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Maranduba, 15 de Julho de 2010 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano I - Edição 11 Destaque: Vereadores suplentes assumirão cargo em agosto, após recesso Policial participa de comitiva de Segurança Comunitária no Japão Notícias: Esporte Clube Beira Rio retoma as atividades Produto tóxico faz pescadores desistirem da fábrica de gelo Pescadores da Maranduba realizam melhorias Vereador Rogério Frediani recebe deputado Fernando Capez Turismo: Lagoinha antiga: sangue, café e aguardente Base da origem das primeiras comunidades da região sul Gente da Nossa História: Agostinho Alves da Silva: o homem caprichoso Cultura: Bisneto de escravos guarda relíquia de atividade pesqueira Comportamento: É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Jornal Maranduba News #11

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Notícias da Regiao Sul de Ubatuba

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Page 1: Jornal Maranduba News #11

Maranduba, 15 de Julho de 2010 - Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br - Ano I - Edição 11

Destaque:

Vereadores suplentes assumirão cargo em agosto, após recessoPolicial participa de comitiva de Segurança Comunitária no Japão

Notícias:

Esporte Clube Beira Rio retoma as atividadesProduto tóxico faz pescadores desistirem da fábrica de geloPescadores da Maranduba realizam melhoriasVereador Rogério Frediani recebe deputado Fernando Capez

Turismo:

Lagoinha antiga: sangue, café e aguardenteBase da origem das primeiras comunidades da região sul

Gente da Nossa História:

Agostinho Alves da Silva: o homem caprichoso

Cultura:

Bisneto de escravos guarda relíquia de atividade pesqueira

Comportamento:

É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

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Página 2 Jornal MARANDUBA News 15 Julho 2010

Cartas à Redação

Editado por:Litoral Virtual Produção e Publicidade Ltda.

Caixa Postal 1524 - CEP 11675-970Fones: (12) 3843.1262 (12) 9714.5678 / (12) 7813.7563

Nextel ID: 55*96*28016e-mail: [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplares - Periodicidade: quinzenal

Responsabilidade Editorial:Emilio Campi

Colaboradores:

Adelina Campi, Ezequiel dos Santos, Uesles Rodrigues, Camilo de Lellis Santos, Denis Ronaldo e Fernando Pedreira

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem a opinião da direção deste informativo

EditorialParabéns

Vocês estão de parabéns pelas excelentes reportagens. Histó-rias e estórias contadas com muita verdade! Obrigado pelo cari-nho e atenção do Maranduba News.

João Batista P. Netovia e-mail

Poesia: Viagem

Quem me dera poder ser conduzido pelo ventoE sentir o ar me levando para novas paisagensSob estrelas então poder dormir ao relentoCom a imaginação me levando para inusitadas viagens

Pairar de uma onda sobre a branca espumaSendo por ela despejado em desconhecidas areiasSentindo no silêncio o rumor de coisa nenhumaOuvindo apenas o som do sangue que me corre nas veias

Pegar uma carona nas asas de uma fragataE com ela subir em uma corrente ascendentePensando em como a natureza foi comigo ingrataNão me permitindo voar, embora sendo um ser inteligente

Mergulhar na mais profunda quietude do marE ver pequenos seres vivendo em eterna escuridãoComo eu, eles não voam, e também não podem enxergarEntão concluo que a natureza está com a mais plena razão

Como broca giratória, gostaria de alcançar o âmago da terraE então estar ao lado do lugar onde nasce um vulcãoMas aqui minha hipotética viagem se encerraAbandono os meus sonhos e volto para a frieza do chão

Manoel Del Valle NetoLagoinha, Ubatuba, SP

Existe uma grande diferença entre teimosia e insistência. Acredito no potencial que a região apresenta que, mesmo sem a estrutura que desejamos e que merecemos, anda por pernas próprias. Vamos insistir em trabalhar nas coisas que re-almente acreditamos. Acredito no potencial da região, na luta de seu povo e no merecimento das benfeitorias que precisa-mos. Cada dia nos profissio-nalizamos mais e quem não é visto não é lembrado. Foi-se o tempo de deixar a

chave debaixo do tapete. Ago-ra temos que atender as novas tendências, trabalhar nossos potenciais, buscar visibilida-de. O jornal Maranduba News traz a tona todas as situações: aqueles que teimam e aqueles que insistem. O informativo serve de elo

entre as pessoas que pensam na mesma linha. O diferencial que queremos esta dentro de nós. Se deixarmos destruir o que nos une, vai ganhar o que nos separa. Como não somos teimosos, podemos ainda estar na frente. Aos teimosos resta a consolação do “não dá cer-to”. Se sobrar arroz no almo-ço, posso fazer um bolinho de arroz para a janta, e não jogar tudo fora como fazem. Para isto apareça, mostre sua cara e quando alguém lembrar de um serviço, vai lembrar que quem estava lá, que anunciou.

Emilio Campi

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15 Julho 2010 Jornal MARANDUBA News Página 3

Vereadores suplentes assumirão cargo em agosto, após recessoOs três vereadores suplen-

tes que substituirão os verea-dores afastados pela justiça na Câmara de Ubatuba assumirão seus cargos na primeira sessão de agosto, após o recesso par-lamentar de julho. A informa-ção foi dada ontem pelo pre-sidente da Câmara, vereador Ricardo Cortes (DEM), logo após receber a liminar judicial que determinou o afastamento dos vereadores Romerson de Oliveira (Mico), Claudinei Bas-tos Xavier e Silvinho Brandão.

Os três vereadores foram afastados de seus cargos por decisão da justiça em processo movido pelo Ministério Público. Eles foram acusados de impro-bidade administrativa por te-rem participação irregular na eleição do Conselho Tutelar do município, quando ajudaram no transporte de eleitores. A decisão também penaliza duas conselheiras – Iramaia Antunes de Oliveira e Rute Ri-beiro de Campos – afastadas ontem de suas funções.

Segundo o presidente da Câmara, o vereador Silvinho Brandão já estava afastado há cerca de duas semanas por motivos particulares e seu suplente, Heraldo Carlos Te-

nório Todão (PPS), conhecido por Xibil, já tinha tomado pos-se. Os outros dois vereadores afastados serão substituídos pelos suplentes José Antônio Macário de Faria (DEM), major da Polícia Militar aposentado; e pelo policial civil, também apo-sentado, Agnelo Cinel (PSC).

“Convoquei para sexta-feira de manhã uma reunião com todos os vereadores para in-formá-los”, disse Ricardo Cor-tes, que ontem cedo teve uma reunião com o prefeito Edu-ardo César sobre o assunto. Segundo ele, os advogados da Câmara e dos vereadores afas-tados irão acompanhar o caso.

A primeira medida será entrar com um Agravo de Instrumento que, caso seja indeferida pelo juiz, ainda per-mite recursos em 2ª Instância. “Mesmo com a possibilidade de recursos, no entanto, serei obrigado a dar posse aos su-plentes pois a decisão do juiz foi pelo afastamento imediato dos três vereadores acusa-dos”, afirmou Cortes.

No âmbito do Conselho Tu-telar, a decisão afasta dois dos cinco conselheiros que assu-miram em março último.

Caberá ao Conselho Muni-

cipal de Defesa da Criança e do Adolescente (CMDCA) con-vocar e dar posse aos suplen-tes Viviane Brandão da Silva, que é ex-conselheira reeleita; e Ezequias Bento da Silva, em primeiro mandato. “Estou tentando convocar o conselho para uma reunião amanhã a tarde (hoje) para decidirmos sobre a convocação dos dois suplentes e marcarmos a pos-se o mais rápido possível para

que os outros conselheiros não fiquem sobrecarregados”, disse ontem a presidente do CMDCA, Ana Carla de Almeida, psicóloga e assessora técnica da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac).

Para ela, a decisão judicial não foi surpresa. “Nós já es-perávamos por este desfecho, pois as denúncias, com fotos gravadas em CDs, foram en-tregues à comissão eleitoral no

mesmo dia da eleição, na pre-sença do promotor público”, disse. Ana ressalta o aspecto positivo da decisão, “no senti-do de dar transparência e cre-dibilidade ao processo eleitoral do Conselho Tutelar. Agora es-peramos que os suplentes as-sumam e desempenhem suas funções com a mesma respon-sabilidade e dedicação dos de-mais conselheiros”, afirmou.

(Fonte: Imprensa Livre)

EZEQUIEL DOS SANTOSIntegrantes do Esporte Clube

Beira Rio começaram no último dia 10 a limpeza e manutenção do campo do Esporte Beira Rio no bairro do Ingá. O Clube, no passado, já proporcionou gran-des alegrias à população. Se-gundo um dos fundadores do clube José Correia de Oliveira, a idéia é arrumar o campo que estará à disposição da comuni-dade. A região embora tenha várias praias ainda é carente de

Esporte Clube Beira Rio retoma as atividadesespaços abertos para o entre-tenimento, principalmente de praças e o campo de futebol re-flete a falta de lugares abertos aonde os pais possam vir com os filhos e se divertir.

