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DEPOIS DO AUTOTRANSPLANTE, OS DIAS DECISIVOS PARA REYNALDO GIANECCHINI R$ 9,90 23/JAN/2012 ANO 13 N° 645 A MODELO TRANSEXUAL CAROL MARRA CONTA TUDO: “ME ORGULHO DE NUNCA TER ME PROSTITUÍDO” CAETANO VELOSO E REGINA CASÉ AGITAM O VERÃO BAIANO AO SOM DO CANTOR REVELAÇÃO MAGARY elegantes mais As do Globo de Ouro A campeã Angelina Jolie O deslize de Madonna A sofisticação de Natalie Portman 9 7 7 1 5 1 6 8 2 0 0 0 0 5 4 6 0 0 ISSN 1516 -8204 A escolha das três mais bem-vestidas por um time de especialistas e ainda as derrapadas nos looks das estrelas internacionais Costanza Pascolato, Marcelo Quadros, Gloria Coelho, Lethicia Bronstein, Luis Fiod, Raphael Mendonça e Alê de Souza CONFIRA A ANÁLISE DOS SETE JURADOS DE GENTE:

ISTOÉ Gente 645

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ISTOÉ Gente 645, As mais elegantes do Globo de Ouro

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Page 1: ISTOÉ Gente 645

DEPOIS DO AUTOTRANSPLANTE, OS DIAS DECISIVOS PARA REYNALDO GIANECCHINI

R$ 9,90

23/JAN/2012ANO 13

N° 645

A MODELO TRANSEXUAL CAROL MARRA

CONTA TUDO: “ME ORGULHO DE NUNCA TER ME PROSTITUÍDO”

CAETANO VELOSO E REGINA CASÉ AGITAM O

VERÃO BAIANO AO SOM DO CANTOR

REVELAÇÃO MAGARY

elegantesmaisAsdo Globo de Ouro

A campeãAngelina Jolie

O deslize de Madonna

A so� sticação de Natalie

Portman

9 7 7 1 5 1 6 8 2 0 0 0 0 54600

I S S N 1 5 1 6 - 8 2 0 4

A escolha das três mais bem-vestidas por um time de especialistas e ainda as derrapadas nos looks das estrelas internacionais

Costanza Pascolato, Marcelo Quadros, Gloria Coelho, Lethicia Bronstein, Luis Fiod, Raphael Mendonça e Alê de SouzaCONFIRA A ANÁLISE DOS SETE JURADOS DE GENTE:

Page 2: ISTOÉ Gente 645

Especial 69º Globo de OuroEspecial 69º Globo de Ouro

Nesta edição do prêmio americano, Los Angeles viu

um desfile de musas belíssimas e elegantérrimas.

Gente escalou um time de especialistas para comentar e

eleger quais delas se destacaram. E Angelina Jolie,

mais uma vez, foi insuperável

POR BIANCA ZARAMELLA E SIMONE BLANES

RedCarpet

O melhor do

Costanza Pascolato, consultora

de moda

Gloria Coelho, estilista

Lethicia Bronstein,

estilista

Raphael Mendonça,

stylist

Alê de Sousa, make-up artist e

fotógrafo

Marcelo Quadros,

estilista

2º NATALIE PORTMANEm uma premiação repleta de tons naturais, a atriz trouxe mais cor e ousadia ao tapete vermelho, com seu tomara que caia pink.

1º ANGELINA JOLIECom 80% dos votos, a atriz foi eleita pelo

júri de Gente a mais bem-vestida da noite. Ao lado do marido, Brad Pitt, ela sintetizou

a elegância com um vestido de construção elaborada em uma silhueta reta

3º CHARLIZE THERONEla soube ser exuberante, com decotes e fendas bem posicionadas, além da enorme cauda. Tudo sem cair no exagero.

Luis Fiod, stylist

Stev

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nitz

/ Ge

tty Im

ages

Jaso

n Mer

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Getty

Imag

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AFP

Fred

eric

J. B

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Especial 69º Globo de OuroEspecial 69º Globo de Ouro

Nesta edição do prêmio americano, Los Angeles viu

um desfile de musas belíssimas e elegantérrimas.

Gente escalou um time de especialistas para comentar e

eleger quais delas se destacaram. E Angelina Jolie,

mais uma vez, foi insuperável

POR BIANCA ZARAMELLA E SIMONE BLANES

RedCarpet

O melhor do

Costanza Pascolato, consultora

de moda

Gloria Coelho, estilista

Lethicia Bronstein,

estilista

Raphael Mendonça,

stylist

Alê de Sousa, make-up artist e

fotógrafo

Marcelo Quadros,

estilista

2º NATALIE PORTMANEm uma premiação repleta de tons naturais, a atriz trouxe mais cor e ousadia ao tapete vermelho, com seu tomara que caia pink.

1º ANGELINA JOLIECom 80% dos votos, a atriz foi eleita pelo

júri de Gente a mais bem-vestida da noite. Ao lado do marido, Brad Pitt, ela sintetizou

a elegância com um vestido de construção elaborada em uma silhueta reta

3º CHARLIZE THERONEla soube ser exuberante, com decotes e fendas bem posicionadas, além da enorme cauda. Tudo sem cair no exagero.

Luis Fiod, stylist

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Especial 69º Globo de OuroEspecial 69º Globo de Ouro

Os tons neutros foram os grandes protagonistas no tapete vermelho. Do nude ao bege, os vestidos foram enriquecidos com rendas, bordados, fendas estrategicamente posicionadas e joias poderosas. Um estilo luxuoso que tem tudo para se confirmar como tendência ainda neste verão.

LEVES E NATURAIS

Beleza perfeita com cabelos em coque clássico. O make-up tem foco nos lábios em vermelho com gloss por cima. Alê de Souza

Fred

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Getty

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Foto

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Não amei o look. Usaria algo diferente. E alguma coisa me incomoda no vestido, não sei se a cauda ou o decote. Gloria Coelho

Ela fi cou ótima no tomara-que-caia bordado. A cauda de sereia e o brinco fi caram geniais. Costanza Pascolato

A maquiagem está perfeita, com olhos discretos, foco nos cílios postiços e batom nude levemente rosado. Alê de Souza

Gostei da combinação dos tons dourados no vestido, nos acessórios e no próprio cabelo dela. Luis Fiod

O vestido é bonito e moderno, com as tachas douradas, mas este decote na frente não era o ideal. Lethicia Bronstein

É um Versace lindo, muito benfeito, com muitos elementos que são característicos da marca. Gloria Coelho

Ousado e sofi sticado, lhe deu uma silhueta jovem. Ela estava muito bonita. Gosto do modelo. Marcelo Quadros

A renda e a transparência deixaram o look fresh. Só o que me incomoda é a sandália aberta. Raphael Mendonça

Está horrorosa! Vestido sem proporção, sumiu com o corpo dela. Parecia uma camisola. Costanza Pascolato

ANGELINA JOLIE Vestido

Atelier Versace, clutch vermelha

e brincos da joalheira Lorraine

Schwartz

HEIDI KLUM Longo Calvin Klein, colar e anel com turquesas Lorraine Schwartz

Ficou perfeita assim sofi sticada, com um vestido de alta-costura que tem a construção mais elaborada. Costanza Pascolato

A construção elaborada resultou numa silhueta simplifi cada e sintetizou uma imagem elegante e harmoniosa. Luis Fiod

Um pouco verão demais. O colar e o maxianel foram as grandes estrelas do look. Lethicia Bronstein

Ela teve personalidade e seguiu uma linha mais clean. Acertou no colar com pedras azuis. Costanza Pascolato

Medonha. Não gosto de joias combinando e o colar e o anel fi caram pesados. Raphael Mendonça

Ficou bom porque ela é muito alta e segura bem o decote, a fenda e a cauda. Ponto para os babados na lateral. Raphael Mendonça

Se não tivesse esse laço, teria amado o look. Ficou princesa demais com aquela tiara na cabeça. Lethicia Bronstein

Ela é deslumbrante, mas preferia um vestido com um tecido mais rígido, mais armado no corpo. Costanza Pascolato

O MELHOR DA NOITE: A GOLA VERMELHA EM CONTRAPOSIÇÃO COM A SILHUETA NUDE

MENOS É MAIS! LOOK MAIS

SIMPLES, REALÇANDO

AS JOIAS PODEROSAS

PONTO ALTO: DECOTE DRAPEADO COM FENDA SEXY

GOLDEN GIRL: TONS DE DOURADO DERAM UM PLUS NO

LOOK

CHARLIZE THERON Vestido Dior Haute Couture e joias vintage Cartier

NICOLE KIDMAN Vestido Versace, clutch Roger Vivier e joias de Fred Leighton

JESSICA ALBA Vestido Gucci,

clutch Roger Vivier e joias

Bvlgari

JESSICA BIEL Vestido Elie Saab com joias Tiff any&Co

RENDA-SE! O USO DO

RECURSO E DAS

TRANSPARÊNCIAS

FOI SEU TRUNFO

SINTONIA: LOOK

NUDE COMBINOU

COM O MAKE

MAIS DISCRETO

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Especial 69º Globo de OuroEspecial 69º Globo de Ouro

Os tons neutros foram os grandes protagonistas no tapete vermelho. Do nude ao bege, os vestidos foram enriquecidos com rendas, bordados, fendas estrategicamente posicionadas e joias poderosas. Um estilo luxuoso que tem tudo para se confirmar como tendência ainda neste verão.

