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Cinturao Negro Revista Portugues 296 Setembro parte 2 2015

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A revista internacional de Artes Marciais, desportos de combate e defesa pessoal. Download grátis. Edição Online 296 - Setembro - Parte 2. Ano XXIV

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Todos os DVD's produzidos porBudoInternationalsão realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares)e aimpressão das capas segueas maisrestritasexigências de qualidade(tipo depapel e impressão).Também,nenhum dosnossos produtosécomercializado atravésde webs de leilõesonline.Se este DVD não cumpre estasexigências e/o acapa ea serigrafia nãocoincidem com a queaquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

REF.: • KYUSHO 23REF.: • KYUSHO 23

O trabalho que contêm estes DVDs, mostra a diferençaentre Kyusho e Dim Mak, posto que se não baseiam

nos mesmos objectivos. É uma continuaçãodos precedentes trabalhos acerca de “As 6

mãos Ji” e “A Camisa de Ferro”. As 6Manos Ji prevalecem numa arte

denominada Pangai-Noon ouUechi Ryu, um dos muito poucos

estilos que contêm e seconcentram nestas posiçõesde mão, específicas parachegar ao tecido maisprofundo do corpo. EstesDVDs mostram o uso dasmãos, não como maças,antes sim como adagas,com o poder transicionalde torsão utilizado nas “6Mãos Ji”, para sercorrectamente aplicado aoKyusho... e esta é uma

faceta ausente nashabilidades da maioria dos

praticantes de Kyusho. 8 KO�s (incluyendo KO�s por

compressao e sanguíneos). Este conjunto de 2 DVDs se

concentra no aparentemente simplesKata Sanchin, a través de 8 etapas de

habilidades de luta. Um completo SistemaMarcial em um Kata, incluindo também métodos de“Camisa de Ferro”.

Vol.1: Introdução, Objectivos nos braços, na cabeça eno corpo.

Vol.2: Objectivos nas pernas, Grappling, Tuite, e defesafrente a faca.

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requentemente tenho escutado mestresactuais a se queixarem de seus alunos. Nestasqueixas acostumam a fazer referência à faltade fidelidade, constância, seriedade eausência de carácter. Muitos se resignam a se

tornarem professores em vez de mestres, e a ter alunos,ou clientes, em vez de discípulos. Mas na verdade, aspessoas vêm embelezadas, procurando mais algumacoisa nas artes marciais e acabam assinando um contratode serviços. A figura do Mestre se desvanece, porque nãohá discípulos, só pessoas que contratam os seus serviçospara aprender umas técnicas. A sua frustração é análogaà sua falta de comprometimento, à sua superficialidade,ou à pouca sorte de ter dado com um mal mestre.

Há um choque enorme, um abismo profundo, entre aideia original de um Mestre à maneira antiga e a de umprofessor tipo “Terças e Quintas das 8 às 10 da noite”.Mas as necessidades individuais mudam em um novocontexto, onde os indivíduos e as sociedades setransformam… e no entanto, as Artes disciplinarescontinuam. Isto é devido principalmente, à universalidadedo assunto, que tem sabido acompanhar o homem aolongo de toda a sua história, pois forma parte da suanatureza essencial.

A guerra é o território e a força de transformação dohomem, porque obriga sem piedade, a se posicionarfrente a frente. No entanto, é lógico pensar que muitascontradições surjam aqui e além, porque por mais quealguns desejem modernizar o contexto, falamos dearquétipos eternos que não atendem às razões. A guerrae o seu território de acção sempre será uma força motrize tudo o que tocarem (Artes de Marte… o deus daguerra…, Budo… de “bu” artes de guerreiras, etc…)estará imerso na bolha própria da sua natureza, com assuas regras, as suas tendências, seus hábitos ecostumes…

Sem dúvida, o mundo está submetido a um processode transformação acelerada e vertiginosa, onde muitasdas melhores coisas dos antigos, ficaram pelo caminho…Os tempos mudaram e muitas coisas que faz apenasalguns anos eram vistas como seguras, hoje apenas sãopoeira ao vento. Nesta mudança, ultrapassada a fronteira,a humanidade está vivendo transformações tão profundasque a maioria de nós contemplamos atónitos a deriva dascoisas; enquanto um sombrio futuro aparece no

horizonte, alguns se agarram a valores externostransitórios, que realmente caducaram já faz tempo.

Os anacronismos vão muito mais além das formas e seafundam nos conteúdos. Não é lógico esperar das novasgerações as mesmas atitudes que as das precedentes.Mas ao contrário do que possamos acreditar, isto não énada novo. Já Sócrates se lamentava: “Os jovens, hojesão uns tiranos. Contradizem seus pais, devoram a suacomida e faltam ao respeito a seus mestres”. As coisas serepetem, porque nós nos repetimos; é justo reconhecer oretruque do destino que implica a frase dos Le Luthier:“Qualquer tempo passado…, foi anterior”.

O mundo não está quieto, viaja pelo espaço a milhõesde quilómetros, situando-se em parâmetros energéticoscompletamente diferentes, recebendo influências ecruzando sectores com cargas completamente diferentes.Bandas de energia, que propiciam, como ao viajante aspaisagens, outros pensamentos, outras atitudes, outrasmaneiras de ser. Cada geração chega com novaspropostas, novas visões e se muito se perde no caminho,muito se ganha com a mudança; a evolução continua. Masnesta viagem em volta do centro, alguns ciclos de novotocam fases da transformação, as quais criaram paralelas aoutras anteriores e então, ressurge um novo despertar decoisas antigas. A espiral que nos move, faz com quepassemos todos no planeta, por um fase semelhante noque respeita à sua posição relativa a grandes referências,como os ciclos em volta do eixo central da Galáxia, mas anossa posição relativa, já é diferente com respeito à queanteriormente aconteceu. Heraclito tinha razão… nestecaso, não tomamos banho duas vezes…, na mesma faseUniversal em que estivemos.

Esta verdade também existe no aspecto marcial e noantigo, deve conviver com o absolutamente novo. Mas…,há realmente alguma coisa nova abaixo do sol?Especialmente se falamos de coisas com antiga, raizcomo a guerra? Nem nas Artes Marciais nem em nada, acondição de “Clássicos” se adquire facilmente. Basta ofacto de resistir o passo do tempo, para conceder o ditotítulo, porque o facto de permanecer precisa de solidez eprofundidade, ou o que é o mesmo, de eficiência eUniversalidade.

São tempos tormentosos, de violentos terramotos eventos de furacão, onde a única coisa que poderásegurar-nos, serão firmes e fortes raízes, aquelas que

“Um ser humano é parte de tudo o que chamamosUniverso, um parte limitada no tempo e no espaço. Estáconvencido de que ele próprio, os seus pensamentos e

os seus sentimentos, são coisa independente dos outros,uma espécie de ilusão óptica da sua consciência. Essa

ilusão é uma prisão para nós, nos limita aos nossosdesejos pessoais e a sentirmos afeição por os poucos

que temos mais perto. A nossa tarefa tem de ser libertar-nos dessa prisão, ampliando

o nosso círculo de compaixão, para abranger todos osseres vivos e a toda a natureza”.

Albert Einstein

“A vida de um homem sem religião não faz sentido e nãosó o torna um infeliz, como também em um ser incapazde viver. Admitir que existe ALGUMA COISA, onde nãopodemos penetrar; o facto pensar que as razões maisprofundas, que a beleza mais radiante que o nossopensamento possa alcançar, são só as suas formas maiselementares de expressão; esse reconhecimento, essaemoção, constitui a atitude verdadeiramente religiosa.Nesse sentido, eu sou profundamente religioso”.Albert Einstein

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profundamente afundadas na terra, possuam a força capaz de gerar umafortaleza de carácter e uma determinação extraordinárias, forjadas em séculosde autenticidade e comprometimento. Neste contexto, as culturas espirituaisantigas estão ressurgindo agora, ao apelo desta necessidade, abrindo osolhos a um exército faminto de palpáveis conhecimentos sobre o mundoinvisível. Os mais inteligentes e avezados pensadores actuais, exploram estereencontro e não em vão, porque eles, como pontas de flecha da consciênciada tribo humana, vão pela frente explorando caminhos e soluções a perguntasantigas, fazendo novos mapas… A ciência abriu muitas portas, expulsandofalsários, fanáticos e dogmáticos, mas as velhas perguntas acerca da parteespiritual, continuam aí. Desde o xamanismo dos Índios Americanos, àespiritualidade hinduísta, ao Budismo tibetano, o Zen, as tradições toltecas deCastaneda, o a forte espiritualidade dos Shizen, por apenas falar em alguns, velhosconhecimentos estão ressurgindo debaixo das pedras da história, porque nuncacomo agora foram mais necessários nem nunca foram também, mais capazes deserem compreendidos.

Einstein disse: “A religião do futuro será cósmica. Uma religião baseada na experiência e

que fuja dos dogmatismos”. Esta nova reencarnação do conhecimento antigo, como todo parto,

não será fácil; a distância que separa ambos momentos é tãogrande, que para ser ponte, será preciso possuir a firmeza doaço, combinada com a flexibilidade do fio de um aranha.Entretanto e à vez, possui um grande vigor, porquesão inevitáveis.

Todo volta, nada permanece igual, mas tudoretorna. A eterna renovação das coisas, não deveser feita desde a arrogância, nem desde aignorância, daí a tremenda responsabilidadedaqueles que liderem esta nova fase detransformação. Cada passo se baseia noanterior, à vez que o supera; nãopodemos deixar de reconhecer comgratidão infinita pelos mapas que noslegaram, àqueles que antes de nósandaram pelos caminhos. Mas acaminhada e os novos mapas serãoda nossa responsabilidade. QueDeus nos acuda!

Um dia fomos os jovens dosquais se queixavam erepreendiam os nossos pais eavós. Tenhamos a grandeza eacima de tudo o desapego, dever como se confundem comseus pés os jovens aos queantecedemos. O nosso trabalhoé mostrar-lhes o caminho e a suaresponsabilidade, andá-lo…

3

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5

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Hapkido

Nos conhecemos faz já alguns anos, na extraordináriaocasião da gravação de um DVD com seu Mestre já

falecido, o Grão Mestre Kwang Sik Myung, 10ºDan. Osanos passaram o Mestre Reyes evoluiu, aprofundou na

sua Arte e hoje ele tem um lugar relevante na FederaçãoMundial de Hapkido, estando encarregado da Europa

Ocidental. É também Presidente da Federação Mundialem seu país, a Espanha, onde vem realizando um

importante trabalho pedagógico. Hoje vem na capa danossa revista, apresentando o seu primeiro DVD, no qual

nos mostra a Arte Marcial à que tem dedicado a suavida, Arte que é a sua paixão, uma paixão à qual está

completamente entregue. O DVD é um completo tratado das técnicas que

fazem grande este estilo coreano, com os muitosmatizes que neles imprimiu a linhagem do Grão

Mestre Kwang Sik Myung.

Alfredo Tucci

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Hapkido

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Entrevista com o Mestre REYES, José Manuel Reyes Pérez

Cinturão Negro: Pode explicar-nos o que é o Hapkido?Mestre Reyes: O Hapkido é uma Arte Marcial com

origem na Coreia. É a Arte da Defesa Pessoal Dinâmica porexcelência, com seus próprios princípios, normas efundamentos. É Arte e é Ciência, por conseguinte NÃO éum desporto, apesar a que determinadas organizaçõesqueiram transforma-la nisso. Se analisarmos etimologicamente as palavras Arte e

Marcial, diremos que:

Arte é a expressão, obra ou actividade com a qual o serhumano mostra simbolicamente, em belas formas, umaspecto da realidade ou um sentimento, valendo-se damatéria, da imagem ou do som. Marcial, por seu lado, se refere ao exército, ao que é

próprio da guerra e da disciplina. O nome vem do Latim“martialis” (de Marte). Marte era o principal deus romanodepois de Júpiter (seu pai). Aparece em Roma como Deusda Guerra. Por conseguinte, se o Hapkido é Arte Marcial,estamos dizendo que é uma maneira de expressar e desentir tudo quanto relativo ao que é militar, ou seja, é umamaneira ou forma de vida. De facto, “Yon Moo Kwan”, onome da nossa escola, significa precisamente isto, umaescola da Maestria e do que é Militar. O significado deHapkido (Hap: união, Ki: energia interior e Do: caminho ouvia, poderíamos simplificá-lo como “caminho para trazerharmonia à energia”.

C.N.: Qual o motivo de recomendar praticar Hapkido?M.R.: Em primeiro lugar porque é uma arte de defesa

pessoal dinâmica e completa, que contempla uma grandevariedade de técnicas com e sem armas. Combina defesase ataques, onde se incluem técnicas de perna, joelhos,punho, cotovelo, projecções, estrangulamentos, e acima detudo, as técnicas de luxação, assim como uma grandevariedade de manipulações de armas, tais como a espada ea bengala, que são as mais características. Devemosdestacar que no Hapkido se conjugam velocidade e fluidez,

junto com a preparação física, a técnica, a respiração, ameditação e cultivar a energia interna. Mediante a

sua prática e realização constante, tudo isto junto,ajuda muito a melhorar a nossa saúde, tantofísica como mental, dando à pessoa vitalidade,energia, auto-confiança, carácter epersonalidade.Por tudo quanto dito, recomendo praticar

Hapkido Marcial e daqui convido a todasaquelas pessoas interessadas, a seaproximarem de algum dos nossos Dojáng(Ginásios) afi l iados à FEH-WHF, pararealizarem uma aula experimental.

