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INSTITUTO BÍBLICO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS IBAD CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA Deise Lucia Barreto Espindola Silvestre Homero Alexandre da Silva Silvestre ADULTIZAÇÃO INFANTIL NA LITURGIA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS E SEUS EFEITOS COLATERAIS Pindamonhangaba - SP 2011

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INSTITUTO BÍBLICO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS – IBAD

CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA

Deise Lucia Barreto Espindola Silvestre

Homero Alexandre da Silva Silvestre

ADULTIZAÇÃO INFANTIL NA LITURGIA DAS ASSEMBLEIAS DE

DEUS E SEUS EFEITOS COLATERAIS

Pindamonhangaba - SP

2011

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Deise Lucia Barreto Espindola Silvestre

Homero Alexandre da Silva Silvestre

ADULTIZAÇÃO INFANTIL NA LITURGIA DAS ASSEMBLEIAS DE

DEUS E SEUS EFEITOS COLATERAIS

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Teologia, pelo Instituto Bíblico das Assembleias de Deus - IBAD. Orientadora: Professora Marta Suana

Pindamonhangaba – SP

2011

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Dedicamos este trabalho a todas as crianças

que, vítimas da adultização infantil no meio

pentecostal, são privadas de desfrutar

plenamente da simplicidade de sua infância.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por sua infinita bondade e misericórdia que teve por nós em todo

tempo. Por ter nos concedido a oportunidade de estudarmos sua palavra e nos

sustentado em todos os momentos em que passamos longe de nossos familiares e

amigos.

Ao nosso filho, Vinícius Barreto Espindola, que durante esse período aqui

no seminário, teve que suportar muitas vezes a nossa ausência, principalmente em

tempos de entregar trabalhos e em períodos de provas.

Ao nosso pastor Enéas Fagundes, que em obediência a uma revelação

dada por Deus, aceitou o desafio de nos enviar ao IBAD, com o propósito de nos

preparar para exercer o ministério.

À professora Marta Suana que aceitou o desafio de caminhar conosco,

nos orientando na produção deste trabalho.

A esses nossos sinceros agradecimentos.

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RESUMO

A influência da mídia, e a exagerada admiração a um perfil de pregador eloquente e carismático tem levado algumas crianças a um fenômeno conhecido por adultização infantil. Isso se dá quando infantes adotam comportamentos e estereótipos próprios de adultos. Neste trabalho queremos mostrar que a adultização infantil está presente em algumas igrejas Assembleia de Deus. Ela acontece porque a liturgia da denominação é adultocêntrica e para que as crianças possam participar dela precisam usar a linguagem e o estilo dos adultos. O presente trabalho utilizando pesquisa bibliográfica, procurou trazer uma visão bíblica e sociológica da criança, estudar a adultização infantil na liturgia assembleiana, bem como os seus efeitos colaterais. Finalmente se preocupou em propor para a denominação a criação de um ministério pastoral para atender as crianças e um roteiro litúrgico para o público infantil.

Palavras-chave: Adultização; Infantil; Infante; Criança, Ministério pastoral; Culto; Liturgia; Assembleia de Deus.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 09

2 UMA VISÃO BÍBLICA E SOCIOLÓGICA SOBRE A

CRIANÇA.............................................................................................

11

2. 1 A CRIANÇA NA NARRATIVA BÍBLICA................................................ 11

2. 1. 1 Antigo Testamento: a criança no costume judaico........................ 11

2. 1. 2 A criança sob o olhar do Novo Testamento ................................... 13

2. 2 IDADE MÉDIA: AS CRIANÇAS REPRESENTADAS NA ARTE.......... 14

2. 2. 1 O traje das crianças medievais......................................................... 16

2. 3 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: CRIANÇA TRABALHANDO COMO

ADULTO...............................................................................................

18

2. 4 AS CRIANÇAS DO SÉCULO XXI: RETRATOS DE UMA GERAÇÃO

QUE CRESCE ASSUSTADORAMENTE.............................................

19

3 ADULTIZAÇÃO INFANTIL NA LITURGIA ASSEMBLEIANA E

SUAS CONSEQUÊNCIAS...................................................................

23

3. 1 LITURGIA: ORIGEM DO TERMO........................................................ 23

3. 1. 1 Uso bíblico: Septuaginta e Novo Testamento................................. 24

3. 2 LITURGIA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS......................................... 24

3. 2. 1 Participação das crianças na liturgia assembleiana....................... 27

3. 3 ADULTIZAÇÃO INFANTIL NA LITURGIA ASSEMBLEIANA E SEUS

EFEITOS COLATERAIS......................................................................

27

3. 3. 1 Etapas do desenvolvimento cognitivo da criança.......................... 30

3. 3. 2 Efeitos colaterais que ocorrem quando se pula as etapas do

desenvolvimento da criança.............................................................

31

4 PASTOREANDO O CORAÇÃO DAS CRIANÇAS: PROPOSTA DE

UM MINISTÉRIO PASTORAL QUE ATENDA AS CRIANÇAS DA

IGREJA E DE UM ROTEIRO PARA O CULTO INFANTIL.................

34

4.1 MINISTÉRIO PASTORAL INFANTIL................................................... 34

4. 1. 1 Cuidado pastoral: a necessidade de pastorear a vida das

crianças...............................................................................................

35

4. 2 PROPOSTA DE UM MODELO DE CULTO INFANTIL PARA AS

ASSEMBLEIAS DE DEUS...................................................................

37

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4. 2. 1 Cuidados a serem observados pelo dirigente do culto infantil..... 39

4. 2. 1. 1 Como se comportar.............................................................................. 39

4. 2. 1. 2 Como falar............................................................................................ 39

4. 2. 1. 3 O que usar............................................................................................ 40

4. 2. 1. 4 Quanto tempo falar............................................................................... 40

4. 2. 1. 5 O que cantar......................................................................................... 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 42

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 44

SITES CONSULTADOS......................................................................................... 45

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Evangeliário de Oto III..................................................................... 15

FIGURA 2 - Menino vestido como adulto............................................................ 16

FIGURA 3 - Os filhos da família Harbert............................................................. 17

FIGURA 4 - Crianças trabalhando na indústria têxtil......................................... 19

FIGURA 5 - Missionário e pregador mirim Matheus Moraes.............................. 29

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem proliferado no meio pentecostal a presença de

pregadores mirins. São crianças, desde muito pequenas até o início da

adolescência, que vestidas como adultas, são os oradores oficiais em cultos,

congressos e outras aglomerações de fiéis. Um detalhe que deve ser destacado, é

que essas crianças falam como se adultos fossem e suas mensagens são dirigidas a

um público adulto bem ao gosto carismático pentecostal. Esse fenômeno, que aqui

chamaremos de “adultização infantil” na liturgia, tem atraído a atenção da mídia

secular que desconfia serem essas crianças manipuladas por seus responsáveis

para levantamento de recursos financeiros por meio da pregação.

Neste trabalho queremos mostrar que a adultização infantil está presente em

algumas igrejas Assembleia de Deus. Ela acontece porque a liturgia da

denominação é adultocêntrica e que para alguma criança possa participar dela

precisa usar linguagem e estilo dos adultos. Por isso nos delimitamos no seguinte

tema: Adultização infantil na liturgia das Assembleias de Deus e seus efeitos

colaterais.

Essa pesquisa é importante porque se preocupa com o bom desenvolvimento

psíquico, social e espiritual da criança, podendo assim, contribuir para a

denominação, no cuidado dos cordeirinhos (crianças) do rebanho de Cristo. Pois,

por não existir uma prática litúrgica regular nas Assembleias de Deus voltada para o

público infantil, as crianças são pressionadas a adaptarem-se a um modelo de culto

próprio para os adultos.

Essa pesquisa tem como objetivo mostrar os efeitos colaterais na vida das

crianças que são vítimas de uma liturgia adultocêntrica nas igrejas Assembleias de

Deus e propor um ministério pastoral e uma liturgia que atenda ao público infantil.

Procurará responder as seguintes perguntas: Como acontece a liturgia nas

Assembleias de Deus? Qual a participação da criança nessa liturgia? Qual a

contribuição que a liturgia assembleiana oferece para o crescimento espiritual das

crianças: Quais são os efeitos colaterais? O que pode ser feito para amenizar essa

situação?

A metodologia utilizada para essa pesquisa foi inteiramente bibliográfica. No

primeiro capitulo será dado uma visão bíblica e sociológica da criança. Na

perspectiva bíblica será mostrado como a criança era vista no Antigo Testamento,

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em especial na cultura judaica, e como ela era considerada no Novo Testamento.

Ver-se-á também, numa ótica sociológica, o infante em três momentos da história:

Na Idade Média, Revolução Industrial e no século XXI.

No segundo capítulo, refletir-se-á sobre a adultização infantil na liturgia

assembleiana e suas consequências. Será observada qual a origem do termo liturgia

e seu significado no contexto religioso. Além disso, será visto como acontece o

roteiro litúrgico das Assembleias de Deus, e como se dá a adultização infantil nessa

liturgia e quais são seus efeitos colaterais.

