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JOSENEIDE BARBOSA DE ANDRADE

O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO LEITORA DE

CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ÓTICA DOS

PROFESSORES DA ESCOLA ANTÔNIO BASTOS DE MIRANDA

Trabalho monográfico apresentado como pré-requisito para conclusão do

curso de Licenciatura em Pedagogia, Habilitação em docência e gestão em

processos educativos, da Universidade do Estado da Bahia-UNEB,

Departamento de Educação – Campus VII.

ORIENTADORA: Profª Norma Leite Martins de Carvalho

SENHOR DO BONFIM

MARÇO 2012

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JOSENEIDE BARBOSA DE ANDRADE

O PAPEL DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO LEITORA DE

CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ÓTICA DOS

PROFESSORES DA ESCOLA ANTÔNIO BASTOS DE MIRANDA

Aprovada em ________/________/_______

_________________________________________

Profª Esp. Norma Leite Martins de Carvalho

Orientadora

_______________________________________________

Avaliador

_______________________________________________

Avaliador

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Dedico este trabalho a Eleneide e João, meus pais que são um

exemplo de vida, de coragem, determinação e que me apoiam

sempre, a Bartolomeu meu esposo, pelo seu amor, carinho,

compreensão e por sempre acreditar no meu potencial, a

Jamillhe e Giseide, minhas irmãs pela ajuda nos momentos

preciosos, a minha querida avó Olavina, por me amparar nos

momentos mais difíceis com suas palavras sábias e,

principalmente, às crianças que possivelmente um dia poderão

ser beneficiadas por esta iniciativa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus o autor da vida a verdadeira ciência de todas as

coisas por tudo que sou e por ser infinitamente bondoso proporcionando-me

sabedoria. Obrigada senhor por me capacitar na realização dessa graduação e pelo

privilégio de concretizar este sonho. Serei eternamente grata.

Agradeço a Universidade do Estado da Bahia por me proporcionar o suporte teórico-

metodológico necessário à construção do meu conhecimento.

A Professora Orientadora Norma Leite Martins de Carvalho, a qual admiro muito

como pessoa, profissional, agradeço por ter acreditado nesse trabalho, pela

confiança depositada, pela dedicação, simplicidade, disponibilidade ao longo do

percurso..., enfim pelos preciosos ensinamentos. Pela paciência de me orientar

nesse trabalho e pelo enriquecimento do conhecimento que me oportunizou, por me

compreender e me orientar nos momentos de angústia.

Aos meus pais, Eleneide e João, base fundamental da minha vida, onde aprendi

desde cedo o valor do amor, da honestidade, da solidariedade, do respeito, da

coragem e da determinação. Por ter me proporcionado o melhor e priorizado sempre

os meus estudos. Obrigada por me fazer uma pessoa melhor, valeu pelo apoio e

amor incondicional.

A minha querida Avó Olavina, e as minhas irmãs, Jamillhe e Gisleide, agradeço por

fazerem parte da minha vida.

Ao meu esposo Bartolomeu pelo amor dedicação, respeito, companheirismo,

incentivo e compreensão nos momentos mais difíceis. Obrigada pelo apoio ao longo

de minha trajetória acadêmica.

As minhas amigas de trabalho, agradeço pelo apoio, compreensão e por escutar as

minhas angústias.

A minha amiga e companheira Fátima por sua amizade e apoio nos momentos

preciosos e a todos os meus colegas do CAMPUS VII Senhor do Bonfim.

E a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram na realização deste

trabalho que eu não citei e mereciam ser citadas.

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Mas é difícil que reconhecemos como vítimas; por que

desconfiamos de uma fotografia que nos representa como

professores modernos, sinceramente empenhados em motivar

a leitura dos jovens, levemente desconfiados do papel dos

clássicos em tal empresa, profundamente insatisfeitos com o

autoritarismo de avaliações sistemáticas e rigorosas de

atividades de leitura, comprometidas com o prazer (e não com

o dever) da leitura, informados e convencidos da importância

da imaginação e da fantasia na formação do jovem e,

sobretudo, honestamente comprometidos com o projeto de

educação que conduz à leitura crítica do mundo...?

(LAJOLO 2002, P. 38)

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RESUMO

Este trabalho monográfico discute o papel da Literatura Infantil através da temática: O papel

da literatura infantil na formação leitora de crianças da educação Infantil na ótica dos

professores da Escola Antônio Bastos de Miranda, tendo como objetivo principal refletir

sobre o papel da Literatura Infantil na formação leitora. È uma investigação fundamentada

na abordagem qualitativa. Para a coleta de dados foi utilizada como instrumento a

observação e o questionário. O lócus foi a Escola Municipal Antônio bastos de Miranda no

povoado de Missão do Sahy, situada a 9Km da sede do município de senhor do Bonfim BA,

e teve como sujeitos participantes cinco docentes. Para a efetivação deste travbalho utilizou-

se de reflexões teóricas à luz de Abromovich (1997); Aguiar (1993); Bakhtin (1992);

Bettelhem (1996); Coelho (2001); Freire (1994); Gitelli (2004); Kleiman (2000); Lajolo (2000);

Lerner (2002); Piaget (1998); Silva (1992); Sisto (2005); Tedesco (1998); Zilberman (1987);

que abordam o papel da Literatura na formação leitora de crianças a partir da Educação

Infantil. Como resultado, ficou evidente que as docentes entrevistadas consideram a

Literatura Infantil essencial e a leitura de histórias um recurso eficiente na formação de

crianças leitoras.

PALAVRAS CHAVE: Literatura infantil, Concepção, Formação leitora

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I ......................................................................................................................... 10

1 Problematizando a Questão .............................................................................................. 10

CAPITULO II ........................................................................................................................ 16

2 Refletindo sobre os Conceitos .......................................................................................... 16

2.1 Literatura Infantil: Seu Percurso Histórico ...................................................................... 16

2.2 A formação leitora na concepção do professor da educação infantil .............................. 20

2.3 Literatura Infantil: Formação Leitora de Crianças na Educação Infantil .......................... 21

2.3.1 A importância de ouvir histórias .................................................................................. 24

2.4 Literatura Infantil: Aquisição da Leitura .......................................................................... 25

CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 28

3. Fundamentos e Procedimentos Metodológicos: Os Percursos da Investigação ............... 28

3.1. Lócus de Pesquisa ........................................................................................................ 29

3.2. Sujeitos Da Pesquisa .................................................................................................... 29

3.3. Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................................. 30

3.3.1 Observação ................................................................................................................ 30

3.3.2 Questionário ............................................................................................................... 30

CAPÍTULO IV ...................................................................................................................... 31

4. Análise e Interpretação dos Dados .................................................................................. 31

4.1 A concepção de literatura infantil ................................................................................... 32

4.2 Literatura infantil: Elemento essencial para estimular o hábito da leitura ....................... 33

4.3 Histórias infantis no processo de desenvolvimneto da leitura......................................... 34

5. Considerações Finais ...................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 38

APÊNDICE .......................................................................................................................... 40

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INTRODUÇÃO

A literatura Infantil tem um papel significativo no desenvolvimento da criança,

aguçando o seu senso crítico, estimulando a mente, a criatividade, buscando dar

sentido às coisas, além de ajudar a criança a formar a sua personalidade. Com isso

percebemos que o contato com a Literatura Infantil estimula a curiosidade da criança

despertando o gosto pela leitura, uma vez que utilizada de modo adequado, torna-se

um instrumento de grande importância na construção do conhecimento do

educando, fazendo com que ele desperte para o mundo da leitura como um ato de

aprendizagem significativa de forma prazerosa.

É na relação prazerosa da criança com a obra literária que temos a

possibilidade de formarmos o leitor. É na exploração da fantasia e da imaginação

que se instiga a criatividade e se fortalece a interação entre texto e leitor. Além

disso, a Literatura infantil também é um pacote de obras de ficção, poesia, aventuras

e viagens. Pois, como cita Jesualdo (1993),

A função que a literatura tende a realizar na mente e na alma e no cérebro da criança é configurar, de certo modo, todo problema partindo de sua necessidade. Aparentemente, este não é o único aspecto analisável, haja visto a importância da literatura infantil também como instrumento de educação. (p. 23).

Sendo assim, a obra literária se torna uma fonte de complementos para o

desenvolvimento da criança, tendo um poder de encantamento que aguça o gosto

pela leitura tornando as crianças mais felizes e entusiasmadas para ler não como

mera obrigação, mas por prazer.

