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INTRODUÇÃO

O trabalho de pesquisa desenvolvido busca identificar as compreensões que os

professores da Escola Maria do Carmo de Araújo Maia, têm sobre prática

pedagógica e educação contextualizada no semi-árido.

Este estudo se justifica por percebermos que os currículos organizados e

distribuídos pelo sistema educacional para as escolas da região, apresentam uma

imagem negativa e estigmatizada do Semi-árido brasileiro e do sertanejo, que na

maioria das vezes, é retratado como o retirante faminto fugindo da seca.

Sendo que o semi-árido também é possibilidade e que possui um potencial a ser

desenvolvido; nos sentimos inquietados em querer saber, se os professores em

suas práticas pedagógicas têm contextualizado os conteúdos de acordo com a

realidade local, ajudando os alunos a compreender e conviver com a região onde

moram; sendo relevante também discutir as compreensões que os mesmos

possuem acerca do semi-árido brasileiro.

Acreditamos que a educação deveria ser desenvolvida de acordo com o contexto em

que se encontram os alunos, que estes possam se ver retratados de forma digna

nas páginas dos livros didáticos e que o professor possa ser a chave fundamental

para causar rupturas e reflexões no atual quadro da educação brasileira,

especialmente a do semi-árido.

Nesse sentido, esperamos que os apontamentos feitos aqui contribuam em

reflexões significativas para que o professor do Semi-árido reveja a sua prática

pedagógica no sentido de educar para transformar; e para aqueles que tiverem

acesso a este trabalho, que possam obter um novo olhar sobre o SAB, aprendendo

a valorizar e interagir de forma sustentável com o ambiente em que vivem.

Para construir nossas reflexões de forma estruturada, o trabalho foi dividido em

quatro capítulos.

No capítulo I, problematizamos o contexto sobre os estereótipos criados e

disseminados a cerca do SAB, destacando a contextualização como fonte primordial

para promover uma educação de qualidade.

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No capítulo II, faz-se a apresentação e discussão dos conceitos-chave: conhecendo

o semi-árido, compreensões, prática pedagógica no SAB e educação

contextualizada para quê? Sendo subsidiada por diversos autores dentre os quais:

Lins (2007), Mattos (2004), Martins (2001), (2006), Malvezzi (2007), Fortunato e

Neto (2006), Reis (2004), entre outros.

No Capítulo III, apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados para

obtenção dos dados. O estudo foi desenvolvido através de pesquisa qualitativa,

utilizamos um questionário fechado e a entrevista semi-estruturada como

instrumentos de coletas de dados, tais instrumentos foram relevantes para construir

as análises apresentadas.

No capítulo IV apresentamos a análise e interpretação dos resultados, articulados de

acordo com as compreensões dos sujeitos da pesquisa, embasados em teóricos

que garantem a cientificidade do trabalho acadêmico.

Nas considerações finais, concentramos nossas reflexões a respeito das práticas

pedagógicas desenvolvidas pelos sujeitos da pesquisa, ressaltando que é essencial

uma prática contextualizada para romper com o método homogeneizante

impregnado em nossas escolas.

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CAPÍTULO I

PROBLEMATIZANDO O OBJETO DE ESTUDO

O semi-árido brasileiro ao longo de sua história sofreu e ainda sofre preconceitos.

Construiu-se uma imagem negativa sobre mesmo, desenhada a partir de um

imaginário social de penúria, indigência e dependência. Associa-se o semi-árido com

a seca, chão rachado, região de calamidades e catástrofes, lugar de pessoas

famintas e ruim de se viver, onde a natureza torna-se responsável pelos diversos

problemas vivenciados por essa população.

Como salienta Matos (2004):

O imaginário coletivo do semi-árido brasileiro construiu um sistema de representação uma visão de mundo majoritária, que descreve o clima como adverso, a natureza hostil e improdutiva capaz de requintados atos de crueldade para o mundo dos homens, responsabilizando assim, a natureza, a longo de vários séculos pelas dificuldades e pelas mazelas da sociedade ali residente. Existe um agrupamento de definições a valores em tomo essa idéia de natureza que condenou a um destino coletivo de pobreza, miséria e privações a população que vive no semi-árido (p. 25).

Essa idéia é transmitida pela mídia e os diversos meios de comunicação, deixando o

semi-árido à mercê de inúmeros rótulos e críticas, distorcendo a sua realidade vista

por muitos como inviável.

Estando esse discurso vinculado à lógica assistencialista de políticas públicas de

combate à seca, ou seja, para enfrentar as dificuldades naturais do clima quente e

seco, os governos investem em ações que desrespeitam a capacidade do povo com

a distribuição de cestas básicas e água através de carros-pipas, não realizando

programas e projetos capazes de desconstruir as bases das dependências política e

econômica sobre as quais vive o povo do semi-árido. Por que o problema da seca é

um fator natural que não pode ser combatido e sim compreendido e conduzido para

o processo de convivência. Por isso segundo BRAGA (2004, apud PIMENTEL,

2000):

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A lógica de combate à seca sempre é percebida quando nos aproximamos das idéias e ações governamentais, uma vez que elas são elaboradas dentro da lógica que invade e mutila o território para garantir sua ocupação. Essa noção institucionalizou uma visão equivocada, ideologicamente elaborada pelas elites oligárquicas e pelo Estado, de que o problema do semi-árido é a seca, e este território passa a ser visto como uma “Odisséia de Desvalidos”. Por isso é que é importante compreender em que se fundamenta a “lógica de combate seca”. (p.48)

No campo da educação, incluindo a escola, é perpassada essa ideologia através do

seu currículo e da prática educativa reforçando essas representações do semi-árido

como um lugar inviável, com precárias condições de vida, fortificando o preconceito

e os estereótipos em torno deste ambiente e de seus moradores. Mas essa escola

apesar dos obstáculos e restrições que enfrenta como local de reprodução,

transmissão do saber, é incontestavelmente um dos mais importantes locais da

construção do conhecimento.“A Educação para a convivência com o semi-árido é,

antes de qualquer coisa, a defesa de uma contextualização da educação, do ensino,

das metodologias, dos processos” (RESAB, 2004 P.32).

Falar sobre Educação contextualizada é importante, principalmente, num momento

em que ocorre a discussão da convivência no semi-árido, que se expande e passa a

ser objeto de discussão e investigação em diversos fóruns, redes, espalhado-se por

toda a região semi-árida, e chamando a atenção de educadores e instituições

nacionais. A contextualização que se pretende não é aquela que é sempre feita

pelos mesmos “intelectuais” ligados à narrativa hegemônica e sua indústria editorial

(RESAB, 2004 P.34)

Martins (2004) coloca ainda que:

O contexto é, portanto, uma forma de habitat; é um meio e define uma ecologia. Evidentemente, em se tratando de mundo humano este meio, este habitat e a ecologia aí implicada, dizem respeito à cultura, à linguagem, às formas de comunicação humanas e ao regime de signos que rege esta comunicação e não apenas às coisas físicas e palpáveis (p. 35).

O desafio de implementar uma política de formação de professores que atendesse a

necessidade da região semi-árida perdurou durante algumas décadas. Com a

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promulgação da LDB, 5698/71, o governo brasileiro ampliou os processos de

formação de professores para as séries iniciais, com a criação de novos cursos de

formação docente em vários municípios do semi-árido.

Sobre isso, Bszezinski (1999) ressalta que:

Esses cursos apresentam muitas limitações quanto a sua qualidade, devido a falta de professores habilitados para lecionar, principalmente as disciplinas pedagógicas, e também divido a ausência dos equipamentos necessários (biblioteca, laboratório, etc.) para o desenvolvimento de atividades práticas e de pesquisa que possibilitassem uma sólida formação daqueles docentes (p. 65).

Somente no final dos anos 80, começou-se a tomar medidas concretas no sentido

de reduzir o número dos professores leigos que atuavam, principalmente, nas

chamadas “escolas de 1º grau” das pequenas cidades da região semi-árida.

Com o intuito de resolver esses problemas, o MEC (Ministério da Educação) criou

diversos programas de formação de professores para serem executadas nas regiões

menos desenvolvidas do país (principalmente as regiões do semi-árido brasileiro)

onde havia um grande número de professores leigos atuando nas escolas públicas.

A relação formação de educadores e o conhecimento da realidade emergem

portanto, como crucial e imprescindível, para que os sujeitos da ação educativa

sejam também sujeitos da construção e, sobretudo da transformação da realidade.

Nesse sentido surge a RESAB ( Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro) que

preocupada em romper com essa realidade injusta, destaca-se como instituição

pioneira em projetos que contemplam uma educação contextualizada de convivência

para o semi-árido.

A RESAB é um espaço de articulação política regional da sociedade organizada,

congregando educadores/ as e instituições governamentais e não governamentais

que atuam na área de educação no Semi-árido brasileiro.

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Esta instituição pensa a educação além da escola, tendo como desafio propor uma

educação contextualizada, concebendo como tema indispensável o semi-árido,

através de demonstração de convivência com a região e suas similaridades.

Como afirma Martins (2004):

Contextualização é um problema de “descolonização”. É uma questão de romper com uma forma de nomeação operada de fora que sequer dá tempo suficiente para que os sujeitos possam organizar uma autodefinição e uma autoqualificação. Antes disso, porém, eles já estão nomeados, qualificados, representados numa caricatura na qual sequer podem se reconhecer [...] será sempre tecer o momento de uma rede que concentre o esforço em só erguer as questões “locais” e outras tantas “questões pertinentes” não por serem elas “locais” ou “marginais”, mas por serem elas “pertinentes” e por representarem a devolução da “voz” aos que tiveram usurpada, roubada negada historicamente (p. 32-34).