C.N.: Quantos anos leva na prática dasArtes Marciais?M.R.: Com doze anos de idade, comecei

praticando Tae Kwon-Do, sob a orientação doGrão Mestre Lee Sun Ho. Pouco depois tambémcomeçaria com o Hapkido. Nesses tempos, osanos 70, na Espanha ainda se não conhecia oHapkido; foi a partir de finais dos 70 e nos anos 80,quando só uns poucos - digo e repito “só unspoucos” conhecíamos o Hapkido y alguns opraticávamos… Naquela época já era muito árduopraticar Taekwondo, mas ainda o era mais praticarHapkido. Realmente é em 1992 quando se dá a

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conhecer o Hapkido na Espanha, graças ao Presidente e Fundador da World Hapkido Federation, o Grão Mestre Kwang SikMyung 10º Dan, o meu Mestre - que descanse em paz - com quem aprendi tudo quanto sei. O Grão Mestre realizou oprimeiro Seminário de Hapkido na Espanha, na cidade de Valência. A partir daqui, muitos Mestres tiveram o seu primeirocontacto com o Hapkido, mas só uns poucos se iniciaram. Por minha parte e agora com 52 anos, com o mesmo entusiasmo, continuo

praticando, estudando, difundindo e promovendo esta bela Arte Marcialque é o HAPKIDO. Neste ano de 2015, festejo os meus 40 anoscontinuados, dedicados à prática com grande esforço e sacrifício.

C.N.: Isso é uma vida inteira dedicada àsartes marciais e ao Hapkido!...M.R.: É sim... Olhando para trás me parece

impossível que tenham passado tãorápidos estes 40 anos… Quem mehavia de dizer quando obtive omeu 1ºDan de TKD e meu1ºDan de Hapkido, que otempo passaria tãorápido… Fazendoum resumo,p o s s o

Hapkido

“Se dizermosque o Hapkidoé uma ArteMarcial,estamos a

dizer que é umamaneira de

expressar e desentir,

em tudoquanto

relativo aoque é militar.Resumindo,

é umamaneira ouforma de vida”

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diferenciar dois aspectos destacados. Por uma parte, o pessoal, pois sinto muito orgulho de que o Grão Mestre Myung,Kwang Sik confiasse em mim, para poder continuar o seu legado - o qual, por certo, é o mais extenso e que ele deixoutodo, tanto bibliograficamente como de maneira visual em seus DVDs - e por outra parte, o profissional, no qual, apesar deter vivido diversas experiências ao longo de todos estes anos, continuo com a mesma vontade e entusiasmo de continuaraprendendo, estudando e transmitindo aquilo que a mim ele me ensinou.

C.N.: Que função desempenha como membro da Junta Directiva (Board) da WHF?M.R.: Na Board estamos alguns dos máximos representantes internacionais e nacionais da World Hapkido Federation, junto

com o Director Geral, Mestre Myung, Roe Jae. A nossa função é como a de qualquer outra Junta, mas principalmente aqui éonde se marcam as directrizes a seguir em todo o mundo, para que aqualidade do ensino nas nossas escolas afiliadas, seja de um alto nível e fielao nosso programa oficial de graus. Nisto, realmente insistimos muito…

C.N.: Como se sente com o encargo de Director Regionalpara a Europa Ocidental?

M.R.: Sinto-me satisfeito, mas como sou muitoperfeccionista, sempre quero chegar mais longe… É uma

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Hapkido

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boa maneira de continuar transmitindo na Europa, o Hapkido da WHF e de darcontinuidade ao legado do Grão Máster Myung. Sei bem quais são os meus misprojectos e objectivos, com respeito a promover o Hapkido WHF na Europa Ocidental.Para isso e entre outras actividades, realizamos cursos e seminários, tanto deiniciação como de actualização e reciclagem. Assim, continuamos com o Hapkido daWHF a nível europeu, além dos diferentes eventos programados.

C.N.: A que projectos e objectivos se refere?M.R.: Temos pensado em vários projectos. Estamos planejando novos eventos,

cursos e seminários, para continuar dando a conhecer o programa oficial da WHF. Porfortuna, a cada dia contamos com um maior número de afiliados e interessados nestabela Arte Marcial, que é o Hapkido. Muitas destas pessoas quando conhecem oprograma oficial de graus, se apercebem de que é o mais completo e são cientes deque continuamos transmitindo de maneira tradicional e fidedigna, o programa oficialdo Fundador Kwang Sik Myung. Os países já pertencentes à WHF, mostram grandeentusiasmo na difusão do mesmo.

C.N.: Quais as diferenças que acha, entre o Hapkido dos anos em que eraaluno e o que agora se realiza?M.R.: O Hapkido tem os seus próprios princípios, normas e fundamentos, os quais

são atemporais e imutáveis. Estes são: o respeito, a cortesia, humildade, justiça,rectidão, coragem, lealdade, benevolência e honorabilidade. A partir daqui, as formasde defesa tem ido evoluindo, em função das circunstâncias sociais do momento. Quer

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dizer, as maneiras de agredir vão mudando e por isso, oHapkido está em contínua evolução, mas mantendo os seusprincípios e fundamentos. Pessoalmente e devido aos meustrabalhos na segurança privada e na militar, sempre gostode estudar e de adaptar as técnicas digamos “tradicionais”,às novas maneiras de agressão. Por conseguinte, nos“fundamentos” não há diferenças de fundo, mas sim nasmaneiras de “agressão”.

C.N.: Como Mestre, alguma vez se viu obrigado atomar medidas, quando algumas destas normas ouprincípios se quebrantaram?M.R.: Sim, e muito a meu pesar…, mas logicamente,

quando vemos que um aluno ou um discípulo, não segue asditas normas, apesar dos repetidos avisos, chega ummomento em que se faz necessária uma decisão, que emalguns casos pode chegar a ser a decisão mais drástica

e que é a expulsão da escola.

C.N.: Vivemos na era da informação. De que maneiraas novas maneiras de comunicação podem influir natransmissão das artes marciais e mais especificamente,no Hapkido?M.R.: Na Internet há grande quantidade de informação

útil e interessante sobre o Hapkido e outras artes marciais.Mas não podemos esquecer que mesmo que estas novasferramentas possam ser de ajuda para ampliarconhecimentos, a maneira vital de aprender é praticando-os. O meu conselho para a dita prática, é que como base sefaça uma correcta escolha do Mestre que nos vai ensinar,observando a procedência da sua l inhagem, comoconseguiu sua faixa preta, e o mais importante, qual aorganização mundial ou internacional à qual pertence a suafederação ou associação. Desta

Hapkido

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maneira, a transmissão será autêntica.Isto é muito importante, dado que há

países com associações ou federaçõesque não pertencem a nenhumaorganização internacional de Hapkido,com isto, aqui surgem duas importantesperguntas: A primeira: Quem lhes está concedendo os

Dan? Posto que não têm ninguém por cima... E a segunda: Estarão sendo dados por eles

mesmos?

C.N.: Quais são as aptidões necessáriaspara o desempenho em um lugar ou em umencargo institucional, como o que o senhorocupa?M.R.: Penso não haver uma aptidão em especial.

É preciso “Sentir e Viver o Hapkido” como coisaprópria e logicamente, ser fiel aos nossosprincípios e aos ensinados pelo nosso Mestre,para depois poder difundi-los da mesmamaneira. Logicamente, também faz falta ter

“O Hapkido é uma artede defesa pessoal

dinâmica e completa, quecontempla uma grande

variedade de técnicas com esem armas. Combina defesas

e ataques, entre os quais seincluem técnicas de perna, joelhos,

punho, cotovelo, projecções,estrangulamentos, e acima detudo, as técnicas de luxação,

assim como uma grandevariedade de manipulação dearmas, tais como a espada e

a bengala...”

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espírito de sacrifício, por que para chegar até aí, foram necessáriasmuitas horas de dedicação e esforço, que em algumas ocasiõespoderiam ser um lastre para serem compatíveis com a vida pessoal.Por fortuna, no meu caso isto não é assim, posto que tanto a minhamulher como os meus filhos praticam comigo o “Hapkido yoo moo

kwan” e todos estamos muito unidos ao Hapkido eassim, o sacrifício é menor.

C.N.: Como funcionam a World HapkidoFederation (WHF) e a FederaçãoEspanhola de Hapkido (FEH)?M.R.: Indo na mesma direcção e mantendo

os mesmos princípios, ou seja, em UNIÃO naHAP, como não podia ser de outra maneira. O

nosso Director Geral da WHF é o Mestre Myung,Roe Jae. É ele o encarregado de dirigir o resto dos

directores internacionais e presidentes nacionaisdos diferentes países membros da WHF. Por suavez, ele conta com o apoio dos membros daJunta Directiva, ou seja, do Board, entre os quaisme encontro eu na direcção da EuropaOcidental e na Espanha, com a FederaçãoEspanhola de Hapkido.

Um dos nossos principais objectivos écontinuar formando com programa oficial, atodos aqueles países interessados nisto. NaEspanha, continuamos crescendo em númerode escolas (dojang) e em número de licençasfederativas, ou seja, em Artistas Marciais!

Quero daqui destacar o entusiasmo, a

Hapkido

“O Hapkido tem seuspróprios princípios,

normas e fundamentos,os quais são atemporais e

imutáveis. Estes são orespeito, a cortesia, a humildade, a justiça,

rectidão, coragem,lealdade,

benevolência ehonorabilidade”

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“Na Internet há grandequantidade de informaçãoútil e interessante sobre o

Hapkido e outras artesmarciais. Mas não

podemos esquecer queestas novas ferramentaspodem ser uma ajuda paraampliar conhecimentos,mas a maneira vital de

aprender Hapkido épraticando-o”

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força de vontade e os esforços por parte das nossas escolas, mestres efederados, no Campeonato da Espanha de Exibição deste ano 2015, o qual,a cada ano conta com mais afluência de participantes e sempre com esseespírito Marcial que nos caracteriza. Daqui, os meus parabéns a todos osparticipantes e aos campeões das diferentes categorias. Muito entusiasmopara todos e nos encontramos no ano que vem, no próximo Campeonatoda Espanha.

C.N.: E falando em outras coisas… De que facto curioso se lembra,de todos estes anos?M.R.: Foram muitos mas vou comentar um dos que mais me emocionam.

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que entrei no Dojáng do GMMyung. Foi 1987…

Hapkido

“O nome da nossa escola, a Yon Moo Kwan, significa

precisamente isso, a escola daMestria e do que é Militar”

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Depois da longa viagem de avião e ainda com ocansaço do voo, eu estava ansioso de praticar com ele. Omeu Mestre Lee, me tinha dado uma primeira carta derecomendação e me falara muito dele, como o máximoexpoente do Hapkido no Mundo, Para mim, isso era omaior desejo que até aquele momento eu tinha sentido. Asituação mudou quando feitas as apresentações de rigor, oGM Myung me disse que vestisse o Dobok - o uniforme doHapkido - e que entrasse na aula. Eu estava eufórico, feitoum maluco, o coração parecia que saltaria fora do meupeito com a vontade que eu tinha das de fazer técnicas deluxação, projecção, chaves em geral, e de estar nem maisnem menos que praticando com o GM Myung, máximoexpoente Mundial. Então e após de um duríssimoaquecimento onde quase acabaram as minhas forças -apesar de que eu já praticava duro - o GM Myung meindicou que me situasse em frente do espelho e quecomeçasse a realizar os exercícios de Danjon (respiração).Aqui o meu mundo veio abaixo… Mas eu conhecia amaneira de ensinar Coreana e pensei: Bem, vão ser unsdois duas... Ele está pondo-me à prova!!! E assim era, masnão foram dois dias, foi a semana toda e eu voltava para aEspanha dali em três dias. Pensei: Não é possível! Depoisde tanto esforço, a viagem, etc., só me vai ensinarDanjon…!!! Estava muito desanimado, porque eu pensaraque os 10 dias que estaria, seriam muito frutíferos. Emqualquer caso, me armei de valor e no dia seguinte láestava eu outra vez, preparado para aprender. Nesse dia, oMestre fez o mesmo, mas desta vez, após me manter duashoras fazendo o Danjon, pela primeira vez me chamoupelo meu segundo nome: “Manuel; come here…” Mesituou frente a frente com um aluno seu. Fizemos origoroso protocolo: saudação ao Mestre, saudação aoparceiro, etc… e finalmente começou a ensinar-me aprimeira técnica do nosso programa oficial. Isso foi paramim o máximo, porque nesse preciso momento,compreendi que eu já contava com a sua confiança,confiança que com os anos chegou a ser uma boaamizade e relacionamento familiar, posto que ambosconhecemos nossas respectivas famílias.

C.N.: Para finalizar, que mensagem desejariamandar a todos aqueles que nos estão lendo?M.R.: Em primeiro lugar, animar a todos a praticarem

Hapkido FEH-WHF. Aqueles que gostam das artes marciais,que experimentem o Hapkido. Aos que já são praticantes,mas de outra escola, que experimentem o nosso sistema, anossa escola Yoo Moo kwan, a escola da Mestria, doaspecto Militar e em segundo lugar, a todos digo quetenham paciência, porque o Hapkido é uma arte completa,com técnicas de pontapeio, joelhadas, socos, cotoveladas,pontos de pressão, projecções, estrangulamentos, chão,luxações, armas, etc., e por conseguinte é uma arte quepode chegar a ser letal. Por isso, a aprendizagem deve deser sempre minucioso e assim sendo, o Mestre representaum papel muito importante, posto que deve de conhecerbem os seus alunos e discípulos e saber bem a quem, comoe quando se ensina.

C.N.: Muito agradecidos pela entrevista MestreReyes. M.R.: Eu é que agradeço a vocês…

Hapkido

GRAUS DO MESTRE REYES, José Manuel Reyes Pérez:

- 7º DAN Hapkido pela World HapkidoFederation (WHF)- Membro do (Board) Junta Directiva da

WHF- Director Internacional da WHF para a

Europa Ocidental- Presidente da Federação Espanhola de

Hapkido (FEH)

Email de contacto:[email protected]

“O significado de Hapkido;Hap: união, Ki: energia

interior e Do: caminho ouvia, poderíamos

simplificá-lo como caminhopara dar harmonia

à energia”

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Hapkido

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Tameshiwari – Arte de Quebrar

Actualmente, a arte de quebrar objectos feitosde diversos materiais, ainda é praticado emdiferentes tipos de Artes Marciais, como o Karate,o Taekwondo, o Kung Fu, etc. Mas, o que éexactamente importante e o que é possível?Observamos dois Senseis austríacos, DanielCarich Sensei e Christian Grübl Sensei, de um Dojoperto de Viena, que praticam desde faz décadas,diferentes géneros de Artes Marciais Japonesas efalamos com eles acerca da sua maneira dequebrar objectos, no denominado "Tameshiwari".