É preciso destacar a importância de se aprofundar nesse tema, considerando

o contexto educacional da contemporaneidade, assunto importante no espaço

social, institucional, acadêmico, profissional, uma vez que essa investigação traz à

tona o papel da Literatura Infantil na formação leitora no contexto da Educação

Infantil.

Nessa perspectiva, surgiu a inquietação a respeito da concepção dos

professores acerca da Literatura Infantil. A nossa questão de pesquisa é Qual é o

papel da Literatura Infantil na formação leitora de crianças na Educação Infantil na

ótica dos professores da Escola Antônio Bastos de Miranda?

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Para fundamentar este trabalho, o texto foi organizado em capítulos sendo

que no primeiro encontra-se a fundamentação da problematização da pesquisa

considerando as minhas inquietações e a visão de autores sobre a questão e os

objetivos traçados. No segundo capítulo, discutiu-se o percurso histórico da

Literatura Infantil, analisando o papel da Literatura Infantil na formação leitora de

crianças, dentre outros elementos que são discutidos. O terceiro capítulo traz

reflexões metodológicas, salientando todos os fundamentos e procedimentos

construídos ao longo da investigação. O quarto capítulo apresenta a análise de

dados no confronto com o referencial teórico, a partir de todos os elementos

coletados na realidade investigada, e por fim, as considerações finais nas quais se

pontuam explicitamente as descobertas como elementos de destaque de todo

percurso investigativo.

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CAPÍTULO I

1 Problematizando a Questão

A literatura Infantil tem um importante papel no desenvolvimento da leitura,

desde que a criança desde cedo esteja em contato com livros que a seduza, que a

leve a fantasiar, que a leve a descobrir um mundo encantado cheio de imaginação,

proporcionando descobertas, diálogos, abertura de horizontes para que se processe

uma relação ativa entre falante e língua. A Literatura Infantil, se bem utilizada,

colabora com o entretenimento, mas também contribui com a formação da criticidade

e do questionamento.

Daí a importância que a literatura infantil possui, ou seja, ela é fundamental

para a aquisição de conhecimentos, informação e interação necessária ao ato de ler.

Percebemos a necessidade da aplicação coerente de atividades que despertem o

prazer de ler e estas devem estar presentes diariamente na vida das crianças, desde

bebês. Conforme Silva (1992, p.57) “bons livros poderão ser presentes e grandes

fontes de prazer e conhecimento. Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos

poderá ser uma excelente conquista para toda vida”.

Abromovich,(1997,p.16 e 17) colabora também com a ideia de que o primeiro

contato de uma criança com a literatura ocorre “através da voz da mãe, do pai, ou

dos avós contando contos de fadas, trechos da Bíblia, histórias inventadas (tendo a

criança como personagens),livros atuais e curtinhos, poemas sonoros e outros

mais”.

Dessa forma, o ato de contar histórias é extremamente importante e benéfico

para o desenvolvimento da criança, podendo assim, ser utilizado como estratégia

para formar leitores.

O papel da escola é contribuir para a formação de um indivíduo crítico,

responsável e atuante na sociedade. Isso por que se vive em uma sociedade onde

as trocas sociais acontecem rapidamente, seja através da leitura, da escrita, da

linguagem oral ou visual.

Diante disso, a escola busca conhecer e desenvolver na criança as

competências da leitura e da escrita e a literatura infantil pode influenciar de maneira

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positiva neste processo. Assim, Bakhtin (1992) diz que a literatura infantil, por ser

um instrumento motivador e desafiador, é capaz de transformar o indivíduo em um

sujeito ativo, responsável pela sua aprendizagem que sabe compreender o contexto

em que vive e modificá-lo de acordo com a sua necessidade.

Vale ressaltar que as atividades com a Literatura Infantil em sala de aula

devem estimular o falar e o ouvir, a fim de produzir inquietações nas quais as

exposições argumentativas e embate das ideias sejam significativas. A instituição

escolar precisa trabalhar a Literatura Infantil não de forma mecânica, mas de forma

concreta com o objetivo de formar leitores críticos e reflexivos e garantir ao mesmo

tempo aquisição da língua. Segundo Lerner (2002):

È formar seres humanos críticos, capazes de ler entrelinhas e de assumir uma posição própria frente à mantida, explícita ou implicitamente, pelos autores dos textos com os quais interagem, em vez de persistir em formar indivíduos dependentes da letra do texto e da autoridade de outros (p.27).

Percebendo que a literatura infantil tem um papel fundamental na formação

do leitor e que é algo que abre as portas da inteligência e da sensibilidade da

criança para sua formação integral, o interesse e o hábito para leitura se torna um

processo constante, que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e

continua pela vida inteira. Somente quem conhece a importância da literatura, sabe

o poder que tem uma história bem contada, sabe os benefícios que uma simples

história pode proporcionar.

De acordo com Abromovich (1995) é importante para formação de qualquer

criança, ouvir, muitas histórias. Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um

leitor, é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão de

mundo.

Ouvir histórias é algo tão prazeroso que desperta o interesse das pessoas em

todas as idades, principalmente na infância, onde a criança é capaz de se interessar

e gostar, ainda mais já que sua capacidade de imaginar é mais intensa.

As crianças que ouvem histórias desenvolvem desde cedo grande interesse

pela leitura e pela escrita e recebem inúmeras informações sobre o mundo e sobre a

estrutura da língua que não pode ser desprezada.

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Sendo assim, podemos perceber que a vivência com a literatura infantil se

torna imprescindível no exercício da leitura, e como a escola pode desenvolver na

criança o hábito de ler por prazer e não por obrigação, pois será através de livros

literários que a criança poderá exercitar os mecanismos de leitura na fase de

alfabetização e dominando-os gradativamente.

Coelho (2001, p.34) enfatiza de maneira brilhante o papel que a literatura

exerce na formação do homem: “A literatura é o verdadeiro microcosmo da vida real,

transfigurada em arte.” As possibilidades ofertadas pelo livro, por suas histórias e

personagens trazem aos que leem uma nova forma de ver o mundo. E na fase na

qual propomos investigar toma maior dimensão, pois essa consciência será

assimilada no momento do desenvolvimento, daí a importância de atrair leitores

nesse período.

A leitura na Educação Infantil muitas vezes é feita de forma precária, é dada

muito mais importância ao ensino lexical em detrimento do ensino do sentido das

palavras nos textos, tornando à aprendizagem da leitura para a maioria das crianças

algo desinteressante e distante de suas necessidades de comunicação. Por muito

tempo a escola tem cometido o equivoco de pensar que seu único papel é ensinar a

ler, escrever e fazer contas. O papel do professor está além destas questões.

O papel de mediador desempenhado por nós professores não é uma tarefa

simples. A funçãode cada um de nós professores e professoras é formar leitores

proficientes, isso significa que, para o leitor ainda em formação, é preciso que os

objetivos de leitura sejam estabelecidos pelo professor que em primeiro lugar irá

escolher textos adequados aos interesses e competências que esse leitor em

formaçõa possui paraserem lidos em sala de aula.

Ainda é papel do mediador, promover a leitura de textos que devam ser

aprofundados para que todos vivam realmente o encantamento da descoberta de

sentidos trazidos pela leitura, dialongando sempre com a realidade e formando para

cidadania. Para que o processo de aquisição e valorização da leitura seja eficaz, faz-

se necessário que todos os professores de diversos seguimentos e áreas de

conhecimento estejam verdadeiramente engajados nessa busca pelo

desenvolvimento da capacidade leitora de nossos alunos, deixando de lado o

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pensamento retrógrado de que esse papel é somente do professor de língua

portuguesaou do professor alfabetizador.

Se diagnosticamos que o nosso aluno não lê,seja em qualquer série em que

ele se encontre, o nosso papel como professores e professoras, é parar

imediatamente o que estamos ensinando, o conteúdo que está sendo trabalhado,

deixar de procurar culpados e envolver esse aluno nos processos de leitura para que

assim ele possa realmente aprender a ler e compreender satisfatóriamente um

determinado texto.

Ler é uma tarefa muito mais complexa do que se pensa. Não se trata apenas

de decifrar códigos, mas dominá-los inteiramente estabelencendo um verdadeiro

diálogo entre o texto e o leitor, portanto torna-se um ato pessoal e determinante na

vida do leitor, pois a leitura nos possibilita ampliar os conhecimentos intelectuais,

afetivos e emocionais.

