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CUIABÁ – MT MARÇO DE 2018 IOGURTE PROBIÓTICO COM ADIÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA E POLPA DE MANGABA LARINE GONÇALVES DE SOUZA

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CUIABÁ – MT MARÇO DE 2018

IOGURTE PROBIÓTICO COM ADIÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA E POLPA DE MANGABA

LARINE GONÇALVES DE SOUZA

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CUIABÁ – MT 2018

LARINE GONÇALVES DE SOUZA

Orientadora: Profa. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira Coorientador: Prof. Dr. Edgar Nascimento

IOGURTE PROBIÓTICO COM ADIÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA E POLPA DE MANGABA

Dissertação apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação

em Ciência e Tecnologia de Alimentos, área de concentração Ciência e Tecnologia

de Alimentos e linha de pesquisa em Desenvolvimento de Produtos e Processos,

para obtenção do título de Mestre.

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Divisão de Serviços Técnicos. Catalogação da Publicação na Fonte. IFMT Campus Cuiabá Bela Vista

Biblioteca Francisco de Aquino Bezerra S719i Souza, Larine Gonçalves de. Iogurte probiótico com adição de extrato de hidrossolúvel de soja e polpa de mangaba/ Larine Gonçalves de Souza. Cuiabá, 2018. 62f. Orientador(a): Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira Coorientador(a): Dr. Edgar Nascimento Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Programa de Pós-Graduação. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso. 1. produto lácteo – Dissertação. 2. Hancornia speciosa – Dissertação. 3. análise sensorial - Dissertação. I. Siqueira, Nágela Farias Magave Picanço. II. Nascimento, Edgar. III. Título. CDU 637.146.34 IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA CDD 637.1

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CUIABÁ – MT 2018

LARINE GONÇALVES DE SOUZA IOGURTE PROBIÓTICO COM ADIÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA E

POLPA DE MANGABA

Dissertação apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação

em Ciência e Tecnologia de Alimentos, área de concentração Ciência e Tecnologia

de Alimentos e linha de pesquisa em Desenvolvimento de Produtos e Processos,

para obtenção do título de Mestre.

Data da Defesa: 07 de março de 2018.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profª Drª. Nágela F. M. Picanço Siqueira IFMT - Campus Cuiabá – Bela Vista Prof. Dr. Edgar Nascimento IFMT - Campus Cuiabá – Bela Vista Profª Drª Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria IFMT - Campus Cuiabá – Bela Vista Profª Drª Priscila Becker Siqueira UFMT – Campus Cuiabá

ATESTADO Atesto terem sido feitas as correções sugeridas pela Comissão Examinadora

Profa. Dra. Nágela Farias Magave Picanço Siqueira Presidente da Comissão Examinadora

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Dedico este trabalho ...

Á Deus e ao Meu Santo Antônio por

serem meus guias espirituais nesta caminhada;

E minha amada vó Cida (in memoriam).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à DEUS e ao meu Santo Antônio, por iluminarem meu caminho e guiarem meus passos, dando-me fé, saúde, coragem e sabedoria.

À minha orientadora Nágela Farias Magave Picanço Siqueira ao meu coorientador Edgar Nascimento e a Priscila Siqueira Becker muito obrigada pelo apoio, ideias e ensinamentos. Muito obrigada à professora Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria, que também fez parte de todo esse trabalho, me ajudou muito quando eu mais precisei, sem dúvidas você fez toda a diferença. Gostaria de agradecer também a professora Daryne Lu Maldonado Gomes da Costa, pelos auxílios e disponibilidade em compartilhar seu ensinamento no equipamento viscosímetro.

Aos meus colegas de curso, Karine, Juliana, Pâmella, Natalie, Francisca, Any, Sofia, Gabriela, Agnaldo e Cleverson (pelo socorro de reagentes), aos bolsistas Mateus sempre muito receptivo e a Juliana, que muito ajudaram nos experimentos. Muito obrigada Karine Campos e Natalie Veggi, pelas conversas, pelas saídas. Cada momento que passamos estará sempre nas minhas lembranças e será lembrado com muita felicidade.

Um agradecimento especial à minha família. Sei que em muitos momentos foi difícil, mas o final é, e foi, recompensador! Adauto, Sueli e irmãs Andressa e Mireile: muito obrigada!

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte desse trabalho. Foram dois anos de muito aprendizado, de muita dedicação, de muito trabalho. Sem a ajuda e apoio de todos nada disso seria possível.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) – campus Cuiabá Bela Vista, pela oportunidade e disponibilidade dos recursos imprescindíveis ao desenvolvimento deste estudo.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e FAPEMAT, e concessão da bolsa de estudo (edital n°090/2015 CAPES/FAPEMAT), viabilizando a execução deste trabalho.

À FATEC SENAI – CUIABÁ-MT pela parceria concedida.

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RESUMO Souza, Larine Gonçalves de. Iogurte probiótico com adição de extrato hidrossolúvel de soja e polpa de mangaba. Dissertação (Mestrado). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Cuiabá Bela Vista. 2018. 62p. Diante da procura dos consumidores por alimentos saudáveis e funcionais, este trabalho teve como objetivo desenvolver um iogurte probiótico de mangaba, enriquecido com extrato hidrossolúvel de soja, e avaliar a aceitabilidade do produto sob o ponto de vista sensorial, físico-químico e microbiológico. O experimento foi desenvolvido em delineamento inteiramente casualizado, com diferentes concentrações de EHS (0%, 1%, 3% e 5%). Foi realizado teste sensorial de ordenação-preferência, entre as formulações contendo 1%, 3% e 5% de EHS, com 100 consumidores. A formulação com 1% de EHS, obteve a maior preferência. A partir dai, foram realizadas análises de pH, acidez titulável (AT) em ácido lático, Atividade de água (Aw), cor, compostos fenólicos, viscosidade (VIS) e sinérese (SIN). Em relação aos parâmetros microbiológicos foi realizada a contagem de bolores e leveduras, coliformes totais, Escherichia Coli, Staphylococcus aureus, Salmonella spp. e contagem das bactérias lácticas totais, durante o período de armazenamento de 28 dias, com a formulação controle e a formulação com 1% de extrato hidrossolúvel de soja. As correlações que apresentaram valores de r > 0,75 foram, a* x h, pH x Ácido lático (AT), pH x Sinérese (SIN), Ácido lático (AT) x Sinérese (SIN) e Viscosidade (VISC) x Sinérese (SIN) e regressão simples R² >0,5 durante o período de 28 dias. A formulação contendo EHS apresentou melhores resultados com relação à viscosidade, menor índice de sinérese e maior quantidade de bactérias lácticas durante o armazenamento. O conteúdo de compostos fenólicos apresentou 21,45 para o controle e 25,49 para a formulação com 1% de EHS em mg de AGE/100g. Foi realizado teste de aceitação com essas duas amostras com 120 consumidores e os resultados demonstraram índice de aceitabilidade de 77% para iogurte controle e 74% para o iogurte com 1% de EHS. A adição de extrato hidrossolúvel de soja e a cultura probiótica contribuíram para melhoria nas características reológicas, nutricionais e funcionais do iogurte. Além de corroborar para o melhor aproveitamento na utilização de frutos do cerrado em produtos lácteos. Palavras-Chave: produto lácteo, Hancornia speciosa e análise sensorial.

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ABSTRACT Souza, Larine Gonçalves de. Probiotic yogurt with addition with soybean water soluble extract and mangaba pulp. Dissertação (Mestrado). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Cuiabá - Bela Vista, 2018. 62p. Considering the increase of consumer demand for healthy and functional foods, the objective of this work was to develop a probiotic yogurt of mangaba enriched with soybean water soluble extract and to evaluate the acceptability of the product from sensorial, physicochemical and microbiological point of view. The experiment was developed in a completely randomized design with different concentrations of EHS (0%, 1%, 3% and 5%). Sensory-order-preference test was performed using formulations containing 1%, 3% and 5% EHS, with 100 consumers. The formulation with 1% EHS was most preferred. Analyzes of pH, titratable acidity (AT) in lactic acid, water activity (Aw), color, phenolic compounds, viscosity (VIS) and syneresis (SIN) were performed. Regarding microbiological parameters, the amount of molds and yeasts, total coliforms, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Salmonella spp. and total lactic acid bacteria during 28 days with the control formulation and the formulation with 1% water soluble soy extract. (A) xh, pH x lactic acid (AT), pH x sinesis (SIN), lactic acid (AT) x sinesis (SIN) and viscosity (VISC) x sinesis SIN) and simple regression R²> 0.5 during 28 days. The formulation containing EHS presented better results for viscosity, lower syneresis index and higher amount of lactic acid bacteria during storage. The content of phenolic compounds was 21.45 for the control and 25.49 for the formulation with 1% EHS in mg AGE / 100g. The acceptance test was performed with these two samples with 120 consumers and the results showed an acceptability index of 77% for control yogurt and 74% for yogurt with 1% EHS. The addition of soybean water extract and probiotic culture contributed to the improvement of rheological, nutritional and functional characteristics of yogurt, and corroborate to increase the use of fruits from Cerrado in dairy products. Key words: dairy product, Hancornia speciosa and sensory analysis.

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LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 1 Figura 1. Fluxograma dos testes sensoriais.................................................................. 26 CAPÍTULO 2 Figura 1. Intenção de compra do iogurte controle (sem EHS) e com 1% de EHS para os diferentes períodos de armazenamento....................................................................

60

Figura 2. Relação entre o pH e o índice de sinérese (A) e relação entre a acidez titulável em ácido lático e o índice de sinérese (B) e relação entre pH e acidez titulável em ácido lático (C) dos iogurtes durante o período de armazenamento............................................................................................................

60

Figura 3. Relação entre viscosidade (cP) e o índice de sinérese (%) (a) e relação entre a* (transformado) e índice de tonalidade (hue) (b) dos iogurtes durante o período de armazenamento............................................................................................................

61 Figura 4. Teor de compostos fenólicos totais (mgAGE/100g) dos iogurtes controle e com 1% de EHS, no período de armazenamento de 7 e 28 dias....................................

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LISTA DE TABELAS CAPITULO 1 Tabela 1. Quantidade de produtos negociados no mercado internacional de lácteos pelo Brasil em 2016 ......................................................................................................

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Tabela 2. Características físico-químicas da polpa de mangaba................................... 22 CAPITULO 2 Tabela 1. Resultados das soma de ordens das formulações dos iogurtes com diferentes concentrações de EHS.................................................................................

58

Tabela 2. Valores médios, desvio padrão e índice de aceitabilidade dos atributos avaliados das formulações de iogurte controle e com 1% de EHS.................................

58

Tabela 3. Composição centesimal dos iogurtes com suas respectivas médias e desvio padrão................................................................................................................

58

Tabela 4. Valores médios e desvio padrão dos parâmetros analisados nos tempos 0 e 28 dias de armazenamento........................................................................................

58

Tabela 5. Características microbiológicas dos iogurtes controle e com 1% de EHS durante o período de armazenamento de 28 dias..........................................................

