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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE MATEMÁTICA NUMERAMENTO E LETRAMENTO: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NA 7ª SÉRIE DA ESCOLA MUNICIPAL SAGRADO CORAÇÃO EM FILADÉLFIA-BAHIA ANTONIA CRISTIANA DOS SANTOS SENHOR DO BONFIM AGOSTO/2007.

Monografia Antonia Matemática 2007

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Matemática 2007

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Page 1: Monografia Antonia Matemática 2007

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE MATEMÁTICA

NUMERAMENTO E LETRAMENTO: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NA 7ª SÉRIE DA ESCOLA MUNICIPAL SAGRADO CORAÇÃO EM FILADÉLFIA-BAHIA

ANTONIA CRISTIANA DOS SANTOS

SENHOR DO BONFIM AGOSTO/2007.

Page 2: Monografia Antonia Matemática 2007

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

COLEGIADO DE MATEMÁTICA

NUMERAMENTO E LETRAMENTO: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NA 7ª SÉRIE DA ESCOLA

MUNICIPAL SAGRADO CORAÇÃO EM FILADÉLFIA-BAHIA

ANTONIA CRISTIANA DOS SANTOS

Monografia apresentada ao Departamento de Educação – Campus VII da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como parte das exigências da disciplina Monografia.

Orientadora: Maria Celeste S. Castro

Senhor do Bonfim Agosto/2007.

Page 3: Monografia Antonia Matemática 2007

ANTONIA CRISTIANA DOS SANTOS

NUMERAMENTO E LETRAMENTO:

UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NA ESCOLA

SAGRADO CORAÇÃO NA CIDADE DE FILADÉLFIA

Monografia apresentada ao Departamento de Educação – Campus VII da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como parte das exigências para a conclusão do curso. Aprovado: __________________________ _____________________________

Prof. (a) Avaliador(a) Prof. (a) Avaliador(a)

_______________________________

Prof.: MARIA CELESTE S. CASTRO

(Orientadora)

Senhor do Bonfim Agosto/2007

Page 4: Monografia Antonia Matemática 2007

DEDICATÓRIA

Dedico este estudo monográfico primeiramente

ao Ser Supremo Nosso Senhor Jesus Cristo

que me deu forças sabedoria, discernimento

orientação com suas escrituras sagradas:

“não temas, pois estou contigo e te ajudo

do (ISAÍAS, 41:10). Aos meus pais, Antonio

Januário dos Santos e Maria Marcelina dos

dos Santos que tanto me apoiaram para que

mais uma conquista se concretizasse em mi-

nhá vida. A minha avó Celina e meus irmãos

incentivo. E especialmente a meu irmão

Robson que partiu para o plano espiritual

deixando-me uma dor profunda e uma eterna

saudade...

Page 5: Monografia Antonia Matemática 2007

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me deu o dom da vida, agradeço

à oportunidade de aprender e de me aprimorar

e que ele continue a derramar em mim suas

bênçãos e proteção, possibilitando-me trilhar

novos caminhos.

A Professora Maria Celeste S. Castro, pela

confiança e orientação, indispensáveis para a

conclusão deste trabalho

A Universidade do Estado da Bahia, pela opor-

tunidade de realizar esse curso.

A querida Luciene, que tão prontamente aju-

dou-me na localização das referências biblio-

gráficas.

Aos meus pais que tanto contribuíram para

minha formação acadêmica.

A Elioneide Pinto e Magaly Lima pelo compa-

nheirismo.

As minhas amigas Isnáia Borges e Ana Pau-

la por acreditar na minha capacidade.

A todos aqueles que direta ou indiretamente

contribuíram para a realização deste trabalho.

Page 6: Monografia Antonia Matemática 2007

“Se teus projetos são para um

ano, semeia um grão. Se são

para dez anos, planta uma ár-

vore. Se são para cem anos,

instrua um povo”.

(autor desconhecido)

Page 7: Monografia Antonia Matemática 2007

RESUMO

O presente estudo aborda a produção textual como ferramenta para ensino-

aprendizagem da Matemática, visando evidenciá-la como estratégia metodológica e

motivadora com o objetivo de desenvolver a criatividade dos alunos. Adota como

metodologia uma abordagem qualitativa através da observação participativa

analisando as atividades. O mesmo foi aplicado na Escola Municipal Sagrado

Coração em Filadélfia-BA. Para tanto, realizamos uma pesquisa bibliográfica

qualitativa,utilizando instrumentos diversos procurando referências que nos

fornecessem subsídios ao tema abordado. Como procedimentos de análise e

interpretação dos dados, fizemos uma reflexão sobre as informações coletadas,

buscando confrontar com os teóricos e a problematização realizada nos capítulos

anteriores, constatando as opiniões e os registros das atividades desenvolvidas

através da escrita. Nesse estudo evidenciou a importância e a necessidade da

utilização de estratégias metodológicas para o ensino-aprendizagem da matemática,

a qual, prima o aluno como parte mais integrante do processo.

Palavras-chave: Texto; Matemática; Interdisciplinaridade; Numeramento;

Letramento.

Page 8: Monografia Antonia Matemática 2007

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.....................................................................................................09

CAPÍTULO I

A MATEMÁTICA E O TEXTO: PROBLEMATIZANDO ............................................11

CAPÍTULO II

NUMERAMENTO E LETRAMENTO: UMA QUESTÃO INTERDISCIPLINAR.........15

2.1 – Interdisciplinaridade: Uma pequena construção conceitual ..................15

2.2 – Numeramento e letramento: Diálogo de conhecimento? ......................16

2.3 – Letramento e numeramento: O texto em Matemática ...........................20

CAPÍTULO III

PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS

3.1 – A Pesquisa ............................................................................................23

3.2 – Local da Pesquisa: Caracterização .......................................................25

CAPÍTULO IV

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.1 – A prática pedagógica desenvolvida .......................................................27

4.2 – O texto em Matemática: as atividades ..................................................28

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................37

REFERÊNCIAS ........................................................................................................40

APÊNDICES

Page 9: Monografia Antonia Matemática 2007

APRESENTAÇÃO

As diretrizes curriculares hoje colocam a necessidade de contextualizar os

conteúdos considerando que o aprendiz quando sabe a finalidade da atividade vai

ter interesse e prazer em aprender.