LEVES E NATURAIS

Beleza perfeita com cabelos em coque clássico. O make-up tem foco nos lábios em vermelho com gloss por cima. Alê de Souza

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Não amei o look. Usaria algo diferente. E alguma coisa me incomoda no vestido, não sei se a cauda ou o decote. Gloria Coelho

Ela fi cou ótima no tomara-que-caia bordado. A cauda de sereia e o brinco fi caram geniais. Costanza Pascolato

A maquiagem está perfeita, com olhos discretos, foco nos cílios postiços e batom nude levemente rosado. Alê de Souza

Gostei da combinação dos tons dourados no vestido, nos acessórios e no próprio cabelo dela. Luis Fiod

O vestido é bonito e moderno, com as tachas douradas, mas este decote na frente não era o ideal. Lethicia Bronstein

É um Versace lindo, muito benfeito, com muitos elementos que são característicos da marca. Gloria Coelho

Ousado e sofi sticado, lhe deu uma silhueta jovem. Ela estava muito bonita. Gosto do modelo. Marcelo Quadros

A renda e a transparência deixaram o look fresh. Só o que me incomoda é a sandália aberta. Raphael Mendonça

Está horrorosa! Vestido sem proporção, sumiu com o corpo dela. Parecia uma camisola. Costanza Pascolato

ANGELINA JOLIE Vestido

Atelier Versace, clutch vermelha

e brincos da joalheira Lorraine

Schwartz

HEIDI KLUM Longo Calvin Klein, colar e anel com turquesas Lorraine Schwartz

Ficou perfeita assim sofi sticada, com um vestido de alta-costura que tem a construção mais elaborada. Costanza Pascolato

A construção elaborada resultou numa silhueta simplifi cada e sintetizou uma imagem elegante e harmoniosa. Luis Fiod

Um pouco verão demais. O colar e o maxianel foram as grandes estrelas do look. Lethicia Bronstein

Ela teve personalidade e seguiu uma linha mais clean. Acertou no colar com pedras azuis. Costanza Pascolato

Medonha. Não gosto de joias combinando e o colar e o anel fi caram pesados. Raphael Mendonça

Ficou bom porque ela é muito alta e segura bem o decote, a fenda e a cauda. Ponto para os babados na lateral. Raphael Mendonça

Se não tivesse esse laço, teria amado o look. Ficou princesa demais com aquela tiara na cabeça. Lethicia Bronstein

Ela é deslumbrante, mas preferia um vestido com um tecido mais rígido, mais armado no corpo. Costanza Pascolato

O MELHOR DA NOITE: A GOLA VERMELHA EM CONTRAPOSIÇÃO COM A SILHUETA NUDE

MENOS É MAIS! LOOK MAIS

SIMPLES, REALÇANDO

AS JOIAS PODEROSAS

PONTO ALTO: DECOTE DRAPEADO COM FENDA SEXY

GOLDEN GIRL: TONS DE DOURADO DERAM UM PLUS NO

LOOK

CHARLIZE THERON Vestido Dior Haute Couture e joias vintage Cartier

NICOLE KIDMAN Vestido Versace, clutch Roger Vivier e joias de Fred Leighton

JESSICA ALBA Vestido Gucci,

clutch Roger Vivier e joias

Bvlgari

JESSICA BIEL Vestido Elie Saab com joias Tiff any&Co

RENDA-SE! O USO DO

RECURSO E DAS

TRANSPARÊNCIAS

FOI SEU TRUNFO

SINTONIA: LOOK

NUDE COMBINOU

COM O MAKE

MAIS DISCRETO

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Especial 69º Globo de Ouro

Cores fortes exigem cuidados na hora de escolher acessórios, cabelo e maquiagem. Natalie Portman acertou com este modelo Lanvin em tom pink e a clutch vermelha arrematou o look com elegância. Já Reese Witherspoon poderia ter escolhido uma beleza mais minimalista para valorizar o vestido com assinatura de Zac Posen. Confira os comentários.

ROSAS E VERMELHOS

Ficaria melhor se escolhesse um tecido mais fl uido, que tivesse mais movimento, e que não fosse vermelho. Luis Fiod

Ela quis ser mais mulherão, mas não deu. O vestido vermelho também não funcionou. Lethicia Bronstein

Não é um dos meus prediletos. E, se ela estivesse com o cabelo preso, talvez fi casse mais elegante. Marcelo Quadros

Vestido encorpado e com volumes corretos. A cor é vibrante, super-sexy e contemporânea. Marcelo Quadros

Uma princesa. Remete a 1700 pelo volume, mas, ao mesmo tempo, é atual pelo tomara-que-caia. Gloria Coelho

Divina! Um mix de Marilyn Monroe e Audrey Hepburn. Usar cereja com o vermelho foi ótimo. Raphael Mendonça

Especial 69º Globo de Ouro

Não gostei. Só o colar é lindo. Costanza Pascolato

Ela optou por uma atitude mais jovial, com um vestido de proporções mais clássicas. Luis Fiod

Se o csbelo estivesse solto ou mais preso seria melhor. Gostei dos olhos na cor berinjela brilhante. Alê de Souza

Adoro! Um vestido sofi sticado para uma mulher de personalidade como ela. Costanza Pascolato

Ela trouxe o frescor da moda ao evento. É uma roupa-design, que olha para o futuro. Luis Fiod

Gosto da modelagem cachecour. É perfeito: com manga, drapeados e a cauda na medida. Marcelo Quadros

TUDO AZULA cor saiu direto das passarelas internacionais como uma nova alternativa para brilhar no tapete vermelho. Seja em modelos de modelagem tradicional, seja em looks contemporâneos, a cor veio para ficar no closet das estrelas de Holywood.

Chiquérrima. Ela é linda, não precisa ser sexy, não precisa mostrar nada. O ponto alto é essa manga. Raphael Mendonça

Romântica! Amo o cabelo curtinho com o leve volume após a faixa. Usaria um batom vermelho ou fúcsia. Alê de Souza

O vestido em si não é feio, mas não acho a tiara usada com o mesmo tecido uma boa opção. Gloria Coelho

Jaso

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Getty

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Fred

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J. Br

ow /A

FP

FREIDA PINTO Vestido Prada e joias Chopard

MICHELLE WILLIAMS Vestido Jason Wu, clutch Judith Leiber e joias Fred Leighton

TILDA SWINTON Vestido Haider Ackermann e joias Fred Leighton e Pomellato

ORIGINAL: ELA

FUGIU DOS

VESTIDOS COM

CAUDA DE SEREIA

E APOSTOU NO

TRADICIONAL

COLOUR

BLOCKING: A

COMBINAÇÃO

DO PINK COM O

VERMELHO FICOU

PERFEITA

PRINCESA: O

DESTAQUE FOI

A TIARA, QUE

CONFERIU UM AR

ROMÂNTICO À ATRIZ

NATALIE PORTMAN Vestido Lanvin, sandálias Jimmy Choo, clutch Tiff any&Co e joias Harry Winston

REESE WITHERSPOON

Vestido Zac Posen, sapatos

Christian Louboutin e joias

Fred Leighton

OPS! FALTOU

PRENDER O CABELO

E ESCOLHER UM

LOOK ADEQUADO

À PERSONALIDADE

DELA

MODELAGEM EXCLUSIVA: ROUPA MISTUROU ALFAIATARIA COM ALTA-COSTURA

Page 7: ISTOÉ Gente 645

Especial 69º Globo de Ouro

Cores fortes exigem cuidados na hora de escolher acessórios, cabelo e maquiagem. Natalie Portman acertou com este modelo Lanvin em tom pink e a clutch vermelha arrematou o look com elegância. Já Reese Witherspoon poderia ter escolhido uma beleza mais minimalista para valorizar o vestido com assinatura de Zac Posen. Confira os comentários.

ROSAS E VERMELHOS

Ficaria melhor se escolhesse um tecido mais fl uido, que tivesse mais movimento, e que não fosse vermelho. Luis Fiod

Ela quis ser mais mulherão, mas não deu. O vestido vermelho também não funcionou. Lethicia Bronstein

Não é um dos meus prediletos. E, se ela estivesse com o cabelo preso, talvez fi casse mais elegante. Marcelo Quadros

Vestido encorpado e com volumes corretos. A cor é vibrante, super-sexy e contemporânea. Marcelo Quadros

Uma princesa. Remete a 1700 pelo volume, mas, ao mesmo tempo, é atual pelo tomara-que-caia. Gloria Coelho

Divina! Um mix de Marilyn Monroe e Audrey Hepburn. Usar cereja com o vermelho foi ótimo. Raphael Mendonça

Especial 69º Globo de Ouro

Não gostei. Só o colar é lindo. Costanza Pascolato

Ela optou por uma atitude mais jovial, com um vestido de proporções mais clássicas. Luis Fiod

Se o csbelo estivesse solto ou mais preso seria melhor. Gostei dos olhos na cor berinjela brilhante. Alê de Souza

Adoro! Um vestido sofi sticado para uma mulher de personalidade como ela. Costanza Pascolato

Ela trouxe o frescor da moda ao evento. É uma roupa-design, que olha para o futuro. Luis Fiod

Gosto da modelagem cachecour. É perfeito: com manga, drapeados e a cauda na medida. Marcelo Quadros

TUDO AZULA cor saiu direto das passarelas internacionais como uma nova alternativa para brilhar no tapete vermelho. Seja em modelos de modelagem tradicional, seja em looks contemporâneos, a cor veio para ficar no closet das estrelas de Holywood.

Chiquérrima. Ela é linda, não precisa ser sexy, não precisa mostrar nada. O ponto alto é essa manga. Raphael Mendonça

Romântica! Amo o cabelo curtinho com o leve volume após a faixa. Usaria um batom vermelho ou fúcsia. Alê de Souza

O vestido em si não é feio, mas não acho a tiara usada com o mesmo tecido uma boa opção. Gloria Coelho

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FREIDA PINTO Vestido Prada e joias Chopard

MICHELLE WILLIAMS Vestido Jason Wu, clutch Judith Leiber e joias Fred Leighton

TILDA SWINTON Vestido Haider Ackermann e joias Fred Leighton e Pomellato

ORIGINAL: ELA

FUGIU DOS

VESTIDOS COM

CAUDA DE SEREIA

E APOSTOU NO

TRADICIONAL

COLOUR

BLOCKING: A

COMBINAÇÃO

DO PINK COM O

VERMELHO FICOU

PERFEITA

PRINCESA: O

DESTAQUE FOI

A TIARA, QUE

CONFERIU UM AR

ROMÂNTICO À ATRIZ

NATALIE PORTMAN Vestido Lanvin, sandálias Jimmy Choo, clutch Tiff any&Co e joias Harry Winston

REESE WITHERSPOON

Vestido Zac Posen, sapatos

Christian Louboutin e joias

Fred Leighton

OPS! FALTOU

PRENDER O CABELO

E ESCOLHER UM

LOOK ADEQUADO

À PERSONALIDADE

DELA

MODELAGEM EXCLUSIVA: ROUPA MISTUROU ALFAIATARIA COM ALTA-COSTURA

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Especial 69º Globo de Ouro

Quem aposta em vestido preto não erra. Será? Ele traz elegância para umas, mas pode deixar a silhueta sem graça para outras. Neste Globo de Ouro, esse dilema foi reconhecido por nossos especialistas.