No terceiro e último capítulo, será proposto para as igrejas Assembleias de

Deus a criação de um ministério pastoral infantil, que terá o propósito de

acompanhar e cuidar espiritualmente das crianças da igreja. Será proposto também

um modelo de culto para o público infantil e alguns cuidados que o dirigente deve

tomar ao estar na direção do mesmo.

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2 UMA VISÃO BÍBLICA E SOCIOLÓGICA SOBRE A CRIANÇA

Infância é uma referência aos primeiros anos do ser humano onde ele passa

por desenvolvimentos importantíssimos para sua formação para vida adulta. Durante

esse espaço de tempo a criança sofre transformações, cujas características físicas,

emocionais, mentais e espirituais precisam ser respeitadas, considerando as

limitações próprias de cada fase.

Contudo, de acordo com Ariés (2006), o conceito de infância nem sempre foi

entendido desta forma, e mesmo sendo, nem sempre foi respeitado. Neste capítulo

verificaremos a criança sob uma ótica bíblica e depois em três momentos

específicos na história: O primeiro, na Idade Média, onde a criança era vista como

um adulto em miniatura; depois no século XVIII, o período da Revolução Industrial,

tempo em que os infantes eram explorados no trabalho e que se cobravam deles o

mesmo desempenho de um trabalhador adulto, e, finalmente, no século XXI, onde

as crianças são expostas a uma rotina mais apropriada a adultos

2. 1. A CRIANÇA NA NARRATIVA BÍBLICA

Na Bíblia Sagrada encontram-se várias menções feitas às crianças e muitas

histórias onde elas foram personagens importantes no desenrolar da narrativa

bíblica. Por meio da leitura, é possível observar como a infância era considerada nos

tempos bíblicos. No Antigo Testamento os judeus tinham todo o cuidado na criação

de seus filhos, pois eram considerados como benção de Deus (Salmos 127. 3,

VRC). No Novo Testamento Jesus deu importância as crianças, usando-as como

exemplo para ensinar seus discípulos. O apóstolo Paulo também mostrou sua

preocupação para com os infantes ao escrever algumas recomendações aos pais a

respeito de seus filhos.

2. 1. 1 Antigo Testamento: A criança no costume judaico

No Antigo Testamento pode-se observar a criança que nasce e cresce em

uma família de cultura judaica cuja instrução era de acordo com a Lei de Deus. Na

família israelita o marido tem o papel de liderança no lar. Como líder da casa, ele

desempenha funções sacerdotais oferecendo sacrifícios e fazendo orações pela

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esposa e filhos. O marido era considerado a suprema autoridade da família, sendo

chamado pela própria esposa de senhor. Seus filhos, enquanto vivessem debaixo de

seu teto, deveriam ser sujeitos à autoridade paterna.

Os filhos eram tidos como propriedades do pai até ao período do casamento.

As meninas após completarem doze de anos de vida eram consideradas de maior

idade, podendo ser dadas ao noivado e depois de casadas seus cuidados eram

transferidos aos maridos e a família deles. Os rapazes demoravam um pouco mais,

casavam-se aproximadamente com dezoito anos de idade.

Depois de casados o casal ficava na expectativa de terem filhos, pois para os

judeus ter filhos significa ser abençoados por Deus. Por outro lado, o não ter filhos

era considerado maldição. “Quando a mulher não podia ter filhos, isso era uma

maldição de Deus porque significava praticamente a extinção da família” (GOWER,

2002 p. 61).

Apesar de o nascimento de uma criança ser considerado uma benção de

Deus, existia uma expectativa de terem filhos do sexo masculino para darem

continuidade à genealogia da família e também poderem ajudar os pais depois que

crescessem.

Embora todas as crianças fossem causa de alegria, os meninos eram a verdadeira benção. Os homens permaneciam na família e aumentavam assim seu tamanho e riqueza com esposas e mais filhos. As meninas, por outro lado, só eram valiosas pelo trabalho que faziam enquanto jovens e pelo dote que seria pago como uma forma de compensação quando elas se mudavam para outra família (GOWER, 2002 p. 61).

No entanto, apesar de haver uma preferência por crianças do sexo masculino,

o nascimento de uma menina era bem vindo à família judaica, pois a vida era dada

por Deus.

Os hebreus criam que a vida ― do homem e da mulher ―vinha de Deus. Por esta razão, nunca considerariam matar um de seus filhinhos. Em realidade, quando o profeta Nata procurou descrever o relacionamento íntimo de um pai com o filho, ele retratou uma filha nos braços do pai com a cabeça reclinada no seu regaço (2 Samuel 12:3) (PACKER; TENNEY; WHITE, 1988, p. 9).

Tanto meninos quanto meninas eram alvos da educação dos pais. As

instruções nos tempos veterotestamentário eram informais, não havia salas de aulas

e nem currículos para os alunos. Os pais eram os principais responsáveis por instruir

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os filhos acerca da vida religiosa e também da cotidiana (Deuteronômio 6. 1 – 7;

Provérbios 22. 6, VRC).

A criança descrita no Velho Testamento não é um ser perfeito, ela é humana,

comete travessuras e às vezes precisa da correção dos pais (Provérbios 22. 15,

VRC). A infância era vista como um tempo de formação e instrução para a vida

adulta.

2. 1. 2 A criança sob o olhar do Novo Testamento

Nos tempo do Novo Testamento, em especial nos evangelhos, a criança é

colocada em lugar de destaque por Jesus. Ele abençoou e curou as crianças. Elas

faziam parte da multidão que seguia o Salvador. O Senhor deu importância aos

pequeninos e usou as virtudes próprias da infância como exemplo a ser seguido

pelos seus discípulos.

Jesus, no decorrer de seu ministério, teve tempo para passar alguns

momentos com as crianças. Certa vez, quando levaram algumas crianças para

serem tocadas pelo Senhor, os discípulos impediam que elas chegassem até ao

Mestre. Marcos registra em seu Evangelho que Jesus ficou indignado ao ver essa

cena e mandou deixar as crianças chegarem até Ele, e as tomou em seu braço e

abençoou-as (Marcos 10. 13 – 16, VRC).

Em outro momento quando os discípulos queriam saber qual deles seria o

maior no reino dos céus, Jesus pegou uma criancinha e colocou-a no meio deles,

E disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus (Mateus 18. 3, 4 VRC).

Neste texto Jesus usa a criança como um modelo de humildade a ser seguido

por aqueles que querem ser os maiores no reino dos céus. Para entrar no reino dos

céus é necessário se despojar de todo o orgulho, briga por poder e se tornar humilde

como criança.

No Novo Testamento a criança recebe enfoque maior nos Evangelhos. Os

relatos de Mateus e Lucas registram o nascimento do menino Jesus. Desta forma,

eles informam aos seus leitores que Deus entrou na história da humanidade na

figura de uma criança. Jesus no exercício de seu ministério, não atendeu somente

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aos adultos, Ele tinha tempo para as crianças. Elas foram curadas, ressuscitadas e

alimentadas pelo Senhor.

No entanto, a preocupação pelos pequeninos no Novo Testamento não está

restrito apenas aos Evangelhos, Paulo em suas orientações às igrejas e líderes

lembrou-se das crianças. Considerou, por exemplo, a importância da instrução que

Timóteo recebeu durante a infância (2Timóteo 1. 5; 3. 15 VRC).

Ao orientar os crentes de Corinto com relação ao casamento, Paulo diz que

os filhos dos que servem ao Senhor são santos (1Corintios 7. 14, VRC). Para a

igreja de Éfeso o apóstolo da graça ensina aos filhos a obedecerem e a honrarem

aos pais e que estes não provoquem a ira em seus filhos (Efésios 6. 1 – 4, VRC).

Aos líderes Paulo ensina que um dos itens para qualificação ministerial é instruir

seus filhos na fé e na obediência (Tito 1. 6, VRC).

Por meio das Sagradas Escrituras é possível perceber o cuidado e a

apreciação que Deus tem pelas crianças. Para os cristãos ortodoxos, o Deus Todo

Poderoso, em sua encarnação, valorizou a infância entrando na história da

humanidade, para implantar seu Reino, como um bebê.

2.2 IDADE MÉDIA: AS CRIANÇAS REPRESENTADAS NA ARTE

A moderna concepção da infância se difere muito da que se tinha na Idade

Média. Neste período da história ainda que houvesse afeição pelas crianças, suas

particularidades não eram levadas em conta. Os infantes, nos seus primeiros anos,

eram paparicados, serviam como objeto de diversão para os adultos e, logo que,

conseguissem enfrentar sozinhos os perigos da infância, eram inseridos no mundo

dos adultos, frequentando os mesmos lugares e compartilhando as mesmas

conversas.

