cartilha oftalmo

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    Autores:Marcos vila Milton Ruiz Alves Alves e Mauro Nishi

    Internaonal Standard Book

    ISBN:

    Projeto Grfico:Jlio Leiria

    Diagramao:Jlio Leiria Luiz Felipe Beca Danielle Athayde Leonardo Rocha

    Edio e Reviso:Alice Selles

    Coordenao de Produo:Selles & Henning Comunicao Integrada

    Conselho Brasileiro de OftalmologiaEndade Pblica Federal Portaria n 485 de 15/06/2000

    Filiado :

    Associao Mdica Brasileira

    Associao Pan-Americana de Oalmologia

    Concilium Ophthalmologicum Universale

    Rua Casa do Ator 1.117 Conj. 21 2 andar Vila OlmpiaSo Paulo SP CEP: 04546-004

    Tel.: (11) 3266-4000 Fax: (11) 3171-0953www.cbo.com.br

    1 edio 2015

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    Agradecimentos

    O objevo desta publicao trazer informaes relevantes para todos os que se dedicam

    promoo da sade ocular no Brasil. Paralelamente dedicao mdica com vistas atualizao

    cienca constante, h a absoluta necessidade da conscienzao de todos os segmentos da

    sociedade de que o acesso da populao brasileira sade ocular de qualidade pode ser imple-

    mentado com tecnologias apropriadas e medidas adequadas. O objevo nal deve ser a facilita-

    o da autossucincia local, valorizando-se princpios de regionalizao dos cuidados em sade

    com complexidade crescente. Em programas de base comunitria e voltados para a realidade

    local, a parcipao da comunidade no apenas contribui para a educao em sade de forma

    mais ampla, como racionaliza custos, gastos, garante credibilidade e permanncia das medidas

    implementadas no longo prazo. O Conselho Brasileiro de Oalmologia desde o seu primeiro con-

    gresso nacional em 1938, tem apresentado sistemacamente propostas de polca oalmol-

    gica para o nosso meio e esmulado oalmologistas a manterem a melhor condio tcnica e

    parcipao comunitria. Assim, na construo desse texto os autores veram a sensibilidade

    de valorizar a luta diria de cada um dos mais de 17 mil oalmologistas pela preservao da

    viso e da qualidade de vida da populao brasileira. Trata-se, portanto, de uma resposta, uma

    prestao de contas, a cada Deputado e Senador que est atento s condies de sade ocular

    de nosso povo, e a elas se dedicam.

    Marcos vila Milton Ruiz Alves Mauro Nishi

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    ndice

    Parte I Cegueira e deficincia visual no Brasil

    Os nmeros no Brasil: - Distribuio populacional

    - Esmavas de prevalncia das principais causas de cegueira

    e baixa viso no Brasil

    - Esmavas de cegueira com base nas condies econmicas

    - Esmavas com base nos grupos etrios

    Preveno da cegueira no Brasil:

    - Crianas

    - Teste do Olhinho

    - Exame de refrao

    - Adultos - Exame oalmolgico

    Cegueira e decincia visual em adultos e idosos

    Prevalncia esmada de erros refravos

    Outras causas de cegueira e decincia visual no Brasil

    Transplante de crnea

    - O sistema brasileiro de transplantes de rgos e tecidos

    - Bancos de tecidos oculares

    - Transplantes realizados

    Avaliao econmica nos servios de sade

    Parte II Ateno sade ocular no Brasil Sistema pblico

    - Dados de nanciamento do sistema de sade no Brasil

    - Consultas oalmolgicas pelo SUS

    - Polcas pblicas

    Sistema privado

    - Atendimento medicina suplementar

    - As mudanas etrias no Brasil e o atendimento oalmolgico

    na sade suplementar

    Parte III Propostas para o combate cegueirae deficincia visual no Brasil Mais acesso Sade Ocular

    Parte IV A Oftalmologia brasileira CBO

    - Finalidades

    - Diretoria

    - Ex-presidentes

    - Presena nacional (sociedades estaduais e regionais)

    - Sociedades liadas

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    Formao do oalmologista brasileiro

    - Provas para obteno do Ttulo

    - Educao mdica connuada

    Censo oalmolgico

    - RAS

    - Situao Brasil e por estados

    - Capital X Interior

    Parte V Cegueira e deficincia visual Denies

    Decincia visual e cegueira no mundo

    - Principais fatores de risco para decincia visual devidoa doenas oculares

    - Prevalncia da cegueira

    - Baixa viso

    - Causas de cegueira e decincia visual no mundo (%)

    - Projees da extenso e causas da decincia visual

    - Programa Viso 2020: o direito viso

    - Plano de ao da OMS para preveno de causas

    de decincia visual e cegueira

    Cegueira e decincia visual na criana

    - Principais causas da cegueira infanl

    - Decincia visual por erros de refrao na infncia

    e na adolescncia

    - A situao na Amrica Lana

    Causas de cegueira e baixa viso em adultos e idosos

    - Catarata

    - Erros de refrao

    - Tracoma

    - Oncocercose

    - Degenerao macular relacionada idade (DMRI) - Renopaa diabca

    - Glaucoma

    - Renose pigmentar

    Parte VI A legislao brasileira e o exerccioda Oftalmologia Leis que regulam o exerccio da Oalmologia no Brasil

    Referncias Bibliogrficas

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    De acordo com o IBGE (2014), a estrutura populacional por grupos etrios e sexo no Brasil mante-

    ve em 2013 a tendncia de envelhecimento da estrutura etria no Pas. Em 2004, a parcipao

    percentual dos grupos populacionais de at 14 anos de idade era menor que a do grupo de 15 a

    19 anos de idade, ou seja, observava-se o forte estreitamento da base da pirmide populacional.

    Na distribuio etria da populao de 2013, observou-se que este estreitamento da base da

    pirmide foi ainda mais destacado, vericando-se que a parcipao do grupo com at 29 anos

    de idade diminuiu de 54,4%, em 2004, para 46,6% em 2013, enquanto o aumento para o grupo

    com 45 anos ou mais de idade foi evidente, passando de 24,0% para 30,7%, no mesmo perodo.

    A julgar pelas hipteses implcitas nas projees dos indicadores repre-

    sentavos das variveis demogrcas, pode-se deduzir que o perl de-

    mogrco da populao do Brasil ainda ter uma longa jornada de trans-

    formaes. Em face do connuado declnio da fecundidade e do aumento

    da longevidade de sua populao, o Pas caminhar rapidamente rumo

    a um padro etrio cada vez mais envelhecido, o que, seguramente, im-

    plicar em avaliaes permanentes das polcas sociais voltadas para o

    atendimento das demandas de um conngente de adultos e idosos que

    crescer velozmente.

    Dado o rpido processo de envelhecimento populacional, importante

    destacar que entre os desaos que surgem neste cenrio esto previdn-

    cia social, sade, cuidado e integrao social dos idosos (Indicadores So-

    ciodemogrcos Prospecvos para o Brasil 1991-2030 IBGE, 2006).

    Tendo como referncia a reviso das projees da populao brasileira at 2030, realizada pelo

    IBGE em 2008, nota-se que mandas as tendncias, em 2030 a esperana de vida chegar a

    78,33, contra 66,93 em 1991.

    O Brasil em nmeros

    Fonte: www.ibge.gov.br/home/estasca/populacao/projecao_da_populacao/2008/piramide/piramide.shtm

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    Alm das modicaes populacionais, o Pas tem experimentado mudanas no perl epidemiol-

    gico da populao, com alteraes relevantes no quadro de morbimortalidade. As doenas infec-

    tocontagiosas, que representavam cerca de metade das mortes registradas no Pas em meados do

    Sculo XX, hoje so responsveis por menos de 10%, ocorrendo o oposto em relao s doenas

    cardiovasculares e outras tambm crnicas. Em menos de 50 anos, o Brasil passou de um perl

    de mortalidade pico de uma populao jovem para um desenho caracterizado por enfermidades

    complexas e mais onerosas, prprias das faixas etrias mais avanadas (GORDILHO et al, 2000).

    Toda esta transio, entretanto, vem ocorrendo de forma muito desigual, fato associado, em

    grande parte, s diferentes condies sociais observadas no Pas.

    O processo de envelhecimento da populao representa novos obstculos na busca por solues

    para problemas estruturais da sociedade brasileira.

    Focando o grupo etrio de 60 anos ou mais, observa-se que o mesmo duplica, em termos absolu-

    tos, no perodo de 2000 a 2020, ao passar de 13,9 para 28,3 milhes, elevando-se, em 2050, para

    64 milhes. Em 2030, de acordo com as projees, o nmero de idosos j supera o de crianas

    e adolescentes (menores de 15 anos de idade), em cerca de quatro milhes, diferena essa que

    aumenta para 35,8 milhes, em 2050 (64,1milhes contra 28,3 milhes, respecvamente).

    Hoje, a populao com idade at 05 anos menor que era registrado pelo levantamento em

    2000, e a projeo de reduo segue para os prximos 35 anos. Na outra ponta, a populao deidosos, acima de 65 anos, tende a crescer. Outro ponto que merece ser destacado refere-se ao

    considervel incremento da populao idosa de 70 anos ou mais de idade.

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    Populao total - Grupos etrios

    Fonte:IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e IndicadoresSociais. Gerncia de Estudos e Anlises da Dinmica Demogrca.

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    Mudanas na populao de pases que tero mais de 16 milhes

    de pessoas com 60 anos ou mais em 2025

    Fonte:World Health Stascs Annuals, 1979, 1982.

    Dentre os desaos que esse veloz crescimento da populao idosa traz, est o crescimento da

    prevalncia de problemas visuais na medida em que a populao se torna predominantemente

    mais velha. As trs maiores causas de cegueira no mundo e no Brasil so doenas que acometem,

    sobretudo, os idosos: catarata, glaucoma e degenerao macular relacionada idade (DMRI).

    O Brasil apresenta uma das maiores taxas de crescimento da populao idosa entre os pases

    mais populosos do mundo (como pode ser observado no quadro, galgou nove posies em 75

    anos, atrs apenas da Nigria e do Mxico). Entre as unidades federavas com mais idosos acima

    de 70 anos, o IBGE (2013) lista Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e So Paulo, con-

    siderados os mais envelhecidos do pas. Os grandes centros urbanos, embora j apresentem

    um perl demogrco semelhante ao dos pases mais desenvolvidos, ainda no dispem de uma

    infraestrutura de servios que d conta das demandas decorrentes das transformaes demo-

    grcas vigentes.

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    Distribuio percentual da populao residente, por grupos de idade, segundo as

    Grandes Regies, as Unidades da Federao e as Regies Metropolitanas 2013

    Fonte:IBGE, 2013.

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    Alm das mudanas demogrficas, mudanas sociais:De acordo com a pesquisa Observador 20111, em 2010, 19 milhes de pessoas deixaram as clas-

    ses DE e 12 milhes alcanaram as classes AB. H 5 anos, as classes A, B e C somadas represen-

    tavam apenas 49% da populao, enquanto em 2010 elas somavam 74%. A tabela e o grco a

    seguir demonstram que as classes DE vm perdendo massa, e que a classe C vem aumentando.

