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Cinturao negro revista portugues 281 janeiro parte 2 2015

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A revista internacional de Artes Marciais, desportos de combate e defesa pessoal. Download grátis. Edição Online 281 - Janeiro - Parte 2. Ano XXIV

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ara além do evidente reside o essencial. Oessencial é invisível; o que dá valor àchávena é seu vazio, mas todos olhamospara a chávena. Assim é como a percepçãoenfrenta o mistério. Olhamos, ouvimos,

sentimos, armazenamos informação, milhões de dadospor segundo, para situar-nos no nosso ambiente e reagirnele; processamos esses dados de acordo a códigosaprendidos, a esquemas que se interiorizaram desde opróprio momento em que nascemos e em base amecanismos que se construíram como fruto de milhões deanos de evolução e com uma única finalidade: Prevalecer,existir, reproduzir-nos…, em que siga a roda em queestamos inseridos como espécie.Em algum momento da nossa evolução, uma faísca de

consciência saltou e nos obrigou a avançar em outroprocesso muito distinto das tarefas comuns com outrosmamíferos, o da evolução como indivíduos e com isso, anecessidade de nos posicionarmos frente ao mistério. O que somos? Onde reside o essencial do ser humano?O corpo é um veículo, sem dúvida importante, porque

nos dá a possibilidade de interagir e responder aosestímulos e ao ambiente no plano material, mas é umacarcaça complexa que se desgasta e acaba por falhar. Amente não deixa de ser um acompanhamento destabiologia, se bem ela transita em planos muito mais subtisque o corpo físico, está também exposta ao passo dotempo e às mesmas limitações que encerra a sua naturezabiológica. Os clássicos enfrentam o salto dimensional

consequente ao seguinte grau, de múltiplas maneiras,porque quando começamos a falar de alma, de espírito,ou qualquer outra acepção daquilo que é intangível,navegamos em mares perigosos, onde estabelecerparâmetros firmes, implica quase sempre um acto de fé. As religiões resolvem este problema com propostas e

explicações vinculadas à sua própria descrição domistério, estruturadas através de profetas e revelações, eque resultam suficientemente satisfatórias para umagrande maioria das pessoas. Outros convencidos de que o que nasce leitão morre

porco, deambulam entre a ciência, o agnosticismo e omaterialismo, não sabendo muito bem o que fazer comsua inata porção de cérebro dedicada ao pensamentomágico. Afinal, uns e outros, tarde ou cedo, teremos de nos

enfrentar com o mistério cara a cara, pelo menos nomomento da “sorte suprema”; com um pouco de sorte,durante o nosso périplo vital, algumas ocasiões surgirãonas nossas vidas, para despertar de por nós mesmos aessas outras realidades do intangível e havemos de saberaproveitá-las.

Eu adoro os caminhos do meio, se bem não são os maisfáceis de transitar. Tenho constatado com certeza (e atécom veemência), que possuímos ferramentas suficientespara não necessitar construir uma fé baseada em outracoisa que na nossa própria experiência. Mas para albergaralguma possibilidade de interagir com o mundo espiritual,é necessário transitar por uma via fundamentada emalguma coisa, como na sabedoria dos antigos, esses queantes de nós se atreveram a olhar para o mistério com ointeresse, o atrevimento e a desconfiança de um cigano àhora de comprar um cavalo. Mas esses atalhos não abundam, porque poucos são os

que se embarcaram em dita busca e menos ainda os queestiveram dispostos a compartilhar as suas experiências.Quando saímos do rebanho, o resto das ovelhas olhampara nós como haviam de olhar para um lobo,especialmente quanto mais longe nos posicionamos delas.As ovelhas, como os humanos, quanto mais juntas andam,mais pó levantam e menos vêem; a sua defesa reside emse amontoarem, na esperança de que o predador leveprimeiro as de fora. Mas perante o grande predador, o dafoice, não há quem escape, e de uma maneira ou de outra,a finitude da existência pessoal, nos situa perante dilemase questionamentos que superam o marco da própria enatural inquietude por sobreviver ou não, disso que éessencial em nós. Quem tenha estado presente diante um cadáver, talvez

tenham sentido como eu a estranha e peculiar sensaçãode vazio que os envolve. Aí não há nada, por mais quevejamos o corpo da pessoa que conhecemos, existe umvazio. Nada anima (mesma palavra que “alma”, em latim“anima”) nesse indivíduo já apenas está presente avertigem de um vazio imenso. Uma das questões mais recorrentes chegados a este

ponto, é a da identificação. Aquele que se identificaexclusivamente com seu invólucro carnal, sabe-se só isso.Aquele que o faz com sua fase mental, se prefere assim. Efinalmente, aquele que o faz com o intangível, sente omundo desde essa atalaia. Estes últimos são os menos,porque neste aspecto, a lei da pirâmide, como elementodefinidor de tudo neste plano, se cumpre indefectivelmente...ou seja, muitos debaixo… poucos por cima…O mistério é mistério porque não se manifesta dentro

dos parâmetros comuns, não porque não possua umanatureza, conteúdos e formas específicas, mas porquepara penetrar nele, tem de se transgredir os limiteshabituais da percepção, o comum acordo e o consenso dogrupo, esse que nos obriga a olhar para as coisas comotodos aceitamos que são. A dita transgressão implica em algum momento, um

necessário salto ao vazio, uma iniciação que quebre omarco de referências que construímos com empenho e a

“Por vezes suspeito que a única coisa sem mistério é afelicidade, porque se justifica por si só”

Jorge Luis Borges

“Para ver com claridade, basta mudar a direcção do olhar”

Antoine de Saint-Exupery

P

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dita manobra supõe a morte ao que somos, para nascer algo novo. Não oschamo a enganos, nem todos querem, nem todos podem juntar a energia e avalentia necessárias para o fazer. Por mais que este seja um processo subtil, complexo e doloroso, ao

contrário do que se poderia esperar, é coisa ao que estamosconstantemente expostos. Os antigos xamãs mexicanos, diziamque o difícil não era realizar esse salto, mas sim manterconstantemente a nossa percepção da realidadeactiva e fixa em um só ponto, o consenso. Elesdiziam que o dito esforço consumia todas asnossas energias de tal maneira, que nãonos ficava nenhuma disponível para serlivres, impecáveis e autênticos. Oinfinito, como a água, tem um focinhomuito fino e se mete por cada brechado nosso dia-a-dia, sem darmospor isso, nos inunda.Explorar a espiritualidade é

um horizonte muito maispróximo do que podemosimaginar; acaba por não ternada a ver com a religião,excepto que ambas sãofocalizadas no mistério atravésde lentes diferentes. Umaconcebe o inconcebível para ofazer aceitável e dita normasmorais para transitar amavelmenteem grupo por esta vida. A outraenfrenta o mistériodescarnadamente, sem barreirasformais, nem mais fórmulas pré-concebidas que as peculiaridades próprias desua linhagem, baseadas na experiência dos idosos.Uma julga, a outra aceita; a primeira sabe, a segundaconstata. Afinal, ante o de arcano não há versões possíveis, só

a grande verdade de uma experiência sem par, sócomparável a esse momento que nenhumrecordamos…, o de nascer. Princípio e fim sãoopostos complementares e cada minuto que passa éuma ocasião excepcional para ir mais além doevidente, o plausível, o consensual. Correr os véus deÍsis, desvelar as eternas verdades, desde que saltou afaísca da consciência, nunca houve desafio maior. Avida se explica por si só, se assim o decidirmos, mas osfamintos, curiosos, e arrojados viajantes do infinito, issosabe-lhes a pouco. Boa viagem a todos! Estaçãotérmino: A eternidade.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5

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FU-SHIH KENPO, Ética, Princípios e Fundamentos…A ética é um ramo da filosofia que trata do estudo racional da moral, a virtude, odever, a felicidade e o bem viver. Requer a reflexão e a argumentação. O estudo daética está nas próprias origens da filosofia, na Antiga Grécia e a sua evoluçãohistórica tem sido ampla e variada.

A ética estuda o que é moral, como se justifica racionalmente um sistemamoral e como posteriormente se tem de aplicar a nível individual e a nível social.Na vida quotidiana constitui uma reflexão sobre o facto moral, procura osmotivos que justificam a adopção de um sistema moral ou a de um outro.Uma doutrina ética elabora e verifica afirmações ou juízos determinados. Uma

sentença ética, um juízo moral ou uma declaração normativa, é uma afirmaçãoque vai conter termos tais como “bom”, “mau”, “correcto”, “incorrecto”,“obrigatório”, “permitido”, etc., referidos a uma acção, uma decisão oinclusivamente também as intenções de quem age o decide sobre alguma

Kenpo

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coisa. Quando se empregamsentenças éticas se está avaliandomoralmente pessoas, situações,coisas ou acções. Se estabelecemjuízos morais quando, por exemplo,se diz: “esse homem é mau”, “não sedeve matar”, etc. Nestas declaraçõesaparecem os termos “mau”, “não sedeve”, etc., que implicam avaliaçõesde tipo moral.A relação mestre/aluno sempre a

tenho considerado como aquela

existente entre pais e filhos. Salvandoas diferenças e distâncias lógicas,fáceis de compreender. Os pais criamseus filhos/as, proporcionam-lhesamor, protecção, casa, alimentação,educação, estudos, lar, família, etc.Por outra parte, o professor, instrutorou Mestre, proporcionar-lhes-á umaelevada ampliação dosconhecimentos que a ele dizemrespeito. Falo em termos escolares ede formação profissional. Isto, ele

fará com sua própria capacidadepara ensinar, com constância,paciência, correcção, educação,perseverança, respeito e tambémprotecção.Desde que a criança começa a dar

seus primeiros passos na formaçãoescolar, até alcançar umaespecialização, graduação oulicenciatura, é responsabilidadegrande de quem o ensina em cadamatéria. Para chegar a isso, o

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Kenpo

“A relaçãoMestre/Aluno

sempre a tenhoconsiderado comoa existente entre

pais e filhos”

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indivíduo terá tido vários e muitosprofessores ou guias e quando tiverconcluído essa etapa da suaexistência, terá de tomar decisõesacerca de seu futuro. Procuraremprego, por exemplo, o queconseguirá em sua própria cidade oufora dela. Com o passar do tempo epouco a pouco, vai desprendendo-sedo lar dos pais e um belo dia formaráseu próprio lar e terá filhos. Se afastoude seus seres queridos, amigos detoda a vida, familiares, hábitos ecostumes, ou seja, do seu ambiente.No caso desportivo e marcial, as

pautas são, ou terão sido muitosimilares. O pai, o filho/a ou ambos,

terão estudado o mercado e o queele oferece a esse respeito. Tambémé recomendável que o aluno emquestão, tenha pelo menos uma vagaou clara ideia de que está a fazer tema ver com o que deve de saber e oque realmente procura. Tem de saberquais são as sua metas e inquietudespessoais. Também é questão muitoimportante conhecer as própriasqualidades físicas, psicológicas efisiológicas, tanto como suaspróprias l imitações, tendo emconsideração a sua idade, morfologiae genética.Geralmente, quando resolvemos

iniciar-nos em alguma arte marcial ou

desporto, fazemo-lo por algum tipode influência. Por vezes é pelo quesabemos pelos meios decomunicação, tanto seja uma arte ouum desporto na moda. Talvez porqueos nossos amigos, vizinhos oualguém da família o praticar. Osprogramas da televisão e o cinematambém têm uma muito grandeinfluência nestas coisas. Possolembrar-me agora que aquelaprimeira série da Televisão - ainda abranco e preto - chamada “Kung-Fu”, com David Carradine,ultrapassou as fronteiras do mundointeiro e trouxe a moda do Kung-Fu, quando ainda poucos sabiam

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diferenciar entre Karate,Judo, Kung-Fu o Tae-Kwon-Do. Havia coisastan aberrantes comolivros o vídeos quefalavam do “KarateCoreano” - coisaimpossível nos

nossos dias…, porquesimplesmente não existe o

Karate Coreano! Esse mesmodesconhecimento da época, tirou

o papel a Bruce Lee, dando-o aCarradine, que era “mesmo muito mau

como artista marcial” e eu diria quetambém era um péssimo actor. No entanto,

a série foi um sucesso no mundo todo.Temos padecido ou temos aceitado modas

como a do Kung-Fu, Full-Contact, Kick-Boxing,Ninjutsu, Vale Tudo, MMA, e nestes actuais dias, do

que se fala é do Krav Maga Israelita. Mas, qual é adiferença entre todos e cada um dos sistemas? E poroutra parte: O que é que nós desejamos fazer e com quefinalidade?Graças aos modernos meios de difusão hoje

existentes, jornais, livros, vídeos, televisão, cinema,Internet, dedicando um pouco do nosso tempo é muitofácil pesquisar e descobrir qual o halo de mistério overdade que envolve cada um. Qual é a sua realidade? Éportanto recomendável pesquisar, ler, falar com outros jáiniciados ou versados. Perguntar e esclarecer dúvidas,antes de dar o primeiro passo. Assim como existem uma série de carreiras profissionais,

como Engenharia, Química, Arquitectura, Medicina, Leis,etc…, existem também muitos estilos, e estilos dentro decada estilo ou arte. O facto de antemão sabermos bem o

que desejamos, evitar-nos-á perder tempo, energiase dinheiro. Também desgostos e decepções.

A modo de orientação resumida, o Judo éum desporto olímpico e não uma artemarcial. O Judo é um desporto decombate japonês de origem. O termojaponês pode traduzir-se como «ocaminho à suavidade». Esta arte marcialfoi criado pelo Mestre Jigoro Kano em1882. O mestre Kano compilou a essênciatécnica e táctica de duas das antigasescolas de combate corpo a corpo japonêsou Jujitsu. Elas foram a Tenjin Shinoy ryu e aKit-ryu, que se baseavam na luta corpo acorpo e que eram praticadas no Japão pelosguerreiros medievais com armadura no campode batalha (os samurais), até o início do SéculoXIX. Kano, dentro da sua escola, o Kodokan, asjuntou numa só, o Judo. Em sua formadesportiva se especializa nos lançamentos, assubmissões e os estrangulamentos. Não obstante,

em sua prática integral não se puseram de lado os

Kenpo“Por regra geral,quando resolvemos

iniciar-nos em algumaarte marcial ou emum desporto afim,

fazemo-lo por algumtipo de influência”

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golpes, os desarmes, varias luxações articulares, o uso dospontos de pressão e os métodos de reanimação, o que fá-lomuito apropriado para seu uso por forças de segurança,capacetes azuis, polícias, militares, paramédicos, etc.