Observa-se nas obras de arte desse período crianças como adultos em

miniatura, sendo retratadas sem suas características próprias e parecendo adultos

em miniaturas. Ariès afirma que (2006, p. 19) “até por volta século XII, a arte

medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É mais provável que

não houvesse lugar para a infância neste mundo.” Percebe-se isso na figura 1, uma

miniatura do século XI do Evangeliário de Oto III, representando a passagem do

Evangelho em que Jesus fala para seus discípulos deixarem as crianças ir até Ele.

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Figura 1 - Evangeliário de Oto III Fonte: http://www.esacademic.com/dic.nsf/eswiki/700105

A figura mostra literalmente dois homens em miniaturas representando duas

crianças. “Apenas seu tamanho os distingue dos adultos” ARIÉS (2006, p. 17). O

pintor medieval retratava o conceito que a sociedade daquela época tinha da criança

e a forma sem afeto como as pessoas mais velhas tratavam-na.

Em torno do século XIII, o retrato das crianças evoluiu e se aproximou mais

do sentimento moderno. Nas pinturas desse século, alguns artistas já desenhavam

os pequeninos recebendo carinho por parte dos seus familiares. Segundo Ariés

(2006, p.19):

Na Bíblia Moralizada de São Luís, encontramos cenas de famílias em que os pais estão cercados por seus filhos, com os mesmos acento de ternura do jubé de Chartres; por exemplo, num retrato da família de Moisés, o marido e a mulher dão as mãos, enquanto as crianças (homenzinhos) que os cercam estendem a mão para mãe.

Porém, essa evolução foi possível graças ao sentimento materno de Maria,

mãe de Jesus, representado nas pinturas do século XII.

A evolução em direção a uma representação mais realística e mais sentimental da criança começaria muito cedo na pintura: numa miniatura da segunda metade do século XII, Jesus em pé veste uma camisa leve, quase transparente, tem os dois braços em torno do pescoço de sua mãe e se aninha em seu colo, com o rosto colado ao dela (ARIÉS, 2006, p. 19).

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No entanto, as demonstrações de afetividades para com as crianças eram

raras, a afeição nas paisagens limitava-se apenas ao menino Jesus. Somente a

partir do século XIV ela foi desenvolvida e expandida pela contribuição da arte

italiana. Contudo, a criança não era vista como adulta unicamente pelas

representações artísticas, as vestes que elas usavam, por exemplo, é um retrato de

como a sociedade desconsiderava a infância.

2. 2. 1 O traje das crianças medievais

A indiferença para com as crianças não era notada somente nas imagens que

as retravam como um adulto em miniatura. O modo que se vestiam mostra como a

infância era considerada. O recém nascido ficava com o corpo enrolado em uma

faixa de tecido, chamada cueiro, e, logo que parasse de usá-la, já começava a se

preparar para a maturidade, pois “nada, no traje medieval, separava a criança do

adulto” (ARIÉS, 2006 p. 32).

Figura 2: menino vestido como adulto Fonte: http://arteseanp.blogspot.com/2010/09/imagem-semanal-maca.html

Somente no século XVII, a criança que pertencia à nobreza passaria a usar

vestes diferentes dos adultos. Entretanto, as que eram pobres ainda continuariam a

usar as mesmas roupas que seus pais usavam, só que em tamanho reduzido.

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Figura 3: Os filhos da família Harbert Fonte: http://www.philippedechampaigne.org/The-Habert-de-Montmort-Children,-1649.html

Mesmo assim, as diferenças que existiam nas roupas de uma criança de

classe nobre para a de um adulto da mesma classe social, eram mínimas. Ao

descrever a figura 3, Ariés (2006, p. 32 e 33) diz que:

O mais velho, de dez anos, já se veste como um homenzinho, envolto em sua capa: na aparência, pertence ao mundo do adulto. [...] Mas os dois gêmeos, que estão afetuosamente de mãos dadas e ombros colados, têm apenas quatro anos e nove meses: eles não estão mais vestidos com adultos.

As crianças abaixo de dez anos, em relação às vestes, tinham a infância

considerada, porém, as de dez anos em diante, ainda continuavam a viver, em todos

os sentidos, como adultas. A falta de sentimento da infância não ficou restrita

apenas à Idade Média. A adultização precoce também ocorreu durante a Revolução

Industrial na Inglaterra.

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2. 3 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: CRIANÇA TRABALHANDO COMO ADULTO

A Revolução Industrial teve início na Inglaterra no século XVIII e depois se

espalhou para outros países da Europa. Caracterizou-se pelo avanço da tecnologia

que possibilitou a criação de vários tipos de máquinas e como resultado “[...] um

novo modo de vida surgiu, marcado pela produção em massa, pela expansão das

cidades e pela divisão da sociedade em burgueses e proletários” (MELANI, ed. resp.

2006, p. 62). Um novo tempo havia chegado: o tempo das fábricas.

Duas classes sociais se destacaram durante a Revolução Industrial: a

burguesia e o proletariado. A burguesia era formada pela classe social dominante,

os ricos, donos dos comércios, bancos e fábricas e o proletariado era a classe social

compostas pelos cidadãos pobres, que trabalhavam para a burguesia.

Devido aos avanços tecnológicos, os serviços do homem foram sendo

substituídos pelos das máquinas. De produtor, o homem passou a ser um operador

de máquinas. Com isso, o trabalhador teve que se adaptar a uma nova realidade.

Como a produção devia ser cada vez mais rápida, o homem teve de ajustar sua vida a esse novo ritmo, trabalhando mais hora por dia a uma velocidade cada vez maior. Quem definia o ritmo do trabalho era a máquina, que, por sua vez, era controlada pelos empregados mais graduados da fábrica e, acima destes, pelo patrão (MELANI, ed. resp. 2006, p. 63).

Em busca de mão-de-obra barata, os burgueses passaram a contratar as

crianças para trabalharem nas fábricas. A princípio só as que viviam nos orfanatos

eram entregues aos patrões para trabalharem como aprendizes nas fábricas e nas

minas. Porém, com o passar dos tempos, mesmo as que tinham famílias eram

empregadas, a fim de ajudarem nas despesas da casa.

As crianças contratadas passaram a ter as mesmas responsabilidades de um

adulto. Cumpriam uma longa jornada de trabalho e operavam máquinas brutas que

ofereciam perigo. Muitas sofriam acidentes, perdiam partes da mão e do braço,

devido à pressão que eram submetidas.

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Figura 4: Crianças trabalhando na indústria têxtil Fonte: http://profvalquiriahistoria.blogspot.com/2009/05/as-muitas-faces-da-revolucao-industrial.html

As crianças que eram encontradas descansando no horário de serviço eram

severamente agredidas por seus supervisores. Quando caía o rendimento de seus

trabalhos, levavam socos e outros tipos de punições, para que, por meio da

correção, continuasse a manter a produtividade necessária. Quando elas não

aguentavam mais o sofrimento, fugiam, eram presas e fichadas na polícia. Essa

adultização precoce que ocorreu na Idade Média e na Revolução Industrial surge no

século XXI com outra roupagem, desafiando pais e especialistas.

2. 4 A CRIANÇA DO SÉCULO XXI: RETRATOS DE UMA GERAÇÃO QUE EVOLUI

ASSUSTADORAMENTE

A criança da primeira década do século XXI é bem diferente do século

anterior. Antes a turma reunia-se para brincar de pique-esconde, bola de gude, rodar

pião. As meninas se divertiam com o jogo queimado, amarelinha, pular cordas e

outros passatempos próprios para crianças.

No entanto, essas brincadeiras ficaram no passado. Foram trocadas pelas

atividades extracurriculares. Após o período escolar, as crianças têm compromisso

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com a aula de balé, curso de informática, treino de futebol e com isso, o tempo fica

todo preenchido sem poder desfrutar das coisas próprias da infância. Todas essas

ocupações são para preparar as crianças para o mercado de trabalho que cada dia

fica mais exigente e competitivo. Por isso, os responsáveis, preocupados com o

futuro de seus filhos, matriculam-nos em vários cursos, para que, quando chegarem

à idade de trabalhar, possam estar prontos a disputar as vagas oferecidas pelas

empresas.

Em relação à realidade em que as crianças se encontram, em entrevista a

Paloma Alvarez, aluna de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, a

psicóloga Cleusa Sakamoto disse que “A infância é um período de desenvolvimento

que se tornou menor, trazendo uma perda significativa na estruturação da

personalidade do futuro jovem” (SAKAMOTO apud ALVAREZ, 2009, p. 3).

Devido aos muitos compromissos impostos sobre as crianças e a cobrança

dos pais e educadores, elas acabam adquirindo problemas de saúde por não terem

estrutura para suportar tal carga.

Estresse e compromissos. Adultos não são os únicos que sofrem com esses problemas. De acordo com um levantamento realizado com 400 estudantes de 7 a 12 anos pela Universidade São Marcos de São Paulo, 40% dos alunos apresentavam sintomas de estresse. Desse percentual, 51% das crianças sofriam de insônia e 76% apresentavam alterações de comportamento. (ALVAREZ, 2009, p. 3)

A criança do século XXI trocou as brincadeiras próprias da infância por

hábitos e costumes de adultos. Elas se vestem semelhante às pessoas mais velhas,

comem os mesmos alimentos e assistem programas indicados ao público adulto

como se fosse normal. Um dos fatores que favorece essa adultização é a ausência

dos pais ou dos responsáveis, que por motivo de trabalho, deixam a criança passar

a maior parte do tempo sob o cuidado de outras pessoas. “Com isso, vão-se

enfraquecendo os referenciais de identidade das crianças” (AMORESE, 1998, p. 83).

A identidade da criança passa a ser formada a partir dos referenciais que a

mídia apresenta: a atriz principal da novela que se veste de forma sensual; o jogador

de futebol, que engravida uma adolescente e diz que vai assumir o filho, mas não

quer nenhum compromisso com a mãe do bebê. Quando a televisão exalta essas

pessoas sem analisar suas ações, está formando no entendimento da criança a

ideia de que os valores morais seguidos pelas celebridades são corretos.

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Quando ela passa muito tempo assistindo televisão, não só o comportamento

dos astros influencia em sua adultização precoce, mas também, a enxurrada de

cenas fortes que aparecem nos filmes e nas novelas. São situações que envolvem

traição, homossexualismo, divórcio, assassinato e muitas outras que mexem com os

seus sentimentos, que não estão preparados para suportar tais emoções. Silva

(2010, p.7) diz que:

Devemos levar em consideração que a influência da mídia televisiva tem atingido nossas crianças dentro de casa, só que, às vezes de maneira imperceptível. A mente delas é bombardeada de informações, e não são poucos os casos de crianças perturbadas e perdidas nas suas emoções.

Por esse motivo os responsáveis deveriam monitorar o que seus filhos estão

assistindo na televisão e selecionar quais os programas que eles podem ver. Porém,

isso não é tudo, nos dias de folga do trabalho, podem levar as crianças para

passear, jogar bola com elas, praticar esportes e mostrar o quanto vale a pena

desfrutar os momentos da infância.

Infelizmente, a adultização precoce chegou aos arraiais evangélicos. Existem

crianças que imitam, ou são incentivadas a imitarem, o modo com que os adultos, de

mais influência na igreja, se vestem. Em outros casos os próprios responsáveis

incentivam seus filhos a usarem colete, terno e gravata e a imitarem os gestos e a

voz dos famosos pregadores e cantores. As crianças que conseguem falar e agir

semelhantes aos adultos são taxadas de espirituais, enquanto as que têm atitudes

infantis são severamente repreendidas no culto.

Os infantes que conseguem se destacar no vestir, falar e agir semelhantes

aos obreiros são convidados para pregarem em várias igrejas e até em congressos.

Nas mensagens comunicadas por estes pregadores mirins, nota-se claramente

como eles copiam os jargões das pessoas que eles admiram. Quando as lideranças

permitem que as crianças assumam personalidades de adultos, estão, na verdade,

prejudicando a infância e a formação psicológica delas.

O fenômeno da adultização precoce tem prejudicado seus sentimentos, formando confusão no seu desenvolvimento psicológico. Os questionamentos são diversos, quando, nesse período, o desenvolvimento de seus papéis infantis é invadido pelas necessidades de assumir papéis de adulto, comprometendo sua personalidade com sérias conseqüências psicológicas (SILVA, 2010, p. 9).

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A infância é uma etapa da vida que precisa do acompanhamento e cuidado

dos pais, educadores, pastores e lideres de crianças. É nessa fase que o caráter é

formado de modo positivo ou negativo. A criança precisa ser tratada tal como ela é,

suas fragilidades, tanto física como mental, precisam ser respeitada, para que

tenham um desenvolvimento sadio e construa uma boa personalidade para vida

adulta.

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22

3 ADULTIZAÇÃO INFANTIL NA LITURGIA ASSEMBLEIANA E SUAS

CONSEQUÊNCIAS

Em muitas igrejas pentecostais os cultos são adultocêntricos. Nas liturgias

que são realizadas para adorar e servir a Deus, percebe-se a desconsideração pelo

público infantil, pois eles não entendem a linguagem que é usada pelos líderes.

Quando não, as crianças que se comportam de modo incompatível às suas idades

agindo como adultas, recebem oportunidades nos cultos para cantar, orar e até

pregar.

Neste capítulo será falaremos sobre a Adultização da Criança na liturgia das

igrejas Assembleias de Deus. Será explicado o que é liturgia, de onde surgiu o

termo, seu desenvolvimento e como passou a ser usado no meio religioso. Será

visto também o uso da liturgia no contexto assembleiano e como as crianças

participam dela. Comentaremos sobre os estágios do desenvolvimento cognitivo da

criança e seus efeitos colaterais.

3. 1 LITURGIA: ORIGEM DO TERMO

A palavra “liturgia” tem sido empregada de forma errada por muitos líderes e

crentes evangélicos. Normalmente entende-se que liturgia é a programação do culto,

e frequentemente o termo é usado associando-se a um culto engessado, frio e

controlado pelo homem, impedindo assim a operação do Espírito Santo no culto.

A definição do termo liturgia de acordo com Andrade (2000, p. 206) é:

[Do Gr. Leiturgia, serviço divino] Culto público oficializado por uma igreja. Ritual. Forma pela qual um culto público é dirigido. A palavra liturgia significava, originalmente, serviço ou dever público. Com a evolução dos séculos passou a designar, no Cristianismo, a linguagem, gestos, cânticos e parâmetros usados no culto público e nas reuniões de adoração e exposição da Palavra de Deus. [grifo do autor].

A palavra liturgia tem sua origem entre o povo grego. Costa (1984, p. 14) diz

que,

A palavra “liturgia” é a transliteração aportuguesada do termo grego “leitourgía”, que pode significar o “serviço público ou particular feito por um cidadão”. As variantes da palavra são: “leitourgós”, formada por duas palavras: “leitos” (Público) e “ergos” (Serviço), (ação). Assim sendo, a sua

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tradução literal seria: “Servidor Público”. Esta palavra é pouco encontrada no grego secular e, normalmente recebe a tradução de “artífice”. “Leitourgéõ” (Eu ministro, sirvo) e, “leitourgikós” (Ministrante).

Então, pode-se dizer que, liturgia significa “serviço”. A palavra “leitourgía”

passou por quatro estágios diferentes, são eles: Primeiro significava o serviço,

voluntário ou obrigatório, prestado à Pátria; depois passou a significar a realização

de um serviço que o Estado impunha sobre o cidadão, neste caso, a prestação de

serviço era obrigatória; em seguida o termo tornou-se amplo, ao ponto de descrever

qualquer tipo de serviço; e por último, passou a ser utilizado no sentido religioso,

descrevendo os serviços prestados pelos sacerdotes e pelos servos que serviam os

deuses nos templos, no período do Novo Testamento e também no primeiro século

da Era Cristã (COSTA 1984, p. 14).

3. 1. 1 Uso bíblico – Septuaginta e Novo Testamento

Essa tradução ficou conhecida como “Septuaginta” “versão grega do Antigo

Testamento, preparada por um grupo de setenta e dois eruditos, em Alexandria, no

terceiro século antes de Cristo” (BOYER 1998, p. 575). Ao traduzi-las os tradutores

usaram o termo “leitourgía” (Serviço Público) no contexto religioso para descrever o

serviço prestado pelos sacerdotes e levitas (CHAMPLIN 2008, P. 864).

O Novo Testamento foi escrito em grego e seus escritores também

empregaram, assim como na Septuaginta, o termo “leitourgia” para se referir aos

serviços religiosos.

De acordo com Champlin (2008, p. 864):

o Novo Testamento utiliza-se dela (leitourgía) por seis vezes: Luc. 1: 23; II Cor. 9: 12; Fil. 2: 17, 30; Heb. 8: 6 e 9: 21. Em Luc. 1: 23 referindo-se aos dias de ministração ou serviço, prestado por Zacarias. Em outras passagens está em foco o serviço prestado por cristãos, em várias situações.

3. 2 LITURGIA NAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL

A igreja Assembleia de Deus no Brasil foi fundada no ano de 1911 pelos

missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren. Ambos desembarcaram no

porto de Belém do Pará no dia 19 de novembro de 1910, em obediência a uma

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chamada de Deus para esse local com a missão de pregar o Evangelho e a

propagar a doutrina do batismo no Espírito Santo.

Suas primeiras reuniões eram realizadas na casa de Henrique Albuquerque,

esposo de Celina Albuquerque, considerada, pela denominação, a primeira pessoa a

ser batizada pelo Espírito Santo no Brasil. “Assim, em junho de 1911, esta reunião

formou a base de uma igreja denominada Missão da Fé Apostólica, que

posteriormente viria a ser chamar Assembleia de Deus” (PAULA, 2010 p. 147).

Desde então a denominação Assembleia de Deus cresceu e se espalhou por

diversos Estados brasileiros.

[...] Segundo os dados do IBGE no Censo de 2000, as Assembleias de Deus alcançaram o número de 8. 418. 140 adeptos, em um total de 17. 617. 307 evangélicos pentecostais e de 26. 184. 941 protestantes na sua totalidade; ou seja, podemos afirmar, aproximadamente, que de cada dois evangélicos pentecostais, um é assembleiano, e de cada três evangélicos existente no Brasil, um é das Assembleias de Deus (PAULA, 2010 p. 155).

Como é comum nas igrejas pentecostais, os cultos das Assembleias de Deus

caracterizam-se por orações, testemunhos (comuns nas reuniões de oração),

pregações empolgantes e por manifestações de dons espirituais como, por exemplo,

os de línguas estranhas e os de profecia.

O “culto cristão”, sob uma perspectiva pentecostal, poderia ser definido como: O ajuntamento solene da Igreja, com fins de adorar a Deus mediante a liturgia, associada aos elementos comuns de cada cultura popular ou denominacional, aberto a livre manifestação da ação e dos dons do Espírito com decência e ordem (1 Co 14.26, 40) (GERMANO, 2011 http://www.altairgermano.net/2011/05/o-genuino-culto-pentecostal-subsidio.html)

As assembleias de Deus realizam, em média, três cultos por semana, sendo

um o Culto de Doutrina, restrito, em sua maioria, aos membros da igreja, pois serve

para “ensinar de forma dogmática, isto é, aquilo que se ensina é fixado na igreja

como padrão de conduta para todos os crentes, são as doutrinas bíblicas [...]”

(OLIVEIRA, 2001 p. 12) e os outros dois são chamados de Culto Público.

“Consideraremos em primeiro lugar o que é conhecido por todos nós como o CULTO

PÚBLICO, que é o ofício sagrado que permite a todas as pessoas participarem.

Normalmente, o chamamos de culto evangelístico [...]” (OLIVEIRA, 2006 p. 8).

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O livro “O Culto e suas Formas” do pastor Nemuel Kessler e o livro “Manual

de Cerimônias” do pastor Temóteo Ramos de Oliveira, publicados pela Casa

Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), servem de orientação para os

obreiros prepararem e dirigirem o culto.

A liturgia do Culto Público proposta por ambos os autores contém as

seguintes partes:

Hinos – Os hinos entoados são os da Harpa Cristã, hinário das igrejas

Assembleias de Deus, e também há os louvores cantados em grupo ou

individualmente. “A música não pode ser esquecida durante o culto, e a sua

execução não pode ser desequilibrada ao ponto do culto ser afetado em seu

conteúdo” (KESSLER, 2007 p. 22).

Leitura Bíblica – Oliveira (2001 p. 8) instrui o seguinte:

Após a oração inicial e a entoação de um hino pela Congregação, far-se-á a leitura bíblica oficial, pedindo sempre a ajuda do Senhor para trazer um texto que contenha no seu bojo uma mensagem clara que, de plano, seja compreendida pelos ouvintes, e produza efeitos espirituais imediatos em seus corações. Esta leitura geralmente é feita pelo dirigente do culto ou por alguém por ele designado.

Oração – Geralmente antes do início do culto ora-se de joelhos. Essa oração

é organizada pelo dirigente e, na falta deste, um obreiro assume a

responsabilidade de orar. “Feita a leitura, far-se-á outra oração na qual todos

os pedidos serão apresentados, bem como se dará graças ao Senhor por

seus favores” (OLIVEIRA, 2001 p. 8).

Contribuição – Segundo Kessler (2007, p. 39), “Quando nada se oferta a

Deus, o culto não pode ser perfeito [...]. Um culto sem oferta é um culto anti-

bíblico, pois as ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador”.

Pregação – É a última parte do culto. O pregador precisa de tempo suficiente

para transmitir a mensagem de Deus.

Essa programação litúrgica é seguida por quase todas Assembeias de Deus

existente no Brasil.

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3. 2. 1 Participação das crianças na liturgia assembleiana

Nos manuais que orientam os obreiros das Assembleias de Deus a

prepararem a liturgia, não há a preocupação em falar de um culto que permita a

participação das crianças de forma mais efetiva. A única preocupação para com os

infantes é em programação onde há apresentação de crianças. Fora isso, a citação

feita é para orientar que os pequenos não atrapalhem a ordem do culto.

Kessler (2007 p. 52) orienta o seguinte: “Se o teu filinho inquietar-se, é

preferível que te retires com ele a permitires que ele perturbe o culto enquanto

procuras aquietá-lo dentro do santuário”.

Na verdade, o que acontece nas Assembleias de Deus relacionado às

crianças no culto tem ocorrido também em outras denominações. As crianças

parecem que são invisíveis na liturgia. A participação que elas possuem é a de

cantar um louvor e depois tem que ficar quietas durante o culto para não impedirem

os adultos de adorarem a Deus.

Ariovaldo Ramos (2010 p. 78) declara:

É preciso reconhecer que a igreja evangélica não tem dado o devido lugar à criança. Muitos programas para crianças na verdade são uma forma de elas não “atrapalharem” os adultos. Elas são postas num canto, porque, afinal, quem vai prestar culto a Deus são os adultos. Quem pensa dessa forma não compreende que o verdadeiro louvor vem da boca de pequeninos. Portanto, em vez de apartar as crianças, deveríamos ficar de joelhos e aprender com elas.

Sendo assim, a participação da criança no culto fica restrita à apresentação

do grupo infantil. Nenhuma outra oportunidade é dada, para ler um versículo da

Bíblia, fazer uma oração ou até mesmo ajudar a recolher as ofertas. Como não tem

participação direta nos cultos, a liturgia passa a ser algo cansativo e chato, daí o

desejo dos infantes ficarem correndo dentro do templo ou no pátio da igreja.

3. 3 ADULTIZAÇÃO INFANTIL NA LITURGIA ASSEMBLEIANA E SEUS EFEITOS

COLATERAIS

As crianças que geralmente tem oportunidade e visibilidade para se

apresentarem nos cultos são aquelas que agem como adultos. Elas conseguem

oportunidades para participar da liturgia, seja cantando, seja pregando. Não importa

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a idade que a criança tenha, e sim, se ela tem alguma habilidade para se comunicar.

“Quem nunca viu um com menos de dez anos vestido de terno e gravata, cantado,

pregando ou dirigindo um culto?” (TULER, 2010 p. 44).

Estou preocupado com a nova geração de pregadores. E me sinto incomodado com os chamados pregadores mirins, que são, na verdade, meninos de 8, 10, 12 anos que estão imitando famosos animadores de auditório. E, pasmem, já existe até bebê avivalista! (ZIBORDI, 2011

http://teologiadaprosperidade.com.br/tag/pregadores-mirins-2/).

O pastor metodista Ronan Boechat (2010, http://www.creio.com.br /2008

/mensagens01.asp?noticia=368) declara:

Encontramos também algumas igrejas que estão se valendo das “crianças pródigos” (que se destaca por habilidades especiais, diferentes da maioria das outras crianças) para “ministrarem” a palavra, realizando capacitações, levando-as a serem meras repetidoras de termos, posturas e outros de adultos.

Com o objetivo de reunir os cantores e pregadores mirins, o pastor Walter

Luz, líder da Assembleia de Deus Ministério Planalto em São Paulo, realizou em

fevereiro de 2008 o primeiro encontro de missionários mirins do Brasil, conhecido

como os “Gideõeszinhos Missionários o Maior Encontro de Pregadores Mirins do

Brasil”. Desde então o congresso acontece anualmente. De acordo com o pastor

Walter Luz (2010, http://www.gideoeszinhos.com.br/historia.html):

[...] O sonho dos gideoeszinhos [sic] foi motivar e apoiar esta geração de pregadores mirins considerando que não é necessário que elas se tornem adultas para tal chamado. [...] É preciso acreditar no potencial dessas crianças. Deus pode usá-las. Não é necessário que cresçam para que façam a obra de Deus. Elas podem levar o colega de escola a Cristo, orar pelo pai que está doente, fazerem uma ação social e promoverem a mudança da sociedade.

Uma das personalidades que participa do encontro “Gideõeszinhos” é o

missionário e pregador mirim Matheus Moraes. Membro da Assembleia de Deus,

ministério Madureira, o missionário mirim que prega desde os seis anos de idade, já

pregou em várias partes do Brasil e no exterior. Ele é considerado por seus

seguidores como um pregador avivalista.

Em 2006, no 3º Seminário de Crescimento Espiritual [Matheus Moraes] foi intitulado Missionário Mirim pela Presidente Nacional da Cibe Missª Marvi

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Ferreira esposa do nosso então Pr. Dr. Abner de Cássio Ferreira (presidente da Catedral da Assembléia de Deus em Madureira-RJ). No mesmo ano, fez cerca de 250 ministrações no Brasil, onde o Senhor operou maravilhas, curou enfermo, Batizou com Espírito Santo, renovou dons e o de mais precioso; almas se renderam aos pés de

Jesus. (http://www.matheusmoraes.com.br/biografia/).

Figura 5: Missionário e pregador mirim Matheus Moraes Fonte: http://www.matheusmoraes.com.br/biografia/

Adultizar as crianças ou impedir sua participação na liturgia, é contribuir para

que elas antecipem as experiências da vida adulta e somar para que tornem-se

pessoas individualistas. A participação da criança no culto, sem que ela precise se

comportar como adulta, é importante para que ela sinta-se aceita e aprenda a viver

em comunhão. O pastor Ronan Boechat (2011, http://www.creio.com.br/2008/

mensagens01.asp?noticia=368) em uma reflexão sobre a participação da criança no

culto disse o seguinte:

As crianças, portanto, não têm a compreensão e a experiência das pessoas adultas, mas elas têm compreensão e experiência próprias de uma criança de 4, 5, 6, 10, ou 12 anos, e essa experiência precisa ser reconhecida, valorizada e discipulada, ou seja, tornada parte da vida da Igreja através da participação da criança. Criança que não participa não se sente parte. Criança que não aprende a participar vai crescer sem saber participar coletivamente e muito possivelmente vai ser uma pessoa que repete a exclusão das crianças do processo de participação na Igreja, na família, etc... E quem não aprende a participar (fazer junto) dificilmente será alguém que saiba trabalhar em equipe. Assim, a participação das crianças na Igreja,

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e particularmente no culto, é um tipo de educação onde a criança aprende a ter uma participação correta e alegre, onde a criança aprende a ter responsabilidades e prazer com o culto e com as coisas da Igreja e de Deus, onde a criança aprende muito mais sobre a relação com Deus e sobre o grande amor de Deus.

Como foi visto, a desconsideração pela criança e também a adultização

infantil é algo presente na liturgia das igrejas Assembleias de Deus. Os líderes e

responsáveis devem orientar os infantes sobre o valor de ser criança, a respeitar as

etapas de desenvolvimento e a repelir comportamentos adultos inadequados para

eles.

3. 3. 1 Etapas do desenvolvimento cognitivo da criança

Jean Piaget, um dos nomes que mais influenciou a educação durante a

segunda metade do século XX, dedicou-se à observações científicas a respeito do

desenvolvimento cognitivo da criança. Esse processo precisa ser respeitado, ou

seja, é importante não queimar as etapas, para que a criança atinja uma maturidade

saudável em todos os aspectos. Para Piaget, “o pensamento infantil passa por

quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a

capacidade plena de raciocínio é atingida” (http://revistaescola.abril.com.br

/historia/pratica-pedagogica/jean-piaget-428139.shtml).

Os quatros estágios do desenvolvimento cognitivo infantil são:

Estágio sensório motor (0 aos 2 anos) – Nesse período o comportamento da

criança é basicamente motor. A criança passa pela fase dos reflexos e até ao

desenvolvimento das primeiras palavras.

É um dos períodos mais complexos. Ocorre a organização do desenvolvimento da criança, nos aspectos perceptivos, motor, intelectual, afetivo e social. Começa com reflexos que aos poucos vão se transformando em senso-motores (JESUS, 2010 p. 11).

Estágio pré-operatório (2 aos 7 anos) – Durante esse período ocorre o

desenvolve o domínio da linguagem e o da representação de símbolos para

se comunicar. Nesta fase a criança fica egocêntrica sem querer dividir suas

coisas com o outro. Jesus (2010 p. 19) declara que:

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Essa característica só será amenizada aos cinco ou seis anos de aproximadamente, quando a criança passará a construir novos conceitos e aprender a se relacionar melhor com os outros. É a fase em que começa a tomar consciência do mundo que está à sua volta, desenvolvendo melhor a comunicação, passando a ouvir melhor os outros e se tornando capaz de emprestar aquilo que é seu, aprendendo a compartilhar e fazer parte de um grupo.

Estágio operatório concreto (7 aos 12 anos) – Nesse período a criança

começa a ter a capacidade de raciocino, consegue enxergar a totalidade por

diversos ângulos e solucionar problemas concretos por meio da lógica.

Nessa fase a criança torna-se capaz de organizar as sua ideias em sequência. A teoria de Piaget nos mostra, ao estudar os períodos das operações concretas, que, além de o período ser bastante diversificado, a sua origem está sempre em processo que evoluem progressivamente de motores para perceptivos ou intuitivos (JESUS, 2010 p. 21).

Jesus (2010 p. 21) segue dizendo o que:

É a partir daí que a criança começa a demonstrar a necessidade de um espaço para encontrar amigos e brincar. Não é mais tão divertido a diversão apenas com os seus brinquedos, é necessário a companhia dos amigos para que a brincadeira seja realmente interessante. É o surgimento das relações sociais na sua vida, o primeiro interesse de pertencer a um grupo.

Estágio formal (após os 12 anos) – A criança quando chega nesse período já

não precisa de objetos concretos para raciocinar. Ela já é capaz de julgar

entre hipóteses e ideias abstratas.

Um educador ou líder de crianças deverá respeitar cada uma dessas fases,

trazendo ensino adequado para a capacidade de entendimento do infante, e que

possa atender as necessidades de cada estágio do desenvolvimento cognitivo da

criança.

3. 2. 2 Os efeitos colaterais que ocorrem quando se pula as etapas do

desenvolvimento da criança

As etapas do desenvolvimento do ser humano precisam ser respeitadas. Para

que a criança tenha um futuro feliz, ela precisa aproveitar cada momento da infância.

Quando o período infantil é negligenciado os reflexos são vistos na adolescência e

durante toda a vida adulta.

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A educadora infantil Cris Poli em seu livro “Viva a Infância” conscientiza a pais

e responsáveis que quando a criança tem uma infância saudável, isto é, vive como

criança, possivelmente, será um adulto que saberá lidar com a vida de modo

equilibrado. Pelo contrário, quando as crianças são transformadas em miniadultas

terão sérios problemas na formação de sua personalidade, tornando-se um adulto

inadequado.

Poli (2009, p. 1) declara que:

O maior risco para uma criança que não vive a infância plenamente é não usufruir de coisas próprias dessa fase, como brincadeiras, conversas, relacionamentos com pais, família e amigos. Ela vai sentir falta disso quando for adolescente ou adulto. Isso não ficará claro em sua mente, mas gerará uma inadequação em seu comportamento. Essa inadequação pode vir em forma de insegurança ou até mesmo de falta de sociabilidade.

Muitas crianças estão perdendo a infância por viverem sobrecarregadas de

compromissos. Com o objetivo de prepara melhor as crianças para a vida

profissional, os responsáveis ocupam o tempo vago que elas têm deixando-as

sobrecarregadas com muitas atividades. “[...] essa boa intenção acaba tendo efeitos

colaterais muito sérios: uma perda da auto estima e do prazer da infância” (Poli,

2009 p. 33, 34).

As crianças que frequentam às igrejas Assembleias de Deus e que são

sobrecarregadas, pelos responsáveis ou líderes, de afazeres impróprios para suas

idades, serão adultos com problemas de relacionamentos e desprovidos de prazer

naquilo que fazem.

Sobrecarregar seus filhos com compromissos e cobrar demais deles tem como consequência sua transformação em adultos totalmente despreparados para a vida e para relacionamentos, incapazes de sentir prazer no que fazem e de se entusiasmar com sua profissão e com a própria vida – efeitos totalmente contrário aos planos dos pais que agem com intenção de preparar as crianças para um futuro melhor (Poli, 2009 p. 35).

Existem pessoas que enaltecem as crianças que amadurecem mais rápido do

que outras. No entanto, nem sempre isso é saudável, pois é preciso saber quais

fatores externos tem estimulado tal amadurecimento e porque,

O amadurecimento precoce da criança interfere no ciclo natural de seu desenvolvimento e não faz bem à formação de sua personalidade, além de

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gerar ansiedade e estresse na criança, impedindo que ela tenha uma infância feliz (Poli, 2009 p. 72).

E sobre os efeitos colaterais deste amadurecimento precoce Poli (2009, p.

105) declara que:

Essa realidade implica em uma infância pobre, pouco feliz e desnorteada, que gera adolescentes desajustados e adultos frustrados e dependentes. Estimulamos o desenvolvimento intelectual precoce de nossos filhos, mas empobrecemos seu lado emocional e restringimos sua sociabilidade. Na vida adulta, isso se traduzirá em uma dificuldade de relacionar-se com o mundo, o que resultará em maus profissionais, parceiros egoístas, pais omissos e líderes sofríveis.

Mesmo as crianças que já têm facilidade de falar para grupo de pessoas, é

necessário que façam isso à maneira dela, ou seja, como crianças, sem imitar

vestes, falas ou posturas de adultos. Se isso não for combatido pelos responsáveis e

líderes das Assembleias de Deus, os infantes do presente serão adultos

dependentes, anti-sociais e pessoas solitárias, e consequentemente, a unidade

entre os membros da denominação será prejudicada.

No próximo capítulo será apresentada uma proposta de um ministério pastoral

infantil e de um culto onde as crianças possam participar usando suas habilidades e

dons sem precisarem agir como adultos.

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4 PASTOREANDO O CORAÇÃO DAS CRIANÇAS: PROPOSTA DE UM

MINISTÉRIO PASTORAL QUE ATENDA AS CRIANÇAS DA IGREJA E DE UM

ROTEIRO PARA O CULTO INFANTIL

As dificuldades que contribuem para que as crianças comportem-se como

adultas são: a falta de pessoas preparadas para desenvolver um bom ministério

infantil e a falta de uma programação litúrgica apropriada para as crianças que

permita suas participações e que elas sintam-se desejosas de estar na igreja.

Com o objetivo de amenizar tal situação, será proposto para a denominação a

criação de um ministério pastoral infantil, que tenha como alvo acompanhar e assistir

a criança nas suas necessidades. Será apresentado também um modelo de roteiro

de culto infantil e os devidos cuidados que o dirigente deve tomar. Esperamos que

tais propostas possam servir de ajuda para a denominação.

4. 1 MINISTÉRIO PASTORAL INFANTIL

A visão que geralmente se tem de pastor é a do líder responsável pela

administração da igreja local. No entanto, o ministério pastoral é um dos dons

ministeriais que Jesus concedeu à Sua Igreja para promover a edificação dos

membros do Seu corpo. Em sua epistola aos Efésios o apóstolo Paulo diz que:

Ele mesmo [Jesus] deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos para o ministério, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo (Efésios 4. 11 - 13 VRC). [Grifo nosso].

Para o ministério pastoral, Deus disponibilizou à Sua igreja um “dom cuja

função básica é capacitar o obreiro a conduzir o rebanho, visando o

aperfeiçoamento de cada um em particular, através do ministério da Palavra de

Deus” (ANDRADE, 2000 p. 234). A pastora e evangelista de crianças, Claudia

Guimarães em seu livro “Pastoreando as crianças desta geração” (2007) defende a

ideia de que as crianças da igreja também precisam receber cuidados pastorais. De

acordo com Guimarães (2007, p. 39), “[...] a igreja tropeça ao não valorizar o

ministério infantil e seus obreiros. Convocar pessoas para “ajudar a cuidar” das

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crianças mostra apenas a falta de visão relativamente ao trabalho com esse

ministério”.

O ministério pastoral infantil deve ser desenvolvido por pessoas vocacionadas

por Deus, com o propósito de contribuir para a formação espiritual da criança, pois

“[...] embora o líder e o professor de criança nem sempre seja pastor por formação,

ele exerce atividade semelhante a de um. É ele quem zela pelos pequenos, quem se

interessa por suas carências, pelo desenvolvimento de sua vida espiritual”

(GUIMARÃES, 2007 p. 82).

4. 1. 3 Cuidado pastoral: A necessidade de pastorear a vida das crianças

As crianças, assim como os adultos, também vivem seus momentos de crises.

São meninos e meninas que enfrentam várias diversidades no lar e na escola e que

muitas vezes não sabem, ou são proibidas de expressar seus sentimentos. Essas

crianças participam dos cultos e dificilmente a mensagem, seja ela transmitida por

um louvor ou pela exposição da Palavra, atinge suas necessidades. Tais problemas

enfrentados pelas crianças podem deixá-las com estresse. O Dr. Rubens Barros de

Azevedo (2004, p. 13) define estresse da seguinte maneira:

O estresse pode ser definido mais facilmente como o conjunto de reações orgânicas e psíquicas de adaptação que o organismo emite quando é exposto a qualquer estímulo que o excite, irrite, cause medo ou o faça muito feliz. O estresse pode ser profundo quando esses estímulos são fortes demais ou se prolongam em excesso.

Apesar de o estresse não ser considerado doença, o desenvolvimento de

uma patologia depende muito da pessoa que está lidando com ele. Quem consegue

lidar de forma positiva com os estímulos do estresse, conseguirá passar por ele sem

ser danificado. No entanto, quem não tiver estrutura para enfrentar tais estímulos

terá grandes chances de desenvolver alterações no organismo e doenças

(AZEVEDO, 2004, p. 15, 16).

Pode- se perceber se alguma criança está estressada por meio dos sintomas.

O Dr. Azevedo (2004) afirma que há diferença dos sintomas, dependendo da faixa

etária. Para ele, as crianças até cinco anos de idade, devido a dificuldade de

comunicação, podem apresentar os seguintes sintomas:

irritabilidade fácil;

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choro sem razão justificável;

pesadelos constantes;

perda acentuada e continuada do apetite;

adoção de maus hábitos, como chupar o dedo.

Já nas crianças de cinco aos onze ou doze anos, os sintomas são mais fáceis

de serem percebidos. Eles se manifestam da seguinte maneira:

irritação fácil e descontrolada;

recusa em se alimentar;

brigas com outras crianças sem razão;

falta de interesse na escola e como consequência queda de rendimento

escolar;

dificuldade para dormir.

Muitas crianças que frequentam os cultos nas igrejas evangélicas também

podem estar sofrendo com devido ao estresse. Rubens Azevedo (2004, p. 43) diz

que: “A Universidade de São Paulo (USP), constatou em pesquisa em que dois

terços das crianças, entre seis e quatorze anos apresentam alguma forma ou

sintoma de estresse”. E muitas vezes essas crianças são ignoradas, não só pela

família, mas também pelos líderes das igrejas que não estão preparados para lidar

com elas.

Uma vez alcançada para Jesus, é preciso que a criança seja discipulada, pois só assim poderá crescer e se desenvolver espiritualmente [...]. A igreja, o corpo de Cristo, é formada de todos os que foram regenerados pelo sangue de Jesus, incluindo a criança. A criança convertida está inserida nesse contexto. Ela faz parte da igreja, do rebanho e como tal também precisa ser pastoreada. Caba a nós, líderes, desafiar a igreja a amar as crianças com o coração de Deus, tendo em mente que, assim como os adultos, elas sofrem intempéries emocionais, espirituais e econômicas. Também é relevante lembrar que elas enfrentam um mundo bem diferente do de nossos pais. São bombardeadas por tensões, dúvidas e medos que geram nelas estresse crônico, além das possíveis perdas, separações e traumas, que as tornam “fracas e mirradas” (GUIMARÃES, 2007 p. 74). [Grifo do autor].

O trabalho pastoral infantil é fundamental para que as crianças sejam

acolhidas e discipuladas. A criança deve ser vista como alvo do cuidado pastoral

para que elas tenham um crescimento espiritual saudável que possa refletir na

comunidade e contribuir para seu futuro.

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Contudo, o cuidado pastoral deve acontecer em parceria com os

responsáveis das crianças. Para a pastora de crianças Claudia Guimarães (2007, p.

27), “Hoje, mais do que nunca, precisamos de uma parceria entre líderes, igreja e

pais que vise a estimular o crescimento espiritual de nossas crianças”.

4. 2 PROPOSTA DE CULTO INFANTIL PARA AS ASSEMBLEIAS DE DEUS

Considera-se culto infantil aquele que é realizado com a presença de adultos

e crianças sob a direção do líder do departamento infantil. Nesse culto, tanto os

louvores quanto a mensagem bíblica são transmitidos, tendo em perspectiva atingir

as crianças, de maneira que elas entendam e participem, recebendo oportunidade

para prestar culto a Deus.

Pelo fato do culto infantil ser um trabalho realizado com as crianças, os

líderes de algumas igrejas chamam-no de “cultinho”. O problema de usar esse termo

é que “[...] cultinho também dá uma impressão de culto menor, inferior, o que não na

realidade”. (RANGEL e XAVIER, 2007 p. 3). O correto mesmo é usar o termo culto

infantil e não cultinho, pois,

O culto a Deus é um grande momento e culto das crianças não é cultinho; é o mais sublime momento de louvor que o ser humano pode entregar ao Senhor Criador, como próprio Cristo afirmou [Pela boca dos meninos e das crianças de peito tiraste o perfeito louvor] (Mt 21. 16), desde seja dirigido para esse fim, independente da idade daqueles que ali estão (RANGEL e XAVIER, p. 3).

Em muitas igrejas Assembleias de Deus não existe um programa para culto

infantil realizado semanalmente. O que existe é o culto mensal e aos domingos,

momento do culto em que na hora da pregação as crianças são retiradas do templo

e levadas para uma salinha a fim de realizarem o chamado “cultinho infantil”.

Como proposta para realização de um culto voltado para o público infantil,

sugere-se aqui o modelo disponível no site Seara de Cristo: fazendo missões on line

(http://www.searadecristo.com.br/novo/index.php?option=com_content&view=article

&id=148:o-planejamento-do-culto-infantil&catid=44:infantil&Itemid=70). O roteiro para

segue da seguinte maneira:

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Abertura – Na abertura do culto o dirigente juntamente com sua equipe,

deverá recepcionar as crianças, de forma agradável, de modo que elas

sintam-se bem no ambiente onde será realizado o culto.

