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DIRECTOR JOSÉ ROCHA DINIS | DIRECTOR EDITORIAL EXECUTIVO SÉRGIO TERRA | Nº 3873 | SEGUNDA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2011 WWW.JTM.COM.MO AO SERVIÇO DE MACAU DESDE 1982 Tribuna de Macau Jornal 10 PATACAS Governo vai rever política de subsídios para rendas de casas O Executivo irá rever o actual regulamento administrativo relativo aos subsídios para arrendamento de casas, destinados aos cidadãos que esperam a atribuição de uma habitação social, segundo noticiou o jornal “Ou Mun”. Um atraso na recepção dos novos pedidos de subsídios está a deixar inquietos os candidatos que temem que esses apoios deixem de ser distribuídos. De modo a clarificar a situação, fonte do Executivo salientou que as políticas de subsídios são para manter mas têm de ser revistas, assegurando que esses apoios serão pagos, em princípio, em Novembro, conjuntamente com os meses de Setembro e de Outubro. Normalmente, o Governo distribui o subsídio de Setembro a Agosto. E nos meses de Outubro, começa a receber novos pedidos, o que não aconteceu até agora como seria habitual. O deputado Ho Ion Sang acusou o Governo de preocupar os residentes com estes atrasos no processamento dos pedidos e exigiu ao Executivo a revisão do respectivo regulamento. Visitantes aumentaram 13 por cento durante a “Semana Dourada” Macau acolheu 775.968 visitantes durante os sete dias da “Semana Dourada” do Dia Nacional da China, o que representa uma subida de 13,27%, em comparação com o período homólogo do ano passado, revelou a Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Os visitantes da Grande China representaram 93,39% do total, sendo que 580.350 vieram do Interior da China e aumentaram 22,34%. Entre os dias 1 e 7, a média de quartos alugados por dia cresceu 8,67% para 18.730, apesar da taxa média de ocupação dos hotéis de três a cinco estrelas ter sofrido uma descida de 1,54 pontos para 88,46%, em relação a igual período de 2010. No período em análise, a média de preços por quarto subiu tanto nas pensões como nas diferentes categorias de hotéis, sendo que nas unidades de três a cinco estrelas houve um aumento de 23,66% para cerca de 1.759 patacas. A DST revelou ainda que, durante a “Semana Dourada”, selou oito fracções autónomas, por alegada prestação ilegal de alojamento, tendo sido identificados um explorador, dois angariadores de hóspedes e cinco controladores suspeitos. “Macaense deveria englobar todos aqueles que consideram que esta é a sua casa” PÁGS 2 E 3 SÉRGIO PEREZ EM ENTREVISTA AO JTM

JTM 10-10-2011

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Jornal Tribuna de Macau

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Director José rocha Dinis | Director eDitorial executivo sérgio Terra | Nº 3873 | seguNDa-feira, 10 De outubro De 2011

www.jtm.com.moao serviço De macau DesDe 1982

Tribuna de Macau Jornal

澳門論壇日報 10 PaTacas

Governo vai rever políticade subsídios para rendas de casaso executivo irá rever o actual regulamento administrativo relativo aos subsídios para arrendamento de casas, destinados aos cidadãos que esperam a atribuição de uma habitação social, segundo noticiou o jornal “ou Mun”. um atraso na recepção dos novos pedidos de subsídios está a deixar inquietos os candidatos que temem que esses apoios deixem de ser distribuídos. De modo a clarificar a situação, fonte do executivo salientou que as políticas de subsídios são para manter mas têm de ser revistas, assegurando que esses apoios serão pagos, em princípio, em Novembro, conjuntamente com os meses de setembro e de outubro. Normalmente, o governo distribui o subsídio de setembro a agosto. e nos meses de outubro, começa a receber novos pedidos, o que não aconteceu até agora como seria habitual. o deputado Ho ion sang acusou o governo de preocupar os residentes com estes atrasos no processamento dos pedidos e exigiu ao executivo a revisão do respectivo regulamento.

Visitantes aumentaram 13 por centodurante a “Semana Dourada”Macau acolheu 775.968 visitantes durante os sete dias da “semana Dourada” do Dia Nacional da china, o que representa uma subida de 13,27%, em comparação com o período homólogo do ano passado, revelou a Direcção dos serviços de turismo (Dst). os visitantes da grande china representaram 93,39% do total, sendo que 580.350 vieram do interior da china e aumentaram 22,34%. entre os dias 1 e 7, a média de quartos alugados por dia cresceu 8,67% para 18.730, apesar da taxa média de ocupação dos hotéis de três a cinco estrelas ter sofrido uma descida de 1,54 pontos para 88,46%, em relação a igual período de 2010. No período em análise, a média de preços por quarto subiu tanto nas pensões como nas diferentes categorias de hotéis, sendo que nas unidades de três a cinco estrelas houve um aumento de 23,66% para cerca de 1.759 patacas. a Dst revelou ainda que, durante a “semana Dourada”, selou oito fracções autónomas, por alegada prestação ilegal de alojamento, tendo sido identificados um explorador, dois angariadores de hóspedes e cinco controladores suspeitos.

“Macaense deveria englobar todos aqueles que consideram que esta é a sua casa”PáGS 2 e 3

SÉRGIO PEREZ Em ENtREVIStA Ao jtm

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PáG 02 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

Propriedade: Tribuna de Macau, Empresa Jor na lística e Editorial, S.A.R.L. • Administração: José Rocha Dinis • Director: José Rocha Dinis Director Editorial Executivo: Sérgio Terra • Grande Repórter: Raquel Carvalho • Redacção: Fátima Almeida, Paulo Barbosa e Viviana Chan • Editor Multimédia: Pedro André Santos • Colaboradores: José Luís Sales Marques, Miguel Senna Fernandes, Rogério P. D. Luz (S. Paulo) e Rui Rey • Colunistas: Albano Martins, António Aresta, António Ribeiro Martins, Daniel Carlier, Henrique Manhão, João Guedes, Jorge Rangel, Jorge Silva, José Simões Morais, Luis Machado e Luíz de Oliveira Dias • Grafismo: Suzana Tôrres • Serviços Administrativos e Publicidade: Joana Chói ([email protected] e [email protected]) • Agências: Serviços Noticiosos da Lusa e Xinhua Impressão: Tipografia Welfare, Ltd • Administração, Direcção e Redacção: Calçada do Tronco Velho, Edifício Dr. Caetano Soares, Nos4, 4A, 4B - Macau • Caixa Postal (P.O. Box): 3003 • Telefone: (853) 28378057 • Fax: (853) 28337305 • Email: [email protected] (serviço geral)

jORnal tRIbuna dE Macau

“Estamos num sítio em que o cinema está a aparecer. O que foi feito são apontamentos que têm valor pelas imagens que foram capturadas. Serão aqueles filmes representativos do que é Macau?” - Idemlocal

“Há bastante tempo que defendo que macaense deveria englobar todos aqueles que consideram que esta é a sua casa e que é aqui que querem estar, é aqui que se sentem bem e que se identificam culturalmente” - Sérgio Perez

SÉRGIo PEREZ Em ENtREVIStA Ao jtm

“Está-se a definir o que se pretende de Macau”Licenciado no curso de Som e Imagem na Universidade Católica do Porto, Sérgio Perez é autor dos populares “sketches” que animam as peças dos Dóci Papiáçam. Em entrevista ao JTM, o realizador confessa que prefere o termo “maquista” para designar a comunidade macaense. Na sua análise, o território passa por tempos “extremamente interessantes”, nos quais se está a definir o que se pretende do futuro do território. Todas as opções estão em aberto

paulo barbosa

Nascer no “sítio certo”Nascido e criado em Macau, sérgio Perez rumou ao Porto para frequentar o curso de som e imagem na universidade católica. após a especialização em cinema e televisão, esteve seis meses na produtora NbP, onde foi assistente de realização de uma telenovela, antes de se decidir pelo regresso à terra onde se sente em casa. “sinto que estou no sítio certo e que posso contribuir para Macau, para o audiovisual e para a minha comunidade”, conta. Na raeM, trabalhou na tDM e é funcionário dos serviços de turismo. aos 32 anos, produz e realiza conteúdos audiovisuais, para além de coordenar campanhas promocionais. são da sua autoria os vídeos promocionais das últimas edições do grande Prémio de Macau, um trabalho que lhe agrada, dada a “paixão pelo mundo motorizado”. outra paixão é o futebol, desporto que o cativa “pelo espírito de grupo, pela conquista da vitória”. No futebol, Perez já jogou na equipa que representa a aDM no torneio da festa da lusofonia e alinhou na formação da casa de Portugal. “Jogamos por diversão, nestes últimos tempos tenho estado demasiado ocupado para poder dar o meu contributo futebolístico”, graceja.

A Associação dos Macaenses (ADM), da qual é associado, está agora a completar 15 anos.

Como vê o dinamismo da comunidade macaense?

- Sou apenas sócio da ADM, mas acho que o movimento associativo da comunidade macaense tem sido bom, activo. O dinamismo existe, agora é continuar e fazer mais.

- Os dirigentes da ADM, por vezes, referem que têm dificuldade em atrair os jovens para as actividades associati-vas e culturais. Há gente nova em nú-mero suficiente e que esteja interessada em continuar com o legado macaense?

- Existe um problema de fundo. Falamos de macaenses com muita se-gurança, mas a verdade é que temos que pensar sobre esta questão do que é ser macaense. Fazermos este trabalho de fundo e pensarmos primeiro sobre quais são os valores e a cultura da co-munidade macaense. Vermos se, no meio disto tudo, encontramos um pon-to em comum, para se poder desenvol-ver esse tal sentido comunitário. Há bastante tempo que defendo que ma-caense deveria englobar todos aqueles que consideram que esta é a sua casa e que é aqui que querem estar, é aqui que se sentem bem e que se identificam

culturalmente. A verdade é que existe uma cultura singular daqui, que é pre-servada por um grupo de pessoas que denominamos com o termo macaense. Existe a palavra “maquista”, que se devia utilizar mais vezes para definir este grupo. Se estivermos a falar da co-munidade “maquista”, da sua riqueza cultural, da sua culinária, do patuá, se falarmos das suas celebrações únicas, acho que isto é uma riqueza de todos os macaenses e da própria cidade.

- Mas antevê algum risco de dilui-ção dessa comunidade?

- Estamos a viver em tempos ex-tremamente interessantes e estamos num sítio onde se está a definir o que se pretende de Macau. Ouvimos tan-tas vezes no discurso oficial, quer de Pequim, quer do próprio Governo da RAEM, que não faz sentido esta dilui-ção acontecer. Faz sentido que esta ri-queza única de Macau se preserve. Co-nheço bastantes pessoas do grupo [de jovens macaenses] que foi a Pequim e tem acompanhado estas coisas. Tenha

a certeza que são pessoas que terão consciência disto. E não me passa pela cabeça que seja pensado de outra for-ma pelo Governo Central.

- É precisa maior união entre todas as comunidades que vivem em Macau?

- Todos os que cresceram aqui têm uma identidade em comum, sejam chi-neses, portugueses ou “maquistas”. Temos que encontrar os nossos pon-tos em comum. O grande problema é quando nós apenas nos preocupamos com o nosso próprio umbigo. Quando não nos identificamos, não amamos o sítio em que estamos, não o compreen-demos, então olhamos para nós pró-prios, para os nossos próprios interes-ses e esquecemo-nos de coisas que, no futuro, se podem tornar irreparáveis. Temos registos históricos bonitos do intercâmbio de culturas. Seria interes-sante isto ser partilhado entre as várias comunidades. Seria interessante a li-teratura chinesa escrita em Macau ser partilhada com a comunidade lusófo-na. A riqueza cultural intangível parte desta compreensão e partilha entre as várias comunidades aqui presentes. Era importante que nos encontrásse-mos neste momento em que as coisas se definem. Ao encontrarmo-nos conse-guimos construir, manter e concretizar o que eu penso que o Governo Central pretende para Macau.

- Nos seus trabalhos, retrata a mul-ticulturalidade de Macau. Nota-se que esta é uma terra onde gosta de viver. Acha que há algum filme que já fez jus a Macau?

- Estamos num sítio em que o ci-nema está a aparecer. O que foi feito são apontamentos que têm valor pelas imagens que foram capturadas. Serão aqueles filmes representativos do que é Macau? Acabamos sempre por ter fil-mes em que parece que custa entrar na essência do que é Macau. Acho que te-

mos trabalhos interessantes a aparecer, principalmente de uma nova vaga de criativos, que vão buscar pequenas ex-periências individuais. Conseguimos ver, até pelas curtas-metragens exibi-das nos festivais, que são filmes mui-to pessoais, o que é muito interessan-te. Era uma coisa que não havia. Mas acho que é uma questão de tempo para aparecerem filmes realmente significa-tivos.

- Os “sketches” cómicos que reali-za arrancam algumas das gargalhadas mais fortes nas peças dos Dóci Papi-áçam, apresentadas anualmente no Centro Cultural. Onde é que se inspira para filmar aqueles episódios pícaros?

- Os vídeos são um trabalho de grupo. Os Dóci Papiáçam são um gru-po. O que é bonito neste grupo é que é formado por pessoas das mais diversas áreas e extremamente criativas. Muitas vezes, as ideias que se vêem nos víde-os podem não vir da minha parte, mas há uma grande influência do que me influenciou ao crescer aqui, bem como dos filmes e da televisão.

- Há rubricas com grande sucesso, como o “patuá de A a Z”, em que o dia-lecto é explicado com recurso a exem-plos cómicos. Alguns excertos estão disponíveis na Internet, mas pensam editar DVD’s com este material?

- Isso não me cabe a mim decidir. É uma decisão do Miguel [Senna Fernan-des] e do grupo. Eu não vejo porque não, acho que faz sentido publicarmos isso. É ver qual é a ocasião e em que moldes é que isso pode ser feito.

- Tem algumas rodagens planeadas para os próximos tempos?

- Estabeleci para mim próprio que, a partir deste ano, vou começar a fazer mais projectos. Vou tentar fazer mais ficção, que é o que eu gosto de fazer. Tenho algumas ideias em mente e já abordei algumas pessoas, mas ainda não está confirmado. Tenho um pro-jecto feito com os realizadores do pri-meiro “Macao Stories”, de que fiz par-te. É sobre o restaurante Long Kei, nós filmámos lá dias antes do restaurante fechar. É um documentário, em que ou-tros realizadores, como o Vincent Hoi e o Albert Chu, também participaram. Ainda estamos a pensar como é vamos lançá-lo.

- Vai ser o formador num curso de cinema digital organizado pela Casa de Portugal. O que espera desta nova ex-periência?

- É uma coisa que sempre quis ten-tar fazer. Este “workshop” é uma tenta-tiva, vou fazer isto uma vez e ver como é que corre. É um “workshop” abran-gente, que aborda vários aspectos de produção. Penso que será interessan-te para as pessoas que participarem. A minha expectativa é que as pessoas que estão envolvidas façam um traba-lho conjunto no final. Temos gente de excelência nas várias áreas que fazem com que um filme apareça. Acho que o grupo pode surpreender.

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jORnal tRIbuna dE Macau segunda-feira, 10 de outubro de 2011 PáG 03

“O cinema é a reunião de várias artes. Faz todo o sentido que quem esteja a aprender cinema se encontre integrado num ambiente em que tenha contacto com as outras vertentes com que o cineasta terá que trabalhar” - Idemlocal

“Qualquer sítio que queira ser um espaço em que se desenvolva o audiovisual precisa de uma televisão forte. Porque a televisão emprega muitos destes profissionais. Enquanto que a produção cinematográfica é esporádica, a televisiva é regular” - Sérgio Perez

cINEAStA DEFENDE cRIAÇÃo DE EScoLA DE ARtES E DE VIDEotEcA

Papel da TV “é muitas vezes negligenciado”O primeiro passo para que haja uma indústria de cinema no território passa pela formação, segundo defende Sérgio Peres. O cineasta considera que deveriam ser criadas no território uma escola de artes e uma videoteca. Realçando a importância da produção televisiva para o desenvolvimento do mercado audiovisual, Perez aponta a aposta nas curtas-metragens como um caminho para o desenvolvimento do festival de cinema local

Tem-se falado na criação de uma indústria do cinema em Macau. Foi levantada a possibilida-de de criar estúdios de cinema no COTAI, por

exemplo, mas nada de concreto está implantado no terreno. A construção de infra-estruturas deste género poderia atrair grandes produções internacionais?