BLACK POWER

Look bom para quem tem menos busto e uma fi gura longilínea como ela. Chique mesmo sem joias. Lethicia Bronstein

Fred

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J. Br

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n / G

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AFP

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Getty

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AFP

ROONEY MARA Vestido Nina

Ricci, sandálias Christian

Louboutin e anel Fred Leighton

JULIANNE MOORE Chanel

Minimalismo tem limite. Ela chegou perto porque poderia ter colocado algo da personalidade dela nesse look. Luis Fiod

Vestido divino. Mas eu colocaria um brinco ou uma pulseira para dar luz ao cabelo a la garçon. Raphael Mendonça

Os brincos de esmeralda ornaram perfeitamente com o seu colorido natural. Lethicia Bronstein

Gostei dos cabelos soltos com risca lateral e fi os levemente desestruturados. Alê de Souza

Ficou elegante em uma silhueta mais seca. O modelo sereia a deixou ainda mais esquia. Marcelo Quadros

Estava bonita com esse geométrico de inspiração art déco. Gostei do cabelo que lhe deu um ar latino. Costanza Pascolato

A roupa valorizou a beleza dela, mas a cauda está um pouco dramática. De qualquer forma, está bonita. Gloria Coelho

Ela valorizou a silhueta e incorporou o glamour do evento. O preto com dourado fi cou muito elegante. Luis Fiod

SAMBA DE UMA NOTA

SÓ: FALTARAM

ADEREÇOS PARA

DAR MAIS BOSSA

AO LOOK

TOUCHÉ! BRINCOS DE

ESMERALDA

REALÇADOS COM

OS CABELOS

RUIVOS DELA

SALMA HAYEK Vestido Gucci

A roupa tem um quê dos anos 30, com menos glamour, e interpreta sutilmente os anos de depressão e renascimento. Costanza Pascolato

Gosto muito do look. Impossível dizer o que não está bom, mas talvez eu reduzisse o decote. Gloria Coelho

Uma mulher acima do peso nunca pode usar cetim, que marca demais. Além disso, a parte de cima repartiu o peito. Raphael Mendonça

Especial 69º Globo de Ouro

Uma combinação clássica que voltou a ser repaginada no tapete vermelho. Com tecidos nobres e em peças lisas, ganhou imagem aristocrática. Não foi muito visto nesta edição do evento, mas foi aplaudido quando apareceu.

PRETO NO BRANCO

Gostei muito do modelo preto e branco clássico, mas com um toque de vanguarda. Muito elegante. Luis Fiod

Ela não tem busto e acerta nos decotes fechados. O charme do vestido está nos bordados. Lethicia Bronstein

O look poderia ter favorecido mais as formas da atriz. Achei que a geometria não ajudou. Marcelo Quadros

CLAIRE DANES Vestido P&B J.Mendel e

clutch Tiff any&Co

KATE WINSLET Blusa e saia Jenny Packham, clucth e joias Fred Leighton

GEOMETRIA: OS RECORTES DERAM UM CHARME A MAIS NA PRODUÇÃO

RAÍZES LATINAS:

APOSTAR NO

GLAMOUR COM

TOQUE ÉTNICO

DEU SUPERCERTO

AUSTERIDADE: LOOK COM

MENOS

GLAMOUR NÃO

SIGNIFICA MENOS

ELEGÂNCIA

Fred

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J. Br

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Especial 69º Globo de Ouro

Quem aposta em vestido preto não erra. Será? Ele traz elegância para umas, mas pode deixar a silhueta sem graça para outras. Neste Globo de Ouro, esse dilema foi reconhecido por nossos especialistas.

BLACK POWER

Look bom para quem tem menos busto e uma fi gura longilínea como ela. Chique mesmo sem joias. Lethicia Bronstein

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ROONEY MARA Vestido Nina

Ricci, sandálias Christian

Louboutin e anel Fred Leighton

JULIANNE MOORE Chanel

Minimalismo tem limite. Ela chegou perto porque poderia ter colocado algo da personalidade dela nesse look. Luis Fiod

Vestido divino. Mas eu colocaria um brinco ou uma pulseira para dar luz ao cabelo a la garçon. Raphael Mendonça

Os brincos de esmeralda ornaram perfeitamente com o seu colorido natural. Lethicia Bronstein

Gostei dos cabelos soltos com risca lateral e fi os levemente desestruturados. Alê de Souza

Ficou elegante em uma silhueta mais seca. O modelo sereia a deixou ainda mais esquia. Marcelo Quadros

Estava bonita com esse geométrico de inspiração art déco. Gostei do cabelo que lhe deu um ar latino. Costanza Pascolato

A roupa valorizou a beleza dela, mas a cauda está um pouco dramática. De qualquer forma, está bonita. Gloria Coelho

Ela valorizou a silhueta e incorporou o glamour do evento. O preto com dourado fi cou muito elegante. Luis Fiod

SAMBA DE UMA NOTA

SÓ: FALTARAM

ADEREÇOS PARA

DAR MAIS BOSSA

AO LOOK

TOUCHÉ! BRINCOS DE

ESMERALDA

REALÇADOS COM

OS CABELOS

RUIVOS DELA

SALMA HAYEK Vestido Gucci

A roupa tem um quê dos anos 30, com menos glamour, e interpreta sutilmente os anos de depressão e renascimento. Costanza Pascolato

Gosto muito do look. Impossível dizer o que não está bom, mas talvez eu reduzisse o decote. Gloria Coelho

Uma mulher acima do peso nunca pode usar cetim, que marca demais. Além disso, a parte de cima repartiu o peito. Raphael Mendonça

Especial 69º Globo de Ouro

Uma combinação clássica que voltou a ser repaginada no tapete vermelho. Com tecidos nobres e em peças lisas, ganhou imagem aristocrática. Não foi muito visto nesta edição do evento, mas foi aplaudido quando apareceu.

PRETO NO BRANCO

Gostei muito do modelo preto e branco clássico, mas com um toque de vanguarda. Muito elegante. Luis Fiod

Ela não tem busto e acerta nos decotes fechados. O charme do vestido está nos bordados. Lethicia Bronstein

O look poderia ter favorecido mais as formas da atriz. Achei que a geometria não ajudou. Marcelo Quadros

CLAIRE DANES Vestido P&B J.Mendel e

clutch Tiff any&Co

KATE WINSLET Blusa e saia Jenny Packham, clucth e joias Fred Leighton

GEOMETRIA: OS RECORTES DERAM UM CHARME A MAIS NA PRODUÇÃO

RAÍZES LATINAS:

APOSTAR NO

GLAMOUR COM

TOQUE ÉTNICO

DEU SUPERCERTO

AUSTERIDADE: LOOK COM

MENOS

GLAMOUR NÃO

SIGNIFICA MENOS

ELEGÂNCIA

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23/1/2012 | 40

Especial 69º Globo de Ouro

Não me agradou tanto. Não sei se é o cabelo que não se adequou ou esta malha de metal que fi cou exagerada. Marcelo Quadros

Sem comentários. Achei tudo um horror! Alê de Souza

Ela estava bem, afi nal. Eu gostei porque combinou com ela. Costanza Pascolato

O vestido tem ornamentos demais, é metalizado e tem a silhueta muito justa. Ficou pesado. Luis Fiod

Não gostei. Vestido metalizado não é novo e as transparências e aplicações estão exageradas. Marcelo Quadros

Gosto da maquiagem clássica com foco nos iluminadores que deixam a pele radiante e poderosa! Alê de Souza

METALIZADOSQuem é rainha nunca perde a majestade, mas o efeito metalizado exige cuidados e Madonna cometeu um deslize na hora de compor seu look. A luva, direto dos anos 80, era dispensável e o exagero de texturas comprometeu a imagem de moda da cantora e ícone pop. Nicole Ritchie foi outra que mostrou estar nos anos 90, com cabelo e make comprometedores neste look prata.

Não gosto do vestido, mas para quem sabe ler, percebeu que ela interpretou uma personagem. Costanza Pascolato

Está muito Like a Virgin revisitado com essa luvinha e a parte de baixo parece um edredom feito em saia. Raphael Mendonça

Amo as pulseiras e gostei das cores, mas o vestido é exagerado e ela não precisa disso. Gloria Coelho

MADONNA Reem Acra

NICOLE RICHIE Vestido Julien Macdonald, sapatos Jimmy Choo e joias Neil Lane

TÚNEL DO TEMPO:

DE LUVINHA E

TUDO, A POPSTAR

EXAGEROU NAS

REFERÊNCIAS AOS

ANOS 80

PASSOU DO PONTO: MUITA

INFORMAÇÃO EM

UM LOOK MUITO

JUSTO. NÃO DEU

CERTO

PANE GERAL: PANE GERAL:

NEM O CABELO

NEM O VESTIDO

AGRADARAM

LEA MICHELLEVestido Marchesa e sapatos Jimmy Choo

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Diversão & Arte

14/01/2011 | 101

Mas a importância dele está registrada”, explica Nelson. Eles contam que não houve problemas com herdeiros dos can-tores para a cessão de imagens. “A família do Sammy Davis Jr. chegou a mandar uma carta dizendo que estava honrada de ele estar no filme”, conta Paulo Jobim, filho e diretor musical do longa.

• Por que os cantores não são identifi-cados no momento em que aparecem, mas apenas nos créditos finais? • Nelson Pereira dos Santos – A ideia era não repetir o que se faz na televisão, que tem a necessidade de identificar tudo. Fizemos um filme. E alguém já viu os atores serem identificados durante um filme? Se não sabe quem é, fica ali, curte a música. Além disso, qualquer coisa escrita na tela cortaria a relação com o espectador.

• Por que o filme começa com Gal Costa? • Dora – Por causa da cronologia da música. “Se Todos Fossem Iguais a Você” foi uma das primeiras. Não tínhamos ima-gens da época em que foi composta. E também porque a Gal sempre foi uma pessoa muito próxima dele e, no final, ele aparece no palco. Parece que ela está cantando para ele. Tinha esse char-me de já apresentá-lo no início do filme.