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

a* Índice de intensidade de vermelho/verde (unidade de cor) AW Atividade de água AOAC Official Methods of Analysis International ANOVA Análise de variância ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária AOAC Association of Official Analytical Chemists APHA American Public Health Association AT Acidez Titulável b* Índice de intensidade de amarelo/azul (unidade de cor) BOD Biochemical oxygen demand C* Croma Cp Centipoise CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CIELab Sólido de cor oficial CIE CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico DIC Delineamento Inteiramente Casualizado EHS Extrato hidrossolúvel de soja FAO Food and Agriculture Organization FAPEMAT Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso FC Força de Cisalhamento FDA Food and Drug Administration g grama (unidade de medida de peso GO Goiás h* Hue IAL Instituto Adolf Lutz IFMT Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso IN Instrução normativa K Fator de conversão Tbars Kg Quilogramas L* Índice de luminosidade (unidade de cor) MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MDIC Ministério do desenvolvimento indústria e comercio Mg Miligramas Ml Mililitros Mm Milímetros MS Ministério da Saúde MT Mato Grosso NaOH Hidróxido de Sódio Nm Nanômetro pH Potencial Hidrogeniônico PPGCTA Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos RDC Resolução da Diretoria Colegiada RPM Rotações Por Minuto SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial UFC/Ml Unidade Formadora de Colônia/Mililitros UFMT Universidade Federal de Mato Grosso UV UltraVioleta °C Graus Celsius

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................... 12 1. Introdução..................................................................................................... 13 2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................... 15 2.1. Produtos lácteos..................................................................................... 15 2.1.1. Iogurte............................................................................................. 16 2.2. Alimentos funcionais............................................................................... 17 2.2.1. Probióticos...................................................................................... 18 2.2.2. Soja................................................................................................ 20 2.2.3. Extrato hidrossolúvel de soja.......................................................... 20 2.3. Mangaba (Hancornia speciosa)............................................................. 21 2.4. Viscosidade e Sinérese......................................................................... 22 2.5. Compostos Fenólicos............................................................................ 23 2.6. Análise sensorial.................................................................................... 24 2.6.1. Teste ordenação – preferência....................................................... 26 2.6.2. Teste de aceitaçao e intenção de compra...................................... 27 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 28 CAPÍTULO 2: ARTIGO.......................................................................................... 36 IOGURTE PROBIÓTICO COM EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA E FRUTO DO CERRADO: DESENVOLVIMENTO, CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, SENSORIAL E MICROBIOLÓGICA ................................................... 37 1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 39 2. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 40 2.1. Elaboração do iogurte............................................................................ 40 2.2. Avaliação sensorial................................................................................ 41 2.3. Caracterização físico-química do iogurte ............................................. 42 2.4 Atividade de água (Aw), pH e acidez titulável em ácido lático.............. 43 2.5. Parâmetros de cor................................................................................. 43 2.6. Sinérese ................................................................................................ 43 2.7. Compostos fenólicos totais.................................................................... 44 2.8. Viscosidade........................................................................................... 44 2.9. Composição centesimal......................................................................... 44 2.10. Análises Microbiológicas........................................................................ 44 2.11. Análise Estatística dos dado.................................................................. 45 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 46 3.1. Teste de ordenação-preferência............................................................. 46 3.2. Teste de aceitação e intenção de compra.............................................. 46 3.3. Correlação entre variáveis durante a vida de prateleira........................ 47 3.4. Composição centesimal......................................................................... 49 3.5. Qualidade físico-química durante a vida de prateleira............................ 50 3.6. Qualidade Microbiológica durante a Vida de Prateleira.......................... 52 4. CONCLUSÕES.................................................................................................. 53 AGRADECIMENTOS............................................................................................. 53 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 54 LISTA DE TABELAS E FIGURAS......................................................................... 58 ANEXO A................................................................................................................ 62

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CAPÍTULO 1: CONSIDERAÇÕES INICIAIS

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1. Introdução

A preocupação com a alimentação tem mudado nas últimas décadas. A busca por

uma melhor qualidade de vida quanto à saúde é um fato presente no cotidiano não só dos

brasileiros como do mundo todo. Dentre os alimentos saudáveis se enquadram, os

funcionais, capazes de produzir efeitos metabólicos e fisiológicos úteis na manutenção de

uma boa saúde física e mental, auxiliando na redução das doenças crônico-degenerativas

(ABREU, 2007).

Os benefícios dos alimentos funcionais dependem da interação entre seus

componentes, da sua biodisponibilidade e da quantidade consumida. Influenciam a saúde

intestinal e, dentro estes, os probióticos representam uma grande proposta deste mercado,

especialmente as bactérias lácticas e as bifidobactérias (MENRAD, 2004).

Dentre as várias opções de produtos lácteos existentes no mercado, o iogurte está

entre os produtos alimentícios que contém esses micro-organismos “promotores de saúde”.

Por muito tempo, o consumo de leites fermentados esteve baseado no iogurte

tradicionalmente produzido com fermentos compostos de Streptococcus salivarius subsp.

thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus. As novas tendências na

elaboração de alimentos funcionais apontam para o uso de probióticos, associados ou não

às bactérias tradicionais, tanto como agentes “biotecnológicos”, que melhoram as

características do produto tradicional, como reduzir a pós-acidificação do iogurte, fato

evidenciado pela ação de Lactobacillus acidophilus quanto Bifidobacterium sp. como

“agentes terapêuticos”, ou seja, micro-organismos que promovem efeitos benéficos nos

indivíduos que os ingerem (ANTUNES, 2001).

Além desses micro-organismos, podem ser utilizados outros aditivos que forneçam

ao produto características especiais, sendo o extrato hidrossolúvel de soja (EHS) uma

opção, já que a soja é considerada um alimento funcional, pois o consumo diário de no

mínimo 25g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol, entre outras doenças

(BRASIL, 1999). Sua utilização na fabricação de iogurtes pode representar uma

combinação que promova características sensoriais, como a melhora da textura e a

sinérese, fatores esses que influenciam fortemente a aceitação do produto.

Segundo Shimakawa et al. (2003) o extrato de soja é um excelente veículo para

bifidobactérias, já que sua proteína protege o micro-organismo da ação de sais biliares,

favorecendo a colonização intestinal. Entretanto, seu sabor adstringente, que foge dos

padrões alimentares da população ocidental, dificulta o estabelecimento de seu consumo

como um alimento de características sensoriais aceitáveis (CIABOTTI et al., 2007). De

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acordo com Villalva (2008), a soja apresenta vários derivados com propriedades funcionais

como solubilidade, absorção de água, emulsificação, formação de espuma e geleificação,

características essas relacionadas às suas proteínas. Tais propriedades são importantes

para a indústria, que pode utilizar a soja e seus derivados para diversos fins alimentícios.

Sua composição e suas substâncias fitoquímicas são de interesse de pesquisadores devido

à relação entre consumo de soja e a redução dos riscos de doenças crônicas não

infecciosas, como as doenças cardiovasculares, alguns tipos de cânceres e osteoporoses

(EMBRAPA SOJA, 2011).

A mangaba (Hancornia speciosa) é um fruto de alto valor nutricional, rico em

provitamina A, vitaminas B1, B2 e C, além de ferro, fósforo e zinco. Possuem alto teor de

taninos, compostos fenólicos e pigmentos naturais (FREITAS, 2012). Seus frutos são

aromáticos, saborosos e nutritivos, com ampla aceitação de mercado, tanto para o consumo

in natura quanto para a agroindústria (CALDAS et al., 2009; MUNIZ et al., 2013).

Em virtude da ocorrência natural de mangaba no cerrado de Mato Grosso e por ser

um fruto bastante perecível, o seu melhor aproveitamento, no desenvolvimento do produto

lácteo, não só eleva suas propriedades nutricionais como também beneficia as famílias e

cooperativas que têm empreendimento neste ramo. No entanto, algumas frutas como a

mangaba (Hancornia speciosa) podem ajudar a mascarar o sabor do EHS e contribuir para

a melhora da aceitabilidade do produto.

Diante da procura dos consumidores por alimentos saudáveis e funcionais, a

pesquisa apresentada neste trabalho teve como objetivo desenvolver, um iogurte probiótico

de mangaba, enriquecido com extrato hidrossolúvel de soja e avaliar a aceitabilidade do

produto em suas características sensoriais, físico-químicas e microbiológicas.

Este trabalho foi dividido em 2 capítulos: o Capítulo 1, aborda as considerações

gerais sobre o assunto, conforme as normas do Programa de Pós-Graduação em Ciência

e Tecnologia de Alimentos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato

Grosso (IFMT) e o Capitulo 2, intitulado “Iogurte probiótico com extrato hidrossolúvel de

soja e fruto do cerrado: desenvolvimento, caracterização físico-química, sensorial e

microbiológica, que foi redigido de acordo com as normas para publicação na revista

Pesquisa Agropecuária Brasileira – PAB. ANEXOS são complementares ao entendimento

do trabalho.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Produtos lácteos

O leite, na dieta alimentar tem papel importante como fonte de proteínas e de

minerais essenciais à promoção do crescimento e manutenção da vida. Na infância, é

fundamental como fonte de proteínas, sais minerais e gorduras participando na formação e

no desenvolvimento do organismo. Na adolescência, oferece condições para o crescimento

com boa constituição muscular, óssea e endócrina. Já para as pessoas idosas é fonte de

cálcio, essencial na manutenção da integridade dos ossos (EMBRAPA, 2012).

Os produtos lácteos são aqueles que possuem o leite como principal elemento em

sua composição. Entre estes se enquadram o leite fluído pasteurizado ou esterilizado, leite

desnatado, manteiga, creme de leite, queijo, ricota, requeijão, iogurte, doces e bebidas

lácteas (ORDÓÑEZ, 2005). A multiplicação de micro-organismos e a rancidez oxidativa são

as principais causas da deterioração da qualidade dos produtos lácteos. O tipo de

deterioração depende das características específicas de cada produto (EMBRAPA, 2014).

De acordo com legislação brasileira de produtos lácteos, entende-se por leites

fermentados os produtos adicionados ou não de outras substâncias alimentícias, obtidos

por coagulação e diminuição do pH do leite, ou leite reconstituído, adicionado ou não de

outros produtos lácteos, por fermentação lática mediante ação de cultivos de micro-

organismos específicos, estes micro-organismos específicos devem ser viáveis, ativos e

abundantes no produto final durante o prazo de validade (BRASIL, 2000).

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC

(2017), as exportações de lácteos no primeiro trimestre de 2017 mostram um desempenho

12,7% melhor que o mesmo período de 2016. Os embarques totalizaram US$ 38,9 milhões,

enquanto que de janeiro a março do ano passado foram US$ 34,6 milhões. Em 2016, o

déficit subiu para 190 mil toneladas de lácteos importados que somaram US$ 490 milhões.

Nota-se que o saldo foi positivo para o leite UHT, leite modificado para a alimentação infantil

e para o iogurte, como se observa na Tabela 1.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em

seu Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leites Fermentados. Dentre os

derivados lácteos o mais consumido é o iogurte.

