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Publicação mensal da S.A. Media Holding . Abril de 2011 . 100 Mt Nº 40 . Ano 04 CRISIS HAPENS THERE AND WE PAY IT HERE EMPRESA PRIME CONSULTING Moçambique faz parte de um triângulo de parcerias DESENVOLVIMENTO A juventude, as TIC e a agricultura ESTUDOS DE MERCADO Análise da caracterização dos consumidores moçambicanos RESENHA JURÍDICA Contrato de Trabalho vs. Contrato de Prestação de Serviços ECONOMIA Estado de Saúde Monetário do País CRISE ACONTECE “LÁ” E NÓS PAGAMOS “CÁ” REGIÕES Geração de rendimento ajuda na conservação da Biodiversidade COMUNICAÇÕES Mercado é pequeno para três operadoras TURISMO Comercialização de artesanato vence barreiras

Revista Capital 40

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Publicação mensal da S.A. Media Holding . Abril de 2011 . 100 Mt Nº

40 .

Ano

04

Crisis hapens there and we pay it here

EMPRESAPRIME CONSULTING Moçambiquefaz parte de um triângulo de parcerias

DESENVOLVIMENTOA juventude, as TICe a agricultura

ESTUDOS DE MERCADOAnálise da caracterizaçãodos consumidores moçambicanos

RESENhA jURíDICAContrato de Trabalho vs.Contrato de Prestação de Serviços

ECONOMIAEstado de SaúdeMonetário do País

CRISE ACONTECE “Lá”E NóS PAGAMOS “Cá”

REGIÕESGeraçãode rendimento ajuda na conservação da Biodiversidade

COMUNICAÇÕESMercado é pequenopara três operadoras

TURISMOComercialização de artesanatovence barreiras

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DESENVOLVIMENTO

22OPINIÃO

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SUMÁRIO

INVESTIMENTO EMPRESAS ECONOMIA

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REGIÕES

ÍNDICE DE EMPRESAS E INSTITUIÇÕES

BANCO MUNDIAL, NWETI, FMI p 10CHINA SONANGOL, FUNDO INTERNACIONAL DA CHINA, EUROGRUPO, BANCO CENTRAL DA ÁUSTRIA, p 12SALCEF CONSTRUZIONI EDILI E FERROVIARIE, CFM, p 14WWF, ASSOCIAÇÃO AMA p 15CCP (CONSELHO COMUNITÁRIO DE PESCA), p 16ÁGUAS DE MOÇAMBIQUE, ÁGUAS DE PORTUGAL, FIPAG, MAZI, p 20CARIBBEAN FARMERS NETWORK (CAFAN), p 22INE(INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, p 29USAID, NATHAN ASSOCIATES, p 32PETROMOC, p 33VODACOM, p 36

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E TECNOLOGIA, p 38FEMATRO, p 40FEIMA, CEDARTE, p 43FEMOTUR, AVITUM, SNV, CMM, MITUR, UNESCO, FEIMA, p 44INTERCAMPUS, CUSTOM RESEARCH, RETAIL&TECNOLOGY, GRUPO GFK, CONSUMER TRACKING, HEALTHCARE, MEDIA, ESOMAR, p 46 e 47PWC, p 48FERREIRA ROCHA, p 51ERNEST&YOUNG, p 52DANIDA, CTA, p 55MARKEST, GFK, BCI, MOTA-ENGIL, BANCO TERRA, p 58PLURAL EDITORES, GALERIA DO NÚCLEO DE ARTE, p 60

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A Juventude e as TIC: Projectando um futuro para a Agricultura e Desenvolvimento RuralA população idosa, (cuja maioria já soma mais de 60 anos) é que vinha assegurando, até ao momento, a produção de alimentos. Actualmente, é chegada a hora de passar o testemunho mas a juventude mostra-se menos interessada no sector. Mas o uso criativo das TICs, que têm trazido benefícios enormes para os negócios agrícolas, pode ser um factor atractivo para os empreendedores da nova geração.

As catástrofes naturais e o caos social que nos afectaDepois dos últimos acontecimentos (tumultuosos) no Norte de África e no Médio Oriente ou ainda o Tsunami no Japão somos chamados a ficar atentos ao resultado das nossas acções, por Eurico Vasques. Talvez seja o início para a tomada de cons-ciência, quando já se tem um possível caos à vista.

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ÍNDICE DE ANUNCIANTES

TDM, p 02AP CAPITAL, p 03AFRIN, p 04EDITORA CAPITAL, p 05STANDARD BANK, p 08TRASSUS, p 11

PUBLIREPORTAGEM BCI, p13TIM, p 17 PHC, p 19ESPORO, p 21STEMA, p 31PRIME, P 37

RADISSON, p 42PWC p 50ERNEST & YOUNG, p 54TV RECORD p 59BCI, p 63PETROMOC p 64

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TECNOLOGIAS

TURISMO

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SUMÁRIO

ECONOMIA DOSSIER comunicações TRANSPORTE

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Guebuza pretende que inovações melhorem nível de vida

O Presidente da República presenciou a cerimónia sobre o Diálogo Nacional sobre a Inovação em Moçambique e ficou impressionado com o nível de criatividade de-monstrado pelos inovadores. Entretanto, as inovações só terão a importância que se deseja, se tiverem algum impacto a nível sócioeconómico no País.

A CEDARTE seduziu os feirantes, na sua maioria artesãos, a retirarem os seus pro-dutos da rua e explorarem as vantagens do FEIMA, o novo espaço das artes. A ini-ciativa está a resultar em cheio, a avaliar pela dinâmica cada vez crescente no local. Em pouco menos de cinco meses já se aprende algumas ferramentas de marketing, pouco disponíveis na rua.

FEIMA já conta com 300 feirantes

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9EDITORIAL

abril 2011 revista capital

Propriedade e Edição: Southern Africa Media Holding, Lda., Capital Magazine, Av. Mao Tse Tung, 1245 – Telefone/Fax (+258) 21 303188 – [email protected] – Director Geral: Ilidio Bila – [email protected] – Directora Editorial: Helga Neida Nunes – [email protected] – Redacção: Arsénia Sithoye - [email protected]; Sérgio Mabombo – [email protected] – Secretariado Administrativo: Márcia Cruz – [email protected]; Cooperação: CTA; Ernst & Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR, INTERCAMPUS – Colunistas: António Batel Anjo, E. Vasques; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Hermes Sueia; Joca Estêvão; José V. Claro; Leonardo Júnior; Levi Muthemba; Maria Uamba; Mário Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rita Neves, Rolando Wane; Rui Batista; Sara L. Grosso, Vanessa Lourenço – Foto Capa: AA; Fotografia: Luís Muianga, gettyimages.pt, google.com; – Ilustrações: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. – Paginação: Benjamim Mapande – Design e Grafismo: SA Media Holding – Tradução: Alexandra Cardiga – Departamento Comercial: Neusa Simbine – [email protected]; Márcia Naene – [email protected] – Impressão: Brinrodd Press – Distribuição: Nito Machaiana – [email protected]; SA Media Holding; Mabuko, Lda. – Registo: N.º 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, é autorizada desde que citada a fonte.

FICHA TÉCNICA

helga [email protected]

1Os recentes acontecimentos no Norte de África e no Médio Oriente fazem cor-rer rios de tinta na imprensa. São factos que dão corpo aos títulos das pági-nas dos jornais, dominam os noticiários da TV e da Rádio e proliferam nos websites informativos. São notícias que entram em competição directa com

catástrofes naturais como os tremores de terra, os tsunamis e demais calamidades que fustigam uma parte do mundo enquanto a outra é indirectamente afectada. No fundo, hoje, a população global vive perante conflitos e catástrofes. Sim, os desastres naturais também nos batem à porta. Desde a Nova Zelândia, passando pela Austrália, até ao Japão, sem descurar o (des)controlo da energia nuclear e os seus efeitos sócio-económicos altamente nocivos.

2Ao avaliar o desempenho económico no Médio Oriente e no Norte da África, o presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, observou que se trata de uma região pouco integrada na economia global. Aliás, a mesma regista as maiores taxas de desemprego entre as regiões em desenvolvimento e as

menores taxas de participação económica das mulheres. Ao mesmo tempo, seus go-vernos enfrentam agora uma enorme expectativa para gerar empregos rapidamente. Zoellick exorta os países em causa a tomar decisões sobre como aumentar o emprego, aumentar a produtividade e melhorar a integração com a economia global. Tal sig-nificaria abrir o mercado à importação de know-how, de tecnologias e sistemas de manufactura e logística, seja através de investimentos estrangeiros, licenciamento, ou de outros vínculos de negócios. E a abertura do mercado como forma de vencer a insularidade e eliminar os obstáculos à integração regional constituirá, sem dúvida, o derradeiro desafio.

3Entretanto, os países reforçam a sua posição face aos jogos de influências. É preciso ter consciência de que os dirigentes árabes que puseram a saque os seus países só o puderam fazer porque eram cortejados, continuamente, pelos europeus, pelos EUA e pela União Soviética na sua luta pelo domínio

do mundo. Mas agora a situação mudou. Os ditadores já não conseguem mexer seus cordelinhos como antes, apesar da crença dos seus antigos parceiros. E é por isso que a França centra todas as suas atenções na Tunísia, a Grã-Bretanha no Egipto e no Canal do Suez, ao passo que a União Europeia se preocupa com a vaga de imigran-tes vindos do Norte de África e os EUA procuram descobrir islâmicos radicais entre as multidões de revoltosos. Já os russos querem comercializar armas e os chineses pretendem defender seus interesses petrolíferos, enquanto nós continuamos a sofrer com os constantes aumentos do combustível.c

Nosso mundoestá a sofrer

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EM ALTA

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EM BAIXA

BOLSA DE VALORES CAPITOON

COISAS QUE SE DIZEM…

Potencialmente ricos… sempre.«Recursos naturais há muitos, o que falta é dinheiro para explorá-los.»,

jornal Notícias, descrevendo o facto dos projectos mineiros encalharempor falta de fundos de investimento.

Negócios rigorosos«Oportunidades adiadas são oportunidades perdidas»,

jornal Savana, em relação aos atrasos na reabilitação da linha de Sena que, por sua vez, compromete a exportação em tempo útil do carvão de Moatize.

Efeito Boomerang?«Toda a vez que o FMI tentou tratar das dívidas dos países, criou mais problemas do que propriamente soluções.»,

Ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, defendendo que a opção pelo FMI por parte de Portu-gal na actual crise que o país enfrenta não seria a alternativa viável.

A ajuda também fala português «O Brasil pode ajudar Portugal. O país merece esta compreensãopor parte do Brasil»,

Idem

Nada de confusões«Contenção de custos não significa eliminação de despesas»,

Edson Macuacua, porta-voz do partido FRELIMO, em resposta às vozes críticas em relação ao programa de combate à pobreza absoluta.

AGRO-INDÚSTRIA

Os altos investimentos efectuados pelas açuca-reiras nacionais na reabilitação e melhoramen-to da gestão da indústria verificam um impacto surpreendente. Os dados indicam que, em 2010, a produção nacional do açúcar alcançou 281.126 toneladas, o correspondente a um crescimento de cerca de 12 por cento comparativamente a 2009. As vendas de açúcar para o mercado doméstico es-tão em franco crescimento acompanhando a dinâ-mica gerada no sector. Só em 2010 a distribuição no mercado interno obteve um aumento do nível de vendas calculado em seis porcento. No referido período, o mercado doméstico consumiu um total de 193.410 toneladas do produto.

FINANCIAMENTO AGRíCOLA

Mais de 15 mil agricultores das províncias de Manica, Sofala e Zambézia irão beneficiar de um novo sistema de irrigação para as suas actividades. O projecto de irrigação é financiado pelo Banco Mundial, que, para o efeito, irá disponibilizar 70 milhões de dólares. A iniciativa de financiamento sob a designação PROIRRI – Projecto de Desen-volvimento Sustentável de Irrigação, poderá tra-zer um impacto gigantesco na produção nacional agrícola, uma vez que irá dotar os camponeses de técnicas avançadas de produção irrigada.

CINEMATOGRAFIA

O filme moçambicano “Dina”, escrito e realizado por Mickey Fonseca e produzido por Pipas For-jaz, foi distinguido recentemente na Nigéria, com o prémio de melhor curta-metragem africana, no African Movie Academy Awards. O filme concor-reu com filmes produzidos nos Camarões, Quénia, Nigéria, África do Sul e Togo. A ‘película’ enqua-dra-se nas iniciativas da N’weti, um organismo que tem efectuado campanhas contra a violência doméstica.

FALTA DE FUNDOS

A exiguidade de fundos continua a ser o impedi-mento para a implementação de projectos de ex-ploração de recursos naturais em carteira, segun-do a tese defendida pelo ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia. Por outro lado, o continente africano ainda não foi capaz de oferecer a qualidade e a quantidade desejadas às empresas especializadas em exploração de re-cursos naturais não renováveis. Os projectos em andamento resultam quase todos do investimento estrangeiro.

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MUNDO NOTÍCIAS12

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ANGOLA China Sonangolcom participaçõesem blocos petrolíferos angolanos

A China Sonangol obteve participações em 4 dos 11 blocos do pré-sal angolano recen-temente licenciados para exploração de petróleo, que no total deverão implicar um investimento de perto de 1.32 mil milhões de dólares.A Sonangol Pesquisa e Produção terá as participações remanescentes nos 11 blocos de águas profundas, leiloados em fins de Janeiro, em linha com os esforços gover-namentais de “angolanização” da indústria petrolífera, e estas serão em parte partilha-das com a China Sonangol.A parceria entre a petrolífera angolana e investidores ligados ao Fundo Internacio-nal da China (CIF) terá participações entre 10 e 15 por cento nos blocos 19, 20, 36 e 38.As empresas vencedoras encontram-se em conversações para formar consórcios que levem a cabo as perfurações exploratórias, sendo esperado que essas conversações fi-quem concluídas em meados de 2011, se-gundo o mais recente relatório sobre An-gola.A Sonangol espera atrair investimentos de aproximadamente 120 milhões de dóla-res por cada bloco pré-sal, o que equivale a mais de 1.32 mil milhões de dólares no total.

PORTUGAL A questão sobrea ajuda a Portugal é ‘quando e quanto’?

Os economistas alemães defendem que a questão que se coloca sobre o actual cená-rio económico de Portugal é saber quando é que o País irá recorrer às ajudas euro-

peias e de quanto irá precisar.O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, adiantou que a soma de 75 mil milhões de euros seria suficiente para Por-tugal. Por sua vez, o Banco Central da Áus-tria pressionou Lisboa para recorrer rapi-damente ao fundo de resgate do euro. Mais sensível a acusações de ingerência, o Go-verno alemão, da chanceler Ângela Merkel, mantém-se reservado neste contexto, ten-tando evitar a todo o custo parecer estar a pressionar Portugal.Anteriormente, muitos analistas alemães tinham defendido que o pedido de aju-da de Portugal deveria equivaler a 46 por cento do PIB. A Alemanha é descrita como um país que vê com maus olhos o socorro a mais um País incumpridor. O cenário económico de Portugal foi a agenda central da visita que a Presiden-te brasileira Dilma Rousseff efectuou ao país europeu. Segundo a mesma, o Brasil já estudou a melhor maneira de participar na recuperação de Portugal. Uma das pos-sibilidades sugeridas por Dilma passa pela compra de parte da dívida soberana portu-guesa.

ChINA China proíbepublicidade ao luxo

As autoridades chinesas proíbiram as mensagens publicitárias que promovem um estilo de vida luxuoso e baniu a utili-zação de slogans como “real”, “supremo”, “de classe” ou “de luxo” nos anúncios. A decisão explica-se pelo facto de Pequim es-tar actualmente alarmada com o aprofun-damento do fosso económico entre ricos e pobres. As autoridades transmitiram às agências de publicidade estas instruções, dando-lhes um prazo para corrigirem as mensagens dos seus anúncios e cessarem de imediato “a promoção do hedonismo” e do “culto dos produtos estrangeiros” na

capital. Para as autoridades, este género de propa-ganda cria um clima socialmente menos desejado e os infractores serão punidos com uma multa que vai até 3.400 euros. Este facto não é o primeiro a acontecer na China. Muito recentemente, uma autar-quia chinesa também baniu as palavras “melhor” e “único” em campanhas de pro-moção imobiliária.

MUNDO Dentro de 50 anos não haverá mais petróleo

O mundo conta com apenas 49 anos de fornecimento de “ouro negro,” segundo as previsões de Karen Ward, uma economis-ta inglesa. No que diz respeito ao carvão, a economista diz que é o recurso fóssil mais abundante, com uma disponibilidade pela frente de 176 anos, mas que este é o maior culpado pelas emissões de carbono.Se o fornecimento não fosse restringido, o mundo poderia observar um aumento de 110 por cento na procura de crude até 2050, o equivalente a 190 milhões de bar-ris por dia para alimentar o crescimento do mundo emergente.As regiões mais inseguras em termos ener-géticos são a Europa, América Latina e Ín-dia. A economia prevê que a Europa, muito em particular, irá ver a sua situação ener-gética deteriorar-se.Actualmente, as cotações do petróleo se-guem em alta nos mercados internacio-nais, a negociar nos 115.25 dólares por barril em Londres e nos 104.79 dólares em Nova Iorque, sustentadas pelo cenário bé-lico na Líbia.

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BCI mantém crescimento em 2010

Em 2010, o BCI reforçou o seu posicionamento como Banco universal, orientado para a satisfação das ne-cessidades dos Clientes e para a criação de valor aos seus diversos parceiros, prosseguindo a concretização do plano estratégico, de que se destaca o crescimento em 33% da Rede Comercial, com a abertura de mais 24 Agências e Centros BCI Corporate, o aumento em 84% da base de Clientes e o reforço sustentado da quota de mercado.Como corolário deste crescimento e da orientação para o apoio à economia e às famílias moçambica-nas, o BCI entrou pela primeira vez na tabela dos 100 maiores Bancos de África e foi a primeira das maio-res marcas bancárias nacionais a ostentar as insígnias “Made in Mozambique – Orgulhosamente Moçam-bicano”, sublinhando o conceito de “O Meu Banco é Daqui” subjacente à comunicação institucional e co-mercial do BCI.Depois de no decurso de 2010 o BCI ter aumentado o Capital Social de 321,43 milhões de Meticais para 1.900 milhões de Meticais, a Assembleia Geral de Ac-cionistas decidiu reforçar ainda mais os fundos pró-prios do BCI retendo 75% dos resultados líquidos de 2010 (que foram de 916,85 milhões de Meticais, mais 28% do que no ano transacto).Estas decisões evidenciam a satisfação dos Accionis-

tas com os resultados que têm vindo a ser alcançados e a confiança na economia nacional e na actual equipa de gestão do BCI para o alcance dos objectivos traça-dos a médio e longo prazo.Entre outros indicadores de desempenho relevan-tes, em Dezembro de 2010, o Rácio de Solvabilidade, determinado no quadro regulamentar do Banco de Moçambique, fixou-se em 12,26%. A Rendibilidade Líquida dos Capitais Próprios Médios (ROAE) situou-se em 30,58% (36,82% antes de impostos) e a ren-dibilidade líquida do Activo Médio (ROAA) em 2,24% (2,70% antes de impostos).O Activo líquido do BCI totalizou 47,09 mil milhões de Meticais no final de 2010, o que corresponde a um aumento de 36% face ao ano anterior. O volume da carteira de crédito ascende a 30,13 mil milhões de Meticais, o que representa um crescimento de 27% relativamente a 2009, reflectindo o compromisso do BCI em ser um pilar do desenvolvimento da econo-mia moçambicana. Ao nível da captação de recursos, foi efectuado um esforço de diversificação da oferta, indo ao encontro das necessidades dos Clientes, o que permitiu que os Depósitos crescessem 33,8%, situando-se em 33,93 mil milhões de Meticais no final de 2010, dado que é indicador da crescente confiança dos Clientes no BCI.

em 2010, o BCi prosseguiu a concretização do plano estratégico, com a abertura de mais 24 agências e Centros BCi Corporate, o aumento em 84% da base de Clientes e o reforço sustentado da quota de mercado.Como corolário, o BCi entrou pela primeira vez na tabela dos 100 maiores Bancos de África e foi a primeira das maiores marcas bancárias nacionais a ostentar as insígnias “Made in Mozambique – Orgulhosamente Moçambicano”.O aumento do Capital social para 1.900 milhões de Meticais e o reforço dos fundos próprios com a retenção de 75% dos resultados líquidos de 2010 evidenciam a confiança na economia nacional e na actual equipa de gestão do BCi para o alcance dos objectivos traçados a médio e longo prazo.

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TRANSPORTE Maputo e Matola:Sistema de metrode superfície poderá ligar as duas cidades

Com vista a colmatar o grave problema de transporte nos municípios de Maputo e da Matola, Moçambique e Itália rubricaram um memorando de entendimento para a realização de um estudo de viabilidade para a construção de um sistema de metro de superfície ligando as duas urbes.O acordo foi assinado pelos presidentes dos municípios de Maputo e Matola, Da-vid Simango e Arão Nhancale, respectiva-mente, e pelo representante da empresa italiana, Panfilo Salciccia. Teve como tes-temunhas o ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, e o embaixa-dor italiano acreditado em Maputo, Carlo Lo Cascio.A empresa italiana SALCEF Construzio-ni Edili e Ferroviarie, especializada em vias-férreas e obras de construção civil vai investir fundos próprios para o desenvol-vimento do referido estudo, orçado entre 7,5 e 10 milhões de euros, e que deverá ser concluído dentro de 120 dias.Caso o estudo demonstre viabilidade, a empresa italiana deverá ainda desem-bolsar cerca de 40 milhões de euros para avançar com a primeira fase da construção do sistema eléctrico do referido metro.«Esta empresa vai arriscar com o seu ca-pital para o estudo que deverá absorver entre 15% e 20 % do total de 50 milhões de euros que a empresa dispõe para avançar até à conclusão da primeira fase do pro-jecto», disse o ministro Paulo Zucula.Sem avançar as especificidades da primei-ra fase do projecto, Paulo Zucula mani-festou a sua satisfação com o acordo, afir-mando que «este é um dos processos mais dinâmicos que jamais liderei na minha carreira na função pública».Por seu turno, o representante da empre-

sa italiana, responsável pela obra, Panfilo Salciccia, disse esperar que o projecto seja um exemplo de como é que se deve inte-grar o sistema de transporte em grandes aglomerados populacionais. Ele garantiu que a experiência de mais de 40 anos na área ferroviária, só por si é sinal que Ma-puto e Matola poderão contar com uma in-fraestrutura de transporte impressionante.