    A chamada classe C ou a Classe Mdia Brasileira teve o acrscimo de 21,8 milhes de pessoas

    entre 2003 e 2014, passando, assim, a ter 118 milhes de brasileiros e representando 60,2% da

    populao do Pas.

    Distribuio da populao por classe social

    Fonte:Centro de Polcas Sociais - CPS/FGV a parr dos microdados da PNAD, POF e PME/IBGE.

    Disponvel em: hps://blogpalavrasdiversas.wordpress.com/2014/01/25/desigualdade-mundial-

    -e-escandalosa-mas-brasil-avancou-em-jusca-social/. Acesso em 09 de abril de 2015:

    1As classes sociais adotadas

    pelo estudo foram as denidas

    pelo Critrio de ClassicaoEconmica Brasil (CCEB)

    fornecido pela Associao

    Brasileira de Empresas de

    Pesquisa (ABEP).

    E a pesquisa, conduzida pelo

    Instuto Ipsos.

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    Tomando-se como base a esmava da ONU2, de que a populao mundial angiu em 2013 a

    marca de 7,2 bilhes de pessoas, o Brasil denha no mesmo ano32,79% desse conngente.

    As esmavas da OMS sobre a relao entre cegueira, decincia visual e condies econmicas

    permitem estabelecer esmavas sobre a cegueira no Brasil.

    Esmavas de cegueira com base nas condies econmicas:

    - Populao pobre: 48,9 milhes X 0,9% = 440.100

    - Populao intermediria: 118 milhes X 0,6% = 708.000

    - Populao rica: 29,1 milhes X 0,3% = 87.300

    Apesar da importncia das esmavas com base nas condies econmicas, elas sozinhas so

    capazes de mascarar outros aspectos importantes. Se olharmos exclusivamente para a evoluo

    econmica do Brasil e a prevalncia esmada de cegueira, diremos que temos melhoria nas con-

    dies de sade ocular do povo brasileiro, mas tal armava seria precipitada, sem considerar as

    mudanas demogrcas da populao.

    Esmavas com base na faixa etria:

    Pesquisas realizadas em 55 pases, subdivididos em 15 sub-regies pela OMS, possibilitaram aobteno de dados globais de decincia visual no ano de 2002. O Brasil compe o grupo Am-

    rica B, no qual as esmavas de prevalncia da cegueira so:

    Independente da classe social, a esmava de cegueira cresce em funo da idade, chegando a

    ser de 15 a 30 vezes maior em pessoas com mais de 80 anos do que na populao com at 40

    anos de idade.

    Deficientes visuais no BrasilDe acordo com o IBGE (2010), h escassez de dados populacionais em vrias regies. Com isso,

    no possvel esmar com segurana a prevalncia da decincia visual no Brasil. Entretanto,

    possvel ulizar as estascas mundiais que mostram que o nvel de desenvolvimento socioeco-

    nmico est diretamente relacionado com as condies de sade ocular.

    Cegueira no Brasil

    Fonte:World Health Organizaon, 2004; RESNIKOFF et al., 2004. e hp://www.ibge.gov.br/home/estasca/populacao/projecao_da_populacao 2013 . Acesso em 07 de abril de 2015.

    2O hp://internacional.estadao.

    com.br/nocias/geral,onu-

    populacao-mundial-e-de-7-2-

    bilhoes-de-pessoas,1042156.

    Acesso em: 02 de abril de 2015.

    3Disponvel em: p://p.

    ibge.gov.br/Esmavas_de_

    Populacao/Esmavas_2013/

    populacoes_esmavas_BR_UF_

    TCU_31_10_2013.pdf. Acesso

    em: 02 de abril de 2015.

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    Seguindo a esmava da Agncia Internacional de Preveno Cegueira4, possvel considerar

    que no Brasil tenhamos cerca de 29 mil crianas cegas por doenas oculares que poderiam ter

    sido evitadas ou tratadas precocemente.

    A diversidade regional brasileira e os diferentes nveis de desenvolvimento socioeconmico su-

    gerem a esmava de um valor mdio de prevalncia de cegueira infanl para o Brasil entre 0,5

    e 0,6 por mil crianas.

    A preveno ao alcance de muitas crianas

    O teste do reexo vermelho, tambm chamado de Teste do Olhinho, deve ser realizado ainda na

    maternidade em todos os recm-nascidos. um teste muito simples, capaz de detectar a catarata, o

    glaucoma congnito, e ainda qualquer patologia ocular congnita que cause opacidades de crnea,

    tumores intraoculares grandes, inamaes intraoculares importantes ou hemorragias vtreas.

    Algumas cidades brasileiras j tm legislao que exige a realizao do Teste do Olhinho em

    todos os recm-nascidos antes de sua alta. A Agncia Nacional de Sade Suplementar tambm

    incluiu o Teste do Olhinho no rol de procedimentos com cobertura obrigatria pelas operadoras

    de planos de sade. So vitrias importantes para a sade pblica, mas ainda h muito a ser feito

    para garanr a sade ocular de nossas crianas.

    De acordo com a

    Classicao Internacional

    de Doenas - CID-10,

    a decincia visual

    considerada cegueira

    quando a viso, ou

    acuidade visual corrigida

    como apresentada, pior

    que 20/400.

    Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei n. 240, de 2007, de autoria do Senador Paulo

    Paim, que altera o art. 10 da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, que instui o Estatuto

    da Criana e do Adolescente, para tornar obrigatrio o Teste do Olhinho em todo o Pas.

    Esmava de prevalncia de cegueira infanl no Brasil

    *Esmavas por faixa etria - IBGE 2014.

    4

    IAPB Internaonal Agencyfor the Prevenon of Blindness.

    Acessado em 10 de abril de 2015.

    Brasil: Cegueira e deficinciavisual na criana

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    Erros refrativosDe acordo com Kara-Jos e colaboradores (2008), os erros de refrao no corrigidos so a prin-

    cipal causa de decincia visual entre as crianas brasileiras. Para Negrel (1998), as molsas

    oculares, por serem capazes de inuir no rendimento escolar e na sociabilizao da criana, re-

    presentam grande impacto econmico e social. Da a importncia da idencao e tratamento

    precoces das ametropias. Tais aes tambm so fundamentais para que se reduza a incidncia

    de ambliopia (olho preguioso) entre as crianas.

    Em diversos pases, prossionais da rea de sade so treinados para idencar alteraes oculares

    entre crianas regularmente. Nos pases em desenvolvimento, tais programas ainda so mais recen-

    tes, e de acordo com Schellini (1987), menos ecientes, pois baseiam a triagem nas escolas, e por isso

    angem apenas aqueles que as frequentam. Nos Estados Unidos e na Sua, desde a dcada de 1950,

    sistemacamente j so realizados exames peridicos em crianas em idade pr-escolar.

    A triagem oalmolgica, por possibilitar a deteco de doenas e, consequentemente, a preven-

    o da cegueira infanl, e ainda por permir avaliar o perl de erros refracionais na populao,

    detm grande relevncia do ponto de vista de sade pblica (ALVES et al, 2014). Ainda para esses

    autores, a idade ideal para a realizao das campanhas de triagem de problemas oalmolgicas

    situa-se entre 0 e 6 anos, quando se completa o desenvolvimento visual.

    Tomando por base o estudo da OMS5sobre o percentual esmado de pessoas com decincia

    visual por erros de refrao no corrigidos para a sub-regio Amr-B (que inclui Argenna, Bolvia,

    Brasil, Chile, Paraguai e Venezuela), na faixa etria de 05 a 15 anos (0,7 %), chegamos a uma es-

    mava de 15 milhes de crianas em idade escolar com problemas de refrao que interferem

    em seu desempenho dirio (problemas de aprendizado, autoesma e de insero social).

    Prevalncia da decincia visual e cegueira (acuidade visual < 20/60), como o

    paciente se apresentou (com ou sem correo pca), de acordo com a idade

    IC = Intervalo de Conana de 95%.

    5Bullen of the World Health

    Organizaon | January 2008, 86 (1).

    Fonte:SCHELLINI et al. Prevalence and causes of visual impairment in a Brazilian populaon:Botucatu Eye Study. BMC Ophthalmology, 2009;9;8.

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    As principais causas de cegueira e decincia visual em adultos e idosos esto associadas ao

    envelhecimento da populao. Como nossa populao apresenta uma das maiores taxas de au-

    mento da expectava de vida entre os pases mais populosos do mundo6, temos tambm a ex-

    pectava do aumento da prevalncia de tais causas.

    Prevalncia estimada de erros refrativos:

    Miopia

    A prevalncia da miopia varia de 11% a 36%, sendo menor em negros e maior nos asicos. Para

    miopia degenerava, a prevalncia ca em torno de 10% da populao mipica. O Brasil, com

    201 milhes de habitantes, tem a populao mope esmada entre 22 e 72 milhes de indivdu-

    os, e entre 2 e 7 milhes de pessoas com miopia degenerava.

    Hipermetropia

    Prevalncia de 34% da populao, o que equivale a 68 milhes de pessoas.

    PresbiopiaDe acordo com Bicas (1997), a presbiopia a reduo siolgica da amplitude de acomodao

    com a incapacidade de focalizar objetos prximos, que se inicia entre 38 e 50 anos de idade,

    angindo uma de 100% na populao a parr dos 55 anos, o que representa 18,2% da populao

    brasileira, ou seja, aproximadamente 37 milhes de pessoas.

    Alves (2014) arma que, levando em considerao uma srie de fatores, seria possvel esmar

    que quase 20 milhes de brasileiros so prsbitas e no possuem ou ulizam correes visuais

    adequadas. A esmava do custo com correes pcas para esse m pode ser estabelecida

    com base no valor pago pelo SUS, chegando a aproximadamente 530 milhes de reais.

    De acordo com Alves et al(2014), at o ano 2000 a esmava era de que os erros refravos fossem

    responsveis por 42,7% da decincia visual dos brasileiros (catarata, degenerao macular rela-

    cionada idade e glaucoma responderiam, respecvamente, por 23,6%, 5,4% e 4,0% das causas).

    Outras causas de cegueira e deficincia visual no Brasil

    Cegueira por catarata no Brasil

    De acordo com o CBO (2012), historicamente, o nmero de cirurgias de catarata no Brasil

    sempre foi baixo (inferior a 50 mil cirurgias/ano). Em 1996, sob a coordenao do Conselho

    Brasileiro de Oalmologia e apoio do Ministrio da Sade e de Secretarias Estaduais e Munici-

    pais de Sade, foi realizada a primeira campanha nacional com objevo de diminuir o nmero

    6World Health Stascs

    Annuals, 1979, 1982.