A educação contextualizada valoriza a história, as vivências e a cultura local do povo

do semi-árido, abordando as suas características peculiares, especificidades e

diferenças, ações viáveis, para a permanência das pessoas na região e não o seu

abandono. Assim a escola ensina a conviver com o semi-árido, trabalhado as formas

de vida e os problemas da região.

Considerando esse contexto ao qual estamos inseridos, por fazer parte dessa

realidade e tentando compreender as complexidades que dificultam uma melhoria na

qualidade do ensino no semi-árido, nos sentimos inquietados em querer saber: Que

compreensões os professores possuem acerca de prática pedagógica e educação

contextualizada no semi-árido ?.

Portanto, temos como objetivo identificar e analisar as compreensões que os

professores da Escola Maria do Carmo de Araújo Maia, no município de Campo

Formoso – BA, tem sobre prática pedagógica e educação contextualizada no semi-

árido.

Trata-se de uma pesquisa relevante, pois a mesma possibilita analisar em que

medida essas compreensões contribuem para a manutenção das imagens criadas

acerca do SAB, evidenciando as práticas aí desenvolvidas, confrontando-as com a

realidade.

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CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo apresenta-se o referencial teórico cujas articulações tem a intenção

de analisar as compreensões dos professores sobre prática pedagógica e educação

contextualizada no semi–árido. Sendo assim, as discussões serão norteadas pelos

seguintes conceitos-chave: Semi-Árido. Compreensões. Prática pedagógica e

Educação contextualizada.

2.1 Conhecendo o Semi-Árido.

O semi-árido hoje, representa 26,4 milhões de pessoas das quais 11 milhões são

crianças e adolescentes. Abrange uma área de 969.589,4km em 11 estados desde o

Vale do Jequitinhonha no norte de Minas gerais e Espírito Santo, até o sertão da

Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e

o leste do Maranhão, totalizando cerca de 1.400 municípios; que corresponde

aproximadamente 90% da região nordestina. (SECRETARIA DA RESAB, 2006)

Em relação ao clima, Ab´Sàber (1999) define que as condições climáticas, hídrica e

fitogeográfica possuem baixos níveis de umidade, escassez de chuvas anuais,

irregularidade no ritmo das precipitações ao longo dos anos; prolongados períodos

de carência hídrica; solos problemáticos tanto do ponto de vista físico quanto do

geoquímico (solos parcialmente salinos, solos carbonáticos) e ausência de rios

perenes, sobretudo no que se refere às drenagens autóctones.

Com base nestes conceitos, percebemos que a seca tem sido uma das grandes

problemáticas do SAB, sendo que historicamente os aspectos climáticos têm sido

considerados a causa de todos os problemas relacionados ao semi-árido Como

afirma Carvalho (2006), “a questão climática, especificamente a seca, é

praticamente o aspecto que tem sido ressaltado como a problemática do semi-árido”

(p.22).

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Segundo Malvezzi (2007), a propagação do Semi-árido, como clima, sempre foi uma

imagem equivocada. Vendeu-se a idéia de uma região árida, isto é, seca, sem

chuva. É como se não chovesse, como se o solo estivesse sempre calcinado, como

se as matas fossem secas e as estiagens durassem anos.

Conforme o autor o SAB é um dos mais chuvosos do mundo, os recursos hídricos é

que são mal aproveitados e a falta de rios perenes prejudica a captação das águas.

No período da estiagem a mídia aproveita as imagens do povo sofrido, de animais

sedentos de sede, da caatinga cinzenta e vendem essa imagem como a única

realidade do nordeste. Malvezzi (2007) acrescenta:

As imagens de migrantes, de crianças raquíticas, de solo estorricado, dos açudes secos, dos retirantes nas estradas, dos animais mortos.É um ponto de vista, ao mesmo tempo, real e ideológico, que muitas vezes serve para que se atribua à natureza problemas políticos, sociais e culturais, historicamente construídos. (p.14)

Neste sentido as condições climáticas adversas da região são enfatizadas, e as

questões sociais, políticas e educacionais esquecidas. O que é oportuno para que a

elite continue disseminando os seus ideais de dominação, uma vez que a região

nordeste com a desculpa do combate à seca tornou-se um grande pano de fundo

para políticos angariar recursos que beneficiariam apenas a si próprios.

Nesta mesma perspectiva Carvalho (2006) ressalta :

A seca eleva-se a um problema econômico e político do Nordeste respaldando-se enquanto arma política, como argumento quase incontestável, quase irrefutável para conseguir benesses, investimentos, carreamento de recursos, construção de obras, frentes de trabalho, cestas básicas e etc. favorecendo uma elite nordestina que passa a mobilizar e capitanear ações para a região. É a conhecida “indústria da seca”! (p.23)

Atualmente o semi-árido vive os mesmos velhos problemas de sempre,

apresentando os mais baixos índices sociais, educacionais e de desenvolvimento

humano colocando essa região numa desproporcionalidade de desenvolvimento às

demais regiões brasileiras. O que tem marcado o Nordeste como a região da fome,

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da insustentabilidade econômica, estereotipadas, deturpadas e apropriadas nas

imagens da mídia em tempos de seca.

Há algum tempo se discute na região sobre a convivência com o semi-árido.

Segundo Martins (2006), “a natureza já demonstrou que é possível viver bem nessa

região, desde que se estabeleça uma relação harmoniosa e práticas adaptadas a

esse ecossistema”. (p.16).

Parte-se do princípio de que é possível viver bem e com qualidade de vida mesmo

diante das adversidades, basta que se desenvolvam culturas de convivência

adequadas ao ambiente. Malvezzi (2007) ressalta que: “o segredo da convivência

está em compreender como o clima funciona e adequar-se a ele. Não se trata mais

de acabar com a seca, mas de adaptar-se de forma inteligente.” (p.13).

Nessa perspectiva como transformar a visão negativa que se criou a cerca do semi-

árido brasileiro? E como os indivíduos poderão aprender a conviver com o ambiente

de forma sustentável e gostar do lugar onde vivem?

Diante de tais questionamentos, cabe refletir a respeito do papel da educação na

construção de um novo olhar sobre o Semi-árido. Entende-se que a convivência com

o semi-árido precisa começar dentro das escolas, este desafio é tão agudo quanto à

própria transformação dessa região, uma vez que o poder político e econômico,

construído a partir da indústria da seca, se reflete também nas escolas. Há uma

ideologia minuciosamente trabalhada para sustentar mitos e poderes.

Ao refletir sobre esse mesmo aspecto Mattos (2004) salienta:

A educação desenvolvida no semiárido é construída sobre valores e concepções equivocadas sobre a realidade da região. Uma educação que reproduz em seu currículo uma ideologia preconceituosa e estereotipada que reforça a representação do semiárido como espaço de pobreza, miséria e improdutividada, negando todo o potencial dessa região e do seu povo.(.p.32)

É relevante que se reflita, que o investimento em educação é um plano decisivo para

a superação de tal realidade, pois através dela o educando poderá compreender a

importância do semi-árido e se sentir parte dele. Tentar impor uma imagem

distorcida acarretará na dificuldade de relacionar-se com seu espaço de vivência.

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A escola que contempla uma educação que leva o aluno a refletir sobre os

problemas da região e todo o contexto em que está envolta as dificuldades de

desenvolvimento político, econômico, social e educacional, proporciona ao indivíduo

uma visão crítica acerca da realidade imposta, auxiliando-lhe compreender melhor o

ambiente em que vive e a valorizar as suas raízes e sua cultura. Diante disso Freire

(1996) alerta:

Não podemos admitir jamais que a escola atue numa perspectiva elitista ou trabalhe a favor das classes dominantes, historicamente opressoras, seja no aspecto local ou regional, seja no aspecto nacional. Não estamos a serviço destas classes, mas a serviço das gentes sofridas, que ao longo do tempo, tiveram os seus direitos negados e usurpados; que tiveram suas histórias negadas e silenciadas especialmente nos currículos escolares. (p.21)

Martins (2004) explica que o semi-árido tem potencialidades, do ponto de vista do

ecossistema. Em seu discurso Martins fala que a região é ainda, plural. No semi-

árido há negros, índios, vaqueiros, pescadores, um conjunto de sujeitos com

elementos culturais bastantes específicos.

Possui ainda riquezas tanto material quanto cultural. Além da importância biológica,

da caatinga, o semi-árido apresenta um potencial econômico ainda pouco valorizado

e uma vasta biodiversidade com espécies únicas no planeta.

Como bem afirma Reis (2004): “o conhecimento botânico e zoológico deste

ecossistema é bastante precário e segundo os pesquisadores é considerado o

menos conhecido e estudado dos ecossistemas brasileiro”. (p. 25)

Diante disso, é possível constatar que o Semi-árido brasileiro precisa de escolas e

profissionais comprometidos e sensíveis que procurem pesquisar e conhecer sobre

o lugar onde vivem. Para que possam praticar uma educação contextualizada, de

qualidade enaltecendo a beleza e as potencialidades da região, desconstruindo um

imaginário equivocado a respeito do SAB, e fortalecendo o processo de construção

de uma nova identidade do povo desse lugar, estes que passarão a se enxergar não

mais como vítimas, retirantes da seca, mas como protagonistas da sua própria

história; com sonhos, esperanças e possibilidade de se desenvolver com dignidade

no lugar onde vive.

