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1
ANÁLISE DO CONSUMO ENERGÉTICO DE UMA ESTUFA
DE OVOS
HonassesGuardiola David (1)
, Iago Matos Oliveira (2)
, Robson de Farias Idalgo(2)
, Rodrigo
Borba(2)
, Vinícius Eichholz(2)
(1)-Aluno de Engenharia Elétrica, IFSC Campus Joinville, [email protected]
(2)- Aluno de Engenharia Elétrica, IFSC Campus Joinville,
RESUMO
Este projeto tem por objetivo dimensionar, calcular e construir uma estufa de ovos que
consuma menos energia. Em busca de uma melhor eficiência, foram definidos alguns testes
para que, por meio de análises e cálculos, se pudesse apontar o arranjo de maior eficiência
energética. O que determinou a eficiência da estufa foi, a partir das formas arranjadas,
verificar qual teria um maior ou menor consumo de potência da fonte. A partir dessa ideia foi
dado início a busca de conceitos e fatores que ajudasse a diminuir o consumo de energia como
material isolante, diferentes fontes de calor (resistência e lâmpada) e a utilização de um cooler
para dispersão do ar quente. Como resultado verificou-se que o arranjo com menor consumo
energético foi a combinação do isolante, lâmpadas e cooler, que proporcionou uma economia
de 91% em relação ao arranjo de maior consumo.
Palavras-chave:Dimensionar, Eficiência, Consumo.
INTRODUÇÃO
Com o objetivo de manter um ambiente com uma temperatura constante, ideal para o
desenvolvimento das mais diversas formas de vida, são utilizadas as estufas. De forma
habitual, as estufas se utilizam de energia elétrica para o fornecimento de calor ao ambiente
fechado, se aproveitando do efeito Joule (BOYLESTAD, 2004). Dessa forma, e fazendo uso
dos conhecimentos de química (energia, constituição da matéria, tipos de ligações,
propriedades da matéria), física (trabalho, conservação da energia, termodinâmica),
2
engenharia e sustentabilidade (utilização de energia com eficiência, diminuição do consumo),
matemática (cálculos realizados e estimativas), estatística (análise dos resultados obtidos) e
eletricidade (ligação em paralelo das lâmpadas, resistência, análise de corrente e potência
consumida), o objetivo do estudo foi avaliar e comparar o consumo energético (potência
consumida), para uma estufa de ovos de galinha manter uma temperatura de 38° C, nas oito
situações descritas a seguir: 1- com fonte de calor baseada em resistência de 200W e sem
revestimento isolante (Poliestireno expandido); 2- com fonte de calor baseada em resistência
de 200W e com revestimento isolante; 3- com fonte de calor baseada em duas lâmpadas
incandescentes de 100W cada, ligadas em paralelo e sem revestimento isolante, 4- com fonte
de calor baseada em duas lâmpadas incandescentes de 100W cada, ligadas em paralelo e com
revestimento isolante, 5- com fonte de calor baseada em resistência de 200W, sem material
isolante e com um cooler, 6- com fonte de calor baseada em resistência de 200W, com
material isolante e com cooler, 7- com fonte de calor baseada em duas lâmpadas
incandescentes de 100W cada, ligadas em paralelo, sem revestimento isolante e com cooler,
8-com fonte de calor baseada em duas lâmpadas incandescentes de 100W cada, ligadas em
paralelo, com revestimento isolante e com cooler
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O aquecimento é a transferência de energia entre os átomos, aumentando a agitação e
a interação entre as moléculas dos materiais. (ATKINS, 2009). Uma estufa pode funcionar de
duas formas: aquecimento direto, no qual a resistência é constituída pelo mesmo material a ser
aquecido, e aquecimento indireto, no qual o material é aquecido por irradiação, por convecção
e/ou por condução, através de sistema de aquecimento auxiliar. No caso da estufa em estudo,
optou-se por este último modelo. Caracteriza-se pela utilização de resistências como fonte de
calor para aquecer por meio de irradiação, convecção e condução. (BOYLESTAD, 2004;
HALLIDAY, RESNIK, WALTER, 2009a). Esses três processos estão contidos no conceito
de uma estufa. O fenômeno de calor está relacionado tanto ao aumento do agito das moléculas
do material no nível molecular quanto com o aumento da excitação dos elétrons do átomo,
pelo aumento de energia no elétron, que em alguns casos pelo seu excesso pode fazer a
transferência do elétron de uma camada para outra, gerando a liberação de calor e luz
(ATKINS, 2009).