IMPOSTOS Sobrevalorizaçãodesencorajaexportação da madeiraem bruto

De acordo com o vice-ministro da Justiça e porta-voz do Conselho de Ministros, Al-berto Nkutumula, a implementação do re-gulamento da taxa de sobrevalorização da madeira vai desencorajar a sua exportação em bruto e algumas irregularidades que decorrem no sector, pois haverá inspecção pré-embarque envolvendo as Alfândegas e os Serviços Provinciais de Florestas e Fau-na Bravia.Esta medida fará com que o parque de pro-cessamento da madeira no País cresça nos próximos anos, permitindo que este recur-so, quando exportado, tenha valor acres-centado em função da aplicação da taxa de sobrevalorização nas exportações daquela matéria-prima e do respectivo regulamen-to. Do mesmo modo, espera-se que a ofer-ta de emprego no sector de processamento aumente, ao mesmo tempo que as receitas arrecadadas se multiplicam.Com efeito, a Lei 7/2010, de 3 de Agosto, fixa a taxa de 20% sobre o preço FOB de exportação de madeira em estacas e em bruto ou toros, mesmo descascada, desal-burnada ou esquadriada. Fixa igualmente a taxa sobre a exportação de madeira pro-cessada em função da complexidade do seu processamento, sendo de 15 % para a madeira serrada ou endireitada longitudi-nalmente, cortada ou desenrolada, mesmo que aplainada, polida ou unida pelas extre-midades.Enquanto isso, às travessas (dormentes de madeira para vias férreas ou semelhantes), tábuas alinhadas, ripas e réguas de par-quet é fixada a taxa de 5% e para os bar-rotes 3%. No caso de se tratar de produto final do processamento, como mobílias, a taxa é zero.Desta forma, é estabelecido o mecanismo através do qual é possível ter a permis-são de exportação de madeira em toro de espécies preciosas de segunda, terceira e quarta classes, obtidas em regime de licen-ça simples e de concessão florestal. No que respeita à madeira de primeira classe, a Lei determina que a mesma seja exportada

após o seu processamento.

TRANSPORTECFM triplicou lucros em 2010

Os lucros da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) quase triplicaram em 2011, relativamente ao ano anterior. Estes dados foram apresentados, pelo PCA dos CFM, Rosário Mualeia, durante a cerimónia de abertura da XV reunião anual de directores da empresa que tinha como objectivo de fazer o balanço das acti-vidades desenvolvidas no plano comercial, operacional e financeiro, bem como definir estratégias de desenvolvimento do sector ferro-portuário.Em 2010, os CFM registaram um lucro (antes do imposto) calculado em cerca de 1,5 milhões de meticais, contra os 552,9 mil meticais em 2009.Segundo Mualeia, este resultado deve-se, principalmente, ao aumento dos provei-tos do tráfego em 79%, do manuseamento portuário 57 % e incremento dos proveitos resultantes das concessões 55%.«Trata-se de resultados bastante positi-vos e encorajadores. A sua manutenção e melhoramento contínuo passam pela adopção de um maior rigor nos processos de facturação dos serviços prestados pela cobrança permanente de receitas, utili-zando todos os mecanismos instruídos» disse Mualeia.No ano passado, a empresa registou um crescimento de 11,3 % no sector portuário, tendo manuseado 14 milhões de toneladas métricas, contra 12,6 milhões registadas em 2009.Na área ferroviária, os CFM transportaram 5,3 milhões de toneladas líquidas, contra 4,6 milhões de 2009, o que representa um crescimento de 15 %.

MOÇAMBIQUE NOTÍCIAS

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15REGIÕES

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MUSSEMUCO

Geração de rendimento ajuda na conservação da Biodiversidade

A comunidade de Mussemuco, uma ilha localizada no distrito da Ilha do Ibo em Cabo Delgado, desenvolve, com o apoio do WWF, através da Associação AMA, vários projectos de geração de renda, dos quais se destaca a engorda de caranguejo do mangal, a produção do mel do mangal e do continente, o processamento de ostras de forma sustentável e a fumagem de pes-cado, entre outras.

De acordo com o técnico da AMA afecto àquela comunidade, Mamudo Abudo, as actividades são parte da componente da gestão de recursos naturais, particular-mente os marinhos, promovendo o valor acrescentado dos mesmos junto das co-munidades. Esta prática permite, segun-do Abudo, que as comunidades saibam buscar alternativas económicas de forma

sustentável.A produção do “mel de Mussemuco”, que

é orgânico e já possui uma etiqueta e mer-cado garantido, é feita tanto nos mangais, ao longo da orla marítima, assim como no continente, com recurso a técnicas melho-radas que para além de evitar a queima de abelhas e plantas, garantem uma maior qualidade ao produto.

De referir que o WWF também desenvol-ve actividades similares de produção de mel do continente no distrito de Macossa, na província de Manica, através do projec-to Chiguinhene.

Outra actividade rentável para as co-munidades é a engorda de caranguejo do mangal, um processo desenvolvido em pequenos cativeiros denominados capoei-ras. A comunidade possui neste momento

cerca de 180 capoeiras, divididas em duas plantações.

Segundo o Técnico da AMA, Rachid Ca-chimo, o caranguejo leva 20 dias a ser ali-mentado dentro das capoeiras e chega a atingir mais de 1.800 gramas. O mesmo é posteriormente comercializado em estân-cias turísticas locais e na cidade de Pemba.

Por outro lado, a fumagem de pescado e processamento de ostras são outras activi-dades que contribuem para a melhoria da receita da comunidade de Mussemuco.

Para além de actividades de geração de renda, a AMA capacita e apoia a comuni-dade de Mussemuco na criação de grupos de PCR´s (Programa de Crédito Rotativo), CCP´s (Conselhos Comunitários de Pes-ca), para além de programas de higiene e saneamento do meio.c

CaboDelgado

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REGIÕES CABO DELGADO16

QUIRIMBAS

Um exemplo na fiscalização de actividades ilegais e na gestão de recursos marinhos

O Conselho Comunitário de Pesca (CCP) de Quirimba, localizado na comunidade com o mesmo nome, no distrito da Ilha do Ibo, em Cabo Delgado, destaca-se como exemplo na fiscalização de actividades de

pesca ilegal ao nível distrital, assim como na exploração dos recursos marinhos de forma sustentável.

Este facto foi constatado aquando da vi-sita duma delegação composta pelo WWF (Moçambique e Dinamarca), governo do distrito do Ibo, Direcção Provincial de Pes-cas de Cabo Delgado, Parque Nacional das Quirimbas (PNQ) e associação AMA.

Na ocasião, os membros do CCP de Qui-rimba receberam das mãos do administra-dor do Ibo, Fernando Samo, o documento de legalização do mesmo, tendo depois dado a conhecer as actividades que desen-volveram ao longo do primeiro trimestre de 2011, assim como as inquietações que enfrentam no seu dia-a-dia. Os membros manifestaram o seu agrado pela recepção do documento, e afirmaram já possuir um instrumento para estancar quaisquer acti-vidades ilegais que possam ocorrer na sua costa.

Das várias actividades referenciadas, destaca-se a fiscalização marítima, da qual resultou a apreensão de diverso material de pesca artesanal ilegal (artes nocivas). Do material apreendido, registam-se cerca de 25 redes, das quais 15 são mosquiteiras e 10 são de malha fina, cujo uso é legal-mente proíbido. O material foi queimado no local, na presença do administrador, o qual participou do acto.

Para além de actividades de fiscalização, a comunidade de Quirimba também está a trabalhar para estancar a erosão que asso-la a costa, através do replantio do mangal. No entanto, os mesmos registam alguns constrangimentos, com realce para a des-truição de plantas de mangal por gado ca-prino e a corrente das águas.

Dirigindo-se ao administrador e aos re-presentantes do PNQ, os membros do CCP de Quirimba pediram apoio em meios de fiscalização, o caso concreto dum meio de transporte para circular ao longo da costa.

No final, o administrador disse serem legítimas as reclamações do CCP e que o governo do distrito iria trabalhar na mo-bilização dos seus parceiros para a solu-ção dos seus problemas. Por outro lado, Fernando Samo encorajou a comunidade a continuar a trabalhar, afirmando que quanto mais for o trabalho, maior serão os benefícios que a comunidade terá, tanto de forma directa (pescado e outros recur-sos), como indirecta, através da preserva-ção dos mesmos recursos para as futuras gerações.

“Quero encorajar o CCP e toda a comu-nidade de Quirimba para se engajar mais no trabalho. Vocês são um exemplo ao nível do distrito no que diz respeito à fis-calização e à exploração sustentável dos recursos”, acrescentou Samo.c

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«Uma das maiores prioridades definidas pelo governante inglês, segundo a mesma fonte, refere-se à necessidade de encorajar o crescimento do sector privado, melhorar os serviços de saneamento, da saúde pública, educação bem como apoiar iniciativas inerentes à gestão das terras comunitárias.»

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INVESTIMENTO MOÇAMBIQUE18

O contributo britânico para o desenvolvimento de Moçambique

Moçambique vai continuar a ser um desti-no privilegiado do investimento britânico com vista a contribuir para a implemen-tação de acções que concorram para o combate à pobreza e para a promoção do desenvolvimento económico e social do país. Esta garantia foi dada pelo ministro britânico para o desenvolvimento interna-cional, Stephen Oibrien, que visitou o país para se inteirar da implementação das ac-ções financiadas pela Grã-Bretanha.Falando ao jornal “Notícias” em Chimoio, Stephen Oibrien referiu que o Governo britânico sente-se feliz pela oportunidade que tem de apoiar Moçambique no seu projecto de combate à pobreza, através de financiamento e desenvolvimento de ini-ciativas visando salvar vidas, com enfoque para o combate à malária, saneamento do meio, apoio ao sector privado e gestão de recursos naturais.«A nossa expectativa é que Moçambique seja o celeiro no desenvolvimento de Áfri-ca, e, sobretudo, na região subsahariana. Iremos continuar a prestar assistência multiforme, sobretudo financeira, para que Moçambique possa levar a cabo com serenidade os seus projectos no quadro do combate à pobreza e promoção do desen-volvimento», referiu o governante britâni-co.Sem avançar números relativamente aos financiamentos desembolsados pelo seu país no apoio ao investimento e Orçamento do Estado moçambicano, Stephen Oibrien sublinhou que «o mais importante para não é o dinheiro, mas a oportunidade que de fazer acontecer coisas com financia-mento britânico e ver esses propósitos a influir positivamente no desenvolvimento da economia moçambicana e, sobretudo, no melhoramento das condições de vida das populações».Uma das maiores prioridades definidas pelo governante inglês, segundo a mesma fonte, refere-se à necessidade de encorajar o crescimento do sector privado, melhorar os serviços de saneamento, da saúde pú-blica, educação bem como apoiar iniciati-vas inerentes à gestão das terras comuni-tárias.Entre outros objectivos, que contam com o apoio do Governo britânico, pelo menos 62 mil mulheres moçambicanas receberam tratamento anti-malárico; 1,1 milhões de pessoas, entre mulheres e crianças, deverá beneficiar de projectos diversos e 53 mil pessoas, incluindo do sector de imprensa, vão ter melhor emprego ou irão beneficiar

directa ou indirectamente de mais e novos postos de trabalho.Questionado sobre que avaliação faz do estágio das relações entre Moçambique e Grã-Bretanha, Stephen disse serem “ain-da muito fortes” e que a sua ambição é ver a crescerem cada vez mais, contribuindo, deste modo, para que Moçambique um dia possa sair da dependência externa.Aliás, a mesma avaliação foi feita pelo alto-comissário moçambicano na Grã-Bretanha, António Gumende, que classificou as relações entre os dois países e povos como sendo fortes. «O sinal eloquente e que nos permi-te fazer esta afirmação é a escolha de Moçambique, entre os 27 países africanos com relações com a

Grã-Bretanha, como o primeiro local a visitar em África, depois que o Governo de coligação tiver tomado posse na se-quência das últimas eleições realizadas o ano passado», acrescentou o mesmo res-ponsável.c

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EMPRESAS FIPAG20

Gestão da Águasde Moçambique passa para FIPAGA gestão da empresa Águas de Moçambi-que (AdeM )está sob a responsabilidade do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG) des-de o dia 1 de Janeiro de 2011.O FIPAG e a Águas de Portugal Interna-cional (AdPI), assinaram a 28 de Dezem-bro último, um acordo para a transferên-cia de 73 por cento das acções da empresa portuguesa na Águas de Moçambique para o FIPAG, cujo período de transacção para as formalidades legais do processo de compra e venda das acções terminou a 31 de Março. Durante a cerimónia de transferência de acções da empresa Águas de Mo-çambique para o FIPAG, o ministro das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Muthemba, afirmou que o acto de en-trega da AdeM pela Águas de Portugal Internacional ao FIPAG, é o culminar do entendimento existente entre as partes e

uma transferência formal dos destinos da Águas de Moçambique para os parceiros moçambicanos accionistas da AdeM, no-meadamente ao FIPAG e à MAZI.«Esta transacção levanta muitas expec-tativas do lado dos consumidores, das autoridades e dos nossos parceiros de cooperação. A entrega dos quadros da AdeM, através do seu trabalho quotidia-no e vontade de vencer grandes desafios, em paralelo com os investimentos em infraestruturas, nos dá a confiança que mais pessoas terão água potável e que a taxa de cobertura de água irá aumentar para o alcance das metas definidas pelo nosso Governo assim como o bem-estar da população da área metropolitana de Maputo,» disse o ministro.Cadmiel Mutemba espera que os cola-boradores encarem com seriedade e fir-meza o novo desafio e que contribuam na prestação de um serviço de qualidade

para a satisfação das necessidades e ex-pectativas dos consumidores do precioso líquido.«Gostaríamos de reiterar o apoio do Go-verno Moçambicano para este tipo de iniciativa de integração das instituições nacionais e que abre caminhos para o desenvolvimento de uma indústria mo-çambicana na prestação de serviços de abastecimento de água no âmbito da parceria público-privada,» frisou Mu-temba.A Águas de Moçambique era um con-sórcio constituído pela empresa Águas de Portugal Internacional, accionista maioritário, e pela moçambicana Mazi, que celebrou em 1999 com o FIPAG um contrato de cessão de exploração por 15 anos para o abastecimento de água a Ma-puto.c

País recebe crédito do BM para apoiar a agriculturaO Banco Mundial (BM) aprovou um crédito de 70 milhões de dólares para apoiar o sector agrícola em Moçambique. O montante aprovado pelo Conselho dos Directores Executi-vos do Banco Mundial visa a implementação do Projecto doDesenvolvimento da Irrigação Sustentável em Moçambi-que, PROIRRI.Moçambique ocupa a terceira posição entre os países afri-canos mais expostos aos riscos de vários desastres relacio-nados com o clima, principalmente inundações e secas, e o sector continua largamente inexplorado, apresentando dos mais baixos índices de produção de cereais na África Austral. Como tal, espera-se que o projecto ajude a aumen-tar a produção agrícola.De acordo com o comunicado de imprensa do Banco Mun-dial, o projecto vai dar apoio directo aos pequenos agri-cultores que serão beneficiados com a adopção de tecno-

logias de produção melhoradas e «know-how» em relação à irrigação, competências técnicas complementares neces-sárias para aproveitar todo o potencial da água na agricul-tura, melhorar as técnicas de pós-colheita, acesso a servi-ços financeiros e de extensão com melhor desempenho, e ainda criar ligações mais estreitas com potenciais oportu-nidades de mercados.«O PROIRRI permitirá aos grupos-alvo de produtores de evoluírem para associações formalizadas e agricultores financiáveis com ligações mais fortes com o mercado e melhores acessos aos serviços financeiros de bancos co-merciais. Ao longo dos 6 anos do período de execução o PROIRRI deverá beneficiar directamente cerca de 16.000 agricultores ao longo das províncias centrais de Manica, Sofala e Zambézia», diz o responsável pelo Banco Mundialpara o projecto, Patrick Veríssimo no comunicado.c

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A Juventude e as TIC: Projectandoum futuro para a Agricultura e Desenvolvimento Rural

Actualmente, o futuro da agricultura en-frenta grandes desafios nos países de Áfri-ca, Caraíbas e Pacífico, onde o crescimento económico permanece fortemente depen-dente do sector agrícola. Apesar de décadas de ausência de inves-timento no sector, a agricultura contribui em mais de 50% para o PIB de alguns pa-íses, como é o caso da República Demo-crática do Congo. A este cenário acresce a elevada percentagem de população a viver da terra (cerca de 60% em África), o que torna imperativa a necessidade de assegu-rar o interesse da juventude neste sector. Em consequência da crise mundial que inflacionou o preço dos alimentos em 2007-2008 a atenção global recaiu fi-nalmente no sector agrícola. No entanto, esta indústria ainda não é suficientemente atractiva para a população mais jovem. A maioria dos agricultores estão envelheci-dos. Estudos da Caribbean Farmers Ne-twork (CaFAN) revelaram que a média de idade dos agricultores nas Caraíbas é de 45 anos, sendo que, a maioria tem mais de 60*. Com a falta de jovens para os subs-tituir, o futuro da agricultura é incerto. O

desemprego entre os jovens é também um factor preocupante, excedendo em vários países os 50%. Incorporar a visão das novas gerações para o investimento no desenvolvimento da in-dústria do sector agrícola seria a solução ideal. O sector tem de se tornar atractivo, viável e oferecer oportunidades reais. A solução passa por potenciar novas formas de capacitar os jovens, mostrando-lhes as oportunidades existentes e o papel decisi-vo que podem desempenhar no seu desen-volvimento. As TIC são uma ferramenta importante neste processo pois estão a pe-netrar em todos os segmentos sócio-eco-nómicos mesmo em áreas rurais remotas.Em 2010 o CTA (Centro Técnico para o Desenvolvimento e Cooperação Agríco-la e Rural) organizou um concurso entre jovens de África, Caraíbas e Pacífico, para partilha de ideias e experiências alusivas ao uso das TIC neste domínio. Os depoi-mentos revelaram actividades inovadoras e empreendedoras em áreas rurais, onde o uso criativo das novas tecnologias pelos jovens trouxe benefícios enormes para os negócios agrícolas e para as comunidades.

Utilizar as TIC para partilhare aceder a informação agrícola

A proliferação dos telemóveis facilitou de modo exponencial o acesso e partilha de informação. Chris Mwangi, um queniano de 23 anos, especialista em TI, destacou o exemplo de um jovem que tirou partido do seu quiosque de tecnologia móvel para optimizar e diversificar as suas culturas, recebendo no seu telemóvel com sistema GPRS informação actualizada acerca das práticas agronómicas na e-newsletter «Organic Farmer» (agricultura biológica). Maureen Agena, um professional do de-senvolvimento do Uganda, explica como um jovem fruticultor de 25 anos em Ma-ruzi County recorreu às TIC para aceder a actualizações semanais de preços de mer-cado, obtendo assim informação essencial para a venda estratégica da sua produção. As redes sociais também lhe proporcio-naram uma oportunidade de entrar em novos mercados. No início de 2010 parti-cipou num workshop de ferramentas web 2.0 e posteriormente aderiu ao Facebook e Twitter, que planeia utilizar para aceder

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A Juventude e as TIC: Projectandoum futuro para a Agricultura e Desenvolvimento Rural

a uma maior quota de mercado com o seu negócio de fruta.

Combater com as TICpara atingir o sucesso empresarial

Exemplos provenientes do Zimbawe, Ja-maica e Zâmbia demonstram que o uso inventivo das TIC pode ir além da simples partilha e acesso a informação agrícola. Várias experiências nestas regiões de-monstraram a aplicação de novas tecnolo-gias para providenciar acesso a mercados e oferecer sistemas de segurança.“São 7 da manhã. Uma jovem agricultora de 28 anos do Zimbawe prepara-se para começar o dia. Este ano ela vai produzir 500 toneladas de batatas de elevada qua-lidade. Ao levar consigo o telemóvel envia um SMS a notificar os seus níveis de pro-dução. Momentos depois recebe a confir-mação de uma encomenda para fornecer uma tonelada de batatas por semana du-rante doze semanas. Isto foi possível devi-do a um novo serviço introduzido por uma companhia de software local em parceria com os prestadores de serviços móveis

(...)”. Esta nova aplicação das TIC para co-nectar agricultores e mercados foi deline-ada por Gerald Mangena, um contabilista de 24 anos do Zimbawe.Providenciar acesso aos mercados com sucesso requer uma compreensão pro-funda da envolvente. Inoussa Traoré, um estudante de economia do Burkina Faso propõe a criação de um observatório do mercado e produção agrícola no seu país. O observatório reuniria online as várias fontes de informação actualmente dispo-níveis. A base de dados centralizada pro-porcionaria uma perspectiva completa sobre o mercado onde os utilizadores po-deriam procurar informação facilmente por categorias. Actualizado regularmente, o observatório providenciaria uma pers-pectiva completa de produtos agrícolas e mercado no território. Este conceito origi-nal providenciaria um suporte inestimável para agricultores que vendem directamen-te os seus produtos a comerciantes inter-mediários e brokers.Tyrone Hall, um estudante jamaicano de 23 anos, conta também com uma ideia inovadora que teve em conjunto com os seus parceiros de negócio para usar as TIC no desenvolvimento agrícola do seu país. A invenção consiste num sistema de segu-rança móvel chamado “Electronic Laser Fence Security Alert System” (sistema de segurança electrónico para vedações) que tem como objectivo colmatar o problema do roubo de produtos agrícolas. Tyrone procura no momento investidores para tornar este projecto uma realidade e trans-formar o futuro e a segurança da agricultu-ra na Jamaica.A proliferação do uso das TIC está a intro-duzir novos métodos de partilha de infor-mação e negócio. O entusiasmo em torno destas novas possibilidades pode fazer a diferença para captar a atenção dos jo-vens, ajudando-os a transformar a agricul-tura e o desenvolvimento rural num sector

mais atractivo e lucrativo.