Louvor – O culto deve ser iniciado com louvor. O dirigente conscientizará as

crianças sobre os motivos que existem para louvar a Deus. É preciso tomar o

cuidado para que as músicas entoadas sejam voltadas para o público infantil.

Oração – Antes de orar, pode-se ensinar as crianças sobre o valor da oração

e incentivá-las a apresentar a Deus suas necessidades e a confiar que Ele

estará ouvindo seus pedidos.

Leitura bíblica – Selecionar textos de fácil compreensão para ser lido.

Memorização de versículos – Após a leitura, destacar um versículo para que

as crianças possam memorizar.

Especial – O especial é um momento do culto que o dirigente separa para

realizar uma breve dramatização com o objetivo de descontrair e alegrar as

crianças.

Testemunho – Os testemunhos são formas de gratidão a Deus pelos Seus

feitos. Testemunhar no culto infantil irá glorificar ao Senhor, edificar as

crianças, desenvolver nelas a confiança em Deus e motivá-Ias a caminhar na

estrada da fé.

Oferta – A oferta faz parte do culto. É preciso ensinar as crianças que ofertar

é uma forma de adorar a Deus e de contribuir para a manutenção da igreja.

História bíblica – É preciso que a pessoa convidada para contar a história

bíblica seja alguém capacitada para falar de forma que a criança entenda a

mensagem a ser transmitida.

Perguntas bíblicas – As perguntas feitas deverão ser relacionadas à história

bíblica contada.

Convite para decisão – Ao falar da obra salvadora de Jesus para as crianças,

pode-se perguntar a elas se querem aceitar a Jesus como Senhor e Salvador

de suas vidas.

Distribuição de lembrancinhas e lanches – Crianças gostam de receber

presente. Oferecer às crianças uma lembrança ou lanche é uma forma de

incentivá-las a retornar no próximo culto.

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O Culto infantil, normalmente, se destaca pela a alegria e dinamismo das

crianças e também dos adultos, Contudo, deve-se observar para que o mesmo seja

feito com ordem, e para isso, os adultos podem servir como exemplo. O culto é o

momento de serviço e adoração a Deus, as músicas e mensagens é que são

comuns às crianças.

4. 2. 1 Cuidados a serem observados pelo dirigente do culto infantil

Como orientação para os dirigentes sobre os cuidados a serem observados

na direção do culto infantil, cabe aqui algumas dicas que constam no livro “Manual

Prático para o Culto Infantil” (2007), escrito pelos pastores Rawderson Rangel e

Manoel José. Considere os seguintes cuidados:

.

4. 2. 1. 1 Como se comportar

O dirigente deverá tomar cuidado para não ser engraçado em demasia. As

crianças não gostam quando os adultos fazem muitas palhaçadas para chamarem a

atenção delas. “Nos dias de hoje, criança não é mais tão criança assim. Basta

olharmos o tipo de programação infantil que há na televisão. [...] está tudo mudado.

A criança tem amadurecido com muita rapidez” (RANGEL e XAVIER, 2007 p. 5).

Segundo Rangel e Xavier (2007), o líder que só vive fazendo palhaçada para

as crianças, na hora que precisar falar sério com elas, dificilmente terá o respeito

delas. O que os infantes da igreja precisam não é de um líder palhaço. A criança

gosta dos adultos não por fazerem coisas engraçadas, mas por lhe darem atenção e

respeito.

4. 2. 1. 2 Como falar

Devem-se evitar muitos termos no diminutivo. “[...] é a biblinha que está na

mão do papai, os banquinhos onde os irmãozinhos da igreja estão sentados, o

jarrinho de flores que enfeita a mesinha da ceia [...]” (RANGEL e XAVIER, 2007 p.

4). No culto infantil tem crianças de várias idades (1 – 12). Para Rangel e Xavier

(2007) usar palavras em tamanho reduzido para se referir aos objetos é muito

comum para a linguagem de crianças de um a três anos de idade.

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Outro cuidado que precisa ser tomado é em relação ao uso de sinônimos que

podem confundir a mente da criança. Por exemplo, se referir-se a Bíblia como

espada do Espírito, poderá fazer com que os pequeninos tenham uma ideia

contrária em relação à palavra de Deus.

4. 2. 1. 3 O que usar

Esse cuidado a ser tomado, serve não só para o dirigente, mas também para

quem tem a incumbência de transmitir a mensagem da bíblica. A criança não

consegue ficar muito tempo parada, como os adultos, ouvindo uma pessoa falar. Por

isso, é preciso usar algo que chame a atenção dos pequeninos para o que está

sendo dito. De acordo com Rangel e Xavier (2007, p. 10), “[...] não é o seu visual em

questão [a do dirigente ou pregador] e sim um cartaz, um objeto ilustrativo como

vaso, cadeira [...]”.

4. 2. 1. 4 Quanto tempo falar

Para Rangel e Xavier (2007, p. 14) “O Culto Infantil tem a característica de ser

breve e objetivo [...]”. Por isso, o dirigente deve ser bem objetivo na direção do culto.

Para facilitar, ao convidar o pregador, pode combinar antes o tempo da mensagem.

“A própria mensagem deve ser de 10 a 15 minutos. O sermão infantil [...] precisa ser

breve e dinâmico” (RANGEL e XAVIER, 2007 p. 14).

4. 2. 1. 5 O que cantar

Para que as crianças possam acompanhar os louvores e entenderem a

mensagem que eles querem passar, pode-se adquirir os CDs de cantores mirins e

adultos que cantam músicas voltadas para o público infantil. No entanto, cabe ao

dirigente do culto, ouvir as músicas antes, pois “[...] às vezes os cânticos que

cantamos são extremamente abstratos e alegóricos e, se não houver uma

explicação, dificilmente a criança entenderá os que as letras querem dizer [...]”

(RANGEL e XAVIER, 2007 p. 15).

A igreja evangélica Assembleia de Deus é uma denominação que está

espalhada em várias partes do Brasil. Ela localiza-se tanto nos grandes centros

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urbanos quanto nos morros e favelas. As muitas crianças, de classes e desafios

diferentes, que pertencem à denominação, precisam de cuidados pastorais e de ser

vistas como um alguém que está em fase de transformação, preparando-se para a

adolescência e para a vida adulta, e não serem tratadas como adultas em miniatura.

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41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término desta pesquisa chegamos às seguintes conclusões:

A Bíblia valoriza a infância tal qual ela é: fase onde deve receber orientação e

ensino adequado para vida adulta.

Na história já houve tempo em que das crianças se pedia um comportamento

de adulto, mas nesse tempo não se tinha estudos sobre as fases e necessidades

específicas da infância.

Nosso tempo é marcado por um ativismo que pressiona as crianças a uma

rotina de adulto.

A liturgia das Assembleias de Deus é adultocêntrica. Os louvores e as

mensagens são transmitidos para o público adulto, de maneira que as crianças

presentes não conseguem entender quase nada do que é falado, dificultando um

crescimento espiritual do infante.

A participação da criança na liturgia assembleiana restringe-se apenas a

oportunidade dada ao grupo de louvor infantil. Depois que o grupo infantil canta, as

crianças são obrigas a ficarem quietas, sentadas perto dos responsáveis ou no

espaço reservado para o grupo infantil, até o término do culto, salvo quando são

levadas para o “cultinho” na hora da pregação.

Na liturgia das Assembleias de Deus ocorrem dois extremos. As crianças que

conseguem se expressar de maneira que os adultos entendam, recebem

oportunidade para cantar e pregar, gerando assim, o fenômeno conhecido por

adultização infantil. Por outro lado, as crianças que agem de acordo com sua faixa

etária são ignoradas na liturgia. Esse fato tem feito proliferar os chamados

“pregadores mirins”, que são crianças que normalmente copiam o jeito carismático e

eloquente de certos pregadores pentecostais.

Entendemos que essa adultização infantil na liturgia é prejudicial ao

desenvolvimento das crianças em geral. Primeiro, por que se tornam o modelo de

criança verdadeiramente espiritual – “aquilo que todas deveriam ser”, segundo,

porque é possível que nem mesmo elas entendam plenamente o significado de suas

palavras, já que geralmente, são cópias de pregadores adultos.

Por fim, concluímos que a criação de um ministério pastoral infantil e de uma

liturgia, onde as crianças tenham a liberdade de adorar a Deus, sem precisarem se

comportar como adultas, poderá amenizar o fenômeno da adultização infantil na

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igreja e contribuir para que os infantes da igreja tenham um saudável crescimento

espiritual.

Portanto, esse trabalho torna-se relevante para a comunidade assembleiana

no que diz respeito à adultização infantil. Embora, se trate de um trabalho inacabado

tendo em vista a amplitude do campo de pesquisa, este se presta ao importante

papel de instigar o interesse da igreja pelo assunto.

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43

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