razões molares. ............ - 70 -

Figura 57 - Espectro CD da HSA com o Ru2Ac em diferentes razões molares. ................ - 70 -

Figura 58 - Espectro CD da HSA com o NaDiclofen em diferentes razões molares. ........ - 71 -

xvii

Figura 59 - Espectro CD da HSA com o Ru2Diclofen em diferentes razões molares. ....... - 71 -

Figura 60 - Espectro CD da HSA com o HSulin em diferentes razões molares................. - 72 -

Figura 61 - Espectro CD da HSA com o Ru2Sulin em diferentes razões molares.............. - 72 -

Figura 62- Espectro CD da HSA com o HIBP em diferentes razões molares.................... - 73 -

Figura 63- Espectro CD da HSA com o Ru2IBP em diferentes razões molares................. - 74 -

Figura 64 - Espectro CD da HSA com o RuDMSO em diferentes razões molares............ - 74 -

Figura 65 - Espectro CD da HSA com o H2Melox em diferentes razões molares. ............ - 75 -

Figura 66- Espectro CD da HSA com o RuHMelox em diferentes razões molares. .......... - 75 -

Figura 67 - Estrutura do Triptofano: cores: azul claro – C; vermelho – O; azul escuro – N. Os

hidrogênios foram omitidos para uma melhor visualização da estrutura. .......................... - 80 -

Figura 68 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Platinil® em diferentes razões

molares. .......................................................................................................................... - 81 -

Figura 69- Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2Ac em diferentes razões

molares. .......................................................................................................................... - 82 -

Figura 70- Espectro de Fluorescência da HSA em presença de NaDiclofen em diferentes

razões.............................................................................................................................. - 82 -

Figura 71 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2Diclofen em diferentes

razões molares................................................................................................................. - 83 -

Figura 72 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de HSulin em diferentes razões

molares. .......................................................................................................................... - 84 -

Figura 73 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2Sulin em diferentes razões

molares. .......................................................................................................................... - 84 -

Figura 74 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de HIBP em diferentes razões

molares. .......................................................................................................................... - 85 -

xviii

Figura 75 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2IBP em diferentes razões

molares. .......................................................................................................................... - 85 -

Figura 76 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de RuDMSO em diferentes

razões molares................................................................................................................. - 86 -

Figura 77 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de H2Melox- em diferentes razões

molares. .......................................................................................................................... - 86 -

Figura 78 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de RuHMelox em diferentes

razões molares................................................................................................................. - 87 -

Figura 79 - Espectro de fluorescência da HSA em pH 6,4 para diferentes λ de excitação. - 88 -

Figura 80 - Área integrada do espectro de fluorescência da HSA em pH6,4 com λ de excitação

de 280 nm. ...................................................................................................................... - 90 -

Figura 81 - Área integrada do espectro de fluorescência da HSA em pH6,4 com λ de excitação

de 298 nm. ...................................................................................................................... - 90 -

Figura 82 - Espectros de fluorescência em diferentes pHs................................................ - 91 -

Figura 83 – Gráficos Stern-Volmer para os compostos estudados. ................................... - 98 -

Figura 84 – Gráficos de constante de ligação e número de sítios obtidos a partir da equação

14.................................................................................................................................. - 102 -

Figura 85 - Equipamento de Eletroforese em gel plano e esquema de eletroforese. ........ - 104 -

Figura 86 – Géis do estudo preliminar de SDS-Page...................................................... - 104 -

Figura 87 – Gel SDS para o complexo Ru2Ac................................................................ - 105 -

Figura 88 - Gel SDS para o complexo Ru2Diclofen. ...................................................... - 105 -

Figura 89 - Gel SDS para o complexo Ru2IBP............................................................... - 105 -

Figura 90 - Gel SDS para o complexo Ru2Sulin............................................................. - 105 -

Figura 91 - Redução do MTT a Formazana. .................................................................. - 106 -

Figura 92 – Porcentagem de células vivas em função da concentração de complexo...... - 108 -

xix

Figura 93 – Dados obtidos no primeiro ensaio de MTT. ................................................ - 109 -

Figura 94 – Dados obtidos no segundo ensaio com MTT............................................... - 111 -

Figura 95 - Relação dose-resposta hipotética como distribuição de freqüência (a) e como

distribuição acumulativa de freqüência (b) .................................................................... - 113 -

Figura 96 – Curva dose resposta para o HIBP e o Ru2IBP. ............................................ - 114 -

Figura 97 – Curva dose resposta para NaDiclofen e o Ru2Diclofen................................ - 114 -

Figura 98 – Curva dose resposta para HSulin e o Ru2Sulin. ........................................... - 115 -

Figura 99 – Curva dose resposta para RuHMelox. ......................................................... - 115 -

xx

LLLIIISSSTTTAAA DDDEEE TTTAAABBBEEELLLAAASSS

Tabela 1 - Diluições da solução inicial de HSA. .............................................................. - 17 -

Tabela 2 - Massas e concentrações das soluções, dos fármacos e dos complexos, utilizadas

nos experimentos............................................................................................................. - 18 -

Tabela 3 - Volume (µL) de solução de Composto adicionada à solução de HSA de

concentração 1,5 x 10-5 molL-1 *. .................................................................................... - 18 -

Tabela 4 - Massas e concentrações das soluções, dos fármacos e dos complexos, utilizadas

nos experimentos de fluorescência................................................................................... - 19 -

Tabela 5 - Volume (µL) de solução de Complexo adicionada a solução de HSA*............ - 20 -

Tabela 6 – Volumes em µL das soluções de complexo e de meio para atingir as concentrações

de 20, 40, 60, 80 e 120 µmolL-1 em 300 µL. .................................................................... - 35 -

Tabela 7 - Resultados das análises elementares................................................................ - 38 -

Tabela 8 –Atribuições das bandas observadas nos espetros UV/VIS dos fármacos e dos

complexos de dirutênio. .................................................................................................. - 42 -

Tabela 9 – Atribuições das bandas dos complexos de dirutênio no estado sólido, na região do

infravermelho próximo.................................................................................................... - 43 -

Tabela 10 – Concentração, λmáx, ε e atribuições das bandas observadas nos espetros UV/VIS

dos complexos de dirutênio. ............................................................................................ - 44 -

Tabela 11 - Atribuições tentativas das principais bandas observadas nos espectros do Ru2Sulin

e do HSulin. .................................................................................................................... - 47 -

Tabela 12 - Atribuições tentativas das principais bandas observadas nos espectros FTIR e

Raman do Ru2Diclofen e do fármaco NaDiclofen............................................................ - 49 -

Tabela 13 - Atribuições tentativas para as bandas Raman dos compostos. ....................... - 51 -

xxi

Tabela 14 - Atribuições tentativas das principais bandas observadas nos espectros do

RuHMelox e do H2Melox................................................................................................ - 54 -

Tabela 15 - Susceptibilidades Magnéticas Molares e Momentos Magnéticos Efetivos. .... - 55 -

Tabela 16 - Medidas de condutância molar dos complexos em metanol. .......................... - 56 -

Tabela 17 - Valores das distâncias interplanares para os picos mais intensos do difratograma

do RuO2. ......................................................................................................................... - 61 -

Tabela 18 - Valores das distâncias interplanares para os picos mais intensos do difratograma

do RuO2. ......................................................................................................................... - 64 -

Tabela 19 – Previsão das porcentagens de estrutura secundária da HSA com a adição dos

complexos testados.......................................................................................................... - 76 -

Tabela 20 – Rendimentos Quânticos e porcentagens de supressão calculados. ................. - 92 -

Tabela 21 – Ksv e ks dos complexos estudados p<0,007. .................................................. - 98 -

Tabela 22 – Dados de constante de ligação e número de sítios de ligação p<0,007......... - 102 -

Tabela 23 – Porcentagem de células vivas após a contagem com Tripam para os diferentes

complexos e nas diferentes concentrações ..................................................................... - 108 -

Tabela 24 – Porcentagem de células vivas após a contagem com MTT nos diferentes

complexos e nas diferentes concentrações. .................................................................... - 110 -

Tabela 25 – Porcentagem de células vivas após a contagem com MTT para os diferentes

compostos e nas diversas concentrações. ....................................................................... - 111 -

Tabela 26 – Parâmetros da equação e valores de EC50 obtidos a partir da curva dose resposta. -

116 -

Tabela 27 –Fatores e níveis escolhidos para análise de sua influência na mortalidade das

células K562. ................................................................................................................ - 118 -

Tabela 28 – Analise de variância para estudo da influencia da troca do composto utilizado x a

concentração. ................................................................................................................ - 118 -

xxii

Tabela 29 – Fatores e níveis escolhidos para análise da influência da troca dos ligantes nos

complexos dimetálicos na morte celular. ....................................................................... - 119 -

Tabela 30 – Analise de variância fatorial para estudo da influencia da troca do ligante

utilizado x a concentração. ............................................................................................ - 120 -

Tabela 31 – Fatores e níveis escolhidos para análise da influência da presença da unidade

dimetálica nos complexos na morte celular.................................................................... - 121 -

Tabela 32 – Analise de variância fatorial para estudo da influencia da unidade dimetálica x a

concentração. ................................................................................................................ - 122 -

Tabela 33 – Fatores e níveis escolhidos para análise da influência da troca do ligante nos

complexos monoméricos na morte celular. .................................................................... - 123 -

Tabela 34 – Analise de variância fatorial para estudo da influencia da troca do ligante

utilizado x a concentração ............................................................................................. - 123 -

xxiii

SSSUUUMMMÁÁÁRRRIIIOOO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ - 1 -

1.1 COMPLEXOS DE RUTÊNIO NO MEIO BIOLÓGICO................................................................................. - 1 -

1.2 ALBUMINA HUMANA........................................................................................................................ - 5 -

ESTRUTURA DOS LIGANTES .................................................................................... - 12 -

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... - 13 -

3 PARTE EXPERIMENTAL ..................................................................................... - 14 -

3.1 REAGENTES E SOLVENTES .............................................................................................................. - 14 -

3.2 SÍNTESE DOS COMPLEXOS .............................................................................................................. - 15 -

3.2.1 Síntese do complexo [Ru2(C20H16FO3S)4Cl] (Ru2Sulin)............................................................ - 15 -

3.2.2 Síntese do complexo [Ru2(C14H10Cl2NO2)4Cl] (Ru2Diclofen). .................................................. - 16 -

3.2.3 Síntese do complexo [Ru (C14H12N3O4S2)2(dmso)2 Cl2] (RuHMelox). ...................................... - 16 -

3.3 PREPARO DAS SOLUÇÕES PARA OS EXPERIMENTOS COM HSA........................................................ - 17 -

3.4 EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS. ......................................................................................................... - 21 -

3.5 TESTES BIOLÓGICOS. ...................................................................................................................... - 26 -

4 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DOS COMPLEXOS ........................................ - 37 -

4.1 SÍNTESES ........................................................................................................................................ - 37 -

4.2 ESPECTROS DE ABSORÇÃO ELETRÔNICA ......................................................................................... - 39 -

4.2.1 Espectros dos complexos de dirutênio e dos correspondentes fármacos. ................................. - 39 -

4.2.2 Espectros dos complexos RuDMSO, RuHMelox e do H2Melox. .............................................. - 43 -

4.3 ESPECTROS VIBRACIONAIS FTIR E RAMAN.................................................................................... - 44 -

4.3.1 Composto Ru2Sulin e do fármaco HSulin. ................................................................................ - 44 -

4.3.2 Composto Ru2Diclofen e do fármaco NaDiclofen..................................................................... - 47 -

4.3.3 Espectros Raman na região de freqüência mais baixa. ............................................................ - 50 -

4.3.4 Compostos RuHMelox e H2Melox............................................................................................. - 51 -

xxiv

4.4 SUSCEPTIBILIDADE MAGNÉTICA. ................................................................................................... - 55 -

4.5 MEDIDAS DE CONDUTÂNCIA MOLAR. ............................................................................................ - 56 -

4.6 ANÁLISE DE TG/DSC/MS .............................................................................................................. - 56 -

4.6.1 Curvas TG, DTG e DSC dos complexos Ru2Sulin e Ru2Diclofen. ............................................ - 56 -

4.6.2 Curvas TG, DTG e DSC do complexo RuHMelox .................................................................... - 62 -

4.7 PROPOSTA DE ESTRUTURAS PARA OS COMPLEXOS SINTETIZADOS:.................................................. - 65 -

4.7.1 Ru2Sulin e Ru2Diclofen ............................................................................................................. - 65 -

4.7.2 RuHMelox ................................................................................................................................. - 66 -

5.1 DICROÍSMO CIRCULAR ................................................................................................................... - 68 -

5.2 FLUORESCÊNCIA............................................................................................................................. - 79 -

5.2.1 Determinação do rendimento quântico de emissão a partir de uma amostra padrão 89. ......... - 89 -

5.2.2 Determinação das constantes de SternVolmer para os sistemas estudados. ............................ - 96 -

5.2.3 Determinação do número de sítios de ligação e da constante de ligação HSA-Complexo....... - 99 -

5.3 SDS-PAGE ...................................................................................................................................- 103 -

6 TESTES COM CÉLULAS K562 – RESULTADOS E DISCUSSÕES .................. - 106 -

6.1 TESTE PARA ESCOLHA DO MÉTODO DE CONTAGEM DAS CÉLULAS..................................................- 107 -

6.2 TESTE DE CITOTOXICIDADE COM MTT. .........................................................................................- 110 -

6.3 CURVA DOSE RESPOSTA. ...............................................................................................................- 112 -

6.4 TRATAMENTO ESTATÍSTICO. ..........................................................................................................- 116 -

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. - 124 -

8 REFERÊNCIAS .................................................................................................... - 128 -

- 1 -

111 IIINNNTTTRRROOODDDUUUÇÇÇÃÃÃOOO

1.1 Complexos de Rutênio no meio biológico.

Muitos metais têm papel importante nos sistemas vivos, uma vez que se ligam e

interagem com moléculas biológicas tais como proteínas e DNA, e apresentam afinidade por

moléculas cruciais para a vida, como oxigênio (O2) e óxido nítrico (NO).

O uso de metais em medicina vem sendo praticado há aproximadamente 5000 anos.

Os egípcios usavam o cobre para esterilizar água e o ouro era usado como medicamento na

Arábia e na China. Os metais mais utilizados na antiguidade eram ouro, prata e platina; pois

se acreditava que por serem nobres trariam algum benefício para o corpo. Somente nos

últimos cem anos é que se começou um estudo efetivo das propriedades medicinais de

compostos metálicos.

A medicina vem se beneficiando com o uso de drogas e agentes diagnosticantes

baseados em compostos inorgânicos. Por isso, vários grupos de pesquisa tem se dedicado à

química sintética de complexos de metais de transição, visando principalmente avaliar e

determinar o potencial terapêutico e ação biológica que estes compostos podem apresentar.

Os estudos sobre a cisplatina constituem, talvez, o maior sucesso da Química

Inorgânica Medicinal, uma vez que a partir do uso clínico do composto, o número de mortes

de homens por tumor de testículos diminuiu cerca de 80%.

Desde então, houve um grande interesse por complexos metálicos como possíveis

agentes terapêuticos. Iniciou-se uma nova era de busca por compostos metálicos com

propriedades farmacológicas, investigação de mecanismos de ação e tentativas de melhorar

atividades de novos e antigos fármacos 1.

- 2 -

O impulso decisivo para o crescimento na área de metalofármacos foi a procura de

novas drogas quimioterápicas alternativas à cisplatina, cis-[PtCl2(NH3)2], que é muito

utilizada na medicina atualmente.

Dentre inúmeros compostos investigados na literatura, estão os complexos de rutênio.

A possibilidade de identificação de uma nova droga anticancer entre complexos de rutênio

tem chamado a atenção de vários pesquisadores. Alguns estudos versam sobre o modo de

ligação, dos íons de rutênio, ao DNA e as vantagens proporcionadas por estes íons nesta

ação2-5. Vários grupos de pesquisas estão aprimorando e desenvolvendo estudos sobre a

aplicação e interação com biomoléculas de complexos de Ru(II) com diferentes ligantes, tais

como: cloroquinona 6; ligantes piridínicos 7-11, arenos 12, 13 e ligantes heterocíclicos 14-16.

Os complexos de Ru(III) mais estudados são aqueles que contém ligantes

heterocíclicos do tipo (HL)[trans-RuCl4L2], sendo L um ligante nitrogenado heterocíclico 17,

18. A classe das aminas de rutênio e as espécies com sulfóxido 5, 18. Os complexos (HL)[trans-

RuCl4(DMSO-S)L], sendo L= imidazol, conhecido como NAMI-A (Figura 1) 19, é um dos

compostos mais promissores, até o momento, sendo o primeiro a entrar para testes clínicos.

Todo este sucesso se dá ao fato do NAMI-A ser particularmente eficiente contra metástase de

tumores experimentais 20, 21, além disso, tem a capacidade de inibir o crescimento de

metástases já estabelecidas 22, de prevenir a formação de metástase 23-25 e, diferentemente da

cisplatina, não apresenta toxicidade significativa. 21.

Outro complexo também bastante interessante é o HInd[RuInd2Cl4], (Ind = indazol)

(Figura 2), KP1019. Existem estudos da interação deste complexo com biomoléculas 26, 27; ele

apresenta atividade contra uma ampla gama de modelos de tumores 17, 28-30 incluindo

carcinomas de colon e já está em fase I de testes clínicos 31.

Embora dois complexos, até o momento, sejam os mais promissores na busca de

novos antitumorais de rutênio e estudos sobre o modo de ação e estrutura tenham sido

- 3 -

realizados, muitos aspectos do mecanismo de ação inibitória do tumor ainda são

desconhecido.

Figura 1- NAMI-A [Ru (DMSO) Cl4-(Im).

Figura 2- HInd[RuInd2Cl4]

Nosso grupo de pesquisa tem investigados a interação de íons metálicos com fármacos

anti-inflamatórios não esteróides (FAINEs) com o objetivo de sintetizar novos

metalofármacos e testar sua atividade biológica. Os fármacos ibuprofeno, naproxeno,

indometacina, sulindaco e diclofenaco são exemplos desta classe de medicamentos que por

possuírem um grupo ácido (-COOH) em sua estrutura podem atuar como ligantes

estabilizando complexos dimetálicos. A escolha dos FAINEs se deve não somente a sua

atividade antiinflamatória, mas também à sua capacidade de prevenir e tratar alguns tumores

descoberta recentemente. FAINEs tais como sulindaco (Figura 8) e indometacina são capazes

de prevenir tumores induzidos em ratos e reduzir adenomas Min em camundongos. Ensaios

clínicos controlados, em humanos, confirmaram que a utilização de

FAINEs reduz o risco de câncer e da formação de polipose adenomatosa familiar 32.

Outras séries de estudos têm sugerido que a ingestão regular de

anti-inflamatórios não esteróides, pode diminuir o risco de câncer de mama 33, câncer de

colon 34, câncer de prostata35, câncer de endométrio 36, câncer de esôfago 37, dentre outros.

Estudos sugerem que o mecanismo de ação dos FAINEs no tratamento do câncer se

através da sua ação na ciclooxigenase 2 (COX2), já que níveis altos de COX-2 tem sido

- 4 -

relatada em alguns tipos de cancer, tais como; de próstata, de mama, de colon, de pâncreas e

de fígado. 35

Como ligantes, os FAINES carboxílicos podem estabilizar espécies com estruturas do

tipo “gaiola” nas quais quatro carboxilatos equatoriais se ligam em ponte a dois íons

metálicos de rutênio (Figura 3) 38.

Figura 3 - Estrutura do [Ru2(O2CR )4]+.

Um dos primeiros trabalhos do grupo mostrou que o complexo, [Ru2(IBP)4Cl]

apresenta atividade anti-inflamatória similares à do fármaco HIBP, porém provocando menor

efeito ulcerativo sobre o estômago do que o fármaco orgânico, in vivo 39

Em outro estudo, foram realizados testes in vitro quanto à ação antiproliferativa sobre

células C6 de glioma de rato, que constituem uma linhagem celular modelo para a espécie de

glioma maligno. Os resultados mostraram que os complexos [Ru2(IBP)4Cl] e [Ru2(NPX)4

(H2O)2]PF6 inibem a proliferação dessas células com mais eficácia que os respectivos

fármacos livres 40.

O desenvolvimento de um complexo metálico para fins terapêuticos requer o

conhecimento dos possíveis processos de biotransformação que antecedem a sua interação

com as células tumorais. Esta biotransformação depende da natureza do complexo e pode

envolver hidrólise do ligante, reações de oxido- redução e ou substituição dos ligantes por

- 5 -

biomoléculas presentes no sangue. Estas transformações podem alterar a estrutura e/ou

composição do complexo metálico e requerem, ainda, um estudo das possíveis interações com

biomoléculas, pois entre a administração da droga e do seu alvo a mesma percorre um longo

caminho podendo interagir com diversas proteínas presentes no sangue, por exemplo a

albumina de soro humana.

1.2 Albumina Humana.

A albumina é a proteína mais abundante do sistema circulatório, em concentração

próxima de 40 mg/mL (~ 0,6 mM). Esta proteína desempenha uma variedade muito grande de

papeis no meio biológico; contribuindo com 80% da pressão osmótica sangüínea e sendo

essencialmente responsável pela manutenção do pH do sangue. Nos mamíferos albumina a

albumina é sintetizada pelo fígado e possui um tempo de meia-vida de 19 dias41. Uma notável

propriedade desta proteína é a sua capacidade de ligar-se, reversivelmente, a uma incrível

variedade de moléculas. Localizada em todos os tecidos corporais, a HSA realiza o transporte

e distribuição de diversas substâncias endógenas ou exógenas tais como: hormônios,

aminoácidos, íons metálicos e drogas 42. Ela é a principal transportadora de ácidos graxos que

são insolúveis no plasma sanguíneo 43, 44, e desempenha outras funções como o seqüestro de

radicais livres de oxigênio e a inativação de vários metabólitos tóxicos lipofílicos, como a

bilirrubina.

A estrutura primária da albumina é constituída de uma única cadeia polipeptídica que

contém 585 resíduos de aminoácidos (~ 66 kd). A macromolécula pode ser dividida em 9

alças (L1-L9) formadas por 17 pontes dissulfeto entre resíduos de cisteína e grupos SH livres

(Cys34) 41, e em três domínios sendo cada um deles constituído de 3 alças (Figura 4).