O campo que é novo encon-tra-se em bom estado de con-servação e foi utilizado várias vezes para pequenos campeo-natos. Os mais otimistas espe-ram que a cooperação dos ami-gos e colaboradores do Beira Rio possa resultar num espaço

mais utilizável. Em conversa com antigos colaboradores, muitos se lembram do primeiro campo que era de chão batido e que esperam agora com cam-po gramado e em boas condi-ções de uso exista maior mo-vimento de pessoas e atletas e vários outros campeonatos. Na verdade todos têm saudades dos domingos à beira do campo e a família Beira Rio não espe-ra a hora de se encontrar para torcer e prestigiar os eventos.

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Página 4 Jornal MARANDUBA News 15 Julho 2010

Produto tóxico faz pescadores desistirem da fábrica de gelo na MarandubaEZEQUIEL DOS SANTOS

Em nota oficial, a Associação de Pescadores da Maranduba, esclarece que a razão da nega-tiva na instalação da fábrica de gelo na barra do Rio Maranduba foi por conta de estudos reali-zados por um engenheiro e téc-nicos da CETESB apontando os altos riscos no uso da amônia, que é altamente tóxico e explo-sivo. O manejo destes produtos tem de seguir normas seme-lhantes aos utilizados na Usina Nuclear em Angra dos Reis.

A fábrica de gelo foi dispo-nibilizado pelo Ministério da Pesca em parceria com a pre-feitura de Ubatuba. “Ficamos preocupados quando soube-mos do alto risco a comunida-de que a fábrica poderia cau-sar, trata-se na realidade de uma bomba relógio”, comenta Mateus Quintino, Presidente da associação na Maranduba. Por conta da desistência dos pes-cadores da Maranduba, o pre-feito municipal decidiu instalar

a fábrica próxima ao mercado de peixe, no centro da cidade.

Pescadores se reuniram para discutir o assunto, por conta do perigo e o levantamento do custo beneficio decidiram contrário a decisão do prefeito. “O custo beneficio não atende a real necessidade, existem outras necessidades menos perigosa e mais atrativa para o setor, o perigo de um vaza-mento é um fato, teremos de ter ainda pessoal altamente especializado para manipu-lar o equipamento”, esclarece Maurici da Silva, presidente da Colônia Z-10, reiterando sua preocupação sobre o nú-mero de moradores da cidade que possivelmente poderia ser atingida caso aconteça o vaza-mento do produto. Maurici diz que na questão do gelo exis-tem três fabricas próximo do mercado de peixes e uma no Massaguaçu em Caraguatatuba que pode atender os pescado-res da Maranduba.

A prefeitura se manifestou indignada com a questão e es-clarece que a fabrica vai faci-litar significativamente a vida destas pessoas, que o preço do gelo cairia cerca de 40%. Maurici entrou com uma de-

núncia no Ministério Público contra a instalação da fábrica de gelo, encaminhando ainda cópia de levantamento técni-co que aponta o auto grau de periculosidade do manejo do produto tóxico e explosivo. Na

Maranduba a associação briga pela iluminação da área dos pescadores, com o licencia-mento para desassoriar a barra do rio e outras melhorias, que não sendo tóxicas ou explosi-vas são sempre bem vindas.

Barra do Rio Maranduba: pescadores preocupados com a segurança rejeitam fabrica de gêlo no local

A comunidade trabalhando unida em um sistema de coo-peração mútua, com uma par-ticipação ativa e integrada aos organismos policiais é uma das formas mais eficazes de prevenção.

Verifique se em seu bairro não existem veículos abando-nados, ruas mal iluminadas, ruas bloqueadas, mal sinaliza-das, prédios e terrenos aban-donados, locais de vandalismo e consumo de drogas, etc.

Oriente as crianças sobre os problemas e locais perigosos do bairro. Procure verificar se em seu bairro existem opções de lazer e desenvolvimento profis-sional e cultural para as crianças.

Procure promover este desen-volvimento junto à sua comuni-dade, como programas volun-tariados, atividades educativas após a escola, teatros e peças à creches e orfanatos, etc.

Trabalhe de forma integrada com as autoridades policiais e públicas. A solução dos pro-blemas do seu bairro depende da sua participação ativa.

Incentive discussões sobre a influência de jogos, brincadei-ras e cenas de violência sobre

Segurança Comunitáriaos comportamentos de jovens e crianças. Procure criar pro-gramas de assistência a famí-lias que estejam em dificulda-des em seu bairro.

Aprenda ajudar pessoas que tenham sido vítima de violência.

Denuncie crimes e atos de vandalismo. Ligue:

181 - Disque Denuncia190 - Polícia Militar197 - Polícia CivilIsso envolve:Os vizinhos se conhecendo

e trabalhando juntos na busca de soluções para problemas em seu bairro;

A colaboração mutua faz com que um olhe pelo outro;

Lembre-se, as forças po-liciais não podem estar em todos os lugares para saber se alguma coisa esta errada, mais com você elas podem;

Se alguma coisa suspeita acontecer ligue imediatamen-te para a Polícia.

Policia Militar do Estado de São Paulo

CPI/1 - 20 BPM/I - 3 Cia PMBase Comunitária de

Segurança da MarandubaFone: 3849-8339

No último dia 07, pescado-res e associados da Associa-ção dos Pescadores e Maricul-tores da Barra da Maranduba e Região Sul de Ubatuba-AS-PEMUB realizaram a colocação das vigas que sustentam o piso do trapiche na barra do rio Maranduba. Fruto da par-ceria entre a Administração Regional Sul e a Associação dos Pescadores, a obra é um sonho antigo dos pescadores e usuários atendendo toda a região.

O trapiche possibilitará a realização com segurança do embarque e desembarque de pescados, gelo, pessoal, ati-vidades de turismo, além de demarcar território para uso próprio e exclusivo desses tra-balhadores. No local a asso-ciação realizou obra de cana-lização de água, regularização de energia elétrica e ilumina-ção da ponta do trapiche.

A comunidade aguarda a implantação da iluminação de todo o local como prometido pela prefeitura. “A obra é ex-tremamente necessária ten-do em vista a distancia que estamos do trapiche mais pró-

ximo”, comenta Mauricio da Silva, vice-presidente da As-sociação. Os interessados em buscar regularização das ati-

Pescadores da Maranduba realizam melhorias

vidades podem procurar a as-sociação que está instalada na estrada da Caçandoca, 557, na barra do Rio Maranduba.

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15 Julho 2010 Jornal MARANDUBA News Página 5

Vereador Rogério Frediani recebe deputado Fernando Capez em visita a Ubatuba

Na manhã do último dia 1º, o Deputado Fernando Capez realizou visita à cidade de Ubatuba para tomar um café da manhã com o Vereador Ro-gério Frediani e Pastores das Igrejas Evangélicas Assem-bleia de Deus, O Brasil para Cristo, Bola de Neve, Nova Aliança, Centro Evangelístico Internacional, Comunidade Pentecostal, Batista Renovada e representantes da cidade de Caraguatatuba. Após a bên-ção proferida pelo Pastor Hé-lio Mariano, o Deputado Capez conversou sobre os problemas enfrentados, pelo Município, na questão da segurança pú-blica.

Segundo Capez, é necessá-rio que haja investimentos na política social para que a po-pulação seja beneficiada com melhorias na educação, se-gurança, saúde, entre outras necessidades. Em referência aos problemas enfrentados pelos moradores de Ubatuba e região, na área da segurança pública, Capez ressaltou que

o papel da igreja para impedir que pessoas fragilizadas por diversos problemas do nosso dia a dia entrem no mundo do crime é de extrema importân-cia para contribuir com o Esta-do no combate à violência. “Há muitas igrejas que trabalham na recuperação de dependen-tes de álcool e drogas. Essa iniciativa, realizada por alguns representantes dessas igrejas, tem um destaque social muito grande para o bem comum de todos”, afirmou Capez.

Nesse mesmo dia, por so-licitação do Vereador Rogério Frediani e indicação realiza-da por Capez à Secretaria da Saúde do Estado de São Pau-lo, a população de Ubatuba foi beneficiada com a entrega de uma ambulância. “Tenho re-cebido diversos pleitos do Ve-reador Frediani para contribuir com a cidade. Quero continu-ar trabalhando para alcançar a concretização de mais e mais demandas para o bem dos moradores do Município”, dis-se o Deputado.

Vereador Rogério Frediani recepciona o deputado Fernando Capez

GLÁUCIA CAVALCANTEA cultura hip hop é formada pelos seguintes elementos: O rap, o graffiti e o break. Rap - rhythm and poetry, ou seja, ritmo e poesia, que é a expressão musical-verbal da cultura; Graffiti - que representa a arte plástica, expressa por dese-nhos coloridos feitos por gra-ffiteiros, nas ruas das cidades espalhadas pelo mundo; Break dance - que representa a dança. Os três elementos juntos com-põe a cultura hip hop. Que muitos dizem que é a “CNN da periferia”, ou seja, que o hip hop seria a única forma da periferia, dos gue-tos expressarem suas dificul-dades, suas necessidades de todas classes excluídas. O termo hip hop, alguns dizem que foi criado em meados de 1968 por Afrika Bambaataa. Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura dos guetos americanos, a outra es-tava justamente na forma de dançar popular na época, que era saltar (hop) movimentan-do os quadris (hip).