    Brasil: Cegueira e deficincia visualem adultos e idosos

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    de casos de cegueira por catarata no Brasil (o Muro de Cirurgias de Catarata). A iniciava

    contou com o trabalho voluntrio de cerca de trs mil oalmologistas, alm de outros pros-

    sionais, nas cidades parcipantes. Com a campanha, o nmero de cirurgias de catarata cresceu

    para um patamar superior a 200 mil cirurgias por ano, angindo seu pico em 2005, com a

    realizao de 331.448 cirurgias.

    Esma-se que a prevalncia atual no Brasil seja de aproximadamente 350.000 cegos por catara-

    ta. O nmero de novos casos de catarata a cada ano esmado em 20% do observado de preva-

    lncia, com variaes em funo das condies socioeconmicas.

    A prevalncia de catarata senil de 17,6% antes dos 65 anos; 47,1% no grupo entre 65-74 anos e

    73,3% nos indivduos acima de 75 anos. Calcula-se que, alm da demanda reprimida, em funo

    do envelhecimento da populao, haja 120.000 novos casos/ano.

    O impacto social da cegueira e a grande prevalncia da catarata entre a populao mais idosa ,

    deve ser levado em conta na formulao de polcas pblicas. Com uma populao de pouco mais

    de 202 milhes de habitantes, precisamos que o SUS, responsvel pelo atendimento de 65% da

    populao, garanta a realizao de pelo menos 390 mil cirurgias de catarata/ano, outras 180 mil ci-

    rurgias devem ser realizadas pelo setor privado, chegando-se a um total de 540 mil procedimentos.

    Entretanto esse nmero, to alm do que hoje esma-se que seja realizado, seria suciente apenas

    para eliminar a cegueira instalada. Para evitar que mais e mais brasileiros cheguem cegueira por

    catarata, esmam-se que seriam necessrias 720 mil cirurgias/ano (TALEB, 2011).

    A expanso do nmero de cirurgias de catarata oferecidas pelo SUS deve se beneciar da rede

    conveniada de hospitais do sistema de sade suplementar que tem infraestrutura padronizada

    seguindo normas de segurana da ANVISA. Situaes menos ideais, como as carretas para cirur-

    gias de catarata, s tm sendo se forem empregadas em reas desprovidas de equipamentos

    xos para uma resoluo emergencial.

    Glaucoma

    A incidncia do glaucoma esmada de 1% a 2% na populao geral, aumentando aps os 40 anos

    (2%), podendo chegar a 6% ou 7% aps os 70 anos de idade. O acomemento bilateral, na maioria dos

    casos. O carter hereditrio d aos parentes de 1 grau 10 vezes mais chances de desenvolver a doena.

    Esma-se que entre 2-3% da populao brasileira acima de 40 anos possam ter a doena, sendo

    que em 50% a 60% destes o diagnsco de glaucoma primrio de ngulo aberto, e em torno de

    20%, de glaucoma primrio de ngulo fechado. Em 2003, o Conselho Brasileiro de Oalmologia

    esmava que no pas houvesse 900 mil portadores dessa doena e que, provavelmente, 720 mil

    estavam assintomcos, ainda necessitando de diagnsco (MELLO, 2004).

    Para reduzir o nmero de cegos por glaucoma no Brasil, trs medidas se fazem prioritrias:

    Ampliar o conhecimento da populao sobre a doena;

    Garanr que a populao pertencente aos grupos de risco (maiores de 50 anos, histrico fami-

    A expanso do

    nmero de cirurgias

    de catarata

    oferecidas pelo SUS

    deve se benefciar

    da rede conveniada

    de hospitais do

    sistema de sade

    suplementar que

    tem infraestrutura

    padronizada seguindo

    normas de segurana

    da ANVISA.

    5Bullen of the World Health

    Organizaon | January 2008, 86 (1).

    28

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    liar da doena, afrodescendentes, pacientes com presso intraocular elevada) seja submeda a

    um bom exame oalmolgico;

    Garanr o acesso (com o fornecimento dos colrios necessrios), controles da eccia do trata-

    mento e a educao dos pacientes sobre seu uso.

    Renopaa diabca

    O diabetes mellitus hoje um dos maiores problemas de sade em todo o mundo. Atualmente,

    de acordo com o Diabetes Federaon (2014), mais de 250 milhes de pessoas convivem com o

    diabetes, e espera-se que este nmero chegue a 380 milhes, em 2025. A Sociedade Brasileira de

    Diabetes (2014) arma que o Brasil ocupa a 4 posio entre os pases com maior prevalncia de

    diabetes: so 13,7 milhes de pessoas, e muitas ainda nem foram diagnoscadas.

    A diabetes considerada pela OMS a 3 maior causa de morte no Brasil i. De acordo com o Vi-

    gitel 2007 (Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteo para Doenas Crnicas

    No Transmissveis), a ocorrncia mdia de diabetes na populao adulta (acima de 18 anos)

    de 5,2%, o que representa quase sete milhes de pessoas que conrmaram ser portadoras da

    doena. Entretanto, este nmero ange propores muito maiores ao considerarmos as crianas

    (cerca de 5 milhes), portadoras de diabetes mellitus po 1 (RD1) e mais o grande conngente

    de portadores que no sabem que tm a doenaii. A prevalncia aumenta com a idade: o diabe-

    tes ange 18,6% da populao com idade superior a 65 anos.

    Cerca de 50% dos portadores de diabetes desenvolvero algum grau de renopaa diabca ao

    longo da vida. O paciente diabco tem quase 30 vezes mais chance de tornar-se cego do que

    um paciente no diabco. A porcentagem de pacientes diabcos com algum grau de reno-

    paa diabca aumenta em funo do tempo de instalao da doena: esma-se que, aps 25

    anos, 80% dos pacientes apresentaro algum grau de renopaa diabca. No Brasil, esma-se

    que a cegueira entre diabcos possa alcanar a prevalncia de 4,8%.

    Aguardar a baixa da viso para encaminhar o paciente ao oalmologista pode causar perda irre-

    versvel e decrscimo substancial na qualidade de vida do paciente portador de diabetes. Embo-

    ra o exame peridico e o tratamento da renopaa no eliminem todos os casos de perda visual,reduzem consideravelmente o nmero de pacientes cegos pela doenaiii.

    Desde 1999, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia tem desenvolvido aes, em conjunto

    com Ministrio da Sade, com objetivo de realizar a triagem e tratar pacientes portadores

    de retinopatia diabtica. Entre 1999 a 2002 foi realizada a Campanha da Retinopatia Dia-

    btica, com alvo nos portadores de diabetes (triagem de portadores de retinopatia diab-

    tica e tratamento por meio fotocoagulao a laser). O nmero de atendimentos alcanou

    a ordem de 95 mil procedimentos/ano em todo o territrio nacional. Tambm no ano de

    1999, o CBO iniciou a Campanha do Olho Diabtico focada em pacientes portadores de

    diabetes j com sinais de retinopatia diabtica ao exame oftalmolgico. A campanha aten-

    deu 15 mil pacientes para tratamento por laser em instituies credenciadas pelo CBO, em

    23 cidades brasileiras.

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    Ceratocone

    O ceratocone se caracteriza por anamento e protruso da crnea e aumento de sua curvatura,

    que assume o formato de cone, o que provoca asgmasmo irregular associado ou no miopia.

    Estas alteraes comprometem a acuidade visual, que no corrigida com culos.

    A doena raramente leva cegueira irreversvel, mas afeta signicavamente a qualidade da

    viso, com grande impacto na vida dos portadores. O diagnsco precoce pode indicar medidas

    para controlar as chances do ceratocone progredir atravs de tratamento por meio de cross-

    linking,que possibilita o aumento da rigidez da crnea, evitando a progresso da doena. Com

    o progredir da doena, o transplante de crnea uma modalidade terapuca da alssimo su-

    cesso. Recentemente, novas modalidades de transplantes lamelares tm melhorado a segurana

    e custo-efevidade destes procedimentos. O ceratocone a distroa mais comum da crnea

    afetando cerca de uma pessoa em cada 2.000. Costuma se desenvolver na adolescncia e pro-

    gredir at os 30-45 anos de vida. Assim, uma patologia bastante frequente em nosso meio e

    compromete a viso em momentos da vida de formao e alta avidade prossional.

    Renose pigmentar

    A renose pigmentar uma degenerao progressiva dos fotorreceptores renianos. heredi-

    tria, embora em cerca de 40% dos casos se consiga conrmar um histrico familiar da doena.

    Em 2012, o CBO esmou a existncia de aproximadamente 50.000 pessoas com renose e entre

    2.250.000 e 3.600.000 portadores (em funo do carter hereditrio da doena).

    Ainda sem cura, a renose pigmentar movo de vrias aes judiciais que solicitam ao SUS o

    custeio do tratamento de pacientes portadores desta enfermidade em Cuba, onde so oferecidas

    promessas de tratamento, mas sem nenhuma comprovao cienca de sua efevidade.

    Vrias pesquisas tm sido conduzidas em diversos instutos pelo mundo em busca, pelo menos,

    da estabilizao da doena. Tais pesquisas seguem, basicamente, trs linhas: o transplante de

    clulas renianas, o uso dos fatores neurotrcos ou de sobrevivncia e o emprego da terapia

    genca, mas nenhuma delas alcanou, por enquanto, resultados conclusivos.

    Degenerao macular relacionada idade (DMRI)

    Calcula-se que aproximadamente trs milhes de brasileiros acima de 65 anos sofram da DMRI

    em estgios variados de evoluo.

    Dentre os dois pos de DMRI (forma seca e forma mida), a forma seca responsvel por 90%

    dos casos, mas a forma mida a que causa a maior parcela (cerca de 90%) dos casos de perdas

    graves de viso associadas DMRI. Ensaios clnicos j demonstraram que a terapia intravtrea,

    com aplicao de anangiognicos, um mtodo ecaz e seguro, conseguindo melhorar a viso

    em 34% dos casos e a estabilizao da mesma em 90% dos pacientes tratados, enquanto os olhos

    no tratados, geralmente, evoluem para perda irreversvel da viso central. A Sociedade Brasi-

    leira de Rena e Vtreo (SBRV) desenvolveu diretrizes com base cienca para o tratamento da

    DMRI mida ou exsudava por meio da terapia anangiognica.

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    O Sistema Brasileiro de Transplantes de rgos e TecidosO Brasil ocupa hoje o segundo lugar em nmero absoluto de transplantes de rgos e teci-

    dos do mundo (se considerarmos a relao nmero de transplantes e PIB, o Brasil ocupa o

    primeiro lugar), e possui um dos maiores programas pblicos de transplantes. No Brasil, a

    implantao de bancos de olhos teve incio h mais de meio sculo. A partir da dcada de

    1990, as atividades comearam a ser profissionalizadas e melhores resultados foram sendo

    obtidos em algumas regies do Pas. Em setembro de 2001, atravs da portaria 1.559/GM,

    foi criado o Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Em funo da grande lista de espera pra

    transplante de crnea, na mesma poca foi institudo o Programa Nacional de Implantao

    de Bancos de Olhos. Ao longo dos ltimos 48 anos, teve uma evoluo considervel em

    termos de tcnicas, resultados, variedade de rgos transplantados e nmero de procedi-

    mentos realizados.