Boxe O Boxe - (do Inglés boxing) também por vezes chamado

boxe inglês o boxe irlandês, e vulgarmente conhecido comobox - é um desporto de combate em que dois contendenteslutam utilizando apenas seus punhos com luvas, batendo noadversário da cintura para cima, dentro de um quadriláteroespecialmente desenhado para tal fim, em breves sequênciasde luta denominadas assaltos ou rounds e de acordo com umpreciso regulamento, o qual regula categorias de pesos eduração do encontro, entre outros aspectos.De uma maneira mais geral, Boxe ou Pugilismo faz

referência a um amplo género de desportos de combate, nosquais dois adversários se enfrentam em luta utilizando ospunhos, de maneira exclusiva ou não, diferenciando-seconforme as regras, em diferentes desportos, como o já ditoBoxe inglês ou boxe propriamente dito, o Boxe Francês ouSavate, o Boxe Chinês ou Boxe Shaolín, o Kick Boxing ou oBoxe Japonês, o Muay Thai ou Boxe Tailandês, os antigospugilatos gregos, como o Pygmachia e o Pancracio, etc. A primeira codificação das normas que regulam os

encontros de boxe é de 1743, e as regras ainda vigentesforam estabelecidas em 1889, pelo marquês de Queensberry,que além de outras coisas introduziu o uso das luvas.Tradicionalmente tem sido considerado como uma prática

desportiva exclusivamente masculina, afectada legal eculturalmente por prejuízos de género. O reconhecimento dosdireitos das mulheres e os avances na luta contra a

discriminação, permitiram que nasúltimas décadas houvesse um augedo Boxe Feminino, pelo que os JogosPanamericanos de 2011 e os JogosOlímpicos de Verão de 2012 incluíramo Boxe feminino em várias categorias. O Karate, ou Karate-do, “o caminho

da mão nua”, é uma arte marcialtradicional das I lhas Ryu kyu doJapão, o que actualmente se conhececomo Ilha de Okinawa. Tem a suaorigem nas artes marciais indígenasdas Ilhas Ryukyu, artes denominadas“te” ( l iteralmente, 'mão'; t i i emokinawense) e no Kenpo chinês.Estes estios de artes marciaissurgiram da necessidade dosguerreiros nobres da ilha (os pechin)protegerem o último rei de Okinawa,Sho Tai, e a si mesmos, dosguerreiros japoneses com armadura(os samurai). Aos poucos, o Karate sefoi desenvolvendo no reino de Ryukyue posteriormente se expandiu, sendoensinado sistematicamente no Japão,após a era Taisho, como

Kenpo

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consequência dos intercâmbiosculturais entre os japoneses e oshabitantes das ilhas Ryu kyu.O Karate-do se caracteriza pelo

emprego de golpes de punho epontapés, ainda que não restringeseu repertório só a eles. O Karate-doé uma arte marcial em que secoordenadamente se trabalham aforça, a respiração, o equilíbrio e aposição, girar correctamente asancas e a l igação conjunta demúsculos e extremidades,deslocando grande parte do pesocorporal e do centro de gravidade aoimpacto. Geralmente se procuraderrotar o adversário medianteapenas um só impacto contundente,semelhante a uma estocada ou cortede uma katana ou sabre japonês. Apessoa que pratica esta arte marcialé denominada karateka ou karateca. O Tae-Kwon-Do é uma arte marcial

transformada em desporto olímpicode combate desde 1988, quando foiintroduzido como desporto dedemonstração nos Jogos Olímpicosde Seul, Coreia do Sul. O Taekwondo se destaca pela

variedade e espectacularidade desuas técnicas de pontapés eactualmente é um dos sistemas maisconhecidos. O Taekwondo se baseiafundamentalmente em artes marciaismuito mais antigas, como o Kung fuou o Wu shu chinês, em algumas dassuas técnicas à mão aberta. NoTaekkyon coreano, na maneira derealizar os golpes com o pé, e noKarate-do japonês (estios Shi de kane Shotokan), de onde obtêm osgolpes com o punho, vários dosgolpes à mão aberta, a planimetria(divisão do corpo humano por zonas:alta-média-baixa), os bloqueios, asposições, o sistema de graus porcintos, o quimono como primeirouniforme e suas primeiras formasconhecidas, como "palgwe", na WTF(World Taekwondo Federation) e asformas "Hyong", na ITF (InternationalTaekwon-Do Federation).O Kick Boxing, é um desporto de

contacto de origem japonês, no qualse misturam as técnicas de luta oucombate do Boxe, com as de algumasartes marciais, como o Karate e oBoxe tailandês. Estando também

relacionado com a antiga arte doMuay Thai, mas os golpes com oscotovelos e joelhos, geralmente sãoproibidos. É assim similar ao boxetailandês moderno ou Thai Boxing. Sebem não é considerada uma artemarcial formativa tradicional porexcelência, ou Gendai Bud, mas simum desporto de combate. Um lutadorde Kick Boxing entra numacompetência renhida com o resto delutadores de luta em pé - que prefiramoutro tipo de desportos de contactoou artes marciais - pela resistênciafísica, contundência e o facto desuportar os golpes de seuspraticantes. Actualmente é um dossistemas preferidos para desenvolvera luta em pé, que está sendo usadonas artes marciais mistas combinadasou MMA / AMM.O Muay Thai, conhecido também

como Boxe Tailandês, é um artemarcial que se desenvolve em pé,por meio de técnicas combinadas depernas e braços. Muito similar aoutros sistemas de boxeIndochineses, como o Prodal daCambodja, o Tomoy da Malásia, oLethwei da Birmânia e o Muay Lao,do Laos.O Hohe, ou Muay Thai, se tornou

um símbolo nacional da história e daidentidade do Reino da Tailândia.Suas raízes estão no Muay Boran,variante tradicional e arte marcial(que inclui figuras, técnicas de mãoaberta, luxações, lançamentos ederribamentos). Na actualidade, estadisciplina complementa o Muay Thai,junto com o Boxe ocidental.O Muay Thai acostuma a ser

considerado como um desportoextremo, o que favorece a realizaçãode apostas e portanto, é um desportoque se considera ilegal em váriospaíses e em alguns dos Estados dosEstados Unidos da America.O Kenpo é o nome de alguns estios

chineses de artes marciais, comgrande influência na metodologia nosistema de graus e no quimonobrando, uniforme de parte das artesmarciais tradicionais japonesas ouGendai Budo e recentemente, nasartes marciais f i l ipinas, como aEskrima. A palavra Kenpo é atradução para o idioma japonês da

palavra em idioma chinês “quánfo”,que quer dizer arte marcial, ou Boxede origem chinês. É importante notarque o termo kenpo é usado parareferir-se às artes marciais chinesas(Wu Shu / Kung Fu). Especificamenteao Kung fu, tradicionalmenteconsiderado como a base da maioriados estilos tradicionais existentes;estas artes foram criadas na China,praticadas e desenvolvidas no Japãoe na Coreia, para posteriormenteserem promovidas em muitos outrospaíses.Diz-se que em seus inícios, esta

arte marcial foi aprendida por váriosguerreiros japoneses, guerreirosmedievais e samurais, que viajaram àChina em busca de conhecimentomarcial. Aprenderam o Wu Shu(também chamado Kung Fu). Quandoregressaram ao Japão, estes mestrescomeçaram a ensinar Chuan Fa eQuan Fa (assim era conhecidoantigamente o Wu Shu),denominando-os Kenpo ou Kempo,com uma maior influência japonesa.Devido a isto, por vezes éconsiderado um estilo diferente, comum maior destaque que o Karate deOkinawa para as técnicas em rotaçãoe de batimento contínuo com asmãos.Kenpo l iteralmente é "punho

método", o que se traduz como"método de luta à mão nua", masdevido a seus ideogramas,erroneamente na actualidade étraduzido como "lei do punho", porter uma sonoridade mais agressiva,quando realmente seu significadooriginal tradicional não é tal.Actualmente existem centos de

estios de Kenpo moderno,posteriores à Segunda GuerraMundial (1939-1945) pois com otempo, vários mestres japoneses eestrangeiros aprenderam outras artesmarciais, desenvolvendo váriascorrentes e estios da arte. Assim,vários mestres começaram a ensinaro Kenpo moderno baseado no WuShu, mas com um estilo próprio.Destes mestres, os maisconhecidos são AdrianoEmperado, que fundou oKajukenbo e Ed Parker, quefundou o Kenpo Karate.

Kenpo

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Kenpo

“O Fu-Shih Kenpobaseia a sua arteem 5 direcções.Tradição, Defesa

Pessoal artística deescola,

Defesa Pessoal de rua, DefesaPessoal policial,Manipulação de

armas orientais enaturais, em

aplicação moderna eprática”

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O Fu-Shih Kenpo baseia a sua arteem 5 direcções: Tradição, DefesaPessoal artística de escola, DefesaPessoal da rua, Defesa Pessoalpolicial, Manipulação de armasorientais e naturais numa aplicaçãomoderna e prática, com influênciasno Shotokan Karate, Kenpo-Karateamericano, Tae-Kwon Do e Kick-Boxing.O Krav Maga (que em hebreu quer

dizer “combate corpo a corpo”) é osistema oficial de combate e defesapessoal usado em Israel pelas Forçasde Defesa (I.D.F.), a Polícia, osserviços de segurança: Nos EstadosUnidos é usado em inúmeras forçasda lei. Também tenho ensinado emdiversas instituições associadas aoMinistério da Educação de Israel edesde 1964, venho ensinando a civispor todo o mundo. Desenvolvido e aperfeiçoado

durante anos problemáticos, o KravMaga se destaca pela facilidade daaprendizagem das técnicas, que têmsido provadas em numerosasocasiões, em autênticos confrontos.Este estilo que nasceu no Século XX,é um sistema de defesa actual quenão foi pensado para uma sociedadede camponeses que se tenham dedefender sem armas numa cultura deExtremo Oriente ou na Idade Média.Todas as técnicas, movimentos ecombinações foram desenvolvidospensando nas necessidades actuais.Também devemos considerar que foicriado numa sociedade e em um paísem que a violência forma parte davida, mais do que em outras

culturas, pelo quenecessariamente o sistema

tem de ser simples e com amáxima efectividade.

O Krav Maga estádividido em duaspartes principais:Defesa Pessoal eCombate corpoa corpo.

A relaçãoe n t r e

Profedsor/Instrutor ou Mestre/Aluno,também deve ser sempre muitoestreita, correcta, educada,profissional e de respeito mútuo. Anossa actual sociedade (assim comoo próprio Planeta), está muitodeteriorada. A corrupção políticamundial e falta de trabalho, osproblemas económicos, as mínimasoportunidades, as limitações ofrustrações que tudo isto causa aquase toda a povoação da classemédia, está resultando em um triste elamentável resultado da convivência,civismo, honradez e crença em ummundo melhor. A crise que isto causanas principais cidades do mundo, temuma incidência no dia-a-dia daspessoas, levando a uma convivênciamais hostil, violenta e de atropelo detodos os nossos direitos fundamentaiscomo cidadãos deste mundo. Otrabalho de educadores, pais e guias,deve ser maduro, sensato, honesto,compreensivo e honrado. É doloroso quando os alunos, por

circunstâncias do destino, obrigaçõesou imprevistos, devem de ir embora ouseparar-se de nós, tendo permanecidoperto um determinado número de anose com eles termos passado tantosbons e maus momentos, com esforço,por vezes com dor, sacrifício,constância, etc. Com elesdesenvolvemos um relacionamentoquase que familiar. É muito belo quenão nos esqueçam e nós nunca nosesqueçamos deles... Como aqueleamor de pais, que tudo compreendeme tudo perdoam. Por muito grande queseja a distância física, que o não sejanos nossos corações!É muito importante que cada

Instrutor/ Professor ou Mestre, tenhasemeado uma enorme semente dededicação, compreensão, respeito eamor em todos e cada um dessesseres que passaram por suas escolase dojos.

Toda perda, toda separação ésempre “dolorosa para ambaspartes”. Por tudo isto, no Fu-ShihKenpo eu proponho, sugiro erecomendo:

a) Ser sempre honestos, sérios eprofissionais com os nossos alunos ecolaboradores.

b) Realizar com eles uma trabalhosocial e humano, cheio de respeito,compreensão, dedicação e esmero.

c) Padecer com elos no sofrimentoe agir com maturidade e dignidade,para saber e poder guiaradequadamente na sua formação eorientá-los acerca de que “tudopassa e nada é para sempre, nem obem, nem o mal”. Que saibamostraduzir e perceber as mensagensque a vida nos manda durante toda anossa existência.

d) Compartilhar e gozar com elesos bons momentos, triunfos, êxitos etambém as derrotas. Nunca esquecerque os bons momentos tambémpassam e que não nos percamos navaidade, no orgulho, prepotência etc.e que quando estivermos no ladoescuro e nos maus momentos,devemos aproveitar tudo o queaprendemos, para saber aceitar osgolpes naturais da nossa existência.Procurar superar-nos o antespossível para a dor não se tornardepressão, o que nos levaria a pioresestados.

e) Graças a Deus existem muitasboas pessoas neste mundo,honestas, íntegras, incorruptíveis,leais, consequentes, humildes etambém fortes. Seres com grandesvalores e com muito arraigadosprincípios de convivência social efamiliar.

f) Por outra parte, para aquelesseres volúveis, cambiantes conformesejam seus únicos e própriosinteresses, pessoas medíocres,hipócritas, invejosas, egoístas emiseráveis, dedicaremos tambémparte das nossas boas maneiras ecostumes, procurando contribuirpositivamente em suas vidas. Masnão devemos entreter-nos demaiscom elas, se nelas não percebermosmudanças para melhor, ou pelomenos a intenção disso suceder.Geralmente, as consequências paranós afinal serão piores se nosdeixarmos seduzir por elas.

g) Aqueles que são seres “mausde verdade”, que podem atéchegar a acredi tar em Deus epedir-lhe que lhes “proporcione umbom roubo”, mesmo que para isso

Reportaje

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conseguir tenham que infringir ummáximo mal às suas vítimas… (Isto,eu v iv i pessoalmente, comestupefacção pasmosa) . Estaspessoas são mui to d i f íce is demudar. Nasceram e foram criadosnesse terrível lado escuro da vida.Têm delinquido durante toda a suaexistência, porque não sabem nemdesejam fazer outra coisa. A nossamissão a este respeito é o diálogoe o exemplo. Tendo emconsideração que no maisprofundo do seu ser, tambémdesejariam ser pessoas normais eviver uma vida tranquila, junto defamiliares e amigos.Daqui, destas páginas, lembro-me

com o máximo respeito, afeição eadmiração dos meus pais,professores e mestres que me têmguiado, orientado o influenciado aolongo destes já 64 anos de existêncianeste belo mundo. Também ummomento de bons pensamentos emelhores desejos de saúde,harmonia e prosperidade, para todosaqueles que têm sido meus alunos,colaboradores, delegados ourepresentantes, para aqueles que jánão estão connosco, para os queabandonaram o caminho das artes

marciais, para aqueles que aindapermanecem a meu lado, e quesejam bem vindos os que vierem.Espero um dia conseguir ser um bommestre ou pelo menos um guia emsuas vidas. Todos subimos nomesmo trem e nas diversas estações,muitos se apeiam, outros continuamaté chegarem à sua própria estação.Obrigado a todos!