A leitura representa uma atividade de grande importância. É através dela que

podemos interagir e compreender o mundo a nossa volta é por isso que podemos

verificar que há muitas discussões a respeito desse assunto. A principal

preocupação está na importância e nas dificuldades para o ensino da leitura em sala

de aula.

As dificuldades de leitura em sala de aula são percepitíveis nas habilidades

necessárias na composição de uma frase, de um texto onde as crianças não

dominam a leitura com eficiência. (KLEIMAN, 2000).

Desta forma, para se garantir uma leitura eficaz, deve-se deixar bem claro

para as crianças qual o objetivo da leitura que fazem ao se ensinar a ler e

compreender textos. Fora do ambiente escolar o aluno irá deparar-se com os mais

variados tipos de textos nas mais variadas situações e ele deverá ser capaz de

interagir com eles a fim de alcançar um determinado objetivo. Ao usar o texto na

sala de aula como pretexto para ensinar gramática o professor está impedindo seus

alunos de perceberem quão rica e importante é a habilidade de ler e compreender

bem textos.

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Zilberman (2009) aposta no trabalho de leitura feito na escola em que

possibilita uma relação entre alunos e o texto.

Consequentemente, a proposta de que a leitura seja enfatizada na sala de aula significa o resgate de sua função primordial, buscando, sobretudo, a recuperação do contato do aluno com a obra de ficção. Desse intercâmbio, respeitando-se o convívio individualizado que se estabelece entre o texto e o leitor, emerge a possibilidade de um conhecimento do real, ampliando os limites até fisicos, já que a escola se constrói como um espaço à parte que o ensino se submete (ZILBERMAN, 2009, p.35).

Diante dessa perspectiva teórica, percebemos qua o trabalho com a literatura

na escola é imprescindível para a formação do ser, pois a literatura propicia o

desvendar de mundos, o contato com situaçõese experiências antes inexploráveis

pelo leitor. Coelho (2000) afirma:

A escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indíviduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais abrangente de quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura de mundo em seus vários níveis e, principalmente,dinamizam o estudo e conhecmento da lígua, da expressão verbal e consciente.( p.16)

Portanto, o espaço escolar pode ser considerado como importantíssimo para

a construção do indivíduo, tanto em relação aos saberes de que necessita para viver

em sociedade, quanto para a construção de um ser criativo, tendo todas as suas

potencialidades desenvolvidas.

Diante de tudo isso, e observando os espaços escolares foi que percebemos

que as dificuldades encontradas por alguns docentes em conquistar e manter o leitor

crítico ainda decorre do equívico quanto à concepção de que a leitura de um texto se

reduz à apreensão de códigos. Entretanto Paulo Freire (1982,p) afirma:

A compreensão crítica do ato de ler não se esgota na decodificação pura de palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.(...) A compreenção do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre texto e leitor (p. 1-2).

Com isso o grande desafio de um professor é ensinar a ler e escrever a partir

de reflexões sobre o processo envolvido na alfabetização, em que é essencial

incorporar às práticas de sala de aula o texto literário, de maneira particular,

compondo o conhecimento da criança e redimensionando as afetividades pela

mediação dos signos verbais ou mesmo não verbais. Diante disso, emergiu a

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seguinte questão: Qual é o papel da Literatura Infantil na formação leitora de

crianças na Educação Infantil na ótica dos professores da Escola Antonio Bastos de

Miranda?

Sendo assim, para nortear a efetivação dessa pesquisa, os objetivos

propostos foram: 1. Analisar se a Literatura Infantil é um elemento essencial para a

formação leitora de crianças. 2. Refletir a contribuição da literatura infantil para o

desenvolvimento da habilidade da leitura.

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CAPITULO II

2 Refletindo sobre os Conceitos

2.1 Literatura Infantil: Seu Percurso Histórico

Segundo Regina Zilberman (1987 p. 13). Os primeiros livros para crianças

foram produzidos ao final do século XIII e durante o século XVIII. Antes disto, não se

escrevia para elas, porque não existia a “Infância”.

A literatura era produzida para adultos e aproveitada para criança. Seu

aspecto didático-pedagógico de grande importância baseava-se numa linha

moralista paternista, centrada numa representação de poder. Era, portanto uma

literatura para estimular a obediência, segundo a igreja, o governo ou ao senhor.

Uma literatura intencional, cujas histórias acabavam sempre premiando o bom e

castigando o que é considerado mal. Segue à risca os preceitos religiosos e

considera a criança um ser a se moldar de acordo com o desejo dos que a educam,

podando-lhe aptidões expectativas.

Segundo Silva (1997, p.43) “(...) a leitura é uma prática social construída

historicamente e, por isso mesmo, depende de determinadas condições para sua

efetivação”. A produção para crianças surgiu com o objetivo de ensinar valores

(caráter didático), ajudar a enfrentar a realidade social e propiciar a adoção de

hábitos.

Historicamente até o século XVII as crianças eram tratadas como adultos, não

havia um mundo infantil, não se escrevia para crianças, não existindo assim histórias

voltadas ao mundo infantil. Foi a partir da Idade Moderna que a criança começou a

ser vista como um indivíduo que precisava de atenção especial. E o reconhecimento

da infância foi visto como um momento próprio, específico da vida de cada ser

humano. Segundo Lajolo (2002) diz:

Se a “construção” da infância ocorreu ainda no século XVIII – contemporânea da Revolução Industrial, com o passar do tempo, outras segmentações se foram tornando necessárias no interior desse primeiro grande segmento dos não-adultos(p.26).

Em fins do século XIX, a literatura infantil começa a transitar por terras

brasileiras, difundindo a mesma concepção que lhe dera origem e contextualizando-

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se no panorama da literatura universal. De natureza popular e circulação oral,

prevaleceu até esse período com o misticismo e o folclore das culturas indígenas,

africanas e europeias.

O percurso da literatura infantil no Brasil foi marcado pelo momento histórico e

cultural, e especialmente pelo o ano de 1921, quando nascia oficialmente pelas

mãos de Monteiro Lobato que estreou o livro: “Narizinho arrebitado” apresentando

ao mundo a boneca Emilia, a mais moderna e encantadora fada humanizada. Foi aí

que a literatura recebeu uma roupagem nova, visível na inovação temática das

histórias e na aproximação entre linguagem e o tom coloquial que caracterizava a

fala brasileira.

Entretanto os primeiro autores brasileiros que se interessaram pela Literatura

no país foram Carlos Jansen e Aberto Figueredo Pimentel, Monteiro Lobato . Eles

traduziram as mais significativas obras que hoje são consideradas como “clássicos”

para a criançada.

Hoje a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela

proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo

indiscutíveis. Segundo Abramovich (2007) quando as crianças ouvem histórias,

passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao

mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como

medos sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de

ensinarem infinitos assuntos.

Segundo Ambramovich (1997):

É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (p. 17).

Neste sentido, quanto mais cedo à criança tiver contato com os livros e

perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela torna-se um

adulto leitor. Da mesma forma através da leitura a criança adquire uma postura

crítico-reflexiva extremamente relevante à sua formação cognitiva.

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Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de comentar, indagar,

duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação verbal, que neste caso, vem ao

encontro das noções de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, o confrontamento de

ideias, de pensamentos em relação aos textos, tem sempre um caráter coletivo,

social.

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de

construção do significado do texto. Segundo Coelho (2002) a leitura, no sentido de

compreensão do mundo é condição básica do ser humano.

Silva (1997, p.43) acrescenta “... a leitura é uma prática social construída

historicamente e, por isso mesmo, depende de determinadas condições para sua

efetivação”. A produção para crianças surgiu com o objetivo de ensinar valores

(caráter didático), ajudar a enfrentar a realidade social e propiciar a adoção de

hábitos.

Na atualidade, já se pode falar de uma larga produção brasileira que leva em

conta a criança. Autores como Ziraldo, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Monteiro

Lobato e tantos outros que veiculam em suas obras ideias engraçados e bem,

humoradas, trazem nos textos proposições sugestivas que respeitam a criança na

sua capacidade lúdica, política e criativa estabelecendo entre leitor o texto uma

relação prazerosa.