• Qual a lembrança mais forte que vocês guardam dele? • Dora – Eu tenho diversas lembranças, mas elas vêm de acordo com o momen-to. Ele era um cara muito comunicativo, gostava de estar sempre rodeado de gente. Eu tinha 18 anos quando ele mor-reu. Meu pai tocava na banda, eu fre-quentava a casa, os ensaios... • Nelson – Eu sempre me dei bem com ele. O Tom estudava a vida dos urubus. Naquele tempo, não existiam essas câmeras pequeníssimas. Então, toda vez que ele conhecia um cineasta, ele dizia: “Como você faz para filmar um urubu voando?” Ele queria o ponto de vista do urubu. Todo aquele convívio com o Tom, no tempo do programa de tevê que fiz com ele (em 1985), foi muito importante. Ele mudava de ideia a todo instante. Foi um momento rico de trabalho, de acom-panhar o procedimento de um artista.

• Dora, quando você teve ideia da importância de seu avô?• Desde pequena eu sabia que ele fazia música, mas não tinha muito essa ideia do reconhecimento. Na escola, nos anos 80, estava meio fora de moda essa coisa da bossa nova. Entre os meus amigos, ninguém perguntava nada. Isso era mais coisa das professo-ras. Depois eu vi isso se manifestar mais diretamente, com a repercussão internacional. Depois que ele morreu, não era mais o vovô. Era um persona-gem de quem as pessoas falam a todo instante. Me surpreendeu quando a Amy Winehouse gravou uma música dele. É impressionante.

• As músicas dele nunca deixaram de ser gravadas, todo o material dele está disponível no Instituto Antonio Carlos Jobim. Qual é o critério da família para autorizar o uso da obra dele? • Dora – A Ana (viúva de Tom) tem alguns critérios. Não gosta que façam propaganda de bebida, de cigarro. Mas não tem muita restrição de qualidade.

‘‘Depois que ele morreu, não era mais o vovô. Era um personagem de quem as pessoas falam a todo instante. Me surpreendeu quando a Amy Winehouse gravou uma música dele”

Dora Jobim

CINEMAAVALIA: ★★★★★ INDISPENSÁVEL ★★★★ MUITO BOM

★★★ BOM ★★ REGULAR ★ FRACO

TOM FOI CANTADO PELOS GRANDES NOMES

DA MÚSICA MUNDIAL, DE JUDY GARLAND A

DIANA KRALL

Documentário de Nelson Pereira

dos Santos e Dora Jobim não tem

depoimentos, não tem legendas, não

tem interferências de espécie alguma.

Tem apenas cantores de várias partes

do mundo cantando Tom Jobim

Aina Pinto

O MUNDO DE TOM

cinema • gastronomia • livros • música • teatro • televisão

• Tom Jobim faria 85 anos em 25 de janeiro e será homenageado na edição do Grammy deste ano. O prê-mio pela obra é uma distinção que já coube a Paul McCartney, John Coltrane e Frank Sinatra – que gravou um disco inteiro com Tom em 1967. Cenas do especial de Sinatra de que o brasileiro participou estão no docu-mentário A Música Segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim, neta do maestro. O filme não tem legendas identificando quem aparece na tela nem entrevistas sobre ele. Há apenas música, canta-da por gente como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Judy Garland. João Gilberto aparece tocando violão para Elizeth Cardoso. “O material dele estava compro-metido com outro filme (um documentário sobre ele).

Vamos falar que pode ou que não pode por causa da qualidade de uma gravação? Isso é muito relativo. Acho bom que seja aberto, que possam gra-var. Logo depois que ele morreu, papai fez o instituto. Está tudo certinho, regis-trado como ele (Tom) queria. E a Jobim Music representa o lado comercial. Versão de música é uma coisa que a Ana não gosta muito que se faça, por-que ele não gostava. Inclusive, tem ver-sionista que depois causa problemas.

• Vocês estão em meio a um processo contra um versionista americano, Norman Gimbel, que fez versões importantes para “Garota de Ipanema” e “Insesatez”. • Dora – Sim, há um processo gigante, há anos. Eu nem sei dar detalhes sobre isso. Ele trabalhava para a editora, fez versões das músicas do vovô e de mui-tos compositores brasileiros. Em um dado momento, ele virou dono também da edição. No fim das contas, ele vira o compositor da música, sem nunca ter ido a Ipanema. •

DORA E NELSON OPTARAM POR NÃO COLOCAR LEGENDAS PARA NÃO QUEBRAR A RELAÇÃO DO PÚBLICO COM O QUE SE VÊ NA TELA Gu

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Diversão & Arte

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Mas a importância dele está registrada”, explica Nelson. Eles contam que não houve problemas com herdeiros dos can-tores para a cessão de imagens. “A família do Sammy Davis Jr. chegou a mandar uma carta dizendo que estava honrada de ele estar no filme”, conta Paulo Jobim, filho e diretor musical do longa.

• Por que os cantores não são identifi-cados no momento em que aparecem, mas apenas nos créditos finais? • Nelson Pereira dos Santos – A ideia era não repetir o que se faz na televisão, que tem a necessidade de identificar tudo. Fizemos um filme. E alguém já viu os atores serem identificados durante um filme? Se não sabe quem é, fica ali, curte a música. Além disso, qualquer coisa escrita na tela cortaria a relação com o espectador.

• Por que o filme começa com Gal Costa? • Dora – Por causa da cronologia da música. “Se Todos Fossem Iguais a Você” foi uma das primeiras. Não tínhamos ima-gens da época em que foi composta. E também porque a Gal sempre foi uma pessoa muito próxima dele e, no final, ele aparece no palco. Parece que ela está cantando para ele. Tinha esse char-me de já apresentá-lo no início do filme.

• Qual a lembrança mais forte que vocês guardam dele? • Dora – Eu tenho diversas lembranças, mas elas vêm de acordo com o momen-to. Ele era um cara muito comunicativo, gostava de estar sempre rodeado de gente. Eu tinha 18 anos quando ele mor-reu. Meu pai tocava na banda, eu fre-quentava a casa, os ensaios... • Nelson – Eu sempre me dei bem com ele. O Tom estudava a vida dos urubus. Naquele tempo, não existiam essas câmeras pequeníssimas. Então, toda vez que ele conhecia um cineasta, ele dizia: “Como você faz para filmar um urubu voando?” Ele queria o ponto de vista do urubu. Todo aquele convívio com o Tom, no tempo do programa de tevê que fiz com ele (em 1985), foi muito importante. Ele mudava de ideia a todo instante. Foi um momento rico de trabalho, de acom-panhar o procedimento de um artista.

• Dora, quando você teve ideia da importância de seu avô?• Desde pequena eu sabia que ele fazia música, mas não tinha muito essa ideia do reconhecimento. Na escola, nos anos 80, estava meio fora de moda essa coisa da bossa nova. Entre os meus amigos, ninguém perguntava nada. Isso era mais coisa das professo-ras. Depois eu vi isso se manifestar mais diretamente, com a repercussão internacional. Depois que ele morreu, não era mais o vovô. Era um persona-gem de quem as pessoas falam a todo instante. Me surpreendeu quando a Amy Winehouse gravou uma música dele. É impressionante.

• As músicas dele nunca deixaram de ser gravadas, todo o material dele está disponível no Instituto Antonio Carlos Jobim. Qual é o critério da família para autorizar o uso da obra dele? • Dora – A Ana (viúva de Tom) tem alguns critérios. Não gosta que façam propaganda de bebida, de cigarro. Mas não tem muita restrição de qualidade.

‘‘Depois que ele morreu, não era mais o vovô. Era um personagem de quem as pessoas falam a todo instante. Me surpreendeu quando a Amy Winehouse gravou uma música dele”

Dora Jobim

CINEMAAVALIA: ★★★★★ INDISPENSÁVEL ★★★★ MUITO BOM

★★★ BOM ★★ REGULAR ★ FRACO

TOM FOI CANTADO PELOS GRANDES NOMES

DA MÚSICA MUNDIAL, DE JUDY GARLAND A

DIANA KRALL

Documentário de Nelson Pereira

dos Santos e Dora Jobim não tem

depoimentos, não tem legendas, não

tem interferências de espécie alguma.

Tem apenas cantores de várias partes

do mundo cantando Tom Jobim

Aina Pinto

O MUNDO DE TOM

cinema • gastronomia • livros • música • teatro • televisão

• Tom Jobim faria 85 anos em 25 de janeiro e será homenageado na edição do Grammy deste ano. O prê-mio pela obra é uma distinção que já coube a Paul McCartney, John Coltrane e Frank Sinatra – que gravou um disco inteiro com Tom em 1967. Cenas do especial de Sinatra de que o brasileiro participou estão no docu-mentário A Música Segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim, neta do maestro. O filme não tem legendas identificando quem aparece na tela nem entrevistas sobre ele. Há apenas música, canta-da por gente como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Judy Garland. João Gilberto aparece tocando violão para Elizeth Cardoso. “O material dele estava compro-metido com outro filme (um documentário sobre ele).

Vamos falar que pode ou que não pode por causa da qualidade de uma gravação? Isso é muito relativo. Acho bom que seja aberto, que possam gra-var. Logo depois que ele morreu, papai fez o instituto. Está tudo certinho, regis-trado como ele (Tom) queria. E a Jobim Music representa o lado comercial. Versão de música é uma coisa que a Ana não gosta muito que se faça, por-que ele não gostava. Inclusive, tem ver-sionista que depois causa problemas.

