172

Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A revista internacional de Artes Marciais, desportos de combate e defesa pessoal. Download grátis. Edição Online 287 - Abril - Parte 2. Ano XXIV

Citation preview

Page 4: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

s anos passam… e passam para todos. Masisto não quer dizer que todos os vivamos damesma maneira. Para alguns, os anos sãofonte de crescimento pessoal, um rosário de

estações onde a vida nos faz mais sábios, ou pelo menos,um pouco menos ignorantes. Para outros, só é umprocesso de deterioro, um lamento do que foram diasmelhores, uma inadequação contínua de um continuoanacronismo de queixas. Enquanto uns proclamam fora doseu eixo, aquilo de “juventude divino tesoiro”, outrosproclamam a abençoada paz e a sabedoria da velhice…Uma grande diferença!

A vida, no melhor dos casos, é uma troca de energia porsabedoria. Uma vez alcançada a culminação do físico,perto dos 18, tudo neste plano começa indefectivelmente adeteriorar-se. A aceleração no estropício, é outra constantedeste processo, mais rápida a espiral logarítmica, quantomais adiante. Farrapos físicos e longínquos vestígios doque fomos. A partir dos quarenta, todo pessoa éresponsável da sua cara.

Finalmente, a lei sempre se cumpre, tudo o que começatem um final e ninguém sai vivo desta existência. Noentanto, os mais espirituais acreditamos que o processo seassemelha à metamorfose da borboleta e que o facto doespírito abandonar o corpo físico, é só um passo na cadeiade transformações do ciclo do Ser. A consciência, de umamaneira impensável, sobrevive e existe em dimensõesinefáveis, onde as constantes espaço tempo possuem umvalor totalmente diferente e “a realidade” não possui asmesmas constantes, nem o mesmo valor que lheatribuímos nesta nossa dimensão. Mas falemos doconhecido, pois a outra questão pertence ao âmbito dasexperiências pessoais ou então, das crenças.

Apesar das diferenças de como é vivida, a experiênciade ir fazendo anos possui alguns pontos comuns paratodos, que nos fazem, quando não iguais, simsemelhantes. Não poderia ser de outra maneira, pois oshumanos temos em comum isso de o sermos,semelhantes, quero dizer. Para todos, o tempo passa cadavez mas rápido; é uma sensação estranha, mas os dias seamontoam uns com outros em semanas, que se semdarmos por isso se tornam meses e estes em anos. Anossa ideia da vida, forjada nos inacabáveis dias dameninice, forja uma perspectiva sempre errónea da nossaconvivência com o tempo. O pensamos muito longa e cadavez a percebemos mais curta. Finalmente, para todos, otempo de uma vida é cada vez mais um sopro e o espaçoentre o primeiro alento e o último, que se encolheprogressivamente com o correr dos anos.

Os primeiros sintomas do deterioro físico, por vezeschegam abruptamente, mas quase sempre se semdarmos por isso. Ninguém nos explica que a vista sedesgasta, que o tacto perde intensidade e que em algummomento, uma só noite de farra, já se não recupera emmenos de uma semana. O que aconteceu? Quando deixeide ser jovem?

Estes sinais e sintomas tão óbvios, não são nadacomparados com os que se produzem na mente e noespírito daqueles que os vivemos. Os anos nos fazemobrigatoriamente mais tolerantes e se não formostotalmente estúpidos…, menos arrogantes e impetuosos.

Seja qual seja a nossa natureza, os anos têm tendênciaa acalmar a nossa embestida, como nas corridas, ao toiro.O desenfreio da sua saída, se tempera com os passes e ocastigo recebidos. A vida a todos nos infringe, a uns mais,a outros menos, aplicar-nos a medicina eterna: as varas dopicador, essas nas quais quanto mais empurra na suabravura, mais se espetam. O sangue que brota de talencontro, nos diminuiu as forças e nos faz conservadores,comedidos, cautos. Todos, tarde ou cedo nos fazemosconservadores, quando temos alguma coisa a conservar,nem que seja o alento!

Miramos então para os capotes que nos deita a vida,com outros olhos e até os mais bravos de entre os bravos,temos de apertar os rins e puxar de vesícula para atacaralgumas situações. Como ao toiro, a vida nos põe à provae nos esvazia, para puxarmos para fora o que levemosdentro, para fazermos o que temos de fazer e nosesvaziarmos em cada embestida.

A mente, que é biológica, está directamente afectadapor esse deterioro, mas o espírito rara vez acompanha oprocesso. Um dia. simplesmente não nos reconhecemosno espelho. Nos debruçamos nele esperando ver umapessoa.. e encontramos outra. A presvícia, não é outracoisa que isso, a anestesia da bondade da vida, atenuandoas marcas do envelhecimento.

Nesta sociedade tão convencida e entregue ao culto docorpo, milhares de sistemas externos e internos, da cirurgiaà vigorexia, mandam à vontade, porque a vaidade é oúltimo recurso de negação da velhice. Rostos queescondem as rugas em um jogo de estica e afrouxa quedesfiguram seus portadores. Essa rugas, belas rugas, frutodo sorriso de mil dias, do esforço continuado, de dores quenos fizeram mais grandes, essas rugas que proclamamclaramente como disse Neruda “Confesso ter vivido!”Essas, são agora negadas, esticadas, ou transformadas emum rictus inexpressivo, muito mais perto a um palhaço, aum mimo histriónico, que ao de uma pessoa.

A velhice traz muitas limitações pesadas,inconveniências funcionais e limitações físicas, para asquais nada nem ninguém nos prepara. Em vez de aprendera lista dos reis visigodos, quanto melhor havia de ser queos mestres nos preparassem para isso, avisando,assinalando, explicando que a vida são ciclos e que cadaum tem o seu lugar debaixo do céu, a sua missão e a suamaneira positiva ou negativa de os viver.

Mas a velhice também pode, quando se viveu deverdade, trazer-nos muitas coisas gratas. A tranquilidadeperante situações que antes nos afundariam, porque osanos dão perspectiva. A força da certeza da experiência,frente ao problema da dúvida. A temperança e acapacidade para gozar das coisas pequenas, do momento

O

Page 5: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

presente, da companhia grata. A possibilidade de reconhecer a diferença sem ver-sedesafiado, a não necessidade de se provar nada. O apreço da diferença, o respeitopor ela. A doçura misturada com a intensidade num olhar vivido, não tem igual. Osábio aprende a escutar e a adormecer sem problemas, se não lhe interessa. Perde avergonha, que não a dignidade. Sabe ser gentil sem esforço e sincero sem magoar.Aprende a calar-se, porque sabe como são fúteis as palavras. Sabe dar conselhoquando o procuram e calar-se quando o não fazem. Aprende a realmente desapegar-se, a caminhar ligeiro de bagagem, substanciando o importante, descartando oacessório. A velhice simplifica a vida; como o da criança, seu outro extremo é simples.Quando nada há que conseguir, mas se sabe como faze-lo, verdadeiramente se sábio.

Quando olhamos para trás, normalmente só nos arrependemos dessas vezes em quefomos arrogantes, uns impetuosos imbecis que nos julgávamos eternos e fizemosdesnecessariamente mal a alguém. Em vez desse açoite dado ao nosso querido cão, quejá se foi, não poderíamos simplesmente termo-nos zangado com ele?

A vida nos tempera se somos suficientemente espertos para aprender com oque ela puser no nosso caminho. Se não, a velhice é um calvário, um infernodesapiedado, sem o menor ápice de bondade visível, um tirano, semremissão alguma.

Não há truques que valham, fazemo-nos velhos comovivemos; vive então bem o teu presente, pois essa é aúnica maneira de preparar-se para o seguinte passono caminho. Aceita os ciclos e compreende osentido de cada um deles. E acima de tudo, nãotenhas pressa por chegar, porque como naviagem a Ítaca, no final compreenderemos queo sentido da viagem reside na própria viagem.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

Quando saíres para fazer o viagem a Ítacatens de rogar que seja longo o caminho,

cheio de aventuras, cheio de conhecimento.Tens de rogar que seja longo o caminho,

que sejam muitas as madrugadasque entrarás num porto que teus olhos ignoravam

ir a cidades a aprender dos que sabem.Tem sempre no coração a ideia de Ítaca.

Tens de chegar a ela, é o teu destinomas não forces a travessia.

É preferível que dure muitos anos,que sejas velho quando atracares na ilha,

rico com tudo o que terás ganho no caminho,não esperares que te ofereça mais riquezas.

Ítaca já te deu a bela viagem,sem ela, não terias saído.

E se finalmente a achares pobre, não é que Ítaca te tenha enganado.Sábio como muito bem te tens feito,

tens de saber o que significam as Ítacas.

Da “Viagem a Itaca” de Kavafis Adaptação Lluís Llach

https://www.facebook.com/alfredo.tucci.5

Page 8: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Grandes Mestres

Por ocasião da apresentação do seu segundoDVD, neste caso dedicado a um dos temasmais interessantes do Brazilian Jiu Jitsu, astécnicas de finalização, aproveitamos aocasião para de novo trazer na capa darevista este homem excepcional, Mestredo Jiu Jitsu do Brasil, e conhecer assimmais coisas acerca da sua Arte e asua apaixonante vida. Pedimos aonosso colaborador MarceloAlonso que se encarregasse deinvestigar no Brasi l oassunto e que pesquisassesobre a história e asopiniões que o MestreMansur suscita no mundo doJiu Jitsu.O resultado é uma excepcional

reportagem onde o aspectohumano do Mestre aparece comclaridade como suporte deuma maneira de ser e agir,que lhe tem granjeado orespeito unânime dosector. O Mestre Mansur editou

recentemente o seuprimeiro livro, "A Bíblia doJiu Jitsu", onde osamantes da "ArteSuave" irão finalmenteencontrar um verdadeiromanual de estudo eaperfeiçoamento.Em próximas edições, novos

trabalhos técnicos do Mestreverão a luz do dia. Neste mêsas finalizações... mas para omês que vem... Sim! Comosair das finalizações! Umamatéria que ninguém aindaenfrentou. Bem... para issoservem os Mestres, certo?Não percam nenhum dos dois!Ficam... nas melhores mãos...

Page 10: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Grandes Mestres

Francisco Mansur, A Lenda viva do Jiu-JItsuDescendente de um tal Samuel que em 1210 ocupou

uma região montanhosa do Líbano chamada Mansour,Francisco Mansur é um exemplo de homem que não sepoupa a esforços para alcançar os seus sonhos. Nascidoe criado na pequena e pacata cidade de Muriaé, nointerior do Estado de Minas Gerais, no Brasil, Francisconunca hesitou em transpor todos os obstáculos que avida lhe colocou, para alcançar os seus objectivos. Depois de chegar ao Rio de Janeiro aos 16 anos, sem

ter sequer onde dormir, Mansur não só conseguiu realizaro seu sonho de conhecer Hélio Gracie, como setransformou num dos 12 homens que conseguiram afaixa vermelha e preta de mestre 8º grau, dada pelocriador do Gracie Jiu-Jitsu.

"Mansurestevecom minha

famíliadurante muitosanos, tanto nosbons tempos

como nos maus.Desde pequeno,sempre me lembrodele ao nosso lado.Uma boa pessoa,

um bom carácter e umexcelente professor"

Royce Gracie

Page 11: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Depois de criar a Academia Kioto etransformá-la na maior potência do Jiu-Jitsuinfantil, Mestre Chico desenvolveu um métodosingular de ensino utilizando a Arte-Suave paraajudar crianças e adultos com problemasneurológicos, visuais, auditivos e decomportamento, tornando-se assim uma dasmaiores referências do desporto e merecendopor isso diversos prémios nacionais einternacionais como reconhecimento pelo seutrabalho. Nas páginas que se seguem, o leitorterá oportunidade de conhecer um pouco maisda história desta verdadeira lenda viva dodesporto, que aos 66 anos continua a ensinarJiu-Jitsu, hoje em dia em Nova Iorque.

Reportagem

Page 12: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Grandes Mestres

1º Estrangulamento montado

Page 13: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Reportagem

Page 14: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Desde muito novo Francisco Mansur ouvia o seu paicontar histórias de um tal Hélio Gracie, uma espécie deherói nacional que enfrentava e vencia qualquer lutador quese cruzasse no seu caminho. Era uma pena que o tal Graciemorasse tão longe, mais precisamente no Rio de Janeiro, a10 horas de comboio da sua casa em Muriaé, interior deMinas Gerais. "Sempre sonhei em ir ao

Rio para conhecer o Hélio Gracie e ser cadete daaeronáutica", lembra Mansur que assim que fez 16 anosresolveu, mesmo sem o consentimento dos pais, tentarrealizar os seus sonhos.

Em Setembro de 1955, o jovem chegavana rodoviária do Rio. Sem ter parentes

na cidade e muito menos ondedormir, Francisco passou a

primeira noite num parquepúblico no bairro do Flamengoe no dia seguinte, usou osúltimos centavos que tinha paraapanhar um comboio para oCentro da Aeronáutica onde

acabou por ser aceite, masbastaram três meses para o jovem

Mansur descobrir que na vida nemsempre os nossos sonhos se transformam

em realidade. "Minha experiência naAeronáutica foi um pesadelo, os cadetesjudiavam muito de nós e nos tratavam comobichos. Não me adaptei àquele sistema, acabeime desentendendo com um superior e saí",lembra Francisco, que depois de arranjar umemprego num banco, partiu atrás da realizaçãodo seu outro sonho. E lá foi o adolescente parao centro da cidade, procurar a Avenida Rio

Branco 151 (17º andar), endereço dafamosa academia Gracie. "Assim que

cheguei lá f iquei maluco, aAcademia Gracie era a coisamais l inda que já vi. Todaespelhada, com várias salaspara aulas particulares, aacademia lotada, erarealmente impressionante",lembra Francisco queneste dia, mesmo não seencontrando com HélioGracie, colocou a

Grandes Mestres

Page 15: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Academia Gracie como nova meta na sua vida. O problema erao preço da mensalidade, uma vez que a academia Gracie era

frequentada apenas pela classe alta do Rio de Janeiro. Ouseja, só havia duas maneiras de treinar lá, tendo um bomsalário ou sendo um lutador de ponta que fizesse parte daequipa Gracie.Como o salário que ganhava no banco mal dava para pagar

as necessidades básicas de sobrevivência, Mansur decidiuque a melhor maneira de realizar o seu sonho seria treinar duronoutra equipa, para um dia tentar conquistar o seu lugar ao solentre os melhores. Foi quando o garoto de Minas Gerais sematriculou numa academia gratuita de Judo, na AssociaçãoCristã de Jovens. Depois de anos a treinar com o mestre

japonês Nagashima, Mansur recebeu a faixa castanha deJudo e comunicou ao professor que faria uma visita à

Academia Gracie, que na época tinha fama de desafiaratletas de todas as outras modalidade. "O

Nagashima ficou doido, disse que eu não fosse,pois o Hélio dizia nas revistas que todo judoca

era frouxo… Mas eu queria mostrar a ele,até como fã, que eu não era frouxo" –

conta Mansur, que resolveudesobedecer ao seu professor e foi

bater à porta da Academia Gracie."Assim que cheguei lá, disse ao

Reportagem

Page 16: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

2º Estrangulamento

1

3 4

1.1

3.1

Page 17: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Reportagem

"Cheguei a fazer 39 lutasde Vale-Tudo, muitas vezesem quadras de cimentoforradas por lonas.

O pessoal pagava paraver e lotava osginásios"

Page 18: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Hélio que o admirava muito e sonhava em podertreinar lá e queria mostrar a ele que eu era judocamas não era frouxo". Como imaginava o seuMestre Nagashima, Hélio Gracie colocou-o a fazerum teste com um dos seus graduados. Primeiro dequimono, com Moacir Luzia Valle. "Eu o derrubava,mas assim que caíamos no chão, ele me finalizavarápido. A luta começou a ficar meio quente, aí oHélio resolveu me colocar para fazer um treinosem quimono, com o Ivan Lemos que me enfiou aporrada. Saí de olho inchado, com a orelhamachucada", lembra Chico, que mesmo todomachucado saiu radiante da academia, comaquele que considera ser o seu maior troféu, oreconhecimento do Mestre Hélio Gracie ao fim dotreino. "Assim que acabou, ele disse: Você é oúnico judoca que conheço que não é frouxo",lembra com emoção Mansur, que acabou sendoconvidado para treinar com os cascas-grossas daequipa de Hélio. Depois deste episódio, Francisco finalmente

realizou o seu maior sonho, ser aluno de HélioGracie e passou a treinar na academia Gracie comnomes consagrados da época, como João AlbertoBarreto, Hélio Vigio, Carlson Gracie e WalterGuimarães.O garoto logo passou a destacar-se nos treinos

e em pouco tempo já defendia o nome daAcademia Gracie em desafios de Vale-Tudo."Cheguei a fazer 39 lutas de Vale-Tudo,muitas vezes em quadras de cimento forradas porlonas. O pessoal pagava para ver e lotava osginásios", lembra o Mestre que, apesar de tantasexperiências como lutador de Vale-Tudo, nuncaincentivou os seus alunos a subirem aos ringues. A excelente técnica e a boa didáctica de

Francisco Mansur levaram o lutador de Vale-Tudoe polícia Walter Guimarães, a convidá-lo para serinstrutor na sua primeira academia (WalterGuimarães Jiu-Jitsu). Desde então, Mansur passoua dividir a sua rotina entre o emprego no banco,treinos na academia Gracie e as aulas que dava naAcademia de Walter Guimarães. O polícia levou-ologo para dar aulas na academia da Polícia eMansur passou a colaborar, durante quase 10anos, com o treino das forças armadas.

O Rei da criançadaEm 1965 Francisco Mansur resolveu montar a

sua própria academia, à qual deu o nome de Kioto,em homenagem à primeira cidade japonesa ondeo Jiu-Jitsu se afincou vindo da Índia."Percebi que o Jiu-Jitsu não era só para dar

porrada e poderia ser usado como um excelentemétodo para educar crianças", revela Mansur. Graças à sua disciplina, carisma e ao método

especial que desenvolveu, crianças que tinhamproblemas de comportamento e coordenação

motora, passaram a ter melhoras significativas."Passei a ser indicado por pais de alunos e atémédicos", conta Mansur, que em muito poucotempo transformou a Kioto na maior academia decrianças do Brasil, passando a ser sempre aprimeira colocada nos campeonatos de Jiu-Jitsu,na frente da própria academia Gracie e até daAcademia Carlson Gracie, que sempre dominavatodas as categorias no adulto, mas sempre se viaameaçada pela academia de Mansur na contagemgeral de pontos. Depois de passar 19 anos invicto, Mansur

acabou sucumbindo à pressão de Carlson quequeria que a soma de pontos dos campeonatosseparasse as crianças dos adultos.Graças ao seu incrível sentido de organização,

Francisco Mansur foi de fundamental importânciana estruturação do Jiu-Jitsu como desporto. Emconjunto com o seu Mestre Hélio Gracie e outrosalunos como João Alberto Barreto e Élcio LealBinda, Mansur foi um dos fundadores daFederação de Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro e daConfederação brasileira de Jiu-Jitsu. Presidente doConselho de Mestres e vice-presidente doDepartamento técnico, Mestre Chico foi um dosprincipais responsáveis pela adopção dosregulamentos para competições, assim comonovas regras de arbitragem e para a hierarquia defaixas, no Brasil e no mundo.