Portanto a literatura infantil torna-se deste modo imprescindível. Os

professores dos primeiros anos da escola fundamental devem trabalhar diariamente

com a literatura, pois esta se constitui em material indispensável que aflora a

criatividade infantil e desperta as veias artística da criança.

Ao longo de estudos e experiências percebe-se o quanto o trabalho

pedagógico, especialmente com a literatura infantil é importante, e requer dos

educadores planejamento, disciplina, organização, uso adequado do tempo e

principalmente se apaixonar pela literatura infantil para assim desenvolver uma

aprendizagem significativa.

No contexto atual em que o mundo passa por inúmeras transformações de

sua história e a educação deve também acompanhar essas mudanças,

especialmente a tecnológica, pois os debates e propostas educacionais vêm-se

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disseminando de forma significativa principalmente no âmbito da língua, e em

especial de Literatura Infantil. Esse é o papel que os veículos de comunicação

passaram exercer no mundo contemporâneo com um aporte dos novos meios

disponibilizados pela informática que são conhecidos gerados em fontes

indiretamente escolares. Nas telinhas criadas de consensos e legitimadoras das

variadas formas de poder, esse é um motivo para o educador(a) fazer permanente

crítica nas mensagens geradas. Segundo Getelli (2004):

(...) tanto as crianças como os professores vivem num espaço social midiatizado por mensagens televisivas, radiofônicas, jornalísticas, etc., capazes de provocar alterações nos comportamentos, criar referências para o debate público, influenciar na tomada de decisão, além de revelar, muitas vezes,os próprios limites do discurso pedagógico.(p.140).

Diante da crescente presença da imprensa escrita da televisão e o

computador cabe ao professor orientar como os alunos devem utilizar esses

recursos de forma educativa e prazerosa. Precisa-se está atentos aos recursos

tecnológicos. Segundo Gitelli (2004,p.135): “(...) a televisão teria forte impacto sobre

a criança podendo levá-lo à formação de hábitos socialmente negativos”. É inadiável

essas informações para transformá-las em ensino aprendizagem, para lidar com a

tecnologia de forma positiva é necessário usar no momento certo como recurso

didático.

Portanto, acentua-se que a literatura infantil na escola é imprescindível para a

formação do ser, pois a literatura propicia o desvendar de mundos, o contato com

situações e experiências antes inexploradas pelo leitor e em sala de aula oportuniza

condições indispensáveis ao desenvolvimento cognitivo, social, moral e emocional

cabendo ao professor analisar criteriosamente as atividades e suas potencialidades

educativas, permitindo a compreensão da obra, bem como o gosto da leitura

literária.

Neste sentido, a escola precisa oferecer oportunidade para que a literatura se

realize como instrumento de formação do ser, constituindo um indivíduo ativo na

sociedade, pois é a escola que assume a responsabilidade de iniciar a criança no

processo de alfabetização, preparando um leitor efetivo, ou seja adotando um

comportamento em que a leitura deixa de ser ocasional e passa a integrar a vida do

sujeito.

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2.2 A formação leitora na concepção do professor da educação infantil

O professor, principalmente o da educação Infantil, deve estar consciente do

papel que literatura Infantil exerce em função da leitura, pois a construção da leitura

na sala de aula merece cuidados especiais. O livro é um objeto de arte com

características de uma experiência criadora, por isso o ato de ler atualiza esse

processo revelador da arte da palavra desenvolvendo a expressão do sujeito numa

dimensão reflexiva e crítica.

É com esta perspectiva, que a prática leitora deve ser realizada em sala de

aula. O professor se tornar interprete da literatura ao desvendar os caminhos da

leitura. Dessa forma, a literatura assume o seu verdadeiro lugar na leitura da escola.

As dificuldades encontradas por alguns docentes em conquistar e manter o

leitor acontecem, fundamentalmente, do equívoco quanto à concepção do texto

literário que é atribuída apenas, ao ato de ler, simplesmente por ler, por obrigação. A

leitura do texto na maioria das vezes continua sendo reduzida à apreensão do

código. Entretanto Paulo Freire (1982) afirma que: A compreensão crítica do ato de

ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita,

mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo... (p. 1-2).

Diante disso, percebemos que o leitor deve relaciona os significados do texto

com a sua compreensão de mundo. Por isso precisa-se de professores

transformadores, críticos, que valorizem a educação e que de forma comprometida

estimule a imaginação da criança, aguçando o prazer pela leitura e compreendendo

a verdadeira finalidade da literatura, bem como dos processos essenciais ao ato de

ler. Para que isso aconteça, torna-se necessário que o educador esteja munido de

conhecimentos teóricos sobre a importância da Literatura Infantil na formação leitora

da criança estabelecendo objetivos claros para o trabalho que irá desenvolver.

Portanto os pedagogos, que estão ou estarão em sala de aula, precisam ter

consciência da importância da Literatura Infantil, pois a escola é o lugar de

transformações individual, social e cultura dos sujeitos. Os pedagogos devem,

entretanto desenvolver a função pedagógica com compromisso e caráter inovador.

Page 21: Monografia Joseneide Pedagogia 2012

21

2.3 Literatura Infantil: Formação Leitora de Crianças na Educação Infantil

A literatura é uma arte e como forma de arte ela proporciona a criança

condições de elaborar significadamente os dados da realidade e a sua interação

com ela,compreender melhor os contornos do real e as emoções que ele provoca,

incentivando a criança a produzir textos. Contudo Coelho (2000) afirma:

A literatura infantil é, antes de tudo, literatura: ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/ impossível realização (p.27).

Segundo Sisto (2005,p.1) “ao fazer contato com a obra de arte, no caso a

literatura, a criança participa de uma ação pedagógica, mesmo que não seja essa a

função da narração oral ou do texto literário”. O fenômeno da criatividade que

representa o mundo da criança e canaliza melhor as informações através da mesma

é possível incorporar sonhos a realidade além de ajudar no desenvolvimento

intelectual, criativo e psicológico da criança e ajuda de alguma forma a criança a

resolver seus conflitos internos. Palo (2001) informa que:

Os bastidores da construção da personagem são desvendadas aos olhos da criança, que vê a sua frente “um boneco engraçado” não uma réplica sua, mas um boneco que foi montado, sem segredos, à sua frente e que ela pode desmontar e remontar, de agora em diante na medida em que entra na brincadeira pondo em ação a sua imaginação criadora (p.37).

Ler ou contar história para crianças é ter a curiosidade em relação a tantas

perguntas. É encontrar outras ideias para solucionar questões. É uma possibilidade

de descobrir o mundo imenso dos conflitos, das soluções que todos vivem. Por meio

de um simples conto relatado com emoção e carinho, os pequenos ouvintes

assimilam conceitos éticos, políticos, filosóficos, religiosos e aprendem a lidar com a

realidade de forma divertida e desenvolve sua própria fantasia.

Desse modo a relação aluno com a literatura através da sistematização

dinâmica que possibilitou além da diversidade de informações, novas perspectivas

de conhecimentos e aprendizagem facilitando assim a relação lúdica, afetiva do

aluno através da Literatura Infantil. E Segundo Sisto (2005),

Por tudo isso pode se dizer: as crianças que têm contato com as histórias desenvolvem mais a imaginação, a criatividade e a capacidade de discernimento e crítica; na medida em que se tornam ouvintes e leitores críticos, as crianças assumem o protagonismo de suas próprias vidas (p.3).

Page 22: Monografia Joseneide Pedagogia 2012

22

Entretanto é nessa relação prazerosa com as obras literárias que se deve

formar o leitor, e é na exploração simbólica da fantasia e da imaginação que

desabrocha o ato criador e se desenvolve a comunicação entre o texto e o leitor de

forma crítica e reflexiva, dessa forma a criança de forma criativa e divertida constrói

sua própria história com autonomia, construindo uma compreensão maior de si e do

mundo em que vive. Terá oportunidades de desenvolver sua criatividade e ampliar

seus conhecimentos percebendo o mundo que cerca. Para Bettehein (1996).

Enquanto diverte as crianças, o conto de fadas esclarece sobre se mesmas e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça á multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança (p.20).

É no encontro com qualquer forma literária que a criança tem a oportunidade

de ampliar/transformar suas próprias experiências de vida. Nesse sentido a literatura

se apresenta não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de

ideologias, deve ser utilizada como instrumento de sensibilização para expansão da

capacidade e interesse de analisar o mundo.