    A Polca Nacional de Transplantes de rgos e Tecidos foi estabelecida pela Lei 9434/97. No mes-

    mo ano foi criado no mbito do Ministrio da Sade o Sistema Nacional de Transplantes SNT, com

    a atribuio de desenvolver o processo de captao e distribuio de tecidos, rgos e partes re-

    radas do corpo humano para nalidades terapucas e transplantes. Coube ao Ministrio da Sade

    o detalhamento tcnico, operacional e normavo do Sistema Nacional de Transplantes.

    Esse detalhamento foi estabelecido em agosto de 1998 com a aprovao do Regulamento

    Tcnico de Transplantes. O Regulamento determina: as atribuies das Coordenaes Estadu-

    ais; uxo e ronas com vistas autorizao s equipes especializadas e estabelecimentos de

    sade para proceder rerada e transplantes de rgos, partes e tecidos do corpo humano;

    as condies para a rerada desses rgos, partes e tecidos para a realizao de transplantes

    ou enxertos; normas operacionais para a execuo desses procedimentos; as exigncias tc-

    nicas quanto a recursos humanos e materiais para a realizao de transplante de cada rgo

    especicado; a disponibilidade desses recursos em tempo integral; as condies da recompo-

    sio do cadver; a formalizao dos procedimentos realizados; as normas para o processo de

    cancelamento de autorizao para as equipes especializadas ou para os estabelecimentos; a

    periodicidade de renovao das referidas autorizaes de estabelecimentos e equipes para a

    rerada e transplante de rgos, partes e tecidos; o sistema de lista nica, previsto no Decreto

    n. 2.268, de 1997; constuio dos conjuntos de critrios especcos para a distribuio de

    cada po de rgo ou tecido para os receptores; a priorizao de atendimento por gravidade

    em cada modalidade de transplante.

    A parr da aprovao do Regulamento Tcnico de Transplantes, o Ministrio da Sade comeou

    a implantar nos estados as Centrais de Nocao, Captao e Distribuio de rgos (CNCDO),

    tambm chamadas de Centrais Estaduais de Transplante. As Comisses Intra-Hospitalares de

    Transplantes atuam na captao de rgos e no apoio s avidades da CNDO em hospitais de

    referncia para urgncia e emergncia e hospitais transplantadores.

    Transplante de Crnea

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    A adoo de uma remunerao mais atrava foi ulizada como um incenvo. O nanciamento

    da avidade de transplantes foi decorrente de uma srie de medidas adotadas pelo Ministrio,

    entre elas:

    incluso de novos procedimentos relacionados a transplantes na Tabela SUS (busca ava de

    doador de rgos para transplantes, acompanhamento ps-transplante, medicamentos para

    transplantados, busca internacional de medula ssea, coleta e transporte, processamento/pre-

    servao/avaliao microscpica de crnea);

    em agosto de 2001, com o objevo de incenvar as avidades de captao e rerada de rgos

    para transplantes, procurando, dessa forma, ampliar a oferta de rgos e reduzir o tempo de

    espera em la, os valores de remunerao dos procedimentos de captao e rerada de rgos

    constantes da Tabela SUS foram triplicados. Alm disso, foram includos na Tabela procedimen-

    tos de rerada parcial de gado de doador vivo e de transplante de gado intervivos.

    Marinho, Cardoso e Almeida (2007) armam que a despeito do reconhecimento da magnitude

    das avidades pblicas de transplantes no Brasil, o sistema ainda demanda melhorias, tanto no

    quesito operacional como de sistema tecnolgico.

    O Ministrio da Sade aprovou o Regulamento Tcnico do Sistema Nacional de Transplantes atra-

    vs da Portaria 2.600, de 21 de outubro de 2009 que normaza as regras de atualizao, padro-

    nizao e aperfeioamento de todo o processo de transplantes realizado no territrio nacional.

    Bancos de rgos e tecidos

    Os bancos so responsveis pela rerada, processamento e conservao de rgos e tecidos para

    ns de transplante. Em 2000, foram estabelecidas normas de funcionamento e cadastramento e

    criados bancos de valvas cardacas, bancos de olhos (crneas), bancos de sangue de cordo um-

    bilical e placentrio (transplante de medula). Em 2002, bancos de tecidos musculoesquelcos.

    Transplantes realizados

    Fonte:hp://www.abto.org.br/abtov03/Upload/le/RBT/2014/rbt2014-lib.pdf. Acesso em: 09 de abril de 2015.

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    Bancos de tecidos oculares

    Os bancos de tecidos oculares gerenciam a captao e a conservao das crneas e tecidos ocu-

    lares, o que inclui o processamento dos tecidos, a avaliao em lmpada de fenda e o correto

    armazenamento das crneas.

    As captaes devem ser comunicadas Central de Nocao, Captao e Distribuio de rgos/

    CNCDO de cada Estado de forma a garanr que os transplantes respeitem a Lista de Espera geren-

    ciada pela Central. O gerenciamento desta lista, a anlise dos casos especiais ou de emergncia, e a

    scalizao da qualidade das cirurgias caram sob a responsabilidade do Estado. Todas estas etapas

    esto sujeitas scalizao do Ministrio Pblico (Portaria n. 1559/GM, de 6 de setembro de 2001).

    Apesar dos avanos observados no processo de captao e de transplantes de crneas, ainda so

    muitos os obstculos enfrentados pelos bancos de tecidos oculares no Brasil. Dentre as dicul-

    dades mais comuns, destacam-se:

    a falta de recursos nanceiros para adequao dos espaos sicos dos bancos, compra de equi-

    pamentos, de materiais de consumo e de meios de preservao;

    insucincia de recursos humanos para estabelecimento de sistema de transporte e comunica-

    o com atendimento 24 horas;

    obrigatoriedade de que os bancos de olhos funcionem dentro de hospitais, com consequentelimitao de sua autonomia gerencial;

    falta de orientao especca sobre o processo de doao de crneas. As Centrais de Noca-

    o, Captao e Distribuio de rgos frequentemente direcionam esforos para a obteno de

    doadores de mlplos rgos, atuando com as mortes enceflicas, e deixam de se mobilizar para

    a obteno de doadores de crnea nos casos de parada cardiorrespiratria;

    limitao ao critrio cronolgico de uma lista nica em relao a tecidos. No caso dos trans-

    plantes de crneas, poderiam ser levadas em considerao outras variveis, como patologia que

    exige o transplante e o nvel de limitao que ela causa. Com a evoluo do nmero de trans-

    plantes de crnea no pas, esse critrio poderia ser revisto. Falta regulamentar o manuseio, por

    parte dos bancos de tecido, de outros enxertos usados na Oalmologia como esclera, membrana

    amnica, e as lamelas corneanas para transplantes endoteliais e estromais.

    Em 2012, havia no Brasil aproximadamente 70 equipes que so responsveis pelos bancos de

    olhos em todas as regies brasileiras (CBO, 2012).

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    Bancos de Credenciados pelo Ministrio da Sade

    Fonte:Relatrio de avaliao dos dados de produo dos bancos de tecidos humanos - 2013 Anvisa

    AL

    AM

    BA

    CEDF

    ES

    GO

    MA

    MG

    MS

    MT

    PA

    PB

    PE

    PI

    PR

    RJ

    RN

    RS

    SC

    SE

    SP

    Banco de Olhos do Hospital Universitrio Professor Alberto Antunes/Macei

    Banco de Olhos do Amazonas/Manaus

    Banco de Olhos do Hospital Geral Roberto Santos/Salvador

    Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza/FortalezaBanco de Olhos do Distrito Federal/Braslia

    Banco de Olhos do Hospital Universitrio de Vila Velha/Vila Velha

    Banco de Olhos do Esprito Santo/Vitria

    Banco de Olhos da Universidade Federal de Gois/Goinia

    Fundao Banco de Olhos de Gois/Goinia

    Banco de Olhos do Hospital Universitrio Materno Infanl/So Lus

    Fundao de Ensino e Tecnologia de Alfenas/Alfenas

    Banco de Tecidos Oculares do Hospital Joo XXIII/Belo Horizonte

    Banco de Olhos do Hospital Regional Dr. Joo Penido/Juiz de Fora

    Banco de Tecidos Oculares do Hospital de Clnicas/Uberlndia

    Banco de Olhos do Hospital Bom Samaritano/Governador ValadaresBanco de Olhos da Santa Casa Anjos da Viso/Campo Grande

    Banco de Olhos de Cuiab/Cuiab

    Banco de Olhos do Hospital Ophir Loyola/Belm

    Banco de Olhos do Hospital de Emergncia e

    Trauma Senador Humberto Lucena/Joo Pessoa

    Fundao Banco de Olhos Vale do So Francisco/Petrolina

    Banco de Olhos do Recife/Recife

    Banco de Olhos do Instuto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira/Recife

    Banco de Olhos da Fundao Getlio Vargas/Teresina

    Banco de Tecidos Oculares Humanos do Hospital Angelina Caron/Campina Grande do Sul

    Banco de Olhos do Hospital de Cascavel/Cascavel

    Banco de Olhos do Hospital de Olhos do Paran/Curiba

    Banco de Olhos Regional de Londrina/Londrina Hoalmar/Maring

    Banco de Olhos do Hospital So Joo Basta/Volta Redonda

    Banco de Olhos do Instuto de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad/Rio de Janeiro

    Banco de Olhos do Hospital Universitrio Onofre Lopes/Natal

    Banco de Olhos do Hospital Geral/Caxias do Sul

    Banco de Olhos do Hospital Pompia/Caxias do Sul

    Banco de Tecido Ocular Humano do Hospital So Vicente de Paulo/Passo Fundo

    Banco de Olhos da Universidade Federal de Pelotas/Pelotas

    Banco de Olhos do Hospital das Clnicas/Porto Alegre

    Banco de Olhos da Santa Casa/Porto Alegre

    Banco de Olhos do Hospital Regional do Oeste/Chapec

    Banco de Olhos de Joinville/Joinville

    Banco de Olhos do Hospital Regional Homero de Miranda Gomes/So Jos

    Banco de Olhos de Sergipe/Aracaju

    Banco de Olhos da UNESP/Botucatu

    Banco de Olhos da UNICAMP/Campinas

    Banco de Olhos do Hospital das Clnicas/Marlia

    Banco de Tecido Ocular Humano do Hospital das Clnicas/Ribeiro Preto

    Banco de Olhos do Hospital de Base/So Jos do Rio Preto

    Banco de Olhos de Sorocaba/Sorocaba

    Banco de Olhos de Sorocaba/So

    Banco de Olhos do Hospital So Paulo/So Paulo

    Banco de Tecido Ocular da Santa Casa/So Paulo

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    Transplante de crneasA crnea um tecido que apresenta condies peculiares no que se refere ao transplante:

    - aproximadamente 90% das crneas doadas so aceitveis para transplante;

    - a crnea pode ser preservada por um perodo de at 15 dias aps a sua rerada;

    - a taxa de xito dos transplantes de crnea de 90%;

    - podem ser doadores e receptores desde crianas at idosos.

