6
Jornal do empreendedor São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2013 ESPECIAL O setor da construção civil, tijolo por tijolo Conheça a participação de cada elo da cadeia produtiva do setor da construção, desde os fabricantes de materiais e o comércio, até as construtoras Luiz Prado/Luz CARLOS OSSAMU A Associação Brasileira da Indústria de Mate- riais de Construção (Abramat) e a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgam todos os anos, sempre no início do segundo semestre, o es- tudo "Perfil da Cadeia Produtiva da Constru- ção e da Indústria de Materiais". O estudo apresenta os números mais relevantes da cadeia produtiva da construção, sendo a fonte setorial mais completa de in- formações econômicas. A última edição disponível é do ano passado, com dados referentes a 2011. Apesar de vários fa- tores importantes terem ocorrido em 2012, como a queda nos juros, aumento na oferta de crédito e valorização do real frente ao dólar, fatos estes que tiveram forte impacto no setor, muitos dos dados continuam atuais e são bons in- dicares para a compreensão da dinâmica do setor. "Temos de aguardar a divulgação de dados oficiais do governo, que geralmente saem até maio, para depois fazermos as análi- ses", justifica Walter Cover, presidente da Abramat. Em 2011, segundo o estudo, o valor adicionado pela ca- deia produtiva da construção civil somou R$ 315,3 bilhões, o que representou 8,9% do PIB do País. Todos os elos dessa cadeia foram responsáveis pela geração de 12,8 milhões de ocupações, entre empregados (com e sem carteira de tra- balho), trabalhadores por conta própria e proprietários. O setor da construção civil respondeu pela maior parcela do valor agregado – R$ 204,1 bilhões, ou 65% do PIB de toda a cadeia. O setor também foi responsável pelo maior número de ocupados: 9,2 milhões ou 71,4% do total de pessoas. A indústria de materiais de construção representou a se- gunda principal contribuição ao PIB da cadeia, somando R$ 53,1 bilhões, ou 16,8% de toda a cadeia. Os produtores de máquinas e equipamentos, por sua vez, geraram valor da or- dem de R$ 5,2 bilhões. Assim, os dois segmentos responde- ram por 18,5% do PIB da cadeia e criaram 773 mil ocupações. As atividades de comércio de materiais e serviços responde- ram por 8,0% e 6,5% do PIB da cadeia, respectivamente. O levantamento revelou que quase 60% das vendas da in- dústria de materiais tiveram como destino o comércio (ata- cado e varejo) e 31,4% foram para as construtoras. Estas, por sua vez, compram pouco mais da metade dos materiais que utilizam da indústria. No entanto, parcela não despre- zível dessas compras são feitas no atacado (20,7%) e mesmo no varejo (18,7%), caso típico das pequenas empresas de construção e reforma. Como esperado, o perfil de vendas do varejo é fortemente concentrado nas famílias. Já o atacado atende a um público mais diferenciado, incluindo construtoras, varejistas e di- versos outros compradores, tipicamente pessoas jurídicas não construtoras, como condomínios, hospitais e empresas diversas. Também foi possível identificar a participação dos produtos importados no valor total das compras feitas pe- las construtoras, avaliada em pouco mais de 8%. O nível de emprego na indústria ultrapassou a marca de 772 mil postos de trabalho em 2011. Essa expansão resultou na criação de mais de 31 mil novos postos no período. A dis- tribuição da ocupação nos dois grandes elos da indústria manteve-se praticamente a mesma do ano anterior. Os seg- mentos produtores de materiais são responsáveis por 94,2% da mão de obra, o equivalente a cerca de 728 mil pos- tos, enquanto os produtores de máquinas e equipamentos empregaram 5,8%, o que representa 45 mil postos aproxi- madamente. Colocados lado a lado, os dados relativos à geração de va- lor e ao emprego em 2011 permitem perceber a perda de produtividade da indústria de materiais. A despeito da de- saceleração do PIB setorial, o emprego continuou em alta. Nos segmentos produtores de materiais, essa alta foi de 4,1%, o equivalente a 28,6 mil novos postos de trabalho. Nos segmentos produtores de máquinas e equipamentos o crescimento foi de 6%, ou 2,5 mil novos empregos.

DC 12/03/2013

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Diário do Comércio

Citation preview

Page 1: DC 12/03/2013

Jornal do empreendedor

São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2013

E S P ECI A L

O setor daconstr ução

civil,tijolo por

tijoloConheça a participação de cada elo da

cadeia produtiva do setor da construção,desde os fabricantes de materiais e o

comércio, até as construtoras

Luiz

Pra

do/L

uz

CA R LO S OS SA M U

AAssociação Brasileira da Indústria de Mate-riais de Construção (Abramat) e a FundaçãoGetulio Vargas (FGV) divulgam todos os anos,sempre no início do segundo semestre, o es-tudo "Perfil da Cadeia Produtiva da Constru-ção e da Indústria de Materiais". O estudo

apresenta os números mais relevantes da cadeia produtivada construção, sendo a fonte setorial mais completa de in-formações econômicas. A última edição disponível é do anopassado, com dados referentes a 2011. Apesar de vários fa-tores importantes terem ocorrido em 2012, como a quedanos juros, aumento na oferta de crédito e valorização doreal frente ao dólar, fatos estes que tiveram forte impactono setor, muitos dos dados continuam atuais e são bons in-dicares para a compreensão da dinâmica do setor. "Temosde aguardar a divulgação de dados oficiais do governo, quegeralmente saem até maio, para depois fazermos as análi-ses", justifica Walter Cover, presidente da Abramat.

Em 2011, segundo o estudo, o valor adicionado pela ca-deia produtiva da construção civil somou R$ 315,3 bilhões,o que representou 8,9% do PIB do País. Todos os elos dessacadeia foram responsáveis pela geração de 12,8 milhões deocupações, entre empregados (com e sem carteira de tra-balho), trabalhadores por conta própria e proprietários. Osetor da construção civil respondeu pela maior parcela dovalor agregado – R$ 204,1 bilhões, ou 65% do PIB de toda acadeia. O setor também foi responsável pelo maior númerode ocupados: 9,2 milhões ou 71,4% do total de pessoas.

