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8 INTRODUÇÃO O Trabalho de Conclusão de Curso que ora pensamos em realizar, tem como tema a inserção da História do município de Itiúba no currículo da Escola Municipal Getúlio Vargas do referido município. Acreditamos que conhecer a História de Itiúba é também conhecer a nossa própria história. Lembrar os fatos históricos acontecidos no passado é trazer a memória os feitos de nossos ancestrais, e isso nos ajudarão a entender que é necessário preservar nosso patrimônio cultural. Vivemos em um novo tempo, no qual é cada vez mais imprescindível propiciar a integração dos alunos, corpo docente e comunidade local com os conhecimentos para o exercício pleno da cidadania. Pois consideramos que a verdadeira educação se constrói além dos limites da sala de aula. A lembrança dos feitos dos nossos ancestrais são elementos que ajudam ao fortalecimento do exercício da cidadania, dos alunos, professores e funcionários da escola em estudo, bem como da comunidade local. O reconhecimento da presença de alguns elementos do passado no presente, juntamente com a identificação e a participação de diferentes sujeitos nos acontecimentos, sociais, políticos, econômicos e culturais pode estimular a busca pelo conhecimento sobre a diversidade da história do município. Pensamos que este estudo é importante para a educação no nosso município, porque estamos criando uma oportunidade para desenvolvermos alguns conhecimentos que passam na maioria das vezes por despercebidos, e queremos saber como estes saberes são tratados na escola e nas salas de aula, para que a partir disso possamos sugerir alguma intervenção nas práticas, bem como nos conteúdos que sejam relacionados com as questões históricas e culturais do município, daí o nosso objetivo para este estudo, que é refletir sobre como é que os alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas trabalham a história do município de Itiúba em suas salas de aula.

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Pedagogia Itiúba 2012

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INTRODUÇÃO

O Trabalho de Conclusão de Curso que ora pensamos em realizar, tem

como tema a inserção da História do município de Itiúba no currículo da Escola

Municipal Getúlio Vargas do referido município.

Acreditamos que conhecer a História de Itiúba é também conhecer a

nossa própria história. Lembrar os fatos históricos acontecidos no passado é

trazer a memória os feitos de nossos ancestrais, e isso nos ajudarão a

entender que é necessário preservar nosso patrimônio cultural.

Vivemos em um novo tempo, no qual é cada vez mais imprescindível

propiciar a integração dos alunos, corpo docente e comunidade local com os

conhecimentos para o exercício pleno da cidadania. Pois consideramos que a

verdadeira educação se constrói além dos limites da sala de aula.

A lembrança dos feitos dos nossos ancestrais são elementos que

ajudam ao fortalecimento do exercício da cidadania, dos alunos, professores e

funcionários da escola em estudo, bem como da comunidade local. O

reconhecimento da presença de alguns elementos do passado no presente,

juntamente com a identificação e a participação de diferentes sujeitos nos

acontecimentos, sociais, políticos, econômicos e culturais pode estimular a

busca pelo conhecimento sobre a diversidade da história do município.

Pensamos que este estudo é importante para a educação no nosso

município, porque estamos criando uma oportunidade para desenvolvermos

alguns conhecimentos que passam na maioria das vezes por despercebidos, e

queremos saber como estes saberes são tratados na escola e nas salas de

aula, para que a partir disso possamos sugerir alguma intervenção nas

práticas, bem como nos conteúdos que sejam relacionados com as questões

históricas e culturais do município, daí o nosso objetivo para este estudo, que é

refletir sobre como é que os alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas

trabalham a história do município de Itiúba em suas salas de aula.

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Palavras – chave: História e Currículo. Práticas educativas. História de

Itiúba.

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CAPÍTULO I

1. 1. História e historiografia

A história surgiu com o aparecimento da escrita. Na Grécia antiga a

palavra história, é derivada da denominação indo-europeia widweid, que

significa “ver”. Isto é, aquele que vê, que testemunha. Histórien, por sua vez,

em grego significa procurar, ou se informar a respeito de algo. Para Heródoto

(século V a. C.), primeiro historiador grego, a história é entendida como

testemunho, procura ou investigação. Todavia, a palavra empregada para

designar o saber histórico, a “narrativa”, não conhecia o rigor exigido pela

construção acadêmica, uma vez que a sua função era unir as fábulas e as

lendas aos fatos precisos. Nesse sentido, a história se apresenta como a

glorificação do homem, ou seja, a elevação do homem ao primeiro plano,

transformando-o num herói.

Os romanos receberam dos gregos o vocábulo história e destacam nele

o seu caráter objetivo, e como não poderia deixar de ser naqueles tempos,

para a história são apresentados suas intenções morais e patrióticas.

No período denominado Idade Média, surge uma dimensão filosófica

para história: a chegada do cristianismo, que impõe uma nova visão de mundo,

carregada por valores religiosos. O surgimento do cristianismo também

enriquece a história, uma vez que antes de tal acontecimento, essa, centrava-

se na tradição Greco-romana e depois do cristianismo as contribuições da

cultura dos povos orientais presentes na Bíblia, passam também a fazer parte

da história da humanidade, surgindo assim um novo sistema cronológico de

valor universal. Entretanto, é do século XVI ao século XVIII que nascem as

técnicas modernas de construção do conhecimento histórico.

O conceito de história está ligado ao estudo das experiências e das

ações de personalidades humanas, pois a história está para a humanidade

assim como a memória está para o individuo; a história é a memória coletiva.

Atualmente, a História é vista como a possibilidade de proporcionar reflexões e

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debates sobre a importância de acontecimentos do passado como contribuição

para o entendimento do futuro.

A “História não é memória ancestral ou tradição coletiva. É o que as

pessoas aprenderam de padres, professores, autores de livros de história e

compiladores de artigos para revistas e programas de televisão” (HOBSBAWN,

2005, p. 20)¹. Dessa maneira, a História é considerada como sendo um

conjunto de acontecimentos, fatos e realizações da humanidade que ocorreram

ao longo do tempo. Segundo Abud (1998)² ao longo do tempo, a História se

revelaria como a genealogia das nações, procurando identificar as bases

comuns, formadoras do sentimento de identidade nacional dos povos. Assim,

podemos observar que a História sempre permaneceu unida as manifestações

culturais de um povo e os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) confirmam

essa relação ao observar que

O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é uma história de cultura, na medida em que tudo o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo e reproduzindo cultura. O conceito de cultura é aqui entendido como produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e transcendendo-os (BRASIL, 1997, p. 23).

A História como conhecimento humano, é uma área curricular

importante na formação dos estudantes, e compete aos professores

estimularem e incentivarem o desejo do aluno pela a aquisição desse

conhecimento. Durante muito tempo a história pátria era entendida e

considerada como a base da “pedagogia do cidadão”, seus conteúdos

deveriam enfatizar as tradições de um passado homogêneo, com feitos

gloriosos de célebres personagens históricos nas lutas pela defesa do território

e da unidade nacional.

______________________

¹ HOBSBAWN, E. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. ² ABUD, K. M. “Formação da Alma e do Caráter Nacional: ensino de História na Era Vargas”. Revista Brasileira de História, volume 18, número 36, São Paulo, 1998.

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Em todo o percurso da humanidade, a história tem sido construída como

resultado de conflitos entre as camadas sociais, conflitos esses geralmente

vencidos pela camada dominante, em prejuízo das camadas dominadas. Em

relação a História como componente escolar, o conteúdo lecionado em sala de

aula não pode se fixar, portanto, nem no passado, nem no presente tão

somente. Ele viabiliza-se em processo ou como diria o mesmo “ao longo da

caminhada” (MENEZES; SILVA, s/d, p. 221)³.

Atualmente as propostas curriculares passaram a ser influenciadas pelo

debate entre as diversas tendências historiográficas. Os historiadores movidos

pelas questões ligadas á história social, cultural e do cotidiano, tem sugerido

possibilidades de rever no ensino fundamental o formalismo da abordagem

histórica tradicional como, por exemplo, o acúmulo de diversas informações

acerca de datas e nomes, buscando valorizar mais as origens e culturas

populares.

De acordo com os PCN (BRASIL, 1998), torna-se indispensável que a

escola proporcione aos estudantes, possibilidades para que eles possam

pesquisar e conhecer os valores e manifestações culturais de seus

antepassados, resgatando assim a história de sua comunidade e contribuindo

para a valorização da mesma. Trabalhos nessa linha possibilitam para o

docente, entre outras coisas, reconhecer sua atuação na construção do saber

histórico escolar, na medida em que é ele quem seleciona, avalia e insere a

obra em uma situação didática e tal obra adquire novos significados ao ser

submetida aos novos interlocutores, ou seja, ele e os alunos.

