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INFORMAÇÃO SOBRE ROTAS NÃO USUAIS DE INFECÇÃO RÁBICA. Extraídas do livro "Rabies: The Facts" (Colin Kaplan. Oxford University Press, 1986) Transmissão transplacentária ou por amamentação: Em várias espécies de mamíferos, incluindo cães, ruminantes domésticos, morcegos e roedores de biotério, a raiva foi transmitida através da placenta, da mãe para o feto. Isto parece não ocorrer durante a gestação humana. Há vários casos, nos registros da Tailândia, das Filipinas, Nigéria, Rússia e outros lugares, de mulheres que desenvolveram os sintomas da raiva logo após o parto, ou tiveram bebês sadios através de cesariana após terem apresentado sintomas. Em 1972, uma tailandesa de 43 anos foi mordida por um cão no oitavo mês de gestação. Dezoito dias após, ela teve um menino sadio, mas dois dias após ela desenvolveu os sintomas de raiva, pelos quais morreu. Outra tailandesa de 43 anos foi mordida por um cão no sexto mês de gestação. Dois meses após ela apresentou sinais de raiva. Uma cesariana foi feita seis dias após os primeiros sintomas, e o bebê permaneceu bem. A mãe morreu duas horas após a cirurgia. Em 1959, uma filipina de 32 anos foi mordida por um cão raivoso, mas não recebeu vacinação pelo fato de estar no sétimo mês de gravidez. Este foi um erro desastroso, e ela desenvolveu a raiva dois meses após. Ela foi admitida ao hospital e persuadiu o obstetra a realizar a cesariana a fim de que ele pudesse ser batizado. O bebê sobreviveu mas a mãe morreu dez horas após a cirurgia. Há suspeita de transmissão de raiva da mãe para o lactente pela amamentação em pelo menos um caso humano. Em animais este tipo de transmissão está bem documentada. Transplante corneal: Desde 1978, quatro pessoas morreram de raiva após receberem transplante de córnea de doadores que haviam morrido sem suspeita de raiva. O primeiro caso relatado (1978) foi de uma americana de 37 anos que recebeu no olho direito, a córnea de um homem que morreu após três semanas de uma enfermidade durante a qual ele sofreu paralisia progressiva, e que havia sido diagnosticada como Síndrome de Guillain-Barré. Trinta dias após a operação ela queixou-se de dor atrás do olho direito e morreu após duas semanas de paralisia progressiva. A raiva foi diagnosticada então no doador e na receptora. Em 1979, na França, um homem de 36 anos morreu 41 dias após ter recebido um transplante de córnea em seu olho esquerdo. O período de incubação, sintomas, e enfermidade do doador foram semelhantes ao caso americano. Em 1981, um garoto de 16 anos morreu em Bangkok após uma curta enfermidade. Suas córneas foram transplantadas para dois recipientes, que morreram com hidrofobia e outros sintomas típicos de raiva furiosa, aos 22 e 33 dias pós operação. Também em 1981, um marroquino cego por glaucoma recebeu um transplante de córnea. No dia seguinte à operação, o vírus da raiva foi encontrado no cérebro e no outro olho do doador. Foi inicada a vacinação, foi infiltrado soro hiperimune no olho transplantado, e o paciente foi levado às pressas a Paris, para receber tratamento com interferom. Embora quase certo que a córnea transplantada continha vírus rábico, o vigoroso tratamento pós-exposição parece ter tido sucesso, visto que o paciente ainda estava bem em junho de 1984. O risco de adquirir raiva desta maneira é muito pequeno mas deveria ser nulo. É claramente errado transplantar qualquer material de um paciente que morreu de doença neurológica sem diagnóstico. De fato, desde que os diagnósticos clínicos não são infalíveis, os materiais para transplante não devem ser retirados de cadáveres cuja causa de morte seja ou desconhecida ou por qualquer tipo de desordem neurológica, mesmo que não seja devido ao vírus da raiva, porque outros agentes como o causador da Doença de Creutsfeld-jakob são transmitidos por esta via.

Rabies the Facts - Rotas não Usuais de Infecção Rábica

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Folheto com resumo das rotas não usuais de infecção rábica apresentados no livro "Rabies, The facts".

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  • INFORMAO SOBRE ROTAS NO USUAIS DE INFECO RBICA.

    Extradas do livro "Rabies: The Facts" (Colin Kaplan. Oxford University Press, 1986)

    Transmisso transplacentria ou por amamentao:

    Em vrias espcies de mamferos, incluindo ces, ruminantes domsticos, morcegos e roedores de

    biotrio, a raiva foi transmitida atravs da placenta, da me para o feto. Isto parece no ocorrer

    durante a gestao humana. H vrios casos, nos registros da Tailndia, das Filipinas, Nigria, Rssia

    e outros lugares, de mulheres que desenvolveram os sintomas da raiva logo aps o parto, ou tiveram

    bebs sadios atravs de cesariana aps terem apresentado sintomas.

    Em 1972, uma tailandesa de 43 anos foi mordida por um co no oitavo ms de gestao. Dezoito dias aps, ela teve um menino sadio, mas dois dias aps ela desenvolveu os sintomas de raiva,

    pelos quais morreu.

    Outra tailandesa de 43 anos foi mordida por um co no sexto ms de gestao. Dois meses aps ela apresentou sinais de raiva. Uma cesariana foi feita seis dias aps os primeiros sintomas, e o

    beb permaneceu bem. A me morreu duas horas aps a cirurgia.