A indústria de materiais de construção representou a se-gunda principal contribuição ao PIB da cadeia, somandoR$ 53,1 bilhões, ou 16,8% de toda a cadeia. Os produtores demáquinas e equipamentos, por sua vez, geraram valor da or-dem de R$ 5,2 bilhões. Assim, os dois segmentos responde-ram por 18,5% do PIB da cadeia e criaram 773 mil ocupações.As atividades de comércio de materiais e serviços responde-ram por 8,0% e 6,5% do PIB da cadeia, respectivamente.

O levantamento revelou que quase 60% das vendas da in-dústria de materiais tiveram como destino o comércio (ata-cado e varejo) e 31,4% foram para as construtoras. Estas,por sua vez, compram pouco mais da metade dos materiaisque utilizam da indústria. No entanto, parcela não despre-zível dessas compras são feitas no atacado (20,7%) e mesmono varejo (18,7%), caso típico das pequenas empresas deconstrução e reforma.

Como esperado, o perfil de vendas do varejo é fortementeconcentrado nas famílias. Já o atacado atende a um públicomais diferenciado, incluindo construtoras, varejistas e di-versos outros compradores, tipicamente pessoas jurídicasnão construtoras, como condomínios, hospitais e empresasdiversas. Também foi possível identificar a participação dosprodutos importados no valor total das compras feitas pe-las construtoras, avaliada em pouco mais de 8%.

O nível de emprego na indústria ultrapassou a marca de772 mil postos de trabalho em 2011. Essa expansão resultouna criação de mais de 31 mil novos postos no período. A dis-tribuição da ocupação nos dois grandes elos da indústriamanteve-se praticamente a mesma do ano anterior. Os seg-mentos produtores de materiais são responsáveis por94,2% da mão de obra, o equivalente a cerca de 728 mil pos-tos, enquanto os produtores de máquinas e equipamentosempregaram 5,8%, o que representa 45 mil postos aproxi-m a d a m e nte.

Colocados lado a lado, os dados relativos à geração de va-lor e ao emprego em 2011 permitem perceber a perda deprodutividade da indústria de materiais. A despeito da de-saceleração do PIB setorial, o emprego continuou em alta.Nos segmentos produtores de materiais, essa alta foi de4,1%, o equivalente a 28,6 mil novos postos de trabalho.Nos segmentos produtores de máquinas e equipamentos ocrescimento foi de 6%, ou 2,5 mil novos empregos.

Page 2: DC 12/03/2013

terça-feira, 12 de março de 20132 -.ESPECIAL DIÁRIO DO COMÉRCIO

Diretor de RedaçãoMoisés Rabinovici

E d i t o r- C h e feJosé Guilherme

Rodrigues Ferreira

Edição e reportagemCarlos Ossamu

Editor de ArteJosé S. Coelho

D i ag r a m a ç ã oLino Fernandes

Ar teMax e Paulo Zilberman

Gerente Executivade PublicidadeSonia Oliveira

Telefone: [email protected]

Um ano melhor para a indústriaA indústria de materiais de construção espera uma reação nas vendas para os setores de

infraestrutura e imobiliário; as vendas para o varejo devem continuar fortes

Divulgação

CA R LOS OS SA M U

No ano passado, a in-dústria de materiaisde construção teveum crescimento de

1,4%, bem abaixo do númeroprojetado no início do ano, queera de 4,5%. Segundo WalterCover, presidente da Abramat -Associação Brasileira da Indús-tria de Materiais de Construção,as vendas para o comércio fo-ram boas, crescendo 7% no pe-ríodo. O que atrapalhou o de-sempenho foram as vendas pa-ra os setores de infraestrutura eimobiliário, que ficaram parali-sadas ou cresceram pouco.Mas para este ano, as perspec-tivas são melhores, já que o go-verno anunciou pacotes paramelhorar investimentos em in-fraestrutura e o setor imobiliá-rio está mais animado, prome-tendo ampliar os investimen-tos em novos empreendimen-tos. Na entrevista a seguir,Walter Cover fala das expecta-tivas deste ano, da necessida-de de reduzir o ICMS e de simpli-ficar os cálculos do sistema deSubstituição Tributária.

Diário do Comércio - No início de2012, o setor estimava umcrescimento de 4,5%, mas acaboufechando o ano com um incrementode apenas 1,4%. O que ocorreu?

Walter Cover - Nos dois últi-mos meses do ano, o varejocresceu mais do que a indús-tria por conta dos estoquesque havia no comércio. Outrofator que contribuiu para essadefasagem é a importação,que continua alta, mesmocom o dólar mais caro. Com oanúncio do fim da guerra dosportos, muitas empresasaproveitaram as regras aindavigentes, os benefícios que ti-nham nos portos, e aumenta-ram suas importações.

E sobre o baixocrescimento do setor?

A expectativa inicial era decrescimento de 4,5%. Nomeio do ano esse nú-mero foi revisto parabaixo e fechamos oano com 1,4%. O varejofoi bem em 2012. Asvendas da indústria na-cional para o varejo cres-ceram 7%. O varejo repre-senta 50% das nossas ven-das, 20% vão para obras deinfraestrutura e 30% para o se-tor imobiliário. No ano passado,o varejo foi bem, mas as vendaspara o setor de infraestruturaforam muito ruins, caíram cer-ca de 10%. O setor imobiliáriotambém cresceu pouco, cercade 3% apenas. Como o varejoestava estocado no fim do ano,eles reduziram as compras daindústria. O faturamento do se-tor em 2012 ficou em R$ 115 bi-lhões. A cadeia da construçãoemprega 11 milhões de traba-lhadores – na indústria, este nú-mero está próximo a 1 milhão. Aconstrução civil é a que empre-ga mais, em torno de 9 milhõesde trabalhadores.

Como estão as expectativas do setorpara este ano?

Em nossa avaliação, o qua-

dro este ano será bem me-lhor, com estimativa de cres-cimento de 4,5%. O varejo éafetado pela renda, empregoe crédito. Todos esses fatorescontinuarão fortes em 2013 –o salário mínimo teve aumen-to real, os demais salários fo-ram reajustados acima da in-flação, o emprego continuacrescendo e o crédito estábastante disponível e devemelhorar ainda mais. Com is-so, o consumo das famíliaspara reformas continuará al-to no varejo. O governo tam-bém precisa cuidar do câmbiopara que não haja uma sobre-valorização do real novamen-te. Do contrário, vamos teraumento nas importações,que hoje representam em tor-no de 10% das vendas para oconsumidor, sendo que antesera de 15%.