- 6 -

A albumina de soro humana (HSA) apresenta algumas características estruturais

importantes, que merecem destaque:

a) A presença de um único resíduo de triptofano (na posição 214);

b) O conteúdo baixo de resíduos de metionina (6 resíduos) em relação ao de cisteína

(35 resíduos), e um número ímpar de resíduos de cisteína o qual é de importância fundamental

para a estabilização da estrutura e para a ligação de alguns íons metálicos com à proteína;

c) O conteúdo elevado de aminoácidos com carga, como ácido aspártico (36), ácido

glutâmico (61), lisina (59) e arginina (23), que conferem à proteína uma carga total elevada (-

17, em pH fisiológico) e portanto, uma boa hidrossolubilidade.

d) Ausência de sítios de glicosilação, ao contrário de outras proteínas da família das

albuminas, como a α-fetoproteina. 41, 45

A carga total elevada, proveniente de cerca de 185 possíveis íons por molécula, a pH

7, contribui para a solubilidade da proteína, e as muitas ligações dissulfeto, para a sua

estabilidade. A carga global líquida em pH 7 é -12 a -18 para as albuminas bovina, humana e

de rato 41.

Para os mamíferos a seqüência de aminoácidos é bem preservada, um exemplo é a

comparação da albumina humana com as albuminas bovina e a eqüina, que mostra 75% de

homologia 41.

Em termos de estrutura secundária os dados cristalográficos mostram que a albumina é

constituída predominantemente por α-hélices (67%), com pequenas contribuições de folhas β

(23%) e turnos (10%) 41. As α-hélices (Figura 5) são estabilizadas por ligações de hidrogênio

entre os oxigênios das carbonilas das ligações peptídicas e os nitrogênios das amidas dos

quartos aminoácidos subseqüentes.

- 7 -

Figura 4 – Representação da estrutura primária da Albumina Humana.

AR VA

ASHILY SEGL

AL ARHI PH LY AS LE GL GL PH LY LE IL AL PHVA GL TY

LE

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Dom

ínio

I

Dom

ínio

II

Dom

inio

III

L1

L2

L3

L4

L5

L6

L7

L8

L9

- 8 -

Figura 5 - Estrutura α-hélice1.

As estruturas folha β (Figura 6) são estabilizadas por ligações de hidrogênio entre os

oxigênios das carbonilas das ligações peptídicas de um trecho da cadeia e os nitrogênios das

amidas das ligações peptídicas de outro trecho distante desta mesma cadeia primária, que será

colocada na vizinhança do primeiro trecho. Existem duas variedades de folhas β pregueadas:

A) A folha β pregueada antiparalela, em que as cadeias polipeptídicas vizinhas unidas por

ligações de hidrogênio estão em sentidos opostos; B) A folha β pregueada paralela, na qual as

cadeias estão orientadas no mesmo sentido (Figura 6) 46.

Figura 6 - Estrutura folha ß.

1 Química: A Ciência Central - Person Education

- 9 -

Conforme ilustrado na

Figura 4, a configuração tri-dimensional é composta por três domínios homólogos (I,

II e III). Cada domínio, por sua vez, é formado por dois subdomínios (IA, IB, etc), que são

predominantemente helicoidais e contem várias ligações cruzadas de pontes dissulfeto 41.

A estrutura terciária da albumina foi elucidada através de difração de raio x 42, 47, onde

observou-se que, no cristal obtido em uma solução na faixa de pH 4,5 – 8,0, a molécula de

HSA tem forma semelhante a de um coração aproximadamente igual a um triângulo

eqüilátero de lados ~ 80 Å e com 30 Å de profundidade.

A albumina possui uma distribuição assimétrica de carga em sua estrutura primária.

Em pH neutro, a carga total calculada é de -10, -8 e 0, respectivamente para os domínios I, II

e III da albumina humana, sendo uma distribuição semelhante observada em outras

albuminas. Portanto, a carga negativa é bem alta no sítio N-terminal e menor no domínio C-

terminal o que confere assimetria elétrica para a macromolécula48.

A albumina é a única proteína conhecida cujo arranjo tridimensional depende

inteiramente da presença das 17 pontes de dissulfeto, o que pode explicar sua capacidade de

se manter estável frente a condições desnaturantes das mais adversas 41.

A albumina pode se ligar rapidamente e com grande afinidade a vários ligantes

diferentes. As reações de equilíbrio HSA-ligante apresentam constantes de velocidade de

pseudo-primeira ordem de 10-5s-1, ou seja, o equilíbrio é atingido em cerca de 1

microssegundo 49. Isso sugere que a proteína tem capacidade de alterar sua conformação

interna de modo rápido. Regiões hidrofóbicas, por um lado, e grupos substituintes carregados

devem auxiliar na fixação dos ligantes à proteína.

No que diz respeito ao transporte de metais, a albumina humana atua de modo

diferente da maioria das outras proteínas, justamente por sua capacidade de transportar várias

espécies diferentes e com grande afinidade.

- 10 -

Quanto à afinidade por diferentes tipos de ligantes, a estrutura da albumina pode ser

subdividida nos seguintes sítios:

a) Sítios I e II – ligantes heterocíclicos pequenos, ácidos carboxílicos, compostos

aromáticos e bilirrubina;

b) Sítios III e IV – ácidos graxos de cadeia longa;

c) Sítios V e VI (Cys34 e N-terminal, respectivamente) – íons metálicos.41, 50

Uma ilustração destes sítios é apresentada na Figura 7, que mostra também as posições

de ligação para marcadores farmacêuticos importantes tais como: diazepam, ibuprofeno,

aspirina e warfarina, e marcadores endógenos como triptofano e bilirrubina 41.

Figura 7 - Sítios de ligação da HSA2.

É amplamente aceito na indústria farmacêutica que a distribuição global, o

metabolismo e a eficácia de muitas drogas podem ser alterados com base em suas afinidades

2 Adaptada de Elsevier © Ghuman J et al. (2005) J Mol Biol 353: 38–52.

Sitio III

Aspirina

Diazepan

Digitoxina

Clorofibrato

Ibuprofeno

AZT (Zidovudina)

Triptofano

Octanoato

Sitio II

Aspirina

Warfarina

Bilirrubina

Sitio I

Auranofina

Au(I)

Hg(II)

Cu(II)

Ni(II)

- 11 -

pela soro albumina. Além disso, novas drogas promissoras acabam sendo ineficazes devido à

sua elevada afinidade por esta abundante proteína. Desta forma, o entendimento da interação

de várias classes de fármacos com a albumina pode sugerir novos caminhos para terapia e

design de novas drogas, colocando a albumina em posição adequada, numa segunda etapa

para racionalização de novas drogas 51-53.

- 12 -

EEESSSTTTRRRUUUTTTUUURRRAAA DDDOOOSSS LLLIIIGGGAAANNNTTTEEESSS

Figura 8 – Sulindaco.

Figura 9 – Diclofenaco.

Figura 10 – Ibuprofeno.

Figura 11 – Meloxicam.

- 13 -

222 OOOBBBJJJEEETTTIIIVVVOOOSSS

Este trabalho teve como principal meta gerar uma nova contribuição para o

desenvolvimento dos estudos sobre metalofármacos, dando continuidade às pesquisas do

grupo sobre complexos de rutênio contendo fármacos anti-inflamatórios não-esteróides

(FAINES) como ligantes.

Os principais objetivos foram:

Desenvolvimento de metodologias sintéticas para a obtenção de complexos de

Ru2(II,III) com carboxilatos derivados fármacos anti-inflamatórios não-esteróides: sulindaco e

diclofenaco, e de um complexo de Ru(II) com ligante derivado do meloxicam.

Caracterização dos complexos obtidos por meio de análises elementares,

espectroscopia eletrônica, espectroscopias vibracionais FTIR e Raman, medidas de

susceptibilidade magnética, medidas de condutância molar, análises termogravimétricas (TG e

DSC), e difratometria de raios x pelo método do pó.

Estudos de interação dos novos complexos preparados, e também de um complexo de

dirutênio-ibuprofenato, com albumina de soro humana (HSA) empregando-se as técnicas de

dicroísmo circular e fluorescência.

Avaliação da atividade biológica dos complexos frente à linhagem celular K562 e

realização de análise estatística dos dados obtidos nestes ensaios.

- 14 -

33 PPAARRTTEE EEXXPPEERRIIMMEENNTTAALL

3.1 Reagentes e Solventes

Reagentes

Albumina Humana (HSA) Aldrich

Hidrogenocarbonato de sódio (NaHCO3) Merck

Cloreto de lítio (LiCl) Aldrich

Cloreto de rutênio(III) (RuCl3·nH2O) Aldrich

Cloreto de sódio (NaCl) Synth

Diclofenaco sódico (NaC14H10Cl2NO2) Buenos Aires *

Dihidrogenofosfato de sódio (NaH2PO4) Synth

Hidróxido de sódio (NaOH) Merck

Ibuprofeno (C13H18O2) Aldrich

Meloxicam (C14H13N3O4S2) Rhamus *

Ru2Ac **

Ru2IBP **

RuDMSO **

Sulindaco (C20H17FO3S) Rhamus *

* Farmácia de Manipulação.

** Sínteses realizadas conforme métodos descritos na referência 40 e 54.

- 15 -

Solventes

Metanol (CH3OH) Merck

Etanol (CH3CH2OH) Merck

Acetona (CH3COCH3) Synth

Clorofórmio (HCCl3) Merck

Dimetilsulfóxido (H3CSOCH3) Merck

3.2 Síntese dos Complexos

3.2.1 Síntese do complexo [Ru2(C20H16FO3S)4Cl] (Ru2Sulin).

Dissolveu-se 0,102 g de Ru2Ac em 80 mL de água e deixou-se sob agitação e

atmosfera de nitrogênio por 30 min. Após este período, no qual ocorreu a total dissolução do

Ru2Ac, reduziu-se o volume da solução com a ajuda de um roto-evaporador, a 25 mL

adicionou-se 20 mL de etanol e 0,092 g de LiCl dissolvido em 5 mL de água. Uma solução

contendo 0,369 g sulindaco em 40 mL de etanol foi acrescentada a seguir e a mistura colocada

sob aquecimento em banho- maria (45 oC - 50 oC ) e mantida sob agitação e atmosfera de

nitrogênio, por 3 horas observando-se a formação de um precipitado de cor laranja. Depois de

resfriada filtrou-se a mistura, o sólido obtido foi lavado com etanol gelado e depois secado a

vácuo em dessecador contendo pentóxido de fósforo e sílica gel. Rendimento= 78%

- 16 -

3.2.2 Síntese do complexo [Ru2(C14H10Cl2NO2)4Cl] (Ru2Diclofen).

Dissolveu-se 0,500 g de Ru2Ac em 80 mL de água e deixou-se sob agitação e

atmosfera de nitrogênio por 30 min. Após este período, no qual ocorreu a total dissolução do

Ru2Ac, reduziu-se o volume da solução com a ajuda de um roto-evaporador, a 25 mL

adicionou-se 20 mL de etanol e 0,462 g de LiCl dissolvido em 5 mL de água. Uma solução

contendo 1,342 g diclofenaco em 40 mL de etanol foi acrescentada a seguir e a mistura

colocada sob aquecimento em banho- maria (45 oC - 50 oC ) e mantida sob agitação e

atmosfera de nitrogênio, por 3 horas observando-se a formação de um precipitado de cor cinza

esverdeado. Depois de resfriada filtrou-se a mistura, o sólido obtido foi lavado com etanol

gelado e depois secado a vácuo em dessecador contendo pentóxido de fósforo e sílica gel.

Rendimento=75%

3.2.3 Síntese do complexo [Ru (C14H12N3O4S2)2(dmso)2 Cl2] (RuHMelox).

Suspendeu-se 0,702 g de meloxicam em 100 mL de água em um balão de fundo

redondo de 250 mL. Sob agitação adicionou-se gota a gota uma solução 1 molL-1 de

hidróxido de sódio até que o meloxicam solubiliza-se (pH 8,0).

A seguir, em 10 mL de água, dissolveu-se 0,500 g de [Ru(DMSO)4Cl2] e esta solução

foi adicionada à solução de meloxicam. Deixou-se a mistura sob agitação em banho-maria

(60oC), por 30 min. Após resfriamento filtrou-se a mistura, o sólido obtido foi lavado com

água gelada e depois seco a vácuo em dessecador contendo pentóxido de fósforo e sílica gel.

Rendimento=85%

- 17 -

3.3 Preparo das Soluções para os experimentos com HSA.

Tampão fisiológico

As massas de 1,460 g de NaCl, 0,525 g de NaHCO3 e 0,120 g de NaH2PO4, foram

pesadas e os sais foram dissolvidos, separadamente, em água deionizada e transferidos para

um balão volumétrico de 250 mL, completando-se o volume com água deionizada. O ajuste

da solução para pH 7,4 foi realizado,quando necessário, adicionando-se gotas de uma solução

de HCl 1 molL-1 ou NaOH 1 molL-1 antes de completar com água deionizada o volume do

balão.

Solução de HSA

Preparou-se uma solução 2,5 x 10-3 molL-1 de HSA (1,65 g de HSA em 10mL água

deionizada) em balão volumétrico, e a partir desta fizeram-se as diluições necessárias, com

tampão fisiológico, para cada experimento conforme a Tabela 1.

Tabela 1 - Diluições da solução inicial de HSA.

Experimento Volume Inicial solução de HSA*

Concentração final de HSA

Volume Final da solução de HSA

Dicroísmo Circular 30 µL 1,5 x 10-5 molL-1 5 mL

Fluorescência 8 µL 4,0 x 10-6 molL-1 5 mL

*Os volumes foram medidos com pipetas automáticas (Gilson).

Preparo das soluções dos complexos e fármacos para o estudo de CD.

Pesou-se uma determinada massa de complexo (Tabela 2) e transferiu-se para um

balão volumérico de 5 mL. Adicionou-se 500 µL de DMSO, com o auxilio de uma pipeta

automática Gilson de volume máximo 1000 µL, e a seguir completou-se o volume com o

- 18 -

solvente adequado. A partir desta solução fizeram-se as diluições necessárias para cada

experimento de acordo com a Tabela 3.

A solução de Platinil®, frasco com 10 mg /20 mL, (concentração 1,67 x 10-3 molL-1),

foi doada por Quiral Química do Brasil S.A. e foi utilizada da maneira como é

comercializada.

Tabela 2 - Massas e concentrações das soluções, dos fármacos e dos complexos, utilizadas nos

experimentos.

Complexos Massa (g) Concentração (molL-1) Solvente

HIBP 0,0137 1,33 x 10-2 Etanol

HSulin 0,0147 8,25 x 10-3 Etanol

NaDiclofen 0,0147 9,24 x 10-3 Água

Ru2Ac 0,0154 6,50 x 10-3 Água

Ru2Diclofen 0,0140 1,97 x 10-3 Etanol

Ru2IBP 0,0172 3,25 x 10-3 Etanol

Ru2Sulin 0,0122 1,38 x 10-3 Etanol

RuDMSO 0,0172 7,10 x 10-3 Água

RuHMelox 0,0106 2,33 x 10-3 Etanol

Tabela 3 - Volume (µL) de solução de Composto adicionada à solução de HSA de concentração 1,5 x

10-5 molL-1 *.

Razão molar HSA: Composto

1:1 1:2 1:3 1:4 1:5

Composto Volumes adicionados (µL)

NaDiclofen 8,1 16,2 24,3 32,4 40,5

HIBP 5,6 11,2 16,8 22,4 28,0

- 19 -

HSulin 9,1 18,2 27,3 36,4 45,5

Platinil® 45,0 90,0 135,0 180,0 225,0

Ru2Diclofen 38,0 76,0 114,0 152,0 190,0

Ru2IBP 23,1 46,2 69,3 92,4 115,5

Ru2Sulin 54,3 108,6 162,9 217,2 271,5

Ru2Ac 11,5 23,0 34,5 46,0 57,5

RuDMSO 10,6 21,2 31,8 42,4 53,0

RuHMelox 32,2 64,4 96,6 128,8 161,0

*Todas as adições foram realizadas com pipetas automáticas Gilson.

Preparo das soluções dos complexos e fármacos para o estudo de Fluorescência.

As soluções dos compostos foram preparadas a partir das soluções de concentração

inicial indicadas na Tabela 4, fazendo-se as diluições necessárias de acordo com a

Tabela 5. Para o complexo Ru2Ac registrou-se o espectro para a razão molar 1:20 para

se obter um valor de fluorescência mais próximo a zero.

Tabela 4 - Massas e concentrações das soluções, dos fármacos e dos complexos, utilizadas nos

experimentos de fluorescência.

Complexos Massa (g) Concentração (molL-1) Solvente

HIBP 0,0055 5,3 x 10-3 Etanol

HSulin 0,0090 5,0 x 10-3 Etanol

NaDiclofen 0,083 5,2 x 10-3 Água

Ru2Ac 0,0121 5,1 x 10-3 Água

Ru2Diclofen 0,0359 5,0 x 10-3 Etanol

Ru2IBP 0,0269 5,1 x 10-3 Etanol

Ru2Sulin 0,0448 5,1 x 10-3 Etanol

- 20 -

RuDMSO 0,0122 5,0 x 10-3 Água

H2Melox 0,0089 5,0 x 10-3 Água

RuHMelox 0,0230 5,1 x 10-3 Etanol

Tabela 5 - Volume (µL) de solução de Complexo adicionada a solução de HSA*.

Razão molar HSA: Composto

1:1 1:2 1:3 1:4 1:5. 1:10.

Composto Volumes adicionados (µL)

NaDiclofen 8 16 24 32 40 80

HIBP 8 16 24 32 40 80

HSulin 8 16 24 32 40 80

Platinil® ** 12 24 36 48 60 120

Ru2Ac 4 8 12 16 20 40

Ru2Diclofen 4 8 12 16 20 40

Ru2IBP 4 8 12 16 20 40

Ru2Sulin 4 8 12 16 20 40

RuDMSO 8 16 24 32 40 80

RuHMelox 4 8 12 16 20 40

*Todas as adições foram realizadas com pipetas automáticas (Gilson).

Preparo das soluções dos complexos e fármacos para o estudo de SDS-PAGE

Para o experimento preparou-se uma solução de HSA na concentração de 2,5 x 10-4

molL-1 e soluções dos complexos Ru2Ac, Ru2Sulin, Ru2Diclofen e Ru2IBP e dos fármacos

HSulin, NaDiclofen e HIBP na concentração de aproximadamente 3,7 x 10-4 molL-1. O

volume final de solução a ser aplicada no gel deve ser de 10 µL e a concentração de HSA para

o experimento no volume utilizado é de 7,5 x 10-5 molL-1.

- 21 -

Para cada amostra, foram adicionados em um ependorf de 1,5 mL: 3,0 µL de solução

de HSA, 2,0 µL de solução de composto e 3,0 µL de solução tampão fisiológico. Para o

controle usou-se a proteína livre com tampão. As soluções foram incubadas por 30 min em

banho termostatizado à 37ºC e depois adicionou-se 1,0 µL de SDS 10% e 1,0 µL de azul de

bromofenol. As amostras foram centrifugadas e então aplicadas nos géis, com o auxilio de

uma microseringa.

1)Gel de resolução 12% (receita para

dois géis)

Acrilamida/Bis-acrilamida........10mL

Tampão (Tris Buffer) 1,5M pH

8,8............................................9,4 mL

SDS 10%...............................0,25 mL

H2O.........................................4,2 mL

Temed......................................15 mL

Persulfato de amônio............1,25 mL

2)Gel de empacotamento (receita para

dois géis)

Acrilamida/Bis-acrilamida........875 µL

Tampão (Tris Buffer) 1M pH

6,8.............................................875 µL

SDS 10%.....................................70 µL

H2O...........................................4,8 mL

Temed.........................................15 µL

Persulfato de amônio..............1,25 mL

3.4 Equipamentos e Técnicas.

Análise elementar

As determinações dos teores de C, H, N foram efetuadas nos laboratórios da Central

Analítica do IQ-USP utilizando-se um equipamento ELEMENTAR ANALYZER CHN

modelo 2400 da Perkin Elmer. A determinação da percentagem de Ru foi efetuada utilizando-

se a técnica de ICP-AES, aparelho SPECTROGENESIS – FES 50-60 Hz.

- 22 -

Espectroscopia vibracional

Os espectros vibracionais na região do infravermelho foram registrados com um

aparelho ABB BOMEN - MB séries. Para a região de 4000 a 400 cm-1, obteve-se espectros

por reflectância difusa, porém o aparelho já nos fornece os espectros em porcentagem de

transmitância, com as amostras dos compostos dispersas em KBr.

Espectroscopia eletrônica

Os espectros eletrônicos dos complexos em solução na região do UV-visível foram

obtidos num Espectrofotômetro SHIMADZU UV-VISÍVEL, modelo UV- 1650 PC, com

banho termostatizador, utilizando cubetas de quartzo de 1,0 cm.. Para o registro dos espectros

dos compostos no estado sólido foi utilizado um aparelho GUIDED WAVE, modelo 260, no

laboratório do Prof. Dr. Henrique E. Toma, com a colaboração da Profª Drª Anamaria D. P.

Alexiou.

Medidas de susceptibilidade magnética

As medidas de susceptibilidade magnética foram realizadas utilizando o Método

Faraday, numa balança CAHN modelo DTL 7500 com campo magnético de 1 Tesla. O

padrão usado foi o Hg[Co(SCN)4], κ = 16,44 x 10-6 unid. CGS/Gauss a 20 °C e θ = +10°. As

leituras de massa, da barquinha vazia, do padrão e da amostra, com e sem campo magnético,

foram feitas em triplicata e usadas para cálculo de suas médias aritméticas. Os cálculos das

susceptibilidades magnéticas foram realizados segundo descrito na referencia 55.

- 23 -

Espectroscopia Vibracional Raman

Os espectros Raman dos compostos no estado sólido foram registrados no laboratório

de Espectroscopia Molecular do IQ-USP, com a colaboração da Profª Drª Márcia Laudelina

Arruda Temperini, Drª Celly Mieko Shinohara e Daniela Colevati. Utilizou-se um

equipamento Raman RENISHAW, modelo 3000, com sistema de detector CCD refrigerado

termoeletricamente (Wright 600 x 400 pixels) e microscópio metalúrgico (Olympus).

Empregou-se a linha de excitação de 632,8 nm, potência de 24 mW e filtro de densidade

óptica 1.

Medidas de Condutividade

As medidas de condutividade foram realizadas com um condutivímetro DIGIMED,

modelo DM-31, usando-se como padrão de referência uma solução de KCl de condutância

específica de 146,9 µScm-1 e uma célula de constante k = 0,1 cm-1. As soluções dos

complexos em estudo apresentavam concentrações aproximadamente igual a 1 x 10-3 molL-1.