JIu-Jitsu para deficientesAjudado pelo seu fi lho Krauss e pelo seu

sobrinho Álvaro, utilizando a técnica do Jiu-Jitsu,Chico Mansur desenvolveu um método para tratarproblemas neurológicos, de equilíbrio, surdos,mudos, coordenação motora e problemas decomportamento. Uma das fontes inspiradoras do trabalho de

Mansur com deficientes foi Fabrício Martins, irmãode um dos seus melhores alunos. Depois de ficarcego num acidente de carro e entrar em depressãoprofunda, Fabrício foi levado pelo irmão para asmãos do Tio Chico, que com o carisma que lhe épeculiar, tratou do rapaz como se fosse seu filho."O Jiu-Jitsu trouxe de volta a alegria de viver desterapaz e ele chegou a se sagrar campeão estadual,lutando com oponentes normais", emociona-se oMestre que, desde então, passou a receberdiversos tipos de deficientes na sua academia.Um outro caso emblemático que Mestre Mansur

e o seu filho Krauss não se cansam de contar, é ahistória do menino autista que depois de seismeses a treinar sem nunca ter dado uma palavrana academia, emocionou os mestres ao revelar: "aminha irmã ganhou uma bola de basquete"."Desde então, o menino não parou de melhorar,impressionando até os médicos. Até hoje, oKrauss se emociona ao contar esta história", revela

Grandes Mestres

Page 19: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

"O Mansur foi umdos pioneiros e

ajudou a organizaras federações e os

primeiroscampeonatos de

Jiu-Jitsu. Ele sempre foi umcara sério, quepassava umaimagem muitopositiva do

Jiu-Jitsu, com umaequipa forte de

crianças"Murilo Bustamante

Page 20: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

o Mestre que hoje, aos 66 anos, se orgulha em ter chegado àincrível marca de 20 mil alunos, tendo formado 39 faixaspreta.

Divinamente protegidoA vontade de sempre galgar novos desaf ios,

característica básica da personalidade de Francisco

Reportagem

Page 21: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Grandes Mestres“Mansur foi um dosfundadores daFederação de Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro”

Page 22: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Mansur, levou-o a estudar Educação Física (nãocompletou) e depois Direito, formando-se em1976, aos 36 anos de idade. Em 1982, o versátilfaixa preta participou num concurso e passou aser Delegado da Polícia. Com a sua excelente formação e carácter, o

Mestre não tardou a ter problemas e logopassou a coleccionar inimigos entre bandidos eaté entre pol íc ias. A leg ião de in imigosaumentou quando Mestre Chico resolveu abriruma f i rma de segurança, contratando 400homens para fazer a segurança de 16 hospitaisdo Rio de Janeiro. O resultado não tardou.Depois de sofrer 3 atentados, levando um totalde 11 t i ros, Mansur entendeu na prát ica os ign i f icado do Brasão de sua famí l ia :Divinamente protegido.Apesar de inteiramente recuperado, o religioso

aluno de Hélio Gracie encarou as tentativas dehomicídio que sofreu como um aviso de Deus eresolveu aposentar-se, partindo em Janeiro de1999 para os Estados Unidos, para começar tudode novo, do zero. "Não havia condições, secontinuasse no Brasil iam me matar", revela oprofessor que aos 59 anos, mesmo tendo 4 filiaisda Kioto a funcionar no Rio, começou tudo denovo na América do Norte. "Nunca tive medo dedesafios, já havia dado vários seminários sobredefesa pessoal para a polícia dos Estados Unidos,já tinha vários contactos em Nova Iorque o quetornou tudo mais fácil". Graças ao excelentetrabalho de Mansur, o Kioto Brazilian JJ Systempassou logo a ser referência de qualidade. Hoje,além da matriz em Long Island, Mansur já contacom 6 filiais. "Dou aulas todos os dias, das 7 damanhã às 10 da noite, em 10 horários diferentes",revela o fundador da New York State BJJFederation.

Academia KiotoFundada em 1965 no Rio de Janeiro, Brasil, pelo

Grão-Mestre Francisco Mansur, a Academia Kiotode Jiu-Jitsu tem tido uma história contínua desucessos e ainda hoje está colocada entre as maisrespeitadas academias de Jiu-Jitsu do mundo.Pelas suas instalações já passaram mais de 19.000alunos, formando 39 faixas pretas, instrutores eeducadores.

O Sistema Kioto de Jiu-Jitsu Os movimentos do Sistema Kioto de Jiu-Jitsu

obedecem a uma forma progressiva de reflexo,controlo e inteligência. O estudo e a prática desseSistema tem sido constantemente recomendadopor médicos, psicólogos e educadores, porque éuma actividade completa no processo da educação,também funcionando como paliativo de tensõespsíquicas e como factor de desenvolvimento físico emental daqueles que o praticam. O sistema tem todo o seu fundamento baseado

na disciplina. Mas, além disto, estimula edesenvolve:Propriocepção: capacidade de receber estímulos

originados no interior do organismo, conseguindomelhor adaptação e "integração polisensorial" como domínio do próprio corpo, noção de lateralidade,de espaço e, posicionamento corporal.Psicomotricidade: desenvolvimento da

consciência da acção, coordenação motora eequilíbrio.Inteligências Múltiplas: "saber fazer",

conhecimento lógico-matemático, conhecimentodos próprios limites e relacionamento interpessoal. Autoconfiança: é estimulada, dando ao indivíduo

possibilidade de vencer "a si próprio", bem comoaos seus medos.

Grandes Mestres

"Admiro o facto do trabalho dele ser dedicado ànossa profissão. Merece todo o meu carinho e

respeito. Hoje em dia não temos muito contacto,pois ele está vivendo nos Estados Unidos há

muito tempo. Ele é muito meu amigo e sempre foimuito chegado a nós. Peço a Deus que o

conserve e que ele continue a ser a grandepessoa que sempre me deu alegrias"

Hélio Gracie

Page 23: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Reportagem

“Depois de sofrer 3 atentados, levando um

total de 11 tiros,Mansur entendeu naprática o significadodo Brasão de sua

família:Divinamenteprotegido”

Page 24: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Reportagem

“ "Quem sabe o SistemaKIOTO JIU-JITSU

(SKJJ), mesmo sendofraco fisicamente,está em condiçõesde se defender de

qualqueragressão”

Page 25: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

1

2

3

4

5

1ª Chave de braço na 2ª imobilização

As técnicas de finalização são uma dasmais apreciadas pelos praticantes de

outros estilos, com respeito ao BrazilianJiu Jitsu. As séries que podem ver nestasfotografias pertencem ao livro "A Bíblia doJiu Jitsu" Estas técnicas e muitas outrasforam especialmente desenvolvidas no

último trabalho em DVD do MestreMansur, dedicado exclusivamente às

finalizações.

Page 26: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Sistema cardiovascular: aumenta o volume de oxigénio, que élevado a todas as células do corpo através do sangue,diminuindo a frequência cardíaca de repouso e aumentando oseu condicionamento, além de tornar as artérias mais flexíveis,diminuindo a deposição de placas de gordura nas suasparedes, o que reduz relativamente a pressão arterial, porfacilitar o retorno sanguíneo.Sistema músculo-esquelético: trabalha os músculos,

beneficiando a resistência física e o tônus e desenvolvendo osmúsculos torácicos, melhorando a captação de oxigénio.Sistemas nervoso e psicológico: o Jiu-Jitsu é uma actividade

para libertar tensões e diminuir o estresse, regularizando ashoras de sono, do repouso e do apetite, reforçando aautoconfiança, o convívio, a socialização e a disciplina.

Método da Academia Kioto de Jiu-Jitsu O Mestre Mansur explica que o método Kioto tem por

finalidade o desenvolvimento do potencial de todos os homens,visando em especial a defesa do indivíduo, sem a prática daviolência. "Quem sabe o Sistema KIOTO JIU-JITSU (SKJJ),mesmo sendo fraco fisicamente, está em condições de sedefender de qualquer agressão através de movimentos que tempor base o princípio da alavanca, sem precisar necessariamentede usar forca ou violência", explica o criador do sistema,apontando o desenvolvimento físico e mental do atleta comoponto forte do Jiu-Jitsu ensinado por ele e pelos seusinstrutores. "Nosso método desenvolve as qualidades positivasmorais e intelectuais do praticante, pois não se trata de umaluta, mas sim de um sistema de defesa, que exige, antes demais nada, o uso da inteligência para consumação do golpeque se pretende aplicar", resume Mansur. Com base nos ensinamentos do seu Mestre e ídolo Hélio

Gracie, o Mestre Mansur sempre se preocupou em não criarvalentões e sim transformar prat icantes em pessoasconfiantes. "Eliminando do subconsciente o medo do golpefísico, que todos têm, naturalmente o praticante torna-se aptopara enfrentar qualquer agressão, bem como qualquersituação difícil em qualquer sector da actividade, pois nãotemendo sofrer agressões que lhe possam causar dor, nãotemerá a qualquer agressão psicológica", conclui o Mestre,explicando o porquê do seu sistema ser tão procurado porpais e médicos. "As criança e os jovens são vítimas maioresda insegurança e dos temores e bem depressa aprendem a terconfiança em si mesmos e passam a ter maiordesenvolvimento nos estudos, nos esportes em geral e,mesmo no relacionamento familiar, pois a confiança queadquirem, lhes permite diminuir e até mesmo eliminar aagressividade própria dos inseguros e lhes da a desenibiçãoindispensável ao relacionamento com os semelhantes. Isto évalido também para os adultos, pois a confiança em si próprioé a mola mestra do sucesso, em qualquer ramo da actividadehumana".

Reportagem “Mestre Mansursempre se preocupou

em não criarvalentões e simtransformar

praticantes empessoas confiantes”

Page 27: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

"Na época que fundámos a Federação Carioca de Jiu-Jitsuatravés do Conselho Nacional do Desporto, ele foi de umavalia inestimável. O Mansur sempre foi um líder, formidável.

Ele faz parte da história do Jiu-Jitsu brasileiro"João Alberto Barreto

Page 30: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

"A importância do Francisco Mansur émuito grande para o Jiu-Jitsu. Por suadedicação e atenção ao esporte, podeser considerado um dos grandesprofessores e grandes incentivadores doJiu-Jitsu. É um exemplo de correcção,de ética e não tem preço ter o ChicoMansur no Jiu-Jitsu. Ele tem enormevalor por difundi-lo como uma arteeducativa, de uma forma regeneradora erestauradora do carácter e da partefísica. Ele põe em prática o sonho domeu pai Carlos Gracie, onde o Jiu-Jitsutem uma grande função social".

Róbson Gracie, Presidente da Federação de Jiu-Jitsu

do Rio de Janeiro e pai de Renzo Gracie.

"Na época que fundámos a FederaçãoCarioca de Jiu-Jitsu através doConselho Nacional do Desporto, ele foide uma valia inestimável. O Mansursempre foi um líder, formidável. Ele fazparte da história do Jiu-Jitsu brasileiro".

João Alberto Barreto,Um dos mais respeitados

mestres formados por Hélio Gracie.

"Quando fui procurar o Jiu-Jitsu com19 anos, após 14 anos de Judo, meidentifiquei muito com o Mestre Mansure a academia Kioto, onde me dediqueiao aprendizado do JJ. A Academia Kiotodo Mestre Mansur tem comocaracterísticas: a metodologia de

ensino, a disciplina e o espirito defamília. O Mestre passa a ser umsegundo pai para nós, quase um Guru.Tenho muito orgulho de fazer parte daequipe de faixas pretas do MestreMansur. O Mestre Mansur temfundamental importância na minhaformação profissional e pessoal".

Marcus Vinícius de Lucia, Formado faixa preta por Mansur

e hoje proprietário de uma das mais renomeadas academias de Jiu-Jitsu

da América,o Beverly Hills Jiu-Jitsu Club

"A pessoa mais bondosa, sincera ecarismática que eu já conheci nomundo. O carisma dele foi capaz até de

OPINIÕES SOBRE CHICO MANSUR

Page 31: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Reportagem

quebrar a frieza do americano. Quandoele chegou nos Estados Unidos, osalunos apertavam a mão dele. Passadoalgum tempo os alunos abraçam ebeijam a careca do Mestre, da mesmamaneira que os brasileiros".

Krauss Mansur, (filho)

"Um homem com um carisma que nãotem igual e um coração gigantesco".

Álvaro Mansur,(sobrinho)

"Mestre Mansur é uma das maisrespeitadas figuras do Jiu Jitsu, ficomuito orgulhoso de ter tido o prazer deter ido treinar com ele em sua academia

na Tijuca. Um exemplo de mestre efigura humana".

Ricardo Libório Um dos mais renomeados faixas

pretas de Carlson Gracie, hoje líder daATT (American Top Team)

"O trabalho do Francisco Mansur paramim é a inspiração do trabalho comcriança. Um trabalho técnico eeducativo, que prima pela disciplina. Melembro que quando era menos graduadoo admirava muito por estas qualidades.Ele tinha uma grande competência comoeducador e trabalhava o Jiu-Jitsu empró do esporte e das crianças. Inclusiveisso perdura até os dias de hoje, com aKioto sendo campeã da maioria dos

eventos nas categorias infantis. Elesmantêm esta tradição. Acredito quenosso trabalho seja parecido em relaçãoa encarar o Jiu-Jitsu como esporte, commuita disciplina".

Leonardo Castello Branco, um dos mais respeitados mestres do Jiu-

Jitsu brasileiro.

"O Mansur foi um dos pioneiros eajudou a organizar as federações e osprimeiros campeonatos de Jiu-Jitsu. Elesempre foi um cara sério, que passavauma imagem muito positiva do Jiu-Jitsu,com uma equipa forte de crianças".

Murilo BustamanteUm dos mais respeitados lutadores

de Vale-Tudo do mundo

"Mestre Mansur é uma dasmais respeitadas figuras do

Jiu Jitsu, fico muito orgulhosode ter tido o prazer de ter ido

treinar com ele em suaacademia na Tijuca. Um exemplode mestre e figura humana".

Ricardo Libório

Page 33: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 37: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 38: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

“O ponto vital em Taekwon-Do se define como qualquer área sensívelou frágil no corpo, vulnerável a um ataque. É essencial que o estudantede Taekwon-Do tenha um conhecimento dos diferentes pontos, para quepossa empregar a ferramenta de ataque ou de bloqueio adequada. Oataque indiscriminado é condenável, por ser ineficiente e um

esbanjamento de energia”. - General Choi Hong Hi, ENCYCLOPEDIA OF TAEKWON-

DO, Volume II, pag.ª 88. Actualmente, o Taekwon-Do é uma das artesmarciais mais estendidas e profissionais do

mundo, (fundada em 11 de Abril de 1955, peloGeneral Choi Hong Hi), continua prosperando,

inclusivamente após o falecimento de seufundador, em Junho de 2002.

Com o tempo, os factores desportivosforam prioritários e grandede parte dosmétodos originais de auto-protecçãoforam ignorados ou descartados. Nosdocumentos escritos originais do GeneralChoi, grande parte da atenção, aestrutura e mesmo o uso dos pontosvitais "Kupso" (ou Kyusho), assim como odesenvolvimento de armas para ter acesso

a eles, foi apontado mas nunca foitotalmente ensinado. Kyusho International

desenvolveu um programa para iluminar,educar, integrar e desenvolver esta

inacreditável Arte Marcial, voltando aosconceitos de seu fundador. Este novo programa

conta com o pleno apoio do filho do fundador, ChoiJung Hwa. O objectivo desta série é para pesquizar os

padrões (Tul), que se realizam de acordo com os preceitos dofundador na "Enciclopedia do Taekwon-Do" (os 15 volumes escritos

pelo General Choi Hong Hi, incluindo os "Pontos Vitais"). Através destaestrutura, o Kyusho se integrará inicialmente e de novo no Taekwon-Do.

Kyusho International se sente orgulhoso por estar presente nesta tareade colaboração monumental e histórica.

Ref.: • KYUSHO20 Ref.: • KYUSHO20

Todos os DVD's produzidos por

BudoInternational são realizados em

suporteDVD-5, formato MPEG-2

multiplexado(nunca VCD, DivX, o

similares) e aimpressão das capas segue

as maisrestritas exigências de qualidade

(tipo depapel e impressão). Também,

nenhum dosnossos produtos é

comercializado atravésde webs de leilões

online. Se este DVD não cumpre estas

exigências e/o a capa ea serigrafia não

coincidem com a que aquimostramos,

trata-se de uma cópia pirata.

Page 40: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Esclarecendo conceitos

Cada um de nós, vivemosuma experiência similar, masdiferente, ao longo dasnossas vidas. Os caminhos,rios, mares, continentes, sãodiversos e variados. Tambémas pessoas com as quais nosinter -relacionaremos nanossa passagem peloplaneta TERRA. Desportos,gostos, estudos, aspirações,hobbies.No nosso mundo marcial, é

também tudo muito relativo evariado. Graças a Deus,vivemos em constantemovimento e este movimentodeveria de ser sempre em frente…ainda que muitos lerdos, ilusórios,ignorantes e muitas vezes “imbecis”,nos obriguem a parar e mesmo“retroceder”, produzindo comisso uma perda de tempomuito valioso.

Raúl Gutiérrez

Page 42: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

e não perguntem a umdesesperado, a ummoribundo ou aalguém quenecessitar apenas só“um pouco de

tempo”. O Tempo é Oiro, diz-senuma frase habitual. Muitos denós sabemos o que é e o quesignifica realmente: “Obter só umpouco de tempo, em certascircunstâncias pode chegar a serextremamente necessário ou vital”.Na Espanha, um país onde se

vivia estupendamente, hoje temosde ver a cada dia, como a gentesofre, tendo de ver como de vezem quando, em vez deprogredir, lhes diminuem osseus salários e os deixam naincerteza de saberem quandolhes tirarão também oemprego! Quando serãopostos na rua por falta depagamento do aluguer, ou semorrerão de fome ou com tiros,porque foram apanhados a roubarcomida em um supermercado. Tudoisto se pode ler nos jornais de todosos dias.Resumindo, isto é um RETROCESSO,

um estancamento, uma perda de tempoprovocada por indivíduos sem escrúpulos, queinfelizmente não podemos parar nem corrigir, porque não estáao nosso alcance, não está nas nossa mãos poder faze-lo.Comecei a prática das artes marciais lá por 1967. Mas as

minhas incursões nas ruas datavam de 1960, por assim dizer.Sinceramente, as artes marciais e os desportos, pouco o nadatinham a ver com as realidades das ruas. Os graus, diplomas,medalhas, troféus ou títulos, se enfrentam a uma realidadeinamovível quando “o que está em pie, não és tu, e o que está nochão sim ÉS TU”. Isso nos leva a ver o futuro duas maneiras, oumelhor, de uma ou de outra maneira. Aprendes-te a lição? ouQueres continuar sendo um fantasma?Vamos dizer isto de uma outra maneira. Uma pessoa que porta uma arma de fogo real, pode ter ou não,

praticado tiro em seco, tiro em movimento ou tiro em acção de guerra,onde se mata ou te matam…, mas de verdade! Não de salão, deginásio, de campeonatos ou espectáculos. Qual deles terá êxito?Mas não só se trata do êxito obtido. também de saber em queburaco nos metemos e se estamos preparados para isso viver…Sei que tudo tem um processo, um tempo de adequação, de

compreensão, entendimento e análise acerca de quem somosrealmente?, O que procuramos?, O que pretendemos nesta vida?,Para onde queremos ir?, etc.Nos meus treinos pessoais, nas minhas ensinanças, em meus

contactos e experiências constantes neste mundo, todos os diasaprendo alguma coisa nova e compreendo que como eu próprioentender estas vivências, como as vejo e canalizo, assim será oresultado que alcançar.

S

Page 43: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Fu-Shi Kenpo

Olho atrás no meu passado. Nele posso ver muitascoisas, mais boas que más, e algumas tambémnegativas. Somos simples mortais e portanto,absurdos às vezes, outras geniais. E digo, nuncanaquele passado precisei complicar-me tanto a vida,tendo que aprender diversos estilos, técnicas etácticas; no entanto e “quase sem saber nada”sempre saí airoso em todos os encontros na rua, por

muito problemáticos que fossem. Pelo contrário,jamais apliquei aquelas matérias novas que

andava a estudar, simplesmente porqueeram muito “complicadas”.