A História estuda o passado do homem através da interpretação de

testemunhos, é importante destacar que a história contribui para explicar a

realidade em que vivemos e nos leva a ver como é fundamental a sua

existência. Karl Marx e Friedrich Engels viam a história como um processo

dinâmico, dialético, no qual cada realidade social traz dentro de si o princípio e

_____________________ ³ MENEZES, L. M. de; SILVA, M. F. S. Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas. p. 221.

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sua própria contradição, o que gera a transformação constante na história.

Entretanto a historiografia marxista ficou limitada ao estudo dos aspectos

econômicos das sociedades do passado e os aspectos culturais ou políticos

eram interpretados como resultantes necessários da estrutura econômica

vigente em determinadas épocas. A realidade não é estática, mas dialética, ou

seja, está em transformação pelas suas contradições internas (BORGES, s/d) 4

.

Como toda forma de conhecimento, a história procura desvendar,

revelar e interpretar relações desconhecidas, não claras e constitui-se como

uma forma de conhecimento pretensamente autônoma e cientifica. Por isso,

pode ser pensada a partir de uma perspectiva epistemológica concebida como

uma reflexão filosófica sobre o conhecimento cientifico.

O pesquisador da História necessita levantar uma quantidade de

vestígios adequados à pesquisa para a reconstituição daquilo que aconteceu

no passado. Os historiadores devem estar atentos as contribuições da teoria

literária de modo a lerem os textos de forma menos reducionista, pois, cada um

desses conceitos merecem ser estudados detalhadamente, a fim de que possa

contribuir para a compreensão do objeto em estudo (LACAPRA, 1992 apud

VASCONCELOS, 2009, p. 156).

De acordo com as professoras Tânia Colodete e Simone da Silva5, a

disciplina História nos livros didáticos, continua contendo informações prontas,

datas precisas, fatos memoráveis, onde o aprendizado se faz através da

memorização de questionários de causas e consequências. As pesquisadoras,

afirmam que os professores precisam quebrar esses paradigmas para que seu

ensino seja proveitoso e que o aluno venha a adquirir uma aprendizagem

satisfatória.

_____________________ 4BORGES, V. P. O que é história. Uma enciclopédia crítica. Editora Brasileira. (Coleção

primeiros passos). 5COLODETE, T; SILVA, S. Instituto de Educação Roberto Silveira. Duque de Caxias. Rio de

Janeiro. Em DVD.

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Helenici Ciampi6 observa que “a história se movimenta porque se não,

não estaríamos aqui. Porque a história caminha lentamente. Porque a

mentalidade, crenças e valores ainda estão irraigadas, então trazer o novo é

meio complicado”. O homem precisa da História para viver em sociedade

interagindo com seus semelhantes, necessita da fala, da escrita e de ouvir. Ao

longo do processo da existência humana, aparecem as lembranças, as

descobertas e surgem novos conhecimentos. Assim é claro, a existência do ser

humano se dar a partir das experiências das coisas e só podem ser realizadas,

tematizadas e lembradas pelo homem por meio de linguagem, da comunicação

da história.

A história, como as outras formas de conhecimento da realidade, está

sempre se constituindo, o conhecimento que ela produz nunca é perfeito ou

acabado. Há inúmeras discussões entre os vários especialistas sobre o que é

essencialmente história. A história como forma de explicação, nasce unida à

filosofia, é vista como mestra da vida, levando os homens a compreenderem o

seu destino. Ela continua tendo uma visão do tempo linear, cujo

desenvolvimento é conduzido segundo um plano da providência, da

providência divina.

A história mostra que os homens, para sobreviverem, precisam

transformar a natureza, o mundo em que vive. Fazendo não isoladamente, mas

em conjunto, agindo em sociedade, estabelecendo relações que não

dependem diretamente de sua vontade, mas do mundo que precisam

transformar. A história é apresentada como um processo de desenvolvimento

contínuo, desde a pré-história. Percebe-se que a partir da segunda metade

deste século, a história que ficou escrita é sempre marcada pela visão, pelos

desejos e interesses da chamada classe dominante. Para os pesquisadores a

história está em desenvolvimento constante. Desde as primeiras investigações,

até o uso do computador, as formas de registrar os fatos históricos e de utilizar

suas fontes vêm tendo um contínuo aperfeiçoamento.

_____________________________

6CIAMPI, H. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo. Em DVD.

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A história é uma construção do próprio historiador que se impõe. É ele

quem escolhe seu objetivo, escolhe como vai trabalhá-lo, expô-lo. Também não

se pensa mais a história dos homens como sendo algo absoluto ou como um

objetivo que está pronto nos arquivos, sendo somente necessário ir lá buscar

seus dados para se reconstituir um fato histórico.

A história se faz com documentos e fontes, com ideias e imaginação das

pessoas, ela hoje em dia, pode ser destacada como o estudo do passado da

humanidade e sua função desde o inicio, foi a de fornecer a sociedade uma

explicação sobre ela mesma. A história procura especificamente ver as

transformações pelas quais passaram as sociedades humanas.

O tempo é a dimensão da análise da história. O tempo histórico através

do qual se analisam os acontecimentos não corresponde ao tempo cronológico

que a sociedade vive. O historiador que a escreve se ocupa especificamente

de uma determinada realidade concreta, situada no tempo e no espaço, pois o

homem é um ser finito, temporal e histórico.

Ele tem consciência de sua historicidade, isto é, de seu caráter histórico.

O homem vive em um determinado período de tempo, em um espaço físico

concreto. Tudo o que se relaciona com o homem tem sua história para

descobri-lo, o historiador vai perguntando: O quê? Quando? Onde? Como? Por

quê? Para quê?

A história, tal qual é ensinada deve acima de tudo transmitir um saber

científico que representa uma espécie de “cultura histórica”. As transformações

da sociedade contemporânea bem como as novas perspectivas

historiográficas, como as relações entre história e memória, têm estimulado o

debate sobre a necessidade de novos conteúdos e novos métodos de ensino

de história.

(...) o ensino de História pode favorecer a formação do estudante como cidadão, para que assuma formas de participação social, política e atitudes críticas diante da realidade atual, aprendendo a discernir os limites e as possibilidades de sua atuação, na

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permanência ou na transformação da realidade histórica na qual se insere (BRASIL, 1998, p. 36).

A história é uma compreensão dos atos humanos no passado uma

tomada de consciência da condição humana, uma apreciação de como os

problemas humanos vão mudando no transcorrer do tempo e uma percepção

de como homens, mulheres e crianças viviam e respondiam aos sucessos do

passado. A história busca compreender o gênero humano. O historiador não

necessita estabelecer um ponto de partida absoluto. O acesso ao passado

pode se realizar a partir de qualquer ponto e lugar. A história não tem um

princípio particular no tempo e espaço, nem um fim particular.

Ligada a busca de entender o que é História, encontra-se a

Historiografia. Para diversos autores, Historiografia é o conjunto de estudos

críticos acerca da história e que engloba as principais tendências dos

historiadores, suas teorias e métodos, assim como as obras produzidas sobre

determinado período da história de um país ou região.

O que é historiografia? Nada mais que a história do discurso — um discurso escrito e que se afirma verdadeiro — que os homens têm sustentado sobre o seu passado. É que a historiografia é o melhor testemunho que podemos ter sobre as culturas desaparecidas, inclusive sobre a nossa — supondo que ela ainda existe e que a semiamnésia de que parece ferida não é reveladora da morte. Nunca uma sociedade se revela tão bem como quando projeta para trás de

si a sua própria imagem (CARBONELL, 1987, s/p.)7.

Diversos outros autores têm refletido em relação ao que se constitui a

Historiografia e Rüsen (1996, p. 13)8 afirma que:

Historiografia é uma maneira específica de manifestar a consciência histórica. Ela geralmente apresenta o passado na forma de uma ordem cronológica de eventos que são apresentados como “factuais”, ou seja, como uma qualidade especial de experiência. Para propósitos comparativos, é importante saber como essa relação aos assim chamados fatos do passado é organizada e apresentada.

_____________________ 7CARBONELL, C. O. Historiografia. Trad. Pedro Jordão. Lisboa: Teorema, 1987, s/p.

8RÜSEN, J. Some Theoretical Approaches to Intercultural Comparative Historiography.

History & Theory, v. 35, n. 4, p. 5-22, 1996.