Análise Termogravimétrica

As curvas termogravimétricas (TG), termogravimétrica diferencial (DTG) e

calorimetria exploratória diferencial (DSC) foram executadas em um equipamento TG/DSC

modelo STA PC Luxx, marca NETZSCH, acoplado a um espectrômetro de massas QMS

403C Aeolos e um injetor de gases PulseTA, ambos também da marca NETZSCH. As curvas

foram registradas em atmosfera de ar sintético, as massas das amostras (~ 8 mg) foram

pesadas em cadinho de alumina e a taxa de aquecimento foi de 10 ºC.min-1 até a temperatura

final de 1000 ºC.

- 24 -

Dicroísmo Circular

Para este experimento utilizou-se um Espectropolarímetro JSACO J-720, registrando-

se os espectros no intervalo de 195-260 nm. Para as medidas, foi usada uma cela de quartzo

esférica de 0,1cm de caminho óptico

Os dados obtidos, em unidades de CD (mgrau) por comprimento de onda, foram

convertidos para unidades de elipsidade molar residual (MRE), expressas em grau.cm2 .dmol-1

por comprimento de onda, com auxílio do programa Espectra Analisys – Jasco, instalado no

próprio equipamento. Esta conversão é dada pela equação:

10][

×××=

lnCpMREou obsθ

θ Equação 1

Onde:

Cp = concentração molar da proteína = 1,5 x 10-5 molL-1

n = número de resíduos de aminoácidos = 585

l = caminho óptico = 0,1 cm

Fluorescência

As medidas de emissão neste trabalho foram obtidas no Laboratório de Fotoquímica

Inorgânica & Conversão de Energia, com colaboração da Profª Drª Neyde Yukie Murakami

Iha, da Drª Karina Passalaqua Moreli Frin e dos alunos de doutorado Antonio Otávio Toledo

do Patrocinio e Sergio Kenji Mizoguchi, em um espectrofluorômetro PHOTON-COUNTING

da ISS, modelo PC1. A resolução é controlada pelas fendas nos monocromadores de emissão

- 25 -

e excitação, sendo que cada milímetro de fenda corresponde a 8 nm na largura de meia-banda.

Os espectros foram obtidos utilizando cubeta retangular de quartzo com as quatro faces

lapidadas de caminho óptico igual a 1,000 cm, velocidade de varredura de 1 nms-1, com fenda

de 0,5 nm para excitação e 2,0 nm para emissão.

SDS-PAGE

As análises de eletroforese em gel de poliacrilamida-dodecilsulfato de sódio (SDS-

PAGE) foram realizadas no aparelho Eletrophoresis Power Supply – EPS 301, no laboratório

da Profª. Drª. Ana Maria da Costa Ferreira com o auxilio da Drª. Mariana Pedrinha Abbott e

da Dra. Vivian Chagas Silveira.

Os géis são feitos pela polimerização de acrilamida e N,N’-metilenibisacrilamida,

induzida por radicais livres, no tampão de escolha. O gel em geral é montado com o formato

de uma fatia retangular delgada, na qual diversas amostras podem ser analisadas

simultaneamente em canaletas paralelas (Figura 85). As amostras, aplicadas em canaletas que

são feitas na parte superior do gel, migram em linhas paralelas de cima para baixo56.

Difratometria de Raio X

Os difratogramas de raios X foram obtidos empregando-se um difratômetro RIGAKU,

modelo Mini flex, com ânodo de cobre (radiação Kα = 1,541Å). As varreduras foram feitas

nos intervalos de 20 – 60º, com passo de 0,02º entre cada ponto. As amostras sólidas foram

suspensas em etanol e sonicadas por 30 minutos para obter suspensões com partículas bem

pequenas, em seguida gotejou-se as suspensões em lâminas de quartzo para obtenção de um

filme. Após a secagem registrou-se o difratograma das mesmas.

- 26 -

3.5 Testes Biológicos.

Equipamentos e Materiais descartáveis

- Micropipetas de 10 mL, 5 mL, 1000 µL, 200 µL, 100 µL e 10 µL (Gilson)

- Micropipeta de 8 canais (Ependorf)

- Fluxo Laminar (FiltraCom modelo BOFluxo90A)

- Incubadora de CO2 (Hepa Class 100 -Thermo Electron Corporation)

- Microscópio (Carl Zeiss - Jena)

- Centrifuga Excelsa IITM mod 206 BL

- Leitora de Microplacas (FLUOStar OPTIMA – BMG LABTECH)

- Câmara de contagem ou Câmara Neubauer (Lopti Labo)

- Lamínula

- Placa 96 poços (TPP)

- Placa 06 poços (TPP)

- Garrafa para cultivo celular (TPP)

-Ponteiras, para micropipetas (Gilson)

- Tubos Falcon (TPP)

Materiais

- Linhagem Celular - Células K562, obtidas de leucemia mielóide de uma mulher, branca, 53

anos. Cedidas pelo Prof. Dr. Breno Pannia Espósito.

- Meio de Cultura – RPMI (EMCARE), Roswell Park Memorial Institut: mistura de sais

enriquecidos com aminoácidos, vitaminas e outros componentes essenciais para o crescimento

celular. A ele foi adicionado soro bovino fetal (10%v/v).

- 27 -

- Solução de MTT (Brometo de 3-[4,5-dimetiltiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazólio) (MERCK)

preparada na concentração de 2,0 mg/mL em água.

- Solução de Azul de Tripam (MERCK)

- Soro Bovino Fetal - FBS (EMCARE)

Procedimento geral para os experimentos com células.

Todas as etapas do cultivo de célula e os testes com os compostos, descritos a seguir,

foram realizadas na sala de células do Laboratório de Cinética Rápida e Fototermia do Prof.

Dr. Maurício da Silva Baptista, IQ-USP.

1ª Etapa: Descongelamento das células K562;

Antes de começar o procedimento de descongelamento (dia 1) das células, capela de

fluxo laminar e os materiais necessários foram limpos com álcool 70% e depois mantidos

dentro da capela ligada, sob radiação UV por 10 min para esterilização. Este procedimento de

limpeza foi repetido antes do inicio de cada o trabalho realizados na sala de células, para se

evitar contaminação.

Um “criovial” contendo 1 mL de células foi retirado de um botijão de nitrogênio

líquido e descongelado em banho-maria de álcool a 37ºC. Dentro da capela de fluxo laminar

transferiu-se as células para um tubo Falcon e adicionou-se 4 mL de meio RPMI contendo

10% FBS e centrifugou-se à 1200 RPM por 10 min.

O sobrenadante foi então descartado e as células foram ressuspensas em 3 mL de meio

de cultura e colocadas em um poço (poço 1) de uma placa de 6 poços (Figura 12).

Homogeneizou-se bem a suspensão presente no poço 1 e transferiu-se 10 µL para um poço de

uma placa de 96 poços, para realizar a contagem de células vivas e mortas (conforme descrito

a seguir) e em seguida guardou-se a placa em estufa a 37ºC e sob atmosfera de 5% CO2.

- 28 -

Figura 12 - Esquema da placa de 6 poços

Contagem de células em Câmara Neubauer (Figura 13)

À alíquota retirada do poço 1, que foi colocada em um poço de uma placa de 96 poços,

adicionou-se 10 µL de corante azul de Tripam, obtendo-se assim uma diluição à metade da

concentração celular, ou seja: suspensão celular/mistura = 1:2 (v/v).

Homogeneizou-se a suspensão com corante e retirou-se uma alíquota de 10µL que foi,

então, colocada entre uma lamínula e a câmera de contagem Neubauer (Figura 14).

Encostando-se a ponta da pipeta na borda da lamínula, preencheu-se cuidadosamente a

câmara de contagem (o líquido deve preencher apenas um lado da câmara e não deve chegar

aos canais de cada lado da área de contagem) (Figura 14).

Figura 13 - Câmara Neubauer

Figura 14 - Esquema de como adicionar a

solução com células na câmara de contagem.

1 2 3

4 5 6

- 29 -

Colocou-se a câmara de contagem no microscópio e focalizou-se a área demarcada da

câmara com a objetiva menor. A contagem das células foi realizada em toda a área da câmara

de acordo com o esquema da Figura 15.

Figura 15- Esquema de contagem utilizando a câmara Neubauer.

Como durante a contagem, podem ser observados diferentes tipos de arranjos de

células, conforme esquematizado na Figura 16, é preciso estabelecer alguns critérios para

classificá-los. Os critérios estabelecidos para se realizar a contagem das células foram:

• células nitidamente separadas foram contadas separadamente (por exemplo, a

representação A na Figura 16 corresponde a 4 células);

• nos grumos constituídos por várias células facilmente distinguíveis por seus

citoplasmas, contou-se cada uma das células (B, Figura 16: 8 células, em um grumo);

• nos grumos cujas células eram difíceis de serem distinguidas umas das outras, um

grumo seria contado como um único grumo de células (C, Figura 16: um grumo), mas este

caso não foi encontrado durante as contagens realizadas.

- 30 -

Figura 16 - Grumos de Células

Para calcular a concentração das células na suspensão utilizou-se a equação:

diluiçãodefatorcâmaradavolume

vivascélulasncélulas __

__

)_º(][ ×= Equação 2

210

85][

4×= − mL

células

7107,1][ ×=células células/mL

Nessa primeira contagem encontrou-se 85 células vivas e 15 células mortas, o que nos

dá 85% de células vivas.

2ª Etapa: Manutenção e Multiplicação

Depois da 1ª etapa (de descongelamento e contagem de células) é preciso fazer as

células se multiplicarem para gerar um número maior que seja suficiente para a realização dos

ensaios. A manutenção das células exige senso crítico e tomadas de decisão da parte de quem

as manipula. Devido à presença do indicador vermelho de fenol (faixa de pH 6,6 - 8,0), o

meio de cultura apresenta coloração rósea a qual evidencia o seu caráter básico. No entanto,

quando a quantidade de células torna-se muito alta, os resíduos da atividade celular acabam

deixando o meio ácido e, portanto, a cor deste muda de rosa para amarela.

A B C

- 31 -

No dia seguinte ao descongelamento (dia 2) a cor do meio, no poço 1, estava amarela

então dividiu-se os 3 mL de suspensão de células presentes, no poço 1, em mais 2 poços,

primeiro ressuspendeu-se as células da suspensão, para uma melhor homogeneização da

mesma, e pipetou-se 1 mL da suspensão para cada poço, ficando assim o poço 1, 2 e 3 com 1

mL de suspensão de células. A seguir adicionou-se 2 mL de meio RPMI em cada poço com

células (Figura 17).

Figura 17 - Esquema divisão da suspensão celular

Após esta divisão, contou-se a quantidade de células presentes em cada poço,

conforme descrito anteriormente, e a placa foi guardada novamente na estufa sob as mesmas

condições.

A manutenção das células exige senso crítico. O meio de cultura possui coloração

rósea devido à presença de um indicador. No entanto, quando a quantidade de células é muito

alta, os resíduos da atividade celular acabam tornando o meio ácido e, portanto, muda a cor da

solução para amarela.

No dia seguinte (dia 3), os meios apresentavam coloração amarelada, então realizou-se

a contagem das células presentes nos 3 poços. A suspensão do poço (1) foi dividida em 3

novos poços, 1 mL da suspensão para cada poço, de uma nova placa de 6 poços e em seguida

adicionou-se 2 mL de meio em cada poço com células. As suspensões dos poços (2) e (3)

foram colocadas em tubos Falcon e centrifugadas. Em seguida, os sobrenadantes foram

1 2 3

4 5 6

- 32 -

descartados e então adicionou-se 10 mL de meio RPMI em cada tudo e transferiu-se as

suspensões para 2 garrafas de cultura de 60 mL (Figura 18a), as garrafas e a placa de 6 poços

foram guardadas na estufa.

No dia seguinte (dia 4) o meio nas garrafas apresentava coloração amarela (Figura

18b) então centrifugou-se toda a suspensão (Figura 19) e descartou-se o sobrenadante.

Ressuspendeu-se as células em novo meio RPMI(15 mL) e colocou-se as novas suspensões

nas garrafas correspondentes, realizou-se a contagem das células e as garrafas foram

guardadas na estufa. A placa com 3 poços com células, apresentava coloração ainda rósea

realizou-se então apenas a contagem das células e a placa foi novamente guardada na estufa.

A mudança para garrafas com volumes maiores foi gradativa, primeiro utilizou-se uma

garrafa de volume pequeno (60 mL) e de acordo com a necessidade foi-se aumentando o

volume da mesma. Nesta fase onde utilizou-se as garrafas sempre centrifugou-se o volume

total e descartou-se o sobrenadante e adicionou-se meio novo. A placa com células foi

mantida até o final do experimento para, caso acontecesse algum imprevisto teríamos células

descongeladas prontas para o uso.

(a)

(b)

Figura 18- Garrafa com células (a) adição recente de meio, (b) 24h após adição de meio.

- 33 -

Figura 19 - Tubo Falcon com a solução de células após centrifugação.

Todos os dias foram feitas as contagens das células para se ter um controle da

evolução do crescimento celular.

Após uma semana já havia quantidade suficiente de células para realização do

congelamento e do experimento.

3ª Etapa: Congelamento das células K562

O congelamento de uma parte das células é necessário, para garantir uma reserva de

material, que poderá ser usado caso ocorra contaminação das células durante os trabalhos.

Para o congelamento a concentração das células foi de 5,0 x 106 células/mL e 80%

delas estavam vivas.

A solução com as células foi centrifugada e ressuspensa em 1 mL de meio contendo

10% de DMSO. Os vials foram colocados em um freezer a -70ºC, (Laboratório de

Mitocôndrias e Viabilidade Celular da Profª. Drª. Alicia J. Kowaltowski) dentro de um

suporte (Figura 20) preenchido com etanol por 24h. Depois foram transferidos e armazenados

em nitrogênio liquido.

- 34 -

Figura 20 - Vials dentro do suporte para congelamento.

Teste com Azul de Tripam e MTT

O objetivo deste primeiro ensaio biológico foi analisar os fatores de crescimento das

células tumorais na presença dos complexos Ru2Diclofen, Ru2Sulin Ru2Ac, Ru2IBP e os

fármacos HSulin, NaDiclofen, HIBP. Preparou-se soluções dos compostos na concentração

2,25 x 10-3 molL-1:

Células Vivas

Células Mortas

Células Vivas

Células Mortas

Figura 21 - Células vivas e mortas após adição do azul de Tripam

- 35 -

Preparou-se então uma placa de 96 poços (Figura 22) onde adicionou-se 200 µL de

uma solução de células com concentração 2,4 x 105 células/mL, a seguir adicionou-se a

solução de complexo e meio conforme Tabela 6.

Tabela 6 – Volumes em µL das soluções de complexo e de meio para atingir as concentrações de 20,

40, 60, 80 e 120 µmolL-1 em 300 µL.

20 µmolL-1 40 µmolL-1 60 µmolL-1 80 µmolL-1 120 µmolL-1

Volumes adicionados (µL)

Complexo 2,6 5,3 8,0 10,6 16,0

Meio 97,4 94,7 92,0 89,4 84,0

Como controle utilizou-se os solventes água/5%DMSO e etanol/5%DMSO. Todas as

medidas foram realizadas em triplicata. Após a adição dos complexos a placa ficou na estufa

por 24h, em seguida realizou-se o teste com azul de Tripam e MTT.

Figura 22 – Placa de 96 poços após a adição dos complexos e antes da incubação.

Após as 24h aliquotou-se todas as amostras presentes nos poços e realizou-se a

contagem das células, com o auxilio do microscópio foi possível contar as células vivas

(pontos brilhantes) e das células mortas (pontos azuis) devido ao corante azul de Tripam.

- 36 -

Após retirar as alíquotas para o teste com azul de Tripam, adicionou-se aos poços 100

µL de uma solução de MTT 2,5 gmL-1 e deixou a placa por mais 4h na estufa (Figura 23).

Depois de 4h a placa apresentava pequenos cristais depositados no fundo dos poços

(Figura 24). Retirou-se o sobrenadante (~ 250 µL), cuidadosamente para que não se retirasse

junto os cristais formados (Figura 25) e adicionou-se 300 µL de DMSO para dissolver os

cristais formados (Figura 26). Homogeneizou-se bem a solução de cada poço para garantir

que todos os cristais haviam se dissolvido.

A placa então foi lida no leitor de microplacas, no comprimento de onda de 585 nm.

Figura 23 – Placa após adição da solução de MTT.

Figura 24 – Placa após 4h de incubação na estufa.

Figura 25 – Cristais presentes no fundo dos poços.

Figura 26 – Placa após a adição de DMSO

- 37 -

4 SSÍÍNNTTEESSEE EE CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO DDOOSS CCOOMMPPLLEEXXOOSS.

4.1 Sínteses

O composto precursor [Ru2(Ac)4Cl] é bastante conhecido na literatura 57. A partir

deste, é possível obter novos compostos de valência mista, seja pela troca dos acetatos por

outros carboxilatos, ou pela substituição do cloreto axial por ligantes diversos. A síntese deste

precursor foi realizada de acordo com rotas sintéticas desenvolvidas em nosso laboratório 40 e

os dados de caracterização confirmam sua composição.

O segundo precursor, [Ru (DMSO)4Cl2], foi preparado de acordo com método descrito

na literatura 54. Suas caracterizações serão apresentadas juntamente com a dos novos

compostos sintetizados.

Os complexos de dirutênio com fármacos, foram obtidos a partir da reação do

[Ru2(Ac)4Cl] com o FAINE correspondente. No caso do Ru2IBP utilizou-se procedimento

desenvolvido, anteriormente, em nosso grupo de pesquisa. O método sintético foi adaptado

para a obtenção dos complexos análogos com o sulindaco e o diclofenaco.

Os resultados das análises elementares (Tabela 7) mostram-se coerentes para a

substituição dos quatro ligantes equatoriais do precursor pelos carboxilatos derivados dos

fármacos utilizados, conforme a reação:

−− +→+ 2342224322 4])([4])([ COCHClCRORuRCOClCCHORu

O complexo de Ru(II) com o fármaco meloxicam, obtido a partir da reação do

[RuCl2(DMSO)4] com o H2Melox apresenta análises elementares coerentes com a

substituição de dois cloretos e de duas moléculas de DMSO do precursor, de acordo com a

equação abaixo, considerando-se a presença de 2 moléculas de água de hidratação na

composição do produto final (Tabela 7).

- 38 -

−− ++→+ ClDMSODMSOHMeloxRuHMeloxClDMSORu 22])()([2])([ 2224

Os compostos sintetizados não são solúveis em água, porém são bastante solúveis nos

solventes orgânicos: etanol, metanol e DMSO.

Tabela 7 - Resultados das análises elementares

Composto Resultado C% H% N% S% Ru%

[Ru2(OAc)4Cl] Calculado 20,3 2,5 - - -

Ru2Ac Experimental 20,3 2,3 - - -

[Ru2(C13H17O2)4Cl]·1/2H2O Calculado 58,71 6,24 - - -

Ru2IBP Experimental 58,8 6,3 - - -

[Ru2(C20H16FO3S)4Cl] 6H2O Calculado 54,4 4,3 - 7,3 11,4

Ru2Sulin Experimental 54,2 4,4 - 7,0 11,1

[Ru2(C14H10Cl2NO2)4Cl].4H2O Calculado 45,1 3,2 3,8 - 13,6

Ru2Diclofen Experimental 45,9 3,2 3,9 - 15,1

[Ru(DMSO)4Cl2] Calculado 19,8 5,0 - - -

RuDMSO Experimental 19,9 4,8 - - -

[Ru(HMelox)2(DMSO)2]·2H2O Calculado 37,2 3,9 8,1 18,6 9,8

RuHMelox Experimental 36,8 4,3 7,5 19,3 10,8

- 39 -

4.2 Espectros de absorção eletrônica

4.2.1 Espectros dos complexos de dirutênio e dos correspondentes fármacos.

O espectro eletrônico do complexo Ru2Ac (Figura 27) está de acordo com a literatura

1, 58, 59. Observa-se a presença de uma banda em 428 nm que pode ser atribuída à transição π

(Ru-O,Ru2) →π*(Ru2), e também de uma segunda banda menos intensa em 991 nm referente

à transição δ(Ru2)→ δ*(Ru2). Estas atribuições estão de acordo com a literatura para o

complexo Ru2Ac em solução que são caracterizados basicamente por uma banda no visível,

em torno de 430 nm (~23500 cm-1), e uma banda menos intensa na região do infravermelho

próximo, ao redor de 1100 nm (~9000 cm-1).

400 600 800 1000

0,0

0,3

0,6

0,9

991

428

Abs.

Comprimento de onda em nm

Figura 27 - Espectro eletrônico do complexo Ru2Ac em água.

Na Figura 28, são mostrados os espectros do complexo Ru2Sulin e do fármaco

sulindaco. O HSulin exibe bandas de absorção na região do UV (226, 259 (ombro), 285 e 328

nm). Estas também são observadas para o complexo Ru2Sulin, sem apresentarem alterações

- 40 -

significativas, exceto a banda de 226 nm que sofre um pequeno deslocamento para menor

comprimento de onda, indicando a interação com o metal. A diferença no perfil dos espectros

na região de 400 a 500 nm, pode ser atribuída à presença de uma banda pouco intensa, em

aproximadamente 430 nm, (identificada pela deconvolução do espectro), a qual se refere à

transição π (Ru-O,Ru2) → π* (Ru2) da unidade dimetálica.

200 300 400 500

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Abs.

Comprimento de Onda (nm)

Ru2Sulin

HSulin

328

285

226

Figura 28 - Esptro eletrônico dos complexos Ru2Sulin e do fármaco HSulin em metanol.

As Figura 29 e 30 apresentam os espectros do NaDiclofen e do Ru2Diclofen. O

NaDiclofen possui uma banda intensa em 282 nm referente a transferência de carga

intramolecular do carboxilato. No espectro do Ru2Diclofen a banda aparece em 279 nm. O

complexo apresenta ainda um ombro em 342 nm que pode ser atribuído a transferência de

carga entre o ligante e a unidade dimetálica que possui duas cargas positivas 60. Com uma

solução mais concentrada foi possível observar, a banda referente a transição π (Ru-O, Ru2)

→ π* (Ru2) em 425 nm.

- 41 -

200 300 400 500

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Abs.

Comrpimento de onda (nm)

282

Figura 29 – Espectro eletrônico do NaDiclofen em água.

200 400 600

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

Abs

Comprimento de Onda (nm)

425

279

342

Figura 30 - Espectros eletrônicos do complexo Ru2Diclofen em duas concentrações (—) 2,75x10-5 e

(—) 1,46x10-2.

- 42 -

Tabela 8 –Atribuições das bandas observadas nos espetros UV/VIS dos fármacos e dos complexos de

dirutênio.