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Tabela 1. Quantidade de produtos negociados no mercado internacional de lácteos pelo Brasil em 2016.

Produto Importação* Exportação* Saldo* Leite em pó 161.486 40.404 -121.082

Queijo 43.074 2.979 -40.095 Soro de leite em pó 28.395 48 -28.347

Manteiga 6.829 80 -6.749 Doce de leite 793 165 -628

Leite UHT 2.453 7.774 +5.321 Leite modificado para alimentação infantil 1.919 3.285 +1.366

Iogurte 331 363 +32 TOTAL 245.280 55.098 190.182

Fonte: (MDIC, 2017); *Valores expressos em mil Kg.

2.1.1 Iogurte

A Instrução Normativa nº 46, de 2007, editada pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento - MAPA, define iogurte como sendo “o produto cuja fermentação

se realiza com cultivos protosimbióticos de Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e

Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus, os quais podem acompanhar, de forma

complementar, outras bactérias ácido-lácticas que, por sua atividade, contribuem para a

determinação das características do produto final”. O iogurte deve possuir as seguintes

características sensoriais: consistência firme, pastosa, semissólida ou líquida; cor branca

ou de acordo com as substâncias utilizadas; sabor e aroma de acordo com as substâncias

alimentícias adicionadas. Deve conter de 3,0 a 5,9 g/100g de matéria gorda; um mínimo de

proteínas lácteas de 2,9 g/100g; a acidez em ácido lático deve estar entre 0,6 a 1,5 g/100g,

não podendo ser armazenado a uma temperatura superior a 10 graus Celsius (BRASIL,

2007).

O iogurte pode ser dividido em três categorias: iogurte de massa firme, de massa

batida e de textura líquida, conhecidos respectivamente como iogurte tradicional, batido e

líquido. O iogurte tradicional adquire consistência mais firme, devido principalmente ao fato

da fermentação ocorrer na própria embalagem final e não ocorrer a quebra da massa. O

iogurte batido, por sua vez, resulta em um produto menos firme que o anterior, pelo fato de

ser incubado em fermenteiras, seguindo-se à quebra do coágulo para o envase

(GRANATO, 2007).

O iogurte é uma forma indireta de consumo do leite e se constitui de uma fonte de

proteínas, cálcio e fósforo, e o consumo desse alimento traz benefícios ao organismo,

facilitando a ação das proteínas e enzimas digestivas, melhorando a absorção do cálcio,

fósforo e ferro, além de ser fonte de galactose, importante na síntese de tecidos nervosos

cerebrosídeos em crianças (ROBIN, 2011).

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Além de ser rico em minerais, o iogurte também é boa fonte de riboflavina, niacina,

vitaminas B6 e B12, bem como excelente fonte de aminoácidos essenciais de alta qualidade

biológica, geralmente contendo níveis mais altos de proteínas do que o leite (CANO-

SANCHO et al., 2015).

O processo fermentativo do leite se dá por meio da ação de duas bactérias ácido-

lácticas na produção de iogurte (Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e

Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus) que utilizam a lactose como substrato

energético com produção de ácido lático. Essas culturas não resistem às condições

adversas do trato digestivo (sensíveis à bile) e são incapazes de colonizar o intestino

humano. Já, as culturas probióticas (Lactobacillus acidophilus e Bifidobacteria ssp)

fornecem efeitos terapêuticos aos seres humanos, ao se fixarem na parede do cólon. Para

isso precisam estar viáveis no alimento durante a vida-de-prateira e serem ingeridas com

freqüência (SCHREZENMEIR; VERSE, 2001).

No momento inicial da fermentação, o pH do leite favorece o desenvolvimento de

Streptococcus salivarius subsp. thermophilus que proporcionará, em seguida, um ambiente

favorável ao Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus devido ao aumento da acidificação.

Esta acidez é oriunda da lactose, na qual existe liberação de ácido fórmico e de gás

carbônico. Esta última bactéria é proteolítica, obtém os aminoácidos (glicina, histidina,

valina) a partir da caseína e produz acetaldeído em maior quantidade, componente volátil

que é responsável pelo aroma característico do iogurte (FERREIRA et al., 2005), seguido

por acetona, 2- butanona, diacetil e acetoína (TAMIME, ROBINSON, 1991). Com o aumento

da acidez, o pH fica próximo de 4,6 (ponto isoelétrico da proteína do leite) e o ácido lático

contribui para a desestabilização da micela de caseína provocando a coagulação e

resultando em uma concentração de ácido lático de 0,9%. O gel deve ser liso, brilhante,

sem desprendimento de soro ou de gases. No final da fermentação, a proporção entre os

dois micro-organismos é de 1:1 (SÁ, 2007; TAMIME, ROBINSON, 1991).

2.2 Alimentos funcionais

De acordo com Angelis (2001), um alimento funcional é aquele semelhante na

aparência a um alimento convencional, o qual, além da nutrição básica, beneficia as

funções fisiológicas e metabólicas proporcionando boa saúde física e mental, e podendo

reduzir riscos de doenças crônico-degenerativas. Termos, como nutracêuticos, compostos

bioativos ou fitoquímicos são utilizados para os ingredientes ativos presentes nesses

alimentos.

A legislação brasileira não reconhece oficialmente o termo nutracêuticos, entretanto

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define substância bioativa, que é a definição oficial mais compatível (LIRA et al., 2009). A

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define como alimento com propriedade

funcional: “aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente e/ou não

nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e/outras funções normais do

organismo humano” (BRASIL, 1999). Os alimentos funcionais, além de compreenderem

aqueles que contêm naturalmente substâncias bioativas, são representados pelos

alimentos denominados probióticos, prebióticos e simbióticos (LEROY, 2004).

Atualmente a discussão sobre o papel que os alimentos devem representar para a

saúde da população vem despertando a atenção de governos, indústrias, economistas e,

principalmente, consumidores. Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros e, ao

mesmo tempo, o incremento da incidência de doenças crônicas na população (como

obesidade, hipertensão, osteoporose, diabetes e câncer) é crescente a preocupação com

uma alimentação saudável, em função do seu potencial para prevenir a ocorrência de

doenças (ABIA, 2012).

Frente a esse contexto, novos tipos de alimentos funcionais estão sendo lançados

nos mercados mundiais com posicionamento estratégico, na dimensão de qualidade

relacionada à saúde (GRUNERT, 2013). Em particular, os produtos lácteos funcionais estão

como representantes desse movimento de inovação, já que respondem por quase 65% das

vendas desse setor (MENRAD, 2011). No setor de laticínios, os alimentos funcionais já são

uma realidade e muitas empresas de alimentos desenvolvem suas linhas de produtos tendo

a promoção da saúde como principal objetivo (CICHOSKI et al., 2014).

O desenvolvimento de uma bebida láctea funcional, fermentada com culturas

probióticas e acrescida de extrato hidrossolúvel de soja, é uma alternativa bastante

inovadora para indústrias lácteas, pois não necessita de grandes investimentos ou de

grandes mudanças na rotina de fabricação.

2.2.1 Probióticos

De acordo com a Resolução nº 18 de 30 de abril de 1999, probióticos são

microorganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal produzindo

efeitos benéficos à saúde do indivíduo (BRASIL, 1999).

Probióticos são micro-organismos vivos que apresentam a capacidade de veicular

condições fisiológicas benéficas à microbiota intestinal. Os probióticos possuem também

participação na formulação de iogurtes contribuindo para a fermentação láctea, processo

este fundamental no processamento da respectiva bebida (GALLINA et al., 2011). A

seleção de bactérias probióticas para uso humano deve obedecer alguns critérios: ter

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estabilidade diante de ácido e bile, ter capacidade de aderir a mucosa intestinal e de

colonizar o trato gastrintestinal humano, ser capaz de produzir compostos antimicrobianos

e ser metabolicamente ativo no intestino, ser seguro para uso humano, não ter histórico

patogênico e não estar relacionado com doenças como endocardite, não ter genes

determinantes da resistência aos antibióticos e, por fim, ter comprovação da eficácia por

meio de ensaios em humanos. Além dos critérios citados, as culturas probióticas devem

apresentar boa multiplicação no leite, promover propriedades sensoriais adequadas ao

produto, ser estáveis e viáveis durante o armazenamento, e apropriadas para a produção

industrial em larga escala, resistindo a condições de processamento com liofilização ou

secagem (PHILIPPI et al., 2008).

Shah (2000), sugere um mínimo de 106 UFC/mL-1, mas recomenda 108 UFC/mL-1

para compensar a redução que acontece no número de micro-organismos viáveis durante

a passagem pelo trato gastrintestinal. Para a legislação brasileira, a quantidade mínima

viável para os probióticos deve estar na faixa de 108 a 109 UFC/mL (BRASIL, 2008).

Em derivados lácteos, as bactérias probióticas mais utilizadas são Bifidubacterium

sp e o Lactobacillus sp., em particular a espécie Lactobacillus acidóphillus. De modo geral,

lactobacilos podem colaborar na digestão da lactose em indivíduos com intolerância, reduzir

a constipação e a diarréia, ajudar na resistência a infecções por salmonela, e aliviar a

síndrome do intestino irritável. As bifidobactérias são conhecidas por estimularem o sistema

imunológico, produção da vitamina B, inibição da multiplicação de patógenos, redução na

concentração de amônia e colesterol no sangue e ajudam a restabelecer a microbiota

normal após tratamento com antibióticos (MANNING, 2009). Assim sendo, esses micro-

organismos são comumente utilizados em intervenções dietéticas que visam à melhoria da

saúde dos indivíduos (GIBSON, 2004; LEAHY et al., 2005; PICARD et al., 2005).

Atualmente, estudos trazem descobertas de bactérias probióticas, que podem ser

utilizadas na produção de iogurtes em diversos sabores, consistências, voltados a um

público específico, em meios que proporcionem a viabilidade e vitalidade da bactéria,

conferindo assim garantia de efeito ao consumidor (REIS et al., 2014).

A utilização desses micro-organismos em iogurte vai além da participação no

processamento, pois estudos recentes revelam os mais variados benefícios que estes

fornecem á saúde (NISHIDA; ONO; SEKIMIZU, 2016). Dentre os benefícios, vale-se

ressaltar: o aumento do valor nutritivo dos alimentos (MORELLI, 2014), inibição de bactérias

patógenas e redução do risco de doenças infecciosas, ativação da imunidade humoral e

celular, aumento da digestibilidade da lactose, melhora na absorção e fixação de cálcio e

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ferro, equilíbrio da microbiota intestinal, ajuda na produção de antibióticos naturais, melhoria

da pele, controle de colesterol e diarreia (MELO et al.,2014). Estudos apontam redução do

risco de desenvolvimento de câncer principalmente intestinal (MARTINI et al., 2009).

2.2.2 Soja

A soja (Glycine max) é também conhecida como feijão soja, ervilha chinesa ou feijão

da Manchúria. Foi introduzida na Ásia Central há cerca de 5 mil anos pelos chineses. No

Brasil, a soja começou a ser cultivada em 1882. O grão de soja é um dos mais importantes

alimentos da humanidade, por ser muito rico em proteínas e com bom conteúdo de gordura

(CHRISTENSEN, 2004).