Se o varejo continuará forte, comoficarão os setores de

sam investir. O governo tam-bém melhorou as condições doprograma Minha Casa Minha Vi-da e isso também deve trazerum incremento nas vendas.

Há também outros anúncios dogoverno para beneficiar o setor,como a desoneração da folha depagamento. Qual a sua avaliaçãosobre isso?

Muitas das medidas que o

governo adotou em 2012 nãoforam sentidas ainda duranteo ano. Os juros, por exemplo,que baixaram nos bancos pú-blicos, ainda estavam altosnos bancos privados, princi-palmente para empréstimospara as famílias. Este ano, énatural que os bancos priva-dos acompanhem os bancospúblicos. Os efeitos da quedanos juros estarão plenos em

2013, assim como as desone-rações da folha de pagamentoe do IPI. Há também a reduçãona tarifa da energia, que me-lhora os custos dos produtos edeixa mais renda para as famí-lias consumirem.

A carga tributária do setoré muito elevada?

O que mais incomoda o setordo ponto de vista tributário é oICMS, um tributo estadual. Esteano, vamos nos esforçar em ob-ter a redução desse tributo nosEstados. O governo federal temuma proposta de começar a re-duzir o ICMS interestadual,aqueles produtos que são pro-duzidos em um Estado e vendi-dos em outro. O governo querunificar esta alíquota que incidenas vendas de um Estado paraoutro, que hoje varia de 7% a12%, para um patamar maisbaixo, de 5%. Também imagi-namos que o governo federalpossa reduzir o PIS/Cofins.

E quanto às mudanças naSubstituição Tributária? Qual aproposta do setor?

Este é um assunto muitocomplexo e que cria problemasde custo para o setor. A legisla-ção tem hoje mais de cem cate-gorias com valores diferentespara se calcular o imposto (MVA- Margem de Valor Agregado).Estamos fazendo uma propos-ta para o governo para que hajauma simplificação para cincocategorias. Essa complexidadecria um custo, tanto para a in-dústria quanto para o comér-cio. Todo o setor está empenha-do hoje em trabalhar pela sim-plificação da Substituição Tri-butária. É um trabalho junto aosgovernos dos Estados.

Como está a qualidade dos produtosnacionais nesta área?

Uma questão que incomodatanto o setor quanto o governoé a informalidade, que aindaexiste na cadeia de produção.Esta questão está muito ligadaà questão da qualidade e con-formidade dos produtos aos pa-drões. Há produtos que não se-guem sequer os padrões de ta-manho e durabilidade – o con-sumidor só vai se dar contadisso depois de um ou doisanos. É preciso um processomais rigoroso de fiscalizaçãodos materiais.

Em nossaavaliação, oquadro este ano ébem melhor, comestimativa decrescimento daordem de 4,5%.

WA LT E R COVER

Moradia para

trabalhadores

do Centro

Ogovernador de São PauloGeraldo Alckmin e osecretário de Estado da

Habitação, Silvio Torres,anunciaram no fim de fevereiro aconstrução de mais de 20 milunidades habitacionais noCentro da cidade de São Paulo.De caráter pioneiro, a primeiraPPP (Parceria Público-Privada) naárea de habitação de interessesocial do País pretende construirmoradias para famílias detrabalhadores de bairros docentro paulistano. Seráprioritário o atendimentohabitacional às famílias comrenda de até cinco pisos salariaisdo Estado (R$ 755).

"Trazer de volta as pessoaspara morarem na região central,onde está praticamente 1/5 dos

empregos de São Paulo,também é uma forma de

diminuir o deslocamento erecuperar a região do Centro",ressaltou Alckmin. "Eu diria que éo maior programa derequalificação urbana e inclusãosocial. É moradia para otrabalhador, quem ganha menosde cinco salários mínimos terámais da metade das unidades.Além da habitação de interessesocial, com forte subsídio dogoverno, o projeto promoverá arequalificação urbana eeconômica por meio docomércio, dos serviços e dosequipamentos", completou.

A estratégia de ação da novaPPP será a utilização de imóveissubutilizados nos bairros e nasáreas contíguas às linhas férreas,corredores de transporte egrandes avenidas centrais. Amaioria dos empreendimentosdeve ser viabilizada em áreas deZEIS - Zonas Especiais deInteresse Social, definidas no

Plano Diretor da Cidade,elaborado em 2002, aindainexploradas tanto pela iniciativaprivada quanto pelo poderp ú b l i co.

Os investimentos nosempreendimentos serão deR$ 4,6 bilhões, sendo R$ 2,6bilhões da iniciativa privada. Acontrapartida do Governo doEstado de São Paulo, a fundoperdido, será de R$ 1,6 bilhão.Num convênio a ser firmado como Estado, a Prefeitura de SãoPaulo deve apoiar o projeto comR$ 404 milhões, média de R$ 20mil por unidade habitacional.

Os empreendimentos serãodestinados às famílias com rendabruta mensal de até 10 pisossalariais estaduais, comatendimento prioritário àsfamílias com renda de até cincopisos salariais estaduais.

Os beneficiários deverão sertrabalhadores do centro dacapital paulista, além de nãopossuírem imóveis em seu nome.

infraestrutura e imobiliário?No imobiliário, segundo in-

formações das construtoras, ocenário deverá melhorar em re-lação ao ano passado. Este se-tor é afetado pelo cenário eco-nômico, tanto nacional quantointernacional, e ambos têmuma perspectiva de melhora.

Qual a sua avaliação sobre o cenárionacional?

