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Mapas Mentais - Enriquecendo Inteligências · Graças ao impacto emocional e seus desdobramentos, tais eventos tornam-se diferenciados e fi- ... consciência, como no caso do uso

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MAPAS MENTAIS

Enriquecendo Inteligências

Manual de aprendizagem e desenvolvimento de inteligências:captação, seleção, organização, síntese, criação e

gerenciamento de conhecimentos

Walther Hermann&

Viviani Bovo

2005

2a Edição

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Capa: Kellyn Yuri Teruya, Gilson da Silva Domingues ePietro Teruya Domingues

Editoração e fotolitos: Join Bureau

Impressão: Art Color

Mapas mentais: Walther Hermann e Viviani Bovo

Ilustrações: Viviani Bovo, Rafael Bovo, Anderson Freitas dos Passose Bruna Meirelles

Foto: Rafael Bovo (2a capa)

Revisões: 1a revisão: Cleide Vieira de Queiroz Cabral2a revisão: Hebe Ester Lucas3a revisão: Danae Stephan

Elaboração e edição: Walther Hermann e Viviani Bovo

Direitos reservados: Walther Hermann e Viviani Bovo

2a Edição

Hermann, WaltherMapas mentais : enriquecendo inteligências : captação, seleção, or-

ganização, síntese, criação e gerenciamento de informação / WaltherHermann, Viviani Bovo. – Campinas, SP, 2005.

ISBN: 85-87778-07-2

1. Aprendizagem 2. Psicologia da aprendizagem I. Hermann,Walther. II. Título.

05-4079 CDD-370.1523

Índice para catálogo sistemático:

1. Mapas mentais : aprendizagem : Psicologia educacional 370.1523

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

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Índice

Abertura

Prefácio da Segunda Edição .............................................................. IX

Prólogo ................................................................................................ XIII

Dedicatória .......................................................................................... XV

Primeira Parte – Fundamentos

Introdução .......................................................................................... 3

Aprendendo a Aprender ................................................................... 21

Mapas Mentais – Apresentação e Exemplos ................................... 79

Segunda Parte – Desenvolvendo Habilidades

Memorização ...................................................................................... 109

Comparação, Classificação, Analogias e Metáforas ...................... 147

Ordenação e Hierarquia de Informações ....................................... 165

Refinando sua Capacidade de Síntese ............................................. 189

Ilustrações ........................................................................................... 213

Resgatando sua Criatividade ............................................................ 237

Mapas Mentais – Elaboração ........................................................... 265

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Índice • VII

Terceira Parte – Conteúdos Complementares

Apêndice 1 – Para Pais, Educadores e Professores ......................... 303

Apêndice 2 – Elaborar Mapas Mentais:Melhor à Mão ou em Software? .............................. 313

Apêndice 3 – Programa de Enriquecimento Instrumental .......... 323

Apêndice 4 – Inteligências Múltiplas .............................................. 333

Apêndice 5 – Autocinética – Focalizando sua Mente .................. 337

Conclusão ................................................................................................... 345

Encerramento

Bibliografia ......................................................................................... XVII

Links úteis na Internet ...................................................................... XX

Sobre os autores ................................................................................. XXI

Atividades do IDPH .......................................................................... XXVI

Obs.: Para compreender melhor como ler este livro fora da ordem seqüencial,consulte previamente o fluxograma da página 83.

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Segunda Parte

Desenvolvendo Habilidades

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Desenvolvendo Habilidades

Agora que você já sabe o que são, para que servem e como funcionam osMapas Mentais, possuindo vários conhecimentos sobre essa simples e pode-rosa ferramenta de aprendizado, você está pronto(a) para desenvolver algu-mas novas habilidades muito úteis com a finalidade de capacitar-se a utilizaros mapas com desenvoltura.

Esta seção é instrumental e tem por objetivo principal forjar os seus “mús-culos mentais” para que os Mapas Mentais possam ser inseridos em sua vidacomo hábito, simples como são, para serem utilizados todos os dias, a qual-quer hora. Ao praticar os exercícios aqui propostos, você também poderáadquirir alguns benefícios extras, tais como: melhora de sua memória, maiorhabilidade para organizar e sintetizar informações e desenvolvimento de suaintuição, além de fazer com que sua mente adquira a organização adequadapara aprender melhor, mais fácil e mais rapidamente.

Isso não significa, necessariamente, que a vida deve ser vivida ou apreen-dida na velocidade dos programas de televisão. Quer dizer que nós podemos,mesmo lentamente, aproveitar melhor as experiências de vida e aprender comelas sem que elas tenham que se repetir tantas vezes!

Especificamente, nesta seção, você treinará algumas competências associa-das ao funcionamento coordenado de ambos os hemisférios cerebrais, espe-cialmente relacionadas com o mapeamento mental: memorização, imaginação,visualização, comparação, classificação, metáforas e analogias, ordenação e hierar-quia, síntese e resumos, ilustração e criatividade e, finalmente, dicas e sugestõespara o aprimoramento de sua técnica e de seu estilo de construir mapas mentais.

Em geral, quando as pessoas têm que estudar ou preparar um trabalhomais elaborado, alguns dos maiores problemas dos quais se queixam são: faltade memória, dificuldade de organização das informações de forma coerente eplanejamento e execução de sua apresentação. As pessoas passam dias, às ve-

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zes meses, estudando um tema, e depois, quando precisam utilizar-se das infor-mações ou conclusões que obtiveram durante o processo, não conseguem bonsresultados. E acabam acreditando que têm dificuldades ou que são incapazes.Não imaginam existirem “ferramentas” que podem auxiliá-las nesse processo.

É como se você quisesse decorar sua casa e, para isso, tivesse compradodiversos quadros e os respectivos ganchos e pregos para pendurá-los nas pa-redes. Então você fica lá fazendo uma força brutal para fixar os pregos nasparedes com suas próprias mãos. Depois de algumas tentativas, você está comdedos machucados, nenhum quadro fixado e um enorme sentimento de fra-casso. Tudo isso porque você nunca ouviu falar em uma ferramenta chamadamartelo, que com muita facilidade poderia auxiliá-lo nessa tarefa aparente-mente simples de pregar os ganchos na parede.

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Memorização

Tratar do assunto memorização é uma tarefa árdua se desejarmos ser pre-cisos e rigorosos, pois as mais recentes pesquisas em neurociências ainda nãochegaram a uma conclusão definitiva sobre o funcionamento disto que chama-mos de memória, mesmo porque existem diferentes tipos. Além disso, é certoque a memória humana não funciona como a memória de um computador oucomo os registros indeléveis de um vídeo, DVD ou fotografia. No entanto, nãoé necessário conhecer todas as peças de um carro, nem entender precisamenteo seu funcionamento, para que possamos nos beneficiar de suas vantagens.

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Para começar, vamos assumir que não existe aprendizado sem algum tipode memória. Por isso esse tema é de grande interesse para o nosso trabalho.Como o conhecimento científico a respeito do funcionamento da memóriaainda não é suficiente para a compreensão completa do processo de registroe resgate de informações de nossa memória, apresentaremos alguns dados depesquisas simples e trataremos de algumas técnicas básicas que possam nosajudar com os mapas mentais.

Acreditamos ter memória dos fatos, mas basta uma boa conversa compessoas que vivenciaram as mesmas experiências que nós para descobrirmosque alguns de nossos registros não correspondem aos daqueles com quem com-partilhamos a presença nos eventos em questão. Um exemplo comum é con-versarmos com nossos amigos sobre um filme a que assistimos. Facilmentedescobrimos que, muitas vezes, parece que tratamos de filmes diferentes.

Isso acontece porque nossas lembranças dos dados armazenados sofreminterferência direta dos processos de eliminação, generalização, distorção, con-textualização, associação das informações e de memórias anteriores semelhantes.Assim, aquilo que imaginamos ser uma recordação de informações é, na verdade,uma reconstrução dos dados a cada ocasião em que resgatamos uma memória in-fluenciada por uma série de fatores, emoções e outras memórias. Ocasionalmente,descobrimos até que misturamos informações e registros em nossas lembranças.

Não obstante, há incontáveis exemplos de pessoas cuja memória parainformações parece ser extremamente eficiente, como se realmente existisse apossibilidade de memorizarmos algo com precisão e, posteriormente, recu-perarmos tal memória com grande fidelidade. Quase todo o nosso modeloeducacional é baseado nisso, sendo que nossos professores e examinadores,em grande parte das vezes, exigem em suas avaliações que saibamos repetirexatamente as informações que nos deram anteriormente, e aqueles que têmmelhor memória são freqüentemente muito bem-sucedidos nesses testes.

Além disso, não podemos negar o valor e a importância de sabermos lidarcom esse processo chamado de memorização, já que uma memória privile-giada é muitas vezes invejável e pode nos garantir sucesso em muitos em-preendimentos escolares ou acadêmicos. Entretanto, antes de tratar de taisestratégias, vamos apresentar algumas idéias a mais sobre o assunto.

O que sabemos sobre a memória

Provavelmente você conseguirá lembrar-se exatamente de onde estavaquando soube dos atentados de 11 de setembro de 2001 – para muitas pes-

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soas, é uma data tristemente inesquecível. Porém, pode não ser tão fácil re-cordar-se dos dias anteriores ou seguintes. A não ser que algum outro eventocontivesse intensidade emocional semelhante, talvez um aniversário, casamen-to, ou mesmo algum evento infeliz. Não importa há quanto tempo ocorreu,mas sim o quanto impressionou sua mente e sua memória. Graças ao impactoemocional e seus desdobramentos, tais eventos tornam-se diferenciados e fi-cam permanentemente registrados em nossa memória. Resta uma pergunta:quais são os critérios de diferenciação utilizados pelo nosso cérebro para se-lecionar memórias que vão permanecer ou desaparecer?