Composto λ (nm) ε x103 (cm-1mol-1L-1) Atribuição

Ru2Ac 428

991

0,8

0,03

π (Ru-O,Ru2) →π*(Ru2)

δ(Ru2)→ δ*(Ru2)

HSulin

328

285

226

5,2

6,0

7,4

transições intraligante

Ru2Sulin

329

285

226

~ 430

6,4

5,7

7,4

*

transições intraligante

π (Ru-O,Ru2) →π*(Ru2)

NaDiclofen 282 15,4 transferência intraligante

Ru2Diclofen

278

342

425

7,0

*

*

transferência intraligante

transferência de carga L-M

π (Ru-O,Ru2) →π*(Ru2)

* valores não calculados.

Os espectros dos complexos de dirutênio no estado sólido, semelhantemente ao

espectro do Ru2Ac, também apresentam bandas no infravermelho próximo, em comprimento

de onda máximo entre 1000-1150 nm. Esta banda pode ser atribuída à transição δ (Ru2) → δ*

(Ru2) 59, 61, 62, comprovando a presença do núcleo Ru2 nos complexos.

- 43 -

Tabela 9 – Atribuições das bandas dos complexos de dirutênio no estado sólido, na região do

infravermelho próximo.

Compostos λmáx (nm) Atribuição

Ru2Ac 974 δ (Ru2) � δ* (Ru2)

Ru2Sulin 1060 δ (Ru2) � δ* (Ru2)*

Ru2Diclofen 1057 δ (Ru2) � δ* (Ru2)*

Ru2IBP 1125 δ (Ru2) � δ* (Ru2)*

* valores aproximados : bandas largas

4.2.2 Espectros dos complexos RuDMSO, RuHMelox e do H2Melox.

Nos casos dos monômeros, observa-se para o precursor, RuDMSO (Figura 31), bandas

em 314 e 349 nm que são atribuídas às transições d-d 54.

O RuHMelox apresenta uma banda em 272 nm e outra larga e intensa com λmáx em

364 nm. Ambas podem ser atribuídas à transições internas do ligante H2Melox e a segunda

pode estar encobrindo bandas d-d que seriam esperadas nesta região (Figura 32).

250 300 350 400 450 500 550

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

349 nm

314 nm

Abs.

Comprimento de Onda (nm)

Figura 31 - Espectro eletrônico do complexo RuDMSO em água.

- 44 -

200 300 400 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

RuHMelox

HMelox

Abs.

Comprimento de Onda (nm)

272

364

369271

Figura 32 - Espectro eletrônico dos complexos RuHMelox e do fármaco Meloxicam em metanol.

Tabela 10 – Concentração, λmáx, ε e atribuições das bandas observadas nos espetros UV/VIS dos

complexos de dirutênio.

Composto λ (nm) ε x103 (cm-1mol-1L-1) Atribuição

RuDMSO 349

314

10,4

0,4 transição d-d

H2Melox 369

271

2,6

3,1 transição do ligante

RuHMelox 364

272

26,3

15,8 transição do ligante

4.3 Espectros Vibracionais FTIR e Raman.

4.3.1 Composto Ru2Sulin e do fármaco HSulin.

O sulindaco apresenta uma banda em 1701 cm-1 referente à freqüência de estiramento

da carbonila (ν(C=O)) do grupo -COOH (Figura 33). Esta banda não aparece no espectro do

- 45 -

complexo (Figura 34), no qual observa-se o surgimento de duas novas bandas, em 1469 e

1406 cm-1. Estas podem ser atribuídas, respectivamente, aos modos vibracionais dos

estiramentos anti-simétrico (νa) e simétrico (νs) do grupo COO-, indicando que o fármaco

perdeu seu hidrogênio ácido, coordenando-se ao rutênio na forma de ânion carboxilato.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

50

60

70

80

90

100

T%

Número de Onda (cm-1)

1701

3447

1007

11581270

Figura 33 - Espectros FTIR do fármaco HSulin.

O valor da diferença νa-νs = ∆ν é igual a 63 cm-1, indicando que este grupo está

coordenado ao núcleo dimetálico em ponte, de acordo com a literatura 1, 63.

As banda observadas em 1007 e 1019 cm-1 para o HSulin podem ser atribuídas ao

estiramento do grupo sulfóxido (υ(SO)). O padrão observado é característico do polimorfo II

que é a forma mais estável do fármaco 64, 65. No espectro do complexo são observadas bandas

em 1009 cm-1 e em 1039 cm-1. A alteração observada ao comparar o HSulin com o Ru2Sulin

pode ser devido a interações intra- e intermoleculares no sólido como, por exemplo, formação

de ligações de hidrogênio entre os grupos sulfóxido dos ligantes e as moléculas de água de

hidratação e/ ou a interação entre os grupos sulfóxido de moléculas vizinhas. Modificações

nesta região também são observadas quando se comparam espectros de diferentes polimorfos

do HSulin 65, 66.

- 46 -

1800 1600 1400 1200 1000 800 600 4001800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

u.a

FTIR

1617

1582

1607

14671406

1181

1169

Número de Onda (cm-1)

Raman

678

Figura 34 - Espectros FTIR e Raman do complexo Ru2Sulin

A banda observada no espectro do HSulin em 1270 cm-1 atribuída à vibração do

dímero formado pela interação dos grupos -COOH de duas moléculas de sulindaco

desaparece no espectro do complexo, confirmando a ausência do grupamento ácido. As

bandas em 1158 e 1169 cm-1, no HSulin e Ru2Sulin respectivamente, referem-se à freqüência

de estiramento da ligação C-F (υ(C-F)). O deslocamento pode ser devido à interações intra e/ou

intermoleculares. Uma nova banda observada no complexo em 678 cm-1, pode ser atribuída à

deformação angular OCO (δ(OCO)).

Observa-se ainda no complexo Ru2Sulin, na região de baixa freqüência, uma banda em

410 cm-1 que pode ser atribuída ao estiramento da ligação metal oxigênio ν(RuO) 67, 68.

Os espectros Raman dos compostos Ru2Sulin e Ru2Diclofen são apresentados nas

Figuras 26-28, e as atribuições das principais bandas na Tabela 7.

- 47 -

Tabela 11 - Atribuições tentativas das principais bandas observadas nos espectros do Ru2Sulin e do

HSulin.

HSulin Ru2Sulin

FTIR

Ru2Sulin

Raman Atribuição

ν (cm-1)

3447 3442 * ν (OH)

2914 2916 * ν (CH)

1704 - - ν (C=O) / ácido

1601 1607 1617 e 1582 ν (C=C)

- 1467 - νa (CO2-)

- 1406 1389 νs (CO2-)

1270 - - ν (COOH···COOH)

1158 1169 1181 ν (C-F)

1007 e 1019

1009 e 1039

1084 ν (SO)

- 678 encoberta δ (OCO)

- 410 - ν (Ru-O)

*região não abrangida no espectro Raman registrado.

4.3.2 Composto Ru2Diclofen e do fármaco NaDiclofen.

Os espectros dos compostos NaDiclofen e Ru2Diclofen são mostrados nas Figura 35 e

36 e a atribuição tentativa das principais bandas na Tabela 12.

Na Figura 35 duas bandas importantes são observadas em 3394 e 3257 cm-1 para o Na

Diclofen, que podem ser atribuídas, respectivamente, às freqüências ν(N-H) e ν(NH-O). No caso

do Ru2Diclofen, entretanto, na região do ν(N-H) aparecem bandas fracas em 3357, 3349 e 3342

cm-1 e também uma banda média em 3323 cm-1. O estiramento ν(N-H) também é observado

- 48 -

para o fármaco na forma protonada (HDiclofen) em 3323 cm-1 69. Na região de 1600 a 1380

cm-1 observam-se várias bandas típicas de vibração do anel aromático.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

20

40

60

80

100

T%

Número de onda (cm-1)

3388

3257

1575

1500

1454

1400

1168

1091

Figura 35 - Espectro FTIR do fármaco NaDiclofen.

O NaDiclofen apresenta duas bandas características dos estiramentos νa(COO) e νs(COO),

respectivamente, em 1575 e 1400 cm-1. O valor de ∆ν é de 175 cm-1, sendo coerente com a

literatura 70 para ligações iônicas de carboxilato. Comparando-se os espectros FTIR do

Ru2Diclofen com o NaDiclofen e HDiclofen 69, é possível identificar o suegimento de bandas

intensas em 1452 e 1411 cm-1, que podem ser atribuídas à νa(COO) e νs(COO), respectivamente. O

∆ν é igual a 41 cm-1, indicando que o grupo -COO está coordenando ao núcleo dimetálico em

ponte, de acordo com a literatura 63, 70.

Uma banda nova aparece em 690 cm-1 e pode ser atribuída à freqüência δ(OCO) do

grupo –COO- 55.

A banda em 1454 cm-1, no espectro do NaDiclofen, pode ser atribuída à vibração δ(Cl-

anel dissubstituido), segundo a literatura 60. No espectro do Ru2Diclofen a banda se sobrepõe aquela

de 1452 cm-1 (νa (-COO-)). No complexo sintetizado observa-se a banda em 410 cm-1 que pode

ser atribuída à freqüência de estiramento Ru-O (ν(Ru-O)) 40.

- 49 -

1800 1600 1400 1200 1000 800 600 4001800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

u.a

FTIR

Número de Onda (cm-1)

raman

1575

15781399

1409

690

672

Figura 36 - Espectros FTIR e Raman do complexo Ru2Diclofen.

Tabela 12 - Atribuições tentativas das principais bandas observadas nos espectros FTIR e Raman do

Ru2Diclofen e do fármaco NaDiclofen.

NaDiclofen Ru2Diclofen

FTIR

Ru2Diclofen

Raman Atribuições

ν (cm-1)

3394/3257 3355/3323 * ν NH

1587 1587 - vibrações do anel

1575 1452 - νa (COO-)

1401 1409 1399 νs (COO-)

- 690 692 δ(OCO)

- 410 - ν (Ru-O)

*região não abrangida no espectro Raman registrado.

- 50 -

4.3.3 Espectros Raman na região de freqüência mais baixa.

Os espectros Raman dos compostos Ru2Sulin e Ru2Diclofen, na faixa de 150-1000 cm-

1, são apresentados nas Figuras 37 – 38 , e as atribuições das principais bandas na Tabela 13.

Nos espectros dos complexos é possível observar bandas em 333 e 327 cm-1, para o

Ru2Sulin e Ru2Diclofen respectivamente, que podem ser atribuidas ao ν(Ru-Ru). A banda em

398 e 360 cm-1, Ru2Sulin e Ru2Diclofen respectivamente, deve-se ao ν(Ru-O). Os dados

observados estão de acordo com dados reportados para os complexos Ru2Ac (327 e 370 cm-1)

e Ru2IBP (336 e 374 cm-1) 40, 67.

200 400 600 800 1000

Intensidade Raman (u.a)

Número de Onda (cm-1)

HSulin

Ru2Sulin

333

181

589

Figura 37 - Espectros Raman do complexo Ru2Sulin e do Sulindaco.

- 51 -

200 400 600 800 1000

Intensidade Raman (u.a)

Número de Onda (cm-1)

NaDiclofen

Ru2Diclofen

175

296

322

Figura 38 - Espectros Raman do complexo Ru2Diclofen e do Diclofenaco sódico.

Tabela 13 - Atribuições tentativas para as bandas Raman dos compostos.

Atribuição Ru2Sulin Ru2Diclofen Ru2IBP40

ν (cm-1)

ν Ru-O 398 360 374

ν Ru-Ru 333 328 336

δ Ru-O 181 - 183

4.3.4 Compostos RuHMelox e H2Melox.

Na Figura 39 observa-se, no espectro do fármaco, uma banda em 3293 cm-1 referente

ao estiramento νN-H, e uma banda em 1621 cm-1, referente ao ν(C=O) do grupo amida

No espectro do complexo (Figura 40), a banda de νN-H está ausente e a banda de ν(C=O)

desloca-se para 1594 cm-1 o que indica modificações do grupamento amida quando o

- 52 -

meloxicam se coordena ao rutênio. O abaixamento da freqüência ν(C=O) evidencia participação

do oxigênio da amida na ligação ao Ru(II).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

30

40

50

60

70

80

90

100

T%

Número de Onda (cm-1)

3293

1621

1550

1347 610

Figura 39 - Espectro FTIR do fármaco Meloxicam.

Observa-se também um deslocamento das bandas em 1550 e 1531 cm-1 do H2Melox

para 1520 e 1510 cm-1 no RuHMelox. Estas bandas podem ser atribuídas à freqüências de

estiramento de anel tiazólico substituído e a diminuição dos valores pode indicar a

participação do N tiazólico na coordenação ao Ru(II). Outro deslocamento é observado para a

banda em 610 cm-1, no H2Melox, que no complexo RuHMelox aparece em 627 cm-1. Este

deslocamento está de acordo com os dados observados para complexos metálicos com

piridina e seus derivados (imidazóis e tiazóis), para os quais as deformações do anel da

piridina livre são deslocadas para freqüências mais altas após a complexação pelo átomo de

nitrogênio 70. O mesmo comportamento foi observado para complexos metálicos com o

fármaco piroxicam 71, que são estruturalmente análogos aos complexos com meloxicam 72, 73.

As bandas de estiramento νa(SO2) e νs(SO2) do H2Melox, em 1347 e 1186 cm-1,

respectivamente, deslocam-se para 1336 e 1171 cm-1 no complexo. Estes pequenos

- 53 -

deslocamentos tem sido atribuídos a mudanças de densidade eletrônica sobre o átomo de

enxofre, sem envolvimento do grupo SO2 na coordenação a íons metálicos 71, 73.

No espectro do RuHMelox apresentam-se novas bandas que podem ser atribuídas ao

ligante DMSO: as bandas intensas em 1432 e 1020 cm-1 têm contribuição de deformação

angular dos grupos –CH3, e a banda larga em 1196 – 1094 cm-1 pode ser atribuída ao

estiramento ν(SO) de dimetilsulfóxido coordenado ao Ru(II) pelo átomo de enxofre. Outra nova

banda pode ser observada em 425 cm-1 que pode ser atribuída ao estiramento da ligação

rutênio-enxofre, ν(Ru-S), caracterizando a ligação do DMSO pelo átomo de enxofre, em 446

cm-1 existe um ombro que pode ter contribuição de ν(Ru-N). A banda em 395 cm-1 pode ser

atribuída ao estiramento Ru-O (ν(Ru-O)) 54.

A presença de águas de hidratação pode ser constatada pelo aparecimento de uma

banda larga em aproximadamente 3640 cm-1 (ν(OH)).

1800 1600 1400 1200 1000 800 600 4001800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

u.a

FTIR

Núemro de Onda (cm-1)

15901347

1555

1556

Raman

425

627

6841171

1171

Figura 40 - Espectros FTIR e Raman do complexo RuHMelox.

- 54 -

Tabela 14 - Atribuições tentativas das principais bandas observadas nos espectros do RuHMelox e do

H2Melox.

RuHMelox

FTIR

RuHMelox

Raman

Meloxicam

FTIR

Meloxicam

Raman Atribuições

ν (cm-1)

- * 3293

3242 3290 ν (NH)

1596 1606 - 1590 1621 desaparece ν (C=O)/ amida

1574

1556

1555

1550

1531

1556 e 1583

1529 ν (anel tiazólico)

1432

1405

1426

1414, 1395 - - δ(-CH3)DMSO

1336 - 1347 1341 νa (SO2)

1301

1275

1305

1259

1302

1268

1301

1263 δ(-CH3)

1182

1171

desaparece

1171

1186

1163

1181

1162 νs (SO2)

1006 encoberta - - ν (SO)

1098 e 1090 desaparece - - ν (S=O)DMSO

627 684 610 613 δ (anel tiazólico)

446 - - - ν (Ru-N)

425 423 - - ν (Ru-S)DMSO

395 - - ν (Ru-O)

- 55 -

4.4 Susceptibilidade Magnética.

Para verificar o comportamento magnético dos tetracarboxilatos de dirutênio foram

realizadas medidas de susceptibilidade magnética em temperatura ambiente, 25ºC. A partir

dos dados de susceptibilidade magnética molar (χM) obteve-se os valores de momento

magnético efetivo (µef), e a partir destes, os números de elétrons desemparelhados puderam

ser calculado, de acordo com a literatura 55 (Tabela 15).

Tabela 15 - Susceptibilidades Magnéticas Molares e Momentos Magnéticos Efetivos.

Complexo χM x 10-3 (unidades CGS mol-1) µef (M.B.)

Ru2Ac 7,2 4,2

Ru2Sulin 7,9 4,4

Ru2IBP 6,3 3,9

Ru2Diclofen 6,6 4,0

Os valores dos momentos magnéticos efetivos dos complexos de Ru2(II,III) estão na

faixa de 4,0 - 4,7 MB, de acordo com o esperado para espécies que apresentam três elétrons

desemparelhados e configuração eletrônica σ2 π4 δ2 π*2δ*1 com spin S = 3/2 38. Com uma

ordem de ligação igual a 2,5, os complexos de rutênio do tipo [Ru2(O2CR)4]+ apresentam 3

elétrons desemparelhados que, em geral, estão deslocalizados sobre os íons metálicos 1, 38. O

conhecimento das propriedades magnéticas dos tetracarboxilatos de [Ru2]5+ é portanto de

fundamental importância na elucidação da sua estrutura, uma vez que a presença dos 3

elétrons desemparelhados dão forte evidência da existência da ligação metal-metal múltipla

nestas espécies.

- 56 -

4.5 Medidas de Condutância Molar.

As medidas condutâncias molares dos compostos são apresentadas na Tabela 16.

Tabela 16 - Medidas de condutância molar dos complexos em metanol.

Complexo ΛM (Scm2mol-1)

Ru2Sulin 23,7

Ru2Diclofen *

Ru2IBP 2,5

RuHMelox 2,8

*Não atingiu o limite de detecção do aparelho.

Na literatura 74 os valores da condutância molar de eletrólitos 1:1 encontram-se na

faixa de 80 – 115 Scm2mol-1 para o solvente metanol. Portanto, os dados obtidos para os

complexos em estudo indicam que todos se comportam como não eletrólitos quando

dissolvidos em metanol.

4.6 Análise de TG/DSC/MS

4.6.1 Curvas TG, DTG e DSC dos complexos Ru2Sulin e Ru2Diclofen.

A curva TG do Ru2Sulin (Figura 41) apresenta uma pequena perda de massa (~2 %)

abaixo de 100 oC, que corresponde à saída de parte das moléculas de água de hidratação. A

partir deste ponto, até 250 oC, ocorre pequena perda de massa com saída de água e CO2,

indicando início da decomposição do fármaco ligante. A perda de massa acentuada, na faixa

de 260 – 400 ºC corresponde à completa decomposição dos ligantes equatoriais,

principalmente na forma de CO2, HF, SO, SO2 e H2O gasosos, conforme detectado com um

- 57 -

espectrômetro de massas acoplado a TG (Figura 42). O cloreto axial é liberado na forma de

HCl (g). Entre 400 e 600oC continua saindo HF e em temperatura superior a 600oC, o produto

de decomposição térmica formado apresenta-se estável.

A perda de massa total (-82%) é próxima do valor calculado para a formação de dois

mols de RuO2 (-85%) para cada mol de complexo, o que está de acordo com experimentos

realizados anteriormente em nosso laboratório para complexos análogos. O difratograma

(Figura 46) do resíduo obtido por aquecimento do composto a 1000 oC exibe um perfil

característico que é deste óxido 40.

A curva DSC do Ru2Sulin é caracterizada por eventos exotérmicos entre 200 e 400 ºC,

que correspodem às principais perdas de massa discutidas acima.

A curva TG do complexo Ru2Diclofen (Figura 43) mostra pequena perda de massa

abaixo de 100ºC referentes a perda de moléculas de água. Entre 100ºC e 200ºC, observa-se

ainda saída de água. Após estes eventos (entre 200 e 500 ºC) ocorrem perdas de massa

maiores, indicando decomposições dos ligantes equatoriais, principalmente nas formas de

CO2, H2O, NO, NO2 e HCl gasosos, conforme se pode ver nos espectros de massa

apresentados na Figura 44.

A curva DSC do Ru2Diclofen é caracterizada por eventos exotérmicos entre 200 e 500

ºC, que correspodem às principais perdas de massa discutidas acima.

A perda de massa experimental total (-79%) observada para o Ru2Diclofen é muito

próxima do valor calculado (82%) para a perda de moléculas de água, de quatro ligantes

diclofenaco equatoriais e do ligante cloreto axial, supondo-se neste caso também a formação

de óxido de rutênio (IV) como produto final da decomposição térmica. O difratograma

(Figura 47) do resíduo obtido por aquecimento do complexo a 1000 oC exibe um perfil

característico que é deste óxido 40.

- 58 -

200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

200 400 600 800 1000

-20

-15

-10

-5

0

200 400 600 800 1000

0

10

20

30

40

50

Mass/%

Temperatura (ºC)

DTG/(%/min)

-82%

DSC/(mW/mg)

250ºC

331ºC80ºC

245ºC

291ºC

331ºC

Figura 41 – Curvas TG, DTG e DSC do Ru2Sulin.

200 400 600 800 1000

0,01,0x10

-52,0x10

-53,0x10

-54,0x10

-5

200 400 600 800 1000

0,02,0x10

-64,0x10

-66,0x10

-6

200 400 600 800 1000

0,03,0x10

-56,0x10

-59,0x10

-5

200 400 600 800 1000

0,0

2,0x10-6

4,0x10-6

200 400 600 800 1000

0,01,0x10

-62,0x10

-63,0x10

-6

200 400 600 800 1000

1,4x10-11

2,1x10-11

2,8x10-11

3,5x10-11

H2O

HF

CO2

SO

QMID (A)

SO2

Temperatura (ºC)

HCl

Figura 42– Espectros de massa obtidos dos principais produtos gasosos da decomposição térmica do

complexo Ru2Sulin.

- 59 -

200 400 600 800 1000

20

40

60

80

100

200 400 600 800 1000

-10

-8

-6

-4

-2

0

200 400 600 800 1000

0

5

10

15

20

25

30

Temperatura (ºC)

Mass/%

266

415

169

-79%

DTG/(%/min)

DSC/(mW/mg)

171

272

418

Figura 43 - Curvas TG, DTG e DSC do Ru2Diclofen.

200 400 600 800 1000

6,0x10-10

9,0x10-10

1,2x10-9

1,5x10-9

200 400 600 800 1000

0,08,0x10

-111,6x10

-102,4x10

-103,2x10

-10

200 400 600 800 1000

0,06,0x10

-111,2x10

-101,8x10

-102,4x10

-10

200 400 600 800 1000

0,0

2,0x10-9

4,0x10-9

6,0x10-9

200 400 600 800 1000

0,06,0x10

-81,2x10

-71,8x10

-72,4x10

-73,0x10

-7

H2O

QMID (A)

NO

HCl

CO2

Temperatura (ºC)

NO2

Figura 44 - Espectros de massa obtidos dos principais produtos gasosos da decomposição térmica do

complexo Ru2Diclofen.