Baseados por estes elementos os jovens estudantes Daniel e Armando da escola Estadual Áurea Moreira Rachou, do bair-ro Sertão da Quina - Ubatuba, S.P, demonstram voluntaria-mente suas habilidades aos finais de semana na Oficina de HIP HOP do Programa Esco-la da Família. São muitos os apreciadores da cultura Hip Hop, que buscam interagir e trocar experiências. O Programa Escola da Famí-lia convida toda a comunida-de para prestigiar o evento

Hip Hop é no PEF do Áurea

de comemoração aos 7 anos do Programa Escola da Fa-mília, estarão presentes as 5 UES de Ubatuba: E.E.Áurea, E.E José Celestino, E.E Idali-na, E.E Sueli e a E.E Deolindo - desenvolvendo ações dos 4 eixos norteadores do progra-ma - cultura, esporte, saúde e qualificação para o trabalho, no dia 29 de agosto de 2010 na praça de eventos do muni-cípio de Ubatuba das 10:00 as 15:00 horas onde você poderá conhecer um pouco mais da cultura hip hop.

ACIUA Associação Comercial de

Ubatuba (ACIU) e o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) alertam: quem perde os documentos ou é roubado deve registrar o fato no órgão, além de fazer o boletim de ocorrência na polícia.

A maioria das pessoas regis-tra apenas o boletim na polícia e desconhece que somente esse procedimento não evita que fraudadores utilizem os do-

Cheques ou documentos roubados? Proteja-secumentos para fazer compras.

O banco de dados do SCPC da Associação Comercial de Ubatuba (ACIU) é integrado com outras associações comer-ciais e detém a maior quantida-de de informações comerciais da América Latina.

São cerca de 150 milhões de informações variadas sobre empresas e pessoas físicas. Portanto, se um documento for roubado no estado de São Pau-lo, a informação fica disponível

em todos os estados do país. Em Ubatuba, para registrar

gratuitamente o roubo ou ex-travio de documentos bas-ta ligar para o número 0800 111522.

A Aciu ressalta que se os do-cumentos forem encontrados é imprescindível ligar novamente para o SCPC e comunicar para que seja retirado o alerta.

Lembre-se: Registrar perda de documentos no SCPC evita surpresas desagradáveis.

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Página 6 Jornal MARANDUBA News 15 Julho 2010

CONVOCAÇÃOA Associação dos Remanescentes da Comunidade de Quilombo Caçandoquinha, Raposa, Saco das Bananas e Fra-de, convida a todos para eleição da nova diretoria da Associação que será realizado no próximo dia 01 de agosto, as 14 horas na sede da Associação na Praia da Caçandoca, entrada próximo a antiga escola na praia.

Mário Gabriel do Prado - PresidentePraia da Caçandoquinha, s/nº - Ubatuba -SP

[email protected]

EZEQUIEL DOS SANTOSA estrada que liga o bairro

da Maranduba ao Sertão da Quina vem preocupando mo-radores, usuários e turistas daquele trecho. Desde que foi asfaltada vários acidentes aconteceram, uns por impe-rícia e imprudência e outros por puro acidente. Condutores que utilizam o acesso periodi-camente se acham competen-tes para dirigir acima do limite de velocidade e da margem de segurança indicado pelos po-liciais.

Embora pareça falta de res-ponsabilidade de alguns con-dutores, moradores respeito-sos não merecem pagar pelos erros dos outros, comentam os usuários ouvidos pelo Maranduba News. A reclama-ção é por conta de uma me-lhor sinalização, que poderia ter evitado alguns acidentes.

Em 2009 o vereador Rogé-rio Frediani encaminhou soli-citação de implantação de um guard-rail na lateral do rio do morro do Foge a prefeitura e ao DER, no último dia 13 en-caminhou a Prefeitura oficio de solicitação de implantação de um dispositivo de sinaliza-ção no entroncamento entre a Estrada Municipal e a Rua Sargento Rubens Leite, aquela que é opção de saída e entra-da para aqueles que não que-rem passar pelo centrinho da Maranduba.

Moradores reclamam da sinalização de estrada

Naquele trecho, segundo o documento do vereador, hou-ve um acidente fatal no perío-do da Copa do Mundo. Anterior a este houve um acidente de moto que também aconteceu uma morte. Na época a estra-da foi questionada pela Asso-ciação de Moradores e Amigos do Sertão da Quina, já que a medida inicial apresentada à associação tinha um metro a mais nas laterais, o que não foi cumprido e a associação brigou ainda para que fosse implantada guia e sarjeta.

Na ocasião o vereador Frediani também buscou infor-mações sobre o tamanho da

lateral, não obteve respostas. Ninguém reclamou da melho-ria que foi a cobertura de asfal-to na estrada e sim da falta do cumprimento real da proposta que a nós foi apresentada, co-menta José Luciano, presiden-te da Amasq. A falta destes dispositivos também causou acidentes, felizmente houve apenas prejuízos materiais.

O sentimento da população é de tristeza, já que a moro-sidade poderá ocasionar mais um acidente fatal. Agora é só esperar e aguardar que algu-ma autoridade tome a inicia-tiva que possa resguardar a vida de todos.

Usuários pedem sinalização em entroncamento perigosoNa altura do numero 900

da estrada Municipal Antonio Cruz de Amorim, que liga a Maranduba ao Sertão da Qui-na, a Administração Regional Sul realizou melhorias em seu trecho. No local das obras ha-via uma depressão decorrente do escoamento de águas plu-viais, que havia sido realizado dentro do projeto de asfalta-mento da estrada.

A depressão em questão não atendia o escoamento, deixan-do do lado oposto ao rio poças dáguas que atrapalhavam o trânsito. Muitos usuários que a utilizavam a pé ou de bicicleta eram atingidos pela lama que acumulava no local.

Segundo Moralino Valim Co-

Trecho da Estrada municipal do Sertão da Quina recebe melhorias

elho, administrador da Regio-nal Sul, a obra esta atendendo a uma solicitação antiga e no lugar da depressão foi colo-cado uma manilha com maior vazão de água para o rio, com isto aproveitou para realizar no local uma lombada, já que no trecho existem saídas de veículos e está próximo a uma curva.

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15 Julho 2010 Jornal MARANDUBA News Página 7

Policial Militar do Litoral Norte participa decomitiva de Segurança Comunitária no Japão

EZEQUIEL DOS SANTOSEntre os últimos dias 13 a 26

de junho, como único repre-sentante do Vale do Paraíba e Litoral Norte, o Sargento da Polícia Militar de São Paulo An-dré Luiz dos Santos, Coman-dante da Base Comunitária de Segurança de Maranduba, em Ubatuba, esteve na comitiva de policiais que participou de um intercambio sobre segu-rança comunitária na terra do sol nascente.

André foi indicado pelo Co-mandante do Batalhão do Litoral Norte sediado em Caraguatatuba, Tenente Co-ronel Ewandro Rogério Góes. Oficialmente trata-se do Curso de Cooperação Técnica Brasil--Japão dentro da filosofia de Policiamento Comunitário (sis-tema Koban-policiamento ins-talado em área urbana e Chu-zaisho-policiamento instalado em área rural) desenvolvidos atualmente no Estado de São Paulo conforme orientações do Cel PM Álvaro Batista Ca-milo, Comandante Geral da Policia Militar.

A comitiva foi composta por dez representantes: Coronel PM Marco Antonio - Chefe de Comunicação Social da PM, Capitão PM Enio - Comandan-te de Companhia em São Jose do Rio Preto, Capitão PM Mello – Comandante de Companhia de Sorocaba, Capitão PM Jamil – Forca Tática da capital, 1º Tenente PM Octacílio da esco-la de oficiais da PM, 1º Tenen-te PM Flávia do 12º Batalhão de São Paulo, Sub- tenente PM Almeida – Comandante de Base Comunitária de Seguran-ça em São Paulo, 1º Sargento PM Renata – Comandante de base comunitária de Ribeirão

Preto, 1º Sargento PM Alves – Comandante de Grupamen-to em Pirapora de Bom Jesus e o 2º Sargento PM André – Comandante da Base Co-munitária de Segurança da Maranduba.

O curso foi patrocinado pela Policia Militar do Estado de São Paulo, com cooperação da JICA (Agencia Japonesa de Cooperação Internacional). Os policiais participaram de palestras e visitas aos Koban (Base Comunitária de Segu-rança) e Chuzaisho (Base Co-munitária de Segurança Distri-tal), realizaram ainda visitas a moradores que teceram opini-ões sobre como a população vê o serviço naquela área.