Este ponto de inflexão, é à data dehoje, mas na nossa sociedade vemacontecendo desde faz já uma porçãode anos. Por muita tecnologia quehouver e que merece meus respeitose louvores, a problema REAL é queos pais têm que fazer grandesesforços para que os filhos estudeme façam uma carreira “decente e bemvista”. Mas depois encontram adificuldade de que simplesmente nãohá EMPERGO e que vemosengenheiros, arquitectos, químicos emédicos…, tendo de aceitar umtrabalho por debaixo dessa preparaçãoadquirida com tantos esforços esacrifícios. Ou como está acontecendonos últimos tempos, que os nossosprofissionais têm de sair à procuramelhor sorte em outros países queoferecem certas possibilidades a esserespeito.Evidentemente, este é um

comentário que só tenta ser irónico. Ocerto é que tudo é relativo, nada épara sempre e nos vinhedos doSenhor há para todos e todas. A nossa actual sociedade nos exige

cada vez mais esforços, maiscolaboração, participação, impostos e

sacrifícios pessoais e familiares. Mas pelocontrário, gozamos de menos prestações.

Ponho este simples exemplo: com grandeesforço compramos um carro, o tambémnecessitará de um bom seguro em qualquerdas suas ofertas e preços, terá também depagar imposto de circulação, quando chegaro dia passar a ITV, e assim sucessiva econtinuadamente. A questão é largar e largardinheiro constantemente. Mas que

acontece quando nos dirigimos a umlugar da cidade para realizar algum

recado? Damos voltas e maisvoltas para tentar encontrar um

lugar onde legalmenteestacionarmos em

condições. Este,e v i d e n t e m e n t e

também terá de serpago. Mas muitas vezes,

Page 44: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 45: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

além de não encontrarmos esse lugar,também não há um estacionamentopúblico na zona com espaços livres.Isto nos obriga a deixar o carro muitolonge de onde realmente temos de irpara esse recado. A outra opção édeixa-lo “mal estacionado”, com ograve risco de que quando voltarmosvamos encontrar uma bela multa nopára-brisas, ou com o impacto pior,quando constatamos ter sido levadopela grua. Como podemos observar,estamos encurralados, vigiados,controlados e explorados, olhemos poronde olhemos! Se o Excmo. Municípionão construiu mais estacionamentopúblicos, porquê é o contribuinte quemtem de levar sempre a pior parte? Acada dia somos mais nestemaravilhoso planeta, a climatologiaestá mudando por causa danegligência e do atrevimento humano.E com isso, o nosso querido mundoestá indo a pior.Por fortuna, no nosso mundo das

artes marciais, o assunto leva umaimpressionante trajectória e evoluçãoconstante. A mim me impacta constatarhoje, como aqueles sonhos da minhainfância em que eu dava uns saltosenormes, voava no ar e realizava umasproezas impressionantes, agora e após50 anos, isto se está demonstrandoque “com certas l imitações”, épossível. Tanto em Youtube como emFacebook e outros meios da REDE, nosoferecem exercícios impressionantes ereais, acrobacias, atletas magníficos eproezas que parecem de cinema. Tudoisto nos leva a pensar acerca de qual éo limite do ser humano neste planeta?Porque estamos falando só de proezasfísicas, mas é que o “homem” estádesafiando a genética, a medicina emuito mais.Em todo ordem de coisas deste

género, entendo que há uns primeirospassos e umas premissas. Tanto como oabecedário, do A ao Z, também nasartes marciais existem estilos, níveis,programas, graus, etc. Além da influênciadaquilo que é o que cada um desejaconseguir treinando artes marciais!Se é nosso propósito conhecer as

artes tradicionais do antigo Oriente,procuramos estilos tradicionais. Sedesejarmos aprender defesa pessoal,procuramos estilos práticos, funcionaise directos. Se o que procuramos é

competir…, devemos analisar até queponto gostamos da competição, o tipode regras, o semi-contacto ou o plenocontacto. Se pertencemos às forças de

segurança do estado, devemos saberquais são os parâmetros da nossaactuação em tal sentido e consoantes ocorpo ao qual pertencemos. Se o casoé que somos um vulgar delinquente,então “vamos sofrer…”Como já tenho dito em diversas

ocasiões, por escrito e falando, emconversas privadas, em cursos abertoso nos meios de comunicação,pessoalmente, desde que comecei aprática de desportos de contacto eartes marciais, sempre o fiz comentrega, dedicação, esforço, seriedadee entusiasmo. Assim, sempre soubeapreciar e dar valor a cada estilo emestre, aos quais tive a enormesatisfação de conhecer, treinar eaprender com eles. Assim obtivediversas graduações, tais como: 3ºDanem Tae-Kwon-Do pela “United Tae-Kwon-Do International”, 3ºDan Lima-Lama com Jorge Vázquez, UTI; 4ºDanShotokan Karate, pela FederaçãoAlavesa de Karate na Espanha,reconhecida pelo Conselho Superior deDesportos, 6ºDan Full-Contact com BillWallace, 9ºDan Kosho-Ryu Kenpo,MIKKA; 10ºDan Fu-Shih Kenpo.A prática e conhecimento de outros

estilos é muito necessária paraconseguir perceber os valores que cadaum deles. Também para admirá-los,respeitá-los e agradecer quanto depositivo têm dado à nossa maneira dever e de treinar artes marciais. Quandosomos jovens e gozamos de tantasaúde vital, energia e entusiasmo,somos à vez capazes de absorver tantoconhecimento, como esponjas que tudoembebem e depois se espremem. Comsaúde e juventude não há problema.Esbanjamos energia e também muitafantasia no nosso “Ego”. Mas quando otempo vai passando e vamos tendomais anos, vamos fechando o círculo evamos ficando só com aquilo querealmente nos convence, do quegostamos e nos parece correcto. Vamossimplificando tudo!No meu longo trajecto marcial, tenho

visto como, por exemplo, umCompetidor foi capaz de vencer emtodos os seus combates em um

Fu-Shi Kenpo

Page 46: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Campeonato Mundial, simplesmentecom o seu pontapé lateral direito. Era oque melhor sabia fazer e ele sabia. Tantofazia em que ângulo ele estivesse ouestivesse o oponente, sempre o situavaonde e quando ele queria. Isso éinteligência… Sempre digo aos meus alunos, que é

preciso treinar e aperfeiçoar as nossashabilidades. Que aquilo que treinemsuficientemente aquilo que não fizerembem, como para vencerem essasbarreiras. Mas que quando nosencontramos numa autêntica luta ou emum Campeonato, “não uti l izem astécnicas deficientes” que também nãomostrem todo o seu repertório.Simplesmente utilizem as suas melhorestécnicas ou armas. O resto, é correr umrisco desnecessário. No meu ambiente, vejo muitos

praticantes desorientados. Talvez fora delugar, oportunistas também, queinterpretam as artes marciais como umsimples negócio. E se é uma maneira deganhar o pão de cada dia e de manter afamília, podem contar com todo o meuapoio, orientação e colaboração. Sempreo tenho feito durante toda a minhatrajectória e por isso tenho sido tantolouvado como crit icado. Não temimportância! O problema não é meu,quando sou consequente. Como sabemos, é necessário e tem de

haver de tudo. Assim é o nosso mundo ea nossa sociedade. Os intrusos que nãoestão à altura, mesmo sendo intrusos,terão pouca vida neste e em qualquersector. Mas há outros que servem paraorganizar, o para recrutar alunos. Têmlábia e fazem-no melhor que algunsespecialistas e versados que só sabemmostrar suas próprias habilidades físicase técnicas, mas que carecem da

dedicação, carisma o marketing paraagrupar, realizar o canalizar o “negócio”.Tenho conhecido 6ºDan - segundo eles

próprios dizem ou os seus papeisfalsificados, que eram os piores artistasmarciais que conheci na minha vida, masno entanto, dirigindo, organizando einstruindo têm sido capazes de criargrandes artistas marciais ecompetidores. Tudo tem o seu mérito e érelativo.Por outro lado, também tenho

constatado no meu próprio ambiente,que não é prudente nem aconselhável,consentir medíocres, personagens semcarisma, desajeitados praticantes ouensinantes, que parecem blocos decimento quando se movem, com umainsegurança brutal e aos quais, porrespeito, prudência ou negligência “seconsentem” e não se lhes diz na cara assuas próprias realidades. Com o tempo,eles mesmos acabam por acreditar quesão “bons”; são como os “Bipolares”,que de repente, um dia se levantam com“alma de Grandes Mestres”, criadores denovos estilos, manipulando o marketingmundano para “tentar” erigir-se como “OÚLTIMO, O MAIS, A EXAGERAÇÃO”, edepois vem a enorme vergonha, não adeles, porque eles continuam pensandoque são “diferentes”, quando realmente avergonha é para aqueles que os temosincentivado, protegido “por piedade” equando publicamente temos visto eouvido as risadas e as terríveis críticasque saem pela bocas dos que simpercebem e sabem de como é o assunto.Por essas coisas da vida e do outro

lado, estão uma enorme quantidade degrandes pessoas, excelentes artistasmarciais, que poderiam e mereciam terestado no mais alto deste mundo marcialnosso e que a pesar de sua grande valia,

Raúl Gutiérrez

“Kung Fu, não se refere a um estilo emespecial. Kung-Fu significa fazer bem ascoisas. Ser o melhor em tudo o que

empreendermos. Pratiquemos Kung-Fusem magoar nem ferir ninguém, mas sim

para ganharmos o respeito,credibilidade, confiança, amizade e prudência”

Page 47: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

seu grandioso talento e suas magníficas contribuições, nãoconseguiram. Talvez porque o verdadeiro, o autêntico, o querealmente sabe e merece, é humilde, respeitoso e não seconsidera criador nem descobridor de nada novo. Sóindagou, investigou e trabalhou arduamente na “procura de simesmo”. Falar dos fanfarrões, medíocres, traidores ou iludidos, e dar

seus nomes, não é obra de bom cidadão, companheiro ouirmão. Mas falar em alguns daqueles que tenho tido e tenhoo prazer de conhecer, tratar e até desfrutar, sim que meparece correcto. E por isso apresento os meus respeitos,

admiração, lealdade e gratidão para: Luís António Palao,Asencio, QEPD, José Banaclocha, QEPD, Yee Seil (emfrente meu irmão, te admirei logo no primeiromomento), Mestre Sérgio Hernández, (irmão,mereces a glória e um grande estatuto mundial,porque és muito grande), Martín Luna, (estásconseguindo, meu brother, e bem sabes queestou do teu lado), Mário P. del Fresno(sempre senti que eras uma estupendapessoa e muito bom artista marcial e quepoderias chegar a ser um muito bommestre), David Domínguez e Esther,continuem assim, vocês são um beloexemplo de casal na vida e de binómiomarcial. Darío Diaz Castro, tu és nobre econsequente. Incansável pesquisador,estudioso e honesto. Mereces estaronde estás e mais além, onde vaischegar. Agora é quando um imbecil em potência,

cheio de complexos e mal agradecido, entrariaa comentar me impor um castigo ou a dizer: “São anjos

demais…”. Como disse Jesús Cristo: “Perdoa Senhor,porque não sabem o que dizem”.Amigos, simplifiquemos a nossa vida. Analisemos quais as

coisas nesta vida e momento nos causam mal e quais nos dao alegria, felicidade e satisfação. Eliminemos os mais, semrancores nem maus desejos para ninguém e afiancemo-nosnas coisas belas deste mundo. Não realizemos 20 pontapésdiferentes, mas as que realmente nos resultarem úteis,práticas e nos consumam menos energia para alcançar oêxito. Se já sabemos onde necessitamos ir e ali ondevamos não há estacionamento e multam, vamos demetro, de antocarro ou a pé, que é mais saudável…

Procuremos a melhor maneira de tentar ser úteis àsociedade, cívicos e respeitosos com a natureza e osnossos semelhantes. E não esqueçamos que umartista marcial não só deve de o ser durante os seusmomentos de treino em um dojo ou escola, mas as24 horas do dia e em todas as coisas normais erotineiras da nossa existência.

Kung Fu, não se refere a um estilo em especial.Kung-Fu significa fazer bem as coisas. Ser o melhorem tudo o que empreendermos. Pratiquemos Kung-Fu sem magoar nem ferir ninguém, mas sim paraganharmos o respeito, credibilidade, confiança,amizade e prudência.

Até o mês que vem e OBRIGADO

Fu-Shi Kenpo

Page 50: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

ENFRENTAR A BRECHA DO GÉNERO

Page 51: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

O que é a “brecha dogénero"? Nas Artes

Marciais faz referência ágrande diferença no

número de praticantesmasculinos e femininos. Este problema tem existidodurante muitos anos e temsido objecto de análises de

especialistas, estudosprofissionais, estudos da

indústria, artigos em revistas eoutros meios bem

intencionados, paracompreender e paraoferecer possíveissoluções. Nadafuncionou. Os

homens

continuam superando as mulheres emnúmero, eles constituem um 70% e asmulheres um 30% nas escolas de ArtesMarciais de todo o mundo. Mas, qual omotivo? É cultural? Educação social?

Psicológico? Fisiológico? Tem a ver com otempo, estando as mulheres mais

atarefadas que os homens? Dinheiro?Intimidação do ambiente? Instrutores com

atitudes "masculinas"? Realmente,ninguém sabe e penso não haver umaresposta única. Provavelmente seja

uma combinação de muitosfactores. Mas a pergunta

continua a ser, comopodemos mudaristo? E por quemotivo o devíamos

de fazer?

Combat Hapkido

Page 52: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Combat Hapkido

Page 53: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Vamos responder em primeiro lugar àsegunda questão, porque é a mais fácil.Devíamos ter muitas mais mulheres nasaulas de Artes Marciais porque elasNECESSITAM A DEFESA PESSOALmais que os homens! Há literalmente,em todo o mundo, milhões de casos deviolência doméstica a cada ano, muitosdos casos onde as mulheres são asvítimas, não são denunciados, Além deroubos, violações, roubos de carros,sequestros, agressões, etc., que emtodos esses crimes as mulheres têmmais probabilidades de serem vítimas eas habilidades da defesa pessoalpoderiam marcar uma diferença crucial,entre uma fuga segura ou sofrer lesõesgraves. Portanto, é um facto indiscutívelque as aulas de Artes Marciais com umforte destaque na auto-defesa,beneficiariam em grande medida asmulheres e seriam prevenção desofrimentos indescritíveis.Agora, voltemos à primeira pergunta:

Como fazer com que mais mulheresestudem Artes Marciais ou comomínimo, treinem defesa pessoal? Sinceramente, eu não sei! Já passei

mais de 40 anos nas Artes Marciais eainda não consigo perceber isto. Numaépoca, desde meados dos anos 80 atémeados dos 90, era dono e director deuma pequena cadeia de escolas deArtes Marciais e fiz todos os possíveispara atrair estudantes do sexo feminino.Anunciei aulas especiais para elas;ofereci às mulheres cursos de defesapessoal; dei conferências acerca dasegurança das mulheres; organizeiseminários para a prevenção deviolações para a comunidade, sem custoalgum… Me ofereci para ensinar defesapessoal nas organizações de mulheres,etc.… Nada proporcionou uma diferençatangível. A relação nas minhas escolascontinuou sendo obstinadamente de70% de homens e 30% de mulheres.Tive de aceitar este facto, mas até hoje,continuo procurando novas maneiras detrazer mais mulheres para treinaremdefesa pessoal.Nos últ imos 20 anos tenho

aprendido mais algumas coisas eespero ter avançado um pouco. Euainda não sei os motivos de queconstituindo as mulheres um 51% dapovoação, só um 30% são praticantes

de Artes Marciais, mas tenho algumassugestões para os proprietários deescolas, acerca de como melhorar estasituação, que gostaria de compartilharcom os leitores:

1. Acabem com a atitude de"macho"! Projectem um ambienteacolhedor, não intiminatorio na escola.Não permitam que os estudanteshomens se mostrem de maneiraarrogante, superior, agressiva ouameaçante.

2. Não concentrem o treino nacompetição desportiva (a não ser queessa seja claramente a especialidadeda escola). A imensa maioria dasestudantes estão procurando praticaruma defesa pessoal realista.

3. Ofereçam um programa de "VidaSaudável", que incorpore uma grandequantidade de técnicas de "luta", taiscomo pontapés, socos, cotoveladas ejoelhadas, derribamentos, etc. Ocultar os movimentos de Artes

Marciais em exercícios deacondicionamento físico, fará com queo treino seja divertido e fácil, além deatraente para aquelas mulheres queinicialmente só pretendem estar emforma.

4. A menos que se dirija uma escolamuito tradicional e se ensine uma Artemuito tradicional, têm de se reduzir osritos, a terminologia da Ásia, o vestirtradicional (com os pés descalços) e oambiente de culto. O comportamentode servil e submetido, requerido paraos estudantes nessas escolas, nãoconvence muitas mulheres que nassuas vidas poderiam estar lidando comproblemas de desigualdade ou dedescriminação.

5. De ser possível, tenham umamulher Instrutora Faixa Preta dandouma aula "só para mulheres", mulheresque se não sintam à vontade treinandocom homens ou aprendendo doshomens. Não ridiculizem nem sejamcríticos…, posto que desconhecem asexperiências negativas ou traumáticasque essas mulheres poderão terpadecido.

6. Se têm aulas mistas, mantenhamuma estreita vigilância dos estudanteshomens, para que haver toquesinapropriados, especialmente durante otreino no solo e no "grappling". Um só

incidente ou queixa, pode acabar coma reputação da escola.

7. Os estudantes homens podem sero vosso melhor recurso... Têm mães,irmãs, filhas, mulheres, namoradas,colegas no trabalho, etc. Digam-lhespara falarem com elas acerca dasegurança, defesa pessoal e todos osbenefícios do treino das Artes Marciais.Peçam-lhes para as convidarem parauma aula de introdução, gratuita. Otreino com um familiar ou um amigo, émenos intimidatório e elas sentir-se-iam mais à vontade.

8. Analisem os horários das aulas everifiquem se oferecem pelo menos umdia de aula a uma hora convenientepara as mulheres que estão atarefadascom as crianças e com outrasobrigações familiares. Proporcionem-lhes a ocasião de terem um pouco detempo "para elas".Estas são só algumas

recomendações, que eu aprendi porexperiência, que me têm demonstradoserem úteis para atrair e reter as alunas.Mas, quando estava finalizando este

artigo, me apercebi que faltava umacoisa! Faltava O PONTO DE VISTA DEUMA MULHER! Para falarmos com objectividade e

credibilidade deste assunto da poucaparticipação feminina nas ArtesMarciais, devemos escutar o ponto devista de uma mulher. Esta contribuiçãoé indispensável se realmente queremoscompreender as questõesapresentadas. Assim sendo, resolvicorrigir esse descuido e pedir a umamulher que contribuísse a este debate,escrevendo um artigo de seguimento,acerca do mesmo assunto. Queria quefosse alguém especialmentequalificado, com ampla experiênciapessoal e que se tivesse enfrentadoaos desafios de um mundo dominadopelas artes marciais masculinas.Não tinha que ir longe... Perguntei à

minha mulher, Trina, que durante osúltimos 23 anos, não só tem colaboradocom a minha carreira, como tambémtem sido bem sucedidas criando a suaprópria identidade e reputação nomundo das Artes Marciais. Espero quegostarão de ler o seu artigo, que serápublicado na próxima edição de BUDOINTERNACIONAL.