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2.2 Compreensões

Ante os estereótipos criados e as imagens deturpadas a respeito do semi-árido é

necessário que se considere o processo histórico de colonização pelo qual passou a

educação brasileira ao longo de sua história. Em nome de uma educação neutra, o

sistema educacional tem passado uma realidade de forma homogênea normalmente

a realidade do sul do país sem considerar a diversidade brasileira, a cultura e as

particularidades de cada região.

Analisando as contradições sociais e o papel da educação diante dessa realidade,

Reis (Apud Damasceno, 2004) dão-nos uma contribuição para pensarmos um pouco

sobre estas questões ao destacar que:

A ação educativa numa sociedade marcadamente desigual como a nossa é visceralmente perpassada pela contradições sociais, apresentando uma dupla perspectiva. Por um lado, a educação funciona como importante instrumento de fortalecimento do poder dos grupos dominantes, e, por outro a transformação radical da sociedade não se produz espontaneamente, exigindo-se a participação da educação como arma na luta contra todas as formas de opressão, como instrumento moral e intelectual das classes dominadas. (p.67)

Nesse sentido, essa colocação evidencia que a escola tem que refletir o meio em

que está inserida, a cultura do povo que está a sua volta, os costumes, as tradições,

e a possibilidade de redimensionar os saberes e conhecimentos, buscando formar

sujeitos que se preocupem com a melhoria das condições de vida e o

desenvolvimento da sua comunidade.

Dessa forma, supomos que compreensão é uma forma de entender situações pela

qual todo ser passa, o cotidiano e as vivências dos indivíduos são importantes e

devem ser consideradas no processo de educação que visa inserir educação de

qualidade, uma vez que os conhecimentos adquiridos deverão ajudar esses

indivíduos na adaptação com o meio cultural, político e sócio-ambiental. Ou seja,

ajudá-los em sua caminhada no processo de construção da sua identidade e da sua

cidadania. Morin (2005) afirma que:

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A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões mútuas. Dada a importância da educação para a compreensão em todas as atividades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária da mentalidade, esta deve ser a tarefa da educação do futuro. (p.104).

A educação que visa fazer de seus alunos cidadãos críticos, e reflexivos acerca do

mundo que os rodeia, não pode dispensar a compreensão como forma de

intervenção da realidade. Nessa perspectiva Morin (2003) reafirma a necessidade de

compreender:

(...) não só os outros como a si mesmo, a necessidade de se auto-examinar, de analisar a auto-justificação, pois, o mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão, que é o câncer do relacionamento entre os seres humanos (p.8).

Portanto, uma das ferramentas que devemos incluir num projeto que busca a

construção de uma nova consciência por parte da população é a educação, num

conceito bem amplo, não significando aqui apenas a escola, mas aquela que

acontece na família, nas associações, na comunidade, nas rodas de amigos etc. ,

pois entendemos que a educação ocorre em diversos lugares dentro e fora dos

muros da escola. Como bem destaca Souza (2006):

As experiências cotidianas precisam refletir o envolvimento dos professores, das professoras com os outros elementos que compõem a escola (e também os que estão fora dela) para que tenha significado e ocorra de forma prazerosa. Assim os professores e professoras devem ser levados a analisar a sua relação pedagógica além dos muros da sala de aula, percebendo que os espaços extra-escolares também são espaços formativos. (p.105)

O ato de compreender também está relacionado com a nossa prática, pois na

medida em que compreendemos a realidade, podemos refletir melhor e, da mesma

forma poder interagir e transformar tal realidade, é a chamada práxis: isto é ação

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/reflexão/ação. Sendo que a sociedade contemporânea exige mesmo essa reflexão,

para podermos nos adaptar a um mundo em constantes e profundas

transformações.

Corroboram do mesmo pensamento Souza e Araújo (2006) quando afirmam: “é pela

tematização da prática docente (reflexão na ação) que professores e professoras

são levados a confrontar teorias e crenças com a prática imediata, tornando-se

investigadores do seu saber fazer”. (p.104)

Para Freire (1996), “ensinar é compreender a educação como uma forma de

intervenção no mundo”. Assim é necessário que se compreenda que a educação é

um instrumento político, que norteia o indivíduo na tomada de decisões em sua vida

e é através dela que o mesmo pode conhecer e transformar a realidade em que se

encontra.

2.3 Prática pedagógica no SAB.

Prática pedagógica seria uma trajetória que o professor utiliza para alcançar os

objetivos da sua aula, que foram estipulados em um planejamento de ensino. Ou

seja, são os instrumentos que serão utilizados pelo professor para efetivação do

processo de ensino aprendizagem. Essa metodologia será o suporte para o ensino

de saberes diversos. Conforme Reis (2004): “prática pedagógica será aqui

entendida, como toda a articulação realizada pelo professor entre o saber, o saber-

fazer e a realidade local, como meio ou caminho para se cumprir, ou fazer da prática

uma proposta pedagógica.” (p.63)

Uma prática pedagógica de boa qualidade une em seus segmentos teoria e prática.

E isso se dá através de conhecimentos teóricos, e das experiências vivenciadas no

dia a dia e da reflexão sobre as mesmas.

Nessa perspectiva, é preciso estudar e refletir sobre o cotidiano escolar e as

práticas ministradas pelos seus professores. Pois, conforme Oliveira (1993):

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O estudo do cotidiano escolar permite uma compreensão e uma análise crítica da prática pedagógica nas escolas hoje. Se por um lado revela rotina, repetição, ritualismo, fragmentação e conservadorismo nas relações e práticas pedagógicas/ sociais, por outro lado revela buscas questionamentos, atitudes e soluções que surgem em resposta aos desafios do dia-a-dia escolar.(p.110)

Diante disso é relevante compreender que é preciso romper com a visão de um

cotidiano escolar estático e homogêneo, o que recai sobre o educador como peça

chave desse processo, a responsabilidade de buscar conhecimentos, técnicas que

possam transformar essa realidade. Contudo não podemos falar de prática

pedagógica sem considerar a formação que norteia essa prática, especialmente o

tipo de prática que é disseminada no SAB.

Fortunato e Neto (2006) ao abordar sobre esse tema salienta que:

No caso do semi-árido onde, ao longo da nossa história, pouco se conseguiu interferir em termos de redirecionamento dos benefícios, interesses, direitos sociais destinados a algumas regiões brasileiras, a educação incluindo a formação dos professores, vem se dando de forma descontextualizada. (p.36).

Em uma análise mais aprofundada da atuação da educação, notaremos a partir das

nossas experiências enquanto educador, convivendo no SAB, podemos perceber

que os desafios são grandes, pois se faz necessário promover transformações

institucionais mais profundas no currículo e na construção de práticas pedagógicas.

Pois, como sabemos, os próprios currículos não apresentam uma proposta que

relacione os conteúdos universais, com o contexto da criança, tornando a prática

pedagógica ministrada pelos professores sem significado para ela.

Ainda segundo Fortunato e Neto (2006):

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Historicamente, os projetos pedagógicos não estabelecem a articulação necessária entre a escola e a comunidade, onde os educandos e educadores vivem, lutam, sonham e constroem esperanças no futuro. E quando tentam fazê-lo esbarram em dificuldades que vão desde a qualificação do professor até a inviabilidade prática das propostas metodológicas (P.40)

Um outro elemento importante a ser considerado no trabalho da formação docente,

diz respeito a formação continuada uma vez que este é um direito do profissional

garantida pela LDB no artigo 67 inciso I e V:

“Art. 67- Os sistema de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público”.

Inciso I- aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim.

Inciso v- Período reservado a estudos planejamento e avaliação, incluídos na carga de trabalho”.

Pensar os programas de formação continuada na perspectiva da educação para a

convivência com o semi-árido significa preocupar-se em estabelecer diretrizes que

assegurem aos docentes tempos e espaços de formação. A garantia desses direitos

é o primeiro passo para a re-qualificação do ensino público nessa região.

Entretanto os direitos estabelecidos nos estatutos e leis, deixam a desejar, no

momento em que não percebemos políticas públicas eficientes que proporcionem

melhores condições de trabalho para os profissionais de educação. Como analisam

Fortunato e Neto (2006) em estudo realizado sobre a situação dos professores:

A formação, carreira, dignidade salarial, jornada de trabalho são indicadores de perfil profissional a serem afirmados em nosso país, principalmente pela implementação de políticas e programas oficiais que ,nos últimos anos, têm se voltado mais para melhorar os quadros estatísticos e satisfazer os organismos internacionais que orientam as normas da educação brasileira. Do que com a formação de qualidade de nossos profissionais. (p.36)

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Não podemos esquecer que na prática pedagógica está inserida a visão política,

econômica e social do sujeito. E o professor necessitará compreender que sua

prática deve estar ligada a um contexto social mais amplo que despertará para que

alguns fatores sejam levados em conta, tais como conhecer os interesses e

necessidades de seus educandos.

Nesse sentido, valorizar a prática pedagógica, relacionando-a com as experiências

do seu cotidiano, é uma necessidade premente para o educador que hoje atua no

SAB.