O sistema Koban baseia seu funcionamento na integração

e relacionamento entre polí-cia e comunidade. Trata-se do vínculo de confiança aliado a técnicas e aprimoramentos para que a comunidade se aproxime das causas e pro-blemas enfrentados por todos, com isto os dois lados contri-buem significativamente na segurança publica.

O trabalho da população é fundamental para o sucesso do trabalho policial, lá o que mais favorece o serviço da policia é a permanência do policial na-quela comunidade, que com a confiança estabelecida existe um melhor atendimento a po-pulação. Segundo o sargento André, a polícia japonesa valo-riza a experiência dos que já se aposentaram. Existem grupos de voluntários que atuam nas

Sargento André (esq) ao lado de um Policial Comunitário em frente ao Koban

atividades de prevenção com a orientação dos policiais.

Além da delegação de po-liciais de São Paulo, esteve participando do curso policiais militares de outros estados, como Acre, Alagoas, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catari-na, Rio Grande do Sul, Pará, Espírito Santo, Bahia e Distrito Federal, os quais participaram do intercambio patrocinados pela Senasp (Secretaria Na-cional de Segurança Pública).Destaque para a comitiva de São Paulo que saiu na JP TV da Globo Internacional.

André informa ainda que no Japão, existem 47 quar-téis provinciais, 1201 estações policiais, 6216 Koban e 6926 Chuzaicho. O grande objeti-vo do curso foi adquirir novas técnicas de atuação no policia-mento comunitário e adequá--los as nossas leis, cultura e costumes, com o intuito de estreitar o vínculo de confian-ça entre comunidade e polícia, para assim trabalharem juntos nas atividades de prevenção de crimes e acidentes e con-tribuir na manutenção e pre-servação da ordem pública.

Foto oficial da comitiva com o comandante da polícia de Hamamatsu

Sargento André entrega lembrança aos policiais do Koban, no Japão

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Página 8 Jornal MARANDUBA News 15 Julho 2010

Lagoinha antiga: sangue, café e aguardenteEZEQUIEL DOS SANTOS

Como se fosse um roteiro de filme ou documentário, as visitas aos patrimônios aban-donados do litoral norte são cheios de mistérios, dúvidas e surpresas. Quem visita estes locais tem plena certeza do valor dos objetos, sons, sabo-res e construções instalados nos rincões e praias de nossa região. A praia da Lagoinha esconde muitas histórias do desenvolvimento do país em cima do sangue alheio. O lu-gar abrigou a primeira fabrica de vidros da América Latina e um solar: a do velho engenho do Barão João Alves Silva Por-to, de um proprietário que não tem seu nome citado, depois o Capitão Romualdo.

Em 1818, dez anos depois da vinda da família real as terras brasileiras, a Vila de Ubatuba recebia mais imi-grantes fugindo das guerras. As grandes áreas adquiridas por estes estrangeiros logo se transformaram em grandes cultivos de café, chamados na época de ouro verde ou ouro negro.

Ubatuba foi um dos primeiros a cultivar o café no Estado de São Paulo. Sua origem ainda é discutível, mas existe referen-

cia no livro de Lita Chastan - “Caiçaras e Franceses” de um João Alves que teria vindo de Nantes - França, chegando aqui em 1828, teve como ocu-pação inicial ser agregado de Lecoq e Recher. Nos anos de 1829/30 não consta mais seu nome nos maços da população.

A fazenda foi um exemplo de fazenda colonial próspera, na época a de maior esplen-dor econômico da cidade que aproveitava o bom porto de escoamento de produção Va-leparaibana e Ubatubana de aguardente, açúcar mascavo, milho. A propriedade se firma-va como um dos pólos expor-tadores de café, que também cultivava açúcar e aguarden-te. Ela ensinava também as novas técnicas para a fabrica-ção de açúcar e produção de carvão.

O engenho e o solar foram construídos a mando do enge-nheiro francês João Agostinho Stevené, que foi proprietário da Fazenda Brejahimirinduba (Maranduba). O engenho aju-dava na valorização dos pro-dutos que eram embarcados para a Europa. Como havia a demora e um valor muito alto para embarcar e engarrafar aguardente, o barão resolveu

buscar um especialista para montar uma fábrica de vidros, a princípio garrafas.

A Fazenda era dividida em duas atividades: produção--beneficiamento e fábrica. Apurados informações sobre o funcionamento da fábrica, muitas pistas apontam que ela não foi concluída, outras infor-mam que ela foi construída, mas nunca funcionou. Outras dizem que funcionou apenas para testes, as garrafas ha-viam ficado em poder do ba-rão em sua cota particular.

Existem vestígios da extra-ção de areia para o fabrico do vidro no bairro da Maranduba. Um dos lugares já foi até um lago piscoso. Hoje, atendendo a especulação imobiliária foi aterrado e tem ruas e casas sobre o seu antigo leito, en-tre os fundos do Abel Sat até a Rua 16 e 17 na Maranduba. Também existem vestígios de um “monturo”, um monte de sobras de vidros, em frente ao Camping Clube do Brasil, no sopé da montanha.

Tudo leva a crer que a re-ferida fazenda era dividida em três subsedes: a frente era chamada de Bom Retiro,

os fundos que fazem divisa com a Fazenda Corcovado era chamada de Bom Descanso e o outro lado e ao fundo que fazia divisa com a Fazenda Brejamirinduba era chamada de Fazenda Poço dos Bagres. No Sertão da Quina, no Sitio Santa Cruz, existem marcas da antiga fazenda, como os de uma roda d’água, um terreiro de café e um local onde foi en-terrado um “benzedeiro”.

O Barão fez fortuna primei-ro com o tráfico negreiro e depois com o cultivo das ter-ras. No local desembarcavam negros e voltavam carregados

com café, que eram plantados em toda a encosta. Uma pe-quena estrada de terra liga-va por entre a mata virgem a Bom Retiro a Fazenda Poço dos Bagres, antigo trecho compreendido hoje os bairros do Ingá e Sertão da Quina. O trecho compreendia na subida íngreme de um morro, tentou--se então cavar um túnel para transpor este obstáculo, como o tinha muito Granito Verde Ubatuba, desistiram. Muitos pés de café podem ser ainda encontrados na mata e em propriedades rurais ao sopé de nossas montanhas.

Foto de 1952 mostra os 4 pilares do que teria sido a primeira fábrica de vidro da America

Imponente parede do solar contruído por um engenheiro francêsDa antiga roda de moinho, sobrou apenas a foto: a roda sumiu!

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15 Julho 2010 Jornal MARANDUBA News Página 9

Base da origem das primeiras comunidades da região sulA sede, o solar era rodeados

por arvores frutíferas, como ja-buticabeiras que denunciam ter um pomar a seu entorno, po-de-se observar pés de flores de vários aromas, talvez para fazer alguma “água de cheiro” para o banho da sinhá. O barão era um homem rude, desumano com seus escravos. Segundo a lenda, um deles na tentativa de se livrar dos chicotes, ino-centemente untou o corpo com óleo e rolou na areia branca da praia, cobrindo o corpo todinho de sílica branca e pura. De en-contro ao seu feitor disse com todas as letras que livrasse seu pai dos castigos, pois a partir daquele momento era um ho-mem branco e merecia mandar em si próprio.

O infeliz, dentro de sua inge-nuidade, não sabia o que lhe es-perava, o barão mandou-o para o “couro”, apanhou tanto que morreu dos sangramentos de-corridos pela surra. A natureza se manifestou ao ver tanto so-frimento, ela fez florescer lírios do brejo com suas flores bran-quinhas como as areias da praia que havia untado o corpo do es-cravo, até hoje se vêem lindos em cheirosos lírios no lugar.

Entrar no couro era uma ex-pressão comum nas fazendas de café e cana. No caso da Lagoinha, o negro era amarra-do de bruços numa roda ligado ao eixo do engenho, impulsio-nada pela água desviada por um túnel do rio Lagoinha. Em outra roda eram amarrados tiras de couros que, em movi-mento, batiam nas costas do escravo até matá-lo. Os que fugiam do sofrimento, eram capturados por “capitães do mato” no Morro do Foge (Ser-tão da Quina). Este nome foi por conta das armadilhas pre-paradas para capturar os fu-jões. No local, onde passa hoje

o rio Maranduba, existe uma garganta entre duas monta-nhas onde eram cavados poços profundos, onde sua boca eram cobertos de folhas, camuflando a armadilha. Muitos caiam e sumiam dentro das armadilhas, por isso Morro do Foge.

Na fazenda era proibido o ro-mance entre brancos e negros, qualquer envolvimento era imediatamente interrompido e o castigo, nada mais do que a morte. Com a falta da aproxi-mação amorosa entre brancos e negros, o local não teve ne-nhum remanescente para con-tar história.