A leitura, escrita e interpretação tem sido caracterizada como fonte de

dificuldades para os alunos da Escola Sagrado Coração em Filadélfia-BA.

Buscando alternativa para modificar esse quadro, estaremos apresentando

este trabalho monográfico, que é o desenvolvimento de um estudo que aborda a

Produção Textual como ferramenta para o ensino-aprendizagem da Matemática,

como estratégia metodológica.

No primeiro capítulo, abordamos a problemática, que deu origem a realização

desse estudo monográfico. Desenvolvemos um trabalho que aborda a importância

da escrita junto à atividade matemática, lineando os objetivos a serem alcançados

dentro desse estudo. Finalizando com a pertinência social e científica.

O segundo capítulo, apresenta e discute dois conceitos chaves: numeramento

e letramento, bem como as concepções de matemática, textos e de

interdisciplinaridade. Para tanto, foram fundamentadas por autores que se

destacaram no estudo da questão.

No terceiro capítulo, apresentamos a metodologia utilizada nesse estudo,

aliada aos conceitos, procedimentos e técnicas para a realização do mesmo,

registradas no diário de bordo.

O quarto capítulo, traz a análise de dados, obtidos através da observação,

registro das falas dos alunos e análise dos procedimentos utilizados para o

desenvolvimento das atividades através da escrita.

Page 10: Monografia Antonia Matemática 2007

No quinto capítulo, resgatar o objeto de estudo confrontando com a realidade

encontrada e concluindo que é possível a incorporação de textos nas aulas de

matemáticas.

Por fim, fizemos uma síntese do que está apresentado no trabalho,

relacionando a justificativa e a importância de novas estratégias metodológicas,

como também resgatar os objetivos e as interpretações referentes a todo o processo

em análise.

Page 11: Monografia Antonia Matemática 2007

CAPÍTULO I

A MATEMÁTICA E O TEXTO: PROBLEMATIZANDO

Um dos objetivos primeiros da escola é instrumentalizar o aluno para que ele

se constitua num bom “leitor” e “escritor”, o que acontece, de fato, é que não se tem

alcançado esse objetivo com eficiência.

A avaliação realizada pelo Instituto Nacional e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira (INEP), vem referendar esta constatação. Os estudantes não apresentaram

um bom desempenho nas provas realizadas na última avaliação da Educação

Básica (SAEB) em Língua Portuguesa e Matemática. Os dados chamam atenção na

região nordeste e nas escolas públicas municipais.

Analisando a proficiência média em matemática no período de 1995 à 2005,

percebemos que no 3º ano do Ensino Médio e 8ª série do Ensino Fundamental, a

média dos resultados das avaliações realizadas pela SAEB, caíram a cada dois

anos, havendo um pequeno crescimento em 2003, voltando a cair em 2005 e

ficando abaixo da média de 1995. E a 4ª série do Ensino Fundamental até 1997

apresentavam bons resultados, caindo nos anos de 1999 e 2001, havendo um

pequeno crescimento nas duas últimas avaliações, conforme gráfico abaixo.

SAEB - Evolução da Proficiência Média no Brasil em Matemática (1995-2005)

182.4

239.5

271.3

177.1176.3181.0190.6 190.8

245.0243.4246.4250.0253.2

281.9 288.7 280.3276.7 278.7

125

150

175

200

225

250

275

300

325

350

1995 1997 1999 2001 2003 2005

4ª série EF 8ª série EF 3ª serie EM

Fonte: www.conced.org.br/gcs/file.asp?id=10690

Page 12: Monografia Antonia Matemática 2007

Uma análise breve nas questões das provas do SAEB¹ e nas Provas das

Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP)², nos mostra

que estas são de caráter analíticas e interpretativas, requerendo do aluno o

conhecimento matemático e linguístico-interpretativo.

É sabido que no Ensino Fundamental, os alunos apresentam um baixo desempenho

na resolução de problemas matemáticos. Com base nesse fato, surge a hipótese

de que um dos elementos fundamentais que colaboram com esse fracasso é a não

construção de uma competência para interpretação de textos relacionados tanto

com a matemática quanto com as outras áreas do conhecimento.

Diante desse quadro, é necessário que sejamos levados a pensar o ensino da

matemática na perspectiva da interpretação e produção de textos matemáticos em

sala de aula, levando o aluno como sujeito ativo, que interage de modo produtivo

com o objeto do conhecimento. Aprendendo, basicamente através de suas próprias

ações, sobre os objetos do mundo, construindo suas categorias de pensamentos e

ao mesmo tempo organizando o seu universo numeral e textual.

Esta perspectiva rompe com os paradigmas pré-estabelecidos: “Matemática

só números”, saber matemática é saber resolver cálculos extensos e com o “mito :

matemática diz respeito a números e contas”. (FALCÃO, 2007, p. 03). E coloca a

escola e os sujeitos – alunos, professores e pais – diante de um desafio:

compreender e utilizar a linguagem escrita e a linguagem matemática de forma

integrada.

É um referencial que rompe com o isolamento das disciplinas. Segundo

Piaget³ (apud RABELO, 2004, p.19), “cada disciplina emprega parâmetros que são

variáveis estratégicas para outras disciplinas, que impõe ao professor a necessidade

de redimencionar as atitudes e valores pedagógicos e ter a leitura e a escrita como

______________ 1. Prova objetiva de Conhecimentos básicos e conhecimentos específicos em matemática realizada em 11 de

dezembro de 2005.

2. Prova objetiva de Conhecimentos básicos específicos em matemática em 29 de agosto de 2006. – 1ª fase Nível 1 e 2

Page 13: Monografia Antonia Matemática 2007

3. FRAGA, M.L. A matemática na escola primária: uma observação do cotidiano. São Paulo, EPU.

centro do processo aprendizagem e que apresenta para o aluno espaços de

expressão, reflexão e construção do conhecimento”.

Conforme Pawel (2001, p. 78, apud PARATELI, 2006 p. 53)

Qualquer que seja a escrita, desde que ela obrigue os alunos a sondar suas idéias e compreensão sobre alguma matemática em que este- jam envolvidos, pode capturar evidências importantes de seu pensa- mento matemático. Diferente da natureza efêmera da fala, a escrita é um meio estável que permite a ambos, aluno e professor examinar, reagir e responder ao pensamento matemático do aluno.

Compreender conceitos em matemática significa estabelecer uma rede de

significados. Segundo Machado (1994, p. 37).