Karate

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assim chamado"Tameshiwari" é a Arte dequebrar objectos comopedras, blocos de gelo,madeira, bates deBeisbol…, uti l izando só

partes do corpo, como os cotovelos, ospés, as mãos ou por vezes, a cabeça.

Um Tameshiwari permite ao artistamarcial focalizar o esforço total e aenergia, em um objecto inanimado. Osresultados com êxito são indicativos dese ter dominado a Arte.

O Tameshiwari requer de um equilíbrioexcepcional, da técnica, da concentraçãodo espírito e da calma. É um desafio àshabilidades do artista e põe à prova oslimites da sua força, posto que deve deutilizar todo o poder que possui, para serbem sucedido em cada uma dastentativas.

Hoje podemos ver rompimentos emmuitos filmes e espectáculos, porqueestas acções chamam a atenção dopúblico. Actualmente, muitos métodos deArtes Marciais usam o Tameshiwari paraadquirir determinados níveis, mas naorigem era muito diferente; o objectivooriginal era melhorar a força, a velocidadee a concentração.

Antes de começar a bater nosdiferentes materiais, é necessária umaexperiência básica em técnicas depontapés, socos e golpes de foice. Atécnica deve ser executada de maneiradinâmica, relaxada e concentrando apotência na última terceira parte do golpe.Também tem de se praticar durante muitotempo a orientação correcta da execuçãodo golpe (Seiken), para assegurar omáximo impacto e limitar o risco delesões. Quando obtidas estas habilidades,é necessário concentrar-se em trabalhar aMakiwara. Tradicionalmente, a almofadada Makiwara é feita de uma peça demadeira flexível, mas resistente, que emseu extremo superior se envolve emmateriais tradicionais - como a palha dearroz - para proporcionar uma almofadaaos golpes. É montada no chão, parapermanecer no mesmo lugar durante aprática das diversas técnicas. Também sepode usar um saco de areia muito duro,

“O segredo resideem conseguir a

máxima aceleraçãona técnica que se

executa, para gerar a

potência necessáriae ao contrário”

O

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para acondicionar ossos earticulações.

Este género de treino é bastantedoloroso. Esta era a maneira em que serealizava no Japão antigo. Nos nossosdias é difícil de se encontrar nas ArtesMarciais, posto que a maioria das artesmarciais se tornaram um desporto e atradição está em declínio. Depois deter praticado durante um tempoprolongado, podemos começar aquebrar "materiais fáceis", comotábuas de abeto ou ti jolos, paragradualmente melhorar a habilidade,mas não podemos esquecer queescolher o material adequado é umaparte importante.

Também é preciso compreender asleis básicas da física. O segredo reside

em conseguir a máxima aceleração natécnica a executar, cujo resultado serágerar a potência necessária e aocontrario. Também se tem dediferenciar entre Tameshiwari activo epassivo. Activo significa que o artistamarcial quebra o material com golpes.Já no passivo, o objecto se quebracontra o corpo do praticante.

Como já foi dito anteriormente, aatenção deve concentrar-se napreparação e o mesmo treino eacondicionamento deve ser utilizadopara ambos tipos, activo e passivo.Também se recomenda o uso dealternativas, como múltiplas tábuas,tijolos, etc.

A focalização mental é tambémmuito importante. Antes de cada

tentativa, não pode restar a maismínima dúvida no pensamento, deque se vai ser bem sucedido. Amais mínima variação na técnica ouna sua foca l i zação , mu i toprovavelmente levará ao fracasso eàs l esões . Também é es ta amaneira de pensar adequada, parase sa i r v i to r ioso em qua lquercombate.

Muitos factores, como o duro treino e aprática constante, serão decisivos para oêxito ou o fracasso em um Tameshiwari.Há de haver quem possa dizer que umtijolo não responde ao golpe, mas, pornão "Dominar o Tameshiwari", acaso nãose estará perdendo uma muito valiosalição para ter êxito nos desafias da vidado dia-a-dia?

Karate

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Técnica

“A focalização mental étambém muito

importante. Antes de cadatentativa, não pode restar

dúvida alguma nopensamento, de que se vai

ser bem sucedido”

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Quantos sentidos tem um ser humano? Definição de "Sentido"

Não existe acordo firme dos neurologistas, comrespeito a exactamente quantos sentidos há, devidoàs diversas definições do que é um sentido. De umamaneira geral, podemos dizer que um "sentido" éuma faculdade de interpretar estímulos exteriores. Àscrianças em idade escolar ensinam-lhes por rotina,que há cinco sentidos, a vista, o ouvido, o tacto, oolfacto e o gosto. Em linhas gerais estes são ossentidos. (O bom senso e o sentido do humor nãosão menos importantes!).

Como atacar os sistemassensoriais para um melhor "Adestramentobaseado na Realidade"

Domínio do sistema sensorial

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Grandes Mestres

Nisto dos “sentidos” hámuito mais do que poderíamos pensar!

A Termocepção é o sentido do calorou a falta do mesmo (frio), através dapele e incluindo passagens internasda pele. Há um certo desacordoacerca de quantos sentidosrepresenta realmente. Ostermoceptores da pele são muitodiferentes dos termoceptores

homeostáticos, que proporcionaminformação acerca da temperaturacorporal interna.

A Nocicepção (a dor fisiológica) é apercepção não consciente de danopróximo ou de dano do tecido. Podeser classificado de um a três sentidos,dependendo do método declassif icação. Os três tipos dereceptores de dor são: cutâneo (pele),somático (articulações e ossos) eviscerais (ógãos internos). Durantemuito tempo, pensava-se que a dorconsistia na sobrecarga dosreceptores de pressão, mas naprimeira metade do Século XX, aspesquisas indicaram que a dor era umfenómeno diferente, que se entrelaçacom todos os outros sentidos,incluindo o tacto. Actualmente, a dosdefine-se cientificamente como umaexperiência absolutamente subjectiva.

O Equil ibriocepção, o sentido

vestibular, é a percepção de equilíbrioou aceleração e está relacionado comas cavidades que contêm líquido noouvio interno. Há um certo desacordocom respeito a se isto também incluio sentido da "direcção" ouorientação. Entretanto, comoacontece com a percepção daprofundidade, “direcção” refere-segeralmente ao conhecimentocognitivo após o sensorial.

A Propriacepção, o sentidosinestético, é a percepção doconhecimento do corpo e é um

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sentido do qual as pessoasnormalmente não são conscientes,mas do qual dependem em grandemedida. Mais facilmente demostrávelque explicável, a propriacepção é oconhecimento "inconsciente" de ondeestão situadas as diversas áreas docorpo num dado momento. (Isto podeser demonstrado por qualquerpessoa, fechando os olhos e agitandoa mão em diversas direcções.Supondo que tenha uma correcta

função propriaceptiva, em momentoalgum perderá a percepção de onderealmente se encontra a mão, mesmoque não esteja sendo notada pornenhum outro sentido). Pode serusado como tempo de reacção.

Os sentidos e a inteligência

Os estudos com respeito a como acriatividade se manifesta emdiferentes indivíduos, descreverammúltiplos tipos de inteligência: visual,musical, lógica/matemática,linguística, de movimento, naturista,sinestética, intra-pessoal einteligências interpessoais. A maioriacorrespondem-se com sentidosespecíficos – de facto, todos eles sãodenominados sentidos avançados dalinguagem…, pensamento e egoincluidos. Outros sentidos, tais como

o gosto e o olfacto, também poderiamter suas próprias inteligênciasespeciais. Portanto, a relação entreinteligência e percepção sensorialparece ser muito estreita.

É proposta a existência de mais de30 sentidos, incluindo o sentido dotempo e o sentido do medo.

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O Quarto de Ames

Um quarto de Ames (fotos 1 e 2) é um quartodistorsionado que se usa para provocar uma ilusãoóptica. Foi inventado em 1946, pelo oftalmologistaamericano Adelbert Ames Jr., sobre a base de umconceito de Hermann Helmholtz.

Um quarto de Ames está construido de maneira que pordiante pareça um quarto normal em forma de um cubo,com uma parede de fundo e duas paredes lateraisperpendiculares entre si e por sua vez perpendiculares aochão horizontal e ao tecto. No entanto, tem um truque deperspectiva e o verdadero feitio do quarto é trapezoidal:as paredes estão inclinadas e o tecto e o chão tambémestão inclinados; a esquina direita está muito mais pertode um observador frontal, que a esquina esquerda (ouviceversa).

Como consequência da ilusão óptica, uma pessoaem pé numa esquina, parace um gigante a olhos doobservador, enquanto que uma pessoa que está naoutra esquina parece um anão. A i lusão ésuficientemente convincente para que uma pessoa quecaminhar de um lado para outro, da esquina esquerdapara a esquina direita, pareça crescer ou encolher.

Ataque de pânicoUm ataque de pânico é um período increivelmente

intenso e frequentemente temporalmente debilitante, dosentimento de medo extremo ou de angústia psicológica,com um típico início repentino. Sentir o medo no corpopode ser tão intenso que inclusivamente pode estar noslimites da dor. Se nunca se sofeu um ataque de pânico, émuito difícil de descreve-lo por palavras. Um ataque depânico é diferente de um "miedo" normal, por que oataque de pânico muito frequentemente paralisa apessoa, deixando-a numa situação de completa paranóiae preocupação. Ter por primeira vez um ataque de pânico,por regra geral é uma das piores experiências na vida deuma pessoa. Geralmente, quem sofre por primeira vez umataque de pânico, chega realmente a pensar que está amorrer.

A claustrofóbia é um trastorno da ansiedade queinvolucra o medo aos espaços enclaustrados oufechados. Os claustrofóbicos poderiam padecer

Grandes Mestres

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ataques de pânico, ou o medo a sofrer ataques de pânico,em situações tais como estar em elevadores, combóios,caixas ou aviões… e no que entendemos como osproblemas CQB – ou problemas na luta na curta distância.

As pessoas propensas a ter ataques de pânico muitofrequentemente sentirão claustrofóbia. Se um ataque depânico acontecer quando estão num espaço limitado,então sentem o medo do claustrofóbico, o medo de nãoserem capazes de se livrarem da situação. Os que sofremde claustrofóbia poderiam sentir dificuldades de respirarem auditórios fechados, cinemas e elevadores.

O vocábulo claustrofóbia vem do Latim “claustrum”, quequer dizer “um lugar fechado", e do Griego “probos”, quequer dizer "medo".

Perante tudo quanto dito, como poderemos usar esteconhecimento para ensinar e para nos prepararmos nósmesmos da melhor maneira para o combate realista?

Usar quartos com inclinação ou quartos Ames – quartosilusórios para activar os sensores quando se ensina CQB,provoca tensão sobre o estudante, para acelerar os efeitosdo medo sobre ele. Os quartos lebirínticos são eficazes esão ilusões modificadas. Usando frio e calor dentro doquarto, podemos criar tensões sobre os estudantes,provocando vários diferentes medos que o ajudem aanalisar o medo e o ataque de pânico.

Um labirinto pequeno

O princípio da Academia Kappa de "atacar primeiro aossensores" é o motivo de que em seu DVD recentemente

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lançado no mercado, se faça uma demonstração dos primeiros três movimentos básicos deatacar os ditos sensores. Adoptando a nossa manaira de atacar os sensores, para os anular nocorpo do objectivo, temos melhores oportunidades de vencer no conflito.

Heis aqui o exemplo de um ataque ao sistema sensorial usado na Academia Kapap.Avi está sendo estrangulado. Primeiro bate nas orelhas do atacante, para afectar o ouvido e

o seu sistema de equilíbrio (4 e 4.1). Depois, seguindo o princípio da “economia domovimento", esfrega com suas mãos os olhos, para lhe causar ardor (5); seguidamente, leva oataque até o fim batendo no seu pulso. Para realizar o ataque ao sentido “telefráfico”, oatacante atacou por cima, de maneira que Avi pode empregar o seu joelho para bater navirilha (6).

Usamos estes princípios para a defesa pessoal. Treinamos inicialmente com ideiassimples, tal como o Instrutor John Machado BJJ ensina a seus estudantes queponham o Gi sobre a cara após um exigente treino de cardio, para sentircomo os sensores do “medo” entram em funcionamento (tentem qualquerdia). Esta é a maneira mais simples e económica para treinar nos dojos,usar o Gi dos estudantes, o que poderia ser outra boa razão para treinarcom um Gi…

Outro exemplo é usar um quarto com inclinação, que pode fazer-nos sentir "ébrios" por que o sentido da gravidade proporciona aocérebro uma informação, enquanto que os outros sentidos, comoacontece com a visão e o equilíbrio, mandam ao cérebro umainformação diferente. A maior cruzamento de informação entreos sentidos, maior confusão para o cérebro. Este género deilusão faará com que o estudante queira sair do quarto doestresse e do treino do medo. A Academia Kapap utilizaestas e outras situações e métodos para treinar seusestudantes e instrutores, usando movimentos de combatebásicos, para que sejam eficazes em situações reais decombate.

Grandes Mestres

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Supervivência

Indaguemos hoje a palavrasupervivência e sua relação com onosso universo marcial. Asupervivência é a conservação davida, especialmente quando é apesarde uma situação difícil ou após algumfacto ou momento muito significativo.Quando indagamos nos factoshistóricos que dão vida à nossamatéria, devemos começar com onascimento do “Karate”. Na i lha de Okinawa existia um

grande intercâmbio comercial entrevários reinos da época. Diz a históriaque em 1409, o então rei Sho Shinimpõe várias proibições a portararmas, com a finalidade de acabarcom os diferentes feudos em que seencontrava dividida a ilha, evitandoassim futuros confrontos entrenativos e visitantes. Em 1609, osguerreiros Samurais, invasores dafamília Satsuma, confiscaram asarmas que restaram...