    Em 1959, uma filipina de 32 anos foi mordida por um co raivoso, mas no recebeu vacinao pelo fato de estar no stimo ms de gravidez. Este foi um erro desastroso, e ela desenvolveu a

    raiva dois meses aps. Ela foi admitida ao hospital e persuadiu o obstetra a realizar a cesariana a

    fim de que ele pudesse ser batizado. O beb sobreviveu mas a me morreu dez horas aps a

    cirurgia.

    H suspeita de transmisso de raiva da me para o lactente pela amamentao em pelo menos um

    caso humano. Em animais este tipo de transmisso est bem documentada.

    Transplante corneal:

    Desde 1978, quatro pessoas morreram de raiva aps receberem transplante de crnea de doadores

    que haviam morrido sem suspeita de raiva.

    O primeiro caso relatado (1978) foi de uma americana de 37 anos que recebeu no olho direito, a crnea de um homem que morreu aps trs semanas de uma enfermidade durante a qual ele

    sofreu paralisia progressiva, e que havia sido diagnosticada como Sndrome de Guillain-Barr.

    Trinta dias aps a operao ela queixou-se de dor atrs do olho direito e morreu aps duas

    semanas de paralisia progressiva. A raiva foi diagnosticada ento no doador e na receptora.

    Em 1979, na Frana, um homem de 36 anos morreu 41 dias aps ter recebido um transplante de crnea em seu olho esquerdo. O perodo de incubao, sintomas, e enfermidade do doador foram

    semelhantes ao caso americano.

    Em 1981, um garoto de 16 anos morreu em Bangkok aps uma curta enfermidade. Suas crneas foram transplantadas para dois recipientes, que morreram com hidrofobia e outros sintomas

    tpicos de raiva furiosa, aos 22 e 33 dias ps operao.

    Tambm em 1981, um marroquino cego por glaucoma recebeu um transplante de crnea. No dia seguinte operao, o vrus da raiva foi encontrado no crebro e no outro olho do doador. Foi

    inicada a vacinao, foi infiltrado soro hiperimune no olho transplantado, e o paciente foi levado

    s pressas a Paris, para receber tratamento com interferom. Embora quase certo que a crnea

    transplantada continha vrus rbico, o vigoroso tratamento ps-exposio parece ter tido sucesso,

    visto que o paciente ainda estava bem em junho de 1984.

    O risco de adquirir raiva desta maneira muito pequeno mas deveria ser nulo. claramente errado transplantar qualquer material de um paciente que morreu de doena neurolgica sem diagnstico.

    De fato, desde que os diagnsticos clnicos no so infalveis, os materiais para transplante no

    devem ser retirados de cadveres cuja causa de morte seja ou desconhecida ou por qualquer tipo de

    desordem neurolgica, mesmo que no seja devido ao vrus da raiva, porque outros agentes como o

    causador da Doena de Creutsfeld-jakob so transmitidos por esta via.

  • Raiva vacinal:

    A raiva ps vacinal causada por imunizao com vacinas anti-rbicas que acidentalmente contm

    vrus rbico fixo no apropriadamente inativados. O vrus usado nas vacinas humanas e algumas

    vacinas de uso veterinrio, so completamente inativados por agentes qumicos como fenol,

    formaldedo, ou bet-propiolactona, mas isto falhou em algumas ocasies.

    Em Fortaleza, Brasil, em 1960, 18 pessoas morreram de uma doena paraltica aguda quatro a treze dias aps receberem sua primeira dose de vacina anti-rbica. Vrus fixo foi isolado do

    crebro das vtimas e do lote defeituoso da vacina.

    A raiva por vrus fixo ps-vacinal assemelha-se forma paraltica da raiva, mas tem um perodo de

    incubao muito curto.

    Inalao:

    A inalao de vrus rbico deve ser uma importante via de transmisso em alguns mamferos, como

    os morcegos gregrios, mas extremamente raro em humanos.

    Dois funcionrios de laboratrio nos Estados Unidos desenvolveram raiva aps inalar amostras fixas de vrus rbico durante a preparao de vacinas.

    Em 1972, um veterinrio de 56 anos morreu em Temple, Texas, 21 dias aps inalar um aerosol de virus fixo amostra Pasteur do crebro de uma cabra raivosa.

    Em 1977, em Nova Yorque, um microbiologista de 32 anos desenvolveu raiva trs semanas aps ter inalado amostra de vrus fixo SAD, que tinha vazado de uma mquina usada para cobrir

    partculas de acar com suspenso de vrus.

    Em 1956, dois homens morreram de raiva aps explorar as cavernas Frio, no condado de Uvalde, Texas. Aquelas cavernas so habitadas por milhes de morcegos insetvoros (Tadarida

    brasiliensis mexicana), milhares deles sofrem de raiva e enchem o ar das cavernas com aerossol

    de vrus rbico de suas secrees nasais infectadas. Esses homens negaram ter sido mordidos

    por morcegos e, ento, eles devem ter inalado vrus rbico ou ter sido infectados atravs de

    leses em suas peles.

    Ingesto:

    Animais de laboratrio podem ser infectados alimentando-se com comida contendo o vrus, e atravs

    do reto. Estas vias nunca foram confirmadas em humanos.