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Uma outra característica da historiografia é sua forma lingüística. Ela é apresentada em verso ou em prosa? O que esses dois modos de apresentação de escrita indicam? É essa distinção a mesma através das fronteiras culturais?

Para White (1987 apud VASCONCELOS, 2009, p. 156) a historiografia

encontra-se atrelada a modos antiquados de representação e devem abrir-se

as tendências contemporâneas, tanto a arte quanto na ciência, para recorrer à

historiografia deve assumir seu caráter narrativo, por isso é o que dá

especificidade ao conhecimento histórico. Em sentido escrito, o processo é

objetivo real de desenvolvimento da sociedade humana como um todo ou de

povos e nações. Segundo Orr (1986 apud VASCONCELOS, 2009, p. 156), a

historiografia, com o passar do tempo, torna-se valorizada em função de suas

qualidades literárias. De acordo com Freitas (1998, p. 9) “(...) Talvez a

historiografia esteja fadada a ser sempre uma parte da história das ideias (e

vice-versa) uma vez que sua ocupação com o registro está impregnada das

impressões (fantasmagóricas ou não) do “não registrado””.

Ciente de que historiografia tem uma história, o historiador Horst Walter

Blanke, se propõe a elaborar uma tipologia de modo que mostre da história

uma simples coleção que é encontrada e que produzam práticas cientificas

preocupado tanto em afirmar quanto em negar os princípios ideológicos dos

trabalhos selecionados. Em busca de uma compreensão do alcance e dos

limites da reflexão acerca da historiografia, o autor traz também uma instigante

análise de um projeto desenvolvido entre os fins da década de 1980 e fins de

1990, em Bielefeld, Alemanha cujo objetivo foi analisar a historiografia europeia

da época Moderna e assim realizar uma história da história. De acordo com

Fico e Polito (1992, s/p.) 9

entendemos por

(...) historiografia, não só a análise da produção do conhecimento histórico e das condições desta produção, mas, igualmente, o estudo de suas condições de reprodução, circulação, consumo e crítica. O momento da produção do conhecimento, portanto, não se confunde com o de sua disseminação social, ainda que sejam evidentes as possibilidades de ambos se relacionarem.

____________________ 9FICO, C.; POLITO, R. A história no Brasil; elementos para uma avaliação historiográfica.

Ouro Preto: UFOP, 1992. v. 1.

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Para o professor trabalhar de modo significativo com a História em sala

de aula, é necessário que este disponha de um currículo organizado, que dê

oportunidade de desenvolver uma prática educativa adequada a realidade dos

alunos.

1. 2. Currículo e práticas educativas

Segundo Araújo (2007, p. 33)10

em linhas gerais, um currículo é “um

plano pedagógico e institucional que orienta a aprendizagem dos alunos de

forma sistemática. No sentido tradicional, o currículo é compreendido como

“grade curricular”, “conteúdos de ensino” ou “conjunto de disciplinas””.

O Currículo é entendido como o conjunto de situações e experiências

propiciadas aos alunos pela escola, tendo em vista a necessidade de se

conseguir alcançar os principais objetivos da educação, como a construção e a

partilha do conhecimento entre professores e alunos. A palavra currículo

associa-se a diferentes concepções, que resultam dos diversos modos de

como a educação é concebida historicamente, bem como das influências

teóricas que a afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento. Cabe

destacar que a palavra currículo tem sido utilizada para indicar efeitos

alcançados na escola, que não estão explícitos nos planos e nas propostas,

não sendo sempre, por isso, claramente percebidos pela comunidade escolar.

De modo geral o currículo está ligado às práticas educativas. De acordo com

Moreira (2008, p. 5 e 6),

Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

As indagações sobre currículo presentes nas escolas e na teoria

pedagógica mostram um primeiro significado: a consciência de que os

currículos não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos. São uma

____________________ 10

ARAÚJO, D. Noção de competência e organização curricular. Revista Baiana de Saúde Pública. v. 31, Supl.1, p.32-43 jun. 2007.

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construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidas em contextos

concretos e em dinâmicas sociais, políticas, culturais, intelectuais e

pedagógicas. As indagações revelam que há entendimento de que os

currículos são orientados pela dinâmica da sociedade (MOREIRA, 2008).

Para examinarmos possíveis respostas a essas perguntas, talvez seja

necessário esclarecer o que entendemos pela palavra currículo, tão familiar a

todos que trabalham nas escolas e nos sistemas educacionais. Por causa

dessa familiaridade, talvez não dediquemos muito tempo para refletir sobre o

sentido do termo, bastante frequente em conversas nas escolas, palestras,

textos acadêmicos, noticias em jornais, discursos de autoridades e propostas

curriculares oficiais.

Pode-se afirmar que é por intermédio do currículo que as ações e

práticas pedagógicas se concretizam nas escolas. É no currículo que se

sistematizam os esforços pedagógicos dos profissionais de educação. O

currículo é, em outras palavras, a essência da escola, o espaço central em que

todos atuam, o que nos torna, nos diferentes níveis do processo educacional,

responsáveis por sua elaboração. Assim o papel do educador no processo

curricular é fundamental. Daí a necessidade de constantes discussões e

reflexões, na escola, sobre o currículo, tanto o currículo formalmente planejado

e desenvolvido quanto ao currículo oculto. Portanto, daí a obrigação, do

professor como profissional da educação, de participar criticamente e

criativamente na elaboração de currículos mais atraentes, mais democráticos e

mais fecundos.

Atualmente o currículo não é mais percebido, meramente, como sendo a

relação e distribuição das disciplinas com a sua respectiva carga horária. Ele

não se constitui apenas por uma seriação de estudos, chamada de base

curricular para um determinado curso, ou uma listagem de conhecimentos e

conteúdos das diferentes disciplinas para serem ensinados de forma

sistemática, na sala de aula. O currículo não deve ser concebido apenas como

uma relação de conteúdos ou conhecimentos delimitados ou isolados,

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20

estabelecendo tópicos estanques, numa relação “fechada”, sem uma

integração envolvente e ampla com todas as dimensões do conhecimento.

Para Coll (1998)11

, a primeira função do currículo consiste em explicitar

o projeto — as intenções e o plano de ação — que norteia as atividades

educativas escolares. Segundo esse autor, o currículo deve proporcionar

informações sobre o que ensinar (conteúdos e objetivos), sobre quando ensinar

(ordenação e sequência dos conteúdos e objetivos), e sobre como ensinar

(modo de estruturar atividades, a fim de alcançar os objetivos estabelecidos em

relação a conteúdos selecionados). O currículo também se propõe a apresentar

informações sobre o que, quando e como avaliar.

Currículo não é, simplesmente, um plano padronizado, onde estão

relacionados alguns princípios e normas para o funcionamento da escola, como

se fosse um manual de instruções para se poder acionar uma máquina. O

currículo escolar não se delimita em relacionar matérias, cargas horárias ou

outras normas relativas a vida escolar que um aluno deve cumprir na escola,

não é algo restrito somente ao âmbito da escola ou da sala de aula.

O termo currículo dá a ideia de um caminho percorrido durante uma

vida, ou que se vai percorrer. Daí tem a expressão “Curriculum Vitae”. Deste

modo o currículo é algo abrangente e dinâmico. Ele é entendido numa

dimensão profunda e real que envolve todas as situações circunstanciais da

vida escolar e social do aluno. Pode-se dizer que é a escola em ação, isto é, a

vida do aluno e de todos os que sobre ele possam ter determinada influência. É

o interagir de tudo e de todos que interferem no processo educacional da

pessoa do aluno. O currículo se refere a todas as situações que o aluno vive

dentro e fora da escola. Por isso, o mesmo não se limita a questões ou

problemas que só se relacionam ao âmbito da escola.

O currículo não se restringe às paredes da escola e não surge dentro da

escola. Nasce fora dela. Seu primeiro passo é dado fora da escola, para poder

____________________ 11

COLL, C. Psicologia e currículo. Trad. Claudia Schilling. 3ª. ed. São Paulo: Ática, 1998.

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entrar nela. Esse procedimento se justifica por que o currículo constituído por

todos os atos da vida de uma pessoa: do passado, do presente e tendo, ainda,

uma perspectiva de futuro. O currículo é um currículo da vida de uma pessoa, e

a vida do aluno não está enclausurada dentro de uma escola ou de uma sala

de aula. Pode-se também dizer que o currículo deve ser a organização da vida

que o aluno vive fora e dentro da escola, sendo, com isso a estruturação de

toda a ação desencadeada na escola para organizar e desenvolver o

“Curriculum Vitae”, do aluno.