O CTA

O Centro Técnico para o Desenvolvimen-to e Cooperação Agrícola e Rural (CTA) é uma organização internacional sem fins lucrativos que opera segundo um acordo entre o grupo de países ACP (África, Cara-íbas e Pacífico) e a União Europeia.A missão do CTA é garantir a seguran-ça alimentar, aumentar a prosperidade e encorajar a gestão de recursos naturais, facilitando o acesso a informação e conhe-cimento, diálogo em matéria de políticas e capacitação de instituições agrícolas e rurais nos países ACP. O CTA oferece uma vasta gama de produtos e serviços em vá-rias áreas incluindo a juventude e agricul-tura.Consciencializar e capacitar os jovens para a agricultura e desenvolvimento rural através das TIC é o objectivo do projecto ARDYIS criado pelo CTA e parceiros. Este projecto contribui para a sensibilização da juventude para as questões relaciona-das com a agricultura e desenvolvimento rural nos países ACP e para a promoção de oportunidades (http://ardyis.cta.int/). Para mais informações sobre o CTA visite www.cta.int.

*Caribbean Farmers’ NetworkFonte: www.cafan.org, CaFAN Workshop Juven-

tude na Agricultura Regional, 2010

Os Autores

Thérèse Burke é a Directora de Marketing do CTA. Ken Lohento é o Coordenador do Programa do CTA TIC para o Desencol-vimento e responsável pelo projecto AR-DYIS. E-mails: [email protected] and [email protected]. Para mais informações sobre o CTA visite www.cta.int.c

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«Incorporar a visão das novas gerações para o investimento no desenvolvimento da indústria do sector agrícola seria a solução ideal. O sector tem de se tornar atractivo, viável e oferecer oportunidades reais. A solução passa por potenciar novas formas de capacitar os jovens, mostrando-lhes as oportunidades existentes e o papel decisivo que podem desempenhar no seu desenvolvimento».

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The Youth and ICT: Designinga future for Agriculture andRural DevelopmentAgriculture in African, Caribbean and Pacific countries faces many challenges. Most of these developing economies are heavily reliant on this sector for food se-curity and economic growth. Agriculture accounts for over 50% GDP in some coun-tries such as the Democratic Republic of Congo. This coupled with the high percen-tage of population (up to 60% in Africa) living off the land, means that the need to secure the continued interest of youth in agriculture is imperative. All the more true following decades of underinvestment.However, global attention is now turning to agricultural and rural development as a result of the 2007-2008 food price crisis. Despite this, it is still not perceived as an attractive industry for the younger popu-lation. The majority of farmers today are older. Studies by the Caribbean Farmers’ Ne-twork (CaFAN) found that the average age of farmers in the Caribbean is 45 years with the majority being over 60 years of age. With a lack of youth to replace them the future of agriculture is uncertain. You-

th unemployment is a critical problem. In several countries the number of young pe-ople out of work exceeds 50%. It is therefore evident that a well suppor-ted agricultural industry could present the ideal solution. This is on the condition that the sector is transformed in the eyes of the younger generation. It has to become at-tractive, viable and offer real opportuni-ties.The key is to uncover new ways of empo-wering young people, showing them the opportunities that exist and the important role they can play in its development. One means of achieving this is through the use of ICTs. These technologies are filtering down through every socio-economic seg-ment, even in remote rural areas. In 2010 CTA (Technical Centre for Agricultural and Rural Cooperation) held a competi-tion inviting youth from around Africa, the Caribbean and the Pacific to share their ideas and experiences on the use of ICTs in the field. Their stories below clearly de-monstrate the substantial entrepreneurial and innovative activities taking place in

rural areas. Through the creative use of new technologies in agriculture, youth are reaping the rewards for their farms, their businesses and their communities.

Using ICTs to access and shareagricultural information

It has never been easier to access and sha-re information thanks to the ubiquitous presence of mobile phones. Chris Mwangi, a 23 year old IT specialist from Kenya, hi-ghlights an example of this. He describes a young man who has taken the revenue generated in his rural mobile phone kiosk to diversify into farming. He receives vital information on current agronomic practi-ces through the ‘Organic Farmer’ e-bulle-tin which he accesses on his GPRS enabled phone.Maureen Agena, a young development professional from Uganda, explains how a 25 year old small scale fruit farmer in Maruzi County has used mobile phones to secure success for his business. He acces-ses weekly market price updates providing

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him with essential information on the best time to sell his produce. Social media has also provided him with an opportunity to enter new markets. In early 2010 he took part in a Web2.0 training and subsequen-tly joined Facebook and Twitter. He plans to use these tools to access a wider market for his fruit business.

harnessing ICTs for greaterbusiness success

Examples from Zimbabwe, Jamaica and Zambia demonstrate that the inventive use of ICTs can extend beyond simply ac-cessing and sharing agricultural informa-tion. Several experiences from around the regions show the application of new tech-nologies to provide access to markets and offer security systems.“It is 7am. A 28 year old Zimbabwean farmer starts to prepare for the day. This season she will produce 500 tonnes of high quality potatoes. Taking out her phone she sends an SMS with a notifica-tion of her produce levels. A short time la-ter she receives confirmation of an order to supply one tonne of potatoes per week for twelve weeks. This was made possi-ble thanks to a new service introduced by a local software company in partner-ship with mobile phone service providers […]”. This novel application of ICTs to link farmers with markets was outlined by Ge-rald Mangena, a 24 year old accountant from Zimbabwe. Providing access to markets successfully requires an in-depth understanding of the environment. Inoussa Traoré, an econo-mics student, from Burkina Faso propo-ses the establishment of an agricultural market and produce observatory in his country. The observatory would pull to-gether the various sources of information currently available online. The centralised database would then provide a complete picture of the market. As the data stored is coded, users can search for information easily. Updated regularly, the observatory would provide a complete overview of agricultural products and market throu-ghout the territory. This original concept will provide invaluable support for far-mers selling their produce directly to in-termediary traders and brokers.Tyrone Hall, a 23 year old student from Jamaica, explains one of the many inno-vative ideas he and his business partners have developed. They have invented a mobile security system called ‘Electro-nic Laser Fence Security Alert System.’ Through a combination of security, elec-tronics and mobile technology Tyrone and

his fellow innovators hope to address the significant problem of agricultural produ-ce theft faced by farmers in the Caribbean. They are looking for partners to help them make this a reality and transform the futu-re and security of agriculture in Jamaica.The widespread use of ICTs is introdu-cing a new level of interest and excitement when it comes to sharing information and doing business. It is this that can captu-re the imagination of the youth and help transform agriculture and rural develop-ment into attractive and lucrative sectors for them.About CTA

The Technical Centre for Agricultural and Rural Cooperation (CTA) is an interna-tional nonprofit organisation established under a joint agreement between the Afri-ca, Caribbean and Pacific (ACP) group of countries and the European Union. CTA’s mission is to advance food security, in-crease prosperity and encourage sound natural resource management by facilita-ting access to information and knowledge, policy dialogue and capacity strengthening

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of agricultural and rural institutions and communities in ACP countries. CTA offers access to a wide range of products and ser-vices in numerous areas including youth in agriculture. Raising youth awareness and building their skills in agriculture and rural deve-lopment through ICTs, is the focus of the ARDYIS project established by CTA and its partners. The project contributes to the sensitisation of youth on the questions re-lated to agriculture and rural development in ACP countries and to the promotion of opportunities for them. (http://ardyis.cta.int/). For more information on CTA visit www.cta.int.

*Caribbean Farmers’ NetworkFonte: www.cafan.org, CaFAN Workshop Juven-

tude na Agricultura Regional, 2010

About the writersThérèse Burke is Marketing Officer and Ken Lohento is Programme Coordinator of ICT for Dev at CTA. He also leads the ARDYIS project. E-mails: [email protected] and [email protected]. For more informa-tion on CTA visit www.cta.int.c

«The key is to uncover new ways of empowering young people, showing them the opportunities that exist and the important role they can play in its development. One means of achieving this is through the use of ICTs. These technologies are filtering down through every socio-economic segment, even in remote rural areas.»

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As catástrofes naturais e o caos social que nos afectaO passado recente tem sido preenchido com acontecimentos dramáticos, mesmo catastróficos. A história da humanidade acrescentou e está a acrescentar páginas de tragédia, únicas em alguns aspectos, que vão ficar para a posteridade como mo-mentos marcantes e sintomáticos de mu-danças radicais do percurso da humanida-de para um fim que não se sabe qual será. São indicadores da fragilidade da condi-ção humana e até da própria Terra que é esta “Aldeia” onde vivemos e que podia ser um paraíso mas que, por vezes, converte-mos num inferno, como se não bastassem os desastres naturais. Por todas as razões a situação merece um momento de reflexão.Estamos apanhados nas tenazes de um monstro. Corremos o risco de ser truci-dados se não tomarmos providências. E é urgente.Quem somos, porquê e para quê?Para onde vamos, que não seja a sepultura ou o incinerador, ou outra forma de de-sintegração, que esses são certos, mas um destino colectivo prosseguido e prolonga-do em gerações sucessivas, destinados à eternidade se a natureza não determinar de outro modo?Que devemos fazer, que atitudes e deci-sões devemos tomar para corrigir este caos que está a fermentar, seja por acção do homem (que também faz parte de na-tureza) ou através dos fenómenos naturais (sem intervenção do homem)? É sabido que a sobrevivência da espécie humana, e de outras espécies, animais e vegetais, se não considerarmos a des-

truição natural da “Aldeia”, depende da organização das sociedades em termos e condições que permitam a sobrevivência e propagação, para haver uma solução de continuidade; controlo das doenças exter-minantes (SIDA e outras); obtenção orga-nizada de alimentos; distribuição racional do trabalho com justo esforço e compen-sação (a ociosidade e a exploração abusiva do trabalho dos outros são factores nega-tivos).Podemos acrescentar que tal sociedade deveria florescer num ambiente de paz, liberdade, respeito mútuo com um equi-líbrio entre direitos e deveres, com uma moral e ideologia fundamentadas na ob-servância do respeito pela necessidade original da sobrevivência da espécie. (Vem necessariamente à ideia o conceito de Uto-pia).De entre os vários desenhos e elementos que integram a equação da estrutura so-cial pode distinguir-se a Economia. Tudo se passa num intercâmbio de ideias (que também têm um valor) bens e serviços.Depois entra em cena a Política. Os acontecimentos das últimas semanas no Norte de África e no Médio Oriente fizeram, e fazem correr rios de tinta, en-chendo as páginas dos jornais, dominando os noticiários na televisão com imagens impressionantes e ocupando largamente os noticiários na rádio, notícias que com-petem com os tremores de terra, tsunamis e outras calamidades, por razões que são fáceis de explicar: ‘tudo são catástrofes’. Repórteres, analistas, comentadores, to-

dos se pronunciam, com mais ou menos objectividade mas, em geral, com poucas certezas e muitas dúvidas, sobre o dispa-rar de emoções sociopolíticas.Os factos são relatados, muitas vezes, com observação presencial dos repórteres e com maior relevo para a televisão que pro-cura estar “em cima do acontecimento” e transmite imagens em directo, com alguns anúncios nos intervalos, que são muitas vezes inadequados perante tanta miséria e que não são instrutivos.Lêem-se e ouvem-se palavras como pro-

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testo, manifestação, levantamento popu-lar e outras, inclusivamente revolução, para descrever a perturbação social que os poderes estabelecidos nos países onde tais coisas ocorrem procuram minimizar das mais variadas maneiras, seja para consu-mo local ou consumo internacional.As tácticas são conhecidas e vão desde a declaração pública de que está tudo de-baixo de controlo, o que tem acontecido por muitos anos de paz podre, negação da legitimidade e representatividade dos que protestam e que “são apenas uma pequena facção de agitadores movidos por objectivos de vandalismo e anti-pa-trióticos”, até à ameaça da necessidade de aplicar “severa justiça” e uso de medidas drásticas com utilização da “força neces-sária para restabelecer a ordem”. Chama-se a isso comunicação social, in-formação, direito de saber, geralmente participação passiva e... espectáculo. As pessoas gostam de um bom espectáculo.

Quanto mais dramáticas melhor, isto se não estiverem envolvidas. Ou seja, en-quanto as vítimas forem os outros...!Que moralidade? Que ideologia? Sim, a culpa é da política e nossa. A ambição des-medida, o abuso do poder e, como dizia Platão, se não queremos envolver-nos na política, corremos o risco de ser governa-dos por inferiores. E podemos acrescen-tar; “com habilidade e vocação para o abuso e despotismo” porque a consciência social adormece e na ociosidade mental deixa-se influenciar por uma droga que é uma mixórdia de emoção, facciosismo e ignorância e que põe no poder os atrevidos (em geral apoiados por ilegítimos interes-ses económicos) e deixa de fora os compe-tentes. E o poder corrompe.Os noticiários, em todos os formatos rela-tam e mostram tudo, ou quase tudo. Não vamos repetir. Desde a Costa do Marfim ao Iémen. O que fica no meio é o conduto, seja a Tunísia ou a Líbia.

O que dissemos refere-se a uma das tena-zes do monstro: o HOMEM e as suas ac-ções. A outra implica os desastres naturais, sem intervenção do homem (e da mulher, de qualquer nação ou raça, para não ser xe-nófobo). Desde a Nova Zelândia, passando pela Austrália, até ao Japão, para mencio-nar os mais recentes, sem menosprezar a importância dos anteriores, e sem descu-rar o controlo incipiente da energia nucle-ar. Também podemos e devemos, em detri-mento da (Ciência?) Economia, conside-rar a crise económica de que ainda não saímos. A economia mundial está em “cri-se”. (Palavra suave). Em resumo: o falhan-ço foi completo. O comunismo (se é que houve algum país comunista?) e, anterior-mente, a economia de troca (com alguns ajustamentos: Adam Smith, Keynes, e outros Gurus) o Feudalismo e o Capitalis-mo, mais a Revolução Industrial e o “Das Kapital” (sobre que há mais interpretações do que tremores de terra), deixaram-nos nus na Praça do Mercado das Ambições). O dinheiro não substituiu as batatas. Não pagou justamente pelo trabalho feito e a riqueza produzida. Comprou inutilidades, fantasias, luxos, fome, miséria, desgraça, infelicidade... Ninguém come notas de Banco. Mas precisamos de uma ciência baseada nos princípios essenciais da so-brevivência e do respeito e solidariedade. Caro leitor, é altura de pensar, para todos nós, com todas as deficiências que temos, mas com a determinação de harmonizar a equação. O problema é nosso. Vender é barato. Comprar o que se deu “de Graça” é caro.Não será oportuno tomar consciência da realidade e dizer NÃO. Não mais Saldos Políticos e consequências económicas. A cada um suas contas. O caos está à vista.c

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ECONOMIA POLÍTICA MONETÁRIA28

O actual ‘Estado de Saúde’monetárioO Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO) reuniu-se em Março, na sua terceira sessão ordinária deste ano, para avaliar os desenvolvimentos económicos e financeiros mais recentes, a evolução dos agregados monetários e dos preços, bem como as suas tendências, com vista a tomar as medidas de política mais adequadas.

I. Desenvolvimentos recentesnas economias internacional e regional

A informação recente mostra uma nova escalada nos preços do petróleo e dos pro-dutos alimentares no mercado internacio-nal, ditada pelos acontecimentos que se registam nos países do norte de África e do Médio Oriente, principais produtores e exportadores de petróleo. Suspeita-se que a alta da cotação do pe-tróleo e dos produtos alimentares possa representar um novo desafio aos governos do mundo inteiro, em especial dos paí-ses de baixa renda, que enfrentam ainda os efeitos desfasados da crise financeira e económica à escala global.As economias desenvolvidas analisadas (EUA, Zona do Euro, Japão e Reino Uni-do) registaram uma aceleração da recu-peração da actividade económica no ano de 2010, quando comparada com os últi-mos dois anos, em que se observou uma tendência geral para a desaceleração do PIB. A informação divulgada pelo Fundo Monetário Internacional confirma que a China passou a ocupar o segundo lugar em termos de PIB nominal, superando deste modo o Japão, tendo o Brasil ascendido à sétima posição, ultrapassando por exem-plo países como a Itália. Dados reportados a Fevereiro de 2011 in-dicam que os níveis de desemprego, em-bora ainda altos, mostram uma tendência para a desaceleração nos Estados Unidos da América e nos países da Zona do Euro, tendo-se mantido, no entanto, inalterados no Japão.No geral, no mês de Janeiro de 2011 a in-flação acelerou nas economias mais de-senvolvidas, tendo esta tendência prosse-guido nos países da Zona Euro no mês de Fevereiro, ao fixar-se em 2,4%, após 2,3% no mês anterior. O Dólar dos EUA manteve a tendência

para o enfraquecimento vis-à-vis as prin-cipais moedas no mercado internacional, tendo-se, em Fevereiro de 2011, deprecia-do em 7,9%, 6,4% e 1,2% face ao Yen, Li-bra e Euro, respectivamente. Nas economias de mercado emergentes (nomeadamente Brasil, China, Coreia do Sul e Índia), o destaque vai para o cres-cimento robusto que a China e a Índia mantiveram no quarto trimestre de 2010 (9.8% e 8.2%, respectivamente). Neste grupo de países, no mês de Janeiro de 2011 prosseguiu a tendência para a ace-leração de preços acompanhada do enfra-quecimento das respectivas moedas face ao Dólar dos EUA, quando avaliadas com base na informação de Fevereiro de 2011. Apesar de a moeda dos Estados Unidos da América se manter em terreno de depre-ciação, as perdas relativamente ao Real do Brasil, Yuan da China, Won da Coreia do Sul e Rupia da Índia reduziram para 7,9%, 3,7%, 3,0% e 1,8%, respectivamente.No geral, os Bancos Centrais das econo-mias mais desenvolvidas e de mercado emergentes decidiram pela manutenção das respectivas taxas de juro de política, com excepção da China que agravou em Fevereiro de 2011 em 25pb, para 6,06%. Mais recentemente, o Banco Central do Brasil decidiu incrementar a sua taxa para 11.75%, agravando-a em 25 pontos base (pb). Nas economias da SADC (Economias ana-lisadas: África do Sul, Angola, Botswana, Malawi, Maurícias, Moçambique, Tanza-nia e Zâmbia), os dados divulgados mos-tram que em Dezembro de 2010 o PIB da África do Sul, Zâmbia e Maurícias registou um crescimento real de 2.7%, 7.1% e 4.2%, respectivamente. O INE divulgou recente-mente que o PIB moçambicano registou um crescimento real de 6.5% no IV trimes-tre, fazendo com que o crescimento anual fosse de 6.6%.

No que respeita à inflação anual, a infor-mação reportada a Janeiro de 2011 indica um agravamento em todos os países da Região, sendo que Moçambique continua a apresentar a inflação mais alta, de dois dígitos. Em Fevereiro de 2011, o Dólar dos EUA observou uma tendência para o enfraquecimento em todas as economias da região ao depreciar-se face ao Pula do Botswana, Rupia das Maurícias, Rand sul-africano e Metical.

«Nas economias da SADC (Economias analisadas: África do Sul, Angola, Botswana, Malawi, Maurícias, Moçambique, Tanzania e Zâmbia), os dados divulgados mostram que em Dezembro de 2010 o PIB da África do Sul, Zâmbia e Maurícias registou um crescimento real de 2.7%, 7.1% e 4.2%, respectivamente. O INE divulgou recentemente que o PIB moçambicano registou um crescimento real de 6.5% no IV trimestre, fazendo com que o crescimento anual fosse de 6.6%.»