Os programas anunciadospelo governo estão criando umotimismo no setor. A área de in-fraestrutura deve melhorar porcausa dos programas de incen-tivos às rodovias e ferrovias,principalmente no segundo se-mestre – os leilões de conces-sões devem ocorrer no primei-ro semestre, mas as vendas daindústria começam a partir dosegundo semestre. De qual-quer forma, tudo isso cria umambiente favorável entre os

empresários pa-ra que eles pos-

Page 3: DC 12/03/2013

terça-feira, 12 de março de 2013 ESPECIAL - 3DIÁRIO DO COMÉRCIO

Papai Noel salvouo varejo em 2012

SXC

Divulgação

tor, tanto que o primeiro se-mestre de 2012, quando o cré-dito era escasso, foi um perío-do muito ruim. O crédito vol-tou a crescer no segundosemestre. Até setembro, ocrescimento estava pratica-mente zero. A partir disso, ocrédito cresceu e salvou o ano.O crédito, a geração de em-pregos e o aumento da rendada população são fatores im-portantes e que garantiram odesempenho positivo do nos-so setor. As estatísticas mos-tram que, depois da alimenta-ção, a compra de materiais deconstrução é a maior priorida-de.

Hoje, qual é o maior obstáculo dovarejo de materiais de construção?

O maior obstáculo para onosso desenvolvimento hoje éa Substituição Tributária, esteé o nosso grande drama. Te-mos tentado negociar, mas

está demorando muito umasolução. Quando ela foi intro-duzida em São Paulo, haviaapenas dois indicadores paratodos os materiais de constru-ção, era mais fácil – os mate-riais elétricos eram 28% e orestante, 35%. Era fácil de ad-ministrar e fazer a fiscaliza-ção. Há pouco mais de doisanos, colocaram 126 catego-rias diferentes. É uma insani-dade ter 126 controles de gru-pos de produtos, lembrandoque 98% dos estabelecimentos

são de pequeno e médio porte.Outro entrave está em leis

que interferem na logística.Hoje, em são Paulo, existemáreas de exclusão em que ocaminhão só pode entrar duashoras por dia; e agora veiouma lei que proíbe cobrar a en-trega com hora marcada. Issoatinge também outros seto-res, não apenas o nosso, mastransforma o frete e a entreganum drama para as empresas,aumentando em até 15% osnossos custos. A excessiva bu-

rocracia e a intervenção do Es-tado na relação entre a loja e oconsumidor têm sido um gran-de obstáculo para o nosso de-senvolvimento.

E como estão as expectativas paraeste ano?

A nossa expectativa é decrescimento de 6,5% e espe-ramos rever esse número pa-ra cima. Com as chuvas dosúltimos meses no Brasil todo,muitas casas precisam de re-forma. Fora isso, o crédito de-ve melhorar ainda mais, as-sim como o aumento da ren-da. São cerca de 57 milhõesde residências, as pessoas jápossuem TV de tela plana,trocaram o carro, mas as ca-sas precisam de reforma, demais segurança, e as pes-soas estão ficando mais emcasa. Estamos vendo que aspessoas estão valorizandolugar onde moram. Na perife-ria, muitas casas ainda nãoestão acabadas por fora, masdentro tem banheira de hi-dromassagem, TV de telagrande, pisos de porcelana-tos, etc. ( C . O. )

Cláudio Conz, da Anamaco

Graças às vendas de fim de ano, osetor de comércio de materiais de

construção conseguiu crescer 3,5%.Até setembro, o crescimento nas

vendas era zero.

SindusCon-SP

pede ajustes na

desoneração

Atendendo a um antigo pleitoda construção, o governobaixou a Medida Provisória

601, determinando que asconstrutoras de edificações e suasterceirizadas passem a calcular suascontribuições previdenciárias àalíquota de 2% sobre a receita, emvez de 20% sobre a folha depagamentos, de abril de 2013 atédezembro de 2014.

Segundo o presidente doSindusCon-SP (Sindicato daIndústria da Construção do Estadode São Paulo), Sergio Watanabe, "aintenção do governo foi muito bemrecebida pela construção.Entretanto, da forma como saiu, amedida vai desonerar asconstrutoras que tiverem umagrande folha de pagamento eonerar aquelas que contam comuma folha reduzida por contrataremempresas especializadas paraexecutar fundações, instalaçõeshidráulicas e outros serviços nasobras", afirma.

Watanabe alerta que, pela novaregra, as empresas já não poderãodeduzir de sua contribuiçãoprevidenciária para determinadaobra o recolhimento feito pelassubcontratadas para a execução damesma obra. E hoje somente 8% dasconstrutoras não terceirizamat i v i d a d e s.

A medida também não prevêregras de transição, observa o

presidente do SindusCon-SP. Porexemplo, uma construtora quetenha feito todo o recolhimento aoINSS relativo a uma obra concluídaem março e vendê-la em maio,deverá recolher novamente acontribuição, desta vez sobre areceita auferida.

Outra questão preocupante,acrescenta ele, será com oscontratos corrigidos por índicescomo o CUB - Custo Básico Unitárioda Construção. A regra de cálculo doCUB, estabelecida em lei, determinaque sejam computados osrecolhimentos sobre a folha.Quando a regra mudar, o indicadorsofrerá uma queda brusca e nãopoderão ser computados osrecolhimentos sobre a receita, nãoprevistos pela lei. Ou seja, asprestações e o saldo devedor serãoajustados sem sintonia com avariação real dos custos dasconstrutoras, comprometendo-asf i n a n ce i ra m e nte.

Para Watanabe, diante destesproblemas, deveria se deixar comoopção para cada construtora migrarou não para a nova sistemática dacontribuição. "Há um precedente: asempresas podem escolher entrelucro real ou presumido, e isso nãocria ônus adicional à fiscalização daReceita", afirma o presidente doSi n d u s Co n - S P.

Segundo o presidente dosindicato, também seria justopermitir ao contratante principal oabatimento das contribuições aoINSS feitas pelas terceirizadas para aconstrução da mesma obra.

Ocrescimento de3,5% no ano pas-sado foi muito co-memorado no se-

tor de comércio de materiaisde construção. Segundo Cláu-dio Conz, presidente da Ana-maco – Associação Nacionaldos Comerciantes de Materialde Construção, até setembrode 2012, o crescimento nasvendas era zero. Nos últimostrês meses do ano, por contado aumento na oferta de crédi-to, houve uma recuperaçãosurpreendente: somente emdezembro, houve um cresci-mento de 5,5%, na compara-ção com o mesmo período doano passado.