É necessário dá ao currículo um sentido bem mais amplo do que ser

apenas a relação dos conteúdos e das disciplinas ensinadas na escola, ou

seja, o currículo é o conjunto de todas as experiências e atividades realizadas e

vividas pelos estudantes sob a orientação da escola, tendo em vista os

objetivos visados pela mesma. O plano curricular é de fundamental importância

para a escola e para o aluno. Ele é a expressão viva e real da filosofia da

educação seguida pela escola, além disso, ele é a própria filosofia de ação da

escola, como um todo unificado. Não se pode nem supor uma escola sem uma

filosofia claramente definida, devendo esta estar expressa no currículo da

escola.

Portanto, Currículo são todos os esforços direcionados para dinamizar a

ação educativa, num ambiente educativo. Esses esforços correspondem a

todas as tentativas da sociedade, da família, da escola e dos alunos, para

desencadear o desenvolvimento total e pleno da pessoa humana. São as

disciplinas, os acontecimentos, os conteúdos as experiências os fatos sociais,

políticos, religiosos, econômicos, as tradições, os valores planejados e

sistematizados, o grupo social, educacional e a estrutura para promover a

educação. O currículo é o que o educando viveu e vive, percebe e sente

durante o seu processo de crescimento. É a força que transforma a realidade

escolar em vida escolar.

É a experiência de vida que o educando realiza para atingir a sua auto-

realização. O currículo escolar deve conter e manifestar os seus elementos

chaves, com toda exatidão e clareza, pois, se isto não ocorrer, o currículo será

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fadado ao fracasso total. O currículo, como um guia para o educador e para o

educando, deverá representar o patrimônio social, que é formado por todos os

conhecimentos, pelos grandes ideais e aspirações da humanidade, pelas

descobertas cientificas e tecnológicas, pelas artes e por todas as instituições

sociais, enfim, por tudo aquilo que constitui a herança cultural do homem.

A escola deve, por meio do currículo, ajudar o educando a refletir sobre

os grandes ideais da humanidade, representados pela cultura e pela

civilização, e a partir dessa reflexão, interpretá-los e recriá-los para o viver

presente. O currículo, para ser um verdadeiro guia na transformação da cultura

e do saber, para que possa estabelecer uma relação entre a herança cultural e

o viver presente futuro, deverá expressar e definir quais os objetivos a serem

alcançados a longo, médio e curto prazo, sempre em relação ao

desenvolvimento do individuo. Como pessoa humana deve representar uma

sequência de conhecimentos significativos para a vida presente,

desenvolvendo habilidades, fornecendo princípios e diretrizes que possam ser

úteis a vida futura do individuo. Deve relacionar, de forma gradual, todas as

experiências que possam ser desencadeadas e promovidas no ambiente

escolar. Deve, ainda, evidenciar todas as oportunidades de integração e

correlação dos conhecimentos, para que o educando possa promover a

aplicação do aprendido na vida prática.

Em meados da década de 1980, em vários estados brasileiros, foram

organizadas reestruturações curriculares. Esse momento foi marcado por

discussões e debates em torno do ensino da história, as quais giravam,

principalmente, sobre as metodologias de ensino. O grande marco dessas

reformulações concentrou-se na perspectiva de recolocar professores e alunos

como sujeitos da história e da produção do conhecimento histórico enfrentando

a forma tradicional de ensino trabalhada na maioria das escolas brasileiras, a

qual era centrada na figura do professor como transmissor e na do aluno como

receptor passivo do conhecimento histórico.

Assim a década de 1980 foi marcada pelos debates sobre a retomada

da disciplina história como espaço para um ensino crítico, centrado em

Page 16: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

23

discussões sobre temáticas relacionadas com o cotidiano do aluno, seu

trabalho e sua historicidade. O objetivo era recuperar o aluno como sujeito

produtor da história, e não como mero espectador de uma história já

determinada. Ao mesmo tempo a necessidade de adequação de currículos ao

mundo contemporâneo, surgiu também, a defesa de uma referência curricular

global para todos os estados brasileiros a partir da Lei Federal nº. 9.394, de 20

de Dezembro de 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

A escola, através do seu plano curricular, tem a missão de transmitir as

novas gerações todo o patrimônio cultural da humanidade. A escola deve, por

meio do currículo, ajudar o educando a refletir sobre os grandes ideais da

humanidade, representados pela cultura e pela civilização e a partir dessa

reflexão interpretá-los e recriá-los para viver presente.

Com a perspectiva de atender aos desafios postos pelas orientações e

normas vigentes, é preciso olhar de perto a escola, seus sujeitos, suas

complexidades e rotinas e fazer as indagações sobre suas condições

concretas, sua história, seu retorno e sua organização interna. Torna-se

fundamental, com essa discussão permitir que todos os envolvidos se

questionem e busquem novas possibilidades sobre currículo: O que é? Para

que serve? A quem se destina? Como se constrói? Como se implementa? O

processo educativo é complexo, fortemente marcado pelas variáveis

pedagógicas e sociais, entendemos que esse não pode ser analisado fora de

interação entre escola e vida, considerando o desenvolvimento humano, o

conhecimento e a cultura.

Posicionamos a defesa da escola democrática que humaniza e

assegure a aprendizagem. Uma escola que veja o estudante em seu

desenvolvimento integral. Criança, adolescente e jovem em crescimento

biopsicossocial; que considere seus interesses e de seus pais, suas

necessidades, potencialidades e conhecimentos culturais. Devemos construir

um projeto social que não somente ofereça informações, mas que, de fato

construa conhecimentos, elabore conceitos a todos para o aprendizado, pois os

seres humanos vão a escola com vários objetivos, mas a existência da escola

Page 17: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

24

cumpre um objetivo muito importante, garantir a continuidade da espécie,

socializando novas gerações e invenções resultando no desenvolvimento

cultural da humanidade. O adulto tem um papel importante culturalmente

determinado, garantindo sua continuidade.

Um currículo para a formação humana introduz sempre novos

conhecimentos, não se limita aos conhecimentos relacionados as vivências do

aluno, as realidades regionais, ou com base no conhecimento do cotidiano.

Como a diversidade é hoje recebida na escola, há a demanda, óbvia por um

currículo que atenda a todo tipo de diversidade.

O ser humano aprende somente as formas de ação que existiram em

seu meio, assim como ele aprende somente a língua ou as línguas que ai

forem faladas. Isto significa que a cultura é constituída dos processos de

desenvolvimento e de aprendizagem. A criança se constitui enquanto membro

do grupo por meio de formação de sua identidade cultural, que possibilita a

convivência e sua permanência no grupo. A aprendizagem é um processo

múltiplo, isto é, a criança utiliza estratégias diversas para aprender, com

variações de acordo com o período de desenvolvimento. O aluno constitui

conhecimentos por meio de estratégias especificas que se modificam, inclusive

em função dos conteúdos aprendidos.

Não é qualquer proposta ou qualquer interação em sala de aula,

portanto, que promove a aprendizagem. Toda atividade que se pretende

realizar com a criança precisa ter uma intenção clara e objetiva.

Toda criança se desenvolve indo ou não á escola. O que é do domínio

do desenvolvimento humano não deixa de acontecer se a criança não for a

escola, ou se ela for se encontrar em uma situação de não aprendizagem. Para

promover o desenvolvimento humano, a escola deveria partir do que a criança

desenvolve por si mesma e propor novas aprendizagens que façam uso destas

manifestações da função simbólica. Portanto aprender é uma atividade

complexa que exige do ser humano procedimentos diferenciados segundo a

natureza do conhecimento.

Page 18: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

25

Atualmente diversos grupos de educadores e educadoras de escolas de

todo o país, vêm expressando inquietações sobre o que ensinar e aprender,

sobre que práticas educativas privilegiarem nas escolas, nos congressos e nos

dias de estudo e planejamento. A reflexão sobre o currículo e as práticas

educativas está instalada como tema central nos Projetos Políticos

Pedagógicos (PPP) das escolas e nas propostas dos sistemas de ensino.

As indagações relevam que há atendimento de que os currículos são

orientados pela dinâmica da sociedade. Este conjunto de indagações toca em

preocupações que ocupam os profissionais da educação básica: qual o papel

da docência, da pedagogia e da escola? Que concepções de sociedade, de

escola, de educação, de conhecimento, de cultura, e de currículo orientarão a

escolha das práticas educativas?

É importante alertar para a diferença entre um currículo que parte do

cotidiano e aí se esgota a um currículo que engloba em si mesmo não apenas

a aplicabilidade do conhecimento a realidade cotidiana vivida por cada grupo

social, mas entende que conhecimento formal traz dimensões ao

desenvolvimento humano além do “uso prático”.