O processo de irradiação consiste na transmissão de energia térmica através de ondas
3
eletromagnéticas, que podem se propagar em meios materiais e também no vácuo
(HALLIDAY, RESNIK, WALTER, 2009b).
No processo de convecção, que ocorre apenas em líquidos e gases, se dá através de
movimentos nos próprios fluidos. Por exemplo, um fluido que expande se torna menos denso
que o fluído que o cerca e sobe devido ao empuxo. Neste processo, a localização da fonte de
calor pode influenciar (HALLIDAY, RESNIK, WALTER, 2009b).
Devido à ligação da resistência à parede da estufa, nesse caso o material utilizado
como parede de revestimento foi madeira (compensado), existe uma condução de calor da
resistência à madeira. Utilizando o conceito de calorimetria, o calor tende a ser transferido do
corpo mais quente para o corpo mais frio, ou seja, a energia dissipada em forma de calor pela
resistência é conduzida para a madeira devido à ligação dos corpos. O ar interno, por se tratar
de um ar estacionário, fisicamente é considerado um mau condutor de calor (HALLIDAY,
RESNIK, WALTER, 2009a; HALLIDAY, RESNIK, WALTER, 2009b).
A principal razão para a realização desse projeto seria definir a estufa com maior
eficiência energética, realizando testes por meio de um multímetro com escala de temperatura
com um termopar tipo k (avaliando o tempo que leva para se alcançar a temperatura desejada)
e comparando oito arranjos distintos de estufa. A Potência está relacionada diretamente com o
que se deseja manter aquecido e também com o material utilizado para as paredes da estufa,
haja vista, que determinados materiais possuem coeficientes de condutividade térmica
diferentes. Sabe-se que quanto menor o coeficiente de condutividade térmica, menor o fluxo
de calor que se perde do ambiente interno para o ambiente externo por condução,
consequentemente a potência absorvida pelo sistema será menor, devido à perda de calor para
o ambiente externo ser menor, realizando assim um trabalho (W) menor para que mantenha a
temperatura constante no interior da estufa (ATKINS, 2009; HALLIDAY, RESNIK,
WALTER, 2009b).
A partir dessa análise, foi incorporado à estufa um isolante com baixo coeficiente de
condutividade térmica. Auxiliando a madeira no processo de conservação de calor no
ambiente interno.
Para o controle da temperatura, foi utilizado um termostato com a seguinte forma de
funcionamento: O sensor mede a temperatura interna e o termostato fecha o contato se esta for
menor que a selecionada, e abre se for maior, mantendo assim a temperatura no nível desejado
4
(38ºC no caso). Partindo dessa análise e tendo ciência da potência da resistência, foi
necessário se fazer o primeiro teste prático onde o objetivo foi saber quanto tempo a
resistência levaria para aquecer até alcançar a temperatura desejada. Esse tempo seria
utilizado nos cálculos a fim de calcular a potência necessária para manter a temperatura no
sistema interno da estufa.
TERMOSTATO
O termostato é um dispositivo que segundo a ADD THERM (2017) tem a função de
impedir que a temperatura de determinado sistema varie além de certos limites estabelecidos,
destinado a manter constante a temperatura através de regulação automática. Ele é composto,
geralmente, por dois elementos: um indica a variação térmica sofrida pelo sistema e é
chamado elemento sensor, o outro controla essa variação e corrige os desvios de temperatura,
mantendo-a dentro do intervalo desejado. Muitas são as aplicações de termostatos: em
aquários, em fornos, aquecedores, refrigeradores, condicionadores de ar, chuveiros elétricos,
etc. Existem vários tipos de termostatos, dentre eles: termostatos mecânicos, termostatos
digitais, termostatos pneumáticos. Para cada necessidade, tem-se o termostato específico.