- 60 -

A análise do resíduo da decomposição térmica dos complexos Ru2Sulin e Ru2Diclofen

(Figura 45) a 1000ºC foi feita por DRX (Figura 46 e 47).

Figura 45 – Complexo Ru2Sulin (A) e Ru2Diclofen (B) antes e depois de calcinado à 1000ºC.

20 30 40 50 60

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Intensidade Relativa

2θ/Graus

Ru2Sulin28,2

35,154,3

Figura 46 – Difratogramas dos resíduos de decomposição térmica do complexo Ru2Sulin aquecidos

em estufa a 1000 oC.

A B

- 61 -

20 30 40 50 60

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Intensidade relativa

2θ/ graus

Ru2Diclofen28,1

35,1

54,3

Figura 47 – Difratogramas dos resíduos de decomposição térmica dos complexo Ru2Diclofen

aquecidos em estufa a 1000 oC.

O perfil dos difratogramas obtidos, Figura 46 e 47, é coerente com a formação do

RuO2 como resíduo resultante da decomposição térmica até 1000ºC dos complexos Ru2Sulin

e Ru2Diclofen, pois comparando os valores de d calculados para os 3 picos mais intensos

nestes difratogramas é possível observar que são coerentes com os dados publicados na

literatura 75 para este óxido.

Tabela 17 - Valores das distâncias interplanares para os picos mais intensos do difratograma do RuO2.

Valores obtidos a partir dos difratogramas dos resíduos resultantes da decomposição térmica dos complexos.

Valores descritos na literatura - JCPDS 75- para o

RuO2.

Intensidade relativa (%)

2θ d(Å) Intensidade relativa (%)

d(Å)

100 28,1 3,2 100 3,2

82 35,2 2,5 77 2,5 Ru2Sulin

76 54,4 1,6 54 1,7

- 62 -

100 28,1 3,2 100 3,2

76 35,2 2,5 77 2,5 Ru2Diclofen

58 54,4 1,6 54 1,7

4.6.2 Curvas TG, DTG e DSC do complexo RuHMelox

Na literatura são encontrados estudos a respeito do comportamento térmico do

meloxicam e de complexos de cobre que possuem este fármaco como ligante 73 e de

complexos ternários de tenoxicam e piroxicam que são análogos ao meloxicam. 76.

O complexo RuHMelox (Figura 48) apresenta uma primeira etapa de decomposição,

dentro da faixa de temperatura de 25 a 130°C, corresponde à perda das duas moléculas de

água de coordenação (2H2O). A etapa de decomposição seguinte ocorre de 130 à 330 ºC onde

uma grande parte do nitrogênio presente no ligante H2Melox é liberada nesta faixa de

temperatura na forma de NO2 e água, observa-se ainda a presença, em menor quantidade, de

CO2, SO e SO2 como produtos de decomposição. A última etapa da decomposição do

complexo RuHMelox ocorre entre 340 – 500ºC tendo como produto de decomposição o CO2,

SO e SO2 em maior quantidade e em menor quantidade H2O e NO2.

200 400 600 800 1000

0

20

40

60

80

100

200 400 600 800 1000

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

200 400 600 800 1000

0

5

10

15

20

25

Temperatura (ºC)

Mass/%

DTG/(%/min) DSC/(mW/mg)

-91%

113156

225

259

331

402

404

Figura 48 - Curvas TG, DTG e DSC do RuHMelox.

- 63 -

A decomposição dos ligantes aparece primeiro como processos endotérmicos e a

ultima etapa como um processo exotérmico na corresponde curva DSC do complexo.

A perda de massa total obtida (experimental 91%, calculada 86%) é coerente com a

total decomposição dos ligantes e com a formação de RuO2 como produto final de

decomposição.

As espécies formadas na decomposição térmica do RuHMelox foram analisadas no

espectrômetro de massa e seus espectros estão apresentados na Figura 49. O sólido azulado

(Figura 50) obtido após a decomposição térmica do complexo RuHMelox foi identificado por

análise DRX (Figura 51) como RuO2.

200 400 600 800 1000

4,0x10-6

8,0x10-6

1,2x10-5

1,6x10-5

200 400 600 800 1000

0,09,0x10

-61,8x10

-52,7x10

-53,6x10

-5

200 400 600 800 1000

0,01,0x10

-72,0x10

-73,0x10

-74,0x10-7

200 400 600 800 1000

0,06,0x10

-71,2x10-6

1,8x10-6

2,4x10-6

200 400 600 800 1000

0,06,0x10

-71,2x10

-61,8x10

-62,4x10

-6

200 400 600 800 1000

1,2x10-11

1,4x10-11

1,6x10-11

1,8x10-11

2,0x10-11

H2O

CO2

NO2

SO

SO2

QMID (A)

Temperatura(ºC)

HCl

Figura 49 - Espectros de massa obtidos dos principais produtos gasosos da decomposição térmica do

complexo RuHMelox.

- 64 -

Figura 50 – RuHMelox antes e depois de calcinado à 1000ºC.

20 30 40 50 60

0

1000

2000

3000

4000

5000

Intensidade relativa

2θ/ graus

RuHMelox28,1

35,2

54,3

Figura 51 - Difratograma do resíduo de decomposição térmica, à 1000ºC, do complexo RuHMelox.

Tabela 18 - Valores das distâncias interplanares para os picos mais intensos do difratograma do RuO2.

Valores obtidos a partir dos difratogramas dos resíduos resultantes da decomposição térmica.

Valores descritos na literatura - JCPDS75 - para o

RuO2.

Intensidade relativa (%)

2θ d(Å) Intensidade relativa (%)

d(Å)

100 28,1 3,2 100 3,2

81 35,2 2,5 77 2,5 RuHMelox

57 54,4 1,6 54 1,7

- 65 -

4.7 Proposta de estruturas para os complexos sintetizados:

4.7.1 Ru2Sulin e Ru2Diclofen

De acordo com os dados de caracterização, os complexos sintetizados apresentam em

seus espectros eletrônicos bandas referentes à transição π (Ru-O,Ru2) →π*(Ru2),

características dos carboxilatos de dirutênio. Medidas de susceptibilidade magnética mostram

que os compostos apresentam 3 elétrons desemparelhados, o que pode ser explicado

considerando uma estrutura em gaiola para estas espécies. Os espectros FTIR comprovam que

os fármacos ligam-se a unidade dimetálica através do ânion carboxilato. A partir destes dados,

as estruturas a seguir foram propostas para os novos complexos utilizando-se o programa

HyperChem 7.5.

Figura 52 - Estrutura otimizada para o complexo [Ru2(Sulin)4Cl], cores: azul claro – C;marrom – Ru;

vermelho – O; amarelo – S; verde – Cl; lilás – F. Os hidrogênios foram omitidos para uma melhor

visualização da estrutura.

- 66 -

Figura 53 - Estrutura otimizada para o complexo [Ru2(Diclofen)4Cl], cores: azul claro – C;marrom –

Ru; vermelho – O; azul escuro – N; verde – Cl;. Os hidrogênios foram omitidos para uma melhor

visualização da estrutura.

4.7.2 RuHMelox

De acordo com os dados obtidos propõe-se que o complexo RuHMelox apresenta uma

estrutura contendo dois ânions H2Melox ocupando as posições trans em ponte e duas

moléculas de DMSO.

- 67 -

Figura 54 – Esquema proposto para a síntese do RuHMelox.3

Figura 55 - Estrutura otimizada para o complexo [Ru2(HMelox)2(DMSO)2], cores: azul claro – C;marrom – Ru; vermelho – O; azul escuro – N; Os hidrogênios foram omitidos para uma

melhor visualização da estrutura.

3 Esquema de Claudia Regina Gordijo adaptado para o complexo de rutênio.

- 68 -

555 EEESSSTTTUUUDDDOOOSSS DDDAAA IIINNNTTTEEERRRAAAÇÇÇÃÃÃOOO DDDOOOSSS CCCOOOMMMPPPLLLEEEXXXOOOSSS CCCOOOMMM AAA AAALLLBBBUUUMMMIIINNNAAA HHHUUUMMMAAANNNAAA ––– RRREEESSSUUULLLTTTAAADDDOOOSSS EEE DDDIIISSSCCCUUUSSSSSSÕÕÕEEESSS

5.1 Dicroísmo Circular

Para investigar as mudanças conformacionais e estruturais da albumina humana, frente

aos complexos sintetizados, utilizou-se a técnica de Dicroísmo Circular. A existência de uma

característica especial da ligação peptídica, que é o fato de os átomos que a compõem

poderem interagir com átomos de outras ligações peptídicas, contribuindo para forçar a

proteína a assumir uma estrutura peculiar, ou seja, não aleatória. Essa forma de estruturação

da cadeia protéica origina a chamada "estrutura secundária" da proteína, que pode então

assumir arranjos helicoidais em determinados trechos de sua seqüência de aminoácidos.77

Estudos cristalográficos e de RMN, comprovam que proteínas, de fato, apresentam

regiões com arranjos helicoidais, intercaladas com regiões menos estruturadas. Essas formas

regulares de arranjos atômicos interagem de modo particular com a radiação polarizada,

fazendo, por exemplo, com que uma luz com polarização circular no sentido horário seja

absorvida diferentemente do que uma luz com polarização no sentido anti-horário. A

espectroscopia de dicroísmo circular permite detectar essa diferença de absorção de radiação

com polarização circular, indicando se há arranjos helicoidais dentro de uma molécula de

proteína. 41

Ao fazermos um experimento de dicroísmo circular para proteínas, estamos nos

informando sobre as características da estrutura secundária. Com este experimento não

conseguimos obter informações sobre as posições dos átomos na macromolécula, mas somos

capazes de dizer se estão ocorrendo mudanças na conformação da proteína e, em caso

positivo, correlacioná-las com as características do meio circundante. Podemos saber, por

exemplo, se mudanças de temperatura, ou de pH, ou a presença de outras moléculas no

- 69 -

solvente são capazes de modificar a estrutura da proteína, e se essas modificações de estrutura

afetam a atividade biológica da macromolécula.77

A estrutura secundária da Albumina é predominantemente do tipo α-hélice

(aproximadamente 67%); o número de hélices na estrutura é 28. O espectro CD da HSA

apresenta duas bandas negativas na região do ultravioleta, em 209 e 220 nm, que são

características dessa estrutura.

Nos experimentos de CD realizados investigou-se a perturbação causada pelos

diferentes compostos na estrutura secundária da proteína, empregando-se vadiadas razões

molares de HSA : Composto.

Para verificar quantitativamente as mudanças na estrutura secundária da proteína, a

partir dos dados obtidos no experimento, calcularam-se as porcentagens dos tipos de estrutura

secundária na proteína após a adição de crescentes quantidades de complexo (Tabela 19).

Analisou-se também um composto antitumoral conhecido na literatura, a Cisplatina

(Platinil®), para verificar como o mesmo se comporta frente à HSA. Na Figura 56 pode-se

observar que a alteração no perfil do espectro da HSA é pequena quando se adiciona o

Platinil® até a razão molar 1:10. Esse comportamento indica que a concentração de cis-

platina no meio não é suficiente para induzir uma grande mudança na estrutura secundária da

proteína 78. De acordo com os dados da Tabela 19 observa-se que na razão molar

1HSA:1Platinil® a contribuição da estrutura alfa diminui de 59% para 45% e da estrutura

beta passa de 8 para 23%. Com as demais adições de Platinil® estas porcentagens

permanecem praticamente inalteradas.

No espectro do complexo Ru2Ac (Figura 57) a banda em 208 nm diminui com o

aumento da quantidade de complexo adicionada à proteína. Esta mudança no espectro

evidencia que o complexo está interagindo com a proteína.

- 70 -

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

θ[deg.cm2.dmol-1]

Comprimento de Onda (nm)

HSA: Platinil

Figura 56 - Espectro CD da HSA com o Platinil® em diferentes razões molares.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

θ [deg.cm2.dmol-1]

Comprimento de Onda (nm)

HSA: RuAc

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

Figura 57 - Espectro CD da HSA com o Ru2Ac em diferentes razões molares.

Nota-se que a proteína, com a adição de Ru2Ac, até a razão 1:5 perde pouco sua

estrutura α e suas estruturas beta e randômica apresentam um pequeno aumento em relação a

proteína livre. Somente a partir da adição de um grande excesso de complexo (1:10) a

proteína acaba perdendo consideravelmente sua estrutura alfa.

Nas Figura 58 e 59 temos os espectros CD da HSA com o fármaco NaDiclofen e com

o complexo Ru2Diclofen, respectivamente. Para ambos observa-se a perda gradativa da banda

- 71 -

em 208 nm e a diminuição da intensidade da banda em 220 nm, o que indica que o fármaco

livre e o complexo Ru2Diclofen apresentam comportamentos semelhantes quando se compara

o mesmo número de mols de fármaco.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

Comprimento de Onda (nm)

θ [deg.cm2.dmol-1]

HSA: NaDiclofen

1:0

1:4

1:8

1:12

1:16

1:20

1:40

Figura 58 - Espectro CD da HSA com o NaDiclofen em diferentes razões molares.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

HSA:Ru2Diclofen

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

Comprimento de Onda (nm)

θ [deg.cm2.dmol-1]

Figura 59 - Espectro CD da HSA com o Ru2Diclofen em diferentes razões molares.

- 72 -

Nas Figura 60 e 61 observa-se o comportamento da estrutura da proteína frente a

diferentes concentrações de HSulin e de Ru2Sulin. Nota-se que a proteína em presença do

fármaco sulindaco apresenta comportamento semelhante ao observado em presença do

Ru2Sulin, quando se compara o mesmo número de mols de fármaco.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

Comprimento de Onda (nm)

θ [deg.cm2.dmol-1]

HSA:HSulin

1:0

1:4

1:8

1:12

1:16

1:20

1:40

Figura 60 - Espectro CD da HSA com o HSulin em diferentes razões molares.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

Comprimento de Onda (nm)

θ [deg.cm2.dmol-1]

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA:Ru2Sulin

Figura 61 - Espectro CD da HSA com o Ru2Sulin em diferentes razões molares.

- 73 -

A porcentagem de estrutura α –hélice sofre uma redução e a da β um aumento logo

nas primeiras adições de Ru2Sulin e de HSulin (Tabela 19), de modo semelhante ao que

acontece com o Nadiclofen e Ru2Diclofen.

Nos casos do HIBP (Figura 62) e Ru2IBP (Figura 63), observa-se comportamentos

diferentes para o ibuprofeno, as adições sucessivas de fármaco não altera significativamente a

estrutura da proteína, enquanto que com a variação na proporção HSA:Complexo a

composição da estrutura secundária é alterada.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

θ [deg.cm2dmol-1]

Comprimento de Onda (nm)

HSA:HIBP

1:0

1:4

1:8

1:12

1:16

1:20

1:40

Figura 62- Espectro CD da HSA com o HIBP em diferentes razões molares.

- 74 -

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

HSA:Ru2IBP

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:6

θ [deg.cm2.dmol-1]

Comprimento de Onda (nm)

Figura 63- Espectro CD da HSA com o Ru2IBP em diferentes razões molares.

Os espectros CD das Figura 64 – 66 que a presença dos complexos RuDMSO,

H2Melox e RuHMelox, respectivamente, provocam apenas pequenas alterações na estrutura

da proteína e que adições crescentes destas substâncias não modificam significativamente a

estrutura secundária da mesma.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

θ[deg.cm2.dmol-1]

Comprimento de Onda (nm)

HSA:RuDMSO

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

Figura 64 - Espectro CD da HSA com o RuDMSO em diferentes razões molares.

- 75 -

190 200 210 220 230 240 250 260

-1,6x102

-1,2x102

-8,0x101

-4,0x101

0,0

θ [deg.cm2.dmol-1]

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:2

1:4

1:6

1:8

1:10

1:20

HSA:H2Melox

Figura 65 - Espectro CD da HSA com o H2Melox em diferentes razões molares.

200 220 240 260

-2,0x104

-1,5x104

-1,0x104

-5,0x103

0,0

θ[deg.cm2dmol-1]

Comprimento de Onda (nm)

HSA:RuHMelox

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

Figura 66- Espectro CD da HSA com o RuHMelox em diferentes razões molares.

- 76 -

Tabela 19 – Previsão das porcentagens de estrutura secundária da HSA com a adição dos complexos

testados.

Alfa (α) Beta (β) Turno

HSA 59% 8% 33%

1HSA:1Platinil® 45% 23% 33%

1HSA:2Platinil® 45% 23% 33%

1HSA:3Platinil® 45% 23% 33%

1HSA:4Platinil® 45% 23% 33%

1HSA:5Platinil® 45% 22% 33%

1HSA:10Platinil® 43% 17% 40%

1HSA:1Ru2Ac 58% 8% 34%

1HSA:2Ru2Ac 52% 15% 33%

1HSA:3Ru2Ac 45% 23% 32%

1HSA:4Ru2Ac 45% 23% 32%

1HSA:5Ru2Ac 43% 16% 41%

1HSA:10Ru2Ac 5% 47% 47%

1HSA:4NaDiclofen 47% 21% 32%

1HSA:8NaDiclofen 41% 6% 53%

1HSA:12NaDiclofen 35% 7% 57%

1HSA:16NaDiclofen 36% 7% 58%

1HSA:20NaDiclofen 10% 42% 48%

1HSA:40NaDiclofen 8% 44% 48%

1HSA:1Ru2Diclofen 44% 18% 38%

1HSA:2Ru2Diclofen 39% 1% 59%

1HSA:3Ru2Diclofen 37% 4% 59%

- 77 -

1HSA:4Ru2Diclofen 33% 10% 57%

1HSA:5Ru2Diclofen 10% 42% 48%

1HSA:10Ru2Diclofen 6% 47% 48%

1HSA:4HSulin 45% 23% 32%

1HSA:8HSulin 39% 1% 60%

1HSA:12HSulin 39% 1% 60%

1HSA:16HSulin 34% 9% 57%

1HSA:20HSulin 10% 42% 48%

1HSA:40HSulin 8% 44% 48%

1HSA:1Ru2Sulin 45% 23% 32%

1HSA:2Ru2Sulin 39% 1% 60%

1HSA:3Ru2Sulin 34% 9% 57%

1HSA:4Ru2Sulin 30% 15% 55%

1HSA:5Ru2Sulin 8% 44% 48%

1HSA:10Ru2Sulin 4% 48% 48%

1HSA:4HIBP 45% 22% 33%

1HSA:8HIBP 45% 22% 33%

1HSA:12HIBP 45% 22% 33%

1HSA:16HIBP 45% 22% 33%

1HSA:20HIBP 45% 22% 33%

1HSA:40HIBP 45% 22% 33%

1HSA:1Ru2IBP 45% 22% 33%

1HSA:2Ru2IBP 41% 9% 50%

1HSA:3Ru2IBP 39% 1% 60%

- 78 -

1HSA:4Ru2IBP 39% 1% 60%

1HSA:5Ru2IBP 37% 3% 59%

1HSA:10Ru2IBP 32% 13% 55%

1HSA:1RuDMSO 45% 23% 33%

1HSA:2RuDMSO 45% 23% 33%

1HSA:3RuDMSO 45% 23% 33%

1HSA:4RuDMSO 45% 23% 33%

1HSA:5RuDMSO 45% 23% 33%

1HSA:10RuDMSO 45% 23% 33%

1HSA:1H2Melox 45% 23% 33%

1HSA:2H2Melox 45% 23% 33%

1HSA:3H2Melox 45% 22% 33%

1HSA:4H2Melox 44% 20% 34%

1HSA:5H2Melox 44% 21% 34%

1HSA:10H2Melox 43% 16% 41%

1HSA:1RuHMelox 45% 23% 33%

1HSA:2RuHMelox 45% 23% 33%

1HSA:3RuHMelox 45% 22% 33%

1HSA:4RuHMelox 44% 20% 34%

1HSA:5RuHMelox 44% 21% 34%

1HSA:10RuHMelox 43% 16% 41%

* A soma das porcentagens, em alguns casos, não resulta em 100% devido ao arredondamento feito pelo K2D.

- 79 -

5.2 Fluorescência

A técnica de Fluorescência pode também auxiliar o estudo destas interações proteína-

complexo. A Fluorescência é um processo em que os elétrons em estados excitados de uma

molécula tendem a voltar para o estado fundamental cedendo energia para o meio, e emitindo

fótons. A energia do fóton emitido não é igual à do fóton absorvido, apesar do fato de a

absorção de radiação e a emissão na fluorescência resultarem em transições entre estado

eletrônico excitado e estado fundamental. Ao absorver um fóton, a molécula estava num

arranjo de equilíbrio adequado ao estado eletrônico fundamental. Quando passa a um estado

eletrônico excitado, esta molécula vai se rearranjar, ou sofrer uma relaxação, para outra

geometria, que seja mais adequada a esse estado excitado. Uma pequena parte da energia é

perdida nessa relaxação, de modo que no momento da emissão, a diferença de energia entre o

estado excitado e o fundamental será menor do que aquela existente no momento da absorção.

Como resultado, a energia do fóton emitido é menor que a do fóton absorvido 79.

Na espectroscopia de fluorescência, irradia-se uma amostra com luz UV-visível e

detecta-se a radiação emitida por ela. Experimentalmente, pode-se determinar a energia da

radiação emitida, a intensidade com que ocorre a emissão, o desvio na direção de polarização

(quando a luz incidente é polarizada), o intervalo de tempo no qual a molécula permanece no

estado excitado (da ordem de 10-9 segundos). Todos esses “parâmetros fluorescentes”

dependem da interação da molécula fluorescente com o meio circundante, compreendido

como as moléculas vizinhas, sejam essas moléculas do solvente ou outras presentes no meio.

No caso de proteínas, existem 3 aminoácidos que absorvem luz UV-visível e que podem

apresentar fluorescência: a fenilalanina, a tirosina e o triptofano. Do estudo das características

de fluorescência desses aminoácidos em proteínas, é possível obter informações a respeito da

- 80 -

ocorrência de mudanças estruturais relacionadas, como sempre, à atividade que as proteínas

exercem nos organismos vivos.80

O triptofano Figura 67 em particular tem se mostrado bastante conveniente para este

tipo de estudo, dada a dependência entre suas propriedades fluorescentes e o caráter

hidrofóbico ou hidrofílico de suas vizinhanças. Por exemplo, há no músculo uma proteína

chamada troponina, que sofre uma mudança de conformação quando íons de cálcio ligam-se a

ela e essa mudança pode ser claramente notada observando-se a fluorescência de um resíduo

triptofano presente na membrana. O que está sendo observado nesse caso é um evento

molecular relacionado às etapas iniciais do processo de movimentação muscular, que depende

da interação com íons de cálcio presentes no meio celular 27, 80-86.