Farang Combat

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evido a este facto histórico, a classenobre de Okinawa e o povo, não tiveramoutra opção que acudir ao nossosentimento mais primitivo, asupervivência. Os nossos antepassadosmarciais desenvolveram ainda mais os

métodos de combate com instrumentos agrícolas eassim também, os métodos de combate à mão nua,iniciando o nascimento do Karate e do Kobudo.

Poderíamos preencher centos de páginas comnarrações como este, onde o ser humano, ao enfrentar-se a situações difíceis, emerge triunfante, criandosistemas defensivos de altura.

A capacidade de sobreviver na sociedade actual ésimilar à dos nossos antepassados, em termos danossa posição humana ao enfrentar uma situação deperigo. Para conseguir isto, devemos ter a mentalidadede um guerreiro. Sun Tzu, em seu livro “A arte daguerra”, nos oferece esta frase: “A suprema arte daguerra é persuadir o inimigo sem lutar”.

Estar em alerta e atentos a tudo quanto sucede emnossa volta, é fundamental para nos defendermoseficazmente. A grande maioria das pessoas andamalheios ao que têm em seu redor, alheios ao quesucede ao voltar da esquina… São do tipo de pessoasque pensam que nada lhes sucederá a elas.Desafortunadamente, na maioria dos casos assituações de perigo chegam até elas. Obviamente, umapessoa cuja finalidade é sobreviver, não quer andarassim…, nem quer o cidadão comum. Por tanto, se

Farang Combat

D

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Farang Combat

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queremos sobreviver no nosso meio ambiente, devemos andarde outra maneira.

É indispensável vivermos conscientes de tudo o que sucedeà nossa volta. Temos de reconhecer que a sociedade na qualvivemos, não é nada amigável. Em todo momento temos queestar um passo por diante das situações. Andamos,verificamos os nossos arreadores, mantemos os nossos olhosbem abertos a qualquer circunstância que possa ser decuidado. Estamos prontos para qualquer situação que nospossa magoar e nos preparamos para ela. Quando sentimosque alguma coisa perto de nós, não está bem, temos que terdecisão: abandonar o lugar ou mover-nos para corrigir asituação. Temos de ser decisivos e mover-nos com muitarapidez.

Quando o nosso sentido de supervivência nos avisa de umperigo máximo, é quando devemos realizar o que sejanecessário e tomar a decisão imediatamente, para a nossasegurança, a dos nossos amigos e seres queridos.

Preparar-se para lutar. Temos de bater os primeiros e nãoesperar; a nossa vida depende disto. No nosso meio marcial,raras vezes nos ensinam a atacar primeiro. Sempre quepermitirmos que os “garotos maus” controlem a situação,vamos estar em problemas. As estadísticas nos mostram quese permitirmos ao atacante tomar o controlo, só temos um trêspor cento de probabil idades de sobreviver. As nossasprobabilidades são melhores se iniciarmos a acção no primeiromomento, nunca depois. Portanto, temos de atacar semvacilações.

Atentos, Determinados e Combativos: são as chaves parauma defesa efectiva.

Farang Combat

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O Major Avi Nardia - um dos principais instrutores oficiaisdo exército e da polícia israelitas no campo da luta contra o

terrorismo e a CQB - e Ben Krajmalnik,realizaram um novo DVD básico que

trata sobre as armas de fogo, asegurança e as técnicas de treino

derivadas do Disparo Instintivoem Combate, o IPSC.

O Disparo Instintivo emCombate - IPSC (InstinctivePoint Shooting Combat) éum método de disparobaseado nas reacçõesinstintivas e cinemáticaspara disparar emdistâncias curtas, emsituações rápidas edinâmicas. Umadisciplina de defesa

pessoal para sobrevivernuma situação de ameaça

para a vida, onde fazem-senecessárias grande rapidez e

precisão. Tem de se empunhara pistola e disparar numa

distância curta, sem se usar a vigia. Neste primeiro volume se estudam: o

manejo da arma (revólver e semi-automática); prática de tiro em seco e a segurança;

o “Point Shooting” ou tiro instintivo, em distância curta e emmovimento; exercícios de retenção da arma, sob estresse emúltiplos atacantes; exercícios de recarga, com carregador,com uma mão e finalmente, práticas em galeria de tiro compistolas, rifles AK-74, M-4, metralhadora M-249 einclusivamente lança-granadas M-16.

REF.: • KAPAP7REF.: • KAPAP7 Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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Kenpo

“De que havia de servir oêxito, a fortuna,

a glória, se não setivesse alguém

com quem compartilharesses momentos

de alegria!”

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A Coluna de Raúl Gutiérrez.Ensinanças do Fu-Shih KenpoMundial

A SOLIDÃOTodos os seres humanos, em ALGUM momento das

nossas vidas (que realmente são vários momentos),sentimos sobre nós isso que se chama “SOLIDÃO”. A solidão é sentir-se só mesmo quando se estiver

acompanhado. Como por exemplo, agora mesmo…, euestou sozinho no meu canto e o meu amigo Alfredo medisse numa mensagem, que falta o texto para a minhaCOLUNA. Isso, para muitos dos leitores, em teoriapoderia ser, “que parvoisse, isso não é um esforço”,mas para mim significa: E agora! Do que falo, o que digo? Não é a mesma

criar que sentir-se “obrigado a criar”… Muitos“INOCENTES” se confessam “CULPAVEIS”,simplesmente pela “pressão”. Solidão é ver-se a si mesmo com as suas

características próprias, diferenciado do restodos humanos, independente, isolado, imersono próprio mundo. É a sensação deseparação dentro do tumultuoso mundo. É ocomo viemos a este mundo, como vivemosdentro dele e como abandona-lo. Vercontingentes que andam nas ruas como exércitode estranhos movendo-se mecanicamente.

Nos anos 80 eu acostumava a sentar-me em algumadas muitas explanadas que em Madrid existem,observando e fotografando as diversas cenas dagente deambulando por ali. Gostava de sair à rua ever tanta gente por primeira vez, observar como seafastam sem dizer palavra, uma massa humanaconfundida como folhas de árvore frondoso que abrisa move. A massa humana se move dentro deum caos em ordem e nós, mais uma folha daárvore, confundidos com a sua folhagem e aomesmo tempo isolados na nossa consciência deintimidade: é um mimetismo social! Cada um comseus triunfos e derrotas, suas penúrias e alegrias,

preocupações o festejos. Contentes e descontentes.Entusiasmados ou faltos de entusiasmo!A muitas pessoas, só pensar na solidão, já as deprime

e produz medo, angústia, desassossego. O maior medoà morte é a solidão, não estar mais com os seresqueridos. Isto é tão válido para o falecido como para os

Grandes Mestres

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que ficam vivos. O medo a morrer é pensar queficamos em um espaço escuro e solitário, ondenão vemos nem escutamos nada, é o medo àsolidão! “Fácil é aceitar viver, difícil é aceitarmorrer”.De que serviria o êxito, a fortuna, a glória, si

não tivéssemos alguém com quem compartilharesses momentos de alegria. Por vezes nosqueixamos quando calculamos o custo dasnossas obrigações, chegamos a sentir ira vendoque o dinheiro ganho com tanto esforço, temosde gastá-lo de imediato, para cobrir asnecessidades do nosso lar, dos nossos pais, dosnossos filhos… e quando pretendemos cobrir asdespesas pessoais, já não resta dinheiro. Nãonos apercebemos nesses momentos, e portanto não compreendemos, que tudodeve fluir, todo está em constantemovimento e que tudo depende daSinergia que cada um seja capaz decriar no seu próprio ambiente.Pareceria como se alguém

calculasse exactamente quanto éa despesa da família e essa é aquantia exacta que conseguimosganhar, mas nos esquecemos denos metermos a nós na lista…Mas, realmente de que nos haviade servir ganhar dinheiro se nãotivéssemos com quem o gastar, aquem presentear? Que grandefelicidade é ter a quem dar e ver comogosta do nosso presente! Em outrasocasiões, recebemos nós essa gratasurpresa de recebermos um presente,sem motivo algum... Como meaconteceu neste fim de semanapassado…Faz duas semanas conheci um

“novo ser”… - novo para mim! Temos compartilhado uns dias e

tem sido sumamente atenciosocomigo, em atenções e presentes.Que explicação posso eu ter? Pensoque é simplesmente isso, que NÃOESTAMOS SÓS… mesmo queassim possa parecer… Se nos

Grandes Mestres

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“Tudo deve fluir, tudo está em constante movimento etudo depende da Sinergia que cada um seja capaz de criar

em seu próprio ambiente”

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portarmos mal, os entes NEGATIVOS virão captar-noscomo novos “sócios do Clube”. Mas se nos portarmosbem, será ao contrário. “Acção e Reacção”…Definitivamente, a única maneira de ser feliz é fazendo

felizes as outras pessoas. Na vida não há nada que possadar satisfação como ver felizes os nossos seres queridos.Devemos dar graças a Deus por termos seres queridos aquem podemos dar essa felicidade o os meios parasermos felizes.O leitor contou alguma vez quantos seres queridos tem?

Conte-os, talvez sobejan os dedos de uma mão. Por queentão, não aumentar essa quantidade de seresqueridos capazes de nos darem felicidade? Quantosmais forem, mais oportunidades temos de sermosfelizes. Comecemos a selecção entre os colegas dotrabalho, entre os vizinhos, ou talvez à sorte, entreessa multidão de desconhecidos que andam nas ruas. Um belo dia, compreendi que a dignidade de um

homem, consta, por exemplo, de ser admirado,querido e respeitado por seus próprios filhos, mulher,pai, mãe, amigos, etc., etc.Não escolha só crianças, isso é muito fácil, ama-

los é muito fácil... Os adultos também necessitam donosso amor. Não escolha só os amigos; os que jáconsideramos "inimigos", são os melhores. Que bomse pudéssemos começar a ver os "inimigos" comoamigos e sentir por eles um verdadeiro e sincerocarinho, sendo mais tolerantes com seus defeitos etratando de perceber, de uma vez por todas, o que éque temos de aprender desse relacionamento.Vamos já assimilar isto já e acabemos de limaressas asperezas que causam irritação nessarelação e acima de tudo, vamos ama-los. Se

conseguirmos, teremos ganho muitos momentos felizes.Quando dermos de cara com essas pessoas, em vez desentirmos desagradado, sentiremos mais amor na nossavida, que afinal é o mais belo que nos pode suceder. Nãoesqueçamos nunca, que o amor só existe em doismomentos: quando se dá e quando se recebe. Por que motivo escolher odiar se é tão prazenteiro

amar? Por quê esconder egoistamente os nossos bens, sinos dá tanta felicidade compartilhá-los? Se sentimosalegria e prazer recebendo-os, porque não realizar o efeitocontrário!Outra razão de sentirmos solidão é ela nossa pouca

fé. Pensamos que estamos sós na vida,expostos às dificuldades, às carências e aflições.

Não nos apercebemos de que por detrás de cada umde nós está em todo momento um Ser Maravilhosoque nos cuida a cada passo que damos, que põesuas mãos para o nosso pé não tropeçar. Pensamosque vivemos sozinhos e não é certo. Se não vemosesse Ser Maravilhoso é porque esse Ser sempre estáatrás de nós e nós estamos muito ocupados olhandopara as fantasias da vida, que se nos mostrafascinante. Embelezados com tantos entretenimentos,nunca temos tempo para nós mesmos, nunca olhamospara dentro e se parássemos um momento edeixássemos de ver o espectáculo colorido da vida,cheio de tantas falsidades e olhássemos para trás,veríamos por primeira vez esse Ser Maravilhoso quesempre tem cuidado os nossos passos e acordaríamosà única e verdadeira realidade. NÃO ESTAMOS SÓS…,não existe a solidão permanente, é só um estadotransitório e quanto mais rápido se sair dela ou nosafastarmos, melhor!

Grandes Mestres

“Não estamos sós…, não existe a solidão

permanente, é só um estado

transitório”

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Grandes Mestres

Bryan CheekAlfredo Tucci© www.budointernational.com

Texto: Entrevista:

Fotos:

“Foi acusado de “duro”, mas senhores, isto são Artes Marciais!

Não são danças! Nunca ninguém disse

que a guerra era um assuntoconfortável!”

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Muitos dos assíduos leitores desta revista já conhecem Bryan Cheek como umgrande versado em Jiu Jitsu. A sua técnica contundente, o seu modo fanfarrão esimpático, mostram essa “raça” guerreira que no passado fez da Inglaterra umapotência mundial, enviando os seus navios mundo afora. Com o seu ar de rudemarinheiro brincalhão, Bryan Cheek é um sentimental que adora o seu trabalho eque está profundamente interessado em que suas as ensinanças cheguem bem lá no

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fundo dos seus alunos. Não suporta exageros nem meias tintas, as adulações e osadornos. Ele ensina técnicas directas e eficazes, que aproveitam os pontos fracosdos seus adversários, sem se perder em desnecessárias subtilezas, mas ajustando-se a uma impecável acção técnica. Desta vez, ele partilha connosco a sua experiênciano Kobudo. Foi acusado de “duro”, mas senhores, isto são Artes Marciais! Não sãodanças! Nunca ninguém disse que a guerra era um assunto confortável!

Grandes Mestres

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Treino com Armas, o DVDWEBBS – Sociedade Mundial De Faixas Pretas De Elite

realizou para a Budo International este novo DVD que tratado treino com armas, para ajudar os artistas marciais nasua evolução e progressão nas mais avançadas técnicas,aquelas que normalmente se reservam para os alunos maisavantajados.

Devido à carência de material que trate da defesa comarmas para os artistas marciais, esperamos que este vídeosirva como ajuda para o uso das armas, nos diferentes esti-los e sistemas.