Page 55: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 58: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 60: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

KUMOBITOU & ONIGUMO

Se voltarmos os nossos olhos para trás e analisarmos em consoante argüição, veremosque desde os primórdios, e não somente no reino dos homens, o combate corpo acorpo se traduziu em diversas circunstâncias que, quase sempre, terminavam najunção dos dois corpos. Os mongóis, os índios norte-americanos, até mesmo osíndios do Amazonas, possuem semelhantes movimentos que nosremetem a perspectivas diversas de observação. A palavra japonesa

“Kumobito” 蜘蛛人 possui sua origem no que se conhececomo “Kumo Gassen” – luta de aranhas, um esportesangrento envolvendo as aranhas que ocorre dedistintas formas em áreas diversas do mundo, entre

elas está Japão, Filipinas e Singapura.Normalmente no Japão se

u t i l i z a m

a r a n h a sfêmeas pelofato de que elasmatarão suaoponente em caso darival não receberintervenção ecuidados de seu dono.Já em Singapura esseesporte preferentemente usaaranhas masculinassaltadoras, que lutam apenaspelo domínio, e seu oponente,apesar de machucado, não émorto como no caso das fêmeas.Essa cultura de apostas da Batalha

Page 62: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

de Aranhas ou Kumo Gassen ocorre até hoje, anualmente, emKajiki, Kagoshima, e acredita-se que sua origem reside noséculo XVI. Uma das aranhas (Kamae) é colocada no final deum pau de madeira, e a outra (Shikake) no outro extremo, elutarão no meio.Tal teoria desenvolvida para o uso de pessoas baseando seu

movimento na movimentação de aranhas tinha como principalobjetivo enfrentar um oponente vestido com armadura. Noentanto, as mudanças sociais obrigaram à readaptação deuma proposta que oferecesse resultados mais efetivos em ummenor espaço de tempo durante o confronto. Surge o“Onigumo” 鬼蜘蛛. Traduzido como demônio–aranha, duasversões antropológicas são empregadas na transmissão deseus conhecimentos: a primeira é que suas técnicas eramaplicadas nas patas dos cavalos a serviço dos samurai; asegunda, situava-se na completa destruição do oponente esua imobilização em apenas um movimento.Contradições e divergências à parte, ambos são

considerados métodos que ajustam a força do oponenteutilizando alavancas como pontos equalizadores da forçacorporal. Com o passar dos séculos, tanto o “Kumobito” como“Onigumo” foram introduzidos como armas adjacentes emartes como Kumiuchi, Yoroi Kumiuchi e Jujutsu. As suasriquezas e manobras estruturais são vastas.

Para se aprender bem esses aspectos dentro do Jujutsuhá de se entender que tanto em pé quanto no chão senecessitam de três pilares.

1 – Aprender a se defender,2 – Criar oportunidades,3 – Aproveitá-las bem.

Vejamos: Aprender a se defender significa igualar as forças de ataque

e defesa. Ou seja, o ataque não pode surtir efeito em suaguarnição. No caso da luta de chão, estudar bem as posiçõese como reconquistá-las caso estas sejam perdidas. Significaisolar a força do Tori de tal forma que ele se sinta impotente.Saber colocar a força nos locais adequados, tal como nosângulos que proporcionam a melhor movimentação. Seolharmos através do português, defender: do Lat. Defendere -v. tr., proteger; socorrer; patrocinar; falar em abono de,advogar; prestar auxílio a; abrigar; impedir; proibir; vedar; v.refl., justificar-se; desculpar-se; resistir a um ataque; abrigar-se; resguardar-se. Se analisarmos em cada vertente deste significado, veremos

que existe um longo caminho para entendermos o quesignifica se proteger ou defender. Criar oportunidades significa o perfeito uso da estratégia.

Dominar o oponente a ponto de colocá-lo em uma posiçãoque nos favoreça vantagem. Movimentar dentro de suamovimentação. Estar sempre um passo adiante de suas idéias.Fazer do ataque oposto uma oportunidade. Abrir os olhos e amente à ponto de visualizar todas as circunstâncias. Permitirque o oponente faça seu jogo e dentro do seu jogo criar asoportunidades. Muitos tardam em se libertar da ordem dascoisas. Ordem significa um estado mental em que não hácontradição e, portanto, nenhum conflito. Isso não implicaestagnação ou declínio. A ordem que obedece a uma fórmula,a um ideal ou conceito é, simplesmente, desordem. Se umapessoa se ajusta a um padrão de pensamento — uma certacoisa ideal que ele deveria ser — nesse caso está meramente

Page 63: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

a imitar, a ajustar-se, a disciplinar-se, a forçar-se, a fim de adaptar-se a ummolde. No jogo real que envolve ataque e defesa não há ordem. Aproveitá-las bem significa que nem toda oportunidade deve ser um

caminho para seus pensamentos de vitória. Calçar bem as intenções para nãose tornar vítima da própria estratégia. Significa uma técnica de finalização.Muitos atletas possuem um bom jogo mas pecam na hora de finalizar. Estudarbem os ângulos da força e músculos para que a técnica funcione no momentonecessário. Buscar a finalização é um erro. Aproveitar o momento oportunopara a finalização é o correto. No buscar, há a entidade que busca, e a coisabuscada, portanto, dualidade. E que poderá achar o "eu" que busca?

Principalmente se estiver cansado e com o raciocínio lento, o que eleachar estará de acordo com seu condicionamento. Se um indivíduopratica somente Jujutsu, achará o que sua cultura e a respectivapropaganda lhe ensinou; se é praticante de outra arte, achará o que acultura original desta lhe ensinou, e assim por diante. Aproveitar as

Page 64: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

oportunidades é acima de tudo tornar-se vazio, sem vontade e sem intenção e em um segundo tornar-se feroz eindefensável. Tanto para o “Kumobito” como para o “Onigumo” temos que compreender que toda força gerada em sua

tração possui uma forte centralização em seu eixo de equilíbrio. A racionalização da força em distribuiçãonos dois pólos superior e inferior do corpo, corresponde ao reflexo da reverberação desta energia quecentrada no eixo, faz o papel da grande mantenedora das técnicas empregadas no Jujutsu. Tal forma direcionada consiste em atacar exatamente este ponto no oponente que perderá o

equilíbrio e, por conseguinte, sua força. Muitos mestres do passado ensinavam seus alunos aagarrarem a cintura dos oponentes e tirá-las do eixo, anulando sua força que se direcionará paraas extremidades. Ou seja, sua força central é remetida para os braços e pernas. Assim sendo, as formas seguintes de ataque ao uke devem visar estes pontos que, em

suma, se competentes como lutadores, protegerão o pescoço e pontos ímpares. Muitasposturas no passado foram desenvolvidas para este fim e de uma forma geral, as técnicasde luta no solo desenvolvidas no Jujutsu consistem em cinco posturas básicas. Tateosae, kami osae, Yoko osae, ushiro osae, Renkaku osae. Tais formascorrespondem a todos os caminhos necessários para as execuçõesprimárias das técnicas de katame no Gikkou – formas de prender oadversário no tatame. Em pé, muitas foram as maneiras desenvolvidas para a

imobilização do oponente que em sua maioria apostavanos ataques de Uchi no Gikkou – técnica de pancada,traduzida grosseiramente. As técnicas quedirecionam o trauma do uketambém são de sumavalia, uma vezassociadas asformas deimobilização.

Page 65: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Arte do Japão

Agora vale ressaltar que muitas destasformas desenvolvidas para uma luta corporal

contra apenas um oponente, deve ser adaptada caso o ataque seja efetuado pormais de um adversário. A união destas técnicas que empregam o agarramento e otraumatismo, faz do Jujutsu uma grande arma de guerra que atropela seus

oponentes prendendo-os em uma teia de difícil reversão. Porém, contrariamente aoque pensam, o Jujutsu era a forma de defesa pessoal utilizada pelo samurai em seu

dia-a-dia. Seu pensamento consistia em, sendo atacado de surpresa, uma reação rápidapara que depois observasse o próximo passo a ser dado. Tais técnicas partiam do princípio

de uma malícia na forma de defesa caso fossem atacados em qualquer posição a qualquermomento. Muitas foram as escolas que inovaram utilizando o auxílio dos ambientes a seu favor.

Algumas chegavam ao extremo de treinarem seus alunos contra-ataques em locais inusitados comoOnsen – casa de banho, estalagens, florestas e etc. Daí se fez possível caracterizar cada escola pela sua

peculiaridade de pensamento.Além disso, estratégias variadas podem sem utilizadas para se alcançar a vitória, entre elas a de fazer o

Uke se perder. Utilizada em praticamente todas as artes praticadas pelo Bugei, esta forma de heihoestabelece a ligação natural com a época de Sengoku Jidai, visto que em suas estruturas de movimentaçãoo engano favorece a margem de vitória. No passado esta forma de estratégia era utilizada com o auxílio dealgum ambiente que possibilitasse a confusão do Uke diante de seu ataque. Ou seja, o Tori utilizava-se de umaparede, árvore grande, ou mesmo a movimentação em meio a algum matagal, de maneira que cobrisse partede seu corpo. Quando isso não era possível este estabelecia uma linha de movimentação que confundisse acoordenação do Uke, fazendo com ele se perdesse ao longo de seu movimento. Um exemplo disso discutimos aseguir:Yuki-chigai significa perder-se ao longo do caminho. Quando este – o Tori – utilizava de algum artefato como os

citados acima, visava conduzir o Uke de maneira que este avançasse com a intenção de atingí-lo e, antes mesmode completar a movimentação, executava um pequeno retrocesso dando a sensação de que o havia perdido. Emseguida o surpreendia com um ataque. Caso este não possuísse nenhum artefato e fosse obrigado a iludir o Uke, executava com passadas rápidas um

desloque lateral, em passos pares para que a interrupção fosse executada em um número ímpar. Ou seja, naintenção de um desloque de seis passos firmes para a direita, à medida que o Uke acompanhasse seu movimento,retrocederia no quinto passo e avançaria em linha reta rumo ao oponente, fazendo com o que ele, sem quepercebesse, continuasse sua trajetória, obrigando-o a girar seu corpo para tentar ficar de frente. Esta forma demovimentação era treinada repetidas vezes até que parecesse natural e não dependesse de um número específicode passos.

Page 66: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Profundamente, podemos explicar que, em qualquer movimentação, a verdade é relativa, e jamais absoluta. Quando o Tori,através de seus movimentos, diz que não existe movimentação, ele quer dizer que o movimento écomposto inteiramente por coisas que não são entendíveis. Se você percebe esta movimentação ounão, isso vai depender de muitos fatores. O que nos leva a concluir que depende da forma como oUke percebe as coisas. Olhando através do ponto de vista da interdependência, semprepodemos reconciliar as duas verdades: relativa e absoluta. Para que isto e torne possível, o Tori deve ter “Doação”. Neste caso, esta movimentação

significa não cobiçar, não ser ganancioso para não precipitar o movimento. Em termosestratégicos se diz que não ser ganancioso significa não querer atingí-lo. Conduzí-lo como emum grande jogo de brincadeira. Neste contexto estratégico - Yuki-chigai - apesar de no fundo ser uma verdade que nada

pertence a ninguém, não nos impede de tornarmos um com a movimentação do Uke parasabermos o momento exato. Não importa o quão insignificante seja o momento da alteraçãodos passos – o que importa é que o esforço seja genuíno. Quando deixamos o Caminho para oCaminho, alcançamos o Caminho. Alcançando o Caminho, o Caminho é necessariamentedeixado ao Caminho.Grandes mestre diziam: retire primeiro a possibilidade de movimentação de seu oponente

para depois iniciar sua movimentação. Em outras palavras, ele queria dizer que devemosprimeiramente imobilizar o oponente, para depois iniciarmos um trabalho construtivo para afinalização. Imobilizar é o mesmo que estabelecer uma posição específica para que o oponente não consiga

aplicar suas técnicas e movimentações. Para o dicionário da língua portuguesa, a palavraimobilização é um substantivo feminino que quer dizer ato ou efeito de imobilizar; estabilização. Se observarmos dentro da incomensurável riqueza do universo da luta de solo, veremos que são muitas

as formas de imobilizar o oponente e que também são muitas as formas deste contra-atacar, uma vez queesteja imobilizado. Bem... Mas se existem condições de contra-atacar, então não está imobilizado! Emverdade, nada está parado, tudo está em movimento. Assim também deve estar imobilizada a condição demovimentação do oponente para que este de fato esteja imobilizado. Dentro do que podemos perceber, toda movimentação possui um centro, e todo centro flui de acordo com

o que está em volta - oportunidades. Uma vez que isto é bem entendido, o segundo ponto é saber que vocêtambém está em movimento. Durante a luta, tudo está em movimento, então sua movimentação eimobilização são temporárias. Elas servirão como base para uma construção de seus objetivos.

Page 67: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Arte do Japão

O centro do equilíbrio se encontra no abdome. Uma boaforma de imobilizar o oponente é manter as costas dele nochão de forma que seu centro esteja imobilizado. Os músculos abdominais são compostos por vários grupos,

com diferentes posições e funções. O simples ato de realizarum exercício conhecido como “fazer abdominal” tem umaimportância muito maior do que a maioria das pessoas possaimaginar. A primeira informação que devemos lembrar que selocaliza na região central do corpo e, portanto, interfere nasestruturas em sua periferia, pois serve como sustentação dosórgãos (vísceras) e é coadjuvante na manutenção da postura. Os principais grupos são: reto abdominal e oblíquo externo

e interno. Suas funções estão ligadas ao movimento realizadopelo tronco, facilitam o trabalho do diafragma na respiração,

pois há contratação na expiração, exercem pressão intra-abdominal para o esvaziamento do intestino e basicamentetodos os músculos atuam em diversos movimentos. São os músculos do abdome que possibilitam, durante uma

luta no chão, as movimentações de braços e pernas queinvertem as posições e criam as oportunidades. Assim, pormais que uma imobilização seja eficiente, verifique se o centrodo oponente que fornece a força também está imobilizado.O bom treinamento consiste em saber ver e aplicar técnicas

desde diversas direções. Shiho, que tem como significado“quatro direções”, denomina que as técnicas do Jujutsudevem ser sempre aplicadas em: Mae – frente, Ushiro – atrás,Yoko – lado, Mawaru – circular. Ou seja, nas quatro direçõesexiste a verdade. Toda a movimentação que representa o

Page 68: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

desloque do adversário e a manipulação deste é classificadacomo “Shihopo – método das quatro direções”, termo queainda é utilizado por alguns mestres. No início esta forma fazia alusão aos quatro pontos cardeais

– norte, sul, leste, oeste. O norte classificava as suas vontadesde progredir – movimentando-se para frente. O sul se referiaaos ataques do oponente e a sua necessidade de se defender– movimentando-se para trás. Oeste é o momento máximo dadefinição – utilizando uma movimentação lateral. E o leste, serefere à qualidade de mudança, de buscar subsídios para umanova investida – movimenta-se circularmente. Podemos dizer de forma profunda que quando

movimentamos o centro do oponente, conduzimos este aovazio da força central localizada em seu hara. Deslocamos oseu centro e transformamos sua força de ação em vazio. Paraatingir o caminho, apenas permaneça modestamente e commente aberta: permitir que o oponente utilize sua força e fluircom ela. Cooperação é não-oposição. É não se opor a simesmo e não se opor aos outros. Em todas as direçõesdevemos aprender a trabalhar as forças opostas. Para quepossamos fluir, precisamos aprender a arte de fazer cessar —parar nosso pensamento, a força de nossos hábitos, nossadesatenção, bem como as emoções intensas que nos regem.Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a umatempestade, que leva consigo a nossa paz. Você nãoconseguirá fluir com a força do oponente, nem tão pouco seharmonizar consigo mesmo. O que podemos fazer para interromper este estado de

agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero,a raiva e os desejos? É simples. Podemos fazer isso atravésda prática da respiração consciente, do caminhar consciente,

do sorriso consciente e da contemplação profunda — parasermos capazes de compreender. Quando prestamos atençãoe entramos em contato com o momento presente, os frutosque colhemos são a compreensão, a aceitação, e o desejo dealiviar a tensão e fluir com a energia oposta. Por mais que a história nos remeta à distintos capítulos da

criação desta ou daquela arte, ainda que a contradição seja oponto forte dos apaixonados, a inteligência humana é por simesma uma força criadora e das mais poderosas. Anecessidade sempre foi o ponto de alavancagem desta subidarumo à performance desejada. Os séculos foram os maisimportantes observadores e testemunhas das transformaçõesque fizeram deste ou daquele ponto de reflexão a base parauma conclusão imparcial e sensata sobre, neste caso aqui, oJujutsu. Mesmo assim, deve-se considerar que cada escola possui a

sua versão da história que desemboca em suas raízes eorigens. Tal linha de reflexão é o que possibilita que cada umexista à sua maneira, movimentando-se de acordo com asregras que faziam parte dos protocolos da época, região,criadores, e etc. Isso significa que, embora para a época e osinimigos, o desenvolvimento e melhoramento de posturas eformas tenham sido consideradas um grande segredo, umaarma de guerra adiantada para os demais, não alcançaramtotalmente a perfeição e organização comparadas aos diasatuais. Podemos dizer que ainda hoje tais técnicas sofrem

alterações devido à própria condição do ser humano observar,ver pela perspectiva que lhe é mais conveniente e, sem dúvidaalguma, atualizada. É simples se pensarmos que se o equilíbriose restabelece de pronto e o progresso se manifesta em

Page 69: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Arte do Japão

Page 70: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

seguida, a prova contém sempre um desgaste que a inteligência não pode evitar: o mundo, por sisó, evolui! Outro exemplo é o Nijyugogi Happo. É simples: todo o Jujutsu ensinado estava aí! Vinte cinco

técnicas aplicadas em oito direções. Afirmaram os mais velhos que todo o Jujutsu estava aícontido, em suas formas de agarres, projeções, torções... Daí surgiram as idéias, as variações, asnecessidades de se redirecionar determinadas técnicas para fins específicos como o Torite,Mugen Mukeru e etc. Logo, grandes estudiosos disseram que o que se pratica hoje de Jujutsu emnossas instituições, são muito mais as variações – Mugen Mukeru, Torite, e etc., do que as reais eantigas técnicas – ainda que estas sejam treinadas diariamente em suas formas e especificidades.Por outro lado, os mesmos estudiosos refletem que pode ser simples se pensarmos que as formasnada tinham a ver com conservação – como se diz e promove hoje em dia em uma propaganda queleva o “jargão” tradicional. Contrariamente a isso, e observando em uma forma empírica e imparcial,todas as formas militares acreditam que a técnica é apenas um ponto de usurpação da atitude que,diga-se de passagem, é um poder estável e garante a bom uso da forma – seja ela qual for. Isso nosleva a crer que quando ocorre o contrário, a técnica tenta agarrá-la em forma estável, usurpando-acom uma violação de equilíbrio, crê-se possível o absurdo das formas – que nada atendem àsituação sem a atitude que a torna possível. Durante anos acreditou-se que a força é um atalhocômodo que produz efeitos imediatos. Podemos adicionar que diante da

técnica – em confronto com esta – seus equilíbrios podem seencontrar instáveis e prontamente ceder à reação natural. Porisso oito direções; que alguns traduziram como oito maneiras,oito formas – o que não corresponde ao kanji original.Nijyugo – vinte e cinco; e Happo corresponde a

Hachi (oito) e Hou (método) – que quando sejuntam o Hou se transforma e “Po”.

Page 71: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 73: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade.No momento de um combate seguimos nossos costumes de

movimentações e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos.Causamos vazio a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grandequantidade de destruição. Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessaresse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela

se manifesta.