ESTUDA, REPETE, TRATA DECOMPREENDER E APLICAR ESTASSÁBIAS PALAVRAS.

Procura ser um bom artistamarcial e tornar-te um bom Mestre.A compreensão vem quando

estamos em calma. MEDITA.A ansiedade vem da paixão.

CONTROLA.A desgraça vem de falta de

humanidade HUMANIZA-TE.Os erros vêm da imprudência. SÊ

PRUDENTE.O pecado vem da impaciência. SÊ

PACIENTE.Devemos ser cuidadosos de não

olhar para coisas nocivas e aproveitaro dom da vista para apreciar ascoisas boas e belas da vida, assimcomo para uma leitura que permita

obter uma melhor educação.Agradeçamos à vida por termosolhos.Escolhe cuidadosamente tuas

palavras, evita mentir, fala só com averdade, amável e suavemente. Sêconstrutivo em teus comentários esempre disposto a dar palavras dealento a quem as necessitar. Não andes em más companhias,

aproxima-te da pessoa que temcompaixão e é boa. Comporta-tede manei ra correcta e amável .Cuida do teu corpo e da tuaaparência , mantém-te semprel impo e tem as tuas coisas emordem. “Diz-me com quem andas edir-te-ei quem és”. Respeita os idosos, eles são a voz

da experiência. Ir fazendo anos é aúnica e melhor maneira de viver avida. Muitos não alcançam esseprivilégio. Quantos e quantos serestemos perdido no nosso caminharpela vida!Honra os virtuosos. Admira, festeja

e aprende deles. Escolhe homens inteligentes e

sábios como líderes. É a melhormaneira de avançar.Perdoa sabiamente aqueles que

sejam ignorantes e mal criados.

Kenpo

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Todos temos um determinado tipo delimitações.Não deves rejeitar a pessoa que é

irresponsável. Mostra-lhe o caminho com oteu exemplo.Não esperes ser tratado como se fosses

melhor que outros. A humildade e ahonestidade é o melhor caminho para serrespeitado.Não tenhas ressentimentos de coisas

passadas. Segue em frente e aprende alição.Quando magoares outra pessoa, só te

magoas a ti próprio. Maus pensamentos eacções nascem do mais profundo donosso ser e portanto, primeiro nos afecta anós.Quando dependeres do que fizerem os

outros, só vais conseguir viver emdesgraça. Sê útil à sociedade e procura criar e fazer.Controla teu temperamento com

suavidade e tranquilidade. Pensa três vezesantes de agir, analisa quais poderiam ser asconsequências. Com boas acções sevence o mal. Sempre tem sido assim esempre assim será. Dando-se sempre aos outros,

controlamos o egoísmo e se gera essefluido ou sinergia.A verdade dominará a mentira. A mentira

tem patinhas curtas.

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Conheçam os vossos limites

Hagakure abre uma janela que mostra a vida no Japão,no Século XVIII. Podemos fazer uma ideia das frustraçõesque um samurai sentia em tempos de paz, assim como oestresse que envolvia a sua existência. Realmente, apóstermos visto e dito tudo, eles não era tão diferentes de

nós. Tinham as suas debilidades e muitas das passagens do Hagakuresurpreendem por sua simplicidade. Por exemplo, em mais de um textose chama a atenção dos samurais para que conheçam os seus limitese não exagerem com a comida e a bebida. Segundo parece, o samuraitinha tendência a encher o estômago de arroz e de vinho, para afogarsuas mágoas, coisa com a qual, tenho a certeza que muitos de nóssimpatizamos. A vontade de perder-se temporalmente atrás de umagarrafa, bem por divertimento, bem pela frustração de ter de tratarcom gente detestável a cada dia, esse é um facto da vida quotidianada maioria das culturas do mundo.

Versados

Alexander Bennett Ph.D.

O

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Hagakure

“O Hagakure abre umajanela que mostra a

vida no Japão doSéculo XVIII.

Com isso podemosfazer-nos uma ideiadas frustrações que

um samurai sentia emtempos de paz, assim como do

estresse que envolviaa sua existência”

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Versados

A repercussão de um noite de farra, hoje não passa de uma embaraçosa fotografia nasredes sociais, ou um pouco de sangue no nariz por ter batido em alguém em que não sedevia…. As consequências de uma bebedeira podem ser nefastas para um samurai.Letais de facto. No grau mais baixo da escala, as consequências que umabebedeira podiam ter para um samurai, são similares às que possam ter para umjovem executivo à procura de trabalho, ser com as calças baixas durante umafarra; quer dizer, uma mancha preta na sua reputação. “Tem de se ter cuidado de comportar-se apropriadamente nos acontecimentos

sociais. A observação cuidadosa das festas nos mostra que se pode acabarcompletamente bêbados. Beber álcool é prazenteiro sempre que se deixar deconsumir no momento adequado. É muito vulgar comportar-seimprudentemente e mostra a maneira de ser da pessoa e um baixo nível derefinamento. Quando bebe, o guerreiro deve ser ciente de que há olhos que oobservam. Sempre deve comportar-se apropriadamente em público”. (1-23)

Ao parecer, o espectro do alcoolismo também era um facto da vida no Japão dossamurais. “Muitos homens têm sido derrotados por o álcool. Este é um factolamentável”.

Como para muitas coisas na precária vida do samurai, a moderação eraprimordial para manter intacta a sua importante reputação.

“Tem de se estar atento a quanto se bebe para nãoembebedar-se e não exceder o limite. Em alguma ocasião

poderá até ser envenenado. Quando se festejar algumacoisa, tem de se estar em constante alerta para

enfrentar qualquer sucesso inesperado…” (1-68)

Quando diz “sucesso inesperado”, se estáreferindo-se a uma briga, que pode facilmentepassar a um combate com intercâmbio degolpes com instrumentos de aço, quando ostemperamentos alterados e a testosteronatomam o controlo.

“Beber é uma actividade comunitária,portanto, tem de se ter cuidado com aimpressão que se dá em público”. A moderação e o conhecimentodos vossos l imites, é umconselho muito adequado,mesmo na actualidade.

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Hagakure

Tem de se ter cuidadode comportar-se

apropriadamente nosacontecimentos

sociais. A observação

cuidadosa das festasnos mostra que se

pode acabarcompletamente

bêbados.Hagakure

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Quais são os elementos da serpente no DBMA?Em primeiro lugar está "a habilidade de mover o pau para proteger a mão, ocultar a intenção, criar a abertura e

mascarar o início”.Em segundo lugar, está a análise psicológica do

oponente.Em terceiro lugar e muito relacionado, está a análise

da sua estrutura, o que denominamos "A Teoria dasCâmaras".Em quarto lugar, há uma teoria específica sobre o

jogo de pés.Em quinto lugar, o uso da distância para EVITAR o

contacto, que inclui tanto a ST. FOOM (um acrónimode "fica absolutamente longe de mim") e o jogo depés específico para evitar o contacto.Em sexto lugar, existe a teoria da escaramuça

(muitos contra um, muitos contra muitos, onde onúmero de participantes por cada parte, pode ou nãoser igual).O primeiro elemento vai ficar para outro dia. Por

agora, vamos falar de que a forma distintiva do TOPDOG, de fazer girar o pau, nós a denominamos "orelógio", e que um lutador com experiência eminterceptar golpes, será capaz de utilizar um acima 8de uma maneira similar.

Voltemos aos tipos e jogos psicológicos quedevemos reconhecer na distância da serpente.Aqui vão alguns exemplos, sem ordem algum emespecial:

a) O "Mongo" (como homenagem ao personagemde Alex Karras na fita de Mel Brooks "Selas de Montarquentes"). Mongo quer esmagar qualquer coisa etodo o que vem para cima dele ou se encontrar nasua frente.

b) O assediador: Situar-se atrás, frequentementecom o passo e o jogo de pés do deslizamento.

c) O evado: evadir e tentar contra-atacar.d) O bloqueio e o contra-ataque: pressionar para

diante e tratar de interceptar o ataque.

A distância da serpente nas Artes Marciais dos “Dog Brothers”

Texto: Guro Marc “Crafty Dog” Denny

Como disse J.Matus, ver o invisível é ver como a vida é poderosa… O mesmoacontece no combate com paus... Com frequência vejo a dúvida e a expressão de"alerta vermelha" nos rostos das pessoas, quando treinam na distância da serpente,a primeira distância do DBMA, que se define como "antes de fazer contacto". Para amaioria das pessoas, se não há golpes, não acontece nada importante. No entanto,a ideia da distância da serpente estriba no que se faz antes de bater, a fim de definiro momento do impacto (e sua continuação), sem dúvida uma das partes maisimportantes da luta.

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MA Legends

e) O que adopta uma posição deataque muito aparente: Na realidadenão quer lutar. Normalmente, eles sesituam fora do alcance do oponente,com a esperança de que após algumtempo o mesmo perca a paciência.

f) O Vendedor: usa a bengala com aesperança de enganar o oponente.Não há motivo para se expor!

g) O jogo das três cartas: umavariação do vendedor, feita com duplopau. Mistura as câmaras de cada pau(por exemplo, mantendo um alto eoutro baixo) e trata de bater comaquele que o oponente não está vendo.

h) O velocista: sem muita força, temde mover-se e bater.

i) O troglodita: não se importa nadase lhe batem, ele tem de bater...

j) O Linebacker: vem por detrás,como um linebacker que apoia umquarterback no campo. Quer e romperquebrar e derribar.Há muitos mais e estes tipos se

podem combinar. Por exemplo, umMongo pode ser um assaltantetroglodita.

A Teoria de Câmaras é a análiseda estrutura física do oponente. Poronde ataca? Alguns exemplos:

a) O golpe de direita por cima doombro é "o homem das cavernas".

b) Termina este ataque com o seucotovelo na linha central? Então ele é

"ponto de apoio do cotovelo".c) Um "batedor de revés" prefere

lançar desde o lado inverso.d) Um "percutor" tem má forma e

tende a girar horizontalmente.e) "Mão traseira", porta a arma na

mão atrasada.f) A Câmara Baixa é uma posição

baixa de direita. Por vezes, isto seencontra em um “mão traseira”.

g) O Cavernícola Siniwali é umgolpe de homem das cavernas com amão atrasada e situa o pau adiantadoem posição de bloqueio (tambémconhecido como "paw e pow").

h) O Duplo Cavernícola é com cadapau por cima do respectivo ombro.

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i) A Falsa dianteira é com o ombroesquerdo e o pé direito para diante e opau direito na mão direita, ou vice-versa.Estes são só alguns exemplos. É

preciso saber quais são os pontosfortes e débeis e as soluções que hápara cada uma destas estruturas.Além do pau de serpente, também

existe "o pé de serpente", que porcertamente é um oximoro, porque asserpentes não têm pés… Mas issonada importa! Há uma teoria específica de jogo de

pés para esta distância, que vai ficarpara outro dia.

Na rua é muito possível que não sedeseje lutar e manter a os “chacais”à distância. O ST. FOOM estámovendo seus pés e suasferramentas, para criar uma bolhaem sua volta, onde ninguém queiradar nem um passo.O esgrimista usa todas as

habilidades de que necessita paramúltiplas situações. Isto é mais tácticae estratégia que técnica individual. Acapacidade técnica já se assome,pelo que, por regra geral, será tratadamais adiante, durante a formação. Senão se pode lutar contra alguém, épossível que não se esteja pronto para

pensar na luta contra mais de um,mas na nossa opinião, o treino dehabilidades de luta um contra um,deve assentar as bases para a lutacontra múltiplos oponentes. Não sedevem de criar acções reflexas quevirão a ser contraproducentes contramúltiplos atacantes. Por exemplo, emDBMA acreditamos firmemente nodesenvolvimento da capacidade paracombater de maneira equitativa eprática com ambas pernasadiantadas.Todos estes são elementos da

distância da serpente nas ArtesMarciais dos Dog Brothers.

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O Major Avi Nardia - um dos principais instrutores oficiaisdo exército e da polícia israelitas no campo da luta contra o

terrorismo e a CQB - e Ben Krajmalnik,realizaram um novo DVD básico que

trata sobre as armas de fogo, asegurança e as técnicas de treino

derivadas do Disparo Instintivoem Combate, o IPSC.

O Disparo Instintivo emCombate - IPSC (InstinctivePoint Shooting Combat) éum método de disparobaseado nas reacçõesinstintivas e cinemáticaspara disparar emdistâncias curtas, emsituações rápidas edinâmicas. Umadisciplina de defesa

pessoal para sobrevivernuma situação de ameaça

para a vida, onde fazem-senecessárias grande rapidez e

precisão. Tem de se empunhara pistola e disparar numa

distância curta, sem se usar a vigia. Neste primeiro volume se estudam: o

manejo da arma (revólver e semi-automática); prática de tiro em seco e a segurança;

o “Point Shooting” ou tiro instintivo, em distância curta e emmovimento; exercícios de retenção da arma, sob estresse emúltiplos atacantes; exercícios de recarga, com carregador,com uma mão e finalmente, práticas em galeria de tiro compistolas, rifles AK-74, M-4, metralhadora M-249 einclusivamente lança-granadas M-16.