Na concepção de Aguair e Bordini (1993):

A obra literária pode ser entendida como uma tomada de consciência do mundo concreto que se caracteriza pelo sentido humano dado a esse mundo pelo autor. Assim, não é um mero reflexo na mente, que se traduz em palavras, mas o resultado de uma interação ao mesmo tempo receptiva e criadora. Essa interação se processa através da mediação da linguagem verbal escrita ou falada.(p.14).

Poucas crianças têm o hábito de ler em nosso país. A maioria tem o primeiro

contato com a literatura apenas quando chega á escola. E a partir daí, vira

obrigação, pois infelizmente muitas de nossos professores não levam em conta o

gosto e a faixa etária em que a criança se encontra.

A literatura bem realizada em sala de aula é aquela em que a criança interage

com os diversos textos trabalhados de tal forma que possibilite o entendimento do

mundo em que vivem. Para alcançarmos um ensino de qualidade se faz necessário

que o professor descubra critica e que saiba selecionar as obras literárias a serem

trabalhadas com crianças. Ele precisa desenvolver recursos pedagógicos para

contagiar e aproximar a criança do livro. Segundo Bettelhein (1996).

Para que uma história prenda realmente a atenção da criança deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas Para enriquecer sua vida deve

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23

estimular – lhe a imaginação: ajuda-la a desenvolver seu intelecto e a tornar clara suas emoções; estar harmonizada com sua ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções pra os problemas que a perturbam...(p.13).

Ao trazer a literatura infantil para a sala de aula, o professor estabelece uma

relação de dialogo com o aluno, o livro e sua realidade. Além de contar ouler a

história, ele cria condições em que a criança expressa seu ponto de vista troque

opiniões e crie novas situações construindo uma nova história. De acordo com

Abromovich (1995, p.17).

Ler história, para crianças, sempre, sempre... é poder sorrir, ganhar gargalhadas com as situações vividas pelas personagens, como a ideia do conto ou com jeito de escrever dum autor e então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor de brincadeira de divertimento... è também suscitar o imaginário é ter a curiosidade respondida em relações a tantas perguntas, é encontrar outras ideias pra solucionar questões ( como as personagens fizeram...).

Portanto a conquista do pequeno leitor se dá através da relação prazerosa

com o livro infantil, onde a imaginação se mistura com a realidade.

As experiências da leitura apreciadas na sala de aula vêm carregadas de um

mecanismo bastante notável, de uma decodificação de letras e palavras que

apontam para superficialidade de significados que os discentes enquanto leitores

atribuem à leitura. Para tanto experimentarmos ler mais de uma vez qualquer texto,

entender a mensagem do texto em conjunto por meio de perguntas orais; contar

histórias; interpretar questões dos textos lidos, além de desenvolver a leitura,

proporciona a socialização, o hábito de ouvir e sentir prazer nas situações que

envolvem leitura de história.

Assim fez–se necessário uma prática conscientemente pedagógica além de

educativa, embasada numa pedagogia que acredite como Tedesco (1998.51) que “a

missão da educação é ajudar cada indivíduo a desenvolver todo potencial e a tornar-

se um ser completo não um instrumento para a economia”.

Desta forma, o processo de ensino, sendo algo enriquecedor, contribui com o

desenvolvimento da aprendizagem. Desenvolvendo atividades de leitura,

apresentações teatrais, contos e recontos de histórias, busca-se incitar o prazer pela

leitura. A integração de ideias, a produção de saberes necessários à realidade dos

alunos, assim como dos professores, são aspectos que favorecem a edificação de

anseios na busca de aprendizagens verdadeiramente consistentes. Gentili e Alencar

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(2007.p.22) afirmam que “as relações que estabelecem notadamente entre alunos e

professores, além da necessária troca de saberes, são intrinsecamente, espaços de

troca de perspectiva, percepções e vivências” A ordem e as relações que se

estabelecem em diferentes atividades podem determinar significadamente o tipo e

as características do ensino.

2.3.1 A importância de ouvir histórias

Ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse

em todas as idades. Se os adultos adoram ouvir uma história, a criança é capaz de

se interessar e gostar ainda mais por elas, já que sua capacidade de imaginar é

mais intensa.

A narrativa faz parte da vida da criança desde quando bebê, através da voz

amada, dos acalantos e das canções de ninar, que mais tarde vão dando ás

cantigas de roda, a narrativas curtas sobre crianças, animais ou natureza. Aqui,

crianças bem pequenas, já demonstram seu interesse pelas histórias, batendo

palmas, sorrindo, sentindo medo ou imitando algum personagem. Neste sentido é

fundamental para a formação da criança que ela ouça muitas histórias desde a mais

terna idade, sendo assim é de suma importância a adequação de livros à idade.

O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o

pai, mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A

preferida, nesta fase, é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela

nasceu, ou fatos que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À

medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da

história que mais lhe agrada. É nesta fase, que as histórias vão tornando – se aos

poucos mais extensas, mais detalhadas.

Na fase de 2 a 5 anos de idade, a criança faz pouca distinção do mundo

exterior e interior, vivendo um período de grande egocentrismo. È também a idade

do pensamento mágico, então os primeiros livros devem conter gravuras

pertencentes ao meio em que a criança vive e que possam ser identificados por elas

(brinquedos, animais, etc.), também podem ser apresentados livros que agrupam

objetos, relacionando-os com várias coisas que são familiares às crianças.

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25

Ainda se adequam a essa faixa etária brincadeira que envolva parlendas e

cantigas de roda, já que a criança gosta de versos infantis em virtude do ritmo, do

jogo de palavras e sons. Também se observa nessa fase, um especial interesse por

histórias envolvendo animaizinhos, que promovem um processo inconsciente de

identificação.

Com isso a criança passa a interagir com as histórias, acrescentam detalhes,

personagens ou lembra fatos que passaram despercebidos pelo contador. Essas

histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça a sua identidade,

compreender melhor as relações familiares. Outro fato relevante é vínculo afetivo

que se estabelece entre o contador das histórias e a criança. Contar e ouvir uma

história aconchegando a quem se ama é compartilhar uma experiência gostosa, na

descoberta do mundo das histórias e dos livros.

É importante contar histórias mesmo para crianças que já sabem ler, pois

segundo Abramovich (1997, p. 23) “quando a criança sabe ler é diferente sua

relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”.

Quando as crianças maiores ouvem as histórias aprimoram a sua capacidade de

imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar,

o recriar. Num mundo de hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão

tão prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário,

poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade

para compreender a sua própria realidade.

2.4 Literatura Infantil: Aquisição da Leitura

Durante muitos anos a leitura era utilizada somente nas aulas de Português,

na gramática, e não se trabalhava a leitura no seu sentido completo, o de formar

verdadeiros leitores, capazes de interpretar qualquer texto com clareza. Para isso

faz-se necessário que desde cedo, antes mesmo de frequentar a escola, a criança

tenha contato com livros, perceba que seus pais ou responsáveis estejam

intimamente ligados ao mundo da leitura, pois quando a criança convive em um

ambiente letrado, consequentemente ela fará as atividades de leitura com prazer

apresentando maior êxito na escola, pois se desenvolverá com mais facilidade. No

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26

entanto observa-se que a maioria dos alunos que chegam a sala de aula, vem de

lares que não incentivam a leitura.

Diante disso é que surgem as preocupações por parte dos educadores em

incentivar a leitura, pois sem esse auxílio familiar dificulta e atrasa o processo de

ensino aprendizagem. Portanto os educadores devem fazer da literatura infantil e da

leitura um momento de prazer, para que não a façam só como uma tarefa a mais da

escola. Na sala de aula deve existir um cantinho onde a criança possa manusear os

livros, ler individualmente ou coletivamente, um ambiente aconchegante, em que a

criança sinta prazer de estar ali, tenha liberdade e possa socializar-se melhor com

as demais crianças, ou seja transformar a sala de aula em um ambiente

alfabetizador, uma sala de aula textualizada constituindo recurso essencial para o

desenvolvimento da leitura.

A leitura não pode ser confundida com decodificação de sinais, com produção

mecânica de informações, respostas convergentes ou estímulos escritos e pré-

elaborados. A leitura deve ser real, caso contrário torna-se um processo mecânico e

decodificação de símbolos. Nessa perspectiva Palo, (2001) aborda o poder da

literatura na formação do pensamento da criança.