Page 74: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

National Technical Dire Instructor Body

Mail - benguyen707@Website - http://www.

National Technical Director TUNISIA Instructor Black belt 4thDan Taekwondo National Trainer

Mail: [email protected]

Tel. - +216.252.536.30

Regional Technical Director ALGERALGERIE - Instructor 1th Degree Self

Defense - Instructor Tonfa Mail: [email protected]

Tel. +213.662.208.857

National Technical Director ALGERIAInstructor Black belt 4th Dan Jiu Jutsu

CN. 3th Dan Taï JutsuMail - [email protected] Tel. - +212.774.509.241

National Technical Director PORTUGAL - Instructor Black belt

4th Dan Kempo - 1er Dan Self Pro KravMail - [email protected]

Website -http://www.kiryukenpo.com

National Technical Director BELGIUMBlack belt 5th Dan AikijutsuMail - [email protected]

Tel. - +32.494.773.812

National Technical Director QATAR -Instructor Black belt 5th Dan Karate

CN. 4th Dan AikidoMail - [email protected]

Website - http://www.karimdizaj.com

Nat Instruc 1er Da

M Web

National Technical Director MAURITIUS ISLAND

Instructor National Trainer MMMail - [email protected]

Tel. - +230.578.142.27

Regional Technical Director SETUBAL(PORTUGAL) -

Instructor Black belt 1er Dan Kravmaga -Mail - [email protected]

Tel. +351.967.272.706

National Technical Director SRI LANKA

Instructor Black belt 7th Dan Toreikan US- CN. 4th Dan Kick BoxingMail - [email protected]

Website - http://www.karimdizaj.com

National Technical Director SWIZERLAND Assistant Self Pro Krav

Mail - [email protected] Website:

http://clubspkdouvaine.e-monsite.com

Page 75: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

National Technical Director ARGENTINA- Instructor Black belt 5th Dan Karate 1er Dan Self Pro Krav and Police ROS

Mail - [email protected]: http://www.defperpolicial.com.ar

ector VIETNAM - yguard

@yahoo.com.vn cibpf-asie.com

Regional Technical Director LOSANGELES (USA) - Instructor CN. 1thDan Kravmaga and Self Pro Krav

Mail: [email protected] Web:

http://www.academielevinet.com

National Technical Director LUXEMBOURG -Instructor Black belt 1er Dan Self Pro Krav -

CN. 1er Dan Cane DefenseMail - [email protected]

Website - http://www.selfdefense.lu

Regional Technical DirectorADRAR ALGERIE Assistant Self Pro Krav

Mail [email protected]

Tel. +213 7 81 31 15 95

ional Technical Director SPAIN -ctor Black belt 4th Dan Kempo -

an Self Pro Krav and Police ROSMail - [email protected] - http://www.davidbuisan.es

National Technical Director AUSTRIA and BULGARIA

Instructor Black belt 1er Dan SelfPro Krav - CN. 1er Dan Police ROS

Mail - [email protected]: http://bsa-security.com

Regional Technical Director TIZIOUZOU ALGERIE

Instructor Black belt 2th Dan JuJutsu - CN. 2th Dan Hapkijutsu -

Mail : [email protected] Tel. +213.790.499.645

Regional Technical Director CATALUÑA(SPAIN) - Instructor Black belt 6th Dan Karate

CN. 4th Dan Full ContactMail - [email protected]

Tel. +34.938.662.173

Regional Technical Director ANTI-LLES - Assistant Self Pro Krav -

Mail - [email protected] Tel. 06.90.56.90.24

National Director PAKISTAN -Assistant Self Pro Krav

Mail - [email protected]:

http://www.musammam.com/represen-tative.php

National Technical Director RUSSIA -Instructor Black belt 1er Dan Self Pro Krav

Mail - [email protected]. - +792.486.156.79

National Technical Director CHILEand PATAGONIA - Instructor Black belt

2th Dan Kravmaga & Muay ThaiMail - [email protected]

Tel. - +54 0299 155069075

r

MA om

Page 77: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 79: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

REF.: • KMRED 1REF.: • KMRED 1Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

Page 80: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Sentimos orgulho em poder apresentar-vosDavide Benetello, um dos personagens maispopulares e estimados do Karaté profissionalinternacional.

Conhecido no ambiente não só pela suahabilidade e o seu inegável talento, comotambém pelo grande desportivismo e educaçãoque sempre tem demostrado, tanto nasmutíssimas vitórias como nas raras derrotas, eleé hoje uma das estrelas mais famosas do circuito daWorld Karate Federation, graças também ao seupoder de comunicação com o público.

Tendo sido Campeão do Mundo e três vezesCampeão da Europa e actualmente Vicecampeãodo Mundo, Davide é um atleta que nunca faltanos grandes encontros, mas sem renunciar àsua espectacular maneira de praticar, que otornou o mais procurado pelos fotógrafosque, com ele, sempre têm a garantia de umafotografia espectacular.

Uma carreira desportiva como a de Davideé pouco frequente mas ainda é menosfrequente o magnífico sabor de boca quetem deixado no seu caminho. Dele, opresidente da Federação Mundial disse:"Desportistas como Davide fazem grandeo nosso desporto, não só nos susaspectos técnicos como também nolado humano. É um magnífico jovemvárias vezes premiado pelo seuespírito desportivo."

Pedimos a Davide quecompartilhasse a sua experiênciacom todos nós, gravando um vídeosobre o treino para formar umcampeão. No auge da sua carreirae devido à tremenda exigência dacompetição do Karaté moderno,Davide já pensa na retirada, massó o fará quando sentir o seurendimento começar a declinar.Entretanto, gozaremos todos coma categoria deste fenomenaldesportista, um grande talento quepode fazer muito para ajudar a quemgozar do Karaté como desporto, parapoder sempre ir mais além. Não percam!

Karaté

Page 82: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Karaté

Para todos, as minhas mais cordiais saudações!Após muitos anos de sacrifícios e êxitos sobre os

tatames de cada canto do planeta, ofereceram-me aoportunidade de compartilhar as minhas experiênciascom o grande público. Através deste vídeo didáctico, quero tentar fazer o

Karaté profissional mais compreensível e próximo àsexigências de todos os praticantes, oferecendoumas bases didácticas mais ou menos rígidas,

aplicáveis a todos os karatekas e aos vários estilosde combate. Não é minha intenção tentar catalogar o Karaté

profissional (sempre em contínua e incessanteevolução), nem impor um estilo de combate únicopara todos os lutadores. Entretanto, penso que umatécnica "limpa" e apoiada sobre um conceito tácticodo combate, visando a constante busca da eliminaçãode erros grosseiros, permitir-vos-á subir aos tatamesmuito mais seguros das vossas capacidades, com acerteza de não voltar a perder, nunca mais, por

Page 84: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Karaté

Page 85: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

aqueles mal-aventurados e ingénuos erros que demasiadas vezes vos tiraram amerecida vitória, apenas por uma parvoíce. Tereis a possibilidade de perceber e corrigir os vossos erros mais comuns e

compreendereis a importância de escutar as vossas sensações durante asessão de treino. Tereis finalmente a oportunidade de descobrir e "roubar" com os vossos

olhos, a metodologia de treino que há vários anos venho aperfeiçoando atravésda aplicação diária.

Page 86: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Karaté

Page 87: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Em especial, quero chamar a vossa atenção sobre a necessidade de um cuidadominucioso da técnica de base, elemento imprescindível e ponto de começo de todas assessões de treino, tanto aquelas dos campeões à caça de resultados prestigiosos, comoaquelas dos jovens ou as dos simples seguidores, cujas vitórias são os progressos diários ea maturidade técnica. Um cuidado que deve ser um trabalho minucioso e exaustivo, paraalcançar resultados positivos, tanto nos golpes de braços como nos golpes de pernas (aarma que mais me caracteriza a nível internacional), como assim também noutros elementosbásicos sob o aspecto táctico, como mudanças, posição de guarda e postura. Só desta maneira será possível introduzir uma visão geral do combate, que tem como

objectivo principal eliminar os movimentos e as acções supérfluas, que frequentemente sãoas causas do fracasso de uma técnica. Analisaremos juntos todas as sequências de golpes e combinações mais eficazes que

aprendi através das minhas experiências profissionais, as quais me permitiram alcançar os

Page 88: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

vértices mundiais e ali permanecer mais de dez anos.Daremos uma atenção particular às técnicas de pontapés,as quais, na minha opinião, com a entrada em vigor donovo regulamento da World Karaté Federation, chegaram aser de vital importância.

Estudaremos, também, a importância de modificar astrajectórias e o ponto de impacto das técnicas, para nãoestragar todo o trabalho de preparação caindo emperigosas sanções, por causa da falta de controle dosgolpes.

Karaté

Page 89: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Para finalizar, um sincero conselho: tentem sempre divertir-se e aprender aquilo que ensino eaquilo que ensinam os vossos mestres e instrutores, com espírito livre, sem cair nunca numavisão demasiadamente esquemática e limitada do "Karaté de competição". Seus êxitos internacionais e um palmares sem precedentes, constituem o fruto de muitos

anos de preparação e estudo (quase três lustros), dedicados acima de tudo ao cuidadoprofundo dos detalhes que, nunca como neste período, podem marcar a diferença criando umespaço decisivo entre Vitória e Derrota. O Karaté profissional, na minha opinião, deve ser considerado um desporto longe daquelas

"tradições" que com frequência limitaram e moderaram a carreira desta Arte Marcial para ameta olímpica. Por isso, tentando sempre manter o máximo respeito por uma disciplinaesplêndida como é o Karaté, devemos tentar sair completamente desses freios "tradicionais"que podem levar-nos "fora do caminho", longe da meta em si, que é a da máxima prestaçãodesportiva. Não quero que me mal interpretem, posto que creio profundamente no espírito das Artes

Marciais e do Karaté, mas devemos também perceber de que quando pisamos um tatame,além do máximo respeito pelo adversário, devemos ter também uma preparação técnica,

Page 90: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

táctica e f ísica comparável à dequalquer outro desporto profissional. Tentem aprender o mais possível

deste vídeo, mas tentem tambémcontinuar sendo vocês mesmos; cadalutador tem o seu próprio estilo decombate, que é inato no seuinconsciente e que por isso não deveser modificado, mas sim apenasmelhorado para poder expressar aomáximo a personalidade, o coração, adeterminação e o génio. Lembrem-sesempre de que, ao fim e a cabo, notatame estamos totalmente sós,atacados por todos os medos e asdúvidas que nos perseguem em cadacombate. Desde a época dos meus exórdios

tenho acreditado profundamente nestateoria pessoal. Desde o longínquo1985, quando muito jovem ainda davaos primeiros passos no mundo destareluzente disciplina, descobrindo oquimono numa pequena localidadechamada Monfalcone, graças àactividade de uma associação dirigidapor Gianfranco Oggianu, o meuprimeiro mestre. Com o passo do tempo e com o

apoio de uma esplêndida família quesempre tem estado ao meu lado emtodo momento e não apenas porocasião dos êxitos de mais prestígio,comecei a olhar em minha volta,tentando aprender o mais possível deoutras realidades, como a "friulana"(do "Friuli Venezia Giulia", região doNorte de Itália) dirigida por o MestreRoberto Ruberti, para depois entrarpela porta grande, após ter sidocampeão italiano Junior, no que estáconsiderado por todos como aassociação italiana mais "vencedora"no mundo do Karaté: o grupodesportivo da "Guardia di Finanza"(força policial italiana), as prestigiosas"Fiamme Gialle" ("Chamas Amarelas")dirigidas pelo Mestre Claudio Culasso.Aqui tenho encontrado o total apoio àsminhas teorias e em colaboração como meu treinador Marco Lanzilao e osmeus preparadores atléticos PaoloTedeschi e Roberto Mazucato, no meiode milhares de sacrifícios conseguifazer a mudança de qualidadenecessária para ser convocado àminha primeira reunião com aSelecção Nacional Italiana Sénior

(1991), dirigida por o professor PierluigiAschieri e vestir por primeira vez ascores azuis (cores da selecção italiana)que representam a tricolor bandeiraitaliana no mundo. A partir dessemomento, a minha carreira profissionalcontinuou crescendo, dando-memuitas satisfações que, basta comlembrar-me delas, ainda hoje evocamno meu coração ondas de sinceras eincomparáveis emoções. Durante os muitos anos de prática

profissional, além de alcançar

prestigiosos resultados, sempre tenhotentado respeitar as regras e oadversário, lutando sempre com omáximo "fair play", para depoisalcançar o respeito geral e sincero porparte de adversários, treinadores,directores técnicos, árbitros epresidentes das federações, do que mesinto particularmente orgulhoso.Tornando-me um ponto de referênciaconstante para muitos atletas,compreendi o estado de ânimo dosmais pequenos deles, que se

Karaté

Page 92: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Karaté

Page 93: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

aproximam com entusiasmo e um pouco desaudável ingenuidade, a esta maravilhosa arte. Seria presunçoso pela minha parte, dizer

que aquilo que cheguei a ser é tudo minhaobra. Realmente, um dos principais méritosque reconheço em mim próprio, é o de tersido capaz de reunir a meu lado a umaapaixonada equipa de colaboradores muitopreparados e amigos sinceros. Pessoas que,além me terem ajudado a desenvolver o meupapel, também me têm apoiado nosmomentos menos luminosos da minhacarreira, capazes de não me fazer sofrerpelas minhas decepções e de proporcionar-me os estímulos necessários quando ascoisas não corriam bem. Agradecer a todos eles, um por um, seria

quase impossível, mas aqueles que têmestado a meu lado durante estes anos,sabem do que falo e sentem-se uma partefundamental das minhas vitórias. No entanto,não posso evitar falar com particular carinhodaquela que compartilha comigo todos osdias, dos mais felizes aos mais tristes. Paraela, para a minha namorada Debora, sou eserei sempre um campeão. Agradeço também a todos os atletas com

quem tive a honra de me enfrentar, aos queganhei e também aos que me derrotaram,posto que de cada um deles tive aoportunidade de aprender alguma coisa, decrescer sob o ponto de vista desportivo ehumano. Também tenho um pensamento para as

pessoas que não acreditaram em mim e paraaquelas que não perderam a primeira ocasiãopara insinuar, maliciosamente, que eu estavaacabado. Também vocês, de algum modo,me deram a força para alcançar metas demuito prestígio e para subir ao mais alto dopódio, com o peito enfeitado de medalhas. Agora só me resta mandar a todos uma

sincera saudação, esperando que as minhaspalavras e as minhas experiências possamajudá-los a alcançar os vossos objectivos esonhos de atletas e, oxalá, consigam tambémsuperar os vossos limites com um pouco defeliz assombro. Um abraço e até a próxima Vitória…

"Desportistas como Davide fazem grandeo nosso desporto, não só nos sus aspectostécnicos como também no lado humano. Éum magnífico jovem várias vezes premiadopelo seu espírito desportivo."

Antonio EspinosPresidente da

Federação Mundial de Karaté

Page 94: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Todo sistema tem limites e quando se necessita passar de um sistema para outro, devemos de aprender outraArte e isto é o que o Kapap tenta evitar. Isso é o Kapap, combate cara a cara, uma ponte entre sistemas. Oseu fundador deixou-nes uma frase cujo conceito empregam outros estilos de artes marciais tradicionais:“Não portes uma arma, sê tu mesmo a arma”. Se a tua mente, o teu espírito e o corpo são a arma, tu serás umaarma que será também efectiva quando portares uma arma. Este DVD da “Avi Nardia Academy”, trata daconexão entre a “velha escola” de Artes Marciais e o moderno CQB (Close Quarters Battle). A experiência como comandante nas IDF (Forças de Defesa de Israel) e oficial treinador da principal unidadeanti-terrorista israelita, ensinaram a Nardia que cultivar a mente e o espírito do guerreiro deve considerar-seprioritário ao simples treino do corpo. Entre outros, estudaremos a segurança com armas, os convincentes paralelismos entre o Iaido e a adequadamanipulação de uma arma de fogo. As armas de fogo são a última hipótese em armamento individual, mas nãoescapam à eterna sabedoria e à lógica da velha escola. Exercícios de treino adaptados do BJJ, exercícios dedesarme e o acondicionamento inteligente do corpo mediante exercícios, com explicações sobre os benefíciose as precauções. Um DVD educativo, inspirador e revelador, recomendado aos praticantes de todos os estilos,antigos e modernos.

Page 96: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

"Assim é como morremmuitos polícias", disse-me, conforme meaproximava de Harvey,no jardim da sua casa."Acredito que possodesarmá-lo semdisparar. Está bêbado eé um caso de violênciadoméstica. Sim. É assimcomo acontece e, defacto, acontece".

Harvey pegou numaespingarda. Estavaenlouquecido e o que éainda pior, ébrio dewhisky. O seu verdadeiroobjectivo era a mulherde Dallas, de quem tinhao dobro da idade, queatirava a sua mala paradentro do carro queHarvey lhe acabara decomprar. Ia abandoná-lonesse preciso instante eHarvey estava resolvidoa matá- la e talvez amatar-se a si mesmo, einclusivamente tambéma mim! Eu já o t inhalevado preso em outrasocasiões e sabia quepodia convencê- lo arender-se. O cano e osolhos acesos em fogoestavam principalmentecentrados sobre ajovem.

A ciência do desarme de armas de cano comprido

Page 98: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

O movimento de remo era um desarme deespingarda que nos ensinou o nosso sargento deinstrução, quando estive no recrutamento básico doexército, em Fort Polk, em Los Angeles. Mas aquilofoi durante a época de treino para o Vietname,quando os veteranos ensinavam todo o tipo decombates na curta distância, os que estavam nosmanuais e os que não. Depois convenceram-me aensinar este movimento a alguns jovens dapolícia e rapidamente percebi que na academiada polícia não se ensinava o desarme de rifle ede espingarda. Os polícias militares diziam que aeles também lhes não tinham ensinado nem umsó desarme de rifle. Também não se ensinavanas aulas de Karaté que tínhamos dado.Agradeço ao Sargento de instrução McKaskill,veterano da guerra do Vietname, que com doisjoelhos de plástico Dupont, se deu ao incómodode escolher um pelotão e ensinar-nos uma coisaque ele pensava que era importante. Comintenções de eu depois o ensinar, abordei oestudo científico deste problema. Isto é o quedescobri.Desde a introdução do rifle, os criminosos e os

soldados têm matado, ferido, apontado, ameaçado esequestrado, escoltado ou controlado gente com o seu canoameaçante. Este estudo analisa como anular a ameaça do rifle,identificando cientificamente as possíveis posições de confrontoe, seguidamente, dando-lhes solução. As armas que definimoscomo de cano comprido serão o rifle, a espingarda, a semi-automática e a automática.

"Harvey, larga-a. Dá cá a espingarda" –disse eu, aproximando-me ainda mais. Elerespondeu incoerentemente, gritandocoisas como: "Volta para casa" "Eumato-te". Quando vi e senti que toda asua atenção física se concentrava nelae não em mim, saltei sobre ele eagarrei a espingarda com as duasmãos. Com um movimento de remopara a frente, desarmei-o. Outroagente veio correndo e agarrou-lheum braço. Algemámo-lo justamentequando a jovem fechava a porta docarro com violência e seguidamente,desaparecia na curva da rua. Deixámo-la ir embora e prendemos Harvey porperturbação da ordem pública – umaimputação típica daquela época, porvolta de 1978.

Page 99: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Defesa Pessoal

Page 100: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

O confronto Como sucede? Capturam soldados, guardas e polícias;

roubam, sequestram e retêm cidadãos, tanto no meio ruralcomo no urbano. Todos os factores de cada uma das situaçõesdevem ser cuidadosamente considerados na acção que formosempreender. A psicologia deste jogo poderia ser objecto de umlivro – e até de uma licenciatura – mas aqui só mostraremos astácticas físicas.