Figura 67 - Estrutura do Triptofano: cores: azul claro – C; vermelho – O; azul escuro – N. Os

hidrogênios foram omitidos para uma melhor visualização da estrutura.

O resíduo de triptofano é o mais freqüentemente estudado entre os três fluoróforos

intrínsecos da HSA (tirosina e fenilalanina) para obter informações sobre mudanças

conformacionais da proteína. A fim de excluir o efeito concomitante da fluorescência dos

resíduos de tirosina a HSA é excitada em 298 nm. Neste comprimento de onda de excitação, o

comprimento de onda de emissão da HSA é 350 nm. Emm todos os experimentos deste

trabalho a concentração de HSA usada foi de 4x10-6 molL-1.

- 81 -

Na Figura 68 temos o espectro de emissão da HSA na presença de diferentes

concentrações de Platinil®. Observa-se apenas pequenas variações no espectro, o que indica

que em presença de cisplatina, não ocorre supressão significativa da fluorescência do

triptofano.

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA:Platinil

Figura 68 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Platinil® em diferentes razões molares.

Na Figura 69, temos o espectro de HSA em presença de diferentes concentrações de

Ru2Ac. Neste caso observa-se um decaimento gradativo da intensidade de fluorescência, o

que está de acordo com o descrito na literatura para complexos de rutênio. 81, 87

O estudo com o fármaco NaDiclofen (Figura 70) mostra, também, um decaimento da

intensidade de fluorescência, esta queda ocorre de maneira acentuada já na razão

1HSA:1Diclofenaco. A Figura 71 mostra que a adição de Ru2Diclofen à solução com

albumina na proporção 1HSA:1 Ru2Diclofen faz diminuir de maneira mais efetiva a

intensidade da fluorescência do triptofano. Logo na primeira adição a intensidade já cai para

aproximadamente 84%, mostrando que a mudança no ambiente ao redor do triptofano causada

tanto pelo fármaco quanto pelo complexo é mais efetiva quando comparada a causada pelo

complexo Ru2Ac.

- 82 -

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

HSA:Ru2Ac

Figura 69- Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2Ac em diferentes razões molares.

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:2

1:4

1:6

1:8

1:10

1:20

HSA: NaDiclofen

Figura 70- Espectro de Fluorescência da HSA em presença de NaDiclofen em diferentes razões.

- 83 -

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA: Ru2Diclofen

Figura 71 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2Diclofen em diferentes razões

molares.

Nas Figura 72 Figura 73 observa-se a supressão causada pelo fármaco HSulin e pelo

complexo Ru2Sulin. O fármaco HSulin é o que apresenta maior supressão na intensidade de

fluorescência. Em termos de porcentagem de o complexo Ru2Sulin apresenta supressão bem

mais significativa, na primeira adição de complexo (1HSA:1Ru2Sulin) observa-se que a

intensidade de fluorescência decai para aproximadamente 76% da fluorescência inicial e com

as demais adições está intensidade cai para 9% o que mostra que este complexo atua de

maneira muito mais efetiva no que diz respeito a mudança de polaridade do meio em torno do

resíduo de triptofano.

No caso do ibuprofeno (Figura 74), observa-se variação não significativa da

intensidade da banda, o que indica que a presença do fármaco não causa supressão da

fluorescência do triptofano.

No caso do complexo Ru2IBP (Figura 75), observa-se supressão da fluorescência,

porém, levando em conta as faixas de razões molares da HSA:composto, pode-se dizer que

- 84 -

esta é menos acentuadas do que aquelas supressões observadas para os complexos Ru2Sulin e

Ru2Diclofen.

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA:HSulin

Figura 72 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de HSulin em diferentes razões molares.

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA: Ru2Sulin

Figura 73 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2Sulin em diferentes razões molares.

- 85 -

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

9x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA:HIBP

Figura 74 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de HIBP em diferentes razões molares.

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA: Ru2IBP

Figura 75 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de Ru2IBP em diferentes razões molares.

Na Figura 76 observa-se o comportamento da fluorescência do triptofano frente ao

complexo RuDMSO, neste caso a supressão de fluorescência também não parece ser

significativa. Já na presença do fármaco H2Melox (Figura 77) o triptofano apresenta uma

- 86 -

supressão similar a do complexo RuHMelox (Figura 78), o que nos dá mais uma evidência de

que o ligante é de grande importância na supressão da fluorescência.

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA: RuDMSO

Figura 76 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de RuDMSO em diferentes razões

molares.

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA:H2Melox

Figura 77 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de H2Melox- em diferentes razões

molares.

- 87 -

320 340 360 380 400 420 440 460 480 500

0

1x105

2x105

3x105

4x105

5x105

6x105

7x105

8x105

Intensidade de Fluorescência

Comprimento de Onda (nm)

1:0

1:1

1:2

1:3

1:4

1:5

1:10

HSA:RuHMelox

Figura 78 - Espectro de Fluorescência da HSA em presença de RuHMelox em diferentes razões

molares.

Cálculo de porcentagem de supressão de fluorescência

A radiação UV pode ser usada para excitar macromoléculas, mas a probabilidade desta

luz UV provocar uma alteração mensurável é pequena porque a energia pode ser dissipada

tanto como fluorescência quanto como calor. Esta probabilidade é chamada rendimento

quântico φ, que representa o número de partículas danificadas pelo número de quanta

absorvido.

A resposta da fotomultiplicadora do espectrofluorímetro pode variar de um dia de

experimento para o outro, mesmo utilizando-se as mesmas condições de: concentração da

proteína, pH da solução e λ de excitação. Para poder comparar com maior confiança

experimentos de fluorescência realizados em dias diferentes, torna-se necessário calcular o

rendimento quântico das espécies estudadas, pois este é sempre constante quando se utiliza as

mesmas condições experimentais.

No caso dos experimentos realizados neste trabalho, foi necessário calcular o

rendimento quântico da HSA livre e também das combinações HSA:Complexos.

- 88 -

De acordo com a literatura 88 o rendimento quântico da HSA em água e pH 6,4, com λ

de excitação de 280 nm, é de 0,132 e a intensidade da fluorescência varia significativamente

com a mudança do pH.

Como aqui os experimentos foram realizados para um λ de excitação diferente , 298

nm ao invés de 280 nm, o primeiro passo foi verificar se ocorreria alteração na intensidade de

fluorescência com a mudança do λ de excitação. Para isso preparou-se uma solução de

albumina humana com concentração 4,0x10-6 molL-1 em água e pH 6,4 e então registrou-se os

espectros cpara ambos os λ de excitação 280 nm e 298 nm.

Como se pode observar na Figura 79, os espectros apresentam perfis diferentes e,

portanto rendimentos quânticos de emissão diferentes, o rendimento quântico de 0,132, para λ

de excitação 280 nm, não pode ser utilizado para os experimentos realizados com λ de

excitação de 298 nm. Porém é possível calcular o rendimento quântico de emissão da HSA

com λ de excitação de 298 nm a partir do rendimento quântico para a amostra excitada em

280 nm.

350 400 450 500

0,0

5,0x104

1,0x105

1,5x105

2,0x105

2,5x105

3,0x105

Intensidade

Comprimento de Onda (nm)

pH6.4 (280)

pH6.4 (298)

Figura 79 - Espectro de fluorescência da HSA em pH 6,4 para diferentes λ de excitação.

- 89 -

5.2.1 Determinação do rendimento quântico de emissão a partir de uma amostra padrão 89.

O rendimento quântico de uma amostra desconhecida pode ser calculado pela seguinte

equação:

p

p

a

a emaaem

ppem

em CI

CIϕ

ε

εϕ

)(

)(

)(= Equação 3

Onde:

Iem(a)= intensidade de emissão da amostra

Iem(p)= intensidade de emissão do padrão

εa = absortividade molar da amostra

εp= absortividade molar do padrão

Ca = concentração molar da amostra

Cp= concentração molar do padrão

φem(a)= rendimento quântico de emissão da amostra

φem(p)= rendimento quântico de emissão do padrão

As medidas de rendimento quântico devem ser feitas nas mesmas condições para o

padrão e para a amostra. Ambos os espectros devem ser corrigidos para a resposta da

fotomultiplicadora.

Para o caso em que Aamostra=Apadrão no comprimento de onda de excitação, a equação 3

é reduzida a:

p

p

a

a emem

emem I

Iϕϕ

∫= Equação 4

As áreas integradas dos espectros registrados para cada λ excitação foram calculadas

com o auxilio do software Origin 7.5 (Figura 80 Figura 81).

- 90 -

350 400 450 500

0,0

5,0x104

1,0x105

1,5x105

2,0x105

2,5x105

3,0x105

[19/10/2007 11:00 "/Graph2" (2454392)]

Integration of albuminapH_pH6.4 from zero:

i = 1 --> 181

x = 320 --> 500

Area Peak atWidth Height

------------------------------------------------------------

1,44633E7 338 51 252988,1

Intensidade

Comprimento de Onda (nm)

pH6.4 298 nm

Figura 80 - Área integrada do espectro de

fluorescência da HSA em pH6,4 com λ de

excitação de 280 nm.

350 400 450 500

0,0

5,0x104

1,0x105

1,5x105

2,0x105

2,5x105

3,0x105

[19/10/2007 10:53 "/Graph2" (2454392)]

Integration of albuminapH_pH6.4a from zero:

i = 1 --> 181

x = 320 --> 500

Area Peak atWidth Height

------------------------------------------------------------

1,54006E7 323 49 286416,2

Intensidade

Comprimento de Onda (nm)

pH6.4 (280)

Figura 81 - Área integrada do espectro de

fluorescência da HSA em pH6,4 com λ de

excitação de 298 nm.

Considerando como padrão a amostra de λ de excitação em 280nm (φem(p)=0,132) e

usando a equação (4), temos:

132,01054,1

1045,17

7

×××

=aemϕ

124,0=aemϕ

Então para λ de excitação em 298 nm, temos que o rendimento quântico de emissão,

para a albumina humana é de 0,124 em pH 6,4.

Como nos experimentos realizados aqui o pH das soluções foi de 7,4, investigou-se

qual seria a influência da variação do pH no rendimento.

Para tanto preparou-se 5 soluções de HSA em diferentes pHs, que foram ajustados

com soluções de HCl 1,0 molL-1 e NaOH 1,0 molL-1. Registrou-se então os espectros de

emissão das soluções com λ de excitação em 298 nm.

Na Figura 82 observa-se que para a solução de HSA em pH 1,7 a intensidade de

fluorescência é maior que em pH 4,7, 6,4 e 7,4, nos quais se mantem aproximadamente

- 91 -

constante, já para pH 10,5 ocorre uma diminuição de intensidade. Isso mostra que embora a

intensidade de fluorescência seja influenciada pelo pH do meio, é possível utilizar o valor do

o rendimento quântico calculado para a solução com pH 6,4 também para a solução de pH

7,4.

350 400 450 500

0,0

5,0x104

1,0x105

1,5x105

2,0x105

2,5x105

3,0x105

Intensidade

Comprimento de Onda (nm)

pH 1,7

pH 4,8

pH 6,4

pH 7,4

pH 10,5

Figura 82 - Espectros de fluorescência em diferentes pHs.

Os rendimentos quânticos para cada experimento HSA:Composto foram então

calculados usando-se a equação (2). Como rendimento quântico padrão considerou-se o valor

calculado de 0,124, para HSA no comprimento de onda de excitação de 298 nm e pH 6,4. Os

valores de supresão foram calculados de acordo com a equação 5 e são apresentados na

Tabela 20

Tabela 20 100%sup ×=padrão

amostraressão ϕ

ϕ Equação 5

- 92 -

Tabela 20 – Rendimentos Quânticos e porcentagens de supressão calculados.

Espécie Área do Gráfico Rendimento Quantico % supressão

HSA 4,680 x 10+07 0,124 100%

1HSA:1Platinil® 4,323 x 10+07 0,115 92%

1HSA:2Platinil® 4,409 x 10+07 0,117 94%

1HSA:3Platinil® 4,595 x 10+07 0,122 98%

1HSA:4Platinil® 4,520 x 10+07 0,120 97%

1HSA:5Platinil® 4,294 x 10+07 0,114 92%

1HSA:10Platinil® 4,607 x 10+07 0,122 98%

1 HSA:1Ru2Ac 4,467 x 10+07 0,118 95%

1 HSA:2Ru2Ac 3,962 x 10+07 0,105 85%

1 HSA:3Ru2Ac 3,578 x 10+07 0,095 76%

1 HSA:4Ru2Ac 3,607 x 10+07 0,096 77%

1 HSA:5Ru2Ac 3,485 x 10+07 0,092 74%

1 HSA:10Ru2Ac 2,839 x 10+07 0,075 61%

1 HSA:2NaDiclofen 3,705 x 10+07 0,098 79%

1 HSA:4NaDiclofen 3,172 x 10+07 0,084 68%

1 HSA:6NaDiclofen 2,283 x 10+07 0,061 49%

1 HSA:8NaDiclofen 2,198 x 10+07 0,058 47%

1 HSA:10NaDiclofen 1,817 x 10+07 0,048 39%

1 HSA:20NaDiclofen 1,330 x 10+07 0,035 28%

1 HSA:1Ru2Diclofen 3,935 x 10+07 0,104 84%

1 HSA:2Ru2Diclofen 3,154 x 10+07 0,084 67%

1 HSA:3Ru2Diclofen 2,965 x 10+07 0,079 63%

- 93 -

1 HSA:4Ru2Diclofen 2,278 x 10+07 0,060 49%

1 HSA:5Ru2Diclofen 2,202 x 10+07 0,058 47%

1 HSA:10Ru2Diclofen 1,089 x 10+07 0,029 23%

1 HSA:2HSulin 3,764 x 10+07 0,100 80%

1 HSA:4HSulin 2,848 x 10+07 0,075 61%

1 HSA:6HSulin 1,886 x 10+07 0,050 40%

1 HSA:8HSulin 1,473 x 10+07 0,039 31%

1 HSA:10HSulin 1,307 x 10+07 0,035 28%

1 HSA:20HSulin 7,157 x 10+06 0,019 15%

1 HSA:1Ru2Sulin 3,561 x 10+07 0,094 76%

1 HSA:2Ru2Sulin 2,364E+07 0,063 51%

1 HSA:3Ru2Sulin 1,888 x 10+07 0,050 40%

1 HSA:4Ru2Sulin 1,561 x 10+07 0,041 33%

1 HSA:5Ru2Sulin 1,194 x 10+07 0,032 26%

1 HSA:10Ru2Sulin 4,165 x 10+06 0,011 9%

1 HSA:1RuDMSO 4,674 x 10+07 0,124 100%

1 HSA:2RuDMSO 4,608 x 10+07 0,122 98%

1 HSA:3RuDMSO 4,389 x 10+07 0,116 94%

1 HSA:4RuDMSO 4,458 x 10+07 0,118 95%

1 HSA:5RuDMSO 4,562 x 10+07 0,121 97%

1 HSA:10RuDMSO 4,348 x 10+07 0,115 93%

1 HSA:2HIBP 4,568 x 10+07 0,121 100%

1 HSA:4HIBP 4,681E x 10+07 0,124 100%

- 94 -

1 HSA:6HIBP 4,681 x 10+07 0,124 100%

1 HSA:8HIBP 4,568 x 10+07 0,121 100%

1 HSA:10HIBP 4,568 x 10+07 0,121 100%

1 HSA:20HIBP 4,389 x 10+07 0,116 100%

1 HSA:1Ru2IBP 4,291 x 10+07 0,114 92%

1 HSA:2Ru2IBP 4,296 x 10+07 0,114 92%

1 HSA:3Ru2IBP 4,111 x 10+07 0,109 88%

1 HSA:4Ru2IBP 3,883 x 10+07 0,103 83%

1 HSA:5Ru2IBP 3,963 x 10+07 0,105 85%

1 HSA:10Ru2IBP 3,454 x 10+07 0,092 74%

1 HSA:2H2Melox 3,662 x 10+07 0,097 78%

1 HSA:4H2Melox 2,814 x 10+07 0,058 47%

1 HSA:6H2Melox 1,757 x 10+07 0,022 18%

1 HSA:8H2Melox 1,373 x 10+07 0,006 5%

1 HSA:10H2Melox 1,143 x 10+07 0,002 1%

1 HSA:20H2Melox 5,796 x 10+06 0,000 0%

1 HSA:1RuHMelox 4,021 x 10+07 0,107 86%

1 HSA:2RuHMelox 3,111 x 10+07 0,082 66%

1 HSA:3RuHMelox 2,617 x 10+07 0,069 56%

1 HSA:4RuHMelox 2,096 x 10+07 0,056 45%

1 HSA:5RuHMelox 1,718 x 10+07 0,046 37%

1 HSA:10RuHMelox 7,531 x 10+06 0,020 16%

- 95 -

Os estudos de fluorescência mostraram que os compostos Platinil®, HIBP e RuDMSO

não apresentam impacto significativo na supressão da fluorescência. Para o fármaco orgânico

HIBP é reportado na literatura que ele se liga preferencialmente ao subdomínio IIIA da

proteína 41, com isso não afeta a vizinhança do resíduo de triptofano não tendo ação

supressora de fluorescência. Os compostos Platinil® e RuDMSO também não afetam a

fluorescência este fato pode ser explicado de duas maneiras, uma seria devido aos compostos

estudados se ligarem a um subdomínio diferente do IIA, a outra explicação seria se ligarem ao

subdomínio IIA e não suprimirem a fluorescência. Para este esclarecimento seria necessário

um estudo mais aprofundado para se identificar exatamente onde estes compostos estão se

ligando, já que de acordo com os espectros CD estes compostos interagem com a proteína,

porém praticamente não alteram sua estrutura secundária.

O complexo Ru2Ac até a proporção 1HSA:5Ru2Ac apresenta o mesmo

comportamento que o fármaco Platinil® no que diz respeito a perda de estrutura alfa-hélice e

atua como um moderado supressor da fluorescência do triptofano.

Em todas as proporções estudadas os compostos Ru2Sulin, Ru2Diclofen, NaDiclofen e

HSulin apresentaram grande eficácia na supressão da fluorescência do triptofano presente na

HSA, para estes mesmos compostos os estudos de CD mostram que ocorre uma interação dos

mesmos com a HSA e a partir da proporção 1HSA:8fármaco orgânico ou ligante tem-se um

perda gradativa da estrutura alfa-hélice. Os compostos H2Melox e o RuHMelox nos espectros

de CD não apresentam variação significativa na estrutura secundária, assim como o Platinil®,

porém nos estudos de fluorescência provocam efeitos similares aos demais complexos de

rutênio estudados e seus fármacos orgânicos.

De acordo com as regras empíricas para espectros de fluorescência de proteínas 90,

uma explicação possível é a de que os sistemas estudados, que tem efeito supressor, tornam o

ambiente ao redor do triptofano mais hidrofílico e isso pode ser devido à ligação do complexo

- 96 -

ou fármaco orgânico nas proximidades do resíduo triptofano. A forte supressão da

fluorescência do Trp 214 indica que a conformação hidrofóbica na região do subdomínio IIA

é significativamente afetada pela presença dos compostos estudados.

O forte impacto na fluorescência indicou claramente que a ligação das drogas à HSA

mudou o microambiente do triptofano e dos resíduos da estrutura terciária da HSA, o que está

de acordo com a literatura que diz que os complexos de rutênio, imidazolium [ trans-

tetrachlorobis (imidazol) rutênio (III) e trans-indazolium (bisindazole) tetrachlororutênio(III)

por exemplo, tendem a modificar o ambiente hidrofóbico onde o resíduo de triptofano está

localizado, com isso observa-se em seus espectros de fluorescência , quando em presença de

complexos de rutênio, um decaimento na intensidade de fluorescência do resíduo de

triptofano 81, 87 .

5.2.2 Determinação das constantes de SternVolmer para os sistemas estudados.

Três processos de supressão de fluorescência são conhecidos: estático, dinâmico e de

transferência não radioativa. Na supressão dinâmica o supressor se difunde até o fluoróforo

durante o seu tempo de vida do estado excitado e em contato com o fluoróforo retorna ao

estado fundamental, sem emissão de fóton. Ambos os processos dinâmico e estático são bem

descritos pela equação conhecida de Stern-Volmer (equação 6)

][10 SKF

FSV+= Equação 6

Nesta equação F0 e F são as intensidades de fluorescência na ausência e presença de

supressor , [S] é a concentração de supressor e KSV é a constante de supressão de Stern-

Volmer, que pode ser escrita como:

osSV tkK ×= Equação 7

- 97 -

Onde é ks é a constante de velocidade de supressão bimolecular e t0 é o tempo de vida

do fluoróforo na ausência de supressor.

As constantes de supressão Stern-Volmer (KSV) foram determinadas construindo-se

retas a partir da equação 6 (Figura 83); para a condição Cdrug /CHSA ≤ 10 para todos os

compostos, exceto para o complexo Ru2Sulin e RuHMelox onde a razão Cdrug /CHSA ≤ 5.

0,0 2,0x10-5

4,0x10-5

6,0x10-5

8,0x10-5

1,0x10-4

0

5

10

15

20

25

30

35

NaDiclofen

F0/F

[NaDiclofen]

0,0 8,0x10-6

1,6x10-5

2,4x10-5

3,2x10-5

4,0x10-5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

Ru2Diclofen

F0/F

[Ru2Diclofen]

8,0x10-6

1,6x10-5

2,4x10-5

3,2x10-5

4,0x10-5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

H2Melox

F0/F

[H2Melox]

4,0x10

-68,0x10

-61,2x10

-51,6x10

-52,0x10

-5

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

RuHMelox

F0/F

[RuHMelox]

0,0 8,0x10-6

1,6x10-5

2,4x10-5

3,2x10-5

4,0x10-5

0

2

4

6

8

10

HSulin

F0/F

[HSulin]

4,0x10

-68,0x10

-61,2x10

-51,6x10

-52,0x10

-5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

Ru2Sulin

F0/F

[Ru2Sulin]

- 98 -

0,0 2,0x10-5

4,0x10-5

6,0x10-5

8,0x10-5

1,0x10-4

1

2

3

4

5

6

7

Ru2Ac

F0/F

[Ru2Ac]

0,0 8,0x10-6

1,6x10-5

2,4x10-5

3,2x10-5

4,0x10-5

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

Ru2IBP

F0/F

[Ru2IBP]

0,0 5,0x10-6

1,0x10-5

1,5x10-5

2,0x10-5

2,5x10-5

1,00

1,05

1,10

1,15

1,20

RuDMSO

F0/F

[RuDMSO]

Figura 83 – Gráficos Stern-Volmer para os compostos estudados.

Supondo que o t0 da biomoléculas é 10-8 s 91 as constantes das velocidades de

supressão ks também foram calculadas (Tabela 21).