REF.: • KAPAP7REF.: • KAPAP7 Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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O paradoxo é a própria essência do Tao, assim, ninguém parece já estranhar ofacto de ser através de um Ocidental, que as Artes da Oriental Tailândia estejama encontrar o álveo da sua essência. Marco de Cesaris é quem marca asdiferenças. O próprio governo tailandês implicado na organização e recuperaçãodas suas Artes tradicionais, conta de maneira permanente com este italianouniversal, para julgar e reorganizar a tradição quase perdida. Foi através dassuas pesquisas pacientes, fruto de inúmeras viagens, do trabalho contínuo, queMarco foi unindo a madeixa daqueles antigos Mestres aos quais ninguém jáprestava atenção. As formas tradicionais tinham sido postergadas pela novidadee o negócio em volta do aspecto desportivo, no entanto aí estavam,silenciosamente, sem nomes nem apelidos, formavam parte do treino que osmaiores treinadores usavam com os seus pupilos. Dessas maravilhas eram dedestacar as kata, as formas Mae Mai da tradição Thai, um segredo finalmentedesvelado na recuperação da via do Thai Boxing como Arte Marcial.Provavelmente, será no Ocidente onde tudo isso acabará por ser uma realidade,pois cada vez são mais os estudantes interessados nos aspectos marciais emenos nos desportivos, tal como se vivem e entendem na Tailândia. A vida de umdesportista Thai é tão sacrificada como distante do que interessa a um Ocidental,no entanto, a tradição Marcial e a sua forma de combate continuam, cada dia, ainteressar mais e estimular os artistas Marciais de Ocidente, devido à suariqueza, poder e efectividade. Agora finalmente temos as suas formas, mais outroêxito de Marco de Cesaris! E vão uns poucos! Parabéns!

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Mae Mai e LookMai Muay Thai: Asformas secretasdo Muay Boran

Parte primeira:OrigensPara preservar do

esquecimento – numcontexto cultural como o

actual – a riqueza do MuayBoran, isto é, o conjunto das

técnicas de combatedesenvolvidas pelo povo tailandês, e

enriquecidas pelas experiências detodos os Mestres do Sião, ao longo deséculos, o próprio Ministério daEducação da Tailândia deu precisasinstruções à Comissão Nacional daCultura, um dos máximos órgãos doGoverno desse país, de agrupar eordenar todo o repertório técnico daantiga Arte Marcial Thai; essa obra derestauração iniciou a realização deverdadeiros programas de estudo e umacompleta progressão técnica, que pôdeser utilizada também fora das fronteirastailandesas, para ajudar os estudantesde todo o mundo a aprender da melhormaneira possível, a autêntica Arteguerreira do Sião e não uma versãoaguada da mesma, com umaprocedência duvidosa.O resultado do trabalho de

codificação efectuado pelos Mestresconvocados pelo Director da Comissãode Cultura da época, Mr. PayungsakJantrasurin, dirigidos pela máximaautoridade na matéria, o Grão-Mestre eprofessor universitário PaosawatSaengsawan, levou a subdividir oconjunto das técnicas marciais com asmãos vazias do Muay Boran, nos cincosubgrupos que seguidamentemostramos.O primeiro grupo de princípios e

técnicas, denominado Chern Muay,incorpora os métodos para o correctouso das armas naturais do corpohumano (mãos, pés, tíbias, joelhos,cotovelos e cabeça) para atacar váriaspartes sensíveis do corpo do adversário:os ataques poderão ser directos ouprecedidos por f intas, âmagos, ouexecutados em combinação.O segundo grupo, ou técnicas Kon

Muay Kee, diz respeito ao estudo dosdiferentes estilos de luta úteis paraneutralizar os ataques do adversário, eos sistemas de contra-ataque: assim,

teremos técnicas de bloqueio, esquiva,deslocamento, antecipação, agarre,etc., seguidas por contragolpes directosa zonas não protegidas do corpo doadversário.O terceiro grupo é o Chap Ko e diz

respeito ao trabalho na curta distância,denominado também corpo a corpo, emque o lutador se especializa em técnicasde percussão com cotovelo, joelho,cabeça, e técnicas de ruptura articular eprojecções ao chão.Os últimos dois grupos compreendem

as técnicas, as estratégias e osmétodos de utilização dos princípiosfundamentais do Muay Thai Boran:denominam-se Mae Mai Muay Thai (ouMai Khruu) as 15 técnicas básicas doMuay Thai, e Look Mai Muay Thai (ouMai Kred) as 15 técnicascomplementares de combate.Tanto as primeiras como as

segundas, foram codificadas numaordem precisa, e o neófito teria de as

aprender segundo a sequência prevista,passando das técnicas mais simples àsmais complexas, para construir umassólidas bases antes de poderaprofundar nas estratégias maisadequadas à sua própria morfologia ecaracterísticas psicológicas.Como muitas outras "formas" das

Artes Marciais tradicionais, também oMae Mai e o Look Mai Muay Thai sãosusceptíveis de leituras diferentes,realizadas sob pontos de vista cada vezmais profundos.Se, de facto, a uma leitura superficial

estas formas parecem dar informaçõesrelativas só a movimentos ofensivos edefensivos, com um exame mais atento,sob a guia de um verdadeiro versadoem Muay Boran, tornam-se uma fonteexcepcional de noções indispensáveispara o combate marcial, até hoje em diaguardadas zelosamente e nuncatotalmente reveladas aos estudantesocidentais.

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Estas sequências técnicas, cujacodificação segundo algunsespecialistas, remonta ao século XIX,ensinam-nos, por exemplo, o sistemanecessário para desenvolver habilidadesindispensáveis, como a eleição dotempo (o timing) na acção de ataque oudefesa do adepto, a partir das primeirassessões de treino; além disso, ensinam-nos como treinar o sentido da distância,elemento relacionado com o pontoprecedente, com objectivos ofensivosou defensivos (ver a ênfase dada aoestudo deste elemento, nas técnicaspertencentes ao misterioso estilo deHanuman, o mítico Macaco Branco);abastecem-nos de um mapa dospontos sensíveis e vitais do corpohumano, conjuntamente com osângulos a utilizar para bater de modomais devastador; em fim, indicam-nosde maneira precisa, quais as armasnaturais (mãos, pés, tíbias, cabeça,também costas, cotovelos, joelhos) ausar para obter os maiores efeitosquando atacamos os diferentes alvosanteriormente identificados.Cada Mae Mai e cada Look Mai

também tem que ser estudado não sóna sua forma básica codificada, comotambém nas suas variantes principais(de 3 a 6 variantes por cada forma), edeve ser aplicado com uma ou maistécnicas combinadas, denominadas poralguns Mestres Thai "combinaçõesdevastadoras". O número total dasformas básicas e das variantes superamos 100 e representa a verdadeiraplataforma técnica do esti loactualmente em uso entre os membrosda IMBA.Para nós, apaixonados europeus, o

estudo desses princípios e grupos detécnicas é uma fonte praticamenteinesgotável de informação marcial degrande valor, utilizável em primeiro lugar,por quem estiver interessado emconstruir uma sólida bagagem técnicapara a autodefesa, e em segundo lugar,pelos preparadores de atletasprofissionais que através das Mae Mai eLook Mai, podem elevar em grandemaneira, a qualidade técnica de seuspróprios alunos, com benefícios a curtoe longo prazo.Devido aos Grão-Mestres da

Associação Internacional AITMA(Association Institute of Thai MartialArts) com sede em Banguecoque edirectamente controlada pela Comissãode Cultura da Tailândia, principalmentepelo GM Paosawat e o GM Woody e aIMBA (Academia Internacional de MuayBoran) – o organismo presidido peloitaliano Arjarn Marco De Cesaris, quecuida da difusão do Muay Thai Boran naEuropa, em nome e por conta da ditaAssociação, da qual De Cesaris ésupervisor para a Europa – hoje,também os praticantes ocidentaispodem aproximar-se a essas preciosasnoções como nunca antes tinha sido

possível fazer, até agora. Finalmente,podemos aprofundar nas tradições –aparentemente de fácil leitura, mas narealidade muito complexas – doverdadeiro combate marcial tailandês.

Parte segunda:As competições tradicionais de Mae MaiComo temos vindo a evidenciar nas

nossas reportagens mais recentesdesde a Tailândia, a moda dascompetições baseadas sobre elementosda tradição marcial siamesa, de factoestá em auge na pátria mãe do MuayThai. É com orgulho que nós, daAcademia Internacional de Muay Boran(IMBA), afirmamos termos tido umafunção importante na redescoberta evalorização de um enorme patrimóniotécnico e cultural que, segundo aspróprias autoridades tailandesas, estavaem declínio há anos e praticamente a

caminho do esquecimento. Por isso eranatural que precisamente os atletas daIMBA fossem entre os primeiros a seroficialmente convidados a tomar partedas competições oficiais, que vêmdesenvolvendo-se há alguns anos, nos

lugares mais sugestivos da Tailândia,dirigidas pela Comissão de Culturadesse país e, mais recentemente,organizadas pela AITMA, a entidadepara a conservação e a evolução dastradições marciais Thai. Para ser competitivos também sob o

perfil "profissional", durante estascompetições técnicas, denominadas"combates predispostos com o usoobrigatório de técnicas tradicionais MaeMai e Look Mai Muay Thai", durante esteano, os técnicos IMBA promoveramnumerosas ocasiões de encontro entre osmembros europeus (italianos, ingleses,espanhóis, alemães, holandeses efranceses), para melhorar as prestaçõesdos atletas que devem enfrentar os seuscolegas tailandeses durante os

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campeonatos internacionais, como o último realizado este anoem Ayuddaya, antiga capital do Reino do Sião.Vamos agora ver alguns dos elementos que podem "marcar

a diferença" em termos de avaliação, por parte dos juizes,durante uma execução de Mae Mai.• Utilizar movimentos sofisticados para neutralizar vários

tipos de ataque, como por exemplo, o deslocamento emponte para entrar, frente aos semi-directos ao interior do

golpe. Claro está que como para cada acção Kon Muay Kee –quer dizer, cada acção de defesa frente a qualquer golpe econtra-ataque – existem inúmeras possibilidades técnicas,entre as quais o atleta pode escolher em base à sua própriahabilidade e conhecimento da matéria. É claro que também,para uma melhor performance (e uma pontuação mais alta),se preferem soluções técnicas que mostrem um grandedomínio da disciplina.

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• Executar as técnicas da maneira correcta e eficaz,também no caso de atletas com tamanho e peso diferentes:por exemplo, estudamos como amortecer correctamente opontapé em rotação, deslocando-nos em diagonal para trás,para depois reagir avançando. Quando se escolhe umaacção, especialmente no caso de ser defensiva, é importanteter em conta o facto de que o combate tradicional comcordas, Muay Kard Chiek, ou sem cordas (em épocasprecedentes), se fazia também entre atletas de peso muitodiferente, ao contrário do que acontece actualmente nodesporto de ringue. Consequência disso é que algumasestratégias e técnicas, principalmente de parada, bloqueio eprojecção em uso hoje em dia, não são muito indicadas paraenfrentar adversários muito mais pesados que nós; por isso,quando se escolhem técnicas para as inserir nas rotinas doMae Mai, é importante verificar que respondem a esserequisito que, sem dúvida alguma, os juizes valoram muito.• Inserir na rotina técnica, também movimentos

espectaculares e eficazes, tirados do estilo Hanuman: porexemplo, existem nas formas mais antigas, muitas joelhadas ecotoveladas em salto, efectuados da média e da curtadistância, com frequência surpreendentes para o adversárioque não está habituado a essas acções devastadoras. Comfrequência, o aspecto espectacular não é sinónimo deeficácia, mas em muitas acções dos estilos de Muay Boranque se têm especializado em técnicas anómalas e

surpreendentes, como o famoso estilo Hanuman (o míticoMacaco Branco), podemos encontrar uma sábia combinaçãodos dois elementos citados, o espectacular e a eficácia. Namaioria dos casos, quem prepara uma rotina de Mae Mai,guarda as acções de Hanuman para a parte f inal daperformance, aumentando gradualmente a dificuldade dasexecuções técnicas, para chegar à hipotética conclusão do

combate justamente com um ataque tirado dabagagem técnica desse estilo. Claro está quetambém os juizes esperam que, pelo menos,uma dessas técnicas seja incluída naexecução da rotina, e é frequente queprecisamente a maneira de as combinar como resto das acções, favoreça a pontuaçãomais ou menos alta de todo o exercício.Como conclusão, podemos dizer que a

correcta preparação para participar numacompetição tradicional de Mae Mai Muay Thai,não só proporciona uma notável evolução dashabilidades técnicas e atléticas, como tambémé o método mais eficaz para dominar – comoassim também num combate real – as acçõespotencialmente muito perigosas que, quandotreinadas com atenção, nos revelam averdadeira essência de um método realmentemarcial, como é o Muay Boran.

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REF.: • KMRED 1REF.: • KMRED 1Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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ogicamente sabía dele desde faz anos, masconheci pessoalmente o monge SakiyamaSogen em 2010, quando um amigo comum melevou ao seu templo Kozenji, para meapresentar a ele.

Roshi Sakiyama Sogen nasceu em Naha, em 1921, nosalvores de um desenvolvimento do Karate no mundo, queiria acontecer de mãos de mestres como GichinFunakoshi, Kenwa Mabuni, Chojun Miyagi, KentsuYabu…, que o exportariam através de suas viagens à ilhaprincipal e a longínquos lugares do ultramar, como oHawai ou a Califórnia.Durante os seus anos no Liceo, ele se inicia na prática

do Karate, sob a direcção do mestre Juhatsu Kyoda.Depois, no Teacher’s College, Sakiyama tambémpraticaria Karate com o prestigioso mestre Chojun Miyagi,

Hoje, o nosso habitual colaboradorSalvador Herraiz nos leva até um curiosopersonagem da ilha de Okinawa. Trata-sedo principal monge do Budismo Zen dailha e amante karateka, que foi discípulodos legendários fundadores do Goju Ryu.Herraiz fala-nos deste importante Mestrede Zen e Karate, que passadosamplamente os 90 anos de idade, temsido exemplo de austeridade, humildade edisciplina.

RETRATO BÁSICO DO MONGE KARATEKA

L

Por Salvador Herraiz, 7º Dan de KarateShuri (Okinawa)

Salvador Herraiz e o Mestre Hokama conversam em 2010, com Sakiyama Sogen em sua casa, em Shuri, em presença de um grupo de karatekas norte-americanos.