A escrita permite um contexto natural para envolver os alunos no esta- belecimento de conexões entre diferentes noções, entre suas concep- ções espontâneas e novas aprendizagens, a produção de texto pode ser um poderoso auxiliar para o aluno na elaboração de sua rede de signifi- cados para uma mesma noção.

Um olhar sobre o livro didático, e uma retrospectiva na vida acadêmica e

profissional, leva-nos a perceber a ausência de significados referentes à

matemática. A pergunta: “o que fazer?” é o retrato da falta de significados para o

aluno. Esta ausência aliada às exigências pessoais (enquanto aluna de graduação

que questiona a dificuldade em ler, interpretar e produzir) e profissionais (o que

fazer) para ajudar os meus alunos a superar as dificuldades, leva-nos a buscar

novos referenciais para a prática desenvolvida nos espaços de atuação.

Assim, surge o “texto em matemática”, (RABELO, 2004) e a “escrita como

registro de pensamento (PARATELI, 2006), como instrumentos a serem utilizados

nas aulas de matemática, da 7ª série da Escola Sagrado Coração, zona rural de

Filadélfia/BA.

Page 14: Monografia Antonia Matemática 2007

Mas esta decisão, traz alguns medos, algumas interrogações: É possível

utilizar estes instrumentos no contexto de zona rural, e escola pública? Quais as

reais contribuições para a aprendizagem dos alunos?

Estas questões nos fazem dimensionar os seguintes objetivos, para este

estudo monográfico:

• Identificar as contribuições da utilização do texto matemático como ferramenta

de ensino-aprendizagem do aluno.

• Refletir sobre as contribuições dessas abordagens, na construção do

conhecimento matemático dos alunos da Escola Municipal Sagrado Coração.

A trajetória dessas reflexões inicia-se no processo de interação professor x aluno

vivência em sala de aula, que nos leva a questionar o desempenho do aluno em

relação a produção textual em matemática. Com essa estratégia sugere-se que o

rendimento do aluno pode melhorar, tornando a atividade matemática em sala de

aula mais dinâmica e prazerosa.

Assim, os alunos da Escola Municipal Sagrado Coração, poderão ter a

oportunidade de ampliar seus conhecimentos matemáticos, bem como de ampliar a

visão que têm de leitura e escrita da matemática, e mostrar se esta abordagem

contribui ou não para sua aprendizagem.

Acredito que a pertinência deste estudo está relacionado ao desenvolvimento

pessoal, profissional e social, uma vez que no caráter pessoal, adquirir a consciência

da responsabilidade profissional, de ser professor de matemática. No profissional

será fornecido um estudo sobre ferramentas que poderão contribuir com o contexto

educacional da região. E, no social, os alunos poderão sentir-se sujeitos e atores de

seu desenvolvimento intelectual.

Acreditamos que esse trabalho será de grande importância científica, pois

estaremos buscando possibilidades de mudança no ensino da matemática, fazendo

Page 15: Monografia Antonia Matemática 2007

uma reflexão sobre esse procedimento alternativo que á a utilização do texto nas

aulas de matemática.

Capítulo II

NUMERAMENTO E LETRAMENTO: UMA QUESTÃO INTERDISCIPLINAR

Neste capítulo apresentamos os conceitos de interdisciplinaridade,

numeramento e letramento, expondo um texto conceitual e argumentativo que

pretende construir uma rede de significação dos conceitos estudados. Utilizo os

autores: Fazenda (1979), Ferreira (1986), Japiassu (1976), Lungarzo (1990), Corry

(1991), Davis (1989), Schimdit (1978), Machado (1994), Moura (1992), Gal (1993),

Kleimam (1992), Fonseca e cardoso (2005), Smole e Diniz (2001).

2.1 – INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PEQUENA CONSTRUÇÃO CONCEITUAL

Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 1998, p. 88) define a

interdisciplinaridade como um conhecimento dialógico que possui uma rede

intrincada de “questionamento, de confirmação, de complementação, de negação,

de ampliação, de iluminação de aspectos não distinguidos”.

Neste sentido, o significado de interdisciplinaridade é muito mais abrangente

do que normalmente se supõe, principalmente se for comparado à definição

etmológica. Ferreira (1986, apud SILVA, 2005, p. 47): “aquilo que é comum a duas

ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento.”

Portanto, o conceito de interdisciplinaridade dado pelos PCN (1998),

incorpora-se com a visão que se tem hoje sobre o assunto, assumindo um caráter

abrangente e complexo.

Page 16: Monografia Antonia Matemática 2007

Segundo Japiassu (1976, apud PIRES, 2000, p. 47), “a interdisciplinaridade

caracteriza-se pela intensidade das trocas entre especialistas e pelo grau de

integração real das disciplinas no interior de um mesmo projeto de pesquisa”.

Fazenda (1979, p.32, apud PIRES 2000, p. 47) considera que o conhecimento

interdisciplinar “deve ser uma lógica de descoberta, uma abertura recíproca, uma

comunicação entre domínios do saber, uma fecundação mútua e não um formalismo

que neutraliza todas as significações, fechando todas as possibilidades”.

Os conceitos apresentados extrapolam a justaposição e rompem com a visão

fragmentada e linear do processo de comunicações de saberes apresentados nos

espaços educativos. Nesta perspectiva, numeramento e letramento pode ser

caracterizado como um instrumento interdisciplinar.

2.2 – NUMERAMENTO E LETRAMENTO: DIÁLOGO DE CONHECIMENTO?

Hauaiss (2001) define letramento como: “Representação da língua falada por

meio de sinais; escrita; Processo de alfabetização; Conjunto de práticas que

denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito”.

Numeramento é um termo recente na área de pesquisa e ensino e é definido

por Faria (2006), como: “Alfabetismo matemático; letramento matemático”.

A definição de numeramento e letramento se apresentam como habilidades

interligadas para responder a questão norteadora. Para isto construo o conceito de

matemática para em seguida argumentar sobre a linguagem matemática.

A matemática é conceituada como a ciência dos números, por diversos

estudiosos matemáticos.

Lungarzo (1990, p.17, apud OLIVEIRA, 2004, p. 20)

A matemática é uma ciência abstrata, isto é que liga à Idéia e não a ob- jetos físicos, reais ou objetos do mundo sensível, e seus conceitos foram elaborados não apenas por motivos racionais, mas também por motivos práticos.