Segundo o Boletim Técnico da Embrapa (2016) o Brasil é o segundo maior produtor

mundial de soja, atrás apenas dos EUA. A cultura ocupou uma área de 33,17 milhões de

hectares, o que totalizou uma produção de 95,63 milhões de toneladas. A produtividade

média da soja brasileira foi de 2.882 kg por hectare, dados estes da safra 2015/2016. Esta

leguminosa é reconhecida como um alimento de qualidade por seu alto teor energético e

pela excelência de sua proteína. Além de ser rica em fibras, vitamina B, ácido fólico, iodo,

magnésio, potássio e fósforo (DUARTE, 2006).

As principais formas de comercialização da soja encontradas atualmente no

mercado são óleo de soja, farinha de soja, tofu, shoyo, farelo de soja, leite de soja, missô,

natto, isoflavonas, concentrado protéico e isolados proteico da soja (MORAES et al., 2009).

Por ser um alimento funcional e que possui efeitos significativos para a saúde, há

uma tendência crescente no desenvolvimento de produtos que incorporem a soja em

alimentos. O desafio de formular produtos à base de soja está na incorporação de níveis

suficientes desta leguminosa, induzindo benefícios para o ser humano, além de manter a

qualidade sensorial (NILUFERERDIL et al., 2012).

2.2.3 Extrato hidrossolúvel de soja

A incorporação de leite de soja (extrato hidrossolúvel de soja) e seus subprodutos

na alimentação humana está despertando um crescente interesse devido às suas

propriedades nutricionais importantes tais como o cálcio, proteínas de alta qualidade,

ácidos graxos poli-insaturados, além de apresentar grande concentração de isoflavonas,

cujo uso fitoterápico pode ser aplicado no tratamento alternativo dos sintomas da

menopausa e redução dos riscos de doenças crônicas não infecciosas, tais como as

doenças cardiovasculares, alguns tipos de cânceres e osteoporoses (RINALDONI et al.,

2012).

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Constatou-se que a proteína de soja possui um efeito similar e, em alguns casos,

maior sobre a saciedade do que outras proteínas de alta qualidade consumidas

habitualmente (ANDERSON, 2004).

Hoje em dia existem vários métodos de processamento da soja, cuja finalidade é

melhorar as características nutricionais e a qualidade organoléptica de extrato hidrossolúvel

de soja (ACHOURI et al., 2008)

O aumento da aceitabilidade também ocorre em virtude da associação do extrato

de soja a aditivos, ingredientes ou a outra matéria-prima. Para melhorar a aceitabilidade e

reduzir o sabor de “feijão cru”, a indústria também utiliza a adição de polpas de frutas e

adoçantes (FELBERG, 2004; JAEKEL et al, 2010).

O extrato hidrossolúvel de soja possui grandes potencialidades de utilização como

ingredientes ou aditivos em diversos produtos lácteos. Busca-se com isso uma

complementaridade entre as diversas características nutricionais e reológicas desses dois

produtos, destacando-se a alta capacidade de retenção de água das proteínas da soja,

característica está extremamente importante em alguns produtos lácteos, principalmente

no iogurte (SOLAE, 2012).

2.3 Mangaba (Hancornia speciosa)

O Brasil este entre os países que possuem a maior biodiversidade do planeta,

quando incluindo uma elevada variedade de frutíferas nativas. O Cerrado é o bioma

brasileiro que possui uma grande variedade de espécies frutíferas e exóticas que

representam um potencial interesse para as indústrias, além de uma fonte de renda para a

população local (SOUZA et al., 2007).

A mangabeira (Hancornia speciosa) é uma fruteira pertencente à família

Apocynaceae, nativa do Brasil e está presente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte e

Nordeste nas áreas do Cerrado e Caatinga. (VENTURINI FILHO, 2010). Apresentam boa

digestibilidade e valor nutritivo, com teor de proteína superior ao da maioria das frutas

utilizadas comercialmente (VIEIRA NETO, 2001).

Os frutos da mangaba são ricos em ferro, possuem alto índice de vitamina C, em

torno de 33 mg/100g de polpa, quando comparados com outros frutos como cajá e caqui

(CARNELOSSI et al., 2004; CARVALHO et al., 2004; SILVA JÚNIOR, 2004), além de

manganês e zinco (ALMEIDA et al., 1999; PARENTE et al.,1985). A polpa da mangaba é

pouco calórica, podendo ser consumida mais livremente nas dietas de baixa caloria, pois

cada 100 g possui cerca de 47,5 calorias a 60,4 calorias (ALMEIDA et al., 1998). Ferreira e

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marinho (2007) encontraram os valores informados na Tabela 2, para macro nutrientes

medidos em g/100g de polpa, minerais e vitaminas em mg/100g.

Tabela 2. Características físico-químicas da polpa de mangaba Determinações Valores em 100g

Proteínas 0,7 g Lipídeos 0,3 g

Carboidratos 10,5 g Fibra Alimentar 0,8 g

Cálcio 1,37 mg Fósforo 18 mg Ferro 2,8 mg

Vitamina A 0,03 mg Vitamina B1 e B2 0,04 mg

Niacina 0,5 mg Vitamina C 33 mg

Fonte: FERREIRA e MARINHO (2007).

O teor elevado de taninos encontrados na mangaba, são compostos fenólicos

polimerizados de natureza química bastante variada. Estes compostos fenólicos, por sua

vez, estão sendo associados ao potencial antioxidante destes alimentos e à prevenção do

desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas (TOMAZI, 2016).

Existem alguns trabalhos na literatura que utilizam frutos do Cerrado como a

mangaba na produção de produtos lácteos. Silva et al. (2015) na elaboração e avaliação

sensorial de um leite fermentado saborizado com diversos frutos do Cerrado observaram

que a formulação saborizada com mangaba elaborada com menor quantidade de polpa

(4%) teve maior aceitação. Perfeito, Corrêa e Peixoto (2017) elaboraram uma bebida com

extrato hidrossolúvel de soja saborizada com frutos do Cerrado (cagaita e mangaba)

mostraram-se viáveis com boas médias de aceitação sensorial para os atributos avaliados

(aparência, aroma, sabor, textura e intenção de compra). Esses estudos demonstram as

diversas aplicabilidade de consumo de frutos do Cerrado e sua grande aceitação sensorial.

2.4 Viscosidade e Sinérese

As propriedades reológicas dos alimentos são importantes e necessárias, não

apenas para o dimensionamento estrutural da linha de produção mas principalmente em

relação ao controle de qualidade dos produtos, quando associado a características de

viscosidade e sinérese, análise sensorial e tempo de prateleira (MATHIAS, 2013).

A viscosidade é um termo conhecido que descreve as propriedades de escoamento

de um fluido, ou seja, os atritos das camadas internas dentro do fluido que impõe resistência

a fluir (BRASEQ,1998). As medições de viscosidade podem ser realizadas em linha

(processo) ou em laboratório.

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A reologia do iogurte pode ser afetada por fatores como o teor de sólidos, proteínas

e gorduras, culturas microbianas utilizadas, as temperaturas de tratamento térmico do leite

e da fermentação, teor de acidez atingido na fermentação, a pressão de homogeneização,

dentre outros (COLLET; TADINI, 2004; PASEEPHOL et al., 2008).

Durante a fermentação do leite, o pH diminui gradualmente até cerca de 4,5,

ocorrendo desestabilização das micelas que se agregam formando uma rede tridimensional

na qual o soro é aprisionado. Rearranjos das caseínas ou micelas agrupadas nessa rede

podem levar à contração do gel com expulsão de líquido. Esse fenômeno é chamado

sinérese e ocorre durante o armazenamento do produto, levando à sua rejeição por parte

dos consumidores (ANTUNES, 2001). Para minimizar esse problema, são usados

espessantes e estabilizantes na elaboração do iogurte (MÜHLBAUER et al., 2012).

Pimentel (2009) sugere que o aumento da sinérese é devido ao decréscimo do pH

durante a estocagem, o que provoca contração da matriz micelar de caseína, aumentando

então a liberação do soro.

A textura e a sinérese (separação do soro) são umas das principais características

que irão definir a qualidade do iogurte, com relação à viscosidade. A quebra das partículas

das proteínas na formação do gel no iogurte, são fatores importantes que influenciam as

propriedades físicas e estruturais dos iogurtes (LEE; LUCEY, 2010). Para aumentar a

viscosidade do produto, a prática utilizada nas indústrias é o aumento do teor de sólidos

pela adição de leite, ou soro de leite, em pó (TAMIME, ROBINSON, 2007).

Porém, também pode ser adicionado extrato hidrossolúvel de soja em pó com este

fim, deixando uma textura mais firme, diminuindo a sinérese e aumentando a aceitabilidade

do iogurte.

2.5 Compostos Fenólicos

Os compostos fenólicos são substâncias amplamente encontradas na natureza,

mais de 8000 compostos fenólicos já foram detectados em plantas. Esse grupo faz parte

dos constituintes de uma variedade de vegetais, frutas e produtos industrializados. Podem

ser pigmentos, que dão a aparência colorida aos alimentos, ou produtos do metabolismo

secundário, normalmente derivado de reações de defesa das plantas contra agressões do

ambiente. Esses compostos agem como antioxidantes, não somente pela sua habilidade

em doar hidrogênio ou elétrons, mas também em virtude de seus radicais intermediários

estáveis, que impedem a oxidação de vários ingredientes do alimento, particularmente de

lipídios (BRANDWILLIAMS; CUVELIER; BERSET, 1995). As frutas são principais fontes

dietéticas de polifenóis, todavia, a composição desses constituintes nesses alimentos é

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diversificada de acordo com a variedade, cultivar, condições climáticas, entre outros.

Portanto, a eficácia destes compostos como antioxidante depende da estrutura química e

da concentração destes fitoquímicos no alimento (FALLER, 2009).

Estudos realizados com os compostos fenólicos demonstram sua capacidade

antioxidante, e seu possível efeito na prevenção de diversas enfermidades

cardiovasculares, cancerígenas e neurológicas (HARBORNE; WILLIAMS, 2000;

SÁNCHEZ-MORENO, 2002).

O método de Folin-Ciocalteau tem sido o mais utilizado para a quantificação de

compostos fenólicos em alimentos e envolve a oxidação de fenóis por um reagente amarelo

heteropoliácido de fosfomolibdato e fosfotungstênio (reagente de Folin-Ciocalteau) e a

medida colorimétrica de um complexo azul que se forma na reação em meio alcalino

(SINGLETON et al., 1999).

Rufino (2010), encontrou teores de polifenóis na polpa de mangaba com valores de

169mg de AGE/100 g, Almeida et al., (2011) 98mg de AGE/100g e Rufino et al., (2009)

172mg de AGE/100g. Os diferentes valores de compostos fenólicos para Hancornia

speciosa, pode ser justificado por vários fatores dentre eles: tempo de colheita, maturidade,

variedade, condições climáticas e do solo, exposição ao sol, localização geográfica e

manuseio pós-colheita (DROGOUDI; FANIADIS; VASILAKAKIS, 2010).