-Macau pode ser o que quiser, com as condições económicas que tem. Macau podia ser o pólo acadé-mico da Ásia, podia ser o pólo de investigação, podia ser tudo. Não é por falta de capacidade económica que Macau não concretiza as coisas. Do ponto de vis-ta das produções audiovisuais, gostava de enfatizar que a indústria de cinema engloba vários campos. Não falamos apenas de produção, falamos de pós-produção, de todas as áreas envolventes. Macau pode ser, por exemplo, um pólo de pós-produção, ter aqui as melhores pós-produtoras da Ásia. Mas, para isto acontecer, precisamos que existam pessoas formadas. É preciso criar uma infra-estrutura que permita que surjam pessoas com as competências requeridas. A meu ver, uma coisa que é muitas vezes negligenciada é o papel da televisão. Qualquer sítio que queira ser um espaço em que se desenvolva o audiovisual preci-sa de uma televisão forte. Porque a televisão emprega muitos destes profissionais. Enquanto que a produ-ção cinematográfica é esporádica, a televisiva é regu-lar. É importante não nos esquecermos da televisão.

- Em que é que a televisão de Macau pode diver-gir do que é feito noutras partes da Ásia?

- A televisão em Macau tem uma potencialidade enorme, que é a ligação com os países de língua por-tuguesa. Tanto no canal português como no chinês. A vantagem da ligação com os países lusófonos per-mite que equipas do canal chinês vão a esses países produzir conteúdos para a China e para a região que se identifique com uma linguagem audiovisual mais próxima da sensibilidade asiática. O canal português pode produzir conteúdos em sentido oposto.

-Na área do documentário, a TDM lançou um concurso para documentaristas locais. O realizador Fernando Eloy considera que o orçamento concedido aos produtores, que é compreendido entre as 100 e as 120 mil patacas, “dá vontade de rir”. Concorda?

-Eu acho que o concurso é um ponto de partida. Isto era uma situação que não acontecia antes. Fiquei agradavelmente surpreendido quando apareceu. Sei que agora, no canal chinês, abriu um concurso se-melhante, mas para ficção. Isto, para mim, faz todo o sentido. As pessoas têm que ter a consciência de que o bom produto audiovisual não aparece logo à primeira. Só se se contratar tudo lá fora. Nesse caso, podemos ter um bom filme, mas será local? É preciso dar a oportunidade e perceber o potencial que a tele-visão tem. Sem uma televisão forte, é muito difícil de-senvolver o audiovisual. Quando falamos de audio-visual, não falamos apenas de técnicos e realizadores, mas estamos a falar da moda local, dos músicos.

- Não há muita formação disponível na região para quem queira aprofundar conhecimentos na área do cinema, ou mesmo seguir uma profissão relaciona-da com este sector. Acha que seria adequada a abertu-ra de uma escola de audiovisual?

- Há alguns cursos ligados a isto e algumas uni-versidades que estão a providenciar formação. Mas quanto mais houver, melhor. Quando estava no Por-to, a tirar o meu curso na Escola das Artes da Cató-lica, lembro-me de que a grande vantagem do curso

“Faz falta uma sala grande onde se pudessem mostrar curtas-metragens

locais, onde um realizador local pudesse exibir o seu trabalho, ou até mesmo para ver arquivos de

imagens de Macau”

era que estavam lá pessoas a tirar o curso de música, outras a querer especializar-se em artes digitais... Por-tanto, pessoas ligadas a várias áreas. Este ambiente permitiu que eu arranjasse pessoas que me ajudaram a desenvolver como criativo. Ajudou-me bastante existirem estas pessoas, que estavam no processo de aprendizagem e de quererem experimentar.

-Seria preferível uma escola de artes a uma escola de cinema?

-Sem dúvida, porque o cinema é a reunião de várias artes. Faz todo o sentido que quem esteja a aprender cinema se encontre integrado num ambien-te em que tenha contacto com as outras vertentes com que o cineasta terá que trabalhar.

-Uma escola desse género não tem avançado por opções políticas?

-Não vou dizer que não se quer fazer isso. Acho que estamos na altura em que podemos pensar em fazer. Porque não?

-O Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau, que é organizado pelo Centro Cultural já vai na quinta edição. Como avalia a qualidade da progra-mação deste festival?

-Uma coisa interessante nesse festival é a aposta no documentário. O documentário é capaz de ser, a curto prazo, o meio mais viável para termos conte-údos feitos em Macau. Isto porque o documentário não engloba assim tanta produção. No que diz res-peito à vertente do festival ligada à produção local, foi acertado este caminho do documentário. No seu todo, o festival vai buscar muito ao de Hong Kong. Há uma parceria entre os dois festivais e temos mui-tos dos filmes que passam no festival de Hong Kong em Macau. Isso é positivo, mas seria interessante ver-mos mais curtas-metragens. O festival de Hong Kong é um dos grandes festivais do mundo. Não há tanta visibilidade nesta zona em termos de festivais de cur-tas-metragens. Penso que poderíamos apostar mais um bocado nessa área. É nas “curtas” que aparecem os grandes realizadores. Por comparação, Macau ga-nhou o seu espaço no desporto automóvel porque apresenta uma prova internacional de F3. Tivemos aqui o Senna, o Schumacher e outros grandes nomes. Imagine-se se tivéssemos aqui os próximos “Spiel-bergs” e “Scorceses”, todos em princípio de carreira.

-Ou seja, não podendo competir nas longas-me-tragens com o festival de Hong Kong, propõe uma es-pécie de especialização nas “curtas”?

-Sim, acho que os realizadores locais podem aprender muito com as curtas-metragens do exterior.

-O Instituto Cultural está a ponderar instituir um fundo para apoio ao cinema. Esse fundo é necessário? Neste momento, se quiser desenvolver um projecto, encontra algum suporte, ou tudo tem que ser feito numa base “caseira”, sem grandes apoios?

-O cinema implica que se gaste dinheiro. Não há volta a dar. Envolve muitas pessoas, se estamos a fa-lar de ficção ainda mais. É um passo positivo criar o fundo, mas é preciso evitar que funcione tal como o de Portugal. O fundo semelhante que existe em Por-tugal acaba por alimentar quase sempre os mesmos. Mais do que criar este fundo, é preciso criar os alicer-ces, fazendo com que haja um suporte local das áreas técnicas do cinema. É preciso fazer com que apare-çam pessoas interessadas em trabalhar no cinema ou no audiovisual e isso passa pela televisão e pela formação.

-Havia um culto do cinema em Macau, mas as sa-las foram fechando. O panorama actual da exibição de filmes resume-se a dois ou três cinemas. As pessoas recorrem aos DVD’s, mas acha que isso supre a falta de sítios para ver os filmes no grande ecrã?

-O meu amigo António Falcão diz que falta a Macau uma videoteca. Acho que sim. Há condições para se construir um sítio exclusivo onde se possam desenvolver várias actividades artísticas e culturais ligadas ao cinema. E faz falta uma infra-estrutura destas, uma sala grande onde se pudessem mostrar curtas-metragens locais, onde um realizador local pudesse exibir o seu trabalho, ou até mesmo para ver

arquivos de imagens de Macau.-Isso seria uma espécie de mini-cinemateca?-Exactamente. É uma boa maneira de descrever.

Há coisas que se podem fazer e acredito que isto já deve ter passado pela cabeça de várias pessoas... Quanto às salas de cinema, ouvi dizer que o Galaxy ia abrir um “multiplex”, mas já estamos em Outubro e nada. Era uma questão que gostava de ver esclareci-da. Actualmente, vou várias vezes a Hong Kong para poder ver filmes.

p.b.

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PáG 04 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

local

VIVIaNa CHaN

FISCALIZAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTÍNUA. angela leong exigiu ao governo que fiscalize a forma como são utilizadas as verbas destinadas ao Programa de Desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo. segundo a deputada, algumas instituições que realizam os cursos subiram os preços após o lançamento do programa.

GRAU E TIPO DE DEFICIÊNCIA ANALISADO PELO IAS. cerca de oito mil pessoas já enviaram para o instituto de acção social (ias) pedidos para avaliação do tipo e grau de deficiência que possuem. cerca de 2.000 pedidos já foram analisados. esta avaliação visa dar aos requerentes um cartão, que certifica oficialmente o tipo e grau de deficiência. o ias vai tentar avaliar todos os pedidos até ao final do ano.

BrevesDetido suspeito de homicídionum apartamento do NAPEo suspeito do homicídio de uma mulher, que foi encontrada morta pelo marido num apartamento do NaPe, foi detido no sábado perto do estádio da taipa. o homem, de 42 anos e oriundo de Henan, estaria em permanência ilegal em Macau desde Novembro de 2010 e vivia desde o mês passado num quarto do apartamento que foi arrendado à vítima. a PJ adiantou ontem que o suspeito é viciado no Jogo e que o apartamento estava a ser usado para alojamento ilegal. o caso, já relatado pelo JtM, remonta ao início deste mês. o marido da vítima encontrou o corpo da mulher escondido sem vida debaixo da cama do quarto arrendado ao alegado autor do crime, a 4 de outubro. a autópsia confirmou que a mulher foi estrangulada. as autoridades desconfiam que se tratou de um roubo seguido de homicídio já que terão desaparecido do apartamento entre 20 mil a 30 mil dólares de Hong Kong. até ontem, o suspeito não tinha confessado o crime.

Coacção máxima para alegados traficantestrês suspeitos de tráfico de droga ficaram sujeitos a prisão preventiva, no âmbito de dois casos investigados pelo Ministério Público. o primeiro caso envolve dois residentes locais (de apelidos lei e lao) e dois do continente (fan e shun), com idades compreendidas entre 32 e 56 anos. a 22 de setembro, a polícia apreendeu 0.3 gramas de metanfetamina numa busca ao quarto do hotel onde estava fan, que confessou ter comprado a droga a um desconhecido num casino. a polícia deteve ainda lei, lao e shun, que estavam posse de várias quantidades de metanfetamina e “magu”. o suspeito do segundo caso, um indonésio de 32 anos, foi detido a 15 de setembro no aeroporto de Macau, onde chegou proveniente da Malásia, na posse de 21 cartuchos de heroína com um peso total de 252.44 gramas. lao, shun e o suspeito de nacionalidade indonésia foram colocados em prisão preventiva, enquanto que a lei e fan foram aplicadas “outras medidas de coacção necessárias”, indicou ainda o organismo, sem especificar.

Nova urgência em Novembro as instalações da nova urgência temporária, situada no Hospital da universidade de ciência e tecnologia de Macau, no cotai, vão entrar em funcionamento a partir de Novembro. segundo os serviços de saúde, a nova urgência vai ter 12 médicos e duas dezenas de enfermeiras.

conselho Médico prestes a nascerA criação de um Conselho para os Assuntos Médicos deverá ser concretizada até ao final deste ano, revelou o director dos Serviços de Saúde. Segundo Lei Chin Ion, o órgão vai melhorar a avaliação dos profissionais e a gestão dos recursos humanos

A data certa ainda não está definida, mas a Direc-ção dos Serviços de Saúde de Macau (SSM) tem a intenção de, pelo menos até ao final do ano, con-

cretizar a criação Conselho para os Assuntos Médicos. O director dos SSM, Lei Chin Ion, revelou que os traba-lhos preparatórios já estão concluídos e que só falta a aprovação dos regulamentos administrativos.

Lei Chin Ion explicou que a criação do Conselho vai servir para regular a avaliação dos médicos e, ao mesmo tempo, melhorar o planeamento das activida-des médicas consoante os recursos humanos existentes. Quando for criado o Conselho, os licenciados que quei-ram entrar na profissão, para além de um período de estágio, podem ter que passar num exame para obter a licença para exercer. Ao mesmo tempo, a avaliação dos médicos passará a estar regularizada.

O Conselho para os Assuntos Médicos vai ser constituído por três grupos: um para avaliação dos profissionais, outro para a deontologia e o terceiro para atendimento de queixas sobre más práticas médicas.

Sobre a implementação de uma lei sobre o erro mé-dico, Lei Chin Ion disse ainda não poder avançar uma data concreta para a apresentação. Mas garantiu que a legislação actual já salvaguarda os direitos dos residen-tes. Segundo o director dos SSM, os cidadãos podem já queixar-se de qualquer injustiça recorrendo às leis

civis e criminais. E lembrou a existência, actualmente, do Centro de Avaliação das Queixas relativas a Acti-vidades de Prestação de Cuidados de Saúde. Lei Chin Ion referiu ainda que a lei também ainda não foi apre-sentada porque o Governo convidou vários médicos especialistas do Interior da China, onde esta legislação já foi promulgada, para partilharem as suas experiên-cias. Para além disso, Lei Chin Ion referiu que tinha que ouvir as opiniões de vários juristas para que a lei fosse bem elaborada.

Para satisfazer as necessidades de procura, os SSM concluíram no ano passado o Projecto de Melhoramen-to das Infra-estruturas do Sistema de Saúde. Depois de vários estudos, os Serviços de Saúde já formularam um plano preliminar para satisfazer as necessidades futu-ras. Segundo o organismo, entre 2012 e 2020 vão ser pre-cisos 406 médicos, incluindo 151 médicos de clínica ge-ral e outros 255 especialistas. Quando a primeira fase da construção do novo hospital público, na Taipa, estiver concluída, está previsto que sejam necessários mais 150 especialistas. Os SSM planeiam também dar formação a 265 especialistas, utilizando ao máximo a capacidade do Centro Hospitalar Conde de S. Januário e do Hospi-tal de Kiang Wu.

As autoridades estão ainda a rever o projecto do regime legal dos internatos médicos. Os cerca de 300 li-cenciados em medicina existentes vão receber formação na Universidade de Ciência e Tecnologia, que tem como objectivo melhorar o nível dos serviços de saúde da RAEM. Mas do próximo ano em diante já se prevê que sejam 30 os médicos a receber essa formação anual.

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1ª Vez

Execução Ordinária nº CV3-10-0116-CEO 3° Juízo Cível

Exequente: BANCO NACIONAL ULTRAMARINO, SA, com sede na Avenida AImeida Ribeiro, 22 em Macau.Executada: CHEONG KUOK HEI, com última residência conhecida na Rua do Canal Novo, 71, Edifício Kin Va, Bloco 4, 3° A em Macau, ora ausente em parte incerta.

FAZ-SE SABER QUE, por esta Secção, correm éditos de TRINTA DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, citando o executado acima identificado, para no prazo de VINTE DIAS, decorrido que seja os dos éditos, deduzir oposição, pagar ao exequente a quantia de MOP$ 49.526,62 (quarenta e nove mil quinhentas e vinte e seis patacas e sessenta e dois avos), acrescida de juros vencidos e vincendos até efectivo pagamento e custas, ou nomear bens à penhora, sob pena de ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora (artº. 720º C.P.C.M.), pelos fundamentos constantes da petição inicial que se encontra à disposição do citando nesta Secção, prosseguindo os autos com o Ministério Público - art° 49° do Código de Processo Civil de Macau.

A intervenção do citando nos autos implica a constituição de advogado - artº 74° do Código Processo Civil de Macau.

RAEM, 14 de Setembro de 2011.

O Juiz de Direito,a) Rui Carlos Pereira RibeiroO Escrivão Judicial Principal,

a) Acácio Coelho

“JTM” - 10 de Outubro de 2011

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUíZO CíVEL

ANÚNCIO

1ª Vez

Proc. ordinário de execução nº CV2-10-0073-CEO 2° Juízo Cível

Exequente: BANK OF CHINA LIMITED, com sede em Pequim e sucursal em Macau, na Avenida Dr. Mário Soares, nº 323Executados: 1. FÁBRICA DE SAPATOS K. WAH LIMITADA, com sede em Macau na Rua Quatro do Bairro Iao Hon, nº 38, Edf. Industrial Iao Seng, Fase II, 4° andar C;2. LOK NA KOK, solteiro, maior, com última residência conhecida em Macau, na Rua Quatro do Bairro Iao Hon, nº 38, Edf. Industrial Iao Seng, Fase II, 4° andar C;3. SIU VAI LAM, solteiro, maior, residente em Macau, na Travessa dos Colonos, n° 14, Edf. Hap Heng, 4° andar D; e4. SIO VAI MENG, solteiro, maior, residente em Macau, na Travessa dos Colonos, nº 14, Edf. Hap Heng, 4° andar D.

Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos executados para, no prazo de quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real e que é o seguinte:

Imóvel penhoradoDenominação da fracção autónoma: D4, 4° andar “D”.Situação: Em Macau, nºs. 14 a 14-D da Travessa dos Colonos.Fim: Para habitação.Número de matriz: n°. 037252.Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº. 9267, a fls. 111V do Livro B26.Número de inscrição da propriedade horizontal: nº. 9126, a fls. 53 do Livro F10.

Aos 09 de Setembro de 2011.

A Juiz,Cheong Un Mei

A Escrivã Judicial Auxiliar,Cheong Lai Lam

“JTM” - 10 de Outubro de 2011

TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE JUíZO CíVEL

ANÚNCIO

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jORnal tRIbuna dE Macau segunda-feira, 10 de outubro de 2011 PáG 05

local

FÁTIMa alMEIDa

PERITOS DA METEOROLOGIA EM MACAU. cerca de 30 especialistas de 10 membros do comité dos tufões, Índia, inglaterra, Noruega e timor-leste participam entre amanhã e dia 14, em Macau, num “workshop” sobre “storm surge” e previsões de ondulação. o evento fomentará a troca de experiências e o conhecimento de novas técnicas meteorológicas.

GALAXY LIDERA SUBIDA DE ACÇÕES. as acções das empresas ligadas ao jogo voltaram a crescer na sexta-feira na bolsa de Hong Kong, traduzindo a segunda sessão em alta, após três dias negativos. a galaxy esteve em destaque (mais 18,32%), mas as subidas também se estenderam à Melco international (8,96%), sands (4,95%), sJM (4,50%), Wynn (1,00%) e MgM china (0,19%).

NEto VALENtE ALERtA PARA DIFIcULDADE Em tRAÇAR REGRAS PoRmENoRIZADAS

lei já permite “responsabilização dos médicos”Há muito que decorre a discussão sobre uma proposta de lei que venha a responsabilizar os erros dos médicos, mas Neto Valente sublinha que a legislação actual da RAEM já permite punir as negligências profissionais. Se quando algo corre mal, o ponto de partida for sempre culpar o médico poderá haver uma retracção dos profissionais na aplicação de alguns tratamentos mais arriscados, alertou o presidente da Associação dos Advogados

Ainda não se sabe quando pode-rá surgir uma nova proposta de lei sobre o erro médico em

Macau, mas mesmo sem este diploma, cuja discussão decorre desde 2002, a legislação existente na RAEM já per-mite punir os casos de negligência, defende o presidente da Associação dos Advogados (AAM). “Não se pode dizer que este é um aspecto indispen-sável porque na lei de Macau já existe responsabilização dos médicos, dos advogados, dos engenheiros que fo-rem negligentes e não cumpram as regras da sua profissão. E as regras dos médicos e dos enfermeiros sabe-se muito bem quais são. A lei de Macau já o permite e tem havido responsabi-lizações”, referiu aos jornalistas Neto

Valente, antes da partida de uma de-legação da AAM para Xangai (ver texto em cima).

Na opinião do advogado tem ha-vido a imputação de responsabilida-des tanto dentro do sistema privado como no público. “A administração pública, nomeadamente por causa de tratamentos no hospital Conde São Januário, tem pago indemnizações pelo que aceita a responsabilidade de determinados actos”. Mesmo no hospital Kiang Wu e outras clínicas privadas há casos que vão para os tribunais e se muitos não chegam à Justiça é porque “há um acordo” e as indemnizações são pagas “sem dar nas vistas” para não afectar a imagem das instituições, exemplificou.

Neto Valente considera ainda que é possível fazer aperfeiçoamentos tendo por base a evolução do conheci-mento e das técnicas da Medicina, mas preveniu para a dificuldade de chegar à redacção de normas pormenoriza-das. “Na responsabilidade profissio-nal as regras não podem ser escritas em pormenor, porque mudam e são várias as aceitáveis, têm de ser os pro-fissionais do ramo a dizer se está cer-to ou se está errado. Não há nenhum juiz que possa dizer: devia ter feito isto ou aquilo. Os juízes não estudam essa medicina a fundo, vão chamar outros profissionais e perguntam se alguém fez bem ou mal e se fez mal tem de ha-ver responsabilização”, disse.

Vincando novamente que “já há uma lei” para castigar as negligências profissionais o presidente da AAM mencionou ainda que “o problema é que, em Macau, uma pessoa conhece um caso que correu mal e diz-se logo que é preciso uma lei”. Mas questiona: “quem é que pode dizer que a protec-ção existente não é suficiente ou ade-quada?”.

O causídico frisou também as di-ficuldades em definir alguns parâme-tros, nomeadamente ao nível da indi-vidualização da culpa. “Parece muito fácil, mas é difícil. É tão difícil que aqui em Macau houve quem quisesse copiar a lei do Interior da China, mas chegou à conclusão que tem dado tan-tos problemas na China que é melhor não seguir o mesmo caminho, porque há um facto simples de compreender: hoje em dia não é um médico que trata um doente, um doente é tratado por um estabelecimento, portanto, se for para uma operação tem enfermeiros, serventes, pessoal da limpeza, anes-tesistas, intervém muita gente”, subli-nhou.

Assim, continua, “não é possível dizer: a operação correu mal a culpa foi do cirurgião. O cirurgião é aquele que dá a cara e o que tinha a faca na mão, mas sozinho não faz nada, por-tanto, imputar algo que corre mal a um dos intervenientes só poderá acon-tecer num caso muito raro, de resto é uma responsabilidade colectiva, e isto

não quer dizer que as pessoas negligentes não devam ser responsabilizadas no exer-cício das suas funções”.

Por outro lado, Neto Valente subli-nhou ainda o facto de haver vários facto-res ligados ao estado de saúde do doente, os quais poderão influenciar a cura, tais como complicações associadas ao quadro clínico do paciente. Neste sentido, é ne-cessário medir todos os elementos, para que não se tenha sempre a ideia, de cada vez que algo corra mal, que a culpa é da equipa médica, até porque cair neste siste-ma poderá conduzir a uma retracção dos médicos na hora de aplicar determinados tratamentos, mesmo que sejam “os mais adequados”.

O próprio director do Serviço de Saú-de indicou no mês passado que o debate sobre a lei do erro médico decorre desde 2002 e que chegou efectivamente a existir uma proposta de lei que tinha por base a lei chinesa, mas que veio a ser abandona-da devido a várias dúvidas que surgiram. Lei Chin Ion escusou-se a avançar com uma nova data para que seja proposto um novo diploma.

De acordo com os dados revelados por aquele responsável, os Serviços de Saúde foram responsabilizados em qua-tro casos de erro médico, nos últimos 11 anos. Entre as muitas queixas apresenta-das 22 chegaram ao tribunal, mas só me-tade estão resolvidas. Nos casos já julga-dos, sete acabaram por ilibar os médicos de responsabilidades.

F.a.

DELEGAÇÃo DA ASSocIAÇÃo DoS ADVoGADoS FAZ INtERcÂmBIo Em XANGAI

“Na china respeita-se muito a lei Básica”As características jurídicas da RAEM são respeitadas e reconhecidas no Continente Chinês. Esta foi uma certeza que já ficou de sessões de intercâmbio entre a Associação dos Advogados de Macau e o Interior da China. Antes da partida para Xangai de uma delegação de 20 pessoas, Neto Valente salientou que na RPC “ninguém tem dúvidas que a Lei Básica é para cumprir”

Uma delegação da As-sociação dos Advoga-dos de Macau (AAM)

partiu ontem para Xangai onde durante uma semana irá “aprofundar os conhecimentos sobre a Lei Básica de Macau e o sistema jurídico da China”, re-feriu o presidente da AAM. De acordo com Neto Valente estes encontros permitem “vincar a identidade de Macau no con-texto geral da China”.

Pelas experiências noutras sessões de intercâmbio seme-lhantes ficou a certeza de que o sistema jurídico da RAEM, com a sua natureza específica, é co-nhecido e respeitado para lá das Portas do Cerco. “Já anterior-mente quem teve esta experiên-cia encontrou como formadores dos seminários e cursos pessoas inteligentes e muito sabedoras não só do que se passa no Inte-

rior da China, mas também da realidade de Macau e portanto fazemos comparações”, salien-tou Neto Valente.

Na opinião do causídico é importante que ambos os sis-temas sejam confrontados para continuar a salientar as caracte-rísticas da RAEM, as quais são já destacadas pelas autoridades chinesas. “Os juristas têm obri-gação de comparar sistemas, e essa comparação ajuda a afir-mar a nossa identidade dentro do grande país que é a China. Macau tem de facto uma iden-tidade própria, e não somos nós que o dizemos. Os formadores do Interior da China, as autori-dades, fazem questão de vincar esse aspecto”, acrescentou ao sublinhar, que no Continente há até um maior respeito pela Lei Básica do que, por vezes, em Macau. “No Interior da China respeita-se muito a Lei Básica e o seu espírito, nem sempre

em Macau se respeita tanto. Ali ninguém tem dúvidas que a Lei Básica é para cumprir e que a Lei Básica criou ‘um país dois sistemas’ não no papel, mas na vida concreta”, frisou.

Durante a viagem, cerca de 20 membros da AAM, que se deslocam a Xangai a convite do Gabinete de Ligação do Gover-no Central na RAEM, vão por exemplo visitar um Tribunal porque é “bom ver como tudo evoluiu”, já que desde há dez anos têm surgido várias altera-ções até ao nível das indumen-

tárias e disposição das salas de audiência. “Achamos que é muito importante conhecer a evolução do sistema político e jurídico da China, que evolui a uma velocidade espantosa, não foi só a economia. Por isso, para nós é muito interessante e ins-trutivo sabermos apreciar essa evolução, aprendê-la e realizar-mos comparações com o nosso sistema e também ir contar a nossa experiência”, resumiu Neto Valente.

Do programa constam ainda seminários sobre a “Lei

Básica de Macau – Cooperação Jurídica entre Macau e a China Continental”, ou “o Sistema Normativo do Socialismo com características Chinesas”. Os advogados de Macau vão ainda contactar com o conteúdo prin-cipal e Processo de Elaboração do 12º Plano Quinquenal bem como inteirar-se do Desenvolvi-mento de Xangai e da Região do Rio das Yangtzé. Depois deste seminário que permitirá conhe-cer as potencialidades daquela região, a comitiva regressará, no domingo, a Macau.

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PáG 06 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

localCAIXA ECONÓMICA POSTAL TRANSFERIDA. o serviço de atendimento da caixa económica Postal vai ser transferido da rua da sé para a estação central dos correios, no largo do senado, que vai sofrer remodelações. o projecto de arquitectura está concluído, mas de acordo com a directora dos correios, ouvida pela tDM, as obras na estação central só devem começar em 2012.

CHEFE RECOLHE OPINIÕES. chui sai on reuniu-se com os membros do sector profissional da comissão eleitoral do chefe do executivo, para auscultar opiniões sobre o desenvolvimento da raeM. No encontro foram debatidas, entre outras, questões ligadas à promoção das indústrias culturais e medicina tradicional chinesa, apoio às PMe’s, formação de quadros qualificados e elevação da capacidade dos jovens no domínio das línguas.

VoX populI

KIM TANG (turista filipino)

-Porque é que decidiu visitar Macau?-Tenho alguns amigos que vivem em

Hong Kong e então decidi vir. Ainda não consegui encontrar as coisas que procura-va. Mas já tinha o objectivo de vir cá, pelo divertimento. Sei que, em geral, Macau é muito famosa pelos casinos. Já joguei, mas infelizmente não ganhei, a sorte não estava comigo. (risos)

-Qual é a sua opinião sobre a indústria do Jogo?

-Na verdade, não costumo jogar, mas con-sidero que é algo engraçado. Da minha par-te não sou contra qualquer tipo de jogo, não encaro os casinos como algo negativo.

-Mas, além dos casinos, do que é que gosta mais de Macau?

-Para ser honesto, ainda não sei. Gosto da cidade, mas prefiro Hong Kong.

-Porquê?-Os lugares, os sítios para visitar, as pes-

soas na rua. Aqui o que podemos ver mais são, de facto, os casinos. Mas em Hong Kong podemos ir a sítios onde realmente nos po-demos divertir. Talvez regresse lá numas próximas férias, para o ano.

-Em termos dos serviços turísticos, con-sidera que são bons?

-Sim. Temos autocarros grátis para os tu-ristas, que nos levam para todo o lado. Acho que é uma coisa boa aqui.

-Já experimentou a gastronomia local?-Confesso que não, apenas comi

McDonald’s. Mas gostaria de provar a co-mida portuguesa e talvez o vinho. (risos).

-Há uma grande comunidade de filipi-nos a residir na RAEM. Considera que é um lugar de oportunidades?

-Em termos de comunicação não podemos ver grandes oportunidades. Penso que é di-fícil, porque não conseguimos falar a mesma língua. Não sei se as pessoas daqui falam inglês fluentemente. De facto, surpreende-me que haja um grande número de filipinos aqui, não sei que empregos procuram.

a.s.s.

“Gosto da cidade, mas

prefiro Hong Kong”

HomENAGEADoS mAIoRES DADoRES DE SANGUE

“Retribuir a vida aos outros” Paulo Rosa Rodrigues dá sangue há mais de 20 anos, desde o início do banco de sangue no território. Na cerimónia de reconhecimento dos dadores regulares de sangue, esteve em representação de todos aqueles que ajudam os doentes em risco

O Centro de Transfusões de Sangue da RAEM resolveu prestar mais uma homena-

gem a todos os que ajudam as pes-soas que, em situações de emergên-cia, necessitam de mais umas gotas de sangue. E mais uma vez, Paulo Rosa Rodrigues esteve presente na qualidade de maior dador mascu-lino, pois até 2010 deu sangue 105 vezes. Do lado das senhoras, Che-ang Mei Kei fez 67 doações. “Rece-bemos esta homenagem em nome de todos os dadores e da parte de várias pessoas. Inclusivamente de uma rapariga que tem uma doença que a obriga a receber transfusões frequentes. Isso é o mais importan-te, o reconhecimento da parte das pessoas que são curadas”, disse Paulo Rosa Rodrigues ao JTM.

Aliás, Paulo Rodrigues afir-mou ser “contra a maneira utilizada para reconhecer as pessoas que dão sangue”. Isto porque os Serviços de Saúde realizam este evento de cada vez que uma pessoa dá sangue cin-co vezes, ou num número de vezes múltiplo de cinco. “Só é algo im-portante para quem está no início, porque depois a pessoa habitua-se e simplesmente dá sangue. Durante muito tempo era convidado e não ia, mas depois vieram ter comigo e

pediram-me para estar presente”, disse. Apesar disso, há um mo-mento que considerou importante. “Quando foram as 100 doações foi um marco, porque foi a primeira vez que alguém deu sangue tantas vezes em Macau, e porque o pró-prio Banco [de sangue] atingiu esse nível. Mas para mim, o ponto mais alto é quando os garotos vêem dar-me o reconhecimento”, admitiu.

Sobre o Centro de Transfu-sões, Paulo Rosa Rodrigues teceu ainda os maiores elogios. “É talvez um dos poucos departamentos do Governo em que não se pode apontar nada. A ligação que eles fazem com a população é de gran-de gentileza e cuidado. Mas não nos podemos esquecer que isto é o resultado do que se fez antes, du-rante a administração portuguesa. Há 30 anos pagava-se para receber sangue, e estamos a falar de 250 patacas por doação, o que é muito. Só depois foi formado o Centro e a RAEM tornou-se auto-suficiente,

como é hoje”, apontou. Paulo Rosa Rodrigues dá san-

gue como “forma de retribuir a vida aos outros”, porque afirma que recebeu a sua vida “gratuita-mente”. “Hoje a tecnologia ainda não chegou ao nível de substituir o sangue que falta”, lamentou. Nes-te sentido, considerou que ainda há muitos “preconceitos” para não se doar mais sangue. “Ninguém pensa que nos hospitais do mundo inteiro há pessoas que precisam de ser operadas e que vão necessitar de uma transfusão. Há pessoas que dizem que dar sangue é perigoso, que dói, que engorda...e não é ver-dade. Depois dizem ainda que não têm tempo”, explicou.