    O transplante de crnea o mais frequente dentre os transplantes de tecidos realizados no

    Brasil. Nos anos de 2001 a 2004, o transplante de crnea respondia por aproximadamente 64%

    de todos os transplantes. De acordo com a ABTO (2014), essa modalidade de transplante vem

    caindo desde 2012, para 80,1 por milho da populao (pmp), com queda de 5,2% (68,3 pmp)

    em 2014. Entretanto, ainda de acordo com a ABTO, a lista de espera connua caindo, o que

    poderia ter algumas explicaes, como a necessidade real ser menor que a esmada (90 pmp)

    ou os pacientes no estarem tendo acesso aos servios de transplante. Realizaram mais que

    100 transplantes pmp o DF e trs estados (GO, SP e SC), que no so os que tm as menores

    listas de espera.

    Um grande problema no que tange aos transplantes de crneas no Brasil a disparidade regio-

    nal. Alguns estados do pas esto muito melhor preparados para o desenvolvimento dos trans-

    plantes do que outros. Observando os nmeros de 2014, podemos perceber que o estado de

    So Paulo foi responsvel, sozinho, por 32,8% do total de transplantes do Pas naquele perodo.

    A regio Sudeste respondeu, em 2014, por 48,5% do total dos transplantes (6.321), enquanto a re-

    gio Norte realizou apenas 3,4% dos procedimentos (447). As regies Nordeste, Centro-Oeste e Sul

    responderam por 20,7%, 10,3% e 17,3% do nmero de transplantes realizados, respecvamente.

    Fonte:hp://www.abto.org.br/abtov03/Upload/le/RBT/2014/rbt2014-lib.pdf. Acesso em: abril de 2015.

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    A cegueira tem profundas consequncias humanas e socioeconmicas. Os custos de perda de

    produvidade, da reabilitao e da educao dos cegos constuem um fardo econmico sig-

    nicavo para o indivduo, a famlia e a sociedade. Os efeitos econmicos da decincia visual

    pode ser divididos em custos diretos e indiretos. Os custos diretos so aqueles do tratamento das

    doenas oculares, incluindo as propores relevantes de custos de servios mdicos, produtos

    farmacucos, pesquisa e administrao. Os custos indiretos incluem a perda de ganhos de pes-

    soas com decincia visual e seus cuidadores e os custos para recursos visuais, equipamentos,

    modicaes nas casas, reabilitao, perda de receita scal, dor, sofrimento e morte prematura

    que pode resultar do problema visual.

    No relatrio Sade nas Amricas (2007), a OPAS arma que, no ano 2000, se calculou que a perda

    anual no PIB devida cegueira e decincia visual na Amrica Lana e Caribe foi de US$ 3.209

    milhes, e esmava-se que, para o ano de 2020, a perda anual de PIB na Amrica Lana e Caribe

    por cegueira e diminuio da agudeza visual possa ser de US$ 9.983 milhes, em contraste com

    US$ 3.702 milhes se programas de preveno da cegueira forem colocados em prca em todos

    os pases da Regio.

    A pobreza conduz perpetuao de problemas de sade, incluindo a sade ocular. Alm disso,

    impe barreiras ao acesso aos cuidados. Em seu Relatrio de Desenvolvimento Mundial de 1993,

    o Banco Mundial introduziu o conceito de Decincia Ajustada aos Anos de Vida (DALY).

    Um DALY corresponde a um ano perdido de vida saudvel. A soma dos DALYs de toda a po-

    pulao pode ser pensada como uma medida da diferena entre estado de sade atual e uma

    situao ideal de sade, quando toda a populao vive at uma idade avanada, livre de doena

    e incapacidade.

    DALYs para uma condio de doena ou de sade so calculados como a soma dos anos de vida

    perdidos (YLL), devido mortalidade prematura na populao e os anos perdidos devido inca-

    pacidade (YLD), para casos incidentes que interferem negavamente sobre o estado de sade.

    Em 2012, os custos globais diretos com a cegueira foram esmados em 25 bilhes de dlares.

    Este total , no mnimo, dobrado quando levamos em conta os custos indiretos. A previso que

    o nmero atual de cegos no planeta alcance 76 milhes em 2020. Todavia, uma intensa conjuga-

    o de esforos e a injeo de recursos adicionais podem desacelerar este crescimento, de modo

    que cheguemos a 2020 com 24 milhes de cegos, evitando, ainda, que a cegueira inulize 429

    mil pessoas/ano.

    Avaliao econmicanos servios de sade

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    O indicador QALY:O QALY (quality-ajusted life years), ou, em portugus, AVAQ (Anos de Vida Ajustados pela Qua-

    lidade), um indicador mais amplo e de medida mais complexa do que o DALY, pois incorpora o

    conceito de qualidade de vida alm da incapacidade sica.

    Para cada ano de perfeita sade estabelecido o valor 1.0 (um). O valor 0.0 (zero) dado para a

    morte. Para a vida com cegueira usualmente dado o valor de 0.4, ou seja, perda de 6 pontos. A

    vida com baixa visual representa perda de 2 pontos, ou seja, obtm um valor de 0.79.

    Apesar do avano conceitual desse ndice, ele no considera o impacto da perda da sade do in-

    divduo em sua famlia. Na ndia, por exemplo, esma-se que cada pessoa cega leve remoo de

    um membro da famlia do mercado de trabalho para fornecer cuidados em tempo integral ao cego.

    O peso de valores de 0.0 a 11.0 determinado por mtodos como me trade-o, standard gam-

    blee visual analogue scale. No lmo so os pacientes que graduam um estado de doena par-

    cular em uma escala de 0 a 100. Outro modo de avaliar o peso de um determinado estado de

    ausncia de sade so os sistemas descritos EuroQol e os quesonrios EQ 5D. Contudo, h

    importante variao das medidas segundo a populao estudada. Aqueles que no sofrem da

    afeco avaliada tendem a subesmar o impacto comparado queles afetados. A despeito de

    tudo, o QALY considerado, at aqui, a melhor opo.

    Vale ressaltar que essas tcnicas, embora se apropriem do instrumental microeconmico de apu-rao de custos e respecvas anlises, desnam-se fundamentalmente a subsidiar anlises de

    natureza microeconmica. Isto , propem-se a responder questes acerca da melhor forma de

    alocao dos recursos da sociedade entre diferentes programas. So tcnicas desnadas a res-

    ponder no mbito da racionalidade econmica a questes de natureza absolutamente disntas,

    embora todas de carter alocavo.

    Exemplo disso a cegueira causada pela renopaa da prematuridade, que uma importante

    causa de cegueira evitvel na infncia. Na Oalmologia, a renopaa da prematuridade tem uma

    das mais altas pontuaes no QALY (82 pontos), visto que o recm-nascido tem expectava de

    vida de mais 07 ou 08 dcadas.

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    Custos da correo da deficinciavisual por erros refrativos nocorrigidos no BrasilFerraz (2014) arma que, para dimensionar os custos en-

    volvidos com a correo de ametropias, preciso consi-

    derar os custos xos (despesas com infraestrutura, como

    edicaes, equipamentos, aparelhagem), os variveis

    (eletricidade, gua, medicamentos, armaes de culos),

    os diretos (relacionados avidade a ser realizada) e os in-

    diretos (relavos interferncia de outros setores), custos

    com recursos humanos e com materiais.

    Para o autor, preciso considerar os custos relacionados idencao do erro refravo (consultas), correo (cu-

    los, lentes de contato ou cirurgia refrava), e mesmo os

    custos relacionados a eventuais complicaes, no caso das

    duas lmas formas de refrao citadas.

    As perdas econmicas relacionadas incapacidade labora-

    va associada aos erros refravos tambm so menciona-

    das pelo autor, assim como os danos ao processo de apren-

    dizagem de crianas com altas ametropias.

    Tendo por base o estudo de Ferraz

    (2013) e extrapolando os dados para o

    territrio nacional, os servios a serem

    oferecidos devem angir 158 milhes de

    atendimentos para correo visual para

    longe e 544 milhes de consultas para

    correo da viso prxima. Para tal, se-

    riam necessrias 47.000 pessoas traba-

    lhando em tempo integral em clnicas de

    oalmologia (ALVES, 2014, p.45).

    possvel reparar que a magnitude da correo dos erros

    refravos bastante elevada, mas os custos associados

    decincia a ela associada so potencialmente social e eco-

    nmico maiores.

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    Dados de financiamento do sistema de sade no Brasil1:O sistema de sade brasileiro tem componentes pblico e privado. O sistema pblico Sistema

    nico de Sade (SUS) de acesso universal e nanciado por meio de impostos, sendo gerenciado

    pelos governos federal, estadual e municipal. No sistema privado esto os planos de sade, cujo

    acesso depende da adeso de indivduos aos planos de assistncia mdica e/ou odontolgica. Os

    planos colevos so principalmente nanciados pelas empresas empregadoras. O pagamento dire-

    to, tambm chamado de parcular, tambm faz parte do componente privado do sistema.

    Proporo (%) de gastos em relao ao total de gastos em sade (OMS 2007):

    Gastos pblicos: 42%

    Gastos seguro sade privado: 23%

    Gastos per capita em sade (PPP $) (OMS 2007): 837

    Renda Bruta per capita (PPP $) (OMS 2008): 10.080

    Para determinarmos como o enorme conngente populacional de cerca de 150 milhes de brasi-

    leiros que no possuem plano de sade vem recebendo assistncia oalmolgica, importante

    analisarmos dados do DATASUS banco de dados do Sistema nico de Sade do Brasil.

    S em 2014 foram realizadas mais de 1 milho de cirurgias oalmolgicas pelo SUS em todo o Brasil,o que representou um gasto de aproximadamente 404 milhes de reais. Os nmeros detalhados em

    cada unidade federava podem ser observados na tabela que se segue:

    Sistema pblico

    1Experincias de nanciamento

    da sade dos idosos em

    pases selecionados: relatrio

    execuvo / Agncia Nacional

    de Sade Suplementar (Brasil)

    Dados eletrnicos. Rio de

    Janeiro: ANS, 2010.

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    Fonte:Ministrio da Sade - Sistema de Informaes Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS).Acessado em 22/04/2015.

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    At o ano de 2007 a tabela SUS dividia os procedimentos

    em Ambulatoriais (SAI Sistema de Informaes Ambu-

    latoriais) e Hospitalares (SIH Sistema de Informaes

    Hospitalares). A parr de 2008, houve a implantao da

    Tabela Unicada SUS, que descreve os procedimentos

    cobertos pelo Sistema nico de Sade, sua modalidade

    (se ambulatorial, hospitalar ou hospital-dia), valores e ca-

    racterscas, estando disponvel para consulta pblica em

    www.sigtap.datasus.gov.br.

    O custeio da Oalmologia pelo SUS representa o terceiro

    maior oramento por especialidade, cando atrs somen-

    te da cardiologia e oncologia.