• Vocês estão em meio a um processo contra um versionista americano, Norman Gimbel, que fez versões importantes para “Garota de Ipanema” e “Insesatez”. • Dora – Sim, há um processo gigante, há anos. Eu nem sei dar detalhes sobre isso. Ele trabalhava para a editora, fez versões das músicas do vovô e de mui-tos compositores brasileiros. Em um dado momento, ele virou dono também da edição. No fim das contas, ele vira o compositor da música, sem nunca ter ido a Ipanema. •

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Ensaio

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Após 12 anos vivendo em Paris, Talytha Pugliesi retorna ao Brasil com pique total nas passarelas, sonhando alto com a tevê e solteira pela primeira vez desde 2003

POR Gustavo autran fOtOs daniel benassi / aG. istoÉ styling alexandre schnablCOnCeitO bianca Zaramella

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Após 12 anos vivendo em Paris, Talytha Pugliesi retorna ao Brasil com pique total nas passarelas, sonhando alto com a tevê e solteira pela primeira vez desde 2003

POR Gustavo autran fOtOs daniel benassi / aG. istoÉ styling alexandre schnablCOnCeitO bianca Zaramella

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Ensaio

• Tudo bem que o porte elegante e a beleza aristocrática sempre foram grandes aliados da top Talytha Pugliesi. Mas, de dois anos para cá, o mundo fashion ficou pequeno para a modelo de 29 anos, integrante de uma gera-ção de beldades brasileiras que brilhou nas passarelas mundo afora. Sua participação na primeira temporada do programa Esquenta!, comandado por Regina Casé aos domingos, deu tão certo que ela foi novamente escalada para ocupar o posto de jurada e comentarista da atração, no ar desde dezembro. Ainda que sob a desconfiança do público, que a identifi-ca com marcas de alto luxo como Dior, Cha-nel e Gucci, o que contrasta com sua presença em uma atração popular. “A Regina brinca que eu faço parte da cota de brancos do programa (risos). Mas a verda-de é que eu me divirto muito e adoro tudo o que é falado ali. Amo samba desde criança e sonho em desfilar no Carnaval. E, por incrí-vel que pareça, eu sei sambar muito bem!”, garante. A própria Regina brinca com essa paixão de Talytha. “Ela é neguinha! É bran-ca, mas é neguinha”, diverte-se a apresenta-dora, amiga de longa data da modelo.

O redirecionamento na carreira faz parte de um pacote de mudanças no plano pessoal. Depois de 12 anos morando em Paris, em um charmoso apartamento a cinco minutos do Louvre, no 1º arrondissement, a modelo de-cidiu voltar para o Brasil, no fim de 2010. “Comecei a sentir muita falta daqui. Vinha para cá e não queria mais voltar. Dá para ima-ginar alguém arrasada porque está voltando para Paris?”, indaga.

Por aqui, as agendas de modelo e comenta-rista de tevê são conciliadas. Talytha fez curso de interpretação em São Paulo no ano passa-do, mas não pretende abandonar as passarelas. “Jamais sacrificaria a carreira de modelo por-que amo muito o que faço. Aqui no Brasil tem esse preconceito de dizer ‘ah, ela é ex-modelo’. Para começar, eu não sou ex-modelo, sou ve-terana, mas graças a Deus eu trabalho bem ainda”, dispara. De fato. Talytha foi figura constante na Fashion Rio 2012 e na Fashion Business, também na capital fluminense, com cinco participações. Suas apresentações são sempre elogiadas. “Ela tem identidade, seja na maneira de andar, seja em sua expressão. Além disso, a Talytha é extremamente elegante. Tudo o que ele veste fica mais atraente”, avalia o estilista Lino Villaventura.

“Aqui no Brasil tem esse preconceito de dizer ‘ah, ela é

ex-modelo’. Para começar, eu não

sou ex-modelo, sou veterana”

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Ensaio

• Tudo bem que o porte elegante e a beleza aristocrática sempre foram grandes aliados da top Talytha Pugliesi. Mas, de dois anos para cá, o mundo fashion ficou pequeno para a modelo de 29 anos, integrante de uma gera-ção de beldades brasileiras que brilhou nas passarelas mundo afora. Sua participação na primeira temporada do programa Esquenta!, comandado por Regina Casé aos domingos, deu tão certo que ela foi novamente escalada para ocupar o posto de jurada e comentarista da atração, no ar desde dezembro. Ainda que sob a desconfiança do público, que a identifi-ca com marcas de alto luxo como Dior, Cha-nel e Gucci, o que contrasta com sua presença em uma atração popular. “A Regina brinca que eu faço parte da cota de brancos do programa (risos). Mas a verda-de é que eu me divirto muito e adoro tudo o que é falado ali. Amo samba desde criança e sonho em desfilar no Carnaval. E, por incrí-vel que pareça, eu sei sambar muito bem!”, garante. A própria Regina brinca com essa paixão de Talytha. “Ela é neguinha! É bran-ca, mas é neguinha”, diverte-se a apresenta-dora, amiga de longa data da modelo.

O redirecionamento na carreira faz parte de um pacote de mudanças no plano pessoal. Depois de 12 anos morando em Paris, em um charmoso apartamento a cinco minutos do Louvre, no 1º arrondissement, a modelo de-cidiu voltar para o Brasil, no fim de 2010. “Comecei a sentir muita falta daqui. Vinha para cá e não queria mais voltar. Dá para ima-ginar alguém arrasada porque está voltando para Paris?”, indaga.

Por aqui, as agendas de modelo e comenta-rista de tevê são conciliadas. Talytha fez curso de interpretação em São Paulo no ano passa-do, mas não pretende abandonar as passarelas. “Jamais sacrificaria a carreira de modelo por-que amo muito o que faço. Aqui no Brasil tem esse preconceito de dizer ‘ah, ela é ex-modelo’. Para começar, eu não sou ex-modelo, sou ve-terana, mas graças a Deus eu trabalho bem ainda”, dispara. De fato. Talytha foi figura constante na Fashion Rio 2012 e na Fashion Business, também na capital fluminense, com cinco participações. Suas apresentações são sempre elogiadas. “Ela tem identidade, seja na maneira de andar, seja em sua expressão. Além disso, a Talytha é extremamente elegante. Tudo o que ele veste fica mais atraente”, avalia o estilista Lino Villaventura.

“Aqui no Brasil tem esse preconceito de dizer ‘ah, ela é

ex-modelo’. Para começar, eu não

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Ensaio

• Solteira e feliz• No curso das mudanças pessoais, a mais im-portante foi a separação do construtor Mi-chko Zivanovic, 42 anos, um francês de as-cendência sérvia, com quem estava casada há três anos. Os dois se conheceram em 2003 e oficializaram a união numa cerimônia católi-ca ortodoxa para 150 convidados, realizada numa pequena capela na cidade de Loznica, ao sul da Sérvia. “Ele é uma das pessoas mais incríveis que conheci, mas não estávamos conseguindo fazer com que desse certo”, con-ta ela, solteira há três meses.

O rompimento, claro, adiou por tempo in-determinado seus planos de ser mãe. A von-tade vinha crescendo de um ano para cá, principalmente depois que soube da gravidez de sua irmã Nataly, 27 anos. “Minha sobri-nha já deve até me conhecer de tanto que eu converso com a barriga da minha irmã. Que-ro ser mãe um dia”, diz. Mas nada de ansie-dade, tampouco depressão pela separação em si. Talytha garante que está tudo bem. “Já tive momentos de tristeza, claro, mas não tenho tendência para ser depressiva. Sou uma pes-soa feliz e estou mais feliz aqui no Brasil.” •

“Ele (o ex- marido Michko Zivanovic) é uma das pessoas mais incríveis que conheci, mas não estávamos conseguindo fazer com que desse certo”

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Beleza • Carol BiCudoassistentes de PROduçãO • luCas Magno, Jessica maGdalena e tamara lacerdaassistentes de fOtOgRafia • Henrique madeira e João PaccaagRadeCimentO • FáBriCa BHering (21) 3622-4300 www.FaBriCaBHering.CoM

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Ensaio

• Solteira e feliz• No curso das mudanças pessoais, a mais im-portante foi a separação do construtor Mi-chko Zivanovic, 42 anos, um francês de as-cendência sérvia, com quem estava casada há três anos. Os dois se conheceram em 2003 e oficializaram a união numa cerimônia católi-ca ortodoxa para 150 convidados, realizada numa pequena capela na cidade de Loznica, ao sul da Sérvia. “Ele é uma das pessoas mais incríveis que conheci, mas não estávamos conseguindo fazer com que desse certo”, con-ta ela, solteira há três meses.

O rompimento, claro, adiou por tempo in-determinado seus planos de ser mãe. A von-tade vinha crescendo de um ano para cá, principalmente depois que soube da gravidez de sua irmã Nataly, 27 anos. “Minha sobri-nha já deve até me conhecer de tanto que eu converso com a barriga da minha irmã. Que-ro ser mãe um dia”, diz. Mas nada de ansie-dade, tampouco depressão pela separação em si. Talytha garante que está tudo bem. “Já tive momentos de tristeza, claro, mas não tenho tendência para ser depressiva. Sou uma pes-soa feliz e estou mais feliz aqui no Brasil.” •

“Ele (o ex- marido Michko Zivanovic) é uma das pessoas mais incríveis que conheci, mas não estávamos conseguindo fazer com que desse certo”

Min

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Beleza • Carol BiCudoassistentes de PROduçãO • luCas Magno, Jessica maGdalena e tamara lacerdaassistentes de fOtOgRafia • Henrique madeira e João PaccaagRadeCimentO • FáBriCa BHering (21) 3622-4300 www.FaBriCaBHering.CoM

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Gente entrevista

“Sou uma mulher presa em um corpo de homem”A modelo transexual Carol Marra conquista seu espaço na moda nacional e confirma a vocação do Brasil de produzir beldades em qualquer gênero. Aos 24 anos, ela fala de preconceito, diz que teve medo de ser agredida e que foi deletada do Facebook por uma grande paixão depois que ele soube de seu segredo pelas revistas POR SIMONE BLANES

FOTOS ALÊ DE SOUZA

• Em um país que se tornou conhecido inter-nacionalmente por exportar beldades para o mercado da moda, tudo leva a crer que o Brasil, agora, tem um novo e recém-desco-berto potencial. Afi nal, qual país consegue ter duas transexuais nas passarelas? Após Lea T., que foi apadrinhada por pesos pesa-dos do circuito fashion, é a vez de Carol Marra abrir alas por aqui. Aos 24 anos, a mi-neira de 1,79 m, nascida Cláudio, apareceu sob os holofotes na última edição do Minas Trend Preview, em julho de 2011. E, de lá para cá, a expectativa por vê-la nos desfi les do eixo Rio-São Paulo só aumentou.

Uma carreira que começou por acaso. Ca-rol era produtora de moda, sempre circulou pelos backstages, entre fotógrafos e maquia-dores, e sempre chamou a atenção pela femi-nilidade. “Mas eu tinha pavor de câmera. Só que insistiram tanto que eu fi z um catálogo e acabei sendo contratada por uma agência em Minas”, conta.