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29ECONOMIA POLÍTICA MONETÁRIA 29

II. Desenvolvimentosda economia moçambicana

De acordo com o Instituto Nacional de Es-tatística (INE), no mês Fevereiro de 2011, o Índice de Preços no Consumidor da Ci-dade de Maputo registou uma variação mensal positiva de 1.24%, elevando a in-flação acumulada para 3.32%, menos 0.55 pontos percentuais (pp) comparativamen-te a igual mês de 2010. Com esta variação mensal, a inflação homóloga fixou-se em 16.0%, mais 9.16pp em relação a igual pe-ríodo de 2010. Em termos acumulados, a divisão da alimentação e bebidas não al-coólicas contribuiu para o total da inflação com 2.10 pontos percentuais positivos, sendo os preços do coco, peixe fresco, re-frigerado ou congelado, tomate, couve, al-face e carvão vegetal os que tiveram maior agravamento no mês e maior impacto no total da inflação acumulada. O IPC-Moçambique, que agrega os índi-ces de preços das três principais cidades moçambicanas, nomeadamente Maputo, Beira e Nampula - observou uma variação mensal de 1.32% no mês de Fevereiro de 2011 (desaceleração tanto quando com-parado a Janeiro deste ano como ao mês homólogo do ano anterior), determinada, maioritariamente, pela classe de produ-tos alimentares e bebidas não alcoólicas, com uma contribuição de 0.83pp. Os pro-dutos cujos preços foram determinantes para essa variação foram: peixe fresco, refrigerado ou congelado, feijão mantei-ga, farinha de milho, peixe seco, excepto bacalhau, entre outros. Com esta variação

mensal, a inflação acumulada nos dois primeiros meses foi de 2.96%, enquanto a homóloga e a variação da média móvel dos últimos 12 meses se situaram em 15.23% e 14.23%, respectivamente.Dados divulgados pelo INE referentes ao IV trimestre de 2010 indicam que o PIB registou uma variação anual de 6.5%, mais 1,3pb em relação ao trimestre anterior e igual período de 2009. Para este cresci-mento, os ramos da Agricultura e Serviços Financeiros continuaram a ter contribui-ções significativas, ao registar crescimen-tos de 13.6% e 15.8%, respectivamente.Segundo o INE, o indicador do clima eco-nómico registou uma queda em Janeiro de 2011, em relação ao mês anterior, reflec-tindo, essencialmente, o pessimismo dos respondentes em relação às expectativas de procura e emprego. No entanto, com-parativamente a igual período de 2010, a confiança dos empresários mostrou-se mais optimista, ao consolidar a marcha ascendente iniciada em Outubro de 2010.O indicador de expectativas de emprego acompanhou esta tendência de queda, invertendo assim, a linha ascendente do quarto trimestre de 2010, determinado pelo pessimismo manifestado pelos res-pondentes dos sectores de transportes e alojamento e restauração quanto ao em-prego futuro, com excepção dos do sector de produção industrial, que expressaram algum optimismo. No mesmo período, o indicador de em-prego actual comportou-se de forma se-melhante ao dos outros dois indicadores acima descritos, ao registar uma queda

assinalável em todos os sectores, excepto nos ramos de Transportes e da Produção Industrial, que registaram um aumento. Em Janeiro de 2011, os preços médios in-ternacionais das principais mercadorias exportadas por Moçambique continuaram a registar aumentos, em termos anuais, com destaque para o algodão (131.2%), açúcar (13.1%) e alumínio (9.4%). De igual forma, os preços médios internacionais das principais mercadorias importadas por Moçambique, com impacto na inflação doméstica, também tendem a aumentar, em termos anuais, exceptuando o preço do arroz que reduziu em 11,8%. De des-tacar a alta dos preços de trigo (62.3%), milho (58.6%) e barril de brent (26.1%). Decorrente da instabilidade que se vive no Médio Oriente e norte de África, principais produtores e exportadores de petróleo e seus derivados, os preços desta merca-doria vêm observando subidas persisten-tes e preocupantes, concorrendo para o agravamento do custo de vida em todas as economias do mundo. No dia 9 de Março de 2011, o barril de petróleo Brent estava cotado em 115,2 USD. No sector monetário, o saldo do crédi-to à economia atingiu 92.432 milhões de Meticais no mês de Janeiro de 2011, o que traduz um abrandamento na sua ex-pansão anual para 28.9%, após 29.2% no mês anterior e 28.4% em igual período do ano anterior. Retirando o efeito da varia-ção cambial, o crédito à economia cresce em 24.6%. O comportamento do crédito, conjugado com operações financeiras do Estado, contribuiu para que o agregado

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ECONOMIA POLÍTICA MONETÁRIA30

mais amplo de moeda (M3) incremen-tasse, em termos anuais, em 22.4%, con-tra 22.8% no mês anterior e 34.1% no mês homólogo do ano anterior. Expurgando o efeito da variação cambial, a expansão deste agregado reduz para 19.5%. Ainda neste sector, dados preliminares reportados ao mês de Fevereiro de 2011 indicam que o saldo da Base Monetária (BaM) no final do período se fixou em 29.001 milhões de Meticais, 0.4% acima das previsões feitas para o período. Ainda assim, este saldo representa uma redução mensal de 882 milhões de Meticais, deter-minada pelo retorno das Notas e Moedas em Circulação (NMCs) ao sistema ban-cário, no valor de 1.067 milhões de Meti-cais (2.9%), comportamento típico deste período do ano, contra um aumento das Reservas Bancárias (RBs) em 186 milhões de Meticais (1.6%). Refira-se que a com-ponente em moeda estrangeira reduziu em 125 milhões de Meticais, o que amor-teceu a expansão da componente denomi-nada em moeda nacional. Em termos de média diária no mês, o saldo da BaM em Fevereiro de 2011 foi de 29.531 milhões de Meticais, traduzindo uma redução de 752 milhões de Meticais (2.5%), superando a estimativa feita para o período em 1.633 milhões de Meticais (5.2%). Tendo em vista manter a Base Monetária nos parâmetros do programa, o BM inter-veio nos mercados interbancários este-rilizando um total de 3.335,0 milhões de meticais, por via de operações líquidas de reverse repos (1.100 milhões de meticais), bilhetes do tesouro (748 milhões de Me-ticais) e aplicações na Facilidade Perma-nente de Depósito (651 milhões de Meti-cais), auxiliadas pelo vencimento de 681 milhões de meticais da Facilidade Perma-nente de Cedência e por vendas líquidas de divisas no contravalor de 651 milhões de meticais. O saldo preliminar das Reservas Interna-cionais Líquidas fixou-se em 1.882,4 mi-lhões de dólares em Fevereiro de 2011, o que representa uma acumulação mensal

de 20.5 milhões de dólares. No período em análise, o BM vendeu apenas 20.4 milhões de dólares no Mercado Cambial Inter-bancário, espelhando o facto de o sistema bancário ter apresentado posições confor-táveis em divisas. No mês de Fevereiro, o Metical prosseguiu, pelo sexto mês consecutivo, a tendência para a apreciação em relação ao Dólar dos EUA no mercado cambial interbancário, tendo-se a taxa de câmbio fixado em 31,1 Meticais, após 32,10 meticais em Janeiro de 2010. Em termos anuais, observa-se uma desaceleração da depreciação da mo-eda nacional em 4pp, para 12.60%, contra 5.1% em igual período de 2010. Esta ten-dência estendeu-se em outros segmentos do mercado, tendo-se a taxa de câmbio média praticada pelos bancos comerciais nas suas operações com o público fixado em 31,26 meticais, o que representa uma apreciação mensal de 3.46%, após 0.61% em Janeiro, fazendo com que a depre-ciação anual reduzisse para 3.54%, após 12.99% em igual período de 2010. No Mercado Monetário Interbancário, as taxas de juro dos leilões de BTs para to-das as maturidades incrementaram em Fevereiro, passando para 16.30%, 16.36% e 16.48%, respectivamente para as maturi-dades de 91, 182 e 365 dias. Esta tendência foi semelhante nas permutas de liquidez entre as instituições de crédito, cuja taxa média aumentou para 15.34% em Feverei-ro de 2011. Informação estatística mais recente, re-ferente a Janeiro de 2011, indica que, no mercado a retalho, a taxa de juro média dos empréstimos para a maturidade de um ano incrementou em 0.88 pp, para 22,55%, o que corresponde a um acrésci-mo de 3.45 pp em relação ao período ho-mólogo de 2010. Por seu turno, a taxa de juro média dos depósitos para prazos de um ano fixou-se em 12.82% no mês em análise, mais 0.81 pp em relação a Dezem-bro de 2010 e 3.38 pp comparativamente ao período homólogo de 2010.

III. Decisão do Comitéde Política Monetária

O Comité de Política Monetária vem acompanhando com a devida atenção a tendência altista dos preços do petróleo e produtos alimentares no mercado inter-nacional, dado o seu impacto na economia nacional, nomeadamente sobre a balança de pagamentos, actividade económica, fi-nanças públicas, agregados monetários e inflação, a curto e médio prazos. Assim, visando os objectivos macroeconómicos estabelecidos para 2011, deliberou: - Assegurar adequados níveis de inter-venção nos mercados interbancários, de modo a conter o saldo da Base Monetária nos 27.543 milhões de meticais, no final do mês de Março de 2011. A próxima sessão do CPMO terá lugar a 11 de Abril de 2011.c

«Informação estatística mais recente, referente a Janeiro de 2011, indica que, no mercado a retalho, a taxa de juro média dos empréstimos para a maturidade de um ano incrementou em 0.88 pp, para 22,55%, o que corresponde a um acréscimo de 3.45 pp em relação ao período homólogo de 2010. Por seu turno, a taxa de juro média dos depósitos para prazos de um ano fixou-se em 12.82% no mês em análise, mais 0.81 pp em relação a Dezembro de 2010...»

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DOSSIER ENERGIA PETRÓLEO32

As manifestações a que assistimos no Médio Oriente e agora o confronto armado na Líbia originaram a subida, em flecha, do preço do barril do petróleo. As razões são óbvias. O Médio Oriente detém cerca de 30% da produção mundial de petróleo e a terra do coronel Khadafi é a 12.ª maior produtora de petróleo. No meio deste turbilhão, os países que não produ-zem e nem possuem refinarias de petróleo, como é o caso de Moçambique, apanham por tabela.

Quando as manifestações iniciaram no mundo arábe, a ideia que se tinha era de que as consequências seriam apenas mais sentidas a nível político, visto que este era o fulcro das reivindicações. Porém, à medida que o fenómeno foi-se alastrando pelo mundo arábe, chegando até à Líbia, para além das implicações económicas directas para esses países, o mundo co-meçou a ressentir-se da crise arábe. No caso concreto da Líbia, a instabilidade que se vive naquele país fez o barril do petró-leo disparar, ultrapassando a fasquia dos 110 dólares por barril, tanto para o crude como para o brent. A situação agravou-se ainda mais após no-

tícias dando conta que a cidade de Ras La-nuf, um importante pólo petrolífero líbio, havia-se transformado num palco de bata-lha entre opositores e forças leais ao líder Muamar Khadafi. Por outro lado, olhando para o cenário de confrontos que se iam agudizando naquele país, analistas já pre-viam esta galopada no preço do petróleo, tendo em conta também que a Líbia é o 12.º maior produtor de petróleo do mun-do e o quarto maior produtor de petróleo em África - com uma produção diária de 1,5 milhões de barris, além de exportar quantidades expressivas de gás para toda a Europa. Desde que começou a insurreição popular

contra as ditaduras no norte da África e no Médio Oriente, os preços do barril do petróleo atingiram as cifras mais altas dos últimos dois anos. Para além de pressio-nar o preço do petróleo, a crise na Líbia e os tumultos na Região suscitaram receios, junto das grandes potências, como é o caso do Japão, de influenciar negativamente na recuperação da economia mundial. Contudo, a crise arábe apenas veio agravar um “problema” que já havia sido criado pela China e pela Índia. Estes dois países são grandes consumidores e importadores de produtos petrolíferos, devido às altas taxas de crescimento de suas economias, facto que aumentou exponencialmente a

Crise acontece“lá” e nós pagamos “cá”

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33DOSSIER ENERGIA PETRÓLEO

demanda por este recurso. Adicionado a este estado de coisas surge o facto das per-furações e descobertas de novos campos de exploração não acompanhar o ritmo da procura mundial e o facto das constantes especulações em torno das reservas do re-curso e das demandas.

Como fica Moçambique?

Situações como a descrita neste artigo pe-nalizam gravemente o país, na medida em que não produzimos petróleo e não temos refinarias – facto que encarece o preço dos combustíveis. Desta forma, o país torna-se um importador, por excelência, de com-bustíveis fosséis e está vulnerável às osci-lações do mercado internacional. Porém, o Governo já veio a público dizer que “tudo fará” para “proteger” as camadas mais desfavorecidas dos efeitos da escalada de preços a nível internacional, incluindo dos combustíveis. É neste sentido protector que o Governo está a subsidiar os preços dos combustíveis, uma medida que já não vem de hoje. Em 2009, o Governo foi “encostado à pa-rede ” pelas gasolineiras que chegaram a restringir o abastecimento de combustí-veis no mercado. Face à esta situação, o Governo interviu através da Petromoc, que garantiu que podia abastecer todo o país, tendo, na altura, disponibilizado 20 milhões de litros por dia, adicionais ao ha-bitual. A par das medidas do Governo de fazer face à oscilação do preço do petróleo no mercado internacional e de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis,

está o projecto de reabilitação dos tanques de armazenagem da Petromoc. Só na pri-meira fase, serão abrangidos sete tanques com capacidade de 20.000 m3 cada um, num investimento calculado em centenas de milhões de meticais. Só os tanques em alusão totalizam uma capacidade de arma-zenamento de 140 milhões de litros.

Biocombustível:A luz no fundo do túnel?

Pressionado pela instabilidade do preço do petróleo no mercado internacional, o Governo viu-se forçado a encontrar alter-nativas aos combustíveis fosséis. É neste contexto que, por volta de 2007, surge a aposta nos biocombustíveis, que contra-riamente ao caso do petróleo, pode ser produzido localmente, e segundo indi-cação dos cálculos, a custos mais baixos que os dos combustíveis fosséis. Dois anos depois, foi aprovada a Estratégia Nacional para o sector, que privilegia o investimen-to privado. A ideia que norteia este projec-to é produzir e usar biocombustíveis em larga escala no País.Recentemente, o Brasil, União Europeia e Moçambique anunciaram o arranque de estudos conjuntos com o objectivo de afe-rir o potencial do território nacional para a produção de biocombustíveis. O passo ini-cial da cooperação é fazer o levantamento completo das condições de relevo, clima, solo, sociais, ambientais, de mercado e de infraestrutura. Enfim, tudo o que pode influenciar a sustentabilidade e viabilida-de da produção da bioenergia. A serem

identificadas as áreas adequadas para o cultivo, o estudo recomendará modelos de negócio e projectos, que poderão envolver etanol, bioeletricidade, biodiesel, biomas-sa sólida, ou ainda uma combinação entre elas, ou com a produção de alimentos. Os primeiros resultados dos projectos são es-perados dentro de três anos.

Quem “CONTROLA” o PETRóLEO?

Em 1960 foi criado um organismo desig-nado Organização dos Países Exportado-res de Petróleo (OPEP) com o objectivo de conseguir negociar melhores preços para o petróleo. O cartel responde por cerca de 80% da produção mundial do “ouro negro” e tem como membros a Arábia Saudita, Venezuela, Irão, Iraque, Kuwait, Emirados Arábes Unidos, Líbia, Nigéria, Qatar, Argélia, Angola e Equador. Porém, nem todos os “gigantes” do ramo petrolífe-ro juntaram-se a esta organização, e entre eles constam os Estados Unidos da Améri-ca, México, Grã-Bretanha, Noruega e Rús-sia. Os países membros da OPEP mantêm as maiores reservas do mundo em petró-leo e conseguem controlar os seus preços por exercer uma administração centraliza-da dos volumes de produção e exportação.De acordo com o “Relatório Mensal do Mercado do Petróleo” para 2011, as pre-visões da OPEP indicam um crescimento da demanda por petróleo na ordem de 1,4 milhões de barris por dia. Animados por estes números, a organização perspectiva um bom desempenho para o ramo petro-lífero.c

Arábia Saudita 264.59 24.9%Venezuela 211.17 19.8%Irão 137.01 12.9%

Iraq 115.00 10.8%Kuwait 101.50 9.5%EUA 97.80 9.2%

Líbia, S.P.A.J 46.42 4.4%Nigéria 37.20 3.5%Qatar 25.38 2.4%

Argélia 12.20 1.1%Angola 9.50 0.9%Equador 6.51 0.6%

Não membros da OPEC272.9 biliões de barrís

20.41%

Membros da OPEC1064 biliões de barrís

79.60%

Fonte: Boletim Anual Estatístico da OPEP

Arábia Saudita

Venezuela

Irão

Iraq

Kuwait

EUA

Líbia, S.P.A.J

Nigéria

QatarArgélia Angola

Equador

Distribuição mundial das reservas de Crude em 2009

Reservas de crude da OPEC no final de 2009 (bilião de barris)

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34 DOSSIER ENERGY PETROLEUM

The crisis occurs“there” and we pay for it “here”

The manifestations experienced in the Middle East and the current armed confrontation in Lybia gave rise to the sharp increase of the price of the oil barrel. The reasons are obvious. The Middle East retains around 30% of the world’s petrol production and Colonel Khadafi’s country is the 12th largest oil producer. In the midst of this uproar, the countries which do not produce or have oil refineries, as is the case of Mozambique, bear the burden for that.

When the manifestations started in the Arab world, the idea was that the conse-quences would only be felt at a political level, since this was the purpose for the demands. However, as the phenomenon spread throughout the Arab world, all the way to Libya, further to the economic im-plications directed at those countries, the world started to resent the Arab crisis. In the specific case of Libya, the instability experienced in that country was the cause for the steep increase in the barrel of oil, having exceeded 110 dollars per barrel, both for the crude as well as for the brent.

The situation worsened after the news that the city of Ras Lanuf, an important Libyan petroleum port, became a war zone be-tween the opposition and the forces loyal to the leader Muamar Khadafi. On the other hand, looking at the scenario of con-frontations which intensified in that coun-try, analysts had already anticipated this galloping raise in the price of oil, taking into account that Libya is also the world’s 12th largest oil producer and the fourth largest oil producer in Africa - with a daily production of 1,5 million barrels, in addi-tion to exporting significant quantities of

gas throughout Europe. Since the beginning of the popular rebel-lion against the dictatorships in the North of Africa and in the Middle East, the costs of oil barrels reached the highest amounts of the last couple of years. Further to push-ing up the oil price, the crisis in Libya and the disturbances in the region have stirred up fears within the great powers, as in the case of Japan, to negatively influence the recovery of the world economy.However, the Arab crisis came only to ag-gravate a «problem» which was created by China and India. These two countries

«When the manifestations started in the Arab world, the idea was

that the consequences would only be felt at a political level, since this was the purpose for the demands.

However, as the phenomenon spread throughout the Arab world, all the way to Libya, further to the

economic implications directed at those countries, the world

started to resent the Arab crisis. In the specific case of Libya, the

instability experienced in that country was the cause for the steep increase in the barrel of oil, having

exceeded 110 dollars per barrel, both for the crude as well as for the

brent.» DR.

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are great consumers and importers of oil products, due to the high rate of their economy growth, fact which increased dramatically the demand for this resource.

Where does Mozambique stand?

Situations such as those described in this article penalise the country seriously, in so far as we do not produce oil and we do not have refineries - which raises the cost of oil. In this manner the country becomes an importer of fossil fuel, by excellence, and is vulnerable to world market fluc-tuations. However, government has publi-cally stated that it will «do everything» to «protect» the more underprivileged layers from the effects of raising costs at interna-tional level, including those of fuel. It is in this protecting manner that the govern-ment is subsidising fuel prices, a precau-tion which has taken place in the past. In 2009, the government was put “in a tight corner” by the gas stations who even restricted the market supply. In view of this situation, the government intervened via Petromoc, which guaranteed the coun-try’s entire supply, having at the time made available 20 million litres daily in addition to the usual.

Bio-fuel – The light atthe end of the tunnel?

Compelled by the uncertainty of the cost of the oil in the international market, the government was obliged to find alter-

native to fossil fuels. It is in this context that, around 2007, the bid for bio-fuels emerged, which adversely in the case of oils, can be manufactured locally, and ac-cording to estimate indications, at a lower cost than fossil fuels. Two years later, the National Strategy for the sector was ap-proved, favouring private investments. The idea guiding this project is to produce and use bio-fuels in large quantities in the country.Brazil, the European Union and Mozam-bique announced recently the start-up of joint studies with the objective of gauging the national region potential for the pro-duction of bio-fuels. The first step of this cooperation is to make a complete survey of the climate, soil, social, environmental, market and infrastructure conditions. All that can influence the sustainability and viability of the bio-fuel production. Once the areas adequate for the cultivation are identified, the study will recommend busi-ness and project patterns that may involve ethanol, bio-electricity, bio-diesel, solid bio-mass or even a combination of them all, or with the manufacture of food. The first results of the project are expected within the next three years. Who “CONTROLS” the OIL?

The Organization of Petroleum Exporting Countries (OPEC) was established in 1960 with the objective of negotiating better oil prices. The cartel is responsible for around 80% of world production of “black gold”,

and its members are Saudi Arabia, Vene-zuela, Iran, Iraq, Kuwait and United Arab Emirates, Libya, Nigeria, Qatar, Argelia, Angola and Equator . However, not all the «giants» of the petrol industry have joined this group, amongst them the United States of America, Mexico, Great Britain, Norway and Russia. The countries mem-bers of OPEC maintain the largest world petrol reserves, and are able to control its costs by exercising a centralized control of the volumes of production and of exports.According to the «Monthly Petroleum Market Report» for 2011, OPEC’s provi-sions indicate an increase in the demand for oil in the region of 1,4 million barrels per day. Encouraged by these figures, the organization anticipates a good perfor-mance in the petrol industry.c

Saudi Arabia 264.59 24.9%Venezuela 211.17 19.8%Iran 137.01 12.9%

Iraq 115.00 10.8%Kuwait 101.50 9.5%EUA 97.80 9.2%

Libya, S.P.A.J 46.42 4.4%Nigeria 37.20 3.5%Qatar 25.38 2.4%

Argelia 12.20 1.1%Angola 9.50 0.9%Equador 6.51 0.6%

Non-OPEC272.9 bn barrels

20.41%

OPEC1064 bn barrels

79.60%

Source: OPEC Annual Statistical Bulletin 2009

Saudi Arabia

Venezuela

Iran

Iraq

Kuwait

EUA

Libya, S.P.A.J

Nigeria

QatarArgelia Angola

Equador

OPEC share of World Crude Oil Reserves 2009

OPEC proven crude oil reserves end 2009 (Billion barrels)

«In 2009, the government was put “in a tight corner” by the gas stations who even restricted the market supply. In view of this situation, the government intervened via Petromoc, which guaranteed the country’s entire supply, having at the time made available 20 million litres daily in addition to the usual»

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SECTOR COMUNICAÇÕES36

Mercado ainda é pequenopara três operadorasSérgio Mabombo [texto]

O Mercado moçambicano de telefonia móvel, que comporta mais de seis milhões de utilizadores, ainda é pequeno para ali-mentar a concorrência das três empresas operadoras existentes na área.

A Vodacom, a Mcel e a recente Movitel operam num mercado ainda em consolida-ção, caracterizado por um baixo poder de compra, facto que representa um desafio enorme em termos de investimento, segun-do Salimo Abdula, PCA da Vodacom Mo-çambique.

Contas feitas, quanto ao referido univer-so de seis milhões de utilizadores, a Mcel detém 65 por cento da quota do mercado enquanto a Vodacom detém os restantes 45 por cento. Apesar da pouca dimensão do mercado, o País tem assistido a uma ver-dadeira corrida ao investimento das em-presas de telefonia móvel (principalmente por parte da Vodacom e da Mcel) ávidas em deter a maior quota de mercado.

A Vodacom, que ainda não logrou lucros desde que se lançou no mercado moçambi-cano há cerca de oito anos, durante o exer-cício financeiro de 2009/2010 acumulou prejuízos estimados em 230 milhões de meticais. Entretanto, considerando o perío-do que vai desde o seu lançamento em Mo-çambique até ao final de 2011, a empresa deverá completar um investimento orçado em 15 biliões de meticais.