Zabala (1998) reforça essa necessidade quando afirma que:

A prática na aula, não é o resultado de uma decisão firme sobre as finalidades do ensino e segundo uma concepção determinada dos processos de ensino-aprendizagem, mas corresponde aquilo que pode fazer levando em conta a globalidade do contexto educacional em que se desenvolve a prática educativa (p.23).

A prática pedagógica é o momento fundamental do professor, permitindo-os pensar

e repensar suas ações pedagógicas através das atividades.

Freire (1987), partindo dessa mesma linha de reflexão nos diz que: “Uma das tarefas

mais importante da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os

educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou

professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se” (p.46).

Mediante tais reflexões, construir uma proposta de educação contextualizada no

semi-árido exige que os professores procurem re-aprender a aprender para poder

ajudar o seu aluno/aluna tornar-se um aluno-pesquisador de sua realidade.

Então é necessário que se compreenda que as práticas ministradas pelos

professores do semi-árido devem ser priorizadas e analisadas, e todo o contexto em

que se dá essa prática educativa, com o intuito de se identificar possíveis problemas

e buscar soluções objetivando promover uma educação de qualidade que tenha

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algum significado para o aluno, que o ajude em suas vivências e o ensine a se

relacionar de forma harmoniosa com o ambiente em que vive e com o mundo.

2.4 Educação contextualizada para quê?

Uma educação contextualizada concebe o semi-árido como tema indispensável nas

salas de aula da região, através do enfoque na convivência sustentável dos

educadores e educandos com o meio em que vivem. Essa questão é relevante

tendo em vista que é necessário consolidar a importância que se tem de trabalhar

com o contexto da criança, valorizando a sua cultura e particularidades.

Nesse sentido percebemos a responsabilidade que a educação possui na

construção de conhecimentos autênticos que irão nortear os indivíduos em suas

vivências.

Interagindo com essa discussão, Lima (2008) defende que uma educação que

busque contextualizar o ensino-aprendizagem com a cultura local, precisa

considerar as potencialidades e limitações do semi-árido, num espaço de promoção

do conhecimento, de produção de novos valores e a divulgação de tecnologias

apropriadas à realidade semi-árida. No entanto não é o que acontece nas escolas do

SAB. Conforme explica Martins (2004):

As ações concretas de transformação da prática educacional no semiárido brasileiro, na noção de “educação para a convivência com o semiárido” é acima de tudo, a constatação de que os currículos, os saberes e as práticas escolares, de uma forma geral são demasiadamente descontextualizados é o que os torna aparentemente um tanto “sem próprosito”, e desobrigados de explicarem a serviço de quê e de quem estão. (p.27)

Sendo assim, o processo de construção da proposta de educação contextualizada

no semi-árido não pode limitar-se somente aos aspectos pedagógicos, precisa

assumir um caráter político-pedagógico de transformação. Lima (2008), reforça essa

reflexão dizendo que a educação não pode ser um processo educativo desenvolvido

de forma mecânica e dentro de quatro paredes sem considerar e envolver os

elementos sociais e culturais, que tanto influenciam na vida dos sujeitos sociais.

Page 18: Monografia Robson Pedagogia 2011

27

Para Fortunato e Neto (2006)

O tratamento contextualizado objetiva, teoricamente, permitir que o conteúdo do ensino leve a aprendizagens significativas, que mobilizem o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto do conhecimento uma relação de reciprocidade, o que nem sempre tem sido efetivado. (p.43).

Com base nesses apontamentos é há uma discussão sobre a implementação de um

currículo na perspectiva da contextualização, porém é preciso compreender “ a

educação como um espaço de formação de humanos com referências culturais,

políticas, específicas e diversas.” (MENEZES e ARAÚJO,2007.p.41)

Sob esse prisma é que a rede de educação do semi-árido brasileiro, em parceria

com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Universidade do Estado

da Bahia (Uneb) e o Instituto Regional da Pequena Agropecuária (IRPAA), se

empenham em lançar livros didáticos integrados que considerem as subjetividades

múltiplas da região. Segundo Martins (2001) a discussão maior na rede é a

contextualização dos currículos das escolas. Uma vez que esses não contemplam a

realidade do educando do semi-árido, pois são cópias fiéis das representações que

a região Sul e Sudeste, bem como a mídia, possuem a cerca do SAB.

Para Pinzoh (2004), esse olhar de fora, muitas vezes negativo a respeito da região,

acabam por construir uma imagem que não reflete a realidade.

A contextualização que se pretende não é aquela que é sempre feita pelos mesmos “intelectuais” ligados à narrativa hegemônica e a sua indústria editorial, que quando pensa estar contextualizando, acaba por produzir adaptações que resultam em caricaturas e estereótipos apressados; em fixidez caricaturais, que se constituem em aprisionamentos simbólicos. Nem se trata de uma adequação à pobreza, o que equivaleria e “dar educação pobre para gente pobre.” Não se trata desta lógica das “cestas básicas para flagelados”. Cestas básicas de saúde, de educação, de cultura, de lazer de participação. A questão do contexto é muito mais ampla.(P.35)

Nesse sentido, contextualizar é abrir e não fechar, não é se encerrar apenas no

contexto da comunidade, nos conhecimentos da região. O professor que visa inferir

uma educação contextualizada precisa partir do simples do que pode ser visto,

Page 19: Monografia Robson Pedagogia 2011

28

pesquisado e tocado, isso facilitará o entendimento de conhecimentos mais

complexos.

Entende-se então que contextualização é acima de tudo um processo de

descolonização e de reflexão para transformação; Segundo Pinzoh (2004) “o

contexto é, portanto, uma forma de habitat; é um meio e define uma ecologia”. (p.36)

O contexto não é apenas físico e objetivo, mas compreende os componentes da

subjetividade que não separam a natureza do homem, compreende a camada dos

valores, dos signos, do pensamento, das idéias. Por isso, Lins et alli,(2006) ressalta

que:

(...) Se vê na proposta de educação contextualizada, a importância do menino e da menina estudar conteúdos que tenham sentido, significado, onde eles e elas tenham possibilidade de se verem; que produzam uma reflexão sobre a localidade onde vivem, com perspectivas de intervenção e mudança (p.121).

Portanto, a contextualização pressupõe quê os alunos e alunas do SAB, possam

conhecer não apenas o espaço físico ambiental, palpável, mas, também o lado

subjetivo; ter a oportunidade de conhecer e aprender a dar valor às histórias de seu

povo, a luta pela sobrevivência no sertão que mesmo diante de adversidades

conseguem adaptar-se e desenvolver-se com dignidade.

Educar de acordo com o contexto é oportunizar ao aluno valorizar suas raízes, a sua

cultura, como as músicas, folclore, a poesia, os artistas da região; reconhecer que o

semi-árido tem muitos problemas, sim, mas que, também, possui um grande

potencial; enfim o que a contextualização pode proporcionar é o crescimento

intelectual e moral do cidadão do semi-árido brasileiro, bem como o sentimento de

orgulho e pertencimento a esse lugar.

O profissional do ensino que em suas aulas utiliza uma prática pedagógica

contextualizada com certeza estará contribuindo para uma mudança significativa na

educação brasileira como um todo.

Page 20: Monografia Robson Pedagogia 2011

29

CAPÍTULO III

3. METODOLOGIA

3.3.1 Tipo de pesquisa:

O conhecimento científico vem sempre e necessariamente marcado pelos sinais de

seu tempo, comprometido, portanto, com sua realidade histórica. A construção da

ciência é um fenômeno social. (LUDKE e ANDRÉ, 1996.p.51)

Nesse sentido optamos como referência metodológica, por empregar os princípios

da pesquisa qualitativa, visto que esta nos propicia um contato direto com o sujeito,

pois, precisam-se buscar dados relevantes para identificar e analisar com clareza o

que foi investigado, como enfoca Chizzotti (2006):

(...) A identificação do problema e sua delimitação pressupõem uma imersão do pesquisar na vida e no contexto, no passado e nas circunstâncias presentes que condicionaram o problema. Pressupõem também, uma partilha prática nas experiências e percepções que os sujeitos possuem desse problema, para descobrir os fenômenos além de suas aparências imediatas. (p.81)

Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, em virtude da abordagem do tema

estudado, por se tratar de um estudo que envolve a subjetividade presente na ação

de cada sujeito em sua relação com o meio em que atua, e com o pesquisador, na

informação dos dados, a cerca da realidade investigada.

3.3.2. Lócus da pesquisa

A pesquisa foi realizada na Escola Maria do Carmo de Araújo Maia, em Campo

Formoso, que é constituída de 12 (doze) professores e 420 alunos. A escola

Page 21: Monografia Robson Pedagogia 2011

30

funciona nos turnos matutino e vespertino com o ensino fundamental I e II; e no

turno noturno funcionam turmas do EJA Educação de Jovens e Adultos - 5ª e 6ª

séries e 7ª e 8ª séries respectivamente.

A escola Maria do Carmo de Araújo Maia, fica localizada à rua da Saudade s/n, no

bairro Santa Luzia, no município de Campo Formoso - BA. O município em foco, se

encontra na região do semi-árido Baiano, com clima semi-árido e vegetação

caatinga na maior parte de seu município. A economia é baseada na produção de

minérios, sisal, criação de caprinos e comércio de hortaliças e frutas típicas da

região semi-árida. Essa escola foi escolhida pelo fato de receber crianças de várias

localidades do município de Campo Formoso, especialmente do interior, nesse local

urbano quase inexiste, pois 60% da população do município reside na zona rural. O

que eleva mais ainda o teor de nossas discussões sobre a prática pedagógica

ministrada pelos professores da referida escola, se atende de forma com o contexto

de seus alunos.