Ora sendo assim, o pensamento infantil esta apto para responder à motivação do signo artístico, e uma literatura que se estreie sobre esse modo de ver a criança torna-a indivíduos com desejos e pensamentos próprios, agente de seu próprio aprendizado (p.8).

A literatura tem um caráter pedagógico que proporciona meios para

desenvolver habilidades que agem como recursos facilitadores no processo de

aprendizagem. Essas habilidades poderão ser absorvidas no enriquecimento do

vocabulário, nas referências textuais, na interpretação de textos na ampliação do

repertório linguístico na reflexão e criatividade. Segundo Coelho (2000, p.15): “A

literatura em especial a infantil tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta

sociedade em transformação: a de servir como agente de formação seja no

espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo/texto estimulado pela escola”. Com

isso a literatura infantil se torna um recurso de inserção das crianças nas relações

éticas e morais que permeiam a sociedade em que estão inseridas.

Geralmente quando pensamos em ler e escrever, nos vem à tona que é a

“escola”, porém, podemos perceber que fora da escola também se lê e se escreve

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27

de diversos modos. O processo de leitura ultrapassa os muros escolares e passa a

fazer parte da nossa vida cotidiana, ou seja, a leitura pode surgir dentro e fora da

escola. Lajolo define como:

Do mundo da leitura a leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu prazer de sedução nos estreitos círculos da escola. (p.7).

Diante disso, percebemos que a Literatura Infantil possui um caráter educativo que

auxilia no desenvolvimento social, intelectual, cognitivo e psicológico da criança. Os

textos literários são coerentes e significativos e possibilitam ao educando tornar-se

um leitor crítico e reflexivo, portanto é essencial incorporar às práticas de sala de

aula o texto literário, para, de maneira particular, compor o conhecimento da criança

e redimensionar a afetividade pela mediação dos signos verbais e não verbais.

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28

CAPÍTULO III

3. Fundamentos e Procedimentos Metodológicos: Os Percursos da

Investigação

A pesquisa se constitui num procedimento formal, com métodos de

pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico para se conhecer a

realidade.nesse sentido segundo Rummel ( 1972, apud MATTOS, 2004),ela tem

dois significados: em sentido amplo, engloba todas as investigações especializadas

e completas: em sentido restrito, abrange os vários tipos de estudo e de estudos e

de investigação mais aprofundado. Assim faz-se neessário salientar que a pesquisa

cientifica busca explicar as situações-problema que estuda e analisa, apresentando

ao final, inferências e conclusões, mesmo que parciais ou provisórias.

Assim, fica evidente a importância da pesquisa em educação, pois educar é

construir, libertando o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da

História e onde a questão cultural, tanto em sua dimensão individual, como em

relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta.

A metodologia é o instrumento que norteia o processo de investigação, ou

seja, conduz os passos da pesquisa, assim, esta pesquisa caracteriza-se de

natureza qualitativa, uma vez que procura estudar os fenômenos educacionais e

seus autores dentro do conceito social e histórico, procurando o cotidiano como

campo de expressão humana que possibilita um contato pessoal do pesquisador

com o fenômeno pesquisado buscando respostas para nossas inquietações

hipotéticas.

Segundo Ludke e André (1986):

A pesquisa qualitativa tem o ambiete natyural como sua fonte direta de dadoseo pesquisador como seu principal instrumento.(...) a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada,via regra através do trabalho intensivo de campo.(p.11)

Assim, a abordagem qualitativa possibilitou relações de signifacados com a

realidade investigada, de maneira transparente e aprofundada que não se limita

apenas ao caráter da quantificação (MINAYO, 1994), sendo um dos elementos

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29

primordiais para um suposta fidedignidade do estudo, por valorizar o contexto da

realidade, em que se buscou fazer vínculos com o objeto, para investigá-lo.

Nesses termos, para contemplar o objetivo dessa investigação, o tipo de

pesquisa mais propício foi à abordagem qualitativa, pois consiste na explicação da

realidade, isto é, na tentativa de encontrar os princípios subjacentes ao fenômeno

estudado e de situar as várias descobertas num contexto mais amplo.

Nessa perspectiva foi necessário coletar “dados”, os quais garantiram o

desvelamento do objetivo da problemática demarcada nessa investigação. Foi

selecionado como instrumento e técnica de investigação, a observação e o

questionário. Segundo Oliveira (2007), o questionário é um importante instrumento

para obtenção de imformão sobre expectativas, situações vivenciadas e sobre todo

e qualquer dado que o pesquisador deseja registrar para atender os objetivos de seu

estudo. Cervo e Bervian (2002) afirma que o questionário é a forma mais utilizada

para coletar dados, possibilitando medir com exatidão o que se deseja.

3.1. Lócus de Pesquisa

A investigação foi realizada na Escola Antonio Bastos de Miranda – Anexo,

localizada em Missão do Sahy, povoado da cidade de Senhor do Bonfim – Ba. A

referida escola é uma instituição pública e não tendo espaço para comportar toda a

clientela criou-se um anexo, um espaço que não é adequado, mas mesmo assim

atende uma clietela com faixa etária de 03 a 10 anos, sendo distribuidos em salas de

maternal a CBAS II ( Ciclo Básico Sequencial) 2º ano do Ensino Fundamental,

comportando 5 salas, 3 banheiros, 1 cantina e secretaria/diretoria.

A instituição de ensino escolhida como campo de pesquisa, favoreceu-nos

reflexão para analizar as nossas inquietações, que vivenciamos a falta do hábito

pela leitura dos alunos do ensino fundamental que cabe aos professores estimular,

despertar o praser a essa clientela caso contrário formará alunos desestimulados.

3.2. Sujeitos Da Pesquisa

Os sujeitos participantes dessa pesquisa foram 05 (cinco) educadores da

Escola Antonio Bastos de Miranda no turno matutino que atuam no ensino

fundamental I.

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30

3.3. Instrumentos de Coleta de Dados

Os instrumentos de coleta de dados utilizados na produção dessa pesquisa

foram: a observação e o questionário misto com o objetivo de investigarmos o

trabalho literário desenvolvido pelos docentes. Com o intuito de fornecerem os

subsídios para a busca de informações necessárias a produção do material de

análise para a pesquisa.

3.3.1 Observação

Na coleta de dados foi utilizada primeiramente a observação no lócus, para

facilitar ocontato entre os pesquisados e o pesquisador. Através desse instrumento,

o observador tem uma maior aproximação com o objeto estudado, permitindo

compreender melhor a sua realidade e ações.

A observação facilita a compreeção onde os entrevistados deixam

subtendidos, permitindo assim melhor claresa dos dados. A observação contribui

com a pesquisa, uma vez que possibilitou o contato maior com os sujeitos

pesquisados, dando dimenção a uma experiência direta com o pesquisador e

pesquisado.

3.3.2 Questionário

Outro instrumento utilizado foi o questionário aberto contendo cinco questões

com o objetivo de não somente investigar as concepções dos professores/as sobre a

Literatura Infantil, mas compreender o papel da literatura infantil na formação de

crianças leitora.

O questionário aberto foi escolhido por que é um instrumento de pesquisa

contituido por uma série de perguntas com o objetivo de levantar dados. O

questionário da liberdade ao sujeito nas suas opiniões e possibilita que educadores

exponham suas idéias de forma evidente. Marconi e Lakatos (1999, p. 88) definem o

questionário como: “(...) um instrumento de coleta de dados, constituídos por uma

série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito sem a

presença do entrevistador”. Nesse sentido o questionário da liberdade ao sujeito

para expor suas opiniões.

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CAPÍTULO IV

4. Análise e Interpretação dos Dados

A etapa de análise de dados, numa investigação é, sem sombra de dúvidas, o

ápice, a culminância da pesquisa, tendo em vista que neste momento a realidade

pode ser confrontada com todo aparato teórico em que o pesquisador, de posse de

todos os dados coletados, pode fazer inferências/interferências /interpretações, que

irão confirmar ou negar suas hipóteses, consequentimente, desvendar seu objeto de

estudo.

Segundo Lakatos e Marconi (2001 p. 321), a análise dos dados é realizada

em três níveis: a interpretação, na qual o pesquisador verifica as relações entre as

variáveis existentes na pesquisa; a explicação sobre os fenômenos que ocorreram

na coleta de dados; e a especificação, momento em que o pesquisados explicita até

que ponto as relações entre as variáveis do trabalho são válidas, quais são as

origens dessas relações e suas limitações.