Com a Lei de Euzébio de Queiroz em 1850, cai drastica-mente o número de escravos na fazenda. Anos depois a viú-va do barão vendeu a fazenda e o novo proprietário tratava rudemente o restante dos es-cravos. Só quando a fazenda foi adquirida pelo Capitão Romual-do os negros tiveram tratamen-to digno, este chegou a convi-dar varias vezes seus escravos a sentarem a sua mesa para compartilhar uma refeição.

A produção era compartilha-da, uma espécie de meieiro, até cemitério ele havia constru-ído aos negros. Com a constru-ção da ferrovia do planalto ao litoral sul de São Paulo muitos proprietários abandonaram sua posses deixando aos morado-res antigos. Muitos familiares destes detinham posses cen-tenárias de pequenas proprie-dades, chamados de pequenos fogos, que se transformaram nos moradores tradicionais (agricultores e pescadores) que conhecemos.

A atividade de tráfico e tra-balhos forçados em Ubatuba só acabou em 1888. Por volta de 1857, depois da Lei Euzébio de Queiroz, começou a sur-gir as pequenas propriedades

vindas da Fazenda Bom Reti-ro, esta data coincide com o surgimento de uma vila mais ao sul, a Vila de Santo Antonio de Caraguatatuba. Lagoinha então tem a mesma idade de Caraguatatuba.

Os fogos da época compre-endiam o que hoje conhecemos de Praia do Perez, Bonete, For-taleza, Ingá, Sertão da Quina, Tabatinga e Lagoinha e viviam exclusivamente da roça, do ar-tesanato, da pesca, da criação e da caça. Vale lembrar que no mesmo período, também vie-ram pra cá trabalhadores da fazenda dos Ingleses, que junto com os que aqui estavam fun-daram estes lugares. Houve a intenção de construir uma igreja e a escola dos padres da Ordem dos Laterenenses em frente as ruínas da fabrica de vidros.

Alguns nomes foram citados por antigos moradores como Benedito Felipe (Bidico), An-tonio Mesquita (Antonio Pão), João Prado, o casal Jacinto e Bernardino, Porfírio, João Sou-

za e um senhor negro de nome Rodolfo, que morava ao lado da barra da Lagoinha. Claro que depois desta publicação, leitores nos informarão de ou-tros atores desta história.

As ruínas foram confeccio-nadas com areia do rio e sua junção foi feito através da mis-tura de óleo de baleia e con-chas moídas, que produziam a cal, as pedras eram retiradas dos rios e montanhas da an-tiga fazenda. O responsável pela construção das ruínas foi o senhor João Santana Nunes, conhecido na época como João Pedreiro, ele seguramente deve ser tetravô de algum lei-tor com mais de 75 anos.

Moradores que nos deram os nomes nos lembram de epi-sódios de saques e roubos em terras das antigas fazendas. Corsários aportavam na baia da Maranduba e buscavam ouro, prata e libras esterlinas enterradas próximas as fazen-das, para isto saqueavam tudo, agrediam e estupravam as mu-

lheres, matavam os homens, ateavam fogo as casas e depois faziam festa para lado de Santo Antonio (Caraguatatuba).

Muito embora pareça men-tira, existem publicações de piratas saqueadores em nosso litoral como o pirata Thomaz de Cavendish. Mas não só do mar vinham os saqueadores, duran-te anos o terreno foi mutilado e cavado centenas de vezes na busca de algum valor.

Dizem que muito ouro foi retirado do local, também das proximidades da barra da Maranduba. Existem comentá-rios que tiraram muito ouro do lado esquerdo do solar, retira-do debaixo de uma laje retan-gular de pedra que tinha cerca de 800 quilos e media 1metro e meio por dois metros, debaixo de meio metro de terra. O local ainda sobreviveu de bananais e do fabrico de carvão, a prova são os fornos em meio a cipós e plantas tropicais em todo o entorno da montanha.Colaboração de Michael Swoboda

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Página 10 Jornal MARANDUBA News 15 Julho 2010

Praia da Lagoinha: calma, relaxante e bela EZEQUIEL DOS SANTOS

Considerado um lugar abri-gado com 3 km de extensão, a Praia da Lagoinha junto com as praias do Sapê e Maranduba formam a maior faixa contínua de praia do município, totali-zando 7 Km.

De areia compactada e as águas calmas (daí provavel-mente o nome lagoinha: la-goa de águas calmas e rasas) propícias às atividades náu-ticas, passeios, caminhadas, banhos, lazer e contemplação.

O visitante pode entrar na água e caminhar mar adentro, com isto perceberá que custa encobrir a cintura, por isto é muito apreciada por famílias.

Suas águas por vezes azuis por vezes verdes se juntam em seu canto esquerdo a foz do rio Lagoinha, próximo a costeira. O rio nasce bem an-tes da cachoeira Véu de Noi-va, rio este indicado para as crianças e adultos que querem evitar maiores agitações.

Depois do rio existe uma tri-lha que leva a praia do Perez, Bonete, Grande do Bonete, Cedro. Na trilha é possível aproveitar as delicias do litoral nos quiosques a beira mar que existem no percurso. Lá pode-mos ver o que foi a mais im-portante fabrica de artes em bronze, ver ainda as fazendas de mexilhões e maravilhas da fauna e flora.

Existem também saídas para outras praias através de serviços de táxi-boats.

Além da praia outra atração são as ruínas que foram cons-truídas ainda no Brasil Impé-rio e trata-se de um solar e da primeira fábrica de vidros da América Latina.

O rio que dá o nome do lu-gar no passado já foi de gran-de proporção, nele se faziam travessias de canoas, princi-

palmente em tempos de mar revolto, onde os pescadores, primeiros moradores guarda-vam seu meio de transporte em seus remansos. A praia foi palco de grandes pescarias, redes de tainhas que de tan-to era distribuída a famílias da região.

Suas areias guardavam pe-quenos seres como o “sapi-nhoá” (parente do vongole) iguaria muito utilizado na co-zinha caiçara.

Considerada um lugar mais relaxante do que interessante, a praia atrai mais grupos fa-miliares, tanto de moradores, quanto de visitantes, existe um espaço exclusivo para a pratica de esportes com tênis, voleibol, futebol entre outros.

A praia ainda é pouco ex-plorada para o windsurfe e dela pode-se alcançar as ilhas do Pontal, do Mar Virado e

do Tameirão. Do outro lado avistamos ainda o castelo dos Arautos, as praias do Pulso e Caçandoca.

No seu entorno existe uma boa infra-estrutura hoteleira, restaurantes, camping, cha-lés, casa de aluguel, imobi-liárias, escolas, lojas, postos de combustível, farmácias e bancas, já que fica próxima a Maranduba.

A Praia que é bastante agra-dável para quem aprecia um banho de sol e uma boa da lei-tura aos sons do mar beijan-do a areia.Existem placas de sinalização sobre a limpeza, os perigos, preservação da bele-za e ordem publica no local, já que o espaço é administrado por uma associação de mo-radores. Curtir um banho de mar é na maioria a desculpa para relaxar o corpo e mente.

Existem carrinhos que ofe-

recem quitutes e bebidas para todos os gostos e sabores, o único quiosque da praia é muito freqüentado, todos pos-suem clientes cativos.

Nas costas da praia, em di-reção a montanha é possível ver o pico mais alto do litoral paulista, o Pico do Corcova-do, que impera imponente em paredão de granito verde Ubatuba, guardando mistérios e belezas da historia indígena, quilombola e de caiçaras que formaram primeiro processo civilizatório nacional neste rico e belo pedaço de chão.

A história e a beleza ainda resistem ao tempo e ao ho-mem de hoje, que viu no ho-mem do passado as belezas e simplicidade que o fizeram mudar de hábitos e de mora-dia.

Pensando na acessibilidade e na responsabilidade social, a

Praia da Lagoinha é uma das poucas que pode ser utiliza-das por deficientes, principal-mente por cadeirantes, já que a areia é bem compactada e existe lugar de embarque e desembarque de pessoal, pes-cados e mercadorias que tam-bém pode ser utilizado para estas pessoas, mas antes a administração do lugar deve ser consultada.

Por ter águas calmas e tran-qüilas a maior parte do tem-po, é possível ainda praticar o mergulho livre e snorkel, prin-cipalmente no lado da costei-ra, local muito apreciado para quem quer conhecer e obser-var a vida marinha.

Nas pedras muitos pesca-dores de final de semana se aventuram na tentativa de pegar algum peixe, basta lem-brar de não deixar nenhuma sujeira no local.

Este pedaço paradisíaco não combina com lixo de nenhuma espécie ou categoria, quanto mais gente se a utiliza, mais o lugar esta aberto a impactos e belos lugares merecem serem cuidados como nossa casa, para isto cuide para as gera-ções futuras possam usufruir dessas delicias da natureza.

Seu charme ainda atrai ani-mais de pequeno porte e aves silvestres, isto é um bom sinal do respeito que o homem tem com o lugar, pois ao lado do rio ainda existe um trecho de mata atlântica bem preserva-da, que um dia suas madeiras foram utilizadas nos fornos da fazenda.