O maior dador de sangue do território garantiu que os tipos de sangue negativo são os que mais falta fazem em Macau. “Os ociden-tais têm mais preponderância para o tipo de sangue negativo, pois aqui o 0 é o mais comum”, disse.

a.s.s.

Novos vice-reitores na USJSaíram três e entraram quatro novos vice-reitores no início do ano lectivo da universidade que pertence ao grupo da Católica. Na cerimónia oficial, foi ainda distinguido o padre Luís Sequeira, com o doutoramento honoris causa em estudos religiosos

A Universidade de São José iniciou oficialmen-te o ano lectivo no sábado, com a nomeação de novos vice-reitores. Ruben Cabral continua

como reitor mas saem Isabel Morais, Ivo Carneiro de Sousa e José Alves. Para os lugares em aberto entra-ram João Eleutério, reitor assistente, Jorge Cardoso, vice-reitor para a Educação, Anna Chan, vice-reitora para o Desenvolvimento Humano e Fanqing Kong, vice-reitor para as relações com o Governo.

José Alves passou a ser pró-reitor para o De-senvolvimento Empresarial e Ivo Carneiro de Sousa chefiará agora o Instituto de Estudos Avançados da instituição.

Na cerimónia foi ainda distinguido com o douto-ramento honoris causa em estudos religiosos o padre Luís Sequeira que, em declarações à TDM se mostrou “muito surpreendido”, assegurando que esta distinção constitui apenas mais “um desafio para continuar”.

O reitor da Universidade Católica Portuguesa, Manuel Braga da Cruz, também marcou presença na

cerimónia e no final lançou os três desafios que esta instituição de ensino tem de enfrentar. “Primeiro é o desafio da excelência, pois queremos ser uma das melhores universidades do mundo. O segundo é a institucionalização, uma vez que somos ainda uma universidade nova. E o terceiro desafio é a internacio-nalização: para sermos uma das melhores universi-dades do mundo temos de começar um processo ain-da mais forte de internacionalização”, disse. Manuel Braga da Cruz referiu ainda que todo este processo passa por atrair professores e estudantes de todo o mundo.

Padre Luís Sequeira recebeu “honoris causa”

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jORnal tRIbuna dE Macau segunda-feira, 10 de outubro de 2011 PáG 07

localEXIGIDAS REGRAS NAS REPARAÇÕES EM PRÉDIOS. o deputado lee chong cheng sugeriu a criação de um mecanismo legal que regulamente a reparação e manutenção dos acessos de uso comuns (escadas, elevadores, por exemplo) dentro dos edifícios, que muitas vezes ficam degradados por ninguém querer assumir essas responsabilidades.

REGULAMENTO DE EMISSÃO DE GASES DE CARROS IMPORTADOS NO FINAL DO ANO. o director dos serviços de Protecção ambiental revelou que já foi concluída a elaboração do projecto de regulamento de emissão de gases relativamente aos automóveis importados. segundo cheong sio Kei, o regulamento definitivo poderá ser criado no final do ano.

BrevesBispo destaca importânciado sufrágio universalNa abertura do ano lectivo da universidade de são José, o bispo de Macau, José lai, salientou, em declarações à tDM, que o “sufrágio universal é uma forma de democracia”. “todas as pessoas do mundo procuram a democracia em vez do despotismo”, pois este “afinal não resulta”, acrescentou D.José lai.

Trabalhadores atiraram ovos ao Gabinete para Recursos Humanosum protesto de cerca de duas centenas de trabalhadores, ontem à tarde, em frente ao gabinete para os recursos Humanos, ficou marcado pela detenção de alguns dos manifestantes que foram conduzidos à esquadra depois de terem atirados ovos contra o edifício onde o gabinete está situado. os trabalhadores manifestavam-se contra o mau funcionamento daquele organismo que, segundo se queixam, deixa entrar um grande número de trabalhadores estrangeiros em Macau, atirando para o desemprego os operários locais.

Autoridades “atentas” à poluição na costaa Direcção dos serviços de Protecção ambiental (DsPa) garantiu que está “bastante atenta à poluição nas zonas costeiras de Macau”. Questionada pela rádio Macau sobre o alerta da academia de ciências da china relativamente à grave poluição no rio das Pérolas, a DsPa recordou que a capitania dos Portos é responsável pela prevenção da poluição marinha, cabendo aos serviços de saúde a monitorização periódica das águas nas zonas costeiras. Por sua vez, os serviços de saúde asseguraram “não haver um alto grau de contaminação nas zonas costeiras”, mas ressalvaram que as amostras recolhidas não incluem as zonas de cultura de mariscos.

Cartaz do Grande Prémio promovido em Hong Konga comissão do grande Prémio de Macau (cgPM) e a Direcção dos serviços de turismo (Dst) realizaram no sábado um espectáculo de promoção em Hong Kong para dar a conhecer a 58ª edição do evento de desporto motorizado, que decorrerá entre 17 e 20 de Novembro. segundo a cgPM, a iniciativa atraiu inúmeros residentes e turistas, que puderam ver uma moto e um carro de f3, bem como viaturas de “safety” e “rescue” do fornecedor oficial e simuladores de corridas.

“Contraponto” estreouversão televisivao programa de análise da rádio Macau, “contraponto”, começou ontem a ser transmitido também pela televisão, no âmbito da remodelação da grelha de programação do canal Macau. os jornalistas isabel castro, carlos Morais José e rogério beltrão coelho participaram na estreia televisiva do programa, cujo painel de comentadores também integra emanuel graça e sérgio terra. o “contraponto” é transmitido aos domingos, após o telejornal.

Macau mantém maior taxade penetração de telemóveisa raeM continua a ter a maior taxa de penetração de telemóveis a nível internacional, indica um estudo da união internacional das telecomunicações. segundo a pesquisa, Macau regista 206 assinaturas de telefones móveis por cada 100 pessoas, superando Hong Kong (190 subscrições). No final da lista estão Myanmar e coreia do Norte.

Produção industrial em declínioA curva descendente da produtividade do sector industrial acentuou-se em 2010, com a descida a superar os 16 por cento

O decréscimo das exporta-ções impulsionou novo re-cuo na produção industrial

de Macau ao longo do ano passa-do, com o valor da produção e ou-tras receitas a registar uma quebra de 16,5% para 8,92 mil milhões de patacas, em comparação com 2009. De acordo com os dados divulga-dos pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o va-lor acrescentado bruto, que reflecte o contributo económico do sector, foi estimado em 3,05 mil milhões de patacas, ou seja, menos 3,9% do que no ano anterior.

No ano em análise, o consumo intermédio atingiu 5,86 mil milhões de patacas (menos 21,9%) e a forma-ção bruta de capital fixo ascendeu a 858 milhões (menos 13,6%).

As estatísticas oficiais indicam ainda que, em 2010, existiam 911 es-

tabelecimentos industriais em acti-vidade, número que representa um decréscimo de 97 unidades face ao ano precedente. Em baixa evoluiu também a força laboral daqueles estabelecimentos, com os 14.680 tra-balhadores ao serviço a traduzirem uma quebra homóloga de 23,9%.

Em termos sectoriais, a DSEC indica ainda que o valor de produção das “indústrias transformadoras” caiu 24,6% para 5,74 mil milhões de patacas. Considerados como as tra-dicionais “indústrias transformado-ras”, os ramos do vestuário e têxteis “mantiveram um comportamento fraco”, com os valores da respectiva produção a descerem 51,4 e 10,5%, respectivamente, para 1,72 mil mi-lhões e 919 milhões de patacas. Além disso, o valor acrescentado bruto das “indústrias transformado-ras’’ situou-se nos 1,47 mil milhões

de patacas, decrescendo 12,4% em termos anuais. O consumo intermé-dio também diminuiu 28,9% para 4,35 mil milhões de patacas.

Em contrapartida, o valor de produção das “indústrias alimen-tares e das bebidas” cresceu 33,9%, ao fixar-se nos 900 milhões de pa-tacas, facto que a DSEC atribui ao aumento do número de visitantes.

Também em alta estiveram os valores de produção e consumo intermédio da electricidade, gás e água, que atingiram 3,09 e 1,51 mil milhões de patacas em 2010, reflectindo subidas de 7,1 e 8,7%, respectivamente. Já o valor acres-centado bruto avançou 5,4% para 1,58 mil milhões de patacas, num ano em que a procura da electrici-dade e água continuou a subir, em consequência do desenvolvimento da economia global.

cEm PREVÊ SUBIDA ANUAL DE PELo mENoS cINco PoR cENto No coNSUmo

Hotéis e casinos contrariamavanço na poupança energéticaJoão Travassos da Costa prevê que o consumo de energia em Macau irá subir este ano entre cinco e seis por cento, muito por culpa dos grandes empreendimentos. Questionado sobre uma eventual subida nas facturas de electricidade, o administrador da CEM referiu que o ciclo de facturação ainda não terminou, mas assegurou que a empresa procurará evitar um aumento das tarifas

Os grandes empreendimentos que têm sido construídos em Macau levaram a um aumento do consumo na factura da electricidade. Esta

foi a razão apontada por João Travassos da Costa, administrador da CEM, que previu que até ao final do ano irá registar-se um aumento do consumo de energia entre os cinco e os seis por cento. “Até Agos-to devemos estar na casa dos três mil GW por hora, e vamos terminar 2011 com consumos de mais de quatro mil GW por hora, isto em números absolutos. Esperamos acabar o ano com cerca de cinco a seis por cento de crescimento face ao ano anterior. Até Agos-to, considerando o mês homólogo do ano passado, estamos nessa fasquia”, disse ao JTM João Travassos da Costa. Segundo este responsável, os grandes res-ponsáveis por estes números continuam a ser os casi-nos e hotéis existentes no território, responsáveis por 50 a 60% do consumo.

Apesar deste panorama, o responsável admitiu que há cada vez mais uma racionalização do consu-mo energético. “Notamos perfeitamente que o con-sumidor doméstico consome muito pouco. Nos ho-téis ou restaurantes é que tem havido de facto uma poupança significativa. Hoje em dia entra-se e já não se congela, portanto, as preocupações de poupança energética têm sido muitas”, apontou.

João Travassos da Costa referiu ainda não saber se vão existir aumentos nas facturas da luz para o ano. “Dentro de pouco tempo vamos rever o trimestre que passou, e neste momento ainda não temos dados. O ciclo de facturação não está concluído”, referiu. Além disso, o administrador garantiu que “a CEM continu-ará a trabalhar com o Governo, no sentido de acaute-lar ao máximo as preocupações dos nossos clientes”. “Se pudermos evitar os aumentos ou reduzir, fá-lo-

emos com todo o gosto”, explicou. Estas declarações foram proferidas à margem da

décima edição da Feira Recreativa da Energia, um evento que chamou a atenção de miúdos e graúdos para a importância de proteger o meio ambiente. O balanço de todos estes anos é “positivo”, como ga-rantiu o administrador da CEM. “Não só pela quanti-dade de pessoas que já participaram, como na quanti-dade de escolas que estiveram envolvidas. Questões como a preocupação com o ambiente, a segurança e a poupança energética têm aumentado e melhorado em Macau”. “Estas coisas implicam uma revolução de mentalidades. E nada melhor do que usar os jo-vens para as fazer, porque eles absorvem mais facil-mente do que os adultos, e isso vai ficar para o resto da vida deles. Eles transmitem aos pais e à família estes conceitos”, defendeu.

Este ano, foram 13 as escolas secundárias que participaram, sendo que cada uma apresentou um projecto ligado ao meio ambiente. As instituições de ensino concorreram em duas competições, o “Con-curso do Melhor Expositor” e o “Concurso de Talen-tos”. No final, eram muitos os sorrisos de alegria ao receber os prémios, que se situavam entre as mil e as cinco mil patacas.

a.s.s.

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PáG 08 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

localveteraNos De futebol obtiveraM 5º lugar eM xaNgai. a equipa de veteranos de futebol de Macau alcançou o 5º lugar no torneio de veteranos das comunidades chinesas, em xangai, que se realizou entre 1 e 6 de outubro. “foi um resultado positivo, tendo em conta que partimos desfalcados, sem alguns dos nossos mais importantes jogadores”, justificou ao JtM o presidente da associação, francisco Manhão. Na competição participaram outras oito equipas: xangai e austrália (que impuseram as duas únicas derrotas a Macau), Nova Zelândia, singapura, Hong Kong, taiwan e duas formações da Malásia. as equipas chinesas apenas puderam inscrever jogadores chineses, como é tradição daquele torneio. antes da partida para xangai, Manhão já tinha explicado que essa regra condicionava Macau, uma equipa multicultural e cujos jogadores mais preponderantes teriam, assim, de ficar sem participar. Macau participou na categoria dos 55 ou mais anos, “mas afinal podíamos ter inscrito quatro jogadores com menos de 40, o que nos foi explicado apenas em xangai”, lamentou ainda.

jARDINS Do coNSULADo VÃo AcoLHER EXPoSIÇÃo

Exuberância barroca e figuras históricas em azulejosOs jardins do Consulado de Portugal em Macau serão cenário da exposição de trabalhos do pintor de azulejos Paulo Valentim e dos seus alunos da Escola de Artes e Ofício da Casa de Portugal

A exposição que integra as comemorações do centenário da I República chinesa, é o resultado de vários cursos de azu-lejos ministrados por mim aqui em Macau”, disse à Lusa

Paulo Valentim, também compositor e guitarrista. “Além dos trabalhos dos alunos do curso de iniciação, se-

rão também apresentados trabalhos do curso avançado nível um que são mais elaborados e com referência ao barroco português”, acrescentou.

A exposição “Azulejos de Portugal – Em Torno do Barroco”, que é inaugurada na quarta-feira, é uma iniciativa da Casa de Portugal em Macau, com a colaboração do Consulado que, pela primeira vez, cede os jardins, e estará patente até 2 de Novem-bro.

A mostra abarca aquele que é considerado o “período de ouro” da azulejaria portuguesa, o século XVIII, marcado pelas exuberâncias decorativas próprias da influência do barroco. “Para esta exposição pintei dois grandes painéis de ‘figuras de convite’, uma portuguesa e outra chinesa, esta cópia de uma gra-vura antiga, assim como retratos de Sun Yat Sen e Manuel de Arriaga no tradicional azul e branco”, referiu.

As “figuras de convite” são um painel de azulejos caracte-rístico dos séculos XVIII e XIX, representando um lacaio, dama, guerreiro, ou outro, trajado a rigor, posicionado na sala ou es-cadaria de entrada dos edifícios, que “convida” os forasteiros a entrar.

Sun Yat Sen foi o líder da revolução chinesa que em 1911 le-

FEStA Do 15º ANIVERSáRIo DA ASSocIAÇÃo DoS mAcAENSES No mGm

Uma ideia que nasceu para defender os macaensesVárias vozes, desde um dos fundadores, passando por aqueles que são os principais beneficiados da actividade da Associação dos Macaenses, explicam ao JTM a importância da existência deste grupo e as razões que levaram à sua constituição

Longe vão os receios iniciais que levaram à for-mação da Associação dos Macaenses, em 1996. Com a transição do território de Administração

Portuguesa para a China, programada para dali a três anos, crescia no horizonte uma dúvida sobre como tudo seria após essa data. Para muitos macaenses co-meçou a ser uma evidência que algo teria que ser feito para acautelar o futuro da comunidade. E foi assim que nasceu a Associação dos Macaenses, que 15 anos após a criação, quer continuar com a vitalidade neces-sária para ser um elemento importante e intervenien-te na vida de Macau.

A festa vestiu-se de gala e ocupou o “ballroom” do MGM, na sexta-feira à noite. O presidente, Miguel de Senna Fernandes, colocou a tónica do discurso de abertura, no futuro, lançando aos mais novos o de-safio de também eles agora, tal como há 15 anos os fundadores, meterem mãos à obra e continuarem o caminho já iniciado. E a julgar pelo jantar, em que não só se cantou mas também se dançou, e que juntou cer-ca de 300 sócios e convidados, vitalidade parece não faltar, mesmo aos de mais idade.