A Anamaco divulgou na se-mana passa o estudo mensalsobre o desempenho das ven-das de material de constru-ção. Segundo o levantamen-to, em fevereiro o setor teveretração de 7% na compara-ção com janeiro. Já na relaçãofevereiro de 2013 sobre feve-reiro de 2012, a queda foi de4%. Para a entidade, o desem-penho de vendas está dentrodo esperado, pois esse perío-do costuma ser um dos maisdifíceis do ano para o setor. Es-te ano, particularmente, o pe-ríodo do carnaval antecipadodiminuiu o número de diasúteis pesquisados, já que em2011, por exemplo, o carnavalfoi em 8 de março e, em 2012,em 21 de fevereiro. "Ainda as-sim alguns segmentos manti-veram o mesmo volume devendas quando comparadosao mesmo período do ano pas-sado, caso de tintas, telhas ecaixas d'água de fibrocimen-to, argamassas e rejuntes, fe-chaduras e ferragens", co-menta Conz.

De acordo com o estudo, oúnico segmento que apresen-tou crescimento foi o de ilumi-nação, com índice de 1%.

Diário do Comércio - Segundobalanço da Anamaco, o setor decomércio de materiais deconstrução faturou R$ 55 bilhõesno ano passado, um crescimentode 3,5%, menor do que os 4,5% de2011, mas acima dos 1,4% decrescimento da indústria

em 2012. Qual a sua avaliaçãosobre esse desempenho?

Claudio Conz - Não é de hojeque o varejo vem crescendoacima da indústria nacional demateriais de construção. Temuma série de razões para isso,inclusive em relação às medi-ções que se faz. No varejo, só épossível medir pelo fatura-mento, não é possível medirpor quantidade, ao contrárioda indústria. Portanto, é natu-ral que haja esse descolamen-to entre os dois setores.

Vários fatores têm beneficiado oconsumo e consequentemente ovarejo, como oferta de crédito,emprego estável, aumento narenda, programas como MinhaCasa Minha Vida. Qual a suaopinião sobre isso?

Tudo isso tem beneficiadomuito o se-

Page 4: DC 12/03/2013

terça-feira, 12 de março de 20134 -.ESPECIAL DIÁRIO DO COMÉRCIO

Calma, foi apenasum ano de ajustes

Mesmo com todos os indicares negativos, o Secovi-SP afirma que omercado imobiliário está aquecido e espera um crescimento de

10% nos lançamentos e de 5% nas vendas este ano

Luiz Prado/Luz

Celso Petrucci, do Secovi-SP

Em 2012, as vendasde imóveis novos re-sidenciais na cidadede São Paulo atingi-

ram 26.958 unidades, umaqueda de 4,8% em compara-ção a 2011, que foi de 28.316unidades. Já a retração noslançamentos foi bem maior:queda de 27%, já que foramlançadas 27.835 unidades,ante os 38.149 de 2011. O va-lor movimentado em vendas,atualizado pelo INCC-DI daFGV (Índice Nacional de Cus-tos da Construção), foi deR$ 13,6 bilhões, queda de4,3% frente aos R$ 14,2 bi-lhões do ano anterior. Aparen-temente, foi um ano muitoruim para o setor imobiliário,mas para o economista-chefedo Secovi-SP (Sindicato da ha-bitação), Celso Petrucci, "foiapenas um ano de ajuste, emque foi necessário um 'freio dearrumação' no setor", diz.

H i s t ó ri co

Segundo ele, para entendero que ocorreu é preciso retro-ceder dois anos. "O ano de2010 foi muito bom em termosde lançamentos, justamentepor causa do PIB, que cresceu7,5% e todo mundo estavaanimado – foram lançados 38mil unidades na cidade de SãoPaulo e vendidos 36 mil unida-des, números esses acima damédia dos anos anteriores",comenta Petrucci. Já em 2011,o crescimento do PIB caiu para2,7%. "Apesar de as expecta-tivas não estarem tão boas,acabamos lançando também38 mil unidades, mas as ven-das alcançaram apenas 28 milunidades", relembra o econo-mista, que reconhece que2012 foi um pouco mais com-plicado pois, além do exce-dente do ano anterior, as ex-pectativas econômicas não seconcretizaram – se começou oano falando em crescimentode 4% no PIB, depois 3,5%,1,5% e o ano acabou fechandocom um crescimento de ape-nas 0,9%. Essas revisõesconstantes no desempenhoda economia trazem incerte-zas e desconfianças entre osinvestidores. "Mesmo com onúmero de lançamentos ter si-do 27% menor, as vendas caí-ram apenas 4,8%. Isso mostraque a demanda ainda conti-

nua saudável", diz.Olhando para o lado positi-

vo, Petrucci observa que oBrasil gerou 1,3 milhão de em-pregos formais, a renda conti-nua crescendo, os recursos,tanto da caderneta de pou-pança, quanto do FGTS, per-manecem abundantes. "Acre-ditamos em uma reversão naexpectativa do empresariado.A mudança de prefeito estátrazendo uma expectativaboa de revisão do Plano Dire-tor da cidade, que vem sendopostergado nos últimos anos.Para nós, isso significa umamaior possibilidade de empre-ender, de termos novosterrenos na cidadede São Paulo", co-menta. "Há, po-rém, a necessida-de de intensificar ad es bu ro c ra ti za çã odas aprovações edos licenciamentosde projetos".

Boas perspectivas

Para o economista do Seco-vi-SP, é praticamente seguroque a economia este ano serámelhor do que no ano passa-do, existe essa expectativa derevisão do Plano Diretor e ocrescimento da renda e gera-ção de empregos deve conti-nuar. Dessa forma, o setor de-

ve colher melhores resulta-dos, não igual a 2010, mas umcrescimento sustentável emtorno de 10% em lançamen-tos, com 31 mil unidades, e 5%em vendas, com 28 mil unida-des. "Como as expectativassão positivas, isso gera con-fiança para o investimento".Quando a economia vai bem, omercado imobiliário vai bem,e vice-versa. A expectativadas pessoas também é impor-tante. Se eu abro o jornal ouvejo na televisão notíciasboas, eu me decido

mais rápido pela aquisição.Mas se as notícias são ruins, ouacabo postergando a compraou até desistindo", observa.