Apesar da familiaridade com esse universo, Carol não teve vida fácil no começo e garante

que sofre preconceito até hoje nos castings que faz para os trabalhos. Isso, porém, não a desa-nima. Tampouco a fama repentina a envaide-ce. “Não me deslumbro, mas quero ser respei-tada. Amo salto alto, mas tenho o pé no chão”. É esta fi gura bem resolvida que conversou com Gente e posou para as lentes de Alê de Souza no começo do mês. A seguir, Carol fala da família, dos amores, de como se descobriu mulher, da comparação com a colega Lea T. e da vontade de fazer a cirurgia que a libertaria defi nitivamente de sua “prisão”.

• Em primeiro lugar, como você se defi ne hoje: transex ou travesti?• Carol. Sim. Nasci com muito hormônio fe-minino, penso como mulher e, consequente-mente, ajo como uma. Sou uma mulher com alma feminina presa em um corpo de ho-mem. É isso.

• E quando descobriu essa sua alma feminina?• Já na infância. Eu sempre fui uma criança

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Gente entrevista

“Sou uma mulher presa em um corpo de homem”A modelo transexual Carol Marra conquista seu espaço na moda nacional e confirma a vocação do Brasil de produzir beldades em qualquer gênero. Aos 24 anos, ela fala de preconceito, diz que teve medo de ser agredida e que foi deletada do Facebook por uma grande paixão depois que ele soube de seu segredo pelas revistas POR SIMONE BLANES

FOTOS ALÊ DE SOUZA

• Em um país que se tornou conhecido inter-nacionalmente por exportar beldades para o mercado da moda, tudo leva a crer que o Brasil, agora, tem um novo e recém-desco-berto potencial. Afi nal, qual país consegue ter duas transexuais nas passarelas? Após Lea T., que foi apadrinhada por pesos pesa-dos do circuito fashion, é a vez de Carol Marra abrir alas por aqui. Aos 24 anos, a mi-neira de 1,79 m, nascida Cláudio, apareceu sob os holofotes na última edição do Minas Trend Preview, em julho de 2011. E, de lá para cá, a expectativa por vê-la nos desfi les do eixo Rio-São Paulo só aumentou.

Uma carreira que começou por acaso. Ca-rol era produtora de moda, sempre circulou pelos backstages, entre fotógrafos e maquia-dores, e sempre chamou a atenção pela femi-nilidade. “Mas eu tinha pavor de câmera. Só que insistiram tanto que eu fi z um catálogo e acabei sendo contratada por uma agência em Minas”, conta.

Apesar da familiaridade com esse universo, Carol não teve vida fácil no começo e garante

que sofre preconceito até hoje nos castings que faz para os trabalhos. Isso, porém, não a desa-nima. Tampouco a fama repentina a envaide-ce. “Não me deslumbro, mas quero ser respei-tada. Amo salto alto, mas tenho o pé no chão”. É esta fi gura bem resolvida que conversou com Gente e posou para as lentes de Alê de Souza no começo do mês. A seguir, Carol fala da família, dos amores, de como se descobriu mulher, da comparação com a colega Lea T. e da vontade de fazer a cirurgia que a libertaria defi nitivamente de sua “prisão”.

• Em primeiro lugar, como você se defi ne hoje: transex ou travesti?• Carol. Sim. Nasci com muito hormônio fe-minino, penso como mulher e, consequente-mente, ajo como uma. Sou uma mulher com alma feminina presa em um corpo de ho-mem. É isso.

• E quando descobriu essa sua alma feminina?• Já na infância. Eu sempre fui uma criança

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andrógina. Lembro que quando eu saía com os meus pais, todo mundo dizia: “nossa como essa menina está grande!” E minha mãe fi ca-va desconcertada em dizer que eu era, na verdade, seu fi lho.

• Seus pais não aceitavam?• Me colocavam de castigo e eu não sabia o porquê. Por exemplo, toda vez que eu brinca-va de boneca com a minha irmã ou quando imitava a Xuxa era castigo na certa. Aí me co-locaram em uma psicóloga que logo de cara me colocou em uma sala cheia de brinquedos. E eu fui logo nas bonecas, não teve jeito. Meus pais eram funcionários públicos fede-rais e na verdade, com o tempo, percebi que a preocupação deles é que não queriam que eu sofresse. Hoje, eles entendem melhor, me res-peitam, me apoiam, sei que me amam. E têm orgulho de me ver nas revistas.

• E na escola, como era sua vida?• Era horrível. Naquela época não se falava em bullying, mas eu sofri muito. Ficava com as meninas porque os meninos não me aceitavam nem eu queria a companhia deles. Não ia ao banheiro de jeito nenhum, com medo que me batessem, e não fazia educação física jamais.

• Na faculdade, a coisa mudou?• Também foi difícil. Quando os meus interes-ses sexuais começaram a despertar, eu fi cava atraída pelos namorados das minhas amigas. Era muito confuso. Não me achava gay. Pen-sava que era hétero. Mas como poderia ser hétero, se não era mulher? Mas a terapia me ajudou a entender o que eu era e minha vida começou a caminhar. Eu comecei a ser feliz.

• Como foi sua primeira experiência sexual? • Foi aos 22, com um homem que me enten-deu, me respeitou, me tratou como mulher. Mas o namoro não durou porque ele não tinha estrutura para me assumir publicamente.

• E na balada como é a abordagem deles? E como eles reagem ao saber?• Já aconteceu de eu estar na balada, aceitar uma carona e o cara vir com beijos e abraços até perceber que tinha um volume. Lembro que ele disse: “isso é um saco, vou te bater”. Aí vi aqueles braços imensos e pensei: e ago-ra? Mas fi z a atriz e disse: “desculpe, mas se você não sabe diferenciar um saco de um ab-sorvente, para mim, você não é homem”. Ele fi cou sem graça e pediu desculpas.

‘‘Tem muitos stylists que dizem não querer

travesti no casting. Por quê? Acho

lamentável, ainda mais vindo deles que

são, em sua grande maioria, todos gays’’

• Você não conta que é transex? • Hoje, já no papo, eu conto. Alguns reagem bem, outros vão embora. E a maioria acha que é mentira. Outro dia, chegou um cara querendo puxar conversa. Aí ele me pergun-tou quem eu era porque era linda, e eu pedi para ele colocar meu nome no Google e des-cobrir. Ele fez na hora pelo celular, me olhou, bateu no meu ombro e disse: “valeu”. Depois, fi cou no bar a noite inteira me olhando. Aí ele voltou e me perguntou se era verdade. E eu disse: “sim, é”.

• Já se apaixonou alguma vez?• Sim. Por um rapaz que conheci em Jurerê Internacional, em Santa Catarina. Esse foi uma das minhas grandes paixões. Mas não tinha contado que eu era transex. Vim para a casa dele em São Paulo e numa manhã, indo tomar café, cruzamos com um travesti e ele comentou: “nossa, deveriam fazer uma lim-peza e matar esses lixos humanos”. Aquilo foi como uma faca no meu coração.

• E o que aconteceu depois, quando contou a ele?• Não contei. Naquele dia mesmo pedi para ir numa farmácia comprar absorvente e jus-tifi car não fazer sexo com ele e desapareci. Ele me mandava e-mails desesperados per-guntando o que tinha me feito e por que sumi. Depois de muito tempo, eu respondi que simplesmente não estava bem e que pre-feria fi car sozinha. Nunca mais nos falamos. Isso foi há dois anos.

• E hoje ele sabe?• Ele soube. Percebi quando recentemente ele me deletou do Facebook dele. Deve ter fi cado sabendo pelas revistas porque eu mes-ma nunca contei.

• Mesmo com seu trabalho estabelecido como modelo, ainda sofre muito preconceito desse tipo? • Sim, até mesmo no Facebook teve muita gente que me deletou depois de saber, me perguntando por que não contei antes. Não acho que deva fi car falando disso, até porque eu sou uma pessoa normal, como qualquer outra. Teve um cara que me perguntou se eu era um “pé de alface”. A criatura deve ter confundido a palavra “transgênero” com “transgênico”. E eu pos-tei: “não, meu amor, sou um morango bem vistoso.”

“Nasci com muito hormônio feminino, penso como mulher e, consequentemente, ajo como uma” “Tenho orgulho em dizer que nunca me prostituí” Gente entrevista

23/1/2012 | 57

“O cara veio com beijos e abraços até perceber que tinha

um volume. Lembro que ele disse: “vou te bater”. Aí vi aqueles

braços imensos e pensei: e agora? Mas

fi z a atriz e disse: “desculpe, mas se você

não sabe diferenciar um saco de um

absorvente, para mim, você não é homem”.

Ele fi cou sem graça e pediu desculpas”

“Não tinha contado a ele que eu era transex.

Vim para a sua casa em São Paulo e numa

manhã, indo tomar café, cruzamos com

um travesti e ele comentou: ‘nossa,

deveriam fazer uma limpeza e matar esses lixos humanos’. Aquilo foi como uma faca no

meu coração”

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andrógina. Lembro que quando eu saía com os meus pais, todo mundo dizia: “nossa como essa menina está grande!” E minha mãe fi ca-va desconcertada em dizer que eu era, na verdade, seu fi lho.

• Seus pais não aceitavam?• Me colocavam de castigo e eu não sabia o porquê. Por exemplo, toda vez que eu brinca-va de boneca com a minha irmã ou quando imitava a Xuxa era castigo na certa. Aí me co-locaram em uma psicóloga que logo de cara me colocou em uma sala cheia de brinquedos. E eu fui logo nas bonecas, não teve jeito. Meus pais eram funcionários públicos fede-rais e na verdade, com o tempo, percebi que a preocupação deles é que não queriam que eu sofresse. Hoje, eles entendem melhor, me res-peitam, me apoiam, sei que me amam. E têm orgulho de me ver nas revistas.

• E na escola, como era sua vida?• Era horrível. Naquela época não se falava em bullying, mas eu sofri muito. Ficava com as meninas porque os meninos não me aceitavam nem eu queria a companhia deles. Não ia ao banheiro de jeito nenhum, com medo que me batessem, e não fazia educação física jamais.