No senso comum, o distanciamento entre a teoria e a prática é

analisado como originário das ações e ocupações das pessoas em seus

labores: ou seja, os teóricos fazem a teoria e os práticos, a prática em seus

contextos laborais. Assim, na educação, a teoria seria aquela produzida em

universidades, nas agências de pesquisas ou nos centros de formação de

professores. Já a prática da educação estaria sendo desenvolvida nos centros

escolares não universitários, pelos professores ali estabelecidos.

Outra análise limitada que costuma ocorrer é a redução das relações e

desencontros entre dois tipos de agentes, os teóricos e os práticos, no contexto

restrito as suas ações liberais. Ou seja, no sistema educativo deve-se

considerar um contexto mais amplo, com outros setores e agentes sociais que,

a margem das decisões “transportam ideias á prática”. A prática não deve ser

Page 19: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

26

considerada somente um fazer técnico ou instrumental dos profissionais em

educação, possuindo sentidos e significações que podem ser compreendidos

por outras pessoas distintas dos professores, baseando-se em seus

ajustamentos na história, na tradição e na ideologia.

Nas análises de currículo, prática pedagógica e avaliação, em nossas

escolas, percebe-se uma aplicabilidade de sua proposta. Ou seja, quando

analisamos sobre os conteúdos serem interdisciplinares (politécnicos),

fragmentários; quando abordamos a necessidade de união entre teoria e

prática enquanto metodologia; e, ainda a democracia enquanto gestão, nós nos

damos conta da pedagogia problematizadora de Paulo Freire (LIMA, 2001)¹².

Assim podemos entender o Currículo como sendo um conjunto de todas

as experiências de conhecimentos proporcionados aos estudos que está

dentro e no centro de atividades educacionais. Diante disso podemos refletir:

Será que a escola e os currículos têm realmente cumprido a tarefa de

incorporação de grupos e culturas diversas ao suposto núcleo cultural comum

de uma nação? Educar é, nessa perspectiva, basicamente um processo de

incorporação cultural. As discussões sobre currículo só ganham o centro das

atenções quando sugere alguma proposta de introdução de uma nova

disciplina. Assim, o currículo, é tomado como algo acabado e indiscutível.

_______________________ 12

LIMA, L. M. A ação educativa dos professores de educação física: teoria e prática, 2001. (Revista pensar a prática). Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index. php/fef/article/view/76/2672>. Acesso em: 4 dez 2011.

Page 20: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

27

1. 3. História de Itiúba

Aqui destacaremos alguns aspectos da História de Itiúba, baseados

principalmente na obra do escritor itiubense, o senhor Robério Azerêdo,

historiador e autor do livro “Itiúba e os roteiros do Padre Severo”, obra esta

editada no ano de 1987, como também buscamos outras informações em sites

da Internet dedicados a História do nosso município.

A região onde atualmente se localiza o município de Itiúba era

primitivamente habitada pelos índios cariacás. O povoamento do território,

integrante da sesmaria de Garcia D’Ávila, iniciou-se no final do século XVII por

pioneiros procedentes de Inhambupe, Alagoinhas e Cachoeira. Formou-se a

povoação de “São Gonçalo do Amarante da Serra de Itiúba”. Transformada

depois em julgado, foi anexada a Senhor do Bonfim da Tapera, em 1697. Em

1868, elevou-se o julgado de São Gonçalo do Amarante da Serra de Itiúba à

freguesia, subordinada ao município de Vila Nova da Rainha, atual Senhor do

Bonfim.

Em 1884, a freguesia foi anexada ao recém criado município de Vila

Bela de Santo Antonio das Queimadas. Em 1860, outro núcleo populacional

surgia na fazenda Salgada, originando a atual cidade de Itiúba. Para esse novo

local, foram transferidos os elementos administrativos, judiciários e religiosos,

de São Gonçalo do Amarante da Serra de Itiúba.

O povoado recebeu a denominação de Itiúba, em 1882. Criou-se a

freguesia, em 1884. O topônimo é adoção do nome da serra, localizada a 6

quilômetros da Cidade. Segundo historiadores é uma corruptela do vocábulo

tupi “tu-yba”, que significa “abelha dourada”. Os nativos de Itiúba são

chamados itiubenses.

Itiúba foi elevado à categoria de município, através do decreto nº 9.322,

de 17 de janeiro de 1935, desmembrado-se do município de Queimadas.

Page 21: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

28

É muito importante conhecermos a história do nosso país, estado e

principalmente do nosso município, suas origens, seus povos e culturas. Dentre

os principais objetivos indicados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais

(BRASIL, 1998, p. 7) para o ensino fundamental, destaca-se que os alunos

sejam capazes de:

• Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país; • Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;

Partindo desse princípio, acredita-se ser de fundamental importância

realizar esse estudo sobre a História de Itiúba no Currículo Escolar da Escola

Municipal Getúlio Vargas, no qual pretende-se, saber como é que os alunos da

referida instituição de ensino trabalham a história do citado município em suas

aulas.

1. 3. 1 Focos de povoamento

No século XVII, teria sido fundado o primeiro núcleo demográfico de

Itiúba. Indícios de povoamento, começaram a surgir logo depois de ano de

1600. Os documentos primitivos, pertencente ao Arquivo Público do Estado,

escrituras e sesmarias da região, nos trazem registros históricos sobre a

fixação de moradores na assentada da Serra de Itiúba. Os jesuítas, teriam

erguido em 1662, uma capela sendo esta a notícia mais antiga. Anos mais

tarde surgiria a Igreja de São Gonçalo. Os atrativos de um solo fecundo, fontes

de águas nativas e boa madeira de lei teriam atraído os primeiros exploradores

da terra de dadivosa... As primeiras casas foram construídas, currais, cercas e

roças. Logo depois, chegavam àquele sítio as valiosas mudas de cana-de-

açúcar, café e fruteiras. O gado bovino vinha em manadas pela Estrada Real

Page 22: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

29

que coleava o sudoeste de Itiúba, oriundo do litoral da Bahia (...) e depois

abriram uma acidentada estrada, feita em socalcos, autênticos degraus de

penetração que subiam as cordilheiras.

Page 23: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

30

CAPÍTULO II

2.1. A pesquisa

Para a realização deste estudo, foi utilizada a abordagem etnográfica,

como um procedimento. Que atende satisfatoriamente aos nossos propósitos.

Esse tipo de pesquisa objetiva descrever o conjunto de entendimentos e de

conhecimento específico compartilhado entre participantes que orienta seu

comportamento em um contexto específico, ou seja, na cultura de um

determinado grupo.

2.2. Os instrumentos

Realizamos entrevistas com professores, coordenadora pedagógica e

alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas com o objetivo de obter informações

pertinentes ao nosso estudo.

Utilizamos questionário com questões abertas onde o pesquisado teve a

oportunidade de respondê-los em seus lares sem a presença do investigador.

A opção pelo questionário foi feita pela necessidade de levantar dados que

permitissem traçar o perfil dos pesquisados, buscando posteriormente delinear

os sujeitos em seus aspectos educacionais e suas concepções quanto a

importância e a utilização da História de Itiúba no currículo escolar da Escola

Municipal Getúlio Vargas.

2.2.1. As questões da entrevista:

As questões que compõem o questionário se dividem em dois blocos: A

identificação do entrevistado:

1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)

Data:............ de …................................ de ...................... horário: ..............horas

Local: ….................................................................................................................

Page 24: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

31

Nome: …................................................................................................................

Cor.........................................................................................................................

Idade: ….......................ou data de nascimento: …..............................................

Posição no grupo familiar:..................................................................................

Filiação: …......................................... e …...........................................................

Local de nascimento:.............................................................................................

Estado Civil:.........................................................................................................

N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) ….............................

Religião: …........................................................................................................

Escolaridade:........................................................................................................

Ocupação: ….......................................................................................................

Tempo de docência na Educação........................................................................

Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas

Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( )

mais de dois salários mínimos ( )

2° BLOCO: As questões da entrevista

Para a realização da entrevista com os professores, coordenadora

pedagógica e alunos, preparamos cinco questões, todas relacionadas com a

história de Itiúba.

1- Você considera importante trabalhar a história de Itiúba no contexto escolar

da escola Getulio Vargas? Justifique.

2- Em sua opinião os professores deveriam ter um aprofundamento maior

sobre a história de Itiúba? Justifique.

3- Como trabalhar a história de Itiúba de forma dinâmica com os alunos?