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criador do Goju Ryu, ao mesmo tempo que seintroduz na prática do Zen, pela mão do RoshiMatsuhisa, que ensinava no mesmo lugar. Sakiyama Sogen serve no Exército durante

algum tempo e quando volta para casa, reiniciasuas práticas de Karate, desta vez com o mestreSeko Higa. Em 1949, logo após a guerra edurante a ocupação norte-americana do GeneralDouglas Mc Arthur, Sakiyama se instala na ilhaprincipal do Japão, para aprofundar no Zen, notemplo Bairinji, fundado em 1620, na cidade deKurume, onde, à beira do rio Chikugo, o mongeSakiyama amplia seus conhecimentos na escolaMyoshinji, da corrente Rinzai de Budismo Zen.De facto, pouco depois irá estudar no própriotemplo Myoshinji, em Kyoto, magestuoso lugarfundado em 1337, com mais de 50 temposmenores no seu recinto. Sakiyama continua a

À esquerda SalvadorHerraiz despede SakiyamaSogen na porta da sua casa,junto das colinas de Naha,em 2012. Em baixo, Sakiyama

durante um evento, juntodos Mestres Morio Higaonnae Zenpo Shimabukuro.

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Karate & Zen

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aprofundar no Budismo Zen da escola Rinzai, estudandotambém com o prestigioso mestre Roshi GenpoYamamoto, no templo Ryutakuji, fundado por HakuinEkaku, em Mishima, Fukuoka, em 1761 e posteriormente,com o não menos prestigioso Roshi Sogen Asahisa (1891-1979), no mítico templo de Engakuji, em Kamakura, dondeGichin Funakoshi se refigiara frequentemente, para mitigaro sofrimento provocado pela perda de seu dojo, de seufilho Yoshitaka e depois da sua mulher, em 1947. Em 1970, o monge se instala nos Estados Unidos, onde

ensina Zen durante dois anos, ao mesmo tempo que dáaulas de Karate. Esse tempo serve para ele resolver criarem Okinawa seu próprio centro, o Kozenji, em plenocoração de Shuri, a poucos metros do famoso e míticocastelo, onde se instala quando regressa.Já como Roshi, título ou posição de “veterano mestre”,

que na escola Rinzai significa ter recebido a autorização(inka shomei) de outro Roshi, após ter completado o

estudo Koan e recebendo a transmissão Dharma, que ofaz sucessor da linha, sem interrupção.Após isto, Sakiyama é um símbolo em Okinawa. Goza

de grande prestígio no mundo do Zen e do máximo noscírcuos karatekas da ilha, por ter sido também grandeversado de Goju Ryu e a ele acudirem importantesmestres, em busca de correcção e conselhos. Sakiyamavem participando habitualmente em eventos do Karateokinawense o em homenagens aos antigos mestres. Em 2007, quando muito perto do Budokan de Naha se

levanta o monumento ao mestre Gichin Funakoshi, porocasião dos 50 anos de seu falecimento, Sakiyama faz ashonras, junto com os ritos budistas. Desde faz já muitosanos, Sakiyama se tornou o principal Mestre de BudismoZen da ilha.Em 2010, junto com dois colegas karatekas dos Estados

Unidos e um mestre local, visitamos Sakiyama em suacasa, um pequeno edificio situado em frente do templo.

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Roshi Sogen me impressionoumuito, não só por sua alta posição noBudismo Zen, como também por serum sobrevivente das ensinanças deChojun Miyagi e por seu espíritoindomável, forjado numa humildade euma austeridade provadas. Sentados nuna das suas

habitações, o prestigioso monge nosfala e nenhuma das suas frases évazia de conteúdo e intenção. A suapreocupação é patente e nãodesaproveita um instante para que os

valores tradicionais se não percam.Tanto à chegada como na despedida,Sakiyama se ajoelha para nossumprimentar, ao mesmo tempo quetodos nos o fazemos. Seusmovimentos são lentos e vê-se bemque faze-los constitui um esforço, masquando fazemos um gesto de ajuda, oseu orgulho, seu pundonor e disciplinalevam-no a não aceitar a nossa ajuda.A últ ima vez que estuve com

Sakiyama foi em 2012. Foram apenasalguns momentos, posto que ele

devia ir ao hospital para tratar dedoenças que a idade inevitavelmentetraz, especialmente quandoamplamente passados os 90 anos.Enquanto entra no taxi, Sakiyama seobserva a si mesmo em um dos meuslivros e diz-me “Na próxima vez quevieres a Naha, não te esqueças de metelefonar e vir visitar-me”. Só espero poder em breve voltar à

ilha onde nasceu o Karate e queSakiyama Sogen lá esteja para mereceber!

Karate & Zen

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Dentro da verdade do ataqueNunca se discutiu tanto acerca da veracidade das técnicas aplicadas no

Aikijujutsu, e por conseguinte, nas artes derivadas desta. Dos muitos e-mails querecebo, principalmente de mestres mais estudiosos, percebo que, de uma formaou de outra, estamos chegando às mesmas conclusões: sua funcionalidade, demaneira empírica, sem adaptação, só é de todo eficiente para as necessidadesde épocas antigas; todavia, ainda assim, haja vista que a história é imaginável enão há meio de comprovação, existe uma margem de possibilidades, quecertamente, podem ser explicadas se os conceitos históricos forem pertinentesàs explicações de cada forma praticada. Ou seja, como não há meio decomprovação, praticamos acreditando estarmos fazendo o certo para aquele tipode ocasião ensinada nos Seiteigata.Por outro lado, tais técnicas, se aplicadas nos dias de hoje, necessitam de uma

adaptação forte e coerente: épocas diferentes necessitam de diferentespensamentos e adaptações. Será?As práticas dos Seiteigata favorecem a construção do pensamento da época

em que espadas, lanças, naginatas e etc., eram as armas mais perigosas.Certamente que os mestres mais sábios adaptam tais conceitos e pensamentos,tornando-os aplicáveis em qualquer tipo de situação. Em sua maioria, muitosfizeram uso das estratégias - Heiho - como fontes de inspiração e adaptação àssituações reais, empíricas. Se estas estratégias (heiho) fazem parte dos estudosde Aikijujutsu, certamente que estarão utilizando as técnicas desta arte; nadamais! O fenómeno foi apenas de adaptação!Se olharmos em profundidade, veremos que as máximas utilizadas como

método de ensino, sempre envolven a percepção do perigo e diversas formas desobrepujá-lo: é interessante observar que, entre os numerosos enigmas aos quaisos diferentes povos da Ásia recorrem frequentemente, por um hábito automático,e que reclamam soluções cheias de malícia, há um onde o lobo e a cabra (em vezdo cordeiro) desempenham também seu papel. Somente o homem pode ser olobo de outro homem! A classe samurai, em sua maioria, principalmente noperíodo Sengoku, desenvolveu inúmeras formas estratégicas de surpreender oinimigo; sem dúvida alguma, estas formas são aplicáveis ainda nos dias de hoje.É a simultaneidade do tempo que se faz presente; tão falada pelos mestres dozen, poderíamos dizer que o Aikijujutsu, tal como as outras artes marciais são

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atemporais? Quem nunca ouviu a frase “Exponha sua cabeça para que eleataque com toda a certeza”. Não podemos negar sua funcionalidade atemporal!No fundo, as técnicas, as estratégias de ataque e defesa, estão inseridas em

nós mesmos; tudo quanto existe, existe também dentro de nós mesmos. Cadacoisa, cada ser neste mundo todo, nada mais é que o tempo. A realidade decada ataque se encontra no tempo de sua aplicação! Uke e Tori comungam domesmo cálice de sabedoria em relação ao tempo; entretanto, cada um bebe àsua maneira.Nenhum Uke se coloca como obstáculo a nenhum outro Tori, nem pode o

tempo jamais se opor a qualquer outro tempo: cada um flui dentro de suarealidade. Ataque e defesa, verdades e mentiras... Como é mesmo sua relaçãocom você mesmo?Existem dois pontos importantes: a prática e a realidade. Um amigo afirmou:

Aikijujutsu é sinónimo de dor. Em outras palavras, queria dizer que as técnicaspraticadas dentro destas formas foram projectadas para provocar danos, físicos,psicológicos, internos; existiam para desestruturar. Todavia, como praticar algoassim? A consciência é o melhor remédio: a separação da realidade e a práticase inicia e termina com o respeito. Não necessitamos atirar em alguém parasabermos que uma arma de fogo é capaz de matar. A mente do praticante que édependente da ignorância, certamente que sofrerá o princípio tão desejado nastécnicas: eficiência! A mente tendenciosa se prende no: “Quero ver se funciona”;“faça aqui para eu ver”; “e ali? isto funciona?” Contudo, devemos lembrar, antesde qualquer demonstração, que o seu corpo não está preparado para receberuma técnica executada de maneira empírica ou mais firme. Muitos foram oscasos de alunos questionarem até o ponto de algum professor executar demaneira mais ajustada a técnica e, depois, escutarem que o seu braço poderiaser quebrado.Contudo, é este o ponto: não é de obrigação do mestre “amadurecer” à força

a mente do aluno intransigente. Deve, contrariamente, conservar a paz e esperarque, aos poucos, este se esclareça. Isto por que, compreendendo todos osconflitos, frustrações, perturbações, agitações e sofrimentos interiores, devepermanecer sereno e por conseguinte, exteriormente, sabe que este estado,torna-o intensamente activo; sua consciência está viva com todos os sentidosbem despertos, capaz, portanto, de observar sem nada desfigurar, de seguircada facto de maneira não tendenciosa.A mágica do domínio, da alteração da força do Uke; a condução de sua

energia e a transformação de seu interior... Subentendemos estas colocações

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Ogawa Ha

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apenas como conotativas e abstractas; todavia, me refiro aos momentos em queo Uke deixa de ser Yang e passa a ser Yin - deixa de exercer a acção e se tornapacífico.Diferentes formas de Osae (imobilização) e kansetsu (chaves e torções) podem

exemplificar este momento em que o eixo do Tori se estabiliza e passa adireccionar o eixo do Uke.

JouRiki:Jou - PuroRi - razãoKi - energia

É o fenómeno da eterna polarização natural das energias Yin e Yang queexprimem nos ciclos a dualidade harmonia e conflito - problemas, combatesestúpidos. É nesse ponto que muitas crises se desencadeiam. É o momento emque o mundo que envolve o Tori e o Uke não são mais do que Mujou,impermanência. Tal é o verdadeiro aspecto da vida e do mundo.Todos possuem essa força, todavia, há que se despertar para este instante

existente entre um e outro; caso não haja essa consciência, isso não chega a semanifestar, e a menos que seja realizado, não podemos nos inteirar.Em qualquer prática marcial, os vários graus de conhecimento que a evolução

nos oferece, alcançam-se com tipos variados de inteligência, proporcionados aonível biológico conquistado pelo indivíduo. Para as formas superiores praticadasno Aiki, os primitivos estão completamente imaturos. Podem recebê-lo, aprendê-lo, repeti-lo, possuí-lo em aparência, mas a prática munida de compreensãoobedece apenas aquelas que por ela se interessam. O conhecimento não sepode sobrepor à experiência, porque é consequência dela. Então, o que nos fazfluir?...Em verdade, nada! Um dojo não possui as mesmas propriedades de um rio

que, independente de nossa vontade, a força de suas águas nos conduzem àsoutras direcções. Isso significa que diferentes situações conduzem a diferentesraciocínios. Uke, Tori, Dojo, todos fazem parte do universo interpessoal queestabelece deferentes condições de uma boa técnica.Principalmente actuando como Tori, que é bem diferente de ser Uke, não

devemos cair no erro de pensar que um simples ataque determina o momento.Ainda que os estudos sejam feitos em forma de Seiteigata, cada movimentopossui uma fase completa em si mesmo; se o Uke no meio de uma

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Ogawa Ha

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movimentação altera sua técnica, então teremos duas fases que devem secompletar; e assim, cada uma tem o seu próprio passado e futuro. Por isso, nomomento em que as técnicas se completam, o ápice da tão buscada harmonia,a mente é chamada não-mente. O depois, o momento em que a técnica jáchegou ao fim, o momento em que o Uke já não interage mais com o instante,também é uma fase completa em si mesmo; tem seu próprio passado e futuro;então é dito que o momento é não-momento.Nesta etapa do entendimento, o Tori nada mais é do que a pessoa que

executou a técnica, e o Uke nada mais é do que a pessoa que recebeu atécnica. Portanto, quando o momento em forma de fluidez se manifesta,significa apenas ele mesmo: nada o faz fluir a não ser por interferência de ambasas partes.Então pois, o nosso problema não é sabermos o que é a independência, a

verdadeira função da técnica tal como os personagens Tori e Uke, mas, sim, oque significa a interacção de todos em um único momento. Com a compreensãodo momento, do instante, do figurativo Dojo como via destas relações, que é aconduta entre praticantes humanos, os que acreditam que estão sempreaprendendo; quer íntimos, quer estranhos, quer próximos, quer distanciados,começaremos a compreender todo o processo da existência e do conflito entrea técnica propriamente dita, a forma que executamos e a independênciarealidade/fantasia.Todos adoramos falar em fluidez, mas esquecemos que a dirá prática se inicia

muito antes de entrarmos no Dojo.

"Se medires o êxito em termos de louvor ou crítica, será infinita a sua angústia".

Lao Tsé

A questão é que sendo uma arte eminente da aristocracia japonesa, e vistacomo arte, a busca da perfeição surge através do inevitável: a guerra e a paz! Apartir daí, o raciocínio de que o centro gerado da força AIKI é o centro quecentrípeta ou centrifugamente transforma a energia oposta, dando forma às suasinvestidas. Todavia, existe um eixo extremamente importante da utilização destaforça: “Joge no Rasen-j” (energia espiralada de sentidos verticais); e ainda nestemesmo eixo, os fluxos rectos sem interrupção - “Oroshi”.Para os mestres de Haragei, que também são mestres de Aikijujutsu, existe

uma força central que se chama “Ch ki”, que é a força eliminatória, cuja reserva

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Ogawa Ha

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é localizada nos pontos inferiores do Hara. Quando esta força se produz, sejaatravés da adrenalina, ou respiração direccionada, é gerada uma pressão que,ao gerar calor (energia), torna-se forte e se direcciona para o centro, e uma vezconcentrada, expande sua energia ao longo da coluna vertebral, por onde passatodo nosso sistema nervoso.Uma vez que haja a consciência desta energia, e logicamente, os

conhecimentos necessários para utilizá-la, as práticas relacionadas aoAikijujjutsu ou as outras artes marciais em geral, tornam possíveis a expansão daconsciência, de maneira que o ser humano possa unir a consciência quotidianaà sua consciência interior, ou energética, de forma regular ou diária, praticandocuidadosamente uma sequência de exercícios e meditações combinadas. Logoo estudante praticante percebe o movimento da energia dentro de si e ao redordo seu corpo, e assim, conscientemente, começa a direccionar esse fluxoenergético para estimular e acordar os centros que envolvem o Hara. Sobretudonos dias de hoje, muitos mestres utilizam destes conhecimentos para umdespertar da paz interior. Em analogia conduzem os alunos através de umaexplicação acerca da espiral que eleva ou abaixa nossos sentimentos.Para estes mestres, o coração da paz e da harmonia, principalmente o que

expande a consciência, é sem ego. É o respeito e a estima por todos os seres eaprender dos outros. São as acções correctas e modo de vida correcto, assimcomo uma boa consciência; é silêncio, quietude abençoada, é o elemento maisimportante do caminho interior da energia despertada a partir do centro; nemmais nem menos que Mushin!