“O futuro da comunidade e da associação está assegurado assim a comunidade se mantenha activa. Não podemos sentarmo-nos e esperar que as coisas aconteçam apenas porque somos macaenses e as coi-sas têm de acontecer assim”, alerta Mário Évora, que juntamente com Luiz Pedruco, o primeiro presiden-te, e José Monteiro Júnior, lançaram a associação. “A nova geração tem de integrar a comunidade de forma activa, participando civicamente, profissionalmente, de forma a que o resto da sociedade olhe para nós como um elemento útil. Se este espaço nos é conce-dido tem de ser merecido, e até agora tem sido mas de facto é preciso recrutar as gerações que se seguem nessa via”, alerta.

Jorge Rangel, que antes da transição ocupava o lugar de secretário-adjunto para a Administração, Educação e Juventude, acredita “que estão criadas as condições para que outros possam agora assumir res-ponsabilidades até porque a situação está clarificada e a posição do Governo da região é muito clara em re-lação ao papel da comunidade macaense...”. O actual presidente do Instituto Internacional de Macau refere mesmo que “hoje não há motivos para receios: o ter-ritório tem tido a prosperidade desejável, até numa

situação invejável, os meios não faltam e desde que sejam acauteladas certas situações no futuro não há motivos para grandes apreensões como houve na al-tura da transição”. OS RECEIOS DA COMUNIDADE. Com a adminis-tração portuguesa, os macaenses não sentiram ne-cessidade de se organizar de forma a defender uma identidade. Mas, “com o período de transição houve o sentimento de que fazia sentido que a comunida-de macaense se organizasse de forma a preservar e a desenvolver de forma integrada a sua personalidade no desenvolvimento da RAEM”, conta Mário Évora.

“É preciso lembrar que na altura nem tudo era claro como é agora. Havia algumas incertezas da parte da comunidade macaense e portuguesa no sentido de sa-ber que rumo ia tomar Macau em termos de integra-ção de uma componente da população que não seria chinesa, mas que sempre viveu cá, com características especiais e minoritária”, explica. No fundo, havia o re-ceio de que de alguma forma a comunidade pudesse vir a ser posta de lado. “A associação queria garantir que a transição não ia levar à ostracização da comuni-dade mas à integração”.

Para Jorge Rangel, as dúvidas eram legítimas.

Exposição integra retratos de Sun Yat Sen em azulejo

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PáG 09segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

localaPoMac visitou taiYuaN e PeQuiM. Jorge fão, presidente da assembleia geral da aPoMac, liderou uma delegação da associação que visitou Pequim e taiyuan, capital da província de shanxi, com o apoio logístico do gabinete de ligação da china na raeM. composta por duas dezenas de elementos, a comitiva foi recebida em taiyuan pela subdirectora dos assuntos estrangeiros do Município, Wang Junlan, tendo visitado várias instalações do centro da comunidade e de saúde daquela cidade. o programa inclui ainda visitas a locais integrados na lista da unesco do património mundial.

jARDINS Do coNSULADo VÃo AcoLHER EXPoSIÇÃo

Exuberância barroca e figuras históricas em azulejosOs jardins do Consulado de Portugal em Macau serão cenário da exposição de trabalhos do pintor de azulejos Paulo Valentim e dos seus alunos da Escola de Artes e Ofício da Casa de Portugal

A mostra abarca aquele que é considerado o “período de ouro” da azulejaria portuguesa, o século XVIII, marcado pelas exuberâncias decorativas próprias da influência do barroco. “Para esta exposição pintei dois grandes painéis de ‘figuras de convite’, uma portuguesa e outra chinesa, esta cópia de uma gra-vura antiga, assim como retratos de Sun Yat Sen e Manuel de Arriaga no tradicional azul e branco”, referiu.

As “figuras de convite” são um painel de azulejos caracte-rístico dos séculos XVIII e XIX, representando um lacaio, dama, guerreiro, ou outro, trajado a rigor, posicionado na sala ou es-cadaria de entrada dos edifícios, que “convida” os forasteiros a entrar.

Sun Yat Sen foi o líder da revolução chinesa que em 1911 le-

vou à queda da dinastia Qing e o fim do Império, tornando-se o primeiro Presidente da República, proclamada em 1912. Manuel de Arriaga foi o primeiro Presidente da República portuguesa eleito pela Assembleia Nacional em Agosto de 1912, mantendo-se no cargo até 1915. Terminada a exposição, os retratos “irão ser oferecidos a uma entidade macaense”.

Referindo-se ao curso que está a ministrar, Paulo Valentim afirmou que é frequentado “tanto por portugueses residentes em Macau, como chineses, e curiosamente de outros espaços, como alguns vindos do Japão”. “São alunos de forte dedicação, sendo uma experiência única ser professor em Macau”, salientou.

Sobre os trabalhos em exposição que foram realizados pe-los alunos dos dois cursos de cerâmica, o professor da Casa de

Portugal destacou, em comunicado, a “qualidade surpreendente demonstrada por estudantes que, na maioria, nunca tinham tido qualquer tipo de contacto com as artes cerâmicas.”

Paulo Valentim afirmou que “projecta cursos de técnicas de pintura de azulejos do século XVII, de técnicas de fabrico e pintu-ra de azulejos árabes e ainda de escultura cerâmica subordinado ao tema ‘Imaginário popular Portugal e Macau’”.

Autor de fados como “Segredos” ou “Pranto de amor ausen-te”, Paulo Valentim esteve em Março no território para tocar com a Orquestra Chinesa de Macau sob a direcção Wang Huiran, em que foi também solista a violinista Natalia Jusk Wiesch, e minis-trou um “workshop” de fado com Bruno Costa (viola).

JTM/Lusa

FEStA Do 15º ANIVERSáRIo DA ASSocIAÇÃo DoS mAcAENSES No mGm

Uma ideia que nasceu para defender os macaenses

“Não acreditávamos no que estava acordado entre os dois Estados, e as pessoas podiam até dizer que esta-va tudo muito bem no papel mas perguntavam depois como é que se ia concretizar tudo de forma a cumprir as garantias. Havia receio na comunidade, e houve até pessoas que saíram de Macau a dizer que já não acre-ditavam no futuro, foi uma mudança radical”, lembra. “JUNTEI-ME PORQUE SOU MACAENSE”. Conhe-cida na comunidade por ser uma das grandes cozi-nheiras da gastronomia da RAEM, Aida de Jesus, 96 anos, não quis faltar à festa de aniversário e até su-biu ao palco para partir o bolo. “A associação foi uma

muito boa ideia. Juntei-me há muitos anos, já nem me lembro em que ano, mas quase no início. E juntei-me porque sou macaense”, responde com convicção. “To-dos os finais de mês há um buffet que frequento quase sempre. E vou por causa do convívio, tenho amigas lá também e ponho a conversa em dia”.

É também o convívio que faz com que Rui Fran-cisco, de 67 anos, se mantenha sócio desde o primeiro dia. “Gosto de estar com todos, conviver, conversar, divertir-me. Entrei sem hesitação e veio mesmo a ca-lhar porque me aposentei em Julho de 1996 e entrei logo”, lembra. “Venho sempre às actividades, jogo

às cartas, vou às festas mensais e aos aniversário”. Quanto à associação “está muito bem e até devia ha-ver mais” deste género defende.

Aos 79 anos, Albino Almeida apenas se fez sócio há um porque as divisões iniciais não foram positivas. “Inicialmente, ter havido várias associações dividiu muito a sociedade macaense. Somos tão poucos. Devia ter havido uma só. Fragmentou-se a sociedade e houve uma luta sem quartel que dividiu a malta e eu afastei-me disso. Agora entrei, nunca é tarde”, justifica, lem-brando que também quer “dar um contributo”.

H.a.

Aida de Jesus

Albino Almeida e Rui Francisco

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PáG 10 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

MUNDIAL DE RâGUEBI NAS MEIAS. País de gales -frança e austrália-Nova Zelândia são os jogos das meias finais do Mundial de râguebi a disputar no próximo fim de semana. gales venceu a irlanda, frança a inglaterra, austrália a África do sul e a Nova Zelândia bateu ontem a argentina. dESPoRTo

MURRAY CONqUISTA qUARTO TÍTULO DA ÉPOCA. o tenista britânico andy Murray, número quatro do Mundo, venceu ontem o torneio atP 500 de tóquio, ao derrotar na final o espanhol rafael Nadal, que defendia o título, por 3-6, 6-2 e 6-0.

Muitas dúvidas para amanhão seleccionado português entra amanhã na Dinamarca com o mesmo “onze” que venceu a islândia, mas a forma demonstrada por alguns dos jogadores, coloca muitas dúvidas sobre a qualificação. o centro da defesa é um “passador” nas bolas altas e os dinamarqueses são especialistas. No meio campo, só Meireles disfarça; Moutinho e Martins fartaram-se de falhar passes contra a modesta islândia. o melhor encontra-se no ataque, e é em Nani e ronaldo que residem as esperanças. e a maior: a possibilidade de Portugal se qualificar mesmo perdendo...

EURo2012

Inglaterra apurada e Portugal a um pontoA Inglaterra garantiu o apuramento para o Euro2012 de futebol, depois de empatar com o surpreendente Montenegro, num dia em que Portugal ficou a um ponto da fase final

Portugal cumpriu no Estádio do Dragão, com um triunfo por 5-3, passando a precisar de apenas

um ponto na deslocação à Dinamarca, amanhã, na última jornada. No outro encontro do Grupo H, a Dinamarca também venceu no Chipre, por 4-1, ga-rantindo, tal como Portugal, pelo me-nos a presença no Euro2012.

No Grupo G, a Inglaterra garan-tiu a presença na Polónia e na Ucrânia com um empate a duas bolas no terre-no de Montenegro, mas perdeu para o início do Euro2012 o avançado Wayne Rooney, que viu um cartão vermelho directo. Andrija Delibasic, que passou

pelo Benfica e pelo Braga, tornou-se o herói do Montenegro, quando, aos 90+1 minutos, fez o empate que garan-tiu a presença no “play-off”, também

beneficiando da derrota da Suíça com o País de Gales (2-0).

A Grécia, treinada pelo português Fernando Santos, subiu à liderança do Grupo F, depois de vencer a Croácia, por 2-0, precisando agora de vencer a Geórgia para garantir o apuramento. A campeã europeia e mundial Espa-nha manteve o percurso perfeito no Grupo I, ao derrotar fora a República Checa (2-0), que no sábado poderá ser ultrapassada pela Escócia, que visita o Liechtenstein.

Igualmente só com vitórias está a Alemanha, também já apurada, depois de ter vencido fora a Turquia (3-1), que

perdeu o segundo lugar para a Bélgi-ca, de Axel Witsel e Steven Defour, que venceu o Cazaquistão, por 4-1. Con-tudo, na última jornada do Grupo A, a Bélgica terá uma difícil deslocação à Alemanha, enquanto a Turquia recebe o Azerbaijão.

Já apurada, a Holanda garantiu o primeiro lugar no Grupo E, com um triunfo sobre a Moldávia, por 1-0, numa “poule” onde a Suécia deu um passo importante para garantir o se-gundo posto, com um triunfo na Fin-lândia (2-1). Os suecos têm agora três pontos de avanço sobre a Hungria, recebendo no último jogo a Holanda, enquanto os magiares jogam com a Finlândia.

Apesar do triunfo sobre a Albânia (3-0), a França adiou a qualificação para a última jornada para a qual parte com apenas um ponto de avanço sobre a Bósnia-Herzegovina, que goleou o Lu-xemburgo (5-0). Os gauleses recebem na terça-feira a Bósnia-Herzegovina, na última jornada do Grupo D.

Já apurada, a Itália perdeu os pri-meiros pontos na qualificação, ao em-patar no terreno da Sérvia (1-1), num encontro arbitrado pelo português Pe-dro Proença. Os sérvios foram ultrapas-sados na qualificação pela Estónia, que venceu na Irlanda do Norte (2-1), mas já terminou a qualificação, enquanto a Sérvia visita a Eslovénia a precisar de um triunfo.

Cristiano Ronaldo treina de relógio...

Vettel assume-se como sucessor de SchumacherO alemão Sebastian Vettel sagrou-se ontem o mais jovem bicampeão mundial da Fórmula 1, aos 24 anos e 98 dias, confirmando-se como o sucessor natural do compatriota Michael Schumacher e abrindo a porta a uma nova era na categoria

O terceiro lugar no Grande Prémio do Japão, 15.ª etapa do Mundial de Fórmula 1,

foi suficiente para Vettel (Red Bull-Renault) assegurar o título, quan-do faltam quatro provas para o fim do campeonato.

Vettel, cujo percurso na cate-goria rainha do desporto automó-vel é um portento de precocidade, bateu em quase um ano o recorde do espanhol Fernando Alonso, que em 2006 se sagrou bicampeão aos 25 anos e 85 dias, e por mais de dois o de Schumacher, que con-quistou o segundo título com 26 anos e 292 dias, em 1995.

Na temporada passada, o pilo-to da Red Bull já tinha sido coroa-do o mais jovem campeão mundial da história da Fórmula 1, retirando quase meio ano à idade com que o britânico Lewis Hamilton arre-batou o ceptro em 2008 e dando continuidade ao desempenho em

motoS toDo o tERRENo

Hélder Rodrigues campeão mundial, 19 anos depois

Hélder Rodrigues tornou-se, aos 32 anos, o pri-meiro português a sagrar-se campeão mun-dial de todo-o-terreno em motos, 19 anos de-

pois de ter iniciado a sua carreira desportiva.O “motard” de Almargem do Bispo, Sintra, teve a

sua primeira moto aos nove anos, tendo iniciado a car-reira desportiva aos 13. A partir daí, nunca mais parou.

Hélder Rodrigues elegeu como principais vitó-rias, na página que lhe é dedicada no sítio do pro-jecto, as conquistadas nos Seis Dias de Enduro, em 2003 no Brasil, além do título de vice-campeão do mundo de todo-o-terreno e campeão mundial de en-duro de juniores (2000). Em 1994 estreia-se nas corri-das, numa prova do Campeonato Regional de Moto-cross, com uma mota emprestada, e, em declarações ao sítio do Dakar2010, reconheceu que foi uma prova que ficou gravada no álbum de memórias. “Apesar das más condições em que esta se encontrava, ainda consegui chegar ao terceiro lugar”, disse. O piloto, que é o português com mais vitórias em etapas no Dakar, soma vários títulos nas disciplinas de moto-cross, enduro e todo-o-terreno, mas tem no Dakar a sua maior paixão. Hélder Rodrigues estreou-se na mítica prova em 2006, integrado na equipa Bianchi Prata, quando a prova ainda se disputava em África, obtendo um nono lugar e o título de “melhor estre-ante da caravana”.

Depois do título mundial agora conquistado no Rali dos Faráos, o motard reconhece que o seu principal objectivo é melhorar a classificação obtida no Dakar. “Vim para esta prova para lutar por levar um título mundial para Portugal, mas, para isso, ti-nha de cumprir estas seis etapas e evitar problemas. Felizmente, correu tudo bem. Agora, a nova meta é conseguir melhorar a minha classificação no Dakar”, avançou Hélder Rodrigues, no final da prova, à sua assessoria de comunicação.

2009, quando se sagrou o mais precoce vice-campeão do Mundo.

Schumacher, Alonso e Hamil-ton estão a ser varridos por Vettel dos livros dos recordes da Fórmula 1: em 2007, tornou-se o piloto mais jovem a pontuar, na primeira prova em que participou, ao levar o BMW Sauber ao oitavo lugar no Grande Prémio dos Estados Unidos, e, al-guns meses mais tarde, foi o mais jo-vem a liderar uma corrida, no Japão, já ao volante de um Toro Rosso.

Em 2009, no Grande Prémio da Grã-Bretanha, fixou um novo marco de precocidade, ao con-quistar a “pole”, ganhar a corrida e estabelecer a volta mais rápida na mesma prova. No ano seguinte, Vettel partiu para a última prova na terceira posição do campeona-to, a 15 pontos do líder Alonso,

mas conseguiu sair de Abu Dhabi com o título mundial, num ano em que ajudou a Red Bull a vencer o seu primeiro campeonato de cons-trutores e foi o piloto mais jovem a repetir a vitória na mesma corrida, no Grande Prémio do Japão.