3.3.3 Sujeitos da pesquisa

Esta pesquisa contou com a participação de (06) professoras da rede municipal de

educação de Campo Formoso BA, que lecionam na escola Maria do Carmo de

Araújo Maia. Essas docentes lecionam em turmas da 1ª à 4ª séries da Educação

Fundamental I. Inicialmente entrou-se em contato com os sujeitos para a

apresentação da pesquisa, explicando o seu objetivo. Depois, foi entregue para os

(06) seis professores o questionário fechado contendo (08) oito questões a serem

respondidas e entregues no prazo de oito dias. A entrevista semi-estruturada foi

marcada logo após colhidos os questionários. A mesma foi realizada com horário

devidamente marcado na residência de cada docente. Após aplicados os

instrumentos, iniciou-se a etapa de seleção dos dados mais relevantes para

construção das análises.

3.3.4 Instrumentos de coletas de dados

Page 22: Monografia Robson Pedagogia 2011

31

Para a obtenção dos resultados foram utilizados como instrumentos de coleta de

dados, o questionário fechado pela objetividade nas respostas, relevantes para o

objetivo de traçar o perfil sócio-econômico e cultural do sujeito, levantando hipóteses

para responder ao objeto de pesquisa.

E a entrevista semi – estruturada, composta por questões que nos permitiram

analisar as compreensões dos indivíduos sobre o tema proposto. A entrevista é um

procedimento utilizado na investigação social bem como auxiliar na identificação do

problema. Segundo Lakatos (1991) “A entrevista se constitui um importante

instrumento de trabalho nos vários campos, nas ciências sociais e em outros setores

de atividades, como a sociologia, a antropologia, a psicologia e outros”. (p.75)

Nessa perspectiva optamos por tais instrumentos com o objetivo de analisar as

compreensões dos professores sobre prática pedagógica e educação

contextualizada no semi-árido.

Page 23: Monografia Robson Pedagogia 2011

32

CAPÍTULO IV

4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo estabelece-se uma relação entre os dados obtidos e as nossas

indagações a respeito de como os professores compreendem prática pedagógica e

educação contextualizada no semi-árido. Através deste estudo buscamos responder

algumas questões pertinentes à pesquisa como : o que os professores entendem

por prática pedagógica contextualizada; como os professores compreendem o semi-

árido; entre outras. Cabe salientar que não temos a pretensão de apresentar

respostas prontas e acabadas, pretendemos apenas tecer reflexões sobre as

compreensões desses professores sobre o tema proposto colocando-as como forma

de resposta à pesquisa.

4.1 Perfil dos Sujeitos

Os sujeitos aqui retratados são professoras da 2ª, 3ª e 4 ª séries do ensino

fundamental I, da escola municipal Maria do Carmo de Araújo Maia, situada no

município de Campo Formoso – BA. Cada sujeito constrói uma trajetória que está

relacionada com o contexto em que está inserido. Nesse sentido, analisar as

compreensões desses professores é também conhecer através de suas

experiências, das suas impressões, um pouco da sua história, das suas práticas e

do contexto em que se dá a sua ação pedagógica. E as interações destes com os

alunos e com o ambiente em que vivem.

4.1.1 Gênero

Page 24: Monografia Robson Pedagogia 2011

33

100%

Feminino

FIGURA 1: Sexo dos sujeitos pesquisados

Analisando o gráfico acima podemos perceber que 100% dos sujeitos correspondem

ao sexo feminino. É uma Característica marcante do magistério primário, uma vez

que o trabalho das mulheres nas séries iniciais é mais comum, visto que estas

possuem mais paciência e conseguem conciliar a docência com os afazeres

domésticos.

Pimenta (2006) aponta: “é uma ocupação quase que exclusivamente feminina,

apontando como um fator da desvalorização relativa da profissionalização docente.

(p.85). Nesse sentido, a mulher tem lutado durante décadas para ser reconhecida

enquanto profissional da educação. Santos (1999) confirma: “A feminilização do

magistério ocorreu com a luta das mulheres, para se estabelecerem

profissionalmente, configurando um nicho no mercado de trabalho ocupado por

mulheres”. (p.45).

4.1.2 Faixa etária

Page 25: Monografia Robson Pedagogia 2011

34

40%

35%

25%

25 a 34 anos

acima de 40 anos

35 a 40 anos

FIGURA 2: Faixa etária dos sujeitos

No que se refere à faixa etária, 25% dos professores estão entre 25 a 34 anos, 35 %

apresentam idade entre 35 a 40 anos e 40% estão com a idade acima de 40 anos, o

que nos chamou atenção foi a grande incidência de professores com idades acima

de 40 anos.

Conclui-se que os sujeitos representados pelo gráfico acima, possuem um relativo

grau de amadurecimento, o que pode lhes favorecer uma melhor reflexão sobre sua

prática em sala de aula.

4.1.3. Tempo de experiência

45%

25% 30%10 Anos

15 Anos

7 Anos

FIGURA 3: Tempo de experiência dos sujeitos

Como demonstram os dados obtidos, 25% dos indivíduos possuem 7 anos de

experiência docente, 30% tem 10 anos e 45% disseram lecionar a mais de 15 anos.

Observando o gráfico percebemos que quase metade dos sujeitos pesquisados têm

Page 26: Monografia Robson Pedagogia 2011

35

experiência notável de mais de 15 anos na prática educativa. A experiência é um

fator relevante para a prática docente, pois, é através das relações que se

constroem na sala de aula, do seu fazer pedagógico que o mesmo poderá conhecer

e refletir melhor sobre suas ações. “A experiência docente é espaço gerador e

produtor de conhecimento, mas isso não é possível sem uma sistematização que

passa por uma postura crítica do educador sobre as próprias experiências”.

( PIMENTA, 2006.p.135)

4.1.4 Carga horária de trabalho

75%

25%20 horas

40 horas

FIGURA 4: Carga horária semanal do trabalho docente

Em relação à carga horária, verificamos que 25% das professoras trabalham 40

horas semanais, dividindo seu tempo entre a sede e o interior do município, e 75%

trabalham com uma carga horária de 20 horas semanais. A maioria das docentes

possui uma carga horária de 20 horas, o que supõe que esses indivíduos possuam

um tempo maior para estudar e planejar melhor as suas atividades.

4.1.5. Nível de formação

Page 27: Monografia Robson Pedagogia 2011

36

45%

30%

0%Nível Medio

Superior completo

Iniciando a Pós

Pós Graduado

25%

FIGURA 5: Nível de formação dos sujeitos

Quanto ao nível de formação, observa-se no gráfico acima que dos 6 professores

pesquisados, ou seja 45% possuem nível superior completo, 30% cursam a pós –

graduação e 25% são pós graduados em Lato Sensu.

Percebe-se um percentual bastante expressivo dos docentes que buscam a

especialização. Isso demonstra que eles estão conscientes da importância que tem

a formação para melhorar ou aperfeiçoar a sua prática. Nesse sentido o processo de

formação docente, deve ajudar o professor a ressignificar a sua profissionalização e

perceber-se como trabalhador que procura a sua autonomia em sua atividade

pedagógica, compreendendo a natureza dos conteúdos com os quais lida

diariamente e as relações destes com as vivências dos alunos e da comunidade

onde se inserem.

Shigunov Neto (2004) ressalta que: “é direito do professor e dever do Estado

proporcionar condições favoráveis de formação completa, apropriada e eficaz para

enfrentar os grandes desafios de uma sociedade em constante e profundas

transformações” (p.38).

4.1.6 Qualidade da formação

Page 28: Monografia Robson Pedagogia 2011

37

45%

25% 30% Boa Formação

Regular

Ruim

FIGURA 6: Tipo de formação dos sujeitos

O gráfico mostra que 30% dos docentes disseram ter tido uma boa formação, 45%

disseram que foi regular e 25% falaram que sua formação foi de má qualidade. Isso

significa que apesar de todos os sujeitos da pesquisa possuírem o ensino superior,

70% deles enfatizaram que a sua formação foi regular ou ruim, justificaram que os

conhecimentos adquiridos não lhes deram subsídios o suficiente para promoverem

uma educação contextualizada.

Entende-se por este prisma que as instituições de ensino superior ainda se limitam

a apenas transmitir conhecimento sem relacioná-las com a prática, com o cotidiano

com o que o professor se depara todos os dias.

Nesse caso, a formação do professor não pode ser vista somente como habilitação

para sua atuação mas acima de tudo, como processo de qualificação de uma

contínua retomada dos conhecimentos com os quais trabalha, possibilitando a

reflexão em torno de sua prática e a atualização constante das discussões sobre os

processos pelos quais a ação docente se dá.