• Na faculdade, a coisa mudou?• Também foi difícil. Quando os meus interes-ses sexuais começaram a despertar, eu fi cava atraída pelos namorados das minhas amigas. Era muito confuso. Não me achava gay. Pen-sava que era hétero. Mas como poderia ser hétero, se não era mulher? Mas a terapia me ajudou a entender o que eu era e minha vida começou a caminhar. Eu comecei a ser feliz.

• Como foi sua primeira experiência sexual? • Foi aos 22, com um homem que me enten-deu, me respeitou, me tratou como mulher. Mas o namoro não durou porque ele não tinha estrutura para me assumir publicamente.

• E na balada como é a abordagem deles? E como eles reagem ao saber?• Já aconteceu de eu estar na balada, aceitar uma carona e o cara vir com beijos e abraços até perceber que tinha um volume. Lembro que ele disse: “isso é um saco, vou te bater”. Aí vi aqueles braços imensos e pensei: e ago-ra? Mas fi z a atriz e disse: “desculpe, mas se você não sabe diferenciar um saco de um ab-sorvente, para mim, você não é homem”. Ele fi cou sem graça e pediu desculpas.

‘‘Tem muitos stylists que dizem não querer

travesti no casting. Por quê? Acho

lamentável, ainda mais vindo deles que

são, em sua grande maioria, todos gays’’

• Você não conta que é transex? • Hoje, já no papo, eu conto. Alguns reagem bem, outros vão embora. E a maioria acha que é mentira. Outro dia, chegou um cara querendo puxar conversa. Aí ele me pergun-tou quem eu era porque era linda, e eu pedi para ele colocar meu nome no Google e des-cobrir. Ele fez na hora pelo celular, me olhou, bateu no meu ombro e disse: “valeu”. Depois, fi cou no bar a noite inteira me olhando. Aí ele voltou e me perguntou se era verdade. E eu disse: “sim, é”.

• Já se apaixonou alguma vez?• Sim. Por um rapaz que conheci em Jurerê Internacional, em Santa Catarina. Esse foi uma das minhas grandes paixões. Mas não tinha contado que eu era transex. Vim para a casa dele em São Paulo e numa manhã, indo tomar café, cruzamos com um travesti e ele comentou: “nossa, deveriam fazer uma lim-peza e matar esses lixos humanos”. Aquilo foi como uma faca no meu coração.

• E o que aconteceu depois, quando contou a ele?• Não contei. Naquele dia mesmo pedi para ir numa farmácia comprar absorvente e jus-tifi car não fazer sexo com ele e desapareci. Ele me mandava e-mails desesperados per-guntando o que tinha me feito e por que sumi. Depois de muito tempo, eu respondi que simplesmente não estava bem e que pre-feria fi car sozinha. Nunca mais nos falamos. Isso foi há dois anos.

• E hoje ele sabe?• Ele soube. Percebi quando recentemente ele me deletou do Facebook dele. Deve ter fi cado sabendo pelas revistas porque eu mes-ma nunca contei.

• Mesmo com seu trabalho estabelecido como modelo, ainda sofre muito preconceito desse tipo? • Sim, até mesmo no Facebook teve muita gente que me deletou depois de saber, me perguntando por que não contei antes. Não acho que deva fi car falando disso, até porque eu sou uma pessoa normal, como qualquer outra. Teve um cara que me perguntou se eu era um “pé de alface”. A criatura deve ter confundido a palavra “transgênero” com “transgênico”. E eu pos-tei: “não, meu amor, sou um morango bem vistoso.”

“Nasci com muito hormônio feminino, penso como mulher e, consequentemente, ajo como uma” “Tenho orgulho em dizer que nunca me prostituí” Gente entrevista

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“O cara veio com beijos e abraços até perceber que tinha

um volume. Lembro que ele disse: “vou te bater”. Aí vi aqueles

braços imensos e pensei: e agora? Mas

fi z a atriz e disse: “desculpe, mas se você

não sabe diferenciar um saco de um

absorvente, para mim, você não é homem”.

Ele fi cou sem graça e pediu desculpas”

“Não tinha contado a ele que eu era transex.

Vim para a sua casa em São Paulo e numa

manhã, indo tomar café, cruzamos com

um travesti e ele comentou: ‘nossa,

deveriam fazer uma limpeza e matar esses lixos humanos’. Aquilo foi como uma faca no

meu coração”

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“Quero que a minha história sirva de inspiração para outras como eu. Se isso acontecer, sei que vai ter valido a pena tudo o que eu sofri”

Gente entrevista

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• No trabalho, já passou por alguma situação de preconceito? • Sim. Sou contratada pela agência Ello Ma-nagement, do Rio, que foi a única que me recebeu de portas abertas, com o maior cari-nho e respeito. Mas sabe o que acontece que eu não entendo? Tem muitos stylists que di-zem não querer travesti no casting. Por quê? Acho lamentável, ainda mais vindo deles que são, em sua grande maioria, todos gays. Mas graças a Deus estou arrasando em desfi les e espero conseguir muito mais trabalhos.

• E a incomoda ser comparada com a Lea T.?• Adoro a Lea T., ela é incrível, uma referên-cia para mim. Só que ela é mais andrógina, eu sou mais feminina. A pioneira, na verdade foi a Roberta Close, depois veio a Lea T. e agora eu, mas cada um tem o seu caminho. E tem lugar para todo mundo trabalhar.

• Já fez a operação de mudança de sexo? • Ainda não fi z porque não tive oportunidade. Mas eu quero fazer. Agora não porque preci-so de um tempo para me recuperar da cirurgia de prótese de silicone que eu fi z. Coloquei 240 ml com o mesmo médico que coloca as próteses das misses. Ele teve o bom senso de colocar uma prótese pequena porque sabe que eu sou modelo fashion. Mas fi cou linda.

• Faz planos para o futuro?• Quero conquistar a minha independência fi nanceira e vencer os preconceitos. Eu te-nho orgulho em dizer que nunca me prosti-tuí e quanto é bom ter uma família boa, que teve condições de me dar estudo e me pagar uma faculdade (de jornalismo). Quero que a minha história sirva de inspiração para ou-tras como eu. Se isso acontecer, sei que vai ter valido a pena tudo o que eu sofri. •

“Teve um cara que me perguntou se eu era um “pé de alface”. A criatura deve ter confundido a palavra ‘transgênero’ com ‘transgênico’. E eu postei: “Não, meu amor, sou um morango bem vistoso”

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14/01/2011 | 77

Estilo Casa

• Por Silviane Neno

Acima, o designer André Bastos sentado na estante projetada por Jean Pierre Tortil. A disposição dos móveis foi pensada para abrir espaço para receber convidados. À esq., detalhe da pia no quarto do anfitrião

Janela para a cidade

A casa do designer André Bastos é o retrato dos anseios de um jovem paulistano que gosta de morar

bem e estar perto de tudo. Do lado de dentro, muito design, e, lá fora, a avenida Rebouças

Juliana FaddulFOTOS Juca Rodrigues/Ag.IstoÉ

23/1/2012 | 77

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14/01/2011 | 77

Estilo Casa

• Por Silviane Neno

Acima, o designer André Bastos sentado na estante projetada por Jean Pierre Tortil. A disposição dos móveis foi pensada para abrir espaço para receber convidados. À esq., detalhe da pia no quarto do anfitrião

Janela para a cidade

A casa do designer André Bastos é o retrato dos anseios de um jovem paulistano que gosta de morar

bem e estar perto de tudo. Do lado de dentro, muito design, e, lá fora, a avenida Rebouças

Juliana FaddulFOTOS Juca Rodrigues/Ag.IstoÉ

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Estilo Casa

• Está escrito. Quando alguém nasce predes-tinado a viver de arte é difícil fugir. Logo na infância, a paixão de André Bastos pelas for-mas e cores dos objetos já era denunciada por meio de seus desenhos, que se destacavam entre os de outras crianças. Mesmo assim, ele insistiu em tentar a medicina. Conseguiu fre-quentar o curso por quatro anos no Rio Grande do Sul. Mas foi só. Decidiu viver de arte e mudar de cidade.

Em terras paulistas montou uma loja mul-timarcas, a Vila Due. “Não adianta tentar negar. Mesmo eu nunca tendo sido estilista, trabalhar com moda é estar perto de um mundo muito mais criativo”. Tempos depois fechou a loja, e depois de um período sabáti-co, decidiu montar ao lado do amigo Gui-lherme Leite Ribeiro o estúdio Nada Se Leva. “Queríamos montar um negócio com os objetos que queríamos ter”, conta.

Todavia, o lar que divide com o amigo Eduardo Gaidies, num charmoso prédio dos anos 1960 nos Jardins, não é uma “extensão da galeria de design”, como ele mesmo expli-ca. Com um espaço de 250 m², o lar, doce lar é uma junção de dois imóveis. O projeto, cla-ro, ficou inteiramente a cargo de André, que tratou de derrubar paredes para ampliar a sala e transformar os cinco dormitórios em três. “Eu adoro uma obra. Pegamos um apar-

Na cozinha, quadros de J. Borges e referências à literatura de cordel.

Abaixo, as amplas janelas com vista para a avenida Rebouças. Ao lado, o

lavabo e o quarto do designer: quadros comprados em Londres, marmiteira

da China e a cadeira-xodó Maggiolina

O lustre Bird, de Ingo Maurer: poesia e arrojo. A iluminação indireta que pontua toda a casa tem projeto da La Lamp, onde André é curador

tamento de três quartos e o outro de dois. Só fiz uma redisposição. Adoro pegar o feio e transformá-lo em belo.”

No hall da entrada uma cadeira Aurélio Flores amarela contrasta com o tom escuro do jacarandá que reveste as paredes do prédio. A ampla sala foi pensada para receber convida-dos, muitos, inclusive. A dupla adora receber os amigos. Destaque para a caveira de metal, do Nada Se Leva, e o lustre Bird, do artista Ingo Maurer, vedete do ambiente.

Outro móvel que chama a atenção é a es-tante projetada pelo amigo Jean Pierre Tortil, um dos mais interessantes da casa. Ela se fun-de com um sofá, emoldura a vista para a ave-nida Rebouças e agrada aos fumantes e aman-tes da paisagem. Do outro lado, uma tela pintada por Renato Dib completa a cena.

A cozinha, intimista, ganha as cores dos quadros desenhados por J. Borges e a prate-leira arrematada no bairro do Bixiga.