As receitas da Vodacom cresceram 42.5 por cento, correspondendo positivamente às acções de expansão da empresa. Entre-tanto, a cifra ainda é insignificante, consi-derando os investimentos em curso realiza-dos pela empresa bem como os ambiciosos objectivos.

Salimo Abdula afirma que o investimento de 6 milhões de dólares para a construção da fibra óptica da Vodacom já oferece ga-rantias de ter valido a pena. A montagem da infraestrutura já se encontra numa fase bastante avançada e está praticamente ga-rantida que a tecnologia alcance as cidades da Beira e de Nampula. A conquista irá per-mitir o uso da tecnologia 3G em cada vez mais locais a nível do País. Até ao final do presente ano, a fibra óptica poderá estar funcional, segundo projecta Salimo Ab-dula, que sublinha que tal significará uma maior qualidade e independência da em-presa que dirige.

Explicando o facto de efectuar maiores investimentos num mercado em que ainda não ofereceu lucros à Vodacom, Salimo Ab-dula, diz que a sua empresa investe, não só

para o presente, mas numa perspectiva dos ganhos aparecerem no futuro. Aliás, o cres-cimento em outros sectores, sobretudo o de turismo, irá oferecer os almejados lucros da empresa, segundo a Vodacom.

Por sua vez, a Mcel, líder de mercado que

se lança em Moçambique em Novembro de 1997, já possui mais de 750 antenas a nível do País. A operadora, tal como a sua con-corrente Vodacom têm permitido o acesso aos mais avançados serviços de voz, dados e multimédia.c

Nova sede da Vodacom, em Maputo

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Guebuza pretende que inovações melhorem nível de vidaSérgio Mabombo [texto]

O Presidente da República, Armando Gue-buza, quer que as inovações tecnológicas produzidas em Moçambique produzam um impacto no nível de vida das popula-ções, sobretudo nas zonas rurais.Durante a cerimónia sobre o Diálogo Na-cional sobre a Inovação em Moçambique, realizada em Março, o PR dialogou com inovadores, os quais explicaram o funcio-namento das suas máquinas inovadoras e as possibilidades de colocação das mes-mas no mercado.A bomba manual de irrigação, lançada pelo PR na província de Zambézia, tem vindo a ganhar o mercado moçambicano do sector agrícola, segundo afirma o pró-prio inovador Albino Nuvunga.Por sua vez, o ministro da Ciência e Tec-nologia, Venâncio Massingue, calcula que já são mais de 40 inovadores patenteados em Moçambique, os quais demonstram interesse em responder ao desafio de co-locar as suas inovações ao serviço do com-bate à pobreza.A inovação no contexto moçambicano re-vela-se fundamental quando direccionada para a melhoria de processos. Venâncio Massingue sublinha que hoje o País con-seguiu que o registo de uma empresa leve apenas um dia, ao invés dos seis meses, anteriormente exigidos para o efeito. «A inovação tem que aparecer para facilitar

a vida das pessoas», sublinhou.Tal como Armando Guebuza, Venâncio Massingue faz uma avaliação positiva da criatividade dos inovadores moçambica-nos, que, entretanto, na sua maioria não possuem um nível académico elevado, tendo apenas um conhecimento que resul-ta da vida prática.Micas Chacanhane, inovador cuja propos-ta apresentada visa o melhoramento dos sistemas de manuseamento de lixo, sugere a necessidade da existência de uma inte-racção entre os inovadores (oferecendo a sua experiência) e os académicos (ofere-cendo a componente científica).A superação das dificuldades através da inovação já verifica alguma materialização nas iniciativas de alguns inovadores um pouco por todo o País. Halima Sequece (de Cabo Delgado) inventou a Bicicleta Ambu-lância, que tem sido fulcral para superar as dificuldades de transporte de pacientes em algumas localidades da província. Por sua vez, Eduardo Manuel, da provín-cia de Nampula, produziu a máquina de descasque de amendoim e já vendeu mais de 200 unidades do engenho. O aumen-to da procura revela a importância que a máquina vem ganhando gradualmente na vida das populações, segundo a interpre-tação feita durante o Dialogo Nacional so-bre a Inovação.

Massingue, ao mesmo tempo sublinhou a importância que o inovador emissor de rádio montado na província de Zambézia, com base em material local, poderá produ-zir no processo de comunicação da provín-cia. Em suma, o Ministério da Ciência e Tecno-logia poderá oferecer uma maior dinâmica ao movimento da inovação actualmente em crescimento no País, contando para o efeito com a construção do Parque de Ci-ência e Tecnologia de Maluana, no distri-to de Manhiça, com inauguração prevista para os próximos dois anos.c

SECTOR TECNOLOGIAS38

«A superação das dificuldades através da inovação já verifica alguma materialização nas iniciativas de alguns inovadores um pouco por todo o País. Halima Sequece inventou a Bicicleta Ambulância, que tem sido fulcral para superar as dificuldades de transporte de pacientes em algumas localidades da província.»

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39SECTOR TRANSPORTES

Trinta e dois autocarros com capacidade para 75 passageiros en-traram em funcionamento no início de Abril, o que vai mitigar a crise de transporte nas cidades de Maputo e Matola.Os autocarros em processo de desalfandegamento foram impor-tados da Índia pela Federação Moçambicana das Associações de Transportes Rodoviários (FEMATRO) no quadro de uma parceria de financiamento estabelecida com o Fundo de Desenvolvimento de Transportes e Comunicações (FTC), entidade criada pelo Mi-nistério dos Transportes e Comunicações (MTC) para procurar soluções face à crise de transporte de passageiros.Os autocarros irão reforçar nas rotas que ligam a baixa da cidade do Maputo e Museu aos bairros como Nkobe, Boquisso, T3, Si-duava, Machava, Khongolote, entre outras. Cada unidade custou 84.700 mil dólares aos cofres da FTC.Os mesmos constituem o segundo lote dos autocarros de marca Ashok Leyland que operam há dois meses nas cidades de Maputo e Matola.«Depois deste segundo lote aguardamos pela chegada de outros autocarros movidos a gás», disse Rogério Manuel,presidente da FEMATRO, indicando que as unidades que já ope-ram nas cidades de Maputo e Matola estão em bom estado e são viáveis do ponto de vista de qualidade. Porém, afirmou que a associação está a ter prejuízos, uma vez que o custo do bilhete é baixo. Como consequência, as receitas não cobrem as despesas operacionais.«A tarifa está desajustada, daí que não posso falar de lucros», assegurou Rogério Manuel.Por causa desta situação, a FEMATRO está em negociações com o Governo. Na mesa de discussões constam duas propostas. A pri-meira é pelo reajuste da tarifa em função das leis de mercado e a segunda a concessão de subsídios aos transportadores.Para mitigar a crise de transporte, o FTC decidiu contrair um em-préstimo bancário no valor de 146.1 milhões de meticais para a aquisição de 50 autocarros, numa primeira fase, com capacidade para transportar um total de 75 passageiros, 55 dos quais senta-dos. Os beneficiários são os operadores de transporte filiados à FEMATRO. Tratando-se de um contrato de financiamento via ̀ le-asing´, com a duração de quatro anos, os transportadores terão de reembolsar os valores.c

Novos autocarros a gásvêm da ÍndiaEstá prevista para breve a chegada de 150 autocarros movidos a gás importados da Índia para fazer face à crise dos trans-portes na capital. No contexto desta aquisição, a empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM) já está a admitir novos condutores.Não se sabe ainda se os autocarros virão de forma faseada ou num só lote, dependendo tudo do navio que for usado para o transporte. «Se conseguirmos uma embarcação capaz de transportar todos de uma só vez será melhor», disse há dias Armando Bembele, porta-voz dos TPM, garantindo que o pro-cesso de importação se encontra bastante avançado.A entrada em funcionamento destes autocarros vai reforçar a frota dos TPM, permitindo, deste modo, a criação de novas rotas e o aumento da disponibilidade de viaturas nas vias já existentes. «Neste caso, a abertura de novas linhas estará também dependente das condições das estradas de acesso às zonas por explorar», explicou Bembele.Espera-se que os 150 autocarros movidos a gás tenham ca-racterísticas técnicas à altura de resistir a operações mais exi-gentes como é o caso da cidade de Maputo. A fonte assegurou estar em curso a formação de um grupo de perto de 60 con-dutores, sendo que as novas admissões visam complementar o número. Afirmou ainda que os novos ingressos também vão permitir que os condutores actualmente em serviço benefi-ciem dos seus direitos, entre os quais o gozo de folgas, licença disciplinar, entre outros.Este processo não vai comprometer a criação das empresas municipais de transporte público, porque, de acordo com a fonte, quando esta iniciativa entrar para a fase de implemen-tação, os recursos humanos continuarão a ser necessários.c

Governo investiu mil milhões de dólares em infraestruturas e meios de transporteO governo de Moçambique investiu, entre 2008 e 2010, cerca de 32 mil milhões de meticais (mil milhões de dólares) eminfraestruturas e meios de transporte, segundo afirmou o mi-nistro dos Transportes e Comunicações.Citado pela agência noticiosa moçambicana AIM, Paulo Zucula mencionou a construção de várias pontes, incluindo sobre o rio Zambeze, aeroportos, como é o caso de Maputo e Vilancu-los, dragagem de portos de Maputo e Beira, reconstrução das linhas férreas de Ressano Garcia, Limpopo e Sena, e estradas como as infraestruturas onde foram aplicadas as verbas.«Além das infraestruturas, o governo investiu ainda na aquisi-ção de meios de transporte como aviões, automotoras,embarcações, autocarros, entre outros», adiantou Zucula.No entanto, o ministro reconheceu que este esforço do gover-no teve um impacto aquém do desejado em relação às expec-tativas e necessidades da população.«Se comparado com os recursos disponíveis no país e no mer-cado de capitais, o esforço do governo foi bastante grandemas, quando se o compara com as expectativas e necessida-des do país, teve um impacto aquém do desejado», afirmouo titular da pasta dos Transportes e Comunicações.c

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Mais 32 autocarros para Maputo e Matola

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SECTOR TRANSPORTES40

70% do subsídio aos combustíveis reverte para a classe altaO sistema de subsídio aos combustíveis, imple-mentado pelo Governo, tem beneficiado sobre-tudo terceiros, que, ao que tudo indica, trazem pouco impacto ao cenário económico nacional.

Sérgio Mabombo [texto] Luís Muianga [fotos]

Os transportes rodoviários de mercadoria vindos da África do Sul e, ocasionalmente, de outros países da região da SADC encon-tram em Moçambique um local preferen-cial para se abastecerem, atraídos pelos baixos preços do combustível. Por outro lado, a porosidade do actual sistema permite que o País ofereça 70 por cento de subsídio aos combustíveis para cidadãos com elevado poder de compra. Dessa forma, um turista ou mesmo os in-divíduos abastados, pertencentes à classe alta moçambicana, que se encontrem a dar um passeio de barco são apontados como exemplos típicos dos que mais beneficiam do referido subsídio, na descrição de Ro-gério Manuel, presidente da Federação Moçambicana dos Transportadores Rodo-viários (FEMATRO).Enquanto a factura do combustível consu-mido por terceiros é debitada às expensas do Estado moçambicano, a FEMATRO desdobra-se em conversações com o Con-selho Municipal da Cidade de Maputo de forma a propor reformas na área, basea-das num estudo realizado por aquele or-ganismo.Se o subsídio oferecesse prioridade às áreas de transporte e pesca, o impacto nas famílias de renda baixa seria maior e acredita-se que haveria menos rixas com os parceiros de cooperação. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) é da opinião de que o mecanismo

deve ser direccionado para áreas-chave que atendem às necessidades da classe com menos recursos, o que possibilitaria um custo muito menor e um impacto so-bre a efectiva redução da pobreza. Os dados do Fundo Monetário Internacio-nal (FMI) demonstram que 70 por cento do subsídio aos combustíveis beneficia cerca de 20 por cento da classe mais rica, em Moçambique. Apenas um por cento do subsídio é que atinge os cidadãos mais po-bres do País (peões) residentes nas zonas rurais. Por sua vez, os cidadãos carentes, que residem nas zonas urbanas, benefi-ciam de três por cento, enquanto a res-tante percentagem se distribui por outros segmentos sociais. A denúncia feita por Rogério Manuel, relativa aos circuitos obscuros do subsí-dio aos combustíveis surge após o FMI e a OTM terem manifestado a necessidade do mecanismo ser mais transparente. A OTM previu na altura que, com o sistema de subsídios, o Governo iria drenar mui-to dinheiro que não seria aplicado para os devidos fins. Por outro lado, o organismo falou ainda do desvio de milhares de litros de combustível nas gasolineiras para fins e usos obscuros.Só em 2009, o subsídio aos combustíveis custou 110 milhões de dólares, um mon-tante que deveria ser aplicado em outras áreas de maior impacto, segundo o FMI e outros analistas económicos.c

Devido ao lucro diminuto,“chapeiros” desistem em massaSérgio Mabombo [texto]

Enquanto a Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FE-MATRO), em parceria com o Governo, introduz nas rodovias da capital do País mais autocarros, os transportadores semi-colectivos, vulgo “chapeiros,” desistem em massa, deixando as paragens apinhadas de passageiros. A decisão de não licenciar os autocarros de 15 lugares também con-corre para a existência de cada vez menos transportes semi-colectivos de passagei-ros nas paragens.A tendência crescente do preço dos com-bustíveis no mercado internacional (o bar-

«Caso haja a subida do preço do com-bustível gostaria que houvesse a res-pectiva revisão da taxa actualmente paga pelo passageiro. Por dia, con-sigo uma receita de 1.500 meticais, mas é um valor que não compensa devido ao elevado custo do combus-tível, que me consome mais de 900 meticais por dia. Se aliarmos o facto aos custos de manutenção da viatura verifica-se um autêntico rombo. Com este cenário, fica difícil encontrar um meio-termo que define um pre-ço justo de viagem, considerando as dificuldades que o negócio acarreta e o fraco poder de compra do pas-sageiro. Não sei se irei me submeter ao que o Governo e os meus colegas acordarem ou se irei procurar outra coisa para fazer».

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41SECTOR TRANSPORTES

Devido ao lucro diminuto,“chapeiros” desistem em massa

«O aumento do preço do combus-tível vai-nos sufocar. Sugiro um aumento de apenas 2.5 meticais nas actuais taxas, de modo a com-pensar o aumento do preço dos combustíveis. Uma taxa superior a 10 meticais seria sufocar o pas-sageiro, na medida em que quem apanha o “chapa” geralmente é o pacato cidadão, cujo salário esgota na primeira semana. A desistência da maioria dos meus colegas tem a ver com os poucos incentivos exis-tentes em explorar esta área».

«Durante os 17 anos em que traba-lho como transportador semi-colec-tivo verifico que esta área tornou-se a mais complexa para se gerir. A mesma já não oferece lucro algum e se persistimos é por não termos outra alternativa de trabalho. Até ao momento, não imaginamos até que nível teremos dificuldades com o aumento do preço dos combustíveis que se espera. Se só com a actual taxa de 7.5 meticais, a maioria dos passageiros não suporta, não ima-gino como será o cenário se apro-varem a taxa de 15 ou 18 meticais, que é a que permite lucro neste ne-gócio».

ril já supera os 120 dólares) poderá trazer mais pólvora ao sector dos transportes. Neste cenário, o Executivo é obrigado a gerir uma situação em que, existe, por um lado, um cidadão com fraco poder de com-pra para sustentar o custo dos transportes e, por outro, os “chapeiros” que exploram um ramo de negócio cada vez menos lu-crativo.No actual contexto, uma mini-bus de 15 lugares, a explorar uma rota de 21 quiló-metros (como a de Museu - Malhampse-ne) onde normalmente se gastam mais de quatro litros de combustível por viagem,

os prejuízos são mais visíveis. Ao fim do troço, os 15 passageiros equivalem a pouco mais de 112.5 meticais, um valor que não cobre os 4 litros de combustível, segundo os cálculos de Rogério Manuel. Para compensar as perdas decorrentes da subida do custo de combustível, a FEMA-TRO já propôs uma taxa de 18 meticais por viagem junto ao Conselho Municipal de Maputo. A taxa de 18 meticais é consi-derada ideal para cobrir os custos de com-bustível, impostos, salários dos funcioná-rios e proceder à devida manutenção dos automóveis.

Enquanto a proposta não fica aprova-da, uma parcial liberalização da área não constitui motivação suficiente para que os automobilistas sem licença explorem o ne-gócio. Resultado: As enchentes persistem nas paragens. O presidente da FEMATRO, Rogério Manuel, perante o cenário de cri-se, calcula que com mais 50 autocarros poderia sanar-se o problema. Na antevi-são do caos no que diz respeito ao sector, os transportadores semi-colectivos trazem um discurso dramático sobre o futuro da sua carreira profissional e da profissão que representam.c

«A área dos transportes semi-colec-tivos em Moçambique é a pior que um empreendedor pode pensar para investir. Actualmente, a taxa justa para os autocarros tinha de ser 10 meticais. Mas atendendo ao custo de vida, iremos cooperar. Caso haja algum cenário menos favorável na área dos transportes semi-colecti-vos, derivado da subida do preço do petróleo, logicamente os 7.5 me-ticais actuais serão insustentáveis. Estou a prever um abandono da acti-vidade e para o meu caso particular, como não tenho outra profissão, não imagino o que irei fazer. Actualmen-te, só com muito sacrifício é que a minha receita alcança os mil meti-cais. Esta receita não cobre a manu-tenção da viatura».

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FEIMA já conta com 300 feirantesSérgio Mabombo [texto] . Luís Muianga [fotos]

Contas feitas e o número de artesãos que expõem os seus produtos na Feira Inter-nacional de Maputo (FEIMA) já totaliza os 300. A maior parte trocou as suas banqui-nhas nas ruas e nos passeios, a partir do ano passado, sobretudo porque foram se-duzidos pelas vantagens de uma nova in-fraestrutura não só turística como de lazer, na cidade de Maputo.A FEIMA faz parte de um programa maior de desenvolvimento turístico conduzi-do pelo Conselho Municipal de Maputo (CMM), que trata da qualificação dos prin-cipais pólos turísticos da cidade. De acor-do com o estudo realizado em Maputo por Federico Vignati da SNV, em parceria com o CMM, a cidade tem 7 micro-pólos turís-ticos que precisam de ser reconhecidos e qualificados com infraestruturas apropria-das. A FEIMA faz parte do pólo turístico

da Polana, sendo este considerado um dos mais relevantes da capital.A CEDARTE, organização que gere o novo espaço das artes, tem incutido motivação suficiente nos feirantes de modo a forma-lizarem o seu negócio, numa iniciativa co-ordenada com a Autoridade Tributária de Moçambique. Segundo Evaristo Madimbe, director executivo da CEDARTE, cerca de 30 por cento dos feirantes irão empreen-der as suas actividades como formais, até ao final do presente ano. Albergar os vendedores de artesanato no FEIMA, os quais antes faziam o negócio na rua (utilizando as típicas formas de abordagem aos clientes) e incutir-lhes os padrões éticos de venda é certamente um desafio vencido pela CEDARTE. Mais de 100 artesãos já beneficiaram de formação sobre técnicas de venda, e melhoraram as

habilidades de exposição dos seus produ-tos. Até ao final do presente ano serão for-mados mais de 300 feirantes.Por outro lado, a CEDARTE deverá em-preender uma estratégia de Marketing ca-paz de contrariar as características de um mercado onde 22 por cento de indivíduos compra junto aos vendedores ambulantes. A percentagem dos turistas que compra artesanato no mercado informal é de 43 por cento. O cenário tende a mudar, na medida em que a FEIMA regista um maior número de visitas, principalmente aos fi-nais de semana, onde são esperados entre 500 a 1.000 turistas.Mas o maior desafio da FEIMA reside na diversificação da oferta. Da leitura que o organismo faz, conclui-se que o mercado exige objectos de artesanato represen-tativos de todas as regiões do País. Para

42 SECTOR TURISMO

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Queda do número de turistasdeve-se ao duopólio nos voos a partir da Europa

A queda do número de turistas em Moçambique em 2010 ficou a dever-se ao facto de apenas as transportadoras Linhas Aéreas de Moçambique e TAP – Air Portugal esta-rem a garantir a ligação entre a Europa e Moçambique, disse em Maputo o presidente da Federação Moçambicana de Turismo.Em declarações à agência noticiosa portuguesa Lusa, Quessanias Matsombe disse ainda que a queda verificada deve-se à falta de concorrência no transporte aéreo entre a Europa e Moçambique, imputando a essa situação os elevados preços das viagens de avião.«Na rota Europa – Moçambique, neste momento, só há uma companhia, que é a TAP. É ridículo, mesmo que a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique) possa fazer os voos para Lisboa é insuficiente», afirmou Quessanias Matsombe. A LAM anunciou recentemente que irá fazer a carreira Maputo–Lisboa, deixando esta rota de contar apenas com a TAP.