Os valores das constantes de supressão ks são maiores do que o valor da constante de

difusão limitante Kdif da biomolécula (Kdif = 2,0 x 1010 mol-1Ls-1 92), o que sugere que a

supressão da fluorescência deve-se à uma interação específica entre a HSA e o supressor 93.

Tabela 21 – Ksv e ks dos complexos estudados p<0,007.

Composto R KSV(molL-1) ks (molL-1s-1)

NaDiclofen 0,99 35 x 104 7,0 x 1013

H2Melox- 0,98 7,5 x 104 1,5 x 1013

HSulin 0,98 20 x 1045 4,0 x 1013

Ru2Ac 0,99 5,8 x 104 1,2 x 1013

- 99 -

Ru2Diclofen 0,99 8,2 x 104 1,6 x 1013

Ru2Sulin 0,99 18 x 1045 3,6 x 1013

Ru2IBP 0,98 1,4 x 104 2,8 x 1012

RuDMSO 0,99 0,79 x 104 1,6 x 1012

RuHMelox 0,99 8,1 x 104 1,6 x 1012

5.2.3 Determinação do número de sítios de ligação e da constante de ligação HSA-

Complexo.

Partindo-se do pressuposto de que existem n potenciais sítios de ligação para a droga

supressora na proteína HSA, a supressão pode ser mostrada como 94:

HSASuprHSASuprn n→←+

Equação 8

Onde:

Supr: Supressor (droga)

HSA: Proteína

A constante de ligação Klig pode ser calculada como equação 09

inn

lig HSASupr

HSASuprK

][][

][=

Equação 9

Como:

][][][ HSASuprHSAHSA ninicialfinal −=

finalinicialn HSAHSAHSASupr ][][][ −= Equação 10

Substituindo a equação 10 na equação 9 temos:

- 100 -

inicialn

finaliniciallig HSASupr

HSAHSAK

][][

][][ −=

Equação 11

Supondo que a intensidade da fluorescência é proporcional à concentração da proteína

tem-se:

0][

][

F

F

HSA

HSA

inicial

final =

F

FHSAHSA finalinicial

0][][ ×= Equação 12

Substituindo a equação 12 na equação 11 temos:

−=

finaln

finaliniciallig HSASupr

HSAHSA

F

FK

][][

][][0

Equação 13

Aplicando-se logarítimo na equação 13:

−−−=

finaln

finaliniciallig HSASupr

HSAHSAFFK

][][

][][log)log(log 0

]log[)log(log 0 SuprnKF

FFlig −=

Equação 14

Então Klig e o número de sítios de ligação n podem ser calculados construindo-se retas

a partir da equação 14 (figura 84)

- 101 -

-5,6 -5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2 -4,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

NaDiclofen

log (F0-F/F)

log[NaDiclofen]

-5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

Ru2Diclofen

log(F0-F/F)

log[Ru2Diclofen]

-5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2 -4,0

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

H2Melox

log(F0-F/F)

log[H2Melox]

-5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

RuHMelox

log(F0-F/F)

log[RuHMelox]

-5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

HSulin

log(F0-F/F)

log[HSulin]

-5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Ru2Sulin

log(F0-F/F)

log[Ru2Sulin]

-5,6 -5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6 -4,4 -4,2 -4,0

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

Ru2Ac

log(F0-F/F)

log[Ru2Ac]

-5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

Ru2IBP

log(F0-F/F)

log[Ru2IBP]

- 102 -

-5,4 -5,2 -5,0 -4,8 -4,6

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

RuDMSO

log(F0-F/F)

log[RuDMSO]

Figura 84 – Gráficos de constante de ligação e número de sítios obtidos a partir da equação 14.

O número de sítios de ligação n e a constante ligação Klig, de acordo com a equação 14

e estão apresentados na tabela Tabela 22.

Tabela 22 – Dados de constante de ligação e número de sítios de ligação p<0,007.

Complexo log Klig Klig n R

NaDiclofen 5,6 40 x 104 1 0,99

H2Melox- 6,7 500 x 104 1 0,98

HSulin 7,4 2500 x 104 1 0,99

Ru2Ac 4,8 6,3 x 104 1 0,97

Ru2Diclofen 4,8 6,3 x 104 1 0,96

Ru2Sulin 6,3 200 x 104 1 0,91

Ru2IBP 4,3 2,0 x 104 1 0,94

RuDMSO 5,1 12 x 104 1 0,99

RuHMelox 4,9 7,0 x 104 1 0,90

Todos os compostos apresentam um sito de ligação para os compostos estudados.

Quando Cdroga/CHSA é superior a 10 para quase todos os compostos, exceto para os complexos

RuHMelox e Ru2Sulin que esta razãoé superior a 5, e o gráfico de Stern-Volmer não é linear,

isso sugerem que o mecanismo de supressão pode não ser simplesmente estático.

- 103 -

5.3 SDS-PAGE

A eletroforese é a migração de íons em um campo elétrico, ela é amplamente utilizada

para a separação analítica de moléculas biológicas. A eletroforese em gel de poliacrilamida-

dodecilsulfato de sódio (SDS-PAGE) é um procedimento eletroforético que separa as

proteínas com base nas massas moleculares. O SDS de fórmula ([CH3-(CH2)10-CH2-O-SO3-

]Na+) liga-se às porções hidrofóbicas das proteínas (1,4g de SDS para cada g de proteína),

rompendo suas dobras e permitindo que elas assumam em conformação estendida estável.

Como resultado, o tamanho do complexo proteína-SDS é proporcional à sua massa molecular.

Quando se liga, o SDS adiciona um grande numero de cargas negativas às moléculas das

proteínas, fazendo com que tornem-se insignificantes suas cargas intrínsecas. Dessa forma, as

velocidades de migração vão depender exclusivamente das massas dos complexos proteína-

SDS. As proteínas menores migram mais rapidamente do que as maiores. 86

As massas moleculares de proteínas comuns são rotineiramente determinadas com

uma exatidão de 5 a 10% por SDS-PAGE. As mobilidades relativas das proteínas nesses géis

variam linearmente com os logaritmos de suas massas moleculares. Na prática, a massa

molecular de uma proteína é determinada realizando-se a eletroforese da proteína juntamente

com várias proteínas “padrão” de massas moleculares conhecidas e de valores próximos aos

da proteína de interesse.

Na eletroforese em gel de poliacrilamida, os géis são feitos pela polimerização de

acrilamida e N,N’-metilenibisacrilamida, induzida por radicais livres, no tampão de escolha.

O gel em geral é montado com o formato de uma fatia retangular delgada, na qual diversas

amostras podem ser analisadas simultaneamente em canaletas paralelas (Figura 85). As

amostras, aplicadas em canaletas que são feitas na parte superior do gel, migram em linhas

paralelas de cima para baixo.56.

- 104 -

Figura 85 - Equipamento de Eletroforese em gel plano e esquema de eletroforese.

Realizou-se um estudo preliminar para verificar o comportamento dos compostos

frente à albumina humana na proporção 1:1. Após o preparo das soluções e dos géis aplicou-

se as amostras nos géis e o resultado da corrida está ilustrado na Figura 86

Figura 86 – Géis do estudo preliminar de SDS-Page.

As manchas obtidas nos géis estão na mesma direção da marca do padrão BSA

(albumina de soro bovina), que que apresenta praticamente o mesmo peso molecular da HSA.

Os compostos, nas condições testadas, não alteraram o peso molecular da HSA , o que indica

que na razão molar testada não ocorre a clivagem da proteína.

Para verificar se maiores concentrações de complexos poderiam clivar a HSA,

realizou-se um novo experimento variando a proporção HSA: Composto, de 1:1 até 1:5 e

1:10.

- 105 -

Figura 87 – Gel SDS para o complexo Ru2Ac.

Figura 88 - Gel SDS para o complexo Ru2Diclofen.

Figura 89 - Gel SDS para o complexo Ru2IBP.

Figura 90 - Gel SDS para o complexo Ru2Sulin.

Os resultados obtido nos mostram que nas proporções testadas os complexos não

clivam a proteína. Na proporção 1HSA:10 Complexo observa-se uma diminuição da

quantidade de proteína, isso se deve a precipitação que ocorre ao adicionar o complexo a

solução de HSA antes de aplica-la no gel, que acaba diminuindo a quantidade de proteína em

solução.

Com os dados obtidos pode-se verificar que os complexos ao interagirem com a

proteína HSA, não causam sua clivagem em nenhuma das proporções testadas.

- 106 -

66 TTEESSTTEESS CCOOMM CCÉÉLLUULLAASS KK556622 –– RREESSUULLTTAADDOOSS EE

DDIISSCCUUSSSSÕÕEESS

Viabilidade Celular

A maior parte dos ensaios de viabilidade celular, que são realizados, baseia-se em um

dos seguintes parâmetros: 1) atividade metabólica; 2) integridade da membrana das células

saudáveis.

A atividade metabólica de uma população de células pode ser analisada incubando-se

estas com sais de tetrazólio e medindo-se o dano induzido por estes sais no metabolismo

celular de glicídeos, usualmente através da atividade de desidrogenases. O sal de tetrazólio

mais utilizado é o MTT e suas reações permitem localizar a atividade de desidrogenases

presentes em células viáveis. O sal de tetrazólio não reage diretamente com as desidrogenases,

mas sim com os produtos de reações que envolvem NADH e NADPH que reduzem o MTT

para uma espécie colorida, a formazana (Figura 91).

A formazana é insolúvel em água, mas após a dissolução em DMSO, a quantificação

da inibição enzimática pode ser fácil e rapidamente efetuada por ensaios colorimétricos.

Figura 91 - Redução do MTT a Formazana.

Redutase

Mitocondrial MTT Formazana

- 107 -

O outro tipo de ensaio de viabilidade celular baseia-se na habilidade das células

saudáveis, com membrana plasmática totalmente íntegra, excluírem corantes, tal como o azul

de Tripam, ao contrário das células mortas que incorporam este corante, Figura 21.

Desta maneira no final do ensaio é possível contar, com o auxilio de um microscópio,

tanto o número de células vivas quanto o de mortas. Este método é simples e requer apenas

uma pequena fração do total de células, para determinar a concentração celular (número de

célula / mL) no frasco de cultivo. Um ponto negativo deste método é quando precisa-se

analisar uma quantidade grande de compostos em diferentes concentrações, nestas condições

este procedimento seria bastante demorado uma vez que é necessário aliquotar todas as

amostras e realizar a limpeza da câmara de contagem a cada teste.

O objetivo deste primeiro ensaio biológico era avaliar os fatores de crescimento das

células tumorais na presença dos três complexos do tipo [Ru2(O2CR)4Cl]: Ru2Sulin,

Ru2Diclofen e Ru2IBP.

A contagem das células foi realizada tanto com azul de Tripam quanto com MTT.

Como controle utilizou-se o solvente de cada complexo (água/5%DMSO ou

EtOH/5%DMSO).

6.1 Teste para escolha do método de contagem das células.

Os resultados obtidos após 24h de incubação, para o teste com azul de Tripam, das

células com diferentes complexos e diferentes concentrações, estão apresentados na Figura 92

e resumidos na Tabela 23. Para os cálculos das porcentagens de células viáveis dos padrões

considerou-se a água sem DMSO como sendo o solvente que não inviabiliza as células (100%

de células vivas) e então normalizou-se os resultados dos padrões.

- 108 -

20 40 60 80 100 120

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% células vivas

concentração uM

água

Ru2Ac

EtOH

Ru2Sulin

Ru2Diclofen

Ru2IBP

Figura 92 – Porcentagem de células vivas em função da concentração de complexo.

De acordo com os resultados obtidos é possível verificar que, após um período de 24 h

de incubação, os compostos apresentaram efeito inibitório significativos sobre a linhagem de

célula K562. O complexo Ru2Ac apresenta menor atividade que os demais compostos

testados não sendo capaze de inviabilizar 50% das células, já os complexos Ru2Sulin e

Ru2IBP, na concentração de 60 µmolL-1, apresentam resultados significativos inviabilizando

mais de 50% das células. O composto Ru2Diclofen foi o que apresentou melhores resultados

chegando a matar 50% das células já na concentração 40 µmolL-1.

Tabela 23 – Porcentagem de células vivas após a contagem com Tripam para os diferentes complexos

e nas diferentes concentrações

Composto 20 µM 40 µM 60 µM 80 µM 120 µM

Água 95% 92% 92% 86% 93%

EtOH 97% 86% 81% 69% 65%

Ru2Ac 74% 69% 71% 76% 70%

Ru2Sulin 72% 74% 42% 60% 56%

Ru2Diclofen 76% 49% 35% 20% 16%

Ru2IBP 79% 59% 41% 41% 47%

- 109 -

Para efeito de comparação realizou-se a determinação dos fatores de crescimento

celular do experimento anterior também utilizando ensaios com MTT. Na água e no etanol,

por serem controles, a % de células vivas foi considerada 100% para efeito de cálculo.

De acordo com os resultados obtidos (Figura 93) é possível verificar, após um período

de 24 h de incubação, os compostos apresentaram efeito inibitório sobre o crescimento da

linhagem de célula K562.

O complexo Ru2Ac apresenta neste caso um comportamento anômalo ao mostrado no

experimento com azul de Tripam, não chegando a matar 50% das células na concentração de

120 µmolL-1 , já os complexos Ru2Sulin, Ru2IBP, na concentração de 60 µmolL-1, apresentam

resultados significativos matando cerca de 50% das células. O composto Ru2Diclofen foi o

que apresentou melhores resultados chegando a matar mais de 50% das células já na

concentração 20 µmolL-1.

20 40 60 80 100 120

20

40

60

80

100

120

Concentração em uM

% células vivas

água

Ru2Ac

EtOH

Ru2Sulin

Ru2Diclofen

Ru2IBP

Figura 93 – Dados obtidos no primeiro ensaio de MTT.

- 110 -

Tabela 24 – Porcentagem de células vivas após a contagem com MTT nos diferentes complexos e nas

diferentes concentrações.

Composto 20 µM 40 µM 60 µM 80 µM 120 µM

Água 100% 100% 100% 100% 100%

Ru2Ac 84% 82% 100% 81% 68%

Etanol 100% 100% 100% 100% 100%

Ru2Sulin 114% 60% 53% 52% 42%

Ru2Diclofen 43% 15% 13% 18% 19%

Ru2IBP 109% 72% 50% 43% 26%

O teste com MTT possui a vantagem da rapidez na leitura o que permite realizar um

maior número de experimentos em um tempo menor, assim sendo, escolheu-se este ensaio

para os testes de atividade citotóxica.

6.2 Teste de citotoxicidade com MTT.

Foram testados os complexos de rutênio (Ru2Sulin, Ru2IBP e Ru2Diclofen), os

fármacos orgânicos (HSulin, NaDiclofen e HIBP), o complexo precursor Ru2Ac e os

complexos RuDMSO e RuHMelox e o fármaco Platinil®. Todos os ensaios foram realizados

em quadruplicata e os resultados estão apresentados na Tabela 25.

Na Figura 94 observa-se que o composto Ru2Ac e o fármaco diclofenaco foram os que

apresentaram menor índice de mortalidade celular, seguidos pelo RuDMSO, HSulin,

RuHMelox e HIBP. Já os complexos Ru2Sulin, Ru2IBP e Ru2Diclofen apresentaram como

visto anteriormente um resultado significativo na maior concentração. O composto

Ru2Diclofen foi o que realmente apresentou melhores resultados, já que logo na primeira

- 111 -

adição apresentou uma queda na % de células vivas de aproximadamente 30%. Realizou-se o

tratamento estatístico dos dados obtidos.

0 40 80 120 160 200 240

20

40

60

80

100

120

% células vivas

Concentração

HSulin

Ru2Sulin

NaDiclofen

Ru2Diclofen

HIBP

Ru2IBP

RuDMSO

RuHMelox

RuAc

Figura 94 – Dados obtidos no segundo ensaio com MTT

Tabela 25 – Porcentagem de células vivas após a contagem com MTT para os diferentes compostos e

nas diversas concentrações.

Composto 20 µM 40 µM 60 µM 80 µM 120 µM 240 µM

Água 103% 119% 132% 114% 113% 67%

Ru2Ac 118% 94% 98% 85% 85% 89%

NaDiclofen 108% 90% 99% 83% 82% 80%

RuDMSO 107% 86% 98% 79% 86% 79%

Etanol 107% 128% 141% 124% 115% 45%

HSulin 110% 96% 97% 76% 65% 47%

HIBP 96% 87% 85% 67% 58% 40%

Ru2Diclofen 96% 73% 78% 65% 64% 63%

Ru2Sulin 111% 96% 92% 74% 54% 38%

- 112 -

Ru2IBP 97% 85% 85% 63% 49% 36%

RuHMelox 120% 83% 101% 90% 64% 49%

*valores maiores que 100% são devido ao crescimento celular.

6.3 Curva dose Resposta.

A curva dose-resposta representa a relação entre a dose administrada e a proporção da

população que responde com um efeito. Em geral estas curva são sigmóides. Uma forma de

explicar a configuração das curvas dose-resposta é dizer que cada indivíduo de uma

população tem uma “tolerância” própria e requer uma determinada dose antes de responder

com um efeito. A princípio, deve existir tanto uma dose mínima (baixa) a qual ninguém

responderá como uma dose máxima (alta) a qual todos responderão. A razão disto é a

variabilidade biológica, isto é, as diferentes sensibilidades dos indivíduos (ou animais) à ação

de determinada substância química.

É importante mencionar que, para cada efeito haverá, então, uma curva dose-resposta

distinta. Além disso a configuração da curva dose-resposta da mesma substância química e a

mesma espécie animal pode variar com as mudanças das condições experimentais, por

exemplo, as mudanças na forma de distribuição da dose no tempo (freqüência).

A curva sigmóide ou em forma de S é uma expressão curvilínea comumente observada

para a maior parte das curvas dose-resposta. O fundamento biológico desta relação pode ser

compreendido parcialmente quando se pensa na natureza da distribuição de freqüência das

suscetibilidades ou resistências individuais em uma população. A maior parte dos indivíduos

que compõem uma certa população responderão próximo a um nível de dose média, sendo

poucos os que responderão somente a níveis de dose muito baixos ou muito altos. Isto gera

uma curva de distribuição normal de freqüência, em escala logarítmica das doses, que se

apresenta como uma distribuição simétrica

- 113 -

A Figura 95 mostra uma distribuição normal de freqüência, simétrica em relação ao

ponto central. Sua distribuição acumulativa de freqüência mostra a curva sigmóide

freqüentemente observada. Uma relação dose-resposta se apresentará como uma distribuição

acumulativa de freqüência porque o indivíduo que reage a uma dose baixa também reagirá,

naturalmente, à dose mais elevadas. Em conseqüência, a freqüência de indivíduos reativos a

uma determinada dose elevada inclui todos aqueles que respondem a essa dose e também

todas as doses inferiores a ela.

100%

50%

1,25 2,5 5 10 20 40 80 Dose mg

a

b

100%

50%

1,25 2,5 5 10 20 40 80 Dose mg

a

b

Figura 95 - Relação dose-resposta hipotética como distribuição de freqüência (a) e como distribuição

acumulativa de freqüência (b)

A curva dose-resposta sé descrita pela seguinte equação :

pxLOGx

AAAy )(

121 0101 −+

−+= Equação 15

Esta equação utilizada pelo programa Origin 7.5 para obtenção das curvas dose-

resposta e para a determinação do EC50.

- 114 -

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0

50

100

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0

50

100

% Resposta

Ru2IBP

HIBP

Log(concentração)

Figura 96 – Curva dose resposta para o HIBP e o Ru2IBP.

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0

50

100

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0

50

100

Log (concentração)

NaDiclofen

Ru2Diclofen

% Resposta

Figura 97 – Curva dose resposta para NaDiclofen e o Ru2Diclofen.

- 115 -

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0

50

100

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0

50

100

% Resposta

HSulin

Ru2Sulin

Log(concentração)

Figura 98 – Curva dose resposta para HSulin e o Ru2Sulin.

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4

0

50

100

% Resposta

Log[RuHMelox]

Figura 99 – Curva dose resposta para RuHMelox.

- 116 -

A inclinação da curva dose resposta pode nos dar uma noção de como uma mudança

na concentração pode afetar a resposta pretendida. Se a curva tem uma inclinação acentuada

isso indica que uma pequena mudança na concentração pode levar a um grande efeito na

resposta pretendida (exemplo: curvas dose resposta do Ru2Sulin, Ru2IBP e RuHMelox). Já

quando a inclinação é menos acentuada nos leva propor que para ter uma grande mudança na

resposta esperada temos que ter uma grande variação na concentração de substância utilizada

(exemplo: curva dose- resposta do Ru2Diclofen).

Tabela 26 – Parâmetros da equação e valores de EC50 obtidos a partir da curva dose resposta.

A1 A2 LOGx0 p EC50 (µmolL-1)

HIBP 2,56 65,94 1,97 2,28 92,7

Ru2IBP -0,08 76,99 1,90 8,08 78,8

NaDiclofen -0,56 77,69 1,97 6,10 92,3

Ru2Diclofen 24,14 78,05 1,59 39,11 38,5

HSulin -0,49 54,93 1,99 3,38 97,2

Ru2Sulin -0,56 77,69 1,97 6,10 92,3

RuHMelox -1,37 52,88 2,00 4,37 100,7

Os dados dão indícios de que os complexos estudados apresentam resultados melhores

que os fármacos orgânicos na morte celular.

6.4 Tratamento estatístico.

Quando se quer determinar a influencia de uma ou mais variáveis sobre uma outra

variável de interesse , ou seja, quando se está interessado em descobrir como a resposta de um

dado experimento depende de um ou mais fatores, utiliza-se uma análise de variância.

- 117 -

A primeira coisa a ser feita é determinar quais são os fatores e as respostas de interesse

para o sistema que se deseja estudar. Os fatores, isto é, as variáveis que podem ser

controladas, tanto podem ser qualitativos como quantitativos. Depois, especifica-se os níveis

em que cada fator será estudado, podemos, por exemplo, estudar os efeitos do fator

concentração em 4 níveis, 2 molL-1, 4 molL-1, 6 molL-1 e 8 molL-1 e o efeito do tipo de

fármaco em três níveis: fármaco A, B e C.

O planejamento fatorial requer que o experimento realizado compreenda todas as

possíveis combinações dos níveis dos fatores. Cada um desses experimentos, em que o

sistema é submetido a um conjunto de níveis definido (por exemplo, concentração 4 molL-1 e

o fármaco B), é um ensaio experimental. Havendo 4 níveis num fator e 3 no outro, como

nesse caso, serão necessários 4 x 3 = 12 ensaios diferentes, e a análise é chamada de

planejamento fatorial 4x3. Para estudar o efeito de qualquer fator sobre a resposta é preciso

fazê-lo variar e observar o resultado dessa variação. Isso obviamente implica na realização de

ensaios em pelo menos dois níveis desse fator.