Primeiramente, devemos considerar que a memorização parece envolver trêsdiferentes processos: “consciência e registro (codificação)”, “retenção” e “resgate(evocação)”. Perceba que o registro e a retenção podem ser muito mais duradou-ros, sendo que ao revivermos determinadas experiências ou revermos informa-ções específicas, somos capazes de reconhecê-las. De fato, o reconhecimento deuma memória é bastante diferente do resgate ou recuperação de tal informação.Um exemplo típico disso é quando temos uma informação ou nome na ponta dalíngua, lembramos até da letra inicial... mas não somos capazes de saber exata-mente o que desejamos, a não ser que alguém ou algo nos ajude a lembrar ouesperemos o momento oportuno em que nossa mente resgate tal conteúdo. Tal-vez por isso seja tão mais fácil submeter-se a provas no formato de teste, pois ospróprios enunciados e alternativas nos oferecem as respostas, sendo que temosapenas que refrescar a memória quando já possuímos o conhecimento.

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Assim, o processo de recuperar ou resgatar uma informação guardada(operações de registro e retenção) é o mais sensível ao enfraquecimento oudecaimento com o passar do tempo. Os conhecimentos que possuímos armaze-nados são ocasionalmente acessíveis mais facilmente em estados alterados deconsciência, como no caso do uso da hipnose para reconstrução de memórias –embora não seja oficialmente aceito em juízo. De fato, o grande segredo deuma “boa memória” está relacionado com nossa competência de recuperá-la.

De fato, numa pessoa saudável, o esquecimento deve-se principalmenteàs alterações nervosas (neuroquímicas) provenientes do armazenamento e doprocessamento de novas experiências similares às originais, e que acabam pordistorcer os conteúdos originais, e não ao enfraquecimento da memória. Po-demos ainda ter em conta que, ao longo da vida, embora pareça que possu-ímos um corpo que nasce, cresce, amadurece e envelhece, todos os átomos denosso corpo serão substituídos algumas vezes.

E o nosso segredo ficará mais claro se utilizarmos uma analogia simples:assumamos que a nossa capacidade de armazenar conhecimentos e informa-ções, ou seja, que a nossa memória funcione como uma grande biblioteca. Tãoimportante quanto termos os conteúdos guardados será a nossa capacidadede localizá-los quando precisarmos deles. Quanto mais organizados e orde-nados estiverem os livros e publicações nas prateleiras, mais fácil será encon-trar o que necessitamos quando for necessário.

Aqui reside um dos maiores segredos de uma memória poderosa: tere-mos que investir inteligentemente em nosso processo de registro ou codifica-ção da memória (e para isso existem muitas técnicas e estratégias), isto é, serámuito oportuno termos um sistema de classificação, organização e indexa-ção, tal qual é necessário em uma grande biblioteca.

Caso você esteja numa biblioteca com milhares de livros, certamente pode-rá encontrar o que precisa facilmente se os livros estiverem devidamente organi-zados por assuntos, títulos e autores, apenas consultando os índices sistemáticos.Nessa analogia, o processo de registro ou codificação (uma das três operações damemória, conforme citado) corresponde ao procedimento de classificação e ar-mazenagem ordenada e sistemática dos livros ou conteúdos. Assim, se ao regis-trarmos memórias, elas estiverem adequadamente contextualizadas, associadase vinculadas a outras informações previamente guardadas, e se possuírem sen-tido e significado, será muito mais fácil encontrá-las quando desejarmos.

Se tal estrutura de organização é bastante útil para uma memória efi-ciente, não podemos garantir o mesmo em relação ao uso criativo das infor-mações, pois, como trataremos oportunamente, talvez sejam a desorganizaçãoe as dúvidas alguns dos propulsores do processo criativo, embora devamos

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lembrar que a associação e a comparação de informações de naturezas distin-tas podem enriquecer muito o processo de criatividade de segunda ordem.

Tratando dos vínculos, das associações e da contextualização de conhe-cimentos ou memórias, sabe-se que um dos mais importantes fatores no re-gistro e na recuperação de um tipo de memória é a carga emocional associadaa tal registro, seja ela agradável ou não. Evidentemente, esse mecanismo tal-vez tenha garantido a sobrevivência da espécie humana ao destacar na me-mória os eventos e condições relevantes de segurança e proteção para a nossasobrevivência, a serem lembrados em épocas remotas.

O conteúdo emocional das memórias afeta a maneira como são armaze-nadas ou registradas e, portanto, nossa capacidade de evocar as memórias,facilitando a forma e a velocidade com que são lembradas. Por exemplo, aspessoas recordam-se especialmente bem de eventos acompanhados de elevadacarga emocional. Por definição, esse tipo de registro pertence à categoria dasmemórias declarativas: são aquelas que podem ser expressas verbalmente, esubdividem-se em memória episódica, de momentos marcantes, associados aestados emocionais intensificados (conforme dissemos anteriormente); e me-mória semântica, um conhecimento memorizado ao longo da vida, mas quenão está associado a um momento ou evento específico – saber que a capitalbrasileira é Brasília, por exemplo. É um fato que não iremos esquecer, mesmoque não possamos identificar ou lembrar quando o aprendemos.

No entanto, aquilo que chamamos de memória não é armazenado total-mente, mesmo quando admitimos que tais registros já estejam consolidados eestabelecidos – eles não são permanentes. Aqui concorrem os mecanismos deeliminação, generalização, abstração e distorção das informações (pois a nossamemória é finita, apesar de assombrosamente grande). Esses mecanismos orga-nizam e classificam as informações que capturamos por meio dos sentidos, evi-tando que memórias semelhantes sejam armazenadas em sua totalidade (uminteligente mecanismo de racionalização e economia de espaço) – pois registrosúnicos e literais nos seriam de pouco valor, já que devemos transcender osfatos para sermos capazes de identificar padrões de dados e processos, a pon-to de sabermos construir nossos modelos e nossa compreensão da realidade.

De qualquer forma, o que observamos na prática é que existem inúme-ros exemplos de pessoas que, devidamente estimuladas e permanentementeexpostas a novos aprendizados, parecem demonstrar que quanto mais apren-demos, vinculamos, associamos, damos sentido e significado e contextua-lizamos conhecimentos, mais somos capazes de aprender! Como se a memóriafosse ilimitada – tal qual uma árvore que, quanto mais galhos e ramos possuir,mais folhas pode sustentar, mais forte é, e mais vínculos e associações mantém.

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Quando reclamamos do fenômeno do esquecimento, nem sempre nosdamos conta de que ele talvez seja o mecanismo mais valioso que possuímos,já que ele nos garante qualidade e velocidade na recuperação de informações.O esquecimento é uma das principais funções da memória, ocorre continua-mente e talvez seja exatamente ele o recurso que nos permite evoluir. Isto é,substituir registros desatualizados por novos e mais úteis e manter a sanidademental – caso contrário, se nos lembrássemos exatamente de tudo, talvez nãotivéssemos discernimento para hierarquizar, selecionar e processar informações.Imagine se o monitor de seu computador pudesse resgatar todas as informaçõesde seu disco rígido ao mesmo tempo, o que você veria? NADA! O esquecimentofunciona, portanto, como um inteligente filtro de informações que nos per-mite controlar o processamento de informações e experiências armazenadas.

No tocante ao aprendizado, admite-se que um adulto normal, sem es-tratégias ou treinamento de suas potencialidades cerebrais, consiga reter de10% a 30% das informações obtidas em uma palestra ou curso. Talvez menos,se você imaginar que deverá descrever o assunto e o que aconteceu no evento– o tempo para explicarmos tudo o que vimos e ouvimos pode ser bem me-nor do que 10%, exceto quando se trata de algum assunto de nosso conheci-mento profundo, que pode despertar muitas análises e reflexões. Um gráficocomum que representa a curva de esquecimento, ou decaimento da memória(numa apresentação simplificada, apenas para ilustrar), em função do tempoestá a seguir:

100

50

0%10 min 1 h 8 hs 1 dia 2 dias 1 semana Tempo

Taxa

deLe

mbr

ança

(%)

1 mês

A Curva de Esquecimento de Ebbinghaus, mostrada acima, denota o fenômeno, intuído com fre-

qüência, de esquecermos progressivamente os conteúdos aprendidos que não são utilizados ou recor-

dados periodicamente, embora a taxa de esquecimento no tempo possa variar significativamente de

acordo com o grau de estimulação original. No entanto, esse experimento foi realizado com listas de

palavras sem conexão, vínculo, contexto ou significado de conjunto – numa tentativa de avaliar a

memória em condições limítrofes, sendo que suas conclusões a respeito do esquecimento não são

úteis para condicionar nossas opiniões sobre o potencial de memória que possuímos.

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Prosseguindo em nossas considerações, há diferentes tipos de memória.A mais efêmera chama-se memória de trabalho, ou memória on-line, cujaduração é de alguns segundos ou minutos após um evento. É aquela utilizadapara decorar um telefone, da hora em que o número nos é passado até digitá-lo no aparelho, ou que nos permite lembrar as primeiras palavras de umafrase até o final da fala, de forma a criar um sentido. Ela dura apenas o neces-sário para realizar uma tarefa. Pode ser comparada ao mecanismo que nospermite interpretar como filme um conjunto de fotogramas intercalados porescuros projetados rapidamente num cinema; ou ver como se fosse um círcu-lo de luz uma brasa que gire rapidamente numa noite escura – graças a umaimpressão em nossa retina que mantém uma imagem por pelo menos umdécimo de segundo depois de ela ter desaparecido.