2.6 Análise sensorial

De acordo com as definições de Sensory Evaluation Division of the Institute of Food

Techonologists, a análise sensorial pode ser entendida como a disciplina que interpreta,

evoca, avalia e mede reações às características de um produto, após estímulos ao ser

humano em relação à visão, ao tato, ao odor e ao sabor e como esses estímulos são

percebidos pelos órgãos do sentido (STONE; SIDEL,1993). A qualidade de um produto de

consumo compreende três aspectos fundamentais: físico-químico (nutricional), sensorial e

microbiológico (DUTCOSKY, 2013).

A análise sensorial normalmente é realizada por uma equipe montada para analisar

as características sensoriais de um produto para um determinado fim. Podem ser avaliados

a seleção da matéria prima a ser utilizada em um novo produto, o efeito de processamento,

a qualidade da textura, o sabor, a estabilidade de armazenamento, a reação do consumidor,

entre outros (TEIXEIRA, 2009). Os testes sensoriais têm sido incluídos como garantia de

qualidade por ser medida multidimensional integrada, possuindo importantes vantagens,

como: ser capaz de mensurar quanto consumidores gostam ou desgostam de um

determinado produto, identificar a presença ou ausência de diferenças sensoriais

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perceptíveis, definir características sensoriais importantes de um produto e ser capaz de

detectar particularidades que não podem ser detectadas por procedimentos analíticos

(MUÑOZ et al., 1993).

Os métodos sensoriais são agrupados em dois grandes grupos: analíticos e afetivos.

Os primeiros são utilizados em avaliações onde é necessária a seleção e/ou treinamento

da equipe sensorial e também é exigida uma avaliação objetiva, ou seja, na qual não são

consideradas as preferências ou opiniões pessoais dos membros da equipe (ABNT, 1993).

Os testes analíticos, por sua vez, também se dividem em dois grupos: testes discriminativos

e descritivos (FERREIRA et al., 2000).

Os métodos afetivos, utilizam pessoas sem treinamento prévio, pois buscam-se

respostas resultantes de estímulos e reações espontâneas do indivíduo ao degustar e

avaliar o alimento. Estes testes normalmente são empregados para determinar a

aceitabilidade ou preferência de um produto (DE PENNA, 1999).

A Análise Sensorial usa a Estatística para determinar se as respostas de um grupo

de indivíduos são suficientemente similares e, existindo um determinado grau de

similaridade, possibilita a tomada de decisões, com algum grau de confiança, sobre os

produtos em teste no contexto daquela população de indivíduos ou, quando apropriado,

para a população em geral (STONE et al., 2012).

Em virtude da grande variedade de métodos existentes para avaliação sensorial, é

necessária uma pré-análise para a correta escolha do método que se irá utilizar. A Figura

1 mostra um fluxograma de escolha do melhor teste sensorial, em função dos objetivos que

se deseja obter.

No presente estudo, será dada atenção aos métodos afetivos, o teste de ordenação

de preferência e o de aceitação, para o alcance do objetivo principal deste trabalho.

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Figura 1. Fluxograma dos testes sensoriais. Fonte: SGS do Brasil, 2007.

2.6.1 Teste ordenação- preferência

O teste de ordenação avalia três ou mais amostras, simultaneamente, ordenando-

as em relação à intensidade de um atributo específico ou de sua preferência. As amostras

codificadas aleatórias são apresentadas ao julgador para que ordene em ordem crescente

ou decrescente da intensidade do atributo específico ou mais preferido. O resultado é dado

pela soma das ordens obtidas. A avaliação estatística deve ser feita pelo teste de Friedman

utilizando a tabela de Newell e MacFarlane para verificar se há ou não diferença significativa

entre amostras (IAL, 2005).

É um teste amplamente utilizado devido à sua simplicidade, facilidade de

interpretação e aplicação, podendo ser utilizado para avaliar um grande número de

amostras ao mesmo tempo. Pode-se lançar mão de padrões, codificados ou não, para efeito

de comparação entre a preferência e a qualidade, principalmente quando se trata de

qualidade nutricional (ANZALDÁUA-MORALES, 1994; TEIXEIRA et al., 1987).

Os testes de preferência são usados quando se deseja comparar vários produtos

quanto à preferência. Esses testes, embora meçam a preferência não indicam se eles

gostam ou desgostam dos produtos avaliados. Nas indústrias alimentícias, esses testes

tem como finalidade o desenvolvimento de novos produtos, a melhoria de produtos,

alteração de processos de produção e a formulação de produtos (MINIM, 2013).

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2.6.2 Teste de aceitação e intenção de compra

Os testes de aceitação são usados com a finalidade de avaliar se os consumidores

gostam ou desgostam do produto. As escalas utilizadas nestes testes podem ser

estruturadas ou não estruturadas (MININ, 2013).

Para medir a aceitação, a escala mais utilizada é a escala hedônica, onde o

consumidor expressa sua aceitação em uma escala previamente estabelecida que varia,

gradativamente, com base nos termos ”gosto e desgosto” (CHAVES; SPROESSER, 1993).

A aceitação de um produto varia com os padrões de vida e base cultural e demonstra

a reação do consumidor diante de vários aspectos como, por exemplo, o preço, e não

somente se o juiz agradou ou não do produto (MORAES, 1988).

Os dados obtidos em um teste de aceitação utilizando escala hedônica podem ser

avaliados através de vários métodos estatísticos como a análise da distribuição de

freqüências dos valores hedônicos obtidos por cada amostra e a análise de variância

(ANOVA), seguida de outros procedimentos estatísticos, dentre os quais o teste de médias

de Tukey que permite verificar se há diferença significativa entre as médias (MEILGAARD,

1999; STONE; SIDEL, 1993).

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CAPÍTULO 2: ARTIGO

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Iogurte probiótico com extrato hidrossolúvel de soja e fruto do cerrado: desenvolvimento, caracterização físico-química, sensorial e microbiológica

Larine Gonçalves de Souza(1); Juliana Arvani Zaniolo(1); Nágela Farias Magave

Picanço(1); Edgar Nascimento(1); Rozilaine Aparecida Pelegrine Gomes de Faria(1) e Priscila Becker Siqueira(2)

1Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus Cuiabá – Bela Vista - CEP: 78050-560 Cuiabá, MT - Brasil. E-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

2Universidade Federal de Mato Grosso – Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança, Cuiabá, MT - Brasil CEP: 78060-900. E-mail: [email protected]

Resumo - O objetivo do trabalho foi desenvolver um iogurte probiótico de mangaba, enriquecido com extrato hidrossolúvel de soja, e avaliar a aceitabilidade do produto sob o ponto de vista sensorial, físico-químico e microbiológico. Foram elaboradas formulações com concentrações de EHS (0%, 1%, 3% e 5%). Foi realizado teste de preferência, sem a formulação controle (sem extrato de soja). A formulação com 1% de extrato hidrossolúvel de soja, foi a melhor aceita. Foi realizada análise físico-química, microbiológica e teste de aceitação, com a formulação controle e a formulação com 1% de extrato hidrossolúvel de soja. Considerou-se variáveis que apresentaram valores de r > 0,75 e regressão simples R² > 0,5 durante o armazenamento de 28 dias. A formulação contendo o EHS apresentou melhores resultados com relação à viscosidade, menor índice de sinérese e maior quantidade de bactérias lácticas durante o armazenamento. O conteúdo de compostos fenólicos, apresentou 21,45 mg AGE/100g para o iogurte controle e 25,49 mg de AGE/100g para a formulação com 1% de EHS. Os consumidores demonstraram índice de aceitabilidade de 77% para iogurte controle e 74% para o iogurte com 1% de EHS. A adição de EHS e da cultura probiótica contribuíram para melhoria nas características reológicas, nutricionais e funcionais dos iogurtes. Termos para indexação: Produto lácteo, Hancornia speciosa, análise sensorial.

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Probiotic yogurt with water-soluble extract of soybean and cerrado fruit: development, physical-chemical, sensorial and microbiological characterization

Abstract -The objective of this work was to develop a probiotic yogurt of mangaba (Hancorniaspeciosa), enriched with water-soluble soy extract and to evaluate the acceptability of the product from a sensorial, physical-chemical and microbiological. Formulations with EHS concentrations (0%, 1%, 3% and 5%) were prepared. A preference test was performed, without the control formulation (without soybean extract). The formulation with 1% water-soluble soy extract was the best accepted. Physicochemical, microbiological and acceptance tests were carried out with the control formulation and the formulation with 1% water-soluble soy extract. Variables that presented values of r> 0.75 and simple regression R²> 0.5 were considered during storage of 28 days. The formulation containing EHS presented better results for viscosity, lower syneresis index and higher amount of lactic acid bacteria during storage. The content of phenolic compounds presented mean values of 21.45 (control yoghurt) and 25.49 (1% EHS) in mg AGE / 100g. Consumers showed an acceptability index of 77% for yogurt control and 74% for yogurt with 1% EHS. The addition of EHS and probiotic culture contributed to improve rheological, nutritional and functional characteristics of yogurts. Index terms: Dairy product, Hancornia speciosa, sensorial analysis.

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INTRODUÇÃO

A utilização dos alimentos como promotores do bem-estar e da saúde e, ao mesmo

tempo, como redutores dos riscos de algumas doenças, tem incentivado as indústrias a

desenvolverem pesquisas de novos ingredientes e processos, possibilitando a inovação de

produtos no mercado.

O iogurte se enquadra neste contexto, pois é rico em minerais e também é boa fonte

de riboflavina, nicianina, vitaminas B6 e B12, bem como excelente fonte de aminoácidos

essenciais de alta qualidade biológica, geralmente contendo níveis mais altos de proteínas do

que o leite (CANO- SANCHO et al., 2015). O consumo deste produto vem se intensificando

a cada ano e o desenvolvimento do mercado é proporcionado pelas suas características

sensoriais, combinado as suas propriedades nutricionais.

A soja possui importantes propriedades nutricionais, como a presença de proteínas de

alta qualidade, alto teor de cálcio e de ácidos graxos poli-insaturados e isoflavonas. Todos

esses benefícios contribuem para que a soja seja usada como matéria-prima no

desenvolvimento de novos produtos alimentícios (RINALDONI; CAMPDERRÓS;

PADILLA, 2012).

O consumo de extrato hidrossolúvel de soja vem crescendo significativamente devido

às suas qualidades como alimento de alto valor nutritivo e ao baixo custo de sua produção,

despertando a atenção da indústria de alimentos (GUERREIRO, 2006). O EHS pode ser

obtido tanto no estado líquido e na forma desidratada em pó. Possui algumas vantagens

quando comparado ao extrato aquoso, principalmente em relação ao manuseio, conservação

e maior valor nutricional. Com ampla aplicação na indústria de alimentos o EHS pode ser

consumido adicionado a diversos produtos lácteos, como iogurtes, formulados infantis,

sorvetes e cremes (NUNES et al., 2014). As frutíferas nativas do Cerrado possuem grande

potencial de exploração econômica, pois apresentam características peculiares, com formas

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variadas, cores atrativas e sabores característicos (MARTINS, 2006). Dentre as espécies com

potencial econômico destaca-se a Hancornia speciosa, a mangaba é uma fruta muito saborosa

e nutritiva, rica em vitamina C, apresenta mais vitamina C que a laranja (LIMA, 2010). No

estado de Mato Grosso, apesar da ocorrência natural da mangaba em praticamente toda região

e excelentes condições climáticas para o seu cultivo, há pouco aproveitamento do seu fruto.

Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo desenvolver um iogurte

probiótico de mangaba, enriquecido com extrato hidrossolúvel de soja, e avaliar a

aceitabilidade do produto sob o ponto de vista sensorial, físico-químico e microbiológico.

MATERIAL E MÉTODOS

O procedimento analítico realizado com as formulações de iogurtes desenvolvidos foi

dividido em duas etapas. Na primeira etapa, as três formulações de iogurte de mangaba,

contendo 1%, 3% e 5% de EHS, foram submetidas à avaliação sensorial, pelo teste de

ordenação-preferência a fim de estabelecer a formulação preferida em relação à concentração

de extrato hidrossolúvel de soja. Na segunda etapa, foi avaliada a característica físico-

química, microbiológica e sensorial da formulação escolhida no teste de ordenação-

preferência e da formulação do iogurte controle elaborado.

Para a produção do iogurte de mangaba utilizou-se leite desnatado UHT (Ultra hight

temperature), leite em pó desnatado, extrato hidrossolúvel de soja em pó, açúcar cristal e dois

inóculos de fermentos lácteos liofilizados concentrados DELVO® - YOG, CY -340 DSL,

DSM contendo as culturas Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus, Streptococcus

thermophilus e DELVO® - PRO, B94 LAFTI DSM com a cultura probiótica Bifidobacterium

lactis subsp. animalis As polpas embaladas a vácuo de mangaba in natura, foram adquiridas

pela empresa “Pureza do Cerrado” localizada no município de Aragarças-GO. Foram pela

Elaboração do iogurte

O experimento foi conduzido em Delineamento Inteiramente Casualizado com quatro

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tratamentos, variando-se a concentração do extrato hidrossúvel de soja, em 0%, 1%, 3% e 5

% (m/m). Para todos os tratamentos foram utilizados leite desnatado UHT, 1,0 % (m/v) de

leite em pó desnatado, 6 % (m/v) de sacarose, 0,4 % (v/v) de fermento lácteo e 10% (m/m)

de xarope de mangaba. Conforme mostra a Tabela 1. O xarope de mangaba foi preparado

com 35% de polpa pasteurizada, 54% sacarose, 11% de água e índice de Brix 63° utilizando

refratômetro digital para medir o teor de sólidos solúveis (ºBrix). Em seguida a mistura foi

resfriada e armazenada embalagens plásticas de 250g a 4ºC em B.O.D.

Após a homogeneização, foi realizado tratamento térmico a 90ºC por 3 minutos, em

seguida resfriada à temperatura de 42 ºC para adição das culturas lácticas liofilizadas (0,4 %

v/v), sendo (0,2% v/v) composta da linhagem de bactérias lácteas e (0,2% v/v) da linhagem

de bactérias lácteas probióticas. O leite foi mantido a temperatura de 42ºC em câmara de

fermentação marca SuperoHm modelo B.O.D. até atingir aproximadamente pH 4,9 e acidez

expressa em ácido lático de 0,60 %.

Após intervalo de 12 horas foi adicionado aos iogurtes 10% do xarope de mangaba.

Estes foram envasados em embalagens plásticas de 300ml rotulados e armazenados em

B.O.D a 4°C.

Avaliação sensorial

Foi apresentado aos provadores o Termo Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE,

conforme aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto Federal de Educação Ciência e

Tecnologia de Mato Grosso, em pesquisa que envolve seres humanos sob o número de

parecer 2.079.0001.

As formulações foram avaliadas sensorialmente, a fim de estabelecer a formulação preferida

em relação à concentração de EHS adicionado ao iogurte. Inicialmente foram testadas as três

formulações com a adição de EHS por meio do teste de ordenação- referência. Em seguida,

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a formulação preferida foi submetida ao teste de aceitação e intenção de compra juntamente

com o iogurte controle.

Os testes sensoriais foram realizados no Laboratório da Faculdade de Tecnologia –

FATEC-SENAI – Cuiabá – MT de Análise Sensorial, em cabines individuais, sob luz branca

e temperatura climatizada em torno de 20ºC. De acordo com Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) (1993).

Foi realizado a fim de determinar a ordem de preferência entre três amostras de

iogurte de mangaba (A, B e C), com suas respectivas concentrações de 1%, 3% e 5% de

extrato hidrossolúvel de soja. Um total de 100 consumidores de produtos lácteos em geral,

de todos os gêneros, foram convidados a participar do estudo.

As amostras codificadas foram apresentadas em blocos completos balanceados em

temperatura em torno 5ºC, acompanhadas de um copo com água mineral. A ficha de

avaliação solicitava que os consumidores degustassem as amostras colocando-as em ordem

crescente de acordo com a sua preferência.

Para o teste de aceitação e intenção de compra foram convidados 120 consumidores

de todos os gêneros. Os atributos avaliados foram: aparência, aroma, sabor, textura e

impressão global, em escala hedônica não estruturada de 9 cm, ancorada pelos termos

“desgostei extremamente e gostei extremamente”. Para o teste de intenção de compra foi

utilizada a escala de atitude de compra de três pontos, variando entre os termos “certamente

compraria”, “talvez compraria” e “certamente não compraria”. O cálculo de Índice de

Aceitabilidade do produto adotou-se a expressão IA = A x 100/B, onde A= nota média obtida

para o produto e B= nota máxima dada ao produto (Dutcosky, 2013).

Caracterização físico-química do iogurte

Uma vez definida a concentração de extrato hidrossolúvel de soja mais aceita no teste

de preferência, a formulação foi elaborada juntamente com o iogurte controle (sem EHS),

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para serem utilizadas em etapas de caracterização do produto e análises de vida de prateleira.

Os iogurtes foram analisados nos dias 0, 7, 14, 21 e 28, em relação ao pH, acidez

titulável expressa em ácido lático, cor, atividade de água, viscosidade, sinérese, análises

microbiológicas e bactérias lácticas. E nos tempos 7 e 28 dias de armazenamento realizou-se

a determinação de compostos fenólicos.

Atividade de água (Aw), pH e acidez titulável em ácido lático

A atividade de água foi determinada em analisador por leitura direta Aqualab 4TE®

(decagon), conforme método oficial 978.18 da AOAC (2012).

As medidas de pH foram feitas por potenciometria direta utilizando potenciômetro

digital (HANNA instruments, modelo HI 2221) de acordo com AOAC (2012), método

943.71, e a acidez titulável foi determinada por titulometria, em termos de ácido láctico, pelo

método 937.05.

Parâmetros de cor

A cor foi determinada através do colorímetro portátil de marca Minolta® (CM-700D)

(Japão) de acordo com o sistema CIELAB (L* a* b*), onde as leituras são determinadas em

L* (Luminosidade), a* (transição da cor verde – a* para o vermelho + a*) e b* (transição da

cor azul – b* para o amarela + b*), calibrado para um padrão branco. Após a obtenção dos

resultados, foram calculados o índice de saturação C* e índice de tonalidade h*, onde C* =

(Δa*2 + Δb*2)1\2; h*= tan-1 (b*/a*), respectivamente, conforme Ramos e Gomide (2017).

Sinérese

O índice de sinérese foi determinado de acordo com a metodologia proposta por

Farnsworth et al., (2006), com modificações. Foram pesadas 10g das amostras de iogurte a

temperatura de 6ºC e foram centrifugadas a 1500rpm durante 10 minutos sob refrigeração a

6ºC. A sinérese foi calculada em (%) = (Massa sobrenadante/ massa total) x100.

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Compostos fenólicos totais

A obtenção dos extratos para determinação dos compostos fenólicos totais, adotou-se

a metodologia proposta por Rufino (2010), onde foi utilizado 3g da amostra. A determinação

dos compostos fenólicos totais foi realizada com o reagente Folin-Ciocalteu, conforme

descrito por Obanda & Owuor (1997), utilizando-se método espectrofotométrico em

espectrofotômetro SHIMADZU® 1800UV em comprimento de onda de 700nm. Os

resultados foram expressos em mg de equivalente de ácido gálico (GAE) por 100 g do extrato

do iogurte.

Viscosidade

As amostras de iogurte em quadriplicatas foram resfriadas em banho de água com

temperatura controlada à ±8ºC e agitadas a velocidade de 6rpm em viscosímetro digital

(Brookfield®, modelo LV), acoplado de um spindle nº3. O valor da viscosidade aparente foi

calculado em centipoise (cP).

Composição centesimal

Na composição centesimal foi determinado, de acordo com as normas analíticas da

Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 2012), o teor de umidade pelo método

de secagem em estufa a 105ºC, método 950.46; cinzas pelo método 920.153; proteínas pelo

método 928.08, utilizando o fator de conversão de nitrogênio em proteína de 6,38. A gordura

foi quantificada pelo método de Gerber. A determinação do teor de lactose e açúcares totais

pelo método de Fehling, de acordo com as normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz (IAL,

2008).

Análises Microbiológicas

Com intuito de verificar a conformidade e/ou ausência de micro-organismos

preconizados na Resolução RDC n°12, (BRASIL, 2001), aprova regulamento técnico sobre

padrões microbiológicos para alimentos, os quais foram: Salmonella sp., coliformes a 35°,

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Escherichia coli, Staphylococcus aureus.e fungos filamentosos e leveduras. Os micro-

organismos foram inoculados em placas contendo substratos enzimáticos cromogênicos de

cultura específicos das placas conforme metodologia (Compact Dry).

A contagem de bactérias lácticas totais, conforme metodologia descrita em Silva et

al., (2007).

Análise Estatística dos dados

Para os dados sensoriais do teste de ordenação de preferência, foi utilizada a Tabela

de Newell e Mac Farlene, ao nível de significância de (p< 0,05), baseados no Método de

Friedman.

As médias dos tratamentos foram submetidas ao teste de normalidade pelo teste

Shapiro-Wilk. Apresentando características não paramétricas submeteu-se ao teste de

Kruskal-Wallis (p<0,05) e Friedman, utilizando o programa BioEstat® versão 5.0.

Apresentando normalidade as variáveis foram submetidas à análise de variância (ANOVA),

e quando observado diferença estatisticamente significativa entre os tratamentos as médias

foram submetidas ao teste t (p<0,05), utilizando o programa ASSISTAT® versão 7.7.

Para verificar a interação entre as variáveis foi realizada a análises da construção da

matriz de correlação de Pearson (r) com o software BioEstat. Os valores de r encontrados

foram comparados e optou-se em trabalhar somente as variáveis onde os módulos de r foram

superiores a 0,75 para modelar a equação de regressão, de acordo com Nogueira et al. (2010).