Petrucci explica que a con-fiança do investidor e do com-prador é muito importante pa-ra o desempenho do setor. Naárea internacional, há percep-ção de que a economia euro-peia encontrará solução semcolapso do euro. Olhando paradentro, o Brasil já apresentoumudanças com a redução das

taxas de juros quebalizaram o merca-

do. E há a perspectiva de queseja mantida a taxa básica noatual patamar de 7,25% du-rante boa parte de 2013. O pro-cesso de desonerações tribu-tárias deverá continuar, fatorque poderá impulsionar o mer-cado imobiliário.

Mudança de perfil

No ano passado, os empre-endimentos de dois dormitó-rios foram destaque, com13.371 unidades vendidas nacidade de São Paulo. Esse seg-

mento correspondeu por49,6% do total comercializadodurante o ano e registrou cres-cimento de 0,5% diante das13.298 unidades negociadasem 2011 nesta categoria. Naregião metropolitana de SãoPaulo, os imóveis de dois dor-mitórios comercializadostambém são maioria. Foramnegociados 27.437 unidadesdesse tipo, representando53,9% das vendas totais. Asvendas de imóveis de um dor-mitório também vêm aumen-tando ano a ano. Em 2012, fo-ram comercializados em SãoPaulo 4,2 mil unidades, contra3,9 mil em 2011. Imóveis deum e dois dormitórios já repre-sentam 70% das vendas, sen-do que há alguns anos repre-sentavam apenas 30%.

"Principalmente em 2007 e2008, tivemos uma prevalên-cia maior de três e quatro dor-mitórios. Em 2007, lançamos13 mil apartamentos de qua-tro dormitórios. Em 2008, lan-çamos quase 12 mil unidadesde três dormitórios. Mas eramanos em que as empresas ti-nham aberto capital, geraramgrandes empreendimentos,eram grandes VGVs (Valor Ge-ral de Vendas) até por causados resultados das compa-nhias abertas", explica Pe-trucci. "Já o ano de 2012 mar-cou essa tendência de imóveisde um dormitório, que atendeum público mais jovem ouquem está se separando, quedeseja morar perto do traba-lho e escolhe o imóvel pelo seutíquete. Apesar de termos em-preendimentos de altíssimopadrão, se consegue fazer umapartamento de um dormitó-rio na cidade de São Paulo, nafaixa de R$ 250 mil a R$ 300mil", comenta Petrucci.

Para ele, os imóveis de umdormitório devem ganharmais espaço nos próximosanos, assim como os condomí-nios mistos, que combinam re-sidências e áreas comerciais,ou até mesmo hotéis. "Tive-mos lançamentos assim ondeera o hotel Ca'd'Oro (Rua Au-gusta), na região da avenidaLuis Carlos Berrini (Brooklin) ena Barra Funda", diz. ( C . O. )

Crescem

queixas contra

constr utoras

Conforme levantamento daAMSPA (Associação dosMutuários de São Paulo e

Adjacências), de janeiro adezembro de 2012 houve 2.748reclamações de mutuários,referentes às construtoras deimóveis residenciais. Dessas,46% dos reclamantes deramentrada na Justiça, ou seja, 1.264processos. O balanço representaum aumento de 25% nas queixase um crescimento de 32,4% nasações impetradas junto ao PoderJudiciário. Os dados sãocomparativos a 2011, quandohouve respectivamente 2.199descontentes e 956 açõesj u d i c i a i s.

O balanço ainda revela que,entre os campeões no rankingdos aborrecimentos estão:

atraso na obra (70%), seguidodas taxas SATI (15%) eCorretagem (10%) e problemasno imóvel, ou seja, vícios oudefeitos na obra (5%). "Muitosmutuários, que chegam naassociação relatando problemassobre o não cumprimento daentrega do imóvel, descobremque também pagaram taxasabusivas", afirma Marco AurélioLuz, presidente da AMSPA.

Segundo ele, recentemente oministro Sidnei Beneti, daTerceira Turma do SuperiorTribunal de Justiça (STJ), foifavorável à acumulação da multacontratual moratória de 1%(sobre o valor do imóvel) e daindenização por perdas e danos(lucro cessante), de caso julgadopelo Tribunal de Justiça do Riode Janeiro por motivo de atrasona obra. "Esperamos que hajaoutras decisões como esta afavor dos proprietários."

Para se precaver quanto a essetipo de problema, uma dica é

utilizar na hora da compra umexemplar da "Cartilha doMutuário - Volume Imóvel naPlanta", editada pela AMSPA. "Oinformativo contém 20 questõescruciais, que ajudam a esclarecer,de forma simples e prática, asprincipais dúvidas e os cuidadosantes de fechar o negócio",orienta o presidente daentidade. Para ter acesso aoconteúdo da cartilha, osinteressados podem acessar osite www.amspa.org.br e baixaro conteúdo disponível em PDF.

Já para aqueles que estão comproblemas de atraso, cobrançasilegais ou vícios de construção,Marco Aurélio aconselhaprimeiramente tentar um acordocom a construtora. "Se caso nãotiver solução, a alternativa éprocurar a Justiça, pedindorestituição dos valores, multapor tempo de atraso, danosmorais e materiais, além do quedeixou de ganhar", recomendapresidente da AMSPA.

Divulgação

Page 5: DC 12/03/2013

terça-feira, 12 de março de 2013 ESPECIAL - 5DIÁRIO DO COMÉRCIO

Como venderpara a baixa renda

Estudo do DataPopular mostra

como essepúblico se

relaciona com areforma e

construção, eindica

oportunidades

Newton Santos/Hype

Wagner Sarnelli, do Data Popular

No segundo semes-tre do ano passado,o instituto de pes-quisas Data Popu-

lar realizou um amplo estudopara conhecer como a classeemergente se relaciona com ouniverso da reforma e da cons-trução. Na metodologia quali-tativa, foram realizados emsetembro quatro grupos dediscussão, sendo dois em SãoPaulo e dois em Recife, comhomens e mulheres das clas-ses C2 (renda familiar entreR$ 399,01 e R$ 900,00) e D(R$ 82,01 a R$ 399,00). Nametodologia quantitativa, fo-ram realizadas 988 entrevis-tas domiciliares em 54 cida-des e 2.981 pesquisas onlineabrangendo todo o País. Asconclusões podem ajudarmuito os fabricantes e comer-ciantes de materiais de cons-trução a vender para este con-sumidor.