.
RESISTÊNCIA ELÉTRICA
O conceito geral de resistência está relacionado com o impedimento de passagem de
algo. No campo da elétrica, esse conceito não se distingue, ou seja, uma resistência elétrica é
definida como um impedimento de passagem de elétrons. Consequentemente esse
impedimento de passagem de elétrons, converte energia elétrica em energia térmica. Segundo
Boylestad (2004) a resistência de qualquer material de seção reta uniforme é determinada
pelos quatro fatores a seguir:
1-Material
2-Comprimento
3-Área da secção reta
4-Temperatura
Tendo ciência que quanto maior a resistividade de um material maior será a resistência, segue
uma tabela com variadas resistividades de alguns materiais:
5
Tabela 01: Resistividade de alguns materiais.
Material ρ@20°C (Ω/1000ft)
Prata 9,9
Cobre 10,37
Ouro 14,7
Alumínio 17
Tungstênio 33
Níquel 47
Ferro 74
Constantan 295
Nicromo 600
Calorita 720
Carbono 21.000
FONTE:Boylestad, 2004
A determinação da resistência elétrica e seu respectivo material, se deve
principalmente à temperatura de trabalho da estufa e seu modo de operação. Geralmente se
usa a resistência de Nicromo (80% Ni, 20 % Cr), devido sua alta resistência térmica
possuindo um ponto de fusão á temperatura de 1400 °C e sua fácil comerciabilidade.
(CESTILE, 2010).
Uma lâmpada incandescente também pode ser considerada uma resistência elétrica,
porém, a sua utilização em estufas é menor devido a sua eficiência. Diferentemente de uma
resistência, uma lâmpada incandescente possui perdas no momento de dissipação de energia
elétrica em energia térmica. Essa perda é dada devido à luminosidade. Cerca de 8% da energia
dissipada é transformada em luz e 92% restantes, em calor. Essas informações são do Instituto
Nacional de Eficiência Energética.
ISOLANTES
Conforme Young e Freedman (2008) sobre conceitos da 1ª Lei da Termodinâmica, o
calor entre dois corpos tende a ser conduzido do corpo mais quente para o corpo mais frio. Se
não há diferença de temperatura entre corpos, a temperatura é considerada em equilíbrio e não
há condução de calor entre os corpos. Segundo Quites e Lia (apud Young e Freedman, 2008)
“De forma análoga, um isolante pode ser comparado a uma resistência elétrica, ou seja, limita
a passagem de algo. Em relação ao isolante térmico, o que difere de uma resistência elétrica
seria o objeto que se quer limitar a passagem. Basicamente, isolantes térmicos, como o
6
próprio nome já diz, limitam a condução de calor entre corpos. O fator que determina se um
isolante possui maior capacidade de isolamento ou menor capacidade de isolamento, seria o
coeficiente de condutividade. Quanto menor for esse coeficiente, menor será a condução de
calor entre corpos e analogamente quanto maior for o coeficiente de condução maior será a
transferência de calor entre os corpos. A taxa de condução de calor entre corpos se dá:
.
Onde:
Pcond: fluxo de calor por condução ( Kcal/h no sistema métrico);
k: condutividade térmica do material;
A: área da seção através da qual o calor flui por condução, medida perpendicularmente
à direção do fluxo ( m2);
Ti: temperatura interna
Ts: temperatura externa
L: expessura do material
(QUITES, LIA, S/A)
POLIESTIRENO EXPANDIDO-EPS
EPS é uma sigla internacional do Poliestireno Expandido, comumente conhecido no
Brasil como isopor. O EPS é um plástico celular rígido resultante da polimerização do
estireno em água. O EPS consiste em até 98% de ar e apenas 2% de poliestireno. Em 1m³ de
EPS expandido, por exemplo, existem de 3 a 6 bilhões de células fechadas e cheias de ar. É
produzido em duas versões: Classe P, não retardante à chama, e Classe F, retardante à chama.
Também 3 grupos de massa específica aparente: I - de 13 a 16 kg/m³, II - de 16 a 20 kg/m³, III
- de 20 a 25 kg/m³.
Algumas características fundamentais do EPS:
*Baixa condutividade térmica;
*Leve;
*Resistência mecânica elevada;
*Baixa absorção de água e insensível à umidade;
*Fácil de manusear e utilizar;
*Versátil;
*resistente ao envelhecimento;
*Amortecedor de impactos; (UNICAMP, 2017).
POTÊNCIA
Conforme Boylestad (2004), O conceito de potência pode ser definido como uma
7
grandeza que mede a quantidade de energia transformada em outra por unidade de tempo. A
potência é medida em Joules/segundo. Para a eletricidade, sua unidade é dada por Watt (W),
onde 1W possui 1 J/s. Matematicamente a fórmula para se calcular potência é dada por: P=
,
onde “W” é o trabalho realizado para converter uma energia em outra e “t” o tempo
necessário para essa conversão ou P=VI, onde V é a tensão e I a corrente. Para aparelhos
elétricos, a energia transformada ou transferida corresponde ao trabalho da força elétrica
necessária para deslocar certa quantidade de carga.
Segundo Boylestad (2004), no caso de elementos resistivos, toda potência entregue é
dissipada na forma de calor. Nessa afirmação o autor menciona apenas elementos que
possuem a finalidade apenas de oposição a elétrons. Lâmpadas incandescentes como já
mencionado, são considerados elementos resistivos, porém, possuem perdas para
luminosidade.
Para Filho (2010) em fornos elétricos a potência é função do material a ser trabalhado
e do tempo para o qual se deseja atingir a condição de operação. Existem algumas tabelas com
informações da energia que deve ser utilizada para elevar suas temperaturas próximas à
temperatura de fusão.
Segundo Stasi (1981) no caso dos tratamentos térmicos, o calor necessário é calculado
por meio da equação: Q= c*m* (Tf-Ti), onde Q é expresso em kcal e o calor específico c em
kcal/kg°C, m é a massa do corpo a ser aquecido em kg, Tf é a temperatura final e Ti é a
temperatura inicial. Descobrindo a energia necessária para a utilização do forno, faz-se uso da
equação para o cálculo de potência necessária do forno:
Pf=
(kW)
Onde:
Pf: potência do forno
E: energia consumida no processo de trabalho (em kWh/t)
Pm: peso do material a ser trabalhado ( em toneladas)
n: rendimento do forno (varia de 0.6 a 0.8)
T:tempo desejado para o material atingir a sua temperatura de trabalho ( em horas)
(CESTILE, 2010)
DESENVOLVIMENTO:
O presente projeto foi baseado na avaliação sobre a bibliografia disponível sobre o
assunto em questão, onde se buscaram conceitos para os diferentes dados obtidos. A consulta
8
aos professores da instituição IFSC Campus Joinville foi de extrema importância, haja vista
que o grupo tinha recém-adquirido alguns conceitos em disciplinas como Fenômenos dos
transportes e Física 2 e alguns processos envolvidos na elaboração do projeto. Citando
algumas disciplinas que foram importantes para a execução do projeto, tem-se: Física,
Eletrônica Digital, Eletricidade, Fenômenos dos Transportes. A princípio a primeira
dificuldade seria calcular a espessura do isolante térmico. Como já mencionado, o isolante
térmico foi fundamental para que não houvesse uma perda significativa de calor do ambiente
interno para o ambiente externo.
Definir a dimensão da estufa também foi um problema, pois se sabe que o gradiente de
temperatura varia conforme a altura, levando em consideração que a fonte de calor estaria
localizada na parte superior da estufa, consequentemente, seria necessária a absorção de uma
maior potência para manter aquecido. A partir dessa análise e sabendo que existiria à
variação da temperatura conforme a altura foi incorporada a estufa um cooler com tensão
entrada de 12 V para distribuir uniformemente o calor interno.
O fator determinante para a definição das dimensões da estufa foi à quantidade
máxima de ovos. Ficou definido as seguintes dimensões externas para a estufa com
capacidade máxima de 84 ovos de galinha cada um com 13,6 cm de perímetro, 69cm x 50cmx
36cm. A fórmula do volume pode ser definida como:
V=l × c × a
V=0,50 × 0,69 × 0,36
V=0,1242 m³
Onde:
V= Volume (m³)
l= Largura (m)
c= Comprimento (m)
a= Altura (m)
(HALLIDAY, RESNIK, WALTER, 2009a)
Porém definir o dimensionamento da estufa é apenas o início, é preciso calcular e
dimensionar os outros componentes da estufa. Além das dimensões, será necessário
dimensionar o sistema de aquecimento, o isolamento térmico e os outros cálculos referentes
ao mecanismo da estufa.
Neste trabalho, por tratar de uma estufa que possui um aquecimento interno, foi
necessário levar em consideração a dissipação de calor para o ambiente externo. Essa
dissipação pode elevar a potência necessária para manter a temperatura constante,
diferentemente se houver um isolamento, onde o calor dissipado internamente seja transferido
9
de forma eficiente, com o mínimo de perdas para o ambiente externo. Revisando a
bibliografia foi definido que o material isolante seria o poliestireno, devido sua baixa
capacidade de conduzir calor. Por meio da disciplina de fenômenos dos transportes, utilizou-
se o conceito de condução de energia por placas compostas, nesse caso as duas placas
isolantes seriam a madeira e o poliestireno com coeficientes de condutividade de 0,17 W/m.K
e 0,035 W/m.K, respectivamente.
O fator essencial para determinar a espessura do isolante térmico foi à disponibilidade
comercial desse, haja vista que a natureza do isolante é linear, ou seja, quanto maior a
espessura menor o fluxo de calor. Portanto, a espessura adotada para o isolante de
poliestireno foi de 50 mm.
Calculando o fluxo de calor entre as placas compostas, tem-se:
=
=
= 13,68 W/m²
Onde:
q: fluxo de calor por condução ( Kcal/h no sistema métrico);
A: área da seção através da qual o calor flui por condução, medida perpendicularmente à
direção do fluxo ( m2);
K madeira= 0,17 W/m.k
K poliestireno= 0,035 W/m.k C
Ti=temperatura interna=38 °C
Ts=temperatura externa=17 °C
Li= espessura da madeira (parte interna)=18mm=0,018m
Lis= espessura do isolante (parte externa)=50mm=0,05m
(QUITES, LIA, S/A)
Em todos os protótipos, o tempo para que a temperatura interna atingisse 38 °C foi
fundamental para analisar os dados obtidos e calculá-los. Partindo desse ponto, foi dado início
uma busca na bibliografia disponível por uma relação que agrupasse potência consumida e
tempo. Através da disciplina de eletricidade e por meio do livro Boylestad (2004) foi
encontrado o conceito de energia consumida ou fornecida por um sistema, que é determinada
por : W=P*t, onde W= energia consumida ou fornecida, P=Potência (W) e t=tempo(s).
Geralmente, convém em expressar a unidade de energia consumida ou fornecida por um
sistema em kWh devido à unidade watt-segundo ser muito pequena. A partir dessa equação
10
definimos a estufa mais eficiente levando em consideração a que consumisse menos energia,
seria a mais eficiente.
O circuito dos componentes envolvidos no projeto está descrito na figura abaixo:
Figura 01: Esboço do Circuito elétrico da estufa
FONTE: Autoria própria
Por meio do software AutoCad foi possível desenhar o projeto da estufa em 3D e
modelar a posição de cada componente. Devido à inviabilidade de posicionar as duas fontes
de calor distintas na mesma posição foi escolhido a resistência para ser fixada na parte
superior da estufa e consequentemente as lâmpadas na parte lateral, ambas como já
mencionado ligadas em paralelo. A parte inferior foi descartada, devido a necessidade
biológica de manter uma umidade interna levando a necessidade de possuir um recipiente com
água de 4 dm³(L). O cooler por sua vez foi posicionado na parte superior. Sabendo que o
gradiente de temperatura varia conforme a altura, tinha-se conhecimento que haveria uma
deficiência por parte da resistência por estar fixada na parte mais alta da estufa e
consequentemente as lâmpadas teriam um maior aproveitamento no que se refere a irradiação.
Abaixo se tem algumas vistas extraídas do software.
11
Figura 02: Vista frontal estufa
FONTE: Autoria própria
Figura 03: Vista superior da estufa
FONTE: Autoria própria
Figura 04: Vista lateral estufa
FONTE: Autoria própria
12
Como resultado da construção final e após a colocação do isolante externo é
apresentada abaixo as fotografias da estufa construída.
Figura 05: Vista frontal estufa
FONTE: Autoria própria
Figura 06: Vista superior da estufa
FONTE: Autoria própria
TESTES E EXPERIMENTOS
Para os testes foram utilizados um multímetro, os 8 arranjos distintos da estufa e um
cronômetro. Na captação e análise de dados, a cada 1 °C de temperatura alterado o tempo foi
registrado, desde a temperatura inicial, até atingir a temperatura de trabalho. Foi definido para
análise da eficiência energética apenas o funcionamento da estufa até atingir a temperatura de
trabalho, haja vista que para cada arranjo o fluxo de calor do ambiente interno para o
ambiente externo seria constante.
Foram realizados vários testes em dias diferentes e com isso percebeu-se que havia
uma variação significativa na temperatura inicial interna. Devido esse fato, optou-se por fazer
13
o teste em um dia apenas, a fim de obter a mínima variação de temperatura. Mesmo fazendo o
teste apenas em um dia, notou-se que a temperatura variou durante o período dos testes. Dessa
forma, foi possível se realizar apenas um teste em cada modelamento, devido ao tempo
utilizado entre as modelagens e o tempo de espera para a dissipação do calor.
O que obteve-se como resultado que a menor temperatura inicial interna foi de 21°C e
a maior temperatura inicial interna foi de 23°C. No arranjo com fonte de calor a resistência de
200W, sem isolante e sem cooler, a temperatura de 38°C que seria a temperatura de trabalho
não foi alcançada, ficou estabilizada em 34°C, o que nos leva a pensar no gradiente de
temperatura e perdas de calor.
Como se conhecia a potência da resistência, de cada lâmpada e do cooler, para os
arranjos onde o tinha incorporado, foi possível calcular o consumo de energia por meio
Potência x tempo (KWh) e analisar qual seria o arranjo que consumisse menos energia e
consequentemente os mais eficiente. Abaixo segue uma tabela onde possui todos os dados
coletados para cada arranjo com a graduação em °C e o tempo contado em segundos:
Tabela 02: Dados coletados nos distintos arranjos da estufa.
FONTE: Autoria própria
Para melhor relacionar as informações dos dados obtidos foram esboçados dois
gráficos para temperatura (Celsius) em função do tempo (Segundos). Um gráfico possui todos
os arranjos e outro foi descartado o arranjo que possuiu o maior consumo de energia, visando
facilitar a visualização dos casos mais eficientes.
TEMPERATURA 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 KWh %ECON
LÂMPADA + ISOLANTE +
COOLER 0 0 0 2 7 14 22 26 37 47 60 81 99 124 161 214 273 365 0,02101 91,1
RESISTÊNCIA + COOLER 0 0 0 3 9 15 20 24 30 34 38 46 57 79 124 190 280 395 0,02273 90,4
LÂMPADA + ISOLANTE 0 0 3 5 12 24 41 66 96 123 157 200 257 309 370 447 508 569 0,03161 86,6
LÂMPADA + COOLER 0 0 0 2 9 17 26 36 55 73 90 120 158 212 291 390 528 697 0,04012 83
L ÂMPADA 0 0 2 4 9 16 34 42 53 74 110 131 171 215 267 513 615 798 0,04433 81,3
RESISTÊNCIA + ISOLANTE +
COOLER 0 5 13 16 20 26 30 36 46 56 77 95 130 185 289 420 624 803 0,04622 80,5
RESISTÊNCIA + ISOLANTE 0 142 265 478 680 903 1157 1470 1704 2010 2233 2459 2787 3063 3365 3630 3997 4272 0,23733 0,000
* Energia consumida em KWh
**percentual de economia em relação ao teste com maior consumo energético.
14
Gráfico 01: Aumento da temperatura da estufa em relação ao tempo.