Os Artistas intervenientes nesta produção vêm de umagrande variedade de estilos, as técnicas utilizadas jáforam eficazmente demonstradas contra atacantesarmados.

A nossa equipa de Mestres utilizou ao todo 99 técnicas euniu-as em grupos de 3, o que oferecerá ao espectadordiferentes opções, sem importar o seu estilo ou a sua pre-paração física.

Nesta produção aparecem muitas situações diferentescom as mãos nuas contra um atacante com uma faca.Tentámos ensinar todos os aspectos de um ataque que

Grandes Mestres

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“A nossa equipa de Mestres utilizou ao todo 99 técnicas e uniu-as em grupos de 3,

o que oferecerá ao espectador diferentes opções, sem importar o seu estilo ou a sua preparação física”

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pode ser realizado por um assaltante e pelo menos três maneiras diferentes de enfrentaresse ataque.

Obviamente, todos os ataques com armas têm um factor de risco mais elevado do que aolutar-se com as mãos nuas, por isso é preciso fazer um treino extraordinário e muitas repe-tições de cada técnica, antes do estudante poder enfrentar uma situação real.

Veremos ataques tanto em movimento como em posição estática, incluindo ataques pelascostas. Todas as técnicas foram delineadas para reduzir o assaltante.

Grandes Mestres

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Outro grupo de técnicas que veremos éo de Hanbo contra faca. Esta secção é diri-gida a determinadas agências de seguran-ça que aplicam este género de técnicas,onde o agredido habitualmente utiliza umcacetete para se defender.

O Jo é outra arma usada como defesacontra uma faca, este prática arma tem omesmo comprimento que um pau de vas-soura e pode ser encontrada nos lares ounos lugares de trabalho, e com treino, podechegar a ser de muita utilidade para a pes-soa atacada.

A Tonfa é mais difícil de estar à mão, masé uma das armas mais eficazes para usarem defesa pessoal contra pau ou faca,com os múltiplos usos de cada uma das

suas partes. Pode-se usar uma só Tonfa ouum par.

Apesar de ser mais eficaz quando usadaaos pares, também pode ser muito práticaao usar-se só uma.

O último grupo de técnicas é o de facacontra faca; estes difíceis movimentosestão reservados para os graus superiores,que realmente estão bem instruídos no sis-tema e já possuem o equilíbrio e a coorde-nação adequados...

Obviamente, estas técnicas não foramdelineadas para fracos do coração, porquenormalmente requerem o uso da faca contraum assaltante armado, e são especialmenteinteressantes para as forças especiais.

Os espectadores devem ser avisados deque devem ser supervisionados quando

Grandes Mestres

“Todos os ataquescom armas têm umfactor de risco maiselevado do que ao

lutar-se com as mãosnuas, por isso épreciso fazer um

treino extraordinário emuitas repetições de

cada técnica”

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praticarem estas técnicas e usarem facas ou armaspungentes, até ao momento de serem capazes de reali-zar estas técnicas com domínio e comedimento.

Também se pode ver nesta produção outras técnicascomo defesa contra bengala com mãos nuas. Nós pen-samos que obter a informação para se ser um artistamarcial sério, pode levar vários anos.

Os mestres que aparecem neste DVD passaram mui-tos anos a praticar e a desenvolver estas técnicas, atéalcançar o mais alto nível e eu agradeço-lhos pela suadedicação e pelo seu árduo trabalho, que fizeram pos-sível que a WEBBS levasse esta produção a todos osArtistas Marciais.

A Sociedade Mundial De Faixas Pretas De Elite -WEBBS, foi fundada no ano 2000 pelo Soke BryanCheek, e conta agora com 48 países afiliados em todoo mundo.

A WEBBS não é política e aceita todos ossistemas/estilos como membros da sua organização, naideia de partilhar conhecimentos de todos os caminhosda vida e dos diferentes países.

Devido à sua atitude amigável, a WEBBS tem sidocapaz de reunir todos os Mestres que participam nesteDVD, o que sem dúvida é bom para todos os estudan-tes que adquiram uma cópia, pois seria impossível reu-nir tantas e tão variadas técnicas num mesmo lugar.

A WEBBS reconhece que os estudantes de ArtesMarciais pensam de maneiras diferentes e que o seumodo de trabalhar e as suas preferências pessoais variammuito na hora de escolher um treino de Artes Marciais.

Este DVD ensina, por fim, aos estudantes algumastécnicas que serão compatíveis com o seu sistema e asua maneira de treinar.

A WEBBS tem sempre defendido que o conhecimen-to obtido por uns poucos, deve ser partilhado pelamaioria, porque nenhum indivíduo tem direito a reter oconhecimento para si mesmo.

A WEBBS também defende que não há técnicas más,apenas maus praticantes.

Autodefensa

“O Jo é outra arma usadacomo defesa contra

uma faca”

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Grandes Mestres

“Estas técnicas não foram delineadaspara fracos do coração,

porque normalmente requerem o uso dafaca contra um assaltante armado,

e são especialmente interessantes paraas forças especiais”

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Autodefensa

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Estamos certos de que irão apreciar cada minuto desta produção e vai ser uma peçavaliosa na colecção de vídeos e DVD’s de Artes Marciais.

99 técnicas de defesa pessoal que incluem: Mãos nuas contra faca - Mãos nuas contrabengala – Bengala contra faca - Bengala contra bengala - Tonfa contra bengala - Tonfacontra faca - Jo contra bengala - Jo contra faca – faca contra faca.

Com muitas e variadas técnicas que estamos certos de que vão chamar a atenção doespectador repetidas vezes.

Grandes Mestres

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REF.: • KMRED 1REF.: • KMRED 1Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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Todos os DVD's produzidos porBudoInternationalsão realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares)e aimpressão das capas segueas maisrestritasexigências de qualidade(tipo depapel e impressão).Também,nenhum dosnossos produtosécomercializado atravésde webs de leilõesonline.Se este DVD não cumpre estasexigências e/o acapa ea serigrafia nãocoincidem com a queaquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

REF.: • DVD/LAT-3REF.: • DVD/LAT-3

Este DVD se centra en las armas de filo, en conocer yentender todos los peligros asociados a ellas, y su temaprincipal es el establecimiento de la prioridad. El énfasis

principal en el entrenamiento con un arma defilo es conocer y entender todos los

peligros asociados a este tipo dearmas. El grave peligro de estas

armas es real, y debe tratarsecomo tal. Esto significa saber

donde debes establecer tuprioridad de entrenamientopara ser una herramientade supervivencia, en casode que tal situación sepresente. Afrontémoslo,tú eres quien tiene quesobrevivir, y no tuentrenador que teayuda a entrenar tusmetas, pero no tuobjetivo. Lasprioridades deentrenamiento que uso

en Latosa Escrima sonlas siguientes: realidad,

técnica y ejercicios.Realidad: es la comprensión

de lo que podría sucederexactamente y los peligros al

usar o enfrentarse a un arma defilo. Técnicas: movimientos que tratan

de darte una generalización deposibilidades y probabilidades de lo que puede

suceder. Ejercicios: la mayoría de ellos se utilizan paradesarrollar y mejorar las habilidades de movimiento utilizadasen la aplicación técnica.

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ADEUS A UM GRÃO MESTRE

Série de artigos e entrevistas de Kalis Ilustríssimo, Bakbakan Internationale Lameco S.O.G.

Após 26 anos treinando Artes Marciais Filipinas,tive ocasião de viajar a Manila para praticar eentrevistar alguns dos Mestres de Artes MarciaisFilipinas mais reconhecidos e prestigiosos dosnossos tempos. Esta viagem, foi possível graçasao meu Instrutor de Lameco Eskrima e KalisIlustríssimo, Guro Dino Flores, ao qual tenho ahonra de representar na Espanha. Lamentavelmente, também tive a honra de fazer

a última entrevista a uma das maiores lendas dasArtes Marciais Filipinas, o Grão Mestre AntónioDiego. herdeiro da Arte Marcial Filipina, que foiespecializado na manipulação de armas de gumepelo invicto em combates à morte, António“Tatang” Ilustríssimo.Uma última entrevista constitui sempre uma

grande responsabilidade. Em momento algumpensei que esta o fosse, posto que foram dúzias asentrevistas feitas ao Grão Mestre, mas poucotempo depois de eu voltar para Madrid, mecomunicavam que “Mang Tony”, como ele gostavade ser chamado. tinha sido hospitalizado e nãotinha salvação.

pesar dos seus contratempos com a saúde, ele nuncadeixara de ensinar e de treinar com o seu querido grupo, noparque da Luneta, de Manila. Mang Tony tinha a força e ocarisma que só se consegue com anos de treino. Suasimples presença impregnava de conhecimentos a quemestava perto dele. Seu porte elegante e paciente nos permitia

estar relaxados, apesar de estar praticando com armas de gume afiado, amais perigosa das artes marciais filipinas, a Arte de Kalis Ilustríssimo. Umaarte pura, científica e refinada, que sobreviveu à era das armas de fogo echegou até o nosso tempo mantendo a sua essência, tanto Espanholacomo Asiática, graças a pessoas apaixonadas e dedicadas, como ele era.Cada instante perto desta grande personalidade, nos obrigava a todosestar com os sentidos bem atentos e com a percepção ao máximo nível,porque as suas ensinanças tinham vários níveis de compreensão. O Grão Mestre Tony Diego foi, como genial que era, um Mestre fora do

comum. Morou sempre no seu querido bairro de Tondo, possivelmente omais perigoso bairro de Manila. Um bairro a pouca distância das docas do

A

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Grandes Mestres

porto, onde naqueles tempos e talvez ainda hoje,convergiam todo género de trabalhadores: marinheiros,soldados, piratas e busca vidas de todo o mundo e de todogénero possível. Apesar de se falar dos Cinco grandes Pilares do

Ilustríssimo”, o Grão Mestre Diego foi o sucessor de quemfoi fundara e criara esta arte de combate com Espada eAdaga, especializado exclusivamente nas armas de gumeafiado, o Grão Mestre António Ilustríssimo. Na sua época,ele foi o homem mais temido das Filipinas, que ninguémconseguiu vencer em duelo à morte e a quem nenhummestre daqueles tempos, se atreveu a desafiar, nem mesmona sua idade avançada. Algum dia dedicaremos um artigobiográfico e histórico, baseado nos testemunhos daquelaspessoas que treinaram e estiveram perto dele, como o GrãoMestre Yuli Romo, que agora é o estudante vivo mais antigode Tatang Ilustríssimo e com quem tive a honra de treinar e oprivilégio de entrevistá-lo durante a minha última visita aManila.Pouco tempo após a minha chegada a Manila, fomos no

4x4 de Guro Peachie, ao bairro de Tondo, para nosencontrarmos com a Grande Mestra Tony, Guro Peachie,que é um dos Instrutores Seniors de Kalis Ilustríssimo. Ela foisua sempre leal aluna e grande amiga. Ela me abriu asportas da sua casa e me acolheu durante a minha visita aManila. Me confessou que desde fazia algumas semanas, oGM no tinha podido assistir aos treinos habituais dos

domingos, por problemas de saúde, mas que ia fazer umesforço para nos acompanhar esse dia da minha visita. Medisse que nos últimos tempos se encontrava indisposto,mas que queria que eu aprendesse bem as bases, aessência e os detalhes desta arte. Por isso, tambémconvidara outros conhecidos instrutores da arte, como MangRomeo Macapagal, para me explicarem e fazer asdemonstrações. Macapagal é um reconhecido especialista ehistoriador da arte da Espada e da Adaga de todas épocas eculturas e não só das artes marciais Filipinas. Me avisaram que não saísse do carro, posto que Tondo

continuava a ser um bairro “complicado”… Também medisseram que O Grão Mestre Tony era muito querido pelaspessoas das vizinhanças, porque “tudo quanto ganhava, eleo distribuía”, literalmente, assim me disseram. De certeza que após tantos anos dando aulas de uma das

Artes Marciais Filipinas melhor consideradas no mundo, oGM Tony poderia ter-se beneficiado economicamente, comotinham feito outros muitos Instrutores de Artes Marciais nomundo e com todo o direito, mas ele, em vez de pensar sóem seu próprio interesse, dividia o que ganhava com aprática desta arte, com uma dúzia de filhos adoptivos queretirara da rua e com seus vizinhos. Não só era generosonos seus conhecimentos e sabedoria com seus alunos,também era um homem comprometido com o seu bairro eos seus vizinhos. Depressa percebi porque era tão querido.Apareceu sorridente, assistido por Guro Arnold Narzo, actual

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Chefe Instrutor de Kalis Ilustríssimo em Manila - tambémoutro dos Seniors Instrutores de Kalis Ilustríssimo. Saiu deum daqueles becos misteriosos, interessantes eestreitíssimos. Parecia muito feliz, apesar de não se sentirbem nesse dia. Saltei do carro para me apresentar e depois de lhe

confessar que aquele instante era para mim um sonho feitorealidade - e para que praticante de Artes Marciais Filipinaso não seria? Ele sorriu e me disse, com a amabilidade e ocarinho tão característico das pessoas filipinas: “Tambémpara nós é uma alegria tu estares aqui”. Se há um povo amável e hospitaleiro por excelência, esse