4- Existe no PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola Getúlio Vargas uma

proposta de se trabalhar a história de Itiúba?

Page 25: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

32

5- Há uma preocupação por parte dos professores de se trabalhar a história de

Itiúba em sala de aula?

2.3. As fontes de pesquisa

2.3.1. Fontes Orais

As entrevistas foram realizadas com seis professoras, uma

coordenadora pedagógica e três alunos, todos pertencentes a Escola Municipal

Getúlio Vargas.

2.3.1.1. Caracterização dos entrevistados

A partir da identificação das pessoas entrevistadas, elaboramos uma

pequena biografia para cada uma delas.

Professora A

Nasceu em Itiúba, Bahia, casada, concluiu a formação geral no ano de

2003, concluiu o curso de magistério em 2006. Em 1998, prestou concurso

público, e foi aprovada para o cargo de auxiliar de ensino. Começou a lecionar

na 2ª série na Escola Rafael Rosa da Silva no povoado de Cabaças na zona

rural deste município. Atualmente leciona na Escola Municipal Getúlio Vargas,

está concluindo o curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade do

Estado da Bahia-UNEB.

Professora B

Nasceu na cidade de Queimadas, 30 anos, solteira concluiu o curso de

Magistério na cidade de Senhor de Bonfim, fez o concurso na cidade de Itiúba

e passou a exercer a profissão de professora, e estou ensinando os alunos do

1º ano em uma escola pública. Está concluindo o curso de Pedagogia.

Page 26: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

33

Professora C Nasceu na cidade de Itiúba, tem vinte e seis anos de idade, é solteira,

leciona desde o ano de 2006 em escola pública de ensino fundamental, depois

de passar por um concurso público. Concluiu o curso de magistério em 2004,

hoje está concluindo a graduação em Pedagogia pela UNEB.

Professora D

Nasceu na cidade de Itiúba, Tem trinta e três anos, concluiu o curso de

Magistério há seis anos e atualmente trabalha no ensino fundamental. Casada,

e está terminando o curso de Pedagogia.

Professora E

Nasceu em Itiúba, cidade do estado da Bahia. Estudou o primário na

Escola Estadual Belarmino Pinto. Em Caraíba Metais, conclui o curso de

magistério. Prestou concurso público no ano de 1998 e foi aprovada. Começou

a lecionar na escola Bertolino Rodrigues de Souza, no ensino fundamental.

Atualmente leciona na escola municipal Getúlio Vargas, no ensino fundamental.

E está concluindo o curso de Licenciatura em Pedagogia pela Universidade do

Estado da Bahia (UNEB).

Professora F

Nasceu no dia 15 de novembro de 1975 na cidade de Itiúba, casada,

estudou no Colégio Estadual Belarmino Pinto, e concluiu o 2º grau no curso de

Magistério. Passou a lecionar no ano seguinte no ensino fundamental. Foi

aprovada em concurso público, no ano de 1996. Atualmente está terminando o

curso de Pedagogia.

Page 27: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

34

Coordenadora Pedagógica

Valdeni Oliveira Castro, brasileira, casada, nascida na cidade de

Itiúba em 15 de Janeiro de 1962, iniciei os estudos aos 7 anos de idade na

escola isolada, mudando para a escola Goés Calmon, onde conclui a 4ª série.

Prestei exame de seleção e obtive a média suficiente para ingressar na 5ª

série no ginásio Municipal Antonio Simões Valadares no qual conclui o ensino

fundamental. Fui estudar no Colégio Imaculada Conceição de Itiúba me

formando em magistério. Procurei me aperfeiçoar fazendo cursos assim

ingressando na Secretaria de Educação do estado como professora que atuo

até o presente momento. Com o intuito de adquirir mais conhecimento prestei

vestibular e cursei Pedagogia na Faculdade Uniter. Hoje estou com 27 anos de

serviço, porém ainda não me afastei das minhas funções de professora

educadora porque tenho um compromisso com a educação. Considero que ser

professor, é um caso de amor que temos com a educação. Essa é a única

profissão que o profissional em um ser comprometido com o desenvolvimento

social, sendo responsável por estabelecer uma relação de compromisso, afeto

e responsabilidade de todos com a vida em sociedade. Sinto que contribui

com meus alunos e as famílias ao longo desse trajeto, por isso sinto-me

realizada e continuo colaborando com meus colegas de profissão, com a

escola onde trabalho e a comunidade, mesmo próximo a aposentadoria tenho

mantido o meu compromisso em contribuir com a educação de qualidade

para melhorar a vida de todos. Portanto afirmo ter cumprido o meu papel.

Aluno A

Eu, Pedro Eduardo nasci em São Paulo, hoje moro com minha avó

Eulália na Avenida Osvaldo Campos. O nome de meu pai é Pedro de Sousa,

minha mãe é Eloar Batista de Sousa, tenho 10 anos e estou na 4ª série, a

matéria que mais gosto é Português.

Aluno B

Page 28: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

35

Eu, Natiele natural de Itiúba, moradora na fazenda Poção, tenho 10

anos, estudante da 3ª série na escola Getúlio Vargas, filha de Laurentina e

Veraldino, a matéria que mais gosto é matemática, pois me identifico com a

mesma.

Aluno C

Eu, Itamar da Silva Cardoso, idade 9 anos, nasci em 5 de abril de 2003,

curso a 2ª série, nasci na cidade de Juazeiro, hoje moro na Rua do Corte,

casa laranja sem número, meus pais são Ismael e dona Rejane. Tenho um

perfil de aluno muito comprometido na educação.

2.3.2. Carta Cessão

Este documento permite que o material produzido na entrevista possa

ser usado ou exposto pela Instituição, desde que esteja devidamente assinada

pelos depoentes.

CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA UNEB

1- Pelo presente documento.........................................brasileiro (a), (estado

civil)......................(profissão)..............carteira de identidade nº......., emitida

por.................... CPF nº................, residente e domiciliada

em..................................................., Município de Itiúba, Bahia, cede e

transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao

Campus VII da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos

seus direitos patrimoniais de autor sobre o depoimento prestado no dia

.....de ...................... de 2012, perante o

pesquisador.........................................................................

2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções

internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário

originário do depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o

Page 29: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

36

direito ao exercício pleno dos seus direitos morais sobre o referido

depoimento, de sorte que sempre terá seu nome citado por ocasião de

qualquer utilização.

3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia

(UNEB) plenamente autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em

parte, editado ou integral, inclusive cedendo seus direitos a terceiros, Brasil

e/ou no exterior.

Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nossos

interesses, assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e

para um só efeito.

...............[ assinatura da entrevistada ]............

TESTEMUNHAS:

_____________________________________

_____________________________________

2.3.3. Fontes escritas

Como fontes escritas, nós utilizamos informações de sites da Internet e

principalmente do livro Itiúba e os roteiros do padre Severo, de Robério

Azerêdo, historiador itiubense, editado no ano de 1987. Foi realizada uma

pesquisa minuciosa acerca de informações sobre a História de Itiúba, porém o

material já publicado em relação a esse assunto é bastante escasso, não

sendo possível encontrar outros livros além do já citado.

2.4. O local da pesquisa

2.4.1. Escola Municipal Getúlio Vargas

Page 30: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

37

A Escola Municipal Getúlio Vargas, localiza-se no município de Itiúba,

na região do semiárido Baiano, no Território do Sisal, distando cerca de 300 km

de Salvador, a capital do estado. O município possui uma população de

aproximadamente 36.113 habitantes, conforme o censo do IBGE (BRASIL,

2010).

A Escola Municipal Getúlio Vargas foi fundada em 1974, está situada

na Avenida Vereador Osvaldo Campos, possui seis salas de aula, uma

secretaria, dois banheiros para alunos (um masculino e um feminino) e outro

para professores, uma biblioteca e uma quadra esportiva. A área da escola é

de 250m². Atualmente a instituição funciona nos turnos matutino e vespertino e

atende uma clientela diversificada conta com turmas de Alfabetização a 4ª

séries do Ensino Fundamental e um total de 320 alunos matriculados, seis

professores e sete funcionários de apoio. A escola ainda possui direção, vice-

direção e coordenação pedagógica.