4.1.7 Participação das professoras em cursos de formação continuada

Page 29: Monografia Robson Pedagogia 2011

38

40%

35%25%

1 Vez Por Ano

Com Frequência

Tem Oportunidade

Nunca Participou

0%

FIGURA 7: Participação dos professores em cursos de formação continuada

Os dados mostram que nenhum dos entrevistados nunca participou de cursos de

formação continuada, 25% dos indivíduos participam apenas uma vez por ano na

jornada pedagógica promovida pelo município, outros 35% participam com

freqüência, e 40% participam quando tem oportunidade. Percebemos que as

professoras buscam na formação continuada subsídios que possam provocar

mudanças significativas em sua prática pedagógica, almejando a melhoria e a

qualidade da educação. Almeida (1999) nos afirma: “Mas se todos estão convidados

a assumir o compromisso com a educação de qualidade, o professor

“comprometido” nesta perspectiva, deve ser o primeiro a fazer sua parte”. (p.15)

Portanto, a formação continuada precisa fazer parte de um processo permanente de

desenvolvimento profissional, processo, que se dá com o professor e a professora

no exercício de suas atividades profissionais, deixando de ser uma atividade

deslocada das atividades escolares ou ação eventual, descontínua e desvinculada

da prática dos educadores.

4.1.8 Nível de conhecimento sobre o semi-árido

Page 30: Monografia Robson Pedagogia 2011

39

55%

25% 20% Ótimo

Regular

Bom

Ruim

0%

FIGURA 8: Nível de conhecimento dos sujeitos sobre o semi - árido

Os dados obtidos mostram que 55% dos sujeitos pesquisados consideram o seu

nível de conhecimento sobre o semi-árido regular, 25% dos entrevistados disseram

bom, 20% responderam ótimo. Pode-se perceber através destes dados, que os

professores possuem um relativo grau de conhecimento sobre o semi-árido.

Conhecer o ambiente no qual se vive é imprescindível para saber interferir de forma

consciente no mesmo, mas segundo Reis (2006) conhecer o lugar não significa

simplesmente conhecer as suas particularidades, diversidade ou percebê-lo como

objeto físico, implica um conhecimento mais profundo de reflexão, de análise da

realidade.

4.2 Análise da entrevista semi-estruturada

Buscamos neste capítulo fazer uma análise crítica acerca das compreensões que os

professores tem, sobre prática pedagógica e educação contextualizada no semi-

árido e para melhor identificar e analisar essas compreensões procuramos

desenvolvê-las por categorias.

° O Semi-Árido aos olhos do professor é...

° Compreendendo e ressignificando os conteúdos didáticos do semi-árido.

° O professor refletindo a prática pedagógica.

° Professor no sertão para refletir e agir.

4.2.1 O semi-árido aos olhos do professor é...

Page 31: Monografia Robson Pedagogia 2011

40

Compreender e valorizar nossas raízes é importante para o fortalecimento da nossa

identidade pessoal e social, no entanto o contexto em que vivemos pode condicionar

ou mudar a forma como enxergamos o mundo, segundo: Martins (2004, apud

BOFF,1997) “cada ponto de vista é a vista de um ponto” o autor afirma que cada

pessoa lê o mundo com os olhos que tem e de onde seus pés pisam. De acordo

com essa leitura faz-se entender que cada indivíduo dentro de suas particularidades

possui um jeito próprio de compreender o meio em que vive.

Nessa perspectiva é pertinente indagar aos professores pesquisados sobre as

compreensões que eles possuem a cerca do SAB.

É uma região seca onde a vida é difícil o nordestino sofre para sobreviver, muitos vão embora em busca de uma vida melhor. (p3)

O semi-árido é uma região de caatinga de pouca água,tem um clima seco com longos períodos de estiagem. (p5)

O semi-árido em especial o Nordeste é uma região seca, possui alta taxa de analfabetismo e pouco emprego. (p.6)

Diante de tais respostas, percebemos que os docentes conceituam o semi-árido de

maneira negativa, comungando com as idéias disseminadas pela maioria dos livros

didáticos e fortalecido pelos meios de comunicação, como enfatiza Malvezzi (2007)

“o semi-árido brasileiro é tido como uma terra improdutiva, de chão rachado, de

crianças raquíticas esfomeadas e de gente pobre e analfabeta” ( P.53)

O que nos chamou atenção na fala destas professoras é que elas falam sobre o

SAB, como se não vivessem nele, desconsiderando as regiões produtivas, as

belezas da flora e fauna espécies únicas no mundo. Falaram do povo analfabeto

mas não falaram sobre a riqueza de sua cultura, de seus saberes populares. Quer

dizer descartando totalmente as potencialidades do lugar e enfatizando o estereótipo

que se criou dessa região. Lins, ET alli (2006) ressaltam, “muitas vezes, as pessoas

que aqui se encontram não se percebem como parte dessa região, clima ou

ecossistema, uma vez que todo processo histórico educacional tem tendenciado

para isso”. (p.118)

Page 32: Monografia Robson Pedagogia 2011

41

Ora, se não conhecerem a fundo a realidade do clima, do ecossistema das causas

sociais, da cultura e de toda possibilidade de desenvolvimento da região, como

poderão desfazer os estereotipos criados por uma elite dominante, que vê o semi-

árido apenas como fonte de renda para os seus interesses?

O professor precisa entender que contextualização também é um processo de

descolonização, isto é devem antes de tudo desfazer os estereótipos criados e

propagados de forma equivocada a respeito da região do semi-árido.

4.2.2 Compreendendo e ressignificando os conteúdos didáticos do SAB

Os conteúdos didáticos propostos para o semi-árido brasileiro não apresentam em

seu interior informações que contemplem a realidade dos indivíduos dessa região,

estando longe das vivências, do cotidiano dos alunos. Na maioria dos livros didáticos

as ilustrações mostram nordestinos fugindo da seca, animais mortos, crianças

desnutridas, são imagens que estigmatizaram e que permanecem até hoje; como se

essa região fosse sempre desse jeito, seca, pobre sem nenhum potencial de

desenvolvimento. O que acaba fortalecendo as imagens negativas construídas

acerca da região.

As compreensões dos professores a cerca dos conteúdos do livro didático,

coadunam-se com as nossas reflexões, pois os mesmos responderam:

Eu acho que os conteúdos não condiz com a realidade do aluno deixam muito a desejar (P1)

Foge ao contexto dos indivíduos é um conteúdos que em vez de auxiliar o aluno em seu cotidiano o confunde ainda mais porque ele não entende o que está ali. (P2)

É um conteúdo que vem de fora, que deturpa a imagem do SAB e menospreza o sertanejo, como se o sul e o sudeste fossem melhores. (P4)

Ao analisar as falas dos sujeitos acima percebemos que eles entendem os

conteúdos propostos para o SAB como descontextualizados, fora da realidade de

seus alunos. Para Fortunato e Neto (2006):

Page 33: Monografia Robson Pedagogia 2011

42

O tratamento contextualizado objetiva teoricamente, permitir que o conteúdo do ensino leve a aprendizagens significativas, que mobilizem o aluno e estabeleçam entre eles e o objeto do conhecimento uma relação de reciprocidade e que nem sempre tem sido efetivado. (p.44)

É pertinente ainda enfocar a fala do professor nº4, quando diz que o conteúdo

proposto para o SAB deturpa a realidade da região e de seu povo, e que fomenta o

discurso de inferioridade perante o sul e sudeste. Silva (2008) afirma que os

conteúdos do semi-árido na maioria das vezes incorporam uma realidade urbana

normalmente a do Sul e Sudeste brasileiro, o que servem para legitimar e fortalecer

as desigualdades sociais entre as regiões.

Nessa perspectiva é que Souza e Reis (2003) alertam: “é preciso que se incorpore

aos currículos escolares o movimento da realidade como conteúdos formativos. E

isso só será possível por meio da elaboração de um material didático que contemple

antes de tudo a realidade local”. (p.68)

Diante de tal explanação, o ideal seria que na seleção dos conteúdos não se

perdesse de vista a relação dos conhecimentos regionais com os saberes

universais. Assim compete aos professores reconhecerem as diferenças e as

dimensões do contexto, analisando as diversas situações e buscando soluções para

cada uma delas.

4.2.3 O professor refletindo a prática pedagógica

A prática pedagógica exercida pelos professores é essencial para um processo de

transformação das imagens deturpadas e construídas acerca do SAB. Educar de

acordo com o que a criança conhece, é fortalecer suas raízes abrindo caminhos

para que se construa um novo olhar sobre essa região.

Diante disso, procuramos saber o que os professores entendem por prática

pedagógica contextualizada; e obtivemos as seguintes respostas:

Page 34: Monografia Robson Pedagogia 2011

43

É voltar o conteúdo para o contexto da criança assim ela aprende mais rápido e melhor. (p.2)

É importante trabalhar conteúdos usando a realidade da criança, coisas que ela conhece para depois partir para contextos mais amplos, assim ela se percebe melhor no mundo podendo interagir e intervir de forma crítica no mesmo. (p.3)

Prática pedagógica contextualizada é aquela em que o professor relaciona os conteúdos de acordo com o cotidiano do aluno, valorizando suas experiências. (p.6)

As afirmações dos docentes demonstraram que há um claro entendimento destes

acerca da importância do que seja uma prática pedagógica contextualizada para o

bom aprendizado do aluno, uma vez que esta aproveita as experiências do próprio

indivíduo auxiliando - o a conviver melhor com o seu ambiente.

Também é relevante destacar a fala da professora nº3, ela elucida a necessidade de

trabalhar a realidade do aluno, para que este possa refletir sobre a mesma de

maneira crítica podendo causar intervenções.

Educar implica a formação de cidadãos conscientes, ativos favorecendo a todos o acesso e o domínio de um conjunto de conhecimentos. O processo de ensino aprendizagem favorece o conhecimento do que está posto na realidade e, em daí partindo, permite que se avance tanto na utilização para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, quanto na produção de novos conhecimentos. (Fortunato, Neto, 2006.p.39).