Construiu-se o modelo geral y = a + bt. Assim por teste de hipóteses formulou-se a hipótese

nula h0: a = b = 0 (onde os coeficientes da equação não apresentam diferenças significativas).

Também foi observado o p-valor dos coeficientes para garantir um modelo adequado e

considerado p<0,01.

Para as análises microbiológicas foi adotado método de contagem de colônias através

das placas Compact Dry, Nissui Pharmaceutical CO., Ltda®.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Teste de ordenação-preferência

Os resultados mostraram que a formulação de iogurte com 1% de EHS apresentou a

maior preferência, (p<0,05) entre os consumidores. Já em relação às formulações de iogurte

com 3% e 5% de EHS não houve diferença estatisticamente significativa entre elas (Tabela

1).

Com a melhoria dos avanços tecnológicos na elaboração de novos produtos a base de

soja, a aceitabilidade por esses tipos de produtos vem aumentando.

Teste de aceitação e intenção de compra

Os resultados do teste de aceitação indicaram que houve diferença estatisticamente

significativa (p<0,05) em relação aos atributos aparência, aroma e sabor, conforme

apresentado na Tabela 2. Para os atributos textura e global não houve diferença

estatisticamente significativa, entre as amostras de iogurte controle e com 1% de EHS com 7

e 28 dias de armazenamento.

Embora as amostras do iogurte controle, apresentaram maiores escores que as

amostras com 1% de EHS, a média global das duas formulações, equivalem aos termos

hedônicos “gostei ligeiramente” e “gostei moderadamente”, indicando uma boa aceitação das

mesmas. O atributo que apresentou a maior média foi o de textura com valor de 7,2 para a

amostra do iogurte com EHS, evidenciando que a adição do extrato hidrossolúvel de soja no

iogurte pode aumentar a viscosidade e influencia fortemente na aceitação do produto.

Santana et al., (2006), ao avaliarem amostras de iogurte light sabor pêssego com e

sem adição de proteína de soja, observaram que a amostra adicionada de proteína de soja

apresentou diferença significativa no atributo sabor pêssego quando comparada às amostras

sem adição de proteína de soja. Neste estudo, os resultados encontrados demonstraram que

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houve diferença significativa para o atributo sabor para as formulações do iogurte controle e

com 1% de EHS.

Os resultados do Índice de Aceitabilidade (IA) para os diferentes atributos, acima de

70%, são considerados satisfatórios. De acordo com Dutcosky (2013), o produto atingindo

um percentual igual ou maior que 70% é considerado aceito pelos provadores.

Como observado na Figura 1, os valores encontrados para intenção de compra

mostram uma tendência semelhante dos valores médios do teste de aceitação, apresentando

que houve certa rejeição das amostras do iogurte com 1% de EHS nos tempos 7 e 28 dias de

armazenamento, aproximadamente 50% dos provadores não comprariam as amostras

avaliadas. Para as amostras do iogurte controle nos tempos 7 e 28 dias de armazenamento,

os resultados foram satisfatórios, aproximadamente 80% dos provadores comprariam o

produto.

Perfeito (2017) elaborou uma bebida com extrato hidrossolúvel de soja saborizada

com frutos do Cerrado, a formulação com mistura de polpas de 5% de cagaita e 5% de

mangaba, apresentou maior intenção de compra (78%), em relação às outras duas

formulações, contendo 10% de cagaita e 10% de mangaba. Esses resultados corroboram com

o presente estudo já que o índice de aceitabilidade dos iogurtes de mangaba superou 73%.

Correlação entre variáveis durante a vida de prateleira

Considerou-se as variáveis que apresentaram valores de r>0,75 para a* x h, pH x AT,

pH x Sin, AT x Sin e Visc x Sin durante o período de 28 dias. Os coeficientes da equação de

regressão linear apresentaram significância (p<0,01).

Observa-se que à medida que o pH aumenta, o valor da sinérese diminui durante o

período de armazenamento dos iogurtes (Figura 2A). Segundo Lucey (2004), os principais

fatores para o aumento da sinérese em produtos lácteos, é o baixo teor de sólidos, uso de

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temperaturas altas durante o processo de fermentação e ao longo do armazenamento do

produto.

Já a acidez titulável em ácido lático e o índice de sinérese, ambas variáveis

aumentaram durante o período de armazenamento dos iogurtes. (Figura 2B). Com relação à

sinérese, segundo Ramirez-Santiago et al., (2010) isto pode ocorrer devido aos rearranjos na

rede da caseína, que promovem a expulsão do soro. Dessa forma, há um aumento no índice

de sinérese. A lactose, está presente em maior porcentagem na porção sólida do soro lácteo,

pois este carboidrato durante a fermentação produz ácido lático. Além disso, sabe-se que no

início da fermentação o pH do leite favorece o desenvolvimento de Streptococcus salivarius

subspécie thermophilus. Contudo o aumento da acidificação (ácido láctico), crescem os

Lactobacillus delbrueckii subspécie bulgaricus que podem tolerar valores de pH na faixa de

3,5 a 3,8 (ANDRADE, 2010).

No decorrer do período de armazenamento dos iogurtes o pH aumentou e a acidez

titulável em (ácido lático) diminuiu (Figura 2C). De acordo com Martins et al., (2012), os

iogurtes estão sujeitos ao aumento da acidez e consequente decréscimo do pH durante a

estocagem refrigerada, comumente chamada de pós-acidificação. Isso pode ser atribuído à

persistente atividade metabólica das bactérias ácido-láticas, durante o resfriamento e

estocagem do produto a 4°C. Conforme observaram Perrin et al., (2002); Ding e Shah,

(2008). Os micro-organismos das culturas láticas e probióticas podem ter metabolizado os

açúcares presentes e, como consequência, houve produção de pequenas quantidades de

ácidos orgânicos.

O baixo índice de sinérese contribuiu para o aumento da viscosidade no produto.

(Figura 3 A). Rinaldoni et al. (2012) observaram que o aumento na concentração de inulina

em bebidas fermentadas elaboradas com EHS ocasionou um aumento nos valores de

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viscosidade aparente, devido ao aumento no teor de sólidos totais e consequentemente uma

diminuição no índice de sinérese.

A viscoelasticidade do iogurte pode aumentar de 2 a 3 vezes de acordo com os sólidos

totais e com o teor de proteína no leite. Aumentando o teor de proteínas, aumenta-se a

concentração de caseína que reforça a matriz protéica e melhora a capacidade de retenção de

água do gel (SODINI et al., 2004).

A relação entre os valores negativos transformados através da equação (x= x+2) para

a* (-verde) e o ângulo de tonalidade h* (Hue) estão apresentados na (Figura 3 B). Para

Fritzen-Freire et al., (2013) este resultado ocorreu provavelmente devido a presença de

riboflavina no leite. Os valores negativos de a* podem ser atribuídos a cor verde da polpa de

mangaba adicionada ao iogurte. Perfeito et al., (2015) encontraram valores negativos de a*

para os frutos de mangaba no estágio de maturação do fruto verde e semi maduro.

De acordo Mestdagh et al. (2011) os produtos como o iogurte são susceptíveis à

oxidação induzida pela luz devido à presença do fotossensibilizador a riboflavina. Esta

vitamina após a excitação produz radicais livres ou oxigênio singleto que acabam afetando a

qualidade do produto e degradam nutrientes valiosos.

Composição centesimal

Embora não existam parâmetros na legislação para teores de umidade e cinzas,

observou-se que os valores para umidade estão abaixo aos encontrados por Hauly et. al.

(2005), ao analisarem iogurtes de soja suplementados com frutooligossacarídeos. Observou-

se, que o iogurte contendo EHS obteve menor porcentagem de umidade, devido a maior

capacidade da água ser facilmente evaporada na amostra. Segundo Cabral et. al (1997)

constataram que o aumento da pressão de homogeneização melhora a absorção de água pelo

extrato de soja. O maior valor de cinzas, foi obtido para a formulação com 1% de EHS,

devido a maior concentração de minerais existentes na família desta Fabaceae.

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Os valores encontrados na análise de gordura, foram entre 0,47g/100g e 0,48g/100g

para o iogurte controle e com 1% de EHS respectivamente. Os teores de gordura do presente

estudo atendem a legislação de iogurte desnatado (BRASIL, 2007).

A quantidade de proteína encontrada nos produtos avaliados aumentou

consideravelmente na formulação contendo o extrato de soja, devido a quantidade de

aminoácidos essenciais existentes na proteína de soja e a concentração referentes à

composição da polpa de fruta da mangaba que pode chegar a 1,20g/100g.

O teor de lactose variou entre 4,21g/100g e 3,86g/100g para o iogurte controle e com

1% de EHS, respectivamente. Pode-se acreditar que algum componente existente na soja,

possa estimular a maior degradação deste dissacarídeo pelas bactérias lácticas, estimulando

o transporte da lactose para dentro da célula bacteriana ou pela maior produção da enzima

lactase (LONGO, 2006).

Qualidade físico-química durante a vida de prateleira

Os valores de L* não foram influenciados pelo tempo de armazenamento de 0 e 28

dias e nem pelos tratamentos. Os iogurtes apresentaram coloração clara, em direção ao

branco (valores elevados de L*), indica a luminosidade apresentada pelos iogurtes. Neste

estudo mostra que o EHS não provocou o escurecimento das amostras, quando comparado

ao iogurte controle (Tabela 3).

As coordenadas a* e h foram influenciadas pelo tempo de armazenamento e pelos

tratamentos. As duas formulações apresentaram valores negativos (-a*), dentro do espectro

verde (componente a* transformado), com pequenas variações entre si, durante todo o

período de armazenamento. A cor verde, pode ser atribuída a característica da polpa de

mangaba. O ângulo de tonalidade h* estima a coloração de uma amostra e a interpretação

das diferenças de tonalidade varia de acordo com o ângulo em que se encontra, podendo a

cor ser percebida como: vermelho, laranja, amarela, verde, azul ou violeta. Assim as

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amostras apresentaram valores entre 79-82 para esse parâmetro, e estão classificadas

predominantemente no segundo quadrante da cor onde predominam as cores verde e

amarelo. (Ramos & Gomide, 2017).

Os valores de b* e C, foram influenciados somente pelos tratamentos, e não diferiram

estatisticamente (p<0,05) entre si. O resultado de (+b*) variou de 9,31 para iogurte controle

a 10,41 para o iogurte com 1% de EHS, mostrando que houve um pequeno deslocamento da

cor dos iogurtes em direção à cor amarela, influenciado pela adição do extrato de soja ao

iogurte. Solowiej et al. (2015) citaram que o parâmetro Chroma (C*) representa a saturação

da cor, ou seja, a combinação dos parâmetros a*e b*.

O valor médio observado de Aw nos iogurtes foi de 0,98 considerado ideal para o

crescimento de bactérias que na maioria das vezes ocorre Aw superior a 0,90 (Carvalho,

1999). Com isso, as bactérias láticas presentes na cultura utilizada são favorecidas pela

presença de água numa forma disponível que garante seu crescimento e metabolismo,

contribuindo para a manutenção das características desejáveis de sabor, aroma e viscosidade

dos iogurtes.