Seria muito estranho e inútil se até agora nos lembrássemos, por exem-plo, da segunda palavra da terceira frase desta página. Por ser imediata, a

100%

Taxa de retorno

1 dia Tempo

Na prática, observa-se um comportamento curioso: primeiramente, talvez não partamos de um

resgate de 100% do que foi estudado ou aprendido; em segundo lugar, antes do decaimento da nossa

capacidade de resgate, há um ligeiro aumento da capacidade de recuperar os conteúdos, provavelmen-

te associado a um processo cerebral espontâneo de associação de conteúdos, organização, vinculação

e contextualização.

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memória de trabalho está relacionada com a atenção. E é a mais atingida pelasobrecarga de informações. O estresse também afeta significativamente amemória de trabalho.

Chama-se memória de curta duração aquela que dura de uma a seishoras. A aquisição de uma nova memória gera duas ondas de processosbioquímicos, uma logo após a aquisição, outra entre três e seis horas depois(essa informação é valiosa quando planejarmos nossa agenda de revisões deconteúdos a serem memorizados ou aprendidos). Esta memória não requersíntese de proteínas, ao contrário das de longa duração.

Por definição, as memórias de longa duração são de dois tipos: as cha-madas procedurais e as declarativas; estas últimas, mencionadas há pouco.Memória procedural ou não-declarativa também pode ser um registro per-manente, porém não é possível apresentá-la na linguagem, isto é, verba-lizada. Ela subdivide-se em memória de condicionamento (como brecar ocarro num sinal vermelho) e memória de hábitos (de ações repetitivas, jáautomatizadas, tais como caminhar ou andar de bicicleta). A memória delongo prazo pode durar meses, anos e até a vida inteira, dependendo da im-portância da informação.

A primeira diferença entre as memórias de curta e de longa duração éque a primeira analisa as informações e a segunda sintetiza. Comparando ofuncionamento das nossas memórias com as de um computador, podemos pen-sar na memória RAM e na memória ROM: na primeira estão as informaçõestemporárias que estão em processamento e cálculo, na segunda armazenam-se as informações definitivas e os programas (em geral, fisicamente localizadano disco rígido).

Podemos prosseguir com nossa analogia lembrando da conta que faze-mos na padaria: nossa memória de trabalho fará uma conta rápida para tera informação de quanto devemos pagar no caixa: R$ 5,00 de pães + R$ 3,00de leite + R$ 1,50 de balas; para isso acessamos nossa memória de longo pra-zo, da qual resgatamos os procedimentos das operações das contas de adição;então com essas informações, fazemos a conta e chegamos ao resultado deR$ 9,50, que serão registrados em nossa memória de curta duração, já quepodemos lembrar disso nas próximas horas: o que compramos e quanto gas-tamos na padaria – talvez até registrarmos tal informação em nosso orçamen-to doméstico, então esquecemos esse valor, a não ser que tenha havido algumdesentendimento sobre o valor, algum constrangimento ou reclamação, cujaemoção tenha contribuído para registrarmos a ida à padaria em nossa me-mória de longa duração.

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O processo de fixação da memória consiste em diferentes etapas e, mes-mo assim, os registros não são definitivos e são passíveis de sofrer interferên-cias. As primeiras horas após o aprendizado são as responsáveis pela maiorparte da consolidação da memória, embora a estabilidade dos registros es-tenda-se por um período mais longo, durante o qual alterações sucessivasacontecem na memória. Via de regra, toda vez que nos lembramos de algumconteúdo, estamos reconstruindo a lembrança, reativando circuitos nervosospara recuperar informações, muitas das quais já associadas a outros registros,classificadas, contextualizadas, generalizadas, racionalizadas, interpretadas,distorcidas... Enfim, lembrar é um processo ativo de reconstrução de registros.

O resgate de uma memória, em si mesmo, não é simplesmente a reativaçãode todos esses pedacinhos guardados em que foi quebrada a experiência vivi-da ou de aprendizado (armazenados após todas as operações citadas acima);acontece comumente que apenas alguns fragmentos da memória sejam resga-tados no processo de reconstrução, como no caso de lembrarmos uma músi-ca e não lembrarmos a letra, ou confundirmos fatos já acontecidos, entreoutras situações comuns no dia-a-dia. Certamente a fragilidade e a falibilida-de da memória humana, já suficientemente comprovada, servem para apazi-guar aqueles que se queixam de baixa eficiência da própria memória e tambémpara alertar outros cuja confiança na própria memória os torna excessiva-mente donos da verdade.

Dado que, além das emoções, o humor, a ansiedade, a vitalidade e o in-teresse também condicionam o desempenho dos processos de registro e res-gate de informações, esse fenômeno é denominado dependência de estado.Uma aplicação interessante desse fenômeno é solicitar àquelas pessoas que sequeixam de péssima memória que reproduzam as condições corporais e men-tais dos momentos ou conteúdos que desejam lembrar: muitas vezes surpreen-dem-se com o fato de resgatarem com grande fidelidade uma parte significativados conteúdos ou fatos.

Por exemplo, há pessoas que desenham ou rabiscam enquanto ouvemuma aula ou palestra, batucam, cantarolam, ou movem-se desordenadamentee, ocasionalmente, podem descobrir que não se lembram daquilo que ouvi-ram ou leram em seus estudos. Ao solicitarmos a essas pessoas que reproduzamos mesmos movimentos, a mesma música etc., comumente descobrimos queacessam os conteúdos que foram registrados enquanto realizavam tais ações.Lembre-se, o grande segredo não é memorizar, nem sustentar tais registros,mas sim saber evocá-los! Dado que foram armazenados em circunstânciasespeciais, associados e vinculados a determinadas operações cerebrais,

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emocionais ou corporais simultâneas, poderão ser recuperados por intermé-dio delas.

Um experimento muito interessante, proposto por Dawna Markova nolivro O Natural é Ser Inteligente, citado na bibliografia, é utilizar não somentea mão dominante para escrever mas, principalmente, a mão não dominantepara obter respostas provenientes de regiões não conscientes – especialmenteno caso de decisões, memórias distantes ou mesmo conselhos para si mesmo.Parece ser possível acessar diferentes dimensões de compreensão inconscientespor meio desses artifícios motores.

Caso você queira fazer uma experiência, escreva algumas perguntas coma sua mão dominante e, depois, deixe a caneta na sua outra mão livre paraescrever ou desenhar qualquer coisa, mesmo que você nunca tenha treinadoescrever com a mão não dominante. Quando estiver fazendo isso, observe ospensamentos e sentimentos que são despertados e avalie se existe alguma rela-ção com possíveis respostas às suas perguntas.

Apesar disso, os principais “mecanismos” e processos cerebrais do resga-te ou evocação da memória ainda não são profundamente conhecidos, logo,ainda não é possível construir um modelo definitivo sobre o funcionamentoda memória. Não obstante, as analogias e as evidências podem nos ajudar emotivar a desenvolver nosso repertório instrumental de uso e aplicação detécnicas e estratégias de memorização.

Do ponto de vista orgânico, como já mencionamos algumas vezes, a ma-nutenção da atividade cerebral é um dos fatores capazes de proteger os neurôniosda degeneração, como uma “ferramenta” pode ser protegida da ferrugem quandousada regularmente. A leitura, a prática de atividades criativas e a disposiçãopara viver novas experiências e conhecer novos ambientes são hábitos de vidamuito saudáveis em termos cognitivos, produzindo novos vínculos e associa-ções permanentemente; lembre-se sempre do poder que possui uma teia ourede, na qual os fios, por mais frágeis que sejam, quando estão devidamentevinculados e entrelaçados, adquirem uma resistência muito maior – assim,poderíamos falar em uma teia de informações ou conhecimentos que, juntos,fortalecem nossa habilidade de relacionar e recuperar conteúdos.

Embora já se tenham feito incontáveis tipos de mapeamento de ativida-de cerebral em diferentes operações de processamento, memorização ou re-cuperação de informações, não é possível localizar um único local para cadaconteúdo registrado, sendo que várias seções cerebrais (encéfalo) são ativadasem cada memória, embora tais seções sejam solicitadas de diferentes formas,mesmo porque, como já tratamos, há distintos tipos de memórias.

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Pesquisas realizadas em vítimas de lesões cerebrais com o uso de técnicas

de mapeamento funcional, tanto em seres humanos quanto em animais de

laboratório, indicaram que as regiões envolvidas na percepção e no processa-

mento da cor, da forma e do tamanho dos objetos são muito próximas. É até

possível que sejam as mesmas regiões importantes para a memória de objetos.

No mundo tecnológico atual, é fácil notar que a queixa de dificuldade

de memorização não provém apenas dos mais velhos. Tanto em adultos que

não sofrem de doenças neurológicas quanto em jovens, os fatores que mais

comprometem o bom desempenho da memória são o estresse e a ansiedade.

Felizmente, o mesmo mundo moderno que nos satura de informação tam-

bém oferece uma série de soluções eficientes, que inclui post-it coloridos, agen-

das eletrônicas, gravadores de voz digitais, palmtops e celulares com alarmes.

Portanto, não há razão para se apavorar, mesmo porque o esquecimento é

uma solução! Lembre-se, há setores de sua vida em que sua memória é extre-

mamente eficaz, a despeito de todas as teorias ou explicações que nos façam

acreditar que a memória não deve ser confiável – guarde esse paradoxo para

depois da leitura da seção de Criatividade.

É oportuno agora deixar de lado aquele mito sobre a diminuição ou

morte progressiva de neurônios na maturidade ou no envelhecimento: essa

diminuição não é nada significativa; nós perdemos muito mais neurônios na

primeira infância, quando deixamos de ser quadrúpedes para tornarmo-nos

bípedes, isto é, quando aprendemos a andar e assumimos a postura vertical

(talvez por distanciarmos nosso cérebro do chão, colocando-o acima do cora-

ção, alterando o fluxo de sangue para a cabeça). A partir da adolescência, não

há mais perdas significativas de neurônios numa pessoa que goze de boa saúde.