Nesse sentido o processo de ensino aprendizagem direcionado para os indivíduos

do semi-árido brasileiro e promovido pelos professores pode se apropriar e se

abastecer de conhecimentos de convivência com o ecossistema a fim de promover

uma identificação entre o educando e o meio em que vive. Segundo Morin (2005) o

conhecimento só tem sentido quando situado no contexto, ou seja, faz-se necessário

situar informações e dados no contexto para que esses adquiram sentido. Para o

autor a ausência da contextualização torna o processo cognitivo insuficiente.

Com relação à prática pedagógica desenvolvida pelos professores questionamos se

essa prática era contextualizada e condizente com as necessidades dos alunos que

convivem com o semi-árido e obtivemos os seguintes depoimentos:

Page 35: Monografia Robson Pedagogia 2011

44

É difícil, trabalho 40 horas e a realidade da zona rural é diferente da sede dou o mesmo conteúdo nas duas turmas, as vezes não tenho tempo suficiente para preparar uma aula adequada acabo dando o conteúdo do jeito que vem no livro didático. (p.1)

Em minhas aulas procuro inovar, trazendo coisas alegres, no entanto a minha formação deixou a desejar no sentido de propor um ensino contextualizado, procuro adequar o conteúdo do livro do jeito que eu sei e de acordo com o cotidiano do aluno. (p.4)

Nós não temos muito apoio pedagógico para nos auxiliar nesta questão, e os livros a que temos acesso não diz nada ao contexto do aluno, então eu faço o que eu posso pesquisando, levando para a sala coisas concretas que eles conhecem e podem encontrar no quintal de casa, na roça. (p.5)

É importante salientar que a P1 diz que trabalha em dois lugares: na sede do

município e no interior e reclama da falta de tempo para preparar suas aulas. A P4

diz que relaciona os conteúdos didáticos com as vivências dos alunos, mas não diz

como faria essa relação. A P5 diz que os livros a que tem acesso são

descontextualizados e ainda chama a atenção para a falta de apoio pedagógico

nesta questão; ela evidencia também em sua fala uma prática subsidiada pela

pesquisa, entretanto não disse como seria ou qual a fonte desta pesquisa, mas é

importante contemplar a sua força de vontade de buscar subsídios e coisas

concretas para trabalhar com os alunos.

Pelas impressões que conseguimos captar, notamos que essas docentes sentiram

um pouco de dificuldade para falarem sobre sua prática em sala; na outra questão,

falaram bem sobre uma prática pedagógica contextualizada, no entanto, quando

falaram sobre a sua própria ação demonstraram insegurança, o que nos faz

entender que há uma contradição em que discurso e prática não condiz um com o

outro. E que o professor ainda sente dificuldade de falar dele mesmo.

Nesse sentido, é relevante que os atores da educação reconheçam a necessidade

de rever a sua prática pedagógica, pois conforme Gomes e Sacristan (1998):

Sem compreender o que se faz a prática pedagógica é mera reprodução de hábitos existentes ou respostas que os docentes devem fornecer as demandas e ordens externas. Se algumas idéias, valores e projetos se tornam realidade na educação é porque os docentes os fazem seus de alguma maneira: em primeiro lugar interpretando-os para depois adaptá-los. (p.9).

Page 36: Monografia Robson Pedagogia 2011

45

Portanto a prática pedagógica deve ser priorizada a fim de que os sujeitos da ação

educativa possam conhecer e refletir sobre o próprio fazer, para dar sentido às

ações que desenvolvem no cotidiano da sala de aula.

Então é relevante que os docentes conheçam o lugar em que vivem e as

peculiaridade de seus alunos, para que possam abrir um diálogo entre o

conhecimento e os saberes tradicionais conquistados na experiência, podendo

proporcionar uma prática pedagógica significativa, esta que não pode estar

desconexa do seu contexto real.

4.2.4 Professor no sertão: para refletir e agir

A ação pedagógica do professor está ligada a um currículo que já vem pronto, com

conteúdos selecionados e que em muitas das vezes o próprio professor não

participa dessa seleção.

A prática pedagógica do docente nessa perspectiva está co-relacionada com

diversos fatores que podem auxiliar e/ou prejudicar a sua ação. Sendo assim para

desenvolver uma prática eficaz e significativa o docente necessita do apoio de todos,

da comunidade, dos alunos, dos pais e principalmente de políticas públicas que

valorizem a sua profissão e que lhes garantam subsídios para exercer uma prática

condizente com as necessidades do alunado do sertão, como por exemplo: uma

formação de qualidade e continuada que dialogue com a realidade do lugar.

Conforme Fortunato e Neto (2006): Ao longo da nossa história pouco se conseguiu

interferir em termos de redirecionamento dos benefícios, interesses e direitos sociais

destinados a algumas regiões brasileiras, a educação dos professores, vem se

dando de forma descontextualizada (p.36).

Nessa perspectiva, é pertinente dar voz aos professores para que falem sobre as

políticas públicas educacionais, a escola e as iniciativas tomadas para a convivência

no semi-árido.

As afirmações a seguir mostram o que pensam os docentes a respeito dos órgãos

governamentais, políticas públicas, instituições de ensino, se estes tem contribuído

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de forma significativa no sentido de se promover uma educação contextualizada no

semi-árido brasileiro. Vejamos as seguintes afirmações:

“Eu acho que as escolas seguem o que a cartilha reza e o poder público nunca deu atenção a nós professores e nem a educação que é ministrada pelo país, em especial na região nordeste, tudo o que vem para nós é descontextualizado o conteúdo é um só para todos.” (P1)

“A passos lentos o governo investe em cisternas e em programas sociais que ajudam algumas pessoas a conviver com sertão, mas em termos de educação não vejo mudança, continua de má qualidade e o docente com dificuldade de proporcionar ao aluno uma educação contextualizada, por causa da formação precária.” (P2)

“Com sinceridade atualmente não. Participei de uma jornada pedagógica que o tema era o semi-árido, foram conhecimentos superficiais, me ajudou um pouco. Se tivesse mais projetos como esse na área da educação com certeza a nossa prática seria bem melhor, deveria ser uma ação contínua já que moramos em uma cidade que faz parte do SAB. (P3)

Os indivíduos foram sinceros ao relatarem que ainda não existe uma ação de peso

por parte das políticas públicas que invista na formação de educadores, no caso em

questão uma formação de qualidade que contemple a educação contextualizada

para o SAB.

As falas dessas docentes corroboram da análise feita por Fortunato e Neto (2006) a

de que a realidade da educação brasileira é bem difícil e que pouco se tem feito para

mudar esse quadro, ainda mais se falando em educação contextualizada como se

vê na fala da P2. Ela diz que existe muita dificuldade para o docente ensinar e cita a

formação inadequada como um fator que limita a sua ação pedagógica.

A educação no semi-árido, segundo a RESAB (2006), além de ter se difundido

tardiamente, jamais prestou um serviço condizente à viabilização de uma melhor

condição de vida neste contexto.

Essa também é a opinião dos docentes entrevistados, a de que, os governantes não

têm dado a devida importância para a educação desenvolvida no semi-árido, bem

como são alheios às reais necessidades do povo desse lugar.

Questionados ainda quanto às ações que deveriam ser tomadas para promover em

sua região uma educação de qualidade contextualizada, os sujeitos responderam:

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Nossos dirigentes deveriam investir mais na capacitação dos professores com cursos gratuitos que contemple as peculiaridades do SAB, assim os professores saberiam contextualizar os conteúdos e socializar o conhecimento com seus alunos e com a comunidade. (P3)

Seminários, palestras, eventos como feiras culturais, cursos de artesanato de sisal, feiras de caprinos que ajudem as pessoas como lidar com suas criações visando o desenvolvimento econômico, coisas que chamariam a atenção da comunidade, e cursos de capacitação para os docentes. (P5)

As parcerias deveriam ser continuas, pelos menos duas a três vezes ao ano proporcionar cursos gratuitos que capacitem o docente a ensinar com uma prática voltada a educação contextualizada, nós precisamos saber como voltar o conteúdo para a realidade do aluno, porque ainda temos dificuldade com isso e também materiais de apoio adequados. (P6)

Evidencia-se a partir das falas dos entrevistados que os mesmos conhecem os

entraves inerentes à educação no semi-árido e atribuem em parte, a existência

desses problemas à falta de investimentos e de políticas públicas comprometidas

com a realidade local; a P3 ainda enfatiza que algumas ações tomadas ficam sem

sentido se não forem continuadas.

Cabe salientar que a parceria dos municípios com as ONGs tem provocado

mudanças significativas nas suas constituições e colocado a educação como ponto

focal nos seus projetos, exatamente por compreender, que não há possibilidade de

se pensar projetos de desenvolvimento, desvinculados das ações educativas,

especialmente, daquelas que se dão nas escolas ( MARTINS, 2006)

A partir dessas compreensões, percebemos que todos os participantes da pesquisa

chamaram a atenção para o investimento em cursos de capacitação que não só lhes

proporcione conhecimento sobre a convivência com o semi-árido, mas que também

os ensinem como contextualizar esses conhecimentos em sua prática.