Belo é sentir na Lagoinha o som da natureza e ver de perto o por e o nascer do sol rompendo o dia que embora pareçam iguais nos mostram surpresas diferentes, basta apreciar um pequeno detalhe a cada dia.

Alguns trechos da praia da Lagoinha ainda guardam a vegetação nativa: o jundú

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15 Julho 2010 Jornal MARANDUBA News Página 11

LILIAN NAKHLE O maior inimigo do polia-

mor não é o sexo com outra(s) pessoa(s) e sim a quebra da con-fiança. O sexo é uma força positi-va se aplicada com honestidade, responsabilidade e verdade.

Não é preciso atender a todas as necessidades do parceiro.

Deve-se apenas ajudá-los. Se sua esposa ama música clássi-ca e você não gosta, um outro parceiro pode ser uma compa-nhia melhor que você.

O amor é um recurso infinito. Ninguém duvida de que você pos-sa amar mais de um filho. Isso também se aplica aos amigos.

Nós não nascemos com o ciúmes, podemos evitar, supe-rar e lidar muito bem com este sentimento. Os poliamoristas criaram um novo termo oposto a ele: “compersion” (algo como “comprazer” em português).

Trata-se do contentamento que sentimos ao sabermos que uma pessoa querida é amada por mais alguém.

O amor deve ser incondicio-nal, sem seguir proposições como “eu te amo somente se você não amar outra pessoa” ou “desista de todos os outros”. A relação monogâmica não dá ga-rantias de que não irá se amar mais alguém ao longo da vida.

Os poliamoristas acreditam em investimentos emocionais de longo prazo em seus rela-cionamentos. Vale lembrar, que como na monogamia, o objeti-vo nem sempre é alcançado no poliamor.

Segundo suas crenças, eles representam os verdadeiros va-lores familiares. Têm a coragem de viver um estilo de vida muito diferente que, embora conde-nado por parte da sociedade, é satisfatório e recompensador.

De acordo com o psicanalista Flávio Gikovate, se o casal acha

É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?Manual do poliamor = relacionar-se amorosa e sexualmente com mais de uma pessoa

que é importante cada um ter outros parceiros, tudo bem, desde que seja uma decisão do casal. Mas esta não é uma ten-dência, ou uma coisa que possa vir a acontecer normalmente segundo o psicanalista.

A monogamia pode ser cul-tural também, mas passa a ser um desejo coletivo quando todo mundo valoriza e espera que seu casamento seja “fiel”, diz a antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro “Infiel”.

“Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Estudos realizados por David Barash, zoólogo e um dos au-tores do livro “O Mito da Mono-gamia”, o fato é que as pessoas amam, sim, mais de um indiví-duo ao mesmo tempo. Mais de 85% das sociedades humanas são polígamas (o homem tem mais de uma parceira), por exemplo, e muitos homens cla-ramente são capazes de esta-belecer relações amorosas com

mais de uma mulher. Algo parecido acontece entre

as sociedades poliândricas (a mulher tem mais de um parcei-ro), elas freqüentemente man-tem boas e amorosas relações com cada homem. Até mesmo nas sociedades em que a biga-mia é ilegal é muito comum os adultos manterem múltiplas e razoavelmente bem-sucedidas relações, afirma o zoólogo.

Gente! Agora, vamos pensar juntos?

O que é que você está procu-rando? O que espera encontrar?

Você está buscando um sen-timento ou uma pessoa?

Busca um sentimento e um re-lacionamento equilibrado e feliz?

Vocês sabem que isto não existe na realidade.

A socioedade em que vive-mos pede e implora apenas e tão somente AMOR e COMPAI-XÃO. E nós o que fazemos?

Nós exercitamos o poder de complicar o ato de amar.

Que tal pensar simples, fazer simples e amar simples?

Lilian Nakhle - Psicopedago-ga/ Psicoterapeuta/ Neurope-dagoga - www.liliannakhle.com

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TABATINGA - Casa térrea/edícula (4 anos) ( c/escritura e registro) c/ 3 dorms. suítes, sala, cozinha, varanda com toldo de 15m, churrasqueira, estacionamento amplo para muitos carros, fechada com mureta de 60cm + tela galva-nizada, portão de 4m, terreno plano de 600m, há 900m da praia Tabatinga. Principal rua de acesso ao bairro com água, esgoto, fiação subterrânea, voltagem 110 e 220, com gra-des (portas e janelas) em ferro grosso para segurança + pro-jeto completo já aprovado para construção de Pousada (pavi-mentos térreo e superior c/ 8 suítes + cozinha + sala p/ café manhã + recepção + escritório. Localização: passando o Posto Policial e ao lado do Condo-mínio Costa Verde Tabatinga, antes do Portal de Ubatuba / divisa. Contatos e maiores infor-mações [email protected] ou (19) 93456210.-------------------------------------CARAGUA/INDAIÁ - Vendo casa com 3 dorm (1 suíte), sala 2 ambientes, cozinha planejada, garagem coberta para 3 carros, edícula. Terreno de esquina. Óti-ma localização. (12) 3843.1262-----------------------------------SERTÃO DA QUINA - Alugo ponto comercial com instala-çãos de sorveteria funcionando Tratar c/ Avelino (12) 3849.8876--------------------------------------D.MACEDO VENDE:Lagoinha - Ref: C/1359 Chalé mobiliado, próximo á praia, R$ 65.000,00Lagoinha - Ref: C/1048 Casa c/ 3 dormitórios, rua asfalta-da, R$ 150.00,00Lagoinha - Ref: C/994 Casa c/ 5 dormitórios, próximo á praia, R$ 180.000,00Praia Dura - T/1304 Terreno 500m², R$ 30.000,00Praia Dura - T/1185 Terreno 450m², Condomínio Fechado, R$ 60.000,00Tratar: (12) 3843.1252------------------------------------

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Página 12 Jornal MARANDUBA News 15 Julho 2010

Gente da nossa história: Agostinho Alves da Silva: o homem caprichosoEZEQUIEL DOS SANTOS

“Centina, vô dá um pulinho na praia pegá uns peixe pra nóis jantá.” Era assim que seu Agostinho por vezes ao che-gar em casa, depois do servi-ço, dizia a esposa “pra móde” pegar uma mistura pro jantar.

Da época em que o homem honesto era exemplo a ser seguido, seu Agostinho foi exemplo de pai, marido, com-panheiro, amigo, homem de bem. Como era natural a troca de mercadorias entre o litoral e o planalto, muitas pessoas subiam e outras desciam a serra, alguns se instalaram em definitivo, como foi o caso de seu Agostinho.

Natural de Natividade da Ser-ra, ele nasceu no dia 29 de se-tembro de 1915 e de lá para cá fez história. Tinha três paixões em sua vida, a primeira ele gostava tanto que casou com ela, foi dona Vicentina Alves da Silva, a outra eram os filhos e por último a Folia de Reis.

Seu Agostinho quando veio para o litoral trabalhou em várias fazendas, a mais lem-brada foi a do Casqueiro (Por-to Novo) em Caraguatatuba, onde se casou com Vicentina. Desta união tiveram doze fi-lhos: Pedro, Margarida, Nair, Waldomiro, Orlando, Inês, Odete, Elza, João, Maria, Car-los e Angélica.

Homem de hábito simples costumava plantar de tudo, também tinha lá suas criações como galinha caipira e porcos. Em sua casa na Lagoinha ti-nha um mangueirão de dar in-veja. Homem que trabalhava nas fazendas realizando todo tipo de atividade, capinava, roçava, cortava, amontoava. Em 1946 ele veio morar em definitivo na Lagoinha (próxi-mo a capela de São Maximia-no), sua casa era de pau-a-pi-que, que mais tarde ganhou um reboco (coisa chique para a época), as janelas de tra-mela escondiam as crianças que dormiam em esteiras no chão. O quintal sempre rode-ado de plantações como jabu-ticabas, banana, goiabeiras, mandioca, batata. As frutas só podiam ser apanhadas se estivessem de “vez”, antes

do tempo de “jeito maneira”. Aos sábados ia para a Fazenda Bom Descanso onde cultivava bananas, milho, verduras.

Na lua certa, saía com os amigos para caçar. Ele tinha licença de caça e fazia ques-tão de pagar a licença todos os anos. Também gostava de pescar de linhada, era da épo-ca em que se arregaçava as pernas da calça até o joelho, depois emendavam as linhas, lançavam o anzol na água, as iscas eram tiradas pelos fi-lhos, os mais velhos, retiran-do “sapinhoás” nas areias da praia, depois abrindo com canivete para servir ao anzol. Como o mar da região era re-pleto de peixes, sempre traziam para casa al-guns pampos pescados no pe-rau. No retorno para casa, ha-via sempre um bule de café no fogão a lenha, sempre fresco e quentinho (mar-ca registrada da hospitalidade do casal).

Seu Agostinho trabalhou por muito tempo no antigo DER como cantoneiro, na época cada um cuidava de um trecho de três quilôme-tros. No departamento, ele colaborou com muitas famílias conseguindo caminhões para mudanças e transportes, com enchentes e catástrofes natu-rais, no resgate de motoristas na estrada, com material para construção de escola e igreja. Por ser o único morador do trecho, todos que ali passa-vam tinham um grande amigo e companheiro para todas as necessidades, abrigando gente humilde, padres e autoridades. Abrigava também pescadores que em tempos de marés ruins, se viam obrigados a parar na praia e correr para próximo da-quele café quentinho.

Bastava um carro quebrar, lá estava Agostinho socorren-do e se o caso fosse grave, ganhava até janta e pouso. Do tamanho de sua fé, seu Agos-tinho abrigou por muitos anos religiosos como Frei Vitório Fantini, Fernando Mazon (hoje Bispo), Frei Angélico, Frei Pio, que realizam visitas a este tre-cho de litoral. A primeira cape-la era dentro de sua casa em um espaço de três metros por quatro. Foi deste espaço que

sua humilde casa ficou co-nhecida como a igreja de Seu Agostinho.

Quando era época de Folia de Reis, ele fazia um caminho de flores tropicais, nas laterais com todo o capricho colocava ramalhetes de samambaias, dentro flores de todas as cores e aromas, as crianças adora-vam.

Os homens da folia já sa-biam que tinham de passar em duas casas, independente da ordem: a de seu Agostinho e a de seu Benedito Euzébio. Não faltavam eram comes e bebes aos acompanhantes da Folia de Reis. Seu compadre vivia como irmão. Estamos falando de Afonso Gonzaga, que agora devem estar rindo das estripu-lias que faziam por aqui.

Quando ele ia trabalhar, le-vava seu corpo, mas sua alma ficava em casa, com “pensão” nos filhos e na esposa. Os fi-lhos, espoletas como eram, faziam a festa quando voltava do trabalho, quando sobrava almoço da marmita, ele dividia com os filhos que gostavam de comer junto com o pai. Os tempos sempre foram difíceis nesta casa, no sentido finan-ceiro, ao que se sabe nunca faltou carinho, amor, compre-

ensão da parte dos pais.

Seu Agostinho, como homem bom e capricho-so, ao se apro-ximar do natal fazia os próprios brinquedos. Ele buscava algum tronco de caixeta e começa a en-talhar com seu canivete até que conseguia fazer um caminhãozi-nho para dar de presente de na-tal aos filhos, a todos os filhos. Os dias que an-tecediam o natal, todos ficavam ansiosos e até iam dormir mais cedo, quando adormeciam, ele colocava na ca-

beceira da cama de cada um e fazia questão de dizer que tinha sido obra do papai Noel.

Seu Agostinho, sobre a orien-tação de sua amiga Maria Balio ajudou a erguer a primeira es-cola, que foi na fazenda Bom Descanso, ela durou menos de um ano, depois ajudou a erguer uma na Lagoinha, esta durou três dias, como era um salão aberto o vento forte derrubou a estrutura. Os alunos come-çaram a freqüentar a escola da Rita Carlota na Maranduba. Quando um dos filhos não ia para escola, no outro dia podia contar que Maria Balio aparecia em sua casa para ver o que ha-via acontecido com seu aluno, dependendo da situação até os adultos levavam um sabão da professora.

Não só de trabalho vivia Seu Agostinho, ele também levava a todos a Aparecida do Norte. Todos acordavam as três da madrugada e as quatro saiam no caminhão pau-de-arara de Afonso Simão. Maria Balio é quem animava o passeio, ela cantava, rezava, puxava con-versa. As 11 hs. chegavam a Paraibuna, lá em frente ao ce-mitério almoçavam e por volta das 18 horas chegavam a Apa-recida, o passeio geralmente durava dois ou três dias, as crianças adoravam. Tudo isto era preparado um ano antes, ele vinha guardando suas eco-nomias para alegrar sua pri-meira e segunda paixão.

De braços fortes e coração mole, seu Agostinho era da-queles que tirava a camisa para vestir quem quer que fosse. Aos finais de sema-na sua casa vivia repleta de gente, tinha porco, frango caipira, feijão gordo, café no bule, família reunida. Ele fa-zia tudo para todo mundo. Mesmo quando “ralhava” com alguém:” Mais será possível!” ou” Ah! Para com isto!”. Era apenas para corrigir um erro, para que o bem pudesse se-guir seu caminho.

Seu Agostinho confidenciava aos filhos e aos amigos que não tinha medo de morrer, mas tinha medo de se esque-cido.

Perguntado aos amigos e pessoas ainda vivas que o co-nheceram, muitos, em princi-pio fizeram um longo silencio e com os olhos marejados de lágrimas diziam as seguintes palavras: Bom homem!

Pois é seu Agostinho, o se-nhor se foi no dia 15 de maio de 1990 e não vai ser esque-cido de jeito maneira, seu es-forço culminou em uma linda homenagem, onde verão seu nome todos os dias.

Hoje seu nome esta estam-pado na escola que ajudou a construir. Com o orgulho dos amigos, filhos e familiares, o senhor é patrono da Escola Municipal da Lagoinha, que se chama agora Escola Muni-cipal Agostinho Alves da Sil-va em sua honra, memória e seu mérito.

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15 Julho 2010 Jornal MARANDUBA News Página 13

Bisneto de escravos guarda relíquia de atividade pesqueira da regiãoEZEQUIEL DOS SANTOS

Ainda do período em que as canoas eram quase o único meio de transporte de carga e pesso-al, ainda da época em que o ar-tesão que confeccionava canoa era considerado um mestre, não um bandido pelas leis ambien-tais, o senhor Benedicto Antunes de Sá, 68 curtia as marés e os ventos, bem como as atividades de pesca dos adultos. Nascido na Cassandoca (com dois “s”), ele viveu e se criou num lugar chamado São Lourenço, conhe-cido atualmente como Saco do Morcego, onde ainda existem pilares e outros vestígios do patrimônio da antiga fazenda.

Benedicto guarda por 54 anos um conjunto de pescaria que possui um anzol, um arpão e uma fisga, só que não é um conjunto comum. As peças têm cerca de 150 anos e foram forjados num aço específico, até o arame é di-ferente. As peças foram de seu bisavô Sinfronio Antunes de Sá, um dos escravos que deu início ao quilombo da região, que deu a seu tio Thiago Barra Seca que passou a seu Benedicto quando este tinha 12 anos. Seu avô, tan-to materno, quanto paterno tinha como primeiro nome o Antonio, um é Madalena e outro Barra Seca de Oliveira, já seu pai foi Luiz Antonio de Sá, todos sempre cuidaram do local que tinham o café, a cana, a pesca como base da atividade de subsistência.

O tio que deu as peças fale-ceu aos 70 anos e até agora as peças estão bem guardados na casa de seu Benedicto. “O ar-pão era mais usado para pegar Salambiguara (peixe parecido a Guaivira), também algumas tar-tarugas, a fisga era para pegar Carapeva, Robalo na barra da Lagoa, às vezes em cima de ca-noa, o anzol era para pegar Ga-roupa, Cação. Eu também pedi a meu tio a corda do arpão, mas

ele disse que a corda ia ficar em sua casa, mas todos os apetre-chos me deu”, explica seu Bene-dicto. Segundo ele o peixe che-gava a correr toda a extensão da corda, o pescador ficava só com o chicote na mão. Diz ainda que nunca usou as peças.

Benedicto é um daqueles caiçaras que quase ninguém dá bola, parece um homem comum em meio aos outros, mas quem o conhece sabe que ele também tem história para contar, o ca-rinho que as pessoas têm por ele o denúncia como homem de bem, sua história começa por sua árvore genealógica, a dos primeiros homens e mulheres que deram início ao quilombo Caçandoca (com “ç”).

Em sua época, os peixes eram em maior quantidade, já que os homens conciliavam mais suas atividades com o respeito aos ciclos naturais, não havia barulho na água e nem barcos com redes enormes que varrem o fundo mar. Benedicto lembra de uma ocasião que seu pai saiu para pescar com o Gregório no Saco das Bananas, no Largo, quando os dois sentiram um tranco, era uma “Tintureira” (espécie de cação), ao chegar à praia, por orientação de um pes-cador mais experiente, viraram a canoa e embaixo da canoa havia dois dentes cravados na madeira, todos se assustaram.

Existem na região outras his-tórias ocorridas com esta espé-cie de cação, uma das mais vio-lentas espécies de nosso litoral. “Meu avô foi um dos maiores pescadores da Lagoa”, comenta orgulhoso seu Benedicto. Lem-bra ainda de outra passagem de seu avô, ele percebeu uma “Tintureira” chiando embaixo de sua canoa, o avô continuou remando bem devagar até sair do campo de ataque do peixe. Vale lembrar que esta espécie

pode atacar o pescador, mesmo em cima de sua canoa, comenta o pescador. Benedicto não sabe se outros pescadores têm peças como estas, mas fala que o va-lor sentimental é muito maior do que o valor histórico e material.

Seu Benedicto veio para o Ser-tão da Quina em 1987, a dificul-dade para os filhos estudarem, a falta de energia elétrica e posto

de saúde foram uns dos fatores para a mudança de lugar. Atu-almente vive no entorno de sua família e guarda com muito cari-nho as peças que foram de seus antepassados, ele ainda des-mistifica gratuitamente o tempo para turistas, veranistas e até mesmo moradores que querem saber um pouco mais deste lin-do litoral.

Benedicto mostra apetrechos herdados de seus antepassados

Page 14: Jornal Maranduba News #11

Página 14 Jornal MARANDUBA News 15 Julho 2010

Porquê não trocar o marido pelo amante?Foi provado, após acompa-

nhamento de vários casos, que toda mulher precisa de dois homens: um em casa e outro fora de casa. Para en-tender, é muito simples:

O marido cuida da parte fi-nanceira, paga as contas dos filhos, da esposa e da casa.

O outro cuida de você.

O marido fala dos proble-mas, das contas a pagar, das dificuldades do dia.

O outro fala da saudade que sentiu de você duran-te a sua ausência.

O marido compra uma rou-pa nova para ir a um compro-misso de trabalho.

O outro tira essa mesma roupa só pra você.

O marido dorme com aquela camiseta velha e de cueca as vezes até de meia.

O outro dorme comple-tamente nu, abraçadinho a você.

O marido reclama das coi-sas que tem que consertar em casa.

O outro te recebe no apartamento onde tudo funciona perfeitamente.

O marido telefona pra casa e fica perguntando o que tem que comprar no supermerca-do, padaria e etc.

O outro telefona só pra di-zer que comprou um cham-pagne que você vai adorar.

O marido reclama do chefe, do trabalho, do cansaço de acordar cedo.

O outro reclama a sua ausência e os dias que fica sem te ver.

Ah... esqueci o imprescindí-vel... o outro nunca vai tomar cerveja com os amigos numa sexta-feira!! - Ele estará com você enquanto o corno está enchendo a cara com um monte de macho do lado.

Bem, você vai me perguntar:Por que não trocar o marido

pelo amante?Pelo simples fato de que o

amante se for viver com você,

passará para o papel de mari-do e logo, logo, você precisa-rá arrumar outro.

Oração das mulheresresolvidas!

Que o mar vire cerveja e os homens tira gosto, que a fon-te nunca seque e que a nossa sogra nunca se chame Espe-rança, porque Esperança é a última que morre.

Que os nossos homens nun-ca morram viúvos, e que nos-so filhos tenham pais ricos e mães gostosas!

Que Deus abençoe os ho-mens bonitos... e os feios se tiver tempo.

Deus... Eu vos peço sabedo-ria para entender um homem, amor para perdoá-lo e paci-ência pelos seus atos, porque Deus, se eu pedir força, eu bato nele até matá-lo.

Um brinde...Aos que temos, aos que ti-

vemos e aos que teremos.Um brinde também aos

namorados que nos conquis-

taram, aos trouxas que nos perderam e aos sortudos que ainda vão nos conhecer!

Que sempre sobre, que nun-ca nos falte, e que a gente dê conta de todos!

Amém.

Só as mulheres para entenderem o significado destas palavras!

Estamos em uma época em que:

“Homem dando sopa, é ape-nas um homem distribuindo alimento aos pobres”

“Pior do que nunca achar o homem certo é viver pra sem-pre com o homem errado”

“Mais vale um cara feio com você do que dois lindos se bei-jando”

“Se todo homem é igual, porque a gente escolhe tan-to???”

“Príncipe encantado que nada... Bom mesmo é lobo--mau!! Que te ouve melhor... Que te vê melhor... E ainda te come!!!

Noções básicas de contabilidadePara quem não entende nada de contabilidade, apresento uma explicação simples de como funciona a contabilidade:

A Solteira é CréditoA Casada é DébitoA Viúva é Ativo ImobilizadoA Cunhada é Provisão para devedores duvidososA Bonita é LançamentoA feia é EstornoA feia e Rica é CompensaçãoA Bonita e Rica é LucroA Ex-namorada é Saldo de Exercícios AnterioresA Namorada é Resultado de Exercício FuturoA Noiva é Reserva LegalA Esposa é Capital IntegralizadoA Vizinha é Ação de outras companhiasA Amante é Empresa coligadaAs Que Fazem Operações Plásticas são BenfeitoriasAs Gestantes são Obras em AndamentoAs Que Dão Bola são Incentivos RecebidosAs Que Não São Viúvas, Casadas e Solteiras são Contas a ClassificarAs Que Muito Namoram e Não se Casam são Saldo à Disposição da AssembléiaAs Que são Surpreendidas em Flagrante são Passivo a DescobertoA sogra pode ser classificada como... PREJUÍZO ACUMULADO!!!

Meu nome é MULHER! Eu era a Eva Criada para a felicidade de Adão Mais tarde fui Maria Dando à luz aquele Que traria a salvação Mas isso não bastaria Para eu encontrar perdão. Passei a ser Amélia A mulher de verdade Para a sociedade Não tinha a menor vaidade Mas sonhava com a igualdade. Muito tempo depois decidi: Não dá mais! Quero minha dignidade Tenho meus ideais! Hoje não sou só esposa ou filha Sou pai, mãe, arrimo de família Sou caminhoneira, taxista, Piloto de avião, policial feminina, Operária em construção ..Ao mundo peço licença Para atuar onde quiser Meu sobrenome é COMPETÊNCIA E meu nome é MULHER !!!

(O Autor é Desconhecido, mas um verdadeiro sábio)

Page 15: Jornal Maranduba News #11

Túnel do Tempo 15 Julho 2010 Jornal MARANDUBA News Página 15

Pescador sentado a beira do Cruzeiro da Maranduba observando o lagamar

Antonio Pereira esbanjava seu charme

Amigos para Sempre...

Coluna da

Por Adelina Campi

Houve uma vez dois amigos. Eles eram inseparáveis, eram uma só alma. Por alguma ra-zão seus caminhos tomaram dois rumos distintos e se se-pararam.

E isto iniciou assim: Eu nunca voltei a saber do

meu amigo até o dia de on-tem, depois de 10 anos, que caminhando pela rua me en-contrei com a mãe dele. A cumprimentei e perguntei por meu amigo. Nesse momento seus olhos se encheram de lá-grimas e me olhou nos olhos dizendo: morreu ontem... Não soube o que dizer, ela seguia me olhando e perguntei como ele tinha morrido.

Ela me convidou a ir a sua casa, ao chegar ali me chamou para sentar na velha sala onde passei grande parte de minha vida, sempre brincávamos ali meu amigo e eu. Me sentei e ela começou a contar-me a triste história. Faz 2 anos diagnosticaram uma rara en-fermidade, e sua cura depen-dia de receber todo mês uma transfusão de sangue durante 3 meses, mas....Recorda que seu sangue era muito raro?, Sim, eu sei, igual ao meu...

Estivemos buscando doado-res e por fim encontramos a um senhor mendigo.

Teu amigo, como deves te lembrar, era muito cabeça dura, não quis receber o san-gue do mendigo. Ele dizia que de da única pessoa que rece-beria sangue seria de ti, mas

não quis que te procurásse-mos, ele dizia todas as noites: não o procurem, tenho certe-za que amanhã ele virá... As-sim passaram os meses, e to-das as noites se sentava nessa mesma cadeira onde estás tu sentado e orava para que te lembrastes dele e viesse na manhã seguinte. Assim aca-bou sua vida e na última noite de sua vida, estava muito mal, e sorrindo me disse: mãe, eu sei que logo meu amigo virá, pergunta pra ele porque de-morou tanto e entrega a ele esse bilhete que está na mi-nha gaveta.

A senhora se levantou, re-gressou e me entregou o bi-lhete que dezia:

Meu amigo, sabia que viria, tardaste um pouco mas não importa, o importante é que vieste. Agora estou te espe-rando em outro lugar espero que demores a chegar aqui, mas enquanto isso quero di-zer que no céu tem um amigo cuidando de ti meu querido melhor amigo. Ah, por certo, te recordas porquê nós nos distanciamos? Sim, foi porque não quis te emprestar minha bola nova, rsrs, que tempos... eramos insuportáveis, bom pois quero dizer que te dou ela de presente e espero que goste muito. Amo você: teu amigo para sempre

“Não deixes que teu orgulho possa mais que teu coração...

A amizade é como o mar, se vê o princípio mas não o final”

1954

1951Procissão seguia até o Morro do São Cruzeiro (Emaús) no Morro da Quina

1967

1967Nesta foto no Sertão da Ingá, todos esconderam o estilingue Av. Copacabana, 820, praia da Lagoinha. Cadê os vizinhos?

1955

Pixé não faltava na mesa dos antigos

1966 1958Turista da época com a mistura do jantar. Ao fundo a ponte do Hotel Picaré