Page 17: Monografia Antonia Matemática 2007

Corry (1991, p. 31 apud OLIVEIRA, 2003, p. 20), define matemática como “a

ciência dos sistemas formais, sistemas esses não interpretados, considerados

simplesmente como um jogo em que as peças não tem interesse para o matemático-

jogador”

Davis (1989, p. 31 apud OLIVEIRA, 2004, p. 20), nos diz que, “a matemática é

a ciência da quantidade e do espaço (...). Trata do simbolismo relacionado com as

quantidades e o espaço”

Estes três conceitos nos encaminha a compreender a matemática como um

sistema de representações que possui linguagem e formalismo definidos

cientificamente; seria a ciência dos números, das quantificações e medidas.

Lungarzo (1990, p. 65, apud OLIVEIRA, 2004, p. 21) afirma que a matemática

como ciência está ligada a duas noções básicas: a de número e a de figura geomé-

trica, pois nas origens das idéias matemática defrontamo-nos com apenas duas

partes: a aritmética centrada na teoria dos números e a geometria.

A ciência matemática pode ser expressa de maneiras diversas, como por

exemplo os símbolos do Papiro de Rhind4 , o Papiro de Moscou5 , a Pedra de

Roseta6

e outros.

É sabido que, conforme a perspectiva teórica que se adote, o mesmo objeto

pode ser expresso de maneiras diversas. Então o texto pode ser um objeto da

ciência matemática. Segundo a lingüística textual, que tem no texto seu objeto

precípuo

de estudo, o conceito de texto varia conforme o autor e/ou orientação teórica

adotada

Estes argumentos trazem uma aproximação entre o texto, como resultante de

processos mentais que são codificados e transcritos numa língua materna e a

linguagem matemática como uma representação da ciência matemática

Page 18: Monografia Antonia Matemática 2007

_________________ 4. Papiro de Rhind = Fonte primária rica sobre a matemática egípcia adquirido por volta de 1650 a.C. pelo egíptolo

escocês A. HENRY RHIND (EVES, HAWARD, 2004)

5. Papiro de Moscou: Texto matemático que contém 25 problemas antigos, adquirido no Egito em 1893, pelo russo

Golenischeo. (EVES, HAWARD, 2004)

6. Pedra de Roseta: Contém inscrições em hieróglifos egípcios em caracteres demóticos e em grego. Gravada em 196

a.C. (EVES, HAWARD, 2004)

Assim percebe-se que a ciência matemática para ser compreendida e

difundida requer uma produção, que pode ser lingüística ou textual.

Para Schimdit ( 1978, p. 170 apud KOCK 2005, p. 27) o texto é:

Qualquer expressão de um conjunto lingüístico numa atividade comu- nicação no âmbito de “jogo de atuação comunicativa” tematicamente orientado e preenchendo uma função comunicativa, reconhecível, ou seja realizando um potencial ilocucionário reconhecível.

Schmidt, (apud KOCK, 2005) apresenta uma concepção de texto que resgata

o sentido de uma atividade comunicativa. Este passeio conceitual; ainda de acordo

com o autor, nos leva a defender e a entender a ciência matemática como uma

linguagem universal que utiliza a língua materna, para expressar uma “atividade

comunicativa”.

Segundo Machado (1994, p. 23):

( ... ) no desempenho de funções básicas, a língua materna não pode ser caracterizada apenas como um código, enquanto que a matemática não pode restringir-se a uma linguagem formal: a aprendizagem de cada uma das disciplinas deve ser considerada como a elaboração de um instru- mental para mapeamento da realidade, como a construção de um siste- ma de representação. ( ... ) sendo responsável inclusive pela produção dos próprios instrumentos que irão utilizar, nessa condição é que deveriam ser ensinadas.

A linguagem matemática no processo de “letramento” deveria ocupar um

lugar de importância, pois é, junto com o conceito, um dos primeiros elementos de

inserção do sujeito do Universo Matemático. Precisa-se, então, perceber que a

escolarização de uma criança implica em que se deve inseri-la, numa visão mais

ampla do papel do conhecimento e de como ele pode ser construído.

Moura (1992, p. 23 apud RABELO, 2004, p. 84) diz que:

Page 19: Monografia Antonia Matemática 2007

O paralelo entre o ensino da língua e da matemática em relação á intro- dução do indivíduo em ambas as áreas de conhecimento se dá e torna necessário na medida em que estamos considerando os dois conheci- como se fazendo no sujeito e também dotando-o de estrutura que o faz, que o constrói.

Sendo a Matemática uma linguagem universal, então é necessário dispor aos

sujeitos uma compreensão e interconexão entre os números e a realidade. Seria o

numeramento e o letramento uma perspectiva de construção, de conceitos

matemáticos de forma significativa?

Pensar o letramento tanto na língua quanto na matemática é preciso pensar

na construção dos signos e na compreensão dos sistemas construídos por esses

signos e que para as crianças se servirem das letras e dos números como um

elementos de um sistema, elas devem também compreender o seu processo de

construção e suas regras de produção.

Assim o texto em matemática pode ser compreendido como uma forma de

diálogo entre uma ciência e outra, o que nos aproxima de uma visão interdisciplinar

do conhecimento.

As tarefas e demandas do mundo adulto, face ao mundo do trabalho ou à vida

diária e os contextos cívicos podem requerer muito mais que simplesmente a

habilidade para aplicar as capacidades básicas de registro matemático. Estar

preparado para atender à essas demandas e tarefas requer que o sujeito esteja,

mais do que alfabetizado matematicamente, requer que este esteja “numerado”.

Gal (1993, apud TOLEDO, 2006 p. 2), afirma que o “numeramento”

compreende um terreno mais amplo:

“O numeramento inclui um amplo conjunto de capacidades, estratégias crenças e disposições que os sujeitos devem acessar suas demandas pessoais e situacionais, a variedade de consequências, e os recursos necessários.

Page 20: Monografia Antonia Matemática 2007

Fonseca (2005, apud FERREIRA, 2002, pp. 15 e 16), distingue duas

perspectivas para conceituar numeramento: A primeira perspectiva é vista como

sendo, “O conjunto de práticas que envolva conhecimento registro, habilidades e

modo de pensar dos procedimentos matemáticos”. Nesse caso, o numeramento é

visto como um fenômeno paralelo ao fenômeno do letramento. Outra possibilidade é

considerar o numeramento como: “Um conjunto de habilidades, de estratégias de

leitura, de conhecimento que se incorporam ao letramento”.