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43SECTOR TURISMO

FEIMA já conta com 300 feirantessatisfazer a exigente demanda, a FEIMA encontra-se gradualmente a alcançar o es-tatuto de Market Place, albergando no seu espaço a oferta dos artesãos de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e demais províncias. A dinâmica que é gerada pelo espaço já atraiu o sector bancário que, por sua vez, montou serviços de POS (Point of Sale) no local. O mecanismo de venda representa o desafio de utilização de formas de venda mais tecnológicas por parte dos artesãos, que na sua maioria ainda não usam os bancos para movimentar os fundos do seu negócio.Convidados a fazer uma análise compara-tiva entre fazer o seu negócio na rua e no novo espaço, os artesãos realçaram os ga-nhos e desafios esperados.c

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SECTOR TURISMO

Comercialização de artesanatovence barreirasO comércio do artesanato no país deve au-mentar graças ao importante trabalho de colaboração inter-sectorial que resulta do esforço entre membros do Observatório do Turismo da Cidade de Maputo. Neste Fórum, as principais organizações e ins-tituições discutiram o impacto da falta de cumprimento da Lei do Artesanato (Lei 10/81) na economia do turismo do País. Tendo isto como referência, foi desenhado um importante trabalho de sensibilização a ser liderado pela CEDARTE em colabo-ração e sinergia com a FEMOTUR, AVI-TUM, SNV, CMM, MITUR e demais mem-bros do Observatório, e demais parceiros provenientes de outras provincias.A lei do Artesanato, ou Lei 10/81, defende o livre comércio e porte de artesanato em quantidades abaixo dos 20 quilos, valores considerados para consumo próprio e não destinados à comercialização.A falta de cumprimento desta lei tem-se tornado uma barreira que, segundo os ar-tesãos, se revela na diminuição do nível de venda dos cerca de 730 artesãos que ope-ram em Maputo. De acordo com o Estudo

Oferta e procura de artesanato (Maputo)

Objectos decorativos de madeira 25 %

Adorno pessoal 24 %

Batik 18 %

Roupa 18 %

Pintura 15 %

Fonte: UNESCO

Caracterização do mercado de artesanato (Maputo)

Total de turistas por ano 333 000

Compra efectuada a vendedores ambulantes 22 %

Compra efectuada em mercado informal 43 %

Potencial monetário de compra 4.2 Milhões USD

Fonte: UNESCO

Caracterização do mercado de artesanato (Zavala)

Artesãos em tempo regular 32

Artesãos em tempo parcial 71 %

Renda média mensal Superior a 3.000 meticais

Fonte: UNESCO

Caracterização do mercado de artesanato (Ilha de Moçambique)

Artesãos em tempo regular 89

Rendimento mensal do artesanato 2.938 Meticais

Artesanato como principal fonte de renda 86 %

Fonte: UNESCO

da Cadeia de Valor do Turismo, realizado pela SNV em 2009, os artesãos deixaram de comercializar 500 mil dólares ameri-canos, em resultado da falta de aplicação desta lei. E o mesmo cenário verifica-se em outros pontos do País, tal como Zavala (com mais de 32 artesãos) e na Ilha de Mo-çambique com pouco mais de 89 artesãos. “A pesquisa aponta que os turistas têm receio de comprar artesanato, pois de certa forma têm medo das alfândegas. Evidentemente, que se alguém tem medo de algo, evita. E é isto que acontece com a venda do artesanato ao turista. Eles com-pram menos do que gostariam”, refere Federico Vignati, coordenador do estudo. A remoção das barreiras de circulação de artesanato irá conhecer outra dinâmica este ano. A CEDARTE, juntamente com os parceiros do Observatório do Turismo da Cidade de Maputo, irá fazer o lançamento oficial da campanha de divulgação da lei 10/81 em Abril, um instrumento que já é veiculado nas vitrinas da FEIMA, visando informar o mercado sobre a matéria.Acredita-se que a exportação directa do ar-tesanato (que é feita através da venda a tu-ristas) poderia obter outro impacto se não fosse o desconhecimento da referida lei no mercado. Deste modo, o contributo do ar-tesanato, que actualmente é estimado em cerca de 149 milhões de meticais, poderá atingir níveis altos, alimentado por maio-res vendas dos artesãos que, por sua vez, obtêm ganhos estimados em 2.500 meti-cais por mês.

As indústrias culturais e criativas também foram motivo de estudo

O recente estudo realizado pela UNESCO sobre o levantamento sócio-económico das Indústrias Criativas de Música e Arte-sanato revela que, dos cerca de 730 arte-sãos que operam em Maputo, 76 por cento é quem ganha mais do que 2.500 meticais por mês, o que representa uma contribui-ção de 46 milhões de meticais para a eco-nomia (incluindo o contributo dado pela música).A abordagem estratégica das indústrias culturais e criativas em Moçambique encontra-se actualmente em voga. Diver-sos organismos têm unido esforços para explorar o potencial económico da área cultural. Evaristo Madimbe explica que a área pode absorver muito mais mão-de-obra. A CEDARTE, tal como a Autoridade Tributária de Moçambique, já possui o plano estratégico para a divulgação da lei 10/81 e de outros mecanismos de tributa-ção na área de artesanato. Com o melhor conhecimento dos referidos instrumentos reguladores da circulação de artesanato, os cerca de 133 mil turistas que anualmen-te visitam Maputo poderão gastar muito mais do que 2.800 meticais.Calcula-se, segundo o estudo da UNESCO, que os artesãos (tal como os músicos) têm um nível económico de desenvolvimento acima das médias registadas no País. O seu rendimento familiar é superior a 5 mil meticais por mês.O mapa onde os turistas adquirem ob-jectos de artesanato compreende pontos dispersos, o que é interpretado como uma limitação por parte dos artesãos que, há três meses, exploram os seus negócios na FEIMA. Cerca de 49 por cento dos turistas visitam Maputo pela primeira vez, haven-do a necessidade de encontrar mecanis-mos de atrair os mesmos para a Feira. Es-tes frequentam as zonas do Polana B (26.7 por cento) ou a Baixa Histórica (17.5 por cento). Já os turistas habituais frequenta-dores da ‘Cidade das Acácias’ constituem os principais compradores de artesanato, podendo ser encontrados na Zona da Mar-ginal (17.5 por cento) ou no aterro do Ma-xaquene (17.5 por cento).Os objectos decorativos de madeira são os mais comprados (25 por cento), a par dos objectos de adorno (24 por cento). A ven-da de artigos de batik e roupa representam uma fatia de 18 por cento cada, enquanto a venda de pintura em tecidos se cifra em 15 por cento.c

Page 45: Revista Capital 40

abril 2011 revista capital

45SECTOR TURISMO

deixar o stock nos cacifos reduziu os custos

«Se antes gastávamos elevados valorespara transportar o nosso stock de casa para o

local de venda e vice-versa, actualmente temos os custos reduzidos por

termos cacifos à disposição. Tenho a previsão de que até ao final

do presente ano haverámuita procura dos nossos produtos.

Estes três meses em que estamos na Feira são muito poucos para fazer uma avaliação da

tendência do nível de vendas.A disciplina que nos é imposta

na FEIMA é benéfica. Na rua, o comprador adquiria o produto num ambiente agressivo e tumultuoso criado pe-los artesãos, enquanto no novo espaço este escolhe livremente o que quer, num cenário

diferente de harmonia entre os artesãos. A formação que a CEDARTE nos oferece cons-

titui um “Up grade” importante para a forma como iremos encarar o negócio no futuro.

Sinto que somos cada vez mais competitivos. Tenho a sorte de dispor de uma grande oferta de capulanas, a matéria-prima dos meus pro-dutos, facto que impulsiona maiores stocks».

Na FEIMA fiquei mais organizado

«Deixei de vender artesanato na Avenida Julius Nyerere para abraçar este novo

espaço há quatro meses. Agora, encaro a actividade de forma mais organizada.

Com a campanha de promoção deste espaço em curso sinto que a cada dia tem

melhorado a procura dos nossos produ-tos. O que mais preocupa os artesãos

é a limitação imposta aos turistas que compram objectos de artesanato. O facto

desencoraja os compradores e diminui as nossas vendas. As matérias-primas,

tais como o pau-preto, que só achamos em Nampula e Cabo Delgado, tendem a aumentar de preço, o que irá implicar o reajuste no preço dos nossos produtos.

Actualmente, já não compramos nenhu-ma matéria-prima a um preço abaixo de

100 meticais».Vitorino Nhantumbo (escultor)

Ganhamos segurança

«Ao sairmos da rua para o novo espaço do FEIMA, ganhamos segurança e uma

melhor organização na forma como fazemos o negócio. Mas atendendo a que

se trata de uma nova casa, ainda temos desafios por superar. Com o decorrer do tempo, o volume de vendas tende

a alcançar o nível desejado. O preço da matéria-prima é condicionado pela oscilação do metical face ao rand, pois adquirimos as tintas e outros materiais

na África do Sul. A minha relação com a CEDARTE é nova e espero ganhar me-

lhores formas de fazer negócio com este organismo».

Neves Ntamele (pintura em batik)

Iza Tamela (costureira)

DR.

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Fig 1: Percentagem de perfis de consumidor face ao total – Zona Sul de Moçambique

revista capital abril 2011

ESTUDOS DE MERCADO INTERCAMPUS46

própria, ter conta bancária e ser a pes-soa que normalmente faz compras para o agregado familiar possui uma representa-ção bastante grande na classe etária dos 25 aos 34 anos de idade. Importante será cha-mar à atenção que a aplicação da amostra é proporcional à população moçambicana e portanto haver um peso considerável nas classes etárias mais jovens.Analisando quanto à classe social (Figura 3) verificamos que a maioria dos indivídu-os que possuem uma conta bancária estão concentrados na classe social B enquanto em relação às outras variáveis se encontra uma maior concentração na classe social C, com especial destaque para os fumado-res.Enquanto os detentores de conta bancária têm uma maior representação da classe social B, os demais aspectos de caracteri-zação dos consumidores moçambicanos se concentram na classe social C.

Ficha Técnica

A pesquisa foi realizada através de ques-tionário presencial e telefónico a indivídu-os de ambos os sexos, com 15 ou mais anos de idade, que possuem telemóvel, residen-tes nas 11 capitais provinciais entre 10 de

Janeiro a 21 de Março de 2011 tendo sido realizadas 25.371 entrevistas válidas cor-respondendo a um intervalo de confiança de 95% e um erro máximo de +/- 0,6%. A amostra obedeceu a uma estratificação proporcional com base no sexo, idade e população residente em cada capital pro-vincial de acordo com os dados do último censo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística de Moçambique. Foi realizado um controlo de qualidade de um mínimo de 20% dos questionários por inquiridor.

A Intercampus

A Intercampus – Estudos de Mercado, Lda. é uma empresa de direito moçambi-cana e iniciou formalmente a sua activida-de em Moçambique em 2007, sendo parte integrante do Grupo Internacional GfK. O Grupo GfK é a quarta maior empresa de estudos de Mercado no mundo. A sua ac-tividade abrange cinco áreas: Custom Re-search, Retail & Technology, Consumer Tracking, Healthcare e Media. O Grupo é composto por 150 empresas em mais de 100 países e com mais de 10.000 colabora-dores. Em 2009, as vendas do Grupo GfK ascenderam a 1,16 mil milhões de euros.

A Intercampus, através do estudo de audiência que elabora dia-riamente, realizou uma análise dos perfis dos consumidores moçambicanos, de onde se

destacam pormenores interessantes de acordo com alguns produtos e serviços consumidos. Através dos dados recolhidos é possível definir perfis de consumidores relativamente à idade, sexo, capital pro-vincial e classe social e o respectivo peso na população residente nas capitais pro-vinciais.A compreensão dos hábitos de consu-mo dos moçambicanos começa a ser de grande importância numa altura em que a competitividade e a oferta diferenciada de produtos e serviços aumentam a cada dia que passa. Os dados apresentados nes-te artigo apresentam alguns exemplos de caracterização dos consumidores relativa-mente aos seus consumos. Estes dados poderão ser utilizados para mais eficazmente definir à partida o perfil dos clientes e, combinando com dados de audiência, melhor escolher os programas de televisão, rádios e jornais que se ade-quam aos produtos e serviços que se pre-tende promover. Nesta pesquisa, apenas consideramos população que possui te-lemóvel. Uma abordagem de cruzamento destes dados com audiências permite uma melhor rentabilização do investimento das empresas em publicidade.Relativamente aos dados apresentados poderemos facilmente verificar que para as capitais provinciais da zona sul do país (Maputo, Matola, Xai-Xai e Inhambane), dos indivíduos que possuem telemóvel, 61,5% detém uma conta bancária, 98,2% possui televisão em casa e apenas 2% é fumador (figura 1). Viatura própria e ter internet em casa representa 12% e 16%, respectivamente.Relativamente aos dados apresentados poderemos facilmente verificar que tendo em conta a população que detém telemó-vel e que reside nas capitais provinciais, 71% detém uma conta bancária, 97% possui televisão em casa e apenas 2,3% é fumador (figura 1). Viatura própria e ter internet em casa representam 8% e 14,8%, respectivamente. Quanto aos perfis de consumidor com base em idade (figura 2) poderemos verifi-car que ter internet, ter televisão em casa e ser fumador tem uma maior incidência na população mais jovem, ou seja dos 15 aos 24 anos de idade, enquanto viatura

A Intercampus, através do Estudo de Audiência diário, obtém dados sobre a caracterização dos consumidores moçambicanos.

Análise da caracterização dos consumidores moçambicanos

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37

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Fig 2: Caracterização de consumidores: Classe Etária

Fig 3: Caracterização dos consumidores: Status Social

abril 2011 revista capital

47ESTUDOS DE MERCADO INTERCAMPUS

Caracterização da Classe Social

Para a caracterização da classe social é utilizada como base a matriz standard internacional da ESOMAR (Associação Interna-cional de Profissionais e Empresas de Estudos de Mercado) da qual a Intercampus e os seus directores são membros associados

e cujos códigos deontológicos internacionais subscrevem, no-meadamente o código ICC/ESOMAR. As variáveis utilizadas para o cálculo da classe social do indivíduo são o nível de educação e a ocupação profissional. As classes sociais utilizadas são A, B, C, D, E1 e E2.

Análise da caracterização dos consumidores moçambicanos

base

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5371

base

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tal 2

5371

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revista capital abril 2011

FISCALIDADE PRICEWATERHOUSECOOPERS48

O Regime Fiscal dos rendimentosde aplicações na Bolsa de Valores

Jessica Sargento*

Tradicionalmente, e desde a sua génese, a bolsa de valores constitui uma fonte alternativa de financiamento e incentivo a poupança com rendimentos, no

geral, maiores que os dos depósitos bancá-rios, dinamizando, deste modo, o mercado de capitais e promovendo o investimento e o desenvolvimento económico. A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), criada em 1999, em Maputo, pelo Decre-to nº 49/98, de 22 de Setembro, é uma instituição pública dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, vocacionada para a gestão e manutenção do mercado secundário centralizado de valores mobiliários (e.g. Acções, Obriga-ções Privadas, Títulos de Participação, Pa-pel Comercial, Unidades de Participação, Obrigações do Tesouro, Bilhetes do Tesou-ro, entre outros).

Tendo em conta o conceito de Mercado Primário, através do qual as entidades competentes procedem à emissão de va-lores mobiliários e distribuição aos inves-tidores, pode afirmar-se que o Mercado Secundário tem como principal função assegurar a compra e venda desses valores após a sua distribuição.

Com o presente artigo pretendemos fazer uma breve análise do regime fiscal dos rendimentos provenientes de aplicações na Bolsa de Valores de Moçambique. Regime fiscal dos rendimentos

de valores mobiliários cotados na BVM

Os Códigos dos Impostos sobre os Rendi-mentos das Pessoas Singulares (CIRPS) e das Pessoas Colectivas (CIRPC) prevêem um tratamento específico para valores mobiliários negociados no mercado bol-sista.

Em sede do IRPS

No que diz respeito às pessoas singulares, a tributação dos rendimentos provenien-tes de aplicações em valores mobiliários encontra-se prevista no CIRPS, aprovado pela Lei nº 33/2007, de 31 de Dezembro, cujo artigo 10 define-os como da Terceira Categoria, referentes aos rendimentos de capitais e provenientes das mais-valias.

Com efeito, os dividendos (rendimentos inerentes aos valores mobiliários de parti-cipação social) e os juros (rendimentos de valores mobiliários obrigacionistas ou de dívida) são considerados rendimentos de capitais.

Para os casos de dividendos de acções e dos juros de títulos de dívida em que os respectivos rendimentos provêm de apli-cações em valores mobiliários não cotados na BVM, é aplicável a taxa liberatória de 20%, nos termos do disposto no nº2 do artigo 57 do CIRPS.

No entanto, caso os mesmos rendimentos resultem de valores mobiliários cotados na BVM, a estes é aplicada a taxa liberató-ria de 10%, conforme estabelece o nº3 do mesmo dispositivo legal.

De sublinhar que estas taxas são aplicadas mediante a retenção pelo agente pagador no momento em que determinado rendi-mento é posto à disposição do seu titular.A retenção em causa tem carácter defini-tivo, ou seja, o referido rendimento não é adicionado ao rendimento colectável em IRPS, nos termos da alínea a) do nº 3 do artigo 26 do CIRPS.

Em sede do IRPC

Em termos gerais, o tratamento fiscal dos

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abril 2011 revista capital

49FISCALIDADE PRICEWATERHOUSECOOPERS

O Regime Fiscal dos rendimentosde aplicações na Bolsa de Valores

rendimentos provenientes de valores mo-biliários em sede do IRPC não difere do aplicável ao IRPS acima descrito, segun-do o disposto nos artigos 4º, 62º e 67º do CIRPC, aprovado pela Lei nº 34/2007, de 31 de Dezembro.

Assim, ao abrigo do nº 1 do referido artigo 62º do CIRPC, estão sujeitos a retenção na fonte, à taxa de 20%, todos os rendimen-tos de aplicações de capitais previstos no artigo 67º do mesmo instrumento legal, o que inclui os rendimentos de aplicação de capitais, nos termos definidos no CIRPS.

À semelhança do previsto pelo regime de tributação do IRPS, também os rendimen-tos valores mobiliários cotados na BVM estão sujeitos a uma taxa liberatória de 10%.

Em sede do Imposto de Selo

Um incentivo fiscal é atribuído a nível do Imposto de Selo, isentando quaisquer operações (nomeadamente, aumentos do capital social, constituição de sociedades, entre outras), realizadas no âmbito da ad-missão da cotação de valores mobiliários na BVM, nos termos do disposto da alínea c) do número do artigo 6º do Código do Imposto de Selo.

A nível do direito comparado

Analisando a orientação adoptada por paí-ses com grande proximidade da legislação, como é o caso de Portugal, verifica-se que o regime de tributação dos rendimentos provenientes de títulos cotados na Bolsa não diverge muito da realidade fiscal Mo-çambicana.

Relativamente ao Imposto sobre o rendi-mento de Pessoas Singulares (IRS), tam-

bém à semelhança do que se verifica em Moçambique, a legislação Portuguesa, inicialmente aprovada pelo Decreto- Lei nº 442 -A/88, de 30 de Novembro (sem prejuízo das demais alterações), no seu artigo 5º (CIRS), enquadra os rendimen-tos decorrentes dos valores mobiliários na categoria de rendimentos de capitais (Ca-tegoria E).

Na sequência do recente debate sobre a crise financeira internacional, foi apro-vada em Portugal a Lei nº 15/2010, de 26 de Julho, referente ao novo regime de tributação das mais-valias mobiliárias em sede de IRS. Verifica-se que, às mais-va-lias mobiliárias (o que em Moçambique é designado de rendimentos de valores mo-biliários), anteriormente tributadas à taxa especial de 10%, passou a ser tributado à taxa de 20%.

Na sequência da lei acima referida, foi re-vogada a isenção de tributação para mais-valias de acções detidas por mais de doze meses e de obrigações, passando a estar sujeitas a tributação, qualquer que seja o respectivo período de detenção, à taxa es-pecial de 20%.

Importa realçar que em Portugal as mais-valias de acções relativas a micro e peque-nas empresas não cotadas nos mercados regulamentadas ou não regulamentadas da bolsa de valores são consideradas em 50% do seu valor.

Nota final

Atendendo ao papel, importância e vanta-gens da admissão a cotação e investimento na Bolsa de Valores no crescimento eco-nómico, nomeadamente, no incentivo à canalização de poupanças para o investi-mento produtivo, é notória a necessidade

de um tratamento fiscal específico mais apelativo e que permita tornar mais atrac-tivo o recurso a investimentos através da BVM.

Note-se que, antes da reforma legislativa de 2007, aquando da revisão tanto do Có-digo do IRPS como do IRPC, os rendimen-tos dos títulos cotados na BVM estavam isentos de impostos. Ou seja, inicialmente o legislador veio a consagrar em texto legal o referido regime fiscal específico e mais atractivo.

Porém, e na sequência da referida reforma, nos termos do regime fiscal actualmente em vigor em Moçambique, os rendimen-tos dos valores mobiliários admitidos à co-tação na Bolsa de Valores de Moçambique gozam de uma redução em 50% da taxa de retenção na fonte aplicável e a título de-finitivo, que se fixa em 10% tanto para os rendimentos das pessoas colectivas como singulares.Transcorridos que estão cerca de quatro anos após a reforma, traduzida na efectiva substituição de uma isenção fiscal por uma tributação a taxa reduzida, e atendendo ao desiderato nacional visando a promoção do estímulo à poupança privada, é de tudo relevante impor uma reflexão sobre o im-pacto das reformas acima mencionadas e a tomada de uma decisão sobre a possível reintrodução do regime de isenção ante-riormente em vigor.