Um planejamento fatorial em que todas as variáveis são estudadas em apenas dois

níveis é, portanto o mais simples de todos eles. Na análise de dois níveis costuma-se

identificar os níveis superior e inferior com os sinais (+) e (-), respectivamente. A atribuição

desses sinais também pode ser feita para os níveis dos fatores qualitativos. Esta é u ma

escolha arbitrária, que em nada afetará nossas conclusões. 95.

Para os testes com as células K562, a primeira análise realizada foi a influência do

fator concentração em 5 níveis (20, 40, 60, 80 e 120 µM) em conjunto com a influência do

fator substância aplicada em 2 níveis (complexo e ligante) na mortalidade das células K562

(Tabela 28).

- 118 -

Tabela 27 –Fatores e níveis escolhidos para análise de sua influência na mortalidade das células K562.

Fator 1 Fator 2

Substância Níveis Concentração Níveis

ligante (HSulin; NaDiclofen; HIBP) -1 20 µM -1

40 µM -0,5

complexo (Ru2Sulin; Ru2Diclofen; Ru2IBP) +1 60 µM 0

80 µM 0,5

120 µM 1

A partir das análises realizadas (Tabela 28) pode-se afirmar que, estatisticamente, que

a troca dos ligantes HSulin e HIBP pelos seus respectivos complexos Ru2Sulin e Ru2IBP não

tem efeito significativo na resposta % de células vivas. Porém na análise do fármaco

NaDiclofen e do Ru2Diclofen observa-se que existe efeito significativo na % de células vivas

com a troca dos mesmos.

Tabela 28 – Analise de variância para estudo da influencia da troca do composto utilizado x a

concentração.

Ligante x Complexo Comparação SS Graus de

liberdade MS F p

média 18,537 1 18,537 1253,6A <0,000

ligante ou complexo 0,021 1 0,021 1,410B <0,251

concentração 1,814 2 0,907 61,34A <0,000

(ligante ou complexo)x concentração

0,191 2 0,095 6,448A <0,008

HSulin x Ru2Sulin

erro 0,266 18 0,015 27,40B

média 10,738 1 10,738 2541,8A <0,000

ligante ou complexo 2,092 1 2,092 495,1A <0,000

NaDiclofen x Ru2Diclofen

concentração 0,568 2 0,284 67,24A <0,000

- 119 -

(ligante ou complexo)x concentração

0,123 2 0,061 14,52A <0,000

erro 0,076 18 0,004 131,8B

média 14,216 1 14,216 1622,5A <0,000

ligante ou complexo 0,016 1 0,016 1,771B <0,200

concentração 1,570 2 0,785 89,59A <0,000

(ligante ou complexo)x concentração

0,233 2 0,116 13,28A <0,000

HIBP x Ru2IBP

erro 0,158 18 0,009 41,50B

SS= soma quadrática MS= média quadrática F= teste F p= significância estatística

A = significativo; B = não significativo para α = 0,05.

Para estudar o efeito da troca dos ligantes nos complexos escolheu-se como fator 1 os

complexos com unidade dimetálica em dois níveis (Ru2Ac e Ru2Sulin ou Ru2Diclofen ou

Ru2IBP) e como fator 2 a influência da concentração em 5 níveis (20, 40, 60, 80 e 120 µM) na

mortalidade das células K562 (Tabela 29) e os resultados estão apresentados na Tabela 30.

Tabela 29 – Fatores e níveis escolhidos para análise da influência da troca dos ligantes nos complexos

dimetálicos na morte celular.

Fator 1 Fator 2

Substância Níveis Concentração Níveis

Ru2Ac -1 20 µM -1

40 µM -0,5

Complexo (Ru2Sulin; Ru2Diclofen; Ru2IBP) +1 60 µM 0

80 µM 0,5

120 µM 1

- 120 -

Na tabela a seguir é possível observar que a troca de ligante tem efeito significativo na

morte celular, os complexos dimetálicos sintetizados apresentam efeito mais significativo na

% de células vivas que o precursor Ru2Ac, o que nos leva a acreditar que o metal tem um

papel menor no que diz respeito a mortalidade das células K562. Como já era esperado a

mudança na concentração também tem efeito significativo na % de células vivas.

Tabela 30 – Analise de variância fatorial para estudo da influencia da troca do ligante utilizado x a

concentração.

Ligante x Complexo Comparação SS Graus de

liberdade MS F p

média 20,301 1 20,301 925,2A <0,000

Ru2Ac ou complexo 0,166 1 0,166 7,548A <0,013

concentração 0,392 2 0,196 8,924A <0,002

(ligante ou complexo)x concentração

0,049 2 0,024 1,112B <0,351

Ru2Ac x Ru2Sulin

erro 0,395 18 0,022 5,524 B

média 11,368 1 11,368 560,0A <0,000

Ru2Ac ou complexo 2,375 1 2,375 116,9A <0,000

concentração 0,709 2 0,355 17,47A <0,000

(ligante ou complexo)x concentração

0,063 2 0,031 1,547B <0,240

Ru2Ac x RuDiclofen

erro 0,365 18 0,020 31,00B

média 17,435 1 17,435 763,3A <0,000

ligante ou complexo 0,543 1 0,543 23,78A <0,000

concentração 0,445 2 0,223 9,748A <0,001

(ligante ou complexo)x concentração

0,000 2 0,000 0,0068B <0,993

Ru2Ac x RuIBP

erro 0,411 18 0,023 8,658B

A = significativo; B = não significativo para α = 0,05.

- 121 -

Outra análise possível de ser feita é a da influencia do metal na resposta % células

vivas. Para isso determinou-se como fator 1 o fármaco orgânico ou o complexo utilizado e

como fator 2 a concentração de ligante no sistema. Assim, assumiu-se os níveis 80 e 240 µM

quando avalia-se o ligante puro em solução e 20 e 60 µM quando na forma de complexos, já que

nestas concentrações a quantidade de ligante no complexo é 4x maior.

Tabela 31 – Fatores e níveis escolhidos para análise da influência da presença da unidade dimetálica

nos complexos na morte celular.

Fator 1 Fator 2

Substância Níveis Concentração Níveis

80 µM -1 HSulin; NaDiclofen; HIBP -1

240 µM 1

20 µM -1 Ru2Sulin; Ru2Diclofen; Ru2IBP 1

60 µM 1

A partir da Tabela 32 observa-se que substituir fármaco orgânico pelo complexo tem

uma influência significativa, para este estudo manteve –se a quantidade de ligante ou fármaco

orgânico sempre a mesma nos dois níveis do fator 2, como vimos anteriormente o efeito do

ligante (fármaco coordenado) é significativo quando comparamos o Ru2Ac com os complexos

sintetizados com os FAINEs, isso leva a acreditar que o metal favorece de alguma forma a

disponibilidade do fármaco complexado para as células. Como já era esperado, a

concentração também tem efeito significativo na mortalidade das células.

- 122 -

Tabela 32 – Analise de variância fatorial para estudo da influencia da unidade dimetálica x a

concentração.

Ligante x Complexo Comparação SS Graus de

liberdade MS F p

média 11,718 1 11,718 980,8A <0,000

ligante ou complexo 0,917 1 0,917 76,76A <0,000

concentração 0,311 1 0,311 26,01A <0,000

(ligante ou complexo)x concentração

0,001 1 0,001 0,0684B <0,798

HSulin x Ru2Sulin

erro 0,143 12 0,012 34,28B

média 6,396 1 6,396 1044,9A <0,000

Ru2Ac ou complexo 0,509 1 0,509 83,19A <0,000

concentração 0,225 1 0,225 36,81A <0,000

(ligante ou complexo)x concentração

0,173 1 0,173 28,22A <0,000

NaDiclofen x Ru2Diclofen

erro 0,073 12 0,006 49,41B

média 9,357 1 9,357 1140,7A <0,000

ligante ou complexo 0,818 1 0,818 99,74A <0,000

concentração 0,166 1 0,166 20,28A <0,001

(ligante ou complexo)x concentração

0,017 1 0,017 2,106B <0,172

HIBP x Ru2IBP

erro 0,098 12 0,008 40,71B

A = significativo; B = não significativo para α = 0,05.

Analisou-se também o efeito da mudança entre o complexo RuDMSO e o complexo

RuHMelox e as diferentes concentrações.

- 123 -

Tabela 33 – Fatores e níveis escolhidos para análise da influência da troca do ligante nos complexos

monoméricos na morte celular.

Fator 1 Fator 2

Substância Níveis Concentração Níveis

20 µM -1 RuDMSO -1

40 µM -0,5

60 µM 0

80 µM 0,5 RuHMelox 1

120 µM 1

De acordo com a análise da Tabela 31, a troca do complexo RuDMSO pelo complexo

RuHMelox não altera significativamente a resposta da morte celular, porém a variação na

concentração, como esperado, tem efeito na morte celular.

Tabela 34 – Analise de variância fatorial para estudo da influencia da troca do ligante utilizado x a

concentração

Ligante x Complexo Comparação SS Graus de

liberdade MS F p

média 23,005 1 23,005 2475,774A <0,000

ligante ou complexo 0,024 1 0,024 2,533B <0,129

concentração 0,544 2 0,272 29,270A <0,000

(ligante ou complexo)x concentração

0,165 2 0,083 8,899A <0,002

RuDMSO x RuHMelox

erro 0,167 18 0,009 15,77B

A = significativo; B = não significativo para α = 0,05.

- 124 -

77 CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS

O principal objetivo deste trabalho foi o estudo de complexos de rutênio contendo

fármacos antiinflamatórios não-esteróides como ligantes. Dois tipos de compostos foram

sintetizados: dois complexos de Ru2(II,III) com carboxilatos derivados dos fármacos

sulindaco e diclofenaco e um complexo de Ru(II) com ânion derivado do fármaco meloxicam.

As técnicas empregadas na caracterização forneceram dados espectroscópicos e

estruturais importantes para os novos complexos sintetizados. Assim foi possível identificar

que os complexos de fórmulas [Ru2(Sulin)4Cl] e [Ru2(Diclofen)4Cl] apresentam núcleos de

Ru2(II,III), com ligação metal-metal múltipla, aos quais quatro fármacos se coordenam

equatorialmente, pelos oxigênios do grupo carboxilato, gerando estruturas “gaiola” nas quais

os cloretos ocupam a posição axial. O complexo Ru(II)-meloxicam, de fórmula

[Ru(dmso)2(HMelox)2], possui duas moléculas de dmso em posição trans na esfera de

coordenação e dois íons HMelox- coordenados de modo bidentado ao centro metálico. O

estudo dos comportamentos térmicos dos complexos indicaram que os mesmos decompõe-se

em temperaturas maiores que 150ºC e a partir de 500ºC não apresentam mais perda de massa.

O estudo de difração de raio-x do produto obtido a partir da queima dos complexos a 1000ºC,

comprovam a formação de óxido de rutênio (IV) após a calcinação.

Em razão da importância dos sistemas quanto à potencialidade biológica, foram

realizados estudos para se investigar a interação dos complexos com albumina humana (HSA)

e ensaios para se avaliar o potencial antitumoral frente a linhagem celular de leucemia

humana K562. Nestes estudos incluíram-se também os complexos precursores (RuDMSO e

RuAc), o complexo RuIBP e os fármacos orgânicos não-coordenados.

Por meio de estudos de dicroísmo circular (CD), verificou-se que em presença de

todos os compostos, a HSA tem sua estrutura secundária modificada, com perda da

- 125 -

contribuição de α-hélice, o que dá indícios de interação com a proteína. A alteração estrutural

da HSA em presença do fármaco Platinil® (cisplatina) foi utilizada como parâmetro de

comparação. No caso, variando-se a razão molar HSA:Platinil® de 1:1 até 1:5, o que se

observa é sempre uma alteração de 59% α-hélice, 8% β-folha e 33% randômica (HSA) para

45% α-hélice, 22% β-folha e 33% randômica. Esta perda aproximada de estabilização de 14-

15 % de α-hélice acompanhada pelo ganho de estabilização de 14-15 % β-folha será chamada

aqui de padrão Platinil/HSA, com o objetivo de facilitar as comparações. Comportamento

semelhante ao padrão Platinil/HSA foi observado para a HSA em presença dos monômeros

RuDMSO e RuHMelox, e dos fármacos HIBP e H2Melox, em todas as razões molares.

Diferentemente, para os complexos dimetálicos, observou-se que as contribuições das

estruturas α-hélice, β-folha e randômica dependem da razão molar HSA:composto. Para os

derivados de dirutênio-fármacos o padrão Platinil/HSA é atingido quando se tem 1 HSA: 1

complexo, enquanto que para o precursor RuAc, o padrão só é observado para a razão 1

HSA: 3 RuAc. Aumentando-se as quantidades de complexos nestes casos, ocorre uma

tendência progressiva de transformação de β-folha em randômica e depois de α-hélice em β-

folha. Para os fármacos NaDiclofen, HSulin, o padrão Platinil/HSA só é observado quando se

tem razões molares de 1 HSA: 4 Fármaco, enquanto que nos casos do HIBP e H2Melox o

padrão é observado independentemente da razão molar proteína: fármaco. Com base nos

resultados obtidos, é possível propor que: (a) A modificação da estrutura secundária da HSA

independe da razão molar proteína:composto para os complexos monoméricos de rutênio

investigados, mas é dependente desta razão para os complexos dimetálicos; (b) Nos casos dos

complexos Ru-Sulin e Ru-Diclofen, os ligantes orgânicos devem ter grande influência na

interação com a proteína, uma vez que as contribuições estruturais da HSA se assemelham são

comparadas as razões molares proteína:metalofármaco e proteína: 4 fármaco orgânico

(lembrando que cada mol de complexo contém 4 mols de fármacos coordenados); (c) No caso

- 126 -

do ibuprofeno existe diferença significativa quando se comparam os comportamentos da HSA

frente ao fármaco HIBP e frente ao complexo RuIBP; neste caso a influência do ligante não

deve ser predominante na interação do complexo com a proteína .

Por SDS_PAGE observou-se que os complexos, nas proporções HSA:Complexo 1:1 a

1:10 mesmo interagindo com a proteína não são capazes de cliva-la.

Os estudos de investigação da supressão de fluorescência do Trp 214 no espectro da

HSA forneceram subsídios para identificar quais dos compostos estudados afetam mais

significativamente a conformação hidrofóbica na região do subdomínio IIA, ou seja, tornam o

ambiente ao redor do triptofano mais hidrofílico, o que pode indicar ligação do complexo ou

do fármaco nas proximidades deste resíduo. Para os compostos cisplatina (Platinil®),

RuDMSO e HIBP, observou-se uma pequena supressão da fluorescência, variando-se a razão

molar de proteína:composto de 1:0 até 1:10. O RuIBP suprimiu um pouco mais a

fluorescência neste intervalo de razão molar. Para os demais complexos e fármacos, no

entanto, a supressão da fluorescência foi mais significativa, aumentando com o aumento a

razão molar de proteína:composto.

Os valores das constantes de supressão ks são maiores do que o valor da constante de

difusão limitante Kdif da biomolécula (Kdif = 2,0 x 1010 mol-1Ls-1 92), o que sugere que a

supressão da fluorescência deve-se à uma interação específica entre a HSA e o supressor.

Através das medidas de fluorescência pode-se ainda prever que a albumina apresenta

um sito de ligação para os compostos estudados. Quando Cdroga/CHSA é superior a 10 para os

compostos estudados, exceto os complexos RuHMelox e Ru2Sulin em que esta razão é

superior a 5, e o gráfico de Stern-Volmer não é linear, sugere-se que o mecanismo de

supressão pode não ser simplesmente estático.

Os estudos da avaliação da atividade biológica dos complexos frente à linhagem

celular K562 mostrou que todos os compostos estudados apresentam atividade

- 127 -

antiproliferativa frente a este tipo de células porém de acordo com os tratamentos estatísticos

verificou-se que os fármacos orgânicos atuam de maneira significativa na morte das células e

que nos complexos a unidade dimetálica associada aos fármacos ligantes,de alguma forma

favorece este efeito.

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88 RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

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95. Neto, B. d. B.; Scarminio, I. S.; Bruns, R. E., Planejamento e Otimização de Experimentos. Editora da Unicamp: Campinas, 1995.

I

Súmula Curricular

Renata Rolim Prudente dos Santos

Formação

Candidata a Doutoranda no Instituto de Química da Universidade de São Paulo. (02/

2004 – 04/ 2009)

Licenciada em Química pela Universidade de São Paulo - (Concluído em 12/2005).

Bacharel em Química pela Universidade Federal de São Carlos – (Concluído em

12/2003).

Técnica em Química pela E.M.S.G Primeiro de Maio – (1996 – 1997).

Projetos

1-Doutorado Direto :Complexos de Rutênio com o Fármaco Sulindaco, Diclofenaco e

Ácido Mefenâmico- Síntese, Caracterização e potencial biológico.

Orientadora: Profa. Dra. Denise de Oliveira Silva

2-Iniciação científica :Investigação das Propriedades de Adsorção do fosfato

Quimicamente ligado à Superfície de Sílica gel- agosto/2000 a dezembro/2003.

Orientadora: Profa. Dra. Wania da Conceição Moreira

Bolsas

1-Bolsa de Formação de Pesquisador de Doutorado Direto - CNPQ

período de março/2005 a fevereiro/2009.

2-Bolsa PAE-USP

Participação no Programa de Aperfeiçoamento de Ensino – PAE, da Universidade de

São Paulo, como estagiária/bolsista. (de agosto/2004 – julho/2006)

3-Bolsa de Iniciação Científica – CNPq –PIBC – UFSCar.

período agosto/2001 a julho/2002.

Cursos

1-Química e Sociedade –durante a 28a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de

Química, realizada em Poços de Caldas, MG, no período de 30 de maio a 02 de junho de 2005

2-Catálise Ambiental –durante a XXII Escola de Verão em Química “Prof. Dr. José

Tércio B. Ferreira”, realizada em São Carlos, SP, no período de 18 a 22 de fevereiro de 2002.

3-Segurança em laboratório e tratamento de resíduos - durante a XXII Escola de

Verão em Química “Prof. Dr. José Tércio B. Ferreira”, realizada em São Carlos, SP, no

período de 25 de fevereiro a 01 de março de 2002.

II

4-Polímeros Condutores: propriedades e aplicações- durante a XXII Escola de Verão

em Química “Prof. Dr. José Tércio B. Ferreira”, realizada em São Carlos, SP, no período de

25 de fevereiro a 01 de março de 2002.

Experiência em Pesquisa

1-Laboratório de Química Inorgânica Sintética e Estrutural – Bioinorgânica e

Metalofármacos, Instituto de Química, Universidade de São Paulo, Brasil.(Fev/2004-

Mar/2009). Estudante de Doutorado sob a supervisão da Profa. Dra. Denise de Oliveira Silva

2-Laboratório de Química de Sólidos e Superfícies – Departamento de Química,

Universidade Federal de São Carlos, Brasil.(Fev/2002 – Dez/2003). Estudante de iniciação

científica sob a supervisão da Profa. Dra. Wania da Conceição Moreira.

Experiência Acadêmica

1-Monitora da disciplina “Transformações Químicas” no período de março/2007 a

julho/2007. Departamento de Química Fundamental – Instituto de Química – Universidade de

São Paulo.

2-Monitora da disciplina “Inorgânica Básica” no período de agosto/2006 a

dezembro/2006. Departamento de Química Fundamental – Instituto de Química –

Universidade de São Paulo.

3-Monitora da disciplina “Química Geral e Inorgânica Básica” no período de

março/2005 a julho/2005 e março/2004 a julho/2004. Departamento de Química Fundamental

– Instituto de Química – Universidade de São Paulo.

4-Monitora da disciplina “Química dos Elementos” no período de agosto/2004 a

dezembro/2004, agosto/2003 a dezembro/2003 e. março/2003 a julho/2003 Departamento de

Química Fundamental – Instituto de Química – Universidade de São Paulo e Departamento de

Química – Universidade Federal de São Carlos.

Contribuições Científicas em Congressos

1-SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

Diruthenium(II,III)-ibuprofen Metallodrug: Interaction with Human Serum Albumin

and effects on Leukemic Tumor Cell In: Eurobic 9, 2008, Wroclaw, Poland. Livro de

Resumos. , 2008.

2-SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

Fluorescence Quentching of human serum albumin by diruthenium-diclofenac

complex In: XIV Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry and I-LABIC , 2008, Foz do

Iguaçu - Pr. Livro de Resumos. , 2008.

3-SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

III

Estudo do comportamento da estrutura secundária da Albumina Humana frente a

compostos de dirutênio com os fármacos: diclofenaco e sulindaco. In: 31º Reunião Anual da

Sociedade Brasileira de Química, 2008, Águas de Lindóia. Livro de Resumos. , 2008.

4-SANTOS, L.R.S.R ,SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

Síntese e Caracterização de um complexo de dirutênio com o fármaco cetoprofeno e

estudos preliminares de interação com albumina humana. In: 31º Reunião Anual da

Sociedade Brasileira de Química, 2008, Águas de Lindóia. Livro de Resumos. , 2008.

5-SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

Estudo de um Dímero de Ru2(II,III)-Diclofenaco e sua Interação com Albumina

Humana. In: 30º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2007, Águas de

Lindóia. Livro de Resumos. , 2007.

6-SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

Studies of Interactions of Diruthenium-Sulindac and Diruthenium-Acetate complex

with Human Serum Albumin In: XIII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry, 2006,

Fortaleza. Livro de Resumos. , 2006.

7-SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

Interação entre um dímero de Ru2(II,III)-sulindaco e um monômero de Ru(II)-

dimetilsulfóxido. In: 28º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2005, Poços

de Caldas. Livro de Resumos. , 2005.

8-SANTOS, R. R. P., Silva, D.O.

Sulindac intercalated into Zn-Al Layered Double Hydroxide: A NSAID LHD new

hybrid material. In: Brazilian MRS Meeting 2005 - IV Encontro da SBPMat - Sociedade

Brasileira de Pesquisas em Materiais, 2005, Recife. Livro de Resumos. , 2005.

9-SANTOS, R. R. P.

Syntesis and Characterization of a diruthenium complex with the drug sulindac In:

XII Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry, 2004, São Carlos Livro de Resumos. ,

2004.

10-SANTOS, R. R. P

.Investigação das propriedades de adsorção do fosfato de nióbio quimicamente ligado

à superfície de sílica gel In: X Congresso de Iniciação Científica da UFSCar, 2002, São

Carlos. Cd-rom X Congresso de Iniciação Científica. , 2002.