Enfim, “somos seres com história, construímos nossa identidade através

de um processo que mescla as experiências vividas no ambiente e nossas vi-

vências interiores; assim, somos quem somos porque aprendemos e lembra-

mos. A memória é uma das funções cognitivas mais complexas que a natureza

produziu, e as evidências científicas sugerem que o aprendizado de novas in-

formações e seu armazenamento causam alterações estruturais no sistema

nervoso” (trecho do artigo de Carla Dalmaz & Carlos Alexandre Netto deno-

minado “A Memória”). Além disso, o cérebro é uma estrutura em permanen-

te construção e reforma, assim como o nosso repertório comportamental e

nossas memórias.

A seguir, trataremos de algumas evidências simples que possam aumentar

facilmente o desempenho de nossas sessões de aprendizado ou memorização.

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Organização de informações

Um famoso pesquisador canadense, o psicólogo Endel Tulving, fez umexperimento interessante com dois grupos de estudantes, aos quais deu cemcartas contendo uma palavra cada uma. Ao primeiro grupo, solicitou que aspalavras fossem memorizadas e ao segundo grupo, pediu que as palavras fos-sem classificadas e organizadas em categorias. Os indivíduos dos dois gruposobtiveram os mesmos resultados de recuperação dos dados quando suas me-mórias foram testadas. A conclusão dessa experiência foi que o envolvimentoativo de processamento e organização de informações pode ser suficiente parapromover o aprendizado ou registro na memória.

Um exemplo interessante é que, embora nossa memória não funcionecomo a de um computador, a analogia com este pode ser muito útil quandotratamos de técnicas e estratégias de memorização, pois a estrutura da orga-nização de diretórios, pastas e arquivos de um computador pessoal nos ajudaa compreender a importância da organização dos dados que guardamos.

Na prática, quando estávamos elaborando este livro, certamente nãoguardávamos os seus arquivos na pasta das nossas fotografias digitais, nemno diretório dos programas de nossos computadores. Abrimos e reservamosuma pasta somente para o livro, guardada dentro de outra que continha nos-sos outros livros, e que continha as seguintes subdivisões: imagens e ilustra-ções, capítulos ou partes, material já utilizado (lixo), arquivos com a primeirarevisão, arquivos prontos, arquivos pendentes.

Essa classificação dos conteúdos que mantemos em nosso computador,com um endereço exato de cada arquivo de informações, nos permite encon-trar o que desejamos, quando desejamos. Seria o caos se alguém inadvertida-mente alterasse tal estrutura, embora o computador possua outros mecanismosde localização de informações.

Intervalos

Tratando-se de palestras, aulas ou sessões de estudos, há um fenômenointeressante que ocorre com nossa memória: nós nos lembramos mais facil-mente dos conteúdos apresentados no início e no fim da sessão, conforme ilus-tração a seguir.

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O gráfico acima ilustra com humor a evolução do estado de atenção de uma pessoa normal ao longo

de uma palestra ou aula. Parece existir uma proporcionalidade entre o grau de atenção e a probabili-

dade de recuperação de informações em função da extensão de tempo de uma palestra ou sessão de

aprendizagem.

Nesse contexto, a utilidade do uso de intervalos em sessões de aprendiza-gem, proposta pelo pesquisador francês Henri Pieron, faz com que nossa cur-va de recuperação (evocação) dos conhecimentos seja dividida em curvasmenores, permitindo ao ouvinte ou estudante obter melhores índices de re-cuperação dos conhecimentos, conforme o gráfico da página seguinte.

Henri Pieron descobriu que uma série de intervalos durante uma pales-tra, aula ou sessão de estudo ou aprendizado, aumenta a probabilidade derecuperação de seus conteúdos. Ele sugere um intervalo de 5 minutos a cadameia hora de atividade. A isso podemos acrescentar os resultados das pesqui-sas de um alemão, conhecido como “Efeito Zeigarnik”, que propõe que umasessão de aprendizado seja interrompida deliberadamente, mesmo nos mo-mentos que os participantes estejam mais envolvidos, de modo que a motiva-

Nível de atençãoe recuperação deinformações

TempoInício dasessão

Final dasessão

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ção represada conduza a graus mais altos de possibilidade de recuperação dosconteúdos. Talvez esse artifício seja especialmente útil nos momentos em quedesperte ainda mais a curiosidade e o interesse pelos conteúdos, gerando as-sim um processo espontâneo de elaboração e processamento que fertilizem ocampo afetivo e cognitivo do aprendiz. Evidentemente, tais estratégias foramexaustivamente estudadas para sessões de aprendizagem cognitivas e conscien-tes, pois nos casos de estilos de estimulação inconscientes, outros fatores po-dem concorrer com as propostas anteriores.

100%

Intervalo

Taxa de retorno

Pontos altos de fixação

Curvas de fixaçãoquando intervalosplanejados são feitos

Curva de fixaçãode 2 h de atividadesem intervalo

Curva de fixaçãode atividade queexcede 2h

Ponto emque começao aprendizado

Ponto emque terminao aprendizado

2 horasIntervalo Intervalo Intervalo

ganho de aprendizadocognitivo em sessõescom intervalos

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Revisões de conteúdos

Conforme já mencionamos na seção Aprender a Aprender, os intervalosde descanso do cérebro entre sessões de aprendizagem ou memorização po-dem potencializar incrivelmente o desempenho de evocação dos conteúdosaprendidos. O Efeito da Prática Distribuída, assim denominado por psicólo-gos, revela que o tempo corrido de 30 minutos, necessário para aprender oumemorizar um conteúdo, poderá ser reduzido em 30%, isto é, 22 minutos,caso a tarefa seja realizada em duas ou mais sessões ao longo de dois dias.

Além disso, testar a si mesmo, obtendo respostas corretas, aumenta consi-deravelmente a capacidade de recuperar conhecimentos, em comparação como aprendizado passivo, no qual uma leitura ou palestra é simplesmente absor-vida sem ação ou reflexão. Esses fatos apontam para um importante recursoque pode enriquecer e otimizar os processos de aprendizagem: o uso habitualde sessões de revisão.

Levando-se em conta a conjugação de esforços para gerenciar as memó-rias de curta e longa duração, a revisão dos materiais de trabalho fortalecesignificativamente a fixação e a evocação de conteúdos aprendidos ou memo-rizados, ou seja, a consolidação da memória de longa duração. Sugere-se que,durante uma sessão de estudo ou aprendizado de até 45 minutos, formulem-se regularmente testes e perguntas de fixação, migrando de uma atitude pas-siva para um relacionamento mais íntimo com o conteúdo e, posteriormente,sejam feitas sessões de revisão com a seguinte regularidade:

Revisões Tempo de revisão sugerido

1a após 10 minutos 10 minutos2a após 1 hora 7 minutos3a após 1 dia 5 minutos4a após 1 semana 5 minutos5a após 2 semanas 3 minutos6a após 1 mês 3 minutos7a após 3 meses 3 minutos8a após 6 meses 3 minutos

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De um modo geral, o gráfico abaixo representa o ganho de recuperaçãodos conteúdos aprendidos conforme as sugestões anteriores:

Dado que nosso tema tem finalidade instrumental, de agora em diantetrataremos apenas de algumas estratégias, a título de ilustração, que possammelhorar nossa habilidade de armazenar e recuperar informações. Na práti-ca, portanto, não nos envolveremos com as hipóteses ou comprovações cien-tíficas mais recentes que, como mencionamos, nos fariam acreditar que tudoo que propusermos a seguir talvez seja pouco preciso ou nada científico.

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Portanto, vamos admitir que, para os nossos objetivos, tudo se passacomo se as técnicas propostas a seguir possam realmente enriquecer significa-tivamente nossa capacidade de armazenar e de resgatar informações úteis.Muitos estudos e pesquisas já foram feitos nesse campo do aprendizado, emuitas ferramentas e técnicas foram desenvolvidas também, principalmentena Europa e nos EUA, porém tais conhecimentos não são regularmente ensi-nados nas escolas e o acesso a tais informações é ocasionalmente difícil ou caro.Nossa proposta é tratar do aprendizado de uma parte dessas “ferramentas”preciosas para tornar os estudos ou tarefas de trabalho mais simples, produ-tivos, divertidos e prazerosos. Para você poder avaliar melhor seu aprendiza-do e desempenho, vamos propor a seguir uma experiência.

Exercício

Pegue uma folha de papel e um lápis ou caneta. Propomos, só a título deexperiência, que você memorize a lista de palavras abaixo (numa seqüênciahorizontal, isto é: pão, café, tomate, etc.). Primeiro você deve buscar realizaressa tarefa com os recursos que possui atualmente. Apenas leia as palavrasdurante 1 ou 2 minutos, no máximo; depois feche o livro, e sem consultá-lasnovamente, anote na folha de papel a lista das palavras, de preferência, namesma ordem na qual foram apresentadas aqui no livro:

PÃO CAFÉ TOMATE CADERNOQUEIJO LARANJA LÂMPADA BANANARÉGUA AGULHA UVA SABONETELÁPIS ALGODÃO CEBOLA ENVELOPELEITE BORRACHA SALAME DETERGENTE

Se você conseguiu se lembrar de todas, já tem uma boa estratégia dememorização, então basta continuar exercitando, como você faz com seucorpo, quando pratica exercícios físicos para manter-se em forma. Mas se vocêsentiu dificuldades para lembrar das palavras, então vamos seguir adiante paracompreender melhor o processo da memorização. Descreveremos a seguir,simplificadamente, como utilizamos o processo de captação, comparação,ordenação, generalização, distorção, associação e vinculação de informaçõesem nossa memória.

Primeiro, vamos avaliar rapidamente como parece que as informações sãoarmazenadas. Nosso cérebro classifica e separa as informações recebidas se-guindo três passos:

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1o identifica e reconhece ➟ abre o arquivo.

Esse passo funciona da seguinte forma: vamos tomar como exemplo umacriança aprendendo pela primeira vez o que é uma maçã. Ela receberá umasérie de informações sobre a maçã, como é seu formato, textura, odor, sabor,cor, peso, a sensação causada ao ver, morder, mastigar, engolir ou brincarcom a maçã, o som da palavra “maçã” ao ser pronunciada, entre outras in-formações. Isso então é registrado em sua memória em um arquivo que aca-ba de ser aberto com o nome “maçã”.

2o armazena outros dados ➟ no mesmo arquivo.

Depois haverá uma segunda experiência com outra maçã, que pode seridêntica à primeira, ou pode ser de outra qualidade, mais ácida, mais doce,mais madura, mais vermelha, mais dura, maior, menor etc., porém, mesmoassim, a criança recebe a informação de que é uma maçã, então coloca a in-formação dentro daquele mesmo arquivo que já foi aberto para o item “maçã”.

E o processo continua, quando ela identifica outros tipos de maçãs comosendo “maçã”, tais como: maçã argentina, maçã tommy, maçã azedinha, maçãgala, maçã verde, maçã vermelha, maçã estragada, maçã madura etc. Todassão maçãs e são armazenadas no mesmo arquivo já aberto, chamado “maçã”.

3o estabelece relações ➟ com outros arquivos.

Posteriormente, um dia a criança vai à feira com a mãe, que lhe explicaque precisam passar por várias barracas para comprar o que necessitam, poiscada tenda vende um grupo de mercadorias. Então, ao chegarem na tendadas frutas, a criança vê a maçã. Junto, na mesma tenda, ela vê a banana, alaranja, a melancia, e a sua mãe informa-lhe que aquela é a tenda das frutas.Assim, um novo arquivo é aberto com o nome de “frutas” e as informaçõesnele contidas estarão se relacionando, incluindo ou sendo incluídas em ou-tros arquivos já abertos, entre eles aquele chamado “maçã”.

A associação de arquivos contendo informações pode ser muito variada:podemos relacionar o arquivo chamado “maçã” com vários outros, além des-se já mencionado, chamado “frutas”, ou seja, com diversas situações nas quaispodemos pensar em uma maçã, como: “sabores de sucos”, “recheio para tor-ta”, “alimentos ácidos”, “descoberta de Newton – gravidade”, “objetos de corvermelha”, “alimentos com poucas calorias”, “opções de lanche” e assim pordiante. Há incontáveis possibilidades de relacionamentos ou associações.

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Podemos comparar essa estrutura de registrar e recuperar informações namemória com um cacho de flores ou frutas, no qual um está ligado ao outro, edepois a outro, e a outro, até que todos estejam ligados a um galho principal(categoria). Essa memória em “cachos” é que nos permite acessar arquivos queforam previamente armazenados, como quando alguém conta uma piada emum grupo de amigos, e logo em seguida cada membro da roda se lembra deuma ou de várias outras. Da mesma forma, quando alguém conta algum filmea que assistiu, um livro que leu, um acidente que viveu, uma receita, as brinca-deiras que costumava ter quando criança, são todos exemplos de assuntos que,ao serem acessados, nos remetem diretamente para as respectivas categorias.

Além disso, esses arquivos não ficam isolados apenas em suas categorias.Observe como é freqüente o surgimento de um assunto a partir de outro, eoutro, e acabamos dizendo que “um assunto puxa o outro”; tudo isso porcausa dessa nossa memória em “cachos”. Ao conversarmos sobre uma receitade bolo, e o tempo para assá-lo, as pessoas podem se lembrar de que seu for-no não está funcionando muito bem, assim a conversa muda de rumo, seguin-do para comentar que essa ou aquela marca de produto é melhor, e aindapodem generalizar o assunto para outros eletrodomésticos, ou ainda se lem-brarem do funcionamento dos serviços de assistência técnica.

Não precisamos de uma conversa com outra pessoa para despertar nos-sa memória em “cachos”, isso acontece o tempo todo. Quando estamos lendoum livro, por exemplo, no qual a descrição do autor nos remete a uma praiacheia de crianças brincando de bola, e caso essa cena seja representativa paranós, ocasionalmente interrompemos a leitura e nossos pensamentos nos re-metem à nossa própria infância, onde porventura registramos uma experiên-cia semelhante. Vamos lembrar de nossos sentimentos daquela época, daspessoas, das cores, do cheiro do mar, do contato da água, das ondas, da areiada praia, do som das cantilenas dos ambulantes... Uma simples frase lida emum livro, e observe quantas memórias podem ser acionadas. Todas essas pos-sibilidades do dia-a-dia que descrevemos referem-se ao mecanismo de proces-samento da memória.

Tomando como base a maneira de operar de nossa mente, foram criadasalgumas técnicas de memorização que usam os mesmos princípios, com a fi-nalidade de conseguirmos os melhores benefícios possíveis dela. Algumas de-las estão descritas a seguir – caso você as considere muito simples, saiba queelas foram incluídas aqui apenas para despertar o seu interesse por elas, jáque este não é um livro sobre o assunto (você encontrará na bibliografia con-teúdos específicos sobre esse assunto para enriquecer seu repertório de estra-tégias de memorização, caso deseje).

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Associação

Essa é uma técnica de memorização que consiste em associar informa-ções que queremos memorizar com outras que já possuímos. Por exemplo,quando criança aprendi como identificar quais os meses que tinham 30 ou 31dias associando-os aos ossinhos da mão que se interligam com dedos (articu-lações dos dedos das mãos com o corpo da mão, mais visíveis quando temosos punhos fechados). O procedimento era assim: fechar uma das mãos e ini-ciar a contagem de forma que o primeiro mês se identifica com o primeiroosso, o segundo com intervalo entre o primeiro e o segundo osso (uma de-pressão entre as articulações de dois dedos), o terceiro mês com o segundoosso e o quarto com o segundo intervalo, e assim por diante. Os meses quecorrespondem aos ossos têm 31 dias e os que correspondem aos intervalos têm30 ou menos (caso de fevereiro, com 28 ou 29 dias). Essa associação fica cor-reta para os meses porque a contagem se encerra e se reinicia novamente noprimeiro osso da outra mão, e ambos são meses com 31 dias (julho e agosto).

Apesar de ser uma brincadeira de criança, é uma forma de associação quefaz com que a informação seja levada à memória de longo prazo – memoriza-mos o mecanismo de identificação dos meses e não necessariamente os mesescom 31 dias. Outras pessoas só se recordam como diferenciar o lado esquerdo dodireito quando o associam ao braço em que usam o relógio ou uma pulseira.

Ainda podemos ter associações que levam em conta a visualização, como,por exemplo, a técnica que utilizo para memorizar nomes de pessoas recém-conhecidas. Quando conheço uma pessoa cujo nome é João, imediatamenteimagino essa pessoa abraçada ao meu avô, que se chamava João. E isso nosdá a oportunidade para tratar do assunto sobre a visualização.

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Visualização

A visualização é a habilidade de criar representações ou fantasias na men-te, que podem ser a recordação de coisas que já vivemos ou vimos ou a criaçãode coisas novas, que inclusive podem ser inexistentes no mundo real. Se você pre-ferir, podemos também chamar esse procedimento de imaginação, fantasia,cinestesia ou alucinação intencional.

Todos nós fazemos isso regularmente. O interessante é que podemos uti-lizar a nossa imaginação intencionalmente com a finalidade de melhorar nos-sa habilidade de memorização, pois é um poderoso recurso para registrar erecuperar informações. Algumas pessoas por vezes se queixam de que nãoconseguem ver nada com os olhos da mente, que não conseguem imaginar,mas na verdade elas apenas não se dão conta de que fazem isso tão natural-mente que acabam não trazendo à consciência.

Caso você se enquadre nesse grupo de pessoas que acreditam ser impos-sível visualizar conscientemente, lembre-se da história apresentada na seçãoAprendendo a Aprender, na página 75 deste livro – “O Menino que Quebra-va Brinquedos” – e responda às seguintes perguntas:

1. Como era o garoto que descrevi?2. Como eram os brinquedos quebrados que você viu?3. Como eram os brinquedos dos quais falei enquanto explorava o

mundo das coisas materiais?4. Como era a expressão facial da moça que desejava saber sobre o fi-

lho em cada uma das respostas que dei?

Perceba que visualizamos espontaneamente, muitas vezes inconsciente-mente. No entanto, não são todas as pessoas que têm consciência do proces-so, sendo que, quando lhes é solicitado que prestem atenção às imagensmentais, distanciam-se do estado de atenção de visualização! É como se dese-jássemos enxergar em um único espelho nossos olhos olhando para outrolugar que não seja o espelho: se olhamos para o espelho para ver, encontra-mos nossos olhos focados no espelho, e se olhamos para o outro lugar, nãoenxergamos o espelho.

O que ocorre é que, para algumas pessoas, prestar atenção nesse processoas distancia da habilidade de identificar conscientemente as suas próprias fan-tasias. Outras vezes, as fantasias são vagas ou pouco definidas. Desde que so-nhemos e consigamos nos lembrar de algo, visualizamos mais conscientementeou menos. Vamos fazer uma experiência para você poder constatar como isso

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funciona. Apenas solte sua imaginação, não se prenda à realidade. A imagi-nação pode funcionar como nos desenhos animados, onde tudo é possível.