Sabendo-se que variadas formas de capacitação atualmente levam conhecimentos

técnicos sobre a natureza climática do semi- árido e suas variações, desenvolvem

tecnologias adequadas para auxiliar a comunidade a aproveitar os recursos naturais

da região, no entanto:

Isso ocorre fora da escola pública formal e oficial, a não ser em poucas experiências em que o sistema público de ensino se abriu para adotar em seu interior experiências desenvolvidas e sugeridas por organizações da sociedade civil. Mas ainda são iniciativas tímidas por parte do sistema de ensino, especialmente os sistemas estaduais. ( MARTINS, 2004.P.40)

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Nesse sentido, compreende-se que a educação não deve ser uma ação isolada,

deixando o professor com o peso de resolver tudo sozinho, deve ser

necessariamente uma ação conjunta em que comunidade, sistema de ensino, pais,

alunos, governantes escola e professores procurem juntos a melhoria da qualidade

da educação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa visou identificar e analisar as compreensões que os professores da

Escola Maria do Carmo de Araújo Maia têm sobre prática pedagógica e educação

contextualizada no semi-árido.

Diante das análises e observações realizadas, percebemos que estas oportunizaram

a discussão sobre uma educação contextualizada, uma vez, que, a educação

difundida para o semi-árido é construída a partir de estereótipos que passam uma

imagem negativa da região, e de um currículo homogeneizante, que é construído de

cima para baixo, isto é das regiões que supõem deter o poder “Sul e Sudeste”.

Nesse sentido, é relevante apontar e analisar as compreensões e práticas dos

professores que atuam nas escolas dessa região, pois são eles os principais

responsáveis por conduzir o processo de educação e por suas mãos poderão

desmistificar ou fortalecer os estereótipos criados.

Assim, através dos depoimentos analisados percebemos que os professores

possuem uma visão negativa acerca do semi-árido, se referindo a ele como espaço

de pobreza, de seca, analfabetismo, reforçando as imagens disseminadas pela

mídia e pelos livros didáticos. Com base nessa compreensão, Matos (2004) ressalta

que :

A educação desenvolvida no semi-árido é construída sobre valores e concepções equivocadas sobre a realidade da região. Uma educação que reproduz em seu currículo uma ideologia preconceituosa e estereotipada que reforçam a representação do semi-árido como espaço de pobreza, miséria e improdutividade, negando todo potencial dessa região e do seu povo. (p.38)

Cabe salientar que as políticas educacionais no nosso país se tornam um limite,

uma vez que seguem sempre uma lógica que se estabelece a partir do que pensa o

governo, composto majoritariamente por uma elite que comanda a nação ; que tem

apostado num currículo que acaba por fortalecer as diferenças e desigualdades

sociais entre as regiões.

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Nessa perspectiva, os professores entrevistados perceberam a necessidade de

reformular o currículo distribuído pelo sistema educacional, pois consideraram o seu

conteúdo inadequado, demonstrando uma percepção acerca do distanciamento

entre a vivência do educando e os conteúdos didáticos aplicados na escola. Fato

que dificulta a sua prática e consequentemente a qualidade da educação.

Foi percebido também que todos os professores compreendem a importância da

educação contextualizada para a formação do aluno, pontuando que é necessário

educar o indivíduo a partir do seu cotidiano considerando a bagagem que trazem

das suas vivências, e que também a educação contextualizada proporciona ao

discente ver retratada a sua realidade, promovendo uma identificação e um

entendimento melhor sobre a região em que vivem.

Contudo, notamos que mesmo os professores tendo se apropriado do sentido da

contextualização no processo educativo, percebemos que ainda perdura a falta de

compreensão para fazer a correlação entre o conhecimento e a realidade vivida

pelos educandos. Isso foi percebido quando os sujeitos foram questionados a

respeito da sua prática exercida em sala de aula, como era feita a contextualização

e se ajudava o aluno em suas vivências.

Alguns argumentaram falta de tempo e outros a falta de formação e de subsídio

pedagógico para elaborarem projetos e metodologias de acordo com o contexto,

vivido; Com isso demonstraram que ainda há um abismo entre teoria e prática, onde

uma não condiz com a outra, o que mostra a educação fragmentada e reacionária

existente em nosso país. Reis (2004) vem de encontro a essas reflexões dizendo

que :

Um outro desafio (entenda-se limite), está relacionado à atuação pedagógica dos professores, que terão de abdicar de velhas práticas e construir um novo caminhar na educação, por se exigir uma nova postura, uma nova abertura e um novo compreender do processo educacional, o que se torna difícil, por se encontrarem arraigadas , na educação brasileira , as práticas pedagógicas autoritárias e reacionárias, não sendo fácil interiorizar o novo. (p.54).

Nesse sentido, cabe enfatizar a necessidade dos professores reverem a sua prática

pedagógica e o tipo de formação que tiveram. Entretanto não é o nosso objetivo

encontrar culpados pela educação fragmentada e fora da realidade de nossos

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alunos; nem responsabilizar a quem é acima de tudo vítima do sistema, Pimenta

( 2007) sobre isso esclarece :

È verdade que o profissional da escola sempre foi responsabilizado pelo fracasso escolar. Como também é verdade que dele se esperou o milagre de salvar a escola e os alunos do naufrágio de uma instituição jogada à deriva, nunca desejada politicamente. A imagem do professor- salvador de uma causa perdida faz parte do mito criado para inocentar os verdadeiros responsáveis por uma escola falida porque não era querida”. (p.43).

As dificuldades que os professores têm para exercerem sua prática, vão desde a

falta de material didático e merenda escolar à sua formação inadequada . Como

também a falta de políticas públicas que priorizem uma educação contextualizada,

para o SAB.

Os professores dessa pesquisa vão ao encontro de nossas reflexões quando falam

que os projetos desenvolvidos para a convivência com o semi-árido se baseiam em

técnicas ambientais. No entanto, os espaços educacionais são esquecidos e as

informações acerca do semi-árido passam longe dessas instituições, limitando a

atuação do professor.

Ainda revelaram que as políticas educacionais desenvolvidas em sua cidade deixam

a desejar, pois não investem em cursos de formação continuada que propiciem ao

professor adquirir conhecimentos concernentes ao semi-árido.

Diante disso, cabe ressaltar que os projetos educativos para o semi-árido deveriam

ser estendidos de forma incisiva e continuada para o campo educacional. Pois

entendemos que projetos educativos contextualizados possibilitam que o processo

de ensino-aprendizagem seja desenvolvido de forma integrada com as vivências

socioculturais dos alunos, construindo uma visão holística acerca da realidade na

qual os alunos e professores estão inseridos, pois possibilita um diálogo permanente

entre o espaço escolar e, consequentemente, as vivências cotidianas na

comunidade e fora dela.

Sendo assim, segundo Souza (2006),

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É indispensável repensar e propor programas de formação em exercício que tragam uma política de formação docente diferenciada, que imprimam mudanças de posturas para que os argumentos pedagógicos não permaneçam na esfera do discurso. ( p.99)

Diante do que foi exposto ficou evidenciado que as professoras compreendem o

sentido da contextualização para se promover uma prática pedagógica significativa

para os alunos do semi-árido brasileiro, bem como o seu papel político de difusor de

um novo olhar sobre o SAB.

No entanto, acreditamos que é necessário uma reflexão mais profunda acerca das

práticas desenvolvidas por esses professores, e também uma análise sobre em que

perspectivas, contexto se dá a sua ação pedagógica, trazendo contribuições

relevantes para que se promova uma inquietação dos mesmos e também das

políticas públicas acerca dos problemas que envolvem o semi-árido, favorecendo os

interesses da comunidade a que se destina.

Nessa perspectiva, esperamos que essa pesquisa possa contribuir em informações

significativas para os profissionais da região do SAB, e para aqueles que juntamente

conosco compartilham desse ecossistema, que possa promover uma reflexão

acerca da realidade, dos problemas e das possibilidades desse lugar, uma reflexão

que possa causar intervenções e mudanças de discurso e de práticas, visando a

melhoria da educação como um todo.

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO FECHADO

1. Gênero ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade ( ) 25 a 30 ( ) 35 a 40 ( ) acima de 40

3. Quanto tempo você tem de experiência? ( ) 7 anos ( ) de 7 a10 ( ) acima de15 anos.

4. Qual a sua jornada de trabalho? ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas

5. Qual é o seu nível de formação? ( ) médio ( ) Superior completo ( ) iniciando a pós graduação ( ) pós graduada

6. O que você acha da sua formação? ( ) ruim ( ) Regular ( ) de boa qualidade ( ) ótima qualidade

7. Você participa de cursos de formação continuada? ( ) nunca participei ( ) uma vez ao ano ( ) quando tem oportunidade ( ) com freqüência.

8. Quanto ao seu nível de conhecimento a cerca do semi-árido ? ( ) ruim ( ) regular ( ) bom ( ) ótimo

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APÊNDICE 2 - ENTREVISTA SEMI - ESTRUTURADA

1. Como você compreende o semi-árido brasileiro?

2. Você acha que os conteúdos do livro didático são adequados para os alunos do SAB? Especifique

3. Para você o que seria uma prática pedagógica contextualizada?

4. A prática que você exerce em sala de aula é condizente com a realidade e necessidade de seus alunos.? Exemplifique

5. Você acha que as ações tomadas pelos órgãos competentes ( políticas educacionais, estado, prefeitura) tem contribuído de forma significativa para promover uma educação de qualidade para o SAB? Explique.

6. Na sua opinião que ações deveriam ser tomadas para melhorar a qualidade da educação no SAB e auxiliar os indivíduos em suas vivências?