Sendo assim, supõe-se que o letramento engloba o numeramento uma vez

que o sujeito para fazer, frente às demandas da nossa sociedade, que se pauta nos

valores e nos princípios da cultura escrita, precisa mobilizar conceitos,

procedimentos, critérios ou perspectivas associadas ao conhecimento matemático.

Segundo a concepção adotada por Kleimam (1992, p. 242 apud FERREIRA,

2002, p. 15), numeramento: “Pressupõe ser a construção de sentidos pelos

sujeitos permeada por suas práticas sociais, culturais e discursivas,

constituindo-o como tal no momento da enunciação”.

Sendo assim um sujeito letrado é mais do que mero decodificador dos

símbolos da linguagem escrita, alguém que é capaz de fazer uso dos diferentes

instrumentos de linguagem para atender as diferentes demandas do meio no qual

está inserido.

O numeramento surge como um domínio de capacidades que envolve um

subconjunto de capacidades essenciais tanto na matemática como no letramento.

Ser numerado envolve possessão, quanto de algumas habilidades de

matemática e aptidão para usá-las em combinação de acordo com o que é requerido

em uma determinada situação.

Por isso, as ligações entre letramento e numeramento tem significação tanto

teórica como prática.

2.3 – LETRAMENTO E NUMERAMENTO: O TEXTO EM MATEMÁTICA

Page 21: Monografia Antonia Matemática 2007

A produção de textos nas aulas de matemática cumpre um papel importante

para a aprendizagem do aluno e favorece a avaliação dessa aprendizagem em

processo.

Organizar o trabalho em matemática de modo a garantir a aproximação dessa

área do conhecimento e da língua materna, além de ser uma proposta

interdisciplinar, favorece a valorização de diferentes habilidades que compõe a

realidade complexa de qualquer sala de aula.

Um texto matemático, envolve um conjunto de sinais e de signos que através

de uma construção sistemática de regras tanto na língua quanto na matemática,

permitem a comunicação de idéias tipicamente matemáticas.

Fonseca e Cardoso (2005 apud SILVA, 2006, p. 65) destacam especificidades

dos textos próprios da matemática. Segundo os autores, existem gêneros textuais

próprios da matemática. Elas afirmam que:

É necessário conhecer as diferentes formas em que o conteúdo do texto pode ser escrito. Essas diferentes formas também constituem especifida- des dos gêneros textuais próprios da matemática, cujo reconhecimento é fundamental para a atividade de leitura.

As autoras esclarecem que os textos nas aulas de matemática não são

aqueles criados para o ensino de Matemática, mas os que permitem contextualizar o

ensino dessa disciplina.

Fonseca e Cardoso (2005, apud SILVA, 2006, pp. 66-67)

Não se trata mais de textos originalmente criados para o ensino de ma- temática ( ... ) o que parece responder a uma preocupação de contex- tualizar o ensino de matemática na realidade do aluno, colocando em e- vidência o papel social da escola e do conhecimento matemático. O fazer em matemática realizado através da escrita, muito pode contribuir,

tanto em caráter de prática de leitura quanto em resolução de situações

Page 22: Monografia Antonia Matemática 2007

matemáticas escolares como também em situações que demandam habilidades

matemáticas.

Smole e Diniz (2001, p. 80) afirmam que:

Para se formar um leitor nas aulas de matemática, é importante, ainda que os alunos percebam que ser leitor em matemática permite com- preender outras ciências e fatos da realidade, além de perceber relações entre diferentes tipos de textos.

Pensando desta forma, a leitura em matemática não se caracterizará apenas

em ordenações matemáticas, mas atingirá um estágio em que proporcionará a

compreensão textual do conteúdo matemático trabalhado.

Page 23: Monografia Antonia Matemática 2007

CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão estudados conceitos referentes à abordagem qualitativa,

aos procedimentos e técnicas utilizadas para à realização deste estudo. Utilizo os

autores: Fiorentini, (2006), Bicudo [s.d], Barbosa (1999), Silva (2006) e Ludke

(1986).

3.1 – A PESQUISA

Buscando encontrar a melhor maneira de alcançar os objetivos deste estudo,

considerando a problemática - A produção textual como ferramenta no ensino-

aprendizagem da matemática – fez-se necessário elaborar uma pesquisa na Escola

Municipal Sagrado Coração, povoado de Várzea D’água na cidade de Filadélfia,

estado da Bahia. Este lócus foi escolhido considerando ser este o nosso espaço de

atuação profissional.

A elaboração de uma pesquisa é de fundamental importância, pois é através

dela que se colhem informações e conhecimentos científicos de uma determinada

problemática e assim encontrar meios que possam reparar as dificuldades

encontradas num determinado local.

Segundo Bicudo (s.d, p.18), pesquisar significa “perseguir uma interrogação

(problema, pergunta) de modo rigoroso, sistemático, sempre, sempre andando em

torno dela, buscando todas as dimensões... qualquer que seja a concepção de

pesquisa assumida pelo pesquisador”.

Kilpatrick (1994, p. 2 apud FIORENTINI, 1995, p. 54) descreve pesquisa,

como sendo “uma indagação metódica ou estudo sistemático e consistente de um

problema”.

Page 24: Monografia Antonia Matemática 2007

A pesquisa é uma prática social onde o pesquisador e os objetos pesquisados

se apresentam enquanto subjetividade. Pesquisar é construir conceitos e propiciar

conflitos de idéias e produções de conhecimentos.

Com este referencial, esta pesquisa objetiva verificar quais as contribuições

que a “produção textual” traz para o ensino-aprendizagem da matemática, na Escola

Municipal Sagrado Coração, na 7ª série, turma única.

Na tentativa de alcançar os objetivos desta pesquisa é que escolhemos uma

abordagem de natureza qualitativa, pois buscamos conhecer e discutir o tema sem a

preocupação única de quantificar os resultados, tendo em vista o conceito de

Bogdan e Bilken (apud BARBOSA, 1999, p. 72) :

A pesquisa qualitativa é aquela em que os pesquisadores têm como alvo melhor compreender o comportamento e a experiência humana. Eles pro- curam entender o processo pelo qual as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados.