Isso normalmente acontece com naturalidade quando escutamos ou le-mos uma história qualquer, quando alguém nos conta um fato, quando pla-nejamos algo ou quando ficamos remoendo aquela situação desagradável queaconteceu com alguém ou em algum lugar. Experimente a seguinte fantasia:vamos supor que um macaco usando uma camiseta de listras largas, de duas co-res, venha andando pela rua quando se depara com um ônibus, cuja porta estáaberta. Então ele entra e começa a brincar, pendurando-se nas barras de apoioaté chegar próximo ao motorista, na parte da frente do ônibus, onde está orádio. Agora ele aperta os botões e o rádio funciona, tocando uma músicaalegre e divertida. Ele gosta do que ouve e sai dançando do ônibus para pegarum sorvete de morango que acaba de cair do carrinho do sorveteiro no chão.

Agora responda às próximas perguntas:

❑ Como era o macaco? Um chimpanzé, um gorila ou o quê?❑ Quais eram as duas cores das listras largas da camiseta dele?❑ O ônibus estava parado ou andando?❑ Tinha pessoas dentro do ônibus?❑ Havia outros carros ou pessoas na rua?❑ Qual a música que tocou no rádio?❑ Ele chegou a pisar nos bancos?❑ Como ele se movimentava?

Se você parar para prestar atenção em como imaginou essa descrição,notará que tem tais informações em sua mente; você montou uma represen-tação mental para a cena que foi descrita anteriormente, e completou com asinformações que faltavam, que não foram descritas. Nesse simples exercício,você pode notar o poder de uma visualização, pois cada pessoa preenche cominformações de forma única, individualizada, e dificilmente teremos uma ima-gem mental exatamente igual à de outra pessoa.

Aliás, esse fato é muito explorado para melhorar a comunicação entreas pessoas, pois sabendo que aquilo que você não informar ao seu ouvinteserá completado com o que ele quiser ou puder, saiba que estará correndo orisco de obter uma compreensão de sua mensagem completamente distintada esperada. Por exemplo, peça a um amigo que lhe compre flores, para se-rem levadas como presente a uma pessoa da qual você goste muito. Caso vocêimagine um ramalhete de rosas amarelas, ainda em botões semi-abertos, e oseu amigo comprar um ramalhete de flores do campo, todo colorido, não há

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nada de errado no que ele fez. Pois você obteve flores, como desejara, porémnão foi suficientemente específico em sua solicitação.

Uma boa visualização é uma valiosa ferramenta para a memorização.Mas o que é uma “boa” visualização?

Com a finalidade de obter uma fixação satisfatória das experiências ourepresentações mentais em nossa memória, devemos utilizar em nossas fanta-sias a maior quantidade possível de sentidos e referências sensoriais: visão,audição, tato, olfato e paladar, pois assim garantimos um bom registro dainformação e adquirimos a facilidade de resgatá-la quando preciso.

Como ilustração, para que você consiga verificar como isso funciona,busque em sua memória situações ou temas que você nunca esqueceu, reparecomo se lembra do que viu, ouviu e sentiu. Como, por exemplo, seu primeiroencontro com sua(seu) primeira(o) namorada(o); talvez você possa lembrar-se da roupa que usou no dia, porque deve ter ficado bastante ansioso(a), ima-ginando o que deveria usar para ficar mais atraente, depois deve se lembrardo perfume que ela(e) e você usavam, a música que tocava, o que comeramou beberam, e principalmente o que você sentia, aquele famoso “friozinho nabarriga” (você encontrará mais sobre o assunto no Apêndice 1, Para Pais,Professores e Educadores, na página 303).

Você pode fazer essa experiência também com uma recordação de infân-cia. Lembre-se de um brinquedo que você quis muito e como foi ganhá-lo.Neste tema, temos uma experiência pessoal, da autora deste livro, para des-crever e assim ajudá-lo(a) a encontrar suas próprias memórias:

“Quando eu tinha 5 anos de idade, a moda era todas as meninas ganharem aboneca Suzi, e eu sonhava com o dia de ter a minha. Foi isso que aconteceu naqueleNatal dos meus 5 anos. Hoje, com 42 anos, lembro-me exatamente da fisionomia daminha boneca, do vestido de cor azul, das meias pretas rendadas, das botinhas pretasfeitas de plástico, dos cabelos prateados, e mais, lembro-me das bolinhas e luzes daárvore de Natal. Observe que tudo o que acabei de descrever é uma memória visual,mas não pára por aqui. Tenho também a memória das sensações, lembro-me do cheiroda boneca, aquele cheiro de brinquedo novo, do plástico e do nylon dos fios de cabe-lo, lembro-me da textura do vestido, que tinha um tecido grosso com enfeites emrenda preta iguais aos das meias, que eram macios, bem como as botinhas erammoles, o que tornava fácil calçá-las na boneca. Ah! E os sentimentos, então! Fiqueitão excitada com a boneca, que meu sentimento foi o medo da perda, de alguém atirar de mim, e naquela mesma noite de Natal sonhei que alguém havia cortado comuma tesoura o vestido e as meias dela, foi horrível! Lembro-me até hoje o que foiacordar sentindo aquela angústia e depois o alívio de descobrir que minha boneca

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estava inteirinha ali do meu lado, ufa! Tudo isso são minhas referências sensoriaisdessa recordação.

Na memória auditiva, recordo-me do meu pai dizendo que eu deveria cuidar muitobem dela porque havia custado muito caro e eu não teria a chance de ganhar outra.Nem é preciso mencionar que eu cuidava melhor da boneca do que de mim mesma.

Tudo isso aconteceu há 37 anos, mas ao descrever o fato, aqui neste livro, écomo se eu realmente estivesse lá naquela casa, ao lado daquela árvore de Natal,com a minha Suzi nas mãos e com 5 anos de idade.”

Então sugerimos que uma boa fantasia (ou memória) requer o uso dosnossos sentidos: visual, auditivo e cinestésico (tato, olfato e paladar), certo?Sim, mas não é só isso. Ao criarmos nossa representação mental ou fantasia,devemos cuidar para que ela seja bem específica, rica em detalhes e diferen-ciada (inusitada). Vamos ver os três itens juntos agora.

Usar os sentidos na fantasia

❑ Visão: ver. Como no exemplo da imagem mental do macaco, ver omacaco, o ônibus, as cores da camiseta dele, o rádio, o sorvete, ocarrinho do sorveteiro, todas essas são representações da visão.

❑ Audição: ouvir. Ouvir o som da música que tocava no rádio é umarepresentação da audição.

❑ Cinestésico: sensações, sentimentos, movimentos, tato, olfato e paladar.No cinestésico temos os movimentos dele ao andar, ao se balançarnos canos, ao tocar nos botões do rádio, ao sair dançando e ainda osabor de morango do sorvete.

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Fantasia específica

Caso seu objetivo seja memorizar a fantasia criada, então ela deve ser es-pecífica, de forma que, ao resgatar a informação, você não fique confuso. Porexemplo, suponhamos que você queira memorizar a palavra “garfo”. Se ao criara imagem mental do garfo você o visualizar dentro da gaveta de talheres ouespetado num bife, quando recuperar a informação poderá se confundir e nãosaber se a palavra a ser recordada era “garfo” ou “bife”. Então, fantasia ou re-presentação mental específica significa visualizar só o que você deseja memo-rizar. No caso do nosso exemplo, visualize apenas um garfo, só ele, mais nada.

Fantasia rica em detalhes

Para que sua representação mental seja memorizada mais facilmente, eladeve conter muitos detalhes, pois quanto mais rica em detalhes, mais fácil seráde ser lembrada.

Continuando ainda com nosso exemplo da palavra “garfo”, você deveimaginar todos os detalhes do garfo, quantos dentes tem, de que material éfeito, como é o cabo, se ele possui desenhos, se sua marca está registrada.

Vamos dar mais um exemplo para você compreender como incluir detalhes.

Exercício

Imagine rapidamente uma rosa (flor), sem pensar ou se ater muito àimagem.

Fazendo o exercício dessa forma, provavelmente depois de alguns dias,quando eu perguntar: “O que foi mesmo que eu pedi para você imaginar?”,você nem se lembre.

Mas caso eu peça agora para você imaginar uma rosa que seja vermelhoescura, quase bordô, em formato de botão, porém não muito fechado, jácomeçando a desabrochar, com pétalas aveludadas e perfeitas, porém só umadelas com um leve queimado na borda. O caule é comprido e verde, com trêsgalhos com folhas verdes, e cada galho tem cinco folhas, sempre terminandocom uma na ponta.

No caule também existem alguns espinhos, quatro grandes e duros, evários menores e mais maleáveis. O fim do cabo, os últimos 10 ou 15 centíme-tros, foi raspado de forma que não tem nem folhas nem espinhos. Essa rosa émuito, muito perfumada, não está apoiada em nenhum lugar, é como se esti-vesse solta no ar, somente a rosa, uma rosa. Quem sabe você esteja escutando,

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em sua mente, uma música que fale de uma rosa qualquer ou associe essa fan-tasia a alguma frase memorável que tenha a rosa como idéia central.

Caso ainda não tenha entrado suficientemente nessa fantasia, então ex-perimente inverter a ordem das informações acima, começando pelas sensa-ções e pelo perfume e depois agregando as imagens, ou mesmo começandopela música. Em alguma dessas seqüências está a chave de seu processo de fan-tasia dirigida, que poderá despertar sua consciência das representações men-tais associadas à visão, à audição, ao tato, ao olfato, ao paladar e a sentimentosacionados pela sua imaginação.