é o povo das Filipinas! Durante o percurso a caminho do parque, onde o grupo se

encontrava todos os domingos, chovesse ou não (porqueisso em Manila nunca se sabe e porque Mang Tony adoravatreinar “debaixo da chuva”), ele me disse que quando jovemtinha sido vizinho do Grão Ilustríssimo, até o falecimentodeste e que tivera ocasião de treinar com ele todos os dias.O Grão Mestre Tony Diego sempre se sentira fascinado

pelas Artes Marciais e quando conheceu o “velhote” (the OldMan no original), isto mudou para sempre a sua maneira dever o combate. Me contou como se encontrava com o GrãoMestre Ilustríssimo todos os dias, da parte da tarde, depoisde trabalhar nas docas. Se encontravam para treinar e apesar da sua idade

avançada, Tatang Ilustríssimo se transfigurava em um joveme poderoso guerreiro, sempre que tinha uma espada na mão.O que realmente poucos sabem é que Mang Tony

trabalhara toda a sua vida nas perigosas docas do Porto deManila. Ali coincidiam tanto marinheiros, como artistasmarciais e também foragidos e homens agressivos das setemil ilhas que constituem o arquipélago das Filipinas, além depessoas do mundo todo, cada um com um sistema decombate diferente e quando não, simplesmente gente comexperiência em escuros combates com facas, navalhas emachados, próprios de cada uma das culturas, nas tascasonde se vendia álcool mau e barato aos marujos quevisitavam o bairro de Tondo. Mang Tony estava habituado a tratar com todo género de

homens. Como encarregado e responsável de manter ordemnas docas e nos barcos que atracavam ou partiam, no teveoutra opção que aprender a defender-se, mas por suamaneira de falar e de mover-se, o seu interesse pelas ArtesMarciais ia muito além da simples defesa pessoal. Aimpressão que Mang Tony deixou em mim, era a de umhomem elegante, sábio, inteligentíssimo, muito observador ecom um grande sentido prático. Tinha de o ser, parasobreviver no seu trabalho e por isso era capaz de identificaro que era um movimento útil e bem feito, separando-o deoutras técnicas menos eficazes. Durante algum dos treinos e em dias de entrevistas, me

contou que ele e um vizinho, também trabalhador na docas,

“Todos os dias, da parte datarde, depois de trabalhartoda a manhã nas docas,apesar da sua avançadaidade, quando treinava,Tatang Ilustríssimo se

transfigurava em um joveme poderoso guerreiro,

com uma espada na mão”

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tinham aprendido e praticado juntos os sistemas deBalintawak e Modern Arnis:“Ía de um estilo para outro durante aqueles anos de

1973 e 1974, mas eu continuava procurando mais algumacoisa, eu estava procurando sempre, saltando de umestilo para outro. Com o meu amigo visitávamos todos osestilos que podíamos… Até íamos a províncias afastadas,para visitar mestres, mas sempre ficava com a mesmaimpressão, tudo me parecia igual. Uma noite, no parqueLuneta, quando treinava com um idoso que também eracontemporâneo do “Velho” ( refer indo-se a TatangIlustrissimo) ele me disse que não me preocupasse que

“quando o aluno está preparado, o Mestre aparece” e meconvidou a conhecer alguém muito especial. Finalizava oano de 1975, quando conheci Tatang Ilustríssimo. Passeidirectamente de treinar com o pau, a treinar com umaespada de verdade.

TIM: Então, Mang Tony, quanto tempo treinou comTatang Ilustríssimo?GM DIEGO: Mais de vinte anos.

TIM: E então, como era a progressão? Comoaprendiam?

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GM DIEGO: Realmente, a progressão era rápida. Logoque comecei a treinar, comecei a praticar com a espada.

TIM: Só com a espada?GM DIEGO: Sim. Deixei de treinar com o pau e

passei directamente a treinar com uma espada. Foientão quando comecei a aprender os posiçõesexactas, as defesas e os contra-ataques. Porquenaquela época usávamos espadas de verdade eestavam muito mais que muito afiadas… Era divertidopraticar com Tatang, quando se tinha uma espada deverdade nas mãos, em vez de um pau. Com os pausnos tocava de vez em quando, mas quando tinha aespada na mano, podíamos a ver a rapidez com que amanipulava. O domínio que sobre ela tinha, era de senão acreditar..., porque nos roçava com o gumejustamente para não nos ferir... Quando atacava com aespada, o nosso corpo estremecia todo, porque eledeixava o gume afiado, justamente à beira da nossapele. Por isso foi tão rápida a nossa progressão,porque treinávamos com espadas de verdade. Foi elequem nos ensinou a usar a espada de verdade.

TIM: Contou Tatang Ilustríssimo como eletreinava antes de o conhecer, quando ele ainda erajovem?GM DIEGO: Foi basicamente o mesmo sistema que

ele me ensinou ao princípio. Primeiro, ensinava osposicionamentos, os ataques, as defesas e os contra-ataques. A nossa arte não se baseia nas típicastécnicas de primeiro movemos um, depois o outro,etc. Não, não é assim. Por vezes, a nossa arte sebaseia em um ataque contínuo, simultâneo, primeirodefendo e depois ataco. Ele nos dizia quedependendo da distância, se podia defender atacandode maneira muito rápida e simultânea. Que se podiacontra-atacar rapidamente. Numa linha “recta”, porexemplo. Outras vezes é preciso passar o ataque docontrário e depois atacá-lo rapidamente.

TIM: Pode falar-nos um pouco do treino emLuneta? Nos primeiros treinos, o que faziam comele?MANG TONY: Quando começamos, havia

muitíssima gente no parque que nos vinham ver, nos

Grandes Mestres

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copiavam e que depois desapareciam. Ele não sabia quemais tarde, estes mesmos que observavam e copiavampartes do seu sistema, abririam seus próprios grupos deEskrima. Foi mais tarde quando soubemos que a gente quevinha copiar ao parque e desaparecia pouco tempo depois,abria um ginásio em algum lugar. Por isso, em Luneta nosdedicávamos a uma prática simples, mas depois, emcasa…, a arte de Tatang era muito diferente, tudo mudava…Era muito diferente! A todos, ao princípio ele lhes dava um pau, mas a Romy e

a mim, Tantang nos fez treinar com uma espada de verdade,logo de início. Sim, com espadas de verdade e muitoafiadas! Por isso, o treino que se mostrava ao princípio em

Luneta, era muito diferente do treino privado que com elefazíamos em casa… Porque em Luneta não ensinava tudo.Ele sabia que outros mestres vinham até a Luneta paracopiar, por isso ele ensinava o que ele queria e bem lheparecia. Mas quando íamos à sua casa, lá podíamos praticara verdadeira arte e com armas de verdade.

TIM: Pode falar-nos desses treinos privados em casade Tatang?MANG TONY: (Rindo). Pois eram muito perigosos, porque

os treinos eram com armas de verdade. Ele era rapidíssimocom “o bolo” (bolo: faca grande usada pelos indígenas dasFil ipinas), mas o seu controlo com esta arma, era

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Grandes Mestres

“Ele matara muitas pessoas. No teve um bom final de vida.

Morreu sem ter um lar. Viveu e morreu pobre”

(Acerca de Tantang Ilustríssimo)

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simplesmente incrível! Porque com o pau eradiferente, ele nos batia com o pau o nós a ele, mascom o bolo, era diferente… Quando treinávamos compaus, podíamos bater uns nos outros. Nessa época,não tínhamos protectores de mão e essas coisas…

TIM: Tatan Ilustríssimo teve de modificar seusmovimentos de alguma maneira, quando começoua treinar com homens mais jovens, como era o seucaso?MANG: Tatang me disse que perto do rio havia um

lugar denominado Cambá y que ali se juntavam oseskrimadores do seu tempo. Muitos deles eram deBisaya, que era um uma zona portuária. Os homensde Bisaya eram muito fortes, trabalhavam nas docas ea maioria deles eram Eskrimadores. Quandochegavam a Manila, eles perguntavam onde estavamos “outros” eskrimadores. Tatang contava que o maisvelho dos eskrimadores daquela época era Dizon, omais forte era António Mercado e Tatang era o maisrápido. Naquela época se dançava o “Charleston” eele era muito bom dançando o Charleston. Estavamesses três e Dizon foi o campeão de Manila naquelaépoca. António Mercado era o mais forte deles todos.Mas o mais rápido era Tatang. Os três treinavamjuntos. Até o próprio Villabrille estudou com Tatang,ele até era família de Tatang. Me parece que era seusobrinho. Todos se juntavam para treinar em Cambá.

TIM: Então faziam intercâmbio de técnicas econhecimentos entre eles?GM DIEGO: Sim, faziam intercâmbio dos seus

conhecimentos. Parece que um dia houve um malentendido entre Dizon e Tatang e Tatang desafiouDizon a uma luta de verdade. Tatang disse a Dizónque se lutasse contra ele, lhe fazia uma cruz no peito,(daí o movimento em forma de cruz, porque se faziaesse movimento) mas afinal, Dizon não quis lutar comele, porque Tatang era muito grande, forte, alto.Passado um tempo, voltaram a ser bons amigos econtinuaram praticando juntos.

DINO FLORES: Pode contar-nos alguma históriaacerca Tatang durante a Segunda Guerra Mundial,quando ele serviu na guerrilha da resistência?GM DIEGO: O seu trabalho na guerrilha era o de

executor, quando faziam prisioneiro a algumjaponês… Numa ocasião apanharam dois japoneses eele os obrigou a cavarem a própria fossa. Depois,Tatang usou a pá para matá-los, porque tinhampoucas balas…

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DINO FLORES: Pode contar-nos alguma coisa sobre oseu Anting Anting… e os seus amuletos?GM DIEGO: Eu o praticava habitualmente, mas depois

esqueci como era…

DINO FLORES: Usava alguma oração?MANG: Sim, mas tinha o seu “preço”. Sempre se tinha de

pagar um preço pela oração. Normalmente, era algumadificuldade. Tatang teve uma época em a que ganhava muitodinheiro. Era contrabandista de oiro, fazia contrabando deoiro e nos anos cinquenta e sessenta, ganhou muito dinheiro.Estava encarregado de um barco dedicado ao contrabandode oiro pelo Oceano Índico e no mar do Oriente.

DINO: Teve então muito dinheiro mas por causa doAnting Anting e a “Oração”, ficou pobre?MANG: Sim, ele morreu paupérrimo. Não tinha nada!

DINO: De maneira que por causa do Anting Anting tevede pagar um preço…MANG: Por isso e porque ele matara muitas pessoas. No

fim, não teve uma boa vida… Morreu sem ter um lar. Viveupobremente quando idoso…

DINO: Se sabe quanta gente ele matou?…Nesse instante, a cara do Grão Mestre mudou

e pelo gesto, devem ter sido muitas pessoas…

DINO: Matou muita gente, não é verdade?MANG TONY: (Responde com um silêncio…)

TIM: O senhor pratica o Anting Anting?MANG: Dantes sim praticava, mas era muito

difícil de manter. O dinheiro entra, mas comoentra sai…

TIM: Há um preço a pagar?MANG: Até mesmo agora… Levo dois anos

sofrendo. No ano passado ardeu a minha casa.Tudo quanto tinha desapareceu… A minhamulher adoeceu… Talvez seja melhor esquecerisso tudo. Por isso já não pratico mais a oraçãodo Anting Anting.

DINO: Para o que era a Oração?MANG: Para protecção nos combates. Se

tatua escrito no peito e nos braços.

DINO: Quais eram algumas das coisas quese fazem com a oração?MANG: Na 6ª feira Santa, escrevíamos a Oração

em um papel e um polícia disparava à folha desdeperto e a bala o esquivava… Essa esquiva se reflectia emabsolutamente tudo, até nos negócios. Tudo nos esquivava…,até o dinheiro. Era praticado para se ter protecção. Há oraçõespara tudo: para chamar o dinheiro, atrair mulheres, paraprotecção. Mas da mesma maneira que se atrai, vai embora.

DINO FLORES: Então era muito útil em épocas deguerra?MANG: Sim, na guerra era bom ter essa protecção.

TIM: E agora em tempos de paz? Pratica algum génerode espiritualidade?MANG: Sim, por vezes faço meditação.

TIM: Que tipo de meditação pratica?MANG: Pratico a meditação do Coração.

DINO: É uma prática Budista?MANG: É muito boa.

TIM. É Cristã?MANG: É uma meditação tanto Budista como Cristã. O

livro se intitula “OLEN”. É a prática máxima da Energia.

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Gosto da meditação do Coração. Nos dilatamos até formarmos parte do Cosmos. Sentimos fogo no Coração. Pensamosna bênção e nos expandemos desde o coração até o infinito.

Na parte da tarde daquele mesmo dia, depois do treino e compartilhar anedotas do passado com o Grão MestreAntónio Diego e com Guro Narzo, jantamos no hotel. Durante o jantar, perguntei acerca de um vídeo que eu já tinhavisto, um vídeo dele e de Guro Peachie dançando um rock and roll no terraço da sua casa. Ele me disse que o ritmoera importantíssimo para a prática de Kalis Ilustríssimo, posto que o timing é um atributo crucial para o combate.Guro Arnold aproveitou a ocasião para nos dizer que o Grão Mestre,além de dançar bem, também cantava. Perguntei quem eraseu cantor favorito; o Grão Mestre disse que era FrankSinatra e começou a cantar “The way you looktonight”, com uma voz esplêndida e sem sotaque oque nos deixou a todos surpreendidos. Os outrosclientes do restaurante sorriram e gozaram dacanção como nós. Acabou de cantar, aplaudimose ele disse que gostava imenso de Frank Sinatrae que conhecia todas as suas canções. Aquelafoi a última noite que o vi. Nos despedimos naporta do hotel e agradeci-lhe ter sido tãogeneroso comigo. Sem dúvida, ele era assimcom todas as pessoas com que entravaem contacto. Já na Espanha, quando meescreveram para me dizer que tinhafalecido, compreendi que ele praticava aMeditação do Coração porque gostava de seexpandir desde o coração e encher todo oCosmos, fazendo-se um com ele. Porque ele eratodo coração, generosidade, paciência, carácter epaixão. Sem dúvida o Universo se faz infinito parapoder acolher pessoas com um coração como oseu. No me resta a mais mínima dúvida de queele agora se encontra com seus melhores

Grandes Mestres

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amigos, Tatang Ilustirimo, o Grão Mestre Christopher Ricketts e Punong Guro Edgar Sulite, edurante pelo menos algum tempo, treinando e intercambiando conhecimentos e divertindo-semais uma vez.