Segundo Lakatos e Marconi (2004, p. 271 apud SILVA, 2006 p. 3) os métodos

qualitativos “englobam dois momentos distintos: a Pesquisa ou coleta de dados e a

Análise e Interpretação, quando se procura desvendar o significado dos mesmos.”

Sendo assim, a pesquisa qualitativa preocupa-se com o processo em si, e a

busca de significado torna-se um elemento importante de todo o estudo.

Tendo em vista o objetivo da nossa investigação, realizamos a pesquisa

qualitativa e uma observação participativa.

A principio utilizamos a técnica da observação, porque de acordo com Ludke

(1986, p. 26), “a observação possibilita um contato pessoal e estrito do pesquisador

com o fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens, como, por

exemplo, chegar mais perto da perspectiva do sujeito.”

Page 25: Monografia Antonia Matemática 2007

Considerando a afirmativa de Ludke (1986, p. 26), procuramos fazer

observação de atitudes e procedimentos dos alunos durante o desenvolvimento de

atividades, estando atento, aos elementos presentes na situação estudada,

procurando descrever todo o processo, desde a apresentação das atividades, ao

seu desenvolvimento pelos alunos.

As atividades contemplam a utilização de textos introdutórios às aulas,

produção textual dos alunos, atividades exploratórias investigativas utilizando

dicionários e atividades práticas, com posterior produção textual.

Os registros foram feitos através de atividades desenvolvidas pelos alunos

por escrito, com o objetivo de analisar as atitudes e procedimentos matemáticos

utilizados pelos mesmos na realização de atividades contextualizadas e anotações

no diário de bordo.

As atividades desenvolvidas nesta fase foram fundamentadas em

experiências de professores de matemática, que estão descritas em Fiorentini

(2006) – Aulas de matemática – e Smole e Diniz (2001) – Ler, escrever e resolver

problemas. Foram utilizados os livros didáticos de Walter Spinelli (2007) e Matsubara

e Zanurato (2002), como auxílio para as atividades em classe.

3.2. LOCAL DA PESQUISA

Em relação ao público alvo, foram pesquisados 10 alunos que compõem à 7ª

série, respectivamente deste total, 04 são do sexo masculino e 06 do sexo feminino,

com faixa etária de 13 à 17 anos. A preferência por esta escola se deu pelo fato de

ser uma instituição pública que oferece o Ensino Fundamental, desde a 1ª a 8ª série,

atendendo alunos de nível social baixo, e por que atua neste estabelecimento. A

referida escola dispõe de um espaço físico que atende as necessidades básicas dos

alunos e professores. No corpo docente a maioria possui nível superior. Todos com

interesse de enriquecer cada vez mais seus conhecimentos tornando mais amplo

sua área de atuação.

Page 26: Monografia Antonia Matemática 2007

A respeito das informações que foram coletadas, estas serão relatadas

posteriormente, exploradas e argumentadas.

Page 27: Monografia Antonia Matemática 2007

CAPÍTULO IV

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A análise dos dados coletados e a interpretação dos resultados foram execu-

tadas a partir do questionamento sobre as contribuições da utilização da produção

textual no ensino-aprendizagem da matemática, através de atividades diversificadas

para dar maior credibilidade à pesquisa. Assim são construídas análises da prática

pedagógica e das atividades desenvolvidas.

4.1 – A PRÁTICA PEDAGÓGICA DESENVOLVIDA

Partindo do pressuposto de que somente a abordagem expositiva com

recursos de giz, quadro e livro didático é pouco produtiva, e de que novas

abordagens associadas a recursos diversificados resultariam em aulas dinâmicas e

mais produtivas, e ainda, concordando com Bicudo e Borba (1999, p.282, apud

SILVA, 2006, p. 21) “afirmam que, o professor é responsável pela criação e

manutenção de um ambiente matemático motivador e estimulante em que a aula

deve transcorrer”, é que surge este estudo.

Considerando que este estudo foi realizado no local de ação da pesquisadora

cabe apresentar e retratar a prática pedagógica desenvolvida.

No contexto da ação pedagógica a abordagem utilizada é a expositiva,

considerando que o referencial que tenho, relativo a outras metodologias é limitado,

o tempo para elaborar e estudar é resumido as atividades complementares. E,

ainda, que a prática pedagógica desenvolvida pelos colegas que antecederam a

esta série, não foi diferente, utilizavam a abordagem expositiva.

O resultado dessa ação gerou uma problemática real, a deficiência quanto a

qualidade do ensino-aprendizagem matemático, onde estes encaram a matéria

Page 28: Monografia Antonia Matemática 2007

como um simples amontoado de regras sem qualquer relação entre si, resultando

em um alto índice de evasão e reprovação.

Este é um fato que não pode deixar de ser analisado para compreender a

dinâmica do processo.

É importante priorizar o desenvolvimento intelectual dos alunos, promovendo

sua autonomia, ensinando-os a expressarem-se através da matemática

incentivando-os através de estratégias metodológicas variadas estimulando-os a

argumentação.

4.2 – O TEXTO EM MATEMÁTICA: AS ATIVIDADES

As atividades abaixo descritas, foram ministradas na sala de aula por um

período de 4 meses, sendo aplicadas ao iniciar ou após a introdução de um novo

tema.

A primeira atividade “Escrever ao iniciar um novo tema” (SMOLE, 2001), foi

realizada de forma diferenciada em momentos diversos. Com o objetivo de

investigar o que os alunos sabiam sobre a representação dos conjuntos numéricos

na reta real, foi solicitado que escrevessem ou representassem: “Quantos números

existem entre o zero e o um?” (CRISTOVÃO, 2006).

Smole (2001, p. 41) afirma “que devemos ter o cuidado em valorizar a escrita,

pois nem toda escola baseia seu trabalho de alfabetização na produção de textos.

Em conseqüência as produções dos alunos podem ser simples e por vezes

resumindo-se a frases”. Vejamos algumas justificativas:

Aluno A:

Page 29: Monografia Antonia Matemática 2007

Aluno D :

Os alunos “A” e “D” em suas justificativas deram respostas semelhantes, de

natureza aritmética. O Aluno “A” reforçando sua justificativa utilizou a representação

geométrica, apesar de não representar os números irracionais, apresenta um

entendimento relativo. O aluno “D”, apesar da brevidade da resposta apresenta um

pensamento matemático, expressando suas idéias e compreensão do conteúdo.