    Com a implantao da Polca Nacional de Ateno em

    Oalmologia, em 2008, e com o Programa Olhar Brasil,

    realizou-se a incluso, em todo o Brasil, de mais de quatro

    milhes de brasileiros em programas de doao de culos

    ou de colrios para glaucoma.

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    Fonte:Sistema de Informaes de Benecirios/ANS/MS - 042015.

    Atendimento no setor privado: Medicina suplementarDados da Agncia Nacional de Sade Suplementar indicam que 51 milhes de brasileiros pos -

    suem cobertura de planos privados de assistncia mdica (considerando-se aqui as modalidades

    de operadoras descritas pela Agncia: medicina de grupo, seguro-sade, autogesto, coopera-

    va mdica e lantropia), o que representa 24,3% da populao.

    Sistema privado

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    Fonte:SIB/ANS/MS - 10/2011 e Populao - IBGE/DATASUS/2010 Caderno de Informaoda Sade Suplementar dezembro de 2014.

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    Mapa 1 - Taxa de cobertura dos planos privados de assistnciamdica por Unidades da Federao (Brasil - setembro/2014)

    Fonte:SIB/ANS/MS - 10/2014 e Populao - IBGE/DATASUS/2014 Caderno de Informaoda Sade Suplementar - setembro de 2014.

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    Fonte:CADOP/ANS/MS - 10/2011 e SIB/ANS/MS - 10/2011 Caderno de Informaoda Sade Suplementar - dezembro/2011.

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    As mudanas etrias no Brasil e o atendimento sade:A ampliao do nmero de idosos e a maior ulizao do sistema de sade conguram-se como

    grandes desaos. Em todo o mundo, estudos recentes comprovam que polcas de promoo e

    preveno de sade esto provando eccia, por meio da reduo do declnio funcional entre os

    idosos (FRIES, 2002; SCHOENI et al, 2005). Esta reduo poderia ser mais ampla, caso se inclus-

    sem os segmentos que no desfrutam de condies socioeconmicas sasfatrias.

    O Estatuto do Idoso no Brasil (2003) promoveu avanos no que tange aos direitos dos cidados

    com idade igual ou superior a 60 anos, ampliando a Polca Nacional do Idoso, de 1994. Entre as

    diferentes polcas pblicas contempladas pelo Estatuto, destaca-se a Sade, por meio de aten-

    dimento preferencial no SUS, distribuio gratuita de remdios de uso connuado, impedimento

    de reajuste das mensalidades dos planos de sade de acordo com o critrio de idade e direito a

    acompanhante, em caso de internao hospitalar.

    Entretanto, essa mudana contempla um nmero pequeno de usurios, j que h percentual im-

    portante de benecirios com idade igual ou superior a 60 anos ainda vinculado a planos angos

    (vnculo anterior a 2004), usurios de planos por adeso, e de planos empresariais, que seguem

    lgica diferente de reajuste.

    A Portaria 2.528, de 19 de outubro de 2006, estabeleceu a Polca Nacional de Sade da Pessoa

    Idosa, com foco na recuperao, na manuteno e na promoo da autonomia e da independn-

    cia dos indivduos idosos, direcionando medidas para esse m, em consonncia com os princ-

    pios e diretrizes do SUS.

    No mbito da sade suplementar, cerca de 11% da populao de benecirios de planos priva-

    dos no Brasil tm 60 ou mais anos de idade, entre os quais 5,8% esto entre 60 e 69 anos de

    idade, 3,5% entre 70 e 79 anos e 1,9% tm 80 anos ou mais.

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    O atendimento oftalmolgico na medicina suplementarDe acordo com a ANS Agncia Nacional de Sade Suplementar, dos 5.570 municpios brasilei-

    ros, apenas em 30 no h usurios de planos de sade2.

    Esma-se que 46,1% dos mdicos brasileiros atuam na sade suplementar3e que cerca de 95,0%

    dos oalmologistas dependam dos convnios mdicos para sobreviver na prosso.

    O Censo Oalmolgico 2010, publicado pelo Conselho Brasileiro de Oalmologia, mapeou a

    presena de oalmologistas em 1.214 municpios brasileiros (onde se concentram 73% da po-

    pulao brasileira e 94% dos usurios de planos de sade). Segundo o mesmo estudo, a relao

    oalmologista/habitantes no Brasil de um especialista para cada 10.724 habitantes.

    A relao usurios de planos de sade/oalmologista foi esmada no estudo de Mello (2011) em

    um especialista para cada grupo de 2.381 pacientes.

    A distribuio entre os estados brasileiros apontou So Paulo como a maior concentrao de

    oalmologistas e de usurios de planos de sade, com 5.725 oalmologistas e 17.429.052 usu-

    rios; relao de 3.044 usurios/oalmologista.

    2 Oalmologia e Medicina

    suplementar: uma anlise da

    distribuio dos especialistas e

    a populao usuria de planos

    de sade. Paulo Augusto de

    Arruda Mello, Regia Carvalho,

    Alice Selles e Fabrcio Lacerda.

    Maio de 2011.

    3 AMB/CFM/FENAM. Mdicos

    fazem alerta contra abusos de

    planos de sade. Disponvel em:

    hp://www.gediib.org.br/br/

    Documentos/pub/KIT-_nal%20

    IMPRENSA.pdf. Acesso

    em 01 de maio de 2011.

    Pirmide etria dos beneficirios de planos privados de

    assistncia mdica, por sexo (Brasil - setembro/2014)

    Fonte:SIB/ANS/MS - 09/2014. Caderno de Informao da Sade Suplementar - dezembro/2014.

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    Projeto Mais Acesso Sade Ocular

    Como parte de seu compromisso com a sade ocular da populao do Pas, o Conselho Brasileiro

    de Oalmologia (CBO) criou o projeto Mais Acesso Sade Ocular, uma proposta para a expan-

    so do atendimento oalmolgico nacional, sobretudo em reas carentes, onde h pouca oferta

    de atendimento mdico.

    O CBO entende seu papel na proposio de aes que possibilitem este atendimento, visando a

    dar uma assistncia mais ampla e, consequentemente, suprir lacunas no atendimento sade

    ocular do brasileiro.

    Um ponto importante na elaborao desta proposta a possibilidade de aproximao entre o pa-

    ciente e o oalmologista desde o atendimento de rona at os procedimentos mais especcos.

    O projeto prope o desenvolvimento de 20 aes disntas que, juntas, garanro o aumento da ofer-

    ta de atendimento e reduo das desigualdades regionais na rea da sade ocular, alm do fortaleci -

    mento da polca de educao permanente com a integrao ensino-servio em Oalmologia.

    Postas em prca conjuntamente, essas aes se transformaro, seguramente, em um dos mais abran-

    gentes projetos do mundo na garana de um atendimento oalmolgico digno para toda a populao.

    A construo da ateno primria em OftalmologiaO princpio da hierarquizao do SUS procura garanr ao cidado o acesso aos servios do sis-

    tema pblico de sade, desde o mais simples at o mais complexo. Mas para que este sistema

    funcione, o acesso ateno primria deve ser mais amplo, se comparado aos outros nveis mais

    complexos de ateno e ter resoluvidade e equidade. As polcas desenvolvidas na rea da

    sade geralmente colocam o servio oalmolgico em nveis secundrio e tercirio de complexi-

    dade, focados na resoluo de patologias prevalentes, deixando de lado a promoo da sade e

    preveno de doenas, que so a vocao da ateno primria.

    Apoio oftalmolgico na preveno de doenas e ateno bsicaO Ministrio da Sade caracteriza a ateno bsica como um conjunto de aes de sade, no

    mbito individual e colevo, que abrange a promoo e a proteo da sade, a preveno de

    agravos, o diagnsco, o tratamento, a reabilitao, a reduo de danos e a manuteno da

    sade com o objevo de desenvolver uma ateno integral que impacte na situao de sade

    e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de sade das colevidades

    (BRASIL, PNAB, 2012).

    Atravs da Polca Nacional de Ateno Bsica (PNAB), o Ministrio da Sade vem promoven -

    do aes para ampliar o acesso populacional ao atendimento mdico. Centrada na Estratgia

    de Sade da Famlia, a PNAB arcula processos e programas para ofertar uma assistncia glo-

    bal ao cidado brasileiro.

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    Presentes em 5.357 municpios do Brasil, em um quantitativo estimado em 36.206

    equipes cadastradas (maro de 2014), os grupos de trabalho de Sade da Famlia so

    compostos, minimamente, por um mdico (generalista ou especialista em Medicina de

    Famlia), um enfermeiro e agentes comunitrios de sade. Respondem por uma rea

    sanitria de 3.000 a 4.000 habitantes, sendo a primeira fonte provedora de sade para

    esta populao. Os Ncleos de Apoio Sade da Famlia (NASF) foram criados com o ob-

    jetivo de ampli ar a abrangncia e o escopo das aes da ateno bsi ca, bem como a sua

    resolubilidade. O NASF permitiu a insero de novos profissionais de sade no contexto

    da ateno bsica sade. Foram agregados ao NASF assistente social, educador fsico,

    psiclogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, fonoaudilogo, farmacutico, fisiotera-

    peuta, e mdicos pediatra, ginecologista/obstetra, acupunturista, homeopata, psiquia -

    tra e mdico do trabalho. Cada NASF apoia as aes de trs a 15 equipes da Sade da

    Famlia (dependendo se NASF tipo 1 ou 2).

    A PNAB arcula outras iniciavas do Ministrio da Sade com a Estratgia de Sade da Famlia. Assim,

    a Estratgia apoia programas como o Sade na Escola e o Academia da Sade, entre outros.

    A Ateno Sade Ocular no est, ainda, inserida de forma permanente na Ateno B -

    sica, sendo gerida, no mbito do Ministrio da Sade, pela Coordenao de Mdia e Alta

    Complexidade. H, entretanto, uma srie de aes de cuidados oculares que podem ser

    inseridos na Ateno Bsica e que permitiro uma ampliao das aes propostas pelo

    Conselho Brasileiro de Oftalmologia em prol da sade ocular da populao brasileira. Ve-mos na insero do mdico oftalmologista como membro do NASF uma real possibilidade

    de se articular uma ampliao da oferta de consultas oftalmolgicas, com exame de re -

    frao e preveno s principais causas de cegueira e deficincia visual (erros refrativos,

    glaucoma, retinopatia diabtica, catarata, degenerao macular relacionada idade, alm

    de diversas causas de cegueira e deficincia visual na infncia), alm de educao conti -

    nuada para os membros da equipe de Sade da Famlia, como os agentes comunitrios de

    sade, no acompanhamento dos tratamentos prescritos, na orientao da forma correta

    de se instilar colrios, higiene ocular e cuidados bsicos. Esta insero permitir, ainda,

    apoio s aes do Programa Sade na Escola, que contempla em suas atividades aferio

    da acuidade visual e consultas para os alunos da rede pblica de ensino.