Após 28 dias de armazenamento a amostra adicionada de EHS, apresentou índice de

sinérese 37% e o iogurte controle apresentou índice de sinérese 42%. Para Aportela-Palacios,

Sosa-Morales e Vélez-Ruiz (2005), valores de sinérese abaixo de 39% podem ser

considerados satisfatórios. Revers et al., (2016) encontraram valores de sinérese atingindo o

máximo de 35% para o iogurte de leite de ovelha integral com o passar dos dias de

armazenamento.

Observa-se que ao longo da vida de prateleira a variação de sinérese do iogurte

controle foi maior se comparada a variação do iogurte com 1% de EHS, ou seja, quanto maior

o conteúdo de sólidos, maior a consistência, propriedades físicas do iogurte (TAMINE E

ROBINSON, 1991).

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Na figura 4, são apresentados os valores encontrados de compostos fenólicos na

formulação com 1% de EHS. Considerando o tempo de armazenamento (7 e 28 dias de

armazenamento a 4ºC), das amostras de iogurte, pode-se dizer que houve decréscimo nos

conteúdos de compostos fenólicos. O iogurte com 1% de EHS, sofreu menor decréscimo em

relação à quantidade de fenólicos, se comparado ao iogurte controle.

Rufino (2010), encontrou teores de polifenóis na polpa de mangaba com valores de

169mg de AGE/100 g e Almeida et al. (2011) 98mg de AGE/100g, valores próximos

encontrados nesse estudo, visto que a polpa in natura de mangaba estava congelada. Os

diferentes valores de compostos fenólicos para Hancornia speciosa, pode ser justificado por

vários fatores dentre eles: tempo de colheita, maturidade, variedade, condições climáticas e

do solo, exposição ao sol, localização geográfica e manuseio pós-colheita (FANIADIS,

DROGOUDI & VASILAKAKIS, 2010).

Os valores superiores encontrados para o iogurte com 1% de EHS, podem ser

explicados devido à presença de flavonóides contidos no extrato hidrossolúvel de soja, em

especial as isoflavonas, onde se encontram as maiores quantidade de componentes fenólicos

da soja, as concentrações variam de 0,1 a 5mg/g. (ESTEVES, 2001).

Qualidade Microbiológica durante a Vida de Prateleira

Todas as formulações estavam de acordo com os padrões microbiológicos da RDC n°

12 de 2 de janeiro de 2001 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001) e

pela Instrução Normativa nº 46, de 23 de outubro de 2007 (BRASIL, 2007), atestando que

os iogurtes estavam aptos para análise sensorial, ou seja, assegurando que as práticas

higiênico sanitárias, bem como o tratamento térmico e conservação de matérias-primas,

foram efetivas na preservação do produto final (Tabela 5).

A contagem final do número de células láticas viáveis das duas amostras durante 28

dias de armazenamento atende aos valores da legislação, segundo os Padrões de Identidade

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e Qualidade (PIQ) de Leites Fermentados, Resolução Nº 5, de 13 de novembro de 2000

(BRASIL, 2000), o total deve ser no mínimo de 107 UFC/mL no produto final, durante o

prazo de validade. Sendo assim, as duas formulações apresentaram viabilidade das bactérias

lácticas acima do recomendado. Capitani et al. (2014) encontraram valores próximos a esse

estudo, caracterizando iogurtes elaborados com probióticos e fibra solúvel, encontrando

contagem de bactérias láticas viáveis em todas as amostras avaliadas com contagens

superiores a 108 UFC/mL.

Em produtos lácteos fermentados a sobrevivência das bactérias probióticas, depende

de vários fatores, dentre eles a composição do meio de fermentação, quantidade de oxigênio

dissolvido, a linhagem utilizada, interação entre as espécies presentes, condições de cultura,

acidez final, conteúdo de sólidos do leite, disponibilidade de nutrientes, quantidade

inoculada, temperatura de incubação e tempo de estocagem (SILVA, 2013).

CONCLUSÕES

Os iogurtes avaliados são produtos inovadores, com qualidade sensorial e nutricional,

isentos de conservantes e corantes artificiais. A adição de extrato hidrossolúvel de soja

contribuiu para o aumento da viscosidade e diminuição do índice de sinérese. A formulação

contendo o EHS também apresentou maior teor de compostos fenólicos e maior viabilidade

de bactérias probióticas ao longo do período de armazenamento quando comparado ao

iogurte controle.

Os resultados para índice de aceitabilidade de ambas as formulações foram

considerados satisfatórios. A utilização de frutos regionais para a produção dos iogurtes

contribuirá para seu melhor aproveitamento e estabelecimento de plantios comerciais.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES -

FAPEMAT), pela concessão da bolsa de estudos, ao Instituto Federal de Educação Ciência e

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Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), campus Bela Vista – Cuiabá – MT e a FATEC-SENAI

– CUIABÁ – MT pela parceria.

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1. Resultados das soma de ordens das formulações dos iogurtes de mangaba. Formulações Soma das ordens 1% de EHS 250a 3% de EHS 185b 5% de EHS 162b

A soma de ordens seguidas por letras diferentes na mesma coluna demonstram diferenças estatísticas significativas (quanto à preferência), de acordo com a Tabela Newell e Mac Farlene (p < 0,05).

Tabela 2. Valores médios e índice de aceitabilidade dos atributos avaliados das formulações de iogurte de mangaba.

Dia

Aparência

Aroma

Sabor

Textura

Global

IA* %

Controle

7 7,1a 6,7a 7,1a 6,9a 7,0a 77 28 6,7ab 6,2ab 6,9ab 7,1a 6,8a

1% de EHS

7 7,0ab 6,0ab 6,4b 7,2a 6,7a 74

28 6,6b 5,9a 6,3b 7,1a 6,6a

Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa pelo Teste de Kruskal-Wallis ao nível de 5% (p<0,05). *IA = Índice de aceitabilidade.

Tabela 3. Valores médios ± desvio padrão da composição centesimal dos iogurtes de mangaba.

Tratamentos Parâmetros Controle 1% de EHS

Umidade 80,83±0,04 80,11±0,27 Cinzas 0,87±0,02 0,88±0,02

Gordura 0,47±0,01 0,48±0,01 Proteína 3,02±0,16 3,42±0,01 Lactose 4,11±0,01 3,86±0,01

Tabela 4. Valores médios ± desvio padrão das variáveis analisadas nos tempos 0 e 28 dias de armazenamento.

Tratamentos

Variáveis Controle 1% de EHS 0 28 0 28

L* 60,75±1,00a 61,08± 0,881ª 62,57± 2,70ª 59,78±5,00ª a* 1,17±0,13b 1,20±0,08a 1,57±0,07a 1,90±0,01a b* 9,31±0,47b 9,74±0,151b 10,81±0,94a 10,41±0,10a C* 9,38±0,49b 9,61±2,89b 10,92±0,94a 11,32±2,08a H 82,85±0,54a 82,94±0,55a 81,71±0,45b 79,64±0,14a

Aw 0,98±0,00ª 0,98± 0,00ª 0,98±0,00ª 0,98±0,00ª Sin 25,13±0,45a 42,53±0,73a 25,26±0,77a 37,06±0,29b

Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatisticamente significativa pelo Teste de t p<0,05). L* = índice de luminosidade; a*= (-verde); b* = (amarelo); croma (C) = índice de aturação; Hue (h): índice de Tonalidade; Aw = Atividade de água; Sin= Sinérese

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Tabela 5. Características microbiológicas dos iogurtes controle e com 1% de EHS durante o período de armazenamento de 28 dias.

Período de Armazenamento (dias)

Parâmetros Tratamentos 0 7 14 21 28

Fungos filamentosos e

leveduras (UFC/g)*

Controle

< 10 < 10 < 10 < 10 < 10

1% de EHS

< 10 < 10 < 10 < 10 < 10

Coliformes 35° (UFC/g)*

Controle

< 3 < 3 < 3 < 3 < 3

1% de EHS

< 3 < 3 < 3 < 3 < 3

Escherichia coli (UFC/g)*

Controle Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

1% de EHS

Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

Staphylococcus aureus

(UFC/g)*

Controle < 10 < 10 < 10 < 10 < 10

1% de EHS < 10 < 10 < 10 < 10 < 10

Salmonella spp. (ausência/

presença em 25g)

Controle Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

1% de EHS Ausência Ausência Ausência Ausência Ausência

Bactérias lácticas totais (UFC/mL)*

Controle 3,3x109 4,1x108 3,3x108 2,1x108 1,3x108

1% de EHS 2,6x109 5,1x108 4,2x108 3,6x108 2,1x108 *Unidade formadora de colônia/grama ou/ mililitros. Padrões microbiológicos para iogurte (Brasil, 2001 e 2007): contagem

Fungos filamentosos e leveduras máx. 200 UFC/g; Coliformes totais máx. 100 UFC/g; Escherichia Coli ausência; Bactérias lácticas totais mín. 107 UFC/ml; pesquisa de Salmonella sp. ausência em 25g; Staphylococcus coagulase positiva 100 UFC/g.

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FIGURAS

Figura 1: Intenção de compra do iogurte controle (sem EHS) e com 1% de EHS para os diferentes períodos de armazenamento.

(A) (B)

(C)

Figura 2. Relação entre o pH e o índice de sinérese (%) (A) e relação entre a acidez titulável em ácido lático e o índice de sinérese (%) (B) e relação entre pH e acidez titulável em ácido lático (C) dos iogurtes durante o período de armazenamento.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Controle(7 dias)

Controle(28 dias)

1% de EHS(7 dias)

1% de EHS(28 dias)

Certamente ComprariaTalvez ComprariaNão Compraria

05

1015202530354045

4,22 4,32 4,42 4,52 4,62 4,72

Sine

rese

(%)

pH

Sin = 183,74 - 33,812pHR² = 0,7231

05

1015202530354045

0,75 0,8 0,85 0,9

Sine

rese

(%)

AT (% ác. lático)

Sin = - 49,512 + 100,99ATR² = 0,6785

0,7

0,75

0,8

0,85

0,9

4,22 4,32 4,42 4,52 4,62 4,72AT

( %

ác.

látic

o)

pH

AT = 2,2418-0,3194pH R2 = 0,9699

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(A) (B)

Figura 3. Relação entre viscosidade (cP) e o índice de sinérese (%) (A) e relação entre a* (transformado) e índice de tonalidade (hue) (B) dos iogurtes durante o período de armazenamento.

Figura 4. Teor de compostos fenólicos totais (mgGAE/100g) dos iogurtes controle e com 1% de EHS, no período de armazenamento de 7 e 28 dias.

R² = 0,7784

05

101520253035404550

2920 2970 3020 3070

Sine

rese

(%)

Viscosidade (cP)

777879808182838485

1 1,5 2 2,5

h (h

ue)

a* (transformado)

h = 88,422 - 4,555a*R² = 0,9558

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ANEXO A

Tabela de Newell e Mac Farlene. Diferenças criticas entre os totais das somas de ordenação