(*) ConsultoraPricewaterhouseCoopers [email protected]

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abril 2011 revista capital

51RESENHA JURÍDICA FERREIRA ROCHA

Silvia Cunha *

Contrato de Trabalho vs.Contrato de Prestação de Serviços

No âmbito do processo de reforma legal levado a cabo pelo Governo moçambi-cano foi aprovada, pela Assembleia da Republica,

na generalidade, a nova Lei do Trabalho, 23/2007, de 1 de Agosto que revogou a an-terior Lei do Trabalho, a Lei nº 8/98, de 20 de Julho.Contudo, tem sido frequente, surgirem dúvidas por parte dos Empresários, tanto Nacionais como Estrangeiros, dos traba-lhadores tanto Nacionais como Estran-geiros, e também, por vezes, por parte de alguns funcionários dos Órgãos do Estado que fiscalizam as relações laborais, nome-adamente a Inspecção Geral do Trabalho, sobre a diferença existente entre um Con-trato de Trabalho e outras formas de con-tratação de serviços, em particular o Con-trato de Prestação de Serviços.A falta de conhecimento dos pontos de di-ferenciação entre os dois contratos (Con-trato de Trabalho e Contrato de Prestação de Serviços), tem trazido, por vezes, con-sequências graves nas relações laborais, nas relações entre o governo e o empresa-riado, bem como, em processos judiciais, pedidos de indemnizações sem base legal e aplicação de multas arbitrárias.De forma a clarificar algumas dúvidas, tor-na-se importante identificar a diferença entre o Contrato de Trabalho e o Contrato de Prestação de Serviços, evidenciando os pontos principais da sua diferenciação.Assim, entende-se por Contrato de Tra-balho, o acordo pelo qual o trabalhador obriga-se a prestar a sua actividade à enti-dade empregadora, sob autoridade e com dever de subordinação, mediante remune-ração.O Contrato de Prestação de Serviços é o acordo pelo qual o prestador de servi-ços obriga-se a proporcionar à contratante dos serviços, certo resultado do seu tra-balho intelectual ou manual, com ou sem retribuição. Conforme se pode notar pelos conceitos dos contratos acima referidos, no Contra-to de Prestação de Serviços, o prestador dos serviços não se subordina ao con-tratante dos mesmos.A principal diferença entre os dois con-

tratos é a Subordinação existente no Contrato de Trabalho que não existe no Contrato de Prestação de Serviços. No Contrato de Trabalho, a actividade é exer-cida sob autoridade e direcção da entidade empregadora, isto é, o trabalho é prestado sob orientações, instruções e fiscalização da entidade empregadora. Contudo, no contrato de Prestação de Ser-viços não existe elemento subordina-ção, uma vez que o prestador de serviços se obriga a proporcionar ao contratante o resultado do seu trabalho, isto é, o traba-lho ou serviço é prestado com autono-mia.Porém, além do elemento subordinação, existem outras características intrínsecas do Contrato de Trabalho, que não fazem parte de um Contrato de Prestação de Ser-viços e que evidenciam claramente a di-ferença entre estes dois contratos, desig-nadamente: (i) a existência de um horário fixo de trabalho; (ii) as férias; (iii) o poder disciplinar da entidade empregadora so-bre o trabalhador; (iv) a exclusividade e, (v) a antiguidade do trabalhador. Estas são as características típicas de um Con-trato de Trabalho e que não fazem parte de um Contrato de Prestação de Serviços.Um outro ponto de diferenciação é entre os dois contratos acima referenciados é o regime fiscal aplicado a cada um dos con-tratos. No Contrato de Trabalho, a entidade em-pregadora deverá proceder à retenção na fonte do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) a que o traba-lhador está sujeito, de acordo com as tabe-las de retenção publicadas para os traba-lhadores dependentes. A taxa de retenção na fonte varia em função da remuneração, bem como da situação familiar do traba-lhador contratado, ou seja, o rendimento que o trabalhador aufere é considerado rendimento da primeira categoria, prove-niente de trabalho dependente. No con-trato de prestação de serviços, a contra-tante dos serviços encontra-se obrigada a efectuar a retenção na fonte do mesmo imposto à taxa fixa de 20%, ou seja, o ren-dimento auferido pelo prestador de servi-ços é enquadrado na segunda categoria do IRPS.

Um outro ponto de diferenciação entre os dois contratos, que consideramos como sendo dos principais, é a contribuição para o Sistema de Segurança So-cial. Com efeito, no Contrato de Trabalho, é obrigatório o desconto para a seguran-ça social à taxa de 4% e 3%, a pagar pela entidade empregadora e pelo trabalhador, respectivamente, que incide sobre a remu-neração bruta do trabalhador. No contrato de prestação de serviços, não há lugar ao pagamento de contribuições para a Segu-rança Social, por parte do contratante dos serviços, mas apenas por parte do presta-dor de serviços.Tem acontecido surgirem dúvidas quando numa determinada instituição, privada ou pública, vemos indivíduos que são profis-sionais liberais a exercerem essa mesma profissão, com direcção e subordinação da instituição, conservando apenas a sua autonomia técnica na prestação da sua ac-tividade. Porém, na maioria das vezes, as dúvidas surgem porque o prestador de servi-ços, que é liberal com total auto-nomia (sem subordinação e direcção de outrem), presta os seus serviços no mesmo espaço físico do contratante dos serviços.Assim, em ambas situações, e no caso de surgirem dúvidas, é necessário socorrer-se dos pontos principais de distinção acima descritos, de forma a identificar qual é o instrumento ou contrato que regula aque-la relação jurídica. As partes (Contratante e Contratado), quer sejam trabalhadores, empregadores ou profissionais liberais, antes de iniciarem uma relação jurídica de Prestação de Serviços ou de trabalho por conta de outrem devem, de um modo ge-ral, ter em mente o tipo de contrato que irá regular essa relação e ter em conta os pontos acima referidos, para que a mesma esteja em conformidade com a legislação, salvaguardando, deste modo, a certeza e segurança jurídicas que devem pautar as relações contratuais.

Advogada Estagiá[email protected]

Ferreira Rocha e AssociadosSociedade de Advogados

Page 52: Revista Capital 40

revista capital abril 2011

GESTÃO E CONTABILIDADE ERNST & YOUNG52

Félix Sengo*

Excelência EmpresarialUm olhar sobre a Importânciado Marketing Interno nas OrganizaçõesIntrodução

As constantes mudanças que ocorrem nas sociedades mo-dernas nos campos económi-co, tecnológico e social têm levantado nas organizações a

necessidade de colocar no mercado pro-dutos ou serviços cada vez mais adaptados às necessidades e expectativas dos clientes em termos de produto, qualidade, quanti-dade, prazo e preço. O mercado mudou e o cliente passou a estar no primeiro plano nos processos de gestão das empresas. A análise do mercado potencial e das neces-sidades do cliente passaram a anteceder, orientar e condicionar o desenvolvimento e produção de bens e/ou serviços, para ga-rantir que estes estejam em conformidade com as características do mercado e as ati-tudes dos consumidores. Na actual era de mudanças e de adaptação permanente, a flexibilidade, a agilidade, e a necessidade de promoção de novos va-lores e sistemas de gestão aparecem como aspectos cada vez mais importantes a ter em conta para garantir a sobrevivência duma empresa. Naturalmente, o factor humano tem um papel fundamental e de-cisivo nestes processos. É fundamental o envolvimento total dos trabalhadores nas organizações para executar com êxito os processos que assegurem a diferencia-ção, a optimização de todos os recursos disponíveis, e a necessidade de chegar ao mercado em melhores condições do que a concorrência. Contudo, a realidade tem demonstrado que as técnicas tradi-cionais de motivação e gestão do pessoal que pretendiam integrar os trabalhadores na empresa no sentido pessoal-empresa são insuficientes para a optimização dos recursos humanos. As organizações pre-cisam de implementar o marketing inter-no como ferramenta de gestão de pessoal

orientada para assegurar o comprometi-mento dos seus trabalhadores na melho-ria contínua dos processos de gestão da empresa; como ferramenta que permite despertar e cultivar nos trabalhadores a vontade voluntária de participar, coope-rar, tomar decisões e correr riscos. Neste contexto, o marketing interno pode ser entendido como um conjunto de acções de marketing voltadas para o público interno da organização – os trabalhadores da em-presa, com a finalidade de promover entre os seus trabalhadores e departamentos valores destinados a servir com qualidade superior o cliente externo.

Marketing interno

A principal função do marketing virado para o interior da empresa é integrar a noção do cliente nos processos internos de gestão em todos os níveis da estrutura de gestão duma organização, para asse-gurar a promoção de melhorias contínu-as de qualidade dos seus produtos e/ou serviços. Ou seja, o objectivo principal do marketing interno é atrair e reter o cliente interno (o trabalhador) para que, por via disso, a organização possa conseguir atrair e manter os seus clientes externos. Na ver-dade trata-se de um “comprar” a empresa por parte do trabalhador, e um “vender” a empresa por parte dos gestores – o ma-rketing interno pode ajudar a levar o tra-balhador a olhar para a empresa como seu produto cobiçado. É também uma estraté-gia que ajuda a adequar a empresa a um mercado orientado para o cliente - a rela-ção da empresa com o mercado passa a ser um serviço feito por clientes internos para clientes externos.O marketing interno é, por outro lado, uma importante ferramenta para a ava-liação do ambiente interno das organiza-ções, tão necessária quanto o é a avaliação

«Na actual era de mudanças e de adaptação permanente, a flexibilidade, a agilidade, e a necessidade de promoção de novos valores e sistemas

de gestão aparecem como aspectos cada vez

mais importantes a ter em conta para garantir a sobrevivência duma

empresa. Naturalmente, o factor humano tem

um papel fundamental e decisivo nestes

processos. É fundamental o envolvimento total

dos trabalhadores nas organizações para executar com êxito os processos que assegurem a diferenciação,

a optimização de todos os recursos disponíveis, e

a necessidade de chegar ao mercado em melhores

condições do que a concorrência.»

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abril 2011 revista capital

53GESTÃO E CONTABILIDADE ERNST & YOUNG

Excelência EmpresarialUm olhar sobre a Importânciado Marketing Interno nas Organizações

do ambiente externo, pois é preciso antes de conquistarmos o mundo externo, con-quistarmos o mercado interno (a nós mes-mos). Através do marketing interno po-demos encontrar respostas para questões tais como:- Como está o moral dos trabalhadores na empresa?- Quais são as necessidades não satisfeitas nos diversos grupos sociais da empresa?- Qual é o nível de conflitos em relação às estratégias da empresa?- Como é que os trabalhadores percebem as estratégias de gestão e desenvolvimento da empresa?Os processos de marketing interno aju-dam as empresas a venderem as suas ideias aos trabalhadores e a conquistar a sua colaboração e participação. Para tal é fundamental a valorização do capital hu-mano - na verdade, não se pode perder de vista o facto de que o processo de envol-vimento, ou a conquista do comprometi-mento do trabalhador, anda de mãos da-das com o processo da sua valorização.Tal como o marketing tradicional (ma-rketing externo) a implementação do ma-rketing interno também requer a análise e consideração dos seguintes aspectos fun-damentais (i) comportamento dos consu-midores, (ii) segmentação do mercado; e (iii) composto de marketing.

Comportamento dos consumidores

Tal como acontece no marketing externo, para que um plano de acção do marketing interno tenha resultados desejados, é ne-cessário tomar em conta as características dos consumidores. No caso vertente, o “consumidor” serão todos os trabalhado-res da organização (consumidor interno). A empresa deve ter um conhecimento aprofundado dos valores, crenças, hábi-tos, estilos de vida dos seus trabalhado-

res, para criar e desenvolver uma cultura de grupo, uma cultura comum a todos os trabalhadores que possa servir como base em termos de motivação, atitudes e cren-ças propensas para lhes convencer a “com-prar” um “produto”.Segmentação do mercado

Na abordagem do marketing interno, o “mercado” será o conjunto de todos os in-tervenientes que fazem parte duma orga-nização. A segmentação do mercado con-sistirá na sua divisão em subgrupos tão homogéneos quanto possível para permi-tir que a organização adopte a sua política de marketing atendendo às especificida-des de cada subgrupo. Na segmentação do mercado interno há que ter em conta que enquanto que no marketing externo após a análise e segmentação do mercado faz-se a selecção dos mercados alvos excluindo os outros, no marketing interno todos os subgrupos do mercado são importantes, não se pode e nem se deve excluir nenhum segmento sob pena de gerar graves confli-tos na organização.

Composto do marketing

Na definição do composto de marketing a organização tem como objectivo principal criar um “composto de marketing” capaz de satisfazer os seus clientes/trabalhado-res melhor que os seus concorrentes. No marketing interno a definição do compos-to de marketing, o chamado “Pessoal Mix” deve tomar em conta as variáveis: (i) re-muneração, (ii) satisfação (iii) valorização e (iv) implicação.

Considerações conclusivas

É absolutamente inegável que qualquer empresa para atingir e melhorar continua-mente a sua diferenciação competitiva no

mercado precisa da plena colaboração dos seus trabalhadores. O marketing interno aparece como uma ferramenta de apoio à organização na promoção de acções que levem os trabalhadores a assumirem um papel importante na disseminação da imagem da empresa junto dos seus clien-tes externos. Trabalhadores satisfeitos, motivados, e plenamente envolvidos nos processos de gestão da empresa terão me-lhor desempenho no relacionamento com os clientes externos, estarão em melhores condições de apoiar a empresa a atingir a excelência no marketing de relaciona-mento que estabelece quer no campo exte-rior, quer no seu interior.

(*) Audit Manager na Ernst & Young

«As organizações precisam de implementar o marketing interno como ferramenta de gestão de pessoal orientada para assegurar o comprometimento dos seus trabalhadores na melhoria contínua dos processos de gestão da empresa; como ferramenta que permite despertar e cultivar nos trabalhadores a vontade voluntária de participar, cooperar, tomar decisões e correr riscos.»

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abril 2011 revista capital

SECTOR PRIVADO CTA

C omo representantes do Sector Privado (SP) de 10 países da África Oriental e Austral (ESA), acreditamos firmemente que o

crescimento equilibrado e inclusivo cria-do através do sector privado é o único ca-minho para o desenvolvimento de África. E, portanto, damos as boas vindas à nova estratégia da Agência Dinamarquesa de Desenvolvimento Internacional (Danida) que se foca no crescimento e no emprego.Ao longo das últimas décadas, a comu-nidade empresarial da região Oriental e Austral de África tem vindo a cooperar com a DANIDA, empresas dinamarque-sas, outras partes interessadas baseadas na Dinamarca, por exemplo, a Confedera-ção da Indústria Dinamarquesa (DI), para tratar de questões que podem impulsionar este crescimento do sector privado previs-to para impulsionar o desenvolvimento de África. Estamos orgulhosos da coopera-ção com a Dinamarca e os resultados que conseguimos juntos ao levar processos de advocacia pelas mudanças nos nossos paí-ses e regiões, aprofundando as ligações de negócios e projectos.Em 2008, assumimos o desafio da Co-missão Africana, que foi presidida pelo Primeiro-Ministro Dinamarquês, e que contou entre os seus membros com líderes como o Presidente da Tanzânia e a Primei-ra-ministra de Moçambique. A Comissão colocou um foco claro sobre o emprego e o crescimento económico como princi-pal impulsionador do desenvolvimento económico e da redução da pobreza. Esta iniciativa inédita deu-nos, como repre-sentantes do sector privado africano, a oportunidade de sermos ouvidos. Demos recomendações sobre como eliminar os obstáculos sobre negócios rumo à cria-ção de emprego e tivemos o prazer de ler o relatório final da Comissão e ver que os comissários tinham ouvido a nossa voz unida sobre negócios.O novo quadro estratégico da DANIDA para o Crescimento e Emprego 2011-2015 traduz as recomendações da Comissão Africana em várias acções. Estamos fe-lizes em ver que a DANIDA avança mui-tos dos nossos pensamentos e priorida-des presentes das nossas recomendações para a Comissão Africana. Um exemplo é

Por quê o crescimento do SP é o caminho para o desenvolvimento em África? (I)A resposta do sector privado Africano para a nova estratégia da Danida

a afirmação central de que "o desenvol-vimento do sector privado nos paí-ses em desenvolvimento estará no centro de ajuda ao desenvolvimen-to Dinamarquês". Isso significa que o novo quadro estratégico reconhece que o desenvolvimento eficaz e sustentável só pode ser alcançado através da realização do potencial do sector privado. E que este processo garante a propriedade real de desenvolvimento e suas ligações com a so-ciedade como um todo - incluindo os mais pobres dos pobres. Não podíamos concor-dar mais.O empreendedorismo está no centro das grandes transformações testemunhadas na América Latina e na Ásia, que tem vis-to estes continentes a reduzir o número de pessoas vivendo na pobreza. Portanto, é fundamental que todos os esforços sejam dirigidos para construir e desenvolver em-presários, bem como a criação de um am-biente através do qual mais empresas pos-sam prosperar e criar emprego para mais pessoas - uma forma segura de reduzir o número de pessoas confinadas à pobreza e melhorar o bem-estar da sociedade.Investimentos na expansão dos serviços públicos, por exemplo, provisão da se-gurança, a expansão de rede de infra-es-

truturas ou formação de capital humano através de investimentos na saúde e na educação são programas públicos relevan-tes. Contudo, por si só, sem a criação das empresas prósperas, as economias serão provavelmente incapazes de testemunhar a redução da pobreza e a melhoria das condições de vida.Vemos do nosso trabalho e do nosso quo-tidiano que os efeitos do desenvolvimento do sector privado na redução da pobreza são evidentes e substanciais. Especial-mente, quando melhoramos o ambiente de negócios e permitimos que mais Peque-nas e Médias Empresas (PMEs) prospera-rem e cresçam. Em todas as economias, as PMEs constituem a grande maioria da comunidade empresarial e geralmente são responsáveis pela maioria dos empregos criados e respondem por um terço a dois terços do volume de negócios do sector privado, através do qual fazem contribui-ções importantes para o desenvolvimento económico e social. Ao melhorar o desen-volvimento do sector privado com um en-foque nas PMEs, podemos criar empregos para os pobres, assegurar a transferência do informal para o sector formal e garantir uma base tributária maior para o Estado a gastar em bem-estar social.Esta é uma situação de ganho-ganho. Saudamos, portanto, a afirmação da nova estratégia da Danida, segundo a qual o desenvolvimento do sector privado tem ambas as relações directa, e, talvez mais importante, a indirecta sobre o crescimen-to económico e sobre a redução da po-breza: "O crescimento tem de ser ampla-mente fundado de modo a que aumente a capacidade de pessoas pobres e os ajude a sair da pobreza através do emprego e do acesso ao mercado por parte dos seus produtos. Esta é a ligação directa entre crescimento e redução da pobreza. Indi-rectamente, o crescimento pode ser prós-pero para a sociedade em geral através de uma maior receita pública, que, por sua vez, conduz a uma melhoria nas in-fraestruturas sociais básicas, como saúde e educação".c

Traduzido por Eduardo Macuácua, Assessor Económico da CTA e participante no BMO-ESA

Network, grupo que elaborou este artigo.

«Investimentos na expansão dos serviços públicos,

por exemplo, provisão da segurança, a expansão de

rede de infra-estruturas ou formação de capital humano

através de investimentos na saúde e na educação são programas públicos

relevantes. Contudo, por si só, sem a criação das empresas

prósperas, as economias serão provavelmente

incapazes de testemunhar a redução da pobreza e a

melhoria das condições de vida.»

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Prime Consulting Moçambiquefaz parte de um triângulo de parcerias

A Prime posiciona-se na área de Consultoria Empresarial e de Re-cursos Humanos, actuando como prestadora de serviços de apoio

ao investimento externo, à estruturação e consolidação de parcerias entre investido-res externos e investidores domésticos e, igualmente no apoio a processos de rees-truturação e transformação empresarial, incluindo modelos de Corporate Gover-nance, planeamento estratégico e outros. Na área de Recursos Humanos destaca-se pelo apoio nos processos de Recrutamento e Selecção, Aplicação de Testes e colocação de trabalhadores em regime de Trabalho Temporário.

A Prime Consulting Moçambique, entra no mercado moçambicano depois de ter sido criada em julho de 2010. No curto espaço de tempo que a empresa actua no país, que impacto pode ser apontado em termos de absorção de mão-de-obra e em outros factores relativos ao contri-buto directo e indirecto para a economia nacional? Nós iniciamos a nossa actividade o ano passado e consideramo-nos ainda uma empresa nova. O impacto directo sob o ponto de vista de emprego é que temos dez pessoas ao nosso serviço, entre consultores e demais trabalhadores. Mas aquilo que poderá ser o impacto maior é indirecto, no sentido do apoio que prestamos a várias empresas em processo de recrutamento e de selecção dos seus trabalhadores, e aí o potencial é grande. Mas, neste momento, é difícil dar números concretos. Há diversos processos a ocorrer e acreditamos que vai haver um impacto importante do ponto de vista da actividade dessas empresas. Hoje, procura-se muito a actividade de outsor-cing e os recursos de empresas especiali-zadas como a nossa.

E a busca decorre onde? E quais são os critérios de procura?Ocorrem aqui em Moçambique e, sobre-tudo, no que diz respeito ao quadro de trabalhadores especializados. Até agora, o grosso tem sido aqui em Moçambique.

A maior parte das empresas que procu-ram os vossos serviços de recrutamento encontram-se sedeadas em Maputo ou existem outras que se encontram em ou-tras localidades?A maioria das empresas encontra-se em Maputo, mas o mercado está a crescer, particularmente no que diz respeito à pro-víncia de Tete devido aos projectos que es-tão a surgir no sector mineiro.

A Prime Consulting Moçambique, para além de outras atribuições, encontra-se vocacionada para o apoio à instalação de novas empresas no País. Que aspectos específicos devem ser tomados em con-sideração pelas referidas empresas, na vossa óptica, para que possam actuar no mercado moçambicano?É verdade que estamos a apoiar empre-sas. Já estamos nesse processo de apoio a investidores que se queiram estabele-cer em Moçambique e o que procuramos é que essas empresas tragam mais-valias para a economia moçambicana. Portanto, o aspecto de fundo é que haja um apoio efectivo ao desenvolvimento da economia do País, e que criem emprego e que haja transferência de know how e, evidente-mente, que cumprindo aquilo que são os regulamentos e a legislação existente no País. O cumprimento rigoroso e escrupu-loso do regulamento é o que nós aconse-lhamos às empresas que vêm trabalhar em Moçambique.

Moçambique subiu nove lugares no “Doing Business” 2011, situando-se ac-tualmente na 126ª posição do ranking, o que resulta da redução dos procedi-mentos para a abertura de um negócio ou empresa e também da eliminação da exigência de capital mínimo para os in-vestimentos. Entretanto, ainda se fala da lentidão das reformas.Na perspecti-va da Prime Consulting, que reformas poderiam maximizar a entrada de mais investimentos, sobretudo das empresas da área onde a Prime Consulting actua? Existe um grande esforço aplicado à maté-ria das reformas. Aquilo que tinhamos há

10, 5 anos, já não é o que está a acontecer hoje, daí a evolução firmada tanto por par-te das entidades do governo como da parte do próprio sector privado, encetado atra-vés das associações económicas que com-põem a CTA. Na nossa perspectiva, aquilo que é mais importante passa pela efectiva implementação no terreno das reformas já definidas.