O domínio do germânico acentuou-se esta época e pode ameaçar os recordes de alguns his-tóricos da Fórmula 1: em 15 cor-ridas, Vettel só falhou o pódio na Alemanha (quarta posição), tendo ganho nove provas, sido segundo em quatro e terceiro numa – on-tem, no Grande Prémio do Japão –, com um total de 12 “pole posi-tions” conquistadas.

Igualou o máximo de Alonso de 2006, com nove corridas con-secutivas concluídas nos dois pri-meiros lugares no mesmo ano, e ameaça os recordes de Schumacher referentes ao maior número de vi-tórias (13, em 2004) e de presenças no pódio (pleno de 17, em 2002) na mesma época.

No sábado bateu o recorde de “poles” na mesma temporada, que Nigel Mansell fixara em 14 em 1992 e o máximo de vitórias partindo do primeiro lugar da grelha, também pertencente ao britânico (nove, também em 1992), está igualmente ameaçado, uma vez que este ano Vettel já soma oito.

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acTUal VoLtA AomUND

200 MIL IPHONES ENCOMENDADOS EM 12 HORAS. em apenas 12 horas os norte-americanos esgotaram as reservas de iPhone 4s, com mais de 200 mil unidades encomendadas, divulgou no fim de semana, a operadora at&t.

Meia centena detidos em Bruxelascerca de 50 activistas “indignados” foram deti-dos durante a noite de sábado pela polícia em bruxelas por terem recusado sair do parque elisabeth onde se concentraram e planeavam acampar no primeiro dia na capital belga. os ac-tivistas, que contestam a crise actual, bem como o agravamento das condições de vida, preten-diam ficar no parque durante uma semana, para realizar acções de sensibilização em bruxelas, em que se inclui uma manifestação prevista para dia 15, tendo começado a montar tendas mesmo sem o aval das autoridades no sábado à tarde.

Mais de 100 mortos nas Filipinasas autoridades filipinas elevaram para 101 o núme-ro de mortes causadas pela passagem dos tufões “Nesat” e “Nalgae” que atingiram o norte do arqui-pélago com quatro dias de diferença e afectaram pelo menos quatro milhões de pessoas no país. os prejuízos causados pelos dois tufões foram avaliados em 13.900 milhões de pesos filipinos.

Museus portugueses pagos ao domingo o secretário de estado da cultura, francisco José viegas, anunciou que vai acabar com a entrada grátis dos museus ao domingo, admitindo reservar apenas um dia por mês para as visitas gratuitas. se-gundo viegas, as entradas pagas são “necessárias para conservar” os museus, e permitiriam que estes obtivessem mais receitas para financiar horários mais alargados de abertura ao público.

Caças F-15 do Japão em terrao Japão estacionou em terra os seus caças f-15 pela segunda vez em três meses, após um tanque de combustível e partes de um míssil simulado caírem de um avião em missão de treino, disseram hoje oficiais. as fontes da força aérea de Defesa do Japão afirmaram que a suspensão de voos en-volve todas as missões, excepto as deslocações de emergência e vão durar até a segurança dos ca-ças 202 f-15 do Japão estar confirmada. Ninguém ficou ferido no incidente de sexta-feira, perto da base de Komatsu, e o piloto aterrou em segurança.

Chineses apoiam ocupantes da Wall Street centenas de pessoas concentraram-se em Zheng-zhou, capital da província de Henan, na primeira manifestação de solidariedade com o movimento de ocupação da Wall street conhecida no conti-nente chinês, noticiou um jornal official. a concen-tração, noticiada também no site do china study group, ocorreu sob a palavra de ordem “firme apoio à grande revolução do povo americano contra Wall street”, indicou o jornal global times.

Autocarros “made in China” chegam a Londresum fabricante automóvel chinês vai fornecer 34 autocarros vermelhos descapotáveis de dois pisos a um operador turístico britânico durante os Jogos olímpicos de londres, no verão de 2012, anunciou a xinhua. o contrato, que as-sinala a entrada de uma empresa chinesa no mercado britânico de autocarros, foi assinado no final de setembro entre a anhui ankai automo-bile co, ltd e a companhia big bus tour, indicou a agência sem precisar o valor da encomenda.

Dois tibetanos tentam imolar-se pelo fogoDois jovens tibetanos de 18 e 20 anos, tentaram sui-cidar-se na sexta-feira como forma de protesto con-tra o clima de tensões étnicas no mosteiro de Kirti - um dos mais importantes para o budismo tibetano -, segundo informaram hoje as autoridades locais e grupos de defesa dos direitos humanos. thongan e tenzin, que tinham sido monges daquele mosteiro, no qual nos últimos meses outros cinco monges se tentaram suicidar, tentaram imolar-se na localidade tibetana de aba, na província de sichuan. a agên-cia oficial xinhua refere que os dois antigos monges ficaram ligeiramente feridos, tendo sido “salvos de imediato e recebido tratamento médico num hospital”.

Jiang Zemin reapareceu o antigo presidente chinês Jiang Zemin assistiu à cerimónia, na sua primeira aparição pública desde os dramáticos rumores acerca da sua saúde, no início do verão passado. Jiang Zemin, 85 anos, estava sentado na tribuna do grande Palácio do Povo, em Pequim, juntamente com o ex-primeiro-ministro li Peng e outros antigos líderes do Pcc. a televisão chinesa mostrou Jiang Zemin a entrar na sala, logo atrás do actual presidente e secretário-geral do Pcc, Hu Jintao. Jiang parecia um pouco debilitado, e era seguido de perto por um assistente, mas andava pelo próprio pé. as especulações acerca do estado de saúde de Jiang Zemin acentuaram-se no passado dia 01 de Julho, quando o antigo presidente faltou a uma cerimónia comemorativa do 90º aniversário da fundação do Pcc.

Renovado apelo à reunificação Um século depois, a República da China está confinada à ilha de Taiwan, enquanto no continente chinês flutua a bandeira vermelha da RPC, fundada em 1949, após uma dura guerra civil entre nacionalistas e comunistas

aNTÓNIo CaEIro*

O adjectivo “popular” não apaga, contudo a co-mum admiração pelo primeiro presidente do país, Sun Yat-sen (1866-1925), um médico que

chegou a trabalhar num hospital de Macau e que é visto em Pequim e Taipé como “o pai da China moderna”.

Discursando ontem no Grande Palácio do Povo, numa tribuna decorada com bandeiras vermelhas e um retrato de Sun Yat-sen, o Presidente Hu Jintao exortou os “compatriotas” de Taiwan a “unir esforços com o continente para alcançar a reunificação da pátria”.

“Devemos acabar com os antagonismos no es-treito de Taiwan, sarar feridas do passado e trabalhar juntos para alcançar o grande rejuvenescimento da nação chinesa”, disse Hu Jintao, que é também secre-tário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC).

Hu Jintao falava numa cerimónia comemorativa do centenário da revolução republicana, transmitida em directo pela rádio e televisão e a que assistiram os nove membros do Comité Permanente do ‘Politburo’ do PCC, a cúpula do poder em Pequim.

A República da China, a primeira da Ásia, foi pro-clamada no dia 10 de Outubro de 1911, data conhecida entre os chineses como “o duplo dez” e que é feriado na-cional em Taiwan. Na República Popular, a “festa nacio-nal” é o 1.º de Outubro, dia em que Mao Zedong anun-ciou o nascimento de “uma nova China”, em 1949.

Hu Jintao qualificou Sun Yat-sen como “um pa-triota” e lembrou que, antes da morte de Sun, os par-tidos nacionalista e comunista estavam unidos para “modernizar a China”.

A guerra civil chinesa, iniciada no final da dé-cada de 1920, formalmente ainda não terminou e no continente, as forças armadas continuam a denomi-nar-se “Exército Popular de Libertação”.

Taiwan - a ilha onde se refugiou o antigo gover-no nacionalista, há 62 anos - é vista em Pequim como uma província da China e não uma entidade política soberana. O governo de Taiwan, que representou a China na ONU até 1972, continua a assumir-se “úni-co representante da República da China” e, além de moeda própria, possui uma das mais modernas for-ças armadas da Ásia, equipadas em grande parte pe-los Estados Unidos.

O PCC defende a “reunificação pacífica” segun-do a mesma fórmula adoptada para Macau e Hong Kong (“um país, dois sistemas”), mas ameaça “usar a força” se Taiwan declarar a independência.

Nos últimos anos, a República Popular da China tornou-se o maior parceiro comercial de Taiwan, de-zenas de milhares de empresas da ilha transferiram-se para o continente e as ligações aéreas e marítimas directas, interrompidas desde a guerra civil, foram restabelecidas.

Não é ainda a “reunificação” tão insistentemente desejada pelo PCC, mas o “antagonismo” também já não tem a mesma agressividade.

*Jornalista da Lusa

Patrões recusam mais carga fiscalAs confederações patronais defendem que o Orçamento do Estado para 2012 não deverá recorrer a mais aumentos fiscais sobre as empresas. As centrais sindicais querem um Estado Social forte

Questionados pela agência Lusa sobre quais as prio-ridades que gostariam de

ver consagradas no OE para o pró-ximo ano, os patrões avisam que as empresas não poderão suportar mais aumentos fiscais como forma de cumprir metas acordadas com Bruxelas. “O principal objectivo da política orçamental em 2012 será cumprir a meta para o défice pú-blico de 4,5% do PIB, sem recorrer a medidas adicionais do lado da receita fiscal, conciliando este es-forço com o estímulo à actividade económica”, defende a Confedera-ção Empresarial Portuguesa (CIP).

Para que tal aconteça, a CIP ad-voga a redução estrutural da despe-sa primária através da reforma das administrações públicas e do sector

empresarial do Estado e medidas que “favoreçam o financiamento do sector produtivo, incluindo o pagamento pontual às empresas e a redução da dívida do sector público à banca”. A CIP quer que o Governo continue com as reformas estrutu-rais que estimulem a competitivida-de e o emprego e reforcem a capa-cidade exportadora, a regeneração urbana e a atracção de investimento estrangeiro. Um eventual novo au-mento do IVA é uma preocupação comum entre os empresários.

Por sua vez, as duas centrais sindicais defendem um OE que promova o crescimento económico e o emprego e aposte num Estado Social forte. Para a UGT o combate ao desemprego deve ser a principal prioridade das políticas económi-

cas e sociais de Portugal e, para tal, defende que o OE “tem de integrar políticas e medidas claramente orientadas para o crescimento eco-nómico, para a criação de mais e melhores empregos e para a promo-ção da competitividade do país”.

Para a CGTP a prioridade é re-pensar a actual estratégia económica e orçamental, apostando na promo-ção do investimento na produção de produtos e serviços nacionais, para permitir o crescimento e a substi-tuição de importações. A melhoria do poder de compra dos salários e das pensões de modo a dinamizar a procura interna, criar empregos e desenvolver o país são as aspirações que a Intersindical pretende ver concretizadas através de medidas orçamentais. JTM/Lusa

cHINA

PoRtUGAL

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PáG 12 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

(...) “Só com rigor nas Finanças e vigor na Economia é que Portugal poderá sair deste pântano em que se afundou. Se ficarmos reféns da austeridade, morreremos a pão e água.” (...)Armando Esteves Pereira in “Correio da Manhã”

dit

ooPINIão

In “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau” 10/10/1991

Há 20 anos

INSTITUTO DE SOFTWAREESTÁ À ESPERA DA A.R.O Instituto de Software das Nações Unidas de Macau deverá iniciar formalmente a sua actividade em Dezembro, depois de ultrapassados alguns formalismos burocráticos, disse à agência Lusa uma fonte ligada ao projecto. O director da divisão de planeamento e desenvolvimento da Universidade das Nações Unidas (UNU), Narciso Della Senta, acrescentou ter informações provenientes de Lisboa segundo as quais a Assembleia da República deverá discutir e ratificar o acordo que criou o Instituto Internacional de Tecnologia do Software em Macau entre Novembro e Dezembro. Narciso Della Senta disse ainda estar convicto de que mal o acordo seja ratificado pelo Parlamento português, o Estado chinês tornará idêntica medida. Interrogado sobre se a sua posição não envolve demasiado optimismo, tendo em atenção que após a formação do novo Governo e do início da nova legislatura os deputados terão de debruçar-se, pelo menos, sobre o orçamento de Estado para 1992, Della Senta mostrou-se confiante nos prazos por si apontados. “Não se trata de um documento complicado que possa ser alvo de grande discussão ou gerar grande polémica”, disse o director da UNU, acrescentando dispor de informações que referem que o acordo não foi ainda ratificado apenas por uma questão de “timing”. O acordo foi assinado em Macau a 12 de Março deste ano e posteriormente foi enviado para Lisboa e para Pequim para ratificação, mas pouco tempo depois a Assembleia da República interrompeu normalmente as suas actividades. No entanto, disse Della Senta, se as actividades do Instituto não tiveram o seu início formal tal não quer dizer que nada tenha sido feito. “Foi escolhido um director cujo nome, por razões óbvias, não pode ser ainda anunciado, e este director, em trabalho conjunto com os restantes órgãos da UNU, já delineou um programa de actividades e respectivo orçamento para o biénio 1992-1993”, afirmou o director da UNU. Aliás, precisou Della Senta, o programa de actividades e orçamento do Instituto de “Software” de Macau vão ser incluídos nos seus congéneres para o conjunto da universidade e serão discutidos conjuntamente pela direcção da UNU em reunião a ter lugar em Tóquio em Dezembro próximo.

COMBOIO DE CANTÃO CHEGARÁ A MACAU?A República Popular da China planeia iniciar em 1993 a construção de uma ligação ferroviária entre Cantão e Zhuhai, com extensão a Macau, noticiou o diário chinês “Ou Mun Iat Pou”. O diário adianta que o investimento da nova ligação ferroviária custará cerca de 1300 milhões de patacas. O jornal, que cita declarações de Chong Va Sang, chefe da zona oeste da Câmara Municipal de Zhuhai, adianta ainda que os empresários de Macau Edmond Ho e Ma Man Kei, respectivamente, presidentes da Associação de Bancos e da Associação Comercial do Território, “manifestaram bastante interesse” no projecto.

falaR dE NóS Jorge A. H. Rangel*

Movimento festlatino em Macau“Macau desfruta de um posicionamento especial

e paradigmático no universo da Língua Portuguesa”.“Macau é, simultaneamente, uma referência de passado histórico e

um farol apontado a dilatados horizontes de futuro”.Embaixador Eugénio Anacoreta Correia, Presidente

do Observatório da Língua Portuguesa

O movimento cultural, literário e educacional Festlatino, que tem realizado conferências, seminários, exposições e di-

vulgação de edições em países de quatro continentes, realizou as suas primeiras actividades em Macau, nos dias 28 a 30 de Setembro passado, com o apoio e parceria do Instituto Interna-cional de Macau e a presença do seu coordenador-geral, Prof. Humberto França, professor universitário, poeta, historiador e gestor de instituições culturais, e do Embaixador Eugénio Ana-coreta Correia, presidente do Observatório da Língua Portu-guesa. Com sede no Recife, capital do estado brasileiro de Per-nambuco, o movimento Festlatino tem como presidente o Dr. Mário Soares, ex-presidente da República Portuguesa, sendo a sua principal missão promover as línguas neolatinas, com a finalidade de fomentar o diálogo cultural entre os países e regi-ões de línguas e culturas neolatinas da Europa, África, América e Ásia. Participam regularmente nas suas iniciativas escritores, filólogos, docentes universitários e do ensino secundário, artis-tas, políticos, diplomatas, gestores e dinamizadores culturais, jornalistas e estudantes, estando o seu próximo congresso anu-al marcado para 21 a 25 de Novembro, no Recife.

CAMõEs EM MACAUEsta primeira série de actividades do movimento Festla-

tino em Macau abriu com uma mesa redonda protagonizada pelo Dr. Eduardo Ribeiro, autor da obra “Camões em Macau — uma certeza histórica”, com quem se conversou animadamente sobre este tema, em torno do qual alguns investigadores causa-ram polémica, levantando dúvidas que aquela personalidade rebate com firmeza e de forma bem sustentada nos trabalhos que tem publicado e nas conferências que tem proferido.