Migrando para o quarto de André, toques modernos se mesclam com lembranças de viagens. Por lá, a marmiteira da China chega a ser divertida. Ao lado dela, poltrona Mag-giolina e a luminária Gamela de Pé, da série Brasileirinhos, também do Nada Se Leva. “Modernidade é essa mistura. Um mix de memórias e objetos que demonstram a sua personalidade.” Tá falado. •

POST-IT

Canto preferido “Meu quarto. Adoro assistir a filmes na

poltrona Maggiolina”

Achado de décor“Uma prataria com mais de 100 anos que

eu ganhei de presente de uma amiga”

Na wish list“Uma obra do Leonilson. Ainda vou ter”

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Estilo Casa

• Está escrito. Quando alguém nasce predes-tinado a viver de arte é difícil fugir. Logo na infância, a paixão de André Bastos pelas for-mas e cores dos objetos já era denunciada por meio de seus desenhos, que se destacavam entre os de outras crianças. Mesmo assim, ele insistiu em tentar a medicina. Conseguiu fre-quentar o curso por quatro anos no Rio Grande do Sul. Mas foi só. Decidiu viver de arte e mudar de cidade.

Em terras paulistas montou uma loja mul-timarcas, a Vila Due. “Não adianta tentar negar. Mesmo eu nunca tendo sido estilista, trabalhar com moda é estar perto de um mundo muito mais criativo”. Tempos depois fechou a loja, e depois de um período sabáti-co, decidiu montar ao lado do amigo Gui-lherme Leite Ribeiro o estúdio Nada Se Leva. “Queríamos montar um negócio com os objetos que queríamos ter”, conta.

Todavia, o lar que divide com o amigo Eduardo Gaidies, num charmoso prédio dos anos 1960 nos Jardins, não é uma “extensão da galeria de design”, como ele mesmo expli-ca. Com um espaço de 250 m², o lar, doce lar é uma junção de dois imóveis. O projeto, cla-ro, ficou inteiramente a cargo de André, que tratou de derrubar paredes para ampliar a sala e transformar os cinco dormitórios em três. “Eu adoro uma obra. Pegamos um apar-

Na cozinha, quadros de J. Borges e referências à literatura de cordel.

Abaixo, as amplas janelas com vista para a avenida Rebouças. Ao lado, o

lavabo e o quarto do designer: quadros comprados em Londres, marmiteira

da China e a cadeira-xodó Maggiolina

O lustre Bird, de Ingo Maurer: poesia e arrojo. A iluminação indireta que pontua toda a casa tem projeto da La Lamp, onde André é curador

tamento de três quartos e o outro de dois. Só fiz uma redisposição. Adoro pegar o feio e transformá-lo em belo.”

No hall da entrada uma cadeira Aurélio Flores amarela contrasta com o tom escuro do jacarandá que reveste as paredes do prédio. A ampla sala foi pensada para receber convida-dos, muitos, inclusive. A dupla adora receber os amigos. Destaque para a caveira de metal, do Nada Se Leva, e o lustre Bird, do artista Ingo Maurer, vedete do ambiente.

Outro móvel que chama a atenção é a es-tante projetada pelo amigo Jean Pierre Tortil, um dos mais interessantes da casa. Ela se fun-de com um sofá, emoldura a vista para a ave-nida Rebouças e agrada aos fumantes e aman-tes da paisagem. Do outro lado, uma tela pintada por Renato Dib completa a cena.

A cozinha, intimista, ganha as cores dos quadros desenhados por J. Borges e a prate-leira arrematada no bairro do Bixiga.

Migrando para o quarto de André, toques modernos se mesclam com lembranças de viagens. Por lá, a marmiteira da China chega a ser divertida. Ao lado dela, poltrona Mag-giolina e a luminária Gamela de Pé, da série Brasileirinhos, também do Nada Se Leva. “Modernidade é essa mistura. Um mix de memórias e objetos que demonstram a sua personalidade.” Tá falado. •

POST-IT

Canto preferido “Meu quarto. Adoro assistir a filmes na

poltrona Maggiolina”

Achado de décor“Uma prataria com mais de 100 anos que

eu ganhei de presente de uma amiga”

Na wish list“Uma obra do Leonilson. Ainda vou ter”

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Drama

23/1/2012 | 23

O ator Reynaldo Gianecchini, que passa bem depois do autotransplante, entra na fase mais importante do tratamento do câncer que o acomete desde 2011. Para especialista, o diagnóstico de cura só poderá ser confirmado daqui a um anoPOR Bruna narcizo e Thaís BoTelho

• Após se submeter ao autotransplante de medula óssea na segunda-feira 9, como Gen-te antecipou na edição 644, Reynaldo Gia-necchini segue internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “Deu tudo certo e a família está otimista, mas continuam pedin-do orações para ele”, contou uma amiga da família, na tarde da segunda-feira 16. O bo-letim sobre o estado de saúde do ator, divul-gado na quinta-feira 12, confirmou o proce-dimento. Agora, é preciso aguardar a chamada “pega”, que é a reação positiva da medula ante o transplante. “É muito raro não ‘pegar’, mas, caso aconteça, é possível realizar uma nova tentativa. O paciente não morreria por isso”, explica o oncologista Sérgio Simon, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

• Próximas semanas• A confirmação do sucesso do transplante só será conhecida em 12 meses. “O período para saber o resultado é longo, talvez um ano”, alerta Simon. Enquanto isso, o estado

de Giane inspira cuidados. Como está com o sistema imunológico muito baixo, ele deve permanecer três semanas em um local isolado do hospital. “Mas ele pode ter um acompanhante que o auxilie o tempo todo. Fora do Brasil, o paciente pode se hospedar próximo ao hospital e ir lá apenas para tomar os medicamentos”, explica o especialista. Neste período, será necessária ainda a administração de medicamentos que evitem infecções ou hemorragias. “Quando o exame de sangue apresentar um nível satisfatório de plaquetas e o paciente já estiver se alimentando melhor, ele poderá voltar para casa.”

Diagnosticado com câncer nos gânglios linfáticos em agosto passado, Gianecchini se submeteu ao autotransplante, que reimplan-ta no paciente as células progenitoras da me-dula óssea coletadas anteriormente. Depois das altas doses de quimioterapia ministradas no primeiro dia, as células sadias armazena-das são devolvidas ao paciente e a medula se recupera em duas ou três semanas. •

os dias decisivos de Giane

O passo a passo pós-transplante• Durante três semanas o ator vai esperar o restabelecimento da medula• Nesse período ele ficará isolado no hospital • Serão ministrados medicamentos que evitem infecções ou hemorragias• Quando aumentar o nível de plaquetas no sangue, ele será liberado• Só é possível saber se deu certo após cerca de um ano

Entrada principal do hospital paulistano Sírio-Libanês, onde o ator permanecerá internado pelas próximas três semanas

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Drama

23/1/2012 | 23

O ator Reynaldo Gianecchini, que passa bem depois do autotransplante, entra na fase mais importante do tratamento do câncer que o acomete desde 2011. Para especialista, o diagnóstico de cura só poderá ser confirmado daqui a um anoPOR Bruna narcizo e Thaís BoTelho

• Após se submeter ao autotransplante de medula óssea na segunda-feira 9, como Gen-te antecipou na edição 644, Reynaldo Gia-necchini segue internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “Deu tudo certo e a família está otimista, mas continuam pedin-do orações para ele”, contou uma amiga da família, na tarde da segunda-feira 16. O bo-letim sobre o estado de saúde do ator, divul-gado na quinta-feira 12, confirmou o proce-dimento. Agora, é preciso aguardar a chamada “pega”, que é a reação positiva da medula ante o transplante. “É muito raro não ‘pegar’, mas, caso aconteça, é possível realizar uma nova tentativa. O paciente não morreria por isso”, explica o oncologista Sérgio Simon, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

• Próximas semanas• A confirmação do sucesso do transplante só será conhecida em 12 meses. “O período para saber o resultado é longo, talvez um ano”, alerta Simon. Enquanto isso, o estado

de Giane inspira cuidados. Como está com o sistema imunológico muito baixo, ele deve permanecer três semanas em um local isolado do hospital. “Mas ele pode ter um acompanhante que o auxilie o tempo todo. Fora do Brasil, o paciente pode se hospedar próximo ao hospital e ir lá apenas para tomar os medicamentos”, explica o especialista. Neste período, será necessária ainda a administração de medicamentos que evitem infecções ou hemorragias. “Quando o exame de sangue apresentar um nível satisfatório de plaquetas e o paciente já estiver se alimentando melhor, ele poderá voltar para casa.”

Diagnosticado com câncer nos gânglios linfáticos em agosto passado, Gianecchini se submeteu ao autotransplante, que reimplan-ta no paciente as células progenitoras da me-dula óssea coletadas anteriormente. Depois das altas doses de quimioterapia ministradas no primeiro dia, as células sadias armazena-das são devolvidas ao paciente e a medula se recupera em duas ou três semanas. •

os dias decisivos de Giane

O passo a passo pós-transplante• Durante três semanas o ator vai esperar o restabelecimento da medula• Nesse período ele ficará isolado no hospital • Serão ministrados medicamentos que evitem infecções ou hemorragias• Quando aumentar o nível de plaquetas no sangue, ele será liberado• Só é possível saber se deu certo após cerca de um ano

Entrada principal do hospital paulistano Sírio-Libanês, onde o ator permanecerá internado pelas próximas três semanas

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N° 645

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CONTA TUDO: “ME ORGULHO DE NUNCA TER ME PROSTITUÍDO”

CAETANO VELOSO E REGINA CASÉ AGITAM O

VERÃO BAIANO AO SOM DO CANTOR

REVELAÇÃO MAGARY

elegantesmaisAsdo Globo de Ouro

A campeãAngelina Jolie

O deslize de Madonna

A so� sticação de Natalie

Portman

9 7 7 1 5 1 6 8 2 0 0 0 0 54600

I S S N 1 5 1 6 - 8 2 0 4

A escolha das três mais bem-vestidas por um time de especialistas e ainda as derrapadas nos looks das estrelas internacionais

Costanza Pascolato, Marcelo Quadros, Gloria Coelho, Lethicia Bronstein, Luis Fiod, Raphael Mendonça e Alê de SouzaCONFIRA A ANÁLISE DOS SETE JURADOS DE GENTE: