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APOSTILA III

DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

TOMADA DE DECISÃO

INTRODUÇÃO

A mente humana parece ter sido desenhada para resolver questões simples

de sobrevivência, possuindo estruturas que facilitam as decisões cotidianas.

Porém, existem aquelas que são mais complexas.

Por exemplo, as decisões administrativas se referem aos problemas mais

complexos, exigem maior quantidade de informações, envolvem maior número

de pessoas e geram mais impacto na comunidade. Esta complexidade de

situações e constantes mudanças também exigem das pessoas e das organizações

decisões cada vez mais acertadas.

Por vezes, as soluções convencionais de problemas não conseguem mais

enfrentar a velocidade com que as mudanças surgem na empresa, nem

conseguem diminuir os conflitos envolvendo o gerenciamento de pessoas.

O debate sobre o uso da intuição no mundo empresarial é um assunto que

vem se tornando presente nas práticas de negócios. Contudo, a intuição

apresenta uma estrutura conceitual abrangente e pouco explorada, bem como

muitas vezes discriminada.

O seu entendimento e as vantagens oferecidas, embora “ainda

desconhecidas”, podem ser um diferencial de sucesso tanto para as pessoas

quanto para as organizações, especialmente no desenvolvimento de uma visão

gestora criativa.

Pesquisas mundiais, já realizadas, mostram a importância do assunto no

ambiente de negócios. Para o Brasil, há necessidade de pesquisas mais

aprofundadas que avaliem a intuição no ambiente empresarial, definindo e

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descrevendo o seu significado e a sua aplicação como uma condição primordial

para o aumento da competitividade e sucesso de nossas empresas, além de ser

um fator de desenvolvimento para a sociedade como um todo.

A INTUIÇÃO NO PROCESSO DECISÓRIO

O volume exagerado de informações para os tomadores de decisão gerou

várias distorções nas alternativas possíveis para a solução de problemas. A ilusão

de que quanto mais informação, independente da sua relevância ou qualidade

bastava para originar boas soluções, não é uma verdade absoluta.

Para dificultar ainda mais as coisas, a complexidade do ambiente e suas

constantes mudanças exigiam que muitas decisões fossem tomadas com uma

rapidez nunca vista, portanto análises aprofundadas não seriam eficazes para os

problemas atuais.

Os principais fundamentos na tomada de decisão sempre foram à

confiança nas soluções passadas. Hoje muitas situações com que se defrontam os

executivos são novas (nunca ocorreram).

A impossibilidade do controle das situações urgentes e imprevisíveis

requer das empresas que as soluções sejam consequências de decisões não

programadas ou não rotineiras. O mais interessante é que as decisões não

programadas têm como elemento principal a intuição.

A intuição torna-se uma ferramenta na tomada de decisão, porque ela tem

uma capacidade de síntese da situação, uma leitura do todo, enquanto a lógica e a

razão precisam "quebrar" e analisar a situação em partes.

Os processos decisórios atuais necessitam ser complementados pela

intuição, pois, ao contrário do que muitos acreditam, a intuição não é contrária à

razão, elas são complementares e num processo decisório eficaz elas devem

coexistir, pois a intuição está relacionada principalmente com o modo de se

obter informações.

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Contudo há motivos para a intuição ser evitada ou colocada de lado na

tomada de decisão, primeiro porque não há um entendimento claro acerca da

intuição e segundo, porque a intuição sozinha não nos permite tomar decisão.

Quando se decide usando somente a intuição, a possibilidade de errar

torna-se enorme. Já quando se toma decisão somente pela lógica, há grandes

possibilidades dessa decisão ser eficiente, ou ao menos razoável.

Entretanto, quando se usa a intuição com lógica num processo decisório,

a possibilidades de sucesso torna-se evidente, pois decisões eficazes são tomadas

mediante o desencadeamento de um processo integrado que inclui

sequencialmente o raciocínio, a lógica e a intuição.

ANÁLISE RACIONAL VERSUS PENSAMENTO INTUIVO

Por ser um misto de conceitos e representações internas, o processo

intuitivo é, de certa forma, inexplicável e incompreensível. Trata-se de um

pensamento subconsciente e individual (único), que contradiz a razão conhecida

e compartilhada sobre os fatos. E, dessa forma, por contrariar a lógica, aparenta

irracionalidade.

Para a decisão gerencial, o conceito de intuição é pouco definido e

revestido de certo enigma. Para a administração, o objetivo é saber se ela faz os

dirigentes tomarem melhores decisões.

Análises conscientizam sobre riscos, fornecem mais elementos para

reflexão e incentivam as pessoas a questionarem suas próprias crenças, além de

concorrerem para evitar a repetição de erros. Analistas racionais mostram que,

seguindo certos procedimentos, aumentam-se as chances de uma escolha

melhor.

O processo intuitivo incorpora um número maior de variáveis, já que

fatores emocionais, políticos, de oportunidade e de sensibilidade fazem parte do

processo decisório.

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Na intuição, há processamentos mentais de informações anteriores e,

portanto, algum cálculo racional, como também, nas análises racionais, inserem-

se emoções – o sentimento positivo e agradável sobre determinada opção pode

significar uma boa razão para escolhê-la.

Nos exageros de ambos os lados, há duas maneiras diferentes de se

pensar:

uns pensam a intuição como a falta de raciocínio;

outros pensam a racionalidade como a frieza calculista inibidora de

variáveis humanas.

Encontrar novos caminhos e alternativas não depende somente de parar,

pensar e analisar; é preciso também experimentar, ensaiar e, sobretudo, agir, em

um processo de aprendizado constante.

DIVERSIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES DE TOMADA DE DECISÃO

Se a habilidade intuitiva é resultado da criatividade do pensamento,

recomenda-se aos indivíduos mais diversificação em sua vida pessoal e

profissional.

É importante que as pessoas aprendam a examinar constantemente sua

experiência de vida, criando espaços para novos valores e práticas.

Parece útil aprender a conviver com o incomum, desafiar o óbvio e o

repetitivo. Variar de interesses, incluindo hábitos culturais e de lazer, conviver

com outros ambientes, circular na empresa, buscar novas informações sobre

temas que pouco se relacionam com o próprio cotidiano de trabalho.

Outra forma de desenvolver a criatividade da mente é escutar os membros

da própria equipe. A maioria dos funcionários gostaria que seu chefe os ouvisse

mais.

Vale praticar o reaprendizado de ouvir, treinando em casa com os

familiares, perguntando às pessoas sobre seu próprio trabalho, mostrando-se

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atento, tomando algumas notas, fazendo algumas perguntas e, sobretudo,

procurando compreender as emoções das pessoas sem se perturbar com seu

jeito singular de falar.

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Referências bibliográficas

FGV Online. Processo Decisório Estratégico. São Paulo: Fundação Getúlio

Vargas. Ano 2002.

ANPAD. A Intuição Como Elemento Essencial no Desenvolvimento de

Estratégias Organizacionais. Rio de Janeiro: Associação Nacional de Pós-

Graduação e Pesquisa em Administração. Ano 2003.