Aos meus colegas praticantes de Kalis Ilustríssimo, Bakbakan International e LamecoInternational,dos mais recentes aos mais seniors, só posso pedir uma coisa, quehonremos a memória daquela equipa de sonho, que agora, sem dúvida serão os “AllStars” de outro lugar.

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Incansável estudioso do passado, Graziano Galvani volta à carga com o seugrupo de "cavalheiros principais" da "Tavola", oferecendo-nos a sua sapiênciamarcial e o conhecimento do seu passado, que também é o nosso. A tradiçãoItaliana de combate está cheia de recantos inexplorados que nos falam dagrandeza de um tempo em que os seus soldados usavam as Artes de combatenos campos de batalha de todo o mundo. As eficazes e surpreendentesestratégias envolvidas no sabor da mais pura tradição clássica Europeia, sãouma lição da nossa história marcial, ao mesmo tempo que uma lição deautêntica auto-defesa, na época em que as facas se esgrimiam em bom combate,em qualquer canto, em qualquer momento, quando se tinha que saber... oumorrer. Um luxo, este glorioso passado da nossa tradição.

Autodefesa

Graziano Galvani© www.budointernational.comFotos:

Texto:

A Tradição Italiana naDefesa da Faca

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Nova Scrimia

"Reconhecer em cadaocasião a vantagem eajuizadamente saberdefender-se e atacarcom qualquer coisa.

Nisto e em nada maisconsiste o autêntico

esgrimir" Mestre

Giacomo DiGrassi

RAGION DIADOPRAR

...1570

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DEFESA CONTRA FACA SOBREVIVER À FOLHA

As crónicas falam cada vez mais de episódioscriminosos realizados com armas brancas. Sabemosquão perigosa pode ser uma agressão com uma facapara qualquer pessoa, esteja treinada ou não. É um factoverificado, a enorme variedade de inventos nestes últimosanos, para transportar ocultas pequenas facas. Facas quese abrem com uma mão, navalhas afiadas como folhas debarbear, punções que aparecem de dentro de chaves,mostram quão fecunda é a criatividade da nossa espécie.De facto, os delinquentes – e isto não é uma descobertarecente – sabem o que fazem e a faca é cada vez maisuma amiga fiável nas suas muitas acções criminosas. Na "Irmandade Nova Scrimia" contamos, entre muitos

especialistas e estudiosos, com vários agentes dasegurança privada e pública. Como praticantes de ArtesMarciais Tradicionais e praticantes operativos demetodologias de "Defesa Pessoal", temos sempre visadoa utilidade e a eficiência daquilo que estudamos. Por isso,desde o começo – já lá vai muito tempo! – fizemos a nóspróprios esta pergunta crucial: "Quanto do antigo saber

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marcial da Scrimia que herdámos é realmenteaplicável e útil hoje em dia?"As respostas recebidas da prática, vão todas na

mesma direcção: o homem não mudou nada, o quefuncionava séculos atrás, em períodos históricosrealmente sangrentos, também funcionaperfeitamente hoje em dia. Falando em armas brancas de corte, por exemplo,

é fácil compreender como essas armas, mesmoquando se apresentam em diferentes formatos edimensões, são sempre criadas procurando o letalpoder de cortar e picar. Há séculos, as adagas e ospunhais eram desembainhados para lutar ou atacar,hoje aparecem nas mãos dos "maus" as navalhas,facas e folhas fixas. As armas brancas sãoferramentas tão essenciais e perfeitas que vai haversempre criminosos prontos a uti l izá-las. Porconseguinte, também existirão pessoas quedramaticamente terão que tentar sobreviver aosseus efeitos. Nesses momentos, quando a vida estáem jogo, a arte de se proteger é um aliadoformidável, pronto para oferecer essenciaisrespostas psíquicas e físicas. O nosso primeiro vídeo de defesa de faca nasce

disto e do desejo de partilhar com os artistasmarciais de cada estilo, método, latitude, algumasdas regras da arte de Scrimia: uma escola antiga eactual, especifica na expressão de conteúdos

Nova Scrimia

“Realmente não nos ensina métodos "saudáveis" ou"politicamente correctos" para desfazer o ataque de quem

está armado com faca”

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Autodefesa

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realmente aplicáveis, forjada na frágua histórica deuma terra devastada pelo poder das lâminas.

PREMISSA: IR ALÉM DAS ILUSÕES

A premissa fundamental é: Também para um"idiota", uma folha ordinária oferece mais de umavantagem. Para ele, será suficiente o gargalo deuma garrafa ou uma simples faca de cozinha parafazer verdadeiros estragos, não temnecessariamente que abrir e utilizar uma navalha deúltima geração. Por um lado: páginas das listas telefónicas com

folhas de barbear metidas nas beiras, cintos comfivelas afiadas, chaves pontiagudas como estiletes,esferográficas com punção, mini-facas penduradasao pescoço… Que mais? Por outro lado: treino em ginásio, exercícios,

técnicas, aplicações estáticas e em movimentocom imitações de facas em madeira, borracha,alumínio, facas autênticas com folhas sem fio,invenções de todo o género para tratar de imitar arealidade.Sabemos que a mão que agarra uma faca é

conduzida pelo menos por três géneros diferentesde cabeças, três personalidades diferentes. A primeira: a mão da pessoa que perdeu o

controlo e a inibição. Clássica situação: faca decozinha empunhada por mãos sem nenhumaespécie de treino técnico, mas conduzidas pelafúria descontrolada. Na “sala de controlo" manda oréptil raivoso que faz os golpes com movimentos

Nova Scrimia

“A premissa fundamental é: Também para um "idiota",

uma folha ordináriaoferece mais de uma vantagem”

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instintivos, confusos. Ataca indo na direcção do alvo evoltando para trás várias vezes. Fá-lo cortando e afundando aponta. Onde, como, quando? Não importa, basta bater, bater,bater… A segunda: a mão do delinquente que utiliza a folha para

aumentar o seu poder coercivo e ameaçante. Na sala decontrolo há um moderado "exibicionista": mostra a faca, fazostentação dela, apresenta-a por necessidade coreográfica.Se a tem de usar optimiza as acções e o golpe é para ferir eaterrorizar. Caso seja preciso, o golpe é para matar. Usa aarma pelo que esta lhe pode dar, com nervosa determinação:corta braços, cara, garganta, abdómen… com uma navalha…,ataca o tronco com um estilete. A terceira: aquela mão do assassino que premedita e age

com o exclusivo objectivo de tirar a vida. A folha entra por

Nova Scrimia

“Páginas das listas telefónicas com folhas de barbear metidasnas beiras, cintos com fivelas afiadas, chaves pontiagudascomo estiletes, esferográficas com punção, mini-facas

penduradas ao pescoço… Que mais?”

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detrás, ou por um lado e se a utilizar de frente sóaparece na última da hora. A folha é o seu credo,não se vê, afunda-se de seguida. Poucas informações são tão seguras: são todas

mãos perigosas e os confins entre estes perfis sãopermeáveis. Com as duas primeiras personalidadeshá mais possibilidades de defesa, enquanto quecom a terceira, as probabilidades se precipitamclamorosamente. Às duas primeiras talvez se possasobreviver, enquanto que com a terceira fará faltaum milagre. Como dizíamos, uma faca não precisa de mãos

doutas para provocar danos letais, mas se são mãosperitas a utilizá-la, é melhor, é mesmo muito melhorestar longe dessa situação.Alguma vez viram os antebraços feridos de uma

pessoa atacada por facadas? Padecer uma feridamesmo que não seja em partes vitais, ver o própriosangue a sair é chocante para quem quer que seja.Não será por acaso que por regra geral, as navalhase as folhas curtas são as "ferramentas" de trabalhopreferidas pelos criminosos. Eles sabem destascoisas pela experiência vivida.

TOC, TOC… ESTÁ ALGUÉM AÍ?

Contra a faca, apesar do que se vê por aí, de factonão é possível fazer tudo quanto se quer fazer.Antes de tudo temos que estar perfeitamentecientes de que as pessoas se movem de maneiramuito diferente com respeito ao que estamoshabituados ver no ginásio. Um agressor age comdeterminação. Se nos ataca, a última coisa que faz édeixar-nos o braço armado livre, facilitando assim asnossas manobras. Um braço armado é muito forte,é o braço de um super-herói, move-senervosamente, duro, incongruente, rápido, muda detrajectória, atrás dele um corpo está em movimento. O criminoso pode atacar desde longe correndo

para nós, pode saltar sobre nós, empurrar, bater combofetões ou com socos, puxar da arma depois de jáestarmos a lutar. O agressor pode pegar numa facado balcão do bar, descer do carro com uma chavede parafusos na mão, quebrar uma garrafa numa

cadeira, ou atirar-nos com ela.Poderíamos cair, bater contrauma parede, poderiampuxar-nos pelo casaco.As luzes deslumbram-nos, a surpresa paralisa-nos. Tanto faz se somosmais altos, mais fortes e ágeisdo que quem tem a arma, sequeremos salvar-nos temos que aceitaro "lance". Ele tem o poder: unscentímetros de frio aço e os músculosmais treinados do mundo tornam-semanteiga. Debaixo dos músculos háuma enorme auto-estrada de veias,artérias, tendões, nervos, órgãos vitais.Questão de poucos centímetros: um rasgão ouum buraco e o jogo acaba. “Game Over”… Reagir. Repetir. Resistir. Nestas condições, é

deveras difícil. O que fazer? Manter os sentidosconcentrados exclusivamente em sobreviver, pararou desviar os ataques com as melhores estratégiasdisponíveis, sentir o timing para bater duramentecom a técnica mais adequada no momento justo,fazer o maior mal possível, adaptar-se aoacontecimento com mente e corpo, utilizar cadapossível "aliado" para marcar a diferença. Para umcivil, logo que se abrir um espaço útil, fugir o maisrapidamente possível. E voltar para casa paralamber as feridas. Na realidade é a nossa atitude mental que está

realmente "em questão" e isso faz tudo muito difícil.Desmedidamente, com frequência, o que se faz noginásio é simplesmente treinar a técnica, quem sabese estática. Mas poderá isto salvar-nos?

O VÍDEO: NECESSIDADE VITAL EVIRTUDE MARCIAL

"Nunca tires os olhos da mão do teu inimigoarmada com o punhal…" Mestre Achille Marozzo -

OPERA NOVA 1536

Autodefesa

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Nova Scrimia

“…uma faca não precisa demãos doutas para provocardanos letais, mas se sãomãos peritas a utilizá-la,

é melhor, é mesmomuito melhor estar

longe dessa situação”

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A arte Marcial que praticamos,realmente não nos ensina métodos"saudáveis" ou "politicamente correctos"para desfazer o ataque de quem estáarmado com faca. Forjada em realidadessociais duras, a Scrimia é dura. Nestevídeo apresentamos algumas estratégiaspara conservar a vida contra ataques defaca aplicados frontalmente, tanto àdistância como no corpo a corpo. Trata-seda sapiência prática de sete séculos, queherdamos da escola dos Mestres dearmas italianos. Decidimos que é chegadoo momento de manifestarmos esteconhecimento. Todas as técnicasapresentadas no vídeo, apesar de serempatrimónio codificado, passaram por uma

feroz experiência prática. Algumasestratégias pela sua utilidade, fazem partede programas operativos de agências desegurança e pessoal de serviço nosaeroportos, e têm marcado a diferença emmuitas situações. Portanto, o que vãoencontrar neste vídeo está perfeitamenteclaro. Aplicações práticas e muitas opções

estratégicas e tácticas de auto-protecçãovital para civis, com percussões, acçõesde saída, rupturas e f inalizações. Eestratégias de intervenção por agentes deoperações especiais, relativas ao controlocom chaves, bloqueios, desarmes eneutralizações de pessoas armadas comfaca.

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"Nunca tires os olhos da mão do teuinimigo armada com o punhal…"

Mestre Achille Marozzo - OPERA NOVA 1536

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Autodefesa

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É um vídeo único no seu género, gravado por treze Docentes e Instrutores deNova Scrimia: o grupo alterna momentos didácticos e explicativos com acções nointerior do estúdio e em exteriores, de extremo dinamismo. Se estiverem prontos,se quiserem realmente pôr à prova a tradição das armas, a Arte da Scrimia está àvossa disposição. Depois, a vossa atitude com respeito à defesa contra faca já nãoserá a mesma.Se estivermos em guarda, como recomenda o Mestre Fiore dei Liberi, poderemos

sobreviver.

Nova Scrimia

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Sempre tendo como pano de fundo o Ochikara, “a Grande Força” (denominada e-bunto na antiga língua dosShizen), a sabedoria secreta dos antigos xamãs japoneses, os Miryoku, o autor leva a um mundo de reflexõesgenuínas, capazes de ao mesmo tempo mexer com o coração e com a cabeça do leitor, situando-nos perante oabismo do invisível, como a verdadeira última fronteira da consciência pessoal e colectiva.

O espiritual, não como religião mas como o estudo do invisível, foi a maneira dos Miryoku se aproximarem domistério, no marco de uma cultura tão rica como desconhecida, ao estudo da qual se tem dedicado intensamente oautor.

Alfredo Tucci, director da Editora Budo International e autor de grande número de trabalhos acerca do caminhodo guerreiro nos últimos 30 anos, nos oferece um conjunto de pensamentos extraordinários e profundos, quepodem ser lidos indistintamente, sem um ordenamento determinado. Cada um deles nos abre uma janela pela qualcontemplar os mais variados assuntos, desde um ângulo insuspeito, salpicado de humor por vezes, decontundência e grandiosidade outras, nos situa ante assuntos eternos, com a visão de quem acaba de chegar enão comunga com os lugares comuns nos que todos estão de acordo.

Podemos afirmar com certeza que nenhum leitor ficará indiferente perante este livro, tal é a força e a intensidadede seu conteúdo.

Dizer isto já é dizer muito em um mundo cheio de manjedouras grupais, de ideologias interessadas e demanipuladores, e em suma, de interesses espúrios e mediocridade. É pois um texto para almas grandes e pessoasinteligentes, prontas para ver a vida e o mistério com a liberdade das mentes mais inquietas e que procuram ooculto, sem dogmas, sem morais passageiras, sem subterfúgios.

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Pela Mestre Trina Pellegrini

Em um número recente da revista BUDO INTERNATIONAL, havia um artigo escritopor meu marido, o Grão Mestre John Pellegrini, intitulado "Enfrentar a brecha entregéneros".

Observei que estava bem escrito e estou de acordo com a maior parte do que ali foidito, mas penso que o debate acerca deste importante assunto das Artes Marciais,pode beneficiar-se com o ponto de vista de uma mulher. De facto, assim se exige.Mas quero deixar perfeitamente esclarecido, que não quero dizer que "só" umamulher possa perceber ou tenha o direito de discutir o assunto da “mulher nas ArtesMarciais ou na “Auto-defesa para mulheres”. Trata-se simplesmente de focar com alógica e a inteligência, um problema frequentemente emotivo, carregado de mal-entendidos, de noções previamente concebidas, desconfiança e correcção políticaabsurda.

Combat Hapkido

PASSANDO EN REVISTA A BRECHA ENTRE OS GÉNEROS

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as antes de começar aexpor o meu ponto devista desta matéria,penso que os leitoresbem merecem saber umpouco mais acerca de

mim e das minhas capacidades nestecampo, e eliminar qualquer dúvida acercade se tenho direito a falar deste assunto,simplesmente por estar casada com umacelebridade internacional das artesmarciais. Venho estando involucrada nas Artes

Marciais desde faz 25 anos, tenhoformação em Taekwondo, Tai Chi elogicamente, em Combat Hapkido.Durante anos, tenho viajado muito com o

meu marido, para assistir a muitos dosseus seminários e também tenho assistidoa muitos seminários realizados pelosprincipais especialistas de auto-defesa epor famosos mestres de Artes Marciais.Casualmente, também passei pelaexperiência de duas situações da vida real,nas quais fui atacada e tive que usar asminhas habilidades nas Artes Marciais, parame defender (com êxito!). Por outraspalavras, tenho as minhas “dívidas pagas”e também ganhei o meu direito a falar desteassunto, com uma certa autoridade. Faz dois anos, senti que era chegado o

momento de estruturar e introduzir um novoprograma, para enfrentar os desafios aosque especificamente se enfrentam asmulheres. Assim, desenvolvi e lancei umnovo conceito de legítima defesa "só paramulheres", denominado "TRU". O nome éum acrónimo de “Trained-Ready-Unafraid”,que se traduz como Treinada-Preparada-Sem medo. Imaginei este projecto para ser mais do

que um grande programa de técnicaspráticas, eficazes, realistas e fáceis de

Combat Hapkido

M

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aprender para as mulheres. Afinal, há muitos Instrutores bemqualificados, com experiência (homens e mulheres) no ensinoa nível mundial de cursos de auto-defesa para "mulheres".Mas eu queria ir mais além e criar uma rede segura einteligente de recursos, aos quais as mulheres pudessem teracesso, para encontrar respostas a problemas específicos,procurar produtos e serviços de interesse e contactar comoutras mulheres que compartilham as mesmas preocupaçõesacerca da protecção e da segurança pessoal. Resolvi queTRU tinha de ser informativo, útil, valioso e até divertido.Portanto, o programa tinha que incluir vários constituintesdiferentes:

1. Um BLOG emocionante, www.unafraidwomen.com ondeas mulheres encontrarão informação e recursos acerca dosprodutos e serviços relativos à segurança, a protecção e obem estar pessoal das mulheres. Também artigos, livros eseminários de assuntos como a violência doméstica, asestatísticas da delinquência, problemas médicos e legais e asegurança nas viagens. O blogo é também um fórum onde osusuários podem partilhar experiências, contactar com outraspessoas com interesses em comum, fazer perguntas e pedirassessoramento sobre situações específicas.

2. TREINO DE DEFESA PESSOAL PARAMULHERES. Obviamente, esta é a essência doque somos e o que fazemos. O sistema "TRU" sepromociona no mundo todo e as mulheres detodas as idades, habilidades e posição social,estão convidadas e são incentivadas a assistiremaos nossos seminários, cursos, retiros e outroseventos, nos quais se treina a defesa pessoal.

3. CERTIDÃO DE INSTRUTORA PARA MULHERES. Estaserá uma parte importante da nossa missão. Queremos criar

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um grande quadro internacional, com instrutoras competentes ecom experiência, qualificadas para ensinar o sistema TRU em todoo mundo. Além da recompensa pessoal de saber que o queensinam ira reduzir a violência contra as mulheres epotencialmente não só salvará vidas, também apresentaráinteressantes oportunidades profissionais e de negócios

Mediante a integração destes três constituintes, acreditoque TRU vai ser uma força positiva, comprometida ededicada a potenciar a mulher, a prevenção de suavitimização e o ensino de uma defesa realista e eficaz.

Mas esta discussão não estaria completa se nãotratasse a objecção mais comum apresentada pormuitos "especialistas" Artistas Marciais e de auto-defesa, em contra dos programas como o TRU, só paramulheres. A objecção consta realmente de dois pontosdiferenciados, válidos e legítimos: 1) As mulheres não "necessitam" aprender de um

instrutor de sexo feminino. Sempre e quando o mestreestiver qualificado e seja competente, o género nãodeveria ser importante. 2) ) A formação das mulheres é mais realista em um

meio misto, com companheiros de treino masculinos.Afinal, estatisticamente, as mulheres têm mais propensão aserem atacadas ou assaltadas por um homem. Comodisse, os dois pontos são válidos e geralmente certos.Mas aí é onde o conhecimento único e a perspectivamuito pessoal de uma mulher, podem apresentaroutros aspectos mais subtis (até "ocultos" ou tácitos)acerca deste assunto.Certamente que nem todas as mulheres

"necessitam" ou querem um Instrutor do sexofeminino, mas, ao longo de muitos anos de experiência,também descobri que muitas mulheres se sentemintimidadas por um instrutor masculino. Também podemsentir que o tamanho dos homens, normalmente maior, eo seu corpo forte e musculado, são uma vantagem quefaz ser mais fácil para ele, executar técnicas e derrotar osgarotos da aula. Mediante a observação de uma mulhermais pequena, que executa facilmente as técnicas, umamulher será capaz de se identificar mais facilmente com oinstrutor e ACREDITAR que ela também pode aprender adefender-se. Em alguns casos, as mulheres são intimidadaspor uma atitude excessivamente "machista" do instrutor ounão se sentem à vontade com um agressivo comportamento"militarista". De maneira que, por todas estas razões, maismulheres instrutoras irão atrair mais mulheres às ArtesMarciais e a se involucrarem no treino da defesapessoal.

E não esqueçamos que outro resultado positivo deatrair mais mulheres, é que algumas delas serão emfuturas instrutoras e... vão trazer mais e maismulheres!

No que diz respeito aos benefícios evidentes einegáveis do treino para mulheres com parceirosmasculinos, tudo está bem e é bom para a maioriadas mulheres que não padeceram um traumaemotivo e psicológico grave do passado (ou mesmopresentemente) abuso, violência física e outras

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situações muito negativas, com homensinvolucrados. A maioria das mulheres que emalgum momento foram vítimas de homens, porvezes de maneira brutal, permanecem em umestado emotivo muito frágil e delicado, durantemuito tempo (muitas vezes para sempre) e atépodem aparentar estarem bem e ser capazes defuncionar normalmente na sociedade, têmcicatrizes psicológicas e traumas que podem sermelhor compreendidos e adequadamentetratados por outra mulher. A dor e o medo, derepente podem ressurgir; as recordaçõeshorríveis podem ser facilmente provocadaspelo contacto físico com um parceiro de treinomasculino. Esta é uma possibilidade realista eparticularmente perigosa durante o treino queimplica agarres no chão, estrangulamentos,abraços de urso e outras técnicas decontacto muito próximo.Por isso, eu penso que devemos de

oferecer aulas, seminários e cursos "sópara mulheres", para aquelas que osnecessitam, ou simplesmentepreferem um treino em um ambientenão ameaçante, no qual só hámulheres.Tenho a certeza de que muitos

instrutores de Artes Marciais não vãoestar de acordo com as opiniões queexponho neste artigo, mas por sermulher e ter estudado este assuntodurante muitos anos, podem ter acerteza que os factos estão do meulado: há milhões de mulheres nomundo, que nunca irão pôr um pénuma academia de Artes Marciaisou em um seminário de defesapessoal onde o instrutor seja umhomem. E eu pergunto: O quetem de mau diplomar uma novageração de instrutoras e em chegar a todas asmulheres que queiram aprender a proteger-se a simesmas, no ambiente da sua escolha?

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“O ponto vital em Taekwon-Do se define como qualquer área sensívelou frágil no corpo, vulnerável a um ataque. É essencial que o estudantede Taekwon-Do tenha um conhecimento dos diferentes pontos, para quepossa empregar a ferramenta de ataque ou de bloqueio adequada. Oataque indiscriminado é condenável, por ser ineficiente e um

esbanjamento de energia”. - General Choi Hong Hi, ENCYCLOPEDIA OF TAEKWON-

DO, Volume II, pag.ª 88. Actualmente, o Taekwon-Do é uma das artesmarciais mais estendidas e profissionais do

mundo, (fundada em 11 de Abril de 1955, peloGeneral Choi Hong Hi), continua prosperando,

inclusivamente após o falecimento de seufundador, em Junho de 2002.

Com o tempo, os factores desportivosforam prioritários e grandede parte dosmétodos originais de auto-protecçãoforam ignorados ou descartados. Nosdocumentos escritos originais do GeneralChoi, grande parte da atenção, aestrutura e mesmo o uso dos pontosvitais "Kupso" (ou Kyusho), assim como odesenvolvimento de armas para ter acesso

a eles, foi apontado mas nunca foitotalmente ensinado. Kyusho International

desenvolveu um programa para iluminar,educar, integrar e desenvolver esta

inacreditável Arte Marcial, voltando aosconceitos de seu fundador. Este novo programa

conta com o pleno apoio do filho do fundador, ChoiJung Hwa. O objectivo desta série é para pesquizar os

padrões (Tul), que se realizam de acordo com os preceitos dofundador na "Enciclopedia do Taekwon-Do" (os 15 volumes escritos

pelo General Choi Hong Hi, incluindo os "Pontos Vitais"). Através destaestrutura, o Kyusho se integrará inicialmente e de novo no Taekwon-Do.

Kyusho International se sente orgulhoso por estar presente nesta tareade colaboração monumental e histórica.

Ref.: • KYUSHO20 Ref.: • KYUSHO20

Todos os DVD's produzidos por

BudoInternational são realizados em

suporteDVD-5, formato MPEG-2

multiplexado(nunca VCD, DivX, o

similares) e aimpressão das capas segue

as maisrestritas exigências de qualidade

(tipo depapel e impressão). Também,

nenhum dosnossos produtos é

comercializado atravésde webs de leilões

online. Se este DVD não cumpre estas

exigências e/o a capa ea serigrafia não

coincidem com a que aquimostramos,

trata-se de uma cópia pirata.

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Kihon waza (técnicas básicas) es la parte másimportante del entrenamiento de cualquier Arte

Marcial. En este DVD el Maestro SueyoshiAkeshi nos muestra diversas formas

de entrenamiento de Kihon conBokken, Katana y mano vacía.

En este trabajo, se explica enmayor detalle cada técnica,para que el practicantetenga una idea más clarade cada movimiento y delmodo en que el cuerpodebe corresponder altrabajo de cada Kihon.Todas las técnicas tienencomo base común laausencia de Kime (fuerza)

para que el cuerpo puedadesarrollarse de acuerdo a la

técnica de Battojutsu, y sibien puede parecer extraño a

primera vista, todo el cuerpodebe estar relajado para conseguir

una capacidad de respuesta rápida yprecisa. Todas las técnicas básicas se realizan

a velocidad real y son posteriormente explicadaspara que el practicante pueda alcanzar un niveladecuado. La ausencia de peso en los pies, larelajación del cuerpo, el dejar caer el centro degravedad, son detalles muy importantes que elMaestro recalca con el fin de lograr un buen niveltécnico, y una relación directa entre la técnica basey la aplicación real.

REF.: • IAIDO7 REF.: • IAIDO7

Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

Cinturón NegroAndrés Mellado, 42 28015 - MadridTelf.: 91 549 98 37e-mail: [email protected]

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REF.: • KYUSHO 22REF.: • KYUSHO 22

O "Programa de Controlo Táctico Kyusho" (KTCP), foi desenhadopara controlar a escalada de conflitos mediante a pesquisa legal,médica, o aspecto táctico, provas de campo y coordenação. Esteprograma está especialmente destinado, ainda que nãoexclusivamente às Forças de Ordem Público, Segurança,Emergências, Guarda Costeira, Militares, Agências

Governamentais, Escoltas y Segurança pessoal.Este módulo básico se constitui de um

conjunto de 12 objectivos principaisintegrados en 4 módulos de controlo

da escalada de força. Há numerosasestruturas débeis no corpo

humano que podem serutilizadas por um Agente para

simplesmente obter ocontrolo de um indivíduo,mais eficientes que o usoconvencional da forçacomo nos indica oprotocolo. Mais alem daetapa de ordem verbal,numa situação deescalada do conflito, sãoestes pontos (Vitais) doKyusho onde o agentepode fazer uso dos

sistemas internos decontrolo físico, como os

nervos, a estrutura dostendões e os reflexos nervosos

naturais do corpo. No requer degrande força ou de um complexo

controlo da motricidade ou da vista... tudo isso sujeito ao fracasso em

estados de elevada adrenalina. Estainformação está dedicada aos valentes e

resistentes membros das Agências de todo omundo ... Obrigado pelo que fazeis!

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REF.: • LEVIREF.: • LEVI8