Essa atividade vem reafirmar o pensamento de Pawel (2001), quando diz que

a escrita permite ao aluno sondar suas idéias e compreensão, evidenciando seu

pensamento matemático. Machado (1994), atesta que a produção textual pode ser

um poderoso auxiliar na elaboração de uma rede de significados.

Portanto, mesmo com respostas simples e imprecisas estes alunos

estabelecem o paralelo entre a língua e a matemática Moura (1992).

Aluno X:

Page 30: Monografia Antonia Matemática 2007

Aluno Y

Nas respostas dos alunos “X” e “Y”, está claro que os mesmos não

apresentaram conhecimento em relação ao conteúdo, apresentando idéias

distorcidas e sem lógica, mostrando o real resultado de um ensino fragmentado, e

sem sentido.

Esses alunos não desenvolveram o domínio do conhecimento matemático e

em conseqüência há uma fragilidade referente ao numeramento, ou seja, ao que

Faria (2006), chama de “alfabetismo matemático”. Neste caso a produção do texto

desempenha papel importante para avaliar as lacunas e propor caminhos.

Percebemos que com esta atividade provocamos nos alunos

questionamentos com relação a escrita em matemática. É importante descrevermos

a voz de um aluno assustado e inquieto com a proposta:

“Professora, a aula é de Matemática ou de Português?” (ALUNO

A)

Esta pergunta está relacionada aos paradigmas, que matemática é só

números, com os conceitos de matemática como ciência abstrata e noção básica de

número, fato este atestado por Lungarzo (1990 apud OLIVEIRA, 2004, p. 20), e ao

mito “matemática diz respeito a números e contas, que segundo Falcão (2007, p. 3),

essa idéia é bastante divulgada no senso comum e nas representações sociais da

matemática.

Esse referencial coloca desafios para os alunos e professores em

contextualizar o ensino de matemática (FONSECA e CARDOSO, 2005), para formar

um leitor (SMOLE, 2001), para colocar em evidência o papel social da escola e do

conhecimento matemático.

Page 31: Monografia Antonia Matemática 2007

Segunda atividade: Pesquisa ao dicionário, com o objetivo de despertar nos

alunos a curiosidade de buscar novos conceitos para sua aprendizagem. A pesquisa

foi retirada do livro didático de Spinelli (2007), onde a turma buscou o conceito de

“dizima” e “periódica”, posteriormente teceram uma pequena redação conceituando

“dizima periódica”. Percebo que a aceitação dessa atividade superou a primeira. A

classe não demonstrou surpresa, e nem inquietação. Os textos apresentaram pouco

ou nenhuma imprecisão, com relação ao conceito e a escrita. Observamos que os

alunos registraram exatamente as mesmas palavras que estavam no dicionário

(LUFT, 2004), e para conceituar “dízima periódica” apenas juntaram os conceitos de

dízima e de periódica. São especificidades de um trabalho que busca romper

paradigmas, mas que cumpre com um papel importante em fazer matemática

através de escrita.

Logo após foi utilizada a aula expositiva registrando os conceitos através da

resolução de problemas, para a explanação do conteúdo. Durante a aula percebo

que a escrita desenvolveu nos alunos uma aprendizagem significativa, fato este

atestado por Smole (2001, p. 31), afirmando que quanto mais o aluno compreende

um conceito, melhor o aluno pode se expressar sobre ele. Por essa ótica, auxiliar o

aluno a compreender conceitos em matemática pode ser encarado como possibilitar-

lhe a elaboração de uma rede de significados.

Aluno D:

Page 32: Monografia Antonia Matemática 2007

Aluno A:

Os alunos “D” e “A” conseguiram fazer uma produção original, conseguindo

se expressar, mas não conseguiram organizar conceitos próprios, demonstrando

que não estão acostumados a produzir textos.

Esse tipo de atividade pode ser considerada uma atividade interdisciplinar,

como diz nos PCN a interdisciplinaridade é um conhecimento dialógico que possui

uma rede intrincada de questionamentos, assumindo um caráter abrangente e

complexo”.

Considero que esta atividade não atendeu ao objetivo de produzir textos

originais, mas contribuiu no aluno algum significado.

A terceira atividade, caracteriza-se como exploratória-investigativa

(FIORENTINNI, 2006), considerando que os alunos foram estimulados a construir

caminhos e observar regularidades. Os alunos foram ao pátio da escola tendo em

posse giz, barbante, fita métrica, copos, pratos, bacias (pequena e média),

calculadora e os cadernos. Posteriormente, as duplas traçaram no chão

circunferências de tamanhos diferenciados e retiraram as medidas dos diâmetros

(D), os comprimentos das circunferências (C) e calcularam o quociente C/D,

demonstrando o valor de experimentalmente. Após a experiência retornaram à

sala e exploramos o cálculo do comprimento da circunferência através da resolução

de problemas. E finalizando, as duplas produziram um texto, descrevendo tudo o

que aprenderam com essa atividade. Esse tipo de atividade significa instrumentalizar

Page 33: Monografia Antonia Matemática 2007

os sujeitos a agir com autonomia e criticidade nas situações cotidianas. Observamos

alguns textos produzidos pelas duplas:

Aluno Z e D:

ALUNOS A e B

Nas duas produções, as duplas apresentam informações precisas, incluindo

as idéias centrais abordadas, com algumas imprecisões como: erros ortográficos e

Page 34: Monografia Antonia Matemática 2007

organização na escrita fugindo dos padrões na norma culta. Percebemos nos textos,

uma organização linear, sistematizada, fazendo a relação da circunferência com os

objetos, como forma de abstração.

Esses alunos produziram textos matemáticos, pois os mesmos apresentam

em suas produções um conjunto de sinais e de signos, permitindo a comunicação de

idéias tipicamente matemática, apresentando assim, um domínio de capacidade de

trabalhar com signos matemáticos. Mas fica a questão de que eles não conseguiram

“contextualizar” (FONSECA e CARDOSO, 2005), explorar e ver as regularidades.