Seguiu-se uma romagem ao Jardim e Gruta de Camões, onde foram depositadas coroas de flores, homenageando-se simbolicamente o poeta universal e a figura maior das letras portuguesas, tão intimamente ligada a esta terra que tem sabi-do cultivar e honrar a sua memória.

Uma visita às Ruínas de São Paulo e ao Museu de Macau e um convívio no restaurante Litoral, com uma prova de igua-rias gastronómicas macaenses, a “comida das longas viagens dos portugueses até ao Oriente”, encerraram o programa do primeiro dia.

TEMáTICA DIVERSIFICADAIntervenções de Humberto França e do autor deste arti-

go, na qualidade de presidente do IIM, abriram o seminário “A Língua Portuguesa no contexto do diálogo entre a China e o Mundo Lusófono”, a que se seguiram a assinatura de um protocolo de cooperação e uma comunicação de fundo do pre-sidente do Observatório da Língua Portuguesa sobre “Perspec-tivas actuais da Língua Portuguesa”.

O mau tempo, provocado por um tufão que assolou estas paragens da costa meridional da China, fez adiar uma série de comunicações de personalidades locais, que serão apresentadas em Novembro, em simultâneo com o congresso do Festlatino no Recife. Os títulos dessas comunicações são “O Patuá de Ma-cau — Memória e Identidade Macaense”, pelo Dr. Miguel Senna Fernandes, “Um breve esboço sobre a tradução de escritores de Língua Portuguesa para Chinês”, pelo Dr. Yao Jing Ming, “De-senvolver as vantagens culturais e linguísticas para converter a RAEM num centro de ensino e investigação da Língua Portugue-sa na China”, pelo Prof. Choi Wai Hao, “Acordamos ou não, Ma-cau”, pela Prof.ª Maria Antónia Espadinha, e “Media de Macau — Um futuro com desafios”, pelo Dr. José Rocha Dinis.

PROTOCOlO OPORTUNOO Observatório da Língua Portuguesa é uma associação sem

fins lucrativos, com sede em Lisboa, que tem por objectivos “ve-rificar o estatuto e projecção da Língua Portuguesa no Mundo, fomentar o desenvolvimento de iniciativas em prol da sua cres-cente afirmação e facilitar o acesso a todas as fontes de saber e de divulgação de conteúdos em Português”. É seu propósito con-tribuir para a formulação de políticas e decisões que concorram relevantemente para a afirmação da Língua Portuguesa como língua de comunicação internacional, cabendo-lhe também, nos termos estatutários, “desenvolver, por iniciativa própria ou em parceria com outras instituições, públicas e privadas, actividades que contribuam para que a Língua Portuguesa seja instrumento essencial de afirmação da identidade e soberania, de vitalidade

cultural, científica, política e económica e de diálogo, solidarie-dade e cooperação entre os 250 milhões de falantes do idioma comum e, dessa forma, promova o reforço do alargamento dos laços de amizade e cooperação no seio da CPLP — Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”.

O protocolo firmado comete ao IIM a responsabilidade de representar o Observatório em Macau e junto de instituições aca-démicas e culturais com sede em países e territórios do Extremo-Oriente e o Observatório colaborará com o IIM na concepção e produção de meios e recursos para o desenvolvimento de acções de promoção e valorização da Língua Portuguesa e fornecerá com actualidade útil a informação de que disponha sobre pro-gramas, projectos e acções sobre a Língua Portuguesa a realizar em Portugal e nos outros Estados membros da CPLP.

PERSPECTIVAS ACTUAIS DA LíNgUA PORTUgUESANa sua comunicação, que o IIM irá publicar num opúscu-

lo da colecção “Mosaico”, Eugénio Anacoreta Correia realçou o peso demográfico da Língua Portuguesa, o património cultural e civilizacional que lhe é ínsito e as potencialidades económicas do universo da CPLP, que “deveriam determinar um estatuto mais qualificado do que aquele que actualmente lhe é reconhecido, designadamente, nas principais instâncias onde decidem os des-tinos do mundo” e salientou a importância do “Plano de Acção de Brasília para a Promoção, a Difusão e a Projecção da Língua Portuguesa” adoptado em Julho de 2010 pela Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP reunida em Luanda. Esse Plano “constitui actualmente um referencial estratégico exigente mas realista, ambicioso mas pragmático, que fixa objectivos, identifica responsáveis e estabelece prazos para a concretização dos 6 eixos de actuação definidos com o objectivo cimeiro de ser alcançado o desejado maior reconhecimento mundial da Língua Portuguesa.” É, efectivamente, essa a grande inovação desse Plano: “abordar o problema da internacionalização da Língua Portuguesa numa perspectiva que encara os desafios e as oportunidades propor-cionados pela globalização, entendendo e assumindo que o que fez e faz as línguas serem transnacionais não são tanto razões lin-guísticas como, sobretudo, factores de ordem política, económica e civilizacional”.

Eugénio Anacoreta Correia apontou três conclusões nes-ta sua comunicação: “a primeira é que a obtenção do efectivo reconhecimento do estatuto de ‘língua de comunicação global’ depende essencialmente de nós próprios, ou seja, só será alcan-çado no contexto lusófono, usufruindo, neste momento, o Bra-sil — que é a 5ª economia mundial — das melhores condições para ser o ‘motor’ desse processo. Amanhã poderá ser Angola, depois Moçambique mas cada um dos 8, segundo a sua pro-jecção internacional, é, desde já, imprescindível nessa afirmação que a todos respeita”; a segunda conclusão, é que “a CPLP deve reforçar a sua acção em países com uma memória histórica favo-rável a Portugal e uma apetência real pela Língua Portuguesa. Não só nos que pretendem aderir à CPLP, como naqueles onde ainda se mantêm vivos crioulos de influência portuguesa, como, finalmente, naqueles que encontram na Lusofonia uma oportu-nidade de presença e influência internacional. E neste contexto a importância da acção a ser desenvolvida a partir de Macau é inquestionável e deveria suscitar a concentração de esforços porque pode ser determinante”; a terceira conclusão é que “a di-mensão dos desafios e a incerteza das suas consequências acon-selham a que, mantendo todo o nosso esforço nos dois desafios anteriormente referidos, se incremente a cooperação com o uni-verso das línguas neolatinas e dos seus 800 milhões de falan-tes”, sendo bem sucedida a experiência do MERCOSUL, “que se está a traduzir num crescimento exponencial da aprendizagem do Português”, “o mesmo podendo ser dito de alguns países africanos, em particular de vizinhos dos PALOP”, devendo ser também assinalado “o interesse manifestado por países tão dis-tintos como são o Senegal, Luxemburgo, Maurícia ou Ucrânia ao apresentarem candidaturas de adesão à CPLP ou ainda pela Austrália e Indonésia enviando delegações à reunião ministerial que recentemente teve lugar em Luanda”.

PERSONALIDADES DA NEOLATINIDADEEste encontro do Festlatino em Macau integrou ainda um

encontro com o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, uma visita à Escola Portuguesa de Macau e uma sessão final na Residência Consular de Portugal, onde, na presença do Cônsul-Geral, o Prof. Humberto França contemplou os oradores convi-dados locais com o título de “personalidades da neolatinidade”, assim como os presidentes da Escola Portuguesa, Dra. Edith Silva, e do Instituto Politécnico de Macau, Prof. Lei Heong Iok. Jornadas bem sucedidas, elas merecem continuidade.

* Presidente do Instituto Internacional de Macau. Escreve neste espaço às 2.as feiras.

(...) “Eugénio Anacoreta Correia realçou o peso demográfico da Língua Portuguesa, o património cultural e civilizacional que lhe é ínsito e as potencialidades económicas do universo da CPLP, que ‘deveriam determinar um estatuto mais qualificado do que aquele que actualmente lhe é reconhecido, designadamente, nas principais instâncias onde decidem os destinos do mundo’” (...) – Jorge Rangel

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jORnal tRIbuna dE Macau segunda-feira, 10 de outubro de 2011 PáG 13

oPINIão“Dado que todos ostentam laptops, telemóveis e iPads, ou os aderentes não perceberam bem a ideia ou convenceram-se de que as geringonças tecnológicas da moda são concebidas por pequenos artesãos reunidos em comunas e vendidas sob as regras do comércio dito justo.”-Alberto Gonçalves

“Só haverá crescimento económico se houver investimento e só haverá investimento se houver poupança interna, porque o que agora nos emprestam serve apenas para pagar o que nos emprestaram noutra altura. Não sobra nem um euro.”-Paulo Baldaia

Muitos interrogam-se sobre o que acontece às novas gerações, mimadas até à indolên-

cia por pais extremosos, no momento em que enfrentam as agruras do mundo. A resposta é fácil: uns moços, assustados, recusam sair de casa; outros moços, assustadíssimos, saem à rua a protestar o facto de a realidade não lhes ser tão simpática quanto acreditaram.

Se a Europa já se habituou a choramingas do género, não havia motivo plausível para que a América não os aturasse. Nas últimas sema-nas, diversas cidades dos EUA acolheram ma-nifestações de jovens furiosos. Embora a fúria se prenda com a suspeita de que terão de traba-lhar para sobreviver, os jovens preferem inven-tar razões menos prosaicas e reclamam-se dos “valores” dos acampados de Madrid e dos in-surgentes do Norte de África, curiosas inspira-ções que, no limite, significariam a oposição ao sabonete e, no segundo caso, o desejo de levar uma existência de acordo com os sábios precei-tos do Corão.

Seria interessante descobrir o que acham os heróis da Primavera Árabe acerca dos lavabos destinados exclusivamente a transexuais que os seus discípulos americanos instalam nos respec-tivos acampamentos. Entretanto, convém notar que os “valores” do islamismo não surgem nas palavras de ordem dos manifestantes de Nova

os índios de Wall StreetIorque e etc.. O que surge é um mote genérico (“Ocupar Wall Street”) e uma série de clichés da época (rejeição do capitalismo, rejeição da polícia, rejeição do “aquecimento global”, rejeição dos cor-tes orçamentais). Grosso modo, os anarquistas em questão exigem um Estado que os proteja e am-pare.

É igualmente interessante reparar que o mo-vimento, na verdade de uns escassos milhares, foi iniciado por uma organização anticonsumo (?) chamada Adbusters. Dado que todos ostentam laptops, telemóveis e iPads, ou os aderentes não perceberam bem a ideia ou convenceram-se de que as geringonças tecnológicas da moda são concebi-das por pequenos artesãos reunidos em comunas e vendidas sob as regras do comércio dito justo. De qualquer maneira, é de prever certa desmobili-zação dos protestos no primeiro dia de vendas do iPhone 4S - e o inevitável regresso no dia seguinte, com a revolta reforçada pela câmara de 8 mb e o ecrã de alta definição.

Por fim, interessa destacar a reacção de Ba-rack Obama, tardia e divertida. Disse Obama que o “Ocupar Wall Street” traduz, cito, “a frustra-ção do povo”. Ai é? Era capaz de jurar que, em vez de berrar ao ar livre, o povo passa o tempo no emprego, e que o povo frustrado com as con-sequências do crédito fácil imposto pelo saudoso Jimmy Carter passa o tempo a procurar fugir do

desemprego.Mas não devemos estranhar as alucinações

do Presidente da “esperança”. Não só porque há colaboradores seus entre os entusiastas confes-sos da “ocupação” e não só porque, uma oca-sião em 2008, a própria esposa aconselhou uma plateia de simpatizantes a evitar a América em-presarial: Obama compreende os manifestantes porque não se distingue deles. Também ele in-tercalou o privilégio universitário com o ócio “activista”. Também ele nunca exerceu uma pro-fissão a sério, excepto se considerarmos suces-sivos serviços “sociais” uma profissão a sério. Também ele, no fundo, abomina a “cobiça” e o “egoísmo” do sector privado e, se não for ma-çada acrescentar, produtivo. Salvo, literalmente, pelo oportunismo político que lhe deu uma car-reira, Obama estaria aos gritos na rua.

É tentador comparar a situação vigente com a toponímia de Wall Street, parece que assim chamada por preencher o local onde, nos pri-mórdios de Manhattan, se situava o muro que dividia a cidade “europeia” da “selvajaria” ín-dia: o muro caiu e, séculos depois, os selvagens entraram. Porém, é mais útil perceber que espé-cie de criaturas entrou na Casa Branca e, sobre-tudo, quando é que as criaturas saem. (...)

JTM/DN

Alberto GonçalvesTRIBUNa

TRIBUNa Paulo Baldaia

UM PoNToé TUdo

Não dar conta do mal que fazemos

Ferreira Fernandes

Ontem, ao arrepio do que por cá se escreveu sobre as ganhadoras do Nobel da Paz (três mulheres de per-

curso público corajoso e inspirador), insurgi-me por uma delas, a Presidente liberiana, Ellen Johson-Sirleaf, o ter ga-nho esta semana.

Disse que dar-lhe o prémio, agora, era uma interfe-rência política errada: Sirleaf candidata-se à reeleição, o país vai a votos na próxima terça-feira, e ela fica natural-mente beneficiada pelo Nobel.

Que este abuso seja considerado irrelevante (foi esse o tom do que por cá ouvi) leva-me a voltar à carga.

Os discursos sobre a globalização - e, entre eles, está a ideia generosa dos prémios Nobel - fazem-nos crer que vemos o globo como um todo, e todos que habitam o glo-bo como estando no mesmo barco.

E não é assim, como demonstrou o erro do Comité de Oslo e as reacções (ou falta delas) que ele suscitou.

Entre uma concorrência assanhada, a Libéria é um dos países com história recente mais infeliz. A guerra civil ficou famosa pela crueldade dos seus senhores da guerra, pelas amputações sistemáticas dos adversários e utiliza-ção de milícias infantis...

Durou de 1989 a 2003, foi ontem, e é com as circuns-tâncias dessa memória que democratas como a Presidente Elle Sirleaf e o seu principal adversário Winston Tubman têm de lidar.

Que senhores de países ricos e pacíficos não se impor-tem de fazer perigar esse equilíbrio frágil é um abuso.

E fazê-lo em nome de um prémio da paz é um nojo.

JTM/DN

as evidências de cavaco

Não faltou quem lembrasse que o despesis-mo que trouxe Portugal até à situação de

emergência que agora se vive passou pelos go-vernos de Cavaco Silva, tendo começado antes e continuado depois. Não faltou quem se re-cordasse dos apoios europeus para abater frota pesqueira ou transformar terrenos agrícolas em campos de golfe. Quem o acusou de estar a sacudir a água do capote pretendeu apenas tirar valor ao que nos disse o Presidente da Re-pública no dia 5 de Outubro. E isso não é cami-nho. Não é caminho encontrar desculpas para não fazer o que tem de ser feito.

Cavaco foi julgado em seis eleições, ga-nhou cinco e perdeu uma. O que fez ou deixou de fazer não lhe acrescenta nem lhe retira razão quando diz que “Portugal tem de se afirmar como um Estado credível e uma república que honra os seus compromissos”. A evidência po-deria levar-nos a pensar que não precisava de ser dito, mas a verdade é que muitos dos que centraram as suas críticas ao discurso do Pre-sidente no que ele fez como primeiro-ministro estavam apenas a evitar repetir o seu próprio discurso político em que defendiam a possibi-lidade de não pagar parte da dívida. Quando diz que “é a nós, cidadãos, que cabe construir uma economia mais saudável” também nos transporta para uma evidência, mas que tem de ser repetida porque há muito quem pense que é ao Estado que compete puxar pela eco-nomia.

O que fez ou deixou de fazer também não lhe acrescenta nem lhe retira razão quando diz

que “esta crise é uma oportunidade para os por-tugueses abandonarem o consumo supérfluo”. A evidência de que os portugueses teimam em não mudar de vida tem de ser repetida, porque há muito quem pense que é possível continuar a viver sem poupança. É por isso que Cavaco tem de repetir que “é preciso poupar mais e trabalhar mais e melhor”.