A Prime além de Moçambique actua tam-bém em Angola. Será que este facto re-vela uma prioridade estratégica voltada para o mercado africano, ainda pouco ex-plorado comparativamente ao europeu, que é mais agressivo e até certo ponto saturado?Sim, é verdade que temos alguns parceiros da Prime em Portugal. Mas criou-se uma Prime Moçambique com características muito fortes e particulares no sentido de que, de facto, a maioria do capital é mo-çambicano. Portanto, sob esse ponto de vista, trata-se de um projecto de raíz com características próprias. Efectivamente, temos boas parcerias em Angola, com as quais contamos desenvolver sinergias, tanto olhando para o mercado angolano em si, como de Angola para Moçambique com a atracção de investidores angolanos para Moçambique. Existe um trabalho encetado em termos de projectos, para o qual contamos com os nossos parceiros em Portugal. Portanto, definimos como prioridades, sim, os mercados de Angola e Moçambique, e, provavelmente, neste mo-mento está a haver mais desenvolvimento da Prime aqui em Moçambique.

E quais são os sectores prioritários em que actuam em Angola?Temos três vertentes na Prime, a de con-sultoria empresarial; financeira e em re-cursos humanos. No caso moçambicano, está-se a desenvolver estas três vertentes ou segmentos. No caso angolano, os es-forços voltam-se mais para a vertente dos recursos humanos e para a financeira. Portanto, os investimentos no sector fi-nanceiro vão ser a área com a qual se vai desenvolver mais estas parcerias criadas.

A Prime Consulting Moçambique foi criada em 2010 com capitais maioritariamente moçambi-canos e presta serviços de consultoria empresarial, financeira e de recursos humanos. A em-presa nasceu, segundo o sócio Daniel Gabriel Tembe, no âmbito de uma triangulação de parce-rias traçadas entre Portugal, Angola e Moçambique, cujo objectivo é rentabilizar a capacidade de diversas equipas especializadas que trabalham em rede.

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E essa consultoria financeira é prestada a que tipo de empresas ou instituições?Nós estamos a olhar mais até para a possí-vel criação de uma entidade financeira que actue a nível da intermediação financeira.

Uma das áreas que a Prime Consulting desenvolve é a consultoria financeira e empresarial, mas segundo consta tam-bém possuem konw how no que diz res-peito ao mercado de valores. Será que a empresa poderá vir a prestar consultoria às Bolsas de Valores, em Moçambique e Angola?Temos essa valência, capacidade, e pes-soas com experiência a nível da nossa equipa, e temos condições para apoiar o desenvolvimento da Bolsa de Valores em Moçambique e Angola. Mas estamos em condições também de apoiar empresas que se queiram preparar para entrar no mercado de capitais.

E em Moçambique encontram-se a traba-lhar mais em termos de recursos huma-nos, neste momento?Demos o arranque da nossa actividade com a área dos recursos humanos, mas neste momento já estamos a avançar com as áreas de consultoria empresarial e fi-nanceira aqui em Moçambique. No que diz respeito à consultoria empresarial, estamos a trabalhar em processos de re-estruturação de algumas empresas e tam-bém a participar em concursos. Ou seja, já começa a existir uma diversificação de áreas onde actuamos.

Quais são as principais diferenças em termos de necessidades que encontram entre o mercado moçambicano e o ango-lano?Eu diria que a diferença reside nos pro-cedimentos e nas condições do mercado bem como a nível das experiências vividas. Aparentemente, os processos em Moçam-bique conseguem ser de uma forma mais

estruturada e Angola é um mercado onde ainda é preciso um trabalho intenso.

A equipa moçambicana também presta serviços a Angola e a Portugal num es-quema de rede?A Prime funciona, de facto, como uma rede. Pode acontecer que uma pessoa es-pecializada aqui possa ir a Angola para prestar apoio, ou mesmo a Portugal. Existe essa triangulação e funcionamos em rede. Temos equipas em Angola, Portugal e Mo-çambique. A de Moçambique foi a última a ser constituída mas é, no entanto, a maior. Sob o ponto de vista da equipa de consul-tores e trabalhadores, a moçambicana é a que se revela mais avançada, com 10 ele-mentos, quando em Portugal possuímos entre três a quatro e em Angola possuímos dois profissionais.

Como é que se caracteriza a empresa no cenário concorrencial moçambicano, no que diz respeito à sua quota de mercado, diferenciação ou vantagens competiti-vas? Qual é o vosso posicionamento e o que podem oferecer como mais-valia face a outras empresas do género?Ainda é cedo para falarmos de quota de mercado, mas ambicionamos ser uma empresa competitiva a par das que já ac-tuam há mais tempo. Temos uma parceria com uma empresa norte-americana que é Crestcom, cuja intervenção abrange a for-mação de gestores de topo, algo que não existe praticamente aqui no País. E esta parceria com a Crestcom vai-nos permitir dar um contributo nesta área. Aliás, já há um leque de quatro empresas com as quais iremos colaborar neste produto formativo, que garante um certificado emitido por uma instituição de renome internacional. E a vantagem desta formação é que não é académica mas funciona mais em termos do saber-fazer, conferindo os instrumen-tos ideais para que o empresário possa vir a exercer uma liderança eficaz.

Como perspectivam que o mercado em Moçambique se comporte, nos próximos anos, em termos de recursos humanos, outra das vossas valências, e quais os sectores económicos que encaram vir a ser mais rentáveis?Acredito que a economia e o mercado es-tão a crescer e que o sector da agricultura continua a ser uma grande aposta. Ela é a base do desenvolvimento do País e terá de dar o salto. A área de indústrias extractivas também irá crescer com o sector mineiro e o do gás natural e irá, seguramente, preci-sar de recursos humanos especializados. E depois, temos também o sector da energia e o do desenvolvimento das infraestrutu-ras e telecomunicações. Estes sectores são os que vejo a crescer bastante e que vão re-gistar uma grande procura sob o ponto de vista dos recursos humanos.c

Daniel Gabriel Tembe, sócio da Prime Consulting Moçambique

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COMUNICADO58

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MOTA-ENGIL Construtora portugue-sa reabilita estrada Mocuba/Milange

A empresa portuguesa Mota-Engil deve-rá iniciar ainda este semestre as obras de reparação da estrada Mocuba/Milange, na província da Zambézia, segundo a Ad-ministração Nacional de Estradas (ANE). As obras orçadas em cerca de 75 milhões de dólares, desembolsados pela União Eu-ropeia, vão durar cerca de três anos e irão criar cerca de 500 postos de trabalho.O troço Mocuba/Milange, considerado vi-tal para a economia da Zambézia, no norte de Moçambique, permite ligações com países do interior do continente, como a Zâmbia e o Malawi, que utilizam aquele troço para transportar mercadoria de e para o porto de Quelimane, na Zambézia.

BCI Banco é consideradoo melhor em CaboDelgado e Nampula

O BCI foi distinguido como o melhor Ban-co a actuar na Província de Nampula pelo terceiro ano consecutivo. Esta distinção foi atribuída no âmbito da ‘Gala de Perso-nalidades’ da Província de Nampula, uma

cerimónia na qual foram distinguidas as personalidades e instituições de maior re-levo para o desenvolvimento social e eco-nómico daquela província. Também em Cabo Delgado, o BCI foi dis-tinguido como o melhor Banco a actuar na província, na primeira cerimónia que igualmente destacou pessoas e instituições que mais têm contribuído para sustentar o crescimento e desenvolvimento da região norte.Em Pemba, estiveram presentes na Ceri-mónia as mais altas individualidades do Governo Provincial e personalidades da sociedade civil. Na atribuição do prémio ao BCI, que se fez representar por João Car-rilho, director comercial de Região, foram referidos alguns fundamentos da selecção: a qualidade de serviços prestados, a prefe-rência da sociedade civil, o forte reforço de posição que o BCI está a tomar no mercado e ainda o programa ambicioso de expansão da sua rede comercial.Já em Nampula, a atribuição deste prémio ao BCI foi baseada na prévia auscultação da população, com um peso de 60% no apuramento, e na validação por um colec-tivo de júri, que pesou os restantes 40%. O Prémio foi recebido por Momade Cadre, director comercial de Região.De recordar que O Banco Comercial de In-vestimento (BCI) é a segunda maior insti-tuição financeira de Moçambique com uma quota de mercado superior a 30%. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) detém 51% do capital do banco, o Banco Português de Investimentos (BPI) 30% e um grupo mo-çambicano de investimentos detém 18%, sendo que o restante capital pertence a pequenos accionistas.

GfKGfK destrona Marktest em concursode audiências

O Grupo GfK internacional, de que a em-presa Intercampus Moçambique é parte integrante, ficou à frente da Marktest, uma empresa de estudos de mercado portugue-sa e actualmente líder de mercado, e será a empresa responsável pela medição das au-diências para os próximos cinco anos em Portugal.Pela primeira vez em Moçambique, está disponível o anuário de audiências de Te-levisão, Rádio e Jornais, resultado da im-plementação diária de questionários em todas as capitais provinciais.Além da GfK Portugal e da Marktest esta-vam também no concurso outras três em-presas, entre as quais se contam a TNS e a Nielsen. O novo sistema de medição de audiências

deverá, de acordo com a CAEM (Comissão de Análise de Estudos do Meio), começar a funcionar ainda em período experimen-tal no segundo semestre deste ano – e em paralelo com o actual sistema – “de forma a conseguir-se obter o seu funcionamento pleno durante o último trimestre de 2011”. A GfK é a quarta maior empresa de estu-dos de Mercado no mundo. A sua activida-de abrange cinco áreas: Custom Research, Retail & Technology, Consumer Tracking, Healthcare e Media. O Grupo é composto por 150 empresas em mais de 100 países e com mais de 10.000 colaboradores. Em 2010, as vendas do Grupo GfK ascenderam a 1,2 mil milhões de euros.

BANCO TERRA Terra lança novacampanha

O BANCO TERRA reforçou recentemente o seu capital, com um aumento considerável de 665 milhões de Meticais, resultante do aumento da confiança de seus accionistas na viabilização do seu negócio. Neste mo-mento, o BANCO TERRA está orientado para a abertura de novos canais, que pos-sam tornar as operações bancárias mais convenientes para os clientes. A prova dis-so é a optimização recente dos meios de co-municação electrónicos tais como internet, telemóveis para facilitar a sua prestação de serviços, e assegurar a comodidade de uma grande parte dos seus clientes. Juntamente com esta iniciativa, o BANCO TERRA, apresentou aos média, no dia 10 de Marco, a sua nova Campanha Institu-cional, que tem como objectivo potenciali-zar o mercado não apenas do agro-negócio e toda a sua cadeia de valor (Provedores de insumos, Agricultores e Criadores Emer-gentes, Associações e Processadores), como também para responder às necessi-dades de pessoas individuais; das PME´s e Grandes Empresas dos vários sectores da economia nacional, através dos seus produtos de financiamentos, pagamentos e poupanças.

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ESTILOS DE VIDA60ga

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• Exposição de Fotografia, Escultura, Pintura, Poesia, Desenho, Dança e Musica

N uma resposta à situação actual do continente africano, surge de um grupo eclético de artistas moçambicanos a exposição “Voltas em Mundos sem Revoltas”. Reunindo diversas linguagens artísticas, a exposição de fotografia,

O escritor moçambicano Carlos dos Santos lançou no dia 4 de Abril o seu mais recente livro intitulado Cartilha da Ética,

uma obra cuja natureza reporta à didácti-ca e que é lançada pela Plural Editores. Composta por 61 páginas que comportam onze temas, a obra é especialmente diri-gida a estudantes do nível secundário e superior, mas, no fundo, trata-se de uma obra que possui uma validade de conteúdo inquestionável e que pode ser lida por to-dos, sobretudo nos dias que correm.O autor defende que através do livro pre-tende incutir nos estudantes a capacidade de reflexão sobre a relação entre factos so-ciais e as leis que os regem, tendo em con-ta a sociedade actual.Cartilha da Ética é uma compilação de pensamentos, de autores, de grandes obras que já se debruçaram sobre o tema

Cartilha da Ética já pode ser lida!

escultura, pintura, poesia e desenho – patente diariamente na Galeria do Núcleo de Arte – é enriquecida com pontuais perfor-mances de dança, música e leitura na entrada do mesmo espaço.Através da utilização de múltiplas linguagens, procuram os ar-tistas dar conta de mundos sem revoltas, de uniões artísticas. Reflectindo sobre um mundo de revoltas contemporâneo, trazem um mundo pacífico de artes, segundo explica Gonçalo Mabunda, um dos artistas representados em “Voltas em Mundos sem Re-voltas”. As duas esculturas no exterior da galeria procuram levar ainda mais longe a ideia das uniões ao integrarem o trabalho de dois artistas e dois materiais diferentes – o ferro de Mabunda e a madeira de Alexandria.À semelhança da abertura, o encerramento da exposição que de-correu no dia 5 de Abril contemplou uma performance da mú-sica, dança e leitura de poesia pelo movimento Sem Criticas. À semelhança da abertura, o encerramento da exposição valeu a pena ser visto.Integram o colectivo de “Voltas em Mundos sem Revoltas”: Mauro Pinto (fotografia), Paco Sininho (poesia e dança), profes-sor Orlando (música), Gonçalo Mabunda (escultura), Lulu Sala (dança), Branilav Stojanovic (pintura), Santos Mabunda (dese-nho), entre outros.

Rita NevesFundação PLMJ

Galeria do Núcleo de Arte,Rua da Argélia, 194

25 de Março a 5 de Abril

Voltas em Mundos sem Revoltas

em discussão. O livro apresenta, igual-mente, uma galeria de imagens de alguns mestres que já abordaram a questão da ética, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Descartes, Espinosa e Kant.Carlos dos Santos é um docente universi-tário moçambicano que lecciona Ética So-

cial e Direitos Humanos, na Universidade Mussa Bin Bique, em Maputo. Sob o pseu-dónimo Nyama, publicou artigos e poe-mas em diversos jornais nacionais e conta com o romance “A Quinta Dimensão”, sa-ído pela Alcance Editores, e com os contos “O Conselho” e “Os Frutos da Amizade”.

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61ESTIILOS DE VIDA

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Um local único para desfrutar a natureza

M ais uma vez destaco um re-curso ligado ao mar. O Fun-do Mundial para a Nature-za anunciou o aumento do

número de visualizações de dugongos no arquipélago de Bazaruto. Extremamen-te raros, os simpáticos animais tornam-se mais um motivo de interesse na costa moçambicana, a par dos tubarões baleia, das 'jamantas' e tartarugas. É bom darmos conta que a natureza continua a confiar

nas águas de Moçambique para viver.Ao mesmo tempo que se criam condições para manter os recursos necessários para a manutenção da vida marinha, diversi-ficam-se as actividades humanas de for-ma a conviverem de forma sustentada. O exemplo dado do santuário nas Quirim-bas, onde a própria população fiscaliza a implementação do projecto de conserva-ção, é uma prova de que é possível ofere-cer um conjunto de situações particulares

de desenvolvimento sem prejudicar, e até potenciar o meio ambiente.Tal como se pode perceber, e à semelhança do que acontece no Parque Natural da Go-rongosa, a natureza está a voltar a ocupar o seu lugar em paralelo com o desenvolvi-mento da populações locais.

Rui Batista

Garda, de eterna promessa a cantora após 50 anos de recusa

H á quem passe toda a vida atrás da fama. Ao contrário, a an-golana Garda passou cerca de cinquenta anos a fugir dela.

Fugiu não tanto por falta de vontade de ser famosa mas por teimosia. Agora, com oitenta anos, rendeu-se e dá a conhecer ao público a sua música e o público agradece e aplaude. Começou ainda miúda pela viola. Mais tarde, aprendeu a tocar o acordeão e acaba por formar um conjunto musical. Garda e o seu conjunto tornam-se famosos não só na Luanda dos anos 50, mas por toda An-gola, actuando de norte a sul. Em 1957, vai pela primeira vez a Portugal actuar. Nessa altura, é convidada pela Va-lentim de Carvalho para gravar o seu pri-meiro disco, sendo a primeira angolana a gravar com a sua banda um single cha-mado «Maria Candimba», cujo tema seria mais tarde popularizado pelo grupo Duo Ouro Negro. Mas, como Garda não gostou do resultado, não o quis. Regressou a Lu-anda e nunca enviou a sua foto para a capa do vinil.Em 1962, muda-se para Portugal decidida a aprender violino no Conservatório em Lisboa, e é o que faz durante seis anos, até que corta a mão, ficando impossibili-tada de o continuar a tocar. Conhece o seu marido, abre uma escola de música, come-çando assim numa nova etapa da sua vida. Mas, em 1971, com a notícia da morte do seu marido, Garda perde o seu amor, o seu filho, e perde a escola que então abrira. Perde tudo. Durante os anos seguintes não canta nem toca. Emigra para a Suiça e depois para

Espanha, onde cozinha e trata de pessoas idosas. Durante estes anos a música nun-ca a abandona, pois Garda é música, e o talento que a transborda incessantemente dá naturalmente nas vistas. Ainda em Es-panha propõem-lhe um contrato para gra-var, o qual Garda recusa, com a certeza de não querer ser artista. Anos mais tarde, de volta a Portugal, uma fã sua convence-a a voltar aos estúdios da Valentim de Carvalho onde reencontra a sua primeira gravação. Mas é o disco que

lançou, a 23 de Fevereiro de 2011, aos oi-tenta anos, que é verdadeiramente o seu primeiro disco. A colectânea sonora intitu-lada “Garda” conta com onze temas, sendo seis da sua própria autoria.Lembrando que nunca é tarde nem para cantar nem para sonhar, deixo a recomen-dação de ouvir este belíssimo trabalho com o qual Garda nos brinda ao fim de quase cinco décadas de recusa.

Sara L. Grosso

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VISÃO62

Cinco lições para o mundo árabeO exemplo tunisino prova que a estabilidade de fachada, a abertura económica sem abertura política e o apoio do Ocidente podem não chegar para salvar ditaduras corruptas.

A primeira e principal lição a reti-rar dos acontecimentos na Tuní-sia é que a estabilidade do país não passava duma cortina de

fumo, assente no bloqueio da vida política e na tomada ilegítima do poder. A curto prazo as ditaduras conseguem promover, tanto interna como externamente, a ima-gem, em que muitos acreditarão, de paí-ses estáveis, sobretudo se forem aliados dos países ocidentais. É tanto enganadora como enganosa, até porque esta aparência de estabilidade é apenas a ponta do ice-berg.A segunda lição diz respeito à instrumen-talização da modernidade e do secularis-mo. Produz efeitos profundos de medo generalizado e alimenta a crença, em par-te justificada, de que a única alternativa aos regimes vigentes seriam os islamitas. Como se a escolha se pudesse resumir à dicotomia entre os corruptos e tirânicos regimes laicos e movimentos fundamen-talistas com programas obscuros e com antecedentes tais que, do Irão, ao Sudão ou a Gaza do Hamas só pressagiam mais tirania e terror.

Muitos argumentam que, nestas circuns-tâncias, podem ser obrigados a tomar par-tido pelos regimes actuais. Este ponto de vista não é completamente desprovido de pertinência e pode ser encarado como o outro lado da moeda. Contudo, a experiên-cia de um crescente número de testemu-nhos contradiz a lógica que lhe subjaz. A longo prazo, a modernidade e a seculari-dade têm tudo a perder se os seus líderes pertencerem a regimes corruptos. Os seus erros e os danos que infligiram nesses va-lores foram o principal motor da ascensão dos movimentos islâmicos. O sucesso des-tes de forma alguma resulta de disporem de elaborados programas dirigidos à po-pulação, mas sim do facto de a alternativa modernista e laica aparecer personificada em ditadores corruptos e repressivos.A terceira lição é que é preciso rever a acu-sação habitualmente dirigida à juventude árabe de ser fútil – chamam-lhe mesmo a geração Star Ac – e indiferente à causa pública. Na verdade, esta juventude árabe está consciente do que se passa, preparada para o supremo sacrifício e para enfrentar a tirania e a injustiça. O exemplo tunisino mostra, igualmente, que os árabes na rua não são apenas jovens militantes islami-tas. Na verdade, parece suceder o oposto, um movimento global que não pode ser reduzido a correntes parcelares, islamitas ou laicas. As imagens que nos chegam da Tunísia parecem mesmo mostrar uma to-tal ausência de islamitas.A quarta lição é que já não é possível a um regime árabe esconder-se à sombra dos sucessos económicos para perpetuar uma prática de repressão. Não é possível fazer uma reforma e uma abertura económica que não seja acompanhada por uma refor-ma e uma abertura política. Basta lembrar que a igualdade de oportunidades, a trans-parência e o princípio de responsabilidade são o cerne de toda e qualquer conquista económica. Tudo isto só pode acontecer num clima de liberdade política e no âm-bito de um Estado de Direito.Na ausência de uma justiça independente, de um pluralismo político e de uma im-prensa livre, uma economia em aparente

crescimento gera rapidamente um clima de corrupção generalizada, impossível de travar, que depressa mina os alicerces que a suportam.A quinta lição é que não se pode assegurar uma estabilidade duradoura com a tenta-tiva de compensar a falta de legitimidade interna com o apoio externo. Não existe al-ternativa a uma legitimidade assente num consenso e consolidada por estruturas ins-titucionais. É por isso que os dois maiores aliados da Tunísia – França e EUA – que tinham mantido um silêncio sepulcral, foram obrigados a criticar abertamente o uso desproporcionado da força.Além disso, a História ensina-nos que as grandes potências ocidentais observam de perto as situações de todos os países, alia-dos ou não, e que, chegado o momento, não hesitam em mudar de campo de ba-talha. c

(*) Excertos publicados no jornal Al-Hayat (Londres)

Khaled Hroub * [texto]

«(...) já não é possível a um regime árabe esconder-

se à sombra dos sucessos económicos ara perpetuar uma prática de repressão. Não é possível fazer uma

reforma e uma abertura económica que não seja

acompanhada por uma reforma e uma abertura

política. Basta lembrar que a igualdade de oportunidades, a transparência e o princípio

de responsabilidade são o cerne de toda e qualquer

conquista económica»

«A longo prazo, a modernidade e a secularidade têm tudo a perder se os seus líderes pertencerem a regimes corruptos. Os seus erros e os danos que infligiram nesses valores foram o principal motor da ascensão dos movimentos islâmicos. O sucesso destes de forma alguma resulta de disporem de elaborados programas dirigidos à população, mas sim do facto de a alternativa modernista e laica aparecer personificada em ditadores corruptos e repressivos».

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