Page 31: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

38

CAPITULO III

3.1. A importância de trabalhar a história de Itiúba no contexto da Escola

Municipal Getúlio Vargas

Na primeira questão perguntamos aos professores se eles

consideravam importante trabalhar a história de Itiúba no contexto da escola

em que trabalhavam. De acordo com os entrevistados é muito importante

trabalhar a história de Itiúba no contexto escolar, pois deste modo os alunos

conseguem assimilar os conteúdos abordados, pois eles se interessam em

conhecer sobre a história dos nossos antepassados, como afirma um dos

entrevistados “[...] a história da cidade é também a sua história, a história dos

seus antepassados.” Além de ensinar a ler a sua realidade para interagir e

participar do processo de construção e preservação desta historia, como afirma

o professor 1.

[...] é importante e significativo que os discentes apropriem de forma eficiente de pensar a realidade, sendo testemunha da sua época, tanto no cotidiano como dos acontecimentos que ouve as notícias pelos meios de comunicação (P1).

Entendemos que é muito importante trabalhar os conteúdos escolares

tendo como base a realidade dos alunos, é o que revela um dos entrevistados

em seu relato “[...] quando se trabalha a partir da realidade dos alunos o

aprendizado se torna mais significativo”. (professor P2). Vale ressaltar também

a importância da oralidade como um recurso a ser utilizado em sala de aula,

como expressa uma professora: “[...] o tempo do Padre Severo está no

cotidiano de muitos alunos, descendentes dos moradores do território de

domínio do Padre Severo (P3)”. Esta professora nos diz que a oralidade é

responsável pela transmissão da cultura e das crenças que fazem parte do

viver desta comunidade.

Outros entrevistados em seus relatos deixam claro que o estudo da

História de Itiúba é importante para desenvolver nos alunos habilidades de

compreensão sobre o cotidiano da sua cidade e do seu município, como

Page 32: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

39

destaca uma das entrevistadas: “[...] o aluno amplia a capacidade de observar

o seu entorno para a compreensão de relações sociais e econômicas

existentes no seu próprio tempo e reconheçam a presença de outros tempos

no seu dia-a-dia (P4)”. Outro discurso reforça a importância deste estudo para

o conhecimento da sua identidade “[...] a história da cidade é também a sua

história, a história dos seus antepassados (P5)”.

Para os Parâmetros Curriculares Nacionais, é necessária a formação de

algumas habilidades nos alunos do ensino fundamental, para que estas

habilidades os tornem capazes de:

Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais (BRASIL, 1998, p. 7).

A citação que recortamos dos Parâmetros Curriculares, fundamenta um

dos discursos por nós coletado, em que o professor coloca a cultura local como

algo a ser reconstituído “[...] é importante resgatar a história do nosso povo, a

cultura e seus valores” (P6). Isso nos faz lembrar Munanga (2006, p. 11)

quando trata sobre o conhecimento das culturas como algo importante para a

identificação do povo brasileiro.

[...] Aprender e conhecer sobre o Brasil e sobre o povo brasileiro é aprender a conhecer a história e a cultura de vários povos que aqui se encontraram e contribuíram com suas bagagens e memórias na construção deste país e na produção da identidade brasileira.

A visão da coordenação pedagógica da escola também enxerga a

importância da realização de estudos nessa área, para que os alunos possam

ter como referência a sua localidade a sua cultura e consequentemente a sua

identificação como cidadão daquele lugar. “Sim, o aluno precisa conhecer e

valorizar a história de Itiúba para que a cultura da mesma continue sempre

viva” (CP).

Page 33: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

40

Do mesmo modo os alunos se posicionam favoráveis ao ensino da

historia local, pela necessidade de acompanhar o que acontece, “Sim, porque é

melhor para as pessoas entenderem melhor os acontecimentos” (Aluno A); Por

outro lado, para uns é importante compreender melhor o movimento da sua

localidade, aprendendo mais sobre ela. “Sim, porque estudar e reconhecer a

história de Itiúba é bom” (Aluno B).

Dessa maneira podemos concluir que todos os discursos dos nossos

entrevistados sobre a importância do estudo da história do município, são

unânimes em afirmar que esta atividade pode contribuir para formação da

cidadania, além de tornar as praticas nas salas de aula mais atraentes por se

tratar de algo próximo das vivencias dos alunos.

3.2. Os professores deveriam ter um aprofundamento maior sobre a

história de Itiúba

Perguntamos aos professores o que pensavam sobre a importância de

ter um aprofundamento maior sobre a História de Itiúba, com a finalidade de

realizarem um trabalho mais eficiente com esse tema em sala de aula. Os

nossos entrevistados em sua maioria revelam a vontade de trabalhar este

assunto, porém como detém pouco conhecimento sobre o mesmo, não se

sentem seguros para assim proceder.

Para os professores P1 e P6, a equipe pedagógica poderia estar mais

presente, auxiliando e realizando eventos que tratassem deste assunto para

assim dá suporte ao trabalho: “[...] Deveríamos ter apoio melhor por parte da

equipe pedagógica”. (P6) ou ainda, “[...] deveríamos ter por parte da

coordenação apresentação de seminários encarando como um processo que

admite diferentes enfoques do saber”. (P1) Neste discurso observamos uma

referência à transversalidade – “[...] admite diferentes enfoques do saber [...]”

estes saberes por ela citado referem-se certamente a cultura de Itiúba, e se

encaixam perfeitamente nos conteúdos transversais sugeridos pelos PCNs.

Page 34: Monografia Claudionor Pedagogia Itiúba 2012

41

Em outras respostas os professores afirmam a necessidade de obterem

conhecimento e aprofundamento, uma vez que estes saberes locais estão á

margem do saber oficial das escolas. P2 declara que para poder ensinar bem é

preciso saber do assunto, já o professor P3 em seu discurso salienta que: “[...]

muitas vezes deixamos de trabalhar por falta de aprofundamento sobre a

história de nossa cidade... como surgiu, os primeiros moradores e também a

cultura”.

Ainda tratando sobre a mesma questão, a resposta do professor P4 vem

reforçar as outras contribuições, enfatizando a necessidade de ter maiores

referências para o trabalho em sala de aula, assim como material didático

produzido para esta finalidade: “[...] Muitas vezes os professores não trabalham

a história de Itiúba por falta de conhecimento e material em mãos”. Uma

pequena porcentagem destaca a falta de interesse por parte dos professores

em trabalhar com este conteúdo tão próximo ás vivências de todos. “[...] Muitas

vezes o professor não trabalha a história por falta de conhecimento, e de

interesse em conhecer”.

A coordenação pedagógica da escola reconhece que o aprofundamento

sobre este assunto é importante para os professores, pois os torna mais

seguros sobre a história de Itiúba: “Sim, para seu próprio conhecimento,

ficando assim mais seguro ao transmitir para os educandos” (CP). Para os

alunos os professores podem ter uma atuação mais consistente: e com isso o

aprendizado deles seria bem melhor:

“Sim, para eles fazerem o melhor para escola durante a história” (Aluno A); “Sim, porque nós alunos deveríamos saber mais sobre a história de itiúba é muito importante” (Aluno B); “Sim, porque nós alunos deveríamos aprender mais sobre o nosso município” (Aluno C).

Constatamos, através das respostas dos entrevistados que é necessário

que os docentes tenham um aprofundamento maior com relação à História e a

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cultura do município de Itiúba para que a partir deste conhecimento seja

possível trabalhar melhor em sala de aula com seus alunos.

3.3 A História de Itiúba: um trabalho dinâmico em sala de aula é o desejo

dos professores

Nesta questão, buscamos saber dos professores fontes deste estudo,

sobre como trabalhar a História de Itiúba de forma dinâmica com os alunos em

sala de aula. Alguns colaboradores se referem aos equipamentos como fala o

professor P1: “Trabalhar por meio de slides, fotos fazendo um paralelo do

ontem e do hoje”; ou ainda atividades lúdicas: “Acredito que usando atividades

lúdicas e em que os alunos possam participar ativamente” (P2); como meios de

dinamizar as atividades didáticas em sala.

Estes depoimentos deixam claro que os professores desejam e estão

sempre procurando novos métodos e recursos que possam dinamizar as suas

aulas e que os alunos possam aprender de modo satisfatório; já a professora

P3 declara que trabalha a História de Itiúba de forma dinâmica, utilizando o

livro didático aliado a história oral.

[Trabalho] utilizando os relatos orais da história oral e do livro da História de Itiúba, contextualizando com a Colonização do Brasil e da Bahia, mostrando o domínio dos jesuítas e a influência de Portugal que é trazida na história de Itiúba por sua origem religiosa, e o surgimento do povoado do Adro por dois irmãos portugueses.