Para Wagner Sarnelli, sóciodiretor do instituto, "este pú-blico experimentou e tomougosto pelo consumo. Hoje, eleescolhe o que deseja consu-mir, e nós temos de descobrirquais são esses desejos e ten-dências". Para tanto, foi preci-so investigar como é a relaçãodesse público com a reforma ea construção. Segundo o estu-do, 75% dos pesquisados mo-ram em casa própria, sendoque 70% já quitada e 5% aindaem processo de pagamento;17% moram de aluguel; e 8%responderam outra forma. Deacordo com Sarnelli, a mu-dança de residência

ma também tem o significa demostrar para familiares e ami-gos que a pessoa está melho-rando de vida. "O curioso é quemuitas das casas não são re-formadas ou pintadas por fo-ra, esta é a última etapa e tal-vez nem ocorra. O importanteé ter o cuidado com a parte in-terna. A pessoa equipa a casa,arruma, reforma o que estáruim para o bem estar próprio,para quando receber alguémde fora, amigos e pessoas dafamília, para mostrar que estámelhorando de vida", comen-ta Sarnelli. "Nisso também há

uma questão de segurança:elas têm receio de mostrar ex-ternamente que estão evo-luindo economicamente. Mui-tas casas que visitamos sãomuito bem equipadas comeletrodomésticos e eletrôni-cos, com geladeira de inox,micro-ondas, TV de tela gran-de de última geração, banhei-ra de hidromassagem, etc",diz o executivo.

Mas para o diretor do DataPopular, também há outra ra-zão para isso. "Há uma preo-cupação muito maior em pro-porcionar o bem estar da famí-

lia do que demonstrar statuspara a comunidade, comoocorre nas classes A e B, quedeseja externar a evoluçãoeconômica", diz.

Na periferia também existepouco lazer e a TV é o principalveículo de entretenimento.Assim, é normal a família terna casa três televisores: o doquarto do casal, que é da mu-lher, para ela assistir novela eprogramas que deseja; o dasala é do marido, para assistirjogos de futebol; e o terceirono quarto dos filhos. "Em clas-ses mais altas, é comum sequeixar que o filho fica muitotempo assistindo TV ou nocomputador. Para as classesmais baixas, isso é bastantedesejável, pois os pais têmmedo que a criança fique narua e corra algum tipo de risco.Dar o aconchego dentro de ca-sa traz mais tranquilidade".

Figura central

Quando se fala em reformae construção, o pedreiro é a fi-gura mais importante nesteprocesso. Ainda não há muitapreocupação com segurança,em se contratar um engenhei-ro para saber se o imóvel su-porta a obra. "Não existe o ar-quiteto ou o engenheiro, tem opedreiro de confiança, que de-cide se a obra é viável, indica ecompra o material necessá-rio", comenta. "É a lógica daamizade. Antigamente, tinhao farmacêutico, que era comose fosse o médico, as pessoasiam à farmácia, contavam o

que estavam sentindo e elevendia um remédio. É a mes-ma história com o pedreiro".

Segundo ele, os pedreiroshoje estão começando a se es-pecializar, melhorando suaqualidade técnica. SegundoSarnelli, por se tratar de uma fi-gura importante no mercadoda reforma, os grandes fabri-cantes já fazem um trabalho,mesmo que tímido, junto aospedreiros. Os pequenos fabri-cantes estão descobrindo issoagora. "Existe um movimento,tanto de fabricantes como devarejistas, de melhorar a quali-ficação dos pedreiros e fazerdele um agente de vendas, masainda é muito pouco, poderiaser mais bem trabalhado".

Sempre reformando

Segundo a pesquisa, 28%dos entrevistados afirmaramque pretendem realizar algumtipo de reforma nos próximos12 meses. O gasto médio queo brasileiro está disposto a pa-g a r p e l a r e f o r m a é d eR$ 4.445,00, sendo que a mu-lher é a mais disposta a gastar(R$ 5.250,00) que o homem(R$ 3.603,00). Dos que pre-tendem fazer a reforma, 46%pretendem fazê-la no quarto,seguido por banheiro e cozi-nha, ambos com 35% das in-tenções. Um dado interessan-te dessa classe é que 59% pre-ferem pagar à vista e 41% comcartão de crédito. "Este públi-co se programa mais, elasguardam dinheiro para um ob-jetivo. Preferem poupar men-salmente para começar umaconstrução e pagar à vista pa-ra obter melhores vantagens.Quando não pode fazer isso,entra o cartão de crédito".

O estudo também revelouque este público faz reformasconstantes. Ao término deuma obra, já se pensa em ou-tra. Sete, em cada dez respon-dentes que reformaram a casahá menos de três anos, disse-ram que a casa necessita dealguma reforma. ( C . O. )

O Brasileiro e a reforma

� 75% têm casa própria� 51% das casas precisam de reforma� 62% precisam de pintura� 46% querem reformar o quarto� A expectativa é gastar R$ 4.445,00� 59% pagam à vista� 12 milhões de domicílios foram reformados no último ano

BB anuncia novas

taxas para crédito

imobiliário

OBanco do Brasil anunciouque o BB Crédito ImóvelPróprio já pode ser

contratado com as novas taxasde juros a partir de 1,20% a.m. Ataxa antiga era a partir de 1,45%a.m., o que representa umaredução de 17,24%. A novidade,aliada à redução da rendamínima de R$ 6 mil para R$ 4 mil,torna o produto ainda maiscompetitivo. A linha de crédito édestinada a correntistas dobanco Pessoas Físicas .

O valor do empréstimo podevariar entre R$ 20 mil e R$ 5milhões, sendo que o valormáximo da operação é de até60% do valor de avaliação doimóvel. A relação de documentose a avaliação do imóvel sãosimplificados. A operação temcarência de até 89 dias, prazomáximo de 180 meses e não hánecessidade de avalista para acontratação. A perspectiva dobanco para 2013 é de dobrar acarteira, cujo saldo hoje é de R$717,4 milhões.