A última atividade desenvolvida “Aprendendo com os erros” (CRISTOVÃO,

2006) com o objetivo de analisar e refletir sobre os procedimentos de resolução das

questões contidas na avaliação, solicitamos aos alunos que refletissem sobre suas

dificuldades: onde erraram, se sabem o porquê de terem cometido tal erro, se

sabiam agora como resolver as questões, e o que pensaram no momento da

avaliação que os levaram a tomar um caminho que não levou a resposta correta. A

estrutura dos textos e a sistematização das idéias não foram satisfatórias. Os alunos

apresentaram respostas fragmentadas contendo erros ortográficos e de

concordância. Vejamos alguns textos escolhidos aleatoriamente:

Aluno D:

O aluno “D” foi muito generalista e não se aprofundou na análise, talvez por

falta de interesse.

Page 35: Monografia Antonia Matemática 2007

Aluno A:

O aluno errou apenas a questão 07 ítem B, justificando seu erro por falta de

atenção. O mesmo apresentou dificuldade em se expressar através da escrita.

Aluno X:

O aluno “X”, apresenta uma produção organizada, procurando se expressar e

argumentar seus erros, porém a escrita ficou confusa.

Para que houvesse uma melhor compreensão das respostas dadas pelos

alunos, resolvemos utilizar a oralidade, que segundo Cândido (2001, p.17), é o único

recurso quando a escrita e as representações gráficas não são dominadas ou não

permitem demonstrar toda a complexidade do que foi pensado”.

Observemos algumas falas:

Page 36: Monografia Antonia Matemática 2007

Aluno A: “Eu errei porquê não acertei diminuir, esqueci de levar o

resto, falta de atenção, mas eu sei achar a dízima perió-

dica”.

Aluno C: “Eu errei porquê confundir os termos da equação II com

o termo da equação I e diminui errado. E esqueci de co-

locar a vírgula debaixo da vírgula. “Mais” agora eu já sei

fazer.”

Aluno X “Errei muito! Errei os problemas porque não consegui en-

tender o que estava pedindo. E o problema para achar o

diâmetro eu errei porque não sei dividir e com número

decimal pior ainda”.

Aluno Y: “Professora eu errei muito, mas o que eu mas errei foi em

fazer a conta da dízima periódica, eu confundir na hora

de diminuir os números. Agora eu sei o que fazer, mais

preciso aprender a diminuir”.

As respostas foram diversas, mas a maioria reclamou que seus erros são por

não dominar a subtração, multiplicação e divisão, falta de atenção e a interpretação

dos enunciados das questões. Percebemos que eles deram significação aos erros já

que este é interpretado como parte natural, inevitável e indispensável ao processo

de aprendizagem.

Page 37: Monografia Antonia Matemática 2007

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da experiência enquanto professor de matemática, e tendo em vista o

baixo nível de ensino – aprendizagem, nos sentimos instigados a buscar um

embasamento teórico, para conduzir um ambiente de sala de aula mais prazeroso,

motivador e eficaz.

Neste sentido buscamos através deste estudo sobre a produção textual em

matemática, identificar as contribuições que essa ferramenta pode trazer para o

ensino-aprendizagem dos alunos do Ensino Fundamental, da Escola Municipal

Sagrado Coração em Filadélfia – BA.

Como base da construção e utilização da proposta foram utilizadas as teorias

de Rabelo (2002), Smole e Diniz (2001), as quais serviram de embasamento para

análise da aquisição do verdadeiro conhecimento; Lungarzo (1990), Corry (1991),

Davis (1989), deu-nos grande contribuição sobre a matemática; Fazenda (1979),

Japiassu (1976) nos deu suporte sobre o conhecimento interdisciplinar; Gal (1993) e

outros contribuíram a respeito da importância da linguagem escrita e a linguagem

matemática.

Analisando a prática pedagógica conclui-se o quanto uma aula baseada nos

princípios tradicionais torna-se desmotivada, contribuindo para a passividade do

aluno transformando-o num memorizador de fórmulas. Nesse sentido, a análise da

minha prática pedagógica foi um momento de reflexão, ficando claro a necessidade

de mudança imediata, para uma melhor aprendizagem do aluno.

Essa experiência serviu para mostrar tanto o caráter-didático-pedagógico,

quanto sua adaptação aos mais variados contextos. E qualquer alternativa

pedagógica é passível de aplicação, a partir do ponto em que os envolvidos se

comprometem.

Page 38: Monografia Antonia Matemática 2007

Através dessa experiência em escola pública municipal, ficou claro, que

situações novas sempre geram ansiedade por parte de todos – professor e aluno –

mas é preciso experimentar situações que leve os alunos a refletir e argumentar.

Nesse sentido Smole (2001), atesta que escrever em matemática é dar

oportunidade ao aluno de usar as habilidades de ler, ouvir, observar, questionar,

interpretar e avaliar seus conhecimentos.

Analisando as atividades desenvolvidas, verificou-se que os alunos tiveram

dificuldades em produzir os textos, pelo fato de os mesmos não apresentar

habilidade de escrita. Os textos, na sua maioria, eram confusos, pouco organizado,

sem coerência, ou seja, apresentaram dificuldades em se comunicar através da

escrita, nas aulas de matemática.

Assim verificamos que os alunos da 7ª série, turma única, apesar de

heterogênea apresentava um traço comum: grande dificuldade nos trabalhos que

exigiam a competência da Língua Materna, tanto na leitura quanto na escrita.

É fundamental salientar que neste tipo de estratégia, os resultados são a

longo prazo. Porém uma conseqüência percebida, a curto prazo, foi o grau de

desenvolvimento dos alunos, quanto a participação de todos, querendo mostrar o

que havia produzido. Outro ponto positivo foi a melhora significativa da auto-estima,

fato este percebido através do interesse no desenvolvimento das atividades,

expressando-se oralmente com mais freqüência (fato este que não ocorria) e o

rendimento quantitativo foi bastante positivo, levando-os a acreditar no seu

potencial.

Para que este tipo de experiência obtenha melhores resultados é necessário

que haja a interdisciplinaridade, que segundo Fazenda (1979, p. 32) é “uma

fecundação mútua”.

Esse estudo serviu para mostrar a importância das inovações no trabalho

docente, e que não há receitas prontas e acabadas a seguir, sendo necessário

muitas vezes, construir outros elementos, para se conseguir os objetivos almejados.

Page 39: Monografia Antonia Matemática 2007

Diante dos resultados desse estudo, esperamos que o mesmo, contribua

significativamente para futuras gerações de docentes na medida em que promove

uma reflexão crítica sobre a busca de estratégias para a melhoria da qualidade de

ensino.

Page 40: Monografia Antonia Matemática 2007

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