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    Poltica Nacional de Ateno Oftalmolgica: falta regulamentar

    uma ateno primria ampla, resolutiva e de qualidade

    Em maio de 2008, foram publicadas as portarias que regem a Polca Nacional de Ateno Oal-

    molgica, em vigor. Amparados pelas aes da Secretaria de Ateno Sade do Ministrio da

    Sade, sob a Coordenao de Mdia e Alta Complexidade do Departamento de Ateno Sade,

    todos os procedimentos de oalmologia previstos pelo Ministrio da Sade encontram-se no

    SIGTAP (Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos).

    Passados sete anos deste documento, urge uma nova regulamentao que preveja uma ateno

    primria oalmolgica que seja ampla, resoluva e de qualidade.

    Cabe, ainda, a introduo de iniciavas de telemedicina teleoalmologia que tenham capa-cidade para ampliar a telepresena de oalmologistas especialistas, aproximando-os de gene-

    ralistas e outros mdicos especialistas (pediatras, geriatras e endocrinologistas, por exemplo),

    evitando encaminhamentos desnecessrios e omizando recursos humanos e nanceiros.

    Os oalmologistas brasileiros sempre foram conscientes do seu papel social e, como os pros -

    sionais aptos a desenvolver todas as aes de cuidado sade ocular da populao brasileira,

    dispem-se a enfrentar, como um todo, os desaos de se estender o acesso consulta oalmo-

    lgica completa a todos os que dela demandarem.

    O Programa Olhar Brasil trouxe uma estruturao necessria ao atendimento oalmolgico, prin -

    cipalmente para os escolares, representando um avano na qualidade do atendimento em massa

    inaugurado pelas diversas campanhas desenvolvidas pelo CBO como Veja Bem Brasil e Olho no

    Olho. Essa experincia de sucesso poderia transformar-se em um modelo para o desenvolvimento

    de uma Ateno Primria em Oalmologia ampla com acesso a toda populao.

    Um Programa de Ateno Primria em Oalmologia ainda falta ser construdo. Como no exem-

    plo do Programa Olhar Brasil, a prpria escola, j se constuindo em um ncleo comunitrio de

    referncia para a populao, poderia abrigar um consultrio oalmolgico para atendimento de

    toda a populao, e no apenas dos escolares.

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    Em busca de uma soluo para os vazios assistenciaisO Censo CBO 2014 mostrou que h vazios assistenciais que precisam ser preenchidos

    para que se garanta o direito da populao ao acesso aos cuidados com a sade. As

    condies sociais e econmicas de regies mais distantes de nosso pas prejudicam a

    implantao de servios de mdia e alta complexidade, mas evidentemente tambm

    afetam a ateno primria.

    Para oferecer uma soluo economicamente vivel para as diculdades presentes (a Oalmo-

    logia conta hoje com um arsenal tecnolgico que possibilita o estabelecimento de diagnsco

    em fases iniciais de doenas oculares que outrora levavam cegueira, mas esse arsenal requer

    invesmentos incompaveis com localidades remotas), possvel ulizar-se tambm de recursos

    tecnolgicos que possam oferecer suporte formao e ao aperfeioamento de mdicos oal-

    mologistas e tambm dos integrantes das equipes do PSF.

    Participao do oftalmologista no apoio Ateno Bsica

    O que :o modelo de Programa de Sade da Famlia ulizado pelo governo preconiza uma

    equipe de trabalho mulprossional (mdico generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem

    e agente comunitrio) com o intuito de fornecer o atendimento primrio. A proposta inserir o

    mdico oalmologista na equipe atravs dos Ncleos de Apoio Sade da Famlia (NASF).

    Benecios:incluir a Oalmologia neste sistema de ateno bsica de sade representa ampliar a por -

    ta de entrada para resoluo do problema de sade ocular no Pas com qualidade e resoluvidade.

    Programa de Oftalmologia Comunitria para atuar na ateno bsica em Oftalmologia

    O que :a proposta do CBO oferecer ao mdico recm-formado, ao mdico da famlia, ou outro

    mdico que quiser desenvolver mais uma especialidade, capacitao para que ele possa atuar

    no atendimento primrio de Oalmologia. Para o residente em Oalmologia, prope alterar o

    momento em que o mdico recm-formado atuar, como prev a lei que instui o programa

    Mais Mdicos (12.871/2013), na Residncia em Medicina Geral da Famlia e Comunidade (Art.

    6 e 82): se ele puder faz-lo aps cursar um ou dois anos de especializao, poder oferecer

    uma contribuio maior sociedade.

    Benefcios:o novo oftalmologista comunitrio ocuparia os vazios nos 65% dos municpios

    brasileiros que no tm oftalmologistas. O residente de Oftalmologia, com um ano ou dois

    de treinamento na rea especfica, ser mais til, oferecendo um atendimento oftalmolgi -

    co mais resolutivo, do que um recm-formado sem tal qualificao poderia oferecer. Ainda,

    manter um vnculo com o corpo docente de sua Residncia, facilitando a teleconsultoria e

    o ensino a distncia.

    O que preciso para operacionaliz-lo: o ideal que o residente conte com teleconsultoria e en-

    sino a distncia. O CBO, que tem vasta experincia nestas reas, pode trazer importante contri-

    buio na construo nestes sistemas de telemedicina, alm do desenvolvimento de contedo.

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    Contrato SUS desburocratizado com clnicas privadas

    O que : uma proposta que aproveita a rede de atendimento oftalmolgico instalada por

    todo o territrio nacional e a disponibiliza aos usurios SUS por meio de um contrato

    SUS desburocratizado com clnicas privadas. Este usurio poderia escolher, de acordo

    com sua preferncia e disponibilidade, o servio de Oftalmologia no qual faria a sua

    consulta. A remunerao poderia se dar atravs de um vale ou cheque para depsito

    bancrio, ou para desconto em bancos estatais. Este vale por participante poderia ser

    includo anualmente para aqueles que j se beneficiam do Programa Bolsa Famlia, tra -

    zendo pouco acrscimo financeiro para a Unio. Esta proposta, se aplicada de maneira

    mais abrangente para a populao, poderia ser financiada pelo Fundo de Aes Estra-

    tgicas e de Compensao (FAEC) por ser uma ao estratgica de maior impacto, se

    considerarmos a preveno e a erradicao da cegueira evitvel. Tal proposta ajusta-se

    realidade: na sade suplementar, o usurio no procura um mdico generalista paradepois receber encaminhamento para um oftalmologista: o oftalmologista que realiza

    todo o atendimento primrio quando a funo visual ou o olho esto envolvidos. Um

    exame ocular sempre incluiu a medida da acuidade visual, a refrao, a fundoscopia, a

    biomicroscopia, a tononetria e a avaliao da motilidade ocular, preveno de agravos

    e promoo de sade.

    Benecios:proporciona atendimento mdico oalmolgico de forma rpida e desburocrazada,

    sem custos com a implantao de uma rede, j que se uliza da rede privada instalada.

    O que necessrio para operacionaliz-lo:cadastramento da rede disponvel e estabelecimento

    do mecanismo de distribuio e controle dos vales.

    Consultrios mveis para a ampliao territorial da ateno primria em Oftalmologia

    O que :uma unidade mvel de sade representa atendimento populao onde ela esti -

    ver, independente da distncia e carncia estrutural da cidade para disponibilizar assistncia

    adequada. Trata-se de um servio itinerante que tem o objetivo de diminuir a falta de mdi-

    cos locais e promover a sade em cidades e localidades de menor porte, que naturalmente

    enfrentam dificuldades para fixar mdicos especialistas.

    Benefcios: acessibilidade aos servios de sade a toda populao. O servio funciona com

    a devida adequao para a realidade de cada municpio, onde possvel realizar exames,

    consultas e procedimentos cirrgicos. Alm de atendimento, as equipes que compem as

    unidades tm potencial de, paralelamente, realizar um trabalho de conscientizao, educan-

    do a populao sobre cuidados bsicos com a prpria sade e preveno de doenas, alm

    do uso consciente dos servios mdicos pblicos.

    O que necessrio para operacionaliz-lo: para viabilizar um projeto de unidade mvel na

    rea da Oftalmologia, importante definir que atendimentos sero oferecidos. A unidade

    mvel precisar de um veculo equipado e adaptado para o uso a que se destina e de uma

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    equipe de profissionais especializados para este tipo de servio. Convnio com instituies

    de ensino superior, visando ao aproveitamento de residentes de Oftalmologia, assim como

    um mdico especialista para acompanhar os atendimentos e auxiliar no desempenho das

    atividades previstas, so importantes para ampliar a abrangncia do atendimento. O servio

    deve ser oferecido obedecendo a um agendamento previamente estabelecido pelos rgos

    competentes das administraes municipais.

    Estmulo instalao de Centros Oftalmolgicos de Alto Fluxo, a fim de

    assegurar a universalizao do acesso

    O que : instalao de servios de Ateno em Oftalmologia utilizando operacionalizao

    empregada em mutires, j demonstradas em diversas campanhas, como Veja Bem Brasil

    e Olho no Olho, desenvolvidas pelo CBO, que permitem avaliao e tratamento oftalmol-

    gico em grande escala, aumentando a eficincia assistencial.

    Benefcios: tal estratgia amplia em muito a capacidade de assistncia que uma equipe de

    sade ocular pode oferecer.

    O que necessrio para operacionaliza-lo: delimitar as reas prioritrias, em funo da

    ausncia de servios oftalmolgicos que possam atender demanda por meio de credencia-

    mento. O CBO oferecer o apoio tcnico necessrio com base noknow-howdesenvolvido em

    diversas campanhas e mutires anteriores.

    Capacitao das equipes do Programa de Sade da Famlia

    O que :apoio didco e pedaggico, por ensino a distncia pelo CBO, a prossionais da sade

    que atuem em reas de baixa oferta de oalmologistas.

    Benecios:o treinamento de Agentes Comunitrios de Sade, assim como oferecido aos pro-

    fessores que realizam triagem de alunos em campanhas escolares, expande o escopo de avalia-

    o para toda a populao; esses agentes so capacitados a desenvolver estratgias de promo-

    o de qualidade de vida, educao, proteo e preveno.

    As equipes do PSF fariam a triagem e encaminhamento para a rede de ateno primria oal-

    molgica que poderia estar formada por NASFs, oalmologistas comunitrios e clnicas priva-

    das credenciadas.

    O que necessrio para operacionaliz-lo: instrumentos de ensino a distncia podem ser de-

    senvolvidos com o apoio didco e pedaggico do CBO e de seus cursos de especializao, mas

    aes governamentais sero necessrias para a criao da devida infraestrutura pedaggica, in-

    clusive com suporte telemedicina e educao a distncia.

    Transporte Sanitrio

    O que :o Transporte Sanitrio um servio de assistncia ao cidado atendido pela rede

    pblica de sade, que, comprovadamente, necessite de atendimento mdico especializado

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    que no seja prestado no local de seu domiclio, tendo sido esgotadas todas as formas de

    tratamento de sade em sua cidade. So projetos que envolvem a marcao da consulta

    fora do domiclio e, se for necessrio, incluem o deslocamento de um acompanhante. Este

    modelo de transporte pode ser realizado com rotas preestabelecidas e com gesto de frotas

    para melhor acompanhamento e segurana do usurio.