Porque é que as honras geram dissabor?Todo dissabor nasce do facto de alguém ter um ego.

E não é possível contentar o ego.Quando se puder libertar do ego não há mais dissabores.

Por isso: Quem se mantém liberto de favores e desfavores.Liberta-se da idolatria do ego.

Só pode possuir o Reino quem está disposto a servir desinteressado,Só a esse se pode confiar o Reino.

(Tao te King)

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Ogawa Ha

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udo começava dois anos atrás, em2012, em Fénix, Arizona, quando àOrganização Brasileira de Karate,comandada pelo dinâmico trio formadopor Marco Ferreira, Julio Bassan, eSamuel Ferreira, lhe foi concedida a

organização dos Campeonatos de Karate WKO.Eles se puseram imediatamente mão à obra e

começaram a organizar o Campeonato, utilizandoseus recursos e contactos.Os campeonatos deram início na manhã da

sexta-feira 21 de Novembro, às 10:30, com todosos faixas Kyu e as secções infantis, que finalizarama sua competição às 19:30 horas. No sábadoestava programado que entrassem em acção osCintos Pretos. A competição estava controlada pela arbitragem

do árbitro principal Rui Marçal, do Brasil e o árbitroassistente, o Dr. Eloy Izquierdo, de Valência,Espanha.Se esperava que uma das duas equipas

masculinas fortes, a dos lutadores do Brasil, emque se encontravam alguns dos melhores do Brasil,proveniente de Curitiba e Brasília, alcançasse avitória nos combates por equipas, mas foi a equipados Estados Unidos, dirigido por Adrian Ellis, quevenceu o Campeonato por equipas. Os estado-unidenses só tinham dois lutadores, um deles

Campeonatos do MUNDO WKO 2014

Tudo estava pronto para o 8ºCampeonato Mundial de Karate,em Curitiba, Brasil, mas ninguémesperava como ir ia ser tãoexcepcional!.Acabou sendo uma das

competições mais impressionantesdas que pessoalmente tenhoassistido. Não foi a maior, mascontava com todos os ingredientesde um desses acontecimentos queficarão na memória de todos osassistentes e que nunca seesquecem.

PresidenteDon Warrener Ph 1-818-891-1133Cell [email protected]

T

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Karate

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proveniente da Suécia, Lucas Bokelius, para poderformar a equipa. Depois contrataram o canadenseCONROY COPELAND como seu treinador e aAdrian Ellis, que se uniu como ajudante. A equipaacabou sendo conhecida como a “equipa dasNações Unidas”, em vez de só como a equipa deEstados Unidos. Na competição feminina de formas, foi Marcia

Budd Scheneff, do Canada, que conquistou o títulodo Campeonato do Mundo. A sua forma eraexcelente e um acerto pleno de seu Sensei DavidTURKOSKI, de Brantford, Ontário, Canada.TURKOSKI trouxe uma equipa de cerca de 40competidores, treinadores, ajudantes e auxiliaresda equipa.Quando chegou o momento da competição de

formas masculinas, a decisão era fácil! Houve boasformas executadas por Ian Pollet, da Austrália, masnenhum parecia estar na mesma competição que osuper estrela brasileiro, o Campeão Mario HayashiJr. Seu kata "Unsu", que foi simplesmenteimpecável, e suas pontuações mostraramrealmente que naquele dia, ele foi o melhor doWKO na competição de kata.A equipa australiana, à frente da qual estava Ian

Pollet, era muito forte, com a sua mulher grávida decinco meses, que conseguiria vencer em kata, nasua categoria.Na Competição de KUMITE de Mulheres, a

brasileira Cinthia Carolina Costa alcançou asmáximas honrarias, superando Mary Power, doCanadá, numa grande luta. Seus compridosbraços, sua grande coordenação e sua defesasólida foram determinantes para alcançar amedalha de oiro.Chegado o momento do grande campeão de

Kumite, Mário Hayashi Jr., mais uma vez teve devencer no combate final a Wilson Miranda, deBrasília.Hirokazu Kanazawa disse uma vez que a marca

de um verdadeiro campeão é que pode alcançar oprimeiro lugar, tanto em kata como em Kumite, nomesmo campeonato. Então, se isto é assim,suponho que podemos dizer que Hayashi é umverdadeiro Campeão de Campeões.O WKO é muito diferente de outras organizações

internacionais de Karate, posto que estão voltandoà essência original do Karate Japonês, mediante aaplicação dos princípios originais do Karate, emespecial da palavra Zanshin, que tem um

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Karate

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signif icado muito mais profundo que o deconcentração mental.O significado mais profundo quando se aplica à

competição é o de que uma boa vitória e uma mávitória são bastante nítidas, como assim também osão uma boa derrota e uma má derrota.Por exemplo: se quando se luta, se marca um

ponto e não o festejamos nem nada, simplesmentese aceita, isto é o que estamos procurando. Saltarfestejando na cara dos oponentes, é uma falta derespeito.Uma boa derrota é por sua vez, quando

simplesmente se aceita a decisão; e uma máderrota é quando alguém se queixa dos resultados.Isto é trabalho do treinador e não do competidor, emais uma vez, isto deve ser feito mostrandorespeito ao oponente. Claro está que festejar asvitórias está autorizado fora do ringue.Somos um exemplo positivo do espírito do

Zanshin e sempre temos uma boa vitória ou umaboa derrota!Há outra coisa que o WKO faz de maneira

diferente e é a promoção de seus vencedores,posto que não está promovendo os directores esim os CAMPEÕES e faz isto através de sítios web,facebook, Twitter e a Revista Budo International.Também são apresentados aos directores eprodutores de Hollywood, com a esperança de quepossam conseguir papeis para trabalhar nos filmes.Por outras palavras, o WKO trata acima de tudo,

dos competidores, não dos dirigentes daorganização.A outra diferença interessante é que o WKO tem

como último objectivo a camaradagem entre asnações e o intercâmbio de diferentes culturas, porisso, os Campeonatos do Mundo se levam de umpaís para outro. O presidente da Organização disseser este o nosso grãozinho de areia para a pazmundial e que talvez seja um sonho, mas é um beloe bom sonho!Este ano não foi diferente. A Festa Sayonara

organizada pelos brasileiros, ofereceu um banquetedigno de um rei. O Brasil é conhecido pelo que eleschamam “Churrascaria” (BBQ) e que osestrangeiros chamam “uma sobredose decolesterol”, posto que serviram pelo menos 30pratos diferentes e também tinham uma pessoamuito parecida com a famosa argentina Eva Perón,cantando ópera na sala cheia a desbordar… Sópara o banquete havia perto de 100 pessoas.Em Budo International poderão ler artigos em

profundidade acerca destas jovens promessas dofuturo, posto que publicaremos artigos acerca decada um deles e como chegaram a ser Campeõesdo Mundo.

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Karate

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Todos os artistas marciais trabalham em de 3 a 5 dimensões, a quarta e a quinta estão noâmbito dos praticantes mais avançados. Cada dimensão tem um duplo significado quandoutilizados nas Artes Marciais tradicionais e uma aplicação secundária quando aplicandoKyusho. O nível convencional, rudimentar, ou explicação científica é a física do som e quantona natureza é atlético, enquanto que a explicação Kyusho está mais arraigada na micro físicae tem uma maior profundidade. É esta atenção micro física, o que permite ao praticante deKyusho ter outro nível de aplicação e dedicação afectiva.Este não é uma matéria típica da Arte Marcial, posto que se baseia mais no âmbitocientífico, mas está no centro de todos os estilos marciais, assim como no uso de Kyusho. Oobjectivo previsto neste artigo, é ilustrar a diferença nestas rígidas leis, das típicas ArtesMarciais até o Kyusho.

As 5 Dimensões do Kyusho

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As 5 Dimensões do Kyusho

1ª DimensãoNas Artes Marciais regulares, a primeira dimensão é a distância..., o

alcance se vamos implementar os nossos métodos ou a nossa Arte.Isto está em todas as escolas e aulas, mas não é mais que a aplicaçãocientífica simples, não é a aplicação interna (o ponto vital, se assimqueremos).Ao aplicar Kyusho, esta dimensão se considera mais como

Profundidade ou nível de penetração. Nas Artes Marciais regulares temde se bater no exterior tão forte e rápido como seja possível,entretanto, o corpo tem protecções naturais para salvar a vida. Ocorpo pode partir-se, mas isto dispersa a força para que a penetraçãomais profunda seja evitada. Certamente que se a força é maior que acapacidade de protecção, vai haver consequências graves, mas isto émuito difícil de conseguir numa aplicação típica..., basta ver os abusosque os lutadores de MMA podem suportar.A maioria dos lutadores de AM reparam na distância entre eles e seu

oponente, mas não se vêem nesse oponente, nem procuram chegar aoseu interior. Só procuram a “cascara”, a parte externa, enquanto que opraticante de Kyusho penetra no primeiro espaço dimensional.

Então, qual seria a segunda dimensão das AM (em termos da leinatural)?

As 5 Dimensões do Kyusho

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Kyusho

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2ª DimensãoÉ claro que a segunda dimensão nas AM são os movimentos

angulares fora da linha de distâncias originais, ou linha deaproximação ou escape. Na ciência, este é o eixo E e o eixo X dalinha recta... e produz uma grande vantagem e uma desvantagem.Isto é um motor para a alavanca, a esquiva, a redirecção e outrosmovimentos físicos para tomar vantagem sobre o oponente.Mas a segunda dimensão para um praticante de Kyusho é o

ângulo interno do ataque a um objectivo anatomicamente débil,específico para maximizar o efeito e a disfunção interna. Isto écrucial se queremos superar as protecções naturais e a energia dadispersão, atributos do corpo externo. Tem de se penetrar emdiversos ângulos, para penetrar entre os músculos, os tendões e osossos e ter acesso aos nervos e os vasos sanguíneos, para afectar omáximo possível ou destruir.Estes dois primeiros casos são fáceis de perceber, até para os

principiantes da disciplina que for. As seguintes dimensões fazem referência àqueles praticantes

mais avançados.

3ª dimensãoA terceira dimensão é a altura, ou em seus termos mais

básicos, a perpendicular ao eixo XY (Z). Então, como se utilizanas AM típicas?A terceira dimensão pode permitir ao artista marcial utilizar a

altura do ataque, quando já fora da linha recta e no segundo planodimensional. Também poderia ser realizada para quedas ou paralevantar um oponente ou a nós mesmos, ou para uma técnicaseleccionada, ou para forçar um novo ângulo ou plano.Então, como poderia isto relacionar-se com o Kyusho? A terceira dimensão se utiliza quando já em contacto com a

estrutura anatómica, tanto sejam nervos, vasos sanguíneos, tendõesou órgãos, a fim de esticar, desgarrar, comprimir ou quebrar essaestrutura.

As 5 Dimensões do Kyusho

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Kyusho

“A definição que mais ajuda aspessoas não só a

compreender em um graumais elevado, como também aprovocar efeitos Kyusho damaneira mais eficaz e

eficiente, é a Trajectória"

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A maioria dos praticantes de Kyusho (não todos) aprendem asduas primeiras dimensões de atributos e podem realizá-las. Aterceira é o que diferencia da maioria os praticantes de Kyushomelhor qualificados, posto que se soma o toque, o corte, essepequeno extra que aumenta os efeitos.Agora bem, realmente, a quarta dimensão tem sido explorada por

muito poucos, ainda que sendo comummente conhecida pelamaioria.

4ª DimensãoEntão, o que é a quarta dimensão nas Artes Marciais? A quarta dimensão é o Tempo.Dizem que o tempo o é tudo. Pois bem, talvez não, mas é o

primeiro na lista dos artistas marciais... e é o que separa osprofissionais verdadeiramente avançados, dos que ainda não sedesenvolveram. Se numa situação, somos uma fracção de segundomais rápidos, temos a vantagem; se somos um segundo maislentos, estamos em desvantagem.

No Kyusho o factor tempo tem um duplo aspecto• O aspecto do tempo no alvo é um factor chave, posto que em

alguns objectivos temos de bater rapidamente, mas outrosnecessitam mais tempo de execução, em função da estrutura quese estiver atacando, das estruturas em volta do alvo e daprofundidade (1D) desse objectivo.

• O outro aspecto do batimento em tempo parcelado, significabater mas não com o mesmo espaço de tempo. Para afectar mais(desequilibrar os sistemas fisiológicos) deve alterar-se, modificar asincronização dos golpes e assim, o corpo do oponente não esperao próximo golpe e não será capaz de defender-se tão facilmente.Isto se estende inclusivamente a manipulações das articulações,posto que não se deve manter a mesma pressão durante muitotempo, visto que o corpo pode adaptar-se.

As 5 Dimensões do Kyusho

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Kyusho

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As 5 Dimensões do Kyusho

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5ª DimensãoEntão, qual é a quinta dimensão nas artes marciais?Na ciência, a quinta dimensão é a consciência. Isto

permite a percepção de todas as outras dimensões,relacionando-a com o futuro, o passado e também àsvariações frente a esse caminho de tempo linear. Também sepode chamar a percepção ou intuição (tudo depende daexperiência). Um lutador de primeira categoria, tem estaconsciência no ringue; o soldado tem-na no campo debatalha. Ambos têm uma sensação de incomodidade ou deameaça iminente e estão preparados.Aqueles que alguma vez tiveram um encontro perto da

morte, como consequência de um acidente ou de estarperto de um acidente, devem ter percebido de que a suamente começa a mover-se mais lentamente nestassituações. Tudo parece acontecer à câmara lenta. Nestassituações na quinta dimensão da consciência, a percepçãodo tempo se faz mais lenta.No Kyusho, esta dimensão também tem um duplo

objectivo:• Em primeiro lugar está a empatia, sentir a acção ou a

intenção (isto se desenvolve quando se recebe o ataqueKyusho, assim como quando se realiza)... e determina oêxito ou o fracasso do golpe, ou o fracasso em cumprir atarefa. Quando se sabe (por experiência) o que sucede a umalvo atacado fisicamente, se pode aplicar muito maisfacilmente e com maior êxito.• Em segundo lugar, será saber exactamente o que se

está atacando e as reacções do corpo quando se atacam ouestimulam essas estruturas. Mas ainda mais que isso, trata-se de sabermos já, como vai reagir esse pessoa, física,mental e espiritualmente ou se ainda tem vontade de lutar.Assim sendo, para conseguir as 5 dimensões de

Kyusho (junto com as da arte marcial):1. Primeiro, o estudante deve aprender a necessidade de

um ataque penetrante ou a manipulação e conseguir umaligeira reacção.2. Depois, tem que começar a utilizar os melhores ângulos

(e armas) para penetrar com maior precisãoaté a profundidade correcta e com menosresistência da estrutura circundante.3. Seguidamente, a necessidade de

esticar, de torcer ou comprimir a estruturafísica subjacente (nervo, vascular, órgão) damaneira mais vantajosa, para obter oresultado desejado.4. Deve aprender a distribuir o tempo,

ass im como a prec isão , paradesequilibrar o funcionamento fisiológicodo oponente.Por último, deve saber o que se sente no

ataque, como o oponente se vai sentir, vaireagir ou cair, para que poder intensificar oataque ou utilizá-lo estrategicamente contramúltiplos oponentes.

Sinopse 5ª Dimensão:1. É necessário "sentir" a estrutura.2. É necessário "sentir" a maneira em que se

comprime (com estiramento).3. É necessário "sentir" que a estrutura reage

ao ataque, manipulação, etc.4. É necessário "sentir" o efeito através da

empatia que causa no oponente ou parceiropaciente.5. Deve "sentir" o oponente a derrubar-se

saltar, relaxar-se, etc., posto que isto indicarátudo o que se necessita e abrirá muitas maispossibilidades.Então, como conseguir tudo isto?Através da experiência e do uso da

trajectória.Observando esta fotografia de uma bala que

viaja através de gelatina, podemos ver a diferença entre oataque balístico convencional e o ataque do Kyusho.Se vemos o balde de gelatina como o corpo humano e a

distorção como os efeitos do golpe de uma bala sobre essecorpo, conseguimos uma visão muito valiosa. Com um fortegolpe de punho, cotovelo, joelho ou qualquer armacontundente, vemos que na superfície e também no interior,há um trauma massivo ou efeito expansivo nessa estrutura.A força é capturada e absorvida quando se dissipa dentroda estrutura, no ponto do impacto. Magoa o tecido ou aintegridade física, mas depende exclusivamente daquantidade de força utilizada.A ideia de que o Kyusho pode ser representado pela bala

que viaja em um caminho através do objectivo, numa rotaespecificada pelo espaço e o objecto, é muito diferente. Masprimeiro devemos obter a terminologia correcta, posto que aconfusão radica nisto.Em Kyusho, o lema típico é "ângulo e direcção" na

superfície, (nunca melhor dito), esta é uma maneira de verválida mas muito limitada.Ângulo: se traduz na maneira em que a arma se aproxima

a um objectivo específico (ainda há quem o denomine pontode precisão), é um descritor da acção física. Trata-se de umaposição inicial a uma posição final, de diante para detrás, demaior a menor, de menos a mais, da direita para a esquerdaou da esquerda para a direita, etc.Direcção: se traduz em um eixo sobre o qual alguém ou

algo se move e pode levar a erro ao praticante novato noestudo do Kyusho. É também por isto que muitos trataminfrutuosamente de provocar grandes efeitos, mas ficamcurtos... Por desgraça também, porque muitos se rendem,afirmando que Kyusho não funciona.A definição que mais ajuda as pessoas não só a perceber

em um grau mais alto, como também a provocar efeitosKyusho da maneira mais eficaz e eficiente, é a "Trajectória".A Trajectória é o caminho seguido pelo voo de um projéctil

ou um objecto, que se move sob a acção de determinadasforças, através do espaço. No Kyusho, isso é o que

Kyusho

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As 5 Dimensões do Kyusho

“Na ciência, a quinta dimensãoé a consciência.

Isto permite a percepção detodas as outras dimensões,relacionando-a com o futuro,o passado e também àsvariações frente a esse

caminho de tempo linear”

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Kyusho

procuramos, para mandar a nossa energia cinética por umcaminho específico no corpo humano; não ao lugar doimpacto mas sim mais para o fundo, no núcleo. Nãoprocuramos traumatizar o exterior ou cascara do corpo etodas as suas estruturas; procuramos uma trajectória aolongo de uma estrutura de acesso ao núcleo. No Kyusho,este é o sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro),através dos nervos. Por isso é que não há lesões no Kyusho,posto que não estamos utilizando nem necessitamos,traumatismos fortes ou potentes. O Kyusho continuaráfuncionando assim, como também ilustra esta imagem. Odano pode ser infligido e a trajectória também seguida, masno treino, a importância radica na trajectória eem alcançar o núcleo com uma forçatão pequena como seja possível.Quando se treina e já se domina,se adiciona força (se alguma vez énecessário), e de certezamultiplicará os efeitos para umaprotecção ainda mais fiável (etambém os problemas legais)...Nas MMA também vemos agora

as duras realidades disto. Vemos aforça e a brutalidade, que

frequentemente se absorve quando se luta..., mas de vez emquando, vemos a trajectória correcta usada com menosforça em um lugar, de tal modo que incapacita o oponente.Mas isto e a maioria das Artes Marciais são desta naturezaYang e não têm tanto a ver com o funcionamento internocomo com a destruição dos aspectos externos.E a modo de comparação com o Yin, reparamos na

habilidade do Kenjutsu ou dos estilos japoneses da espada.Não utilizam a força para fazer seus recortes, utilizam atrajectória para atravessar a parte externa... Isto é do que oKyusho trata, ou devia de tratar.Não é a força, não é o ângulo ou a direcção…, mas sim

que tudo está na trajectória.

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Sempre tendo como pano de fundo o Ochikara, “a Grande Força” (denominada e-bunto na antiga língua dosShizen), a sabedoria secreta dos antigos xamãs japoneses, os Miryoku, o autor leva a um mundo de reflexõesgenuínas, capazes de ao mesmo tempo mexer com o coração e com a cabeça do leitor, situando-nos perante oabismo do invisível, como a verdadeira última fronteira da consciência pessoal e colectiva.

O espiritual, não como religião mas como o estudo do invisível, foi a maneira dos Miryoku se aproximarem domistério, no marco de uma cultura tão rica como desconhecida, ao estudo da qual se tem dedicado intensamente oautor.

Alfredo Tucci, director da Editora Budo International e autor de grande número de trabalhos acerca do caminhodo guerreiro nos últimos 30 anos, nos oferece um conjunto de pensamentos extraordinários e profundos, quepodem ser lidos indistintamente, sem um ordenamento determinado. Cada um deles nos abre uma janela pela qualcontemplar os mais variados assuntos, desde um ângulo insuspeito, salpicado de humor por vezes, decontundência e grandiosidade outras, nos situa ante assuntos eternos, com a visão de quem acaba de chegar enão comunga com os lugares comuns nos que todos estão de acordo.

Podemos afirmar com certeza que nenhum leitor ficará indiferente perante este livro, tal é a força e a intensidadede seu conteúdo.

Dizer isto já é dizer muito em um mundo cheio de manjedouras grupais, de ideologias interessadas e demanipuladores, e em suma, de interesses espúrios e mediocridade. É pois um texto para almas grandes e pessoasinteligentes, prontas para ver a vida e o mistério com a liberdade das mentes mais inquietas e que procuram ooculto, sem dogmas, sem morais passageiras, sem subterfúgios.

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urante os dois mil primeiros anosda história das Artes Marciais,nunca se questionou o dever e aobrigação que os guerreirostinham, de realizar um treino“Marcial”. De facto, todos

sabemos que originalmente, “as disciplinasMarciais” se desenvolveram exclusivamentepara o treino dos guerreiros e foramespecificamente pensadas para o campo debatalha. A fim de contas, a palavra “Marcial”vem da palavra Marte, o Deus romano daguerra! E sabemos, graças à história, quedurante muitos séculos (tanto nas tradiçõesasiáticas como nas ocidentais), o treino emArtes Marciais (com Armas ou sem elas) estavareservado para as classes guerreiras. Osespartanos, os cavaleiros templários e ossamurais são alguns exemplos querapidamente vêm à memória. O treino Marcialdessas classes guerreiras evoluiu duranteséculos e em muitas culturas, no mundo todo,

Nos meus dois últimos artigos,tratamos de uma matériainteressante mas incrivelmentecontroversa, que tem sido debatidano nosso âmbito muitas vezes: opapel das Artes Marciais (se otiver…) no treino das Forças deOrdem. Neste artigo, vou continuardesafiando os leitores, apresentandoe debatendo da mesma maneirainteressante e controversa, acercadeste assunto que tem feito parteda nossa cultura desde o início daEra Moderna: o papel das ArtesMarciais (se o tiver) no treinomilitar.

D

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Grão Mestre John Pellegrini

“Durante os dois milprimeiros anos dahistória das ArtesMarciais, nunca se

questionou o dever e aobrigação de realizar um

treino Marcial, que os guerreiros

tinham”

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até se tornarem centenas de esti los esistemas. Muitos deles os conhecemos hojecomo “Artes” Marciais. Mas devemos lembrare esclarecer que a maioria dos treinos dosguerreiros estiveram, durante séculos,dedicado principalmente ao uso das armas,enquanto que o treino sem armas era vistocomo o últ imo recurso, a opção“predeterminada” quando falhavam as armasou não estavam disponíveis.

Com as Artes guerreiras e militares,inexoravelmente ligadas às Artes Marciais aolongo da história, não resta dúvida algumaacerca do seu papel no treino de tropas. Noentanto, nos inícios dos anos 70, alguns“versados” militares (alguns deles civis semexperiência em combate) começaram a afirmarque o treino em Artes Marciais para osexércitos modernos não era útil, nas condiçõesde campo de batalha e defendiam não “perdertempo e dinheiro nessas obsoletas e inúteistécnicas”. Alguns reconhecem (contrariados),que no melhor dos casos, alguns treinos emArtes Marciais poderiam ter alguns benefícioscomo “exercício físico” ou como “desporto decombate”.

Seus argumentos se baseiam nos seguintesaspectos;

• Os soldados modernos portam armas dealta tecnologia.

• Os soldados usam um equipamento muitopesado (até 65lbs./30Kg).

• Os soldados modernos quase NUNCAentram em combate corpo a corpo.

Por estes motivos, as técnicas de ArtesMarciais são pouco práticas, desnecessárias etalvez até perigosas para os própriossoldados.

Agora eu vou apresentar o argumentooposto, a favor de que o treino em ArtesMarciais é prático, efectivo e necessário paraos soldados modernos.

“Cada vez mais, asunidades militares domundo são requeridaspara missões tais como

‘manter a paz’,‘reconstruir nações’,‘vigilância policial’,

‘ajuda em desastres’,‘controlo de massas’ eoutras missões de

‘assistênciahumanitária’.

As habilidades nas Artes Marciais podem

ajudar às tropas,enquanto reduzem

a violência”

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Grão Mestre John Pellegrini

“O treino em Artes Marciaiscontribui significativamente adesenvolver o carácter doguerreiro. Durante séculos, a combinação da disciplinafísica, mental e espiritual

necessárias para o treino docombate corpo a corpo,

tem ajudado enormemente aforjar o espírito e a

mentalidade do guerreiro”

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Acredito estar euadequadamente qualificadopara esta tarefa, devido à miexperiência pessoal treinandounidades militares em todo omundo, durante mais de 25anos. Estas experiênciasincluem a instrução de tropasda OTAN na Europa, UnidadesAnti-terroristas na Colômbia eUnidades de Elite do Exércitodos ESTADOS UNIDOS.Também tive o raro privilégio ea honra de ter treinado tropasestado-unidenses e aliadas noAfaganistão (2006) e no Iraque(2008). Também servi na divisãode elite dos pára-quedistas doExército Italiano (1968-1969).

Agora que apresentei minhasreferências e experiência nesteassunto, aqui exponho osmeus argumentos a favor dotreino em Artes Marciais para oexército, baseando-me nosseguintes pontos:

• O treino em Artes Marciaiscontribui significativamente adesenvolver o carácter doguerreiro. Durante séculos, acombinação de disciplinafísica, mental e espiritualnecessária para o treino do

combate corpo a corpo, temajudado enormemente a forjaro espírito e a mentalidade doguerreiro:

• Devido às cada vez maisrestringidas “Regras deIntervenção” impostas pelosgovernos e as organizaçõesinternacionais (e examinadaspelos meios de comunicação),aos guerreiros modernos sedevem somar habilidadesadicionais (não letais) no treinode combate, especialmentepara fazer lembrar às tropascomo tratar e interagir com civis.

• Em determinas situações,se manda aos soldadoscapturar inimigos vivos paraassuntos da Inteligência. Astécnicas de controlo com mãosnuas são necessárias para isso.

• Durante os interrogatóriosde prisioneiros, o pessoal quedisso trata, está sempredesarmado. Mais uma vez, ashabilidades com mãos nuastêm una importância vital.

• Cada vez mais, asunidades militares do mundosão requeridas para missõestais como “manter a paz”,“reconstruir nações”,

“vigilância policial”, “ajuda emdesastres”, “controlo demassas” e outras missões de“assistência humanitária”.

As habil idades nas ArtesMarciais podem ajudar astropas reduzindo a violência.

• Por último, as armas (tantosejam de alta tecnologia ounão), mesmo quando se usamadequadamente, podem falhar,ficar sem munição, podem cair,podem ser tiradas das mãos,ou quando de repente senecessitam, podem não estardisponíveis.

Penso que os leitores estãode acordo comigo, em que jádemonstramos os casos deuti l idade, importância esabedoria, do competente enecessário treino de ArtesMarciais para soldadosmodernos profissionais. Énosso dever convencer oslíderes de alta categoria, assimcomo os soldadosindividualmente, dos benefíciosque proporcionam os nossostreinos e esperemos que nãosejam os guarda-livros nem ospolít icos, a tomarem asdecisões.