O que não é evidente no discurso do Pre-sidente da República é o seu desafio para que haja sinais de recuperação económica no “cur-to prazo”, porque Cavaco Silva sabe como sa-bemos nós todos que a expectativa de recessão para o próximo ano cresce sempre que se fa-zem contas.

O Presidente tem de ser mais evidente nos recados que pretende deixar ao Governo. Se quer mais poupança, tem de dizer a Passos Coelho que são precisos incentivos à poupan-ça, porque sem ela não haverá liquidez nos mercados para investir no sistema produtivo. O Presidente é professor de Economia e sabe que é crucial nesta crise resolver o problema da dívida externa e que ela só se vai resolver quando aumentar exponencialmente a pou-pança interna.

Só haverá crescimento económico se hou-ver investimento e só haverá investimento se houver poupança interna, porque o que ago-ra nos emprestam serve apenas para pagar o que nos emprestaram noutra altura. Não sobra nem um euro.

JTM/DN

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PáG 14 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau

Novo vídeo já online

laZER(...) “Fazemos muitas festas dos anos 70 e 80, já fizemos também uma do Brasil e também passamos salsa e música latina” (...) – Tom McFadden

(...) “Tencionamos trazer uma banda para cá, mas a maior parte dos músicos que encontramos só tocam ‘covers’, e nós procuramos uma que toque originais” (...) - idem

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O lugar do “Drum and Bass” e “Dub Step”São passos com outro ritmo, aqueles que se dançam no “Berlin”. Tom McFadden, um dos sócios da discoteca

situada junto ao hotel L’Arc, orgulha-se de ter um dos poucos espaços que passa “Drum and Bass” e “Dub Step” em Macau. Mas os sons dos anos 80, a música electrónica e os ritmos latinos também se ouvem por lá

Do que Tom McFadden mais gosta é de “rock and roll” e “punk”. Mas são sons para os

quais Macau ainda não está prepara-da. Esta é a opinião de um dos quatro sócios que gerem o “Berlin”, uma dis-coteca que abriu no território há cerca de dois anos. “Não me recordo exacta-mente de quando chegámos à RAEM. Mas antes tínhamos um bar na Taipa, há cinco anos, e só depois é que come-çámos com isto”, explicou Tom McFa-dden ao JTM.

Para lá do ambiente comum habi-tado pela música “house” nos espaços nocturnos do território, o Berlin orgu-lha-se de ser “diferente”. Isto porque a música electrónica toca neste espa-ço “pelo menos uma vez por mês”, e géneros musicais como o “Drum and Bass” ou o “Dub Step” também são frequentes. Tom garantiu que este “não é um tipo de música muito co-mum aqui, mas estamos a tentar de-senvolver. Ainda não é um grande lugar para o fazer”. Apesar disso, há DJ’s em Macau que remisturam estas batidas, bem como americanos que vi-vem no território e que tocam no “Ber-lin”, garantiu Tom McFadden.

Isso não significa que este não seja um local onde a música “hou-se” não esteja presente. Mas há mais. “Fazemos muitas festas dos anos 70 e 80, já fizemos também uma do Brasil

e também passamos salsa e música latina”, contou o responsável. A ideia é também colocar uma banda, mas Tom McFadden confidenciou que ain-da não encontraram uma “suficiente-

mente boa”. “Tencionamos trazer uma banda para cá, mas a maior parte dos músicos que encontramos só tocam ‘covers’, e nós procuramos uma que toque originais”, disse. ENTRE O OCIDENTE E O ORIEN-TE. “Berlin” ganhou este nome não porque pretenda trazer pedaços da capital alemã para Macau, mas sim para ser um símbolo de ligação entre o Oriente e o Ocidente. Isto porque Ma-cau “está a ficar cada vez mais ligado ao Ocidente, e está a tornar-se muito internacional. Mas, de facto, Berlim é uma cidade espectacular”, defendeu Tom McFadden.

Com um público “diferente, que está mais virado para o mercado lo-cal”, esta discoteca recebe pessoas dos 18 até aos 35 anos, com uma “mistura entre europeus e chineses, e muitos portugueses”, garantiu o responsável.

Para já, ainda não há planos para abrir um novo espaço, mas existe a intenção. Até lá, o público de Macau pode continuar a vivenciar noites que, como disse Tom McFadden, podem ser “loucas, selvagens, diferentes”, mas sempre a pensar no entretenimento.

a.s.s.

Tom McFadden

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jORnal tRIbuna dE Macau segunda-feira, 10 de outubro de 2011 PáG 15

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30 esPn13:00 American League Championship Series 201116:00 National League Championship Series 201119:00 (Delay) Baseball Tonight International 201119:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 KIA X Games Asia 201120:30 Tour Of Brunei 2011 1st Leg 21:00 Euro Beach Soccer League Superfinal Switzerland vs. Italy22:00 Sportscenter Asia 22:30 Rugby World Cup 2011 Quarterfinal #1 Ireland vs. Wales

31 sTar sPorTs 12:00 Rugby World Cup 2011 Quarterfinal #1 Ireland vs. Wales14:00 Ifmfx Freestyle World Championships 14:30 FIA F1 World Championship Raceday Japanese Grand Prix 15:15 FIA F1 World Championship 2011 - Main Race Japanese Grand Prix 17:15 FIA F1 World Championship Japanese Grand Prix 18:00 Rugby World Cup 201119:00 Kolon Korea Open Day 3 20:00 Kolon Korea Open Day 4 21:00 Game 21:30 (LIVE) Score Tonight

22:00 Sbk Superbike World Championship 2011 - Highlights22:30 Engine Block 2011 23:00 FIA F1 World Championship Highlights Japanese Grand Prix

40 sTar movies11:00 Let Me In13:05 The Lost Future14:40 Nowhere Boy16:20 Kung Pow: Enter The Fist17:50 Black Death19:40 Paranormal Activity21:10 Desperado23:00 Red Water00:35 Hot Shots!

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63 sTar WorlD08:00 America’s Next Top Model19:05 How I Met Your Mother19:30 Melissa & Joey20:00 Hell’s Kitchen20:55 America’s Next Top Model21:50 Glee22:45 The Bachelorette23:40 How I Met Your Mother00:05 America’s Next Top Model

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Telefones ÚTeis

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Clube Militar de Macau

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número de socorro 999bombeiros 28 572 222PJ (Linha aberta) 993PJ (Piquete) 28 557 775PsP 28 573 333serviços de alfândega 28 559 944Centro Hospitalar Conde s. Januário 28 313 731Hospital Kiang Wu 28 371 333CCaC 28 326 300iaCM 28 387 333dst 28 882 184aeroporto 59 888 88táxi (amarelo) 28 519 519táxi (Preto) 28 939 939Água - avarias 2990 992telecomunicações - avarias 1000electricidade - avarias 28 339 922directel 28 517 520rádio Macau 28 568 333

Torre De macau BriDesmaiDsUm filme de: Paul Feig. Com: Kristen Wiig, Maya Rudolph.

cineTeaTro SALA 2 The sorcerer anD The WhiTe snakeUm filme de: Siu-Tung Ching. Com: Jet Li, Shengyi Huang.

14:30h 16:30h 19:30h 21:30hcineTeaTro SALA 3 insiDiousUm filme de: James Wan, Leigh Whannell.Com: Patrick Wilson, Rose Byrne.

14:30h 16:30h 21:30h

cineTeaTro SALA 1 Johnny englishUm filme de: Oliver Parker.Com: Rowan Atkinson, Dominic West.

14:30h 16:30h 19:30h 21:30h

14:30h 16:45h 19:15h 21:30h

ANÚNCIO

2º PROGRAMA DE COOPERAÇÃO NA ÁREA JURÍDICA ENTRE A UNIÃO EUROPEIA E MACAU

Organização: Centro de Formação Jurídica e JudiciáriaPrograma co-financiado pela União Europeia

WORKSHOP SOBRE A QUESTÃO DA SUPRESSÃO DO JUÍZO DE INSTRUÇÃO: EXPERIÊNCIA FRANCESA

20/10/2011, 18:00 ~ 20:00Datas: Temas: Procedimento criminal actualmente aplicável

em França (Nathalie MALET);Fortalecimento da crítica ao sistema actual (Fanny BUSSAC);A proposta de reforma (Fanny BUSSAC);A reforma controversa (Nathalie MALET).

Inglês, com tradução simultânea para cantonense e português Língua:

Auditório do Edifício Administração Pública, na Rua do Campo, n.°162, Cave Local:

Fanny Cyrille BUSSAC Oradoras:

Vice-Procuradora em Paris, França

Nathalie Sandra MALET

Coordenadora de Formação da Escola Nacional de Magistratura de França

Licenciados em Direito Destinatários

Data Limite 2011/10/17

para Inscrições:

28713843 Dra Ashley Lei ou Dra Alice Hong Contacto:

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al07/10/2011

Page 16: JTM 10-10-2011

PáG 16 segunda-feira, 10 de outubro de 2011 jORnal tRIbuna dE Macau feCHo desta edição JtM - 00:00Horas

úlTIMajORnal tRIbuna dE Macau

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FalEcEu jORGE baRROSODecorreram ontem à noite as cerimó-nias fúnebres de Eduardo Jorge Silva Barroso, de 63 anos de idade, técnico de tipografia que, do “Diário de Notí-cias” veio para Macau há cerca de 30 anos para integrar a “Compográfica”, empresa que fazia o semanário “Tribu-na de Macau”. Era um grande profis-sional, que, anos mais tarde, haveria de integrar os quadros da Imprensa Nacional de Macau, onde trabalhou até ao fim de semana apesar dos mui-tos achaques de que padecia, porém, sem nunca se queixar aos amigos. Jor-ge Barroso tinha a estima dos colegas, pela sua competência profissional, e dos conhecidos, pela simpatia que a

todos dispensava. Era uma daquelas pessoas que já “não se usam”, amigo do seu amigo, afável e bem disposto, o que faz sentir ainda mais a sua morte. À família enlutada, o JTM apresenta os seus mais sinceros pêsames

PadRE jOãO lOuREnçO vaI dIRIGIR FaculdadE dE tEOlOGIaO padre João Duarte Lourenço, professor catedrático na área de Teologia Bíblica e antigo reitor do Instituto Inter-Universitário de Macau (IIUM), vai assumir o car-go de director da Faculdade de Teologia da Universida-de Católica Portuguesa (UCP), anunciou a instituição. João Lourenço foi director da Faculdade de Teologia entre 1991 e 1996, ano em que foi nomeado presidente da Comissão Instaladora do IIUM (anterior designação da Universidade de São José), função que exerceu até Fevereiro de 1999, quando foi designado como primei-ro reitor do mesmo Instituto, cargo que exerceu até Ou-tubro de 2003. Entre Outubro de 2004 e Julho de 2006, desempenhou funções de vice-reitor da UCP. Segundo a agência Ecclesia, a tomada de posse da nova direcção da Faculdade de Teologia está marcada para o próximo dia 14, na UCP, em Lisboa. A sua nomeação como sucessor do padre Peter Stilwell foi confirmada pela Congre-gação para a Educação Católica, organismo da Santa Sé. Nascido em 1948, em Braga, o novo director da Faculdade de Teologia é professor desde 1985 na UCP, onde tem leccionado várias disciplinas curriculares. Actualmente, o sacerdote franciscano ocupa o cargo de director do Centro de Estudos de Religiões e Culturas Cardeal Höffner da UCP.

bcP “EStuda” PEQuIM, XanGaI E cantãO PaRa abERtuRa dE SucuRSal na cHIna O Banco Comercial Português (BCP) pediu uma licen- ça de pleno direito para abrir uma sucursal na China para explorar “nichos de mercado” com a mira apon- tada às cidades de Pequim, Xangai e Cantão, disse em entrevista à Agência Lusa o director-geral da sucur- sal de Macau. “Apresentámos o pedido de licença de abertura e ainda estamos a estudar um dos três pólos”, apontou José João Pãosinho, ao indicar que o banco “não está a considerar” Hong Kong por se tratar de “um mercado maduro”. Na China “o objectivo do ban-co não será fazer retalho porque seria um suicídio em termos financeiros”, vincou o director da sucursal do BCP. “A orientação será mais para nichos de mercado privilegiando-se a necessidade de empresas chinesas e de particulares com negócios no âmbito da lusofonia”. “Basta que consigamos penetrar nessa área para que o volume de negócios seja suficientemente atractivo”. Um ano depois de ter iniciado actividade plena em Macau, deixando o ‘offshore’, o balanço do BCP “é positivo”, avaliou José João Pãosinho. “Foi-nos possível oferecer taxas de juro competitivas nos depósitos, beneficiar de operações de crédito com ‘spreads’ interessantes e, simultaneamente, alargar operações com algumas em- presas da China, em especial da província de Cantão, que têm relações comerciais com países africanos de língua portuguesa”, explicou. O desenvolvimento da filial “assentou naquilo a que o banco chamou de tri- ângulo China-Europa-África” e que passou a “losango” depois de o banco somar ao seu “objectivo estratégico” operações com o Brasil, onde apresentou um pedido de licença numa parceria com o Banco Privado Atlântico de Angola. No âmbito das actividades no Oriente, “está em curso um acordo com o China Development Bank, que vai permitir uma linha de financiamento à sucursal do BCP em Moçambique de montantes significativos para apoio à economia moçambicana intermediada pela nossa subsidiária”, adiantou José João Pãosinho. Em Macau, o BCP continua a desenvolver os acordos estabelecidos com o ICBC em termos de remessas de emigrantes chineses quer em Portugal, quer em África, bem como “as operações de ‘trade-finance’ e a lançar as bases daquilo que virá a ser a sucursal no futuro”, disse o responsável. “Continuamos num processo de cres-cimento, mas cauteloso”, referiu, ao realçar que a conjuntura internacional assim o recomenda. Depois do “excepcional” 2010, “apontamos atingir, no final do ano, a faixa dos cinco milhões de euros, observou, ao recordar que a alteração para ‘onshore’ passou a implicar pagamento de impostos. “Fechámos com 6,7 milhões [de euros], mas tivemos um conjunto de operações não recorrentes, se evoluirmos para um número daquela grandeza será um ano razoável”, disse, ao defender que o BCP está a cumprir aquilo a que se propôs. Actualmente, o segmento mais forte são os depósitos, depois de o banco ter procedido à ‘desalavancagem’ para aumentar o grau de liquidez, com o euro a assumir “um peso significativo”. “Somos bastante competitivos em termos de taxas de juro”, disse ao explicar que a rede de balcões da concorrência acarreta custos não existentes no BCP. Este ano, o BCP lançou várias iniciativas oferecendo, entre outras, operações em renmimbis sem as restrições que a maior parte dos clientes encontra em Macau de apenas poder transaccionar um montante limitado por dia, embora isso não seja possível em dinheiro vivo. Apesar de haver clientes a procurar o renmimbi como “moeda de refúgio”, José João Pãosinho lembrou que existe uma “barreira significativa”, devido a “restrições muito fortes às transferências” entre Macau e a China.

KEItH RIcHaRdS cOnta cOMO SnIFOu aS cInZaS dO PaI

A autobiografia do guitarrista do Rolling Stoness, “Life”, vai ser editada em Por-tugal dia 27 e conta muitos episódios da vida do músico. O “Jornal de Notícias” traz na sua edição de ontem alguns trechos da autobiografia de Richards. Entre eles o episódio das cinzas do pai. “Ao abrir a tampa da caixa, levantou-se uma pequena nuvem: uma fracção mí-nima das cinzas, que pousou em cima

da mesa. Não podia apenas enxotá-las. Passei o dedo por elas e aspirei-as. Pó que ao pó retorna”, conta o sempre controverso Richards na autobiografia.

candIdata SIMula StRIPtEaSE PaRa cOnQuIStaR ElEItORadO

Katarzyna Lenart, de 23 anos, candidata às elei-ções parlamentares deste domingo na Polónia pelo partido SLD (Aliança da Esquerda Democrática), colocou um vídeo no YouTube onde simula um striptease. No vídeo de cerca de 40 segundos, Ka-tarzyna tira a roupa lentamente. Mas quando vai finalmente arrancar o sutiã, surge uma mensagem “censurado” sobre os seios, seguido de uma outra elucidativa: “Quer mais? Vote SLD.” Até ao fecho desta edição, desconhecemos o resultado eleitoral de Katarzyna.

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