FONTE: Autoria própria
Gráfico 02: Aumento da temperatura da estufa em relação ao tempo.
FONTE: Autoria própria
15
CONCLUSÕES
Diante dos dados obtidos por meio de testes e realizando os devidos cálculos,
observou-se que o arranjo que possuía uma maior eficiência energética foi o constituído por
uma fonte de calor de duas lâmpadas incandescentes em paralelo com potência de 100W cada
uma, com material isolante e com cooler de 7,2W de potência. Que em comparação ao arranjo
de maior consumo, o modelamento de maior eficiência apresentou uma economia de 91%.
Pode-se observar também valores muito próximos entre o resultado citado acima e o
modelamento de resistência com o cooler, o que pode apontar tal arranjo como uma boa
opção.
Por outro lado alguns fatores devem ser levados em consideração como a localização
diferenciada das fontes de calor (resistência na parte superior e as lâmpadas nas laterais)
podem ter interferido na comparação e cabe apontar a dificuldade de estabilização da
temperatura inicial para todos os testes, que interferiu no resultado final,
Ao que se pode aludir que os resultados demonstrados expressam apenas a leitura de
um teste para cada modelamento, fato que torna esse resultado pontual, com necessidade de
replicação das análises em ambiente controlado, e com a reprodutividade das avaliações de
cada arranjo com o mínimo de três tentativas. Além da ausência de realização do teste com a
contagem do tempo em que o termostato manteve a estufa desligada, que poderia nos auxiliar
no entendimento da contribuição do isolante no ciclo de trabalho.
Dessa forma conclui-se que os resultados apontados demonstram a possibilidade de
uma economia de aproximadamente 90% para os arranjos apresentados, porém observa-se a
necessidade da realização de novos testes, e do melhor controle de fatores externos para a sua
confirmação e melhor confiabilidade.
16
REFERÊNCIAS:
ATKINS, Peter W.; JONES, Loretta. Princípios de Química-: Questionando a Vida
Moderna e o Meio Ambiente. Bookman Editora, 2009.
CESTILE, Marlon; Materiais elétricos: Compêndio de trabalhos. - Fornos elétricos.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Fox do Iguaçu – PR, 2010.
MAMEDE FILHO, João. Instalações elétricas industriais/ João Mamede Filho. -8.ed.-
[Reimpr].-Rio de Janeiro: LTC, 2011.
STASI, Luigi di. Fornos elétricos. Hemus, Curitiba, 2002.
HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de Física. Vol. 1. 8 ed. Editora LTC,
2009a.
HALLIDAY, RESNICK, WALKER. Fundamentos de Física. Vol. 2. 8 ed. Editora LTC,
2009b.
YOUNG, H. D. e FREEDMAN, R. A. Física II-Termodinâmica e Ondas. 12.ed. São Paulo:
Pearson Education, 2008.
QUITES, E. E. C. e LIA, L. R. B. Introdução à Transferência de Calor. Apostila, S/A.
Disponível em: < wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/e/e2/Transcal.doc.> Acesso em: 22 de maio de
2017.
BOYLESTAD, Robert L. – Introdução à Análise de Circuitos – Prentice Hall/Pearson, 10ª.
Ed, 2004.
ADD THERMI, Termostato Capilar. Disponível em:
<http://www.addtherm.com.br/produto/termostato-capilar/> Acesso em 22 de maio de 2017.
UNICAMP, Poliestireno Expandido-EPS, Disponível em:
<http://www.fem.unicamp.br/~assump/projeto.php.> Acesso em: 22 de maio de 2017.