Depois de fazer o exercício de visualização assim, com todos esses deta-lhes, e numa determinada seqüência de informações sensoriais, é muito pro-vável que você se recorde dessa “rosa” por um longo período.

Imagem mental diferente

Por que construir uma imagem mental diferente? Porque dessa forma elaficará gravada por mais tempo em sua mente, à medida que desperta sua cu-riosidade, assombro ou surpresa (lembra-se da importância da curiosidade,da paixão, do movimento e dos estímulos ambientais para a produção de de-terminadas substâncias neuroativadoras responsáveis pelo aumento de nossaquantidade de neurônios? Tratamos disso na seção Aprendendo a Aprender,página 28, 3o parágrafo).

Uma fantasia ou imagem mental diferente, inusitada ou inesperada, forado comum! Experimente memorizar a palavra “banana”, faça a visualizaçãorapidamente dela. Agora compare como fica a sua memória e suas associa-ções mentais se a representação mental da “banana” for assim:

❑ banana tamanho gigante, maior que os prédios da sua cidade;❑ na cor azul;❑ com olhos, boca e nariz;❑ uma banana que fala e que dança;❑ cantando: “Chiquita Bacana, lá da Martinica, se veste c’uma casca

de banana nanica”.

Ficou bem diferente, não é mesmo? Dificilmente você se esqueceria de umabanana maior do que um prédio e que fosse azul ou mesmo amarela.

Para tornar sua imagem mental diferente, você pode usar humor e exa-geros, tanto para aumentar como para reduzir; drama, ridículo, cores vibran-

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tes, coisas fora da realidade, enfim tudo o que chame a atenção. Você podetomar como exemplo os desenhos animados, nos quais objetos têm vida e nãoexiste a lógica do mundo real.

Agora que você já sabe como funciona sua memória, refaça o exercícioinicial de memorizar a lista de palavras, mas desta vez utilizando-se das técni-cas de visualização e associação. Observe os resultados. Você ficará feliz!

Para facilitar, vamos demonstrar como fazer com os três primeiros itensda lista:

PÃO CAFÉ TOMATE CADERNOQUEIJO LARANJA LÂMPADA BANANARÉGUA AGULHA UVA SABONETELÁPIS ALGODÃO CEBOLA ENVELOPELEITE BORRACHA SALAME DETERGENTE

Visualização

Pão: imagine um pão exageradamente gordo, cor-de-rosa, cantando amúsica “Minha Brasília amarela...” e dançando enquanto anda.

Café: agora imagine uma chuva de grãos de café, que ao cair no chão fazbarulho, e os grãos saem rolando, em grande quantidade, como uma fortetempestade. Inclua o cheiro do café fresco e, caso goste de café, o paladaragradável.

Tomate: visualize um tomate vermelho muito grande com uma fita ver-de, tentando fazer abdominais e, a cada movimento, ele solta um gemido ou,se preferir, você pode imaginar um exército de tomates em fila sendo fatiadose caindo num prato de salada de tomates fresquinha, pronta para sersaboreada ou, ainda, construa sua própria fantasia de algo inusitado que possaatrair sua curiosidade.

Associação

Agora vamos ligar as palavras e suas correspondentes fantasias, duas decada vez, a primeira com a segunda, depois a segunda com a terceira, e assimpor diante.

No processo de associação das fantasias, também será utilizada a visua-lização, da mesma forma que fizemos com as palavras isoladamente. Vamossoltar nossa criatividade!

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Associando o “pão” com o “café”: podemos imaginar que o pão viessecaminhando pela rua dançando, cantando aquela música “Minha Brasíliaamarela...” e, de repente, pisa nos grãos de café, escorrega e leva um grandetombo. Quando você tiver essa representação registrada, com intensidade, istoé, com uma certa emoção ou excitação, estará pronto(a) para a segundavinculação.

Associação de “café” com “tomate”: a forte chuva de grãos de café come-ça a cair em cima da barriga do tomate, o qual está tentando fazer os abdo-minais, e ele se encolhe, protegendo a barriga com as mãos e gritando “ai, ai,ai”, ou talvez caia sobre a salada!

Agora é a sua vez. Crie fantasias detalhadas para os outros itens da tabelausando as sugestões baseadas nos exemplos que acabamos de descrever, depoisfaça também as associações. Se você não gostou das imagens sugeridas nos exem-plos anteriores, crie a sua própria para as três primeiras palavras também.

Então feche o livro e escreva a lista em uma folha de papel, como da pri-meira vez que você fez o exercício e avalie o potencial de sua memória.

Você pode estar imaginando que é uma grande bobagem ficar memori-zando listas de palavras. E temos que concordar com você, exceto em casosmuito particulares em que elas nos podem ser úteis. Porém, aquilo que descre-vemos acima são apenas os rudimentos básicos de treinamento da imaginaçãopara demonstrar que a boa memória depende de estratégia. Assim como é possí-vel utilizar o processo descrito muito rapidamente quando estiver treinado, essesprocedimentos simples fazem parte de técnicas bem mais sofisticadas e úteis dememorização de informações verdadeiramente relevantes.

Portanto, caso você conclua que possui um grande potencial de memó-ria, resta-lhe apenas desenvolver as técnicas e aprimorá-las para o que neces-sitar ou desejar. Além disso, mesmo nesse caso simples, você estará exercitandoas suas habilidades de fantasiar conscientemente, e não apenas nos devaneiosespontâneos. Dessa forma, você poderá aprender a utilizar a visualização nãosomente nas técnicas de memorização nas quais elas são muito importantes,mas também na preparação de sua flexibilidade mental para o desenvolvimen-to de sua criatividade e de sua habilidade de ilustração, tão valiosas no pro-cesso associativo e criativo propiciado pelo uso dos mapas mentais.

Compreensão lógica da informação

Agora vamos apresentar mais uma habilidade que pode ajudar muito namemorização: a compreensão da lógica utilizada para recuperar ou reconstruir

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uma informação. Quando lidamos com informações cuja lógica de constru-ção não conseguimos descobrir, normalmente temos mais dificuldade paracompreendê-la e, conseqüentemente, é mais difícil memorizá-la. Para que vocêcompreenda melhor, vamos descrever uma brincadeira ou exercício.

Suponha que estejamos em um grupo de dez pessoas no qual um dosparticipantes, o Arnaldo, será o coordenador da brincadeira; assim ele co-meça expondo o contexto.

Vamos imaginar que o nosso governo tenha conseguido fabricar seu pri-meiro ônibus espacial e, para a viagem inaugural, está convidando dez pessoasque poderão conhecer a Lua. Ele me escolheu para ser o líder e eu poderei de-cidir quem vai participar dessa viagem, e o que esses convidados poderão levarconsigo na viagem. Bom, eu já escolhi as pessoas, são vocês, agora preciso sabero que cada um gostaria de levar, e decidirei se poderão ou não levar aquiloem que estão pensando. Vou chamar cada um pelo nome e vocês dizem algoque gostariam de levar, então eu digo se podem ou não.

Para iniciar, vou dizer o que eu mesmo decido levar: vou levar uma arara.

Nome: Vai levar: Resposta do Arnaldo:Júlia Cobertor Júlia, você não pode levar um cobertor.Décio Biscoitos Décio, você não pode levar biscoitos.Lucas Lanterna Lucas, você pode levar uma lanterna.Maria Raquete Maria, você não pode levar uma raquete.Vera Vela Vera, você pode levar uma vela.Sofia Sabonete Sofia, você pode levar sabonete.Carlos Cobertor Carlos, você pode levar um cobertor.

Nesse momento a Júlia protesta, pois não lhe foi permitido levar o co-bertor, mas o Carlos pode levar. Então o Arnaldo diz: “Sim, é isso mesmo, oCarlos pode levar um cobertor”. E continua a brincadeira:

Eduardo Fósforos Eduardo, você não pode levar fósforos.Felipe Faca Felipe, você pode levar uma faca.

A essa altura, algumas pessoas conseguem compreender a lógica da brin-cadeira, então a Júlia diz: “Eu vou levar então uma jaca!” E ela agora é au-torizada a levar uma jaca. A Maria também entende o “espírito da brincadeira”e troca seu objeto: “Pretendo então levar uma maçã”, obtendo assim suapermissão.

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Assim todos que entenderam a lógica que envolvia a brincadeira conse-guiram participar da viagem imaginária, pois a lógica estava em apenas levarum objeto cujo nome começasse com a mesma letra do nome da pessoa:Júlia ➯ Jaca, Maria ➯ Maçã, Lucas ➯ Lanterna, Arnaldo ➯ Arara, Vera ➯Vela, Sofia ➯ Sabonete, Carlos ➯ Cobertor. Compreendendo a lógica ficamuito mais fácil, não é mesmo?

Isso foi apenas uma brincadeira. Então, como aprender se divertindo émuito mais gostoso, agora vamos propor outra brincadeira para você ex-perimentar. Olhe durante 1 minuto para as letras e os símbolos que estão asua frente, depois feche o livro, pegue papel e caneta, e tente montar pala-vras utilizando-se apenas dos símbolos no lugar das letras. Não vale maisutilizar as letras.

Lembre-se, o exercício proposto é montar palavras apenas com os sím-bolos, como se fosse escrever em código secreto. Feche o livro para evitar atentação de colar.