Os Problemas FísicosProblema Físico 1) Avaliação do inimigoProblema Físico 2) DistânciaProblema Físico 3) PosiçãoProblema Físico 4) Modo de

transportar a armaPF1) Avaliação do InimigoDevemos avaliar a qualidade e

a quantidade do inimigo. Quetamanho, mentalidade, estadofísico e habil idades tem apessoa que empunha a arma?Os seus camaradasencontram-se por perto? Nopior dos casos, deveremosentrar em acção.

PF2) DistânciaO inimigo ameaça-nos

em três distânciasdiferentes.Distância 1) ContactoQuando a boca do

cano está em contactocom o nosso corpo.Todos os queempunham uma arma,estejam treinados ounão, tocamconsistentemente como cano. Talvez apessoa esteja compressa e nos empurrecom o cano. Talvez estejafuriosa e nos toque com o cano,como forma de intimidação. Talvezqueira ir ganhando confiança em simesmo. Mesmo que possaparecer uma estratégia errada,acontece frequentemente.Distância 2) AtaqueQuando a pessoa segura a arma a

uma distância na qual podemos ter aoportunidade de nos lançarmossobre ela para tirar-lha.Distância 3) De longeQuando o rifle nos está apontado

a uma distância em que não nos épossível lançarmos sobre ela, ouseja, literalmente, uma distância defranco-atirador. Aqui, a única coisaque podemos fazer é utilizar apsicologia para nos salvarmos.

Page 101: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

“Devemosavaliar a

qualidade e aquantidade do

inimigo. Que tamanho,mentalidade,

estado físico ehabilidades tem

a pessoa queempunha a

arma?”

“Segundo asinvestigações das

autoridadespoliciais dos

Estados Unidos, o emprego de rifles

para assaltar ematar cidadãose agentes dapolícia tem

vindo aaumentar”

Page 102: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

PF 3) PosiçãoO inimigo apresentará o seu rifle em quatro posições básicas,

com três variações em cada uma delas.Posição 1) Em frente de nósPosição 2) e 3) A cada um dos nossos lados (direito ou esquerdo)Posição 4) Atrás de nósVariação A) Por cima de nósVariação B) À nossa alturaVariação C) Por debaixo de nósPF 4) Modo de transportar a armaComo segura o inimigo no rifle? Simplesmente o segura com as mãos? Ou

pior, transporta-o segurado por uma correia? O adversário segurará a arma detrês modos básicos:- Com as mãos- Com a correia- Com um arnês de segurançaCom as mãosOs criminosos costumam empregar armas "civis" como

espingardas de caça e outras frequentemente roubadas. Oscriminosos civis transportam as suas armas de modo apoderem sacá-las rapidamente. Com a correiaDurante anos, fui encarregado de um estudo intensivo

da história militar, tendo analisado fotografias, tanto detropas internacionais sofisticadas e altamente treinadas,como de rebeldes sem treino. Dos vários milhares defotografias de pessoal militar armado examinados, maisou menos metade mostrava que se utilizava a correia daarma, enquanto que na outra metade não se fazia casodela, deixando-a pendurada por debaixo da arma. Paranos concentrarmos mais na questão, muitas destasfotografias eram imagens de prisioneiros e escoltas. Umaarma com a correia presa a uma parte do corpo do inimigo,representa um obstáculo para o desarme. O pessoal militartem correias. A ideia básica das correias é poder transportar aarma tanto em posição de repouso como de ataque. Depoisdescobriu-se que podia servir para melhorar a pontaria. Acorreia está segura ao cano para podermos deslizar no chão emsilêncio e de modo seguro. A correia permite as seguintesposições da arma:- atravessada no peito- debaixo da axila- às costas- através da axila e ao ombro- a modo de clipe. Na última década, os coletes e o equipamento de

apoio, como os "lanyards" (fitas com gancho de clipe) tornaram-semuito populares. Isto representa outro problema no momento dodesarme.

É o momento de atacar?Muitos indivíduos fugiram quando estavam a ser escoltados para

ser interrogados, estavam a comer, nos quartos de banho ou nosdormitórios. Muitos surpreenderam um guarda cansado ou poucotreinado. Muitos esperaram que o guarda ficasse sozinho. Muitossouberam que iam ser executados e resolveram morrer lutando -mas ganharam e viveram!

Page 103: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Defesa Pessoal

“Bater no inimigo com as duasmãos e com a arma,

se fizer falta. Quando conseguirem a posse da

arma, não estejam confiantes quevá funcionar. Pode acontecer quenão esteja carregada. Pode ser

uma réplica”

Page 104: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

De maneira que sempre devemos observar onde está o inimigo, que aspecto tem, onde transporta a arma, e identificaro modo como pode utilizar a arma, antes de resolver fisicamente a pior situação de todas.

Soluções básicas para a sobrevivênciaNão importa em que posição possa estar a arma que ameaça nem se o cano nos está a tocar ou se se encontra a

distância de ataque. A equação para sobreviver é:Foto 1: A AmeaçaFoto 2: Passo 1) Despejar o canoFoto 3: Passo 2) Controlar a arma e bater no pescoço e/ou na cabeça para atordoar o

inimigoFotos 4 e 5: Passo 4) Bater no braço e/ou nos braços que seguram na armaFoto 6: Passo 5) Arrebatar a arma ou empregá-la como asa para depois lançar a

arma enganchada.Continuar a bater no adversário

VariantesVariante 1) Enfrentar-se a uma arma solta, sem correia.O melhor modo de conseguir este desarme é batendo nos braços que seguram a

arma, para arrebatá-la.Foto 7: Depois de um golpe forte, emprega-se a correia

para o lançamento. De notar que o cano bate no plexobranquial; isso aumenta o ímpeto.Variante 2) Enfrentar uma arma l igada à

correia.Isto exige agarrar a arma e puxá-la

fortemente, para poder levar ao chão oinimigo. Bater sucessivas vezes, tantasquanto for necessário. Para conseguirum desarme devemos desenganchara correia ou separar o clipe que uneo homem com a arma.Para desligar a correia, primeiro é

preciso ter controlado o inimigosuficientemente; o bastante paramanobrar o seu corpo, para proceder.Separar o clipe de uma arma também requer umgrande controlo do adversário. Só então se pode teracesso ao sistema para o desligar,desenganchando-o ou cortando-o – para isso seránecessária a vossa faca ou a arma afiada doadversário.Vale a pena referir que se puxarem da arma,

ajudarão a activar o sistema de activação. Muitosespecialistas sugerem que é melhor empurrar a armapara atrasar a dita acção. Tenho analisado muitosassassinatos e tiroteios nos quais os combatentesforçaram armas de cano comprido e morreramquando estas dispararam enquanto tentavam tirá-las de quem as segurava.

NotasAlguns instrutores mal treinados insistem

demasiado no acto de forçar o rifle para fazeralavancas, sem repararem que primeiro se tem debater no inimigo. O natural é que um ser humanose aferre à sua preciosa arma, especialmente como cotovelo e o antebraço. A menos que lhebatamos, resultará muito difícil deslocar-lhe aarma para facilitar as chaves de braço e depulso. Tenho visto muitos instrutores ensinarem

Page 105: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

aos seus alunos a deslocar o cano para cima, com apalma da mão. Empurrando com a palma da mãopermitimos ao inimigo levantar o cano e apontardirectamente para nós. Se empurrarmos para baixopoderemos evitar isto. Outros instrutores preferem passara uma série de nós de marinheiros e de "boy scout" com acorreia, para atar o adversário. Por favor, considerem asprobabilidades cuidadosamente.

Depois do desarmeBater no inimigo com as duas

mãos e com a arma, se fizer falta.Quando conseguirem a posse daarma, não estejam confiantes quevá funcionar. Pode acontecer que

não esteja carregada. Pode ser uma réplica. Pode terficado inutilizada na luta e, com a grande variedade dearmas de cano comprido existente, pode ser que nãoconsigam fazer com que funcione. Além disso, o fogopode chamar a atenção sobre o vosso sucesso e chamara atenção dos seus camaradas. Pode acontecer quetenham que improvisar algum modo de atadura ou atématá-lo, se a situação o justificar. Estando já seguros e se

o tempo o permitir, revistem-no e confisquem-lhetodas as armas e o equipamento de apoio.

Olhar para trásPoderia ter disparado e matado com o

meu revólver o pobre do Harvey, naqueledia, há anos atrás. Ninguém teria discutidoeste ponto – e muito menos osassustados vizinhos, que observavam eque nos tinham telefonado. Mas bemque podia ter-me matado a mim! Éuma decisão que devemos tomarquando somos polícias. Harvey, sema jovem e sem o carro, chegaria avelho e morreria por causas naturais,enquanto dormia, como espero quevos suceda a todos vós, depois deaprender estas tácticas eestratégias, no caso de quecheguem a necessitar delas. Ah...e, boas noites sargentoMcCaskill… onde quer que possaestar.

Defesa Pessoal

Page 106: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Segundo as investigações das autoridades policiais dos Estados Unidos, o emprego de rifles para assaltar ematar cidadãos e agentes da polícia tem vindo a aumentar. Criminosos decididos e calculadores decantaram-sepelas armas de cano comprido. Muitos agentes morreram por disparos de rifle ao aproximarem-se do local de umincidente e tratarem de perto com os suspeitos armados. A maior percentagem de agentes mortos por disparode rifle dá-se em casos onde o agente se aproxima para entregar uma ordem ou para parar algum veículo –muitos deles foram assassinados antes mesmo de saírem do seu carro patrulha. A maioria dos falecidos por umdisparo de rifle, recebem o impacto de frente e cinquenta por cento destes, na cabeça.Naturalmente, em torno do rifle existe um completo negócio de acção militar. Os cidadãos de muitos países do

mundo vivem com medo dos regimes comunistas, fascistas, ditadores e armados, e sentem pânico frente aosexércitos invasores interessados na limpeza étnica, na violação, no roubo, na mutilação e no assassinato.

Page 107: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Defesa Pessoal

Page 110: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Reportagem

Page 111: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Após 13 anos de pesquisa, o judoca brasileiro, Rildo Heros de Medeiros,lançará um livro com descobertas bombásticas sobre a história do japonês queensinou o Jiu-Jitsu a Carlos Gracie.A pesar de toda a sua importância para a história do Jiu-Jitsu e Vale-Tudo,

Mitsuyo Maeda - também conhecido como Conde Koma - nunca foi estudado afundo e com a seriedade que merecia o homem que ensinou Jiu-Jitsu a CarlosGracie que, juntamente com o seu irmão Hélio, desenvolveu a técnica epossibilitou a popularização do Jiu-Jitsu e do MMA pelo mundo.

História

O japonês que levou o Jiu Jitsu para o Brasil

Page 112: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Reportagem

esumidamente, o que sabemos é que CondeKoma era um campeão japonês de Jiu-Jitsu,que chegou a Belém, em 1917, numamissão diplomática, com o objectivo de darsuporte à enorme colónia japonesa no Pará.

Lá, conheceu Gastão Gracie, que se tornou um grandeamigo.

A enorme amizade teria levado Maeda a ensinar aofilho de Gastão, Carlos Gracie, os segredos da arte doJiu-Jitsu, na condição que só passasse o que aprendeuaos seus familiares, uma vez que um japonês ensinar ossegredos do Jiu-Jitsu a ocidentais seria um crime delesa-pátria. Estas informações foram confirmadas pelopróprio Mestre Carlos Gracie na sua última entrevista,publicada na revista TATAME de Novembro de 1994.

Apesar de haverem diversos pontos desencontrados emuitos outros questionados por jornalistas ehistoriadores japoneses, a versão apresentada acima foisempre a que prevaleceu, pelo menos no mundo do Jiu-

Jitsu e do MMA. "O Conde Koma é um dos personagensmais importantes da história das Artes Marciais. Não épossível que sua história seja tão pouco documentada",esbraveja o judoca amazonense Rildo Heros de Medeiros(33 anos) que, há 13 anos, passou a dedicar-se àpesquisa da vida de Koma. O resultado do trabalhopoderá ser visto no livro "Conde Koma, o mito do Jiu-Jitsu", que Rildo pretende lançar em Novembro,aniversário de 55 anos da morte do japonês.

Rildo e Koma O interesse de Rildo pela história de Koma começou

em 1993 numa competição de Judo, em Porto Alegre,quando o amazonense conheceu o mestre japonês 6ºDan Makoto Inokuma. "Ele desconfiava que o CondeKoma havia passado por Manaus antes de seestabelecer em Belém, em 1917, e pediu minha ajudapara pesquisar em jornais antigos do Amazonas", explica

R

Page 113: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

o judoca que já nas primeiras visitas à Biblioteca Públicado Amazonas, encontrou um registo no jornal "O Tempo"de 19 de Dezembro de 1915, da chegada de Koma e dasua trupe a Manaus (Norte do Brasil).

Segundo a publicação, "o japonês chegaria com suatrupe fazendo divulgação de suas apresentações, noteatro Polytheama, em carro aberto e em trajes orientais".Depois do baque de descobrir que Koma passara emManaus, Rildo achou estranho que um japonês que éenviado ao Brasil em missão diplomática desfile em carroaberto com a sua trupe, divulgando apresentações

públicas de luta. "A partir deste dia passei a visitar abiblioteca pública todos os dias em busca de jornais elivros que me ajudassem a desvendar a verdadeirahistória dele", conta Rildo que não tardou a fazer outraimportante descoberta: "Ao contrário do que seimaginava, o Conde Koma chegou no Brasil via PortoAlegre (sul do Brasil) com mais quatro alunos: Satake,Lacu, Okura e Schimitsu. E subiu fazendo lutas eexibições por diversos estados até chegar a Manaus",revela o pesquisador, explicando como eram os taisdesafios.

Page 114: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

“Segundo diversos jornais, os japoneses faziam lutasde resistência. Desafiavam qualquer pessoa de qualquermodalidade (Boxe, Capoeira, Luta-Livre). A luta tinharegras que permitiam bater de mão fechada, mas nãocom socos no rosto. Pelo que pude perceber poucosduravam mais de um minuto, uma vez que ele logoderrubava e finalizava, normalmente com chaves-de-braço, que eram o seu forte", explica Rildo.

Pesquisando os passos de Maeda, o judoca logodescobriu que havia outros pesquisadores pelo mundoque, assim como ele, se dedicavam a montar o quebra-cabeças da vida de Koma. E foi trocando figurinhas comGotta Tsutsumi (Belém/Brasil ) ; Noryio Koiyama(Tóquio/Japão), Carlos Loddo (Canadá), Stanley Virgílio(Campinas/Brasil), que o amazonense foi entendendocada vez melhor a história do homem que trouxe o Jiu-Jitsu para o Brasil.

Ganhando as Américas A cada nova descoberta, Rildo via a sua curiosidade

aumentar mais, ao ponto de ampliar a sua pesquisa até1905, quando, segundo livros, Maeda deixou o Japão."Traduzi alguns textos em japonês e conversei comdiversos outros estudiosos e mestres. Ao que tudoindica, o Maeda queria difundir o Jiu-Jitsu de combatefazendo apresentações e desafios e seu mestre JigoroKano era contra, pois queria divulgar o Jiu-Jitsuesportivo, o qual ele chamaria depois de Judo. AssimMaeda se desligou da Kodokan e, junto com Shinshiro

Satake, outro dissidente da Kodokan, ganhou omundo fazendo exibições e desafios", revelaRildo.

As histórias dos desafios de Maeda pelomundo teriam inclusive motivado um famosocartoonista japonês a editar, em 1996, dezenasde livros no estilo "revista em quadradinhos desuper-heróis", contando as centenas dehistórias dos mil combates do Conde Koma. Notopo de cada capa os dizeres: "Conde Koma: oprecursor do Gracie Jiu-Jitsu".

Em 1906, depois de fazer algumas lutas nosEstados Unidos, Maeda chegou ao Méxicoonde, segundo Rildo, recebeu o apelido deConde Koma. "Foi uma brincadeira. Conde,porque tinha muita classe e um jeitão de nobre,e Koma por se referir ao seu péssimo estadofinanceiro (komaru em japonês quer dizer emdificuldade)", revela o pesquisador.

Antes de entrar no Brasil por Porto Alegre,Koma e Satake teriam passado pela Guatemala,Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador e Peru,onde o terceiro japonês, Lacu, se teria juntado àtrupe. No Chile, Maeda incorporou Okura, e nasequência, Shimitsu completou o quinteto naArgentina. No dia 14 de Novembro de 1914,depois de passar pelo Uruguai, Koma chegouno Brasil, por Porto Alegre, passando pordiversos estados até chegar em Manaus, no dia18 Dezembro de 1915.

Gracie e Koma: Encontro no circo

Uma outra curiosidade levantada por Rildo dizrespeito aos primeiros encontros entre Koma eGastão, em Belém. "Encontrei relatos de que oGastão Gracie empresariava o American Circus

de seu amigo Henrique Melo. O Circo ficou estabelecidono Palace Theatre na Praça da República (onde hoje seencontra o Hilton Hotel). Foi lá que Koma e Gastão seconheceram", afirma Rildo revelando os detalhes dahistória que apurou em jornais antigos na BibliotecaPública de Belém.

"O Koma conheceu o Gastão porque desafiou olutador do American Circus, Alfredo Leconte, que naépoca era o Hércules (lutador principal) do circo. Depoisdisso os dois ficaram muito amigos. Pelo que apurei como japonês Oatake, que conheceu o Conde Koma e oGastão, o Carlos Gracie aprendeu Jiu-Jitsu na academiaque o Koma abriu em 1916, nos salões do Cine TeatroModerno, localizado ao lado da Igreja de Nazaré (hojeuma praça)", conta Rildo, que encontrou diversosrecortes de jornais que anunciavam a academia.

"As aulas eram amplamente noticiadas nos jornais paraquem quisesse aprender pagando", conta o pesquisador,revelando que o primeiro aluno de Koma foi o estivadorJacinto Ferro. "Ele era da Greco-Romana e foi o primeirobrasileiro a aprender Jiu-Jitsu. Foi instrutor do Koma e oajudou a dar aulas para o Carlos", garante.

Mas as descobertas de Rildo não terminam por aí. Nassuas intermináveis visitas pelas bibliotecas de Manaus eBelém, o amazonense descobriu que os discípulos deKoma também chegaram a abrir as suas academias,onde ensinaram para diversos outros brasileiros além dosGracie. "O Satake, por exemplo, abriu uma academia emManaus em Janeiro de 1916. O Luís França, que formouo mestre Fadda (responsável pela divulgação do Jiu-Jitsu

Royler com a filha adoptiva de Koma, Clízia,na casa onde o japonês morou em Belém.

Page 115: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 116: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

nos subúrbios do Rio de Janeiro), foi aluno dele e chegou a ter aulascom o Koma também", garante Rildo.

Outro iniciado na luta por Satake foi Vinícius Ruas, tio de Marco Ruase responsável pela iniciação do criador do Ruas Vale-Tudo nas ArtesMarciais. Faixa preta 7º Dan de Judo, Vinícius (82 anos) ainda exercecargo na Federação de Judo do Estado do Rio de Janeiro.

Laku também deu aulas de Judo no Clube do Banco do Brasil edepois na sede do Nacional Futebol Clube até ao início da guerra em1940, depois foi embora para o Peru. Shimutsu e Okura ficaram a daraulas na academia do Conde Koma, em Belém, até 1920, em seguidaretornaram para o Japão. Depois do fim do ciclo da borracha, Komavoltou ao Japão onde fez as pazes com Jigoro Kano, de quem recebeu o7° Dan para ajudá-lo a divulgar o seu Judo. Em 1924, Koma retorna aBelém onde passa a ensinar Judo para crianças. No mesmo ano, casou-se com May Iris.