“Em certas situações, se manda aos soldadoscapturar inimigos vivos para assunto de

Inteligência. As técnicas de controlo com mãosnuas são necessárias para isso”

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Tácticas de Bengala PolicialBaseadas na RealidadeA agente Judy Ochoa pediu reforços. Estava

prestes a realizar uma detenção e precisava demais agentes. Eu encontrava-me apenas a umquarteirão dali, de maneira que peguei no rádio edisse "Vou para aí. Estou quase a 97 segundos.”Estacionei o carro patrulha e comecei a andar

na ruela. Via a Judy a falar com um homem queparecia mais disposto a ir para a praia que paraa cadeia. Tinha uns 30 anos, bem bronzeado, decabelos pintados de loiro e usava uma camisahavaiana, calção curto e sandálias. Atrás de mimvinha o agente Ted Williams, que também acudiuà chamada. Era um homem baixo e musculoso,daqueles que gostamos de ter por perto quandoalguém quer brigar. Mas, pelo aspecto dohomem que a Judy se dispunha a prender, nãoparecia que fosse haver luta nenhuma.O suspeito era procurado por conduzir ébrio.

Levava dois anos a fugir da polícia e agora tinhasido apanhado. Em vez de resistir à Judy,mostrava-se educado e desculpava-se muito.Quando a Judy lhe pôs as mãos nas costas, ohomem disse: "Sinto muito tudo isto. Há já muitotempo que desejava entregar-me. Ainda bemque estão aqui, para acabar com isto de umavez por todas". Eu situei-me diante dele e oagente Williams fez o mesmo. Judy, que estavaatrás do suspeito dócil, tirou as algemas do

Há já vários anos que JimWagner tem vindo a dar aconhecer o mundo da defesaprofissional aos civis, mas semdeixar de lado as suas ensinançasde especialista aos profissionais.Hoje apresentamos o seutrabalho (disponível, como éhabitual, em DVD), onde analisa ofuncionamento e as tácticas dabengala policial americana. Alémde explicar a arma, este trabalhotáctico pode ser apl icado aoutras defesas mais comuns emoutros países da Europa e daAmérica do Sul. Um novotrabalho a não perder, de umespecial ista mundialmenteconhecido.

Autodefesa

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Armas

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estojo em pele e pôs uma delas no pulso esquerdo. Porsegurança, formávamos um triângulo táctico em voltado suspeito. Tudo indicava que ia ser fácil.De repente, o suspeito agarrou a Judy pela mão

direita, antes que ela pudesse fechar as algemas. Osuspeito virou-se e bateu com força na cara da Judy,com o dorso da mão que tinha livre. Com a força dapancada, a cabeça da Judy deslocou-se para trás e oimpacto partiu-lhe o lábio. O suspeito sabia que nãopodia passar por onde estávamos o agente Williams eeu, de maneira que se livrou da Judy, balançou-se paraum lado e desatou a correr. Fui imediatamente atrásdele e alcancei-o ainda na ruela. O agente Williamsconseguiu segurá-lo pela manga direita, rasgando-aviolentamente, mas o suspeito começou a mover osbraços como as pás de um moinho, para também tentarbater em nós. Com a minha visão da periferia, vi que aJudy tinha recuperado do impacto da pancada e quevinha a correr para se unir à luta. No entanto, eu nãotinha vontade de lutar e também não me apetecia queaquele farsante me encaixasse um golpe. Agachei-meimediatamente para o lado direito, justamente para olado da pistola, e agarrei a pega da minha bengaladobradiça. Quando a tirei do estojo levei-a até a alturado ombro, e lancei-a com todas as minhas forças, àcanela do suspeito, que estava prestes a dar-me umpontapé. Ouvi uma pancada surda, como quando sesacode um tapete para lhe tirar a poeira. O homemgritou: "Chega, chega, rendo-me". Só foi necessáriauma pancada com esta fina bengala metálica, para queo homem deixasse de lutar. Apesar de estar pronto paralhe bater de novo, os seus gritos convenceram-me deque não resistiria mais, e assim foi. Deitado de bocapara cima, no quente asfalto do Verão, levantou asmãos para se render. O agente Williams algemou-o e eusituei-me entre a Judy e o suspeito, porque sabia queela queria que pagasse pelo que lhe tinha feito.Isto sucedeu-se há alguns anos, quando eu era

agente da polícia numa esquadra do Sul da Califórnia.Desde então, tenho trabalhado protegendo dignatários,sob as ordens do departamento do xerife, e na unidadeanti-terrorista do governo dos Estados Unidos.Actualmente, sou instrutor de Armas e TácticasDefensivas e ensino outros a sobreviverem aosconfrontos perigosos. Desde aquele dia não tornei abater em ninguém com a bengala e espero não ter de ofazer nunca mais. No entanto, aprender a utilizar umaarma de impacto e conservar essa capacidade é coisavital no treino de um polícia, e também para a maioriade todos vós, no treino da defesa pessoal civil, quer sejacom um pau, uma escova ou qualquer ferramenta quetenham à mão numa situação de crise.

Autodefesa

“... aprender autilizar uma arma deimpacto e conservaressa capacidade écoisa vital no treino

de um polícia”

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Cingir-se à simplicidadeAntes de ser agente da polícia fui artista marcial. De facto,

fui um dos primeiros alunos de Dan Inosanto de Jeet KuneDo e Kali Filipino, em 1978. Treinava exclusivamente comDan Inosanto e Richard Bustillo, e depois com Ted Lucay,quando as Artes Marciais Fil ipinas começavam a serconhecidas. Até finais dos anos 80 não foram realmentepopulares.Durante anos pensei que as Artes Marciais Filipinas eram o

melhor sistema que existia para as armas de gume e deimpacto. Não só era um aluno dedicado, como também metornei um instrutor ainda mais dedicado, ensinando aos meusalunos o que me tinham ensinado a mim, como se fosse oEvangelho.Só quando entrei para a academia da polícia, em 1991, no

meu curso de treino de bengala, percebi que num conflito reala bengala era muito mais simples de usar que tudo quantotinha estado a praticar nos anos anteriores. E, naturalmente,na primeira vez que se participa numa luta autêntica com umabengala, todos os enfeites fogem pela janela. Não estou acriticar os meus instrutores pelo que me ensinaram, masevidentemente, existe diferença entre as Artes MarciaisTradicionais e as Artes Marciais Baseadas na Realidade. Asprimeiras baseiam-se no conflito antigo (métodos e técnicasde treino antigos) e as segundas baseiam-se no conflito

moderno (no que fazem as bandos, os criminosos, osterroristas, etc.). Quando nos defendemos numa situação real,o nosso recurso são as técnicas de habilidade motorabásicas. Desaparecem as rotações espectaculares, o agarreleve, os bonitos movimentos em leque e os múltiplos toquesque supostamente representam golpes, que encontramos namaioria das aulas de armas de Artes Marciais. Numa autênticaluta com uma arma de impacto, acabamos por utilizar essaarma à gorila. Não é nada bonito.

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Passados alguns anos, em 1995, treinei comSteve Tarani e fui a um seminário com o Grão-Mestre Leo Giron, para ver se tinha mudadoalguma coisa desde a minha época do JKD, e nãotinha mudado nada. Nunca mais voltei, mas tivealguns alunos de JKD que foram por mim. Umdeles é David Cheng, que acaba de escrever umlivro intitulado “O básico do Jeet Kune Do” (TuttlePublishing, 2004).

Agora para os civisDesde 1992 tenho estado a treinar Tácticas

Defensivas com milhares de agentes da polícia e

militares, onde se inclui o uso correcto das armas de impacto.Graças às minhas próprias experiências na rua como agenteda polícia, desenvolvi um sistema bastante fácil de aprender ede aplicar em situações de conflito real. Até 2001, as minhasensinanças só eram dirigidas às entidades do governo. Masem 2001, depois dos ataques terroristas nos Estados Unidos,percebi que os civis também precisavam de aprender aproteger-se e não considerava que houvessem muitosinstrutores de Artes Marciais civis que proporcionassem aosseus alunos um treino realista. Uma das razões para talacontecer deve-se a serem muito poucos os instrutores deArtes Marciais civis que tenham estado em confrontos reais,principalmente com armas. A maioria dos instrutores civisaprendem de outros instrutores civis e não têm formação

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militar nem policial. Esta é uma ligaçãoimportante porque os militares têm deenfrentar combatentes inimigos e ospolícias têm de enfrentar pessoasmentalmente instáveis, criminosos e,em alguns casos, terroristas. Estes,naturalmente, são os inimigos com osquais qualquer um de nós se podeencontrar. Com isto em mente, o editorAlfredo Tucci, da Cinturão Negro, e eu,reunimo-nos para produzir um novoDVD intitulado “Tácticas de BengalaPolicial Baseadas na Realidade”. Estenovo DVD é tudo quanto uma pessoaprecisa saber no momento deaprender a uti l izar uma arma deimpacto. Apesar de estar pensadopara as forças de segurança e dapolícia, os conceitos e os exercícios detreino são exactamente os mesmosque para os civis que podem armar-sede maneira improvisada, com umaarma para protegerem a sua vida.

O que o faz funcionarO sistema, como no meu último

DVD, começa por ensinar ao aluno asáreas de impacto do corpo humano.Num conflito real não se pode baterem alguém onde nos apetecer. Os nossosbatimentos devem estar dentro do uso legal daforça. Por exemplo, se batemos com um pau numagressor desarmado porque tenta dar-nos umpontapé, o lugar adequado para batermos serános grandes grupos musculares dos braços oudas pernas. Por outro lado, se um criminoso sedispõe a pegar numa pistola que está no chão,para nos alvejar, talvez não nos reste outra soluçãoque bater-lhe num alvo da ZONA VERMELHA,como a cabeça, a coluna ou as virilhas. Como emqualquer luta, tudo depende das circunstâncias.Quando o aluno aprende os aspectos legais,

aprende a avisar com a arma e a segurá-la numasituação de conflito. Naturalmente, o primeiropasso é segurá-la correctamente. A maneira desegurar na arma é a mesma que quando batemosem alguém, seguramos numa faca ou numa armade fogo (a única diferença é que o indicador sesitua sobre o gatilho). Quase tudo o que fazemos écom o punho. Essa é a nossa principal ferramentade batimento.A postura correcta quando seguramos numa

arma de impacto é levar para trás a mão principalque segura a arma e também esse lado do corpo.Se somos destros, como 80% da população, olado principal é o lado direito. Se somos canhotos,

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Autodefesa

“Aunque estápensado

paraApesar deestar pensadopara as forçasde segurança eda polícia, osconceitos e osexercícios detreino são

exactamente osmesmos que paraos civis que

podem armar-sede maneira

improvisada, comuma arma paraprotegerem a sua

vida”

“Só há 12 ângulosem que se podebater no corpo

humano”

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o lado esquerdo será levado atrás.Entretanto, se o adversário também temuma arma que não seja de fogo,podemos adiantar o lado principal parao alcançar melhor.Só há 12 ângulos em que se pode

bater no corpo humano. No sistema eno meu novo DVD, explico os 12ângulos passo por passo. Estes ângulosnão diferem dos estabelecidos pelosantigos europeus, filipinos ou índiosapache americanos. Até no Programade Artes Marciais para o Corpo deMarines dos Estados Unidos (MCMAP)se estudam estes mesmos ângulos,com excepção de uns poucos. Interceptar é fácil. Existem só 4

bloqueios principais: acima, abaixo ehorizontal dentro ou fora. Se juntarmosos 4 bloqueios diagonais, que não sãomais que variações dos quatroprimeiros, podemos interceptar

qualquer batimento. É cómico quandoos instrutores tradicionais dizem aosseus alunos que se demora anos aaprender a bater e a interceptar quando,de facto, se pode aprender tudo numdia. O que demora anos é manter essashabilidades.Aprender batimentos e bloqueios é,

evidentemente, necessário, mas nãoservirá de nada se não o praticarmosem exerc íc ios de conf l i to . Nestes istema temos t rês exerc íc iosprincipais. Começámos pelo maisfácil e vai-se complicando à medidaque se ajusta à velocidade real: oExercício de Sparring de Um Ponto, oExercício de "Feeding", e o Exercíciode Estilo Livre. Naturalmente, a provade fogo será combiná-los todos numEnsaio do Conf l i to (com actores,vestuário e encenação realista e nummeio real).

ConclusãoComo já fiz menção, existem dois tipos

de Artes Marciais, as tradicionais e asbaseadas na realidade. De facto, existeuma terceira categoria: as desportivas. Seo leitor não pratica Artes Marciais paraaprender defesa pessoal, não há nada demau em aprender as antigas e vistosastécnicas de armas, em fazer katas e emseguir as tradições antigas. No entanto, seestuda Artes Marciais com o únicopropósito de se proteger, a si mesmo e aosseus seres queridos, a única maneira de ofazer, como já disse em anteriores artigos,é aprender técnicas simples e fáceis e teruma preparação mental adequada. O meusistema baseado na realidade é paraaqueles que têm o seu ganha-pão a lutar eo meu novo DVD de Tácticas de BengalaPolicial Baseadas na Realidade, pode serjustamente do que necessitam se tiveremque lutar para salvar a vida.

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Kihon waza (técnicas básicas) es la parte másimportante del entrenamiento de cualquier Arte

Marcial. En este DVD el Maestro SueyoshiAkeshi nos muestra diversas formas

de entrenamiento de Kihon conBokken, Katana y mano vacía.

En este trabajo, se explica enmayor detalle cada técnica,para que el practicantetenga una idea más clarade cada movimiento y delmodo en que el cuerpodebe corresponder altrabajo de cada Kihon.Todas las técnicas tienencomo base común laausencia de Kime (fuerza)

para que el cuerpo puedadesarrollarse de acuerdo a la

técnica de Battojutsu, y sibien puede parecer extraño a

primera vista, todo el cuerpodebe estar relajado para conseguir

una capacidad de respuesta rápida yprecisa. Todas las técnicas básicas se realizan

a velocidad real y son posteriormente explicadaspara que el practicante pueda alcanzar un niveladecuado. La ausencia de peso en los pies, larelajación del cuerpo, el dejar caer el centro degravedad, son detalles muy importantes que elMaestro recalca con el fin de lograr un buen niveltécnico, y una relación directa entre la técnica basey la aplicación real.

REF.: • IAIDO7 REF.: • IAIDO7

Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

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