    Benefcios: toda a dinmica e organizao do Transporte Sanitrio pelo municpio gera mais

    segurana e qualidade no atendimento, viabilizando o acesso sade como um direito de

    todos, e garante a oferta de atendimento especializado em municpios de menor porte.

    O que necessrio para operacionaliz-lo:a logstica de atendimento dever partir da es-

    truturao de critrios, como: grau de complexidade para o atendimento, identificao dos

    servios ofertados na regio e regulao das consultas e procedimentos que demandem o

    transporte. Motoristas e agentes de viagem que acompanham os usurios devem ser ava -

    liados e qualificados. Uma frota rastreada e monitorada garantindo a segurana, alm de

    distribuio de tquete de embarque no ato da marcao da consulta inclusive para acom-

    panhantes nos casos em que este for necessrio , servem para facilitar o planejamento das

    demandas de cada municpio. As verbas devero ser autorizadas de acordo com a disponi-

    bilidade oramentria do municpio ou estado e o servio concedido exclusivamente para

    atendimento pela rede pblica ou conveniada contratada do SUS.

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    Estmulo instalao de Centros Oftalmolgicos em reas prioritrias para o SUS

    O que : instalao de servios de Ateno em Oftalmologia em locais sem oferta e com

    grande demanda, por meio de convnios com o Estado (credenciamento) e de apoio finan-

    ceiro para instalao e custeio inicial.

    Benefcios: tal estratgia reduz a necessidade de deslocamento quando a demanda ele-

    vada e permite que se instale na regio servios de Ateno em Oftalmologia capazes de

    oferecer uma assistncia oftalmolgica integral ou pelo menos uma ateno ao ndice de

    complicaes e diminuir a cegueira evitvel melhorando a qualidade da sade ocular.

    O que necessrio para operacionaliz-lo: preciso delimitar as reas prioritrias e denir,

    junto aos municpios dessas Redes de Ateno Sade (RAS), o po de suporte que poder

    ser oferecido ao grupo de mdicos que desejar se instalar na regio. Tramita desde 2010, no

    Senado, um PL que busca assegurar que atendimentos de urgncias e emergncias mdicas a

    pacientes do Sistema nico de Sade (SUS) possam ser feitos por hospitais e clnicas parcula-

    res, sem a necessidade de contratos ou convnios. O PLC 69/01, de autoria do senador Paulo

    Paim (PT-RS), altera a Lei 8.080/90, que dispe sobre condies para a promoo, proteo e

    recuperao da sade, organizao e funcionamento dos servios correspondentes. De acordo

    com texto, na hiptese de emergncia ou de urgncia mdica, ca a iniciava privada autoriza -

    da a prestar o servio independentemente da existncia de contrato ou convnio.

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    Caravanas da Sade Ocular

    O que :organizao de mures inerantes para levar atendimento oalmolgico, por meio

    dos cursos de especializao credenciados pelo CBO, a reas carentes.

    Benecios:a organizao do atendimento inerante, sob a forma de caravanas, permite que se

    faa a avaliao oalmolgica, a prescrio de culos e a preveno de doenas reduzindo sig-

    nicavamente o risco de agravamento em diversos casos. Alm disso, permite que o problema

    de falta de infraestrutura em pequenas cidades seja contornado.

    O que necessrio para operacionaliz-lo:mapear as reas carentes e organizar mures com residentes

    para atendimento de crianas previamente triadas nas escolas. O CBO esmularia seus cursos de especia-

    lizao a fazer tais atendimentos, ulizando as unidades inerantes (nibus), das universidades federais.

    Atuao Itinerante: Mais Sade Ocular para o Escolar

    O que : uma equipe muldisciplinar (mdico oalmologista, agente de sade e pco) com equipa-

    mento acomodado em mala ou mochilo percorrer as escolas e nelas examinar os escolares, prescre -

    ver e entregar os culos prescritos sem demora. Assim, estar sendo construindo um Programa de

    Ateno Primria em Oalmologia, com misso de buscar o aprimoramento da sade ocular de nossa

    populao. Com certeza este Programa aumentar a abrangncia do Programa Olhar Brasil que j

    trouxe enorme qualidade sade ocular daqueles em desenvolvimento escolar, e pode este programa,

    principalmente nas regies carentes de infraestrutura e de prossionais, ser referncia para a constru -

    o de um maior acesso ateno bsica em Oalmologia para toda a populao brasileira.

    Benecios: a triagem visual, o exame oalmolgico e o aviamento e entrega dos culos subse -

    quentes prescrio ocorrero na prpria escola evitando a necessidade de encaminhamento

    para consulta oalmolgica em outra data e local, evitando, portanto, a necessidade de trans -

    porte. Com a prescrio, montagem e entrega dos culos no momento da prescrio, estar

    sendo evitada a demora no recebimento dos culos pelo escolar e a falta de sua conferncia.

    Esma-se que de cada 1000 escolares submedos triagem de acuidade visual pelo professor,

    150 escolares so triados para exame oalmolgico completo. A avaliao, prescrio dos culos

    e aviamento dos culos pelo pco ulizando armaes e lentes prontas (80% das prescries

    podero ser aviadas dessa forma) representaro o trabalho realizado por uma equipe em um dia.

    O que necessrio para operacionaliz-lo:para o desenvolvimento das aes propostas,

    a equipe dever dispor dos seguintes equipamentos: tabela de Snellen, fita mtrica, col-

    rio cicloplgico (ciclopentolato a 1%), oclusor, rgua de prisma, teste para verificao do

    senso cromtico; caixa de lente e armao de prova; esquiascpio, e oftalmoscpio direto;

    rgua de esquiascopia; photoscreener: fonte (bateria), impressora e laptop para registro

    e arquivamento dos dados; lmpada de fenda porttil, tonopen, oftalmoscpio direto,

    retingrafo porttil; lensmetro; armaes e lentes prontas para montagem e entrega dos

    culos no momento da prescrio (produto ready to clipou pronto para montagem). Estes

    equipamentos devero ser acomodados em mala e/ou mochila para facilitar o transporte

    quando a equipe se deslocar de uma escola para outra. A operacionalizao do Programa

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    se dar por meio de equipe constituda por: mdico oftalmologista e/ou mdico resi -

    dente de oftalmologia de servio credenciado CBO (cada equipe com 1-2 profissionais

    mdicos); agentes comunitrios de sade e/ou profissionais da rea da sade (equipe

    com dois agentes comunitrios ou profissionais da rea da sade para um mdico oftal-

    mologista que cuidaro da organizao da fila, instilao do colrio cicloplgico, registro

    de dados etc.); ptico (cada equipe com um ptico) para montagem dos culos a partir

    de armaes e lentes prontas (produto ready to clip ou pronto para montagem). Os es-

    colares que apresentarem erro de refrao cuja correo demandar lentes cilndricas ou

    esferocilndricas recebero posteriormente os seus culos. Estima-se que entre 70% e

    80% dos alunos podero receber os seus culos no momento de sua prescrio. O CBO

    poder discutir alterao na grade curricular da Residncia dos Cursos de Oftalmologia

    credenciados pelo CBO (com a anuncia do MEC e da CNRM) para incluir a participao

    na equipe de residente de residncia CBO credenciada (especialmente nas reas caren -

    tes e de interesse para o SUS).

    Estgio para estudantes de cursos de especializao em reas carentes

    O que :instuio de uma carga horria mnima obrigatria de estgio em reas carentes para

    o atendimento primrio em oalmologia (refrao).

    Benefcios: o contato dos oftalmologistas em formao com a realidade de reas caren-

    tes pode sensibilizar os jovens profissionais, motivando-os interiorizao. Alm disso,

    a demanda pelo atendimento primrio e a refrao pode ser parcialmente atendida poresses mdicos.

    O que necessrio para operacionaliz-lo: preciso alterar o programa mnimo dos cursos

    de especializao credenciados pelo CBO, instituindo as horas de atividades complemen-

    tares curriculares para os alunos dos cursos credenciados e mapear as reas carentes nos

    estados onde os cursos so realizados. Depois disso, a coordenao de cada curso precisa se

    responsabilizar por manter contato com as secretarias municipais de sade para operacio-

    nalizar as atividades.

    Residncias mdicas ou cursos de especializao em localidades com baixa

    oferta de mdicos oftalmologistas

    O que : Ateno primria em cidades com carncia de profissionais, sem residncias ou

    cursos de especializao tradicionais estabelecidos nas proximidades. Esta proposta est de

    acordo com a Lei 12.871/2013, que institui o Programa Mais Mdicos Art. 2 inciso I:

    estimula e busca a reordenao da oferta de vagas para residncia mdica, incentivando a

    criao de novos cursos de especializao em Oftalmologia, principalmente em reas com

    baixa oferta de mdicos oftalmologistas.

    Benecios: ao capacitar mdicos em regies onde eles j residem, h uma tendncia clara a que

    eles estabeleam suas clnicas nessas regies. A formao com nfase na ateno primria signi-

    ca oferecer um prossional que a comunidade mais necessita.

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    O objevo que esses centros de formao j estejam operantes em 2015, com a parceria de

    gestores e oalmologistas locais, alm do apoio pedaggico e de telemedicina por parte do CBO.

    Para este apoio de ensino e consultoria distncia, o CBO est organizando a criao de uma

    Rede Nacional de Ensino de Oalmologia Social (Re-Neos-CBO), que incluir docentes dos 75

    cursos de especializao em Oalmologia por ele credenciados para atuarem como tutores para

    estas novas Residncias de Oalmologia Comunitria.

    Segundo o Ministrio da Sade, promover a formao de mdicos em especialidades prioritrias

    para o SUS, como Pediatria e Medicina de Famlia e Comunidade, uma prioridade. Para isso,

    criou o Programa Nacional de Apoio Formao de Mdicos Especialistas em reas Estratgicas

    (Pr-Residncia), que custeia bolsas em especialidades mdicas essenciais para o bom atendi-

    mento da populao na rede pblica de sade.

    A iniciava contempla a capacitao de supervisores (preceptores) e a disponibilizao de R$ 80

    milhes para serem invesdos na infraestrutura dos hospitais e das Unidades Bsicas de Sade que

    ampliarem seus programas de residncia mdica. Especialidades com previso de maior expanso

    em 2013: Clnica Mdica (mais 343 bolsas); Cirurgia Geral (245); Pediatria (211); Obstetrcia e Gine-

    cologia (124); e Medicina de Famlia e Comunidade (116), todas prioritrias e essenciais para o SUS.

    O que necessrio para operacionaliz-lo:os centros oalmolgicos em reas prioritrias do

    SUS poderiam receber os futuros cursos de especializao ou residncia em reas de baixa oferta

    de oalmologistas, por meio de sistemas de ensino a distncia, mantendo colaborao pedag-gica com centros universitrios de formao mais