Apesar de ter consciência do teor bombástico das suas revelações,Rildo faz questão de dizer que o seu principal objectivo é esclarecer osdetalhes da chegada do Jiu-Jitsu ao Brasil. "Minha pesquisa visaentender como de facto o Jiu-Jitsu chegou aqui e quem foi CondeKoma, não quero polémica", finaliza o amazonense, que pretende lançaro livro até ao final do ano em parceria com o jornalista Leanderson Lima.

Reportagem O teatro Polytheama onde Koma fez as suas primeirasapresentações em Manaus, em 1915.

Page 117: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

História

Por baixo: No Japão, Koma já foitema de revistas em quadradinhoscomo o herói das mil lutas.

Rildo Medeiros.

Page 118: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Royler Gracie, visitando o túmulode Conde Koma em 1996.

Page 119: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

MAEDA KOMA PASSO A PASSO

• 1905 - Maeda desentende-se com Jigoro Kano edeixa a Kodokan ao lado de Satake;

• 1906 /1913 - Maeda luta nos EUA e desce pelaAmérica Central até o Uruguai;

• 1914 - Maeda e a sua trupe entram no Brasil porPorto Alegre;

• 1915 - Maeda apresenta-se em Belém (Outubro) eManaus (Dezembro);

• 1916 - Maeda abre um horário para ensinar Jiu-Jitsunos salões do cine teatro de Belém, no mesmo anoconhece Gastão Gracie e começa a ensinar ao seu filhoCarlos;

• 1920/1923 - Maeda volta ao Japão onde reatarelações com Jigoro Kano e recebe o 7º Dan para ensinarJudo;

• 1924 - De volta a Belém, Maeda conhece May Íris,com quem se casa;

• 1931 - Takeo Yano chega ao Amazonas e começa adar aulas junto com Conde Koma;

• 1932 - Maeda naturaliza-se brasileiro e passa a usaro nome Otávio Mitsuyo Maeda;

• 1941 - Conde Koma morre em Belém em decorrênciade problemas renais.

Convidado em 1996, pelo seu faixa-preta Frédson Alves,para ministrar uma série de seminários em Belém, Royler(filho de Hélio Gracie), aproveitou a oportunidade paraconhecer um pouco mais a história do homem que ensinoua arte ao seu tio. Na ocasião, o Gracie visitou o túmulo deKoma e da sua esposa May Irís e ainda fez questão deconhecer a casa do japonês, onde vive até hoje a sua filhaadoptiva Clízia. Na ocasião, o maior competidor da família(em campeonatos de Jiu-Jitsu), falou da emoção de poderestar onde tudo começou, resumindo a importância dojaponês na história da sua família. "O Conde Koma trouxe aárvore do Jiu-Jitsu para o Brasil. Os Gracies (meu tio,Carlos e meu pai, Hélio) plantaram e hoje nós colhemos osfrutos", resumiu o Gracie.

Pelo que nos revelou, não há dúvidas que o livro deRildo será uma peça importantíssima para ajudar aelucidar a história da chegada do Jiu-Jitsu ao Brasil. Masé importante que fique claro que a espinha dorsalcontinua a ser a mesma. Outras pessoas podem teraprendido Judo e Jiu-Jitsu com Maeda, Satake, e Yano eaté formado alunos, mas só os Gracies desenvolveram oJiu-Jitsu através de uma dinastia de lutadores quepossibilitou a popularização do esporte no Brasil eposteriormente no mundo. Se hoje o Jiu-Jitsu e o MMAsão populares mundialmente é por causa de MitsuyoMaeda Koma e da família Gracie.

História

JIGORO KANOKodokan

TAKEO YANO BUILSON OSMARIVAN GOMES

INDIO

CONDE KOMA

SAKATE

LUIS FRANÇA

CARLOS GRACIE

CARLSON GRACIE

ROLLS GRACIE

ROYCE GRACIE

RICKSON GRACIE

RORION GRACIE

ROYLER GRACIE

PEDERNEIRAS

BRAZILIAN TOP TEAM

ROMERO JACARÉ

CARLOS GRACIE

MARCO RUASVINÍCIUS RUAS

OSWALDO FADDAJULIO CESAR (UGF)MONIR SALOMÃO

RESENDE - FLORES - WENDELL ALEXANDERNOVA UNIÃO

ALLIANCE

BRASA

BARRA GRACIE

MACHADO

RENZO GRACIE

HÉLIO GRACIEAcademia Gracie

HASHINE ISOGAIBotukukai

ÁRVORE GENEALÓGICA DO JIU-JITSU E MMA

Page 121: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Todos os DVD's produzidos porBudoInternationalsão realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares)e aimpressão das capas segueas maisrestritasexigências de qualidade(tipo depapel e impressão).Também,nenhum dosnossos produtosécomercializado atravésde webs de leilõesonline.Se este DVD não cumpre estasexigências e/o acapa ea serigrafia nãocoincidem com a queaquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.

REF.: • KYUSHO 22REF.: • KYUSHO 22

O "Programa de Controlo Táctico Kyusho" (KTCP), foi desenhadopara controlar a escalada de conflitos mediante a pesquisa legal,médica, o aspecto táctico, provas de campo y coordenação. Esteprograma está especialmente destinado, ainda que nãoexclusivamente às Forças de Ordem Público, Segurança,Emergências, Guarda Costeira, Militares, Agências

Governamentais, Escoltas y Segurança pessoal.Este módulo básico se constitui de um

conjunto de 12 objectivos principaisintegrados en 4 módulos de controlo

da escalada de força. Há numerosasestruturas débeis no corpo

humano que podem serutilizadas por um Agente para

simplesmente obter ocontrolo de um indivíduo,mais eficientes que o usoconvencional da forçacomo nos indica oprotocolo. Mais alem daetapa de ordem verbal,numa situação deescalada do conflito, sãoestes pontos (Vitais) doKyusho onde o agentepode fazer uso dos

sistemas internos decontrolo físico, como os

nervos, a estrutura dostendões e os reflexos nervosos

naturais do corpo. No requer degrande força ou de um complexo

controlo da motricidade ou da vista... tudo isso sujeito ao fracasso em

estados de elevada adrenalina. Estainformação está dedicada aos valentes e

resistentes membros das Agências de todo omundo ... Obrigado pelo que fazeis!

Page 125: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Moni Aizik, co-criador do Krav Maga ModernoA popularidade do Krav Maga

Actualmente, o Krav Maga é uma das Artes Marciais maispopulares e reconhecidas do mundo. Tal facto deve-se à boareputação das forças armadas israelitas e ao facto de que seja fácilde aprender e de aplicar. Em Israel, o Krav Maga está por todolado. Homens, mulheres e crianças de todas as idades, treinamKrav Maga e tem sido integrado em muitas escolas israelitas,desde primárias ao liceu.

O Krav Maga foi delineado para ser um sistema de luta, não umdesporto. Os alunos aprendem a apontar às zonas vulneráveisdo corpo e a continuar o ataque até neutralizar a ameaça. NÃOhá competições, nem formas desnecessárias (katas), nemqualquer elemento que o desvie dos seus objectivos originaisde ser um método de defesa pessoal fácil de aprender e deutilizar.

As Forças de Defesa israelitas, as Unidades deSegurança Interna de Israel e a polícia utilizam variações

de Krav Maga. Também determinados gruposencarregados da aplicação da lei e ordem da Europa e

da América do Norte, incluíram o Krav Maga no seuprograma de treino. A principal vantagem do Krav

Maga é a sua simplicidade - demora-serelativamente pouco tempo a aprendê-lo e utilizá-lo. Isto é muito aliciante, especialmente para

unidades militares e policiais, porque precisam de

Krav Maga, literalmente "o toque do lutador". O termo, semdúvida alguma, adquiriu um renome espectacular nos últimos anos.

Como sempre acontece com estas coisas, surgiram "namorados","amantes" e "noivos" por o todo lado, mas a paternidade

do estilo não pode ser discutida. Imi Lichtenfelddesenvolveu as suas bases e o professor e MestreMarcial Moni Aizik, que hoje trazemos na nossacapa, realizou junto com o fundador a restruturaçãopara a sua aplicação e ensino no exército de Israel.

Portanto, este é um argumento de autoridade difícil desuperar, para que os interessados na matéria

aprofundem no assunto. Como sempre, não gostamosde nos limitar às palavras e preparamos um DVD para

aqueles que tiverem intenção de ir mais além. Noartigo que se segue, fala-se abundantemente das

origens e história deste magnífico professor, comuma estupenda e ampla experiência em muitosdos campos que constituem o nosso mundomarcial, que vão de treinador a medalhistaOlímpico de Israel, de lutador no UFC, até oficial esobrevivente de um dos episódios mais duros darecente história do exército de Israel. Um homemamável e acessível, que gosta de partilhar com osoutros os seus conhecimentos, um rico tesouro

que nos honramos em vos apresentar.Alfredo Tucci

Krav Maga

Page 126: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 127: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

treinar os seus recrutas num períodolimitado de tempo, no qual têm dedesenvolver bem a habilidade para a luta.

A história do Krav MagaAs raízes do Krav Maga remontam-se

ao nascimento de Israel em 1948,quando Imi Lichtenfeld começou aensinar o combate corpo a corpo àsnovas forças de defesa israelitasrecentemente criadas. Naquelesprimeiros anos, pelo simples facto deexistir, Israel enfrentava os seus vizinhospraticamente todos os dias, precisandode homens com experiência em

combate, que ensinassem as suas forças.Imi, excelente boxeador e lutador, acabavade emigrar para Israel e foi escolhido paraensinar Kapap (combate hand to hand) eexercícios para estar em forma. Naquelaépoca, as técnicas limitavam-se a unsmovimentos muito simples e básicos. Noentanto, à medida que a máquina militarisraelita se tornava mais madura, iafazendo falta um treino mais completo.

Nos finais do ano de 1973, o ExércitoIsraelita começou a estruturar unidadesque tinham ficado diminuídas durante arecente guerra de Yom Kippur. Foinomeado um oficial, o major Moni Aizik,para actualizar o Krav Maga. Moni foi umdos seis únicos sobreviventes (de 64homens) quando o seu comando foiatacado por mil homens das tropas sírias.

Krav Maga

Page 128: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Defesa Pessoal

Devido à sua extensa experiência no combate e àsua mestria em Jujitsu e Judo (era o campeão deIsrael), o exército israelita atribui a Moni a tarefade actualizar o Krav Maga. Moni formouequipa com Imi Lichtenfeld, que saiu do seuretiro de aposentado, para contribuir comos seus conhecimentos, e, no decorrer deum ano, juntos desenvolveram aseguinte geração de Krav Maga.

Imi e Moni trabalharam arduamentedurante aquela época, para tornar oKrav Maga mais eficaz, eliminandoos movimentos complicados esupérfluos e adicionando técnicasdefensivas para armas brancas,armas de fogo, chão evarrimento. A mútuacolaboração criou a base sobrea qual hoje em dia praticam asForças Israelitas Especiais.

Naquela época, o Krav Magacomeçou a dividir-se em três grupos:militar; policial/segurança; e civil. Cadagrupo entrava em profundidade nosconceitos e tácticas necessários paracobrir os seus níveis de ameaça específicos.Além disso, como cada vez mais gentepraticava Krav Maga, a nova geração deinstrutores começou a adicionar a sua própriaexperiência marcial ao sistema. Instrutoresformados em Karaté, Judo, Aikido, Jujisu eArnis, introduziram estes elementos noKrav Maga.

O Krav Maga, como sistema ouestilo organizado, não foi realmentereconhecido até começos dos anossetenta. Começou como umconceito, absorvendo eincorporando o melhor de cadauma das Artes Marciaisexistentes nesse momento. Apalavra Krav quer dizer "luta", e apalavra Maga quer dizer "toque".Na actualidade, devido àinfluência de Hollywood, o termoKrav Maga tornou-se sinónimode todo o tipo de métodos deluta israelitas, mas isso não étudo. Existem outrosesti los, não tãoconhecidos, quecoexistiram com o KravMaga lado a lado,desde os começosdos setenta. Estesesti los só foramensinados àsunidades de elite

militares.

Page 129: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Hoje em dia, existe uma ideiaerrónea sobre o Krav Maga, que dizestar este governado por um corporegulador, o que não está correcto. OKrav Maga, como muitas outras ArtesMarciais bem estabelecidas, temdúzias de facções polít icas,proclamando cada uma delas ser aoriginal! Outra falácia é que muitasacademias civis de Krav Magamanifestam que o seu programa é amesma versão que se ensina aosmilitares; isso não é bem assim. Aversão militar do Krav Maga é bastantediferente daquela que se ensina a civise pouquíssimas são as pessoas queensinem a versão militar ao sector civil.

Depois do exércitoEm 1976, já terminada a tarefa de

Moni de reorganizar o Krav Maga para

os militares, ele deixou o exército eabriu a sua própria academia,"Maccabi Tel Aviv", onde começou aensinar Krav Maga, Judo e Jujitsu.Aqui, Moni teve ocasião de ensinartécnicas mais avançadas dasnecessárias para o exército regular.Entre elas, o desarme de pistola,técnicas de batimento, defesa de faca,derribamentos, técnicas de controlo etécnicas de finalização. Foi então queMoni teve a ideia de dar um nome aoseu novo sistema: "Sobrevivência noCombate / Comando Krav Maga".

Utilizando o exército e as forçasespeciais de Israel, Moni experimentouconceitos e técnicas até ficar satisfeitocom a sua eficácia. Estas experiênciasincluíam situar dois adversários detamanho e peso diferentes paralutarem numa situação tensa, emcontraposição às técnicas fáceis de

realizar e outros critérios vitais. Estesconceitos e técnicas foramextensamente comprovados emoperações militares e, na actualidade,são ensinados aos seus alunos doprograma de Sobrevivência noCombate.

Formando campeõesPara Moni, o combate close-quarter

sempre foi uma coisa muito natural,depois de ter estudado Judo e Jujitsuna Holanda, desde muito jovem. Monicontinuou a praticar o desportoquando a sua família regressou a Israel- chegando a ser campeão de Judoem Israel. A mestria de Moni não eracasual, mas sim o produto do trabalhoduro e da constância. Viajavahabitualmente ao Japão, onde treinavaintensamente com os campeões e

Krav Maga

Page 130: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

lendas mundiais de Judo e Sambo, Isao Okano eKatsuhiko Kashiwazaki.

De volta a Telavive, Moni formou vários campeõesde Judo. Entre os mais notáveis: Yael Arad - primeiramedalhista de Israel nas Olimpíadas e nos CampeonatosMundiais (ganhou uma medalha de prata em ambos oseventos), também ganhou uma medalha de oiro nos campeonatoseuropeus. Outro aluno destacado de Moni, conhecido como umespecialista por próprio direito, foi Avi Nardia. Antigo instrutorsénior, Yamam, da melhor unidade antiterrorista israelita e antigoinstrutor chefe do combate corpo a corpo. Recentemente,introduziu o Lotar e o Kapap na Califórnia e tem tido uma influênciadecisiva nos sistemas de luta israelitas nos Estados Unidos. Avidiz: "Moni ensinou-nos que as Artes Marciais são mais que luta,são uma maneira de ser. Ele ensinou-nos a sermos profissionaise a não procurar desculpas".

Em 1985, Moni deixou a sua academia nas mãos dos seusprincipais alunos e emigrou para o Canadá, para dar aconhecer a Sobrevivência no Combateinternacionalmente. Em 1986, abriu uma academia emToronto, de nome Samurai Club. Esta dedicou-se aestender a popularidade do Jujitsu, da luta no-holds-bared e do treino reality-based no Canadá. Osalunos de Moni dominavam a competição. Entre os

seus lutadores, encontravam-se o campeão de UFCCarlos Newton, o campeão de Soto da Japão, Joel

Gerson e os campeões de Jujitsu Mark Bocek e Omar Salvosa.Como reconhece a maioria, a disciplina que deu origem a todosestes campeões foi o sistema de Moni de Sobrevivência noCombate. O sistema de Moni proporcionou a base do seu futurosucesso na luta profissional. Em 1998, Moni vendeu o SamuraiClub e voltou a Israel, para trabalhar com as Forças EspeciaisIsraelitas.

Page 131: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 132: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Moni regressa ao CanadáEm 2003, Moni regressa ao Canadá, e no

Outono de 2004, ele e o seu aluno canadianomais destacado, Joel Gerson, abriram umanova academia, a "Edge Combat Fitness", emConcord, Toronto. Aqui se encontram tambémos escritórios centrais internacionais daSobrevivência no Combate. A academia nãoera um novo conceito, antes sim uma evoluçãodo sistema de luta de Moni. A Sobrevivência noCombate foi delineada especialmente para serum sistema reality-based completo para toda agente, independentemente da experiência ou dahabilidade. A ideia sempre foi preparar os alunospara enfrentarem qualquer eventualidade, incluindoos ataques com armas e sem armas, com umatacante único e também múltiplos atacantes.

O sistemaEm Sobrevivência no Combate,

Moni misturou diferenteselementos da suaexperiência decombate, de Judo anível olímpico, deJujitsu, a luta noholds barred edas ArtesM a r c i a i sM i s t a s .Como elecostuma

Defesa Pessoal

Page 133: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

dizer aos seus alunos, as técnicas de Sobrevivência noCombate foram testadas em situações reais e funcionamindependentemente do tamanho ou da força. Um dosantigos alunos de Moni, Doran Kay, sócio veterano doGlobal Impact, um consultório de segurança internacional,narra como a experiência no combate de Moni construiu asbases do sistema de Sobrevivência no Combate. "Numcurso intensivo de treino básico em Israel, ele ensinou-nosas valiosas l içõesaprendidas numa dasbatalhas mais sangrentas dahistória de Israel. Aquelaslições foram aprendidas como sangue de Moni e dosseus companheiros caídosem combate".

Existem oito níveis naSobrevivência no Combate:amarelo, laranja, verde, azul,castanho e três níveis depreto. A maior novidade éque não existem cintostradicionais nem uniforme. Aúnica roupa necessária éuma T-shirt preta deSobrevivência no Combate(por cima da roupa da rua).O nível é indicado na cordas letras do logotipo daSobrevivência no Combatena T-shirt. Por exemplo, sesão amarelas indica umcinto amarelo.

O programa também temnovidades. O nível 1 (cintoamarelo) consiste em defesae ataques contra a cabeça,da frente, dos lados e detrás. O nível 2 (cinto laranja)soma as defesas e ataquesà secção central ou superiordo corpo. O nível 3 (cintoverde) soma defesas eataques ao resto do corpo.Do cinto azul para cima, asdefesas e os ataques fazem-se progressivamente maisextensos e intensos.

Existem muitos pontos que separam a Sobrevivênciano Combate da competição

1) Não se ensina qualquer Arte Marcial tradicional comarmas, só defesa com armas modernas; também se insistemuito nas armas improvisadas; 2) Ensina-se a luta sobre ochão, especialmente a dominar e a escapar 3) Não háposturas específicas; 4) só se ensinam pontapés baixos, docentro para baixo; 5) Os cenários de ataque por surpresa

Krav Maga

Page 134: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

são uma parte integrante do treino; 6) Estabelece-seuma forte fronteira verbal e física antes do contactofísico; 7) Aprende-se a trabalhar nas diferentesdistâncias e a fechar rapidamente o espaço; 8) Nãose utilizam uniformes nem cintos; 9) São treinadashabilidades mentais e físicas.