Já a professora P4, afirma que trabalha utilizando fontes, “Através das

fontes históricas, orais, iconográficas, documentos, fotografias, mapas, filmes,

depoimentos, objetos cotidiano etc. e passeios”. As demais entrevistadas assim

como P6, colocaram que o trabalho também é desenvolvido “Através de

palestra, seminário, apresentações teatrais, músicas e danças que resgatem a

cultura local (P6); outra dá destaque aos passeios de rua em que os alunos

aprendem que são parte da história: “Poderíamos fazer passeios pelas ruas da

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cidade conhecendo a história das ruas e dos monumentos considerados

históricos (P5).

Para a coordenação pedagógica as atividades podem ser diversificadas,

e o estudo sobre a história e cultura local pode ser trabalhado em sala de aula

“Através de teatros, músicas, paródias, poesias e incluir no currículo da escola,

na disciplina História” (CP). Já os alunos se manifestaram dizendo que o

estudo poderia tomar como metodologia a forma lúdica através de “Vídeos,

brincadeiras, jogos e palestras” (Aluno A); “Através de cartazes, DVD, jogos,

brincadeiras e festas populares” (Aluno B); “Deveria mostrar cartazes, pesquisa

em computador, slides, DVD” (Aluno C).

3.4 História de Itiúba: uma proposta no PPP (Projeto Político Pedagógico)

da escola Getúlio Vargas

Na presente questão, perguntamos para as professoras entrevistadas se

existe no PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola Getúlio Vargas uma

proposta de se trabalhar a história de Itiúba. Assim, obtivemos as seguintes

respostas: “Sim” (P1) e “Não só no PPP, mas também no Plano de ação da

escola” (P2). Como afirmam as professoras, o ensino da História de Itiúba está

previsto nos documentos oficiais da instituição de ensino, porém outras

professoras entrevistadas afirmam que existe a proposta, mas não há

concretização desta ação. “No Projeto tem uma proposta de trabalho, mas falta

concretizar algumas ações” (P3). Em outro depoimento a entrevistada diz que a

proposta fica no papel e consta apenas como documento, “[...] só fica no papel,

engavetado, somente para constar em documentos” (P4).

De acordo com os depoimentos acima, é possível perceber que há uma

leve contradição nas concepções das entrevistadas em relação a esta questão.

Enquanto duas professoras afirmam que existe no PPP e também no Plano de

ação da escola a proposta para inserir a História de Itiúba no currículo da

Escola municipal Getúlio Vargas, a maioria das entrevistadas, afirmam que

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existe essa proposta no PPP, porém fica apenas no papel, pois na maioria das

vezes não são realizadas as propostas, faltando concretizar algumas ações.

3.5 Há uma preocupação por parte dos professores de se trabalhar a

história de Itiúba em sala de aula

Na última questão perguntamos as professoras se havia uma

preocupação por parte das mesmas em trabalhar a história de Itiúba em sala

de aula. A maioria dos depoimentos se assemelha, nem todas as entrevistadas

acreditam que todos tenham esta preocupação como fica claro no discurso da

entrevistada P2.

Acho que alguns professores tentam trabalhar com esse tema em sala de aula, mas existem também professores que obedecem ao currículo com pouca criticidade sem se preocupar com a qualidade do ensino-aprendizagem e ainda existem outros que não estão ai pra nada e nem se quer planejam suas aulas de maneira significativa para os alunos (P2).

Poucas pessoas afirmam que esta atividade acontece, haja vista a fala

da colaboradora P3, quando justifica dizendo que as razões estão no

cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases – LDB, “Porque a História de Itiúba

está ligada a história dos afrodescendentes que necessita de atenção para

atender o que a LDB impõe” (P3). Esta colaboradora se refere ao Art. 26-A. da

Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional que sugere:

Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

Lembramos que este Artigo foi acrescido pela Lei no 10.639, de 9-1-

2003, e com redação dada pela Lei nº 11.645, de 10-3-2008. Em relação a

essa questão ainda podemos citar o § 2° que diz:

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Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.

Outras duas professoras entrevistadas disseram que às vezes há uma

preocupação por parte das mesmas de se trabalhar a história de Itiúba em sala

de aula, mas outras afirmam que somente em alguns momentos é que isto

acontece, “Em alguns momentos, mas não trabalhamos como deveríamos, por

falta de conhecimento” (P6).

Fazendo uma análise dos discursos dos participantes da nossa pesquisa

podemos compreender que há sim uma considerável preocupação por parte

dos professores em trabalhar a história de Itiúba em sala de aula com seus

alunos, estes também demonstram interesse em estudar esse importante tema,

porém existem ainda algumas situações adversas que acabam por

comprometer a concretização de um trabalho que poderia ser satisfatório por

parte do professor e que pudesse contribuir com o aprendizado dos alunos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização desta pesquisa foi motivada por uma inquietação: como é

que os alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas trabalham a história do

município de Itiúba em suas salas de aula? Esse questionamento decorre

do dilema que envolve a importância de trabalhar a memória da nossa história,

a fim de manter viva as tradições e a cultura do nosso município.

A análise feita a partir das entrevistas realizadas com seis professoras, a

coordenadora pedagógica e três alunos da Escola Municipal Getúlio Vargas,

evidenciou que há sim uma considerável preocupação por parte destes em

trabalhar a história de Itiúba em sala de aula, porém existem diversas situações

adversas que acabam por comprometer a concretização de um trabalho

satisfatório que venha contribuir de modo eficaz para a aprendizagem dos

educandos.

Nessa perspectiva, refletir sobre como é que os alunos da Escola

Municipal Getúlio Vargas trabalham a história do município de Itiúba em suas

salas de aula, significou discutir uma história local que não está inserida nos

livros didáticos utilizados nas escolas do município. E, além disto, debater uma

história local no território do Sisal, sobre a importância de se trabalhar com os

fatos históricos e pessoas que tiveram um papel relevante na criação desse

município, e que por isso, precisa ser conhecidos pela sociedade local e

regional.

Portanto, quando a História do município de Itiúba estiver ao alcance

dos nossos alunos, da comunidade escolar e principalmente da população

Itiubense, entende-se que haverá outra maneira de valorizar nossa história, ao

passo em que, através desse trabalho procura-se contribuir com um novo

capítulo para a história desse município, e fornecer subsídios para que outros

pesquisadores interessados neste tema possam ampliar esses estudos,

trazendo novas descobertas.

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REFERÊNCIAS

AZERÊDO, Robério. Itiúba e os roteiros do padre Severo. Goiânia: Unigraf, 1987. 253p.

BRASIL. LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. N.º 9394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.

_________, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: Imprensa Oficial, v.7, 1997. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Acesso em: 25 abr. 2012.

_________,Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. 108 p.

_________, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 acesso em: 25 abr. 2012.

FREITAS, Marcos Cézar de (org.). Historiografia Brasileira em Perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998.

MOREIRA, Antônio Flavio Barbosa. Indagações sobre o currículo: Currículo, conhecimento e cultura, Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. MUNANGA, Kabengele. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006. (Coleção para entender). VASCONCELOS, José Antônio. Fundamentos epistemológicos da história. Curitiba: Editora Ibpex, 2009. (Coleção Metodologia do ensino de história e geografia).

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FONTES ORAIS Professora A- entrevista cedida em 03 de abril de 2012

Professora B- entrevista cedida em 03 de abril de 2012

Professora C- entrevista cedida em 03 de abril de 2012

Professora D- entrevista cedida em 03 de abril 2012

Professora E- entrevista cedida em 03 de abril 2012

Professora F- entrevista cedida em 03 de abril de 2012

Coordenadora pedagógica - entrevista cedida em 03 de abril de 2012

Aluno A- entrevista cedida em 03 de abril de 2012

Aluno B- entrevista cedida em 03 de abril de 2012

Aluno C- entrevista cedida em 03 de abril de 2012

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ANEXOS

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FOTOGRAFIAS DA CIDADE DE ITIÚBA

Fotos: Vista da cidade de Itiúba, Bahia. Fonte: Desconhecida.

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Foto: Vista da cidade de Itiúba, Bahia. Fonte: Desconhecida.

Foto: Vista da cidade de Itiúba, Bahia. Fonte: Desconhecida.

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Foto: Fachada da Escola Municipal Getúlio Vargas (2012) Fonte: Claudionor Rebelo dos Santos e Ivonilton Santos Santana.

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Pátio da Escola Municipal Getúlio Vargas (2012) Fonte: Claudionor Rebelo dos Santos e Ivonilton Santos Santana.

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Equipe de Professores da Escola Municipal Getúlio Vargas (2012) Fonte: Claudionor Rebelo dos Santos e Ivonilton Santos Santana.