O Banco do Brasil tambémanunciou que superou a metaestabelecida para 2012 eultrapassou o número de 114 milunidades habitacionaiscontratadas nas Faixas 1, 2 e 3 do

Programa MinhaCasa Minha Vida

(PMCMV). O desafio inicialprevia a contratação de 97 milunidades habitacionais para oano de ingresso da instituição naFaixa 1 do programa.

Os primeiros projetos da Faixa1 foram contratados no BB emjunho e, com pouco tempo deatuação nessa faixa doPrograma, a instituição já contacom 50.349 unidadeshabitacionais contratadas, comempreendimentos localizadosem 17 Estados brasileiros, detodas as regiões do País,contribuindo para execução daspolíticas públicas de habitaçãodo Governo Federal, estados em u n i c í p i o s.

A Faixa 1 do Programa MinhaCasa Minha Vida, foco principaldo Governo Federal, beneficiafamílias com renda de atéR$ 1.600 mensais, selecionadaspelas prefeituras das cidadesonde os empreendimentos sãoconstruídos. Além de possibilitaro acesso à moradia de qualidadepara as famílias de baixa renda,os projetos da Faixa 1 do PMCMVsão entregues às comunidadescom soluções de transporteviário, educação, saúde ea ce s s i b i l i d a d e.

Para o diretor de CréditoImobiliário do BB, GueitiroMatsuo Genso, a boa performancedo banco na contratação deprojetos do Faixa 1 deve-se aorápido aprendizado da instituição

na forma de operar no Minha CasaMinha Vida. "Procuramosentender as necessidades dasconstrutoras dos municípios eatender às diretrizes do Ministériodas Cidades".

Balanço da Caixa

A Caixa informou que a suacarteira imobiliária apresentousaldo de R$ 205,8 bilhões emdezembro de 2012, aumento de34,6% comparado ao ano de2011. As operações com recursosda poupança somaram R$ 108,3bilhões e, nas linhas que utilizamos recursos do FGTS, a instituiçãoalcançou R$ 97,3 bilhões,crescimentos de 36,7% e de32,6%, respectivamente.

Mais uma vez a Caixa bateurecorde de contrataçãoimobiliária, que atingiu R$ 106,7bilhões, um crescimento de33,3% em relação ao mesmoperíodo de 2011. Desse total, R$46,7 bilhões foram realizadoscom recursos da poupança(SBPE) e R$ 38,7 bilhões naslinhas que utilizam o FGTS. Alémdisso, foram aplicados R$ 21,3bilhões pelo FAR e demais fontes.

No âmbito do Programa MinhaCasa Minha Vida, desde o seulançamento em 2009 até o finalde 2012, a Caixa contratou 2,1milhões de novas moradias,totalizando R$ 134,5 bilhões.Destas contratações, já foramentregues aos beneficiários maisde 1 milhão de unidades.

tem um significado de ritual depassagem. "Quando ele sai dacasa em que morava com a fa-mília ou que pagava aluguelpara a casa própria, ele consi-dera um momento novo na vi-da, ele está evoluindo econo-micamente e por isso tem umsignificado muito importante.Quando ele não consegue is-so, parte para o esquema dareforma, que passa a ter essemesmo significado do ritual depassagem", comenta.

A refor-

Chico Ferreira/Luz

Page 6: DC 12/03/2013

terça-feira, 12 de março de 20136 -.ESPECIAL DIÁRIO DO COMÉRCIO

Começa hoje agrande vitrine da construção

A Feicon Batimat espera receber 130 mil visitantes até sábado; na semana passada, a Expo Revestir recebeu um público de 45 mil visitantes

Lulu

di/L

uz

Este mês de março está sendomarcado por dois grandeseventos na área da construçãocivil: na semana passada, no

Transamérica Expo Center, ocorreu aExpo Revestir 2013; e hoje, no Pavilhãode Exposições do Anhembi, começa aFeicon Batimat - 19º Salão Internacionalda Construção. A Expo Revestir apre-

sentou as últimas tendências elançamentos para os setores derevestimentos, louças sanitá-rias e metais para cozinhas ebanheiros. Foram 240 empre-sas expositores, distribuídas

em 40 mil m², e que receberamum público de 45 mil visitantes. Já

a Feicon Batimat tem mais de 1 milmarcas nacionais e internacionais emexposição,em umaáreade85 milm², eestão sendo aguardados 130 mil visi-tantes até o próximo dia 16.

Cláudio Conz, presidente da Anama-co (Associação Nacional dos Comer-

ciantes de Material de Construção), co-menta que a Feicon Batimat é a grandevitrine para o varejo de material de cons-trução. "As expectativas são as melho-res possíveis. Recebemos lojistas de to-do o País durante o evento e sempre te-mos um feedback muito positivo porparte deles", afirma.

Já Walter Cover, presidente daAbramat (Associação Brasi-leira da Indústria de Mate-riais de Construção), desta-ca o púb l ico a l tamentequalificado que visita aFeicon Bat imat, entreempresários, fornece-dores, engenheiros, ar-quitetos, designers, lojis-tas, construtoras, atacadis-tas, operários da construção e con-s u m i d o r e s e m g e r a l . A l é m d eAnamaco e Abramat, mais de 30 as-sociações relacionadas à construçãoapoiam a Feicon Batimat.

Feicon Batimat - 19º Salão Internacional da ConstruçãoData: 12 a 16 de Março de 2013

Horário: 3ª a 6ª das 10h às 19h | Sábado das 9h às 17hLocal: Pavilhão de Exposições do Anhembi

Av. Olavo Fontoura, 1.209 - Santana São Paulo - SP

A novaTorneira BoiaClick, da Tigre,

controla ofluxo de água

na caixad'água.

Novas caixas d'águaTigre: tampa possui umsistema diferenciado de

encaixe ao corpo.

Robot XT5,da Sibrape

Pentair: umaspirador

automáticopara limpeza

de piscinas.

Janela Maxim-ar com TelaMosquiteira Integrada, da

Sasazaki: protege deinsetos voadores.

A SIL mostra noevento sua

linha completade fios e cabos

elétricos debaixa tensão.

A spa-fitness, da Astra:banheira é uma

verdadeira academiaaquática.

A FeiconBatimat

reúne maisde 1 milmarcas

nacionais eestrangeiras