Exemplo: para escrever a palavra “dia” com os códigos, faríamos assim:

Agora que você já deve ter feito o exercício proposto, provavelmente comalguma dificuldade para se lembrar da equivalência e do desenho de cada sím-bolo, vamos mostrar como o conhecimento da lógica e da organização dasinformações pode facilitar muito na memorização. Veja como, da forma queapresentamos a seguir, fica muito mais fácil memorizar os símbolos com suarespectiva equivalência de significado com a letra:

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Observe que o formato, ou desenho dos símbolos, quando unidos, for-mam uma grade, isto é, o nosso famoso e conhecido “jogo da velha”, no qualas letras estão em ordem alfabética. Fácil, não é mesmo? Caso você tenha gos-tado dessa brincadeira com lógica, então vamos propor mais um desafio.Descubra qual seria a próxima figura à direita da seqüência abaixo, obtendo,assim, a lógica para lembrar-se da seqüência das figuras a seguir:

Podemos utilizar a lógica para melhorar ainda mais nossa memorização.Utilizemos como exemplo aquele exercício que fizemos de visualização e as-sociação das palavras, no qual poderíamos entender a lógica utilizada paramontar a lista ao classificá-las por categorias, como nas seções de um super-mercado ou em um pequeno centro comercial. Veja o mapa resultante napágina 270 da seção de Mapas Mentais, Elaboração.

PÃO CAFÉ TOMATE CADERNOQUEIJO LARANJA LÂMPADA BANANARÉGUA AGULHA UVA SABONETELÁPIS ALGODÃO CEBOLA ENVELOPELEITE BORRACHA SALAME DETERGENTE

Uma outra curiosidade é que, embora saibamos as seqüências dos nú-meros de 1 a 9, dos dias da semana e dos meses do ano, tendo-as na ponta dalíngua na ordem em que as conhecemos, é interessante notar que se nos forsolicitado que os apresentemos em ordem alfabética, provavelmente teremosque processar novamente tais informações a ponto de sermos capazes de res-ponder adequadamente a esse pedido, no qual um novo critério de ordena-ção foi estabelecido. Veja abaixo tais informações organizadas com o novocritério, isto é, em ordem alfabética:

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Técnicas de memorização

Alguns investigadores e estudiosos dos processos mnemônicos (de técni-cas de memorização), observando aquilo que acabamos de apresentar e ain-da outros fenômenos, criaram várias técnicas para memorização. Algumasdelas são um pouco trabalhosas no início, quando se tem pouca prática, masdepois de algum tempo, tornam-se tão rápidas e fáceis de se utilizar que me-morizar informações passa a ser uma grande brincadeira, pura diversão.

A seguir, você tem uma descrição breve de duas dessas técnicas (caso de-seje desenvolver algumas técnicas de memorização ou aprender ainda outrasmais poderosas e eficazes, será útil fazer um curso, consultar alguns livrossobre o assunto ou buscar aqueles indicados na bibliografia). O segredo, comojá mencionamos, é construir previamente um sistema de catalogação e inde-xação dos registros, de modo que possamos evocar os conteúdos quando de-sejarmos, “abrindo as gavetas mentais” nas quais foram armazenados.

Memorização de números

Embora a princípio pareça trabalhoso, é uma técnica bastante eficientee muito utilizada. Depois de memorizar a lista abaixo, você será capaz de uti-lizar a técnica de visualização e a associação de imagens para memorizar qual-quer número que desejar na forma de uma fantasia:

Números de 1 a 9

Cinco

Dois

Nove

Oito

Quatro

Seis

Sete

Três

Um

Dias da semana

Domingo

Quarta-feira

Quinta-feira

Sábado

Segunda-feira

Sexta-feira

Terça-feira

Meses do ano

AbrilAgostoDezembroFevereiroJaneiroJulhoJunhoMaioMarçoNovembroOutubroSetembro

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Com o uso da tabela acima, vamos formar palavras com as letras nelamencionadas. Podemos usar quantas vogais quisermos, pois vogais aqui nãotêm valor. Uma vez criada a palavra, utilize a técnica de criar a fantasia, porexemplo:

No Palavra1 teia01 rato35 mala80 garra44 caqui

Exercício: vamos utilizar essa técnica para memorizar o número960.585.746.994. Podemos juntar quantos números quisermos para formara palavra:

960 = vassoura 58 = lago 57 = lixo 4 = cão 69 = sapo 94 = vaca

Criando as fantasias (imagens mentais) para memorizar, podemos ima-ginar uma vassoura de desenho animado com os cabelos (fios) em chamascorrendo e mergulhando no lago. O lago abre uma boca enorme e a cospe nolixo, que é atacado por um cão. O cão corre atrás do sapo colorido que pulanas costas de uma vaca e saem os dois correndo. Experimente criar essa fan-tasia em sua mente. Amanhã ou depois, caso deseje testar sua memória, res-gate a fantasia e, utilizando-se da tabela anterior, poderá reconstruir o seunúmero. Evidentemente, com o uso freqüente, essa tabela será espontanea-mente memorizada, assim como a tabuada que você deve ou deveria ter me-morizado para facilitar suas contas na escola.

Basta você soltar sua imaginação e verá como ficará fácil gravar núme-ros agora.

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Memorização de palavras difíceis

Como na técnica anterior, para memorizar palavras, basta você utilizara tabela abaixo (ou outra que você construa em ordem alfabética). Você podeusar as palavras desse modelo ou criar a sua própria, usando a palavra quemelhor faz lembrar aquela determinada letra. Por exemplo, quando precisosoletrar uma palavra que contenha a letra “R” para outra pessoa ao telefone,digo “R” de rato, mas você pode usar outra palavra que venha primeiro à suamente para identificar o “R”.

Depois a técnica é a mesma que fizemos com os números acima, utilizan-do a imagem mental.

Exercício: vamos fazer juntos, utilizando a técnica para memorizar apalavra “gnose”.

O primeiro passo é memorizar a tabela das letras do alfabeto, porém isso seráfácil se você criou a sua própria e utilizou as palavras que mais lhe fazem recordara letra, como no exemplo do “r” de rato que mencionamos na tabela anterior.

Depois, separamos letra por letra e utilizamos o seu correspondente databela para criar as imagens mentais.

Uma vez criadas as representações mentais e suas associações, teremos apalavra “gnose” memorizada letra por letra. Quando necessitarmos recupe-rar a informação, basta-nos lembrar da fantasia mental criada previamente.Para isso, toma-se a letra inicial de cada elemento imaginado como letra dapalavra memorizada, respeitando-se a ordem de criação, para reconstruir-mos a palavra original. Veja no exemplo como isso pode ser feito:

G = gato N = navio O = ovo S = sapo E = elefante

Fantasia para memorizar: imagine um gato andando nas duas patas tra-seiras (como algum personagem de desenho animado, como por exemplo, o

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gato Felix ou o gato de botas). Ao caminhar ele tem muito gingado e assobiauma canção. De repente ele dá um salto e pendura-se no casco de um naviogigantesco, como o Titanic, que está pronto para partir soando seu apito eagitando as águas do porto. Então cai do céu um ovo imenso de cor azul,bem em cima do convés do navio, e faz um barulho de rachar a casca, quecomeça a se romper, e eis que sai de dentro do ovo um grande sapo branco,pulando de um lado para o outro e gritando “eu não sei nadar, eu não seinadar”. Com tanto escândalo, sai da cabine de comando do navio, para ave-riguar o que acontece, um elefante roxo, com grandes orelhas de abano ba-lançando livremente ao vento e fazendo muito barulho no chão do navio comsuas enormes patas.

Agora que já temos a representação mental formada, quando necessi-tarmos recuperar a palavra memorizada basta nos lembrarmos de cada ele-mento da fantasia na ordem em que formam a “história”: primeiro o gato (G),depois o navio (N), então o ovo (O), o sapo (S) e, por fim, o elefante (E).

O tempo que levamos para descrever essa associação de imagens mentaisé muito mais longo do que o processo de criar mentalmente, então não seassuste, pratique. Em pouco tempo sua mente estará treinada e você fará suasimagens fantásticas com muita rapidez e criatividade.

Dupla codificação

Durante a utilização dos mapas mentais, utiliza-se como um importanterecurso de memorização aquilo que chamamos de dupla codificação, além dosprocessos cognitivos envolvidos, de ordenação, classificação e síntese, entreoutros, que contribuem para a fixação dos conteúdos. A dupla codificação éa associação de uma ilustração, sempre que possível, às palavras ou conceitosmais importantes. Isso significa trabalhar, o quanto seja viável, tanto com pa-lavras quanto com desenhos, símbolos, sinalizações indicativas e gráficas, alémde figuras que as representem ou ajudem a evocá-las.

Esse recurso é proposto, pois uma lista de informações apreendidas comsuas ilustrações ou símbolos correspondentes é muito mais facilmente memo-rizada do que aquelas que possuem apenas palavras-chave impressas, já que arepresentação visual dá suporte à linguagem verbal, ou seja, o conteúdo éacessado através de dois canais distintos e associados.

Dessa forma, devemos utilizar uma codificação o mais rica e completapossível. Quanto mais redundância na quantidade de informações, mais fácilé memorizá-las, desde que não criem confusão. A codificação que utiliza uma

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quantidade maior de dimensões de expressão enriquece a quantidade de vín-culos de cada informação no processo de registro e na fixação (retenção),estabelecendo mais vias de acesso à informação assim armazenada, facilitan-do a lembrança posteriormente.

Também por essa razão, sugere-se que, além de aprender com o auxíliode mapas mentais, o estudante de qualquer assunto também os construa, in-vestindo tempo na elaboração das ilustrações, já que a atividade motora as-sociada ao processamento de informações cria ainda uma raiz mais profundaem seu sistema nervoso – como já tanto insistimos e ainda vamos enfatizar.

Resumo

Esta rápida vista panorâmica sobre a utilização da memória, além de útilpara as discussões posteriores sobre mapas mentais e aprendizagem, teve aprincipal finalidade de despertar sua curiosidade pelo assunto e motivá-lo(a) abuscar outros conhecimentos sobre as técnicas de memorização mais eficazes.No que diz respeito aos conteúdos de nosso livro, vamos adiante.