Assim, depois de analizados os dados chega a hora de interpretá-los. Esse é

o momento em que o trabalho dá significado às respostas obtidas,descrevendo-as e

explicando-as com base nos materiais coletados durante o seu percurso de

construção. Para Lakotos e Marconi (2001), a interpretação é o momento de expor o

verdadeiro significado do material apresentado, fazendo relações com os objetivos

propostos e o respectivo tema da pesquisa.

É neste contexto que a análise de dados desta pesquisa constitui-se num

momento ímpar, por possibilitar o confronto entre todo o referencial

pesquisado/estudado e a realidade investigada; é o momento em que se pode

assumir posicionamentos frente às descobertas, desvelando assim o objeto e

comtemplando os objetivos na referida pesquisa.

A seguir, transcrevemos os depoimentos das educadoras entrevistadas em

categorias onde argumentam suas concepções a respeito do trabalho com Literatura

Infantil em sala de aula.

Nesse percurso, as categorias demarcadas sinalizaram os principais eixos de

discurssão da temática: A primeira refer-se à Concepção de literatura infantil, a qual

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traz algumas análises sobre a visão de profissionais que atuam no âmbito escolar; A

segunda a ponta a literatura infantil como elemento essencial para estimular o

hábito da leitura. Por fim a terceira discute as histórias no processo de

desenvolvimento da leitura no intuito de refletir sobre a opinião dos docentes e

analisar o olhar de cada profissional diante do contexto.

4.1 A concepção de literatura infantil

É imprescindível tecer algumas análises sobre a visão dos vários profissionais

que atuam no âmbito escolar, quanto a importância da Literatura infantil, tendo em

vista que tais discussões evicidenciam possibilidades, limitações e dasafios da

atuação do pedagogo na formação de leitores através da Literatura infantil.

Todas as participantes são do sexo feminino, a idade varia de 28 a 50 anos,

já atuam na educação infantil a mais de dez anos e todas são graduadas no curso

de Pedagogia sendo que nenhuma possui especialização. Estes sujeitos participam

regularmente de cursos de formação.

Adentrando na discussão, questionados a respeito da concepção da

Literatura Infantil, os educadores deixaram evidentes que:

P1: É um caminho para vivenciar o lúdico e despertar o interesse pela

leitura (2012).

P2: È uma viagem através da leitura, onde a criança se transporta ao mundo da imaginaçao e passa a sentir emoções e despertar curiosidades e sentimentos (2012).

P3: São Livros destinados para um público alvo: crianças.

P4: È a arte das letras que encantam as crianças e adultos.

P5: È a metodologia utilizada por meio de livros, gravuras ou fantoches que

enriquecem no âmbito escolar o gosto pela leitura (2012).

Fica claro nas falas da P1, P2, P4 que os docentes consideram a Literatura

Infantil como algo mais amplo e que através da Literatura a criança desperta sua

curiosidade para o mundo da leitura e através dos seus questionamentos e

curiosidades desenvolve um potencial crítico. Já as docentes P3 e P5 demonstram

uma concepção restrita, quando resumem a Literatura infantil apenas a livros

especialmente para um público infantil que desperta o gosto pela leitura. Coelho

(2000) defende que:

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A literatura é antes de tudo literatura; ou melhor, é arte: Fenômeno da criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Fdunde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização. (p. 27).

O leitor, principalmente o leitor infantil, entra na história através da

imaginação. Dessa forma evidencia que a Literatura aguça o senso crítico da criança

induzindo a pensar, por que a Literatura representa o mundo da criança onde ajuda

no desenvolvimento da criança e também ajuda de alguma forma a resolver seus

conflitos internos.

Na fala das professoras, a Literatura infantil tem um papel significativo no

desenvolvimento da criança aguçando o gosto pela leitura, proporcionando a

aquisição de novos conhecimentos, desenvolvendo as suas habilidades necessárias

de forma natural e agradável.

4.2 Literatura infantil: Elemento essencial para estimular o hábito da leitura

Perguntado se as educadoras acreditam que a utilização da Literatura nas

aulas ajuda a estimular a leitura, ficou evidenciado que:

P1: Sim. Ao observar o hábito do professor de ler e junto a ele o prazer que a leitura proporciona, a criança despertará em sí o desejo de fazer o mesmo.

P2: sim. Porque as histórias são fontes maravilhosas de experiências, são meios preciosos de ampliar o horizonte da criança e aumentar seus conhecimentos em relação ao mundo. Se o professor utiliza a literatura irá com certeza incentivar o aluno a gostar de ler.

P3: Sim. Por que para a criança o professor ou os pais são modelos, eles admiram, então seja contado por pais ou professores de um modo atrativo e competente sem dúvida irá despertar nele o gosto e o prazer pela leitura. È claro que depende de como é contada e incorporada determinadas histórias.

P4: Sim. Por que a criança vivencia o momento em que a professora lê um livro, conta uma história e propicia a criança manusear estes livros para assim recontar ou criar novas histórias.

P5: sim. Pois provoca no aluno o interesse e o prazer de ouvir e de recontar

o que foi narrado.

As professoras afirmam que a Literatura Infantil desenvolve o hábito da

leitura, desperta o prazer em ler, amplia os horizontes e aumenta os conhecimentos

em relação ao mundo.

Nesse sentido Barbosa, (1994) salienta que “(...) a leitura é mais que um

exercício dos globos oculares, pois se apóia, por um lado, no que o leitor recebe

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através do seu sistema de visão e, por outro nas informações que o leitor tem

disponíveis na sua cabeça, na sua estrutura cognitiva”. Compreende-se que o leitor

ao manusear o livro desperta-se a curiosidade induzindo a leitura, selecionando

assim leitura de acordo com suas necessidades e gosto através de sua imaginação

criadora abrindo caminhos para o conhecimento. Diante das respostas percebeu-se

que a literatura Infantil é utilizada como recurso para estimular a leitua.

Ao serem questionadas sobre o que consideram essencial para a formação

de uma criança leitora, destacaram:

P1: Um ambiente que lhe favoreça, que desperte o seu desejo por ler: Livros disponíveis na sala de aula, pais que presenteiam seus filhos com livros.

P2: Ler histórias para crianças considero essencial e também fazer com que

tenham acesso a livros em casa e na escola.

P3: Um ambiente que favoreça o despertar e o gosto pela leitura, seja na escola ou em casa, incentivo, a vivência e o contato com o ouvir e contar histórias.

P4: Despertar na criança o gosto pela leitura.

P5: O incentivo dos pais e professores.

As professoras abordam que a organização do ambiente alfabetizador e

principalmente o incentivo dos pais constitui um dos recursos essenciais para o

desenvolvimento e formação da criança leitora. Magda Soares (2003 p. 47)

exemplifica o caso de uma criança que mesmo antes de estar em contato com a

escolarização, e que não saiba ainda ler e escrever, porém, tem contato com livros,

revistas; ouve histórias lidas por pessoas alfabetizadas, presencia a prática de

leitura ou de escrita, e a partir daí tambem se interessa por ler, mesmo que seja só

ensenação, criando seus próprios textos.

4.3 Histórias infantis no processo de desenvolvimneto da leitura

A proposta de leitura de textos literários no processo de alfabetização,

visando a formação do leitor, sustenta-se na seleção de textos; no processo de

atividades de leitura e de produção textual; e no envolvimentos de atores que

legitimam o esforço dos docentes, voltado para a promoção da leitura.

Instigando sobre como incentivam os alunos ao hábito da leitura, as

educadoras destacaram que:

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35

P1: através de atividades constantes que envolvam momentos de leitura visita a biblioteca da escola, lendo para eles e contando histórias, etc.

P2: Lendo para eles e possibilitando que os mesmos tenham acesso a livros e oportunizando a fazer recontos, e ler em sala de aula.

P3: Lendo. Lendo com gosto, ênfase e vontade de maneira que possa contagiar e despertar o gosto pela leitura. Além de acentuar a importância da leitura em nossas vidas.

P4: Lendo, contando histórias, construindo cantinho de leitura.

P5: Proporcionando momentos que elas mostrem a sua leitura, não importando de que forma elas lêem, mas sim como posso ajudá-las.

Ficou evidente nas afirmações das professoras que a inter-relação do

professor com o trabalho literário é essencial, pois é através da leitura que o

professor faz, da forma como ele lê, que a criança se entusiasma e passa a se

interessar pela leitura. As docentes utilizam vários métodos, sendo que todas as

estratégias de ensino têm resultados significativos que despertam o gosto e o

interesse pelas atividades proposta.

O domínio da leitura é uma experiência muito importante na vida da criança,

que determina o modo como ela irá perceber a escola e a aprendizagem em geral.

Segundo Bettelheim (1984):

Quando a aprendizagem da leitura é experienciada não apenas como melhor caminho, mas como o único para sermos trasportados para dentro de um mundo previamente desconhecido, então a fascinação inconsciente da criança em ralção aos acontecimentos imaginários e seu poder mágico apoiará os seus esforços conscientes na decodificação, dando-lhe forças para vencer a difícil tarefa de aprender a ler... (p. 49).

Conforme Bettelheim, o acesso ao código escrito confere à criança o poder de

participar do mundo secreto dos adultos, tornando o ato de ler uma aventura

fascinante.

Ao investigar sobre a importancia das histórias infantis no processo de

desenvolvimento da leitura, as educadoras deixaram explicito que:

P1: São de extrema importância, pois é o primeiro contato das crianças com o mundo letrado. Através da leitura das imagens, a criança imagina, sonha, se permite um final diferente para o que está vendo. Quando descobre o que está escrito, percebe que o desenho pode ser algo mais concreto.

P2: As histórias infantis são importantes por que além de proporcionar turbilhões de de emoções, sentimentos, familiariza a criança à leitura.

P3: Imprescindivel, mas não qualquer história, e sim histórias significativas.

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36

P4: As histórias infantis tem grande importância, pois através delas as crianças viagam na sua imaginação e desperta o prazer pela leitura.

P5: Muito importante, pois proporciona uma verdadeira ponte entre a fantasia e imaginação e o gosto pelo hábito de ler.

A história infantil abrange um conjunto de acontecimentos ligados entre sí,

seus componentes são as ações, as personagens, o espaço e o tempo, portanto

devem se adequar a faixa etária e o sexo do leitor, já que meninos tendem a se

identificar com histórias em que atuem heróis masculinos, ocorrendo o inverso entre

as meninas. Porém a função mais importante das histórias infantis é despertar o

interesse e o imaginário da criança. Nesse sentido Abromovich (1997) salienta que

“Ao ler uma história a criança também desenvolve todo um potencial crítico. A partir

daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pois se sentir inquieta,

querendo saber mais...(p. 143”)

Diante da nossa reflexão percebeu-se que uma história traz consigo inúmeras

possibilidades de aprendizagem. Entre elas estão os valores apontados no texto, os

quais poderão ser objeto de diálogo com as crianças, possibilitando a troca de

opiniões e o desenvolvimento de sua capacidade de expressão. O estabelecimento

de relações entre os comportamentos dos personagens da história e os

comportamentos das próproias crianças em nossa sociedade, possibilita ao

professor desenvolver os múltiplos aspectos da literatura infantil.

A literatura infantil é de grande importância para o processo do

autoconhecimento da criança e de sua inserção no real, bem como para o

desenvolvimento de seu senso crítico.

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37

5. Considerações Finais

Sabe-se que a educação sozinha não pode modificar a realidade em que

estamos inseridados, mas também se tem a consciência de que nenhuma mudança

poderá ocorrer sem que a educação esteja presente. Para levar a educação a

ocupar o seu espaço e ser realizada de forma séria, tem-se que sensibilizar todos

aqueles que a fazem, para que desempenhe seu papel de forma reflexíva,

contextualizada, comprometida e alegre para que os atores envolvidos se

identifiquem e identifiquem seu mundo. Para isso nada melhor do que utilizar a

leitura de histórias que levam os leitores, com potenciais antes desconhecidos, a

passear pelo passado, visualizar o presente e sonhar com um futuro melhor.

É nessa medida que se torna possível afirmar que o percurso de construção

desse trabalho foi muito significativo, permeado de construções, desconstruções e

reconstruções de conceitos e perspectivas, pois ao longo dessa pesquisa muitas

descobertas se efetivaram, muitas reflexões foram travadas.

Assim, através do presente trabalho, percebe-se que os objetivos foram

alcançados, ficando evidente que a Literatura Infantil tem um papel significativo no

desenvolvimento da criança, é uma forma exemplar de aprendizagem. É

imprescindível para o desenvolvimento da linguagem e personalidade, pois é através

da literatura que a criança desenvolve o potencial crítico, possibilitando o diálogo, a

troca de opiniões, a aquisição de novos conhecimentos, a habilidade da leitura de

forma natural e agradável além de ampliar a capacidade de expressão, portanto a

criança aprende brincando em um mundo de imaginação, sonhos e fantasias.

Assim, espera-se que a referida pesquisa contribua significadamente para

nossa formação enquanto educadores. Entendemos que a relevância desse

trabalho, desde as observações até a construção dessa monografia e a sua

operacionalização tem a possibilidade de ampliar cada vez mais os nossos

conhecimentos na busca de uma educação mais eficaz.

Page 38: Monografia Joseneide Pedagogia 2012

38

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5.ed. São Paulo;

Scipione, 1995.

AGUIAR, V.T.; BORDINI, M.G. Literatura: a formação do Leitor: alternativas

metodológicas. 2.ed. Porto Alegre; Mercado Aberto, 1993.

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 1994.

BETTLHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas 11. Ed Rio de Janeiro: Paz e

Terra,1996 .

COELHO, Nelly Novais. Literatura Infantil: teoria, análise, didática. 1. Ed. São

Paulo: Moderna, 2000.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.

25. Ed. São Paulo: Cortez. 1991.

GITELLI, Adelson. Comunicação e Educação: A linguagem em movimento. 3. Ed.

São Paulo SENAC. 2004.

JESUALDO. Literatura Infantil. 1. Ed. São Paulo: Cultrix, 1993.

JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: artes Médicas, 1994.

KLEIMAN, Ângela B. Modelos de Letramento e as práticas de alfabnetização na

escola. Campinas: Mercado das Letras, 2005.

LAJOLO. Mariza. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6 ed. Gráfica:

São Paulo, 2002.

LERNER Delia. Ler e Escrever: O real o possível e o necessário. Alegre: Artmed.

2002.

LUDKE, Menga. ANDRÉ, Marli, E. D. A. Pesquisa em educação: Abordagens

qualitativas ( temas básicos de educação e ensino). São Paulo: EPU, 1986.

Page 39: Monografia Joseneide Pedagogia 2012

39

OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer Pesquisa qualitativa. Rio de Janeiro:

Vozes, 2007.

PALO, Maria José. OLIVEIRA, MARIA Rosa D. Literatura Infantil: voz de Criança.

3. Ed. São Paulo: Ática, 2001.

PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand. Brasil, 1998.

SILVA, Ezequiel da. Leitura e realidade brasileira – Porto Alegre: Mercado Aberto.

1997.

SISTO, Celso. Texto e pretexto sobre a arte de contar histórias. (2ª ed. Revista

ampliada). Curitiba, Positivo, 2005.

ZILBERMAN, Regina. A literatura Infantil na escola. 6. Ed. São Paulo, global,

1987.

Page 40: Monografia Joseneide Pedagogia 2012

40

APÊNDICE

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENT DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM-BAHIA

CURSO- PEDAGOGIA DOCÊNCIA E GESTÃO DE PROCESSOS EDUCATIVOS

Caro(a) professor (a):

Este questionário é um instrumento relativo à pesquisa que realizo no

componente curricular TCC, enquanto concluinte do curso de Pedagogia

Docência e Gestão de Processos Educativos. Agradeço a valiosa e

indispensável colaboração ressaltamos que não precisa se identificar, uma vez

que manteremos o absoluto sigilo, o que requer uma postura ética até mesmo

enquanto pesquisadora iniciante.

Antecipadamente agradeço a compreensão e colaboração.

Joseneide Barbosa de Andrade.

Questionário

1. Qual a sua concepção sobre Literatura Infantil? ___________________________________________________________________

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2. Você acredita que a utilização da Literatura Infantil nas aulas ajuda a

estimular o hábito da Leitura? Justifique?

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3. O que você considera essencial para a formação de uma criança leitora?

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4. Como você incentiva seus alunos ao hábito da leitura?

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5. Qual a importância das histórias infantis nesse processo de

conhecimento da leitura?

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