Embora na Sobrevivência no Combate se ensine aspessoas a se protegerem, Moni insiste também em

que o aluno tenha uma visão positiva de todas asfacetas da sua vida, inclusive sob as piorescircunstâncias. Acredita firmemente que este é o factorchave determinante para sobreviver ou perder, seja nocampo de batalha, no ringue ou na rua. O melhormodo de conseguir a mestria e o controlo é superandoos obstáculos físicos e mentais. Por essa razãoconvida os seus alunos a treinar o máximo possível.

Defesa Pessoal

“O melhor modode conseguir a

mestria e ocontrolo é

superando osobstáculos físicos

e mentais”

Page 135: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Krav Maga

Page 136: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Defesa Pessoal

“Moni insiste tambémem que o aluno tenhauma visão positiva de

todas as facetas da suavida, inclusive sob as

piores circunstâncias”

Page 141: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

abitualmente, eu via a época de férias como uma loucura colectiva, quandonesse tempo, todos os anos, a maioria das pessoas andavam frenesim dedespesas e consumo, onde cortar muitos pinheiros joga um papelimportante. Os Ginásios abriam menos horas ou encerravam alguns dias. Agora, muitos anos depois me apercebi de que eu estava errado, que apartir do dia de Acção de Graças até a primeira semana de Janeiro é um

momento a recarga de Mente, Corpo e Espírito.CORPO: Desde a Primavera até o Outono, tenho feito um pouco de treino físico intenso,ensinado e viajado - incluindo algumas viagens com importantes diferenças no fusohorário. Tenho me esforçado muito e tudo tem corrido bem. Agora é o momento para omeu treino, para concentrar-me, recarregar e assentar as bases para o crescimento futuro. Depois de vários meses longe, voltei para o lugar do meu treino, em Bluff Cove; só queagora faço uma corrida ligeira durante quarenta minutos, com sapatilhas desportivas, emvez de correr durante três horas, com botas e com um colete que pesa trinta quilos! Tenhotrabalhado muito em reabrir as ancas, em restabelecer a alinhamento e a força da base -os longos voos internacionais em classe turística não ajudam! - e também em restabelecer

Dog Brothers

H

Page 142: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 143: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

os níveis aeróbios, com um ciclo decócoras de um dia por a semana, e umasemana de corridas, além de exercícios deagilidade, e assim sucessivamente. Hoje, a Cindy e eu começamos juntosuma aula de Yoga Bikram. O Yoga Bikramfaz-se numa habitação aquecida a mais decem graus, o que absolutamente perfeitopara uma época de hibernação!

MENTE: Acostumo a fazer a minha rotinano ginásio "O Pátio" localizado em“Hermosa Beach”. Na semana passada,quando lá estive, a climatologia fazia

Dog Brothers

Page 144: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 145: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

lembrar a do Verão, como acostumava aser na década dos anos oitenta… A zona de embarque de Hermosa Beachnão vai mais além de um quarteirão e meiode distância e eu andei até o final. com ocalor do sol na minha pele. Havia boasondas para o surf e alguns golfinhos nosarredores. O Feng Shui era bastanteagradável. Tirei a camisa e me sentei aolhar para o Sol da tarde e me concentreina alteração do espaço. Conforme envelhecemos, começamos aperceber que onde nos encontramos é oresultado do que temos feito nos lugarespor onde temos estado. Assim sendo,como diabos eu cheguei onde estou?. Éum mistério para mim! É como a letra deuma canção de Grateful Dead: "Queestranha e longa viagem temos feito!"

ESPIRITO: Muito frequentementeprocuramos chegar a viver de umamaneira mais útil e ser mais humildes como pensamento de que “sabemos o queestamos a fazer”. Na minha humildeopinião, tanto se damos por isso, como senão, em último termo, após todo o nossocaminho e a nossa programação, chega omomento de como dizia Juan Matus, "agircom abandono"... e entregar tudo aonosso Criador. Vagamente me lembro dafrase de uma fita: "As coisas vão sair bem,apesar de desconhecermos o mistério queisso encerra".Agora, muitos anos depois, percebi que“eu andava a remar contra o vento”, que apartir do dia de Acção de Graças até aprimeira semana de Janeiro, é momentopara a hibernação e recarregar a Mente,Corpo e Espírito. Assim sendo, na próxima época dehibernação, desejo a todos um tempopara descansar e recarregar energias, umpouco de tempo para pensar em onde têmestado e para onde se dirigem, eprincipalmente desejo a todos um tempode relacionamento consciente com onosso Criador.A aventura continua!

Dog Brothers

Page 154: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

O Kyusho Real

Unsu (雲手 ), diz-se significar "mãos de nuvem" e é um Kataavançado do Karate Shotokan e Shito-Ryu. Ambos têm torneiosde Katas muito populares, mas são um pouco diferentes... Nãoentanto, através destas diferenças, ainda se pode encontrar amensagem central.

Este velho Kata contém muitas técnicas de mão especializadas,tais como a singular ippon-nukite

("fibra de erva") que se podeencontrar no antigoBubishi denominado 6

Ji. Muitos especulamcom que o Unsu foi criado

por Arakaki Seish (新垣 世璋)em algum momento entre 1860 e

1870. Arakaki era um intérprete daslínguas japonesa e chinesa na corte de

Shuri, assim como um Mestre do Punho deFrade e do estilo do Grou Branco. Outros sãoda opinião que foi um dos Kata Wang Jiensinados a Bushi Matsumura, durante operíodo de intercâmbio entre os dois países.

Outra crença amplamente aceite, é queSakayama Matsumura trouxe o Kata a Okinawa e Arakaki oalterou, tirando e remodelando técnicas. Nunca havemos de osaber com certeza, mas o que sim podemos descobrir mediante ouso do Kyusho, que é um Kata muito potente e perigoso em mãosadequadas (Ji - As mãos de nuvem).

Uma típica explicação ou descripção deste singular Kata,seriam:

O simbolismo, que é um assunto recurrente na história das ArtesMarciais e se tem sugerido que os movimentos no Unsurepresentam uma tormenta de trovoada. Podería dizer-se que oprimeiro movimento representa uma linha de tempestade no

horizonte, a maneira em que os pés desenham círculos no chão,junto com golpes de dedos nos movimentos posteriores,representam torvelinos agrupando-se, como um raio quealcança o solo. Além disto, os movimentos rápidos em todas asdirecções podem ser vistos como um símbolo dos ventossoprando em todas as direcções e em geral em todo o kata, osmovimentos lentos podem ser vistos como a calma antes datormenta começar, mais uma vez, ferozmente. Finalmente, naparte final de Unsu, os saltos, e os pontapés com rotaçãopara trás, podem ser vistos como um tornado.

E..., enquanto que muitos pensam que Seisho Arakaki foio criador do Unsu original, outros muitos dizem que foium dos Kata Wang Ji, ensinados a Bushi Matsurmrua,quando o intercâmbio marcial estava acontecendo. Aversão mais aceite é que Sakayama Matsumura trouxeo Kata para Okinawa e Arikaki e o alterou para tirar eremodelar técnicas.

Para além da normaSe virmos as interpretações mais antigas e as

variações modernas transitórias ou estilísticas de hoje...,vemos um conjunto mais simplista de acções, onde os

detalhes são mais pronunciados e algumas acções que não

Page 157: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

pareciam ser poderosas ou atléticas, estãoalteradas. Não é que seja mau ou incorrecto, postoque só os praticante podem determinar o que écorrecto para eles, mas sim ilustram como se temtransformado o Karate e as suas interpretações.Quando observamos o Kata mais original deNakayama Sensei, como exemplo, vemos maisclaramente o uso de posições específicas da mão,no lugar dos aspectos de velocidade, potência erendimento. Nessa informação ou naspossibil idades que estão por detrás destasposições de mão estranhas e posições..., está overdadeiro tesoiro.

Poderia o termo "Mãos de nuvem" ser umareferência às "Mãos do vento" do Bubishi e àiminente tormenta que as estruturas internas docorpo e a funcionalidade fisiológica sofrem quandose aplica o Kyusho?

Se observarmos o Kata, todos podemos ver queisto é um Kata mais *avançado, mas não podemosreparar só nos movimentos para determinar isto, aspossibilidades serão tão avançadas como asinterpretações que vejamos. Não podemossimplesmente basear-nos em conjecturas,especulações ou na interpretação de uma sópessoa (bunkai), devemos aplicar tudo o que temoscompreendido no nosso treino de cada mão,posição ou acção, para desbloquear a nossaverdade pessoal. Como todos quantos lêem estesartigos sabem, não sou admirador dos conjuntosde técnicas, por ser a receita para o fracasso numasituação espontânea e dinâmica. De maneira quevamos dar um exemplo deste Kata (um bastante único,por certo) e vejamos onde nos leva.

A posição única da mão, na foto acima [ippon-nukite(mão "Fibra de erva" do Bubishi)], está em muitas Artes,mas lamentavelmente o pensamento do praticante ou doMestre, ficou-se em que só se bate com a ponta do dedo.Mas este conceito nega a própria natureza das ArtesMarciais como uma mistura da dualidade (possibilidadesinfinitas) que abriria muitas portas àqueles que abraçamesta dualidade cambiante (Yin - Yang).

Por exemplo, se os dedos se fecham e se abrem, istoilustra perfeitamente esta dualidade... Se vemos para alémda acção das mão, (a versão Nakayama é mais lenta paraver esta acção) ao princípio estão situadas nesta posiçãodas palmas abertas estendidas (Espada de ferro doBubishi) enquanto o corpo se situa numa Neko Ashi dachi(posição de gato). Se repararmos no processo do fecharda mão aberta até esta posição da mão, podemosimaginar (ou aplicar) duas paragens da compressãosanguínea das artérias (carótida) e as veias (jugular) dopescoço, assim como um ataque às estruturas nervosascríticas (hipo glose e vaga). Isto se consegue a partir deum posição frontal, lateral ou traseira. Além disto, decompressão aplicada em qualquer destas estruturas, sedeterminará pela força de agarre, a penetração dos dedose a comparação do tamanho das mãos aplicadas e aposição do pescoço do oponente. A simples compressãopode ser suficiente para parar o fluir do sangue, na medidaque debilita simultaneamente os músculos, através dacompressão do nervo, mas as possibilidades de magoarse baseiam na rotação do pulso para esticar estas(Kyusho) estruturas vitais.

O seguinte uso desta arma é adiantando em vez deretraindo, o que significa que há um conceito de dualidadeda comoção... Mas agora há só uma comoção adiantadaou poderia haver uma dualidade (compressão e comoção)?A mão faz pressão girando para baixo, em direcção àperna adiantada e se vê como se se tratasse de um golpe

da gema do dedo, a um oponente caído. Este facto poderiaser uma interpretação, mas é possível que a rotação parabaixo, na realidade estiver causando lesões graves oumagoando para incapacitar o nervo vital e o tecido vasculardo oponente. A mão que se utiliza nesta rotação, tambémse pode utilizar como uma acção de agarre rápida (como amão “mantis” dos estilos chineses), para puxar para afrente e desequilibrar o oponente, para expor de novo asestruturas vitais do pescoço. De facto, virtualmente todosos movimentos neste velho Kata, poderiam dirigir-se a estazona, com acções prévias para expor o oponente aulteriores resultados incapacitantes ou fatais.

As mãos do antigo Bubishi estão presentes através deeste Kata, que nos permite conhecer a sua origem chinesae o seu valor para o antigo Bushi.

Isto não está necessariamente perdido no tempo, postoque podemos juntar vários documentos e métodos antigoscom este Kata e ver como se relaciona com a informaçãoconhecida e documentada que agora temos e com a qualpodemos trabalhar.

Realmente temos de nos perguntar como seria o mundodo Karate se no Bunkai se executasse uma aplicação maissimplista (e original) com uma prática realista do Kyusho,em vez das aplicações mais atléticas e convencionais dostorneios modernos. Todos conhecemos a aceitação e oque se pensa dos torneios de hoje... mas só porcuriosidade, se um competidor fizesse uma actuação àmaneira de Nakayama Sensei, realizando aplicaçõesKyusho com movimentos exactos e provocasse afecçõesreais..., o que pensariam, especialmente agora que a"Tele-realidade" e o MMA são tendência?

Gostaria de agradecer especialmente a Jesse Enkamp,(de Karate by Jesse.com) que nos tenha proporcionadofotografias.

Se estiverem interessados em um seminário especial doKyusho Bunkai acerca deste "velho Kata" (ou qualquerKata), contactem connosco.

Page 158: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 160: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015
Page 162: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Ref. 11210Armure Kendo. Japon.

Ref. 11220Armure Kendo. Japon.

Ref. 11160Hakama Japon noir

Ref. 11170Hakama Japon bleu nuit

Ref. 11140Keikogi.

Giacca Blu Marine

Ref. 11109Hakama Noire. Polyester-Rayon

Ref. 11152Veste Aikido blanche.

Coton

10171KyokushinkaiCompétition. Écru. Coton

Ref. 10816Kimono Tai Chi . Gris

Ref. 10630Kung Fu passepoilé blanc

Ref. 10610Kung Fu boutons Blancs.

Coton

Ref. 10650/51/52Veste de Kung Fu Bleu

Ref. 10671Pantalon de Kung Fu Noir.

Coton

Ref. 10632Kung Fu. Satin Noir.

Liseret rouge

Ref. 10620Kung Fu Wu Shu. Coton

Ref. 10820Kimono Tai Chi.

Entraînement. NoirRef. 10830

Kimono Tai Chi.Entraînement.

Blanc

Ref. 10821Pantalon Tai Chi Noir

Ref. 10815Kimono Tai Chi.

Beige

Ref. 11150Veste d'Aikido blanche

Ref. 10611Veste de Kung Fu noire. Boutons

Noirs.

KOBUDO

Ref. 10870Kimono Tai-chi avec broderie. Blanc

Ref. 10175Ref. 10190

Ref. 10920Kimono Ninja. Noir.

Avec renfort

Ref. 10910

Ref. 13651

Ref. 13351

Ref. 13311

Ref. 13400

AIKIDO/KENDO/IAIDO

Ref. 11153Giacca Aikido. Bianca.

Speciale "grana di riso".Estate

NINJA/PENJACK SILAT

Ref. 10840Kimono Tai Chi.

Entraînement. Orange

Ref. 11230Sac Armure. Japon

Ref. 11151Kimono Aikido

Ref. 11145Veste Kendo. Toile spéciale

Japon

Ref. 11141Keikogi.

Ref. 10612Veste Kung fu Blanche.

Boutons Blancs

Ref. 10831Pantalon Tai Chi Blanc

YOSEIKAN/SHIDOKAN

Ref. 11800

Ref. 10640Kung Fu rouge/noir.

Coton

KUNG-FURef. 11231

Tenugui (foulard)

TAICHI

Ref. 13652

Ref. 11234Ceinture "Obi" Iaido.

Noir ou Blanc.320cm x 8cm.

Page 166: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

Sempre tendo como pano de fundo o Ochikara, “a Grande Força” (denominada e-bunto na antiga língua dosShizen), a sabedoria secreta dos antigos xamãs japoneses, os Miryoku, o autor leva a um mundo de reflexõesgenuínas, capazes de ao mesmo tempo mexer com o coração e com a cabeça do leitor, situando-nos perante oabismo do invisível, como a verdadeira última fronteira da consciência pessoal e colectiva.

O espiritual, não como religião mas como o estudo do invisível, foi a maneira dos Miryoku se aproximarem domistério, no marco de uma cultura tão rica como desconhecida, ao estudo da qual se tem dedicado intensamente oautor.

Alfredo Tucci, director da Editora Budo International e autor de grande número de trabalhos acerca do caminhodo guerreiro nos últimos 30 anos, nos oferece um conjunto de pensamentos extraordinários e profundos, quepodem ser lidos indistintamente, sem um ordenamento determinado. Cada um deles nos abre uma janela pela qualcontemplar os mais variados assuntos, desde um ângulo insuspeito, salpicado de humor por vezes, decontundência e grandiosidade outras, nos situa ante assuntos eternos, com a visão de quem acaba de chegar enão comunga com os lugares comuns nos que todos estão de acordo.

Podemos afirmar com certeza que nenhum leitor ficará indiferente perante este livro, tal é a força e a intensidadede seu conteúdo.

Dizer isto já é dizer muito em um mundo cheio de manjedouras grupais, de ideologias interessadas e demanipuladores, e em suma, de interesses espúrios e mediocridade. É pois um texto para almas grandes e pessoasinteligentes, prontas para ver a vida e o mistério com a liberdade das mentes mais inquietas e que procuram ooculto, sem dogmas, sem morais passageiras, sem subterfúgios.

Page 168: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

O termo "Defesa Pessoal" comporta um aspectonegativo. que desde o princípio pode implicarfracasso para o indivíduo. O problema é que esterótulo já reflecte mentalmente que a pessoa é vítimade um acto violento ou agressão e que o praticantedeve realizar uma acção defensiva. Esta premissa deagir após os factos, é a razão pela qual a maioria daspessoas sucumbem às acções do agressor e nuncase recuperam totalmente do ataque inicial ou domedo que provoca a situação. A mulher não devesituar-se à defensiva; deve ser consciente da suasituação e não desestimar ou ignorar possíveisameaças. Ela deve ser pro-activa e ter a iniciativa e oímpeto, forçando a confusão na mentalidade doatacante, para ter uma possibilidade de vantagem. “Autoprotecção Kyusho” é um processo de treinovital que trata das realidades de um ataque. É umsimples mas poderoso processo de treino, queoferece aos indivíduos mais débeis, mais lentos,com mais idade ou menos agressivos, umaoportunidade contra o de maior tamanho, mais forteou mais agressivo atacante. Mediante o uso dosobjectivos anatómicos mais débeis do corpo,conjuntamente com as próprias acções e tendênciasnaturais do corpo, se pode proteger facilmente a simesma ou a outros, inclusivamente sob aslimitações de estresse e físicas, quando a suaadrenalina aumenta. Mediante um trabalho progressivo com as suaspróprias habilidades motoras grossas (em vez dastécnicas de outros), as suas possibilidades de vitóriasão eminentes.

Page 171: Cinturao negro revista portugues 287 abril parte 2 2015

O Major Avi Nardia - um dos principais instrutores oficiaisdo exército e da polícia israelitas no campo da luta contra o

terrorismo e a CQB - e Ben Krajmalnik,realizaram um novo DVD básico que

trata sobre as armas de fogo, asegurança e as técnicas de treino

derivadas do Disparo Instintivoem Combate, o IPSC.

O Disparo Instintivo emCombate - IPSC (InstinctivePoint Shooting Combat) éum método de disparobaseado nas reacçõesinstintivas e cinemáticaspara disparar emdistâncias curtas, emsituações rápidas edinâmicas. Umadisciplina de defesa

pessoal para sobrevivernuma situação de ameaça

para a vida, onde fazem-senecessárias grande rapidez e

precisão. Tem de se empunhara pistola e disparar numa

distância curta, sem se usar a vigia. Neste primeiro volume se estudam: o

manejo da arma (revólver e semi-automática); prática de tiro em seco e a segurança;

o “Point Shooting” ou tiro instintivo, em distância curta e emmovimento; exercícios de retenção da arma, sob estresse emúltiplos atacantes; exercícios de recarga, com carregador,com uma mão e finalmente, práticas em galeria de tiro compistolas, rifles AK-74, M-4, metralhadora M-249 einclusivamente lança-granadas M-16.

REF.: • KAPAP7REF.: • KAPAP7 Todos os DVD's produzidos porBudoInternational são realizados emsuporteDVD-5, formato MPEG-2multiplexado(nunca VCD, DivX, osimilares) e aimpressão das capas segueas maisrestritas exigências de qualidade(tipo depapel e impressão). Também,nenhum dosnossos produtos écomercializado atravésde webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estasexigências e/o a capa ea serigrafia nãocoincidem com a que aquimostramos,trata-se de uma cópia pirata.